4
Informativo Especial Setor das Ifes Brasília(DF) Maio de 2014 Setor das Ifes aprova indicavo de greve para junho Professoras e professores, vamos lutar juntos pelos nossos direitos! Um a mais é muito mais! A greve, que já marca a agenda de lutas no se- tor da Educação Federal, está na pauta de todas as Seções Sindicais. A úlma reunião do Setor das Instuições Federais de Ensino Superior (Ifes) aprovou o indicavo de greve em junho, e orienta às Seções Sindicais que rea- lizem rodadas de assembleias entre 2 e 6 de junho para discur a data para deflagração do movimento. O que levou a esta decisão? A deliberação pelo indicavo de greve foi tomada com base na ava- liação dos resultados das assem- bleias já realizadas na base e a parr da análise de vários dados de con- juntura. Entre os acontecimentos recentes que contribuíram para o entendimento de que é necessário intensificar as ações de mobilização está o cancelamento, por parte do MEC, da reunião entre o ANDES-SN e a Secretaria de Educação Superior (Sesu), sob a alegação de dificulda- de de agenda do secretário da pas- ta, Paulo Speller. O compromisso havia sido firmado há mais de um mês, e daria connuidade às dis- cussões em torno da reestruturação da carreira docente e de outros te- mas - processo iniciado no úlmo mês de março, depois de ser pro- telado durante todo o ano de 2013. Essas primeiras reuniões com o MEC só aconteceram devido à for- ça da mobilização da categoria e à pressão dos docentes pela abertura de negociações em torno da pauta de reivindicações. Apenas com a intensificação desse processo será possível retomar a agenda e conse- guir que os discursos apresentados na mesa e os protocolos de intenção firmados se revertam em conquistas efevas para os docentes federais. Vale lembrar ainda que o secre- tário Paulo Speller assinou recente- mente um documento formalizando o acordo do MEC em relação aos três primeiros pontos conceituais da reestruturação da carreira do- cente - steps constantes para evo- lução na carreira, com valorização da tulação e regime de trabalho com percentuais fixos e com lógica entre si, incidindo sobre o piso ge- rador da tabela, fixados no corpo da Lei -, que foram propostos pelo Sindicato Nacional. Speller sina- lizou, com isso, que o Ministério da Educação reconhece, de certa forma, a desestruturação da car- reira docente ao longo dos anos. Outro ponto que influenciou a decisão pelo indicavo de greve foi o informe de suspensões das avidades em diversos campi de universidades federais. Muitos la- boratórios, cursos, alas de hospi- tais, setores importantes das ins- tuições federais de ensino já estão fechados, independentemente da greve, por total falta de infraestru- tura e condições de funcionamento. “Foi uma reunião amplamen- te representava. As informações trazidas pelos representantes das Seções Sindicais demonstram um evidente aumento da indigna- ção frente ao descaso do governo com as pautas dos trabalhadores da educação federal, e apontam como reação a intensificação da mobilização”, avalia Marinalva Oli- veira, presidente do ANDES-SN. De acordo com Marinalva, os depoimentos trazidos da base si- nalizam claramente a disposição dos professores para lutar pela reestruturação da carreira, pela valorização salarial dos avos e aposentados, por melhoria das con- dições de trabalho e em defesa da autonomia universitária, os quatro eixos centrais da pauta de reivin- dicações dos docentes, protocola- da junto ao MEC no início do ano. Confira no site do ANDES-SN: - Mesmo com ‘reajustes’, salários dos docentes connuam defasados; - Tabelas do Dieese mostram quais seriam os valores dos salários se o governo implementasse a proposta de carreira do ANDES-SN.

Brasília(DF) Maio de 2014 Setor das Ifes aprova indicativo ...portal.andes.org.br/imprensa/noticias/imp-ult-1883417034.pdf · para a saúde e educação públicas. Diversas categorias,

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Brasília(DF) Maio de 2014 Setor das Ifes aprova indicativo ...portal.andes.org.br/imprensa/noticias/imp-ult-1883417034.pdf · para a saúde e educação públicas. Diversas categorias,

Informativo EspecialSetor das Ifes

Brasília(DF) Maio de 2014

Setor das Ifes aprova indicativo de greve para junhoProfessoras e professores, vamos lutar juntos pelos nossos direitos! Um a mais é muito mais!

A greve, que já marca a agenda de lutas no se-tor da Educação Federal, está na pauta de todas as

Seções Sindicais. A última reunião do Setor das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) aprovou o indicativo de greve em junho, e orienta às Seções Sindicais que rea-lizem rodadas de assembleias entre 2 e 6 de junho para discutir a data para deflagração do movimento. O que levou a esta decisão?

A deliberação pelo indicativo de greve foi tomada com base na ava-liação dos resultados das assem-bleias já realizadas na base e a partir da análise de vários dados de con-juntura. Entre os acontecimentos recentes que contribuíram para o entendimento de que é necessário intensificar as ações de mobilização está o cancelamento, por parte do MEC, da reunião entre o ANDES-SN e a Secretaria de Educação Superior (Sesu), sob a alegação de dificulda-de de agenda do secretário da pas-ta, Paulo Speller. O compromisso havia sido firmado há mais de um mês, e daria continuidade às dis-

cussões em torno da reestruturação da carreira docente e de outros te-mas - processo iniciado no último mês de março, depois de ser pro-telado durante todo o ano de 2013.

Essas primeiras reuniões com o MEC só aconteceram devido à for-ça da mobilização da categoria e à pressão dos docentes pela abertura de negociações em torno da pauta de reivindicações. Apenas com a intensificação desse processo será possível retomar a agenda e conse-guir que os discursos apresentados na mesa e os protocolos de intenção firmados se revertam em conquistas efetivas para os docentes federais.

Vale lembrar ainda que o secre-tário Paulo Speller assinou recente-mente um documento formalizando o acordo do MEC em relação aos três primeiros pontos conceituais da reestruturação da carreira do-cente - steps constantes para evo-lução na carreira, com valorização da titulação e regime de trabalho com percentuais fixos e com lógica entre si, incidindo sobre o piso ge-rador da tabela, fixados no corpo da Lei -, que foram propostos pelo Sindicato Nacional. Speller sina-

lizou, com isso, que o Ministério da Educação reconhece, de certa forma, a desestruturação da car-reira docente ao longo dos anos.

Outro ponto que influenciou a decisão pelo indicativo de greve foi o informe de suspensões das atividades em diversos campi de universidades federais. Muitos la-boratórios, cursos, alas de hospi-tais, setores importantes das insti-tuições federais de ensino já estão fechados, independentemente da greve, por total falta de infraestru-tura e condições de funcionamento.

“Foi uma reunião amplamen-te representativa. As informações trazidas pelos representantes das Seções Sindicais demonstram um evidente aumento da indigna-ção frente ao descaso do governo com as pautas dos trabalhadores da educação federal, e apontam como reação a intensificação da mobilização”, avalia Marinalva Oli-veira, presidente do ANDES-SN.

De acordo com Marinalva, os depoimentos trazidos da base si-nalizam claramente a disposição dos professores para lutar pela reestruturação da carreira, pela valorização salarial dos ativos e aposentados, por melhoria das con-dições de trabalho e em defesa da autonomia universitária, os quatro eixos centrais da pauta de reivin-dicações dos docentes, protocola-da junto ao MEC no início do ano.

Confira no site do ANDES-SN:- Mesmo com ‘reajustes’,

salários dos docentes continuam defasados;

- Tabelas do Dieese mostram quais seriam os valores

dos salários se o governo implementasse a proposta de

carreira do ANDES-SN.

Page 2: Brasília(DF) Maio de 2014 Setor das Ifes aprova indicativo ...portal.andes.org.br/imprensa/noticias/imp-ult-1883417034.pdf · para a saúde e educação públicas. Diversas categorias,

33º Congresso/20142

EXPEDIENTEO Informandes é uma publicação do ANDES-SN // site: www.andes.org.br // e-mail: [email protected] responsável: Luiz Henrique Schuch // Redação e edição: Renata Maffezoli MTb 37322 // Revisão: Nayane TaniguchiDiagramação: Paola Rodrigues

Desde o início de 2014, tra-balhadores de diversas ca-tegorias no setor público e privado intensificaram a

luta em torno de reivindicações como valorização salarial, planos de carreira, redução da jornada de trabalho, entre outras melhorias das suas condições de trabalho. Com o avançar dos me-ses, o ano em que dois grandes even-tos – Copa do Mundo e eleições pre-sidenciais - marcam a agenda do país, também se configura como o ano de mobilizações e lutas por direitos sociais.

Esse movimento recente de lutas vem em uma crescente e teve seu ápice em 2012, quando foram regis-tradas pelo Dieese 873 greves, com destaque para a paralisação dos ser-vidores federais e a greve de mais de quatro meses dos docentes or-ganizados no ANDES-SN – a maior da história do Sindicato Nacional.

Em 2013, os trabalhadores e a po-pulação brasileira também tomaram as ruas do país em defesa de várias das pautas históricas dos movimentos sociais e sindical, como mais recursos para a saúde pública, educação públi-ca, melhorias no transporte público. As manifestações populares aqueceram o

debate em torno destes direitos, e também sobre o monopólio midiático e a violência policial. Impulsionaram ainda greves importantes no segundo semestre daquele ano bem como no início de 2014, como as protagoniza-das pelos professores estaduais do Rio de Janeiro, os trabalhadores do Comperj, os rodoviários no Rio Grande do Sul e os garis cariocas da Comlurb.

Na mais recente manifestação, no dia 15 de maio, os movimentos sociais e sindicais tomaram as ruas de várias cidades do país questio-nando as remoções realizadas pela

Na Copa vai ter Luta!Movimentos sociais e sindicais vão às ruas questionar a inversão de prioridades dos investimentos públicos por parte do governo

Copa do Mundo, o superfaturamen-to das obras e os investimentos pú-blicos na realização do campeona-to, em detrimento de mais dinheiro para a saúde e educação públicas.

Diversas categorias, de policiais a professores, passando pelos motoris-tas de ônibus de várias cidades como Rio, São Paulo, Salvador e São Luís do Maranhão, deflagraram greves nes-te mês, com adesões expressivas. Os vigilantes bancários do Rio estão pa-ralisados há quase um mês. Os traba-lhadores do metrô da capital paulista também devem aderir às paralisações.

Especial Setor das Ifes / 2014M

ídia Ninja

Estágio probatório e a greve

É comum que os docentes em estágio probatório, assim como outros servidores, tenham receio em aderir à greve. Mas, calma! Participar da greve não pode afetar a avaliação.Vários tribunais já se manifestaram a respei-

to, afirmando que participar de greve não configura fal-ta grave, mesmo durante o estágio probatório. O mes-mo vale para os professores em contrato temporário.

A greve é um instrumento de luta legítimo e um direito de todos!

Page 3: Brasília(DF) Maio de 2014 Setor das Ifes aprova indicativo ...portal.andes.org.br/imprensa/noticias/imp-ult-1883417034.pdf · para a saúde e educação públicas. Diversas categorias,

33º Congresso/2014 3

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, assegura a revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distin-ção, de índices a todos os trabalhadores do serviço públi-co. No entanto, o governo tem repetidamente se valido de

sua experiência sindical e de mecanismos de cooptação para dividir os SPF, o que permite atropelar a Carta Magna e também ignorar bandei-ras historicamente defendidas pelos partidos e movimentos identifica-dos com a classe trabalhadora, como a valorização dos servidores públi-cos, remuneração justa e previdência social pública, integral e paritária.

Além disso, se intensifica o processo de criminaliza-ção dos movimentos e judicialização das greves no setor públi-co, como estratégia para intimidar os trabalhadores e repres-são violenta das manifestações, com prisões de várias lideranças.

Governo ignora a Constituição FederalHá anos, o Executivo descumpre o reajuste anual dos servidores, previsto na Carta Magna

Servidores Federais juntos na luta!

No final de janeiro deste ano, os servidores pú-blicos federais protocolaram junto ao gover-no a pauta unificada de reivindicações. Na mesma época, em mensagem encaminhada

pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso Nacional, o governo celebrou o superávit fiscal e comemorou estar economizando para a amortização da dívida. Enalteceu ainda os cortes com despesas em pessoal e direitos sociais.

Diante da falta de resposta do Executivo frente à pauta apresentada, os servidores públicos federais (SPF) consolidaram a mobilização com plenárias, as-sembleias, encontros, atos e paralisações, reforçando a integração na busca pelo atendimento das reivindica-ções m todo o país. A intransigência do governo, tan-to em relação à pauta geral quanto às específicas, fez com que várias categorias dessem início ao processo de construção e deflagração de greves em suas bases.

Os informes na última plenária dos SPF, realiza-da em Brasília após ato na Esplanada no dia 7 de maio, indicam o aumento da mobilização no Judici-ário - dos servidores federais ligados à Fenajufe; da Saúde e Previdência, organizados na Fenasps, dos servidores da Fundação Oswaldo Cruz, do IBGE e de vários setores da Condsef, como os servidores do Mi-nistério da Cultura, que já paralisaram as atividades.

Setor da EducaçãoTanto Fasubra quanto Sinasefe já entraram em gre-

ve, em 17 de março e 21 de abril respectivamente, e enfrentam a intransigência do governo. Após muita pressão do movimento, com intensificação e radicaliza-ção das ações – como o trancamento das entradas do

Mpog em 7 de maio -, representantes das entidades foram recebidas pelo Ministério do Planejamento, mas não houve avanço na negociação das reivindicações.

A Secretaria de Educação Superior do Minis-tério da Educação (Sesu/MEC) suspendeu a reu-nião com o ANDES-SN, marcada para o dia 21 de maio, interrompendo o processo inicial de discus-são da pauta de reivindicações dos docentes das IFE.

Para romper a intransigência do governo e a tenta-tiva constante de desmobilizar o conjunto dos servi-dores, os docentes de todo o país devem somar for-ças ao movimento dos SPF, incluindo, no calendário de lutas, as atividades deliberadas no Fórum Nacio-nal das Entidades dos Servidores Públicos Federais.

Especial Setor das Ifes / 2014

Page 4: Brasília(DF) Maio de 2014 Setor das Ifes aprova indicativo ...portal.andes.org.br/imprensa/noticias/imp-ult-1883417034.pdf · para a saúde e educação públicas. Diversas categorias,

33º Congresso/20144

AGENDA26 a 30 de maio: Semana de Mobilização Local. Constituição de fóruns locais articulados, se pos-sível, com os técnicos e estudantes, no que diz respeito à precarização das condições de trabalho e funcionamento da instituição. Devem ser montados mini-dossiês contendo descrição sumária das carências, enviando com urgência para a Secretaria do ANDES-SN;29 de maio: Ato em defesa da PEC 555 no Congresso Nacional;29 de maio: Entrega da Carta do Fórum das Entidades Nacionais dos SPF à presidente da República;29 de maio: Ato convocado pelo CNG dos servidores da Cultura – Batataço!2 a 6 de junho: Rodada de Assembleias Gerais das Seções Sindicais;7 de junho: Reunião do Setor das Ifes;12 de junho: Ato nacional “Na Copa Vai Ter Luta”, em São Paulo, a partir das 13h. Abertura da jornada de mobilizações “Na Copa Vai Ter Luta”, com grandes mobilizações populares em todas as grandes cidades do país, no período dos jogos da Copa.

Especial Setor das Ifes / 2014

Professoras e Professores, não faltam motivos para irmos às ruas!

REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA:

O governo federal segue impondo a destruição da carreira docente e protelando a negociação efetiva para reverter esse quadro. Os referenciais remuneratórios aparecem apenas em tabelas de valores nominais, sem piso, sem lógica de evolução, sem relação entre regimes de trabalho e titulações.

CONDIÇÕES DE TRABALHO:

As condições de trabalho, ensino, aprendizagem e permanência estudantil nas IFE continuam precárias. O ano passado foi marcado por inúmeras greves localizadas e ocupações de reitoria, que traziam em suas pautas a necessidade de reversão das situações caóticas em que se encontram diversos campi. Em 2014, a situação segue inalterada. Na última reunião do Setor das Ifes, relatos denunciam que muitos laboratórios, cursos, alas de hospitais, setores importantes das instituições federais de ensino já estão fechados, independentemente da greve, por total falta de infraestrutura e condições de funcionamento.

GARANTIA DE AUTONOMIA:

O governo federal mantém o discurso vazio da defesa da autonomia, incentivando a Andifes a avançar no diálogo sobre a Lei Orgânica, mas na prática cria uma série de mecanismos por meio de decretos, portarias, instruções normativas e até mesmo projetos de lei que limitam a autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, atentando contra o princípio da indissociabilidade entre ensino pesquisa e extensão. Exemplos mais recentes disso são a implantação do Reuni, das Fundações de Apoio e da Ebserh.

VALORIZAÇÃO SALARIAL DE ATIVOS E APOSENTADOS:

A inflação segue derrubando o poder aquisitivo dos salários dos docentes. Além disso, várias medidas que foram tomadas atingem mais gravemente os aposentados. Basta das maquiagens que o governo federal tem aplicado. É preciso reverter efetivamente esse processo tendo como base um piso adequado, gerador do restante da tabela salarial, a partir de parâmetros definidos em lei.