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BONA, Aldo Nelson. Educação, Ética e Princípios Democráticos

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  • Caros alunos

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    Boa leitura!

  • ndice

  • Pensar a educao Lavra dos professores Aldo Nelson Bona e Claudio Csar de Andrade o e-book aborda a contribuio da filosofia na fundamentao da educao.

    A educao, no sentido de conduzir, uma das primeiras aes humanas, visto a necessidade sentida pelos mais velhos de proteger e preservar a vida dos mais novos e depois instrumentaliz-los para sobreviver no mundo natural.

    Inicialmente, era um processo que tinha limite no momento em que o indivduo tornava-se capaz de aprender a partir das prprias experincias, das vivncias, dos erros e acertos.

    Foi necessrio ir alm da simples conduo quando os grupos humanos tornaram-se mais complexos, organizando-se socialmente para ter maior coeso, identidade e durao. Assim a educao assume a conotao de orientar, fazer respeitar o ethos e formar o carter do indivduo com vistas ao tornar-se melhor e estruturar organicamente a sociedade para o bem de todos.

    Como ao cnscia e racional, objetiva formar o homem na sua integralidade, corpo e esprito, essncia que o coloca no topo entre os seres naturais, e lhe d condies de formar comunidade regida por leis, valores e conscincia social. Considerada sob estes direcionamentos, a educao um compromisso que requer a participao de todos os componentes do estrato social.

    Ao se voltar a ateno para a histria do processo educacional no Brasil, percebe-se que ele se constituiu em motivo de preocupaes e suscitou decises, com vistas a sua efetivao. A educao brasileira tem um percurso caracterizado por hiatos, avanos e retrocessos, altos e baixos. No um caminho ascendente. melhor ilustrado usando-se a metfora da montanha-russa: chega-se ao pice para, em seguida ser tragado por um vcuo sugador. Estes fazeres inscrevem-se nas mais diferentes ordens, que vo desde atitudes de diletantes, dotados de esprito prtico, movidos por boas intenes mas

    Apresentao

  • desprovidos de fundamentao pedaggica, passando por atos calcados em experincias educacionais exitosas e adequadas a um determinado tempo, chegando at a decises impregnadas por propsitos ideolgicos de condicionamento do educador e do educando. Com tantos percalos, em tempos recentes, chega-se triste concluso de que ao brasileiro a educao foi pouco oferecida, deixando a grande maioria destituda das condies humanas mnimas e margem das conquistas cientficas, econmicas e culturais que facilitam a vida e enobrecem o viver.

    A trajetria da educao no Brasil passvel de anlise crtica para que se extraia dela ensinamentos que permitem correo de rumo, levando ao abandono de atitudes comprovadamente perniciosas e negativas para a educao, e oportunizando o aperfeioamento de feitos e procedimentos, que se mostraram viveis mas incompletos, incentivando a pesquisa e o estudo de metodologias que se adequem ao educando que vive uma experincia de vida especfica, condicionada pelo momento histrico e pelos fatores econmicos, sociais e culturais peculiares a uma determinada poca. Na verdade, num mundo em constantes transformaes, da educao solicitada constante atualizao e aprimoramento para corresponder adequadamente aos objetivos e propsitos que lhe so especficos.

    Para a transformao da educao em um saber cientfico, um valor formativo revestido da denotao humanstica h que se coloc-la em questo. E, j desde os gregos, ela pensada e adquire esta caracterstica de um saber orientado para um fim.

    Refletir sobre a educao, atualizar os procedimentos educativos para possibilitar ao educando participar ativamente na sociedade e vivenciar, de modo pleno, a condio humana de ser no mundo mundo em evoluo e mutao essencial a todos que a compreendem no sentido de formao do ser integral. Como cincia, no pode ser praticada de modo amadorstico mas executada por pessoas habilitadas, devidamente preparadas e conhecedoras de seu mtier. E capacitar o educador tarefa que se impe universidade.

    na linha reflexiva que se insere o trabalho desenvolvido pelo professor Claudio Cesar de Andrade, autor do texto apresentado neste e-book, complementado, com a devida anuncia e salvaguarda dos direitos autorais, pelo professor Aldo Nelson Bona. A proposta dos autores oferecer ao aluno do curso a distncia a fundamentao terica de alguns conceitos bsicos que sustentam o pensamento educativo. Assim que alicerados principalmente na filosofia apresentam os conceitos de educao, tica e democracia, conceitos que se interligam, complementam-se e so consonantes, harmnicos, guardam intrnseca significao quando o visado o homem em sua totalidade e dignidade. Os autores citam e comentam as conceituaes de pensadores de diferentes pocas e orientaes filosficas, autores, tanto estrangeiros quanto brasileiros, de renome internacional, que discorrem sobre o assunto e que oferecem ao aluno viso ampla de construtos tericos desenvolvidos em torno dos temas selecionados.

    O segundo captulo se fixa nas consideraes de Jean-Paul Sartre e Martim Buber para ligar existencialismo e educao, ressaltando as ideias

  • precpuas da corrente filosfica que valoriza a autonomia, a liberdade e a relao com o outro para que o homem se constitua em sua totalidade e participe consciente e livremente da sociedade. Nesse aspecto releva o outro sujeito, o educando, chamado a constituir-se agente de sua formao.

    Com a leitura do texto possvel queles que se dedicam educao ter um conhecimento plural sobre os temas tratados e aprimorar as prprias atividades educativas em que se empenham.

    Ruth Rieth Leonhardt

  • NOTASA RECUPERAO DOS CONCEITOS: FUNDAMENTOS DE EDUCAO, TICA E DEMOCRACIA

    Jos Murilo de Carvalho em seu livro Pontos e Bordados: escritos de histria e poltica fez uma defesa pertinente sobre a importncia de travarmos uma correta discusso conceitual em todos os campos do conhecimento. Escreveu:

    H momentos, no entanto, que o acmulo de pesquisas passa a ter

    rendimento decrescente porque as idias comeam a girar em roda, sem

    conseguir avanar devido s confuses ou imprecises conceituais. Nesses

    momentos, convm parar para reviso e tentar esclarecer conceitos e

    teorias. (CARVALHO, 1996, p. 130).

    Assim, fazer uma importante retomada acerca da imprescindibilidade de se trabalhar adequadamente os conceitos de educao, tica e democracia vem ao encontro do que quer se afirmar no corpo deste trabalho, afirmando que sem uma noo singular da ideia originria destes conceitos, para este nosso propsito, vitais, perde-se de vista a extenso e aplicabilidade dos mesmos. Para tanto discorreremos a seguir fundamentos que julgamos importantes para continuar nosso empreendimento.

  • NOTASFundamentos da Educao Para fazer jus importncia da educao na contemporaneidade, e por entender que a palavra educao, ao entrar no discurso comum do mundo ordinrio atingida por constantes desvirtuamentos e sua vulgarizao nem sempre corresponde clara concepo pela qual foi inicialmente pensada, que comeamos com sua nascente originria. Entendemos ser vital apropriarmos de uma citao do educador Rubem Alves em um de seus fragmentos que tem a tarefa teraputica de trazer de volta o princpio primeiro. Escreve:

    O essencial na vida de um pas a educao. Se no me falha a memria,

    voc estudou em colgio de padres e vai entender o que digo. No

    evangelho de Joo, est escrito que no princpio era o verbo. Princpio,

    em grego, a palavra filosfica, que no significa s comeo no tempo,

    mas fundamento aquilo que a base do que existe. Acho que o autor

    sagrado no ficaria bravo comigo se eu fizesse uma traduo livre do seu

    texto para os tempos modernos: No princpio a educao. A educao,

    em essncia, precisamente isso: o exerccio do verbo. (ALVES, 1998,

    p.1).

    A essncia da educao, nunca mudou. Assim como a distncia de uma localizao outra sempre foi a mesma, sendo possvel contudo, chegar por caminhos diferentes, com interesses diferentes em tempos diferentes. Nesse sentido, educao continua sendo conduzir algum para algum lugar. Etimologicamente significa e-ducere, conduzir (ducere) para fora e no jargo comum temos as expresses ensinar, socializar, aculturar e at mesmo instruir. Em particular, a educao em nosso pas passou por muitas transformaes e mutaes, e por esta razo, a admoestao de Rubem Alves tem muito crdito.

  • NOTAS A educao, sobretudo nos dias de hoje, exige uma transversalidade sem igual, pois o processo educativo sempre visa a totalidade do ser humano em vrias dimenses, seja afetiva, tica, tcnica, intelectual, material e etc. Segundo Giles educar alcanar a pessoa naquilo que lhe mais especfico, no seu ser - humano, isto , na sua intelectualidade, na sua afetividade, nos seus hbitos, para lev-la realizao de um ideal. (GILES, 1983, p. 27).

    Talvez, por esta razo Alain Badiou, filsofo marxista que problematiza a educao contempornea, tenha defendido com bastante propriedade a interdisciplinaridade de campos fundamentais que poderiam otimizar o sucesso da ao pedaggica , a saber: o elemento amoroso (afetivo), o elemento poltico (finalidade), o elemento matmico (conteudstico) e o elemento artstico (metodolgico).

    Para nosso autor h quatro tipos de evento: amorosos, polticos, matmicos e artsticos, o que define quatro campos fundamentais de ao humana: ertica, poltica, cincia e arte. Esses campos so aqueles em que se podem produzir verdades, o que nos leva distino entre verdade e veracidade. (GONALVES, 2008).

    Para Edgard Morin, a educao uma palavra forte e no pode ficar restrita utilizao de meios que permitem assegurar a formao e o desenvolvimento de um ser humano com afirmam pedagogos de planto. Para ele: o termo formao, com suas conotaes de moldagem e conformao, tem o defeito de ignorar que a misso do didatismo encorajar o autodidatismo, despertando, provocando, favorecendo a autonomia do esprito. (MORIN, 2001, p. 11).

  • NOTASFundamentos de tica H centenas de trabalhos acadmicos consistentes que versam sobre fundamentos ticos, conceitos ticos em seu sentido genealgico e etimolgico, buscando o convencimento pela importncia de sua arqueologia. Da mesma forma, registra-se um crescente acervo literrio que tenta trazer de volta fundamentos que dizem respeito matriz originria da humanizao na tarefa pedaggica de recuperar a essncia de seu propsito maior que fazer com que o sujeito recupere o sentido das coisas e no se reduza a instrumentos e acessrios de coisificao. Em tica e moral: a busca dos fundamentos, Leonardo Boff ao defender a tica do cuidado e da sobrevivncia humana, problematiza: que tica e que moral frear esse poder avassalador? (BOFF, 2003, p. 10).

    No o caso de fazer apologia a uma tica aplicada em rea de conhecimento pontual, mas sim de revitalizar atravs do reencantamento necessrio o retorno da essncia da expresso. Inicialmente recuperamos o questionamento de Thugendhat que nos coloca o germe da atualidade da temtica: Por que tica? E o que tica? No poderemos nos contentar com uma representao qualquer ou indeterminada. (...) Por que afinal devemos nos ocupar com a tica? (THUGENDHAT, 1996, p. 11).

    Em um perodo de grande tenso entre a norma e o sujeito, entre mundo sistmico e mundo vivido, entre heteronomia e autonomia, entre capital e ser humano, portanto a clarificao de um perodo de grande mal-estar resultando em uma crise de paradigmas e valores sempre bom retomar o sentido primeiro da tica e sua singularidade em relao moral.

  • NOTAS

    Em vrios momentos, Thugendhat emprega os termos tica e moral como intercambiveis ou equivalentes, sugerindo que nos dias de hoje tal distino no imprescindvel. Todavia, vrios autores, ao tentar explicar aspectos singulares dos termos, utilizarem-se da categoria de buscar na gnese o diferencial. (THUGENDHAT, 1996).

    Ao revisitarmos o conceito primeiro, no que tange tica, chega-se ao veredicto de Aristteles sobre vcios e virtudes com investigaes sobre o termo grego ethos. Segundo Thugendhat, no latim o termo grego foi ento traduzido por moralis, dando uma conotao de costumes. A filosofia, em si, em sua verso de totalidade, prefere o termo tica, este com mais abrangncia.

    Em especial, a contribuio grega advm dos dilogos socrticos, escritos por Plato, com o problema: como se deve viver ou como ns devemos viver?

    Assim, razovel pontuar que tica querer certo bem geral e mais correto ainda a defesa do raciocnio que, uma vez que existam as condies materiais e tcnicas indispensveis para a concretizao desse bem, devemos somar esforos para que tal prtica seja universalizada a todos.

    Segundo Thugendhat, outra definio terminolgica possvel do termo tico diferenciando-o do moral, compreend-lo como a reflexo filosfica sobre a moral. (THUGENDHAT, 1996, p. 41).

    No h dvida que na contemporaneidade visualiza-se uma espcie

  • NOTAS

    de tragdia em nossa histria ou o esquecimento da tica. Em seu lugar, os homens colocaram sistemas ticos, com normas e leis tidas por universais, mas sem uma fundamentao que seja compartilhada por todos. Da a necessidade premente de uma reflexo contnua sobre nossos costumes. Afirma que (...) na tica supe-se uma reflexo sobre valores reduzida ao individual e ao inter-humano. (THUGENDHAT, 1996, p. 11).

    Para saber mais, acesse o vdeo da Unidade I da disciplina.

  • NOTASPor fim, fazendo jus aos escritos de Vsquez que nos brinda com a expresso de que as normas vigentes tm um carter temporal e uma forte conotao com a espontaneidade, enfatizamos seu destaque:

    A moral um sistema de normas, princpios e valores, segundo o qual so

    regulamentadas as relaes mtuas entre os indivduos ou entre estes e

    a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um carter

    histrico e social, sejam acatadas livres e conscientemente, por uma

    convico ntima, e no de uma maneira mecnica, externa ou impessoal.

    (1999, p.69).

    Em congruncia com a mxima acima mencionada, e ressaltando a relao imprescindvel entre a eticidade e a pessoalidade, Lima Vaz conceitua conscincia moral como o necessrio lugar de mediao entre a existncia tica como existncia pessoal por definio e o universo tico como horizonte objetivo de agir, cuja realidade proposta pessoa, sobretudo sob a forma de normas e instituies. (LIMA VAZ, 1998, p. 462).

    Por fim, mister evidenciar que diante de tudo isso, fica cada vez mais cristalino que educao geralmente considerada um empreendimento moral. Os professores esto sempre chamando a ateno para o que deve ser dito e feito, e para o modo como os estudantes devem comportar-se. Eles esto empenhados em transmitir valores morais e em aperfeioar o comportamento individual e social. (KNELLER, 1971).

  • NOTASFundamentos de democracia A acepo da palavra democracia de fcil entendimento e sua matriz advm da expresso grega demokrata com a composio dos termos demos (povo) e kratos (poder). Rechaada pela filosofia clssica, teve em Plato seu mais elitizado adversrio.

    Como de praxe, utilizando alegorias e analogias, Plato recorre ao comparativo das profisses com a clssica afirmativa: se tivssemos doentes, e precisssemos de nos aconselhar com algum em matria de sade, procuraramos um especialista, o mdico. (WOLF, 2004, p. 1).

    No entendimento dos sbios filsofos, demokratia estava associada paixo, logo, vulnerabilidade e instintividade, ao invs do logos, do pensamento. Nesse sentido, os critrios de sabedoria e competncia pautavam o contexto histrico e o raciocnio de que a sade do Estado tivesse importncia igual ou maior que a sade do indivduo era regra.

    Foi Jean Jacques Rousseau, em Contrato Social, que trouxe para a modernidade a revitalizao do conceito de democracia e sua relao com necessria soberania popular. De forma criativa e contextualizada fez uso do discurso da vontade da maioria como elemento de grande importncia para a transformao do sculo XVIII e com implicaes at hoje verificveis no tempo presente. Neste contexto, coroava-se a denominao democracia delegatcia ou democracia representativa, muito presentes do tempo em que vivemos.

    Recentemente, o filsofo e professor da USP, Renato Janine Ribeiro, apresentou em A Democracia, livro da coleo Folha Explica, o que a democracia moderna e levantou a questo: ainda pode haver democracia?

  • NOTAS Para Ribeiro (2013), democracia est no campo do desejvel e da pulso, da socializao dos bens e no clamor de muitos, mesmo que impossvel ou contrrio questo legal.

    H na literatura nacional um nmero significativo de trabalhos acadmicos que versam sobre nossa democracia, porm ainda no consolidada. Durante a passagem do regime militar (1964 - 1985) para o regime democrtico (1985 - 1989) ratificou-se a expresso transio democrtica ou redemocratizao, sugerindo um perodo de mudanas institucionais que devolveria ao Brasil um momento de maior cristalizao da democracia representativa. Vrios intelectuais debruaram-se na compreenso de um conceito de democracia que atendesse atualidade do mundo contemporneo em suas diversas nuances.

    J. Habermas ao escrever Direito e Democracia enfatizava a importncia de um direito legtimo dando luzes expresso deliberao e que esta nova modalidade de democracia somente se constituiria em sua plenitude se houvesse procedimentos deliberativo-decisrios que permitisse que mais opinies, tematizaes e questionamentos de todos os envolvidos possam ser apresentados em igualdade de condies nos processos formais de gerao da vontade coletiva. (HABERMAS, 2000).

    Sobre o debate contemporneo se temos ou no uma democracia consolidada e estvel, segundo Juan Linz, autor brasilianista, necessrio avaliar o grau de maturidade da democracia considerando a existncia ou no dos seguintes itens: sistema de leis; sociedade civil; sociedade poltica; Estado e sociedade econmica. Na tica deste estudioso da histria brasileira resposta no positiva.

    O Brasil um caso de democracia no-consolidada. Parte dos problemas

    se deve ao fato que a transio sofreu como limitaes impostas tanto pelos

  • NOTASmilitares quanto pela crise da dvida. Porm, se a democracia vier a sofrer

    um desgaste ainda maior, no Brasil, isso se dever a que a democracia

    brasileira foi incapaz de solucionar problemas surgidos aps a transio.

    Nossa breve anlise dos cinco componentes crticos de uma democracia

    consolidada um sistema de leis e justia aos quais os cidados possam

    recorrer uma sociedade civil capaz de dar voz a suas reivindicaes, uma

    sociedade poltica que saiba agregar essas reivindicaes, um Estado que

    desempenhe as funes coletivas de importncia vital e uma sociedade

    econmica que produz tanto impostos quanto riqueza indicam que,

    em cada um desses campos, h pontos de escolha onde a adoo de

    determinadas polticas poderia melhorar a situao. (LINZ; STEPAN, 1999,

    p. 224-225).

  • NOTASO FUNDAMENTO DA CONSCINCIA: O DESAFIO DO EXISTENCIALISMO NA EDUCAO Entre diversas correntes filosficas que buscaram aproximar-se da questo educacional, possibilitando fundamentos que solidificasse o carter da autonomia e da capacidade de pensar por si mesmo com ingredientes de liberdade e responsabilidade, reconhecem-se os fundamentos do existencialismo. No foram todos seus arautos que trataram da relao existencialismo e educao. Martin Buber a grande referncia, pois diretamente enfrentou o desafio de relacionar existencialismo e educao com posicionamentos distintos das filosofias consideradas tradicionais como a metafsica, por exemplo. Em vrios fragmentos acerca da funo educadora do professor existencialista evidenciou que os homens podem descobrir as verdades fundamentais de sua prpria existncia, defendendo uma educao voltada para a condio humana, procurando transmitir estados de sentimento em uma experincia pessoal.

    Para saber mais, acesse a videoaula.

  • NOTAS O recorte que pretendemos dar ao inserir o enfoque existencialista na prtica educacional contempornea a valorizao da realidade vivida. A postura de instigar o alunado prtica da responsabilidade e das conseqncias, valorizando a autonomia e a subjetividade de cada um vem ao encontro de fortalecer boas escolhas e boas prticas, indo alm da familiaridade e estabelecendo uma interatividade de confiana, comunho e auto-realizao. (BUBER, 1982).

    O fundamento existencialista, nesse sentido, explicitamente concebe a ideia de que os contedos escolares devem converter-se em instrumentos para a realizao da pessoa humana, buscando envolver o aluno para decises que podem mudar sua vida com verdades concretas, em especial suas verdades.

    Nossa responsabilidade muito maior do que poderamos imaginar, pois envolve toda a humanidade. E mesmo quando no fazemos nada, quando nos omitimos, tambm somos responsveis, justamente pela omisso, pois tambm uma escolha: escolha do no agir. De todo modo, no h como fugir de nossa liberdade, estamos a todo o tempo fazendo escolhas. Porm, a m-f tambm estrutura constituinte do para-si, ento, estamos constantemente procurando nos afastar da nossa liberdade e responsabilidade, atribuindo a responsabilidade pelas nossas escolhas e pela nossa situao a outras instncias, como sociedade, governo, escola, famlia, igreja, televiso. (HILGERT, 2013).

    A educao desempenha papel fundamental na busca pela emancipao humana, para muitos tericos, ela o instrumento que pode proporcionar o rompimento com os elos da alienao na qual a humanidade se encontra. (...) Esta nova postura como uma tomada de conscincia que torna o sujeito-estudante capaz de refletir, explicitar e desejar suas experincias no mundo. (HILGERT, 2013).

  • NOTAS Precisamos tambm considerar, mesmo que custoso, a relao de outro nome expressivo do existencialismo contemporneo com a problemtica educacional.

    H um debate promissor sobre a possibilidade de incluir Jean Paul Sartre em uma possvel fundamentao terica que relacione existencialismo e educao. Apesar da existncia de crticos consistentes desta aproximao, alegando uma apologia individualista que seria contrria s virtudes humansticas, podemos compreender que a preocupao deste autor com o outro digna de uma proposta educacional que considere o ser social. Para Sartre, o ser humano no apenas um ser-para-si, mas um ser-para-outro. Por si s este aspecto o credencia a ser um instrumento de reflexo para uma educao consciente preocupada com a sociedade, ou ainda, um ser-em-sociedade. Alm disso, podemos visualizar nas linhas sartreanas uma posio que buscar despertar as pessoas quanto no existncia de liberdade em nossa atual sociedade, portanto estimulando os estudantes a uma maior percepo social. (BURSTOW, 2000).

    Mesmo Sartre no direcionando uma publicao singular para se estabelecer conexo com uma prtica educacional mais consciente ou uma pesquisa pontual que privilegiasse um modelo de prtica educacional, podemos ver em fragmentos de outras publicaes um apelo ao real entendimento da realidade humana sem uma viso determinstica e estanque que, via de regra, inibe fundamentos caros ao ser humano como a liberdade, a autonomia, a escolha e a responsabilidade. No demais lembrar que um dos temas mais festejados por este autor a defesa de que somos um projeto, dotados de uma pluralidade e em gradativa construo, repleto de possibilidades, refns apenas de nossas escolhas e encaminhamentos.

  • NOTAS Assim, entendemos que o pensamento de Sartre pode ser muito interessante na medida em que suas idias possibilitam o esclarecimento e, consequentemente, uma vivncia mais plena, comprometida, singular e com forte ingrediente de autenticidade.

  • RefernciasALVES, Rubem. Caro Senhor Ministro da Educao. Folha de So Paulo, 27 de maio de 1998.

    BOFF, Leonardo. tica e Moral: a busca de fundamentos. Petrpolis: Vozes, 2003.

    BUBER, Martin. Da funo educadora. Revista Reflexo. Campinas, n. 23, p.5-23, maio/ago de 1982.

    BURSTOW, Bonnie. Revista Educao & Sociedade, ano XXI, n. 70, abril de 2000.

    CARVALHO, Jos Murilo de. Cidadania: tipos e percursos. (1996). http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/viewFile/2029/1168. Acesso em 20/01/2015.

    GILES, Thomas Ransom. Filosofia da educao. So Paulo: EPU, 1983.

    GONALVES, Mrcio Souza; CLAIR, Ericson Telles Saint. Comunicao e filosofia hoje. 2008. http://revistaseletronicas.pucrs.br/scientiamedica/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/4411/3310. Acesso em 18/01/2015.

    HABERMAS, J. Direito e Democracia: entre facticidade e validade. v. 1 e 2 Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro , 2000.

    HILGERT, Luiza Helena. O Existencialismo sartreano e a educao. 2013. http://itinerantenretoledo2.pbworks.com/f/oficina_luiza.pdf, Acesso em 15/02/2015.

    KNELLER, George F. Introduo Filosofia da Educao. ed. 8. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1971.

    LINZ, Juan L; STEPAN, Alfred. A transio e consolidao da democracia a experincia do sul da Europa e da Amrica do Sul. So Paulo: Paz e Terra, 1999.

  • LIMA VAZ, Henrique C. Crise e verdade da conscincia moral. Belo Horizonte: Sntese nova fase, v. 25, n. 83, 1998.

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