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    Experimentosparticipativos de cultivoe beneficiamentode cacau em Humait,na calha do rio Madeira

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    Experimentosparticipativos

    de cultivo ebeneficiamento

    de cacau em Humait,

    na calha do rioMadeira

    Humait/AM, 2013

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    Publicao realizada no mbito do Projeto Fronteiras Florestais

    Elaborao de texto: Aurlio Diaz Herraiz e Patrcio Neto Teles RibeiroReviso tcnica : Philippe Sablayrolles e Alvori Cristo dos SantosEdio: Tereza Moreira Projeto grco: Luiz DarDiagramao: Renato Palet

    Fotos : Acervo IPA e IEB

    Esta publicao foi produzida graas ao apoio do povo americano por meio da Agncia dos Estados Unidos para o Desemento Internacional (USAID). O contedo de responsabilidade do Instituto Pacto Amaznico e no necessariamente reopinies da USAID ou do Governo dos Estados Unidos.

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    Agradecimentos

    Esta publicao dedicada a todos os produtores e produtoras que tm acolhido e conadotrabalho das instituies envolvidas no projeto Fronteiras Florestais. queles que enconem nosso trabalho de formiga a oportunidade de avanar, questionando e experimentanconando na dvida que nos faz prosseguir.Essas experincias foram desenvolvidas em comunidades da calha do rio Madeira e da rodovia BKm 45, no municpio de Humait, sul do Estado do Amazonas. Seis comunidades participaram do jeto Fronteiras Florestais: Paraisinho, Flexal, Santa Rosa, Pacoval, Lago do Antnio e Maici-miriespecial, queremos agradecer aos moradores da comunidade da Santa Rosa e comunidade do PacQueremos agradecer tambm s comunidades e aos produtores vizinhos, que se somaram ideia dcar melhorias para o plantio do cacau na regio de vrzea. Especialmente, s comunidades do Nae do So Pedro pelo interesse em aproveitar os conhecimentos gerados, aplicando-os em seus plaEsperamos que continuem experimentando e que visitem produtores de outras comunidades, de foaportarem mais conhecimentos e tcnicas para avanar no trabalho comunitrio de manejar os recde forma sustentvel e economicamente vivel. Vale mencionar tambm algumas instituies parceiras, que vm construindo alternativas junto dade local e regional, em busca do desenvolvimento sustentvel. Em especial, citamos o Ncleo versitrio de Pesquisa e Extenso em Agroecologia e Sociologia (NUPEAS), da Universidade Fed Amazonas (UFAM), e o Instituto de Desenvolvimento Agropecurio e Florestal Sustentvel do Esta Amazonas (IDAM).

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    Sumrio

    APRESENTAO .....................................................................................................9INTRODUO ..............................................................................................................11

    Origem do cacau, mercado atual e ao da CEPLAC ..............................11Tipos de cacau cultivado na regio amaznica .......................................12O contexto da produo de cacau em Humait .......................................13Metodologia adotada no projeto Fronteiras Florestais ...........................15

    COMO MELHORAR A PRODUO DE CACAU NA COMUNIDADE? ....................17Situao atual dos plantios nas comunidades ribeirinhas .........................17Um dilema: fazer plantio novo ou recuperar reasj implantadas? ........................................................................................18

    O calendrio vegetativo e a produtividade do cacau nativona Amaznia ............................................................................................18Problemtica tcnica e econmica do cacau ...........................................19Interesse de uma estratgia de comercializao ......................................22

    PRTICAS PRIORITRIAS NA MELHORIA DE QUALIDADE DO CACAU ...........24BOAS PRTICAS DE IMPLANTAO .........................................................................26

    Produo das mudas para o plantio .........................................................26Escolha e delimitao da rea para o cultivo...........................................27Transplante das mudas .............................................................................28Acompanhamento e manejo .....................................................................28

    BOAS PRTICAS DE MANEJO .....................................................................................29Antes da colheita .....................................................................................29Depois da colheita, antes da florao .....................................................29Depois da florao ...................................................................................31O controle da vassoura-de-bruxa .............................................................32

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    BOAS PRTICAS NA FERMENTAO, SECAGEM E COMERCIALIZAO .........33Vantagens da fermentao ......................................................................33Comparando sistemas de tratamento das amndoas ................................ 33

    EXEMPLO DE IMPLANTAO: PACOVAL .................................................................38Os experimentos ......................................................................................38Lies aprendidas .....................................................................................40

    EXEMPLO DE MANEJO: SANTA ROSA .......................................................................41Os experimentos ......................................................................................42Lies aprendidas .....................................................................................44

    REFERNCIAS ...............................................................................................................45

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    O projetoFronteiras Florestais foi cria-do em 2009 com o intuito de for-talecer as entidades locais frente aoavano do desmatamento em duasregies da Amaznia: no sul do Estado do Ama-zonas, mais especicamente no municpio de Hu-mait, e no sul do Par, no municpio de So Flixdo Xingu.O projeto soma-se a outras iniciativas que desde

    os anos 1990 tm proposto discutir e defendermodelos sustentveis, economicamente rentveise socioambientalmente consolidados pelas e paraas populaes locais. Para realiz-lo, formou-seum consrcio de instituies, composto pelo In-stituto Internacional de Educao do Brasil (IEB),pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amaznia (IMAZON), peloGroupe de Rechercheet dchanges echnologiques (GRET), pelo Insti-tuto Pacto Amaznico (IPA) e pela Associaopara o Desenvolvimento da Agricultura Familiar

    no Alto Xingu (ADAFAX), com o apoio nan-ceiro da Comunidade Europeia.Durante quatro anos, essas entidades trabalharamcom o objetivo de promover a incluso socioam-biental das populaes em zonas de ocupao da Amaznia por meio da gesto territorial e da ado-o de prticas de manejo sustentvel dos recursosorestais, visando reduo do ritmo de devasta-o em duas regies do Arco do Desmatamentona Amaznia brasileira.

    A presente publicao representa a experinciadesenvolvida em Humait com o cultivo do ca-cau. Este municpio situa-se na fronteira do des-matamento, no ponto onde se encontram doismodelos, duas culturas e duas concepes de de-senvolvimento. De um lado, o modelo do agro-extrativismo, defendido pelos povos da oresta.De outro, o modelo do agronegcio, com nfasena pecuria extensiva, na extrao de madeira e namonocultura de gros.

    Apresentao

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    Quando comeamos a trabalhar nas temticasamplamente difundidas nas comunidades da re-gio do sul do Amazonas, nos deparamos com afalta de informaes e dados que nos ajudassem aavanar com as comunidades. Existe um vazio deinformaes que respondams principais proble-mticas que envolvem o cacau na regio.Partindo do contexto regional, esta publica-o pretende subsidiar tcnicos extensionistas e

    produtores sobre o manejo e a comercializaode produtos nativos como o cacau e o aa, assimcomo sua combinao em sistemas agroorestais(SAFs). As informaes apresentadas constituemum apanhado das experincias vividas durante os

    quatro anos de projeto com os grupos experimen-tadores, parceiros e instituies envolvidas. No setrata de material embasado em dados estatsticosou tcnico-cientcos. Mas de informaes extra-das da prtica dos produtores e dos aprendizadosdos tcnicos que os acompanharam.Tais produtos esto consolidando o modelo agro-extrativista como economicamente rentvel, am-bientalmente correto e culturalmente aceito pelas

    populaes da regio. Esperamos que sirvamcomo base para discutir e dialogar com outros es-tudos e informaes tcnicas produzidos em m-bito acadmico e dos institutos de pesquisa.

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    Introduo Origem do cacau, mercadoatual e ao da CEPLACO uso e o aproveitamento do cacau remontam aospovos indgenas da Amrica Central e da Amaz-nia. Maias e Astecas foram os primeiros a desco-brir as potencialidades da planta, desenvolvendo oalimento mundialmente conhecido como choco-late. Os colonizadores espanhis encarregaram-sede disseminar o produto, exportando-o primei-ramente para a Europa e, de l, para o resto domundo. O cacaueiro adaptou-se bem em outroscontinentes. Atualmente, com exceo do Brasil,os maiores produtores esto na frica e nasia.Segundo dados da Organizao das Naes Uni-das para Agricultura e Alimentao (FAO), de2007, Costa do Marm, Gana, Indonsia e Ni-gria so os maiores produtores de cacau, com oBrasil ocupando a quinta posio.Teobroma cacao, que em grego signica alimen-

    to dos deuses, o nome cientco do cacaueiro.Estima-se que sua origem sejam as nascentes dosrios Amazonas e Orenoco, cujas guas dispersa-ram sementes da planta pelo norte do continentesul-americano e pela Amrica Central, chegandoat o Mxico. No Brasil, o cacau tornou-se conhe-cido como uma das chamadas drogas do serto,sendo estudado e cultivado no perodo colonialpelas primeiras misses jesuticas. At os anos 1980, a produo nacional de cacauconcentrava-se na Bahia (95%). O Estado do Es-prito Santo contribua com 3,5%, enquanto a Amaznia alcanava a taxa de 1,5% de todo cacauproduzido no Pas. Na atualidade, a produo docacau tem se dividido entre a faixa litornea do sulda Bahia e Esprito Santo, com aproximadamente60% do total produzido, enquanto a regio Nor-te aumentou signicativamente sua presena nomercado, chegando a 40%.

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    A apario da doena chamada vassoura-de-bruxa(Crinipellis perniciosa ), que afetou severamente asanidade e a produo dos plantios nas regiesprodutoras na Bahia, ao lado da queda na qualida-de da produo e o aumento signicativo do con-sumo nacional de cacau e seus derivados, zeramcom que o Brasil trocasse sua condio de princi-pal exportador para importador do produto. Vale salientar que o cacau umacommodity , como

    a soja ou o milho. Ou seja, seu preo est deni-do pelas dinmicas de procura e oferta em mbitomundial, mediante o movimento das bolsas de valores. Atualmente, o cacau no apenas apro- veitado para a fabricao de chocolate. A inds-tria farmacutica e dos cosmticos encontrou neleelevado potencial. Partindo do leo ou manteiga possvel movimentar fortunas com a criao deperfumes, xampus, sabonetes e cremes hidratan-tes.H tambm outros subprodutos comerciais deri- vados do cacau. Da casca e da cibirra (tecido cen-tral broso que une as amndoas), so fabricadosdoces e geleias; da massa de amndoas se produzpolpa de fruta e vinho de cacau; e at licor fermen-tado de cacau. Esses produtos ajudam, especial-mente a populao ribeirinha, a obter uma rendaextra da cultura do cacau. Porm, so as amndoasfermentadas e secas que possuem maior expresso.Devido sua importncia no mercado, vale res-saltar o papel da Comisso Executiva do Plano da

    Lavoura Cacaueira (CEPLAC), entidade vincula-da ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abas-tecimento (MAPA). Criada nos anos 1970, a CE-PLAC desenvolve programas, como o Procacau,em busca de estratgias que ajudem os diferentesrgos estaduais no fortalecimento dessa cultu-ra. A entidade atua em duas frentes: na seleode hbridos e difuso de sementes melhoradas, eno enfrentamento de doenas como a vassoura-

    -de-bruxa e a podrido-parda (Phytophthora spp.). Alm disso, a CEPLAC encarrega-se da produode material tcnico e cientco para a difuso e a di- vulgao de tcnicas e prticas que assegurem o ma-nejo da cultura, maximizando a sua produtividade.

    Tipos de cacau cultivadosna regio amaznicaEm todo o mundo existem trs variedades de ca-caueiros que so mais produzidos e comercializados.Criollo : Em espanhol, esta palavra signica na-tivo. Foi a primeira variedade cultivada nos ter-ritrios onde hoje esto Honduras, Costa Rica eMxico. Suas amndoas so grandes e de colora-o clara ou rosada, de baixa acidez e sabor poucoamargo. Considerada a mais nobre das variedadesde cacau, , no entanto, pouco produtiva e muitosensvel a doenas. Atualmente responde por cercade 5% da produo mundial de cacau.

    Forastero ou Amaznico : o cacau mais co-mumente encontrado na bacia amaznica. Suasamndoas achatadas de cor violeta possuem aci-dez mdia. Considerado um cacau produtivo e re-sistente a doenas, responde atualmente por cercade 80% da produo mundial e cultivado espe-cialmente na frica e no Brasil. Tem frutos comformato de melo e algumas de suas subespciesproduzem cacau de excelente qualidade.Trinitrio : Resultado do cruzamento das duas ou-

    tras variedades, rene as melhores caractersticasde ambas. Surgiu em Trinidad aps 1727, quandociclones e tempestades destruram as plantaesde cacau criollo existentes nessa ilha caribenha.Trinta anos depois, monges capuchinhos teriamtrazido e plantado mudas de forastero, que termi-naram por cruzar com remanescentes de criollo.Possui excelente qualidade e responde por cerca de15% da produo mundial.

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    O contexto da produo decacau em HumaitNa Amaznia, as populaes tradicionais e ind-

    genas reconhecem como cacau v rias espcies dogneroTeobroma que so encontradas esponta-neamente nas matas e orestas tropicais midas.Porm, s o Teobroma cacaoL., denominadopelas populaes de cacau nativo ou tecnicamen-te reconhecido como forastero, utilizado comoespcie domesticada com nalidade comercial.Esta a espcie mais cultivada na regio, sobretu-do nas vrzeas dos rios amaznicos. Com uma pro-

    O cacau forastero e o trinitrio (foto ao lado) so os tipos mais produzidos na regio de Humait.

    dutividade que gira em torno de 1 kg de amndoaseca por p ao ano, o cacau nativo possui maiorresistncia s doenas, alm de ser mais adaptadoa condies de elevada temperatura e umidade, e

    mais tolerantes enchentes que afetam as vrzeasdos rios amaznicos. J o cacau hbrido, conhecido tecnicamente comotrinitrio ou trindade, vem sendo introduzidoprincipalmente pelos servios de assistncia tcni-ca, por ser mais produtivo. a espcie recomen-dada para regies de terra rme, pois seu sistemaradicular no tolera reas alagadas por muitotempo. Tem sido cultivado principalmente pelas

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    populaes migrantes (colonos) que se estabelece-ram no entorno das estradas amaznicas.Devido a essas caractersticas, ambos os tipos decacau esto sendo amplamente difundidos e plan-

    tados comercialmente na regio. A produo de cacau uma atividade de grandeimportncia econmica para as populaes ribeir-inhas. As vrzeas constituem um ecossistema tpi-co das margens dos rios de guas barrentas, cujossolos apresentam fertilidade que varia de mdia aalta devido quantidade de sedimentos deposita-dos durante as cheias dos rios.O rio Madeira um dos principais auentes do Amazonas e deposita grande quantidade de se-

    dimentos e nutrientes em suas vrzeas. Todos osanos, essas reas so alagadas e nelas as populaesribeirinhas estabelecem suas benfeitorias e plan-taes, criando as condies para sua reproduosocial. Antes mesmo da colonizao, as populaes ind-genas j povoavam os rios e suas margens, tendodisseminado o cacau pelos cursos dos rios de guabarrenta, como o Madeira, o Juru e o Purus. Du-

    rante o perodo de explorao da borracha, coma chegada de novos habitantes, a disseminaodo cacau tornou-se mais intensa, especialmentecomo fruta de quintal para o consumo prprio,

    porm ainda com pequena expresso econmica.Por isso, o cacau compe naturalmente a paisa-

    gem da oresta alagada nas vrzeas do rio Madei-ra, bem como de seus auentes e igaraps.Nessas vrzeas existem grandesreas de cacaunativo, em plantaes com mais de 70 anos. Emgeral, os cacaueiros nativos no so rvores de umnico tronco; possuem o que se denomina toucei-ra de caules, devido falta de manejo.Em alguns casos, em uma mesma cova podemexistir mais de dez caules, que disputam nutrientese tornam a planta envelhecida, pouco produtiva,de difcil colheita e mais sujeita ao ataque de pra-gas e doenas. Tais cultivos so pouco manejadose possuem baixa produtividade, mas continuam aser exploradas economicamente. Atualmente, essas reas ocupam em torno a 25 milhectares, ou seja, perto de 1% de toda a extensodo municpio de Humait, e constituem opo

    O cacaueiro se disseminou nas margens do rio e apresenta touceiras envelhecidas e de difcil manejo.

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    de renda para as atuais famlias agroextrativistasque povoam as vrzeas ao longo do rio Madeira.Mesmo pouco produtivos, esses cacaueiros tmencontrado mercados diferenciados. Uma ref er-ncia de entidade que comercializa esse tipo decacau na regio a COOPERAR, devido con-dio de produto org nico, obtendo bons resulta-dos por meio de estratgias de venda por meio docomrcio justo.

    A produo de cacau est inserida na regio deHumait em reas de vrzea e tambm de terrarme.rvores de grande e mdio porte fornecemo produto para as famlias por meio da coleta.O extrativismo ainda presente a expresso do co-nhecimento tradicional mantido e representa umpotencial para mesclar-se com novas propostas deagricultura na oresta. As populaes atuais cultivam o cacau nativocomo produto que se encaixa na diversidade degneros produzidos sazonalmente. Na economiafamiliar, o cacau compe parte dos ganhos, junta-mente com o extrativismo do aa e o cultivo dabanana durante o inverno.Geralmente, o cacau aparece consorciado comoutras culturas, como a banana, que fornece umsombreamento provisrio, es vezes com espciesorestais, como o mulateiro, a sama ma, a andi-roba e o cedro. As reas cultivadas no ultrapas-sam dois hectares, com aproximadamente mil ps por hectare, num espaamento de 3 m x 3 m oude 4 m x 4 m. As famlias da regio no possuem o hbito de re-alizar tratos culturais, como a poda, ou o controledas doenas, como a vassoura-de-bruxa e a podri-do-parda. Isso causa rpido envelhecimento dasplantas, queda na produo, provocando a perdade valor e o consequente desestmulo por partedas famlias produtoras.

    As decises sobre os experimentos doprojeto envolveram as comunidades.

    Metodologia adotada noprojeto Fronteiras FlorestaisO trabalho desenvolvido com as comunidades du-rante a realizao do projetoFronteiras Florestais atendeu ao que pode ser chamado de AssistnciaTcnica e Extenso Rural (ATER) participativa.Tem como base metodologias cuja nalidade fa- vorecer o aprendizado e a difuso de novas formasde cultivo e manejo do cacaueiro para e com asprprias comunidades. Nesse sentido, foram as fa-mlias e grupos de produtores que, na condio deprotagonistas, discutiram, planejaram e avaliaramtodas as decises tomadas.Com base numa metodologia participativa co-nhecida comocampesino a campesino ocorreramencontros, seminrios, intercmbios e visitas como objetivo de fortalecer as experincias e os conhe-cimentos construdos. O papel das instituies deapoio envolvidas na execuo do projeto no foi

    o de tomar o espao dos servios da ATER, massim potencializar novas metodologias que ajudema difundir os conhecimentos j existentes sobrecultivo, manejo, beneciamento de cacau.

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    Os trabalhos tiveram v rias frentes ou estrat-gias. A primeira delas foi a de fomentar, juntoaos produtores, a ideia de experimentar em gru-po, sempre partindo da realidade local e de suaspotencialidades. Isso envolveu o estmulo a queos produtores aprendessem a se planejar, levantargastos e dividir tarefas em grupo. Monitorando eavaliando os trabalhos desenvolvidos, tornou-sepossvel, partindo do aprendizado obtido, replic--lo individualmente e difundi-lo com outros pro-dutores. O esquema abaixo reete a linha adotada. J a segunda estratgia baseou-se em atividades,tais como visitas a produtores de referncia eparticipao em seminrios. Foram realizadostambm intercmbios em locais com trajetriasmuito mais avanadas, mas que possuam pontosem comum com as experincias vivenciadas pelosprodutores vinculados ao projeto. Buscou-se criaruma rede para potencializar e divulgar as temti-

    cas escolhidas, assim como os resultados parciaisobtidos nos experimentos.Isso ainda est sendo construdo graas a uma redelocal junto a comunidades vizinhas que, convida-das a participar, comeam a se interessar pelos ex-perimentos. Parceiros como o IDAM e a UFAMparticiparam das atividades, fortalecendo as dis-cusses, que se estendem tambm a outros produ-tores como forma de enriquecer os experimentos.

    Ao mesclarem o extrativismo manejado com prti-cas de SAFs, as comunidades podem ser capazesde gerar orientaes importantes na perspectivade ampliar as formas de produo em reas deoresta estabelecida. Implantando reas coletivaspara gerao de referncias, essas famlias inovamem termos de construo do conhecimento, com-pondo uma rede de registro, acompanhamento esistematizao de experincias relevantes.

    Sntese da metodologia adotada no projeto Fronteiras Florestais

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    Como melhorar aproduo de cacauna comunidade?

    Situao atual dosplantios nas comunidadesribeirinhasQuando o projeto teve incio, deparou-se com asituao na qual se encontra a cultura do cacauna regio da calha do mdio rio Madeira. O diag-nstico inicial apontou as seguintes caractersticas:

    A cultura do cacau fonte secundria na

    renda das comunidades. Compe a econo-mia familiar no inverno, quando outras fon-tes, como o garimpo e a farinha, escasseiam.Ou seja, ocupa a atividade das famlias de janeiro a junho, junto com a castanha (naterra rme) e o aa (na vrzea e na terra r-me).

    Apesar de ser uma cultura amplamente di-fundida, no possui programas ou polticasque potencializem seu cultivo e rentabilida-de. Especicamente no municpio de Hu-mait caracteriza-se como uma cultura mar-ginal.

    As reas plantadas com cacau tm sido en-contradas sem tratos culturais e sem manejo.No h orientaes quanto a espaamentose limpezas, controle de doenas e suas con-sequncias, fermentao ou tempos de seca-gem, armazenamento e estratgias de comer-cializao.

    Todos esses fatores favorecem a baixa produtivi-dade, assim como o baixo investimento nos plan-tios realizado por parte dos produtores nas comu-nidades envolvidas no projeto. Essas condies seagravam, pois no existe na regio uma estratgiade comercializao capaz de produzir cacau dequalidade superior e obter preos ganhos diferen-ciados no mercado.Durante a durao do projeto foram realizadas vrias prticas nas comunidades de Paraisinho,

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    Santa Rosa, Namour, So Pedro, Pacoval e ParasoGrande. Mais de 60 famlias envolveram-se dire-tamente nas prticas realizadas. Destacam-se ostrabalhos desenvolvidos na comunidade de SantaRosa, onde o plantio do cacau tornou-se impor-tante fonte de renda e onde existe uma rea deplantio em constante ampliao, mobilizando as25 famlias residentes.

    Um dilema: fazer plantionovo ou recuperar reas jimplantadas?

    Cabe mencionar o caso especco das plantas decacau nativo, j envelhecidas, superando os 50anos de idade. Fez-se necessrio, portanto, avaliara viabilidade de resgatar esses plantios mediantetcnicas um tanto agressivas para recuperar a suaprodutividade. Ou ento eliminar plantas pou-co produtivas, substituindo-as por mudas novassobre as quais pudessem ser aplicadas tcnicas demanejo.

    A poda drstica melhora a produtividade desses ca-caueiros, porm o gasto com a mo de obra, bemcomo o tempo para o cacau voltar a produzir pesamna deciso. Assim como as sucessivas podas de con-trole para eliminar os novos ramos ladres emitidosfazem pensar na possibilidade de eliminar as tou-ceiras e substitu-las por novas mudas de cacau, queem trs anos comearo a produzir. O esquema aseguir mostra os prs e contras de cada opo.

    O calendrio vegetativo ea produtividade do cacaunativo na Amaznia A produtividade do cacau na vrzea maior que aencontrada na terra rme, chegando a gerar duassafras por ano. A safra principal ocorre de feverei-ro a maio, seguida de uma menor em setembro. As condies de umidade e fertilidade na vrzeaaumentam a quantidade de frutos, fatores que, so-mados, podem aumentar em 30% a produo dosplantios de vrzea frente aos de terra rme.Nas condies de umidade e temperatura suavi-zadas que o cacau recebe graas ao sombreamentoencontrado nas vrzeas, o tempo necessrio desdea orao at a coleta do fruto maduro gira emtorno de 150 dias. Do mesmo modo, para obterum quilo de amndoas secas, a produo devergirar em torno de 20 frutos mdios por planta. Ocalendrio a seguir mostra a comparao entre ocacau produzido na vrzea e em terra rme quan-to a orao e fruticao.

    Novo Plantiode cacau

    Recuperao dastouceiras velhas

    Custo de produoe implantao de

    novas mudas

    Estado sanitriodas mudas

    Custo da mo de obrapara a poda drstica

    Demora para entrarem produo

    Controle intenso doschupes emitidos

    aps poda drstica

    Poda drstica nasplantas. Queda severana produo do cacau

    Condies J F M A M J J A S O N D

    Vrzea X X X 0 0

    Terra Firme X X X 0 0 0

    0: perodo de florao. X: perodo de frutificao.

    Florao e frutificao em diferentes ambientes

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    Problemtica tcnica eeconmica do cacau Vrios fatores devem ser analisados antes de seiniciar um plantio, principalmente: tipo de cacau ede solo, espa amento a ser utilizado e investimen-to num possvel sistema de consrcio entre esp-cies. Estes fatores afetam diretamente a densidade,a produtividade e a renda obtida. Assim, sistemasem que o espaamento menor, como no caso docacau de vrzea(3 m x 3 m), o nmero de plantaspor hectare ser superior, obtendo-se maior pro-dutividade e maior renda por hectare. Porm, issodiculta a ideia de consorciar, devido ao pouco es-

    pao para introduzir espcies que forneam sombrae outro produto comercialmente rentvel.Um espaamento de 4m x 4m ou de 5m x 4m tor-na-se mais interessante tanto para vrzea como paraterra rme, considerando-se a possibilidade de con-sorciamento com outras espcies. Se por um ladose perde na produtividade de cacau, por outro ladoisso permite diversicar as fontes de renda, conse-guindo-se adicionalmente outros benefcios para o

    sistema, como maior sombreamento e menor con-corrncia entre os cacaueiros. As tabelas a seguirapresentam uma comparao entre as diversasopes de plantio em vrzea e em terra rme das variedades de cacau nativo e hbrido em Humait.

    HumaitProduo de amndoas

    (Kg/p) decacau nativo

    Produo de amndoas(Kg/p) de cacau hbrido

    (CEPLAC)

    Trabalho (diria por 500 ps)Poda de limpeza

    (espaamento 4 m x 4 m)Vrzea 0,8 a 1 At 1,2 6 dirias

    Terra Firme At 0,8 At 1,0 5 dirias

    Tipo de cacau SoloEspaamento(Lna x Ind)Quantidade(Ps/ha)

    Produtividade(kg/p/ano)

    Produo(kg/ha/ano)

    ReceitaPreo mdio(R$3,5/kg)

    Observaes

    Nativo Vrzea 3 m x 3 m 1.111 1 1.111 3.888,50Sem espao paraconsrcio

    Nativo Vrzea 4 m x 3 m 833 1 833 2.915,50Pouco espao paraconsrcio

    Nativo T. Firme 4 m x 4 m 625 0,8 500 1.750,00Pouco espao paraconsrcio

    Nativo T. Firme 5 m x 4 m 500 0,8 400 1.400,00Com espao paraconsrcio

    Hbrido Vrzea 3 m x 3 m 1.111 1,2 1.333,20 4.666,20Sem espao paraconsrcio

    Hbrido Vrzea 4 m x 3 m 833 1,2 1000 3.500,00Pouco espao paraconsrcio

    Hbrido T. Firme 4 m x 4 m 625 1 625 2187,50Pouco espao paraconsrcio

    Hbrido T. Firme 5 m x 4 m 500 1 500 1.750,00Com espao paraconsrcio

    Comparativo dos diferentes fatores que afetam a produtividades dos cacaueiros

    Relao entre produtividade e manejo para cacaueiros nativos e hbridos na vrzea e em terra fi

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    O cacau nativo e o mercadoFoi a partir dos anos 2000, com a crise nos plan-tios da Bahia, que o cacau da regio amaznicacomeou a ser valorizado e comprado em maiorescala, estimulando o interesse dos produtoresamaznicos por essa cultura. Anos depois, doisfatores tm potencializado ainda mais o cultivodo cacau na regio. Uma delas a qualidade dife-renciada do cacau nativo amaznico, que possuielevado teor de gordura, permitindo aumentar oponto de fuso, de forma que o chocolate demoramais tempo para derreter na mo. Alm de umaroma intenso, que aps a fermentao, d aochocolate caractersticas organolpticas superio-res, melhorando sua qualidade e diferenciando--o no mercado em comparao com produtos deoutras regies.Outro fator que tem favorecido o aumento darea plantada a demanda cada vez maior pelos

    produtos orgnicos. As condies de produo docacau nativo nas vrzeas amaznicas se enquadramperfeitamente no mercado dos org nicos, poten-cializando suas perspectivas de comrcio futuro.Existem iniciativas que conseguem agregar valor produo por meio de mercado solidrio ou docomrcio justo. Tais iniciativas aliam o origem ouprocedncia do produto ao preo de venda, favo-recendo aumento de renda para as populaes ex-trativistas e famlia agricultoras.O projetoFronteiras Florestais identicou duas ex-perincias exitosas com a venda do cacau nativodas vrzeas. A primeira a da COOPERAR, deBoca do Acre/AM, com o cacau chamado de sil- vestre, que alcana R$ 10,00 por quilo de amn-doa. A COOPERAR e a chocolateria Hachez, da Alemanha, rmaram parceria para venda direta docacau oriundo do extrativismo. A outra a de umaassociao de Urucurituba/AM, que medianteajuda do IDAM tem conseguido alcanar em

    Com manejo adequado, o cacau silvestre obtm preo justo no mercado.

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    o. Oespaamento adequado permite um ecien-te controle da luminosidade sobre a plantao. Aimplantao de plantios com sombreamento de-nitivo adequado garante boa produo e menorpropagao de doenas. O uso de consrcios comoutras espcies comercialmente rentveis e queno concorram com o cacau, como o aa, podeser uma opo para diversicar as fontes de renda.Beneciamento e comercializao - preciso

    denir critrios claros de qualidade quanto fer-mentao das amndoas. Atualmente, uma prticacomum na regio o cacau ser quebrado e secadosem ser fermentado e revirado nos cochos. O mes-mo se aplica s condies de higiene na secagem ena fermentao, pois estas afetam a qualidade doproduto e o seu preo de mercado. No mercadoregional, de acordo com dados de 2012, o cacaudicilmente atinge R$ 4,00 por quilo. Este valor no incentivao aumento da produo frente a ou-tros produtos ou culturas. necessrio, portanto,

    criar um sistema de classicao das amndoas, deforma a incentivar e valorizar a produo de cacaude maior qualidade.O esquema a seguir sintetiza as principais ques-tes que precisam ser solucionadas na regio deHumait para valorizar a produo cacaueira.

    torno de R$ 6,00/kg com compradores de SoPaulo atrados tanto pela qualidade da amndoacomo pelo fato de se tratar de produto orgnico.No entanto, tais iniciativas ocorrem em nichosde mercado muito especcos e valorizados, ne-cessitando estudos apurados e estabelecimento deredes de parcerias para viabilizar vendas bem-su-cedidas. Este mercado, porm, est cada vez maisexigente. Existem diferenas fundamentadas na

    qualidade da amndoa, que so denidas princi-palmente pela porcentagem de manteiga e o nvelde aroma, algo que maximizado no processo dafermenta o.No mercado de cacau no, onde se situam as prin-cipais f bricas e mestres chocolateiros europeus, omaior valor de compra sempre est relacionado auma elevada qualidade da amndoa. Existem diver-sos fatores que inuenciam nesses parmetros e afe-tam diretamente no retorno econmico da culturacacaueira. Estes podem ser classicados em:Prticas culturais e de manejo - O cacaueiroexige manejo adequado, como a poda de forma-o, para o controle do vigor da planta, e a podade limpeza, para o desbrote dos chupes ou da vassoura-de-bruxa. H necessidade tambm de seestabelecer os marcos ou o balizamento da planta-

    Podas para aformao, controle do vigor, controle das doenas.

    Consorciamento com outras espcies rentveis que forneamsombreamento de nitivo.

    Marcos de plantio adequados.

    Critrios claros edifundidos para uma fermentao dequalidade.

    Maiorcontrole dascondies dahigiene naproduo dequalidade.

    Critrios condizentes com o preo praticado. Acesso a mercadodiferenciado.

    Prticas culturais e demanejo na lavoura

    Beneficiamento ecomercializao

    Fatores que influenciam na elevada qualidade das amndoas no mercado de chocolates finos

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    Interesse de uma estratgiade comercializao A evoluo no preo do cacau depende principal-mente da oferta existente no mercado. O valor doproduto se eleva durante a safra para depois cairat o m de setembro e baixar mais ainda no mdo ano. O perodo anterior Pscoa est vincula-do ao aumento do consumo interno de chocolate,condicionando alta nos preos de mercado. As tabelas a seguir mostram a evoluo mensal dopreo da amndoa em Humait durante o ano de2011. As informaes repassadas pela CEPLACsobre o comportamento do mercado em Rond-nia e na regio amaznica cobrem o mesmo per-odo. As diferenas de preo praticado no mercadolocal e o ocial mapeado pela CEPLAC devem-seprincipalmente gura do atravessador no mer-cado.Existe uma evoluo no valor das amndoas docacau que poderia ser estudada pelos produtorespara conseguir um melhor preo. No contexto re-gional, um dos aspectos a se levar em considera-

    o a relao com os intermedirios ou atraves-sadores. O preo dos produtos determinado poresses agentes, que muitas vezes se encarregam debusc-los nas vilas situadas nas vrzeas e nas bocasde lagos, locais distantes de Humait. Em geral,os atravessadores se encarregam de transportar aproduo por lagos, igaraps e rios, j que muitasfamlias e comunidades encontram diculdadesem escoar a produo, considerando as grandesdistncias e diculdades que isso acarreta.Outro aspecto que interfere no valor de mercado a necessidade da renda monetria lquida presenteno momento da venda do produto. A organiza-o dos agricultores por meio de associaes e/oucooperativas, alm de garantir s famlias retornonanceiro no ato da venda, permite a estocagemde grandes quantidades de amndoas e a possibi-lidade de vender de forma conjunta, conseguindomelhores preos.Em situaes especcas, a comunidade pode de-cidir investir tempo e energia na comercializaodo cacau. Isso depende muito das condies depreo do cacau comercializadoin natura . Uma

    Fermentao: aumentodos dias de trabalho eda infraestrutura pararevolvimento e secagem.

    Agrupamento e transportedos produtos.Dias de trabalho e gastos comcombustvel.

    Negociao com compradorese gastos com armazenagem.

    Demanda de trabalho adicional para agregar valor ao cacau e conquistar mercados mais vantajosos

    Preo (R$) J F M A M J J A S O N D MdiaHumait 4 4 4,2 4 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3 3 3 3,55

    CEPLAC (R$) J F M A M J J A S O N D MdiaRondnia 4,5 4,53 4,53 4,51 4,55 4,46 4,35 4,35 4,36 4,38 4,38 4,38 4,43Amaznia 4,59 4,64 4,72 4,52 4,49 4,45 4,44 4,42 4,48 4,48 4,41 4,23 4,48

    Variao de preos do cacau nos mercados de Humait, Rondnia e Amaznia durante 2011

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    vez seca e em condies adequadas de armazena-mento, a amndoa mantm sua qualidade por 18meses e, portanto, pode permanecer mais tem-po estocada espera de melhores preos. Outros

    fatores tambm devem ser levados em conta nahora de avaliar a ideia de reunir a produo para vender em conjunto. essencial analisar a relaocusto-benef cio envolvendo o tempo e o trabalhonecessrios para a fermentao, bem como o ar-mazenamento das amndoas e o seu transporte.Tais elementos esto sintetizados no esquema dapgina 22.H, portanto, dois caminhos para os produtores embusca de melhores preos para o seu produto. Cadaum deles pode ser seguido independentemente dooutro, trazendo consigo aumento no retorno paraos produtores:

    Melhoria da qualidade do produto , ouseja, introduzindo boas prticas agrcolas,

    Caminhos para novos mercados: armazenagem correta e conquista de certificao orgnica.

    bem como beneciamento do cacau, intro-duzindo a fermentao das amndoas paraconseguir agregar valor ao produto. Issoexige conhecer o processo de fermentao,

    o que pode ser conseguido com formaes especcas sobre as novas tcnicas. Agrupar a produo de produtores e/ou

    comunidades, conseguindo aumento deescala e um preo melhor, pois pequenasquantidades dicultam a negociao de pre-o com o comprador. Tal estratgia exige aassociao de vrios produtores e capital degiro, de forma a se conseguir reunir umaquantidade maior de amndoa. Algumasinstituies, como a Companhia Nacionalde Abastecimento (CONAB) ou o Banco doBrasil, possuem linhas de crdito para capi-tal de giro, visando formao de estoque e compra da produo.

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    Prticas prioritriasna melhoria de

    qualidade do cacau

    Prticas Viveiro Plantio Ps plantio

    I m p l a n t a o

    Escolha dos frutos e sementespara produo das mudas. Rea-lizao de sementeira no viveiropara germinar.Preparo do substrato (misturade terra junto a esterco de ga-linha ou de boi ) e enchimen-to dos sacos (17 cm x 24 cm)para mudas.Seleo e transplante das semen-tes sadias. Colocao das mudascom sombra parcial dentro do viveiro. Acompanhamento das mudas,irrigando trs vezes por semana.Maturidade das mudas. Comseis meses as mudas estaroprontas para ir a campo.

    Escolha e delimitao da rea para o plantio.Roagem e limpeza da rea (encoivaramento), evi-tando o uso do fogo (aceiros com trs metros delargura).Balizamento para espaar plantas de 3 m x 3 m,de 4 m x 4 m ou de 4 m x 5 m, pensando nascondies do solo, assim como na possibilidade deconsrcios. Abertura das covas (40 cm x 40cm x 40cm) e adu-bao com matria orgnica (investindo a camadasuperior) ou colocando esterco curtido de boi oude galinha.Transplante das mudas no incio das chuvas, emreas parcialmente sombreadas (40%), podendo serconsorciado com outras espcies.

    Acompanhamento e m(limpeza e podas). A po comea no terceiroaps o plantio.

    Antes da colheita Depois da colheita, antes da orao Depois da orao

    M a n e j o

    Eliminar os frutos doentes. Acompanhar a apario da vas-soura-de-bruxa, assim como deoutras doenas.

    Incorporar os restos da casca do cacau nos tocosdas rvores.Realizar as podas de limpeza (eliminando os chu-pes ou ladres) e de formao; controlar ataquesda vassoura-de-bruxa. Incorporar os restos vegetais,evitando restos infectados pela doena.Controlar o sombreamento por parte das espciesconsorciadas, evitando falta de ventilao. O som-breamento deve ser de, no mximo, 50%. Ou seja,deve-se deixar entrar mais luminosidade.

    Adubao de coberturagarantir a mxima fruto. Incorporao de r vegetais, cinzas de fo

    esterco animal.

    Existem diversas prticas que devem seradotadas para melhorar a produo doscacaueiros assim como a qualidade dassuas amndoas. O quadro a seguir resu-me as boas prticas nas fases de implantao docultivo, no manejo, na fermentao e na comer-cializao de um cacau de boa qualidade.

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    Colheita Fermentao Secagem, armazenamento transporte

    F e r m e n t a o

    Seleo dos frutos maduros, se-parando verdolengos e doentes. Juntar frutos por um tempo nosuperior a cinco dias para poderfermentar.Evitar cortar os frutos com ter-ado para no ferir as amndoas.

    Separar as amndoas de restos de casca e da cibirra(tecido central que une as amndoas).Utilizar cochos para a fermentao das amndoas.Os cochos devem ser fabricados com madeira dura,sem cheiro ou resina, de espessura no menor que 5cm, evitando perda de calor na fermentao.O cocho deve ser furado no fundo e nas lateraispara facilitar a sada do caldo. Tanto o cocho comoa barcaa devem estar longe de fornos de farinha ouda criao de animais domsticos.

    Enchimento dos cochos com as amndoas. Coloca-o de folhas de bananeira a cada 20 cm.O revolvimento da massa de amndoas, na parteinferior para a superior e vice-versa, deve ser rea-lizado com remo de madeira, evitando machucaras sementes, sendo a primeira vez a cada 48 horas,para depois ser realizado a cada 24 horas durantecinco dias ou mais.

    Secagem das amndoacinco dias feita em estde madeira com cobe(barcaa), com as mesmractersticas dos cochosReviramento das semencada quatro ou cinco hEvitar pegar fumaa ou va. Amontoar as amndoa

    m da tarde para no prem sereno noturno.Ensacar as amndoas qutenham teor de umidadtre 8% e 14%. As saca vem ter malha grossa bra vegetal, evitando Guardar as sacas em lusecos, ventilados, escusem contato com o cho

    C o m e r c i a l i z a o

    As sacas para transporte dasamndoas devem garantir trans-pirao e ventilao, evitandoque as sementes embolorem.No armazenamento e no trans-porte das sacas, evitar contatocom umidade, fumaa, animaisdomsticos ou pragas.O empilhamento das sacas nodeve ser superior a cinco alturasem lugares secos, ventilados eescuros.

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    Boas prticas deimplantao Para se implantar uma rea de cacau, deve--se prestar especial ateno em determi-nadas prticas que ajudam a garantir umbom comeo. Pode-se dividir essas prti-cas em quatro momentos:

    produo das mudas para o plantio, escolha e delimitao da rea onde ser im-

    plantado o cultivo, transplante das mudas, monitoramento inicial do plantio.

    Produo das mudas para oplantioConstruo do viveiro - O viveiro o lugar ondesero produzidas as mudas. Antes da sua constru-o, vrios fatores devem levados em conta. Deveser um lugar protegido da incidncia direta dosraios solares mediante algum tipo de cobertura,

    seja sombrite ou palhas de palmeiras. Do mesmomodo, no viveiro nunca deve faltar gua. poss- vel pensar em um sistema que garanta acesso fcila gua mediante uma pequena motobomba e umacaixa dgua.Em algumas comunidades de terrarme, a existncia de poos semiartesianos podeajudar na irrigao do viveiro nos meses mais se-cos. O viveiro deve car longe de plantas adultasde cacau ou cupuau, pois estas podem transmitirdoenass mudas e afetar a sua sanidade.Seleo dos frutos e preparao da sementei-ra - Os frutos que fornecero as sementes para asmudas devem ser maduros, saudveis e atendera v rias caractersticas como: (a) ter cascas comespessura mais na; (b) ter amndoas grandes ebem formadas. Deve-se retirar a mucilagem (oupolpa) da amndoa com areia, esfregando-a nasmos com delicadeza.Enchimento dos sacos - Faz-se uma mistura deterra () com esterco de galinha ou de boi ()

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    na adaptao das mudas. Caso no exista, se fazimportante pensar no consorciamento com algumtipo de cultura que ajude no sombreamento tem-porrio ou denitivo das mudas do cacau.Limpeza do terreno - Tambm chamada de en-coivaramento, geralmente ocorre antes do inciodas chuvas, entre setembro e novembro. Deve-seevitar o uso do fogo, fazendo aceiros de, no m-nimo, trs metros de largura. A limpeza da rea

    deve considerar a necessidade de sombreamentotemporrio e denitivo para o cultivo do cacau.Balizamento - O espaamento entre plantas vaidepender das condies do terreno, do solo e tam-bm do interesse ou no do produtor em realizarconsrcios entre cacau e outras plantas. Este podeser de 3 m x 3 m, 4 m x 4 m ou 4 m x 5m.Coveamento - As covas devero ser abertas comas seguintes dimenses: 40cm x 40cm x 40cm.Para favorecer a fase inicial de desenvolvimentoda muda, convm adubar as covas aproveitandotodo o material orgnico existente no local ou co-locando esterco curtido de boi ou de galinha.

    curtido. Os saquinhos devem ter as dimenses de17 cm x 24 cm. Deve-se enterrar a semente nosaco com a parte mais desenvolvida para baixo.Seleo e transplante das sementes sadias - feita logo aps a germinao das sementes, po-dendo ser realizada com a emisso das primeirasfolhas. As mudas mais bem formadas so coloca-das dentro do viveiro com sombreamento parcial. Acompanhamento das mudas - A irriga o deveocorrer trs vezes por semana. Aos seis meses, asmudas estaro prontas para ir a campo.

    Escolha e delimitao darea para o cultivoCritrios para escolha da rea - Para o plantiodas mudas, vrios critrios devem ser levados emconta. Area onde ser implantado o cacau devesituar-se longe de plantios ou mudas tanto de ca-cau como de cupuau infectados por vassoura, po-dendo ser reas de bananal afetado por sigatoka. importante pensar no sombreamento dessasreas. Caso j exista sombreamento, isso ajudar

    Preparao do local, com sombreamento adequado, coveamento e implantao das mudas.

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    Transplante das mudasUma vez que as mudas atingem entre 20 cm e 25cm de altura, j podem ser transplantadas para lo-cal denitivo. Isso deve ocorrer durante a estaochuvosa (no mximo at maro). O transplantedeve ser realizado em reas parcialmente sombrea-das (40%), podendo ser em consrcio com outrasespcies. O sombreamento suavizar o estresse dotransplante das mudas. Convm realizar a opera-o de transplante no m do dia ou no incio damanh, preferencialmente em dias nublados.

    Acompanhamento e manejoDurante os primeiros meses necessrio fazer o controle de ervas daninhas mediante roagens,dedicando especial cuidado aos cips es trepa-deiras, que podem dicultar o normal desenvol- vimento do caule. preciso realizarlimpezas epodas peridicas. A partir do terceiro ano, inicia--se a produo.O quadro a seguir resume as boas prticas re-comendadas na fase de implantao da lavouracacaueira.

    Seleo dos frutos erealizao de sementeira.Preparo do substrato.

    Escolha e delimitao darea.Limpeza da rea.

    Balizamento.Coveamento.

    Acompanhamento emanejo.

    P r o

    d u o

    d a s m u

    d a s

    I m p

    l a n t a o

    d a s m u

    d a s

    P

    r i m e

    i r o s

    c u i d a

    d o s

    Boas prticas recomendadas para a implantao de plantios de cacau

    Adubao de cobertura com restos de podas.

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    Boas prticasdo manejo A lgumas prticas a serem realizadas nocacaueiro em fase adulta so capazesde evitar e controlar os problemasmais importantes que limitam a pro-dutividade dessa cultura.

    Antes da colheita importante visitara plantao periodicamentepara acompanhar a apario de alguma doena,assim como o ataque de pragas. Caso seja ne-cessrio, devem ser feitas podas de limpeza pararetirar galhos com algum pequeno foco. Outraimportante medida eliminar frutos doentes, quepodem ser reconhecidos por manchas e deformi-dades.

    Depois da colheita, antes dafloraoNessa fase so aconselhveis diversasmedidaspara manter o plantio saudvel. Dentre estas, valedestacar:Nutrio - Incorporar os restos da casca dos frutose de podas dos cacaueiros no solo. Trata-se de umaforma de devolver matria orgnica e nutrientesao cultivo.Podas - Realizar podas de formao e de limpeza,eliminando os chupes ou ramos ladres, e tam-bm para controlar o ataque da vassoura-de-bru-xa. Essa atividade deve ser feita antes da chegadada estiagem para evitar impacto nas feridas aber-tas. A poda dever ser feita com tesouras de moou, no mximo, com serrote para ramos grossos.Se a poda tem o objetivo de controlar a vassoura,deve-se eliminar os ramos e partes infestadas fa-zendo o corte a uma distncia de 20 cm a 30 cmdas partes infectadas. As ferramentas usadas du-rante a poda devem ser lavadas com gua sanitriadiluda em gua ou com lcool sanitrio. Isso evi-

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    tar a propagao de doenas para outras plantassadias. Convm, inclusive, separar as ferramentasutilizadas para controle das doenas daquelas usa-das para poda de formao. O esquema grco aseguir resume os benefcios da poda.Sombreamento - necessrio controlar o som-breamento tanto pelo manejo do prprio cacauei-ro quanto das espcies consorciadas, evitando afalta de ventilao. O sombreamento deve ser de,

    no mximo, 50%. O cacau uma planta que con-segue produzir suportando sombreamentos de at60%. Porm, a sombra excessiva compromete aproduo. Como as folhas cam com maior di-culdade de realizar a fotossntese, a planta se vforada a procurar sol, dedicando mais recursos eenergias a crescer em altura.De fato, um cacaueiro em condies de plena ilu-minao consegue produzir maior quantidade defrutos e em menor tempo. Mas essa prtica com-promete o estado sanitrio da planta no mdio eno longo prazos. O sombreamento consegue su-avizar mudanas bruscas de temperatura e umi-dade. Isso ocorre sobretudo no vero, quando aorao se v afetada pela estiagem. A incidnciade luz direta sobre as ores de cacau provoca aqueda de grande nmero destas, prejudicando aprodutividade da planta.O sombreamento exerce outro papel importanteno que se refere ao ataque, controle e difuso depragas. Maior incidncia de raios solares provoca o

    ataque de tripes (Selenothrips rubrocinctus ), insetoschupadores e sugadores da seiva das folhas, enfra-quecendo e chegando a deformar talos novos. Pro- voca tambm maior ataque de erva-de-passarinho,uma espcie vegetal parasita, que rouba nutrientesda planta. Porltimo, a iluminao excessiva aju-da na difuso das esporas da vassoura-de-bruxa,que fruticam e se propagam mais facilmente noar quente. O esquema a seguir indica alguns dosbenefcios do sombreamento do cacaueiro.

    Benefcios das podas de formao e limpeza

    Efeitos do sombreamento adequado nos plantios

    Aumento daproduo de forma

    constante

    Melhora dailuminao eventilao na

    rvore

    Controle dovigor da planta

    Estado sanitriocontrolado.Controle da

    difuso de doenas

    Benefciosda poda

    Evita mudanasbruscas de

    temperatura eumidade que

    influenciam naflorao

    Controla o ataquede erva-de-passarinho

    Controla a difusode doenas

    derivadas de fungos,como a vassoura-

    de-bruxa.

    Controla o ataqde tripes e outr

    insetos sugador

    Sombreamentode at 50%

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    Sistemas agroorestais - Vale destacar a impor-tncia de consorciar o cacaueiro com outras es-pcies que gerem renda para o produtor e que,ao mesmo tempo, criem as condies propciaspara o sombreamento dessa cultura. Nos sistemasagroorestais varias espcies agrcolas e orestaisse combinam.Um exemplo seria o consrcio de mandioca/ba-nana/cacau/aa/andiroba/seringueira. As duasprimeiras espcies, de ciclo mais curto, geramretorno econmico desde o primeiro ano, forne-cendo sombreamento temporrio. Com a sadada mandioca do sistema, no segundo ano, e dabanana, no terceiro ano, o cacau comearia a pro-duzir. Durante esse perodo, o aa, a andirobae a seringueira estariam crescendo para formaro sombreamento denitivo. Assim, junto com a

    renda do cacau, haveria a renda adicional do aa,da andiroba e da borracha a partir do sexto ano deimplantao do sistema. O desenho a seguir ilus-tra o consrcio de espcies que fornecem sombraao cacaueiro, em diversos estratos, gerando rendaadicional s famlias produtoras.

    Depois da floraoNutrio - O cacau, como toda cultura, precisarepor os nutrientes que so exportados, retiradosnas amndoas do fruto. Para isso, se faz necessriorepor em parte esses nutrientes. Deve-se, por-tanto, fazer adubao de cobertura para garantira mxima fruticao. Isso se d por meio da in-corporao de restos vegetais, cinzas de forno oude esterco animal.

    Plantas de interesse comercial plantadas emdiferentes estratos trazem duplo benefcio paraas famlias produtoras: criam as condiespropcias para o sombreamento dos cacaueiros econtribuem para a gerao de renda.

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    O controle da vassoura-de-bruxaO cacau nativo uma espcie rstica e resistente propaga-o de doenas, pois as condies da oresta propiciam o seucontrole. No entanto, a produtividade cai drasticamente quan-do se v afetado pela vassoura-de-bruxa. A vassoura a doenaque mais atinge o cacau na regio, sendo provocada pelo fungoCrinipellis perniciosa . A vassoura-de-bruxa ataca fortemente as

    espcies do gneroTeobroma, ou seja, tanto o cacau como ocupuau. Por isso, no recomendvel realizar viveiros de mu-das ou plantios comerciais de cacau nativo ou hbrido nas pro-ximidades de cupuauzeiros. A vassoura-de-bruxa agride principalmente os brotos novos docacaueiro, provocando inchao inicial no tecido tenro e a emis-so forada de muitos brotos secundrios novos. Esta formao,ao secar, car com o aspecto de uma vassoura e provocar atransmisso das esporas infecciosas para outros ps de cacau. A doena limita o crescimento e o normal desenvolvimento daplanta. Em seguida, atinge os frutos, danicando a produodas sementes. Em casos severos, pode acarretar a morte da plan-ta e a perda do plantio. Vrios plantios de vrzea tm sido danicados pela vassoura. Apesar de reduzir a produo, a dono tem conseguido acabar com os plantios. A propagao da vassoura est diretamente relacioncom o nvel de sombreamento. reas com maior incidncia dos raios solares (ou seja, com mesombreamento) esto mais sujeitas a ataques mais severos do fungo, assim como da sua propagachegando a comprometer a produo do plantio no mdio e longo prazos. Ainda que maior luminosidade gere plantas mais produtivas, recomendvel manter sempre usombreamento de at 40%, como forma de controlar a disseminao do fungo e seus efeitos. Demodo possvel garantir maior produtividade, assim como menor preocupao com a propagada doena.O controle dessa doena at os dias de hoje paliativo. No existe produto derivado da indstqumica que consiga erradicar a doena. A aplicao de fungicidas base de cobre pode ajudarpreveno, porm uma vez instalada, a soluo realizar o controle mediante podas de limpeza. Epodas devem ser realizadas antes da orao e aps a colheita. Frutos doentes, assim como as souras ainda no secas, devem ser retirados e enterrados no solo, pois o fungo ainda no compleo seu ciclo de propagao. Tecido morto ou seco deve ser retirado do local e queimado, pois nelfungo emite esporas maduras capazes de infestar outras plantas.

    Ao da vassoura-de-bruxa sobre os galhos docacaueiro.

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    Boas prticasna fermentao,

    secagem ecomercializao

    Pela sua importncia na melhoria de qual-idade do cacau, o tratamento das amn-doas, no que se refere fermentao esecagem, merece especial ateno. Vantagens da fermentao A fermentao consiste em um processo no qualdiversos micro-organismos, na ausncia de oxi-gnio, conseguem queimar os acares da polpado cacau,gerando reaes nas quais se desprendeenergia (com eleva o da temperatura) e se produzlcool etlico (que mais tarde ser evaporado). Porisso, importante realizar a fermentao em caixasde madeira capazes de segurar bem a temperatura eque no deixem entrar o ar. Essas caixas so chama-das de cochos de fermentao. Quando os acaresso inteiramente consumidos, os micro-organismosparam de trabalhar e a fermentao se detm, pro- vocando o esfriamento da massa no cocho.

    Mas por que a fermentao to importante?Como inuencia na qualidade do cacau? No pro-cesso de fermenta o, a amndoa sofre uma sriede alteraes qumicas que tornam mais intensoo aroma do cacau, denominado tecnicamente a-vour.Esta umapropriedade muito importante,pois inuencia no sabor do chocolate e estimu-la nos consumidores a vontade de consumir esteproduto. O processo de fermentao tem, portan-to, a nalidade de elevar a sua qualidade.

    Comparando sistemas detratamento das amndoasSistema tradicional - As prticas locais de manejoda amndoa do cacau tanto na regio de Humai-t como na regio do Madeira no primampelaqualidade nos aspectos de fermentao e secagem.De fato, so poucos osprodutores que conhecemas vantagens de uma fermentao controlada e da

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    secagem com o tempo e os cuidados sanitrios ne-cessrios. Atualmente, grande parte das comuni-dades ribeirinhas de Humait realiza a colheita ebeneciamento da amndoa da seguinte maneira:

    Coleta - Consiste em colher os frutos maduros junto com os verdolengos, inclusive os doen-tes, amontoando-os no prprio local.

    Quebra - Dias depois, quando h uma quan-tidade razovel de frutos colhidos, estes soquebrados, juntando-se as sementes numbalde. Nessa condio, os frutos chegam apassar vrios dias pegando sol e chuva parasuar.

    Drenagem do caldo - O caldo, ou vinho docacau, escorrido em saca de bra.

    Secagem - As amndoas so jogadas em tabla-dos para secar ao sol. Em geral, esses lugaresso pouco protegidos dos animais domsti-cos, assim como da fumaa dos fornos quetorram farinha. A secagem ao sol dura de trsa quatro dias, evitando-se a chuva, mas semamontoar no m do dia, o que faz com que

    as amndoas se molhem no sereno noturno.Embalagem - A seguir, as amndoas so ensa-

    cadas em embalagens de bra sinttica, compouca condio de transpirar.

    Poucos produtores veem na fermentao a possi-bilidade de ganhar mais com a venda da amn-doa. Ainda no perceberam que a fermentaotraz consigo uma srie de benefcios, potenciali-zando vrios atributos do cacau e aumentando suaqualidade. Por isso, a maioria insiste em manter velhas prticas consolidadas pelo tempo e queapresentam fragilidades, principalmente do pontode vista da higiene. Por enquanto, apenas as coo-perativas tm se adaptado s demandas da produ-o de um cacau de maior qualidade, conseguindopreos diferenciados no mercado.Mtodos de beneciamento - Existem vriosprocessos ou mtodos que visam aprimorar a fer-mentao. H o mtodo da CEPLAC e o da Asso-ciao de Produtores de Cacau Fino, que possuemalgumas diferenas entre si. Tais diferenas devemser avaliadas em termos econmicos, quanto exi-gncia de mo de obra e tambm do tempo gasto. Anal, nem todos os mtodos que aumentam aqualidade do produto signifca m tambm au-mento de preo no mercado local e rentabilidadesuperior do produto de menor qualidade.O esquema a seguir compara os trs processos queafetam a qualidade do produto nal quanto aotempo gasto em cada um.

    Sistema tradicional de beneficiamento earmazenagem de cacau.

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    das amndoas de restos de casca e da cibirra fundamental para a higiene e uniformi-dade do produto fnal. A fermentao tam-bm deve evitar restos de casca.

    Utilizao de cochos para a fermentaodas amndoas - Os cochos devem ser fa-bricados com madeira dura, sem cheiro ouresina. Um fator importante a espessura,que no deve ser menor que 5 cm, evitandoperda do calor gerado na fermentao. O co-cho deve estar furado no fundo e nas laterais,facilitando a sada do caldo e possuir umatampa de madeira com a mesma espessura.Deve tambm car longe de fornos de fari-nha ou de contato com animais domsticos.

    Enchimento dos cochos com as amndo-as - recomendvel colocar folhas de bana-neira a cada 20 cm de massa de amndoas,

    subdividindo-a e facilitando o revolvimento. As folhas de bananeira possuem colnias debactrias e fungos bencos, identicadosnas reas esbranquiadas, que aceleram a fer-mentao. O cocho deve ser divido no meiopara facilitar o revolvimento da massa emfermentao.

    Revolvimento da massa - O primeiro revol- vimento ocorre aps 48 horas. Deve ser feito

    com remo de madeira, evitando machucar assementes, trazendo as amndoas da parte in-ferior para a superior e vice-versa. Aps esseperodo, deve ser realizado a cada 24 horasdurante os prximos cinco dias. Para favo-recer o incio da fermenta o, deve perma-necer tampado com tampa de madeira pelas48 horas iniciais. Aps esse perodo, pode ser

    coberto com folha de bananeira.

    Importante : De um lote de massa emfermentao para outro, os cochos devemestar tampados, evitando a entrada de ani-mais ou insetos. Porm, a massa que carcolada nas paredes no deve ser removida,pois nela cam bactrias que so prpriaspara a fermentao, acelerando o processodos demais lotes.

    Secagem - Esta etapa dura em torno de cin-co dias e feita em tabuados de madeira comcobertura (barcaa) ou em estufas solarescom as mesmas caractersticas dos cochos. Asbarcaas e as estufas servem para secar o ca-cau, sempre longe do cho e evitando chuva,fumaa, contato com animais domsticos eataques de pragas que contaminem as amn-doas. O reviramento ocorre a cada duas ou

    Fermentao em cocho e secagem em barcaa garante melhor qualidade para as amndoas.

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    quatro horas para facilitar a secagem. A cadadia, no m da tarde, as amndoas so amon-toadas e cobertas com lona plstica paraevitar o contato com o sereno. Devem per-manecer nesse processo at que atinjam de8% a 14% de umidade. Isso ocorre quandoas sementes estiverem crocantes, quebran-do facilmente nos dedos. Se houver d vidasquanto ao teor de umidade, a secagem podeser prorrogada por mais alguns dias.

    Ensacamento e armazenagem - As amn-doas devem ser ensacadas em sacas com ma-lha grossa ou de bra vegetal. As sacas soestocadas sobre estrados de ripas de madeira,protegendo o produto da umidade e do solo,em lugares escuros, frescos e com boa venti-

    lao. A umidade deve ser controlada, evi-tando-se que as sementes mofem. As pilhasde sacas precisam car separadas com 20 cmde distncia umas das outras para facilitar oarejamento e a ventilao. Nessas condiesas sementes aguentam por mais de 18 mesesestocadas no local.

    Transporte e comercializao - As sacasque transportem as amndoas devem ga-

    rantir transpirao e ventilao evitando osuardas sementes dentro da saca. Duranteo transporte as sacas precisam ser acondicio-nadas sobre estrados para evitar o contatocom o fundo do veculo, deixando espaopara a ventilao e sem qualquer tipo decontato com gua.

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    Exemplo deimplantao:

    PACOVAL A comunidade do Pacoval localiza-se nasproximidades de Humait, a cerca de1h30 de voadeira rio abaixo. Trata-sede uma comunidade de vrzea sem de-nio fundiria clara, apesar de estar situada na

    vrzea do rio Madeira, um rio federal, e de existirlegislao especca da Secretaria de Patrimnioda Unio (SPU). Ali vivem 15 famlias, dentre asquais quatro se integraram nas atividades do pro- jetoFronteiras Florestais .Essas famlias desenvolvem agricultura de subsis-tncia, produzindo banana, melancia e farinha demandioca, alm da pesca artesanal. No vero ama-znico, que vai de junho at outubro, cultivamtabaco, que possui forte peso na renda familiaranual. Embora seja exigente em termos do uso damo de obra, porm representa ganhos, j que aproduo de fumo artesanal era bastante valoriza-da na regio.Durante os trs anos de trabalho com a comuni-dade, no entanto, a renda vinda do tabaco caiuseveramente. Esse fato acelerou a adoo, pelas fa-mlias, do consorciamento de banana com cacaucomo fonte de renda. Foram implantadas duas pe-quenas unidades desse cultivo consorciado.

    Os experimentos A primeira unidade foi realizada em um bananal j existente, cujas touceiras no eram manejadas,

    no recebia os tratos culturais recomendados epossua marcos muito adensados. Como resul-tado, o cultivo apresentava baixa produtividade. Alm disso, as plantas sofriam ataques da broca ecomeavam a mostrar sintomas de sigatoka-ama-rela, uma doena que compromete seriamente acontinuidade dos cultivos.Os trabalhos iniciais envolveram o desbaste dastouceiras, eliminando as bananeiras doentes ou

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    atacadas por broca, deixando apenas uma me,uma lha e uma neta. Tais medidas visavam au-mentar a produtividade. Os produtores tomaramo cuidado de usar faces especcos para lidarcom as touceiras doentes e as sadias. Em seguida,mudas de cacau nativo produzidas pelos morado-res foram introduzidas com espaamento de 4 mx 4 m no meio do bananal.Depois de realizar o primeiro experimento, os in-

    tegrantes do grupo decidiram aproveitar a asses-soria dos tcnicos e iniciar um novo plantio. Asmudas foram produzidas com base na seleo dassementes. Para isso foram colhidos frutos de cacaude diferentes regies, ampliando a base genticado cacau existente na comunidade. Dessa vez, tan-to a banana como o cacau estiveram em consrciodesde o incio e no espaamento adequado.Meses depois, com a subida das guas do rio Madei-ra, o terreno foi alagado e as bananeiras morreram,coisa que no aconteceu com o cacau produzido etransplantado entre as bananeiras, as quais tiveramque ser replantadas.

    O trabalho envolveu tambm a participao deum grupo reduzido de produtores em dia de cam-po na comunidade de So Pedro. Ali ocorrerampodas de formao e de limpeza, visando contro-lar a altura das rvores, a emisso de chupes eladres, assim como a eliminao dos ramos cru-zados que prejudicam a ventilao. O quadro aseguir mostra a linha do tempo na experincia

    desenvolvida pelo projetoFronteiras Florestais nacomunidade de Pacoval entre 2009 e 2012.

    Poda de formao e de limpeza do cacaueiro.

    Comunidades sem manejo esem consrcio.

    Bananal com sintomas deataque desigatoka e broca.

    Comunidades jproduzindomudas de cacau diretas naterra.

    Eliminao das bananeirasdoentes e brocadas comterados especficos, evitandoa propagao da doena.

    Limpeza das ferramentasde trabalho para evitarpropagao da doena.

    Plantioconsorciado dasmudasdecacau produzidas nochopelas famlias.

    Seleo desementes decacaucom pouca casca etamanhodeamndoa maior emlocaisprximos comunidade.

    Produo demudas decacauem sacas de plstico.

    Seleo de lhos de bananasadios eplantio narea commarco de 4m X 4m.

    Consorciamento do cacauproduzido entre asfileirasdebanana.

    Declniodacultura de tabacocomo fonte de renda.

    Enchente na reaexperimental, ocasionandomorte das bananeiras.

    Diadecampo para aprendersobre o manejo do cacaumediante poda.

    Replantio das bananeiras. Primeira safra do cacau

    implantado na rea dobananal.

    Diagnstico inicial: Bananalsem manejo. Manejo dobananal antigo (2009)

    Consrcio do bananalantigo com cacau (2010)

    Nova unidade experimentalconsorciada. Manejo de

    cacau nativo (2011)Primeira safra do cac

    (2012)

    Atividades realizadas pelo projeto Fronteiras Florestais na comunidade de Pacoval entre 2009 e

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    Lies aprendidas O manejo das touceiras de banana, deixando

    uma me, uma lha e uma neta, conseguiumanter uma boa produo.

    A elimina o das bananeiras doentes e com ata-que de pragas evitou a propagao da doena.

    O maior cuidado sanitrio no uso de fer-ramentas para manejo do bananal tambmsurtiu bons efeitos. Valeu a pena usar tera-dos diferentes no manejo das touceiras do-entes e das bananeiras sadias, bem como alimpeza dos terados no m das atividades.

    Tambm surtiu efeito a produo de mudasde cacau com base na seleo de frutos com

    pouca casca e com maior tamanho de amn-doa. A introduo de sementes de cacaus deoutras regies contribuiu para ampliar a va-riedade gentica, algo que favorece a prote-o contra doenas e pragas.

    A produo de mudas em saquinhos pr-prios para transplante evitou danos razes,proporcionando aos produtores a chance deacompanhar o desenvolvimento das mudas.

    O manejo do cacau mediante a poda de for-mao e de limpeza tambm representouuma nova experincia para os agricultores,principalmente por ter sido realizado com asfamlias da comunidade vizinha, fortalecen-do os vnculos sociais.

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    Exemplo demanejo:

    Santa Rosa A comunidade de Santa Rosa tambmse encontra na vrzea no rio Madeira,a cerca de uma hora de Humait, rioabaixo, numa voadeira de 15 HP. A si-tuao fundiria no clara, j que a comunidade

    situa-se em rea de vrzea de rio federal, sob legis-lao da SPU. Nela moram em torno de 25 fam-lias, que tm como base de sustentao o garimpode ouro no vero amaznico, que vai de julho anovembro, e o trabalho com cacau nativo duranteo inverno, de dezembro a maio. Outras fontes derenda, como a farinha de mandioca, a pesca e ofeijo de praia complementam a renda no vero.O cacau , sem d vida, um produto importantena economia familiar. Praticamente todas as fa-mlias cultivamreas com1,5 ha, em mdia, decacau. O espaamento estabelecido tradicional-mente de 4 m x 4 m, facilitando o trnsito entreplantas. Tais plantios rendem cerca de 1.000 kg deamndoa por ano, ou que se traduz em torno de

    R$ 3.500,00 por safra ao ano.No existem prticas de manejo realizadas noscacaueiros. H grandes reas infestadas por vas-soura-de-bruxa, assim como pelo mal-rosado, porerva-de-passarinho, alm de sintomas do ataquede tripes nas folhas. No existem plantios som-breados, nem podas de formao dos cacaueiros. Apesar de haver consrcios de cacau com bananei-ra, o nico cuidado realizado pelos comunitrios a limpeza entre as leiras do cacau.

    Na rea da comercializao, os produtores desco-nhecem mtodos de fermentao que melhorema qualidade da amndoa. Depois de colhido semcritrios de classicao, o cacau quebrado e co-locado em tabuados ou lonas de plstico sobre ocho. L seco ao sol por vrios dias at que queseco. Em seguida, o cacau ensacado ou guarda-do em baldes de plstico.

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    Os experimentosPartindo dessa realidade, o projeto juntou um

    grupo de famlias para trabalhar em duas frentesprincipais. Em primeiro lugar, a do manejo, com aprtica da poda dos cacaueiros para o controle da vassoura, a produo de mudas em saquinhos e aimplantao destas numa nova rea experimentalcom sombreamento denitivo. Em segundo lugar,a frente da qualidade, mediante a fermentao ea secagem das amndoas, seguindo o mtodo daCEPLAC.No que refere poda, foram realizados vrios diasde poda em reas plantadas com idade entre qua-tro e seis anos, ou sejarvores em produo. Aspodas foram realizadas depois da colheita. A reamanejada carecia de sombreamento e sofria seve-ro ataque de vassoura-de-bruxa. Durante um diainteiro, oito pessoas aprenderam a realizar podasconsiderando diferentes situaes: eliminarampartes infestadas com vassoura e galhos secos, cor-taram chupes e ladres emitidos pelasrvores,controlaram o crescimento dos ramos principais,

    evitando o crescimento em altura e, porltimo,ajudaram a sanear o interior das copas dasrvores,facilitando a ventilao e evitando o acmulo de

    frutos e restos culturais secos e doentes.O resultado do experimento foi um aumento deaproximadamente 30% na produo em compa-rao com asrvores no podadas. Os comunit-rios comearam a replicar tais prticas nas reasprprias do plantio, adquirindo ferramentas pr-prias para isso, como tesouras e serrotes de poda.Um ano depois, a experincia foi replicada nessamesma localidade por outras duas vezes com ou-tros integrantes da comunidade e com morado-

    res da comunidade do Namour, vizinha a SantaRosa. A prtica se estendeu tambm para outrascomunidades, como Paraizinho e Para so grande,em parceria com o IDAM. Esta organizao repli-cou a metodologia em duas reas experimentais decacau hbrido implantadas nessas comunidades.Em Santa Rosa foi realizada uma experincia deproduo de mudas nos mesmos moldes que noPacoval. Houve seleo de sementes trazidas de

    Realizao de dias de campo na comunidade de Santa Rosa para poda nas reas de plantio.

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    localidades distantes da comunidade. As famliasproduziram as mudas e as implantaram em umarea de oresta alta, mas raleada. O intuito eramonitorar o seu desenvolvimento em sombra par-cial. Essa experincia foi realizada em 2010, compreviso de incio de produo em 2013, quan-do as mudas completarem trs anos. O plantioapresenta desenvolvimento normal e os cacaueirosrecebem limpezas peridicas por parte dos produ-tores.Essa experincia alimentou a ideia de consorciar ocacau com outras espcies que, ao mesmo tempo,geram retorno econmico e fornecem sombrea-mento temporrio ou denitivo. Vrios dos pro-dutores aderiram ao consrcio banana/cacau/aanas reas de vrzea. A experincia da fermentao, por outro lado,ocorreu de acordo com os critrios da CEPLAC.Na primeira tentativa, a secagem deciente fezcom que as amndoas mofassem dentro da sacana qual foram guardadas. O processo teve deser refeito. Na segunda tentativa, a secagem seprolongou por mais dias e o mofo no ocorreu.Uma amostra foi enviada CEPLAC em 2011,que avaliou positivamente a experincia, embora

    tenha constatado certa porcentagem de amndo-as com ardsia, ou seja, no fermentadas e queapresentavam a colorao cinzento escura.

    Em comparao com as amndoas produzidas emoutras regies, que j possuem mais experinciacom a fermentao e a secagem, o processo da co-munidade Santa Rosa ainda precisa ser aprimora-do. Em especial, ser necessrio prolongar os tem-pos de fermentao e aumentar a quantidade de

    massa de amndoas para fermentar. A boa notcia que v rios dos produtores tm se interessadoem replicar a metodologia, sobretudo depois de visitarem a experincia da COOPERAR em Bocade Acre.Perceberin loco a recompensa econmica pelobom trabalho realizado tem servido como forteestmulo para prosseguirem em suas prticas demelhoramento da qualidade do cacau produzido.Faz-se necessrio, primeiramente, aprimorar e di-fundir o processo de fermentao com as comuni-dades para depois buscar mercado para o produto,conseguindo dar escala produo.O quadro a seguir resume a linha do tempo daexperincia na comunidade Santa Rosa.

    Comunidades com elevadarea plantada de cacau.

    Formao do grupoexperimental.

    Discusso eplanejamento dosexperimentos.

    Escolha dolocalpara poda epara plantio.

    Pequeno momento deformao. Diadecampo parapoda.

    Limpeza darea de plantiosombreado.

    Coleta eseleo desementespara produo de mudas.

    Produo demudas para reaexperimentas.

    Fermentao experimental.

    Enviodaamostra fermentadapara CEPLAC ecomprador.

    Dias de campo com ascomunidades vizinhas.Difuso das tcnicas demanejo (poda).

    Manejo da rea plantadasombreada.

    Visita a outras experinciasdefermentao daamndoaedemanejo dos plantios emsistemas agroflorestais: RECe COOPERAR.

    Diagnstico das plantaesdo cacau na comunidade

    (2009)

    Manejo do cacaual eproduo de mudas

    (2009)

    Difuso de tcnicas.Trabalho com fermentao

    (2009)

    Visita e intercmbio COOPERAR

    (2012)

    Atividades realizadas pelo projeto Fronteiras Florestais na comunidade de Santa Rosa entre 200

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    Lies aprendidas A comunidade j partiu de uma longa ca-

    minhada no cultivo do cacau. Por isso, omanejo dos cacaueiros e as prticas de fer-mentao eram necessrios para impulsio-nar economicamente essa atividade, que re-presenta a maior fonte de renda comunitriadurante o inverno.

    A poda dasrvores foi a tcnica de manejomais aceita e difundida entre os produtores,devido s vantagens no controle das doen-as, no controle do vigor e no consequenteaumento da produtividade anual dos plan-tios.

    Uma produo de mudas com seleo de se-mentes e introduzindo cacaus vizinhos con-segue aumentar as variedades genticas.

    Os espaamentos para plantio do cacaudevem ser discutidos junto aos produto-

    res, considerando-se futuros consrcios e ainsero do sombreamento no plantio, sejaatravs de bananeiras como sombreamentotemporrio, seja por meio de outras espciesorestais ou agrcolas como sombreamentodenitivo.

    A prtica de uma fermentao controlada,apesar de ter sido discutida e realizada comos produtores como estratgia para o aumen-

    to da qualidade e do preo do produto, pre-cisa ser mais aprofundada e vinculada a umpreo melhor para o produtor.

    As prprias comunidades vizinhas tm sen-tido necessidade de abrir linhas de trabalhofocadas tanto no aumento da produo, me-diante o manejo, como no avano da difusoda fermentao do cacau para um aumentoda qualidade do produto no mercado.

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    Referncias

    AGNCIA DE COOPERAO TCNICA ALEM.Cacau nativo do Purus : parceira pblico-privadapara o desenvolvimento sustentvel. Braslia: GTZ, 2009.

    ALMEIDA, L. C.; BRITO, A. Manejo do cacaueiro silvestre em vrzea do estado do Amazonas, B

    Agrotrpica , 15 (1): 47 - 52. Ilhus, BA: Centro de Pesquisas do Cacau, 2003.

    COUTO, M.et al . Guia de boas prticas e certicao em propriedades de cacau. Piracicaba, SP: Imaorae Instituto Cabruca, 2011.

    MENDES, F. A. A cacauicultura na Amaznia brasileira: potencialidades, abrangncia e oportunidde negcio. Movendo Idias , Belm, 5( 8): 53 - 61, dez./2000.

    BROT FR DIE WELT; PIDAASSA.De campesino a campesino: construyendo procesos. San Isidro:ESPIGAS - Asociacin de la Promocin para el Desarrollo. 2006.

    Sites consultados na internet:

    < www.ceplac.gov.br> Acesso em dezembro de 2012.

    < www.ceplacpa.gov.br> Acesso em dezembro de 2012.

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    Parceiros do Projeto Fronteiras FlorestaisInstituto Pacto Amaznico (IPA) - Fundado em 2003, em Humait-AM, o IPA surgiu da ne-cessidade de se implementar um modelo de desenvolvimento socioeconmico alternativo e sustepara as populaes amaznicas de baixa renda do sul do Amazonas. Promove a organizao socmeio de associativismo, cooperativismo, formao de conselhos, planejamento participativo, educinformao ambiental, economia rural participativa, sade da famlia, gerao de trabalho e renda. Aa cerca de 80 comunidades de moradores no interior e no entorno das unidades de conservao exisna regio, assim como assentamentos e comunidades s margens do rio Madeira e das BR-230 e B

    Associao para o Desenvolvimento da Agricultura Familiar do Alto Xingu(ADAFAX) - Esta entidade, criada em 2004, coordena, com seus parceiros, uma estratgia regionareduo do desmatamento e de fortalecimento da agricultura familiar em bases sustentveis no Par. Tem como proposta dinamizar a atuao das famlias agricultoras, formular projetos e propidebate sobre polticas pblicas para a regio, consolidando as organizaes locais vinculadas agrfamiliar. A base social da entidade composta por mil famlias benecirias diretas e 6.900 famliascirias indiretas nos municpios de So Flix do Xingu, Ourilndia do Norte, Tucum e parte de Alt(APA Triunfo do Xingu).

    Instituto Internacional de Educao do Brasil (IEB) - Criado em 1998, o IEB uma insti-tuio brasileira do terceiro setor dedicada a formar e capacitar pessoas, bem como fortalecer organnas reas de manejo dos recursos naturais, gesto ambiental e territorial e outros temas relacionasustentabilidade. O IEB atua em rede, busca parcerias e promove situaes de interao e intercentre organizaes da sociedade civil, associaes comunitrias, instncias de governo e do setor p Voltada a aes educativas, incorpora os saberes de parceiros, as diferentes culturas e as tcnicas po A organizao tem sede em Braslia-DF e est presente na Amaznia por meio de escritrios reinstalados em Belm-PA e nos municpios de Humait, Lbrea, Manicor e Boca do Acre, no Ama

    Groupe de Recherche et dchanges Technologiques (GRET) - uma organizaode cooperao internacional, criada em 1970, com o objetivo de desenvolver solidariedade prose reduo da pobreza nos pases da sia, frica, Europa e Amrica Latina. Suas atividades inclueplementao de projetos de campo, experincia, estudos, pesquisas, informaes e execuo de rintercmbio. Tendo como uma das suas principais esferas de atuao a agricultura e a alimentao stvel, o GRET prestou apoio tcnico e metodolgico os trabalhos desenvolvidos pelo Projeto FronFlorestais nas duas regies da Amaznia em que este foi realizado.

    Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amaznia (IMAZON) - Instituto de pes-quisa cuja misso promover o desenvolvimento sustentvel na Amaznia por meio de estudos, aformulao de polticas pblicas, disseminao ampla de informaes e formao prossional. O Infoi fundado em 1990, e sua sede ca em Belm, Par. Em 22 anos de existncia, o IMAZON pubmais de 500 trabalhos tcnicos, dos quais cerca de 212 foram veiculados como artigos em revistascas internacionais ou como captulos de livros.

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    Realizao

    Parceiros do Projeto Fronteiras Florestais

    Apoio

    Contrapartida