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Desafio de Férias - Clube de Jornalismo
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CLUBE DE JORNALISMO - DESAFIO FÉRIAS 2013
JOSÉ LUÍS BRÁS
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DESAFIO FÉRIAS - CLUBE DE JORNALISMO
RELATO VENCEDOR
Bem… é agora que vos conto
a história das minhas férias de
verão!?
Foram dias normais… aliás
tornam-se mais vulgares a cada ano
que envelheço e me dou conta que
não haverá mais tempo para sonhar
com as férias durante o ano letivo…
é verdade, este é o meu último ano
no secundário e como tal o último
verão que, provavelmente, vos
contarei!
Pode tornar-se confuso e até mesmo um pouco anormal
(confesso) o que vos irei dizer - haverá pessoas que perceberão
melhor, porque se calhar passam pelo mesmo e nem se dão
conta… até hoje!
Portanto… o meu verão é passado a duas pessoas! Não
existe relação amorosa (se bem que fazia todo o sentido se
existisse), não somos familiares e muito menos conhecidos… nós
somos… a mesma pessoa!
É!… eu sei que parece estranho manter uma relação amorosa
comigo (provavelmente não!) mas eu falo de mim e do meu
pseudónimo! É algo muito “verde” ainda… não nos conhecemos
bem um ao outro mas, curiosamente, temos bastantes coisas em
comum… algumas, menos as férias de verão!
Para facilitar as coisas vou apelidar-me de “Personagem 1” e
ao “outro” vou chamá-lo de “Personagem 1.1”. Sim… é isso! A
lógica reside no facto que ele saiu de mim, portanto eu sou a
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principal e ele é, simplesmente, a cópia “barata” de uns sentimentos
que me possuem!
Para começar… apresento-vos o “Personagem 1”. É do tipo
familiar (aquele tipo de homens que quer uma equipa de futebol), é
o entusiasta da família e também o mais desastrado. Adora
crianças, é o “sentimentalão” e o mais romântico dos dois! Não
pensa mas age!
_____
As minhas férias são passadas em casa! Não costumo sair à
noite porque não bebo e sou mau dançarino. Tenho uma sobrinha e
um sobrinho (ao qual lhe começa a crescer o pelo na venta). De
alguns primos, aquele que mais “curto” é o Paulo… é o primo, o
irmão, o confidente masculino! Os nossos dias são passados na
pequena aldeia onde moro. Quando não há nada para fazer, há
sempre algo que se arranje.
Temos automaticamente o dia planeado! Os meus pais
acordam cedo e… depois a minha sobrinha… e depois eu (o tio tem
que ligar a televisão porque o “Ruca” começou!). Logo a seguir
acorda o meu primo! O programa do rapazito careca acaba e,
praticamente, começa a vida na casa - a minha sobrinha está
distraída por uns momentos o que dá tempo para ver “as cenas
malucas” que o meu primo pretende mostrar-me. Pouco tempo
depois é a hora do pequeno-almoço e do inconfundível grito de
excitação da “Querida Júlia” (a minha mãe é tipo que uma fã). Entre
desenhos com mãos, mais cenas malucas, uma ou outra conversa
no “Skype” chega, finalmente, a hora do almoço (a hora mais
decente em todos os aspetos - é comer e ouvir o “Jornal da Tarde”).
O resto do dia está por nossa conta. A minha sobrinha decide
continuar os desenhos sinistros, o meu primo persegue alguém no
“Facebook” e eu acabo por ler algum livro que ainda não tenha sido
aproveitado!
Inevitavelmente, a minha sobrinha acaba por adormecer
(depois de um combate corpo a corpo e um biberão de leite), o
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Paulo, simplesmente, vagueia nas notas musicais da mais recente
aquisição musical e eu… aprecio o resto da tarde!
A noite… é simplesmente, o momento de descanso!
_____
Voltando ao presente, e como não há um sem dois (ou dois
sem três!)… envio-vos para a “história” da “Personagem 1.1”… mas
antes disso, esta personagem é tudo aquilo que existe de mais
rabugento, teimoso e enojado em mim! É, dos dois, o mais
racional… preocupa-se de vez em quando com os sentimentos,
mas tem instintos de vingança! Para ele, tudo o que tenha a ver
com férias inclui contradições. É por isso que…
_____
Para começar… passo todo o ano a imaginar os planos de
treino, os planos nutricionais (e de vez em quando os psicológicos)
para atingir o tão desejado peso que há muito tempo aguardo. Pois
bem, seria mais fácil de controlar o meu corpo se não tivesse que o
dividir… além disso sou demasiado fraco para competir contra os
doces (os gelados, os sumos e os malditos chocolates que os
emigrantes teimam em trazer como prenda!).
Como se não bastasse ficar preso num corpo, tenho que levar
com os desejos súbitos de ir à praia. É toda aquela areia, todo
aquele sal misturado com água e crustáceos, são as corridas das
crianças mar dentro (tentando “afogar-se”), as malditas sandes de
deliciosos três andares! E é a areia presa nas mãos, na cara, nos
pés e em outros lugares (que não posso mencionar), e a água
salgada que me entra na boca como se quisesse conservar a língua
(qual sardinha em lata) e as dezenas de momentos
constrangedores (como a “tentativa de bronzeamento” que depois
de ficares duas horas deitado, ao invés ficares bronzeado, ficas que
nem um camarão!).
Mas, aquilo que mais odeio em toda a extensão das férias de
verão é sonhar com o dia em que não vou fazer nada mas sinto o
desejo súbito de arranjar alguma coisa por fazer (é que é dose!).
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_____
Como podem ver nas minhas férias de verão o descanso é
algo que só aparece uma vez (realmente!). Às vezes, quando me
vejo absorvido dos dois, penso como seria a minha vida sem a
ternura e a vingança, o romantismo e o desprezo…
Como seria o meu verão sem o meu lado paternal e sem o
meu lado racional (na maior parte rabugento, mas também
racional…).
Tinha muito mais para vos contar… mas desta vez fica aqui o
meu verão!
José Luís da Silva Brás
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