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REENCARNAÇÃO J, H, BRENNAN REENCARNAÇÃO 2 @ edição @’ @’ AS @@ Editorial Estampa @’ AS 1!

Brennan, J. H., Reencarnação

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reencarnação

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REENCARNAO

REENCARNAO

J, H, BRENNAN

REENCARNAO

2 @ edio

@ @ AS @@ Editorial Estampa @ AS

1995

FICHA TCNICA

Ttulo do original: Reincamation Traduo: Jos A. M. Sousa l@ edio: Editorial Estampa, 1987 Composio: Canal Grfico, Lda. Impresso e Acabamento: Rolo & Filhos - Artes Grficas, Lda. Depsito Legal 86848/95 ISI3N 972-33-0178-4 Copyright: J. H. Brennan, 1981

Editorial Estampa, Lda., Lisboa para a lngua portuguesa

INDICE

Introduo .......................................................... 7

Captulo 1 - As Implicaes da Reencarnao ............. 11

Captulo II - A Dimenso Csmica .......................... 17

Captulo III - Como Utilizar este Livro ..................... 23

Captulo IV - Ouija: Chave para as Vidas Anteriores .... 29

Captulo V - Hipnose ............ . .............................. 37

Captulo VI - A Experincia Hipntica ..................... 45

Captulo VII - A Contemplao do Smbolo: Utilizao

dos Arqutipos ................................................. 51

Captulo VIII - Meditao Profunda ......................... 57

Captulo IX - 0 Registo Akashic: Fonte de todo o

Conhecimento .................................................. 65

Captulo X - Viagem Astral: Viagem atravs do Tempo 71

Captulo XI - Visitando o Plano Astral ..................... 75

Captulo XII - A Tcnica Christos ........................... 79

Captulo XIII - Notas para Estudiosos Srios .............. 83

Captulo XIV - Histrias de Casos ........................... 89

INTRODUO

0 nome Virginia Tighe deveria ser melhor conhecido do que na realidade.

A Sr.a Tighe, uma dona de casa do Colorado, foi, nos anos cinquenta, objecto de uma srie de experincias hipnticas realizadas por um comerciante americano judeu chamado Morey Berristein. A principio no passou de simples terapia hipntica. No entanto, mais tarde, Berristein. recorreu a uma tcnica conhecida por regresso e a sr.* Tighe evocava - ou parecia evocar - uma encamao anterior, como sendo uma irlandesa chamada Bridey Murphy.

Durante vrias sesses, a sr.* Tighe foi descrevendo pormenorizadamente o seu nascimento em Cork, a sua infncia, o seu casamento e a sua subsequente morte em Belfast. Na descrio abundavam os pormenores sobre o pais e a poca. Bemstein investigou os factos to amplamente quanto pde e ficou to impressionado com os resultados, que decidiu publicar um relatrio completo das suas experincias, sob o titulo The SearchforB?idey Murphey.

0 livro de Bemstein tomou-se um best-seller internacional, dando a conhecer a milhares de leitores do Ocidente um conceito que forma a base da maior parte das religies orientais. Vrios cientistas idneos ficaram com a noo de que a reencarnao poderia, finalmente, ser aberta investigao rearistica.

Ento, a Imprensa entrou em cena. Uns jornalistas dos Estados Unidos descobriram que a sr., Tighe (referida pelo pseudnimo de *Ruth Simmons+ no livro de Bemstein) conhecia melhor a Irlanda do que a principio se acreditara. Em criana, ouvira histrias do pas e at tinha uma vizinhachamada... Bridey Murphy.

Foram descobertas controversas que lanaram uma sombra de dvida ao caso. At as pessoas mais generosas, que acreditavam que a sr.a Tighe e Berristein estavam inocentes de conluio ou fraude, tendiam a concluir que a verdadeira causa das experincias tinha sido a inconsciente autodecepo.

Para o pblico em geral - sem mencionar bastantes especialistas - parecia que um meio prometedor de reencarnao provara ser ineficaz. Mas nada poderia estar mais afastado da verdade. Qualquer que fosse a realidade das experincias Bernstein/Tighe - e h muita gente que continua a acreditar que este hipnotizador e a sua assistente foram incorrectamente tratados pela Imprensa - a regresso hipntica continua a ser uma chave importante par a investigao de vidas passadas. E no apenas a chave, como iremos ver mais adiante.

Porm, antes de se entrar nos mtodos de pesquisa da reencarnao, tambm aconselhvel ver se existem alguns fundamentos razoveis para pressupor que tal pesquisa pode provar valer a pena. No firri de contas, no Ocidente a reencarnao encontra-se firmemente excluida dos cinones dos clognias cientficos e religiosos.

De facto, o aspecto religioso da reencarnao que tem actuado h muito tempo como um obstculo pesquisa cientfica relativamente noo intrigante de que podemos ter vivido antes. No Oriente, a reencarnao geralmente aceite como artigo de f, no exigindo outra prova alm da pura revelao. No Ocidente, a doutrina tem um sabor extico (e algumas vezes excntrico), fazendo-a parecer to adequada investigao cientfica como a composi@o molecular das Portas de Prolas.

de lamentar, porquanto a pouca pesquisa j realizada sugere que pode existir algo real na ideia da reencarnao. E a prpria ideia, privada das suas tonalidades religiosas, tem exercido um autntico fascnio desde os tempos mais remotos. At o homem de Neandenhal, na Pr-Histria, supultava os seus mortos em posio fetal, indicando assim que acreditava no regresso vida.

No entanto, talvez a tendncia geral para rejeitar a reencarnao como teoria pouco digna de investigao v agora sofrendo um processo de mudana. Acadmicos sbrios como o dr. Arthur Guirdhain (antigo psiquiatra-Chefe de Bath) tm sido forados, pela experincia pessoal, a lev-la muito a srio, enquanto os cientistas do calibre do dr. Ian Stevenson tm dedicado anos a coleccionar casos veridicos, indicativos da realidade da reencarnao.

Pode tambm ser que as atitudes pblicas notoriamente

aqum da vanguarda do pensamento cientifico estejam, por sua vez, a sofrer alterao. Uma pedrada no charco foi o fascinante docurnentrio televisivo das Bloxham. Tapes preparado pelo bem conhecido Magrius Magriusson e exibido a um pblico altamente receptivo em toda a Inglaterra._

E incontestvel a necessidade de a teoria da reencarnao ser devidamente investigada no s6 por causa da sua importncia intrInseca para a raa humana (se for vlida), mas tambm porque reuniu sua volta, no passado, sistemas completos de crenas religiosas que podem no reflectir, exactamente em si, a pura realidade. As noes perifricas deste tipo - como, por exemplo, a doutrina de Karma - necessitam de ser separadas da ideia central antes de se realizar qualquer investigao real. Se tais crenas perifricas so verdadeiras ou falsas, no interessa. 0 facto que tendem a confundir o quadro geral.

Assim, este livro no est relacionado com qualquer credo religioso ou sistema de crenas, mas apenas com aquelas tcnicas que permitem o acesso individual quilo que parece ser encarnaes passadas.

CAPITULO I

AS IMPLICAES DA REENCARNAO

Aps cerca de vinte anos de pesquisa pessoal, parece-me agora que o caso da reencarnao quase irresistIvel.

Grande parte dos indivduos capazes de atingir o transe hipntico profundo responder s tcnicas de regresso experimentando o que parecem ser memrias de vida passada. Num nmero significativo destes casos, a pesquisa histrica confirma os pormenores bsicos dados. Nalguns, as circunstncias tm sido tais, que dificil ver como a informao poder ter sido obtida a no ser atravs da experincia feita pela primeira vez.

Um caso a assinalar, a @aciente em regresso que recordou, sob hipnose, a vida de uma judia no tempo da grande perseguio anti-sernitica em York. Ela contou ao hipnotizador Amald Bloxham como sara da cidade para fugir populaa e como se refugiara no subterrneo de uma igreja.

Uma equipa de televiso dirigida pelo seu apresentador, Magrius Magnusson, foi posteriormente capaz de identificar a igreja descrita pela mulher; verificou, porm, que no existia qualquer subterrneo. Apesar desta discrepincia, outros pormenores da histria eram suficientemente impressionantes para garantir a inclso do caso-no documentrio televisivo que estava a ser preparado.

Quando as filmagens iniciais chegaram ao fim, os trabalhadores encarregados do restauro da igreja em questo descobriram por acaso o verdadeiro subterrneo descrito pela mulher - uma cripta fechada e esquecida durante geraes. Nem sequer existiam documentos escritos sobre a sua existncia.

Ento como se explica que a mulher soubesse da sua existncia? Talvez da mesma maneira como a paciente mais interessante do dr. GuircIham sabia tanto acerca dos Ctaros.

Antes de se reformar, o dr. Arthur Guirciham foi psiquiatra-chefe do distrito de Bath. Certa paciente (a quem ele posteriormente deu o nome de sr., Smith) recorreu aos seus servios, queixando-se do que pareciam ser sintomas neurticos, entre os quais se contava um pesadelo que cos-

tumava repetir-se.

medida que o tratamento prosseguia, tornou-se evidente que a sr., Smith se lembrava dolorosamente de uma vida passada em Frana. As memrias filtradas numa srie de sonhos, vises e devaneios contm muita informao acerca de uma seita hertica chamada os Ctaros.

Nessa poca, os historiadores sabiam muito acerca dos Ctaros. Talvez meia dzia de especialistas em todo o mundo conhecesse alguma coisa dos seus rituais, formas de vestir e costumes. No entanto, a sr.a Smith continuava a dar muitos pormenores acerca deles. E alguns dos factos que ela *conhecia+ s foram confirmados anos mais tarde, graSas a uma intensissima pesquisa acadmica.

E a partir de casos deste tipo - e agora so numerosos, muitos dos quais descritos em obras publicadas - que podemos persuadir-nos da verdade da teoria da reencamao.

Mas embora possa ser til, no h qualquer convico intelectual, por muito grande que seja, que se possa comparar ao puro apelo emocional da experincia pessoal. Este livro trata principalmente de experincia pessoal, porque existem tcnicas que permitem a quase todos os leitores uma possibilidade de investigarem esta fascinante rea. E, mais adiante, a mais importante delas ser delineada com suficiente pormenor para permitir a cada leitor experimentar por si prprio. A Tcnica de Christos e a Regresso Mpntica

Ainda que tenham sido apresentados outros mtodos, a minha prpria experincia sugere que os dois mais importantes para esta rta so a regresso hipntica e as variaes gmeas daquilo que se tornou conhecido como tcnica de Christos.

Sempre que possa ser aplicada, prefiro a regresso hipntica, desde que a experincia provocada seja vIvida e pormenorizada e cuja orientao possa ser controlada. Mas

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infelizmente a regresso hipntica no funciona com toda a gente, visto que apenas uma percentagem relativamente pequena da populao capaz de alcanar o transe hipntico em profundidade suficiente.

Para as outras pessoas, a aplicao conscienciosa da tcnica de Christos pode frequentemente proporcionar conhecimentos vividos e espantosos em vidas passadas - e proporcion-los sem qualquer perda de conscincia. Dependendo, como o faz, no de qualquer estado de transe, mas da estimulao fisica da Terceira Viso, o mtodo Christos uma importante via aberta grande maioria dos investigadores conscienciosos.

A experincia de Christos difere consideravelmente daquela que conseguida atravs da regresso hipntica; porm, os resultados finais so to importantes como evidentes.

Em apoio destes dois instrumentos de pesquisa sobre a reencarnao, apresentarei, mais adiante, um certo nmero de mtodos ligeiramente menos impressionantes por uma questo de perfeio. Quaisquer que sejam os meios que utilizemos para investigar as nossas prprias reencarnaes, devemos assinal-los aqui, pois a *memria+ mais vvida no tem potencialmente qualquer valor enquanto no inteiramente dissecada a favor da preciso histrica. A autodecepo no menos frequente na pesquisa sobre a reencarnao do que o em qualquer outra forma do comportamento humano; assim, o despertar de uma *mem6ria+ deve sempre ser considerado como simplesmente meia batalha. A outra metade a confirmao da exactido dessa memria atravs da pesquisa conscienciosa.

Memrias no confirmadas

Nem todas as memrias so capazes de tal confirmao, como evidente. Certo assistente meu recordou vivamente uma existncia como primitivo pescador ao largo das praias do Norte de frica. Nenhuma confirma o da *mem6ria+ poderia ser alcanada. Bloxham, cujo trabalho tem sido to frtil na via da firme evidncia, f -lo certa vez melhor com um paciente que recordou uma vida na poca pr-histrica. Aqui, mais uma vez, os pormenores do dia-a-dia foram impossveis de verificao.

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Porm, se as nossas *memrias+ iniciais so abrangidas por este tipo de categoria, continuemos a >utilizar as tcnicas que efectivamente funcionam para ns at surgir uma vida mais comprobatria. E isso acontece, sem dvida, porque a maior parte de ns tem no s uma vida passada, mas marcas, cada uma delas de muito maior importncia para ns do que se possa imaginar.

Este um ponto digno de insistncia. Muitos ocultistas, mdicos como o famoso profeta adormecido americano, Edgar Cayne e at alguns mdicos perspicazes chegaram concluso de que determinadas doenas - fsicas e psIquicas - tm as suas origens numa vida passada. E sem conhecimento dessa encarnao, essas doenas podem ser muito difceis de curar.

Edgar Cayce foi mais longe, Manteve a opinio de que, alm das doenas, os padres da vida actual dependem muitas vezes da experincia da vida passada. Assim, para tirar o melhor partido do nosso potencial (e para evitar a repetio de velhos erros), tornou-se necessidade vital um conhecimento ntimo de reencarna es pessoais, Durante toda a sua vida, Cayce forneceu alguns milhares de *leituras da vida+ - mais exactamente, leituras da vida passada - para permitir que os seus pacientes pudessem atingir a introspeco necessria.

Vidas passadas e autoconhecimento presente

Existe um ponto fascinante escondido aqui, o qual pode, contudo, tornar as tcnicas de pesquisa da reencarnao importantes para aqueles que se recusam totalmente a acreditar na reencarnao. Quaisquer que sejam os nossos pontos de vista quanto s vidas passadas, as prprias tcnicas produzem resultados definitivos, como facto de simples experincia e observao. A mente consciente torna-se conhecedora de personalidades alm da nossa. Mesmo que essas personalidades no apresentem vidas passadas, formam certamente parte essencial da mente inconsciente do experimentador.

Logo, mesmo que as tcnicas produzam uma fantasia total, o contedo dessa fantasia importante como instrumento de autoconhecimento. um ponto subtil. 0 que transmitido simplesmente que as *memras+ evocadas

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por regresso e por outras tcnicas de pesquisa da reencarnao so parte de ns, quer representem vidas passadas quer no. E ao reviv-las, aprendemos mais acerca do que SOMOS.

No entanto, h cada vez mais provas que mostram que muitas *memrias> dessas so precisamente o que parecem ser - reminiscncias de vidas passadas. A partir das minhas prprias investigaes, cheguei conclus o que pelo menos em alguns casos o aparecimento de memrias de reencarnao se encontra intimamente ligado evoluo espiritual do indivduo.

H tambm indicaes de que a sequncia de vidas passadas evocadas no obra do acaso, mas algo controlado por leis ou aces que ainda no conseguimos compreender devidamente. Uma vida passada ou srie limitada de vidas passadas , em certo sentido, *revelada+ ao investigador, mas o resto da sua cadeia reencamadora permanece desconhecido at ele aprender as lies das vidas j mostradas.

Este processo de aprendizagem no , de modo algum, directo. Parece envolver a aceitao emocional de factores-chave numa vida passada, como se estivesse relacionado com a nossa existncia presente. Esses factores-chave no so sempre evidentes, exigindo muitas vezes um exame cuidadoso e consciencioso para determin-los.

A pesquisa da reencarnao, tal como podemos aprender, decidir-nos- a empreend-la seriamente, pois tem implicaes de grande alcance para o indivduo. A aceitao emocional da reencarnao envolve uma modificao considervel da nossa filosofia geral, o que muitas vezes no mau, pois a crena na reencarnao quase neutraliza automaticamente tais marcas negativas, como os preconceitos raciais, o chauvinismo nacional ou sexual e muitos outros padres de resposta baseados na noo errnea de que ns somos o que somos e nunca fomos mais nada alm disto.

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CAPITULO Il

A DIMENSO CSMICA

Metade da populao mundial est convencida que existe a reencarnao - no como matria de investigao ou experincia, mas como um caso de crena religiosa. A reencarnao o ponto fulcral do hinduismo na India, do lamaIsmo no Tibete e do budismo em todo o Sri Lanka, a Corcia e o Sudeste da sia. Foi largamente aceite na China antes da revoluo comunista e ainda aceite por muitos japoneses.

Na sua expresso religiosa, a reencarnao no geralmente uma simples doutrina. Inclui teorias, por exemplo, acerca do efeito da moralidade pessoal no processo do renascimento (a doutrina de Karma) ou, como se encontra esboado no Livro Tibetano dos Mortos, as fantasias sexuais podem levar uma alma separada do corpo a reencarnar.

E altura de explicar que este livro no trata de teorias religiosas perifricas, mas apenas dos mtodos que permitem a explorao individual de padres de vida passada.

Porm, uma excepo a esta regra geral surgiu da experincia pessoal do autor. Envolve a doutrina budista anata e vamos analis-la neste capitulo, como pr-requsito necessrio pesquisa racional da reencarnao em profundidade.

A Alma e o Segundo Corpo

Anata significa *sem alma+ e o budismo clssico ensina que enquanto os individuos se no libertam da roda de nascimento, morte, renascimento, eles no possuem almas.

Para a mentalidade ocidental, isto parece ser uma violenta contradio. Se um homem no tem alma, afinal o que que reencarna? Ento o que viaja atravs do tempo de corpo para corpo? 0 que que fica apanhado na Roda como dizem os budistas?

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So perguntas vlidas s quais o budismo no respondeu de modo satisfatrio. No obstante, a minha prpria pesquisa sugere que o paradoxo budista pode representar uma realidade importante para qualquer investigao do processo da reencarnao.

0 conceito ocidental (cristo) da alma encontra-se intimamente relacionado com aquilo a que os ocultistas chamam o Segundo Corpo, veiculo de energia da psique humana que sobrevive morte fsica.

Os cristos ortodoxos acreditam que a alma imortal. De modo geral, os ocultistas so de opinio contrria. Em teoria esotrica, o Segundo Corpo enquanto sobrevive indubitavelmente ao primeiro durante um certo tempo, encontra-se sujeito a desintegrao, libertando um terceiro veiculo que continua a sua existncia em planos espirituais quase inirnaginveis.

Nenhuma destas noes particularmente fcil de reconciliar com o quadro vulgar da reencarnao como processo pelo qual a, essncia do individuo, libertada pela morte fsica, voa pelo firmarnento at encontrar um novo corpo adequado para habitar. Os cristos modernos negam inteiramente o processo, afirmando que o esprito encontra residncia permanente no Cu ou no Inferno, dependendo largamente das suas aces enquanto habita no corpo - depois comeam a complicar o quadro por meio de uma crena expressa na ressurreio fsica em qualquer poca mal definida no futuro. Os budistas negam inteiramente um esprito permanente individual.

Embora religiosos na expresso, estes assuntos tm evidente importncia para a pesquisa da reencarnao. Se construirmos uma casa sobre maus alicerces, ela cair. Se tentarmos pesquisar na base de uma premissa incorrecta, as nossas concluses cairo por terra rapidamente.

A premissa da personalidade itinerante est na origem de grande parte da pesquisa ocidental da reencarna o, estando a levantar considerveis dificuldades filosficas (e tambm racionais). Mesmo os casos mais convincentes produzem personalidades demasiado diferentes para servirem de auxilio, apesar de toda a tolerncia devida a diferenas circundantes.

Por causa de tudo isto, proponho a apresentao de

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uma hiptese que surgiu fora da minha prpria pesquisa. Se esta hiptese representa uma realidade da existncia humana, no o posso dizer honestamente. No entanto, posso afirmar que provou ser-me til para entender a mecinica mais intrincada da reencarnao e, corisequentemente, pode provar ser til aos novos investigadores.

A prpria hiptese apresenta um aspecto bastante complexo e no ortodoxo no s da estrutura de um ser humano, mas tambm da estrutura do universo. Vou fazer o possvel por tornar fcil a sua compreenso.

0 mundo no aquilo que parece ser e ns somos mais do que aquilo que aparentamos. Tomados pelo valor facial, somos animais materiais que habitam um universo material. Nascemos, vivemos e morremos. 0 mundo contnua a girar sem a nossa presena.

Num estdio completamente primitivo, tomamos conhecimento de um segundo aspecto no material do nosso ser - a nossa mente. Sabemos, por experincia, que temos uma mente, algo que no se pode pesar, nem medir, nem sequer situar no sentido geogrfico. Alguns cientistas tentaro convencer-nos de que a nossa mente no coisa que exista por direito, no sendo mais do que um produto da inteligncia fisica, como o vapor um produto de uma caldeira com gua em ebulio.

medida que envelhecemos e nos tornamos mais sabedores, emerge um novo conhecimento. Chegamos concluso de que h mais na nossa mente do que a vista abrange. Partes dela encontram-se ocultas. Vrios dos seus processos mais nportantes so levados a cabo sob o limiar da nossa percepo. Os psiclogos so de opinio que a maior parte da nossa mente encontra-se, assim, oculta

- na realidade cerca de nove dcimos, como a massa de um iceberg abaixo da superficie do mar.

Contudo, nada disto perturba a nossa maneira de ser e o mundo, enquanto as coisas essencialmente materiais se sujeitem s leis de um principio e de um fim.

As Dimenses no Fsicas

No entanto, existe uma outra maneira de olharmos para o universo e para ns prprios. Embora longe de estar provado, o novo ponto de vista no contradiz as leis conheci-

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das da natureza e tenta explicar os fenmenos raros e invulgares geralmente agrupados sob o tItulo de *psiquico+ ,6 -de@-*ocujto+. Alm disso, a pesquisa cientIfica mais reOntC, prnxipalmente nos dorninios da fsica e da medicina - sugerir que o novo ponto de vista pode estar mais pr da verdade do que a *realidade+ corrimumente-aceite

0 nosso, o material conhecido como um contlquo espaqi, po. 0 novo ponto de vista sugere que este @bt1no@ interpretado por uma ou mais dimenses, at agora insuspeitas e no fisicas. Estas dimenses n o obedecem s leis da fsica convencional, embora no as contradigam. 0 principal ponto relativamente a essas dimenses secundrias de que elas se situam fora das leis da fsica material. No entanto, pode-se presumir que elas obedecem s suas prprias leis e a possibilidade de uma Nova Fisica compreensiva designada para explorar as leis das dimenses que se interpenetram no pode ser posta de parte.

Esta a parte difcil da questo. Uma vez compreendida, o resto torna-se um pouco mais fcil.

Dado que existem outras realidades ou dimenses no materiais, podemos examinar agora a estrutura do individuo em relao a este novo ponto de vista do universo. A primeira coisa a surgir que no nascemos quando pensamos que tal aconteceu - apenas o nosso corpo fsico nasceu nessa altura. 0 eu essencial, o eu real, existiu antes do nosso nascimento, inteiramente fora da corrente do tempo. Existiu, de facto, numa das dimenses no materiais que temos estado a analisar.

j que o eu real existiu (e continua a existir) fora do tempo, as perguntas acerca de quando comeou, ou quando ir acabar, tornam-se irrelevantes. j que as nossas mentes so condicionadas pela experincia do tempo que passa, pode ser til pensarmos em ns prprios como entidade imortal que sempre existiu. Isto no muito exacto,

i 1:> cs

mas satisfar por agora.

0 nosso eu real uma entidade de enorme potencial, mas com pouca experincia efectiva. Precisa de experincia para evoluir., mas, tal como as coisas se apresentam, esta necessidade apresenta-a com um problema. Por definio,

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o eu s pode ter experincia directa da sua prpria dimenso. No pode conhecer seja o que for directamente do fascinante universo fsico.

Com o fim de ficar a conhecer o assunto e o tempo de experincia, o eu real trata de criar um veiculo apropriado para esse propsito. 0 veiculo deve obviamente ser feito a partir de material proveniente do universo fsico (uma vez que se encontra dentro do universo fsico em que necessrio operar). Este veculo o corpo humano.

Porm, o eu real no pode entrar directamente no corpo humano, como no o pode fazer directamente no universo fsico. Deste modo, cria estruturas intermdias de boa matria e de energia que lhe permitem formar uma cadeia de comunicao entre ele e o veiculo que se prope utilizar.

Uma vez a cadeia estabelecida, o eu real envia, ento, uma parte de si prprio atravs dessa cadeia para animar o corpo.

A medida que o corpo cresce, as aces recprocas entre o eu real, o ambiente do corpo e a sua sequncia continua de experincias criam uma personalidade - esse padro de respostas que determina como um individuo reage ao mundo que o rodeia.

0 Eu Essencial

Como a sobrevivncia absoluta exige intensa concentrao de ponto de convergncia muito limitado, o conhecimento individual encontra-se geralmente confinado ao corpo, mente e personalidade. Os restantes factores da nossa maneira de ser, incluindo a cadeia de corpos subtis, a centelha do Eu Essencial e o prprio Eu Essencial, permanecem fora do conhecimento.

Por meio deste complexo processo de encadeamento, o Eu Essencial estende-se a partir do seu prprio plano no material, para ganhar experincia do universo fsico. A formao dos elos de ligao e a escolha de um corpo material conveniente constituem a encarnao. Porm, o Eu Essencial nunca encarna na sua totalidade. Apenas uma pequena parte consegue encarnar: o resto existe, como sempre existiu na sua prpria dimenso de realidade.

Embora o processo seja til, no ideal. 0 veixulo fsico encontra-se ligado s leis do universo material. Eventual-

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mente, apaga-se. Mesmo a vida activa til do melhor veculo irisico consideravelmente inferior a um sculo - um perfiodo, demasiado curto para aprender tudo o que h para aprender acerca do universo fsico. (Alguns dos corpos subtis apagam-se tambm, de acordo com as leis dos seus prprios planos.)

Assim, quando o corpo fsico morre, o sinal de vida do Eu Essencial retira-se para a sua origem onde as experincias a que foi submetido so avaliadas e integradas na nossa estrutura essencial, como parte da nossa evoluo total. Uma vez este processo completo, o Eu Essencial comea a criar outra cadeia que se ligar a um novo veiculo. Mais uma vez, nasce uma nova personalidade e novas experincias se realizam para serem absorvidas pelo Eu Essencial que segue a morte fsica. E assim continua, sculo aps sculo, uma srie de reencarnaes por parte do Eu Essencial, com o fim de experimentar o universo fsico.

Porm, a mente e a personalidade so criadas de novo de cada vez, tal como o so os corpos subtis. No existe, como Buda ensinou, qualquer *alma+ que passe de corpo para corpo. Em vez disso, h uma vasta e complexa entidade preexistente (ns prprios) que cria a situao capaz de levar cadeia da reencarnao.

Em determinado ponto do processo, o Eu Essencial pode decidir permitir a filtragem das memrias da vida passada, para que o processo de aprendizagem possa prosseguir mais eficientemente.

Quando chega essa ocasio, mostramos um interesse natural pela reencarnao. E, talvez pela utilizao de tcnicas como as descritas nos prximos captulos, comecemos a cooperar com o nosso Eu Essencial no processo do nosso crescimento csmico.

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CAPITULO 111

COMO UTILIZAR ESTE LIVRO

Existem dois problemas principais quando se investiga vidas passadas. Um, o trauma da morte. 0 outro, a autodecepo.

Se conseguirmos lembrar-nos claramente dos pormenores da nossa encarnao imediatamente anterior, no precisarernos deste livro. Caso contrrio, teremos de saber porqu.

0 mecanismo da memria curioso. Os psiclogos descobriram no ser humano uma certa tendncia para esquecer tudo o que desagradvel. Podemos experimentar em ns prprios. Faamos recuar a nossa mente at infncia e pensar nos veres de ento. H perspectivas de nos lembrarmos do tempo belo e seco. Perguntemos ao pai ou ao av como era o tempo quando eram novos. Em dez perguntas obter-se-o nove respostas de que era melhor do que hoje. Contudo, o padro do tempo no mudou de maneira aprecivel nos ltimos duzentos anos.

A funo psicolgica de esquecer o desagradvel suposta ajudar na preservao da sade mental. Evita que nos tornemos oprimidos pelos duros golpes da vida. Mesmo aqueles que a tiveram spera, tendem a olhar para trs, para uma existncia que no parece demasiado m.

Esquecimento Completo

Em casos de extremo desgosto, a mente, muitas vezes, dever funcionar muito depressa. Em vez de um conhecimento gradualmente obscuro, ocorre um esquecimento completo. Verifica-se abrupta amnsia. A situao desagradvel instantaneamente esquecida. Infelizmente, o mecanismo que produz a amnsia tem tendncia para o mal para alm dos limites desejveis ou seguros. Tudo completamente limpo. No s a memria desagradvel se desvanece, como tambm as memrias de virtualmente tudo o mais.

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H muitos anos, como reprter de um jornal, investiguei um caso deste tipo. A policia descobriu um homem bem vestido, com cerca de trinta anos, deitado dentro de uma vala. Ele no conseguia lembrar-se quem era, donde viera, nem como aquilo lhe acontecera. Foi levado para um hospital, onde os psiquiatras lhe diagnosticaram trauma - choque sbito e extremo - seguido de amnsia total. A sequncia, sabia eu, era bastante comum, desde que o trauma fosse demasiado para a mente aguentar. Apurou-se que o homem era um turista canadiano e que necessitou de tratamento cuidadoso durante vrios meses, antes de poder voltar a lembrar-se de qualquer simples episdio da sua vida anterior.

A histria ilustra a fragilidade da mente - ou antes, os seus excelentes mecanismos de defesa. No momento da morte - o maior trauma de todos - estes mesmos mecansmos de defesa comeam a agir. 0 seu propsito primrio bloquearem a memria imediata do moribundo. Porm, ao fazerem isto, limpam tudo completamente. Toda a nossa vida se dissipa da memria.

Choque do Nascimento

Este efeito reforado pelo segundo trauma da reencarnao, o momento do nascimento. Os psiclogos freudianos reconhecem prontamente que o nascimento representa um choque considervel para a mente da criana. Perderam-se o calor, a segurana e o conforto do tero. Impresses bizarras inundam o conhecimento. E a primeira experincia de dor, quando o mdico nos d uma palmada nas ndegas para nos fazer respirar.

Estes dois grandes traumas asseguram que de nada nos lembremos da nossa vida passada. E o reconhecimento deles d a entender que o desenvolvimento da nossa memria nesta direco no ser facil.

E UM@L vez que comeamos a explorar as nossas vidas Passadas, enfrentamos o segundo maior problema. Novamente, @urge ele da mecnica bsica da mente humana. j alguma Vez ouvimos um homem descrever como enfrentou Corajosamente o seu chefe? Disse-lhe uma ou duas coisas. Falou asperamente e sem medir as palavras. pouco

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provvel que a sua histria seja verdadeira, excepto quanto ideia geral, mais vasta, mas o homem acredita nela. Convenceu-se que realmente dissera algumas das coisas que queria dizer.

Dale Carnegie chama inteligentemente a ateno para o facto de os criminosos mais perigosos dos Estados Unidos no se considerarem homens maus. Certamente incompreendidos. Talvez ludibriados. Mas maus, nunca!

Todos ns possuilmos em comum esta tendncia. Os julgamentos subjectivos das nossas aces so raramente exactos. Quando chega a altura de se formularem ideias acerca da nossa natureza bsica e da sua importncia, iludmo-nos constantemente. este mecanismo humano que tem contrbuldo, mais do que qualquer outro factor, para o cinismo geral acerca da reencarnao.

Lunticos e Gnios

Como podem tantos lunticos de hoje ter sido os gnios do passado? Como podem tantas mulheres pouco atraentes serem reencarnaes de Clepatra? Como podem tantos homens tolos reivindicar vidas passadas, como as de Napoleo ou de Jlio Csar? A resposta , naturalmente, que a autodecepo se arrastou para dentro da imagem. Somos mais capazes de nos aceitar como reencarnao de Henrique VIII do que como reencarnao de um mendigo ou de um ladro.

Tudo isto me traz ideia a primeira regra firme de utilizao deste manual: Tome muito cuidado quando a sua vida mais recente parece ter sido maravilhosa, Seja ainda mais desconfiado se os resultados indicarem que a reencarnao de umapessoafamosa.

Naturalmente, possvel que um de ns tenha sido, outrora, um rei azteca ou Helena de Tria, mas muito pouco provvel. Se no houver possibilidade de apresentar provas histricas que fundamentem estas vises interessantes, ser melhor esquec-las totalmente.

Evocar Vidas Anteriores

Em termos gerais, h s uma maneira de se obter inf, mao pormenorizada acerca das nossas vidas anteriores,

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isso para nos lembrarmos delas. A maior parte das tcnicas indicadas neste livro tem esse objectivo, isto , evitando as barreiras traumticas da morte e do nascimento. Porm, ocasionalmente - e especialmente em tcnicas que envolvem o transe - podemos encontrar-nos a reviver incidentes particularmente desagradveis.

Assim, temos de estar conscientes desta possibilidade. Se o nosso mdico nos proibir qualquer espcie de excitao, no nos dediquemos a explorar as nossas vidas anteriores, como calmante ocupao sedentria. De facto, aqui, como noutros exerdicios ocultos, que nos lembramos da regra fundamental do transe: no tentemos qualquer experincia de transe sem estarmos razoavelmente preparados. E nunca, sob que circunstincias forem, o faamos se tivermos problemas cardacos.

As Tcnicas

Nem todas as tcnicas deste livro servem para ns. Se houvesse um nico mtodo que servisse para todas as pessoas, teria poupado muito tempo e evitado muito trabalho, tanto a escrever como a investigar. Deste modo, deve o leitor ler o livro at ao fim, antes de tentar pr alguma tcnica em prtica. A sua opo ser principalmente uma questo de gosto. Muitas vezes, a intuio levar-nos- rapidamente quilo que se encontra mais de, acordo com o nosso temperamento.

Notaremos que alguns dos sistemas dados esto planeados para apenas fornecerem um esboo das nossas vidas anteriores, sem dar os pormenores. De modo geral, estes sistemas so mais rpidos e mais fceis para o principiante. Porm, novamente devemos decidir o que pretendemos e fazer uma opo adequada.

Nunca devemos esquecer que preciso desconfiar de toda a informao obtida. Isto , todos os pontos seriam verificados duas vezes sempre que possvel. Se, por exemplo, algum de ns descobrisse que na vida anterior era um campons espanhol do sculo Xvi, seria aconselhvel dirigir-se a uma biblioteca pblica e consultar tudo o que l existisse referente a essa poca. Compararia os pormenores das suas vises com os factos e se eles no coincidissem, ento desistiria.

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Trabalho de Detective

Por consequncia, , com igual razo, aconselhvel proceder a esta verificao depois de se ter anotado cuidadosamente as nossas prprias ideias. A autodecepo , muitas vezes, bastante inconsciente e a nossa mente muito capaz de apresentar como histria de reencarnao a informao que se encontra por acaso nos livros.

Pode haver casos em que impossvel verificar em registos escritos. Por exemplo, uma vida passada na AtUntida. Quando surgir um caso destes, devero utilizar-se tcnicas para regressar a esse tempo remoto. Comparemos sempre as nossas notas. Nas nossas comparaes retemos de actuar como detectives. E eles ficam muito desconfiados quando algum tenta contar a mesma histria duas vezes e falha redondamente nos pormenores.

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CAPITULO IV

OUIJA: CHAVE PARA AS VIDAS ANTERIORES

Na sua forma mais sofisticada, a ouija uma tbua de madeira em forma de corao, com rolamentos de esferas ajustados na base, que lhe permitem mover-se livremente em qualquer direco quando colocada sobre uma mesa

ou outra superfcie plana. A superfcie que utilizamos ter de ser perfeitamente plana e polida para reduzir a frico ao mnimo.

A tbua usada juntamente com as letras do alfabeto impressas em cartes (um baralho de lxico excelente) ou simplesmente escritas em pedaos de papel e dispostas num crculo volta da mesa. Por convenincia, as palavras *Sim+ e *No+ podem tambm ser includas no crculo, assim como os nmeros de 1 a 10. As tbuas ouija entraram completamente em voga nos ltimos anos, de modo que no h qualquer dificuldade em se encontrar uma.

Como usar a Ouija

A utilizao da ouija bastante simples. Em primeiro lugar, dispem-se as letras em circulo volta da mesa; depois, coloca-se a tbua ouija no centro. Em seguida, pem-se os dedos da nossa mo direita levemente em cima da parte superior da tbua. Tentemos descontrair-nos o mais possvel e esperemos.

0 acto de esperar pode ser a parte mais difcil de toda a operao. Pode chegar a levar vinte minutos. Ou tambm podemos fazer mais de uma tentativa, antes que acontea algo interessante.

Porm, a no ser que tenhamos muito pouca sorte, alguma coisa acontecer. A ouija comear a mover-se como se fosse sua a iniciativa. Este o primeiro passo, mas de longe o mais importante. Demos tempo para o que ir acontecer e no tentemos forar. A atitude correcta a da confiana calma. Aceitemo-la com paciencia e raramente os resultados falharo.

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0 que faz a ouija mover-se? As opinies divergem. Os espritos que tm feito uso dela e de expedientes semelhantes durante geraes sustentam que uma questo de orientao espiritual. Uma entidade do Alm assume o controlo da tbua ou da nossa mo e gentilmente a faz mover. Ao provocarmos a situao ouija, oferecemo-nos, de facto, a ns prprios como mdiuns s foras espirituais e quando a tbua se move, estas foras mostram ter-se manifestado.

Nesta concepo os espritas no esto sozinhos. Durante milnios, foram utilizadas variantes da ouija em paises com culturas to diferentes como a China e a Frana do sculo XIX. Quase sem excepo, o comportamento da tbua foi explicado pela interveno do esprito.

Com o desenvolvimento da psicologia moderna, foi sugerida outra explicao, segundo a qual a tbua movida no s6 por espritos mas tambm pela nossa prpria mente consciente.

Mais adiante abordarei de novo estas duas noes.

Perguntas

Uma tbua que se move por si muito interessante, mas pouco til. No entanto, a tbua ouija pode vulgarmente ser induzida a responder a perguntas. H poucas dvidas de que nos sentiremos completamente loucos da primeira vez que faamos a experincia. Leva um individuo fora do comum a perguntar com completo autodominio: *Est algum al?+ Mas devemos fazer perguntas - e em voz alta. As perguntas mentais podem ter boas respostas, mas o velho problema da autodecepo tende a ser muito aumentado.

No nos incomodemos se, a princpio, as respostas no tiverem nexo. A ouija leva normalmente algum tempo a estabilizar-se. Quando o faz, podemos esperar respostas soletradas, medida que a tbua se move volta da mesa.

Outra dificuldade surge aqui. Existe uma poderosa tentao para adivinhar a concluso de uma palavra e para forar a tbua na direco das letras pertinentes. Devemos resistir a essa tentao a todo o custo. Por outro lado, observei mensagens bastante fascinantes completamente arruinadas por esta mesma tendncia.

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No devemos perguntar ouija sobre encarnaes anteriores logo na primeira tentativa de a utilizar. Isto tem muita importncia. De facto, dever ser evitada, durante algum tempo, a formulao de perguntas srias. necessrio tempo para nos acostumarmos tcnica. Uma vez isto firmemente estabelecido, podemos prosseguir com coisas mais interessantes.

Seja como for que nos sintamos em relao controvrsia Esprito versus Mente Inconsciente, descobriremos em breve que seja o que for que nos responde se comporta corno uma personalidade. Ter a sua prpria forma de frase, os seus prprios comentrios, observaes e objeces. E pode provavalmente dar-nos uma histria pessoal, muitas vezes do gnero muito pormenorizado.

Entidades Manifestantes

Se formos tpicos, encontraremos a mesma personalidade *a vir atravs+ da ouija muitas vezes. Mas nem sempre acontece assim. Nas primeiras fases, podem manifestar-se vrias entidades, algumas vezes na mesma posio. Esta outra razo para esperar, antes de comearmos a formular perguntas srias. A menos que sejamos muito ingnuos, no seguimos o conselho de pessoas totalmente estranhas. Exactamente a mesma atitude dever ser aplicada s personalidades curiosas da ouija. Por outras palavras, temos de conhecer a entidade com quem estamos a lidar e vermos por ns se ela de confiana.

Ao dar estas nstrues, torno o ponto de vista esprita s por convenincia. Porm, uma pequena reflexo mostrar-nos- que elas so vlidas mesmo no caso de a fora motriz surgir do nosso prprio inconsciente. Existem elementos na nossa psique que alimentaro a nossa mente consciente com o mais completo disparate dado meio ao acaso. Se estarnos de facto a explorar o nosso inconsciente

com a ouja, mesmo muito importante certificarmo-nos de que o caminho est livre e de que a informao exacta.

Quer sejamos espritas quer psiclogos, deveremos testar cuidadosamente o sistema antes de o utilizarmos, para resolvermos um problema to delicado corno a histria da nossa ltima encarnao. Como um teste cuidadoso tem

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muito a ver com a exactido de resultados mais tardios, dedicarei um pouco mais do meu tempo a examinar estas fases iniciais.

Embora j o tenha avisado que deve evitar perguntas srias, no estou a tentar sugerir que as suas interroga es iniciais sejam frivolas. Pelo contrrio, uma pergunta frivoIa apenas exige urna resposta frivola e o leitor nada descobrir a no ser que a entidade comunicante tem sentido de humor. Faa apenas perguntas que exijam respostas razoveis, mas evite ternas da vida e da morte.

Tipos de Reaco

Parece existirem dois largos tipos de reaco a esta forma de comunicar - o pavor supersticioso e a grosseira inanidade. Nenhum destes casos leva muito longe. Certa vez, tive conhecimento de que uma jovem amea ou suicidar-se devido a uma resposta ouija. Felizmente, um tal alto grau de pavor raro. Mas j no tm conta as vezes em que estremeci corri perguntas do gnero: *Qual o nmero da porta da casa da minha tia Raquel em Brighton?+ Se existem espiritos que so evocados atravs de uma tbua ouija, imagino que eles tambm devem ter estremecido muito.

Ser boa ideia tratarmos a ouija como se fosse um estrangeiro - com delicado interesse. Eventualmente,

medida que vamos conhecendo a personalidade, formaremos as nossas prprias opinies da sua veracidade e do seu juizo.

Nessa fase, podemos comear por fazer perguntas acerca de encarnaes anteriores. Evitemos sugerir demasiado. Por tudo aquilo que sei, podemos suspeitar fortemente de que outrora fomos Ghengis Khan. Mas no comecemos por perguntar: *A ltima vez que c estive, era eu um chefe mongol?+ Esta forma de pergunta tende a predeterminar uma resposta afirmativa com probabilidade distinta de autodecepo.

A forma bvia de pergunta a melhor. *0 que fui eu na minha ltima encarnao? Quando vivi? Onde vivi? Como me chamava? 0 que fazia? Quando morri?+Respostas vlidas

Nesta fase, pode ocorrer-nos que quer os espritas quer

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os psiclogos tm razo acerca da fora motriz existente atrs da tbua e que ainda temos boas hipteses de darmos uma resposta vlida. Se, de facto, estamos a falar com um esprito, suspenso de qualquer lmbo post-mortem, existe a possibilidade de tal entidade ter acesso informao que desejamos. Se, por outro lado, favorecemos a ideia de que drenmos o nosso prprio inconsciente, ento haver a possibilidade de tambm termos enganado o bloco traumtico da morte.

Uma vez estabelecida a nossa linha ouija de comunicao, podemos esperar respostas directas e razoveis ao tipo directo de perguntas dadas no meu exemplo. Porm, tentar estabelecer pormenor adicional tende a ser um assunto aborrecido, muito pouco digno de qualquer esforo. Lembremo-nos que cada resposta tem de ser soletrada. Utilizando este mtodo, at uma simples descrio do nosso ambiente anterior poder levar muitas horas.

Embora a princpio isto possa dar azo a um certo desapontamento, veremos que at a informao imprecisa pode formar a base de revelaes interessantes. Na verdade, bastam um nome, uma data e um local de nascimento para nos iniciar numa pesquisa para confirmao.

Onde Comear

Comecemos pelo nome da localidade. Se for obscuro, podemos necessitar de fazer um trabalho de detective. 0 anncio do nome poder fornecer-nos alguma informao do paIs a que aquele pertence. Adquiramos um mapa porrnenorizado e procuremos. Uma vez encontrado o local pretendido, vejamos se conseguimos saber o nome e a data de nascimento. Na Inglaterra, os registos paroquiais (sem mencionar o Registo Geral do Arquivo de Identificao) so um manancial de informao. Se o local se encontrar fora do nosso alcance, ser aconselhvel escrever-se s autordades municipais.

Uma vez que, infelizmente, nem toda a gente tem simpata pela pesquisa de encarnaes anteriores, devemos simplesmente pedir informaes sem apresentarmos razes por que o fazemos.

A ouija constitu um fascinante ponto de partida para a nossa explorao de vidas anteriores. Mas tudo o que suce-

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deu antes pressupe que a ouij a funcionar bem para ns . Isto no de modo algum uma certeza, pelo menos naquilo que diz respeito ouija-padro. Parece exigir um certo tipo de personalidade (medinica, diriam os espritas), e se a maior parte das pessoas possui essa faculdade, algumas no a tm. Para elas, a tbua permanece inerte.

Existe, no entanto, uma forma ligeiramente diferente de ouija, a qual foge a esta dificuldade. E uma vez que se trata de um caso do gnero *faa-o voc mesmo+, tem a vantagem acrescida de no exigir qualquer dispndio.

A Ouija Feita em Casa

Apenas necessitamos de uma superficie polida, de um copo virado hara cima e da ajuda de dois ou mais amigos. A superficie polida , normalmente, uma mesa. Se no existir mesa disponvel, pode-se utilizar um espelho grande, Virtualmente, servir qualquer tipo de copo, desde que no tenha p. Invertamo-lo, com a parte de cima para baixo, no meio da mesa.

Tambm aqui se dispem as letras do alfabeto em circulo, mas em vez de usar toda a mo como com a ouija, coloquemos ligeiramente um s dedo no fundo do copo, de preferncia no bordo. Os nossos amigos, sentados volta da mesa, devem fazer o mesmo.

A razo por que necessria companhia, explica-se por o movimento do copo da minha experincia no poder ser feito com uma pessoa sozinha. 0 copo mover-se- exactamente como a ouija, sendo necessrio um mnimo de trs pessoas para se conseguir alguma coisa. Quatro ou cinco, ainda melhor, mas, com mais de seis, toda a experincia se torna dificil, j que reduzido o espao para os dedos no fundo dum copo.

0 problema que pode surgir com companhia de que corremos sempre o risco de provocar brincadeira. Algumas pessoas no resistem tentao de empurrar o copo e os resultados so muito divertidos. Infelizmente, no existe qualquer forma real de detectar fraude quando ela levada a cabo com subtileza. Quaisquer respostas obtidas do copo daro usualmente uma indicao, como natural, mas para atingir essa fase, perde-se uma espantosa quantidade de tempo. 0 ideal ser conhecer os nossos amigos e

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excluir aquele ou aqueles que, de alguma forma, no esto dispostos a cooperar inteiramente.

Os Resultados da Ouija

Desde que tenhamos um pouco de pacincia, os resultados da ouija, quer sejam por meio de tbua adequada, quer por movimento do copo, so muitas vezes surpreendentes: um marinheiro mercante do UIster protestante descobre que fora... jesdita. Uma jovem bonita, mas fracamente puritana, consulta a tbua e verifica que outrora fora amante de um nobre. Uma dona de casa inglesa, residente no campo, verifica que vendera flores nas ruas de Barcelona. Um corredor de automveis, cujo nome familiar nos circuitos, retrocede at sua ltima morte e descobre que a causa foi uma flecha nas costas enquanto corria, fugindo dos Peles-Vermelhas.

As histrias, tanto em volume, como em variedade, precem no ter fim: uma jovem e bonita criada foi queimada no pelourinho, acusada de bruxaria. Uma *mulher fatal+ agora parece estar a ser sobrecompensada pela sua vida anterior como freira. Um escritor que tinha medo de andar de barco descobre que outrora fora corsrio.

Todas as informaes acerca deste assunto so originrias da mesma fonte. Isto , a personalidade manifestante era idntica em todos os casos. Duas das histrias coincidiam. As outras no.

Porm, para ser justo, qualquer destas histrias da reencarnao poderia ter sido verdadeira. 0 problema com a maioria era o da falta de pormenor e a ausncia total de qualquer fonte escrita de cooperao.

Entidade Impaciente

A entidade fornecedora de toda a informao era impaciente com os cpticos. Um ingls gordo soube que tinha sido Henrique VIII. Sentiu, com alguma razo, que isso era improvvel e voltou a perguntar: *Mudou de opinio acerca do que eu fui da outra vez?+*S-1-M+ *Agora, quem pensa que eu fui?+ *A R-A-I-N-H-A D-A-S F-A-D-A-S+.

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CAMTULO V

HIPNOSE

Desde que Morey Berristein escreveu The Search for Bridey Murphy, a hipnose tem atraido a ateno de toda a gente virtualmente interessada num estudo prtico da reencarnao.

H muito tempo que se reconheceu que um paciente sob hipnose podia ser regressado, isto , levado pela sugesto aos dias da sua infncia. Que esta regresso era gendina e no meramente uma funo de memria, no restavam dvidas, o mesmo acontecendo quando surgiram as caracterfsticas infantis. As peculiaridades da infncia que o paciente esquecera - pelo menos, conscientemente -

surgiram de repente.

Um bom exemplo disto foi o caso de um homem, regressado pela hipnose, achar-se capaz de voltar a escrever

com a mo esquerda, talento que os seus professores haviam reprimido quando tinha dez anos.

Outra experincia de regresso provou ser embaraosa tanto para o paciente como para o psiquiatra que ps aquele em transe hipntico. 0 homem regressou com facilidade ao perodo da infncia e imediatamente urinou as calas. Ele regressara a uma idade anterior quela em que comeara a controlar a bexiga.

Alguns dos psiquiatras freudianos menos ortodoxos tm declarado que a hipnose (e at, em alguns casos, a anlise interior) produzir memrias da existncia ainda no tero.

Alm do tero

Mas Berristein foi mais longe. Fez regressar Ruth Simmons a um ponto anterior concepo e informao trazida luz acerca de uma existncia passada em Belfast como Bridey Murphy. Algumas das sesses com Ruth Sim- mons foram gravadas e transmitidas mais tarde. Como vi-

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mos, tanto o livro que descreve as experiencias como as gravaes produziram interesse e controvrsia.

Os peritos (que tendem a ser autonomeados nestes casos) pronunciaram-se a favor e contra a validade das experincias de Berristein. Se houvesse um resultado global para o homem da rua, devia ter sido pura confuso .

Porm, o gosto de Bernstein pela promoo eclipsou o facto de que os outros tentaram urna abordagem semelhante com semelhantes resultados. No Pais de Gales, por exemplo, Arnall e Dulcie Bloxham dedicam-se a investigao hipntica relativamente reencarnao h mais de catorze anos. Tal como Bertistein, gravaram os resultados, perfazendo cerca de trezentas horas de gravao.

Podem as experincias deste tipo produzir memrias de vidas anteriores? A resposta directa sim - com reservas. Tal corno a informao ouija, todas as rubricas obtidas a partir do inconsciente, durante o transe, devem ser verificadas e tornadas a verificar antes de serem aceites.

Antes de iniciarmos as nossas prprias experincias deste tipo, conveniente perceber em que estarnos a meter-nos.

No Brincadeira

A hipnose no urna brincadeira e, se bem que correctamente manejada tenha poucos perigos, importante a manipulao apropriada. Quando induzimos o transe num paciente, formamos uma relao muito definida com ele. E esta relao tem srias responsabilidades. A mente humana um instrumento delicado. Examinar as suas profundezas sem considerar este facto, provocar dificuldades.

Na pesquisa da reencarnao, as emoes fortes so muitas vezes estimuladas. Sob hipnose profunda, estas emoes no so s'mplesmente evocadas, mas na realidade libertadas, A menos que o operador tome a devida precauo, pode facilmente rebentar uma espcie de tempestade psquica com os resultados mais desagradveis. Tratemos gentilmente e com simpatia os nossos pacientes. Se as nossas perguntas produzirem relut ncia, no tentemos demolir o bloco. Mudemos para outro caminho.

E tomemos cuidadosa nota de quaisquer resultados. A memoria, em casos como estes, notoriamente incerta.

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Como Provocar a Hipnose Desde que a teoria do magnetismo animal foi abandonada (*), a hippose permaneceu largamente como questo em aberto. E certo que a sugesto desempenha um papel ao produzir o estado, mas a maior parte do trabalho real parece ser feito pelo prprio paciente. Algumas pessoas podem mergulhar em transe ao simples aceno de mo. Outras desafiam todas as regras.

Um dos psiclogos mais conhecidos de Londres cita o caso de um individuo que no conseguia sequer atingir o transe ligeiro depois de algumas centenas de horas de trabalho paciente por parte de um hbil mdico hipnotizador.

Eventualmente, o mdico perdeu a pacincia e gritou: *Por amor de Deus, ponha-se a dormir, seu estpido!+E o paciente entrou imediatamente em transe. A anedota til na medida em que mostra existir mais de uma maneira de hipnotizar. Mas se n o tivermos experincia anterior, devemos comear por procurar um paciente que reaja facilmente e siga o processo ortodoxo.

A Relao Consciente

Nos tempos agitados que vo correndo, muito poucas pessoas acham fcil relaxar. Por consequncia, a melhor maneira de o conseguir faz-lo conscientemente. Comecemos por torn-lo fcil para o paciente. Sentemo-lo numa cadeira confortvel ou faamo-lo deitar-se num div

ou numa cama. Certifiquemo-nos de que a sala sossegada, com o mnimo possIvel de distraces. boa ideia diminuir a luz, embora se deva evitar a escurido total. Tentemos assegurar-nos de que no haver quaisquer interrupes. Se existir um telefone, devemos deslig-lo.

Expliquemos ao nosso paciente de que enquanto ele estiver sob tenso, haver muito poucas hipteses de conseguir a relaxao. Por conseguinte, ele dever contrair todos os grupos de msculos em sequencia, sentindo a tenso e depois descontraindo. Faamo-lo comear pelos ps, de-

(*) Abandonada, isto , como explicao da hipnose. H cada vez mais provas, princip21mente provenientes da Unio Sovirica, de que uma fora muito sceneffizme ao velho pode existir na verdade.

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pois gradualmente pelo corpo acima, terminando nos msculos que controlam o couro cabeludo. Devemos p-lo em comunicao com a sequncia mais de urna vez; porm, quando verificamos que ele faz tudo correctamente, faamo-lo pr em tenso simultaneamente todos os msculos do corpo e depois deixemo-lo @ vontade. Correctamente executado, este exerccio produz um grau considervel de relaxao.

Devemos pedir ao nosso paciente para respirar profundamente, pois isso aumenta o fornecimento de oxignio corrente sanguinca e dai, ao crebro, favorecendo urna maior relaxao.

Na hipnose, no existe qualquer batalha de vontades, apesar das fantasias populares, Sempre que houver uma, o paciente ganhar e a hipnose no ser possIvel, Certifiquetno-nos de que o nosso paciente sabe isto. Pua provocar o transe, necessitaremos de todo o peso da sua cooperao, principalmente nas cruciais fases iniciais.

Sequncia da Sugesto

Uma vez o nosso paciente totalmente descontraldo, co-

mecemos uma sequncia de sugesto. Mantenhamos um tom de voz baixo, calmo e mais ou menis mon6torio. As nossas sugestes devero ser, a principio, dirigidas para um aumento do grau de relaxao. (*0 seu corpo est a tornar-se pesado, Voc est a sentir-se cada vez mais descontraido+). Mais tarde, podemos mudar para sugestes de que ele est a ficar com sono, est a adotrnecer e de que dorme profundamente.

De notar, tambm, que um paciente sob hipnose no est verdadeiramente a dormir. Se isso acontecesse, perderIamos totalmente a nossa influncia sobre ele. Porm, na nossa sequncia de sugestes, estamos, em primeiro lugar, a falar com a mente inconsciente dele e devemos faz-lo na linguagem que ele entende. A relaxao total, que a indicao mais forte do estado de transe, encontra-se associada pela inconscincia ao sono. Da a sugesto.

Tentemos injectar certa quantidade de cor e de imagens mentais nas nossas outras sugestes, porque tambm isso ajuda para conseguir um bom resultado,

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Nveis de Transe Existem trs grandes nveis de transe hipntico: ligeiro, mdio e profundo. Se o nosso paciente no chegar, pelo menos ao divel mdio, intil tentar explorar encarnaes passadas.

Podemos testar o transe de divel mdio, dando uma simples sugesto ps-hipn6tica. Para o fazer, devemos sugerir ao paciente que deve actuar de determinada maneira

- tal como ligar uma luz - quando ouve uma palavra-Chave. Nessa altura, devemos acord-lo e mencionar casualmente a palavra-chave alguns minutos depois, Se ele ligar a luz, sinal de que reagiu nossa sugesto ps-hipntica.

Para testar o transe profundo, sugere-se que o paciente veja, por exemplo, uma coruja a voar pela sala enquanto lhe damos a palavra-chave. Apenas o transe profundo produzir alucinaes ps-hipnticas deste tipo.

N,~ esquecer de neutralizar uma sugesto mais tarde, mesmo que o paciente no parea aceit-la. Se no observarmos esta regra rigidamente, quaisquer experincias hipnticas traro simplesmente dissabor.

Fazer o Paciente Regressar

Urna vez o paciente em transe - e, de preferncia, em transe profundo - a regresso muito simples. Porm, leva tempo e devemos faz-lo gradualmente.

Comecemos por sugerir-lhe que est a regressar ao tem. po do seu ltimo nascimento. Devemos dizer-lhe depois que pode lembrar-se vividamente daquilo que fez e aonde foi. Em seguida, devemos sugerir-lhe que est a regresw no tempo... agora cinco anos e depois dez. Devemos tambm sugerir-lhe *paragens+ ao longo do caminho e incit-lo a dizer o que est a ver.

Podemos estar seguros que, por maiores que sejam as sugestes que lhe possamos dar em relao a uma regresso no tempo e ao local em que ele se encontra, o paciente ouvir sempre a nossa voz e obedecer s nossas instrues.

Desta maneira, levemo-lo directamente infncia e depois poca em que ainda era beb. quase certo notar fortes reaces nesta fase. Poder aparecer o chuchar no dedo ou o choro. E especialmente importante, nesta fase,

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sugerir-lhe que no h qualquer perigo e que est bem, que nenhum problema o pode atingir.

Assim que o paciente regressar infncia, podemos lev-lo na maior viagem para alm do nascimento, at sua ltima encarnao. Lembremo-nos da sensibilidade do paciente e evitemos as reas do nascimento e do trauma da morte. No devemos sugerir-lhe que est a voltar ao tero > ou ento estaremos perante um paciente num estado de retirada total. Em vez disto, devemos dizer-lhe que est a dar um enorme salto no tempo, para trs, para alm do momento do seu nascimento. Ento, perguntemos-lhe o que est a experimentar. E tomemos notas dos resultados.

0 Estado de Limbo

Nem toda a gente pousa imediatamente numa existncia anterior. Alguns pacientes como Ruth Sinimons referem um curioso estado de limbo numa espcie de Plano Astral. Este estado tem considervel interesse em si mesmo, mas uma vez que a informao reencarnatria que desejamos, devemos levar gentilmente o paciente para alm da sua ltima vida.

Evitemos perguntas que julgamos poderem perturb-lo, mas no o pressionemos a dar pormenores. Uma viso pouco nitida de uma paisagem ligada a uma ideia confusa de tempo pior do que intil. Necessitamos de datas, de nomes e de lugares, se quisermos investigar a informao mais tarde. Investiguemos estas coisas gentilmente, mas no deixemos fugir a oportunidade de as descobrir.

Uma sugesto que muitas vezes surge a das ringuas. Em teoria, algum que regressa a uma vida anterior, por exemplo, na Frana, deveria falar francs, por excluso do ingls aprendido durante a sua vida. Na prtica, essa situao muito rara, mesmo em casos em que a investigao posterior mostra a vida passada a ser firmemente estabelecida.

No dificil encontrar uma explicao para isto. A regresso no apaga qualquer estrutura da mente. Enquanto revive as experincias em Frana, o nosso paciente ainda tem um dominio de talentos que aprendeu na idade presente - e um deles a capacidade de falar ingls. Como as nossas perguntas so (presumivelmente) em ingls, ele

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responder na mesma lngua, embora se note frequentemente um ligeiro sotaque.

No entanto, ele seria - novamente em teoria - capaz de conversar na lngua nativa sobre a sua vida passada e ento poder-amos sugerir-lhe, em alguma fase, nesse sentido. Se verificarmos que o paciente fala francs fluente, especialmente se nunca estudou a lngua na sua vida actual, temos, na verdade, provas de peso de que a informao reencarnatria vlida.

Auto-Hipnose

A explorao das vidas passadas interessante quanto o explorar as nossas. Se decidirmos que as tcnicas da hip- nose nos daro a melhor oportunidade para o fazer, ento o prximo passo dever ser aprender algo acerca da auto-hipnose.

H duas maneiras de provocar a auto-hipnose - uma fcil e outra dificil. A maneira fcil termos um hipnotizador hbil que nos ponha em transe e nos d uma palavra-chave especial, que podemos utilizar para fazermos ns prprios o trabalho no futuro.

A sua sugesto poder ser uma coisa do gnero: *Voc, agora, est profundamente adormecido. Num momento, vou acord-lo. Mas antes de o fazer, quero que voc saiba que, todas as vezes que voc repetir a expresso *Durma para sonhar+ em voz alta, cair imediatamente em sono profundo, como est a acontecer agora. A expresso *Durma para sonhar+. Se outra pessoa a pronunciar, no ter qualquer efeito em si. Mas assim que voc a disser em voz alta, cair em sono profundo, como acontece neste momento. Voc ser capaz de dirigir a sua mente para onde desejar que ela v. Poder controlar o seu corpo e emoes enquanto se encontrar neste sono profundo. + igualmente aconselhvel escolhermos uma palavra composta ou sem sentido, como nossa chave. Nada h mais embaraador do que mergulharmos em transe com uma observao casual para um amigo.

Quando desejamos comear a explorar as nossas vidas passadas, toma-se ento um facto de relaxao em circunstncias convenientes repetir a palavra-chave e deixar prosseguir.

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A maneira difcil de provocar a auto-hipnose deix-la actuar sozinha. Bastante curiosamente, a tcnica virtualmente idntica utilizada quando se pe um paciente em transe. A nica diferena que o paciente somos ns prprios.

Arranjemos uma sala sossegada, mergulhada em semiobscuridade, sentemo-nos ou eitemo-nos e penetremos no processo de relaxao consciente. Quando estamos completamente descontraldos, damos (mentalmente) a ns prprios as sugestes apropriadas. A no ser que tenhamos muita sorte, no teremos xito imediato. Mas devemos insistir. Com perseverana, o nosso nvei de transe aprofundar-se- gradualmente.

Quando estivermos satisfeitos com o nvel de transe, continuemos com o processo de regresso - outra vez exactamente da mesma maneira como j foi dito anteriormente. Recuemos lentamente alguns anos, depois saltemos para alm do ponto do nosso ltimo nascimento.

Obstculo

0 maior obstculo, tanto na hipnose, como na auto-hipnose como ajuda para a explorao reencarnat6ria, que pelo menos o divel mdio de transe dever ser alcanado antes que haja qualquer probabilidade de xito. De acordo com o professor H. J. Eysenck, apenas cerca de

2 5 % da populao capaz de atingir o transe de nIvel mdio e ainda menos (cerca de 20%) cair em transe profundo. A minha prpria experincia sugere que o nmero de transe mdio poder ser ligeiramente mais elevado, mas contra isso, acho que o nmero de transe profundo est exagerado. No meu ponto de vista, os pacientes de transe profundo so poucos e raros.

No entanto, os nmeros no so exactos, no existe qualquer soluo para o problema. A menos que possamos atingir um bom grau de transe, a hipnose intil para ns como chave para as vidas passadas. Felizmente, a hipnose no a nica chave, embora sempre que ela actue, tenda a ser de longe a mais fcil, a mais exacta e a mais espectacular.

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CAPITULO VI

A EXPERINCIA HIPNTICA

0 captulo anterior descreveu a hipnose a partir, digamos assim, do exterior. Mas urna vez que a hipnose uma ferramenta to til para a pesquisa da reencarnao, ser de considervel beneficio para ns para compreendermos o que ser hipnotizado e regressar a uma vida passada utilizando esta tcnica.

Infelizmente, no existem duas experincias hipnticas idnticas. Certa paciente minha referiu a sensao subjectiva de descer em espiral por um tnel negro e em forma cnica, quando entrava em transe - descrio que eu nunca ouvi repetida por qualquer outro paciente. Porm, alguns padres comuns emergero tipicamente, sendo necessrio conhec-los para saber o que est a acontecer-nos quando entramos em transe e, com sorte, quando regressamos.

A menos que sejamos extremamente sensiveis com o nosso prprio corpo e mente, um transe ligeiro no apresenta quaisquer sensaes subjectivas. Na verdade, leva um hipnotizador experimentado a decidir quando se atingiu o transe ligeiro - vulgarmente, a partir de um exame do tnus muscular e dos movimentos dos olhos.

Transes Mdios e Profundos

Mesmo o transe de nvel mdio apresentar relativamente poucos ndios ao seu estabelecimento, principalmente se espervamos que nos acontecesse algo de muito espectacular. No h qualquer *bloqueamento+, perda da conscincia ou de conhecimento. Sabemos onde estamos e ouvimos sons nossa volta. A diferena mais notvel entre o transe mdio e o estado de acordado k de que ficaremos muito descontraidos, sendo percorridos por uma agradvel

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sensao de calor. um estado cmodo e confortvel no qual a mente tem uma tendncia precisa para *flutuar+, como o faz em devaneio.

Existem tambm determinados indicadores negativos deste nvel. Verificaremos que temos muito poucos desejos para nos movermos e quase nenhuns para nos levantarmos. Teremos, tambm, urna tendncia precisa para fazermos o que nos dizem (com a condio de as ordens partirem do hipnotizador), mas as oportunidades so as de que racionalizaremos isto como um desejo de no ofender.

Por vezes, podero produzir-se lampejos da vida passada neste nvel de transe. Emergem como camafeus breves e imaginrios, um pouco demasiado vividos e deslocados para serem absolutamente indistinguveis da simples imaginao, embora a confuso entre os dois processos possa surgir muitas vezes.

Tais lampejos podem ser intensamente frustrantes, desde que sejam ocasionalmente dificeis de manter: deslizam ao acaso para dentro e para fora da conscincia, desafiando os nossos esforos de concentrao.

A parte as curiosidades deste tipo, o transe de nvel hipntlco mdio pode ter algo de decepcionante a princpio. Um dos meus novos pacientes que procurava libertar-se do vicio do tabaco entrava com relativa facilidade em transe de nilvel mdio. Quando acordou, um amigo perguntou-lhe se tinha sido hipnotizado com bom xito. Depois de pensar um momento, observou: *Suponho que sim, de outro modo, no me teria deitado no cho corno um tolo durante a ltima hora+. Era uma concluso absolutamente correcta, mas interessante o facto de ele ter de alcan-la mais por uma deduo lgica do que por avaliao subjectiva.

0 transe profundo, em si, envolve tambm muito poucos sinais subjectivos. Na verdade, vamo-nos sentir profundamente descontraldos - provavelmente mais descontrados do que j nos sentimos antes. 0 nosso corpo sentir-se- pesado e o esforo envolvido ao fazer o mais ligeiro movimento fsico - at um pequeno movimento como o de abrirmos as nossas plpebras - parecer enorme. Ainda no perdemos a conscincia, mas no h dvida que o nosso foco de ateno diminui consideravel-

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mente: as palavras do hipnotizador tornam-se, nesse ponto, as coisas mais importantes do mundo para ns.

Em transe profundo, somos, como bvio, altamente submissos sugesto e aqui que surge a caracteristica mais inconfundvel do nvel. Podemos ser persuadidos a representar os actos mais estranhos ou alucinados a ordenar. Dependendo do nosso tipo psicolgico, essas alucinaes podem tornar-se to vividas, como serem completamente indistinguveis da realidade fsica.

Assim, o que experimentamos no transe profundo depende largamente daquilo que o hipnotizadot nos sugere. Suponhamos agora que as sugestes envolvem a regresso tcnica.

A principio, como somos transportados para trs nos anos, poderemos ficar surpreendidos por bocados de memrias conservados durante muito tempo, A profundidade da regresso, como a profundidade da hipnose varia de indivduo para individuo. Por esta razo, imprudente esperar demasiado - principalmente, nas nossas experincias iniciais.

importante um baixo nvel de expectativa. Inmeros pacientes preocupam-se se o processo de regresso funciona ou no e as suas preocupaes reais podem interferir corri o prprio processo. A anlise racional no deve tomar parte na nossa experincia nesta fase - o tempo para a anlise racional vir depois, quando j no puder bloquear o fluxo de informao da mente inconsciente.

No entanto, algumas vezes o processo superar o grau mais intenso da racionalizao. Nos meus arquivos pessoas encontra-se o caso de uma cientista que passou pelo processo da regresso convencida de que este no funcionava. Aps o momento crucial em que ela foi catapultada para umavIvida experincia de vida passada, a sua mente dividiu-se. Uma parte dzia-lhe ainda que a regresso no funcionava nem podia faz-lo, enquanto a outra revivia realmente acontecimentos que tinham ocorrido h dois mil e trezentos anos. Eventualmente a evidncia dos seus sentidos ganhou e ela deixou de dizer a si prpria que no regressara.

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A Experincia da Regresso Quando em transe profundo, a experincia subjectiva da regresso uma experincia de movimento. Existe uma sensao ditida de *viajar+ em mente. Uma vez passada a barreira do nascimento/ morte, o hipnotizador deter o processo, perguntando: *Onde est agora?+Neste ponto, a sensao de movimento cessa, mas o ambiente que nos rodeia pode no ser imediatamente ditido,

Isto pode acontecer em duas espcies de circunstncias. A primeira ocorre quando *aterramos+, digamos assim, entre duas vidas passadas.

Neste caso, a sensao subjectiva a de limbo. Pode exprimir-se como escurido ou nevoeiro e tipicamente tem mais sensao de extenso do que de claustrofobia. Em certos casos em que trabalhei, a experincia traduzia-se por *nevoeiro cor-de-rosa.> Embora o tom emocional da experincia seja em geral completamente neutro e sombrio, o estado pode ser por vezes muito agradvel.

Na segunda espcie de circunstncias, pode algumas vezes acontecer *aterrarmos+ exactamente numa vida passada, mas sermos incapazes momentaneamente de experiment-la por completo. Isto parece mais paradoxal do que na realidade . A sensao a de permanecer numa espcie de casulo. Temos conhecimento de coisas que acontecem nossa volta, mas no podemos determinar completamente o que elas so. Se nos acontecer isto numa regresso, no h motivo para alarme: em geral, apenas necessrio esperar um pouco at o ambiente se tornar claro. Se isto no acontecer automaticamente, algumas su, gestes pertinentes por parte do hipnotizador levaro normalmente o processo a uma concluso satisfatria.

A experincia real de uma vida passada utilizando esta tcnica cair, em geral, dentro de uma das trs categorias seguintes:

1. Mem6rias vividas e pormenorizadas. Estas so precisamente coleces de acontecimentos importantes da nossa vida presente. Acontecimentos, nomes, lugares, caras vem nossa lembrana com essa certeza incondicional associada mem6ria mais ortodoxa.

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2. Cenas pictricas. Estas variam de cenas claras *na nossa mente+ a experincias visionrias to vIvidas que quase poderemos estar a olhar para um ecr de cinema ou de televiso. A caracteristica interessante aqui existente de que podemos ver-nos realmente no corpo que usmos da ltima vez, como se estivssemos a observar um documentrio filmado das nossas actividades passadas.

3. Um reviver de incidentes de uma vida passada. Esta a mais emocionalmente satisfat6ria de todas, visto que traz no seu despertar uma certeza total da validade da prpria experincia. Sentimos que estamos realmente num tempo e num lugar determinados.

Na prtica, tende a haver uma mistura de todas as trs categorias, sendo uma predominante.

Ocasionalmente, acontecero singularidades no decorrer de uma regresso. E perfeitamente possvel - e mesmo vulgar - perdermos todo o contacto com a nossa existncia presente e sentirmo-nos totalmente possudos por nova personalidade. Quando isso ocorre, a voz do hipnotizador pode ser experimentada como parte de um dilogo interior e *mental+ ou - dependendo da cultura em que ns prprios nos encontramos - a voz de um esprito separado do corpo.

Podem tambm ocorrer vazios curiosos. Podemos lembrar-nos de uma abundncia de pormenor obscuro e de repente esquecermo-nos do nome do nosso pai ou do nome do local onde vivemos. De modo geral, estes vazios podem ser preenchidos com um pouco de pacincia.

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CAPITULO VII

A CONTEMPLAO DO SIMBOLO:

UTILIZAO DOS ARQUTIPOS

Muitas tcnicas ocultas continuam a no ter o suporte de teoria razovel. Os seus adeptos aplicam-nas numa base puramente emprica, sem ter a mais pequena ideia porque os resultados so bons. Porm, a contempla o arquetIpica, uma excepo regra geral. De facto, a prtica nasce directamente da teoria.

Em primeiro lugar, examinemos a teoria. Muito poucos dos que acreditam na reencarnao fizeram a si prprios uma pergunta muito bsica - exactamente o que reencarna? A resposta fcil a alma, mas ainda so menos as pessoas que podem dar uma definio satisfatria do que a alma poder ser.

Eu reencarno... mas o que sou *eu+? Ser que este eu, esta personalidade, regressa? 0 problema realado, tal como se encontra inicialmente determinado no budismo, o qual combina uma crena firme na reencarnao com a doutrina anata (sem alma). Se o budista no se v possudo por uma alma, ento, para ele, o que que passa de um corpo para o outro?

Novo Ponto de Vista

A ideia de uma alma itinerante (interpretada como

mente ou personalidade) to predominante entre os adeptos da doutrina da reencarnao, que poder ser til experimentar um ponto de vista obviamente novo. Assim, por agora esqueamos as almas itinerantes, que implicam movimento, e pensemos na eternidade, que implica estado.

Ns existimos. Ns sempre existiremos. No h qualquer forma de evitarmos isso. tanto um facto (e mais) como o livro que temos nas nossas mos. Que significa *n6s+ neste contexto? Certamente que no o corpo que temos agora. Como ele ou no, esse corpo desintegrar-se- um dia. E nem sequer a nossa personalidade. Pensemos

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nela por breves instantes, antes de sermos tentados a discordar. A nossa personalidade aos seis meses era muito diferente da personalidade que temos hoje. A nossa personalidade dentro de vinte anos ser outra vez diferente.

Se este aspecto da nossa psique no pode sequer sobreviver existncia fsica, que possibilidade tem ela de sobreviver eternidade? 0 ocultista postula algo muito para alm, a personalidade ou at o pensamento. Ensina a existncia de um *eu+ interior, imutvel e eterno, uma centelha do divino, quase alm do entendimento. este *eu+ que existe no sentido bsico.

Exerccio Oculto

Existe um curioso exerccio oculto que podemos experimentar (embora no demasiadas vezes, porque tende a ser perturbador). Imaginemo-nos sem corpo, uma mente separada dele. Depois, imaginemo-nos sem imaginao, a flutuarmos numa regio escura e silenciosa de pensamentos abstractos. Agora, imaginemo-nos sem os nossos pensamentos. Nada deixado... e, no entanto, incrivelmente, continuamos a existir.

Este pequeno exerccio levar-nos- o mais prximo possvel do *eu+ recndito e eterno.

Consideremos o exerccio um passo mais adiante. Esqueamos que alguma vez tivemos corpo, personalidade ou mente. Imaginemo-nos simplesmente a existir e nada mais. Agora, suponhamos que faz parte da nossa natureza adquirir experincia. No uma questo de desejo ou de vontade. Se quisermos, poderemos chamar-lhe reaco presso evolutiva. Assim, como reaco presso evolutiv, reconstruirrios uma mente e uma personalidade e ligamo-las a um corpo. Em resumo, reencarnamos.

Aps alguns anos (e Deus sabe que factor determinante se encontra aqui), retiramos a mente e a personalidade do corpo que temos estado a usar e absorvemos a experincia no interior do nosso prprio ser. Sob o ponto de vista fisico, morremos. Esta relao e consequente retirada torna-se um modelo-padro. Cada vez que isso acontece, reencarriamos.

Eventualmente, alcanamos uma fase em que j experimentmos bastante. Surgem determinados sinais cada vez

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que se atinge este ponto. Os orientais reconhecem-nos como sinais de proteco de Buda. j no necessitamos de reencarnar. Numa forma alterada, continuamos a existir. Se - e isto no passa de elevada especulao metafisica - for necessrio desenvolverno-nos mais, ter de ser em qualquer outra direco.

Conceitos Jungianos

Na escola jungiana de psicologia, existem dois termos vulgarmente utilizados que parecem relacionados com a noo do *eu+ interior que temos estado a tratar. Um o Eu. 0 outro a Inconscincia Colectiva.

0 Eu, para simplificar bastante o conceito de Jung, o ponto central da psique, o fulcro bsico da estabilidade da mente. Quando o pequeno e velho *eu+ familiar (o Ego) atinge a integrao com o Eu, unificamos toda a nossa estrutura psquica.

A Inconscincia Colectiva um nvel da mente comum ao conjunto da humanidade, a mente de grupo, da raa, a expresso psquica da experincia colectiva da humanidade durante milnios. Algures, Jung refere-se a ela como um gigante criador que tem sonhos antigos.

Mesmo se deixamos o Eu de parte durante um momento (embora o Eu e a Inconscincia Colectiva possam justamente ser considerados juntos), no difcil igualar a Inconscincia Colectiva com o recndito *eu+. Eu sugeriria que as duas coincidem completamente, mas, para fins prticos, poderemos conceder a ns prprios este desvio sem afectar o resultado.

Voltemos, agora, terra. 0 nosso problema imediato o de investigar encarnaes passadas.

Se aceitarmos a teoria que acabei de delinear, ento a mina de experincias das nossas vidas passadas a rea da Inconscincia Colectiva nas profundezas da nossa psique. Ento, como podemos alcanar esta rea?

Foras Potentes

A primeira pergunta que fazemos a ns prprios, se realmente queremos isso. Foras poderosas actuam na Inconscincia Colectiva. Ser que queremos realmente perturb-las? A pergunta pode parecer levemente supers-

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ticiosa, confinante com &noestaes medievais acerca de relaes com o diabo, mas seriamente bastante intencional. Se estivermos preparados para aproveitar as oportunidades >Poderemos investigar os arqutipos.

De acordo comjung, um arqutipo uma pedra fundamental da mente. Isto diz-nos tudo... e nada. A ideia de um arqutipo no fcil de entender. Muitas vezes existe o Paradoxo. 0 prprio jung, por exemplo, no teve dificuldade em conciliar as ideias de Deus como um arqutipo e Deus como uma realidade csmica.

Tipicamente, devemos personalizar os arqutipos antes de os confrontarmos. Ao procedermos assim, este poder tem uma qualidade obsessiva que um dos maiores perigos de macaquear com os arqutipos em primeiro lugar. Mesmo sem esforo consciente, centenas de milhares de homens e de mulheres condenaram-se a uma existncia arquetipica, assediada por um modelo de comportamento que submete as suas personalidades s foras que brotam da profunda inconscincia.

Smbolos Arquetpicos

Existem muitos, muitIssimos simbolos arquetipicos. Damos a seguir uma breve lista dos principais: o Pai; a M e; o Rei; o Louco; a Velha Sbia; o Eremita; o Escravo; o Mensageiro; o Guerreiro; a Feiticeira; o Mgico.

Naturalmente, estessimbolos so personalizados. Entre outros, mais abastractos em natureza, surgem: o Circulo; a Cruz; a Sustica (perigosa para usar agora, em vista da sua conotao nazi); o Sol; o Ponto; o Yin e o Yang.

Os nmeros - pelo menos, os de um a nove - so, muitas vezes, considerados arqutipos.

Atrever-me-ia a sugerir a escolha dos sImbolos abstractos para as nossas experincias. Quaisquer resultados tendem a ser mais lentos e menos espectaculares do que os personalizados, mas so infinitamente mais seguros. Se utilizarmos regularmente o simbolo, no de esperar demasiado, mesmo com o decorrer do tempo, e absolutamente nada h a esperar nas nossas primeiras poucas tentativas.

A contemplao de um simbolo pode ser odiosamente dificil antes de se apanhar o sentido dele. Mas o que faze-

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mos suficientemente fcil de delinear. Comecemos por visualizar o nosso sImbolo escolhido. Se desejarmos, podemos desenh-lo primeiro numa folha de papel. Assim que o visualizarmos claramente, seguremo-lo.

tudo o que h a fazer. Contemplemos simplesmente o sImbolo, sossegada e calmamente, ignorando todos os pensamentos estranhos.

No estamos sequer a pensar no s@imbolo, apenas a deix-lo ocupar a nossa mente.

Canal de Energia

Utilizado desta maneira, um simbolo arquetipico pode eventualmente transformar-se num canal para as energias que surgem em inconscincia profunda. 0 nosso desejo original para explorar vidas passadas forma, digamos assim, uma estrutura para estas foras (e por essa razo, nunca deveria ser esquecido).

como se a nossa mente se tornasse sensivel pelo sImbolo. Acharemos, medida que o tempo e a prtica regular diria da contemplao passam, que os lampejos de cenas pouco familiares comeam a surgir perante o nosso olhar interior. Tomemos nota destes fragmentos, porque so indcios de vidas anteriores.

Esta tcnica, talvez mais do que qualquer outra, incerta e exige a verificao mais rigorosa. Porm, para aqueles que pensam que podem utiliz-la, ela produzir algumas vezes resultados onde todas as outras abordagens falham. Excepto a obsesso arquetIpica que absolutamente fcil de evitar se nos confinamos ao uso de smbolos abstractos,

o nico perigo real perder o controlo das nossas vises. Decidir a favor de imagens mentais que surgem irregularmente coisa desagradvel na melhor das hipteses, pois vale a pena adoptar o velho e oculto procedimento de um gesto ritual antes e depois da contemplao. 0 gesto (o Sinal da Cruz, por exemplo) marca claramente os limites externos das nossas experincias e evita qualquer problema mais tarde.

Uma palavra final. As vises so internas. Se, em qualquer ponto, se tornarem objectivas, abandonemos imediatamente as nossas experincias e consultemos um bom psiquiatra.

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CAPTULO VIII

MEDITAO PROFUNDA

No Oriente, a via nobre para a sabedoria a meditao. Visto ser baseada na suposio de que todo o conhecimento real dever, em ltima instncia, vir de dentro, a tcnica mantida com tal medo que determinadas fontes hindus antigas afirmam que a sua prtica produzir realmente poderes mgicos, como a invisibilidade ou a capacidade de levitar.

0 significado da meditao do medo produzido no Ocidente apenas ligeiramente menor, embora as supersties bsicas divirjam bastante. Aqui, a maior superstio que rodeia a meditao de que algo misterioso e dificil de aprender. Certa vez, encontrei uma rapariga que estudara livros de yoga durante mais de cinco anos na esperana de vir, eventualmente, a *desenvolver-se o bastante para tentar meditar+.

0 que estranho o facto de muitos ocidentais praticarem formas de meditao durante toda a sua vida, mas tal como o homem que escreve prosa e poderia ser surpreendido a aprend-la. Na sua forma mais simples, a meditao sobre um assunto no significa mais do que cismar acerca dele. Uma vez isto compreendido, percebemos ter meditado frequentemente no passado. Ficmos cheios de preocupaes e cismmos acerca delas, fazendo-as dar voltas na nossa mente, para se examinar todos os ngulos. E, por vezes, este exame produziu sbitos resultados. Uma nova abordagem provocou-nos uma nova soluo. Sob o prisma do Oriente, atingimos, atravs da meditao, grande esclarecimento,

Diferena de Grau

Poderemos ser tentados a afirmar solenemente que este tipo de meditao mundana mal pode ser a mesma t cnica poderosa usada pelos santos, yogis e gurus. Contudo, a diferena reside unicamente no grau. E se o yogi ou o santo

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levam a melhor sobre o homem mdio, porque aqueles meditam regularmente. Embora seja, como se pode ver, uma diferena de grau, uma diferena que produz tais resultados notveis que poder tambm ser uma diferena de essncia.

Faamos uma comparao que poder esclarecer este ponto. No karat, a forma oriental mortal de combate sem armas, os praticantes endurecem as mos esmurrando um saco cheio de areia. No existe qualquer segredo na tcnica (pelo menos, j no h). De facto, talvez at tenhamos esmurrado um saco cheio de areia em qualquer altura da nossa vida. A diferena entre as nossas mos e as de um praticante de karat reside no facto de ele poder quebrar um tijolo ao meio ou uma tbua com uma polegada de espessura. E esta diferena foi alcanada nica e exclusivamente por uma prtica regular.

No domnio mental, o praticante de yoga meditar todos os dias durante horas sem fim. Alguns vo mais alm e passam semanas inteiras, meses ou at anos em continua meditao. 0 resultado desta contnua actividade assemelha-se ao resultado da gua a cair em gotas sobre uma pedra - alguma coisa se desgasta. No caso do yogi, o que desgasta a fronteira psquica entre os nveis conscientes e os inconscientes da mente. Um canal , por assim dizer, aberto, um poo perfurado e deste veio dimana o conhecimento e a sabedoria do inconsciente.

Uma vez encontrado um mtodo que nos permite alcanar o nosso prprio inconsciente, atingimos um mtodo que promete - pelo menos potencialmente - obter informao acerca da nossa ltima encarnao.

Vrias Formas

Existem, por acaso, vrias formas de meditao com um grande nmero de ajudas ao resultado final. Algumas escolas, como a de Maharishi, advogam o uso de um mantram. Um grupo chins, que encontrei por acaso, defend;a a adopo da posio de lotus com os olhos fixos na ponta do nariz. Infelizmente, a posio de lotus fisicamente impossvel para a maioria dos ocidentais e olhar fixamente para a ponta do nariz tende a produzir mais dores de cabea do que esclarecimento.

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Porm, trata-se de embelezamentos, teis em alguns casos, mas desnecessrios se estivermos preparados para usar um pouco de pacincia e de perseverana. Dois pr-requisitos genuinos para a meditao efectiva so a relaxao e a concentrao. No entanto, no nos preocupemos demasiado se estivermos tensos e excessivamente confusos: a relaxao e a concentrao podem ser desenvolvidas, tal como Mr. Universo pode s-lo a partir do proverbial individuo franzino.

Comecemos a nossa rotina de medi@ao escolhendo o tempo, o local e a cadeira. Se para ns a meditao vale alguma coisa - e decerto se a tencionarmos utilizar como tcnica para a explorao de vidas anteriores - dever ser praticada regularmente. Isto significa pr de lado determinado tempo todos os dias.

No h necessidade de exced-lo. De facto, o extremismo dever ser to evitado aqui, como em outras condies de vida. Os yogis podem levar vrios anos em meditao. Ns poderamos ser aconselhados a comear por alguns minutos. Mesmo quando atingimos a ideia do sistema, uma hora por dia ser ptimo para o ocidental mdio. Tal-

vez o periodo mais aproveitvel seja metade desse tempo - mas avancemos para ele a pouco e pouco.

No Oriente, a manh a altura tradicional de meditao. Ao contrrio de tantas tradies orientais, esta transplanta-se perfeitamente para o Ocidente. Se meditarmos de manh, a nossa mente ficar fresca e vigilante; e como o mundo preguioso, haver de longe muito menos hipteses de sermos perturbados.

Aps seleccionado o tempo, escolhamos agora o local. Deve ser sossegado, quente e livre de perturbaes. Quem meditar numa sala com telefone ir ter