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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB CENTRO DE TECNOLOGIA – CT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO – DEP ADRIANA DA SILVA SIMÕES A CADEIA LOGÍSTICA REVERSA DO ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO: O CASO DOS GERADORES NA CIDADE DE JOÃO PESSOA JOÃO PESSOA 2009

Cadeia de Logistica

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Page 1: Cadeia de Logistica

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB CENTRO DE TECNOLOGIA – CT

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO – DEP

ADRIANA DA SILVA SIMÕES

A CADEIA LOGÍSTICA REVERSA DO ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO: O CASO DOS GERADORES NA CIDADE DE

JOÃO PESSOA

JOÃO PESSOA 2009

Page 2: Cadeia de Logistica

ADRIANA DA SILVA SIMÕES

A CADEIA LOGÍSTICA REVERSA DO ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO: O CASO DOS GERADORES NA CIDADE DE

JOÃO PESSOA

Trabalho de Conclusão de Curso desenvolvido e apresentado no âmbito do Curso de Graduação em Engenharia de Produção Mecânica da Universidade Federal da Paraíba como requisito para obtenção do título de Graduado.

Orientador: Prof. Dr. Paulo José Adissi

JOÃO PESSOA 2009

Page 3: Cadeia de Logistica

S589c Simões, Adriana da Silva A cadeia logística reversa do óleo lubrificante automotivo: o caso

dos geradores na cidade de João Pessoa/ Adriana da Silva Simões - João Pessoa, 2009.

53 f. il.: Orientador: Prof. Dr. Paulo José Adissi Trabalho de Graduação (Curso de Graduação em Engenharia de

Produção Mecânica) DEP / Centro de Tecnologia / Campus I / Universidade Federal da Paraíba – UFPB.

1. Logística Reversa 2. Óleo lubrificante automotivo.

Gerenciamento I.Título.

BC/CT/UFPB CDU:658.8(043)

Page 4: Cadeia de Logistica

ADRIANA DA SILVA SIMÕES

A CADEIA LOGÍSTICA REVERSA DO ÓLEO LUBRIFICANTE AUTOMOTIVO: O CASO DOS GERADORES NA CIDADE DE

JOÃO PESSOA

Trabalho de Conclusão de Curso desenvolvido e apresentado no âmbito do Curso de Graduação em Engenharia de Produção Mecânica da Universidade Federal da Paraíba como requisito para obtenção do título de Graduado.

Aprovado pela Banca Examinadora em 22 de maio de 2009.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________ Prof. Dr. Paulo José Adissi

Orientador

______________________________________________________ Profª. Drª. Lucia Helena da Silva Maciel Xavier

______________________________________________________ Profª. MSc. Liane Márcia Freitas e Silva

Page 5: Cadeia de Logistica

Dedico este trabalho a Painho,

Mainha, Si, Macio e Edmilson pelo

apoio e participação na construção de

tudo que sou.

Page 6: Cadeia de Logistica

AGRADECIMENTOS

A Paulo José Adissi, por ser professor, mestre e amigo; e pela credibilidade depositada em

mim.

Ao professor Luiz Bueno da Silva pelas oportunidades proporcionadas.

A Lucia Helena Xavier e Rosangela Cardoso da Silva, pelo incentivo à pesquisa e parceria

nessa empreitada.

A Liane Márcia Freitas e Silva, pela companhia nas aventuras acadêmicas, entre outras.

Aos amigos André, Luciano F., Luciano C. e João Vitor, pelo apoio no fim dessa jornada.

À “Diretoria”, pela companhia, desde a fundação até os dias atuais.

À “Turma do Petróleo”.

A Deus, pela força concedida.

Page 7: Cadeia de Logistica

Artigo III

Fica decretado que, a partir deste instante,

haverá girassóis em todas as janelas,

que os girassóis terão direito

a abrir-se dentro da sombra;

e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,

abertas para o verde onde cresce a esperança.

O Estatuto do Homem

(Ato Institucional Permanente)

Thiago de Mello

Page 8: Cadeia de Logistica

RESUMO

O procedimento de troca de óleo lubrificante automotivo (OLA) é realizado na manutenção preventiva de veículos automotores executada em locais que ofereçam tal serviço. A aplicação de procedimentos adequados de logistica reversa contribuem para reduzir ou eliminar os riscos de contaminação que os resíduos tóxicos oferecem ao meio ambiente e à saúde humana. Este trabalho propõe-se a analisar o gerenciamento do óleo lubrificante automotivo pós-consumo, considerado tóxico, no ponto de início do ciclo logístico reverso, ou seja, no gerador do resíduo. São apresentados os resultados de uma pesquisa de campo realizada através de um roteiro de entrevista aplicado às pessoas responsáveis pela troca de óleo em postos de gasolina, oficinas mecânicas e concessionárias localizadas em áreas que ofereciam possibilidade de risco de contaminação para os principais rios, áreas de florestas e praias da cidade, no período entre os meses de março e maio de 2009. A pesquisa revelou indícios de riscos de contaminação ambiental por falta de aplicação da infra-estrutura exigidas pelas leis vigente, assim como, pela constatação de que há desvio do residuo do ciclo oficial. Palavras-chave: Óleo lubrificante automotivo. Gerenciamento. Logística reversa.

Page 9: Cadeia de Logistica

ABSTRACT

The procedure for the exchange of automotive lubricating oil (OLA) is held in preventive maintenance of vehicles run on sites that offer this service. The application procedures for reverse logistics to reduce or eliminate the risks of toxic waste contamination that provide the environment and human health. This study proposes to examine the management of post-automotive lubricating oil consumption, considered toxic, from the beginning of the reverse logistics cycle, ie the generator of the waste. The results of a field research conducted by a script of interview applied to persons responsible for the exchange of oil at gas stations, machine shops and dealerships located in areas offering the possibility of a risk of contamination of the main rivers, areas of forests and beaches of the city, in the period between the months of March and May of 2009. The search revealed evidence of risk of environmental contamination due to lack of implementation of the infrastructure required by existing laws, as well as by the fact that the residual deviation of the cycle officer. Keywords: Oil lubricant automotive. Management. Reverse logistics.

Page 10: Cadeia de Logistica

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ciclo Logístico do Óleo lubrificante Automotivo..................................................20

Figura 2 - Localização das Rerrefinadoras de óleo lubrificante no Brasil ..............................20

Figura 3 - Localização dos centros de coleta de óleo lubrificante contaminado no Brasil .....21

Figura 4 - Localização do geradores identificados para pesquisa de campo...........................28

Figura 5 - Projeto de uma caixa separadora água/óleo............................................................32

Figura 6 - Localização geográfica das rerrefinadoras atuantes no ciclo reverso do OLA pós-

consumo gerado na cidade de João Pessoa (PB)(PB)(PB) .....................................35

Figura 7 - Pontos de coleta de água para análise físico-química no Rio Jaguaribe.................37

Figura 8 - Reservatório subterrâneo para óleo usado ..............................................................38

Figura 9 - Coletor de óleo lubrificante automotivo .......................................................39

Figura 10 - Tambor de ferro.....................................................................................................39

Page 11: Cadeia de Logistica

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Percentuais mínimos de coleta por região..............................................................14

Tabela 2 - Tipo de geradores pesquisados...............................................................................33

Tabela 3 - Número médio de funcionários envolvidos na troca de óleo por gerador..............33

Tabela 4 - Licenciamento ambiental dos geradores ................................................................34

Tabela 5 - Distância entre os rerrefinadores e os geradores de João Pessoa ...........................35

Tabela 6 - Frota de Automóveis ..............................................................................................39

Tabela 7 - Estimativa do Volume de OLA comercializado em João Pessoa...........................40

Tabela 8 - Volume mínimo de OLA para coleta em João Pessoa ...........................................40

Tabela 9 - Volume médio de óleo comercializado nos estabelecimentos pesquisados...........40

Tabela 10 - Volume mínimo disponível para coleta em 2008.................................................41

Page 12: Cadeia de Logistica

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................11

1.1 Definição do tema e do problema..................................................................................11

1.2 Justificativa .....................................................................................................................12

1.3 Objetivos..........................................................................................................................15

1.3.1 Objetivo geral ..................................................................................................................15

1.3.2 Objetivos específicos.......................................................................................................15

2 EIXO TEMÁTICO DA PESQUISA .............................................................................16

2.1 Logística Reversa............................................................................................................16

2.2 Os canais de distribuição logística reversa...................................................................17

2.3 Cadeia logística do óleo lubrificante automotivo.........................................................19

2.4 O gerenciamento do OLA contaminado.......................................................................21

2.5 Legislação Pertinente ao Tema......................................................................................23

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................26

3.1 Tipo de estudo.................................................................................................................26

3.2 Caracterização da área de estudo.................................................................................26

3.3 Coleta e Tratamento de Dados......................................................................................29

4 RESULTADOS ...............................................................................................................31

4.1 Perfil dos Geradores.......................................................................................................33

4.2 Atuação do órgão ambiental..........................................................................................33

4.3 Coletores que atuam na cidade de João pessoa...........................................................34

4.4 Infra-estrutura das áreas destinadas à troca de óleo ..................................................36

4.5 Tipo de Armazenamento................................................................................................38

4.6 Volume de OLA contaminado gerado na cidade.........................................................39

5 CONCLUSÃO.................................................................................................................42

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................44

APÊNDICE - Questionário Aplicado aos Pontos de Comercialização e Troca de Óleo..48

ANEXO - Legislação pertinente ao tema.............................................................................51

Page 13: Cadeia de Logistica

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Definição do tema e do problema

Diversos trabalhos publicados recentemente Díaz, Alvarez e Gonzáles (2004), Leite

(2000) e Donato (2008) mostram a preocupação empresarial com o destino a ser dado aos

resíduos gerados em suas atividades. Essa preocupação pode estar calcada nos princípios

organizacionais, na sustentabilidade empresarial, ou nas obrigações previstas pelas leis

vigentes.

A logística reversa vem sendo considerada como uma nova área da logística

empresarial aplicada que pode equacionar a multiplicidade de aspectos logísticos do retorno

ao ciclo produtivo dos diferentes tipos de bens industriais, dos materiais constituintes dos

mesmos e dos resíduos industriais, agregando valor de diversas naturezas: econômico,

ecológico, legal e de imagem corporativa (LEITE 2000). Segundo Guarnieri (2006) a logística

reversa de pós-consumo pode ser vista como a área da logística reversa que trata dos bens no

final de sua vida útil, dos bens usados com possibilidade de reutilização e dos resíduos

industriais.

De acordo com Bowersox e Closs (2001), as necessidades da logística reversa derivam

das legislações que proíbem o descarte indiscriminado de resíduos no meio ambiente,

incentivando a reciclagem dos resíduos. A logística reversa tem como aspecto importante a

necessidade do máximo controle para evitar danos à saúde humana e ao meio ambiente.

Segundo Freires (2006) a estrutura dos sistemas logísticos reversos é formada, por um

conjunto de nós conectados entre si, que compõem a configuração da cadeia de suprimento.

Kopicki et al. (1993 apud Freires 2006) diz que a estrutura da logística reversa é composta por

cinco nós: gerador, recolhedores, selecionadores, processadores e fabricantes.

A logística reversa deve ser aplicada no gerenciamento dos resíduos, a fim de destiná-

los adequadamente, seja este destino o descarte final ou o reaproveitamento, retornando o

resíduo ao ciclo de forma a gerar lucratividade, reduzir custos e consolidar uma imagem

positiva e ambientalmente responsável diante do mercado consumidor.

A aplicação da Logística Reversa tem trazido consideráveis retornos para as empresas.

O reaproveitamento de materiais e a economia com embalagens retornáveis têm trazido

ganhos que estimula cada vez mais novas iniciativas e esforços em desenvolvimento e

melhoria nos processos de Logística Reversa (LACERDA, 2004).

Page 14: Cadeia de Logistica

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O consumo do óleo lubrificante automotivo implica em sua deterioração parcial, em

decorrência disto são formados compostos, tais como: ácidos orgânicos, compostos

aromáticos polinucleares (potencialmente carcinogênicos), resinas e lacas. O contato com

esses compostos pode causar contaminação ambiental, podendo atingir pessoas, animais e

solos e águas. Com isto, a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, em sua NBR-

10004, classifica o óleo lubrificante usado como perigoso por apresentar alta toxicidade.

Corroborando com a ABNT, o CONAMA através da resolução 362/05 considera que

o descarte de Óleo Lubrificante Automotivo (OLA) contaminado no solo ou no curso das

águas, causa graves danos ambientais, da mesma forma a combustão deste resíduo gera gases

nocivos ao meio ambiente e a saúde publica. A mesma resolução considera ainda, que as

atividades de gerenciamento dos resíduos de OLA’s devem ser organizadas e controladas para

evitar danos à saúde e ao meio ambiente, sendo o indicado rerrefino como meio

ambientalmente seguro para a reciclagem do óleo lubrificante usado ou contaminado.

Diante do exposto o problema levantado neste trabalho pode ser assim formulado:

Como o óleo lubrificante contaminado ou usado, gerado na cidade de João Pessoa

(PB), está sendo gerenciado?

1.2 Justificativa

O óleo lubrificante é formado por 90% de óleo básico, distribuído pelas refinarias de

petróleo, e 10% de aditivos químicos, adicionado pelos fabricantes. Os óleos lubrificantes

automotivos, segundo Azevedo (2006), funcionam como uma película que impede o contato

direto entre duas superfícies metálicas que se movem relativamente entre si. O atrito é

reduzido a níveis mínimos, prolongando assim a vida útil dos motores.

A contaminação do óleo lubrificante automotivo ocorre durante seu consumo nos

motores resultado da deterioração parcial do produto. Segundo o SINDIRREFINO apud

ABNT (2004), são seus principais contaminantes: ácidos orgânicos, hidrocarbonetos

aromáticos, polinucleares (HPAS) e dioxinas. Ainda podem ser encontrados no óleo

contaminado metais pesados como: chumbo, cádmio, cromo, mercúrio e níquel. Quando a

concentração desses contaminantes é excessiva, o lubrificante já não cumpre o seu papel e

deve ser substituído.

Page 15: Cadeia de Logistica

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Os contaminantes presentes nos óleos lubrificantes usados, especialmente os metais

pesados, causam efeitos nocivos à saúde humana sendo vários deles potencialmente

cancerígenos. O contato e a exposição aos óleos lubrificantes provocam lesões na pele, que se

originam devido ao caráter agressivo de muitas substâncias que estão presentes na formulação

destes produtos.

O óleo lubrificante quando lançado na água ou no solo, forma uma fina camada sobre

a superfície bloqueando a passagem de ar e luz (Galbiatti, 2003 apud IBPS 2003), destruindo

a fauna e a flora aquática e terrestre, espalhando substâncias tóxicas que podem ser ingeridas

direta ou indiretamente pelos humanos. Segundo Domingues e Bidoia (2006) os óleos

lubrificantes, por conterem substâncias aromáticas, podem causar intoxicação nos animais

marinhos, causando hemorragia de órgãos internos, complicações circulatórias, dermatites,

tumores, depressão no Sistema Nervoso Central (SNC), em conseqüência de bioacumulação

no tecido adiposo, podendo contaminar o leite materno dos mamíferos.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, em sua NBR-10004, "Resíduos

Sólidos - classificação", classifica o óleo lubrificante usado como perigoso por apresentar

toxicidade. A Resolução CONAMA 362/05 considera que o descarte de OLA contaminado no

solo ou no curso das águas causa graves danos ambientais, assim como, a combustão deste

resíduo gera gases nocivos ao meio ambiente. Em vista disso a mesma resolução considera

ainda que as atividades de gerenciamento de OLA’s usados devem estar organizadas e

controladas para evitar danos à saúde e ao meio ambiente, sendo a reciclagem o destino

prioritário para a gestão ambiental. Tal resolução estabelece que, todo o óleo lubrificante

usado ou contaminado deve ser recolhido e destinado ao rerrefino.

Segundo a Portaria Interministerial Nº 464 de 29 de agosto de 2007, os produtores e os

importadores de óleo lubrificante acabado são responsáveis pela coleta de todo óleo

lubrificante usado ou contaminado, ou as empresas coletoras registradas pela ANP

contratadas por eles. Essas empresas deverão atender aos percentuais mínimos de coleta de

óleo lubrificante usado ou contaminado, de acordo com as suas participações no mercado de

óleo lubrificante acabado, por ano e região (Tabela 1).

Os dados apresentados (Tabela 1) revelam o crescimento esperado para a coleta de

OLA contaminado ou usado no país, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, o que pode

justificar o desenvolvimento de processos que viabilize do retorno do resíduo gerado nessa

região, assim como, deve ser verificado o cumprimento da legislação pelos agentes

envolvidos no ciclo reverso do óleo lubrificante.

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Tabela 1 – Percentuais mínimos de coleta por região

Regiões Ano

Nordeste Norte Centro-Oeste Sudeste Sul Brasil

2008 19% 17% 27% 42% 33% 33,4%

2009 21% 20% 29% 42% 34% 34,2%

2010 23% 23% 31% 42% 35% 35%

2011 25% 24% 31% 42% 35% 35,9% Fonte: Brasil (2007a)

A Portaria ANP 127/99 regulamenta a atividade de coleta de óleo lubrificante usado

ou contaminado que deve ser exercida por pessoa jurídica sediada no País, devidamente

cadastrada pela Agência Nacional do Petróleo – ANP. Consoante a resolução CONAMA

362/05 todo óleo lubrificante usado deverá ser destinado à reciclagem efetuada através do

rerrefino. A mesma resolução obriga os geradores de OLAs contaminados, a armazenar os

óleos lubrificantes usados de forma segura, em lugar acessível à coleta, em recipientes

adequados e resistentes a vazamentos, adotando medidas que venham impedir a contaminação

do óleo lubrificante usado por produtos químicos, combustíveis, solventes e outras

substâncias, salvo as decorrentes da sua normal utilização. Eles deveram ainda alienar todo

óleo usado ou contaminado exclusivamente aos coletores autorizados pela ANP.

Os agentes envolvidos no ciclo reverso do óleo lubrificante automotivo contaminado

são: os geradores, os coletores e os rerrefinadores, formando assim a estrutura da cadeia

logística reversa do OLA pós-consumo. Dessa forma, para analisar e descrever os problemas

provocados pelo gerenciamento inadequado do óleo contaminado é necessário identificar cada

agente envolvido neste ciclo, levantando os prováveis problemas que eles estão causando

quando deixam de cumprir com as obrigações previstas na legislação vigente.

Essa pesquisa fez parte do projeto "Análise do Sistema Logístico e Gestão Ambiental

do Ciclo Reverso Pós-Consumo do Óleo Lubrificante Automotivo" do Programa Institucional

de Bolsas de Iniciação Científica - PIBIC 2008/2009, que teve como objetivo descrever e

analisar o ciclo reverso do óleo lubrificante automotivo (OLA) pós-consumo na cidade de

João Pessoa (PB).

Page 17: Cadeia de Logistica

15

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Analisar o ciclo reverso do óleo lubrificante automotivo (OLA) na cidade de João

Pessoa (PB).

1.3.2 Objetivos específicos

� Levantar a legislação vigente no país a cerca do tema;

� Identificar os riscos ambientais potenciais do OLA contaminado;

� Mapear os pontos de venda de OLA (geradores de resíduos), que apresentam maior

potencial de contaminação ambiental;

� Levantar e analisar o fluxo reverso oficial (rerrefino);

� Levantar e analisar os fluxos reversos não oficiais.

Page 18: Cadeia de Logistica

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2 EIXO TEMÁTICO DA PESQUISA

2.1 Logística Reversa

A logística é a parte do processo produtivo que deve providenciar os aspectos relativos

à movimentação de matéria-prima, insumos, informações e equipamentos para o processo de

fabricação do produto, que por fim é distribuído para o consumidor final. De forma que a

logística reversa continua o ciclo, tratando dos aspectos de recolhimento do produto após a

venda ou após o consumo, para destiná-lo adequadamente.

A logística reversa de pós-venda caracteriza-se pelo retorno de bens sem uso ou com

pouco uso que por diferentes motivos retornam aos centros de distribuição para serem

encaminhados para reparo, reaproveitamento ou descarte. Já a logística reversa de pós-

consumo ocupa-se do retorno de produtos no fim de sua vida útil (resíduos), para serem

reutilizados, reciclados ou descartados de acordo com orientações de legislações especificas,

quando existentes.

Os esforços para reduzir resíduos têm feito com que o ciclo de vida dos materiais se

estenda, fazendo com que estes retornem aos fabricantes para serem reutilizados.

Segundo Díaz, Alvarez e Gonzáles (2004) a gestão do fluxo reverso de produtos,

utilizados ou devolvidos pelos consumidores, teve origem nas diversas formas de reutilização

de produtos e materiais no processo de produção industrial, de forma que tem recebido

especial atenção nas ultimas décadas.

A gestão do fluxo reverso de materiais e produtos pode ser feita com a aplicação da

logística reversa que de acordo com Rogers e Tibben-Lembke (1999). Segundo tais autores,

esta compreende o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo de matérias-

primas, estoque em processamento e produtos acabados (e seu fluxo de informação) do ponto

de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recuperar valor ou realizar um descarte

adequado.

Para Stock (1998), a expressão logística reversa, refere-se ao papel da logística na

devolução de produtos, redução de materiais/energia, reciclagem, substituição de materiais,

reutilização de materiais, tratamento de resíduos, substituição, conserto ou remanufatura.

A aplicação da logística reversa consiste em organizar os canais logísticos de

distribuição dos produtos aos ciclos reversos adequados, atentando para a gestão destes

produtos no meio do ciclo reverso, tratando dos aspectos de coleta, separação,

Page 19: Cadeia de Logistica

17

armazenamento, transporte, tratamento e disposição adequada dos produtos no fim do seu

ciclo logístico original.

O gerenciamento do ciclo reverso deve ser operado de modo a garantir condições

seguras para evitar contaminação ambiental. Daí a importância de conhecer cada participante

da cadeia logística reversa, pois segundo Díaz, Alvarez e Gonzáles (2004), o maior ou menor

sucesso dentro da cadeia de suprimentos, depende da capacidade de integrar e coordenar suas

atividades e a relação entre os membros dela.

A logística reversa deve ser aplicada no gerenciamento dos resíduos, a fim de dar a

estes um destino adequado e, quando o resíduo pós-consumo puder ser reaproveitado, retorná-

lo ao ciclo de forma a gerar lucratividade, reduzir custos ou consolidar uma imagem positiva e

ambientalmente responsável perante o mercado consumidor.

De acordo com Bowersox e Closs (2001), as necessidades da logística reversa derivam

das legislações que proíbem o descarte indiscriminado de resíduos ao meio ambiente,

incentivando a reciclagem dos resíduos. A logística reversa tem como aspecto importante a

necessidade do máximo controle para evitar danos à saúde humana e ambiental.

Os processos de Logística Reversa têm trazido consideráveis retornos para as

empresas. O reaproveitamento de materiais e a economia com embalagens retornáveis têm

trazido ganhos, que estimulam novas iniciativas e esforços em desenvolvimento e melhoria

nos processos de Logística Reversa (LACERDA, 2004).

2.2 Os canais de distribuição logística reversa

O rastreamento de produtos após sua vida útil e a definição de uma estrutura adequada

para recolhimento, transporte e distribuição, dos materiais ou produtos resultantes do processo

de consumo, assim com o retorno desses a um novo ciclo produtivo, são questões essenciais

para o gerenciamento dos canais de distribuição reversos de resíduos pós-consumidos.

O canal de distribuição reverso de pós-consumo se caracteriza por produtos originados

de descarte após uso, que podem ser reaproveitados de alguma forma e, somente em último

caso, são descartados.

Leite (2003) define as estruturas formadas para a destinação de produtos pós-consumo

ou dos resíduos originados após sua utilização, desde sua coleta até sua reintegração ao ciclo

produtivo, como sendo os canais de distribuição reversos de pós-consumo. Esses canais

podem ser de reuso, reutilização ou reciclagem.

Page 20: Cadeia de Logistica

18

O reuso é o canal reverso caracterizado pela utilização de produtos ou materiais pós-

consumo em sua função original. Segundo Leite (2003, p. 6), “nos casos em que ainda

apresentam condições de utilização podem destinar-se ao mercado de segunda mão, sendo

comercializados diversas vezes até atingir seu fim de vida útil”.

A reutilização é o canal reverso onde os produtos ou materiais são utilizados após seu

consumo com uma função diferente da original, onde se altera as características originais do

produto sem agregar valor, de modo a adequá-lo a nova função.

A reciclagem é o canal reverso de revalorização, onde os produtos descartados ou

materiais originados após o consumo são processados industrialmente, sendo transformadas

em matérias-prima secundárias ou recicladas que podem ser reintegradas ao ciclo produtivo

(LEITE, 2003).

Para Gomes & Medina (2001) as formas de reciclagem mais utilizadas são:

A reciclagem mecânica que reprocessa os materiais, transformando-os em matéria

prima secundária. Esse tipo de reciclagem proporciona o início de um novo ciclo de vida para

um produto, onde ele pode voltar a ser utilizado como matéria prima para gerar o mesmo

produto que fora, ou um novo produto, reduzindo a utilização de recursos naturais.

A reciclagem química que recupera os compostos que originaram materiais ou

substâncias. O objetivo dessa recuperação dos compostos e substâncias químicas é reutilizá-

los como matéria prima secundária na produção de novos produtos.

A reciclagem energética que tem estreita relação com a incineração de resíduos. Ela é

feita a partir de uma instalação de combustão de resíduos gerando um produto, a energia

(eletricidade e calefação), que pode ser vendido ou reutilizado para abastecer processos.

O processo de reciclagem envolve etapas como: coleta, seleção, preparação,

processamento industrial e reintegração do material reciclado ao processo produtivo. Cada

etapa dessas se constitui em um elo do canal reverso de pós-consumo.

Para que os elos que compõem esses canais cumpram sua função dentro da cadeia

logística reversa, os geradores de resíduo devem ser responsabilizados pela destinação

ambientalmente segura dos produtos pós-consumo.

Os grandes geradores de resíduos como os de OLA contaminado, devem gerenciar os

resíduos garantindo assim a qualidade dos resíduos, para que esses atendam as condições

necessárias para ser inserido no processo de reciclagem que o levará ao ciclo produtivo. Esse

gerenciamento compreende as atividades relacionadas ao manuseio do resíduo durante sua

geração, a separação de outros resíduos que possam alterar suas características, o

armazenamento que impede os vazamentos dos resíduos (especialmente os tóxicos) para o

Page 21: Cadeia de Logistica

19

solo ou águas, a entrega do resíduo aos coletores que estejam comprometidos ambientalmente

com o ciclo produtivo.

2.3 Cadeia logística do óleo lubrificante automotivo

O ciclo logístico do óleo lubrificante automotivo tem início nas refinarias de petróleo

onde são produzidos os óleos básicos. Os produtores adquirem o óleo básico das refinarias

nacionais ou estrangeiras e adicionam aditivos, transformando-os em OLA. Após o descarte

do óleo resíduo pelo consumidor, que acontece em postos de troca como: postos de

combustíveis, posto de serviços, oficinas mecânicas e concessionárias (oficinas autorizadas),

onde tem início o ciclo logístico reverso do OLA.

• Os pontos geradores armazenam o óleo contaminado ou usado para posterior

recolhimento por dois tipos de coletores, os coletores registrados pela ANP –

Agencia Nacional de Petróleo e os coletores não oficiais.

Os coletores oficiais devem recolher esse resíduo, obrigatoriamente, para as

rerrefinadoras de óleo lubrificante, segundo a Resolução CONAMA 362/2005.

Já os coletores não oficiais, na maioria das vezes, dão outros destinos aos resíduos.

Muitos utilizam o óleo contaminado como lubrificante em correntes de motosserra, em

lavagem de peças componentes de motores, como combustível em olarias ou ainda, como

tratamento preventivo à ação de cupim em madeira de coberturas de edificações e estacas de

cercas. Embora a queima do óleo seja proibida no Brasil, esta também é uma forma comum

de desvio dos óleos lubrificantes usados, coletados por empresas não licenciadas.

O rerrefino reinsere no sistema uma parte da matéria e da energia que se tornaria lixo

com grande potencial de contaminação ambiental. Assim, os óleos lubrificantes usados são

coletados, separados e regenerados para utilização como matéria-prima, reduzindo assim a

energia gasta com a exploração do petróleo para a produção do óleo básico.

As rerrefinadoras recebem os OLA’s contaminados dos coletores oficiais, sendo o

rerrefino viável se o teor de água estiver em no máximo 5 %. Ao fim do processo de

rerrefinamento o óleo contaminado se transforma em óleo básico, voltando ao ciclo logístico

(SENAI, 2006).

Assim, é possível identificar as duas partes do ciclo logístico do óleo lubrificante

(Figura 1), onde o ciclo principal se inicia no refino do petróleo e termina nos consumidores.

Page 22: Cadeia de Logistica

20

Já o ciclo reverso do óleo lubrificante, começa quando o consumidor volta ao ponto de

revenda, que nesta fase passa a ser gerador de óleo lubrificante automotivo contaminado, onde

é realizado o serviço de troca. O ciclo reverso do OLA termina nas refinarias que após

processo de transformação do produto contaminado em óleo básico é reinserido no ciclo

logístico principal.

Figura 1 – Ciclo Logístico do Óleo lubrificante Automotivo Fonte: ANP/ Adaptado (2006).

As empresas No Brasil existem 19 empresas autorizadas pela ANP para exercer, a

atividade de rerrefino de óleo lubrificante usado ou contaminado (Figura 2), estando essas

empresas localizadas em sua maioria nas regiões sul e sudeste. Enquanto são 39 empresas

(Figura 3), autorizadas a exercer a atividade de coleta de óleo lubrificante usado ou

contaminado no Brasil, registradas pela ANP (ANP, 2007).

Figura 2 – Localização das Rerrefinadoras de óleo lubrificante no Brasil Fonte: Sindirrefino (2008).

Page 23: Cadeia de Logistica

21

Figura 3 – Localização dos centros de coleta de óleo lubrificante contaminado no Brasil Fonte: Sindirrefino (2008).

2.4 O gerenciamento do OLA contaminado

O correto gerenciamento dos resíduos sólidos em empresas, de pequeno e médio porte,

do setor automotivo é indispensável para a qualidade da gestão ambiental dos centros

urbanos. A cooperação ambiental mútua, em prol de um objetivo comum, que é a destinação

responsável dos resíduos gerados, pode trazer benefícios econômico-financeiros para todos os

envolvidos (VILAS et al, 2009).

O óleo lubrificante usado é um resíduo tóxico que é coletado e comprado por empresas

rerrefinadoras cadastradas na ANP, de acordo com o que é estabelecido pela legislação

específica (GOMES et al, 2008).

Segundo Teixeira et al (2009), a reciclagem é o tratamento mais apropriado ao óleo

lubrificante usado, pois permite o seu reaproveitamento. Através da utilização de alguns

processos é possível separar o óleo em diversos produtos ou obter a sua purificação.

As obrigações e definições sobre o recolhimento e destinação de todo o óleo

lubrificante usado ou contaminado são determinadas pela Resolução 362 de 23 de junho de

2005 instituída pelo CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. Esta resolução

considera o rerrefino do óleo lubrificante usado ou contaminado como instrumento prioritário

para a gestão ambiental. Assim, todo o óleo lubrificante contaminado deve obrigatoriamente

ser recolhido e ser destinado de forma a evitar danos ambientais, sendo proibido qualquer

descarte em solos, águas superficiais, sistemas de esgoto ou lançamento de águas residuais.

Page 24: Cadeia de Logistica

22

Os geradores deveriam destinar todo, OLA contaminado ao rerrefino, de forma que as

empresas de rerrefino e as empresas coletoras estejam devidamente licenciadas pelo órgão

ambiental competente e registradas na Agencia Nacional de Petróleo.

Os geradores devem armazenar os óleos usados de forma segura, em lugar acessível à

coleta, em recipientes adequados e resistentes a vazamentos. O sistema de armazenamento

dos óleos lubrificantes usados ou contaminados deve ser construído, e mantido de forma a

evitar infiltrações, vazamentos e ataque pelo seu conteúdo e riscos associados, sendo

observadas as condições no manuseio, carregamento e descarregamento (BRASIL, 2005).

Os coletores de óleos contaminados deverão planejar suas atividades, de forma a evitar

que o óleo lubrificante usado venha a ser contaminado por produtos químicos, combustíveis,

solventes e outras substâncias. Assim como, garantir que as atividades de manuseio,

transporte, e transbordo do óleo usado coletado sejam efetuadas em condições adequadas de

segurança e por pessoal devidamente treinado, atendendo à legislação pertinente.

Os rerrefinadores de óleos usados têm como obrigação receber todo o óleo lubrificante

usado ou contaminado regenerável, exclusivamente de coletor autorizado pela ANP, e assim,

responsabilizar-se pela destinação final de óleos lubrificantes usados ou contaminados não

regeneráveis, através de sistemas aprovados pelo órgão ambiental competente.

Algumas medidas podem ser tomadas durante o procedimento de troca de óleo

lubrificante automotivo, de modo a minimizar o impacto ambiental provocado pelo mesmo.

Os resíduos gerados neste procedimento, bem como estratégias para seu gerenciamento e

controle, são apresentados no Quadro 1.

Page 25: Cadeia de Logistica

23

Resíduos Estratégias de Gerenciamento

Acondicionado em tambores sobre bacia de contenção e local livre de intempéries. Óleos lubrificantes usados e

sem condições de uso Encaminhamento para empresa licenciada para reciclagem de óleos lubrificantes ou rerrefino.

Separação.

Escoamento do óleo lubrificante automotivo residual. Disposição final: aterro de resíduos perigosos, licenciados.

Embalagens de óleo lubrificante automotivo

Encaminhamento para empresa licenciada para reciclagem de embalagens contaminadas.

Segregação na fonte.

Acondicionamento em embalagem identificada.

Armazenagem temporária em local fechado.

Estopas e serragem com óleo lubrificante automotivo

Disposição final: aterro para resíduos perigosos.

Separação: sistema separador água/óleo

Centrifugação para separar a fração oleosa: Água - reuso em processos de limpeza ou encaminhamento para tratamento em empresas licenciadas.

Águas contaminadas com óleo lubrificante automotivo

Óleo lubrificante automotivo - encaminhamento à indústria especializada em rerrefino.

Quadro 1 – Resíduos e Estratégias de Gerenciamento Fonte: Adaptado de SENAI (2006)

2.5 Legislação Pertinente ao Tema

Esta seção dedica-se ao levantamento dos aspectos legais e normativos vigente no país

relacionados às atividades de geração, coleta e destinação final dos resíduos estudados durante

a pesquisa.

A legislação que norteia a atuação dos responsáveis pela destinação de óleo

lubrificante pós-consumo estabelece parâmetros para a pesquisa sobre os aspectos, técnicos e

jurídicos envolvidos no ciclo reverso do OLA pós-consumo.

O levantamento da legislação vigente que trata especificamente da destinação do óleo

lubrificante contaminado ou usado possibilitou desenhar o desenvolvimento histórico desta

atividade no país.

Page 26: Cadeia de Logistica

24

Data Legislação Definições 31.08.1993 Resolução CONAMA 009/93 Estabelece definições e torna obrigatório o recolhimento e

destinação adequada de todo o óleo lubrificante usado ou contaminado

30.04.1999 Portaria ANP 81/99 Define regras destinadas a assegurar o ressarcimento das despesas das empresas rerrefinadoras de óleos lubrificantes usados ou contaminados, regularmente cadastradas na ANP.

30.07.1999 Portaria ANP 125/99 Estabelece a regulamentação para a atividade de recolhimento, coleta e destinação final do óleo lubrificante usado ou contaminado.

30.07.1999 Portaria ANP 126/99 Estabelece a regulamentação para a atividade de produção ou importação de óleo lubrificante acabado a ser exercida por pessoa jurídica sediada no País, organizada de acordo com as leis brasileiras.

30.07.1999 Portaria ANP 127/99 Estabelece a regulamentação para a atividade de coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado a ser exercida por pessoa jurídica sediada no País, organizada de acordo com as leis brasileiras.

30.07.1999 Portaria ANP 128/99 Estabelece a regulamentação para a atividade industrial de rerrefino de óleo lubrificante usado ou contaminado a ser exercida por pessoa jurídica sediada no País, organizada de acordo com as leis brasileiras.

30.07.1999 Portaria ANP 129/99 Especifica os óleos lubrificantes básicos de origem nacionais ou importados para comercialização em território nacional.

30.07.1999 Portaria ANP 130/99 Estabelece o Regulamento Técnico ANP nº 05/99, que especifica os óleos lubrificantes básicos rerrefinados.

30.07.1999 Portaria ANP 131/99 Estabelece a obrigatoriedade do registro prévio do produto na ANP para a comercialização de óleos lubrificantes, graxas lubrificantes e aditivos em frasco, para óleos lubrificantes de aplicação automotiva, fabricado no país ou importados, a granel ou embalados, de origem mineral, vegetal ou sintética.

29.11.2000 Resolução CONAMA 273/00 Dispõe sobre prevenção e controle da poluição em postos de combustíveis e serviços.

23.06.2005 Resolução CONAMA 362/05 Dispõe sobre o rerrefino de óleo lubrificante usado. 23.03.2007 Norma Administrativa – NA

120/07 Esta norma estadual emitida pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente, o órgão ambiental do Estado da Paraíba, estabelece critérios e procedimentos para subsidiar a análise do processo de licenciamento ambiental de atividades de armazenamento e comércio varejista de combustíveis líquido derivados de petróleo, álcool carburante, gás natural veicular e óleo lubrificante.

29.08.2007 Portaria Interministerial 464/07

Estabelece os percentuais mínimos de coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado no país.

Conforme pode ser observado, em 1993 foi estabelecida a Resolução CONAMA 009

que obrigava a destinação do óleo ao rerrefino. No entanto, apenas a partir de 1999 foram

estruturadas as normas que representaram um marco na regulamentação do procedimento de

destinação de óleo lubrificante pós-consumo, onde foram definidas normas técnicas para a

destinação correta do óleo, no sentido de evitar o prejuízo ambiental.

Page 27: Cadeia de Logistica

25

Apenas em 2005 foi consolidada a Resolução CONAMA nº 362 com o objetivo de

ampliar o escopo das considerações a respeito da destinação desse resíduo considerado

perigoso, revogando a CONAMA 009.

Para proceder à avaliação dos geradores objeto dessa pesquisa foi utilizada a

legislação aqui listada. No entanto, a NA-120/07 foi à principal fonte de parâmetros para a

avaliação, por servir ao estado da Paraíba e por ser a única a tratar dos aspectos de infra-

estrutura dos pontos geradores. Esses aspectos serão detalhados nos resultados desta pesquisa

(seção 4).

Page 28: Cadeia de Logistica

26

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Tipo de estudo

Este trabalho teve como finalidade analisar o ciclo reverso do OLA contaminado ou

usado na cidade de João Pessoa, de forma a evidenciar problemas ambientais e indicar

medidas prevencionistas que, uma vez adotadas, podem eliminar ou minimizar relevantes

danos de ordem ambiental, ocupacional, e de saúde pública.

A pesquisa aqui apresentada é de natureza exploratória, pois teve como objetivo

conhecer a variável de estudo tal como se apresentou, seu significado e contexto onde ela se

inseria. Além disso, serviu para levantar informações e aprimoramento de idéias que se tinha

a cerca do ciclo reverso do óleo lubrificante automotivo na cidade de João Pessoa (PB). Por

isso utilizou-se a pesquisa de campo, como procedimento metodológico, onde foram

levantadas informações por meio de entrevista direta aplicada, prioritariamente, às pessoas

responsáveis pela troca de óleo e através de observação in locu da infra-estrutura e dos

procedimentos adotados nas áreas de troca de óleo.

O caráter descritivo deste método permitiu a análise crítica da situação atual do ciclo

reverso do OLA contaminado ou usado.

Para consolidar o estudo foi realizada revisão bibliográfica acerca do tema “Logística

reversa” através de livros, artigos, dissertações e teses. Também foram obtidas informações

importantes, durante a participação em seminários, congressos e palestras realizadas pelas

instituições: UFPB, FUNDAJ, Associação Brasileira de Engenharia Ambiental e Associação

Brasileira de Engenharia de Produção.

Para o incremento do conhecimento acerca do tema, também foi utilizada como fonte

de pesquisa a legislação vigente no país (Anexo).

3.2 Caracterização da área de estudo

Para determinar a área de estudo fez-se necessário delinear os critérios a serem

utilizados para caracterizar os geradores objeto da investigação. Com isto foi elaborada para

esta pesquisa a caracterização dos geradores de óleo automotivo lubrificante contaminado ou

usado objeto da investigação apresentada neste documento.

Page 29: Cadeia de Logistica

27

“Gerador de óleo automotivo lubrificante contaminado ou usado é qualquer pessoa

física ou jurídica que forneça o serviço de troca de óleo na cidade de João Pessoa, que esteja

localizado próximo a lugares que apresentem risco potencial de contaminação por escoamento

de óleo, como: os principais rios da cidade, as áreas de floresta e ainda as áreas próximas ao

mar”.

A caracterização apresentada no Quadro 2 foi elaborada com o intuito de identificar os

pontos que fizeram parte da pesquisa de campo. Esses pontos estavam localizados em regiões

próximas aos principais rios, áreas de floresta e praias da cidade (Quadro 2).

Principais rios Principais áreas de floresta Áreas próximas ao mar Rio Jaguaribe Mata da Amém Praia do Bessa Rio Laranjeiras Parque Arruda Câmara Praia de Manaíra Rio Sanhauá Jardim Botânico Benjamin

Maranhão Praia de Tambaú

Quadro 2 - Principais áreas de risco de contaminação por escoamento de óleo lubrificante

Após a determinação das características dos geradores, foi realizada uma busca através

da lista telefônica e do Google Maps (site da internet usado para busca de endereços), no

sentido de encontrar os geradores que compreendiam o universo desta pesquisa. O

cruzamento das informações estabelecidas pela definição dos geradores e a busca pelos

estabelecimentos e sua localização geográfica resultou no apontamento de 64 pontos (Figura

4), de forma que foram aplicados 35 questionários, formando assim uma amostra de 56% da

população.

Page 30: Cadeia de Logistica

28

Figura 4 – Localização do geradores identificados para pesquisa de campo Fonte: Google Maps (2009)

O tamanho da amostra foi calculado com 90% de confiança, por meio das seguintes

equações:

Calculo do Tamanho da Amostra (n)

( )( ) 22

2/

22/

)1(..

...

ENZqp

ZqpNn

−+=

α

α

Margem de erro (E)

1

.2/ −

−=N

nN

n

qpZE α

Onde:

n = Número de indivíduos na amostra

N = Número de indivíduos da população

Zα/2 = Valor crítico que corresponde ao grau de confiança desejado.

Page 31: Cadeia de Logistica

29

p = Proporção populacional de indivíduos que pertence a categoria que se deseja

estudar.

q = Proporção populacional de indivíduos que NÃO pertence à categoria que se deseja

estudar (q = 1 – p).

E = margem de erro ou erro máximo de estimativa.

A proporção populacional foi encontrada a partir dos dados coletados, considerando a

variável mais relevante para a pesquisa, que foi a informação sobre o destino do óleo

contaminado, chegando assim a proporção p = 0,57.

3.3 Coleta e Tratamento de Dados

A coleta de dados foi realizada, por meio de um roteiro de entrevista (Apêndice A),

elaborado e aplicado em 35 pontos que prestavam o serviço de troca de óleo, no momento da

pesquisa. De forma que as entrevistas foram realizadas com o proposito de obter subsidios

para a avaliação do fluxo reverso do OLA contaminado, que tem início nos geradores

localizados na cidade de João Pessoa.

As variáveis levantadas na coleta de dados para análise do processo logístico reverso

do óleo lubrificante automotivo pós-consumo na cidade de João Pessoa (PB), foram:

1. Os agentes do ciclo reversos envolvidos na geração, recolhimento, e destinação

final dos resíduos analisados nesse estudo;

2. As condições de manejo do resíduo na sua geração e recolhimento;

3. Os aspectos sócio-ambientais que envolvem a geração dos resíduos

4. O conhecimento dos agentes do ciclo reverso sobre:

a. os riscos que esses resíduos podem causar,

b. a importância desses agentes na cadeia, e

c. A legislação nacional que dispõe sobre o tema.

A coleta de dados se iniciou com uma visita ao órgão ambiental do estado, a

SUDEMA, responsável por licenciar empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos

ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou ainda daquelas que, sob

qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e

regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

Page 32: Cadeia de Logistica

30

Em seguida a coleta de dados foi realizada nos pontos identificados (seção 3.2). O

roteiro de entrevista foi aplicado no periodo entre os meses de março e abril de 2009, junto

aos geradores dos seguintes tipos:

• postos de combustíveis – empresas comercializadoras de combustiveis que

fornecem o serviço de troca de óleo;

• oficinas mecânicas – empresas que oferecem serviços de manutenção veicular;

• concessionárias – empresas comercializadoras de veículos, que prestam serviço

automotivo autorizado.

A análise dos dados foi feita através de uma abordagem quantitativa (tabelas e

gráficos) de modo a englobar os aspectos mensuráveis da amostra pesquisada, e de uma

abordagem qualitativa com base na bibliografia e legislação consultada.

Destarte, foi feita uma comparação da situação real com base nas respostas às

questões, e na observação das áreas de troca de óleo lubrificante automotivo em detrimento as

determinações da legislação vigente e na estrutura logística reversa apresentada na

bibliografia estudada.

Page 33: Cadeia de Logistica

31

4 RESULTADOS

Como resultado da pesquisa exploratória foram evidenciadas informações importantes

sobre o ciclo reverso do OLA, tais como: o perfil dos geradores, a atuação do órgão ambiental

responsável pela fiscalização, os coletores que atuam no município de João Pessoa, a infra-

estrutura das áreas de troca, o tipo de armazenamento do óleo resíduo e o volume de OLA

gerado.

Os dados analisados nesta seção tiveram como base as medidas de controle ambientais

estabelecidas no artigo 12º da NA 120/07 da SUDEMA (Superintendência de Administração

do Meio Ambiente), onde se destacam:

II – Concretar pista da área da troca de óleo e da lavagem de veículos; III – Instalar Caixa Separadora de Água e Óleo – SAO, na área de lavagem de veículos, troca de óleo e ilha de abastecimento; IX – Os resíduos oleosos usados ou contaminados, resultante dos procedimentos operacionais dos postos de revenda, a fase oleosa do separador água/óleo e a drenagem do conteúdo das embalagens, deverão ser armazenados adequadamente enviados para reciclagem em instalações de Rerrefino de óleo, salvo os casos previstos no Art. 10 da Resolução CONAMA N.º 362/2005, bem como apresentar mensalmente Planilha de Movimentação de Óleo.

Com relação a infra-estrutura foram observados elementos como a caixa separadora, e

a canaleta de contenção, que interligadas impedem o escoamento dos resíduos oleosos para as

vias publicas.

A caixa separadora água/óleo (Figura 5) funciona a partir da diferença de densidade

entre os líquidos.

Page 34: Cadeia de Logistica

32

Figura 5 – Projeto de uma caixa separadora água/óleo Fonte: SENAI-PE (2006)

A água utilizada na lavagem de peças e até do próprio automóvel, escoa para caixa

separadora (composta de três tanques) através das canaletas que devem circundar a área de

troca. De forma que o óleo lubrificante automotivo se acumula na parte superior do tanque (1)

e o material mais pesado (areia entre outros) se deposita no fundo. À medida que a água entra,

enchendo este tanque, o OLA da superfície junto com a água, transborda para o tanque (2)

onde o lubrificante fica na superfície e a água na parte debaixo, que é transferida por uma

passagem inferior junto ao fundo e de onde é recolhida para tratamento, reutilizada como água

de lavagem ou descartada para rede de esgotos, dependendo da qualidade da água.

O óleo lubrificante automotivo que fica na superfície deve ser transferido para o

tanque (3) e recolhido para reciclagem.

1 2

3

1 2

2 3

Page 35: Cadeia de Logistica

33

4.1 Perfil dos Geradores

Foram entrevistados três tipos de geradores, sendo eles:

Tabela 2 - Tipo de geradores pesquisados Gerador Percentual na pesquisa

Postos de Gasolina 49%

Oficinas Mecânicas 34%

Concessionárias 17%

Fonte: Pesquisa direta

Quanto ao número de funcionários (diretos e/ou indiretos) que trabalham com a troca

de óleo, as informações coletadas indicaram que em média estão envolvidos com a operação

de troca de óleo: 2 nos postos de gasolina, 7 nas oficinas mecânicas e 10 nas concessionárias

(Tabela 3). Nos postos de gasolina os funcionários acumulam duas atividades, a de frentista, e

a troca de óleo. Já nas oficinas mecânicas e nas concessionárias, os funcionários são

mecânicos que realizam manutenção preventiva ou corretiva veicular de um modo geral.

Tabela 3 - Número médio de funcionários envolvidos

na troca de óleo por gerador

Geradores Nº médio de funcionários

envolvidos na troca de óleo Postos de Gasolina 2 Oficinas Mecânicas 7 Concessionárias 10 Fonte: Pesquisa direta

4.2 Atuação do órgão ambiental

A fiscalização dos pontos pesquisados, que é de responsabilidade do órgão ambiental,

foi outra questão levantada nesta pesquisa. De forma que foi possível observar que apesar de

60% dos entrevistados terem declarado possuir licenciamento ambiental para a atividade,

desse percentual somente 19% se apresentaram adequados à norma que regulamenta a

atividade (NA 120/07).

No momento da pesquisa destacou-se o fato de que 75% das oficinas mecânicas consultadas

não possuíam licenciamento ambiental (Tabela 4).

Page 36: Cadeia de Logistica

34

Tabela 4 - Licenciamento ambiental dos geradores Geradores Licenciados Não Licenciados Postos de Gasolina 71% 29% Oficinas Mecânicas 25% 75% Concessionárias 100% 0

Fonte: Pesquisa direta

Onde só 25% das oficinas não licenciadas declararam terem sido fiscalizadas pelo

órgão ambiental. Já as empresas que possuíam licença no momento da pesquisa, afirmaram

que frequentemente são fiscalizadas pela SUDEMA.

4.3 Coletores que atuam na cidade de João pessoa

Quanto ao destino do óleo lubrificante contaminado coletado na cidade de João

Pessoa, constatou-se durante a pesquisa que 69% dos pontos de troca entregam o óleo resíduo

a coletores oficiais, ou seja, registrados na Agencia Nacional de Petróleo, como disposto na

legislação vigente. Só 11% dos entrevistados declararam que vendiam o óleo resíduo para

coletores que não possuíam registro na ANP. No entanto, a falta de informação de 20% dos

entrevistados, sobre quem coletava o óleo contaminado, pode ser um indício de que o óleo

lubrificante pós-consumo esteja sendo desviado do ciclo oficial.

Nos locais onde a informação obtida foi que o óleo era alienado para empresas

coletoras oficiais, foi possível observar que todas as empresas rerrefinadoras estão muito

distantes geograficamente da cidade de João Pessoa. De forma que a rerrefinadora mais

próxima fica a 930 km (Figura 6)

Page 37: Cadeia de Logistica

35

Figura 6 - Localização geográfica das rerrefinadoras atuantes no ciclo reverso do OLA pós-consumo gerado na cidade de João Pessoa (PB)(PB)(PB) Fonte: Google Maps (2009)

A grande distância (Tabela 5), entre as rerrefinadoras e o ponto de geração do resíduo

em questão, pode gerar problemas, como: alto custo do transporte do resíduo, o risco de

poluição por vazamento durante o transporte, e maior incidência de desvio do ciclo oficial.

Tabela 5 – Distância entre os rerrefinadores e os geradores de João Pessoa Geradores Distância (km) Feira de Santana – BA 929 Piracicaba – SP 2.848 Santo Antônio da Platina – PR 3.026 Fonte: Pesquisa direta

Em tendo sido perguntado sobre o que era feito com o óleo que era coletado nos

pontos de troca, 43% dos entrevistados responderam não saber o destino do óleo coletado em

seus estabelecimentos. Enquanto que 57% destes sabiam que o óleo era rerrefinado e que após

o processo o óleo poderia ser novamente utilizado como óleo novo.

Outro dado importante sobre os coletores, notado durante a pesquisa, foi o tipo de

veículo utilizado na coleta do OLA contaminado, onde todos os entrevistados responderam

que caminhões tanques, como os que são utilizados para o abastecimento de combustíveis, são

utilizados para a coleta do resíduo.

Page 38: Cadeia de Logistica

36

4.4 Infra-estrutura das áreas destinadas à troca de óleo

Os principais pontos das instalações físicas exigidos pela NA – 120/07 emitida pelo

órgão ambiental do estado são: o piso de concreto e a caixa separadora de água e óleo. Outro

ponto importante considerado na pesquisa, que não é exigido em nenhum dos documentos que

estabelecem normas a cerca da destinação dos resíduos oleosos, é a adoção de canaletas de

contenção, que é exigida na NA-120/07 apenas para as ilhas de abastecimento em postos de

gasolina, não sendo exigidas nas áreas de troca de óleo.

A presença de uma infra-estrutura composta por esses elementos podem garantir um

ambiente seguro quanto ao escorrimento de óleo para áreas vizinhas aos pontos de troca.

Durante a pesquisa de campo foi constatado risco de contaminação, já que 83% dos

locais não apresentavam canaleta de contenção na área de troca, em 80% dos casos não havia

caixa separadora de água e óleo e em 44% não havia piso de concreto.

Este fato pode implicar no despejo de resíduos oleosos provenientes da troca de óleo

nas redes de esgoto ou nas vias pluviais, podendo atingir os solos, áreas de praia e os rios da

cidade.

Um indício de contaminação foi verificado, quando no momento da pesquisa, em um

dos locais pesquisados foi possível observar a lavagem da área de troca de óleo em uma

oficina mecânica localizada a menos de 50 metros de distância do principal rio da cidade, o

rio Jaguaribe.

O resíduo oleoso era escoado para uma canaleta que passava pela oficina, que estava

diretamente ligada ao rio. Após a entrevista com as pessoas responsáveis pela troca de óleo da

oficina, os pesquisadores puderam observar no rio uma mancha que poderia ser resultados do

despejo do óleo no rio.

Foi realizada uma investigação em parceria com o Laboratório de Combustíveis e

Materiais – UFPB, onde a então mestranda do Programa de Pós-Graduação em Química da

Universidade Federal da Paraíba, Rosa Virgínia Tavares Grangeiro, realizou uma análise

físico-química da água do rio, para analisar o teor de Óleos e Graxas (OG), em três pontos

próximos de onde foram observados indícios de contaminação da água (Figura 7).

Page 39: Cadeia de Logistica

37

Figura 7 - Pontos de coleta de água para análise físico-química no Rio Jaguaribe Fonte: Google Maps (2009)

Estes pontos foram escolhidos para a coleta de amostras de água, por serem geradores,

sendo uma concessionária de veículos (A), uma oficina mecânica (B) e um posto de gasolina

(C), e estarem localizados a menos de 100 metros do rio. Outra característica desses geradores

que motivou a escolha foi que nenhum deles possuía canaleta de contenção, nem caixa

separadora de água e óleo, além do forte indicio, de contaminação, já relatado.

Para a mestranda e sua orientadora a professora Maria da Conceição Silva durante a

análise das amostras não foi possível obter um resultado confiável do ponto A. Por tanto, os

resultados dos pontos B e C, foram os seguintes:

- Ponto B= 22 mg/L

- Ponto C= 25 mg/L.

Para análise dos resultados foi utilizada a Resolução 357/2005 do CONAMA, que

dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu

enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e

dá outras providências.

Na concepção das pesquisadoras, “como o Rio Jaguaribe nestes pontos de coleta já

recebeu uma grande carga poluidora, é possível comparar seus parâmetros físico-químicos aos

de um efluente poluidor. A Resolução 357/2005 do CONAMA permite um valor de óleos e

A

B

C

Page 40: Cadeia de Logistica

38

graxas minerais até 20 mg/L, vegetais e gorduras animais até 50 mg/L. Logo, o teor

encontrado não está muito distante do valor de um efluente”.

Os valores encontrados estão acima dos valores estabelecidos pela norma, o que revela

o indicio de poluição nas águas do rio em questão. Com isto, é interessante que seja realizada

novas investigações para verificar a gravidade da contaminação do rio, e suas origens.

4.5 Tipo de Armazenamento

Os tipos de armazenamento do óleo usado identificados na pesquisa foram: tanques

subterrâneos em 43% dos casos, tambores metálicos verificado em 51% dos casos e

contêineres plásticos em 4% dos casos.

Os tanques subterrâneos são reservatórios para óleo usado com parede interna em

chapas de aço carbono estrutural ASTM A36 e parede externa em fibra-de-vidro, com

capacidade de até 5000 litros (Figura 8).

Figura 8 - Reservatório subterrâneo para óleo usado Fonte: Sideraço (2008)

O armazenamento em taques subterrâneos é considerado o mais adequado, pois a

retirada do óleo só pode ser realizada por meio de bomba de sucção, dificultando a retirada de

pequenas quantidades para doação.

Os geradores que armazenam o óleo residual em tanques, do tipo tambor ou tanque de

coleta, declaram já ter doado ou vendido, óleo contaminado em pequenas quantidades, para

lubrificação de bicicletas, para aplicação em madeira e fossas sépticas. De forma que o tipo de

armazenamento potencializa o risco de contaminação devido o desvio do ciclo oficial.

Os tanques de coleta, ou coletor de óleo, são construído em aço carbono, com

capacidade de até 80 litros, e são utilizados durante o processo de troca de óleo, para o

escorrimento do óleo (Figura 9). Já o tambor é feito de ferro com tampa removível e tem

capacidade de 200 litros (Figura 10).

Page 41: Cadeia de Logistica

39

Figura 9 - Coletor de óleo lubrificante automotivo Figura 10 - Tambor de ferro Fonte: Jactóil (2008) Fonte: Norte Recicla (2008)

O armazenamento em tambores metálicos, verificado em 51% dos casos, depende da

transferência do óleo contaminado do coletor para o tambor, onde são utilizados em muitas

das vezes, recipientes improvisados, facilitando assim, a ocorrência de derramamento de óleo.

Este fato específico foi observado in loco, ao se presenciar o derramamento de parte do óleo

contaminado no chão, que durante a realização da limpeza, escoa para a rede pluvial ou para o

solo.

4.6 Volume de OLA contaminado gerado na cidade

Para obter a informação acerca do volume de óleo lubrificante automotivo

contaminado gerado na cidade de João Pessoa (PB), foi feita uma estimativa utilizando

números relativos à frota de automóveis e o volume de OLA comercializado, e dados sobre o

volume de OLA contaminado gerado na cidade, coletados durante a pesquisa de campo.

A frota de automóveis que circula na cidade de João Pessoa, segundo estatísticas do

DENATRAN (2009), vem crescendo nos últimos anos (Tabela 6). Esse crescimento demanda

um maior numero de manutenções, o que faz com que o volume de óleo gerado aumente.

Tabela 6 – Frota de Automóveis Frota 2006 2007 2008 Brasileira 45.372.640 49.644.025 54.506.661 Automóveis no Brasil 27.868.564 29.851.610 32.054.684 (%) Automóveis 61,42% 60,13% 58,81% Automóveis em João Pessoa 100.829 109.320 118.120 (%) Automóveis em João Pessoa 0,36% 0,37% 0,37% Fonte: DENATRAN (2009)

Para cada troca de óleo, realizada durante a manutenção preventiva dos automóveis,

são necessários em média 3,5 litros de OLA. Essa troca deve ser feita no mínimo duas vezes

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40

por ano, segundo recomendação dos manuais de diferentes montadoras (Fiat, Wolksvagem,

Chevrolet). Considerando essas informações e a frota de automóveis de João Pessoa (PB), foi

calculada uma estimativa do volume de OLA comercializado na cidade (Tabela 7).

Tabela 7 – Estimativa do Volume de OLA comercializado em João Pessoa

2006 2007 2008 Volume (l) 705.803 765.240 826.840

Essa estimativa é ainda conservadora, ou sub-dimensionada, já que os automóveis de alta

utilização, como táxis e outros veículos comerciais, realizam mais que duas trocas anuais. Além

desse aspecto, também não foi considerada a necessidade de se “completar” o óleo do cárter

bastante comum, principalmente nos carros mais velhos.

Até 2007 a Portaria 127/99 da ANP determinava que 30,0% do volume de óleo

comercializado deveriam ser coletados e destinados ao rerrefino, em 2007 a Portaria

Interministerial 464/2007 determinou que em 2008 o percentual mínimo de coleta deveria ser de

19% do volume comercializado na região. Partindo dessas informações foi possível calcular o

percentual mínimo de coleta previsto pela legislação.

Tabela 8 – Volume mínimo de OLA para coleta em João Pessoa 2006 2007 2008 Volume para coleta (l) 211.741 229.572 157.100

Sobre o volume de óleo comercializado nos locais pesquisados, as informações não

são precisas, por que a maioria dos entrevistados declarava um número aproximado ou médio

do volume, com base no que eles achavam que vendiam diariamente ou mensalmente.

Ao serem perguntados sobre os volumes de OLA comercializados, não eram

consultados ou mostrados qualquer tipo de registro. O que pode significar que os dados

obtidos, principalmente nas oficinas mecânicas e nos postos de gasolina não são confiáveis. O

mesmo ocorreu para o volume de resíduo gerado (Tabela 8).

Tabela 9 - Volume médio de óleo comercializado nos estabelecimentos pesquisados

Geradores Média de óleo comercializado (litros/mês)

Oficinas Mecânicas 233 Postos de Combustíveis 316 Concessionárias 2100

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41

Tomando os valores médios de lubrificante comercializado e multiplicando pelo

número de pontos considerados nessa pesquisa como geradores potencialmente

contaminadores na cidade, ou seja, os 64 pontos levantados, onde foram identificados 11

concessionárias, 22 oficinas e 31 postos de combustíveis, foi possível fazer uma estimativa

sobre o volume mínimo de óleo contaminado disponível para coleta, os 19% que atende a

legislação vigente (Tabela 9).

Tabela 10 - Volume mínimo disponível para coleta em 2008

Geradores Quantidade de

Pontos

Volume Médio Comercializado

(l/ano)

Volume Mínimo p/ Coleta (l/ano)

Concessionárias 11 25200 52.668 Oficinas Mecânicas 22 2796 11.687 Postos de combustíveis 31 3792 22.335

Dessa forma, estimasse que em 2008 o volume mínimo de óleo lubrificante

contaminado disponível para coleta foi de 86.690 litros.

Page 44: Cadeia de Logistica

42

5 CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo avaliar as condições de gerenciamento do óleo

lubrificante automotivo (OLA) contaminado ou usado gerado na cidade de João Pessoa.

Durante o estudo bibliográfico ficou evidente que a logística reversa pode ser aplicada

no gerenciamento de resíduos tóxicos, dando a estes, destinação adequada.

Os resíduos pós-consumidos, que podem ser reaproveitados legalmente, são

movimentados num ciclo reverso produtivo gerando lucro e reduzindo a utilização de matéria-

prima. Além disso, a logística reversa pode consolidar uma imagem positiva e

ambientalmente responsável de gestores e entidades perante o mercado consumidor.

No entanto, a teoria aponta que a minimização dos riscos relacionados ao óleo

lubrificante automotivo requer o comprometimento de todos os elos da cadeia produtiva, ou

seja: o fabricante do produto, o gerador do resíduo, os coletores, e os recicladores. De forma

que sejam adotados técnicas e procedimentos que contribuam com o sucesso do ciclo reverso.

Apontando tal objetivo, identifica-se no país a existência de leis que dispõem sobre o

destino ambientalmente adequado para o OLA contaminado ou usado. Onde são definidas

regras para evitar a contaminação ambiental, ou até mesmo de pessoas e animais.

Neste sentido é que o órgão ambiental do estado da Paraíba emitiu a Norma

Administrativa 120/2007 que estabelece critérios e procedimentos que regem o processo de

licenciamento ambiental de atividades de armazenamento e comércio varejista de

combustíveis líquido derivados de petróleo, álcool carburante, gás natural veicular e óleo

lubrificante. De forma que esta norma foi à principal fonte de parâmetros para avaliação das

condições com que os geradores localizados na cidade de João Pessoa (PB) estão gerenciando

o resíduo em questão.

De acordo com a análise apresentada nesse estudo, onde foram observados aspectos

relacionados à característica tóxica do óleo contaminado, foi possível concluir que o

gerenciamento deste resíduo não está sendo adequado, pois foram evidenciados vários

aspectos que não condizem com o disposto na legislação.

Apesar do Estado, possuir uma legislação própria e especifica que determina critério

para o licenciamento da atividade de troca de óleo, foram constatados indícios de risco de

contaminação, como: a falta de infra-estrutura adequada, relatos de coleta de óleo por pessoal

Page 45: Cadeia de Logistica

43

não autorizado pela ANP e armazenamento propício ao desvio do ciclo oficial e ao risco de

derramamento de óleo.

Outro fato importante para o ciclo reverso do OLA, contaminado ou usado, é que as

empresas rerrefinadoras estão muito distantes de João Pessoa. No nordeste só existe uma

empresa que faz o rerrefino do óleo contaminado, estando a uma distância de 929 km de João

Pessoa. Isto dificulta a coleta do resíduo gerado na cidade, sendo este processo oneroso, e

passível de causar contaminações maiores, por acidente, desvio, pequenos vazamentos entre

outros.

Desta forma, este trabalho sugere o desenvolvimento de intervenções dos órgãos

ambientais para que sejam desenvolvidos e realmente exigidos meios para que o

gerenciamento seja mais eficiente, evitando assim a contaminação ambiental.

Page 46: Cadeia de Logistica

44

REFERÊNCIAS

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Page 47: Cadeia de Logistica

45

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Page 50: Cadeia de Logistica

48

APÊNDICE - Questionário Aplicado aos Pontos de Comercialização e Troca de Óleo

Identificação da Empresa:

Nome do respondente__________________________________

Cargo/ função ___________________

Tempo na função_________________

1. Telefone _________________________________________

e-mail: ______________________________________________

2. Nome da Empresa

____________________________________________________

3. Localização _______________________________________

4. Quantos empregados (diretos, indiretos) trabalham na troca de óleo?_____________

Quantidades comercializadas:

5. Qual o volume (L) de óleo comercializado, mensalmente?

____________________________________________________

6. Do volume total de vendas, qual o volume de óleo (ou percentual) é vendido de forma avulsa?

____________________________________________________

Pontos de troca

7. Qual o volume (L) de óleo residual gerado, mensalmente? (pegar o que existir de informação)

____________________________________________________

8. Como o óleo é armazenado, e sua capacidade?

Tanque subterrâneo / Cap. ( L)

Tanque / Cap. ( L)

Tanque de escoamento / Cap. ( L)

Outro. Como?______________________________________

9. Quando o tanque foi instalado?

menos de 2 anos entre 2 e 5 anos mais de 5 anos

10. Já foi detectado algum tipo de vazamento nos tanques?

sim não

11. Quem coleta o óleo resíduo?

Brasquimica Lubrubrificantes Ltda Lubrasil Lubrificantes

Lwart Lubrificantes Ltda] Braslub Industria Química e Petroquímica Ltda

Outra. Qual? ________________________________________

12. Que tipo de veículo é utilizado para coleta do óleo?

Caminhão com tambores

Caminhão tanque

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13. Qual o volume coletado?____________________________

Há registro?

Coletor 1 (L) Coletor 2 (L) Coletor 3 (L) Coletor 4 (L)

14. Qual o destino do óleo resíduo?

rerefino incineração não sabe

15. Com que freqüência o óleo é coletado?

quinzenalmente mensalmente bimestralmente trimestralmente Outra. Qual? _______________________________

16. A empresa já foi fiscalizada por algum órgão ambiental

Sim Não

Sudema /Val. até

ANP /Val. até

Embalagens:

17. Após a troca do óleo, a embalagem passa pelo processo de escorrimento do óleo?

Sim, em equipamento próprio para o escorrimento.

Sim, na aparadora do óleo queimado.

Não

18. O que é feito com o óleo escorrido?

Mistura com óleo queimado

Usa para lavagem de peças

Outro. O que?________________________________________

19. Piso da área de troca é de concreto?

Sim Não

20. Existe canaleta de contenção da área de troca de óleo?

Sim Não

21. O estabelecimento possui caixa separadora de água e óleo na área de troca de óleo?

Sim Não

22. Qual a freqüência de limpeza da caixa separadora? E qual o destino da borra de óleo retirada da caixa?

______________________________________________________

23. Após a troca do óleo, o que se faz com as embalagens vazias?

Coleta por empresa especializada Coleta por catadores de recicláveis

Depositado no lixo para coleta da EMLUR Outros.

O que?________________________________________

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50

24. Qual a freqüência do recolhimento?

Diariamente Semanalmente Outro

qual?___________________________________________

25. Qual o destino das embalagens?

reciclagem

incineração

reutilização. Qual?__________________________________

26. Qual o resíduo gerado na troca de óleo?

trapo

papelão

outros. Quais?_____________________________________

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ANEXO - Legislação pertinente ao tema

Número Classificação Descrição

CF/88 Constituição Federal do Brasil

Todos têm direito ao meio ambiente saudável. (Art. 23 VI e VII e Art. 225)

CC/02 Código Civil Brasileiro Aborda a responsabilidade ambiental mencionando que todos respondem solidariamente pela reparação do dano causado ao direito de outrem. (Art. 1518) (Título 9, Cap. I, Art. 927, 942)

6.938/81 Lei Federal – PNMA Dispões sobre a Política Nacional Do Meio Ambiente, obrigando o licenciamento ambiental para construção, instalação, ampliação e funcionamento de atividades que possam causar qualquer dano ambiental.

9.605/98 Lei Federal – Lei dos Crimes Ambientais

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. (Art. 2° e Art. 54)

7.347/85 Lei Federal – Ação Civil Pública

Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico

3.179/99 Decreto Federal – Sanções

Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. (Art. 1°)

5.523/05 Decreto Federal – Sanções

Acrescenta e altera o Decreto 5523/05 relativo ás sanções.

464/07 Portaria Interministerial do MMA

Classifica os produtores e importadores como responsáveis pela coleta e destinação do óleo lubrificante usado e determina os percentuais mínimos de coleta destes óleos por região.

10.004/04 Norma Brasileira (NBR) Dispõe sobre a nova classificação dos resíduos sólidos

362/05 Resolução CONAMA Dispõe sobre o rerrefino de óleo lubrificante usado.

009/93 Resolução CONAMA "Estabelece definições e torna obrigatório o recolhimento e destinação adequada de todo o óleo lubrificante usado ou contaminado" - Data da legislação: 31/08/1993 - Publicação DOU: 01/10/1993

237/00 Resolução CONAMA "Dispõe sobre prevenção e controle da poluição em postos de combustíveis e serviços" - Data da legislação: 29/11/2000 - Publicação DOU: 08/01/2001

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PROJETOS DE LEI

203/91 Projeto de Lei – José Índio / Emerson Kapaz

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) Possui até 2004 97 Projetos de Lei apensados aguardando parecer final.

http://www.fiesp.com.br/download/VI_Semana_M_Ambiente_FiespCiesp/angelo_albiero_exp_fiesp_ci

esp.PDF

3.750/97 exemplo

Projeto de Lei – Gabeira Estabelece normas para disposição final de embalagens plásticas

269/99 exemplo

Projeto de Lei – Carlos Bezerra

Estabelece normas para disposição final de embalagens plásticas

1075/2003 Projeto de Lei –

Luiz Paulo

Dispõe sobre a comercialização e descarte de óleos lubrificantes

LEGISLAÇÃO ESTADUAL

NA – 120/o7 Norma Administrativa – SUDEMA/PB

Estabelece critérios e procedimentos para subsidiar a análise do processo de licenciamento ambiental de atividades de armazenamento e comércio varejista

de combustíveis líquido derivados de petróleo, álcool carburante, gás natural veicular e óleo

lubrificante.

9.921/93 Lei Estadual - RS regulamentada pelo Decreto 38.356/98

Dispõe sobre a gestão de resíduos sólidos no estado do Rio Grande do Sul.

12.008/01 Lei Estadual - PE regulamentada pelo Decreto23941/02

Dispõe sobre a gestão de resíduos sólidos no estado de Pernambuco

12.114/01 Lei Estadual – PE Dispões sobre a reciclagem e descarte de embalagens plásticas no estado de Pernambuco

12.300/06 Lei Estadual – SP Institui a política estadual de resíduos sólidos no estado de São Paulo.

4.191/03 Lei Estadual – RJ Dispõe sobre a política estadual de resíduos sólidos no estado do Rio de Janeiro.

12.493/99 Projeto de Lei Estadual – PR

Dispõe sobre a política estadual de resíduos sólidos no estado do Paraná.

13.557/05 Lei Estadual – SC Dispõe sobre a política estadual de resíduos sólidos no estado de Santa Catarina.

13.103/01 Lei Estadual – CE Dispõe sobre a política estadual de resíduos sólidos no estado do Ceará.

Ministério dos transportes

204/97 Portaria Ministério dos Transportes

Classificação de produtos perigosos

ANP

130/99 Portaria ANP Especificação os óleos básicos rerrefinados.

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53

204/1997 Portaria ANP Aprova as Instruções Complementares aos Regulamentos dos Transportes Rodoviários e Ferroviários de Produtos (as Instruções foram publicadas, na sua íntegra, no Suplemento ao Diário Oficial da União de nº 98, de 26/05/97). DOU 26/05/97. *complementada e retificada pelas Portarias nºs 409/97, 101/98 e 402/98 (Substituído pela Resolução ANTT nº 420 de 12/02/2004).

125/99 Portaria ANP Regulamenta a atividade de recolhimento, coleta e destinação final do óleo lubrificante usado ou contaminado.

126/99 Portaria ANP Regulamenta a atividade de produção e importação de óleo lubrificante acabado.

127/99 Portaria ANP Regulamenta a atividade de coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado.

128/99 Portaria ANP Regulamenta a atividade industrial de rerrefino de óleo lubrificante usado ou contaminado.

129/99 Portaria ANP Especifica os óleos lubrificantes básicos de origem nacional ou importado para comercialização em território nacional.

130/99 Portaria ANP Especifica os óleos lubrificantes básicos rerrefinados.

131/99 Portaria ANP Estabelece a obrigatoriedade do registro prévio do produto na ANP para comercialização de óleos lubrificantes, graxas lubrificantes e aditivos em frasco para óleos lubrificantes de aplicação automotiva, fabricados no país ou importados, a granel ou embalados, de origem mineral, vegetal ou sintética.

Legenda:

Legislação Ambiental

Legislação sobre Embalagens

Legislação sobre Óleo Lubrificante

Legislação sobre Resíduo Sólido