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35 POEMAS+
MARLI SAVELL IHELENA FRENZEL ED.
C O L E T Â N E A
35 Poemas+, Coletânea, Marli Savelli, 1a. Edição, Helena Frenzel Ed.
Copyright © 2013 Todos os direitos sobre os poemas aqui usados estão reservados à autora: Marli Savelli (aquarioliterario.wordpress.com).
Edição e imagem: Helena Frenzel
Copyright © 2013 Todos os direitos sobre esta edição digital estão reservados à editora: Helena Frenzel, St. Ingbert, Alemanha ([email protected]).
Todos os textos aqui usados com a permissão da autora. Esta edição pode ser livremente distribuída sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso não comercial - Vedada a criação de obras derivadas 2.5 Brasil, desde que na íntegra e com o devido crédito de autoria. Não é permitido de modo algum comercializá-la, alterá-la e/ou usá-la no todo ou em parte para gerar obras derivadas.
Obra disponível para baixar em: quintextos.blogspot.com
CRÉDITOS
i
Coletânea35 Poemas+
Poemas de Marli Savelli
Apresentação e edição: Helena Frenzel
Julho de 2013
Esta publicação é parte do site Quintextos (quintextos.blogspot.com)
Venda proibida
SOBRE ESTE LIVRO
ii
Para Marli
E para todos aqueles que amam o poetar,
com carinho.
DEDICATÓRIA
iii
CRÉDITOS (i)SOBRE ESTE LIVRO (ii)
DEDICATÓRIA (iii)EU PINTO O SOL DE AMARELO (vi)
PRÓLOGO (vii)LIGADOS (9)
ÚTERO DO CORAÇÃO (10)CARINHO NÃO-CONFESSO (12)UM POEMA E UMA FLOR (13)
FLOR DA SOLIDÃO (14)A FLOR DA ALMA (15)
INFELIZ E NÃO SABIA (17)DIA DA FELICIDADE (18)
FELIZ NOSTALGIA (19)BRINDAMOS O AMOR (21)
CONTADORA (DE ESTRELAS E SÓIS) (22)BALANÇO (23)
[LOU] CURA (24)FRESCURA (25)
PASSANDO A LIMPO (26)SOL BRASILEIRO (27)
CORÇA (28)DESENTERRE (29)
TERRA À VISTA (30)ENTÃO, BEBA ! (32)
LILICO PIRULITO (33)CÉU RUIVO (35)
O CÉU BRILHA (36)
SUMÁRIO
iv
QUE DURE MAIS QUE O EFÊMERO (37)AMADORA (38)
RABISCO A GIZ (39)RETRATO NO LIVRO (40)
POEMASTIGANDO (41)PORQUE O POEMA NÃO MORREU (42)
ÀS VEZES (43)MAL-ME-QUER (45)SORTE SELADA (46)ROTA PERDIDA (47)
PO[E]MAR (48)NÃO SOU POETISA (50)
v
Eu sei que muitas coisas e pessoas são ou estão opacas e sem cor, no entanto, se coloco cores, aqui ou lá, é porque tenho tinta e acho que vale a pena pintar, é bonito… Ninguém é perfeito, nada é completo, meu mundo não é cor-de-rosa, meu sol é amarelo e o céu azul é meu preferido e de muito bom gosto, Deus, obrigada. Tudo bem que às vezes borra, mas, mais triste e solitário é enxergar tudo preto e branco sem se dar a chance de sonhar, acreditar que a vida é colorida (…)
Marli Savelli
EU PINTO O SOL DE AMARELO
vi
O que você agora tem diante dos olhos, caro leitor, é uma coletânea que, inicialmente, eu havia montado para uso pessoal, para tê-la em minha biblioteca eletrônica, onde costumo guardar escritos que me agradam ou desejo manter por alguma razão. Porém, pelo valor literário das peças colecionadas, achei um desperdício guardá-la só para mim — a coletânea, digo — de modo que pedi permissão à autora para compartilhar esta edição. E quão grande não foi minha alegria ao, dela, receber resposta tão afirmativa: ‘sim, pode publicar’.
Não me sinto motivada a, tecnicamente, falar sobre poesia, nem gosto de fazê-lo aliás; não por falta de qualquer conhecimento do assunto, mas quando textos falam comigo primeiro, minha escolha é sempre calar para ouví-los melhor e deixar que falem a outros por si mesmos, dispensando críticas e opiniões desnecessárias fora de um contexto analítico formal. Aliás, não só poemas, prefiro que textos literários em geral advoguem por si próprios, já que a matéria-prima da literatura é o texto e tudo o mais são resíduos de visões alheias que o tempo tem cuidado em amalgamar.
Pois aqui juntei peças líricas que a mim soaram belas, sutis e delicadas, carregadas de uma visão que eu chamaria de autêntica em torno de temas universais. Bons exemplos se encontram em todo o livro, mas para que tenha melhor idéia do que digo, destaco a bucólica CÉU RUIVO, quando até se pode sentir o efeito do ‘sol líquido’, o mormaço de SOL BRASILEIRO, sutil crítica social, a enigmática TERRA À VISTA, a referencial FELIZ NOSTALGIA, que talvez nos revele algumas das fontes e raízes da poesia da Marli, a razão para poetar em [LOU] CURA e o sincero desejo de que o que escrevemos — também — DURE MAIS QUE O EFÊMERO. E para fortalecer os laços, eu não poderia deixar de abrir esta coletânea com LIGADOS, primeiro poema que me ‘ligou’ ao Aquário Literário, site de onde pesquei, com permissão, todas as peças que aqui estão.
PRÓLOGO
vii
Recomendo a leitura e a exploração com calma: há muitos tesouros escondidos por lá.
Eu não sei quem é a Marli como pessoa. Assim sendo, selecionei NÃO SOU POETISA e PO[E]MAR na esperança de que nelas encontrasse pistas que me ajudassem a montar um perfil.
É isso, espero que ‘le guste’ e deguste.
Com carinho,
Helena Frenzel, St. Ingbert, Alemanha, 5 de julho de 2013.
viii
De repente, o destino
puxou a linha para cima
e chacoalhou
até os empecilhos caírem…
— Nós nos trombamos —
Ainda meio confusa,
cambaleando,
vou seguindo contigo…
Marli Savelli
LIGADOS
1
9
Semente da arte poética florindo.
Fruto da inspiração,
engravidando o coração,
aos poucos se desenvolvendo,
gerando, crescendo.
Das entranhas ao papel — concepção.
A vida nos dedos se abrindo.
No ouvido, o sopro de Deus sorrindo.
Um pouco utópico, um tanto literal.
Brota de forma natural.
Filhos da Saudade calada,
do Amor que adoras.
Filhos da Tristeza desmaiada,
da Dor que choras.
ÚTERO DO CORAÇÃO
2
10
Da alma nasce o sentimento,
fecundos na alegria e no tormento.
São acolhidos no ninho,
forrados com folhas de carinho.
Brincam nos primeiros passos,
cruzando palavras (abraços)
Soltos quando prontos para voar,
os sonhos livres pelo ar!
Infinitos são os segredos
nas linhas do enredo.
Marli Savelli
11
Acaricia meu cabelo.
Dedos desenhando sonhos.
Acordo pensando vê-lo.
Engano! O vento… suponho.
Marli Savelli
CARINHO NÃO-CONFESSO
3
12
Em cada poema
que aflora,
uma flor rompe na rota
…
E a vida brota
na aurora.
Marli Savelli
UM POEMA E UMA FLOR
4
13
A cor branca simboliza a paz.
O preto, as trevas.
Por que no escuro, calmaria;
no claro, gritaria?
Marli Savelli
FLOR DA SOLIDÃO
5
14
Tudo o que sei é que o mal e o bem
vivem brigando por alguém.
Se queres ficar com o bem
e a tua flor for ímpar, começa assim
— bem-me-quer,
— mal-me-quer,
— bem-me-quer…
Se pétalas pares, o que queres?
— mal-me-quer
— bem-me-quer…
Antes um difícil ponto de partida
a um funesto término.
A FLOR DA ALMA
6
15
Bem-te-quer a vida,
como um bem-te-vi que voa alegremente
nos ramos do bem-querer.
Não culpes a tua Margarida,
é a tua escolha que justifica o fim!
Marli Savelli
16
Eu tive um sonho
Minha alma dizia, entre soluços,
estar muito infeliz:
“ — Só não desisto porque sei que seria uma só vez!”
Presenciei uma tristeza
que nunca tinha visto antes…
Desabafou!…Desabou a chorar…
“ — A vida não é feita só de felicidade,
não desista, por mim!”
Fiz a ela promessas, depois
fiquei a refletir se poderia cumpri-las…
Ser feliz está além das minhas forças.
Sou frouxa.
Submissa a uma tal infelicidade.Marli Savelli
INFELIZ E NÃO SABIA
7
17
Somos os donos da festa.
Sinta no vento a alegria.
Confetes… deixe a modéstia.
A ordem hoje é: sorria!
Marli Savelli
DIA DA FELICIDADE
8
18
A noite chega, festa esplêndida
O Sol entra para brilhar
Sirva-se de algo triste, um aperitivo
É hora de começar
No cálice, a luz de um claro vinho
É preciso se embriagar
A melodia nostálgica vamos dançar
( Lábios ao fulgor do sol
num beijo que derrete o céu )
Chora a canção que fiz agora,
S o l O u ç a nesta hora
Vestido de gala, à tua mesa, na sala
No peito a última cantiga
que no íntimo abriga
FELIZ NOSTALGIA
9
19
Mil notas! Mais brindes!…
Os anjos chamam e a taça se derrama.
Marli Savelli
* * *
Este é um poema paradoxal, uma mistura de aniversário e funeral, festa e luto — feito em homenagem ao ‘nascimento’ e ‘falecimento’ de Robindronath Tagore: casapoeticadetagore.blogspot.com
20
Nos lábios, o sabor da fruta abençoada.
Diluído na taça, sangue rubro.
Correm nas veias — goles de amor —
da seiva, aos tragos, embriagada.
A — barman — vida, sempre ao dispor.
O cálice nunca deixa esvaziar,
bebidas doces e amargas,
de diferentes safras a degustar.
Dos licores compartilhados,
em cada um, a aliança renovada.
Hoje, por favor, sirva-nos do suave.
Tim-tim… Um brinde ao amor!
Marli Savelli
BRINDAMOS O AMOR
10
21
Pois é, andei fazendo um balanço
do teu saldo devedor comigo
e dos débitos mensais a vencer
Cheguei à conclusão que são inumeráveis…
— Ônus versus Bônus —
… Isso tudo vai te custar noites e dias
não contáveis (…)
Marli Savelli
CONTADORA (DE ESTRELAS E SÓIS)
11
22
No balanço
da vida
eu me lanço.
Nas idas
e vindas
às vezes, alcanço.
Nas subidas,
e descidas,
também danço.
Marli Savelli
BALANÇO
12
23
Não que a poesia seja a cura,
na verdade, é um tratamento preventivo.
Marli Savelli
[LOU] CURA
13
24
Nós,
Apertos e frouxuras
Sanas e loucuras
Tonteiras
e outras asneiras
A rima procura
— Frescura!
Marli Savelli
FRESCURA
14
25
A história dos rascunhos,
eu já conhecia, talvez…
Escrevo do próprio punho:
o final de ‘era uma vez’!
Marli Savelli
PASSANDO A LIMPO
15
26
Caminhando ao sol, um fogo escaldante.
Ferve o chão de brasa coberto.
Árvore ou abrigo – nada – fulminante.
Nem sequer uma sombra… deserto.
Estou cansada, a terra esbofeteia.
Tenho sede… só faz poeira.
À frente um desfile sem trégua.
Atrás, uma multidão seguindo a légua.
Se parar, me devoram… famintos.
A carne, com as pisadas, esmaga.
Numa digestão agindo pelo instinto…
Alguém sangrando, queima, apaga.
Marli Savelli
SOL BRASILEIRO
16
27
O deserto é nuvem sem água!
— Ausência de tudo —
Voz da alma no silêncio
que nos aproxima de Deus…
Corça sedenta a farejar na areia a fonte de vida:
“Minh’alma tem sede de Ti…”
((( Jorra do teu
r
i
o
no meu ser )))
Marli Savelli
CORÇA
17
28
Cave o buraco
e traga de volta
O que o chão não devorou
Que o fogo não tornou cinza
E o vento não assoprou:
— O que não se perde
O que se repete
O nome que não se esquece…
Marli Savelli
DESENTERRE
18
29
Tempestade, águas turbulentas.
Vento voraz… tormentas.
Na ânsia do desvario,
fui levada para o mar pelo rio.
A embarcação com as ondas tombou.
O ferimento para o fundo, sangrou.
As bagagens de bruços,
abriu o peito, absorveu-as em soluços.
Lá se vão… afundando.
Uma depois outra, naufragando.
Nas profundezas flutuantes,
se afogando nas mãos gigantes.
Do naufrágio, eu venho à tona!
TERRA À VISTA
19
30
Trouxe do mar só uma
g
o
t
a
salgada.
Marli Savelli
31
Estou quase feliz
e um pouco triste
[ Não sei qual a parte que me sustenta ]
(…)
Xícaras e pessoas
de porcelana,
plástico,
de vidro e cristal
Não importa se de requinte
ou simples:
— Eu bebo o conteúdo!
Marli Savelli
ENTÃO, BEBA!
20
32
O meu Lilico Pirulito
é muito gostoso
O meu Lilico Pirulito
é muito gracioso
O meu Lilico Pirulito
é muito dengoso
O meu Lilico Pirulito
é muito carinhoso
Ah!
O meu Lilico Pirulito
É maravilhoso!
(…)
“Pirulito que bate, bate
Pirulito que já bateu
LILICO PIRULITO
21
33
Quem gosta de mim é ele
Quem gosta dele sou eu…”
Marli Savelli
Ao meu filho Arthur Miguel (claro!)Tão doce e saboroso quanto um pirulito!
34
Seis e quarenta da manhã
— céu ruivo —
Fotografei com o olhar o sol liquefeito.
[ Todo dia é assim
... pé na estrada, tempo quente ou frio ]
Nos flashes desses instantes
vou montando o meu álbum
— (mas) Hoje, não!… Não, hoje!…
Dezesseis horas da tarde,
de volta para casa
“Não escrevi sobre o céu apaixonado!…”
A chuva cuspia em mim (ou chorava?)
… cansada, eu deixei!Marli Savelli
CÉU RUIVO
22
35
Eu olhei para o céu
— Nenhuma estrela?
Chamei pelo teu nome,
E, como num toque de mágica,
Uma por uma
foi se acendendo (…)
“O universo conspirou!”
Marli Savelli
O CÉU BRILHA
23
36
Não colhi
porque não queria ver
murchar
nem perder a cor [...]
Preferi manter a
ilusão
de que durará
mais que o efêmero!
Marli Savelli
QUE DURE MAIS QUE O EFÊMERO
24
37
Você vai cair,
se sujar,
Vai se machucar,
se levantar,
Vai crescer,
aprender
Você vai amadorecer!
Marli Savelli
AMADORA
25
38
Somos retratos falados
Nas linhas paradoxais esboçados,
em traços abstratos
Descritos por uma suposta aparência
— inexata –
Visão embaçada da essência
Com giz ou à carvão,
desenho no muro ou no chão
o sorriso sem graça
que logo passa!…
Se a chuva chegar
e o teu rosto apagar
Vou rabiscar com tijolo de construção
O sol de verão.Marli Savelli
RABISCO A GIZ
26
39
Leio os teus poemas
como folheando um álbum de fotografia
Ângulo perfeito nos encantos
dos versos, nas cartas e outros tantos…
Ao alcance dos nossos olhos
o que os teus puderam contemplar…
Romance, genealogia do clã,
ideologia, ou filosofia vã?…
O verme do tempo corrói
os retratos, mas não o imortal!…
Depois do acorde final,
para onde vai, será que se esvai?
Marli Savelli
RETRATO NO LIVRO
27
40
Na arte eu sei que te gosto!
Seja aquele prato principal
ou o que acompanha
Regado de óleo de amendôas perfumadas…
Eu me alimento
(…)
Na arte eu sei que te gosto!
Marli Savelli
POEMASTIGANDO
28
41
A poesia atravessa séculos…
Livres aos sóis e luas
pelas florestas dos signos…
Tigres tristes, circo aberto,
amores encarnados…
“ — O meu umbigo em você, amigo!”
Passados trinta ou cem anos,
enjaular é matar o que não morreu!
É secar uma alegria, calar um oceano…
É preciso mantê-los circulando
na rede da contemporaneidade,
entre o mais novo e o mais velho…
porque o poema não morreu!
Marli Savelli
PORQUE O POEMA NÃO MORREU
29
42
Se a vida fosse direto ao assunto
não teria enredo
Por isso é preciso tempo, ausência,
adiamento, distância,
impossibilidades, afinidades,
diálogos, silêncios,
separação, aproximação…
Às vezes, pesa
Às vezes, leva
Às vezes, amassa
Ás vezes, passa
Ás vezes…
E lá se vão quantos anos mesmo?…
Paciência!
ÀS VEZES
30
43
A vida é uma enrolação.
Marli Savelli
44
Não dá pra ignorar —
é diáfano e insensível…
— Anda contra o sol —
Deus tem me protegido e afastado
desses tipos de pessoas
Eu oro todos os dias:
“ — Senhor! Sabes que sou distraída,
livra-me de todo mal!… “
Marli Savelli
MAL-ME-QUER
31
45
Só quero quando eu estiver
preparada
Pronta pra receber a minha
sorte extraviada…
E que ela me encontre através de
atalho!
(…) É,
A vida é mesmo coisa complicada,
talvez, simples, variada
Não vivo só de
trabalho…
Sou feita de muito
retalho!
Marli Savelli
SORTE SELADA
32
46
Não importa se veio da
direita ou esquerda
O importante é ir
para o mesmo lugar!
(Estou sem norte,
ao léu da sorte…)
Fica do meu lado direito,
que eu sigo do teu lado esquerdo!
Marli Savelli
ROTA PERDIDA
33
47
Tu não és poeta, és Pomar.
De ti vêm meus poemas, Po[e]mar.
Tornei-me poetisa por te amar.
Árvore frutífera, minha fonte.
Frutos resgato de ti no alvorecer,
como este agora no horizonte,
suculentos a me prover.
Palavras lanças suavemente…
Na linha, os frutos da semente
brotando em minha mente.
Árvore frondosa, meu ninho.
Os versos posso colhê-los?
Tua sombra refresca meu caminho.
PO[E]MAR
34
48
Se eu não desfrutar, que vale tê-los?
Apanho no alto um pensamento,
o alimento, o sentimento,
me deliciando de um sonho do momento.
Marli Savelli
49
Não sou poetisa, só tentei a alma libertar.
Não tenho versos, partiram em outra missão.
Não foram sós, levaram também a ilusão.
Não sei o que pensar, deixa o tempo passar.
Não há mais delírio, foi-se com a paixão.
Não ouvirei outra vez a voz do coração.
Não tenho motivo para sorrir ou chorar.
Não há mais espaço para a emoção.
Não fantasio, não idealizo, sou razão.
Não suspiro, calou-se, pra quê sonhar?
Não tenho o peito inundado de inspiração.
Não há mais frutos, estou no Sertão.
NÃO SOU POETISA
35
50
Não estou triste nem feliz, nada a lamentar.
Não há mais o que dizer, é tudo em vão.
Não tenho a presença nem da solidão.
Marli Savelli
51