12
8/3/2019 Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011 http://slidepdf.com/reader/full/caderno-2-jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 1/12 DO!S Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social do Uni-BH Ano 29 • número 186 • Outubro de 2011 • Belo Horizonte/MG Festivais de cenas curtas mostram que é possível alar muito em poucas palavras PÁGINAS 2 e 3 Vat vt!    d    i    v    u    l    g    a    ç     ã    o     /    g    u    t    o    m    u    n    i    z

Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

  • Upload
    lorena

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

8/3/2019 Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

http://slidepdf.com/reader/full/caderno-2-jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 1/12

DO!SJornal Laboratório do Curso de Comunicação Social do Uni-BH

Ano 29 • número 186 • Outubro de 2011 • Belo Horizonte/MG

Festivais de cenas curtas mostram que é possível alar muito em poucas palavras

PÁGINAS 2 e 3

Vat vt!

   d   i   v   u   l   g   a   ç    ã   o    /   g   u   t   o   m   u   n   i   z

Page 2: Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

8/3/2019 Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

http://slidepdf.com/reader/full/caderno-2-jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 2/12

g ae7º período

E: de C

Foram 103 projetos ins-critos, 62 de Minas Gerais e41 de outros estados. De São

Paulo vieram dez, do Rio de  Janeiro, oito e só em BeloHorizonte foram 50. Essessão alguns dos números do12º Festival de Cenas Curtasdo Galpão Cine Horto, que,em 2011, selecionou 16 cenas.  A quantidade de inscriçõespode até impressionar, masnão está distante de outrosfestivais que, a cada ano, apre-sentam cenas teatrais de 10 a15 minutos de duração.

No Brasil, é possível en-contrar pelo menos seis festi- vais que seguem esse formato.

O festival de Paranapiacaba,no estado de São Paulo, chegaa sua 11ª edição, em 2011. OFestival Dulcina de CenasCurtas, em Brasília, e o Fes-tival Cenas Breves de Teatro,de Manaus, surgiram há me-nos de cinco anos. Esse tipode evento tem influenciadoo próprio processo de criaçãodos grupos de teatro, instigan-do os artistas a experimentarnovas linguagens cênicas e no-

 vas soluções de dramaturgia.  As propostas procuram

misturar cenas de palco erua nas apresentações. Sejamcomédias com dramas, per-formances, ou mesmo dançae bonecos. “O que temos

  visto ao longo desses anossão muitos acertos. A efer-  vescência criativa que temospresenciado, desde a primeiraedição, realimenta nossasenergias e nos faz acreditarque caminhamos na direçãocorreta”, conta LeonardoLessa, Coordenador Geral doGalpão Cine Horto.

Debate e reexãoO festival também integra

um ciclo de debates e encon-tros sobre as cenas apresenta-das no evento, chamado de

“O Dia Seguinte”, realizadodesde a nona edição, em2008. O objetivo é aproveitara diversidade dos grupos parapromover a troca de informa-ções, experiências e repertóri-os.

Durante os quatro diasseguintes às apresentações, noturno da tarde, os grupos e ar-tistas de cada sessão se reúnemcom um mediador para umbate-papo sobre seus proces-

sos de criação e suas cenasdentro dos espetáculos. “Esseencontro de diferentes cultu-ras abre novas possibilidadesde diálogo e confere aindamais vigor ao Festival”, res-salta o coordenador. É nesse

momento que os grupos têma oportunidade de discutirlinguagens teatrais, conhecero movimento cultural de ou-

tros lugares e trocar experiên-cias com pessoas de tradiçõese escolas de teatro de dife-rentes metodologias.

Mas ao contrário dasapresentações, que chegam alotar os 200 lugares do teatro

 Wanda Fernandes, no GalpãoCine Horto, os encontros nãoaguçam a curiosidade e o in-teresse de muitos. Tiago Pena,coordenador de comunicaçãodo espaço, explica que esseformato, apesar da gratuidade,é pouco atrativo ao grande

público, que normalmentetem pequena disponibilidadeno horário e raramente se in-teressa pelo simples debate.“Isto se deve ao conteúdoda discussão, que se limita aum panorama superficial dostrabalhos, sem criar uma in-terlocução objetiva entre ascenas e referências externas.  Além disso, ca-racterísticasestruturais, como a curta du-ração, que é de cerca de duashoras, e o horário, das 15h às17h, são barreiras para a par-ticipação”.

 Apesar do problema, a in-tenção da produção é semprerepensar e avaliar o formatode todo o festival. Para isso, al-gumas medidas foram criadasa fim de enriquecer “O DiaSeguinte”, como o convite apesquisadores e jornalistasimportantes para a mediaçãodos encontros, além da inser-ção de temas e provocaçõesaos artistas e ao público.

Tat Impressão2 Belo HorIzonTe, ouTuBro de 2011

15 minutos...

e nada maisFe e ce c e fe e e á ce be

C hó eee e ceee, qe e e 15 : ee é o sao roosto los fstivais

Fotos: divulgação/guto muniz

“a efeecêcc qe eeecee ee e f ceqe e e ce”

le le

C Fe e Ce C ce e J e F

rEprodução

Page 3: Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

8/3/2019 Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

http://slidepdf.com/reader/full/caderno-2-jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 3/12

  A marca mais óbvia deuma cena curta é o tempo:aproximadamente 15 minu-tos. E é assim que os atoresdescobrem a dificuldade emse definir o material pronto

em relação ao processo decriação e montagem. O atorda Cia do Chá, Jésus Lataliza,conta que durante a criaçãoda cena o grupo precisou or-ganizar as ideias e as vontadesde cada um dentro do tempodeterminado. “O desafio foigrande, pois não queríamosesticar a cena, aumentando otempo de duração, queríamoscontinuar a pesquisa do quejá estava sendo desenvolvido”,acrescenta Jésus.

Uma segunda caracterís-tica é direcionar a pesquisa

e selecionar a abordagem dainvestigação teatral que sepretende levar para a cena. Osfestivais buscam trabalhos quearriscam novas ideias, o quedeve ser feito de forma precisae pontual. Já o público querparticipar ativamente e entrarno jogo proposto pelo grupodurante os poucos minutosde apresentação. Na maiorparte dos festivais, os especta-dores votam e determinam as

cenas vencedoras de algunsdos prêmios.

Para enviar o projeto deuma cena curta, o ator ouprodutor deve pensar detal-hadamente na proposta. Os

festivais procuram cenas quearrisquem em textos de auto-ria própria, de caráter experi-mental. Dramaturgias prontastambém não são descartadas,dependendo da proposta demontagem.

Muitos grupos apostamem crônicas ou contos para acriação de cenas. Mas a maior-ia acaba surgindo por meio dacriação coletiva, em que todaa equipe constroi o trabalho.“A gente começa a desenvolv-er de forma um pouco maisorganizada, na medida em

que os festivais vão ganhandoprojeção”, conta LeonardoLessa. Isso não significa queuma cena curta, necessari-amente, se transforme em es-petáculo. Ele acredita ser umaoportunidade para quem temboas ideias e pode apresentá-las ao público.“Esse contato vai dizer muito do futuro dotrabalho e dos desdobramen-tos que a pesquisa pode ter”conclui Leonardo.

TatImpressão   3Belo HorIzonTe, ouTuBro de 2011

Teatro feito na conta do chá

Síntese e invenção

Ce e e : “E hó”

Fe g Ce H, e Be He, é e

  A possibilidade de co-nhecer novas cidades, novosartistas e teatros são algunsdos desejos de atores e dire-tores ao se inscreverem paraos festivais em todo país.  Além disso, existe sempre a

curiosidade de se apresentarpara um público diferente doque se está acostumado emsua cidade ou região. O riso eo silêncio em momentos nun-ca pensados durante a cenadão, ao artista, a necessidadede reorganizar o trabalho du-rante a própria apresentaçãodas peças. Estes instantesacabam por proporcionar aogrupo o amadurecimento nacriação dos roteiros.

  Jésus Lataliza, ator da Ciado Chá, conta que os festi-  vais de cenas curtas são im-portantes tanto na formaçãodo público, quanto na dosartistas. “O festival cria parao espectador e para o artista

uma possibilidade nova de as-sistir teatro. Novos dramatur-gos, diretores, encenadores,atores, iluminadores, muitagente pensando teatro, issoé o mais legal. É o teatro semovimentando”. Ele conta,também, que a participaçãono Festival de Cenas Curtasdo Galpão Cine Horto deuao grupo maior visibilidade,por o local ser um espaço degrande renome no país e casa

de diferentes projetos. “É umlugar que respeita o artista”,avalia Lataliza.

Formada em 2007, a Cia.do Chá conquistou o prêmioCena Espetáculo com o tra-balho “A mudança”, na 10ª

edição do Festival de CenasCurtas Galpão Cine Horto,em 2009. Com “Ensaio paraoutra história”, o grupo foi o vencedor da categoria Criaçãoem Dramaturgia, no Festivalde Breves Cenas de Manaus,em 2011. A Companhia tam-bém participou do 3º FestivalDulcina de Cenas Curtas,em 2010, em Brasília e da 5ªMostra de Cenas Breves deCuritiba, em 2009.

• Festival Dulcina de Cenas Curtas

Edição: 4ª

Onde: Brasília - DF

Informações: www.dulcina.art.br/cenascurtas

• Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto

Edição: 12ªOnde: Belo Horizonte - MGInformações: www.galpaocinehorto.com.br

• Festival de Cenas Curtas de Teresina

Edição: 1ªOnde: Teresina – PI

Informações: ongpontodeequilibrio.blogspot.com

• Festival Breves Cenas de Teatro

Edição: 3ªOnde: Manaus - AMInformações: www.brevescenas.com.br

. Mostra Cena Breve Curitiba

Edição: 7ª

Onde: Curitiba - PR

Informações: www.ciasenhas.art.br

• Festival de Cenas Curtas de Juiz de Fora

Edição: 3ªOnde: Juiz de Fora – MG

Informações: http://www.pjf.mg.gov.br/funalfa

Alguns festivais pelo Brasildivulgação

Page 4: Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

8/3/2019 Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

http://slidepdf.com/reader/full/caderno-2-jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 4/12

Jh mxe8º pEríodoE: r Eech

O Centro Cultural GalpãoCine Horto foi criado peloGrupo Galpão, tradicionalcompanhia de teatro, comquase 30 anos de existência.

Instalado em um importantecinema de Belo Horizonte dadécada de 1950 que estavaabandonado, o local é hojereferência de fomento, de pes-quisa e de compartilhamentodas artes cênicas.

 A criação do Galpão CineHorto se deu como umaconsequência do trabalhodo Grupo Galpão, que que-ria expandir suas atividades.Para o coordenador geral,Leonardo Lessa, o institutocultural “surgiu para ocuparum espaço de diálogo entre o

Grupo Galpão e a sociedade,atingindo de forma mais am-pla a comunidade artística lo-cal e nacional e até o cidadãocomum”.

Desde 1998, ano de suafundação, mais de 1,4 mileventos foram realizados peloGalpão Cine Horto em todoo território nacional Aproxi-madamente, 2 mil alunos par-ticiparam dos cursos livres deteatro, oficinas e núcleos depesquisa. Só o projeto Cone-  xão Galpão, por exemplo,de caráter sócio-educativo e

  voltado para estudantes doensino funda-

mental, atinge cerca de 10 milcrianças por ano.

 Valor reconhecido A jornalista cultural, apre-

sentadora do programa Cul-tura Geral, na rádio GuaraniFM, e do Agenda Cultural, naTV Alterosa, Carolina Braga,

reitera o papel fundamentaldo Galpão Cine Horto nocenário cultural de Minas edo Brasil. Para ela, o centrocultural é responsável pela“renovação de uma geraçãode artistas que nasceram ecresceram em BH”.

Um desses artistas é o atore promotor cultural Paulo  Azevedo, fundador e ex-in-tegrante do Grupo Espanca.Em 2002, o belo-horizontinofoi aluno do projeto Oficinão,destinado ao aprimoramentoe reciclagem de atores com ex-

periência. “Muito do que en-tendo da minha vocação foipossível graças à possibilidadede estar nesse lugar, onde háa experimentação e o risco”,destaca.

Paulo e o Espanca ence-naram “Por Elise” no Festivalde Cenas Curtas do GalpãoCine Horto, em 2004, proje-to voltado para artistas profis-sionais e amadores, em quepropostas artísticas são trans-formadas em cenas de até 15minutos. Seis meses depois, acena curta se transformou em

espetáculo com estreia no Fes-tival de Teatro de Curitiba.Em 2005, o espetáculo

recebeu o prêmio Shell deTeatro, um dos mais impor-tantes do segmento.

Carolina Braga foi alunada primeira turma do CursoLivre de Teatro, em 1998,ministrado pela atriz e dire-tora Rita Clemente. De lápara cá, a jornalista tem acom-

panhado bem de perto o tra-balho do centro cultural. “Euestive perto o tempo inteiro:primeiro como aluna e depoiscomo repórter”, conta.

  A apresentadora, que di- vide o teatro recente mineiroem antes e depois da criaçãodo Galpão Cine Horto, consi-dera o “instituto extrema-mente importante na forma-ção de uma classe artística”.E para a formação dessaclasse, os cursos, as oficinase os núcleos de pesquisa sãofundamentais.

Formação continuadaUm dos 18 projetos desen-

  volvidos pelo Galpão Cine

Horto é o Cine Horto Pé naRua, uma espécie de continu-ação do Oficinão, para atoresque querem complementara formação. Aliás, esta for-mação é vista pelo centrocultural como contínua. Leo-nardo Lessa garante que “[noGalpão Cine Horto] o ator

não só executa, mas pensa,projeta e investe na sua forma-ção de forma continuada”.

 A atriz Fabiana Brasil con-corda com o coordenador. Ela vê no instituto cultural um es-paço que disponibiliza todasas ferramentas para o sucessodo profissional em teatro.“Nós oferecemos nosso tra-balho como atores e eles nosdão os subsídios necessários:de local de ensaio, de agen-damento e de produção dosespetáculos”, comenta.

E a intenção é mesmo

essa, investir na formação doartista e de um pensamentoartístico. A diretora de teatro Juliana Pautilla acredita que oGalpão Cine Horto é “muitoativo com seus projetos, for-mando pessoas, artistas e in-citando a discussão da arte”.

Outro projeto de destaqueé o Sabadão, que transformaesse dia da semana em en-contros com artistas da cenateatral brasileira. Também  voltado para a continuaçãoda formação dos estudantes eprofissionais do teatro, nestes

encontros, o fazer teatral é dis-cutido e os participantes têma oportunidade de

compartilhar das experiênciasdos artistas já consagrados.

De forma geral, os projetosforam criados a partir da de-manda dos artistas do teatro.Mais que isso: são os própriosartistas quem executam osprojetos, tornando-se parte dagestão do centro cultural.

 Acervo pioneiroO Grupo Galpão fundou,

em 2005, o Centro de Pes-quisa e Memória do Teatro(CPMT), para responder à de-manda de pesquisadores quequeiram estudar os projetosdo centro cultural.

O CPMT tem um acervobibliográfico, audiovisual eiconográfico especializadoem teatro, com mais de 4 miltítulos, entre livros e DVD’s.  A iniciativa é pioneira noBrasil. O Centro de Pesquisa

e Memória do Teatro possuio selo Edições CPMT, criadoem 2008, que publica a Re- vista Subtexto de Teatro e dosCadernos de Dramaturgia doGalpão Cine Horto. O espa-ço também é responsável peloPortal Primeiro Sinal (www.primeirosinal.com.br), cominformações sobre o local.

  Acompanhe a programa-ção do Galpão Cine Horto: www.galpaocinehorto.com.br, (31) 3481-5580 ou direta-mente no local, na rua Pitan-gui, 3643, bairro Horto, zona

Leste da capital.

Galpão Cine Horto une

pessoas pelo teatro

Espaços culturaisImpressão4 Belo HorIzonTe, ouTuBro de 2011

Ce C e ec f e e ec eõe e e

Comunia é bnciaa com txtos cênicos qu lvam à rxão o cotiiano. Cursos livrs tatro, ocinas núclos squisa atingm 2 mil alunos

“o éexeeee fe cec”

C Bdivulgação/guto muniz

Page 5: Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

8/3/2019 Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

http://slidepdf.com/reader/full/caderno-2-jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 5/12

rfe a4º pEríodoE: d s

  A história do esporte noBrasil é contada pelo Museudo Futebol, localizado no Es-tádio do Pacaembu, em SãoPaulo, de maneira completa.São três ambientes de con-hecimento e interação.

No primeiro, existemflâmulas, figurinhas, botõese escudos de times. No segun-do, estão os áudios e vídeosde gols históricos, inclusivecom depoimentos da crônicaesportiva brasileira. Alémdisso, há fotos e quadros in-formativos com os principaismomentos do futebol. Porfim, no terceiro ambiente, es-tão as regras e expressões douniverso da modalidade apre-sentadas em quadros colori-dos. O visitante pode, ainda,conhecer diferentes versõesde mesas de pebolim e esque-mas táticos e salas com vídeosde dribles, grandes defesas egols.

Quem for ao Museu doFutebol tem a oportunidadede ouvir as narrações de golsdecisivos na voz de grandeslocutores, como os da final daCopa de 1950, entoados por  Jorge Cury, ou, ainda, o gol

de Jairzinho, no jogo entreBrasil e Inglaterra, válido pelaCopa de 1970, narrado porFiori Giglotti.

“É uma linha do tempoda transmissão esportiva norádio brasileiro. Aqui, temosa oportunidade de conhecer

locutores que fizeram sucessodesde as épocas em que o fu-tebol ainda estava em cresci-mento, até a atualidade, como esporte sendo esse fenôme-no cultural no país. Percebe-mos a diferença das locuçõesdos anos 40 para hoje. A cadaperíodo, um novo estilo foiadotado”, diz o estudante deDireito, Antônio LeandroGonçalves, de 20 anos.

Sob as arquibancadas doPacaembu, no Museu do Fute-bol, a sala que reproduz sonsde torcedores arrepia muita

gente. A sensação de estar nomeio delas é tão grande, quea pessoa pode sentir nos pés a vibração do estádio. À frentedo público, existem telõesque mostram o movimentoe o contraste de torcedor, es-tádio e jogadores. Cada hora,um canto de uma torcidadiferente é tocado.

Espaços culturaisImpressão   5Belo HorIzonTe, ouTuBro de 2011

Futeb l:  a grande

identidade nacional me Feb e e c fe c be

O acrvo arsnta milhars fotos um contúo intrativo, qu aroxima o visitant

Popularização do esporte A aceitação da prática esporti-

 va de cidadãos negros e a decisãode profissionalizar o futebol noentão governo de Getúlio Var-gas são destaques no Museu doFutebol. Os dois fatos justificam,em parte, a consolidação do es-porte de orgiem bretã como umadas principais marcas da identi-dade nacional brasileira. “Antesdisso, os universitários foram osprimeiros a abandonar o futebol,

pois na época era muito melhortentar ser médico, advogado ouengenheiro, do que se arriscarnuma profissão que não tinhatanto destaque como hoje”, afir-ma o repórter do jornal “Hoje EmDia” e pesquisador da história dofutebol, Pedro Rotterdan.

  A regulamentação do futebolcomo profissão acabou obrigandoos clubes a darem oportunidadepara que os homens de classe maisbaixa pudessem jogar e trabalhar

como atletas, gerando uma boaaceitação do público em geral.

Outro elemento que ajudouo desenvolvimento do futebolno Brasil foi o forte apoio da im-prensa. A era do rádio populari-zou o esporte e revelou grandesnarradores esportivos, como éo caso do lendário Ary Barroso,torcedor declarado do Flamengo.O compositor era tão apaixonadopelo time que, ao narrar lances

das equipes adversárias, usava fa-las como “os inimigos estão vindocom tudo!” ou, até mesmo, “tiraessa bola daí!”.

Charles Miller, ao trazer oesporte para o país, com certeza,não imaginava a dimensão e aimportância que ele ganharia. A modalidade extrapolou os limitesde prática esportiva e a tornouessencial para a compreensão daformação antropológica do povobrasileiro.

Fotos: divulgação

Inaugurao m 2008, o Musu o Futbol mantém rsrvaa a história o sort

Ouça entrevista com o repórter

Rafael Arruda sobre a viagem a

São Paulo no site:

 www.jornalimpressao.com.br@

Page 6: Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

8/3/2019 Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

http://slidepdf.com/reader/full/caderno-2-jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 6/12

CinemaImpressão6 Belo HorIzonTe, ouTuBro de 2011

Um

  Este ano o cin

diretor que soube ma

trabalhando com os gr 

Fá temc e s

 W ae7º pEríodoE: r Eech

Sidney Lumet conseguiu umacachapante sucesso na décadade 70, com filmes como Um dia decão (“Dog Day Afternoon”, 1975)e Rede de intrigas (“Network”,1976). Mesmo assim, manteve-sefiel às suas convicções e instau-rou um novo modus operandi

cinematográfico. Esta matériarelembra os principais pontos dacarreira do cineasta, morto em9 de abril de 2011, aos 86 anos, vítima de um linfoma.

Depois de se estabelecer emuma bem-sucedida carreira dediretor de programas de tele- visão, Lumet decidiu rumar parao cinema e o primeiro fruto dis-so foi Doze Homens e uma Sentença(“12 Angry Men”), de 1957. Ofilme conta com Henry Fonda nopapel principal, a essa altura umtalento já consolidado, principal-mente depois de atuar em Vinhas

da Ira (“The Grapes of Wrath”),de John Ford, dezessete anos an-tes. Vinte e cinco anos depoisde sua estréia cinematográfica,Lumet afirmaria ao entrevistadorDon Shewey: “Eu gosto de fazerfilmes sobre homens que evocamcoragem para desafiar o sistema vigente”. Ao filmar Doze Homense uma Sentença, cuja história seconcentra em Davis, único mem-bro de um júri que se opõe a umadecisão apressada que ceifaria a  vida de um jovem infrator, Lu-met prova que os seus princípioscinematográficos duraram ao me-

nos um quarto de século.Em O Homem do Prego (“The

Pawnbroker”, 1964) o diretor res-  vala em sua própria história, aonarrar o holocausto sob o pontode vista de um judeu. Os pais deLumet eram judeus e ele própriose envolveu efetivamente com arteatravés de um papel em um teatrojudaico, aos cinco anos de idade.Ele também passou três dos seusoitenta e seis anos servindo aoexército dos Estados Unidos naSegunda Guerra Mundial, o que

lhe proporcionou know-how su-ficiente para conceber sua obra.Na cena mais emblemática dolonga-metragem, Jesus Ortiz, em-pregado, pergunta ao seu patrão,o judeu Nazerman: “Como vocês(judeus) se envolvem tão natural-mente com os negócios?”. Nazer-man tenta esconder a irritação,adotando um tom brando noinício da sua resposta, mas logoacaba se descontrolando e revelaa frustração com a intolerân-cia e zombaria que o rodeiam:“Como? Ora, eu só posso ser umfeiticeiro!”.

O Homem do Prego foi ambi-entado em Nova York, cidadeque se tornou uma espécie demetonímia para o trabalho deSidney Lumet. E é a “GrandeMaçã” que sedia dois dos filmesmais conhecidos do diretor, Ser-pico (1973) e Um Dia de Cão, am-bos com o astro Al Pacino comoprotagonista. “Um Dia de Cão éum filme controlado pelo tempo,mas dirigido com grande espon-taneidade. É um suspense emforma porque cria a tensão pelasesperas e falsas expectativas, masno fundo é um estudo de perso-

nagens em seus limites. E é fortejustamente por isso, porque criainteresse em várias vertentes etodas elas estruturam o filme emseu desenvolvimento”, afirmaFilipe Chamy, redator da revistaZingu!, especializada em cinema. A rigor, o cerne da trama de UmDia de Cão se resume a um assaltoque deu errado e acabou atrain-do mais atenção que deveria.Mas, como Chamy bem observa,há vertentes. Uma delas é a justi-ficativa de Sonny para o roubo:

uma mudança de sexo para o seuamante homossexual.“Em princípio, Sonny é o

herói da multidão e ele executauma desafiadora dança em frenteao banco, assemelhando-se a umrockstar se exibindo aos seus fãs.Quando o fato de que Sonny ébissexual se torna conhecido, amultidão se volta contra ele. Masdentro de um curto período detempo (Nova York sendo Nova  York), gays libertários passam aapoiá-lo”, analisa Roger Ebert,crítico de cinema do Chicago SunTimes. Lumet se ancora em seu

terreno favorito – o filme policial– mas não perde a oportunidadede cutucar significativamente a(suposta) cidade mais cosmopo-lita do mundo, brincando comassuntos tão díspares quanto asexualidade e o show business.  Afinal, como atestou o própriodiretor em entrevista, “embora ameta de todos os filmes seja en-treter, o tipo de filme que achoque vai um passo além obriga oespectador a examinar uma ououtra faceta de sua própria con-sciência, estimula o pensamentoe faz fluir a criatividade”.

 Doze homens e uma sentença: c e

 Veja

 www.@

Page 7: Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

8/3/2019 Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

http://slidepdf.com/reader/full/caderno-2-jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 7/12

CinemaImpressão   7Belo HorIzonTe, ouTuBro de 2011

contra o

mundo!

a perdeu Sidney Lumet,

ter a independência, mesmo

andes estúdios de Hollywood.

Howard Beale é um respeitado âncora deum respeitado telejornal estadunidense. Noentanto, Beale está gritando alto em frente àscâmeras, veias pulsando perigosamente em seupescoço: “eu estou louco como o diabo e não

 vou aguentar mais isso”. O ato contagia todaa cidade e, pouco após a exibição, milharesde pessoas estão debruçadas em suas janelas,também loucas como o diabo e gritando quenão aguentam mais. A célebre cena faz parte deRede de Intrigas.

Como Um Dia de Cão havia sido lançado a-penas um ano antes e também tinha como umde seus temas a obscena intrusão da imprensaem dramas pessoais, pode-se afirmar que Redede Intrigas começa onde o outro termina. “Ofilme representa um olhar certeiro de Lumetsobre o mundo. E não somente o mundo de1977. O enredo continua atual”, diz Leo Pyrata,cineasta belo-horizontino.

Equus, de 1977, é, provavelmente, a obra

mais subestimada do diretor. Longe de obter amesma aclamação de seus outros filmes, Equus acompanha a saga de Martin Dysart (RichardsBurton) em identificar o criminoso que teriacomo bizarro fetiche cegar cavalos em um está-bulo de Hampshire. Rendeu a Richard Burtonum Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar.

LegadoLumet fez filmes memoráveis do começo

(Doze Homens e uma sentença) ao fim ( Antes que odiabo saiba que você está morto, “Before the devilknows you’re dead”, 2007), completando ex-

atos 50 anos de filmografia. O diretor cravouprofundas marcas no cinema e também na tele- visão, em diversos seriados contemporâneos.

“Ele deixou o drama urbano mais ‘cotidia-no’, ao instaurar temas que não eram literáriose nem arquetípicos como o perigo da irrespon-sabilidade nuclear (Limite de segurança), a faltade escrúpulos da imprensa (Rede de intrigas), ofim da privacidade (Um dia de cão) e a falência dafamília burguesa ( Antes que o diabo saiba que vocêestá morto). Trouxe uma encenação mais livre emenos marcada e se aproximou da estética detelevisão sem com isso deixar de construir pla-nos eficientes e descuidar da montagem, dosenquadramentos e outros aspectos extradiegé-ticos de seus trabalhos”, atesta Filipe Chamy.

“Praticamente todo cineasta que viu seusfilmes aprendeu com ele alguma técnica narra-tiva ou de controle da ação, e, provavelmente,a geração dos anos 70 (Brian De Palma, MartinScorsese, Francis Ford Coppola, Steven Spiel-berg) é o grupo mais nitidamente influenciadopelos filmes de Lumet”, completa.

• 4 indicações ao Oscar de Melhor Diretor, por Doze Homens E 

Uma Sentença (1957), Um Dia de Cão (1975), Rede de Intrigas 

(1976) e O Veredito (1982);

• Oscar honorário pelo conjunto da obra em 2005;

• Indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Roteiro Adaptado,por O Príncipe da Cidade (1981);

• 5 indicações ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Diretor,vencendo em 1976, por Rede de Intrigas ;

• 4 indicações ao BAFTA, na categoria de Melhor Diretor, por  Assas-

sinato No Expresso do Oriente (1974), Serpico (1974), Um Dia De Cão 

(1975) e Rede de Intrigas (1976);

• 2 indicações ao BAFTA, na categoria de Melhor Filme Britânico,por A Colina dos Homens Perdidos (1965) e Chamada Para Um

Morto (1967);

• Urso de Ouro e Prêmio OCIC, no Festival de Berlim, por Doze

Homens E Uma Sentença (1957);

• Prêmio FIPRESCI, no Festival de Berlim, por O Homem Do Prego

(1964);

• Prêmio Pasinetti, no Festival de Veneza, por O Príncipe da Cidade (1981).

No sucesso e no fracasso, um

cineasta sempre inuente

Fotos: divulgação

Principais premiações de Lumet

mograa completa no site:

rnalimpressao.com.br

Page 8: Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

8/3/2019 Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

http://slidepdf.com/reader/full/caderno-2-jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 8/12

B Ádye lHé oe7º período

E: C F

Combates entre seresmitológicos e tipos cotidia-nos em frente ao Mineirão,perseguições na Praça Sete,encontros amorosos nas es-quinas de Belo Horizonte,escândalos de políticos fa-mosos. Estas são cenas dasrevistas em quadrinhos deLacarmélio Alfeo de Araújo.

Foi sentado em uma árvorena Praça da Estação, em meioao barulho dos ônibus, carrose pedestres, que o autor, maisconhecido como Celton, con- versou com o Impressão.

Sempre vestido com ternoamarelo e gravata, ele é reco-nhecido por vários motoristas.Celton vende suas revistas, demesmo nome, em meio aotrânsito intenso da cidade. Jáproduziu cerca de 50 títulos echegou a publicar mais de 40mil exemplares de uma únicaedição. Atribui o sucesso à

sua dedicação e disciplina.Celton largou o trabalhode desenhista, numa agênciade publicidade, para investirno mundo dos quadrinhos.  As primeiras revistas, de1981, eram vendidas em ban-cas da capital. Mas a falta dedivulgação, as vendas poucolucrativas e as dívidas contraí-das com empréstimos o obri-garam a mudar de estratégia.Resolveu vender as revistaspor conta própria em bares,escolas, teatros e faculdades.

Como o dinheiro das ven-

das ainda não era suficiente,partiu para os EUA, ondetrabalhou como desenhista

e cantor. Chegou a tocar de-baixo de pontes em NovaIorque para conseguir di-nheiro. Ao retornar ao Brasil,pagou as dívidas e suspendeua revista. Mas, por paixão aosquadrinhos, voltou a produ-zir em 1998. “Não conseguiaficar longe dela, não tinhajeito” revela. Após diversas re-formulações, passou a vendera revista no trânsito, comoacontece até hoje.

Os engarrafamentos sãoum dos maiores problemasdas grandes metrópoles, mas,

para Celton, foram a solução.Ele circula pela cidade, sem-pre em busca de lugares degrande movimento. Os prin-cipais corredores de venda sãoas avenidas Bias Fortes, Cris-tóvão Colombo e AntônioCarlos.

BH retratada  A opção por assuntos

populares e cenários cotidia-nos da capital foi a alternativaencontrada para transformara publicação e aumentar as vendas. “A revista tinha muita

influência de histórias ameri-canas e os nomes dos perso-nagens eram todos em inglês”afirma Celton.

  A fidelidade aos traçosda cidade é fruto de muitaobservação e pesquisa. Otempo de produção de cadaedição muda conforme o as-sunto. Em média, o autorleva um mês para a produção,porém algumas obras exigemuma pesquisa mais profunda,como “O Fantasma de OuroPreto”, que tomou um ano.

Os leitores da revista ad-

miram o esforço do escritore consideram que ele faz umbom trabalho. “É uma forma

super inusitada, divertida,que marcou!” elogia InaraSilveira, 27 anos, editora deimagens. Ela, que acompanhaa revista há 5 anos, revela quesua preferida é a que traz ahistória da célebre Loira doBonfim. “Gosto de um bo-cado de histórias, mas essa

me marcou mais. Na época,comprei a revistinha porquecomeçaram a me chamar de

Loira do Bonfim. Fiquei sementender e fui buscar informa-ção. Aí me deparei com umalenda urbana, que adorei”.

Celton coleciona umnúmero razoável de leitoresassíduos, mas sabe que “se otrabalho perder qualidade, opúblico fiel desaparece”. Além

disso, começou a ampliar seushorizontes. “Produzo basica-mente sobre assuntos region-ais, mas estou tentando fugirdisso, por causa do mercadode São Paulo” conta o autor,que já começou a vender nacapital paulista. “A tática defalar sobre assuntos populares  vai se manter, os cenáriosé que vão ser específicos. A próxima aventura começa emSão Paulo e termina em BH”.

Estímulo à leituraEmbora o próprio autor

não se considere um agente valorizador da cultura, muitosestudiosos afirmam que ashistórias em quadrinhos con-tribuem no aprendizado dascrianças e são um estímulopara aqueles que querem ad-quirir o hábito da leitura. Parao doutor em comunicação eprofessor da USP Waldomiro Vergueiro, “a junção imageme texto, oferecida pelas HQs,representa uma forma narra-

tiva única, que faz o caminhopara a leitura da palavra escri-ta muito mais ameno e agradá-  vel”. Para ele, os quadrinhospodem encaminhar à leiturade outros tipos de textos escri-tos ou literários.

  Vergueiro ainda afirmaque a revista Celton não é

um formato bem aceito pelomercado editorial. “Entendoque os quadrinhos de Celtonnão despertaram o interessedas editoras devido à formacomo ele os produz. Ele é umprodutor independente, quenão se adequaria às exigênciasde uma editora”.

 Ao contrário das editoras,o professor, que também éfundador e coordenador doObservátorio de Histórias emQuadrinhos da USP, tem umapreço especial pelo trabalhode Lacarmélio e publicou um

texto sobre o autor, na enciclo-pédia especializada espanholaDel Tebeo al Manga. “Cel-ton é quase parte do folcloreda cidade. As histórias falamde BH, mostrando a vida depessoas simples e suas dificul-dades cotidianas, narrando asperipécias de um herói semmáscara, sem uniforme e semidentidade secreta, que ajudaa todos e enfrenta bandidoscomuns” explica o doutor.

QuadrinhosImpressão8 Belo HorIzonTe, ouTuBro de 2011

Era uma vez em BHCe, ec e eeh, ee e â ce

• Desde a refomulação no ano de 1998, a revista Celton está na sua 26ª edição.

• A tiragem, em torno de 2 mil exemplares, vem crescen-

do a cada nova história.

• Celton já chegou a publicar mais de 40 mil exemplaresde uma única edição.

• A revista mais vendida foi “O combate da sogra com ocapeta”, com várias reimpressões.

• O personagem Celton e sua namorada estão presentesem todas as edições.

• Os cenários da capital mineira e os pequenos detalhesdos espaços urbanos ilustram os quadrinhos.

• O autor recebeu diversas condecorações na capitalmineira e expôs seu trabalho no 4º Festival Internacionalde Quadrinhos e na Mostra Mineira de Zines, em 2005.

Curiosidades sobre Celton

Faça calor ou faça frio, Lacarmélio sai às ruas com sua norm laca su trno amarlo

Foto: divulgação

Page 9: Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

8/3/2019 Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

http://slidepdf.com/reader/full/caderno-2-jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 9/12

mc vc peemk Ce7º período

E: C F

Na estante que ocupa uma

parede inteira de seu quarto,o estudante de Letras MarcosMatias de Araújo, de 30 anos,guarda sua pequena coleçãode quadrinhos, que divideespaço com vários livros.Mesmo assim, a quantidadede títulos é de fazer invejaem muitos. Ele possui exem-plares de “Watchmen”; “V de  Vingança”; “Toda Mafalda”;um box do “Garfield”, alémda maioria das obras do de-senhista alemão Ralf König,como “Camisinha”, “HomemIdeal” e “Assassina”, algumas

do japonês Suehiro Maruo;a saga da DC Comics 52 Se-manas; a edição definitivade “Sandman”. Ao lado daestante, algumas caixas depapelão com mais revistasque esperam ser organizadas.“Como me mudei há poucotempo, tem muita coisa en-caixotada ainda”, explicaMarcos. O estudante tam-bém guarda algumas revistascompradas na infância, comoedições da Turma da Mônicae da Disney. Mas ele cresceu,amadureceu, e seu gosto por

quadrinhos permaneceu.Foi-se o tempo em quehistórias em quadrinhos eramcoisa de criança. Cada vezmais elas migram das bancasde jornal para as prateleirasde livrarias, dividindo espaçocom grandes nomes da litera-tura. E além das tradicionaisrevistas periódicas, alguns títu-los ganham edições luxuosas,com um trabalho gráfico per-sonalizado e acabamento dequalidade. Tudo para atrairos antigos leitores de quadri-nhos, que antes se divertiam

com as histórias da Turmada Mônica, por exemplo, ehoje envelheceram. Segundorelatório de uma pesquisa da

Simba Information, empresa

que estuda o mercado edito-rial dos EUA, divulgado emoutubro do ano passado,aproximadamente um entrequatro leitores de HQ no paístem 65 anos ou mais. E esta éa situação do mercado edito-rial em todo o mundo.

TradiçãoMas nem sempre os

quadrinhos receberam essaimportância e tratamentodiferenciado, sendo, pormuito tempo, consideradoum gênero inferior, voltado

para crianças. Segundo a edu-cadora e mestre em Históriada Literatura Janira Gomesde Oliveira, as histórias em

quadrinhos surgiram no

século XVI, como forma detransmitir histórias de santose mártires da igreja cristã eem nada pareciam com o quetemos hoje. “O alvo principaleram leitores iniciantes. Du-rante muito tempo foi apenasessa sua utilidade”, comentaa educadora. Em meados doséculo XVIII, os ingleses pas-sam a usar as HQs, com a suaestrutura de pouco texto eimagens, no ensino de crian-ças. Quando perceberam queo formato facilitava o entendi-mento e poderia agradar e en-

sinar às crianças, os inglesespassaram a publicar históriascom imagens grandes e tex-tos curtos, nos jornais de

maior circulação.

Porém o cenário mudou eos quadrinhos não são mais vistos apenas como um gêneroinfantil. O estudante de Edu-cação Física Jessiel Gomes, de23 anos, compra em média 10revistas em quadrinhos pormês, entre quadrinhos ameri-canos, e mangás, com traçojaponês. “Muitos ainda olhamtorto para o fato de eu cole-cionar essas revistas, achamque é coisa de criança. Mas ashistórias são mais profundase tratam de temas do mundodos adultos”, comenta Jessiel.

De olho nessa mudançade perfil do consumidor, aseditoras investem em lan-çamentos voltados para o

público adulto. Além dasedições periódicas, as sériesganham versões encader-nadas, as chamadas  graphicnovels. Segundo o coordena-dor do setor de quadrinhos

da Livraria Leitura Savassi,Gustavo Siuves, as editorasestão apostando em históriasmais politizadas, com fortecrítica social e uma veialiterária mais evidente. “Sãohistórias cada vez mais críticase complexas, de autores nacio-nais e estrangeiros”, salientaGustavo.

E como o atual leitor dequadrinhos não está de olhoapenas no conteúdo, mastambém na qualidade da pu-blicação, edições de luxo estãocada vez mais presentes nas

livrarias. O estudante Mar-cos Matias dá preferência àsedições especiais por causa dadurabilidade. “Revistas nor-mais podem amassar, enquan-to as edições encadernadastêm acabamento melhor e du-ram mais. É um investimentode longo prazo”, garante.

QuadrinhosImpressão 9Belo HorIzonTe, ouTuBro de 2011

Históriaspara gente grande

HQ ex e e c e h eõe

“V Vingança”, o inglês Alan Moor, mira o litor aulto, s transformou m lm m 2006.

Fotos: rEprodução

Em 2011, o FIQ(Festival Internacional

de Quadrinhos), chegaà sua sétima edição. De9 a 13 de novembro,quem visitar a Serraria

Souza Pinto poderáconerir obras de

quadrinistas nacionais e

internacionais, além depalestras e ocinas.

Saiba mais:

- Site ofcial:

http://qbh.com.br/- Twitter: @q_bh- Facebook:

www.facebook.com/

estivalinternacionald-equadrinhos

FIQ esperto!

Page 10: Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

8/3/2019 Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

http://slidepdf.com/reader/full/caderno-2-jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 10/12

MúsicaImpressão10 Belo HorIzonTe, ouTuBro de 2011

Estilo black soul

volta à cena urbanane e Je4º pEríodoE: de C

Desde que o DJ Abelha, oDJ Geraldinho – então Valdecie Geraldo Antônio – e mais al-guns amigos tocaram um certotipo de música numa velha

Caravan, as tardes de sábadono Centro de Belo Horizon-te mudaram bastante. Pelomenos para quem, há anos,não se encontrava como nos  velhos tempos. Ali, nascia oQuarteirão do Soul. No sába-do seguinte, já se via a faixaanunciando: “Bem vindos aoQuarteirão do Soul! Aqui, a  velha guarda se reúne”. Erao estilo da black soul music  voltando à cena urbana dacapital mineira.

Sete anos depois jovens deoutros tempos reúnem-se e

fazem daquele lugar um espa-ço democrático. Tudo isso emmeio a prédios, lojas, bancas,carros. Dessa maneira, modi-ficam a cena urbana, rompemcom o rotineiro vai e vem edeixam um pouco de ladoa identidade particular parafortalecer uma identidade co-letiva, a black.

Nesse espaço, as históriasdas pessoas voltam a se en-contrar em um ambiente to-talmente diferente. DonizeteBonifácio é exemplo disso.Desde que montou outro

negócio – uma eletrônica – otempo se tornou escasso e édifícil conciliar o trabalho como lazer. Ele não participava doQuarteirão havia um ano. Naépoca dos grandes bailes em

Belo Horizonte, Doni – comoé conhecido – era dono deduas produtoras de eventos.Na verdade, produtoras debailes soul. “Os salões tinham,em média, 500m2. Algunseram bem maiores. Mesmoassim, em 15 anos, era difícil  ver bailes vazios”, lembra. Se-

gundo ele, as pessoas queriamapenas se divertir ao som de James Brown, Aretha Frankline tantos outros.

Marquinho Breca, dança-rino do Quarteirão – comose apresenta – é outropersonagem. Ele fre-quenta o local enão pensa emoutra coisa anão ser en-c o n t r a ros ami-gos edançar.

O dan-çarinoé cum-p r i -m e n -tado atodo omomentopelos blackse até por cu-riosos. “Ten-ho 52 anos epretendo dan-çar até quandoDeus me derforça. Venho

aqui para en-contrar meusamigos. Infeliz-mente alguns jámorreram e outrosnão via há 20 anos. Volto a

encontrá-los no Quarteirão”,diz Marquinho.

No Quarteirão do Soul,há espaço de revitalização damemória de um movimento,as roupas têm destaque. In-spiradas pelo estilo daqueleque consideram ser o paido movimento black soul,

o músico americano JamesBrown, as pessoas se vestem demaneira especial para o baileao ar livre. Sapatos bicolores,

calça de linho, blaser , colete,gravata e boina ou chapéu.Cada um dos participantescompõe seu visual com trajesextravagantes.

Tonhão Black e Marquin-ho Breca, cujos filhos partici-pam eventualmente dos bailes,dizem respeitar as escolhas dos

filhos. “Hoje em dia, eles seinclinam mais para o lado dofunk carioca, do rap e do hip

hop. Sabemos

que não podemos evitar, é oque se ouve nessa geração”,afirma Tonhão.

  A maioria dos partici-pantes tem entre 40 e 55 anos.Mas não é tão difícil encontrarpessoas de 20 a 30 anos. Oumenos, ou bem mais. Todassão atraídas pelos mesmos

agudos e graves que soam emperfeita harmonia: os agudosdos instrumentos de sopro edas guitarras e os graves dascordas do baixo. Muitas dessaspessoas encontraram no movi-mento black, precisamente noQuarteirão do Soul, além daboa música, uma fonte produ-tiva de boas histórias.

Um caso especial é o daestudante de jornalismo Bár-bara Silva, que freqüenta oevento há três meses e fezdo movimento soul objetode estudo do trabalho de

conclusão de curso da fac-uldade: “O Quarteirão en-canta porque é um lugardemocrático e aberto. Todospodem participar e acabam

gostando”, pondera Bárbara.O turista italiano Aleandro

Tubaldi fica atento a tudo eregistra vários momentos paracompor um vídeo pessoal,uma lembrança da viagem aBelo Horizonte. O europeu sesente à vontade no baile. Tiradezenas de fotografias e filmaos dançarinos. “A abordagemé muito tranquila, eles gostam

de ser fotografados e filmados.É a forma que encontram demostrar sua arte para as outraspessoas”, constata.

Movimnto cultural black rún vlhos amigos mua a cna urbana Blo Horizont

Convivendo com os vizinhos

  A quadra da Rua SantaCatarina, onde o Quarteirãodo Soul acontece, é inteira-

mente comercial. Surge, en-tão, uma discussão acerca dapertinência em se manter oevento no local ou de transferi-lo, se for o caso. Para o propri-etário de um salão, AntônioFerreira, o fechamento doquarteirão para que o eventoocorra é prejudicial. “Anteso cliente chegava e podia es-tacionar o carro próximo aoestabelecimento, hoje, com arua fechada e o som alto ele

passa direto”, critica Antônio. A questão passa a ser um jogode empurra-empurra. “Eles

não atendem quando pedi-mos para abaixar o volume dosom. Poderiam, pelo menos,  virar as caixas para o outrolado”, defende Ferreira.

O gerente de um sacolão,Geraldo Sousa, faz coro à falade Ferreira e completa dizen-do que chegou até a fecharmais cedo por causa do bar-ulho. “Além dos clientes, osfuncionários também recla-mam”, finaliza. O estabeleci-

mento fica bem em frente aolocal onde se posiciona o DJcom a aparelhagem.

Para o dono de um bar,  José Aparecido, o baile é “es-petacular. Belo Horizonteprecisa de mais ambientes decultura e lazer”. Aparecidoacha importante que as pes-soas participem das manifes-tações artísticas de sua cidadee que “todo movimento cul-tural deve ser fortalecido paraque o passado não se perca.Quarteirão do Soul tem quecontinuar”, emociona-se. th e e Qe s c e

 Veja a Galeira de Fotos no s ite:

 www.jornalimpressao.com.br@rEprodução

Page 11: Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

8/3/2019 Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

http://slidepdf.com/reader/full/caderno-2-jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 11/12

lee te sffe4º período

E: de C

O ditado “filho de peixe,peixinho é” se torna crívelquando se percebe o contextode vida do artista plástico mi-neiro Rafael Abreu e a históriadele com o mundo das tintase dos pincéis. Nascido em 24de janeiro de 1976, no hospi-tal São Lucas, em Belo Hori-zonte, é o mais velho dos trêsfilhos do casamento dos artis-

tas Gilberto de Abreu e Miri-am Rodrigues. Seduzido pelo

universo artístico, Rafael sem-pre teve os pais como grandereferencial. Com o pai, elefrequentou ateliers de váriosartistas, acompanhando esse  vasto mundo desde a infân-cia. Ao lado da mãe, Miriam,o menino conviveu com aarte em forma de artesanato.Por causa dessa experiência,ele aprendeu a valorizar ascaracterísticas simples, mascapazes de estimular a sensi-bilidade das pessoas.

“Desde a época em que ele

era criança, notei o quanto seenvolvia e corria atrás do que

achava interessante. Semprefoi presente, observador emuito participativo”, afirmaGilberto de Abreu, 58 anos,ao resgatar momentos vividoscom o filho.

Rafael desenvolveu umalinha artística voltada para a

representação do cenário be-lo-horizontino. “Presto home-nagem a quem eu gosto napintura, à cidade onde vivo,a quem eu acho que é signifi-cativo. Homenageio o criadorpor criar. Criar, para mim, époder semear algo pra vidainteira”.

  A artista que sintetizaMinas, como é conhecida aartista plástica e professorade História da Arte, YaraTupynambá, 76 anos, explicaa escolha dos temas a seremretratados pelos artistas nas

obras: “Cada artista precisater um conteúdo central queseja significante de maneirahistórica e social”.

 Obras Arquitetônicas

 A cidade começou a apare-cer nos trabalhos de Rafaelem 97, com o centenário deBelo Horizonte. A exposiçãoBH 100 Mistério, inspiradanas obras do artista Amilcarde Castro, reuniu traços abs-tratos de quatro paisagensda capital mineira: Igreja daPampulha, Praça da Liber-

dade, Praça do Papa e Viadu-to Santa Tereza, cenários que

fazem parte da vida do jovemcriador.

O trabalho mais recentee um dos mais marcantes nacarreira de Rafael Abreu foi oprojeto Memória da Cidade,realizado no Cine Belas Artes,em 2006. Sensível à história

arquitetônica de Belo Hori-zonte, Rafael se inspirou emretratá-la a partir da exposiçãoBello Horizonte em Cena.

Por acreditar que “os edi-fícios são livros de concretoe nos contam histórias”, Ra-fael selecionou dez deles: aPrefeitura Municipal de BeloHorizonte, a Santa Casa deMisericórdia, o Minas TênisClube, a Igreja São Franciscodas Chagas, o Hospital FelícioRocho, o Colégio Marconi, oMuseu Inimá de Paula, o Ho-tel Itatiaia, o Hotel Metrópole

e o extinto Cine Metrópole.  As construções represen-tadas na exposição do artistaforam projetadas pelo arqui-teto italiano e um dos funda-dores da Escola de Arquitetu-ra da Universidade Federal deMinas Gerais (UFMG), Raffa-ello Berti.

O artista, ao ser questio-nado sobre a importância dotrabalho que ele desenvolvepara a cultura de Belo Hori-zonte, enfatiza: “Eu acreditoque eu estou fazendo a minhaparte. A história é quem vai

dizer se foi bom, se foi válidoou não”, conclui Rafael.

PerlImpressão   11Belo HorIzonTe, ouTuBro de 2011

Belo Horizonte

entre pincéis e tintaso ác e, rfe abe, e bee b é

“E ehee c criar. Criar, , ée ee e”

rfe abe

rEnata QuEiroz

O artista e a cidade

A exposição criativa Seres – Ser artista, ser 

cidade reuniu pequenos quadros de Raael

Abreu, em 2008. A inspiração das obrasesteve na simplicidade do cotidiano, quesintetizavam como é ser ar tista e como é sercidade, ou seja, fazer parte dela.A representação escolhida do “ser cidade” foia Igreja da Pampulha pelos fatores arquit-etônicos, históricos e de identicação doponto turístico com Belo Horizonte e MinasGerais. Para Rafael, a Igreja da Pampulhasintetiza a cidade por essas características.“Esse foi um trabalho que veio mais dedentro, a começar pela palavra ‘seres’ queé um palíndromo. E quem são esses ‘seres’?A descoberta do ser artista e do ser que fazparte da cidade”, recorda Rafael.

Ce e f c ce

raFaEl aBrEu

Rafal Abru ao lao um sus quaros. A cia Congonhas foi insiração a obra

Page 12: Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

8/3/2019 Caderno 2 Jornal Impressão, 2º semestre de 2011

http://slidepdf.com/reader/full/caderno-2-jornal-impressao-2o-semestre-de-2011 12/12

CrônicasImpressão12 Belo HorIzonTe, ouTuBro de 2011

O preço do espetáculo

rfe a6º peRíOdO

Sempre me causouespanto o fato de as

pessoas pagarem paraassistir a espetáculos desangue. Digo espetáculos

reais, onde não há encenaçãonem personagens. Onde osalvos são de carne e osso eliteralmente sentem na peleo impacto da espada, da

mordida, da flecha e do fogo.Me soa terrivelmente sádicopensar no aplauso da plateiadiante de uma cena dantescaem que se enfrentam homens e feras. A morte, de um ou de ou-tro, é o apogeu tão aguardado.O gol que vale o preço do ingres-

so. Cenas de um passado distan-te, medieval, quiçá fantasiado

pelas grandes produções cine-matográficas acerca de here- ges, gladiadores e bárbaros...É. Pena que o distante não

esteja tão distante as-sim, e que a ficçãoestabeleça linhatão tênue com oreal. Digamos queos atores dos circos

 foram transformados, as armadu-ras sofisticadas, o coliseu recons-truído, o fogo condensado e as fe-ras domesticadas. Mas, e aplateia? Ah, essa permanece lá.

Talvez com um novo requinte enovos gritos de guerra. Talvez es-tejam mais despojadas e sociali-zadas em suas festas populares. Ainda assim, não menos sequio-sas por um espetáculo de sanguee horror.

E que venham então as tou-radas com suas lanças, capas ver-melhas e olés. E que se glorifiqueo folclore com suas excêntricas farras de boi. E que nos enchamde orgulho os rodeios com suascantorias, rezas e seus abençoa-dos peões. Ah, os rodeios. E suasnovíssimas modalidades! Uma

dessas, conhecida como bulldog,premia o peão que melhor derru-bar e imobilizar um bezerro. Mascomo a inércia tende a angustiar alguns tantos, por que imobilizar se é possível impressionar?

Talvez tenha sido isso o quese passou na cabeça do temidobulldogueiro Cesar Brosco quan-do, ao disputar a prova na 56ªFesta do Peão de Boiadeiro deBarretos, no último mês de agos-to, não apenas imobilizou o po-

bre do bicho como também atin-  giu sua coluna cervical,deixando-o tetraplégico. O bezer-ro, mesmo socorrido, acabou sen-do eutanasiado. Já não tinha

mais o movimento das patas.Nesse estado, não serviria maiscomo vítima de outro bulldoguei-ro e muito menos como alvo deum elegante toureiro. Melhor ser mesmo descartado, concluíram osveterinários. Sacrificado. Talveznão tenha pensado sobre nadadisso o aprendiz de peão. Talvezestivesse apenas lá, atendendoaos apelos de um público extasia-do e exigente demais por fazer valer o preço do ingresso em umevento tão aclamado. Talvez qui-sesse apenas fazer seu nome, tal-vez apenas garantir o salário.

Na verdade, nada disso im-porta, não é mesmo? É apenas arealidade. Diversão para muitose um nada para outros muitos.Na arena já vazia salvaram-setodos, menos o bezerro. Na areia,menos o touro. Na farra, menos oboi. Haverá outros espetáculos eo povo continuará a comprar osingressos... Afinal, ainda quemudem os palhaços, mais vale oprazer do circo como assim o va-lia trocentos anos atrás.

Ponto de vista feminino sobre um furacão

déb ac6º peRíOdO

É. O mundo inteiro paroupor causa de Irene. E quandodigo que parou, é porque paroumesmo. Irene pra cá, Irene pralá... Chegou aqui, saiu de lá. Ire-ne parou o trânsito e fechou ae-roportos, fez com que pessoas sa-íssem de casa e ficassem emestado de alerta. Chegou de fini-nho e mudou tudo sem pedir per-missão. Irene foi a mais faladaem todos os jornais e foi pronun-ciada por todos os idiomas. Fa-lando assim, parece que acaba-mos de saber quem é a MissUniverso 2011. Mas não, não...Irene é mais um furacão comnome de mulher.

Simplesmente não dá pra en-tender porque a maioria dos fu-racões tem nomes femininos.Você já parou para pensar nisso?Dizem que um comitê interna-cional mantém uma lista de 126nomes, metade masculina e me-tade feminina, que são repetidosem um ciclo de seis anos. Maspor coincidência, os furacõesmais devastadores da história le-vam o nome de mulheres, comopor exemplo: Katrina, Rita e

Wilma, em 2005. O que seráque eles querem dizer com isso?“Toda mulher é histérica e ficaapenas esperando um deslizepara levar sua casa, carro e ain-da te deixar de cabelos em pé!”Ou o que a maioria deles respon-de quando queremos sair no fi-nal do campeonato de futebol:“o que acontece que essas mulhe-res estão sempre de TPM?”. Acausa de tudo isso é bem simples:homem. São eles que nos fazemperder a paciência e passar deum a cinco na escala Fujita emapenas 10 segundos! “Hanrãquerida. Hanrã. Agora sai da frente da televisão que eu precisover o segundo tempo do jogo.”Uma dúvida. Eles ouvem ou fin- gem que ouvem? Além de deixar a tampa levantada, esquecer odia do aniversário de namoro ecomprar aquele presente que elediz que tem tudo a ver com você,mas que na realidade... E quemleve a fama? Nós, mulheres.

Ouvi falar uma vez quequalquer pessoa pode indicar umnome para um furacão no websi-te do National Hurricane Cen-ter (centro nacional de furacões).Bom mesmo seria se nós, mulhe-res nos reuníssemos para indicar

o nome de um homem bem com-plicado! Aquele que terminacom você na véspera do car-naval e ainda diz: “A culpaé toda minha. Eu não temereço!” É... Aposto queessa lista de 126 no-mes triplicariarapidamentee ficariam u i t omais in-t e r e s -sante .“O fu-r a c ã oP e d r oatingiua cidadede NovaYorque nestesábado comventos fortes echuva torrencial, oque levou a ameaça deenchentes na cidade”. Ouentão, “Roberto acaba de chegar à costa dos Estados Unidos e jácausou vários danos e mortes por onde passou”. Além do confortoe comodidade que teríamos aosaber detalhadamente dos passosdos “nossos tornados” pelo Pai-nel Global de Monitoramento.Já imaginou que bom seria?

    I    l    U    S    T    R    A    ç    õ    E    S   :    P    H    E    l    l    I    P    P    E    S    A    M    A    R    O    N    E