Brasileiros Ilustres - Sergipe

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Dedicatria

LIBERATO BITENCOURTHOMENS DO BRASIL SERGIPEOrganizado a parcialmente anotado por Luiz Antonio BarretoDEDICATRIA

(Apenas 1 edio)

A Pequena Bitencourt, a mais modesta e uma das mais nobres filhas de Sergipe, na superioridade arguta da inteligncia, como na pureza do sentir sempre honesto, emrita formadora do meu esprito e santa purificadora do meu carter, eu dedico este livro, pequeno nas dimenses quanto na sinceridade avantajado. Ele foi de feito escrito pela minha mo; foi, porm, ditado pelo exemplar proceder dessa dedicada Amiga de quinze anos, mxima no desinteresse e abnegao sublime, exemplo vivssimo de Mulher brasileira, o que importa afirmar das mais elevadas qualidades de corao e dos mais puros atributos do carter. Praza aos cus as Sergipanas de manh, nas douras atraentes do lar, imitar consigam essa Esposa estremecida e essa Me carinhosssima.

Rio, 4 de setembro de 1912.

Liberato Bitencourt

UM DICIONRIO SERGIPANO

A falta de informaes biogrficas e bibliogrficas dos autores brasileiros impede que se tenha uma melhor compreenso da histria literria. Todos os Estados sofrem do mesmo mal, reclamam do mesmo modo e se valem das poucas fontes, procurando aqui e ali um dado qualquer que ajude a elucidar as dvidas, produzindo um conhecimento mnimo, necessrio histria e crtica.

O Brasil teve em Sacramento Blake um pioneiro, a organizar o Dicionrio Bibliogrfico Brasileiro, em 1883, reeditado pelo Conselho Federal de Cultura, com anotaes do bibligrafo sergipano, radicado no Rio de Janeiro, Antonio Simes dos Reis, em 1970. Armindo Guaran, que organizaria um Dicionrio Biobibliogrfico Sergipano, editado em 1925, foi um dos colaboradores, fornecendo a Sacramento Blake pequenas biografias de sergipanos. Por longo perodo, o livro do autor baiano, de vrios volumes, permaneceu nico, como repositrio de biografias, atendendo a curiosidade dos interessados.

Nas Provncias raras foram as obras com os mesmos propsitos, ainda que uma delas, o Dicionrio Biogrfico de Pernambucanos Clebres, de 1882, no fosse exatamente um livro de biografias de intelectuais. No Cear Guilherme Studart, com seu Dicionrio Bibliogrfico Cearense, deu seqncia aos esforos de registrar a vida cultural brasileira. Outros autores deram continuidade, ainda que cada um tomasse direo isolada, sem qualquer preocupao de mtodo.

O militar e professor Liberato Bittencourt tomou para si, a partir de 1912, a tarefa de organizar uma grande obra, seriada, intitulada de Brasileiros Ilustres, saindo a pedir ajuda aos intelectuais e instituies estaduais, para montar os diversos volumes. O primeiro e dos poucos volumes publicados tomou o ttulo de Homens do Brasil Sergipe, editado pela primeira vez em 1913 e reeditado em 1917, com 216 pginas, contendo 451 nomes, distribudos em verbetes alfabticos, alguns pequenos e pobres de informaes, outros acrescidos de textos e opinies. Por ser pioneiro, um trabalho desbravador, que abre caminho a Armindo Guaran, por exemplo, que se valeu muito do livro de Liberato Bittencourt.

Nascido na antiga cidade do Desterro, atual Florianpolis, em 30 de outubro de 1869, Manoel Liberato Bittencourt estudou na Escola Militar, no Rio de Janeiro, da qual tornou-se professor a partir de 1902, lecionando as disciplinas Mineralogia e Botnica, , efetivado em 1910. Positivista, foi scio e assduo freqentador das sesses da Sociedade Brasileira de Filosofia. Publicou cerca de 25 livros, alguns deles de crtica literria. Casado com a sergipana Isaura de Oliveira Policiano, conhecida como Pequena, natural de Laranjeiras, Liberato Bittencourt passou a ter relaes estreitas com Sergipe e com intelectuais sergipanos, sendo parceiro do tambm militar Samuel de Oliveira, igualmente nascido em Laranjeiras, no compndio de Geometria Algbrica, publicado em 1896. Em 1912, tornou-se Scio Honorrio do Instituto Histrico e Geogrfico de Sergipe, que naquele ano era fundado em Aracaju, graas a ao intelectual de Florentino Menezes. Admirador incondicional de Tobias Barreto candidatou-se, em 1932, Academia Brasileira de Letras, justo na Cadeira que tem o pensador sergipano como Patrono. Dedicou sua Histria da Literatura Brasileira, em 1944, a Tobias Barreto e escreveu ainda sobre o poeta de Dias e Noites, Um atleta do pensamento ou O Homem sol do Imprio, romance psicobiogrfico, em 1940, alm da Carta Crtico-literria ao presidente da Academia Brasileira de Letras, de candidatura Cadeira de Tobias Barreto, em 1932. Escreveu diversos outros livros, mantendo relao com Silvio Romero, Samuel de Oliveira e outros autores sergipanos. Liberato Bittencourt morreu no Rio de Janeiro, em 14 de dezembro de 1948, passando naquele mesmo ano a ser Patrono de uma das Cadeiras da Academia Catarinense de Letras, recebendo tambm a homenagem da Academia de Histria Militar Terrestre do Brasil, como Patrono da Cadeira 23.

O livro Homens do Brasil Sergipe obra referencial, permanentemente consultada, e sua reedio, depois de quase 90 anos, oferece s novas geraes de estudiosos uma oportunidade de leitura, recuperando um texto e um autor que permaneceram praticamente ignorados. Ao promover a 3 edio, a Secretaria de Estado da Cultura, pela viso sensvel e responsvel do Secretrio Jos Carlos Teixeira, aviva na bibliografia um livro verdadeiramente sergipano, na mesma estante de outros clssicos recentemente reeditados, de autores como Antonio Jos da Silva Travassos, Baltazar de Ges, Dom Marcos Antonio de Souza, Padre Filadelfo Jnatas de Oliveira, Joel Macieira Aguiar, Padre Antonio Carmelo, dentre outros.

Luiz Antonio Barreto

COMO INTRODUO

Na 1 edio deste livro, em 1913, publiquei o seguinte e sincero prefcio:

PREFCIO DA 1 EDIO

Na fria histria do passado que se encontram os melhores ensinamentos conquista brilhante do futuro.

L.B.

Este livro, apesar de trabalhado com sinceridade e amor, no passou de um mero ensaio histrico. o primeiro dos vinte e um que pretendo publicar sucessivamente, um ou dois por ano, em honesto preparo a um grande tentamen histrico.

Reconhecendo, certo dia, a falta de dados a respeito dos maiores da nossa curta mas j sugestiva histria, a ponto de bem no se saber o verdadeiro sitio de naturalidade de muitos deles, pensei no agentar esse desgosto s geraes futuras, desde logo planejando um grosso volume, onde meno se fizesse cuidadosa da vida e obras dos vultos notveis, em todos os ramos da atividade e do saber, de 1500 aos nossos dias. Na fria histria do passado que se encontram os melhores ensinamentos conquista brilhante do futuro. Brasileiros Ilustres devia ser o nome daquele trabalho empreendedor, vasto na erudio, eminentemente sugestivo na histria e no patriotismo, quanto na pesquisa imensurvel. Destinava-se mocidade das escolas primrias, queles que amanh tm que dirigir, porventura com mais acerto e mais amor, os altos destinos desta grande ptria. E pus mos obra, na doce esperana de pblicos favores. Imprimi circulares s centenas. Apelei para as autoridades estaduais e federais. Dirigi-me enfim aos eruditos, em todos os recantos do Brasil. Pouqussimas, porm, as respostas conquistadas. E estas em maioria com a categrica afirmao de que me seria impossvel qualquer auxlio. A situao era ingrata. Desanimar faria o mais tenaz batalhador. Mas eu, corajoso porque soldado, tinha que seguir avante, ladeando como pudesse as dificuldades encontradas. Arquitetei ento o seguinte plano de campanha: cuido separadamente de cada Estado e do Distrito Federal; ouo os comentrios feitos; corrijo as inadvertncias apontadas; completo em sucessivas edies os ensaios feitos; e depois, fundindo estes, poderei ento dar corpo e vulto grande construo em princpio arquitetada. Resta agora que os Estados me auxiliem, j no digo com algum dinheiro para pagar as despesas feitas e as edies sempre custosas, mas ao menos tornando obrigatria a leitura dos ensaios, nas respectivas escolas primrias e grupos escolares.

Eles so escritos com sinceridade e amor, sem preocupao partidria de espcie alguma, apenas com um fim, nobilssimo porque patritico: ensinar o lidador de amanh, em cada Estado do Brasil, a respeitar e bem querer os grandes cidados de ontem e de hoje. Seria mais que ingratido, porque seria injustia, afast-los portanto das inteligncias juvenis, s quais eles se destinam. Nem por sombra me passa pela mente ingratido tamanha.

Sai hoje o primeiro dos ensaios. sobre Sergipe. A preferncia explica-se. Filho de Santa Catarina mas sergipano de corao, tive a dita de ver ali, ninho de guias, o meu tentamen francamente aceito e divulgado. Mais ainda: fizeram-me desde logo scio correspondente do Instituto Histrico e Geogrfico, que se acabava de fundar, ato contnuo me aumentando a distino, com a graduao cativante de honorrio da douta associao. Pago assim em parte a grande dvida contrada, com esta expressiva e natural preferncia.

Publicarei a seguir Paraibanos Ilustres, sincera homenagem douta instituio nortista, que espontaneamente me deu a honra subida de me associar, membro correspondente, sua evoluo e as suas glrias. Os outros viro com vagar e tempo, que as despesas a fazer so muitas e o trabalho a empregar insano.

O primeiro dos ensaios, apesar de hercleo esforo empregado em sua feitura e arranjamento, no vai nem pode ir perfeito. Contm como todo humano trabalho, graves lacunas e defeitos. Os sergipanos de amor ao bero que me apontem aquelas e me indiquem estes, para ver se menos defeituosa lhe sai a segunda e prxima edio. E como provvel traga esta a fotografia dos lidadores nela contemplados, peo a quem interessar possa todo o auxlio possvel. Isto : aceitarei com prazer mximo o retrato dos vultos includos e a incluir no corpo do livro, e bem assim as explanaes e correes, honestamente apontadas, sobre naturalidade, datas, feitos e publicaes de qualquer deles.

Ainda um pedido, valoroso sobremaneira: os sergipanos vivos, real servio me prestariam remetendo-me para o Rio de Janeiro, Rua S. Francisco Xavier 866, um exemplar de cada obra por eles escrita, publicada ou reimpressa. S assim poderei manter em dia, como pretendo, as edies a seguir.

Eis a o que eu dizia sinceramente primeira edio do livro. No fui, porm, entendido pelos jacobinos de Sergipe, os quais caram desapiedadamente contra mim, querendo-me destruir a reputao e ainda os ossos. S me no chamaram de santo. No me abalei, porm: acostumado luta, bati porta fidalga do nosso maior crtico literrio. E Silvio Romero, que sergipano da gema, me respondeu com a seguinte e expressiva carta, com que ora, trs anos passados, fulmino de vez aquela meia dzia de cegos jacobinos:

Queridssimo amigo, camarada e chefe em muitos pontos.

Saude.

Recebi sua prezada carta de 19 deste. No faa caso das crticas. So vmitos de despeitados. O seu livro, para o fim que teve em mira, excelente.

Sinto, como no pode avaliar, no poder escrever o prefcio: porque todos os meus velhos incmodos esclerticos e cardacos se acham agravados de meter medo. No posso fazer nada. Alguma coisa que tem aparecido na Revista da Academia e Revista Americana so coisas antigas, feitas h muito tempo.

Peo-lhe que me desculpe e tenha pena de mim. Se melhorar, a coisa ser outra.

De seu velho amigo muito dedicado,

Silvio Romero

Icara, 24-08-1913.

Aparado assim o golpe, que se pensou mortal em Aracaju, dirijo-me aos homens de bem, de Sergipe e do Brasil inteiro.

PREFCIO DA 2 EDIO

Quandoque bnus dormiat Homerus

HORACIO

O excelente livro norte-americano Whos who in Amrica (Quem sou eu na Amrica), publicao bienal comeada em 1899-1900, traz a stima e ltima edio, 1912-1913, 18.794 biografias de vultos distintos em todos os ramos da atividade e do saber, na poltica, na magistratura, na militncia, nas artes, no comrcio e na indstria. E para poder comportar to elevado nmero de valorosos representantes, uma condio se imps indispensvel: absoluta sntese no cuidar cada um deles. Transcrevo a seguir, mesmo em ingls, a biografia de um artista da palheta, uma mulher, o que ocupa o nmero dois na composio daquele livro, a fim de que vejam os entendidos o modo porque a grande publicao americana executar pde o seu programa.

ABBATT, Agnes Dean, artist; b. New York, June 23, 1847; d. William D. and Agnes Alice (Dean) A; sister of William A. (q.v.) showed talent as child; entered Cooper Union Art. Sch., 1873; studied at Nat. Acad. Design and under R. Swain Gifford and James D. Smillie. Paints landscapes, coast scenes, flowers; oil and water colors and black and white; also wax modeling, plants, and flowers. Medals at Cooper Union Art. Sch. and Mass. Charitable Mechanics Assn.; first prize in oil painting San Antonio (Texas) Internat. Fair. Mem. Am. Water Color Soc, since 1880. Address: Westchester, New York.

Pois bem: influenciado fundamente por esse livro valioso, pensei para o Brasil em anloga publicao. O autor ou os autores norte-americanos s tratam dos homens vivos, os quais reaparecem nas sucessivas edies, at que a morte lhes seja a anunciada. Depois do fatal desenlace, cedem definitivamente o lugar aos novos que chegam.

No Brasil, porm, no me era lcito seguir esse mesmo programa, sem grave injustia aos principais obreiros da nossa nacionalidade, que j desertaram da vida. Esses tinham por fora que ser contemplados, pelo menos s primeiras edies. Mas de modo algum se lhes podia dar biografia um desenvolvimento, alm dos justos limites traados sensatamente pela grande publicao norte-americana: porque assim no fora para centenares deles.

Pensando justamente desse modo, e querendo tornar realidade o pensamento, fiz imprimir a seguinte e textual circular, largamente espalhada por todo o Brasil:

BRASILEIROS ILLUSTRES

vivos e mortos em todos os ramos da atividade e do saber: nas cincias, nas belas artes, nas letras, na filosofia, na medicina, na engenharia, no magistrio, na tribuna, na religio, na magistratura, na imprensa, no comrcio, na lavoura, na avicultura, na propaganda, no exrcito, na marinha, na feitura em suma da nossa nacionalidade, de 1500 a 1912.

ANTONIO DE MORAES REGO Nasceu no Maranho em 1859. verificou praa na marinha em 1875, entrando mais tarde para o exrcito, em 1879, no mesmo ano em que obteve demisso do posto de guarda-marinha. Foi nomeado alferes-aluno em 1881; 2 tenente, em 1883; 1 tenente em 1887; capito em 1890; major, em 1892; tenente-coronel por merecimento, em 1900; Dr. em matemtica e cincias fsicas; engenheiro militar; lente catedrtico da antiga Escola Militar do Brasil. Em 1893 foi um dos mais dedicados e dos mais competentes auxiliares do marechal Floriano. Era de baixa estatura e de delicada constituio fsica, mas de grande inteligncia e vasta ilustrao. Pelas suas notveis qualidades intelectuais e morais, era uma das glrias do magistrio militar. Em colaborao com seu irmo Alfredo de Moraes Rego (V. este nome) publicou valiosssimos tratados de matemtica elementar e superior, alm de muitos escritos na imprensa diria, sobre vrios ramos do saber. Morreu no Rio de Janeiro em 1903, aos 44 anos de idade.

Exmo. Sr.

Desejando que o Estado de... seja fiel e fartamente representado na grande obra acima referida, obra que de modo algum poder ser da lavra de um nico homem, peo encarecidamente o vosso valioso auxlio, em prol do grandioso e patritico empreendimento. Estendo o pedido imprensa, s associaes literrias ou no desse glorioso Estado, e ainda a todos os homens que acompanham com amor a prosperidade crescente do Brasil. O auxlio que solicito pode ser realidade transcrevendo-se esta circular nos jornais do Estado, e especialmente remetendo-se-me dados biogrficos relativos a todos os vultos, vivos ou mortos, que com seu esforo individual concorram ou tenham eficazmente concorrido para a grandeza material ou moral do Estado ou do Pas. Com tais dados, que podero ser extensos ou mesmos reduzidssimos, organizarei pequenas mas sugestivas biografias, de que acima se v um modelo da letra A, para fazerem parte do livro j projetado e j em elaborao. Contando com o vosso precioso auxlio construo de tamanho flego histrico, subscrevo-me,

Patrcio, e admirador agradecido, etc.

No logrando s circulares o sonhado responder, vi-me forado a mudar o plano em princpio arquitetado, projetando ento, no um grosso volume, seno vinte e um ensaios, um para cada Estado e o ltimo para o Distrito Federal. Depois ento cuidaria da definitiva edio do grande e difcil tentamen histrico primitivamente planejado.

Tudo isso se acha honestamente exposto ao prefcio da 1 edio do primeiro ensaio Sergipe. Alguns sergipanos escritores, porm, alheios a tudo que h de prtico nesta terra vastssima, inquinaram-me o livro de defeituoso e falho, por no tratar minuciosamente de cada biografado! Que eu devia falar disto de Tobias, daquilo de Fausto Cardoso, daquilo outro do Padre Olmpio, de Bitencourt Sampaio ou de Silvio Romero!...

Como pr a um livro muitos milhares de vultos, tratando amiudadamente de todos, quando entre eles centenares existem, como Tobias Barreto, Rui Barbosa, Pedro Amrico ou Jos Bonifcio, capazes de exigir um grande nmero de pginas s para a fiel narrao de seu viver atribulado?

O erudito crtico literrio dO Pas, ao qual sou bastante grato, chegou at a dizer que raro o meu biografado ao qual no fosse necessrio acrescentar alguma coisa, devido pressa com que dei cabo ao meu trabalho. E citou ento um escritor que h trs decnios j, qual beneditino, trabalha, sem esperanas de terminar, em livro anlogo, sobre Sergipe apenas.

Que Deus seja louvado!

Se eu, que pretendo agora escrever vinte e um volumes, fosse esperar to longo prazo para cometer o primeiro deles, que tempo ento precisaria de viver?

Os termos da anterior circular, como o fiel modelo que lhe vem apenso, provam evidncia que eu no quis nem quero fazer extensas monografias, seno ligeiros mas sugestivos perfis biogrficos to somente.

Ainda me censuraram, escritores incompetentes e apaixonados de Sergipe, por trs motivos: 1 - por haver posto s pginas do livro vultos de pequena importncia, como homens moos sem grande posio administrativa, professores, rbulas, msicos, padres e at soldados; 2 - por ali includo ter sergipanos que no so natos; 3 - por haver dado crdito a informaes por eles julgadas sem valia.

Defendo-me por completo da injustia e leviana argio.

Tripla a vida do homem a vida fsica, a intelectual e a moral. Aquela, a vida fsica, posta ao servio da inteligncia, como as duas o so ao servio do carter. Pelas qualidades intelectuais o homem se destaca dos irracionais. E pelos atributos morais que ele se distingue dos seus semelhantes. Importa isso em afirmar peremptoriamente que no somente os homens de fortes qualidades intelectuais, como querem porventura aqueles incultos e apaixonados escritores sergipanos, o direito, podem ter de ilustres.

Na feitura consciente de uma nacionalidade destacam-se sempre certos e determinados vultos nas cincias, nas letras, nas artes, no comrcio e na indstria. Pois a esses homens de ntido destaque social, eruditos ou sem erudio, que compete, com inteiro rigor histrico, aquele e sugestivo qualificativo. Um bom msico, um bom poeta, um professor primrio e um bom delegado de polcia podem ser to ilustres como um virtuoso padre, um advogado de fama, um pedreiro clebre, um calafate modelo, um soldado valente ou um gemetra de notveis qualidades intelectuais. Uns e outros, a meu julgar, no podem de modo algum fugir composio do livro. Os prprios termos da circular bem o acusam: Brasileiros Ilustres, em todos os ramos da atividade e do saber, de 1500 aos nossos dias.

Quanto ao fato de se ver s pginas do livro certos moos de talento, mas ainda sem grande posio administrativa, eis categrico e formal responder: s s geraes futuras cabe o apurar com acerto a dvida, porque as atuais, cegas de despeito, crdito no me podem merecer.

Anlogo sentir respeito aos sergipanos pelos servios e no pela naturalidade. A verdadeira ptria de um homem no nem pode ss aquela onde ele nasceu, e sim aquela a que ele se dedicou e bem serviu. Gonalves Crespo nasceu no Brasil, mas no pode nem deve figurar nossa histria literria: escritor portugus da gema. O padre Anchieta nasceu em Tenerife; mas quem poder com conscincia afast-lo da ptria histria, a que serviu superiormente, verdadeiro apstolo, por mais de quarenta anos? No h negar: os homens que concorrem feitura de uma dada nacionalidade no lhe podem fugir respectiva histria. Inclu no volume sobre Sergipe vultos no sergipanos natos, como fiz incluir conscientemente, no volume paraibanos, prestimosos lidadores que a fortuna no tiveram de ver na Paraba, pela vez primeira, a luz do dia.

Por fim: na feitura honesta deste livro, eu, que me prezo de ser honesto e nobre, que queria e quero fazer obra duradoura e capaz, no dei nem poderia dar crdito a informaes levianas ou infundadas. Apenas de pessoas cultas e honradas, que me mereciam toda a f, recebi esclarecimentos e histrico auxlio. E a elas o meu decidido e franco agradecer.

Ainda cinco e interessantes observaes:

1 No ardor cego da peleja que bem se podem conhecer as boas qualidades da arma que se maneja. Para me fortalecer contra futuros e levianos embustes de crticos apaixonados, resolvi mudar em tempo o ttulo e sub-ttulo da obra iniciada com a publicao do volume relativo a Sergipe: Homens do Brasil, quero crer, melhor se presta ao livro que Brasileiros Ilustres, do mesmo modo que o sub-ttulo aqui adotado mais sugestivo e prtico que o anteriormente preferido e divulgado. Ao erudito Sr. Dr. Helvcio Monte, alagoano de nascimento, mas sergipano pela meninice e cearense pelo corao, devo essa frmula feliz, que espero seja recebida com satisfao e simpatia pelos sergipanos de boa vontade.

2 Arraigada me era a inteno de ilustrar o perfil dos poetas prosadores, com a transcrio de um trabalho escrito pelo prprio punho de cada um deles: assim o livro, que se destina especialmente mocidade das escolas, ficaria menos pesado, seno muito mais atraente. Mas, apesar do grande esforo empregado, no foi j tanto possvel. Ficar o objetivo para a 3 edio, se os sergipanos de amor ao bero, sobretudo os escritores, quiserem me auxiliar no rduo empreender.

3 Imitando a americana publicao em princpio citada, todos os oficiais superiores da terra e mar so includos no corpo do livro: ningum chegar pode a to alta posio, sem uma boa soma de servios ao pas.

4 Para manter em dia, melhorando sempre, este volume, aceitarei, com satisfao mxima, um exemplar das obras que hajam sido escritas ou reimpressas, todas de autores sergipanos.

5 Correes e ampliaes, honestamente apontadas, sero recebidas com alegria pelo autor, sua residncia, no Rio de Janeiro, rua S. Francisco Xavier, n. 866.SERGIPE

A

ABDIAS BEZERRA Professor. Nasceu na vila de Siriri a 9 de setembro de 1881, filho legtimo do professor Joo Antonio Bezerra. rfo de pai aos sete anos, entrou para o comrcio, como caixeiro de pequena casa, mas assaz contrariado, por se sentir com disposio de estudar, de saber. Em 1899 foi residir em Aracaju em companhia de um seu tio, o genial sergipano Guilhermino Amncio Bezerra, a se matriculando no Ateneu Sergipano. Nesse ano, porm, no pde prestar exames, devido morte de seu estremecido progenitor. Em 1898 freqentou os cursos particulares dos professores Teixeira de Faria, Brcio Cardoso e Alfredo Montes. Em 1899 fundou a Sociedade Literria Tobias Barreto e escrevia na imprensa, ao passo que estudava preparatrios, em cujos exames, quase todos, foi distinguido. Depois disso seguiu para a Escola Militar do Realengo, onde se fez soldado, apesar de um grande desejo de cursar a academia de medicina. Fazia o seu curso militar com brilho, quando, em 1904, metendo-se na revolta de 14 de novembro, foi desligado e remetido preso para a Bahia. A serviu no 16 de infantaria, como amanuense do quartel general. Expulso logo depois do exrcito, voltou casa do tio. Anistiado, no mais quis voltar ao exrcito, entrando com o p direito no magistrio, para o que tinha especial pendor. Adquiriu ento muitos alunos, colaborando em seguida com o professor Alfredo Montes Jnior, lecionando especialmente matemtica no Ginsio Sergipense. Revelou ento brilhantes dotes pedaggicos. Na revolta de 10 de agosto de 1905, fez parte da Assemblia que apoiou Fausto Cardoso. Em 1908, vaga a cadeira de aritmtica da Escola Normal, pretendeu obt-la por concurso. Este, porm, no foi aberto, graas reforma ento realizada e conseqente nomeao de um feliz pretendente. Em 1911 obteve por concurso brilhante a cadeira de francs do Ateneu, sendo depois, por vontade prpria, transferido para a cadeira de aritmtica e mais tarde para a de portugus. E em cada uma dessas disciplinas, como sustenta Baltazar Ges, se tem revelado mestre perfeito, prudente, justiceiro, competente.

ABDIAS DE OLIVEIRA Magistrado. Nasceu em Itabaiana. presentemente desembargador no Supremo Tribunal de Justia, de Pernambuco, onde goza da mais larga e merecida simpatia pblica, por seus grandes dotes morais.

ABREU FIALHO Mdico e professor. Natural de Sergipe. Formou-se em medicina, dedicando-se com superior competncia, no Rio de Janeiro, clnica oftalmolgica. Tambm professor da faculdade de medicina na capital do pas.

A. DIAS DE BARROS Mdico e professor. Nasceu em Aracaju. Formando-se em medicina, pouco depois, em concurso brilhante, era nomeado professor de histologia da faculdade do Rio de Janeiro. Foi interno de clnica psiquitrica e de molstias nervosas, durante trs anos, da Faculdade e do Hospcio de Alienados. Dirigiu este ltimo estabelecimento. Secretariou e presidiu a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio. Foi vice-presidente de uma das mais importantes seces do Congresso Cientfico latino-americano, reunido capital do pas, e por fim deputado federal por Sergipe, na legislatura passada. Homem de grande talento e de profunda erudio cientfica e mdica, orador exmio, professor emrito, goza nas rodas profissionais do Rio de Janeiro de mui justa e merecida popularidade. Alm de sua tese, tem publicado vrios trabalhos mdicos, de valia incontestvel, um dos quais lhe deu a honrosa posio de membro efetivo da Academia Nacional de Medicina. scio correspondente da sociedade mdico-cirrgica de Lisboa, da sociedade mdica de Santiago do Chile e um clnico de muito merecimento profissional.

ADOLFO VILA LIMA Professor e jornalista. Nasceu na Estncia, a 20 de agosto de 1882. Entrando mui jovem para o comrcio, foi durante doze anos comerciante e caixeiro na Bahia, sempre com o desejo ardente de fugir a esse grande cativeiro. Para isso estudou, convencido, s horas vagas, o curso de humanidade. Em 1904 foi ao Rio de Janeiro, com o firme propsito de se matricular na Escola Militar de Realengo. Voltando a Aracaju, fez a aquele curso, matriculando-se em 1906 na faculdade livre de direito da Bahia, como assistente, por no haver ainda concludo todos os preparatrios. Em fins de 1906 foi promotor pblico de Propri, sendo em 1909 transferido para a Estncia, onde se entregou tambm advocacia. Em 1910 formou-se em direito no Recife, com doze distines em todo o curso. Em 1913 foi nomeado inspetor geral do ensino pblico. Em 1915 fez concurso em Aracaju para a cadeira de pedagogia, cargo que atualmente ocupa com grande ardor e brilho. uma organizao delicada no fsico, forte na inteligncia e agigantado nas mximas virtudes morais. Dotado de grande nobreza de sentir, sumamente dedicado aos seus, trabalhador infatigvel, tem o direito, conquistado fora de vontade e a golpes de talento, de figurar com destaque s pginas sinceras deste livro. scio do Instituto Histrico e Geogrfico de Sergipe. Quando publicou seu primeiro livro A Academia na Vida Prtica, Clovis Bevilaqua lhe enviou a seguinte e honrosa carta:

Ao ilustre moo, Sr. vila Lima, agradecemos penhorados a remessa de seus bem elaborados escritos, enfeixados no volume A Academia na Vida Prtica, onde tivemos ocasio de apreciar um esprito culto e seguro, no obstante a sua pouca idade, possuidor de boa dialtica e exposio clara. Por isso, com os nossos agradecimentos, enviamos as nossas sinceras felicitaes ao distinto bacharelando.

vila Lima gosta tambm do jornalismo, a que se entrega com ardor em Sergipe. Do seu excelente trabalho pedaggico No domnio da filosofia pedaggica, publicado em setembro de 1913 pelo Estado de Sergipe, transcrevemos as seguintes linhas iniciais, para se julgar o escritor:

Nos domnios da filosofia pedaggica moderna, discute-se, mais ou menos caprichosamente, a questo de saber se a religio da f deve ou no ser ensinada nas escolas primrias.

Opinies, mais ou menos bem orientadas, tm sado a campo, pronunciando-se ora pela afirmativa, ora pela negativa.

Assim que publicistas de vrios matizes metafsicos fazem questo cerrada de fazer a religio da f parte integrante das disciplinas escolares.

Confundindo as idias do dever e do bem com a religio, na sua simplicidade triste, chegam a pensar que a religio uma das bases fundamentais da tica, que, como todos sabemos, a cincia da reta conduta, tendo por precpuo objeto a preparao do carter humano para as lutas benfazejas da civilizao e do progresso.

Outros pensadores, porm, menos exagerados e mais justos para com o sentimento contemporneo, que v num ideal de moralidade a salvao do homem, opinam pelo ensino da religio nos institutos educativos primrios, apenas sob o ponto de vista histrico, isto , como existia ela no tempo e no espao, como vive ainda no corao do povo, e quais os efeitos, que h produzido, nas suas relaes com a evoluo da humanidade.

Depois destas duas correntes, que tm expressivos pontos de contato e de dessemelhana entre si, vem a terceira falange dos chamados impropriamente materialistas modernos, combatendo os fundamentos das duas primeiras escolas filosficas acima citadas, pretendendo, aprioristicamente, que a religio da f, sob qualquer ponto de vista, no passa de um dogma de carter ontolgico, de um mito; e que, como tal, estando fora da natureza e da cincia, uma quimera, uma iluso, uma utopia, no devendo, por isso, ser ministrada nos colgios primrios, por carecer, ainda mais, de base experimental.

Os outros trabalhos deste escritor so: Orao (Conferncia cvica), Escravido e Liberdade (conferncias), e Boletim Geral sobre movimento escolar.

vila lima tambm era poeta e msico distinto: a sua valsa Sempre Terna um trabalho inspirado, em tempo francamente aplaudido, e o Cepticismo, a seguir, confirma a primeira parte da afirmao:

Scepticismo

J por tudo que passei cantando alegremente,

Da vida as iluses e os risos da esperana;

E agora s me resta o tdio do descrente,

Porque j l se foi meu tempo de criana.

Cheguei mocidade, fase da pujana,

Onde a crena perdi aflito e maldizente,

Daquela histria antiga e cheia de bonana,

Que Moiss espalhou em todo o peito crente.

Que de novo h na vida, alm da luta ingrata,

Constante evoluir duma aflio, que mata,

A pobre humanidade a imagem da misria?

Assim como da fora escravo o movimento,

E deste o velho mundo, o mundo do tormento,

Assim tudo que existe um misto de matria!...

1908.

ALCINO BATISTA MONTEIRO Advogado e poltico. Nasceu em Sergipe, formando-se em direito em Pernambuco. Passando a residir na Bahia, foi a chefe de polcia, advogado de fama, gro-mestre da maonaria e deputado geral em vrias legislaturas. Era homem, portanto, de grande talento.

ALEXANDRE PINTO LOBO Magistrado. Entrou em chapa senatorial com o Baro de Maroim. Era sergipano.

ALEXANDRE RODRIGUES DA SILVA CHAVES Bacharel em direito. Foi o 31 presidente da antiga Provncia. Tomou posse a 31 de julho de 1863.

ALFREDO CABRAL Professor e jornalista, em Aracaju, onde nasceu a 7 de agosto de 1887. Aos 12 anos de idade j fazia versos e escrevia contos. Aos 15 anos terminava o curso de humanidades capital sergipana. E aos vinte conclua o seu curso de direito, quase todo com distino, na cidade do Recife. Foi, pois, de admirvel precocidade intelectual. Voltando a Sergipe depois de formado, foi promotor pblico em trs cidades sucessivamente: Estncia, Laranjeiras e Maruim. Em 1909 fez uma viagem de recreio e estudos ao sul do Brasil, demorando-se algum tempo no Rio e em S. Paulo. E, esprito arguto, ao chegar em Aracaju escreveu uma srie de artigos Em S. Paulo, em que analisava com superioridade de vistas os notveis progressos do grande estado paulistano. Em 1910 fez concurso para a cadeira de histria do ateneu sergipense, a qual hoje se acha sob a sua direo. Tem uma cabea enorme, mesmo sergipana; de baixa estatura e franzina constituio, cheio de inteligncia, na atividade grande e na modstia mximo. Conhece o francs e o ingls, o espanhol e o italiano. Vive em perfeito isolamento. Fala com maestria e escreve com grande beleza e correo. Em vrias revistas baianas, na imprensa do Recife, no Dirio Popular de S. Paulo, no Estado de Sergipe e no Dirio da Manh de Aracaju tem colaborado com freqncia, assinando trabalhos literrios de valor nas cincias sociais, nas belas letras e na filosofia, com o prprio ou com o pseudnimo de Nubio. O Estado da Filosofia, nas colunas do Dirio da Manh, um estudo filosfico sensato e sugestivo. Em 1912 foi eleito secretrio da congregao do ateneu e presentemente scio do Instituto Histrico e Geogrfico Sergipano, numismata apaixonado e filatelista convencido. Tem em mos duas obras de grande valimento, com as quais se h de firmar definitivamente alm das fronteiras sergipanas: Da influncia da filosofia na evoluo social e Histria Universal. Das suas qualidades literrias damos este exemplo sugestivo, tomando ao Dirio da Manh de 22 de setembro de 1912:

GABINETE DAS LETRAS

Pginas Esquecidas

II

Destacamos de Trionfo della Morte, bela obra desse escritor pago, bria de forma e sentimento, que dAnnunzio, um dos mais interessantes trechos.

Escritor pago, dissemos. Porque ningum, neste fecundo sculo vinte, sonha com o esplendor do Olmpio, com esses deuses, essas ninfas, esses heris da lenda antiga, que o romancista italiano. Tem a alegria de um fauno. Na sua sensibilidade de artista, radicaram-se estes santos entusiasmos por essa cultura amvel, que floresceu entre os gregos, cultores do ideal, admiradores da vida, criadores jocundos do amor.

um dos mais nobres representantes da arte realista. Mas o inimitvel mestre se peja de reproduzir o brutal das paixes e o despudorado das cenas, a no ser para pintar esta parte ntima e sublime da natureza humana, que a alma. Os seus personagens requintam pela espiritual finura. Respiram uma atmosfera impregnada de sonho, de exaltao e de grandeza, como se a civilizao e todo o progresso moral fosse uma larga caudal de ddivas e mercs, que se desoprimisse nos seus vastos peitos.

G. dAnnunzio possui um forte e esquisito temperamento. Sensual com a sua raa, ele reflete no livro, com nervos ansiosos e cruis, a graa capitosa dos cus, dos campos e dos mares de sua ptria. Filho do pas da Arte e da Histria, bebeu a longos tragos o vinho tpido e dourado do classicismo e formou a sua complicada psicologia na intimidade triste das runas, dos mosteiros, das esttuas silentes e das criptas famosas.

ALFREDO DE SIQUEIRA MONTES Professor e educador. Nasceu a 1 de janeiro de 1848, no stio de Florncia, municpio do Socorro, filho legtimo do major Teodorico Montes. Fez com brilho seus preparatrios, no antigo Liceu Sergipense. rfo de pai, para poder amparar a famlia, aos quinze anos de idade aceitava a nomeao de oficial da 2 seco da secretaria do governo. Isso a 17 de abril de 1863. e abandonou a idia de uma prxima e notvel formatura acadmica. A 5 de maio de 1871 foi nomeado chefe da 1 seco. Logo depois de empregado pblico atirou-se com ardor ao magistrio, para o que havia fadado a natureza. A 28 de junho de 1877 obteve, em brilhante concurso, a cadeira de ingls do Ateneu Sergipense, onde ento comea a sua ao proficiente e benfica, no preparo da juventude sergipana. Em 1888 fundou e dirigiu o Ginsio Sergipense, que vigorou at 1898, e onde preparou uma pliade de sergipanos, que por todo o Brasil veneram o nome exemplar do mestre inolvidvel. Colaborou na imprensa local, foi presidente do conselho municipal e diretor da Escola Normal. Faleceu no Aracaju, a 1 de agosto de 1906. era de baixa estatura, deveras concentrado, cheio de belas qualidades de inteligncia e de carter. Deixou indita uma Gramtica portuguesa.

AMANCIO JOS PEREIRA DE ANDRADE Bacharel em direito. Foi o 22 presidente da antiga Provncia. Tomou posse a 17 de outubro de 1849.

AMINTAS JOS JORGE Marinheiro. Nasceu em Aracaju a 11 de julho de 1860, alistando-se na marinha em 1880. Foi guarda-marinha em 1882; 2 tenente, em 1884; 1 tenente por merecimento, em 1890; capito-tenente por bravura, em 1894; capito de fragata por merecimento, em 1907; capito de mar e guerra, ainda por merecimento, em 1912; contra-almirante reformado, nesse mesmo ano. Homem de regular estatura e de robusta constituio fsica, audacioso e bravo, prestou reais servios legalidade em 1894 e tambm em 1904. Comandou as seguintes unidades navais: monitor Rio Grande, Vidal de Negreiros, Greenhalgh, Piraj, Pedro Afonso, Tupi, Deodoro, Barroso e Minas Gerais. Foi capito do porto de Aracaju e inspetor do arsenal da marinha do Par. Como imediato de Benjamin Constant, percorreu em misso diplomtica vrios estados da Europa e da Amrica. Gozava na sua classe justa estima e popularidade, graas s suas excelentes qualidades profissionais. Pena que desgostos profundos o tivessem levado to cedo reforma. Seria um grande almirante, porque era um adestrado e perfeito marinheiro, amigo da ordem, da disciplina e da lei. Em agosto de 1913, ao entrar no ministrio o almirante Alexandrino, foi nomeado encarregado do depsito naval no Rio de Janeiro, cargo de que foi mais tarde dispensado. scio do Instituto Histrico e Geogrfico de Sergipe.

ANACLETO JOS CHAVANTES Advogado. Nasceu em S. Cristvo, a 1 de novembro de 1801. Como escrivo da Ouvidoria, obteve proviso do Tribunal da Relao da Bahia para advogar, passando a exercer essa profisso em Laranjeiras. Pelos relevantes servios a prestados em 1855, por ocasio da epidemia do clera, foi agraciado com o Habito de Cristo. Quando o Imperador visitou Sergipe, em 1859, sendo vereador e presidente da cmara de Laranjeiras, foi agraciado com a Comenda da Rosa. Em 1872, com toda a famlia, foi residir na Corte, onde faleceu em 1877. Era de regular estatura, cheio de corpo, de excelentes modos e maneiras.

ANDR RAMOS ROMERO Poltico e capitalista. Nasceu em Portugal, vindo criana para o Brasil e fixando residncias no Lagarto, onde desposou D. Maria de Vasconcelos. o progenitor de Silvio Romero. Chefe do partido liberal no Lagarto, capitalista, homem influente, foi cavaleiro da ordem da Rosa e de Cristo e ainda comendador pelos grandes servios prestados ptria adotiva. Faleceu a 3 de julho de 1894.

ANGELO FRANCISCO RAMOS Bacharel em direito. Sendo 3 vice-presidente, assumiu a presidncia da Provncia a 5 de novembro de 1865.

ANIBAL FREIRE DA FONSECA Poltico e jornalista. Nasceu no Lagarto a 7 de julho de 1884. Fazendo seus estudos primrios com a professora D. Etelvina Amlia de Siqueira, revelou brilhantes qualidades intelectuais, depois confirmadas no curso de humanidades e por fim na academia de direito. Bacharelou-se no Recife, havendo iniciado seus estudos jurdicos no Rio de Janeiro. E durante o tempo de acadmico dedicou-se com brilho vida jornalstica. Foi secretrio do governo de Pernambuco, que representou superiormente na cmara dos deputados no Rio. Sua pena considerada mui brilhante.

ANSELMO FRANCISCO PERETTI Bacharel. Foi o 15 presidente de Sergipe. Tomou posse a 28 de dezembro de 1842.

ANTONIO BEMVINDO RAMOS Oficial superior do exrcito. Nasceu em Sergipe a 9 de novembro de 1867, verificando praa no exrcito em 1885. Matriculando-se na Escola Militar da Corte, foi promovido a alferes de infantaria em 1893; a tenente por bravura, em 1897, na campanha de Canudos; a capito, em 1906; a major por merecimento, em 1913. Em 1893 timos servios prestou causa legal. Fez com bravura a campanha de Canudos. Tomou parte na concentrao do vale do Amazonas em 1904. de regular estatura e de robusta constituio fsica.

ANTONIO CANDIDO DA CUNHA LEITO (Dr.) Foi o 37 presidente da antiga Provncia. Tomou posse a 11 de maio de 1871.

ANTONIO CARMELO Sacerdote, literato e professor. Nasceu em S. Cristvo a 9 de fevereiro de 1870, abraando aos verdes anos a carreira religiosa. Ordenou-se na Bahia. Homem de regular estatura e de robusta compleio, dotado de lcida inteligncia, escreve com grande brilho e correo o vernculo idioma. Em 1910 publicou no Rio de Janeiro um volume de duzentas pginas Olimpio Campos perante a histria, o qual foi recebido com geral simpatia pela imprensa da capital do pas. Desse volume j impressa a 2 edio. Em 1912 publicou dois novos volumes Uma visita minha terra e Impresses e Saudades, ficando ento consagrado emrito prosador. Em 1914 deu a lume os seus Aspectos Sergipenses, obra de erudio geogrfica e histrica. O padre Carmelo dedica-se tambm ao magistrio particular, sendo presentemente um dos mais conceituados instrutores do Ginsio Federal. A leciona latim e francs no 3 ano do curso secundrio. A Revista Pedaggica, desse superior estabelecimento de ensino, lhe tem publicado excelentes produes, de grande alcance pedaggico e moral. Curiosidades o ttulo da seco por ele mantida quela publicao. Do merecimento literrio do escritor segue a brilhante mostra, das suas Impresses e Saudades:

Partindo

Minha me no quis trazer-me a bordo. Era natural a escusa: furtava-se dor que castiga e mata o corao materno... derivava dalma o ardor da saudade que mais forte estuaria, se ela visse fugir aos olhos, confiado apenas, a leve batel, oscilante veia dgua, o primeiro filho que por amor a mseros fragmentos de cincia, desertou o lar, confiando aos outros irmos o cultivo do convvio e do carinho fraterno. Meu pai, porm, no. Forte, calmo, veio comigo at a extrema ponte onde amarrava minsculo transatlntico que deveria levar-me Bahia. No tenho lembrana, ainda vaga, de me terem vindo trazer suas despedidas colegas e amigos de infncia; no me recordo mesmo, se l vi irmos, tanto nele, em meu pai, tinha posto o corao, olhos e alma. O que, entretanto, nunca a mo do tempo pde, nem poder jamais o esquecimento obliterar em minha memria; o que a distncia no conseguir nunca nublar, por mais que na ordem do tempo dela me afaste, aquela cena, modestssima embora, mas que tem sua alma nas emoes do que fica e nas tristezas do que parte.

O quadro, de dimenses alis exguas, criara-se e momentaneamente movera-se em uma tela que se no de grande impresso e inspiraes para a arte, todavia de viva recordao para mim. Assim desenhava-se ele: ao fundo uma montanha deselegante, de aspecto spero, quase inculta, seno de cultura pobre e miservel. Na base um casaro a desabar, um trapiche sem porta boca que se abria hiante como a devorar tudo. Corria aos lados, farfalhando ao vento, crescida e basta floresta de mangues colorida de verde escuro, de onde se destacavam, como nota alegre, raras folhas amarelas e outras vermelhas, que ao menor abalo do vento rolavam deslizando flor das guas. Por cpula o cu azul, algodoado de nuvens brancas que se redoiravam e poliam luz de um sol queimante e belo.

O plano em que nos levantamos, eu e ele (meu pai), era feito de traves pesados, toscamente falquejados e mal unidos, deixando ver, por entre frinchas, verdadeiros hiatos, to largos que engoliriam um p e a perna, crustceos a correr na lama e peixes a disputar tona dgua, o esporo gordo que caa da cozinha de bordo.

Um vento grosso, mas fresco, que comeava de soprar da barra trazendo o urro surdo das vagas a escachoar na areia, era sinal de guas montantes a repontar no canal, l fora, e pois era necessrio partir. De momento, um silvo forte, inesperado, agudo, que eu nunca ouvira, sacode-me brutalmente os nervos que estalam, fere os ares e ecoando ao longo morre num fragor de trovoadas, sobre o dorso liso do Vasa-barris que alm serpea sem majestade e sem beleza.

Ia zarpar a nau. Maquinalmente tomei a mo dele e beijando-a deixei-a para abra-lo e ento partir.

ANTONIO DA MOTA RABELO um sergipano de valor, do qual nada nos possvel adiantar presentemente.

ANTONIO DE ARAUJO DE ARAGO BALCO Bacharel em direito. A 20 de outubro de 1867 tomou posse da presidncia de Sergipe. Foi o 34 presidente da Provncia.

ANTONIO DO REGO TRAVASSOS Mdico. Nasceu em Japaratuba em 1859, formando-se em medicina no Rio de Janeiro em 1882. Graas s suas grandes qualidades intelectuais, foi um dos melhores estudantes de sua turma. Voltando a Sergipe depois de formado, a faleceu flor da idade, um ano depois, em 1883. Era de media estatura, magro, moreno e dotado de nobres predicados de carter.

ANTONIO DIAS COELHO E MELO, Baro da Estncia Agricultor. Senador do Imprio, comendador e segundo sogro do grande sergipano coronel Jos de Faro. Era homem influente, mas sem cultivo intelectual bastante. Como 2 vice-presidente da Provncia, de onde era natural, trs vezes assumiu a presidncia: em 21 de junho de 1863, 24 de fevereiro de 1864 e 2 de janeiro de 1866.

ANTONIO DIAS DE PINA JUNIOR Poltico. Formou-se em direito, sendo companheiro do Dr. Jos Luiz Coelho e Campos. Foi deputado provincial. um grande distinto.

ANTONIO DINIZ COELHO E MELO Industrial. De poderosa famlia, agricultor abastado, proprietrio do engenho Caicira no vale do Cotinguiba, era homem de vida concentrada, dedicado ao seu servio, fora da atividade poltica. Inesperadamente includo em lista trplice senatorial, em 1859, ele e o Baro de Cotinguiba, como verdadeiros cunhas, como ento se dizia, para forarem a escolha do Baro de Maruim, foi nessa ocasio inesperadamente escolhido senador. Era o ltimo da lista. Homem austero, inteiramente inculto, regular na estatura, dedicado de corpo, era um vigilante continuo, em sua propriedade, dos seus bens de fortuna. Faleceu em 1884.

ANTONIO DINIZ DANTAS E MELO Agricultor. Fez parte da junta governativa aclamada e empossada a 17 de novembro de 1889, em Aracaju.

ANTONIO DOS PASSOS MIRANDA Bacharel. Foi o 41 presidente da antiga Provncia. Tomou posse a 15 de janeiro de 1874.

ANTONIO DOS SANTOS JACINTO Mdico. Nasceu em Laranjeiras a 3 de maio de 1827, formando-se em medicina na Bahia em 1852. Por sua grande inteligncia e aplicao, foi considerado um dos primeiros alunos do seu tempo. Fez-se clnico depois no Maranho, onde foi comissrio vacinador, e depois mdico da polcia, da cadeia, da misericrdia e do exrcito. Latinista de valimento e conta, escreveu em latim a sua tese de formatura. Sustenta-se ser ele o autor de um livro que apareceu contra a maonaria e intitulado As Sociedades Secretas.

ANTONIO FERNANDES DA SILVEIRA Presbtero. Nasceu na Estncia, nos fins do sculo XVIII. Foi presbtero do habito de S. Pedro, monsenhor da capela imperial, conselheiro do Imperador, comendador de Cristo e deputado provincial e geral em diversas legislaturas. Homem influente e de notvel inteligncia, escreveu em 1835 Resposta carta dirigida ao ministro do Imprio por diversos deputados, e tambm um Ofcio sobre preciosas minas de ferro e um rio subterrneo na Provncia de Sergipe. Cabe-lhe a glria da instalao do primeiro jornal sergipano, em setembro de 1833 O Recopilador Sergipano. Faleceu na Bahia, a 30 de janeiro de 1862.

ANTONIO GARCIA ROSA Mdico. Nasceu em 1845 em Japaratuba, onde iniciou os seus estudos de humanidades. Em 1862 seguiu para a Bahia, a concluindo aqueles estudos e se matriculando na faculdade de medicina. Formado em 1870, clinicou em Feira de Santana, na Bahia, e em Maruim, em 1873. Faleceu flor dos anos, em 1877. Era de regular estatura e delicada constituio, sempre prazenteiro e afvel no exerccio de sua profisso, por isso mesmo querido e estimado em toda a parte.

ANTONIO GARCIA ROSA Poeta e professor. Nasceu em Sergipe, onde se entrega com proveito ao magistrio pblico e s belas letras, apesar de formado em farmcia. Dotado de grandes dotes intelectuais, assaz modesto, tem um jeito especial para as belas letras, a poesia sobretudo. A Desdenhosa, a seguir, uma das suas ltimas e interessantes composies, e A Fonte se nos apresenta um dos mais belos sonetos ultimamente publicados em vernculo idioma.

Desdenhosa

Formosa, sim, reconheo;

Mas no me enganes. Parece

Franzir-te o lbio travesso

O motejo em vez da prece.

Minhalma, em doido arremesso,

Quando passas, se embevece...

Es como a jia de preo,

Que deslumbra e no aquece.

Lindo mrmore impassvel!

Teu seio em flor nunca vibra,

Na nsia divina de amar.

Lembras-me a estrela intangvel,

Que l no azul se equilibra,

E nos convida a sonhar.

A Fonte

No seio umbroso da floresta antiga

Desliza a fonte, a murmurar, sonora.

Se raia o sol, que lmpida cantiga!

Se o sol transmonta, abaixa a voz e chora.

Ao sapo, fera, ao pssaro mitiga

A sde que os persegue, abrasadora;

Reflete o galho em flor drvore amiga,

De mistura com o verme que o devora.

prpria pedra que lhe estorva, bruta,

O livre curso musical, de jeito,

A dar-lhe face uns frmitos de luta,

prpria pedra d mais lindo aspeito...

Oh! Musa ingnua, oh! minha Musa, escuta:

Tens nessa fonte um smbolo perfeito.

ANTONIO JOS DA SILVA TRAVASSOS (Comendador Travassos) Advogado e proprietrio, um dos maiores sergipanos de todos os tempos. Nasceu em Sergipe, no Engenho Rio Vermelho, em Japaratuba, a 5 de julho de 1804. Homem de grande atividade e lcida inteligncia, foi advogado, proprietrio rural e diretor de vrias empresas de melhoramentos locais. Faleceu em Sergipe, a 24 de maro de 1872. Gozava de grande estima e de grande popularidade. Era comendador da Imperial Ordem da Rosa e cavaleiro da Ordem de Cristo, por servios relevantes prestados a Sergipe. Pedro II o admirava muito. Era de alta estatura, robusto sem corpulncia, constituio sangunea, alvo, cabelos castanhos claros quase ruivos, muito cho no viver, bonacho no tratar. Uma particularidade notvel: no tinha apego ao dinheiro: quanto ganhava, gastava consigo ou com os necessitados. Um tipo moral superior, portanto. Em 1856 fundou e redigiu em Santo Amaro o jornal O Conciliador, em cujas colunas propagava com ardor a liga dos partidos polticos, que impediam o desenvolvimento da Provncia com suas exaltaes e disputas. Mas muito antes j se fizera conhecido, na regncia e no segundo reinado. Como que sintetiza esse homem inteligente e patriota um esprito nobre de revolta contra retrgrados mandes da querida terra. Em 1865 publicou a Navegao dos Rios Pomonga e Japaratuba, e em 1875, depois de sua morte, publicavam-se os Apontamentos histricos e topogrficos de Sergipe, obra tambm de sua lavra. Eis aqui algumas e textuais palavras desse grande lidador:

Nesse ano (1856) apareceu o programa poltico de conciliao, apresentado pelo governo imperial, e o presidente convidou-me a propalar as idias que eu adotava, e ento passei a publicar na Vila de Santo Amaro o jornal Conciliador, cujo prospecto foi aquele programa de conciliao, mostrando a necessidade de se acabar com os partidos e influncias nocivas deles, a fim de cuidar-se dos melhoramentos materiais de que tanto precisava a Provncia, que no podia prosperar, por causa desses partidos de ndole de famlia, que tanto a dilaceravam, devendo substitu-los uma poltica larga, generosa e tolerante.

ANTONIO GERVASIO DE S BARRETO Advogado e jornalista em Aracaju. Nasceu em Itabaiana a 5 de outubro de 1873. Fazendo o curso de humanidades em Laranjeiras, estudou depois consigo mesmo vrias disciplinas literrias e cientficas. Foi promotor pblico em Maruim e na Capela, procurador fiscal e deputado estadual em duas legislaturas. Fixando residncia em Aracaju, dedicou-se advocacia e ao jornal, especialidades para as quais tem decidida vocao. Homem de baixa estatura, de delicada compleio fsica e de grande lucidez de inteligncia, dotado de excelentes atributos morais, entre os quais predominam a energia e a vontade, redigiu em Laranjeiras O Cotinguiba, O Novo Sculo e O Municpio, e em Aracaju colaborou fortemente no Estado de Sergipe, na Folha de Sergipe e no Dirio da Manh. Ultimamente, vencendo mil obstculos, conseguiu fundar na capital sergipana uma revista ilustrada Vida Sergipana, brilhante e duplo atestado: de fora de vontade mscula e amor muito grande ao jornalismo. Escreveu um interessante livro sobre a poesia popular em Sergipe, do qual j publicou alguns excertos na imprensa de Aracaju. major da guarda nacional, scio efetivo do Instituto Histrico e Geogrfico Sergipano e secretrio do Tribunal de Relaes de Sergipe. Do seu valimento literrio d uma ntida idia a transcrio seguinte, da Vida Sergipana de 3 de novembro de 1912:

Crnica

Passou ontem o dia de finados, a mais piedosa data e a mais humana memorao que os homens cultos preiteiam.

Na morada triste em que vicejam os goivos, no terreno santo da morgue, orvalhado pelas lgrimas, os mortos receberam ontem a visita dos vivos.

Sublime comunho da vida com a morte, esta festa da saudade exprime o que de mais delicado e afetivo existe no corao do homem.

bem certo que na terra revolta do campo santo, sob o mrmore dos mausolus, no h ouvidos que ouam os soluos, nem bocas que respondam s saudaes, nem mos que recolham as flores; mas por isso mesmo que esse culto assume um carter mais nobre e requintado.

Que somos ns seno a herana dessas geraes que dormem o eterno sono nessa cidade triste da Morte?

Que so essas brancas ossadas, seno as razes da vida que palpitam em nosso ser?

Que so os tmulos seno os casulos de onde partimos, em revoada, como outras borboletas, efmeras e frgeis, para o tmulo da existncia?

Assim entendido, o culto dos mortos a prestao de uma dvida que no se extingue, porque se prolonga na continuidade da vida, passando de gerao em gerao.

nisso, sobretudo, que se distingue o homem civilizado do resto dos seres.

A ave abandona o ninho onde se emplumou e, uma vez senhora do espao, no recorda a rvore amiga onde balouou o seu bero.

S o homem culto guarda o preito s aras do passado e volta piedosamente a rever com saudades o sagrado stio onde jazem os restos dos seus maiores.

O dia de finados , por isso, o mais precioso documento da civilizao.

ANTONIO JOAQUIM ALVES DO AMARAL Comendador. Foi o 18 presidente da antiga Provncia. Tomou posse a 15 de abril de 1845.

ANTONIO LEONARDO DA SILVEIRA DANTAS Padre e poltico. Nasceu em Sergipe, que presidiu em maro de 1896, como presidente da Assemblia, na ausncia do presidente eleito, coronel Valado. Deposto a 4 de setembro, foi reposto no dia seguinte pelo governo federal. Homem de baixa estatura, mas de vigorosa constituio, um tanto coxo, pleno de inteligncia e de erudio, foi excelente pregador em quase todas as cidades sergipanas, onde muito conhecido e estimado.

ANTONIO MILITO DE BRAGANA Clnico em Laranjeiras, onde nasceu a 31 de julho de 1860. Seguindo para a Bahia a fim de estudar humanidades, ali se formou em medicina em 1883. Embarcou ento para o Rio, onde durante quatro meses freqentou os hospitais e a policlnica, que se acabava de fundar. Clinicou um ano em Laranjeiras, seguindo depois para a cidade de Po de Acar (Alagoas), onde conseguiu numerosa clientela, dessa e das vizinhas Provncias. Por exigncias da famlia, voltou cidade natal em 1902, onde hoje tem uma vasta clnica, que abrange quase todo o Estado. mdico do hospital de caridade e delegado de higiene. Homem de regular estatura e robusta constituio, muito inteligente e culto, dedicado de corpo e alma sua especialidade, publicou em 1912 um interessante folheto, sobre a epidemia de Varola em Laranjeiras. Dele tiramos as seguintes e iniciais palavras, para dar uma idia do escritor:

Por entre cansaos e tristezas, quase, talvez, no trmino de meu tirocnio clnico, foraram-me as circunstncias a enfrentar de perto o quadro ttrico em que, com cores negras, se desenharam os horrores por que passou Laranjeiras, assolada por espao de oito longos meses pela no h muito extinta epidemia de varola, de amargas, pungentes e dolorosssimas recordaes.

Pesadssimo tributo pagou esta velha terra a to terrvel morbus, roubando-lhe este vidas preciosas, ceifando-lhe esperanas legtimas, aniquilando-lhe o comrcio de h muito freqentado, cerceando-lhe, finalmente, todas as manifestaes de sua vida social e material.

ANTONIO MUNIZ DE SOUZA Naturalista e filsofo. Bisav de Tobias Barreto. Nasceu em Sergipe mais ou menos em 1790, dedicando-se ao estudo das cincias naturais. Acrescentava sempre ao seu nome o ttulo de Homem da Natureza, pelo qual era vulgarmente conhecido. Em 1834 publicou o volume I da sua Viagem e Observaes de um Brasileiro. Faleceu em 1840 mais ou menos. Em 1845 um seu amigo lhe publicava as Mximas e Pensamentos. E em 1846 foi oferecido ao Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro mais uma das suas obras Descobertas Curiosas. A lhe vem acrescentado o sobrenome de Oliveira.

ANTONIO MUNIZ TELES Telogo, orador sacro e latinista profundo. Nasceu em Laranjeiras.

ANTONIO PEDRO DA SILVA MARQUES Magistrado. Nasceu em Sergipe, formando-se em direito no Recife. Foi juiz municipal em Socorro, e logo depois deputado provincial. Passando a residir em Pernambuco, a foi juiz de direito, chefe de polcia no governo Barbosa Lima, questor policial por muito tempo, desembargador do Supremo Tribunal de Justia, vice-governador do Estado e presidente do Senado. Eleito deputado federal por Sergipe, revelou-se um orador fluente e capaz. Homem de franzina constituio, sucumbiu inesperadamente, ainda moo. Seu relatrio, como questor policial em Pernambuco, mereceu dos competentes os mais lisonjeiros comentrios.

ANTONIO PEREIRA MARINHO Capito-mor em 1790, dois sculos depois da conquista por Cristvo de Barros.

ANTONIO PINHEIRO DE CARVALHO Administrador de Sergipe desde 1607. Coube-lhe a idia de mudar a cidade de S. Cristvo, do outeiro junto ao rio Poxim, onde havia sido construda, para uma elevao mais prpria, nas margens do Piramopama, afluente do Vaza-barris, onde se deu a invaso holandesa em 1637. A 19 de maio de 1611 foi substitudo por Joo Mendes.

ANTONIO PREGO DE CASTRO Foi o primeiro sergipano que teve a glria de dirigir os destinos de Sergipe. Homem riqussimo, descendente do clebre explorador e fazendeiro Belchior Dias, morreu pobre, por se haver envolvido em uma ao sobre a administrao do morgado da Capela do Desterro do Rio Real. Esprito inteligente, foi educado por um professor vindo de Portugal. Tinha foros de fidalgo. Era sargento-mor, sendo nomeado em junho de 1878 capito-mor da capitania, em substituio a Joo Munhos.

ANTONIO RIBEIRO PACHECO DVILA Magistrado. Nasceu na Estncia, mais ou menos em 1840, bacharelando-se em direito no Recife. Foi em tempo magistrado integrrimo, sendo hoje advogado no interior de Minas Gerais e homem de grande conceito e valia.

ANTONIO DE SIQUEIRA HORTA Industrial e chefe poltico. Homem de alta estatura e de robusta constituio, proprietrio do engenho Junco, municpio de Laranjeiras, onde gozava de real influncia. Era dotado de predicados morais bastante nobres, a que deveu ele a alta posio atingida no Estado: chegou a vice-presidente de Sergipe, tendo mesmo estado em exerccio, em poca quase revolucionria. Foi um dos signatrios do manifesto republicano de Laranjeiras e fez parte da 1 junta governativa, aclamada e empossada a 17 de novembro de 1889, sendo vice-governador em exerccio a 25 de dezembro de 1890.

ANTONIO TEIXEIRA FONTES Sergipano.

ANTONIO VIEIRA Capito-mor, nomeado por carta rgia de 19 de julho de 1713. esteve em exerccio at 1717.

APULCRO MOTA Jornalista de grande mrito em Aracaju. Nasceu em Sergipe a 7 de outubro de 1857. Entrando muito jovem para o funcionalismo pblico, foi sucessivamente subindo, graas sua atividade e inteligncia, at atingir posio de inspetor da alfndega. Foi secretrio geral do Estado de Sergipe, presidente da Assemblia, como tal chegando a entrar no exerccio de presidente do Estado a 14 de agosto de 1899, com a renncia do Dr. Martinho Garcez. Homem de alta estatura e de robusta compleio, inteligente e ativo, ardoroso e enrgico, tem para o jornal uma decidida vocao. Foi em tempo poltico influente e apaixonado, sempre, porm, visando a grandeza da terra natal. Hoje, retirado da poltica, dedica-se de corpo e alma ao Dirio da Manh, jornal de grande circulao e estima em Aracaju, e por ele fundado e redigido. E a, com uma coragem estica, se tem dedicado s mais srias e urgentes necessidades do Estado, como por exemplo o inadivel melhoramento do porto. Por isso mesmo goza de real influncia em Sergipe. Tambm foi o fundador da Gazeta de Sergipe e redator do Eco Liberal, de A Reforma e do Jornal de Sergipe. coronel da Guarda Nacional e scio do Instituto Histrico e Geogrfico Sergipano, ao qual prestado h servios relevantes. Entre os jornalistas em atividade em terras sergipanas sem questo figura de destaque. Um exemplo sugestivo e brilhante, do Dirio da Manh de 9 de abril de 1911:

O momento poltico

No ocioso insistir na condenao dos processos polticos que esto postos em jogo, entre governistas e oposicionistas, para a soluo do intrincado problema da sucesso presidencial.

Mais de uma vez temos tornado claro que, por uma deprimente inverso dos princpios elementares do regime a que obedecemos, os dirigentes dos nossos destinos no querem solicitar ao povo o mandato que os habilite a se apoderarem das posies que pretendem desfrutar.

Ao invs deste passo, que o nico meio legtimo, o caminho nico para a conquista do poder, preferem entregar ao arbtrio dos poderosos nomes da Repblica a deciso de um litgio da competncia privativa do elemento popular.

o que informa a imprensa interessada no pleito, o que dizem, lado a lado, os satlites e caudilhos das faces em dissdio: o problema da sucesso presidencial de Sergipe est entregue ao arbtrio do marechal presidente da Repblica.

No pode haver para os caracteres ainda no atingidos pela degenerao que lavra nas regies polticas, maior tristeza, vergonha maior.

Esta gerao que vai escalando pela vida afora, h de deixar aos filhos o legado da mais abjeta escravido.

O espetculo que oferecemos aos olhos da mocidade o de uma multido de cervizes dobradas, no culto da humilhao.

Aqui, o povo ludibriado e escravo, despojado dos seus direitos e sem nimo de reagir; mais acima, so os que tiranizam o povo, curvados por sua vez ante o poder supremo, beijando as plantas do pontfice mximo do pas e da famulagem de sua privana.

E em todo esse estendal que a viso interna da conscincia abrange, s h a escravido espontnea e satisfeita, pior do que a plebe romana, porque esta ainda tinha a coragem de exigir panem et circenses.

E parece no haver um reativo prtico e pronto para essa enfermidade moral. O carter se atrofiou; os rgos da reao esto ankilosados. Perdeu-se a noo da dignidade cvica.

Nesta deplorvel situao em que jazemos, s h um partido a tomar: definir o momento em toda a sua crueza, pondo em relevo todo o aviltamento que nos desonra, para deixar este quadro posteridade, com o encargo de remir os nossos vcios e fugir dos nossos exemplos.

Se nossa voz tivesse eco nas alturas do governo, imploraramos em nome da dignidade de Sergipe, que reagisse, mesmo sem esperana, contra o avassalamento dos direitos do povo.

ARAUJO FILHO, JOS M. MACHADO DE A. F. Poeta. Nasceu em Sergipe, onde estudou as primeiras letras, sob a direo de Baltazar Ges. A inteligncia desenvolveu-se-lhe tardiamente, mas segura e boa. O soneto seguinte, de uma espontaneidade que encanta, d-lhe uma idia da lira maviosa e sedutora:

Antes e depois

Transparecia nela tal candura,

Tanta inocncia, ingenuidade tanta,

Que s vezes, em lugar de criatura,

Supunham, com razo, ser uma santa.

Via-a crescer. Um riso de tristeza,

Que nessa idade sempre nos espanta,

Tornava essa criana uma pintura

Que quanto mais se v, mais nos encanta.

Algum tempo se havia j passado

Quando lhe assisti s bodas do noivado,

Deste dia feliz, de amor, de gozo...

E, em vez daquele riso de tristeza,

Nos lbios, com alguma travessura,

Brincava-lhe um sorrir malicioso.

ARQUIBALDO RIBEIRO Sacerdote. Nasceu na Estncia, mais ou menos em 1887, formando-se em cnones e ordenando-se em Roma ainda aos verdes anos. Publicou um belo livro, editado em Paris em 1912, As Maravilhas de Lourdes face da cincia e da Histria, e tambm uma brilhante traduo da Flor Extica, do escritor colombiano Rivas Groot. Dessa traduo, editada em Tours, tiraram-se seis mil exemplares. No conheo pessoalmente o erudito religioso sergipano, mas o fato de ser ele presentemente secretrio particular do Arcebispo Metropolitano de S. Paulo, uma prova evidente de grande valor intelectual e religioso. Do escritor e do homem moral se tem uma sugestiva prova com a seguinte e fulgente defesa, desse escritor genial que Gilberto Amado:

Gilberto Amado

Minha visita a Gilberto Amado, no curso de julho, fortemente acendrou a velha amizade que de h muito eu lhe consagrava. Crianas, meninos ainda, abraamo-nos certa vez na Estncia, neste delicioso e querido recanto do sul do Estado de Sergipe, que o nosso torro natal.

Ficamo-nos querendo bem.

Eu cursava preparatrios na Bahia, e ele revelava talento e colhia louros nos principais colgios de Aracaju. Separados, fui para muito longe, onde vi realizada a plenitude sagrada de meu ideal de moo, e Gilberto ficou no pas, trabalhando sempre cheio de coragem e sempre cheio de vitrias. Passados anos, encontrei-o numa alta posio de destaque, enchendo o Brasil com seu nome festejado, inspirando respeito e amor no esprito dos homens superiores e assanhando o despeito e a inveja no crculo das celebridades balofas e baratas. De fato, como porfiosas lhe foram as campanhas dos pequeninos!

Aos vinte e poucos anos de idade, gozando de uma juventude fecunda e gloriosa, Gilberto Amado, professor de nomeada e deputado federal, filsofo erudito e escritor notvel, havia de despertar, por fora, as malquerenas e as iras dos invejosos sem mrito!

De um temperamento combativo, triunfantemente tem subjugado os obstculos de sua carreira!

E nessas lutas no raro lhe ferveu o sangue revoltado, diante das iniqidades humanas. Esqueceu, de quando em quando, como todo moo esquece, os ditames calmos da razo, para ceder a violncia do sentimento, funda e justamente abalado.

Foi sempre um orgulhoso, dizem, de sua personalidade genial. Se certo, no louvo o defeito. A humildade a suprema beleza do homem privilegiado.

A conscincia do valor sem embargo, acostumada a rebater os ataques impetuosos dos nulos, no geral d a quem a possui, e Gilberto Amado a possua com grandes e fulgidas vantagens, essa inflexibilidade poderosa, que foi a nota caracterstica do esprito culto de Tobias Barreto. Gilberto, formado na escola dos fortes, era de uma fortaleza decisiva!

Todo o mundo recorda aquela noite triste em que uma afronta de Anbal Tefilo causou duas desgraas irreparveis: Anbal aviltara a dignidade de Gilberto. E Gilberto, o literato ardente e de valor, no teve a tranqilidade da alma, alis, muito cruel e muito difcil no memento, para postergar a injria de Anbal Tefilo, o literato indelicado e leviano.

Sentiu-se amesquinhado, diante da prpria esposa estremecida e amada, diante dos amigos que se agrupavam nos sales claros de uma festa pblica.

E querendo defender a honra, de verdade ultrajada, feriu de morte o agressor atrevido.

Duas infelicidades se fundiram: Anbal na escurido sombria de um tumulto, e Gilberto na recluso silenciosa de um crcere.

E se o mavioso poeta rio-grandense criador de piedade, o eminente escritor sergipano no merece as torpes apreciaes, esvurmadas pela imprensa sem justia e pela coligao dos homens letrados.

Os adversrios, sobretudo os de ocasio, apareceram, na tentativa devoradora de eliminar um rival poderoso, com o insulto e o improprio.

Felizmente, o fragor dessa campanha formidvel no perturbou um s minuto o esprito sobranceiro do ilustre deputado! Ningum melhor do que ele, e a Chave de Salomo um luminoso atestado, conhece e sabe desdenhar as anormalidades do juzo trfego dos homens, arvorados em tribunais gratuitos, onde o cime e a maldade imperam.

Gilberto, um provinciano do Norte, fora uma revelao para a capital da Repblica. Atraiu a ateno dos sbios e dos eruditos. Os literatos da metrpole sentiram a realidade do mrito. proporo que a inteligncia do conterrneo ilustre resplandecia nas colunas de O Pas, mais densa se tornava a vaga espumante de seus inimigos os inimigos da superioridade.

E este o homem para quem o jornalismo do Rio, cedendo influncia de espritos enciumados, abriu uma campanha de dio e de desprezo.

Para tal imprensa, a catstrofe do saguo do Jornal do Comrcio era um crime sem atenuante. E para acentuar a culpa, a lembrana de Anbal Tefilo vestiu todos os brilhos de uma verdadeira apoteose: era um justo, um imaculado, um santo!

No entanto, personagens de responsabilidade me tm assegurado, e todo mundo sabe, que Anbal Tefilo, materialista e ateu, sem alma, sem f, separado da esposa e sem amor para com os prprios filhos, vazio dos sentimentos nobres de famlia e do homem de bem, era contumaz em despejar sobre Gilberto a blis de um dio travante e inferior. Por toda parte o insulto, em todos os encontros o deboche. Longe de dar uma nota da mais preliminar educao, o poeta no respeitou, no Jornal do Comrcio, nem o lugar, nem mesmo a senhora ilustre, esposa dedicada, que Gilberto trazia ao brao.

A afronta brotou inqua, e a defesa como uma fatalidade!

Carlos de Laet, essa inteligncia perfeitamente equilibrada, sbrio quando no rigoroso em seus juzos, certo dia me falou de Gilberto Amado com intenso carinho e apreo, mau grado divergncias sensveis em matria de filosofia e estudo.

Admirava os mritos incontestados do publicista sergipano, que, no meio da gerao moderna dos intelectuais brasileiros, quase todos literatos sem literatura, primava pelo talento e pelas verdadeiras conquistas da glria de escritor. H tempo, fora alvo de seu voto franco e leal para a entrada na Academia de Letras.

De Anbal Tefilo, depois de dizer-me quanto dele sofrera Gilberto, que desfeitas inmeras atirou ao abandono infmias mal contidas, concluiu com esta exclamao: era um bomio crapuloso!No mundo poltico, Gilberto foi sempre respeitado e querido. Poucos meses esteve na Cmara, e foi suficiente para aparecer e destacar-se na primeira linha de ao, onde figuram deputados da mais alta respeitabilidade nacional.

A justia e o corao mandam lamentemos o desastre.

Se Gilberto Amado, que breve ser submetido a julgamento, no tem os meus aplausos, para ele se convergem meus sentimentos de amigo, de amigos dos bons e dos maus tempos, que v na catstrofe que lhe amargurou a vida um triste infortnio, mas, em ocasies e circunstncias idnticas, repetido em muitos homens de bem e de dignidade. o destino!

A existncia um direito inviolvel; infelizmente h quem a exponha, deslembrado de que a Histria a cada pgina nos ensina que simples ameaas tm enublado espritos calmos de ordinrio, os quais, como dizia H. Bluchner, espezinhados pela injria, alucinados por uma vingana indomvel, defendem, fora de si, a honra e o nome com o punho e com a bala.

A vida do homem, escreveu Spencer, o hbito. E Gilberto Amado tem o hbito da bondade e da virtude.

Fazemos votos, portanto, para que o talentoso deputado estanciano volte, dentro de pouco, ao convvio de seus pares, ao campo da vida pblica, para trabalhar com esforo pela prosperidade de Sergipe e pela grandeza do Brasil.

01-02-1916.

ARISTIDES FERREIRA BANDEIRA Bacharel. Foi o 50 presidente da antiga Provncia. Tomou posse a 27 de julho de 1885.

ARTHUR DA SILVA REGO Magistrado. Nasceu em Aracaju, formando-se em direito no Recife. Seguindo a magistratura, foi promotor em Palmares e Nazar, advogado em Recife, juiz de direito em Taquaretinga e Caruaru, e finalmente, no Recife, scio do Instituto Histrico e Geogrfico de Sergipe. homem de talento, cheio de nobres qualidades morais, magistrado honesto e puro.

ARTHUR FORTES Poeta. Nasceu em Sergipe e ainda muito moo. Conversa admiravelmente bem. Tem gosto e jeito para as belas letras, havendo j publicado um livro de versos Evangelho de um Triste. Franzino na constituio, no entanto um forte nas qualidades intelectuais.

ARTHUR XAVIER MOREIRA Militar e engenheiro. Nasceu em Laranjeiras a 9 de outubro de 1871, alistando-se no exrcito em 1890. Foi promovido a 2 tenente de artilharia, em 1894; a 1 tenente de engenharia, em 1908; a capito, em 1909. Tem o curso de estado maior e de engenharia. Em 1893 bons servios prestou causa legal. Homem de regular estatura e forte constituio, cheio de inteligncia e de fora de vontade, foi um dos engenheiros construtores da vila militar Deodoro, no Rio de Janeiro, gozando na sua arma de grande simpatia.

ASCENDINO NGELO DOS REIS Mdico e educador. Nasceu em S. Cristvo, provavelmente em 1847, porque se formou em medicina na Bahia aos 27 anos de idade, em 1874. No dispondo de recursos materiais, buscou tirar do magistrio particular os meios de que necessitava para a desejada formatura. A Provncia ento lhe adiantou, por emprstimo, uma pequena quantia, prontamente paga logo depois, com os recursos adquiridos em sua clnica. No Ateneu de Aracaju foi lente de ingls e de histria. Tambm professou na Escola Normal, e foi mdico do exrcito. Em 1879 inaugurou e manteve durante quatro anos, em segura direo, o Parthenon Sergipense, internato e externato, onde se habilitaram centenas de moos distintos. Da saram Joo Ribeiro, Fausto Cardoso e Gumercindo Bessa, alm de muitos outros, a quem o Dr. Ascendino dispensou favores de toda a ordem. Passou depois a residir em S. Paulo. Era um excelente educador.

AUGUSTO CSAR DA SILVEIRA Oficial superior da marinha. Foi o 2 governador provisrio de Sergipe, depois da Repblica. Sua posse data de 17 de agosto de 1890.

AUGUSTO FRANCISCO RAMOS Bacharel em direito. Sendo 3 vice-presidente, tomou posse da presidncia a 20 de junho de 1863.

AVELINO DE MEDEIROS CHAVES Capitalista residente no Acre. Nasceu na cidade da Capela, mais ou menos em 1872, alistando-se no exrcito em 1890. Tendo baixa do servio dez anos mais tarde, depois de j ser oficial, fixou residncia no Amazonas e depois no Acre, onde hoje proprietrio, capitalista, sub-prefeito e coronel da Guarda Nacional. Homem de regular estatura e delicada constituio, de grande atividade e jeito para negcios de vulto, em pouco tempo conseguiu se impor populao do Acre, tendo ali real e slida influncia. Esprito observador e progressista, muito viajado, tem prestado quela regio servios de conta e valimento. Em 1893 timos servios prestou causa legal, tendo como recompensa a sua promoo ao posto de alferes.

B

BALTAZAR DE QUEIROZ Foi o primeiro capito-mor que teve Sergipe, depois que passou de novo ao domnio portugus. Foi provavelmente nomeado em 1648. E como a nomeao era feita por trinio, em 1651 foi substitudo pelo capito Joo Ribeiro Vila Franca.

BALTAZAR GES Clebre professor e educador, em Laranjeiras e no Aracaju. Nasceu em Itaporanga, em 1853. Fez seus primeiros estudos no Ateneu Sergipense, repelindo em 1873 uma subveno provincial, a fim de ser admitido no seminrio da Bahia. Em 1877, com a morte do pai, tomou a si os encargos da famlia, sendo por concurso funcionrio pblico. Foi da demitido, por haver perguntado algumas vezes, a um chefe ignorante, se devia copiar as minutas com os erros de gramtica que citava. Homem de regular estatura e constituio, pleno de inteligncia e de cultura lingstica, como tambm de notveis predicados morais, foi professor pblico de francs e aritmtica, diretor de colgio em Laranjeiras, e depois professor de lnguas no Aracaju. Tinha uma queda especial para o magistrio, a que se dedicou com vantagem toda a sua vida. Nunca foi excedido na severidade e na justia do julgar. Verdadeiro Cato, de uma feita reprovou em exame a prpria filha do governador do Estado. Moralmente, era um tipo superior, agigantado mesmo. Publicou a Histria da Repblica em Sergipe, Apostilas de Pedagogia, Zuca e a Biografia de Horacio Hora, tendo inditos diversos e interessantes trabalhos didticos, inclusive uma excelente Gramtica da Lngua Portuguesa. Era considerado como um dos mais competentes educadores que tem tido Sergipe nestes ltimos tempos. Faleceu em Aracaju em 1913. Da maneira de escrever do educador insigne damos aqui um bom exemplo, com as seguintes palavras, da Biografia de Horacio Hora:

Se algum parente ou amigo do infeliz pintor sergipano quiser um dia visitar a sua sepultura, poder sem dificuldade encontr-la no cemitrio de Leste Pre Lachaise, com as seguintes indicaes:

Nmero de concesso; 61.811; 4 diviso; 1 seco; 4 linha.

Sobre o esquife, de carvalho, est fixada uma placa de chumbo, com a inscrio de seu nome, prenome e indicaes necessrias para reconhec-lo.

Descansa na paz do tmulo da famlia de seus mais fiis amigos, dessa nobre e generosa Frana, onde aperfeioou o seu talento artstico.

Sua famlia pobre; no lhe pode erigir um monumento; e, quando pudesse ter essa vaidade, no devia realiz-la, roubando o direito ptria, a quem pertencem, de preferncia, os homens que se elevam, por seus talentos e virtudes, acima do nvel comum.

Baltazar Ges foi tambm um ardente propagandista republicano, fazendo parte do governo de Sergipe, ao ser a proclamada a Repblica.

BALTAZAR VIEIRA DE MELO Mdico. Nasceu em Divina Pastora, formando-se em medicina no Rio de Janeiro, onde clinicou ao lado de Moncorvo e Silva Arajo. Redigiu a Gazeta Mdica do Rio. Era homem de superior inteligncia, sobremodo cultivada em assuntos mdicos.

BELQUIOR DIAS MOREJA Ousado explorador de usinas brasileiras no sculo XVII. o rei da ao em terras sergipanas. Nasceu em 1542 na Bahia, tomou parte na conquista de Sergipe em 1590, acompanhando a coluna de Cristvo de Barros. Fixando depois residncia na terra conquistada, edificou a capela onde hoje se acha a vila de Campos, nas margens do rio Real. Homem inteligente, audacioso e de grande atividade, iniciou a profisso pastoril em Sergipe, tornando-se em pouco o maior fazendeiro do tempo. Desejou muito ser Baro. Tinha foros de fidalgo, e foi o tronco da grande famlia sergipana dos Caramurus. Seus descendentes muito se ramificaram, constituindo diversos e importantes apelidos: Pregos, Dias, vilas e Fonseca Saraiva. Instituiu um morgado que ocasionou srias contendas, trazidas at aos dias do Imprio. Morreu em sua fazenda de Jabeber s margens do rio Real, em 1622, na avanada idade de 80 anos, deixando um filho, Rubelio Dias, havido com a ndia Lourenza, da aldeia do Ger. Foi um grande pesquisador de minas, centro do grande movimento da minerao do Tempo. E como com a busca de ricos minerais vinha fatalmente a colonizao, pode-se dizer, sem receio de contestao sria, haver sido ele o maior e mais sensato colonizador das terras fertilssimas, por Cristvo de Barros conquistadas bravamente aos gentios do sculo XVII. Foi vrias vezes a Portugal em servio de minas; e sua fazenda afluram os exploradores de ento, onde a honra teve ainda de receber o governador da Bahia e tambm o de Pernambuco.

BEMVINDO PINTO LOBO (Dr.) Homem de grande inteligncia, sergipano de nascimento.

BENILDE ROMERO Magistrado integrrimo. Nasceu em Sergipe em 1858 e era irmo de Silvio Romero. Formando-se em direito no Recife, abraou a magistratura, para a qual tinha especial vocao. Chegou elevada posio de desembargador da relao de Aracaju, onde faleceu h poucos anos. Homem de grande talento e de superior cultura, dotado de excelentes qualidades morais, tinha em seu tempo grande influncia, assim na magistratura como nas letras.

BENTO DE MELO PEREIRA, Baro de Cotinguiba Agricultor, natural de Sergipe, coronel da guarda nacional. Tomou posse da presidncia de Sergipe a 9 de maro de 1836 e, pela segunda vez, em 8 de setembro do mesmo ano.

BENTO JOS DE OLIVEIRA Capito-mor em 1776. Passou a administrao em 1782 ao coronel Jos Caetano da Silva Loureiro.

BERNARDINO ANTONIO DO AMARAL Militar honesto e bravo. Nasceu em Sergipe a 9 de outubro de 1867, alistando-se no exrcito em 1885. Foi 2 tenente de artilharia, em 1890; 1 tenente, em 1893; capito por bravura, em 1898; major por merecimento, em 1910. Bacharel em matemticas, cincias fsicas e naturais, formado em odontologia e engenheiro militar. Em 1893 serviu com bravura causa legal, e em 1897, em Canudos, confirmou brilhantemente essa notvel qualidade moral. de mdia estatura, de robusta constituio, de lcida inteligncia e de uma firmeza inquebrantvel. Poeta lrico, tem composto e publicado boas composies poticas. Tambm tem grande amor msica e um hbil cirurgio-dentista. Serve atualmente na guarnio do Rio, onde sobremodo estimado pelas suas grandes qualidades morais.

BERNARDINO JOS DE SOUZA Jornalista e professor. Nasceu em Vila Cristina (Engenho Murta), a 8 de fevereiro de 1875, formando-se em direito na Bahia em 1904, depois de um curso brilhantssimo, com 14 distines. Tinha ento 19 anos de idade apenas. Foi o orador da turma, produzindo uma orao, publicada depois em folheto, que foi uma verdadeira revelao oratria. Abraando o magistrio, foi em 1905 professor de geografia no ginsio Carneiro Ribeiro, onde estudara humanidades, e tambm no instituto de cincias e letras. Em 1906 foi nomeado por concurso professor de direito pblico, internacional e diplomacia, sendo hoje lente extraordinrio da 1 seo. Homem de baixa estatura mas forte, inteligentssimo e de notvel cultura cientfica e literria, tem prestado s letras e ptria, apesar de sua pouca idade, os mais assinalados servios. Deputado provincial em 1906, reeleito depois, mostrou-se cmara baiana um orador diserto e fluente, assim como um lutador valente e tenaz. Delegado do Instituto Histrico Baiano ao 1 congresso de geografia em 1909, leu duas excelentes memrias, hoje em folheto, ambas aceitas e elogiadas: Nomenclatura Geogrfica Peculiar ao Brasil e Remodelao do Ensino de Geografia. Ao 3 congresso remeteu um estudo sobre Limites do Brasil. Em 1911 dirigiu a cadeira de geografia do Educandrio dos Perdes. Em 1912, comissionado pelo Instituto Histrico, produziu um excelente discurso sobre o Baro do Rio Branco, publicado depois em folheto, e remeteu para o congresso de geografia de 1913 uma interessante memria Esboo Corogrfico de Pernambuco. Colaborou no Dirio da Bahia e assiduamente no Jornal de Notcias, em cujas colunas mantm duas seces: Leituras Geogrficas e Pelo Mundo. Alm dos folhetos j referidos, publicou a Corografia do Piau e Por Mares e Terras, tendo em preparo a Geografia Geral e a Corografia do Brasil. Esse lidador infatigvel e competente scio do Instituto Histrico Baiano e do de Sergipe, do do Cear, da sociedade de geografia do Rio e ainda da The National Geographic Society de Washington. As seguintes palavras, comeo de seu discurso em homenagem a Rio Branco, do uma idia do orador e escritor:

Senhores!

Contam-se hoje 18 anos de fecunda existncia para esta tenda de luz e trabalho.

Os sentimentos jubilosos, que nesta fausta data nos senhorearam sempre os recessos da alma, recatavam-se num discreto silencio, quando se memorava a vida dos companheiros tomados em meio do spero caminhar.

A nossa comemorao resumia-se em ofcios de piedade e votivas oblaes do nosso reconhecimento e de nossa saudade: magnfica lio de virtudes cvicas aos que ficavam a lustrar a trilhada ngreme e embalsada de tropeos, retemperando-lhes o nimo nos lances adversos da fortuna.

So da mesma essncia as homenagens de hoje.

Pertencem a Rio Branco, um smbolo.

E por isso o Instituto Histrico e Geogrfico da Bahia inclina-se reverentemente ante a imagem do vulto homrico do excelso brasileiro. Depe junto s aras da ptria os tributos de sua inexcedida admirao pelo mais amado de seus filhos ilustres, numa justssima apoteose de amor.

BITENCOURT SAMPAIO, Francisco Leite de B. S. Poeta lrico de grande merecimento. Nasceu em Laranjeiras em 1836, formando-se em direito em S. Paulo em 1859. Em 1863 foi eleito deputado geral, sendo reeleito na legislatura seguinte. Presidiu a Provncia do Esprito Santo em 1867. Foi advogado no Rio de Janeiro, e diretor da Biblioteca Nacional, que reformou com vantagem, logo depois da proclamao da Repblica. Homem de talento superior e de notvel cultura literria, dedicou-se com ardor assim poesia como ao espiritismo. Publicou os seguintes livros: Flores silvestres, A no da liberdade, Cartas dalm tmulo, A divina epopia, Evangelho de S. Joo, O poema da escravido, etc. Foi um dos mais distintos colaboradores das Lamartianas, poesias de Lamartine em tempo traduzidas por poetas brasileiros. Faleceu no Rio de Janeiro de 1896. Era de alta estatura, louro, plido, olhos grandes e azuis, longos cabelos, uma verdadeira figura de poeta. A seguinte poesia, de sua lavra, um brilhante atestado do seu valor literrio:

A Cigana

L corre a morena, levando faceira

Na cinta punhal,

Veloz como a ema saltando ligeira

Por montes e val!

Gentil, engraada,

Disseres levada

Por arte de amor!

Agora fugindo,

Sorrindo

Inocente

L vai de repente

Pulando...

Brincando...

Falando...

No prado coa flor.

A linda trigueira cansada sentou-se

No verde tapiz;

Mas logo um momento de p levantou-se

Contente e feliz.

Travessa menina,

Vem ler minha sina,

No fujas, vem c!

Chegou-se a cigana,

Que engana

Inocente

Com ditos a gente,

Saltando...

Cantando...

No seu patu.

L corre a morena, levando faceira

Na cinta punhal,

Que vida de louca! Que amores! Que ditos!

Que voz que ela tem;

Seus olhos so grandes, so pretos bonitos

Reluzem to bem!...

Que nome engraado!

Seu p delicado

Mal toca no cho!

Arfava-lhe o seio

De enleio

Inocente!

Olhou-se de frente,

Parando...

Corando...

Cismando...

Travou-me da mo.

Medita enleiada, talvez vergonhosa

Das graas que fez.

Agora tremendo parece uma rosa

Caindo de vez!

Que sentes, morena?

Acaso tens pena

Que eu morra por ti?

Que sorte, querida!

Que vida,

Inocente!

Viver docemente

Te amando...

Brincando...

Beijando...

Teus lbios aqui!

Olhou-me raivosa, seus lbios tremendo

De vivo coral

So mudos, no falam. Nos ares movendo

Mostrou-me o punhal.

Que gnio to forte!

Me ds cruel morte

Por beijos, flor?!

Crueza de ingrata!

Pois mata,

Inocente!

Queu saiba somente,

Te amando...

Brincando...

Folgando...

Que a morte de amor!

A linda cigana tirando do seio

De clicia um boto,

Falou s folhinhas com susto e receio,

Contando-as na mo.

Agora sem medo

Mansinha de dedo

Tirou-me um anel.

Ento j fugindo,

Sorrindo,

Inocente,

Me diz de repente,

Pulando...

Voando...

Cantando...

Serei-te fiel!

E foi-se a cigana, levando faceira

Na cinta punhal,

Veloz como a ema saltando ligeira

Por serras e val.

BRAZ DA ROCHA CARDOSO Capito-mor, nomeado por carta rgia de 29 de maro de 1681. Em dezembro de 1682 prestou juramento na Bahia, nesse mesmo ms se apresentando cmara de S. Cristvo, e tomando posse. Exerceu o cargo at maro de 1687.

BRAZ DINIZ Profundo em latinidades. Modesto, porm, em demasia, nada deixou de si s geraes futuras, seno a fama de modesto e profundo sabedor em S. Cristvo, quando essa cidade era a mais adiantada de Sergipe. Faleceu em avanada idade, nos fins do sculo que se foi.

BRAZ SOARES DE PASSOS Capito-mor em janeiro de 1690, um sculo depois da fundao de S. Cristvo por Cristvo de Barros. Tomou posse em junho daquele mesmo ano, estando em exerccio at outubro de 1692.

BRICIO CARDOSO Professor e jornalista, considerado grande vocabulista em Aracaju. Nasceu na Estncia a 9 de julho de 1844. Como estudante, foi professor adjunto da cadeira de geometria, na qual havia sido aprovado com distino, com o voto de Pedro II, ento de passagem quela cidade. Seguindo para a Bahia, a completou o curso secundrio, sendo logo depois professor de latim e catecismo no Ateneu baiano. Homem de regular estatura e constituio, embora um tanto desproporcionado, cheio de inteligncia e erudio, com grande amor ao magistrio e s belas letras, ao jornal sobretudo, foi professor em Sergipe de quase todo o curso secundrio, no Ateneu, na Escola Normal e em vrios colgios, e colaborou com erudio e sucesso em muitos jornais e revistas, da Bahia e de Sergipe. A 1 de agosto de 1912, depois de 42 anos de pblicos servios, foi jubilado. Vtima, porm, da nostalgia do ensino, aceitou logo depois a diretoria do colgio Tobias Barreto e ainda a regncia da cadeira de portugus. um benemrito se