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CUIDADOS BÁSICOS NA CRIAÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS CA PRI NOS E OVI NOS

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CUIDADOS BÁSICOS NA CRIAÇÃO DE

CAPRINOSE OVINOS

CA PRI NOSE OVINOS

Carina M. Cezimbra

CUIDADOS BÁSICOS NA CRIAÇÃO DE

CAPRINOSE OVINOS

Eng.a Agrônoma, MSc, Especialista em Caprinos & Ovinos

GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIARui Costa

SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO RURALJosias Gomes

DIRETOR-PRESIDENTE DA COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E AÇÃO REGIONAL (CAR) Wilson Dias

DIRETOR-GERAL DA COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E AÇÃO REGIONAL (CAR)José Adroaldo de Almeida

EQUIPE DO PROJETO BAHIA PRODUTIVA

COORDENADOR GERAL Fernando Cezar Cabral

COORDENADOR DE ANÁLISE E ACOMPANHAMENTO Gilberto Andrade

COORDENADORA DE APOIO AOS ESCRITÓRIOS TERRITORIAIS Dora Helena Passos

COORDENADORA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO Egla Ray Costa

COORDENADORA DE CAPACITAÇÃO Elira de Andrade

COORDENADORA DE COMUNICAÇÃOSilvia Costa

COORDENADOR DE INTELIGÊNCIA E MERCADO Guilherme Cerqueira

ASSESSOR DA DIRETORIA DA CARIvan Fontes

ASSESSORA DE AQUISIÇÕESNara Lins

ASSESSORA FINANCEIRA Maria Juçara Monteiro

ASSESSOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS Wecslei Ferraz

ASSESSOR DE ACOMPANHAMENTO Antônio Berenguer

REPRODUÇÃO

ALIMENTAÇÃO

SAÚDE

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REPRODUÇÃO

REPRODUÇÃO

No Nordeste Brasileiro, em especial na região semiárida, a criação de caprinos e ovinos a é comumente realizada utilizando-se de práticas que caracterizam muito mais uma atividade de subsistência do que propriamente um sistema de produção organizado.

O rebanho é considerado como a “poupança” dos agricultores e agricultoras familiares e outras populações tradicionais, mas a atenção dispensada não é suficiente para elevar a qualidade da carcaça e assim obter animais de qualidade desejável pelo mercado.

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Para você organizar seu criatório e ter um bom rebanho, observe as dicas que seguem:

SAIBA ESCOLHER OS REPRODUTORES

Tem todas as características da raça escolhida?

Qual a sua origem? Procurar conhecer de onde veio, seus pais e filhos, se for o caso;

Apresenta um aspecto e um comportamento mesmo de “macho”?

Têm os dois testículos na bolsa escrotal (sacos)? Tamanhos e formas iguais?

Verifique se o saco e o pênis estão sadios, sem nenhuma lesão.

Possui boa atração sexual pela fêmea?

E boa fertilidade (capacidade do reprodutor de fecundar as fêmeas por ele cobertas)?

Não adquira animais muito velhos (de preferência, jovens, mas que já tenham filhos que possam ser vistos).

Importante observar os cascos – estão sadios e têm bons aprumos?

Não compre animais que apresentem problemas de saúde ou algum defeito de nascença, como prognatismo (arcada dentária inferior maior do que a superior) e retrognatismo (arcada inferior menor do que a superior), para não os transmitir para as crias.

No caso de caprinos, não adquirir machos mochos de nascença, pois eles podem produzir crias “machos-fêmeas”.

ESCOLHA DAS MATRIZES

Tem todas as características da raça escolhida?

Tem um aspecto bem feminino e dócil ao manejo?

Procure saber o histórico reprodutivo da fêmea (se já abortou, se teve retenção de placenta, número de parições e de crias nascidas que já teve), se puder, observe alguma cria dela que esteja no local.

Apresenta qualquer tipo de defeito ou doença? Se sim, melhor não adquirir!

Importante observar os cascos – estão sadios e têm bons aprumos?

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Dente de leiteAnimal jovem

1ª Muda

2ª Muda

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Boca cheia

1,5 a 2 anos

3 anos

4 a 5 anos e acima

8 anos e acima

As fêmea estão prontas

para ser cobertas aos 9-10 meses

de idade

Os machos estão prontos

para cobrir as fêmeas aos 10-12 meses

de idade

Se a fêmea muito jovem for utilizada para reprodução, terá seu desenvolvimento prejudicado, além de aumentar o risco de ocorrer problemas no parto!

TAMBÉM NO MOMENTO DA COMPRA É IMPORTANTE

OBSERVAR OS DENTES DO ANIMAL, ISSO VAI PERMITIR

TER UMA IDEIA DA SUA IDADE!

Observe se a fêmea apresenta bom desenvolvimento corporal, úbere normal e bem formado.

Compre fêmeas jovens, mas que já tenham parido pelo menos uma vez.

PRIMEIRO ACASALAMENTO E O CIO EM OVINOS E CAPRINOS

O Primeiro acasalamento

Os bodes e carneiros só devem ser colocados para acasalar (cruzar) com as cabras e ovelhas, respectivamente, depois de atingirem a maturidade sexual –

Em geral, temos o seguinte cenário quanto à maturidade dos animais para fins de acasalamento:

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O QUE É CIO?

Também chamado de estro, o cio é o período em que a fêmea está receptiva para receber o macho para cruzar.

Sinais do cio:

A vulva se apresenta inchada e avermelhada, com a presença de secreção parecida com clara de ovo (muco).

Procura o macho com muito interesse.

Monta e se deixa montar por outras fêmeas ou pelo macho.

Fica agitada, muito inquieta e berra com muita frequência.

Abana a cauda repetidamente.

Diminui o apetite.

1º CIO 2º CIO

CICLO ESTRAL21 dias para

cabra e 17 dias para ovelha

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E O QUE É ESTAÇÃO DE MONTA?

Período ou períodos em que os machos são colocados para cruzar com as fêmeas.

Quais as vantagens da Estação de Monta?

Concentrar os nascimentos em épocas de boa pastagem;

Permitir o manejo sanitário (tratos sanitários, vermifugações e vacinações em um mesmo período);

Facilitar a identificação de fêmeas inférteis ou de baixa fertilidade para serem descartadas;

Produção de lotes mais uniformes – padroniza o lote.

*No caso da produção de Cordeiros/Cabritos precoce o tempo de venda/descarte é menor.

Exemplo de esquema de estação de monta – 3 partos a cada 2 anos

ANO I ANO II

Monta Parição Desmame Venda*

Jan-Fev Jun-Jul Set-Out Fev-Abr

Set-Out Fev-Mar Mai-Jun Out-Dez

Mai-Jun Out-Nov Jan-Fev Jun-Ago

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É importante ter alguns cuidados durante a gestação para que o parto ocorra normalmente e as crias nasçam fortes e com saúde.

É o período desde que a fêmea emprenha até o momento em que a cria nasce ou a matriz aborta. Em ovinos e caprinos, tem duração média de 152 dias, podendo demorar mais ou menos, de acordo com:

1. a época do ano;

2. a quantidade de crias que está na barriga da mãe;

3. se a fêmea está gorda, bem alimentada, ou emagrecendo demais.

Sinais de prenhez:

Não entra mais em cio, enquanto durar a gestação.

Perde o interesse pelo macho.

A barriga e o úbere ficam aumentados.

Fica mais calma, engorda com facilidade e fica com o pelo bonito.

Mantenha as cabras e ovelhas em boas condições de saúde e bem alimentadas (sem excessos!);

Mantenha as fêmeas prenhes em lote separado das demais, evitando contatos com animais de temperamento agressivo ou estranhos ao rebanho;

Tenha o máximo de cuidado quando for manejá-las em currais, bretes, balanças, porteiras, evitando traumatismos;

GESTAÇÃO

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Evite mudanças bruscas de alimentação;

Evite longas caminhadas e seu transporte em caminhões e picapes;

Coloque as cabras e ovelhas que estejam perto de parir em piquete maternidade ou em cercado perto da casa do produtor ou do tratador, com sombra à disposição;

Se possível, pouco antes do parto, aparar os pelos da cauda e manter limpa a região da vulva, com água e sabão.

Parto

Em geral, nas ovelhas e nas cabras, o parto ocorre de forma normal, sendo pouco frequente a ocorrência de partos anormais.

Próximo ao parto, as cabras e as ovelhas podem apresentar os seguintes sinais:

Volume do úbere aumentado e tetas dilatadas.

Garupa descarnada e caída.

Inquietação (se deitando e se levantando), respiração ofegante, berros frequentes.

Presença de corrimento na vulva.

Contrações (ao iniciar o parto).

Logo que ocorre o rompimento da bolsa d’água:

Aparecem os primeiros sinais de saída do feto.

Surgem primeiramente as patas dianteiras com a cabeça sobre elas

Em seguida, ocorre a expulsão total da cria. Os partos devem ocorrer em instalações limpas e bem arejadas ou no piquete maternidade.

O parto tem duração média de

minutos

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CUIDADOS COM AS CRIAS

Observar se a mãe limpou a cria e iniciou a amamentação (colostro);

O que é o colostro? É o primeiro leite da cabra ou da ovelha e é geralmente utilizado pelas crias por um período de 2 a 7 dias. Garante a saúde das crias, protege contra várias doenças. É rico em minerais, vitaminas, proteínas e em outras substâncias que limpam os intestinos e protegem contra intoxicações.

Caso contrário, o produtor deve ajudar nessas duas tarefas - limpando e ajudando a cria a mamar no peito da mãe.

É importante que o recém-nascido tome os colostros nas primeiras horas pós-nascimento, entre 6 e 12 horas.

Outra prática importante para evitar que a cria adoeça é o corte e cura do umbigo

Cortar logo após o nascimento, com tesoura desinfetada, à distância de 2 cm da barriga;

Após o corte, deve-se mergulhar o umbigo em solução de tintura de iodo a 10 % ou repelente spray, repetindo-se a operação pelo menos uma vez nos períodos chuvosos;

Lembre-se: o umbigo funciona como um canudo, pois é uma porta aberta para a entrada de micróbios causadores de doenças.

Corte Cura

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Outras Práticas de Manejo e Controle Zootécnico

Marcação - antes de tudo, é para indicar que o animal tem um dono!

Pesagem - permite avaliar os resultados do manejo alimentar, principalmente;

Castração - A castração impede que carneiros ou bodes de menor valor genético, ou que possuam outros defeitos, cruzem com as matrizes que o produtor selecionou para serem cruzadas com reprodutores de melhor qualidade. Aconselha-se o uso do burdizo!.

Apartação- Permite o desenvolvimento mais rápido da cria. Já a partir do 10º dia de vida, pode-se antecipar a apartação, fornecendo alimentos sólidos.

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Creep Feeding

O creep feeding, também conhecido por alimentação privativa, é a suplementação de cordeiros em aleitamento com rações de alta qualidade, em locais que suas mães não têm acesso.

Separação das crias por sexo - Os machos devem ser separados das fêmeas logo após a apartação - geralmente entre 90 e 120 dias de nascidos, nos sistemas mais extensivos.

Descarte orientado no rebanho - É muito importante pelo fato de permitir eliminar o que não presta no rebanho, ou seja, os animais sadios e mais produtivos devem permanecer no criatório, e os defeituosos e menos produtivos ou improdutivos devem ser descartados, evitando futuros prejuízos na exploração.

ALIMENTAÇÃO

ALIMENTAÇÃO

Aqui está uma das coisas mais importantes em qualquer criação: COMIDA!

De nada adianta todo o trabalho, se o rebanho não estiver bem alimentado: em quantidade e em qualidade.

No período de chuvas, os animais devem se alimentar nas pastagens nativas porque é nessa época que a vegetação apresenta a maior produção de forragem, bem diversificada e com alto valor alimentício. Para manter sua Caatinga por muitos anos, existem quatro formas simples de manejo:

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Raleamento – Diminuir o número de árvores/ha, reduzindo a densidade de espécies de baixo valor forrageiro e madeireiro;

Rebaixamento – Fazer um corte na planta a uma altura em torno de 70 cm, permitindo acesso dos animais às partes mais altas;

Raleamento e rebaixamento – Consiste na combinação dos dois métodos anteriormente citados;

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Enriquecimento – Consiste em adicionar outras espécies, principalmente herbáceas, à vegetação já existente em uma Caatinga raleada.

Lembramos que o “bolo alimentar”, que o animal ingere, deve ser formado por diver-sas substâncias chamadas de nutrientes.

Proteínas, Carboidratos, Gorduras, Minerais e Vitaminas. Tudo isso está nas plantas!

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Só para não esquecer:

Alimentos Volumosos Alimentos Concentrados

São aqueles muito fibrosos (têm mais de 18% de fibra) Aqueles que são muito ricos em carboidratos (energia) e em proteínas

• FENOS • SILAGENS • PALHAS E RESTOS DE CULTURA DIVERSOS • FORRAGENS VERDES PICADAS •

PALMA-FORRAGEIRA • PASTAGENS EM GERAL.

• GRÃOS DE MILHO E DE SORGO • FARELOS DE SOJA, ALGODÃO, GIRASSOL, MILHO, TRIGO, COCO ETC. • POLPA

CÍTRICA • RASPA DE MANDIOCA, FARELO DE VAGEM DE ALGAROBA • UREIA • MELAÇO.

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ÁGUA

Quem disse que caprinos e ovinos não gostam de água?

É o nutriente mais importante. Setenta a oitenta por cento do corpo dos animais é formado por água. Ela é responsável por:

Regular a temperatura do corpo.

Fazer o transporte dos nutrientes que o animal ingere para as diversas partes do corpo.

Ajudar a eliminar as substâncias tóxicas (fezes, urina) formadas no organismo dos animais.

UMA CABRA OU OVELHA PRECISA BEBER

DIARIAMENTE CERCA DE 1 A 2 LITROS DE

ÁGUA; SE ESTIVER ALTA (A TEMPERATURA)

E SE ALIMENTANDO DE FORRAGENS

SECAS, O CONSUMO DE ÁGUA PODE

CHEGAR ATÉ 6 LITROS POR DIA.

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ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE FORRAGENS

É importante guardar alimento para as épocas de pouca chuva, quando a pastagem natural está escassa e com baixa qualidade de forragens. Existem algumas maneiras simples e baratas de fazer isso: É a silagem e o feno.

Silagem

É o material que sofreu fermentação, dentro do silo, na ausência de oxigênio.

Para produção:

A planta deve ser colhida no momento certo, com adequado teor de umidade. No caso do milho, é no ponto de canjica;

Ao cortar a forragem, logo fazer a ensilagem;

O material deve apresentar tamanho de partícula de 2 a 6 cm, dependendo do tipo de material utilizado – usar máquina forrageira para reduzir o tamanho do material;

A compactação pode ser feita por pisoteio dos homens, animais, ou trator, de forma que seja retirado o máximo de ar possível;

A vedação do silo deve ser feita imediatamente após o seu fechamento para evitar entrada de oxigênio;

Ao abrir o silo, o material deverá estar com cheiro agradável de melaço e com tom marrom-claro. Caso esteja com cheiro ácido (azedo), ou com cor escura, ou presença de mofos, ocorreu fermentação inadequada e o material não deverá ser fornecido aos animais.

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Silo Rapadura Fotos: Carina Cezimbra Silo Trincheira Silo Cincho

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FENO

O processo de fenação visa a reduzir o teor de umidade da forrageira para 20 a 15%. A fenação consiste no corte da forragem para desidratação, sendo posteriormente enfardada e armazenada.

Aproveite subprodutos, restos de culturas e outros materiais para a alimentação do rebanho. Eles podem ser armazenados para o período de baixa na Caatinga (período seco) ou ser utilizados como suplemento. Os mais comuns são:

Quando ao apertar os entrenós do caule, não existe eliminação de umidade, e ao torcer uma porção de forragem, ela se desfaz lentamente e não há eliminação de água.

VOCÊ SABE O PONTO IDEAL DO FENO PARA SER ARMAZENADO?

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Raspas de mandioca.

Palhada e sabugos de milho.

Palhada e panícula de sorgo.

Palhada e cascas de feijão e de arroz.

Folhagem e manivas de mandioca.

Bagaços de cana.

Resíduos do sisal.

Capins secos (búfel, azevém, elefante)

Folhagens secas e verdes de plantas nativas da Caatinga.

Plantas espinhentas da Caatinga.

As palhadas e os materiais mais grosseiros que sobram na propriedade (manivas, sabugos e cascas) podem ser armazenados em montes ou medas feitas no campo, com o cuidado de proteger a parte de cima com um plástico, para evitar que alguma chuva inesperada se infiltre e apodreça o material. Em geral, as palhadas, incluindo capins secos e folhagens secas da vegetação da Caatinga, podem ser fornecidas à vontade, preferencialmente trituradas. Podem ser dadas puras ou misturadas com ureia.

Esse processo é chamado de Amonização. Consiste em dissolver a ureia em água e depois regar o material seco, camada por camada. Depois, cobre o material com uma lona plástica e espera-se por 20 dias de sol quente, até poder abrir e dar aos animais.

SOLUÇÃO DE 1KG DE UREIA PARA 10L DE ÁGUA

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Conheça os sinais de saúde e de doença:

Sinais de Saúde

• VIVACIDADE (ATIVO). • APETITE NORMAL (COME COM PRAZER ALIMENTOS QUE SÃO OFERECIDOS). • PELOS

LISOS E BRILHANTES. • TEMPERATURA DO CORPO QUE VARIA DE 38,5ºC A 39,5ºC. • FEZES EM FORMA DE BOLOTAS BRILHANTES E URINA DE COLORAÇÃO

PRÓPRIA. • RUMINAÇÃO PRESENTE (REMOENDO). • DESENVOLVIMENTO CORPORAL COMPATÍVEL

COM A IDADE E A RAÇA.

Sinais de Doenças

• TRISTEZA, ABATIMENTO, OLHOS BRANCOS (ANÊMICOS). • ISOLAMENTO DO REBANHO (FICA RETRAÍDO). •

DIMINUIÇÃO DO APETITE OU APETITE DEPRAVADO (COMER AREIA, PLÁSTICO, PAPEL). • QUEDA DE PELOS, PELOS

SEM BRILHO E ARREPIADOS. • TEMPERATURA DO CORPO ACIMA DE 40ºC. • FEZES PASTOSAS OU COM DIARREIA (MOLE, COM MAU CHEIRO, COM SANGUE, ESCURAS).

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Porém, as doenças podem ser controladas ou até impedidas de acometer o rebanho com práticas de higiene. Assim como é importante o rebanho estar bem alimentado, é também importante estar em instalações limpas com utensílios (bebedouro, comedouros etc.) limpos também. As principais recomendações a seguir são:

Varra os chiqueiros e apriscos.

Lave os bebedouros e comedouros, se possível diariamente.

Retire alimentos velhos e estragados dos comedouros bem como trocar a água.

Desinfete as instalações com a substância denominada de Cresol (exemplo: creolina) ou vassoura de fogo, mensalmente.

A QUARENTENA É UMA PRÁTICA MUITO

IMPORTANTE E QUE POUCOS CRIADORES

A PRATICAM. CONSISTE EM OBSERVAR

SE APARECEM DOENÇAS EM ANIMAIS

APARENTEMENTE SADIOS, RECÉM-ADQUIRIDOS

DE OUTRAS PROPRIEDADES, ANTES DE MISTURÁ-

LOS COM O RESTANTE DO REBANHO.

O produtor mantém os animais em um local isolado (quarentenário) e procura observar sinais de doenças por um intervalo de 30 a 60 dias. Quando aparecer um animal doente no meio do próprio rebanho, o produtor deve separá-lo em um local isolado (uma baia afastada, um pequeno cercado ou um pasto próximo), para não contaminar os demais animais.

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Em alguns casos, dependendo da doença, os animais devem ser descartados.

Devem ser sacrificados, por exemplo, animais que apresentem:

Brucelose.

Raiva.

Tuberculose.

Matrizes com mastite crônica (úbere “duro”).

Artrite-encefalite caprina a vírus (CAE).

Machos caprinos mochos (sem chifre) de nascimento.

Doença crônica nos cascos.

Animais que apresentaram linfadenite caseosa (mal do caroço) mais de duas vezes.

Lembre-se que algumas doenças podem rapidamen-te contaminar outros animais do rebanho e o prejuízo pode ser bem maior, caso não faça o descarte!

É sempre aconselhável procurar um profissional capacitado para o auxílio do diagnóstico, a fim de tomar a decisão mais acertada e com economia!

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VACINAÇÃO

As vacinas são utilizadas para evitar o aparecimento de certas doenças nos rebanhos existentes na região. Para estabelecer um calendário de vacinações, consulte um veterinário ou a empresa de extensão rural da região, pois apenas eles poderão indicar corretamente as vacinas que devem ser usadas nos rebanhos ovino e caprino de cada região.

VERMIFUGAÇÃO

Consiste na aplicação de anti-helmínticos (vermífugos) visando ao controle da verminose no rebanho. Em muitas regiões, a verminose é a doença responsável pelo maior número de mortes nos rebanhos ovino e caprino.

Para a região semiárida, a Embrapa Caprinos recomenda o seguinte esquema de vermifugações:

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Outras práticas são muito importantes para o sucesso no controle das verminoses.

Fazer a limpeza das instalações, colocan-do esterco nas esterqueiras.

Manter os bebedouros e comedouros sem-pre limpos e, se possível, fora das baias.

Fornecer água e alimentos de boa quali-dade.

Deixar os animais presos no chiqueiro ou no aprisco, após a vermifugação, por pelo menos 12 horas (procurar vermifugar sempre no final da tarde).

Evitar a superlotação das pastagens.

Fazer rodízio de pastos.

Vermifugar os cordeiros e cabritos a partir da terceira semana, após o início do pastejo.

Separar os animais jovens dos adultos, tanto na baia como nos pastos.

Vermifugar as fêmeas 30 dias antes do parto.

Vermifugar todo animal de compra, antes de incorporá-lo ao rebanho.

Trocar o tipo de vermífugo utilizado a cada ano para evitar que os vermes criem resis-tência ao mesmo.

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Controle de parasitos externos

Os ectoparasitos ou parasitos externos que atacam os ovinos e os caprinos são os piolhos (pediculoses) e os ácaros, insetos causadores de sarnas.

As formas de controle são:

Separe imediatamente os animais com piolhos e sarnas dos demais.

Banhe os animais com produtos carrapaticidas, utilizando um pulverizador costal ou caixas de amianto com capacidade para 500 litros (para banhos de imersão).

Repita o banho 7 a 10 dias depois.

Banhe os animais recém-adquiridos antes de incorporá-los ao rebanho.

Procure banhar os animais no final da tarde.

Forneça água e alimentos antes do banho.

NÃO BANHAR OVELHAS E CABRAS NOS

ÚLTIMOS 50 DIAS DE GESTAÇÃO, NEM AS

CRIAS COM MENOS DE 1 MÊS DE IDADE. USAR

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

(BOTAS, LUVAS E MÁSCARAS) DURANTE O

PREPARO DA SOLUÇÃO CARRAPATICIDA E A

PULVERIZAÇÃO DOS ANIMAIS.

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PRINCIPAIS DOENÇAS DOS OVINOS E CAPRINOS

Mal do caroço (Linfadenite Caseosa);

Podridão do casco / mal do casco (Pododermatite);

Broncopneumonia (Tosse / Catarro);

Mastite (mamite);

Cegueira (Ceratoconjuntivite infecciosa);

Clostridioses;

Tétano;

Botulismo;

Enterotoxemias;

Carbúnculo sintomático ou manqueira ou quarto inchado;

Boqueira (Ectima Contagioso);

CAE (Artrite encefalite caprina);

Bicheira (miíase);

Eimeriose (Coccidiose);

Ectoparasitas (que se aproveita por fora do corpo do animal);

Piolhos (pediculose);

Sarnas;

Moscas;

Carrapatos.

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Em boa parte dessas doenças os agentes causadores são bactérias, vírus, micoplasmas, protozoários, larvas, clostrídio etc. O importante mesmo, é reduzir e até impedir que eles afetem nosso rebanho. Então, o criador deve adotar em suas tarefas diárias medidas de higiene e controle, a fim de minimizar a entrada desses patógenos na sua propriedade. Então, é importante:

Fornecer o colostro às crias;

Controlar a mosca na propriedade;

Prevenir traumatismos – pancadas nos animais;

Evitar que algum ferimento “vá adiante” – por isso é importante olhar o rebanho todos os dias;

Varrer e limpar as instalações (chiqueiro, aprisco) e utensílios (bebedouro, comedouro, saleiro etc.);

Higienizar e ferver utensílios usados em castrações, descornas etc.;

Utilizar a quarentena de animais recém-chegados à propriedade;

Controle rígido da quantidade de ração ingerida;

Tratar adequadamente o umbigo dos recém-nascidos;

Isolar animais doentes dos outros que estão sadios;

Fazer esterqueira;

Ter uma farmacinha básica na propriedade, em caso de emergência;

Queimar e enterrar cadáveres.

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CONCLUSÃO

Algumas práticas de manejo são muito simples e fáceis de serem realizadas. Porém, em alguns casos, o produtor – ou por desinformação ou por falta de tempo – não as incorpora em sua rotina diária. Essa mudança de criar os animais é de fundamental importância para o produtor e sua família, pois um rebanho bem zelado é garantia de boa renda, de boa alimentação e de saúde para todos.

Caprinos e Ovinos são animais extremamente adaptados ao Semiárido, mas, se a gente der uma forcinha para eles, o resultado certo é o sucesso. Hoje, existe uma grande procura pela carne de cabritos e cordeiros. Se você quer ser reconhecido como um criador de Ovinos e/ou Caprinos, gostaria de concluir deixando algumas questões para que você possa refletir: Por que não dispensar um olhar mais criterioso para esse criatório? Por que não dedicar um maior tempo no que diz respeito ao manejo com esses animais?

Sugestão de uma farmácia básica para uma propriedade, para executar as atividades de manejo sanitário do rebanho.

Deve-se ter uma pequena sala fechada, para manter esses materiais, limpando sempre após o uso e guardando em local seco e limpo (frascos de vidro, potes plásticos). Instrumentos e produtos que o ovino-caprinocultor deve ter sempre à disposição na propriedade:

Pistola dosificadora Agulhas de injeção de diversos calibres Bico dosificador Seringas descartáveis de 05, 10 e 15 ml. Tesoura Bisturi e lâminas Pinças Termômetro Tesoura para casco de ovinos e caprinos

FARMÁCIA

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Burdizzo Caneca de fundo escuro Pulverizador costal Vassoura de fogo Luvas plásticas Escovas Algodão Gaze Álcool iodado, iodo glicerinado Permanganato de potássio Unguento ou qualquer pomada cicatrizante Repelente-cicatrizante (spray mata–bicheiras) Colírio a base de antibióticos Regulador ruminal (empazinamento) Purgante salino Antitóxico Antibiótico Anti-inflamatório Antidiarreico Placentol (retenção de placenta) Pomada contra mastite Piolhicida Vermífugo Formol e creolina Água sanitária Sabão

Com esses cuidados básicos, seu rebanho ficará mais sadio e sua renda será melhor.

Sede do Bahia Produtiva Av. Luiz Viana Filho, 250 Conjunto Seplan, CAB

CEP: 41745-001, Salvador-Bahia / Tel: (71) 3115-3941

Especialista em Caprinos & Ovinos Carina M. Cezimbra

Engenheira Agrônoma, MSc,

Revisão Ovídio Brito

Fotos André Fofano e André Frutuôso

Projeto Gráfico P55 Edição

A coordenação do Bahia Produtiva conta com uma equipe técnica em Salvador e nos 27 Serviços Territoriais de Apoio à Agricultura

Familiar (SETAF), unidades descentralizadas da SDR.

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sdrbahia | carbahia www.sdr.ba.gov.br | www.car.ba.gov.br

CUIDADOS BÁSICOS NA CRIAÇÃO DE

CAPRINOSE OVINOS