42
REVISTA SEMANAL 116 DE 20-01-2014 A 26-01-2014 BRIEFING INTELI|CEIIA » TRANSPARÊNCIA || 2014

Brief transparência » revista semanal 116

Embed Size (px)

DESCRIPTION

De 20-01-2014 a 26-01-2014

Citation preview

Page 1: Brief transparência » revista semanal 116

REVISTA SEMANAL 116

DE 20-01-2014 A 26-01-2014

BRIEFING INTELI|CEIIA » TRANSPARÊNCIA || 2014

Page 2: Brief transparência » revista semanal 116

Revista de Imprensa27-01-2014

1. (PT) - Correio do Minho, 26/01/2014, A nossa crise resulta da corrupção 1

2. (PT) - Diário de Notícias, 26/01/2014, Autarca julgado por corrupção 2

3. (PT) - Expresso, 25/01/2014, A riqueza oculta das elites vermelhas 3

4. (PT) - i, 25/01/2014, Colégios GPS suspeitos de inflacionarem gastos com professores 4

5. (PT) - Jornal da Madeira, 25/01/2014, Investigação à elite chinesa bloqueada 6

6. (PT) - Jornal de Notícias, 24/01/2014, Violou estatuto do gestor público 7

7. (PT) - Público, 24/01/2014, Casa de ex-secretário de Estado da Educação alvo de buscas pela PJ 8

8. (PT) - Sol, 24/01/2014, GNR quer acelerar inquérito de corrupção 10

9. (PT) - Sol, 24/01/2014, PJ faz buscas a colégios da GPS 11

10. (PT) - Diário de Notícias, 23/01/2014, Tribunal de Sintra decretou falência de Vale e Azevedo 12

11. (PT) - Jornal de Notícias, 23/01/2014, Narciso acusado de se apoderar de dinheiro do Estado 14

12. (PT) - Público, 23/01/2014, Conselho contra a corrupção pede nomeação atempada das comissões deacompanhamento de privatizações

15

13. (PT) - Público, 23/01/2014, Elite política da China oculta milhões em paraísos fiscais 16

14. (PT) - Correio da Manhã, 22/01/2014, Pena reduzida a ex-deputado 18

15. (PT) - Correio da Manhã, 22/01/2014, Sindicato avança com queixa à PGR 19

16. (PT) - Diário de Notícias, 22/01/2014, Milhões em contratos de associação sob suspeita 20

17. (PT) - i, 22/01/2014, Buscas. Colégios GPS suspeitos de corrupção e lavagem de dinheiro 22

18. (PT) - Jornal de Negócios, 22/01/2014, Branqueamento de capitais num olhar "descomplicado" 25

19. (PT) - Jornal de Notícias, 22/01/2014, Buscas a colégios por uso ilícito de dinheiros públicos 26

20. (PT) - Jornal de Notícias, 22/01/2014, Ex-funcionário do Vaticano preso por corrupção 29

21. (PT) - Público, 22/01/2014, Polícia Judiciária investiga suspeitas de corrupção no grupo de ensino GPS 30

22. (PT) - i, 21/01/2014, Câmara de Odivelas. Ajustes directos pouco éticos que não chegam a ser crime 31

23. (PT) - Jornal de Notícias, 21/01/2014, MP pede dez anos de cadeia para patrão da Conforlimpa 33

24. (PT) - Público, 21/01/2014, IGF inspecciona Câmara de Portimão por causa do projecto da Cidade doCinema

34

25. (PT) - Público, 20/01/2014, Secretário de Estado fez lobbying durante dois anos para conseguir abrirhospital privado

35

Page 3: Brief transparência » revista semanal 116

A1

Tiragem: 8000

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Regional

Pág: 4

Cores: Cor

Área: 28,86 x 22,16 cm²

Corte: 1 de 1ID: 52005379 26-01-2014

CONFERÊNCIA| Miguel Viana |

“Uma das preocupações dos Ca-pitães de Abril era a corrupção.O programa do Movimento dasForças Armadas (MFA) tinhamedidas para combater a corrup-ção. O grave foi que passou-seda ditadura para a democraciasem que o problema da corrup-ção tenha sido resolvido.” Foidesta forma que Paulo Morais,professor da Universidade Lusó-fona do Porto e vice-presidenteda Transparência e Integridade -Associação Cívica (TIAC) abriua conferência ‘Corrupção: Causaou Consequência da Crise?’, quedecorreu anteontem à noite naBiblioteca Lúcio Craveiro daSilva (BLCS).

O encontro foi organizado pelaBiblioteca da Escola EB 2/3 FreiCaetano Brandão - Agrupamen-to de Escolas de Maximinos, emcolaboração com a BLCS.

Paulo Morais afirmou que nosúltimos 40 anos praticamentenada foi feito para combater acorrupção em Portugal, o quetem prejudicado a imagem ex-terna do país: “Há um conjuntode entidades internacionais queindicam que Portugal é dos paí-ses onde existe mais corrupção.Em termos de espaço europeu,Portugal integra a lista dos paí-ses com mais corrupção, alem daItália, da Grécia e da Espanha. Oque está a evitar o investimentoestrangeiro no nosso país é a

corrupção. Isto é demolidor paraa nossa economia.”

Ao nivel mundial, em 2013, onosso país ocupava a 33.ª posi-ção em termos de corrupção.Ainda assim, apontou o profes-sor universitário, “Portugal foi opaís que perdeu mais lugares emtermos de corrupção. Em 2000ocupava a 21.ª posição.”

Paulo Morais apontou comopricipais casos de corrupção emPortugal, os processos relacio-nados com o BPN (Banco Portu-

guês de Negócios) e as PPP(Parcerias Público-Privadas).

“Só o caso BPN custou ao paíssete mil milhões de euros. Issodá para pagar os salários da Fun-ção Pública durante um ano”,disse o também vice-presidenteda TIAC, que acrescentou: “Háadministradores de empresas li-gadas ao BPN que foram contra-tados para inventarem prejuí-zos.”

As PPP custaram ao país doismil milhões de euros por ano.

devido à existência de contratosirregulares. “Têm anexos secre-tos que não pode haver, falta umcomparador público (que avaliese a parceria é vantajosa ou nãopara o Estado) e revelam incum-primento da Lei de Enquadra-mento Orçamental”, considerouPaulo Morais.

Tudo isto só foi permitido peloEstado português, porque, de-nunciou o docente, “o Parlamen-to tem cerca de 60 deputadosque são também consultores e

administradores de empresasque têm negócios com o Esta-do”.

A solução passa por aplicarquatro tipos de intervenção: au-mento da transparência, funcio-namento da Justiça, apreensãode bens de quem lesou o Estadoe simplificação legislativa.

A propósito da transparência,Paulo Morais aconselhou os or-ganismos do Estado a disponibi-lizarem mais informação aos ci-dadãos: “É fundamental que, porexemplo, os cidadãos de Bragasaibam qual é o maior fornece-dor da Câmara Municipal deBraga”, defendeu Paulo Morais.

Na área da Justiça, o ex-verea-dor do Urbanismo da CâmaraMunicipal do Porto, disse ser ne-cessária a “criação de tribunaisespecializados” em burlas e cor-rupção.

Paulo Morais lançou, ainda, odesafio de que “todos devemoslutar contra a corrupção. Se dei-xarmos. por exemplo, que o co-lega de trabalho meta baixa semestar doente, isso contribui paraa corrupção. Se não fizermos na-da contra isso nunca mais saire-mos da crise. A crise resulta dacorrupção”. rematou Paulo Mo-rais.

Na abertura da conferência, opresidente do Agrupamento deEscolas de Maximinos, AntónioPereira, “é um dever da cidada-nia podermos combatê-lo (ao fe-nómeno da corrupção) à nossamaneira.”

MIGUEL VIANA

Paulo Morais falou sobre a relação entre a corrupção e a crise dem Portugal

“A nossa crise resulta da corrupção”PROFESSOR universitário Paulo Morais foi o principal orador da conferência “Corrupção: Causa ou Consequência da Crise ?’,organizada pela Biblioteca da Escola EB 2/3 Frei Caetano Brandão e pela Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.

Página 1

Page 4: Brief transparência » revista semanal 116

A2

Tiragem: 32479

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 17

Cores: Cor

Área: 4,86 x 11,77 cm²

Corte: 1 de 1ID: 52003744 26-01-2014

Página 2

Page 5: Brief transparência » revista semanal 116

A3

Tiragem: 100850

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Informação Geral

Pág: 31

Cores: Cor

Área: 29,06 x 22,89 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51994013 25-01-2014

Página 3

Page 6: Brief transparência » revista semanal 116

A4

Tiragem: 27259

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 6

Cores: Cor

Área: 14,91 x 29,42 cm²

Corte: 1 de 2ID: 51994912 25-01-2014

Página 4

Page 7: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 27259

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 7

Cores: Cor

Área: 5,71 x 29,98 cm²

Corte: 2 de 2ID: 51994912 25-01-2014

Página 5

Page 8: Brief transparência » revista semanal 116

A6

Tiragem: 14900

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Regional

Pág: 17

Cores: Cor

Área: 9,23 x 27,99 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51996861 25-01-2014

Investigação à elitechinesa bloqueadaAChina está a bloquear os sites dos órgãos

de comunicação social que revelaram a in-vestigação à elite chinesa. De acordo com oJornal de Negócios, o “El País”, “The Guar-dian”, “BBC”, “LeMonde”, “Süddeutsche Zei-tung” e “Asahi Shimbun” aliaram-se numa in-vestigação aos elementos mais importantesda sociedade chinesa, que apurou quegrande parte da elite do país tem ocultadoempresas em paraísos fiscais.«O Governo da China bloqueou a edição

digital do “El País” no seu território para evitara divulgação da investigação que revela que,familiares directos dos dirigentes máximos[chineses], entre eles o cunhado do presi-dente, assim como magnatas, membros daAssembleia Popular e de empresas estataismantêm sociedades opacas em paraísos fis-cais». É desta forma que começa a notícia,presente no site desta publicação espanhola,sobre o bloqueio que o seu site está a seralvo na China.Já fontes próximas do governo chinês, cita-

das pelosmesmosmeios, garantemque estemovimento nada tem que ver com corrup-ção, mas sim com uma prática empresarialcomum, comvista a competir comempresasestrangeiras que estão a investir na China eque o Governo favorece com isenções e im-postos, relata o “El País.

DR

Página 6

Page 9: Brief transparência » revista semanal 116

A7

Tiragem: 84329

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 12

Cores: Cor

Área: 13,15 x 9,64 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51974306 24-01-2014

Página 7

Page 10: Brief transparência » revista semanal 116

A8

Tiragem: 37425

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 8

Cores: Cor

Área: 27,28 x 30,97 cm²

Corte: 1 de 2ID: 51973247 24-01-2014

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

Casa de ex-secretário de Estado da Educação alvo de buscas pela PJ

Unidade de Combate à Corrupção da PJ teve mais de 100 inspectores envolvidos na investigação à GPS

A casa do ex-secretário de Estado

adjunto e da Administração Educa-

tiva de Santana Lopes, José Manuel

Canavarro, actual deputado do PSD

pelo círculo de Coimbra, foi ontem

alvo de buscas realizadas pela Polícia

Judiciária (PJ) no âmbito da investi-

gação ao grupo GPS. Em causa estão

suspeitas do crime de corrupção.

Contactado pelo PÚBLICO, José

Manuel Canavarro afi rmou que não

queria “comentar nada sobre esse as-

sunto” e adiantou que irá “constituir

advogado, se for caso disso”. Con-

fi rmou ainda uma informação que

consta do seu registo de interesses

entregue na Assembleia da Repúbli-

ca: não trabalha desde Junho de 2011

para o grupo GPS, onde foi consultor

mais de seis anos e para o qual entrou

poucos meses após deixar o Governo.

O nome de José Manuel Canavarro

tem sido várias vezes associado ao

crescimento do grupo GPS (Gestão

e Participações Sociais), actualmen-

te detentor de 26 colégios, entre os

quais 14 que recebem fi nanciamento

do Ministério da Educação. O ex-se-

cretário de Estado adjunto e da Ad-

ministração Educativa de Santana

Lopes é apontado, a par de José Al-

meida que era então director regio-

nal de Educação de Lisboa, como

tendo um papel determinante na

aprovação, em 2005, de contratos

de fi nanciamento público a quatro

colégios do grupo GPS (Rainha Dona

Leonor e Frei Cristóvão, no concelho

das Caldas da Rainha, e Miramar e

Santo André, em Mafra).

O despacho que autoriza a celebra-

ção de contratos de associação, com

base numa proposta de José Almei-

da, foi assinado pelo então secretário

de Estado a 15 de Fevereiro de 2005,

cinco dias antes das eleições legisla-

tivas que levaram ao afastamento da

coligação PSD-CDS do poder.

A Unidade Nacional de Combate à

Corrupção da PJ realizou na terça-fei-

ra passada uma operação que envol-

veu mais de cem inspectores dirigida

ao GPS, tendo realizado buscas à sede

do grupo, no Louriçal, Pombal, e em

cinco colégios do grupo, nas Caldas

da Rainha, em Mafra e na Batalha. O

inquérito está a ser dirigido pela 9.ª

Secção do Departamento de Investi-

gação e Acção Penal de Lisboa, dirigi-

do pela procuradora Teresa Almeida.

Catorze das 26 escolas que são pro-

priedade do grupo GPS têm contra-

tos de associação com o Estado. Atra-

vés destes acordos, o Ministério da

Educação paga aos colégios as des-

pesas de frequência dos seus alunos,

garantindo-lhes assim as mesmas

condições de gratituidade de que be-

nefi ciariam no ensino público. Estes

contratos só podem ser celebrados

quando não existe na zona oferta

pública ou esta esteja saturada. Se-

gundo o Sindicato dos Professores

da Zona Centro, algumas escolas do

grupo GPS benefi ciam destes con-

tratos, apesar de não estar cumprida

nenhuma daquelas condições.

Há um ano um grupo de professo-

res reunidos no Movimento Escola

Pública apresentou uma queixa-cri-

me, na qual sustentava que tinham

sido encaminhados para estes colé-

gios turmas que têm lugar nas esco-

las da rede pública, verifi cando-se

um subaproveitamento de recursos

públicos. Nos últimos anos, a Fede-

ração Nacional dos Professores re-

cebeu denúncias de professores que

leccionavam em colégios deste grupo

e que se queixavam de trabalhar mais

horas do que as permitidas por lei;

de serem sujeitos a alterações de ho-

rário e a transferências entre escolas

do grupo. Há um ano, em Janeiro de

2013, na sequência dessas queixas, o

Ministério da Educação e Ciência en-

viou para a Autoridade para as Con-

dições do Trabalho um relatório de

uma auditoria feita ao grupo, que foi

mais tarde remetido às autoridades

que estão a investigar este caso.

O presidente do grupo GPS é Antó-

nio Calvete, ex-deputado socialista,

que chamou para a instituição ex-

secretários de Estado e ex-directo-

res regionais de Educação quer do

seu partido, quer do PSD. Entre os

colaboradores e funcionários fi gu-

ram, além de José Manuel Canavarro,

Paulo Pereira Coelho, também ex-

secretário de Estado do Governo de

Santana Lopes. E também os directo-

res regionais de Educação de Lisboa

e do Centro, respectivamente José

Almeida e Linhares de Castro.

O GPS é uma sociedade anónima

constituída em 2003 a partir de um

grupo de educação que já detinha se-

te escolas, no centro do país. Em dez

anos acrescentou mais 19 estabeleci-

mentos a este património, contando

agora com 26 escolas.

José Manuel Canavarro, antigo membro do Governo de Santana Lopes, actual deputado do PSD e antigo consultor do grupo de educação GPS, está a ser investigado por alegada corrupção

Investigação ao grupo GPSMariana Oliveira

Página 8

Page 11: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 37425

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 5,39 x 4,05 cm²

Corte: 2 de 2ID: 51973247 24-01-2014

José Manuel Canavarro está a ser investigado pela PJ por alegada corrupção p8

Casa de ex-secretário de Estado alvo de buscas no caso GPS

Página 9

Page 12: Brief transparência » revista semanal 116

A10

Tiragem: 52380

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Informação Geral

Pág: 23

Cores: Cor

Área: 21,12 x 27,50 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51974945 24-01-2014

Página 10

Page 13: Brief transparência » revista semanal 116

A11

Tiragem: 52380

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Informação Geral

Pág: 54

Cores: Cor

Área: 5,05 x 11,46 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51974917 24-01-2014

Página 11

Page 14: Brief transparência » revista semanal 116

A12

Tiragem: 32479

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 17

Cores: Cor

Área: 27,96 x 34,08 cm²

Corte: 1 de 2ID: 51948521 23-01-2014

Página 12

Page 15: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 32479

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 5,61 x 4,01 cm²

Corte: 2 de 2ID: 51948521 23-01-2014

Página 13

Page 16: Brief transparência » revista semanal 116

A14

Tiragem: 84329

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 13

Cores: Cor

Área: 13,44 x 22,77 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51948625 23-01-2014

Página 14

Page 17: Brief transparência » revista semanal 116

A15

Tiragem: 37425

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 13

Cores: Preto e Branco

Área: 21,62 x 13,96 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51948196 23-01-2014

O Conselho de Prevenção da Corrup-

ção (CPC) foi ontem ao Parlamento

apresentar o seu caderno de encar-

gos para este ano. Entre as activi-

dades planeadas para 2014 está o

“acompanhamento dos processos

de privatizações”, conforme admi-

tiu o secretário-geral José Tavares,

tendo mesmo destacado os “alertas”

feitos pela CPC, ao longo do tempo,

sobre o assunto. Em causa estão as

condições dadas às comissões de

acompanhamento.

José Tavares afi rmou ao PÚBLICO

que o CPC dera já nota da necessida-

Conselho contra a corrupção pede “nomeação atempada” das comissões de acompanhamento de privatizações

de da “nomeação atempada” dessas

comissões, por forma a permitir uma

“análise mais rigorosa” das decisões.

A atenção às privatizações não é

uma preocupação de agora na CPC.

A entidade tinha já produzido, em

Setembro de 2011, um conjunto de

recomendações defendendo a cria-

ção dessas comissões de acompanha-

mento. Agora, depois de um conjun-

to de consultas com personalidades

que fi zeram parte dessas estruturas,

assinala a necessidade de serem da-

das condições para que as comissões

cumpram a sua missão.

Na audição com os deputados, o

presidente e o secretário-geral do

CPC apresentaram as “acções espe-

cífi cas” que aquela entidade tenciona

desenvolver nos próximos meses. O

CPC tem um orçamento de 161 mil

euros, quase totalmente destinado

a cobrir as despesas com o pessoal,

que é composto por dois técnicos su-

periores e um assistente técnico.

ParlamentoNuno Sá Lourenço

CPC quer investigar as áreas em que o actual Governo se tem mostrado mais activo

fi nanciamento dos partidos”. “As

campanhas internas [partidárias]

não estão sujeitas a qualquer contro-

lo”, alertou. Mas foi por sua inicia-

tiva que abordou o polémico tema

do enriquecimentio ilícito.

Depois de frisar que a sua inter-

venção não tinha qualquer intenção

de pressionar o Parlamento, Oliveira

Martins apresentou uma solução:

lembrou a legislação de Hong Kong,

onde o “destinatário” da “fi gura ju-

rídica” estava limitado aos titulares

de cargos políticos e funcionários

públicos.

A audição permitiu ainda ao ex-

ministro das Finanças confi rmar

que a austeridade tem impacto no

fenómeno da corrupção. Citando

estudos académicos, Guilherme

d’Oliveira Martins falou de um au-

mento, de “20 para 25%, da econo-

mia paralela”. “Temos mais notas de

500 euros a circular em Portugal”,

concluiu.

No plano de actividades para 2014,

a CPC assume também o objectivo

de se virar para o sector privado,

“nomeadamente nas áreas em que

as entidades privadas asseguram,

por concessão, a prestação de algu-

mas funções tradicionalmente de-

senvolvidas pelo Estado”. Propõe-se

também fazer o “estudo sobre as ge-

minações na administração local”,

bem como aprofundar as “especifi -

cidades dos riscos em sectores que

se têm revelado mais problemáticos

na área da saúde”.

Mas, durante a audição, o presi-

dente da CPC, Guilherme d’Oliveira

Martins, aproveitou para “meter a

foice em seara alheia”. Convidado

pelo socialista José Magalhães a

apontar lacunas no plano legislativo,

o também presidente do Tribunal de

Contas aconselhou os deputados a

“dar resposta” às recomendações

do grupo internacional GRECO,

lembrando as “carências na lei de

Página 15

Page 18: Brief transparência » revista semanal 116

A16

Tiragem: 37425

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 29

Cores: Cor

Área: 26,92 x 30,48 cm²

Corte: 1 de 2ID: 51948217 23-01-2014

WANG ZHAO/AFP

Elite política da China oculta milhões em paraísos fi scais

135 dos multimilionários são membros da Assembleia Nacional

Na China há uma “nobreza de ouro”

que enriqueceu graças aos cargos

políticos que ocupou e à corrup-

ção. Familiares de pelo menos 13

dirigentes comunistas (actuais ou

passados e entre eles do Presidente

Xi Jinping) foram ontem acusados

de terem reunido grandes fortunas

e de terem ocultado parte delas em

contas off shore, nas Ilhas Virgem

britânicas.

As revelações estão contidas nos

dados obtidos pelo Consórcio In-

ternacional de Jornalistas de Inves-

tigação, que juntou 2,5 milhões de

documentos sobre cerca de 22 mil

clientes de off shores com moradas

na China continental e em Hong

Kong e 16 mil em Taiwan. Desse

grupo, há pelo menos 13 famílias

de líderes chineses.

“A China tornou-se no maior mer-

cado para os paraísos fi scais”, diz o

relatório do Consórcio, que passou

as suas conclusões e muitos dados

a um grupo de jornais que ontem

fi zeram manchete com a notícia —

El País, Le Monde, The Guardian,

Süddeutsche Zeitung e o japonês

Asahi Shimbun. “Todos os sectores

da economia chinesa, do petróleo

à energia renovável, da mineração

ao comércio de armas, surgem na

documentação”.

Ontem foi dia de conferência de

imprensa no Ministério dos Negó-

cios Estrangeiros em Pequim e os

jornalistas questionaram o porta-

voz, Qin Gang, que desvalorizou a

notícia: “Do ponto de vista do leitor

este artigo não é pertinente. O que

nos faz questionar se não terá outros

motivos”. Sobre a presença do nome

de Xi Jinping nos documentos, Qin

disse que o Presidente “é inocente”.

Se não fosse, se houvesse qualquer

ilegalidade, explicou o porta-voz,

isso já teria sido descoberto.

Na China as contas em paraísos

fi scais não preconizam um crime

por si só. E fontes do Governo chi-

nês ouvidas pelo El País — depois

de um contacto ofi cial sem respos-

ta — explicam isso mesmo, que não

há ilegalidade e que não se tratam

de empresas ou contas dos líderes,

mas de familiares seus. Mas o rela-

tório diz que há provas que permi-

tem concluir que “muitos chineses e

Jinping e Wen Jiabao (antigo primei-

ro-ministro) a empresas com negó-

cios obscuros e milionários em pa-

raísos fi scais. Num texto chamado

O parente de ouro, o El País explica

que o cunhado de Xi, Deng Jiagui,

se tornou um magnata do imobili-

ário em Hong Kong e a sua princi-

pal empresa foi registada nas Ilhas

Virgens quando Xi ainda era vice-

presidente. Já a imobiliária nasceu

nas vésperas de ser nomeado Pre-

sidente, em Março do 2013.

Fenómeno em crescimentoAnalistas ouvidos pelo South China

Morning Post tentaram explicar o fe-

nómeno das off shores do ponto de

vista económico. Dali Yang, da Uni-

versidade de Chicago (EUA), disse

que a fuga do capital que foi parar

às mãos das famílias politicamente

infl uentes se pode dever ao receio

de que a economia não seja susten-

tável e que possa haver uma erosão

(desvalorização) dos bens. “A guerra

contra a corrupção que está em cur-

so na China também pode ter ace-

lerado este fenómeno”, disse Dali.

Do ponto de vista dos negócios,

explicam outros, o off shore apareceu

como recurso para pagar menos im-

postos na China: as empresas com

sede no estrangeiro são vistas pela

China como estrangeiras e, por is-

so, têm grandes benefícios fi scais.

A mulher mais rica da China, Yang

Huiyan, o homem mais rico do mun-

do, Pony Ma Huateng, e o empre-

sário do ramo imobiliário Zhang

Xin têm todos registos em paraísos

fi scais. Assim como Li Xiaolin (fi lha

de Li Peng, o primeiro-ministro da

repressão em Tiananmen), que é co-

nhecida por “Rainha da Energia” e é

uma das empresárias mais infl uen-

tes no mundo; Wu Jianchang (neto

de Deng Xiaoping, o Presidente que

encerrou o capítulo da planifi cação

da economia e começou a cami-

nhar para o sistema de mercado);

e os Wang (os três fi lhos do general

Wang Zhen, vice-presidente entre

1988 e 1993).

Não se sabe quem passou os do-

cumentos que revelam como são

ricas as famílias dos homens mais

importantes do aparelho comunista

chinês. O site do Consórcio de Jor-

nalistas fi cou inacessível na China,

assim como as edições online dos

jornais que divulgaram o trabalho

de investigação.

Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação revela que familiares de dirigentes máximos do regime guardam fortunas nas Ilhas Virgens britânicas. Pequim diz que dados não são pertinentes

Corrupção Ana Gomes Ferreira

empresas usaram entidades off shore

para se envolverem em comporta-

mentos ilícitos ou ilegais”.

A guerra de XiEstes dados surgem num momento

crucial do debate em curso na Chi-

na sobre o combate à corrupção no

aparelho comunista e o regresso à

ética. Xi Jinping apresentou-se como

o grande paladino dessa guerra e as

revelações de que a sua família acu-

mulou uma grande fortuna enquan-

to foi vice-presidente (2008-13) man-

cham a sua reputação e levantam

dúvidas sobre o tratamento igual

que prometeu para os infractores.

Compromete também a credibili-

dade da sua grande proposta social

— a construção de uma nova China

com mais igualdade e ancorada nu-

ma classe média sólida. Uma parcela

signifi cativa dos chineses saiu da po-

breza na última década, mas a China

tornou-se no mesmo período num

dos países do mundo com maior de-

sigualdade. Enriquecimentos ilícitos

e fugas de capital só ajudam a piorar

esse cenário, disse ao South China

Morning Post, jornal independente

de Hong Kong, Clark Gascoigne, do

Think Tank Global Financial Integri-

ty: “Através da evasão fi scal os ricos

estão a fi car cada vez mais ricos e a

classe média, a trabalhadora, é que

sofre os efeitos”.

Em dez anos, o número de multi-

milionários chineses passou de zero

para 315 e destes 135 são membros

da Assembleia Nacional — 20 mem-

bros desta assembleia tinham, em

2012, um património avaliado em

48.500 milhões de dólares, 46 ve-

zes mais do que os 20 congressistas

americanos mais ricos, segundo um

centro de informação de Washing-

ton citado pelo El País.

Para agravar o embaraço de Xi Jin-

ping, as revelações coincidem com

o início do julgamento, em Pequim,

de Xu Zhiyong, o fundador do Movi-

mento dos Novos Cidadãos, grupo

que denunciava precisamente cri-

mes de corrupção e esquemas de

enriquecimento dentro do aparelho

do partido único chinês. Xu foi acu-

sado de “incitamento à perturbação

da ordem pública” e pode ser con-

denado a uma pena de prisão.

Investigações anteriores do jornal

The New York Times e da Bloomberg

já tinham começado a desvendar a

teia de ligações de familiares de Xi

Página 16

Page 19: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 37425

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 5,31 x 5,31 cm²

Corte: 2 de 2ID: 51948217 23-01-2014

Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação revela que familiares de dirigentes máximos do regime guardam fortunas nas Ilhas Virgens p29

Elite política da China oculta milhões em paraísos fiscais

Página 17

Page 20: Brief transparência » revista semanal 116

A18

Tiragem: 154796

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 26

Cores: Cor

Área: 21,09 x 6,96 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51930757 22-01-2014

Página 18

Page 21: Brief transparência » revista semanal 116

A19

Tiragem: 154796

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 16

Cores: Preto e Branco

Área: 21,60 x 30,41 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51930559 22-01-2014

Página 19

Page 22: Brief transparência » revista semanal 116

A20

Tiragem: 32479

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 6

Cores: Cor

Área: 27,21 x 31,84 cm²

Corte: 1 de 2ID: 51930513 22-01-2014

Página 20

Page 23: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 32479

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 5,60 x 2,47 cm²

Corte: 2 de 2ID: 51930513 22-01-2014

Página 21

Page 24: Brief transparência » revista semanal 116

A22

Tiragem: 27259

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 2

Cores: Cor

Área: 14,83 x 32,76 cm²

Corte: 1 de 3ID: 51930199 22-01-2014

Página 22

Page 25: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 27259

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 3

Cores: Cor

Área: 24,35 x 31,51 cm²

Corte: 2 de 3ID: 51930199 22-01-2014

Página 23

Page 26: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 27259

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 4,80 x 3,95 cm²

Corte: 3 de 3ID: 51930199 22-01-2014

Página 24

Page 27: Brief transparência » revista semanal 116

A25

Tiragem: 11738

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 27

Cores: Preto e Branco

Área: 5,03 x 14,46 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51929938 22-01-2014

Página 25

Page 28: Brief transparência » revista semanal 116

A26

Tiragem: 84329

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 4

Cores: Cor

Área: 26,73 x 32,72 cm²

Corte: 1 de 3ID: 51929970 22-01-2014

Página 26

Page 29: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 84329

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 5

Cores: Cor

Área: 26,62 x 31,63 cm²

Corte: 2 de 3ID: 51929970 22-01-2014

Página 27

Page 30: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 84329

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 4,95 x 4,06 cm²

Corte: 3 de 3ID: 51929970 22-01-2014

Página 28

Page 31: Brief transparência » revista semanal 116

A29

Tiragem: 84329

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 9

Cores: Cor

Área: 8,57 x 7,35 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51930562 22-01-2014

Página 29

Page 32: Brief transparência » revista semanal 116

A30

Tiragem: 37425

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 5

Cores: Cor

Área: 16,09 x 30,32 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51929906 22-01-2014

NELSON GARRIDO

O grupo de educação GPS dispõe de 26 escolas

A Polícia Judiciária (PJ) realizou on-

tem uma operação que envolveu

mais de 100 inspectores que visou

ao grupo de ensino GPS (Gestão e

Participações Sociais), detentor de

26 colégios, entre os quais 14 que re-

cebem apoio do Ministério da Educa-

ção. Em investigação, apurou o PÚ-

BLICO, estão crimes de corrupção e

branqueamentos de capitais.

Além da sede, no Louriçal (Pom-

bal) foram realizadas buscas em

cinco colégios do grupo, Caldas da

Rainha (Colégio Rainha D. Leonor e

Colégio de Frei S. Cristóvão), de Ma-

fra (Colégio de Santo André e Colégio

de Miramar) e da Batalha (Colégio

de S. Mamede). A PJ esteve ainda

em sociedades e domicílios de res-

ponsáveis do grupo, num conjunto

de 24 diligências, que se estendem

a vários concelhos do país, refere o

site da Procuradoria-Geral Distrital

de Lisboa do Ministério Público.

A Unidade Nacional de Combate à

Corrupção da PJ esteve à frente desta

operação, que contou ainda com a

colaboração da Directoria do Centro

e do Departamento de Leiria. As bus-

cas foram realizadas no âmbito de

um processo-crime aberto pelo De-

partamento de Investigação e Acção

Penal (DIAP) de Lisboa.A busca en-

volve a participação de magistrados,

inspectores da PJ, peritos fi nanceiros

e informáticos.

Queixas de professoresCatorze das 26 escolas que são pro-

priedade do grupo GPS têm contra-

tos de associação com o Estado. Atra-

vés destes acordos, o Ministério da

Educação paga aos colégios as des-

pesas de frequência dos seus alunos,

garantindo assim a estes as mesmas

condições de gratituidade de que be-

nefi ciariam no ensino público. Estes

contratos só podem ser celebrados

quando não existe na zona oferta

pública ou esta esteja saturada. Se-

gundo o Sindicato dos Professores

da Zona Centro, algumas escolas do

grupo GPS benefi ciam destes con-

tratos apesar de não estar cumprida

nenhuma daquelas condições.

Há um ano um grupo de professo-

res reunidos no Movimento Escola

Polícia Judiciária investiga suspeitas de corrupção no grupo de ensino GPS

no que diz respeito ao fi nanciamento

recebido do Estado.

GPS disponível a colaborarO grupo GPS confi rmou em comuni-

cado, ao início da tarde, a realização

de buscas pela PJ à sua sede, no Lou-

riçal, Pombal, e “a algumas entidades

a ele ligadas”, mas resguardou-se no

segredo de justiça para não adiantar

“qualquer informação adicional”. No

texto, o grupo informa que “prestou

e continuará a prestar total colabora-

ção às entidades competentes”.

O presidente do grupo GPS é Antó-

nio Calvete, ex-deputado socialista,

que chamou para a instituição ex-se-

cretários de Estado e ex-directores

regionais de Educação quer do seu

partido, quer do PSD. Entre os cola-

boradores e funcionários fi guram Jo-

sé Canavarro e Paulo Pereira Coelho,

ex-secretários de Estado no Governo

de Santana Lopes. E também os di-

rectores regionais de Educação de

Lisboa e do Centro, respectivamente,

José Almeida e Linhares de Castro.

Em 2007, o Tribunal de Contas de-

tectou, num relatório da auditoria

fi nanceira realizada à Direcção Re-

gional de Educação do Centro, que

entre 2003 e 2005 a IGEC instaurara

12 processos devido a irregularidades

no âmbito dos contratos de associa-

ção. Destas, quatro eram escolas do

grupo GPS: por pagamentos a mais

ou adiantamentos considerados in-

devidos deveriam então ao Estado

quase três milhões de euros.

O GPS é uma sociedade anónima

constituída em 2003 a partir de um

grupo de educação que já detinha se-

te escolas, no Centro do país. Em dez

anos acrescentou mais 19 estabeleci-

mentos a este património, contando

agora com um total de 26 escolas.

Pública apresentou uma queixa ao

Departamento Central de Investiga-

ção e Acção Penal, onde sustentava

que tinham sido encaminhados para

estes colégios turmas que tinham lu-

gar nas escolas da rede pública, veri-

fi cando-se um subaproveitamento de

recursos públicos. O PÚBLICO sabe,

contudo, que não foi esta denúncia

que deu origem a esta investigação,

que corre no DIAP de Lisboa.

Recorde-se que, nos últimos anos,

a Federação Nacional dos Professo-

res (Fenprof ) recebeu denúncias de

professores que leccionavam em

colégios deste grupo e que se quei-

xavam de trabalhar mais horas do

que as permitidas por lei e de serem

sujeitos a alterações de horário e a

transferências entre escolas do gru-

po. Há um ano, em Janeiro de 2013,

na sequência dessas queixas, o Minis-

tério da Educação e Ciência enviou

para a Autoridade para as Condições

do Trabalho um relatório de uma au-

ditoria feita ao grupo.

O relatório do inquérito da Ins-

pecção-Geral de Educação e Ciên-

cia (IGEC) sobre os colégios do grupo

GPS foi ainda enviado para o Minis-

tério Público, em Outubro passado.

“Posteriormente foram solicitadas

pela Polícia Judiciária as auditorias

realizadas pela IGEC, que foram re-

metidas com despacho de concor-

dância do secretário de Estado do

Ensino e Administração Escolar”,

João Casanova de Almeida, referiu

fonte do Ministério da Educação.

De acordo com a tutela, as primei-

ras auditorias aos colégios do grupo

GPS foram solicitadas pelo secretário

de Estado “ainda durante o Verão de

2012”, antes de a TVI ter iniciado a

emissão de reportagens em que se

denunciam alegadas irregularidades

Investigação Bárbara Wong, Mariana Oliveira e Orlando CardosoCatorze das 26 escolas são financiadas pelo Estado. PJ esteve na sede do grupo e em mais cinco colégios

Página 30

Page 33: Brief transparência » revista semanal 116

A31

Tiragem: 27259

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 22

Cores: Cor

Área: 24,37 x 30,43 cm²

Corte: 1 de 2ID: 51908676 21-01-2014

Página 31

Page 34: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 27259

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 23

Cores: Cor

Área: 24,23 x 30,63 cm²

Corte: 2 de 2ID: 51908676 21-01-2014

Página 32

Page 35: Brief transparência » revista semanal 116

A33

Tiragem: 84329

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 13

Cores: Cor

Área: 13,21 x 32,62 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51908521 21-01-2014

Página 33

Page 36: Brief transparência » revista semanal 116

A34

Tiragem: 37425

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 15

Cores: Cor

Área: 21,05 x 13,61 cm²

Corte: 1 de 1ID: 51908644 21-01-2014

los Alexandre, do Tribunal Central de

Instrução Criminal de Lisboa, aplicou

ao arguido a medida de coacção mais

gravosa, até que estivessem reunidas

as condições legais e técnicas para

que pudesse passar a prisão domi-

ciliária, com pulseira electrónica, o

que aconteceu 5 de Julho.

Além de Luís Carito — que segundo

foi noticiado na altura engoliu um do-

cumento de prova na presença dos

inspectores da Polícia Judiciária —,

o vereador da Câmara de Portimão

Jorge Campos, o administrador da

empresa municipal Portimão Urbis

A Câmara de Portimão anunciou on-

tem que está a ser alvo de uma ins-

pecção extraordinária da Inspecção-

Geral de Finanças (IGF), que incide

também sobre a empresa municipal

Portimão Urbis.

Num curto comunicado, a autar-

quia algarvia refere que “os objec-

tivos gerais desta inspecção con-

sistem na verifi cação da actuação

dos órgãos municipais nas suas

relações com a referida empresa

e na análise das respectivas con-

IGF inspecciona Câmara de Portimão por causa do projecto da Cidade do Cinema

tas entre os anos de 2009 e 2013”.

A Câmara de Portimão, citada pe-

la agência Lusa, adianta ainda que,

“para além das deliberações camará-

rias ou despachos relacionados com

a Portimão Urbis, será disponibili-

zada aos inspectores a relação dis-

criminativa dos contratos-programa

celebrados durante aquele período

entre as duas entidades e respectiva

execução fi nanceira, entre outra do-

cumentação”.

O nome da empresa municipal Por-

timão Urbis esteve em foco em Junho

de 2013, quando o então vice-presi-

dente da Câmara de Portimão, Luís

Carito (PS), e outras quatro pessoas

foram detidas no âmbito da investi-

gação que levou a Polícia Judiciária a

realizar buscas na autarquia, no fi nal

do mandato do executivo liderado

pelo socialista Manuel da Luz.

Luís Carito fi cou em prisão preven-

tiva a 21 Junho, dia em que o juiz Car-

Auditoria

Portimão Urbis está também a ser investigada pelo MP no âmbito do processo que levou à detenção de Luís Carito, ex-vice-presidente da autarquia

Lélio Branca e os administradores

Artur Curado e Luís Marreiros, da

empresa Pictures Portugal, também

foram detidos por suspeitas de cor-

rupção, administração danosa, bran-

queamento de capitais e participação

económica em negócio.

Os factos em investigação estão re-

lacionados com a actividade e gestão

da Portimão Urbis, nomeadamente

no que toca ao seu envolvimento,

com a empresa Pictures Portugal,

no fracassado projecto da Cidade do

Cinema. Luís Carito e Jorge Campos

faziam parte, à data dos factos (2011),

do seu conselho de administração.

Na mira dos investigadores têm

estado vários contratos de consul-

toria e de formação profi ssional ce-

lebrados por ajuste directo, no valor

de centenas de milhares de euros,

entre a Portimão Urbis e empresas

dos sócios da Pictures Portugal e da

companheira de Luís Carito.

Luís Carito, ex-vice da Câmara de Portimão, está sob prisão domiciliária desde Julho do ano passado

Página 34

Page 37: Brief transparência » revista semanal 116

A35

Tiragem: 37425

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 4

Cores: Cor

Área: 27,28 x 31,11 cm²

Corte: 1 de 6ID: 51886843 20-01-2014

Faz agora seis anos, um depu-

tado do PSD reuniu-se, a seu

pedido, com o presidente da

Administração Regional de

Saúde do Norte (ARSN). O

motivo do encontro não se

prendia com as suas funções par-

lamentares, nem com o funciona-

mento do Serviço Nacional de Saúde

(SNS) na região. Tratava-se de fazer

o ponto de situação do processo de

instalação de um hospital privado.

Mas esse também não foi o tema

central da conversa. O deputado tra-

tou, sobretudo, de denunciar um

alegado caso de corrupção que en-

volveria dois funcionários da ARSN.

Com ele encontrava-se alguém que,

em reuniões anteriores, apresentara

como seu amigo e que era o rosto

da empresa proprietária do hospital

que esperava licença para abrir.

Surpreendentemente, esse ami-

go era um dos alegados corrupto-

res dos funcionários denunciados.

E o deputado queixava-se de que o

amigo passara a ser prejudicado pe-

los corruptos, porque deixara de os

corromper dois anos antes.

A aparente incongruência da ini-

ciativa podia, porém, ter uma expli-

cação e um objectivo estratégico:

estreitar laços com a direcção da

ARSN, através da denúncia, e faci-

litar o licenciamento do hospital,

que acabara de ser formalmente

requerido.

Os nomesO amigo do deputado chama-se Joa-

quim Ribeiro Teixeira e era – e con-

tinua a ser – o administrador único

da empresa proprietária do Hospital

de S. Martinho (HSM), em Valongo,

perto do Porto. Devido aos factos

denunciados ao presidente da ARSN

foi ele próprio pronunciado por cor-

rupção activa este Verão, por um juiz

de instrução criminal, aguardando a

marcação do julgamento, conforme

o PÚBLICO noticiou em Agosto.

O deputado chama-se Agosti-

nho Branquinho e é, desde Julho,

secretário de Estado da Segurança

Social.

SAÚDE

Secretário de Estado fez lobbying durante dois anos para conseguir abrir hospital privadoO secretário de Estado da Segurança Social, Agostinho Branquinho, quando era deputado, foi uma peça chave no licenciamento de um hospital privado em que uma denúncia de corrupção foi usada como instrumento de pressão

José António CerejoO HSM pertence a uma sociedade

anónima – a PMV, cujos donos são

desconhecidos – e foi ofi cialmente

inaugurado em Maio de 2008.

Logo após a reunião com o então

presidente da ARSN, o médico Ma-

ciel Barbosa, Agostinho Branqui-

nho desenvolveu uma fortíssima

campanha de promoção do futuro

hospital através das televisões e dos

jornais. Falando em nome da PMV,

aproveitou sempre para se queixar

da demora do Ministério da Saúde

na emissão da licença do HSM, em-

bora a mesma tivesse sido requerida

apenas duas semanas antes.

Nessas intervenções apresentou-

se invariavelmente como consul-

tor da empresa. Mas essa activida-

de privada, ao contrário de outras

que então exercia, nunca foi de-

clarada no registo de interesses da

Assembleia da República, nem no

Tribunal Constitucional, como a lei

impunha.

Num texto escrito em que respon-

deu sumariamente a uma pequena

parte das perguntas que o PÚBLICO

lhe dirigiu, Branquinho afi rma que

Página 35

Page 38: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 37425

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 5

Cores: Cor

Área: 27,35 x 30,68 cm²

Corte: 2 de 6ID: 51886843 20-01-2014

ponsável político ou da própria ARS,

poder estar presente numa cerimó-

nia de inauguração [do HSM] numa

data a agendar que fi que próxima do

fi m do ano”.

A denúnciaMeses depois, a 22 de Janeiro de

2008, Maciel Barbosa recebe Bran-

quinho e Teixeira para falarem do

licenciamento do HSM e de outros

problemas da PMV, mas a conversa

centra-se na denúncia dos dois fun-

cionários da ARSN. Alegadamente,

os denunciados prestavam serviços

remunerados a empresas privadas

da área da saúde, utilizando infor-

mação privilegiada e agilizando ou

retendo os processos, conforme os

interesses de quem lhes pagava.

Branquinho exibiu mesmo alguns

documentos, que, supostamente,

provavam que o seu cliente e as suas

empresas estavam a ser prejudica-

dos por aqueles funcionários.

Na documentação consultada

pelo PÚBLICO na ARSN não é claro

que os denunciantes tenham então

revelado que o próprio Teixeira lhes

pagara durante vários anos, mas Ma-

ciel Barbosa disse ao PÚBLICO que

sim. “O senhor Teixeira disse que se

cansou do negócio e que se sentia

com medo de révanches”, recordou

o médico no mês passado.

Depois de ouvir o que ouviu, o

presidente da ARSN ordenou de

imediato a abertura de um pro-

cesso de averiguações, através de

um despacho em que não refere a

presença do deputado na reunião.

E logo no fi m de Março participou

as conclusões dos seus auditores à

Polícia Judiciária.

No primeiro encontro com Joa-

quim Teixeira e a sua secretária, os

auditores da ARSN fi caram a conhe-

cer os pormenores. O empresário

explicou que pagara durante vários

anos os serviços dos denunciados

com “honorários mensais e bens

materiais”, como um automóvel e

telemóveis. Em 2006, afi rmou, pu-

sera fi m a essa situação, por achar

que “não era saudável manter qual-

quer ligação às pessoas em causa”

– devido ao facto de elas estarem a

ser investigadas pelo Ministério Pú-

blico, a propósito das suas relações

com outras empresas de serviços

médicos.

Na reunião seguinte, nas instala-

ções do HSM, o empresário, depois

de lhe terem sido dadas a ler as de-

clarações feitas no primeiro encon-

tro, confi rmou o que estava escrito

no auto. No entanto, lê-se na acta

redigida pelos auditores, “viu-se no

dever de deixar à consideração do

dr. Agostinho Branquinho, deputado

na Assembleia da República, a de-

sempenhar funções de assessoria no

HSM”, se devia assiná-lo ou não.

“Joaquim Teixeira solicitou licen-

ça para dar a conhecer o conteúdo

do auto de declarações ao dr. Agos-

tino Branquinho, na sala ao lado da

nossa reunião, uma vez que estaria

em causa a imagem política do mes-

mo, que era necessário preservar”,

prossegue o documento.

Quem manda?De acordo com os auditores, “após

uma rápida leitura”, Branquinho

“tomou a iniciativa de integrar a

reunião, vindo esclarecer quais os

motivos que o levaram a não con-

cordar com o facto de os declaran-

tes Joaquim Ribeiro Teixeira e Zaida

Cunha [a sua secretária] assinarem

os autos de declarações”.

A acta relata depois que, segundo

o deputado, “fi cou acordado” com

o presidente da ARSN, na reunião

em que foi feita a denúncia, que Jo-

aquim Teixeira colaboraria na ob-

tenção da verdade. “No entanto, fri-

sou [fi cou também acordado] que as

[suas] declarações não passariam

para além do fornecimento de pis-

tas orais, de forma a orientar-nos na

investigação.”

Neste contexto, acrescenta o do-

cumento, “o dr. Agostinho Branqui-

nho decidiu que os declarantes em

questão não assinariam os aludidos

autos (...) porque poderiam com-

prometer, em termos judiciais, as

pessoas que os assinassem e as ins-

Hospital de S. Martinho com os três andares a mais, licenciados devido a um centro de noite que nunca existiu

A denúncia de um caso de corrupção, numa reunião onde estiveram Agostinho Branquinho e o presidente da ARS Norte, precedeu uma campanha para acelerar a aprovação do Hospital de S. Martinho, em Valongo

começou a trabalhar no lançamento

do HSM durante o Verão de 2006,

como consultor de Joaquim Teixeira

e da PMV – empresa que já explorava

duas policlínicas na região.

Nessa altura, o pedido de licen-

ciamento do hospital estava mui-

to longe ser formalizado, algo que

só veio a acontecer a 17 Janeiro de

2008, precisamente cinco dias an-

tes da reunião em que o deputado e

o empresário denunciaram os dois

funcionários da ARSN.

O consultorApesar disso, quando se iniciou a

colaboração de Branquinho com

Teixeira, de quem era amigo desde a

época em que ambos foram funcio-

nários do Hospital de Gaia, nos anos

de 1970, o então deputado tinha

muito trabalho pela frente. Além

de preparar o “plano estratégico”

do hospital, tinha de desenvolver

o que ele próprio defi ne como “um

programa de acções para promoção

e desenvolvimento institucional” da

futura unidade hospitalar.

Além disso, o edifício do HSM es-

tava em construção, mas as obras

estavam a ser feitas à margem da

lei, ainda que com o beneplácito da

Câmara de Valongo (ver pág. 8). E

era preciso resolver problemas re-

lacionados com as convenções com

o SNS e com as licenças de algumas

actividades clínicas que começaram

a ser desenvolvidas logo em 2006,

sem autorização da ARSN, nos dois

primeiros pisos do prédio.

Ainda nesse ano, Teixeira e Bran-

quinho reúnem-se com o presidente

da ARSN e os contactos prosseguem

em 2007. Em Setembro, Teixeira –

que se recusou a falar ao PÚBLICO

– escreve a Maciel Barbosa manifes-

tando o desejo de “alargar a parce-

ria” da PMV com o SNS. E transmite-

lhe um outro desejo: abrir logo em

Dezembro a totalidade do hospital

– já com a zona de internamento e

o bloco operatórios nos pisos supe-

riores –, “caso seja possível obter a

autorização das entidades compe-

tentes”. Nessa altura, contudo, não

só não tinha sido ainda requerido o

licenciamento do hospital junto do

Ministério da Saúde, como o projecto

das obras dos pisos superiores, ape-

sar de estas estarem a chegar ao fi m,

nem sequer tinha sido entregue na

Câmara de Valongo.

Na carta de Setembro de 2007,

Teixeira pede também uma audiên-

cia para fazer o ponto de situação

dos projectos da PMV e para “acer-

tar a possibilidade de o Governo [de

José Sócrates], através de um res-

ADRIANO MIRANDA

Página 36

Page 39: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 37425

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 6

Cores: Cor

Área: 27,28 x 30,68 cm²

Corte: 3 de 6ID: 51886843 20-01-2014

tituições que representam, fi cando

com uma cópia do auto declarações

preliminares do dr. Joaquim Ribeiro

Teixeira”.

Face aos esclarecimentos dados

pelos auditores sobre a natureza dos

autos, Branquinho “acordou pensar

sobre o assunto” e sobre “a even-

tualidade de elaboração de uma

declaração comprovativa” de que

os denunciados tinham desempe-

nhado funções “nas entidades que

representa, conforme descrito nos

autos”.

Na mesma reunião, os auditores

confrontaram Joaquim Teixeira com

vários documentos, concluindo que

a intervenção daqueles funcionários

colocara as suas empresas “numa

posição privilegiada, em termos de

concorrência com as demais”. Pas-

sada uma semana, a secretária do

empresário telefonou aos auditores

informando que, “após conversa”

com Agostinho Branquinho, fora de-

cidido “não emitir qualquer declara-

ção escrita” pelos motivos aponta-

dos pelo deputado na reunião.

Dois meses depois, a PJ começou

a investigar o caso. Joaquim Teixeira

acabou por colaborar, entregando

mesmo a prova dos pagamentos fei-

tos aos denunciados.

Mas não conseguiu convencer

o Ministério Público nem o juiz de

instrução de que tais pagamentos

retribuíam apenas serviços conta-

bilísticos – conforme alegou o seu

advogado, Francisco Pimentel. Tal

como os denunciados, que entretan-

to foram suspensos e demitidos das

suas funções (um dos casos ainda es-

tá pendente em tribunal), Joaquim

Teixeira foi este Verão, passados mais

de cinco anos da denúncia, pronun-

ciado por corrupção activa.

Lobbyista ou sócio?O que parece claro é que Branqui-

nho e Teixeira optaram por denun-

ciar os funcionários sem contar com

este desfecho, numa altura em que

precisavam de ter boas relações com

a direcção da ARSN. Maciel Barbosa

não hesita em afi rmar que o papel

de Branquinho neste caso não foi o

de um vulgar lobbyista que se quei-

xa das difi culdades do seu cliente

junto da administração pública.

“Fiquei sempre com a ideia de

que o dr. Agostinho Branquinho ti-

nha uma quota ou um qualquer in-

teresse no hospital, qual não sei. Ele

não era apenas um lobbyista, um de-

putado que queria meter uma cunha

para um amigo.” O então responsá-

vel dos serviços de saúde na região

garante, contudo, que “não foi por o

dr. Branquinho lá ter interesses que

as regras não foram cumpridas com

rigor e parcimónia”.

E acrescenta: “O que eu lhe dizia

era que os processos entram nos ser-

viços e que a ordem de entrada é

rigorosamente respeitada. Ninguém

passa à frente de ninguém.”

Os arquivos da ARSN sugerem de

facto que a estratégia do deputado

não terá sido muito bem sucedida.

Não só não surtiram efeito os pedi-

dos para que o HSM fosse inaugu-

rado antes do fi m de 2007, como a

cerimónia teve de esperar pelo mês

de Maio do ano seguinte.

A ideia de abrir ainda em 2007

– que chegou a ser referida no con-

vite dirigido por Teixeira ao então

ministro da Saúde Correia de Cam-

pos para presidir à inauguração - as-

sentava no pressuposto de que tudo

era possível: até abrir o hospital sem

ele estar licenciado. Como isso não

aconteceu, Branquinho recorreu à

comunicação social para facilitar a

emissão da licença do ministério,

dizendo repetidamente que ela es-

tava iminente, embora tivesse sido

requerida duas semanas antes.

Ao que tudo indica, não o fora

mais cedo porque a PMV ainda não

obtivera a licença de utilização do

edifício do hospital. Os documen-

tos entregues com o requerimento

dirigido ao director-geral de Saúde

no início de Janeiro de 2008 eviden-

ciam que Câmara de Valongo auto-

rizou a utilização do edifício apenas

a 21 de Dezembro do ano anterior.

E fê-lo 11 dias depois de ter emiti-

do a licença para a construção dos

seus três pisos superiores, que aliás

já estavam completamente prontos

havia vários meses (ver pág. 8).

Consultoria gratuita?Uma vez requerida a autorização

de abertura do hospital, os factos

confi rmam que a ajuda do deputado

continuou a não ter efeitos imedia-

tos, embora os problemas surgidos

se tenham resolvido rapidamente.

Em Fevereiro, a Administração

Central do Sistema de Saúde (ACSS)

procedeu à vistoria das instalações

em Valongo, concluindo que as mes-

mas não reuniam “as condições mí-

nimas exigíveis para a emissão de

parecer favorável” ao licenciamen-

to. O bloco operatório, por exemplo,

apresentava-se “sem condições” pa-

ra ser usado, designadamente por-

que nenhuma das três salas de ope-

ração possuía a “dimensão mínima

regulamentar”.

No início de Março, Maciel Barbo-

sa reuniu-se com Agostinho Bran-

quinho, Joaquim Teixeira e repre-

sentantes da ACSS para analisar a

situação. Nas semanas seguintes

foram feitas algumas correcções re-

comendadas pela ACSS. Em meados

de Abril foi feita uma nova vistoria,

agora na presença de Branquinho e

Teixeira. Desta vez, os técnicos do

Ministério da Saúde concluíram que

o hospital já reunia as “condições

essenciais” para funcionar com 47

camas de internamento, bloco ope-

ratório e consultas externas – em-

bora com algumas condicionantes.

A 28 de Abril, o conselho directivo

da ARSN aprovou a emissão de uma

“autorização provisória de funcio-

namento”, fi cando a licença defi -

nitiva dependente da observância

das condicionantes estabelecidas.

No fi nal do mês seguinte, porém,

a ACSS deu como cumpridas essas

condicionantes e a ARSN aprovou a

licença defi nitiva.

Nas suas respostas ao PÚBLICO,

Agostinho Branquinho afi rma que

desenvolveu “uma actividade de

consultadoria para a PMV”, a qual

cessou “no segundo semestre de

2008 com a inauguração formal das

instalações”. Quanto ao facto de não

ter declarado essa actividade à AR e

ao TC escreveu apenas: “Cumpri, no

plano ético e legal, todas as obriga-

ções a que estava obrigado.”

Questionado sobre se tinha tra-

balhado gratuitamente para a PMV

durante dois anos – uma vez que

na declaração de rendimentos de

2008 que entregou ao Tribunal

Constitucional apenas fez constar

o seu vencimento como deputado

(55.239 euros) –, o actual secretário

de Estado respondeu que a PMV lhe

pagou adiantado: “Essa minha cola-

boração obedeceu a um orçamento

apresentado e foi liquidada em qua-

tro prestações em 2006.”

Denúncia ou arma?Para o advogado dos funcionários

da ARSN que foram denunciados

por Branquinho e Teixeira, o ob-

jectivo de tal denúncia não oferece

muitas dúvidas. “Tudo parece ligar-

se ao licenciamento do Hospital de

S. Martinho”, afi rma Pedro Ribeiro

no pedido de abertura de instrução

do processo que entregou no tribu-

nal em 2012.

“A referida denúncia parece ter

servido apenas como ‘arma’ no jogo

do processo de licenciamento” do

HSM e foi feita numa reunião reali-

zada “a pedido” do então deputado,

lê-se no documento. Mais concreta-

mente, o advogado escreve que esse

processo indicia “uma envolvente

de pressão política e de eventual

tráfi co de infl uências”, sustentan-

do que “é crucial” apurar quais os

interesses que Branquinho tem ou

tinha naquele hospital.

“A verdade”, acrescenta, é que

“toda a gente tentou tornar invisí-

vel” a sua intervenção neste caso, a

começar por ele próprio. O advoga-

do refere também que foi o deputa-

do “quem sempre e mais proxima-

mente tratou [com a ARSN], pessoal

e telefonicamente” do processo de

licenciamento do HSM.

Por julgar “essencial” o esclareci-

mento do seu papel, o mandatário

dos dois arguidos requereu ao tri-

bunal a inquirição do próprio Bran-

quinho e de Maciel Barbosa – que

nunca foram ouvidos durante a in-

vestigação –, bem como a junção aos

autos do processo de licenciamento

do HSM. O juiz de instrução, porém,

ignorou este pedido, pronunciando

em Julho, sem mais diligências, os

dois ex-funcionários por corrupção

passiva e Joaquim Teixeira por cor-

rupção activa.

SAÚDE

ADRIANO MIRANDA

Maciel Barbosa, presidente da ARSN, disse ao PÚBLICO que o director do hospital tinha medo de révanches dos denunciados

Funcionários denunciados por corrupção usariam informação privilegiada para agilizar ou atrasar processos. Advogado diz que a denúncia visou lienciamento do hospital

Página 37

Page 40: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 37425

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 8

Cores: Cor

Área: 27,41 x 31,04 cm²

Corte: 4 de 6ID: 51886843 20-01-2014

T rês dos sete pisos do Hospital

de S. Martinho (HSM) foram

construídos ilegalmente,

violando a licença emitida

pela Câmara de Valongo

em 2004, que apenas

permitia a construção dos quatro

primeiros. A legalização do edifício

e a redução para metade do valor

das taxas devidas à autarquia foram

conseguidas no fi nal de 2007. Motivo:

a declaração do interesse público

municipal do hospital, com base em

pressupostos que a empresa de que

Agostinho Branquinho era consultor

nunca cumpriu.

Para ultrapassar as restrições

impostas pelo Plano Director Mu-

nicipal (PDM), que não autorizava

a construção de mais do que qua-

tro pisos naquele local da freguesia

de São Martinho do Campo, a PMV,

empresa proprietária do HSM, re-

quereu à câmara, ainda em 2004,

a declaração do interesse público

municipal do hospital que já estava

a construir com sete pisos.

A fundamentação do requerimen-

to residia no destino a dar aos pisos

superiores: a instalação de um cen-

tro de noite para idosos carencia-

dos, que seria gerido pela paróquia

de São Martinho do Campo, con-

forme protocolo alegadamente já

celebrado. A câmara, que até dois

anos antes tinha tido como vice-

presidente o actual porta-voz e co-

ordenador nacional do PSD, Marco

António Costa, aprovou o pedido

em Maio de 2005.

O Centro de Noite para idosos, po-

rém, nunca foi criado. E o pároco de

São Martinho do Campo garantiu ao

PÚBLICO que nunca assinou qual-

quer protocolo com os promotores

do hospital.

A licença de obras inicial, emitida

em Janeiro de 2004, previa a adap-

tação de um antigo edifício indus-

trial, com quatro pisos, por forma

a poder receber uma policlínica no

rés-do-chão e no primeiro andar. Os

dois pisos de cima fi cariam em open

space para escritórios ou ampliação

da policlínica. O imóvel acabou por

ser integralmente demolido e a nova

construção, em vez dos quatro pisos

que tinham sido autorizados, fi cou

praticamente pronta em Outubro de

2006 com os sete que hoje possui.

Câmara fechou os olhosOs dirigentes dos serviços de Urba-

nismo e vereadores da Câmara de

Valongo é que não deram por nada.

A tal ponto que no dia 9 de Novem-

bro os engenheiros e outros técni-

cos que fi zeram a vistoria à obra, na

sequência do pedido de licença de

utilização apresentado pela PMV na

véspera, concluíram que estava tudo

conforme com as normas legais e os

José António Cerejo

Obras feitas sem licença foram legalizadasdevido a centro de noite que nunca existiu

O licenciamento municipal do Hospital de S. Martinho só previa quatro pisos. Declaração de interesse público permitiu reduzir taxas para metade e aumentar o número de pisos do edifício

RAQUEL ESPERANÇA

Agostinho Branquinho era consultor da PMV e colaborou no lançamento do hospital

projectos aprovados. Além de não

repararem que o imóvel tinha três

pisos que não estavam no projecto,

nem sequer lhes chamou a atenção

o facto de ele ter o dobro da altura

dos prédios vizinhos.

Nesse mesmo dia, contudo, um

outro técnico camarário que não

participara na vistoria subscreveu

uma informação relativa ao pedido

da licença, frisando que até essa da-

ta não tinham sido cumpridas vá-

rias condicionantes impostas pelo

município. Apesar disso, e omitindo

tal facto, alguém que não assinou

o que escreveu propôs no mesmo

dia, logo por baixo da informação

citada, a concessão da licença, in-

vocando as conclusões dos peritos

que tinham acabado de vistoriar o

edifício. Antes do fi nal desse dia, o

director do serviço concordou com

a proposta, sendo a licença passada

no dia seguinte.

Antecipando-se a esta corrida

contra-relógio, o administrador da

PMV, Joaquim Teixeira, tinha dado

dois anos antes o primeiro passo pa-

ra que os sete pisos então em cons-

trução viessem a ser susceptíveis de

legalização.

Em Setembro de 2004 escreveu

uma carta ao presidente da autar-

quia, o social-democrata Fernando

Melo, requerendo a declaração do

interesse público municipal do imó-

vel que estava em obras. Conforme

o PDM admite, a título excepcional,

essa declaração permitir-lhe-ia au-

mentar o índice de construção qua-

se para o dobro.

A justifi car o pedido, Teixeira de-

clarou que pretendia criar um cen-

tro de noite nas instalações da futu-

ra policlínica – era uma policlínica

e não um hospital que o projecto

aprovado previa. Este centro foi de-

fi nido pelo empresário como “um

serviço social e comunitário” que

seria prestado “à população idosa

mais desprotegida e socialmente

desfavorecida” do concelho.

O futuro serviço, explicou na

carta, asseguraria “acolhimento e

alojamento durante a noite, propor-

cionando condições que permitam

a higiene pessoal e assegurem ceia

e o pequeno-almoço, em regra para

cerca de 20 pessoas”. Além disso,

garantiu, seria gerido pelo Centro

Paroquial e Social de São Martinho

do Campo, nos termos de uma par-

ceria “já estabelecida”.

O interesse públicoEm resposta a um pedido de pare-

cer de Fernando Melo sobre o as-

sunto, a vereadora Trindade Vale

– que substituíra Marco António Cos-

ta quando este foi ocupar o lugar

de deputado – remeteu o assunto

para apreciação no Departamento

de Acção Social. Mas no despacho

que então proferiu declarou, des-

de logo, que “esta policlínica será

Fundamentação para o aumento de pisos do edifício referia protocolo com a paróquia de São Martinho do Campo, que nunca foi assinado, garantiu o pároco ao PÚBLICO

SAÚDE

Página 38

Page 41: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 37425

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 10

Cores: Cor

Área: 27,57 x 30,61 cm²

Corte: 5 de 6ID: 51886843 20-01-2014

SAÚDE

Ligação de Branquinho ao sector da saúde vem de longe

Trinta anos antes de assumir as funções de consultor da PMV (Hospital de S. Martinho), o actual secretário

de Estado da Segurança Social, Agostinho Branquinho, já tinha ligações ao universo da saúde. Segundo disse ao PÚBLICO, trabalhou no Hospital de Gaia (como funcionário administrativo) entre 1976 e 1980. Foi aí que conheceu, como colega, Joaquim Teixeira, actual administrador único da PMV.

Agostinho Branquinho garante que até se tornar seu consultor, em 2006, nunca teve com ele “qualquer relação comercial ou empresarial”. No final do ano seguinte, Joaquim Teixeira tornou-se administrador único de uma empresa de publicidade, a NTM, que passou a funcionar nas instalações da PMV. Branquinho tinha sido o seu único proprietário até 2003 e manteve-se ligado a ela até à sua falência em 2012.

Ainda a propósito destas duas empresas, registe-se que o cargo de “fiscal único” de ambas passou a ser desempenhado em 2007 por Virgílio Macedo, actual deputado na Assembleia da República e líder do PSD no distrito do Porto. Nessa altura, e

até entrar para o actual Governo, o presidente da assembleia geral da NTM era o advogado José Pedro Aguiar-Branco, agora ministro da Defesa.

Pouco mais de uma década depois de ter deixado o Hospital de Gaia, Branquinho, que se licenciara em História, em 1981, voltou ao sector da saúde, em 1993, mas já como administrador não executivo do Hospital da Prelada. A gestão desta unidade de saúde pública tinha sido entregue pelo primeiro Governo de Cavaco Silva à Misericórdia do Porto cinco anos antes. Nesse mesmo período, 1993-1995, foi também administrador não executivo e secretário-geral da Misericórdia do Porto.

O interesse do ex-deputado pelo negócio da saúde aparece depois documentado no Diário da República, que dá conta, em Outubro de 2000, da criação da Nortevital, uma empresa que abriu várias clínicas dentárias na zona do Porto. Os sócios fundadores foram Agostinho Branquinho, que ficou como gerente, Rui Rio (ex-presidente da Câmara do Porto), José Pedro Aguiar-Branco e Diogo Gandra. A sociedade desfez-se ao fim de três anos, com Diogo Gandra

e outros sócios a comprarem as quotas de Branquinho, Rio e Aguiar-Branco.

O regresso de Branquinho à saúde, em termos profissionais, acontece em 2006, ano em que, segundo ele, começou a trabalhar como consultor da PMV – ao mesmo tempo que cumpria, desde 2005, o seu segundo mandato de deputado.

Após o seu abandono da Assembleia da República, em 2010, para ocupar o lugar de administrador da empresa Ongoing no Brasil, Branquinho voltou a Portugal em 2012 e foi nomeado administrador da Misericórdia do Porto. A sua passagem por este lugar executivo durou apenas oito meses e em Julho do ano passado tomou posse como secretário de Estado da Segurança Social, substituindo Marco António Costa.

Nessa altura soube-se que o Governo tinha decidido entregar, sem concurso público, a gestão do Centro de Reabilitação do Norte à Misericórdia do Porto (foto). A nova unidade de saúde de Vila Nova de Gaia tinha custado ao Estado 32 milhões e estava pronta para abrir desde Julho de 2012.

NEL

SON

GA

RRID

O

uma óptima resposta” aos “casos

urgentes”. O parecer depois emitido

pela Acção Social considera que o

Centro de Noite prometido “resulta

do estabelecimento de uma parceria

com o Centro Paroquial e Social de

São Martinho do Campo” e “pode-

rá ser uma resposta aos problemas

concelhios” no apoio a idosos. E foi

com base nele que Fernando Me-

lo fez aprovar, em Maio de 2005,

com as abstenções dos vereadores

socialistas, a declaração de utilida-

de pública municipal do empreen-

dimento.

No termo do ano seguinte, o es-

sencial das obras fi cou concluído.

Não com os quatro pisos aprovados,

mas com sete, sendo emitida como

já se viu a respectiva licença de uti-

lização. Graças a ela foi transferida

para os dois pisos inferiores, ainda

que sem autorização da Adminis-

tração Regional de Saúde, uma das

policlínicas que a empresa tinha a

funcionar noutro local.

A declaração de utilidade públi-

ca municipal acabou por servir, já

no fi m de Setembro de 2007, para

fundamentar o pedido de licencia-

mento das “obras de ampliação” de

quatro para sete pisos – na realidade

já feitas sem licença.

O projecto de arquitectura da

obra já concluído – contemplava

pela primeira vez um hospital e foi

apresentado como um “projecto de

ampliação” – não previa quaisquer

espaços para o Centro de Noite e foi

aprovado a 9 de Outubro. Justifi ca-

ção: o artigo do PDM que permite a

quase duplicação do índice de cons-

trução em obras declaradas de utili-

dade pública municipal.

O padre e o deputadoNo início de Novembro, Joaquim

Teixeira, mais uma vez com base

na utilidade pública da obra, soli-

citou a redução das taxas devidas

à câmara. Deferido o pedido, a em-

presa conseguiu pagar 36.855 euros

em vez de 73.711.

Durante esse mês foram ainda en-

tregues os projectos de especialida-

de. E o alvará de obras de ampliação,

sem o qual os três pisos superiores

não podiam ter sido construídos, foi

emitido por Fernando Melo a 10 de

Dezembro, com um prazo de con-

clusão até 11 de Junho de 2008.

De acordo com o que o director

técnico da obra fez constar no regis-

to arquivado na autarquia, os traba-

lhos começaran no dia 10 e termina-

ram a 19. Nesse dia, a PMV requereu

a licença de utilização e a 21 de De-

zembro, foi efectuada a vistoria. Os

peritos camarários concluíram que

estavam reunidas as condições para

a emissão da licença. Ainda a 21, a

proposta recebeu a concordância

do director de departamento. Fi-

nalmente, no termo de mais um

contra-relógio e sem esperar pelo

dia seguinte, o presidente da câmara

assinou a licença sem a qual a PMV

não podia requerer ao Ministério da

Saúde o licenciamento da actividade

hospitalar.

O actual presidente da Câmara de

Valongo, o socialista José Manuel Ri-

beiro, eleito em Setembro, não se

quis pronunciar sobre os procedi-

mentos camarários neste caso por

não se recordar dele. Mas afi rmou

que “nessa altura era normal utilizar

todos os artifícios para contornar os

índices máximos do PDM”.

No fi nal de Maio de 2008 o hos-

pital foi ofi cialmente inaugurado. O

Centro de Noite, porém, tinha caído

no esquecimento.

Contactado pelo PÚBLICO, o pá-

roco e responsável pelo Centro Pa-

roquial e Social de São Martinho do

Campo, José Macedo, afi rmou que

a criação dessa valência “foi aven-

tada, mas não se concretizou”. De

acordo com o sacerdote, houve ape-

nas “conversas” entre ele e Joaquim

Teixeira, sem que alguma vez tenha

sido assinado qualquer acordo.

“O meu interlocutor era o senhor

Teixeira, mas depois entraram ou-

tras pessoas, nomeadamente o sr.

deputado Branquinho, e eu colo-

quei-me à margem, porque as coi-

sas tomaram logo outra orientação”,

afi rma o pároco. Sem esclarecer que

orientação foi essa e sem saber pre-

cisar a data em que o então deputa-

do entrou no processo, José Macedo

atribui-lhe abertamente o abandono

da ideia do Centro de Noite.

Confrontado com o facto de o

nome do centro paroquial ter sido

usado para conseguir a quase du-

plicação da área de construção do

hospital e a redução das taxas para

metade, o pároco respondeu: “Es-

tou a ouvir falar nisso pela primeira

vez.” Agostinho Branquinho não res-

pondeu às perguntas do PÚBLICO

sobre o licenciamento da obra.

Quando o hospital foi inaugurado, em Maio de 2008, o Centro de Noite tinha caído no esquecimento

Página 39

Page 42: Brief transparência » revista semanal 116

Tiragem: 37425

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 5,75 x 9,85 cm²

Corte: 6 de 6ID: 51886843 20-01-2014

Agostinho Branquinho, actual secretário de Estado da Segurança Social, foi a peça chave no lançamento de um hospital privado em Valongo p4 a 10

Deputado fez lobbying para abrir hospital privado

Página 40