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VISITAS GUIADAS COM INÍCIO A 7 DE MAIO SEMPRE ÀS 11 HORAS TODOS OS PRIMEIROS SÁBADOS DE CADA MÊS Os Paços do Concelho assinalam o seu centenário de portas abertas,com um programa de visitas especiais à história por detrás dos retratos e painéis de azulejos do edifício. Uma iniciativa aberta a todos!

Brochura Festa2Maio Baixa - visitviseu.pt · por excelência da cidade, recorda-nos a lenda do Rei Ramiro, remeten-do-nos para as origens mais remotas da cidade. Ao cimo das escadarias,

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VISITAS GUIADASCOM INÍCIO A 7 DE MAIO

SEMPRE ÀS 11 HORASTODOS OS PRIMEIROS SÁBADOS DE CADA MÊS

Os Paços do Concelho assinalam o seu centenário de portas abertas,com um programa de visitas especiais à história por

detrás dos retratos e painéis de azulejos do edifício.

Uma iniciativa aberta a todos!

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Ficha técnica

Coordenação

Núcleo de Imagem e Comunicação doMunicípio de Viseu

Assessoria histórica

Luís Fernandes

A paisagem urbana de Viseu é fruto de uma história de transfor-mações, com mais de 2500 anos. Em 1876 despontava um desses momentos de mudança, com a apresentação de um pioneiro plano de obras municipais, a partir do qual nasceu o Mercado 2 de Maio e o atual edifício dos Paços do Concelho.

Mas recuemos um pouco mais no tempo.

A partir de 1836, terminado o período de guerra civil entre liberais e miguelistas, afirma-se uma nova visão da administração autárquica.

As reformas políticas e administrativas deste período conferem ao município um maior leque de competências, nomeadamente no que respeita ao urbanismo.

Por outro lado, a criação dos distritos suscita um maior desenvolvi-mento de cidades que assumem as funções de capital distrital, como é o caso de Viseu.

Desde 1842, surge a iluminação pública e há uma maior preocupação com o abastecimento de água à cidade e às freguesias. São definidas regras de ordenamento urbano. A arborização de espaços públicos ganha importância.

Postal da Pap. Borges (c.1916)

E, seguindo os modelos de Lisboa e Porto, valoriza-se o passeio público, como elemento de sociabilidade e símbolo de modernidade. Assim, em 1845, o vasto espaço aberto do Rossio do Massorim (a atual Praça da República) transforma-se no primeiro passeio público da cidade, denominando-se “Rossio del Rei D. Fernando” ou (de forma mais corrente) Passeio de D. Fernando.

A necessidade de planear a futura expansão da cidade dá origem à primeira planta topográfica de Viseu que conhecemos, no ano de 1864. Nela podemos observar já novos arruamentos estruturantes da expansão urbana, como a Rua Formosa (ainda incompleta), e os mais recentes equipamentos como o Hospital da Misericórdia e o cemitério público.

1ª planta topográfica da cidade de Viseu, de 1864

Todavia, apesar dos progressos, este crescimento acontecia numa cidade onde o conforto e a limpeza no espaço público eram ainda deficitários, o comércio de alimentos frescos se fazia de forma precária em diversos largos da cidade, e onde eram mais comuns as quelhas e as ruelas do que as ruas com passeios.

E num tempo em que as sedes dos municípios deviam albergar não só a vereação e as repartições municipais, mas também outros serviços públicos (o tribunal, a cadeia, a repartição da fazenda, o registo civil e o administrador do concelho), Viseu não tinha edifício dos Paços do Concelho. A antiga Casa da Câmara, situada na atual Praça D. Duarte, tinha sido destruída por um violento incêndio, no Verão de 1796. Desde então, os serviços públicos tinham-se dispersa-do pela cidade, ocupando vários edifícios da cidade de forma precária (Paço dos Três Escalões e Seminário, entre outros) e a própria vereação reunia-se em casas alugadas a particulares.

Estampa de Almeida e Silva (“O Album Viziense”, abril 1884)

Postal de Adelino Ferreira (c.1920)

A afirmação de uma nova visão da cidade contará com um instru-mento importante, o “Plano d’obras municipaes, e meios de as levar a efeito”, apresentado em 24 de maio de 1876 pelo Vice-Presidente Andrade e Silva. Entre as principais medidas está a construção de “um mercado fechado aonde se possa expor à venda os diversos géneros de consumo” e de um “edifício para paços do concelho e repartições a cargo do município” (Atas das sessões da Câmara Municipal de Viseu, 1876-1878, fls.173-174).

As obras dos dois novos equipamentos estruturantes serão iniciadas em 1877 mas conhecerão ritmos diferentes.

O novo mercado, denominado Praça 2 de Maio, entrará em funciona-mento logo em 1879. Conhecerá ainda diversas alterações, entre as quais o alargamento para um novo piso e, já em 1915, a polémica construção de lojas na fachada da Rua Formosa.

A construção do mercado, entre 1877 e 1879, introduziu uma nova dinâmica na malha urbana e propiciou a decisão de rasgar uma nova rua ligando a zona comercial oitocentista à atual Praça D. Duarte; nasceria assim, anos mais tarde, a Rua do Comércio (atualmente denominada Rua Luís Ferreira).

Quanto ao novo edifício dos Paços do Concelho, após alguma discus-são, foi decidido construir o edifício dos Paços do Concelho no antigo Rossio do Massorim, retomando uma ideia discutida em anos anterio-res.

O projeto, da autoria do Engº. Matos Cid (1837-1915), , foi aprovado em janeiro de 1877. Todavia, ao contrário da Praça 2 de Maio, as obras do edifício dos Paços do Concelho prolongar-se-ão por 40 anos. Problemas de orçamento, dificuldades nas empreitadas, conflitos jurídicos, rivalidades políticas e mudanças de regime provocaram sucessivos atrasos e interrupções nas obras, pelo que a conclusão do edifício aconteceu já no século XX.

Alguns serviços públicos começaram a instalar-se no edifício ainda inacabado nos últimos 15 anos do século XIX. No mesmo período as reuniões da vereação começam a realizar-se pouco a pouco no edifício.

O coração administrativo da cidade transferia-se para o antigo Rossio de Massorim, afirmando-se a nova centralidade de Viseu. O Passeio de D. Fernando é melhorado e em torno do coreto animam-se as famílias em momentos de lazer.

Postal da «Tenda dos Artilheiros» (c.1916)

O edifício dos Paços do Concelho destacava-se naquele espaço, apesar da sua sobriedade. De planta retangular e com fachadas de dois pisos apresenta uma fachada principal neoclássica, dividida em vários panos por pilastras. Salienta-se o pano central, terminado em frontão triangular e ostentando pilastras toscanas no piso inferior e jónicas no piso superior. Três janelas de varandim sobressaem no piso superior, correspondendo ao espaço do atual salão nobre. As paredes brancas já então dariam relevo à cantaria em granito de janelas e portas.

Todavia, o imponente edifício, não estava ainda nas condições necessárias a todas a suas funcionalidades. Em 1900, a imprensa descrevia uma situação precária: “É um prédio que se reconhece ser de recente construcção, mas por dentro quasi em osso, mal dividido e sem uma sala em que se possa receber em audiência publica (…) um simples burguez que não queira sair de lá com as calças rôtas em algum prego e vincadas de pó e com o chapéu cheio de teias

Postal da «Tenda dos Artilheiros» (c.1916)

d’aranha” (O Commercio de Vizeu, 6/05/1900). Efetivamente, o átrio, a escadaria principal e, mais tarde, o salão nobre seriam objeto de obras entre 1899 e 1914.

Entretanto, em 1898 foi decidida a contratação do pintor viseense Almeida e Silva (1864-1945) para “a pintura do tecto da entrada e das paredes” do edifício dos Paços do Concelho (“Atas das Sessões da Câmara Municipal”, 1896-1899, fl.279). Em 1909, o próprio pintor apresentava à vereação a sua proposta para a “pintura do tecto da escadaria dos Paços do Concelho”, à qual acrescentava a “pintura d’uma galeria de retratos de Vizienses ilustres, já falecidos, na sanca do mesmo tecto, (…) a óleo e em tela” (“Atas das Sessões da Câmara Municipal”, 1909-1910, fls. 19-20).

Nascia assim o programa decorativo do interior dos Paços do Conce-lho que, para além do elevado valor artístico, reforçava o simbolismo do próprio edifício como sede do poder municipal.

Entrando no átrio do edifício, encontram-se os painéis de azulejos (da Fábrica Fonte Nova – Aveiro) da escadaria, datados de 1911.

Alegoria à fama e glória de Viseu e Galeria de retratos

Ao subir o primeiro dos três lanços da monumental escadaria em granito de Travanca, destaca-se lateralmente a representação do brasão da cidade, no qual Almeida e Silva, ao gosto do novo regime republicano, substituiu a coroa por uma estrela. Símbolo identitário por excelência da cidade, recorda-nos a lenda do Rei Ramiro, remeten-do-nos para as origens mais remotas da cidade.

Ao cimo das escadarias, rodeando a entrada no Salão Nobre, duas alegorias à agricultura e à indústria, em dois painéis de azulejos que representam também aspetos da paisagem viseense, e executados em 7 e 10 de outubro de 1910.

No teto está patente a alegoria à glória e fama de Viseu. Trata-se de uma pintura a óleo sobre tela colada no estuque e representa três musas, uma das quais segura o brasão da cidade, no qual se pode ver a legenda “Antiquissima e Nobilissima”, evocando o título concedido à cidade pelo Rei D. Luís, em 1882. As outras duas figuras femininas representam a glória (palma e coroa de louros) e a fama (trombeta) da cidade.

No friso que rodeia a alegoria encontra-se a galeria de retratos de ilustres visienses e beirões proposta por Almeida e Silva mas cuja instalação no local se concretiza apenas em 1916, devido a atrasos na obra e à mudança de regime político.

Efetivamente, logo em outubro de 1910, o presidente da Comissão Municipal Republicana informava Almeida e Silva que deveria aguar-dar a deliberação do novo executivo quanto à escolha dos nomes para a galeria de retratos. Em janeiro do ano seguinte, o pintor é confrontado com a redução do contrato para doze retratos. No imediato, eram aceites os nomes de Viriato, Grão Vasco, D. Duarte, João de Barros, Gaspar Barreiros e o Pintor Gata, adiando-se a decisão dos restantes nomes.

Após diversas trocas de argumentos entre o pintor e as novas vereações republicanas, foi aceite a proposta inicial de 24 retratos. As novas autoridades nomearam uma comissão de professores de história e literatura do liceu e do magistério de Viseu para apoiar a escolha definitiva dos nomes que hoje figuram no local. A comissão escolheria 16 nomes e a vereação as restantes 8 figuras.

Contextualizando os 24 retratos, foram ainda gravados versos dos Lusíadas, em dois caixilhos moldurados, colocados junto à porta principal do salão nobre, imediatamente acima das alegorias à indústria e à agricultura. Entendida como uma lição de história, a galeria de retratos foi finalmente inaugurada em 13 de agosto de 1916, tendo a população sido convidada a participar num momento considerado festivo. Com a presença de autoridades civis e militares tendo a guarda de honra sido feita pela Companhia dos Bombeiros Municipais, assistiu-se aos discursos, evocando a iniciativa e o exemplo dos homenageados na galeria.

Naquele domingo, além dos discursos, apenas houve espaço para admiração dos retratos e a fruição de uma iluminação especial para a cerimónia. À época existiu também uma brochura com elementos biográficos dos homenageados, da autoria de Almeida e Silva.

A imprensa elogiou a iniciativa cívica e chamou a atenção para o facto de que, desde Viriato a Emídio Navarro, nos “24 homenageados há de tudo; clero, aristocracia, professores, médicos, advogados, militares e simples filhos do povo” (O Democrata, 19 de agosto). Todavia, ainda houve espaço para alguma polémica nos dias seguin-tes, opondo títulos da imprensa monárquica e católica a títulos da imprensa republicana. Discutiu-se então se seria mais justificada a inclusão do Padre Moura, figura local conhecida, ou de Alberto Sampaio, símbolo do operariado viseense.

Se é certo que Almeida e Silva deixou a sua marca na definição do programa decorativo dos Paços do Concelho, estendendo a sua influência e arte ao interior do próprio salão nobre, não podemos deixar de destacar o contributo de outros mestres.

À entrada do edifício A arte do ferro forjado está presente logo à entrada do edifício, no portão e janelas do átrio, com desenho do Arqº. Belmiro Leal (1880-1933) e execução do Mestre João Rodrigues de Figueiredo (1836-1917). Ainda no átrio, destaca-se o exuberante lustre de ferro do Mestre Arnaldo Malho (1880-1960). Subindo a escadaria, podemos observar os estuques de Nogueira Valente e o delicado trabalho do entalhador Mestre António Loureiro (1861-1931) nas portas do salão nobre. Outros estão presentes, até épocas mais recentes. Na realidade, os diversos elementos decorativos presentes nos Paços do Concelho configuram um verdadeiro catálogo dos melhores artífices de Viseu, testemunhando o labor de diferentes gerações.

Mas naquele domingo de 13 de agosto, após a inauguração da galeria de retratos, os Paços do Concelho afirmavam já de forma plena o seu simbolismo como elemento de representação política e identitária da cidade.

Algumas datas:

1796: Destruição do primitivo edifício da Câmara (Praça de D. Duarte) após incêndio (9 de agosto).

1797: Projeto para nova Casa da Câmara e Cadeia, de Manuel Alves Macomboa (não concretizado).

1876: Aprovação do Projeto de obras municipais apresentado pelo Vice-Presidente Andrade e Silva, no qual se propõe a construção do Mercado 2 de Maio e edifício dos Paços do Concelho (24 de maio).

1877: Apresentação e aprovação do projeto (datado de 28/12/1876) para o edifício dos Paços do Concelho, da autoria do Engº José de Matos Cid (8 de janeiro). Início das obras dos Paços do Concelho (setembro).

1880: Arrematação das “obras de pedraria do corpo central e lateral do lado norte”.

1884: Interrupção das obras por falência do empreiteiro.

1886-1888: Início da utilização do edifício, ainda incompleto.

EDIFÍCIO DOS PAÇOS DO CONCELHO

1897: Arrematação de obras por concluir e da reconstrução das obras já efetuadas.

1898: Decidida a contratação do pintor Almeida e Silva para a decoração do teto e das paredes do átrio dos Paços do Concelho (25 de agosto).

1902: Arrematação da obra da porta e das duas janelas do átrio dos Paços do Concelho, com desenho do Arq. Belmiro Magalhães Leal.

1909: Instalação de luz elétrica em diversas salas, repartições e corredores do edifício. Proposta de Almeida e Silva relativa à decora-ção do tecto da escadaria dos Paços do Concelho e à galeria de retratos de ilustres viseenses (3 de junho). Alegoria à Glória e Fama de Viseu no teto do átrio dos Paços do Concelho, da autoria de Almei-da e Silva.

1910: Definição do programa decorativo da escadaria e teto do átrio (azulejos artísticos e galeria de retratos), bem como dos portais do salão nobre (abril). Painéis de azulejos relativos à Indústria e à Agricultura da autoria de Almeida e Silva, ao cimo da escadaria, à entrada do Salão Nobre.

1911: Azulejos das escadarias do átrio dos Paços do Concelho (Fábrica Fonte Nova - Aveiro). Decidida a aquisição de um relógio oficial a colocar na frontaria dos Paços do Concelho (12 de janeiro). Nomeação de uma comissão composta pelos professores de História e Literatura do Liceu e de História da Escola de Habilitação ao Magistério Primá-rio para dar parecer sobre as individualidades a figurar na galeria de retratos. (19 de janeiro). Arrematação das obras da sala de sessões da vereação e da secretaria da Câmara Municipal (13 de abril).

1912: Apresentação da lista de individualidades a figurar na galeria de retratos proposta pela comissão de professores nomeada em 1911.

1914: Autorização da Câmara Municipal de Viseu à Comissão Execu-tiva para a escolha das duas últimas personalidades a incluir na galeria de 24 retratos (21 de maio). Obras no salão nobre e no frontão do edifício.

1916: Inauguração da Galeria de Retratos de Viseenses Ilustres (13 de agosto).

1931: Obras no frontão do edifício e colocação do novo relógio oficial, da autoria de Fortunato Granadeiro.

1983-1999: Obras de remodelação do edifício.

Viriato

D. Duarte

Fernão Lopes

Gonçalo Bandeira

Vasco Fernandes

Luiz de Loureiro

João de Barros

Gaspar Barreiros

Dr. Botelho Ribeiro

José de Melo Abreu

Baronesa da Silva

Galeria dos Viseenses Ilustres(Paços do Concelho)

Caudilho da Lusitania+ 140 A.C.

Rei e literato1391-1438

Heroe de ArzilaSeculo XV

Heroe de ToroSéculo XV

Artista pintorSeculo XVI

Capitão de Africa+ em 1553

Historiador da India1496-1570

Geógrafo e escritor+ em 1574

Historiador de ViseuSéculo XVII

Revolucionário de 18201774-1820

Benemérita liberalSeculos XVIII-XIX

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Dr. João Vitorino

J. almeida Furtado

Dr. A. Nunesde Carvalho

J. Oliveira Berardo

António José Pereira

João Mendes

J. Almeida Martins

Dr. Silva Gaio

Tomaz Ribeiro

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Médico e parlamentar1777-1854

Artista pintor1778-1831

Professor e bibliófilo1786-1867

Escritor e antiquário1805-186213

Artista pintor1821-1895

Escritor e jornalista1822-1881

Orador sagrado1827-1899

Professor e escritor1830-1870

Poeta e estadista1831-1900

Escritor e estadista1844-1905

Benemérita dos pobres1847-1888

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Professor e literato1851-1906

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