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Élégance |1 Entrevista com Carlos Slim - Quem é, como vive e o que pensa o homem mais rico do planeta PRÉ-SAL A riqueza do país no fundo mar. AUTO&MOTO Quer desestressar? Junte seus amigos, pegue a es- trada e curta viagens e en- contros de motoclubes. HIGHTEC Tecnologia na ponta dos dedos - tablets viram fetiche e facilitam cada vez mais a comunicação. VIAGEM Maceió combina beleza rústica com uma economia vigorosa proporcionando a emergência de negócios de altíssimo luxo na capital alagoana. SETEMBRO DE 2011 | REGIÃO DOS LA SETEMBRO DE 2011 | REGIÃO DOS LA SETEMBRO DE 2011 | REGIÃO DOS LA SETEMBRO DE 2011 | REGIÃO DOS LA SETEMBRO DE 2011 | REGIÃO DOS LAGOS| RJ GOS| RJ GOS| RJ GOS| RJ GOS| RJ

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Entrevista com Carlos Slim - Quem é,como vive e o que pensa o homem maisrico do planeta

PRÉ-SALA riqueza do país no fundomar.

AUTO&MOTOQuer desestressar? Junteseus amigos, pegue a es-trada e curta viagens e en-contros de motoclubes.

HIGHTECTecnologia na ponta dosdedos - tablets viram fetichee facilitam cada vez mais acomunicação.

VIAGEMMaceió combina belezarústica com uma economiavigorosa proporcionando aemergência de negócios dealtíssimo luxo na capitalalagoana.

SETEMBRO DE 2011 | REGIÃO DOS LASETEMBRO DE 2011 | REGIÃO DOS LASETEMBRO DE 2011 | REGIÃO DOS LASETEMBRO DE 2011 | REGIÃO DOS LASETEMBRO DE 2011 | REGIÃO DOS LAGOS| RJGOS| RJGOS| RJGOS| RJGOS| RJ

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ÍNDICE

6 Entrevista

Eike Batista fala sobre projetos eavalia o papel do Brasil nocenário internacional

8 História

Conheça os caminhos de Darwinna Região dos Lagos, RJ

6 Entrevista

Eike Batista fala sobre projetos eavalia o papel do Brasil nocenário internacional

8 História

Conheça os caminhos de Darwinna Região dos Lagos, RJ

6 Entrevista

Eike Batista fala sobre projetos eavalia o papel do Brasil nocenário internacional

8 História

Conheça os caminhos de Darwinna Região dos Lagos, RJ

6 Entrevista

Eike Batista fala sobre projetos eavalia o papel do Brasil nocenário internacional

8 História

Conheça os caminhos de Darwinna Região dos Lagos, RJ

6 Entrevista

Eike Batista fala sobre projetos eavalia o papel do Brasil nocenário internacional

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Um luxo só - Elégance chega nãosó para ficar, mas também paramarcar época!

Marcio Alexandre M. GualbertoMarcio Alexandre M. GualbertoMarcio Alexandre M. GualbertoMarcio Alexandre M. GualbertoMarcio Alexandre M. GualbertoPublisher

Nos últimos dez anos o Brasil deu um grande salto de qualidade rumo ao desenvolvimento. Deixou de ser o país dofuturo para se tornar um país de ponta em várias áreas.

Emergiu não como promessa, mas como uma economia sólida queresistiu às recentes crises globais e, mesmo quando muitos paísesgrandes quase quebraram suas economias, o Brasil manteve o pru-mo firme e seguiu adiante.

Não é de agora que somos ponta em algumas áreas de pesquisa,finanças, esportes, cultura, entre todas outras que fazem o Brasil servisto como um novo membro do clube dos ricos, famosos e sólidospaíses para se investir, morar e visitar.

Com a amergência desse novo Brasil, surge também uma nova eco-nomia; uma classe A de altíssimo nível e uma classe média menosoprimida pelas sucessivas crises econômicas e mais disposta a in-vestir em bem-estar, lazer e desenvolvimento cultural. Dessa forma ocarro zero deixou de ser sonho há muito tempo e as viagens interna-cionais já entram fácil nos planejamentos famíliares da nova classemédia brasileira.

No entanto é a classe A a que mais se destaca com um contingentecada vez maior de milionários e um significativo aumento tambémdo número de bilionários brasileiros. E é para este público queElégance quer falar, quer mostrar novidades e quer abrir espaçopara trocas e olhares novos sobre tudo aquilo que agrada aos olhos,ao paladar, ao espírito e, principalmente ao bolso. Afinal, ser rico,não significa ser perdulário, pelo contrário, saber gastar e gastarbem é também sinônimo de elegancia.

Portanto, leitores amigos, brindamos a este primeiro número e espe-ramos que Elégance alce vôos longos, ganhe um público cativo edemonstre que a elite brasileira do ano 2000 é uma elite moderna,antenada com a preservação do meio ambiente e disposta a fazerdo Brasil um país com cada vez mais oportunidades para todos.

Caso queira enviar matériasou falar conosco nossos

contatos são: 22 2664 [email protected]

Élégance é editada por:

Rua Geraldino Moreira Rodrigues, 36128.470-000 - Araruama - RJ

Tel: 55 21 9817 461622 2664 1213

Nxtl: 80*177635

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Os mais prósperos homens de negó-cios são pessoas de pronta decisãoque trabalham sempre com umpropósito principal, como finalidadena vida.(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “A lei doA lei doA lei doA lei doA lei dotriunfo”)triunfo”)triunfo”)triunfo”)triunfo”)

O homem geralmente triunfa commais facilidade num campo de esfor-ços em que se lança de corpo, almae coração. (Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “AAAAAlei do triunfo”)lei do triunfo”)lei do triunfo”)lei do triunfo”)lei do triunfo”)

Nada conseguirá quem nada tenta.Se o nosso objetivo na vida é vago,nossas realizações também o serão epodemos acrescentar: serão bemescassas. É preciso saber o que sequer, quando e como se esperaalcançar o que se quer.(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “A lei doA lei doA lei doA lei doA lei dotriunfo”)triunfo”)triunfo”)triunfo”)triunfo”)

De vez em quando pode tornar-sepreciso mudar os planos adotadospara a realização de um objetivoprincipal definido. Façam-se essasmodificações sem hesitação. Nenhu-ma criatura humana é dotada decapacidade de previsão suficientepara formular planos que não preci-sem de mudanças e adaptações.(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “(Napoleon Hill do livro “A lei doA lei doA lei doA lei doA lei dotriunfo”)triunfo”)triunfo”)triunfo”)triunfo”)

Os realizadores (...) não se importamcom as derrotas temporárias, poissabem que estão caminhando para otriunfo, e, se um plano fracassa, logoo substituem por outro.Todas asrealizações notáveis encontramsempre obstáculos antes de se torna-rem uma realidade. Edison fez maisde dez mil experiências, antes deconseguir realizar o seu primeirodisco de fonógrafo. (Napoleon Hill (Napoleon Hill (Napoleon Hill (Napoleon Hill (Napoleon Hilldo livro “do livro “do livro “do livro “do livro “A lei do triunfo”)A lei do triunfo”)A lei do triunfo”)A lei do triunfo”)A lei do triunfo”)

FRASESMeu objetivo é desbancaro Bill Gates em cincoanos. O Brasil tem de sero número um.

Eike Batista - Empresário, dono degrande fortuna, sempre em expan-são

O empresário pensa e executaO empresário pensa e executaO empresário pensa e executaO empresário pensa e executaO empresário pensa e executa seus empreendimentoscom base na Visão 360º, modelo de empreender cria-do por ele. Trata-se de uma visão multidisciplinar, queconduz todos os negócios no grupo.

De maneira simplificada, são nove áreas ou nove tiposde engenharias: engenharia de pessoas, financeira,jurídica, política, logística, ambiental e social, de co-municação, de saúde e segurança, além da própriaengenharia da engenharia.

Para Eike, é fundamental que não se descuide de ne-nhuma dessas variáveis na hora de pensar e executarum empreendimento.

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10 motos para nossagaragem dos sonhos

1) 1940 Brough Superior SS1001) 1940 Brough Superior SS1001) 1940 Brough Superior SS1001) 1940 Brough Superior SS1001) 1940 Brough Superior SS100Podemos dizer que a Brough Superior SS100 é uma peça digna de coleção,sendo considerada uma das motocicletas mais desejadas de todos os tempos.Segundo publicação de Chris Hunter, no site Wired, essa máquina especial foiconsiderada na sua época o "Rolls Royce das motocicletas" por combinar tãomaravilhosamente estilo e velocidade.

Seu motor de 998cc foi projetado para desenvolver a potência de 45 cavalos, ecada moto que saía da fábrica em Nottingham, na Inglaterra, era testada pes-soalmente pelo seu dono, George Brough, para garantir que ela faria 100 mph(160 km/h).

A SS100 era uma máquina perversamente rápida e foi criada por uma empresacheia de histórias, algumas delas terríveis. Como a de TE Lawrence que possuíasete Brough Superior e morreu enquanto pilotava uma SS100 em um acidentetão trágico que motivou uma campanha para maior utilização de capacetes.

Os motociclistas em geral não conseguem resistir a um bom debate sobre amaior moto de todos os tempos, por isso vamos trazer esse assunto à tona,listando mais nove motos que podem ser as 10 motos para nossa garagem dossonhos.

2) 1934 BMW R72) 1934 BMW R72) 1934 BMW R72) 1934 BMW R72) 1934 BMW R7Essa moto com mais de 70 anos vinha equipada com motor boxer 4 cilindros de800cc capaz de desenvolver 35 cv e 90 mph (144 km/h) de velocidade máxima.A transmissão era dotada de câmbio de quatro marchas. Em 2005 a BMW colo-cou em exibição no seu museu na Alemanha uma R7 caprichosamente restaura-da.

3) W3) W3) W3) W3) Wrenchmonkees Gorilla Punchrenchmonkees Gorilla Punchrenchmonkees Gorilla Punchrenchmonkees Gorilla Punchrenchmonkees Gorilla PunchEssa Honda CB 750 preparada pela empresa dinamarquesa Wrenchmonkeesera uma verdadeira antítese do conceito japonês seguindo um estilo com visualmais despojado e abrindo caminho para a customização de motos. Por muitosanos Gorilla Punch foi uma das atrações do Museu de Art & Design, na Dina-marca, até ser vendida para um badalado Bike´s Cafe, em Dubai, nos EmiradosÁrabes.

4) Ducati NCR M164) Ducati NCR M164) Ducati NCR M164) Ducati NCR M164) Ducati NCR M16Nenhuma lista de grandes motos do mundo pode estar complete com uma Ducati.Em nossa relação destacamos um dos modelos mais selvagens, a NCR M16.Além da sua concepção italiana, essa máquina tem como destaque um potentemotor de 200 cavalos com elementos de alumínio e titânio, além de ter o quadroe outros componentes de fibra de carbono. Tudo isso deixa essa moto com umpeso de apenas 145 quilos.5) F5) F5) F5) F5) Falcon Motorcycles Black Falcon Motorcycles Black Falcon Motorcycles Black Falcon Motorcycles Black Falcon Motorcycles Black FalconalconalconalconalconA Black Falcon foi o terceiro projeto desenvolvido pela Falcon Motorcycles, ba-seado no seu protótipo 10 Series. O coração dessa custom é um motor 1952Vincent Black Shadow. O propulsor foi descoberto por Ian Barry, da equipe daFalcon, completamente desmontado e foi meticulosamente restaurado para essamoto.

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6) Honda RC306) Honda RC306) Honda RC306) Honda RC306) Honda RC30Sem dúvida não podia faltar uma clássica moto de corrida, como a Honda RC30.A montadora japonesa construiu essa máquina sobre duas rodas entre 1987 e1990. Seu motor de 748cc rende 85 cavalos de potência. A RC30 era homologa-da como moto de corrida, para o Campeonato Mundial de Superbike

7) Harley7) Harley7) Harley7) Harley7) Harley-Davidson XR750-Davidson XR750-Davidson XR750-Davidson XR750-Davidson XR750As motos da lendária marca americana de Milwaukee nunca foram conhecidaspela alta performance. O seu objetivo sempre foi construir modelos para as es-tradas e capazes de percorrer grandes distâncias. Entre as motos Harley-Davidsonmerece destaque a XR750, modelo que foi produzido de 1970 até 1985, sendoconsiderada um mito no seu gênero. A XR750 venceu o Campeonato NacionalAMA em seu primeiro ano nas pistas e foi uma das motos mais com mais vitóriasna história da AMA.

8) Moto Guzzi V) Moto Guzzi V) Moto Guzzi V) Moto Guzzi V) Moto Guzzi V-8-8-8-8-8Simplesmente uma maravilha da engenharia motociclística. A Moto Guzzi V-8 foicriada especialmente para as corridas. O seu motor V-8 de 499cc com oito car-buradores é um projeto magnífico e difícil de imaginar para sua época. Com 78cavalos de potência a Moto Guzzi V-8 chegou a atingir uma velocidade de 170mph (273 km/h) na mítica pista de Spa-Francorchamps, na Bélgica.

9) Britten V10009) Britten V10009) Britten V10009) Britten V10009) Britten V1000A Britten V1000 é um tipo de moto daquelas consideradas as melhores do mun-do, mas que pouca gente sabe que existiu. Desenvolvida quase que artesanalmentena Nova Zelândia por John Britten a V1000 é tida como uma das maiores motosjá construídas, capaz de matar até gigantes. Apresentada em 1991 em uma feirade inovações, não foi difícil para essa moto da Britten chamar a atenção. AV1000 tem fibra de carbono no chassi e rodas, suspensão dianteira com sistemaindependente e um poderoso motor V-twin de 999cc com mais de 160 cavaloscapaz de impulsionar essa máquina a 180 mph (302 km/h). Foram feitas apenasdez unidades da V1000 até a morte por câncer do seu fundador em 1995.

10) Excelsior Henderson Custom10) Excelsior Henderson Custom10) Excelsior Henderson Custom10) Excelsior Henderson Custom10) Excelsior Henderson CustomUm belo dia uma moto estranha parou o trânsito em um grande evento no bairroRhinebeck, em Nova York. Debaixo da camuflagem que é a carenagem dessamáquina está uma Henderson, marca que pertence ao fornecedor de equipa-mentos Excelsior, que produz componentes para motos Harley-Davidson e Indian.A Excelsior Henderson custom é uma dessas motos que funcionam como umamáquina do tempo transportando todos que a vêem para um passado nostálgi-co.

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PETRÓLEO S.A - O FUTURODO PAÍS NO FUNDO DO MAR

A chamada camada pré-sal é uma faixa que se estende ao longo de800 quilômetros entre os Estados do Espírito Santo e Santa Catarina,abaixo do leito do mar, e engloba três bacias sedimentares (EspíritoSanto, Campos e Santos). O petróleo encontrado nesta área está aprofundidades que superam os 7 mil metros, abaixo de uma extensacamada de sal que, segundo geólogos, conservam a qualidade do pe-tróleo (veja figura abaixo).

Vários campos e poços de petróleo já foram descobertos no pré-sal,entre eles o de Tupi, o principal. Há também os nomeados Guará,Bem-Te-Vi, Carioca, Júpiter e Iara, entre outros.

Um comunicado, em novembro do ano passado, de que Tupi tem re-servas gigantes, fez com que os olhos do mundo se voltassem para oBrasil e ampliassem o debate acerca da camada pré-sal. À época doanúncio, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) chegou a dizer que oBrasil tem condições de se tornar exportador de petróleo com esse óleo.

Tupi tem uma reserva estimada pela Petrobras entre 5 bilhões e 8 bi-lhões de barris de petróleo, sendo considerado uma das maiores des-

cobertas do mundo dos últimos seteanos.

Neste ano, as ações da estatal tiveramforte oscilação depois que a empresabritânica BG Group (parceira do Brasilem Tupi, com 25%) divulgou nota esti-mando uma capacidade entre 12 bi-lhões e 30 bilhões de barris de petróleoequivalente em Tupi. A portuguesa Galp(10% do projeto) confirmou o número.

Para termos de comparação, as reser-vas provadas de petróleo e gás naturalda Petrobras no Brasil ficaram em13,920 bilhões (barris de óleo equiva-lente) em 2007, segundo o critério ado-tado pela ANP (Agência Nacional do Pe-tróleo). Ou seja, se a nova estimativaestiver correta, Tupi tem potencial para

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até dobrar o volume de óleo e gás que poderá ser ex-traído do subsolo brasileiro.

Estimativas apontam que a camada, no total, pode abri-gar algo próximo de 100 bilhões de boe (barris de óleoequivalente) em reservas, o que colocaria o Brasil entreos dez maiores produtores do mundo.

Mais dúvidasMais dúvidasMais dúvidasMais dúvidasMais dúvidasA Petrobras, uma das empresas pioneiras nesse tipo deperfuração profunda, porém, não sabe exatamente oquanto de óleo e gás pode ser extraído de cada campoe quando isso começaria a trazer lucros ao país.

Ainda no rol de perguntas sem respostas, a Petrobrasnão descarta que toda a camada pré-sal seja interliga-da, e suas reservas sejam unitizadas, formando umareserva gigantesca.

Justamente por conta do desconhecimento sobre o po-tencial da camada pré-sal o governo decidiu que reto-mará os leilões de concessões de exploração de petró-leo no Brasil apenas nas áreas localizadas em terra eem águas rasas. Afinal, se a camada for única, o Brasilainda não tem regras de como leiloaria sua explora-ção.

Assim, toda a região em volta do pré-sal não será leilo-ada até que sejam definidas as novas regras de explo-ração de petróleo no país (Lei do Petróleo), que volta-ram a ser discutidas pelo Planalto --foi criada uma co-missão interministerial para debater modelos em vigorem outros países e o destino dos recursos do óleo ex-traído.

Além disso, o governo considera criar uma nova estatalpara administrar os megacampos, que contrataria ou-tras petrolíferas para a exploração --isso porque os cus-tos de exploração e extração são altíssimos. Os motivosalegados no governo para não entregar a região à ex-ploração da Petrobras são a participação de capital pri-vado na empresa e o risco de a empresa tornar-se po-derosa demais.

OpiniõesOpiniõesOpiniõesOpiniõesOpiniõesO diretor de exploração e produção da Petrobras, Gui-lherme Estrella, disse que a discussão em torno dasmudanças no marco regulatório do petróleo não leva-rá em conta o interesse privado.

"Existem vários interesses públicos e privados envolvi-dos nessa questão. A Petrobras é uma empresa que temcontrole governamental, mas tem acionistas privados.

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Steve JobsQuais lições os

profissionaispodem aprender

com sua trajetória

Desde que Steve Jobs renunciou ao cargo de CEO da Apple, no dia 24 de agosto, o mercado questionaos impactos que essa saída terá, não só para a empresa da qual ele é co-fundador, mas também parao setor de tecnologia como um todo, uma vez que Jobs ajudou a criar produtos revolucionários, como oiPod, iPhone e iPad. Mas os profissionais deveriam tirar lições importantes da trajetória bem-sucedida doexecutivo, na visão do especialista em empreendedorismo Bill Taylor, co-fundador da revista Fast Companye autor de diversos livros sobre liderança.

"Poucos de nós tivemos a chance de alcançar um centésimo do que Steve Jobs conseguiu", afirmouTaylor, em artigo publicado na versão norte-americana da revista de gestão Harvard Business Review."Mas todos nós podemos olhar para a forma de trabalho dele e a reação a esse modelo e usar isso comouma oportunidade para nos perguntarmos quais as chances que nós, enquanto líderes e inovadores,temos de fazer uma pequena diferença para nosso mercado, nossos clientes e nossos colegas", acres-centou.

Especialista mostra quais os cincoEspecialista mostra quais os cincoEspecialista mostra quais os cincoEspecialista mostra quais os cincoEspecialista mostra quais os cincoensinamentos que quem quer ser um líder -ensinamentos que quem quer ser um líder -ensinamentos que quem quer ser um líder -ensinamentos que quem quer ser um líder -ensinamentos que quem quer ser um líder -agora ou no futuro - pode tirar da história doagora ou no futuro - pode tirar da história doagora ou no futuro - pode tirar da história doagora ou no futuro - pode tirar da história doagora ou no futuro - pode tirar da história doexexexexex-----CEO da AppleCEO da AppleCEO da AppleCEO da AppleCEO da Apple

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Para Taylor, o melhor que os profissionais podemfazer é entender o modelo de liderança de Jobs ese inspirar nele para serem executivos ou empre-endedores melhores. Para isso, ele sugere que aspessoas se façam cinco perguntas essenciais, ins-piradas no co-fundador da Apple:1. "P1. "P1. "P1. "P1. "Por que pessoas incríveis gostariam de traba-or que pessoas incríveis gostariam de traba-or que pessoas incríveis gostariam de traba-or que pessoas incríveis gostariam de traba-or que pessoas incríveis gostariam de traba-lhar com você?"lhar com você?"lhar com você?"lhar com você?"lhar com você?"Steve Jobs se cercou dos melhores talentos na áreade design, vendas e engenharia depois que eleentendeu que essas pessoas que apresentam umaperformance acima da curva não são motivadas,inicialmente, por dinheiro ou status. Os profissio-nais talentosos, de forma geral, têm prazer em tra-balhar com projetos desafiadores. "Pessoas incrí-veis gostam de se sentir como parte de algo maiordo que elas mesmas - elas gostam de ser, usandoa frase favorita de Jobs, 'insanamente incríveis'",ressaltou o especialista.

2. "V2. "V2. "V2. "V2. "Você reconhece um profisisonal talentoso quan-ocê reconhece um profisisonal talentoso quan-ocê reconhece um profisisonal talentoso quan-ocê reconhece um profisisonal talentoso quan-ocê reconhece um profisisonal talentoso quan-do se depara com um?"do se depara com um?"do se depara com um?"do se depara com um?"do se depara com um?"É bem mais fácil ser o chefe, quando se tem umaequipe formada pelas pessoas certas. Mas só issonão é suficiente, nas melhores empresas para tra-balhar, os líderes, de forma geral, gastam muitotempo e energia com as pessoas com quem traba-lham. A razão para isso, segundo Taylor, está nofato de que conhecer a fundo os profissionais econseguir tirar deles o melhor exige muita dedica-ção. Não à toa, ele cita que Jobs era tão exigentecom sua equipe quanto era na hora de desenvol-ver um novo produto.

3. "V3. "V3. "V3. "V3. "Você consegue descobrir um talento, mesmoocê consegue descobrir um talento, mesmoocê consegue descobrir um talento, mesmoocê consegue descobrir um talento, mesmoocê consegue descobrir um talento, mesmo

quando ele está escondido?"quando ele está escondido?"quando ele está escondido?"quando ele está escondido?"quando ele está escondido?"As pessoas tendem a apresentar uma melhorperformance quando elas têm prazer no trabalhoque fazem, nas pessoas com as quais atuam e emprojeto desafiadores. "Então, líderes que se con-tentam em manter suas empresas com pessoas queestão o tempo todo insatisfeitas, atraem profissio-nais descontentes e com uma performance medío-cre", pontuou o especialista. O segredo, segundoele, é buscar pessoas - fora da empresa ou emáreas diferentes - que consigam se apaixonar pelotrabalho que elas precisam desempenhar. Nessesentido, o especialista destaca que Jobs foi um ex-celente recrutador de profissionais.

4. "V4. "V4. "V4. "V4. "Você é excelente em ensinar como sua traba-ocê é excelente em ensinar como sua traba-ocê é excelente em ensinar como sua traba-ocê é excelente em ensinar como sua traba-ocê é excelente em ensinar como sua traba-lha e como torná-la vencedora?"lha e como torná-la vencedora?"lha e como torná-la vencedora?"lha e como torná-la vencedora?"lha e como torná-la vencedora?""Até os especialistas mais focados (programadoresde software, designers gráficos e assistentes demarketing) são melhores quando entendem comoo negócio funciona como um todo", ressaltou Taylor.Isso passa, segundo ele, por compartilhar resulta-dos financeiros, entender o que cada um faz naempresa e compreender o que realmente interessapara o sucesso ou o fracasso da companhia. "Eninguém foi melhor do que Steve Jobs para comu-nicar a missão a empresa", complementou.

5. "V5. "V5. "V5. "V5. "Você é tão duro com você mesmo quanto éocê é tão duro com você mesmo quanto éocê é tão duro com você mesmo quanto éocê é tão duro com você mesmo quanto éocê é tão duro com você mesmo quanto écom sua equipe?"com sua equipe?"com sua equipe?"com sua equipe?"com sua equipe?"Os profissionais talentosos e ambiciosos têm, pornatureza, uma grande expectativa de resultados,não só seus, mas das pessoas com as quais traba-lham e da companhia. O que justifica o fato de osgrandes líderes serem sempre.

Trechos da carta de despedida de Steve Jobs

“Eu sempre disse que se chegasse um dia quando eu ja

não pudesse satisfazer meus deveres e expectativas como

CEO da Apple, eu seria o primeiro a informá-los. Infeliz-

mente, esse dia chegou. Tenho a honra de renunciar ao

cargo de CEO da Apple.

Eu gostaria de servir, se o Conselho julgar conveniente,

como Presidente do Conselho, diretor e funcionário.

Quanto ao meu sucessor, eu recomendo fortemente

executar nosso plano – e o nome de Tim Cook deve ser

considerado como CEO.

Acredito que ele dará dias mais brilhantes e inovadores a

Apple. E estou ansioso para assistir e contribuir para seu

sucesso em um novo papel. Eu tenho feito alguns dos

melhores amigos da minha vida na Apple, e eu agradeço a

todos pelos muitos anos que trabalhei junto com vocês”.

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Campeonato Mundial de Windsurffoi sucesso em Araruama

O prefeito André Mônica elogiou o evento. “Muitoimportante termos um evento como esse em nossacidade. Isso mostra que já estamos preparados pararetornar com o título de cidade turística, além de com-provar a revitalização da nossa lagoa. Espero quetodos os atletas tenham gostado de Araruama e vol-tem para nos prestigiar”, afirmou.

O realizador do evento, proprietário da Upwind eatual vice-campeão mundial, Leonardo Rebello, elo-giou as condições da lagoa. “A lagoa de Araruamajá está, com certeza, revitalizada. Fico muito feliz porpoder trazer para essa cidade esse campeonato mun-dial. Araruama disputou com diversas cidades e ga-nhou. A cidade está de parabéns e a Prefeitura tam-bém por perceber a importância desse campeona-to”, elogiou.

Prefeitura organizou a abertura oficial

O cerimonial de abertura oficial do evento aconte-ceu no dia 11 de outubro no Hotel-Escola da FAETEC,organizado pela Prefeitura de Araruama. A FAETEC

foi uma grande parceira cedendo seu espaço físico,seus profissionais e alunos para trabalharem na aber-tura oficial do Mundial. Durante o evento oentrosamento dos atletas era uma previsão do queseria o campeonato.

O prefeito André Mônica falou da satisfação em re-ceber um campeonato deste porte e da importânciado esporte para a região. “Coincidentemente, quan-do assumimos o governo, na hora de criarmos umalogo para a cidade pensamos em velas estilizadas.Não podíamos nem imaginar que estaríamossediando um campeonato como esse que está acon-tecendo pela primeira vez no país e recebendo atle-tas do mundo todo tão cedo. Quero que vocês sai-bam que queremos transformar Araruama na cida-de do esporte de vocês. Estamos recebendo todosvocês de braços abertos e queremos que vocês vol-tem e tragam mais e mais pessoas.”

Leonardo Rebello agradeceu a oportunidade e falouda realização do seu sonho. “Sonho que se sonha sóé só sonho, sonho que se sonha junto é realidade,

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estou muito feliz porque hoje estamos realizando umsonho. Sou filho de velejador, e eu e meu pai sempretivemos o sonho de transformar esse esporte em umesporte mais acessível e eu sei que este mundial emAraruama será uma grande oportunidade. Hoje meupai não está mais aqui, mas tivemos um grande apoioda prefeitura, de amigos e patrocinadores que acre-ditaram no evento e hoje estamos aqui.”

Após a cerimônia foi servido um jantar acompanha-do por show de MPB com a cantora Fátima Lins.

Muita animação na entrega de troféus

A final do campeonato aconteceu no dia 16 de outu-bro e contou com três regatas. No final do dia osatletas participaram de um churrasco de confraterni-zação e da cerimônia de premiação e encerramento,em seguida a escola de samba Portela fez uma apre-sentação para os participantes e para a comunida-de. O encerramento foi realizado na Praça EscolaSergio Ribeiro de Vasconcellos.

Na categoria FE Open os cinco primeiros colocados,por ordem crescente, foram o peruano NicolasSchreier, o brasileiro Leonardo Rebello, o tambémbrasileiro Fernando Bocciarelli, o chileno EduardoHerman e o peruano Sebastian Aguirre. Na catego-ria FW Open ficaram entre os cinco primeiros o bra-sileiro Paulo dos Reis, o também brasileiro GabrielBrowne, o polonês Jacek Piasecki, o brasileiro MathiasPinheiro e o inglês Xavier Ferlet. Na categoria FWMaster a colocação, também na ordem crescente, foio brasileiro Mathias Pinheiro, o inglês Xavier Ferlet, oitaliano Massimo Masserini, o brasileiro Ricardo RosettiConde e o também brasileiro Carlos Alberto Isaac.Na categoria FE feminina a primeira colocação foida peruana Carolina Bultrich, o segundo da brasilei-ra Cristina Matoso e o terceiro da também brasileiraBruna Martinelli.

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E quem disse que tamanho não é documento?Pickup com dimensões gigantes é a mais nova ferramenta de marketing da

empresa paranaense e chama atenção pela imponência e tecnologia

A Pro Tork, maior fabricante de motopeças da Amé-rica Latina, acaba de lançar mais uma ferramentade marketing esportivo. A F-Maxx já participou dealguns eventos e esteve presente na última semanano Bananalama, maior encontro de trilheiros domundo, realizado na cidade catarinense de Corupá,surpreendendo a todos com seu grande estilo.

A nova atração é uma super picape adorada pelosamericanos e que a cada dia vem conquistandomais fãs no Brasil. Utilizando como base a modifi-cação estrutural do caminhão Ford F-12.000, a F-Maxx é o maior veículo no conceito de caminhone-tes do país, com sete metros e cinqüenta centíme-tros de comprimento, sendo noventa e cinco centí-metros mais longa que sua concorrente americanaregistrada no Guinnes Book.

Gigante por natureza, com o tamanho de duas F-250, a F-Maxx leva os apaixonados por picapes aodelírio. Com capacidade para até nove passagei-ros, o veículo conta com aparelho de DVD, seis te-las de cristal líquido, vídeo game de última gera-

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ção, bancos em couro, geladeira, sistema GPS enavegador via satélite, suspensão a ar controlada,seis portas, três tetos solares, áudio e vídeo 5.1,sensores de estacionamento com câmera, rodas emalumínio e pintura personalizada.

A super picape passa a integrar a Pro Tork RoadShow, formada pela maior equipe de wheeling dopaís, Alto Giro, pelo melhor piloto de freestyle bra-sileiro, Gilmar “Joaninha” Flores, por uma apre-sentação automobilística única com suas manobrasno estilo drift, o Phyra Show, e pelo maior Big Footdo Brasil.

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Quando o táxi entra no bairro de Lomas de Chapultepec,penso que não haveria lugar mais apropriado na Cida-de do México para abrigar a casa e o escritório do novohomem mais rico do mundo, o mexicano de origemlibanesa Carlos Slim Helú. Em "Las Lomas", como aárea é conhecida, casarões e edifícios assinados porarquitetos mexicanos de renome, como Luis Barragáne Ricardo Legorreta, foram erguidos sobre os terrenosmais caros do país. Na rua Paseo de las Palmas já seavistam pela janela do carro os jovens executivos bemvestidos que trabalham nas empresas vizinhas de Slim,os bancos JP Morgan e Tokyo-Mitsubishi. "O 736 é ali",diz o taxista, apontando para o edifício de três andaresonde fica a sede do Grupo Financeiro Inbursa, queabriga o escritório do empresário. O prédio nada temde especial. No pequeno hall principal, piso e paredes

de mármore. Passo pela recepção, subo dois lancesde escada e me sento em um sofá de couro, à esperade um sinal da secretária para chegar ao homem maispoderoso do México, cuja fortuna e influência são mo-tivo de conversas apaixonadas entre os mexicanos detodas as classes sociais. O gosto espartano sugereque os decoradores não têm influência por aqui, masessa sensaçãoNa onda do tablet de simplicidade sedissolve quando os olhos pousam nas pinturas e es-culturas da coleção particular de Slim, distribuídas peloambiente. Elas são uma das glórias pessoais do em-presário e ocupam todos os cantos e paredes. Traba-lhos de pintores como Van Gogh, Renoir e Diego Riveradividem espaço com A Primavera Eterna, uma das cen-tenas de obras do escultor francês Auguste Rodin ad-quiridas por seu maior colecionador privado, o próprioSlim.

UM SENHOR ENTRA NA SALA E FAZ UM GESTOCALOROSO. É ELE, SLIM

Sou chamada para a entrevista e descubro que ocontrolador da Claro e da Embratel brasileiras despa-cha em uma sala ampla e austera, de cerca de 80metros quadrados. O lugar transpira sua presença. Nocanto direito, há uma mesa rentangular repleta de pa-péis e sem computador. O empresário não usa nemnunca usou esse tipo de equipamento. Não lê docu-mentos na tela nem envia ou recebe e-mails. Slim cos-tuma dizer que toda a informação necessária para to-mar uma decisão de negócios tem de caber em umafolha de papel. Encostado na parede, perto da portaprincipal, está um conjunto de sofás de couro verde eum cinzeiro de cristal onde repousa um isqueiro, pistada presença de um aficionado por charutos Cohiba,dos quais fuma pelo menos dois por dia. Ao lado dossofás, em um pedestal, a escultura Os Últimos Dias deNapoleão, do escultor suí­ço Vicenzo Vela ("Está lá paraque ele não esqueça de que é preciso ter sempre ospés no chão", diz uma fonte próxima ao empresário).No canto esquerdo, uma parede repleta de livros comtemas relacionados a história, economia e seu esportepredileto: o beisebol. Ao lado, está a mesa de reuniões

Entrevistamos Carlos Slim, o empresário mexicano que desbancouEntrevistamos Carlos Slim, o empresário mexicano que desbancouEntrevistamos Carlos Slim, o empresário mexicano que desbancouEntrevistamos Carlos Slim, o empresário mexicano que desbancouEntrevistamos Carlos Slim, o empresário mexicano que desbancouBill Gates no ranking dos bilionários. Ele tem um pé na velha e ou-Bill Gates no ranking dos bilionários. Ele tem um pé na velha e ou-Bill Gates no ranking dos bilionários. Ele tem um pé na velha e ou-Bill Gates no ranking dos bilionários. Ele tem um pé na velha e ou-Bill Gates no ranking dos bilionários. Ele tem um pé na velha e ou-tro na nova economia, não usa computadortro na nova economia, não usa computadortro na nova economia, não usa computadortro na nova economia, não usa computadortro na nova economia, não usa computador, mas ganha dinheiro, mas ganha dinheiro, mas ganha dinheiro, mas ganha dinheiro, mas ganha dinheirocomo ninguém na era da globalização. Quem faz sua cabeça é ocomo ninguém na era da globalização. Quem faz sua cabeça é ocomo ninguém na era da globalização. Quem faz sua cabeça é ocomo ninguém na era da globalização. Quem faz sua cabeça é ocomo ninguém na era da globalização. Quem faz sua cabeça é ofuturólogo e amigo Alvin Tfuturólogo e amigo Alvin Tfuturólogo e amigo Alvin Tfuturólogo e amigo Alvin Tfuturólogo e amigo Alvin Toffleroffleroffleroffleroffler

Estela Caparelli, da Cidade do MéxicoEstela Caparelli, da Cidade do MéxicoEstela Caparelli, da Cidade do MéxicoEstela Caparelli, da Cidade do MéxicoEstela Caparelli, da Cidade do Méxicowwwwwwwwwwwwwww.epocanegocios.com.br/.epocanegocios.com.br/.epocanegocios.com.br/.epocanegocios.com.br/.epocanegocios.com.br/

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oval, tomada por papéis. Cercando o lugar, óleos depintores como os mexicanos Gerardo Murillo e JoséMaria Velasco. A decoração reflete, a seu modominimalista, alguns dos princípios centrais do modeloslimiano de administração: praticidade, austeridade,adoção de estruturas simples, investimento em ativosrentáveis.

Um senhor de estatura média e gestos calorosos, en-tra, afinal, no escritório. É Slim, tem 67 anos. Está ves-tido com uma camisa social branca com suas iniciaisbordadas e uma gravata verde-menta, sem paletó. Naconversa que se seguiu, o titã latino fala de sua receitapessoal de administração, de globalização e de temascomo Brasil, redistribuição de riqueza e até mesmofelicidade. Não se recusou a responder nenhuma per-gunta. De bom humor, senta-do a minha frente com o bra-ço apoiado na cadeira ao lado,apenas endureceu o tom aocomentar o lance épico maisrecente de sua biografia: tersido apontando, no mês pas-sado, como o homem maisrico do mundo, desbancandoo fundador da Microsoft, BillGates, que ocupa há 13 anoso topo da lista da fortuna darevista Forbes. O fato, anun-ciado por um respeitado sitemexicano de economia, o Sentido Común, que acom-panha a evolução da fortuna de Slim na bolsa, provo-cou toda sorte de comentários e atraiu uma avalanchede atenção indesejada. Novamente, abriu-se o debatesobre o virtual monopólio da Telmex, que tem 91% datelefonia fixa do México. Falou-se, claro, sobre o para-doxo que representa a riqueza faraônica de Slim emum país com tantos milhões de pobres. Outra vez sediscutiu quanto o empresário dedica à filantropia, quan-do comparado a doadores generosos como Gates ouWarren Buffett, o terceiro da lista da Forbes.

Na entrevista, Slim fez questão de desdenhar a suanova posição de homem mais rico do planeta. "Nãorecebi essa notícia, mas é irrelevante", diz ele, comsemblante pesado. "Não é uma competição. Não es-tou jogando futebol." O que o preocupa, afirma, é quan-to suas empresas estão investindo e o que está acon-tecendo com elas. Seu principal desafio, explicita, éusar a Fundação Carso e outros braços filantrópicosde seu grupo para combater a exclusão e a pobreza,investindo em saúde, educação e emprego. A verba éde US$ 10 bilhões nos próximos quatro anos. "Ninguémleva nada deste mundo quando morre", afirma. "A ri-queza deve ser administrada com eficiência, probida-de, eficácia e sobriedade."

Existem atalhos para se entender a personalidade dohomem que detém o equivalente a 7,5% do PIB doMéxico (uma comparação, aliás, que ele abomina). Emprimeiro lugar está o pai, um comerciante libanês quechegou ao Novo Mundo próximo às convulsões políti-cas da revolução mexicana, no início do século 20.Como o pai, Slim é um homem de família, que vivecercado por filhos e genros, na vida e nos negócios.Como ele, também, é um negociante obstinado, her-deiro de uma tradição libanesa que vem dos fenícios,os primeiros vendedores internacionais do planeta. Di-ferentemente de outros bilionários recentes, Slim nãoé um homem moderno no sentido tecnológico ou cos-mopolita da palavra. Formou-se na velha economia eseus ídolos empresariais são Warren Buffett - comquem aprendeu a comprar na baixa - e Jean Paul Getty,

morto em 1976, coleciona-dor de arte e magnata ame-ricano do petróleo. Gettycunhou em 1957 a frasefamosamente melancólica:"Um bilhão de dólares nãoé mais o que costumavaser". Slim descobriu Gettyainda jovem, lendo umareportagem na revistaPlayboy.

Estatísticas de beisebol Antiquado, o criador dos

celulares pré-pagos no México gosta de coisas anti-gas, como Sofia Loren e boleros. Seus filmes favoritossão Tempos Modernos, de Charles Chaplin, e El Cid,um épico de capa e espada com Charlton Heston nopapel principal. Sua simplicidade pessoal é legendária:veste as gravatas da própria loja, a Sanborns, e sediverte sozinho refazendo à mão estatísticas sobrebeisebol. Não usa computadores, embora conte, entreseus melhores amigos, com o cientista americanoNicholas Negroponte - o pai do computador de US$100, a quem prometeu desembolsar US$ 50 milhõespara distribuir as máquinas entre estudantes mexica-nos e da América Central - e Alvin Toffler, o futurólogo.Esse é uma espécie de mentor do empresário e deseus filhos, a quem costuma dar palestras domésti-cas, informais. Durante a entrevista, mais de uma vezSlim se apoiou nas idéias de Toffler para explicar assuas próprias, como ao definir o novo mundo dos ser-viços criado pela tecnologia e a educação: "A maravi-lha dessa nova civilização é que ela se desenvolve ese sustenta com o bem-estar dos demais. A ninguémmais convém explorar outra pessoa, a pobreza".

JOVEM, SLIM DESCOBRIU O MAGNATA PAULGETTY. TORNOU-SE SEU ÍDOLOHá uma história contada por Arturo Ayub, o genro deSlim, que ajuda a entender como a falta de informação

O gosto espartano sugere que os

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cidade se dissolve quando os olhos

pousam nas pinturas e esculturas da

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tecnológica é incapaz de embotar a astúcia natural dohomem de negócios. Diz Ayub: "Eu comecei a Prodigy,um provedor internet. Um dia, cheguei muito satisfeitoa uma reunião dizendo que já tínhamos 90 mil usuári-os. Slim me perguntou: 'Mas como, apenas 90 mil?' Euexpliquei que tínhamos um problema para a expansão,porque não havia tantas pessoas com computador noMéxico. Então ele disse: 'O problema é que as pesso-as não têm computador? Então, vamos vender com-putadores de forma facilitada para elas'. Do nada elecriou um esquema de financiamento de computadoresem 24 meses, sem juros, com as parcelas debitadasna conta telefônica. Posso dizer a você que, hoje, aTelmex é a maior vendedora de computadores no Mé-xico. Vendemos, desde 1999, mais de 1,3 milhão decomputadores. No começo da promoção, vendíamos3 mil computadores ao dia".

Desde que o site editado pelo jornalista financeiroEduardo García o colocou no topo de ranking dos maisendinheirados do planeta, Slim vem tratando deminimizar a repercussão dessa informação. Liderar alista de bilionários significasuperexposição e má publi-cidade: uma péssima com-binação, no momento emque suas empresas prepa-ram decisões estratégicasde expansão. E se há umacoisa que pode tirar "o en-genheiro" do sério, dizem osque o conhecem, é ser atra-palhado em sua discreta eeficiente rotina de negócios.Mas, goste ele ou não, a lis-ta existe e nela o valor demercado das ações de Slim é de US$ 62,9 bilhões,superior aos US$ 56 bilhões de Gates e aos US$ 52,4bilhões de Buffett divulgados pela revista Forbes emmarço deste ano.

Medida em ativos, mais do que em cifras, a fortuna deSlim é impressionante. Ele controla ou participa de maisde 200 empresas, atuantes em setores tão diversoscomo telecomunicações, mineração, alimentos, servi-ços financeiros e restaurantes. Os mexicanos costu-mam dizer que é impossível viver um dia no país semcomprar algum produto ou usar algum dos serviços dasempresas do Grupo Carso. No Brasil não existe nin-guém tão remotamente poderoso. O banqueiro JoséSafra, por exemplo, é o brasileiro mais bem colocadona lista da Forbes. Ele divide a posição número 119com outros oito bilionários internacionais, donos de umafortuna de US$ 6 bilhões cada um. A riqueza de Safra,entretanto, corresponde a somente 0,3% do PIB brasi-leiro, de US$ 1,77 trilhão. Se alguém no Brasil fossedono de 7,5% do PIB, a fortuna desse superbilionário

hipotético seria de US$ 133 bilhões - ou 22 vezes afortuna de José Safra.

Como Slim reage a isso? "Fico muito contente queexista uma empresa que, a partir do México, um paísem desenvolvimento, tenha criado uma companhiatransnacional como a América Móvil, que cria valor paraos investidores e compete globalmente, e com suces-so, com os grandes do mundo", afirma. "É importanteque a globalização possa ser feita a partir de nossospaíses, como a Vale do Rio Doce está mostrando. Éformidável."

A história da extraordinária acumulação de Slim come-çou em 1966, quando ele, com apenas 26 anos, já ti-nha o equivalente, na época, a US$ 400 mil, obtidoscom investimentos na bolsa e suporte do patrimôniofamiliar. Nessa época, recém-casado com SoumayaDomit Gemayel, com quem viria a ter seis filhos, lan-çou-se no mundo dos negócios adquirindo empresasno setor imobiliário, de construção civil e engarrafa-mento de bebidas. Nas duas décadas seguintes, seu

grupo teve um crescimentogradativo, típico dos padrõesmexicanos. Em 1982, tudomudou. Desafiando o espíri-to de manada, ele foi às com-pras em meio a uma dasmais severas crises da mo-derna economia mexicana.Enquanto os investidores es-trangeiros e locais tentavamse desfazer de seus ativos aqualquer preço, Slim fez ocontrário: comproumineradoras, lojas de vare-

jo, fábricas de cabos e muito mais. Formou, ao longoda crise e de seus efeitos, o maior conglomerado eco-nômico do país - o Grupo Carso - que fatura por anoUS$ 8,5 bilhões. Essa foi a primeira fase de sua meta-morfose econômica. "As decisões que tomei naquelesanos me fizeram lembrar a decisão tomada por meupai em 1914, quando, em plena revolução mexicana,comprou do irmão 50% do negócio (da família), colo-cando em risco todo o seu capital e seu futuro", disseSlim ao biógrafo José Martínez.

A segunda metamorfose teve lugar em 1990, quando,em companhia da France Telecom, da SouthwesternBell e de outros 35 investidores mexicanos, entrou noleilão das privatizações e arrematou o controle daTelmex, gigante estatal das telecomunicações. Foi as-sim, pela escada da telefonia, que ele chegou à cober-tura do mundo internacional dos negócios. Suas duascompanhias telefônicas, a Telmex e a América Móvil,valem, juntas, 16 vezes mais do que o Grupo Carso,que tem quatro décadas de existência. Em 1991, quan-

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do seu nome apareceu pela primeira vez na lista debilionários da Forbes, Slim era conhecido apenas porumas poucas pessoas do mundo empresarial mexica-no. Naqueles tempos, dirigia um Thunderbird 1989 etinha uma fortuna estimada em US$ 2,1 bilhões. Ago-ra, passados 17 anos, ele domina o setor de telecomu-nicações na América Latina, é um rosto conhecido nomundo inteiro e tornou-se, a contragosto, o homem maisrico do planeta.

Desde a infância, Slim teve seu pendor para negóciosestimulado pelo pai, Julián Slim Haddad. Ele é o quintodos seis filhos do casamento de Julián com a mexica-na de origem libanesa Linda Helú. Segundo seu bió-grafo, Slim foi, entre todos os irmãos, o herdeiro dashabilidades paternas. Desde pequeno, observava o paicomprar mercadorias em outros países e revendê-lasem sua loja na Cidade do México. Aos 12 anos, abriuuma conta bancária com cerca de US$ 400. Com 16anos, comprou suas primeiras ações do Banco Nacio-nal do México, hoje controlado pelo Citigroup. Por exi-gência do pai, Slim passou a anotar em cadernos comcapa de couro o valor de suas movimentações finan-ceiras. Guarda esses cadernos até hoje. No final dos

anos 60, enquanto os jovens dasfamílias endinheiradas do Méxicoaproveitavam a vida em Paris, Slimcomeçava a construir o GrupoCarso.

LANÇAMENTO DO PRÉ-PAGONO MÉXICO FOI BATIZADO DE"PLANO GILLETTE"

Ainda assim, Slim é Slim. Por quê?Em parte, pelo mesmo motivo queajudou Bill Gates a reinar absolu-to por 13 anos na lista da Forbes:monopólio. Gates tem o Windows,que funciona em mais de 90% doscomputadores do mundo. Slim temo mercado mexicano de telefoniafixa na mesma proporção: exatos91%. Tanto Gates quanto Slimenfrentam competidores, mas am-bos têm conseguido manter níveiselevados de controle dos seusmercados. A outra alavanca na for-tuna dos dois é a bolsa de valo-res. Slim se beneficiou, nos últimosanos, de uma multiplicação quasebíblica no valor dos papéis mexi-canos. Sua fortuna pessoal emações equivale à metade do valorda bolsa mexicana, cujo índicesubiu 49% no ano passado. Por

isso, sua riqueza cresceu mais de US$ 20 bilhões noúltimo ano. Gates também se tornou Gates embaladopelos ventos da bolsa americana.

Se é verdade que a receita do mercado mexicano detelefonia fixa ajudou Slim a expandir seu império, tam-bém é verdade que ela não é a única responsável pelocrescimento assombroso da fortuna do empresário. Amaior evidência disso é a América Móvil, empresa detelefonia celular do grupo, com 125 milhões de clien-tes e faturamento de US$ 22 bilhões. Ela começoucomo uma divisão de celular da Telmex e ganhou vidaprópria em 2000. Metade da fortuna do empresário vemda participação de 30% que ele detém na companhia,que equivale a US$ 32,6 bilhões. No segundo semes-tre, as ações subiram 26,5% em razão do desempe-nho da empresa, segundo a agência Sentido Común.Isso é resultado de uma tacada certeira feita lá atrás: aintrodução dos celulares pré-pagos.

Há 12 anos, durante uma reunião com seus colabora-dores, Slim apresentou uma proposta para aumentaras vendas de celulares: "Vamos lançar o Plano Gillette".Sua idéia era adotar na telefonia a lógica da empresa

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norte-americana, que vende o aparelho de barbear e,depois, mantém os clientes cativos vendendo lâminas."Ele me pediu que procurasse um modelo de pré-pagono mundo, mas não havia nada no mercado. Tivemosde desenvolver a tecnologia internamente", diz Ayubque, na época, estava encarregado do projeto. Comum produto acessível aos consumidores mexicanos,Slim abocanhou o mercado. Em 1990, a divisão decelulares da Telmex que deu origem à América Móviltinha 35 mil clientes. Hoje, tem no México 43 milhõesde usuários, dos quais 40 milhões usam pré-pagos.Com isso, Slim detém 77% do mercado celular mexi-cano, enfrentando, entre outros concorrentes, a pode-rosa Telefónica, que atua no país com a marca Movistar.

Seus movimentos empresariais são orientados por ummodelo próprio de gestão, sintetizado por ele mesmoem uma lista contendo dez mandamentos. Nela, oempresário defende estruturas simplificadas, austeri-dade nos gastos, ousadia nas idéias e reinvestimentono próprio negócio. Durante entrevista a Época NE-GÓCIOS, acrescentou o 11o item à lista: a importânciado espírito de equipe e de funcionários motivados. "Sãoas pessoas que tornam as coisas possíveis; pessoasinteressadas, motivadas, que vestem a camisa, comodizemos, e que sabem que podem alcançar qualquerdesafio proposto." Ele acredita que uma empresa, qual-quer que seja seu tamanho, precisa ter a mesma rapi-dez e flexibilidade de um pequeno comércio.

TRABALHA EM MANGAS DE CAMISA E CARREGA APRÓPRIA AGENDA

Sua filosofia é a das empresas enxutas e flexíveis, como mínimo de hierarquia necessário para tocar o empre-endimento. Nelas não há lugar para estruturascorporativas pesadas, pompa e formalidade, sedes lu-xuosas, séqüitos de assessores e batalhões de secre-tárias, mordomias para um punhado de diretores e exe-cutivos ou modismos gerenciais. "Nunca tivemos umcorporativo", afirma. "O corporativo faz muitas vezesque os operadores trabalhem para ele, em lugar detrabalhar para as operações, para o cliente, para omercado." Se for necessário, o empresário fala pesso-almente com empregados menos graduados. Se umfuncionário de um nível hierárquico mais baixo o cha-ma para falar de um problema sério, ele atende a cha-mada. "Gosta de saber das coisas diretamente da fon-te", diz uma pessoa que o conhece bem.

O estilo Slim nada tem de empolado. Ele trabalha emmangas de camisa e dizem que sempre carrega suaagenda embaixo do braço, para lembrar que é dono dopróprio tempo. Como ele divide as poucas horas dodia entre as várias empresas e fundações? "Não divi-do o tempo, nunca dividi", diz ele. "Algumas vezes umaatividade demanda mais atenção e então me volto para

ela." Quer dizer: ataca os problemas de frente, na horaem que se apresentam. Nos escritórios da empresa háquadros lembrando que o tempo é o bem mais precio-so das pessoas e das organizações. Sobre a sua tare-fa como líder de empresa, ele diz: "Meu trabalho é pen-sar". Slim trabalha dez horas por dia. Logo cedo, saide sua casa no elegante bairro de Las Lomas, ondemora há 30 anos, e segue em uma Mercedes blindadaaté seu escritório, localizado a poucos minutos dali. Nãotem helicóptero particular, mas, quando precisa voar,utiliza uma aeronave Cessna de seis lugares que per-tence à Telmex. Quando chega ao escritório, costumafalar por telefone ou pessoalmente com seus filhos egenros, ou com Eduardo Valdes Acra, vice-presidentedo Grupo Financeiro Inbursa, sobre a rotina de traba-lho. Gosta de estar a par de tudo. Almoça normalmen-te com algum convidado na sala de reuniões ao ladode seu escritório ou no salão-museu que está no mes-mo andar.

A FÓRMULA FALHA O "engenheiro" acredita em ciclos e perseverança. Noperíodo de vacas gordas, afirma, é preciso manter aausteridade, investir em modernização e, com discri-ção, antecipar os movimentos da concorrência. Nadade acomodação. No momento de crise, quando os ati-vos estão desvalorizados, é hora de ir às compras. Essasegunda parte ele aprendeu com Buffett. "Todos osmomentos são bons para quem sabe trabalhar e temcomo fazê-lo", diz sua regra número 9. Essa fórmulatem se mostrado acertada, mas não é infalível. Slimcomprou em 2000 a CompUSA, uma cadeia de varejode computadores americana que hoje está encolhen-do diante da concorrência.

SLIM ME PREGUNTA: “SE TIVESSE DINHEIRO O

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QUE VOCÉ FARIA?”

Até a segunda metade dos anos 90, Slim dirigia pes-soalmente todas as operações dos Grupos Carso eInbursa, braço financeiro de suas organizações. Em1997, decidiu se afastar do dia-a-dia das empresas apósenfrentar problemas de saúde decorrentes de uma ci-rurgia de coração. No final do ano seguinte, colocouseus filhos e genros à frente dos negócios e se trans-formou em presidente honorário e vitalício do grupo.Hoje, comanda um empreendimento eminentementefamiliar em sua estrutura. Seu filho mais velho, Carlos,40 anos, é presidente do Grupo Carso; Marco Antonio,38 anos, é diretor-geral do Grupo Inbursa; e Patrício,37 anos, diretor da Carso Global Telecom, AméricaTelecom e US Commercial Corp. Os genros de Slimtambém ocupam postos-chave nos negócios. ArturoElias Ayub é porta-voz do Grupo Carso e diretor daTelmex. Daniel Hajj comanda um dos negócios maisrentáveis, a América Móvil.Outra pessoa influente noprocesso de decisões é osobrinho Héctor, diretor-geralda Telmex. O primeiro esca-lão das empresas de Slim étotalmente dominado por ho-mens. Das três filhas, ape-nas uma, Soumaya, trabalhacom o Museu Soumaya, cri-ado em homenagem à fale-cida esposa do empresário.No primeiro time de executi-vos do grupo há apenas cin-co mulheres, nenhuma da família.

Às segundas-feiras, religiosamente, Slim reúne filhose genros a partir das 10 horas em sua casa para umjantar. O cardápio é variado, mas quase sempre é ser-vido um prato mexicano como chile rellenos (uma es-pécie de pimentão recheado com queijo) ou quesadillas(tortilhas de milho com queijo). A casa pode ser consi-derada austera para o padrão bilionário da família: temseis quartos, uma pequena piscina. O único luxo sãoas obras de arte. Ele divide o lugar apenas com seufilho mais velho, Carlos, o único solteiro. Faz questãode dizer que não tem casas ou contas no exterior. Emmais de 40 anos nos negócios, ele jamais teve seunome envolvido em escândalo ou denúncia. Nos finsde semana, o homem mais rico do mundo costuma serefugiar na natureza. Gosta de estar entre sequóias oucontemplar o amanhecer em Los Cabos, costa noro-este do México. "Ele é muito afetuoso, os netos o ado-ram. Pulam sobre ele e brincam", diz o genro Ayub.Slim confirmou que está usando seu tempo livre paraescrever um livro com a história da família.

Quando lhe pergunto se é um homem feliz, ele res-

ponde rapidamente: "Creio que sim". Em seguida, fler-ta com a filosofia. "Mas a felicidade não é um estado, éum caminho em que há obstáculos, problemas", afir-ma. "O caminho da felicidade existe quando você temclaros seus valores principais e quando você é coeren-te com eles e consigo mesmo." Para Carlos Slim, serfeliz, aos 67 anos, é sinônimo de estar com a família,conversar com os amigos ou caminhar entre as árvo-res. A entrevista está chegando ao fim, o gravador foidesligado, mas ele pede a um assessor uma carta queescreveu em junho de 1994 para um grupo de estu-dantes. Nela, trata da questão da felicidade. Lê, então,alguns trechos em voz alta. "O equilíbrio emocional estána vida interior... É preciso evitar aqueles sentimentosque corroem a alma, como inveja, ciúme, soberba, lu-xúria, egoísmo, vingança, avareza... Não se pode vi-ver com medos e com culpas..." Interrompo e observoque nessa lista da felicidade não há nada material: umparadoxo? Ele me responde com uma pergunta: "Se

você tivesse muito dinheiro,o que faria?" Dou uma pau-sa e penso como seria mi-nha vida com a fortuna deSlim, mas, antes que eu pos-sa responder, ele volta à car-ga: "Se fosse casada, deixa-ria seu marido, seus filhos?"Respondo que não. Ele re-toma: "Minha família. Estarbem com aqueles pelosquais tenho apreço. É issoque me faz mais feliz. Não éfazer bem as coisas bem ou

ter reconhecimento das outras pessoas, entende?".Perfeitamente, senhor Slim.

“NÃO VOU LEVAR NADA QUANDO MORRER”Dita por qualquer mortal, essa frase é só um clichê. Naboca do homem mais rico do mundo, não é. Em entre-vista exclusiva a Época NEGÓCIOS, carlos Slim dizcomo lida com a transitoriedade da riqueza, diz o queé importante em seu modelo de gestão e define a feli-cidade.

Quais os pontos-chave de seu modelo de gestão? Osprincípios não são novos. Têm 40 anos e estão resu-midos em um decálogo (veja quadro à página 10). Aeles, acrescentaria algo fundamental: a equipe, as pes-soas. São as pessoas que tornam as coisas possíveis.Pessoas interessadas, motivadas, que vestem a cami-sa, como dizemos. E que sabem que podem alcançarqualquer desafio proposto. É preciso que exista har-monia no grupo de trabalho, que os êxitos sejam detodos.

Uma vez o senhor disse que o "importante não é ariqueza, mas o que se faz com ela". O que o senhor

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pretende fazer com sua riqueza nos próximos anos?Ninguém leva nada deste mundo quando morre. En-tão, creio que a riqueza deve ser administrada comeficiência, probidade, eficácia e sobriedade para pro-duzir mais riqueza. Um dos frutos da riqueza é a ren-da, e é preciso fazer com que exista redistribuição. Issoocorre por via fiscal ou por via de remuneração salari-al. E, com um trabalho adicional, podemos avançarnaquelas coisas que não são rentáveis. É importante,por exemplo, que a população esteja bem nutrida, te-nha boa saúde, boa educação. Essas coisas não sãorentáveis, mas são um investimento social. Então,estamos fortalecendo nossas fundações - que, no casoda Carso (conglomerado industrial que deu origem aoGrupo Slim), têm mais de 20 anos. O desafio que te-nho há quatro ou cinco anos é tratar de combater aexclusão e a pobreza através de saúde, educação eemprego. Esse é o meu de-safio.

Como o senhor divide seutempo entre as iniciativas defilantropia e o dia-a-dia desuas empresas? Não dividoo tempo. Nunca dividi. Quan-do alguma atividade deman-da mais atenção, atendo aessa demanda. Em relaçãoàs empresas, aquela em quecontinuo presente é a Ideal,que tem como objetivo pro-mover o desenvolvimento e o emprego na América La-tina por meio do investimento produtivo. Também cui-do das fundações.

"ISSO (SER O MAIS RICO), É IRRELEVANTE - NÃOESTOU NUM JOGO DE FUTEBOL"A Ideal tem projetos para o Brasil? Claro. Não tenhonenhum plano concreto neste momento, mas sentimosque o Brasil tem uma força extraordinária, um potenci-al enorme. Creio que há um grande número de empre-sários notáveis, governos que têm sido consistentesem suas políticas econômicas e criaram um clima ade-quado para o desenvolvimento empresarial.

Qual é a situação do mercado brasileiro nos planos dogrupo? É da maior importância. Temos no Brasil inves-timentos muito importantes em um setor que tambémé de infra-estrutura: a área de telefonia. Esse mercadocresce muito e vai continuar crescendo. Por outro lado,a Telmex está trabalhando com a melhor tecnologiapara oferecer mais serviços e mais concorrência emtodas essas áreas.

Como recebeu a notícia de ser apontando como o ho-mem mais rico do mundo? Não recebi nenhuma notí-

cia. Mas isso é irrelevante. Não é uma competição. Nãoestou jogando futebol. Me preocupa mais quantoestamos investindo e o que está acontecendo em nos-so trabalho do que uma coisa desse tipo.

Mas, com essas notícias, surgiram novamente comen-tários de que o senhor teria enriquecido a partir de ummonopólio da telefonia no México. Veja, todas as em-presas do grupo enfrentam forte concorrência. Todas!E temos concorrido em todos os terrenos, como a fa-bricação de papel, contra grandes empresas como aKimberly-Clark e a Scott Paper. No caso da Sanborns(principal cadeia mexicana de restaurantes, que tam-bém comercializa produtos eletrônicos, livros e medi-camentos), temos a concorrência do Wal-Mart, daStarbucks e de outros restaurantes. Na área de cigar-ros, enfrentamos a British American Tobacco, que vocês

conhecem muito bem no Bra-sil. Com a Telcel, na área decelulares, a concorrência en-trou antes. Isso quer dizerque eles tinham o monopó-lio. A Telmex, nossa empre-sa na telefonia fixa, teve seisanos de atividade exclusiva,mas apenas em longa distân-cia. A partir de 1996, houveconcorrência. Em longa dis-tância, concorremos com asmaiores do mundo, comoMCI e AT&T. Na telefonia

móvel, vieram gigantes como Verizon, Vodafone eTelefónica. Então, estamos competindo há muitos anos.Na telefonia fixa, como somos os únicos que atendemaos mercados C, D e E, temos 100% . Mas nos merca-dos A e B há grande concorrência, que será ainda maiorno futuro.

Um documento recente da Organização para a Coo-peração e o Desenvolvimento Econômico, a OCDE,diz que os preços da telefonia no México sãoexcessivos.Nosso preço é a metade daquele praticadona Europa. Em países como Peru, Chile e Argentina,entramos como terceiro ou quarto (colocados no mer-cado). Essa é a realidade. É algo palpável. Não estousugerindo que creiam ou não nesses fatos. Mas, cadavez que existe uma forte concorrência de mercado,criticam o líder para tratar de regular (o mercado)assimetricamente, enfraquecê-lo, amarrar uma mão ouum braço. Isso é algo que nunca pedimos nos

Mas no México há uma limitação: os estrangeiros nãopodem entrar com força total na área de telefonia por-que são proibidos de controlar empresas do setor. Issotem sido interessante, porque, apesar de haver essaproibição, eles dão uma volta ilegalmente. Operam comfundos (trust funds). Acreditamos que é uma irregulari-

O gosto espartano sugere que os

decoradores não têm influência por

aqui, mas essa sensação de simpli-

cidade se dissolve quando os olhos

pousam nas pinturas e esculturas da

coleção particular de Slim

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dade, que isso não deveria existir. Mas, veja, não so-mos contra a abertura. Não temos nos oposto na mídia.

As pessoas observam a evolução de seu patrimônio ea situação de pobreza em seu país e perguntam: comoé possível que o homem mais rico do mundo esteja noMéxico? Não é no México, é a partir do México. Você eas pessoas dizem no México, mas é a partir do Méxi-co.

A partir do México, então. Mas qual seria a sua respos-ta? Bem, fico muito contente que exista uma empresa- oxalá existissem muitas outras - que, a partir do Mé-xico, um país em desenvolvimento, tenha se tornadouma transnacional, que compete globalmente e comsucesso com os grandes do mundo. E fico contenteque os investidores estejam dan-do grande valor a essa empresapela forma tão eficaz como ela sedesenvolveu. E que, em lugar deestar absorvendo outras empre-sas, ou se endividando, tenhaseguido uma política que favore-ce os acionistas por meio derecompras e dividendos. Essaempresa, que valia zero há 15anos, e que agora tem um valormuito importante nos mercados,se chama América Móvil. O fatode que se faça isso a partir doMéxico ou de qualquer lugar nãoé importante. O importante é quea riqueza esteja sendo criada. Eunão tenho contas bancárias, apar-tamentos ou casas fora do país.Não vou levar nada quando mor-rer. Então, o fato de que em nos-sos países se crie essa riqueza é formidável. No Bra-sil, há muitas coisas sendo criadas, (grupos locais)estão comprando empresas fora do país. Que bom! Émuito importante que o investimento estrangeiro nãoapenas flua para nossos países. É importante que aglobalização seja algo que possamos fazer a partir denossos países. Que bom que esteja sendo criada ri-queza em nossos países. Um exemplo é a Vale do RioDoce, que está em expansão. É formidável. Esperoque siga crescendo.

É verdade que o futurólogo Alvin Toffler e o cientistaNicholas Negroponte têm dado assessoria a seus ne-gócios? Eles são bons amigos, gosto muito deles. Cos-tumamos falar do que aconteceu, do futuro, trocamosimpressões. Mas eles não são assessores, são ami-gos.

Falando em futuro, quais são as tendências para aeconomia? O que deve ficar claro - e é preciso ler,

mesmo, Alvin Toffler - é a mudança civilizatória. Vive-mos agora numa sociedade em que a tecnologia temavançado tanto e a produtividade é tão grande que osseres humanos podem viver, em sua grande maioria,dedicados aos serviços. Estamos numa sociedade deserviços que tem paradigmas como a democracia, aliberdade, a pluralidade, a diversidade, os direitos hu-manos, o cuidado com o meio ambiente. E também aconcorrência, a globalização, a produtividade, acriatividade, a inovação e a intensa mobilidade social.Mas a maravilha maior dessa nova civilização é queela se desenvolve e se sustenta com o bem-estar dosdemais. A ninguém mais convém explorar outra pes-soa, a pobreza. O que convém é ter gente preparada,qualificada, que tenha tempo, que tenha capacidadede compra, que tenha um bom salário. É isso que sus-

tenta o desenvolvimento agora.

"MINHA FAMÍLIA, OS AMIGOS,A NATUREZA. ISSO É O QUEME FAZ FELIZ"

Como esses aspectos serão ex-plorados por suas empresas? Hápossibilidades de se desenvolvernesses novos campos de servi-ços. O entretenimento é muitoimportante. As pessoas têm mui-to tempo livre. Mais esportes,mais cultura, educação de maisalto nível. Há uma gama enormede campos novos com enormepotencial de desenvolvimento.

Qual o pior erro que um empre-sário pode cometer? Podem sermuitos... Não ter as melhores

referências mundiais, não reinvestir, não estar comequipamento de ponta, estar atrasado em sua capaci-dade produtiva e não oferecer qualidade de serviço aocliente, não desenvolver seu capital humano. E há gran-des erros, como querer fazer tudo às pressas, quandoas coisas têm seus tempos. É preciso entender os tem-pos: ter uma visão de longo prazo ainda que se tenhade atuar no curto.

O que faz o senhor feliz? O que me faz feliz? Minhafamília, meu amigos. Conversar com amigos ou comgente de quem se pode aprender algo. A natureza mefaz feliz. São muitas coisas.

O senhor é feliz? Creio que sim. Mas creio que a felici-dade não é um estado, é um caminho. Não é estarfeliz. É um caminho, em que há obstáculos, proble-mas. Mas o caminho da felicidade existe quando vocêtem claros seus valores principais e quando você écoerente com eles e consigo mesmo.

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NA ONDA DO TABLET

A evolução tecnológica caminha em um ritmo acelerado. Diariamente surgem novidades no mundo digital eficamos enlouquecidos por todos os produtos maravilhosos que são lançados.

Primeiro o computador, depois o notebook, os smartphones e agora os tablets. Somos consumidores sedentos pornovas tecnologias. Consumimos inovações na velocidade da luz!

A mais recente inovação, o tablet, um intermediário entre o notebook e o smartphone, é a onda do momento.Desde 2010, ano de lançamento do iPad , a Apple não parou de pensar em evoluções. Outras marcas atentas aesse mercado consumidor não demoraram a fazer suas versões do novo gadget.

Você com certeza deve ter pensado em ter um tablet ou já tem um. Então já está se perguntando qual escolherentre tantos modelos, tamanhos, aplicativos (como chamam os “programas” que você baixa), cores capas evários acessórios! Vão aí algumas dicas para você “tirar de letra” estas questões.Quem nos ajudou nessa foi Marcelo Pereira, que trabalha na área de Tecnologia da globo.com há mais de 11anos. Ele explica que cada tablet possui um sistema no qual são desenvolvidas todas as suas funções, os sistemasoperacionais. Eles dão personalidade ao tablet. Os mais conhecidos são o iOS (apple) e o Android (google).

Perguntamos a ele a que se deve a preferência das pessoas pelo gadget da Apple. Marcelo acredita que oprincipal motivo para o iPad se tornar queridinho no mundo inteiro, é o seu design e um comercial fortíssimoligado a marca Apple. E também por oferecer um sistema com melhor usabilidade, facilitando a instalação e

Tablets não são para todo mundo. Não são realmente portáteise fazem o mesmo que smartphones e notebooks. Então por

que comprá-los?

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oferecendo programas de customização como o iTunese a Apple Store, que torna o gerenciamento do seu iPadmuito simples.

Os aplicativos (apps) dão personalidade ao seu tabletcom funções bem específicas para facilitar seu dia adia. Anotar e controlar seus gastos em real time; fazerlista de compras (com detalhes de quantidades e mar-cas); registrar as calorias que consumiu e que gastouna academia; são alguns exemplos. Sem contar nasversões dos jogos que são febre – como Angry Bird (pre-ferido do Marcelo).

No android existem apps tão bons quanto os do iPad.Ficar “de olho” nas especificações dos produtos é umadica importante para calcular o custo beneficio. De acor-do com Marcelo o preço vai depender do que oferece omodelo. Tem tablets da Samsung que são o mesmo pre-ço que o iPad ou até mais caro. Isso varia de acordocom as especificações do tablet, a qualidade da câmera,espaço em disco, captura de vídeo em HD e outros.

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Entre todas as diferenças que fazem a beleza da raçahumana, uma das menos estudadas é por que algu-mas pessoas têm o pendor de acumular riquezas en-quanto outras, a imensa maioria, se especializam emgastar tudo que ganham – ou, em muitos casos, maisdo que recebem. De uns tempos para cá a literaturasobre a questão vem-se multiplicando. O melhor cam-po de estudo dessas diferenças é o imenso contingentede homens e mulheres que os pesquisadores chamamde "milionários de primeira geração". São aqueles quenão herdaram nada de especialmente valioso de seuspais ou familiares e, no mesmo tempo de vida em queseus colegas construíram carreiras profissionais ou aca-dêmicas, juntaram uma montanha de dinheiro que osdiferencia dos demais. São pessoas que, em reuniõesde escola, quando se comemoram vinte ou trinta anosda formatura, se destacam por ter ficado ricas. Semprese notam os que ficaram precocemente carecas, os bar-rigudos, os que estão no quarto ou quinto casamentoou os que se tornaram seguidores fanáticos de algumaseita. A categoria que mais chama a atenção nessasocasiões sociais, no entanto, é a daqueles que, surpre-endentemente, ficaram muito mais ricos que a médiados colegas.

"Esses milionários de primeira geração deixam os cole-gas intrigados. Muito intrigados. Como pode ser? Elenada tinha de especial!", escreve o americano RobertKiyosaki, um dos autores do livro Pai Rico, Pai Pobre,cuja edição brasileira andou recentemente entre as obrasde auto-ajuda mais vendidas. Ele mesmo responde:"Não tem mistério. As pessoas que sabem acumular ri-quezas simplesmente se educaram para isso. Deram àsfinanças pessoais durante toda a vida um peso muito

maior que à formação cultural, acadêmica e mesmoao conforto e à aparência". Em resumo, milionários nãosurgem por acaso nem por geração espontânea. Comexceção dos sortudos que acertam a Mega Sena e doscorruptos, os milionários que construíram a própria for-tuna são produto de uma educação especial e muitadisciplina. Por alguma razão ainda não totalmente cla-ra, o número desses acumuladores de riquezas estáaumentando em muitos países – inclusive no Brasil. Umestudo feito pela empresa de consultoria americanaMerrill Lynch estima que vivam atualmente 7 milhõesde milionários de primeira geração na América do Norte.Gente que não herdou nada de ninguém. Teve boasidéias, trabalhou duro e enriqueceu. Segundo a pes-quisa, o patrimônio desse grupo cresceu 18% no último

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ano e já atinge mais de 25 trilhões de dólares. Eles têmsido estudados não porque suas fortunas rivalizem comaquelas dos milionários tradicionais. Nada disso. Elessão interessantes porque se distanciaram de modo fe-nomenal da média das pessoas da classe social em quenasceram. São intrigantes como grupo também por-que, mesmo tendo muito dinheiro, fogem em tudo aovelho clichê dos ricos. Misturam-se a gente comum.Podem ser seus vizinhos no bairro ou na arquibancadado estádio de futebol. Distinguem-se por seu talentoespecial para construir e acumular riquezas.

Entre 1988 e 1998, a população americana cresceu8% enquanto o número de famílias com patrimônio su-perior a 1 milhão de dólares dobrou. No Brasil, é atéenfadonho constatar, não há estatísticas muito convin-centes sobre a tribo dos acumuladores de riquezas. Noentanto, existe um dado útil para mostrar que, aparen-temente, o país, nesse particular, segue na mesma di-reção observada em outras partes do mundo. Segundoum estudo feito pela Secretaria da Receita Federal, onúmero de pessoas que podem ser classificadas de mi-lionárias no Brasil cresce num ritmo quase dez vezesmaior que o da população em geral. A informação élimitadíssima, porque trata apenas dos brasileiros quedeclaram imposto de renda. Mas quando se sabe quepara cada brasileiro que paga regularmente seus im-postos existem três que pagam menos do que deveriamou sonegam tudo, a amostra da Receita tem seu valorestatístico reafirmado. Uma análise a respeito do com-portamento dos brasileiros nascidos em lares pobres ede classe média, tendo mais tarde enriquecido por es-forço próprio, vem sendo feita pelo professor EverardoRocha, antropólogo que dá aulas de comunicação naPontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Aconclusão do professor: "Como regra geral, esses no-vos ricos fogem do estereótipo de arrogância e demons-tração de poder, marca registrada dos ricos tradicio-nais, mesmo aqueles que já não são assim tão ricos".VEJA descobriu em várias cidades brasileiros que per-sonificam esse fenômeno. Para selecionar seus perso-nagens, os repórteres da revista ignoraram o padrãooficial adotado pelos organismos de governo, segundoo qual quem ganha mais de 2 200 reais por mês éclassificado como classe A no Brasil.

Ou seja, são pessoas que fazem parte do 1% de brasi-leiros ocupantes do topo da pirâmide social. Os repór-teres foram atrás de gente excepcional, que começou avida sem recursos e colocou-se, no quesito patrimôniopessoal, muito acima da média. Pessoas assim sempreexistiram. Para citar um caso exemplar, fica-se aqui como americano John D. Rockefeller, que foi de zero a 30bilhões de dólares de fortuna pessoal em quarenta anosde vida. No Brasil, um exemplo notório é Olacyr deMoraes, que de motorista se tornou o rei da soja, umdos homens mais ricos do país. Há também o milioná-

rio dos ônibus urbanos, o mineiro Nenê Constantino,que trabalhava ao volante de um caminhão usado eagora se aventura numa empresa aérea regional. Osrepórteres buscaram casos mais recentes e menosestelares; portanto, mais freqüentes e mais próximosda experiência da maioria das pessoas. Submeteramos novos ricos a um questionário útil para que se saibao que pensam sobre eles mesmos, sobre os colegasque não ficaram ricos, sobre seus truques e os sacrifíci-os por que passaram para juntar uma fortuna conside-rável, de tostão em tostão. São pessoas entre os 20 e os75 anos. Têm patrimônio líquido (tudo que possuemmenos as dívidas) que varia de 1 a 80 milhões de reais.Atuam em áreas diferentes, da educação ao comércio,passando pela internet. Suas histórias podem servir, deum lado, para perceber que não há mágica. Os novosricos aceitaram viver sob disciplina férrea para fazerdinheiro e conservá-lo em seu poder. Poucos se dão aostentações. A maioria deles nem sequer faz questãode sair do bairro onde nasceu e mudar para regiõesmais badaladas. Não fazem parte também do públicoque lota os navios de cruzeiros marítimos ou as butiquesda moda. Viagens ao exterior, sim, mas não antes queseu custo seja insignificante em relação aos ganhos eao patrimônio.Os personagens desta reportagem es-tão todos na categoria de "prodigiosos acumuladoresde riqueza" ou na imediatamente abaixo, "razoáveisacumuladores". Alguns deles:

OURO DE MOSCOU – É irrisório o número de profes-sores que conseguem escapar da rotina do giz e qua-dro-negro para se tornar empresários do ramo educa-cional. O afunilamento é dramático. Os especialistascalculam, com base no número de escolas particularesno Rio de Janeiro, onde foi feito um estudo, que essaproporção é de um em 20 000. Quantos conseguemsair da sala de aula e fundar uma escola de sucessocom centenas de professores e milhares de alunos?Muito provavelmente os bem-sucedidos contam-se nosdedos das mãos. É o caso da mineira Luziana Lanna.Ela começou a dar aulas de inglês em Belo Horizontenuma época em que um professor de idiomas ganhavao suficiente para comprar um Fusca usado e alugar umpequeno apartamento. Hoje, aos 47 anos, Luziana édona de uma organização que emprega duas centenasde funcionários e tem 7 000 alunos em escolas no Bra-sil e nos Estados Unidos. Construiu um patrimônio pes-soal estimado em 4 milhões de reais. Ela dirige um FiatUno 94 pelas ruas da cidade e gasta a maior parte deseu dinheiro com o objetivo de aprender novas técnicasde ensino de idiomas. Sua vocação empresarial nasceunão da vontade de aumentar seu conforto e posiçãosocial, mas da insatisfação com as técnicas de ensinode sua fase de iniciante na carreira. Nada a satisfazia.Leu algo sobre cursos para espiões, que, no auge daGuerra Fria, precisavam, em curto espaço de tempo,

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aprender perfeitamente línguas estrangeiras. Levou tãoa sério a informação que conseguiu registrar-se no Ins-tituto Pushkin, em Moscou, onde os espiões da KGB naentão poderosa União Soviética aprendiam inglês. Es-tudou outros métodos e saiu-se com uma técnica pró-pria.

LIÇÃO – Segundo os especialistas, Luziana cumpriu umdos mais sagrados mandamentos dos acumuladores desucesso. Não gaste com itens que simplesmente aumen-tem seu conforto. Só faça cursos ligados diretamente aseu negócio. Invista em imóveis apenas se o retornoestiver garantido, seja na forma de aluguel, seja no usoprodutivo.

TURISTA APRENDIZ – Quantas viagens a Nova York sãonecessárias para alguém aprender uma maneira de fi-car rico? Para o paulista João de Matos bastou uma.Ele chegou a Nova York com dinheiro suficiente parapassar férias prolongadas. Descobriu em pouco tempoque faltavam aos viajantes americanos informaçõesprecisas sobre destinos turísticos no Brasil. Com dinhei-ro emprestado, abriu uma pequena agência especializa-da em vender passagens para quem quisesse visitar ci-dades brasileiras. O negócio cresceu rapidamente. Aos53 anos, João de Matos tem um patrimônio estimadoem 60 milhões de dólares e é dono de uma rede deagências dedicada à venda de pacotes turísticos para oBrasil e a América Latina. Tem ainda uma churrascaria,uma boate, uma lanchonete e um jornal dirigido a bra-sileiros que vivem nos Estados Unidos.

LIÇÃO – Matos descobriu como ganhar dinheiro numramo em que a imensa maioria das pessoas só pensaem se divertir. Os estudiosos dos ricos de primeira via-gem notam que essa é uma característica comum a certotipo de acumulador. Eles enxergam como ganhar di-nheiro onde a maioria só sabe gastar. Ou em ramosem que a maioria das pessoas não gosta nem de pen-sar, como a coleta de lixo ou as agências funerárias.

VIRTUAL – Aos 23 anos, o paulista Marcelo Tripoli ésócio de uma multinacional. Como milhões de jovensem todo o mundo, ele entrou de cabeça na revoluçãodigital. Em vez de passar o tempo em infindáveis noita-das nos sites de bate-papo ou páginas de sexo, como énormal nos adolescentes, Marcelo visitava as páginasde grandes empresas brasileiras. Nenhuma o agrada-va. Achava tudo muito malfeito. Na sua opinião, as gran-des corporações estavam aproveitando de maneira de-ficiente o potencial de negócio que a nova tecnologiaoferecia. Mas ele tampouco entendia de negócios. Eraapenas um convertido à internet. Passou a gastar cadatostão que ganhava na compra de livros de economia eadministração. Leu compulsivamente. Comprou umpaletó e foi à luta. Saiu de porta em porta oferecendo-se para trabalhar. Como a área estava mal se firmando

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nas empresas e havia aquela idéia fixa de que as revo-luções da internet nascem de jovens imberbes numagaragem qualquer, ele foi ouvido com atenção. Nuncaquis emprego. Preferia ser tratado como consultor. Empouco tempo firmou reputação. Prestou serviço paragigantes, como Unilever, Telesp Celular, Johnson &Johnson e Philips, ganhou milhões e perdeu com a que-da generalizada dos negócios na internet.

LIÇÃO – O americano Robert Kiyosaki ficaria orgulho-so. Parece que Marcelo leu seu livro. Não leu. Mas feztudo que o americano aconselha a quem quer tentarficar rico: nunca procure estabilidade, o emprego fixo,com hora marcada para chegar e sair e a segurançade um salário no fim do mês. Ouse. Arrisque-se. Serjovem é isso: correr o risco de enriquecer.

Os especialistas não acreditam, com toda a razão, quese possa transformar uma pessoa financeiramente ir-responsável num poupador fenomenal. A pesquisamostra que a maioria das pessoas com muito dinheiroe propriedades é formada por uma massa anônima deformidáveis acumuladores de riquezas. São sujeitos sembrilho, donos de pequenos negócios, que ganham mo-deradamente, gastam pouco e poupam sem constran-gimentos. A frugalidade é seu lema. Eles se curvam comprazer ao que parece ser uma lei da vida financeira dequem não herdou fortuna: "ostentação e patrimônio serepelem – quando uma aumenta o outro diminui".

Não há garantias de que outras pessoas possam seguiras receitas de Luziana ou João e obter os mesmos re-sultados. Como em tudo na vida, o imponderável, asorte de estar no lugar certo na hora certa, é um fatorcrucial. Os estudiosos dos ricos de primeira geraçãoestão dando seus diagnósticos sobre casos de pessoasbem-sucedidas. Tomar suas lições como um guia paraficar rico é tolo. Manuais de auto-ajuda são invariavel-mente úteis para quem os escreve. Ficam ricos quandoa obra cai no gosto popular. Mas esses estudos sãoespetaculares como forma de satisfazer a curiosidade,de encontrar alguma pista sobre por que alguns cole-gas enriqueceram e outros seguiram carreiras vitorio-sas ou não, mas absolutamente previsíveis. São ótimo

convite também para fazer um diagnóstico financeiropessoal.

Como todas as fórmulas que se aplicam a áreas poucoexatas, a que está sendo desenhada para explicar ofenômeno do novo-riquismo é vaga. O que se sabe aocerto é que os novos ricos estão crescendo num ritmomaior que o da população em geral em locais tão di-versos como Austrália, Estados Unidos, Inglaterra, Bra-sil e África (até a África!). Os ricos que chegaram lásem nada ter herdado, pelo menos nos Estados Uni-dos, tendem a ser sujeitos rebeldes. Gente que se insur-giu contra a educação formal como Bill Gates, que aban-donou a Universidade Harvard para criar a Microsoft.Na área de Gates e da internet os exemplos se contamàs centenas de milhares. Há inúmeras pesquisas sobreesse pessoal. Algumas delas:

A empresa de pesquisa Pophouse, australiana, desco-briu que os ricos da nova geração gostam de qualida-de e estilo, mas preferem não exibir sua riqueza. Um instituto inglês, o Henley Centre, chegou à conclu-são de que, mais que o prazer de possuir riquezas, elesvalorizam o bem-estar.

O Doneger Group, americano, deduziu, de suasenquetes, que os novos ricos gostam de comprar carrose relógios caros, de marcas famosas, mas preferem terum relógio Montblanc ou Cartier com pulseira de bor-racha àqueles com braceletes brilhantes, de ouro ouprata. Querem produtos de qualidade, mas discretos epersonalizados.

O Intelligence Factory, instituto de pesquisa com basena Suíça, entrevistou 250 desses ricos anônimos pelomundo afora. Concluiu que eles cultivam ideais nobresnuma amplitude insuspeitada. Em geral, consideram aostentação coisa ultrapassada e gastam seu dinheiroem atividades beneméritas. "Essas pessoas podem com-prar tudo o que quiserem, mas exatamente por isso nãoacham mais graça em fazê-lo", diz Ira Matathia, presi-dente do Intelligence Factory.

O Institute for Policy Studies, firma de pesquisa ameri-cana, descobriu que na África do Sul, país onde atépouco tempo atrás só os brancos conseguiam construirum patrimônio notável, recentemente surgiu uma novaclasse de gente muito rica – 20% dela composta de ne-gros. Seu comportamento é semelhante ao dos ricos deprimeira viagem dos países desenvolvidos.Moral da história: muitos dos novos ricos têm gostos epreferências de consumo que não estão sendo atendi-dos pelos fabricantes. Com certeza algum jovem de fu-turo vai fazer bom uso dessa informação e transformá-la num negócio lucrativo. Quem sabe não será ele pró-prio um rico de primeira geração. Alguém se habilita?

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Um vestígio de mata Atlântica, em Nova Viçosa, extre-mo sul da Bahia. O jardim do escultor Frans Krajcberg,onde toda manhã, logo cedo, ele sai para caminhar,há mais de 35 anos. Ali Krajcberg se deixa perder paraentão se encontrar. E, com olhos frescos de quem vêpela primeira vez, percebe novas cores, formas e textu-ras de vida ao redor. Num instante, depara com umaplanta velha e carcomida. Observa seus desenhos irre-gulares, sua fragilidade. E encontra beleza. Dá algunspassos e topa com um tronco seco e enrugado. Tocasua superfície áspera, rude. Mais beleza. Pega uma fo-lha caída no chão, um tanto murcha e amarrotada, e acoloca contra a luz. Seus sulcos brilham como riosespelhados.

Foi num despertar de dia luminoso e abafado que meencontrei com o artista em suas andanças. Acompa-nhado sempre de sua máquina fotográfica ele - clic,clic - não deixa escapar seus objetos de êxtase. Temmais de 20 máquinas e cerca de 200 mil fotos de miu-dezas da mata. "Um dia jamais é igual ao outro, a Ter-ra está girando e cada momento é raro, único", dizKrajcberg durante os deslumbramentos em seu sítio. Oartista polonês radicado no Brasil inspira a naturezapara depois expirá-la em suas obras, fazendo delas umprotesto contra a devastação do planeta.

Natureza inquietaNatureza inquietaNatureza inquietaNatureza inquietaNatureza inquietaEle tem fôlego de sobra. Está de pé às 5 da manhã elogo após a caminhada começa suas obras. Seguimosaté um galpão abarrotado de matéria-prima: cipós,raízes, cascas, galhos e troncos de árvores empilhados- todos estão machucados. Foram recolhidos de quei-madas e desmatamentos de florestas pelo Brasil afora.Com mais 12 ajudantes, ele seleciona os restos demadeira que serão lixados e preparados para formarenormes árvores ressuscitadas, suas esculturas.

O velho Duka, seu ajudante há 25 anos, conta que nãoexistem regras nem linhas retas no trabalho deKrajcberg. Ele prefere formas irregulares, orgânicas. Oresultado são peças com movimento, como se clamas-sem por atenção. "Minha vida é mostrar minha indig-nação contra a violência e o barbarismo que o homempratica", diz o artista. As esculturas levam as cores dosvestígios das queimadas: vermelho e preto, fogo e mor-te. Não recebem nomes. Ele as chama de "meus gritos".

Apesar de ter se recuperado recentemente de uma pneu-monia, Krajcberg parece ter mais urgência do que nun-ca para mostrar sua revolta. Com passos fortes, gestoságeis e extrema lucidez - aparentaria ser bem mais novoque seus 85 anos, não fosse a pele judiada pelo sol.Dedé, filha de Duka e sua cozinheira, o chama para oalmoço, momento em que ele desacelera o trabalho."Ele não janta, toma apenas um chá com pãozinho e serecolhe com o sol, antes das 18 horas", ela diz. Umapausa para respirar.

O artista nasceu na Polônia, em 1921. Conta que viveuos horrores da Segunda Guerra Mundial quando lutouno exército contra a Alemanha nazista. Depois também,ao descobrir que sua família havia sido dizimada comoutros milhões de judeus, nos campos de concentra-ção. Estudou engenharia na Polônia e artes na Alema-nha e mudou-se para Paris. Lá, seu amigo e tambémartista Marc Chagall o incentivou a viajar para o Brasil.Desembarcou no Rio de Janeiro com 27 anos. Não co-nhecia ninguém, não sabia falar a língua e, para pio-rar, estava sem dinheiro. Dormiu ao relento durante umasemana, na praia do Flamengo. E partiu para São Pau-lo, onde trabalhou como operário no Museu de ArteModerna, na primeira Bienal de São Paulo e como au-xiliar do pintor Alfredo Volpi. Foi até o interior do Paranápara trabalhar como engenheiro-desenhista nas indús-trias de um fabricante de papéis (que ironicamente uti-liza madeira em sua produção). Abandonou o empre-go para se isolar nas matas paraenses e se dedicar àpintura.

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CONHEÇA MACEIÓ A MAISBELA COSTA DO BRASIL

Não existe orla mais bonita no Nordeste que a deMaceió.O mar está sempre da cor que você en-contra em Cancún. Pode ser azul-turquesa, podeser verde-clarinho - vai depender da maré ou daposição do sol. O desenho da praia também é es-pecial: a costa faz uma curva na Ponta Verde e aliforma uma bela enseada que vai até Pajuçara.Nesse lado da praia, debaixo de um coqueiral an-tigo, o calçadão foi todo refeito e hoje há grama-dos bem cuidados e pistas separadas para quemquer caminhar, correr e andar de bicicleta. Tudoconspira para que você acorde sossegadamente,tome um café-da-manhã demorado, atravesse aavenida e aproveite bem o fato de estar hospeda-do em frente à praia urbana mais bonita de umacapital nordestina.

Na vida real, porém, não é bem isso que acontece.Às 6 e meia da matina, TRIIIIMMMMM, toca o tele-fone do seu quarto. É a chamada de despertar quevocê tinha pedido na noite anterior. Você está emférias, mas sua agenda não. É preciso descer, to-mar café e estar a postos no lobby. Antes das 8,um ônibus ou uma van vai passar para levá-lo aalgum lugar entre 40 e 130 quilômetros do seuhotel. As agências de turismo receptivo têm um pas-seio diferente para cada dia.Seu único trabalho é acor-dar cedo; o resto ?ca porconta delas. Pensando bem,como viajar por Maceió enão visitar a foz do SãoFrancisco? Ou a mitológicaPraia do Gunga? Ou asfalésias coloridas do CarroQuebrado? Ou as piscinasnaturais de Maragogi?

Mas daí eu pergunto: comoviajar para Maceió e nãoaproveitar Maceió? Existeuma Maceió que não apa-rece na programação dospacotes. Alguns dos seus se-

gredos, pasme, estão bem debaixo do nosso narizbesuntado de protetor solar. Outros, por sorte, per-manecem fora do circuito dos passeios organiza-dos. Veja bem: não estou dizendo para você tirardo seu mapa todos os lugares visitados pelos gru-pos. Todos são lindos e valem a viagem.

FFFFFotos : otos : otos : otos : otos : Praia do Gunga, Praia da Pajuçara.

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Suzane PSuzane PSuzane PSuzane PSuzane PontesontesontesontesontesDiretora Comercial da Élégance

Suzane Suzane Suzane Suzane Suzane preside, em Araruamaa Aamap (Associação Afro-Brasileira Movimento de Amorao Próximo), organização socialligada ao Ilê Asé Oyá Omi Layó

Primavera …chegando

flores se abrindocorações sorrindoamores surgindo…

Das estaçõesés a mais bela…

na nuance das tuas coresjardins se transformamem linda aquarela…

Primavera …ao mesclar o perfume

das tuas floresenvolves os corações

com alegriaés encanto e fantasia

és inspiração do poetaés pura poesia…

QUE VENHAM AS FLORES

Última palavra

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