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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS Breno Costa Marinho Toledo Mapeamento e análise dos processos realizados pelo Núcleo Interno de Regulação da unidade de emergência de um hospital universitário público São Carlos 2018

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

Breno Costa Marinho Toledo

Mapeamento e análise dos processos realizados pelo Núcleo Interno de

Regulação da unidade de emergência de um hospital universitário público

São Carlos

2018

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Breno Costa Marinho Toledo

Mapeamento e análise dos processos realizados pelo Núcleo Interno de

Regulação da unidade de emergência de um hospital universitário público

Monografia apresentada ao Curso de

Engenharia de Produção Mecânica, da

Escola de Engenharia de São Carlos da

Universidade de São Paulo, como parte

dos requisitos para obtenção do título de

Engenheiro de Produção Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Marcel A. Musetti

São Carlos

2018

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.

A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que

oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior, fundamentado pela

confiança no mérito e ética aqui presentes.

Ao meu orientador Marcel Andreotti Musetti, pelo suporte no pouco tempo que

lhe coube, pelas suas correções e incentivos.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu

muito obrigado.

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RESUMO

TOLEDO, B. C. M. Mapeamento e análise dos processos realizados pelo Núcleo

Interno de Regulação da unidade de emergência de um hospital universitário

público. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Escola de Engenharia de São

Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2018.

A rede de saúde pública no Brasil encontra-se supersaturada, precisando atender

uma demanda acima de sua capacidade com recursos cada vez mais limitados. A

ineficiência neste cenário é crítica, pois qualquer desperdício resulta em maiores filas e

mais longos tempos para atendimento, o que pode por vidas em risco, devido a criticidade

do serviço prestado por alguns hospitais. Logo é de extrema importância a gestão dos

processos desses hospitais, de forma a realiza-los com uma maior eficiência. O que pode

ser feito, com um baixo custo, através de um estudo dos processos dos principais hospitais

do país, com o intuito de levantar as boas práticas realizadas por eles. Este trabalho busca

contribuir para essa questão ao mapear e analisar os processos realizados pelo núcleo

interno de regulação da unidade de emergência de um hospital universitário público,

entendendo como ele participa do processo de atendimento de uma urgência e como ele

contribui para sua melhor execução. Para atingir tal objetivo, foram feitas diversas visitas

ao hospital, nas quais o estudante conversou com pessoas chaves da unidade, acompanhou

os processos realizado por eles, e entrevistou os membros que compõem o time do núcleo

interno de regulação, de forma a levantar as informações necessárias para execução e

elaboração do estudo. Com esses dados foi possível mapear as principais atividades

realizadas pelo objeto de estudo, que podem ser aqui resumidas nos processos de

monitoramento de leitos, admissão e transferência de pacientes. Analisando tais

documentos, identificou-se que a integração das atividades realizadas pelo núcleo interno

de regulação com o processo de atendimento de uma urgência, trouxe benefícios ao

hospital, na medida em que melhorou seus indicadores, trouxe um maior controle sobre

a demanda, automatizou algumas operações, e reduziu erros e divergência de fluxos de

informações entre as áreas da unidade. O que permitiu concluir que a forma como o

núcleo interno de regulação opera nesta unidade é uma boa prática e que se adotada por

outros hospitais pode trazer também benefícios a eles. Já nesse trabalho, foi possível

sugerir algumas melhorias nos processos estudados, porém o estudante propõe que em

trabalhos seguintes, os mapas de processos criados por ele, sejam usados como base, e

completados com indicadores, com intuito de transforma-los em modelos de processos,

permitindo a realização de uma análise quantitativa dos processos e a identificação de

outras oportunidades de melhoria.

Palavras-chave: hospitais públicos, gestão por processos, mapeamento de processos,

identificação de boas práticas, análise de processos, melhoria de processos.

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ABSTRACT

TOLEDO, B. C. M. Mapping and analysis of the processes performed by the Internal

Nucleus of Regulation of a public university hospital's emergency unit. Monografia

(Trabalho de Conclusão de Curso) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade

de São Paulo, São Carlos, 2018.

The public health network in Brazil is supersaturated, having to meet a demand

above its capacity with increasingly limited resources. The inefficiency in this scenario is

critical, since any waste results in larger queues and longer time for patient care, which

can lead to put lives at risk due to the criticality of the service provided by some hospitals.

Therefore, it is extremely important to manage the processes of these hospitals, in order

to carry them out with greater efficiency. This can be done, at low cost, through a study

of the processes of the main hospitals in the country, in order to evaluate the good

practices performed by them. This paper seeks to contribute to this issue by mapping and

analyzing the processes performed by the internal regulation nucleus of the emergency

unit of a public university hospital, and thus understanding what role it plays in the

process of attending emergency cases and how it contributes to its better execution. In

order to achieve this goal, the hospital had been visited several times, in which the student

talked to key people of the unit, followed their processes, and interviewed the members

who integrate the internal regulation nucleus’ team, in order to obtain the necessary

information for the execution and preparation of the study. With these data, it was

possible to map the main activities performed by the object of study, which can be

summarized here in bed monitoring, admission and patient transfer processes. Analyzing

these documents, it was identified that the integration of the activities carried out by the

internal regulation nucleus with the process of attending an emergency brought benefits

to the hospital, as it improved its indicators, gave it more control over demand, automated

some operations, reduced errors and divergence of information flows between the areas

of the unit. This leads to the conclusion that the way this internal regulatory body operates

in this unit is a good practice and that if adopted by other hospitals can bring benefits to

them too. Futhermore it was already possible in this work to suggest some improvements

in the studied processes, but the student proposes that in a futher work his process maps,

could be used as basis for further investigations, elaborating indicators, with the intention

of turning these maps into process models, allowing a quantitative analysis and

identification of other opportunities for improvement.

Keywords: public hospitals, process management, process mapping, identification of

good practices, process analysis, process improvement.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1 – Descrição de um processo

Figura 2.2 – Classificação de um processo por sua generalidade

Figura 2.3 – Processo primário de um hospital

Figura 2.4 – Modelo de referência Harrington, Esseling e Ninwegen

Figura 2.5 – Método versus Perspectiva de modelagem

Figura 2.6 – Descrição de elementos da modelagem BPMn

Figura 2.7 – Exemplo de processo privado

Figura 2.8 – Exemplo de processo público

Figura 2.9 – Exemplo de colaboração

Figura 2.10 – Exemplo de coreografia

Figura 2.11 – Objetivos de desempenho de uma melhoria

Figura 2.12 – Fatores competitivos versus Objetivos de desempenho

Figura 2.13 – Indicadores relevantes em um hospital

Figura 5.1.1.1.1 – SIPOC Admissão espontânea

Figura 5.1.1.1.2 – Início do processo de admissão espontânea

Figura 5.1.1.1.3 – Continuação do processo de admissão espontânea pelo NIR

Figura 5.1.1.1.4 – Continuação do processo de admissão espontânea pelo médico

Figura 5.1.1.2.1 – SIPOC Admissão regulada

Figura 5.1.1.2.2 – Início do processo de admissão regulada

Figura 5.1.1.2.3 – Fim do processo de admissão regulada

Figura 5.1.2.1.1 – SIPOC Alta transferência de hospital

Figura 5.1.2.1.2 – Início do processo de alta transferência de hospital

Figura 5.1.2.1.3 – Fim do processo de alta transferência de hospital

Figura 5.1.2.2.1 – SIPOC Transferência de paciente puxada

Figura 5.1.2.2.2 – Processo de transferência de paciente puxada

Figura 5.1.2.3.1 – SIPOC transferência de paciente empurrada

Figura 5.1.2.3.2 – Início do processo de transferência de paciente empurrada

Figura 5.1.2.3.3 – Primeira possibilidade de fim do processo de transferência de

paciente empurrada

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Figura 5.1.2.3.4 – Como o processo segue caso não haja leito disponível na área

solicitada

Figura 5.1.2.3.5 – Segunda possibilidade de fim do processo de transferência de

paciente empurrada

Figura 5.1.2.3.6 – Fim do processo caso a transferência não seja possível

Figura 5.2.1 – Início do macroprocesso de atendimento de uma urgência

Figura 5.2.2 – Fim do macroprocesso de atendimento de uma urgência

Figura 5.5.2.1 – Exemplo de base para procura de leitos no sistema

Figura 5.5.2.2 – Exemplo de input de dados e escolha de área para transferência

Figura 5.5.3.1 – Gráfico participação humana versus efetividade do controle

Figura 5.6.1 – Diferença entre diagrama, mapa e modelo de processo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 9

1.1 OBJETIVO ............................................................................................................................ 10

1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 10

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................. 12

3 MÉTODO DE PESQUISA ...................................................................................................... 30

4 COLETA, AVALIAÇÃO E ANALISE DOS DADOS ........................................................... 33

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................... 34

5.1 NIR - RESPONSABILIDADES E PROCESSOS ................................................................ 34

5.1.1 ADMISSÃO DE PACIENTE ............................................................................................ 34

5.1.1.1 ADMISSÃO ESPONTÂNEA DE PACIENTE .............................................................. 34

5.1.1.2 ADMISSÃO REGULADA DE PACIENTE .................................................................. 37

5.1.2 TRANSFERÊNCIA DE PACIENTE ................................................................................. 39

5.1.2.1 ALTA DE TRANSFERÊNCIA DE HOSPITAL ............................................................ 40

5.1.2.2 TRANSFERÊNCIA DE PACIENTE PUXADA ............................................................ 42

5.1.2.3 TRANSFERÊNCIA DE PACIENTE EMPURRADA .................................................... 43

5.2 NIR INSERIDO NO CONTEXTO DA UNIDADE DE EMERGÊNCIA ............................ 46

5.3 BARREIRAS SUPERADAS ................................................................................................ 48

5.4 MELHORIAS PROMOVIDAS ............................................................................................ 49

5.4.1 MAIOR EFICIÊNCIA DO FLUXO DE PACIENTES ..................................................... 49

5.4.2 MAIOR CONTROLE SOBRE A DEMANDA ................................................................. 50

5.4.3 MELHORIA DO SISTEMA INFORMATIZADO ............................................................ 50

5.4.4 CENTRALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES ...................................................................... 51

5.5 OPORTUNIDADES DE MELHORIA ................................................................................. 52

5.5.1 REDUÇÃO DO TEMPO E MAIOR ASSERTIVIDADE NA OCUPAÇÃO DE UM

LEITO VAGO ............................................................................................................................. 52

5.5.2 AUTOMATIZAÇÃO DA PROCURA DE LEITOS PARA TRANSFFÊNCIA DE

PACIENTES ............................................................................................................................... 53

5.5.3 CRIAÇÃO DE TRAVAS ADICIONAIS NO SISTEMA ................................................. 55

5.6 CRIAÇÃO DE MODELOS DE PROCESSO ....................................................................... 57

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 59

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 61

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1 INTRODUÇÃO

Este estudo tem como objetivo modelar e analisar os principais processos

realizados pelo Núcleo Interno de Regulação de um hospital universitário público,

identificar suas boas práticas e propor recomendações de melhorias, de forma a torna-los

mais eficientes, melhorando a qualidade do atendimento ao cliente através de

procedimentos simples, objetivos e rápidos.

Hospitais são instituições responsáveis pela assistência médico sanitária, tanto

curativa quanto preventiva, atuando também como centro de formação profissional e de

investigação biossocial (CARETA, 2013).

Mais particularmente hospitais universitários são instituições que se caracterizam

por ser um prolongamento de um ensino de saúde; por prover treinamento universitário

na área de saúde; por ser reconhecido oficialmente como hospital de ensino, estando

submetido à supervisão das autoridades competentes; e por propiciar atendimento médico

de nível terciário a uma parcela da população (MEDICI, 2001).

Logo além deles manterem funções semelhantes aos hospitais tradicionais, eles

possuem também um caráter social ao ser parte responsável pela formação e

desenvolvimento dos futuros profissionais da área de saúde e ser uma alternativa para as

pessoas que não tiveram acesso a um hospital público e não podem arcar com um privado,

mas que tem o direito de terem suas necessidades atendidas, de forma rápida e

responsável.

Porém as necessidades de racionalizar gastos com saúde têm fragilizado os

hospitais de ensino, que costumam ser muito dispendiosos por não apresentarem uma

relação eficiente entre custo e resultados (MEDICI, 2001). Em tempos de crise, como

atualmente, há a necessidade de redução de verbas disponibilizadas para as instituições

públicas, por exemplo, o orçamento do Hospital da USP diminuiu de R$ 286 milhões no

ano passado para R$ 263 milhões neste ano. Além disso os Hospital São Paulo, da

Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e o Hospital Universitário da USP

deixaram de receber 60 mil pacientes no primeiro semestre de 2017 devido à falta de

verba (GLOBO, 2017). Acontecimento que poderia ter sido evitado caso estes hospitais

estivessem operando em sua máxima eficiência e de maneira enxuta.

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O aumento da eficiência nesses hospitais é um desafio que já foi a mais de uma

década evidenciado em publicação do Conselho Nacional de Secretários de Saúde

(Conass, 2006), mas que ainda é uma realidade. É nessa prerrogativa que esse trabalho se

baseia, pois, essas ineficiências provem da falta de gestão dos processos hospitalares e da

falta da continua analise e busca por melhoria dos mesmos.

Portanto este trabalho focará na busca da resposta para as seguintes questões:

• Qual a atuação e importância do Núcleo Interno de Regulação (NIR) na unidade

de emergência deste hospital universitário público?

• Como ele se integra nos processos da sala de emergência e quais benefícios essa

interação trouxe?

1.1 OBJETIVO

Com vista a responder os questionamentos propostos, declara-se o objetivo a

seguir:

Modelar e analisar os processos realizados pelo Núcleo Interno de Regulação

(NIR) na unidade de emergência de um hospital universitário público, e entender a sua

participação nos processos da sala de emergência, identificando os benefícios trazidos por

ele e como ele pode melhor auxiliar na execução desses processos.

1.2 JUSTIFICATIVA

Os hospitais universitários além de serem centros de formação de profissionais da

área de saúde, eles atuam também no desenvolvimento de tecnologia e busca de

protocolos técnicos para tratamento e cura de diversas patologias. Logo eles são

instituições de grande importância para sociedade e dignos de um estudo mais

aprofundado.

Para realizar essas atividades e atender milhões de pessoas anualmente, em 2015,

foram realizados mais de 23 milhões de atendimentos ambulatoriais e internações pelos

hospitais universitários do País (GOVERNO DO BRASIL, 2016). Eles utilizam diversos

tipos de processos com diversas complexidades, os quais muitas vezes não são feitos da

melhor maneira e até algumas vezes feitos de maneira ineficiente, prejudicando o

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atendimento ao cliente, que pode se encontrar em estado grave e necessitar ser atendido

rapidamente e sem erros, e aumentando os gastos totais dos hospitais.

A modelagem e análise dos principais processos é o melhor caminho para chegar

a solução desse problema, e propor melhorias efetivas para os processos de hospitais

universitários, pois a gestão por processos ajuda as organizações a identificarem a

importância dos seus processos e a obterem vantagens competitivas, auxilia na

compreensão, transparência e visibilidade dos processos, na identificação das atividades

que agregam valor, na prevenção de falhas, na simulação de alternativas e na definição

de métricas para o gerenciamento do processo (BALDAM; ROZENFELD; VALLE,

2014).

A linguagem utilizada nesse trabalho será a Business Process Model and

Notification, mais comumente chamada por sua abreviatura, BPMn. Ela foi escolhida,

pois de acordo com Baldam, Rozenfeld e Valle (2014), permite a compreensão do

processo até mesmo por não especialistas, fornecendo-lhes uma notação bastante intuitiva

que, no entanto, permite representar processos complexos, e é fundamentada em

perspectiva funcional, o que garante melhor compreensão sobre o funcionamento do

processo.

No próximo capitulo foi feita uma revisão bibliográfica, a qual terá como principal

tema a gestão por processos. Em seguida, o método de pesquisa e de coleta de dados

utilizados no trabalho foram explicados. No quinto capitulo deste trabalho os resultados

obtidos nele foram expostos. Nele os mapas de processos das principais atividades

realizadas pelo NIR foram exibidos e explicados, sua participação no atendimento de uma

emergência e os benefícios que esta integração trouxe analisados, e oportunidades de

melhorias identificadas. Por fim, uma breve explicação de como este trabalho pode ser

continuado foi feita e as considerações finais comentadas.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Processo é um conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas, que tem

como propósito transformar uma entrada qualquer em uma ou mais saídas, com maior

valor econômico ou social, ou seja, sua existência está atrelada a existência de um

benefício para algum interessado. Seu modo de funcionamento e até mesmo os resultados

gerados por ele podem ser alterados devido a influências externas oriundas do contexto

da organização (BALDAM; ROZENFELD E VALLE, 2014).

A figura 2.1 mostra o que está envolvido em um processo em particular.

Figura 2.1 – Descrição de um processo

Fonte: BALDAN, ROZENFELD E VALLE (2014)

NARIÑO, RIVERA, LEÓN E LEÓN (2013) põem em evidencia duas

características presentes em todos os processos e que justificam a necessidade de estuda-

los. Elas são:

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• Variabilidade: cada vez que o processo é repetido, existem pequenas variações

nas diferentes atividades que, por sua vez, geram variabilidade nos resultados do mesmo.

• Repetitividade: os processos são criados para produzir um resultado e tentar

repeti-lo novamente e novamente. Este recurso permite trabalhar no processo e melhorá-

lo.

Ele pode ser classificado de acordo com seu grau de generalidade, do mais geral,

denominado Macroprocesso, ao mais específico, denominado tarefa, como pode-se ver

na figura 2.2. E também por seu tipo: processo de fabricação, que transforma matéria-

prima em um resultado com maior valor agregado; processo de produção, que transforma

energia, material e capital intelectual em produtos; e processo de negócio, que produz

valor para um grupo de interessados (BALDAN; ROZENFELD E VALLE, 2014).

Figura 2.2 – Classificação de processo por sua generalidade

Fonte: BALDAN, ROZENFELD E VALLE (2014)

Os três tipos parecem se confundir, e de fato, o uso de cada um deles dependerá

da atividade realizada pela empresa e sobretudo de sua cultura interna. Por exemplo, o

termo processo de negócio é comumente usado no setor de serviços, já o de fabricação

em operações que envolvem produtos materiais.

Hospitais universitários são, acima de tudo, fornecedores de serviços, logo a

maioria de seus processos se encaixam na definição de processo de negócio, e tem como

objetivo, como pode-se ver na figura 2.3, transforma o estado do paciente, que se encontra

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doente, com o uso de insumos médicos, equipamentos e profissionais da área (NARIÑO;

RIVERA; LEÓN E LEÓN, 2013).

Figura 2.3 – Processo primário de um hospital

Fonte: NARIÑO, RIVERA, LEÓN E LEÓN (2013)

O bom funcionamento desse processo depende do bom funcionamento de diversos

processos de apoio, que geraram saídas que serviram de entradas para o processo

principal, como o processo de transporte do paciente ao hospital; o de compra de insumos

médicos e equipamentos; o de contratação, treinamento e retenção de funcionários; entre

outros. Existem também os processos realizados após esse processo, como o de check-

out dos pacientes curados, o de transferência de pacientes para outros hospitais, o de

preenchimento do atestado de óbito em caso de falecimento, o de descarte de resíduos e

etc.

Os processos hospitalares têm particularidades que distinguem sua gestão, por isso

é importante considerar os elementos que as diferenciam de outros sistemas, em virtude

de adaptar adequadamente as ferramentas a serem usadas. De acordo com NARIÑO;

RIVERA; LEÓN E LEÓN (2013), alguns desses aspectos são:

• O cliente (dizer o paciente e seu companheiro) não decide o que ele vai comprar,

não paga pelo produto ou serviço que ele recebe, mas avalia a qualidade do serviço;

• Existe uma grande variabilidade nos cuidados de saúde e na prática clínica;

• A sequência de atividades não está bem definida, pois o progresso é feito no

diagnóstico e recuperação do paciente, embora não signifique que não haja invariantes e

seqüências de atividade estáveis e repetitivas, independentemente do tipo de paciente

• Um dos resultados do processo é o paciente tratado e curado.

Entradas Transformação Saídas

Cuidado médico

Conhecimento e investigação

Hospital

Paciente doente.

Medicamentos, seringas,

luvas, material

cirugico e outros suprimentos

médicos.

Alimentos, roupas,

modelagem e outros

suprimentos não médicos

Médicos e enfermeiras,

pessoal, técnico.

Tecnologia, equipamento.

Paciente curado

Paciente transferido

Paciente falecido

Residuo hospitalares

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Esse estudo focará nos serviços de emergências hospitalar, que além de

compartilhar das particularidades citadas acima, possuem suas próprias, tendo como um

fator crucial o tempo. Desta forma é essencial que a avaliação, a estabilização, o

tratamento e admissão do paciente ao hospital sejam feitos de maneira eficiente, pois

quanto mais eficazes forem esses serviços, maiores são as chances de restabelecimento

da saúde do paciente (SABBADINI; GONÇALVES E OLIVEIRA, 2006).

Através da criação de Redes de Atenção às Urgências no SUS, Núcleos Internos

de Regulação (NIR), Núcleos de Acesso e Qualidade Hospitalar (NAQH) e Equipes

Multidisciplinares, e da adoção do acolhimento com classificação de risco pelo sistema

Manchester, da gestão de leitos, da organização de fluxo de internação e da avaliação de

qualidade e resultados, já foram feitos vários avanços para articular e integrar os

equipamentos de saúdes, aumentar a ocupação de leitos, otimizar a utilização da

capacidade instalada, e melhorar o atendimento ao usuário, integrando a prática clínica

no processo de internação e de alta. Porém atualmente o desempenho do sistema de saúde

ainda está em um nível abaixo do ideal, e o primeiro reflexo desse problema é a

superlotação dos hospitais que fornecem serviços de urgência. Segundo Sprovieri,

Cosentino; Amadio; Alves; Farias; Libera; Jou; Andrade; Oliveira; Basílio e Silva (2014)

o aumento do tempo de permanência do paciente no hospital é o principal marcador da

superlotação; a falta de leitos para internação, a principal causa; e o atraso no diagnóstico

e tratamento, a principal consequência, levando ao aumento da mortalidade.

Tendo isso em vista, Asenjo Sebastian (2001) considera o planejamento, design e

avaliação dos processos hospitalares em função da expectativa do cliente e das partes

interessadas, algo fundamental. O Gerenciamento por Processos pode suprir tal

necessidade, a partir do reconhecimento e análise de todos os processos, levando em

consideração sua descrição e características, de forma melhorá-los ou redesenhá-los,

orientando os serviços e funções hospitalares em uma perspectiva de processo (NARIÑO;

RIVERA; LEÓN E LEÓN, 2013).

Essa orientação por processo altera a visão vertical das empresas para uma visão

horizontal, pondo em ênfase a integração das atividades. Em lugar da estrutura rígida e

do trabalho individual, ela valoriza a cooperação e o trabalho em equipe, e ao fazer os

funcionários entenderem e se responsabilizarem por seus processos, possibilita o

desenvolvimento de um sentimento de propriedade do processo pelos colaboradores, o

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que os motivam a realizar um melhor trabalho. Além disso a gestão por processos possui

algumas vantagens competitivas associadas a ela, como: tempos de respostas mais

rápidos; foco direcionado ao cliente; antecipação e prevenção de erros; controle de

mudanças; e visão sistêmica do funcionamento da cadeia de valor (BALDAN;

ROZENFELD E VALLE, 2014).

Outra vantagem importante trazida pela gestão por processos, como explicado por

NARIÑO; RIVERA; LEÓN E LEÓN (2013), é o aumento da flexibilidade da

organização em cenários de mudanças nas condições econômicas, que criam a

necessidade de revisão dos métodos operacionais, ou, em outras palavras, dos processos.

Por exemplo, em um caso que a empresa perdeu sua posição competitiva e precisa

de grandes melhorias de impacto em tempos curtos, ela pode recorrer à Reengenharia de

Processos, que se baseia no redesenho radical de processos para obter grandes melhorias

em medidas críticas de desempenho, tais como: custos, qualidade, serviço e velocidade,

ao mesmo tempo que maximiza o valor agregado. Já em um caso de um cenário menos

urgente, ela pode recorrer à melhoria contínua para reduzir fraquezas e fortalecer os

pontos fortes da organização, bem como alcançar, através da melhoria gradual dos

processos, um aumento da produtividade. (NARIÑO; RIVERA; LEÓN E LEÓN, 2013).

Organizações que estão no começo da implementação da prática de gestão de

processos, muitas vezes ficam em dúvida por onde começar, quais atividades realizar,

quem deve ser o responsável, como garantir a sinergia com outras iniciativas, entre outras

perguntas, de modo, a garantir que seus esforços sejam continuados e gerem valor. Para

guia-las se faz necessário uma estrutura básica de atividades de trabalho, apoiada em um

ciclo de gerenciamento, ou seja, um modelo de referência (BALDAM; ROZENFELD E

VALLE, 2014). O modelo de Harrington; Esseling e Nimwegen (1997) propõe seis fases,

como mostrado abaixo na figura 2.4.

Figura 2.4 – Modelo de referência Harrington, Esseling e Nimwegen

Fonte: BALDAN, ROZENFELD E VALLE (2014)

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Na fase 4 é realizada a modelagem do processo, incialmente na situação atual (as-

is), e depois da análise e proposta de melhorias, na situação futura (to-be). A modelagem

é a construção de modelos, que são uma representação abstrata da realidade. É importante

compreender que não há um modelo perfeito, pois, devidos as facetas e complexidades

do mundo real, nenhum deles corresponde exatamente a realidade. Porém, mesmo assim,

eles são de grande utilidade caso queremos nos comunicar a respeito de algo,

compreende-lo melhor e interferir sobre ele. Um modelo pode ter diferentes

representações: físicas, gráficas, em bancos de dados ou textuais. No caso do modelo de

negócio, é comum utilizar-se do chamado diagrama ou fluxo do processo, uma

representação que une a textual em conjunto com a gráfica (BALDAN; ROZENFELD E

VALLE, 2014).

Ao realizar uma modelagem deve-se saber qual método utilizar, quais

perspectivas e informações são relevantes para a compreensão do processo como um todo.

Lin, Yang e Pai (2002) descobriram algumas informações que aparecem em todas as

metodologias: atividade, comportamento, recurso, relação entre atividade, agente,

informação, entidade de informação, evento, validação e procedimento de modelagem.

BALDAN; ROZENFELD E VALLE (2014) citam 4 principais perspectivas: funcional,

comportamental, organizacional e informacional, as quais são usadas para definir qual

técnica de modelagem utilizar, pois, cada uma permite a apresentação de apenas algumas

das perspectivas. Abaixo encontra-se a figura 2.5, que apresenta uma tabela que informa

qual técnica suporta quais perspectivas.

Figura 2.5 – Método versus Perspectiva de modelagem

Fonte: BALDAN, ROZENFELD E VALLE (2014)

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A BPMn, desenvolvida pelo Object Management Group (OMG) tem como

intenção, a partir da junção das melhores práticas de modelagem de negócio, a

padronização de um modelo e o fornecimento de uma notação compreensível a todos os

usuários do processo, desde os analistas até os gerentes do processo. Para isso são

utilizados os seguintes elementos, essenciais para uma modelagem em BPMn: objetos de

fluxos, dados, objetos de conexão, raias e artefatos, os quais estão listados e explicados

na figura 2.6. Porém seu uso não é irrestrito, apesar de comunicar uma grande variedade

de informações para uma grande variedade de audiências, a BPMn é aplicável apenas a

processos de negócios, estando fora de seu escopo os seguintes aspectos: definição de

modelos organizacionais e recursos, modelagem de falhas, dados e modelos de

informação, modelagem de estratégia e regras de modelo de negócios (BALDAN;

ROZENFELD EVALLE, 2014).

Figura 2.6 – Descrição de elementos da modelagem BPMn

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Fonte: BALDAN, ROZENFELD E VALLE (2014)

De acordo com BALDAN; ROZENFELD E VALLE (2014), existem três tipos de

submodelos dentro do BPMN, eles são: os processos, subdivididos em processos de

negócios privados e públicos; as colaborações; e as coreografias. Os processos de

negócios privados são aqueles que acontecem inteiramente dentro de uma organização

especifica, já nos públicos há a participação de um participante externo, porém neles são

mostradas na raia do agente externo apenas as atividades usadas para se comunicar, as

outras não estão incluídas. Diferentemente do que ocorre nas colaborações, onde as

atividades dos agentes externos à organização são apresentadas de maneira explicita. A

coreografia é a que mais se difere, nela ao invés do processo existir dentro de uma piscina,

ele existe entre elas. Ela é a definição do comportamento esperado entre dois ou mais

participantes que interagem entre si, por meio de atividades que são ativadas por um

conjunto de troca de mensagens entre eles.

Abaixo encontram-se as figuras 2.7, 2.8, 2.9 e 2.10, que ilustram, respectivamente,

um processo privado, um público, uma colaboração e uma coreografia.

Figura 2.7 – Exemplo de processo privado

Fonte: BALDAN, ROZENFELD E VALLE (2014)

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Figura 2.8 – Exemplo de processo público

Fonte: BALDAN, ROZENFELD E VALLE (2014)

Figura 2.9 – Exemplo de colaboração

Fonte: BALDAN, ROZENFELD E VALLE (2014)

Figura 2.10 – Exemplo de coreografia

Fonte: BALDAN, ROZENFELD E VALLE (2014)

Existe um software que auxilia na modelagem de processo na estrutura BPMn, ele

é o Bizagi Process Modeler. Considerado o mais potente e fácil de usar do mercado, ele

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26

coloca a simplicidade em primeiro lugar ao utilizar uma interface inovadora com função

arrastar e soltar. Além de fornecer uma maneira prática de modelar processos de negócio,

ele permite também a rápida publicação dos documentos em diversos formatos, como,

World, PDF, Páginas Web, SharePoint ou Wiki; o trabalho seguro de equipes com

membros em diferentes lugares; e a simulação dos processos modelados (Bizagi, 2017).

O software pode ser baixado gratuitamente no site da Bizagi, onde há o oferecimento

também de vídeos tutorias.

Como dito antes a modelagem do processo de negócio permiti um entendimento

mais profundo dos processos de uma organização, o que, consequentemente, facilita a

identificação de oportunidades de melhorias. De acordo com OLIVEIRA E RAMOS

FILHO (2012), uma melhoria ocorre quando há a existência de um incremento na

qualidade ou redução em uma deficiência inerente a um produto, serviço ou processo,

resultando sempre em uma adição de valor para uma parte interessada.

Em um processo, ela é entendida como a migração de um estado atual para um

estado futuro, a qual resultará normalmente em um aumento dos lucros e/ou da eficiência

do fluxo de atividades, porém não se restringindo a isso, outros aspectos também podem

ser contemplados, como: implementação de um modelo de gestão; melhoria de segurança

da informação, da gestão do conhecimento, e de documentação; e geração de evidências

da conformidade do produto (OLIVEIRA E RAMOS FILHO, 2012).

Os objetivos de desempenho de uma melhoria de processo podem ser resumidos

em 5 objetivos, os quais correspondem a fatores de competividade, valorizados pelos

clientes, como mostrado na figura 2.11 e 2.12 abaixo (SLACK; CHAMBERS;

HARLAND; HARRISON E JOHNSTON, 1996)

Figura 2.11 – Objetivos de desempenho de uma melhoria

Fonte: SLACK, CHAMBERS, HARLAND, HARRISON E JOHNSTON (1996)

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Figura 2.12 – Fatores competitivos versus Objetivos de desempenho

Fonte: SLACK, CHAMBERS, HARLAND, HARRISON E JOHNSTON (1996)

Para encontrar essas oportunidades de melhorias, se faz necessário antes, uma

análise dos processos mapeados, a qual não possui um fator temporal determinístico.

Logo, assim como a melhoria, ela deve ser um processo continuo, de forma a encontrar,

sempre que existentes, pontos que são responsáveis por um desalinhamento entre os

resultados de um processo e seus requisitos, e necessitam de intervenção. Porém deve-se

ter cuidado com o uso dos termos para se referir a tais “problemas”. Termos como,

correção de falha, disfunção, anomalia, devem ser evitados. Assim sempre que possível,

tentar usar os temos, não conformidade e oportunidade de melhoria, pois a melhoria deve

ser vista como um desafio na procura pela superação de resultados e não como busca de

erros e culpados. Esse enfoque leva ao surgimento a mais canais eficientes de

contribuição e ao aumento da motivação da força de trabalho a ajudar de forma

construtiva para ganhos de resultado (OLIVEIRA E RAMOS FILHO, 2012).

De acordo com OLIVEIRA E RAMOS FILHO (2012) existem duas formas de

se identificar necessidades de melhorias:

• Sintomática: quando há evidência clara de problema relacionado a qualidade e/ou

desempenho.

• Assintomática: através da comparação com processos semelhantes.

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Existem muitas ferramentas de gestão para auxílio na identificação de melhorias,

as principais delas estão listadas a seguir:

• Diagrama de Ishikawa

• 5W2H

• Modelos de referência

• Gráfico de controle

• Matriz SWOT

• Histograma

• Folha de verificação

• Matriz GUT

• Seis Sigma

• Estratificação

• Diagrama de árvore

• Diagrama de pareto

É importante se atentar ao fato de que a melhoria deve contemplar o todo, e não

apenas o processo em questão isoladamente, porque nem sempre a melhoria local garante

a melhoria global, pelo contrário, algumas vezes uma melhoria localizada pode acarretar

em gargalos ou sobrecustos indesejáveis que poderão comprometer o rendimento da

organização como um todo. Por isso, deve-se alinhar a proposta de melhoria com a

estratégia de negócio da empresa; criar métricas para o alcance de objetivos, diretrizes,

requisitos, metas e legislação; e nunca desprezar uma análise conjuntural dos impactos

(OLIVEIRA E RAMOS FILHO, 2012).

Uma boa forma de medir a diferença de resultados criada pela melhoria, é a

implementação de indicadores de desempenho, que são medidas de desempenho que

expressam resultados em índices numéricos (HRONECH E ANDERSEN, 1994).

É necessário, para atingir a complexidade estratégica, aplicar diversos indicadores

como instrumentos de gestão. A aplicação eficaz de indicadores resulta no aumento do

conhecimento sobre pontos críticos nos processos, permitindo uma avaliação contínua da

eficiência, eficácia e custo destes. Indicadores são, portanto, indispensáveis para a

obtenção de informações mensuráveis que permitam descrever a realidade organizacional

(VIGNOCHI; GONÇALO E LEZANA, 2014).

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A eficiência de um processo é a relação entre o resultado obtido por ele e os

recursos utilizados para isso, já a eficácia está relacionada a capacidade de um processo

realizar suas tarefas de modo a atingir seus objetivos (OLIVEIRA; VALLE; MAHLER;

MENDES; XAVIER; CARDOSO; PEIXOTO; NETO E SANTOS, 2008). E o custo de

um processo é o preço pelo qual se obtém um bem, serviço ou resultado gerado por este

processo, no caso de empresas prestadoras de serviços, este custo corresponde a todos os

gastos decorrentes dessa prestação de serviços (FRANCO, 1983).

Donabedian (1981) alertou sobre a necessidade de mensuração padronizada de

indicadores para melhoria da qualidade em serviços de saúde. O monitoramento por

indicadores contribui, quando combinado com outras ferramentas de gestão e alinhado à

estratégia organizacional, para a melhoria da qualidade, produtividade e baixo custo nos

serviços de saúde. Para tanto, é necessário: ter clara a perspectiva do significado que o

indicador pretende refletir, definir quais aspectos do cuidado em saúde serão medidos e

verificar quais são as evidências científicas disponíveis. Indicadores variam conforme as

necessidades da organização, estando em consonância com as características e demandas

de saúde da população (VIGNOCHI; GONÇALO E LEZANA, 2014).

A satisfação dos consumidores é o principal indicador de qualidade para

fornecedores de saúde, mas não o único (Khattab e Aborumman, 2011). Tendo isso em

mente, VIGNOCHI; GONÇALO E LEZANA (2014) realizaram entrevistas com gestores

de nove hospitais brasileiros credenciados no Sistema de Indicadores Padronizados para

a Gestão Hospitalar, para descobrir quais outros indicadores são relevantes para os

hospitais. O resultado encontra-se abaixo na figura 2.13.

Figura 2.13 – Indicadores relevantes em um hospital

Fonte: VIGNOCHI, GONÇALO E LEZANA (2014)

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3 MÉTODO DE PESQUISA

A metodologia utilizada nesse trabalho foi dividida em duas fases, uma pesquisa

bibliográfica e um estudo de caso.

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado,

utilizando-se principalmente de livros e artigos científicos (GIL, 2007). De acordo com

Dane (1990), a revisão bibliográfica é importante para definir o limite da pesquisa que

queremos desenvolver, considerando uma perspectiva científica, e é o passo inicial para

qualquer pesquisa científica (WEBSTER E WATSON, 2002).

De acordo com Mulrow (1994), existem nove principais argumentos para o uso

da revisão bibliográfica como metodologia de pesquisa: 1) a necessidade de integrar

informações críticas para a tomada de decisões; 2) é uma forma viável de pesquisa

científica; 3) quantidade de informações disponíveis em vários assuntos; 4) possibilita

analisar a consistência das relações entre os resultados dos estudos já realizados; 5) a

generalidade dos resultados de várias pesquisas que podem ser consolidadas em poucos

estudos; 6) explica uma possível inconsistência de dados e conflitos de resultados; 7)

possibilita aumentar a precisão das estimativas de risco ou os efeitos dos resultados do

estudo; 8) aumenta a qualidade da reflexão sobre a realidade; 9) o uso de análises

estatísticas a partir de pesquisas sistemáticas se torna uma ferramenta poderosa para

identificar tendências além da evidência e, assim, mapear novas fontes de pesquisa.

Nesse trabalho ela se encontra no item 2, referente a revisão bibliográfica, e

engloba principalmente conhecimentos sobre gestão de processos e suas aplicações em

hospitais universitários públicos, mostrando a importância do uso de ferramentas e

técnicas de gestão, e do mapeamento de processos para a analise e melhoria de processos.

O estudo de caso consiste no profundo e exaustivo estudo de um ou mais objetos,

de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. Para isso define-se um

conjunto de etapas que podem ser seguidas na maioria das pesquisas definidas como

estudo de caso (GIL, 2007).

• Formulação do problema

• Definição da unidade-caso

• número de casos

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31

• Elaboração do protocolo

• Coleta, avaliação e análise de dados

A formulação do problema já foi realizada no item 1 desse trabalho em forma de

questões: qual a atuação e importância do Núcleo Interno de Regulação (NIR) na unidade

de emergência deste hospital universitário público? Como ele se integra nos processos da

sala de emergência e quais benefícios essa interação trouxe?

A unidade caso será o Núcleo Interno de Regulação (NIR) da unidade de

emergência do hospital universitário público, no qual o trabalho foi feito. O que determina

que o número de casos será igual a um.

A unidade de emergência em questão foi inaugurada em 1982. Nela além da sala

de emergência, estão presentes também áreas clínicas, cirúrgicas, de neurologia,

ortopedia, ginecologia, cuidados para cabeça e pescoço, fora as áreas de uso comum,

como a recepção, refeitório, portarias, estacionamento, administração, entre outras.

No Brasil a 5 linhas de cuidados que são considerados urgência, elas são:

• Infarto agudo

• AVC

• Trauma

• Sepsia

• Pneumo

Na unidade estudada atende-se principalmente as 3 primeira. E para tal, ela se

divide estruturalmente em enfermaria, sala de estabilização, sala de trauma, centro

cirúrgicos e boxes, lugar reservado para pacientes em observação.

Ela é responsável por atender pacientes de 26 municípios, totalizando mais de 3

milhões de pessoas, as quais chegam até ela por meio dos 2 órgãos reguladores, a Cross

ou o Municipal, de forma espontânea, ou seja, por vontade própria, e transferidos pela

unidade do Campus.

Devido ao fato desta unidade de emergência ser uma referência em cuidados

médicos, conhecida por um atendimento bom e focado em resultados, há uma grande

procura pelos serviços da mesma, gerando uma grande demanda, a qual é dificilmente

administrada, pois a unidade trabalha em regime de vaga zero, o que significa que ela não

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pode recusar pacientes e que quando não há vagas em outros Hospitais, mesmo que nela

também não exista vagas disponíveis, o paciente lhe será encaminhado.

Isso explica a necessidade desta unidade de atender seus pacientes através de um

fluxo cada vez mais eficiente e enxuto. A busca pela melhoria continua é constante no

dia-a-dia da unidade de emergência em questão, e ao longo do tempo alguns avanços já

foram feitos. Pode-se citar como exemplos, a implementação do sistema Mews de

classificação de risco, o qual determina o grau de urgência de um paciente através de um

sistema de cores que vai do verde, menos urgente, ao vermelho, mais urgente; e a

implementação do Núcleo Interno de Regulação (NIR), foco de estudo deste trabalho e

que terá suas atividades e importância explicadas mais adiante neste trabalho.

O protocolo utilizado foi elaborado de forma a permitir, por meio de entrevistas

com membros responsáveis pelo processo estudado e observação do mesmo, a obtenção

dos dados necessários para o estudo, os quais serão avaliados e analisados, levando a

resposta do problema em questão.

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33

4 COLETA, AVALIAÇÃO E ANALISE DOS DADOS

A coleta dos dados foi feita através de diversas visitas à unidade do hospital

universitário público em questão. Nas primeiras visitas foram feitas reuniões com a

gerência do Hospital, nas quais buscou-se entender as atividades realizadas na unidade de

emergência de forma macro, as demandas atendidas pela mesma e alinhar as expectativas

com relação ao trabalho que seria realizado pelo estudante.

Posteriormente foram realizadas visitas nas quais o estudante foi guiado através

dos processos relacionados ao estudo, observando do seu ponto de vista como os mesmos

eram realizados. Esta primeira visão dos processos foi importante para que o estudante

pudesse começar a desenhar e entender o processo como ele realmente ocorre, sem ser

influenciado por visões um pouco distorcidas de como ele deveria acontecer.

Por fim foram realizadas visitas nas quais o estudante apresentava o resultado do

seu trabalho aos donos dos processos estudados e entrevistava eles, com o objetivo de

retirar suas dúvidas e corrigir erros no seu entendimento do processo. Nestas entrevistas

roteiros com perguntas a serem feitas aos participantes foram previamente elaborados.

Todas as reuniões, tours pelo hospital e entrevistas foram gravadas, sempre com

consentimento prévio das pessoas nelas presentes. A avaliação e analise dos dados foram

feitas por meio do estudo dessas gravações, juntamente com os feedbacks recebidos,

documentos complementares disponibilizados pelo hospital, fluxos desenhados pelo

estudante e conhecimentos desenvolvidos pelo mesmo ao longo de seu curso.

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34

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 NIR - RESPONSABILIDADES E PROCESSOS

O Núcleo Interno de Regulação, conhecido como NIR, foi criado em fevereiro de

2016, com o intuito de monitorar, gerenciar e otimizar o fluxo de paciente na unidade,

desde o encaminhamento dele ao hospital até sua alta. Para isso ele conta, atualmente,

com os serviços de 3 funcionários exclusivos, sendo eles 1 diretor e 2 enfermeiras,

atuando de forma ativa nos processos de monitoramento de leitos, admissão de pacientes

e transferência de pacientes, inter e intra hospitalar, de segunda a sexta, das 07:00 as

19:00, e aos sábados das 07:00 as 13:00.

5.1.1 ADMISSÃO DE PACIENTE

Existem duas formas do paciente ser admitido na unidade de emergência, uma é

ele entrar por vontade própria e solicitar atendimento, a qual recebe o nome de admissão

espontânea. A outra é o paciente ser encaminha para a unidade por uma das duas

regulações atuantes na região, a Cross e a Municipal, chamada de admissão regulada.

Como a unidade em questão é uma unidade de emergência de nível terciário, na

teoria a admissão espontânea não deveria ser praticada nela, pois para que um paciente

seja encaminhado para ela, o correto seria que o mesmo tenha dado entrada antes numa

unidade de nível inferior e posteriormente, através do sistema de regulação ter sido

transferido, ou seja, através de uma admissão regulada. Desta forma só estariam na

unidade os pacientes que realmente precisam estar.

Porém como citado anteriormente, esta é uma unidade de renome na região e

conhecida por prestar um serviço de qualidade, muitos pacientes preferem ser atendidos

nela, mesmo que o caso deles não justifiquem dar entrada numa unidade emergencial.

Este fato juntamente com os pacientes encaminhados em vaga zero são os fatores que

mais contribuem para superlotação da unidade

5.1.1.1 ADMISSÃO ESPONTÂNEA DE PACIENTE

A figura abaixo representa o SIPOC do processo de admissão espontânea de

pacientes, contendo seus principais fornecedores, entradas, saídas e clientes.

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35

Figura 5.1.1.1.1- SIPOC Admissão espontânea

FONTE – Do autor

O processo se inicia quando o NIR é contatado pela sala de regulação, pois um

paciente entrou de forma espontânea no hospital e está solicitando atendimento.

Primeiramente o NIR procura o médico responsável pela especialidade do caso do

paciente. Caso ele não seja encontrado o NIR vai até o paciente, conversa com ele e

entende sua solicitação.

Figura 5.1.1.1.2 - Início do processo de admissão espontânea

Fonte: Do autor

Tendo conhecimento do caso do paciente, o NIR analisa se ele é pertinente a

unidade ou não. Em caso positivo, o NIR analisa a lotação do hospital, para verificar se o

mesmo não se encontra em superlotação. Em caso negativo, o NIR solicita que a sala de

regulação der continuidade com o cadastro do paciente no hospital e encaminhe ele para

Fornecedores Entradas Processo Saídas Clientes

-Cadastro

-Paciente

-Médico

-Solicitação

de

atendimento

-Nível de

ocupação do

hospital

-Informações

sobre caso do

paciente

-Análise

médica do

caso

Admissão

espontânea

-Paciente

encaminhado

para outro local

-Paciente

encaminhado

para controle

de leitos

-Controle

de leitos

-Paciente

S I P O C

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36

o controle de leitos. Porém, se o caso não for pertinente ou a unidade estiver superlotada,

o NIR sugere ao paciente que este procure atendimento em outro hospital. Caso o paciente

aceite a sugestão, o NIR indica para ele qual hospital pode melhor atende-lo e o processo

é finalizado. Caso o paciente insista em ser atendido nesta unidade de emergência, o NIR

não pode impedi-lo, quando um paciente entra no hospital, apenas um médico pode dar

sua alta, logo, neste caso, a sala de regulação segue com o processo como explicado

acima.

Figura 5.1.1.1.3 – Continuação do processo de admissão espontânea pelo NIR

Fonte: Do autor

Mais atrás no processo, caso o NIR tenha encontrado o médico, este se dirige até

o paciente, conversa com ele e analisa seu caso. Se o médico achar que não é pertinente

a unidade, ele explica brevemente os próximos passos que o paciente tem que tomar para

recuperar sua saúde e encaminha ele para outro hospital, finalizando o processo. Já, se o

médico avaliar o caso do paciente como pertinente, a sala de regulação segue com o

processo como explicado anteriormente, continuando com o cadastro do paciente e

encaminhando ele para o controle de leitos.

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37

Figura 5.1.1.1.4 – Continuação do processo de admissão espontânea pelo Médico

Fonte: Do autor

5.1.1.2 ADMISSÃO REGULADA DE PACIENTE

A figura abaixo representa o SIPOC do processo de admissão regulada de

pacientes, contendo seus principais fornecedores, entradas, saídas e clientes.

Figura 5.2.1.2.1 – SIPOC Admissão regulada

Fonte: Do autor

O NIR acompanha constantemente os sites das duas regulações, a Cross e a

Municipal. Quando uma delas coloca uma ficha de um paciente no seu site, indicando

que estão mandando um paciente para a unidade, o NIR, primeiramente, analisa o caso e

verifica se ele é uma emergência e se tem vaga no hospital para atender o paciente no

tempo necessário.

Fornecedores Entradas Processo Saídas Clientes

-Regulações

Cross e

Municipal

-Paciente

-Médico

-Solicitação de

encaminhamento

-Ficha do paciente

-Nível de

ocupação do

hospital

-Análise médica

do caso

-Horário de

chegado do

paciente

Admissão

regulada

-Chegada do

paciente na

unidade

-Cancelamento

da

transferência

-Cadastro

-Paciente

-Regulações

-Sala de

regulação

O CS I P

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38

Figura 5.1.1.2.2 – Início do processo de admissão regulada

MUNICIPAL

Fonte: Do autor

Caso o resultado de pelo menos uma dessas análises seja negativo, o NIR entra

contato via telefone com o órgão regulador em questão, sugerindo que ele encaminhe o

paciente para outro local. Caso a regulação aceite a sugestão, o processo é finalizado, caso

contrário, a regulação envia o paciente em vaga zero. Desta forma, o NIR começa a fazer

o planejamento da estadia do paciente no hospital, analisando as áreas pela qual ele

passará e as equipes envolvidas no seu atendimento, informando as mesmas da chegada

do paciente, para que elas também possam se preparar. O processo finaliza com a chegada

do paciente na unidade. Paralelamente, o NIR acompanha a transferência do paciente em

questão até o hospital, caso, por algum motivo, o NIR seja informado que o paciente não

virá mais ao hospital, o processo também é finalizado. Em outro cenário, no qual o caso

é uma urgência e há vagas na unidade, se quem está enviando o paciente for a Cross, o

NIR apenas bipa o médico, pois ele também tem acesso ao site da regulação, ou seja,

acesso a ficha do paciente. Caso seja da Municipal, o NIR leva a ficha do paciente ao

médico, o qual já foi informado do caso pela regulação por ligação telefônica. Nos dois

casos, o médico analisa o caso. Se ele não aceita-lo, o NIR informa a regulação em

questão via telefone da decisão do médico. Caso ela aceite tal decisão, o processo é

finalizado. Caso a regulação resolva mandar o paciente em vaga zero ou o médico aceite

o caso, o processo segue como explicado anteriormente, no cenário em que a regulação

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39

decidiu mandar o paciente em vaga zero, mesmo não sendo uma urgência e/ou não tendo

vaga na unidade.

Figura 5.1.1.2.3 - Fim do processo de admissão regulada

CROSS

MUNICIPAL

Fonte: Do autor

Como acima e já explicado anteriormente, esta unidade de emergência, atende a

duas regulações, a CROSS, que é estadual, e a Municipal de sua cidade, a qual já deveria

ter sido incorporada pela CROSS. Porém devido a uma resistência da Municipal, essa

unificação está prevista para ocorrer somente no início de 2019.

5.1.2 TRANSFERÊNCIA DE PACIENTE

A transferência de pacientes pode ocorrer entre hospitais, por meio da alta de

transferência de hospital. A qual deve ocorrer quando a urgência do paciente é resolvida

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40

e o seu tratamento pode ser concluído em um hospital de nível de complexidade inferior,

liberando um leito para um paciente com maior necessidade.

Isto auxilia a execução do outro tipo de transferência, a intra hospitalar, que é o

processo mais critico e de maior complexidade executado pelo NIR. Ele pode ocorrer

puxado pela liberação de um leito, a qual é a forma ideal, ou empurrado pela necessidade

de um paciente, que representa, atualmente, o maior desafio do NIR.

5.1.2.1 ALTA DE TRANSFERÊNCIA DE HOSPITAL

A figura abaixo representa o SIPOC do processo de alta de transferência de

hospital, contendo seus principais fornecedores, entradas, saídas e clientes.

Figura 5.2.2.1.1 – SIPOC Alta de transferência de hospital

Fonte: Do autor

O processo se inicia quando o NIR detecta, por meio do Kanban, que a urgência

do paciente já foi tratada e que ele não necessita mais estar num hospital de nível terciário.

Depois, o NIR analisa o histórico do tratamento do paciente e as condições para sua alta,

conseguindo assim, verificar as opções de hospitais para quais o paciente pode ser

transferido, e entrar em contato com o selecionado. Caso ele não possua vaga no

momento, o NIR espera surgir uma para continuar com o processo. Caso o hospital

destino já possua vaga, o NIR solicita ao médico que o mesmo autorize a alta de

transferência de hospital.

Fornecedores Entradas Processo Saídas Clientes

-Kanban

-Hospitais

destino

-Médico

-Transporte

-Situação do

paciente

-Nível de lotação

do hospital

destino

-Análise médica

do caso

-Disponibilidade

de transporte

Alta de

transferência

de hospital

-Paciente

transferido

para outro

hospital

-Transferência

não autorizada

-Paciente

-Hospital

destino

S I P O C

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41

Figura 5.1.2.1.2 - Início do processo de alta de transferência de hospital

Fonte: Do autor

O médico analisa a solicitação, e caso ele não aceite, o processo é finalizado, caso

ele aceite, o mesmo autoriza no sistema a alta de transferência de hospital do paciente em

questão. Com a autorização do médico, o próximo passo é agendar o transporte do

paciente. Se ele tiver sido contra referenciado e estiver voltando para o hospital de sua

cidade, o NIR agenda o transporte com o hospital de destino. Se o paciente estiver sendo

transferido para o hospital do campus da universidade em questão, o agendamento é

realizado com o transporte interno da unidade de emergência. E se o paciente estiver

sendo transferido para um leito de longa duração, o NIR agenda o transporte com a

SAMU. Com o transporte agendado, o NIR reúne os relatórios elaborados pela as áreas

pelas quais o paciente passou durante seu tratamento e os envia para o hospital de destino.

Por fim, o NIR acompanha a transferência e o processo é finalizado com a chegada do

paciente no hospital de destino.

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42

Figura 5.1.2.1.3 - Fim do processo de alta de transferência de hospital

Fonte: Do autor

5.1.2.2 TRANSFERÊNCIA DE PACIENTE PUXADA

A figura abaixo representa o SIPOC do processo de transferência de paciente

puxada, contendo seus principais fornecedores, entradas, saídas e clientes.

Figura 5.1.2.2.1 – SIPOC Transferência puxada

Fonte: Do autor

Fornecedores Entradas Processo Saídas Clientes

-Enfermaria

-Paciente

-Médico

-Sistema

-Informação

que há leito

vago e limpo

-Solicitação

de

priorização

de paciente

-Tempo de

permanência

de pacientes

no hospital

Trasnferência

puxada

-Paciente

transferido

para o leito

-Paciente

-Área

destino

-Área de

origem

-Médico

S I P O C

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43

O processo começa quando é colocado no sistema que o leito se encontra limpo.

Primeiramente, o sistema analisa se existe algum paciente classificado como prioridade

1. Caso exista, o sistema autoriza a transferência deste paciente ao leito em questão e

bloqueia o mesmo. Por fim, o enfermeiro realiza a transferência e o processo é finalizado.

Caso não exista paciente com prioridade 1, o sistema espera por 1 hora, para caso algum

médico queira priorizar um paciente no sistema. Passado este período, o sistema seleciona

o paciente que está esperando a mais tempo para ser transferido e segue com o processo

como explicado anteriormente, no caso da existência de um paciente com prioridade 1.

Figura 5.1.2.2.2 - Processo de transferência de paciente puxada.

Fonte: Do autor

5.1.2.3 TRANSFERÊNCIA DE PACIENTE EMPURRADA

A figura abaixo representa o SIPOC do processo de transferência de paciente

empurrada, contendo seus principais fornecedores, entradas, saídas e clientes.

Figura 5.1.2.3.1 – SIPOC Transferência empurrada

Fonte: Do autor

Fornecedores Entradas Processo Saídas Clientes

-Médico

-Paciente

-Sistema

-Solicitação de

transferência

imediata

-Área destino

-Informação sobre

estado do paciente

-Sexo do paciente

-Disponibilidade

de leitos

-Infraestrutura

necessária para

atendimento

-Autorização de

emprestimo de

leito

Trasnferência

empurrada

-Paciente

transferido

-Cancelamento

da

transferênica

-Paciente

-Área

destino

-Área de

origem

-Médico

S I P O C

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44

O processo começa quando um médico entra em contato com o NIR informando

que necessita de um leito para um paciente imediatamente. Primeiramente, o NIR verifica

se há algum leito disponível na área, para qual o paciente precisa ser transferido.

Figura 5.1.2.3.2 - Início do processo de transferência de paciente empurrada

Fonte: Do autor

Em caso positivo, o NIR avisa ao médico, o qual prioriza o paciente em questão

no sistema. Daí o sistema autoriza a transferência e bloqueia o leito, e o enfermeiro realiza

a transferência, finalizando o processo.

Figura 5.1.2.3.3 - Primeira possibilidade de fim do processo de transferência de paciente

empurrada

Fonte: Do autor

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45

Em caso negativo, o NIR verifica, se existe algum paciente na área em questão

que pode ser transferido para outra área, vagando assim um leito para o paciente que

precisa dele com urgência. Caso haja, ocorre a transferência do paciente que atualmente

ocupa o leito para outra área previamente identificada, e o outro paciente é transferido,

segundo os procedimentos anteriormente explicados, para o leito recém liberado e o

processo é finalizado.

Figura 5.1.2.3.4 - Como o processo segue caso não haja leito disponível na área solicitada

Fonte: Do autor

Caso tal troca não seja possível, o NIR procura um leito vago em alguma outra

área que tenha condições infra estruturais de atender as necessidades do paciente. Caso

este leito seja encontrado, o paciente é transferido para ele, novamente segundo os

procedimentos já explicados. Paralelamente, o paciente é colocado no sistema como em

leito emprestado. Assim quando um leito na área, para a qual a transferência foi

inicialmente solicitada, for liberado, o paciente é transferido prioritariamente para ele e o

processo é finalizado.

Figura 5.1.2.3.5 - Segunda possibilidade de fim do processo de transferência de paciente empurrada

Fonte: Do autor

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46

Caso não se encontre nenhum leito no hospital, o NIR avisa o médico, o qual vai

reanalisar o estado do paciente. Conforme retorno do médico, o NIR reinicia a busca por

leito ou o processo é finalizado.

Figura 5.1.2.3.6 - Fim do processo caso a transferência não seja possível

Fonte: Do autor

5.2 NIR INSERIDO NO CONTEXTO DA UNIDADE DE EMERGÊNCIA

Na resolução de uma urgência, a eficiência do atendimento está diretamente

relacionada com o sucesso do tratamento do paciente, cada segundo desperdiçado abaixa

relevantemente as chances de recuperação do mesmo. Por isso, o trabalho em conjunto

do NIR com as equipes envolvidas no processo é de extrema importância.

Como pode-se ver na figura 5.2.1 o processo de atendimento de uma emergência,

começa com a admissão do paciente, que pode ocorrer através de regulações ou de forma

espontânea, o paciente por vontade própria solicitou os serviços da unidade. Como

explicado no capitulo anterior, este processo é de responsabilidade do NIR e tem um papel

chave na definição da demanda do hospital, o qual, frequentemente trabalha acima de sua

capacidade total.

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47

Caso a admissão do paciente seja aceita, ele segue para o processo de recepção no

qual ele cadastra seus dados no sistema do hospital, recebe uma pulseira de identificação

e tem seu nível de risco classificado de acordo com o sistema de MEWS.

Mais adiante no processo, como mostrado na figura 5.2.2, de acordo com a

classificação de risco recebida pelo paciente, este é encaminhado para a área adequada,

na qual aguardará pelo seu atendimento. Durante o seu atendimento, o paciente, conforme

seu estado de saúde muda ou por demanda do hospital, é transferido entre as áreas da

unidade.

Tanto o encaminhamento inicial, quanto as transferências realizadas no paciente,

são gerenciadas pelo NIR, através dos processos de transferência puxada e empurrada,

também explicados no capítulo anterior.

Por fim, quando o caso do paciente é encerrado, ele recebe alta, a qual já vinha

sendo trabalhada desde a admissão dele na unidade. Existem vários tipos de alta, ela pode

ser dada, quando o paciente tem sua saúde recuperada, quando ocorre o óbito, ou, entre

outras, quando ele é transferido para finalizar seu tratamento em outro hospital. Esta

ultima é realizada pelo NIR através do processo de alta de transferência de hospital,

detalhado no capítulo anterior.

Figura 5.2.1 – Início do macroprocesso de atendimento de uma urgência

Fonte: Do autor, Bruno Monteiro, Ricardo Menezes, Bruna Merola e Bruna Piere

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48

Figura 5.2.2 – Fim do macroprocesso de atendimento de uma urgência

Fonte: Do autor, Bruno Monteiro, Ricardo Menezes, Bruna Merola e Bruna Piere

Ao longo do processo de atendimento da emergência do paciente, há um fluxo

grande e complexo de materiais, informações e pessoas. Para melhor controla-lo, fazendo

uso de técnicas de gerenciamento visual, foi criado o sistema kanban. Ele consolida

diversos dados em um só lugar, e exibe eles de forma simples e objetiva, por meio de

gráficos e símbolos.

Ele é uma ferramenta importante, que auxilia a tomada de decisão e contribui para

maior eficiência dos processos realizados na unidade. Além das atividades já citadas, o

monitoramento e manutenção do bom funcionamento do Kanban é também

responsabilidade do NIR.

5.3 BARREIRAS SUPERADAS

De acordo com Kurtz e Duncan (1998), e Coghlan (1993), a resistência é um

fenômeno típico e inevitável, que surge durante a realização de mudanças ou inovações

em organizações e representa uma das maiores ameaças a implementação bem-sucedida

das mesmas.

A criação do NIR não foi uma exceção, no começo foi difícil conseguir a

colaboração dos funcionários para o seu bom funcionamento, a qual é de vital importância

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49

para a realização das atividades diárias do NIR, pois é através dela que ele obtém as

informações necessárias para atuar como facilitador dos processos hospitalar.

No começo o NIR era visto como uma área que surgiu com intuito de fiscalizar e

controlar as atividades dos funcionários na unidade, e que se permitido, exerceria uma

dominância sobre o hospital. Esse receio gerou, no início, um boicote em relação ao NIR,

sendo deixado sem dados para tomar as decisões e sem cooperação e apoio nas quais

tomava. Foi necessário muita flexibilidade e resiliência por parte dos funcionários dele,

para superar estas barreiras e mudar sua visão na unidade.

Esse desafio foi superado, e o NIR passou a ser visto, não como uma área

inspecionadora, e sim como uma assistência, com a qual os funcionários podem contar

para lhes auxiliarem nas suas operações. Atualmente as informações chegam ao NIR de

forma natural e seu envolvimento nos processos do hospital é considerado de grande

valia, o que permitiu ele trazer bons resultados para a unidade e como será visto a seguir,

promover melhorias importantes para o bom e eficiente atendimento do paciente.

5.4 MELHORIAS PROMOVIDAS

5.4.1 MAIOR EFICIÊNCIA DO FLUXO DE PACIENTES

Como já citado neste estudo, a principal função do NIR está diretamente

relacionada com o fluxo de pacientes intra e inter hospitalar, agilizando a entrada deles

no hospital e a movimentação dos mesmos dentro dele, buscando otimizar a estadia do

paciente.

Esta melhora na eficiência reflete, e é comprovada, pela melhora de indicadores

bases utilizados pelo hospital para avaliar a qualidade de seu serviço. Após a estabilização

das operações do NIR, foi percebido uma diminuição do tempo total de permanência dos

pacientes na unidade e um aumento na taxa de ocupação de leitos, consequência de um

maior giro e de um menor tempo de ociosidade dos mesmos.

Para comprovar e quantificar tal melhoria, o histórico desses indicadores foram

solicitados ao hospital, mas o mesmo não pode fornece-los. Porém todos os entrevistados,

quando perguntados, garantiram que ela existe e que foi significativa.

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50

5.4.2 MAIOR CONTROLE SOBRE A DEMANDA

A unidade de emergência em questão é um hospital de nível terciário, nela só

deveriam ser tratados casos de alta complexidade, cuja solução envolva um alto nível de

conhecimento e tecnologia.

Porém esta não é a realidade vivida pelo hospital. Muito dos casos encaminhados

para lá o paciente chega no seu próprio carro e recebe alta sem precisar ser internado; ou

ele já teve sua emergência resolvida, porém retornou em menos de 72 horas devido ao

aparecimento de sintomas recorrente; ou por uma falha em sua alta, por exemplo, o

médico prescreveu o medicamento de forma incorreta. Existem também casos nos quais

os pacientes são tratados no campus e estimulados pelos médicos de lá a procurar a

unidade de emergência caso ocorra alguma reincidência ou precisem fazer um exame

pontual, devido a comodidade e proximidade dela, e casos nos quais os pacientes são

funcionários da própria unidade.

Além dos exemplos acima, nos quais o paciente poderia ter sido tratado em um

hospital de nível menor, são encaminhados para a unidade de emergência também, casos

fora das áreas de especialidade tratadas nela. Por exemplo, lá só é realizada cirurgia geral

e de trauma, mas chegam pacientes que precisam de outros tipos de cirurgias, praticadas

somente na unidade do campus. Sendo necessário o paciente esperar o médico

especialista, que tem autorização de realizar a cirurgia, vir até ele ou ser transferido pro

campus. Até isto ocorrer ele ocupa um leito do hospital.

Como o NIR gerência a admissão dos pacientes no hospital, ele passou a

identificar, filtrar e encaminhar estes casos para outros hospitais antes mesmo que o

paciente chegue na unidade. Desde o começo já houve uma melhora relevante, porém

ainda tem espaço para progresso no tópico controle de demanda dentro do hospital,

principalmente, quando se diz respeito ao uso da vaga zero pelas regulações, que só

deveria acontecer em caso de vida ou morte, mas que atualmente tem seu uso banalizado.

5.4.3 MELHORIA DO SISTEMA INFORMATIZADO

Para viabilizar as atividades de responsabilidade do NIR, ele teve que participar

da melhoria e expansão do uso do sistema informatizado de gerenciamento e controle de

pacientes do hospital.

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51

Com isso foi possível automatizar atividades, e criar regras e travas de segurança

para a realização das mesmas, como por exemplo a priorização de pacientes e solicitação

de transferências não são mais feitas manualmente, e sim por meio do sistema, ele não

deixa realizar a alta hospitalar se alguma das altas que antecedem ela não tiverem sido

dadas, o maior tempo que um leito pode ficar ocioso é 1 hora, pois despois deste período

o sistema autoriza automaticamente a transferência do paciente que esta a mais tempo na

unidade, entre outras aplicações.

O que já trouxe melhorias em questão de eficácia e eficiência, mas o

aperfeiçoamento do sistema, permitiu também o desenvolvimento de um sistema de

gestão visual, o qual já foi anteriormente citado neste trabalho, o Kanban. Ele trouxe um

grande avanço na monitorização do processo de atendimento de uma urgência, com ele o

NIR pode ver de forma fácil e rápida processos que estão parados e atuar neles de forma

a agilizar com o seu andamento. Por exemplo, o médico já deu a alta no sistema, mas não

entregou os documentos para o enfermeiro, impossibilitando a alta hospitalar, ou um

paciente já esta a mais de 48 horas no box, que é um leito de supervisão, o que indica que

provavelmente este paciente já teve sua emergência resolvida e pode ter alta hospitalar

ou de transferência de hospital.

5.4.4 CENTRALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES

O NIR trabalha com uma grande quantidade de dados, pois grande parte do fluxo

de informações passa por ele. Isto permite que ele consolide e filtre estes dados e funcione

como um distribuidor de informações corretas e relevantes para as diferentes equipes que

atuam na unidade, melhorando a comunicação entra elas e reduzindo os conflitos e

informações divergentes.

Por participar e ter informações do processo como um todo, o NIR desenvolveu

também uma visão sistêmica, conseguindo priorizar em quais processos ele deve atuar

primeiro. Por exemplo, ele identificou que é necessário dar mais atenção ao giro de

pacientes nos centros cirúrgicos intensivos e semi intensivos, e na sala de recuperação,

pois estes possuem um número limitado de leitos e tratam casos de maior urgência e

complexidade e que requerem mais tempo.

Ele percebeu também que os pacientes que estão na enfermaria, como sua

classificação de risco é baixa, normalmente são deixados em segundo plano, e se ninguém

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52

tomar uma providência, eles passam muito tempo no hospital, impactando os indicadores

dele. Logo ao identificar casos assim, o NIR busca oferecer a esses paciente outras

opções, como possíveis hospitais para eles serem transferidos onde receberão uma maior

atenção e terão seu caso tratado mais rapidamente.

5.5 OPORTUNIDADES DE MELHORIA

5.5.1 REDUÇÃO DO TEMPO E MAIOR ASSERTIVIDADE NA OCUPAÇÃO DE

UM LEITO VAGO

Como visto no processo de transferência de paciente puxada, quando nenhum

médico prioriza um paciente para ser transferido para um leito vago em uma área

especifica da unidade, passado 1 hora que o leito em questão foi indicado no sistema

como limpo, o próprio sistema solicita a transferência do paciente que está a mais tempo

esperando para ser transferido para esta área.

Esta forma de seguir com o processo já trouxe bons resultados, pois limita o tempo

máximo que um leito fica vago a 1 hora, aumentando a taxa de ocupação de leitos; e

transfere o paciente que está a mais tempo esperando, diminuindo o tempo médio de

permanência de paciente no hospital.

Porém mais importante do que diminuir estes indicadores, é a assertividade de que

quem ocupará o leito vago é o paciente que no momento mais necessite dele. A maneira

mais correta para ter esta assertividade é o médico fazendo sua parte no processo e

priorizando o paciente no sistema para transferência, o que já é feito, mas, de acordo com

o NIR, não na frequência desejada.

Logo a primeira oportunidade para reduzir o tempo que um leito fica vago e

aumentar a assertividade do paciente transferido para ele é a conscientização dos médicos

sobre a importância deles priorizarem o paciente no sistema, pois fazendo isso a ocupação

do leito ocorre quase que imediatamente e o paciente transferido é aquele que de acordo

com a análise médica é o que tem maior urgência.

Esta conscientização pode ser feita através da apresentação, por meio de

indicadores, de quanto tempo no total os leitos ficaram vagos, esperando um paciente ser

priorizado; e apresentando também cases, nos quais pacientes que não tinham urgência

foram transferidos para o leito vago. Ao entender a importância deste procedimento para

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53

o processo como um todo, os médicos terão mais empenho em realiza-lo, e com o passar

do tempo o executarão em sua rotina de forma natural.

Outra maneira, a qual não substitui a conscientização, mas a complementa, é a

alteração do critério usado para selecionar o paciente a ser transferido. Ao invés de utilizar

o tempo que o paciente está no hospital como primeiro critério, utilizar a classificação de

risco do paciente, a qual é atualizada periodicamente, e o tempo apenas para desempate.

Com isso a assertividade aumentaria, e conforme a confiabilidade desta seleção

automática fosse aumentando, poderia reduzir também o tempo limite de espera para ela

ser acionada reduzindo também o tempo médio que demora para ocupar um leito.

Inicialmente esta proposta, apesar de reduzir o tempo e aumentar a assertividade

na ocupação dos leitos vagos, pode aumentar o tempo médio de permanência de pacientes

no hospital, porque aqueles que estão a muito tempo esperando, pois, seu caso não é

urgente, não serão mais priorizados. O que de certa forma é o correto, e como explicado

anteriormente neste estudo, a unidade em questão é para emergências, se o caso do

paciente não é uma, ele não deveria estar lá. Ou seja, este efeito negativo no indicador de

tempo médio de permanência dos pacientes no hospital, pode ser neutralizado por um

melhor filtro na admissão dos pacientes e pela transferência dos que passaram

indevidamente por ele, para um hospital mais adequado aos seus casos.

5.5.2 AUTOMATIZAÇÃO DA PROCURA DE LEITOS PARA TRANSFFÊNCIA DE

PACIENTES

Atualmente o tópico de automatização e robotização de atividades manuais e

repetitivas está em evidência nas mais diversas organizações e vem demostrando gerar

bons resultados para as quais seguem e aplicam esta tendência.

No capítulo de melhorias promovidas foi visto que já houve uma onda de

automatização na unidade, a qual trouxe vários benefícios para o hospital, mas ainda há

oportunidades para expandir está automatização, diminuindo o tempo de realização da

atividade e evitando o erro humano.

Neste estudo, identificou-se que uma destas oportunidades se encontra no

processo de transferência de paciente empurrado, o qual é crítico para unidade e um

aumento na eficiência de sua execução pode trazer grandes ganhos.

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54

Como explicado no item 5.1.2.3, o processo em questão tem inicio quando o NIR

é informado pelo médico que um paciente necessita urgentemente de um leito em uma

área específica do hospital. Caso não haja leito vago nesta área, o NIR começa uma busca

por outras opções, ou de transferir algum paciente, o qual não precisa mais do leito em

questão para outra área, ou transferir o paciente que precisa do leito com urgência para

uma outra área que possua leito vago e possa atender suas necessidades. Está busca é feita

manualmente, na qual o NIR vê no sistema, em quais áreas, existem leito vagos, e

conversa com o médico do paciente em questão para ver há possibilidade de transferência

para uma dessas.

A proposta é automatizar tal busca, a qual seria feita, como exemplificado na

imagem abaixo, através da criação de uma base no sistema com os equipamentos

existentes em cada área e em quais delas existem leitos vagos.

Figura 5.5.2.1 – Exemplo de base para procura de leitos no sistema

Fonte: Do autor

Para iniciar a busca o NIR, faria input dos equipamentos, dos quais o paciente

precisa, classificando-os de acordo com o conceito de critérios qualificadores, aqueles

equipamentos que a área tem que ter para se classificar como opção de transferência; e de

critério ganhadores de pedidos, aqueles que seriam usados para desempate. Abaixo segue

imagem exemplificadora.

Figura 5.5.2.2 – Exemplo de input de dados e escolha de área para transferência

Fonte: Do autor

Leito vago Sim Leito vago Sim Leito vago Sim Leito vago Não

Equipamento c

Equipamento d

Equipamento e

Área 4

Equipamentos

Equipamento b

Equipamento c

Equipamento d

Equipamento e

Equipamento a

Equipamento b

Equipamento c

Equipamento d

Equipamento a

Equipamento d

Equipamento e

Área 1 Área 2 Área 3

Equipamentos Equipamentos Equipamentos

Qualidicadores Ganhadores de pedidos

Equipamento d Equipamento b

Equipamento e Equipamento c

Área 3Área para transferência

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55

Como se pode ver na figura 5.5.2.2, neste exemplo a área escolhida seria a área 3,

pois a área 4, que possui todos os equipamentos necessários, não possui leito vago, e

apesar da área 2 também possuir todos os equipamentos qualificadores, ela não possui

nenhum ganhador de pedido. Logo como a área 3 possui o equipamento c, dentre as

opções que possuem leito vago ela é a melhor escolha. A área 1 nem se classifica por não

possuir um dos equipamentos qualificadores, o equipamento e.

Este é um método simples que pode ser feito até utilizando formulas no Excel.

Com certeza, através da linguagem de programação utilizada pelo sistema do hospital é

possível inserir no sistema um código que realize a mesma atividade, talvez não

exatamente da mesma forma, mas com os mesmos resultados.

5.5.3 CRIAÇÃO DE TRAVAS ADICIONAIS NO SISTEMA

Durante as entrevistas, foram evidenciados pelo NIR, 2 procedimentos realizados

antes da alta hospitalar que estão gerando problemas, fazendo os pacientes retornarem ao

hospital sem necessidade, e fazendo que os que tem necessidade de retorno demorem

mais tempo no hospital.

Esses 2 procedimentos são o de agendamento de retorno do paciente para

acompanhamento de sua saúde e o de prescrição de medicamentos. No primeiro, algumas

vezes o médico agenda o retorno do paciente com ele por escrito e não adiciona no

sistema, impedindo um planejamento prévio para o retorno do paciente e tornando a

admissão dele mais demorada, e em outras vezes os médicos inserem o retorno no

sistema, mas para a área errada, fazendo com que o paciente seja encaminhado para o

local errado e espere, de acordo com casos que já aconteceram, um tempo considerável

até identificarem que ele se encontra na área incorreta. Já no segundo caso o médico

prescreve o medicamento de forma incorreta, impossibilitando o paciente de adquiri-lo e

o fazendo retornar ao hospital e esperar que esse mesmo médico, que prescreveu o

medicamento para ele, tenha tempo de realizar a correção da prescrição, pois apenas o

responsável por seu atendimento pode a fazer.

Estes problemas podem ser corrigidos através do uso do conceito do Poka Yoke,

com a criação de dispositivos a prova de erros, que neste caso já é utilizado pelo hospital

e é feito por meio de travas no sistema que impedem o médico de realizar o próximo

procedimento caso o anterior não tenha sido feito ou feito incorretamente.

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56

Atualmente, antes do médico realizar a alta médica, o sistema já valida se todas

as altas que devem antecede-la já foram feitas, não permitindo a execução da alta por

parte do médico caso contrário. Para resolver o problema do não agendamento, basta

adicionar a esta inspeção, feita pelo sistema, se o retorno foi agendado. Neste caso teria

que ser criado uma opção no sistema de retorno não necessário para aqueles pacientes

que não o precisassem fazer. Já para a questão de agendar o retorno para a área incorreta,

cada médico é responsável por uma área de especialização, logo a solução estaria em

associar sua especialização às possibilidades dadas a ele pelo sistema na hora do

agendamento. A mais de uma área para cada especialização, porém já reduziria

relevantemente o número de possibilidades, e áreas relacionadas a mesma especialidade

ficam perto um das outras, facilitando a identificação do equívoco, caso este viesse a

acontecer.

No caso da prescrição, primeiramente, teria que ser feito um levantamento dos

erros cometidos pelos médicos na hora de prescrever os medicamentos. Feito isso seria

possível criar travas no sistema que identificassem esses erros e alertassem os médicos

sobre eles, para que eles possam corrigi-los no momento da prescrição. Porém para que

esta proposta seja efetiva, seria necessário criar um mecanismo que evitasse que os

médicos prescrevessem os medicamentos por escrito. Uma opção seria adicionar o

lançamento da prescrição no sistema à inspeção anteriormente citada, impedindo o

médico de realizar a alta caso não o tivesse feito. Novamente, neste caso, também seria

necessário a criação no sistema de uma opção de não necessidade de prescrição de

medicamento aos pacientes que não necessitam de tal.

Pode-se argumentar que se os médicos quisessem burlar o sistema bastaria eles

selecionarem a opção de não necessidade oferecida pelo sistema, e não agendar o retorno

ou prescrever o medicamento por escrito. Entretanto, neste cenário o médico faria isso

por vontade própria, não por engano ou esquecimento, tendo conhecimento de estar

fazendo uma ação não recomendada e tendo trabalho extra ao realiza-la.

Como podemos ver na figura abaixo, a participação humana é inversamente

proporcional à efetividade do controle utilizado no processo, e no Poka Yoke, ela ainda

existe, mas com treinamento e conscientização dos médicos pode-se reduzir seus

impactos e ajudar na implementação bem-sucedida desta proposta.

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57

Figura 5.5.3.1 – Gráfico participação humana versus efetividade do controle

Fonte: Material do curso de green belt da Dinâmica Treinamentos

5.6 CRIAÇÃO DE MODELOS DE PROCESSO

Através do mapeamento das atividades do NIR foi possível entender sua

participação e importância no dia-a-dia da unidade de emergência estudada e documenta-

las, de forma, a criar um material que pode ser usado como base para futuros e mais

aprofundados estudos.

Como se pode ver na imagem abaixo, de acordo com o nível de detalhamento

apresentado neste trabalho, os documentos gerados podem ser classificados como mapas

de processos, os quais contém as atividades, departamentos, pessoas, organizações

externas, eventos, entradas e saídas envolvidos na execução dos processos estudados.

Estes mapas permitem a realização de uma análise qualitativa, na qual foi possível

identificar algumas melhorias promovidas pela criação do NIR e por sua atuação no

processo, e algumas oportunidades de melhoria na forma pela qual ele realiza suas

atividades.

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58

Figura 5.6.1 – Diferença entre diagrama, mapa e modelo de processo

Fonte: Blog da Iprocess: Soluções em Tecnologia

Porém não se deve parar por aqui, o hospital pode ter ainda maiores ganhos

atrelando estes mapas a indicadores, como, tempo de realização da atividade, tempo para

acontecimento dos eventos intermediários, número de recursos disponíveis por atividade,

distância percorrida, frequência do caminho seguido nos direcionadores de fluxo, erros

cometidos, entre outros; transformando-os em modelos de processos. Isto viabilizaria a

realização de análises quantitativas, identificando gargalos no processo, permitindo a

realização de simulações de processos alternativos, possibilitando a escolha dentre eles,

dos melhores modelos futuros dos processos estudados.

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59

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como visto neste trabalho, o Núcleo Interno de Regulação, NIR, executa um papel

importante na busca pelo melhor atendimento aos pacientes na unidade de emergência.

Ao estudar seu envolvimento no processo de atendimento de uma emergência, foi

possível, identificar que desde sua criação ele trouxe benefícios de grande valia para a

unidade, representado uma boa prática a ser adotada por outros hospitais.

Através do monitoramento de leitos, e do gerenciamento e otimização do fluxo de

pacientes na unidade, o NIR atua de forma ativa no processo de admissão e transferência

de pacientes. Desta forma, ele conseguiu participar na melhora dos indicadores da

unidade, principalmente, na diminuição do tempo de permanência do paciente no hospital

e no aumento da taxa de ocupação dos leitos; trouxe uma maior controle sobre a demanda,

filtrando os casos que não são emergências ou não condizem com as especialidades do

hospital; contribuiu com a melhora do sistema informatizado do hospital, automatizando

atividades e reduzindo erros; e por fim, ele centralizou o complexo fluxo de informação

no hospital, distribuindo dados coerentes e confiáveis, para as áreas, as quais precisam

deles para executar suas tarefas corretamente.

Ao mapear os processos executados rotineiramente pelo NIR e os analisar, pode-

se entender como o mesmo executa suas atividades, de que forma ele gerou os benefícios

acima e quais oportunidades de melhoria existem para que ele continue a trazer mais

ganhos para o hospital. Neste estudo já foram sugeridas algumas mudanças no processo

e na utilização do sistema informatizado, as quais, o estudante acredita que contribuirão

para o objetivo anteriormente citado, porém mais importante que elas, este estudo

forneceu ao hospital, uma documentação de como o NIR realiza atualmente seus

processos, desenvolvida, utilizando a notação BPMn, uma linguagem de processo simples

e entendida até por quem não tem um conhecimento grande sobre o tema. Esta

documentação pode, e deve, ser usada como base para futuros e mais aprofundados

estudos, e marca um desenvolvimento na unidade em termos de gerenciamento por

processo.

Este tema é de grande importância para os hospitais no Brasil, que atendem uma

demanda acima de sua capacidade, precisando executar seus processos da maneira mais

eficiente possível, contando com um orçamento cada vez mais limitado. Ele pode ser uma

das respostas para superar estes desafios, e mesmo que alguns funcionários do sistema de

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saúde já estejam buscando conhecimentos sobre ele e aplicando seus conceitos, muitos

ainda o desconhecem. Estudos como esse, contribuem para a divulgação e entendimento

da crescente relevância do tema na área de saúde e devem ser incentivados, pois podem

trazer grandes benefícios para o sistema de saúde pública no Brasil, o qual, atualmente

não consegue atender as necessidades de todos que precisam dele. Cada avanço, por

menor que pareça, devido a grandeza do país, pode gerar grande impactos, aumentando a

capacidade de atendimento dos hospitais, ajudando a salvar vidas, melhorando a

qualidade de vida da população e expandindo o acesso dela aos serviços de saúde, o qual

é um direito de todos.

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