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102 Revista O Papel - novembro/November 2016 ENCONTRO DE ESTUDANTES CADERNO ABTCP 2016 E ncontro de Estudantes aconteceu em 25 de outubro, no ABTCP 2016, com o objetivo de promover a troca de experiências entre quem ainda está se preparando para entrar no mercado e os profissionais já experientes do setor de celulose e pa- pel. Entre os destaques dos temas abordados durante o evento, estiveram experiências de intercâmbio, ce- nário atual e novas tendências do setor; além disso, uma palestra motivacional e a exposição do Progra- ma de Intercâmbio de Estudantes Brasil-Finlândia 2017 realizado pela ABTCP. Experiência no exterior e cenário brasileiro são destaques no Encontro de Estudantes do ABTCP 2016 Por Adriana Dorante Colaborou: Cristiane Pinheiro Especial para O Papel Fotos: Guilherme Balconi Felipe Ramos Neves, estudante brasileiro que fez intercâmbio no setor de papel e celulose na Finlân- dia e hoje trabalha no programa de aceleração de startups da área de plásticos e de química no Brasil, foi o primeiro a se apresentar. Ele contou que foi chamado por uma empresa finlandesa para corrigir o problema do alto gasto com o tratamento de água, que consequentemente tinha de aumentar a produ- ção. “Fiz muita pesquisa e análise para entender onde estava o problema e encontrei a solução. Meu relatório final abordou os carregamentos de poluen- Público concentrado no Encontro de Estudantes

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102 Revista O Papel - novembro/November 2016

ENCONTRO DE ESTUDANTESCADERNO ABTCP 2016

Encontro de Estudantes aconteceu em 25 de outubro, no ABTCP 2016, com o objetivo de promover a troca de experiências entre quem

ainda está se preparando para entrar no mercado e os profissionais já experientes do setor de celulose e pa-pel. Entre os destaques dos temas abordados durante o evento, estiveram experiências de intercâmbio, ce-nário atual e novas tendências do setor; além disso, uma palestra motivacional e a exposição do Progra-ma de Intercâmbio de Estudantes Brasil-Finlândia 2017 realizado pela ABTCP.

Experiência no exterior e cenário brasileiro são destaques no Encontro de Estudantes do ABTCP 2016

Por Adriana DoranteColaborou: Cristiane PinheiroEspecial para O Papel

Fotos: Guilherme Balconi

Felipe Ramos Neves, estudante brasileiro que fez intercâmbio no setor de papel e celulose na Finlân-dia e hoje trabalha no programa de aceleração de startups da área de plásticos e de química no Brasil, foi o primeiro a se apresentar. Ele contou que foi chamado por uma empresa finlandesa para corrigir o problema do alto gasto com o tratamento de água, que consequentemente tinha de aumentar a produ-ção. “Fiz muita pesquisa e análise para entender onde estava o problema e encontrei a solução. Meu relatório final abordou os carregamentos de poluen-

Público concentrado no Encontro de Estudantes

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tes (DQO, DBO, sólidos totais e inorgânicos) na es-tação de tratamento de efluentes, trabalho longo e complexo com impacto relevante para a companhia. Meu relatório também foi validado no Brasil e na França”, contou.

Ao longo do intercâmbio, Felipe desenvolveu pes-quisa sobre a eficiência do medidor de tensão de fra-tura do papel, que serve para medir com segurança se as folhas das revistas de grande circulação têm risco de se soltarem. “Foi muito proveitosa minha experiência, já que apliquei meus conhecimentos de engenharia e também aprendi muito”, disse. Ainda contou que, para ser selecionado para o intercâmbio, é preciso ter autoconhecimento e visão para saber o que vai agregar na indústria de celulose e papel, além de preparo e domínio do idioma Inglês. “O governo brasileiro tem o programa Inglês Sem Fronteiras que aplica gratuitamente testes de inglês”, citou.

O estudante também falou sobre a cultura das empresas finlandesas que valorizam a qualidade de vida dos funcionários, com altos salários e menos horas de trabalho. “São 37 horas e meia de trabalho por semana e qualquer hora extra é paga, mas não é obrigatória nem incentivada. Fui muito bem recebi-do. Como saía cedo, às 16h12, e não trazia trabalho para casa, pude conhecer outros lugares incríveis durante a participação no Programa de Intercâmbio, como Estônia e São Petersburgo, na Rússia”, disse em sua apresentação.

Ao comparar a indústria finlandesa com a brasilei-ra, Felipe destacou que o Brasil ainda tem muitos de-safios. “As empresas brasileiras têm muito potencial, mas falta rigor, como maior investimento em susten-tabilidade, mais conhecimento do processo produtivo e muito trabalho na otimização de processos, que ain-da é carente”, comentou.

Em relação à qualidade pro� ssional, ele comentou que, no Brasil, os resultados e metas dos pro� ssionais são muito mais valorizados do que a questão de se sen-tir bem no ambiente de trabalho. Ao contrário da Fin-lândia, que acredita que o foco em qualidade de vida traz melhores resultados dos funcionários. “Acredito que as empresas precisam desa� ar seus funcionários a algo novo desde o período de estágio. Essa atitude agrega e ajuda a colher resultados para o setor”, � nalizou.

Por sua vez, a palestra de Henrique Junior Araujo We-eck, gerente de Desenvolvimento Humano e Organiza-cional da Fibria, mostrou a visão do tipo de pro� ssional que as empresas brasileiras do setor necessitam. Henri-

que é administrador, formado pela Universidade Fede-ral de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, especialista em RH pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com formação em Gestão pela Fundação Dom Cabral e Recursos Humanos pela FIA – Fundação Instituto de Administração, em São Paulo.

Segundo ele, o desafio é encontrar profissionais que falem a linguagem do setor de papel e celulose. “O setor está em expansão, gera milhares de empre-gos diretos e indiretos e tem muito potencial para

Fernando Gomes mediou o Encontro

Francisco Razzolini: “A China é o maior mercado global de papel, enquanto o Brasil está em nono lugar. Já quando o assunto é celulose, somos o quarto maior produtor com estimativa de atingir a segunda posição já neste ano (2016), � cando atrás apenas dos Estados Unidos”

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evoluir, tanto nas áreas de pesquisa e desenvolvimen-to, quanto no aprimoramento de processos produti-vos e gerenciamento da cadeia de valor”, ressaltou. O Brasil, acrescentou, já é uma grande referência em práticas sustentáveis de manejo de florestas planta-das e também em atitudes de respeito aos recursos naturais e a todas as partes que possuem relaciona-mento com nossos negócios. “Estamos em um pro-cesso rápido e dinâmico no qual o salto qualitativo da indústria só é possível com o emprego de múltiplos conhecimentos da administração, engenharia, tecno-

logia industrial e florestal. Precisamos de profissio-nais que entendam a dimensão do nosso negócio, que coloquem suas competências em ação, saibam inte-ragir para criar resultados e que estejam dispostos a enfrentar desafios constantes”, afirmou.

Weeck destacou que o setor florestal passa por uma grande expansão e que a partir das florestal plantadas as empresas estão buscando novas formas de geração de valor, como a aplicação da matéria prima para geração de bioprodutos, biocombustíveis, entre outras”, acrescentou.

Em relação ao perfil profissional que a indústria busca hoje, segundo o administrador, são pessoas confiantes, com autoconhecimento para saber o que querem e que se desafiem. “Outro fator importante é a pessoa ter compatibilidade com a cultura e os propósitos da empresa, para que exista a sintonia entre as partes”. O conjunto de habilidades como capacidade de tomar decisões, resolver problemas, comunicar bem, continuam a ser importante, mas características pessoais e de valores são altamente relevantes para que grandes resultados possam ser gerados”, finalizou.

O Encontro de Estudantes contou com a palestra de Francisco Razzolini, diretor de Projetos e Tecnologias Industriais da Klabin, que também fez um balanço da indústria � orestal ao destacar que a produção mundial de papel e celulose está, atualmente, em 413 milhões de toneladas. “O papel tissue representa 8% desse mon-tante, e isso interessa muito ao Brasil, já que as � bras de eucalipto, das quais nosso país é líder global, são muito utilizadas no processo de fabricação”, detalhou.

Segundo ele, a China é o maior mercado global de papel, enquanto o Brasil está em nono lugar. “Já quando o assunto é celulose, somos o quarto maior produtor com estimativa de atingir a segunda posição já neste ano (2016), ficando atrás apenas dos Estados Unidos”, ressaltou.

O evento teve sua programação completada por Vinicius Lobosco, consultor da área de Pesquisa e Desenvolvimento da Suzano Papel e Celulose, que falou sobre as pesquisas de transformação de licor negro em lignina, que estão em curso em planta ex-perimental na empresa. O tema de sua palestra girou em torno das inovações que o setor vem mostrando ao longo dos anos. “No ano passado, por exemplo, produzimos o primeiro fluff comercial a partir de fi-bra curta da história”, afirmou, destacando a tecno-logia pioneira da Suzano. n

Vinicius Lobosco: “No ano passado, produzimos o primeiro � uff comercial a partir de � bra curta da história”

Henrique Week: “O desa� o é encontrar pro� ssionais que falem a linguagem do setor de papel e celulose, que está em expansão, gera milhares de empregos diretos e indiretos e tem muito potencial para expandir, principalmente em pesquisa e desenvolvimento”