BOVINO DE CORTE

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Integrante do Programa Embrapa Carne de Qualidade

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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Embrapa Gado de Corte Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

Integrante do Programa Embrapa Carne de Qualidade

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Embrapa Gado de Corte Campo Grande, MS 2007

Embrapa Gado de Corte Rodovia BR 262 Km 4, CEP 79002-970 Campo Grande, MS Caixa Postal 154 Fone: (67) 3368 2064 Fax: (67) 3368 2180 http://www.cnpgc.embrapa.br E-mail: [email protected] Comit de Publicaes da Unidade Presidente: Cleber Oliveira Soares Secretrio-Executivo: Mariana de Arago Pereira Membros: Antonio do Nascimento Rosa, Arnildo Pott, Cacilda Borges do Valle, Ecila Carolina Nunes Zampieri Lima, Lcia Gatto, Maria Antonia Martins de Ulha Cintra, Rodiney de Arruda Mauro, Tnisson Waldow de Souza Supervisor editorial: Ezequiel Rodrigues do Valle Revisor de texto: Lcia Helena Paula do Canto e Ecila Carolina Nunes Zampieri Lima Normalizao bibliogrfica: Maria Antonia M. de Ulha Cintra Editorao eletrnica: Luiz Antonio Dias Leal e Paulo Roberto Duarte Paes Fotos: Antnio Jos de Oliveira - Fazenda Sonho Real (Terenos, MS), Maria Luiza Nicodemo, Ezequiel Rodrigues do Valle, Josimar Lima do Nascimento, Banco de Imagens da Embrapa Gado de Corte. 1 edio a 1 impresso (2007): 6.000 exemplares Todos os direitos reservados. A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte, constitui o violao dos direitos autorais (Lei n 9.610). Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) Embrapa Gado de Corte. Boas prticas agropecurias - bovinos de corte / Editor tcnico Ezequiel Rodrigues do Valle. -- 1. ed. 2. impr. -- Campo Grande, MS : Embrapa Gado de Corte, 2007. 86 p.; 27,5 cm. ISBN 85-297-0203-4 1. Bovino de corte - Produo. 2. Bovino de corte - Manejo. 3. Administrao rural. I. Valle, E. R. do. II. Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS). III. Cmara Setorial Consultiva da Bovinocultura e Bubalinocultura do Estado de Mato Grosso do Sul. IV. Ttulo. CDD 636.213 (21. ed.)a

Embrapa Gado de Corte 2006

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APRESENTAO

Nos ltimos anos o Brasil alcanou excelentes ndices de produo e exportao de carne bovina. Este sucesso da pecuria de corte se deve, dentre outros fatores, qualidade do sistema produtivo nacional e confiana crescente no conceito de alimento saudvel, especialmente pela produo de carne de qualidade. Ao longo de sua histria, a Embrapa tem sido pioneira na gerao de solues e inovaes tecnolgicas para a cadeia produtiva da pecuria bovina, respondendo sempre s crescentes demandas por resultados e tecnologias. neste cenrio que, mais uma vez na dianteira das necessidades da cadeia produtiva, lanamos o manual de Boas Prticas Agropecurias - Bovinos de Corte. Fruto do esforo coletivo da parceria da Embrapa com vrias instituies pblicas e privadas do Pas, este manual vem contribuir para sanar uma lacuna importante, a transferncia de conhecimentos e tcnicas para o sistema de produo da pecuria bovina de corte. Apesar das inmeras tecnologias disponveis, o sistema produtivo da pecuria bovina no se mantm sustentvel sem a gesto ambiental da propriedade, sem a correta formao e manejos das pastagens, sanitrio, zootcnico e reprodutivo, sem instalaes adequadas e, muito menos, sem a gesto econmica, financeira e social do empreendimento rural. Com esse propsito o manual foi estruturado para transmitir, de forma clara e objetiva, a tcnicos e profissionais que lidam com a bovinocultura de corte, os conceitos, normas, procedimentos, prticas e as bases legais essenciais para a produo de carne bovina no Pas. A adoo das boas prticas agropecurias contribui para que o incremento da produo de carne bovina ocorra de maneira cada vez mais sustentvel, econmica, social e ambientalmente correta. Adicionalmente, colocar o Brasil no seleto mercado de produtor de alimento saudvel e de qualidade superior, livre de restries no-tarifrias e outras imposies do comrcio mundial. Com esses princpios em prtica ser possvel atender aos diferentes e exigentes mercados nacional e externo.

Rafael Geraldo de Oliveira Alves Chefe-Geral da Embrapa Gado de Corte

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PREFCIO

Tomando por base o crescimento da bovinocultura de corte, que vem assumindo forte liderana na economia nacional e tambm no mercado mundial de carnes, Mato Grosso do Sul, Estado que possui o maior rebanho bovino do Pas com cerca de 24,5 milhes de cabeas, deu o pontap inicial e produziu o manual de Boas Prticas Agropecurias Bovinos de Corte , um instrumento destinado a orientar o produtor como produzir para a indstria e para o mercado consumidor, em sistemas produtivos sustentveis. A adoo das Boas Prticas tem como objetivo principal garantir a produo de alimentos seguros e com atributos de qualidade e que atendam aos interesses dos grandes mercados. O Brasil j avanou muito no que tange a capacidade de produzir alimentos com segurana alimentar. Constantemente novas exigncias surgem para que esses produtos possam ser comercializados em mercados abrangentes como o da Unio Europia e dos Estados Unidos. Apostando num projeto que est dando certo, e com a expectativa que toda a cadeia produtiva adote essa iniciativa, o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento e a Secretaria de Estado da Produo e do Turismo apiam o Programa de Boas Prticas Agropecurias Bovinos de Corte e o lanamento do novo manual para os demais Estados do Brasil. A nacionalizao dessa ferramenta possibilitar a padronizao da produo brasileira, a garantia da oferta de alimentos seguros e fazendo com que toda cadeia produtiva seja socialmente justa, ambientalmente correta e economicamente vivel.

Jos Antnio Felcio Superintendente Federal da Agricultura SFA/MS

Wilson Roberto Gonalves Secretrio de Estado da Produo e do Turismo Seprotur

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HISTRICO

O primeiro manual de Boas Prticas Agropecurias Bovinos de Corte foi editado pela Cmara Setorial da Bovinocultura e Bubalinocultura do Mato Grosso do Sul, em fevereiro de 2005, tendo como referncia o documento Boas Prticas na Produo de Bovinos de Corte , produzido pela Embrapa Gado de Corte em 2002. Participaram na elaborao deste manual todas as entidades ligadas a cadeia da carne bovina, que compe esta Cmara Setorial, com o objetivo de informar e conscientizar os produtores rurais sobre as novas demandas de mercado Em 30 de maio de 2005 foi lanado, oficialmente no Mato Grosso do Sul, o Programa de Boas Prticas Agropecurias Bovinos de Corte pela Cmara Setorial em conjunto com a Embrapa Gado de Corte, Embrapa, Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, Secretaria de Estado da Produo e Turismo, Superintendencia Federal da Agricultura, Agencia Estadual de Vigilancia Sanitria Animal e Vegetal, Federao de Agricultura e Pecuria-Famasul, Servio Nacional de Aprendizagem Rural Senar, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e as demais entidades da iniciativa privada que apoiam a iniciativa. De junho de 2005 a agosto de 2006 foram realizados, pela Embrapa Gado de Corte e pelo Senar, 16 cursos de atualizao em Boas Prticas Agropecurias para capacitao de tcnicos, sendo seis cursos para multiplicadores e dez para indutores, com um total de 126 e 133 tcnicos habilitados, respectivamente. As primeiras propriedades rurais iniciaram o processo de adeso ao Programa, a partir de abril de 2006. A segunda edio do manual de Boas Prticas Agropecurias Bovinos de Corte editado pela Embrapa Gado de Corte e pela Cmara Setorial da Bovinocultura e Bubalinocultura de Mato Grosso do Sul incorpora as sugestes recebidas durante os cursos j realizados, bem como as contribuies do Programa PASCampo (Produo de Alimentos Seguros-Campo) e da Organizao Pan-Americana da Sade. Para auxiliar no processo de transferncia de informaes e na avaliao da implantao das normas e dos procedimentos em Boas Prticas, essa verso inclui tambm, no final da publicao, uma lista de verificao. Procurou-se na presente edio atender a todos os Estados brasileiros, que tm a pecuria de corte como uma das suas principais atividades geradoras de renda e empregos. As informaes aqui contidas visam assegurar a qualidade e a segurana dos alimentos, ao mesmo tempo em que atendem s demandas de mercado, principalmente do nacional, por sistemas produtivos que valorizam a responsabilidade social, respeitam os bons tratos com os animais, so ecologicamente corretos e economicamente viveis. As demandas de vrios pases podero ser atendidas em grande parte pelos procedimentos aqui mencionados, quando o Programa incluir um processo de certificao.Ezequiel Rodrigues do Valle Editor Tcnico

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CORPO TCNICO

Editor tcnicoEzequiel Rodrigues do Valle, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Gado de Corte Coordenador Projeto Boas Prticas Agropecurias - Bovinos de Corte - Embrapa Coordenador da Cmara Setorial da Bovinocultura e Bubalinocultura de Mato Grosso do Sul

AutoresAdriana Aparecida de Lima, Zootecnista, bolsista CNPq, Embrapa Gado de Corte Alfredo Vera Escalante, Mdico-Veterinrio, Senar / MS Anderson Orlando Cesconetto, Engenheiro Agrnomo, Famasul Eneida Maria de Rosa Silva Dacal, Mdica-Veterinria, Iagro/ MS Ezequiel Rodrigues do Valle, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Gado de Corte Fernando Paim Costa, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Gado de Corte Homero Jos Figliolini, Economista, Abpo / MS Humberto Jos dos Santos, Engenheiro Florestal, Sema / Imap / MS Orasil Bandini, Mdico-Veterinrio, SFA / MS

Revisores tcnicosAdemir Hugo Zimmer, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Gado de Corte Cludio de S Earp, Engenheiro Agrnomo, Seprotur, MS Eduardo Simes Corra, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Gado de Corte Julio Pompei, Mdico-Veterinrio, Centro Pan-Americano de Febre Aftosa Eli Antonio Schiffler, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Pecuria Sudeste Enrique Perez, Mdico-Veterinrio, Centro Pan-Americano de Febre Aftosa Manuel Antonio Chagas Jacinto, Eclogo, Embrapa Gado de Corte Mauricio Sarto, Engenheiro Agrnomo e Advogado, Sindicato Rural de Rio Verde / MS Marivaldo Miranda, Mdico-Veterinrio, Seprotur / MS Pedro Paulo Pires, Mdico-Veterinrio, Embrapa Gado de Corte Raul Osrio Rosinha, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Transferncia de Tecnologia, PAS-Campo Rodiney de Arruda Mauro, Bilogo, Embrapa Gado de Corte Rodrigo Amorim Barbosa, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Gado de Corte Sergio Novita Esteves, Mdico-Veterinrio, Embrapa Pecuria Sudeste Srgio Raposo de Medeiros, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Gado de Corte Thas Basso Amaral, Mdica-Veterinria, Embrapa Gado de Corte Victor Saraiva, Mdico-Veterinrio, Centro Pan-Americano de Febre Aftosa

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CMARA SETORIAL CONSULTIVA DA BOVINOCULTURA E BUBALINOCULTURA DE MATO GROSSO DO SULEntidades integrantes

Agncia de Gesto e Integrao de Transporte de Mato Grosso do Sul - AGITRAMS Agncia Estadual de Defesa Sanitria Animal e Vegetal - IAGRO/MS Associao Brasileira de Pecuria Orgnica - ABPO Associao de Criadores de Bfalo de Mato Grosso do Sul - ACB- MS Associao dos Criadores de Mato Grosso do Sul - ACRISSUL Associao dos Engenheiros Agrnomos do Estado de Mato Grosso do Sul - AEAMS Associao Sul-Mato-Grossense de Produtores de Novilho Precoce - ASPNP Associao Sul-Mato-Grossense dos Criadores de Nelore - ASMCN Braspelco Indstria e Comrcio Ltda - BRASPELCO Centro de Tecnologia do Couro - CTCouro/MS Delegacia Federal de Agricultura, Pecuria e Abastecimento - DFA/MS Embrapa Gado de Corte - EMBRAPA/CNPGC Federao da Agricultura e Pecuria de Mato Grosso do Sul - FAMASUL Fundao Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS Instituto de Desenvolvimento Agrrio e Extenso Rural de MS - IDATERRA Instituto Parque do Pantanal - IPP Secretaria de Estado da Produo e do Turismo - SEPROTUR Secretaria de Estado de Meio Ambiente - SEMA Secretaria de Estado de Receita e Controle - SERC Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE/MS Servio Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR Servio Social de Transp./ Servio Nacional de Aprendizagem do Transporte - SEST/SENAT Sindicato das Empresas de Transp. e Autnomos de Transp. de Boiadas e Afins de MS - SINDBOI Sindicato das Indstrias de Couro - SINDICOURO Sindicato das Indstrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado de MS - SICADEMS Sindicato dos Hotis, Restaurantes, Bares e Similares de Mato Grosso do Sul Superintendncia Estadual do Banco do Brasil S/A - BANCO DO BRASIL Universidade Catlica Dom Bosco - UCDB Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Regio do Pantanal - UNIDERP

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SUMRIO

Introduo.............................................................................................................. Gesto econmica e financeira................................................................................... Funo social do imvel rural..................................................................................... Responsabilidade social............................................................................................ Gesto ambiental..................................................................................................... Instalaes rurais..................................................................................................... Manejo pr-abate e bons tratos na produo animal........................................................ Formao e manejo de pastagens............................................................................... Suplementao alimentar.......................................................................................... Identificao animal e rastreamento............................................................................ Controle sanitrio.................................................................................................... Manejo reprodutivo.................................................................................................. Fontes consultadas.................................................................................................. Anexo 1. Exemplo de clculo da GUT e GEE para o Estado de Mato Grosso do Sul................ Anexo 2. Leis ambientais mais importantes ligadas produo agropecuria.................... Anexo 3. Normas para trnsito de animais vivos suscetveis febre aftosa entre os diferentes Estados da Federao.................................................................................... Anexo 4. Objetivos e instrues para preenchimento da lista de verificaes......................... Formulrio de identificao da propriedade............................................................ Lista de verificaes para implantao das Boas Prticas Agropecurias - Bovinos de Corte.............................................................................................................

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Introduo

A bovinocultura de corte tem se destacado na economia nacional e vem assumindo posio de liderana no mercado mundial de carnes. O Brasil possui hoje o maior rebanho comercial do mundo; o segundo maior produtor mundial de carne bovina, com cerca de oito milhes de toneladas, e a partir de 2003 passou a ser o primeiro exportador mundial, com destaque tanto no comrcio de carnes frescas como no de industrializadas. Diversos fatores foram determinantes para a conquista da liderana brasileira no comrcio internacional da carne bovina. Em primeiro lugar, podem-se destacar as aes desenvolvidas em prol da erradicao da febre aftosa que resultaram na melhoria da percepo de qualidade do produto pelos pases importadores. Outra caracterstica adicional de valorizao foi a constatao da produo de alimento seguro, uma vez que a maior parte do rebanho brasileiro alimentada em pasto. Outros fatores, como solo, clima e recursos humanos, passaram a constituir vantagens comparativas que, somadas extenso territorial, tm permitido ao Pas oferecer, aos mercados nacional e externo, carne bovina de alta qualidade, em volumes crescentes e a preos competitivos. Alm desses fatores, as iniciativas de rastreamento da carne bovina destinada exportao, especificamente para a Unio Europia, tm contribudo de maneira significativa para o atendimento das expectativas dos consumidores internacionais, quanto segurana dos alimentos. Para assegurar a qualidade e a segurana dos alimentos, grupos de consumidores, organizaes no governamentais (ONGs) e redes de supermercados, ligadas ao comrcio nacional e internacional de carnes, tm exigido dos seus fornecedores a implantao de processos de controle de qualidade, certificando que os produtos ofertados esto de acordo com as normas e exigncias do mercado. Destes, pode-se destacar o sistema Anlise de Perigos e Pontos Crticos de Controle (APPCC), conhecido internacionalmente como HACCP. Os princpios desse Sistema, alm de garantir a produo de alimentos seguros sade do consumidor, so tambm utilizados nos processos de melhoria da qualidade do produto final, em vrios pases. Ele tem como pr-requisito a implantao das Boas Prticas no campo, como tambm na indstria e nos demais elos da cadeia produtiva da carne bovina. Outra exigncia de mercado, alm da qualidade do produto, refere-se sustentabilidade dos sistemas produtivos, ou seja, aqueles que respeitam as leis ambientais so socialmente justos, economicamente viveis e proporcionam bons tratos para com os animais. Um dos principais objetivos desta publicao o de conscientizar os produtores rurais sobre a necessidade de se disponibilizarem para o mercado consumidor, alimentos seguros com atributos de qualidade de interesse do consumidor e com preos acessveis e garantir assim a insero definitiva e a manuteno do Brasil no mercado mundial de carnes. A implantao voluntria das Boas Prticas Agropecurias (BPA) ir tambm possibilitar a identificao e o controle dos diversos fatores que influenciam o processo produtivo, tornando-o mais competitivo e seguro, ampliando as possibilidades de conquista de novos

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Introduo

mercados, alm de propiciar a reduo de perdas de matria-prima e do produto final. A insero definitiva das carnes brasileiras na economia mundial e seu fortalecimento no mercado interno vo depender da assimilao desses conceitos pelos diferentes elos da cadeia produtiva e da sua agilidade em atender, em tempo hbil, essas novas demandas. Se aplicadas corretamente, as Boas Prticas Agropecurias, alm de teis, devero representar um passo importante para se obter o controle efetivo da qualidade para a certificao do produto final. As informaes aqui contidas atendem, de maneira geral, as principais demandas para a produo sustentvel de um alimento seguro visando tanto ao mercado externo como ao nacional. No entanto, para contemplar demandas especficas, de outros pases, devem-se consultar as certificadoras credenciadas para esses mercados.

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Gesto econmica e financeira

Trata da gesto, gerncia e administrao, que so sinnimos, e suas quatro funes: planejamento, organizao, direo e controle. Uma gesto adequada exige que todas essas funes sejam exercitadas em um nvel mnimo, aplicadas s diversas reas funcionais da empresa. Importncia - As grandes transformaes socioeconmicas, polticas, culturais e tecnolgicas ocorrentes em escala mundial aumentaram a complexidade da atividade agropecuria e, por conseguinte, dos processos de tomada de deciso nesse setor. Esse ambiente exige do proprietrio rural, habilidades gerenciais que permitam implantar sistemas de gesto capazes de assegurar maior acerto na tomada de decises e melhor desempenho econmico e financeiro do negcio.

Diretrizes relacionadas com as funes administrativasPara que uma fazenda atenda os requisitos mnimos de gerncia, as seguintes aes devem ser desenvolvidas: a) Planejamento: compreende a definio de objetivos, metas e aes voltadas para sua consecuo. No incio de cada ano deve-se:

! Prever receitas e despesas. ! Programar investimentos. ! Estabelecer cronograma de investimentos. ! Estabelecer calendrios de manejo reprodutivo, alimentar e sanitrio.b) Organizao: a organizao trata de estabelecer as relaes entre funes, pessoal e fatores fsicos. c) Direo: a coordenao das aes desejadas, via emisso de ordens e estratgias de motivao. Suas aes so:

! Preparar e expor, com clareza e visibilidade, quadros-murais e cronogramas de execuo das tarefas relativas ao manejo reprodutivo e sanitrio do rebanho e ao manejo das pastagens. ! Cobrar as aes previstas, delegando responsabilidades, definindo atribuies e recompensas e cobrando resultados dos empregados. ! Atender todas as exigncias legais de ordem trabalhista, fiscal, sanitria e ambiental, destacando-se:Trabalhista: assinar carteira de trabalho, recolher encargos, pagar frias e 13o salrio, emitir e fazer assinar recibos de pagamentos.

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Gesto econmica e financeira

Fiscal: atender exigncias das autoridades tributrias federais e estaduais. Sanitria: vacinar e declarar aes de controle da aftosa e da brucelose. Ambiental: atender as exigncias relacionadas com as reas de preservao permanente, reserva legal, licenciamento ambiental e de disposio de resduos. d) controle: corresponde ao acompanhamento das atividades, confrontando-as com os planos desenvolvidos e corrigindo as falhas identificadas. Deve-se:

! Registrar e manter atualizadas as fichas zootcnicas (controle do rebanho e controle sanitrio). ! Manter o registro de todos os insumos utilizados na propriedade, tais como vacinas, medicamentos, defensivos agrcolas, fertilizantes e suplementos alimentares, anotando data de aquisio, fabricante e validade. ! Registrar as receitas e as despesas (caderno ou planilha eletrnica). ! Consolidar receitas, despesas e resultados para os meses e o ano.

Recomendaes! Ter um planejamento de desenvolvimento formal contendo objetivos, meios para alcan-los, responsabilidades e cronograma de execuo. ! Selecionar e treinar empregados responsabilidades e recompensas.para que estes reconheam com clareza suas funes,

! Possuir instalaes e equipamentos adequados escala e tecnologia do sistema de produo. ! Dispor de instrumentos de controle, como fichas zootcnicas e livro-caixa, que podem ou no ser informatizados.avaliando o desempenho econmico da atividade. Tambm interessante calcular indicadores financeiros, com base no balano anual, o que d uma idia da "sade" do negcio.

! Apurar o custo de produo e as margens (margem bruta e margem operacional, entre outras),

! A informatizao da fazenda desejvel, mas deve ser implantada gradualmente, a partir de processos manuais consolidados.

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Funo social do imvel rural

Trata do atendimento a critrios e exigncias estabelecidas em lei nas reas social, ambiental e de produtividade do imvel rural. Importncia - Alm de ser uma demanda de mercado, o no cumprimento da funo social do imvel rural poder torn-lo vulnervel desapropriao para fins de reforma agrria, segundo o art. 184 da Constituio Federal de 1988 e a Lei n 8.629, de 25 de fevereiro de 1993. A funo social cumprida quando a propriedade rural possui ndices de produtividade compatveis com a regio e infra-estrutura, utiliza adequadamente os recursos naturais disponveis, respeita o meio ambiente e atende as legislaes sociais e trabalhistas.

Diretrizes relacionadas com a funo social do imvel rural! rea socialElaborar contrato de trabalho e registrar em carteira todos os funcionrios. No utilizar trabalho infantil e/ou escravo. Efetuar o recolhimento das contribuies ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e ao Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS). Proporcionar aos empregados, moradias em boas condies de habitao.

! rea ambientalAverbar a Reserva Legal na matrcula da propriedade junto do Cartrio de Registro de Imveis. Implantar um projeto de recuperao, regenerao ou compensao da Reserva Legal caso esta no exista. Proteger integralmente da ocupao e do uso as reas de preservao permanente (matas ciliares, vrzeas, encostas com mais de 45o).

! ndice de produtividadeO ndice de produtividade avaliado mediante o clculo do Grau de Utilizao da Terra (GUT) e do Grau de Eficincia na Explorao (GEE): GUT: refere-se utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e conservao do meio ambiente. GEE: refere-se ao aproveitamento racional e adequado dos recursos. Para cumprir a sua funo social, o imvel rural ter que ter GUT e GEE iguais ou superiores a 80% e 100%, respectivamente (ver anexo 1).

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Responsabilidade social

Trata das relaes sociais e trabalhistas que regulamentam a participao do trabalhador rural nos sistemas produtivos, tendo a tica como base, e como parceiros, a cultura e os valores morais que so inseparveis. Importncia - As propriedades rurais so partes da sociedade em que esto inseridas; por isso, tm como responsabilidade atender as obrigaes sociais e trabalhistas, e observar o impacto que produzem sobre o bem-estar humano, o meio ambiente e a sociedade. Dessa forma, iro gerar recursos financeiros, sero provedoras de benefcios ao seu meio e atendero demandas de mercados que buscam um produto final com qualidade e segurana, resultante de cadeias produtivas competitivas, ambientalmente corretas e socialmente justas.

Diretrizes relacionadas com a rea social e trabalhista! Contrato de trabalhoTodos os funcionrios devem estar registrados e nos respectivos contratos devem estar especificados todos os acordos pactuados entre as partes. Quando ocorrer a resciso do contrato de trabalho, para aqueles com prazos superiores a doze meses, h obrigatoriedade da sua homologao no sindicato laboral, sob pena de nulidade.

! Exames admissional e demissionalO exame admissional uma avaliao mdica feita para verificar se o trabalhador est em condies fsicas e psquicas para desenvolver a atividade para a qual est sendo contratado. O exame demissional deve ser realizado obrigatoriamente dentro dos 15 dias que antecedem o desligamento definitivo do trabalhador. Sem estes exames, a empresa poder ser considerada culpada por todas as doenas contradas pelo trabalhador durante o contrato de trabalho, respondendo inclusive por eventuais aes indenizatrias por acidente ou doena de trabalho.

! Previdncia socialO recolhimento da contribuio previdenciria da parte patronal e do empregado de responsabilidade do empregador e deve ser feito mensalmente.

! FGTSO recolhimento de responsabilidade do empregador e deve ser feito mensalmente.

! Contribuio sindicalO recolhimento ao sindicato laboral da categoria efetuado pelo empregador e descontado do empregado. Este deve ser efetuado no ms de maro de cada ano e o valor da contribuio corresponde a um dia de21

Responsabilidade social

salrio do empregado.

! Sade e higieneO empregado e sua famlia devem ser orientados sobre noes bsicas de higiene e sade, alm de proporcionar condies para o acesso sade pblica preventiva.

! EducaoO empregador deve facilitar o acesso das crianas escola.

! Descanso semanalO empregador deve garantir o descanso semanal ao funcionrio.

! Capacitao e treinamentoOs funcionrios devem receber treinamentos peridicos para capacit-los no desempenho de suas funes e seu desenvolvimento pessoal. Devem ser mantidos registros de todos os funcionrios capacitados para a comprovao dos treinamentos realizados.

! Segurana no trabalho ruralA Consolidao das Leis do Trabalho (CLT) estabelece as Normas Regulamentadoras Rurais (NRR) que so obrigatrias e devem ser observadas tanto pelo empregador como pelo empregado rural. Compreende a orientao e capacitao do trabalhador rural para a utilizao correta de equipamentos de proteo individual (EPI) e de medidas de segurana no armazenamento, preparo e aplicao de defensivos agrcolas e produtos veterinrios.

! MoradiaDisponibilizar aos funcionrios moradias em boas condies de habitao. Observar o disposto em lei, no que se refere a descontos salariais pela moradia disponibilizada. Caso no haja desconto, segundo a conveno coletiva do trabalho, esse valor no poder ser incorporado ao salrio, mas dever constar no contrato de trabalho.

! AlimentaoSe o funcionrio receber alimentao, esta poder ser descontada do salrio em at 25% do salrio mnimo nacional. Caso no seja descontado, segundo a conveno coletiva do trabalho, esse valor no poder ser incorporado ao salrio, mas dever constar no contrato.

! Trabalho escravo e infantilSo proibidos pela legislao trabalhista.

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Gesto ambiental

Trata do manejo adequado dos recursos naturais existentes na propriedade rural, em conformidade com as leis ambientais e com as tcnicas recomendadas para a conservao do solo, da biodiversidade, dos recursos hdricos e da paisagem. Importncia - Alm de ser uma exigncia de mercado, uma questo de bom senso e conscincia mundial. As leis ambientais podem assegurar a persistncia e a economicidade dos sistemas produtivos, e aqueles que a cumprem, conferem a si e aos seus produtos uma distino de imagem, perante os consumidores. O Brasil tem uma legislao ambiental muito ampla e rigorosa, com inmeras restries a aes desenvolvidas no campo. Os infratores ficam sujeitos a multas, perda de benefcios fiscais ou de direito a financiamentos pblicos e, at mesmo, priso, conforme a Lei n 9.605, de 12 fevereiro de 1998, chamada Lei de Crimes Ambientais . Obs.: Ver no ANEXO 2 as leis ambientais mais importantes ligadas produo pecuria.

Diretrizes relacionadas com a rea ambiental! reas de preservao permanenteSo aquelas protegidas por lei. A supresso total ou parcial de florestas e demais formas de vegetao natural nessas reas s ser admitida com prvia autorizao do Poder Executivo Federal, quando necessrio execuo de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pblica ou interesse social , definidos por ato declaratrio da autoridade governamental. Devem ser preservadas as florestas e vegetaes naturais nas seguintes condies: Ao longo dos rios ou de qualquer curso d'gua desde o seu nvel mais alto em faixa marginal cuja largura mnima ser:30 m 50 m 100 m 200 m 500 m Para cursos dgua com, at, 10 metros de largura Para cursos dgua entre 10 e 50 metros de largura Para cursos dgua entre 50 e 200 metros de largura Para cursos dgua entre 200 e 600 metros de largura Para cursos dgua com largura superior a 600 metros de largura

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Gesto ambiental

Ao redor das lagoas, lagos ou reservatrios d'gua naturais ou artificiais. Nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados "olhos d'gua", qualquer que seja a sua situao topogrfica, em um raio mnimo de 50 metros de largura. No topo de morros, montes, montanhas e serras. Nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45, equivalente a 100% na linha de maior declive. Nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues. Nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 metros em projees horizontais. Em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetao. Obs.: Quando no especificados no prprio Cdigo Florestal, os limites de rea preservada esto dispostos na Resoluo CONAMA n 302, de 20 de maro de 2002.

! Reserva legal obrigatria a rea de floresta ou demais formas de vegetao nativa com importncia ecolgica reconhecida, cujo Cdigo Florestal Brasileiro obriga a preservar no interior da propriedade rural, excetuada a de preservao permanente. Ela tem a finalidade de conservar a biodiversidade e proporcionar abrigo e condies de sobrevivncia para as espcies locais da fauna e da flora. A vegetao da reserva legal no pode ser suprimida, podendo apenas ser explorada sob regime de manejo florestal sustentvel, de acordo com princpios e critrios tcnicos e cientficos estabelecidos em regulamentos. A explorao sustentvel pode ser efetuada mediante apresentao de projeto de manejo, sob a superviso de engenheiros florestais e com a prvia autorizao do rgo de controle ambiental. Deve ser mantido o percentual mnimo de 80% de reserva legal para as propriedades rurais localizadas em reas de florestas na Amaznia Legal. Esse percentual pode ser reduzido para at 50% quando existir zoneamento ecolgico econmico e agrcola. Para as propriedades rurais localizadas em reas de cerrado da Amaznia Legal, o percentual de reserva legal de 35%. Nos demais ecossistemas (cerrado, Mata Atlntica, caatinga e campos sulinos) e regies do pas, o percentual de reserva legal de 20% do total da propriedade. A reserva legal deve ser averbada margem das inscries das matrculas, e sua destinao no pode

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Gesto ambiental

ser alterada, mesmo em casos de transmisso a qualquer ttulo. Os proprietrios de imveis sem a cota mnima de reserva legal devem procurar auxlio de consultores ambientais para a elaborao de projetos tcnicos de recomposio, os chamados Projetos de Recuperao de reas Degradadas (PRADEs).

! reas com inclinao entre 25 e 45 grausNo permitida a derrubada de florestas situadas em reas de inclinao entre 25 e 45 graus, sendo somente nelas tolerada a extrao de toras, quando em regime de utilizao racional.

! Licenciamento ambientalA Lei n 6.938/81, que instituiu a Poltica Nacional de Meio Ambiente, determina a obrigatoriedade de licenciamento ambiental nas seguintes situaes: Antes da construo, instalao, ampliao e funcionamento de estabelecimentos e atividades consideradas efetiva e potencialmente poluidoras, bem como as capazes, sob qualquer forma, de causar degradao ambiental. Apesar de o Licenciamento Ambiental ser regido por legislaes federais, estaduais e municipais especficas, as atividades do setor rural devem ser licenciadas no rgo ambiental estadual.

! Autorizaes ambientaisDeterminadas atividades comuns em propriedades rurais so regulamentadas por normas especficas de carter administrativo. Os rgos ambientais as elaboram para orientar a concesso de autorizaes ambientais para atividades no contnuas e que no se enquadram entre aquelas obrigadas ao licenciamento. As atividades que requerem autorizao ambiental so: Corte avulso de rvores. Limpeza de pastos. Aproveitamento de material lenhoso seco. Queima de leiras. Queimadas. Poda de rvores e arbustos. Colheita de folhas, ramos ou frutos de espcies da flora nativa. Transporte, comercializao e depsito de matrias-primas exploradas diretamente da natureza.

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Gesto ambiental

! Outras autorizaesAlgumas atividades, apesar de comuns, tm cdigos legais prprios cuja infrao constitui crime ambiental. So exemplos: Transporte, depsito e aplicao de pesticidas. Criao de animais silvestres. Construo de benfeitorias em reas de preservao permanente e reserva legal. Utilizao de recursos hdricos para irrigao e dessedentao de animais. Gerao de resduos e efluentes a partir de atividades de fabrico e manipulao de produtos. Obs.: Nesses casos recomenda-se consultar o rgo ambiental responsvel.

Recomendaes! Conservao do soloPara evitar o assoreamento dos rios, a desvalorizao da propriedade e no comprometer a fertilidade e a capacidade de suporte das pastagens, devem-se combater as principais causas de eroso, tais como: Evitar, sempre que possvel, o acesso do gado s margens dos cursos d'gua. Apesar de ser passvel de autorizao, as queimadas devem ser evitadas, pois o fogo elimina toda forma de vida do solo, prejudicando sua fertilidade. Alm disso, as queimadas comprometem a qualidade do ar e podem causar prejuzos econmicos, tais como queima de cercas e de rede de energia eltrica.

! Educao ambientalConscientizao dos funcionrios e seus familiares da importncia da conservao e preservao do ambiente. Esta incentiva hbitos simples e eficazes, como a separao do lixo, o destino correto de frascos de medicamentos e agroqumicos, a no permisso de animais silvestres em cativeiro e outros.

! Descarte de resduosAlgumas precaues devem ser observadas para se evitar a contaminao do solo, da gua e dos alimentos por resduos de qualquer natureza provenientes de defensivos agrcolas, produtos veterinrios e lixo domstico, tais como: Realizar a coleta seletiva do lixo domstico e consultar o rgo competente do municpio para

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Gesto ambiental

determinar o destino final. Armazenar temporariamente as embalagens com suas respectivas tampas e rtulos e, preferencialmente, acondicionadas na caixa de papelo original, em local coberto ao abrigo de chuva e ventilado. Efetuar a trplice lavagem das embalagens rgidas vazias e perfurar o fundo para evitar a sua reutilizao, sem danificar o rtulo. As embalagens flexveis vazias devem ser guardadas dentro de uma embalagem de resgate (adquirida no revendedor) devidamente fechada e identificada. As embalagens vazias de produtos veterinrios devem ser recolhidas em tambores dispostos em local coberto no curral, para armazenamento provisrio. Entregar as embalagens vazias ou com prazo de validade vencido na unidade de recebimento indicado no corpo da nota fiscal ou consultar o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (INPEV) e os rgos estaduais de defesa sanitria e ambiental sobre o destino final dessas embalagens.

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BOVINOS DE CORTE

Instalaes rurais

Trata da adequao das instalaes agropecurias de modo a no causar danos ao couro e carcaa bovina e garantir a segurana do pessoal responsvel pelo manejo dos animais. Importncia - As instalaes para a produo de bovinos de corte devem se caracterizar pelos aspectos relacionados com a funcionalidade, resistncia, economia e segurana. Instalaes inadequadas podem comprometer a qualidade do produto final, por causa da ocorrncia de hematomas e feridas na carcaa e de furos, cortes e riscos profundos no couro bovino. Esses danos depreciam seu valor comercial, reduzindo assim a rentabilidade do produtor.

Diretrizes relacionadas com as instalaes rurais! CercasDevem ser, preferencialmente, de arame liso com balancins, pois as de arame farpado provocam riscos e furos no couro animal: - Lascas e moires no devem possuir salincias, farpas, pregos ou parafusos que possam ferir os animais. - As cercas eletrificadas devem possuir voltagem adequada, aterramento e isolamento seguros a fim de evitar descargas eltricas.

! CorredoresPara facilitar a conduo dos animais, a propriedade deve possuir corredores para conduo ao curral ou mudana de pasto. Tomar precaues quanto s cercas dos corredores, conforme recomendaes anteriores.

! CurralDeve ser construdo de forma a permitir a realizao, com eficincia, segurana e conforto, de todas as prticas necessrias ao trato do gado, tais como: apartao, marcao e identificao, castrao, vacinao, descorna, inseminao, pesagem, controle de ecto e endoparasitos, exames ginecolgico e androlgico, embarque e desembarque de animais. Considerar: - A localizao: deve ser localizado de preferncia em terreno elevado, firme e seco, situado em local estratgico de modo a facilitar o manejo dos animais ou o seu embarque nos caminhes. - As caractersticas das paredes internas do curral, do brete, do tronco de conteno e rampas de acesso do embarcadouro: devem ser lisas e livres de salincias, como pontas de pregos, parafusos ou ferragens que possam provocar danos ao animal.

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Instalaes rurais

- A utilizao de balana eletrnica ou mecnica para monitoramento do desenvolvimento ponderal dos animais. - A construo do embarcadouro que deve ser de forma a facilitar a entrada dos animais no caminho. A rampa de acesso deve ter inclinao suave e o ltimo lance deve ser construdo na horizontal. As paredes da rampa de acesso e do embarcadouro devem ser vedadas nas laterais para facilitar o embarque. - O nivelamento do piso de sada do embarcadouro com o piso da carroceria do caminho. - A seringa do embarcadouro deve ser afunilada e, preferencialmente, vedada nas laterais. - A limpeza peridica das instalaes, principalmente brete, tronco e balana, para evitar o acmulo de terra e esterco. - A disponibilidade de pontos de gua (torneira e bebedouros) e energia eltrica. - A disponibilidade, sempre que possvel, no curral ou nas suas proximidades de um banheiro, para uso dos funcionrios. - A disponibilidade de recipiente adequado para coleta do lixo produzido durante os trabalhos de gado (Ex.: frascos vazios de vacinas e medicamentos).

! Reservatrios de guaPara o atendimento adequado das necessidades do rebanho, devem ser observadas as seguintes recomendaes: - Os reservatrios devem estar, preferencialmente, localizados nos pontos altos, de forma a permitir a distribuio d'gua por gravidade. - Em reas planas ou com pequena declividade, recomenda-se elevar o local de instalao dos reservatrios, por meio de aterro nivelado e compactado. - Os reservatrios podem ser construdos de alvenaria ou chapa metlica. - Calcular a capacidade do reservatrio, em funo do nmero de bebedouros que sero abastecidos, prevendo-se, inclusive, uma margem de segurana para casos de reparos no sistema de captao e elevao d'gua. - Monitorar, periodicamente, a qualidade da gua.

! BebedourosDar preferncia a bebedouros artificiais que possam ser higienizados e constantemente vistoriados, para oferecer gua de boa qualidade: - Localizar estrategicamente os bebedouros e dimension-los em funo do nmero de animais a serem30

Instalaes rurais

atendidos, considerando o consumo de 50/60 litros/animal adulto/dia. - Monitorar, periodicamente, a qualidade da gua. - Evitar o uso de audes, pois a gua parada pode ser fonte de contaminao da leptospirose.

! Cochos para fornecimento de minerais, concentrados e volumososPara garantir o acesso dos animais e evitar perdas pela ao das chuvas ou ventos durante todo o ano, considerar os seguintes aspectos: - Os cochos para minerais devem ser cobertos e posicionados na pastagem, de forma a permitir a visita diria dos animais, pelo menos uma vez ao dia. - Devem ser construdos de forma a disponibilizar espao suficiente para que todos os animais tenham acesso livre e sem competio. - Podem ser construdos de diferentes materiais, tais como madeira serrada, concreto pr-moldado ou tambores de plstico, cortados longitudinalmente. - Os cochos para suplementao de volumosos e concentrados devem ser mais largos do que os de minerais. - No caso de suplementao em pasto, recomendvel que eles sejam leves para facilitar as mudanas de locais.

! Instalaes para confinamentoPara a obteno de resultados promissores e garantir o suprimento dos concentrados e volumosos de forma adequada, devem ser observados os seguintes procedimentos: - Consultar o rgo responsvel pelo meio ambiente, antes da construo das instalaes e implantao da atividade. - O confinamento deve estar localizado em rea elevada da propriedade, levemente inclinada, prxima do centro de manejo e das reas de produo (milho, cana, capineira e outros), de preparo (misturador, moedor, picador e balana) e de armazenamento e conservao dos alimentos (sacaria, silos e outros). - Os cochos de alimentao devem ficar na parte frontal do piquete, para facilitar o fornecimento, e o piso prximo aos cochos deve ter boa drenagem. Quando os animais so confinados durante todo o ano recomenda-se que os cochos sejam cobertos. - Disponibilizar sombreamento, sempre que possvel, para proporcionar conforto trmico dos animais, que pode resultar em melhor ganho de peso. - Os bebedouros podem ser construdos de material de fcil limpeza e higienizao e possuir ao seu redor piso com boa drenagem.

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Instalaes rurais

- Promover o tratamento dos dejetos, que podero ser utilizados como adubo orgnico ou biogs.

! Instalaes para suplementao de bezerros (creep-feeding)Para facilitar o acesso dos bezerros e atender adequadamente o sistema de alimentao, devem-se observar os seguintes pontos: - A rea de suplementao deve estar localizada junto das reas de descanso das vacas, dos bebedouros ou nas proximidades do cocho de sal. - Possuir rea de 1,5 m/cria, deixando espao de dois metros entre o cocho e a cerca, para circulao. O tamanho de cada rea de suplementao depender do nmero de animais a serem suplementados. - O cercado pode ser construdo de estrutura metlica e mvel ou com postes de madeira, com espao entre eles de dois metros e com seis a oito fios de arame liso esticados com catracas. - O acesso de entrada, exclusivo aos bezerros, deve ter abertura de 0,40 x 1,20 m. - Disponibilizar cerca de dez centmetros lineares de cocho por animal, sendo um de cada lado, por animal.

! Armazenamento de insumosEstes devem ser armazenados em locais apropriados de modo a evitar a deteriorao dos produtos, bem como para reduzir as possibilidades de contaminao de alimentos, sementes, raes, pessoas e animais. Para tal, devem-se seguir as seguintes recomendaes: a) Localizao dos depsitos ou galpes: distantes de residncias, fontes de gua e abrigos para animais. b) Para a segurana dos galpes, considerar: Proteo das aberturas existentes para evitar a entrada de pssaros e outros animais no interior do depsito. Proteo contra a entrada de umidade proveniente das paredes, portas, janelas e telhado. Identificao e sinalizao dos produtos armazenados. Proibio de fumar, comer, beber ou acender fogo no interior do depsito. Manter as portas de acesso trancadas com cadeado. No permitir acesso de crianas ou pessoas estranhas. Manter em local visvel os equipamentos de emergncia e equipamentos de proteo individual. c) Estocagem: para a manuteno da integridade dos insumos, devem-se considerar: Adubos e agroqumicos devem ser mantidos em depsitos separados dos galpes de raes e32

Instalaes rurais

suplementos alimentares. Agroqumicos devem ser armazenados em ambiente ventilado e com a sinalizao correta, para o fcil acesso aos equipamentos de proteo individual (EPC). Manter sacaria sobre estrados de madeira, para evitar umidade e corroso das embalagens. Manter depsito seco e bem ventilado. Sacarias e outras formas de embalagens devem conter rtulos bem visveis. Identificao visual de cada grupo de insumos localizados sobre os estrados, nas prateleiras ou outras formas de armazenamento. Respeitar a altura de empilhamento das embalagens e a distncia entre as pilhas e as paredes do depsito. Embalagens de lquidos devem estar com as tampas fechadas e a bocas voltadas para cima. Manter vacinas e medicamentos nas embalagens originais e nas condies recomendadas pelo fabricante. Observar a temperatura de armazenamento, o prazo de validade e uso ao qual se destina. Manter controle de entrada e sada dos insumos, data de utilizao e destino.

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BOVINOS DE CORTE

Manejo pr-abate e bons tratos na produo animal

Tratam do conhecimento do comportamento animal e a aplicao de estratgias de manejo que levam em considerao as necessidades fisiolgicas e comportamentais dos bovinos, com ganhos diretos e indiretos na produo de carne e couro de qualidade. Importncia dos bons tratos - As demandas de mercado priorizam sistemas de produo que respeitam o bem-estar animal, do nascimento ao abate. primeira vista pode parecer ao produtor ou ao tcnico uma preocupao excessiva e dispendiosa, mas certamente eles se surpreendero com os benefcios que essa mudana de atitude trar rotina de trabalho. O conhecimento e o respeito biologia dos animais de produo, alm de permitir a melhoria do seu bem-estar, proporcionam tambm melhores resultados econmicos, mediante o aumento da eficincia do sistema produtivo e da melhoria da qualidade do produto.

Diretrizes relacionadas com bons tratos! Garantir espao mnimo para que eles possam manter suas atividades em um contexto social equilibrado. ! No misturar indivduos que no se conheam ou animais de chifre com animais mochos em currais, confinamentos, caminhes de transporte. recomendvel que os lotes sejam formados com antecedncia.quantidade suficiente para proteg-los da carga trmica durante as horas mais quentes do dia. Todo bovino necessita de sombra, no importa a raa, origem, linhagem, idade ou condio fisiolgica. Vegetao composta de espcies arbreas deve ser disponibilizada para criar abrigos naturais.

! Disponibilizar sombra para bovinos manejados em sistemas de produo extensivos e intensivos, em

! Garantir o fornecimento de gua limpa e suplementos nutricionais de qualidade, durante todo o ano, suficientes para atender as necessidades de crescimento, mantena e produo. ! Em reas de manejo extensivo, distribuir fontes de gua na pastagem, para facilitar o acesso sem longas caminhadas. ! Instruir as pessoas que lidam com os animais a respeito das maneiras adequadas de manej-los (do nascimento ao abate), respeitando a biologia da espcie e evitando, assim, os estresses agudos ou crnicos, que podero resultar na reduo da qualidade do produto final.Importncia do manejo pr-abate - Diversos estudos j demonstraram que o manejo pr-abate influencia significativamente a qualidade da carne, do couro, bem como o aproveitamento da carcaa. Alm das perdas decorrentes de contuses e hematomas, o estresse vivenciado por esses animais durante o manejo, na propriedade ou em abatedouros mal planejados, eleva o pH da carne, diminuindo assim sua vida til.

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Manejo pr-abate e bons tratos na produo animal

No manejo pr-abate, as etapas mais crticas so as relacionadas com o embarque e desembarque dos animais. Rotinas e procedimentos inadequados aumentam a freqncia de contuses na carcaa e de cortes escuros na carne, resultando em prejuzos financeiros para o produtor. Tais prejuzos podem ser por ao direta do homem, ao bater ou acuar os animais contra cercas, porteiras e outros, ou indireta, com a formao de novos lotes nessa etapa final da produo, desrespeitando seus padres de organizao social e aumentando as interaes agressivas entre os animais. Com relao ao couro, sua qualidade diminuda por ectoparasitos e por cortes e riscos profundos causados pelo manejo inadequado, alm das marcas a fogo em locais no permitidos.

Diretrizes relacionadas com manejo pr-abateAlguns procedimentos de rotina podem ser utilizados durante a vida do animal e principalmente por ocasio do manejo pr-abate, para se preservar a qualidade da carcaa e do couro bovino, tais como: - Antes do embarque, agrupar os animais no curral com antecedncia, em lotes uniformes, de acordo com o sexo, a faixa de idade e o peso. - Evitar apartaes e correria com os animais no momento de embarque. - Evitar, sempre que possvel, o uso de aguilhes e do choque eltrico. - Evitar o uso de ces, paus e objetos pontiagudos no manejo e conduo dos animais, para no provocar hematomas, traumatismos e estresse. - No embarcar animais doentes e sem condies de transporte. Caso seja necessrio, deve-se embarc-los em caminho separado e o produtor deve assinar o termo (minuta de embarque) responsabilizando-se pelo animal. - Verificar se o embarcadouro atende as recomendaes tcnicas para o embarque dos animais, de modo a no causar danos carcaa. - Embarcar os animais no horrio previamente combinado com a transportadora. - Verificar a documentao, condio dos veculos e certificar-se de que os motoristas so devidamente habilitados para o transporte de animais vivos. - Dar preferncia para que o transporte dos animais seja efetuado no horrio mais fresco do dia. - Respeitar a lotao mxima do caminho, de acordo com a categoria animal a ser transportada. - Aguardar cerca de 20 minutos aps o embarque, para iniciar a viagem, para que os animais se adaptem gaiola. - Exigir que os caminhoneiros faam paradas regulares, conforme legislao vigente, para que os animais descansem em sombra.

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BOVINOS DE CORTE

Formao e manejo de pastagens

Trata da formao, recuperao e manejo das pastagens que, por serem o principal componente da alimentao de bovinos de corte, afeta diretamente a produtividade, bem como a sustentabilidade do sistema de produo. Importncia - As pastagens devem possuir qualidade e quantidade suficientes para atender as demandas nutricionais das diversas categorias animais, durante todo o ano. Portanto, na formao de uma pastagem, a escolha de espcies forrageiras adaptadas ao tipo de explorao, solo e clima da regio o primeiro fator a ser considerado.

Diretrizes relacionadas com a formao e recuperao da pastagemUm pasto de qualidade aquele formado com sementes de boa qualidade provenientes de espcies forrageiras adaptadas ao solo e ao clima da regio. Para a adequada formao dessas pastagens devem-se considerar os seguintes pontos: - Consultar a legislao ambiental antes de iniciar o desmatamento, em reas com vegetao nativa, para implantao de pastagens. - Selecionar espcies forrageiras reconhecidamente bem adaptadas ao solo e ao clima da regio e de acordo com a sua qualidade nutricional, produtividade, resistncia e tolerncia a pragas e doenas e nvel tecnolgico a ser adotado. - Utilizar apenas os insumos aprovados pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. - Utilizar apenas sementes certificadas, adquiridas de fontes idneas e usadas nas quantidades recomendadas, de acordo com o valor cultural das sementes. - Adquirir insumos somente de empresas idneas, cujos produtos, quando utilizados conforme as recomendaes tcnicas, no ofeream riscos sade animal e do consumidor. - Utilizar corretivos e fertilizantes de acordo com a anlise fsica e qumica do solo e conforme as recomendaes tcnicas. - Efetuar o plantio das forrageiras nas pocas apropriadas e de acordo com o sistema de produo e recomendaes tcnicas. - Empregar prticas de conservao do solo, sempre que necessrio, como forma de controle da eroso. - Restringir a utilizao de herbicidas e produtos qumicos, observando as recomendaes do fabricante e a legislao em vigor.37

Formao e manejo de pastagens

- Promover a diversificao das pastagens, de modo a conter a expanso dos danos causados pelo monocultivo. - Utilizar consorciao de gramneas com leguminosas ou formao de bancos-de-protena (plantio isolado da leguminosa) para reduo de custos e garantir a produo de alimento de qualidade. Atentar para a compatibilidade ao consorciar espcies, pois pode haver competio entre elas. - No utilizar a cama-de-frango como adubo orgnico nas pastagens, mesmo aps compostagem, por causa dos elevados riscos de contaminao por agentes patognicos. - Disponibilizar abrigos naturais para os bovinos durante os perodos de temperaturas extremas, chuvas e ventanias. - Procurar a orientao de um tcnico especializado para otimizar a utilizao dos insumos e o emprego das tcnicas que oferecem melhores resultados.

Diretrizes relacionadas com o manejo da pastagemO manejo adequado das pastagens, alm de garantir a qualidade e a oferta regular de forragens, permite ainda prolongar a sua vida produtiva, reduzindo os custos de produo. Para que isso ocorra necessrio observar alguns pontos: - Adequar a taxa de lotao capacidade de suporte, tanto no pastejo contnuo como no rotacionado, para se evitar o aparecimento de ervas daninhas e desenvolvimento de eroso superficial do solo. - Adotar o oramento forrageiro, que consiste em um planejamento estratgico que visa assegurar alta eficincia na utilizao das pastagens e a manuteno de condies favorveis sua produtividade e ao desempenho animal. - No utilizar a queimada como prtica de manejo da pastagem, pois, alm de comprometer a qualidade do ar, essa prtica reduz a fertilidade do solo e favorece o aparecimento de eroso. - Efetuar a reposio peridica de nutrientes, de acordo com as anlises do solo. - Controlar as plantas invasoras indesejveis. - Utilizar equipamentos de proteo individual e pessoal capacitado, seguindo as recomendaes do fabricante e legislao em vigor, quando da utilizao de defensivos agrcolas.

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BOVINOS DE CORTE

Suplementao alimentar

Trata da qualidade dos insumos e aditivos utilizados na suplementao animal, de forma a garantir a produo de alimentos economicamente viveis e isentos de resduos que possam prejudicar a sade humana. Importncia - A suplementao alimentar para animais em pastagem possibilita um melhor uso da forragem, aumentando a eficincia de todo o sistema e contribuindo para a produo de carne de melhor qualidade, pois permite o abate de animais mais jovens e com melhor acabamento. Por resultar em maior produtividade (kg de carne/ha), a suplementao e o confinamento reduzem a necessidade de rea para a mesma produo, auxiliando na reduo do impacto ambiental da atividade e no aumento da competitividade. No entanto, para a garantia da produo de um alimento de boa qualidade, todos os insumos no podem conter componentes ou resduos que possam acarretar problemas sade animal e humana.

Diretrizes relacionadas com a suplementao alimentar! Utilizar na suplementao alimentar apenas produtos aprovados pelo Ministrio da Agricultura, Pecuriae Abastecimento, observando-se os tpicos a seguir: - Insumos devem ser comprovadamente livres de resduos de natureza qumica (agroqumicos e produtos veterinrios), fsica (corpos estranhos), biolgica (organismos patognicos) ou qualquer outra substncia que possa comprometer a qualidade do produto final e/ou a sade do consumidor. - Adquirir insumos, preferencialmente, de empresas idneas e que adotem programas de garantia de qualidade de seus produtos. - proibida a utilizao de suplementos que contenham protenas ou gorduras de origem animal, tais como: farinha de carne, farinha de osso, farinha de pena, cama-de-frango, sebo bovino e outros. - proibido o uso de antibiticos como aditivo alimentar. Alguns ionforos (promotores de crescimento base de antibiticos) so permitidos e regulamentados pelo rgo federal competente. No entanto alguns pases importadores probem o uso desses promotores. - proibido o uso de hormnios ou promotores de crescimento de efeito anablico.

! Registrar e manter atualizado o cadastro de todos os insumos utilizados na alimentao do rebanho, paraefeitos de rastreamento, quando solicitado.

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Suplementao alimentar

! Estocar os suplementos em locais protegidos de umidade, roedores, animais domsticos e eventuaiscontaminantes.

! Verificar o estado de conservao da rao antes de fornecer aos animais, observando alteraes comomudana de cor, odor, esfacelamento, grumos, compactao e mofo. atender possveis dficits nutricionais em perodos crticos do ano.

! Manter reservas de suplemento volumoso (capineira, silagem, feno, pasto diferido, cana e outros) para ! Disponibilizar, durante todo o ano, gua limpa e vontade para o rebanho.quantidade e qualidade suficientes para otimizar o desempenho produtivo do rebanho.

! Disponibilizar, durante todo o ano, pastagem, suplementos minerais, energticos e proticos em ! Proporcionar, a cada animal, espao de cocho adequado forma de suplementao utilizada.

economicamente vivel.

! Procurar a orientao de um tcnico especializado para formular a suplementao apropriada e

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BOVINOS DE CORTE

Identificao animal e rastreamento

Trata das formas de identificao individual e o registro de ocorrncias que contribuem, de maneira significativa, na avaliao do desempenho individual e do rebanho e no rastreamento das informaes obtidas ao longo da vida do animal. Importncia - A identificao individual e o registro de todas as ocorrncias e das prticas de manejo utilizadas, durante a vida do animal, so procedimentos essenciais para possibilitar a avaliao do desempenho do rebanho, bem como na tomada de decises administrativas. Outro aspecto de extrema relevncia a associao desses procedimentos com a adoo de normas e procedimentos em Boas Prticas Agropecurias, de forma a garantir ao mercado consumidor a oferta de alimentos livres de resduos e contaminantes de qualquer natureza, que possam comprometer a sade do consumidor.

Diretrizes relacionadas com a identificao animal! Proceder a identificao de todos os animais ao nascimento. ! Utilizar um sistema de identificao que garanta a verificao e a comprovao, ao longo do tempo, doconjunto de informaes numricas e descritivas, relacionadas com o histrico do animal ou do grupo de animais manejados. e inviolvel. Os tipos usuais de identificao so os brincos auriculares, tatuagem na orelha, marca a ferro quente e identificadores eletrnicos. de 1965), ou seja:

! Utilizar formas de identificao que garantam a individualidade, a fixao no animal de forma permanente

! Utilizar marca a fogo apenas nos locais permitidos pela legislao em vigor, (Lei n 4.714, de 29 de junho- O gado bovino s poder ser marcado a ferro candente na cara, no pescoo e nas regies situadas abaixo de uma linha imaginria, ligando as articulaes fmuro-rtulo-tibial e hmero-rdio-cubital, de sorte a preservar de defeitos a parte do couro de maior utilidade, denominada grupon. - proibido o uso de marca cujo tamanho no possa caber em crculo de onze centmetros de dimetros (0,11 m). - proibido o emprego de marca de fogo, por parte dos estabelecimentos de abate de gado bovino, para identificao de couros.

! Na necessidade de atender mercados especficos, observar as normas do sistema de identificao,rastreamento e certificao estabelecidas pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.

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Identificao animal e rastreamento

Diretrizes relacionadas com o rastreamentomortes, controles sanitrio e reprodutivo, desempenhos produtivo e reprodutivo e suplementos energticos, proticos e minerais utilizados, entre outros.

! Manter atualizado o registro individual de ocorrncias de todos os animais, tais como: nascimentos,

! Manter atualizados os arquivos e as fichas de controle sanitrio preventivo ou curativo, sejam eles individuais ou por lote, anotando-se a data de ocorrncia, nmero da partida e do lote do medicamento utilizado, laboratrio e data de validade do produto. ! Exigir a Guia de Trnsito Animal (GTA) no ingresso de animais na propriedade e emitir a mesma para a sada de animais. Observar a quarentena quando da aquisio de animais. ! Disponibilizar as fichas e arquivos de controle sanitrio aos fiscais do servio de inspeo sanitria oficial e aos auditores do sistema de rastreamento ligados ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, responsvel pelo Sistema Brasileiro de Identificao e Certificao.venda para terceiros, venda para frigorficos e compras), sendo necessrio o nmero individual dos animais e cpia das GTAs.

! Comunicar certificadora responsvel todas as movimentaes (transferncias entre propriedades,

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BOVINOS DE CORTE

Controle sanitrio

Trata das medidas preventivas e curativas de controle sanitrio recomendadas para o bom desempenho do rebanho, assegurando a produo de alimento saudvel. Importncia do controle sanitrio - A ocorrncia de doenas e de parasitas, quando no controlados, prejudica o desempenho do rebanho. Alm disso, comprometem tambm a qualidade da carne e do couro produzidos, dificultando a comercializao e favorecendo a criao de barreiras sanitrias pelos mercados consumidores.

Diretrizes relacionadas com o controle sanitrio! Adotar medidas preventivas de controle das enfermidades, estabelecendo, com orientao de ummdico-veterinrio, um calendrio anual de controle sanitrio e reprodutivo, de acordo com os programas oficiais.

! Cumprir o calendrio de imunizao preventiva e obrigatria do rebanho contra a febre aftosa, brucelosee raiva. Consultar o rgo ou Instituto Estadual de Defesa Sanitria Animal com referncia s possveis mudanas nas pocas de vacinao e municpios nos quais a vacinao contra a raiva obrigatria.

! Promover treinamento dos responsveis pelo manejo sanitrio, para que estejam capacitados areconhecer as principais doenas que afetam os bovinos, manipular e aplicar corretamente vacinas e medicamentos. veterinrio.

! Em caso de suspeita de doenas transmissveis, deve-se isolar o animal e contatar um mdico ! Denunciar ao rgo de vigilncia sanitria, qualquer suspeita de doena de comunicao obrigatria(doenas vesiculares e sndromes nervosas), de acordo com a legislao vigente.

! Atender as instrues do Programa Nacional de Controle e Erradicao da Brucelose e Tuberculose(PNCEBT), que visam a proteger a sade pblica e promover a erradicao dessas enfermidades, tais como: - Efetuar a marcao obrigatria das fmeas, aps a vacinao contra a brucelose, com ferro candente, no lado esquerdo da cara, com um "V" acompanhado do algarismo final do ano de vacinao. - Comprovar no rgo ou Instituto Estadual de Defesa Sanitria Animal a vacinao contra a brucelose. Ela necessria para a emisso da GTA de trnsito de bovinos ou bubalinos, qualquer que seja a finalidade. - Aderir, se possvel, ao programa para certificao de propriedades livres ou monitoradas para brucelose e tuberculose. - Atender a legislao que controla o trnsito interestadual de animais destinados reproduo, bem43

Controle sanitrio

como da participao de machos e fmeas em exposies, feiras, leiles e outras aglomeraes.

! Manter atualizados os arquivos e as fichas de controle sanitrio preventivo e curativo, sejam eles

individuais ou por lote, anotando a data da ocorrncia, nmero de partida e lote do medicamento utilizado, laboratrio e data de validade.

! Disponibilizar as fichas e arquivos de controle sanitrio aos fiscais do servio de inspeo sanitria oficiale aos auditores do sistema de rastreamento e certificao ligados ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, se for o caso. Abastecimento. medicamentos.

! Utilizar apenas vacinas e medicamentos aprovados pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e ! Observar as recomendaes tcnicas para aplicao, conservao e armazenamento de vacinas e ! Eliminar animais mortos, mediante a queima total da carcaa em local apropriado, para evitar acontaminao das pastagens e do lenol fretico.

! Vacinar sempre na tbua do pescoo. A aplicao em locais inadequados pode provocar leses, quebrano rendimento da carcaa e depreciao do seu valor comercial, quando localizada nas regies nobres. Outros cuidados a serem observados: - Nunca congelar as vacinas. - Esterilizar sempre seringas e agulhas em gua fervente, sem o uso de desinfetantes, pois seus resduos podem inativar a vacina. - Nunca utilizar agulhas tortas, enferrujadas e com pontas rombudas. - Aplicar as vacinas nas doses recomendadas. - No vacinar animais debilitados ou submetidos a atividades desgastantes, como longas caminhadas ou viagens. Deve-se, portanto, aguardar que os animais descansem, ou se recuperem, antes de manejlos. - Conter os animais para a aplicao da vacina, diminuindo o risco de quebra de agulha, refluxo e perda de doses.

Outras medidas preventivas de controle sanitrioFebre aftosa

! Os bovinos e os bubalinos devem ser vacinados nos prazos das campanhas determinadas por Estado e ascomprovaes dos fatos devem ser entregues aos rgos de vigilncia sanitria.

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Controle sanitrio

exigncia da Guia de Trnsito Animal, deve tambm atender as normas estabelecidas pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (ver anexo 3). Raiva hematfagos nas regies onde a doena ocorra com freqncia conhecida.

! A no participao nas campanhas ser de responsabilidade do produtor, que dever responder por isso. ! Todo trnsito de animais suscetveis febre aftosa, seus produtos e subprodutos entre Estados, alm da

! O controle realizado com a vacinao de 100% dos animais e com o combate aos morcegos ! A revacinao deve ser feita a cada 12 meses. ! O proprietrio dever notificar de imediato, aos rgos de vigilncia sanitria animal, a ocorrncia ou

suspeita de casos de raiva, assim como a presena de animais atacados por morcegos hematfagos ou a existncia de abrigos de tal espcie. Os rgos de vigilncia sanitria adotaro as medidas cabveis.

! A vacinao dos bovinos deve ser associada imunizao dos demais animais existentes na propriedade, tais como ces, gatos, eqdeos, sunos, caprinos e ovinos.Brucelose

! As fmeas devero ser controladas conforme determina o Programa Nacional de Controle e Erradicao da Brucelose e Tuberculose.Pecuria e Abastecimento para colheita de amostras de sangue, realizao dos exames e emisso dos laudos sanitrios dos animais testados.

! Os mdicos-veterinrios devero estar habilitados e credenciados pelo Ministrio da Agricultura,

! As fmeas bovinas e bubalinas devem ser vacinadas entre trs e oito meses de idade, com amostra B19 de Brucella abortus. A vacinao deve ser feita sob a superviso de um mdico veterinrio capacitado, de acordo com a legislao vigente. ! obrigatria a comprovao da vacinao das bezerras no rgo de vigilncia sanitria. ! O controle da brucelose importante tanto do ponto de vista econmico, pela reduo das perdas de ! Deve-se ter cuidado ao manipular a vacina, pois ela pode contaminar o homem.Tuberculose

animais durante o perodo de gestao, como tambm quanto ao aspecto de sade pblica, uma vez que essa doena pode ser transmitida ao homem.

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Controle sanitrio

! Os animais devero ser controlados conforme determina o Programa Nacional de Controle e Erradicaoda Brucelose e Tuberculose.

! Os mdicos-veterinrios devero estar credenciados pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e

Abastecimento para execuo dos testes de tuberculina e emisso dos laudos sanitrios dos animais testados.

! O controle e a posterior erradicao da tuberculose baseiam-se, principalmente, na realizao peridicada prova de tuberculina e abate dos animais que reagirem positivamente. Botulismo

! Nas regies de alta ocorrncia, vacinar os animais a partir dos quatro meses de idade e repetir avacinao 30 a 40 dias aps a primeira aplicao. A revacinao deve ser anual.

! A vacina apresenta um perodo negativo de aproximadamente 18 dias, no qual os animais podem estar

susceptveis a doena. Durante esse perodo os animais no devem ser colocados em pastagens contaminadas.

! Proceder correta suplementao mineral, especialmente de fsforo, para reduzir a osteofagia (ingestode ossos) e, conseqentemente, a ingesto de esporos causadores do botulismo.

! A eliminao de carcaas no campo uma medida importante. As carcaas devem ser queimadascompletamente. No se recomenda que elas sejam enterradas, pois existe o risco de formao de poas d'gua contaminadas. Alm disso, animais silvestres podem desenterrar as carcaas. Carbnculo sintomtico

! Como profilaxia (medida preventiva), devem-se vacinar os bezerros anualmente, a partir da faixa etriade trs a seis meses de idade. A primeira vacina deve ter um reforo aps 45 dias. Leptospirose

! A vacinao eficaz no controle da infeco. Na primovacinao (primeira vacina) devem ser

administradas duas doses, com intervalo de trs a cinco semanas. Posteriormente, revacina-se anualmente antes da estao de monta ou entre esta e o quarto ms de prenhez.

! O controle de roedores nos depsitos de alimentos de extrema importncia para o controle dessaenfermidade.

! Evitar o uso de audes, pois a gua parada pode ser fonte de contaminao da leptospirose.

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Controle sanitrio

Cisticercose bovina

! Os bovinos de rebanhos com histrico de cisticercose devem receber o tratamento de acordo com as recomendaes tcnicas. ! Combater o abate clandestino. ! Utilizar fossas higinicas e tratamento de esgoto, para evitar que fezes humanas contaminem guas e pastagens, diminuindo assim o risco de incidncia da doena. ! Disponibilizar banheiros em pontos estratgicos na propriedade, para evitar a disseminao dos agentes patognicos.

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BOVINOS DE CORTE

Manejo reprodutivo

Trata das principais prticas de manejo que visam a otimizar o desempenho reprodutivo e produtivo do rebanho de cria, de forma racional, econmica e sem promover a degradao ambiental. Importncia do controle reprodutivo - Para o criador, a explorao comercial do sistema de cria tem por objetivo principal otimizar a produo de bezerros desmamados. Portanto, a viabilidade do sistema vai depender da eficcia e eficincia com que so utilizados os meios disponveis para melhoria da produtividade.

Diretrizes relacionadas com o controle reprodutivo! Estabelecer um perodo de monta - O estabelecimento de um perodo de monta uma das decises mais importantes do manejo reprodutivo e de maior impacto na fertilidade do rebanho. Alm de disciplinar as demais atividades de manejo (controle sanitrio, alimentar, desmama, castrao e outras), ele permite tambm o ajuste do perodo de maior demanda nutricional (lactao) com o de maior oferta de alimentos de qualidade, resultando em lotes mais homogneos e de maior valor comercial. Considerar:- A durao do perodo de monta deve ser a mais curta possvel, ou seja, ao redor de trs meses, podendo comear ao redor de um ms aps o incio das chuvas. - As vacas devem ser identificadas e separadas em lotes por categoria: novilhas, vacas primparas e vacas multparas. Desta forma, possvel adotar prticas de manejo diferenciado em funo das necessidades de cada categoria.

! Escolher sistema de acasalamento - importante capacitar as pessoas responsveis pelo manejo reprodutivo e adequar as instalaes de acordo com o sistema de acasalamento a ser utilizado, ou seja, monta natural, monta controlada ou inseminao artificial. ! Adequar a relao touro/vaca ao sistema de produo - A escolha inadequada dessa relao tem srias implicaes econmicas. Os principais fatores que podem influir nessa relao so: idade, capacidade de monta, estado sanitrio e nutricional dos touros, condio corporal das vacas, tamanho e topografia das pastagens. ! Efetuar o diagnstico de gestao e descartes - de grande importncia para a melhoria da eficincia reprodutiva, pois possibilita a identificao precoce e o descarte de fmeas que no ficaram prenhes durante a estao de monta. Deve ser efetuado por um mdico-veterinrio experiente, podendo ser iniciado a partir dos 45 dias aps o final da estao de monta. ! Realizar o exame androlgico dos touros - O impacto da fertilidade do touro no desempenho reprodutivo dorebanho muito maior que o da vaca. Touros de baixa fertilidade, por permanecerem longos tempos no rebanho, causam grandes prejuzos na produtividade do sistema, quando no diagnosticados em tempo hbil. Esse exame deve ser realizado aproximadamente 60 dias antes da monta, descartando aqueles de baixa fertilidade.

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Manejo reprodutivo

! Adotar prticas de desmama - Alm da desmama tradicional, efetuada entre seis e oito meses de idade,existem outros mtodos de desmama que podem ser utilizados em situaes extremas (Ex.: escassez de alimentos), com a finalidade nica de garantir o desempenho reprodutivo das fmeas, sem prejudicar o desenvolvimento dos bezerros. Destas, pode-se destacar a desmama precoce ou antecipada, a interrompida ou temporria e a amamentao controlada.

! Reduzir o estresse dos bezerros desmama - Para amenizar o estresse causado pela desmama,

recomenda-se colocar algumas vacas no lote dos bezerros, as chamadas madrinhas , como tambm mant-los em pastagem de alto valor nutricional.

! Controlar as doenas da esfera reprodutiva - Doenas como brucelose, tricomonose, campilobacteriose,leptospirose, rinotraquete infecciosa (IBR) e diarria viral bovina (BVD) podem comprometer o desempenho reprodutivo do rebanho impedindo a fecundao, causando abortos ou produzindo bezerros com peso inferior mdia. Portanto, com a orientao de um mdico-veterinrio experiente, deve-se elaborar um programa preventivo de controle sanitrio.

! Avaliar a condio corporal das vacas ao parto - Vacas com boa condio corporal ao parto retornam ao

cio mais cedo e apresentam maiores ndices de concepo. A avaliao da condio corporal das fmeas durante o tero final de gestao, que coincide com o perodo da seca, uma ferramenta extremamente til no manejo reprodutivo. Esse procedimento permite que correes no manejo alimentar possam ser efetuadas a tempo, de modo a garantir uma boa condio corporal ao parto e elevados ndices de concepo.

! Preparar novilhas para reposio - O manejo desses animais, da desmama ao incio da estao de monta,

de extrema importncia na produtividade e lucratividade do rebanho de cria. Elas devem ser selecionadas e manejadas para atingirem a maturidade sexual mais cedo, reduzindo-se a idade primeira cria e elevando-se a vida reprodutiva das fmeas. Recomenda-se que as novilhas estejam com peso em torno de 65% do peso adulto no incio da estao de monta.

! Organizar manejo dos animais para reproduo - Fundamentado em estudos de comportamento social e

sexual possvel estabelecer algumas regras bsicas do manejo dos animais em perodo de acasalamento, tais como: - No misturar fmeas de categorias diferentes, tanto na estao de reproduo como no perodo de pario. - Formar lotes homogneos e com antecedncia, para diminuir o efeito da dominncia social sobre a fertilidade. - recomendvel que os touros, colocados no mesmo lote, tenham idade e peso semelhantes. Alm disso, deve ser evitada a utilizao de touros aspados e no aspados no mesmo lote.

! Utilizar pasto-maternidade - Ao se aproximar poca de nascimentos, as vacas prenhes devem ser

separadas das demais categorias animais e conduzidas a um pasto-maternidade. Esse pasto deve estar

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Manejo reprodutivo

localizado prximo sede para facilitar os atendimentos dirios, tais como: auxiliar no fornecimento de colostro, imediata cura do umbigo, pesagem, identificao, possvel ocorrncia de partos distcicos e proteo contra predadores.

! Efetuar a castrao dos machos - A castrao tem como objetivo principal, facilitar o manejo, j que

torna os animais mais dceis, permite a mistura de bois e vacas e elimina distrbios da conduta sexual. Outra vantagem observada que as carcaas dos animais castrados so de melhor aceitao no mercado do que as dos inteiros. Observaes: - A castrao no perodo seco do ano diminui a incidncia de miases. - Evitar a castrao no perodo da desmama, pois o nvel de estresse ao qual os animais so submetidos nessa fase alto.

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BOVINOS DE CORTE

FONTES CONSULTADAS

ELEMENTOS de apoio para as boas prticas agrcolas e o sistema APPCC. 2. ed. Braslia, DF: Embrapa Informao Tecnolgica, 2006. 204 p. (Srie Qualidade e Segurana dos Alimentos). Convnio PAS Campo: SENAI, SEBRAE, EMBRAPA. EUCLIDES FILHO, K.; EUCLIDES, V. P. B.; CORRA, E. S. Boas prticas na produo de bovinos de corte. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2002. 25p. (Embrapa Gado de Corte. Documentos, 129). VALLE, E. R. do; ANDREOTTI R.; THIAGO L. R. L. de S. Tcnicas de manejo reprodutivo em bovinos de corte. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2000. 61p. (Embrapa Gado de Corte. Documentos, 93). EUREPGAP. Regulamento geral Eurepgap - IFA, pontos de controle e critrios de cumprimento Eurepgap IFA, check list Eurepgap - IFA. Verso 2.0. [S.l.]: Planejar Brasil, [2005]. 1 CD-ROM.

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ANEXO 1

Exemplo de clculo do GUT e GEE para o Estado de Mato Grosso do Sul OBS.: Para os demais Estados consultar o Sistema Nacional de Cadastro Rural do Incra (www.incra.gov.br) para obter a classificao das zonas pecurias (ZP) por microrregio e municpio de seu Estado.

! Grau de Utilizao da Terra (GUT)Tanto para clculo do GUT como para o clculo do GEE necessrio o conhecimento total da parte ambiental da propriedade, isto , saber a rea de Reserva Legal, de Preservao Permanente, de Interesse Ecolgico, rea em reforma (devidamente comprovada com a Anotao de Responsabilidade Tcnica ART, projeto tcnico na fase de execuo fsica, notas fiscais de sementes, adubos, insumos e outros e autorizao para reforma), rea com benfeitorias, de forma a possibilitar o clculo da rea aproveitvel da propriedade (rea Total - rea no Aproveitvel). De posse da rea Aproveitvel e da rea Utilizada (rea com pastagens naturais e artificiais e com agricultura), o GUT pode ser calculado, aplicando-se a seguinte frmula: GUT =rea utilizada rea aproveitvel

x 100

Obs.: Para cumprir a funo social, a propriedade tem que ter o GUT igual ou superior a 80%.

! Grau de Eficincia de Explorao, setor pecurio (GEE)O clculo do GEE efetuado a partir dos dados constantes na Ficha Sanitria do rgo estadual de defesa sanitria (base de clculo utilizada pelo Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria - Incra), compem-se os estoques mensais de bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos e eqinos, conforme classificao demonstrada no Quadro 1. Quadro 1. Classificao das categorias animais por faixa de idade e espcie.Bovinos machos e fmeas Bovinos machos e fmeas Bovinos machos e fmeas Bovinos machos e fmeas Novilhos(as) precoces Novilhos(as) precoces Bubalinos Ovinos e caprinos Eqinos, asininos e muares At 1 ano De 1 a 2 anos De 2 a 3 anos Mais de 3 anos At 2 anos Mais de 2 anos Todos Todos Todos

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ANEXO 1

De posse desses dados, calculam-se as mdias mensais de cada categoria, que seria a somatria dos estoques mensais at o ms calculado, dividido pelo nmero de meses ocorridos at ento (o perodo compreendido para anlise dos ltimos 12 meses). Por exemplo, para um perodo analisado de janeiro a dezembro, a mdia de maro seria a somatria dos estoques de janeiro a maro dividido por 3 e assim todos os meses. O clculo do GEE referente aos 12 meses anteriores data em que est sendo realizado o clculo. De posse dessas mdias mensais, o prximo passo multiplic-las pelos ndices constantes no Quadro 2, para a obteno das mdias em Unidades Animais (UA) de cada categoria, conforme Instruo Normativa o Incra n 11, de 4 de abril de 2004. Quadro 2. ndices de converso conforme categoria animal e faixa de idade, para Mato Grosso do Sul.Categoria Bovinos machos e fmeas Bovinos machos e fmeas Bovinos machos e fmeas Bovinos machos e fmeas Novilhos(as) precoces Novilhos(as) precoces Bubalinos Ovinos e caprinos Eqinos, asininos e muares

Idade At 1 ano De 1 a 2 anos De 2 a 3 anos Mais de 3 anos At 2 anos Mais de 2 anos Todos Todos Todos

ndice de converso Planalto 0,31 0,50 0,75 1,00 0,87 1,00 1,25 0,25 1,00 Pantanal 0,26 0,42 0,63 0,83 0,72 0,83 1,05 0,19 0,83

UA= unidade animal, aproximadamente 450 kg de peso vivo.

A mdia mensal total de UA corresponde soma das Unidades Animais de todas as categorias. Para clculo mensal do GEE em pecuria, divide-se o total de UA do ms pelo ndice de lotao pecuria da propriedade e, depois, pela rea ocupada com pecuria (pastagens, reas aproveitveis e no utilizadas). Verificar a Zona de Pecuria por municpio do seu Estado. Para exemplificar, no Quadro 3 so apresentados os ndices de lotao para as cinco zonas pecurias do Estado de Mato Grosso do Sul (ndices Bsicos do Sistema Nacional de Cadastro Rural, Incra).

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ANEXO 1

Quadro 3. ndices de lotao (em UA) para Mato Grosso do Sul, de acordo com a zona pecuria (ZP) na qual se localiza a propriedade.ZP 1 2 3 4 5 Regio No tem em Mato Grosso do Sul Nova Andradina, Dourados e Iguatemi Alto Taquari, Campo Grande, Cassilndia, Bodoquena e Outros No tem em Mato Grosso do Sul Baixo Pantanal, Aquidauana e Miranda Unidade Animal 1,20 0,80 0,46 0,23 0,13

! Grau de Eficincia de Explorao (GEE), setor agrcolaPara clculo do GEE do setor agrcola, divide-se a quantidade colhida (comprovada por notas fiscais e/ou comprovantes de depsito em armazns oficiais) pelo ndice de produtividade da regio, obtendo-se a rea equivalente em agricultura que, dividida pela rea cultivada, resulta no GEE do setor agrcola, conforme o Instruo Normativa do Incra n 11/2004.

! Grau de Eficincia Total (GEE total)Para o clculo do GEE total, divide-se a mdia de UA dos 12 meses pelo ndice de lotao, resultando na rea equivalente em pecuria; soma-se a rea equivalente em agricultura (explicado no item anterior), obtendo-se a rea equivalente explorada na propriedade; esta dividida pela rea aproveitvel resulta no GEE. GEE =(rea equivalente em pecuria + rea equivalente em agricultura) rea aproveitvel

x 100

Obs.: Para cumprir a funo social, a propriedade tem que possuir um GEE total igual ou superior a 100%.

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ANEXO 2

Leis ambientais mais importantes relacionadas produo agropecuria

dos agrotxicos at sua comercializao, aplicao, controle, fiscalizao e tambm o destino da embalagem.

! Lei dos Agrotxicos - Lei No 7.802, de 11 de julho de 1989: Regulamenta desde a pesquisa e fabricao

20/12/1995, a lei estabelece normas para aplicao da engenharia gentica, desde o cultivo, manipulao e transporte de organismos geneticamente modificados (OGM), at sua comercializao, consumo e liberao no meio ambiente. apanha de animais silvestres, a caa profissional, o comrcio de espcimes da fauna silvestre e produtos que derivaram de sua caa, alm de proibir a introduo de espcie extica (importada) e a caa amadorstica sem autorizao do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis). coloca a proteo do meio ambiente entre seus objetivos e como um de seus instrumentos.

! Engenharia Gentica - Lei No 8.974, de 5 de janeiro de 1995: Regulamentada pelo Decreto 1752, de

! Lei de Proteo a Fauna - Lei No 5.197 de 3 de janeiro de 1967: Classifica como crime o uso, perseguio,

! Poltica Agrcola - Lei No 8.171 de 17 de janeiro de 1991: Esta lei, que dispe sobre Poltica Agrcola, ! Recursos Hdricos - Lei No 9.433 de 8 de janeiro de 1997: A lei que institui a Poltica Nacional de Recursos

Hdricos e cria o Sistema Nacional de Recursos Hdricos define a gua como recurso natural limitado dotado de valor econmico, que pode ter usos mltiplos (por exemplo: consumo humano, produo de energia, transporte aquavirio, lanamento de esgotos). Regulamenta as aes relacionadas com a flora nativa, principalmente as atividades de manejo, explorao, comercializao dos recursos dela provenientes. O Cdigo Florestal tambm limita o uso de algumas partes da propriedade: como as reas de preservao permanente e a reserva legal (alguns artigos que tratam de reserva legal foram alterados pela Medida Provisria 2.166-67 / 2001 - o produtor deve ficar atento). ambiental. Define que o poluidor obrigado a indenizar danos ambientais que causar, independentemente de culpa.

! Cdigo Florestal - Lei No 4.771 de 15 de setembro de 1965 e MP 2.166-67 de 24 de agosto de 2001:

! Poltica Nacional do Meio Ambiente - Lei No 6.938, de 17 de janeiro de 1981: A mais importante lei

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ANEXO 3

Normas para trnsito de animais vivos suscetveis febre aftosa entre os diferentes Estados da Federao O Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento o rgo responsvel pela emisso de normas para trnsito interestadual de animais, seus produtos e subprodutos. Com relao febre aftosa, atualmente o Brasil possui quatro diferentes status, a saber: - rea livre de febre aftosa sem vacinao. - rea livre de febre aftosa com vacinao. - Zona tampo. - rea infectada. Obs.: Atualmente, apenas o Estado de Santa Catarina considerado zona livre de febre aftosa sem vacinao, porm sem reconhecimento internacional. Assim, para o trnsito de animais suscetveis febre aftosa, seus produtos e subprodutos entre essas diferentes reas, alm da exigncia da Guia de Trnsito Animal, so relacionadas a seguir as regras especficas: - Animais oriundos de uma zona livre de febre aftosa sem vacinao e destinados a qualquer outra zona, de qualquer status: trnsito permitido, desde que no destino os animais sejam imediatamente revacinados contra febre aftosa. Fica proibido o trnsito de bovinos e bubalinos de qualquer rea brasileira destinados zona livre de febre aftosa sem vacinao. - Animais oriundos de zona tampo e destinados a uma zona livre de febre aftosa com vacinao: os animais devero ser quarentenados na origem por no mnimo 30 dias, em local previamente aprovado pelo Servio Oficial, com realizao de sorologia para febre aftosa. Se todos os animais forem negativos ao teste, estaro aptos a transitar, desde que seja feita uma autorizao pelo rgo de defesa sanitria do destino dos animais. No destino, novo isolamento dever ser realizado, por, no mnimo, 14 dias, em local previamente aprovado, onde devero ser repetidos os testes. - Animais oriundos de rea infectada e destinados a outra zona, de qualquer status: proibido. - No existe qualquer restrio para o trnsito de animais entre Estados que pertencem a um mesmo status. Essa classificao de status dos diferentes Estados dinmica, pois feita em funo da ocorrncia de focos de febre aftosa, implantao do programa de erradicao da febre aftosa, presena de um sistema de ateno veterinria e de vigilncia e do ndice de cobertura vacinal. Para saber qual a exigncia para trnsito e o status do Estado de destino ou de origem dos animais, contate previamente o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento ou o rgo de defesa sanitria animal estadual.

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ANEXO 4Objetivos e Instrues para preenchimento da lista de verificaes

Objetivo: Avaliar os procedimentos que esto sendo utilizados na propriedade rural, com a finalidade de garantir ao mercado consumidor a produo de alimentos seguros oriundos de sistemas de produo economicamente viveis e que respeitam as legislaes sociais, trabalhistas e ambientais, alm de proporcionar bons tratos aos animais. Processo de avaliao: Preenchimento da lista de verificao pelo tcnico credenciado pela Embrapa/Senar, para identificar e avaliar os procedimentos que esto sendo atualmente adotados na propriedade rural (perfil de entrada). Os itens que no esto em conformidade com os procedimentos recomendados pelas Boas Prticas Agropecurias podero ser adequados pelo produtor, e o prazo para a sua implementao deve ser discutida com o tcnico que est efetuando a avaliao. Aps a concluso das adequaes necessrias, comprovadas pela lista de verificao (perfil de sada) a propriedade estar apta a receber um certificado de implantao das Boas Prticas Agropecurias, a ser conferido pela Embrapa e Senar. Preenchimento do f