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CABO VERDE PARTE I PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS Constituição da República de Cabo Verde Princípios e normas sobre a formação profissional e emprego Lei Constitucional n.º 01/99, de 23 de Novembro…………………………………….276 PARTE II SISTEMA EDUCATIVO Bases do sistema educativo Decreto-Legislativo nº 2/2010, de 7 de Maio………………………..………………..287 PARTE III SISTEMA NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES Regime jurídico geral do Sistema Nacional de Qualificações Decreto-Lei nº 20/2010, de 14 de Junho……………………………………………...345 Quadro Nacional de Qualificações Decreto-Lei n.º 65/2010, de 27 de Dezembro………………………………………...362 Catálogo Nacional de Qualificações Profissionais (CNQP) Decreto-Lei n.º 66/2010, de 27 de Dezembro………………………………………..374 Unidade de Coordenação do Sistema Nacional de Qualificações (UC-SNQ) Decreto-Lei nº 62/2009, 14 de Dezembro ……………………………………………394 Unidade Nacional de Orientação Escolar Vocacional Profissional (UNOEVP) Portaria nº /2010, de 15 de Fevereiro…………………………………………………397 Unidades formativas nas escolas secundárias Portaria nº 16/2009, de 18 de Maio…………………………………………………...404 Comissão Nacional de Equivalência Profissional (CNEP) Decreto-Regulamentar nº 5/2005, de 27 de Junho……………………………………409 PARTE IV REGIME DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL Regime jurídico geral da formação profissional Decreto-Lei nº 37/2003, de 6 de Outubro……………………………………………..417 Certificação da formação profissional Decreto-Regulamentar nº 13/2005, de 26 de Dezembro……………………………...438

CABO VERDE - mGO Consulting · Decreto-Legislativo nº 5/2007, de 16 de Outubro………………………………… ... dependência, ao alcoolismo, ao tabagismo e às doenças

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CABO VERDE

PARTE IPRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

Constituição da República de Cabo VerdePrincípios e normas sobre a formação profissional e empregoLei Constitucional n.º 01/99, de 23 de Novembro…………………………………….276

PARTE IISISTEMA EDUCATIVO

Bases do sistema educativoDecreto-Legislativo nº 2/2010, de 7 de Maio………………………..………………..287

PARTE IIISISTEMA NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES

Regime jurídico geral do Sistema Nacional de QualificaçõesDecreto-Lei nº 20/2010, de 14 de Junho……………………………………………...345

Quadro Nacional de QualificaçõesDecreto-Lei n.º 65/2010, de 27 de Dezembro………………………………………...362

Catálogo Nacional de Qualificações Profissionais (CNQP)Decreto-Lei n.º 66/2010, de 27 de Dezembro………………………………………..374

Unidade de Coordenação do Sistema Nacional de Qualificações(UC-SNQ)Decreto-Lei nº 62/2009, 14 de Dezembro ……………………………………………394

Unidade Nacional de Orientação Escolar Vocacional Profissional (UNOEVP)Portaria nº /2010, de 15 de Fevereiro…………………………………………………397

Unidades formativas nas escolas secundáriasPortaria nº 16/2009, de 18 de Maio…………………………………………………...404

Comissão Nacional de Equivalência Profissional (CNEP)Decreto-Regulamentar nº 5/2005, de 27 de Junho……………………………………409

PARTE IVREGIME DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Regime jurídico geral da formação profissionalDecreto-Lei nº 37/2003, de 6 de Outubro……………………………………………..417

Certificação da formação profissionalDecreto-Regulamentar nº 13/2005, de 26 de Dezembro……………………………...438

Estatuto do formadorDecreto-Regulamentar nº 14/2005, de 26 de Dezembro……………………………...449

Estatuto do formandoDecreto-Regulamentar nº 16/2005, de 26 de Dezembro……………………………...460

Acreditação de entidades formadorasDecreto-Regulamentar nº 2/2011, de 24 de Janeiro…………………………..............467

Organização, financiamento e avaliação dos estágios profissionaisDecreto-Lei nº 24/2007, de 30 de Julho ……………………………………………...479

Contrato de aprendizagem1

Decreto-Legislativo nº 5/2007, de 16 de Outubro…………………………………….498

PARTE VESTRUTURAS E ORGÃOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

E PROMOÇÃO DO EMPREGO

Direcção Geral de Emprego (DGE)Decreto-Lei nº 62/2009, de 14 de Dezembro…………………………………………508

Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP)Decreto Lei nº 51/94, de 22 de Agosto………………………………………………..514 Decreto-Regulamentar nº 5/2010, de 16 de Agosto…………………………..............516

Centros de Emprego e Formação Profissional (CEFP) do IEFPDecreto-Regulamentar nº 6/2011, de 21 de Fevereiro………………………...............533Resolução nº 13/2011, de 24 de Janeiro………………………………………………556

Centro de formação profissionalDecreto-Regulamentar n º 15/2005, de 26 de Dezembro…………….……………….559

Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde (EHTCV)Portaria nº 38-A/2008, de 27 de Novembro…………………………………………..579

Fundo de Promoção do Emprego e da Formação (FPEF)Resolução nº 5/2012, de 25 de Janeiro……………………………………….............609Decreto-Regulamentar n.º 4/2012, de 29 de Fevereiro……………………………….613

Observatório do Emprego (OE)Decreto-Lei nº 34/2011, de 26 de Dezembro…………………………………………636

Conselho Nacional do Emprego e Formação Profissional (CNEFP)Decreto-Lei nº 36/2007, de 5 de Novembro…………………………………..............642

Conselho da Concertação Social (CCS)

1 In Código Laboral Cabo-verdiano.

Decreto-Lei nº 35/93, de 21 de Junho………………………………………………...650

Idade mínima de admissão no empregoResolução n.º 68/2010, de 29 de Novembro…………………………………………..657

CABO VERDE

PARTE IPRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE CABO VERDE

Lei Constitucional n.º 01/99, de 23 de Novembro

(Na redacção dada pela Lei Constitucional nº 1//VII/2010, de 3 de Maio, que revê a Constituição da República de Cabo Verde)

(…)

Artigo 42º(Direito de escolha de profissão e de acesso à Função Pública)

1. Todo o cidadão tem o direito de escolher livremente o seu ofício, trabalho ou profissão ou fazer a sua formação profissional, salvas as restrições legais impostas pelo interesse público ou inerentes à sua própria capacidade ou qualificação profissional.

2. Todos os cidadãos têm direito de acesso à função pública, em condições de igualdade, nos termos estabelecidos na lei.

3. Ninguém pode ser obrigado a um trabalho determinado, salvo para cumprimento de um serviço público geral e igual para todos ou em virtude de decisão judicial, nos termos da lei.

(…)

Artigo 50º(Liberdade de aprender, de educar e de ensinar)

1. Todos têm a liberdade de aprender, de educar e de ensinar.

2. A liberdade de aprender, de educar e de ensinar compreende: a) O direito de frequentar estabelecimentos de ensino e de educação e de neles

ensinar sem qualquer discriminação, nos termos da lei; b) O direito de escolher o ramo de ensino e a formação; c) A proibição de o Estado programar a educação e o ensino segundo quaisquer

directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas; d) A proibição de ensino público confessional; e) O reconhecimento às comunidades, às organizações da sociedade civil e demais

entidades privadas e aos cidadãos, da liberdade de criar escolas e estabelecimentos de educação e de estabelecer outras formas de ensino ou educação privadas, em todos os níveis, nos termos da lei.

(…)

Artigo 56º(Participação na direcção dos assuntos públicos)

1. Todos os cidadãos têm o direito de aceder, em condições de igualdade e liberdade, às funções públicas e aos cargos electivos, nos termos estabelecidos por lei.

2. Ninguém pode ser prejudicado na sua colocação, carreira, emprego ou actividade pública ou privada, nem nos benefícios sociais a que tenha direito, por desempenhar cargos públicos ou exercer os seus direitos políticos.

3. A lei garante a isenção e a independência do exercício dos cargos públicos só podendo, no acesso aos cargos electivos, estabelecer as inelegibilidades necessárias para garantir a liberdade de escolha dos eleitores e a isenção e independência do seu exercício.

(…)

Artigo 61º(Direito ao trabalho)

1. Todos os cidadãos têm direito ao trabalho, incumbindo aos poderes públicos promover as condições para o seu exercício efectivo.

2. O dever de trabalhar é inseparável do direito ao trabalho.

Artigo 62º(Direito à retribuição)

1. Os trabalhadores têm direito a justa retribuição segundo a quantidade, natureza e qualidade do trabalho prestado.

2. Por igual trabalho, o homem e a mulher percebem igual retribuição.

3. O Estado cria as condições para o estabelecimento de um salário mínimo nacional.

(…)

Artigo 65º(Liberdade de inscrição em sindicatos)

Ninguém é obrigado a inscrever-se em sindicato ou em associação profissional, a permanecer sindicalizado ou associado profissionalmente, nem a pagar quotizações para sindicato ou associação profissional em que não se encontre inscrito.

Artigo 66º(Direitos dos sindicatos e associações profissionais)

1. Para defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores, é reconhecido aos sindicatos o direito de, nos termos da lei, participar:

a) Nos organismos de concertação social; b) Na definição da política de instituições de segurança social e de outras

instituições que visem a protecção e a defesa dos interesses dos trabalhadores;

c) Na elaboração da legislação laboral.

2. Aos sindicatos compete celebrar os contratos colectivos de trabalho, nos termos da lei.

Artigo 67º(Direito à greve e proibição do lock-out)

1. É garantido o direito à greve, cabendo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de o exercer e sobre os interesses que com ele visam defender.

2. A lei regula o exercício do direito à greve e define as condições de prestação, durante a greve, de serviços necessários à segurança e manutenção de equipamentos e instalações, bem como de serviços mínimos indispensáveis para acorrer à satisfação de necessidades sociais impreteríveis.

3. É proibido o lock-out.

(…)

Artigo 70º(Direito à segurança social)

1. Todos têm direito à segurança social para sua protecção no desemprego, doença, invalidez, velhice, orfandade, viuvez e em todas as situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho.

2. Incumbe ao Estado criar as condições para o acesso universal dos cidadãos à segurança social, designadamente:

a) Garantir a existência e o funcionamento eficiente de um sistema nacional de segurança social, com a participação dos contribuintes e das associações representativas dos beneficiários;

b) Apoiar, incentivar, regular e fiscalizar os sistemas privados de segurança social.

3. O Estado incentiva, regula e fiscaliza, nos termos da lei, a actividade das instituições particulares de solidariedade social e de outras de reconhecido interesse público, com vista à prossecução dos objectivos de solidariedade social consignados na Constituição.

(…)

Artigo 75º(Direitos dos jovens)

1. Os jovens têm direito a estímulo, apoio e protecção especiais da família, da sociedade e dos poderes públicos.

2. O estímulo, o apoio e a protecção especiais aos jovens têm por objectivos prioritários o desenvolvimento da sua personalidade e das suas capacidades físicas e intelectuais, do gosto pela criação livre e do sentido do serviço à comunidade, bem como a sua plena e efectiva integração em todos os planos da vida activa.

3. Para garantir os direitos dos jovens, a sociedade e os poderes públicos fomentam e apoiam as organizações juvenis para a prossecução de fins culturais, artísticos, recreativos, desportivos e educacionais.

4. Também para garantir os direitos dos jovens, os poderes públicos, em cooperação com as associações representativas dos pais e encarregados de educação, as instituições privadas e organizações juvenis, elaboram e executam políticas de juventude tendo, designadamente, em vista:

a) A educação, a formação profissional e o desenvolvimento físico, intelectual e cultural dos jovens;

b) O acesso dos jovens ao primeiro emprego e à habitação; c) O aproveitamento útil dos tempos livres dos jovens; d) Assegurar a prevenção, o apoio e a recuperação dos jovens em relação à tóxico-

dependência, ao alcoolismo, ao tabagismo e às doenças sexualmente transmissíveis e a outras situações de risco para os objectivos referidos no número 2.

Artigo 76º(Direitos dos portadores de deficiência)

1. Os portadores de deficiência têm direito a especial protecção da família, da sociedade e dos poderes públicos.

2. Para efeitos do número anterior, incumbe aos poderes públicos, designadamente:

a) Promover a prevenção da deficiência, o tratamento, a reabilitação e a reintegração dos portadores de deficiência, bem como as condições económicas, sociais e culturais que facilitem a sua participação na vida activa;

b) Sensibilizar a sociedade quanto aos deveres de respeito e de solidariedade para com os portadores de deficiência, fomentando e apoiando as respectivas organizações de solidariedade;

c) Garantir aos portadores de deficiência prioridade no atendimento nos serviços públicos e a eliminação de barreiras arquitectónicas e outras no acesso a instalações públicas e a equipamentos sociais;

d) Organizar, fomentar e apoiar a integração dos portadores de deficiência no ensino e na formação técnico-profissional.

(…)

Artigo 78º(Direito à educação)

1. Todos têm direito à educação2.

2. A educação, realizada através da escola, da família e de outros agentes, deve: Ser integral e contribuir para a promoção humana, moral, social, cultural e económica dos cidadãos;

a) Preparar e qualificar os cidadãos para o exercício da actividade profissional, para a participação cívica e democrática na vida activa e para o exercício pleno da cidadania;

b) Promover o desenvolvimento do espírito científico, a criação e a investigação científicas, bem como a inovação tecnológica;

c) Contribuir para a igualdade de oportunidade no acesso a bens materiais, sociais e culturais;

d) Estimular o desenvolvimento da personalidade, da autonomia, do espírito de empreendimento e da criatividade, bem como da sensibilidade artística e do interesse pelo conhecimento e pelo saber;

e) Promover os valores da democracia, o espírito de tolerância, de solidariedade, de responsabilidade e de participação.

3. Para garantir o direito à educação, incumbe ao Estado, designadamente: a) Garantir o direito à igualdade de oportunidades de acesso e de êxito escolar; b) Promover, incentivar e organizar a educação pré-escolar; c) Garantir o ensino básico obrigatório, universal e gratuito, cuja duração será

fixada por lei; d) Promover a eliminação do analfabetismo e a educação permanente; e) Promover a educação superior, tendo em conta as necessidades em quadros

qualificados e a elevação do nível educativo, cultural e científico do país;

2. O Decreto-Legislativo nº 2/2010, de 7 de Maio, define as Bases do Sistema Educativo, enunciando os princípios fundamentais da organização e funcionamento do sistema educativo, nele se incluindo o ensino público e o particular e cooperativo (inserido nesta colectânea).

f) Criar condições para o acesso de todos, segundo as suas capacidades, aos diversos graus de ensino, à investigação científica e à educação e criação artísticas;

g) Organizar a acção social escolar; h) Promover a socialização dos custos da educação; i) Fiscalizar o ensino público e privado e velar pela sua qualidade, nos termos da

lei; j) Organizar e definir os princípios de um sistema nacional de educação,

integrando instituições públicas e privadas; k) Regular, por lei, a participação dos docentes, discentes, da família e da

sociedade civil na definição e execução da política de educação e na gestão democrática da escola;

l) Fomentar a investigação científica fundamental e a investigação aplicada, preferencialmente nos domínios que interessam ao desenvolvimento humano sustentado e sustentável do país.

4. Aos poderes públicos cabe, ainda: a) Organizar e garantir a existência e o regular funcionamento de uma rede de

estabelecimentos públicos de ensino que cubra as necessidades de toda a população;

b) Promover a interligação da escola, da comunidade, e das actividades económicas, sociais e culturais;

c) Incentivar e apoiar, nos termos da lei, as instituições privadas de educação, que prossigam fins de interesse geral;

d) Promover a educação cívica e o exercício da cidadania; e) Promover o conhecimento da história e da cultura cabo-verdianas e universais.

Artigo 79º(Direito à cultura)

1. Todos têm direito à fruição e criação cultural, bem como o dever de preservar, defender e valorizar o património cultural.

2. Para garantir o direito à cultura, os poderes públicos promovem, incentivam e asseguram o acesso de todos os cidadãos à fruição e criação cultural, em colaboração com outros agentes culturais.

3. Para garantir o direito à cultura, incumbe especialmente ao Estado:

a) Corrigir as assimetrias e promover a igualdade de oportunidades entre as diversas parcelas do país no acesso efectivo aos bens de cultura;

b) Apoiar iniciativas que estimulem a criação individual e colectiva e a circulação de obras e bens culturais de qualidade;

c) Promover a salvaguarda e a valorização do património cultural, histórico e arquitectónico;

d) Assegurar a defesa e a promoção da cultura cabo-verdiana d) no mundo; e) Promover a participação dos emigrantes na vida cultural do país e a difusão e

valorização da cultura nacional no seio das comunidades cabo-verdianas emigradas;

f) Promover a defesa, a valorização e o desenvolvimento da língua materna cabo-verdiana e incentivar o seu uso na comunicação escrita;

g) Incentivar e apoiar as organizações de promoção cultural e as indústrias ligadas à cultura.

(…)

Artigo 241º(Função Pública)

1. O pessoal da Administração Pública e os demais agentes do Estado e de outras entidades públicas estão exclusivamente ao serviço do interesse público definido pelos órgãos competentes, devendo, no exercício das suas funções, agir com especial respeito pelos princípios de justiça, isenção e imparcialidade, de respeito pelos direitos dos cidadãos e de igualdade de tratamento de todos os utentes, nos termos da lei.

2. O pessoal da Administração Pública e os demais agentes do Estado e de outras entidades públicas não podem ser beneficiados ou prejudicados em virtude das suas opções político-partidárias ou do exercício dos seus direitos estabelecidos na Constituição ou na lei.

3. O pessoal da Administração Pública e os demais agentes do Estado e de outras entidades públicas não podem ainda beneficiar ou prejudicar outrem, em virtude das suas opções político-partidárias ou do exercício dos seus direitos estabelecidos na Constituição ou na lei.

4. Sem prejuízo das inelegibilidades estabelecidas na lei, o pessoal da Administração Pública, os demais agentes civis do Estado e de outras entidades públicas não carecem de autorização para se candidatarem a qualquer cargo electivo do Estado ou das autarquias locais suspendendo, no entanto, o exercício de funções a partir da apresentação formal da candidatura, sem perda de direitos.

5. Não é permitida a acumulação de empregos ou cargos públicos, salvo nos casos expressamente admitidos na lei.

6. Na Função Pública, o acesso e o desenvolvimento profissional baseiam-se no mérito e na capacidade dos candidatos ou agentes.

7. A lei determina as incompatibilidades entre o exercício de cargos públicos e o de outras actividades, bem como as demais garantias de imparcialidade no exercício de cargos públicos.

(…)

Artigo 251º(Garantia dos cidadãos que prestam serviço militar)

Ninguém pode ser prejudicado no seu emprego, colocação, promoção ou benefícios sociais por virtude de cumprimento de serviço militar ou de serviço cívico obrigatório.

(…)

PARTE IISISTEMA EDUCATIVO

BASES DO SISTEMA EDUCATIVO

Decreto-Legislativo nº 2/2010,de 7 de Maio3

A actual Lei que aprovou as Bases do Sistema Educativo data de 1990 (Lei nº 103/III/90 de 29 de Dezembro), tendo sido revista pela Lei n.º 113/V/99, de 18 de Outubro que, no essencial, introduziu os normativos atinentes à regulamentação do ensino superior em Cabo Verde.

Apesar de ter representado até aqui um quadro regulador importante do sistema de ensino em Cabo Verde, contribuindo para a democratização do seu acesso e alargada frequência, é ponto assente que, hoje, o crescimento extraordinário e actual das demandas exige que se adeqúe a regulação do sector em vista do reforço da capacidade e a qualidade de resposta do sistema educativo, face aos desafios do desenvolvimento do País e das perspectivas do futuro, num quadro estrutural mais amplo da estratégia de transformação de Cabo Verde, em que a qualificação do capital humano constitui um recurso fundamental.

Efectivamente, o Governo pretende introduzir um novo quadro de reforma no sistema educativo, tendo em vista dar respostas adequadas aos desafios globais da sociedade cabo-verdiana, traduzidas em ganhos substâncias para o funcionamento e a modernização do Sistema Educativo a nível nacional, com necessária adaptação estrutural qualificativa em todos os subsistemas e níveis de ensino e de formação profissional.

Entre as principais novações, destaca-se, como se prevê no presente diploma, a necessidade da revisão curricular, o incremento da introdução de tecnologias de informação e comunicação, a qualificação do corpo docente, uma maior intervenção dos agentes locais no âmbito do alargamento da descentralização de poderes, uma maior conexão do sistema educativo face à expansão da universalidade do ensino e da educação, buscando sempre o reforço da solidariedade social e a qualidade do ensino superior, enquanto factores de desenvolvimento e de inserção competitiva do país no mercado mundial.

Desde logo, atento aos objectivos plasmados no Programa de Governo para a presente VII Legislatura, nesta revisão da lei de Bases do Sistema Educativo salienta-se a necessidade de regulação mais apropriada do subsistema de ensino pré-escolar, privilegiando o desenvolvimento de uma política integrada com vista a ampliar as condições para a generalização da educação pré-escolar, ao mesmo tempo que se clarifica o papel do Governo, sobretudo no que tange, de um lado, às medidas de coordenação, de orientação pedagógica e de formação do pessoal concernentes e, de outro lado, quanto à determinação dos objectivos gerais e diversos dispositivos para a educação das crianças antes da escolaridade obrigatória.

O alargamento da escolaridade obrigatória para oito anos é das principais medidas de fundo que se pretende implementar com este diploma. O novo modelo, que se preconiza

3. Revoga tacitamente a Lei nº 103/III/90, de 29 de Dezembro, na redacção dada pela Lei nº 113/V/99, de 18 de Outubro.

sob o signo da universalidade de acesso, assenta-se na observância dos parâmetros da qualidade, da equidade e da sustentabilidade financeira deste subsistema de ensino, necessariamente, implicará não só um redesenho da estrutura de ciclos de ensino e da respectiva matriz curricular, como também a adequação do regime de docência, a relevar em sede legislativa própria.

Preconiza ainda o presente diploma a possibilidade de ser alargada, gradativamente, a escolaridade obrigatória até o 12º Ano, consoante forem sendo criadas as bases de sustentabilidade, mediante condições a determinar por Resolução do Conselho de Ministros.

Com efeito, prevê-se que o novo modelo de ensino básico compreenda três ciclos sequenciais, sendo primeiro de quatro anos e o segundo e o terceiro de dois anos cada, em articulação sequencial progressiva, conferindo-se a cada ciclo a função de completar, aprofundar e alargar o ciclo anterior, numa perspectiva de unidade global do ensino básico.

Por outro lado, decorrente dos reflexos imediatos da opção e medida do alargamento do ensino básico, recorta-se neste diploma uma nova formatação curricular do subsistema de ensino secundário.

Assim, o ensino secundário, que passará a ser de quatro anos, compreenderá dois ciclos de dois anos cada, prevendo que o 1º ciclo abarque o 9º e o 10º Anos de escolaridade – com uma via geral, que constitui um ciclo de consolidação do ensino básico e de orientação vocacional4 – e o 2º ciclo, abrangendo o 11º e o 12º Anos de escolaridade, com uma via geral e uma via técnica profissionalizante.

Deste modo, aos alunos que tenham completado o 12º Ano de escolaridade deverá ainda ser assegurada a possibilidade de frequência de mais um ano complementar de formação, de especialização em determinada área de actividade profissional.

Com efeito, decorrente dos reflexos imediatos das opções curriculares recorta-se neste diploma uma nova formatação curricular do subsistema de ensino secundário.

De resto, com este novo modelo do ensino secundário, implicando adaptação de novas matrizes curriculares específicas, criam-se igualmente condições adequadas ao estabelecimento de um quadro favorecedor da implementação articulada da formação complementar profissionalizante, na linha do reforço da integração entre o sistema educativo e o sistema de formação profissional, proporcionando uma rápida transição dos jovens da escola para o mundo do trabalho.

No que tange ao ensino superior, também pretende-se introduzir importantes novações, promovendo novos padrões de qualidade, designadamente quanto aos objectivos e à redefinição do regime dos estabelecimentos de ensino, bem como em relação ao regime de acesso e ao alargamento de graus académicos e diplomas correspondentes, incluindo a fase pós-doutoramento.

4 Foi, para o efeito, criada a Unidade Nacional de Orientação Escolar Vocacional Profissional (UNOEVP), pela Portaria conjunta nº /2010, de 15 de Fevereiro.

Nesta revisão, opta-se ainda pela eliminação do grau académico de bacharelato, assim como o grau de ensino médio do sistema educativo formal, atento à dimensão actual da oferta formativa do mercado, em que instituições privadas se pontificam.

Por outro lado, atribui-se aos estabelecimentos do ensino superior a faculdade de organizarem cursos de formação pós-secundária, que não conferem graus académicos, mas de natureza profissionalizante, cursos aos quais se poderá conferir diploma de Estudos Superiores Profissionais, creditáveis, em determinadas condições, para o prosseguimento de cursos superiores com grau de licenciatura.

Ainda, a nível do ensino superior, redefine-se o sistema de seu financiamento e do respectivo controlo, designadamente prevendo que possam ser subsidiados pelo Estado, incluindo instituições privadas do ensino superior, guiado pelos princípios: da comparticipação financeira do Estado; b) da co-gestão; c) da universalidade; d) da socialização dos custos; e) da não exclusão; f) da equidade; g) da autonomia; e h) da sustentabilidade.

Por isso mesmo, se prevê a implementação de um sistema de controlo de qualidade do ensino superior no País, através de adopção de medidas de política adequadas bem como da instituição de um serviço competente na Orgânica do departamento governamental da área do Ensino Superior para a regulação, acreditação e avaliação das instituições do ensino superior em Cabo Verde.

Pretende-se com esta autorização legislativa a harmonização do novo regime do ensino superior em Cabo Verde com o chamado “modelo de Bolonha”, bem como o enquadramento do sistema do ensino superior resultante da criação da Universidade de Cabo Verde, por forma a aproximar o sistema educativo cabo-verdiano aos patamares almejados e em experimentação a nível internacional, designadamente na Europa, por forma a, designadamente, assegurar as vantagens da mobilidade e do sistema de créditos para efeito das equivalências de formação e qualificação a nível internacional, de modo mais abrangente possível.

Outrossim, com realce para a integração escolar efectiva das crianças e jovens com necessidades educativas especiais (NEE), a presente revisão da LBSE propugna também o fortalecimento da educação especial, implicando uma nova abordagem metodológica de ensino e aprendizagem específicas, quer em relação aos educandos portadores de deficiência quer quanto aos educandos sobredotados.

Incidindo também sobre o regime da educação extra-escolar, o presente diploma preconiza o incremento da generalização de segundas oportunidades educativas (o ensino recorrente à distância, educação/formação de adultos), quer enquanto modalidade especial de ensino que permite ampliar a oferta de oportunidades de cursos socioprofissionais, quer como fenómeno de capacitação de jovens e adultos para o exercício de uma profissão e a luta contra a pobreza e exclusão social, massificando a utilização das novas tecnologias de informação e comunicação disponíveis.

Clarificam-se, assim, neste subsistema, as modalidades de implementação da formação presencial e à distância, com dois níveis e três fases de ensino adaptados, bem como a sua organização autónoma em relação ao subsistema formal e obrigatório equivalente,

do ensino básico, visando, em geral, dinâmicas de cidadania activa e de formação para o emprego.

Ainda no âmbito do subsistema da educação extra-escolar, prevê-se a instituição de mecanismos de articulação interdepartamental, visando a coordenação das acções e do planeamento das actividades de educação básica de adultos e de formação profissional.

Conforme acima ficou assinalado, nesta revisão pretende-se dar especial atenção à qualificação do pessoal docente, que constitui um recurso fundamental para o sucesso dos objectivos traçados nos diversos subsistemas do sistema de ensino em Cabo Verde.

Consequentemente, neste particular, propugna-se que em todos os subsistemas do ensino, incluindo no pré-escolar, os docentes tenham formação qualificada, obtida em estabelecimento de ensino superior que confira ou não graus académicos superiores, sendo proporcionada a formação em exercício, nos termos em que tem vindo a acontecer, até aqui, com determinadas classes do pessoal docente.

Assim, prevê-se a flexibilização do regime do pessoal docente dos diversos subsistemas do ensino que exerçam actividade nos estabelecimentos de ensino público, particularizando as especificidades do ensino superior.

Evidentemente, disso tudo já resulta a necessidade de adequação do regime estatutário do pessoal docente e necessidade de sua nova regulamentação, quanto mais não seja, no quadro da nova filosofia do regime geral da Função Pública.

Outrossim, em ordem a favorecer a participação das várias forças sociais, culturais e económicas na procura de consensos alargados em relação à política de ensino, o presente diploma institui o Conselho Nacional de Ensino, com funções consultivas, sem prejuízo de competências próprias dos órgãos de soberania.

Também, neste diploma, dá-se especial ênfase à política de afirmação da língua nacional cabo-verdiana, enquanto língua materna e património cultural da cabo-verdianidade, visando o aprofundamento do conhecimento e da afirmação da escrita da língua nacional cabo-verdiana, enquanto primeira língua de comunicação oral.

Diversos aspectos de regulamentação são diferidos à regulação por diploma especial do Governo, designadamente através de diplomas regulamentares.

Assim, tendo sido ouvidos os Sindicatos dos professores e as instituições do ensino superior,

Ao abrigo da autorização legislativa concedida pela Lei nº 54/VII/2010, de 8 de Março,

No uso da faculdade conferida pela alínea b) do número 2 do artigo 203º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

CAPÍTULO IDisposições gerais

Artigo 1º

Objecto

O presente diploma define as Bases do Sistema Educativo, enunciando os princípios fundamentais da organização e funcionamento do sistema educativo, nele se incluindo o ensino público e o particular e cooperativo.

Artigo 2ºÂmbito do sistema educativo

O sistema educativo abrange o conjunto das instituições de educação que funcionem sob a dependência do Estado ou sob sua supervisão, assim como as iniciativas educacionais levadas a efeito por outras entidades.

Artigo 3ºCompetência

1. A coordenação e supervisão da política educativa e do funcionamento do respectivo sistema são da competência dos departamentos governamentais responsáveis pelas áreas da Educação e do Ensino Superior.

2. Cabe aos departamentos governamentais responsáveis pelas áreas da Educação e do Ensino Superior, conforme o caso, assegurar que todas as instituições educativas observam as disposições relativas aos princípios, estrutura, objectivos e programas em vigor no ensino público, particular e cooperativo e aos demais programas de índole especializada, competindo-lhe ainda definir as condições de validação dos respectivos diplomas para efeito de obtenção de equivalência.

Artigo 4°Direitos e deveres no âmbito da educação

1. Todo o cidadão tem o direito e o dever da educação.

2. A família, as comunidades e as autarquias locais têm o direito e o dever de participar nas diversas acções de promoção e realização da educação.

3. O Estado, através dos seus órgãos competentes, dinamiza por diversas formas a participação dos cidadãos e suas organizações na concretização dos objectivos da Educação.

4. O Estado promove progressivamente a igual possibilidade de acesso de todos os cidadãos aos diversos graus de ensino e a igualdade de oportunidades no sucesso escolar.

5. O Estado cria dispositivos de acesso e de frequência dos diversos graus de ensino em função dos meios disponíveis.

6. Em ordem a assegurar as condições necessárias à fruição dos direitos e ao desempenho dos deveres dos cidadãos em matéria educativa, o Estado deve velar pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento do sistema público de educação, com prioridade para a escolaridade obrigatória.

7. O ensino particular e cooperativo observa o disposto na presente lei quanto aos princípios, estrutura e objectivos da educação, sem prejuízo da prossecução de finalidades específicas e de modalidades de organização que lhe sejam legalmente autorizadas.

8. Um subsistema de educação extra-escolar promove a elevação do nível escolar e cultural de jovens e adultos numa perspectiva de educação permanente e formação profissional.

CAPÍTULO IIObjectivos e princípios gerais do sistema educativo

Artigo 5°Objectivos e princípios gerais

1. A educação visa a formação integral do indivíduo.

2. A formação obtida por meio da educação deve ligar-se estreitamente ao trabalho, de molde a proporcionar a aquisição de conhecimentos, qualificações, valores e comportamentos que possibilitem ao cidadão integrar-se na comunidade e contribuir para o seu constante progresso.

3. No quadro da acção educativa, a eliminação do analfabetismo é tarefa fundamental.

4. A educação deve contribuir para salvaguardar a identidade cultural, como suporte da consciência e dignidade nacionais e factor estimulante do desenvolvimento harmonioso da sociedade.

Artigo 6°Livre acesso ao sistema educativo

O sistema educativo dirige-se a todos os indivíduos independentemente da idade, sexo, nível socioeconómico, intelectual ou cultural, crença religiosa ou convicção filosófica de cada um.

Artigo 7°Educação e projecto nacional de desenvolvimento

O sistema educativo e as suas estruturas devem favorecer a realização do projecto nacional de desenvolvimento cultural, económico e social, mediante uma articulação estreita com as instituições e os agentes intervenientes ao nível das colectividades e autarquias locais e dos diversos sectores da vida nacional.

Artigo 8°Funcionalidade da educação

O processo educativo integra a formação teórica e a formação prática, contribuindo em geral para o desenvolvimento global e harmónico do país e, em particular, para o

desenvolvimento da economia, do bem-estar das populações e para a realização pessoal do cidadão.

Artigo 9°Educação e identidade cultural

1. A educação deve basear-se nos valores, necessidades e aspirações colectivas e individuais e ligar-se à comunidade, associando ao processo educativo os aspectos mais relevantes da vida e da cultura cabo-verdiana.

2. Com o objectivo de reforçar a identidade cultural e de integrar os indivíduos na colectividade em desenvolvimento, o sistema educativo deve valorizar a língua materna, como manifestação privilegiada da cultura.

Artigo 10°Objectivos da política educativa

1. São objectivos da política educativa:a) Promover o aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem, tendo em

vista a formação integral e permanente do indivíduo, numa perspectiva universalista;

b) Contribuir para a formação cívica do indivíduo, designadamente através da integração e promoção dos valores democráticos, éticos e humanistas no processo educativo, numa perspectiva crítica e reflexiva;

c) Desenvolver uma acção educativa que promova atitudes positivas em relação ao trabalho, à produtividade e à inovação nas actividades económicas, como factores de progresso e bem-estar;

d) Imprimir à educação e formação valências científica e técnica que permitam a participação do indivíduo, através do trabalho, no desenvolvimento socio-económico do país;

e) Promover a investigação, a criatividade e a inovação com vista à elevação do nível de conhecimento e de qualificação dos cidadãos, enquanto factores de desenvolvimento nacional;

f) Preparar o educando para uma constante reflexão sobre os valores espirituais, estéticos, morais e cívicos e proporcionar-lhe um equilibrado desenvolvimento físico;

g) Reforçar a consciência e a unidade nacionais;h) Aprofundar o conhecimento e a afirmação da escrita da língua nacional cabo-

verdiana, enquanto primeira língua de comunicação oral, visando sua utilização oficial a par da língua portuguesa;

i) Estimular a preservação e reafirmação dos valores culturais e do património nacional;

j) Contribuir para o conhecimento e o respeito dos direitos humanos e desenvolver o sentido e o espírito de tolerância e solidariedade;

k) Fomentar a participação das populações na actividade educativa e na gestão democrática do ensino.

2. Os objectivos da política educativa entendem-se, adequam-se e executam-se de harmonia com as linhas orientadoras da estratégia de desenvolvimento nacional.

Artigo 11ºProcesso educativo

1. A escola cabo-verdiana deve ser um centro educativo capaz de proporcionar o desenvolvimento integral do educando, em ordem a fazer dele um cidadão apto a intervir criativamente na elevação do nível de vida da sociedade.

2. São tarefas fundamentais da escola e do processo educativo que nela se desenvolve:a) Proporcionar à geração mais jovem a consciência crítica das realidades

nacionais;b) Desenvolver e reforçar em cada indivíduo o sentido patriótico e a dedicação a

todas as causas de interesse nacional;c) Desenvolver o apreço pelos valores culturais e nacionais e o sentido da sua

actualização permanente;d) Estreitar as ligações do ensino e da aprendizagem com o trabalho, favorecendo a

assimilação consciente dos conhecimentos científicos e técnicos necessários ao processo global do desenvolvimento do país;

e) Incentivar o espírito criativo e a adaptação às mutações da sociedade, da ciência e da tecnologia no mundo moderno;

f) Promover o espírito de compreensão, solidariedade e paz internacionais.

CAPÍTULO IIIOrganização do sistema educativo

Secção IEstrutura, obrigatoriedade e definição curricular

Artigo 12ºEstrutura

1. O sistema educativo compreende os subsistemas da educação pré-escolar, da educação escolar e da educação extra-escolar, complementados por actividades de desporto escolar e os apoios e complementos socioeducativos, numa perspectiva de integração.

2. A educação pré-escolar visa uma formação complementar ou supletiva das responsabilidades educativas da família.

3. A educação escolar abrange os subsistemas do ensino básico, secundário e superior, bem como modalidades especiais de ensino, e inclui ainda as actividades de ocupação de tempos livres.

4. A educação extra-escolar engloba as actividades de alfabetização, de pós-alfabetização, de formação profissional e ainda do sistema geral de aprendizagem, articulando-se com a educação escolar.

5. O sistema educativo integra ainda a componente de formação técnico-profissional e articula-se estreitamente como o sistema nacional de formação e aprendizagem profissional.

Artigo 13ºObrigatoriedade

1. O Estado garante a educação obrigatória e universal até ao 10º ano de escolaridade.

2. O Estado promove a criação de condições para alargar a escolaridade obrigatória até o 12º ano de Escolaridade.

Artigo 14ºGratuitidade

1. O ensino básico é universal, obrigatório e gratuito, com duração de 8 anos.

2. As condições da gratuitidade prevista neste artigo são fixadas por Decreto-Lei.

Artigo 15ºCurrículo

1. Para efeitos do presente diploma, entende-se por currículo nacional, o conjunto das aprendizagens a desenvolver pelos alunos que frequentem o sistema e os subsistemas educativos referidos no artigo 12.º

2. O currículo nacional concretiza-se através da definição de planos de estudo elaborados com base em matérias curriculares, nos termos aprovados por diploma regulamentar.

Secção IIEducação pré-escolar

Artigo 16ºCaracterização e âmbito

1. A educação pré-escolar enquadra-se nos objectivos de protecção da infância e consubstancia-se num conjunto de acções articuladas com a família, visando, por um lado, o desenvolvimento da criança e, por outro, a sua preparação para o ingresso no sistema escolar.

2. A educação pré-escolar é de frequência facultativa e destina-se às crianças com idades compreendidas entre os 4 anos e a idade de ingresso no ensino básico.

3. Na medida das suas possibilidades financeiras, o Estado adopta medidas de incentivo e apoio que permitam a todas as crianças ingressar no ensino básico após frequentarem a educação pré-escolar.

Artigo 17ºObjectivos

São objectivos essenciais da educação pré-escolar:a) Apoiar o desenvolvimento equilibrado das potencialidades da criança;b) Possibilitar à criança a observação e a compreensão do meio que a cerca;

c) Contribuir para a estabilidade e segurança afectiva da criança;d) Facilitar o processo de socialização da criança;e) Promover a aprendizagem das línguas oficiais e, de pelo menos, a uma língua

estrangeira;f) Favorecer a revelação de características específicas da criança e garantir uma

eficiente orientação das suas capacidades.

Artigo 18ºOrganização

1. A rede de educação pré-escolar é essencialmente da iniciativa das autarquias locais e de instituições oficiais, bem como de entidades de direito privado constituídas sob forma comercial ou cooperativa, cabendo ao Estado fomentar e apoiar tais iniciativas, de acordo com as possibilidades existentes, podendo assumir o funcionamento de jardins em zonas onde a iniciativa privada não se verifica.

2. A educação pré-escolar faz-se em jardins-de-infância ou em instituições análogas oficialmente reconhecidas.

3. Cabe ao Governo definir em diploma próprio as normas gerais da educação pré-escolar, nomeadamente nos seus aspectos pedagógicos e técnicos, apoiar e fiscalizar o seu cumprimento e aplicação.

Secção IIIEducação escolar

Subsecção IEnsino Básico

Artigo 19ºCaracterização

1. O ensino básico deve proporcionar a todos os cabo-verdianos uma formação geral que, mediante a ligação equilibrada entre a teoria e a prática, o saber, o saber ser e o saber fazer, a cultura escolar e a cultura geral, lhes permitam desenvolver capacidades de raciocínio e aprendizagem, espírito crítico e criatividade, contribuindo para a sua realização pessoal e social, enquanto cidadãos.

2. O ensino básico constitui um ciclo único e autónomo, nos termos do presente diploma.

3. O ensino básico postula a integração do indivíduo na comunidade.

Artigo 20ºIngresso

1. Ingressam no ensino básico as crianças que completem 6 anos de idade até 31 de Dezembro.

2. A obrigatoriedade de frequência do ensino básico termina em idade a fixar, por diploma próprio emanado do Governo.

Artigo 21ºEncargos de frequência

Os encargos de frequência do ensino básico são suportados pelo Estado, bem como pelas famílias, nos termos do disposto no nº 3 do artigo 78º deste diploma.

Artigo 22ºObjectivos

São objectivos do ensino básico:a) Favorecer a aquisição de conhecimentos, hábitos, atitudes e habilidades que

contribuam para o desenvolvimento pessoal e para a inserção do indivíduo na comunidade;

b) Desenvolver capacidades de imaginação, observação, reflexão, como meios de afirmação pessoal;

c) Fomentar a aquisição de conhecimentos que contribuam para a compreensão e preservação do meio circundante;

d) Fortalecer os vínculos de família, os laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social;

e) Desenvolver atitudes positivas em relação às questões ambientais;f) Despertar o interesse pelos ofícios e profissões;g) Desenvolver atitudes, hábitos e valores de natureza ética;h) Promover o domínio da língua portuguesa como instrumento de comunicação e

de estudo, reforçando a capacidade de expressão oral e escrita dos educandos;i) Proporcionar a aprendizagem de uma língua estrangeira e a iniciação facultativa

de uma segunda, nas escolas que reúnam condições para o efeito;j) Promover o conhecimento, apreço e respeito pelos valores que consubstanciam a

identidade cultural cabo-verdiana.

Artigo 23ºOrganização

1. O ensino básico tem a duração de oito anos e compreende três ciclos sequenciais, sendo o 1º de quatro anos, o 2º e o 3º de dois anos cada, organizados da seguinte forma:

a) No 1º ciclo, o ensino é globalizante, da responsabilidade de um professor único, que pode ser coadjuvado em áreas especializadas;

b) No 2º ciclo, o ensino organiza-se por áreas interdisciplinares de formação básica e desenvolve-se predominantemente em regime de docente por área;

c) No 3º ciclo, o ensino organiza-se segundo um plano curricular unificado, integrando áreas vocacionais diversificadas, e desenvolve-se em regime de um docente por disciplina ou grupo de disciplinas.

2. A articulação entre os ciclos obedece a uma sequencialidade progressiva, conferindo a cada ciclo a função de completar, aprofundar e alargar o ciclo anterior, numa perspectiva de unidade global do ensino básico.

3. Os objectivos específicos de cada ciclo integram-se nos objectivos gerais do ensino básico, nos termos dos números anteriores e de acordo com o desenvolvimento etário correspondente, tendo em atenção as seguintes particularidades:

a) Para o 1º ciclo, o desenvolvimento da linguagem oral e a iniciação e progressivo domínio da leitura e da escrita, das noções essenciais da aritmética e do cálculo, do meio físico e social e das expressões plástica, dramática, musical e motora;

b) Para o 2º ciclo, a formação humanística, artística, física e desportiva, científica e tecnológica e a educação moral e cívica, visando habilitar os alunos a assimilar e interpretar crítica e criativamente a informação, de modo a possibilitar a aquisição de métodos e instrumentos de trabalho e de conhecimento que permitam o prosseguimento da sua formação, numa perspectiva do desenvolvimento de atitudes activas e conscientes perante a comunidade e os seus problemas mais importantes;

c) Para o 3º ciclo, a aquisição sistemática e diferenciada da cultura moderna, nas suas dimensões humanística, literária, artística, física e desportiva, científica e tecnológica, indispensável à orientação escolar e profissional que possibilite o ingresso na vida activa e o prosseguimento de estudos.

4. Em escolas especializadas do ensino básico podem ser reforçadas componentes de ensino artístico ou de educação física e desportiva, sem prejuízo da formação básica.

5. Os planos curriculares do ensino básico integram áreas curriculares disciplinares e não disciplinares, em termos a estabelecer por diploma regulamentar.

6. A conclusão com aproveitamento do ensino básico confere o direito à atribuição de um diploma, devendo igualmente ser certificado o aproveitamento de qualquer ano ou ciclo, quando solicitado.

Subsecção IIEnsino secundário

Artigo 24ºCaracterização

1. O ensino secundário dá continuidade ao ensino básico e permite o desenvolvimento dos conhecimentos e aptidões obtidos no ciclo de estudos precedente e a aquisição de novas capacidades intelectuais e aptidões físicas necessárias à intervenção criativa na sociedade.

2. O ensino secundário visa possibilitar a aquisição das bases científico-tecnológicas e culturais necessárias ao prosseguimento de estudos e ingresso na vida activa e, em particular permite, pelas vias técnicas, artísticas e profissionais, a aquisição de qualificações profissionais para inserção no mercado de trabalho.

3. De acordo com as capacidades de acolhimento existentes, as exigências da qualidade do ensino a ministrar e as necessidades de desenvolvimento do país, são definidas as condições de acesso e permanência nos diversos níveis do ensino secundário.

Artigo 25ºObjectivos

São objectivos do ensino secundário:a) Desenvolver a capacidade de análise e despertar o espírito de pesquisa e de

investigação;b) Propiciar a aquisição de conhecimento com base na cultura humanística,

científica e técnica visando nomeadamente, a sua ligação com a vida activa;c) Promover o domínio da escrita da língua materna cabo-verdiana, bem como da

língua portuguesa, reforçando a capacidade de expressão oral e escrita;d) Facilitar ao aluno o entendimento dos valores fundamentais da sociedade em

geral e sensibilizá-lo para os problemas da sociedade cabo-verdiana e da comunidade internacional;

e) Garantir a orientação e formação profissional permitindo maior abertura para o mercado de trabalho sobretudo pela via técnica;

f) Permitir os contactos com o mundo do trabalho visando a inserção dos diplomados na vida activa;

g) Promover a educação para cidadania e o desenvolvimento de valores morais, éticos e cívicos;

h) Promover o ensino obrigatório de duas línguas estrangeiras;i) Criar hábitos de trabalho, individualmente e em grupo, e favorecer o

desenvolvimento de atitudes de reflexão metódica, de abertura de espírito, de sensibilidade e de disponibilidade e adaptação para a mudança.

Artigo 26ºOrganização

1. Têm acesso ao ensino secundário os alunos que tenham completado com aproveitamento o ensino básico.

2. O ensino secundário tem a duração de quatro anos e organiza-se em dois ciclos sequenciais de dois anos cada, nos termos seguintes:

a) Um 1º Ciclo da via do ensino geral, que constitui um ciclo de consolidação do ensino básico e orientação escolar e vocacional;

b) Um 2º Ciclo com uma via do ensino geral e uma via do ensino técnico.

3. No final de cada ciclo do ensino secundário, o aluno pode seguir um curso de formação profissional, inicial ou complementar, nos termos e condições a definir em diploma próprio.

4. A conclusão com aproveitamento do ensino secundário confere direito à atribuição de um diploma, que certifica a formação adquirida e a qualificação obtida para efeitos do exercício de actividades profissionais determinadas.

5. Sem prejuízo do disposto no número anterior, e desde que requerido, é emitido certificado comprovativo da conclusão de cada um dos ciclos do ensino secundário.

6. É garantida a permeabilidade entre a via do ensino geral e a via do ensino técnico, nos termos e condições a estabelecer por diploma regulamentar.

Artigo 27º1° Ciclo

1. O 1º Ciclo do ensino secundário compreende o 9º e o 10° anos de escolaridade.

2. Este ciclo visa, pela sua organização curricular, aumentar o nível de conhecimento e possibilitar uma orientação escolar e vocacional tendo em vista o prosseguimento de estudos.

3. Concluído o 1° ciclo, os alunos podem optar pela via do ensino geral ou pela via do ensino técnico.

Artigo 28ºVia geral e via técnica do ensino secundário

1. A via do ensino geral corresponde à valência do 2º ciclo do ensino secundário destinada à preparação para o prosseguimento de estudos superiores, facilitando também a adaptação do aluno à vida activa.

2. A via do ensino técnico é a valência do 2º ciclo do ensino secundário programada para a aquisição de conhecimentos técnico-científicos e a obtenção de uma especialização adequada, de forma a permitir o exercício de actividades profissionais determinadas, sem prejuízo para o prosseguimento de estudos superiores.

3. Ambas as vias de ensino estão organizadas em dois ciclos sequenciais que correspondem aos 9º e 10º anos e aos 11º e 12º anos de escolaridade.

Artigo 29ºAno complementar profissionalizante

1. O nível do ensino secundário compreende ainda um ano complementar profissionalizante, ao qual podem aceder alunos que tenham concluído com aproveitamento o 12º ano e que pretendem obter uma especialização em determinada área de actividade profissional.

2. Aos alunos que tenham concluído com aproveitamento o ano complementar profissionalizante é atribuído o respectivo certificado comprovativo.

Artigo 30°Matrizes curriculares

As matrizes curriculares do ensino secundário integram componentes de formação geral, de formação sociocultural, de formação específica, de formação científica, de formação tecnológica, de formação técnico-artística e técnica, nos termos definidos por Decreto-Lei.

Artigo 31ºFormação artística

1. Através da via do ensino técnico ou do ano complementar do ensino secundário, os estabelecimentos de ensino secundário podem ministrar cursos de índole artística.

2. Estes cursos têm uma organização curricular e regras de funcionamento próprias de acordo com a sua especificidade, a definir em diploma próprio.

3. Os cursos de formação artística abarcam as actividades artísticas mais significativas para o desenvolvimento cultural do país e a sua rede escolar é definida em função da evolução dessas actividades.

4. Aos alunos que terminarem com aproveitamento, os cursos de formação artísticas é atribuído o competente diploma.

Subsecção IIIEnsino superior

Artigo 32°Âmbito do ensino superior

1. O ensino superior compreende o ensino universitário e o ensino politécnico.

2. O ensino universitário visa, através da promoção da investigação e da criação do saber, assegurar uma sólida preparação científica, técnica e cultural dos indivíduos, habilitando-os para o desenvolvimento das capacidades de concepção, análise crítica e inovação para o exercício de actividades profissionais, socioeconómicas e culturais.

3. O ensino politécnico visa, através da promoção da investigação aplicada e de desenvolvimento, proporcionar aos indivíduos conhecimentos científicos de índole teórica e prática e uma sólida formação cultural e técnica de nível superior, desenvolvendo as suas capacidades de inovação e de análise crítica, de compreensão e solução de problemas concretos, com vista ao exercício de actividades profissionais.

Artigo 33ºEstabelecimentos

1. O ensino universitário é ministrado em universidades e em escolas universitárias não integradas.

2. O ensino politécnico é ministrado em institutos politécnicos e em escolas superiores especializadas nos domínios da tecnologia, das artes e da educação, entre outros.

3. As universidades podem ser constituídas por escolas, institutos ou faculdades diferenciados e ou por departamentos, centros ou outras unidades funcionais, podendo ainda integrar escolas superiores do ensino politécnico.

4. Os institutos politécnicos podem ser constituídos por escolas e ou departamentos ou outras unidades funcionais.

Artigo 34ºObjectivos do ensino superior

São objectivos do ensino superior:

a) Desenvolver capacidade de concepção, de inovação, de investigação, de análise crítica e de decisão;

b) Formar quadros nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em sectores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade cabo-verdiana, e colaborar na sua formação contínua;

c) Estimular o pensamento reflexivo, a criação cultural, o desenvolvimento do espírito científico e a capacidade empreendedora;

d) Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e a criação e difusão da cultura, e, desse modo, aumentar a capacidade de compreensão e transformação das condições de existência e de realização do homem na sociedade e no mundo em que vive;

e) Promover a divulgação de conhecimentos científicos, culturais e técnicos que constituem património da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;

f) Estimular o conhecimento e análise dos problemas nacionais e do mundo de hoje, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;

g) Estimular e apoiar a formação cultural técnica e profissional dos cidadãos pela promoção de formas adequadas de extensão cultural.

h) Encorajar a busca permanente de aperfeiçoamento intelectual, cultural, técnico e profissional, favorecendo a integração e aplicação dos conhecimentos que vão sendo adquiridos ao longo das gerações, na perspectiva de educação e de desenvolvimento de competências ao longo da vida;

i) Contribuir para a modernização do sistema educativo a todos os níveis, designadamente através da promoção do conhecimento e da pesquisa, adopção e disseminação de novas metodologias de ensino.

Artigo 35ºAcesso

1. O Estado deve criar as condições que garantam aos cidadãos a possibilidade de frequentar o ensino superior, de forma a neutralizar os efeitos discriminatórios decorrentes das assimetrias regionais ou de desvantagens socio-económicas.

2. O acesso ao ensino superior rege-se pelos seguintes princípios:a) Democraticidade, equidade e igualdade de oportunidades;b) Objectividade dos critérios de selecção e seriação dos candidatos;c) Universalidade de regras para cada um dos subsistemas de ensino superior;d) Valorização do percurso educativo do candidato no ensino secundário, nas suas

componentes de avaliação contínua e provas nacionais, traduzindo relevância para o acesso ao ensino superior do sistema de certificação nacional do ensino secundário;

e) Valorização das competências do candidato, independentemente da forma como tenham sido adquiridas.

3. Têm acesso ao ensino superior os indivíduos habilitados com o curso do ensino secundário ou equivalente que façam prova de capacidade para a sua frequência, nos termos definidos por lei.

4. Além do disposto no número anterior, têm acesso ao ensino superior:a) Os maiores de 25 anos que, não sendo titulares da habilitação de acesso ao

ensino superior, façam prova da capacidade de frequência através da realização de provas especiais de aptidão organizadas pelos estabelecimentos de ensino superior;

b) Os titulares de qualificações pós-secundárias nas áreas correspondentes às dos cursos superiores a que se candidatam.

5. Compete aos estabelecimentos de ensino superior organizar o processo de avaliação da capacidade para a frequência, bem como o de selecção e seriação dos candidatos ao ingresso nos respectivos cursos.

6. O Estado deve criar as condições para que os cursos existentes e a serem criados correspondam globalmente às necessidades em quadros qualificados, às aspirações individuais e à elevação do nível educativo, cultural e científico do País, para que seja garantida a qualidade do ensino ministrado.

7. Os trabalhadores-estudantes beneficiam, nos termos da lei, de regimes especiais de acesso e frequência do ensino superior, em sintonia com os princípios da aprendizagem ao longo da vida e da flexibilidade ou mobilidade dos respectivos percursos escolares.

8. O Governo define, por Decreto-Lei, o regime e as condições de acesso ao ensino superior.

Artigo 36ºOrganização e reconhecimento da formação

1. A organização da formação ministrada pelos estabelecimentos de ensino superior obedece ao sistema de créditos, tendo em consideração o seguinte:

a) Os créditos são a medida do número de horas de trabalho do estudante;b) O número de horas de trabalho do estudante a considerar na definição do

número de créditos inclui todas as formas de trabalho académico previstas, designadamente as horas de contacto e as horas dedicadas a estágios, trabalhos no terreno, estudo individual ou colectivo e avaliação.

2. A mobilidade dos alunos entre os estabelecimentos de ensino superior nacionais, do mesmo ou de diferentes subsistemas, bem como entre estabelecimentos de ensino superior estrangeiros e nacionais, é assegurada através do sistema de créditos, com base no princípio do reconhecimento mútuo do valor da formação e das competências adquiridas.

3. Os estabelecimentos de ensino reconhecem, através do sistema de créditos, as competências profissionais e, em particular, a formação pós-secundária dos que neles sejam admitidos, através das modalidades especiais de acesso, a definir através do diploma a que se refere o nº 4 do artigo anterior.

4. Sem prejuízo do disposto neste artigo, o Governo define, por Decreto-Lei, o regime de créditos no ensino superior.

Artigo 37ºGraus académicos e diplomas

1. No ensino superior são conferidos os graus académicos de licenciado, mestre e doutor.

2. Os estabelecimentos de ensino superior podem, nos termos do presente diploma, ministrar cursos não conferentes de grau académico, cuja conclusão, com aproveitamento, confere a atribuição de um diploma.

3. Nos termos a definir por Decreto-Lei, cabe apenas aos estabelecimentos de ensino universitário organizar cursos ou programas de pós-doutoramento.

4. Os ciclos de estudos conducentes ao grau de licenciado, mestre ou doutor podem ser organizados por etapas, conferindo-se, no final de cada etapa, um diploma.

5. Só podem conferir grau académico numa determinada área os estabelecimentos de ensino superior que, por disporem de um corpo docente próprio, qualificado nessa área e demais recursos humanos e materiais que garantam o nível e a qualidade da formação adquirida, estejam, para tanto, devidamente acreditados, nos termos da lei.

6. Os estabelecimentos de ensino superior podem associar-se com outros estabelecimentos de ensino superior, nacionais ou estrangeiros, para conferirem os graus académicos e atribuírem os diplomas previstosnos artigos seguintes.

7. Só as instituições de ensino universitário podem conferir graus académicos de mestre, doutor e diplomas de cursos pós-doutoramento.

Artigo 38ºLicenciatura

1. O grau de licenciado comprova uma sólida formação cultural, científica e técnica, que permita aprofundar os conhecimentos e competências, com vista à especialização, numa determinada área do saber e a uma adequada inserção profissional.

2. O grau de licenciado é conferido nos subsistemas de ensino universitário e politécnico.

3. O grau de licenciado é conferido após um ciclo de estudos com um número de créditos que corresponda a uma duração compreendida entre seis e oito semestres curriculares de trabalho.

4. A obtenção do grau de licenciado em determinadas áreas pode ser condicionada ao cumprimento de um números de créditos superior ao previsto no número anterior, nos termos a definir por portaria do membro

do Governo responsável pela área do ensino superior, precedendo parecer da entidade de regulação a que se refere o número 2 do artigo 47º.

5. A conclusão com aproveitamento do grau de licenciado é comprovada por um certificado de licenciatura.

Artigo 39°Mestrado

1. O grau de mestre é conferido no ensino universitário.

2. O grau de mestre comprova um nível aprofundado de conhecimentos numa área científica específica e capacidade para a prática de investigação fundamental, aplicada ou adaptativa.

3. O curso de mestrado compreende a frequência do respectivo programa de especialização e a apresentação de uma dissertação original.

4. Têm acesso ao ciclo de estudos conducente ao grau de mestre:a) Os titulares do grau de licenciado;b) Os titulares de um grau académico superior estrangeiro que seja reconhecido

como satisfazendo os objectivos do grau de licenciado pelo órgão científico estatutariamente competente do estabelecimento de ensino superior onde pretendem ser admitidos.

5. O grau de mestre é conferido após a conclusão, com aproveitamento, de um ciclo de estudos com um número de créditos a que corresponda uma duração compreendida entre três e quatro semestres curriculares.

6. Excepcionalmente, mediante deliberação favorável da entidade de regulação e para efeitos de acesso ao exercício de uma determinada actividade profissional, o grau de mestre pode ser igualmente conferido mediante a conclusão, com aproveitamento, de um ciclo integrado de estudos, subsequente ao 12º ano de escolaridade, com um número de créditos a que corresponda uma duração compreendida entre dez e doze semestres curriculares.

7. O ciclo de estudos a que se refere o número anterior pode ser organizado por etapas, atribuindo-se o grau de licenciado aos que tenham concluído, com aproveitamento, um período de estudos com duração não inferior a seis semestres.

8. A conclusão, com aproveitamento, do grau de mestre é certificada por uma carta magistral.

Artigo 40ºDoutoramento

1. O grau de doutor comprova a realização de uma contribuição inovadora e original para o progresso do conhecimento, um alto nível cultural numa determinada área do conhecimento e aptidão para a realização de trabalho científico independente.

2. O grau de doutor é conferido no ensino universitário.

3. Têm acesso ao ciclo de estudos conducente ao grau de doutor:a) Os titulares do grau de mestre;b) Os licenciados titulares de um currículo académico, científico ou profissional

que, por deliberação do órgão estatutariamente competente do estabelecimento de ensino superior onde pretendam ser admitidos, seja reconhecido como atestando capacidade para realização deste ciclo de estudos.

4. Só podem conferir o grau de doutor numa determinada área os estabelecimentos de ensino superior universitário que demonstrem possuir, nessa área, os recursos humanos e organizativos necessários à realização de investigação e uma experiência acumulada nesse domínio sujeita a avaliação e concretizada numa produção científica e académica relevantes.

5. A conclusão, com aproveitamento, do grau de doutor é certificada por uma carta doutoral.

Artigo 41ºFormação pós-secundária

1. Os estabelecimentos de ensino superior podem realizar cursos de formação pós-secundária, de natureza profissionalizante e não conferentes de graus académicos, nos termos previstos na lei.

2. Aos titulares dos cursos referidos no número anterior pode ser conferido Diploma de Estudos Superiores Profissionais (DESP), sendo a formação superior neles realizada creditável para efeitos de prosseguimento de estudos conducentes à obtenção do grau de licenciatura no âmbito do curso em que hajam sido admitidos.

Artigo 42°Doutoramento “honoris causa”

1. As universidades podem conferir o grau de doutor “honoris causa” a individualidades eminentes nacionais ou estrangeiras, nos termos, e condições que vierem a constar de regulamento a elaborar por cada instituição.

2. A atribuição de doutoramento “honoris causa”a individualidades estrangeiras deve ser precedida de audição do membro do Governo responsável pela área dos Negócios Estrangeiros.

Artigo 43°Doutoramento ‘insignis”

As universidades podem conferir o grau de doutor “insignis” a individualidades nacionais cuja obra se revista de excepcional mérito científico, nos termos e condições que vierem a constar de regulamento a elaborar por cada instituição.

Artigo 44ºRegulamentação

O Governo, por Decreto-Lei, regula as demais condições de atribuição dos graus académicos e dos diplomas referidos nos artigos 37º a 43º.

Artigo 45ºInvestigação científica

1. O Estado assegura as condições logísticas, tecnológicas e culturais visando a criação e a investigação científicas.

2. Nas instituições de ensino superior são criadas condições para a promoção da investigação científica, como componente indissociável do processo de desenvolvimento das aprendizagens e das competências curriculares.

3. A investigação científica no ensino superior deve ter em conta os objectivos predominantes da instituição em que se realiza, sem prejuízo da sua perspectivação no sentido da promoção do saber e do progresso e da resolução dos problemas atinentes ao desenvolvimento social, económico e cultural do País.

4. Os poderes públicos e os estabelecimentos de ensino superior devem proporcionar as condições que assegurem a publicação dos trabalhos científicos, bem como a divulgação dos novos conhecimentos e perspectivas do pensamento científico, dos avanços tecnológicos e da criação cultural.

5. Incumbe ao Estado incentivar e apoiar a cooperação entre as entidades públicas, privadas e cooperativas no sentido de fomentar o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da cultura, tendo particularmente em vista a satisfação dos interesses da colectividade.

Artigo 46ºFinanciamento

1. O Estado fixa na Lei do Orçamento dotações para o financiamento das actividades de ensino, formação, investigação e extensão das universidade e demais instituições públicas de ensino superior, com base em critérios objectivos de aferição da pertinência, qualidade e excelênciados cursos e projectos apresentados, nos indicadores de eficiência e eficácia das instituições e ainda nos princípios da sustentabilidade e equidade no acesso dos estudantes das diferentes categorias socio-económicas.

2. Para efeito do disposto no número anterior, o Estado tem em devida consideração os resultados dos relatórios de auditoria ou avaliação das actividades académicas e da gestão financeira das instituições.

3. O Estado pode ainda, na medida das suas possibilidades financeiras, subsidiar as instituições privadas do ensino superior, com base nos critérios e condições referidos nos números anteriores.

4. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, o Governo regula, por Decreto-Lei, o regime de financiamento do ensino superior, tendo em conta, designadamente, os seguintes princípios:

a) Princípio da comparticipação financeira do Estado, entendido no sentido de que a este cabe contribuir, na medida dos recursos disponíveis, para fomentar o acesso ao ensino superior e maximizar a capacitação e especialização dos recursos humanos em áreas relevantes para o desenvolvimento;

b) Princípio da co-gestão, que se traduz na criação de mecanismos para a comparticipação de elementos da sociedade civil na gestão das instituições de ensino superior e no controlo social da qualidade da formação nelas ministrada;

c) Princípio da universalidade, entendido como o direito de acesso de todas as instituições de ensino superior e dos respectivos estudantes aos mecanismos de financiamento público previstos na lei;

d) Princípios da socialização dos custos, que se traduz no dever dos estudantes de ensino superior assumirem a responsabilidade no financiamento dos custos da sua formação superior, sem prejuízo do disposto na lei;

e) Princípio da não exclusão, que se expressa na possibilidade de os estudantes carenciados de recursos económicos de beneficiarem de mecanismos de financiamento e de programas de acção social que viabilizem o acesso e à frequência do ensino superior;

f) Princípio da equidade, entendido como o direito das instituições e dos estudantes de beneficiarem do apoio adequado à sua situação concreta;

g) Princípio da autonomia, nos termos do qual as instituições de ensino superior, independentemente da sua natureza jurídica, e sem prejuízo do disposto na lei, devem assegurar a mobilização dos recursos indispensáveis para o financiamento dos custos da formação que ministrarem;

h) Princípio da sustentabilidade, que implica a necessidade de uma avaliação sistemática dos meios e recursos necessários para a implementação das medidas de política e das actividades de ensino, investigação e extensão, numa lógica de continuidade e de irreversibilidade, com a manutenção dos mais elevados padrões de resultados académicos.

Artigo 47ºGarantia da qualidade

1. O Governo assegura a implementação de um sistema de garantia da qualidade das instituições de ensino superior, mediante a adopção de medidas de política que promovam a excelência das actividades de ensino, investigação e extensão.

2. O Governo cria, para o efeito e no quadro da orgânica do departamento governamental responsável pela área do ensino superior, uma entidade dotada de independência, com competência para a regulação, acreditação e avaliação do ensino superior.

Subsecção VModalidades especiais de ensino

Artigo 48ºEducação especial

1. Entende-se por educação especial, para os efeitos do presente diploma, a modalidade de educação escolar ministrada preferencialmente em estabelecimentos regulares de ensino a favor de alunos portadores de necessidades educativas especiais.

2. As crianças e jovens portadores de deficiências físicas ou mentais beneficiam de cuidados educativos adequados, cabendo ao Estado a responsabilidade de:

a) Assegurar gradualmente os meios educativos necessários;b) Definir normas gerais da educação inclusiva nomeadamente nos aspectos

técnicos e pedagógicos e apoiar o seu cumprimento e aplicação;c) Apoiar iniciativas autárquicas e particulares conducentes ao mesmo fi m,

visando permitir a recuperação e integração socio-educativa do aluno.

3. No âmbito do disposto no número anterior, à educação especial cabe essencialmente:a) Proporcionar uma educação adequada às crianças e jovens portadores de

deficiência com dificuldades de enquadramento social;b) Possibilitar o máximo desenvolvimento das capacidades físicas e intelectuais

dos portadores de deficiência;c) Apoiar e esclarecer as famílias nas tarefas que lhes cabem relativamente aos

portadores de deficiência, permitindo a estes uma mais fácil inserção no meio sócio-familiar;

d) Apoiar o portador de deficiência com a vista à salvaguarda do equilíbrio emocional;

e) Reduzir as limitações que são determinadas pela deficiência;f) Preparar o portador de deficiência para a sua integração na vida activa.

Artigo 49ºEducação para crianças sobredotadas

O Estado providencia ainda no sentido de serem criadas condições especializadas de acolhimento de crianças com superior ritmo de aprendizagem, com o objectivo de permitir o natural desenvolvimento das suas capacidades mentais.

Artigo 50ºEducação para crianças e jovens com necessidades educativas especiais

1. A educação das crianças e jovens com necessidades educativas especiais, incluindo as derivadas de deficiências, organiza-se segundo métodos específicos de atendimento adaptados às suas características.

2. A integração em classes regulares de crianças e jovens com necessidades educativas especiais, incluindo as derivadas de deficiência, é promovida tendo em conta as necessidades de atendimento específicas e apoio aos professores, pais ou encarregados de educação.

3. A educação dos alunos com necessidades educativas especiais pode ser desenvolvida em instituições específicas desde que o grau de deficiência ou a sobre dotação o justifique.

4. A educação dos alunos com necessidades educativas especiais pode desenvolver-se, para efeitos do cumprimento da escolaridade básica, de acordo com currículos, programas e regime de avaliação adaptados às características do educando.

5. O departamento governamental responsável pela área da Educação, em coordenação com outros sectores estatais, organiza formas adequadas de educação visando a integração social e profissional do educando com necessidades educativas especiais.

Artigo 51ºEnsino à distância

1. As autoridades educacionais podem recorrer a meios de comunicação social e às tecnologias de comunicação e informação para assegurarem formação complementar, supletiva ou alternativa do ensino regular.

2. O ensino à distância tem incidência no ensino recorrente, no ensino superior e na formação contínua de professores.

3. As habilitações conferidas pelo ensino à distância devem ser definidas e reconhecidas como equivalentes às alcançadas no ensino formal, em conformidade com regulamentação a estabelecer previamente.

Artigo 52°Ensino recorrente de adultos

1. O ensino recorrente é destinado a adultos que exerçam uma actividade profissional em ordem a melhorar a sua formação cultural, científica e profissional.

2. Entre as modalidades de ensino recorrente de adultos a instituir, figura o ensino nocturno de qualquer ciclo ou nível.

3. As acções de ensino recorrente devem ser organizadas de maneira flexível em função das características dos seus alunos e das necessidades de desenvolvimento cultural e socio-económico do Pais.

Artigo 53ºEducação e as Comunidades cabo-verdianas no estrangeiro

1. São incentivadas e apoiadas as iniciativas educacionais de associações de cabo-verdianos, assim como as actividades desenvolvidas por entidades estrangeiras, públicas ou privadas, que contribuam para a prossecução das seguintes finalidades:

a) Divulgar a cultura cabo-verdiana e preservar o sentido da nacionalidade;b) Facilitar a integração dos cabo-verdianos emigrados na realidade nacional em

que estejam inseridos;c) Contribuir para a preservação do património e da identidade culturais cabo-

verdianos nas comunidades emigradas.

2. A organização das acções a que se refere o presente artigo depende de acordos e protocolos de cooperação entre a República de Cabo Verde e os países de acolhimento das comunidades emigradas.

3. Nos termos e condições a serem estabelecidos através de protocolos com instituições nacionais de educação e formação, são asseguradas quotas de frequência por parte de alunos cabo-verdianos que, nos países de emigração em que residam, não tenham possibilidades de prossecução de estudos pós-secundários.

Secção IVEducação extra-escolar

Artigo 54ºCaracterização

1. O ensino geral de adultos organiza-se de forma autónoma no que respeita, de entre vários aspectos, a condição de acesso, currículos, programas, avaliação, visa adaptar-se aos diferentes grupos, às suas experiências pessoais profissionais e conhecimentos adquiridos ao longo da vida.

2. A educação extra-escolar caracteriza-se por unidade capitalizável e constitui uma modalidade que apela à flexibilidade, à adaptabilidade dos ritmos de aprendizagem à disponibilidade, aos conhecimentos e às experiências de vida dos jovens e adultos.

3. A educação extra-escolar desenvolve-se em dois níveis distintos:a) A educação básica de adultos que abrange a alfabetização, a pós-alfabetização e

outras acções de educação permanente numa perspectiva de elevação do nível cultural;

b) A aprendizagem e as acções de formação profissional, numa perspectiva de capacitação para o exercício de uma profissão.

c) Em cada um desses níveis se desenrola processos educativos próprios de uma educação formal e não formal.

Artigo 55ºObjectivos

São objectivos da educação extra-escolar:a) Eliminar o analfabetismo literal e funcional;b) Contribuir para a efectiva igualdade de oportunidades educativas e profissionais

dos que não frequentarem ou abandonarem o sistema formal do ensino;c) Preparar cidadãos nos planos cívicos, culturais e profissional capazes de intervir

no processo de desenvolvimento do país, promovendo a formação numa perspectiva de educação recorrente e permanente;

d) Favorecer a continuidade de estudos ao nível da pós-alfabetização, quer na educação formal, quer na formação profissional;

e) Desenvolver atitudes, conhecimentos e capacidades necessários à realização de tarefas laborais e específicas;

f) Desenvolver a formação tecnológica com vista à aquisição de habilitações profissionais adequadas;

g) Promover a elevação do nível técnico dos trabalhadores através de acções de formação periódicas numa perspectiva de actualização e valorização constantes dos recursos humanos.

Artigo 56ºEducação básica de adultos

1. A educação básica de adultos corresponde à vertente da educação extra-escolar que, de forma organizada e segundo um plano de estudo, proporciona aos interessados a obtenção de um grau de escolaridade e a aquisição de um diploma ou certificado, equivalentes aos conferidos pelo ensino básico.

2. Através da modalidade especial de ensino, presencial ou à distância, é assegurada uma nova oportunidade de acesso à escolaridade aos indivíduos que para todos os efeitos são considerados adultos, nomeadamente os que abandonaram precocemente o sistema educativo, bem como aqueles que a procuram por razões de desenvolvimento pessoal, social ou profissional.

3. Este nível de educação organiza-se em três fases:a) A 1ª fase destina-se aos indivíduos com 15 anos ou mais, com ou sem passado

escolar, com vista a dotá-los da capacidade de ler, escrever, calcular e interpretar;

b) A 2ª visa o reforço das capacidades adquiridas e organiza-se em torno de actividades educativas e de extensão cultural, através de bibliotecas comunitárias, núcleos associativos, meios de comunicação e outras acções agregadas a projectos de desenvolvimento.

c) A 3ª fase é de consolidação e aprofundamento, e desenvolve-se em dois vectores, sendo um articulado com o sistema formal de ensino e o outro a desenvolver diversos departamentos estatais e não estatais interessados do processo formativo.

4. Ao adulto é atribuído o respectivo certificado de aproveitamento, na 1ª e 2ª fases e um diploma de educação básica de adultos, na 3ª fase.

5. Para todos os efeitos legais, o diploma de educação básica de adultos é equivalente ao da escolaridade básica obrigatória.

Artigo 57°Aprendizagem e formação profissional

1. A aprendizagem e a acção de formação profissional serão organizadas numa perspectiva de capacitação de jovens e adultos para o exercício de uma profissão e de luta contra a pobreza e exclusão social.

2. A formação profissional e o sistema geral de aprendizagem desenvolvem-se em centros específicos, empresas ou serviços, com base em acordos e protocolos celebrados entre os diversos departamentos estatais e não estatais interessados no processo formativo cabendo ao Governo estabelecer a coordenação e o desenvolvimento das acções formativas através do competente organismo.

3. Os diplomas e certificados a conferir, respectivamente pelo sistema geral de aprendizagem e pelo sistema de formação profissional, são objecto de regulamentação por diploma especial.

Artigo 58ºFormação socio-profissional e cultural

São proporcionados cursos à distância, enquanto modalidade especial de ensino que permita ampliar as oportunidades de formação socio-profissional e cultural nos locais de trabalho dos jovens e adultos à procura do primeiro emprego, como oportunidade de aprendizagem, através de abordagens pedagógicas inovadoras, experiência de ensino e aprendizagem adequada às características dos participantes e às demandas do conhecimento, e bem assim às exigências das respectivas actividades profissionais.

Artigo 59ºAcção da administração

A coordenação das acções de planeamento e gestão das actividades de educação básica de adultos e de formação profissional de adultos é feita através de mecanismos de articulação interministerial e interdepartamental.

CAPÍTULO IVTecnologias de Informação e Comunicação e a sociedade de conhecimento

Artigo 60ºTecnologias de Informação e Comunicação

1. O Estado promove a utilização das tecnologias da informação e comunicação no sistema educativo, de modo a contribuir para a elevação da qualidade e da eficácia do ensino, a emergência e a consolidação da sociedade do conhecimento, a elevação do nível científico e tecnológico da sociedade e o exercício de uma cidadania participativa, crítica e interveniente.

2. O Estado desenvolve acções de formação e de investigação dirigidas aos diferentes segmentos da sociedade mediante integração das TIC no sistema educativo, em função dos interesses específicos e dos objectivos e prioridades da política educativa adoptada.

3. Os ensinos recorrente ou à distância podem ser ministrados mediante recurso às novas tecnologias de comunicação e informação.

Artigo 61ºConectividade gratuita

O Estado promove o acesso gratuito às tecnologias de informação e comunicação (TIC) por parte de todos os estabelecimentos públicos de ensino, visando universalizar o acesso ao conhecimento e promover hábitos de pesquisa.

Artigo 62ºRádio e televisão educativas

O Estado pode criar programas radiofónicos e televisivos destinados a promover o ensino recorrente e à distância, quando as circunstâncias assim determinarem, seja através de órgãos de comunicação social públicos ou privados ou seja através de criação de órgãos de comunicação social de rádio e televisão educativas.

CAPÍTULO VApoios e complementos educativos

Artigo 63ºCaracterização

1. Os apoios e complementos educativos constituem um conjunto de serviços e de benefícios, de suporte ao sistema educativo, visando uma política de incentivo à escolaridade obrigatória, de garantia do sucesso escolar em geral e do estímulo aos que revelarem maior interesse e capacidade de êxito nos níveis de ensino subsequentes.

2. A natureza e a extensão dos apoios e complementos educativos dependem dos recursos disponíveis e da capacidade de intervenção das instituições e das organizações sociais, podendo revestir várias formas.

3. No âmbito dos estabelecimentos de ensino podem ser criadas associações de carácter mutualista, tendo em vista reforçar e concretizar a solidariedade social.

Artigo 64ºApoio pedagógico específico

Os estabelecimentos de ensino organizam actividades de reforço e acompanhamento pedagógico para os alunos com dificuldades de aprendizagem e com necessidades escolares específicas.

Artigo 65ºAcção social escolar

1. O Estado desenvolve um conjunto de acções no âmbito social e escolar, de acordo com os princípios estabelecidos sobre a matéria no número 1 do artigo 79º do presente diploma, a fim de compensar os alunos pertencentes a famílias com carência socio-económicas.

2. A coordenação dos programas de acção social e a administração das suas fontes de financiamento, cabem ao organismo competente do departamento governamental responsável pela área da Educação.

3. A acção social escolar concretiza-se ao nível do ensino público, mediante princípios normativos contido em diploma próprio

Artigo 66ºSaúde escolar

1. É desenvolvido um programa de saúde escolar que visa o saudável desenvolvimento físico e mental das crianças em idade escolar, assim como as condições higiénicas das escolas, a formação dos educadores e dos educandos, dentro das normas de sanidade individual, doméstica e comunitária.

2. Os departamentos governamentais responsáveis pelas áreas da saúde e da educação celebram acordos para execução conjunta das acções a que se refere o número anterior.

Artigo 67°Orientação escolar e profissional

O departamento governamental responsável pela área da Educação, em cooperação com outras estruturas Estatais, deverá desenvolver um sistema de orientação escolar e profissional que, mercê de acção de formação e de informação, permita aos jovens e às famílias uma opção esclarecida sobre o futuro escolar ou profissional do educando.

Artigo 68°Estágios profissionais

1. As actividades educativas a desenvolver nas instituições de ensino técnico devem incluir estágios de natureza profissional.

2. A concretização dos estágios referidos no número anterior, bem como os princípios de colaboração entre as instituições de formação, os centros de empregos e as empresas, devem constar de protocolo a celebrar entre os serviços competentes dos departamentos governamentais das áreas de educação, da formação profissional e do trabalho.

Artigo 69°Estatuto do trabalhador estudante

Os direitos, regalias e deveres dos trabalhadores-estudantes, bem como as respectivas caracterizações em termos da idade, de natureza do regime laboral em que se encontram, relevância social dos cursos que frequentem e outros condicionamentos apropriados à respectiva situação são fixados por legislação especial.

CAPITULO VIPessoal docente

Artigo 70ºPessoal da Educação

1. O sistema educativo disporá do pessoal docente necessário à realização das tarefas atribuídas às instituições que o compõem.

2. Salvo o disposto no número seguinte, os docentes dos estabelecimentos do ensino público nos diversos níveis têm a qualidade de funcionário público, regendo-se pelo respectivo Estatuto, aprovado por diploma próprio.

3. Ao pessoal docente dos estabelecimentos públicos de ensino superior poderá aplicar-se o regime jurídico geral das relações de trabalho, caso assim for estipulado no respectivo Estatuto.

Secção IFormação de docentes

Artigo 71ºPrincípios orientadores

1. A formação do pessoal docente obedece, no plano institucional, aos seguintes princípios orientadores:

a) A formação inicial é institucionalizada como passo fundamental da formação do docente;

b) A formação inicial deve ser integrada, quer nos planos científico, técnico e pedagógico, quer no de articulação teórico-prática;

c) A formação contínua de docentes deve permitir o aprofundamento e a actualização de conhecimentos e competências profissionais;

d) A formação inicial e a formação contínua devem ser actualizadas de modo a adaptar os docentes a novas técnicas e à evolução da sociedade, das ciências, das tecnologias e da pedagogia;

e) Os métodos e os conteúdos da formação deverão estar em constante renovação, permitindo a contínua actualização de conhecimento e de atitudes.

2. O processo de formação de docentes é sujeito a um sistema de avaliação referenciado aos objectivos, aos métodos e seus resultados ou concretizações, com vista à sua actualização permanente.

Artigo 72ºObjectivos e organização da formação de docentes

1. A formação de docentes para a educação de infância, o ensino básico e o ensino secundário é ministrada por instituições de ensino legalmente criadas ou reconhecidas que disponham de estruturas e recursos humanos, científicos e técnico-pedagógicos adequados.

2. A formação dos docentes a que se refere o número anterior prossegue os seguintes objectivos:

a) Habilitar os docentes a orientar o processo de ensino-aprendizagem segundo parâmetros educacionais de excelência;

b) Dotar os docentes de informações sobre os aspectos relevantes da política educativa e do desenvolvimento científico e pedagógico;

c) Promover e facilitar a investigação, a inovação e a utilização das tecnologias de informação, orientadas para o exercício da função docente;

d) Desenvolver nos docentes competências que lhes permitam participar na preparação, realização e avaliação de reformas no sistema educativo, de carácter global ou parcelar;

e) Promover a capacitação dos docentes para a produção de meios didácticos e a sua introdução na prática escolar;

f) Habilitar os docentes para, com a sua acção, promoverem a dinamização do meio profissional e socio-cultural em que a escola se insere.

3. A formação dos docentes a que se refere o número anterior é fomentada mediante criação de condições para a frequência de cursos que confiram ou não graus académicos superiores, nos termos do presente diploma, devendo incluir, para além das componentes curriculares dos respectivos ciclos de estudos, conteúdos específicos das

ciências da educação, das metodologias, da prática pedagógica e da investigação aplicada.

4. Compete à entidade de regulação a que se refere o número 2 do artigo 46º a verificação dos requisitos e objectivos previstos nos números 1 e 2, com poderes para conceder ou denegar autorização a qualquer instituição de ensino organizada para ministrar a formação de docentes.

Artigo 73ºFormação de docentes de educação especial

São qualificados para exercício de funções como docentes de educação especial os educadores de infância e os professores que obtenham aproveitamento em cursos especializados ou provindos de instituições de formação especializadas.

Artigo 74ºFormação do pessoal docente na área artística e cultural

1. As matérias de índole prática ou oficinal do ensino secundário técnico e artístico, bem como de formação profissional no domínio da educação extra-escolar, são asseguradas por docentes com formação e qualificação adequados, nos termos do respectivo Estatuto.

2. Para além de formação técnica de base, os docentes têm uma formação pedagógica a ministrar por instituições de formação de docentes.

Artigo 75°Formação contínua

1. A formação contínua constitui um direito e um dever dos educadores de infância, dos professores e dos monitores dos ensinos básico e secundário.

2. A formação contínua visa essencialmente melhorar a qualidade da acção docente permitindo uma actualização permanente e criando a possibilidade de aquisição de novas competências.

3. A formação contínua é da iniciativa das instituições responsáveis pela formação inicial, dos próprios docentes e das suas estruturas representativas.

Artigo 76°Racionalidade da formação

1. A formação do pessoal docente desenvolve-se num quadro integrado de gestão e de racionalização dos meios formativos existentes.

2. O departamento governamental responsável pela área da Educação fomenta, apoia iniciativas e desenvolve programas de formação com carácter sistemático, articulando as prioridades de desenvolvimento dos serviços com os planos individuais de carreira.

3. A formação do pessoal docente pode enquadrar-se em iniciativas articuladas com universidades, institutos superiores de formação, politécnicos, associações públicas e sindicais, de forma a promover a qualificação profissional e a optimização da oferta da qualidade do ensino.

Secção IIFormação de quadros no estrangeiro

Artigo 77°Princípios Gerais

A formação de quadros no estrangeiro é objecto de adequado planeamento, a realizar pelo departamento governamental responsável pela área da Educação, em colaboração com outros departamentos governamentais interessados, a fim de a ajustar às necessidades de desenvolvimento do País.

CAPÍTULO VIIRecursos financeiros e materiais

Artigo 78ºRecursos Financeiros

1. O sistema público de ensino deve ser considerado como uma prioridade da política nacional, na elaboração e aprovação do Orçamento Geral do Estado e do Plano Nacional de Desenvolvimento, caso houver.

2. Os órgãos do poder local devem cooperar com o Governo na mobilização e disponibilização de recursos financeiros necessários ao sistema público de ensino.

3. As famílias e comunidades devem contribuir para o esforço nacional em relação à educação da infância e da juventude segundo princípios, formas e critérios a estabelecer em lei.

Artigo 79ºRecursos materiais

1. Os critérios de planeamento e de implementação da rede escolar e da acção social escolar obedecerão aos princípios da educação básica obrigatória, da igualdade no acesso ao ensino, da diminuição das assimetrias regionais e socio-económicas no acesso ao ensino secundário e das variáveis demográficas.

2. Os órgãos de poder local desempenham papel preponderante, em colaboração com os órgãos competentes do poder central, na reorganização da rede escolar, assim como na construção e na manutenção do equipamento educativo.

3. Para realização da actividade educativa é ainda conferida especial relevância aos seguintes recursos:

a) Os manuais escolares;b) As bibliotecas escolares;c) Os equipamentos laboratoriais e oficinais;

d) Os equipamentos para educação física e desportos;e) Os equipamentos, instrumentos e materiais de educação artística.

CAPITULO VIIIDesporto escolar e actividades circum-escolares

Artigo 80ºCaracterização

1. A prática desportiva é uma componente essencial da formação e do desenvolvimento da infância e da juventude, integrada no âmbito da utilização criativa e formativa dos seus tempos livres.

2. Cabe ao Estado apoiar o desporto escolar e as actividades circum-escolares e estimular a actividade de entidades públicas ou privadas que, de algum modo, possam contribuir para as finalidades pedagógicas visadas pelos objectivos consagrados neste artigo.

3. As instituições educativas devem cooperar com as comunidades locais e os competentes departamentos do Estado para promoção de actividades desportivas, recreativas, produtivas e de animação cultural.

CAPITULO IXAdministração e gestão da educação

Artigo 81ºPrincípios gerais

1. Incumbe ao Governo elaborar, coordenar, executar e avaliar a política educativa nacional, em conformidade com os imperativos do desenvolvimento do país, definidos no seu programa.

2. Na definição e condução da política educativa, deve-se procurar ter em consideração os interesses dos sectores e camadas sociais, culturais e profissionais mais directamente relacionados com os problemas educativos, cabendo ao departamento governamental responsável pela área da Educação proceder à concertação dos respectivos interesses.

3. Lei própria define os princípios que orientam a intervenção do poder local no âmbito da administração e gestão da educação tendo em vista a obtenção de uma maior operacionalidade educativa, numa rentabilidade mais evidente do sistema e uma satisfação mais directa dos interesses regionais e locais em termos de educação.

4. A actividade do departamento governamental responsável pela área da Educação processa-se a nível da administração central e local.

5. São considerados parceiros no processo educativo, as associações de docentes, discentes, pais e encarregados de educação, de carácter mutualista, cooperativo, pedagógico, científico, cultural ou profissional legalmente instituídas.

Artigo 82º

Administração e gestão dos estabelecimentos de ensino

Os estabelecimentos de ensino integrados na rede escolar oficial terão órgãos, formas e regras de administração e funcionamento, a estabelecer Decreto-lei, obedecendo aos princípios de participação, cooperação, responsabilização, rentabilização de recursos e inovação.

Artigo 83ºGestão privada de estabelecimentos públicos de ensino

1. A gestão de estabelecimentos públicos de ensino secundário e superior pode ser submetida, mediante Resolução do Governo, a regras de gestão empresarial e a lei pode permitir a realização de experiências inovadoras de gestão submetidas a regras por ele fixadas.

2. A gestão de estabelecimentos referidos no número anterior pode ser entregue a pessoas colectivas de direito privado idóneas, mediante contrato de gestão.

3. Os estabelecimentos geridos nos termos do número anterior, sem prejuízo de contratos de prestações de serviço com terceiros, integram-se no sistema educativo, estando as entidades gestoras obrigadas a assegurar o acesso ao ensino secundário e superior nos termos dos demais estabelecimentos da mesma natureza.

4. O regime jurídico da gestão privada de estabelecimentos públicos de ensino secundário e superior é objecto de Decreto-Lei.

Artigo 84ºConselho Nacional de Educação

1. É instituído o Conselho Nacional de Educação, como órgão consultivo e instância de participação de personalidades de reconhecido mérito nos domínios da educação e da formação e ou com experiência relevante nos planos social, cultural, científico e económico, na procura de soluções ou consensos alargados em relação às questões essenciais da política educativa nacional, sem prejuízo de competências próprias dos órgãos de soberania.

2. No exercício das suas funções, o Conselho Nacional de Educação é independente, realizando estudos e emitindo propostas e pareceres, por iniciativa própria ou a solicitação do Governo.

3. O Governo regula, por Decreto-Lei, a organização, a composição e o funcionamento do Conselho Nacional do Educação, sem prejuízo do disposto no presente diploma.

CAPÍTULO XEnsino particular e cooperativo

Artigo 85ºCaracterização

1. O ensino particular ou cooperativo é garantido por instituições criadas por pessoas singulares ou colectivas privadas ou cooperativas.

2. O ensino particular ou cooperativo, em alternativa ou em complementaridade ao ensino público, visa reforçar a garantia do direito de aprender e de ensinar.

3. O ensino particular ou cooperativo exerce também, sempre que tal for estabelecido pelo Estado, face às necessidades do sistema, uma função supletiva do ensino público, podendo, neste caso, receber do Estado os necessários apoios.

4. O ensino particular ou cooperativo rege-se por estatuto próprio que deve subordinar-se ao disposto no presente diploma.

5. Cabe ao Estado fiscalizar a qualidade do ensino ministrado nos estabelecimentos de ensino particular ou cooperativo e as condições de seu funcionamento.

6. O exercício do ensino particular carece de autorização estatal, a obter nas condições e segundo os critérios que vierem a ser estabelecidos no Estatuto do Ensino Particular.

Artigo 86ºPessoal docente

1. Ao pessoal docente em exercício de funções no ensino particular e cooperativo são exigidas as mesmas qualificações profissionais estabelecidas no presente diploma que aos docentes do ensino oficial.

2. O Estado pode apoiar acções pontuais de formação para os docentes do ensino particular e cooperativo.

CAPÍTULO XIDisposições finais e transitórias

Artigo 87°Qualificações profissionais

O sistema educativo, no âmbito da formação profissional, nos subsistemas da educação básica de adultos, do ensino secundário, da via técnica, e do ensino superior, confere, nos termos estabelecidos no presente diploma, certificados e diplomas para o exercício específico de uma profissão.

Artigo 88°Desenvolvimento do diploma

1. No contexto do presente diploma, o Governo desenvolve o presente diploma, promovendo a aprovação da legislação complementar necessária, designadamente sobre:

a) A gratuitidade e a obrigatoriedade do ensino;b) Directivas e planos curriculares da educação pré-escolar, do ensino básico e do

ensino secundário;c) A gestão dos estabelecimentos de ensino básico;

d) Os princípios orientadores da formação de docentes para os subsistemas de ensino básico e secundário;

e) O novo estatuto do pessoal docente;f) A instituição de um serviço competente para a regulação, acreditação e avaliação

do ensino superior;g) A revisão do Regime Jurídico do Ensino Superior.

2. No prazo de 180 dias a contar da data de entrada em vigor deste diploma, o Governo aprova e publica o calendário de transição do sistema ora em vigor para o sistema consagrado neste diploma, que deve, prioritariamente, garantir uma sucessão gradual de sistemas, com vista a evitar rupturas na evolução das actividades dos agentes do ensino e funcionamento das suas estruturas.

Artigo 89ºGarantia de direitos

Da aplicação do sistema educativo previsto no presente diploma não podem resultar ofensas de direitos anteriormente adquiridos por docentes, alunos e demais pessoal a ele afectado.

Artigo 90ºCursos médios

1. Os cursos de nível médio previstos nos artigos 28º a 30º da Lei n° 103/III/90, de 29 de Dezembro, na redacção dada pela Lei n° 103/III/99, de 18 de Outubro, em funcionamento à data do presente diploma, continuam a ser ministrados nos mesmos termos, até à sua conclusão, sendo os respectivos diplomas e certificados válidos para todos os efeitos legais.

2. No prazo de três anos, devem ser concluídos os cursos médios iniciados antes da entrada em vigor do presente diploma.

3. Os cursos médios já concluídos ou a concluir nos termos dos números anteriores produzem os efeitos previstos na legislação vigente à data da entrada em vigor do presente diploma.

4. Os indivíduos habilitados com cursos médios podem ingressar no ensino superior nas mesmas condições que os titulares de curso do ensino secundário.

Artigo 91ºCursos de bacharelato

1. Os cursos de bacharelato previstos no artigo 34º da Lei n° 103/III/90, de 29 de Dezembro, na redacção dada pela Lei n.° 113/III/99, de 18 de Outubro, em funcionamento à data do presente diploma, continuam a ser ministrados nos mesmos termos, até à sua conclusão, sendo os respectivos diplomas e certificados válidos para todos os efeitos legais.

2. No prazo de quatro anos, devem ser concluídos os cursos de bacharelato iniciados antes da entrada em vigor do presente diploma.

3. Os cursos de bacharelato já concluídos ou a concluir nos termos dos números dois e três produzem os efeitos previstos na legislação vigente à data da entrada em vigor do presente diploma.

4. Os indivíduos habilitados com o grau de bacharelato nos termos dos números anteriores consideram-se titulares de curso superior que não confira grau de licenciatura.

5. Os titulares de curso de bacharelato concluído até ao fim do prazo referido no número anterior podem adquirir o grau de licenciatura mediante a frequência de um ciclo complementar de estudos com um número de créditos a que corresponda a duração de dois a quatro semestres curriculares de trabalho, nos termos definidos pelas instituições do ensino superior.

6. Findo o prazo referido no número anterior, os titulares de certificados de curso incompleto de bacharelato podem prosseguir os estudos conducentes à obtenção do grau de licenciatura, mediante a obtenção do respectivo certificado de equivalência junto do estabelecimento de ensino superior onde pretendam continuar a formação académica.

Artigo 92ºFormação em exercício de professores do ensino básico e secundário

1. A formação de docentes em exercício visa a actualização, o aperfeiçoamento, a reconversão e o completamente dos conhecimentos e formação pedagógica dos professores em serviço à data da entrada em vigor do presente diploma.

2. Pode ser organizado um sistema de formação de docentes em exercício, visando garantir a respectiva qualificação profissional e académica adequada.

Artigo 93ºNorma revogatória

Em resultado da execução do presente diploma fica revogada toda a legislação em contrário.

Artigo 94ºEntrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.José Maria Pereira Neves - Cristina Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Fernanda Maria de Brito Leitão Marques Vera-Cruz Pinto - Octávio Ramos Tavares

Promulgado em 3 de Maio de 2010.Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES

Referendado em 3 de Maio de 2010O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

PARTE IIISISTEMA NACIONAL DE

QUALIFICAÇÕES

REGIME JURÍDICO GERAL DO

SISTEMA NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES

Decreto-Lei nº 20/2010,

de 14 de Junho

Vários são os dispositivos constitucionais que deixam transparecer a importância que o Estado de Cabo Verde atribui à educação e à formação profissional. Um deles é o n.º 1 do artigo 77º da Constituição da República, que, conjugado com o disposto no seu n.º 2, reconhece a todos o direito à educação, deixando ainda claro que a educação deve preparar e qualificar os cidadãos para o exercício da actividade profissional, com vista à participação cívica e democrática na vida activa e para o exercício pleno da cidadania.

A preparação, formação e a qualificação dos indivíduos para o exercício de uma actividade profissional constitui uma vertente da educação, de grande alcance e significado social, da qual ela não pode dissociar-se.

O Programa do Governo para a Legislatura em curso absorve na íntegra as aspirações do legislador constitucional cabo-verdiano ao colocar na linha da frente dos desafios a vencer, o principal problema nacional que é o desemprego. Assim, a adopção de medidas de políticas públicas favorecedoras do investimento privado, da densificação do tecido empresarial e da inovação, com vista a acelerar o ritmo da geração de empregos, é uma das grandes metas a atingir. Aliado aos esforços que vêm sendo dispendidos nos domínios da educação e qualificação dos recursos humanos para o emprego, na melhoria da qualidade do ensino, assim como, na extensão do ensino técnico e da formação profissional, está-se a dar um grande passo para a implementação dos importantes eixos do processo de construção da competitividade da economia cabo-verdiana, quer em termos de qualidade, quer em termos de produtividade.

O presente diploma regula o Regime Jurídico Geral do Sistema Nacional de Qualificações, definindo os instrumentos, as acções e as estruturas necessárias ao seu funcionamento e desenvolvimento.

O SNQ deve ser configurado como um conjunto de instrumentos e acções necessários à promoção, desenvolvimento e integração das ofertas da formação profissional, através do Catálogo Nacional das Qualificações Profissionais, assim como, a permitir a evolução e certificação das correspondentes competências profissionais, de modo a

favorecer o desenvolvimento humano, social e profissional da pessoa e satisfazer as necessidades do sistema produtivo.

Algumas balizas norteiam a implementação do SNQ, de entre as quais merecem destaque especial, a orientação escolar, vocacional e profissional centrada no desenvolvimento humano e pessoal, tanto para a livre escolha da profissão como para o exercício do direito ao trabalho, de modo a satisfazer as necessidades individuais, sociais e económicas, o acesso em condições de igualdade, de todos os cidadãos, ao reconhecimento de suas competências, independente do modo como os tenha adquirido, a adequação da formação à qualificação de modo a satisfazer às exigências do mercado e a mobilidade dos trabalhadores, entre outros.

Assim,

No uso da faculdade conferida pela alínea a) do n.º 2 do artigo 204º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

CAPÍTULO I

Disposições gerais

Artigo 1º

Objecto

O presente diploma regula o Regime Jurídico Geral do Sistema Nacional de Qualificações (SNQ) e define os instrumentos, acções e estruturas necessárias ao seu funcionamento e desenvolvimento.

Artigo 2º

Âmbito de acção do diploma

O Sistema Nacional de Qualificações (SNQ) abrange um conjunto de instrumentos e acções necessários à promoção, desenvolvimento e integração das ofertas da formação profissional e técnica, através do Catálogo Nacional das Qualificações Profissionais, assim como, a permitir a evolução e certificação das correspondentes competências profissionais, de modo a favorecer o desenvolvimento profissional, humano e social das pessoas e responder às necessidades do sistema produtivo.

Artigo 3º

Conceitos e definições

Para efeitos do disposto no presente diploma, entende-se por:

a) Certificado de formação técnico-profissional, o instrumento necessário à certificação das qualificações e competências adquiridas por via formal e que visam assegurar um nível de formação, incluindo competências profissionais, pessoais e sociais;

b) Competência, a capacidade reconhecida para mobilizar conhecimentos, aptidões e atitudes em contextos de trabalho, de desenvolvimento profissional, de educação e de desenvolvimento humano e pessoal;

c) Competência profissional, o conjunto de conhecimentos e capacidades que permitem o exercício da actividade profissional em conformidade com as exigências da produção e do emprego;

d) Dupla certificação, o reconhecimento de competências para exercer uma ou mais actividades profissionais e de uma habilitação escolar através de um diploma;

e) Família profissional, o conjunto de qualificações, por virtude das quais se encontra estruturado o Catálogo Nacional de Qualificações Profissionais, tendo em consideração os critérios de afinidade de competências profissionais previamente estabelecidas;

f) Modalidade de formação, a organização da formação definida em função de características específicas, previamente definidas, nomeadamente, objectivos, destinatários, estrutura curricular, metodologia e duração;

g) Módulo de formação, o conjunto de unidades organizadas, com uma sequência lógica e didáctica, que, levadas à prática, visam alcançar um objectivo geral;

h) Perfil profissional, a descrição detalhada de um conjunto de actividades e saberes requeridos para o exercício de uma determinada actividade profissional;

i) Qualificação profissional, o resultado formal de um processo de avaliação e validação comprovado por um órgão competente, reconhecendo que um indivíduo adquiriu competências, em conformidade com os referenciais estabelecidos;

j) Reconhecimento, validação e certificação de competência, o processo formal que permite aos indivíduos o reconhecimento, a validação e a certificação das competências de que dispõe, independentemente de como os tenha adquirido;

k) Referencial de competências, o conjunto de competências exigidas para a obtenção de uma qualificação;

l) Referencial de formação, o conjunto de informações que orienta a organização e o desenvolvimento da formação, em função do perfil profissional ou do referencial de competências associadas, referenciada no Catálogo Nacional de Qualificações; e

m) Quadro Nacional de Qualificações, a descrição detalhada dos níveis de qualificação que se estabelecem, atendendo-se à competência profissional requerida pelas actividades produtivas com recurso a critérios de conhecimentos, iniciativa, autonomia, responsabilidade e complexidade.

Artigo 4º

Princípios

O SNQ rege-se pelos seguintes princípios:

a) Da adequação da formação profissional e técnica à qualificação, de modo a satisfazer as exigências do mercado e a mobilidade dos trabalhadores;

b) Do livre acesso em condições de igualdade de todos os cidadãos e do reconhecimento de suas competências, independente do modo como as tenha adquirido;

c) Da cooperação e articulação entre as diferentes instituições públicas e parceiros económicos e sociais, de acordo com as respectivas competências, tanto na implementação das políticas formativas e de qualificação profissional, como no seguimento e avaliação das mesmas;

d) Da orientação da formação escolar, vocacional e profissional centrada no desenvolvimento humano e pessoal, tanto para a livre escolha da profissão

como para o exercício do direito ao trabalho, de modo a satisfazer as necessidades individuais, sociais e económicas;

e) Da promoção da qualificação enquanto factor de desenvolvimento socioeconómico dos recursos humanos e sua adaptação às mudanças do tecido económico e social;

f) Da auto-sustentabilidade do SNQ, assente na co-responsabilização e co-financiamento de todos os envolvidos no sistema; e

g) Da eficácia das acções abrangidas pelo SNQ, através da sua adequação às necessidades do mercado do trabalho, assente no seguimento e avaliação permanentes.

Artigo 5º

Composição do SNQ

1. Fazem parte do SNQ, nos termos da legislação aplicável, as seguintes entidades:

a) A Unidade de Coordenação do Sistema Nacional de Qualificações (UC-SNQ)5;

b) A Direcção Geral do Emprego (DGE)6, enquanto entidade responsável pela acreditação das entidades formadoras;

c) A Comissão Nacional de Equivalências Profissionais (CNEP)7;

d) O Conselho Nacional do Emprego e Formação Profissional (CNEF); e

e) Todas as demais entidades públicas, privadas ou de gestão mista, que desenvolvam actividades de formação profissional.

2. Compete à UCSNQ elaborar e actualizar em permanência o Catálogo Nacional das Qualificações, mediante a inclusão, exclusão ou alteração de qualificações, tendo em conta as necessidades actuais e emergentes da economia.

Artigo 6º

Objectivos do SNQ

O SNQ, enquanto instrumento de promoção e desenvolvimento sócio-profissional prossegue, designadamente, os seguintes objectivos:

a) Promover a integração dos sistemas da educação, da formação e do emprego;

b) Estruturar uma oferta de formação técnico-profissional ajustada às necessidades do mercado de trabalho e assente nas necessidades actuais e emergentes;

c) Garantir que os programas dos cursos vinculados ao Catálogo Nacional de Qualificações possam conferir a dupla certificação, designadamente, escolar e profissional;

5. Ver o Decreto-Lei nº 62/2009, 14 de Dezembro.

6. A Direcção Geral de Emprego (DGE) foi criada pelo Decreto-Lei nº 62/2009, de 14 de Dezembro.

7. A Comissão Nacional de Equivalência Profissional (CNEP) foi criada pelo Decreto-Regulamentar nº 5/2005, de 27 de Junho.

d) Promover uma oferta formativa diversificada, na perspectiva da aprendizagem ao longo da vida, geradora de qualificações baseadas em competências, de modo a satisfazer as necessidades individuais, sociais e económicas;

e) Promover a igualdade de oportunidades e de género no acesso às profissões, bem como, à empregabilidade e ao desenvolvimento do empreendedorismo;

f) Reconhecer as competências prévias, incluindo experiências de trabalho e de vida, através do processos de verificação, reconhecimento, validação e certificação das mesmas, considerando os vários contextos de aprendizagem;

g) Promover a elevação do nível de qualificação e integração sócio-profissional da população activa, em especial, de grupos com manifesta dificuldade de inserção, e elevação da qualificação de base da população activa, possibilitando, a sua progressão escolar e profissional;

h) Incentivar o rigor e a objectividade na análise das equivalências e dos diplomas relacionados com as formações adquiridas no estrangeiro;

i) Incentivar o investimento público, privado e familiar na optimização de recursos destinados à qualificação profissional baseado em competências;

j) Promover quaisquer outros incentivos a actividades ou iniciativas relacionadas com o desenvolvimento humano e sócio-profissional das pessoas, visando a sua integração social e económica.

Artigo 7º

Componentes do SNQ

São componentes essenciais do SNQ:

a) O Quadro Nacional das Qualificações8;

b) O Catálogo Nacional de Qualificações9;

c) O sistema de reconhecimento, validação e certificação de competências;

d) A monitorização, avaliação e a melhoria da qualidade do SNQ.

CAPÍTULO II

Qualificações profissionais

Artigo 8º

Qualificação profissional

A qualificação profissional pode ser adquirida mediante formação profissional, experiência profissional ou através da combinação de ambas, ou ainda, resultar de títulos obtidos noutros países.

Artigo 9º

Catálogo Nacional de Qualificações

1. O Catálogo Nacional de Qualificações10 é um instrumento dinâmico, de gestão estratégica das qualificações, essencial para a competitividade e modernização

8. O Quadro Nacional das Qualificações consta do Decreto-Lei n.º 65/2010, de 27 de Dezembro.

9. Decreto-Lei n.º 66/2010, de 27 de Dezembro.

empresarial e do tecido produtivo, assim como para o desenvolvimento humano, pessoal e social do indivíduo.

2. O Catálogo Nacional de Qualificações integra as qualificações baseadas em competências, identificando para cada uma os respectivos padrões, programas do curso de formação profissional e técnica e o nível de qualificação de acordo com o Quadro Nacional de Qualificações.

3. O Catálogo Nacional das Qualificações é elaborado e actualizado em permanência, pela Unidade de Coordenação do SNQ mediante a inclusão, exclusão ou alteração de qualificações, tendo em conta as necessidades actuais e emergentes da economia.

4. Os elementos que integram o Catálogo Nacional das Qualificações são aprovados pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação, formação profissional e emprego, uma vez ouvido o CNEF.

5. As actualizações do Catálogo Nacional das Qualificações, bem como as alterações decorrentes da avaliação e aprovação global dos elementos que o integram, referidas nos números anteriores, são publicadas no Boletim Oficial.

6. O Catálogo Nacional das Qualificações é regulamentado mediante despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação, formação profissional e emprego.

Artigo 10º

Quadro Nacional de Qualificações

1. O Quadro Nacional de Qualificações11 é um instrumento concebido para a classificação das qualificações e das competências abrangidas por cada uma delas, segundo um conjunto de critérios para a obtenção de níveis específicos de qualificação.

2. O Quadro Nacional de Qualificações define a estrutura dos níveis de qualificação, com vista a permitir a transparência e a comparação destes, em relação aos diferentes sistemas dos outros países.

3. A descrição detalhada das qualificações profissionais é, em termos de resultados de aprendizagem e de acordo com os descritores, associada a cada nível de qualificação.

4. A estrutura referida no n.º 2 é regulamentada mediante despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação, formação profissional e emprego.

Artigo 11º

Reconhecimento, validação, certificação e registo de competências

1. Uma qualificação adquirida, prevista no Catálogo Nacional de Qualificações pode ser comprovada por um diploma ou por um certificado de qualificação profissional ou técnica, ou mediante prestação de provas “ad hoc” comprovativas de competências ou qualificações adquiridas ao longo da vida, perante comissões examinadoras constituídas para o efeito.

10. O Catálogo Nacional de Qualificações foi regulado pelo Decreto-Lei n.º 66/2010, de 27 de Dezembro.

11. O Quadro Nacional das Qualificações consta do Decreto-Lei n.º 65/2010, de 27 de Dezembro.

2. As comissões examinadoras referidas no número anterior são objecto de regulamentação própria.

3. Os diplomas ou certificados de qualificação profissional fazem menção do nível de qualificação correspondente, bem como da actividade profissional para a qual foi obtida a qualificação, de acordo com o Quadro Nacional de Qualificações.

4. A conclusão com aproveitamento de um ou mais módulos desenvolvidos, que não permita de imediato a obtenção de qualificação, é comprovada por um certificado do módulo correspondente às unidades de competência.

5. A certificação de qualificação profissional faz-se com base na cumulação de créditos obtidos, numa das seguintes circunstâncias:

a) Através de programas de formação oficialmente validados e ministrados por entidades formadoras acreditadas;

b) Através do reconhecimento, validação e certificação de competências adquiridas pela via informal ou não formal, baseada em informação obtida por meio de processos de testagem normalizadas e ou apresentação de certificados de competências.

6. Compete às entidades que integram o SNQ a emissão dos diplomas e certificados referidos nos números anteriores.

7. O reconhecimento de acções de formação não inseridas no Catálogo Nacional de Qualificações é objecto de regulamentação própria, mediante portaria, por parte dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação e formação profissional.

8. O reconhecimento de certificados de cursos concluídos com aproveitamento, das acções de formação profissional, não constantes do Catálogo Nacional de Qualificações é igualmente, objecto de regulamentação própria, por parte dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação e formação profissional.

Artigo 12º

Dupla certificação

1. A dupla certificação é atribuída àquele que se munir de competências para exercer uma ou mais actividades profissionais e disponha para esse efeito, de uma formação técnica, profissional, escolar e ofício, comprovados através de um diploma ou certificado.

2. A dupla certificação é regulada mediante despacho conjunto, pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação, ensino superior, formação profissional e emprego.

Artigo 13º

Qualificações adquiridas noutros países

1. A qualificação obtida noutros países pode, nos termos da lei, ser reconhecida àqueles que forem portadores dos respectivos documentos comprovativos.

2. Compete à Comissão Nacional de Equivalência Profissional o reconhecimento dos documentos comprovativos respeitantes a qualificações obtidas noutros países, sempre que tais documentos comprovativos não se encontrem abrangidos por legislação específica.

Artigo 14º

Registo individual das competências

1. Todas as competências reconhecidas, constantes do Catálogo Nacional de Qualificações, são registadas numa caderneta individual própria.

2. O modelo de caderneta individual de competências é objecto de regulamentação pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação, formação profissional e emprego.

Artigo 15.º

Elaboração e aprovação dos perfis e programas

1. Compete à Unidade de Coordenação do SNQ a elaboração dos perfis profissionais necessários à preparação dos módulos formativos.

2. Os perfis profissionais e programas formativos são elaborados segundo o manual de elaboração de perfis e programas formativos aprovados pelos membros do Governo de tutela, o qual tem em consideração os seguintes referenciais básicos:

a) Estabelecimento de critérios e procedimentos a aplicar, relacionados com os participantes no processo, e suas funções;

b) Atribuições e tarefas a serem conferidos aos participantes;

c) Descrição das etapas do processo;

d) Identificação das instituições competentes;

e) Adequação dos programas aos perfis profissionais;

f) Definição das estratégias do ensino aprendizagem;

g) Inventariação dos recursos necessários; e

h) Apuramento do formato do produto final.

Artigo 16º

Referenciais da formação

1. A adequação da estrutura curricular e do plano dos cursos de formação profissional inicial ao referencial constante do Catálogo Nacional de Qualificações realiza-se a partir do momento da aprovação da mesma.

2. O estabelecido no número anterior constitui atribuição das entidades competentes, para o efeito, tuteladas pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação, formação profissional e emprego.

CAPÍTULO III

Funcionamento, qualidade e avaliaçãodo Sistema Nacional de Qualificações

Artigo 17º

Coordenação e avaliação

1. Compete aos membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação, ensino superior, formação profissional e emprego coordenarem entre si a implementação do SNQ, através da Unidade de Coordenação do SNQ.

2. Os parceiros sociais participam na coordenação do SNQ, através do CNEF.

3. Compete aos membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação, ensino superior, formação profissional e emprego, promover o acompanhamento e a avaliação permanente do SNQ mediante audição prévia da UCSNQ.

Artigo 18º

Garantia da qualidade

1. Os membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação, formação profissional e emprego garantem e fomentam, no âmbito das suas atribuições, a qualidade das ofertas formativas, e a estreita cooperação na definição e desenvolvimento dos processos de avaliação do SNQ.

2. A qualidade das acções abrangidas pelo SNQ é igualmente garantida através da informação e orientação escolar, vocacional e profissional, bem como, por intermédio do financiamento público do SNQ.

3. A qualidade do SNQ é garantida através das suas componentes, incluindo o financiamento público.

Artigo 19º

Colaboração de outras entidades

1. As entidades do sector produtivo podem colaborar com o SNQ, designadamente, na identificação das prioridades formativas, na identificação das qualificações chaves e na avaliação das competências, assim como outras relacionadas.

2. No âmbito da preparação do pessoal docente para a formação profissional, do pessoal discente, da promoção de entidades formadoras, ou na realização de outras práticas formativas, podem participar o sector empresarial público e privado.

Artigo 20º

Equivalências

As equivalências, as convalidações, as correspondências e os efeitos deles decorrentes, nomeadamente os títulos e certificados da educação técnica, formação profissional e aqueles que forem criados de acordo com o estabelecido no presente diploma, são fixados pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação, ensino superior, formação profissional e emprego, após consulta à UCSNQ.

CAPÍTULO IV

Disposições finais e transitórias

Artigo 21.º

Financiamento do Sistema Nacional de Qualificações

1. Os meios necessários ao funcionamento do SNQ constam de verba inscrita no Orçamento do Estado.

2. O SNQ pode contar com outras formas de financiamento, ao abrigo de legislação aplicável.

Artigo 22.º

Integração da Comissão Nacional de Equivalências Profissionais

Com a entrada em vigor do presente diploma, a CNEP12 passa a integrar e a estar sob a coordenação da UCSNQ, sem prejuízo para as suas competências próprias, definidas por lei.

Artigo 23.º

12. Ver o Decreto-Regulamentar nº 5/2005, de 27 de Junho.

Normas transitórias

1. A actualização do Catálogo Nacional de Qualificações é promovida de forma faseada e de modo a abranger grupos com particulares dificuldades de inserção sócio-profissional e a dar resposta aos sectores profissionais como necessidades mais urgentes.

2. Os diplomas ou certificados de formação profissional, obtidos à data da entrada em vigor do presente diploma, mantêm-se válidos, para os efeitos previstos.

3. É estipulado um prazo limite de 3 (três) anos para a adequação dos actuais programas formativos ao disposto no presente diploma

Artigo 24º

Habilitação para o desenvolvimento normativo

Os membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação, formação profissional e emprego ficam desde já habilitados, após consulta prévia à UCSNQ, a proceder à regulamentação das disposições identificadas no presente diploma, no âmbito de suas competências.

Artigo 25º

Regulamentação

São objecto de regulamentação própria as matérias respeitantes:

a) À definição do Catálogo Nacional de Profissões;

b) À Estrutura dos níveis de qualificação;

c) À Dupla certificação;

d) À Certificação, Validação e Registo de Competências;

e) Ao modelo de caderneta individual; e

f) Aos perfis profissionais.

Artigo 26º

Entrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

José Maria Pereira Neves - Maria Madalena Brito Neves - Octávio Ramos Tavares - Fernanda Maria de Brito Marques

Promulgado em 3 de Junho de 2010

Publique-se.

O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES

Referendado em 3 de Junho de 2010

O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

QUADRO NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES

Decreto-Lei n.º 65/2010, de 27 de Dezembro

Considerando que o Decreto-Lei nº. 20/2010, de 14 de Junho, que regula o Regime Jurídico Geral do Sistema Nacional das Qualificações, determina na alínea b) do seu artigo 25º que a estrutura dos níveis de qualificação é objecto de regulamento próprio;

Atendendo que o Quadro Nacional de Qualificações, QNQ, visa o reconhecimento, a validação e a certificação de competências obtidas pelas vias formal, não formal e informal, desenvolvidas no âmbito do Sistema Nacional de Qualificações;

Ciente ainda de que, o funcionamento adequado do mercado de trabalho requer a definição prévia de um quadro que permita comparar e relativizar as competências adquiridas, seja por que via for, na medida em que vai permitir que os indivíduos e os próprios empregadores tenham uma percepção mais clara e real do valor de cada qualificação;

Mostrando-se necessário conferir dignidade e estabilidade ao QNQ, quer pelo seu impacto social, quer pela sua natureza estruturante;

Ao abrigo do disposto na alínea b) do artigo 25º do Decreto-Lei n.º 20/2010, de 14 de Junho; e

No uso da faculdade conferida pela alínea a) do n.º 2 do artigo 204º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

CAPÍTULO IDisposições gerais

Artigo 1.ºObjecto

O presente diploma regula a natureza, a estrutura e os efeitos do Quadro Nacional de Qualificações, doravante abreviado, QNQ.

Artigo 2.ºNatureza

1. O QNQ integra os subsistemas de educação e de formação profissional, contribuindo para o melhoramento e transparência, do acesso, da progressão e da qualidade das qualificações em relação ao mercado de trabalho e à sociedade civil.

2. O QNQ é um instrumento concebido para a classificação das qualificações segundo um conjunto de critérios para a obtenção de níveis de qualificação estabelecidos, atendendo-se à competência profissional dos seus titulares, subjacente às actividades produtivas que lhes são inerentes, com recurso a critérios de conhecimentos, iniciativa, autonomia, responsabilidade e complexidade.

Artigo 3.ºÂmbito

1. O QNQ inclui todos os níveis de qualificação nacionais de acordo com o anexo I do presente diploma, designadamente os de educação, de formação técnico-profissional e de ensino superior.

2. O QNQ abrange os certificados e diplomas emitidos pelas entidades competentes do ensino básico, secundário, superior, e da formação profissional, assim como os processos de reconhecimento, validação e certificação de competências obtidas por vias não formais e informais conducentes à obtenção de certificados de qualificação ou de diplomas, estabelecidos pelo Decreto-Legislativo n.º 2/2010, de 7 de Maio e pela Lei n.º 103/III/90, de 29 de Dezembro, que revê as Bases do Sistema Educativo, na redacção dada pela Lei n.º 113/V/99, de 18 de Outubro.

Artigo 4.ºObjectivos

São objectivos essenciais do QNQ:

a) Integrar e articular as qualificações obtidas no âmbito dos diferentes subsistemas educativos, de formação profissional e de ensino superior, assim como as obtidas por via da experiência profissional ou aprendizagem não formal e informal;

b) Melhorar a transparência das qualificações, possibilitando a identificação e a comparabilidade do seu valor no mercado de trabalho, na educação e formação bem como noutros contextos da vida pessoal e social;

c) Promover o acesso, a avaliação e a qualidade das qualificações obtidas;d) Aplicar uma abordagem baseada nas competências para definir e descrever

qualificações e promover a validação da aprendizagem não formal e informal, prestando atenção particular aos cidadãos mais susceptíveis ao desemprego ou a formas precárias de emprego cuja participação na formação ao longo da vida e acesso ao mercado de trabalho podem aumentar em consequência dessa abordagem;

e) Promover estreitas ligações com o Quadro Europeu de Qualificações para a aprendizagem ao longo da vida, ou Quadros de outros países, designadamente os países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), para a transferência e acumulação de créditos na educação, na formação profissional e no ensino superior, a fim de melhorar a mobilidade dos cidadãos e facilitar o reconhecimento das competências adquiridas; e

f) Adoptar medidas conformes e adequadas, de modo a que todos os novos certificados de qualificações e diplomas emitidos pelas entidades competentes contenham uma referência clara ao nível adequado do QNQ.

CAPÍTULO IIEstrutura, coordenação e garantias

Artigo 5.ºEstrutura

O QNQ, de acordo com o anexo II do presente diploma, estrutura-se em 8 (oito) níveis de qualificação, definidos por um conjunto de 3 (três) descritores que especificam as competências correspondentes às qualificações dos diferentes níveis.

Artigo 6.ºDefinição dos níveis de qualificação

No âmbito do QNQ, os níveis de qualificação, enquanto resultados da aprendizagem, especificam as competências correspondentes às qualificações que lhe dizem respeito e estabelecem o enunciado daquilo que o aprendente conhece, compreende e é capaz de realizar e fazer aquando da conclusão de um processo de aprendizagem.

Artigo 7.ºDescritores dos níveis de qualificação

Cada nível de qualificação é definido de acordo com 3 (três) descritores básicos, designadamente:

a) “Conhecimentos”, que constitui o acervo de factos, princípios, teorias e práticas relacionados com uma área de estudo, trabalho ou formação profissional enquanto resultado da assimilação de informação através da aprendizagem;

b) “Habilidades”, capacidade de aplicar conhecimentos e utilizar recursos adquiridos para concluir tarefas e solucionar problemas e descrevem-se como cognitivas, incluindo a aplicação do pensamento lógico intuitivo e criativo, e práticas, implicando destreza manual e domínio de recursos, métodos, materiais, ferramentas e instrumentos;

c) “Responsabilidade e autonomia”, a capacidade comprovada de aplicar o conhecimento, as aptidões e as capacidades pessoais, sociais e/ou metodológicas, em situações profissionais ou em contextos de estudo e de formação para efeitos de desenvolvimento profissional e pessoal.

Artigo 8.ºCoordenação

1. As entidades que fazem parte do Sistema Nacional de Qualificações (SNQ) promovem a aplicação dos princípios de garantia de qualidade, aquando da correlação das qualificações da educação e da formação profissional no âmbito do SNQ.

2. A promoção e a aplicação dos princípios de garantia de qualidade referidos no número anterior são feitas em coordenação com a Direcção Geral do Ensino Superior no que diz respeito aos níveis 6, 7 e 8 da estrutura do QNQ, a que se refere ao anexo II.

3. A Unidade de Coordenação do Sistema Nacional de Qualificações enquanto responsável pelo desenvolvimento e actualização do Catálogo Nacional das Qualificações aplica os níveis do QNQ aprovados no presente diploma.

Artigo 9.ºAcompanhamento

1. A implementação do QNQ é objecto de acompanhamento no quadro do Conselho Nacional de Emprego e Formação Profissional.

2. As Comissões Nacionais de Equivalência aplicam no âmbito das suas competências os níveis de Qualificação aprovados no presente diploma.

Artigo 10.ºGarantia de qualidade

Na implementação do QNQ é garantida a qualidade necessária para assegurar a responsabilização e a melhoria da educação, da formação profissional e do ensino superior, em observância ao seguinte:

a) Presidir as políticas e os procedimentos a todos os níveis do QNQ.b) Fazer parte integrante da gestão interna das instituições de educação e formação

técnicoprofissional;c) Contemplar a avaliação periódica das instituições, dos seus programas ou

sistemas de garantia da qualidade através de instâncias ou, quando possível, agências externas de monitorização;

d) Contemplar o contexto, os contributos, os processos e os resultados, dando o devido destaque às realizações e aos resultados da aprendizagem;

e) Determinar que os sistemas de garantia de qualidade devem incluir os seguintes elementos:

I. Aplicação de objectivos e normas claras e quantificáveis;II. Aplicação de orientações que incluam a participação das partes

interessadas;III. Utilização de recursos adequados;IV. Aplicação de métodos de avaliação coerentes que associem processos de

auto-avaliação;V. Prática da avaliação externa;

VI. Aplicação de mecanismos de retorno e procedimentos para a realização de melhorias; e

VII. Prossecução de resultados da avaliação acessíveis.f) Estabelecer que as iniciativas de garantia de qualidade, a nível nacional e

internacional devam ser articuladas, de forma a assegurar visão global, coerência, sinergia e análise geral

g) do sistema; eh) Constituir um processo de cooperação entre todos os níveis e sistemas de

educação e formação, que envolva todas as partes interessadas.

CAPÍTULO IIIDisposições finais e transitórias

Artigo 11.ºNorma transitória

O Regime Jurídico Geral da Formação Profissional, regulado pelo Decreto-Lei n.º 37/2003, de 6 de Outubro, mantém-se em vigor em tudo quanto não for contrário ao estabelecido no presente diploma.

Artigo 12.ºEntrada em vigor

1. O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação, produzindo os seus efeitos, no que toca à aplicação do QNQ, 30 (trinta) dias após a sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

José Maria Pereira Neves – Maria Madalena Brito Neves – Octávio Ramos Tavares – Fernanda Maria de Brito Leitão Marques Vera-Cruz Pinto

Promulgado em 16 de Dezembro de 2010.Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRESReferendado em 21 de Dezembro de 2010.

O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

___

Anexo I(A que se refere o artigo 3º)

Estrutura do Quadro Nacional de Qualificações e as suas acreditações de educação, de formação técnico-profissional e de ensino superior

Níveis de QualificaçãoAcreditação de Qualificações

1. Diploma de Escolaridade Básica Obrigatória

2. Diploma de Educação Básica de adultos com percurso de dupla certificação correspondente a qualificações profissionais de nível 2.Certificado de Qualificação Profissional de nível 2.

3. Certificado do Ensino Secundário (10º ano)Certificado de Qualificação Profissional de nível 3

4. Diploma do Ensino secundário (12º ano da via geral)Diploma do Ensino secundário (12º ano da via técnica com formação correspondente a qualificações profissionais de nível 4) com percurso de dupla certificação.Certificado de Qualificação Profissional de nível 4 com percurso de dupla certificação.

Certificado de Qualificação Profissional de nível 4.

5. Diploma de Estudos Superiores Profissionais (DESP) com formação de qualificações profissionais de nível 5.Certificado de Ano Complementar Profissionalizante com formação de qualificações profissionais de nível 5.Certificado de Qualificação Profissional de nível 5 com percurso de dupla certificação.Certificado de Qualificação Profissional de nível 5

6. Grau de Licenciado (Ensino universitário)

7. Grau de Mestre (Ensino universitário)

8. Grau de Doutor (Ensino universitário)

Anexo II(A que se refere o artigo 5º)

Descritores dos níveis do Quadro Nacional de Qualificações

NíveisDefinição segundo descritores de Nível de Qualificação - Resultados da

aprendizagem correspondentes a cada Nível:

Nível 1

Conhecimentos - Conhecimentos gerais básicos aplicados a um conjunto limitado e definido de actividades.Habilidades - Aptidões básicas e habilidades operacionais necessárias à realização de tarefas simples e rotineiras.Autonomia e Responsabilidade - Trabalhar ou estudar sob supervisão directa num contexto estruturado, com responsabilidade pelo seu desempenho.

Nível 2

Conhecimentos - Conhecimentos operacionais básicos numa área de trabalho ou de estudo. Apresenta ideias e conceitos através da comunicação oral e escrita eficazes.Habilidades - Aptidões cognitivas e práticas básicas necessárias para a aplicação da informação adequada à realização de tarefas e à resolução de problemas correntes por meio de regras e instrumentos simples.Autonomia e Responsabilidade - Trabalhar ou estudar sob supervisão, com um certo grau de autonomia.

Demonstrar capacidade para desempenhar algumas tarefas independentes em certas oportunidades estruturadas com níveis intermédios de apoio, direcção e supervisão.

Nível 3

Conhecimentos - Conhecimentos de factos, princípios, processos e conceitos gerais numa área de estudo ou de trabalho, com entendimento de certos elementos teóricos e técnicos de processos, materiais e terminologia básica.Habilidades - Uma gama de aptidões cognitivas e práticas necessárias para a realização de tarefas e resolução de problemas através da selecção e aplicação de métodos, instrumentos, materiais e informações básicas. Providencia assessoria técnica para resolução de problemas específicos.Autonomia e Responsabilidade - Assumir responsabilidades para executar tarefas de forma independente numa área de estudo ou de trabalho, quando se requer decisões ou iniciativas simples. Trabalhar de forma eficaz com os outros, como membro do grupo e assume responsabilidades limitadas por outros em pequenas equipas ou trabalhos de grupo. Requerer apoio, direcção e supervisão em situações pouco conhecidas.Adaptar o seu comportamento às circunstâncias para fins da resolução de problemas.

Nível 4

Conhecimentos - Conhecimentos factuais e teóricos em contextos alargados numa área de estudo ou de trabalho, relevante para a função.Habilidades - Uma gama de habilidades cognitivas e práticas necessárias para conceber soluções para problemas específicos numa área de estudo ou de trabalho.Gerir a própria actividade no quadro das orientações estabelecidas em contextos de estudo ou de trabalho geralmente previsíveis, mas susceptíveis de alteração.Autonomia e Responsabilidade - Supervisionar as actividades de rotina de terceiros, assumindo determinadas responsabilidades em matéria de avaliação e melhoria das actividades em contextos de estudo ou de trabalho. Assumir responsabilidade pelos seus resultados em situações de trabalho e de aprendizagem semi-estruturadas.Trabalhar de forma independente quando se requer tomada de decisão imediata e com alguma iniciativa. Conseguir definir os seus objectivos e metas de acordo com os objectivos e metas da organização e gerir eficazmente o tempo disponível.

Nível 5

Conhecimentos - Conhecimentos abrangentes, especializados, factuais e teóricos numa determinada área de estudos ou de trabalho e consciência dos limites desses conhecimentos, que inclui um entendimento técnico abstracto e capacidade para procurar mais informação e conhecimento para executar ainda melhor a sua função.Habilidades Uma gama abrangente de aptidões cognitivas e práticas necessárias para conceber soluções criativas para problemas abstractos em situações rotineiras e ambientes e actividades novas. Ter capacidade para seleccionar e aplicar equipamentos e métodos, explicando alternativas, e assegura assessoria técnica para resolver problemas específicos em rotinas conhecidas.Autonomia e Responsabilidade Gerir e supervisionar em contextos de estudo ou de trabalho sujeitos a alterações imprevisíveis. Rever e desenvolver o seu desempenho e o de terceiros, quer em quantidade quer em qualidade. Trabalhar de forma independente onde são requeridas decisões ou iniciativas de nível intermédio.

Conseguir organizar o trabalho para si e para a equipa, de acordo com os objectivos e metas da organização e apoia os outros a gerir eficazmente o tempo.

Nível 6

Conhecimentos - Conhecimento aprofundado de uma determinada área de estudo ou de trabalho que implica uma compreensão crítica de teorias e princípios.Habilidades - Aptidões avançadas que revelam a mestria e a inovação necessárias à resolução de problemas complexos e imprevisíveis numa área especializada de estudos ou de trabalho. Gerir actividades ou projectos técnicos ou profissionais complexos, assumindo a responsabilidade da tomada de decisões em contextos de estudo ou de trabalho imprevisíveis.Autonomia e Responsabilidade - Assumir a responsabilidades em matéria de gestão do desenvolvimento profissional individual e colectivo.

Nível 7

Conhecimentos - Conhecimentos altamente especializados, alguns dos quais se encontram na vanguarda do conhecimento numa determinada área de estudo ou de trabalho, que sustentam a capacidade de reflexão original e/ou investigação. Consciência crítica das questões relativas aos conhecimentos numa área e nas interligações entre várias áreas.Habilidades - Aptidões especializadas para a resolução de problemas em matéria de investigação e/ou inovação, para desenvolver novos conhecimentos e procedimentos e integrar os conhecimentos de diferentes áreas.Autonomia e Responsabilidade - Gerir e transformar contextos de estudo ou de trabalho complexos, imprevisíveis e que exigem abordagens estratégicas novas. Assumir responsabilidades de forma a contribuir para os conhecimentos e as práticas profissionais e/ou para rever o desempenho estratégico de equipas.

Nível 8

Conhecimentos - Conhecimentos de ponta na vanguarda de uma área de estudo ou de trabalho e na interligação entre áreas.Habilidades - As aptidões e as técnicas mais avançadas e especializadas, incluindo capacidade de síntese e de avaliação, necessárias para a resolução de problemas críticos na área da investigação e/ou da inovação ou para o alargamento e a redefinição dos conhecimentos ou das práticas profissionais existentes.Autonomia e Responsabilidade - Demonstrar um nível considerável de autoridade, inovação, autonomia, integridade científica ou profissional e assumir um firme compromisso no que diz respeito ao desenvolvimento de novas ideias ou novos processos na vanguarda de contextos de estudo ou de trabalho, inclusive em matéria de investigação.

Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

CATÁLOGO NACIONAL

DE QUALIFICAÇÕES PROFISSIONAIS

(CNQP)

Decreto-Lei n.º 66/2010,

de 27 de Dezembro

O Catálogo Nacional das Qualificações Profissionais (CNQP) é uma das componentes essenciais do Sistema Nacional de Qualificações (SNQ) de acordo com o disposto na alínea b) do artigo 25º do Decreto-Lei n.º 20/2010, de 14 de Junho. Ordena as qualificações profissionais susceptíveis de reconhecimento e acreditação, identificados no sistema de produção de acordo com as competências necessárias para o exercício profissional. Para além disso traduz-se ainda num instrumento dinâmico de gestão estratégica das qualificações, considerado essencial para a competitividade e modernização empresarial e do tecido produtivo. Alberga também a vertente desenvolvimento humano, pessoal e social do indivíduo.

O diploma que regula o CNQP surge como imperativo do estabelecido nas disposições conjugadas da alínea a) do artigo 25º e do n.º 6 do artigo 9º, todos do Decreto-Lei n.º 20/2010, de 14 de Junho. Esses dispositivos determinam que o CNQP deve ser objecto de regulamentação própria. Todavia pela importância e impacto social do diploma, bem como, pela sua natureza estruturante, entendeu-se não dever atribuir-lhe o carácter de um mero despacho conjunto.

A forma de decreto-lei que assume o diploma, visa conferir maior dignidade ao seu conteúdo e garantir-lhe maior estabilidade. A elaboração e actualização permanente da CNQP é incumbência da Unidade de Coordenação do Sistema Nacional de Qualificações, a quem compete ainda proceder à inclusão, exclusão ou alteração de qualificações, levando sempre em linha de conta as necessidades actuais e emergentes da economia. Tanto a aprovação como as actualizações do CNQP são objectos de publicação no Boletim Oficial.

O CNQP integra as qualificações baseadas em competência e identifica para cada uma, os respectivos padrões, descritores dos programas do curso de formação profissional e técnica, bem como o nível de qualificação de acordo com o Quadro Nacional de Qualificações (QNQ). O CNQP abrange ainda os conteúdos de formação profissional, associados a cada qualificação, de acordo com uma estrutura articulada de módulos de formação num Catálogo Modular de Formação Técnico-profissional. Com o CNQP pretende-se, de um lado, facilitar a adaptação da formação profissional às necessidades do sistema produtivo, e do outro, promover a integração, o desenvolvimento e a qualidade das ofertas de formação profissional. Também o CNQP propõe viabilizar a formação ao longo da vida através da acreditação e acumulação profissional de aprendizagens adquiridas em diferentes campos. O CNQP contribui, deste modo, para a transparência e unidade do mercado laboral e a mobilidade dos trabalhadores.

É nessa medida que o CNQP identifica, define e gere as qualificações profissionais, estabelecendo o conteúdo do treinamento adequado, determinando as ofertas de formação conducentes à concessão de diplomas e certificados de qualificação profissional. O CNQP avalia, reconhece e demonstra as competências adquiridas através da experiência acumulada ou formação profissional não formal, e facilita a informação e orientação profissional. Por outro lado, fomenta processos de avaliação e melhoria da

qualidade do Sistema Nacional de Qualificações criando ofertas de formação adaptadas a grupos com necessidades específicas.

Em termos estruturais o CNQP é composto pelas qualificações profissionais mais importantes identificados no sistema de produção, ordenados de acordo com os critérios estabelecidos neste diploma. O CNQP inclui ainda as formações associadas às qualificações profissionais que formarão o Catálogo Modular de Formação Técnico-profissional. As qualificações profissionais que compõem o CNQP são classificadas por famílias profissionais e por níveis de qualificação profissional de acordo com o Quadro Nacional de Qualificações. Por seu lado, as Famílias profissionais representam o conjunto de qualificações, por virtude das quais se encontra estruturado o Catálogo Nacional de Qualificações Profissionais, tendo em consideração os critérios de afinidade de competências profissionais previamente estabelecidas.

A qualificação profissional é, assim, ao cabo e ao resto, o resultado formal de todo um processo de avaliação, reconhecimento e validação comprovado por um órgão competente, e que reconhece num indivíduo a aquisição de competências, em conformidade com os referenciais estabelecidos. As qualificações profissionais encontram-se incorporadas no CNQP, Catálogo Nacional de Qualificações Profissionais e integram todo um conjunto de componentes devidamente elencados no respectivo diploma. Por seu lado, a formação associada à qualificação profissional apresenta-se estruturada em módulos de formação.

De realçar ainda que os modelos de diplomas e certificados são definidos no âmbito da regulamentação das modalidades de formação de dupla certificação e do reconhecimento, validação e certificação de competências, respectivamente, de acordo com o legalmente previsto. São emitidos pelas entidades que integram a rede de entidades formadoras do Sistema Nacional de Qualificações. O aproveitamento resultante de uma acção de formação contínua, assim como todas as competências que o indivíduo adquire ou desenvolve ao longo da vida, devem ser registados na caderneta individual de competências. Por seu lado, o diploma que regula o CNQP determina a validade dos certificados e diplomas emitidos até à data da entrada em vigor.

Tendo presente que o disposto na alínea b) do artigo 7º do Decreto-Lei n.º 20/2010, de 14 de Junho, considera o Catálogo Nacional das Qualificações Profissionais (CNQP) uma das componentes essenciais do Sistema Nacional de Qualificações (SNQ);

Levando em consideração que o CNQP ordena as qualificações profissionais susceptíveis de reconhecimento e acreditação, identificados no sistema de produção de acordo com as competências necessárias para o exercício profissional;

Ciente de que o CNQP traduz-se ainda num instrumento dinâmico de gestão estratégica das qualificações, considerado essencial para a competitividade e modernização empresarial e do tecido produtivo, albergando também a vertente desenvolvimento humano, pessoal e social do individuo;

Mostrando-se necessário conferir dignidade e estabilidade ao CNQP, quer pelo seu impacto social, quer pela natureza estruturante do respectivo diploma;

Ao abrigo da disposição da alínea a) do artigo 25º do Decreto-Lei n.º 20/2010, de 14 de Junho;

No uso da faculdade conferida pela alínea a) do n.º 2 do artigo 204º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1º

Objecto

O presente diploma regula a estrutura e o desenvolvimento do Catálogo Nacional de Qualificações Profissionais (CNQP).

Artigo 2º

Conceito e natureza

1. O CNQP é um instrumento do Sistema Nacional de Qualificações, que ordena as Qualificações Profissionais susceptíveis de reconhecimento e acreditação, identificadas no sistema de produção de acordo com as competências necessárias para o exercício profissional a elas ligadas.

2. O CNQP é um instrumento dinâmico, de gestão estratégica das qualificações, essencial para a competitividade e modernização do tecido empresarial e produtivo, assim como para o desenvolvimento humano, pessoal e social do indivíduo.

3. O CNQP inclui a formação de conteúdos associados a cada qualificação, de acordo com uma estrutura articulada em módulos de formação num Catálogo Modular de Formação técnico-profissional.

Artigo 3º

Finalidades

1. O CNQP prossegue as seguintes finalidades:

a) Facilitar a adaptação da formação técnica e profissional às necessidades do sistema produtivo;

b) Promover a integração, o desenvolvimento e a qualidade das ofertas de formação técnica e profissional;

c) Viabilizar a formação através do reconhecimento, validação e certificação das competências adquiridas ao longo da vida; e

d) Contribuir para a transparência e a unidade do mercado laboral e a mobilidade dos trabalhadores.

2. Para alcançar as finalidades enunciadas no número anterior, o CNQP implica as seguintes funções:

a) Identificação, definição e gestão das qualificações profissionais, estabelecendo o conteúdo adequado para as formações;

b) Determinação das ofertas de formação conducentes à concessão de diplomas e certificados de qualificação profissional;

c) Avaliação, reconhecimento e demonstração das competências adquiridas através da experiência ou formação profissional não formal e informal;

d) Acesso à informação e orientação escolar, vocacional e profissional; e

e) Fomento de processos de avaliação e melhoria da qualidade do Sistema Nacional de Qualificações através de propostas de ofertas de formação adaptadas a grupos com necessidades específicas.

Artigo 4º

Estrutura

O CNQP é composto pelas qualificações profissionais, entenda-se perfis profissionais e programas formativos associados, reconhecíveis no mercado de emprego e identificados no sistema de produção e classificados de acordo com os critérios estabelecidos no presente diploma.

Artigo 5º

Classificação das qualificações

As qualificações profissionais que compõem o CNQP são classificadas por famílias profissionais e por níveis de qualificação profissional, de acordo com o Quadro Nacional de Qualificações.

Artigo 6º

Famílias profissionais

As famílias profissionais transcritas no Anexo I ao presente diploma, representam o conjunto de qualificações, por virtude das quais se encontra estruturado o CNQP, tendo em conta os critérios de afinidade de competências profissionais dos diferentes sectores produtivos, previamente estabelecidas os critérios.

Artigo 7º

Qualificação profissional e competência profissional

1. A qualificação profissional é o resultado formal de um processo de avaliação e validação comprovado por um órgão competente, reconhecendo num indivíduo a aquisição de competências, em conformidade com os referenciais estabelecidos.

2. Uma qualificação profissional compreende um conjunto de competências profissionais, significativas no emprego, que podem ser adquiridas através de módulos formativos ou outros tipos de formação, inclusive através da experiência de trabalho.

3. A competência profissional é o conjunto de conhecimentos e capacidades que permite o exercício de uma actividade profissional em conformidade com as exigências da produção e do mercado de emprego.

Artigo 8º

Componentes da qualificação profissional

1. As qualificações profissionais incorporadas no CNQP incluem, designadamente, os seguintes elementos:

a) O nome do perfil profissional, a família a que pertence, o nível de qualificação e o código alfanumérico;

b) A competência geral do perfil profissional, descrevendo de forma sucinta o papel e as funções que desempenha;

c) O referencial de competências que descreve o conjunto de competências exigidas para a obtenção de uma qualificação, organizado em unidades de competência; e

d) O ambiente profissional que abrange orientações sobre o âmbito profissional onde desenvolve sua actividade, os sectores produtivos onde se enquadra as ocupações e postos de trabalho relacionados.

2. O referencial de formação, associado a uma qualificação e estruturado em módulos formativos, que descreve o conjunto de informações que orienta a organização e o desenvolvimento da formação, em função do perfil profissional.

Artigo 9º

Unidade de competência

Uma unidade de competência (UC) é um conjunto mínimo de competências, capaz de reconhecimento e acreditação em parte, para os fins previstos na alínea c) do Artigo 7º do Decreto-Lei n.º 20/2010, de 14 de Junho.

Artigo 10º

Componentes da UC

A UC compreende os seguintes elementos:

a) Os dados de identificação, que inclui o nome, o nível e o código atribuído;

b) O elemento de competência que é a componente do enunciado de competências que descrevem uma acção ou comportamento que alguém deve ser capaz de realizar e demonstrar numa situação de trabalho num determinado campo ocupacional;

c) Os critérios de desempenho que devem expressar o nível aceitável de realização profissional, para cada elemento de competência, que atenda aos objectivos das organizações produtivas e fornece orientações para a avaliação da competência profissional;

d) O contexto profissional que descreve os meios de produção, os produtos e resultados do trabalho, a informação utilizada ou gerada e os itens de natureza semelhantes e consideradas necessárias para o desempenho profissional.

Artigo 11º

Catálogo Modular de Formação Técnico-Profissional

1. O Catálogo Modular de Formação Técnico-profissional (CMFTP) é o conjunto de módulos de formação associados a diferentes unidades de competência das qualificações profissionais.

2. O CMFTP fornece o ponto de referência comum para a integração das ofertas do sistema educativo e da formação profissional, referenciadas ao CNQP e que permite a capitalização e a promoção da aprendizagem ao longo da vida.

3. O CMFTP promove uma oferta formativa de qualidade, actualizada e adaptada aos diferentes públicos-alvo de acordo com as suas expectativas de carreira e desenvolvimento pessoal.

4. O CMFTP atende às exigências da formação para a aquisição das competências requeridas pelos sectores produtivos, aumentando a competitividade e elevando as competências dos trabalhadores.

Artigo 12º

Módulos formativos

1. A formação técnico-profissional associada à qualificação é estruturada em módulos formativos.

2. O programa formativo da qualificação, enquanto referencial de formação, é composto pelos módulos de formação do CMFTP que compõem o diploma ou certificado de qualificação profissional correspondente.

3. O programa referido no número anterior inclui tanto os módulos formativos ministrados nas entidades formadoras como um módulo de formação em contexto real de trabalho e a indicação das respectivas durações.

4. O módulo formativo que compõe a qualificação é constituído por blocos associados a cada uma das unidades de competência e quando necessário por módulos transversais a várias delas.

5. O módulo formativo é a menor unidade de formação credível para se estabelecer cursos conducentes à concessão de Diplomas e/ou Certificados de Qualificação Profissional.

Artigo 13º

Componentes de cada módulo

1. Cada módulo formativo tem um formato padrão, que deve incluir os dados de identificação, as especificações de formação e os requisitos do contexto formativo, designadamente:

a) Os dados de identificação que incluem o nome do módulo formativo, o nível de qualificação, um código alfanumérico, a família profissional a que pertence, a unidade de competência a que está associada e a duração da formação;

b) As capacidades que devem ser adquiridas pelos formandos, com seus critérios de avaliação correspondentes;

c) Os conteúdos necessários para se atingir essas capacidades e que integram conteúdos conceptuais, procedimentais e atitudinais;

d) Quando necessário, o modulo pode ser subdividido em unidades de formação; e

e) As orientação metodológicas das estratégias do ensino aprendizagem do módulo pelas diferentes modalidades, nomeadamente pela Formação à distância.

2. Os requisitos básicos do contexto formativo para ministrar o módulo com qualidade são:

a) Os requisitos mínimos a preencher pelos formadores: detentores de certificados e ou diplomas técnicos, ou a experiencia de trabalho correspondente a competência profissional, além da posse de uma certificação pedagógica reconhecida;

b) Os requisitos mínimos de espaços, instalações e equipamentos, como recursos necessários para o processo ensino-aprendizagem e á aquisição de competências profissionais; e

c) Os critérios de acesso aos formandos, que permita a segurança de que possuem as competências-chave necessárias e suficientes ao pleno aproveitamento da formação.

3. A formação utiliza um sistema de créditos de aprendizagem, com base no princípio do reconhecimento mútuo do valor da formação e das competências adquiridas.

Artigo 14º

Módulo de formação em contexto real de trabalho

1. O conjunto de módulos formativos que compõe uma qualificação profissional integra também um Módulo a ser desenvolvido, através de um conjunto de actividades profissionais em ambiente real de trabalho e que complemente as competências profissionais.

2. O módulo de Formação em Contexto Real de Trabalho (FCT), a título de estágio, deve ser feito, em geral, depois do formando obter aproveitamento positivo nos módulos formativos numa entidade formadora.

3. Se circunstâncias ponderáveis não permitirem o enunciado no número anterior, o módulo de FCT, a título de estágio pode ser realizado num outro momento.

4. A organização do módulo é estruturada através de acordos entre as entidades formadoras, as empresas, serviços ou organizações.

5. O coordenador do estágio, designado pela entidade formadora e o tutor designado pela empresa, serviço ou organização são responsáveis pelo módulo de FCT, o acompanhamento e a avaliação dos formandos, devendo o programa de estágio, para o efeito, incluir critérios de avaliação observável e mensurável.

6. Ficam isentos deste módulo os formandos que disponham de credenciais de experiência profissional de pelo menos 1 (um) ano, correspondendo com as capacidades descritas no módulo.

7. Os pedidos de isenção do módulo de FCT e sua correspondência com a experiência de trabalho são analisados em conformidade com o regulamentado pelas autoridades competentes, que emitem um certificado de isenção.

8. A experiência profissional a que se refere no número anterior é comprovada por declaração da empresa, serviço ou organização onde foi adquirida a experiência de trabalho, devendo especificar a actividade e a duração do contrato.

9. No caso dos trabalhadores por conta própria, a certificação, pressupõe a exibição de uma declaração de nulidade de dívidas fiscais e uma declaração comprovativa de pagamento de impostos de no mínimo de 1 (um) ano.

Artigo 15º

Condições de acesso à formação

1. Para se aceder aos módulos formativos de qualificações profissionais dos níveis de qualificação 3, 4 e 5 deve-se verificar que o candidato possui o requisito académico de acesso ao determinado nível ou as competências-chave estabelecidas de acordo com os critérios de acesso em cada um dos módulos das qualificações.

2. Aos estudantes com acesso às qualificações profissionais de nível 2 não são exigidos requisitos académicos ou profissionais.

3. Sempre que os módulos formativos sejam ministrado à distância, deve-se verificar se os candidatos são detentores de competências digitais.

4. Têm acesso directo aos programas de formação das qualificações de nível 3 os indivíduos habilitados com o Diploma de Escolaridade Básica Obrigatória ou Diploma de Educação Básica de adultos, ou Certificado de Qualificação Profissional de nível 2 da mesma família profissional.

5. Têm acesso directo aos programas de formação das qualificações de nível 4 os indivíduos habilitados com o Certificado do Ensino Secundário (10º ano), ou Certificado de Qualificação Profissional de nível 3 da mesma família profissional.

6. Têm acesso directo aos programas de formação das qualificações de nível 5 aqueles indivíduos habilitados com o Diploma do Ensino secundário (12º ano da via geral), ou Diploma do Ensino secundário (12º ano da via técnica com formação correspondente a qualificações profissionais de nível 4) ou Certificado de Qualificação Profissional de nível 4 da mesma família profissional.

Artigo 16º

Provas de acesso

1. As administrações ou entidades competentes marquem as provas para verificar se os candidatos possuem as competências-chave necessárias para acederem à formação.

2. As competências chave são aquelas que são necessárias a todas as pessoas para a realização e o desenvolvimento pessoais, para exercerem uma cidadania activa, para a inclusão social e para o emprego.

3. As provas de acesso a cursos de formação de cada nível devem demonstrar que os candidatos possuem os conhecimentos e as habilidades necessárias ao pleno aproveitamento dos módulos formativos a serem ministrados.

4. As competências-chave podem ser demonstradas através da superação das provas organizadas através da administração pública ou através da entidade reguladora e avaliadora competente a quem compete avaliar o candidato em cada uma das áreas e níveis especificados nos critérios e perfis de entrada.

Artigo 17º

Isenção de prestação de provas

Ficam isentos de prestação das provas referidas no artigo anterior, designadamente:

a) Aquele que estiver na posse de um certificado de qualificação do mesmo nível do módulo formativo a ser implementado ou de módulos que pertencem à mesma qualificação profissional ao qual deseja ter acesso; e

b) Os maiores de 25 (vinte e cinco) anos que, não sendo titulares da habilitação de acesso ao ensino superior, façam prova da sua capacidade para a frequência da formação, através da realização de testes especiais de aptidão organizados pelos estabelecimentos de ensino superior, de acordo com o estabelecido no artigo 35º do Decreto-Legislativo n.º 2/2010, de 07 de Maio, que revê as Bases do Sistema Educativo.

Artigo 18º

Regimes especiais

Os trabalhadores-estudantes podem beneficiar de regimes especiais de acesso e frequência nos diferentes níveis de qualificação, em sintonia com os princípios da

aprendizagem ao longo da vida e da flexibilidade ou mobilidade dos respectivos percursos de formação.

Artigo 19º

Composição das provas de acesso

1. As provas de acesso são compostas por uma parte comum e uma parte específica.

2. A parte comum destina-se a avaliar a maturidade e aptidão dos candidatos para prossecução da formação profissional, bem como a sua capacidade de raciocínio e da escrita, abrangendo assuntos de natureza prática e instrumental.

3. A parte específica destina-se a avaliar as competências-chave relativas ao perfil profissional em questão.

Artigo 20º

Correspondência das qualificações

O credenciamento de uma unidade de competência de uma qualificação, adquirida através da correspondente superação do módulo formativo num programa de formação profissional, tem os efeitos de isenção do módulo dos diplomas de ensino associado a essa mesma unidade de competência e vice-versa.

Artigo 21º

Diplomas e certificados

1. A obtenção de uma qualificação prevista no CNQP, é comprovada por um Certificado ou diploma do sistema educativo e/ou um certificado de qualificação profissional.

2. O certificado de qualificação ou diploma deve referenciar o nível de qualificação correspondente, de acordo com o Quadro Nacional de Qualificações e a actividade profissional para a qual foi obtida a qualificação, de acordo com o CNQP.

3. A conclusão com aproveitamento de um ou mais módulos formativos desenvolvidos com base nos referenciais do CNQP, que não permita de imediato a obtenção de qualificação ou a conclusão de um processo de reconhecimento, validação e certificação de competências, é comprovada por um certificado modular de formação.

4. Os modelos de diplomas e certificados referidos nos números anteriores são definidos e emitidos pelas entidades que integram o SNQ, no âmbito da regulamentação das modalidades de formação de dupla certificação e do reconhecimento, validação e certificação de competências, respectivamente.

Artigo 22º

Caderneta individual de competências

1. A caderneta individual de competências referida no presente diploma deve registar todas as competências que o indivíduo adquiriu ou desenvolveu ao longo da vida, bem como as restantes acções de formação concluídas e reconhecidas.

2. O modelo de caderneta individual de competências e o processo de registo são regulados por legislação própria.

Artigo 23º

Elaboração e actualização do Catálogo Nacional das Qualificações Profissionais e do Catálogo Modular de Formação Técnico-Profissional

1. A Unidade de Coordenação do SNQ, de acordo com o estabelecido no Decreto-Lei n.º 20/2010, de 14 Junho, é o responsável pelo desenvolvimento e actualização do CNQP, e dos módulos de formação do CMTFP, mediante inclusão, exclusão ou alteração de qualificações, tendo em conta as necessidades actuais e emergentes da economia.

2. Para efeito de identificação, desenvolvimento e actualização das qualificações profissionais do CNQP e do CMEFP, é aplicada uma metodologia rigorosa e participativa e estabelecidos critérios de procedimentos de cooperação e de concertação entre as autoridades públicas e os parceiros sociais.

3. Os elementos que integram o CNQP são aprovados pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação, formação profissional e emprego, ouvido o Conselho Nacional do Emprego e Formação Profissional (CNEFP), sem prejuízo das competências atribuídas ao Conselho Nacional de Educação ao abrigo do artigo do disposto no Artigo 84º das Bases do Sistema Educativo.

Artigo 24º

Certificados e diplomas já emitidos

Os certificados e diplomas emitidos em data anterior à entrada em vigor do presente diploma, mantêm-se válidos, correspondendo os respectivos níveis de educação e formação profissional aos níveis de qualificação estabelecidos no Quadro Nacional de Qualificações, em conformidade com o Anexo II do presente Diploma.

Artigo 25º

Entrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

José Maria Pereira Neves – Maria Madalena Brito Neves – Fernanda Maria de Brito Leitão Marques Vera-Cruz Pinto

Promulgado em 16 de Dezembro de 2010.

Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES.

Referendado, em 21 de Dezembro de 2010.O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.

ANEXO I

Famílias profissionais do Catálogo Nacional de Qualificações profissionais Código Família profissional

AGA Agrária

MAP Marítimo Pesqueira

IEX Indústrias Extractivas

COC Construção e Obra Civil

MAM Madeira e Mobília

PTE Produção, Transporte e Distribuição de Energia Eléctrica

IMA Instalação e Manutenção

MET Metalomecânica

MAV Manutenção de Veículos

CTP Confecção Têxtil e Pele.

INP Indústria de Processo

HRT Hotelaria, Restauração e Turismo

COM Comercio, Transportes e Logística

AGE Administração e Gestão

TIC Tecnologias de Informação e Comunicação

GIS Gráficas, Imagens e Sons

SSC Serviços Sociais, Culturais e Comunitários

SAL Saúde

IMP Imagem Pessoal

DFL Desporto, Actividades Físicas e de Lazer

ART Artes Plásticas e Artesanato, Música e Artes da Representação

MÊS Meio Ambiente e Segurança

ANEXO II

Correspondência entre os níveis de qualificação e os actuais

níveis de formação profissional e dos anteriores níveis de educação

Níveis de Educação de acordo com a Lei de Bases de Educação de

1990

Níveis de Formação profissional (RJGFP

2003)

Níveis de Qualificação

Ciclo do ensino básico (6º ano) 1

8º ano do ensino secundário 1 2

10º ano do ensino secundário 2 3

12º ano do ensino secundário 3 4

Ensino Médio 4 5Bacharelato e Licenciatura 5 6

Mestrado …… 7Doutoramento …… 8

O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.

UNIDADE DE COORDENAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE QUALIFICAÇÕES (UC-SNQ)

Decreto-Lei nº 62/2009,de 14 de Dezembro

(…)

Artigo 9ºNatureza

Junto do Gabinete do Ministro funciona a Unidade de Coordenação do Sistema Nacional de Qualificações, encarregue da concepção e do apoio técnico, no domínio das qualificações profissionais, sem prejuízo de uma constante articulação com o Membro do Governo responsável pelo Ensino Técnico.

Artigo 10ºAtribuições

1. A Unidade de Coordenação do Sistema Nacional de Qualificações, tem por atribuição assegurar-se da estruturação de um Sistema Nacional de Qualificações, enquanto o conjunto de ferramentas e acções necessárias para promover e desenvolver a integração das ofertas de formação, através do Catálogo Nacional de Qualificações e da Avaliação e Acreditação de Competências, e designadamente:

a) Criar e manter actualizado um Catálogo Nacional de Qualificações com a finalidade de facilitar o carácter integrado e a adequação entre a formação profissional e o mercado de emprego, assim como a formação ao longo da vida e a mobilidade dos trabalhadores;

b) Propor a definição e participar no estabelecimento de um Sistema de Reconhecimento das Competências que assegure um processo de avaliação das

competências das pessoas adaptada às suas especificidades e à demanda do mercado;

c) Estabelecer um formato normatizado e uma metodologia de elaboração dos perfis profissionais e os padrões de competência;

d) Propor a regulação sobre a certificação das qualificações profissionais baseadas em informações obtidas por meio de processos de testagem normatizados;

e) Delinear as diversas qualificações possíveis em áreas, famílias ou sectores profissionais;

f) Propor a definição dos níveis de qualificações, em função das competências para o trabalho;

g) Relacionar a organização curricular dos cursos de formação com as competências estabelecidas nos perfis profissionais;

h) Promover mecanismos de articulação eficiente entre os vários subsistemas formativos;

i) Propor a definição de relações de complementaridade a existir entre a formação profissional e o ensino técnico;

j) Identificar, em colaboração com os parceiros sociais, os perfis profissionais requeridos no sector empresarial e propor a definição, a partir destes, das qualificações profissionais, dotando as mesmas de características precisas;

k) Contribuir para a manutenção do sistema nacional de qualificações com altos valores de qualidade e valorização social;

l) Contribuir para a convergência entre as qualificações académicas e as profissionais;

m) Propor a definição e manutenção e a exploração de uma base de dados sobre as qualificações que assegure o seu efectivo aproveitamento por todos os interessados;

n) Promover a realização de estudos e investigações sobre as características e a evolução das qualificações como consequência das mudanças tecnológicas, organizativas e socais;

o) Promover estudos e investigações sobre a relação entre a formação profissional e o emprego e sobre a metodologia, meios e conteúdos de formação mais idóneos para se alcançar as competências profissionais requeridas pelo mercado;

p) O que mais lhe for cometido por lei ou pelo Ministro.

2. A Unidade de Coordenação do Sistema Nacional de Qualificações é dirigido por um Coordenador, com a categoria de Director de Serviço, provido mediante comissão de serviço ou contrato de gestão, conforme couber.

Artigo 11ºArticulação

1. A Unidade de Coordenação do Sistema Nacional de Qualificações, sob instruções do Ministro, articula-se com todas as entidades activas no sector do emprego e formação profissional, designadamente, a Direcção Geral do Emprego, o Instituto do Emprego e Formação Profissional, a Direcção Geral do Ensino Secundário, os Centros de Emprego, os Centros de Formação, o Conselho Nacional de Emprego e Formação, a Comissão de Equivalências para a Formação Profissional e os agentes económicos e empresariais, tendo em vista garantir a implementação das politicas, metas, objectivos, planos e orientações definidas para o sector.

2. A articulação a que se refere o número anterior efectua-se mediante reuniões ordinárias entre as partes e, eventualmente, reuniões extraordinários impostas pelas circunstâncias.”

(…)

UNIDADE NACIONAL DE ORIENTAÇÃO ESCOLAR VOCACIONAL PROFISSIONAL

(UNOEVP)

Portaria nº /2010,de 15 de Fevereiro

As mudanças constantes que caracterizam o mundo de hoje, resultado do impacto das novas tecnologias de informação e comunicação, obrigam a que todos os sistemas de Educação e Formação Profissional sejam concebidos e orientados de modo a permitir, ao indivíduo, adquirir conhecimentos teóricos, técnicos, operacionais e relacionais, capazes de lhes possibilitar uma formação integral e uma adequada inserção no mercado de trabalho e no mundo laboral.

Ciente desta realidade os Ministros da Educação e Ensino Superior e do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social entendem que para alcançar esse desiderato, é necessário orientar os jovens de forma a poderem escolher uma formação/profissão com necessária segurança.

Com este entendimento, o Governo através do Ministério da Educação e Ensino Superior e do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social decide criar uma Unidade Nacional de Orientação Escolar Profissional e Vocacional, capaz de contribuir para o desenvolvimento e implementação de políticas estratégicas adequadas que visam a dinamização e operacionalização de Núcleos de Orientação Escolar Vocacional Profissional junto dos Centros de Emprego, Centros de Formação Profissional, Centros de Juventude e nas Escolas secundárias de forma a responder às expectativas dos jovens à procura de formação / emprego.

Assim sendo, e em coerência com os princípios subjacentes à construção de um Sistema Integrado de Educação, Formação e Emprego;

Considerando as orientações do Plano Estratégico da Formação Profissional, especialmente as contidas no eixo 3, e as do Plano Estratégico da Educação, já apreciadas e validadas em Conselho de Ministros;

Nestes termos, manda o Governo de Cabo-Verde, pelos Ministros da Educação e Ensino Superior e do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social, ao abrigo da alíneas b) do artigo 204º e do n.º 3 do artigo 259º da Constituição, o seguinte:

Artigo 1º(Criação e instalação)

1. É criada a Unidade Nacional de Orientação Escolar Vocacional Profissional, designada UNOEVP.

2. A UNOEVP funciona junto do Gabinete do Ministro da Educação e Ensino Superior que articula, no âmbito das respectivas atribuições, com o Ministro do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social.

3. A instalação da UNOEVP obedece a um processo de implementação faseada, devendo, num primeiro momento, priorizar a criação de uma equipa formada por técnicos do Ministério da Educação e Ensino Superior e do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social.

4. A equipa técnica referida no número anterior pode ainda integrar elementos da Direcção Geral da Juventude a serem designados pelo Ministro que tutela a Juventude, a convite dos Membros do Governo que tutelam a UNOEVP.

Artigo 2º(Atribuições)

A UNOEVP tem por atribuições:

a) Garantir a articulação entre os Ministérios da Educação e Ensino Superior e do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social e, entre estes e os Núcleos de Orientação Escolar Vocacional Profissional junto dos Centros de Emprego, Centros de Formação Profissional, Centros de Juventude e nas Escolas secundárias, de forma a dinamizar orientações e programas nacionais a serem implementados;

b) Implementar Núcleos de Orientação Escolar Vocacional Profissional junto dos Centros de Emprego, Centros de Formação Profissional, Centros de Juventude e Escolas secundárias;

c) Supervisionar e coordenar a formação específica em matéria de orientação escolar vocacional profissional para os professores e técnicos a serem indigitados para trabalharem junto dos Núcleos de Orientação Escolar Vocacional Profissional, Centros de Emprego, Centros de Formação Profissional e Centros de Juventude;

d) Elaborar Planos de actividades e de acções a nível nacional para a Unidade Nacional de Orientação Escolar Vocacional Profissional;

e) Fazer o seguimento e a supervisão dos Núcleos de Orientação Escolar Vocacional Profissional criados e a serem criados;

f) Promover, em parceria com os Núcleos de Orientação Escolar Vocacional Profissional, feiras das profissões e sessões de orientação Escolar Vocacional Profissional, junto dos Centros de Emprego, Centros de Formação Profissional, Centros de Juventude e Escolas secundárias e instituições superiores de formação;

g) Produzir orientações e adquirir material didáctico e informativo para os Núcleos de Orientação Escolar Vocacional Profissional;

h) Promover o estabelecimento de acordos e protocolos de parcerias com instituições nacionais e estrangeiras que actuam no domínio da Orientação Escolar Vocacional Profissional;

i) Tudo o mais que lhe for cometido por determinação dos Ministros do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social e/ou da Educação e Ensino Superior.

Artigo 3º(Composição e coordenação)

1. A UNOEVP é composta por quatro elementos sendo:

a) Dois representantes da Direcção Geral do Ensino Básico e Secundário;b) Um representante do IEFP13; ec) Um representante da Direcção Geral de Emprego.

2. A UNOEVP é presidida por um coordenador, designado pelos Ministros da Educação e Ensino Superior e do Trabalho, Formação profissional e Solidariedade Social, podendo obedecer ao sistema de rotatividade entre coordenadores dos dois Ministérios.

Artigo 4º(Organização)

A UNOEVP é estruturada e organizada com base numa equipa flexível e multidisciplinar, com representantes dos Ministérios da Educação e Ensino Superior e do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social e da Juventude e organiza-se em três áreas de intervenção, designadamente:

1. Da Logística, com competências para:

a) Assegurar o apoio administrativo necessário ao desenvolvimento das actividades da Unidade;

b) Assegurar o controlo da entrada, saída, registo e distribuição de correspondências e documentos internos e externos da Unidade;

c) Organizar e manter actualizados os arquivos da Unidade.

2. Da Informação Escolar Profissional, com competências para:

a) Desenvolver acções de informação escolar e profissional;

13. Instituto do Emprego e Formação Profissional criado pelo Decreto Lei nº 51/94, de 22 de Agosto, cujos estatuto consta do Decreto-Regulamentar nº 5/2010, de 16 de Agosto.

b) Conceber e actualizar um sistema de informação de forma permanente de modo a ser produzido orientações e outros instrumentos técnicos para informação escolar e profissional;

c) Conceber, preparar, aferir e propor a normatização de instrumentos técnicos para informação escolar e profissional;

d) Conceber, preparar, aferir e propor a normatização de instrumentos técnicos de análise e diagnóstico psicológico, a utilizar pelos serviços na área de orientação vocacional;

e) Dar a conhecer aos jovens as oportunidades de formação dentro e fora do país, aconselhando-os, o quanto possível, sobre às vias escolares e profissionais mais adequadas às necessidades e à realidade do país;

f) Recolher elementos sobre a situação do mercado de trabalho e promover junto das identidades competentes o seu tratamento e divulgação de modo a ajudar os jovens a planear as suas acções escolares profissionais;

g) Institucionalizar um mecanismo de informação, divulgação e auscultação de jovens, pais e encarregados de educação e da sociedade civil no geral em parceria com os demais órgãos de comunicação social, escrita e audiovisual.

3. Da Orientação Vocacional Profissional, com competências para:

a) Promover a orientação vocacional em articulação directa com os Núcleos de Orientação Escolar Vocacional Profissional, Centros de Emprego, Centros de Formação Profissional e Centros de Juventude;

b) Orientar os jovens na busca de subsídios que lhes permitem planear opções escolares e profissionais, tendo em conta os seus próprios interesses, aptidões valores e experiências;

c) Sensibilizar os jovens para os problemas gerais que advêm do processo das escolhas escolares profissionais, ajudando-os no seu desenvolvimento vocacional;

d) Sensibilizar os Pais e Encarregados de Educação para a importância de participarem activamente no processo de escolha de formação ou profissão dos seus educandos, sem influenciar ou determinar que caminho a seguir.

Artigo 5º(Quórum e deliberação)

1. A UNOEVP reúne-se ordinariamente duas vezes por mês e extraordinariamente sempre que houver necessidade, devendo ser elaboradas actas e ou memorandos onde constam os assuntos e as decisões tomadas.

2. A UNOEVP delibera validamente com a presença de, pelo menos, dois terços dos seus membros.

3. As deliberações são tomadas por maioria absoluta dos membros.

Artigo 6º(Regimento)

Na sua primeira reunião a UNOEVP adopta o respectivo regulamento.

Artigo 7º(Senhas de presença)

1. Por cada reunião em que participarem, os membros da UNOEVP receberão senhas de presença.

2. O valor das senhas de presença é estipulado por despacho conjunto lavrado pelo Ministro das Finanças e pelos Ministros que tutelam as áreas da Educação e da Formação Profissional.

3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, os membros da UNOEVP beneficiarão das ajudas de custo que ao caso couber, assim como da isenção de pagamento das despesas de deslocação, para participarem das reuniões da UNOEVP, quando estas se realizarem fora do Concelho onde exercem a sua actividade profissional.

4. Os encargos referidos nos números anteriores bem como os meios necessários ao funcionamento da UNOEVP são suportados pelos orçamentos dos Ministérios Educação e Ensino Superior e do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social.

Artigo 8º(Entrada em vigor)

A presente Portaria entra imediatamente em vigor.

Gabinetes das Ministras da Educação e Ensino Superior e do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social, na Praia, aos 4 dias do mês de Dezembro de 2009.

As Ministras, Vera Duarte - Madalena Neves.

UNIDADES FORMATIVAS NAS ESCOLAS SECUNDÁRIAS

Portaria nº 16/2009,de 18 de Maio

Estando Cabo Verde a atravessar um período particularmente virtuoso, em matéria de desenvolvimento económico, social e cultural, tendo já contabilizado ganhos expressivos, nomeadamente a conquista do estatuto de PRM – País de Rendimento Médio, a nossa integração na OMC – Organização Mundial do Comércio, bem como o Estatuto Especial junto à EU – União Europeia e mais recentemente a ratificação da parceria para a mobilidade, através da migração circular, são aspectos encorajadores para a nossa perspectiva e ambição de num horizonte médio atingirmos a meta de país desenvolvido.

No entanto, esses ganhos constituem um grande desafio ao país e só poderão ser consolidados, com uma aposta firme na educação e valorização do capital humano cabo-verdiano, com vista a dotar o país de uma mão-de-obra altamente qualificada nos diferentes sectores de actividade aumentando, assim, a nossa produtividade e competitividade, gerando riqueza, reduzindo o desemprego e consequentemente combater a pobreza.

É neste contexto, que o Governo de Cabo Verde entende que a via para se alcançar esse desiderato, passa essencialmente pela massificação da formação técnica e profissional, aumentando e diversificando a oferta formativa destinada aos jovens, mas pautando sempre pela qualidade.

Neste quadro, o Governo através do Ministério da Educação e Ensino Superior (MEES) e do Ministério do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social (MTFPSS) decidiu criar as Unidades Formativas nas Escolas Secundárias de via geral, com vista a implementar nas escolas secundárias do país cursos de formação profissional de nível I, II e III em diversas áreas.

Tendo em conta as orientações do Plano Estratégico da Formação Profissional, especialmente nos eixos 1 e 3 e o Plano Estratégico da Educação;

Considerando, ainda o disposto nos nºs 1, 3 e 4 do artigo 5º e da subalínea i. da alínea a), do nº 1 do artigo 14º ambos do Regime Jurídico Geral da Formação Profissional, aprovado pelo do Decreto-Lei nº 37/2003 de 6 de Outubro, conjugados com o nº 2 do artigo 1º do Decreto-Regulamentar nº15/2005 de 26 de Dezembro, que define o Estatuto de Centros de Formação Profissional.

Ao abrigo do nº 1 do artigo 3º do Decreto-Regulamentar nº 15/2005, de 26 de Dezembro;

Manda o Governo da Republica de Cabo Verde, pelas Ministras da Educação e Ensino Superior, e do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social, o seguinte:

Artigo 1ºCriação

1. São criadas as Unidades Formativas nas seguintes Escolas Secundárias:a) Escola Secundária de João Teves, no Concelho de São Lourenço dos Órgãos, na

ilha de Santiago;b) Escola Secundária Baltazar Lopes da Silva, no Concelho da Ribeira Brava, na

ilha de São Nicolau;c) Escola Secundária do Sal Rei, na Vila de Sal Rei, na ilha da Boa Vista;d) Escola Secundária de Coculi, no Concelho da Ribeira Grande, na ilha de Santo

Antão.

2. Para cada curso a ser ministrado pelas Unidades Formativas, é estabelecido o limite máximo de 25 formandos.

Artigo 2ºObjectivos

As Unidades Formativas têm com o objectivo:

a) Formar profissionais em áreas específicas de acordo com as necessidades de cada localidade onde estão inseridas as Unidades Formativas;

b) Complementar, aperfeiçoar os perfis de formação numa perspectiva de convergência e interligação de novas ofertas formativas em articulação com o mercado de trabalho;

c) Incentivar e promover o empreendedorismo dos jovens formandos; ed) Capacitar e inserir os jovens no mercado de trabalho.

Artigo 3ºFrequência às Unidades Formativas

1. Podem candidatar-se á frequência às Unidades Formativas:a) Jovens com idade compreendida entre os 16 e os 25 anos de idade; eb) Jovens com idade escolar que se encontram dentro e fora do Sistema Educativo

e de acordo com os critérios de Acesso e de Permanência no Ensino Secundário.

2. Os jovens referidos no nº 1 devem:a) Ter nacionalidade cabo-verdiana, preferencialmente;b) Ter 8º ano de escolaridade completo ou certificado de formação profissional de

nível para cursos de formação profissional de nível II; ec) Ter 10º ano de escolaridade completo ou certificado de formação profissional de

nível II para cursos de formação profissional de nível III.

Artigo 4ºSelecção dos candidatos

1. A selecção dos candidatos à matrícula nas Unidades Formativas é feita através de um concurso de acesso.

2. A selecção dos candidatos inclui a análise do processo de candidatura, bem como a realização de entrevistas.

3. O processo de concurso é instruído com os seguintes documentos:a) Boletim de inscrição de modelo aprovado pelo Instituto de Empregado e

Formação Profissional;b) Certificado de habilitações literárias;c) Fotocópia do bilhete de identidade.

Artigo 5ºMatrículas

O processo de matrícula é instruído com os seguintes documentos:a) Boletim de matrícula;b) Atestado médico;c) Registo criminal;d) Duas fotografias.

Artigo 6ºFormadores

1. São formadores os professores com experiência na área a administrar, sendo dada preferência no recrutamento os candidatos a formadores residentes na área de localização da Escola Secundária.

2. Os formadores devem ter:a) Formação específica na área que pretende ministrar o módulo; eb) Formação pedagógica ou 2 anos de experiência como docente.

3. Os formadores são seleccionados através da análise curricular e de entrevista.

Artigo 7ºContrapartida aos cursos ministrados pelas Unidades Formativas

1. O desenvolvimento dos cursos ministrados pelas Unidades Formativas tem como contrapartida a comparticipação do formando nos custos da formação.

2. A comparticipação a que se refere o número anterior assume as formas de propinas e emolumentos.

Artigo 8ºEmolumentos e Propinas

1. Os emolumentos e o montante da propina a ser pago por cada formando e por cada curso serão objecto de despacho da Ministra da Educação e Ensino Superior.

2. O montante da propina a ser pago por cada formando e para cada curso será condicionado aos rendimentos anuais do mesmo e/ou dos seus encarregados de educação, mediante documento comprovativo.

Artigo 9ºPlano curricular e o organigrama das Unidades Formativas

O plano curricular das acções formativas a serem levadas a cabo nas Unidades Formativas, bem como as normas de organização e funcionamento das Unidades Formativas são estabelecidas por despacho conjunto dos membros de Governo responsáveis pelos sectores de educação e formação profissional, ouvidos o Instituto de Emprego e Formação Profissional e o Director da respectiva Escola Secundária.

Artigo 10ºEntrada em vigor

A Presente portaria entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Gabinete das Ministras da Educação e Ensino Superior e do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social, na Praia, aos 4 de Maio de 2009. – As Ministras, Vera Duarte Lobo de Pina - Maria Madalena Brito Neves.

COMISSÃO NACIONAL DE EQUIVALÊNCIA PROFISSIONAL (CNEP)

Decreto-Regulamentar n.º 5/2005,de 27 de Junho

O Decreto-Lei nº 37/2003, de 6 de Outubro, que estabelece o regime jurídico geral da formação profissional, no seu artigo 30º, alínea a), remete para o Decreto-Regulamentar o sistema de certificação da formação profissional.

Assim, considerando que o IEFP é a entidade coordenadora das actividades de Formação Profissional e reconhecendo-se a oportunidade de criação, junto desse Instituto, de uma entidade competente para se ocupar da atribuição de equivalências aos diplomas e certificados de formação profissional ministrada no País ou no Estrangeiro que obedeçam aos princípios e regras constantes da legislação vigente, nomeadamente do Regime Jurídico Geral da Formação Profissional, aprovado pelo Decreto-Lei 37/2003, de 6 de Outubro;

Nos termos da alínea a) do artigo 30º do Decreto-Lei 37/2003, de 6 de Outubro;

No uso da faculdade conferida pela alínea b) do nº2 do artigo 203º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1ºCriação

É criada, junto do Instituto do Emprego e Formação Profissional, a Comissão Nacional de Equivalência Profissional (CNEP).

Artigo 2ºComposição

1. A CNEP é constituída por cinco personalidades de reconhecida competência, designadas por despacho conjunto dos membros de Governo responsáveis pelas áreas da Educação e Valorização dos Recursos Humanos e do Trabalho, sob proposta do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

2. O despacho a que se refere o número anterior indica o Presidente, cabendo à CNEP, na sua primeira reunião, designar o Vice-Presidente, o Relator e o Secretário.

3. Sempre que a natureza ou a especificidade da matéria a discutir exija conhecimentos especializados, a CNEP pode convidar para participar nas suas reuniões peritos de outros departamentos.

Artigo 3ºCompetências

À CNEP compete:

a) Definir, nos termos da lei, os princípios e procedimentos a que deve obedecer a atribuição de equivalência aos cursos e acções de formação profissional;

b) Receber os processos de equivalência e proceder à verificação prévia da sua conformidade;

c) Analisar os processos de equivalência de formação ou qualificação profissional e emitir os competentes pareceres;

d) Pronunciar-se sobre as equivalências que devem ser atribuídas a diplomas ou certificados para efeitos de enquadramento nos diversos níveis de formação ou qualificação profissional previstos na lei;

e) Submeter à homologação da entidade competente os pareceres de equivalência, devidamente assinados pelos membros da Comissão;

f) Emitir, na sequência da homologação a que se refere a alínea anterior, certificados de equivalência profissional, assinados pelo presidente da Comissão;

g) Proceder à entrega dos certificados de equivalência aos respectivos titulares, mediante nota de recebimento;

h) Notificar aos interessados os despachos da entidade de homologação que indefiram os seus pedidos de equivalência, com a devida fundamentação, de facto e de direito;

i) Aprovar o respectivo regulamento interno e submetê-lo à homologação do Director-Geral do Instituto do Emprego e Formação Profissional;

j) Elaborar instruções específicas a que deve obedecer a organização dos processos de equivalência, sem prejuízo do disposto no presente diploma.

Artigo 4ºÂmbito da equivalência

1. A equivalência profissional a que se refere o presente diploma circunscreve-se aos cursos e acções de formação profissional ministrados no estrangeiro, salvo o disposto no número seguinte.

2. A CNEP pode atribuir equivalência aos cursos e acções de formação profissional ministrados no País antes da entrada em vigor do Decreto-Lei nº 37/2003, de 6 de

Outubro, e da respectiva regulamentação, desde que obedeçam plenamente aos princípios estabelecidos no referido diploma..

Artigo 5ºEfeitos da equivalência

1.O certificado de equivalência emitido nos termos do presente diploma reconhece ao titular a posse de habilitação profissional perante todas as entidades, públicas e privadas, sem prejuízo do número seguinte.

2. A concessão de equivalência não dispensa o titular da mesma de, para efeitos profissionais, cumprir as demais condições que, para o exercício da profissão respectiva, sejam exigíveis pelas entidades profissionais competentes.

Artigo 6ºFuncionamento da CNEP

1. A CNEP funciona nas instalações do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

2. A CNEP dispõe de um Secretariado privativo e bem assim de apoio administrativo, técnico e logístico que se revelar necessário, assegurados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional.

3. A CNEP reúne-se, ordinariamente, uma vez por mês e, extraordinariamente, sempre que for convocada pelo seu presidente ou a pedido da maioria dos seus membros, devendo ser lavradas actas das suas reuniões.

4. A CNEP delibera por maioria absoluta dos membros em efectividade de funções.

Artigo 7ºCumulação de grau académico e qualificação profissional

Sempre que um determinado curso habilite em termos de grau académico e de formação profissional, a CNEP pronunciar-se-á apenas sobre a equivalência profissional, sem prejuízo de o interessado solicitar e obter, igualmente, junto das entidades legalmente competentes, a certificação das respectivas habilitações académicas.

Artigo 8ºDever de colaboração

As entidades públicas e privadas e, designadamente, as Ordens Profissionais, devem prestar à CNEP a colaboração necessária ao desempenho cabal de suas funções.

Artigo 9ºProcesso de equivalência

Os pedidos de equivalência devem ser instruídos com os seguintes documentos:

a) Requerimento dirigido ao Director-Geral do Instituto do Emprego e Formação Profissional;

b) Cópia autenticada das habilitações de base ou da correspondente certidão de equivalência;

c) Fotocópia autenticada do diploma do curso;d) Fotocópia autenticada do currículo ou histórico do curso;e) Tradução portuguesa autenticada dos documentos emitidos em língua

estrangeira;f) Fotocópia autenticada do B.I. ou Passaporte;g) Importância correspondente ao imposto de selo e emolumentos.

Artigo 10ºInstruções de tramitação processual

1. Sem o prejuízo do disposto no artigo anterior, a organização dos processos de equivalência pode ser objecto de instruções específicas, aprovadas pela CNEP e homologadas pelo Director-Geral do Instituto do Emprego e Formação Profissional.

2. As instruções a que se refere o número anterior são devidamente publicitadas nos órgãos da comunicação social.

Artigo 11ºHomologação

1. Os pareceres emitidos pela CNEP são obrigatoriamente submetidos à homologação do Director Geral do Instituto do Emprego e Formação Profissional.

2. Dos despachos da entidade de homologação cabe recurso hierárquico necessário para o Ministro de Educação e Valorização dos Recursos Humanos.

Artigo 12°Senhas de presença

1. Por sua participação nas reuniões plenárias da CNEP, os membros desta têm direito a senha de presença, no montante de 4.000$00 (quatro mil escudos), actualizável por despacho do membro de Governo responsável pela área de Educação e Valorização de Recursos Humanos, por proposta do Director Geral do Instituto do Emprego e Formação Profissional.

2. Os encargos com as senhas de presença são suportados pelo orçamento do Instituto do Emprego e Formação Profissional.

Artigo 13ºImposto de selo e emolumentos

1. Pela emissão de certificado de equivalências é devido o imposto de selo nos termos da lei.

2. Por cada pedido de equivalência ou de emissão de segunda via são devidos emolumentos no montante de 500$00 (quinhentos escudos), os quais constituem receitas privativas do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

3. Os emolumentos referidos no número anterior podem ser actualizadas por despacho do membro do Governo responsável pela área da Educação e Valorização dos Recursos Humanos, por proposta do Director geral do Instituto do Emprego e Formação Profissional.

Artigo 14ºEntrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de MinistrosJosé Maria Pereira Neves - Filomena de Fátima Ribeiro Vieira Martins – Sidónio Fontes Lima Monteiro

Promulgado em 13 de Junho de 2005.Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES

Referendado em 21de Junho de 2005.O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

PARTE IVREGIME DE FORMAÇÃO

PROFISSIONAL

REGIME JURÍDICO GERAL DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Decreto-Lei nº 37/2003,de 6 de Outubro

O desenvolvimento de um sistema de formação profissional, em articulação com o sistema educativo e o mercado de trabalho, constitui um eixo estratégico do Programa do Governo e impõe a necessidade de uma ampla e permanente concertação com os parceiros sociais com vista à salvaguarda da coerência entre as políticas de emprego e de formação e à mobilização do esforço nacional de valorização dos recursos humanos.

O desenvolvimento sustentado de Cabo Verde, conhecidas que são as suas carências de recursos naturais, só é possível se se apostar decididamente na qualificação dos seus recursos humanos para que o país possa diminuir significativamente a sua dependência do exterior e melhorar a competitividade da sua economia a nível internacional, tanto por via do aumento de produtividade das suas unidades económicas, como pela melhoria da qualidade dos bens produzidos e dos serviços prestados.

Para a materialização de tal desiderato, torna-se necessário lançar os alicerces e as traves-mestras de um sistema coerente e eficaz de formação profissional, aproveitando a experiência já existente, e que seja consentâneo com a realidade do país.

Passo importante nesse sentido é dado com a aprovação do presente Decreto-Lei, o qual apesar de carecer de regulamentação por outros diplomas que o completem, em domínios específicos atinentes ao funcionamento do sistema de formação profissional, como sejam a certificação da formação profissional, o financiamento da formação profissional, a entidade acreditadora, o regime jurídico da aprendizagem, os estatutos do formando e do formador, os centros de formação, as entidades formadoras e as unidades formativas das escolas secundárias, pois, definem-se as opções e os princípios básicos que enformam o sistema de formação profissional.

Assim:

No uso da faculdade conferida pela alínea a) do n.º 2 do artigo 203º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

CAPÍTULO IPrincípios gerais

Artigo 1ºÂmbito

O presente diploma estabelece o regime jurídico geral da Formação Profissional.

Artigo 2ºDefinições

1. Para efeitos do presente diploma entende-se por:

a) “Formação Profissional”, o processo global e permanente através do qual jovens e adultos, a inserir ou inseridos na vida activa, se preparam para o exercício de uma actividade profissional;

b) “Formando”, o indivíduo que frequenta um curso ou acção de formação profissional;

c) “Formador”, o profissional cujo perfil funcional integra competências técnico-científicas e pedagógico-didácticas adequadas à formação que ministra;

d) “Tutor”, o indivíduo, trabalhador da entidade empregadora, com perfil adequado, que, no processo formativo, desempenha funções de orientação, integração, enquadramento e acompanhamento do formando;

e) “Gestor de formação”, o indivíduo que, numa organização ou entidade de formação, é responsável, no quadro da respectiva política de formação, pela elaboração, execução, acompanhamento, controlo e avaliação do plano de actividades e, ainda, pela gestão dos recursos afectos à organização ou entidade de formação;

f) “Entidade promotora”, a entidade pública ou privada, que desenvolve e centraliza as actividades necessárias à realização de um curso ou acção de formação, assumindo o papel de interlocutora com outras entidades públicas ou privadas que intervenham na formação;

g) “Entidade formadora”, a entidade pública ou privada, que desenvolve e executa formação para o mercado através de estrutura adequada;

h) “Entidade certificadora”, a entidade competente que, no final da formação, emite o respectivo certificado;

i) “Entidade acreditadora”, entidade responsável pelo processo de validação global e reconhecimento formal da capacidade de uma entidade nacional, estrangeira ou internacional para desenvolver actividades de natureza formativa, nos domínios e âmbitos de intervenção relativamente aos quais demonstre ter competências, meios e recursos humanos, técnicos, instrumentais e/ou materiais adequados;

j) “Perfis profissionais”, o conjunto de competências requeridas para o exercício de um posto de trabalho ou de uma profissão;

k) “Perfis de formação”, os conteúdos e as condições de desenvolvimento da formação que visam a aquisição das competências definidas no perfil profissional.

2. A preparação referida na alínea a) do n.º1 consiste na aquisição e no desenvolvimento de competências e atitudes, cuja síntese e integração possibilitam a adopção dos comportamentos adequados ao desempenho profissional.

Artigo 3ºPrincípios gerais

A formação profissional rege-se pelos seguintes princípios:

a) Da igualdade de oportunidades no acesso à formação, descentralizando as estruturas e locais de formação para anular ou atenuar os efeitos da dispersão insular do território e estimulando o acesso dos grupos sociais desfavorecidos;

b) Do envolvimento do Estado, das autarquias locais e dos parceiros sociais, procurando assegurar que o sistema de formação profissional constitua um importante factor de progresso e de desenvolvimento, respondendo adequadamente às necessidades da economia e da sociedade;

d) Da sustentabilidade do financiamento, mediante uma gestão racional das actividades de prestação de serviços a cargo das entidades formadoras e de uma adequada partilha dos custos da formação pelo Estado, Autarquias, entidades empregadoras e formandos;

e) Da certificação como meio de garantia da qualidade da formação profissional ministrada e do reconhecimento oficial da formação obtida pelos formandos;

f) Da planificação das acções de formação profissional em função das necessidades e prioridades da economia e da sociedade;

g) De articulação com o sistema educativo, visando complementar a acção educativa, racionalizando e optimizando a utilização dos recursos disponíveis;

h) Da flexibilização dos métodos, dos ritmos de aprendizagem e dos programas de formação de forma a responder às necessidades e evolução do mercado do emprego.

Artigo 4ºFinalidades

1. A formação profissional prossegue as seguintes finalidades:

a) O desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos, melhorando as suas capacidades de gestão e de desempenho sócio-profissional;

b) A adequação entre o perfil de formação ou nível de formação e o posto de trabalho, tendo em conta as capacidades do trabalhador, a evolução das funções a desempenhar e as expectativas futuras de mobilidade profissional;

c) A criação de condições para que as acções de formação profissional possam incluir na sua organização, actividades de prestação de serviços à comunidade que poderão contribuir para a sustentabilidade das entidades formadoras;

d) A modernização e o desenvolvimento integrados das organizações, da sociedade e da economia, favorecendo a melhoria da produtividade e da competitividade;

e) O fomento da criatividade, da inovação, do espírito de iniciativa e da capacidade de relacionamento;

2. A formação deve corresponder, simultaneamente:

a) Às políticas de promoção do auto-emprego e do desenvolvimento empresarial;b) Às exigências do exercício das profissões nos vários sectores de actividade, nas

diversas áreas profissionais e de formação, e nos diferentes níveis de qualificação;

c) Às aptidões, interesses e necessidades individuais dos formandos.

Artigo 5ºArticulação com o sistema educativo

1. O sistema de formação profissional será articulado com o sistema educativo14, estabelecendo-se complementaridades, alternativas e mecanismos de transição biunívoca entre os dois sistemas através de:

a) Acções de formação profissional que visem a promoção de um sistema integrado de educação formação;

b) Acções de alfabetização e educação de adultos que poderão ser integradas ou complementadas por actividades de formação profissional;

c) Complemento de diversos ciclos de ensino secundário geral e técnico com actividades ou cursos de formação profissional que confiram certificados profissionais;

14. Bases do sistema educativo: Decreto-Legislativo nº 2/2010, de 7 de Maio.

2. Aos detentores de certificados profissionais deverá ser possibilitado, mediante regras a definir, o ingresso nos ciclos de ensino secundário;

3. As Escolas Secundárias que possuam espaços oficinais ou unidades formativas15 poderão organizar cursos de formação profissional regidos por este diploma.

4. Na gestão do funcionamento dos espaços oficinais ou unidades formativas das escolas secundárias deverão comparticipar entidades promotoras dos cursos e representantes de instituições ligadas à formação profissional, às empresas e aos sindicatos do sector.

Artigo 6ºArticulação com o serviço público de emprego e outras entidades

1. O sistema de formação será articulado com o serviço público de emprego, especialmente nos domínios da informação, orientação e reabilitação profissionais, colocação e análise do mercado de emprego e medicina do trabalho, de modo que, aos candidatos à formação e aos beneficiários da formação, sejam proporcionadas condições suficientes de escolha apropriada de meios de formação e de emprego.

2. O sistema de formação será articulado com o meio empresarial, organizações representativas de trabalhadores e empregadores, organismos da juventude, solidariedade, e bem assim com programas de desenvolvimento social, regional e local, na perspectiva de satisfação plena das necessidades de formação e no aproveitamento de recursos formativos.

Artigo 7ºFormação inicial, em exercício e contínua

1. A formação profissional pode ser inicial, em exercício e contínua.

2. A formação profissional inicial visa preparar o formando para a sua inserção no mercado de trabalho, possibilitando-lhe a aquisição dos conhecimentos e competências necessários para o exercício de uma actividade profissional.

3. A formação profissional em exercício destina-se a melhorar, reciclar e aperfeiçoar as competências dos trabalhadores que exercem uma determinada actividade. Esta formação tem um carácter pontual e é desenvolvida para solucionar problemas relacionados com a requalificação de funções ou com as exigências de progressão nas carreiras profissionais16.

15. A Portaria nº 16/2009, de 18 de Maio, criou, em concreto, diversas Unidades Formativas nas escolas secundárias.

16. “1. Todo o trabalhador tem o dever de velar pela sua formação profissional, esforçando-se por adquirir os conhecimentos necessários com vista ao aperfeiçoamento sistemático e permanente do seu desempenho profissional.2. O empregador pode tratar diferentemente o trabalhador que, culposamente, não cumpra o dever de formação profissional, em matéria de abonos, subsídios, dispensas de serviço e outras medidas quando estas pressuponham o aperfeiçoamento profissional do trabalhador.

4. A formação profissional contínua insere-se no decurso da vida profissional do trabalhador e destina-se, essencialmente, a propiciar-lhe a adaptação às mutações verificadas nos domínios tecnológico, organizacional ou qualquer outro relevante, favorecer a promoção profissional e melhorar a qualidade do emprego.

CAPÍTULO IIOrganização

Secção IPrincípios básicos da organização

Artigo 8ºCaracterísticas

1. A formação profissional deve, na medida do possível, favorecer a polivalência, estruturar-se em módulos e funcionar em ligação com os contextos de trabalho e sua evolução.

2. A ligação entre o contexto de formação, por um lado, e o contexto de trabalho, por outro, será fomentada, nomeadamente, através de formação em alternância; sistema modular; estágios profissionais; programas de emprego/formação; acompanhamento da inserção na vida activa; articulação com os centros de emprego17; criação de unidades de orientação para a vida activa em escolas, centros ou outras organizações de formação.

Artigo 9ºForma de organização

1. A formação profissional organiza-se em cursos ou acções correspondentes a perfis profissionais e estrutura-se em programas de formação.

2. As acções de formação poderão ser organizadas por módulos que confiram créditos de formação capitalizáveis.3. A contabilização dos créditos a que se refere o número anterior deverá permitir, em condições a serem regulamentadas, a obtenção de certificados profissionais, em conformidade com o disposto no artigo 25º do presente diploma.

4. A duração e as características dos cursos, das acções ou dos módulos ajustar-se-ão às diferentes modalidades de formação, salvaguardando as especificidades da formação inicial, em exercício e contínua.

3. O trabalhador com maior experiência profissional tem o dever funcional de criar condições adequadas para facilitar a transmissão e aquisição desses conhecimentos pelos os trabalhadores menos experientes, de modo a evitar estrangulamentos susceptíveis de comprometer o normal funcionamento da empresa” - Artigo 129º do Código Laboral Cabo-verdiano aprovado pelo Decreto-Legislativo nº 5/2007, de 16 de Outubro.

17. O Decreto-Regulamentar nº 6/2011, de 21 de Fevereiro, regula o estatuto dos Centros de Emprego e Formação Profissional, estruturas desconcentradas do IEFP, cujos estatuto em vigor foi aprovado pelo Decreto-Regulamentar nº 5/2010, de 16 de Agosto.

5. O regulamento para a atribuição e contabilização dos créditos de formação será incluído no sistema de certificação da formação profissional.

Artigo 10ºProgramas de formação profissional

1. Os programas de formação profissional são elaborados e desenvolvidos por iniciativas quer do Estado, quer das entidades formadoras responsáveis pela sua execução, de harmonia com os princípios de organização e funcionamento definidos no presente diploma.

2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da Educação, Formação Profissional e Emprego, poderão ser definidas orientações para elaboração e execução de programas de formação profissional.

3. Os programas de formação a que se refere o número 1, deverão ser submetidos à aprovação da autoridade competente em matéria de formação profissional.

Artigo 11ºCertificação

1. A conclusão de cada curso ou acção de formação profissional confere direito a um número de unidade de créditos que poderão ser contabilizados para a emissão de um certificado profissional.

2. A certificação da formação profissional consiste na emissão, pela entidade competente, de um documento, do qual constarão as indicações constantes do número seguinte, que comprova que o titular frequentou, com aproveitamento, um curso ou acção de formação profissional.

3. O certificado deve explicitar a formação recebida, a entidade formadora, e, sendo caso disso, indicar o nível de qualificação profissional a que a formação dê acesso, o título ou títulos profissionais que confira e, na medida do possível, descrever o respectivo perfil profissional.

4. O sistema de certificação da formação profissional será objecto de diploma próprio18.

Secção IIIntervenientes na formação profissional

Artigo 12ºEnumeração

Além do formando, são intervenientes essenciais na formação profissional, o formador, o tutor, o gestor de formação, e as entidades promotora, formadora, certificadora e acreditadora.

18. Decreto-Regulamentar nº 13/2005, de 26 de Dezembro.

Artigo 13ºRequisitos da actividade do formador

Os requisitos para o exercício da actividade de formador da formação profissional será estabelecido no Estatuto do Formador, a ser aprovado em diploma próprio19 e deverá considerar, nomeadamente:

a) Os perfis funcionais exigíveis, em especial, os referentes à preparação técnica, científica, pedagógica, e social, bem como a experiência na área profissional específica.

b) Os direitos e deveres inerentes à actividade do formador.

Artigo 14ºEntidades formadoras

1. A formação profissional pode ser realizada por entidades públicas ou privadas, nomeadamente:

a) Estabelecimentos e centros de ensino e formação:i. Os estabelecimentos de ensino;ii. Os centros públicos e privados de formação;iii. Os centros de formação de gestão participada;iv. Outros centros, escolas e organizações de formação.

b) Empresas e associações patronais e empresariais:i. Associações sindicais e profissionais;ii. Autarquias locais e suas associações;iii. Instituições particulares de solidariedade social;iv. Associações culturais, de desenvolvimento local e regional.

2. A entidade formadora, pública ou privada, deve possuir os requisitos adequados aos domínios em que se proponha desenvolver actividades de natureza formativa, nomeadamente a nível de competências e recursos humanos, técnicos e materiais.

Secção IIIModalidades da formação

Artigo 15ºModalidades

1. A formação profissional pode revestir modalidades diferenciadas tais como de iniciação, qualificação, aperfeiçoamento, reconversão e especialização.

2. Estas modalidades poderão ser implementadas com a utilização de metodologias de formação presencial ou à distância.

19. Decreto-Regulamentar nº 14/2005, de 26 de Dezembro.

Artigo 16ºModalidades da formação inicial

1. A formação profissional inicial abrange a qualificação e a iniciação profissional.

2. A qualificação profissional visa a aquisição, pelos formandos, dos conhecimentos e competências necessárias para o exercício de uma profissão.

3. A iniciação profissional integra acções de formação de curta duração destinadas a proporcionar aos formandos conhecimentos técnicos elementares e capacidades, de forma a criar condições de acesso a uma profissão de carácter essencialmente prático.

Artigo 17ºAprendizagem

Na formação profissional inicial é atribuída especial relevância ao regime de aprendizagem, o qual integra:

a) Aprendizagem formal, caracteriza-se por ser uma formação em regime de alternância, em que há uma componente teórico-prática, ministrada num centro de formação e, uma componente prática em contexto real de trabalho, ministrada numa empresa ou noutra entidade empregadora;

b) Aprendizagem tradicional, caracteriza-se por ser uma formação ministrada integralmente em contexto real de trabalho numa empresa ou noutra entidade empregadora.

Artigo 18ºModalidades da formação contínua

1. A formação profissional em exercício e contínua abrange o aperfeiçoamento, a reciclagem, a reconversão e a especialização.

2. O aperfeiçoamento profissional destina-se a complementar e melhorar conhecimentos, capacidades práticas, atitudes e formas de comportamento, no âmbito da profissão exercida.

3. A reciclagem profissional tem por objectivo a actualização ou aquisição de conhecimentos, capacidades e atitudes dentro da mesma profissão, devido, nomeadamente, aos progressos científicos e tecnológicos.

4. A reconversão profissional tem por finalidade dar ao formando uma qualificação diferente da que ele possua, em ordem a permitir-lhe o exercício de uma nova actividade profissional.

5. A especialização profissional visa reforçar, desenvolver e aprofundar capacidades, atitudes e formas de comportamento ou conhecimentos adquiridos durante a formação inicial, necessários ao melhor desempenho de certas tarefas profissionais.

Artigo 19ºÁreas profissionais, profissões e postos de trabalho

1. A formação profissional abrange designadamente, áreas profissionais, profissões e postos de trabalho.

2. As áreas profissionais, as profissões e os postos de trabalho distinguem-se pela especificidade das respectivas funções de trabalho e pela sua afinidade formativa.

3. A afinidade formativa respeita aos conteúdos de formação, às bases científicas comuns e à aplicação em funções de trabalho semelhantes.

4. As áreas profissionais são constituídas por conjuntos homogéneos de profissões afins.

5. As profissões são constituídas por conjuntos homogéneos de postos de trabalho afins.

6. Os postos de trabalho são constituídas por conjuntos homogéneos de operações e tarefas afins.

Secção IVComponentes da formação

Artigo 20ºComponentes de formação

1. A formação profissional integra componentes de formação científica, técnica, tecnológica, prática, sociocultural e de gestão.

2. A componente prática da formação integra o contexto real de trabalho e/ou a prática simulada em contexto de formação.

Artigo 21ºComponentes de formação sociocultural

1. A componente de formação sociocultural é constituída pelas competências, atitudes e conhecimentos gerais relativos:

a) Ao exercício de todas as actividades;b) Ao desempenho dos diversos papeis sociais nos vários contextos de vida,

nomeadamente o do trabalho;c) Ao domínio de línguas vivas.

2. A componente de formação sociocultural visa a integração da formação no processo de desenvolvimento pessoal, profissional e social dos indivíduos e a sua inserção no mundo do trabalho.

3. A componente de formação sociocultural compreende a aquisição de competências de empregabilidade, nomeadamente para a criação do próprio emprego e de elementos apropriados de cultura profissional, de cultura da empresa e de higiene e segurança no trabalho.

4. A componente de formação sociocultural deve ser incluída nas modalidades de formação profissional referidas no artigo 15º e em todos os níveis de qualificação, e adaptada às características de cada curso ou acção de formação profissional.

5. A componente de formação sociocultural deve igualmente incluir a promoção de valores do trabalho, do rigor, da organização, da poupança, do reinvestimento e da competitividade pessoal e empresarial.

Artigo 22ºComponente da formação prática

1. A componente da formação prática é constituída pelas competências técnicas cuja aquisição permite o desenvolvimento das habilidades que integram o exercício profissional e é tanto mais exigente quanto maior for a complexidade das tarefas a realizar.

2. A componente de formação prática pode assumir a forma de práticas em contexto real de trabalho ou de práticas simuladas em contexto de formação, orientadas pelo formador.

3. A componente de formação prática deve ser incluída em qualquer das modalidades de formação profissional referidas no artigo 15º e em todos os níveis de qualificação, e adaptadas às características de cada curso ou acção de formação profissional.

Artigo 23ºComponente de formação tecnológica

1. A componente de formação tecnológica é constituída pelo conhecimento das tecnologias necessárias para compreender a actividade prática e para resolver os problemas que integram o exercício profissional.

2. A componente de formação tecnológica deve ser incluída nas modalidades de formação profissional no nível de qualificação a ser definido em diploma próprio.

Artigo 24ºComponente de formação científica

1. A componente de formação científica é constituída pelas disciplinas ou ciências básicas que fundamentam as respectivas tecnologias e são comuns a várias actividades profissionais.

2. A componente de formação científica deve ser incluída nas modalidades de formação profissional, de acordo com o nível de qualificação a ser definido em diploma próprio.

Artigo 25ºNíveis de formação profissional

1. Atendendo à complexidade, conteúdo, duração indicativa e requisitos mínimos de entrada, são cinco os níveis de formação profissional, designadamente:

Formação Profissional de Nível I:Requisitos mínimos de entrada: 6º ano de escolaridade ou equivalenteDuração indicativa: De 600 a 1000 horas (incluindo estágio)

Formação Profissional de Nível IIRequisitos mínimos de entrada: 8º ano de escolaridade ou equivalenteCurso técnico-profissional de Nível IDuração indicativa: De 600 a 1000 horas (incluindo estágio)

Formação profissional de Nível IIIRequisitos mínimos de entrada: 10º ano de escolaridade (via geral) ou equivalenteDuração indicativa: De 1.200 a 1.500 horas (incluindo estágio)Requisitos mínimos de entrada: 10º ano de escolaridade (via técnica) ou equivalenteCurso técnico-profissional de Nível IIDuração indicativa: De 900 a 1.200 horas (incluindo estágio)

Formação Profissional de Nível IV:Requisitos mínimos de entrada: 12º ano do ensino secundário (via geral) ou equivalenteDuração indicativa: De 1.200 horas a 1.800 horas (incluindo estágio)Requisitos mínimos de entrada: 12º ano do ensino secundário (via técnica)Curso técnico-profissional de Nível IIIDuração indicativa: De 900 a 1.500 horas (incluindo estágio)

Formação profissional de Nível V:Requisitos mínimos de entrada: 12º ano de ensino secundário ou equivalenteCurso técnico-profissional de nível IVDuração indicativa: De 1.800 a 2.400 horas (incluindo estágio)

2. Será objecto de diploma próprio a descrição detalhada dos níveis, dos requisitos mínimos de entrada, a duração indicativa, o conteúdo e os certificados profissionais a que dão direito, assim como a intercomunicação entre os diversos níveis de formação.

Secção VPerfis

Artigo 26ºPerfis profissionais e perfis de formação

A formação profissional deve basear-se em perfis de formação correspondentes a perfis profissionais.

Secção VIFinanciamento e apoios públicos

Artigo 27ºFinanciamento e apoios públicos à formação

1. O financiamento da formação profissional é assegurado pelo Estado, autarquias locais, entidades empregadoras, formandos e, eventualmente, por fundos provenientes de outras entidades nacionais, estrangeiras e internacionais.

2. As empresas e outras entidades financiam directamente a formação que realizem por si mesmas e em cooperação entre si ou com recurso ao exterior, podendo também beneficiar dos apoios técnicos e financeiros previstos em legislação específica.

3. Só pode ser apoiada técnica e/ou financeiramente pelo Estado ou por outras entidades públicas a formação profissional a que seja reconhecido interesse nacional, regional ou local, ministrada por entidades devidamente acreditadas.

4. Destinam-se à formação profissional as dotações inscritas, para o efeito, no Orçamento do Estado, bem como as que vierem a ser definidas no diploma que estabelece o sistema de financiamento da formação profissional.

Secção VIIAvaliação e coordenação

Artigo 28ºAvaliação

1. A formação profissional é objecto de avaliação contínua e sistemática, quer nas vertentes administrativo-financeira, quer na vertente técnico-pedagógico, quer ainda na sua relação com o emprego.

2. A avaliação da formação profissional é realizada a nível sectorial, nacional e regional, pelas estruturas responsáveis pela coordenação.

3. Ao Instituto do Emprego e Formação Profissional, em articulação com o Conselho Nacional de Emprego e Formação Profissional, compete garantir a definição e execução do processo referido nos números anteriores.

Artigo 29ºCoordenação

1. A formação profissional é coordenada pelo departamento governamental responsável pelas áreas da Educação, Formação Profissional e Emprego, com a participação dos restantes Ministérios em razão da matéria.

2. O Instituto do Emprego e Formação Profissional em articulação como os parceiros sociais e outras entidades relevantes, deve promover o levantamento e análise das necessidades de formação profissional a nível nacional, regional e local, bem como a sua permanente actualização e divulgação.

3. O Instituto do Emprego e Formação Profissional deverá coordenar e acompanhar a actividade da formação profissional, evitando duplicações, tendo em vista a adequação da formação com as necessidades do mercado de trabalho e a salvaguarda da qualidade da formação.

4. As entidades formadoras públicas e privadas que realizem formação profissional apoiada técnica ou financeiramente pelo Estado ou por outras entidades públicas devem

fornecer todos os dados que lhes forem solicitados ao Instituto do Emprego e Formação Profissional relativamente à sua actividade formativa.

CAPÍTULO IIIDisposições transitórias e finais

Artigo 30ºRegulamentação

Serão objecto de regulamentação, por Decreto-Regulamentar, as seguintes matérias:

a) A certificação20;b) O financiamento da formação profissional21;c) O estatuto do centro de formação, entidades formadoras22 e unidades formativas

das escolas secundárias23;d) O regime jurídico da aprendizagem;e) A entidade acreditadora24;f) O estatuto do formando25;g) O estatuto do formador26.

Artigo 31ºEntrada em vigor

20. Certificação da formação profissional, que consta do Decreto-Regulamentar nº 13/2005, de 26 de Dezembro.

21. O Fundo de financiamento da formação profissional, criado pelo Decreto-Regulamentar nº 17/2005, de 26 Dezembro.

22. Nestes particular temos o Estatuto do centro de formação profissional, aprovado pelo Decreto-Regulamentar n º 15/2005, de 26 de Dezembro. Por outro lado, o Decreto-Regulamentar nº 6/2011, de 21 de Fevereiro, veio aprovar os estatutos dos Centros de Emprego e Formação Profissional (CEFP), a que se refere o n.º 2 do artigo 4.º do Decreto-Regulamentar n.º 5/2010, de 16 de Agosto (estruturas desconcentradas do IEFP). Não é clara a articulação entre os dois diplomas, se é que ela existe. Veja-se o exemplo da Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde, criado pela Portaria nº 38-A/2008, de 27 de Novembro.

23. A Portaria nº 16/2009, de 18 de Maio, criou, em concreto, diversas Unidades Formativas nas escolas secundárias.

24. Acreditação da formação profissional, aprovado pelo Decreto-Regulamentar nº 2/2011, de 24 de Janeiro. Este diploma revogou o Decreto-Regulamentar nº 18/2005, de 26 Dezembro.

25. Estatuto do formando, aprovado pelo Decreto-Regulamentar nº 16/2005, de 26 de Dezembro.

26. Estatuto do formador, aprovado pelo Decreto-Regulamentar nº 14/2005, de 26 de Dezembro

O presente diploma entra em vigor no dia imediato ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

José Maria Pereira Neves – Carlos Augusto Duarte de Burgo – Victor Manuel Barbosa Borges – Júlio Lopes Correia.

Promulgado em 18 de Setembro de 2003.Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES.

Referendado em 23 de Setembro de 2003.O Primeiro Ministro, José Maria Pereira Neves.

CERTIFICAÇÃO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Decreto-Regulamentar nº 13/2005,de 26 de Dezembro

Em cumprimento do Programa do Governo da VI Legislatura, foi publicado o Decreto-Lei n.º 37/2003, de 6 de Outubro, que aprova o Regime Jurídico da Formação

Profissional, consagrando as grandes linhas de orientação para o desenvolvimento de um verdadeiro sistema de formação profissional em Cabo Verde.

Na sequência e em regulamentação do referido diploma, torna-se necessário regulamentar as condições a que deve obedecer o processo de certificação da formação profissional, que tem por objectivos essenciais:

• Reconhecer as competências profissionais dos recursos humanos;• Facilitar a transferência de competências profissionais dentro de um mesmo

processo laboral e entre empresas ou áreas económicas;• Fomentar a vinculação entre a oferta de formação profissional e as exigências do

mercado do trabalho;• Melhorar e flexibilizar o processo de selecção, recrutamento e inserção do

pessoal na empresa;• Orientar a aquisição e/ou evolução de competências profissionais facilitando a

aquisição progressiva de conhecimentos e capacidades.

Porque se preconiza um sistema de certificação profissional credível, importa que o mesmo se baseie nos critérios de objectividade do processo de avaliação e de fiabilidade dos resultados da avaliação, assegurando a medição efectiva das variáveis susceptíveis de certificação, nomeadamente conhecimentos, atitudes e capacidades.

Traduzindo o resultado final da avaliação efectuada ao longo do processo de formação, a certificação profissional é, nos termos do presente diploma, da competência da entidade formadora, desde que devida e previamente creditada, sem prejuízo do papel supletivo do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), enquanto entidade reguladora e supervisora do sistema de formação profissional.

Na senda de opções mais avançadas nesta matéria, especificam-se as formas de Certificação Profissional, que consistem na emissão de um Certificado de Formação Profissional, documento comprovativo de que o seu titular atingiu com êxitos os objectivos de um curso ou acção de formação profissional ministrada num centro de formação profissional, acreditado como tal, ou de Certificado de Aptidão Profissional, com o qual se comprova que o respectivo titular, independentemente da frequência de um curso regular de formação, mas mediante uma avaliação específica, levada a cabo por um júri ad hoc, possui as competências requeridas para o exercício de uma dada profissão.

O processo de atribuição dos certificados de formação e aptidão profissional e bem assim os conteúdos desses certificados são outras matérias objecto de clarificação no presente Decreto-Regulamentar, que estabelece, ainda, algumas das normas transitórias pertinentes.

Nestes termos, ao abrigo do disposto no nº 4 do artigo 11º e na alínea a) do artigo 30º do Decreto-Lei n.º 37/2003, de 6 de Outubro;

No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 204º da Constituição da República, o Governo decreta o seguinte:

CAPÍTULO I

Disposições gerais

Artigo 1ºObjecto

O presente diploma define as regras e os procedimentos a que deve obedecer o processo de Certificação da Formação Profissional ministrada ou adquirida nos termos do Regime Jurídico da Formação Profissional, aprovado pelo Decreto-lei n.º 37/2003, de 6 de Outubro.

Artigo 2ºConceitos

Para efeitos do presente diploma entende-se por:

a) Sistema de certificação profissional, o conjunto de mecanismos necessários que permitem a um ou mais organismos certificar que um indivíduo está capacitado para o desempenho de uma determinada profissão e/ou actividade profissional em conformidade com os perfis profissionais e/ou normas de competência profissional reconhecidas a nível nacional e/ou sectorial, nomeadamente perfis profissionais.

b) Elementos do sistema de certificação, todas as normas técnicas de competência profissional por ramo de actividade económica e os mecanismos inerentes à avaliação e certificação.

c) Entidade certificadora, a entidade competente que, no final da formação emite o respectivo certificado.

d) Entidade formadora, a entidade pública ou privada, que desenvolve e executa a formação profissional através de centro de formação ou estrutura equivalente.

e) Certificação profissional, o processo oficial de validação das condições requeridas para o exercício de uma determinada profissão e/ou actividade profissional nomeadamente conhecimentos, atitudes e capacidades profissionais obtidas em conformidade como os perfis profissionais e/ou normas de competência profissional reconhecidas a nível nacional e/ou sectorial;

f) Certificado profissional, o documento que comprova que o seu titular está habilitado e/ou preenche outros requisitos necessários ao exercício de uma profissão ou actividade profissional;

g) Avaliação baseada em critérios de competência profissional, o procedimento através do qual se recolhe sufi cientes evidências sobre o desempenho do indivíduo em conformidade com a norma profissional estabelecida para uma profissão em questão e cujo resultado deve ser a confirmação se o indivíduo está ou não capacitado para o exercício de uma determinada profissão ou actividade profissional.

h) Exame ad hoc, exame prestado para efeito exclusivo de certificação de aptidão profissional.

Artigo 3ºObjectivos da certificação

São objectivos essências da certificação profissional, nomeadamente:

a) Reconhecer as competências ou aptidões profissionais dos recursos humanos.b) Facilitar a transferência de competências profissionais dentro de um mesmo

processo laboral e entre empresas ou áreas económicas.c) Fomentar a vinculação entre a oferta de formação profissional e as exigências do

mercado do trabalho.d) Melhorar e flexibilizar o processo de recrutamento e inserção do pessoal na

empresa.e) Orientar a aquisição e/ou evolução de competências profissionais facilitando a

aquisição progressiva de conhecimentos e capacidades.

Artigo 4ºCritérios

O Sistema de Certificação Profissional obedece, nomeadamente, aos critérios de:

a) Objectividade do processo de avaliação;b) Fiabilidade dos resultados da avaliação, assegurando à medição efectiva de

variáveis susceptíveis de certificação, nomeadamente conhecimentos, capacidades e atitudes.

Artigo 5ºOrganização da Formação

1. Salvo o disposto no artigo 11°, a Certificação Profissional é condicionada à frequência de cursos ou acções de formação profissional, estruturados em programas e conducentes à obtenção de perfis ou competências profissionais, em conformidade com o disposto no Regime Jurídico da Formação Profissional.

2. As acções de formação profissional a que se refere o número anterior poderão ser organizadas por módulos que confiram créditos de formação capitalizáveis.

3. A contabilização dos créditos a que se refere o número anterior deverá permitir a obtenção de certificados profissionais, em conformidade com os níveis de formação estabelecidos no artigo 25º do Regime Jurídico Geral da Formação Profissional e que baixa em anexo descritos e detalhados.

4. Compete ao Instituto de Emprego e Formação Profissional27, doravante designada IEFP, enquanto entidade de supervisão do processo de certificação profissional, definir em que condições o método de créditos de formação capitalizáveis deve ser aplicado, observando-se, para todos os efeitos, os currículos de formação, os perfis de profissão e/ou as normas de competência profissional legalmente estabelecidos.

Artigo 6ºEntidade competente para certificação

1. É competente para a certificação de formação profissional a entidade formadora devidamente acreditada pelo IEFP.

27. O Decreto-Regulamentar nº 5/2010, de 16 de Agosto, aprova os novos Estatutos do Instituto do Emprego e Formação Profissional, abreviadamente designado IEFP.

2. Compete ao IEFP dirimir conflitos que possam surgir entre os formandos e as entidades formadoras em matéria de certificação profissional.

3. Sem prejuízo do disposto no n.° 1, e nos termos da lei, a Comissão Nacional de Equivalência Profissional é a entidade competente para se pronunciar sobre a formação profissional ministrada por entidades formadoras antes da entrada em vigor do presente diploma.

CAPÍTULO IICertificados profissionais

Artigo 7ºCertificados profissionais

A certificação profissional é realizada mediante a emissão de seguintes documentos:

a) Certificado de formação profissional;b) Certificado de aptidão profissional.

Secção ICertificado de formação profissional

Artigo 8ºCertificado de formação profissional

O certificado de formação profissional é o documento comprovativo de que o seu titular atingiu com êxito os objectivos de um curso ou acção de formação profissional ministrado num centro de formação profissional28, acreditado como tal.

Artigo 9ºConteúdo

1. O certificado de formação profissional deve indicar, essencialmente:

a) A identificação da entidade que o emite;b) A identificação do titular que o recebe;c) A designação do curso ou acção de formação que frequentou;d) A designação da profissão;e) O nível de formação profissional a que dá direito;f) A estrutura curricular do curso ou acção de formação;g) A carga horária;h) O resultado da avaliação final;i) A base legal da competência para a emissão do certificado.

2. O certificado de formação profissional deve ainda especificar, se for o caso:

28. Ver o estatuto dos centros de formação profissional constante do Decreto-Regulamentar n.º 15/2005, de 26 de Dezembro.

a) A equivalência a habilitações escolares, nos termos da legislação aplicável;b) A aptidão para o exercício de uma determinada profissão ou actividade

profissional.

3. A pedido do interessado, pode ser certificado o aproveitamento de uma parte da formação contida no programa de formação, quando se tratar de uma formação modular ou susceptível de conferir número de créditos capitalizáveis.

4. No prazo de 30 dias após a entrada em vigor do presente diploma, o Instituto do Emprego e Formação Profissional publicará o modelo do certificado de formação profissional.

Secção IICertificado de aptidão profissional

Artigo 10ºCertificado de aptidão profissional

O certificado de aptidão profissional é um documento comprovativo de que o seu titular, mediante avaliação e independentemente da frequência de cursos formais de formação profissional, possui:

a) As competências requeridas para o exercício de uma determinada profissão ou actividade profissional;

b) Perfil profissional equivalente a um dos níveis de formação profissional previstos no Regime Jurídico Geral de Formação Profissional;

c) Outras condições eventualmente exigidas para o exercício de uma determinada profissão ou actividade profissional.

Artigo 11ºAvaliação de aptidão

1. São competentes para avaliar a aptidão profissional:

a) Júris integrados por 3 individualidades de reconhecida competência científica, técnica e profissional nas áreas a que respeita a avaliação, designados pelo IEFP;

b) Instituições de formação profissional públicas ou privadas, devidamente acreditadas junto do IEFP, mediante autorização prévia deste, podendo o instituto fazer-se representar no processo de avaliação por um avaliador independente.

2. As avaliações referidas no n.° 1 do presente devem consistir na prestação de provas de exame ad hoc, de natureza teórica e prática ou teórico-prática, versando aspectos relevantes da actividade profissional em causa.

Artigo 12ºCertificação

A emissão de certificados de aptidão profissional é feita pelo IEFP, com base no processo de avaliação apresentado pelas entidades referidas no artigo anterior.

Artigo 13ºConteúdo

O certificado de aptidão profissional deve indicar essencialmente:

a) A identificação da entidade que o emite;b) A identificação do titular que o recebe;c) A designação da profissão; d) O nível de formação profissional a que dá direito;e) A referência à experiência ou actividade profissional, em que se reconhece a

aptidão do titular;f) A base legal da competência para a emissão do certificado.g) A aptidão para o exercício de uma determinada profissão ou actividade

profissional.

CAPÍTULO IIIDisposições finais

Artigo 14ºNormas comuns

A emissão de certificados de formação e de aptidão profissionais obedece, nomeadamente, às seguintes normas comuns:

a) Posse de habilitações académicas e ou de perfis de formação correspondentes;b) Comprovação de competência profissional, em função dos conteúdos

programáticos e do nível de formação profissional correspondentes;c) Idade mínima requerida para o exercício da actividade profissional;d) Regras especiais de eventuais condições de acesso;e) Discrição detalhada dos processos de avaliação.

Artigo 15ºNíveis de formação

1. A certificação profissional confere níveis de formação profissional nos termos do Regime Jurídico Geral da Formação Profissional e demais diploma complementar ou regulamentar.

2. O nível de formação profissional atingido confere o direito de acesso à qualificação no nível seguinte na mesma área e/ou família profissional.

Artigo 16ºReconhecimento dos planos curriculares

1. Só podem conceder certificados de formação profissional com os efeitos previstos no presente diploma as entidades formadoras cujos planos curriculares de formação, com a indicação dos respectivos níveis de formação, forem previamente aprovados pela entidade de supervisão da certificação profissional.

2. As entidades formadoras devem apresentar ao competente órgão de supervisão da certificação profissional os planos curriculares dos cursos, com indicação dos níveis de formação, para efeitos de aprovação, no prazo máximo de 30 dias.

Artigo 17ºCertificados anteriormente emitidos

Os certificados ou quaisquer documentos de formação, aptidão, qualificação ou designações afins emitidos antes da entrada em vigor do presente diploma, atestando a preparação para o exercício qualificado de uma profissão ou actividade profissional, consideram-se, para todos os efeitos, como certificados de aptidão, devendo o seu titular solicitar o seu reconhecimento oficial à entidade competente, em conformidade com o disposto no n° 3 do artigo 6°.

Artigo 18ºEntrada em vigor

Este diploma entra imediatamente em vigor.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.José Maria Pereira Neves - Filomena Martins - Sidónio Monteiro.

Promulgado em 8 de Dezembro de 2005.Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES.

Referendado em 14 de Dezembro de 2005.O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.

ESTATUTO DO FORMADOR DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Decreto-Regulamentar nº 14/2005,de 26 de Dezembro

A qualidade da formação profissional é largamente tributária do perfil do formador, cujas competências científica, técnica e profissional desempenham um papel decisivo no sucesso das iniciativas de formação.

Em Cabo Verde, onde o sistema de formação profissional está na fase de afirmação, não existe, para além do diploma que define o Regime Jurídico de Formação Profissional, um instrumento específico de regulação dos aspectos atinentes ao exercício das funções de formador de formação profissional, abstraindo-nos, é claro, do caso das escolas secundárias da via técnica e profissionalizante, cujos formadores se sujeitam ao Estatuto do Pessoal Docente.

Face a esta lacuna, afigura-se, pois, de manifesta pertinência e actualidade a aprovação do Estatuto do Formador de Formação Profissional, regulando os direitos, regalias, deveres e condições de exercício das funções de formador, contribuindo-se, destarte, para um maior investimento e rigor na qualificação e profissionalização dos agentes formadores, em prol da excelência das acções de formação profissional em Cabo Verde, condição indispensável para o aumento da competitividade da economia e do país.

Nestes termos, ao abrigo do disposto artigo 13º e na alínea g) do artigo 30º do Decreto-Lei nº 37/2003, de 6 de Outubro;

No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 204º da Constituição da República, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1ºObjecto

O presente diploma define o Estatuto do Formador de Formação Profissional, adiante designado Estatuto, estabelecendo as condições do exercício das funções de formador nos cursos ou acções de formação profissional realizados em Cabo Verde, em qualquer área ou nível previsto no Regime Jurídico de Formação Profissional.

Artigo 2ºÂmbito

1. O presente Estatuto reporta-se a todo o profissional que, de forma permanente ou não, exerce a actividade de formador de formação profissional em cursos e/ou acções de formação oficialmente reconhecidos.

2. Os cursos e ou acções de formação profissional referidos no número anterior podem ser organizados, ministrados ou promovidos por entidades públicas, privadas e organizações da sociedade civil oficialmente acreditadas.

3. O formador das escolas secundárias de via técnica rege-se pelo disposto no Estatuto do Pessoal Docente, sem prejuízo de submissão ao presente diploma para efeitos de exercício da actividade profissional fora das referidas escolas.

Artigo 3ºDefinição de Formador

1. Para efeitos do presente Estatuto, considera-se Formador da Formação Profissional todo o profissional cujo perfil funcional integre competências técnico-científicas e pedagógicas adequadas à formação que ministra.

2. O Formador de Formação Profissional deve estar habilitado com um curso específico de formação que ateste as competências referidas no número anterior.

3. Considera-se igualmente Formador de Formação Profissional aquele que, além da formação científica e técnica de base, tiver frequentado, com aproveitamento, um curso específico de capacitação pedagógica ou possuir experiência profissional como formador, com avaliação de desempenho positiva e superiormente validada.

4. As competências a que se refere o número anterior são comprovadas mediante Certificado de Aptidão a emitir nos termos e condições previstos no presente diploma.

Artigo 4ºEnquadramento

1. Para efeitos do presente Estatuto, o Formador de Formação Profissional, segundo o regime de ocupação, em:

a) Formador permanente, o profissional que desempenha a função de formador como actividade profissional principal.

b) Formador não permanente, o profissional que desempenha a função de formador, como actividade profissional secundária.

2. Quanto ao vínculo laboral com a entidade formadora, o Formador de Formação Profissional classifica-se em:

a) Formador interno, o profissional pertencente ao quadro de pessoal da entidade formadora onde desempenha a função de formador.

b) Formador externo, o profissional que exerce a actividade de formador sem, contudo, pertencer ao quadro de pessoal da entidade formadora onde desempenha a função de formador.

3. Em termos de componente de formação, o Formador de Formação Profissional classifica-se em:

a) Formador teórico, o profissional que numa entidade formadora assume a tarefa de orientar o formando na aquisição de conhecimentos e competências teóricos necessários ao exercício de uma determinada actividade profissional e apoiar o seu desenvolvimento pessoal como cidadão;

b) Formador prático, o profissional que numa entidade formadora assume a tarefa de orientar o desenvolvimento de capacidades e competências práticas o formando através de sessões de formação prática simulada ou em contexto real de trabalho, apoiando igualmente a evolução da personalidade do formando:

c) Formador teórico e prático, o profissional que, em simultâneo, realiza as tarefas descritas nas alíneas a) e b);

d) Tutor; o individuo, trabalhador da entidade empregadora, com perfil adequado, que, no processo formativo, desempenha funções de orientação, integração, enquadramento e acompanhamento do formando.

Artigo 5ºRequisitos

Além das qualificações académicas, pedagógicas e profissionais da área comprovadas pelo respectivo Certificado, são requisitos para a atribuição do estatuto de formador:

a) Os requisitos técnico-pedagógicos;b) Os requisitos psicossociais;c) Outros requisitos.

Artigo 6ºRequisitos técnico-pedagógicos

Constituem requisitos técnico-pedagógicos para o exercício da actividade de formador, nomeadamente:

a) A capacidade de conduzir o processo de formação-aprendizagem segundo os princípios, métodos e normas de pedagogia recomendáveis;

b) A facilidade de adaptar-se a diferentes contextos organizacionais e diferentes grupos de formandos.

c) A capacidade de contribuir para a criação de um ambiente favorável à formação;d) A capacidade de avaliar os resultados e a eficácia de todo o processo de

formação profissional;e) A capacidade de garantir a eficácia e a eficiência em todo o processo de

formação e ensino-aprendizagem.

Artigo 7ºRequisitos psicossociais

Constituem requisitos psicossociais para o exercício da actividade de formador, nomeadamente:

a) Ser responsável e autónomo;

b) Possuir espírito de equipa, capacidades de relacionar-se e colaborar, com os demais;

c) Possuir espírito de auto-desenvolvimento pessoal e profissional;d) Ser receptivo à formação;e) Ter espírito de liderança;f) Possuir facilidades de comunicação interpessoal;g) Possuir autodomínio emocional.

Artigo 8ºOutros requisitos

Constituem outros requisitos necessários ao exercício da actividade de formador, a ausência comprovada de impedimentos de natureza física, psíquica e antecedentes criminais que impossibilitem o exercício da actividade de formador ou que sejam susceptíveis de serem agravadas por causa do desempenho desta.

Artigo 9ºPapel do formador

No desempenho das suas funções, o formador assume a responsabilidade de, nomeadamente:

a) Estar à disposição da formação de novas gerações de profissionais, criando condições para a aquisição do saber teórico (conhecimentos), do saber fazer (capacidades), do saber estar (atitudes) e do saber aprender (aprender ao longo da vida);

b) Contribuir, pela natureza da sua posição, para o progresso sócio-económico de toda a sociedade e pela afirmação da cidadania:

c) Defender os interesses e direitos do formando, à obtenção duma formação profissional de e com qualidade.

Artigo 10ºDireitos do Formador

1. Constituem direitos essenciais do formador:

a) Ter remuneração compatível ao seu desempenho;b) Obter informações e condições adequadas à realização do processo formativo;c) Apresentar sugestões para a actualização técnica, científica e pedagógica relativa

ao seu campo de actuação, inclusive na aquisição de materiais e outros recursos que melhorem a eficácia do processo formativo;

d) Participar em programas de actualização, especialização e aperfeiçoamento profissional destinados a formadores;

e) Beneficiar de condições de segurança necessárias ao exercício da actividade de formador.

2. As condições de segurança a que se refere a alínea e) do número anterior compreendem:

a) Protecção contra acidentes de trabalho, nos termos da legislação em vigor;

b) A prevenção e o tratamento de doenças que venham a ser identificadas como resultando directamente do exercício de suas funções;

c) A protecção nos termos da legislação em vigor contra a prática de ofensas físicas, morais ou de outras, durante o exercício de suas funções ou por causa destas.

Artigo 11ºDeveres do Formador

Constituem deveres essenciais do formador, nomeadamente:

a) Cumprir de forma integral o programa de formação profissional sob sua responsabilidade;

b) Gerir o processo formativo de acordo com o programa estabelecido, empenhando-se em criar condições ao formando para a aquisição de competências necessárias à sua formação;

c) Exigir do formando o cumprimento rigoroso do disposto no contrato de formação por ele assinado;

d) Cooperar e empenhar-se na criação de um clima de confiança com todos os intervenientes do processo formativo, assegurando que a actividade formativa atinja os resultados pretendidos;

e) Respeitar a integridade física e emocional do formando e de todos os demais envolvidos no processo formativo;

f) Respeitar toda a legislação de formação profissional em vigor;g) Colaborar em actividades de articulação entre centros de formação, empresas,

famílias e demais envolvidos no processo de formação profissional;h) Participar na elaboração, definição e adequação de conhecimentos técnicos e

pedagógicos a favor da formação profissional;i) Ser pontual e assíduo;j) Agir com sentido de rigor e responsabilidade na preparação, organização e

desenvolvimento das actividades formativas;k) Avaliar os formandos e os resultados das acções de formação que ministrar;

I) Observar as normas de higiene e segurança no trabalho bem como de protecção do meio ambiente;

l) Preservar e usar adequadamente as instalações, máquinas, ferramentas e demais bens sob sua responsabilidade.

Artigo 12ºDisciplina

1. A violação dos deveres de formador faz o infractor incorrer em processo disciplinar que é regulado pela legislação especificamente aplicável ao centro de formação a que o mesmo pertence.

2. É nula qualquer sanção disciplinar que for aplicada a um formador sem que ao mesmo tenha sido assegurado o direito de defesa.

Artigo 13ºCertificado de Formador

1. O formador de formação profissional, deve ser detentor de um Certificado de Formador da Formação Profissional ou de um Certificado de Aptidão para Formador de Formação Profissional.

2. O Certificado de Formador da Formação Profissional é conferido ou reconhecido pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP)29 e pressupõe a conclusão, com aproveitamento, de um Curso de Formação Específica de Formador de Formação Profissional.

3. O Certificado de Aptidão para Formador de Formação Profissional é conferido pelo IEFP àquele que, além da formação científica e técnica de base equivalente a um determinado nível profissional, reúna um dos seguintes requisitos:

a) Frequentar, com aproveitamento, um curso de capacitação pedagógica de duração compreendida entre 300 a 500 horas, ministrada pelo IEFP ou, em concertação com este, por uma instituição de formação competente;

b) Possuir pelo menos, 1.000 horas de experiência profissional como formador ou tutor, com avaliação de desempenho positiva, validada pelo IEFP, mediante um exame ad hoc, a organizar por um júri designado pelo referido instituto.

4. Os certificados referidos nos números anteriores devem indicar, nomeadamente:

a) A identificação do seu titular;b) A área de qualificação;c) O nível de formação para que se acha habilitado.

Artigo 14ºRecrutamento e selecção

1. A selecção do formador rege-se pelo princípio da adequação dos perfis dos candidatos às exigências de formação decorrentes do nível de formação profissional para que se candidata.

2. Entre a entidade formadora e formador deve estabelecer-se sempre um contrato de trabalho ou de prestação de serviço, com a indicação dos direitos e obrigações das partes.

3. O concurso público deve constituir o processo normal para o recrutamento do formador de formação profissional dos centros públicos.

Artigo 15ºCarreira profissional

Salvo o disposto no presente diploma, a carreira profissional do Formador de Formação Profissional dos centros públicos e privados obedece ao disposto na legislação que lhes for especificamente aplicável e, designadamente, nas respectivas cláusulas contratuais.

Artigo 16º

29. Criado pelo Decreto Lei nº 51/94, de 22 de Agosto. O estatuto consta do Decreto-Regulamentar nº 5/2010, de 16 de Agosto.

Avaliação de desempenho

1. O desempenho da actividade de Formador de formação profissional está sujeito a uma avaliação de carácter contínuo, culminando com uma avaliação anual, que tem por objectivo:

a) Melhorar a qualidade da formação profissional ministrada;b) Adequar a organização do sistema e das acções de formação profissional às

necessidades e exigências da formação;c) Melhorar a prestação pedagógica e a qualidade profissional do formador;d) Valorizar e aperfeiçoar o trabalho do formador.

2. A avaliação de desempenho refere-se às competências técnicas e metodológicas reveladas pelo formador durante o período de avaliação.

3. O sistema de avaliação de desempenho é objecto de regulamentação específica pelas entidades formadoras, com a observância do disposto no presente diploma e demais legislação aplicável.

Artigo 17ºBolsa de formadores

1. O IEFP organizará bolsas de formadores, por áreas ou níveis de formação, as quais poderão ser consultadas pelas entidades formadoras e os interessados, devendo servir de referência para a organização de acções de actualização e especialização profissionais e outros fins estritamente ligados ao desenvolvimento do sistema de formação profissional.

2. Todo o formador de formação profissional que reunir os requisitos previstos no presente diploma tem direito de constar das bolsas de formadores e de solicitar a rectificação dos dados que lhe digam respeito, apresentando os respectivos fundamentos.

Artigo 18ºFormadores sem requisitos

1. Aos profissionais que, à data de publicação do presente diploma, exerçam actividade de formador de formação profissional nos centros públicos, sem preencherem os requisitos prescritos no presente diploma, é estabelecido o período de dois anos para se submeterem a provas especiais de aptidão profissional.

2. Os cursos de capacitação de formadores e as provas especiais de aptidão profissional do formador a que se refere o número anterior são organizados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional30 e conferem direito a Certificado de Aptidão para Formador de Formação Profissional, para determinadas áreas ou níveis de formação.

Artigo 19º

30. O Decreto-Regulamentar nº 5/2010, de 16 de Agosto, aprova os novos Estatutos do Instituto do Emprego e Formação Profissional, abreviadamente designado IEFP.

Tutores

Enquanto não for aprovado o estatuto do tutor de formação profissional, aplicam-se-lhe as normas do presente diploma, com as necessárias adaptações.

Artigo 20ºEntrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.José Maria Pereira Neves - Filomena Martins - Sidónio Monteiro.

Promulgado em 8 de Dezembro de 2005.Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES.

Referendado em 14 de Dezembro de 2005.O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.

ESTATUTO DO FORMANDO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Decreto-Regulamentar nº 16/2005,de 26 de Dezembro

Se a qualidade da formação profissional é largamente tributária do perfil do formador, não restam dúvidas quanto ao papel central do formando, na qualidade de sujeito activo e beneficiário directo dos cursos e iniciativas de formação profissional. Na verdade, a estratégia de valorização dos recursos humanos, como factor decisivo no processo de desenvolvimento do país, passa, inexoravelmente, pela formação de profissionais qualificados, qualquer que seja a área ou o nível de formação que estiver em causa.

Em Cabo Verde, para além dos princípios consagrados no Regime Jurídico de Formação Profissional, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 37/2003, de 6 de Outubro, não existe ainda um instrumento jurídico que regulamente, especificamente, o estatuto do formando dos cursos ou acções de formação profissional, estabelecendo, nomeadamente, os direitos e garantias de que gozam e os deveres a que são sujeitos ao longo do processo de sua formação.

Face a esta lacuna, afigura-se pertinente a aprovação do Estatuto do Formando nos cursos e acções de formação profissional, através da regulamentação dos aspectos mais relevantes, em obediência ao disposto no referido diploma legal, remetendo-se para os regulamentos internos dos centros e cursos de formação a regulação de questões especificas e de pormenor.

Nestes termos, ao abrigo do disposto na alínea f) do artigo 30º do Decreto-Lei n.º 37/2003, de 6 de Outubro;

No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 204º da Constituição da República, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1ºObjecto

1. O presente diploma aprova o Estatuto do Formando dos cursos e acções de formação profissional organizados nos termos do Regime Jurídico Geral da Formação Profissional.

2. Para efeitos do presente diploma, considera-se formando da formação profissional todo o indivíduo que frequente um curso ou acção de formação profissional, seja inicial, em exercício ou contínua, ministrada por uma entidade formadora devidamente acreditada, nos termos legais.

3. O formando das escolas secundárias da via técnica e profissionalizante rege-se por estatuto próprio e, subsidiariamente, pelo disposto no presente diploma.

Artigo 2ºDireitos do formando

Constituem direitos essenciais do formando, nomeadamente:

a) Escolher livremente a sua formação profissional;b) Ter acesso à informação necessária à sua formação;c) Ter acesso à orientação e formação profissional em igualdade de circunstancia

com os demais formandos;d) Obter os conhecimentos necessários ao desenvolvimento das suas competências

profissionais;e) Exigir o cumprimento dos contratos da formação profissional, incluindo

estágios, conforme os casos específicos da formação;f) Ser tratado com correcção e de forma digna pelos formadores, colegas

formandos e demais pessoas com quem relaciona durante e por causa da formação;

g) Obter a certificação da formação profissional adquirida e o devido reconhecimento oficial;

h) Ser avaliado e ter conhecimento dos resultados da respectiva avaliação, durante e no final da formação;

i) Ser ouvido em processo disciplinar e recorrer de quaisquer sanções que lhe sejam aplicadas, nos termos do respectivo regulamento da formação.

Artigo 3ºDeveres do formando

Constituem deveres essenciais do formando, nomeadamente:

a) Frequentar, com assiduidade e pontualidade, o curso ou a acção de formação profissional;

b) Empenhar-se na aquisição e aplicação dos conhecimentos e capacidades ministradas;

c) Utilizar de modo responsável os equipamentos e demais bens para efeitos de formação colocados à sua disposição, bem como cuidar e zelar pela sua conservação;

d) Realizar os trabalhos e provas que lhe sejam exigidos durante a formação;e) Cumprir as obrigações decorrentes do respectivo contrato de formação

profissional e/ou de estágio;f) Tratar com correcção e de forma digna os formadores, tutores, colegas

formandos e demais pessoas com quem se relacione durante e por causa da formação;

g) Acatar e seguir as instruções dos intervenientes na sua formação.h) Cumprir as demais obrigações que resultem da lei, do presente Estatuto e dos

regulamentos do respectivo curso ou estágio.

Artigo 4ºProcedimento disciplinar

1. A violação dos deveres previstos no artigo anterior faz incorrer o formando em procedimento disciplinar, nos termos previstos no respectivo contrato de formação e ou no regulamento do centro ou curso formação que frequenta.

2. Só podem ser aplicadas ao formando as sanções previstas no contrato de formação ou no regulamento interno do respectivo centro ou curso de formação profissional, com a observância do disposto na alínea i) do artigo 2º.

Artigo 5ºContrato de formação

1. O contrato de formação é o documento através do qual uma entidade formadora se compromete a assegurar, por si ou em colaboração com outras instituições, a formação profissional do formando, ficando este obrigado a executar as tarefas inerentes a essa formação.

2. Este contrato não gera nem titula relações de trabalho subordinado e caduca imediatamente com a conclusão do curso e/ou acção de formação para que foi celebrado.

3. O contrato de formação contém, obrigatoriamente, a identificação dos contraentes, o objecto, o nível de formação, as contrapartidas, a duração, o horário e o local da formação.

4. O contrato de formação está sujeito à forma escrita e deve ser feito em duplicado.

5. Os dois exemplares são assinados pelo representante da entidade formadora e pelo formando ou, no caso deste ser menor, pelo seu representante legal.

6. O modelo do contrato de formação é aprovado por despacho do Director-Geral do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e publicado no Boletim Oficial

Artigo 6ºSubsídio de formação

1. O formando pode beneficiar de um subsídio de formação enquanto estiver em contexto de formação, designadamente em período de estágio.

2. No caso do número anterior, o montante do subsídio é fixado pela entidade formadora e deve estar expresso no contrato de formação.

Artigo 7ºDuração da formação

A duração indicativa da formação profissional obedece ao disposto no Regime Jurídico de Formação Profissional e no Decreto Regulamentar que estabelece o regime da Certificação da Formação Profissional.

Artigo 8ºHorário da formação

1. O horário da formação não pode exceder as oito horas diárias e quarenta e, oito horas semanais e deve ser aprovado pelo órgão competente da entidade formadora.

2. O horário compreende tanto as horas ocupadas com formação teórica como as consagradas à formação prática, simulada ou em ambiente de trabalho, e ao estágio.

3. O horário da formação deve ser fixado pelas entidades formadoras entre as sete e as vinte horas.

4. Caso a formação teórica for frequentada em horário nocturno, este deve ser acordado entre a entidade formadora e o formando ou, sendo este menor, seu representante legal.

Artigo 9ºEstágio profissional

1. Por estágio profissional entende-se a actividade prática desenvolvida, regularmente, pelo formando em contexto real de trabalho, designadamente numa empresa ou em qualquer outra entidade pública ou privada que desenvolva uma actividade de produção de bens ou de prestação de serviços, de acordo com a natureza dos cursos.

2. O local do estágio deve ser acordado entre a entidade formadora, o formando e a entidade acolhedora do estágio.

3. A frequência do estágio durante o curso de formação profissional deve ser objecto de um contrato, entre o formando, a entidade acolhedora do estágio e a entidade formadora, do qual deve constar:

a) A identificação dos contraentes;b) Os direitos e deveres dos contraentes;c) O objecto, a duração e o horário da acção de formação;d) O local ou locais onde são desenvolvidos as acções de formação.

4. O contrato de estágio não gera nem titula relações de trabalho subordinado e caduca com a conclusão do estágio.

5. O modelo de contrato de estágio é aprovado por despacho do Director-Geral do IEFP e publicado no Boletim Oficial.

Artigo 10ºSeguro

1. Durante a vigência do contrato de formação, e sempre que as condições de formação e aprendizagem o exijam, o formando fica abrangido por um seguro contra acidentes de trabalho a ser pago segundo o estabelecido pelas partes envolvidas no contrato de estágio.

2. A entidade acreditadora tem competência para averiguar as condições referidas no número anterior e, se for o caso, determinar o seguro dos formandos, no prazo que fixar, findo o qual pode ordenar a suspensão das actividades de formação.

Artigo 11ºDescanso e férias

1. O formando tem direito a descanso semanal e em dias feriados.

2. Nos cursos ou acções de formação de duração igual ou superior a 1.000 horas, o formando tem direito a férias que lhe serão comunicados, no início da formação, conjuntamente com o horário da formação.

Artigo 12ºDisposições finais

Em tudo o que não estiver regulado no presente diploma, e na falta de resolução de forma consensual, aplica-se o disposto a legislação em vigor.

Artigo 13ºEntrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.José Maria Pereira Neves - Filomena Martins - Sidónio Monteiro

Promulgado em 8 de Dezembro de 2005.Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES.

Referendado em 14 de Dezembro de 2005.O Primeiro-Ministro José Maria Pereira Neves.

ACREDITAÇÃO DE ENTIDADES FORMADORAS NO DOMÍNIO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Decreto-Regulamentar nº 2/2011de 24 de Janeiro

O presente regime de acreditação das entidades formadoras visa, contribuir para a estruturação e qualidade do sistema de formação profissional em Cabo Verde através da validação global das competências das entidades formadoras e do acompanhamento regular de suas actividades.

A acreditação pretende ser um processo destinado a reconhecer e validar a capacidade técnica de uma entidade formadora e representa uma ferramenta que impõe uma melhoria contínua do desempenho nos processos de formação profissional. Está sujeita a um prazo de validade de forma a garantir e salvaguardar a qualidade sistemática e permanente da oferta formativa e há um acompanhamento por parte do Ministério do Trabalho, Família e Solidariedade Social, através da Direcção-Geral de Emprego.

Pretende-se que a acreditação seja impulsionadora da qualidade da actividade formativa nas entidades às quais é atribuído um alvará que comprova que as mesmas reúnem as condições adequadas em termos de recursos humanos, instalações e equipamentos para o desenvolvimento de processos formativos.

A obtenção do alvará de acreditação fica sujeito ao cumprimento de procedimentos legalmente estabelecidos que devem ser satisfeitos pela entidade formadora, contribuindo ara a credibilização da actividade formativa no país.

A acreditação das entidades formadoras é da responsabilidade da Direcção Geral do Emprego, doravante designada por DGE, enquanto Serviço Central do Ministério do Trabalho, Família e Solidariedade com a atribuição de propor a regulamentação adequada para os sectores da formação profissional e emprego. Constitui ainda uma atribuição da DGE a elaboração e divulgação do Manual de Procedimentos que integra toda a informação necessária à elaboração dos pedidos de acreditação.

Nestes termos, ao abrigo do disposto na alínea e) do artigo 30º do Decreto-lei n.º 37/2003, de 6 de Outubro e das alíneas d) e h) do n.º1 do artigo 13º do Decreto-Lei n.º 62/2009, de 14 de Dezembro;

No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 205º e alínea b) do n.º 2 do artigo 264º ambos da Constituição da República, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1ºObjecto e âmbito

1. É estabelecido o regime de acreditação das entidades formadoras para o desenvolvimento de cursos e acções de formação profissional nos termos previstos no Regime Jurídico Geral da Formação Profissional, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 37/2003 de 6 de Outubro e das alíneas d) e h) do n.º 1 do artigo 13º do Decreto-Lei n.º 62/2009, de 14 de Dezembro.

2. Podem obter a acreditação, as entidades públicas e privadas, quer nacionais quer estrangeiras, regularmente constituídas, com personalidade jurídica e que preencham todos os requisitos de acreditação para desenvolverem cursos ou acções de formação inicial e/ou contínua em qualquer ponto do território nacional.

3. A acreditação é concedida por áreas de formação com indicação dos níveis de formação, sempre que se trate de formação profissional inicial.

Artigo 2ºObjectivos da acreditação

Constituem objectivos da acreditação de entidades formadoras, designadamente:

a) Contribuir para a qualidade e a credibilização das entidades que operam no quadro do sistema de formação profissional e da respectiva actividade formativa;

b) Contribuir para a estruturação do sistema de formação profissional e a profissionalização dos seus actores;

c) Promover o reconhecimento oficial dos cursos e acções de formação profissional desenvolvidos pelas entidades formadoras acreditadas;

d) Facilitar o acesso a apoios públicos para o desenvolvimento da formação profissional;

e) Contribuir para a elevação da qualidade e adequação das intervenções formativas;

f) Promover as entidades validadas pelo sistema, mediante o reconhecimento das respectivas competências específicas;

g) Contribuir para um maior rigor e selectividade no acesso e eficácia na aplicação dos fundos públicos disponíveis para apoio à formação profissional;

h) Contribuir para a clarificação da oferta formativa, que dê garantia de uma escolha acertada, mediante a construção de referenciais que possam constituir uma base de orientação para utilizadores, entidades formadoras, profissionais de formação e cidadãos em geral;

i) Apoiar as entidades na melhoria gradual e contínua das suas capacidades, suas competências e seus recursos pedagógicos; e

j) Estimular e dinamizar o funcionamento do mercado da formação profissional.

Artigo 3ºConceitos

Para efeitos do presente diploma, entende-se por:

a) Acreditação de entidades formadoras, processo de validação e reconhecimento formal de que uma entidade nacional ou estrangeira, detém competências, meios e recursos adequados para desenvolver cursos e acções de formação profissional inicial e/ou contínua em determinadas áreas de formação e com indicação dos níveis de formação;

b) Entidade acreditadora, organismo público responsável pela emissão do alvará de acreditação que atesta a validação e/ou reconhecimento formal de que uma entidade nacional ou estrangeira detêm competências, meios e recursos humanos, técnicos, instrumentais e materiais adequados para realizar actividades de natureza formativa;

c) Entidade formadora, as entidades públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras que actuam em Cabo Verde e desenvolvem cursos e acções de formação profissional inicial e/ou contínua, de acordo com o estipulado no n.º 1 do Artigo 14º do Decreto-Lei n.º 37/2003 de 6 de Outubro;

d) Entidade formadora acreditada, entidade pública ou privada com competências, meios e recursos adequados para o desenvolvimento de cursos e acções de formação profissional a quem foi atribuído o alvará de acreditação;

e) Alvará de acreditação, certificado emitido pela entidade acreditadora, que atesta que a entidade a quem o foi atribuído o alvará, preenche os requisitos necessários para desenvolver cursos e acções de formação profissional em determinadas áreas de formação e com indicação dos níveis, em se tratando de formação profissional inicial; e

f) Requisitos de acreditação, conjunto de condições que as entidades formadoras devem deter e que permitem o desenvolvimento com qualidade, de cursos e acções de formação profissional em determinadas áreas e com indicação dos níveis de formação.

Artigo 4ºEntidade acreditadora

1. Compete à Direcção-Geral de Emprego enquanto entidade acreditadora, assegurar a recepção e análise dos pedidos de acreditação e a decisão final de concessão do alvará.

2. A decisão final de concessão e respectiva publicação dos despachos de alvará de acreditação, é competência do Director-Geral de Emprego.

Artigo 5ºRequisitos de acreditação

1. Para obtenção do alvará de acreditação, as entidades formadoras devem possuir, designadamente os seguintes requisitos:

a) Personalidade jurídica e autonomia necessária, nos termos da lei, para o desenvolvimento de actividades formativas;

b) Autonomia administrativa e financeira para efeitos de cobrança e utilização de propinas, emolumentos e demais receitas para desenvolver as correspondentes actividades formativas;

c) Situação contributiva e de segurança social regularizada e ausência de dívidas no que respeita a apoios financeiros públicos nacionais ou internacionais;

d) Idoneidade, seguindo uma conduta exemplar na salvaguarda pelos interesses e direitos de terceiros pautando por uma conduta de respeito dos princípios de igualdade e tratamento de todos os agentes envolvidos na sua actividade formativa;

e) Recursos humanos em número sufi ciente e com competências adequadas ao desenvolvimento da formação nomeadamente, coordenadores, formadores e pessoal de apoio;

f) Instalações e equipamentos adequados às especificidades das áreas de formação, com a qualidade necessária e garantindo as condições de higiene e segurança;

g) Métodos e instrumentos adequados à selecção de formandos e formadores e à avaliação dos cursos e acções de formação, ao nível da aprendizagem e da satisfação dos formandos;

h) Dossiers técnico-pedagógicos por acção de formação de acordo com o definido pela entidade acreditadora no Manual de Procedimentos;

i) Contratos de formação, por escrito, com formandos e formadores;j) Formas de divulgação dos cursos e acções de formação através de meios de

comunicação adequados e com informação clara e detalhada;k) Politicas estratégicas de actuação, claramente definidas, consistentes com a sua

missão e que tenha em consideração o seu contexto de intervenção bem como os seus destinatários;

l) Planificações da actividade formativa, designadamente, plano de formação anual, que inclua os cursos e acções a desenvolver em cada uma das áreas de formação com o respectivo cronograma de realização, os formandos a abranger e os recursos humanos e materiais a afectar;

m) Procedimentos de recepção e tratamento de queixas e reclamações de acordo com o definido pela entidade acreditadora no Manual de Procedimentos;

n) Regulamento de funcionamento da formação de acordo com o definido pela entidade acreditadora no Manual de Procedimentos;

o) Métodos e instrumentos de auto-avaliação permanente da sua actividade com reflexos ao nível da melhoria contínua dos seus serviços;

p) Relatório anual de execução das acções de formação, que incida sobre a execução do plano de formação, os resultados da avaliação da formação e as acções de futuras melhorias, decorrentes da análise dos resultados.

2. À entidade formadora que não comprove deter os requisitos referidos nas alíneas k), l), m), n), o) e p) do número anterior pode ser concedido a titulo excepcional e provisório um alvará por um período máximo de 1 (um) ano, devendo no decorrer desse período regularizar as insuficiências e/ou requisitos não comprovados.

Artigo 6ºFormalização dos pedidos de acreditação

1. O pedido de acreditação deve ser formalmente apresentado à Direcção-Geral de Emprego, em modelo próprio, acompanhado dos documentos que façam prova dos requisitos referidos no n.º 1 do artigo anterior.

2. Os modelos dos formulários do pedido de acreditação constam do Manual de Procedimentos divulgado pela entidade acreditadora.

Artigo 7ºVerificação dos requisitos de acreditação

1. A entidade acreditadora goza do direito de apreciar a conformidade processual do pedido de acreditação avaliando as condições, os recursos humanos e materiais existentes na entidade formadora através de verificação técnica no local.

2. Para efeitos do número anterior, a entidade acreditadora pode mandar constituir comissões técnicas específicas.

3. A análise e avaliação das condições, recursos humanos e materiais existentes na entidade formadora devem ter lugar no prazo de 30 (trinta) dias úteis, após a recepção do pedido, sem prejuízo do exposto nos números seguintes.

4. O incumprimento dos requisitos verificados, quer na análise processual quer, na verificação no local pode determinar o indeferimento do pedido e a não concessão do alvará de acreditação.

5. A entidade formadora tem a prorrogativa de regularizar as insuficiências verificadas num prazo determinado pela entidade acreditadora.

6. A falta regularização das situações referidas no n.º 4 implica a não concessão do alvará de acreditação.

Artigo 8ºAlvará de acreditação

1. Verificado o cumprimento dos requisitos de acreditação, a entidade acreditadora emite o respectivo alvará, no qual devem constar, designadamente, os seguintes elementos:

a) Identificação e caracterização da entidade acreditada;b) Áreas e cursos de formação autorizados com indicação dos respectivos níveis de

formação, se for caso;c) Os locais onde se desenvolvem os cursos e respectiva localização; ed) O período de validade da acreditação.

2. O alvará de acreditação tem um prazo de validade de 4 (quatro) anos.

3. O modelo de alvará é aprovado por Portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da formação profissional, educação e ensino superior.

4. A emissão do alvará de acreditação, pode ser acompanhada de recomendações para o aperfeiçoamento dos requisitos por forma, a superar algumas insuficiências que tenham sido detectadas na avaliação efectuada.

5. No período de validade da acreditação, a entidade deve manter o cumprimento dos requisitos que deram origem à concessão do alvará.

6. A entidade formadora pode solicitar a renovação do alvará nos termos definidos pela entidade acreditadora no Manual de Procedimentos.

7. A entidade formadora acreditada pode requerer o alargamento do alvará para novas áreas de formação ou níveis de formação nos termos definidos pela entidade acreditadora no Manual de Procedimentos.

Artigo 9ºTaxas

1. A emissão do alvará de acreditação está sujeita ao pagamento de uma taxa, no inicio do processo, independentemente da sua concessão.

2. As renovações subsequentes e o alargamento do alvará de acreditação estão igualmente sujeitos ao pagamento de taxas.

Artigo 10ºValor das taxas

São estabelecidas as seguintes taxas:

a) Taxa de acreditação inicial, de 100.000$00 (cem mil escudos).b) Taxa de acreditação de renovação, de 50.000$00 (cinquenta mil escudos).c) Taxa de acreditação de alargamento, de 80.000$00 (oitenta mil escudos).

Artigo 11ºFiscalização

1. As actividades da entidade formadora acreditada são objecto de acompanhamento e controlo, nos moldes a definir pela entidade acreditadora.

2. O acompanhamento e controlo da entidade formadora tem como função, controlar o cumprimento dos requisitos do alvará de acreditação e incentivar a elevação progressiva da qualidade e da adequação da formação ministrada.

3. O exposto nos números anteriores efectua-se, designadamente, através de:

a) Realização de acções de acompanhamento regulares à entidade acreditada e aos respectivos cursos e acções de formação;

b) Observação do local;c) Realização de entrevistas aos responsáveis da entidade;d) Realização de entrevistas e inquéritos junto dos formadores e formandos;e) Análise de dossiers técnico-pedagógicos;f) Análise de eventuais queixas e reclamações sobre a entidade; eg) Análise dos resultados alcançados pela entidade.

4. O acompanhamento às entidades formadoras pode ser assegurado pela DGE, contemplando metodologias e modelos adequados a diversos tipos de entidades formadoras.

5. A entidade formadora acreditada remete anualmente, à entidade acreditadora, um relatório de execução das acções de formação previsto na alínea p) do n.º 1 do artigo 5º.

Artigo 12ºSanções

1. No decorrer do período de acreditação, se forem detectados incumprimentos dos requisitos de acreditação, as entidades acreditadas ficam sujeitas as seguintes sanções:

a) Advertência escrita para a regularização da situação;b) Aplicação de coima;c) Suspensão do alvará, sem prejuízo da conclusão dos cursos e acções de

formação já iniciados, até à regularização da situação;d) Revogação do alvará; ee) Anulação do alvará de acreditação e consequente retirada da base de dados de

divulgação pública.

2. É da responsabilidade da entidade acreditadora a aplicação das sanções.

Artigo 13ºValor das coimas

1. São estabelecidas as seguintes coimas:

a) Coimas leves, que têm o valor mínimo de 80.000$00 (oitenta mil escudos), e o máximo de 150.000$00 (cento e cinquenta mil escudos);

b) Coimas graves, que têm o valor mínimo 150.000$00 (cento e cinquenta mil escudos), e o máximo de 300.000$00 (trezentos mil escudos mil escudos); e

c) Coimas muito graves, que têm o valor mínimo de 300.000$00 (trezentos mil escudos mil escudos), e o máximo de 450.000$00 (quatrocentos e cinquenta mil escudos).

2. Para o presente diploma são consideradas coimas leves, graves e muito graves os seguintes:

a) Coimas leves as infracções contidas nas alíneas j) k), l), m), n), o) e p) do artigo 5º do presente diploma;

b) Coimas graves as infracções contidas nas alíneas f) g), h), i) do artigo 5º do presente diploma; e

c) Coimas muito graves as infracções contidas nas alíneas a) b), c), d) e e) do artigo 5º do presente diploma.

Artigo 14ºDestino das taxas e coimas

As somas das taxas e coimas arrecadadas no âmbito da presente diploma revertem-se a favor do Fundo de Financiamento da Formação Profissional.

Artigo 15ºManual de Procedimentos

1. A entidade acreditadora elabora e divulga o Manual de Procedimentos, o qual integra os critérios de avaliação dos requisitos definidos no n.º 1 do artigo 5º, as normas de formalização dos pedidos de acreditação e os respectivos formulários.

2. O Manual de Procedimentos é disponibilizado pela entidade acreditadora, podendo ser adquirido na sua sede ou nos locais que esta definir.

Artigo 16ºNorma revogatória

É revogado o Decreto-Regulamentar n.º 18/2005, de 26 de Dezembro.

Artigo 17ºNorma transitória

O alvará de acreditação da entidade formadora, concedido ao abrigo da legislação anterior, mantém-se em vigor até data a definir pela entidade acreditadora.

Artigo 18ºEntrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

José Maria Pereira Neves - Maria Madalena Brito Neves

Promulgado em 5 de Janeiro de 2011Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES

Referendado em 11 de Janeiro de 2011O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

ORGANIZAÇÃO, FINANCIAMENTO E AVALIAÇÃO DOS ESTÁGIOS PROFISSIONAIS

Decreto-Lei nº 24/2007,de 30 de Julho

A estratégia de desenvolvimento sustentável e harmonioso do país, tendo por paradigma a melhoria contínua das condições de vida dos cabo-verdianos, só pode ser bem sucedida mediante um forte investimento na formação profissional e,

consequentemente, na promoção do emprego, num quadro de ampla parceria entre os poderes públicos e o sector privado.

A promoção activa do emprego, encarada como uma das grandes prioridades nacionais, tem-se traduzido na implementação de uma série de medidas de política e de carácter legislativo que vêm contribuindo, por um lado, para a elevação progressiva do nível de qualificação dos recursos humanos e, por outro, para a redução sustentável do desemprego.

De entre os obstáculos com que se defrontam os candidatos ao primeiro emprego ou em busca de melhor inserção no mercado de trabalho releva a falta de experiência profissional ou de habilidades que propiciem o exercício de uma dada profissão em condições que respondam às exigências sempre crescentes do desenvolvimento da economia e da produtividade das empresas.

Assim, a criação das premissas necessárias a uma adequada inserção no mercado de trabalho, em especial dos indivíduos recém-saídos dos sistemas de educação e de formação profissional, constitui uma orientação de fundo da acção governativa, traduzindo-se num esforço de actuação concertada e consistente entre os poderes públicos e o sector privado e bem assim no reforço da articulação entre as políticas educativas, de formação e qualificação profissional e do emprego.

A organização de estágios profissionais, enquanto medida activa de promoção do emprego, afigura-se susceptível de contribuir para a ampliação das possibilidades de inserção dos indivíduos no mercado de trabalho, como o comprova o êxito assinalável que tais medidas têm alcançado em vários países, quer pelo nível de aceitação por parte das empresas e demais entidades intervenientes, quer dos seus destinatários finais, quer, ainda, no que respeita ao sucesso registado na promoção da empregabilidade destes últimos.

Importa, pois, que o ordenamento jurídico cabo-verdiano seja dotado de um regime de estágios profissionais que, sem a pretensão de abarcar todos os sectores da vida nacional, contribua para aumentar a empregabilidade de indivíduos habilitados com uma formação superior ou profissional.

Nestes termos,

No uso da faculdade conferida pela alínea a) do n.º 2 do artigo 203º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

CAPÍTULO IDefinição e Objectivos

Artigo 1°Objecto

O presente diploma estabelece o regime de organização, financiamento e avaliação dos estágios profissionais realizados sob a superintendência do Instituto do Emprego e Formação Profissional, adiante designado IEFP.

Artigo 2ºÂmbito

1. O presente diploma aplica-se a estágios profissionais realizados em território nacional e no estrangeiro.

2. A realização de estágios profissionais no estrangeiro é objecto de análise e negociação entre o IEFP a entidade proponente, em articulação com os departamentos governamentais responsáveis pelas Relações Exteriores e pelo Trabalho e Emprego.

3. Ficam excluídos do presente diploma os estágios que tenham por objectivo a aquisição de uma habilitação profissional requerida para o exercício de determinada profissão nem os estágios curriculares de quaisquer espécies de cursos.

4. Ficam ainda excluídos do presente diploma os estágios profissionais na Administração Pública.

Artigo 3ºDefinição

Para efeitos deste diploma considera-se estágio profissional aquele que visa aquisição de uma experiência de trabalho de natureza eminentemente prática a decorrer em ambiente real de trabalho.

Artigo 4°Objectivos

1. Os estágios profissionais a que se refere o presente diploma visam possibilitar aos indivíduos com uma qualificação académica ou profissional de nível superior ou intermédio, ou equiparado, o acesso a um estágio profissional em contexto real de trabalho, que facilite e promova a sua inserção na vida activa.

2. São, nomeadamente, objectivos dos estágios profissionais:

a) Complementar e aperfeiçoar as competências socioprofissionais dos indivíduos candidatos ao programa;

b) Facilitar o recrutamento e a integração de quadros nas empresas, através do apoio técnico e financeiro prestado a estas na realização de estágios profissionais;

c) Dinamizar o reconhecimento por parte das empresas de novas formações e novas competências profissionais, potenciando novas áreas de criação de emprego;

d) Facilitar a inserção no mercado de trabalho de jovens diplomados em áreas de formação com maiores dificuldades de inserção na vida activa;

e) Permitir às pequenas e médias empresas recrutar quadros qualificados, contribuindo assim para o melhoramento do seu desempenho organizacional.

CAPÍTULO IIAnúncio dos Estágios

Artigo 5°Anúncio da oferta de estágios

1. A oferta dos estágios profissionais abrangidos pelo presente diploma deve ser anunciada e amplamente divulgada pelo IEFP através de programas específicos, de que devem constar, nomeadamente:

a) Os sectores de actividade contemplados;b) O objecto dos estágios;c) Os destinatários dos estágios;d) Os requisitos a serem preenchidos pelo candidato ao estágio;e) O período de realização dos estágios;f) A duração de cada estágio;g) As entidades envolvidas, (organizadoras, acolhedoras e parceiras);h) O perfil dos orientadores;i) O processo de candidatura;j) As modalidades e condições de financiamento;k) As modalidades de avaliação.

2. Na data do anúncio dos programas de estágios, o IEFP deve disponibilizar, nos Centros de Emprego e noutras entidades que indicar, o respectivo Manual de Procedimentos de que constam as regras a que devem obedecer os processos de candidatura aos estágios e bem assim as relativas à organização, gestão, orientação, avaliação e financiamento dos estágios.

Artigo 6°Destinatários

1. Os estágios profissionais organizados no âmbito deste diploma destinam-se a indivíduos habilitados com formação superior ou formação profissional de nível III, IV e V, ou equiparado, devidamente certificadas ou reconhecidas nos termos previstos na lei, e que, além dos requisitos constantes dos anúncios de oferta de estágios, se encontrem numa das seguintes condições:

a) Jovens à procura do primeiro emprego;b) Desempregados à procura de novo emprego, para o qual tenham adquirido

qualificação enquadrável no presente artigo, desde que não estejam a exercer uma ocupação profissional na respectiva área de formação.

2. Têm prioridade no acesso aos estágios profissionais, indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e 35 anos e, independentemente da idade, os candidatos portadores de deficiência.

Artigo 7°Duração do estágio

1. Os estágios profissionais promovidos no âmbito deste diploma têm a duração variável, de um a nove meses, em função da sua natureza, objectivos e grau de complexidade.

2. A duração de cada estágio é fixada no momento da sua publicitação, nos termos referidos no artigo 3º.

CAPÍTULO IIIIntervenientes

Artigo 8°Entidades intervenientes

Nas condições previstas no presente diploma, intervêm no processo de organização dos estágios profissionais as seguintes entidades:

a) Entidades organizadoras;b) Entidades acolhedoras;c) Entidades parceiras;d) Núcleo Central de Supervisão e Avaliação;e) Núcleos de Pilotagem Local.

Artigo 9°Entidades organizadoras

1. São entidades organizadoras dos estágios profissionais previstos no presente diploma os Centros de Emprego e outras entidades reconhecidas e indicadas pelo IEFP, onde este não possui estruturas próprias.

2. Incumbe, designadamente, às entidades organizadoras:

a) Mobilizar e dinamizar ofertas de estágio junto das entidades empregadoras;b) Apoiar a entidade acolhedora na instrução do processo de candidatura,

designadamente na elaboração de um plano de estágio e do perfil de competências dos estagiários;

c) Acompanhar e monitorizar todo o processo de estágio, promovendo encontros e reuniões de supervisão e acompanhamento das actividades;

d) Avaliar a qualidade geral dos estágios e propor medidas para o seu melhoramento;

e) Recolher processos de candidatura e dar-lhes o devido encaminhamento.

Artigo 10°Entidades acolhedoras

1. São Entidades Acolhedoras, empresas públicas e privadas de natureza e dimensão diversas, desde que preenchem os requisitos tecnológicos, logísticos e outros definidos nos programas e manuais de procedimentos.

2. Podem ainda candidatar-se para o acolhimento de estágios profissionais organizações associativas, representações diplomáticas e empresas multinacionais que exerçam actividade em Cabo Verde, desde que reúnem os requisitos exigidos pelo programa.

3. Incumbe às entidades acolhedoras, através dos orientadores designados, conduzir um trabalho de apoio técnico permanente à evolução da aprendizagem e ao desempenho dos

estagiários, devendo entregar às entidades organizadoras os Relatórios de Acompanhamento e Avaliação dos Estágios, de acordo com a periodicidade definida no Manual de Procedimentos.

Artigo 11°Entidades parceiras

1. Podem participar nos programas de estágios profissionais, como parceiras, as entidades que reúnam condições para mobilizar ofertas de estágios, financiar total ou parcialmente programas ou actividades específicas de estágio, bem como assegurar o apoio logístico no processo de realização e avaliação dos estágios profissionais, em coordenação com o IEFP, as entidades organizadoras e as entidades acolhedoras.

2. Podem ser entidades parceiras:

a) Associações empresariais;b) Associações profissionais;c) Associações sindicais;d) Empresas;e) Instituições públicas e privadas de formação superior e técnicoprofissionais;f) Organizações não-governamentais; e, g) Outras entidades que reúnam as condições referidas no número anterior.

3. Compete ao IEFP reconhecer e atribuir o estatuto de entidade parceira, que confere ao respectivo titular os seguintes direitos:

a) Ser informada sobre todo o desenrolar do processo de estágio em que estiver envolvida nessa qualidade;

b) Assistir, a seu pedido, às reuniões de avaliação do estágio em que intervém como parceira;

c) Acompanhar, in loco, as actividades de estágio, em articulação com as entidades organizadora e acolhedoras.

Artigo 12°Orientador de estágio

1. As entidades acolhedoras, em articulação com as entidades organizadoras, devem designar, para cada estágio, um orientador de estágio, o qual é responsável pela execução e acompanhamento do plano individual de estágio.

2. Cada orientador pode ter até três estagiários a seu cargo, com autorização do Núcleo de Pilotagem.

3. O Núcleo de Pilotagem, após avaliação curricular, deve ratificar a designação dos orientadores de estágio efectuada nos termos do número 1.

4. Compete, designadamente, ao orientador de estágio:

a) Definir os objectivos e o plano de estágio, assim como o perfil de competências requerido, em articulação com as entidades organizadoras e acolhedoras;

b) Realizar o acompanhamento pedagógico do estagiário, supervisionando o seu progresso face aos objectivos definidos;

c) Avaliar, no final do estágio, os resultados obtidos pelo estagiário;d) Participar em reuniões promovidas pelas entidades organizadoras do estágio;e) Elaborar e apresentar periodicamente às entidades organizadoras relatórios de

acompanhamento e avaliação;

5. Ao orientador de estágio que o requeira, oportunamente, é concedido uma compensação financeira cujo montante máximo é fixado por portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças e do Emprego, sem prejuízo da diferenciação resultante da negociação, caso a caso, tendo conta os seguintes critérios:

a) O número de estagiários sob a sua orientação;b) O nível de qualificação dos estagiários;c) O número de horas de orientação do estágio;d) A existência ou não de estagiários portadores de deficiência que requeiram

atenção específica.

Artigo 13ºNúcleo Central de Supervisão

1. A organização e a execução dos programas de estágios profissionais são objecto de acompanhamento, supervisão e avaliação por um Núcleo Central de Supervisão, cujas atribuições constam do Manual de procedimentos, sem prejuízo do disposto no presente diploma.

2. Este Núcleo Central funciona junto do IEFP, que preside, e o apoia logística e administrativamente 3. O Núcleo Central de Supervisão é constituído por cinco personalidades de reconhecido mérito, sendo, três representantes dos Ministérios que tutelam as áreas do Emprego, da Educação e da Finanças, um representante das entidades empregadoras e um representante das Ordens ou Associações Profissionais.

Artigo 14ºNúcleo de pilotagem local

1. Os processos de candidatura aos programas de estágios profissionais a que se refere o presente diploma são objecto de apreciação pelos Núcleos de Pilotagem Local, criados em função da abrangência territorial das Entidades Organizadoras.

2. O Núcleo de Pilotagem é constituído por dois representantes da Entidade Organizadora, dois representantes das Entidades Acolhedoras um representante das Entidades Parceiras, quando for o caso, e um representante do MEES.

3. Este Núcleo intervém a partir do momento da apresentação da candidatura, avaliando e emitindo pareceres sobre as diversas matérias constantes do processo de candidatura, sob a coordenação do Centro de Emprego ou outra entidade organizadora indicada pelo IEFP.

4. O modo de organização e funcionamento dos Núcleos de Pilotagem Local e as respectivas competências são definidos no Manual de procedimentos, sem prejuízo do disposto no presente diploma.

CAPÍTULO IVProcesso de selecção

Artigo 15°Candidaturas

1. As candidaturas à admissão das entidades acolhedoras dos estágios são apresentadas nos Centros de Emprego da respectiva área de intervenção, ou nas entidades devidamente reconhecidas pelo IEFP, mediante preenchimento de formulário próprio para efeito.

2. Dos processos de candidatura devem constar a definição do perfil de formação e ou de competências desejado, o plano de estágio, o currículo dos orientadores, as perspectivas de emprego de estagiários na entidade candidata e demais elementos constantes deste diploma e do Manual de Procedimentos.

3. A decisão relativa à aprovação das candidaturas cabe ao IEFP, devendo ser tomada no prazo máximo de 22 dias úteis a contar da data de recepção dos pareceres dos Núcleos de Pilotagem Local.

Artigo 16°Termo de aceitação da decisão de aprovação

1. As entidades acolhedoras de estágio devem, no prazo máximo de 8 dias consecutivos contados a partir da data da assinatura do aviso de recepção da correspondente decisão de aprovação, assinar o termo de aceitação da decisão de aprovação, a elaborar pelo IEFP, ao qual se anexa, dele fazendo parte integrante, o respectivo plano individual de estágio.

2. O termo de aceitação referido no nº 1 deve ser depositado no Centro de Emprego ou na Entidade organizadora mais próxima do local de realização do estágio, indicada pelo IEFP.

Artigo 17ºSelecção dos candidatos a estágios

1. Cabe às entidades organizadoras, em articulação com as entidades acolhedoras e parceiras, recrutar e seleccionar os candidatos à frequência dos estágios.

2. Têm prioridade no acesso às bolsas de estágios profissionais concedidos pelo IEFP os candidatos portadores de deficiência e os que estejam há mais tempo no desemprego.

Artigo 18ºPrioridades na aprovação das ofertas de estágios profissionais

1. Na aprovação das ofertas de estágios, é concedida prioridade às entidades que apresentem melhores condições de comparticipação nos custos do estágio, maiores oportunidades de reconversão e aumento da empregabilidade dos estagiários, e ainda maiores possibilidades de emprego após a conclusão dos estágios.

2. São ainda privilegiadas as empresas situadas nos concelhos com menores taxas de quadros qualificados, mediante comparticipação destes nas despesas do alojamento dos estagiários.

Artigo 19ºContrato de estágio

Os candidatos seleccionados celebram com a entidade acolhedora um contrato de estágio, no qual constam os direitos e as obrigações das partes, sendo o mesmo visado pelo IEFP.

CAPÍTULO VDireitos e deveres dos estagiários

Artigo 20ºDireitos dos estagiários

Sem prejuízo de outros que lhes sejam reconhecidos em contratos de estágio, os estagiários têm os seguintes direitos:

a) Ter acesso à informação sobre o programa de estágio e escolher livremente o seu estágio;

b) Ter as condições necessárias ao desenvolvimento das suas competências profissionais;

c) Exigir o cumprimento do contrato de estágio;d) Ser tratado com correcção e de forma digna pelos orientadores, colegas e demais

pessoas com quem se relaciona durante o período de estágio;e) Frequentar acções de formação no âmbito do plano de formação da Entidade

Acolhedora, para os seus trabalhadores;f) Obter uma declaração de frequência do estágio reconhecido oficialmente;g) Participar nas reuniões convocadas pela Entidade Organizadora.

Artigo 21ºDeveres dos estagiários

São deveres dos estagiários:

a) Frequentar, com assiduidade e pontualidade, o estágio e empenhar-se na aquisição e aplicação dos conhecimentos;

b) Utilizar de modo responsável os equipamentos e demais bens colocados à sua disposição, bem como cuidar e zelar pela sua conservação;

c) Realizar os trabalhos e que lhe sejam exigidos durante o estágio;d) Cumprir as obrigações decorrentes do respectivo contrato de estágio;

e) Tratar com correcção e de forma digna os orientadores, tutores, colegas estagiários, funcionários e demais pessoas com quem se relacione durante e o estágio;

f) Acatar e seguir as instruções do orientador de estágio;g) Comparecer aos encontros e participar nas acções de formação que lhe sejam

propostos quer pela entidade organizadora, quer pela entidade acolhedora;h) Cumprir as demais obrigações que resultem da lei e dos regulamentos do

respectivo estágio.

CAPÍTULO VIFinanciamento

Artigo 22ºBolsas de estágio

1. Aos estagiários que o requeiram, oportunamente, são concedidas, mensalmente, desde o início do estágio e durante a sua vigência, bolsas de estágio, nos montantes a ser propostos pelo Núcleo de Pilotagem Local e aprovados pelo IEFP, tendo em conta designadamente, os seguintes critérios:

a) A situação económica do agregado familiar do candidato;b) As despesas decorrentes da participação do candidato no estágio.

2. As fórmulas e bem assim os valores máximos sobre os quais incidem os cálculos para a determinação da comparticipação do IEFP quer nas bolsas de estágio, quer nos demais subsídios devidos no âmbito deste programa, serão fixados por despacho conjunto dos membros do governo responsáveis pelos sectores das Finanças e do Emprego.

3. O processo de candidatura às bolsas de estágio consta do Manual de Procedimentos do Programa Nacional de Estágios Profissionais.

Artigo 23ºFinanciamento da bolsa de estágio

1. O IEFP participa no financiamento da bolsa de estágio através do Fundo de Financiamento da Formação Profissional ou de outros recursos que lhe sejam disponibilizados para o efeito, quer pelo Orçamento de Estado, quer por outras entidades públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras.

2. O IEFP pode comparticipar no financiamento da bolsa de estágio até 80% do montante fixado nos termos do nº 2, do artigo anterior, devendo a Entidade Acolhedora co-financiar, o valor restante.

3. O valor da comparticipação é fixado após negociação com a Entidade Acolhedora, devendo a respectiva proporção ter em conta, por ordem de preferência, as situações seguintes:

a) Quando as entidades acolhedoras sejam pessoas colectivas e singulares de direito privado sem fins lucrativos;

b) Quando as entidades acolhedoras sejam pessoas colectivas e singulares de direito privado, com fins lucrativos e com menos de 10 trabalhadores;

c) Quando as entidades acolhedoras sejam pessoas colectivas e singulares de direito privado, com fins lucrativos e com 10 ou mais trabalhadores.

4. Independentemente da natureza da entidade acolhedora, a comparticipação do IEFP no valor da bolsa fixado nos termos do artigo 16º pode ser majorada quando o estágio:

a) Se destine a diplomados com mais de dois anos sem qualquer experiência profissional, ou quando o programa de estágio propõe uma reconversão profissional solicitado pelo estagiário ou pela entidade acolhedora;

b) Se destine a pessoas portadoras de deficiência.

5. A majoração referida no número anterior corresponde:

a) A 10 % do valor da bolsa de estágio, na situação constante da alínea a);b) A 15% do valor da bolsa de estágio, na situação constante da alínea b).

Artigo 24ºOutras despesas com os estágios

1. O IEFP financia, ainda, total ou parcialmente os seguintes encargos com a realização dos estágios organizados nos termos do presente diploma:

a) Os subsídios atribuídos aos orientadores dos estágios, nos termos do nº 5 do artigo 12º;

b) Despesas com o seguro de acidentes de trabalho;c) As despesas relativas ao transporte quando a localidade do estágio se situar a

uma distancia considerável do local de residência habitual do estagiário, sendo o valor do respectivo subsídio fixado nos termos do nº 2, do artigo 22º.

2. É condição para a assunção dos encargos referidos no número anterior a sua inclusão pelas entidades acolhedoras no processo de candidatura, a ser submetido ao IEFP nos termos do nº 2 do artigo 15º.

Artigo 25ºIncentivos fiscais às entidades financiadoras

As empresas publicas e privadas, assim como as demais pessoas singulares e colectivas, que comparticipem no financiamento do Programa Nacional de Estágios Profissionais, beneficiam dos incentivos fiscais previstos na lei.

Artigo 26ºAtribuição dos apoios

A atribuição dos apoios financeiros previstos no presente diploma fica condicionada ao cumprimento pelas entidades intervenientes dos requisitos previstos no presente diploma e no Manual de Procedimentos.

Artigo 27º

Estágio complementar

1. O Instituto de Emprego e Formação Profissional pode autorizar, sob proposta devidamente fundamentada do Núcleo de Pilotagem Local, um contrato complementar de estágio profissional, por um período nunca superior a três meses, desde que, comprovadamente, contribua para o aumento das perspectivas de emprego na entidade acolhedora ou noutra entidade proponente e estas últimas dêem garantias suficientes neste sentido.

2. Em caso de estágio complementar, deve ser reanalisado o valor da bolsa e as percentagens relativas às comparticipações, quer do IEFP quer da entidade acolhedora.

CAPÍTULO VIISupervisão e Avaliação

Artigo 28ºAcompanhamento e avaliação

1. A monitorização do processo de realização dos estágios é da responsabilidade das entidades organizadoras e do Núcleo de Pilotagem Local, sem prejuízo da superintendência do Núcleo Central de Supervisão e do IEFP.

2. Para o efeito do número anterior, é constituído na sede da entidade organizadora um Núcleo de Pilotagem Local, constituído nos termos do artigo 14º, com as seguintes atribuições:

a) Apreciar, avaliar e validar todo o processo de organização dos estágios, nos termos definidos no Manual de Procedimentos;

b) Organizar e realizar acções de acompanhamento e apoio sistemáticos aos estágios realizados na respectiva área de actuação, tendo em vista o sucesso e a integração dos estagiários na vida activa;

c) Efectuar reuniões periódicas de acompanhamento com as entidades acolhedoras e os orientadores dos estágios;

d) Apreciar e validar os relatórios dos orientadores de estágio e das entidades acolhedoras, nos termos previstos no presente diploma e no Manual de Procedimentos;

e) Propor alterações ao modelo de estágios profissionais.

3. A superintendência dos programas de estágios profissionais, a nível nacional, nos aspectos técnico, legal e financeiro, é exercida pelo IEFP e, nos termos do presente diploma pelo Núcleo Central de Supervisão, constituído nos termos do artigo 13º.

4. Ao Núcleo Central de Supervisão compete fiscalizar e avaliar o processo de organização e realização dos programas de estágios profissionais e, designadamente:

a) Realizar acções de acompanhamento e avaliação aos programas de estágios profissionais e apresentar ao IEFP e à entidade governamental que o superintende, os competentes relatórios, com as propostas que reputar pertinentes;

b) Elaborar relatórios de avaliação final dos programas de estágios profissionais e submetê-los a tutela para efeitos de aprovação;

c) Propor, mediante fundamentação, regulamentação de aspectos considerados pertinentes;

d) Solicitar às entidades competentes a realização de auditorias aos programas de estágios profissionais, sem prejuízo da competência própria dos órgãos competentes do IEFP e da entidade governamental de superintendência.

5. Para efeitos dos números anteriores, as entidades acolhedoras e os orientadores de estágios ficam obrigados a colocar à disposição do IEFP e da Entidade Organizadora do Estágio, todos os documentos necessários ao acompanhamento, avaliação e auditoria dos estágios profissionais e bem assim a facultar-lhes o acesso às instalações e aos locais de realização dos estágios profissionais.

Artigo 29ºComprovativo da realização de estágio

Aos estagiários que frequentem os estágios profissionais organizados ao abrigo do presente diploma são emitidos pelo IEFP, através dos seus serviços, sem prejuízo de os poder solicitar também junto da entidade acolhedora, declarações de frequência onde constam a designação do estágio, áreas abrangidas e sua duração.

Artigo 30ºEntrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de MinistrosJosé Maria Pereira Neves - Cristina Duarte – Sara Maria Duarte Lopes

Promulgado em 16 de Janeiro de 2007Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES

Referendado em 17 de Janeiro de 2007O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

CONTRATO DE APRENDIZAGEM

Decreto-Legislativo nº 5/2007,de 16 de Outubro31

(…)

Artigo 248ºNoção de contrato de aprendizagem

1. Contrato de aprendizagem é aquele pelo qual um empregador se compromete a assegurar, por si ou em colaboração com outras pessoas ou instituições, formação profissional a um aprendiz, ficando este obrigado a executar as tarefas inerentes a essa formação.

2. O contrato de aprendizagem não gera nem titula relações de trabalho subordinado e caduca com a conclusão da acção de formação para que foi celebrado.

Artigo 249ºIdade do aprendiz

1. Ninguém pode ser aceite para iniciar a aprendizagem se tiver menos de catorze anos de idade ou mais de dezoito anos.

31. Código Laboral Cabo-verdiano.

2. A idade máxima prevista no número anterior pode ser elevada até 24 anos, quando se trata de primeira ocupação profissional.

Artigo 250ºForma do contrato

O contrato de aprendizagem está sujeito a forma escrita e deve ser feito em triplicado, assinado pela entidade formadora, pelo aprendiz e, no caso de este ser menor, pelo seu representante legal.

Artigo 251ºConteúdo

1. O contrato de aprendizagem contém, obrigatoriamente, a identificação dos contraentes, o objecto, o montante da bolsa de formação, se o houver, a duração, o horário e local de aprendizagem.

2. O representante do menor pode fixar outros elementos essenciais no contrato de aprendizagem.

Artigo 252ºRequisitos do mestre de aprendiz

1. Ninguém pode ser mestre de aprendiz quando tenha sido condenado por crime consumado ou simplesmente tentado contra menores, nomeadamente, os previstos no artigo 133º e 141º e segs todos do Código Penal vigente.

2. Quando uma pessoa tenha sido condenada por outro crime que não os previstos no número anterior, compete à Direcção-Geral do Trabalho, tendo em conta o grau de ressocialização dessa pessoa, avaliar e decidir se deve ou não ser mestre de aprendiz.

3. Quando o contrato de aprendizagem seja celebrado com uma pessoa colectiva, os requisitos enunciados nos artigos anteriores avaliam-se na pessoa do trabalhador indigitado pela empresa para ministrar as acções de formação.

Artigo 253ºRequisitos da empresa

1. Só pode celebrar contrato de aprendizagem o empregador que disponha de ambiente de trabalho e meios humanos e técnicos adequados a garantir a formação profissional do aprendiz.

2. Compete à Direcção-Geral do Trabalho certificar a capacidade do empregador para garantir formação profissional a aprendiz.

Artigo 254ºRegisto do contrato

1. O contrato de aprendizagem só se torna eficaz a partir do registo.

2. No prazo de 10 dias a contar da sua celebração, o mestre ou a empresa envia à Direcção-Geral do Trabalho o original do contrato de aprendizagem, acompanhado de documento comprovativo da aptidão física do aprendiz para a execução das tarefas de aprendizagem.

3. A Direcção-Geral do Trabalho pode recusar o registo do contrato quando faltar o documento previsto no número anterior e quando o mestre ou a empresa não reunir as condições técnicas e morais para ministrar a formação.

4. Em todo o caso o contrato de aprendizagem considera-se registado quando, decorridos 10 dias sobre a data da sua apresentação na Direcção-Geral do Trabalho, esta não comunicar à empresa ou ao mestre a recusa do registo.

Secção IDireitos e deveres das partes

Artigo 255ºBolsa de formação

1. O aprendiz tem direito a uma bolsa de formação, conforme os usos e costumes da profissão.

2. Pode igualmente ser atribuída ao aprendiz uma bolsa de formação quando a acção seja financiada por organismos de formação profissional ou através de cooperação internacional, nos termos regulamentares.

Artigo 256ºSeguro obrigatório

Durante a vigência do contrato de aprendizagem, os aprendizes ficam abrangidos pelo seguro obrigatório contra acidentes de trabalho e doenças profissionais.

Artigo 257ºDeveres da entidade formadora

Constituem deveres da entidade formadora:a) Ministrar ao aprendiz a formação necessária ao exercício de uma profissão

qualificada;b) Não exigir do aprendiz tarefas que não estejam compreendidas na profissão para

cujo exercício se forma;c) Facultar ao aprendiz a frequência das disciplinas que integram a formação geral;d) Respeitar as condições de higiene e segurança e de ambiente de trabalho

compatíveis com a idade do aprendiz;e) Informar regularmente o representante legal do aprendiz dos resultados da

aprendizagem;f) Pagar pontualmente ao aprendiz a bolsa de formação a que por lei tem direito.

Artigo 258ºDeveres do aprendiz

Constituem deveres do aprendiz:a) Ser assíduo, pontual e realizar as suas tarefas com zelo e diligência;b) Usar de urbanidade no trato com as pessoas com que se relacione durante e por

causa da aprendizagem;c) Acatar e seguir as instruções das pessoas encarregadas da sua formação;d) Guardar lealdade à entidade formadora e às pessoas que colaborem na sua

formação;e) Utilizar cuidadosamente e zelar pela boa conservação dos bens materiais que lhe

sejam confiados;f) Cumprir as demais obrigações decorrentes do contrato de aprendizagem e das

normas que o regem.

Artigo 259ºDuração da aprendizagem

A aprendizagem não pode ter duração superior a 3 anos.

CAPÍTULO IIDo trabalho de menores

Artigo 260ºProtecção moral do menor

É aplicável ao trabalho de menores o disposto nos artigos 250º e 251º deste Código.

Artigo 261ºIdade

1. Nenhum menor pode trabalhar enquanto não completar a idade de escolaridade obrigatória e, em caso algum, antes de perfazer 15 anos32.

2. Não constitui violação do disposto no número anterior a contratação de menor para actividades de representação, cinema, bailado, música e outras actividades de natureza espiritual, desde que a ocupação do menor seja devidamente acompanhada pelos pais ou quem legalmente o represente, e não prejudique a sua saúde, formação escolar, educação ou afecte o seu desenvolvimento físico, mental ou moral.

3. A contratação de um menor para a execução das tarefas a que se reporta o número anterior está sujeito a visto da Direcção-Geral do Trabalho, a qual pode mandar suprimir certas cláusulas do contrato, aditar ou corrigir outras e pode ainda, em despacho fundamentado, recusar o visto quando considerar que os interesses do menor não se encontram devidamente acautelados.

32. Nos termos do n.º 1 do artigo 2º da Convenção n.º 138 de 1973 sobre a idade mínima, o Governo de Cabo Verde declarou, pela Resolução n.º 68/2010, de 29 de Novembro, que a idade mínima de admissão ao emprego ou ao trabalho no seu território e nos meios de transporte matriculados no seu território é de 15 (quinze) anos. Assim sendo, conclui aquele dispositivo, “… nenhuma pessoa de idade inferior ao mínimo estabelecido pode ser admitido ao emprego ou ao trabalho, seja em que profissão for”..

4. A execução do contrato sem o competente visto da Direcção-Geral do Trabalho constitui contra-ordenação punível.

5. Quando a ambos pais incumba o poder paternal, a falta de um deles constitui motivo de ilegitimidade para a obtenção de qualquer dos efeitos previstos neste artigo.

Artigo 262ºTarefas domésticas e agrícolas

Não constitui igualmente violação do disposto no número um do artigo anterior a execução de tarefas que fazem parte da formação do menor para a vida, tais como a colaboração na execução de pequenas tarefas domésticas, agrícolas ou de outra natureza que contribuam para o seu desenvolvimento físico e mental, aperfeiçoem o seu sentido de organização, fortaleçam a auto-disciplina e qualifiquem a sua relação com a família, a comunidade e o ambiente.

Artigo 263ºForma

1. O contrato de trabalho celebrado com menor carece sempre de forma escrita, sob pena de nulidade.

2. Além dos efeitos previstos no artigo 34º, a nulidade do contrato de trabalho celebrado com quem não preenchia as condições previstas neste capítulo confere ao menor direito a ser indemnizado como se tivesse sido despedido sem justa causa.

Artigo 264ºTrabalho defeso a menor

1. Os menores não podem desempenhar actividades que não sejam conformes com o seu desenvolvimento físico e intelectual.

2. Sempre que se suscitem dúvidas sobre as condições físicas ou psíquicas de um menor para a execução de qualquer tarefa, o mesmo pode ser submetido a controle médico, por iniciativa própria, do empregador, dos representantes legais, ou de qualquer trabalhador da empresa.

3. Qualquer pessoa que tenha conhecimento de que um menor se encontra a prestar trabalho em condições perigosas ou insalubres ou outras condições que prejudiquem a sua saúde física ou psíquica ou, de um modo geral, com violação da legislação de trabalho relativa a menores, pode denunciar o facto à Direcção-Geral do Trabalho ou a qualquer autoridade com vista a fazer cessar as circunstâncias ilegais da prestação de trabalho.

4. Quando a denúncia tiver sido apresentada perante outra autoridade, que não a Direcção-Geral do Trabalho, a entidade que recebeu a denúncia deve retransmiti-la acto contínuo à Direcção-Geral do Trabalho e tomar as medidas preventivas que se inscreverem na sua esfera de competência.

Artigo 265º

Condições de prestação do trabalho

1. As pessoas que empreguem menores devem, antes da execução de qualquer tarefa, comprovar que estes possuem a robustez física necessária ao exercício da actividade profissional para que foram contratados.

2. Durante a prestação do trabalho, os menores são submetidos regular e periodicamente, no mínimo uma vez por ano, a prova de robustez física e de saúde para o exercício da função.

3. Salvo acordo em contrário, as despesas com os exames referidos nos dois artigos anteriores correm por conta do empregador.

Artigo 266ºDuração do trabalho

1. O período normal de trabalho de menores não pode exceder 38 horas semanais e 7 diárias.

2. O período normal de trabalho de menores pode ser, porém, igual ao dos outros trabalhadores quando as tarefas exercidos sejam de simples presença, o trabalho seja acentuadamente intermitente ou para efeitos exclusivos da formação do menor.

3. O descanso ininterrupto do menor não pode ser inferior a 12 horas diárias.

Artigo 267ºTrabalho nocturno e por turno

Estão interditos de prestar trabalho nocturno e por turnos, entre as 20 horas de um dia e as 7 horas do dia seguinte, os trabalhadores menores de 18 anos, a não ser que o trabalho nesse regime seja indispensável para a sua formação profissional e seja autorizada pela Direcção-Geral o Trabalho.

Artigo 268ºTrabalho extraordinário

O trabalho extraordinário de menores com idade compreendida entre os 16 e os 18 anos só é consentido em caso de força maior, não podendo, porém, exceder duas horas por dia e trinta horas por ano.

Artigo 269ºCapacidade de estar em juízo

1. Havendo impossibilidade de representação pelos pais ou tutor, o trabalhador menor pode estar pessoalmente em juízo para defesa dos seus interesses jurídico-laborais, sem prejuízo da intervenção do Ministério Público, nos termos da lei.

2. Na situação prevista no número anterior, o juiz ou outra entidade que receber a petição do menor, contacta imediatamente a Ordem dos Advogados, pela via que achar

mais conveniente, para que esta providencie um advogado para assegurar a defesa dos interesses do menor.

(…)

PARTE VESTRUTURAS E ORGÃOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL E PROMOÇÃO DO EMPREGO

DIRECÇÃO GERAL DE EMPREGO33 (DGE)

Decreto-Lei nº 62/2009,de 14 de Dezembro34

(…)

Secção IIDirecção Geral de Emprego

Artigo 12ºNatureza

A Direcção Geral de Emprego (DGE) é um serviço central de concepção e de apoio técnico e normativo nos domínios da formação profissional e do emprego e do empreendedorismo.

Artigo 13ºAtribuições

1. A DGE tem por atribuição, designadamente:

a) Assegurar-se da execução das actividades definidas pelo Governo, auscultar regularmente os responsáveis do sector e afinar estratégias e metodologias para a concretização dos desígnios governamentais;

b) Realizar em articulação com a DGPOG estudos e elaborar pareceres necessários à formulação da política de emprego, auto-emprego, de formação profissional e empreendedorismo;

c) Propor medidas de formação profissional, de emprego e de mercado de emprego;

d) Propor a regulamentação adequada para os sectores da formação e do emprego;e) Definir os objectivos gerais da política da formação profissional e de emprego,

propor medidas e programas e elaborar os projectos de diploma e de regulamentação necessários;

f) Elaborar indicadores e instrumentos básicos para o acompanhamento e avaliação das medidas de política de formação profissional e de emprego;

33. Serviço central dependente do Ministério da Juventude, Emprego e Desenvolvimento dos Recursos Humanos.

34. Conforme a lei orgânica do Governo, aprovada pelo Decreto-Lei nº 25/2011, de 13 de Junho, a DGE integra o Ministério da Juventude, Emprego e Desenvolvimento dos Recursos Humanos.

g) Acompanhar a implementação e a execução das medidas da política de formação profissional, de emprego, auto-emprego e empreendedorismo, coordenar a avaliação da sua execução e contribuir para a eficácia das intervenções, recorrendo a estudos de impacto e outros que visem a melhoria dos sectores da formação profissional e do emprego;

h) Acreditar e inspeccionar as entidades formadoras, os centros e estabelecimentos de formação profissional acreditados;

i) Inspeccionar as actividades técnicas dos Centros, Agências e Balcões de Emprego;

j) Proceder à pesquisa e tratamento de documentação e informação técnica nas áreas da formação profissional do emprego;

k) Desenvolver actividades que contribuam para a consolidação das políticas de formação profissional e emprego, em especial a promoção de actividades de investigação no âmbito da formação profissional e do emprego;

l) Participar na gestão e a avaliação técnica do Fundo de Formação Profissional;m) Acompanhar os trabalhos decorrentes das acções de cooperação internacional

relativos aos sectores da formação profissional e do emprego;n) Participar na elaboração de propostas de investimento para o sector e

acompanhar a execução dos orçamentos;o) Propor a criação de centros e pólos de Formação Profissional;p) Propor a criação de centros, agencias e balcões de Emprego;q) Articular com a DGPOG os apoios de natureza técnico-administrativa de

desenvolvimento de actividades nas áreas da formação profissional e do emprego;

r) O que mais lhe for cometido por lei ou pelo Ministro.

2. Na prossecução das suas atribuições a DGE, sob instruções do Ministro, articula-se especialmente com todas as entidades activas do sector do emprego e formação profissional referidas no artigo 11º do presente diploma.

Artigo 14ºDirecção

A DGE é dirigida por um Director Geral provido em comissão de serviço ou contrato de gestão conforme couber.

Artigo 15ºEstrutura

A DGE integra os seguintes serviços:

a) Serviço de Formação Profissional; eb) Serviço de Emprego.

Subsecção IServiço de Formação Profissional

Artigo 16ºNatureza

O Serviço de Formação Profissional é um serviço de apoio técnico relativo à concepção e formulação de políticas de formação profissional que visa assegurar a adequação da formação profissional às realidades do mercado de emprego e a actualização permanente dos instrumentos necessários às actividades do Ministério relacionadas com a procura de formação profissional.

Artigo 17ºAtribuições

1. O Serviço de Formação Profissional tem por atribuição, designadamente:

a) Conceber medidas que tenham em vista a adequação da formação profissional às necessidades sociais e económicas do país;

b) Conceber em articulação com os parceiros sociais, medidas de política com vista a suprir as necessidades de formação de mão-de-obra qualificada e atenuar os desequilíbrios do mercado de formação profissional a nível nacional, regional e local;

c) Conceber medidas de política de fomento e apoio a iniciativas que conduzam à formação profissional em áreas chaves de desenvolvimento do país e ou que visam o fomento do empreendedorismo;

d) Conceber, em articulação com os sectores, programas específicos com vista à formação de grupos-alvo identificados com manifesta dificuldade de acesso à formação profissional;

e) Criar e manter actualizados ficheiros e base de dados das estruturas de formação com menção às respectivas modalidades de formação por elas ministradas, necessários à actualização da Carta Nacional de Formação;

f) Coordenar a implementação de normas de funcionamento dos centros e estabelecimentos de formação profissional acreditados;

g) Definir, em concertação com outros departamentos, a política de formação de formadores de formação profissional;

h) Conceber medidas que tenham em vista a adequação das políticas de formação profissional e resolver os desequilíbrios do mercado em termos de carência de mão-de-obra a nível nacional e em parceria com as Câmaras Municipais, a nível regional e local.

2. O Serviço de Formação Profissional é dirigido por um responsável de equipa de trabalho ou por um Director de Serviço, providos mediante comissão de serviço ou contrato de gestão, conforme couber.

Subsecção IIServiço de Emprego

Artigo 18ºNatureza

O Serviço de Emprego é um serviço de apoio técnico relativo à concepção e formulação de políticas de emprego que visam assegurar a adequação da realidade do mercado de emprego e a actualização permanente dos instrumentos necessários às actividades do

Ministério relacionadas com a procura de emprego, manutenção da empregabilidade, inserção e integração na vida activa e, em geral, a gestão do mercado de emprego.

Artigo 19ºAtribuições

1. O Serviço de Emprego tem por atribuição, designadamente:

a) Conceber medidas de política de fomento e apoio a iniciativas que visam o fomento do empreendedorismo e o auto-emprego que em áreas chaves de desenvolvimento do país;

b) Preparar medidas de política de fomento e apoio a iniciativas que conduzam à criação de postos de trabalho, em unidades empresariais e ou de serviços já existentes ou que possam ser promovidas através de incentivos especiais;

c) Gizar em colaboração com os demais departamentos programas específicos com vista a criar emprego no seio de grupos-alvo identificados com manifesta dificuldade de acesso e ou inserção no mercado de trabalho;

d) Analisar e propor em coordenação com outros departamentos modelos de organização, de funcionamento e de intervenção técnica das estruturas descentralizadas do Ministério que se ocupam com o mercado de emprego;

e) Desenvolver os instrumentos necessários ao fomento de relacionamento técnico com os parceiros sociais;

f) Encomendar e divulgar informações sobre as ofertas e necessidades de emprego existentes no mercado de trabalho;

g) Acompanhar e avaliar permanentemente o crescimento do sector informal tendo em conta o seu impacto sobre o emprego;

h) Proceder à análise dos postos de trabalho, da mobilidade profissional, demográfica e geográfica da mão-de-obra;

i) O que mais lhe for cometido por lei ou pelo Ministro.

2. O Serviço de Emprego é dirigido por um responsável de equipa de trabalho ou por um Director de Serviço providos mediante comissão de serviço ou contrato de gestão, conforme couber.

(…)

INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

CRIAÇÃO

Decreto-Lei nº 51/94,de 22 de Agosto

As opções económicas do Governo em matéria de desenvolvimento económica implicam uma profunda uma profunda reformulação do ensino técnico, emprego e formação profissional.

Componente essencial do novo sistema é o Instituto de Emprego e Formação Profissional, que terá, entre outras missões, a de contribuir para a definição, execução e avaliação de políticas, estratégias e programas de emprego e formação profissional que correspondam as necessidades de valorização dos recursos humanos, em conformidade com os imperativos de desenvolvimento económico e social do país.

Nestes termos, e no uso da faculdade conferida pelo artigo 216º, nº 2, alínea a) da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1º

É criado o Instituto de Emprego e Formação profissional, abreviadamente designado por IEFP.

Artigo 2º

O IEFP é uma pessoa colectiva publica dotada de autonomia administrativa, financeira e Patrimonial , sob a tutela do Ministro do Trabalho, Juventude e Promoção Social.

Artigo 3º

As atribuições e competências, a organização e funcionamento do IEFP são regulados pelos respectivos estatutos e regulamentos complementares.

Artigo 4º

(revogado pelo artigo 2º do Decreto-Regulamentar nº 5/2010de 16 de Agosto)

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.

Carlos Veiga – Mário Silva – Jose Tomas Veiga – António Mendes dos Reis – Manuel Faustino – Mario Fernandes

Promulgado em 8 de Agosto de 1994.

O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS GOMES MONTEIRO

Referendado em 5 de Agosto de 1994.Õ Primeiro Ministro, Carlos Veiga

ESTATUTOS DO INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Decreto-Regulamentar nº 5/2010,de 16 de Agosto

O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), foi criado pelo Decreto-Lei n.º 51/94, de 22 de Agosto. Os seus estatutos foram aprovados pelo mesmo Decreto-Lei.

Entretanto, volvidos mais de quinze anos sobre a aprovação dos estatutos do IEFP constata-se que os mesmos se encontram desactualizados, quer no que concerne à realidade prática, quer no tocante à realidade normativa.

Isto porque, com os avanços entretanto conseguidos no País a nível político, socioeconómico e tecnológico, são outros os desafios que se colocam a nível do emprego, formação, profissional e empreendedorismo. Para além disso, com a aprovação do Regime Jurídico Geral dos Serviços Autónomos, dos Fundos Autónomos e dos Institutos públicos, pela Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março, são necessários novos estatutos conformes com a disciplina estabelecida na citada lei.

Estando em curso o processo de reestruturação do IEFP, os presentes estatutos inserem-se nesse processo, tendo como desiderato traduzir, a nível normativo, as estratégias e opções nele adoptadas, assim como adaptá-los à Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março.

Assim:

Ao abrigo do disposto na 2ª parte do n.º 1 do artigo 6º da Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março, e

No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 205º e pela alínea b) do artigo 264º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1ºAprovação

São aprovados os novos Estatutos do Instituto do Emprego e Formação Profissional, abreviadamente designado IEFP, que fazem parte integrante deste diploma e baixam assinados pela Ministra do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social.

Artigo 2ºRevogação

São revogadas todas as disposições do Decreto-Lei n.º 51/94, de 22 de Agosto, que dizem respeito ao Estatutos do IEFP.

Artigo 3ºEntrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de MinistrosJosé Maria Pereira Neves - Cristina Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Maria Madalena Brito Neves

Promulgado em 4 de Agosto de 2010Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUESPIRES

Referendado em 6 de Agosto de 2010O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

ANEXO

ESTATUTOS DO INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

CAPITULO IDisposições gerais

Artigo 1ºNatureza

O Instituto do Emprego e Formação Profissional, abreviadamente designado por IEFP, é uma pessoa colectiva pública, com natureza institucional e dotada de autonomia administrativa, financeira e patrimonial.

Artigo 2ºRegime jurídico

O IEFP rege-se pelo disposto no Regime Jurídico Geral dos Serviços Autónomos, dos Fundos Autónomos e dos Institutos Públicos, aprovado pela Lei n.º 96/V/99, de 22 de Março, nos presentes estatutos e regulamentos internos.

Artigo 3ºMissão e atribuições

1. O IEFP é a entidade pública nacional de execução das políticas e medidas de promoção do emprego, empreendedorismo e formação profissional.2. O IEFP tem por missão garantir, através da sua estrutura central e serviços descentralizados, e em parceria com outras instituições públicas e privadas, a promoção e execução das acções de formação profissionalpara satisfazer as necessidades do mercado de trabalho, contribuindo para a promoção do emprego digno, qualificação relevante e atitude empreendedora, visando autonomia individual e a prosperidade colectiva.3. São atribuições do IEFP:

a) Promover a qualificação profissional da população, através da oferta de formação profissional, inicial e contínua, certificadas e relevantes para a modernização da economia;

b) Contribuir para a promoção e incentivo das entidades privadas acreditadas para a realização de acções de formação profissional que se revelem adequadas às necessidades das pessoas e à modernização do tecido económico;

c) Contribuir para a definição, concepção e avaliação das políticas e medidas para os sectores do emprego, da formação profissional e do empreendedorismo;

d) Contribuir para o ajustamento entre a oferta e a procura de emprego, através da participação na organização do mercado de emprego;

e) Promover a informação, a orientação profissional e o aumento da qualificação com vista ao auto emprego e à inserção no mercado de trabalho;

f) Promover a capacitação do sector privado, em articulação com as organizações socioprofissionais, no sentido do fomento do empreendedorismo;

g) Apoiar as entidades públicas e privadas na organização do dossier técnico com vista à sua acreditação como entidades formadoras;

h) Aprovar os processos de certificação dos cursos de formação profissional;i) Articular, com o Sistema Nacional de Qualificação, as acções de promoção,

desenvolvimento e integração das ofertas de formação, através do Catálogo Nacional de Qualificações e do processo de Reconhecimento Validação e Certificação de Competências;

j) Assegurar e coordenar os trabalhos da Comissão de Equivalências para a formação profissional, em articulação com outras instituições com competências nessa área;

k) Participar na regulação do sistema do emprego e formação profissional, propondo medidas legislativas e regulamentares pertinentes;

l) Promover ofertas de formação profissional competitivas de modo a responder às exigências de migração profissional e circular;

m) Desenvolver relações de parceria com instituições congéneres dos países de acolhimento da emigração cabo-verdiana;

n) Participar na coordenação das actividades de cooperação técnica desenvolvidas com organizações nacionais e internacionais e países estrangeiros nos domínios da formação profissional emprego e empreendedorismo;

o) Cooperar, no domínio das respectivas atribuições, com os parceiros sociais, organizações não governamentais, organizações representativas das classes, instituições de formação profissional privadas, tendo em vista uma intervenção articulada, conducente à eficiência do sector;

p) Cooperar, no domínio das respectivas atribuições, com departamentos governamentais competentes.

Artigo 4ºSede, jurisdição e serviços desconcentrados

1. O IEFP tem a sua sede na cidade da Praia e exerce na sua actividade em todo o território nacional.

2. São serviços desconcentrados do IEFP os Centros de Emprego e Formação Profissional35.

3. Por deliberação do Conselho de Administração, homologada por despacho do membro do Governo que exerce a superintendência sobre o IEFP, é definido o âmbito territorial de cada um dos Centros de Emprego e Formação Profissional.

CAPÍTULO IIÓrgãos e estruturação interna

Secão IPrincípios gerais

Artigo 5ºÓrgãos

São órgãos do IEFP:

a) O Presidente;b) O Conselho de Administração;c) O Conselho Técnico;d) O Conselho Consultivo.

Artigo 6ºEstatuto remuneratório

35. Os Centros de Emprego e Formação Profissional (CEFP) do IEFP foram criados pela Resolução nº 13/2011, de 24 de Janeiro. O estatuto consta do Decreto-Regulamentar nº 6/2011, de 21 de Fevereiro.

O estatuto remuneratório do Presidente e dos membros do Conselho de Administração é estabelecido pelo Conselho de Ministros, sob proposta do membro do Governo que exerce superintendência sobre o IEFP.

Secção IIPresidente

Artigo 7ºNomeação

O Presidente é provido no cargo, em comissão de serviço ou mediante contrato de gestão, por despacho do Primeiro-Ministro, sob proposta do membro do Governo que exerce superintendência sobre o IEFP.

Artigo 8ºCompetência

1. O Presidente do IEFP é o órgão executivo singular ao qual compete gerir o instituto, designadamente:

a) Assegurar a gestão correcta, a orientação e a coordenação das actividades;

b) Propor e executar os instrumentos de gestão previsional e os regulamentos internos e prestar contas.

2. Compete, ainda, ao Presidente do IEFP:

a) Presidir o Conselho de Administração;b) Convocar e fixar a agenda das reuniões do Conselho de Administração;c) Representar o IEFP em juízo e fora dele, podendo constituir procurador bastante

ou mandatário sempre que o julgue conveniente ou a lei o exija;d) Superintender, coordenar, dirigir e fiscalizar as actividades, serviços, pessoal e

demais recursos do IEFP, velando pelo seu bom e eficaz funcionamento;e) Orientar e coordenar a actividade interna do IEFP e prover em todo o que for

necessário para a conservação e gestão do seu património;f) Autorizar despesas dentro dos limites que forem fixados pelo Conselho de

Administração;g) Exercer a acção disciplinar;h) Nomear, contratar, promover, transferir e rescindir contratos de pessoal nos

termos legais;i) Decidir sobre todos os assuntos relativos ao IEFP e que não sejam de

competência de qualquer outro órgão;j) Exercer as demais competências e atribuições que lhe forem cometidas por lei,

regulamento ou determinação superior.

3. Por razões de urgência devidamente fundamentadas e na dificuldade de reunir o Conselho de Administração, o Presidente pode, excepcionalmente, praticar quaisquer actos da competência deste último, os quais devem, no entanto, ser ratificadas na primeira reunião seguinte.

4. Nas suas faltas, ausências e impedimentos, o Presidente é substituído por um dos membros do Conselho de Administração por ele designado, sendo a substituição comunicada à entidade de superintendência.

Secção IIIConselho de Administração

Artigo 9ºNatureza

O Conselho de Administração é o órgão deliberativo colegial encarregue de assegurar a planificação, a orientação, a coordenação, o seguimento e avaliação das actividades do IEFP.

Artigo 10ºComposição e nomeação

O Conselho de Administração é composto pelo Presidente do IEFP e por mais 2 (dois) membros, sendo um executivo e outro não executivo e são providos no cargo, em comissão de serviço ou mediante contrato de gestão.

Artigo 11ºCompetência

1. Compete ao Conselho de Administração:

a) Definir e acompanhar a orientação geral e a actividade do IEFP;b) Fixar objectivos e metas e controlar os resultados;c) Aprovar os regulamentos necessários a organização e funcionamento do IEFP;d) Autorizar a celebração de acordos de cooperação com outras entidades públicas

ou privadas, nacionais ou estrangeiras;e) Aprovar e submeter à homologação da entidade que exerce a superintendência o

plano de actividades, o orçamento e o relatório de actividades, tendo em conta as politicas definidas para o sector do emprego e formação profissional;

f) Propor ao Governo medidas de politica que fomentem o emprego, o empreendedorismo e a formação profissional;

g) Aprovar e submeter as contas ao Tribunal de Contas;h) Deliberar sobre quaisquer assuntos que lhe forem submetidos pelo Presidente.

2. O Conselho de Administração pode delegar as competências previstas nas alíneas do número anterior em qualquer dos seus membros, com faculdade de subdelegação.

Artigo 12ºFuncionamento

1. O Conselho de Administração reúne-se ordinariamente 1 (uma) vez por trimestre e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo seu Presidente, por sua iniciativa, ou a pedido de um terço dos seus membros.

2. O Conselho de Administração pode delegar, com faculdade de subdelegação, em um ou mais dos seus membros e nos dirigentes dos serviços, as competências fixar expressamente os respectivos limites.

3. O Conselho de Administração pode distribuir entre os seus membros, sob proposta do presidente, a gestão de áreas de actuação do IEFP.

4. O Conselho de Administração só pode deliberar validamente com a presença de, pelo menos, 2 (dois) dos seus membros.

5. As decisões do Conselho de Administração são tomadas por maioria absoluta de votos dos membros presentes, cabendo ao Presidente o voto de qualidade, em caso de empate.

6. Podem ser convidados a participar nas reuniões do Conselho de Administração, com direito à palavra, mas sem direito a voto, os Coordenadores das Unidades de Gestão do IEFP, investigadores e técnicos de reconhecida competência e idoneidade.

7. É lavrada acta de cada reunião na qual consta a identificação dos presentes, a referência aos assuntos tratados e as deliberações tomadas, com a indicação das respectivas votações.

Secção IVConselho Técnico

Artigo 13ºNatureza

O Conselho Técnico é um órgão consultivo de coordenação técnica horizontal e que actua, enquanto instrumento técnico, para a adequada operacionalização do programa de actividades do IEFP.

Artigo 14ºComposição

O Conselho Técnico é composto:

a) Pelo Presidente do IEFP, que preside; eb) Pelos Coordenadores das Unidades de Gestão do IEFP.

Artigo 15ºCompetência

Compete ao Conselho Técnico:

a) Programar, harmonizar e acompanhar as actividades técnicas do IEFP e controlar os respectivos resultados;

b) Emitir parecer sobre os assuntos de natureza técnica solicitados pelo Conselho de Administração.

Artigo 16ºFuncionamento

1. O Conselho Técnico reúne-se trimestralmente e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo seu presidente, ou por solicitação do Conselho de Administração, ou a pedido de um terço dos seus membros.

2. Podem participar nas reuniões, sem direito a voto, por convocação do respectivo presidente, mediante proposta do Conselho de Administração, quaisquer pessoas ou entidades cuja presença seja considerada necessária para o esclarecimento dos assuntos em apreciação.

Secção VConselho Consultivo

Artigo 17ºNatureza

O Conselho Consultivo é o órgão de consulta, apoio e participação na definição das políticas de emprego, formação profissional e empreendedorismo, bem como das linhas gerais de actuação da IEFP.

Artigo 18ºComposição

1. O Conselho Consultivo é composto:

a) Pelo Presidente do IEFP;b) Um representante da Associação Nacional de Municípios;c) Um representante do Ministério da Educação;d) Um representante do Ministério da Juventude;e) Dois Representantes das Câmaras do Comercio;f) Um representante da Plataforma das ONG.

2. Os membros do Conselho Consultivo são designados pelas entidades que representam, a solicitação do IEFP.

3. As duas entidades referidas na alínea e) do n.º1 são escolhidas pelo Conselho de Administração do IEFP.

4. A presidência do Conselho Consultivo é rotativa, alternando-se entre representantes do sector público e do sector privado, sendo a primeira presidência assegurada pelo Presidente do Conselho de Administração do IEFP.

Artigo 19ºCompetência

1. Compete ao Conselho Consultivo propor políticas e medidas de política em matéria de emprego, formação profissional e empreendedorismo.

2. Com ao Conselho Consultivo emitir parecer designadamente sobre:

a) As linhas gerais do plano de actividades e orçamento do IEFP;b) O relatório de actividades anual;c) Sobre todas as questões respeitantes às atribuições da instituição, nos casos

previstos nos estatutos ou a pedido do Conselho de Administração.

Artigo 20ºFuncionamento

1. O Conselho Consultivo reúne-se 3 (três) vezes por ano e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo seu presidente, por sua iniciativa, ou por solicitação do Conselho de Administração, ou a pedido de um terço dos seus membros.

2. Podem participar nas reuniões, sem direito a voto, por convocação do respectivo presidente, por iniciativa própria ou mediante proposta do Conselho de Administração, quaisquer pessoas ou entidades cuja presença seja considerada necessária para o esclarecimento dos assuntos em apreciação.

Secção VServiços

Artigo 21ºServiços

1. O IEFP dispõe dos serviços e departamentos que se mostrarem necessários ao seu eficaz funcionamento.

2. A criação, a organização e o funcionamento dos departamentos referidos no número anterior são aprovados por portaria do membro do Governo que exerce superintendência sobre o IEFP.

CAPITULO IIISuperintendência

Artigo 22ºSuperintendência

1. O IEFP está sujeito à superintendência do membro do Governo responsável pelas áreas do emprego e formação profissional.

2. O membro do Governo que exerce superintendência sobre o IEFP pode dirigir orientações, emitir directivas ou solicitar informações aos órgãos dirigentes do IEFP sobre os objectivos a atingir na gestão e sobre as prioridades a adoptar na respectiva prossecução e exercer as demais competências de superintendência previstas na lei.

3. O poder de superintendência compreende designadamente:

a) O poder de definir os objectivos básicos a prosseguir pelo Instituto, nomeadamente no quadro da preparação dos planos de actividade e dos orçamentos;

b) O poder de ordenar inspecções ou inquéritos ao funcionamento do Instituto ou a certos aspectos deste, sempre que isso se mostre necessário e útil e independentemente da existência de indícios de irregularidades;

c) O poder de exigir todas as informações e documentos julgados úteis para acompanhar de modo continuado a actividade do Instituto;

d) O poder de autorizar ou aprovar:

i) Os planos de investimentos e respectivos planos de financiamento, ii) Os orçamentos anuais de exploração, de investimentos e financeiros, bem como as respectivas actualizações;iii) Os documentos relativos à prestação de contas;iv) As dotações e outras verbas a conceder pelo Orçamento do Estado;v) Homologação de taxas, emolumentos e outras receitas;vi) Os contratos-programa e os contratos de gestão;vii) O regulamento interno da orgânica do IEFP e os instrumentos de gestão de pessoal;viii) Os demais actos que nos termos da legislação aplicável necessitam de aprovação da entidade de superintendência.

CAPITULO IVRegime financeiro e patrimonial

Artigo 23ºRegime Financeiro

1. A gestão financeira do IEFP rege-se pelas normas da contabilidade pública.

2. O IEFP utiliza os seguintes instrumentos de gestão:

a) O plano anual e plurianual;b) O orçamento;c) O relatório anual de actividades.

Artigo 24ºReceitas

Constituem receitas do IEFP:

a) As dotações para o efeito inscritas no orçamento do Estado;b) As comparticipações e os subsídios provenientes de quaisquer entidades

públicas ou privadas nacionais, estrangeiras, ou internacionais;c) O produto de taxas, emolumentos e outras receitas cobradas por licenciamento,

aprovação e outros actos ou serviços prestados no âmbito do exercício das suas atribuições;

d) Os rendimentos provenientes da gestão do seu património mobiliário e imobiliário, assim como da gestão dos bens do domínio público ou privado do Estado confiados à sua administração;

e) O produto da alienação de bens próprios e da constituição de direitos sobre eles;f) As indemnizações, doações ou legados concedidos ou devidos, consoante os

casos, por entidades públicas ou privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais;

g) Os montantes legais resultantes da aplicação das coimas;h) Os saldos das contas da gerência;i) As importâncias provenientes de empréstimos a curto, médio e longo prazo, que

tenha sido autorizado a contrair, para a realização das suas atribuições;j) Quaisquer outras receitas provenientes da sua actividade ou que lhe tenham sido

atribuídas por lei, acto ou por contrato.

Artigo 25ºDespesas

Constituem despesas do IEFP as que resultem do exercício das suas atribuições e competências, designadamente os encargos com a política de emprego, formação, profissional e empreendedorismo, os encargos de funcionamento dos serviços centrais e desconcentrados e as imobilizações financeiras, corpóreas e incorpóreas.

Artigo 26ºPatrimónio

O património do IEFP é constituído pela universalidade dos bens, direitos, obrigações e outros valores que receba ou adquira por causa ou no exercício da sua actividade

Artigo 27ºControlo Financeiro e Prestação de Contas

A actividade financeira do IEFP está sujeita à fiscalização dos serviços de inspecção de Finanças do Estado, podendo também ser submetida a auditoria externa por intervenção do Governo, através da superintendência.

Artigo 28ºFiscalização do Tribunal de contas

O IEFP está sujeito à jurisdição do Tribunal de Contas nos termos da legislação competente.

CAPÍTULO IVPessoal

Artigo 29ºRegime jurídico do pessoal

O pessoal do IEFP está sujeito ao regime jurídico do contrato individual de trabalho, previsto no Código Laboral Cabo-verdiano, com as especificidades decorrentes dos presentes estatutos e do diploma que os aprova.

Artigo 30ºInstrumentos de Gestão de Pessoal

1. O Plano de Cargos, Carreiras e Salários do pessoal do IEFP é aprovado por portaria da entidade de superintendência, mediante proposta do Conselho de Administração.

2. Os outros instrumentos de gestão de pessoal nomeadamente, a política de formação e o sistema de avaliação do desempenho são aprovados por deliberação do Conselho de Administração do IEFP.

A Ministra do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social, Maria Madalena Brito Neves

CENTROS DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL (CEFP)

APROVAÇÃO DOS ESTATUTOS

Decreto-Regulamentar nº 6/2011,de 21 de Fevereiro

O Decreto-Regulamentar n.º 5/2010, de 16 de Agosto, que aprova os novos Estatutos do Instituto do Emprego e Formação Profissional, designado IEFP, estabelece no seu artigo 4.º, que são serviços desconcentrados do IEFP os Centros de Emprego e Formação Profissional (CEFP).

Por seu lado, o n.º 3 desse mesmo artigo, intitulado “sede, jurisdição e serviços desconcentrados”, dispõe que “por deliberação do Conselho de Administração, homologada por despacho do membro do Governo que exerce a superintendência sobre o IEFP, é definido o âmbito territorial de cada um dos CEFP”.

A junção das vertentes “emprego” e “formação profissional”, visa a um tempo, racionalizar a utilização dos recursos disponíveis de um lado, e salvaguardar a eficácia da acção governamental nesses domínios, por outro.

O diploma encarregue de regular os Estatutos dos CEFP contêm um conjunto de dispositivos que, de um lado, definem a natureza e o âmbito do diploma, e do outro, delineiam a missão dos mesmos. Elencam ainda todo um conjunto de atribuições que doravante passarão a ser cometidas aos CEPF e dispõem sobre a organização e o modo de funcionamento dos mesmos.

A articulação dos CEPF com determinadas entidades mostra-se necessário ficar estabelecido a fim de se poder fomentar o empreendedorismo e a inserção na vida activa, visando a consecução de um determinado nível de eficiência da sua acção.

Os CEFP, enquanto estruturas desconcentradas IEFP, de âmbito regional, assumem o papel de executores das políticas e medidas do emprego, empreendedorismo e formação profissional.

Os CEFP regem-se pelas deliberações do Conselho de Administração do IEFP, pelo presente Estatuto e por regulamentos internos. Por outro lado, os CEFP têm como missão, garantir em parceria com os serviços centrais do IEFP e com outras instituições públicas e privadas, a promoção e a execução das acções de formação profissional para satisfazer as necessidades do mercado de trabalho e da economia, contribuindo para a promoção do emprego digno, qualificação relevante e atitude empreendedora, visando a autonomia individual e a prosperidade colectiva.

De entre outras atribuições, inscrevem-se como atribuições dos CEFP, a promoção da qualificação profissional da população, através da oferta de formação profissional, inicial, e contínua, certificadas e relevantes para a modernização da economia, a contribuição para a promoção e incentivo das entidades privadas acreditadas para a realização de acções de formação profissional que se revelarem adequadas às necessidades das pessoas e à modernização do tecido económico e empresarial a nível regional e local, a contribuição para a execução das políticas e medidas para os sectores do emprego, da formação profissional e do empreendedorismo a nível regional e local.

Nestes termos, ao abrigo do disposto no n.º 2 do artigo 4.º do Decreto-Regulamentar n.º 5/2010 de 16 de Agosto; e

No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 205º e alínea a) do n.º 2 do artigo 264º, ambos da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

CAPÍTULO IDisposições gerais

Artigo 1ºObjecto

O presente diploma aprova os estatutos dos Centros de Emprego e Formação Profissional (CEFP), a que se refere o n.º 2 do artigo 4.º do Decreto-Regulamentar n.º 5/2010, de 16 de Agosto.

Artigo 2ºEntrada em Vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.José Maria Pereira Neves - Maria Madalena Brito Neves

Promulgado em 11 de Fevereiro de 2011Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUESPIRES

Referendado em 11 de Fevereiro de 2011O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

___

ESTATUTOS DOS CENTROS DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL (CEFP)

Artigo 1ºNatureza

1. O CEFP é uma estrutura desconcentrada do Instituto do Emprego e Formação Profissional, adiante designado IEFP, de âmbito regional, para a execução de políticas e medidas do emprego, do empreendedorismo e da formação profissional.

2. Por deliberação do Conselho de Administração do IEFP, homologada por despacho do membro do Governo que exerce a superintendência sobre o IEFP, é definido o âmbito territorial de cada CEFP.

Artigo 2ºRegime jurídico

O CEFP rege-se pelas deliberações do Conselho de Administração do IEFP, pelo presente Estatuto e por regulamentos internos.

Artigo 3º

Missão e atribuições

1. O CEFP tem por missão garantir, sob a orientação dos serviços centrais do IEFP e em parceria com outras instituições públicas e privadas, apoiar na promoção e execução de acções de formação profissional para satisfazer as necessidades do mercado de trabalho, contribuindo para a promoção do emprego digno, qualificação relevante e atitude empreendedora, visando a autonomia individual e a prosperidade colectiva.

2. São atribuições do CEFP, designadamente:

a) Garantir e apoiar na qualificação profissional da população, através da oferta de formação profissional, inicial, e contínua, certificadas e relevantes para a redução do desemprego e a modernização da economia;

b) Apoiar e participar na promoção e incentivo das entidades privadas acreditadas para a realização de acções de formação profissional que se revelem adequadas às necessidades das pessoas e à modernização do tecido económico e empresarial a nível regional e local;

c) Executar as políticas e medidas para os sectores do emprego, da formação profissional e do empreendedorismo a nível regional e local;

d) Zelar pelo ajustamento entre a oferta e a procura de emprego, através da participação na organização do mercado de emprego a nível regional e local;

e) Participar activamente na promoção da informação, orientação profissional e o aumento da qualificação com vista ao auto-emprego e à inserção no mercado de trabalho;

f) Participar activamente na capacitação do sector privado, em articulação com as organizações socioprofissionais, no sentido do fomentar o empreendedorismo;

g) Participar na elaboração de propostas sobre processos de avaliação e certificação de cursos e acções de formação profissional;

h) Colaborar com a Direcção Geral do Emprego36 sob a orientação do IEFP, no desenvolvimento de planos regionais de emprego;

i) Colaborar com a Direcção Geral do Emprego37, sob a orientação do IEFP no desenvolvimento e implementação do processo de Acreditação das Entidades Formadoras;

j) Colaborar de forma permanente com a Unidade Nacional de Orientação Vocacional, Escolar e Profissional38;

k) Colaborar de forma permanente com a Agência de Desenvolvimento Empresarial e Inovação;

l) Apoiar as entidades privadas na organização do dossier técnico com vista à sua acreditação como entidades formadoras;

m) Participar activamente no desenvolvimento e implementação de ofertas formativas competitivas de modo a responder às exigências de migração profissional e circular; e

n) Implementar uma política de proximidade com a sociedade civil e comunidade da sua área de abrangência, através das Associações Comunitárias e ONG.

36. Ver o Decreto-Lei nº 62/2009, de 14 de Dezembro.

37. Ver o Decreto-Lei nº 62/2009, de 14 de Dezembro.

38. Ver a Portaria conjunta nº /2010, de 15 de Fevereiro.

Artigo 4ºArticulação

1. Sob instruções do Conselho de Administração do IEFP, o CEFP articula-se com todas as entidades activas no sector do emprego, formação e orientação profissional, fomento do empreendedorismo e inserção na vida activa.

2. O CEFP, sob instruções do Conselho de Administração do IEFP, articula-se ainda no domínio das respectivas atribuições, com as Câmaras Municipais, os Parceiros Sociais, as organizações não governamentais e de desenvolvimento social e comunitário, as organizações representativas das classes, as instituições de formação profissional privadas, as empresas e outras unidades produtivas, tendo em vista uma intervenção articulada, conducente à eficiência.

3. A articulação a que se refere nos números anteriores efectua-se mediante reuniões ordinárias entre as partes e, eventualmente reuniões extraordinárias impostas pelas circunstâncias.

CAPÍTULO IIEstrutura interna e órgãos

Secção ICoordenador

Artigo 5ºNomeação

1. O coordenador do CEFP é nomeado no cargo, em comissão de serviço ou mediante contrato de gestão, por despacho do membro do Governo responsável pelas áreas do Emprego e Formação profissional, sob proposta do Conselho de Administração do IEFP.

2. Os requisitos mínimos para desempenho do cargo de coordenador são fixados, mediante Termos de Referência, pelo Conselho de Administração do IEFP e homologados pela tutela.

3. O coordenador do CEFP é substituído nas suas faltas, ausências ou impedimentos por quem for designado por ele.

4. O coordenador deve imediatamente comunicar ao Conselho de Administração do IEFP o seu substituto nas suas faltas, ausências ou impedimentos.

5. O coordenador do CEFP é equiparado a Director de Serviço.

Artigo 6ºCompetências

1. O coordenador é o membro executivo singular ao qual compete gerir o CEFP, designadamente:

a) Assegurar a gestão corrente, a orientação e a coordenação das actividades;b) Executar os instrumentos de gestão previsional, aplicar os regulamentos internos

e prestar contas.

2. Compete, ainda, ao coordenador:

a) Presidir o Conselho directivo e o Conselho consultivo;b) Convocar e fixar a agenda das reuniões dos conselhos a que se refere a alínea

anterior;c) Representar o CEFP em juízo e fora dele podendo, sob orientação do Conselho

de Administração do IEFP, constituir procurador bastante ou mandatário sempre que o julgue conveniente ou a lei o exija;

d) Superintender, coordenar, dirigir e fiscalizar as actividades, serviços, pessoal e demais recursos do CEFP, velando pelo seu bom e eficaz funcionamento;

e) Orientar e coordenar a actividade interna do CEFP e prover em tudo o que for necessário para a conservação e gestão do seu património;

f) Autorizar despesas dentro dos limites que forem fixados pelo Conselho de Administração do IEFP;

g) Exercer a acção disciplinar;h) Propor ao Conselho de Administração do IEFP a nomeação, contracção e

rescisão de contratos de pessoal nos termos legais;i) Decidir sobre todos os assuntos relativos aos CEFP e que não sejam de

competências de qualquer órgão;j) Exercer as demais competências e atribuições que lhe forem cometidas por lei,

regulamento ou determinação superior.

3. Por razões de urgência devidamente fundamentadas e na dificuldade de reunir o Conselho Directivo, o coordenador pode, excepcionalmente, praticar quaisquer actos da competência deste último, os quais devem no entanto, ser ratificados na primeira reunião seguinte.

4. Nas suas faltas, ausências e impedimentos, o coordenador é substituído por um dos membros do Conselho Directivo por ele designado, sendo a substituição comunicada ao Conselho de Administração do IEFP.

Secção IIÓrgãos

Artigo 7ºÓrgãos

São órgãos do CEFP:

a) O Conselho directivo;b) O Conselho consultivo.

Subsecção IConselho Directivo

Artigo 8º

Natureza

O Conselho directivo é o órgão deliberativo encarregue de assegurar a planificação, a orientação, a coordenação, o seguimento e avaliação das actividades do CEFP.

Artigo 9ºComposição e nomeação

O Conselho Directivo do CEFP é composto pelo coordenador do CEFP que o preside, e pelos coordenadores das Unidades de Formação e Orientação, de Emprego e Inserção na Vida Activa, e pelo ponto focal que coordena o Serviço de Administração, Finanças e Recursos Humanos.

Artigo 10ºCompetências

1. Compete ao Conselho Directivo:

a) Definir e acompanhar a orientação geral e a actividade corrente do CEFP;b) Fixar objectivos e metas e controlar os resultados;c) Celebrar mediante autorização do Conselho de Administração do IEFP

protocolos de parceria com outras entidades nacionais, públicas ou privadas;d) Aprovar e submeter para homologação ao Conselho de Administração do IEFP o

plano de actividades, o orçamento e o relatório de actividades, tendo em vista as políticas definidas para o Emprego, a Formação Profissional, a Orientação Profissional e o Empreendedorismo;

e) Propor ao Conselho de Administração do IEFP medidas conducentes a fomentar o Emprego, a Formação Profissional, a Orientação Profissional e o Empreendedorismo, a nível da sua região de actuação;

f) Aprovar e submeter as contas do CEFP ao Conselho de Administração do IEFP;g) Deliberar sobre quaisquer assuntos que lhe forem submetidos pelo Coordenador

do CEFP.

2. O Conselho Directivo do CEFP pode delegar as competências previstas nas alíneas do número anterior em qualquer dos seus membros, com faculdade de subdelegação.

Artigo 11ºFuncionamento

1. O Conselho Directivo reúne-se ordinariamente uma vez por mês e, extraordinariamente sempre que convocado pelo seu Presidente, ou a pedido de 1/3 (um terço) dos seus membros.

2. O Conselho Directivo pode delegar, com faculdade de subdelegação, em um ou mais dos seus membros, as competências que lhe estejam atribuídos, devendo fixar expressamente os respectivos limites.

3. O Conselho Directivo pode distribuir entre os seus membros, sob proposta do Presidente, a gestão de áreas de actuação do CEFP.

4. O Conselho Directivo só pode deliberar validamente com a presença de, pelo menos, 3 (três) dos seus membros.

5. As decisões do Conselho Directivo são tomadas por maioria absoluta de votos dos membros presentes, cabendo ao Presidente o voto de qualidade, em caso de empate.

6. Podem ser convidados a participar nas reuniões do Conselho Directivo, com direito à palavra, mas não ao voto, os coordenadores dos núcleos existentes no CEFP, investigadores e técnicos de reconhecida competência e idoneidade.

7. De cada reunião do Conselho Directivo é lavrada acta na qual consta a identificação dos presentes, a referência aos assuntos tratados e as deliberações tomadas.

Artigo 12ºEstatuto remuneratório

O estatuto remuneratório do coordenador e dos demais membros do Conselho Directivo é estabelecido pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas do Emprego e Formação Profissional e Finanças, sob proposta do Conselho de Administração do IEFP.

Subsecção IIConselho Consultivo

Artigo 13ºNatureza

O Conselho Consultivo do CEFP é o órgão de consulta, apoio e participação e de intervenção do seu âmbito regional e local, na execução das actividades do CEFP em matéria do Emprego, Formação Profissional, Orientação Profissional e Empreendedorismo.

Artigo 14ºComposição

1. O Conselho Consultivo do CEFP é composto:

a) Pelo coordenador do CEFP, que o preside;b) Pelo coordenador do Serviço de Formação e Orientação Profissional;c) Pelo coordenador do Serviço de Emprego e Inserção na Vida Activa;d) Pelo ponto focal coordenador do Serviço de Administração, Finanças e Recursos

Humanos;e) Por um representante dos coordenadores dos cursos, eleito em assembleia

realizada para o efeito;f) Por um representante do Centro local de Juventude;g) Por um representante da Comissão Regional de Parceiros, se houver;h) Por um representante da Escola Secundaria ou Escola Técnica local, se houver;i) Por um representante de cada Câmara Municipal com sede na área geográfica do

CEFP;j) Por um representante da delegação local do Ministério da Educação;k) Por um representante da delegação local do Ministério da Agricultura;

l) Por um representante do Ministério responsável pelo Ensino superior, se houver na área geográfica do CEFP;

m) Por um representante do Comando Regional da Policia Nacional, local;n) Por um representante de Associações Sociais ou Comunitárias locais;o) Por um representante do sector privado da economia, com sede na área

geográfica do CEFP.

2. Os membros do Conselho Consultivo a que se refere as alíneas g) a m) são designados pelas entidades que representam, à solicitação do Conselho de Administração do IEFP sob proposta do coordenador do CEFP.

Artigo 15ºCompetências

Compete ao Conselho Consultivo:

a) Promover mecanismos eficazes de articulação entre as actividades de qualificação, emprego, e formação profissional ao nível regional e local, para a rentabilização e optimização dos recursos disponíveis;

b) Apoiar na definição de mecanismos eficazes de articulação entre as actividades de qualificação, emprego, e formação profissional e mercado do trabalho, ao nível regional e local;

c) Proceder periodicamente, à apreciação e à avaliação da situação e das tendências nos domínios da qualificação, do emprego e da formação profissional, ao nível regional e local;

d) Apoiar na formulação de propostas de planos de intervenção nos domínios da qualificação, do emprego e da formação profissional, ao nível regional e local;

e) Apoiar no fomento na participação de instituições públicas, privadas e académicas com vista à obtenção de subsídios e dados orientadores para o aprimoramento das suas acções e o fortalecimento dos sistemas de emprego e formação profissional;

f) Aconselhar as instâncias competentes sobre políticas e medidas de promoção da qualificação, emprego e formação profissional ao nível regional e local, com vista a assegurar um progresso equilibrado;

g) Pronunciar-se sobre a necessidade de realização de estudos e análises em matéria de qualificação, emprego e formação profissional ao nível regional e local;

h) Opinar sobre a utilização dos recursos públicos disponibilizados aos sectores de qualificação, emprego e formação profissional ao nível regional e local.

Artigo 16ºFuncionamento

1. O Conselho consultivo reúne-se duas vezes por ano e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo seu presidente, ou por solicitação do Conselho Directivo do CEFP, ou a pedido de um terço dos seus membros.

2. Podem participar nas reuniões, sem direito a voto, por convocação do respectivo necessária para o estabelecimento dos assuntos em apreciação.

Secção IIIServiços

Artigo 17ºServiços

1. Os CEFP dispõem como serviços, designadamente:

a) O Serviço de Formação e Orientação Profissional;b) O Serviço de Emprego e Inserção na Vida Activa;c) O Serviço de Administração, Finanças e Recursos Humanos.

2. Os CEFP podem dispor de outros serviços necessários ao seu eficaz funcionamento.

3. A criação, a organização e o funcionamento dos serviços referidos no número anterior são aprovados pelo Conselho de Administração do IEFP e homologados pelo membro do Governo que exerce a superintendência sobre o IEFP.

Subsecção IServiço de Formação e Orientação Profissional

Artigo 18ºNatureza e coordenação

1. O Serviço de Formação e Orientação Profissional é um serviço de apoio responsável pela execução das medidas de políticas no domínio da formação e orientação profissional.

2. O Serviço de Formação e Orientação Profissional é coordenado por um coordenador promovido no cargo, por deliberação do Conselho de Administração do IEFP sob proposta do coordenador do CEFP.

3. Os requisitos mínimos para desempenho do cargo de coordenador do Serviço de Formação e Orientação Profissional são fixados por Termos de Referência pelo Conselho de Administração do IEFP e homologados pela tutela.

Artigo 19ºAtribuições

São atribuições do Serviço de Formação e Orientação Profissional, designadamente:

a) Apoiar os utentes do CEFP na gestão autónoma da informação e no desenvolvimento de competências pessoais e profissionais e na implementação de estratégias de gestão de carreira que lhes permita a inserção ou reinserção no mercado de trabalho;

b) Promover a formação e a orientação profissionais pela excelência, ancorada no desenvolvimento de competências como uma aposta de qualidade;

c) Contribuir para a geração de emprego, trabalho e rendimentos;d) Acompanhar o desenvolvimento de programas de formação e qualificação

profissionais;

e) Atender e orientar as diversas solicitações;f) Acompanhar as intervenções de orientação desenvolvidas, no quadro do seu

contributo para a concretização dos programas específicos de emprego;g) Colaborar na determinação das necessidades de formação e orientação

profissionais;h) Programar, preparar, executar, acompanhar e avaliar acções de formação e

orientação profissionais;i) Efectuar o acompanhamento pedagógico de forma a favorecer a adaptação a

formação e o sucesso na aprendizagem;j) Propor orientações e directivas, bem como normativos essenciais ao bom

desenvolvimento das politicas de formação e orientação profissionais;k) Conceber programas especiais de formação e reinserção socioprofissionais;l) Colaborar na execução de políticas públicas de fomento à formação e orientação

profissional de carácter geral ou especial;m) Possibilitar uma adequação e adaptação equilibrada entre formação, orientação e

inserção na vida activa;n) Favorecer a qualificação e a requalificação de mão-de-obra desempregada;o) Apoiar na criação de mecanismos que conduzem à criação de redes de

informação sobre orientação profissional, emprego, desemprego, mercado de emprego, procura e oferta de mão-de-obra.

Artigo 20ºOrganização

1. O Serviço de Formação e Orientação Profissional organiza-se, em:

a) Núcleo pedagógico; eb) Núcleo de Orientação profissional.

2. Cada Núcleo é orientado por um coordenador.

Artigo 21ºAtribuições do núcleo pedagógico

São atribuições do núcleo pedagógico, designadamente:

a) Pronunciar-se sobre as orientações pedagógicas e os métodos de formação e de avaliação;

b) Aplicar o regulamento de avaliação do aproveitamento dos formandos;c) Pronunciar-se sobre o regime de prescrições;d) Pronunciar-se sobre a criação de cursos e acções de formação ministrados e a

ministrar no CEFP;e) Pronunciar-se sobre as áreas e os níveis de formação ministrados e a ministrar

no CEFP;f) Pronunciar-se sobre os planos de formação do CEFP;g) Garantir a aplicação de mecanismos de autoavaliação regular relativa ao

desempenho dos projectos de formação;h) Realizar inquéritos regulares ao desempenho pedagógico procedendo a sua

análise e divulgação;

i) Apreciar as queixas relativas a falhas pedagógicas e propor as providências necessárias;

j) Moderar os conflitos que venham a ocorrer no funcionamento dos ciclos de formação;

k) Creditar as equivalências de unidades curriculares e de planos de formação, segundo as normas e critérios fixados pelos órgãos ou entidades com competência na matéria;

l) Assegurar a gestão corrente dos assuntos comuns da formação, designadamente no que concerne ao calendário lectivo e ao calendário de avaliação;

m) Propor a afectação de recursos para um correcto funcionamento dos ciclos formativos;

n) Desempenhar outras funções previstas na lei ou que lhe tenham sido atribuídas.

Artigo 22ºAtribuições do núcleo de orientação profissional

São atribuições do núcleo de orientação profissional,designadamente:

a) Implementar a orientação profissional em articulação com as Escolas Secundárias, os Centros de Juventude e com outros órgãos nacionais que, a qualquer título actuem no domínio da orientação e formação profissionais;

b) Colaborar com outras instituições que desenvolvem investigação e actividades no domínio da orientação profissional com vista a contribuir para a definição de uma política global e integrada neste domínio;

c) Assegurar e ter sempre presente a situação e a perspectiva da importância da orientação profissional para o emprego e a formação profissional;

d) Sensibilizar os utentes para a problemática das escolhas profissionais;e) Ajudar os utentes a melhor conjugar o seu percurso formativo com a futura

carreira profissional.

Subsecção IIServiço de Emprego e Inserção na vida activa

Artigo 23ºNatureza e coordenação

1. O Serviço de Emprego e Inserção na Vida Activa é um serviço de apoio responsável pela execução das medidas de políticas no domínio do Emprego, Empreendedorismo e Inserção na Vida Activa.

2. O Serviço de Emprego e Inserção na Vida Activa é coordenado por um coordenador promovido no cargo, por deliberação do Conselho de Administração do IEFP sob proposta do Coordenador do CEFP.

3. Os requisitos mínimos para desempenho do cargo de Coordenador do Serviço de Emprego e Inserção na Vida Activa são fixados por Termos de Referência pelo Conselho de Administração do IEFP e homologados pela tutela.

Artigo 24º

Atribuições

São atribuições do Serviço de Emprego e Inserção na Vida Activa, designadamente:

a) Recolher e divulgar as informações sobre ofertas de emprego e de formação profissional e promoção de contactos regulares com as empresas e outras entidades produtivas no mundo do trabalho;

b) Contribuir para a organização do mercado de trabalho, tendo em vista a procura do pleno emprego livremente escolhido, de acordo com as preferências e qualificações;

c) Contribuir para o ajustamento entre a procura e a oferta de emprego;d) Fazer a prospecção e a recolha da oferta de emprego junto das potenciais

entidades empregadoras;e) Prestar apoio em técnicas e processos de procura activa de emprego;f) Recolher e difundir as informações sobre oportunidades de emprego e formação

profissional;g) Desenvolver e aplicar técnicas de motivação dos desempregados para a criação

individual, ou associada, do próprio emprego, nomeadamente através de pequenas empresas, facultando-lhes as necessárias informações;

h) Informar sobre os programas de emprego e de estágios;i) Apoiar os utentes na elaboração de curricula, cartas de candidatura e de resposta

a anúncios de emprego e em outras técnicas de procura activa de emprego;j) Cooperar com outras entidades na promoção de iniciativas relacionadas com o

emprego e estágios;k) Estabelecer contactos e encaminhamentos para potenciais entidades

empregadoras ou acolhedora de estagiários;l) Divulgar as ofertas de emprego e colocação de desempregados nas ofertas

disponíveis e adequadas;m) Fazer o acompanhamento personalizado dos desempregados em fase de inserção

ou reinserção profissional;n) Fazer a divulgação das medidas de apoio ao emprego, formação, qualificação e

empreendedorismo;o) Contribuir para a promoção, criação e qualidade do emprego e combate ao

desemprego, através da participação activa na execução de políticas activas de emprego, nomeadamente de formação profissional e fomento do empreendedorismo e auto-emprego;

p) Fazer o seguimento dos formandos pós-formação com vista a sua orientação e inserção na vida activa.

Artigo 25ºOrganização e coordenação

1. O Serviço de Emprego e Inserção na Vida Activa organiza-se, em;

a) Núcleo de Emprego e Inserção na Vida Activa; eb) Núcleo de Fomento do Empreendedorismo.

2. Cada Núcleo é dirigido por Coordenador.

Artigo 26º

Atribuições do Núcleo de Emprego e Inserção na Vida Activa

São atribuições do Núcleo de Emprego e Inserção na Vida Activa, designadamente:

a) Apoiar os desempregados na definição e/ou desenvolvimento do seu percurso de inserção ou reinserção no mercado de trabalho;

b) Apoiar os jovens e fazer o seu acompanhamento no processo de inserção na vida activa;

c) Apoiar a frequência de estágios e cursos de formação profissional;d) Recolher e divulgar informações sobre ofertas de emprego e de formação

profissional;e) Estabelecer contactos regulares com as empresas e outras entidades produtivas

no mundo do trabalho;f) Desenvolver e aplicar métodos e técnicas de motivação e apoiar a participação

em ocupações temporárias ou actividades em regime de voluntariado, que facilitem a inserção no mercado de trabalho.

Artigo 27ºAtribuições do Núcleo de Fomento do Empreendedorismo

São atribuições do Núcleo de Fomento do Empreendedorismo, designadamente:

a) Apoiar na criação e no desenvolvimento de micro e pequenas empresas;b) Apoiar no desenvolvimento de actividades geradoras de rendimento, com base

em critérios de rentabilidade que garantam a sua sustentabilidade;c) Assessor as iniciativas regionais e locais de emprego;d) Colaborar com iniciativas de auto-emprego e empreendedorismo;e) Participar activamente no desenvolvimento do tecido empresarial e as práticas

de cadeia de abastecimento e de marketing.

Subsecção IIIServiço de Administração, Finanças e Recursos Humanos

Artigo 28ºNatureza e coordenação

1. O Serviço de Administração, Finanças e Recursos Humanos é um serviço de apoio responsável pela execução das medidas de políticas no domínio do Administração, Finanças e Gestão dos Recursos do CEFP.

2. O Serviço de Administração, Finanças e Recursos Humanos é coordenado directamente pelos Serviços Centrais do IEFP e assegurado no CEFP por um ponto focal nomeado no cargo, por deliberação do Conselho de Administração do IEFP sob proposta do Director do CEFP.

3. Os requisitos mínimos para desempenho do cargo de Ponto Focal do Serviço de Administração, Finanças e Recursos Humanos são fixados por Termos de Referência pelo Conselho de Administração do IEFP e homologados pela tutela.

4. O Ponto Focal do Serviço de Administração, Finanças e Recursos Humanos é equiparado aos Coordenadores de Serviços de Formação e Orientação Profissional e de Emprego e Inserção na Vida Activa.

Artigo 29ºAtribuições

São atribuições do Serviço de Administração, Finanças e Recursos Humanos:

a) Prestar apoio administrativo ao funcionamento dos CEFP;b) Realizar todas as acções relativas à gestão do pessoal;c) Assegurar o expediente geral e de arquivo;d) Elaborar as propostas orçamentais e as contas de gerência dos CEFP;e) Assegurar a execução dos orçamentos, arrecadar receitas e efectuar pagamentos

de despesas, precedendo à sua escrituração;f) Zelar pela segurança e conservação das instalações, mobiliário e equipamentos;g) Elaborar propostas relativas à aquisição de materiais que se mostre necessário;h) Organizar e manter actualizado o inventário e cadastro de bens;i) Promover o armazenamento e distribuição dos bens adquiridos, efectuando a

gestão das existências;j) Organizar e apresentar todos os justificativos das despesas efectuadas pelo

CEFP;k) Centralizar a gestão do pessoal administrativo e auxiliar, em coordenação com o

Coordenador do CEFP;l) Formular e propor os programas e acções de formação e aperfeiçoamento do

pessoal do CEFP.

CAPÍTULO IIICoordenação

Artigo 30ºCoordenação

1. Os CEFP estão sujeito à coordenação do IEFP.

2. No exercício da coordenação sobre os CEFP o IEFP coordena, e emite orientações e directivas ou solicita informações aos órgãos dirigentes dos CEFP sobre os objectivos a atingir na gestão e sobre as prioridades a adoptar na respectiva prossecução e exerce as demais competências previstas na lei.

3. O poder de coordenação compreende designadamente:

a) Decidir os objectivos básicos a prosseguir pelo CEFP, nomeadamente no quadro da preparação dos planos de actividades e propostas dos orçamentos;

b) Ordenar as inspecções ou inquéritos ao funcionamento do CEFP ou a certos actos deste, sempre que se mostrar necessário e útil e independentemente da existência de indícios de irregularidades;

c) Exigir todas as informações e documentos julgados úteis para acompanhar de modo continuado a actividade do CEFP;

d) Autorizar e aprovar:

i) Os investimentos e os financiamentos;ii) As despesas;iii) Os documentos de prestação de contas;iv) Os demais actos que nos termos da legislação aplicável necessitam de aprovação do Conselho de Administração.

CAPITULO IVPessoal

Artigo 31ºRegime jurídico do pessoal

O pessoal dos CEFP está sujeito ao regime jurídico geral do contrato individual de trabalho, previsto no Código Laboral Cabo-verdiano, com as especificidades decorrentes dos presentes estatutos e do diploma queos aprova.

Artigo 32ºInstrumentos de Gestão do Pessoal

1. O pessoal dos CEFP é abrangido pelo Plano de Cargos Carreiras e Salários do IEFP.

2. Os outros instrumentos de gestão de pessoal, nomeadamente, a política de formação e o sistema de avaliação do desempenho são aprovados pelo Conselho de Administração do IEFP.

O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

CRIAÇÃO EM CONCRETO DE CENTROS DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Resolução nº 13/2011,de 24 de Janeiro

Hoje, volvidos mais de década e meia após a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 51/94, de 22 de Agosto, ao abrigo do qual foi criado o Instituto de Emprego e Formação Profissional, mostra-se necessário proceder à criação de novas estruturas capazes de dar respostas eficazes e eficientes à acção governamental nas áreas do emprego e da formação profissional ao mesmo tempo que se promove a racionalização dos recursos humanos e materiais disponíveis.

As novas exigências do desenvolvimento nacional e internacional demonstram que se afigura necessário e pertinente proceder-se no presente contexto à junção das vertentes “emprego” e “formação profissional”, de forma a dar resposta às demandas que se colocam cada vez com mais acuidade a esses sectores.

Assim, o Governo opta com a presente medida legislativa, pela criação dos Centros de Emprego e Formação Profissional (CEFP), enquanto estruturas desconcentradas do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), de âmbito regional, os quais passarão, enquanto tal a assumir o papel de executores das políticas e medidas do emprego, empreendedorismo e formação profissional.

Assim;

No uso da faculdade conferida pelo n.º 2 do artigo 265º da Constituição, o Governo aprova a seguinte Resolução:

Artigo 1ºCriação

São criados os seguintes Centros de Emprego e Formação Profissional39, enquanto estruturas desconcentradas do IEFP, de âmbito regional, para a execução de políticas e medidas do emprego, do empreendedorismo e da formação profissional:

a) Centro de Emprego e Formação Profissional de Santo Antão, com sede em Ponta do Sol, ilha de Santo Antão;

b) Centro de Emprego e Formação Profissional de São Vicente, com sede em Mindelo, ilha de São Vicente;

c) Centro de Emprego e Formação Profissional de São Nicolau, com sede em Ribeira Brava, ilha de São Nicolau;

d) Centro de Emprego e Formação Profissional do Sal, com sede em Espargos, ilha do Sal;

e) Centro de Emprego e Formação Profissional da Boavista, com sede em Sal Rei, ilha da Boavista;

f) Centro de Emprego e Formação Profissional do Maio, com sede em Porto Inglês, ilha do Maio;

g) Centro de Emprego e Formação Profissional da Praia, com sede na Praia, ilha de Santiago;

h) Centro de Emprego e Formação Profissional da Variante, com sede em Variante, (São Domingos) ilha de Santiago;

i) Centro de Emprego e Formação Profissional de Santa Catarina, com sede em Assomada, ilha de Santiago;

j) Centro de Emprego e Formação Profissional de Santa Cruz, com sede em Pedra Badejo, ilha de Santiago;

39. São extintos, pela Resolução nº 12/2011, de 24 de Janeiro, todos os Centros de Emprego criados ao abrigo do disposto no n.º 2 do artigo 28º do Decreto-Lei n.º 51/94 de 22 de Agosto.

Diz a nota preambular que “presentemente a filosofia mudou, tanto a nível interno como a nível internacional, razão porque se afigura necessário e pertinente proceder-se no presente contexto à junção das vertentes “emprego” e “formação profissional”, com o objectivo de, a um tempo, racionalizar a utilização dos recursos disponíveis de um lado, e salvaguardar a eficácia da acção governamental nesses domínios, por outro.

O Governo opta com a presente medida legislativa, pela extinção dos Centros de Emprego presentemente existentes, ao mesmo tempo que procede à criação dos Centros de Emprego e Formação Profissional (CEFP).

Os novos CEPF, enquanto estruturas desconcentradas do IEFP, de âmbito regional, assumirão, a esse nível, o papel de executores das políticas e medidas do emprego, empreendedorismo e formação profissional.”

k) Centro de Emprego e Formação Profissional do Tarrafal de Santiago, com sede em Tarrafal, ilha de Santiago;

l) Centro de Emprego e Formação Profissional do Fogo, com sede em S. Filipe, ilha do Fogo;

m) Centro de Emprego e Formação Profissional da Brava, com sede em Nova Sintra, ilha da Brava.

Artigo 2ºCoordenação

Os CEFP estão sujeitos à coordenação do IEFP.

Artigo 3ºEntrada em vigor

A presente Resolução entra em vigor no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data da sua publicação.

Vista e aprovada em Conselho de Ministros.José Maria Pereira Neves

Publique-se.O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

CENTROS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

ESTATUTOS

Decreto-Regulamentar n º 15/2005,de 26 de Dezembro

Constituindo uma das grandes apostas do Governo da VI Legislatura, a formação profissional tem vindo a ganhar dinamismo nos últimos anos, como bem o ilustram alguns milhares de diplomados saídos dos centros estaduais de formação, onde a procura formativa tem sido, aliás, largamente superior à capacidade de oferta. Tal dinamismo, para o qual têm contribuído, significativamente, a iniciativas de outras entidades públicas, associações empresariais, empresas, organizações não governamentais e entidades privadas, demonstra, inequivocamente, que a sociedade

cabo-verdiana vai tomando consciência de que a formação profissional constitui uma via incontornável para o desenvolvimento da capacidade empreendedora e da competitividade do país, ao mesmo tempo que se revela susceptível de garantir a realização pessoal, social e profissional dos que a procuram, para efeitos de inserção no mercado de trabalho.

Com o incremento das acções de formação profissional em Cabo Verde, a regulamentação dos aspectos essenciais relativos à criação, organização, funcionamento, gestão e controlo dos Centros de Formação Profissional, na base dos princípios gerais estabelecidos pelo Regime Jurídico de Formação Profissional, torna-se uma necessidade premente, em ordem a encorajar-se a emergência e o desenvolvimento de ofertas formativas diversificadas, pautadas, entre outros, pelos princípios da excelência, da inovação, da pertinência social e da adequação permanente às necessidades do mercado de trabalho e da economia, à escala local, nacional e mundial.

Nestes termos, ao abrigo do disposto na alínea c) do artigo 30º do Decreto-Lei nº 37/2003, de 6 de Outubro;

No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 204º da Constituição da República, o Governo decreta o seguinte:

CAPÍTULO IDas disposições gerais

Artigo 1ºObjecto

1. O presente diploma define o estatuto dos Centros de Formação Profissional a que se refere o Regime Jurídico de Formação Profissional, aprovado pelo Decreto-Lei nº 37/2003, de 6 de Outubro, estabelecendo as regras e os procedimentos a que devem obedecer a sua criação, organização, funcionamento e gestão.

2. São equiparadas, para todos os efeitos, a Centros de Formação Profissional as unidades de formação profissional das escolas secundárias, devidamente acreditadas junto do Instituto do Emprego e Formação Profissional.

3. Os Centros de Formação Profissional das escolas técnicas e polivalentes e as unidades formativas referidas no número anterior regem-se por legislação própria e subsidiariamente, pelo disposto no Regime Jurídico de Formação Profissional, no presente diploma e demais regulamentos de formação profissional.

Artigo 2ºPremissas gerais de criação

1. A criação dos centros de formação profissional obedece às necessidades da economia e do mercado de trabalho, às perspectivas de desenvolvimento económico e social das comunidades e às estratégias de desenvolvimento harmonioso e sustentável do país.

2. Além do Estado e dos municípios, nas condições previstas no artigo seguinte, só podem criar centros de formação profissional entidades que possuam personalidade

jurídica nos termos da lei e estejam devidamente acreditadas junto do Instituto do Emprego e Formação Profissional.

Artigo 3ºCompetência para criação

1. Os centros públicos de formação profissional são criados, mediante proposta do Instituto do Emprego e Formação Profissional, por portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da educação, formação profissional e emprego, sem prejuízo do disposto na lei e no número seguinte.

2. As Câmaras Municipais, com o aval das respectivas Assembleias Municipais e parecer favorável do Instituto do Emprego e Formação Profissional, poderão criar centros de formação profissional, que se regerão pelo disposto no presente diploma, devendo a deliberação de criação ser publicada no Boletim Oficial.

3. Os centros de formação profissional de iniciativa privada ou cooperativa são de livre criação, desde que obedeçam ao disposto no presente diploma, no regulamento de acreditação das entidades de formação profissional e demais legislação aplicável.

4. Para efeitos deste diploma, o Governo, o Instituto do Emprego e Formação Profissional, as Câmaras Municipais e as entidades privadas e cooperativas referidas nos números anteriores designam-se por entidades promotoras.

5. O acto de criação dos centros a que se refere o n°1 indicará a entidade pública junto da qual deverão funcionar, bem como sua localização, natureza e nível dos cursos de formação a serem neles ministrados.

Artigo 4ºDenominação e símbolos

1. A denominação e os símbolos dos centros de formação profissional são fixados pelas respectivas entidades promotoras.

2. O Instituto do Emprego e da Formação Profissional velará no sentido de a denominação e os símbolos de cada centro de formação profissional não se confundirem com os de qualquer outro já existente.

CAPÍTULO IIDa autonomia

Artigo 5ºAutonomia técnica e pedagógica

1. No uso da autonomia técnica e pedagógica, o centro de formação pode:

a) Definir, programar e executar seus planos, programas e projectos de formação profissional em coordenação com entidades responsáveis pela formação profissional;

b) Definir, e aplicar métodos de formação, processos de avaliação do desempenho dos formandos, em observância às normas do sistema de avaliação e certificação em vigor;

c) Decidir sobre o inicio, alteração e/ou suspensão de uma determinada acção e/ou curso de formação profissional, apresentando para tal plausível justificação a quem de direito.

2. A autonomia técnica e pedagógica do centro de formação não prejudica o cumprimento das leis e dos regulamentos aplicáveis à formação profissional e bem assim das orientações e normas técnicas que, nesta matéria, forem definidas pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional.

Artigo 6ºAutonomia administrativa, financeira e patrimonial

1. Os centros de formação profissional gozam da autonomia administrativa e financeira, inerente à respectiva entidade promotora, para efeitos de cobrança e utilização das propinas e taxas cobradas aos formandos, dos rendimentos gerados pela exploração do património que lhes está afecto e bem assim de outras receitas que legalmente possam arrecadar.

2. Os centros de formação profissional gozam, nos termos do respectivo acto de criação ou do alvará de acreditação da entidade formadora a que se encontrem ligados, de autonomia necessária para efeitos de organização de cursos de formação profissional em função das exigências e perspectivas de evolução da economia e do mercado de trabalho.

3. Os centros de formação gozam ainda de autonomia, para, nos temos do respectivo regulamento interno:

a) Elaborar, aprovar e executar os respectivos instrumentos de gestão previsional, designadamente o plano de actividades e o orçamento;

b) Elaborar e aprovar os respectivos instrumentos de prestação de contas, nomeadamente os relatórios de actividades, balancetes e as contas de gerência;

c) Assegurar a gestão dos recursos humanos, financeiros e materiais que lhe são próprios;

d) Prestar contas da sua actividade de gestão nos termos deste diploma e da legislação aplicável.

CAPÍTULO IIIDos princípios e atribuições gerais

Artigo 7ºPrincípios de gestão e funcionamento

A gestão dos centros de formação profissional norteia-se por seguintes princípios:

a) Qualidade da formação profissional;b) Planificação das actividades;c) Direcção colectiva;d) Responsabilidade individual e colectiva;

e) Observância das normas protecção do meio ambiente, higiene e segurança no trabalho;

f) Controlo social e administrativo das actividades;g) Racionalização na utilização dos meios e recursos;h) Inserção nas comunidades, visando a formação para o trabalho, a cultura e a

cidadania.

Artigo 8ºGestão municipal e privada

1. Os centros públicos de formação profissional podem ser administrados e geridos directamente pelas câmaras municipais, nos termos e condições a serem acordados entre estas e o Instituto do Emprego e Formação Profissional, mediante autorização prévia dos membros de Governo responsáveis pelas áreas da educação e formação profissional, trabalho e emprego.

2. A gestão dos centros de formação pode ser entregue a pessoas colectivas de direito privado idóneas mediante contrato de gestão a celebrar com o Instituto do Emprego e Formação Profissional.

Artigo 9ºAtribuições

São atribuições do Centro de Formação, nomeadamente:

a) Promover a formação integral dos formandos, preparando-os para o exercício profissional, em conformidade com os preceitos estabelecidos no Regime Jurídico da Formação Profissional e demais legislação aplicável;

b) Proporcionar aos formandos uma qualificação teórica e prática, assim como o contacto com o mundo do trabalho e experiência profissional, tendo em vista a sua inserção sócio-profissional;

c) Facultar aos trabalhadores activos acesso a cursos de aperfeiçoamento, reciclagem, reconversão ou especialização profissional;

d) Desenvolver actividades de investigação, pesquisa inovação e experimentação em matéria de metodologias e didácticas específicas de formação profissional.

Artigo 10ºCooperação e parceria

1. Para a materialização de suas atribuições, os centros de formação profissional desenvolvem, em articulação com o Instituto do Emprego e Formação Profissional, formas de cooperação e parceria com organismos públicos e privados, nacionais ou estrangeiros, nos termos da legislação aplicável.

2. Para a prossecução dos seus fins, com a máxima garantia de qualidade das acções de formação profissional, o Estado apoiará o desenvolvimento de formas de parceria e colaboração entre os centros de formação profissional e bem assim entre estes e outras instituições de formação.

CAPÍTULO IV

Da formação

Artigo 11ºModalidades de formação

1. A formação profissional ministrada no centro de formação organiza-se, preferencialmente, de forma modular e abrange as modalidades de formação inicial, contínua e em exercício.

2. As modalidades de formação contínua e em exercício compreendem, nomeadamente, o aperfeiçoamento, a reciclagem, a reconversão e a especialização profissionais.

3. Cada centro de formação pode organizar cursos em diversas áreas e a diferentes níveis, desde que demonstre possuir os recursos humanos, os meios materiais e as condições técnico-pedagógicas necessários.

Artigo 12ºComponentes da formação

1. As actividades de formação profissional desenvolvidas pelo centro de formação compreendem as componentes de formação científico-tecnológica, sócio-cultural, e técnico-prática, simulada e ou em contexto real de trabalho.

2. As componentes de formação científico-tecnológica e técnico-prática, simulada e/ou em contexto real de trabalho, promovem a aquisição de competências teóricas, técnicas, metodológicas e de qualificações-chaves necessárias ao exercício duma profissão.

3. As componentes de formação sócio-cultural promovem a aquisição de competências pessoais e sociais necessárias à inserção na vida activa.

4. Para a materialização das componentes referidas no n° 2, o centro de formação profissional organiza, em conjunto com organizações, empresas, fábricas e oficinas, estágios para os formandos ou realiza a formação profissional em alternância com empresas.

Artigo 13ºCertificados

1. Os centros de formação profissional, criados nos termos deste diploma e demais normas regulamentares aplicáveis, conferem aos respectivos formandos que concluírem, com aproveitamento, os cursos ou acções de formação profissional, certificados de formação, de modelo a publicar pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, no prazo de 30 dias a contar da data de publicação do presente diploma.

2. O processo de certificação nos centros de formação profissional ou equiparados está sujeito à fiscalização do Instituto do Emprego e Formação Profissional, ao qual compete dirimir conflitos e resolver quaisquer questões que resultarem desse processo.

CAPÍTULO VDos órgãos

Secção IÓrgãos de gestão

Artigo 14ºEnumeração

1. São órgãos de gestão dos centros de formação, o Director e a Comissão Técnico-Pedagógica.

2. Os regulamentos internos dos Centros de Formação poderão criar outros órgãos de gestão que se revelarem convenientes para a prossecução cabal dos seus fins.

Subsecção IDirector

Artigo 15ºNatureza e nomeação

1. O Director é o órgão de representação e gestão geral do centro de formação, cabendo-lhe orientar, dinamizar e controlar as actividades nos termos deste regulamento.

2. O Director do centro público de formação é nomeado pelas entidades referidas no artigo 3º, de entre indivíduos idóneos, habilitados com curso superior e experiência profissional comprovada.

Artigo 16ºCompetências do Director

1. Compete, designadamente, ao Director do Centro de Formação:

a) Dirigir, orientar e coordenar as actividades do centro de formação;b) Superintender no funcionamento do centro de formação e velar pela qualidade e

eficiência das acções formativas assim como pela disciplina na instituição;c) Aprovar os regulamentos do centro;d) Aprovar o plano de actividades, os projectos estratégicos e o orçamento do

centro;e) Aprovar os relatórios e contas de gerência;f) Superintender na execução orçamental;g) Assegurar o cumprimento das actividades planeadas;h) Representar o centro nos actos, contratos e actividades para que estiver

mandatado;i) Exercer as competências disciplinares que lhe são atribuídas pelo regulamento

interno;j) Estabelecer relações de cooperação com outros centros de formação, empresas,

entidades e parceiros nacionais;k) Propor o estabelecimento de relações de cooperação com organismos

estrangeiros e ou internacionais;l) Promover o desenvolvimento de actividades de pesquisa e investigação e

fomentar a utilização das tecnologias de informação e de comunicação nas iniciativas de formação do centro;

m) Zelar pela observância das normas legais e regulamentares aplicáveis, sobretudo em matéria de formação profissional.

2. Os documentos referidos nas alíneas c), d) e e) são elaborados com a participação activa dos membros da CTP e são submetendo-os às entidades promotoras, referidas no artigo 3°, para ratificação.

Subsecção IIComissão Técnico-Pedagógica

Artigo 17ºNatureza

A Comissão Técnico-Pedagógica, adiante designada CTP, é o órgão incumbido da gestão pedagógica do Centro de Formação, velando pela organização, preparação, execução e avaliação dos cursos ou acções de formação profissional.

Artigo 18ºComposição

1. A CTP é constituída pelo Director, que preside, pelos coordenadores das áreas de formação e pelos gestores de formação.

2. Os formandos podem fazer-se representar em reuniões da CTP sempre que para tal forem convidados.

Artigo 19ºCompetências

À CTP compete, nomeadamente:

a) Assegurar o cumprimento dos programas de formação;b) Coordenar a execução das diferentes disciplinas;c) Fomentar a troca de ideias e experiências sobre o conteúdo e os métodos de

formação;d) Monitorizar a correspondência entre as sessões ministradas e os curricula;e) Organizar a realização dos estágios e avaliar os resultados dos estagiários

conforme o sistema de avaliação e certificação;f) Analisar o desempenho dos formandos e dos formadores;g) Preparar os exames intermédios e finais de avaliação dos formandos;h) Elaborar os regulamentos necessários ao cumprimento cabal de suas atribuições

e submetê-los à aprovação do Director.i) Aprovar o respectivo regulamento interno.

Artigo 20ºFuncionamento

1. A CTP reúne-se ordinária e extraordinariamente conforme o estabelecido no estatuto ou regulamento do centro de formação, por convocatória do respectivo presidente ou mediante a solicitação de pelo menos um terço dos seus membros.

2. No cumprimento das suas funções, a CTP apoia-se, quotidianamente, na actividade dos coordenadores e gestores de formação, designados pelo Director.

Artigo 21ºCoordenador de formação

1. O coordenador de formação é o responsável pela gestão das actividades de formação numa ou mais disciplinas ou áreas disciplinares, competindo-lhe, nomeadamente:

a) Apoiar na programação e coordenação das actividades formativas em sintonia com os objectivos propostos;

b) Coordenar a elaboração de todo o material formativo e de apoio didáctico;c) Promover a divulgação das boas práticas didácticas e formativas, internas e

externas;d) Participar na selecção e integração dos formadores, em ligação com os gestores

de formação;e) Realizar actividades de acompanhamento e apoio técnico-pedagógico aos

formadores;f) Acompanhar e avaliar a prossecução dos objectivos das acções ou cursos de

formação;g) Elaborar relatórios periódicos de execução, bem como relatórios finais;h) Acordar com os formadores os procedimentos e ou instrumentos de

acompanhamento e avaliação dos formandos;i) Organizar os exames em observância às normas do sistema de avaliação e

certificação;j) Incentivar o desempenho do corpo docente com base num sistema eficaz de

comunicação;k) Assegurar a observância das normas de higiene e segurança no trabalho e de

protecção do meio ambiente;l) Propor a avaliação dos formadores, nos termos regulamentares;m) Apresentar propostas de regulamento para as respectivas áreas de coordenação;n) Velar pelo cumprimento das directivas, regulamentos e demais normas

aplicáveis à formação profissional.

Artigo 22ºCompetências do gestor de formação

Os gestores da formação são os responsáveis pela gestão técnica e administrativa dos cursos ou acções de formação profissional, competindo-lhes, nomeadamente:

a) Assegurar o expediente necessário ao recrutamento e à integração dos formandos e dos formadores na vida do centro, velando pelo normal decurso do processo de formação;

b) Organizar e manter actualizados os processos individuais dos formandos e dos formadores;

c) Executar tarefas respeitantes à recepção, classificação, circulação e arquivo de expediente;

d) Assegurar a aquisição, armazenagem e conservação de bens e serviços necessários ao funcionamento do centro de formação;

e) Assegurar a gestão eficiente e o inventário de todo o património afecto ao centro de formação profissional;

f) Zelar pela conservação das ferramentas, equipamentos e máquinas utilizáveis na formação;

g) Providenciar para que se observem princípios de higiene, segurança e protecção do meio ambiente e de arrumação do espaço, equipamentos e materiais didácticos;

h) Prestar os apoios logísticos necessários aos formadores;i) Disponibilizar, atempadamente, para conhecimento e devidos efeitos, toda a

documentação de importância para a formação;j) Garantir o bom funcionamento dos serviços de reprografia e outros;k) Apresentar propostas de regulamento dos cursos, em articulação com os

coordenadores de formação;l) Velar pelo cumprimento, a nível do centro, das directivas, regulamentos e

demais normas aplicáveis à formação profissional.

Secção IIÓrgãos consultivos

Artigo 23ºDenominação e natureza

1. Cada centro público de formação profissional dotar-se-á de um órgão consultivo, denominado Conselho Consultivo de Formação Profissional (CCFP), que apoiará o Director e a CTP na definição da estratégia de formação e na concepção e avaliação dos projectos de formação profissional do centro, tendo em vista a adequação das ofertas formativas às necessidades do mercado de emprego e do desenvolvimento sócio-económico, a nível local, regional e nacional.

2. Nos demais centros de iniciativa privada, a constituição de órgãos consultivos é facultativa.

Artigo 24ºComposição

1. O CCFP dos centros públicos de formação será constituído por um representante da direcção do centro de formação, que preside, e por mais quatro a seis cidadãos representativos dos sectores de actividade correspondentes às áreas de formação do centro.

2. Os membros do CCFP referidos no número anterior serão indicados:

a) Pelos serviços centrais ou desconcentrados que actuem em áreas afins às da actuação do centro;

b) Pelas organizações representativas das entidades empregadoras, sindicais e profissionais;

c) Pela câmara municipal onde o centro de formação se situar.

3. Por despacho do Director-Geral do IEFP ou, no caso dos centros de iniciativa municipal, do Presidente da respectiva Câmara Municipal, serão definidas as condições de instalação do CCFP.

Artigo 25ºAtribuições

Compete aos CCFP, nomeadamente:

a) Pronunciar-se sobre as estratégias de médio e de longo prazo porque devem nortear-se as actividades formativas a ministrar no centro de formação;

b) Adoptar recomendações visando a promoção da qualidade da formação ministrada;

c) Analisar e emitir parecer sobre projectos de formação e sua adequação às necessidades do mercado do emprego;

d) Pronunciar-se sobre os planos de actividades formativas do centro;e) Apreciar os relatórios de actividades do centro de formação e emitir sugestões

sobre o desenvolvimento ulterior das mesmas.

Artigo 26ºFuncionamento

1. O CCFP reúne-se, ordinariamente, duas vezes por ano e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo seu presidente ou a solicitação de, pelo menos, um terço dos seus membros.

2. O CCFP reúne-se com a presença da maioria absoluta dos seus membros.

3. As deliberações do CCFP assumem a forma de Parecer e são aprovadas por maioria absoluta de votos dos presentes.

CAPÍTULO VIDa gestão financeira

Artigo 27ºInstrumentos de gestão

A gestão financeira dos centros de formação processa-se em conformidade com os instrumentos previsionais e de prestação de contas previstos neste diploma e na legislação que lhes for especificamente aplicável.

Artigo 28ºRecursos financeiros

Constituem receitas do centro de formação:

a) As dotações ou subsídios concedidos pelo Estado, outras entidades públicas ou privadas, nacionais e/ou estrangeiras assim como as doações de pessoas singulares ou colectivas;

b) Os que lhe forem atribuídos através do sistema nacional de financiamento da formação profissional;

c) Os que lhe forem atribuídos através de programas de cooperação multilateral ou bilateral;

d) Os rendimentos de bens próprios ou a constituição de direitos sobre eles;e) O produto da venda de bens e/ou serviços prestados;f) As com participações dos formandos;g) O produto de quaisquer indemnizações que lhe sejam devidas;h) Quaisquer outras receitas provenientes de suas actividades ou que, por lei ou

contrato, devam pertencer-lhe.

Artigo 29ºDepósito de fundos

As receitas dos centros públicos são depositadas em contas bancárias próprias e movimentadas nos termos do respectivo regulamento interno, dos procedimentos específicos acordados os organismos financiadores e da legislação aplicável.

Artigo 30ºDespesas

Constituem despesas próprias do centro de formação profissional os encargos com o pessoal e de funcionamento, os inerentes às actividades decorrentes de suas atribuições e bem assim os de aquisição, manutenção e conservação dos bens, materiais, equipamentos e serviços que tenha de utilizar.

Artigo 31ºAssinaturas

O centro de formação obriga-se pela assinatura do respectivo Director e de outros elementos indicados no respectivo regulamento interno.

CAPÍTULO VIIDo pessoal

Artigo 32ºRegime

1. Ao pessoal dos centros privados de formação profissional aplica-se o Regime Jurídico Geral das Relações de Trabalho e demais legislação aplicável às respectivas entidades formadoras.

2. O pessoal dos centros públicos rege-se pela legislação aplicável às instituições a que se subordinam.

Artigo 33ºFormadores

O centro de formação recruta formadores devidamente certificados e ou a cumprir o período transitório com vista à obtenção do Certificado de Aptidão Profissional.

Artigo 34ºCapacitação

O centro de formação profissional deve elaborar planos específicos de desenvolvimento técnico-pedagógica dos seus formadores.

CAPÍTULO VIIIDa política de qualidade

Artigo 35ºSistema de qualidade

1. O centro de formação profissional deve padronizar princípios relativos à criação e implementação dum sistema de qualidade da formação ministrada.

2. O sistema de qualidade engloba a estrutura organizacional, as responsabilidades, os procedimentos e os recursos para o planeamento e implementação da formação profissional com impacto positivo na economia, no mercado de trabalho e na comunidade.

3. O sistema de qualidade aplica-se a todas as actividades e envolve todas as fases, desde a identificação das necessidades de formação até à sua satisfação.

Artigo 36ºMedidas de qualidade

No desempenho de suas funções o centro de formação adopta, nomeadamente as seguintes medidas de qualidade:

1. A orientação de suas actividades no sentido da excelência, através de:

a) Formação de profissionais polivalentes e autónomos, capazes de intervir de forma criativa no processo de trabalho:

b) Aplicação de métodos pedagógicos que preparam profissionais com sentido de responsabilidade e capacidade de aprendizagem ao longo da vida;

c) Resposta atempada às exigências técnicas e tecnológicas;d) Aperfeiçoamento profissional permanente dos seus formadores;e) Adopção dum organigrama funcional;f) Utilização correcta dos recursos disponíveis.

2. A satisfação das necessidades de formação profissional, mediante o dialogo e a concertação com os parceiros sociais, através de:

a) Identificação de necessidades de formação profissional;b) Revisão e evolução dos curricula de formação;c) Organização eficaz de actividades formativas;d) Na contribuição pela modernização do ramo de sua actividade;e) Colaboração estreita com as empresas pela actualização dos conhecimentos e

capacidades dos activos e dos formadores;f) Divulgação de inovações tecnológicas;

g) Prestação de assistência técnica e intercâmbio de experiências;h) Organização e participação em eventos temáticos da área, nomeadamente

palestras e seminários.

Artigo 37ºControlo de qualidade

1. A qualidade das actividades formativas desenvolvidas pelo centro de formação é controlada regularmente pelos seus órgãos, directamente ou recurso a auditoria externa, sem prejuízo do papel fiscalizador do Instituto do Emprego e de Formação Profissional.

2. Sem prejuízo das normas previstas no presente diploma, o Instituto do Emprego e de Formação Profissional adoptará critérios e orientações específicas de controlo de qualidade nos centros públicos e privados de formação.

CAPÍTULO IXDisposições transitórias e finais

Artigo 38ºDisposições transitórias

Os centros de formação profissional oficialmente criados ou reconhecidos beneficiarão de medidas de apoio e incentivos especiais desde que se revelarem disso merecedores pela relevância dos cursos e acções de formação que ministrarem, nos termos previstos em diploma específico.

Artigo 39ºEntrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.José Maria Pereira Neves – Filomena Martins - Sidónio Monteiro

Promulgado em 8 de Dezembro de 2005.Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES.

Referendado em 14 de Dezembro de 2005.O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.

ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO DE CABO VERDE (EHTCV)

CRIAÇÃO E ESTATUTOS

Portaria nº 38-A/2008,de 27 de Novembro

Uma das características marcantes da economia cabo-verdiana é o dinamismo da actividade turística, de que são expressão eloquente o volume de investimentos em infra-estruturas hoteleiras, de restauração e de apoio, bem como os indicadores estatísticos de procura, de emprego e de rendimentos gerados nos últimos anos.

Ora, o desenvolvimento sustentável e a competitividade do turismo cabo-verdiano são indissociáveis da excelência dos serviços prestados pelos operadores turísticos e demais intervenientes. Por seu turno, a qualidade dos serviços prestados no domínio do turismo e nas actividades afins, como as de hotelaria e de restauração, exige uma aposta consequente na qualificação dos respectivos recursos humanos.

Assim, e reconhecendo o papel decisivo da formação profissional na elevação da performance do turismo e outras actividades conexas, como a hotelaria e a restauração;

Por proposta do Instituto do Emprego e Formação Profissional e ao abrigo do nº 1 do artigo 3º do Decreto-Regulamentar nº 15/2005, de 26 de Dezembro, manda o Governo da República de Cabo - Verde pela Ministra do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social e pela Ministra da Educação e Ensino Superior, o seguinte:

Artigo 1ºCriação

É criada, junto do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), a Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde (EHTCV), cujos Estatutos, anexos ao presente diploma, de que fazem parte integrante, baixam assinados pela Ministra do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social e pela Ministra da Educação e Ensino Superior.

Artigo 2ºNatureza

A Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde é um centro público de formação profissional, dotado de autonomia técnico-pedagógica, administrativa, financeira e patrimonial, nos termos legais e regulamentares.

Artigo 3ºSede e delegações

1. A EHTCV tem a sua sede em Palmarejo Grande, na cidade da Praia.

2. A EHTCV pode criar delegações ou outras formas de representação, em qualquer parte do território nacional, mediante autorização do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Artigo 4ºÁreas e níveis de formação

1. A EHTCV ministra cursos de formação profissional nas áreas de hotelaria, turismo e restauração.

2. Em função das demandas de formação e sempre que as necessidades de desenvolvimento nacional o recomendem, a EHTCV pode, mediante o aval do Instituto do Emprego e Formação Profissional, ministrar cursos em áreas profissionais conexas ou complementares às referidas no número anterior.

3. A EHTCV ministra cursos de formação profissional nos níveis III, IV e V, previstos no artigo 25º do Decreto-Lei nº 37/2003, de 6 de Outubro.

4. A EHTCV pode ainda ministrar cursos e outras acções de formação não conferentes de nível profissional, tendo em vista, designadamente, o aperfeiçoamento, a reciclagem, a reconversão, a especialização e o treino de pessoal nas áreas referidas nos números 1 e 2.

Artigo 5ºSuperintendência

A EHTCV desenvolve as suas actividades sob a superintendência do IEFP, sem prejuízo das competências próprias do membro do Governo responsável pela área da formação profissional.

Artigo 6ºGestão privada

1. A gestão da EHTCV pode ser entregue a uma pessoa colectiva de direito privado, de reconhecida idoneidade na área do turismo, mediante contrato de gestão a ser celebrado com o IEFP.

2. As bases do contrato de gestão a que se refere o número anterior devem ser aprovadas, previamente, por despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da formação profissional.

3. Observado o disposto no número anterior, o contrato de gestão é homologado por despacho do membro do Governo responsável pela formação profissional.

Artigo 7ºEntrada em vigor

A presente portaria entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Ministério do Trabalho, Formação Profissional e Solidariedade Social e Ministério da Educação e Ensino Superior, na Praia, aos 27 de Novembro de 2008. – As Ministras, Maria Madalena Brito Neves - Vera V. B. Duarte Lobo de Pina.

ESTATUTOS DA ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO DE CABO-VERDE

CAPÍTULO IPrincípios Gerais

Secção INatureza e atribuições

Artigo 1ºDefinição

A Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde (EHTCV), é um centro público de formação profissional que, através da articulação das componentes teórica, prática e de prestação de serviços, assegura a preparação dos formandos, com elevadas qualificações, para o exercício de actividades profissionais, nas áreas da hotelaria, da restauração e do turismo, e bem assim para o desenvolvimento da capacidade empreendedora e de gestão de empresas e infra-estruturas nos mesmos domínios.

Artigo 2ºAutonomia

A EHTCV é uma pessoa colectiva de direito público, dotada de autonomia pedagógica, técnico-científica, administrativa, financeira e patrimonial, nos termos legais e dos presentes estatutos.

Artigo 3ºMissão e atribuições

1. No prosseguimento dos fins gerais cometidos, legalmente, aos centros de formação profissional, a EHTCV tem a missão de promover a difusão do conhecimento e o desenvolvimento de competências para o exercíciode actividades profissionais de excelência nas áreas da hotelaria, da restauração e do turismo.

2. Para efeitos do disposto no número anterior, a EHTCV tem por atribuições específicas:

a) Promover e assegurar a formação científica, técnica, humana e cultural dos formandos;

b) Organizar estudos e actividades de investigação aplicada e adaptativa nas áreas em que desenvolve a formação;

c) Desenvolver actividades de formação complementar e de apoio à formação de técnicos nas áreas de hotelaria, turismo e restauração;

d) Promover a criação de um centro de excelência no apoio à capacitação técnico-profissional e empresarial e ao desenvolvimento da actividade turística e hoteleira; e

e) Desenvolver iniciativas que visem a interacção com o mercado de trabalho e de emprego nas perspectivas técnico-científica, da praxe profissional e da adequação às oportunidades de exercício da actividade profissional.

Artigo 4ºVinculação à lei e às políticas públicas

No cumprimento da sua missão, a EHTCV vincula-se às opções e medidas de política definidas pelo Governo para as áreas do turismo e da formação profissional, que interpreta e desenvolve, de forma criadora, através dos instrumentos de gestão previsional previstos na lei.

Artigo 5ºSuperintendência

A EHTCV desenvolve a sua missão e exerce as suas atribuições sob a superintendência do Instituto do Emprego e de Formação Profissional (IEFP), junto do qual funciona, sem prejuízo dos poderes do membro dogoverno responsável pela área da formação profissional, nos termos legais e regulamentares.

Artigo 6ºRelações institucionais e de parceria

1. Com vista ao desempenho da sua missão e à implementação dos projectos constantes dos respectivos instrumentos de gestão previsional, a Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde desenvolve relações institucionais e de parceria com entidades públicas e privadas, nacionais e estrangeiras que prossigam fins similares ou complementares aos da EHTCV ou que pretendam cooperar com a mesma na realização dos seus projectos.

2. Sempre que as relações a que se refere o número anterior se traduzam no estabelecimento de acordos ou protocolos de cooperação com entidades estrangeiras, a EHTCV dá conhecimento prévio da sua pretensão ao membro do governo responsável pela área da formação profissional, através do IEFP, para o respectivo aval.

3. No âmbito da prossecução das suas atribuições, a EHTCV pode promover a constituição ou participar na constituição de pessoas colectivas de direito privado, com ou sem fins lucrativos, mediante o aval do membro do governo responsável pela área da formação profissional.

Secção IIAutonomia, democraticidade e participação

Artigo 7ºAutonomia da Escola

1. A autonomia da EHTCV é exercida nos termos do Decreto-Regulamentar nº 15/2005, de 26 de Dezembro e compreende, designadamente:

a) A autonomia pedagógica, que se traduz na faculdade de, através dos respectivos órgãos ou estruturas, elaborar os planos de estudo, programas e conteúdos curriculares das disciplinas, definir os métodos de ensino e de formação, adoptar processos de avaliação dos conhecimentos e competências dos formandos e implementar inovações e experiências pedagógicas;

b) A autonomia técnico-científica, que consiste na capacidade de a EHTCV, livremente, programar e executar estudos, actividades de pesquisa e demais actividades científicas e culturais, compatíveis com a natureza e os fins da Escola, no âmbito e em articulação com as políticas nacionais de educação, formação profissional e turismo; e

c) A autonomia administrativa, financeira e patrimonial da EHTCV, que se traduz na capacidade de tomar decisões ordenadoras da sua actividade de gestão, adquirir e ou gerir o seu património, aprovar e executar os respectivos orçamentos privativos, mobilizar receitas próprias para a cobertura das despesas orçadas, conforme critérios por si estabelecidos, e recrutar e gerir o respectivo pessoal nos termos da lei e dotar-se dos demais instrumentos de gestão previsional e de prestação de contas, nos termos legais e regulamentares.

Artigo 8ºDemocraticidade e participação

A EHTCV garante a liberdade de criação científica, cultural e tecnológica, assegura a pluralidade de orientações e a livre expressão de opinião, promove a participação dos formadores, educandos, trabalhadores e demais agentes na organização e gestão da escola, nos termos regulamentares, e assegura métodos democráticos de gestão e mecanismos de audição dos interesses individuais e colectivos dos seus membros.

Secção IIIGestão financeira e patrimonial

Artigo 9ºGestão administrativa e financeira

1. A gestão administrativa e financeira da EHTCV orienta-se segundo princípios da legalidade, do rigor, da transparência, da gestão por objectivos e da prestação de contas e processa-se em conformidade com os seguintes instrumentos de gestão:

a) Planos de actividade e planos financeiros, anuais e ou plurianuais;b) Orçamentos privativos;c) Relatórios anuais de actividades; ed) Contas anuais de gerência.

2. As receitas e despesas da EHTCV que hajam sido contempladas no Orçamento Geral do Estado são objecto de contabilidade separada, de que a Escola prestará contas, nos termos da lei e das directivas definidas pelo Governo.

3. Salvo quando a EHTCV estiver gerida por uma entidade privada, os actos de gestão administrativa e financeira praticados pelos órgãos da Escola estão sujeitos à fiscalização sucessiva do Tribunal de Contas, sem prejuízo, em todo o caso, de submissão dos referidos actos ao controlo da legalidade por parte das entidades competentes.

Artigo 10ºPatrimónio

1. Constitui património da EHTCV o conjunto de bens e direitos que, pelo Estado ou outras entidades públicas ou privadas, sejam atribuídos à realização dos seus fins ou por ela adquiridos.

2. É vedado à EHTCV alienar o património imobiliário que lhe seja afecto pelo Estado sem que, para tanto, obtenha, previamente, autorização governamental, mediante despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas finanças e pela formação profissional.

Artigo 11ºPessoal

1. O recrutamento e a gestão do pessoal da Escola obedecem ao disposto no Código Laboral cabo-verdiano e demais legislação aplicável.

2. A EHTCV pode dotar-se de regulamentos internos de gestão de pessoal, desde que não contrariem o disposto nos presentes Estatutos.

Artigo 12ºReceitas

Constituem receitas da EHTCV, designadamente:a) As dotações ou subsídios concedidos pelo Estado, outras entidades públicas ou

privadas, nacionais ou estrangeiras, assim como as doações de pessoas singulares ou colectivas;

b) Os que lhe forem atribuídos através do sistema nacional de financiamento da formação profissional;

c) Os que lhe forem atribuídos através de programas de cooperação multilateral ou bilateral;

d) Os rendimentos de bens próprios ou a constituição de direitos sobre eles;e) O produto da venda de bens e/ou serviços prestados;f) As comparticipações dos formandos;g) O produto de quaisquer indemnizações que lhe sejam devidas; eh) Quaisquer outras receitas provenientes de suas actividades ou que, por lei ou

contrato, devam pertencer-lhe.

Secção IVSuperintendência

Artigo 13ºPoderes de superintendência

1. Sem prejuízo da sua autonomia, a EHTCV funciona junto e sob a supervisão, orientação e fiscalização do IEFP, ao qual incumbe, designadamente:

a) Propor a nomeação do respectivo Director;b) Aprovar os símbolos da Escola, por proposta do respectivo Director;c) Ratificar os regulamentos internos, salvo o disposto nos presentes Estatutos;d) Ratificar os instrumentos de gestão previsional da EHTCV, designadamente os

planos de actividades e os projectos estratégicos;e) Ratificar os instrumentos de prestação de contas da EHTCV, nomeadamente os

orçamentos privativos, os relatórios e contas de gerência;f) Aprovar a criação, suspensão e extinção de cursos;g) Aprovar as propostas de orçamento dependentes do Orçamento do Estado;h) Conhecer e decidir dos recursos em processos disciplinares e outros cuja

interposição esteja prevista em disposição legal expressa;i) Aplicar ao pessoal da EHTCV as sanções previstas no Código Laboral cabo-

verdiano resultantes de prévio processo disciplinar, salvo delegação de competência no Director da Escola;

j) Controlar a legalidade do funcionamento da EHTCV e a qualidade da formação nela ministrada; e

k) Exercer as demais atribuições constantes da lei e dos regulamentos aplicáveis.

2. Quando a gestão da EHTCV estiver submetida a gestão municipal ou privada, as competências referidas nas alíneas a), d), e), f), e k) são exercidas nos termos e nas condições que vierem definidos no respectivo contrato de gestão.

3. As competências referidas no número 1 podem ser avocadas, a todo o tempo, por motivo de interesse público, pelo membro do Governo que exerce a superintendência sobre o IEFP.

Secção VCursos, diplomas e certificados

Artigo 14ºCursos e acções de formação

1. A EHTCV ministra cursos de formação profissional, nas áreas de hotelaria, restauração e turismo.

2. A EHTCV pode ministrar cursos nos diferentes níveis previstos no artigo 25º do Decreto-Lei nº 37/2003, de 6 de Outubro, especialmente os de nível III, IV e V.

3. A EHTCV, enquanto “pólo tecnológico” para o turismo e a hotelaria, pode igualmente ministrar cursos resultantes de parcerias com o ensino técnico-profissional e o ensino superior.

4. A EHTCV, pode ainda ministrar outras acções de formação não conferentes de nível profissional, tendo em vista, designadamente, o aperfeiçoamento, a reciclagem, a actualização, a reconversão, a especialização e o treino de pessoal nas áreas referidas nos números 1 e 2, creditáveis com certificados ou diplomas adequados.

5. Em função das demandas de formação e sempre que as necessidades de desenvolvimento nacional o recomendarem, a EHTCV pode, mediante o aval do IEFP, ministrar cursos em áreas profissionais conexas ou complementares às referidas no número anterior.

Artigo 15ºDiplomas e certificados

Os diplomas e certificados da EHTCV são emitidos nos termos e condições definidos pelas normas legais e regulamentares aplicáveis, designadamente pelo Decreto-Regulamentar nº 13/2005, de 26 de Dezembro, e são assinados pelo Director da EHTCV.

Secção VISimbologia

Artigo 16ºSímbolos

A EHTCV terá bandeira e logótipo próprios, aprovados pelo Director da EHTCV e homologados pelo Director-Geral do IEFP.

Artigo 17ºDia da Escola

1. A EHTCV pode adoptar dia próprio, denominado Dia da Escola.

2. O Dia da Escola é escolhido por despacho do Director da EHTCV, ouvidos os demais órgãos, docentes, funcionários e formandos da escola, que é homologado pelo membro do Governo responsável pela área da formação profissional.

CAPÍTULO IIEstrutura Orgânica

Secção IÓrgãos de gestão

Artigo 18ºEnumeração

1. A EHTCV dispõe, obrigatoriamente, dos seguintes órgãos:a) Director;b) Comissão Técnico-Pedagógica; ec) Conselho Consultivo.

2. A EHTCV poderá criar ainda outros órgãos de gestão que se revelarem convenientes à prossecução cabal dos seus fins, nos termos previstos no respectivo regulamento interno.

Subsecção I

Director

Artigo 19ºNatureza e nomeação

1. O Director é o órgão de representação e gestão geral da EHTCV, a quem cabe dirigir, orientar, dinamizar e controlar as actividades da Escola nos termos dos presentes Estatutos, da lei e dos regulamentos aplicáveis.

2. O Director da EHTCV é nomeado por Despacho do Membro do Governo responsável pela área da formação profissional, sob proposta do Director-Geral do IEFP, de entre indivíduos idóneos, habilitados com curso superior e experiência profissional comprovada nas áreas de actuação da escola.

Artigo 20ºCompetências

1. Compete ao Director da EHTCV, designadamente:a) Dirigir, orientar e coordenar as actividades da escola;b) Superintender no funcionamento da EHTCV e velar pela qualidade e eficiência

das acções formativas assim como pela disciplina na instituição;c) Aprovar os regulamentos da EHTCV;d) Aprovar o plano de actividades, os projectos estratégicos e o orçamento da

escola;e) Aprovar os relatórios e contas de gerência;f) Superintender na execução orçamental;g) Assegurar o cumprimento das actividades planeadas;h) Representar a EHTCV nos actos, contratos e actividades para que estiver

mandatado;i) Superintender na gestão dos recursos humanos da EHTCV, praticando todos os

actos necessários, nos termos da lei aplicável e dos regulamentos internos;j) Exercer as competências disciplinares que lhe são atribuídas pelo regulamento

interno da escola;k) Estabelecer relações de cooperação com outros centros de formação, empresas,

entidades públicas e privadas, nacionais, estrangeiros ou internacionais, em articulação com o órgão de superintendência;

l) Promover o desenvolvimento de actividades de pesquisa e investigação e fomentar a utilização das tecnologias de informação e de comunicação nas iniciativas de formação da escola; e

m) Zelar pela observância das normas legais e regulamentares aplicáveis, sobretudo em matéria de formação profissional.

2. Os documentos referidos nas alíneas c), d) e e) são elaborados com a participação activa dos membros da Comissão Técnico-Pedagógica e submetidos ao Director-Geral do IEFP, para ratificação.

Subsecção IIComissão Técnico-Pedagógica

Artigo 21º

Natureza

A Comissão Técnico-Pedagógica da EHTCV é o órgão de gestão científica e técnico-pedagógica da escola, ao qual incumbe assegurar a preparação, organização, execução e avaliação dos cursos ou acções de formação profissional.

Artigo 22ºComposição

1. A Comissão Técnico-Pedagógica é constituída pelo Director da EHTCV, que preside e pelo Coordenador do departamento de formação em turismo; pelo Coordenador do departamento de formação em hotelaria, e pelo Coordenador do departamento de gestão académica.

2. Os formandos podem fazer-se representar em reuniões da Comissão Técnico-Pedagógica sempre que para tal sejam convidados pelo presidente do órgão.

3. Podem ainda ser convidados a tomar parte em reuniões da Comissão Técnico-Pedagógica, formadores da EHTCV e outras individualidades de reconhecido mérito cuja presença se mostrar conveniente para o tratamento de assuntos específicos agendados.

4. Nas ausências ou impedimentos do Director, preside à Comissão Técnico-Pedagógica o coordenador de formação que aquele designar.

Artigo 23ºCompetências

Compete à Comissão Técnico-Pedagógica da EHTCV:a) Planificar e organizar as actividades conducentes ao cumprimento dos

programas e planos de formação da EHTCV;b) Coordenar, acompanhar e superintender na execução das diferentes disciplinas;c) Fomentar o intercâmbio de ideias e experiências com outras instituições de

formação nacionais e estrangeiras sobre os programas, planos e métodos de formação;

d) Assegurar a ligação entre as aulas ou sessões de formação e os planos curriculares adoptados;

e) Planificar e organizar a realização dos estágios curriculares e avaliar os respectivos resultados, em conformidade os respectivos regulamentos;

f) Analisar o desempenho dos formandos e dos formadores;g) Organizar e superintender na avaliação dos formandos, nos termos

regulamentares;h) Elaborar os regulamentos necessários ao cumprimento cabal das suas atribuições

e submetê-los à aprovação do Director;i) Aprovar o respectivo regulamento interno;j) Deliberar sobre os processos referentes aos pedidos de concessão de

equivalência e reconhecimento de habilitações para efeitos de prosseguimento da formação na Escola; e

k) O mais que lhe for cometido por disposição legal ou regulamentar aplicável ou resultar das normas e determinações aprovadas pelos órgãos competentes da EHTCV ou da entidade de superintendência.

Artigo 24ºReuniões

1. A Comissão Técnico-Pedagógica reúne-se, ordinariamente, uma vez por mês e, extraordinariamente, sempre que necessário, por convocatória do respectivo presidente ou mediante solicitação de, pelo menos, um terço dos seus membros.

2. As convocatórias, acompanhadas da proposta da agenda de trabalhos e, sempre que possível, dos projectos de documentos e deliberações a serem discutidos, com a antecedência mínima de 48 horas.

Subsecção IIIConselho Consultivo da Escola

Artigo 25ºDenominação e natureza

O Conselho Consultivo da Escola é o órgão de consulta do Director e dos demais órgãos de gestão da EHTCV na definição da estratégia de formação da escola e na concepção, acompanhamento e avaliação dos correlativos projectos de formação profissional, tendo em vista a adequação das ofertas formativas às necessidades de desenvolvimento do turismo, da hotelaria e da restauração e às demandas do respectivo mercado, a nível local, regional e nacional.

Artigo 26ºComposição

1. O Conselho Consultivo da Escola é constituído pelo Director, ou por quem este designar, que preside, e por mais nove representantes dos sectores de actividade correspondentes às áreas de formação da EHTCV.

2. Os membros do Conselho Consultivo referidos no número anterior serão indicados da seguinte forma:

a) Dois membros nomeados pelo Ministro responsável pela área da formação profissional, sob proposta do IEFP;

b) Um representante do Ministério da Educação e Ensino Superior;c) Um representante do Ministério da Economia, Crescimento e Competitividade

(Turismo);d) Um representante da Cabo-Verde Investimentos;e) Um representante do Ministério das Finanças (Plano);f) Um representante da Câmara de Comercio do Turismo (UNOTUR);g) Um representante das Agências de Viagens de Cabo-Verde; eh) Um representante da Associação Nacional dos Municípios.

3. As condições de instalação do Conselho Consultivo da Escola são definidas por despacho do Director-Geral do IEFP.

Artigo 27ºAtribuições

Compete ao Conselho Consultivo da EHTCV, designadamente:a) Pronunciar-se sobre as estratégias de médio e de longo prazo por que devem

nortear-se as actividades formativas a ministrar pela EHTCV;b) Adoptar recomendações visando a promoção da qualidade da formação

ministrada pela EHTCV;c) Analisar e emitir parecer sobre os programas e projectos de formação e sua

adequação às necessidades do mercado do emprego;d) Pronunciar-se sobre os planos de actividades formativas da EHTCV;e) Apreciar os relatórios de actividades dos demais órgãos da EHTCV e emitir

sugestões sobre o desenvolvimento ulterior da sua actuação; ef) Emitir parecer sobre quaisquer assuntos que lhe sejam submetidos pelo Director

da EHTCV.

Artigo 28ºReuniões e deliberações

1. O Conselho Consultivo da Escola reúne-se, ordinariamente, duas vezes por ano e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo seu presidente ou a solicitação de, pelo menos, um terço dos seus membros.

2. O Conselho Consultivo da Escola reúne-se com a presença da maioria absoluta dos seus membros.

3. As deliberações do Conselho Consultivo da Escola assumem a forma de Parecer e são aprovadas por maioria absoluta de votos dos membros presentes.

Secção IIDepartamentos e Serviços

Subsecção INatureza e constituição

Artigo 29ºDefinição e especificação

1. A EHTCV dotar-se-á de departamentos e serviços permanentes, vocacionadas para a gestão pedagógica e académica das actividades da escola.

2. Os departamentos da EHTCV são os seguintes:a) Departamento de formação em turismo;b) Departamento de formação em hotelaria; ec) Departamento de gestão académica.

3. Os serviços da EHTCV são os seguintes, na dependência do Departamento de gestão académica:

a) Serviços de secretaria; e

b) Serviços financeiros.

Subsecção IIDepartamento de formação em turismo

Artigo 30ºNatureza e competências

Compete ao departamento de formação em turismo a gestão das actividades de formação teóricas e práticas da formação em turismo, competindo-lhe, designadamente:

a) Apoiar as actividades de programação e de coordenação das actividades formativas da EHTCV nas componentes de formação da área do turismo, responsabilizando-se, em particular, pela elaboração dos planos de formação e de coordenação das respectivas áreas disciplinares;

b) Coordenar a elaboração de todo o material formativo e de apoio didáctico aos formadores e formandos dos cursos de turismo;

c) Promover a divulgação das boas práticas didácticas e formativas na escola;d) Participar na selecção e integração dos formadores dos cursos de turismo;e) Realizar actividades de acompanhamento e apoio técnico-pedagógico aos

formadores da área de turismo da EHTCV;f) Acompanhar e avaliar a prossecução dos objectivos dos cursos de turismo e

demais acções de formação organizados pela EHTCV nesta área técnica;g) Elaborar relatórios periódicos de execução dos planos de formação e de

coordenação, bem como relatórios finais;h) Elaborar, em articulação com os formadores, os procedimentos mais adequados

para o desenvolvimento das actividades de formação, acompanhamento e avaliação dos formandos;

i) Organizar os exames, em observância das normas de avaliação e de certificação;j) Incentivar e promover a excelência no desempenho do corpo docente com base

num sistema eficaz de comunicação;k) Assegurar a observância, nas acções de formação, das normas de higiene e

segurança no trabalho e de protecção do meio ambiente;l) Propor acções de reciclagem e especialização dos formadores, bem como da sua

avaliação nos termos regulamentares;m) Apresentar propostas de regulamento para a respectiva área de coordenação;n) Velar pelo cumprimento das directivas, regulamentos e demais normas internas,

bem como às aplicáveis à formação profissional; eo) Zelar pela conservação do mobiliário e equipamentos afectos à formação e dos

demais espaços comuns utilizados pelos alunos.

Subsecção IIIDepartamento de formação em hotelaria

Artigo 31ºNatureza e competências

Compete ao departamento de formação em hotelaria a gestão das actividades de formação teóricas e práticas de formação em hotelaria, competindo-lhe, designadamente:

a) Apoiar as actividades de programação e de coordenação das actividades formativas da EHTCV na área da hotelaria, responsabilizando-se, em particular, pela elaboração dos planos deformação e de coordenação das respectivas áreas disciplinares;

b) Programar e gerir as actividades de produção alimentar da Escola, por forma a integrar as mesmas na sequência da programação da formação nas áreas da cozinha ou pastelaria e de restaurante ou bar, bem como para permitir a realização de práticas em posto real de trabalho, com a venda de serviços a clientes externos;

c) Promover a divulgação das boas práticas didácticas e formativas na escola, nomeadamente, no campo da higiene e segurança alimentar e do fardamento dos formandos;

d) Participar na selecção e integração dos formadores dos cursos de hotelaria;e) Realizar actividades de acompanhamento e apoio técnico-pedagógico aos

formadores da área de hotelaria da EHTCV;f) Acompanhar e avaliar a prossecução dos objectivos dos cursos de hotelaria e

demais acções de formação organizados pela EHTCV nesta área técnica;g) Elaborar relatórios periódicos de execução dos planos de formação e de

coordenação, bem como relatórios finais;h) Elaborar, em articulação com os formadores, os procedimentos mais adequados

para o desenvolvimento das actividades de formação, acompanhamento e avaliação dos formandos;

i) Organizar os exames, em observância das normas de avaliação e de certificação;j) Incentivar e promover a excelência no desempenho do corpo docente com base

num sistema eficaz de comunicação;k) Assegurar a observância, nas acções de formação, das normas de higiene e

segurança no trabalho e de protecção do meio ambiente;l) Propor acções de reciclagem e especialização dos formadores, bem como da sua

avaliação nos termos regulamentares;m) Apresentar propostas de regulamento para a respectiva área de coordenação;n) Velar pelo cumprimento das directivas, regulamentos e demais normas internas,

bem como às aplicáveis à formação profissional;o) Zelar pela conservação das instalações, mobiliário, equipamentos, utensílios e

máquinas e dos demais espaços comuns utilizados pelos alunos.

Subsecção IVDepartamento de gestão académica

Artigo 32ºNatureza

Compete ao departamento de gestão académica assegurar a vida da EHTCV em todos os aspectos do seu funcionamento relacionados com a situação administrativa dos alunos e formadores, exercendo igualmente a sua acção nos domínios da segurança e gestão das instalações, do mobiliário e equipamentos, bem como da gestão financeira, pessoal, patrimonial, de expediente e arquivo e de tesouraria.

Artigo 33ºCompetências dos Serviços de Secretaria

Compete ao Departamento de gestão académica, através dos serviços de secretaria:

1. No domínio das matrículas e inscrições:a) Prestar informações sobre as condições de inscrição, matrícula e frequência dos

cursos em funcionamento na EHTCV;b) Executar os serviços respeitantes a matrículas e inscrições;c) Emitir as facturas das quantias a pagar pelos formandos respeitantes a propinas e

emolumentos, remetendo-as, para efeitos de cobrança, à Tesouraria;d) Elaborar as guias de pagamento respeitantes a bolsas, subsídios ou quaisquer

outras verbas atribuídas aos formandos;e) Executar todos os contactos com os formandos decorrentes dos actos de

formação em que estes estejam envolvidos;f) Emitir e revalidar os cartões de estudante;g) Apoiar, no âmbito das suas competências, todas as actividades de formação

contínua organizadas na Escola; eh) Organizar, para cada disciplina, uma pauta com o nome dos formandos inscritos

em cada ano lectivo e curso, que irão, em definitivo, constituir os livros de termos.

2. No domínio do cadastro e emissão de certificados:a) Proceder ao registo, em livros, fichas ou qualquer outro suporte, nomeadamente

informático, de todos os actos respeitantes à vida escolar dos formandos;b) Manter actualizados os processos individuais e o arquivo dos formandos;c) Preparar os currículos escolares dos formandos para efeitos de informação final;d) Passar e registar certidões de matrícula, inscrição, frequência e conclusão de

curso e outras relativas a actos e factos que constem dos respectivos processos e não sejam de natureza reservada;

e) Elaborar toda a estatística referente à frequência dos cursos e aproveitamento dos alunos, bem como fornecer os mesmos elementos a entidades competentes nesta matéria, exteriores à Escola, quando solicitados;

f) Registar a frequência e o aproveitamento dos formandos dos cursos de formação contínua organizados pela EHTCV e preparar a respectiva certificação;

g) Preparar para assinatura todos os diplomas solicitados pelos formandos que concluam os respectivos cursos;

h) Arquivar e manter actualizados os dados respeitantes aos programas e planos de estudo dos cursos ministrados na Escola;

i) Elaborar os calendários escolares e os horários de formação para os diferentes cursos, submetendo-os à aprovação da Comissão Técnico-Pedagógica;

j) Elaborar os editais e avisos relativos a matrículas, inscrições, transferências, reingressos, mudanças de curso e concursos especiais de acesso;

k) Preparar os processos para decisão dos pedidos de transferência, reingresso, mudanças de curso e concursos especiais de acesso;

l) Receber e encaminhar para a Comissão Técnico-Pedagógica os processos referentes aos pedidos de concessão de equivalência e reconhecimento de habilitações;

m) Instruir os processos de cálculo do montante de propinas a pagar por cada formando e elaborar as listas dos que se encontrem em atraso no seu pagamento.

3. No domínio da gestão do Pessoal:

a) Preparar os processos relativos ao recrutamento, selecção e provimento, bem como à promoção, prorrogação e renovação de contratos, mobilidade e exoneração, rescisão de contratos, admissão e aposentação de pessoal formador.

b) Preparar os processos relativos ao recrutamento, selecção e provimento, bem como à promoção, prorrogação e renovação de contratos, mobilidade, exoneração, rescisão de contratos, admissão e aposentação de pessoal não docente.

c) Instruir e dar andamento aos processos de autorização de prestação de horas extraordinárias, aquisição de serviços, deslocações e ajudas de custo do pessoal; e

d) Processar as folhas de vencimento, salários, gratificações e outros abonos.

4. No domínio do Expediente e Arquivo:a) Proceder à recepção, abertura, classificação e registo de toda a correspondência

entrada e dirigida a qualquer unidade orgânica, órgão ou serviço e demais estruturas funcionais da Escola;

b) Proceder à classificação e registo da correspondência das unidades orgânicas, órgãos, serviços e outras estruturas funcionais da Escola com entidades exteriores, assim como executar os demais actos de saída da mesma correspondência, incluindo os de franquia postal;

c) Arquivar, de acordo com o modelo de arquivo instituído superiormente, toda a correspondência entrada e saída na Escola, assim como os documentos de circulação interna;

d) Organizar toda a correspondência entrada e outros documentos, para despacho dos órgãos competentes;

e) Organizar e assegurar a circulação do Boletim Oficial pelos órgãos e serviços da Escola, assim como diligenciar a extracção de cópias dos textos legais e publicações com interesse para a sua actividade;

f) Proceder à distribuição dos documentos, de acordo com o despacho superior neles exarado; e

g) Propor à consideração do órgão competente a destruição dos documentos existentes em arquivo morto, decorrido o prazo mínimo estipulado legalmente.

5. No domínio das Compras e do Inventário:a) Assegurar o apetrechamento dos serviços e unidades da Escola, centralizando e

organizando os processos de aquisição, nos termos das disposições legais vigentes;

b) Manter em depósito o material de uso corrente, indispensável ao regular funcionamento da Escola;

c) Zelar pela conservação e aproveitamento dos bens móveis e imóveis;d) Elaborar e manter actualizado o inventário e cadastro dos bens móveis e imóveis

da Escola; ee) Proceder aos autos relativos a extravio e ruína prematura, bem como em todos os

processos de que resulte abatimento ao inventário temporário ou permanente de quaisquer bens móveis ou imóveis.

6. No domínio da gestão das infra-estruturas escolares:a) Zelar pela segurança, conservação e manutenção das instalações, mobiliário

utensílios e equipamentos em articulação com os coordenadores dos departamentos de formação em turismo e em hotelaria;

b) Providenciar para que se observem os princípios de higiene, segurança no trabalho e protecção do meio ambiente e de arrumação do espaço, equipamentos e materiais didácticos em articulação com os coordenadores dos departamentos de formação em turismo e de formação em hotelaria;

c) Garantir o bom funcionamento dos serviços de reprografia e outros;d) Apresentar à Comissão Técnico-Pedagógica propostas de regulamento dos

cursos, em articulação com os coordenadores de formação em turismo e hotelaria; e

e) Velar pelo cumprimento, a nível da EHTCV, das directivas, regulamentos e demais normas aplicáveis à formação profissional.

Artigo 34ºCompetências Serviços Financeiros

Compete ao Departamento de gestão académica, através dos serviços financeiros:

1. No domínio da Contabilidade e do Orçamento:a) Assegurar a realização de toda a escrituração respeitante à contabilidade

orçamental, patrimonial e analítica, de forma que a contabilidade constitua um instrumento de apoio à gestão da Escola;

b) Informar ou emitir parecer sobre os processos relativos à arrecadação de receitas e realização de despesas, no que diz respeito à legalidade e cabimento de verbas;

c) Elaborar guias e relações a enviar às entidades competentes das importâncias relativas a retenções na fonte de impostos e de quaisquer outros descontos legais;

d) Elaborar os projectos de orçamentos da Escola, sob supervisão do Director;e) Proceder à requisição de fundos;f) Organizar os processos de execução e alteração orçamentais, nos termos legais e

regulamentares;g) Elaborar as relações de documentos de despesa a submeter à apreciação e

aprovação do Director;h) Elaborar a conta de gerência e submetê-la ao Director da EHTCV;i) Elaborar os projectos de planos de actividade e de planos financeiros anuais e

plurianuais;j) Contabilizar as remunerações e outros abonos; ek) Exercer as demais tarefas e atribuições que resultarem dos presentes Estatutos e

dos diplomas legais aplicáveis.

2. No domínio da Tesouraria:a) Proceder à arrecadação em conta de ordem das receitas da Escola, de acordo

com a sua autonomia administrativa e financeira e segundo as normas definidas pelo conselho administrativo;

b) Executar os pagamentos decorrentes das despesas devidamente autorizadas;c) Preencher e submeter à assinatura os recibos necessários para o levantamento

dos fundos orçamentais e para cobrança das receitas próprias da Escola;d) Devolver diariamente, aos serviços competentes, a documentação respeitante aos

pagamentos efectuados;e) Transferir para os cofres do Estado, dentro dos prazos legais, as respectivas

receitas, em conformidade com as guias e relações organizadas pelos serviços;

f) Manter rigorosamente actualizada a escrita da Tesouraria, de modo a ser possível verificar, em qualquer momento, a exactidão dos fundos em cofre e em depósito; e

g) Efectuar os pagamentos respeitantes a benefícios sociais, quer de pessoal, quer de alunos da Escola.

Secção VIOutras estruturas de apoio

Artigo 35ºGabinete de Relações Públicas

1. A EHTCV pode dispor de um Gabinete de Relações Públicas, dirigido por quem for indicado pelo Director da EHTCV, incumbido de promover a venda de serviços, desenvolver actividades de Extensão Cultural, de Relações com Parceiros Nacionais e Internacionais e de organização de Estágios Profissionais.

2. Relativamente à venda de serviços a clientes externos, compete ao Gabinete de Relações Públicas a sua promoção e negociação em função dos manuais de vendas elaborados para o efeito e tendo em consideração as prioridades de funcionamento técnico-pedagógigo da Instituição.

3. A nível da Extensão Cultural, compete ao Gabinete de Relações Públicas coordenar as acções de extensão cultural promovidas pela Escola ou em que esta participar e, designadamente:

a) Assegurar a organização de informação actualizada sobre o ensino da Hotelaria, do Turismo e da Restauração em Cabo Verde;

b) Apoiar as acções de divulgação das iniciativas da Escola, nomeadamente dos cursos em funcionamento;

c) Organizar o apoio à realização de acções exteriores à Escola, tais como a presença em feiras e congressos e outros eventos similares;

d) Elaborar e coordenar a implementação da estratégia de divulgação da imagem da Escola, em colaboração com os órgãos de gestão competentes; e

e) Organizar a informação sobre as actividades da Escola, destinada a entidades e meios de comunicação social.

4. Incumbe ao Gabinete de Relações Públicas, no âmbito das Relações com os Parceiros Nacionais e Internacionais, coordenar as acções de cooperação e parceria em que a Escola esteja envolvida, promovendo, nomeadamente:

a) A organização e a actualização de informação sobre a formação profissional em Hotelaria, Turismo e Restauração no país e no estrangeiro;

b) A coordenação e a dinamização de programas, projectos, protocolos, convénios ou acordos de cooperação, nacional e internacional, nos domínios da hotelaria, do turismo e da restauração; e

c) A preparação da informação sobre as actividades da Escola destinada a entidades e meios de comunicação social, nacionais e estrangeiros.

5. Incumbe ao Gabinete de Relações Públicas, no domínio da Organização de Estágios Profissionais, organizar, promover e coordenar a realização de programas de estágios

profissionais e demais actividades que visem a integração dos diplomados pela Escola no mercado de trabalho, assegurando, em particular:

a) A realização dos contactos institucionais com empresas, empresários e instituições, tendo em vista a angariação e de parcerias e a organização de actividades complementares de formação e de estágio;

b) O acompanhamento, em colaboração com outras estruturas competentes da Escola, da realização de estágios e outras actividades extra-escolares, assim como a promoção dos correlativos instrumentos de registo e avaliação;

c) A divulgação, junto dos formandos, dos postos de estágio e das oportunidades de inserção no mercado de trabalho; e

d) A realização de diligências visando a colocação dos formandos candidatos ao emprego.

Artigo 36ºSecretariados de apoio

Nos termos definidos em regulamentos internos, os órgãos de gestão da EHTCV podem dispor de secretariados de apoio técnico e logístico, em função das necessidades de cada órgão e dos recursos humanos disponíveis.

CAPÍTULO IIIDisposições finais e transitórias

Artigo 37ºRegime do Pessoal

O quadro de pessoal, o regime de trabalho, carreiras e salários do pessoal da EHTCV constam de regulamento aprovado pela entidade governamental que a superintende, por proposta do Director da Escola e parecer favorável do IEFP.

Artigo 38ºLegislação aplicável supletivamente

Em tudo o que não consta dos presentes Estatutos são aplicáveis à EHTCV as normas constantes do regime jurídico geral da formação profissional e demais diplomas legais e regulamentares aplicáveis à formação profissional.

Artigo 39ºAplicabilidade em contexto de gestão privada

No caso de a gestão da EHTCV ser confiada a uma entidade privada, os presentes Estatutos são inteiramente aplicáveis, salvo se suas normas forem incompatíveis com a natureza jurídica da entidade gestora e outras forem as disposições constantes do respectivo Contrato de Gestão.

Artigo 40ºRevisão dos Estatutos

Os Estatutos da EHTCV podem ser revistos, a todo o tempo, por proposta fundamentada do Director da EHTCV e parecer favorável do IEFP.

As Ministras, Maria Madalena Brito Neves - Vera V. B. Duarte Lobo de Pina.

FUNDO DE PROMOÇÃO DO EMPREGO E DA FORMAÇÃO

(FPEF)

CRIAÇÃO

Resolução nº 5/2012,

de 25 de Janeiro

O Programa do Governo para a presente legislatura atribui à Formação profissional e à qualificação dos recursos humanos um papel de relevo no contexto da política de valorização dos recursos humanos e salienta como um dos elementos desta mesma política, o desenvolvimento de um sistema integrado de educação, formação profissional e a sua articulação e coordenação com o mercado de trabalho.

De entre as várias medidas a adoptar em matéria de Formação profissional, propõem-se a institucionalização de um mecanismo de financiamento da formação profissional, que envolve a comparticipação das empresas, dos formandos enquanto beneficiários directos da formação, do Estado e das autarquias locais, incorporando a experiência existente e os conhecimentos acumulados neste domínio.

A esse respeito, já o Decreto-Lei n.º 37/2003 de 6 de Dezembro que regula o Regime Jurídico Geral da Formação Profissional deixa explícita a necessidade de se providenciar a regulamentação de algumas matérias, designadamente, as concernentes ao financiamento do emprego e da formação profissional, pois, por intermédio desta, entre outras medidas que complementem o diploma em apreço, definem-se opções e princípios básicos que enformam o sistema de Formação profissional.

Para tanto, é fundamental a reformulação do Fundo de Promoção do Emprego e da Formação, criado pelo Decreto-Lei n.º 52/94, de 22 de Agosto, e bem assim o Decreto

Regulamentar nº 17/2005, de 26 de Dezembro, atendendo às estratégias da política de formação profissional consensualmente formuladas.

Assim sendo, impõe-se como medida adequadamente desejável, designadamente, financiamentos, parcial ou total, de cursos e/ou acções de formação profissional inicial, na perspectiva de inserção sócio-profissional de activos em situação de desemprego, em especial, dos jovens à procura do primeiro emprego, e de formação contínua com pertinência para as necessidades da economia nacional.

Essa reformulação se justifica ainda pelo facto da realidade sócio-profissional ter sofrido transformações substanciais deste a data da publicação e entrada em vigor daqueles diplomas, até esta parte. Por outro lado, importa salientar que se mostra necessário introduzir ajustamentos no âmbito da intervenção do Fundo, viabilizando a sua abertura ao funcionamento de acções a montante e a jusante, dos processos de selecção e integração dos projectos susceptíveis de financiamento pelo Fundo.

Neste contexto, e no quadro de concertação entre os membros de Governo responsáveis pelas áreas da Formação Profissional, do Emprego e das Finanças, decidiu-se criar o Fundo de Promoção do Emprego e da Formação, que funcionará sob a Direcção Superior do Governo, através dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças, da Formação Profissional e do Emprego, e cujas atribuições, competências, organização e financiamento serão regulados pelo respectivo estatuto e regulamentos complementares.

De entre as inovações constantes dos estatutos do Fundo consta a sua concepção numa lógica trans-sectorial afim de, por um lado, garantir a qualificação das pessoas no desemprego e, por outro, assegurar, através de mecanismos de repartição adequados, a afectação racional e equitativa dos seus recursos para os diferentes sectores objecto da sua intervenção.

Igualmente, foram considerados os projectos e programas de formação de pessoas com deficiência. É sabido que escolha de profissão e o acesso à função pública e ao sector privado são direitos constitucionalmente garantidos a todos os cidadãos, em condições de igualdade e liberdade. Os cidadãos com deficiência gozam plenamente dos direitos consignados na Constituição, com ressalva daqueles para os quais se encontrem incapacitados.

Porém, o número de cidadãos funcionários com deficiência na Administração Pública ou trabalhadores com deficiência no sector privado é francamente insignificante, pelo que a Administração Pública e o sector privado, na sua qualidade de entidades empregadoras, devem tomar a seu cargo a responsabilidade de tornar acessível o emprego a pessoas com deficiência.

Assim, se decidiu incluir, nas actividades do Fundo, projectos e programas de formação e qualificação para pessoas com deficiência afim de, por um lado, dar cumprimento à mencionada obrigação constitucionalmente consagrada e, por outro, contribuir para a redução da pobreza e exclusão social das pessoas portadoras com deficiência em idade de trabalhar ou permitir às mesmas ter uma formação que lhes garanta o exercício de uma actividade remunerada.

Privilegiou, outrossim, a canalização, para o Fundo, de recursos não utilizados no âmbito dos projectos da cooperação internacional (ou parte destes recursos).

Assim:

Ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 6.º da Lei nº 96/V/99, de 22 de Março; eNo uso da faculdade conferida pelo nº 2 do artigo 266.º da Constituição, o Governo

aprova a seguinte Resolução:

Artigo 1.ºCriação

É criado o Fundo de Promoção do Emprego e da Formação, abreviadamente designado por Fundo.

Artigo 2.ºNatureza

O Fundo de Promoção do Emprego e da Formação é o Fundo que visa apoiar as políticas e iniciativas de desenvolvimento e empregabilidade dos recursos humanos, dotado de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, sob a Direcção Superior do Governo.

Artigo 3.º

Atribuições e competências As atribuições, competências, organização e financiamento do Fundo serão regulados

pelos respectivos estatutos e regulamentos complementares.

Artigo 4.º

Revogação

São revogados o Decreto-Lei n.º 52/94, de 22 de Agosto e o Decreto-Regulamentar n.º 17/2005, de 26 de Dezembro, bem como toda a legislação em contrário.

Artigo 5.º

Entrada em vigor

A presente Resolução entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Vista e Aprovada em Conselho de Ministros, em 28 de Dezembro de 2011.

O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.

Publique-se.

O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.

ESTATUTO DO

FUNDO DE PROMOÇÃO DO EMPREGO E DA FORMAÇÃO

Decreto-Regulamentar n.º 4/2012,

de 29 de Fevereiro

Com a criação do Fundo de Promoção do Emprego e da Formação, pela Resolução n.º 5/2012, de 25 de Janeiro, impõe-se aprovar o respectivo Estatuto.

Salienta-se que cabe ao departamento governamental responsável pela área das Finanças a função de inspecção administrativa destinada a permitir a informação do Governo sobre a actividade dos corpos administrativos e o funcionamento dos

respectivos serviços, de modo a permitir-lhe orientá-lo e para garantir a boa governação do Fundo; e aos departamentos governamentais responsáveis pelas áreas da Formação Profissional e do Emprego as restantes atribuições inerentes à Direcção Superior do Governo, nos termos do Estatuto do Fundo e do Manual de Procedimentos.

Assim,

Ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 6.º da Lei nº 96/V/99, de 22 de Março; e

No uso da faculdade conferida pela alínea b) do artigo 205.º e pela alínea b) do n.º 2 do artigo 264.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1.º

Aprovação do estatuto

É aprovado o estatuto do Fundo de Promoção do Emprego e da Formação, anexo ao presente diploma, do qual faz parte integrante e abaixa assinado pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças, da Formação Profissional e do Emprego.

Artigo 2.º

Entrada em vigor

Este diploma entra em vigor 30 dias após à sua publicação.

Visto e aprovado em Concelho de Ministros de 28 de Dezembro de 2011

José Maria Pereira Neves - Cristina Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Janira Isabel Fonseca Hopffer Almada

Promulgado em 24 de Fevereiro de 2012

Publique-se.

O Presidente da República, JORGE CARLOS DE ALMEIDA FONSECA

___

ESTATUTO DO FUNDO DE PROMOÇÃO DO EMPREGO

E DA FORMAÇÃO

Capítulo I

Disposições gerais

Artigo 1º

Natureza

O Fundo de Promoção do Emprego e da Formação, abreviadamente designado por Fundo, é o fundo que visa apoiar as políticas e iniciativas de desenvolvimento e empregabilidade dos recursos humanos, dotado de autonomia administrativa, financeira e patrimonial.

Artigo 2º

Sede e criação de delegação

O Fundo tem a sua sede na Cidade da Praia, podendo actuar em qualquer ponto do território nacional, nos termos da Lei nº 96/V/99, de 22 de Março.

Artigo 3º

Normas reguladoras

O Fundo rege-se pelas normas do presente estatuto, pelos seus regulamentos internos, manual de procedimento do Fundo e demais legislação aplicável.

Artigo 4º

Direcção Superior

O Fundo desenvolve as suas actividades sob a direcção superior do Governo, nos termos do presente estatuto e da Lei nº 96/V/99, de 22 de Março.

Artigo 5º

Relações com terceiros

Nas suas relações com terceiros, o Fundo está sujeito às normas de direito privado.

Artigo 6º

Objectivos

1. O Fundo visa apoiar as políticas e iniciativas de desenvolvimento e empregabilidade dos recursos humanos, designadamente a formação profissional e promoção do emprego dos recursos humanos, em geral.

2. O Fundo financia total ou parcialmente:

a) Programas, projectos e acções de formação profissional inicial, em exercício, incluindo a aprendizagem em domínios pertinentes para o sector produtivo e para o mercado de emprego;

b) Iniciativas públicas e privadas de capacitação profissional de jovens e adultos em actividade formativas para inserção e/ou reconversão socioprofissionais, auto-emprego, empreendedorismo e/ou desenvolvimento de actividades económicas independentes;

c) Programas e projectos de reforço da capacidade formativa, de programação e de avaliação de instituições, escolas, centros e dispositivos de qualificação de recursos humanos e de aperfeiçoamento técnico-profissionais;

d) Pedidos individuais de subsídios e bolsas de estudo reembolsáveis ou a fundo perdido para formações com relevância pedagógica, social, económica e para a administração pública, de acordo com os critérios e procedimentos previamente aprovados pelas instâncias competentes;

e) Projectos e iniciativas de organizações profissionais e não governamentais relevantes para os objectivos do governo, de capacitação e de desenvolvimento de recursos humanos;

f) Projectos e iniciativas de organizações profissionais e não governamentais, de pessoas individuais e colectivas, relevantes para os objectivos do governo que visam a empregabilidade, designadamente, de apoio ao emprego, auto-emprego e projectos de empreendedorismo.

g) Projectos e programas de formação e de qualificação de pessoas com deficiência.

3. O Fundo pode, ainda, financiar:

a) Projectos de avaliação, estudo ou de pesquisa sobre o sistema nacional de formação profissional e de qualificação de recursos humanos; e

b) Valências formativas com garantias de empregabilidade e de viabilidade de projectos de luta contra a pobreza e desenvolvimento local, social e económico.

4. Na prossecução dos seus objectivos o Fundo deverá criar e cultivar relações de coordenação e de partilha de informações com os serviços dos Ministérios envolvidos e outras instituições vocacionadas para apoiar a formação e/ou com intervenções em áreas próximas.

Artigo 7º

Capital social e sua representação

1. O capital social do Fundo é de oitenta milhões de escudos cabo-verdianos (80.000.000$00) e está integralmente subscrito e realizado pelo Estado.

2. O capital social do Fundo pode ser aumentado uma ou mais vezes.

3. O capital social é representado por acções nominativas pertencentes ao Estado.

Artigo 8º

Fontes de receita e de alimentação

1. Constituem fontes de receitas do Fundo, tudo o que couber arrecadar nos termos da lei, designadamente:

a) Dotações, subsídios ou doações concedidas pelo Estado, pelas Autarquias Locais e por quaisquer outras entidades públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras;

b) Rendimentos de bens próprios ou constituição de direitos sobre eles;

c) Produto de venda de bens e/ou serviços;

d) Produto de quaisquer indemnizações que lhe sejam devidas;

e) Juros e remunerações de aplicações bancárias sobre os recursos do Fundo;

f) Parte da contribuição dos formandos nos custos de formação;

g) O valor das taxas e coimas cobradas no âmbito da Acreditação das Entidades Formadoras;

h) Recursos específicos provenientes de projectos e programas de formação profissional;

i) 5% Sobre os resultados líquidos dos jogos de fortuna e azar realizados no território nacional ou a partir deste;

j) Quaisquer outras receitas provenientes de suas actividades, ou que, por lei ou contrato, devam pertencer-lhe.

2. Os Membros do Governo que exercem a Direcção Superior sobre o Fundo podem criar outros mecanismos de financiamento do Fundo.

3. Em matéria de arrecadação de receitas exclui-se a dupla participação.

Artigo 9º

Beneficiários do Fundo

São beneficiários directos das operações do Fundo, nomeadamente:

a) Centros de Formação Profissional e Escolas Técnicas acreditados como entidades formadoras, bem como Instituições de Ensino Superior que ministram Cursos de Estudos Superiores Profissionalizantes, desde que devidamente homologados pelo membro do Governo responsável pela área do Ensino Superior e respeitados que sejam os incisos legais vigentes na matéria

no País, previstas no Decreto-Regulamentar nº 2/2011, de 24 de Janeiro, relativamente ao pagamento das taxas”.

b) Outros organismos públicos ou privados acreditados como entidades formadoras;

c) Iniciativas de organizações profissionais e não governamentais, de pessoas individuais e colectivas que visam a criação e ou a promoção de micro e pequenos projectos e ou micro e pequenas empresas;

d) Jovens frequentando cursos ou acções de formação profissional relevantes para os objectivos do Fundo.

Artigo 10º

Princípio de gestão e aplicação separadas das receitas

1. Para garantir o investimento sectorial equitativo e transparente das receitas do Fundo, os Órgãos Sociais competentes assegurarão a gestão das receitas em contas separadas, de acordo com a proveniência das mesmas.

2. A gestão e a aplicação sectorial das receitas serão objecto de regulamentação especial.

CAPÍTULO II

Actividade do Fundo

Artigo 11º

Formação e inserção profissionais

1. Compete ao Fundo promover e financiar:

a) Projectos e actividades de formação e inserção profissional dos recursos humanos;

b) Projectos de organizações profissionais e não governamentais, de pessoas individuais e colectivas que visam a criação e ou promoção de micro ou pequenos projectos e ou micro e pequenas empresas.

2. Para a concretização do disposto no número anterior, serão celebrados contratos com pessoas singulares e colectivas, nos termos a regulamentar.

Artigo 12º

Condições de financiamento

O financiamento dos projectos referido no artigo 14º deste estatuto é condicionado à verificação das condições exigidas no manual de procedimento do Fundo.

Artigo 13º

Financiamento de outras actividades

1. O Fundo pode financiar outras actividades que não as referidas no artigo 11º deste estatuto, por decisão dos seus órgãos directivos competentes, desde que tais projectos estejam em sintonia com os objectivos do Fundo e se submetam às condições exigidas no presente estatuto e no manual de procedimento do Fundo.

2. O Fundo pode, ainda, financiar projectos de formação ao longo da vida.

Artigo 14º

Regras gerais de procedimento de financiamento de projectos

1. A decisão de financiamento de projectos pelo Fundo é tomada após a análise de propostas apresentadas.

2. A execução dos projectos financiados pelo Fundo é da responsabilidade da entidade a que for atribuído o financiamento, sob a supervisão técnica e financeira do Fundo, que é responsável, igualmente, pelo seu seguimento, para avaliação do respectivo impacto, de forma a que os projectos sejam executados como tiver sido acordado e respondam aos objectivos que determinaram a sua execução.

3. O disposto no número anterior não afasta a possibilidade de a execução, em certos casos, ser feita no quadro de acordos ou protocolos a estabelecer, para o efeito, entre o Fundo e outras entidades.

CAPÍTULO III

Da organização

Artigo 15º

Órgãos e Estatuto Remuneratório

1.São órgãos do Fundo:

a) O Conselho de Administração;

b) O Serviço de Apoio; e

c) O Conselho Consultivo.

2. O Estatuto Remuneratório dos membros do Conselho de Administração é estabelecido por Resolução do Conselho de Ministros, sob proposta dos membros do Governo que tutelam as áreas das Finanças, da Formação Profissional e do emprego.

Secção I

Do Conselho de Administração

Artigo 16º

Composição e requisitos

1. O Conselho de Administração é composto por três Administradores, sendo um Presidente.

2. Os membros do Conselho de Administração são nomeados por Resolução de Conselho de Ministros, sob proposta conjunta dos membros do Governo que tutelam as áreas das Finanças, da Formação Profissional e do Emprego.

3. Os membros do Conselho de Administração são escolhidos de entre candidatos com curso superior que confira grau mínimo de licenciatura nas áreas de economia, gestão e finanças, com sensibilidade e experiência nos domínios da educação e formação ou com formação em ciências humanas com sensibilidade e experiência em gestão financeira e contabilística.

Artigo 17º

Competências do Presidente

1. Compete ao Presidente do Conselho de Administração:

a) Convocar e presidir as reuniões do Conselho de Administração e assegurar a execução das suas deliberações;

b) Representar o Fundo em juízo e fora dele;

c) Assegurar as relações do Fundo com o Governo e as demais entidades públicas;

d) Autorizar despesas dentro dos limites que forem fixados pelo Conselho de Administração;

e) Exercer as competências que lhe sejam delegadas pelo Conselho de Administração, podendo entretanto praticar actos urgentes em matéria de competência não delegada, os quais deverão ser ratificados na primeira reunião seguinte do Conselho de Administração;

f) Garantir o bom funcionamento do Serviço de Apoio, enquanto espaço de avaliação e seguimento dos projectos;

g) Assegurar a representação legal do Fundo, por delegação;

h) Dirigir as operações do Fundo;

i) Gerir os recursos e dirigir os serviços do Fundo;

j) Assinar, em nome do Fundo, os contratos relativos a aquisição de serviços que venham a mostrar-se necessários;

k) Assinar, com autorização do Conselho de Administração, os instrumentos de gestão previsional e os documentos de prestação de contas do Fundo;

l) Elaborar e submeter à apreciação do Conselho de Administração o orçamento e o plano de actividades;

m) Apreciar as propostas de financiamento de projectos, nos termos e limites fixados no Manual de Procedimento do Fundo;

n) Preparar, para aprovação pelo Conselho de administração, o Manual de Procedimento e demais regulamentos internos do Fundo;

o) Assegurar o cumprimento das decisões do Conselho de Administração;

p) Organizar as sessões, seleccionar e instruir os processos, com vista às decisões do Conselho de Administração respeitantes às operações do Fundo;

q) Preparar os instrumentos de gestão previsional e os documentos de prestação de contas do Fundo;

r) Estabelecer o sistema de informação e controle financeiro das acções do Fundo;

s) Assegurar o cumprimento das regras de execução orçamental definidas, tendo em atenção os orçamentos aprovados;

t) Assegurar que a elaboração dos pedidos de desembolso, reembolso e pagamento sejam conformes às normas dos organismos financiadores respectivos, explícitas nos acordos de concessão de crédito ou noutras directivas;

u) Assegurar a elaboração do plano de contas do Fundo, de acordo com as necessidades de informação, de fiscalização do património e do cumprimento de obrigações fiscais e outras;

v) Proceder periodicamente a verificações de contas para assegurar a integridade e a regularidade dos lançamentos efectuados;

w) Assegurar que as contas sejam elaboradas de acordo com procedimentos contabilísticos aceitáveis para os organismos financiadores do Fundo;

x) Assegurar o secretariado do Conselho Consultivo e do Conselho de Administração.

2. O Presidente do Conselho de Administração pode delegar competências, nos termos a regulamentar em legislação especial;

Artigo 18º

Substituição do Presidente

O Presidente do Conselho de administração é substituído, nos seus impedimentos e ausências, pelo administrador que designar ou, na falta de designação, pelo administrador mais antigo.

Artigo 19º

Funcionamento

1. O Conselho de Administração reúne-se uma vez por mês e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo Presidente, por sua iniciativa ou a solicitação de dois dos seus membros.

2. Nas votações não pode haver abstenções.

3. A acta das reuniões deve ser aprovada e assinada por todos os membros presentes.

4. As reuniões do Conselho de Administração são convocadas com, pelo menos, 15 (quinze) dias de antecedência.

Artigo 20º

Quórum e deliberação

1. O Conselho de Administração só delibera validamente com a presença de, pelo menos, dois terços dos seus membros.

2. As deliberações são tomadas por maioria absoluta dos membros.

3. O Presidente tem voto de qualidade.

Artigo 21º

Gratificação

1. Por cada reunião que participarem, os membros do Conselho de Administração receberão uma gratificação, a liquidar pelo Fundo.

2. O valor da gratificação a que se refere o número anterior é estipulado por Portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças, da Formação Profissional e do Emprego, tendo em conta a dignidade própria do cargo.

3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, os Membros do Conselho de Administração do Fundo beneficiam do pagamento de despesas de viagem e a atribuição de ajudas de custo por deslocação para reuniões do Conselho, quando estas se realizam fora do Concelho onde exercem a actividade profissional.

Artigo 22º

Atribuições

Cabe, em especial, ao Conselho de Administração:

a) Decidir da concessão de créditos ou subvenções do Fundo, a partir do exame dos processos correspondentes submetidos pelo Presidente;

b) Aprovar o regulamento interno do Fundo;

c) Aprovar as políticas e as linhas gerais orientadoras das actividades do Fundo;

d) Aprovar o plano de actividades, o orçamento e o relatório de contas;

e) Aprovar propostas de financiamento de projectos;

f) Aprovar os instrumentos de gestão previsional e os documentos de prestação de contas do Fundo;

g) Autorizar a constituição de mandatários especiais do Fundo;

h) Definir as linhas gerais de orientação das actividades, gestão e administração do Fundo;

i) Analisar e aprovar os projectos a serem financiados pelo Fundo;

j) Avaliar e decidir sobre as propostas de concessão ou revisão dos benefícios a serem atribuídos nos termos deste estatuto;

k) Definir e estabelecer um sistema de informação relativo aos processos e programas acerca dos projectos susceptíveis de serem financiados pelo Fundo, e constituir uma base de dados a nível nacional e local, e dinamizar a sua implementação;

l) Aprovar os instrumentos de gestão previsional e os documentos de prestação de contas do Fundo;

m) Aprovar os termos de referência dos quadros do Serviço de Apoio;

n) Informar a Entidade Tutelar das actividades do Fundo;

o) Ratear indicativamente a utilização dos recursos para os diferentes sectores da formação profissional e emprego;

p) Estabelecer relações de parceria com vista à expansão do Fundo;

q) Pronunciar sobre os regulamentos internos do Fundo;

r) Definir indicadores de controlo e avaliação dos programas e projectos e proceder à análise dos resultados;

s) Outras incumbências que lhe sejam afectadas, por lei, ou pelas entidades competentes.

Artigo 23º

Incompatibilidade e impedimentos do Presidente

1. O Presidente do Conselho de Administração não pode, durante o seu mandato, exercer qualquer outra função pública ou actividade profissional, salvo a actividade docente, a tempo parcial e desde que não cause prejuízo ao exercício das funções públicas.

2. Após o termo das suas funções, o Presidente do Conselho de Administração fica impedido, pelo período de dois anos, de desempenhar quaisquer funções ou prestar qualquer serviço às entidades que tenham beneficiado de ajuda financeira do Fundo.

Secção II

Do Serviço de Apoio

Artigo 24º

Composição do Serviço de Apoio

1. O Serviço de Apoio é constituído pelo Serviço de administração e finanças e pelo Serviço de avaliação e seguimento dos projectos.

2. O Serviço de Apoio será objecto de regulamentação especial.

Secção III

Conselho Consultivo

Artigo 25º

Composição

1. O Conselho Consultivo é composto pelos seguintes representantes:

a) 1 (um) representante do departamento governamental responsável pelas áreas da Formação Profissional e do Emprego;

b) 1 (um) representante do departamento governamental responsável pela área da Administração pública;

c) 1 (um) representante do departamento governamental responsável pela área da Educação e Desporto;

d) 1 (um) representante do departamento governamental responsável pela área do Ensino Superior;

e) 1 (um) representante da Escola de Negócios e Governação;

f) 1 (um) representante da Associação dos Municípios de Cabo Verde;

g) 1 (um) representante de cada uma das Centrais Sindicais;

h) 1 (um) representante de cada uma das Câmaras de Comércio;

i) 2 (duas) personalidades de reconhecido mérito, na área da formação, designadas pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças, da Formação Profissional e do Emprego;

j) 1 (um) representante da Plataforma das ONG’s;

k) 1 (um) representante das Associações das pessoas com deficiência;

l) 1 (um) representante da Reforma do Estado.

2. Compete ao responsável máximo das Entidades previstas no número anterior designar o respectivo representante para o Conselho Consultivo.

Artigo 26º

Atribuições

1. Constitui atribuição do Conselho Consultivo a emissão de pareceres, sempre que solicitado pelo Conselho de Administração ou pelo respectivo Presidente, e demais competências que lhe forem conferidas em regulamentação especial.

2. Compete, ainda, ao Conselho Consultivo elaborar e propor ao Conselho de Administração, para aprovação, projectos a serem financiados pelo Fundo.

Artigo 27º

Periodicidade das reuniões

1. O Conselho Consultivo reúne-se duas vezes por ano e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo Presidente, por sua iniciativa ou a solicitação de dois terços dos seus membros.

2. Nas votações não pode haver abstenções.

3. A acta das reuniões deve ser aprovada e assinada por todos os membros presentes.

4. As reuniões do Conselho de Consultivo são convocadas com, pelo menos, 30 (trinta) dias de antecedência.

Artigo 28º

Quórum e deliberação

O Conselho Consultivo apenas delibera validamente com a presença de, pelo menos, dois terços dos seus membros.

Artigo 29º

Designação do Presidente

O Presidente do Conselho Consultivo é designado, de entre os seus pares, na primeira reunião do Conselho.

Artigo 30º

Senhas de presença

Para cada reunião é devida uma senha de presença, fixada nos termos do número 2 do artigo 21.º.

CAPÍTULO IV

Responsabilidade

Artigo 31º

Responsabilidade disciplinar, financeira, civil e penal

Os titulares dos órgãos do Fundo e os seus trabalhadores respondem civil, criminal, disciplinar e financeiramente pelos actos e omissões que pratiquem no exercício das suas funções, nos termos da Constituição e demais legislação aplicável.

CAPÍTULO V

Da gestão patrimonial, económica e financeira

Artigo 32º

Património

1. O património do Fundo é constituído pela universalidade de seus bens, direitos e obrigações.

2. A gestão financeira do Fundo rege-se pelas leis da contabilidade pública.

Artigo 33º

Instrumentos de gestão previsional

A gestão económica e financeira do Fundo será disciplinada pelos seguintes instrumentos de gestão previsional:

a) Plano anual de actividade; e

b) Orçamento.

Artigo 34º

Documentos de prestação de contas

1. O Fundo deve apresentar os seguintes documentos de prestação de contas:

a) Relatório de actividades;

b) Contas de gerência; e

c) Balancete Trimestral.

2. As contas de gerência devem ser publicadas, através de meios adequados, até 31 de Março do ano seguinte ao do exercício.

Artigo 35º

Modelos e prazos de apresentação

1. Os modelos dos instrumentos de gestão previsional e dos documentos de prestação de contas são estabelecidas por portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças, da Formação Profissional e do Emprego.

2. Os instrumentos de gestão previsional serão apresentados pelo Presidente do Conselho de Administração, para aprovação do Conselho de Administração, até 31 de Outubro do ano anterior àquele a que respeitem.

3. Os documentos de prestação de contas serão apresentados pelo Presidente do Conselho de Administração para aprovação do Conselho de Administração até 31 de Março do ano seguinte àquele a que respeitem.

Artigo 36º

Depósito de fundos

Os recursos financeiros do Fundo são depositados em contas bancárias, e movimentadas nos termos nos termos do art. 4º, da Lei nº 78/V/98, de 7 de Dezembro, do Manual de Procedimento do Fundo ou de acordo com os procedimentos específicos estabelecidos com os organismos financeiros respectivos.

Artigo 37º

Despesas

Constituem despesas próprias do Fundo os encargos com o seu funcionamento e os inerentes às actividades decorrentes das suas atribuições, bem como os custos de aquisição, manutenção e conservação dos bens, equipamentos e serviços que tenha de utilizar.

Artigo 38º

Fiscalização

1. O plano e o relatório de actividades do Fundo carecem de homologação do Governo, que exerce a Direcção Superior sobre o Fundo.

2. O orçamento anual do Fundo carece de homologação conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças, da Formação Profissional e do Emprego.

3. A conta de gerência do Fundo, depois de aprovada, é submetida a julgamento do Tribunal de Contas.

4. A fiscalização contabilística e financeira do Fundo, bem como o exame dos actos de gestão dos seus órgãos, estão sujeitos a auditoria externa, sem prejuízo das competências próprias da Inspecção-Geral das Finanças.

CAPÍTULO VI

Do pessoal

Artigo 39º

Regime

O pessoal do Fundo rege-se pelo estatuto da função pública e é provido nos termos do art. 11º da Lei nº 96/V/99, de 22 de Março.

CAPÍTULO VII

Da vinculação

Artigo 40º

Assinaturas

O Fundo obriga-se por duas assinaturas, sendo uma do Presidente do Conselho de Administração.

CAPÍTULO VIII

Da Direcção Superior

Artigo 41º

Da Direcção Superior

A Direcção Superior do Governo sobre o Fundo, no que tange à função de inspecção administrativa destinada a permitir a informação do Governo sobre a actividade dos corpos administrativos e funcionamento dos respectivos serviços, incumbe ao membro do Governo responsável pela área das Finanças, e relativamente às restantes atribuições inerentes à Direcção Superior do Governo, ao membro do Governo responsável pelas áreas da Formação Profissional e do Emprego.

Artigo 42º

Poderes Inerentes à Direcção Superior

No âmbito dos poderes inerentes à Direcção Superior, incumbe ao Governo:

a) Definir as políticas gerais, as estratégias e as orientações a que devem subordinar-se as actividades do Fundo;

b) Homologar os instrumentos de gestão previsional e os documentos de prestação de contas, nos termos do artigo 34º dos presentes estatutos;

c) Aprovar o quadro de pessoal do Fundo e o respectivo estatuto;

d) Ordenar inquéritos, sindicância e inspecções às actividades do Fundo.

CAPÍTULO IX

Dissolução

Artigo 43º

Dissolução e liquidação do Fundo

A dissolução e a liquidação do Fundo ocorrem nos termos legais.

CAPÍTULO X

Disposições transitórias e finais

Artigo 44º

Organização dos serviços

1. O Fundo funcionará pelo período de seis meses em regime de instalação.

2. No período da instalação, o Conselho de Administração elaborará e submeterá à aprovação do Governo um regulamento interno que define a sua estrutura orgânica, as funções e competências dos serviços que a integram, os respectivos quadros de pessoal, as normas gerais a observar no desenvolvimento das actividades a seu cargo e tudo o mais que se torne necessário para o adequado funcionamento.

Artigo 45º

Comissão Instaladora

1. Será criada uma Comissão Instaladora para, no prazo de 6 (seis) meses, estabelecer, designadamente, um plano de desenvolvimento do Fundo e proceder à instalação do serviço e à capacitação do pessoal chave.

2. A Comissão Instaladora e o seu respectivo presidente serão designados por despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças, da Formação Profissional e do Emprego.

3. Durante o período de instalação, o Conselho de Administração será constituído necessariamente por três membros, sendo um representante da área da Formação Profissional e Emprego, que Preside, um representante da área das Finanças e um representante do Sector privado, podendo um novo Presidente ser nomeado após o decurso desse período.

As Ministras, Cristina Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Janira Isabel Fonseca Hopffer Almada

OBSERVATÓRIO DO EMPREGO (OE)

Decreto-Lei nº 34/2011,de 26 de Dezembro

O Governo identificou para a presente legislatura a necessidade inadiável de, aprofundadamente, estudar o mercado de trabalho e avaliar as politicas de emprego, com vista a perspectivar a adopção de novas medidas em termos de promoção do emprego e da adequação da formação profissional às reais necessidades do país.

Para o efeito, pretende, mediante a presente iniciativa legislativa, criar, na dependência do membro do Governo responsável pelas áreas do emprego e formação profissional, o Observatório do Emprego (OE).

O OE é um serviço técnico de natureza consultivo encarregue, por um lado, de recolher, sistematizar e disponibilizar informação estatística, estudos e a análise integrada e comparada de indicadores estatísticos sobre temas do mercado de trabalho e formação profissional.

Por outro lado visa formular propostas, acompanhar e avaliar as políticas de emprego e formação profissional.

Nestes termos,

No uso da faculdade conferida pela alínea a) do nº 2 do artigo 204º da Constituição da República, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1.ºObjecto

O presente diploma cria, na dependência do membro do Governo responsável pelas áreas do emprego e da formação profissional, o Observatório do Emprego (OE), adiante designado por Observatório.

Artigo 2.ºNatureza e objectivos

1. O OE é um serviço técnico de natureza consultiva encarregue de recolher, sistematizar e disponibilizar informação estatística, estudos e a análise integrada e comparada de indicadores estatísticos relativos ao mercado de trabalho e formação profissional.

2. Na execução das suas atribuições, o Observatório prossegue, designadamente, os seguintes objectivos:

a) Promover o conhecimento do mercado de trabalho, do emprego, da formação profissional e da dinâmica socioeconomia com vista a facilitar a capacidade nacional de previsão , concepção e implementação de medidas de politicas de emprego baseadas na analise centrada de dados fiáveis;

b) Promover a realização e difusão de estudos e pesquisas sobre o mercado do trabalho, emprego e formação profissional;

c) Apoiar e conceder suporte às politicas do Governo, em suas diversas áreas;d) Estimular a produção, sistematização e difusão de informações que permitam

uma regulação mais eficiente e eficaz do mercado de trabalho, e uma maior adequação do binómio emprego/formação no domínio da promoção de novos postos de trabalho no sector privado e incentivo ao auto-emprego;

e) Sensibilizar os gestores, responsáveis das organizações de trabalhadores e empregadores para a implementação das medidas de politicas de emprego.

Artigo 3.ºCompetências

São atribuições do Observatório:a) Promover, coordenar e consolidar estudos referentes ao emprego e formação

profissional, nomeadamente os referentes a desequilíbrios entre procura e oferta, qualidade e estabilidade de emprego, qualificação, necessidade de formação, inserção e reinserção socioprofissionais e introdução de inovações;

b) Estabelecer indicadores estratégicos consistentes e actuais, em articulação com as prioridades e objectivos políticos do Governo, bem como outros trabalhos de natureza técnica, para a formulação, acompanhamento e avaliação da execução de medidas de politicas e programas de acção em matéria de emprego e formação profissional;

c) Centralizar e integrar informações relevantes para a produção de indicadores sobre o mercado de emprego e definição de prioridades em matéria de formação profissional;

d) Analisar as bases de informações e propor medidas de reformulação ou eventual criação de novas fontes de informação;

e) Organizar e gerir banco de dados sobre o emprego e a formação profissional;f) Transmitir informações adequada e outros elementos de compreensão e de

orientação e matéria de criação de empregos e de melhoria da adequação da formação aos utentes e decisores públicos e privados;

g) Estudar a incidência dos investimentos, das políticas, decisões e medidas legislativas e regulamentares sobre o emprego e a formação profissional;

h) Proceder, periodicamente, à caracterização da evolução das políticas públicas desenvolvidas na área de recursos humanos da Administração Pública que permitam apoiar o decisor político na avaliação da sua consistência;

i) Efectuar estudos e análise comparados relativos à evolução do mercado de emprego em geral e as tendências de evolução observadas no seio da administração pública;

j) Promover, periodicamente, conferências e workshops relativos ao emprego e à formação profissional;

k) Propor e executar planos de apuramento de informações adequadas às actividades desenvolvidas na área do trabalho, do emprego e da formação profissional;

l) Preparar e publicar as informações relativas ao mercado de emprego.2. Compete ainda ao Observatório:

a) Identificar os potenciais sectores portadores de criação de empregos; b) Elaborar e implementar o seu programa de comunicação;c) Desempenhar outras tarefas ou actividades superiormente determinadas, no

âmbito das suas atribuições.

Artigo 4.ºDirecção

1. O Observatório é dirigido por um Coordenador, equiparado para todos os efeitos legais a pessoal dirigente de nível IV.

2. O Coordenador do Observatório é recrutado e provido nos termos do Estatuto do Pessoal dirigente da função pública.

Artigo 5.ºRecursos humanos e materiais

1. O Observatório é dotado de recursos humanos e materiais indispensáveis ao seu regular funcionamento.

2. As verbas relativas ao funcionamento do Observatório são inscritas no orçamento do departamento governamental responsável pelas áreas do emprego e da formação profissional.

Artigo 6.ºContactos e cooperação

1. Na execução das suas atribuições, o Observatório estabelece contactos que tiver por convenientes e coopera com entidades nacionais e estrangeiras.

2. O Observatório estabelece contactos e coopera, especialmente, com as seguintes entidades e serviços:

a) Os serviços centrais competentes em matéria do emprego e da formação profissional;

b) As organizações dos Empregadores;c) O Instituto do Emprego e Formação Profissional; d) As Câmaras de Comércio; e) As organizações Sindicais; f) As empresas públicas e privadas; g) O Instituto Nacional de Estatísticas (INE); h) O Instituto Nacional da Previdência Social (INPS)i) O Banco de Cabo Verde;

j) O Secretariado Técnico de Seguimento da Estratégia de Crescimento e Redução da Pobreza;

k) As Unidades Nacionais de Coordenação de Projectos e Programas Geradoras de Rendimento e Luta Contra a Pobreza;

l) A Coordenação Nacional do Fundo de Promoção ao Emprego;m) A Associação Nacional dos Municípios Cabo-verdianos.

Artigo 7.ºRegulamento

O regulamento interno do Observatório é aprovado por despacho do Ministro responsável pelas áreas do emprego e da formação profissional, sob proposta da Direcção.

Artigo 8.ºEntrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação no Boletim Oficial.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros aos 20 de Outubro de 2011.

José Maria Pereira Neves – Cristina Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Janira Isabel Fonseca Hopffer Almada

Promulgado em 19 de Dezembro de 2011Publique-se.

O Presidente da República, JORGE CARLOS DE ALMEIDA FONSECA

CONSELHO NACIONAL DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

(CNEFP)

Decreto-Lei nº 36/2007,de 5 de Novembro

O Programa do Governo para a sétima legislatura inscreveu no âmbito das medidas de políticas públicas a serem implementadas, um conjunto de objectivos que favoreçam o ritmo da geração de empregos. Assim, o desafio do crescimento e da competitividade apela a uma postura clara na inovação e na qualificação para o emprego, bem como, na extensão do ensino técnico e da formação profissional, eixos importantes no processo de construção da competitividade da economia.

Componente essencial do sistema que se propõe, é um organismo de natureza consultiva de composição heterogénea, o Conselho Nacional do Emprego e Formação Profissional (CNEF) reunindo no seu seio, representantes da autoridade pública, dos empregadores e trabalhadores, e demais parceiros sociais que podem actuar ou colaborar nos domínios do emprego e da formação profissional.

A CNEF anteriormente criada pelo Decreto-Lei nº 50/94, de 22 de Agosto, não logrou atingir os objectivos preconizados no diploma pré-citado, em virtude de uma certa inércia no seu funcionamento derivado do facto de manter-se inactivo durante muito tempo.

É assim que, mais de dez anos volvidos sobre a data da criação do CNEF, o Ministério da Qualificação e Emprego, na qualidade de departamento governamental responsável pelas áreas do Emprego e da Formação Profissional, usando das prerrogativas que lhe são conferidas pelo artigo 7.º do diploma em referência, convocou um conselho extraordinário alargado desse órgão, a fim de entre outros assuntos, reanalisar a revitalização do conselho, pois que se mostra inquestionável a importância de um órgão do tipo, sobretudo na presente conjuntura em que esforços estão sendo concentrados na promoção do crescimento económico e na redução do desemprego.

Recolhidas que foram as mais variadas contribuições, analisadas à luz dos novos desafios que se colocam ao sector do Emprego e por conseguinte à Qualificação e Formação Profissional, conclui-se pela urgente renovação do CNEF enquanto conselho consultivo funcional, actuante e eficiente na tomada de posições face aos desafios que se colocam à formação profissional e às medidas de políticas de emprego, dotando-o de uma nova roupagem jurídica.

Essa renovação impõe não só uma mexida na estrutura constitutiva do CNEF, alargando o espectro dos seus membros efectivos, como também obrigando a uma reformulação das incumbências deste órgão. Outrossim, mostra-se necessário que o conselho seja dotado de um secretariado executivo e de um regimento interno que regule o seu modo de funcionamento.

Outra novidade é a possibilidade de criação de órgãos ad-hoc de carácter auxiliar do CNEF.

Nestes termos, no uso da faculdade conferida pela alínea a) do artigo 203º da Constituição da República, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1ºCriação

1. É criado o Conselho Nacional do Emprego e Formação Profissional, abreviadamente designado CNEF.

2. O CNEF funciona junto do departamento governamental responsável pelas áreas da qualificação e emprego.

Artigo 2ºNatureza

O CNEF é um órgão de carácter consultivo e de concertação entre representantes da autoridade pública, parceiros sociais e sociedade civil, nos domínios da qualificação profissional e emprego.

Artigo 3ºComposição

1. O CNEF é composto por 26 membros, sendo 10 representantes do Estado, 6 representantes dos empregadores; 6 representantes dos trabalhadores e 4 representantes de Organizações da Sociedade Civil.

2. Os representantes do Estado são:

a) O Director Geral da Administração Pública;b) Um representante da Ministra das Finanças;c) O Director Geral do Ensino Básico e Secundário;d) O Director Geral do Instituto do Emprego e Formação Profissional;e) O Director Geral do Trabalho;f) O Director Geral do Plano;g) O Director Geral da Juventude;h) Um representante do Instituto Cabo-verdiano de Igualdade e Equidade de

Géneros;i) Um representante do Instituto Nacional de Estatísticas;j) Um representante da Associação Nacional de Municípios.

3. Os representantes dos empregadores e dos trabalhadores são designados pelo Membro do Governo responsável pelas áreas da qualificação profissional e emprego por indicação das respectivas organizações representativas.

4. Na designação dos representantes das entidades empregadores, cabe a indicação deseguintes membros a cada uma das seguintes organizações:

a) Um do Conselho Superior das Câmaras de Comércio, Industria e Serviços;b) Um da Câmara de Turismo;c) Um da Associação Comercial e Agrícola de Sotavento;d) Um da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Barlavento;e) Um da Associação Cabo-verdiana dos Armadores da Marinha Mercante;

f) Um da Associação Cabo-verdiana de Empreiteiros de Obras Públicas.

5. Na designação dos representantes das organizações de trabalhadores, cabe a indicaçãode três membros a cada uma das seguintes entidades:

a) União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde -Central Sindical;b) Confederação Cabo-verdiana dos Sindicatos Livres.

6. Na designação dos representantes da Sociedade Civil cabe a indicação dos seguintesmembros a cada uma das seguintes entidades:

a) Dois da Plataforma das ONG’s;b) Um das Associações que representam as pessoas portadoras de defi ciências.

7. A composição do CNEF pode ser revista por Decreto-Regulamentar, em caso de alteração das circunstâncias que a determinaram, designadamente, face a extinção ou constituição de organizações representativas de empregadores, dos trabalhadores e da Sociedade Civil.

Artigo 4ºPresidência

A Presidência do CNEF é assegurada pelo Membro do Governo responsável pela área da qualificação profissional e emprego ou por quem for por ele indicado.

Artigo 5ºCompetências

Incumbe ao CNEF:

a) Proceder, periodicamente, à apreciação e à avaliação da situação e das tendências nos domínios da qualificação, do emprego e da formação profissional e técnica, aos níveis nacional, regional e sectorial;

b) Promover a formulação de propostas de políticas, planos e estratégias nos domínios da qualificação, do emprego e da formação profissional e técnica, aos níveis nacional, regional e sectorial tendo em vista as necessidades de mão-de-obra e o aumento da produtividade e da competitividade;

c) Fomentar a participação de instituições públicas, privadas e académicas com vista à obtenção de subsídios e dados orientadores para o aprimoramento das suas acções e o fortalecimento dos sistemas emprego, formação profissional e técnica;

d) Aconselhar as instâncias competentes do governo sobre as políticas de promoção da qualificação, emprego, formação profissional e técnica, com vista a assegurar um progresso equilibrado das diferentes regiões do país e contribuir para a realização do seu desenvolvimento;

e) Pronunciar-se sobre a necessidade de realização de estudos e análises em matéria de qualificação, emprego, formação profissional e técnica, aos níveis nacional, regional e sectorial;

f) Opinar sobre a utilização dos recursos públicos disponibilizados aos sectores de qualificação, emprego, formação profissional e técnica, aos níveis nacional, regional e sectorial;

g) Promover mecanismos eficazes de articulação entre as actividades de qualificação, emprego, formação profissional e técnica, para a rentabilização e optimização dos recursos disponíveis;

h) Promover mecanismos eficazes de articulação entre a qualificação, formação profissional e ensino técnico com o mercado de emprego.

Artigo 6ºFuncionamento

1. O CNEF reúne-se, em sessão ordinária, uma vez por semestre, e extraordinariamente sempre que necessário, por iniciativa do seu Presidente ou a solicitação de um terço dos seus membros.

2. As sessões do CNEF são convocadas, com pelo menos quinze dias de antecedência.

3. A ordem do dia de cada sessão deve ser preparada e fixada pelo Presidente.

4. O CNEF pode produzir e emitir declarações e ou recomendações dirigidas ao Governo.

5. As declarações e ou recomendações do CNEF são válidas se aprovadas por pelo menos 2/3 dos membros presentes na sessão que as produziram.

Artigo 7ºParticipação especial no CNEF

O Membro do Governo responsável pela área da qualificação profissional e emprego, enquanto presidente do CNEF, pode convidar na qualidade de consultores ou observadores, personalidades e/ou agentes da Administração a participarem nas sessões do CNEF sem direito a voto.

Artigo 8ºSecretariado

O secretariado do CNEF é assegurado pelo Gabinete do Membro do Governo que o preside.

Artigo 9ºMeios Financeiros

Os meios financeiros necessários ao funcionamento do CNEF são inscritos no orçamento do Ministério responsável pelas áreas da qualificação e emprego.

Artigo 10ºRegimento do CNEF

O CNEF aprova o seu regimento podendo nele prever normas sobre estruturas de segundo nível, repartição de competências e sobre o seu funcionamento.

Artigo 11ºAssessoria ao CNEF

1. O CNEF dispõe de um secretariado executivo para o assessorar nos assuntos da sua competência.

2. O CNEF pode criar comissões ad-hoc especializadas, destinadas à promoção de estudos e análises de sectores determinados.

Artigo 12ºRevogação

É revogado o Decreto-Lei nº 50/94, de 22 de Agosto.

Artigo 13ºEntrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.José Maria Pereira Neves - Cristina Duarte - Sara Lopes.

Promulgado em 22 de Outubro de 2007.Publique-se.O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES PIRES.

Referendado em 26 de Outubro de 2007.O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.

CONSELHO DE CONCERTAÇÃO SOCIAL(CCS)

Decreto-Lei nº 35/93,de 21 de Junho40

No uso da faculdade conferido pela alínea a) do nº 2 do artigo 216º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1ºCriação

1. É criado o Conselho de Concertação Social, abreviadamente designado C.C.S.

2. O C.C.S. funciona junto do departamento governamental da área do trabalho.

Artigo 2ºNatureza

O C.C.S. é um órgão de carácter consultivo e composição tripartida de harmonização de políticas em matéria económica, social, emprego, relações de trabalho, salários e de concertação de interesses entre o Estado, os trabalhadores e as entidades empregadoras.

Artigo 3ºRepresentação

No C.C.S. estarão representados o Estado, pelo Governo, os trabalhadores e as entidades empregadoras, pelas suas organizações representativas.

Artigo 4ºComposição

1. O C.C.S. é composto pelo Presidente e mais 12 membros, sendo estes indicados por cada uma das entidades referidas no artigo 3º em número de quatro representantes por cada grupo e designados pelo Primeiro Ministro.

40. Com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº 28/96, de 19 de Agosto.

2. Os representantes do Estado serão designados pelo Primeiro-Ministro, de entre altos funcionários do Estado ou dirigentes de instituições públicas cujas atribuições tenham forte conexão com a matéria económica e social, podendo ainda designar dois suplentes para funcionarem nos casos de ausência ou impedimento dos membros efectivos.

3. Na primeira designação dos representantes das associações dos empregadores, à Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Barlavento, à Associação Comercial e Agrícola de Sotavento, às Câmaras do Comércio, à Associação Cabo-verdiana dos Armadores Marítimos e à Associação Cabo-verdiana de Empreiteiros de Obras Públicas cabe, a cada uma a indicação de um efectivo, podendo também designar um membro suplente para funcionar nos casos de ausência ou impedimento do membro efectivo.

4. Na primeira designação dos representantes das associações dos Trabalhadores, à União dos Trabalhadores de Cabo Verde e à Confederação Cabo-verdiana dos Sindicatos Livres, cabe, a cada uma, a indicação de dois membros efectivos, podendo também designar um membro suplente para funcionar nos casos de ausência ou impedimento do membro efectivo.

5. A composição do C.C.S. poderá ser revista por Decreto do Governo em caso de alteração das circunstâncias que a motivaram, designadamente a exibição ou constituição de associações representativas dos trabalhadores ou dos empregadores.

Artigo 5ºParticipação sem direito a voto

Os membros do Governo com responsabilidade nas áreas objecto de discussão no C.C.S. podem tomar assento nas reuniões e nelas participar, sem direito a voto.

Artigo 6ºÓrgãos

São órgãos do C.C.S.

a) A Presidência;b) O Secretariado Permanente.

Artigo 6º-APresidência

A Presidência do CCS, cabe ao Primeiro-Ministro ou ao Membro do Governo em que for delegada essa competência.

Artigo 6º-BSecretariado Permanente

O Secretariado Permanente é um órgão de apoio técnico administrativo.

Artigo 6º-CCompetência

Incumbe ao Secretariado Permanente:

a) Preparar e secretariar as reuniões do CCS;b) Receber, registar, expedir e arquivar todo o processo e correspondência do CCS;c) Assegurar a elaboração das actas das reuniões;d) O mais que lhe for cometido pelo Presidente.

Artigo 6º-DDirecção

O Secretariado Permanente é dirigido por um Secretário Permanente, equiparado ao Director de Serviço.

Artigo 6º-E

Compete ao Secretário Permanente:a) Assegurar a ligação do secretariado com os diversos serviços públicos e

privados;b) Assinar toda a correspondência do secretariado que não deve ser assinada pelo

Presidente;c) Orientar e coordenar o trabalho do pessoal do secretariado;d) Concertar previamente, com os parceiros sociais, todas as questões que devam

ser discutidas e aprovadas nas reuniões do CCS;e) Assegurar a gestão dos recursos humanos, financeiros, materiais e patrimoniais

que lhe forem afectos;f) Desempenhar as demais funções que lhe sejam cometidas pelo Presidente.

Artigo 7ºAtribuições

São atribuições do C.C.S:

a) Procurar estabelecer, a seu nível, consensos sobre quaisquer questões que digam respeito às partes nele representadas, viabilizando, sempre que possível, o diálogo e a busca de soluções equilibradas;

b) Pronunciar-se sobre as políticas económicas e sociais do Governo e execução das mesmas;

c) Propor medidas para o regular funcionamento da economia e das unidades empresariais;

d) Estudar as questões relativas à situação do emprego e do trabalho, mão-de-obra, higiene e segurança no trabalho e formular as recomendações pertinentes;

e) Propor medidas legislativas necessárias ao aperfeiçoamento do ordenamento laboral e do regime da previdência e segurança social;

f) Avaliar a eficácia da aplicação da legislação laboral e social;g) Analisar as implicações laborais e sociais das estratégias de desenvolvimento;h) Emitir parecer sobre questões que lhe forem submetidas pelo Governo e que se

prendam com matérias ligadas à política económica e financeira, ao emprego, às condições de trabalho, à política salarial e à previdência e segurança social.

Artigo 8º

Funcionamento

1. O C.C.S. reunir-se-á em sessão ordinária duas vezes por ano, e em sessão extraordinária por iniciativa do Presidente ou a solicitação de um terço dos seus membros.

2. O presidente convocará os membros C.C.S. para as sessões referidas no nº 1 com pelo menos quinze dias de antecedência.

Artigo 9ºDeliberações e voto

1. O C.C.S. delibera validamente com a presença de, pelo menos, dois terços dos seus membros.

2. As deliberações são tomadas por maioria simples.

Artigo 10ºRegulamento

1. O C.C.S. deverá elaborar o seu regulamento interno, podendo nele prever normas sobre a organização das estruturas de segundo nível, repartição das competências e sobre o funcionamento.

2. O regulamento do C.C.S. poderá prever o funcionamento por secções especializadas destinadas a estudos e análise de sectores determinados.

3. O regulamento poderá prever ainda a existência de vice-presidentes, para coadjuvar o Presidente no exercício das suas funções.

Artigo 11ºAutonomia do C.C.S.

1. O Conselho é adoptado de autonomia administrativa.

2. Os meios financeiros necessários ao funcionamento do Conselho são inscritos no orçamento do Estado, na verba afecta ao departamento governamental da área de trabalho.

Artigo 12ºFinanciamento

O Ministério das Finanças dotará o C.C.S. das verbas necessárias à sua instalação e funcionamento.

Artigo 13ºIndicação

1. O Governo indicará os representantes do Estado no prazo de 30 dias após a publicação do presente diploma.

2. As organizações representativas dos trabalhadores e das entidades empregadoras indicarão os seus representantes no prazo de 30 dias após a publicação do presente diploma.

Artigo 14ºQuadro de Pessoal

O pessoal do Secretariado Permanente consta da tabela anexa a este diploma.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros.Carlos Veiga - Eurico Monteiro - José Tomás Veiga - Alfredo Teixeira.

Promulgado em 4 de Junho de 1996.O Presidente da República, António Manuel Mascarenhas Gomes Monteiro.

Referendo em 7 de Junho de 1996.Primeiro Ministro, Carlos Veiga.

IDADE MÍNIMA DE ADMISSÃO NO EMPREGO

Resolução n.º 68/2010,

de 29 de Novembro

A erradicação do trabalho infantil tem merecido especial atenção das políticas sociais do Governo Cabo-verdiano, que tem promovido acções integradas para garantir à criança o direito à vida e ao desenvolvimento total. Na base dos diversos mecanismos de protecção à infância e à juventude, principalmente nos que tangem à sua precoce inserção no mercado de trabalho, há uma avançada produção jurídico - institucional, que reforça as acções governamentais pela ênfase que dá, sobretudo, às parcerias com a sociedade.

A adopção das normas internacionais traduz o crescente empenho nacional em abolir o trabalho infantil e estabelecer uma distinção entre o trabalho infantil propriamente dito e as formas de trabalho das crianças consideradas mais aceitáveis.

Neste sentido, importa concluir o processo de ratificação da Convenção (nº 138) da Organização Internacional de Trabalho (OIT), referente à Idade Mínima de Admissão ao Emprego, aprovada a 6 de Dezembro de 2005 pela Assembleia da República de Cabo Verde, e publicada pela Resolução nº 157/VI/2006, de 2 de Janeiro. Nos termos do nº 1 do artigo 2º da referida Convenção “todo o Membro, que ratifique a presente Convenção deverá especificar em declaração anexa à sua ratificação, a idade mínima de admissão ao emprego ou ao trabalho em seu território e nos meios de transporte registados no seu território”.

Na mesma perspectiva e cumprindo as obrigações internacionais assumidas por Cabo Verde,

No uso da faculdade conferida pelo nº 2 do artigo 265º da Constituição, o Governo aprova a seguinte Resolução:

Artigo 1ºDeclaração da Idade Mínima

1. Nos termos do n.º 1 do artigo 2 da Convenção n.º 138 sobre a idade mínima, de 1973, o Governo de Cabo Verde declara que a idade mínima de admissão ao emprego ou ao trabalho no seu território e nos meios de transporte matriculados no seu território é de 15 (quinze) anos41.

2. Sob reserva do disposto nos artigos 4.º, 6.º, 7.º e 8.º da Convenção, a que se refere o nº anterior, nenhuma pessoa de idade inferior ao mínimo estabelecido pode ser admitido ao emprego ou ao trabalho, seja em que profissão for.

Artigo 2ºEntrada em vigor

A presente Resolução entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

41. O artigo 261º do Código Laboral já consagra este principio decorrente das Convenções internacionais de que Cabo Verde se vinculou e deve cumprir, ao estabelecer que “nenhum menor pode trabalhar enquanto não completar a idade de escolaridade obrigatória e, em caso algum, antes de perfazer 15 anos”.

Vista e aprovada em Conselho de Ministros.

José Maria Pereira NevesPublique-se.O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves