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Caderno de Provas LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA Edital Nº. 04/2009-DIGPE 10 de maio de 2009 INSTRUÇÕES GERAIS PARA A REALIZAÇÃO DA PROVA Use apenas caneta esferográfica azul ou preta. Escreva o seu nome completo e o número do seu documento de identificação no espaço indicado nesta capa. A prova terá duração máxima de 4 (quatro) horas, incluindo o tempo para responder a todas as questões do Caderno de Provas e preencher as Folhas de Respostas. Ao retirar-se definitivamente da sala, entregue as Folhas de Respostas ao fiscal. O Caderno de Provas somente poderá ser levado depois de transcorridas 3 (três) horas do início da aplicação da prova. Confira, com máxima atenção, o Caderno de Provas, observando o número de questões contidas e se há defeito(s) de encadernação e/ou de impressão que dificultem a leitura. A quantidade de questões e respectivas pontuações desta prova estão apresentadas a seguir: Tipo de questão Total de questões Pontuação por questão Total de pontuação Discursiva 06 questões estabelecida na própria questão 100 pontos OBSERVAÇÃO: As instruções referentes às questões discursivas encontram-se na capa das Folhas de Respostas Discursivas. NOME COMPLETO: DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO: _____________________________

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Edital Nº. 04/2009-DIGPE 10 de maio de 2009

INSTRUÇÕES GERAIS PARA A REALIZAÇÃO DA PROVA

Use apenas caneta esferográfica azul ou preta.

Escreva o seu nome completo e o número do seu documento de identificação no espaço indicado nesta capa.

A prova terá duração máxima de 4 (quatro) horas, incluindo o tempo para responder a todas as questões do Caderno de Provas e preencher as Folhas de Respostas.

Ao retirar-se definitivamente da sala, entregue as Folhas de Respostas ao fiscal.

O Caderno de Provas somente poderá ser levado depois de transcorridas 3 (três) horas do início da aplicação da prova.

Confira, com máxima atenção, o Caderno de Provas, observando o número de questões contidas e se há defeito(s) de encadernação e/ou de impressão que dificultem a leitura.

A quantidade de questões e respectivas pontuações desta prova estão apresentadas a seguir:

Tipo de questão Total de questões

Pontuação por questão

Total de pontuação

Discursiva 06 questões estabelecida na própria questão

100 pontos

OBSERVAÇÃO:

As instruções referentes às questões discursivas encontram-se na capa das Folhas de Respostas Discursivas.

NOME COMPLETO: DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO: _____________________________

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QUESTÕES DISCURSIVAS

ESTAS QUESTÕES DEVERÃO SER RESPONDIDAS NAS FOLHAS DE RESPOSTAS DAS QUESTÕES DISCURSIVAS.

OBSERVAÇÃO O desempenho linguístico-textual escrito do candidato também será objeto de avaliação.

QUESTÃO 1 (20 pontos) Para responder a esta questão, considere os dois fragmentos reproduzidos a seguir. Fragmento A

“Má é a gramática cujas páginas constituem outras tantas prateleiras de vitrina, que expõem

mercadorias de toda a procedência, dando ao espectador o trabalho de escolha do melhor artigo. Boa é a gramática que, numa mistura de simplicidade e erudição, expõe com raciocínios simples e termos chãos o que de melhor existe no terreno do nosso idioma; que o apresenta ao aluno como diamante despojado dos cascalhos e impurezas, já lapidado, pronto já para ser usado; que se abstém, quanto possível, de informações históricas, hipóteses e configurações: a tais dados deve recorrer o suficiente para que o aluno perceba a razão de ser do estado atual do nosso idioma. O professor deve ser guia seguro, muito senhor da língua; se outra for a orientação de ensino, vamos cair na „língua brasileira‟, refúgio nefasto e confissão nojenta de ignorância do idioma pátrio, recurso vergonhoso de homens de cultura falsa e de falso patriotismo. [...]. A língua é a mais viva expressão da nacionalidade. Como havemos de querer que respeitem a nossa nacionalidade se somos os primeiros a descuidar daquilo que a exprime e representa, o idioma pátrio?”

(ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 40. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. p. 7.)

Fragmento B

“Para decidir se a língua dos portugueses é ou não a mesma dos brasileiros, é preciso, antes

de tudo, explicitar o conceito de língua que se está usando. Para quem acha que „língua‟ é só fonologia, morfologia e sintaxe, é possível dizer que brasileiros e portugueses falam „variedades‟, „modalidades‟, „normas‟ ou „dialetos‟ de uma „mesma língua‟. Para quem, como eu (e outros também), acha que no conceito de língua deve entrar o uso desta língua e sua relação com a cultura e a identidade coletiva e individual dos falantes, é possível afirmar tranquilamente que existe, sim, uma língua brasileira. Afinal, nenhum/a brasileiro/a, ao falar ou escrever, está contribuindo para a construção da sociedade, da cultura, da literatura, da história, da identidade dos portugueses, não é? Além disso, mesmo no plano „meramente‟ lingüístico, já se passaram mais de 500 anos, tempo mais do que suficiente para a formação de uma língua diferente com gramática própria e, mais que tudo, com funções sociocomunicativas e culturais exclusivas. ”

(BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. p. 99.)

Por apresentarem visões distintas sobre a Língua Portuguesa, os dois fragmentos revelam implicações político-pedagógicas diferentes para o ensino de língua.

Explicite essas implicações e se posicione, justificando o ponto de vista assumido, em relação a elas.

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QUESTÃO 2 (15 pontos)

As Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, ao estabelecerem os eixos organizadores das atividades de Língua Portuguesa, apontam, como focos das atividades de análise, dentre outros, os elementos pragmáticos envolvidos em situações de interação. Dessas situações, emergem os gêneros e sua materialidade — os textos. O mesmo documento também contempla as estratégias textualizadoras. Dentre elas, os modos de organização da composição textual — as sequências textuais.

Considerando a relevância dos gêneros e das sequências textuais na orientação das atividades de ensino da disciplina Língua Portuguesa, estabeleça diferenciações entre ambos. Sua resposta deverá contemplar, inclusive, a análise dos três textos reproduzidos a seguir.

TEXTO A

Os apelidos da infância

O homem cruzava a rua da Estrela curvado sob o peso do seu apelido. Os meninos, uns diabos de rosto encardido, colocavam-se em pontos estratégicos e gritavam:

— Caju! O alvo da maldade fazia ouvidos moucos,

queria ir embora em paz, evitar uma crise de cólera, o que ocorria todas as vezes que atravessava o círculo daquele inferno. Os tribufus chegavam mais perto, atiçavam com mais força:

— Caju Azedo! O homem olhava para os lados, empunhava

o porrete, mas, depois de aspirar todo o ar dos pulmões, respirar com força, seguia em frente. Não ia se misturar com aquela laia, com aqueles vagabundos. A provocação escalava mais um degrau:

— Caju Azedo, cadê a castanha? O velho Caju Azedo atirava o porrete no mais

próximo (dificilmente acertava) e respondia com uma voz poderosa, de trovão, que ninguém poderia suspeitar que existisse na caixa dos seus peitos:

— Tá lá dentro, enfiado na... E soltava palavrões cabeludíssimos. A

genitália das mães, coitadas, é que pagava o caju, as castanhas, o cajueiro.

Outra vítima dos diabos da rua da Estrela era bem vestido, de óculos, dono de um sítio nos ermos do Alecrim. Caminhava com elegância, olhando sempre em frente sem cumprimentar ninguém. De repente, como se tivesse recebido uma forte descarga elétrica, o homem começava a estrebuchar,

o corpo em descompasso, pernas e braços sem controle. Quando isso ocorria, ele ficava dizendo para si mesmo:

— Danou-se, colega! Danou-se, colega! Nesse exato momento, os capetas da rua da

Estrela e arredores gritavam em coro: — Doutor Choque! Doutor Choque! Doutor Choque ainda ensaiava correr atrás

daquele bando maldito, segurar um pelo pescoço e matá-lo com uma descarga de mil volts, mas as pernas não ajudavam em nada.

E Garapa? Esse era o mais abufelado de todos. Era preciso guardar uma boa distância para fazer a provocação. De um lado, a turma gritava:

— Água! De outro, os aprendizes de Belzebu diziam: — Açúcar! Garapa parava, cheio de fúria, e desafiava: — Mistura, filho de uma quenga com guarda-

noturno! Guriatã tomava conta de um sítio na Felipe

Camarão, quase esquina com a Apodi. Ninguém gritava seu apelido, todos tinham medo dele. O velho vivia fechado no sítio, na solidão entre coqueiros, mangueiras e cajueiros. Uns diziam que Guriatã vendia fígados de meninos à viúva Machado. Outros afirmavam que era ele quem gostava de fígado de criança. O galego Assis jurava ter visto, numa noite de lua, sexta-feira 13, o misterioso Guriatã subir num coqueiro e voar como um morcego. Itamar confirmava, acrescentando: — No mês de agosto, ele voa sete vezes. Qualquer dia desses, eu derrubo aquele sacana com uma pedrada. (CASTRO, Nei Leandro de. Os apelidos da infância. Tribuna do Norte, Natal, 24 de out., 2004.)

TEXTO B

O túnel luminoso

Nilda enfartou. A paciente ficou na UTI, alguns dias. Seu coração parara algumas vezes, mas a equipe médica, sempre em cima, a atendia prontamente. Nilda voltou e seu quadro foi melhorando até que ficou boa de vez. Fora de perigo, recebeu a visita da filha, a quem contou que tinha entrado num túnel luminoso e ia seguindo em direção da luz.

— Era o túnel da morte? — perguntou a filha. — Podia ser. Dentro do túnel escutei troca de tiros. Achei que era assalto, por isso voltei.

(LUCAS, Ernani Diniz (Nani). É grave doutor? Porto Alegre: L&PM, 2005. p. 93.)

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TEXTO C

(Superinteressante, abr. de 2009. p. 90.)

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QUESTÃO 3 (15 pontos)

Todo texto, numa perspectiva sociocognitiva e interacionista, é um evento sociocomunicativo situado dentro de um processo interacional.

Diante desse enquadramento teórico, justifique (recorrendo, inclusive, à exemplificação) por que a produção e a leitura proficientes de textos não podem depender apenas de conhecimentos linguísticos.

QUESTÃO 4 (15 pontos) No ensino médio, as aulas de sintaxe do período simples e do composto se limitam costumeiramente a questões metalinguísticas relacionadas à definição, à classificação e à subclassificação de sintagmas (atingindo até detalhamentos mais sutis, como as diversas funções do que e do se). Assim, nessa abordagem, o que se objetiva é o aluno tão-somente identificar e nomear determinadas estruturas. Considerando os limites desse enfoque, apresente, em linhas gerais, uma proposta teórico-metodológica (para o ensino da sintaxe do período) que extrapole os limites da tradição escolar. QUESTÃO 5 (20 pontos) Considere o fragmento:

“O Modernismo brasileiro é uma dentre muitas manifestações de poesia moderna, diversas no tempo e no espaço. Como disse Octavio Paz, modernos já eram os românticos. E nós poderíamos acrescentar, recuando e ampliando o conceito de moderno: moderna se queria e se dizia a poesia neoclássica do século XVIII (chamada de arcádica em Portugal e no Brasil), moderna foi a seu tempo a Divina Comédia de Dante, como modernos eram os trovadores daquela Idade Média longínqua em que a modernidade efetivamente começou. Nosso Modernismo é uma forma de modernidade específica, localizada temporal e espacialmente.”

(MORICONI, Ítalo. A poesia brasileira do século XX. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. p.49.)

Tendo em vista o conceito de moderno ampliado por Moriconi (2002), em que o Modernismo brasileiro não se esgota nos autores e nas problemáticas modernistas e pós-modernistas, justifique por que Gregório de Matos e Augusto dos Anjos podem se configurar como modernos.

QUESTÃO 6 (15 pontos) Ainda que o projeto de construção da identidade nacional tenha se estendido ao longo da produção literária brasileira, há dois momentos cruciais para a constituição dessa identidade: o Romantismo e o Modernismo. Considerando a relevância desses dois momentos, estabeleça um confronto, no que se refere à construção identitária nacional, entre a obra romanesca de José de Alencar e a de Mário de Andrade.

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FOLHA PARA RASCUNHO

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