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De 26-11-2012 a 02-12-2012
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Transparência
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REVISTA SEMANAL ↘ 26.11 - 02.12_2012
Revista de Imprensa03-12-2012
1. (PT) - Público, 26/11/2012, Novo escândalo de corrupção envolve fi gura próxima de Lula e Dirceu 1
2. (PT) - Público, 26/11/2012, Ex-gestores dos CTT respondem por danos de 13,5 milhões de euros 2
3. (PT) - Jornal de Notícias, 26/11/2012, Negócios dos CTT chegam hoje a tribunal 5
4. (PT) - Jornal de Negócios, 26/11/2012, "Desarticulação" é hoje a marca do Estado Social" 6
5. (PT) - Diário de Notícias, 26/11/2012, Afasta do Governo vários suspeitos 12
6. (PT) - Jornal de Notícias, 27/11/2012, Horta e Costa desculpa-se com o 11 de Setembro 13
7. (PT) - i, 27/11/2012, Submarinos - Testemunha admitiu que houve contrapartidas «fictícias» 14
8. (PT) - Diário Económico, 27/11/2012, Parlamento rectifica lei de responsabilização de altos cargos políticos 16
9. (PT) - Diário de Notícias, 27/11/2012, Plásticas e cruzeiros, tudo valia para corromper 17
10. (PT) - Diário de Notícias, 27/11/2012, Padre diz que só percebe de lavagem de roupa 19
11. (PT) - Diário de Notícias, 27/11/2012, Horta e Costa nega gestão danosa nos CTT 21
12. (PT) - Diário de Notícias, 27/11/2012, Editorial - Justiça e populismo 22
13. (PT) - Correio da Manhã, 27/11/2012, Pedida nova condenação 23
14. (PT) - Correio da Manhã, 27/11/2012, Juiz nega escutas a padre milionário 24
15. (PT) - Correio da Manhã, 27/11/2012, CTT lesado em 13 MEUR 26
16. (PT) - i, 28/11/2012, Submarinos. Testemunha diz que Ferrostaal foi alvo de chantagem 28
17. (PT) - Diário de Notícias, 28/11/2012, Catroga entre os VIP que vão depor sobre os Penedos 29
18. (PT) - Correio da Manhã, 28/11/2012, Escutas colocam Lula sob suspeita 30
19. (PT) - Público, 29/11/2012, Estado não protege e deixa cair quem denuncia casos de corrupção 31
20. (PT) - Jornal de Notícias, 29/11/2012, Tesoureiro e auxiliar acusados de peculato 35
21. (PT) - Jornal de Notícias, 29/11/2012, Chefe da PSP apanhado a sair de casa de traficante com 150 euros 36
22. (PT) - Jornal de Notícias, 29/11/2012, 65 milhões de euros bloqueados pelo MP em 45 operações 39
23. (PT) - Diário Económico, 29/11/2012, Estado falha na protecção a quem denuncia corrupção 40
24. (PT) - Diário Económico, 29/11/2012, BCP reduz estrutura da alta direcção 43
25. (PT) - Correio da Manhã, 29/11/2012, DCIAP bloqueia 46
26. (PT) - Jornal de Notícias, 30/11/2012, Funcionária do DIAP trama chefe da PSP e traficante 47
27. (PT) - Jornal de Notícias, 30/11/2012, Fiscalização aperta políticos e familiares 49
28. (PT) - Diário Económico, 30/11/2012, O futebol não está acima ou à margem da lei - Entrevista aEmanuel Medeiros
50
29. (PT) - Correio da Manhã, 30/11/2012, Mais um condenado 52
30. (PT) - Público, 01/12/2012, João Semedo fala em dinheiro do BPN no PSD 53
31. (PT) - Público, 01/12/2012, Alemão que assinou novas contrapartidas esteve preso por corrupção 54
32. (PT) - Jornal de Notícias, 01/12/2012, Defendida alteração no financiamento aos partidos políticos 57
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País: Portugal
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Novo escândalo de corrupção envolve fi gura próxima de Lula e Dirceu
Rosemary Nóvoa de Noronha, secretária da Presidência em São Paulo, foi exonerada depois de ter sido implicada numa rede criminosa que tinha como objectivo manipular nomeações e pareceres técnicos
REUTERS
Lula nomeou, Dilma exonorou. Mais uma teia de corrupção herdada pela Presidente do seu mentor político
Uma nova operação da Polícia Fe-
deral brasileira por suspeitas de
corrupção levou à queda da chefe
do gabinete da Presidência em São
Paulo. Rosemary Nóvoa de Noronha
foi nomeada por Lula da Silva em
2005, depois de vários anos como
secretária de José Dirceu, o político
condenado por corrupção activa no
caso “mensalão”.
A operação Porto Seguro, que de-
correu no fi m-de-semana, desmante-
lou uma alegada organização crimi-
nosa com elementos infi ltrados em
vários órgãos federais, que teriam
como objectivo controlar os resul-
tados de pareceres técnicos através
do pagamento de subornos a funcio-
nários públicos para benefi ciar em-
presas privadas. No processo estão
implicadas dezenas de pessoas, acu-
sadas de corrupção activa e passiva,
formação de quadrilha, tráfi co de
infl uências, falsidade ideológica e
falsifi cação de documentos.
A investigação arrancou em 2011,
após a denúncia de um funcionário
do Tribunal de Contas da União, que
disse ter sido aliciado para elaborar
um parecer favorável a um grupo de
empresas do sector portuário por
300.000 reais (110.000 euros).
Subornos por nomeaçõesDe acordo com o jornal Folha de São
Paulo, a função da chefe de gabine-
te da Presidência neste esquema de
corrupção seria a de indicar nomes
para cargos em empresas públicas,
pelo que foi acusada de corrupção,
tráfi co de infl uências e falsidade
ideológica.
Outro dos implicados é Paulo Ro-
drigues Vieira, director da Agência
Nacional de Águas (ANA), que terá
sido indicado para o cargo por Ro-
semary Nóvoa de Noronha. A polícia
fez também buscas no gabinete do
responsável pela Infraestrutura Ae-
roportuária da Agência Nacional de
Aviação Civil, Rubens Carlos Vieira,
irmão de Paulo Rodrigues Vieira.
Numa notícia da Agência Estado,
de 6 de Maio de 2010, lê-se que “o
Presidente Luiz Inácio Lula da Sil-
va nomeou Paulo Rodrigues Vieira
para o cargo de director da Agência
Nacional de Águas, com mandato
de quatro anos”. A mesma notícia
mary Nóvoa de Noronha responde:
“Pode. Vou dar uma saída daqui a
pouco que eu vou fazer curativo. Mas
a empregada tá aqui. Você pode...
Se você trouxer algum pacote, pode
deixar com ela.” O mesmo telejornal
revelou também uma troca de emails
entre Marcelo e o seu irmão Paulo:
“Tem que dar para Rose [Rosemary]
12.500 reais: 7500 da cirurgia e 5000
para fazer o armário. Eu só tenho
aqui metade do dinheiro.”
A teia de corrupção estende-se a
funcionários da ANA, da Agência Na-
cional de Aviação Civil, da Agência
Nacional de Transportes Aquaviá-
rios, da Advocacia Geral da União,
do Tribunal de Contas da União e do
Ministério da Educação e Cultura.
“Acabou se constatando a exis-
tência de um grupo que contava
com dois de seus integrantes como
servidores de agências reguladoras.
O grupo prestava serviços para em-
presários que tinham interesse em
acções como a agilização de pro-
cessos e até mesmo a elaboração
de pareceres técnicos, sob medida,
comprados para favorecer interes-
ses privados”, disse o superinten-
dente Roberto Troncon Filho.
A Presidente do Brasil, Dilma
Rousseff , já anunciou a exoneração
de todos os funcionários implicados.
“Por determinação da Presidência
da República, todos os servidores
indiciados na operação Porto Seguro
da Polícia Federal serão afastados ou
exonerados de suas funções. Todos
os órgãos citados no inquérito deve-
rão abrir processo de sindicância.
No que se refere aos directores das
agências [ANA e ANAC], foi determi-
nado o afastamento, com abertura
do processo disciplinar respectivo”,
lê-se num comunicado da Secretaria
de Comunicação Social da Presidên-
cia do Brasil.
Brasil Alexandre Martins
frisava que “a indicação de Vieira
para a directoria da ANA foi votada
pela primeira vez pelo Senado em
Dezembro do ano passado [2009],
quando seu nome foi rejeitado. No
entanto, em uma nova votação,
em 14 de Abril, o nome de Vieira
foi aprovado pela [câmara], o que
provocou a apresentação de uma
questão de ordem pelos líderes do
DEM e do PSDB, que afi rmaram não
terem sido consultados sobre a no-
va inclusão da mensagem de indi-
cação de Paulo Vieira na pauta do
Senado”.
O superintendente da Polícia Fe-
deral em São Paulo, Roberto Tron-
con Filho, afirmou que “os dois
servidores [Paulo e Rubens Vieira]
tinham a função de identifi car e con-
tactar servidores de outros órgãos
públicos federais. Agiram por conta
própria, sem o conhecimento dos
seus superiores, e da cúpula dessas
agências reguladoras”. De acordo
com a investigação, Rosemary Nó-
voa de Noronha, que era presença
constante nas comitivas de Lula da
Silva, usava o nome do ex-Presiden-
te do Brasil para infl uenciar nomea-
ções para cargos importantes.
Cirurgia plásticaO site da revista Veja avança que a
polícia gravou conversas telefónicas
em que a chefe de gabinete foi apa-
nhada a pedir e a aceitar subornos
em troca de favores, incluindo um
cruzeiro e uma cirurgia plástica.
O Jornal Nacional, da Rede Globo,
revelou uma conversa telefónica
entre Rosemary e um outro irmão
dos responsáveis pelas agências de
águas e de aviação civil. Na conversa,
Marcelo Rodrigues Vieira pergunta
à chefe de gabinete da Presidência
se pode “dar uma passadinha aí, da-
qui a uma meia hora”, ao que Rose-
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País: Portugal
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Ex-gestores dos CTT respondem por danos de 13,5 milhões de euros
Quase uma década depois dos fac-
tos e três anos após a acusação, três
ex-administradores dos Correios e
outros oito arguidos começam hoje
a ser julgados no Tribunal de Coim-
bra, acusados de participação eco-
nómica em negócio e gestão danosa.
Além dos antigos administradores
dos então CTT há também, entre os
outros arguidos, fi guras ligadas ao
PSD. Alguns estão acusados por actos
de corrupção.
Na acusação, o Ministério Público
(MP) calcula que aquela empresa pú-
blica terá sido lesada em cerca de 13,5
milhões de euros em função de cinco
actos de gestão, que vão desde a alie-
nação de imóveis à contratação de
serviços de consultoria e de forma-
ção até à extinção do Banco Postal.
Todos estes actos foram concreti-
zados no mandato da equipa de ges-
tão presidida pelo antigo secretário-
geral do PSD Carlos Horta e Costa,
que decorreu entre 2002 e 2005,
abrangendo os governos liderados
por Durão Barroso e Santana Lopes.
Horta e Costa é um dos acusados, tal
como outros dois administradores:
Manuel Batista e Gonçalo Rocha.
Entre aqueles negócios avulta a
venda do edifício central dos Cor-
reios de Coimbra, transacção que
no mesmo dia proporcionou aos
compradores uma mais-valia a ron-
dar os 5,2 milhões de euros. Além de
não ter havido qualquer concurso
ou anúncio público sobre a intenção
de venda por parte dos Correios, os
mesmos compradores viriam meses
depois a adquirir um outro prédio
aos Correios, na Av. da República,
em Lisboa, por 12,5 milhões.
Neste caso, o pagamento foi fei-
to com um cheque que se verifi cou
não ter provisão, isto, apesar de ter
sido aceite com uma data de cinco
dias após a assinatura da escritura.
O “incidente” foi ultrapassado com
um acordo em que os CTT exigiam
apenas receber metade do montan-
te que o comprador obtivesse com a
venda do imóvel acima dos 12,5 mi-
lhões da compra.
Outras das particularidades deste
negócio reside no facto de ele se ter
concretizado antes de obtida a ne-
cessária autorização do Ministério
das Finanças, então tutelado por Ma-
nuela Ferreira Leite. A escritura teve
lugar a 30 de Dezembro de 2003 e só
no dia seguinte é que seria emitida
aquela autorização.
É, no entanto, no caso de Coimbra
que entronca o grosso da acusação,
o que terá, de resto, justifi cado que o
processo tenha sido remetido para o
tribunal desta cidade. A investigação
teve origem numa denúncia anónima
em 2005, mas o caso acabou por ter
um impulso defi nitivo com os relató-
rios das averiguações da inspecção
do Ministério das Obras Públicas e
da Inspecção de Finanças, desenca-
deados após a tomada de posse do
primeiro Governo de José Sócrates.
Além dos responsáveis pela ad-
ministração dos Correios, a investi-
gação da Polícia Judiciária apontou
para o envolvimento de vários inter-
mediários, neles se incluindo desta-
cados militantes do PSD de Coimbra.
Por um lado, era preciso assegurar
o negócio de compra e, por outro, a
imediata revenda a uma empresa do
universo do Banco Espírito Santo, a
ESAF, Espírito Santo Activos Finan-
ceiros, SA. Isso implicava garantia de
rentabilidade, ou seja, de que have-
ria clientes para o arrendamento dos
espaços, o que seria feito através de
serviços e organismos públicos se-
diados na cidade.
O negócio concretizou-se a 20
de Março de 2003, com os CTT a
venderem o prédio de Coimbra por
pouco mais de 14,8 milhões de eu-
ros à empresa Demagre, que logo
a seguir o revendeu à ESAF por 20
milhões. As escrituras foram feitas
uma a seguir à outra no Cartório No-
tarial de Alcobaça e, logo a seguir,
no mesmo dia, os gerentes da Dema-
gre levantaram um milhão de euros
em notas de 500 no banco ao lado,
que os investigadores concluíram
terem sido para luvas.
Outra singularidade do caso: a
Demagre ser detida por empresas
registadas no paraíso fi scal das Ilhas
Virgens Britânicas que só nesse mes-
mo dia foi adquirida pelos dois pro-
tagonistas do negócio. O seu capital
social era de cinco mil euros.
MP fala de gestão danosa. No centro do caso está um prédio em Coimbra que num só dia foi vendido por 14,8 milhões de euros e revendido por 20 milhões
JustiçaJosé Augusto Moreira
Carlos Horta e Costa, antigo secretário-geral do PSD (aqui, numa imagem de Março de 2010 nas eleições do P
Suspeitas de corrupção
1,6 milhões para comissões de intermediação
Apesar de a Polícia Judiciária (PJ) ter encontrado documentos sugerindo o pagamento
de luvas e comissões a vários intervenientes, o Ministério Público não conseguiu acusar muitos deles pelo crime de corrupção por não haver provas de que tenham recebido as verbas. Sintomático é o caso do milhão levantado em notas de 500 no banco em Alcobaça no dia das escrituras. O comprador, sócio da Demagre, foi obrigado a deixar no banco uma declaração dizendo que era para “pagamento de comissão de intermediação”, tendo-lhe sido
apreendida também uma lista com os supostos destinatários. Uma semana depois foram levantados da mesma conta, agora em Lisboa, mais 600 mil euros em 12 molhos de 50 mil, correspondendo a uma outra lista de seis destinatários com “dois molhos para cada”.
No caso do milhão de Alcobaça, o empresário disse à PJ que o dinheiro foi logo ali entregue numa pasta ao seu advogado que estaria encarregado da distribuição. Este confirmou ter recebido a pasta, mas disse que se deslocou de imediato para o escritório do mesmo empresário, em
Lisboa, onde a depositou. A PJ não encontrou, no entanto, quaisquer vestígios de passagem da viatura do advogado nesse dia pelas portagens da A1. Já quanto aos 600 mil euros em pacotes de 50 mil, os investigadores acabariam por
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Corte: 2 de 3ID: 44918147 26-11-2012RUI GAUDÊNCIO
PSD)
encontrar alguns depósitos de 50 mil nas contas de parte dos destinatários da lista apreendida ao sócio da Demagre. Tudo isto acontece no âmbito de uma conta condicionada autorizada pelos máximos responsáveis do BCP, aberta pelos sócios da empresa compradora com vista ao negócio – ou seja, foi autorizado o levantamento daquele milhão e a emissão do cheque de 14,8 milhões, por antecipação à entrada do cheque de 20 milhões que a ESAF haveria de depositar para a compra do edifício de Coimbra (na foto).
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Antigo secretário-geral do PSD entre os acusados de gestão danosa. Caso começa hoje a ser julgado p10
Ex-gestores dos CTT respondem por 13,5 milhões em tribunal
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Estado não protege e deixa cair quem denuncia casos de corrupção
Políticos, juízes e polícias não pro-
tegem adequadamente os cidadãos
portugueses que decidem participar
suspeitas de crimes de corrupção.
E, como se tal não bastasse, a so-
ciedade portuguesa ainda não vê a
denúncia com bons olhos, confun-
dindo muitas vezes o denunciante
com um “chibo”, jargão depreciati-
vo de delator.
Estas são algumas das conclusões
do relatório A denúncia da corrup-
ção, uma alternativa segura ao silên-
cio?, a apresentar hoje no primeiro
dia da Conferência Final do Projecto
do Sistema Nacional de Integridade.
O colóquio decorre até amanhã no
Instituto de Ciências Sociais, em Lis-
boa. É promovido pela TIAC (Trans-
parência e Integridade — Associação
Cívica), juntamente com outras or-
ganizações.
David Marques — autor do relató-
rio e um dos investigadores que fez
o levantamento sobre o impacto das
iniciativas de denunciantes nos pro-
cessos criminais relacionados com
corrupção iniciados pela PGR entre
2004 e 2008 — não tem dúvidas em
classifi car esta matéria como “um
problema sistemático”.
Para o seu mais recente trabalho
falou com cidadãos que denuncia-
ram crimes de corrupção, advoga-
dos, juristas e sindicalistas, anali-
sou a lei nacional, internacional e
de outros países. As conclusões a
que chega são sombrias, resultan-
do da inadequação da lei, da apatia
das autoridades e da mentalidade
vigente no país.
O relatório identifi ca a iniciativa
da denúncia como “um dos princi-
pais instrumentos para a detecção
deste tipo de criminalidade”. “É um
dos pontos-chave do sistema portu-
guês”, confi rma David Marques ao
PÚBLICO.
David Marques recordou um es-
tudo conduzido entre 2004 e 2008,
para a Procuradoria-Geral da Repú-
blica, e que cita no seu relatório, que
“revela que 63,9% de todos os pro-
cessos-crime em análise começaram
a partir de fontes não ofi ciais, e que
quase metade deste número (31,9%
de todos os processos-crime analisa-
dos) iniciaram-se com informações
provenientes de fontes anónimas”.
Uma das falhas detectadas impli-
ca desde logo a actual legislação em
vigor. “A protecção do denunciante
permanece um conceito ilusório, es-
palhado por vários diplomas legis-
lativos e sem garantias adequadas”,
pode ler-se no documento.
Apesar de existir uma lei que
acautela especifi camente a protec-
ção dos denunciantes, o relatório
acaba por concluir que esta “é de-
feituosa e enganadora”. Na prática,
conclui o relatório, pouco mais for-
nece do que um “escudo de cartão
para os denunciantes” contra repre-
sálias dos denunciados, ou seja, que
não os protege.
Em causa está a Lei 19/2008, que
especifi ca que “trabalhadores da
administração pública e de empre-
sas do sector empresarial do Estado
que denunciem o cometimento de
infracções de que tiverem conheci-
mento no exercício das suas funções
ou por causa delas não podem, sob
qualquer forma, incluindo a trans-
ferência não voluntária, ser preju-
dicados”.
O estudo aponta duas falhas à lei.
Conclui pelo “alcance limitado de
aplicação”, porque “exclui o sector
privado e os funcionários judiciais”.
E alerta para uma “redacção vaga
sobre o tipo de protecção assegu-
rada”: “A não especifi cação de que
tipos de protecção estão incluídos,
a par da utilização de conceitos tão
genéricos e abstractos, poderá facil-
mente funcionar como um “escudo
de cartão” para os denunciantes que
confi am na terminologia abrangente
utilizada neste artigo”.
O trabalho de David Marques aler-
ta ainda para o facto de a lei nem
sequer conseguir evitar os compor-
tamentos abusivos que tenta evitar.
Por exemplo, a legislação proíbe
qualquer sanção disciplinar da en-
tidade empregadora contra um de-
nunciante. “No entanto, a redacção
da lei restringe esta medida até um
ano após a data da denúncia, um pe-
ríodo demasiado curto, quando se
tem em conta que as investigações
podem demorar vários anos”.
A isso acresce a conclusão do au-
tor de que aos “mecanismos legais
[em vigor] não corresponderam prá-
ticas institucionais adequadas”. É
aqui que o relatório aponta o dedo
aos juízes e aos agentes da autori-
dade. A partir dos relatos de casos
individuais recolhidos junto de de-
nunciantes, o relatório alerta para a
conduta dos tribunais e das polícias
que “parecem ignorar a segurança e
bem-estar dos denunciantes”.
O investigador relata que os de-
nunciantes contaram terem sido al-
vo de “ameaças”, “arrombamentos”
e de “despedimento”. “E, contudo,
em nenhum destes casos, nem as
autoridades judiciais nem a polícia
ligou estas consequências ao pro-
cesso. Tão-pouco foi feita qualquer
tentativa para activamente proteger
os denunciantes nestas questões.”
David Marques não considera que
tal resulte da existência de um pre-
conceito contra os denunciantes por
parte dos agentes da Justiça. Clas-
sifi ca-o antes como consequência
da “apatia” que grassa. “Uma vez
que a situação deles não está bem
prevista, as instituições não estão
activamente interessadas ao que
acontece ao denunciante. Não existe
uma pró-actividade, nem existe uma
palavra de louvor [pelo esforço]”,
considera.
E, como se tal não bastasse, as
coisas podem tornar-se ainda pio-
res para os denunciantes. A lei po-
de virar-se contra eles. “A prática
comum de interpor acções-crime
por difamação contra denunciante,
independentemente da validade da
denúncia feita, é um dos maiores
obstáculos legais neste aspecto. O
crime de difamação e a interpreta-
ção dada pelos tribunais, da qual já
resultou a condenação de muitos ci-
dadãos (principalmente jornalistas),
para este efeito tem constituído um
papel inibitório da denúncia.”
Mas há mais responsáveis. A clas-
se política é um deles. Pela forma
como a situação dos denunciantes é
tratada legislativamente, o relatório
não tem outra saída a não ser afi r-
DR
Relatório analisou legislação, entrevistou denunciantes, advogados e sindicalistas. Retrato sombrio revela que, ao fazer o que está certo, os denunciantes vêem a sua vida tornar-se num inferno
Conferência Nuno Sá Lourenço
63,9Percentagem — identificada num estudo da PGR — dos processos-crime analisados na procuradoria que arrancaram a partir de fontes não oficiais
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mar que a denúncia “não tem sido
uma prioridade na agenda política”.
Classifi ca a Lei 19/2008 como uma
mera “fachada”, em “reacção ao se-
gundo relatório de avaliação Greco”,
grupo de combate à corrupção no
âmbito da OCDE. Lembra ainda que
“o assunto foi apenas marginalmen-
te abordado” nas “várias sessões e
audiências” da Comissão parlamen-
tar de Acompanhamento Político do
Fenómeno da Corrupção, realizada
em 2009. E o mesmo aconteceu em
2010, aquando da aprovação do Pa-
cote da Transparência.
Paulo Morais, professor universi-
tário que acabou por abandonar o
cargo de vice-presidente na Câmara
do Porto depois de ter resistido a e
denunciado pressões para contor-
nar a lei na área da urbanização, é
mais assertivo nas razões por trás
da elaboração de leis permissivas.
“Na política, as pessoas que conhe-
cem a corrupção são as que a pra-
ticam ou as que dela benefi ciam.”
Depois há que lidar com o estigma
ainda existente na sociedade con-
tra os homens e mulheres que de-
cidem avançar com uma denúncia
de suspeita de crimes de corrupção.
“Devido a razões históricas e cultu-
rais, a denúncia é ainda uma prática
incomum em Portugal”, aponta o
relatório. David Marques faz remon-
tar esta mentalidade ao “passado
autoritário” que leva a maioria dos
portugueses a ligar o denunciante
a um “bufo”: “Denunciar é geral-
mente associado a ‘chibar’, [uma]
actividade que é historicamente co-
notada com a dimensão repressiva
das ditaduras.”
Essa é uma das razões — junta-
mente com o medo de ser alvo de
um processo por difamação — que
levam a “um tão elevado número de
denúncias anónimas”. Um problema
para a Justiça, aponta o relatório, já
que estas participações “frequente-
TIAC vai entregar proposta de lei
ATIAC vai solicitar reuniões aos partidos no Parlamento por forma a rever a lei. Quer fazê-lo em Dezembro,
e segundo Luís de Sousa (presidente da TIAC) vai entregar uma proposta de lei já redigida. O relatório indicia algumas das propostas:– Aplicação da protecção de denunciantes alargada ao sector privado;– Descrição detalhada dos actos prejudiciais que podem ser perpetrados contra denunciantes (despedimento, não renovação de contrato, sanção disciplinar, despromoção, esvaziamento de funções, ou assoberbamento de trabalho);
– Ónus da prova de má-fé da denúncia passa a recair sobre os denunciados;– Medidas compensatórias por danos morais e patrimoniais;– Sanções criminais para quem revelar a identidade de um denunciante;– Excepção no crime de difamação para denunciantes de crimes de corrupção;– Criação de uma autoridade com capacidade para recolher e tratar as denúncias e para acompanhar mecanismos de protecção de denunciantes e testemunhas;– Dotar a lei de adequados mecanismos de incentivo e recompensa para denunciantes.
mente fornecem informação menos
clara do que uma fonte identifi cada
poderia oferecer”.
As participações anónimas são
geralmente muito vagas. David
Marques explica que tal também
resulta do receio. “Se a denúncia
for muito detalhada, descobre-se
logo quem a fez. As pessoas não
dão detalhes, porque poderia le-
var à sua identifi cação”, resume o
investigador.
Tudo somado, o resultado é o
“medo”. “Medo das reacções, [e]
não é um medo infundado”, asse-
gura David Marques. Avançar com
uma denúncia de corrupção “pode
ter consequências bem mais graves
para o denunciante do que para o
denunciado. Por causa dos proces-
so de difamação, o denunciante
pode ver-se forçado a pagar uma
indemnização choruda, enquanto a
parte denunciada vê apenas ser-lhe
aplicada uma pena suspensa”.
As práticas institucionais parecem ignorar a segurança e bem-estar dos denunciantes
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A conferência que hoje arranca no
Instituto de Ciências Sociais dá cor-
po a um alargado trabalho de análi-
se do fenómeno da corrupção nos
mais variados sectores da sociedade.
Na conferência Dinheiro, Infl uência,
Poder: Proteger a Democracia dos
Riscos da Corrupção, serão debati-
dos os “Novos desafi os à regulação e
supervisão do confl ito de interesses
e património dos eleitos”, bem co-
mo os “Novos desafi os à regulação
e supervisão do fi nanciamento dos
partidos políticos e campanhas elei-
torais” e ainda os “Novos desafi os à
regulação e supervisão do acesso à
informação”.
A procuradora-geral da República,
Joana Marques Vidal, aproveitará pa-
ra mostrar trabalho no encerramen-
to do colóquio. Fê-lo logo ontem, no
âmbito da prevenção do crime de
branqueamento de capitais através
de uma nota onde divulga alguns
dados estatísticos sobre as suas acti-
vidades: “No ano de 2011 [o DCIAP]
procedeu ao bloqueio de 48 opera-
ções que abrangiam a circulação de
fundos com suspeita fundamentada
de origem ilícita, no total de cerca 33
milhões de euros, e entre Janeiro e
Outubro de 2012 procedeu ao blo-
queio de 45 operações, que abran-
giam a circulação de fundos com
aquela suspeita, no total de cerca
de 65 milhões de euros.”
Estes debates são o pretexto para
apresentar o relatório fi nal da Trans-
parência e Integridade – Associação
Cívica (TIAC) sobre o sistema nacio-
nal de integridade (SNI) em Portugal.
É aqui que o combate à corrupção
é esmiuçado em áreas tão diversas
como o sector empresarial, Justiça,
sistema político e sociedade civil. O
levantamento feito ao estado da arte
do combate à corrupção do nosso pa-
ís através desse mecanismo levou os
investigadores a concluir que Portu-
gal “apresentou resultados mais bai-
xos do que seria de esperar para um
país desenvolvido”. “Falhas graves”
foram detectadas, pondo mesmo
“em causa a legitimidade e o desem-
penho global das instituições” nacio-
nais. “Mais do que realçarem áreas
ou práticas que são graves”, alerta o
63 mil euros e 7 investigadores para estudar a corrupção
relatório da TIAC, “revelam algo bem
mais profundo: falta de uma verda-
deira vontade política para combater
este fenómeno”.
O sistema partidário é uma das áre-
as analisadas. Neste campo é a lei de
fi nanciamento dos partidos que “sus-
cita mais preocupação”. Mesmo com
as recentes alterações, o estudo aler-
ta que “o que pode constituir iniciati-
va de angariação de fundos não está
bem clarifi cado e a sua contabiliza-
ção enquanto produto da diferença
entre receitas e despesas efectuadas
na organização de iniciativas permite
branquear malas de dinheiro, mani-
pular limites estipulados e reduzir
despesas com grandes eventos po-
líticos que passam a fi gurar como
iniciativas deste tipo”.
O projecto arrancou em Outubro
de 2010, inspirado num conceito
desenvolvido nove anos antes pela
Transparency International. Foi le-
vado a cabo em 26 países, incluindo
24 Estados-membros da União Eu-
ropeia, que através da sua Direcção-
Geral de Assuntos Internos fi nanciou
o estudo com 2,3 milhões de euros.
O levantamento português, que
custou 63 mil euros, fi cou concluído
em Maio de 2012, graças ao trabalho
de sete investigadores, dois coorde-
nadores científi cos, um de promoção
e ainda uma gestora de projecto.
Toda a informação obtida está
compilada no site integridade.trans-
parencia.pt.
Nuno Sá Lourenço
A realidade portuguesa
“Ficamos entregues a nós próprios”, resume um dos denunciantes
Ricardo Sá FernandesAdvogadoO caso que envolve o advogado Ricardo Sá Fernandes dura há já sete anos. Gravou conversas com o empresário Domingos Névoa, da Bragaparques, em que Névoa tentou subornar um vereador da Câmara de Lisboa — seu irmão — e com a gravação denunciou o caso às autoridades. A primeira conversa foi feita sem conhecimento das autoridades, mas as seguintes já não foi assim. Por entre as diferentes instâncias o empresário foi sendo absolvido e condenado. Mas Névoa acusou o advogado por gravação ilícita. A decisão em primeira instância não foi favorável a Névoa, mas este veio a ganhar o recurso para a Relação. O caso ainda não está concluído. Sá Fernandes assinala as “centenas, milhares de horas que [ele] e as pessoas todas que se envolveram tiveram de gastar para levar isto em frente”. Consequência directa da denúncia são os “vários processos pendentes que o corruptor pôs”. “Quem corrompeu tem meios para contra-atacar”, o que associado à inoperância da Justiça lhe deu a “sensação da completa desprotecção”. Sá Fernandes critica o Ministério Público. “Tratou-nos [a Sá Fernandes e ao irmão] mal. Deu seguimento a queixas absurdas e acusaram-nos.” Por isso sustenta que a “máquina, globalmente, não se empenhou”, excepção feita a “iniciativas pontuais” de um ou outro magistrado. Desiludido com a Justiça não ficou. Assume-se “esclarecido”. O sistema não quer combater a corrupção. E, conclui, também porque “a sociedade portuguesa aceita e tolera a corrupção”.
João Dias PachecoJuristaFoi depois de denunciar por email à Procuradoria-Geral da República, juntamente com um colega de trabalho nas Águas de Coimbra (AdC), a inércia do seus superiores hierárquicos a propósito de descargas nas infra-estruturas públicas de uma empresa do sector alimentar com elevados índices de ácidos corrosivos que os problemas de José Dias Pacheco começaram. Director dos serviços jurídicos, perante a perseguição pela direcção da empresa da funcionária que insistia em fazer o seu trabalho, Pacheco avançou com uma participação ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP). As represálias da administração de Jorge Temido viraram-se então contra Pacheco e João Lopes Seco. “Nós continuámos lá no local de trabalho”, recorda Pacheco, “sujeitos aos desmandos mais variados.” Ambos os denunciantes viram-se “esvaziados de funções”, passaram a encontrar dificuldades para marcar dias de férias, e até os colegas de trabalho se afastaram. Pacheco chegou a ser alvo de um processo disciplinar interno “por ter recusado apertar a mão a um dos directores que foi constituído arguido”. O processo acabou arquivado, mas as consequências continuaram. Recebeu uma carta onde lhe comunicavam que iria ser transferido do local de trabalho que sempre foi o seu desde 1991 para a câmara. A carta encontrou-o já de baixa médica por recomendação do seu psiquiatra. Cinco anos depois, começa agora o julgamento que a sua denúncia espoletou.
Paulo MoraisProfessor universitárioPaulo Morais chegou à vice-presidência da Câmara do Porto quando Rui Rio foi eleito para o seu primeiro mandato. A “tensão” instalou-se, quando o professor universitário se mostrou intransigente perante os apelos de “colegas vereadores, gente do partido e promotores” para que contornasse a lei na área do urbanismo. “Passei a ter uma relação com outros agentes da actividade política.” Acabou por sair e não foi incluído na lista de candidatos às autárquicas seguintes. Foi a partir daí que começou a denunciar “muitos assuntos na área do urbanismo” que lhe valeram alguns processos. Um exemplo foi o sucedido na Figueira da Foz, em 2008, onde se deslocou para denunciar a construção de um edifício no Vale do Galante que classificou como “um crime urbanístico”. Foi aí que lhe “apareceu um senhor a insultar”. “Mais tarde vim a saber ser o promotor [do projecto].” O promotor acusou-o de crime de difamação que o tribunal decidiu arquivar.Apesar de tudo, continua a acreditar que “valeu a pena”. Mas assume alguma “frustração”. “Não vejo nas entidades públicas a mesma energia em perseguir que eu tenho em denunciar.” O arquivamento no caso do campo de treinos do Salgueiros é um exemplo. “O Metro do Porto adquiriu o terreno para construir uma estação por oito milhões de euros, quando a avaliação do terreno era de cinco milhões de euros. Enviei [à Justiça] tudo documentado e foi arquivado, porque o Ministério Público não identificou onde foi parar o dinheiro…”Relatório SNI critica a lei de
financiamento partidário
19Duração, em meses, do estudo promovido pela TIAC em Portugal
26Número de países onde o SNI foi realizado. O trabalho foi financiado pela Comissão Europeia através de um orçamento de 2 milhões e trezentos mil euros
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Estudo demorou 19 meses a fazer e é apresentado hoje em conferência no ICS p10 a 12
Estado não protege quem denuncia casos de corrupção
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Inês David [email protected]
O Estado português não dá pro-tecção suficiente aos trabalhado-res do sector público e privado quedenunciam crimes de corrupçãoou de fraude. Esta é a principalconclusão do relatório da associa-ção cívica Transparência e Integri-dade (TIAC), a que o Diário Eco-nómico teve acesso.
No relatório “Uma alternativaao silêncio”, que será apresentadohoje na conferência “Dinheiro, in-fluência, Poder”, em Lisboa, noInstituto de Ciências Sociais, aTIAC diz que a falta de regulamen-tação da lei 19/2008 faz com quenão esteja “assegurada” a protec-ção de quem denuncia aqueles cri-mes. “Falha da esfera política”;“conteúdo vago e sem regulamen-tação”; “indiferença e passividadepelas consequências sofridas pelosdenunciantes”; “protecção semgarantias” ou “falta de vontadepolítica” são algumas das expres-sões usadas para caracterizar a si-tuação dos denunciantes(’whistleblowers’) em Portugal.
Se no sector público a lei exis-tente é de “conteúdo vago”, para osector privado é inexistente, avisaa TIAC, lamentando que nas em-presas - sobretudo nas PMEs - os
“mecanismos de denúncia conti-nuem a não constituir uma priori-dade”. Situação “agravada” pelaactual crise económica. Aliás, ain-da decorrente da crise, a associa-ção cívica avisa que o novo CódigoLaboral, ao flexibilizar despedi-mentos, está a “agravar a fragili-dade do trabalhador denuncianteno sector privado”. Isto porque“torna-se ainda mais difícil paraum trabalhador provar que o seudespedimento decorreu da for-mulação de denúncia”.
Considerando que a denúncia éum dos “instrumentos principais”para o combate à corrupção, umcrime que tem subido com a crise,a TIAC vai exigir hoje ao Governoque adopte um regime legal “úni-co e abrangente” que proteja efec-tivamente quem denuncia. Atéporque Portugal assinou conven-ções internacionais que impõemesta protecção. “Falta vontade
política”, critica ao Económico oinvestigador Luís de Sousa, presi-dente da TIAC. Também fonte doDCIAP, departamento da Procura-dora que investiga a criminalidadeeconómica e a corupção, disseontem ao Económico que, apesarde o Código Penal dar algumaprotecção, podia “ir-se mais lon-ge”, salvaguardando “ a existênciade denunciantes que podem nãomerecer protecção por serem me-ras práticas difamatórias”.
A última legislação sobre o as-sunto remonta a 2008 e apenasrespeita ao sector público. O arti-go 4º da Lei 19/2008 impõe quetrabalhadores da AdministraçãoPública e do sector empresarial doEstado denunciem infracções deque tenham tido conhecimento,não podendo ser transferidos.Embora a TIAC considere esta im-posição um avanço, avisa que oenquandramento é vago e não foiainda regulamentado, deixandode fora uma mão-cheia de situa-ções que colocam numa “situaçãode extrema vulnerabilidade”quem denuncia. Por exemplo, nãoabrange o sector privado, nem ostrabalhadores com funções juris-dicionais, governamentais ou sin-dicais. Mais: o diploma apenas dizque “não podem ser prejudica-dos”, falhando no “ sistema de
protecções” propriamente dito.“Existe uma série de retaliações,de perseguições e de pressões,como ameaças à vida e a bens, quesão feitas e não estão protegidas nalei”, diz Luís de Sousa. Uma dassituações que o TIAC diz ser umentrave à denúncia prende-secom a possibilidade de o denun-ciante ser alvo de uma queixa-cri-me por difamação. Todos os de-nunciantes entrevistados pelaTIAC reconheceram ter noção deque iriam sofrer retaliações ou até“perder tudo”. Segundo o estudoda TIAC, o “receio de represálias”(42,4%) é a principal razão paraum trabalhador se recusar a de-nunciar a corrupção.
Além da falta de vontade polí-tica, a TIAC aponta como entrave àdenúncia factores culturais, deri-vados de uma “percepção alta-mente negativa sobre a figura do‘bufo’ ou ‘chibo’” ganha no tempodo Estado Novo. No entanto, aTIAC lembra que a denúncia deum acto de corrupção “é um devercívico”. Contactado pelo DiárioEconómico, o Ministério da Justi-ça não revelou se tenciona regula-mentar a protecção dos denun-ciantes, sendo certo que este Go-verno colocou no seu programa,como prioridade, o combate àcorrupção. ■
Estado falha na protecçãoa quem denuncia corrupçãoRelatório dá nota negativa a Portugal por falta de vontade política para proteger os denunciantes.
RECOMENDAÇÕES
● Criação de regime legal únicoe abrangente de protecção.
● Criação de canais própriospara denúncias.
● Garantia acrescidade confidencialidade daidentidade do denunciante.
● Protecção contra posteriorescondenações por difamaçãoou quebra de sigilo profissional.
● Implementação de um sistemade recompensa de denunciantes.
● Criação de um organismoou autoridade competentepara recepção e tratamentode denúncias.
● Formação profissional dostrabalhadores da função públicapara as questões da ética edetecção de irregularidades.
A Transparência eIntegridade defendeque Portugal nãocumpre convençõesinternacionais queimpõem protecçãoa denunciantes.
PGR, ATRAVÉS DO DCIAP, BLOQUEOU 45 OPERAÇÕES DE BRANQUEAMENTO NO TOTAL DE 65 MILHÕES DE EUROS
A nova PGR, JoanaMarques Vidal, falaamanhã pela primeira vezsobre corrupção naconferência promovidapela associação cívicaTransparência eIntegridade subordinadaao tema “Dinheiro,influência, poder”.Numa nota ontemdivulgada, o DCIAPrevela que entre Janeiroe Outubro deste anobloqueou 45 operaçõesde branqueamento decapitais, no valor de 65milhões de euros, quandoem 2011 tinha bloqueado48 operações no valorde 22 milhões de euros.
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LUIS DE SOUSA
Presidente da Transparênciae Integridade (TIAC)
QUATRO PERGUNTAS A...
“O denunciantesabe que vai sofrerconsequências”Presidente da associação cívicaTransparência e Integridade, Luísde Sousa lamenta a falta devontade política para protegerquem denuncia e promete metero assunto na agenda política.
Em Portugal, existereticências para se denunciar
um crime de corrupção?Sim, existe e o facto de aprotecção de quem denuncia nãoestar regulamentada aindaaumenta essa propensão paranão se colaborar com a Justiça.As pessoas têm a noção de que‘se meterem a cabeça fora deágua, vão sofrer consequências’.Existe um princípio de protecçãoque depois não foi regulamentadoo que cria falsas expectativas. Aspessoas estão completamenteexpostas, quer no sector público,quer privado. Não faz sentido, porexemplo, que quem denunciaposa depois ser alvo de umaacusação por crime de difamação.O que é que está a faltar?Está a falar vontade política.Alguns actores políticos dizemque não querem criar um sistemade ‘bufos’, mas não é disto que setrata. Trata-se de um devercívico. No caso das empresas,também não há a adopção demecanismos que incentivem adenuncia, é um problema de
chefias, sobretudo nas PMEs. Demomento, a protecção dosdenunciantes não está na agendapolítica, mas a Transparência eIntegridade vai pressionar paraque o tema entre no debatepolítico, porque a denúncia é uminstrumento essencial nocombate a esta criminalidade. Étão importante no sector público,como no privado e é urgente quese criem condições legais para aspessoas terem a certeza queestão protegidas. Porqueactualmente, os denunciantesentrevistados por nós sabemperfeitamente que vão sofrerconsequências depois dadenúncia.Mas este Governo apontoudesde o início como prioridadeo combate à corrupção...Fizemos análise de todos osprogramas de Governo desde o25 de Abril e vimos que asreferências ao combate àcorrupção nem sempre apareceme, quando aparecem, é de
natureza vaga. Não há nada deobjectivo no programa a não sera ideia vaga de que se quercombater o fenómeno. Como?não se diz.Existe uma obrigaçãointernacional de adoptardeterminados mecanismos.Portugal não adopta. Qual é aconsequência?Há uma violação entre aspas dasobrigações internacionais e digoentre aspas porque não existemsanções. As sanções sãomeramente morais porque o queestá na base das convençõesinternacionais sobre o temaratificadas por Portugal é ovoluntarismo político, que nãotem existido em Portugal. Aspessoas, trabalhadores do sectorpúblico e privado, têm que saberque estão protegidos de ameaçasà vida e bens, bem como afamiliares, de retaliações ehumilhações públicas casoqueiram denunciar um crime decorrupção. I.D.B.
Paulo Alexandre Coelho
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Área: 5,49 x 1,96 cm²
Corte: 3 de 3ID: 44972962 29-11-2012Justiça Estado falha naprotecção a quem denunciacasos de corrupção. ➥ P18
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A43
Tiragem: 18100
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Economia, Negócios e.
Pág: 34
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Corte: 1 de 3ID: 44972931 29-11-2012
Maria Teixeira [email protected]
O BCP acaba de anunciar aos seuscolaboradores um novo organo-grama que entrará em vigor a 3 deDezembro. O banco liderado porNuno Amado reduz em cerca decinco o número de directores quereportam à administração. Talcomo anunciado, o banco está areformar a sua estrutura de ges-tão. O objectivo, segundo fontedo BCP, “é ter uma organizaçãomais ligeira”.
Na nova organização, que foidistribuída aos colaboradores dobanco no passado dia 15 de No-vembro, e que entra em vigor a 3de Dezembro, saem cinco direc-tores da alçada directa do Conse-lho de Administração. A nova es-trutura da organização contem-pla 53 directores que reportamdirectamente à administração.Esta nova estrutura é a que vaipermanecer para lá do processode rescisão, soube o Diário Eco-nómico junto de fonte do BCP.Apesar de o banco ainda não tercompletado o seu processo derescisões que, tal como anunciouo presidente, vai abranger mem-bros da alta direcção.
O presidente Nuno Amadomantém a áreas de comunicação(Ricardo Valadares substitui Mi-guel Magalhães Duarte que passapara o ‘marketing’ de empresas);e chama a si a área dos recursoshumanos. Este pelouro assumeparticular relevância numa alturaem que o presidente do BCP, nomesmo dia em que apresentouprejuízos de 796,3 milhões de eu-ros, arrancou com as negociaçõespara a saída de 600 trabalhadores,entre eles quadros da alta direc-ção. Embora até ao momento nãoesteja definido quem são os queirão sair.
Segundo o Diário Económicosoube, paralelamente a este planode redução de pessoal, o banco járecebeu propostas para saídas vo-luntárias que somam cerca demais 70 pessoas.
O BCP tinha em Setembro des-te ano 9.866 pessoas em Portugal edeverá acabar o ano com cerca de9.200. O que se insere no plano decorte de custos com pessoal jáanunciado no plano de recapitali-zação do BCP. “No que se refereconcretamente a custos com pes-soal em Portugal, o Banco prevê a
redução gradual (1% ao ano) doquadro de colaboradores, a queacresce uma redução mais signifi-cativa em 2012 e 2013, nomeada-mente através de programas dereformas antecipadas e de resci-sões por mútuo acordo”. MiguelMaya com os pelouros do risco,recuperação de crédito, imobiliá-rio, e contencioso, tem a seu cargooito directores.
Na última apresentação de re-sultados, o banco revelou que estáa apostar na recuperação do cré-dito e para isso contratou 180 tra-balhadores para reforçar esta área,para além de ir implementar umnovo modelo de gestão.
Esta nova estrutura já tem emconta estes objectivos. Na confe-rência dos resultados, o vice-pre-sidente do BCP, Miguel Maya, ex-plicou que foi feita “uma reestru-turação profunda que obriga a queas operações de maior valor te-nham de passar obrigatoriamentepelo crivo de três administrado-res. Além disso, serão usadasaplicações informáticas que per-mitam detectar mais cedo situa-ções de incumprimento”.
Miguel Bragança, o outrovice-presidente, também co-manda oito directores. Nas áreasfinanceira (Tesouraria e Merca-dos, atribuída a Pedro Turras);relação com os investidores (RuiCoimbra); contabilidade; pla-neamento e gestão do balanço;controlo de custos; assessoria fis-cal; a área internacional ( DuartePita Ferraz), entre outras.
Luís Pereira Coutinho que temo crédito a empresas; o activobank; e os mercados Polónia,Grécia e Roménia, fica com novedirectores, entre eles Miguel Ma-galhães Duarte.
Na área de banca de investi-mento e ainda com os mercadosde Angola e Moçambique surgeConceição Lucas também comoito directores, entre eles JoãoLopes Raimundo com o banco deinvestimento e José Pulido Va-lente com o Corporate.
José Iglésias Soares com áreascomo as tecnologias de informa-ção, ‘compliance’, auditoria,compras e área jurídica tem seisdirectores a seu cargo.
O administrador com maiornúmero de directores a seu cargoé Rui Teixeira que tem onze, res-ponsáveis pelo retalho, ‘privatebanking’, Gestão de activo, Suíçaentre outras.
O banco não revela quem fo-ram os membros da alta direcçãoque foram dispensados, mas Nu-no Amado chegou a admitir queentre os acordos de rescisãoabrangiam toda a hierarquia dobanco. O BCP tem proposto 1,7ordenados por ano de trabalhopara quem sair. E vai manter opacote social aos trabalhadores -crédito à habitação com juros re-duzidos, seguro de saúde e apoioà colocação fora do grupo - portrês anos.
O plano de rescisões só deveráestar concluído no início do pró-ximo ano. ■
BCP reduz estruturada alta direcçãoO banco já enviou o novo organograma com os pelouros dos administradorese directores, que entrará em vigor a 3 de Dezembro. Reduziu cinco directores.
Miguel Magalhães Duarte
Miguel Magalhães Duartepassou a dirigir o ‘marketing’de empresas, sob a administraçãode Luís Pereira Coutinho.
Lucros eUm estudo evolutivo do BCPpermite verificar a degradaçãodos lucros e do retornopara o accionista.
O resultado líquido por acçãopermite ver a evolução negativado BCP a partir de 2008, ano emfalia, nos Estados Unidos, o bancoLehman Brothers e em que o ban-co mudava de administradores,deixando para trás uma guerradentro da administração e dentroda estrutura accionista.
Desde 2008, que os resultadoslíquidos por acção têm vindo a
Sindicato criticarescisões
O SINTAF- Sindicato dosTrabalhadores da ActividadeFinanceira criticou o processo derescisões do BCP. Em comunicadoenviado aos trabalhadoresrefere que “o processo tem noseu início uma ilegalidade: não foirespeitado o Código do Trabalho –art. 425.º, dado que não foipedido parecer à Comissão deTrabalhadores”. “A comunicaçãoaos trabalhadores vítimasda Rescisão por Mútuo Acordoé feita unilateralmente, no diaanterior ao designado para aprimeira entrevista, configurandouma forma de pressão”, refereo sindicato. E falam ainda de um“encaminhamento, com dispensae afastamento dos trabalhadoresno dia seguinte à entrevista, paraque os visados se inscrevam deimediato na empresa Lee HechtHarrison & Drake Beam Morin(LHH & DBM), relacionada comempresas de trabalho temporário,enquanto ainda mantêm o vínculocom o BCP”. O sindicato realçaainda a “falta de indicaçãodos critérios de selecçãodos trabalhadores a excluir”.O processo de rescisões está acargo do escritório de advogadosCMS Rui Pena & Arnaut.
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Tiragem: 18100
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Economia, Negócios e.
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Corte: 2 de 3ID: 44972931 29-11-2012
dividendos em rota descendente desde 2008degradar-se, atingindo em 2011valores negativos (-0,13 euros poracção). Previsivelmente ocorreráo mesmo em 2012 e 2013.
De 1999 até 2007 os resultadospor acção do BCP rondavam, emmédia, os 0,20 euros. Durante es-ses dez exercícios, os anos de 2002(altura em que o banco constituiuuma provisão extraordinária que,sabe-se hoje, serviu para cobrirperdas em ‘offshores’ que se de-tectou não terem ‘beneficialowner’) e de 2003 foram os pioresda era Jardim Gonçalves. Nessesanos, o resultado por acção baixou
para metade (de 0,25 euros em2001 passou para 0,12 euros em2002 e 0,14 euros em 2003).
Os melhores resultados desempre do banco ocorreram du-rante a presidência de Paulo Tei-xeira Pinto. Em 2005 e 2006 os lu-cros foram respectivamente de753 milhões e 787 milhões. Com aguerra de poder os lucros caíram224 milhões em 2007 (para 563milhões). Mas os anos de melhorROE - rentabilidade dos capitaispróprios - foram os anos 2000,2001 (ano do ataque terrorista aosEUA), 2004, 2005 e 2006.
A partir de 2008 todos os in-dicadores caíram a pique. O ROEpassou para 4,5% e em 2011 pas-sou a ser de 20,4% negativos. Oresultados por acção caiu para
0,03 euros e andou nesses níveisaté em 2011 ter atingido valoresnegativos (- 13 cêntimos).
As imparidades e provisõestêm apresentado uma rota as-cendente. Em 1999 eram de 276milhões. Em 2002 atingiram os575 milhões. Em 2005 baixaramsubstancialmente (171 milhões),mas a partir de 2008 (589 mi-lhões) têm vindo a disparar e em2011 foram de 2.075 milhões.
E para os accionistas?O ano 2000, o capital exigido aosaccionistas somava 2,1 mil mi-
lhões de euros, e o BCP tinha dis-tribuído em dividendos, desde asua fundação 900 milhões de eu-ros (cerca de 43% do capital so-cial). Em 2007, o BCP tinha de ca-pital social 3,6 mil milhões de eu-ros e os dividendos distribuídosaos accionistas até aí somaram 2,3mil milhões (64% do capital so-cial). O banco deixou de distribuirdividendos em 2010. Até hoje edesde a sua fundação (1985) o BCPpagou 2,487 mil milhões de eurosem dividendos, cerca de 70% doactual capital social que é de 3,5mil milhões de euros . ■ M.T.A.
Desde 2008, que osresultados líquidos poracção se têm vindoa degradar, atingindoem 2011 valoresnegativos (-0,13 eurospor acção).
Infografia: Mário Malhão | [email protected]
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Âmbito: Economia, Negócios e.
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BCP reduz alta direcçãoe dá novos pelourosaos administradores ➥ P34
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Âmbito: Informação Geral
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Âmbito: Economia, Negócios e.
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“O futebol nãoestá acima ouà margem da lei”Paulo Jorge [email protected]
Emanuel Medeiros sublinha a ne-cessidade de medidas que garan-tam equilíbrio e relembra o futebol“não está acima da lei”.
Segunda-feira vai estar na reu-nião do Conselho Estratégico daUEFA para o futebol profissional.Que temas vão discutir?São 11 áreas temáticas que passampor boa governança no futebol,competições de vários níveis,transferências de jogadores, inte-gridade das provas, preven-ção/combate de fenómenos va-riados, regulação das apostas des-portivas, arbitragem, saúde e cri-térios financeiros para inscriçãonas competições, incluindo o fair-play financeiro, endividamentodos clubes e os que estão em recu-peração, como sucede com a re-cente epidemia em Espanha. As-suntos que resultam do trabalhode quatro pessoas, incluindo eu,apontando para um plano de ac-ção com metas e prazos.A ideia, anunciada pela FIFA, deavaliar a proibição dos fundos dejogadores é um dos casos a discu-tir. Em que ponto está o assunto?Bem, as medidas nunca são adop-tadas para penalizar clubes, célu-las básicas do futebol, mas em prolde valores que devem ser conju-gados com a integridade competi-tiva e transparência financeira àcabeça. O debate era pouco fun-damentado e sem dados suficien-tes face a questões tão sensíveis.E a EPFL agiu?Fizemos extensa publicação foca-da nos direitos económicos dos jo-gadores detidos por terceiros, umdiagnóstico exaustivo à escala eu-ropeia sobre o enquadramento le-gal, consulta às Ligas e contribu-tos de uma dúzia de especialistas,a favor ou contra a situação.Quais são os argumentos?De um lado invoca-se que o fute-bol é um sector com crescentecomplexidade, justificando refle-xão profunda às respectivas auto-ridades. Fala-se de uma certaopacidade quanto a terceiros, não
esquecendo as sedes em off-sho-res, sem escrutínio de entidadesreguladoras e com vendas emquantias avultadas, práticas queconvidam à rotura dos contratospara compensar o investimentofinanceiro em percentagens depasses, ou seja, o contrário docontrolo. Referem ainda poten-ciais conflitos de interesses e o ris-co de branqueamento de capitais,inerente à desregulação genérica.E do outro?Quase metade das Ligas vêem apropriedade dos passes por tercei-ros como vital para a capacidadecompetitiva face aos grandes clu-bes. Casos com supervisão, como
o do Benfica ou de outras cotadasem Bolsa, são exemplos citados. Éuma forma de equilibrar face à di-ferença de verbas sobre direitostelevisivos e repartir riscos sobre acontratação de jogadores. Os re-gulamentos da FIFA não contêmproibição – só proíbem que hajaterceiras entidades a influenciarnas contratações, nas provas e nosregimes de gestão dos clubes. Adivisão quase a meio nas Ligas ini-be-as de tomar decisões, pelo queé preciso debate mais aprofunda-do com os clubes.Como se conjuga essa realidadecom a dos investimentos de milio-nários em clubes ingleses ou noPSG, duas Ligas onde a proibiçãodos fundos vigora?É outro dos factores apontados,mas é preciso entender que a UEFAserá intransigente na aplicação doscritérios de fair-play financeiro,até porque isso também representateste à sua credibilidade. E podefalar-se numa distribuição dife-rente das receitas da Champions,diminuindo a importância do cha-mado critério de “market pool “.Diz-se que o futebol precisa demais transparência – isso não édesejável para toda a sociedade,incluindo sectores como a políti-ca, a banca ou as empresas?O futebol envolve somas avultadase isso não deve ser motivo de ver-gonha, mas de orgulho e respon-sabilidade a zelar para que a su-pervisão não seja descurada. Noano passado, em receitas directas,gerou 16,9 mil milhões de euros,sendo 88% desse valor responsa-bilidade das Ligas europeias daEPFL. É importante perceber queo futebol não está acima ou à mar-gem da lei. Agimos sob esfera decontrolo próprio e não nos cabetutelar áreas como as que referiu,pois esperamos que sejam rigoro-sas na aplicação das regras.Mas o relatório anual da Deloittetambém mencionou endivida-mento de dimensão assustadora...Sim, e a UEFA muniu-se de estudosobre a saúde financeira dos clu-bes: os dados de 2009 eram muitopreocupantes, revelando buracofinanceiro de 1,2 mil milhões de
Segunda-feira há reunião do Conselho Estratégico da UEFAe avaliam-se questões como os fundos de jogadores.
ENTREVISTA EMANUEL MEDEIROS Director-executivo da Associação de Ligas Europeias (EPFL)
Em 2010, o buracofinanceiro dos clubeseuropeus subiu para1,6 mil milhões [...]É um problema degestão cuidadosadas despesas commassa salarial ecompensações pagaspor transferências.
No caso português,a taxa exorbitante de23% de IVA aplicadaaos bilhetes é umgesto irreflectido etraduz discriminaçãonegativa.
“
PERFIL
Direito e gestãodo Boavista à EuropaEmanuel Macedo de Medeirosnasceu em 1969 nos Açores (SãoMiguel). Licenciado em Direito naUniversidade de Lisboa, tem ummestrado em Gestão do Desportoda Universidade Católica e outroem Direito Desportivo Profissionalpor Coimbra. Com ligações dejuventude ao PSD, começouna PLMJ como advogado,passando para oDepartamento Jurídico doBoavista entre 1993 e2000. Secretário-geralda Liga até 2005,membro de váriosgrupos de trabalho daUEFA, foi eleito director-geral da EPFL em 2005e director-executivo apartir de 2007.
euros que, em 2010, subiu para 1,6mil milhões. Não é um problemade gerar receitas, mas de gestãocuidadosa das despesas com amassa salarial e compensações portransferências.Entende a posição do governoportuguês que, sem legislar sobreas apostas on-line e tendo coloca-do o IVA dos bilhetes do futebolem 23%, peça aos clubes, atravésdo secretário de Estado da Solida-riedade, colaboração em projectosde responsabilidade social?No Fórum sobre o assunto, realiza-do em Lisboa na terça-feira, sa-lientei que o futebol quer estar aoserviço da sociedade para mitigarproblemas das famílias, passandomensagem de apoio, incentivo eesperança. Acolhi o repto do se-
cretário de Estado que traduz o re-conhecimento da capacidade mo-bilizadora do futebol e como veí-culo na transmissão de mensagense valores. E lembrei que o futebolprofissional, para ser sustentável,gerar receitas que permitam às Li-gas organizar provas, melhorar in-fra-estruturas, apoiar a formaçãoe trabalhar em projectos comuni-tários, precisa dos governos.Como traduz isso em Portugal?O desporto em geral precisa dequem tem capacidade para legislarno sentido de serem assumidasresponsabilidades para garantir asua viabilidade. Falei de doisexemplos, as apostas desportivas ea protecção dos direitos dos orga-nizadores das competições. Nocaso português, é preciso lembrar
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Tiragem: 18100
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Economia, Negócios e.
Pág: 47
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Área: 11,12 x 33,47 cm²
Corte: 2 de 2ID: 44992734 30-11-2012
“EscolhoRonaldo eMourinho naBola de Ouro”“São exemplos de sucesso quecontribuem para elevar a auto--estima dos portugueses”, diz.
Num dia em que foram confir-madas as presenças de Ronaldoao lado de Messi e Iniesta e deMourinho com Del Bosque eGuardiola como candidatos àBola de Ouro deste ano, Medei-ros não surpreende no voto.“Escolho Ronaldo e Mourinhonão só por questões de afectivi-dade, mas por não conseguiruma análise fria do assunto.Trata-se de duas figuras cimei-ras do futebol português emundial, nada têm a provarneste domínio e justificam oprémio por mérito, títulos con-quistados e tudo o que fizeramao longo do ano.”
Confessando não entender asrazões que levaram a dupla a fi-car sem prémios da Liga espa-nhola depois da influência exer-cida na conquista do título peloReal Madrid recordista de pon-tos e golos, o dirigente sublinhao que considera essencial. “Sãoexemplos de sucesso que con-tribuem para elevar a auto-esti-ma dos portugueses numa faseem que estes têm sido muitofustigados, seja pela crise, sejapelas medidas de austeridade. Edizem bem da capacidade que oportuguês tem na criação deoportunidades e a singrar.”
Quanto à sua experiência noexterior e à forma como sãoavaliados os portugueses emfunções de maior mediatismo,Emanuel Medeiros refere: “Omundo transformou-se numaaldeia global, os conceitos deespaço e tempo tornaram-serelativos, os fenómenos de acul-turação facilitaram integração emobilidade. Açoriano comosou, não desconheço a históriada minha terra, sei que mais demilhão e meio de conterrâneosestão espalhados pelo Mundo,enquanto cerca de 250 mil vi-vem nas ilhas. A grandeza dePortugal, no fundo, é afirmar-se em qualquer lugar ou cir-cunstância, promovendo a ima-gem do País. E é desejável que ogoverno perceba isso.” ■
“No ano passado, em receitasdirectas, o futebol gerou 16,9 mil
milhões de euros e 88% dessevalor foi responsabilidade das
Ligas da EPFL”, resume.
Bernardo S. lobo
a taxa exorbitante de 23% de IVAaplicada aos bilhetes, algo queconsidero um gesto irreflectido,pois traduz discriminação negati-va face a outras áreas. Se alguémnão sabe, nos documentos daUnião Europeia o futebol é apon-tado como parte importante dacultura e da identidade dos povos.Tem a atenção mediática certa emfunção do cargo que exerce?Quem vive pela imprensa morrepor ela. Não procuro ser exube-rante, nem busco microfones oucâmaras, a ideia é ser determina-do, mas, quando há eleições nofutebol, sou contactado.Ser líder da Liga ou da Federaçãosão hipóteses?Tenho 43 anos, não sei onde vouestar daqui a 10. ■
“Mourinho eRonaldo sãofiguras cimeirasdo futebolmundial,justificando oprémio por mérito,títulos e por tudoo que fizeram aolongo da época.”
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Tiragem: 159027
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 31
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Tiragem: 43576
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Corte: 1 de 1ID: 45010393 01-12-2012
O coordenador do Bloco de Esquerda
João Semedo disse ontem ter “fortes
razões” para “admitir” que “muitos
milhões que circularam entre o BPN
e a sua clientela favorita” serviram
para fi nanciamento partidário.
“Tenho fortes razões para admitir
que alguns daqueles muitos e muitos
milhões que circularam entre o BPN
e a sua clientela favorita, alguns des-
ses milhões alimentaram candidatos
e alimentaram partidos”, afi rmou
João Semedo na conferência Dinhei-
ro, Infl uência, Poder: Proteger a De-
mocracia dos Riscos da Corrupção.
O coordenador do Bloco de Es-
querda esclareceu depois que es-
tava a referir-se concretamente ao
PSD. “O partido que estava mais
próximo dessa realidade, por via dos
seus antigos ministro, era o PSD, era
a isso que eu me estava a referir”,
afi rmou.
O antigo presidente do BPN, Olivei-
ra Costa, foi entretanto pronunciado
por falsifi cação de documentos, num
processo extraído do processo prin-
cipal do BPN. Foram pronunciados e
vão a julgamento outros três argui-
dos, avançou ontem a SIC Notícias.
Posteriormente, a agência Lusa,
citando uma fonte judicial, precisou
que o antigo administrador do BPN
Oliveira e Costa e mais três arguidos
foram pronunciados pelo Tribunal
Central de Instrução Criminal.
A mesma fonte informou que o
processo está relacionado com o
Banco Insular, de que o BPN foi pro-
prietário a partir de 2001, e também
com o processamento de verbas do
Banco Português de Negócios.
Esta pronúncia resulta de uma cer-
tidão extraída do processo BPN, ac-
tualmente em julgamento, e os três
arguido são ex-directores do Banco
Insular, criado em Dezembro de 1997
em Cabo Verde.
João Semedo fala em dinheiro do BPN no PSD
Justiça
Oliveira e Costa pronunciado Página 53
A54
Tiragem: 43576
País: Portugal
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Âmbito: Informação Geral
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Corte: 1 de 3ID: 45010356 01-12-2012
2 | DESTAQUE | PÚBLICO, SÁB 1 DEZ 2012
SUBMARINOS
Alemão que assinou novas contrapartidas esteve preso por corrupção
Klaus Lesker, o administrador
da MPC Ferrostaal que
assinou em 27 de Setembro
passado o memorando
d e e n t e n d i m e n t o
q u e s u b s t i t u i u a s
contrapartidas dos submarinos
pelo investimento num hotel de
luxo no Algarve, é um dos gestores
detidos em 2010 sob acusação de
corrupção na venda dos submarinos
a Portugal.
Químico de formação, 52 anos,
Lesker foi membro da comissão
executiva da então MAN Ferrostaal
entre 2006 e 2010. Saiu da empre-
sa em Abril de 2010, na sequência
do caso de corrupção na venda de
submarinos a Portugal e à Grécia.
Lesker esteve alguns meses detido
na Alemanha tendo sido entretan-
to libertado. O mesmo acontecera
pouco tempo antes a Horst Werete-
cki, outro ex-gestor da Ferrostaal.
Lesker e Weretecki conhecem
bem o processo português das
contrapartidas dos submarinos.
Foi Lesker quem passou a nego-
ciar com o Estado português, em
2010, quando Weretecki foi acusa-
do. Weretecki é um dos 10 gestores
acusados pelo Ministério Público
português de falsifi cação de docu-
mento e burla qualifi cada.
Por ocasião das detenções de
Lesker e Weretecki, um dos advoga-
dos portugueses que representam
os gestores da Ferrostaal, Godinho
de Matos, considerava que, em am-
bos os casos, o Ministério Público
alemão pretendia pressionar os
arguidos a denunciarem os esque-
mas de corrupção na Ferrostaal e a
terem estatuto de arrependidos. A
imprensa alemã tem escrito que os
ministérios públicos de Munique e
de Essen ainda têm procedimentos
de investigação em curso que ultra-
passam as operações com Portugal
e Grécia e incluem também Turque-
menistão, Indonésia, África do Sul
e Brasil, considerando o assunto
ainda em aberto.
Pouco tempo depois da demissão
da Ferrostaal, Lesker foi trabalhar
para a MPC, um grupo de Hambur-
go, de base familiar, com ligações
à indústria naval, imobiliário e ser-
viços fi nanceiros. De acordo com
as biografi as disponíveis na Inter-
net, incluindo a página ofi cial da
empresa, Lesker saiu da Ferrostaal
em Abril de 2010 e integrou os qua-
dros da MPC três meses depois, em
Julho, como membro da comissão
executiva da holding. Com a consti-
tuição da MPC Ferrostaal, em Mar-
ço passado, passou a ser um dos
membros da nova comissão execu-
tiva com a pasta dos negócios para
a Ásia-Pacífi co e África.
O regressoQuando Lesker saiu da Ferrostaal
em 2010, o patrão era a IPIC, um
dos braços de investimento do emi-
rado Abu Dhabi, que controlava a
empresa em 70%. Tinha comprado
a empresa alemã apenas um ano
antes, mas manifestava desconforto
pelos escândalos de corrupção que
herdara.
Em Novembro de 2011, desenhou-
se o regresso da Ferrostaal ao ca-
pital alemão. O acordo então feito
estabelecia que a MAN recomprava
os 70% da IPIC por 350 milhões de
O grupo MPC tem um braço fi -
nanceiro que é o fundo de inves-
timento MPC Capital, dedicado ao
imobiliário e indústria naval. É este
fundo que surge agora a fi nanciar a
reconversão do hotel Alfamar, em
Albufeira, numa unidade de luxo da
cadeia Ritz Carlton. Trata-se de uma
operação ela própria reconvertida
em contrapartida pela venda dos
dois submarinos alemães e acei-
te pelo Governo português como
solução para ultrapassar o incum-
primento de mais de 500 milhões
de euros de negócios prometidos à
indústria portuguesa.
Questionada pelo PÚBLICO, a
MPC Capital escusa-se a informar
sobre qualquer aspecto relacionado
com o negócio, incluindo a data e
a forma como ocorreu a mudança
de investidor para o projecto do
Alfamar.
O processo português de contra-
partidas dos submarinos também
não é desconhecido da MPC. Par-
te da encomenda dos navios que a
Ferrostaal garantiu aos estaleiros
Navais de Viana do Castelo como
pré-contrapartidas dos submari-
O químico alemão de 52 que há dois meses assinou o novo contrato que substitui as contrapartidas dos submarinos esteve detido na Alemanha
Lurdes Ferreiraeuros e revendia 100% da Ferros-
taal à MPC por um máximo de 160
milhões. O mercado olhou para es-
ta operação como a confi rmação de
um grupo, liderado pelo patriarca
Axel Schroeder, especialista em ne-
gócios de oportunidade e baratos,
mas não foi essa a leitura das au-
toridades que não esconderam as
suas dúvidas sobre uma tão grande
diferença de valores, segundo a im-
prensa alemã. Um mês depois deste
acordo, a Ferrostaal chegou a um
outro acordo com a justiça alemã e
pagou uma multa de 140 milhões de
euros para resolver as acusações de
corrupção de que era alvo.
Fundo MPC CapitalLesker permaneceu na comissão
executiva da holding da MPC até à
compra da Ferrostaal, formalizada
em Março de 2012. A imprensa ale-
mã relatou na altura o optimismo
entre os dirigentes da MPC relati-
vamente aos processos de corrup-
ção, sublinhando no entanto que
o mesmo não era partilhado pelo
Ministério Público de Essen e Mu-
nique.
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nos destinava-se à MPC, a qual era
cliente antiga, de décadas, dos es-
taleiros portugueses.
No âmbito do contrato de contra-
partidas assinado em 2004 entre
o Estado português e o consórcio
German Submarine Consortium
pela venda de dois submarinos à
Armada, a Ferrostaal fi cou respon-
sável pelo cumprimento do progra-
ma de 1200 milhões de euros de
contrapartidas em novos negócios
para a indústria portuguesa. Estes
negócios deviam permitir à indús-
tria aceder a novos mercados, subir
na cadeia de valor e aumentar a in-
tensidade tecnológica. O Governo
português aceitou na altura que
parte deste montante fosse liqui-
dado com negócios anteriores à
assinatura do contrato (pré-con-
trapartidas), o que fez logo baixar
a garantia bancária de 10% a que
os alemães estavam obrigados. É
parte destas pré-contrapartidas que
está neste momento em julgamento
em tribunal português, acusando o
Ministério Público três gestores ale-
mães e sete portugueses de terem
“vendido” ao Estado falsas contra-
partidas, através do pagamento de
facturas que provavam que os negó-
cios tinham sido feitos sem causa-
lidade, ou seja, sem a intervenção
da Ferrostaal.
A investigação à volta deste ca-
so azedou as relações entre as du-
as partes numa altura em que os
alemães já acumulavam um atraso
signifi cativo em relação aos outros
compromissos para a indústria por-
tuguesa. Até Maio, as autoridades
portuguesas tinham validado 496
dos 758 milhões de euros de projec-
tos de contrapartidas apresentados
pela Ferrostaal. O total contratado
era 1200 milhões, dos quais 145
milhões tinham sido considerados
logo saldados em pré-contraparti-
das.
Poucos dias antes de expirar o
prazo do contrato, em Outubro, o
Governo e a (agora) MPC Ferros-
taal acordaram na substituição de
19 projectos que totalizavam o in-
cumprimento em causa pelo inves-
timento na reconversão do Hotel
Alfamar, em Albufeira, que estava
na lista de Projectos de Interesse
Nacional (PIN) desde 2008.
RUI GAUDÊNCIOOs dois submarinos custaram 1200 milhões de euros a Portugal
Hotel Alfamar
Projecto PIN desde 2009
Oprojecto que o Governo aceitou, em Setembro, em substituição dos mais de 700 milhões de euros de
contrapartidas atrasadas dos submarinos foi apresentado como candidatura a Projecto de Interesse Nacional (PIN) em Novembro de 2008 pela promotora LTI-Alfamar Hotel, segundo a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). O montante de investimento previsto era de 240 milhões de euros, com o financiamento entregue ao RREEF, fundo de investimento do Deutsche Bank. O projecto previa a requalificação total do hotel Alfamar, considerado degradado, para um conjunto turístico de luxo com um hotel de cinco estrelas e a marca Ritz-Carlton, designado Alfamar Beach Resort.
De acordo com a AICEP, o projecto foi aceite como PIN a Julho de 2009, depois de “várias alterações” impostas pelo lado ambiental. “O facto de estar implantado numa área sensível, pela sua proximidade à costa, tornou necessários vários ajustamentos e alterações até que se pudessem encontrar soluções que respeitassem os instrumentos de gestão de território aplicáveis”, diz a AICEP em resposta ao PÚBLICO.
A AICEP diz tratar-se desde o início de uma intenção de investimento bem vinda, dada a necessidade de requalificar a zona degradada e que neste processo longo os investidores mudaram porque os primeiros “se desinteressaram, tendo abandonado a parceria com o promotor, a sociedade proprietária do Hotel Alfamar”. Foi então que o projecto transitou dos alemães do RREEF para os alemães da MPC Capital, fundo de investimento da MPC Ferrostaal, grupo com o qual o Governo contratou as novas contrapartidas. L.F.
Élegal o Estado português re-
negociar os contratos de con-
trapartidas assinados antes de
2011, apesar de actualmente
a lei limitar o recurso a es-
te tipo de negócio. Essa é a
convicção de vários especialistas
ouvidos pelo PÚBLICO e abarca
o acordo assinado a 1 de Outubro
entre o Ministério da Economia e o
consórcio alemão que vendeu dois
submarinos a Portugal.
Os contratos de contrapartidas
são usualmente associados à compra
de material de defesa e pretendem
compensar a economia do Estado
comprador face ao avultado investi-
mento feito no equipamento militar.
O vendedor fi ca, por isso, obrigado
a captar negócios ou a transferir tec-
nologia para o Estado comprador
num determinado montante. Contu-
do, uma directiva europeia de 2009,
transposta em Portugal em Outubro
de 2011, veio limitar este tipo de me-
canismo de compensação. Isto por-
que se considera que determinadas
contrapartidas podem constituir um
entrave à livre concorrência, o que
viola o direito comunitário.
O professor da Faculdade de Di-
reito da Universidade de Coimbra,
Licínio Martins, sublinha que não
conhece o negócio da compra dos
submarinos, mas analisa a questão
jurídica. “A nova lei salvaguarda a
execução dos contratos que foram
celebrados antes da sua entrada em
vigor. Esta é a regra”, sustenta o do-
cente. O universitário realça que a
directiva europeia não proíbe total-
mente as contrapartidas indirectas,
relativas a projectos que não estão
relacionados com o material militar
adquirido. “O que se proíbe são as
contrapartidas que inibam ou fal-
seiem a concorrência”, acrescenta.
Esta avaliação, contudo, não é
necessária na renegociação das
contrapartidas como a dos sub-
marinos, cujo contrato foi assina-
do em Abril de 2004. “A directiva,
como é posterior à assinatura dos
contratos, não abrange as renego-
ciações”, defende também Pache-
co Amorim, professor universitá-
rio com várias obras publicadas
Juristas defendem legalidade da renegociação dos contratos
na área do Direito Administrativo.
O advogado Pedro Melo, da PL-
MJ, tem assessorado o Ministério
da Economia em algumas das re-
negociações das contrapartidas e
defende igualmente este entendi-
mento. “Os contratos que estão a
ser renegociados estão ao abrigo
da legislação de 1999 e de 2006. É
inequívoco que esses contratos po-
diam ser realizados na altura à luz
da lei nacional e da lei comunitária”,
sustenta. E completa: “O que seria
ilegal era realizar novos contratos
de contrapartidas. Não estamos a
celebrar novos contratos, mas ape-
nas a renegociar contratos assinados
anteriormente.” O jurista, especiali-
zado em contratos públicos na área
da Defesa, alerta para os riscos de o
Estado não renegociar esses contra-
tos, muitos dos quais tinham taxas
de execução baixas. “A alternativa
seria provavelmente um litígio que
seria discutido em sede arbitral e a
perda de um investimento signifi ca-
tivo para a economia nacional.”
Diferente entendimento tem o
ex-universitário Paulo Pinto de Al-
buquerque, que defende num pa-
recer apresentado pelas defesas do
processo-crime das contrapartidas
dos submarinos, que o contrato as-
sinado em Abril de 2004 era nulo,
por violar regras comunitárias da
livre concorrência, previstas em tra-
tados, já que “constitui um ‘subsídio
encapotado’ do Estado credor das
contrapartidas às entidades bene-
fi ciárias.
Mariana Oliveira
Horst Weretecki, ex-responsável da Ferrostaal
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Alemão preso por corrupção assinounovas contrapartidasKlaus Lesker, o administrador da Ferrostaal que há dois meses assinou as novas contrapartidas dos submarinos, foi um dos gestores detidos em 2010 por corrupção na venda dos submarinos a Portugal Destaque, 2/3
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