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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE Bruno de Souza Sodré O USO DA TERRA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS NA ILHA DE MOSQUEIRO BELÉM/PA. Belém/PA 2015

Bruno de Souza Sodré O USO DA TERRA E SUAS IMPLICAÇÕES ...ppgcma.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/Dissertações... · Ao amigo de todas as horas Ronei Pizzate pela ajuda na coleta campo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

Bruno de Souza Sodré

O USO DA TERRA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS NA ILHA DE

MOSQUEIRO – BELÉM/PA.

Belém/PA

2015

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Bruno de Souza Sodré

O USO DA TERRA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS NA ILHA DE

MOSQUEIRO – BELÉM/PA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ciências e Meio Ambiente da

Universidade Federal do Pará como requisito

para obtenção do título de mestre em Ciências

e Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Waldinei Rosa Monteiro

Co-orientadora: Prof. Drª. Victória Isaac Nahum

Área: Recursos naturais e sustentabilidade

Belém/PA

2015

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Bruno de Souza Sodré

O USO DA TERRA E SUAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS NA ILHA DE

MOSQUEIRO – BELÉM/PA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ciências e Meio Ambiente da

Universidade Federal do Pará como requisito para

obtenção do título de mestre em Ciências e Meio

Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Waldinei Rosa Monteiro

Co-orientadora: Prof. Drª. Victória Isaac Nahum

Área: Recursos naturais e sustentabilidade

APROVADO EM:

BANCA EXAMINADORA

________________________________

LOURIVALDO DA SILVA SANTOS

Doutor em Química – UFPA/ICEN

________________________________

KEILA RENATA MOREIRA MOURAO

Doutora em Ecologia Aquática e Pesca – UFPA/FADESP

________________________________

SÉRGIO BRAZÃO E SILVA

Doutor em Geologia e Geoquímica - UFRA

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais João Batista Pantoja Sodré e Vera Aquino

de Souza, os quais, mesmo sem terem a real dimensão de uma carreira acadêmica,

sempre acreditaram no conhecimento como força motriz para a melhoria das

condições de vida de nossa família e por isso não mediram esforços para

proporcionarem as condições necessárias ao nosso sucesso. Agradeço ainda aos

meus irmãos Fabio e Anderson e em especial a minha irmã Milena Kelly pelo apoio

logístico em Belém.

A minha querida Bárbara, esposa e companheira que está ao meu lado desde o

período de minha graduação e que por meio de seu apoio incondicional me

fortaleceu nos momentos em que quase titubeie.

Ao João Pedro, doce primogênito que está presente em nossas carreiras

acadêmicas desde seus primeiros meses de idade, quando já acompanhava sua

mãe nas coletas de campo para o mestrado na ilha das Onças e que agora nos

ajuda a cuidar de seu irmão. Da mesma forma, agradeço ao Mateus, filho caçula que

com sua alegria e energia contagia a todos nós.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Ciências e Meio Ambiente

pelos conhecimentos repassados durante as disciplinas e em especial ao Dr.

Waldinei Rosa Monteiro pela orientação.

As professoras Dra.Victória Isaac Nahum e Dra. Flávia Lucena Frédou pela

confiança e pela infraestrutura disponibilizada para a consecução deste trabalho.

Aos amigos (as) Anderson, Arthur, Danusa, Davi, Esther, Gabriel, Keila, Larney,

Marcio, Rafael, Tanatus e Weslei que participaram do projeto Zoneamento

Econômico e Ambiental das Ilhas do Entorno de Belém em Escala Local e

contribuíram significativamente em todas as etapas de elaboração desta

dissertação. Agradeço ainda em especial ao Arthur pela cooperação e apoio na

utilização do software Spring e ao Tanatus pela “orientação” na elaboração dos

índices de diversidade.

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Ao amigo de todas as horas Ronei Pizzate pela ajuda na coleta campo.

Aos amigos da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Pará e

em especial aos professores Dr. Geraldo Narciso da Rocha Filho, profissional

exemplar e que sempre demonstrou entusiasmo pelo meu crescimento profissional,

e Dr. Leonardo Bello pelo aprendizado adquirido nos anos de convivência junto à

Coordenação de Prospecção e Indução de Redes de Pesquisa.

Aos pescadores, agricultores e extrativistas da ilha de Mosqueiro por cederem

entrevistas, as quais foram de fundamental importância para a elaboração deste

trabalho;

Ao Seu Buião e seu filho Waldemir, ao Itamar, ao Birico, ao Marcio e ao Sabá que

por meio de seus conhecimentos empíricos nos auxiliaram na logística e coleta de

campo.

Ao Professor Elias, apaixonado pela ilha de Mosqueiro e que também colaborou

com a logística de campo.

Ao Fundo Amazônia pelo financiamento do projeto Zoneamento Econômico e

Ambiental das Ilhas do Entorno de Belém em Escala Local o qual disponibilizou

a infraestrutura adequada para a execução do trabalho e pela bolsa de estudo.

Ao oceanógrafo M.sc. Fabian Dias Gualdas pelas sugestões de última hora, mas

que colaboraram significativamente com o refinamento dos resultados.

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RESUMO

O ambiente insular da cidade de Belém/PA representa 65% do território municipal

onde estão localizados ambientes considerados de extrema importância biológica,

relevantes para a conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios, tendo

como prioridade o seu ordenamento territorial e a criação de unidades de

conservação (MMA, 2007). É neste contexto geográfico que está situada a

Macrozona do Ambiente Natural ilha de Mosqueiro - MZAN, definida neste trabalho

como área de estudo. Com extensão territorial de aproximadamente 15 km², foi

criada pelo atual Plano Diretor Municipal com os objetivos de preservar, proteger e

recuperar os recursos naturais do Município de Belém; promover o desenvolvimento

socioeconômico e ambiental das ilhas, garantindo a sua sustentabilidade e promover

a melhoria das condições de acessibilidade e habitabilidade. Neste sentido, o

objetivo deste trabalho foi identificar as formas de ocupação e uso do solo e suas

implicações socioambientais na ilha de Mosqueiro, por meio da elaboração de

mapas de cobertura vegetal e uso do solo, capazes de identificar as principais

tipologias de ocupação presentes no local. Adicionalmente foi realizado um

diagnóstico socioeconômico referente às comunidades rurais e a produção de

mapas de vulnerabilidade ambiental. Para tanto, a abordagem metodológica se

baseou em técnicas de análise multicriterial em ambiente de Sistema de Informação

Geográfica – SIG, o que permitiu delimitar áreas com características ambientais

homogêneas, classificadas em três níveis de vulnerabilidade: Estável, Intermediária

e Vulnerável. Os resultados mostram a predominância da classe de vulnerabilidade

Intermediária, com participação de 49,33%, seguida pela Estável com 34,29% e

16,37% classificada como vulnerável. Por fim, considerando a complexidade da

dinâmica de ocupação e uso do solo identificada por meio das técnicas de

geoprocessamento, da limitada aptidão agrícola dos solos e das características

socioeconômicas identificadas, torna-se necessário a proposição da criação de uma

Área de Proteção Ambiental – APA para os limites geográficos da MZAN.

Palavras-chave: Vulnerabilidade ambiental, zoneamento, ambiente insular.

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ABSTRACT

The island environment of the city of Belém / PA represents 65% of the municipal

territory inhabited environments considered extremely important biological, relevant

to the conservation, sustainable use and benefit-sharing, prioritizing the territorial

organization and the creation of units conservation (MMA, 2007). It is in this

geographical context that is situated Macrozone Environment Natural - MEN island of

Mosqueiro, defined here as the study area. With territorial extension of approximately

15 km², was created by the current Master Plan aiming to preserve, protect and

restore the natural resources of the city of Belém; promote the socio-economic and

environmental development of the islands, ensuring their sustainability and promote

the improvement of accessibility and livability. In this sense, the objective of this

study was to identify the forms of occupation and land use and its social and

environmental implications on the island of Mosqueiro, through the development of

land cover and land use maps can identify the main occupation of typologies on site.

In addition we carried out a socioeconomic diagnosis related to rural communities

and the production of environmental vulnerability maps. Therefore, the

methodological approach was based on multi-criteria analysis techniques in

Geographic Information System environment - GIS, which has highlighted areas with

homogeneous environmental characteristics, classified into three levels of

vulnerability: Stable, Intermediate and Vulnerable. The results show the dominance

of the Middle vulnerability class, accounting for 49.33%, followed by Stable with

34.29% and 16.37% at last. Finally, considering the complexity of the dynamics of

occupation and land use identified through GIS techniques, the limited agricultural

potential of soil and identified socioeconomic characteristics, it is necessary to

propose the creation of an Environmental Protection Area - APA to the geographical

boundaries of MZAN.

Keywords: Environmental Vulnerability, zoning, island environment.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Macrozoneamento do município de Belém definido pelo Plano Diretor de

Belém. ......................................................................................................................... 4

Figura 2. Delimitação da Macrozona do Ambiente Natural e os limites da sub-bacias

- Ilha de Mosqueiro. ................................................................................................... 10

Figura 3. Planejamento da ação em conjunto com uma liderança local (a e b).

Apresentação dos objetivos do projeto à uma associação de moradores (c) e

entrevista com representante de uma colônia de pescador (d). ................................ 14

Figura 4. Distribuição espacial dos pontos de coleta referentes aos dados biológicos.19

Figura 6. a) Ponte de ligação com o continente; b) deslocamento até os locais de

coleta; c) fixação da rede de tapagem d) canal de maré obstruído pela rede. .......... 20

Figura 6. Principais atividades econômicas desenvolvidas pela população residente

na MZAN. .................................................................................................................. 26

Figura 7. Principais atividades econômicas identificadas nas sub-bacias presentes

na MZAN. .................................................................................................................. 26

Figura 8. Figura 9. Evolução da produção e receita do fruto de açaí na cidade de

Belém. Fonte: SAGRI. ............................................................................................... 34

Figura 9. Análise de agrupamento das sub-bacias considerando as variáveis

socioeconômicas ....................................................................................................... 38

Figura 10. Unidades geomorfológicas presentes na ilha de Mosqueiro. Elaborado a

partir de Lima (2010). ................................................................................................ 41

Figura 11. Unidades geomorfológicas e seus respectivos percentuais de ocorrência

em cada sub-bacia. ................................................................................................... 43

Figura 12. Classes de solo presentes na ilha de Mosqueiro. Elaborado a partir de

Lima (2010). .............................................................................................................. 47

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Figura 13. Classes de solo e seus respectivos percentuais de ocorrência em cada

sub-bacia. .................................................................................................................. 48

Figura 14. Classes de uso e ocupação das terras mapeadas na MZAN. .................. 52

Figura 15. Quantificação dos remanescentes florestais presentes na MZAN. .......... 53

Figura 16. Classes de vulnerabilidade referente às formas de uso e ocupação da

terra na MZAN. .......................................................................................................... 55

Figura 17. Distribuição espacial dos Indicadores de Diversidade da Ictiofauna

mapeados no MZAN. ................................................................................................ 60

Figura 18. Classes de vulnerabilidade ambiental presentes na MZAN da ilha de

Mosqueiro.................................................................................................................. 62

Figura 19. Distribuição das classes de vulnerabilidade ambiental presentes na

MZAN. ....................................................................................................................... 63

Figura 20. Classes de vulnerabilidade ambiental registradas em cada sub-bacia

localizada na MZAN. ................................................................................................. 65

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação dos períodos chuvosos em função do padrão de distribuição das precipitações pluviométricas durante o ano. Fonte: Bastos (2000). ............. 11

Tabela 2. Lista de variáveis socioeconômicas e seus respectivos indicadores de referência. ........................................................................................................... 16

Tabela 3. Lista de atributos na dimensão ambiental descrevendo os atributos pesquisados e seus respectivos indicadores de referência. ............................... 17

Tabela 4. Lista dos critérios utilizados para compor Indicador de Diversidade da Ictiofauna. ........................................................................................................... 24

Tabela 5. Grau de especialização econômico referente às sub-bacias que apresentaram atividade pesqueira na MZAN...................................................... 29

Tabela 6. Principais indicadores socioeconômicos identificado na MZAN. ............... 36

Tabela 7. Tipos de Solos e respectivos valores na escala de vulnerabilidade à erosão presentes na MZAN. ............................................................................... 46

Tabela 8. Classes de uso e ocupação da terra identificadas na MZAN. ................... 55

Tabela 9. Índices de diversidade encontrados nos canais de maré localizados na MZAN.................................................................................................................. 58

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

2 INSERÇÃO DO PROJETO ................................................................................... 8

3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 8

3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 8

3.2 Objetivo específico ......................................................................................... 8

4 METODOLOGIA ................................................................................................... 9

4.1 Área de estudo ............................................................................................... 9

4.1.1 Clima ..................................................................................................... 11

4.1.2 Hidrografia ............................................................................................. 12

4.1.3 Vegetação ............................................................................................. 12

4.1.4 Solos ...................................................................................................... 12

4.2 Coleta de dados ........................................................................................... 13

4.3 Análise dos dados ........................................................................................ 21

4.3.1 Uso e ocupação da terra ....................................................................... 21

4.3.2 Geomorfologia ....................................................................................... 22

4.3.3 Solos ...................................................................................................... 22

4.3.4 Indicador de diversidade da ictiofauna .................................................. 23

4.3.5 Análise integrada ................................................................................... 25

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 25

5.1 A socioeconomia na Macrozona do Ambiente Natural - MZAN ................... 25

5.1.1 A socioeconomia pesqueira ................................................................... 28

5.1.2 A agricultura familiar .............................................................................. 31

5.1.3 Outras estratégias de renda .................................................................. 34

5.1.4 Perfil socieconômico encontrado na MZAN ........................................... 35

5.2 Aspectos ambientais na MZAN .................................................................... 39

5.2.1 A geomorfologia na MZAN .................................................................... 39

5.2.2 Os solos presentes na MZAN ................................................................ 43

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5.2.3 Uso e cobertura da terra ........................................................................ 50

5.2.4 Indicador de diversidade da ictiofauna na MZAN .................................. 56

5.3 Análise integrada dos componentes ............................................................ 61

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 66

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 68

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1 INTRODUÇÃO

Aproximadamente 60% das grandes metrópoles do mundo estão

localizadas próximas à costa (MIRANDA, et al, 2002) e cerca de dois terços das

cidades com população acima de 2,5 milhões de pessoas localizam-se próximas

dos estuários (CNUMAD, 1992, GONZALÉZ et.al, 2006). No Brasil a população

concentra-se principalmente perto da zona costeira, seis em cada 10 pessoas

moram em um raio de 60 km da zona litorânea (Pereira et al, 2010). Belém segue

essa tendência mundial e assim como as grandes metrópoles localizadas na Pan-

Amazônia, apresentando elevados índices de densidade populacional nas áreas

urbanas (CRUZ et al, 2011), com 99% de um total de 1.425.923 habitantes reside

nesta região.

A cidade de Belém apresenta também lugar de destaque no contexto

político e econômico do estado Pará. Ocupa o topo do ranking na participação do

Produto Interno Bruno – PIB do estado, colaborando com cerca de 1/4 de toda

riqueza produzida. O principal setor econômico é de serviço, representando

84,57% de toda economia municipal, seguido pelo setor industrial com a

participação de 15,24% e pela agropecuária que representa apenas 0,19%

(IDESP, 2014). Segundo IDESP (2013), o Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal – IDHM aferido em 2010 foi de 0,746 em uma escala de 0 a 1, o que

coloca a capital do estado entre as 25 cidades localizadas na região norte do país

com alto índice de desenvolvimento humano, segundo os critérios estabelecidos

pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2013).

A fisiografia de Belém, cidade que está situada à 01º27’20” de latitude sul e

a 48º30’15” W-Gr, pode ser divida em duas zonas distintas. A primeira se refere à

extensão continental, com uma superfície de 176,56 km², representando 35% do

município, a outra zona diz respeito ao ambiente insular, caracterizado por um

emaranhado de 39 ilhas com uma extensão de 329,93 km² (BELÉM, 2012).

O ambiente insular da cidade de Belém representa 65% do território

municipal. Nesta região estão localizados ambientes considerados de extrema

importância biológica, relevantes para a conservação, uso sustentável e

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repartição dos benefícios, tendo como prioridade o seu ordenamento territorial e a

criação de unidades de conservação (MMA, 2007). Esta preocupação pode ser

justificada pela importância desta região como área preferencial para desova e

berçário de inúmeras espécies aquáticas de elevada importância comercial e

alimentar para as populações locais (BENTES, 2007; TORRES, 2007;

SCHALLENBERGER, 2010; VIANA, 2010; MOURÃO, 2012).

Não obstante a relevância dada ao ambiente aquático, o extrativismo

vegetal também representa importante papel na socioeconomia local, com

destaque para a produção do açaí e palmito (Euterpe oleracea) e cacau

(Theobroma cacao) sendo o primeiro o principal produto de consumo e renda da

população ribeirinha (LOPES e SANTANA, 2005; SCHALLENBERGER, 2010).

Mosqueiro compõe a região insular do município de Belém desde o início

do século XX, quando foi incorporada espacialmente ao território da capital por

meio da Lei nº 753 de 26 de fevereiro de 1901 (TAVARES e COSTA, 2007).

Neste período, Belém vivia um apogeu econômico em função das exportações de

látex, o que lhe facultava as condições necessárias a sua urbanização. Esta

gênese do processo de crescimento da cidade atraiu um relativo contingente de

estrangeiros que vieram para trabalhar nos empreendimentos e traziam consigo o

hábito de frequentar lugares exóticos, próximos de sua residência, a fim de

contemplar a natureza aos finais de semana. Este hábito foi logo incorporado pela

elite belenense que passou a usufruir da chamada “bucólica ilha”, dando início ao

processo de crescimento do turismo, fato que impulsionou a construção de

equipamentos públicos e privados com o objetivo de garantir a infraestrutura

adequada aos abastados da elite local (MARQUES, 2007).

Tavares (2003) aponta a construção do sistema viário ligando a capital até

a ilha na década de 1970, como o início de um novo ciclo de ocupação de

mosqueiro, sobretudo, a partir da inauguração da ponte Sebastião de Oliveira que

a ligou definitivamente ao continente. Esta autora destaca ainda que tal

acontecimento influenciou diretamente o aumento do fluxo de veranistas e

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turistas, a especulação imobiliária e a maior pressão antrópica sobre os recursos

naturais.

A evolução da expansão urbana ocorrido na Região Metropolitana de

Belém – RMB, também na década de 1990, já apontava que o processo de

deslocamento da população em direção a periferia distante era mais intenso do

que aquele referente à migração para as áreas com urbanização consolidada

(LOBO, 2009). Este autor aferiu com base nos dados estatísticos dos setores

censitários que no período de apenas 10 anos 356.941 pessoas se deslocaram

no sentido da periferia distante, dentre a qual a ilha de Mosqueiro está inserida,

enquanto apenas 27.137 foram atraídas pelo núcleo urbano consolidado.

Neste cenário de migração no sentido das periferias mais distantes do

centro da capital do estado, foi criado o primeiro Plano Diretor do Município de

Belém - PDMB (Lei Municipal nº 7.603, de 13 de janeiro de 1993) que ratificava os

preceitos contidos na Constituição Federal com ênfase ao cumprimento da função

social das cidades, sobretudo, aquelas relacionadas ao acesso à moradia, aos

serviços urbanos, a saúde e ao patrimônio ambiental e cultural.

Todavia, o primeiro PDMB não trazia especificidades a respeito do

ambiente insular da cidade, a qual só foi sanado em 1994 com a publicação do

Plano Diretor das Ilhas de Mosqueiro e Caratateua – PDIMC (Lei Municipal de nº

7.684, de 12 de janeiro de 1994). Este postulado pode ser considerado o marco

inicial do processo de ordenamento de ocupação o uso do solo no ambiente

insular de Belém. Conforme trazia em seu art. 1º, esta lei serviria como o

instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana, a fim de

garantir a função social das ilhas de Mosqueiro e Caratateua. Nota-se, contudo, a

preocupação dos órgãos públicos com o crescimento desordenado destes

ambientes, dando maior relevância as questões urbanas em detrimento ao meio

rural.

Atualmente, o instrumento legal que orienta o uso e a ocupação do solo no

município de Belém, e consequentemente na ilha de Mosqueiro, é a Lei nº 8.655,

de 30 de julho de 2008 que instituiu o novo Plano Diretor da cidade. Este Plano

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estabeleceu como unidades básicas para o planejamento territorial a Macrozona

do Ambiente Urbano – MZAU, a Macrozona do Ambiente Natural – MZAN e suas

respectivas subáreas, além de revogar o PDIMC (FIGURA 1).

Figura 1. Macrozoneamento do município de Belém definido pelo Plano Diretor de Belém.

Fonte: BELÉM, 2008.

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A MZAU corresponde às áreas urbanizadas do território municipal,

inclusive aquelas localizadas nas áreas de orlas das ilhas de Mosqueiro,

Caratateua e Cotijuba e tem como objetivos: controlar e direcionar o adensamento

urbano, em especial nas áreas melhor urbanizadas, adequando-as à

infraestrutura disponível; garantir a utilização dos imóveis não edificados,

subutilizados e não utilizados e promover a melhoria das condições de

acessibilidade e de habitabilidade (LEI 8.655/2008).

Por sua vez, a MZAN corresponde às áreas não urbanizadas das mesmas

ilhas citadas anteriormente, soma-se ainda à área das demais ilhas que integram

a região insular do município de Belém, além da Área de Proteção Ambiental dos

Mananciais de Abastecimento de Água de Belém (APA-Belém). Os principais

objetivos definidos para a MZAN são: preservar, proteger e recuperar os recursos

naturais do Município de Belém; promover o desenvolvimento socioeconômico e

ambiental das ilhas, garantindo a sua sustentabilidade e promover a melhoria das

condições de acessibilidade e habitabilidade (OP CIT).

A complexidade de uso e intensidade de exploração dos recursos naturais

nestes ambientes impõe grandes desafios aos acadêmicos, gestores e a

população local em busca de estratégias de compatibilização do crescimento

econômico com a proteção dos ecossistemas. Nesta perspectiva, estudos sobre a

ocupação e uso da terra têm se intensificado desde o último quarto do século

passado. Destaca-se como marco teórico das análises de uso e ocupação da

terra o trabalho publicado pela Comissão Mista para Informação e Classificação

do Uso da Terra formada por inúmeros órgãos oficiais norte-americanos no ano

de 1971 (IBGE, 2006). No Brasil, os estudos sobre o processo de colonização

dirigida que ocorreram na região sul do país e Amazônia, marcaram a gênese do

uso das geotecnologias como ferramenta para auxiliar a tomada de decisão sobre

o planejamento de ocupação e uso da terra no território nacional (IBGE, 2007).

Estudos sobre uso e ocupação da terra no ambiente insular de Belém

ainda são escassos. Uma das primeiras iniciativas de monitoramento ambiental

desta região foi realizada por Venturieri et al (1998), quando já se registravam

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mudanças significativas em sua paisagem. Neste período, os autores registraram

uma redução 1 km²/ano em áreas de florestas densas, mesmo estas estando

relativamente distantes das áreas tradicionalmente utilizadas pela especulação

imobiliária. Os mesmos autores ainda relatam um acréscimo de 53,8% para áreas

classificadas como “solo exposto” em um período de apenas cinco anos e atribui

tal evolução à expansão desordenada das áreas urbanas.

Da mesma forma, Sales (2005) apresenta uma análise multitemporal

considerando as décadas de 1980, 1990 e 2000 na qual afere mudanças

significativas na paisagem, destacando, além da expansão da área urbana, um

crescimento de 600% na área de exploração mineral e uma redução de 40,5% da

vegetação de terra firme (Floresta Ombrófila Densa de Terra Firme) no período

analisado. Ladislau et al (2009) corroboram com tais enunciados e apontam que

na ilha de Mosqueiro o processo de ocupação desordenado se intensificou a partir

de 1998, saltando de quatro ocupações irregulares identificadas para 32 no ano

de 2008, com algumas localizadas em áreas de mananciais. Estes autores

ressaltam ainda que tal crescimento corresponde a 700% em apenas uma

década.

Silva et al (2001) também já demostravam preocupação com o processo de

ocupação e uso do solo no ambiente insular do estuário amazônico. Os referidos

autores publicaram o trabalho intitulado Zoneamento Agroecológico do Município

de Colares, Estado do Pará, que teve como objetivo definir zonas com

características agroecológicas mais adequadas para cada cultura agrícola com

potencial de implantação no município. Para isto utilizaram como metodologia a

inter-relação dos resultados contidos nos mapas de solos, aptidão agrícola das

terras, cobertura vegetal e uso da terra, potencialidade à mecanização,

susceptibilidade à erosão e as características climáticas do município.

A partir de então, avanços significativos foram realizados no que diz

respeito à produção e sistematização de informações socioeconômicas e

ambientais com a finalidade de subsidiar a elaboração de instrumentos legais

para o uso e ocupação do solo nos estados, como o que ocorrera no Pará com a

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elaboração dos zoneamentos ecológicos e econômicos da Zona Oeste do Pará e

o da Calha Norte e Borda Leste2 e da região da rodovia Santarém – Cuiabá,

ambos realizados em escala de 1:250.000 (VENTURIERI et al, 2010).

Ainda nesta perspectiva, o uso de ferramentas geotecnológicas vem sendo

amplamente utilizadas como instrumento para análises ambientais multitemporais

no ambiente costeiro do estado do Pará. Estes estudos colaboraram

significativamente com o preenchimento de lacunas cartográficas que dificultavam

a elaboração de planejamentos para o uso e ocupação do espaço costeiro da

região (RODRIGUES e SOUZA-FILHO, 2011).

Nesse sentido, o presente estudo visa contribuir com o planejamento

territorial da ilha de Mosqueiro por meio do mapeamento das formas de ocupação

e uso do solo e das suas implicações socioambientais. Onde serão utilizados

técnicas e métodos que possibilitem uma análise integrada de dados

socioeconômicos, físicos e bióticos, que possibilitem realizar um diagnóstico

amplo das relações antrópicas e ambientais presentes na ilha de Mosqueiro.

2 A área de estudo deste projeto está inserida na área de abrangência do Zoneamento Ecológico-Econômico

da Calha Norte e Borda Leste.

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2 INSERÇÃO DO PROJETO

O presente projeto de pesquisa está inserido no âmbito do projeto

Zoneamento Econômico e Ambiental das Ilhas do Entorno de Belém em Escala

Local. Esse projeto integra ações de prevenção, monitoramento e combate ao

desmatamento, e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas

no Bioma Amazônia fomentadas por meio dos recursos provenientes do Fundo

Amazônia.

O objetivo principal do projeto Zoneamento Econômico e Ambiental das

Ilhas do Entorno de Belém em Escala Local é implementar metodologia para

apoio à formulação do zoneamento econômico e ambiental de ilhas situadas no

entorno da cidade de Belém e ampliar a infraestrutura de pesquisa do Programa

de Pós-graduação de Ecologia Aquática e Pesca - PPGAP da UFPA.

Cumpre-se ressaltar que tal projeto é coordenado pelo Programa de Pós-

graduação e Ecologia Aquática e Pesca desta Universidade e que a inserção da

presente pesquisa pode ser considerada como instrumento inicial de colaboração

interinstitucional entre o PPGAP e o PPCMA.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Identificar as formas de ocupação e uso do solo e suas implicações

socioambientais na ilha de Mosqueiro, município de Belém-PA.

3.2 Objetivo específico

Identificar e elaborar mapas de cobertura vegetal e uso do solo na ilha de

Mosqueiro;

Identificar as principais tipologias de ocupação e uso do solo (unidades de

conservação, assentamentos, produção agropecuária, etc.) na ilha de Mosqueiro;

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Elaborar diagnóstico socioeconômico das comunidades rurais da ilha de

Mosqueiro;

Produzir mapas de vulnerabilidade ambiental da ilha de Mosqueiro.

4 METODOLOGIA

4.1 Área de estudo

Integram a ilha de Mosqueiro as duas unidades de planejamento territorial

presentes no Plano Diretor do Município de Belém (MZAU e MZAN). Contudo,

considerando que os objetivos atribuídos para a MZAN apresentam maiores

conexões com aqueles propostos pela presente dissertação, optou-se por

delimitar a área de estudo apenas a MZAU que ocorre na ilha de Mosqueiro.

Ainda na perspectiva de delimitação da área de estudo foi utilizado o conceito de

Unidade Territorial Básica – UTB, a qual é definida como uma entidade

geográfica que contém atributos ambientais que permitem diferenciá-la de suas

vizinhas, ao mesmo tempo que possui vínculos dinâmicos que a articulam à

uma complexa rede integrada por outras unidades territoriais que podem ser

consideradas unidades de paisagem natural ou polígonos de intervenção

antrópica (BECKER e EGLER, 1996).

Neste sentido foram utilizados como áreas homólogas os polígonos das

das 08 sub-bacias referentes às principais drenagens localizadas dentro da

MZAN: Murubira, Pratiquara, Marimari, Pirajussara, Furo das Marinhas, Barreiras,

Santana e Sucurijuquara. Para tanto, utilizou-se como base cartográfica o

trabalho realizado por Palheta (2008), conforme mostra a (Figura 2). Esta

delimitação também leva em consideração a Política Nacional dos Recursos

Hídrico que estabelece em suas diretrizes a interface entre o uso do solo e a

gestão dos recursos hídricos, tendo as bacias hidrográficas um papel relevante na

elaboração de das políticas públicas (LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997).

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Figura 2. Delimitação da Macrozona do Ambiente Natural e os limites da sub-bacias - Ilha de Mosqueiro.

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4.1.1 Clima

A característica climática da área de estudo corresponde ao clima tropical

de floresta, situada na zona climática Afi, segundo a classificação de Koppen, que

coincide com o clima de floresta tropical, permanentemente úmido, com ausência

de estação fria, e temperatura do mês menos quente, acima de 18ºC. A umidade

relativa do ar varia entre 84% e 93% (SILVA, 2010). Segundo Bastos (2002) a

temperatura na cidade de Belém apresenta pouca variabilidade térmica durante o

ano com média, máximas e mínimas registradas no período de 1967 a 1996 de

26.4 ºC, 31.8 ºC e 22.9 ºC, respectivamente. O comportamento pluviométrico do

município de Belém pode ser divido em quatro períodos distintos conforme

descrito na tabela 1.

Tabela 1. Classificação dos períodos chuvosos em função do padrão de distribuição das precipitações pluviométricas durante o ano. Fonte: Bastos (2000).

Classificação dos períodos chuvosos em função do padrão de distribuição das precipitações

pluviométricas durante o ano. Fonte: Bastos (2000).

Período Ocorrência Característica

Chuvoso Dezembro a

Setembro

Definido como período em que, em uma sequência de meses, o

total pluviométrico mensal é maior ou igual à evapotranspiração de

referência, com ocorrência de excedentes hídricos.

Estiagem Outubro e

Novembro

Período em que o montante mensal das chuvas está abaixo da

evapotranspiração sem, todavia, evidenciar deficiências hídricas.

Seco Não definido

Ocorre quando o total pluviométrico mensal está muito abaixo da

evapotranspiração de referência, provocando deficiência hídrica.

Adota-se como indicador para esse período a relação P< ET/2,

onde: P é igual ao total pluviométrico mensal e ET é igual a

evapotranspiração de referência mensal. Sob condições média e

na maioria dos anos não se registra esse período em Belém.

Transição Não definido

Ocorre após o período seco, quando as chuvas começam a

aumentar, todavia o montante mensal, em geral, alcança nível

pouco abaixo ou levemente acima da evapotranspiração de

referência, sem causar excedente hídrico.

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4.1.2 Hidrografia

Mosqueiro é a maior das 39 ilhas pertencentes ao município de Belém,

com superfície aproximada de 220 km² (VENTURIERI et al, 1998). Integra a

Região Hidrográfica Tocantins- Araguaia, limitando-se a sudoeste com Baia do

Guajará, a oeste pela Baía de Santo Antônio, a noroeste pela Baía do Marajó, ao

norte e nordeste pela Baía do Sol, ao sul pelo Furo do Maguari e a sudeste pelo

Furo das Marinhas (BRASIL, 2009).

Em Mosqueiro ocorrem 09 sub-bacias: Cajueiro, Murubira, Pratiquara,

Marimari, Pirajussara, Furo das Marinhas, Barreiras, Santana e Sucurijuquara.

Destas sub-bacias, apenas o Cajueiro está totalmente inserida na MZAU,

portanto, fora da área de estudo proposta nesta dissertação. Segundo Palheta

(2008), tais drenagem são controladas por feições estruturais e suas direções

indicam o posicionamento das principais estruturas morfotectônicas e que os

cursos d’água são produtos de atividade neotectônica.

4.1.3 Vegetação

A ilha de Mosqueiro está situada sob o domínio da Floresta Ombrófila

Densa, sob o domínio de dois subtipos de vegetação, delimitados em função das

características geomorfológicas. O primeiro subtipo localizado nos terraços

pleistocênicos é a mata de terra firme enquanto que o segundo denominado de

mata de várzea, localizam-se sobre as planícies aluviais. Nas áreas de maior

influência salina, encontram-se ainda, os manguezais (VENTURIERI et al, 1998).

4.1.4 Solos

Segundo Valente et al (1982 apud Silva, 2010) na ilha de Mosqueiro

predominam quatro classes de solo. O latossolo Amarelo, o espodossolo

humilúvico e o plintossolo pétrico são característicos de áreas de terra firme e

possuem baixa fertilidade natural. Por sua vez, nas áreas onde predominam as

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várzeas o solo característico é o gleissolo háplico, o qual apresenta excelentes

condições de fertilidade para vegetais adaptados as condições hidromóficas.

4.2 Coleta de dados

Os dados que subsidiaram a elaboração das informações apresentadas

neste estudo tiveram origem na literatura científica, em bases oficiais, entrevistas

com moradores locais e coleta biológica.

Os dados secundários foram extraídos principalmente da base de dados do

Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará – IDESP, da

Secretaria de Estado de Agricultura – SAGRI, da Secretaria de Estado de Meio

Ambiente – SEMA, Secretaria de Estado de Municipal de Meio Ambiente –

SEMMA e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, entre outros.

Os dados obtidos junto ao IDESP dizem respeito às questões

socioeconômicas do município de Belém as quais integram o programa

“Estatísticas Municipais Paraenses”. Além disso, foi realizada ampla consulta na

base de dados referente ao setor econômico do estado do Pará, a qual está

disponível no site desta instituição. Junto a SAGRI foram obtidos dados

sistematizados sobre a produção vegetal no estado do Pará, possibilitando aferir

a relevância desses produtos na economia local, sobretudo no que tange a

produção do fruto de açaí (Euterpe oleracea Mart.).

Sobre os dados disponibilizados pela SEMA se destaca como peça

fundamental para a construção das informações sobre o ocupação e uso da terra

na ilha de Mosqueiro a imagem SPOT 5 (Satellite Pour l’Observation de la Terre)

composição falsa cor do ano 2010 de alta resolução espacial (5m). A partir desta

imagem foi possível realizar o mapeamento das atividades agrosilvipastoris, da

exploração mineral, da ocupação urbana, entre outras formas uso, além de

possibilitar a quantificação da cobertura florestal presente na Ilha.

No que diz respeito à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a principal

contribuição foi dada a partir de uma entrevista realizada com o Exmo. Secretário

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da pasta e do Diretor de Áreas Protegidas. Nesta entrevista foi possível identificar

algumas fragilidades sobre a gestão ambiental municipal, sobretudo aquelas

relacionadas à gestão das unidades de conservação de cunho municipal, como é

o caso do Parque Ambiental da Ilha de Mosqueiro.

No portal do IBGE foram obtidos os dados referentes ao Censo

Agropecuário de 2006, os quais foram utilizados para quantificação do universo

populacional referente aos agricultores familiares residentes na área de estudo,

dando acuidade a delimitação do esforço amostral. Por fim, grande parte da

cartografia apresentada nesta dissertação teve como base vetorial o Zoneamento

Econômico e Econômico da Calha Norte e Borda Leste do estado do Pará (PARÁ,

2010).

A coleta dos dados primários foi realizada em duas fases: Componente

Socioeconômico e Componente Ambiental.

A primeira fase foi realizada por meio da aplicação de questionários

semiestruturados junto às comunidades. Inicialmente foram realizadas visitas de

reconhecimento com o objetivo de identificar lideranças locais, apresentar os

objetivos do projeto e estabelecer uma agenda de visita às comunidades

(FIGURA 3).

Figura 3. Planejamento da ação em conjunto com uma liderança local (a e b). Apresentação dos objetivos do projeto à uma associação de moradores (c) e entrevista com representante de uma colônia de pescador (d).

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A elaboração do roteiro básico dos questionários utilizados em campo

contou com a participação de uma equipe multidisciplinar formada por

profissionais das ciências agrárias, humanas e biológicas, contando ainda com a

supervisão de pesquisadores com notório conhecimento sobre a região

geográfica objeto desta pesquisa. Entretanto, algumas adaptações à realidade

local ainda foram realizadas após a aplicação de alguns questionários pilotos,

pois as variáveis pré-definidas não representaram todas as situações encontradas

em determinados locais pesquisados. Estes ajustes possibilitaram assegurar que

as variáveis definidas abrangessem a maioria dos aspectos relevantes aos

objetivos desta pesquisa.

O mapeamento das comunidades levou em consideração a distribuição

espacial que contemplasse a coleta de informações nas oito sub-bacias presentes

na MZAN. No total, 118 moradores foram entrevistados no período de abril a julho

de 2013. Os questionários foram subdivididos em dimensão humana e técnica,

onde se abordaram diversas variáveis, tanto de natureza qualitativa quanto

quantitativa ( 2).

Neste estudo, variáveis descritivas e numéricas presentes nas diferentes

dimensões foram utilizadas com o objetivo de descrever as características

socioeconômicas de forma que tornassem comparativos as oito sub-bacias

presentes na área de estudo.

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Tabela 2. Lista de variáveis socioeconômicas e seus respectivos indicadores de referência.

Variável Indicador

Idade Mediana de idade

Naturalidade % de nativos entre os

entrevistados

Escolaridade Mediana dos anos de permanência

na escola

Número de filho Mediana do número de filhos

Núcleo familiar Mediana do número de pessoas

que residem na propriedade

Mão de obra

Mediana do número de pessoas

que residem e trabalham na

propriedade

Período que reside no local Mediana de anos que reside no

local

Atividade econômica

principal

% de cada atividade econômica

identificada

Atividade econômica

secundária

% de cada atividade econômica

identificada

Nível de especialização da

produção

% do nível de especialização da

produção

Estratégia de

comercialização

% das estratégias de

comercialização

A dimensão ambiental é composta por dois grupos de dados, referindo-se,

o primeiro ao meio físico e o segundo ao meio biótico. Desta forma, as coletas de

dados relacionados a esta dimensão foram realizadas em duas etapas distintas.

Na primeira etapa foi realizado um levantamento sobre a regularização ambiental,

o processamento digital de imagem e a edição de dados vetoriais compondo o

meio físico. Na segunda etapa foi feito o monitoramento da ictiofauna, por meio da

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captura desses animais em oito canais de maré localizados na área de estudo,

completaram a coleta de dados referentes ao componente ambiental. Os atributos

e indicadores mapeados nesta etapa estão elencados no Tabela 3.

Tabela 3. Lista de atributos na dimensão ambiental descrevendo os atributos pesquisados e seus respectivos indicadores de referência.

Dimensão Meio Local Atributo Indicador

Ambiental

Físico

Sub-bacias

Solo % das classes de solo segundo sua

vulnerabilidade à erosão

Geomorfologia % das unidades geomofológicas

segundo sua vulnerabilidade à erosão

Cobertura e uso da terra % das classes de cobertura e uso da

terra

Biótico Diversidade do ambiente Índice de Diversidade Biológica

(Riqueza /Diversidade/Equitabilidade)

Para a identificação e quantificação das classes de solo bem como para a

caracterização geomorfológica da ilha de Mosqueiro foram utilizados dados

vetoriais referentes ao Zoneamento Ecológico-Econômico da Calha Norte e Borda

Leste do estado do Pará disponibilizados por meio de CD-ROM acompanhante da

versão impressa do referido documento oficial. Estes dados foram manipulados

utilizando o software ArcMap versão 10.1.

O Processamento Digital de Imagem – PDI identifica e extrai informações

de imagens transformando-as de tal modo que a informação seja mais facilmente

discernível por um analista humano, para tanto, é necessário proceder à análise e

a manipulação de imagens como auxílio do computador, embora seja uma tarefa

que demande conhecimento técnico e subjetividade, o uso do computador auxilia

em muito no caso de uma demanda numerosa de dados a serem manipulados

Crósta (1992). O objetivo principal do processamento digital de imagens é extrair

as barreiras relacionadas ao sistema visual humano, facilitando a extração de

informações a partir de imagens (ALVARENGA et al, 2005).

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Para o mapeamento de uso e cobertura da terra presente na área de

estudo foram utilizadas duas imagens Spot (Satellite Pour l’Observation de la

Terre) com resolução espacial de 5 metros referentes às cenas 5702352 e

5702353 (cada uma subdividida em leste e oeste, totalizando quatro imagens de

satélite), do ano de 2010 devidamente georreferenciadas e disponibilizadas pela

SEMA. Os dados foram elaborados de acordo com o sistema de projeção

SIRGAS 2000 em um banco de dados com gerenciador SQLite nos softwares

SPRING 5.2.6 e ArcGIS 10.1. A base cartográfica do presente trabalho possui

escala de 1:100.000 e é produto do tratamento dos dados originais do

Zoneamento Econômico e Econômico da Calha Norte e Borda Leste do estado do

Pará (PARÁ, 2010) elaborado originalmente em escala de 1:250.000. Este

refinamento ocorreu a partir de imagens de satélite do sensor SPOT.

A coleta dos dados biológicos ocorreu durante o mês de outubro de 2013 e

abril de 2014, considerado os períodos de menor e maior precipitação

pluviométrica (período de estiagem e período chuvoso), respectivamente.

Estas coletas foram realizadas em noites de lua nova utilizando a técnica

conhecida como “tapagem”. Esta arte de pesca é realizada pela obstrução da

saída de um igarapé (canal de maré) utilizando uma rede ou troncos e folhas da

palmeira do açaí, conhecido entre os pescadores como “cambitos”

(SCHELLENBERGER, 2010; TORRES, 2010).

Os pontos para coleta dos dados biológicos foram canais de maré

selecionados considerando um ponto em cada sub-bacia (FIGURA 4). Levou-se

consideração também a anuência dos moradores locais enquanto as restrições de

uso até a finalização dos estudos.

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Figura 4. Distribuição espacial dos pontos de coleta referentes aos dados biológicos.

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Especificamente para este estudo as “tapagens” foram realizadas com

auxilio de redes retangulares de multifilamento com 20 mm de malha, 7 metros de

altura e comprimento que variaram em função da largura do canal de maré

selecionado para a coleta entre 30 e 40 metros. As pescarias tiveram inicio na

baixa-mar, quando o canal encontra-se completamente seco; neste momento, a

rede de tapagem era fixada na entrada do canal com o auxilio de troncos e

galhos, permanecendo presa ao fundo à medida que a maré enchia. Na preamar,

a rede era levantada, fechando totalmente o canal e ficando armada durante toda

a maré vazante. Este procedimento tem o objetivo de capturar todos os peixes

que adentraram o canal na entrada da maré (FIGURA 5).

Na seguinte baixa mar, todos os peixes presos na rede e aqueles que

permaneciam em “poços” eram coletados e acondicionados em sacos plásticos

devidamente etiquetados e posteriormente colocados em caixas isotérmicas com

gelo, até o transporte para o Laboratório de Biologia Pesqueira e Manejo dos

Recursos Aquáticos da UFPA.

Figura 5. a) Ponte de ligação com o continente; b) deslocamento até os locais de coleta; c)

fixação da rede de tapagem d) canal de maré obstruído pela rede.

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Os indivíduos capturados foram identificados no Laboratório de Biologia

Pesqueira e Manejo dos Recursos Aquáticos da UFPA até o menor nível

taxonômico possível com o auxilio de chaves de identificação adequadas

propostas por Cervigón et al (1992), e Espírito Santo et al (2005).

4.3 Análise dos dados

Os dados coletados referentes aos meios socioeconômico e biológico

foram tabulados com o auxílio do software Excel versão Office 2010, utilizando-se

para análise quantitativa as médias, medianas e porcentagens.

4.3.1 Uso e ocupação da terra

A identificação dos padrões de uso e ocupação da terra entre as sub-

bacias presentes na MZAN foram utilizadas as Análise de Agrupamento

Hierárquico – AAH, com o auxílio do software Minitab versão 17.

Para o levantamento do uso e ocupação da terra na ilha de Mosqueiro foi

utilizada a técnica de Classificação Não-Supervisionada com o auxílio do software

Spring versão 5.2/Windows. A Classificação Não-supervisionada consiste na

utilização de algoritmos de agrupamentos para reconhecer as classes presentes

na imagem. Neste caso, as áreas escolhidas devem ter maior heterogeneidade

para assegurar que todas as possíveis classes e suas variabilidades sejam

incluídas (SPRING, 2014). Os padrões e objetos homogêneos foram classificados

“pixel a pixel” utilizando a técnica máxima verossimilhança (MAXVER), cujo

método de classificação, considera a ponderação das distâncias entre médias dos

níveis digitais das classes, utilizando parâmetros estatísticos (SPRING, Op cit.). O

produto final do processo de classificação foi o mapa temático com as classes de

uso e ocupação do solo. Este mapa foi vetorizado no software ArcMap versão

10.1 aonde foi possível quantificar a área dos polígonos de cada classe de uso

mapeada.

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A análise do uso da terra da MZAN foi pautada na interpretação da imagem

Spot 2010 e utiliza como critérios de classificação o estabelecido no Manual

Técnico de Uso da Terra (IBGE, 2006). A classificação das terras em unidades

homogêneas é um aspecto fundamental em qualquer levantamento e avaliação

(TROUBER et al, 1989).

4.3.2 Geomorfologia

Para quantificação das unidades geomorfológicas e das classes de solo

foram utilizados dados vetoriais na extensão shapefile referentes da base de

dados do Zoneamento Ecológico-Econômico da Calha Norte e Borda Leste. A

delimitação da ZAN e dos polígonos das sub-bacias foi realizada a partir o registro

dos dados vetoriais do Plano Diretor de Belém e do trabalho de Palheta (2008).

Após delimitação das sub-bacias foi realizado um recorte espacial em cada uma

das áreas homólogas obtendo-se os quantitativos das classes de uso, solo e

geomorfologia especificamente para cada sub-bacia. Neste caso também foi

utilizado o software ArcMap versão 10.1.

4.3.3 Solos

Para a categorização pedológica presente na MZAN considerou-se a

concepção proposta por Crepani (2001), na qual este autor descreve como a

camada da crosta superior da terra que por ação do intemperismo físico, químico

e biológico tem capacidade de suportar o crescimento de vegetais com sistema

radicular. Este autor completa a conceituação afirmando que o solo é o único

ambiente capaz de reunir em associação intima a litosfera, a hidrosfera, a

atmosfera e a biosfera, sendo fatores determinantes para sua formação o material

de origem (rocha in situ ou fragmentos transportados), o clima, a vegetação,

a declividade e o tempo.

A classificação dos solos no Brasil tem como base conceitual oriundos do

sistema americano, formulado por Baldwin et al. (1938) e modificada por Thorp e

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Smith (1949) (EMBRAPA, 2009). Atualmente, o Sistema Brasileiro de

Classificação de Solos se encontra em sua 3ª edição, a qual traz relevantes

mudanças que compreendem os níveis hierárquicos de classificação, havendo

redefinição, reestruturação, extinção e inclusão de classes (EMBRAPA, 2013).

Para a elaboração deste documento foram utilizadas as bases de dados de

inúmeras instituições oficiais, publicações científicas e a coleta de dados

primários, dando credibilidade técnico-científica ao referido documento. Neste

sentido, o banco de dados que acompanha o ZEE foi utilizado como base vetorial

para elaboração dos mapas de solo nesta dissertação.

4.3.4 Indicador de diversidade da ictiofauna

O Indicador de Diversidade da Ictiofauna -IDI é um indicador composto por

03 variáveis relacionadas à ictiofauna presente no ambiente: Riqueza,

Diversidade e Equitabilidade. A primeira se refere à abundância numérica de

organismos encontrados em uma área geográfica, região ou comunidade. Já a

diversidade de espécie de Margalef diz respeito à variedade de espécies e

organismos vivos de uma determinada comunidade e número total de indivíduos

coletados (MARGALEF, 1958). Por sua vez, a Equitabilidade de Pielou representa

o quanto igualmente os indivíduos estão distribuídos entre as diferentes espécies.

Tal indicador é considerado bastante eficaz nos estudos de avaliação da saúde

dos ambientes aquáticos e amplamente utilizado pela comunidade científica

(López-Rojas e Bonilla-Rivero, 2000; Whitfield e Elliott, 2002; Bruschi Jr. et al.,

1998; Ferreira e Casatti, apud MOURÃO 2012). Para o calculo deste indicador

será utilizada a equação abaixo (MOURÃO, Op. Cit.).

onde "Np" refere-se ao nível de prioridade dos diferentes critérios.

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Para efeito de normalização dos intervalos de classificação do grau de

vulnerabilidade do ambiente os índices de Riqueza e Diversidade foram definidos

em função das dados coletados nos 08 pontos de coleta. Com base nesses

dados, foram calculados três intervalos por meio dos Quartis, sendo categorizado

como Vulnerável os valores igual ou inferior ao primeiro quartil; Intermediária

aqueles encontrados no segundo Quartil. Por fim, a categoria Estável foi definida

pelos valores presentes no terceiro Quartil. Os valores de Equitabilidade foram

estabelecidos com base na literatura (Tabela 4). Para elaboração do mapa geral

contendo o IDI foi realizada a interpolação dos valores obtidos utilizando-se o

interpolador Inverse Distance Weighted – IDW, no ArcMap versão 10.1. Este

modelo baseia-se na dependência espacial, supondo-se que quanto mais próximo

estiver um indivíduo do outro, maior será a correlação desse indivíduo com seus

vizinhos.

Tabela 4. Lista dos critérios utilizados para compor Indicador de Diversidade da Ictiofauna.

Critério Ranking Grau de

vulnerabilidade Nível de Prioridade

Riqueza (S)

S ≤ 1º Quartil Vulnerável 3

1º Quartil < S ≤ 2º Quartil Intermediária 2

S ≥ 3º Quartil Estável 1

Diversidade (D)

D ≤ 1º Quartil Vulnerável 3

1º Quartil < D ≤ 2º Quartil Intermediária 2

D ≥ 3º Quartil Estável 1

Equitabilidade (J')

0 < J’ < 0,20 Vulnerável 3

0,20 ≤ J’ < 0,80 Intermediária 2

0,80 ≤ J’ = 1 Estável 1

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25

4.3.5 Análise integrada

O mapa final contendo as classes de vulnerabilidade foi elaborado a partir

da sobreposição dos resultados (mapas) obtidos anteriormente. Para tanto,

utilizou-se o método de álgebra de mapas no software ArcGis versão 10.1. Esta

técnica permite a realização de operações aritméticas para associar várias

camadas de modo a agrupar e classificar áreas que apresentem potencial de

vulnerabilidade ambiental semelhantes.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 A socioeconomia na Macrozona do Ambiente Natural - MZAN

Com base nos dados de campo e nos dados secundários obtidos em

fontes oficiais foi possível traçar um panorama relacionado às principais

características socioeconômicas da população residente na Macrozona de

Ambiente Natural - MZAN. Neste ambiente, percebe-se que parte das famílias

rurais praticam atividades econômicas diversificadas para a formação da renda,

incluindo aquelas especificamente ligadas ao uso dos recursos naturais como

agricultura, extrativismo vegetal e pesca, além de atividades referentes à

prestação de serviços, aposentadorias e programas sociais como o Bolsa Família.

Entre as atividades econômicas mais representativas identificadas na MZAN

estão a Pesca, a Agricultura e aquelas identificadas como Outras Atividades

(construção civil, ambulante, caseiro, entre outras), respectivamente (FIGURA 6).

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26

Observando as sub-bacias de Mosqueiro podemos aferir que a pesca é a

atividade principal nas sub-bacias Marinhas, Pirajussara e Santana. A Agricultura

é muito utilizada nas sub-bacias Murubira e Pratiquara. As atividades econômicas

diversas, categorizadas como Outras Atividades tem maior relevâncias na sub-

bacia Sucurujuquara. Na figura 7 é apresentado os resultados referentes as

conômicas identificadas na MZAN.

Estudos coordenados por Silva (2010), corroboram com os dados aqui

apresentados. Este autor identificou 17 tipologias diferentes de atividades

econômicas desenvolvidas no ambiente insular da cidade de Belém com

Figura 6. Principais atividades econômicas desenvolvidas pela população residente

na MZAN.

Figura 7. Principais atividades econômicas identificadas nas sub-bacias presentes na MZAN.

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27

destaque para as seguintes composições de atividades: Peixe + Camarão + Açaí ,

representando 21,28%; Somente Peixe e Peixe + Camarão, ocorrendo em

12,77% e 10,64%, respectivamente.

Souza Filho et al (2004) define o grau de especialização da atividade

econômica como um fator preponderante para a compreensão, não apenas como

uma estratégia de reprodução dos agricultores familiares, mas, sobretudo, das

perspectivas de sustentabilidade e evolução das unidades de produção familiar.

Para estes autores, as variações referentes aos níveis de especialização estão

relacionadas tanto as estratégias de reprodução dos agricultores familiares como

também refletem o conjunto de restrições micro, meso e macro enfrentados por

estes atores, influenciando, desta forma, diretamente nas estratégias adotadas.

Ainda para estes autores, a maior especialização coloca novas exigências e

redimensiona as restrições, podendo desarticular as unidades de produção.

Contudo, um maior grau de especialização faculta a possibilidade de elevação da

renda e de capitalização das unidades produtivas e pode ser alcançado com a

superação dos seguintes fatores:

a) Acesso precário aos mercados;

b) Imperfeição do processo de comercialização que tem como

resultado a baixa remuneração do esforço produtivo e a

transferência de renda para os intermediários;

c) Insegurança alimentar por causa distância dos mercados e

isolamento nos períodos de chuva e pelas acentuadas variações de

preço entre a safra e entressafra e ausência de mecanismos de

financiamento e proteção contra os riscos da natureza.

Para Guanziroli et al (2001) o grau de especialização relacionada às

atividades econômicas desenvolvidas pela agricultura familiar é definido pela

relação percentual entre o valor da produção do produto principal e o valor total

da produção colhida/obtida. Este autor propôs quatro classes de especialização

econômica que são determinadas em função da amplitude do percentual oriundo

da principal atividade econômica da renda familiar: Muito Especializadoa = 100%;

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65% ≤ Especializado < 100%; 35% ≤ Diversificada < 65%; Muito Diversificado <

35%.

5.1.1 A socioeconomia pesqueira

De um modo geral a Pesca é a atividade econômica que predomina entre a

população rural residente na MZAN, representando para 29,06% das famílias a

principal fonte de renda. Esta atividade é ainda mais representativa quando se

estabelece um comparativo entre as outras atividades relacionadas com o uso

dos recursos naturais (agricultura e extrativismo vegetal), sendo responsável por

47,89% de toda economia local. Entre as sub-bacias localizadas na MZAN no

Furo das Marinhas a pesca apresenta o maior percentual de participação na

economia local com 54,55%, seguida por Santana com 46,15% e Pirajussara com

41,67%. Apesar da Pesca ser a atividade econômica com maior importância na

MZAN, nas sub-bacias Murubira e Sucurijuquara houve o registro de apenas 01

entrevistado em cada área que afirmou ser a pesca sua principal fonte de renda.

A baixa relevância da atividade pesqueira em ambas as sub-bacias pode está

relacionada à proximidade geográfica delas com a Zona do Ambiente Urbano,

aonde a atividades de prestação de serviço tem maior demanda.

Silva-Junior (2007), relata que a pesca era a principal atividade de

ocupação dos nativos na ilha de Mosqueiro, porém foi aos poucos sendo

substituída por atividades de comércio, formal e informal. Este autor afirmou que

em 2007, a população de Mosqueiro (MZAN e MZAU) envolvida em atividades

ligadas direta ou indiretamente ao turismo perfazia 90% dos habitantes.

A pesca praticada nesta região é considerada artesanal, caracterizada por

métodos simples de captura, embarcações de pequeno porte, baixa autonomia e

pouca capacidade de armazenagem, podendo ou não utilizar gelo para

conservação (ISAAC e BRAGA, 1999; SCHELLENBERGER, 2010). Apesar deste

baixo nível tecnológico, a pesca artesanal em Mosqueiro tem grande importância

econômica no Estado do Pará e contribui com a maior parte dos desembarques

realizados no Estado (SCHELLENBERGER, OP. CIT).

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29

Em estudo realizado por Schallenberger (2010) foi identificado entre os

pescadores do Porto do Cajueiro e da comunidade Baia do Sol, os quais integram

a Macro Zona do Ambiente Urbano da ilha de Mosqueiro, quatro sistemas de

produção pesqueira: pesca com matapi, rede de emalhe e os sistemas de

espinhel com anzol médio e grande. Ainda segundo esta autora, em geral estes

pescadores são especializados em apenas um sistema de produção pesqueira e

a arte de pesca mais utilizada é a de emalhe.

Acompanhando proposta de Guanziroli et al (2001) aferiu-se que 84,85%

dos pescadores residentes na MZAN estão inseridos na categoria Especializado

ou Super Especializado ().

Tabela 5. Grau de especialização econômico referente às sub-bacias que apresentaram atividade pesqueira na MZAN.

Sub-bacia

Grau de Especialização (%)

Muito

Diversificado Diversificado Especializado

Muito

Especializado

Furo das Marinhas

Sem

ocorrência

14 29 57

Furo das Barreiras 17 33 50

Mari-Mari 0 50 50

Pirajussara 20 40 40

Pratiquara 33 33 33

Santana 0 0 100

Média 23 36 41

Categorias: Muito Diversificado: (% produção < 35); Diversificado: (35 % ≤ produção ≤65%);

Especializado: (65 % ≤ produção<100%); Muito Especializado: (=100%).

Lima et al (2012), estudando as relações socioeconômicas de duas

comunidades ribeirinhas de pescadores no Rio Madeira, estado de Rondônia,

também encontrou resultados semelhantes em relação ao grupo de pescadores

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Muito Especializados. Naquele contexto, em média 46,5% dos pescadores

dependiam exclusivamente da atividade pesqueira para geração de renda e o

restante realizava atividades diversas, sendo a agricultura a mais relevante. Essa

característica de pluriatividade entre os pescadores artesanais tem sido registrada

não só na Amazônia, mas também em outros locais do Brasil (KVIST et al, 2001;

LIMA et al, 2012; CAPELLESSO e CAZELLA, 2013).

Capellesso e Cazella, (2011), atribuem como fatores preponderantes para

a construção deste cenário atual o enfraquecimento econômico da pesca

artesanal ao longo das últimas cinco décadas, com especial intensificação no

período dos Governos Militares (1964 – 1985), aonde agricultura e pesca

passaram pelo processo de modernização e industrialização, colocando a

agricultura familiar e a pesca artesanal à margem das políticas públicas. Para

estes autores, esta ausência de alternativa econômica contribui para a

diversificação econômica, muita das vezes em funções subalternas na sociedade.

Por outro lado, Souza Filho et al (2004) aponta que o grau de

especialização das atividades desenvolvidas no meio rural está relacionada com a

superação de entraves logísticos para o escoamento da produção, insegurança

alimentar em função das distâncias dos mercados, baixa remuneração por conta

da imperfeição do processo de comercialização, entre outras. Para estes autores,

há uma correlação direta entre a superação destes problemas e o aumento do

grau de especialização destes produtores.

Nesta perspectiva, a localização estratégica referente à infraestrutura viária

presente na ilha de Mosqueiro, com destaque para a rodovia Augusto Meira Filho

(PA 391) que estabelece um corredor central na ilha e a proximidades com as

áreas urbanas consolidadas, pressupõe condições mínimas para a superação dos

entraves elencados por Filho et al (Op. cit). Soma-se a esta infraestrutura a

presença do Porto do Cajueiro, considerado o principal entreposto pesqueiro de

Mosqueiro (BARTHEM; FABRE, 2004; OLIVEIRA, et al, 2011) localizado as

margens rodovia citada, e a indicação de que 70% destes pescadores possuem

algum tipo de embarcação motorizada, o que contribui com a mobilidade e o

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acesso ao mercado tanto para a comercialização dos pescados quanto para a

aquisição de gêneros alimentícios em geral.

Ressalta-se também como indicativo de superação dos entreves descritos

anteriormente que as estratégias de comercialização estabelecidas pelos

pescadores desta região são diversas tendo no agente atravessador o principal

canal de escoamento da produção, representando 54,17% de toda

comercialização efetuada entre os pescadores entrevistados. Contudo, 37,5%

preferem comercializar a produção diretamente com o consumidor final e apenas

8,33% usam ambos os canais de comercialização para escoamento de sua

produção, apontando uma efetiva integração ao mercado.

5.1.2 A agricultura familiar

No tocante a atividade agropecuária, dados do Censo Agropecuário de

2006 apontam que apenas 0,17% do estabelecimento rurais mapeados no estado

do Pará estão localizados no município de Belém, com predominância das

unidades produtivas familiares, que representam 70% deste universo, ou em

números absolutos 273 propriedades rurais, que possuem em média

propriedades com cinco hectares.

Nesta perspectiva, aferiu-se que Agricultura é segunda atividade

econômica ligada ao uso da terra mais importante para a economia da população

residente na MZAN, representando para 23,7% da população a base da economia

doméstica. Os principais segmentos agrícolas são a fruticultura, com especial

expansão do cultivo do açaí (Euterpe oleracea Mart.) em área de terra-firme, o

cultivo tradicional de mandioca (Manihot esculenta Crantz) e a produção de

hortaliças. Convêm ressaltar que foram identificadas por meio de técnicas de

geoprocessamento a existências de produção avícola e algumas áreas com

pastagem para a criação de gado. Contudo, a equipe de pesquisadores que foi a

campo não acessou estas propriedades devido à inexistência de contato prévio

com os proprietários. Por sua vez, a pouca participação relativa à criação de

animais na ilha de Mosqueiro também foi confirmada por Wandscheer (Op. cit),

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32

que cita como fatores para constituição de tal cenário a dificuldade de

manutenção dos rebanhos/plantel em função da necessidade de insumos, baixa

rentabilidade e a escassez de mão de obra familiar.

No que concerne ao grau de especialização esta atividade é exercida

substancialmente de forma especializada, sendo que apenas 11% dos

agricultores se enquadram como Diversificado, ou seja, a renda oriunda da

agricultura representa entre 35% e no máximo 65% do orçamento familiar, o

restante é complementado com outras atividades econômicas. Neste caso em

particular, as principais atividades realizadas para a complementação

orçamentária são: Outras Atividades, Programas Sociais e a Pesca. A primeira

elencada representa a principal fonte complementar de renda para 30,77% da

população de agricultores; aqueles que declararam os Programas Sociais

representam 26, 92% e a Pesca é a principal complementação para 19,23% dos

agricultores.

Por fim, a terceira atividade econômica ligada ao uso dos recursos naturais

de maior relevância desenvolvida na MZAN é o extrativismo vegetal, tendo como

principal produto o açaí. Lopes e Santana (2005) ressaltam a importância desta

atividade para fruticultura paraense, sobretudo pelo fato desta envolver mais de

25 mil pessoas de forma direta e indireta, com a participação de 70% no cômputo

da renda total dos extrativistas ribeirinhos.

Nos últimos anos o fruto passou a ser comercializado em novos nichos de

mercado como redes de fast foods, academias e supermercados, envolvendo

consumidores de maior poder aquisitivo (SANTANA e GOMES, 2005; SANTANA

et al., 2007). Segundo Homma e Santana (2009) o mercado do açaí vivenciou

uma nova dinâmica caraterizado por uma demanda crescente e superior a oferta

pressionando os preços, sobretudo em função das exportações.

Este cenário de valorização do açaí no mercado local, nacional e

internacional, pressupõe que os níveis de rentabilidade tendem a ser mais

significativos para os produtores. Estudos realizados por Nogueira et al (2013),

afirmam que o açaí é um produto cujo comportamento em relação ao preço é

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inelástico. Para estes autores, elevações nos níveis de preços tendem a provocar

uma redução menos que proporcional nas quantidades demandadas, desta

forma, se o preço deste produto tiver um aumento de 10%, a demanda reduzirá

apenas 7,79%. Outro comportamento relevante diz respeito à elasticidade renda

que categoriza o açaí como um bem superior, ou um produto de luxo, pois devido

ao histórico de valorização, passou a comprometer grande parcela do orçamento

familiar, além de estar presente no hábito de consumo das famílias com maior

poder aquisitivo. Ainda em relação ao comportamento relacionado à demanda e a

oferta do produto no mercado, o consumo de açaí responde positivamente e mais

que proporcionalmente ao incremento da renda (SANTANA e COSTA ,2008;

NOGUEIRA et al, 2013), portanto, com as perspectivas de aumento do poder

aquisitivo e ascensão das classes sociais previsto nos planejamentos

macroeconômicos governamentais, o mercado do açaí tende a se manter

promissor nos próximos anos.

Outro agente importante deste arranjo são as agroindústrias de

processamento de polpas de frutas. Segundo dados da Agência de Defesa

Agropecuária do Pará – ADEPARÁ 44% dos estabelecimentos que têm em sua

pauta de produtos o açaí estão instaladas nos municípios que formam a Região

Metropolitana de Belém - RMB . Ainda neste prisma, Costa (2010), a partir de

levantamentos feitos junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior – MIDIC, aponta a existência de um Arranjo Produtivo Local -

APL na cidade de Belém com foco na fruticultura, fato que teoricamente indica

certo nível de organização do setor. Com efeito, percebe-se uma grande evolução

da produção municipal de açaí nos últimos doze anos, com forte crescimento a

partir de 2007 (FIGURA 8).

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Figura 8. Figura 9. Evolução da produção e receita do fruto de açaí na cidade de Belém. Fonte: SAGRI.

Entretanto, a realidade encontrada na MZAN é um pouco diferente daquela

exposta por estes autores. Apesar do açaí ser considerado o produto vegetal

extrativo mais relevante na área de estudo, esta atividade aparece como principal

fonte de renda para apenas 8,47% da população residente na MZAN.

Por outro lado, esta atividade tem participação considerável na formação

da renda das famílias que se declararam extrativistas, o que pode ser confirmado

pelo fato de 60% das unidades produtivas desta categoria ser qualificadas como

unidades Especializadas ou Super Especializadas. Outro fato relevante é que

esta atividade econômica não possui grande relevância econômica para formação

da renda nas sub-bacias Mari-Mari, Santana e Sucurijuquara, sendo a pesca a

atividades mais relevante para as duas primeiras e a agricultura destacando-se na

sub-bacia Sucurijuquara.

5.1.3 Outras estratégias de renda

Além da Pesca, da Agricultura e do Extrativismo Vegetal foram

identificadas outras atividades econômicas sendo desenvolvida pela população

local. Por esta razão foram criadas três categorias de atividade econômica:

Previdência Social, Programas Sociais e Outras Atividades.

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35

A Previdência Social corresponde à categoria de moradores que possui

como principal fonte de renda aposentadorias ou benefícios previdenciários. A

segunda categoria, denominada Programas Sociais, destaca a manutenção da

econômica familiar por meio dos programas sociais como o Bolsa Família. Por fim

a categoria Outras Atividades representa uma gama de serviços realizados pela

população local com destaque para as atividades como “caseiro”, “marreteiro”,

“diarista”, “barqueiro”, entre outras. Estas atividades representam a principal fonte

de renda para 39,32% da população residente na MZAN, com destaque para

categoria Outras Atividades com participação de 20,51%, seguida pela categoria

Previdência Social com 17,95%. A categoria Programas Sociais representa a

principal fonte de renda para apenas 0,85% da população.

5.1.4 Perfil socieconômico encontrado na MZAN

De um modo geral, o perfil socioeconômico encontrado na MZAN

apresenta certa semelhança com aqueles encontrados em outros locais da região

e da média nacional (IBGE, 2013). A tabela 6 apresenta o perfil socioeconômico

da população residente na MZAN.

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Tabela 6. Principais indicadores socioeconômicos identificado na MZAN.

Sub-bacia

Variáveis socioeconômicas (mediana)

Idade Nº filhos Período de

residência

Tamanho

núcleo familiar Anos na escola

Membros do núcleo

que ajudam na

atividade

Nativos (%)

FURO DAS

BARREIRAS 43 3 8 3 4 1 24

FURO DAS

MARINHAS 35 1 20 3 4 1 45

MARI - MARI 51 4.5 29 3.5 2.5 1 86

MURUBIRA 39 4 8 4 3 1 9

PIRAJUÇARA 38 3.5 28 3 0.5 0 67

PRATIQUARA 38 2 33 4 5 1 86

SANTANA 60 3 37 5 4 1 54

SUCURIJUQUARA 54 3 12 4 5 1 9

Mediana 41.0 3.0 24.0 3.8 4.0 1.0 49.7

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A população da MZAN apresenta uma idade mediana de 41 anos,

enquanto a mediana da população brasileira é de 31 anos. A variável “número de

filhos” foi confrontada com taxa de fecundidade3 nacional e estadual, tendo a

população da MZAN figurada em um patamar superior. No Brasil, a taxa média de

fecundidade é de 1,8 e especificamente no estado do Pará passa a ser de 2,3.

Por sua vez, na MZAN aferiu-se que em geral predomina a taxa de 3,0.

Em relação ao tamanho do núcleo familiar as famílias desta região são

maiores do que as médias nacional e estadual, apresentando 3,8 pessoas por

propriedade, quando que a média brasileira e também da região metropolitana de

Belém - ambas referentes a áreas rurais - é de 3,4 pessoas por domicílio.

No que diz respeito ao nível de escolaridade, a média nacional para as

áreas urbanas é de 8,1 anos de estudo. Já na área rural esta média reduz para

4,3. Por sua vez, em geral a população local frequentou as unidades escolares

por apenas 4 anos, portanto, o nível de escolaridade encontrado na MZAN está

abaixo da média nacional, mesmo quando considerado somente o índice

específico para as áreas rurais.

Outra característica relevante encontrada entre a população da MZAN diz

respeito aos “Membros do núcleo que ajudam na atividade” ligada ao uso dos

recursos naturais. Conforme apresentado na tabela 3, o núcleo familiar é

composto em geral por 3,8 pessoas, contudo, o trabalhador (a) rural dispõe de

apenas uma pessoa para dividir as tarefas oriundas das atividades relacionadas

com o uso dos recursos naturais, fato que pode ser atribuído a diversidade de

estratégias econômicas identificadas na MZAN.

Por fim, os dados sobre o “% de Nativos” mostram um acentuado processo

de migração em direção a MZAN. Na MZAN foram identificados que apenas

49.7% da população tem origem na própria ilha de Mosqueiro. Estes dados

corroboram com aqueles apresentados por Lobo (2009) e Ladislal (2009) os quais

3 Número médio de filhos nascidos vivos, tidos por uma mulher ao final do seu período

reprodutivo, na população residente em determinado espaço geográfico (IBGE, 2013).

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já chamavam a atenção para o processo de ocupação desordenada da ilha de

Mosqueiro e o deslocamento populacional em direção das periferias mais

distantes.

A análise integrada dos dados socioeconômicos realizada por meio da

análise de agrupamento (cluster analysis) possibilitou a identificação de sub-

bacias com perfis socioeconômicos semelhantes. Percebe-se nitidamente a

formação de dois agrupamentos distintos, os quais possuem apenas 37,74% de

similaridade entre eles. O primeiro integra as sub-bacias Barreiras, Santana, Mari-

Mari e Sucurijuquara e o segundo grupo formado pelas sub-bacias Marinhas,

Murubira, Pirajussara e Pratiquara (FIGURA 9).

Figura 9. Análise de agrupamento das sub-bacias considerando as variáveis socioeconômicas

PR

ATIQ

UA

RA

PIR

AJU

ÇA

RA

MU

RU

BIR

A

MA

RIN

HA

S

SU

CU

RIJ

UQ

UA

RA

MA

RI -

MA

RI

SA

NTA

NA

BA

RR

EIR

AS

37.74

58.49

79.25

100.00

Sim

ilari

dad

e

Conforme apresentado na figura acima, as sub-bacias com maior

percentual de similaridade em relação ao componente socioeconômico são

Barreiras e Santana, que apresentaram um nível de similaridade de 78,16%.

Quando se analisa as demais sub-bacias do primeiro grupo percebe-se que Mari-

Mari e Sucurijuquara apresentam 69,86% e 65,15% de semelhança com o com as

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39

sub-bacias Barreiras e Santana, respectivamente. Por sua vez, o segundo

agrupamento apresenta um comportamento diferente do primeiro grupo, tendo um

grau de similaridade menor do que o anterior. O primeiro subgrupo formado pelas

sub-bacias Marinhas e Murubira apresentam um grau de similaridade na ordem

de 63,96% e aquele formado por Pirajussara e Pratiquara 63,47% de similaridade.

5.2 Aspectos ambientais na MZAN

Os aspectos ambientais foram analisados a partir dos conceitos

relacionados à “Análise Empírica da Fragilidade dos Ambientes Naturais e

Antropizados” e a (TRICART, 1977; ROSS, 1994; CREPANI, et al, 2001). Estas

análises trazem elementos teóricos baseados na concepção de que a paisagem é

um conjunto único e indissociável, sempre em evolução e que sua análise deve

ser realizada com a utilização de dados resultantes da combinação de elementos

físicos, biológicos e antrópicos capazes de contribuir com o planejamento

ambiental.

5.2.1 A geomorfologia na MZAN

Sobre os aspectos geomorfológicos presentes na ilha de Mosqueiro, Lima

(2010), aponta para dois domínios morfoestruturais: Depósito Sedimentar do

Quaternário representado pela unidade geoforfológica denominada Litoral de

Mangues e Rias e pela unidade Bacias e Coberturas Sedimentares Fanerozoicas

na qual ocorre a unidade Terraços Paraenses. Na MZAN estas unidades estão

distribuídas de forma uniforme, apresentado ligeiro predomínio da unidade

Tabuleiros Paraenses representando, com 52% da superfície local e o Litoral de

Mangues e Rias correspondendo com 48% da área.

O domínio denominado Litoral de Mangues e Rias é caracterizado pelas

áreas de acumulação representadas por planícies e terraços de baixa declividade

e, eventualmente, depressões modeladas sobre depósitos de sedimentos

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horizontais a sub-horizontais de ambientes fluviais, marinhos, fluviomarinhos,

lagunares e/ou eólicos, dispostos na zona costeira ou no interior do continente

(IBGE, 2009). Convém ressaltar que tal denominação não é consensual

ocorrendo diversas definições para tal unidade geomorfológica, entre elas o

Planalto Rebaixado da Amazônia proposto por Barbosa e Novaes Pinto (1973) e

Planície Costeira do Nordeste Paraense (BARBOSA et al, 1974; DANTAS e

TEIXEIRA, 2013). Contudo, considerando que a base de dados vetoriais segue a

definição proposta por Lima (2010) se utilizará a nomenclatura sugerida por este

autor.

Por sua vez, seguindo a definição do mesmo instituto, o domínio

morfoestrutural denominado Bacias e Coberturas Sedimentares Fanerozoicas são

planaltos e chapadas desenvolvidos sobre rochas sedimentares horizontais a sub-

horizontais, eventualmente dobradas e/ou falhadas, em ambientes de

sedimentação diversos, dispostos nas margens continentais e/ou no interior do

continente. Neste domínio ocorre a unidade geomorfológica Tabuleiros

Paraenses. Esta unidade possui uma ampla superfície elaborada por processos

de pediplanção plio-pleistocênicos atuando sobre estratos sedimentares terciário-

quaternários. Da mesma forma, para a unidade Tabuleiro Paraense existem

outras terminologias aplicadas, sendo descritas pelos autores supracitados como

Planalto Rebaixado da Amazônia e Tabuleiros da Zona Bragantina,

respectivamente (IBGE, 2009).

Cada unidade geomorfológica possui características intrínsecas que

influenciam em sua vulnerabilidade aos processos erosivos. Crepani et al (2001),

estabeleceram uma escala crescente, que varia de 1 a 3 para aferir o grau de

vulnerabilidade considerando os seguintes índices morfométricos do terreno:

dissecação do relevo pela drenagem, amplitude altimétrica e declividade. Nesta

perspectiva, foi elaborado um mapa apresentando as duas unidades

geomorfológicas e, com base na classificação realizada por Lima (2010), foi

estabelecida o grau de vulnerabilidade para cada unidade geomorfológica

presente na MZAN (10).

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Figura 10. Unidades geomorfológicas presentes na ilha de Mosqueiro. Elaborado a partir de Lima (2010).

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42

Andrade et al (2010), aplicaram com sucesso método semelhante para

aferir o índice de vulnerabilidade socioeconômico e ambiental em uma área

portuária localizada na região amazônica. Estes autores correlacionaram, por

meio de métodos estatísticos, fatores socioeconômicos como a relação de uso

com os recursos pesqueiros, o nível de escolaridade, a renda, com parâmetros

relacionados à geomorfologia, sendo possível delimitar áreas com maior

vulnerabilidade a possíveis derramamentos de óleos, por exemplo.

Analisando este mapa, percebe-se que existe certa heterogeneidade em

relação ao predomínio de cada unidade geomorfológica entre as sub-bacias

delimitadas na MZAN. Conforme apresentado na

, a superfície sub-bacia Murubira contida na MZAN prevalece integralmente

o domínio Litoral de Mangues e Rias. Por outro lado, a sub-bacia Sucurijuquara

apresenta, em sua extensão territorial inserida na MZAN, o predomínio dos

Tabuleiros Paraenses. Nas demais sub-bacias há sempre o predomínio entre uma

ou outra unidade geomorfológica.

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43

Figura 11. Unidades geomorfológicas e seus respectivos percentuais de ocorrência em cada sub-bacia.

5.2.2 Os solos presentes na MZAN

Os solos presentes na Macrozona do Ambiente Natural referente à ilha de

Mosqueiro são o Gleissolo Háplico e o Latossolo Amarelo, seguido pelo

Espodossolo Humilúvico e em menor proporção o Plintossolo Pétrico.

O latossolo Amarelo foi a classe como maior ocorrência dentro da MZAN,

ocupando 40% de toda superfície da área de estudo. Os latossolos são solos

constituídos por material mineral, apresentando horizonte “B” latossólico

imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte “A”, dentro de 200 cm da

superfície do solo ou dentro de 300 cm, se o horizonte “A” apresenta mais que

150 cm de espessura. Esta classe está dividida em quatro subordens: Brunos,

Amarelos, Vermelhos e Vermelhos-Amarelos (EMBRAPA, 2006). Esta classe está

presente em 5.626,80 hectares o que representa 38,87% dos solos encontrados

na área de estudo.

A segunda classe de solo predominante na área de estudo foi o Gleissolo

Háplico caracterizado como solos minerais, hidromórficos, apresentando

horizontes A (mineral) ou H (orgânico), seguido de um horizonte de cor cinzento-

olivácea, esverdeado ou azulado, chamado horizonte glei, resultado de

modificações sofridas pelos óxidos de ferro existentes no solo (redução) em

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condições de encharcamento durante o ano todo ou parte dele. Esta classe está

presente em 5.623,95 hectares o que representa 38,85% dos solos encontrados

na área de estudo.

Por sua vez, o Espodossolo Humilúvico foi registrado em 17,08% da

superfície da área de estudo. Esta classe de solo é definida pela presença de

horizonte diagnóstico B espódico em sequência a horizonte E (álbico ou não) ou

horizonte A, segundo critérios estabelecidos pelo SiBCS (Embrapa, 2006). São

solos, em geral, moderada a fortemente ácidos, normalmente com saturação por

bases baixa (distróficos), podendo ocorrer altos teores de alumínio extraível. A

textura é predominantemente arenosa, sendo menos comumente textura média e

raramente argilosa (tendente para média ou siltosa) no horizonte B espódico.

A classe de solo com menor ocorrência na MZAN é a Plintossolo Pétrico,

que responde por apenas 5,10% dos solos presentes na MZAN. Estes solos

apresentam um horizonte ou camada concrecionário ou litoplíntico, com sérias

restrições ao uso agrícola devido ao enraizamento das plantas, entrave ao uso de

equipamentos agrícolas e pouco volume de solo disponível para as plantas.

Assim como ocorreu na descrição das unidades geomorfológicas, foi

estabelecido com base em Crepani et al (2001), uma escala de vulnerabilidade

aos processos erosivos relacionados a cada classe de solo. A Figura 12

apresenta o mapa das classes de solos elaborado a partir dos dados vetoriais de

Lima (2010).

A definição do grau de vulnerabilidade em relação às classes de solo é

especialmente importante para a área de estudo em função das características

pluviométricas registradas e das técnicas tradicionais de manejo do solo adotadas

pelos agricultores da região. Ross (1994) cita a textura, a plasticidade, a

estrutura, a coesão das partículas e a profundidade das camadas superficiais e

subsuperficiais como sendo as principais características pedológicas que definem

o grau de vulnerabilidade dos solos. Crepani et al (2001) apontam que o grau de

vulnerabilidade dos solos depende de diversos fatores, sendo os mais

importantes a estrutura do solo, o tipo e quantidade das argilas, a

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permeabilidade e profundidade do solo e a presença de camadas

impermeáveis. Bertoni e Lombardi Neto (1999) apud Macedo et al (2010) afirmam

que a erosão hídrica em regiões tropicais tem grande relevância, colaborando

para a degradação dos solos, ocasionando a perda de sua camada mais fértil, e

assoreamento dos corpos hídricos por meio do transporte de partículas.

Conforme mostra a figura acima, existem quatro classes de solos na

MZAN. Estes solos apresentam diferentes comportamentos em relação ao grau

de vulnerabilidade à erosão, contudo, predominam solos os com grau de

vulnerabilidade intermediária e vulnerável (TABELA 7).

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Tabela 7. Tipos de Solos e respectivos valores na escala de vulnerabilidade à erosão presentes na MZAN.

Classe de Solo Nível de

prioridade

Classe de

vulnerabilidade Área (ha) %

latossolo Amarelo 1 Estável 5626.8 38.88

Espodossolo Humilúvico 2 Intermediária 2472.99 17.09

Gleissolo Háplico 3 Vulnerável 5623.95 38.86

Plintossolo Pétrico 3 Vulnerável 749.94 5.18

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Figura 12. Classes de solo presentes na ilha de Mosqueiro. Elaborado a partir de Lima (2010).

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A Figura 13 apresenta as classes de solo e seus respectivos graus de

vulnerabilidade presentes na NZAN.

Figura 13. Classes de solo e seus respectivos percentuais de ocorrência em cada sub-bacia.

De uma geral, estes solos são altamente intemperizados e possuem

propriedades físicas adequadas ao uso em atividades agropecuárias, contudo,

existem fortes limitações nutricionais (BARBOSA, 1974; VIEIRA, 1988). Outra

característica importante relacionada ao uso sustentável destes solos esta

relacionada às técnicas de manejo, o que pode contribuir negativamente em suas

características físicas e nutricionais, em condições de clima tropical (MARQUES

et al, 2004; SOUZA, et al, 2004; SILVA, et al, 2006; GUEDES et al, 2012). Não

obstante às limitações químicas características destes solos, Silva (2010) afirma

que estes solos seriam os únicos com indicativo de uso agrícola na região insular

do município de Belém.

Entre as oito sub-bacias presentes na área de estudo, Marinhas, Murubira

e Pirajussara apresentam em suas superfícies os maiores percentuais de

Gleissolo Háplico, correspondendo a 72,52%, 66,98% e 56,03%,

respectivamente. Estes solos apresentam grande importância para a região

amazônica, uma vez que apresentam possibilidades para exploração intensiva

com culturas de ciclo curto e por situarem-se às proximidades de grandes centros

urbanos. Contudo, além do alto grau de vulnerabilidade à erosão (Crepani et al

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(2001) o aproveitamento agrícola destes solos pode provocar alterações em seus

atributos químicos como a redução das concentrações de Fósforo e Potássio

além de provocar compactação no perfil do solo (LOPES, et al, 2004; 2006).

Apesar de registro sobre o aproveitamento agrícola dos Gleissolos, as

principais atividades econômicas desenvolvidas nestes solos no estuário

amazônico estão relacionadas ao extrativismo realizado por grande parte da

população local (GOULDING et al, 1995; HIRAOKA, 1999). Portanto, a integração

desses solos nos processo produtivos relacionados às atividades agropecuárias

deve ser realizado com planejamento e tecnologia adequada, sobre pena de

provocar sua degradação.

A terceira classe de solo com maior predominância na MZAN é a de

Espodossolo Humilúvico representando 17,09%. Estes solos estão presentes em

seis sub-bacias com destaque para Barreiras e Sucurijuquara que apresentam em

seu território 70,30% e 62,30% desta classe, respectivamente. Estes solos

apresentam severas limitações para culturas anuais, inclusive aquelas

consideradas protetoras, pastagens , demandando processos conservacionistas

intensos para prevenir erosão, mesmo quando utilizado em reflorestamento.

Trabalhos realizados em condições amazônicas mostraram limitações destes

solos para o uso agrosilvopastoril por apresentar baixa fertilidade natural e certa

deficiência na capacidade de armazenamento de água (DELARMELINDA, et al,

2011; 2014). Ainda sim, podem apresentar problemas de drenagem nas posições

abaciadas, onde ocorrem horizontes endurecidos que bloqueiam a percolação da

água, formando lençol freático suspenso no período chuvoso, podendo também

influenciar no crescimento das raízes quando muito superficiais.

As classes de solo com menor predomínio na MZAN é a Plintossolo

Pétrico, representando apenas 5,10% da superfície. Ocorrem somente nas sub-

bacias Mari-Mari e Pirajussara, representando 15,41% e 7,08% dos solos

encontrados nestas regiões, respectivamente. Estes solos apresentam fortes

limitações para uso agrosilvopastoril por apresentarem camada petroplíntica

consolidada o que impedimento à mecanização e ao desenvolvimento de plantas

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cultivadas. Estudo realizado no Distrito Federal aponta para o uso restrito e até

mesmo inapto com pastagem e sem aptidão para o reflorestamento (SPERA et al,

2004).

5.2.3 Uso e cobertura da terra

Para análise de vulnerabilidade inerente as diferentes formas de uso e

ocupação da terra, foram relacionadas aquelas classes que estabelecem alguma

relação com a cobertura vegetal e/ou atividade agropecuária. Tal vulnerabilidade

está associada à proteção que a cobertura vegetal e as diversas formas de

manejo exercem sobre a perda de solo. Ross (1994), com base em vasta revisão

bibliográfica e dados experimentais, estabeleceu um ranking referente ao grau de

proteção que cada tipologia de cobertura vegetal exerce sobre o solo. Neste

estudo, tal autor faz uma análise comparativa entre diferentes formas de

cobertura vegetal e a quantidade de solo perdido. Em solos com a presença de

Mata Natural, houve uma perda de solo na ordem de 0,03 ton/hectare/ano. Por

sua vez, solos com cobertura de Pastagem tiveram uma perda estimada em 0,23

ton/hectare/ano. Por fim, solos com manejo mais intensivo utilizado para o plantio

de arroz tiveram perdas quantificadas em 51,65 ton/hectare/ano. Crepani (2001)

faz referência ao grau de proteção que a cobertura vegetal exerce em condições

amazônicas estabelecendo uma relação 1/9.500 entre a perda de solo com a

presença de Matas e aqueles solos utilizados na produção de culturas agrícolas

anuais.

Os dados apresentados nesta dissertação podem diferir daqueles

apresentados por Venturieri et al (1998) e Sales (2006), pois estes definiram

como área de estudo tanto a Macrozona do Ambiente Urbano, na qual os

processo antrópicos são mais intensos, quanto a Macrozona do Ambiente Natural

- MZAN, compreendendo ambas 220km². Por sua vez, na presente dissertação

apenas se considerou a MZAN que representa aproximadamente 150 km², ou

seja, 68% de toda superfície analisada pelos autores supracitados. Outro fator

relevante são os procedimentos metodológicos diferenciados utilizados para a

definição das classes de uso, principalmente no que se refere à resolução

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especial das imagens utilizadas em cada mapeamento. Por fim, a intensificação

dos processos antrópicos e naturais ocorridos entre os intervalos de cada análise

é outro fator preponderante.

Na Figura 14 é apresentado o resultado do mapeamento realizado na

MZAN, podendo ser observado a dinâmica de uso e ocupação em cada sub-

bacia. Os dados obtidos a partir da classificação mostram predomínio de áreas

classificadas como Floresta, representando 71,76% de toda superfície da MZAN.

Incluem-se nesta classe as formações arbóreas contemplando remanescentes

primários e os estágios evoluídos destes bem como Florestas Aluviais e

Manguezais Arbóreos (IBGE, 2006).

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Figura 14. Classes de uso e ocupação das terras mapeadas na MZAN.

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Entre as sub-bacias presentes na MZAN a maioria se encontra com mais

de 70% de sua cobertura florestal relativamente preservada, com destaque para

as sub-bacias Marinhas e Murubira que apresentam 90,33% e 87,76% de seus

territórios com este tipo de cobertura (FIGURA 15).

Figura 15. Quantificação dos remanescentes florestais presentes na MZAN.

Uma característica relevante que pode contribuir com a interpretação desta

dinâmica está relacionada às características pedológicas, visto que nestes locais

há predomínio de áreas de terra-firme com ocorrência de gleissolos somente em

11,32% da sub-bacia Barreiras e ausência total destes solos na porção referente

à MZAN da sub-bacia Sucurijuquara. Sales (2006) em trabalho semelhante já

destacava um maior nível de preservação florestal nas áreas com predomínio de

várzeas na ilha de Mosqueiro e destacava como estratégia de preservação destes

ecossistemas a criação de uma Área de Proteção Ambiental – APA. Ressalta-se

ainda que grande parte das áreas com predominância de ambientes de várzeas é

considerada Área de Proteção Permanente – APP, portanto estão legalmente

protegidas (LEI 12.651/2012).

Ressalta-se ainda dois fatores relevantes para a manutenção das áreas

florestadas nas sub-bacias Marinhas e Murubira, os quais apesar de serem

estratégias bastante diferenciadas, podem estar contribuindo para a manutenção

da paisagem local. O primeiro, correspondente a sub-bacia Marinhas, refere-se a

importância que a pesca e o extrativismo do açaí tem para formação da renda da

nessa comunidade, representando 72,73% da principal fonte de renda destas

famílias. Por sua vez, a sub-bacia Muribira é a única que possui uma unidade de

conservação instituída oficialmente.

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Por outro lado, as sub-bacias Barreiras e Sucurijuquara apresentam os

menores percentuais de áreas florestadas, com apenas 48,25% e 64,72%,

respectivamente. No que concerne a sub-bacia Barreiras, a alteração da

paisagem pode está relacionada há um manejo inadequado das atividades

agropecuárias sobre um solo com fortes limitações físicas e químicas, o que

contribui para um processo de regeneração natural mais lento. Por sua vez, a

menor quantidade de floretas na sub-bacia Sucurijuquara pode estar relacionada

à proximidade com áreas de praias, aonde a especulação imobiliária exerce forte

atrativo para transformação da paisagem.

As demais classes de uso e ocupação apresentam um padrão bem

diversifica composto por nove classes de uso. Conforme apresentado nenhuma

dessas classes possuem percentuais significativos ao ponto de se destacar como

classe predominante.

A análise do uso e ocupação também permitiu mapear áreas com indícios

de exploração mineral localizadas dentro da MZAN. Apesar da análise mais

criteriosa sobre as atividades minerárias não compor o rol dos objetivos

específicos desta dissertação, cumpre-se destacar que existem nove processos

de exploração mineral em curso junto ao Departamento Nacional Produção

Mineral – DNPM, totalizando uma área de 356,13 hectares, destinadas à lavra de

saibro e areia com destinos vinculados à indústria da construção civil (DNPM,

2014). Ressalta-se ainda que todos os processos solicitados junto ao DNPM

tiveram início entre os anos de 2010 e 2014, indicando um possível deslocamento

desta atividade econômica para a ilha de Mosqueiro.

Em relação a grau de vulnerabilidade referentes as diversas formas de

cobertura vegetal mapeadas na MZAN, a tabela 5 mostra que aproximadamente

80% da superfície da MZAN ainda se encontra com cobertura vegetal

estabilizadora (TABELA 8).

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Tabela 8. Classes de uso e ocupação da terra identificadas na MZAN.

Cobertura vegetal Nível de prioridade Vulnerabilidade Área (ha) %

Agricultura permanente 2 Intermediária 103,14 0,73

Agricultura temporária 3 Vulnerável 520,35 3,68

Capoeira 1 Estável 1076,19 7,71

Floresta 1 Estável 10.894,83 72,74

Estágio inicial de

regeneração com solo

exposto

3 Vulnerável 954,28 6,37

Pasto 2 Intermediária 883,72 3,90

Outras - - 818,70 5,47

Em uma análise pontual, tomando como base o perfil de uso e ocupação

solo em cada sub-bacia, nota-se as menores percentuais das formas de uso que

compõem a classe “Estável” presentes nas sub-bacias Barreira, Santana e

Sucurijuquara (FIGURA 16). Nestas regiões a classe com maior grau de

vulnerabilidade varia entre 16,32% presente na Santana, 18,33 em Sucurujuquara

e a maior taxa ocorrem na sub-bacia Barreira com 21,05% de seu território sendo

classificado como “Vulnerável”.

Figura 16. Classes de vulnerabilidade referente às formas de uso e ocupação da terra na MZAN.

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5.2.4 Indicador de diversidade da ictiofauna na MZAN

Para Magurran (1988) as medidas de diversidade têm como objetivo

destacar diferentes aspectos estruturais dentro de uma dada comunidade

estudada. Na presente pesquisa foram capturados 1145 indivíduos distribuídos

em 38 espécies diferentes. As coletas ocorreram em 08 canais de maré no

período compreendido entre 2013 e 2014. De uma forma geral, nos canais de

maré localizados na MZAN de Mosqueiro predominaram três espécies: Lithodoras

dorsalis (Bacu Pedra), Plagioscion squamosissimus (Pescada Branca) e

Pachypops fourcroi (Pescada Olhuda).

A espécie mais abundante foi a Lithodoras dorsalis (Bacu Pedra),

representando 22,79% de todos os peixes capturados nos oito pontos de

amostragem, sendo bastante representativa nas sub-bacias Barreira e

Sucurijuquara. Nestes locais, esta espécie representou 45,11% e 41,56% de toda

ictiofauna capturada, respectivamente. Por outro lado, nas sub-bacias Santana,

Marimari e Marinhas não foram registradas ocorrências desta fauna nos pontos

coletados. Barbosa (2012) aponta que esta espécies é herbívora com forte

tendência à frugivoria, tendo em sua dieta alimentar forte participação do fruto de

açaí (Euterpe oleracea Mart.). Este autor ainda destaca a relevância desta

espécie como potencial dispersor desta fruta, visto que análises laboratoriais

mostraram aumento no desempenho germinativo das sementes encontradas no

trato digestivo destes animais.

A segunda espécie mais representativa nos canais de maré da MZAN é

Plagioscion squamosissimus (Pescada Branca), com participação de 20,35%.

Esta espécie foi encontrada em todas as sub-bacias com maior percentual de

ocorrência no Murubira (42,42%) e Marimari (39,09%). Esta espécie pertence à

família Sciaenidae e tem, como uma das características do gênero Plagioscion, o

hábito alimentar piscívoro. Ocorre em quase todos os grandes rios e lagos da

Amazônia, sendo comum também no estuário do rio Caeté, Bragança– PA

(CAMARGO; ISAAC, 2001a) e baía do Marajó (BARTHEM, 1985). A Pescada

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Branca possui grande valor comercial além de ser consumida pelo próprio

pescador e requisitada na pesca esportiva (BARBOSA et al, 2010).

A terceira espécie mais abundante nos canais de maré da MZAN foi a

Pachypops fourcroi (Pescada Olhuda), com 13,1%. Esta espécie teve sua maior

ocorrência na sub-bacia Mari-mari (21,84%), contudo não foi observada nas sub-

bacias Murubira e Sucurijuquara. A Pescada Olhuda também pertencente a

família Sciaenidae e ocorre nos rios das bacias amazônica, Orinoco e nos rios da

Guiana (FROESE e PAULY, 1999).

Os dados apresentados corroboram outro estudo realizado por Viana et al

(2014) que também citam as duas primeiras espécies como sendo as mais

abundantes em canais de maré localizados próximos ao distrito industrial da

cidade de Barcarena – PA. Neste estudo, os percentuais de captura das espécies

Lithodoras dorsalis (21,75%) e Plagioscion squamosissimus (22,13%) foram

próximos aqueles registrado na MZAN da ilha de Mosqueiro. Mourão (2012)

também cita o Lithodoras dorsalis e a Plagioscion squamosissimus como duas

entre as três espécies mais importantes na composição total de biomassa dos

canais de maré localizados no ambiente insular da cidade de Belém.

No tange aos resultados relacionados ao IDI aferidos na MZAN a mostra

os valores encontrados e seus respectivos graus de vulnerabilidade para cada um

dos índices que compõe o IDI. Percebe-se que para todos os índices de

diversidade (Riqueza (S), Diversidade (D) e Equitabilidade (J’) tiveram resultados

heterogêneos, abrangendo as três categorias de vulnerabilidade ambiental

propostas neste estudo.

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Tabela 9. Índices de diversidade encontrados nos canais de maré localizados na MZAN.

Sub-bacia

Riqueza_S Margalef (D) Equitability_J

Índice Vulnerabilidade Prioridade. Índice Vulnerabilidade Prioridade Índice Vulnerabilidade Prioridade

Santana 26 Estável 1 4.5 Estável 1 0.776 Intermediária 2

Barreiras 19 Intermediária 2 3.5 Estável 1 0.647 Intermediária 2

Marimari 12 Vulnerável 3 2.5 Vulnerável 3 0.758 Intermediária 2

Marinhas 12 Vulnerável 3 2.5 Vulnerável 3 0.869 Estável 1

Murubira 11 Vulnerável 3 2.9 Intermediária 2 0.754 Intermediária 2

Pirajussara 16 Intermediária 2 3.2 Intermediária 2 0.83 Estável 1

Pratiquara 21 Estável 1 3.5 Estável 1 0.741 Intermediária 2

Sucurijuquara 11 Vulnerável 3 2.3 Vulnerável 3 0.687 Intermediária 2

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Os índices de Riqueza (S) das sub-bacias Santana, Barreiras, e Pratiquara

apresentam resultados superiores aos encontrados nos canais de maré

localizados na Ilha das Onças – Barcarena/PA aonde o maior número de espécies

capturadas foi 18 (TORRES, 2010). Ainda fazendo um paralelo sobre os índices

de riqueza encontrados na MZAN e Ilha das Onças, ressalta-se que mesmo

quando comparando os índices de menor valor identificados em ambas as ilhas, a

MZAN apresenta 11 espécies e Onças apenas 5, ou seja, a riqueza encontradas

nos canais de maré da ilha de Mosqueiro pode ser superior ao dobro daquela

encontrada na ilha das onças. Por sua vez, a Equitabilidade (J’) encontrada na

MZAN não diferiu significativamente daquela identificada por Torres (op.cit).

Por fim, considerando a necessidade de espacialização das informações

aqui apresentadas foi realizada a interpolação dos IDI encontrados nas sub-

bacias e a geração do mapa contendo as classes de vulnerabilidade identificadas

na MZAN (FIGURA 17). A classe de vulnerabilidade “Intermediária” representa

55,41% e está presente em sete das oito sub-bacias. Por sua vez, a classe

“Vulnerável” tem participação de 36,79% com predomínio nas sub-bacias

Marinhas, Marimari, Santana e Sucurijuquara . Ainda é possível observar pouca

presença da classe de vulnerabilidade denominada “Estável”, ocorrendo apenas

nas sub-bacias Murubira, Pratiquara e Santana.

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Figura 17. Distribuição espacial dos Indicadores de Diversidade da Ictiofauna mapeados no MZAN.

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5.3 Análise integrada dos componentes

O entendimento da dinâmica de funcionamento de um determinado

ambiente natural, com ou sem intervenção humana, pode ser alcançado por meio

de estudos que contemplem a integração das relações do ambiente natural com

as características socioeconômicas presentes em um dado território. Partindo

desta ótica, a “Análise Empírica da Fragilidade dos Ambientes Naturais e

Antropizados” traz elementos teóricos baseados na concepção de que a

paisagem é um conjunto único e indissociável, sempre em evolução e que sua

análise deve ser realizada com a utilização de dados resultantes da combinação

de elementos físicos, biológicos e antrópicos. Tal metodologia tem como alicerce

teórico a Teoria dos Sistemas, a qual estabelece que os fluxos de energia e

matéria se processam em relações dinâmicas, evoluindo naturalmente de forma

harmônica. Contudo, intervenções antrópicas ocorridas nestes ecossistemas

podem afetar sua funcionalidade conduzindo a processos degenerativos de forma

temporária ou até mesmo permanentes (TRICAT 1977; ROSS, 1994; AMARAL e

ROSS, 2009).

Nesta perspectiva, os dados temáticos da carta de solos, geomorfologia,

uso da terra e cobertura vegetal, além do mapa referente ao Indicador de

Diversidade da Ictiofauna foram analisados de forma integrada visando identificar

características homogêneas entre as sub-bacias. A Figura 18 mostra uma síntese

dos resultados aferidos na área de estudo, ressaltando o grau de vulnerabilidade

ambiental para cada unidade mapeada, conforme proposto por Crepani (2001).

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Figura 18. Classes de vulnerabilidade ambiental presentes na MZAN da ilha de Mosqueiro.

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Na área de estudo predominam as classes de vulnerabilidade

denominadas “Intermediária” e “Estável” totalizando 89,41% de toda MZAN ().

Silva et al, (2001) investigando o município de Colares, localizado a

aproximadamente 10 km da ilha de Mosqueiro e pertencente a mesma região

hidrográfica, também identificaram percentuais semelhantes de áreas com forte

limitação de uso, sendo indicadas apenas para a preservação e conservação.

Por outro lado, Sales (2005), analisando o grau de vulnerabilidade à erosão

em toda extensão territorial da ilha de Mosqueiro cita resultados dissonantes

destes aqui apresentados. Contudo, o referido autor chama a atenção para a

limitação do procedimento metodológico adotado naquele momento, em função

da ênfase estabelecida para os critérios morfométricos, com destaque para a

amplitude, os quais são bastante apropriados para análise de vulnerabilidade em

regiões continentais, mas não tão adequados para regiões estuarinas com

predominância de planícies.

No tocante restrito as características intrínsecas mapeadas em cada sub-

bacia, Marinhas apresentou o maior percentual relativo da classe “Vulnerável”

com 44,72%. Esta sub-bacias está localizada na porção sul da MZAN aonde

predominam consideráveis áreas com vegetação arbórea, classificadas como

Figura 19. Distribuição das classes de vulnerabilidade ambiental presentes na MZAN.

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Floresta e Capoeira. A classe de solo mais representativa é o Gleissolo Háplico,

com ocorrência em aproximadamente 60% do território. Estes solos apresentam

alto grau de vulnerabilidade à erosão, sendo classificado como “Vulnerável”. A

unidade geomorfológica local também apresenta vulnerabilidade acentuada, com

predomínio da formação Litoral de Mangues e Rias. Soma-se ainda o auto de

grau de vulnerabilidade relacionado ao componente IDI classificado como

“Vulnerável” em quase toda extensão da sub-bacia.

A segunda sub-bacia com maior predomínio da classe “Vulnerável” foi

Mari-Mari, com 17,54%. Esta sub-bacia é a maior em extensão territorial

localizada na MZAN, com cerca de quatro mil hectares. Nela, apesar da

existência de diversas formas de uso e ocupação do território, ainda predominam

grandes remanescentes florestais, representando mais de 70% de toda cobertura

vegetal local.

Por outro lado, nas sub-bacias Santana e Sucurijuquara não foram

identificadas áreas representativas classificadas como “Vulnerável”. Nestas áreas,

as classes de uso do solo definidas como “estáveis” são as mais relevantes. O

predomínio de solos com menor grau de vulnerabilidade como latossolo e

espodossolo, além da acentuada participação da unidade geomorfológica

Tabuleiros Paraenses. Por sua vez, as sub-bacias Barreira, Murubira, Pirajussara

e Pratiquara apresentaram características semelhantes em relação ao grau de

vulnerabilidade geral. Nelas, a classe “Vulnerável” representa em média apenas

1,40% do território.

Sobre a sub-bacia Murubira se destaca a classe “Intermediária” de

vulnerabilidade, com destaque para o Murubira, com 68,13% de toda sua

extensão territorial inserido nesta categoria. Nesta sub-bacia predomina o

gleissolo háplico com cerca de 70% de participação entre os solos presentes. Por

sua vez, a totalidade de seu território está assentado sobre a unidade

geomorfológica “Litoral de Mangues e Rias”, cujo grau de vulnerabilidade à

erosão é mais acentuado entre as duas unidades presentes na área de estudo.

Convém ressaltar que é nesta sub-bacia que está localizado o Parque Municipal

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da Ilha de Mosqueiro, criado em 1998 e que até o presente momento ainda não

possui seu plano de manejo e que já apresenta sinais de degradação ambiental

em seu entorno (MARQUES, 2014). Outra característica relevante sobre Murubira

é sua relação com a Macrozona do Ambiente Urbano, pois mais de 50% de seu

território esta situada nesta unidade administrativa.

No que diz respeito à sub-bacia Pratiquara, percebe-se além do predomínio

da classe “Intermediaria” que representa aproximadamente 76,70% da região, a

ocorrência das classes “Estável”, com participação de 21,29%. Esta sub-bacia é

limítrofe com o Murubira e também possui parte de seu território inserido na

Macrozona do Ambiente Urbano. Nesta sub-bacia predomina o Latossolo Amarelo

como principal classe de solo e sua cobertura vegetal é majoritariamente Floresta.

Percebe-se, portanto, que as áreas com maior grau de vulnerabilidade

estão situadas ao sul da ilha de Mosqueiro, destacando-se entre as sub-bacias

localizadas nesta região a Marinha e Marimari. Ressalta-se ainda que mesmo

quando as sub-bacias apresentam consideráveis remanescentes florestais, outros

fatores como a classe de solo, a geomorfologia e a diversidade de seus

ambientes aquáticos podem representar significativas influências sobre a

estabilidade dos sistemas naturais.

Na figura 20 são apresentados os percentuais de cada classe de

vulnerabilidade ambiental aferidas na MZAN.

Figura 20. Classes de vulnerabilidade ambiental registradas em cada sub-bacia localizada na

MZAN.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise dos fatores de vulnerabilidade ambiental em áreas estuarinas

realizada por meio da utilização de multicritérios em ambiente de Sistema de

Informação Geográfica - SIG são recentes e necessitam de refinamentos

metodológicos visando seu aperfeiçoamento. Entretanto, considerando a

disponibilidade de dados oficiais produzidos por ocasião do Zoneamento

Econômico e Ambiental da Calha Norte e Borda Leste além de imagens de

satélite de alta resolução espacial, entre outras informações fornecidas por órgãos

oficiais de forma gratuita, pode ser considerada uma alternativa técnica para os

órgãos responsáveis pela gestão ambiental elaborarem seus instrumentos de

ordenamento, com destaque para as instituições municipais que geralmente

possuem maiores limitações financeiras.

A necessidade premente da elaboração de estudos que subsidiem o

planejamento ambiental em escala de detalhe tem instigado técnicos e

pesquisadores a buscarem adaptações, para a aplicação local, de metodologias

amplamente utilizadas em outras regiões do país. Contudo, ênfases atribuídas

aos fatores físicos, sobretudo aqueles relacionados à morfometria e a cobertura

vegetal podem gerar resultados subestimados para as classes de vulnerabilidade

ambiental em áreas estuarinas com predomínio de planícies e vegetação

assentada em solos hidromórficos. Estas características foram evidenciadas com

a elaboração do mapa final de vulnerabilidade ambiental da MZAN.

Outrossim, considerando que independentemente da relativa conservação

florestal ainda presente da MZAN, a geomorfologia e a pedologia também são

fatores relevantes para a definição de um planejamento ambiental eficiente. Além

disso, estudos que considerem também a ictiofauna local como indicadores

ecológicos são relevantes, não só para a definição das estratégias de uso dos

recursos naturais, mas também como forma de planejamento territorial em função

da dinâmica socioeconômica presente em cada sub-bacia localizada na MZAN.

O mapa final de vulnerabilidade ambiental da MZAN apresenta subsídios

quanto o planejamento prioritário de ações destinadas à conservação dos

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recursos naturais na MZAN e tomadas de decisão realizadas pelos órgãos

ambientais competentes. Contudo, deve-se levar em consideração que mesmo as

áreas classificadas com o grau de vulnerabilidade Intermediária e Estável deverão

ser alvo de políticas ambientais visando sua conservação.

Ressalte-se ainda a importância que os recursos naturais presentes na

MZAN têm para as populações locais e para a manutenção dos serviços

ecológicos prestados a toda sociedade. Neste sentido, a ausência de políticas

públicas como Assistência Técnica e Extensão Rural e a inexpressiva presença

dos órgãos ambientais de comando e controle são fatores que podem impulsionar

o processo de ocupação desordenada e a degradação dos recursos naturais

presentes na MZAN.

Considerando a complexidade da dinâmica de ocupação e uso da terra, da

limitada aptidão agrícola dos solos e das características socioeconômicas

identificadas, torna-se necessário a proposição da criação de uma Área de

Proteção Ambiental – APA para os limites geográficos da MZAN. Tal estratégia de

conservação é compatível com o cenário atual de ocupação deste território, visto

que conforme estabelece Art. 15 da lei 9.985/2000 que rege sobre o Sistema

Nacional de Unidades de Conservação – SNUC.

A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Em última instância, considerando a relevância socioeconômica e

ambiental das áreas de várzeas, onde predominam os solos com maior grau de

vulnerabilidade (Gleissolos) e representativos remanescentes florestais, propõem-

se que toda região abrangida por esta classe de solo seja declarada de interesse

social e, por sua vez, definida como Área de Proteção Permanente – APP

conforme estabelece o artigo 6º do novo código florestal brasileiro (lei

12.561/2012).

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