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    BRILHANTE, OM., and CALDAS, LQA., coord. Gestão e avaliação de risco em saúde ambiental 

    [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999. 155 p. ISBN 85-85676-56-6 Available fromSciELO Books .

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    Todo o conteúdo deste capítulo, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição -Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada.

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    Commons Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported. 

    Risco potencial em toxicologia ambiental

    Luiz Querino de A. Caldas

     

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    R I S C O P O T E N C I A L E M

    T O X I C O L O G I A

    A M B I E N T A L

    L U I Z Q U E R I N O D E A . C A L D A S

    A p e s a r d e d e b r i d a m e n t o s c u l t u r a i s q u e p o r s é c u l o s v ê m s o l a p a n d o

    a A m é r i c a L a t i n a n o p l e n o d e s e n v o l v i m e n t o d e s e u p o t e n c i a l h u m a n o n a s á r e a s

    de ciência e tecnologia , não se pode negar que, independentemente da vontade de suas

    própr ias l ideranças sociais , informação e progresso têm alcançado distantes r incões do con

    t inente . A necessidade de esclarecimento, o crescente quest ionamento da opinião pública

    ou mes m o as dúvidas dos que exercem o poder de decisão em organism os governam enta is

    ou não-governamentais têm contr ibuído enormemente para esse impulso desenvolvimentista

    nas A m éric as: a socied ade civil defenden do seus interesses - o lazer, o t rabalho, a qual id ade

    de vida e a sobrevivência econômica acima de tudo.

    C o m o c o n s e q ü ê n c i a d e s t a i n c e s s a n t e b u s c a p e l o p r o g r e s s o , m o d i f i c a m - s e o s

    referenciais . Pr ior idades e preocupações em saúde pública sobrepassam os indicadores t ra

    dicionais do binômio saúde-doença nos diversos envelopes sociais , na medida em que estes

    cada vez mais se a trelam ao concei to ser-natureza, na ampla def inição que vislumbra im

    pactos causa do s na biosfera . Eis que vida, sobrev ivência e m orte estão profu ndam ente afe

    tadas por var iáveis biogeoquímicas ambientais que, no curso das úl t imas t rês décadas, têm

    aler tado a comunidade sobre os efei tos antropogênicos deletér ios de agentes químicos, por

    vezes i r reversíveis , nos ecossistemas naturais .

    Pa íses em desenvolvimento, como o Bras i l , t êm procurado de tec ta r precocemente

    esses impac tos e a magni tude des tas per turbações . Como conseqüênc ia , inúmeros progra

    mas e projetos que prevêem soluções prát icas e economicamente viáveis têm sido aventa

    dos ,

      na expectat iva de que m od elos e inferências c ient if icamente úteis dimin uam o erro e a

    incer teza destas propostas. E, desta forma, a judem a maximizar a conf iança da comunidade

    leiga com vistas à tomada de decisões que envolvam a sustentabi l idade com eqüidade soci

    al,  ou seja , equil íbr io ecossocial sem (ou pelo menos com um mínimo de) iniqüidade.

    Longevidade, hoje , s ignif ica o quanto a sociedade está disposta a se sacr if icar para

    el iminar ou minimizar o r isco. Diante da escassez global e progressiva de recursos não há

    como ignorar a quantif icação da cer teza e da var iabi l idade, por mais mecanicista que seja ,

    bem co m o o valor predi t ivo, prát ico c apl icado do s estudos de r isco. Ain da que prem aturo s,

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    buscam estabelecer probabil idades e custo-benef ício de necessidades essenciais do cidadão

    como: o combate ao cr ime, a redução da misér ia ou a melhor ia dos sistemas de saúde e

    educação.

    Em toxicologia , r isco baseia-se no estudo interat ivo das ciências exatas (matemática/

    estat ís t ica) , c iências biológicas e sociais , de modo a reduzir o empir ismo, as incer tezas e

    falhas na aval iação de toxicidade de agentes químicos. A toxicologia ambiental , por sua

    vez, estuda as interações tóxicas de substâncias químicas no ecossistema e sua capacidade

    de afetar a f isiologia normal de organismos vivos.

    O r isco potencial em toxicolog ia ambiental t ra ta do estudo da prob abil idad e de fontes

    per igosas para a saúde e o meio ambiente , capazes de provocar dano, doença ou morte para

    os seres vivos quando em concentrações super iores àquelas que estes possam assimilar cm

    condições normais, is to é , absorver , distr ibuir , metabolizar e e l iminar do organismo.

    Quando se refere a r isco c ao per igo, torna-se essencial def inir a terminologia , pois

    com um ente são usados com o s inônimos ou de modo inconsis tente , de manei ra a não deno

    tar possibi l idade ou probabil idade.

    A u niform idade no uso destes e de outros term os é desejável , já qu e se tra ta de jargã o

    nos compê ndio s e t raba lhos em saúde ambienta l . Ass im sen do, def ine-se com o:

    • Risco: a probabi l idade med ida ou es t imad a de dano , doen ça ou mor te causa da por

    um agente químico em um indivíduo a este exposto.

    • Per igo: te rmo qua l i ta t ivo que expressa o potenc ia l noc ivo do agente para a saúde

    e/ou para o meio ambiente .

    • Aval iação de Risco: o pr imei ro passo no desencad eamen to de processos de c isór ios ,

    advém do conhec im ento da relação causa-efe i to e de poss íve is danos ocas io nado s

    pela exposição a um determ inad o agen te qu ímic o. As etapas de Avaliação de R isco

    também oferecem sinonímia própr ia:

    • Identif icação de Per igo: t ra ta-se da identif icação do agen te per igoso na sua essên

    cia , seus efei tos, as condições de exposição e a população-alvo.

    • Avaliação da Expo sição: refere-se à quantificação da concen tração do agente

    nocivo em um meio, para um indivíduo ou grupo.

    • E s t i m a t i v a d o R i s c o : r e l a c i o n a a q u a n t i f i c a ç ã o d a r e l a ç ão d o s e - r e s p o s t a

    ou dose - e f e i to pa r a um dado agen te ambien ta l , demons t r ando a p r obab i l i

    dade e a natureza dos seus efei tos na saúde e no meio ambiente .

    • Expo sição ou Do se: t ra ta da def inição quanti ta t iva da concen tração de substân

    cia química que at ingiu (dose externa) o indivíduo ou daquela que foi absor

    vida (dose interna) por ele.

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    • Carac te r ização do Risco: t ra ta -se da reunião das e tapas ante r iores que , de posse

    de todos os dados dispon íveis sob re o assun to, caracter iza o uso específ ico ou a

    ocor rênc ia de dano, doença ou mor te provocada por exposição a de te r minada

    concent ração de agente químico.

    • Ge r enc iamento ou Ges t ão de R i sco : a s s im co nceb ido , r e fe r e -se à c om par ação

    do r isco calculado ou dos impactos para a saúde púb lica, da exposiçã o amb iental

    ao agente , bem como a possível constr ibuição de fatores sociais e econômicos

    que incluem também os benef ícios associados a estes. Em últ ima anál ise , neste

    processo, pode-se estabelecer que perante as condições propostas, o r isco pode

    ser aceitável.

    Outro aspecto de grande relevância para o estudo do r isco refere-se à percepção da

    existência do r isco químico pela população le iga. Ainda que as preocupações relat ivas à

    saúde façam par te de nossas vidas desde tempos imemoriais , só recentemente têm sido

    evidenciadas mudanças signif icat ivas nas a t i tudes e na acei tação do r isco. Durante o pro

    cesso evolut ivo, os organismos t iveram de se adaptar e se a justar a agentes químicos

    endógenos c exógenos na luta pela sobrevivência entre espécies. Até os mais evoluídos

    sofreram um processo de seleção natural e adaptações f is iológicas que concorreram para o

    aperfeiçoamento de sua interação com o meio ambiente que os cerca. O homem, além

    disso ,  vem d esenvolvendo , ao longo do tempo , padrões cul tura is e de com por tam entos que

    minimizam ou mesmo evitam a exposição a agentes químicos nocivos. Tais a justes têm

    desper tado a consciência cr í t ica de dir igentes e autor idades que não consideram o r isco

    como fator inevitável .

    Pra tt & Zeckh auser (19 94) , em inte ressante exerc íc io econom étr ico, d iscutem sobre o

    desejo individual e colet ivo de cidadãos desembolsarem de suas própr ias economias para

    reduzir o r isco. Mostram que esta vontade depende de quão enraizado o r isco pode estar no

    seio populacional , do grau desse r isco e da magnitude de redução do r isco ( intervenção)

    oferecida por cada centavo desem bo lsado . Para tanto, dem ons tram (Gráf ico 1) que , quan to

    maior é a fração de redução do risco (0,25), maior será o custo final para o grande público,

    mas que, não necessar iamente, is to abala a vontade de desembolsar de suas economias para

    evitar o r isco. Entretanto, quando a f ração de r isco reduzido traz soluções ínf imas ao pro

    blema (0,1) , não apenas eleva a quantia a ser dispendida pelo segmento mais exposto como

    tamb ém reduz o dese jo do desem bolso. S i tuações in te rmediár ias (0 ,16) consc ient izam ape

    nas o segm ento da população mais próxim o ao problem a (1 ,37 ) , ou seja , ocor re um a

    nít ida tendência ao comportamento individual ista .

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    Fatores cont r ibuintes para a percepção do r isco químico pe las populaçõ es têm s ido as

    campanhas de protes to de organizações não-governamenta is cont ra os danos ecológicos e

    humanos causados pe la exposição a agentes dec la radamente noc ivos à saúde .

    A consciência ambiental desses grupos está a lém das expectat ivas do público le igo no

    que tange à poluição do ar , solo e água. Refere-se também à contaminação ambiental por

    l ixo nuclear , ruídos e resíduos industr ia is . Pest ic idas têm desper tado uma atenção especial ,

    bem como xenobiót icos de pers i s tênc ia prolongada e , conseqüentemente , danosa para o

    m eio am biente , tai s com o: organoc lorad os , meta is pesados , c lorof luorcarbono e tc .

    Acidentes de grandes proporções têm aguçado o in te resse públ ico na proteção das

    comunidades . Dent re os desas t res ecológicos de grandes proporções , pode-se ass ina la r a

    contaminação de Seveso, I tá l ia , por d ioxina ; o ac idente da Baía de Minamata , Japão, por

    H g ;

      a con taminação de r ios amazôn icos por me ta i s pe sados como Hg, Cd e Pb , en t r e

    out ros ; as contaminações em Michigan, nos EUA, e em Formosa , na China , por b i feni las

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    poli-halogenadas (P CB s); e no Brasi l , a ampla contaminação da 'C idad e dos M en ino s ' - no

    bairro de Du que de Caxias , Rio de Janeiro, por toneladas de hexaclorociclohexano técnico.

    Esses inc identes têm serv ido para impor mu dança s subs tancia is na v isão conse rvado

    ra da sociedade, no que diz respeito aos métodos e processos da obtenção, ut i l ização e

    d ispos ição de produtos químicos . Mes mo porqu e , es tudos têm demons t rado os per igos d os

    efeitos retardado s na saúd e desse s agentes , tais co m o: doenças gené ticas e cânce r por expo

    s ição prolongada.

    A Avaliação de Risco Químico-Tóxico tem sido crucial para assegurar a qualidade de

    vida no ambiente. Vários países vêm uti l izando a Avaliação de Risco para substâncias quí

    micas produzidas ou importadas , na tentat iva de minorar o impacto do desenvolvimento

    industr ial na saúde e nos ecossis temas.

    CLASSES DO

      RISCO

    A Avaliação de Risco não é uma nova ciência. Há décadas vem sendo uti l izada por

    com panh ias de seguro, na proteção de carregamentos transportados por veículos e e mba rca

    ções de carga, na expectativa da ocorrência de acidentes naturais, colisões, abalroamentos,

    entre outros, que possam danificar ou fazer perecer o material segurado. Tais avaliações são

    relativamente simples mesmo que envolvam risco de vida, ou seja, baseado na experiência de

    atuários pode-se prever, com razoável grau de certeza, as falhas, erros, vítimas (inclusive) e

    acidentes que, porventura, venham ocorrer com esses carregamentos , baseado em experiênci

    as acumu ladas pert inentes às rotas e desvios de percurso que aconteceram em si tuações ante

    riores.

    Na realidade, o resultado da Avaliação de Risco de um determinado evento es tá nas

    apólices de seguro diretamente relacionadas com o prêmio a ser pago pelo beneficiár io, e

    es te com a magnitude do evento. Atualmente, os r iscos não são caracter izados apenas para

    os bens mater iais ; outras classes podem ser incluídas , como apresentado a seguir :

    • Ris co para pes soas : refere-se ao r isco intencional , ou não, de profissões ou at ivida

    des perigosas ou insalubres que venham a inf l igir algum tipo de doença, lesão ou

    m es m o mo rte daquele s que es tão expos tos a es tes . Parte daí a idéia de se fazer u m

    seguro especial de parte do corpo hum ano de 'm aio r ' valor para o beneficiár io. Por

    exemplo , as mãos dos p ian is tas e c i rurg iões , as pernas dos ba i lar inos , a audição

    dos af inadores de ins t rumentos de corda , ou por ou t ro lado , a própr ia v ida dos

    submarinis tas , escafandris tas , entre outros .

    • Risco para o amb iente : t rata do a tivo e do pass ivo ambienta l an te a contamin ação ,

    poluição, degradação ou devastação dos recursos naturais e dos ecos sis temas . C om o

    exemplo, temos a emanação de gases e vapores perigosos ou tóxicos por indústr i

    as;

     a con tam inaç ão de manan ciais por pest icidas ou meta is pesad os; o efei to es tufa

    por combustão de derivados de petróleo.

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    Risco para bens materiais: refere-se à probabilidade da ocorrência de eventos

    inesperados, cujos custos são estimados ou perdas contabilizadas no valor total

    do seguro. Por exemplo: seguro de veículos e cargas; contra incêndios, roubos e

    furtos; em casos de corrosão de pontes e edifícios; nos eventos naturais, como

    sismos e maremotos.

    Na classe de risco para pessoas existe um fator preponderante que pode determinar o

    aumento ou diminuição do grau do risco no evento: o fator humano. Assim, poder-se-ia

    condicionar a ocorrência do fenômeno à volição, ou seja, ao ato determinado, ou não pela

    vontade do homem.

    A classe de risco para pessoas deve então englobar:

    O risco voluntário: decidido pelo livre arbítrio do indivíduo, ou seja, um risco

    intencional calculado (extração de minérios, jateamento de areia etc.).

    O risco involuntário: onde o indivíduo não sabe o que está acontecendo, não tem

    consciência do perigo ou não foi informado sobre o assunto (trabalhar ou morar

    em áreas extremamentes poluídas, pessoal de escritório que executa atividades em

    plantas industriais insalubres etc).

    Existe ainda um risco que não é percebido ou sentido, mas que pode se revelar alta

    mente perigoso no momento em que se prenuncia: é o chamado risco potencial (galão de

    combustível bem acondicionado, cápsula intacta contendo microorganismos de alta viru

    lência etc).

    A Gestão de Risco trata do processo decisório que leva em consideração fatores como:

    Avaliação de Risco, facilidade tecnológica, relação custo/benefício e custo/efetividade, preo

    cupações do público e outras atitudes eminentemente políticas.

    Para entender melhor a magnitude do evento considerado arriscado ou perigoso, é

    necessário montar cenários específicos que possam descrever as circunstâncias pelas quais

    os objetos (biológicos ou não) possam estar expostos a esses riscos (por exemplo: poluentes

    ou contaminantes). Esses cenários freqüentemente formam a base necessária para a padro

    nização, regulamentação e avaliação do risco específico. Eles podem ser compostos de uma

    ou mais vias de exposição e, por conseguinte, utilizados para estimar graus de exposição a

    agentes. Algumas informações podem ser essenciais para se estabelecer o desenho comple

    to de um cenário, quais sejam, entre outras:

    fontes de perigo (ascarel armazenado em tambores de latão, por exemplo);

    fatores de deflagração (tambores contendo ascarel expostos ao tempo, por exemplo);

    transporte e transformação (capacitores com ascarel submetido a altas temperaturas >

     1.000ºC,

     

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    • e x p o s i ç ã o h u m a n a ( c o m u n i d a d e le ig a  com acesso  a  tambor es con tendo a sca r e l ,

    por exemplo) ;

    • in ge stã o

      ou

      captação ( fugas , der rames

      ou

     uti l ização

      de

      asca r e l con taminado

      em

    domic í l i os ,

     por

     exem plo) ;

    • fa to re s

      de

      conf und imento

      (por

      exemplo, re la t ivo

      ao

      ambiente : la tões contendo

    ascare l deposi tados  em vazadour os ou em área cont ígua a  zonas industr ia is; re la

    tivo ao  homem: tabagismo, e t i l i smo, exposição a pest ic idas c lorad os etc).

    TOXICOGÊNESE DE SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS

    A c u m u l a m - s e

      as

     evidênc ias

     de que os

      fatores ambientais

      que

     dete r minam

      a

      higidez

    dos ecoss is temas vêm gradualmen te sendo mod if icados . Ent re tanto , são escassos os relatos

    sobre as alterações que  tais fa tores tenham determinado os níveis de  correlação entre essas

    m u d a n ç a s e a deter ioração da saúde do ecoss is tema. N ão obs tante , existe m for tes su spei ta s

    sobre

      os

      xenoquímicos b ioacumuláve is

      que

     cont inuam

      se

     depos i t ando

      nas

     diversas m at r i

    zes biót icas e  abióticas.

    O poss íve l r esul tado que o  h o m e m c o m p a r t i lh a ,  no m o m e n to , com a  natur eza ,  é a

    pr ogr e ss iva reduçã o

     do

     n ú m e r o

     de

     espéc ies v ivas

     que até

     então

     não

     tinham ex pec ta t iva

     de

    ex t inção eminen te , a s s im como  em  co nt r apa r t ida  o  r essur g imento  de  enf e r midades  por

    agen te s b io lóg icos

      que já se

      cons ide r ava

      sob

      cont r o l e ,

      a

      s u p e r p o p u l a ç ã o

      ou

      m e s m o

      a

    prol i fe ração  de  mic r oor gan i smos nunca an te r io r mente i den t i f i c ados  em  ár eas  de  c o l o

    nização recente (Pla t t , 1995; Couto, 1996) .

     Na

     real idade , t r a ta - se

     de uma

     r e a d a p t a ç ã o

     das

    espéc i e s  às  cont ingênc ia s r e su l t an t e s no tadamente  do  est re s se qu ím ico  do  a m b i e n t e ,  ou

    seja ,  uma  c o n t e n d a  de  sobr ev ivênc ia  ao  d e s a p a r e c i m e n t o  da  s i m b i o s e q u í m i c a  com o

    ecoss i s t ema .

    C o m o as condições de  desequi l íbr io dependem bas icamente da quant idade ,  da  dur a

    ção

      e da

      intens idade

      da

      exposição

      aos

      xenoquímicos , ma i s c edo

      ou

      mais ta rde

      se

      haverá

    es tabe lec ido

      a

     etiologia quím ica

     e as

     respec t ivas re lações dose- respos tas dessas in te rações

    na procura do nexo causa l de tais ext inções . R es t r ingindo a discussão a  substânc ias quími

    cas ,

     pode r-se- ia infer ir que essas a l terações são de  origem essenc ia lmente ant ropogênica  e

    in t imamente re lac ionadas

      às

     emissões

      de

      grande quant idade

      de

     contaminan te s

     no ar, ma

    nanciais , aqüíferos, a lém

     de

     adit ivos tóxicos

     nos

     alimentos

     e em

      solos cul t iváveis ,

     a

     dispo

    s ição  de  deje tos urbanos per igosos não-degradáve is ,  a  excess iva combustão  da  biomassa

    (carvão, madei ra e petróleo) e o desenv olvime nto indust ra l desenf reado.

    O r i sco potenc ia l

     de

     alimentos , água ,

     ar e

     solo contaminados

     por

     xenoquímicos

     são as

    causas ma i s comu ns  de doenças de  etiologia ambiental (Craighead, 1995) . O c a m i n h o que

    c o n d u z

      ao

      apar ec imento

      de

      modif icações subc l ín icas

      nas

      populações expos t a s , doença

    ( mor b idade )  e  casos fatais (mortal idade)  são apresentados  na Figura  1 (Vaca-M ier  Cal

    das ,  1995) .

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    A despei to de muitos es tudos  em toxicologia te rem dem ons t rado q ue , com algumas

    exceções , quase todos

     os

     xenoquímicos são inócuos quando d isso lv idos

     no

     m e i o

     em

     quan

    tidades iguais  ou próx imas  à relação

      1:10

    9

    ,

     ou seja , aproxima dame nte lp pb e, por cons e

    guin te , as  interações tóxicas  são improváveis ,  os mode los  de Aval iação  de  Risco podem

    demons trar ,

     por

     extrapo lação, que tais quantidade s podem ocasion ar danos ir reparáv eis

     ao

    organ i s mo .

     Por

     exemplo ,

     a

      ingestão diár ia

      de 1

     litro

     de

      água potável tratada

     por

     m e i o

     da

    cloração (Yang, 1994).

    1

      O  autor postula elegantemente que, no universo  de molécu las , o

    espect ro capaz  de  produzir êxito letal de uma célula  ou  tecido  é  ext remamen te pequeno

    quando com parado com os métod os usuais de análise das curvas dose-re sposta/d ose-efe i to.

    Traduzindo

      e

      adap tando

      a

      curva dose-resposta apresentada pelo autor ,

      ou

     seja, transfor

    ma ndo-a em curva logar í tmica do número de moléculas  versus a  respos ta máxima observa

    da (morte) , incluindo doses tóxicas  e letais , a escala de m agn i tude  da curva s igm óide , de

    inclinação bastante pronunciada, parece desprezível , ainda que seja 10

    3

     ou 10

    4

     vezes m aior

    que

     a

     dose on de

     há

     ausência c omple ta

     de

     efei tos (convencionalmente d enom inada de

      N O E L

    -  No  Observed Effect Level) (Gráfico  2). Neste caso , a respos ta  à  dose molecular média

    ( R M

    5 0

    ) p roduzida por um agente com o o clorofórmio ser ia de 5 X 10

    16

     m olécu las , ao passo

    que  a  resposta letal ser ia obtida com doses moleculares  de  1 X  1 0

    l 8

    . Proporcionando tais

    valores

     ao

     n ú m e r o

     de

     células

     do

     organ is mo human o

     de um

     adulto

     de 70

     kg, seria plaus ível

    imaginar que a  dose letal seria de 10

    2

     a  10

    3

     moléculas de clorofórmio  por célula. Isso vem

    conf i rmar  a  vulnerabil idade biológica dos s is temas a  subs tâncias xenoquím icas , que , con

    frontadas com as halobió t icas (com o o  ferro), deveria ter uma dose letal de 10

    4

     a 1 0

    5

      m o l é

    culas

     do

     meta l

     por

     célula (G osser

     

    Bricker, 1994).

    O espec t ro prev iamente me ncionad o pode ser reduzido dras ticamente (1 0

    1

     a 10

    2

    )

     pela

    presença de misturas químicas múlt iplas , ou seja, quantidades minúsculas destas substânci

    as em  associação podem desenvolver ações s inérgicas e/ou com pleme n tadas p rovocando

    efeitos intensos diversos

     nos

      sistemas biológicos (Kligerman

      et

     al., 1993 ).

    Teoricam ente, por exposição ambiental múltipla pode-se observar a superposição de efei

    tos tóxicos. Por exem plo, curvas teóricas concentração-resposta que dem onstram

     a

      toxicidade

    de metais pesados (Pb, Hg e A s) no sistema nervoso central de  humanos (Gráfico 3). Onde o

    logaritmo da concentração sangüínea (m g/dl) foi plotado, versus  a porcentagem de toxicidade

    obtida até

     o

     êxito letal. Neste caso,

     o

     risco torna-se proporcional ao núm ero

     de

     agentes q uími

    cos,

      modo

     de

     ação, dose absorvida, interação c om

     o

     sistema biológico, entre outros.

    CONVIVENDO COM  O  PERIGO

    Ações regulamentadoras como aquelas preconizadas  nos Programas de Prevenção de

    Riscos Ambientais (PPRA), adotadas pelo Minis tér io  do  Trabalho  em  1995, mesmo que

    preambulares , são de imensa im portância no desenvolvimento das ciências do r isco. Enquan

    to a Avaliação

     de

     Risco Tóxico trata de analisar as características pelas quais

     os

     agentes quí

    micos

     e

     as condições de exposição hum ana pod em determ inar

     a

     proba bilidade p ela qual estes

    1

      Ver adiante exemplo relatado por

     Jo,  WEISEL

     

    LIOY (1990).

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    possam ser deleteriamente afetados, o gerenciamento do risco é o processo em que se deter

    mina a medida mais adequada para controlar ou el iminar o r isco.  Ε o qu e se p r e te n d e c o m

    programas s ingelos como esses , mas de grande a lcance socia l .

    N o s

      países em desenvolvimento, onde a apl icação desses conhec imentos é bas tante

    escassa, med ida s de intervençã o quase semp re resul tam em açõe s drást icas , sens acion al is¬

    tas e , em geral , impróprias para l idar com o problema, for temente determinadas por indica

    dores sociopolí t icos do per íodo em questão. Com freqüência , permitem-se níveis de expo

    s ição/contaminação bem ac ima daque les reconhec idamente inócuos à saúde da população.

    Em mui tas c i rcuns tânc ias , por exemplo, a descontaminação de s í t ios com res íduos per igo

    sos é bem menos r igorosa do que a necessár ia para preservar os recursos ambientais dispo

    níveis , uma vez que os própr ios moradores da área se acostumaram a conviver com o per i

    go .

     No Q uadro 1, apresentam os um a l is ta de res íduos cons iderados per igosos . Com mu i tos ,

    as comunidades convivem diuturnamente sem se aperceberem ou mesmo se incomodarem

    com o r isco potencial que representam.

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    D ep end en do do grau de ignorância científ ica, os resultados de um a Avaliação de Ris

    co são desprovidos de qualquer importância ou mesmo interesse para as comunidades afe

    tadas,

      na sua capa cidad e de lutar por melho r qualidade de vida, ou seja, med ida preventiva

    (precatória) por dem and a pública efet iva capaz de ma nter ou reduzir a incidênc ia/prevalência

    de doença, dano, lesão ou morte provocadas por exposição a agentes perigosos .

    Entretanto, Kelly & Cardon (1994) f izeram vários questionamentos sobre a or igem e

    definição de r isco aceitável para populações humanas, conjecturando as bases científ icas

    que levaram as agências governamentais a es tabelecerem que o r isco para a saúde humana

    é a chanc e de , por exem plo, um indivíduo em um milhã o (1:1.000.000) desenvolver cânc er

    ao longo de sua vida, em decorrência da ingestão de cer ta quantidade de al im ento con tend o

    pesticida ou adit ivo al imen tar sabidam ente carcin ogên ico. N a opinião das autoras , um r isco

    de 1 mil a 100 mil vezes infer ior à probab il idade d e adquir ir câncer por todas as outras

    causas . Ainda em se tratando de contaminação ambiental , al imentar e ocupacional , a possi

    bil idade de se at ingir o r isco 'essencialmente zero ' (10

    6

    ) é vir tualmente implausível e eco

    nom icam ente inv iável . Para as pesquisadoras , ser ia o m esm o que cons iderar que s ome nte a

    velocidade de 1,6 Km/h (1 milha/h) ser ia aquela vir tualmente segura e aceitável para que

    não ocorram mortes por acidente automobil ís t ico em rodovias , levando-se em consideração

    a relação custo-benefício embutida no conceito de tráfego automotr iz.

    Ainda que conservadores , esses níveis de r iscos (1:1.000.000), largamente uti l izados

    por agências regulamentadoras internacionais , têm s ido objeto de constantes reavaliações ,

    e as ex t rapolações , cu idadosamente red imens ionadas por tomadores de decisão que têm a

    intenção (muitas vezes relutam) de aplicar tais l imites para implementar aleatoriamente

    normas e decretos com esta f inalidade.

    Em síntese, pode -se dizer que a Avaliação de Risco tornou-se im portan te ins trum ento

    para a identif icação do Risco Potencial de agentes (quím icos , fís icos ou biológico s) no civos

    à saúde da população, para a formação de polí t icas públicas e regulatórias , bem como para

    o es tabelecimento das pr ior idades de combate dimensionadas a es tes agentes , seja na área

    pública ou privada, com implicações econômicas inequívocas nos processos decisórios a

    que es tão sujei tos . Tais considerações têm, em geral , suscitado acalorados debates sobre o

    tema, por vezes pondo em dúvida a credibil idade dos métodos e medidas propostas . Trata-

    se de um assunto em plena ascenção, nos meios científ icos , que merece destaque nos pro

    cessos 'mo dela dos ' de desenvolv imento sus ten tável para pa íses do Terce i ro Mu ndo .

    A RELAÇÃO DOSE-RESPOSTA

    Para cada substância química exis te um espectro de doses para as quais não se conse

    gue identif icar manifes tações de toxicidade em pessoas expostas . Porém, quando esse é

    extrapolado, efei tos tóxicos começam a aparecer , com gravidade e freqüência dose-depen¬

    dentes . Agentes químicos diferem muito entre s i na sua dose-resposta caracter ís t ica. Se

    cons ideramos unidades de medida em ordem de grandeza proporc ional ao micrograma

    (µg) ou mesmo ao micromol (µmol) , compor tam-se de igual maneira em termos f í s ico-

    quím icos , porém bastante diversa em termos de potênc ia e ef icácia, em diferentes espé cies

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    anima is , sob as m esm as cond ições de tes te , a inda que todos possam de sencad ear o m esm o

    tipo de fenômeno.

    Por mais abjeto que seja , somente a par t i r da aval iação das caracter íst icas da relação

    dose-resposta consegue-se entender quais os r iscos para a saúde que ta is substâncias cau

    sam. Signif ica dizer que para cada uma delas, se conhecemos o espectro de doses conside

    radas inócuas e , por con segu inte , onde e co m o os efei tos tóx icos se iniciam, torna-se poss í

    vel prevenir exposições que sejam capazes de desencadear efei tos deletér ios no organismo.

    Todavia , especial is tas em Avaliação de Risco Toxicológico se encontram bem distan

    tes destes objet ivos. A começar pela escassez de dados sobre dose-resposta e toxicidade,

    disponíve is apenas para uma reduz ido número de agentes químicos . Para nosso contenta

    mento , a g r ande ma ior i a de subs t ânc i a s manuf a tu r adas pa r a uso como medicamentos ,

    pest ic id as, adi t ivos al imen tares e para outros propósi to s industr ia is têm essas caracter ís t icas

    bem de l ineadas , ao cont rá r io do que acontece com dezenas de mi lhares de produtos de

    consumo diá r io ou mesmo componentes na tura is de nossa die ta .

    Assim, se faz importante lembrar que uma das molas propulsoras da toxicologia como

    ciência foi justam ente aqu ela que originou as preocu paçõe s com a saúde dos trabalhadores pela

    expo sição a vários toxicantes gerados pela revolução sem precedentes na indústria quím ica.

    Associe-se a is to a regulamentação normativa que introduziu a obr igator iedade de

    aval iação de toxicidade de muitas dessas substâncias, antes que estas estejam disponíveis

    para com erc ia l ização. No entanto , o m esm o não acontece na á rea de subs tânc ias de or igem

    natural , a lém do que também ser ia incorreto af irmar que conhecemos profundamente a

    toxicogên ese das subs tânc ias já es tudadas .

    A documentação disponíve l reve la que es tamos mui to mais próximos do empir i smo

    do que da val idação cient íf ica , ou seja , mesmo para substâncias mais conhecidas são ainda

    bastante incer tos os espectros de ação onde se pode declarar com razoável cer teza as doses

    seguras e inseguras de exposição. Por mais inusi tado possa parecer , mas este seja ta lvez o

    pr incipal motivo para que haja compreensão do valor , ou que just i f ique uma Avaliação de

    Risco To xicológico.

    Cabe aqui uma breve explicação do grau de importância dado à representação gráf ica

    (gera lmente uma curva) da re lação dose- respos ta . Como toxicologis tas , ac redi tamos que

    quanto mais diversif icada for a informação a respei to do produto (categor ia e t ipo de

    toxicid ade, por exem plo ) , m aior será o con hec im ento sobre seus efeitos deletér io s na f isio¬

    logia do organismo.

    Especial is tas em Avaliação de Risco, por outro lado, gostar iam de ter em mã os resul ta

    dos ligado s a espéc ies tão nobres qu anto os seres hum ano s, de preferência por diferentes vias

    de exposição, de mod o a infer ir gravidade à exposição, me sm o por pequenas qu antidades do

    agente .

    Não se deve esquecer de ressal tar a prudência em aval iar em detalhes quaisquer

    extrapolações fei tas a par t i r das curvas dose-resposta , uma vez que a grande maior ia das

    informações cient íf icas obt idas advém de invest igações epidemiológicas e estudos exper i

    mentais real izados em animais de laboratór io. E, tanto no pr imeiro quanto no segundo caso,

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    relatos sobre o binômio dose observada-resposta esperada são bastante imprecisos sob o

    ponto de vista predi t ivo (para seres humanos) .

    Entretanto, com o f ranco desenvolvimento cient íf ico, esta possibi l idade se torna cada

    vez m ais próxim a. Em algu ns casos, já se con segu e obter a con centraç ão de subs tâncias e

    seus metabóli tos em f luidos biológicos e tecidos-alvo, de modo a designar sua real a t ivida

    de intr ínseca, is to é , repercussões cl ínicas no objeto biológico. Exposição ou dose externa

    ( em m g / m

    3

      ou mg/kg de peso/dia) de chumbo, por exemplo, não se const i tui hoje um bom

    indicador do grau de r isco como o que se ver if ica usando a f luorescência de raios X de

    tecido ósseo (X RF ) para detectar a dep osiçã o de Pb (dose interna) ao longo da vida (W edeen

    et a l . , 1995) , mesmo com as atuais l imitações da técnica.

    Por sua vez, geram bastante controvérsia as respostas tóxicas esperadas. As do t ipo

    ' tudo-ou-nada ' , i s to é , d icotômicas ou descont ínuas , que se t r aduzem na inc idênc ia de

    toxicidade em uma grande var iedade de eventos cl ínicos ou exper imentais , e as respostas

    contínuas, que espelham a sever idade do quadro de intoxicação ante as doses simples de

    uma substância . Em nenhum dos dois casos há o r isco potencial dos agentes envolvidos, ou

    seja, não se deve confundir tox icidad e com r isco . C om o exem plo do pr im eiro caso, temos o

    efei to tumorigênico da 2-naf t i lamina, que pode provocar câncer de bexiga em trabalhado

    res da indústr ia têxt i l ou em an ima is de exper iência , e , no segu ndo , a toxicid ade hep át ica d o

    tetracloreto de carbono que, de acordo com a dose, vai progressivamente degenerando o

    parênquima até a completa morte celular . Nas duas si tuações o r isco de câncer existe , mas

    não necessar iamente em conseqüênc ia da exposição aos produtos .

    Um bom exemplo é o que se re fe re à inges tão de bebida a lcoól ica , no qua l a té um

    determinado níve l sé r ico , torna-se fac t íve l a f i rmar que uma pessoa não es te ja sent indo

    abso lu t amente nada , por ém, quando ce r to l imi t e é u l t r apassado ( va r i ando de ind iv íduo

    para indivíduo) , es ta se apercebe que es tá sob a inf luênc ia dos e fe i tos inebr iantes pró

    pr ios do á lcool . Ainda que es tes e fe i tos não se jam ni t idamente de tec tados , é bas tante

    prováve l que quando se passa a se r usuár io c rônico, cedo ou ta rde desenvolver - se -á um

    gr ave quadr o de degene r ação gor dur osa do f ígado . E x i s t em inúmer os exemplos de to

    l e r ânc i a ao agen te , en t r e t an to , s ab idamente uma f r ação da popu lação t em um ' l imia r '

    que pa r ece e s t a r í n t ima e qu imicamente r e l ac ionado ao de senvo lv imento da doença

    ( c i r r ose hepá t i ca ) .

    Es ta abordagem sobre pa tamares de respos ta da curva dose-efe i to carac te r iza o que

    se convenc ionou chamar de

      NEL (NO

      Effect Level) ,

      NOEL (NO

      Observed Ef fec t Leve l ) ,

    NOAEL  (No Observed Adverse Ef fec t Leve l ) e  FEL  (Frank Ef fec t Leve l ) (Gráf ico 4) ,

    a c r ôn imos ado tados da l í ngua ing le sa .

    2

    Dentre esses , o

      NEL

      foi pra t icamente desprezado, pois s igni f ica ausênc ia comple ta

    de e fe i to de uma subs tânc ia . Não se pode infe r i r que uma de te rminada dose se ja absolu

    tamente desprovida de e fe i to . O a rgumento de contes tação é que os in t rumentos disponí

    ve is de de tecção e medida foram incapazes de perceber , a té o momento, qua lquer a l te ra

    ção no obje to biológico.

    2 P a r a m a i s d e t a l h e s , v e r c a p í t u l o 4 e g l o s s á r i o .

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    Em ambos casos, a porção da curva que estabelece a t ransição efei to tóxico e não-

    tóxico é tecnicamente chamada de ' l imiar ' , mas na real idade tra ta-se de um concei to vir tu

    al,

     pois se há que provar a existência de efei to an ter ior ao qu e foi dem on strad o co m o ausên

    cia de resposta, o que torna o pleito cientificamente contestável (Gráfico 4).

    GRÁ FICO 4 - Curvas dose-resposta diagramadas para demonstrar os diversos segmentos da resposta p

    fatores de incerteza (Fl) e fatores modificadores (FM), não impõe risco à popu lação. Enquanto as dem ai

    não são observados (NOA EL), apenas alguns efeitos adversos não são observados (LOAEL ) OU quando

    O  NOEL  admite es ta poss ibi l idade quando insere o conce i to de 'observado ' , ou se ja ,

    não foram notados os e fe i tos em uma de te rminada dose , mas é prováve l que exis tam (é

    bom lembrar que a grande maior ia de resul tados des tas curvas são obt idos de um número

    l imi tado de animais de exper iênc ia e de dados epidemiológicos com ampla margem de

    confundimento) . Mesmo porque , curvas dose- respos ta /dose-efe i to t íp icas gera lmente des

    prezam es ta t i s t icamente os resul tados apontados nos seus ext remos. I s to s igni f ica que

    quan do os m esm os se d i s t ri buem nor m a lmente , 4 , 6 dos dados que se agr upam nos

    ext rem os da curva (2 ,3 em cada lado) não têm s igni f icado es ta t í s t ico para um de te rm i

    nado even to , e s tuda do na ma ior i a da po pu lação .

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    18/26

    O

      NOAEL

      contempla o conce i to de ' adverso ' , e des ta forma também a capac idade

    metaból ica e /ou regenera t iva do organismo de não de ixar que ocor ram danos ce lula res

    antes que as concent rações esgotem a habi l idade de reparo das cé lulas ou tec idos .

    O

      FEL

     é um nível de dose ou concentração que adm ite uma respo sta ou efeito 'ab er to '

    (franco) da substância.

    Todos estes conceitos implicam afirmar que na realidade não existem limiares, mas sim

    limitações na capac idade de detecção ou m edida de eventos bioló gicos, ou seja, o risco persis

    te até que a dose ou conc entraçã o do xeno biótico decaia para zero. He nrion & Fischoff (198 6)

    demonstram, no Gráfico 5, exatamente a variação (leia-se incerteza) observada na medida da

    velocid ade da luz no curso do último século e, ainda, que m eno s de 50 dos limites estabele

    cidos incluíam os valores atuais no cálculo da variação do erro. Po rém , algu m as contro vérsias

    fora do escopo deste texto podem ser identificadas em tais conceitos.

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    19/26

    Rod r icks (1992) busca demonst ra r , u t i lizando curvas dose- respos ta h ipo té t icas (Grá

    f ico 6) , o comportamento de efei tos l imiares e não- l imiares em modelos que teor icamente

    representam a probabil idade de se adquir ir câncer , induzido ao longo da vida, por exposi

    ção a doses mínimas de uma substância . Nesta si tuação, considerou como r isco tolerável

    aquele em que se obtém apenas um único caso desta doença em uma população de 100 mil

    pesso as, ou seja, um a probabil idad e 10 mil vezes me nor que aquela ob servada para o valor

    mínimo de r isco est imado para testes com animais inteiros.

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    20/26

    Assim, uti l izando-se diferentes modelos , observam-se importantes variações de acor

    do com as extrapolações permitidas por determinado modelo. No caso da curva C, por

    exemplo, somente uma dose três ordens de magnitude superior ser ia capaz de induzir cân

    cer com o r isco de 0.01 , ou seja, aproxim adam ente mil vezes infer ior à dose corres pon dente

    ao r isco tolerável ut i l izando-se os dois outros modelos (não-l imiares) .

    3

    ASSESSORANDO O RISCO

    Avaliar r isco não s ignif ica s implesmente quantif icar o perigo destinando proporções

    às centenas de milhares de indivíduos expostos a um determinado agente ambiental . Impli

    ca elevada incerteza (probabil idade) que, entre outros conceitos , var ia enormemente, de

    acordo com o grau de importância dado pelo público (em geral, via órgãos formadores de opi

    nião) ao fenôme no ou evento.

    Morgan & Henrion (1992), redesenhando o gráf ico elaborado por Lichtenstein et al .

    (1978) (Gráfico 7) , observaram que a heurís t ica, mesmo operacionalizada junto a uma po

    pulação m ais esclarecida, es tabelece resultados bastante tenden ciosos (envie sados ) , fora da

    realidade dos fatos . Os casos de botulismo, por exemplo, es tar iam sendo superest imados

    pela população entrevis tada, ao passo que os derrames cerebrais , subestimados. Os primei

    ros,  largam ente alardeados pela mídia, ao passo que os últ imos sem desp ertar a devid a

    impor tância na mesma.

    No Brasil , em termos heurís t icos , um paralelo pode ser traçado entre a importância

    dos óbitos por  A I D S   e a mortal idade causada por diarréias em crianças com menos de um

    ano de idade.

    En quan to alguns r iscos são bem conhe cidos e entend idos pelo grande público, outros ,

    como os r iscos químicos , passam despercebidos. A morte anual por algumas at ividade cor

    r iqueiras , por exemplo, são de domínio público. A morte por acidente automobil ís t ico para

    um motoris ta habitual ser ia

      1:4.000.

      Para um ciclista cotidiano, esta seria de

      1:30.000,

      ao

    passo que para fumantes inveterados desde os 15 anos de idade a morte por câncer de

    pulmão ser ia de  1:800.  Ainda na década de 70 , Crouch & W ilson (1986) de mo ns t ram ,

    uti l izando a árvore de falhas/acertos , a probab il idade de mo rte por r iscos com uns e inusita

    dos como os apresentados no Quadro 2 .

    Como o r isco químico dispõe de reduzido senso comum - é menos conhecido - e

    quase sempre embasado em extrapolações de dados obtidos em animais de laboratório, o

    objet ivo maio r da avaliação será es t imar o exce sso de r isco caus ado por expo sição a o agen

    te químico acima da qual o r isco exis te, ainda que a exposição ao agente não ocorra.

    Ass im, sabe-se que a exposiçã o a xenoestróg enos, hormôn ios-s ímiles amb ientais (Aril

    (Ah)-agonis tas e antagonis tas) capazes de gerar um leque de al terações no s is tema reprodutor

    de ma mífe ros , nas últ imas duas década s têm sido responsabil izad os por ma is de um caso d e

    3 Para mais informações sobre tais conceitos, consultar o capítulo 4.

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    21/26

    câncer de mam a em cada mi l mulheres amer icanas (Davis & Bradlow, 1995). N o entanto ,

    há que se diferenciar , por exemplo, a incidência desse t ipo de câncer na presença e na

    ausênc ia desses ho rmô nios , que nes te caso denuncia que o excesso desses tum ores deve te r

    s ido provocado pe la es t imulação endócr ina dos tec idos , a t ivando a taxa de repl icação do

    DNA e , dessa forma, aumentando o número de mutações , poss ive lmente carc inogênicas ,

    que se mult ipl icam sem o devido reparo gênico.

    Co m o já dito anteriormente, r isco toxicológico significa probabilidade m edid a ou estim a

    da de que um evento nocivo à saúde venha a ocorrer por exposição a um xeno biótico. Co m o se

    refere à probabil idade de ocorrência , o r isco é expresso como fração, sem uma unidade de

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    medida específ ica . O espectro de valores var ia do zero (ausência absoluta de r isco) ao 1,

    qu and o há a total cer teza de qu e o r isco irá acontecer . Assim , o valor que est iver entre zero

    e 1 será interpretado co m o a prob abil idad e com q ue o r isco po derá ocorrer . O cálculo d e

    probabi l idades também inc lui o r i sco em excesso da população exposta , em comparação

    com a não-exposta .

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    Qu and o pos tulam os, por exem plo, que a exposição amb ienta l c rônica de um a cr iança

    a níveis e levados de chumbo (>10 µg/dl) deverá provocar um decréscimo de seu quociente

    intelectual numa razão de 1:100.000, is to implica af irmar que uma em cada 100 mil cr ian

    ças (expostas  versus  não-expostas) te rá seu desenvolvimento in te lec tua l ps icométr ico a fe

    tado pe la expo sição ao agente . Cr ianças bem do tadas in te lec tua lmente (Q. I .>130 ) , que com

    põem uma fa ixa reduz ida da população, se permanecerem com teores e levados de Pb, po

    derão apresenta r acentuado déf ic i t neurocogni t ivo, d is túrbios de com por tam ento e ap rendi

    z a d o ,  igualando-se em Q.I . à média da população ( -100) (Gráf ico 8) . Si lbergeld (1996)

    relata que nestes casos não conseguiu-se est ipular , a té o momento, um ' l imiar ' para ta is

    efeitos.

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    Todavia, o exemplo anter ior deixa bem claro que não se deve confundir Risco com

    Fator de Risco. Por exem plo, a obes idade n ão necessar iamente ocas ion a doen ças ca rdíacas ,

    mas é considerada um fator de r isco. Por conseguinte , obesos têm maior chance de adquir ir

    doenças cardiovasculares, a inda que possam exist i r outros fatores correlatos. O importante

    a relevar é a verdad eira contr ibu ição d o fator para que o r isco ven ha a ocorrer .

    Especial is tas no assunto têm também que ser hábeis o bastante para l idar com o leque

    de incer tezas que se impõe quando se t ra ta de r isco químico na área da saúde ambiental .

    Em gera l , nes ta s i tuação o ja rgão ep idem iológico é o m ais u t i l izado, de m od o que

    r isco relat ivo e r isco absoluto por agentes químicos são aleator iamente aufer idos sem a

    devida parcimônia da dúvida. Para superar as incer tezas lança-se mão de valores de refe

    rência inespecíf icos

      default)

      que podem supr i r es ta base de conh ec im ento ou com o dad os

    cient íf icos de produtos cujos valores ( indicadores de saúde ou doença, por exemplo) , este

    jam indisponíve is .

    Tom adores de dec isão devem, po r tanto , prees tabe lecer as escolhas que nor tearão suas

    conc lusões em uma Aval iação de Risco, inc luindo a maior probabi l idade poss íve l de incer

    teza (apl icando a distr ibuição de Monte Car io ou hipercubo la t ino, por exemplo) em cada

    opção, contr ibuindo assim para a diminuição de erro grosseiro ou for tui to.

    Não tão somente a par t i r de dados cient íf icos obt idos, mas vár ias hipóteses de t raba

    lho e modelos de extrapolação apl icados revelaram que o r isco de se contrair câncer inge

    r indo água clorada, a inda que cient if icamente plausível , não foi submetido a nenhuma ba

    ter ia de testes empír icos, não sendo, por tanto, comprovado.

    Em t raba lho recente , Jo , W eise l & Lioy (199 0) cons ideraram todos es tes asp ec tos

    quando e s tuda r am a concen t r ação de r e s íduo de c lo r o f ór mio na água pa r a consumo hu

    mano, que se r ia capaz de causar um excesso de cânceres ao longo da vida em uma popu

    lação de um mi lhão de pessoas . De acordo com índices de c loração da água empregados

    (24 pg/ l ) , conc luí ram que 122 pessoas qu e se banham por dez min utos /d ia em água c lo rada

    se expõem ao r i sco de adqui r i r câncer no curso de suas vidas , por meio da absorção

    dérmica e ina la tór ia do c lorofórmio, da mesma forma que a concomitante inges tão de um

    copo/dia (150 ml) ou de 2 L /dia de água c lorada nes ta concent ração i rá teor icamente

    incrementar o r i sco, r espec t ivamente para 153 ou 300 pessoas com câncer na mesma

    população, r i sco re la t ivamente ba ixo e , por conseguinte , d i f íc i l de se demonst ra r . O que

    s igni f ica diz er que a ma ior ia das Ava l iações de Risco Tox icológico são a inda hip óteses de

    t r a b a l h o c o m g r a n d e c o n t e ú d o e s p e c u l a t i v o , g e r a l m e n t e c a r e c e n d o d e e s t u d o

    epid em ioló gico de ordem p rá t ica , no qua l os ava l iadores base iam suas ações ora em regu

    lamentos lega is , ora na prudênc ia .

    Ent re tanto , há que se cons iderar que na tomada de dec isão sobre um problema,

    qua lquer in te rvenção pol í t ica antes de um consenso, aba l izado por espec ia l i s tas no as

    s u n t o ,

      não m inim iza a incer teza c ient í fica . Po rém , isso não desqua l i f ica es te t ipo de es tu

    do que , na rea l idade , de a lguma forma responde aos anse ios da população, ca rente de

    respostas sobre o tema, ante a pressão se le t iva imposta por ambientes contaminados por

    subs t ânc i a s qu ímicas .

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