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Observatório Perdizes SP Jornal produzido por alunos de Jornalismo | Universidade Anhembi Morumbi | 2º semestre de 2017 Do solo à qualidade do ar, bairro vive contrastes Reflexo da urbanização, Perdizes lida com variação atmosférica e contaminação do solo Foto: Lucas Leite Moradores barram agentes e dificultam ações de prevenção Agentes de saúde são impedidos de entrar em condomínios residenciais; Perdizes já foi recordista em casos em SP Pág. 13 Vida noturna cria clima de guerra entre universitários e moradores Barulho, acúmulo de lixo e vias bloqueadas por festas no entorno da universidade geram acusações Págs. 23 e 35 PUC-SP Considerado o terceiro bairro mais seguro de Sâo Paulo, Perdizes afasta população de rua Pág. 24 Ruas sem moradores POLÍTICA Da noite universitária até restaurantes e espetáculos, conheça as trilhas culturais da região Págs. 35 e 36 Roteiro inclui gastronomia e música LAZER Samurai Kids: Academia promove jiu-jitsu adaptado ao público infantil Pág. 40 ESPORTE COMBATE À DENGUE Foto: Débora Bárbara Págs. 30 e 31

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ObservatórioPerdizesSP

Jornal produzido por alunos de Jornalismo | Universidade Anhembi Morumbi | 2º semestre de 2017

Do solo à qualidade do ar, bairro vive contrastesReflexo da urbanização, Perdizes lida com variação atmosférica e contaminação do solo

Foto

: Luc

as L

eite

Moradores barram agentes e dificultam ações de prevençãoAgentes de saúde são impedidos de entrar em condomínios residenciais; Perdizes já foi recordista em casos em SP Pág. 13

Vida noturna cria clima de guerra entre universitários e moradoresBarulho, acúmulo de lixo e vias bloqueadas por festas no entorno da universidade geram acusações Págs. 23 e 35

PUC-SP

Considerado o terceiro bairro mais seguro de Sâo Paulo, Perdizes afasta população de rua

Pág. 24

Ruas sem moradores

POLÍTICA

Da noite universitária até restaurantes e espetáculos, conheça as trilhas culturais da região

Págs. 35 e 36

Roteiro inclui gastronomia e música

LAZER

Samurai Kids: Academia promove jiu-jitsu adaptado ao público infantil

Pág. 40

ESPORTECOMBATE À DENGUE

Foto

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Págs. 30 e 31

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54 PerdizesObservatórioSP

Especializada em arte popular brasileira, a Brasiliana foi fundada por Roberto Rugiero e se tornou referência em seu segmentoAmanda Gushiken

A casa geminada de três andares, que abri-ga a Galeria Brasiliana, foi escolhida a dedo por Roberto Rugiero, o fun-dador e marchand (mer-cador). A recente pintu-ra externa, com cor que varia entre rosa e um tom alaranjado, cha-ma a atenção dos olhos curiosos. É comércio ou residência? Os dois. É lar de diversas obras de arte popular brasilei-ra, da gata branca Dedé e da jabuticabeira no quintal do fundo.

Mesmo com localiza-ção a poucos metros da prometida estação PUC- -Cardoso de Almeida, da Linha 6 – Laranja do metrô, cuja previsão de inauguração está pre-vista para 2021, Rugiero deixa claro que o motivo principal de ter escolhi-do a casa número 1297, em 2012, foi a jabutica-beira. A árvore combina com as bananas, as ma-çãs e os mamões no ces-to que fica na mesa da galeria. E também com os passarinhos visitan-tes que ele alimenta.

Publicitário duran-te a década de 1960, Roberto se tornou des-contente na profissão. “Toda propaganda é en-ganosa, na medida em que ela oculta possíveis defeitos e exalta preten-sas qualidades, então eu tinha ali um conflito

ético”. A partir de um colega da adolescência, iniciou a vida no mundo da arte na extinta Petite Galerie, no Rio de Janei-ro. Voltou para São Pau-lo e foi indicado para a Galeria Ralph Camargo.

Junto com Ralph, o jovem marchand iniciou um projeto de oposi-ção à Galeria Collectio. “A Collectio de repente surgiu com muito di-nheiro, revolucionou o mercado dos leilões e se tornou um monopó-lio no Brasil”, lembra. O objetivo do projeto de crítica era encontrar artistas brasileiros ain-

da não reconhecidos, e o resultado deste passo inicial foi a ascensão de artistas contemporâ-neos como Lygia Clark, Mira Schendel e Hélio Oiticica.

A Galeria Brasilia-na foi o mergulho neste ideal, com foco total no país verde e amarelo. Ela é responsável, por exemplo, por emprestar obras ao Museu de Arte de São Paulo Assis Cha-teaubriand (Masp), na recente exposição “His-tórias da Sexualidade”, com obras de Moacir da Chapada dos Veadei-ros. O pintor Ranchinho

também teve seu reco-nhecimento após conta-to com Rugiero e seus filhos, Fedra e Dmitri.

A arte como ar “Eu sou pessimista quanto ao futuro do Bra-sil, com seu império da ignorância. Tenho pena desses jovens, a gran-de massa entregue a si mesma, o consumismo desenfreado, a sexuali-dade irresponsável e as drogas”, analisa Roberto.

O marchand tem pen-samentos críticos, fruto de seu fascínio pela li-teratura do século XIX e de uma bagagem cultu-

Escultura exposta na Galeria Brasiliana aborda a temática indígena (Foto: Amanda Gushiken)

ral extensa. Nasceu em plena Segunda Guerra Mundial, presenciou os tempos da ditadura militar e hoje vê a atual polêmica da exposição “Queermuseum” pro-movida pelo Santan-der Cultural em Porto Alegre. Afirma, catego-ricamente: “É censura sim!”.

Roberto vê na arte popular brasileira a sua paixão e seu ofí-cio, ainda no labirinto do conflito ético que encontrou na publici-dade. Toma um gole de café e repete: “A ética precede a estética!”. Cita, ainda, um proces-so de “globanalização”, em que vê o mundo afundar. “Eu defendo a arte popular e o realis-mo, porque a beleza é um elemento inerente à arte”, diz. “Ela é qua-se o principal motivo, principal ingrediente Jabuticabeira e Roberto Rugiero: ícones da galeria (Foto: Amanda Gushiken)

Educação sem medo e dor foi fundada no bairroColégio Batista inovou com método de aula sem puniçõesMirela Alves

Hoje é consenso: pal-matórias e punições apli-cadas em crianças nas escolas não trazem efeito positivo na educação dos alunos. As agressões se tornaram contra a lei em 2014, após a ex-presi-dente Dilma Rousseff (PT) sancionar a lei 13.010 – que determina multas e até ordem de prisão aos educadores que aplicam punições físicas a crian-ças e adolescentes na es-cola.

No Brasil, a decisão de acabar com tais cas-

tigos nas escolas não foi apenas por razões cons-titucionais.

Anteriormente, os co-légios espalhados pelo País já haviam adotado um sistema de ensino contrário às agressões físicas – e isso em mui-to se deve a uma escola pioneira na educação, que mostrou que é pos-sível ensinar sem cas-tigo: o colégio Batista Brasileiro de Perdizes, fundado em 1902 pelos missionários da igreja evangélica batista Wil-liam Buck Bagby e Anne Luther Bagby.

A unidade brasilei-ra só foi construída em 1923. Logo no início do século XX, a escola ado-tou um sistema de en-sino norte-americano, que eliminava agressões físicas e verbais. A esco-la também foi uma das pioneiras em São Paulo a acabar com o sistema silencioso, que se basea-va em não aceitar diálogo dos alunos durante o pe-ríodo de aula.

Em 2013, o prédio, localizado na rua Dr. Ho-mem de Melo, 537, foi definido como patrimônio histórico e tombado pelo

Conselho Municipal de Preservação do Patrimô-nio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp). O edifício não é lembrado apenas por sua constru-ção, com vigas inspira-das na arquitetura grega da cidade de Atenas. É também exemplo de edu-cação de qualidade. A di-retora da instituição, que não quis ser identificada, afirma ter “orgulho da história que carregamos com muita glória”. “Desde o começo de nossa unida-de, ensinamos com maes-tria pessoas a se torna-rem cidadãos de caráter.”

de uma obra de arte, e, de repente agora é o conceito. A arte con-temporânea é fashion e o construtivismo é moda.”

Mencionando Dos-toiévski, Tolstói e Mario Vargas Llosa, Roberto diz que “essa coisa do best-seller é um des-serviço à cultura”. “As pessoas veem a leitura como distração, mas a leitura é uma incorpo-ração de experiências, muda o mundo.”

Não é de se espantar que ele já tenha sido convidado por faculda-des para palestrar. E também não é de se es-pantar que os convites não tenham se repeti-do. O humor sarcásti-co e as críticas ácidas, que faz despercebida-mente, assinalam o intelectual autodidata que espanta desinfor-mados.

Galeria com jabuticabeira une história e cultura

História