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BRASÍLIA-DF, SEXTA-FEIRA, 28 DE AGOSTO DE 2009 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 10 | Número 2316 Parlamentares e militares das Forças Armadas participaram ontem de sessão solene do Congresso em homenagem ao Dia do Soldado, comemorado em 25 de agosto. O deputado Gustavo Fruet, que representou a Câmara na homenagem, destacou a necessidade de reequipar as Forças Armadas diante dos desafios em áreas como defesa das fronteiras, pré-sal e incorporação e inovação tecnológica. Agricultura pode ser a grande vítima das mudanças climáticas, alerta pesquisador PÁGINA 3 LUIZ XAVIER PÁGINA 8 UFSM Dia do Soldado A plantação de soja deverá ser a mais prejudicada com as mudanças no clima, afirmou pesquisador da Embrapa durante audiência na Comissão de Agricultura Câmara aprova projeto que regulamenta o direito à liberdade de religião e cultos Página 2

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BRASÍLIA-DF, SEXTA-FEIRA, 28 DE AGOSTO DE 2009 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 10 | Número 2316

Parlamentares e militares das Forças Armadas participaram ontem de sessão solene do Congresso em homenagem ao Dia do Soldado, comemorado em 25 de agosto. O deputado Gustavo Fruet, que representou a Câmara na homenagem, destacou a necessidade de reequipar as Forças Armadas diante dos desafios em áreas como defesa das fronteiras, pré-sal e incorporação e inovação tecnológica.

Agricultura pode ser a grande vítima das

mudanças climáticas, alerta pesquisador

PÁGINA 3

Luiz Xavier

PÁGINA 8

uFSM

Dia do Soldado

A plantação de soja deverá ser a mais prejudicada com as mudanças no clima, afirmou pesquisador da Embrapa durante audiência na Comissão de Agricultura

Câmara aprova projeto que regulamentao direito à liberdade de religião e cultos

Página 2

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Consumidor

agendasEXTA-FEirA

28 de Agosto de 2009

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

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sEssÃo soLEnEBrasília, 28 de agosto de 2009

diretor: Sérgio Chacon (61) 3216-1500 [email protected]

Câmara dos deputados - Anexo i - sala 1508 - 70160-900 Brasília [email protected] | Fone: (61) 3216-1660 | Distribuição - 3216-1826

1º Vice-PresidenteMarco Maia (PT-RS)2º Vice-PresidenteAntonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA)1º secretárioRafael Guerra (PSDB-MG)2º secretárioInocêncio Oliveira (PR-PE)3º secretárioOdair Cunha (PT-MG)4º secretárioNelson Marquezelli (PTB-SP)

suplentesMarcelo Ortiz (PV-SP), Giovanni Queiroz (PDT-PA), Leandro Sampaio (PPS-RJ) e Manoel Junior (PSB-PB)ouvidor ParlamentarMario Heringer (PDT-MG)Procurador ParlamentarSérgio Barradas Carneiro (PT-BA)diretor-GeralSérgio Sampaio de Almeidasecretário-Geral da mesaMozart Vianna de Paiva

Presidente: Michel Temer (PMDB-SP)

diretorPedro Noleto

Editora-chefeRosalva Nunes

diagramadoresGuilherme Rangel BarrosJosé Antonio FilhoRoselene Figueiredo

ilustradorRenato PaletEditor de fotografia Reinaldo Ferrigno

EditorasMaria Clarice DiasRenata Tôrres

SECOM - Secretaria de Comunicação Social

Jornal da Câmara

Impresso na Câmara dos Deputados (DEAPA / CGRAF) em papel reciclado

Mesa Diretora da Câmara dos Deputados - 53a Legislatura SECOM - Secretaria de Comunicação Social

Congresso destaca importância das Forças Armadas no desenvolvimento do País

Em sessão solene do Congresso re-alizada ontem para comemorar o Dia do Soldado, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) afirmou que, com a ho-menagem, o Legislativo demonstra sua capacidade de reconhecimento a uma das instituições que tem uma das me-lhores referências junto à sociedade.

Fruet ressaltou a necessidade de se pensar cada vez mais, em termos profissionais, no reco-nhecimento das Forças Arma-das diante dos desafios do Bra-sil em áreas como a fronteira, o pré-sal e na incorporação e inovação tecnológica, em razão dos investimentos programados para o reequipamento das For-ças Armadas.

“Com muita alegria, a Câ-mara dos Deputados se faz tam-bém presente nesta sessão para reafirmar o compromisso desta instituição que tem a capacida-de de enfrentar crises, que tem a capacidade de apontar soluções em momentos difíceis do País, mas que também tem a capaci-dade de reconhecer e respeitar uma instituição tão importante para o País”, afirmou Fruet, que

dêmicas nas grandes cidades. O senador fez ainda uma homena-

gem aos soldados heróis, anônimos ou não, como os pracinhas que lutaram ao lado dos aliados na II Guerra Mun-dial. O Senado, afirmou Sarney, irá sempre apoiar as ações do Exército, atentando para a necessidade de atu-

alização dos equipamentos e de capacitação dessa força.

Duque de Caxias - O Dia do Soldado é celebrado em 25 de agosto, data do nascimento de Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias, patrono do Exército brasileiro. Duque de Caxias participou das campanhas do Brasil independente, como a Cisplatina (1825-1828), contra as províncias do Rio da Prata, e contra Manuel Oribe, no Uruguai (1851), e Juan Manuel Rosas, na Argentina (1851-1852).

Também discursaram duran-te a sessão, além de diversos se-nadores, os deputados José Ge-noíno (PT-SP), Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), Jair Bolsonaro (PP-RJ), João Campos (PSDB-GO), Wilson Picler (PDT-PR) e Paes Landim (PTB-PI).

Trabalho autoriza criação de Procons em aeroportos

O Projeto de Lei 1508/07, do de-putado Felipe Bornier (PHS-RJ), aprovado pela Comisso de Trabalho, de Administração e Serviço Públi-co, torna obrigatória a instalação de uma unidade do Serviço de Proteção e Defesa ao Consumidor (Procon) em cada aeroporto brasileiro. Em caráter conclusivo, o projeto ainda será analisado pelas comissões de Defesa do Consumidor; e de Cons-tituição e Justiça e de Cidadania.

Na opinião do relator, deputado João Campos (PSDB-GO), a propos-ta se justifica porque, “para a eficácia das medidas de proteção ao consu-midor, as ações devem ser levadas a efeito no momento em que ocorre a ofensa a seus direitos”.

O parlamentar argumenta ainda que, diante da relevância da medida, os custos envolvidos para a criação de novos postos de atendimento é viável, em especial porque esses locais já pos-

suem espaços reservados para os órgãos públicos.

Para evitar conflitos com as le-gislações estaduais, o projeto deter-mina que a instalação das unidades do Procon (um órgão estadual) seja feita por meio de convênios de coo-peração com o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor [SNDC, do qual o Procon faz parte], conforme prevê o Código de Defesa do Con-sumidor (Lei 8.078/90).

Sessão soleneHomenagem aos 20 anos

de Fundação da Confederação nacional dos Trabalhadores do serviço Público Federal (Condsef). Plenário ulysses Guimarães, às 15h

representou a Câmara na homenagem, proposta pela deputada Rebecca Gar-cia (PP-AM) e pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG).

Tradição pacífica - O presidente do Senado, José Sarney, sustentou ser por causa da dedicação e do espírito de doação dos soldados brasileiros, demons-

trados ao longo de vários anos, que o País consegue manter sua tradição pacífica.

Sarney citou as tarefas desenvolvi-das pelo Exército no interior do Brasil, como as obras de transposição do rio São Francisco, as campanhas preventivas de saúde, em especial na Amazônia, e as campanhas de controle de doenças en-

O Dia do Soldado, lembrado em sessão solene da qual participaram militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, é comemorado em 25 de agosto, data do nascimento do Duque de Caxias

Luiz Xavier

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VoTAÇÕEsBrasília, 28 de agosto de 2009

Câmara regulamenta o direito ao livre exercício de crenças religiosasEduardo Piovesan

O Plenário aprovou no fim da noite da quarta-feira o Projeto de Lei 5598/09, do deputado George Hilton (PP-MG), que regulamenta o direito constitucio-nal de livre exercício de crença e cultos religiosos. A matéria segue agora para o Senado. Formulado nos mesmos mol-des do Projeto de Decreto Legislativo 1736/09, aprovado na mesma sessão, o PL 5598/09 repete diversos artigos do acordo entre o Brasil e o Vaticano, adaptando-os a todas as religiões.

O texto aprovado é o do substitutivo

do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que fez mudanças no formato da redação original para retirar o tom de acordo internacional.

Ficam garantidas normas já reconhe-cidas pela jurisprudência brasileira sobre questões como a inexistência de vínculo empregatício entre religiosos e igrejas. Sa-cerdotes de todas as religiões poderão ter acesso, observadas as exigências legais, a fiéis internados em estabelecimentos de saúde ou detidos em presídios.

Religião nas ruas - Uma das inova-ções em relação ao acordo com o Vati-cano é a garantia de livre manifestação

Deputados aprovam 7 acordos e homenagem a Juscelino KubitschekMarcello Larcher

Sete projetos que ratificam acor-dos internacionais e uma proposta que denomina a rodovia Br 040, que liga Brasília (dF) a Belo Horizonte (mG) e ao rio de Janeiro (rJ), como “rodovia Presidente Juscelino Kubitschek”, foram aprovados ontem pela manhã em Plenário.

os acordos ainda serão analisados pelo senado, mas a denominação da rodovia, modificada pelo Projeto de Lei 6015/01, do deputado Jaime martins (Pr-mG), será enviado para sanção.

A Câmara havia aprovado a pro-posta em 2003, mas os senadores fizeram a ressalva de que o nome da rodovia deveria continuar sendo “rodovia Washington Luiz”, no trecho entre Petrópolis (rJ) e o rio de Janeiro. Essa ressalva foi aprovada ontem.

Tratados - Entre os acordos que foram aprovados estão o PdC 406/07, que permite ratificar acordo sobre Com-plementação Energética regional entre os países do mercosul, além de Colômbia, Chile, Equador e Venezuela. o acordo tem o objetivo de estimular a integração energética da região, e permite que as partes negociem a execução de obras e projetos conjuntos e aproveitem recursos compartilhados.

outra matéria analisada foi o PdC 985/08, que aprova emendas à Con-venção sobre a Facilitação do Tráfego marítimo internacional. Essas emendas têm o objetivo de simplificar e minimizar as exigências de documentos e procedimen-tos relacionados à chegada, permanência e saída de navios, pessoas e cargas.

Também poderá ser ratificado o PDC 1052/08, que aprova o acordo entre o Brasil e o Chile sobre cooperação na

área de defesa. o acordo dá ênfase à investigação e desenvolvimento; apoio logístico; aquisição e obtenção de equi-pamentos e serviços de defesa.

O PDC 1053/08, também confirmado pelos deputados, aprova a Convenção internacional para Controle e Gerencia-mento da Água de Lastro e sedimentos de navios. A proposta torna obrigatória a inspeção da água de lastro em na-vios, e as autoridades navais deverão dispor de meios para coleta e análise de amostras do contrapeso usado pelas embarcações. o projeto proíbe a descarga de água de lastro à noite e em baixas profundidades.

o acordo de cooperação em defesa com o Peru foi aprovado na forma do PdC 1383/09. o texto ressalta áreas como pesquisa, treinamento, apoio logístico, aquisições e troca de experiências.

o PdC 1384/09 aprova tratado de

cooperação militar com a França, especialmente nas áreas de pesqui-sa, desenvolvimento, apoio logístico, aquisição de armamentos e ações conjuntas de treinamento e instrução de tropas. o documento também prevê os procedimentos para responsabili-zação de pessoal militar de um país que cometer violações quando em atividade no território de outro.

Finalmente, foi confirmado o PDC 1386/09, que aprova acordo de coo-peração econômica e industrial com a república Tcheca. o texto prevê atuação em especial nas áreas de energia; desenvolvimento agroin-dustrial e florestal; indústria auto-mobilística, aeroespacial e de bens de capital; informática; tecnologias de proteção ambiental; sistemas de transporte; padrões técnicos, certifi-cação e metrologia.

religiosa em locais públicos, com ou sem acompanhamento musical, desde que não sejam contrariadas a “ordem e a tranquilidade pública”.

O texto prevê que nenhum edifício de uso religioso poderá ser demolido, ocupado ou penhorado, observada a função social da propriedade.

Capelães - Ao disciplinar a assis-tência religiosa no âmbito das Forças Armadas, o projeto garante que cada credo constituirá organização própria com a finalidade de dirigir, coordenar e supervisionar essa assistência aos seus fiéis. Para isso, deverá ser assegurada

igualdade de condições, honras e tra-tamento a todos os credos.

Quanto ao ensino religioso, em vez de proibir a discriminação de qualquer credo na aplicação dessa disciplina nas escolas públicas (como aconteceu no caso do acordo com o Vaticano), o projeto proíbe o proselitismo, que é a atividade de catequizar uma pessoa.

Código Penal - O projeto estabelece também que a violação à liberdade de crença e à proteção dos locais de culto e suas liturgias sujeita o infrator a sanções do Código Penal, além da responsabili-zação civil pelos danos provocados.

JBaTiSTa

O projeto que regulamenta o direito à liberdade religiosa foi formulado nos moldes de acordo firmado entre Brasil e Vaticano, aprovado na mesma sessão

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Pinga-Fogo

Brasília, 28 de agosto de 20094

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

PLEnÁrio

O deputado Marçal Filho (PMDB-MS) alertou os parlamentares para a necessidade de regulamentação

da Emenda Constitucional 29, que define os percentuais que União, estados e muni-cípios teriam de aplicar, obrigatoriamente, em Saúde. Em sua opinião, a Saúde deveria ter o mesmo status que a Educação, que

Conquista espacialMarcondes Gadelha

(PSB-PB) ressaltou os 300 anos das conquistas do homem no domínio aero-espacial e lembrou o dia 8 de agosto de 1709, quando Bartolomeu Lourenço de Gusmão apresentou à Cor-te Portuguesa o primeiro balão aerostático. Gusmão foi definido pelo deputado como “um gênio brasileiro.” Gadelha também destacou as conquistas de outros brasileiros pioneiros, como santos dumont, que de-senvolveu seu trabalho na Europa, mas nasceu em santos (sP). o deputado comunicou ainda que, neste ano, um selo comemorativo foi criado pelos 300 anos do feito de Gusmão e que o mu-seu Aeroespacial preparou programação comemorativa para lembrar a invenção.

Santa LuziaRibamar Alves (PSB-

MA) elogiou a decisão do Tribunal superior Eleitoral (TsE), que deu ganho de causa aos diplomados nas últimas eleições em santa Luzia do Tide (mA) - o pre-feito márcio rodrigues e o vice-prefeito, José reis. Ao mesmo tempo, o deputado criticou os que buscam se eleger de forma ilegal, “por meio do abuso do poder e de tentativas de usurpação do mandato dos candidatos que foram escolhidos pela vontade popular”. na ava-liação de ribamar Alves, o TsE deu uma lição ao manter os mandatos do pre-feito e do vice, em respeito ao direito livre e soberano do povo de escolher seus representantes.

MunicípiosJúlio César (DEM-PI)

comunicou ter participado de audiência com repre-sentantes da secretaria da receita Federal para fazer uma avaliação das despe-sas do Governo Lula e os recursos retidos na união. segundo o deputado, os recursos retidos já ultrapas-sam mais de r$ 1 bilhão e o nordeste foi a região com o maior percentual de corte, com mais de r$ 4 bilhões. na avaliação de Júlio César, o governo federal deveria criar novos critérios “para não prejudicar ainda mais os municípios do País”.

A assinatura, pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, do protocolo para a criação de uma rede de informações que acompanhará o uso dos recursos investidos na organização e execução das obras para a Copa de 2014 deverá dar transparência total à

Rede para analisar gastos da Copa dará

transparência ao evento, diz Silvio Torres

utilização do dinheiro público investido no evento, segundo avaliação do deputado Silvio Torres (PSDB-SP). A rede criada pelo protocolo - assinado na terça-feira (25) - reúne as comissões de Fiscalização da Câmara, presidida por Torres, e do Senado, o Tribunal de Contas da União (TCU) e os tribunais de contas dos estados e municípios onde ocorrerão os jogos.

O parlamentar explicou que será feito um acompanhamento sistemático dos gas-tos para evitar a repetição do que ocorreu na organização dos Jogos Panamericanos de 2007. Ele afirmou que as obras, cujo custo original era de R$ 400 milhões, che-garam a R$ 4 bilhões, sendo R$ 3 bilhões pagos pelo governo federal. “O mais grave: essas contas até hoje não foram aprovadas pelo TCU”, lembrou.

Torres destacou que a Comissão de Fiscalização também criou uma subcomis-são permanente para acompanhar todo o trabalho. Além disso, a comissão tem realizado audiências públicas com todos os envolvidos nos trabalhos para a Copa e mantido encontros com organizadores de outras Copas do Mundo.

Trem bala - O deputado afirmou que algumas das informações obtidas nessas audiências causam preocupação. Um exemplo, citou, é o caso do trem-bala que foi anunciado como prioritário para a Copa, ligando Campinas, São Paulo e Rio

de Janeiro. O projeto, orçado inicialmen-te em R$ 18 bilhões, já está cotado em R$ 35 bilhões, disse Silvio Torres. O mais grave, afirmou, é que o investimento só será viabilizado se o governo entrar com metade dos recursos. Por outro lado, o estado de São Paulo mostrou um traba-lho adiantado, com gastos já orçados até 2012, relatou.

Educação física - Silvio Torres tam-bém alertou os deputados para a impor-tância de o Brasil investir em uma po-lítica efetiva que estimule a prática de educação física desde a idade escolar. Em sua opinião, é preciso identificar preco-cemente os talentos, para que possam ser devidamente trabalhados e tornar o País uma “potência olímpica”. Os resultados pífios que o País tem exibido em eventos internacionais, disse, não ocorrem por falta de recursos, mas por falta de uma política de governo. O deputado lembrou que, desde 2001, a Lei Piva destina 2% das arrecadações das loterias federais para os comitês Olímpico e Paraolímpico. Ele ainda destacou que cinco estatais - Ban-co do Brasil, Caixa Econômica Federal, Petrobras, Correios e Infraero - investem em esportes. De acordo com o parlamen-tar, isso se soma à Lei de Incentivo ao Esporte, de 2006, que permite R$ 300 milhões de isenção, por ano, para quem investe no setor.

Verbas para a Saúde: Marçal Filho cobra

regulamentação da Emenda 29

já tem os percentuais mínimos de investi-mentos definidos.

Segundo Marçal Filho, os parlamenta-res que defendem mais verbas para o setor não estão falando de realidades que não conhecem, mas da vivência que têm no contato direto com seus eleitores, que so-frem no dia-a-dia a dificuldade em obter tratamento médico público.

SUS - O parlamentar também desta-cou a importância, para a população, do Sistema Único de Saúde (SUS). “Entre-tanto, para que essa conquista seja con-solidada e signifique saúde para todos, são necessárias implementa-ções e correções”, declarou. Para isso, afirmou, é preciso dinheiro. “Medicina é caro - desde equipamentos e unida-des de saúde e hospitais, até os salários dos profissionais, que têm de ser bem pagos, porque são eles que estão em contato e têm responsabili-dade com o cidadão”, disse.

Com a regulamentação da Emenda 29, explicou, a verba do SUS, que hoje é de R$ 0,10/dia por cidadão, passará a ser de R$ 0,83/dia - o que, em seu entender, significará uma “mudança profunda”.

De acordo com Marçal Filho, a emen-da cria também uma “mentalidade de res-ponsabilidade”, porque representantes do

governo federal, governadores e prefeitos podem ser processados por improbidade administrativa, caso não destinem ade-quadamente as verbas da Saúde. O texto também prevê um sistema de transpa-rência que permitirá o acompanhamento dos gastos.

Por outro lado, o deputado declarou que teria dificuldade em votar a favor de uma proposta que criasse um novo tribu-to para financiar a área, nos moldes da extinta CPMF. Ele lembrou que, no caso da CPMF, todos aprovaram a criação da contribuição porque seria dedicada in-

tegralmente à Saúde, mas isso foi desvirtuado e de-cepcionou a sociedade.

Anel viário - Marçal Filho destacou também a cerimônia de lançamen-to das obras da Perime-tral Norte em sua cidade, Dourados (MS). Ele afir-mou que o anel viário, que desviará o trânsito pesado de dentro da cidade, é um exemplo de como todas as esferas da administração podem e devem trabalhar

juntas, visando o benefício da população. O deputado ressaltou que a obra recebeu o apoio e a dedicação da bancada do esta-do na Câmara dos Deputados, que traba-lhou junto aos governos federal, estadual e municipal.

A Emenda 29 cria uma mentalidade de

responsabilidade, porque os

governantes podem ser processados

caso não destinem adequadamente as verbas da Saúde

GilBErtO NASCiMENtO

GilBErtO NASCiMENtO

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Pinga-Fogo

Brasília, 28 de agosto de 2009 5

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

CâmArAs muniCiPAis

A proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz os gastos com os legisla-tivos municipais foi aprovada na comissão especial que analisava o assunto. O texto também inclui o aumento do número de vereadores, que fazia parte da PEC 333/04, já aprovada pela Câmara no ano passado.

As mudanças faziam parte das PECs 336/09 e 379/09. Elas foram aprovadas na forma do substitutivo do relator, de-putado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que recomendou a aprovação dos textos sem alterações. “Considero necessário manter intacto o texto de ambas as pro-postas, mesmo porque se os alterarmos serão devolvidos ao Senado Federal”, explicou o parlamentar.

A PEC ainda precisa ser votada pelo Plenário em dois turnos.

Transferências - De acordo com o texto aprovado, o número de vereadores passa dos atuais 51.748 para até 59.791, e o percentual máximo das receitas tributá-rias e das transferências municipais para financiamento das câmaras de vereadores cai de 5% para 4,5% nas cidades com mais de 500 mil habitantes.

O aumento das vagas entrará em vi-gor assim que a PEC for promulgada, o que dará direito a cerca de 8 mil suplentes tomarem posse. Já a redução dos repasses passará a valer a partir do ano subsequente à promulgação da PEC.

Polêmica - Em 2008, a Câmara aprovou uma proposta que permitia o aumento do número de vereadores mas

reduzia os repasses para os legislativos municipais. O Senado fatiou em duas a PEC aprovada pelos deputados. A parte que permitia o aumento do número de vereadores tornou-se a PEC 336/09. E as regras que reduziam as despesas foram incluídas na PEC 379/09, mas com per-centuais de gastos mais altos.

O então presidente da Câmara, Ar-lindo Chinaglia (PT-SP), recusou-se a promulgar apenas a PEC 336/09, como queriam os senadores, sob a alegação de que eles romperam o equilíbrio do texto aprovado pelos deputados. A recusa levou o então presidente do Senado, Garibaldi

CitriculturaAlbano Franco (PSDB-

SE) voltou a chamar atenção para a crise da citricultura em sergipe e lembrou que a Comissão de Agricultura promoveu audiência para debater o problema nos estados produtores, como são Paulo, Bahia e sergi-pe, mas muitas medidas que deveriam ser urgentes ainda não foram tomadas. sergipe, disse, já produziu 25 toneladas de laranja por hectare e hoje não produz mais de 13 toneladas na mesma área. de acordo com Albano Franco, só a distribuição de mudas não é suficiente, pois é preciso uma política mais abrangen-te, com correção de preços, incentivos e crédito.

Reforma políticaMauro Benevides

(PMDB-CE) pediu ao se-nado que vote até setembro o projeto de reforma política aprovado pela Câmara em julho deste ano. o deputado lembrou que a proposta precisa atender ao princípio da anterioridade para que as mudanças entrem em vigor no pleito de 2010. na avaliação de Benevides, a reforma fortalecerá a repre-sentatividade e fomentará a comunicação entre os candidatos e os cidadãos por meio do uso da internet nas campanhas eleitorais. Para o deputado, a reforma política ajuda ainda a res-tringir a influência do poder econômico no processo de escolha dos representantes do povo e possíveis inter-ferências no exercício do mandato parlamentar.

Maioridade penalLaerte Bessa (PMDB-

DF) solicitou ao senado a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz a maiori-dade penal para 16 anos de idade, para que a legislação brasileira seja adaptada à realidade nacional. segun-do o deputado, 85% dos brasileiros são favoráveis à redução da maioridade penal para combater o crescimento dos crimes co-metidos por menores de 18 anos, que, de acordo com o parlamentar, não contam com penas socioeducativas capazes de reintegrá-los à sociedade. Bessa citou como exemplo o distrito Federal, “cujas famílias e pessoas de bem são vítimas de delinquentes menores de idade”.

PEC dos Vereadores é aprovada por comissão especial

Alves Filho (PMDB-RN), a entrar com um mandado de segurança no Supremo Tribu-nal Federal (STF) exigindo a promulgação parcial da PEC 333.

Em março deste ano, as novas mesas diretoras das duas Casas decidiram anali-sar a parte que trata da limitação de gastos em outra proposta. O Senado desistiu do mandado de segurança no STF.

Se as PECs aprovadas pela comissão especial também forem aprovadas pelo Plenário da Câmara sem modificações, o texto não precisará voltar ao Senado e seguirá para promulgação das Mesas Diretoras das duas Casas.

Paulo Roberto Miranda

O presidente da Associação Nacio-nal dos Procuradores do Trabalho, Fabio Cardoso, defendeu, na quarta-feira (26), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 270/08, que concede aposentadoria integral, com paridade, aos servidores públicos que se aposentam por invalidez permanente.

“A posição da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho é de apoio inte-gral à proposta. Ela corrige uma distorção que foi trazida pela Emenda Constitucional 41. A aposentadoria compulsória não é uma aposentadoria voluntária. É o contrário, o trabalhador é aposentado forçosamente e, em muitos casos, com proventos proporcio-nais ao tempo de serviço”, disse.

Cardoso foi ouvido em audiência pú-blica promovida pela comissão especial criada para analisar a PEC. Segundo ele, é justamente no momento em que o tra-balhador precisa de recursos para custear o seu tratamento médico que ele sofre um corte nos seus vencimentos.

Injustiça - O representante do Movimen-to dos Servidores Aposentados e Pensionistas (Mosap) na audiência, Edson Haubert, disse que a proposta repara uma injustiça feita con-tra os servidores que, independentemente da idade ou do tempo de serviço, vierem a ser acometidos de uma doença grave. “Como se, uma vez doente, ele não precisasse mais do dinheiro. É exatamente o contrário, porque aí que ele vai precisar de recursos e de um pouco de dignidade”, frisou.

Haubert concordou em separar a trami-tação da PEC que trata da aposentadoria por invalidez da proposta que acaba com a contribuição previdenciária dos servidores públicos aposentados.

Parecer - O relator da PEC, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), informou que tentará apresentar seu parecer o mais rapidamente possível, a fim de que a pro-posta possa ser votada logo e encaminhada ao Senado. Também segundo o presidente da comissão especial que examina a PEC, deputado Oswaldo Reis (PMDB-TO), o parecer do relator deve ser votado breve-mente pelo colegiado.

Para a autora da proposta, deputada Andréia Zito (PSDB-RJ), a aprovação da PEC é uma questão de justiça.

PrEVidênCiA soCiAL

Procuradores do Trabalho apoiam paridade a aposentados por invalidez

A PEC 333/04 foi aprovada pelo Plenário da Câmara em maio de 2008, na gestão do ex-presidente Arlindo Chinaglia

edSon SanToS

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Pinga-Fogo

Brasília, 28 de agosto de 20096

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PLEnÁrio

Atos de instruçãoPaes Landim (PTB-PI)

ressaltou a relevância da Lei 12019/09, sancionada neste mês pelo presidente Lula. A lei é originária de projeto de autoria do deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) que foi relatado por Landim. A pro-posta permite aos relatores das ações penais originárias de competência do supremo e do sTJ colocar juízes e de-sembargadores para realizar atos de instrução (produção de provas). o projeto, desta-cou, contempla delegação di-versa e abrangente, incluindo a possibilidade da prática de atos de instrução na própria sede do supremo e não afastando a possibilidade do caráter itinerante do trabalho. Em seu substitutivo, Landim deixou expressa a possibili-dade do trabalho itinerante do magistrado convocado. “A presente lei resultará em grande economia de tempo e recursos”, avaliou.

Grito da PescaFlávio Bezerra (PMDB-

CE) informou que no próximo domingo (30) será realizado o “Grito da Pesca”, na Praia de Caiçara, no rio Grande do norte. os pescadores potiguares vão se juntar aos dos estados do Ceará, Paraíba e Pernambuco para reivindicar melhorias para a pesca artesanal. na condição de presidente da Frente Parlamentar da Pesca e Aquicultura, Bezerra mani-festou apoio aos profissionais que lutam pelo desenvolvi-mento do setor pesqueiro. Ele cobrou ainda a definição da data para o início do período do defeso para garantir aos pescadores o recebimento do seguro-defeso.

Terra dos NauasPerpétua Almeida

(PCdoB-AC) elogiou a apro-vação, por unanimidade, do projeto que nomeia o Aeroporto internacional de Cruzeiro do sul de “Terra dos nauas”, povo indígena que representa a originalidade dos habitantes da região. Para ela, o nome resgata a história da cidade. Per-pétua informou ainda que o presidente Lula solicitou ao presidente boliviano, Evo morales, que retire os pra-zos para que os brasileiros deixem o território boliviano na fronteira com o Acre. na opinião dela, é preciso ins-talar um consulado sazonal na região fronteiriça para solucionar eventuais proble-mas enquanto a situação de conflito persistir.

Asdrubal Bentes voltaa criticar governo e a defender produtoresrurais da AmazôniaA Amazônia foi ocupada indiscrimi-

nadamente, na década de 70, por força de uma política errônea imposta pelos militares, mas os cidadãos que para lá foram estimulados pelo Estado não po-dem agora ser criminalizados pelo mesmo Estado, afirmou o deputado Asdrubal Bentes (PMDB-PA). “O Poder Público é impessoal, o Estado de hoje é o mesmo de ontem, não interessa se à época eram militares e hoje são civis, não interessa se era um governo de exceção e hoje é

democrático”, comparou. Bentes questionou qual é o direito do

Estado de investir contra o cidadão que acreditou numa política de desenvolvi-mento que pregava o desmatamento de 50% para receber o seu título. “E ago-ra, num fechar de olhos, o cidadão vira bandido.”

O Ibama, criticou o deputado, só che-ga na Amazônia para punir, sempre com proteção da Polícia Federal, da Força Na-cional. “Como se esses brasileiros que lá estão fossem bandidos. Não são! Apenas são trabalhadores que merecem respei-to. Qual será o meio melhor? Chegar lá punindo? Se produzimos o boi naquela região, o boi é pirata; a madeira não se pode comercializar porque é crime tra-balhar com a madeira”, condenou.

Segundo Bentes, o Ibama é um órgão malvisto em toda a Amazônia, “porque nunca foi capaz de promover uma polí-tica ambiental voltada para a proteção, orientação, preservação, mas apenas para a repressão, intimidação e perse-guição”.

Discriminação - Quando se trata de meio ambiente, prosseguiu Asdru-bal Bentes, a Amazônia é discrimina-da. Como exemplo, ele citou o Decreto 6.514, de julho de 2008, que concedeu o prazo, até dezembro de 2009, para que os embargos impostos em decorrência da ocupação irregular de terras de reserva legal não averbadas fossem suspensos até

11 de dezembro de 2009. A norma per-mite que o cidadão protocole o pedido de regularização da reserva legal.

Cinco meses depois, informou Ben-tes, um novo decreto (o 6.695, de 15 de dezembro de 2008) reproduziu o ante-rior, mas acrescentou um parágrafo in-formando que o prazo não se aplica ao bioma Amazônia. “Por que 2 pesos e 2 medidas? Será que a Amazônia não é Brasil? Por que se dá o direito de regu-larizar desmatamento irregular na reser-va legal, no Nordeste, no Centro-Oeste, no Sul e Sudeste e não se outorga esse mesmo direito ao amazônida?”, criticou, ao condenar a força da pressão externa sobre as decisões brasileiras. “Precisamos preservar a nossa soberania”, defendeu.

Produção do Pará - Ao destacar o potencial econômico da região amazô-nica, e mais especificamente do Pará, Bentes informou que a produção mine-ral do estado representa mais de 70% da sua receita. Do total da produção da Companhia Vale, exemplificou, o Pará participou, de janeiro a setembro de 2008, com 100% do caulim, 100% do potássio, 41% do cobre, 84% do alumínio, 100% da alumina, 100% da bauxita, 85% do manganês e 31% do minério de ferro. “O Pará tem tudo para alavancar a economia deste País, se as autoridades tiverem o bom senso de compatibilizar as ações do desenvol-vimento com as ambientais”, avaliou.

GilBErtO NASCiMENtO

O deputado Nilson Mourão (PT-AC) criticou a decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) de emitir, em março, um mando de prisão contra o presidente do Sudão, Omar Hassan al-Bashir, em processo em que o chefe de Estado é pro-cessado por crimes contra a humanidade que teriam ocorrido em Darfur.

Nilson Mourão: Tribunal Penal Internacional errou

ao mandar prender presidente do Sudão

Na avaliação do deputado, a decisão é inadequada, insustentável no plano jurídico, e foi tomada por quem não co-nhece a realidade e quer desqualificar um país africano. “Se o problema é ge-nocídio e crime de guerra, o TPI deveria ter condenado, em primeiro lugar, os Es-tados Unidos, mandado prender Bush”, comparou.

Darfur, uma região rica em petróleo no oeste do Sudão, passa por uma grave crise humanitária, decorrente de con-flitos entre diferentes grupos rebeldes e entre tais grupos e as milícias conhecidas como Janjaweed, que contam com o apoio do governo central.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2003, mais 300 mil pessoas foram mortas e mais 2 milhões forçadas a deixar suas casas por causa dos combates. Mourão, que este-ve no Sudão a convite das autoridades locais e pôde ver de perto a situação, afirmou que a repercussão mundial dos eventos, extremamente negativas para o governo sudanês, deve-se a “interesses econômicos ocultos”.

A região, informou, é rica em petróleo e era explorada por empresas norteameri-canas num processo desfavorável ao povo sudanês. “O governo do Sudão rompeu todos esses contratos e estabeleceu par-cerias com a China, com quem explora

o petróleo juntamente com empresas indianas e malaias. Os novos contratos dão retorno real e material ao povo su-danês”, informou.

Grande acordo - Para Mourão, po-rém, a crise que se abate sobre Darfur está para ser resolvida. Nos próximos dias, disse, todas as tribos e etnias re-beladas participarão de reunirão patro-cinada pelo governo do Catar, que vai procurar compor um grande acordo.

A composição dos conflitos, segun-do o parlamentar, vai implicar reparti-ção de riqueza entre as etnias e mais participação política para os povos excluídos. “Tudo indica que esses es-forços serão bem sucedidos, que aqueles setores dos governos norteamericano, de Israel, França e Inglaterra, que tra-balham para desestabilizar o Sudão a partir dessa disputa de fronteira, serão derrotados”, previu.

O deputado lembrou que o gover-no sudanês já implementou um acordo semelhante com várias etnias do sul do País, “com quem guerreava havia 20 anos”. Hoje, disse, eles participam do governo e recebem royalties do pe-tróleo. “Antes o sul do Sudão recebia 100 milhões de dólares (cerca de R$ 186,6 milhões) por ano. Agora, recebe 1 bilhão de dólares” (R$ 1,87 bilhão)”, comparou”.

GilBErtO NASCiMENtO

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Pinga-Fogo

Brasília, 28 de agosto de 2009 7

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

dEFEsA nACionAL

Código Ambiental Valdir Colatto (PMDB-

SC) ressaltou que a Câ-mara precisa debater, com urgência, a proposta de sua autoria que institui o Código Ambiental Brasilei-ro (PL 5367/09). Caso seja aprovado, substituirá o atual Código Florestal, em vigor desde 1965, e que, segundo o deputado, é responsável por prejuízos à produção agropecuária. de acordo com o parlamentar, cada estado deve elaborar seu código ambiental, levando em conta as peculiaridades locais, como fez santa Catarina. Valdir Colatto ainda pediu ao ministro do meio Ambiente, Carlos minc, que “pare de atacar o setor produtivo, que continua empenhado em gerar alimentos para a população”.

Pré-salPedro Eugênio (PT-PE)

defendeu o projeto que cria o Fundo soberano social e destina os recursos prove-nientes da exploração de petróleo e gás natural do pré-sal a três fundos seto-riais ligados à educação, saúde e à previdência social. o deputado estima que a exploração do pré-sal irá gerar entre r$ 30 bilhões e r$ 50 bilhões nos próximos anos, garantindo assim, o financiamento dos serviços de educação, a prestação de serviços da saúde e dos seguros dos aposentados especiais.

Salão do imóvelEdinho Bez (PMDB-SC)

registrou a realização do 16º salão do imóvel no início de agosto, em Florianópolis. o deputado destacou que o segmento é importante para alavancar a economia do País, e lembrou ainda que, no evento, foram debatidas propostas de implementação de políticas urbanas para a construção de cidades mais sustentáveis.

Dilma RousseffEduardo Valverde (PT-

RO) criticou o PsdB “por criar boatos que estão denegrindo a imagem da ministra da Casa Civil, dilma rousseff”. o deputado disse que a opo-sição “sempre foi contra” os projetos sociais do governo federal, como o Bolsa Fa-mília, que atende hoje, 44 milhões de brasileiros.

José Carlos Oliveira e Rejane Xavier

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu na quarta-feira (26), em debate na Câmara, o acordo entre o Brasil e a França para a construção de submarinos convencionais e de propulsão nuclear para a Marinha brasileira. Jobim disse que os navios não terão armas nucleares, mas apenas propulsão com essa tecnologia. O primeiro submarino do País com reator nuclear deverá ficar pronto em 2025.

Para o ministro, o ponto alto do acor-do com os franceses é a transferência de

Jobim defende estratégia para construção de submarino nuclear

tecnologia para o Brasil. “A primeira seção de proa do primeiro submarino nuclear vai ser construída junto com técnicos brasilei-ros, porque ainda não teremos condições de fazer isso no estaleiro do nosso país. O resto da seção do primeiro submarino será construído no Brasil, sendo que, no segundo submarino, todas as seções serão feitas aqui”, informou.

Crítica - O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que propôs a realização da audiência pela Comissão de Relações Ex-teriores e Defesa Nacional, questionou o acordo e afirmou que o Brasil terá prejuízo.

“O fato está consumado, mas há um equí-voco violento, pois deveríamos escolher algo melhor e a preço mais barato. Por que não se faz um certame, um levantamento internacional?” questionou.

De acordo com Jobim, o governo pes-quisou em vários países e concluiu que o acordo com a França seria a melhor opção, diante da possibilidade de transferência de tecnologia. Os gastos previstos são superio-res a 6,5 bilhões de euros.

A mensagem com o tratado França-Brasil referente aos submarinos já foi en-viada ao Congresso.

O primeiro submarino do Brasil com reator nuclear deverá ficar pronto em 2025

A Comissão de Viação e Trans-portes aprovou, na quarta-feira (27), o Projeto de Lei Complementar (PLP) 266/08, do deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), que impede a União de condicionar a transferência de recursos da Contri-buição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios. Atualmente, a retenção dos recursos da Cide ocorre quando os estados ou o Distrito Federal estão em débito com a União.

O projeto tramita em regime de prioridade e ainda será analisado pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidada-

rodoViAs

Retenção de recursos da Cide pelogoverno federal pode ser proibida

nia. Depois, seguirá para o Plenário.De acordo com o texto, a parcela da

Cide só poderá ser retida quando o pro-duto da arrecadação destinada à própria União tiver sido inteiramente aplicado nas finalidades estipuladas em lei (na recuperação, na manutenção e na cons-trução de rodovias).

Superávit - Na opinião do relator, deputado Roberto Britto (PP-BA), cujo parecer foi favorável, a medida é apropriada para o setor de transportes porque dificulta o contingenciamento de recursos destinados à recuperação da infraestrutura do setor. Atualmen-te, afirma, “como o Orçamento não é impositivo, a União tem a faculdade de reter o dinheiro da Cide inclusive para a

formação de superávit primário”.O texto original também estabe-

lece a responsabilidade da União por danos decorrentes do mau estado de conservação de rodovias federais nos exercícios em que os recursos da Cide não forem utilizados para sua finalida-de. Roberto Britto apresentou emenda para suprimir essa determinação.

Segundo ele, a medida é desne-cessária, porque já está prevista na Constituição. “O dispositivo consti-tucional permite que as vítimas de acidentes automobilísticos acionem o Poder Público para obter repara-ção pelos prejuízos sofridos, quando o evento decorrer do mau estado de conservação da rodovia”, esclarece.

divuLgação

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Brasília, 28 de agosto de 20098

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

mudAnÇAs CLimÁTiCAs

Noéli Nobre

Representantes de entidades liga-das à agropecuária rejeitaram ontem a ideia de que o setor seja um dos maio-res responsáveis pelo aquecimento glo-bal e apontaram caminhos para uma agricultura sustentável, que contribua para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Segundo os partici-pantes de seminário sobre o assunto na Comissão de Agricultura - sugerido pelo deputado Beto Faro (PT-PA) - , o Brasil tem condições de reverter o quadro, desde que haja envolvimento de governos, institutos de pesquisa e grandes e pequenos agricultores.

O pesquisador Eduardo Assad, da Embrapa, disse que, em vez de “vilã”, a agricultura pode se tornar a vítima do aquecimento global e ter grande pre-juízo se nada for feito para minimizar os efeitos das mudanças climáticas. “O aumento da temperatura é desastroso para a planta, pois afeta seu ciclo e re-duz a produtividade”, alertou.

Como consequência, o País pode perder 40% da produção de soja até 2070 caso o atual contexto não mude, afirmou Asaad. O prejuízo seria de R$ 7,6 bilhões.

Sistemas de produção - Uma es-tratégia seria atuar na absorção de car-bono já durante a agricultura, a partir do manejo de solo. Um manejo comum é o do plantio direto, no qual a palha e os restos vegetais de outras culturas são mantidos na superfície do solo, ga-rantindo cobertura e proteção contra processos danosos, como a erosão.

No caso da pecuária, a solução passa pela adoção de sistema agrosil-vopastoril, ou seja, de integração en-tre lavoura e pecuária. Os benefícios

o embaixador extraordinário para mudança do Clima do itamaraty, sérgio Barbosa Serra, afirmou que a posição do Brasil nas negociações internacio-nais sobre aquecimento global leva em conta os interesses nacionais, mas também tem como orientação básica o que é recomendado pela ciência. Ao participar de audiência pública da Co-missão de Agricultura, ele lembrou que o Brasil ainda não chegou a nenhuma porcentagem de redução das emissões de gases de efeito estufa e que isso será discutido entre vários ministérios. “o que se exige é que os países desen-

Governo vai discutir como reduzir emissão de gases, informa embaixador

volvidos adotem até 2020 metas entre 25% e 40% de redução e que países em desenvolvimento reduzam a curva de crescimento dessas emissões. Estamos preparados para chegar a Copenhague com números que representem a queda”, explicou o embaixador, referindo-se à 15ª Conferência do Clima das nações unidas, que ocorrerá em dezembro, na capital da dinamarca.

o deputado Luiz Carlos Setim (DEM-PR), que presidiu a audiência, dis-se que os resultados do encontro servirão para a Câmara elaborar uma proposta a ser apresentada em Copenhague.

Agropecuária não é a vilã do aquecimento global, afirmam produtores

O Brasil pode perder 40% da produção de soja até 2070, caso o atual contexto climático não mude, segundo pesquisador da Embrapa

Karla Alessandra

o presidente da organização não-governamental “Expedicioná-rios da saúde”, ricardo Ferreira, afirmou na terça-feira (25) que a melhor maneira de garantir atendi-mento médico na região amazônica é investir no modo itinerante, já que a densidade demográfica na região é baixa. Ferreira participou de audiência pública da Comissão de seguridade social e Família, que discutiu a necessidade de mais médicos no interior do País.

ONG quer atendimento médico itinerante na Amazôniao médico relatou sua experiência

de atendimento em regiões isoladas, atendendo principalmente populações indígenas. “não adianta você montar um hospital para 1 mil ou 1,5 mil pessoas. o segredo é montar um grupo médico, com profissionais mais experientes e com profissionais mais novos, que dê mobilida-de tanto à saúde básica quanto à saúde cirúrgica.” ricardo Ferreira disse ainda que é preciso garantir equipamento para que os médicos trabalhem na região. na última expedição da onG, realizada em abril deste ano, os médicos levaram para a Amazônia 8 toneladas de equipamentos

e realizaram 300 cirurgias, informou.Serviço civil obrigatório - outro

assunto discutido na audiência foi a possível criação de um serviço civil obrigatório para os médicos. A diretora de Gestão e da regulação do Trabalho do ministério da saúde, maria Helena machado, defendeu a adoção desse serviço como forma de garantir o acesso à saúde para todos os brasileiros.

Já o presidente da Associação médica Brasileira (AmB), José Luiz Amaral, afirmou que é contra a propos-ta. segundo ele, não adianta colocar médicos recém-formados no interior

porque a falta de experiência e de infraestrutura pode colocar em risco a saúde da população. dados da da AmB mostram que, atualmente, há 341 mil médicos no Brasil, número que seria suficiente para atender à população. no entanto, somente 38% estão no interior, a maioria nas regiões sul e sudeste.

o autor do requerimento para a realização da audiência, deputado Dr. Nechar (PV-SP), afirmou que o Congresso precisa dar continuidade ao debate sobre esse tema, inclusive com a análise de projetos de lei.

sAúdE

seriam a redução da abertura de novas áreas de pasto e uma menor emissão de gases de efeito estufa, em razão de uma retenção de carbono pela vege-tação. O problema para adoção desses mecanismos no País, na avaliação de Assad, é que não se costuma financiar sistemas de produção.

Vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agri-cultura (Contag), Alessandra Lunas reforçou a tese de que os sistemas de produção estão relegados a segundo plano no Brasil. Muitas vezes, para conseguir financiamento oficial, dis-se, o produtor tem de estar vincula-do à pecuária. “O processo ainda é trabalhado de forma convencional. Há uma dificuldade imensa para que o apoio aconteça na prática. Muitas políticas fazem o contrário do que a gente tenta discutir”, reclamou.

Política rural - O assessor da Con-federação Nacional da Agricultura e

duponT

Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Justus de Brito, afirmou que há falta de políticas estruturantes do governo para o setor. A atividade rural, disse, deve ser valorizada pelas contribuições feitas à preservação ambiental. “Parece

que o Brasil se envergonha do setor agropecuário quando vai negociar o assunto com outros países. A agricul-tura é considerada a vilã. O problema é que temos que diminuir a distância dos nossos vários Brasis”, avaliou.