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CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Analista Judiciário - Administrativo TRT-PE – Português - INTENSIVO -

Caderno de Questões...riscos e apoiar medidas para conter as emissões. Mas também resistir a ideias de frear o consumo. Além de injusta, a medida exigiria um impossível grau de

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CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER

Analista Judiciário - Administrativo

TRT-PE – Português

- INTENSIVO -

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Quinta Fase Juiz Estadual

Sumário

Classes de Palavras - Verbo ........................................................................................................... 3

Classes de Palavras - Pronomes .................................................................................................. 47

Classes de Palavras - Advérbio .................................................................................................... 49

Classes de Palavras - Conjunção .................................................................................................. 51

Semântica .................................................................................................................................... 68

Regência Nominal e Verbal ......................................................................................................... 70

Crase ............................................................................................................................................ 89

Concordância ............................................................................................................................... 99

Pontuação ................................................................................................................................. 126

Coesão ....................................................................................................................................... 145

Tipos de Discurso ...................................................................................................................... 159

Interpretação de Textos ............................................................................................................ 160

Gabarito..................................................................................................................................... 281

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Quinta Fase Juiz Estadual

Classes de Palavras - Verbo Questão 1: FCC - AJ TRT12/TRT 12/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Verbo

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

As certezas sensíveis dão cor e concretude ao presente vivido. Na verdade, porém, o presente vivido é fruto de uma sofisticada mediação. O real tem um quê de ilusório e virtual.

Os órgãos sensoriais que nos ligam ao mundo são altamente seletivos naquilo que acolhem e transmitem ao cérebro. O olho humano, por exemplo, não é capaz de captar todo o espectro de energia eletromagnética existente. Os raios ultravioleta, situados fora do espectro visível do olho humano, são, no entanto, captados pelas abelhas.

Seletividade análoga preside a operação dos demais sentidos: cada um atua dentro de sua faixa de registro, ainda que o grau de sensibilidade dos indivíduos varie de acordo com idade, herança genética, treino e educação. Há mais coisas entre o céu e a terra do que nossos cinco sentidos − e todos os aparelhos científicos que lhes prestam serviços − são capazes de detectar.

Aquilo de que o nosso aparelho perceptivo nos faz cientes não passa, portanto, de uma fração diminuta do que há. Mas o que aconteceria se tivéssemos de passar a lidar subitamente com uma gama extra e uma carga torrencial de percepções sensoriais (visuais, auditivas, táteis etc.) com as quais não estamos habituados? Suponha que uma mutação genética reduza drasticamente a seletividade natural dos nossos sentidos. O ganho de sensibilidade seria patente. “Se as portas da percepção se depurassem”, sugeria William Blake, “tudo se revelaria ao homem tal qual é, infinito”.

O grande problema é saber se estaríamos aptos a assimilar o formidável acréscimo de informação sensível que isso acarretaria. O mais provável é que essa súbita mutação − a desobstrução das portas e órgãos da percepção − produzisse não a revelação mística imaginada por Blake, mas um terrível engarrafamento cerebral: uma sobrecarga de informações acompanhada de um estado de aguda confusão e perplexidade do qual apenas lentamente conseguiríamos nos recuperar. As informações sensíveis a que temos acesso, embora restritas, não comprometeram nossa sobrevivência no laboratório da vida. Longe disso. É a brutal seletividade dos nossos sentidos que nos protege da infinita complexidade do Universo. Se o muro desaba, o caos impera.

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Quinta Fase Juiz Estadual

(Adaptado de: Eduardo Gianetti, O valor do amanhã, São Paulo, Cia. das Letras, 2010. p. 139-143)

… que uma mutação genética reduza drasticamente a seletividade natural dos nossos sentidos.

O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em:

a) ... sugeria William Blake...

b) Aquilo de que o nosso aparelho perceptivo nos faz cientes…

c) O grande problema é saber se estaríamos aptos...

... ainda que o grau de sensibilidade dos indivíduos varie de acordo com idade…

d) ... não comprometeram nossa sobrevivência...

Questão 2: FCC - AJ TRT12/TRT 12/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Verbo

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

As certezas sensíveis dão cor e concretude ao presente vivido. Na verdade, porém, o presente vivido é fruto de uma sofisticada mediação. O real tem um quê de ilusório e virtual.

Os órgãos sensoriais que nos ligam ao mundo são altamente seletivos naquilo que acolhem e transmitem ao cérebro. O olho humano, por exemplo, não é capaz de captar todo o espectro de energia eletromagnética existente. Os raios ultravioleta, situados fora do espectro visível do olho humano, são, no entanto, captados pelas abelhas.

Seletividade análoga preside a operação dos demais sentidos: cada um atua dentro de sua faixa de registro, ainda que o grau de sensibilidade dos indivíduos varie de acordo com idade, herança genética, treino e educação. Há mais coisas entre o céu e a terra do que nossos cinco sentidos − e todos os aparelhos científicos que lhes prestam serviços − são capazes de detectar.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Aquilo de que o nosso aparelho perceptivo nos faz cientes não passa, portanto, de uma fração diminuta do que há. Mas o que aconteceria se tivéssemos de passar a lidar subitamente com uma gama extra e uma carga torrencial de percepções sensoriais (visuais, auditivas, táteis etc.) com as quais não estamos habituados? Suponha que uma mutação genética reduza drasticamente a seletividade natural dos nossos sentidos. O ganho de sensibilidade seria patente. “Se as portas da percepção se depurassem”, sugeria William Blake, “tudo se revelaria ao homem tal qual é, infinito”.

O grande problema é saber se estaríamos aptos a assimilar o formidável acréscimo de informação sensível que isso acarretaria. O mais provável é que essa súbita mutação − a desobstrução das portas e órgãos da percepção − produzisse não a revelação mística imaginada por Blake, mas um terrível engarrafamento cerebral: uma sobrecarga de informações acompanhada de um estado de aguda confusão e perplexidade do qual apenas lentamente conseguiríamos nos recuperar. As informações sensíveis a que temos acesso, embora restritas, não comprometeram nossa sobrevivência no laboratório da vida. Longe disso. É a brutal seletividade dos nossos sentidos que nos protege da infinita complexidade do Universo. Se o muro desaba, o caos impera.

(Adaptado de: Eduardo Gianetti, O valor do amanhã, São Paulo, Cia. das Letras, 2010. p. 139-143)

Se o mundo desaba, o caos impera.

Mantém-se correta correlação entre os tempos verbais da frase acima substituindo-se os verbos grifados, respectivamente, por:

a) desabasse − imperaria

b) desabe − imperava

c) desaba − imperara

d) desabar − imperaria

e) desabava − imperara

Questão 3: FCC - TJ TRT12/TRT 12/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2013

Assunto: Verbo

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Quinta Fase Juiz Estadual

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Muitos previram o fim do mundo nos últimos 200 anos. Thomas Malthus (1766-1834) falava em risco de catástrofe humana. Para ele, como a população crescia em progressão geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética, a fome se alastraria. Assim, para controlar a expansão demográfica, Malthus defendia a abstinência sexual e a negação de assistência à população em hospitais e asilos. O risco foi superado pela tecnologia, que aumentou a produtividade agrícola.

Hoje o alarmismo vem de ambientalistas radicais. A catástrofe decorreria do aquecimento global causado basicamente pelo homem, via emissão de dióxido de carbono, embora haja opiniões de que o aquecimento não tem aumentado desde a virada do século e que são comuns oscilações da temperatura mundial.

Entre Malthus e os ambientalistas, surgiram outros alarmistas. Em 1968, o biologista americano Paul Ehrlich sustentava que o tamanho excessivo da população constituiria ameaça à sobrevivência da humanidade e do meio ambiente. Em 1972, o Clube de Roma propôs o "crescimento zero" como forma de enfrentar a exaustão rápida de recursos naturais. Ehrlich defendia a redução do crescimento populacional; o Clube de Roma, a paralisia do crescimento econômico. Nenhum dos dois estava certo.

Como o Clube de Roma pode ter errado tanto? Segundo Bjorn Lomborg, destacado cético que provou o enorme fracasso das previsões catastróficas, seus membros desprezaram o talento e a engenhosidade do ser humano e "sua capacidade de descobrir e inovar". Se as sugestões tivessem sido acatadas, meio bilhão de chineses, indianos e outros teriam continuado muito pobres. O Brasil estaria mais desigual e não haveria a ascensão da classe C. Apesar de tais lições, volta-se a falar em limites físicos do planeta. Na linha do Clube de Roma, defende-se o estancamento da expansão baseada no consumo de bens materiais. Se fosse assim, inúmeros países seriam congelados em seu estado atual, sem poder reduzir a pobreza nem promover o bem-estar.

Mesmo que o homem não seja a causa básica do aquecimento, é preciso não correr riscos e apoiar medidas para conter as emissões. Mas também resistir a ideias de frear o consumo. Além de injusta, a medida exigiria um impossível grau de coordenação e renúncia ou um inconcebível comando autoritário. Desprezaria, ademais, a capacidade do homem de se adaptar a novas e desafiantes situações.

(Adaptado de: Maílson da Nóbrega. Veja, 5 de setembro de 2012. p. 24)

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Quinta Fase Juiz Estadual

Mesmo que o homem não seja a causa básica do aquecimento...

O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo em que se encontra o grifado acima está na frase:

a) Nenhum dos dois estava certo.

b) Hoje o alarmismo vem de ambientalistas radicais.

c) ... o Clube de Roma propôs o "crescimento zero"...

d) ... embora haja opiniões...

e) ... defende-se o estancamento da expansão...

Questão 4: FCC - TJ TRT12/TRT 12/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2013

Assunto: Verbo

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Muitos previram o fim do mundo nos últimos 200 anos. Thomas Malthus (1766-1834) falava em risco de catástrofe humana. Para ele, como a população crescia em progressão geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética, a fome se alastraria. Assim, para controlar a expansão demográfica, Malthus defendia a abstinência sexual e a negação de assistência à população em hospitais e asilos. O risco foi superado pela tecnologia, que aumentou a produtividade agrícola.

Hoje o alarmismo vem de ambientalistas radicais. A catástrofe decorreria do aquecimento global causado basicamente pelo homem, via emissão de dióxido de carbono, embora haja opiniões de que o aquecimento não tem aumentado desde a virada do século e que são comuns oscilações da temperatura mundial.

Entre Malthus e os ambientalistas, surgiram outros alarmistas. Em 1968, o biologista americano Paul Ehrlich sustentava que o tamanho excessivo da população constituiria ameaça à sobrevivência da humanidade e do meio ambiente. Em 1972, o Clube de Roma propôs o "crescimento zero" como forma de enfrentar a exaustão rápida de recursos naturais. Ehrlich defendia a redução do crescimento populacional; o Clube de Roma, a paralisia do crescimento econômico. Nenhum dos dois estava certo.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Como o Clube de Roma pode ter errado tanto? Segundo Bjorn Lomborg, destacado cético que provou o enorme fracasso das previsões catastróficas, seus membros desprezaram o talento e a engenhosidade do ser humano e "sua capacidade de descobrir e inovar". Se as sugestões tivessem sido acatadas, meio bilhão de chineses, indianos e outros teriam continuado muito pobres. O Brasil estaria mais desigual e não haveria a ascensão da classe C. Apesar de tais lições, volta-se a falar em limites físicos do planeta. Na linha do Clube de Roma, defende-se o estancamento da expansão baseada no consumo de bens materiais. Se fosse assim, inúmeros países seriam congelados em seu estado atual, sem poder reduzir a pobreza nem promover o bem-estar.

Mesmo que o homem não seja a causa básica do aquecimento, é preciso não correr riscos e apoiar medidas para conter as emissões. Mas também resistir a ideias de frear o consumo. Além de injusta, a medida exigiria um impossível grau de coordenação e renúncia ou um inconcebível comando autoritário. Desprezaria, ademais, a capacidade do homem de se adaptar a novas e desafiantes situações.

(Adaptado de: Maílson da Nóbrega. Veja, 5 de setembro de 2012. p. 24)

A catástrofe decorreria do aquecimento global causado basicamente pelo homem... (2º parágrafo)

O emprego do verbo grifado acima indica, no contexto,

a) ação prolongada, com limites imprecisos.

b) certeza indubitável.

c) constatação de um fato real.

d) fato que ocorre habitualmente.

e) hipótese provável.

Questão 5: FCC - TJ TRT18/TRT 18/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Verbo

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

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Quinta Fase Juiz Estadual

A cidade de Goiás, antiga Villa-Boa de Goyaz, que até o ano de 1933 ostentou a condição de capital do Estado, surgiu das povoações fundadas, em 1926, pelo explorador paulista Bartolomeu Bueno, o filho.

Nascida em decorrência do ciclo do ouro, a cidade atingiu o auge durante o século XVIII.

A partir desse período, o seu núcleo central foi assumindo aparência arquitetônica própria, que ainda hoje conserva, num estilo colonial condizente com as condições da região.

Encravada às margens do rio Vermelho, num vale cercado por colinas, impossibilitada fisicamente de expandir-se, a cidade acabou por assumir um ar romântico imposto por contingências históricas e por força de sua situação geográfica.

Privilegiada no sentido de colocar as pessoas em contato permanente com os elementos da natureza, esse aspecto foi acentuado por seus riachos cristalinos e sua vegetação peculiar, suas ruas sinuosas e irregulares, suas ladeiras pedregosas, seus tortuosos e misteriosos becos, seus muros de pedra. Esses mesmos muros de pedra que alimentaram as lendas sobre os escravos que os construíram e sobre a existência de tesouros em pepita e ouro em pó, escondidos em suas fendas. Lendas que provocavam a imaginação das crianças, juntamente com os outros casos que os mais velhos contavam ao cair da noite, revivendo as tradições tribais, tanto da África quanto de nossos aborígenes.

Esse costume de os mais velhos contarem casos às crianças, ao entardecer, é um fato psicológico que deve ser realçado como elemento provocador, por excelência, da imaginação criadora dos vilaboenses.

O “contar casos” se constituiu numa tradição familiar de nossos ancestrais que Cora Coralina faz reviver em sua obra com toda pujança de seu poder criador.

Em seus poemas encontramos o estilo oral desses “casos”, sem invencionices literárias, gravados com a aparente simplicidade que caracteriza a sua obra poética.

(Adaptado da apresentação de: Cora Coralina. Vintém de cobre:

meias confissões de Aninha. 8. ed. S.Paulo: Global, 2001. p. 6 e 7)

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Quinta Fase Juiz Estadual

Os verbos de ambas as frases estão empregados nos mesmos tempo e modo:

a) ... que até o ano de 1933 ostentou a condição de capital do Estado... / ... as lendas sobre os escravos que os construíram...

b) Lendas que provocavam a imaginação das crianças... / ... a aparente simplicidade que caracteriza a sua obra poética.

c) ... a cidade atingiu o auge durante o século XVIII. / ... que ainda hoje conserva...

d) Esses mesmos muros de pedra que alimentaram as lendas... / ... juntamente com os outros casos que os mais velhos contavam...

e) ... surgiu das povoações fundadas, em 1926, pelo explorador paulista Bartolomeu Bueno, o filho. /... é um fato psicológico que...

Questão 6: FCC - TJ TRT15/TRT 15/Apoio Especializado/Enfermagem/2015

Assunto: Verbo

Ninguém ignora a enorme influência que simples palavras ...... na história do pensamento e do sentimento dos povos.

Preenche corretamente a lacuna da frase acima:

a) exercem

b) a transmitam

c) possuíssem

d) sejam desempenhadas

e) apresentem-se

Questão 7: FCC - AJ TRT23/TRT 23/Administrativa/"Sem Especialidade"/2016

Assunto: Verbo

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O processo impregnado de complexidade, ao qual se sobrepõem ideias de avanço ou expansão intensamente ideologizadas, e que convencionamos chamar pelo nome de progresso, tem, dentre outros, um atributo característico: tornar a organização da vida cada vez mais tortuosa, ao invés de simplificá-la. Progredir é, em certos casos, sinônimo de complicar. Os aparelhos, os sinais, as linguagens e os

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sons gradativamente incorporados à vida consomem a atenção, os gestos, a capacidade de entender. Além disso, do manual de instruções de um aparelho eletrônico à numeração das linhas de ônibus, passando pelo desenho das vias urbanas, pelos impostos escorchantes e pelas regras que somos obrigados a obedecer – inclusive nos atos mais simples, como o de andar a pé −, há uma evidente arbitrariedade, às vezes melíflua, às vezes violenta, que se insinua no cotidiano.

Não há espaço melhor para averiguarmos as informações acima do que os principais centros urbanos. Na opinião do geógrafo Milton Santos, um marxista romântico, “a cidade é o lugar em que o mundo se move mais; e os homens também. A co-presença ensina aos homens a diferença. Por isso, a cidade é o lugar da educação e da reeducação. Quanto maior a cidade, mais numeroso e significativo o movimento, mais vasta e densa a co-presença e também maiores as lições de aprendizado”.

Essa linha de pensamento, contudo, não é seguida por nós, os realistas, entre os quais se inclui o narrador de O silenceiro, escrito pelo argentino Antonio di Benedetto. Para nós, o progresso transformou as cidades em confusas aglomerações, nas quais a opressão viceja. O narrador-personagem do romance de Di Benedetto anseia desesperadamente pelo silêncio. Os barulhos, elementos inextricáveis da cidade, intrometem-se no cotidiano desse homem, ganhando existência própria. E a própria espera do barulho, sua antevisão, a certeza de que ele se repetirá, despedaça o narrador. À medida que o barulho deixa de ser exceção para se tornar a norma irrevogável, fracassam todas as soluções possíveis.

A cidade conspira contra o homem. As derivações da tecnologia fugiram, há muito, do nosso controle.

(Adaptado de: GURGEL, Rodrigo. Crítica, literatura e narratofobia. Campinas, Vide Editorial, 2015, p. 121-125)

E a própria espera do barulho (...) despedaça o narrador.

O verbo que possui, no contexto, o mesmo tipo de complemento do grifado acima está em:

a) Por isso, a cidade é o lugar da educação...

b) ... nas quais a opressão viceja.

c) ... anseia desesperadamente pelo silêncio.

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d) ... há uma evidente arbitrariedade...

e) ... fracassam todas as soluções possíveis.

Questão 8: FCC - AJ TRT23/TRT 23/Administrativa/"Sem Especialidade"/2016

Assunto: Verbo

Atenção: Para responder à questão. considere o texto abaixo.

Quase meio século separa a estreia de Manoel de Barros na literatura − em 1937, com a publicação de "Poemas Concebidos sem Pecado" em tiragem artesanal de 21 exemplares − da circulação mais ampla de sua obra, na segunda metade dos anos 1980, graças ao voluntário trabalho de divulgação feito por jornalistas, escritores e intelectuais que passaram a admirá-lo.

Entre eles, Millôr Fernandes e Antonio Houaiss, para quem Manoel de Barros era comparável a São Francisco de Assis "na humildade diante das coisas".

Nascido em 1916, em Cuiabá, Manoel de Barros escreveu 18 livros de poesia, além de obras infantis e relatos autobiográficos. Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e Charles Baudelaire. Os poetas do cinema também o encantaram, com destaque para Federico Fellini, Akira Kurosawa e Luis Buñuel. Dizia-se um "vedor de cinema", mas sempre "numa tela grande, sala escura e gente quieta do meu lado".

"Acho que um poeta usa a palavra para se inventar", disse em entrevista a um jornal. "E inventa para encher sua ausência no mundo. (...) O poeta escreve por alguma deformação na alma. Porque não seria certo ficar pregando moscas no espaço para dar banho nelas. Ou mesmo: pregar contiguidades verbais e substantivas para depois casá-las."

(Disponível em: www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/11/-1547550-manoel-de-barros-foi-revelado-por-millor-ehouaiss-relembre-trajetoria.shtml)

... para quem Manoel de Barros era comparável a São Francisco de Assis...

O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da frase acima está em:

a) Dizia-se um "vedor de cinema"...

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b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no espaço...

c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e Charles Baudelaire.

d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Barros na literatura...

e) ... para depois casá-las...

Questão 9: FCC - TJ TRT1/TRT 1/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

Visão monumental

Nada superará a beleza, nem todos os ângulos retos da razão. Assim pensava o maior arquiteto e mais invocado sonhador do Brasil. Morto em 5 de dezembro de insuficiência respiratória, a dez dias de completar com uma festa, no Rio de Janeiro onde morava, 105 anos de idade, Oscar Niemeyer propusera sua própria revolução arquitetônica baseado em uma interpretação do corpo da mulher.

Filho de fazendeiros, fora o único ateu e comunista da família, tendo ingressado no partido por inspiração de Luiz Carlos Prestes, em 1945. Como a agremiação partidária não correspondera a seu sonho, descolara-se dela, na companhia de seu líder, em 1990. “O comunismo resolve o problema da vida”, acreditou até o fim. “Ele faz com que a vida seja mais justa. E isso é fundamental. Mas o ser humano, este continua desprotegido, entregue à sorte que o destino lhe impõe.”

E desprotegido talvez pudesse se sentir um observador diante da monumentalidade que ele próprio idealizara para Brasília a partir do plano-piloto de Lucio Costa. Quem sabe seus museus, prédios governamentais e catedrais não tivessem mesmo sido construídos para ilustrar essa perplexidade? Ele acreditava incutir o ardor em quem experimentava suas construções.

Bem disse Le Corbusier que Niemeyer tinha “as montanhas do Rio dentro dos olhos”, aquelas que um observador pode vislumbrar a partir do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, um entre cerca de 500 projetos seus. Brasília, em que pese o sonho necessário, resultara em alguma decepção. Niemeyer vira a possibilidade de construir ali a imagem moderna do País. E como dizer que a cidade, ao fim, deixara de corresponder à modernidade empenhada? Houve um sonho

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monumental, e ele foi devidamente traduzido por Niemeyer. No Planalto Central, construíra a identidade escultural do Brasil.

(Adaptado de Rosane Pavam. CartaCapital, 07/12/2012, www.cartacapital.com.br/sociedade/a-visao-monumental-2/)

Assim pensava o maior arquiteto e mais invocado sonhador do Brasil.

O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o verbo grifado acima está em:

a) Houve um sonho monumental...

b) ... descolara-se dela, na companhia de seu líder, em 1990.

c) ... com que a vida seja mais justa.

d) ... Niemeyer tinha “as montanhas do Rio dentro dos olhos”...

e) ... este continua desprotegido, entregue à sorte que o destino...

Questão 10: FCC - TJ TRT19/TRT 19/Administrativa/2014

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Atenção: Para responder à questão, considere os textos III e IV.

Texto III

Este caderno de Jorge de Lima bem que se poderia chamar "as impressões dum homem que esteve no cárcere". E são estes poemas mesmo um canto comovido à terra de que ele esteve segregado. E há neles qualquer coisa das surpresas e dos espantos que sofre um homem que tudo via em névoa, ao sair de uma operação de catarata. As cores como que vivem com outra intensidade.

Tudo isso nos versos de Jorge de Lima está contado com muita força e comoção. Da boa e legítima comoção que é a que vem da simplicidade, que é a que sai das fontes mais preciosas do coração. [...]

É vinda de dentro da terra, da vida sentimental do Nordeste, a maior parte dos poemas desse caderno. Quem os escreveu fez como um desterrado que a saudade conduziu ao retorno. E que voltasse com todos os sentidos atacados de fome. E se encontra o Nordeste por toda a parte em seus poemas. [...] É ainda no caráter

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puramente regionalista de sua poesia que se distingue o Sr. Jorge de Lima. Porque o seu regionalismo não é um limite à sua emoção e não tem por outra parte o caráter de partido político daquele que rapazes de S.Paulo oferecem ao país com as insistências de anúncios de remédio. O regionalismo do jovem poeta nordestino é a sua emoção mais que a sua ideologia. O Nordeste não vem em sua poesia como um tema ou uma imposição doutrinária, vem como a expressão lírica de um nordestino evocar a sua terra.

(Nota preliminar a Poemas escolhidos. REGO, José Lins do. in: LIMA, Jorge de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1974, vol. I, p. 140-142)

Texto IV

Já uma vez me afoitei a sugerir esta ideia: a necessidade de reconhecer-se um movimento distintamente nordestino de renovação das letras, das artes, da cultura brasileira − movimento dos nossos dias que, tendo se confundido com a expansão do muito mais opulento "modernismo" paulista-carioca, teve, entretanto, condições próprias − "ecológicas", poderia dizer-se com algum pedantismo − de formação, aparecimento e vida.

Desse "movimento do Nordeste" pode-se acrescentar que foi uma espécie de parente pobre, capaz de dar ao rico valores já quase despercebidos de outras partes do Brasil e necessitados apenas dos novos estímulos vindos do Sul e do estrangeiro para se integrarem no conjunto de riqueza circulante e viva constituída por elementos genuinamente brasileiros, essenciais ao desenvolvimento da nossa cultura em expressão honesta do nosso ethos, da nossa história e da nossa paisagem e em instrumento de nossas aspirações e tendências sociais como povo tanto quanto possível autônomo e criador. [...]

Experiência brasileira não falta a Jorge de Lima: ele é bem do Nordeste. Não lhe falta o contato com a realidade afro-nordestina. E há poemas seus em que os nossos olhos, os nossos ouvidos, o nosso olfato, o nosso paladar se juntam para saborear gostos e cheiros de carne de mulata, de massapê, de resina, de muqueca, de maresia, de sargaço; para sentir cores e formas regionais que dão presença e vida, e não apenas encanto literário, às sugestões das palavras: que parecem lhes dar outras condições de vida além da tecnicamente literária. [...]

Jorge de Lima, um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, [...] põe o estrangeiro que se aproxima da poesia brasileira em contato com uma das nossas maiores riquezas: a interpretação de culturas, entre nós tão livre, ao lado do

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cruzamento de raças. Dois processos através dos quais o Brasil vai-se adoçando numa das comunidades mais genuinamente democráticas e cristãs do nosso tempo.

(Nota preliminar a Poemas negros. FREYRE, Gilberto in: LIMA, Jorge de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1974, v. I, p. 157 e 158)

O Nordeste não vem em sua poesia como um tema ou uma imposição doutrinária... (Texto III, 3o parágrafo)

Nos segmentos transcritos do Texto III, o verbo flexionado nos mesmos tempo e modo em que se encontra o grifado acima está em:

a) ... fez como um desterrado...

b) ... "as impressões dum homem que esteve no cárcere".

c) ... que tudo via em névoa...

d) ... a que sai das fontes mais preciosas do coração.

e) E que voltasse com todos os sentidos atacados de fome.

Questão 11: FCC - AJ TRT19/TRT 19/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O MAQUINISTA empurra a manopla do acelerador. O trem cargueiro começa a avançar pelos vastos e desertos prados do Cazaquistão, deixando para trás a fronteira com a China.

O trem segue mais ou menos o mesmo percurso da lendária Rota da Seda, antigo caminho que ligava a China à Europa e era usado para o transporte de especiarias, pedras preciosas e, evidentemente, seda, até cair em desuso, seis séculos atrás.

Hoje, a rota está sendo retomada para transportar uma carga igualmente preciosa: laptops e acessórios de informática fabricados na China e enviados por trem expresso para Londres, Paris, Berlim e Roma.

A Rota da Seda nunca foi uma rota única, mas sim uma teia de caminhos trilhados por caravanas de camelos e cavalos a partir de 120 a.C., quando Xi'an − cidade do

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centro-oeste chinês, mais conhecida por seus guerreiros de terracota − era a capital da China.

As caravanas começavam cruzando os desertos do oeste da China, viajavam por cordilheiras que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central até o mar Cáspio e além.

Esses caminhos floresceram durante os primórdios da Idade Média. Mas, à medida que a navegação marítima se expandiu e que o centro político da China se deslocou para Pequim, a atividade econômica do país migrou na direção da costa.

Hoje, a geografia econômica está mudando outra vez. Os custos trabalhistas nas cidades do leste da China dispararam na última década. Por isso as indústrias estão transferindo sua produção para o interior do país.

O envio de produtos por caminhão das fábricas do interior para os portos de Shenzhen ou Xangai − e de lá por navios que contornam a Índia e cruzam o canal de Suez − é algo que leva cinco semanas. O trem da Rota da Seda reduz esse tempo para três semanas. A rota marítima ainda é mais barata do que o trem, mas o custo do tempo agregado por mar é considerável.

Inicialmente, a experiência foi realizada nos meses de verão, mas agora algumas empresas planejam usar o frete ferroviário no próximo inverno boreal. Para isso adotam complexas providências para proteger a carga das temperaturas que podem atingir 40 °C negativos.

(Adaptado de: www1.folhauol.com.br/FSP/newyorktimes/122473

... e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central até o mar Cáspio e além. (5o parágrafo)

O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em:

a) ... e de lá por navios que contornam a Índia...

b) ... era a capital da China.

c) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...

d) ... dispararam na última década.

e) ... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...

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Questão 12: FCC - TJ TRT9/TRT 9/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

Paulo Leminski foi um escritor múltiplo: além de poeta, traduzia (indo de Petrônio a James Joyce) e escrevia ensaios (concentrados nos dois volumes de Anseios crípticos), artigos e romances, e também letras de música. Nascido em Curitiba, no Paraná, em 1944, numa família em que o pai, de origem polaca, era militar, e a mãe, de origem negra, era filha de um militar, estudou para ser monge beneditino no Colégio São Bento, em São Paulo, onde chegou a escrever um livro sobre a ordem. No entanto, acabou seguindo o caminho da poesia − em meio à agitação cultural e política dos anos 1960 e 1970.

No final da década de 70 e durante todos os anos 80, considerava que os grandes poetas estavam na música popular brasileira. Assim, era amigo de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Walter Franco e Jorge Mautner, entre outros. Associado à diversão tropicalista ou pós-tropicalista, no entanto, seu tom de melancolia era patente tanto nos poemas quanto nos textos em prosa. Numa homenagem aos 80 anos de Edgard Braga, escreveu: “Poeta que todos querem ser, se chegarmos até lá”. Consciência de que não chegaria lá.

Entre seus maiores amigos, estavam também os irmãos Haroldo e Augusto de Campos e Décio Pignatari. O poeta paranaense conheceu esse grupo de poetas em 1963, na Semana Nacional de Poesia de Vanguarda. Em seguida, publicaria, em dois exemplares da revista Invenção, alguns poemas, misturando, segundo a apresentação de Décio Pignatari, “a pesquisa concreta da linguagem com um sentido oswaldiano de humor”. Além disso, Leminski quis, à sua maneira, dialogar com os concretos, com seu ousado Catatau, um romance experimental na linha de Ulisses, de James Joyce, e Galáxias, de Haroldo de Campos. Para Haroldo, Leminski é o nome mais representativo “de uma certa geração”, “dono de uma experiência poética de vida extraordinária, mescla de Rimbaud e monge beneditino”.

(Adaptado de André Dick. Paulo Leminski e a flor ausente. www.cronopios.com.br/site/ensaios.asp?id=4027, 06/06/2009)

... além de poeta, traduzia...

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O verbo empregado nos mesmo tempo e modo que o grifado acima está em:

a) Numa homenagem aos 80 anos de Edgard Braga, escreveu ...

b) Paulo Leminski foi um escritor múltiplo ...

c) ... Leminski é o nome mais representativo ...

d) Em seguida, publicaria ...

e) ... considerava que os grandes poetas ...

Questão 13: FCC - TJ TRT18/TRT 18/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Atenção: Para responder à questão , considere o texto abaixo.

O tempo não para

O processo é conhecido. Os custos crescem, os competidores avançam, e os acionistas querem resultados. Saída: renovar os quadros. Leia-se: livrar-se dos funcionários mais velhos e caros, contratar jovens efebos, com muita vontade e pequeno salário. Dito e feito. Então, o trabalho emperra, os clientes reclamam, mas a planilha de custos fala mais alto. Assim tem sido: a cada crise, interna ou externa, as empresas rejuvenescem seus quadros. Alguns observadores batizaram o processo de “juniorização”.

Uma empresa “juniorizada” salta aos olhos. Antes, o escritório, silencioso e solene, era dominado por calvícies e cabelos brancos. Seis meses depois, o nível de ruído aumentou, e uma horda juvenil se estabeleceu. Foram-se as regras e procedimentos, substituídos por um frenesi frequentemente confundido com agilidade e produtividade. O mais importante é, porém, que a folha de pagamento foi reduzida. Inferno na Terra, paz no Olimpo corporativo.

Renovar sistematicamente os quadros é um princípio de gestão importante para as empresas. Profissionais mais jovens trazem novas ideias, colocam em xeque processos anacrônicos e ajudam a evitar que a empresa envelheça e perca o contato com as mudanças em seu ambiente de negócios. A renovação, realizada na medida certa, traz efeitos positivos.

A juniorização, por ser realizada com o propósito de reduzir custos, compromete a qualidade da gestão e põe em risco o futuro das companhias. Vista como panaceia,

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evita que a empresa trate de questões mais substantivas, relacionadas ao seu modelo de negócios e às suas práticas de gestão.

Além disso, a juniorização segue na contramão da demografia. O Brasil está envelhecendo. Nas próximas décadas, as empresas terão de lidar com quadros profissionais cada vez mais maduros. Uma pesquisa recente, realizada pela consultoria PwC e a FGV-Eaesp, instituição à qual este escriba está ligado, procurou avaliar como o mundo corporativo se prepara para o fenômeno. Foram ouvidas mais de cem empresas, de diversos segmentos da economia. Algumas conclusões são preocupantes.

Em primeiro lugar, menos de 40% das organizações pesquisadas reconhecem que quadros mais maduros podem constituir alternativa à escassez de talentos. Consequentemente, a maioria das empresas não possui mecanismos para atrair e manter tais quadros. Em segundo lugar, as companhias reconhecem: profissionais mais maduros possuem competências valiosas, relacionadas à capacidade de realizar diagnósticos e resolver problemas, além de apresentar maior equilíbrio emocional. Paradoxalmente, elas não contam com modelos de gestão de carreira que facilitem os processos pelos quais tais características poderiam ser mais bem exploradas. Em terceiro lugar, há poucas iniciativas para garantir maior qualidade de vida e para ter quadros mais saudáveis no futuro. Há também poucas ações para acomodar o perfil e as necessidades dos profissionais próximos da aposentadoria.

(Adaptado de: Thomaz Wood Jr., CartaCapital, 21/04/2013, www.cartacapital.com.br/sociedade/o-tempo-nao-para)

... e perca o contato com as mudanças em seu ambiente de negócios.

O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o verbo grifado acima está em:

a) ... modelos de gestão de carreira que facilitem os processos...

b) Alguns observadores batizaram o processo de “juniorização”.

c) ... menos de 40% das organizações pesquisadas reconhecem que...

d) ... e uma horda juvenil se estabeleceu.

e) ... a juniorização segue na contramão da demografia.

Questão 14: FCC - TJ TRT15/TRT 15/Apoio Especializado/Enfermagem/2015

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

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Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O termo saudade, monopólio sentimental da língua portuguesa, geralmente se traduz em alemão pela palavra “sehnsucht”. No entanto, as duas palavras têm uma história e uma carga sentimental diferentes. A saudade é um sentimento geralmente voltado para o passado e para os conteúdos perdidos que o passado abrigava. Embora M. Rodrigues Lapa, referindo-se ao sentimento da saudade nos povos célticos, empregue esse termo como “ânsia do infinito”, não é esse o uso mais generalizado. Emprega-se a palavra, tanto na linguagem corrente como na poesia, principalmente com referência a objetos conhecidos e amados, mas que foram levados pela voragem do tempo ou afastados pela distância.

A “sehnsucht” alemã abrange ao contrário tanto o passado como o futuro. Quando usada com relação ao passado, é mais ou menos equivalente ao termo português, sem que, contudo, lhe seja inerente toda a escala cromática de valores elaborados durante uma longa história de ausências e surgidos em consequência do temperamento amoroso e sentimental do português. Falta à palavra alemã a riqueza etimológica, o eco múltiplo que ainda hoje vibra na palavra portuguesa.

A expressão “sehnsucht”, todavia, tem a sua aplicação principal precisamente para significar aquela “ânsia do infinito” que Rodrigues Lapa atribuiu à saudade. No uso popular e poético emprega-se o termo com frequência para exprimir a aspiração a estados ou objetos desconhecidos e apenas pressentidos ou vislumbrados, os quais, no entanto, se julgam mais perfeitos que os conhecidos e os quais se espera alcançar ou obter no futuro.

Assim, a saudade parece ser, antes de tudo, um sentimento do coração envelhecido que relembra os tempos idos, ao passo que a “sehnsucht” seria a expressão da adolescência que, cheia de esperanças e ilusões, vive com o olhar firmado num futuro incerto, mas supostamente prometedor. Ambas as palavras têm certa equivalência no tocante ao seu sentido intermediário, ou seja, à sua ambivalência doce-amarga, ao seu oscilar entre a satisfação e a insatisfação. Mas, como algumas de suas janelas dão para o futuro, a palavra alemã é portadora de um acento menos lânguido e a insatisfação nela contida transforma-se com mais facilidade em mola de ação.

(Adaptado de: ROSENFELD, Anatol. Doze estudos. São Paulo, Imprensa oficial do Estado, 1959, p. 25-27)

Embora M. Rodrigues Lapa [...] empregue esse termo como “ânsia do infinito”... (1º parágrafo)

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O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está empregado em:

a) ... que Rodrigues Lapa atribuiu à saudade. (3º parágrafo)

b) ... e para os conteúdos perdidos que o passado abrigava. (1º parágrafo)

c) ... sem que, contudo, lhe seja inerente toda a escala cromática de valores... (2º parágrafo)

d) ... que relembra os tempos idos... (4º parágrafo)

e) ... ao passo que a “sehnsucht” seria a expressão da adolescência... (4º parágrafo)

Questão 15: FCC - TJ TRT3/TRT 3/Administrativa/2015

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

O fim dos álbuns de fotografias

Quando me pergunto o que deverá desaparecer nos próximos anos, por conta dos avanços tecnológicos que mudam ou suprimem hábitos e valores tradicionais, incluo os álbuns de fotografias. Na verdade, são as fotografias mesmas, aquelas reveladas em papel, que estão desaparecendo para dar lugar às imagens arquivadas num celular ou num computador. Não é mais o tempo que as torna apagadas ou amareladas; é o nosso súbito desinteresse que as remove de vez ao toque de um “delete”. Nem pensar em armazená-las naqueles álbuns de capa dura e folhas de papelão, alguns encadernados em pano, álbuns de família, que se acumulavam em baús ou velhos armários. São monumentos remotos, de um tempo em que a memória ia longe, chegava aos avós e aos bisavós.

Pergunto-me se não é a qualidade mesma da nossa memória, do nosso interesse pelas recordações, se não é o valor mesmo da memória que está mudando de forma radical. Parece estar havendo um crescente desprestígio de tudo o que se refere ao passado, ainda quando esse passado seja recente. Com isso, o tempo se reduz ao instante que está passando e ao aguardado amanhã, do qual se exigem novas revelações, novos milagres. Um álbum de fotografias, nessa velocidade, é um objeto de museu, testemunha de tempos mais ingênuos e de imagens paralisadas.

Enquanto não morrem de vez, ainda me detenho em alguns desses álbuns. Quase sempre são de gosto duvidoso, com capas pretensiosas, ilustradas com flores

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coloridas, gatinhos meigos, paisagens poéticas e outros mimos. Dentro deles surpreendo a vida que já foi, os olhares que nos apanham em nossa vez de ser modernos. Aí me ocorre que nossas imagens não irão parar em álbuns caprichosos, talvez nem mesmo em arquivos digitais: não estarão em lugar nenhum. É o preço que se paga pelo desapego à memória.

(Vitório Damásio, inédito)

Os tempos e modos verbais encontram-se adequadamente articulados na frase:

a) Se alguém me perguntasse a respeito da necessidade de se preservar em álbuns as fotos familiares, não hesitarei em lhe dizer que eu alimentasse grande simpatia por esse hábito.

b) A cada vez que alguém me perguntar se estou entusiasmado com as novas técnicas digitais, eu teria dito que não, que tenho preferência pelas velhas fotos em papel.

c) Quando eu me punha a examinar os velhos álbuns de fotografia, era tomado por uma grande nostalgia, e passava a reconstituir histórias até então esquecidas.

d) Caso todos prefiram aderir aos arquivos de computador, as velhas fotografias teriam sido relegadas a um cruel desaparecimento.

e) Talvez ainda venha a ocorrer a revalorização das velhas fotografias, caso as pessoas percebessem que estas contam uma história preciosa.

Questão 16: FCC - AJ TRT3/TRT 3/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2015

Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais

Considerando a norma-padrão da língua e o emprego de forma verbal, é correta a seguinte frase:

a) Embora não apoiemos, não nos opomos a que gaste tanto tempo com assuntos supérfluos, contanto que não interrompe a faculdade.

b) Independentemente de onde provierem os recursos, convirjam ou não os pareceres dos técnicos consultados, eles, sempre destemidos, iniciarão a obra.

c) Eles proveem de uma região em que a destruição de bens naturais ou culturais de importância reconhecida é considerada crime de lesa-pátria.

d) Os jogadores pleitearam que os juízes não intervissem a cada pequena confusão provocada por um choque de corpos ou por discussão banal.

e) Enquanto aquela norma vigiu, não houve como solucionar o impasse e retirar o depósito que a justiça reteve em prol dos menores de idade.

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Questão 17: FCC - AJ TRT2/TRT 2/Administrativa/2014

Assunto: Correlação verbal

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Questão de gosto

A expressão parece ter sido criada para encerrar uma discussão. Quando alguém apela para a tal da “questão de gosto”, é como se dissesse: “chega de conversa, inútil discutir”. A partir daí nenhuma polêmica parece necessária, ou mesmo possível. “Você gosta de Beethoven? Eu prefiro ouvir fanfarra de colégio.” Questão de gosto.

Levada a sério, radicalizada, a “questão de gosto” dispensa razões e argumentos, estanca o discurso crítico, desiste da reflexão, afirmando despoticamente a instância definitiva da mais rasa subjetividade. Gosto disso, e pronto, estamos conversados. Ao interlocutor, para sempre desarmado, resta engolir em seco o gosto próprio, impedido de argumentar. Afinal, gosto não se discute.

Mas se tudo é questão de gosto, a vida vale a morte, o silêncio vale a palavra, a ausência vale a presença − tudo se relativiza ao infinito. Num mundo sem valores a definir, em que tudo dependa do gosto, não há lugar para uma razão ética, uma definição de princípios, uma preocupação moral, um empenho numa análise estética. O autoritarismo do gosto, tomado em sentido absoluto, apaga as diferenças reais e proclama a servidão ao capricho. Mas há quem goste das fórmulas ditatoriais, em vez de enfrentar o desafio de ponderar as nossas contradições.

(Emiliano Barreira, inédito)

Está plenamente adequada a correlação entre tempos e modos verbais em:

a) Caso um de nós a tome em sentido absoluto, a questão de gosto acabará por impedir que debatamos com alguma seriedade.

b) Caso sejam levadas a sério, suas ponderações teriam soterrado as tais razões de gosto que alegassem os seus interlocutores.

c) Somente nos restaria engolir em seco, se admitirmos que a tal da questão de gosto tivesse alguma relevância.

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d) Se alguém apelasse para a tal “questão de gosto”, dificilmente nós, reputados polemistas, haveremos de concordar.

e) Seria necessário que todos gostassem das fórmulas ditatoriais do gosto para que se impeça um debate calcado em princípios argumentativos.

Questão 18: FCC - AJ TRT5/TRT 5/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Correlação verbal

Atenção: Para responder questão, considere o texto abaixo.

Cultura erudita e cultura popular

A cultura erudita, assim chamada, ignora pura e simplesmente as manifestações simbólicas do povo. Ou então debruçase para encontrar o que há nela de espontâneo, enérgico, vital, brutal. A cultura erudita quer sentir um arrepio diante do selvagem.

Só há uma relação válida e fecunda entre o artista culto e a vida popular: a relação amorosa. Sem um enraizamento, sem uma empatia sincera e prolongada, o escritor, homem de cultura universitária, se enredará nas malhas do preconceito. Os equívocos desse olhar de fora significam, em última instância, uma estranheza, às vezes mal dissimulada em familiaridade. Quem de fato se deixa encantar pelos motivos populares faz música como um Villa-Lobos, ficção como um Guimarães Rosa, poesia como um Jorge de Lima.

(Adaptado de Alfredo Bosi, Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 330-331)

Se o artista erudito ...... relacionar-se de modo fecundo com a arte popular, ......, em primeiro lugar, desfazer-se de seus preconceitos, para que ...... a aproveitar o que há de fecundo na arte do povo.

A correlação entre tempos e modos verbais estará plenamente adequada caso se preencham as lacunas da frase acima, respectivamente, com as seguintes formas:

a) quisesse − deveria − viesse

b) quer − devia − venha

c) quiser − deva − viesse

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d) quisesse − deverá − venha

e) quiser − deveria − viesse

Questão 19: FCC - AJ TRT16/TRT 16/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Correlação verbal

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo:

Da utilidade dos prefácios

Li outro dia em algum lugar que os prefácios são textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador é convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questão. Garantido o tom elogioso, o prefácio ainda aponta características evidentes do texto que virá, que o leitor poderia ter muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais graves, o prefácio adianta elementos da história a ser narrada (quando se trata de ficção), ou antecipa estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os argumentos de base a serem desenvolvidos (quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o prefácio seria um estraga-prazeres.

Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada aos prefácios e prefaciadores, embora concorde que muitas vezes ela proceda − o que não justifica a generalização devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que li, a melhor coisa era o prefácio − fosse pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas do que as expostas no texto principal. Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra, ficando claro que o restante é desnecessário. E ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas como argumento final vou glosar uma observação de Machado de Assis: quando o prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a vantagem de ser bem mais curto.

Há muito tempo me deparei com o prefácio que um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a moça como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás, além de grande escritora era também linda). Não havia dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas qualidades para

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os poemas da moça que o prefácio acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginação de um grande gênio poético.

(Aderbal Siqueira Justo, inédito)

Está inteiramente adequada a correlação entre os tempos e os modos verbais da frase:

a) Os prefácios correriam o risco de serem inúteis caso tenham sido escritos segundo as instruções convencionais.

b) Houvesse enorme interesse pela leitura de prefácios e as editorias certamente cuidariam que fossem mais criativos.

c) Quando se fizesse uma glosa de frase de um grande autor deve-se citar a fonte original: esse é um dever ético.

d) Caso o autor viesse a infirmar tanto o nome do grande poeta como o da frágil poetisa, muitos o acusarão de indiscreto.

e) Menos que seja objeto de preconceito, um bom prefácio sempre resistiria aos critérios de um crítico rigoroso.

Questão 20: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Correlação verbal

A narrativa medieval descreve essa "doença do pensamento, do espírito" como um modo de obsessão que ...... o homem e a mulher, fazendo com que ...... presos no desejo de estar um com o outro e atormentados quando não podem se encontrar.

A estrutura ideal ...... o amor impossível.

(Adaptado de: Luiz Felipe Pondé. Folha de S. Paulo, 11/02/2013)

Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada:

a) arrastaria - ficassem - suponha

b) arrastava - ficam - supôs

c) arraste - ficassem - suponha

d) arrastaria - ficariam - supunha

e) arrasta - fiquem - supõe

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Questão 21: FCC - AJ TRT20/TRT 20/Judiciária/"Sem Especialidade"/2016

Assunto: Correlação verbal

Atenção: Leia o texto abaixo para responder à questão.

[Civilização e sofrimento]

É uma afirmação corrente que boa parte da culpa dos sofrimentos humanos vem do que é chamado de nossa civilização. Seríamos bem mais felizes se a abandonássemos e retrocedêssemos a condições primitivas, satisfazendo nossos instintos básicos. Tal asserção me parece espantosa, porque é fato estabelecido – como quer que se defina o conceito de civilização – que tudo aquilo com que nos protegemos da ameaça das fontes do sofrer é parte da civilização.

Como é que tantas pessoas chegaram a partilhar esse ponto de vista de surpreendente hostilidade à civilização? Acho que uma profunda insatisfação com o estado civilizacional existente preparou o solo no qual, em determinadas ocasiões históricas, formou-se essa condenação.

(Adaptado de: FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Penguin & Companhia das Letras, 2011, p. 31)

Todas as formas verbais têm emprego plenamente adequado na seguinte frase:

a) Teríamos sido bem mais felizes se abandonarmos as normas da civilização, vindo a retroceder aos hábitos primitivos.

b) Seremos mais felizes se havermos de satisfazer nossos instintos mais primários, que há tanto abandonáramos.

c) Não importa como se a defina, é imperativo que a civilização se mantenha consolidada como projeto humano.

d) Deverão haver ainda mais hostilidades contra a civilização, caso se viesse a insistir no bem maior da vida primitiva.

e) Será espantoso se, em pleno processo civilizatório, virmos a renunciar ao que já nos guiara por tanto tempo.

Questão 22: FCC - AJ TRT2/TRT 2/Administrativa/2014

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Quinta Fase Juiz Estadual

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Questão de gosto

A expressão parece ter sido criada para encerrar uma discussão. Quando alguém apela para a tal da “questão de gosto”, é como se dissesse: “chega de conversa, inútil discutir”. A partir daí nenhuma polêmica parece necessária, ou mesmo possível. “Você gosta de Beethoven? Eu prefiro ouvir fanfarra de colégio.” Questão de gosto.

Levada a sério, radicalizada, a “questão de gosto” dispensa razões e argumentos, estanca o discurso crítico, desiste da reflexão, afirmando despoticamente a instância definitiva da mais rasa subjetividade. Gosto disso, e pronto, estamos conversados. Ao interlocutor, para sempre desarmado, resta engolir em seco o gosto próprio, impedido de argumentar. Afinal, gosto não se discute.

Mas se tudo é questão de gosto, a vida vale a morte, o silêncio vale a palavra, a ausência vale a presença − tudo se relativiza ao infinito. Num mundo sem valores a definir, em que tudo dependa do gosto, não há lugar para uma razão ética, uma definição de princípios, uma preocupação moral, um empenho numa análise estética. O autoritarismo do gosto, tomado em sentido absoluto, apaga as diferenças reais e proclama a servidão ao capricho. Mas há quem goste das fórmulas ditatoriais, em vez de enfrentar o desafio de ponderar as nossas contradições.

(Emiliano Barreira, inédito)

Na passagem da voz ativa para a passiva, NÃO houve a devida correspondência quanto ao tempo verbal na seguinte construção:

a) A questão de gosto dispensaria as razões = As razões teriam sido dispensadas pela questão de gosto.

b) O autoritarismo apagava as diferenças reais = As diferenças reais eram apagadas pelo autoritarismo.

c) Os acomodados têm proclamado a servidão ao capricho = A servidão ao capricho tem sido proclamada pelos acomodados.

d) Será que ele apreciará tais formas ditatoriais? = Será que tais fórmulas ditatoriais serão apreciadas por ele?

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Quinta Fase Juiz Estadual

e) Haveremos de enfrentar esse e outros desafios = Esse e outros desafios haverão de ser enfrentados por nós.

Questão 23: FCC - TJ TRT19/TRT 19/Administrativa/2014

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Atenção: Para responder à questão, considere os textos I e II.

Texto I

Tudo é grandioso na Amazônia, o maior bloco remanescente de floresta tropical do planeta. Com pouco mais de 6,8 milhões de quilômetros quadrados, espalha-se por nove países da América do Sul − a maior parte está no Brasil, que detém 69% da área coberta pela floresta. Estima-se ainda que ela abrigue quase 25% de todas as espécies de seres vivos da Terra, além de 35 milhões de pessoas (20 milhões somente no Brasil). A Amazônia tem também a maior bacia fluvial do mundo, fundamental para a drenagem de vários países e para a geração de chuvas. É o maior reservatório de água doce do planeta, com cerca de 20% de toda a água doce disponível. Por isso, é um dos reguladores do clima e do equilíbrio hídrico da Terra.

Apesar de tanta grandiosidade, são as alterações em pequena escala, como a abertura de clareiras para a extração seletiva de madeira, que podem representar uma das principais ameaças à conservação do ecossistema, destaca o biólogo Helder Queiroz, diretor do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. De modo geral, explica Queiroz, as principais ameaças à Amazônia estão hoje associadas às práticas que levam direta ou indiretamente à perda de hábitats e à redução de populações de plantas e de animais. "Muitas árvores com

madeira de grande valor comercial são fundamentais para a alimentação de diversos animais", diz Queiroz.

Hoje, a perda de ambientes naturais é maior numa região conhecida como Arco do Desmatamento, que se estende do sul ao leste da Amazônia Legal − uma área de 5 milhões de km2 que engloba oito estados. O Arco do Desmatamento, definido pela fronteira da expansão agropecuária − que converte grandes extensões de floresta em pastagens −, concentra cerca de 56% da população indígena do país.

As regiões de várzea, em terrenos mais baixos, no interior da floresta amazônica, também têm atraído a atenção do poder público durante a elaboração de estratégias de conservação do ecossistema. Boa parte dessa região é inundada

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pelas chamadas águas brancas, de origem andina, ricas em sedimentos e nutrientes. Nesses trechos, a vegetação tende a ser mais abundante. Devido a essa riqueza em recursos naturais, as florestas de várzea sofrem mais com a constante ocupação humana. Todas as grandes cidades amazônicas, e boa parte das pequenas, estão localizadas nessas áreas.

(Adaptado de: ANDRADE, Rodrigo de Oliveira, Pesquisa Fapesp, outubro de 2013. p. 58-60)

Texto II

Em 1985, depois de examinar com atenção a intensa urbanização da Amazônia, que nas últimas décadas do século XX acusou as maiores taxas do Brasil, a geógrafa política Bertha Koiffmann Becker (que morreu em julho de 2013) lançou a expressão "floresta urbanizada" para definir a região, valorizada até então apenas pelas matas. Ela preferia usar a expressão Arco do Povoamento Consolidado em vez da mais comum, Arco do Desmatamento, para designar as áreas de ocupação humana nas bordas da floresta, pela simples razão de que essa área está ocupada por muitas cidades grandes, estradas e plantações de soja, além de pecuária e mineração.

Bertha Becker argumentava que era preciso pensar o desenvolvimento da floresta, não apenas sua preservação. Suas conferências, os debates com colegas acadêmicos e com homens do governo e os 19 livros que publicou ajudaram a enriquecer a visão sobre a Amazônia, hoje vista como um espaço complexo, resultante da interação de forças políticas e econômicas. Seu trabalho influenciou a elaboração de novas estratégias para a organização desse território.

(Adaptado de: Pesquisa Fapesp, agosto de 2013. p. 56)

− que converte grandes extensões de floresta em pastagens − (Texto I, 3o parágrafo)

Transpondo a frase acima para a voz passiva, a forma verbal passará a ser:

a) tinham convertido.

b) foi convertida.

c) são convertidas.

d) deveria converter.

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e) foram convertidos.

Questão 24: FCC - AJ TRT12/TRT 12/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Há uma geração, aproximadamente dois terços da população do subúrbio de San Marino, em Los Angeles, era branca. Hoje, no entanto, os asiáticos formam mais da metade da população do local.

A transformação ilustra uma mudança drástica nas tendências migratórias da Califórnia, na última década, que pode ser vista em toda a área: grande parte dos imigrantes do Estado mais populoso dos EUA hoje vem da Ásia.

"Estamos realmente vendo uma era diferente aqui", disse Hans Johnson, demógrafo do Instituto de Políticas Públicas da Califórnia que estudou dados do Censo.

Mas o crescimento não ocorreu sem certas reações. Se raramente há tensão declarada na área hoje em dia, existe uma história de conflitos sobre regulamentos escritos apenas em inglês.

(Adaptado de: Novo sonho suburbano nos EUA mistura Ásia e Califórnia. Disponível em: www1.folha.uol.com.br)

Hoje, no entanto, os asiáticos formam mais da metade da população do local.

Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será:

a) se formava.

b) são formadas.

c) é formado.

d) é formada.

e) era formada.

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Questão 25: FCC - TJ TRT12/TRT 12/Administrativa/2013

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Um ano de ausência

A porta aberta, você dava logo de cara com um azulejo na parede: “Aqui mora um solteiro feliz”. Uma pitada de humor com um toque popular. Essa graça espontânea que a tudo dá gosto. Do contrário, a vida é só enfado e mormaço. Era de fato um solitário. Precisava de ser só. Nisso, sua personalidade era feita de uma peça só. Incapaz de simulação, ou até, em certos casos, de uma ponta de hipocrisia que se debita à polidez social.

Nunca vi solitário de porta tão aberta. Nesse sentido, falando de Minas, do tempo em que lá viveu, observava o recato, a quase avareza com que os mineiros tratam o forasteiro. Talvez por isso nunca se esqueceu de um almoço em Caeté, que lhe deu uma página antológica do ponto de vista das duas artes − a culinária e a literária. Sendo de um temperamento encolhido, sobretudo na mocidade, gostava desse clima de intimidade que cria laços de confiança e amizade para sempre.

À primeira vista, ou de longe, parecia, sim, o que os franceses chamam de um urso. Sempre metido consigo mesmo, fabricava o seu próprio mel. Espécie de ruminante, que se alimentava da matula que traz de nascença. Fugia da cilada sentimental, ou da emoção, pelo atalho do senso de humor. Sabia manejar a lâmina da ironia, nunca a usava a seco. Sempre compensada por uma tirada de forte teor humano. Horror ao pedantismo, à afetação. Não impostava a voz, nem a pena.

Talvez tivesse qualquer coisa de bicho, esse homem sensível à beleza fugaz deste mundo. Na sua relação com a natureza, não havia intermediação de ordem intelectual. O coração da vida pulsava no seu coração. Era um ser livre e lírico. Seu claro olhar de sabedoria espiava o Brasil com algum tédio. País sem jeito, que trata mal as crianças e os pobres. O sentimento de justiça sem apelo ideológico. Muito antes do modismo conservacionista, pleiteou a causa do macaco carvoeiro e de todo e qualquer ser ameaçado. Tinha uma disponibilidade fundamental para ver e escrever. Um senhor poeta, o cronista Rubem Braga.

(Adaptado de: Otto Lara Resende. Bom dia para nascer: crônicas publicadas na

Folha de S.Paulo. São Paulo: Cia. das Letras, 2011, p. 259 e 260)

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Muito antes do modismo conservacionista, pleiteou a causa do macaco carvoeiro e de todo e qualquer ser ameaçado.

A transposição para a voz passiva da frase acima resultará na forma verbal:

a) foi pleiteado.

b) pleitearam-se.

c) era pleiteada.

d) foram pleiteados.

e) foi pleiteada.

Questão 26: FCC - AJ TRT15/TRT 15/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Atenção: Leia o texto abaixo para responder à questão.

Todos os dias, acompanhamos na televisão, nos jornais e revistas as catástrofes climáticas e as mudanças que estão ocorrendo, rapidamente, no clima mundial. Nunca se viram mudanças tão rápidas e com efeitos devastadores como têm ocorrido nos últimos anos.

Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimento global está ocorrendo em função do aumento da emissão de gases poluentes, principalmente derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel etc.) na atmosfera. Esses gases (ozônio, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e monóxido de carbono) formam uma camada de poluentes de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. Esse fenômeno ocorre, porque esses gases absorvem grande parte da radiação infravermelha emitida pela Terra, dificultando a dispersão do calor.

O desmatamento e a queimada de florestas e matas também colaboram para esse processo. Os raios do Sol atingem o solo e irradiam calor na atmosfera. Como esta camada de poluentes dificulta a dispersão do calor, o resultado é o aumento da temperatura global. Embora este fenômeno ocorra de forma mais evidente nas grandes cidades, já se verificam suas consequências no aquecimento global.

(Adaptado de: http://www.suapesquisa.com/geografia/ aquecimento_ global.htm)

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Todos os dias, acompanhamos na televisão, nos jornais e revistas as catástrofes climáticas e as mudanças que estão ocorrendo, rapidamente, no clima mundial.

Trocando o verbo acompanhamos por acompanhávamos, a frase acima fica reescrita corretamente na voz passiva analítica em:

a) Todos os dias, foram acompanhadas pela televisão as catástrofes climáticas e as mudanças que têm ocorrido, rapidamente, no clima mundial.

b) Todos os dias, acompanham-se pela televisão as catástrofes climáticas e as mudanças que estavam ocorrendo, rapidamente, no clima mundial.

c) Todos os dias, eram acompanhadas pela televisão as catástrofes climáticas e as mudanças que estavam ocorrendo, rapidamente, no clima mundial.

d) Todos os dias, são acompanhadas pela televisão as catástrofes climáticas e as mudanças que ocorrem, rapidamente, no clima mundial.

e) Catástrofes climáticas e as mudanças que ocorrem, rapidamente, no clima mundial.

Questão 27: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Se um cachorro “pensa” ou não, “tem consciência” ou não, isso depende da definição escolhida. Algumas pessoas não atribuirão “consciência” a criatura alguma que não seja capaz de abstrair um conceito geral com base em fatos particulares e, a partir daí, aplicar o aparato da lógica formal de modo a fazer inferências para além desses fatos. Outros conferem “consciência” a criaturas que reconhecem seus parentes consanguíneos e se recordam de locais prévios relacionados a situações de perigo ou de prazer. Pelo primeiro critério, os cães não têm consciência; pelo segundo, têm. Mas os cães permanecem sendo cães e sentindo aquilo que sentem, sem levar em consideração os rótulos escolhidos por nós.

No contexto dos esforços internacionais para conservar a biodiversidade, essa questão assume uma importância central, uma vez que o argumento clássico sobre os motivos pelos quais uma criatura supostamente decente e moral como o Homo sapiens pode maltratar e até mesmo exterminar outras espécies se assenta sobre uma posição extrema num continuum. A tradição cartesiana, formulada explicitamente no século XVII, mas presente, sem dúvida, numa forma “popular” ou em outras versões, ao longo de toda história humana, sustenta que os outros

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animais são pouco mais que máquinas desprovidas de sentimentos e que apenas os homens gozam de “consciência”, não importa como ela seja definida. Nas versões radicais dessa teoria, até mesmo a dor e o sofrimento manifestos de outros mamíferos (tão palpáveis para nós, e da maneira mais visceral, uma vez que as expressões vocais e faciais desses parentes evolutivos próximos são semelhantes às nossas próprias reações aos mesmos estímulos) nada mais sinalizam do que uma resposta automática sem nenhuma representação interna em termos de sentimento − porque os outros animais não têm consciência alguma. Assim, levando adiante esse argumento, poderíamos nos preocupar com a extinção em função de outras razões, mas não em virtude de alguma espécie de dor ou sofrimento associado a essas mortes inevitáveis.

Não acredito que muitas pessoas sustentem nos dias de hoje uma versão tão forte da posição cartesiana, mas a tradição de se considerar os animais “inferiores” como “menos capazes de sentir” certamente persiste como um paliativo que ajuda a justificar nossa rapacidade − do mesmo modo como os nossos ancestrais racistas argumentavam que os “insensíveis” índios eram incapazes de experimentar alguma forma de dor conceitual ou filosófica pela perda de seu ambiente ou modo de vida (desde que os territórios reservados suprissem suas necessidades corporais de alimento e segurança), e que os “primitivos” africanos não lamentariam a terra natal e a família abandonadas à força uma vez que a escravidão lhes assegurasse a sobrevivência do ponto de vista físico.

(Adaptado de: Stephen Jay Gould. A montanha de moluscos de

Leonardo da Vinci. Trad. de Rejane Rubino. S.Paulo: Cia. das Letras, 2003. p.465-6)

... desde que os territórios reservados suprissem suas necessidades corporais de alimento e segurança...

A transposição da frase acima para a voz passiva terá como resultado a forma verbal:

a) fossem supridas.

b) forem supridos.

c) fossem supridos.

d) viessem a suprir.

e) sejam supridas.

Questão 28: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

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Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Em 8 de outubro de 2010 a terra tremeu como jamais se havia visto em Mara Rosa, cidade com 10 mil habitantes no norte de Goiás. Passava um pouco das 5 da tarde daquela sexta-feira e as pessoas se preparavam para o fim de semana quando o chão balançou tão intensamente a ponto de se tornar difícil ficar em pé. Menos de um minuto mais tarde, os reflexos desse terremoto de magnitude 5, um dos mais fortes registrados no país nos últimos 30 anos, haviam percorrido 250 quilômetros e alcançado Brasília, onde alguns prédios chegaram a ser desocupados.

Nas semanas seguintes, Lucas Barros, chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), e sua equipe instalaram sismógrafos em Mara Rosa e nos municípios vizinhos. Em seis meses, outros 800 sismos, menos intensos, ocorreram ali e ajudaram a determinar a causa direta do desassossego da terra naquela região. Bem abaixo de Mara Rosa, a uns três quilômetros de profundidade, há uma extensa rachadura na crosta terrestre, a camada mais rígida e externa do planeta. E, ao longo dessa fratura que se estende por cinco quilômetros, as rochas haviam se deslocado, fazendo a terra tremer.

A identificação dessa fratura não chegou a surpreender o grupo da UnB. Mara Rosa e outros municípios do norte de Goiás e do sul de Tocantins se encontram em uma região geologicamente instável: a zona sísmica Goiás-Tocantins, que concentra 10% dos terremotos do Brasil. Parte dos geólogos atribui a elevada frequência de tremores nessa área − uma das nove zonas sísmicas delimitadas no país − à proximidade com o Lineamento Transbrasiliano, uma extensa cicatriz na crosta terrestre que cruza o Brasil e, do outro lado do Atlântico, continua na África.

Mas nem todos concordam. Muitas vezes a localização dos tremores não coincide com a desse conjunto de falhas e, em certos trechos dele, nunca se detectaram tremores.

(Adaptado de Igor Zolnerkvic e Ricardo Zorzeto. Disponível em:

www.revista.pesquisa.fapesp.br/2013/05/14/por-que-aterratreme- no-brasil/. Acesso em 24/07/2013)

A frase em que se admite transposição para a voz passiva está em:

a) Passava um pouco das 5 da tarde daquela sexta-feira...

b) Em 8 de outubro de 2010 a terra tremeu como...

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c) ... e sua equipe instalaram sismógrafos em Mara Rosa...

d) Mas nem todos concordam.

e) ... a localização dos tremores não coincide com a desse conjunto de falhas...

Questão 29: FCC - TJ TRT13/TRT 13/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Em 1973, um livro afirmou que as plantas são seres sencientes que têm emoções, preferem música clássica a rock’n’roll e podem reagir a pensamentos não expressos verbalmente de seres humanos a centenas de quilômetros de distância. Entrou para a lista de best-sellers do New York Times, na categoria não ficção.

A Vida Secreta das Plantas, de Peter Tompkins e Christopher Bird, apresentou uma fascinante miscelânea de ciência botânica autêntica, experimentos fajutos e culto místico da natureza, que arrebatou a imaginação do público numa época em que o ideário new age começava a ser assimilado pela cultura dominante. As passagens mais memoráveis descreviam os experimentos de Cleve Backster, um ex-agente da CIA especialista em detectores de mentiras. Em 1966, porque lhe deu na veneta, Bakster ligou um galvanômetro − medidor de correntes elétricas − à folha de uma dracena plantada num vaso do seu escritório. Ficou pasmo ao constatar que, quando ele imaginava a dracena pegando fogo, a agulha do polígrafo se mexia, registrando um surto de atividade elétrica indicador de que a planta sentia estresse. “A planta leu a mente dele?”, indagam os autores. Backster teve vontade de sair pelas ruas gritando: “As plantas pensam!”

Nos anos seguintes, vários botânicos sérios tentaram em vão reproduzir o “efeito Backster”. Boa parte da ciência em A Vida Secreta das Plantas caiu em descrédito. Mas o livro deixou sua marca na cultura. Norte-americanos começaram a conversar com plantas e a tocar Mozart para elas, e sem dúvida muitos ainda o fazem. Isso pode parecer inofensivo − provavelmente sempre haverá uma veia sentimentalista a influenciar nosso modo de ver as plantas −, mas, na opinião de muitos botânicos, esse livro causou danos duradouros a sua área de estudo. Segundo o biólogo Daniel Chamovitz, Tompkins e Bird foram responsáveis por emperrar “importantes pesquisas sobre o comportamento das plantas, pois os cientistas passaram a desconfiar de qualquer estudo que sugerisse paralelos entre sentidos dos animais e sentidos dos vegetais”.

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(POLLAN, Michael. “A Planta Inteligente”, In: Piauí, maio de 2014. p. 63-64)

A frase que pode ser corretamente transposta para a voz passiva encontra-se em:

a) Boa parte da ciência em A Vida Secreta das Plantas caiu em descrédito.

b) ... provavelmente sempre haverá uma veia sentimentalista...

c) Isso pode parecer inofensivo...

d) ... de qualquer estudo que sugerisse paralelos entre sentidos...

e) ... que as plantas são seres sencientes...

Questão 30: FCC - TJ TRT1/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Calma, isso é só um filme...

O menino estava morrendo de medo, tapando a cara para não ver a cena de terror na TV e o pai acudiu dizendo “Calma, isso é só um filme”. O que equivale a um “é tudo de mentirinha, seu bobo”. Bem que o filho poderia responder: “Mas o meu medo é de verdade!” − e estaria com isso reconhecendo o efeito vivo e material que as simulações, as representações e as simbolizações da arte e dos jogos têm sobre todas as criaturas.

A convicção de que toda representação artística, por ser uma representação, é contrária a qualquer verdade, mostra-se muito bem, quando queremos escapar do poder real dos “fingimentos” da arte e apelamos para a “realidade do mundo” − como se esta só existisse numa autonomia plena, em si mesma, sem permitir se expressar de modo criativo. Quem se inicia, por exemplo, no universo mágico do escritor Guimarães Rosa, mergulhando no grande sertão cósmico-mineiro a que ele deu nova vida, em nova e surpreendente linguagem, e tem que suspender a leitura para ir ao mercado poderá pensar, na rua, invertendo a equação: “Mas isso é só o mundo...”

Ao ouvirmos aquela sonata ou aquela canção especial, não deveríamos chorar, pois aquilo “é só música”. A ingênua alegação de que a arte é “só” arte, de que um símbolo é “apenas” um símbolo, pretende trabalhar contra nossa humanidade

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profunda, contra essa condição em que a disposição emocional se alia à nossa energia afetiva e inteligente, por vezes levando-nos num salto para a plataforma do sublime, esse estágio tão alto de beleza que parece não haver mais nada acima dele. Quando nos comovemos de verdade com qualquer manifestação artística, fica impossível acusar o artista de mentiroso: a linguagem que ele concebeu e que nos encantou passou a fazer parte da nossa verdade.

(Paulo Carini do Amaral, inédito)

Transpondo-se para a voz passiva a forma ...... , ela deverá adotar a forma ...... .

Preenchem corretamente as lacunas da frase acima:

a) estaria reconhecendo o efeito vivo / ficaria reconhecido o efeito vivo.

b) queremos escapar do poder real / o poder real quer escapar de nós

c) tem que suspender a leitura / tem suspendido a leitura

d) a linguagem que ele concebeu / a linguagem que foi por ele concebida

e) parece não haver mais nada / nada parecia ter havido

Questão 31: FCC - TJ TRT3/TRT 3/Administrativa/2015

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

O fim dos álbuns de fotografias

Quando me pergunto o que deverá desaparecer nos próximos anos, por conta dos avanços tecnológicos que mudam ou suprimem hábitos e valores tradicionais, incluo os álbuns de fotografias. Na verdade, são as fotografias mesmas, aquelas reveladas em papel, que estão desaparecendo para dar lugar às imagens arquivadas num celular ou num computador. Não é mais o tempo que as torna apagadas ou amareladas; é o nosso súbito desinteresse que as remove de vez ao toque de um “delete”. Nem pensar em armazená-las naqueles álbuns de capa dura e folhas de papelão, alguns encadernados em pano, álbuns de família, que se acumulavam em baús ou velhos armários. São monumentos remotos, de um tempo em que a memória ia longe, chegava aos avós e aos bisavós.

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Pergunto-me se não é a qualidade mesma da nossa memória, do nosso interesse pelas recordações, se não é o valor mesmo da memória que está mudando de forma radical. Parece estar havendo um crescente desprestígio de tudo o que se refere ao passado, ainda quando esse passado seja recente. Com isso, o tempo se reduz ao instante que está passando e ao aguardado amanhã, do qual se exigem novas revelações, novos milagres. Um álbum de fotografias, nessa velocidade, é um objeto de museu, testemunha de tempos mais ingênuos e de imagens paralisadas.

Enquanto não morrem de vez, ainda me detenho em alguns desses álbuns. Quase sempre são de gosto duvidoso, com capas pretensiosas, ilustradas com flores coloridas, gatinhos meigos, paisagens poéticas e outros mimos. Dentro deles surpreendo a vida que já foi, os olhares que nos apanham em nossa vez de ser modernos. Aí me ocorre que nossas imagens não irão parar em álbuns caprichosos, talvez nem mesmo em arquivos digitais: não estarão em lugar nenhum. É o preço que se paga pelo desapego à memória.

(Vitório Damásio, inédito)

Transpondo-se para a voz passiva a forma verbal sublinhada na frase Dentro deles surpreendo a vida que já foi, obtém-se a expressão

a) tenho surpreendido.

b) fora surpreendida.

c) estou surpreendendo.

d) será surpreendida.

e) é surpreendida.

Questão 32: FCC - TJ TRT4/TRT 4/Administrativa/2015

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

A vida é uma tapeçaria que elaboramos, enquanto somos urdidos dentro dela. Aqui e ali podemos escolher alguns fios, um tom, a espessura certa, ou até colaborar no desenho.

Linhas de bordado podem ser cordas que amarram ou rédeas que se deixam manejar: nem sempre compreendemos a hora certa ou o jeito de as segurarmos.

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Nem todos somos bons condutores; ou não nos explicaram direito qual o desenho a seguir, nem qual a dose de liberdade que podíamos – com todos os riscos – assumir.

(LUFT, L. O rio do meio. São Paulo: Mandarim, 1997, 3. ed, p. 105)

... enquanto somos urdidos dentro dela.

O verbo urdir na frase acima está transposto para a voz passiva. Dentre as opções abaixo, o verbo que admite essa transposição está em:

a) A vida é, para todos, comparável a uma tapeçaria de desenho, cores e espessura individuais.

b) Necessitamos, habitualmente, de orientação segura na tomada de decisões corretas em nossa vida.

c) Pessoas próximas colaboram conosco na definição de projetos ao longo de toda a vida.

d) Durante toda a vida, estamos sempre fazendo opções acerca de nossos objetivos.

e) As cores escolhidas para o bordado parecem ser o propósito definitivo de uma vida.

Questão 33: FCC - AJ TRT23/TRT 23/Judiciária/2016

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Atenção: Para responder à questão, leia o texto abaixo.

Nasci na Rua Faro, a poucos metros do Bar Joia, e, muito antes de ir morar no Leblon, o Jardim Botânico foi meu quintal. Era ali, por suas aleias de areia cor de creme, que eu caminhava todas as manhãs de mãos dadas com minha avó. Entrávamos pelo portão principal e seguíamos primeiro pela aleia imponente que vai dar no chafariz. Depois, íamos passear à beira do lago, ver as vitórias-régias, subir as escadarias de pedra, observar o relógio de sol. Mas íamos, sobretudo, catar mulungu.

Mulungu é uma semente vermelha com a pontinha preta, bem pequena, menor do que um grão de ervilha. Tem a casca lisa, encerada, e em contraste com a pontinha preta seu vermelho é um vermelho vivo, tão vivo que parece quase estranho à

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natureza. É bonita. Era um verdadeiro prêmio conseguir encontrar um mulungu em meio à vegetação, descobrir de repente a casca vermelha e viva cintilando por entre as lâminas de grama ou no seio úmido de uma bromélia. Lembro bem com que alegria eu me abaixava e estendia a mão para tocar o pequeno grão, que por causa da ponta preta tinha uma aparência que a mim lembrava vagamente um olho.

Disse isso à minha avó e ela riu, comentando que eu era como meu pai, sempre prestava atenção nos detalhes das coisas. Acho que já nessa época eu olhava em torno com olhos mínimos. Mas a grandeza das manhãs se media pela quantidade de mulungus que me restava na palma da mão na hora de ir para casa. Conseguia às vezes juntar um punhado, outras vezes apenas dois ou três. E é curioso que nunca tenha sabido ao certo de onde eles vinham, de que árvore ou arbusto caíam aquelas sementes vermelhas. Apenas sabíamos que surgiam no chão ou por entre as folhas e sempre numa determinada região do Jardim Botânico.

Mas eu jamais seria capaz de reconhecer uma árvore de mulungu. Um dia, procurei no dicionário e descobri que mulungu é o mesmo que corticeira e que também é conhecido pelo nome de flor-de-coral. ''Árvore regular, ornamental, da família das leguminosas, originária da Amazônia e de Mato Grosso, de flores vermelhas, dispostas em racimos multifloros, sendo as sementes do fruto do tamanho de um feijão (mentira!), e vermelhas com mácula preta (isto, sim)'', dizia.

Mas há ainda um outro detalhe estranho – é que não me lembro de jamais ter visto uma dessas sementes lá em casa. De algum modo, depois de catadas elas desapareciam e hoje me pergunto se não era minha avó que as guardava e tornava a despejá-las nas folhagens todas as manhãs, sempre que não estávamos olhando, só para que tivéssemos o prazer de encontrá- las. O fato é que não me sobrou nenhuma e elas ganharam, talvez por isso, uma aura de magia, uma natureza impalpável. Dos mulungus, só me ficou a memória − essa memória mínima.

(Adaptado de: SEIXAS, Heloísa. Semente da Memória. Disponível em: http://heloisaseixas.com.br)

Mas a grandeza das manhãs se media pela quantidade de mulungus... (3o parágrafo)

Na frase acima, alterando-se de voz passiva sintética para analítica, a forma verbal resultante é:

a) era medida

b) eram medidas

c) seria medida

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d) tinha sido medida

e) tinham sido medidos

Questão 34: FCC - TJ TRT14/TRT 14/Administrativa/2016

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Um pequeno tesouro literário, guardado com esmero durante quatro gerações, veio a público nesta quinta-feira (15.10.2015). Dezenas de documentos, fotos e 61 cartas do crítico e acadêmico José Veríssimo, recebidas do escritor Machado de Assis, foram entregues pela família de Veríssimo à Academia Brasileira de Letras (ABL).

Textos manuscritos, datados do início do século passado, e até uma fotografia e 12 cartas inéditas do patrono da Academia ficaram guardados por décadas em um antigo gaveteiro de madeira, que veio passando de geração em geração e, por último, estava no apartamento da aposentada Helena Araújo Lima Veríssimo, viúva do jornalista Jorge Luiz Veríssimo, um dos netos de José Veríssimo.

Apesar do valor histórico e sentimental do material, a família achou melhor entregar a guarda dos documentos à ABL, que tem condições ideais para preservar a coleção, em que se destaca uma foto inédita de Machado de Assis.

“O acervo do José Veríssimo estava com o marechal [Inácio José Veríssimo, filho do acadêmico], que era uma pessoa voltada para a literatura, apesar de ser militar. O marechal organizou o acervo, escreveu uma biografia de José Veríssimo e depois passou tudo para meu marido”, disse Helena.

Para o presidente da ABL, Geraldo Holanda Cavalcanti, trata-se de um acervo precioso e que pode incentivar outras famílias, detentoras de material histórico sobre os acadêmicos, a também doarem o acervo à Academia. “Isto pode despertar a atenção de outras pessoas que tenham documentos em casa e se disponham a trazer para a Academia, que é a guardiã desse tipo de acervo, que é muito difícil de ser guardado em casa, pois o tempo destrói e aqui temos a melhor técnica de conservação de documentos”, disse Cavalcanti.

(Adaptado de: OLIVEIRA, Gomes. Cartas inéditas de Machado de Assis são doadas à Academia Brasileira de Letras. www.folharondoniense.com.br/cultura/cartas-ineditas-de-machado- de-assis-sao-doadas-a-academia-brasileira-de-letras)

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O marechal organizou o acervo...

A forma verbal está corretamente transposta para a voz passiva em:

a) estava organizando

b) tinha organizado

c) organizando-se

d) foi organizado

e) está organizado

Questão 35: FCC - AJ TRT20/TRT 20/Judiciária/"Sem Especialidade"/2016

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Atenção: Leia o texto abaixo para responder à questão.

A competência do escritor

O grande ficcionista russo Anton Tchékhov tinha posições bastante maduras sobre a função essencial de um escritor. Numa das cartas que escreveu a um amigo, dizia, em síntese, que, ao exigirmos do artista uma atitude consciente em relação ao seu trabalho, costumamos confundir dois conceitos: a solução do problema de que ele trata e a colocação correta desse problema, pela qual se esclarecem quais são as questões nele implicadas. Apenas o segundo conceito é obrigatório para o artista. Há nisso alguma semelhança com o julgamento de um tribunal: as partes envolvidas devem colocar as questões corretamente, e que os jurados resolvam, cada um à sua maneira.

O grande escritor russo formula aqui uma proposição cuja prática exemplar representa-se, entre nós, na obra madura de Machado de Assis. Também este parece adotar a tese de que mais vale formular bem uma questão do que tentar de qualquer modo sua solução. Quem lê os contos e romances maduros de Machado de Assis fica com a sensação de que cabe a ele, como leitor, o juízo de valor final a ser aplicado à forma de pensar e de agir das personagens.

(Juracy Colombo, inédito)

Ao se flexionar adequadamente na voz passiva, a forma verbal sublinhada concorda regularmente com seu sujeito em:

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a) Tendo sido bem discriminadas, as questões de um escritor oferecem-se como desafio a ser solucionado pelo leitor.

b) Por saberem expô-las a contento, o escritor oferece ao leitor questões agudas e bastante desafiadoras.

c) A muitos leitores tem sensibilizado as obras desses dois grandes mestres da literatura universal.

d) Ainda que muitas soluções cheguem a haver num texto literário, mais importante é o processo pelo qual se apresentam.

e) É aceitável o paralelo que se propôs estabelecer o autor do texto, ao aproximar os escritores referidos.

Questão 36: FCC - TJ TRT24/TRT 24/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017

Assunto: Vozes (voz passiva e voz ativa)

Aspectos Culturais de Mato Grosso do Sul

A cultura de Mato Grosso do Sul é o conjunto de manifestações artístico-culturais desenvolvidas pela população sul-mato -grossense muito influenciada pela cultura paraguaia. Essa cultura estadual retrata, também, uma mistura de várias outras contribuições das muitas migrações ocorridas em seu território.

O artesanato, uma das mais ricas expressões culturais de um povo, no Mato Grosso do Sul, evidencia crenças, hábitos, tradições e demais referências culturais do Estado.É produzido com matérias primas da própria região e manifesta a criatividade e a identidade do povo sul-mato-grossense por meio de trabalhos em madeira, cerâmica, fibras, osso, chifre, sementes, etc.

As peças em geral trazem à tona temas referentes ao Pantanal e às populações indígenas, são feitas nas cores da paisagem regional e, além da fauna e da flora, podem retratar tipos humanos e costumes da região.

(Adaptado de: CANTU, Gilberto. Disponível em:

http://profgilbertocantu.blogspot.com.br/2013/08/aspectos-culturais-de-mato-grosso-dosul. html)

Está na voz passiva o verbo do seguinte fragmento do texto:

a) É produzido com matérias primas da própria região...

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b) Essa cultura estadual retrata, também, uma mistura de várias outras contribuições das muitas migrações...

c) A cultura de Mato Grosso do Sul é o conjunto de manifestações artístico-culturais...

d) O artesanato, uma das mais ricas expressões culturais de um povo, no Mato Grosso do Sul, evidencia crenças, hábitos, tradições e demais referências culturais do Estado.

e) As peças em geral trazem à tona temas referentes ao Pantanal e às populações indígenas...

Classes de Palavras - Pronomes

Questão 37: FCC - TJ TRT5/TRT 5/Administrativa/2013

Assunto: Pronomes

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Se eu tivesse nascido no circo,

não me machucaria este siso,

doendo agudo na alma.

Desprezaria a abstrata

necessidade de dar certo

na vida e não faria nada.

Aprenderia a domar pulgas, engolir fogo,

adestrar poodles, fazer contorcionismo.

Dependuraria os sonhos no mais alto trapézio,

enfiaria o tédio na jaula dos ursos.

Usaria minhas habilidades

para equilibrar facas na língua

ou entreter o público.

Se eu tivesse nascido no circo,

não teria desejos imediatos ou deveres inadiáveis.

Deixaria cada coisa entregue a seu destino.

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(BORGES, Kátia. Malabarismo. In: SOUZA, Adelice (et. al.). Autores baianos: um panorama. Salvador: P55 Edições, 2013. p. 75. Disponível em: <http://www.fundacaocultu ral.ba.gov.br>. Acesso em: 08/10/2013)

Fazendo-se as alterações necessárias, o segmento grifado foi corretamente substituído, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, por um pronome em:

a) Aprenderia a fazer contorcionismo = Aprenderia a fazer-lhe

b) Usaria minhas habilidades = usaria-lhes

c) Dependuraria os sonhos = dependuraria-nos

d) Aprenderia a engolir fogo = aprenderia a engoli-lo

e) ...ou entreter o público = ou entreter-no

Questão 38: FCC - TJ TRT3/TRT 3/Administrativa/2015

Assunto: Pronomes

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

Lições dos museus

Os museus, ao contrário do que se imagina, são uma invenção moderna: nasceram durante a Revolução Francesa, no final do século XVIII. Os parisienses revoltados arrebentaram as casas dos nobres e se serviram de bens, mobiliário e objetos de arte. O quebra-quebra era um jeito de decretar que acabara o tempo dos privilégios. A Assembleia Nacional debateu durante meses para chegar à conclusão de que os restos do luxo dos aristocratas deviam ser considerados patrimônio da nação. Seriam, portanto, reunidos e instalados em museus que todos visitariam, preservando agradavelmente a lembrança de tempos anteriores.

A questão em debate era a seguinte: será que fazia sentido preservar o passado, uma vez que estava começando uma nova era em que os indivíduos não mais seriam julgados por sua origem, mas por sua capacidade e potencialidades pessoais? Não seria lógico destruir os vestígios de épocas injustas para começar tudo do zero? Prevaleceu o partido segundo o qual era bom conservar os restos do passado iníquo e transformá-los em memórias coletivas.

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Dessa escolha nasceram os museus e, logo depois, a decisão de preservar os monumentos históricos. Na mesma época, na Europa inteira, ganhou força o interesse pela História. A justificativa seria: lembrar para não repetir. Não deu muito certo, ao que tudo indica, pois nunca paramos de repetir o pior. No fundo, não queremos que o passado decida nosso destino: o que nos importa, em princípio, é sempre o futuro.

(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 330-331)

Está correto o emprego do elemento sublinhado na seguinte frase:

a) Os debates da Assembleia Nacional, à que se refere o autor, foram calorosos.

b) As casas dos nobres de cujas se lançaram os revoltosos foram saqueadas.

c) O tempo com que frequentemente nos importamos não é o passado, mas o futuro.

d) Há no passado muitas lições históricas em cujas podemos aprender.

e) Os museus e os monumentos são instituições aonde algum aprendizado da história sempre se dá.

Classes de Palavras - Advérbio Questão 39: FCC - AJ TRT3/TRT 3/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2015

Assunto: Advérbio

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

A matéria abaixo, que recebeu adaptações, é do jornalista Alberto Dines, e foi veiculada em 9/05/2015, um dia após as comemorações pelos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.

Quando a guerra acabar…

Abre parêntese: há momentos − felizmente raros − em que a história pessoal se impõe às percepções conjunturais e o relato na primeira pessoa, embora singular, parcial, às vezes suspeito, sobrepõe-se à narrativa impessoal, ampla, genérica. Fecha parêntese.

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O descaso e os indícios de esquecimento que, na sexta-feira (8/5), rodearam os setenta anos do fim da fase europeia da Segunda Guerra Mundial sobressaltaram. O ano de 1945 pegou-me com 13 anos e a data de 8 de maio incorporou-se ao meu calendário íntimo e o cimentou definitivamente às efemérides históricas que éramos obrigados a decorar no ginásio.

Seis anos antes (1939), a invasão da Polônia pela Alemanha hitlerista − e logo depois pela Rússia soviética − empurrou a guerra para dentro da minha casa através dos jornais e do rádio: as vidas da minha avó paterna, tios, tias, primos e primas dos dois lados corriam perigo. Em 1941, quando a Alemanha rompeu o pacto com a URSS e a invadiu com fulminantes ataques, inclusive à Ucrânia, instalou-se a certeza: foram todos exterminados.

A capitulação da Alemanha tornara-se inevitável, não foi surpresa, sabíamos que seria esmagada pelos Aliados. Nova era a sensação de paz, a certeza que começava uma nova página da história e perceptível mesmo para crianças e adolescentes. A prometida quimera embutida na frase “quando a guerra acabar” tornara-se desnecessária, desatualizada.

A guerra acabara para sempre. Enquanto o retorno dos combatentes brasileiros vindos da Itália era saudado delirantemente, matutinos e vespertinos − mais calejados do que a mídia atual − nos alertavam que a guerra continuava feroz não apenas no Extremo Oriente, mas também na antiquíssima Grécia, onde guerrilheiros de direita e de esquerda, esquecidos do inimigo comum − o nazifascismo − se enfrentavam para ocupar o vácuo de poder deixado pela derrotada barbárie.

Sete décadas depois − porção ínfima da história da humanidade −, aquele que foi chamado Dia da Vitória e comemorado loucamente nas ruas do mundo metamorfoseou-se em Dia das Esperanças Perdidas: a guerra não acabou. Os Aliados desvincularam-se, tornaram-se adversários. A guerra continua, está aí, espalhada pelo mundo, camuflada por diferentes nomenclaturas, inconfundível, salvo em breves hiatos sem hostilidades, porém com intensos ressentimentos.

(Reproduzido da Gazeta do Povo (Curitiba, PR) e do Correio Popular

(Campinas, SP), 9/5/2015; intertítulo do Observatório da Imprensa, edição 849)

A guerra continua, está aí, espalhada pelo mundo, camuflada por diferentes nomenclaturas, inconfundível, salvo em breves hiatos sem hostilidades, porém com intensos ressentimentos.

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Justifica-se o emprego do advérbio aí, na frase, do seguinte modo:

a) a palavra delimita o lugar da guerra, aquele em que o interlocutor se encontra.

b) a palavra remete ao lugar a que se fez referência anteriormente: ao espaço dos Aliados.

c) a palavra tem o sentido de "nesse ponto", como em "É aí que está o X da questão".

d) a palavra compõe expressão que tem o sentido de "apresenta-se por lugares incertos, de modo disseminado".

e) a palavra tem seu sentido associado ao da palavra inconfundível, para expressarem, juntas, a ideia de "contorno único".

Classes de Palavras - Conjunção

Questão 40: FCC - TJ TRT5/TRT 5/Administrativa/2013

Assunto: Conjunção

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

“O cacau brasileiro de qualidade vem ganhando espaço no mercado internacional.” A afirmação é do presidente da Câmara Setorial do Cacau. Mas nem sempre foi assim: esse é um movimento de retomada que se segue a uma devastadora crise na produção brasileira. E o motor dessa retomada é o cacau fino.

No século passado, o Brasil chegou a ser o segundo maior produtor mundial de cacau. Em 1989, entretanto, a praga denominada vassoura-de-bruxa devastou os cacaueiros da Bahia e mudou a vida dos produtores da região.

Atualmente, dois terços da produção mundial de cacau são cultivados na África. No ranking de países produtores, o Brasil ocupa o quinto lugar. A Bahia responde por 70% da produção nacional.

Mas o cacau fino da região tem surpreendido. Grandes empresas do mercado mundial hoje fabricam chocolates finos com cacau baiano de alta qualidade. “Esse é um caminho sem volta”, prevê um cacauicultor. “O mundo aponta para alimentos rastreados e de qualidade.” Para produzir uma amêndoa diferenciada, os produtores baianos investem em tecnologia, treinamento e remuneração da mão de obra.

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Enquanto menos cacau comum é enviado ao exterior, aumenta a exportação da amêndoa de alta qualidade. Os mercados-alvo para esse produto são Bélgica, Suíça, Holanda, Estados Unidos e Japão.

Nos últimos dez anos, o brasileiro passou a comer mais chocolates e o consumo interno aumentou. Os produtores acreditam que, com o tempo, o mercado interno brasileiro atrairá também um número maior de consumidores de chocolates finos. “Atrás de um produto de qualidade, cria-se toda uma cadeia de sustentabilidade, seja ela social ou ambiental”, avalia um produtor.

A maior parte das propriedades da Costa do Cacau, a região do sul da Bahia compreendida por municípios produtores, utiliza o sistema cabruca, no qual os cacaueiros são cultivados à sombra das árvores da Mata Atlântica. Essa característica do cultivo ajuda na conservação das espécies florestais e da fauna silvestre, além de preservar as fontes hídricas.

(Adaptado de: Suzana Camargo. Revista PIB, 12/07/2012)

Em 1989, entretanto, a praga denominada vassoura-debruxa... (2º parágrafo)

Enquanto menos cacau comum é enviado ao exterior... (5º parágrafo)

Sem prejuízo para a correção e o sentido, e sem que nenhuma outra alteração seja feita, os elementos sublinhados podem ser substituídos, respectivamente, por:

a) contudo − Ao passo que

b) conquanto − Tanto que

c) porquanto − Onde

d) não obstante − Embora

e) ainda assim − Posto que

Questão 41: FCC - AJ TRT12/TRT 12/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Conjunção

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

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As certezas sensíveis dão cor e concretude ao presente vivido. Na verdade, porém, o presente vivido é fruto de uma sofisticada mediação. O real tem um quê de ilusório e virtual.

Os órgãos sensoriais que nos ligam ao mundo são altamente seletivos naquilo que acolhem e transmitem ao cérebro. O olho humano, por exemplo, não é capaz de captar todo o espectro de energia eletromagnética existente. Os raios ultravioleta, situados fora do espectro visível do olho humano, são, no entanto, captados pelas abelhas.

Seletividade análoga preside a operação dos demais sentidos: cada um atua dentro de sua faixa de registro, ainda que o grau de sensibilidade dos indivíduos varie de acordo com idade, herança genética, treino e educação. Há mais coisas entre o céu e a terra do que nossos cinco sentidos − e todos os aparelhos científicos que lhes prestam serviços − são capazes de detectar.

Aquilo de que o nosso aparelho perceptivo nos faz cientes não passa, portanto, de uma fração diminuta do que há. Mas o que aconteceria se tivéssemos de passar a lidar subitamente com uma gama extra e uma carga torrencial de percepções sensoriais (visuais, auditivas, táteis etc.) com as quais não estamos habituados? Suponha que uma mutação genética reduza drasticamente a seletividade natural dos nossos sentidos. O ganho de sensibilidade seria patente. “Se as portas da percepção se depurassem”, sugeria William Blake, “tudo se revelaria ao homem tal qual é, infinito”.

O grande problema é saber se estaríamos aptos a assimilar o formidável acréscimo de informação sensível que isso acarretaria. O mais provável é que essa súbita mutação − a desobstrução das portas e órgãos da percepção − produzisse não a revelação mística imaginada por Blake, mas um terrível engarrafamento cerebral: uma sobrecarga de informações acompanhada de um estado de aguda confusão e perplexidade do qual apenas lentamente conseguiríamos nos recuperar. As informações sensíveis a que temos acesso, embora restritas, não comprometeram nossa sobrevivência no laboratório da vida. Longe disso. É a brutal seletividade dos nossos sentidos que nos protege da infinita complexidade do Universo. Se o muro desaba, o caos impera.

(Adaptado de: Eduardo Gianetti, O valor do amanhã, São Paulo, Cia. das Letras, 2010. p. 139-143)

As informações sensíveis a que temos acesso, embora restritas, não comprometeram nossa sobrevivência no laboratório da vida. (5º parágrafo)

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Mantendo-se a correção e a lógica, sem que nenhuma outra alteração seja feita na frase acima, o elemento sublinhado pode ser corretamente substituído por:

a) conquanto.

b) contanto que.

c) entretanto.

d) porém.

e) no entanto.

Questão 42: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Conjunção

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Se um cachorro “pensa” ou não, “tem consciência” ou não, isso depende da definição escolhida. Algumas pessoas não atribuirão “consciência” a criatura alguma que não seja capaz de abstrair um conceito geral com base em fatos particulares e, a partir daí, aplicar o aparato da lógica formal de modo a fazer inferências para além desses fatos. Outros conferem “consciência” a criaturas que reconhecem seus parentes consanguíneos e se recordam de locais prévios relacionados a situações de perigo ou de prazer. Pelo primeiro critério, os cães não têm consciência; pelo segundo, têm. Mas os cães permanecem sendo cães e sentindo aquilo que sentem, sem levar em consideração os rótulos escolhidos por nós.

No contexto dos esforços internacionais para conservar a biodiversidade, essa questão assume uma importância central, uma vez que o argumento clássico sobre os motivos pelos quais uma criatura supostamente decente e moral como o Homo sapiens pode maltratar e até mesmo exterminar outras espécies se assenta sobre uma posição extrema num continuum. A tradição cartesiana, formulada explicitamente no século XVII, mas presente, sem dúvida, numa forma “popular” ou em outras versões, ao longo de toda história humana, sustenta que os outros animais são pouco mais que máquinas desprovidas de sentimentos e que apenas os homens gozam de “consciência”, não importa como ela seja definida. Nas versões radicais dessa teoria, até mesmo a dor e o sofrimento manifestos de outros mamíferos (tão palpáveis para nós, e da maneira mais visceral, uma vez que as expressões vocais e faciais desses parentes evolutivos próximos são semelhantes às nossas próprias reações aos mesmos estímulos) nada mais sinalizam do que uma resposta automática sem nenhuma representação interna em termos de sentimento − porque os outros animais não têm consciência alguma. Assim,

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levando adiante esse argumento, poderíamos nos preocupar com a extinção em função de outras razões, mas não em virtude de alguma espécie de dor ou sofrimento associado a essas mortes inevitáveis.

Não acredito que muitas pessoas sustentem nos dias de hoje uma versão tão forte da posição cartesiana, mas a tradição de se considerar os animais “inferiores” como “menos capazes de sentir” certamente persiste como um paliativo que ajuda a justificar nossa rapacidade − do mesmo modo como os nossos ancestrais racistas argumentavam que os “insensíveis” índios eram incapazes de experimentar alguma forma de dor conceitual ou filosófica pela perda de seu ambiente ou modo de vida (desde que os territórios reservados suprissem suas necessidades corporais de alimento e segurança), e que os “primitivos” africanos não lamentariam a terra natal e a família abandonadas à força uma vez que a escravidão lhes assegurasse a sobrevivência do ponto de vista físico.

(Adaptado de: Stephen Jay Gould. A montanha de moluscos de

Leonardo da Vinci. Trad. de Rejane Rubino. S.Paulo: Cia. das Letras, 2003. p.465-6)

Não acredito que muitas pessoas sustentem nos dias de hoje uma versão tão forte da posição cartesiana, mas a tradição de se considerar os animais “inferiores” como “menos capazes de sentir” certamente persiste como um paliativo que ajuda a justificar nossa rapacidade − do mesmo modo como os nossos ancestrais racistas argumentavam que os “insensíveis” índios eram incapazes de experimentar alguma forma de dor conceitual ou filosófica pela perda de seu ambiente ou modo de vida (desde que os territórios reservados suprissem suas necessidades corporais de alimento e segurança), e que os “primitivos” africanos não lamentariam a terra natal e a família abandonadas à força uma vez que a escravidão lhes assegurasse a sobrevivência do ponto de vista físico.

Mantém-se clara e correta a redação da frase acima caso, sem qualquer outra alteração, os elementos sublinhados sejam substituídos, respectivamente, por:

a) embora − de modo que

b) contudo − contanto que

c) conquanto − porquanto

d) embora − contanto que

e) porém − antes que

Questão 43: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

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Quinta Fase Juiz Estadual

Assunto: Conjunção

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Pintor e desenhista, Van Gogh compôs um dos mais renomados conjuntos de obras de arte do acervo da história das artes plásticas mundiais.

Influenciou, direta ou indiretamente, a produção de sucessivas gerações de artistas, e, em razão da tragicidade de sua existência, tornou-se um modelo, uma espécie de paradigma de personalidade artística criadora.

De vida interior intensa e conturbada, a ele foi impossível uma existência regular, dentro de padrões. Em sua atividade artística, tardia e extraordinariamente breve (quando morreu, contava apenas 37 anos de idade), Van Gogh encontrou somente a frustração e a indiferença entre seus contemporâneos. Suas telas, se não eram destruídas ou vilipendiadas, eram guardadas em porões e depósitos como qualquer entulho.

Triste ironia, considerando-se que hoje acompanhamos pelos noticiários internacionais os leilões de suas obras, arrematadas por colecionadores do mundo todo a preços vultosos.

Dele, como artista, ou mesmo de sua obra, já não se deve falar, visto que ingressaram, indiscutivelmente, no rol dos inquestionáveis tesouros humanos. No entanto, no interior mesmo do mundo objetivo da cultura, ao qual sua pintura se integra, seu legado poderia ser utilizado, como modelo ou premissa, para a análise de inúmeras questões − sociais ou estéticas − que envolvem a arte contemporaneamente.

(Adaptado de João Werner. Ensaios sobre arte e estética. Formato ebook)

Suas telas, se não eram destruídas ou vilipendiadas, eram guardadas...

Preservando-se o sentido original, o elemento sublinhado acima pode ser corretamente substituído por

a) embora.

b) como.

c) quando.

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Quinta Fase Juiz Estadual

d) desde que.

e) caso.

Questão 44: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Conjunção

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Você acredita no amor romântico? Alguns dirão que pessoas maduras sabem que o amor não existe. Outros, que é diferente de paixão, sendo esta passageira, enquanto o amor seria algo mais sólido, dado a parcerias de longa duração.

O tema nos encanta, apesar de alguns teóricos afirmarem que o amor é mera invenção da literatura europeia medieval, universalizada, de modo equivocado, pelos autores românticos dos séculos 19 e 20.

(Adaptado de: Luiz Felipe Pondé. Folha de S. Paulo, 11/02/2013)

... enquanto o amor seria algo mais sólido, dado a parcerias de longa duração.

Considerando-se o contexto, no segmento acima há uma

a) concessão.

b) indicação de finalidade.

c) comparação.

d) contradição.

e) indicação de causa.

Questão 45: FCC - TJ TRT13/TRT 13/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Conjunção

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Hoje, aos 88 anos, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman é considerado um dos pensadores mais eminentes do declínio da civilização. Bauman é autor do conceito de “modernidade líquida”. Com a ideia de “liquidez”, ele tenta explicar a Luís A. Giron as mudanças profundas que a civilização vem sofrendo com a globalização e o impacto da tecnologia da informação.

L.A.G. − De acordo com sua análise, as pessoas vivem um senso de desorientação. Perdemos a fé em nós mesmos?

Zygmunt Bauman − Ainda que a proclamação do “fim da história” de Francis Fukuyama não faça sentido, podemos falar legitimamente do “fim do futuro”. Durante toda a era moderna, nossos ancestrais avaliaram a virtude de suas realizações pela crescente (genuína ou suposta) proximidade de uma linha final, o modelo da sociedade que queriam estabelecer. A visão do futuro guiava o presente. Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro, de modo que estamos mais descuidados, ignorantes e negligentes quanto ao que virá. Fomos repelidos pelos atalhos do dia de hoje.

L.A.G. − As redes sociais aumentaram sua força na internet como ferramentas eficazes de mobilização. Como o senhor analisa o surgimento de uma sociedade em rede?

Bauman − As redes sociais eram atividades de difícil implementação entre as comunidades do passado. De algum modo, elas continuam assim dentro do mundo off-line. No mundo interligado, porém, as interações sociais ganharam a aparência de brinquedo de crianças rápidas. Não parece haver esforço na parcela on-line, virtual, de nossa experiência de vida. Hoje, assistimos à tendência de adaptar nossas interações na vida real (off-line), como se imitássemos o padrão de conforto que experimentamos quando estamos no mundo on-line da internet.

L.A.G. − Como o senhor vê a nova onda de protestos no Oriente Médio, nos Estados Unidos e na América Latina, que aumentou nos últimos anos?

Bauman − Se Marx e Engels escrevessem o Manifesto Comunista hoje, teriam de substituir a célebre frase inicial – “Um espectro ronda a Europa − o espectro do comunismo” − pela seguinte: “Um espectro ronda o planeta − o espectro da indignação”. Esse novo espectro comprova a novidade de nossa situação em relação ao ano de 1848, quando Marx e Engels publicaram o Manifesto. Faltam-nos precedentes históricos para aprender com os protestos de massa e seguir adiante. Ainda estamos tateando no escuro.

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Quinta Fase Juiz Estadual

L.A.G. − O senhor afirma que as elites adotaram uma atitude de máximo de tolerância com o mínimo de seletividade. Qual a razão dessa atitude?

Bauman − Em relação ao domínio das escolhas culturais, a resposta é que não há mais autoconfiança quanto ao valor intrínseco das ofertas culturais disponíveis. Ao mesmo tempo, as elites renunciaram às ambições passadas de empreender uma missão iluminadora da cultura. Hoje, as elites medem sua superioridade cultural pela capacidade de devorar tudo.

L.A.G. − Como diz o crítico George Steiner, os produtos culturais hoje visam ao máximo impacto e à obsolescência instantânea. Há uma saída para salvar a arte como uma experiência humana importante?

Bauman − Esses produtos se comportam como o resto do mercado. Voltam-se para as vendas na sociedade dos consumidores. Uma vez que a busca pelo lucro continua a ser o motor mais importante da economia, há pouca oportunidade para que os objetos de arte cessem de obedecer à sentença de Steiner.

L.A.G. − Seus livros parecem pessimistas, talvez porque abram demais os olhos dos leitores. O senhor é pessimista?

Bauman − A meu ver, os otimistas acreditam que este mundo é o melhor possível, ao passo que os pessimistas suspeitam que os otimistas podem estar certos... Mas acredito que essa classificação binária de atitudes não é exaustiva. Existe uma terceira categoria: pessoas com esperança. Eu me coloco nessa terceira categoria.

(Adaptado da entrevista de: GIRON, Luís Antônio, publicada

na revista Época. 19/02/2014. Disponível em http://epoca.globo.com)

Verifica-se relação de causa e consequência, respectivamente, entre as orações que se encontram em:

a) Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro, de modo que estamos mais descuidados, ignorantes e negligentes...

b) As redes sociais eram atividades de difícil implementação entre as comunidades do passado. De algum modo, elas continuam assim dentro do mundo off-line.

c) Ainda que a proclamação do “fim da história” de Francis Fukuyama não faça sentido, podemos falar legitimamente do “fim do futuro”.

d) A meu ver, os otimistas acreditam que este mundo é o melhor possível...

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Quinta Fase Juiz Estadual

e) Se Marx e Engels escrevessem o Manifesto Comunista hoje, teriam de substituir a célebre frase inicial...

Questão 46: FCC - AJ TRT3/TRT 3/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2015

Assunto: Conjunção

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

A matéria abaixo, que recebeu adaptações, é do jornalista Alberto Dines, e foi veiculada em 9/05/2015, um dia após as comemorações pelos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.

Quando a guerra acabar…

Abre parêntese: há momentos − felizmente raros − em que a história pessoal se impõe às percepções conjunturais e o relato na primeira pessoa, embora singular, parcial, às vezes suspeito, sobrepõe-se à narrativa impessoal, ampla, genérica. Fecha parêntese.

O descaso e os indícios de esquecimento que, na sexta-feira (8/5), rodearam os setenta anos do fim da fase europeia da Segunda Guerra Mundial sobressaltaram. O ano de 1945 pegou-me com 13 anos e a data de 8 de maio incorporou-se ao meu calendário íntimo e o cimentou definitivamente às efemérides históricas que éramos obrigados a decorar no ginásio.

Seis anos antes (1939), a invasão da Polônia pela Alemanha hitlerista − e logo depois pela Rússia soviética − empurrou a guerra para dentro da minha casa através dos jornais e do rádio: as vidas da minha avó paterna, tios, tias, primos e primas dos dois lados corriam perigo. Em 1941, quando a Alemanha rompeu o pacto com a URSS e a invadiu com fulminantes ataques, inclusive à Ucrânia, instalou-se a certeza: foram todos exterminados.

A capitulação da Alemanha tornara-se inevitável, não foi surpresa, sabíamos que seria esmagada pelos Aliados. Nova era a sensação de paz, a certeza que começava uma nova página da história e perceptível mesmo para crianças e adolescentes. A prometida quimera embutida na frase “quando a guerra acabar” tornara-se desnecessária, desatualizada.

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Quinta Fase Juiz Estadual

A guerra acabara para sempre. Enquanto o retorno dos combatentes brasileiros vindos da Itália era saudado delirantemente, matutinos e vespertinos − mais calejados do que a mídia atual − nos alertavam que a guerra continuava feroz não apenas no Extremo Oriente, mas também na antiquíssima Grécia, onde guerrilheiros de direita e de esquerda, esquecidos do inimigo comum − o nazifascismo − se enfrentavam para ocupar o vácuo de poder deixado pela derrotada barbárie.

Sete décadas depois − porção ínfima da história da humanidade −, aquele que foi chamado Dia da Vitória e comemorado loucamente nas ruas do mundo metamorfoseou-se em Dia das Esperanças Perdidas: a guerra não acabou. Os Aliados desvincularam-se, tornaram-se adversários. A guerra continua, está aí, espalhada pelo mundo, camuflada por diferentes nomenclaturas, inconfundível, salvo em breves hiatos sem hostilidades, porém com intensos ressentimentos.

(Reproduzido da Gazeta do Povo (Curitiba, PR) e do Correio Popular

(Campinas, SP), 9/5/2015; intertítulo do Observatório da Imprensa, edição 849)

Abre parêntese: há momentos − felizmente raros − em que a história pessoal se impõe às percepções conjunturais e o relato na primeira pessoa, embora singular, parcial, às vezes suspeito, sobrepõe-se à narrativa impessoal, ampla, genérica. Fecha parêntese.

Sem que haja prejuízo do sentido e correção originais, a conjunção acima destacada pode ser substituída por:

a) contudo.

b) apesar de.

c) quando.

d) porque.

e) já que.

Questão 47: FCC - AJ TRT9/TRT 9/Administrativa/2015

Assunto: Conjunção

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Há uma explicação para a escultura de Picasso não ter sido reunida com frequência. Picasso, o filho de pintor, treinado como pintor, não se levava a sério como escultor. Não considerava as esculturas vendáveis ou tema de exposição. Ele as guardava em casa e no estúdio, misturadas aos objetos da decoração. Depois de sua morte, em 1973, a organização do espólio permitiu que obras fossem adquiridas por outras coleções. Embora as esculturas ficassem longe do público, elas foram vistas por artistas que visitavam Picasso.

O diálogo do pintor com o escultor é constante. A escultura, diz a curadora Ann Temke, adaptava-se ao temperamento irrequieto de Picasso, que se permitia improvisação no meio. Na década em que predomina o metal, ela se diverte com a ideia do artista mais rico da história frequentando ferros-velhos em busca de objetos.

A influência da arte africana sobre a pintura de Pablo Picasso é conhecida. É só admirar as sublimes Demoiselles D’Avignon, que moram no quinto andar do MoMA. Mas só quando apreciamos a obra em escultura a conexão fica mais evidente e compreensiva. Ann Temke lembra que a visita de Picasso ao Museu Etnográfico de Paris, em 1907, por sugestão do amigo e pintor André Derain, foi um divisor de águas. “A noção de fazer um espírito habitar uma figura vem daí”, diz ela. “Você não olha para a escultura europeia daquele tempo e pensa neste poder mágico.”

A curadora vê na representação erótica das formas femininas uma âncora do diálogo entre o pintor e o escultor. “Ele estava mapeando a renovação de sua linguagem em duas e três dimensões ao mesmo tempo.”

(Adaptado de: GUIMARÃES, Lúcia. O Estado de S. Paulo. 26 Setembro 2015)

Embora as esculturas ficassem longe do público, elas foram vistas por artistas que visitavam Picasso.

Sem prejuízo da correção e do sentido, o elemento sublinhado acima pode ser substituído por:

a) Porquanto

b) Apesar de

c) Contudo

d) Conquanto

e) A despeito de

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Questão 48: FCC - AJ TRT20/TRT 20/Administrativa/"Sem Especialidade"/2016

Assunto: Conjunção

Atenção: Leia o texto abaixo para responder à questão.

Zé de Julião, muito além do cangaço

Em 1977 estava em Sergipe para realizar um episódio do Globo Repórter; adentrei os sertões e cheguei a Poço Redondo. A pequenez da cidade contrastava com a riqueza cultural e a hospitalidade dos seus moradores. A alegria do encontro com sua gente guardava outras surpresas. Poço Redondo é o epicentro simbólico da história do cangaço. Aí morreram Lampião e Maria Bonita, e muitos outros. Aí conheci o escritor e historiador de sua gente, meu saudoso amigo Alcino Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmente a história de Zé de Julião.

Nesse momento, o cangaço deixou de ser um coletivo para mim e passei a ver nele a dimensão dos seus integrantes como pessoas reais em suas individualidades, grandezas e misérias. Foi aí também que nos prometemos, eu e Alcino, a realizar um filme sobre a extraordinária vida daquele homem, que de alguma forma une os dois grandes símbolos da cultura brasileira: o cangaço e Brasília. O cangaço, representativo da insubmissão violenta à opressão, e Brasília, esse marco da grande utopia de uma nação democrática, justa para todos, e pela qual continuamos a lutar.

Aconteceu; e não foi só um filme, são dois. Em 2012, realizei o ficção “Aos ventos que virão”. Hoje entrego ao povo sergipano o “Zé de Julião, muito além do cangaço”, documentário que busca contar a vida desse homem de caminhos com tantas alegrias, tragédias e símbolos.

(Adaptado de: PENNA, Hermano. Disponível em: http://expressaosergipana.com.br)

Estabelece relação de finalidade, no contexto, o vocábulo sublinhado em:

a) a dimensão dos seus integrantes como pessoas reais (2º parágrafo).

b) E foi dele que ouvi oralmente a história de Zé de Julião (1º parágrafo).

c) o cangaço deixou de ser um coletivo para mim e passei a ver nele (2º parágrafo).

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d) Em 1977 estava em Sergipe para realizar um episódio (1º parágrafo).

e) um filme sobre a extraordinária vida daquele homem (2º parágrafo).

Questão 49: FCC - TJ TRT20/TRT 20/Administrativa/2016

Assunto: Conjunção

Atenção: Leia o texto abaixo para responder à questão.

Com a literatura de cordel como aliada, o clichê de “mudar o mundo” não soa tão inalcançável. Os folhetos de cordel são baratos, acessíveis e extremamente fáceis de transportar e de compartilhar com outras pessoas. Melhor ainda: são ideais para a sala de aula. Entre rimas, estrofes e melodias, muitos assuntos pertinentes podem ser tratados e debatidos.

Nos últimos quatro anos, desde que comecei a publicar os meus cordéis, recebi centenas de mensagens com depoimentos de educadores que compram meus folhetos e utilizam minhas rimas para falar sobre questões raciais, de gênero, de diversidade sexual e história. Com a série Heroínas Negras na História do Brasil, séculos de esquecimento começam a ser rompidos e muita gente escuta falar, pela primeira vez, sobre as mulheres negras que foram líderes quilombolas e guerreiras na luta contra a escravidão.

Pelo cordel, nomes como Tereza de Benguela, Dandara dos Palmares, Zacimba Gaba e Mariana Crioula protagonizam discussões acaloradas sobre racismo e machismo; até mesmo uma aula de português pode ser a oportunidade perfeita para colocar essas questões em pauta.

Esse tipo de cordel com proposta social é chamado de Cordel Engajado e pode trazer política, defesa de causas e críticas sociais para a literatura de uma maneira profundamente envolvente. Afinal, a literatura de cordel é excelente para a transformação da sociedade em uma realidade onde exista mais equidade e respeito pela diversidade.

Esse respeito, aliás, pode começar pela própria valorização do cordel, algo que só deve acontecer quando todos os empecilhos preconceituosos forem tirados do caminho. Ainda há muito a se caminhar, sobretudo com o alarme do tempo piscando e gritando que um dia, infelizmente, o cordel pode virar artigo de museu.

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(Adaptado de: ARRAES, Jarid. “A literatura de cordel...”, Blooks. Rio de Janeiro: Ginga Edições, 2016, p. 12-13)

Mantendo-se o sentido, nos segmentos abaixo, o termo sublinhado que pode ser substituído por “a fim de” encontra-se em:

a) Melhor ainda: são ideais para a sala de aula. (1º parágrafo)

b) ... a literatura de cordel é excelente para a transformação da sociedade... (4º parágrafo)

c) ... e pode trazer política, defesa de causas e críticas sociais para a literatura de uma maneira profundamente envolvente. (4º parágrafo)

d) ... pode ser a oportunidade perfeita para colocar essas questões em pauta. (3º parágrafo)

e) ... e utilizam minhas rimas para falar sobre questões raciais... (2º parágrafo)

Questão 50: FCC - TJ TRT11/TRT 11/Administrativa/2017

Assunto: Conjunção

Muito antes das discussões atuais sobre as mudanças climáticas, os cataclismos naturais despertam interesse no homem. Os desastres são um capítulo trágico da história da humanidade desde tempos longínquos. Supostas inundações catastróficas aparecem em relatos de várias culturas ao longo dos tempos, desde os antigos mesopotâmicos e gregos até os maias e os vikings.

Fora da rota dos grandes furacões, sem vulcões ativos e desprovido de zonas habitadas sujeitas a terremotos, o Brasil não figura entre os países mais suscetíveis a desastres naturais. Contudo, a aparência de lugar protegido dos humores do clima e dos solavancos da geologia deve ser relativizada. Aqui, cerca de 85% dos desastres são causados por três tipos de ocorrências: inundações bruscas, deslizamentos de terra e secas prolongadas. Esses fenômenos são relativamente recorrentes em zonas tropicais, e seus efeitos podem ser atenuados por políticas públicas de redução de danos.

Dois estudos feitos por pesquisadores brasileiros indicam que o risco de ocorrência desses três tipos de desastre deverá aumentar até o final do século. Eles também sinalizam que novos pontos do território nacional deverão se transformar em áreas de risco significativo para esses mesmos problemas. “Os impactos tendem a ser maiores no futuro, com as mudanças climáticas, o crescimento das cidades e a ocupação de mais áreas de risco”, comenta o pesquisador José A. Marengo.

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Além da suscetibilidade natural a secas, enchentes, deslizamentos e outros desastres, a ação do homem tem um peso considerável em transformar o que poderia ser um problema de menor monta em uma catástrofe. Os pesquisadores estimam que um terço do impacto dos deslizamentos de terra e metade dos estragos de inundações poderiam ser evitados com alterações de práticas humanas ligadas à ocupação do solo e a melhorias nas condições socioeconômicas da população em áreas de risco.

Moradias precárias em lugares inadequados, perto de encostas ou em pontos de alagamento, cidades superpopulosas e impermeabilizadas, que não escoam a água da chuva; esses fatores da cultura humana podem influenciar o desfecho de uma situação de risco. “Até hábitos cotidianos, como não jogar lixo na rua, e o nível de solidariedade de uma população podem ao menos mitigar os impactos de um desastre”, pondera a geógrafa Lucí Hidalgo Nunes.

(Adaptado de PIVETTA, Marcos.

Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br)

Contudo, a aparência de lugar protegido dos humores do clima e dos solavancos da geologia deve ser relativizada.

Considerado o contexto, o elemento sublinhado na frase acima introduz uma

a) ressalva.

b) consequência.

c) causa.

d) explicação.

e) condição.

Questão 51: FCC - TJ TRT11/TRT 11/Administrativa/2017

Assunto: Conjunção

Freud uma vez recebeu carta de um conhecido pedindo conselhos diante de uma escolha importante da vida. A resposta é surpreendente: para as decisões pouco importantes, disse ele, vale a pena pensar bem. Quanto às grandes escolhas da vida, você terá menos chance de errar se escolher por impulso.

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A sugestão parece imprudente, mas Freud sabia que as razões que mais pesam nas grandes escolhas são inconscientes, e o impulso obedece a essas razões. Claro que Freud não se referia às vontades impulsivas proibidas. Falava das decisões tomadas de “cabeça fria”, mas que determinam o rumo de nossas vidas. No caso das escolhas profissionais, as motivações inconscientes são decisivas. Elas determinam não só a escolha mais “acertada”, do ponto de vista da compatibilidade com a profissão, como são também responsáveis por aquilo que chamamos de talento. Isso se decide na infância, por mecanismos que chamamos de identificações. Toda criança leva na bagagem alguns traços da personalidade dos pais. Parece um processo de imitação, mas não é: os caminhos das identificações acompanham muito mais os desejos não realizados dos pais do que aqueles que eles seguiram na vida.

Junto com as identificações formam-se os ideais. A escolha profissional tem muito a ver com o campo de ideais que a pessoa valoriza. Dificilmente alguém consegue se entregar profissionalmente a uma prática que não represente os valores em que ela acredita.

Tudo isso está relacionado, é claro, com a almejada satisfação na vida profissional. Mas não vamos nos iludir. Satisfação no trabalho não significa necessariamente prazer em trabalhar. Grande parte das pessoas não trabalharia se não fosse necessário. O trabalho não é fonte de prazer, é fonte de sentido. Ele nos ajuda a dar sentido à vida. Só que o sentido da vida profissional não vem pronto: ele é o efeito, e não a premissa, dos anos de prática de uma profissão. Na contemporaneidade, em que se acredita em prazeres instantâneos, resultados imediatos e felicidade instantânea, é bom lembrar que a construção de sentido requer tempo e persistência. Por outro lado, quando uma escolha não faz sentido o sujeito percebe rapidamente.

(Adaptado de KEHL, Maria Rita. Disponível em: rae.fgv.br /sites/rae.fgv.br/files/artigos)

Só que o sentido da vida profissional não vem pronto...

Considerado o contexto e fazendo-se as devidas alterações na pontuação da frase acima, o segmento sublinhado pode ser substituído por:

a) Porém

b) Embora

c) Porquanto

d) Já que

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e) Mesmo que

Semântica Questão 52: FCC - TJ TRT16/TRT 16/Administrativa/2014

Assunto: Semântica

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Introduzido no Brasil nos primeiros anos de vida republicana, o velho e bretão football foi apropriado por toda a sociedade e, sendo rebatizado no Brasil como “futebol”, virou uma paixão nacional e um acontecimento festejado e amado pelo povo.

Embora tivesse a chancela colonial de tudo o que vinha de fora, o futebol sofreu muitos ataques em nome de um nacionalismo que se pensava frágil como porcelana. E, no entanto, canibalizamos e digerimos o “football”, roubando-o dos ingleses. Hoje, há um estilo brasileiro de jogar e produzir esse esporte. De elemento capaz de desvirtuar, ao lado da música e do cinema americanos, o estilo de vida e a língua pátria, o futebol acabou servindo como um instrumento básico de reflexão sobre o Brasil. O sucesso futebolístico foi o nosso primeiro instrumento de autoestima diante dos países “adiantados” e inatingíveis.

Como prova do imprevisível destino das coisas sociais, o futebol não veio confirmar a dominação colonial. Pelo contrário, ele nos fez colonizadores.

A relação entre povo e futebol tem sido tão profunda e produtiva por aqui, que muitos brasileiros se esquecem de que o futebol foi inventado na Inglaterra e pensam que ele é, como o samba e a feijoada, um produto brasileiro. Provavelmente, conforme muitos têm acentuado, porque é uma atividade que indubitavelmente promove sentimentos básicos de identidade individual e coletiva entre nós.

Talvez o futebol possa ser tudo isso porque ele é um esporte dotado de uma vocação complexa que permite entendê- lo e vivê-lo simultaneamente de muitos pontos de vista. Assim, embora o futebol seja uma atividade moderna, um espetáculo pago, produzido e realizado por profissionais da indústria cultural, ele, não obstante, também orquestra componentes cívicos básicos, identidades sociais importantes, valores culturais profundos e gostos individuais singulares. O seu maior papel foi o de ensinar democracia. Foi o de revelar com todas as letras que

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não se ganha sempre e que o mundo é instável como uma bola. Perder e vencer, ensina o futebol, fazem parte de uma mesma moeda.

(Adaptado de DAMATTA, Roberto. Trechos dos ensaios “O futebol como filosofia” e “

Antropologia do óbvio”. Disponíveis em estadao.com.br e usp.br/revistausp. Acesso em 10/05/2014)

Provavelmente (...) porque é uma atividade que indubitavelmente promove sentimentos básicos de identidade individual e coletiva entre nós. (4º parágrafo)

Mantém-se a correção do segmento acima, no contexto, substituindo-se os elementos sublinhados do seguinte modo:

a) É provável que isso se dê porque o futebol é uma atividade que, sem dúvida, promove sentimentos básicos de identidade individual e coletiva entre nós.

b) Com certeza, porque o futebol é uma atividade que, não se duvidem, promove sentimentos básicos de identidade individual e coletiva entre nós.

c) Talvez porque o futebol é uma atividade onde é incontestável que promove sentimentos básicos de identidade individual e coletiva entre nós.

d) Por certo que isso se deve porque o futebol é uma atividade fora de questão, que promove sentimentos básicos de identidade individual e coletiva entre nós.

e) É possível que se deve ao futebol ser uma atividade da qual é claro que promove sentimentos básicos de identidade individual e coletiva entre nós.

Questão 53: FCC - AJ TRT1/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Semântica

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

A cultura brasileira em tempos de utopia

Durante os anos 1950 e 1960 a cultura e as artes brasileiras expressaram as utopias e os projetos políticos que marcaram o debate nacional. Na década de 1950, emergiu a valorização da cultura popular, que tentava conciliar aspectos da tradição com temas e formas de expressão modernas.

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No cinema, por exemplo, Nelson Pereira dos Santos, nos seus filmes Rio, 40 graus (1955) e Rio, zona norte (1957) mostrava a fotogenia das classes populares, denunciando a exclusão social. Na literatura, Guimarães Rosa publicou Grande sertão: veredas (1956) e João Cabral de Melo Neto escreveu o poema Morte e vida Severina − ambos assimilando traços da linguagem popular do sertanejo, submetida ao rigor estético da literatura erudita.

Na música popular, a Bossa Nova, lançada em 1959 por Tom Jobim e João Gilberto, entre outros, inspirava-se no jazz, rejeitando a música passional e a interpretação dramática que se dava aos sambas-canções e aos boleros que dominavam as rádios brasileiras. A Bossa Nova apontava para o despojamento das letras das canções, dos arranjos instrumentais e da vocalização, para melhor expressar o “Brasil moderno”.

Já a primeira metade da década de 1960 foi marcada pelo encontro entre a vida cultural e a luta pelas Reformas de Base. Já não se tratava mais de buscar apenas uma expressão moderna, mas de pontuar os dilemas brasileiros e denunciar o subdesenvolvimento do país. Organizava-se, assim, a cultura engajada de esquerda, em torno do Movimento de Cultura Popular do Recife e do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), num processo que culminaria no Cinema Novo e na canção engajada, base da moderna música popular brasileira, a MPB.

(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos e VILLAÇA, Mariana. História para o ensino médio. São Paulo: Atual, 2013, p. 738)

Estes dois segmentos constituem respectivamente, no contexto dado, a expressão de uma causa e de seu efeito:

a) interpretação dramática / despojamento das letras das canções (3o parágrafo)

b) assimilando traços da linguagem popular / submetida ao rigor estético da literatura erudita (2o parágrafo)

c) rejeitando a música passional / inspirava-se no jazz (3o parágrafo)

d) Organizava-se, assim, a cultura engajada de esquer da / Cinema Novo e canção engajada (4o parágrafo)

e) a primeira metade da década de 1960 / luta pelas Reformas de Base (4o parágrafo)

Regência Nominal e Verbal Questão 54: FCC - TJ TRT5/TRT 5/Administrativa/2013

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Assunto: Regência

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

A ocupação da região da Chapada Diamantina, inicialmente habitada pelos índios Maracás, remonta aos anos áureos da exploração de jazidas e minérios, por volta de 1700, quando foi encontrado ouro próximo ao Rio de Contas Pequeno, marcando o início da chegada dos bandeirantes e exploradores. Em 1844, a colonização é impulsionada pela descoberta de diamantes valiosos nos arredores do Rio Mucugê, e os comerciantes, colonos, jesuítas e estrangeiros se espalham pelas vilas, controladas e reguladas pela força da riqueza. A atividade agropecuária tomba diante da opulência do garimpo.

Reduto de belezas naturais, a Chapada abarca uma diversidade grande de fauna e flora. São mais de 50 tipos de orquídeas, bromélias e trepadeiras, além de espécies animais raras, como o tamanduá-bandeira. O Parque Nacional da Chapada Diamantina, criado na década de 80 do séc. XX, atua como órgão protetor de toda essa exuberância.

(Adaptado de: www.bahia.com.br)

... remonta aos anos áureos da exploração de jazidas e minérios...

Considerando-se a regência do verbo remontar, no contexto, o segmento sublinhado pode ser corretamente substituído por:

a) nos dias áureos.

b) as fases áureas.

c) o período áureo.

d) os momentos áureos.

e) à época áurea.

Questão 55: FCC - AJ TRT12/TRT 12/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Regência

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

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A ética epicurista é basicamente um hedonismo. Mas o hedonismo epicurista, embora considere todo prazer como corpóreo, não legitima qualquer tipo de prazer. Faz-se necessário distinguir o verdadeiro prazer, estável, dos prazeres que resultam em pesares ou partem de carências. O primeiro tipo é o prazer em repouso, diferente do prazer em movimento, que os cirenaicos consideram o bem buscado pelos homens. Exemplo de prazer em movimento é sentir sede e saciá-la. O prazer em repouso, meta do epicurista, não consiste em satisfazer uma necessidade: é, antes, eliminar a necessidade, atingir a ausência de dor. Por isso, o prazer prescrito pelo epicurismo opõe-se à busca desenfreada e ansiosa de bens.

Administrar os desejos, para manter-se "nos limites impostos pela natureza" − eis o caminho que conduz à serena felicidade. Esse controle racional da afetividade coloca a existência humana em sintonia com a natureza das coisas reveladas pela física e impede que se siga na direção apontada pelo desejo que não expressa uma necessidade natural, antes constitui imposição do meio social em seu aparente progresso. A vida ascética e frugal das comunidades epicuristas procura a serenidade resultante da satisfação dos desejos naturais e necessários: a delícia está na qualidade, não na quantidade dos bens adquiridos.

Ser mortal, o homem constrói sua liberdade no tempo, no tempo desta vida, que deve ser transformado em tempo de felicidade. O epicurismo considera, com efeito, que além do mundo imediato, captado pelas sensações, há também um plano de realidade − igualmente corpórea, porém mais sutil − à disposição do homem: seu acervo de imagens, seu arquivo de lembranças, simulacros corpóreos de sensações, que ele pode utilizar para sua felicidade.

De tudo isso resulta o valor atribuído pela ética epicurista ao tempo, ao acúmulo de experiências, ao passado e à memória, e, consequentemente, à velhice. Dotado de grande acervo de lembranças, o idoso, segundo Epicuro, possui mais condições para alcançar a serena felicidade.

(Adaptado de: José Américo Motta Pessanha. As delícias do jardim. In: Ética. Org. Adauto Novaes. São Paulo, Cia. das Letras, 2007, p. 74 a 76)

De tudo isso resulta o valor atribuído pela ética epicurista ao tempo...

O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:

a) ... desejo que [...] constitui imposição do meio social em seu aparente progresso.

b) O primeiro tipo é o prazer em repouso...

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c) ... eis o caminho que conduz à serena felicidade.

d) ... o homem constrói sua liberdade no tempo...

e) ... há também um plano de realidade...

Questão 56: FCC - TJ TRT12/TRT 12/Administrativa/2013

Assunto: Regência

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Um ano de ausência

A porta aberta, você dava logo de cara com um azulejo na parede: “Aqui mora um solteiro feliz”. Uma pitada de humor com um toque popular. Essa graça espontânea que a tudo dá gosto. Do contrário, a vida é só enfado e mormaço. Era de fato um solitário. Precisava de ser só. Nisso, sua personalidade era feita de uma peça só. Incapaz de simulação, ou até, em certos casos, de uma ponta de hipocrisia que se debita à polidez social.

Nunca vi solitário de porta tão aberta. Nesse sentido, falando de Minas, do tempo em que lá viveu, observava o recato, a quase avareza com que os mineiros tratam o forasteiro. Talvez por isso nunca se esqueceu de um almoço em Caeté, que lhe deu uma página antológica do ponto de vista das duas artes − a culinária e a literária. Sendo de um temperamento encolhido, sobretudo na mocidade, gostava desse clima de intimidade que cria laços de confiança e amizade para sempre.

À primeira vista, ou de longe, parecia, sim, o que os franceses chamam de um urso. Sempre metido consigo mesmo, fabricava o seu próprio mel. Espécie de ruminante, que se alimentava da matula que traz de nascença. Fugia da cilada sentimental, ou da emoção, pelo atalho do senso de humor. Sabia manejar a lâmina da ironia, nunca a usava a seco. Sempre compensada por uma tirada de forte teor humano. Horror ao pedantismo, à afetação. Não impostava a voz, nem a pena.

Talvez tivesse qualquer coisa de bicho, esse homem sensível à beleza fugaz deste mundo. Na sua relação com a natureza, não havia intermediação de ordem intelectual. O coração da vida pulsava no seu coração. Era um ser livre e lírico. Seu claro olhar de sabedoria espiava o Brasil com algum tédio. País sem jeito, que trata

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mal as crianças e os pobres. O sentimento de justiça sem apelo ideológico. Muito antes do modismo conservacionista, pleiteou a causa do macaco carvoeiro e de todo e qualquer ser ameaçado. Tinha uma disponibilidade fundamental para ver e escrever. Um senhor poeta, o cronista Rubem Braga.

(Adaptado de: Otto Lara Resende. Bom dia para nascer: crônicas publicadas na

Folha de S.Paulo. São Paulo: Cia. das Letras, 2011, p. 259 e 260)

... clima de intimidade que cria laços de confiança e amizade para sempre.

O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o verbo grifado acima está empregado em:

a) Não impostava a voz, nem a pena.

b) Talvez por isso nunca se esqueceu de um almoço em Caeté...

c) Essa graça espontânea que a tudo dá gosto.

d) Era um ser livre e lírico.

e) Fugia da cilada sentimental, ou da emoção, pelo atalho do senso de humor.

Questão 57: FCC - TJ TRT12/TRT 12/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2013

Assunto: Regência

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Por mais que se queira, não se consegue fugir ao tema que o secretário-geral da ONU chamou durante a conferência Rio+20, em junho, de "exaustão do sistema econômico e social planetário" − 868 milhões de pessoas que passam fome todos os dias, 1,3 bilhão vivendo abaixo da linha da pobreza, população total de 7 bilhões avançando para 9 bilhões até meados do século, recursos naturais usados em ritmo superior à reposição, "crise de finitude de recursos", impasse na produção de alimentos. Como produzir para mais 2 bilhões de pessoas no atual quadro?

Um dos documentos mais contundentes, divulgado em Nairobi (Quênia) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), diz que "os sustentáculos da segurança alimentar e da biodiversidade no mundo estão sendo minados". É urgente, por isso, incluir na agricultura e no seu planejamento os serviços prestados pela natureza para avaliar a situação em cada lugar.

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Esse documento avalia a situação nas áreas da sobrepesca, do uso insustentável da água, das práticas agrícolas que degradam o ambiente e propõe novos caminhos − como a estocagem de alimentos de pequenos produtores (para eliminar desperdícios), o uso restrito de fertilizantes e pesticidas, a redução da mecanização. Tudo é fundamental, diz o Pnuma, já que a agricultura provê 90% do consumo mundial de calorias, e a pesca, os outros 10%. Mas, na primeira, a competição pelo uso da água na irrigação, a perda da biodiversidade (com consequências na erosão e desertificação) e os desastres climáticos estão levando a situações insustentáveis. Na pesca, 55% dos estoques estão "plenamente explorados", e parte deles já se encontra esgotada. Os hábitats costeiros de espécies, recifes de corais e mangues já se reduziram quase à metade. O aquecimento e a acidificação das águas são causas importantes. Também nas culturas em áreas continentais os problemas são graves.

As recomendações incluem ainda a eliminação dos subsídios à pesca e a criação de impostos pesados para a pesca irregular; na agricultura, a redução de fertilizantes, a proibição do desmatamento e várias práticas para a conservação do solo, da diversidade biológica e da microfauna associada à fertilidade nas culturas.

(Adaptado de: Washington Novaes. O Estado de S. Paulo, A2, 2 de novembro de 2012)

As recomendações incluem ainda a eliminação dos subsídios à pesca...

A mesma relação observada entre o verbo e seu complemento, grifados acima, se encontra também na frase:

a) Também nas culturas em áreas continentais os problemas são graves.

b) ... 1,3 bilhão vivendo abaixo da linha da pobreza...

c) Esse documento avalia a situação nas áreas da sobrepesca...

d) ... e parte deles já se encontra esgotada.

e) ... 55% dos estoques estão "plenamente explorados"...

Questão 58: FCC - AJ TRT9/TRT 9/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Regência

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

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Em outubro de 1967, quando Gilberto Gil e Caetano Veloso apresentaram as canções Domingo no parque e Alegria, Alegria, no Festival da TV Record, logo houve quem percebesse que as duas canções eram influenciadas pela narrativa cinematográfica: repletas de cortes, justaposições e flashbacks. Tal suposição seria confirmada pelo próprio Caetano quando declarou que fora “mais influenciado por Godard e Glauber do que pelos Beatles ou Dylan”. Em 1967, no Brasil, o cinema era o que havia de mais intenso e revolucionário, superando o próprio teatro, cuja inquietação tinha incentivado os cineastas a iniciar o movimento que ficou conhecido como Cinema Novo.

O Cinema Novo nasceu na virada da década de 1950 para a de 1960, sobre as cinzas dos estúdios Vera Cruz (empresa paulista que faliu em 1957 depois de produzir dezoito filmes). “Nossa geração sabe o que quer”, dizia o baiano Glauber Rocha já em 1963. Inspirado por Rio 40 graus e por Vidas secas, que Nelson Pereira dos Santos lançara em 1954 e 1963, Glauber Rocha transformaria, com Deus e o diabo na terra do sol, a história do cinema no Brasil. Dois anos depois, o cineasta lançou Terra em Transe, que talvez tenha marcado o auge do Cinema Novo, além de ter sido uma das fontes de inspiração do Tropicalismo.

A ponte entre Cinema Novo e Tropicalismo ficaria mais evidente com o lançamento, em 1969, de Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade. Ao fazer o filme, Joaquim Pedro esforçou-se por torná-lo um produto afinado com a cultura de massa. “A proposição de consumo de massa no Brasil é algo novo. A grande audiência de TV entre nós é um fenômeno novo. É uma posição avançada para o cineasta tentar ocupar um lugar dentro dessa situação”, disse ele.

Incapaz de satisfazer plenamente as exigências do mercado, o Cinema Novo deu os seus últimos suspiros em fins da década de 1970 − período que marcou o auge das potencialidades comerciais do cinema feito no Brasil.

(Adaptado de Eduardo Bueno. Brasil: uma história. Ed. Leya, 2010. p. 408)

Em 1992, a indústria cinematográfica do país entrou numa crise ...... só começou a se recuperar na segunda metade da década de 1990. (Adaptado de Eduardo Bueno, op.cit.)

Preenche corretamente a lacuna da frase acima:

a) a qual

b) a que

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c) na qual

d) onde

e) da qual

Questão 59: FCC - TJ TRT18/TRT 18/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Regência

Atenção: Para responder à questão , considere o texto abaixo.

O tempo não para

O processo é conhecido. Os custos crescem, os competidores avançam, e os acionistas querem resultados. Saída: renovar os quadros. Leia-se: livrar-se dos funcionários mais velhos e caros, contratar jovens efebos, com muita vontade e pequeno salário. Dito e feito. Então, o trabalho emperra, os clientes reclamam, mas a planilha de custos fala mais alto. Assim tem sido: a cada crise, interna ou externa, as empresas rejuvenescem seus quadros. Alguns observadores batizaram o processo de “juniorização”.

Uma empresa “juniorizada” salta aos olhos. Antes, o escritório, silencioso e solene, era dominado por calvícies e cabelos brancos. Seis meses depois, o nível de ruído aumentou, e uma horda juvenil se estabeleceu. Foram-se as regras e procedimentos, substituídos por um frenesi frequentemente confundido com agilidade e produtividade. O mais importante é, porém, que a folha de pagamento foi reduzida. Inferno na Terra, paz no Olimpo corporativo.

Renovar sistematicamente os quadros é um princípio de gestão importante para as empresas. Profissionais mais jovens trazem novas ideias, colocam em xeque processos anacrônicos e ajudam a evitar que a empresa envelheça e perca o contato com as mudanças em seu ambiente de negócios. A renovação, realizada na medida certa, traz efeitos positivos.

A juniorização, por ser realizada com o propósito de reduzir custos, compromete a qualidade da gestão e põe em risco o futuro das companhias. Vista como panaceia, evita que a empresa trate de questões mais substantivas, relacionadas ao seu modelo de negócios e às suas práticas de gestão.

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Além disso, a juniorização segue na contramão da demografia. O Brasil está envelhecendo. Nas próximas décadas, as empresas terão de lidar com quadros profissionais cada vez mais maduros. Uma pesquisa recente, realizada pela consultoria PwC e a FGV-Eaesp, instituição à qual este escriba está ligado, procurou avaliar como o mundo corporativo se prepara para o fenômeno. Foram ouvidas mais de cem empresas, de diversos segmentos da economia. Algumas conclusões são preocupantes.

Em primeiro lugar, menos de 40% das organizações pesquisadas reconhecem que quadros mais maduros podem constituir alternativa à escassez de talentos. Consequentemente, a maioria das empresas não possui mecanismos para atrair e manter tais quadros. Em segundo lugar, as companhias reconhecem: profissionais mais maduros possuem competências valiosas, relacionadas à capacidade de realizar diagnósticos e resolver problemas, além de apresentar maior equilíbrio emocional. Paradoxalmente, elas não contam com modelos de gestão de carreira que facilitem os processos pelos quais tais características poderiam ser mais bem exploradas. Em terceiro lugar, há poucas iniciativas para garantir maior qualidade de vida e para ter quadros mais saudáveis no futuro. Há também poucas ações para acomodar o perfil e as necessidades dos profissionais próximos da aposentadoria.

(Adaptado de: Thomaz Wood Jr., CartaCapital, 21/04/2013, www.cartacapital.com.br/sociedade/o-tempo-nao-para)

... elas não contam com modelos de gestão de carreira...

O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o verbo grifado acima está empregado em:

a) ... as empresas rejuvenescem seus quadros.

b) ... que a empresa trate de questões mais substantivas...

c) Algumas conclusões são preocupantes.

d) A juniorização [...] compromete a qualidade da gestão...

e) ... mas a planilha de custos fala mais alto.

Questão 60: FCC - TJ TRT13/TRT 13/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Regência

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

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Hoje, aos 88 anos, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman é considerado um dos pensadores mais eminentes do declínio da civilização. Bauman é autor do conceito de “modernidade líquida”. Com a ideia de “liquidez”, ele tenta explicar a Luís A. Giron as mudanças profundas que a civilização vem sofrendo com a globalização e o impacto da tecnologia da informação.

L.A.G. − De acordo com sua análise, as pessoas vivem um senso de desorientação. Perdemos a fé em nós mesmos?

Zygmunt Bauman − Ainda que a proclamação do “fim da história” de Francis Fukuyama não faça sentido, podemos falar legitimamente do “fim do futuro”. Durante toda a era moderna, nossos ancestrais avaliaram a virtude de suas realizações pela crescente (genuína ou suposta) proximidade de uma linha final, o modelo da sociedade que queriam estabelecer. A visão do futuro guiava o presente. Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro, de modo que estamos mais descuidados, ignorantes e negligentes quanto ao que virá. Fomos repelidos pelos atalhos do dia de hoje.

L.A.G. − As redes sociais aumentaram sua força na internet como ferramentas eficazes de mobilização. Como o senhor analisa o surgimento de uma sociedade em rede?

Bauman − As redes sociais eram atividades de difícil implementação entre as comunidades do passado. De algum modo, elas continuam assim dentro do mundo off-line. No mundo interligado, porém, as interações sociais ganharam a aparência de brinquedo de crianças rápidas. Não parece haver esforço na parcela on-line, virtual, de nossa experiência de vida. Hoje, assistimos à tendência de adaptar nossas interações na vida real (off-line), como se imitássemos o padrão de conforto que experimentamos quando estamos no mundo on-line da internet.

L.A.G. − Como o senhor vê a nova onda de protestos no Oriente Médio, nos Estados Unidos e na América Latina, que aumentou nos últimos anos?

Bauman − Se Marx e Engels escrevessem o Manifesto Comunista hoje, teriam de substituir a célebre frase inicial – “Um espectro ronda a Europa − o espectro do comunismo” − pela seguinte: “Um espectro ronda o planeta − o espectro da indignação”. Esse novo espectro comprova a novidade de nossa situação em relação ao ano de 1848, quando Marx e Engels publicaram o Manifesto. Faltam-nos precedentes históricos para aprender com os protestos de massa e seguir adiante. Ainda estamos tateando no escuro.

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Quinta Fase Juiz Estadual

L.A.G. − O senhor afirma que as elites adotaram uma atitude de máximo de tolerância com o mínimo de seletividade. Qual a razão dessa atitude?

Bauman − Em relação ao domínio das escolhas culturais, a resposta é que não há mais autoconfiança quanto ao valor intrínseco das ofertas culturais disponíveis. Ao mesmo tempo, as elites renunciaram às ambições passadas de empreender uma missão iluminadora da cultura. Hoje, as elites medem sua superioridade cultural pela capacidade de devorar tudo.

L.A.G. − Como diz o crítico George Steiner, os produtos culturais hoje visam ao máximo impacto e à obsolescência instantânea. Há uma saída para salvar a arte como uma experiência humana importante?

Bauman − Esses produtos se comportam como o resto do mercado. Voltam-se para as vendas na sociedade dos consumidores. Uma vez que a busca pelo lucro continua a ser o motor mais importante da economia, há pouca oportunidade para que os objetos de arte cessem de obedecer à sentença de Steiner.

L.A.G. − Seus livros parecem pessimistas, talvez porque abram demais os olhos dos leitores. O senhor é pessimista?

Bauman − A meu ver, os otimistas acreditam que este mundo é o melhor possível, ao passo que os pessimistas suspeitam que os otimistas podem estar certos... Mas acredito que essa classificação binária de atitudes não é exaustiva. Existe uma terceira categoria: pessoas com esperança. Eu me coloco nessa terceira categoria.

(Adaptado da entrevista de: GIRON, Luís Antônio, publicada

na revista Época. 19/02/2014. Disponível em http://epoca.globo.com)

Ao mesmo tempo, as elites renunciaram às ambições passadas...

O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:

a) Faltam-nos precedentes históricos para...

b) Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro...

c) Esse novo espectro comprova a novidade de nossa situação...

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Quinta Fase Juiz Estadual

d) As redes sociais eram atividades de difícil implementação...

e) ... como se imitássemos o padrão de conforto...

Questão 61: FCC - AJ TRT9/TRT 9/Judiciária/"Sem Especialidade"/2015

Assunto: Regência

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

Questão de ênfase

A ênfase é um modo suspeito de expressão. Se há casos em que ela se torna indispensável, como nas tragédias ou na comicidade extrema, na maioria das vezes é um artifício do superficial que se deseja profundo, do lateral que aspira ao centro, do insignificante que se pretende substancial. É a fala em voz gritada, o gargalhar sistemático, a cadeia de interjeições, a produção de caretas, o insistente franzir do cenho, o repetitivo arquear de sobrancelhas, a pronúncia caprichosa de palavras e frases que se querem sentenciosas e inesquecíveis.

Na escrita, a ênfase acusa-se na profusão de exclamações, na sistemática caixa alta, nos grafismos espaçosos. Na expressão oral, a ênfase compromete a verdade de um sentimento já de si enfático: despeja risadas antecipando o final da própria piada, força o tom compungido antes de dar a má notícia e se marca no uso indiscriminado de termos como “com certeza” e “literalmente”, por exemplo: “Esse aluno está literalmente dando o sangue na prova de Física.” Com a ênfase, todos os gestos compõem uma dramaturgia descontrolada.

A ênfase também parece desconfiar do alcance de nossa percepção usual, e nos acusa, se reclamamos do enfático. Este sempre acha que ficaremos encantados com a medida do seu exagero, e nos atribui insensibilidade se não o admiramos. Em suma: o enfático é um chato que se vê a si mesmo como um superlativo. Machado de Assis, por exemplo, não suportava gente que dissesse “Morro por doce de abóbora!”. Por sua vez, o poeta Manuel Bandeira enaltecia a “paixão dos suicidas que se matam sem explicação”. Já o enfático vive exclamando o quão decisivo é ele ser muito mais vital do que todos os outros seres humanos.

(Augusto Tolentino, inédito)

Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados na frase:

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a) Suspeita-se de que o emprego da ênfase implique quase sempre à exageros inconvenientes.

b) A ênfase é um recurso do qual, sempre que possível, devemos abrir mão, para não incorrermos em excessos imprudentes.

c) Um sentimento de cuja expressão queremos verdadeira não deve submeter-se à formas descontroladas de teatralização.

d) O efeito da ênfase em que costumamos nos orgulhar costuma ser o contrário daquilo pelo que aspirava a nossa intenção.

e) Os excessos de linguagem, de cujos tanta gente faz uso, constituem um defeito em que nem todos se dão conta.

Questão 62: FCC - TJ TRT11/TRT 11/Administrativa/2017

Assunto: Regência

Freud uma vez recebeu carta de um conhecido pedindo conselhos diante de uma escolha importante da vida. A resposta é surpreendente: para as decisões pouco importantes, disse ele, vale a pena pensar bem. Quanto às grandes escolhas da vida, você terá menos chance de errar se escolher por impulso.

A sugestão parece imprudente, mas Freud sabia que as razões que mais pesam nas grandes escolhas são inconscientes, e o impulso obedece a essas razões. Claro que Freud não se referia às vontades impulsivas proibidas. Falava das decisões tomadas de “cabeça fria”, mas que determinam o rumo de nossas vidas. No caso das escolhas profissionais, as motivações inconscientes são decisivas. Elas determinam não só a escolha mais “acertada”, do ponto de vista da compatibilidade com a profissão, como são também responsáveis por aquilo que chamamos de talento. Isso se decide na infância, por mecanismos que chamamos de identificações. Toda criança leva na bagagem alguns traços da personalidade dos pais. Parece um processo de imitação, mas não é: os caminhos das identificações acompanham muito mais os desejos não realizados dos pais do que aqueles que eles seguiram na vida.

Junto com as identificações formam-se os ideais. A escolha profissional tem muito a ver com o campo de ideais que a pessoa valoriza. Dificilmente alguém consegue se entregar profissionalmente a uma prática que não represente os valores em que ela acredita.

Tudo isso está relacionado, é claro, com a almejada satisfação na vida profissional. Mas não vamos nos iludir. Satisfação no trabalho não significa necessariamente prazer em trabalhar. Grande parte das pessoas não trabalharia se não fosse

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necessário. O trabalho não é fonte de prazer, é fonte de sentido. Ele nos ajuda a dar sentido à vida. Só que o sentido da vida profissional não vem pronto: ele é o efeito, e não a premissa, dos anos de prática de uma profissão. Na contemporaneidade, em que se acredita em prazeres instantâneos, resultados imediatos e felicidade instantânea, é bom lembrar que a construção de sentido requer tempo e persistência. Por outro lado, quando uma escolha não faz sentido o sujeito percebe rapidamente.

(Adaptado de KEHL, Maria Rita. Disponível em: rae.fgv.br /sites/rae.fgv.br/files/artigos)

Uma criança pode revelar grande interesse por uma profissão ...... os pais sonharam, mas nunca exerceram.

Preenche corretamente a lacuna da frase acima o que está em:

a) por que

b) de que

c) à qual

d) na qual

e) com que

Questão 63: FCC - AJ TRT2/TRT 2/Administrativa/2014

Assunto: Regência Nominal e Verbal (casos gerais)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Diante do futuro

Que me importa o presente? No futuro é que está a existência dos verdadeiros homens. Guyau*, a quem não me canso de citar, disse em uma de suas obras estas palavras:

“Porventura sei eu se viverei amanhã, se viverei mais uma hora, se a minha mão poderá terminar esta linha que começo? A vida está por todos os lados cercada pelo Desconhecido. Todavia executo, trabalho, empreendo; e em todos os meus atos, em todos os meus pensamentos, eu pressuponho esse futuro com o qual nada me autoriza a contar. A minha atividade excede em cada minuto o instante presente,

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estende-se ao futuro. Eu consumo a minha energia sem recear que esse consumo seja uma perda estéril, imponho-me privações, contando que o futuro as resgatará − e sigo o meu caminho. Essa incerteza que me comprime de todos os lados equivale para mim a uma certeza e torna possível a minha liberdade − é o fundamento da moral especulativa com todos os riscos. O meu pensamento vai adiante dela, com a minha atividade; ele prepara o mundo, dispõe do futuro. Parece-me que sou senhor do infinito, porque o meu poder não é equivalente a nenhuma quantidade determinada; quanto mais trabalho, mais espero.”

* Jean-Marie Guyau (1854-1888), filósofo e poeta francês.

(PRADO, Antonio Arnoni (org.). Lima Barreto: uma autobiografia literária. São Paulo: Editora 34, 2012. p. 164)

A construção da frase eu pressuponho esse futuro com o qual nada me autoriza a contar permanecerá correta caso se substitua o elemento sublinhado por

a) de cujo pouco posso prever.

b) por quem nada posso antecipar.

c) do qual nada me é dado esperar.

d) perante o qual não sei avaliar.

e) em cujo nada posso desconfiar.

Questão 64: FCC - TJ TRT2/TRT 2/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Regência Nominal e Verbal (casos gerais)

Instrução: Para responder à questão, considere o texto a seguir.

Reduzido a um clique

RIO DE JANEIRO − A notícia é alarmante: "Amazon se prepara para vender livros físicos no Brasil". O alarme não se limita à iminente entrada da Amazon no mercado brasileiro de livros − algo que lembrará o passeio de um brontossauro pela Colombo.

A ameaça começa pela expressão "livros físicos". É o que, a partir de agora, o diferenciará dos livros digitais.

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Pelos últimos mil anos, dos manuscritos aos incunábulos e aos impressos a laser, os livros têm sido chamados de livros. Nunca precisaram de adjetivos para distingui-los dos astrolábios, das guilhotinas ou das cenouras. Quando se dizia "livro", todos entendiam um objeto de peso e volume, composto de folhas encadernadas, protegidas por papelão ou couro, nas quais se gravavam a tinta palavras ou imagens.

Há 200 anos, os livros deixaram de ser privilégio das bibliotecas públicas ou particulares e passaram a ser vendidos em lojas especializadas, chamadas livrarias. Desde sempre, as livrarias se caracterizaram por estantes altas, vendedores atenciosos, uma atmosfera de paz e a ocasional presença de um gato. Foi nelas que leitores e escritores aprenderam a se encontrar e trocar ideias, gerando uma emulação com a qual a cultura teve muito a ganhar.

A Amazon dispensa tudo isso. Ela vende livros "físicos", mas a partir de um endereço imaterial − nada físico −, acessível apenas pela internet. Dispensa as livrarias. Se você se interessar por um livro (certamente recomendado por uma lista de best-sellers), basta o número do seu cartão de crédito e um clique. Em dois dias, ele estará em suas mãos − e a um preço mais em conta, porque a Amazon não tem gastos com aluguel, escritório, luz, funcionários humanos e nem mesmo a ração do gato.

Com sorte, os livros continuarão "físicos".

Mas os leitores correm o risco de ser reduzidos a um número de cartão de crédito e um clique.

(CASTRO, Ruy, Folha de S.Paulo, opinião, 7 de ag. de 2013. p. A2)

Observações:

1. brontossauro / espécie de dinossauro;

2. Colombo / tradicional confeitaria do Rio de Janeiro, com sua refinada arquitetura e mobiliário, seus requintados cristais e jogos de porcelana, hoje patrimônio cultural e artístico da cidade;

3. incunábulo / livro impresso que data dos primeiros tempos da imprensa (até o ano de 1500).

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Quando se dizia "livro", todos entendiam um objeto de peso e volume, composto de folhas encadernadas, protegidas por papelão ou couro, nas quais se gravavam a tinta palavras ou imagens. (3º parágrafo)

A expressão acima destacada é equivalente à sublinhada na seguinte frase:

a) As folhas rubricadas, as quais entreguei à secretária, foram anexadas ao prontuário.

b) As urnas em que foram depositados os votos foram lacradas pela diretoria do clube.

c) Os rapazes de quem foram gravados os depoimentos foram entrevistados ontem.

d) O livro de onde retirei a citação está emprestado.

e) As janelas sob as quais foram gravadas as cenas eram pintadas de verde.

Questão 65: FCC - AJ TRT5/TRT 5/Administrativa/2013

Assunto: Regência Nominal e Verbal (casos gerais)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

"Te embalarei com uma canção sentida."

Senta-te aqui ao meu lado, amiga, e te contarei uma história. Faz tempo que não te conto uma história na beira deste cais. A noite está cheia de estrelas, são homens valentes que morreram. Senta-te aqui, dá-me tua mão, vou te contar a história de um homem valente. Vês aquela estrela lá longe, mais além do navio fundeado, mais além do forte velho, da sombra das ilhas? Deve ser ele iluminando o céu da Bahia. [...]

Já viste da beira do cais o vento noroeste se despenhar sobre a cidade e o mar, levar embarcações, desatracar navios, mudar o rumo de transatlânticos, transformar a cor das águas? É rápido, inquietante, belo, quase irreal. Dura um instante na medida do tempo. Mas, mesmo depois que o noroeste passa e volta a calmaria, fica a sua lembrança e é impossível esquecê-lo porque tudo mudou na face das coisas: é outra a fisionomia do cais e o ar que se respira é mais puro. Assim, negra, foi Castro Alves. Tinha a força do vento noroeste, o seu ímpeto, a sua violência. Tinha a sua beleza também. E deixou o ar mais puro, a sua lembrança imortal.

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Tinha a precocidade desses moleques de rua a quem acaricias a cabeça e dos quais te contei a história. Começou muito moço e muito moço terminou. Foi o mais belo espetáculo de juventude e de gênio que os céus da América presenciaram.

No tempo que andou nestas e noutras ruas, disse tantas e tão belas coisas, amiga, que sua voz ficou soando para sempre e é cada vez mais alta e cada vez mais a voz de centenas, de milhares, de milhões de pessoas. É a sua voz, negra, é a voz do cais inteiro e da cidade lá atrás também. Falou por todos nós como nenhum de nós falaria. É ainda hoje o maior e o mais moço de todos nós.

No teatro grande lá de cima ouviste certa vez uma numerosa orquestra. Lembras-te da hora em que os músicos se juntaram todos num esforço supremo e produziram com os seus instrumentos e com sua virtuosidade uma nota mais alta que todas, que todas mais bela, nota que ficou soando na sala mesmo após a saída dos espectadores? Pois assim foi Castro Alves. Há momentos no mundo em que todas as forças de uma nação se conjugam e, como uma nota mais alta que todas, aparece, tranquilo e terrível, demoniacamente belo, justo e verdadeiro, um gênio. Nasce dos desejos do povo, das necessidades do povo. Nunca mais morre, imortal como o povo.

Este, cuja história vou te contar, foi amado e amou muitas mulheres. Vieram brancas, judias e mestiças, tímidas e afoitas, para os seus braços e para o seu leito. Para uma, no entanto, guardou ele as melhores palavras, as mais doces, as mais ternas, as mais belas. Essa noiva tem um nome lindo, negra: liberdade.

Vê no céu, ele brilha, é a mais poderosa das estrelas. Mas o encontrarás também nas ruas de qualquer cidade, no quarto de qualquer casa. Seja onde for que haja jovens, corações pulsando pela humanidade, em qualquer desses corações encontrarás Castro Alves.

Dá-me agora tua mão direita, ouve o ABC do poeta.

Obs.: Ortografia atualizada segundo as normas vigentes.

(Jorge Amado. ABC de Castro Alves; 14. ed. São Paulo: Martins, 1968. p. 15-17)

Há momentos no mundo em que todas as forças de uma nação se conjugam...

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A lacuna a ser corretamente preenchida pela expressão grifada acima está em:

a) Vários poetas, conquanto tenham morrido muito jovens, deixaram vasta obra, ...... atesta sua genialidade e precocidade.

b) Versos há, na obra de poetas românticos, ...... se encontram ideais caros à juventude, tais como o amor e a liberdade.

c) Alguns temas ...... se dedicaram diferentes poetas, em qualquer época e em qualquer lugar, abrangem sentimentos de caráter universal.

d) Há magníficos versos, testemunhas ...... poetas de todas as idades são capazes de alcançar grande força expressiva.

e) Castro Alves, embora tenha morrido muito jovem, foi o poeta ...... se atribui o título de um dos maiores autores brasileiros.

Questão 66: FCC - TJ TRT14/TRT 14/Administrativa/2016

Assunto: Regência Nominal e Verbal (casos gerais)

Considere o texto abaixo.

O rio Madeira banha os estados de Rondônia e do Amazonas. ..I.. esse nome, pois no período de chuvas seu nível sobe e inunda grandes porções da planície florestal, trazendo troncos e restos de madeira da floresta. É um dos principais rios da bacia do Amazonas e ..II.. já foram dedicados textos literários, muitos ..III.. possuem grande valor artístico.

As lacunas I, II e III do texto acima devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com:

I II III

a)

Deram-no para ele os quais

b)

Deram-lhe a ele dos quais

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c)

Deram-lhe ante ele aos quais

d)

Deram-no dele pelos quais

e)

Deram-lhe nele nos quais

Crase Questão 67: FCC - TJ TRT1/TRT 1/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Crase

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

Visão monumental

Nada superará a beleza, nem todos os ângulos retos da razão. Assim pensava o maior arquiteto e mais invocado sonhador do Brasil. Morto em 5 de dezembro de insuficiência respiratória, a dez dias de completar com uma festa, no Rio de Janeiro onde morava, 105 anos de idade, Oscar Niemeyer propusera sua própria revolução arquitetônica baseado em uma interpretação do corpo da mulher.

Filho de fazendeiros, fora o único ateu e comunista da família, tendo ingressado no partido por inspiração de Luiz Carlos Prestes, em 1945. Como a agremiação partidária não correspondera a seu sonho, descolara-se dela, na companhia de seu líder, em 1990. “O comunismo resolve o problema da vida”, acreditou até o fim. “Ele faz com que a vida seja mais justa. E isso é fundamental. Mas o ser humano, este continua desprotegido, entregue à sorte que o destino lhe impõe.”

E desprotegido talvez pudesse se sentir um observador diante da monumentalidade que ele próprio idealizara para Brasília a partir do plano-piloto de Lucio Costa. Quem sabe seus museus, prédios governamentais e catedrais não tivessem mesmo sido construídos para ilustrar essa perplexidade? Ele acreditava incutir o ardor em quem experimentava suas construções.

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Bem disse Le Corbusier que Niemeyer tinha “as montanhas do Rio dentro dos olhos”, aquelas que um observador pode vislumbrar a partir do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, um entre cerca de 500 projetos seus. Brasília, em que pese o sonho necessário, resultara em alguma decepção. Niemeyer vira a possibilidade de construir ali a imagem moderna do País. E como dizer que a cidade, ao fim, deixara de corresponder à modernidade empenhada? Houve um sonho monumental, e ele foi devidamente traduzido por Niemeyer. No Planalto Central, construíra a identidade escultural do Brasil.

(Adaptado de Rosane Pavam. CartaCapital, 07/12/2012, www.cartacapital.com.br/sociedade/a-visao-monumental-2/)

A frase redigida com correção e clareza é:

a) A longevidade de Oscar Niemeyer permitiu, à todos os que eventualmente criticavam as suas obras, que as revalorizasse enquanto ele ainda vivia e não apenas depois da sua morte.

b) Talvez ninguém tenha feito mais pela divulgação do país no exterior do que Oscar Niemeyer, cujos projetos inconfundíveis, espalhados pelo mundo, nunca deixarão de aludir à paisagem brasileira.

c) Até mesmo o governo dos Estados Unidos, que pensamos estarem muitas vezes alheios as coisas que se passam no Brasil, lamentaram a morte de Oscar Niemeyer, cuja nota dizia que ele inspirará gerações.

d) Quando se começar à refletir no fato de que tão grande número de templos religiosos, tenham sido realmente construídos ou não, foram projetados por um arquiteto que abertamente se declarava ateu.

e) Grandes arquitetos do mundo todo manifestaram sua admiração pela genialidade de Oscar Niemeyer, onde muitos chegaram mesmo a declarar a inspiração de suas obras em seu trabalho.

Questão 68: FCC - AJ TRT1/TRT 1/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Crase

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

Cada um fala como quer, ou como pode, ou como acha que pode. Ainda ontem me divertiu este trechinho de crônica do escritor mineiro Humberto Werneck, de seu livro Esse inferno vai acabar:

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“− Meu cabelo está pendoando – anuncia a prima, apalpando as melenas.

Tenho anos, décadas de Solange, mas confesso que ela, com o seu solangês, às vezes me pega desprevenido.

− Seu cabelo está o quê?

− Pendoando – insiste ela, e, com a paciência de quem explica algo elementar a um total ignorante, traduz:

− Bifurcando nas extremidades.

É assim a Solange, criatura para a qual ninguém morre, mas falece, e, quando sobrevém esse infausto acontecimento, tem seu corpo acondicionado num ataúde, num esquife, num féretro, para ser inumado em alguma necrópole, ou, mais recentemente, incinerado em crematório. Cabelo de gente assim não se torna vulgarmente quebradiço: pendoa.”

Isso me fez lembrar uma visita que recebemos em casa, eu ainda menino. Amigas da família, mãe e filha adolescente vieram tomar um lanche conosco. D. Glorinha, a mãe, achava meu pai um homem intelectualizado e caprichava no vocabulário. A certa altura pediu ela a mim, que estava sentado numa extremidade da mesa:

− Querido, pode alcançar-me uma côdea desse pão?

− Por falta de preparo linguístico não sabia como atender a seu pedido. Socorreu-me a filha adolescente:

− Ela quer uma casquinha do pão. Ela fala sempre assim na casa dos outros.

− A mãe ficou vermelha, isto é, ruborizou, enrubesceu, rubificou, e olhou a filha com reprovação, isto é, dardejou-a com olhos censórios.

Veja-se, para concluir, mais um trechinho do Werneck:

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“Você pode achar que estou sendo implicante, metido a policiar a linguagem alheia. Brasileiro é assim mesmo, adora embonitar a conversa para impressionar os outros. Sei disso. Eu próprio já andei escrevendo sobre o que chamei de ruibarbosismo: o uso de palavreado rebarbativo como forma de, numa discussão, reduzir ao silêncio o interlocutor ignaro. Uma espécie de gás paralisante verbal.”

(Cândido Barbosa Filho, inédito)

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre um aspecto do texto:

a) Nem todas as pessoas que utilizam um vocabulário rebuscado alcançam porisso qualquer ganho que se possa atribuir à seu poder de comunicação.

b) O autor do texto acredita que muita gente se vale de um palavreado rebuscado para intimidar ou mesmo calar os interlocutores menos cultos.

c) Ficou evidente que D. Glorinha buscava ilustrar as pessoas cujo vocabulário menos reduzido as deixasse impressionadas com tamanho requinte.

d) O termo “solangês”, tratando-se de um neologismo, aplica-se aos casos segundo os quais quem fala de modo rebarbativo parece aludir a tal Solange.

e) Não é difícil encontrar, aqui e ali, pessoas cujo intento é se apoderar de um alto vocabulário, tendo em vista o propósito de vir a impressionar quem não tem.

Questão 69: FCC - AJ TRT19/TRT 19/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2014

Assunto: Crase

Sentava-se mais ou menos ...... distância de cinco metros do professor, sem grande interesse. Estudava de manhã, e ...... tardes passava perambulando de uma praça ...... outra, lendo algum livro, percebendo, vez ou outra, o comportamento dos outros, entregue somente ...... discrição de si mesmo.

Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada:

a) a − às − à − a

b) à − as − a − à

c) a − as − à − a

d) à − às − a − à

e) a − às − a − a

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Questão 70: FCC - TJ TRT19/TRT 19/Administrativa/2014

Assunto: Crase

Atenção: Para responder à questão, considere os textos I e II.

Texto I

Tudo é grandioso na Amazônia, o maior bloco remanescente de floresta tropical do planeta. Com pouco mais de 6,8 milhões de quilômetros quadrados, espalha-se por nove países da América do Sul − a maior parte está no Brasil, que detém 69% da área coberta pela floresta. Estima-se ainda que ela abrigue quase 25% de todas as espécies de seres vivos da Terra, além de 35 milhões de pessoas (20 milhões somente no Brasil). A Amazônia tem também a maior bacia fluvial do mundo, fundamental para a drenagem de vários países e para a geração de chuvas. É o maior reservatório de água doce do planeta, com cerca de 20% de toda a água doce disponível. Por isso, é um dos reguladores do clima e do equilíbrio hídrico da Terra.

Apesar de tanta grandiosidade, são as alterações em pequena escala, como a abertura de clareiras para a extração seletiva de madeira, que podem representar uma das principais ameaças à conservação do ecossistema, destaca o biólogo Helder Queiroz, diretor do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. De modo geral, explica Queiroz, as principais ameaças à Amazônia estão hoje associadas às práticas que levam direta ou indiretamente à perda de hábitats e à redução de populações de plantas e de animais. "Muitas árvores com

madeira de grande valor comercial são fundamentais para a alimentação de diversos animais", diz Queiroz.

Hoje, a perda de ambientes naturais é maior numa região conhecida como Arco do Desmatamento, que se estende do sul ao leste da Amazônia Legal − uma área de 5 milhões de km2 que engloba oito estados. O Arco do Desmatamento, definido pela fronteira da expansão agropecuária − que converte grandes extensões de floresta em pastagens −, concentra cerca de 56% da população indígena do país.

As regiões de várzea, em terrenos mais baixos, no interior da floresta amazônica, também têm atraído a atenção do poder público durante a elaboração de estratégias de conservação do ecossistema. Boa parte dessa região é inundada pelas chamadas águas brancas, de origem andina, ricas em sedimentos e nutrientes. Nesses trechos, a vegetação tende a ser mais abundante. Devido a essa riqueza em recursos naturais, as florestas de várzea sofrem mais com a constante ocupação humana. Todas as grandes cidades amazônicas, e boa parte das pequenas, estão localizadas nessas áreas.

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(Adaptado de: ANDRADE, Rodrigo de Oliveira, Pesquisa Fapesp, outubro de 2013. p. 58-60)

Texto II

Em 1985, depois de examinar com atenção a intensa urbanização da Amazônia, que nas últimas décadas do século XX acusou as maiores taxas do Brasil, a geógrafa política Bertha Koiffmann Becker (que morreu em julho de 2013) lançou a expressão "floresta urbanizada" para definir a região, valorizada até então apenas pelas matas. Ela preferia usar a expressão Arco do Povoamento Consolidado em vez da mais comum, Arco do Desmatamento, para designar as áreas de ocupação humana nas bordas da floresta, pela simples razão de que essa área está ocupada por muitas cidades grandes, estradas e plantações de soja, além de pecuária e mineração.

Bertha Becker argumentava que era preciso pensar o desenvolvimento da floresta, não apenas sua preservação. Suas conferências, os debates com colegas acadêmicos e com homens do governo e os 19 livros que publicou ajudaram a enriquecer a visão sobre a Amazônia, hoje vista como um espaço complexo, resultante da interação de forças políticas e econômicas. Seu trabalho influenciou a elaboração de novas estratégias para a organização desse território.

(Adaptado de: Pesquisa Fapesp, agosto de 2013. p. 56)

... que podem representar uma das principais ameaças à conservação do ecossistema ... (Texto I, 2o parágrafo)

O sinal indicativo de crase deverá permanecer, como no exemplo acima, caso o segmento grifado seja substituído por:

a) cada componente da biodiversidade.

b) alguma das espécies ameaçadas.

c) qualquer ser vivo da floresta.

d) respeito das condições do ambiente.

e) recente pesquisa de medicamentos.

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Questão 71: FCC - AJ TRT12/TRT 12/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Crase

Entre as capitais brasileiras, somente o Rio de Janeiro é palco ...... altura de Florianópolis na diversidade das belezas naturais. Com 400 mil habitantes, a cidade começa no continente e toma ...... imensa Ilha de Santa Catarina, com cerca de 60 km de extensão, o que faz com que sejam longas as distâncias de uma praia ...... outra.

(Adaptado de: www.viagem.uol.com.br)

Preenchem corretamente as lacunas do texto acima, na ordem dada:

a) à − à − a

b) à − a − a

c) a − à − à

d) a − a − à

e) à − à − à

Questão 72: FCC - TJ TRT12/TRT 12/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2013

Assunto: Crase

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Muitos previram o fim do mundo nos últimos 200 anos. Thomas Malthus (1766-1834) falava em risco de catástrofe humana. Para ele, como a população crescia em progressão geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética, a fome se alastraria. Assim, para controlar a expansão demográfica, Malthus defendia a abstinência sexual e a negação de assistência à população em hospitais e asilos. O risco foi superado pela tecnologia, que aumentou a produtividade agrícola.

Hoje o alarmismo vem de ambientalistas radicais. A catástrofe decorreria do aquecimento global causado basicamente pelo homem, via emissão de dióxido de carbono, embora haja opiniões de que o aquecimento não tem aumentado desde a virada do século e que são comuns oscilações da temperatura mundial.

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Entre Malthus e os ambientalistas, surgiram outros alarmistas. Em 1968, o biologista americano Paul Ehrlich sustentava que o tamanho excessivo da população constituiria ameaça à sobrevivência da humanidade e do meio ambiente. Em 1972, o Clube de Roma propôs o "crescimento zero" como forma de enfrentar a exaustão rápida de recursos naturais. Ehrlich defendia a redução do crescimento populacional; o Clube de Roma, a paralisia do crescimento econômico. Nenhum dos dois estava certo.

Como o Clube de Roma pode ter errado tanto? Segundo Bjorn Lomborg, destacado cético que provou o enorme fracasso das previsões catastróficas, seus membros desprezaram o talento e a engenhosidade do ser humano e "sua capacidade de descobrir e inovar". Se as sugestões tivessem sido acatadas, meio bilhão de chineses, indianos e outros teriam continuado muito pobres. O Brasil estaria mais desigual e não haveria a ascensão da classe C. Apesar de tais lições, volta-se a falar em limites físicos do planeta. Na linha do Clube de Roma, defende-se o estancamento da expansão baseada no consumo de bens materiais. Se fosse assim, inúmeros países seriam congelados em seu estado atual, sem poder reduzir a pobreza nem promover o bem-estar.

Mesmo que o homem não seja a causa básica do aquecimento, é preciso não correr riscos e apoiar medidas para conter as emissões. Mas também resistir a ideias de frear o consumo. Além de injusta, a medida exigiria um impossível grau de coordenação e renúncia ou um inconcebível comando autoritário. Desprezaria, ademais, a capacidade do homem de se adaptar a novas e desafiantes situações.

(Adaptado de: Maílson da Nóbrega. Veja, 5 de setembro de 2012. p. 24)

Mas também resistir a ideias de frear o consumo.

Estará correto o emprego do sinal indicativo de crase se o segmento grifado acima for substituído por:

a) à controlar o hábito de consumo.

b) à novas tentativas contra o consumo.

c) à proposta de diminuir o consumo.

d) à cada dia ao controle do consumo.

e) à projetos de controlar o consumo.

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Questão 73: FCC - TJ TRT23/TRT 23/Administrativa/2016

Assunto: Crase

O acento indicativo de crase está empregado corretamente em:

a) À esta assinatura eletrônica que usa algoritmos de criptografia assimétrica, dá-se o nome de assinatura digital.

b) Destinada à resguardar a integridade de um documento, a assinatura digital usa a criptografia.

c) A assinatura digital destina-se à preservação da autoria de documentos eletrônicos.

d) A assinatura digital é útil à todas as pessoas que desejam proteger seus documentos eletrônicos.

e) A assinatura digital atende à várias finalidades, das quais se destaca a verificação da autoria do documento.

Questão 74: FCC - AJ TRT23/TRT 23/Judiciária/2016

Assunto: Crase

Atenção: Para responder à questão, leia o texto abaixo.

Nasci na Rua Faro, a poucos metros do Bar Joia, e, muito antes de ir morar no Leblon, o Jardim Botânico foi meu quintal. Era ali, por suas aleias de areia cor de creme, que eu caminhava todas as manhãs de mãos dadas com minha avó. Entrávamos pelo portão principal e seguíamos primeiro pela aleia imponente que vai dar no chafariz. Depois, íamos passear à beira do lago, ver as vitórias-régias, subir as escadarias de pedra, observar o relógio de sol. Mas íamos, sobretudo, catar mulungu.

Mulungu é uma semente vermelha com a pontinha preta, bem pequena, menor do que um grão de ervilha. Tem a casca lisa, encerada, e em contraste com a pontinha preta seu vermelho é um vermelho vivo, tão vivo que parece quase estranho à natureza. É bonita. Era um verdadeiro prêmio conseguir encontrar um mulungu em meio à vegetação, descobrir de repente a casca vermelha e viva cintilando por entre as lâminas de grama ou no seio úmido de uma bromélia. Lembro bem com que alegria eu me abaixava e estendia a mão para tocar o pequeno grão, que por causa da ponta preta tinha uma aparência que a mim lembrava vagamente um olho.

Disse isso à minha avó e ela riu, comentando que eu era como meu pai, sempre prestava atenção nos detalhes das coisas. Acho que já nessa época eu olhava em

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torno com olhos mínimos. Mas a grandeza das manhãs se media pela quantidade de mulungus que me restava na palma da mão na hora de ir para casa. Conseguia às vezes juntar um punhado, outras vezes apenas dois ou três. E é curioso que nunca tenha sabido ao certo de onde eles vinham, de que árvore ou arbusto caíam aquelas sementes vermelhas. Apenas sabíamos que surgiam no chão ou por entre as folhas e sempre numa determinada região do Jardim Botânico.

Mas eu jamais seria capaz de reconhecer uma árvore de mulungu. Um dia, procurei no dicionário e descobri que mulungu é o mesmo que corticeira e que também é conhecido pelo nome de flor-de-coral. ''Árvore regular, ornamental, da família das leguminosas, originária da Amazônia e de Mato Grosso, de flores vermelhas, dispostas em racimos multifloros, sendo as sementes do fruto do tamanho de um feijão (mentira!), e vermelhas com mácula preta (isto, sim)'', dizia.

Mas há ainda um outro detalhe estranho – é que não me lembro de jamais ter visto uma dessas sementes lá em casa. De algum modo, depois de catadas elas desapareciam e hoje me pergunto se não era minha avó que as guardava e tornava a despejá-las nas folhagens todas as manhãs, sempre que não estávamos olhando, só para que tivéssemos o prazer de encontrá- las. O fato é que não me sobrou nenhuma e elas ganharam, talvez por isso, uma aura de magia, uma natureza impalpável. Dos mulungus, só me ficou a memória − essa memória mínima.

(Adaptado de: SEIXAS, Heloísa. Semente da Memória. Disponível em: http://heloisaseixas.com.br)

Quanto à ocorrência de crase, considere as frases abaixo.

I. No segmento ... encontrar um mulungu em meio à vegetação... (2o parágrafo), pode-se substituir corretamente o elemento sublinhado por “por entre”, sem que nenhuma outra alteração seja feita.

II. No segmento Disse isso à minha avó e ela riu... (3o parágrafo), pode-se suprimir o artigo definido sem prejuízo para o sentido e a correção.

III. Uma redação correta para o segmento ... na hora de ir para casa (3o parágrafo), caso se substitua a preposição "em" por "a", é: "à hora de ir para casa".

Está correto o que consta em

a) III, apenas.

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b) II e III, apenas.

c) I e II, apenas.

d) I, II e III.

e) I, apenas.

Concordância Questão 75: FCC - TJ TRT2/TRT 2/Administrativa/Segurança/2014

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: Considere a entrevista abaixo para responder à questão.

D’Almeida: Quais são as relações entre moda e pós-modernidade?

Lipovetsky: De início, para precisar as coisas, quando utilizo o conceito de moda nas sociedades contemporâneas não limito a questão da moda somente às roupas. A moda tem uma lógica que anexa objetos e territórios os mais variados e, no fundo, coincide com o desenvolvimento da sociedade de consumo e de comunicação de massa.

O crescimento do fenômeno da moda se liga à sociedade pós-moderna na medida em que foi a moda que nos arrancou da sociedade disciplinar, autoritária, convencional, em proveito de uma sociedade na qual a maior parte dos indivíduos pode escolher seus modos de vida e não mais se submeter a coações, no trabalho em particular. A moda é uma estrutura social centrada sobre o presente, já que na moda é preciso sempre mudar. O que não quer dizer que a moda destrói as culturas do passado, mas faz o passado perder sua força de imposição. A moda, essencialmente, é reciclagem das formas do antigo.

Creio que as ideologias modernas queriam fazer tábula rasa do passado, inventar um mundo futuro radiante. O mundo da moda não tem mais a ambição de nos arrancar do passado; no fundo, guarda tudo do passado, mas produz coisas completamente diferentes.

(Adaptado de D’ALMEIDA, Tarcisio. Moda em diálogos. Trecho da entrevista com o filósofo Gilles Lipovetsky. Rio de Janeiro, Memória Visual, 2012)

O verbo empregado no singular que também estaria corretamente empregado no plural, sem que se faça qualquer outra alteração na frase, está grifado em:

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a) ...mas produz coisas completamente diferentes. (4o parágrafo)

b) A moda tem uma lógica que anexa objetos e territórios os mais variados... (2o parágrafo)

c) ... que a moda destrói as culturas do passado... (3o parágrafo)

d) ... e, no fundo, coincide com o desenvolvimento da sociedade de consumo... (2o parágrafo)

e) ...na qual a maior parte dos indivíduos pode escolher seus modos de vida... (3o parágrafo)

Questão 76: FCC - AJ TRT2/TRT 2/Administrativa/2014

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Diante do futuro

Que me importa o presente? No futuro é que está a existência dos verdadeiros homens. Guyau*, a quem não me canso de citar, disse em uma de suas obras estas palavras:

“Porventura sei eu se viverei amanhã, se viverei mais uma hora, se a minha mão poderá terminar esta linha que começo? A vida está por todos os lados cercada pelo Desconhecido. Todavia executo, trabalho, empreendo; e em todos os meus atos, em todos os meus pensamentos, eu pressuponho esse futuro com o qual nada me autoriza a contar. A minha atividade excede em cada minuto o instante presente, estende-se ao futuro. Eu consumo a minha energia sem recear que esse consumo seja uma perda estéril, imponho-me privações, contando que o futuro as resgatará − e sigo o meu caminho. Essa incerteza que me comprime de todos os lados equivale para mim a uma certeza e torna possível a minha liberdade − é o fundamento da moral especulativa com todos os riscos. O meu pensamento vai adiante dela, com a minha atividade; ele prepara o mundo, dispõe do futuro. Parece-me que sou senhor do infinito, porque o meu poder não é equivalente a nenhuma quantidade determinada; quanto mais trabalho, mais espero.”

* Jean-Marie Guyau (1854-1888), filósofo e poeta francês.

(PRADO, Antonio Arnoni (org.). Lima Barreto: uma autobiografia literária. São Paulo: Editora 34, 2012. p. 164)

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O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se concordando com o elemento sublinhado na frase:

a) Há trabalhos que a gente (executar) sem imaginar o sentido que ganharão no futuro.

b) Os minutos de que se (necessitar) viver plenamente devem trazer consigo uma expectativa de futuro.

c) As privações que me (competir) enfrentar não devem desestimular meus empreendimentos.

d) As incertezas quanto ao meu próprio futuro não (dever) eximir-me de ser responsável por minhas decisões.

e) Os desafios que cada um de nós hoje se (obrigar) a enfrentar fortalecem-nos diante do futuro.

Questão 77: FCC - AJ TRT5/TRT 5/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2013

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

A voz de Caymmi

Muitas vozes poderosas já teve a Bahia: a voz entre contrita e sarcástica de Gregório de Matos, a voz indignada e libertária de Castro Alves, a voz insinuante e participativa de Jorge Amado. Todas expressaram, cada uma em sua singularidade, aspectos locais e universais. Mas é possível que a voz de Dorival Caymmi seja a que tenha chegado mais longe, na horizontalidade própria das canções efetivamente populares, que se espalham e se conservam vivas por gerações, nas almas e nos ouvidos. Que poder, afinal, está nos versos e nas melodias de Caymmi?

A primeira palavra que ocorre é simplicidade. Mas atenção: trata-se da simplicidade mais difícil, daquela que resulta de um processo rigoroso de depuração, da exclusão radical de toda palavra supérflua, de toda filigrana musical mais pretensiosa. As canções de Caymmi são falas limpas, em que nada atrapalha a poesia da música e do verso: ambos nascem já casados e perfeitamente harmonizados. Assemelham-se aos bem-sucedidos desenhos a bico de pena, em que todo traço é nítido, perfeitamente definido e carregado de significação.

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Munido dessa arte e desse talento para a beleza essencial de tudo, Caymmi povoa suas canções com personagens de seu mundo: os pescadores, suas mulheres, seus filhos, suas jangadas − e seu amor pelo mar e pela praia, pelas ondas e pelos coqueiros, pelos ventos e pela areia. Não bastasse a arte do compositor, há ainda a arte do intérprete: sua voz poderosa, grave e inconfundível, parece ser já uma síntese do que há de profundo no mar e de leve na brisa que agita as folhas dos coqueiros. Suas canções praieiras encontram nele não apenas um cantor, mas a fonte viva de onde brotaram e saíram para ganhar o mundo. O violão, pautado pela mesma simplicidade essencial

de tudo, sublinha e potencia a voz de Caymmi. O efeito final todos sabemos qual é: tudo se apresenta com a limpidez de uma manhã de sol em Itapuã ou com o mistério enluarado da lagoa do Abaeté. Nada falta, nada sobra nessas canções. Uma vez de posse da simplicidade, tendo-a como ideal da vida e da arte, Caymmi jamais a dispensou; em retribuição, a beleza mais profunda das coisas naturais nunca o abandonou.

(Hermenegildo Soares, inédito)

As normas de concordância verbal estão plenamente observadas na frase:

a) Aos encantos musicais das composições de Caymmi correspondem o alto grau de poesia das palavras de seus versos.

b) Da limpidez da manhã ao mistério do crepúsculo, registram-se nas canções praieiras desse baiano a tonalidade múltipla dos nossos sentimentos.

c) Nos desenhos a bico de pena, a nitidez dos traços e dos movimentos não podem ser negligenciados, sob pena de se perder o encanto dessa arte.

d) É com os olhos voltados para a beleza essencial das coisas que o artista Caymmi divisa nelas a íntima poesia e o profundo lirismo que à maioria das pessoas se oculta.

e) Dos graves da voz de Caymmi resulta a sugestão das profundezas do mar, e na suavidade de seus timbres parece representar-se a música dos coqueiros ao vento.

Questão 78: FCC - AJ TRT15/TRT 15/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2013

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

De acordo com as regras de concordância, a frase correta é:

a) Ainda existem pessoas menos esclarecidas que tem na exploração predatória dos recursos naturais sua renda.

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b) Naquela tarde, haviam muitos estudantes mais exaltados se manifestando por medidas que garantiam a sustentabilidade.

c) Em outras épocas, não existia preocupações com a preservação das florestas, dos rios e, mesmo, da energia.

d) Na situação atual, é impossível não haverem pessoas que se preocupem com agricultura e economia sustentável.

e) Na ocasião, já fazia meses que os ambientalistas discutiam medidas para a contenção dos desmatamentos.

Questão 79: FCC - AJ TRT16/TRT 16/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo:

Da utilidade dos prefácios

Li outro dia em algum lugar que os prefácios são textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador é convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questão. Garantido o tom elogioso, o prefácio ainda aponta características evidentes do texto que virá, que o leitor poderia ter muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais graves, o prefácio adianta elementos da história a ser narrada (quando se trata de ficção), ou antecipa estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os argumentos de base a serem desenvolvidos (quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o prefácio seria um estraga-prazeres.

Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada aos prefácios e prefaciadores, embora concorde que muitas vezes ela proceda − o que não justifica a generalização devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que li, a melhor coisa era o prefácio − fosse pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas do que as expostas no texto principal. Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra, ficando claro que o restante é desnecessário. E ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas como argumento final vou glosar uma observação de Machado de Assis: quando o prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a vantagem de ser bem mais curto.

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Há muito tempo me deparei com o prefácio que um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a moça como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás, além de grande escritora era também linda). Não havia dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas qualidades para os poemas da moça que o prefácio acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginação de um grande gênio poético.

(Aderbal Siqueira Justo, inédito)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar com o elemento sublinhado na frase:

a) As características a que (dever) atender um prefácio podem torná-lo um estraga-prazeres.

b) Há casos em que o prefácio se (revelar) um componente inteiramente inútil de um livro.

c) Às vezes, numa bibliografia (ganhar) mais destaque as páginas de um prefácio do que o texto principal de um livro.

d) Não é incomum que se (recorrer) a frases de Machado de Assis para glosá-las, dada a graça que há nelas.

e) O autor confessa o que a muitos (parecer) impensável: é possível gostar mais de um prefácio do que do restante da obra.

Questão 80: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Em 8 de outubro de 2010 a terra tremeu como jamais se havia visto em Mara Rosa, cidade com 10 mil habitantes no norte de Goiás. Passava um pouco das 5 da tarde daquela sexta-feira e as pessoas se preparavam para o fim de semana quando o chão balançou tão intensamente a ponto de se tornar difícil ficar em pé. Menos de um minuto mais tarde, os reflexos desse terremoto de magnitude 5, um dos mais fortes registrados no país nos últimos 30 anos, haviam percorrido 250 quilômetros e alcançado Brasília, onde alguns prédios chegaram a ser desocupados.

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Nas semanas seguintes, Lucas Barros, chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), e sua equipe instalaram sismógrafos em Mara Rosa e nos municípios vizinhos. Em seis meses, outros 800 sismos, menos intensos, ocorreram ali e ajudaram a determinar a causa direta do desassossego da terra naquela região. Bem abaixo de Mara Rosa, a uns três quilômetros de profundidade, há uma extensa rachadura na crosta terrestre, a camada mais rígida e externa do planeta. E, ao longo dessa fratura que se estende por cinco quilômetros, as rochas haviam se deslocado, fazendo a terra tremer.

A identificação dessa fratura não chegou a surpreender o grupo da UnB. Mara Rosa e outros municípios do norte de Goiás e do sul de Tocantins se encontram em uma região geologicamente instável: a zona sísmica Goiás-Tocantins, que concentra 10% dos terremotos do Brasil. Parte dos geólogos atribui a elevada frequência de tremores nessa área − uma das nove zonas sísmicas delimitadas no país − à proximidade com o Lineamento Transbrasiliano, uma extensa cicatriz na crosta terrestre que cruza o Brasil e, do outro lado do Atlântico, continua na África.

Mas nem todos concordam. Muitas vezes a localização dos tremores não coincide com a desse conjunto de falhas e, em certos trechos dele, nunca se detectaram tremores.

(Adaptado de Igor Zolnerkvic e Ricardo Zorzeto. Disponível em:

www.revista.pesquisa.fapesp.br/2013/05/14/por-que-aterratreme- no-brasil/. Acesso em 24/07/2013)

O verbo flexionado no singular que também pode ser corretamente flexionado no plural, sem que nenhuma outra alteração seja feita na frase, está em:

a) Muitas vezes a localização dos tremores não coincide com...

b) ... a uns três quilômetros de profundidade, há uma extensa rachadura...

c) ... uma extensa cicatriz na crosta terrestre que cruza o Brasil...

d) Parte dos geólogos atribui a elevada frequência de tremores nessa área...

e) E, ao longo dessa fratura que se estende por cinco quilômetros...

Questão 81: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: Para responder à questão considere o texto abaixo.

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No ano de 1296, ao lançarem a pedra fundamental da Igreja de Santa Maria Del Fiore − a Catedral de Florença −, os governantes da cidade italiana iniciavam uma empreitada épica que se estenderia por quase 600 anos. Tão grandioso que parece estabelecer uma conexão entre o casario florentino e o céu, o edifício em questão só seria concluído no século XIX. A obra foi interrompida por surtos de peste que chegaram a dizimar quatro quintos da população local. Enfrentaram-se contratempos para transportar em barquetas ao longo do Rio Arno enormes quantidades de materiais como o mármore da vizinha Carrara. A dificuldade mais monumental, contudo, provinha dos desafios técnicos do projeto, como a construção da cúpula da igreja que ficou sob o comando de Filippo Brunelleschi.

O gênio de Brunelleschi residia em seu domínio da dinâmica dos materiais e da matemática. Ele inventou um guindaste capaz de içar toneladas de material do chão ao cume da abóbada da Catedral só com a tração de alguns bois. Mas a grande façanha da obra foi embutir ao longo dos oito lados da cúpula nove anéis circulares horizontais − referência aos círculos que compõem o Paraíso na Divina Comédia de Dante Alighieri. Os anéis neutralizam as forças de tensão, mantendo a estrutura suspensa. A façanha fez de Brunelleschi a primeira celebridade da arquitetura.

Paranoico com o risco de plágio, ele fazia seus projetos em código. Irascível, foi extremamente rigoroso com pedreiros grevistas. Em outra ocasião, armou uma farsa para humilhar seu rival, o escultor Lorenzo Ghiberti. Inconformado por ter de dividir com ele o gerenciamento da construção, Brunelleschi teria se fingido de doente para que ficasse a cargo de Ghiberti a decisão sobre como tocar a obra. Ao expor a inépcia do desafeto, ganhou mais poder e triplicou seu salário. Diante do milagre de Santa Maria Del Fiore, fica uma certeza: cada florim pago ao genioso arquiteto foi muito bem gasto.

(Adaptado de: Marcelo Marthe. Revista Veja, 12/06/13. p. 136)

As normas de concordância estão plenamente respeitadas na frase:

a) Sobressai, na igreja projetada por Brunelleschi, os nove anéis circulares horizontais que se estende pelos oito lados da cúpula.

b) Imagina-se que devam haver outras referências ao poeta Dante Alighieri nos projetos arquitetônicos de Brunelleschi.

c) Famoso por sua ousadia, nunca inquietou Brunelleschi os nove anéis circulares horizontais que seriam embutidos ao longo dos oito lados da cúpula da igreja.

d) Quando deparam com a Catedral de Florença, os turistas não imaginam que tantas intempéries, como a peste negra, por exemplo, detiveram sua construção.

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e) Cada um dos círculos que se encontra na cúpula da igreja projetados por Brunelleschi foram inspirados no Paraíso de Dante Alighieri.

Questão 82: FCC - TJ TRT18/TRT 18/Administrativa/Segurança/2013

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão .

Pelo menos metade da população mundial vive hoje em lugares onde as taxas de fecundidade se situam abaixo do chamado índice de reposição, de 2,1 filhos por mulher. É esse o caso do Brasil, onde a média nacional caiu para 1,9 (um terço do registrado nos férteis anos 1940). Em raros cantos do planeta, porém, as mulheres estão tendo tão poucos filhos quanto na Alemanha e no Japão, empatados no topo do ranking, com a média de 1,4. Na virada demográfica em andamento, há países onde o número de habitantes já diminuiu e outros que marcham firmemente nessa direção.

A queda no número de nascimentos tem tirado o sono dos estudiosos que já antecipam seus efeitos. Os mais preocupantes são a redução do contingente economicamente ativo, que pode trazer enormes prejuízos à economia, e o aumento do número de idosos, que tende a desestabilizar os sistemas previdenciários. O consenso, no entanto, é que há tempo para os países se ajustarem à nova realidade, racionalizando gastos e ganhando em produtividade de modo a tornar essa transição mais tranquila.

No Brasil, a expectativa de vida ao nascer chegará aos 75 anos já neste ano. "Nosso sistema de aposentadoria precisa ser totalmente reformulado, para não atravancar o crescimento", alerta o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves. Visto de outro prisma, o fenômeno demográfico em curso abre uma oportunidade única para a educação. Com menos crianças, é possível investir mais e melhor em cada uma delas, esculpindo talentos que podem dar conta, afinal, do grande desafio imposto pelas populações envelhecidas: fazer mais com menos gente.

(Adaptado de: Revista Veja, São Paulo, ed. 2323. p. 115-120, 29/05/13)

Substituindo-se o segmento em destaque pelo que se encontra entre parênteses, o verbo que também poderá ser corretamente flexionado no plural está grifado em:

a) ... metade da população mundial (metade dos habitantes do planeta) vive hoje em lugares...

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b) A queda no número de nascimentos (A diminuição nos índices de natalidade) tem tirado o sono dos estudiosos...

c) ... a expectativa de vida ao nascer (a expectativa de vida das populações atuais) chegará aos 75 anos.

d) Nosso sistema de aposentadoria (de beneficiários) precisa ser totalmente reformulado.

e) o fenômeno demográfico em curso abre uma oportunidade única (oportunidades valiosas) para a educação.

Questão 83: FCC - AJ TRT13/TRT 13/Apoio Especializado/Arquivologia/2014

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

O caldo cultural do Nordeste, particularmente do sertão, foi primordial na formação do paraibano Ariano Suassuna. A infância passada no sertão familiarizou o futuro escritor e dramaturgo com temas e formas de expressão artística que mais tarde viriam a influenciar o seu universo ficcional, como a literatura de cordel e o maracatu rural. Não só histórias e casos narrados foram aproveitados para o processo de criação de suas peças e romances, mas também todas as formas da narrativa oral e da poesia sertaneja foram assimiladas e reelaboradas por Suassuna. Suas obras se caracterizam justamente por isso, pelo domínio dos ritmos da poética popular nordestina.

Com apenas 19 anos, Suassuna ligou-se a um grupo de jovens escritores e artistas. As atividades que o grupo desenvolveu apontavam para três direções: levar o teatro ao povo por meio de apresentações em praças públicas, instaurar entre os componentes do conjunto uma problemática teatral e estimular a criação de uma literatura dramática de raízes fincadas na realidade brasileira, particularmente na nordestina.

No final do século XIX, surgiu no Nordeste a chamadaliteratura de cordel. A primeira publicação de folheto no Nordeste, historicamente comprovada, aconteceu em 1870.

O nome cordel originou-se do fato de os folhetos serem expostos em cordões, quando vendidos nas feiras livres. O principal nome do cordel foi Leandro Gomes de Barros, considerado por Ariano Suassuna “o mais genial de todos os poetas do romanceiro popular do Nordeste”.

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A peça Auto da Compadecida, de Suassuna, é uma releitura do folclore nordestino em linguagem teatral moderna. O enredo da peça é um trabalho de montagem e moldagem baseado em uma tradição muito antiga, que remonta aos autos medievais e mais diretamente a inúmeros autores populares que se dedicaram ao gênero do cordel.

As apropriações de Suassuna tanto do folheto nordestino quanto de outras fontes literárias são possíveis porque a palavra imitação, usada por Suassuna, remete-nos ao conceito aristotélico de mimesis, cujo significado não representa apenas uma repetição à semelhança de algo, uma cópia, mas a representação de uma realidade. Suassuna já fez diversos elogios da imitação como ato de criação e costuma dizer que boa parte da obra de Shakespeare vem da recriação de histórias mais antigas.

Recontar uma história alheia, para o cordelista e para o dramaturgo popular, é torná-la sua, porque existe na cultura popular a noção de que a história, uma vez contada, torna-se patrimônio universal e transfere-se para o domínio público. Autoral é apenas a forma textual dada à história por cada um que a reescreve.

(Adaptado de FOLCH, Luiza. Disponível em: www.omarrare.uerj.br/numero15. Acesso em 17/05/2014)

Uma redação alternativa para um segmento do texto em que se respeitam as normas de concordância encontra-se em:

a) Tanto histórias e casos narrados, como a narrativa oral e a poesia, tratam-se de processos de criação que Ariano Suassuna usa em seus romances.

b) A recriação de histórias mais antigas configuram-se como a base de boa parte da obra de Shakespeare.

c) Cada um que reescreve uma história alheia atribui-lhe uma forma textual que pode ser considerada autoral.

d) Embora devam haver histórias anteriores, a primeira publicação de que se tem comprovação de um folheto de cordel aconteceu em 1870, no Nordeste.

e) O fato de os folhetos serem expostos em cordões, quando vendidos nas feiras livres, deram origem ao nome “cordel”.

Questão 84: FCC - AJ TRT1/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

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Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Os direitos “nossos” e os “deles”

Não é incomum que julguemos o que chamamos “nossos” direitos superiores aos direitos do “outro”. Tanto no nível mais pessoal das relações como nos fatos sociais costuma ocorrer essa discrepância, com as consequências de sempre: soluções injustas.

Durante um júri, em que defendia um escravo que havia matado o seu senhor, Luís Gama (1830 - 1882), advogado, jornalista e escritor mestiço, abolicionista que chegou a ser escravo por alguns anos, proferiu uma frase que se tornou célebre, numa sessão de julgamento: "O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa". A frase causou tumulto e acabou por suspender a sessão do júri, despertando tremenda polêmica à época. Na verdade, continua provocando.

Dissesse alguém isso hoje, em alguma circunstância análoga, seria aplaudido por uns e acusado por outros de demonizar o “proprietário”. Como se vê, também a demonização tem duas mãos: os partidários de quem subjuga acabam por demonizar a reação do subjugado. Tais fatos e tais polêmicas, sobre tais direitos, nem deveriam existir, mas existem; será que terão fim?

O grande pensador e militante italiano Antonio Gramsci (1891-1937), que passou muitos anos na prisão por conta de suas ideias socialistas, propunha, em algum lugar de sua obra, que diante do dilema de uma escolha nossa conduta subsequente deve se reger pela avaliação objetiva das circunstâncias para então responder à seguinte pergunta: “Quem sofre?” Para Gramsci, o sofrimento humano é um parâmetro que não se pode perder de vista na avaliação das decisões pessoais ou políticas.

(Abelardo Trancoso, inédito)

Está plenamente correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

a) Muita gente considera de que seus direitos são sempre preferíveis de se respeitar do que os dos outros, cometendo-se com isto uma irreparável injustiça para com seus semelhantes.

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b) O intrépido Luís Gama não hesitou em lançar mão de um argumento radical para defender seu cliente, um escravo acusado do assassinato de seu proprietário.

c) Seria mesmo difícil de se imaginar a balbúrdia que se proclamou entre os expectadores que assistiam o julgamento de um escravo cuja defesa era de Luís Gama.

d) Por levar em conta o sofrimento humano era que Antonio Gramsci não relutava uma análise objetiva dos casos onde as decisões fossem difíceis de se tomar.

e) A preocupação principal do autor do texto está em demonstrar como se desejam preservar os direitos em que os detentores somos nós, ao passo que com os dos outros o mesmo não venha a ocorrer.

Questão 85: FCC - TJ TRT1/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Jovens em movimento

Jovens protestando nas ruas não são exatamente uma novidade: parece ser próprio da juventude um alto grau de inconformismo. Mas é possível localizar na década de 60 e em parte da de 70 do século passado o marco mais incisivo de muitas contestações. O problema apareceu como sendo o de toda uma geração de jovens ameaçando a ordem social, nos planos político, cultural e moral, por uma atitude de crítica aos valores estabelecidos e pelo desencadear de atos em busca de transformação − movimentos estudantis de oposição aos regimes autoritários, contra a tecnocracia e todas as formas de dominação, movimentos pacifistas, agrupamentos de hippies, etc.

Muitos jovens estabeleciam para si próprios que jamais viriam a se integrar ao funcionamento normal da sociedade. Alguns entravam em organizações políticas clandestinas, outros se recusavam a assumir um emprego formal, indo viver em comunidades e sobrevivendo por meio de atividades alternativas (arte, artesanato, hortas comunitárias), tudo numa recusa permanente de se adaptar, de se enquadrar numa sociedade convencional.

No Brasil, é particularmente nesse momento que a questão da juventude ganha maior visibilidade, devido ao engajamento de jovens da classe média, do ensino secundário e universitário, na luta contra o regime autoritário por meio de

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mobilizações estudantis e atuação nos partidos de esquerda. No campo do comportamento, questionavam os padrões sexuais, morais e o consumismo. De lá para cá, alternaram-se momentos de alguma acomodação e outros de expressão inconformista. As manifestações de meados de 2013 atualizaram o caráter contestador da juventude.

(Adaptado de: ABRAMO, Helena Wendel. “Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil”. Revista Brasileira de Educação, n. 5/6, p. 30 e 31)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do plural para preencher corretamente a lacuna da frase:

a) Não ...... (caber) aos mais velhos decidir o que devem reivindicar os jovens.

b) ...... (faltar) à maioria de nós o ímpeto que têm os jovens nas manifestações.

c) Pergunto-me por que não ...... (ter) havido manifestações de rua na minha juventude.

d) Sempre haverá quem ...... (atribuir) aos jovens manifestantes a responsabilidade pelos incidentes.

e) É provável que a ninguém ...... (ocorrer) as iniciativas que os jovens não hesitam em tomar.

Questão 86: FCC - TJ TRT4/TRT 4/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2015

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

As normas de concordância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas em:

a) Quem escrevia nos jornais sulistas do final do século XIX e início do século XX não criaram os modelos ideais de boas mães e esposas virtuosas, pois reproduziam o que já fazia parte do imaginário ocidental, e podia ser encontrado na literatura, nos sermões das missas e nas tradições locais.

b) Formadas por casais oriundas das ilhas dos Açores e da Madeira, a população que ocupou parte do Rio Grande do Sul, a partir de meados do século XVIII, tornaram-se responsáveis pelo desenvolvimento econômico da região.

c) A escolha de numerosas imagens de mulher denota uma preocupação muito viva com a definição dos papéis femininos, mas é difícil saber como eram vividas, experimentadas no cotidiano, essas imagens que os jornais reproduziam.

d) Em cada capital do Sul, os grupos de pessoas mais abastados assumiram diferentes configurações, porém foi principalmente os comerciantes e pequenos

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industriais ligados à população de imigração recente que ditou as características das novas elites urbanas.

e) O surgimento de inúmeros conflitos regionais levaram ao estabelecimento de costumes diferenciados do restante do país, e registra-se vários testemunhos de viajantes sobre o modo de vida familiar nessa época, destacando o papel de mulheres que comandavam pequenas propriedades.

Questão 87: FCC - AJ TRT9/TRT 9/Judiciária/"Sem Especialidade"/2015

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

Saudade de Waterloo

É famosa a história da mulher que se queixava de um dia particularmente agitado nas redondezas da sua casa e do que o movimento constante de cavaleiros e carroças fizera à sua roupa estendida para secar, sem saber que estava falando da batalha de Waterloo, que mudaria a história da Europa. Contam que famílias inteiras da sociedade de Washington pegaram suas cestas de piquenique e foram, de carruagem, assistir à primeira batalha da Guerra Civil americana, em Richmond, e não tiveram baixas. A Primeira Grande Guerra, ou a primeira guerra moderna, mutilou uma geração inteira, mas uma geração de homens em uniformes de combate. Mulheres e crianças foram poupadas. Só 5 por cento das mortes na Primeira Guerra foram de civis. Na Segunda Guerra Mundial, a proporção foi de 65 por cento.

Os estragos colaterais da Segunda Guerra se deveram ao crescimento simultâneo de duas técnicas mortais, a do bombardeio aéreo e a da guerra psicológica. Bombardear populações civis foi adotado como uma “legítima” tática militar, para atingir o moral do inimigo. Os alemães começaram, devastando Londres, que tinha importância simbólica como coração da Inglaterra mas nenhuma importância estratégica. Mas ingleses e americanos também se dedicaram com entusiasmo ao bombardeio indiscriminado, como o que arrasou a cidade de Dresden. E os “estragos colaterais” chegaram à sua apoteose tétrica, claro, em Hiroshima e Nagasaki.

Hoje a guerra psicológica é o pretexto legitimador para quem usa o terror por qualquer causa. E cada vez que vemos uma das vítimas do terror, como o último cadáver de uma criança judia ou palestina sacrificada naquela guerra especialmente insensata, pensamos de novo nos tempos em que só os soldados

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morriam nas guerras, e ainda era possível ser um espectador, mesmo distraído como a dona de casa de Waterloo, da história. Ou ser inocente.

(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. O mundo é bárbaro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, pp. 123/124)

As normas de concordância verbal acham-se plenamente observadas na frase:

a) Devem-se ressaltar, como efeito colateral dos bombardeios, os terrores a que foi submetida a população civil, durante a Segunda Guerra Mundial.

b) Espantam-nos a todos, até hoje, que famílias americanas, com suas cestas de piquenique, deram-se ao luxo de assistir à primeira batalha da Guerra Civil.

c) A importância simbólica dos bombardeios que os alemães promoveram contra os ingleses excediam quaisquer vantagens do ponto de vista estratégico.

d) É a falta de discriminação dos alvos dos bombardeios que acabam por tornar especialmente monstruosas as operações bélicas em curso no nosso tempo.

e) Consideram-se como responsável pela multiplicação de vítimas civis das guerras modernas a associação criminosa de duas técnicas mortais.

Questão 88: FCC - TJ TRT9/TRT 9/Administrativa/Segurança/2015

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

É verdade que as mulheres não são engraçadas?

Em ensaio de 2007 na revista Vanity Fair, o escritor Christopher Hitchens perguntou: "Por que as mulheres não são engraçadas?" Suas duas respostas: a mulher e o humor seriam "opostos" e "a tarefa mais importante que o homem precisa desempenhar na vida é impressionar o sexo oposto. As mulheres não têm a menor necessidade correspondente de atrair os homens dessa maneira. Elas já os atraem”.

Eu acho que os homens fazem graça para atrair mulheres porque as mulheres consideram o humor um sinal de inteligência e o valorizam num companheiro muito mais que os homens. Também penso que nem sempre os homens conseguem seduzir as mulheres pelo riso.

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Elas são ensinadas desde a infância a sorrir, ser educadas e gentis. Não fazem tanta força quanto os homens para ser engraçadas, porque o humor pode ofender. Mas as que rompem com essa convenção social podem nos levar a gargalhar tanto quanto eles.

Hitchens também pergunta: se as mulheres são tão divertidas quanto os homens, por que existem muito mais humoristas e roteiristas cômicos homens que mulheres? Uma resposta: o humor tem sido tradicionalmente uma profissão dominada pelos homens.

No Brasil há menos comediantes mulheres porque o machismo retardou os avanços feministas. Mesmo assim, a peça de teatro Cócegas, escrita e representada por Heloísa Périssé e Ingrid Guimarães, ficou em cartaz por dez anos porque suas personagens enfrentam o cotidiano da mulher moderna de modo cômico.

Portanto, eu diria a Hitchens: dê às mulheres mais tempo para desafiar as convenções sociais, e seus clichês sobre elas se tornarão risíveis.

(Adaptado de: KEPP, Michael. Trad. Clara Allain, 13/10/2014. Disponível em: <www.folha.uol.com.br/opiniao/2014

/10/1530898-michael-kepp-e-verdade-que-as-mulheres-nao-sao-engracadas. shtml>. Acessado em: 01/10/2015)

As normas de concordância estão plenamente respeitadas na seguinte frase redigida a partir do texto:

a) Muitas vezes os esforços de impressionar o sexo oposto, por meio do riso, não obtêm o resultado almejado.

b) Impressionar as mulheres têm correspondido a uma das principais preocupações dos homens, que recorrem ao humor.

c) A necessidade que as mulheres têm de usar o humor como artimanha para seduzir os homens não se mostram tão prementes.

d) Hitchens, em seu ensaio, argumenta a respeito de parecerem haver mais humoristas homens do que mulheres.

e) Escrita e representada por Heloísa Périssé e Ingrid Guimarães, destacam-se, entre outras, a peça Cócegas.

Questão 89: FCC - AJ TRT9/TRT 9/Administrativa/2015

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Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

A Áustria entrou para a história da inteligência do século 20 como fonte de gênios − Sigmund Freud, o criador da psicanálise, e o pintor expressionista Egon Schiele são alguns deles. Em outra face, menos vistosa, foi também um dos berços mentais do nazismo. Numa perspectiva mais amena, vastas regiões do país são conhecidas pela sua beleza inóspita, altas montanhas, desfiladeiros e precipícios onde a neve e o verde competem, sob a proteção de hospedarias pitorescas, para atrair turistas ao som da música típica do Tirol.

Lá viveu, também, Thomas Bernhard (1931-1989), um dos mais agressivos escritores do século passado − e alguém que, radicado na Áustria desde criança, dedicou sua vida a falar mal do país, a ponto de tornar esse mal-estar um dos pontos centrais de sua arte. Um dos itens de seu testamento foi a proibição expressa de que peças suas fossem representadas e seus textos inéditos fossem publicados no país − o mesmo país que, hoje, subsidia a tradução de seus livros para o resto do mundo. Podemos nos perguntar como um projeto aparentemente tão limitado − que um leigo creditaria a uma mera expressão de ressentimento confessional − possa de fato se transformar em grande literatura. Em livros como O náufrago, Árvores abatidas e Extinção, um narrador exasperado e aparentemente sem rumo, que se realiza em frases a um tempo irresistíveis e intermináveis, vai como que destruindo a golpes de medida impaciência qualquer possibilidade de remissão humana.

Um exemplo: “Num hotel do centro de Viena, cidade que sempre tratou pensadores e artistas com a maior falta de consideração e desfaçatez possíveis e que poderia com certeza ser chamada de o grande cemitério de fantasias e das ideias, porque dilapidou, desperdiçou e aniquilou um número mil vezes maior de gênios do que aqueles aos quais de fato emprestou fama e renome mundial, foi encontrado morto um homem que, com absoluta clareza de pensamento, deixou registrado num bilhete o verdadeiro motivo de seu suicídio, bilhete que, então, prendeu ao paletó.” O trecho é de um dos textos que compõem O imitador de vozes.

Distinta de suas narrativas mais conhecidas, a obra mantém intactas a linguagem e a verve de Thomas Bernhard. Há um humor sombrio em todas as páginas, mas nada se reduz a uma anedota − o leitor ri de algo que não consegue controlar ou definir.

Este meticuloso painel do desespero se compõe de breves relatos aparentemente jornalísticos, casos curiosos ou inexplicáveis. O narrador dessas histórias, em que

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não há quase nada de onírico ou alegórico, frequentemente é uma representação coletiva: “chamou-nos a atenção”, “conhecemos um homem”. Esse “nós”, que nunca se apresenta, é a representação de um coro, uma voz coletiva, o temível “senso comum” − ou a voz da Áustria, que Thomas Bernhard transformou numa província asfixiante e opressiva e numa das obras mais desconcertantes da literatura ocidental.

(Adaptado de: TEZZA, Cristovao. Disponível em: http://www. cristovaotezza.com.br/textos/p_resenhas.htm)

O elemento que se encontra em destaque justifica a flexão verbal sublinhada em:

a) ...vai como que destruindo a golpes de medida impaciência qualquer possibilidade de remissão humana. um projeto (2º parágrafo)

b) ...outra face, menos vistosa, foi também um dos berços mentais do nazismo. A Áustria (1º parágrafo)

c) ...frequentemente é uma representação coletiva... painel do desespero (último parágrafo)

d) ..possa de fato se transformar em grande literatura. ressentimento (2º parágrafo)

e) ...emprestou fama e renome mundial... hotel do centro de Viena (3o parágrafo)

Questão 90: FCC - AJ TRT9/TRT 9/Administrativa/2015

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Há uma explicação para a escultura de Picasso não ter sido reunida com frequência. Picasso, o filho de pintor, treinado como pintor, não se levava a sério como escultor. Não considerava as esculturas vendáveis ou tema de exposição. Ele as guardava em casa e no estúdio, misturadas aos objetos da decoração. Depois de sua morte, em 1973, a organização do espólio permitiu que obras fossem adquiridas por outras coleções. Embora as esculturas ficassem longe do público, elas foram vistas por artistas que visitavam Picasso.

O diálogo do pintor com o escultor é constante. A escultura, diz a curadora Ann Temke, adaptava-se ao temperamento irrequieto de Picasso, que se permitia improvisação no meio. Na década em que predomina o metal, ela se diverte com a ideia do artista mais rico da história frequentando ferros-velhos em busca de objetos.

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A influência da arte africana sobre a pintura de Pablo Picasso é conhecida. É só admirar as sublimes Demoiselles D’Avignon, que moram no quinto andar do MoMA. Mas só quando apreciamos a obra em escultura a conexão fica mais evidente e compreensiva. Ann Temke lembra que a visita de Picasso ao Museu Etnográfico de Paris, em 1907, por sugestão do amigo e pintor André Derain, foi um divisor de águas. “A noção de fazer um espírito habitar uma figura vem daí”, diz ela. “Você não olha para a escultura europeia daquele tempo e pensa neste poder mágico.”

A curadora vê na representação erótica das formas femininas uma âncora do diálogo entre o pintor e o escultor. “Ele estava mapeando a renovação de sua linguagem em duas e três dimensões ao mesmo tempo.”

(Adaptado de: GUIMARÃES, Lúcia. O Estado de S. Paulo. 26 Setembro 2015)

Consideradas as normas de concordância verbal, a frase em que estão plenamente respeitadas é:

a) Não chegou a preocupar Picasso, evidentemente, as condições de venda de suas esculturas ou mesmo se poderiam ser tema de exposição.

b) Ao se deterem nas obras de Picasso, muitos dos que apreciam a escultura percebem nela uma evidente conexão com a arte africana.

c) Ao permitirem improvisações, segundo a curadora Ann Temke, a escultura se adaptava ao temperamento irrequieto de Picasso.

d) À época, quando se olha as esculturas europeias não se pensa em um poder mágico delas derivado.

e) Devem haver explicações para a escultura de Picasso, embora de reconhecido valor artístico, não ter sido reunida com frequência.

Questão 91: FCC - TJ TRT23/TRT 23/Administrativa/2016

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O biorregionalismo como alternativa ecológica

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O modelo ainda dominante nas discussões ecológicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo; em economia, a exploração predatória da natureza e a competição; em política, a centralização e a hierarquização; na cultura, o quantitativo sobre o qualitativo, a uniformização dos costumes, o consumismo e o individualismo.

Esse paradigma subjaz, em grande parte, à atual crise da Terra, pois considera esta como um todo uniforme, sem valorizar a singularidade de seus muitos ecossistemas e a diversidade das culturas.

Hoje está se impondo uma outra vertente, mais amiga da natureza e com possibilidades de nos tirar da crise atual: o “biorregionalismo”. A biorregião se circunscreve numa área, normalmente, definida pelos rios e pelo maciço de montanhas. Possui certo tipo de vegetação, geografia do terreno, de fauna e de flora e mostra uma cultura local própria, com seus hábitos e tradições.

A tarefa básica do biorregionalismo é fazer os habitantes valorizarem o lugar onde vivem. Importa fazê-los conhecer o tipo de solos, de florestas, de animais, as fontes de água, o rumo dos ventos, os climas e microclimas, os ciclos das estações, o que a natureza pode oferecer em termos de paisagens, alimentação, bens e serviços para nós e para toda a comunidade de vida.

É na biorregião que a sustentabilidade se faz real e não retórica a serviço do marketing; pode se transformar num processo dinâmico, que aproveita racionalmente as capacidades oferecidas pelo ecossistema local, criando mais igualdade e diminuindo em níveis razoáveis a pobreza.

Mesmo sendo a comunidade local a unidade básica, isso não invalida a importância das unidades sistêmicas maiores (inter-regionais, nacionais e internacionais) que afetam a todos (por exemplo, o aquecimento global). A ideia do “glocal” nos ajuda a articular essas diferentes dimensões. Sempre é necessário informar-se sobre as experiências de outras regiões e sobre como está o estado geral do planeta Terra.

O biorregionalismo possibilita que as mercadorias circulem no local, evitando as grandes distâncias; favorece o surgimento de cooperativas comunitárias; nele, persiste a economia de mercado, mas composta primariamente, embora não exclusivamente, de empresas familiares.

O biorregionalismo permite, assim, deixar para trás o objetivo de “viver melhor”, de acordo com a ética da acumulação ilimitada, para dar lugar ao “bem viver e

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conviver”, segundo a ética da suficiência, que implica o bem-estar para toda a comunidade.

(Adaptado de: BOFF, Leonardo, Disponível em:

www.folhadoestado. com.br/opiniao/id-305952/o_bioregionalismo_como_alternativa_ ecologica. Acesso em: 07.12.2015)

Está clara e correta a seguinte frase escrita a partir do texto:

a) As capacidades oferecidas pelo ecossistema local tem de ser aproveitadas para que se alcance níveis razoáveis de pobreza.

b) Não parece ser devidamente valorizado, nos debates ecológicos, a singularidade dos ecossistemas e a diversidade das culturas.

c) De acordo com Leonardo Boff, ainda predominam, nas discussões sobre cultura, o quantitativo sobre o qualitativo.

d) Não se devem desconsiderar a importância das unidades inter-regionais, nacionais e internacionais, pois afetam à todos.

e) Certo tipo de vegetação e de geografia do terreno é o que caracteriza, em parte, uma biorregião.

Questão 92: FCC - AJ TRT23/TRT 23/Administrativa/"Sem Especialidade"/2016

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O processo impregnado de complexidade, ao qual se sobrepõem ideias de avanço ou expansão intensamente ideologizadas, e que convencionamos chamar pelo nome de progresso, tem, dentre outros, um atributo característico: tornar a organização da vida cada vez mais tortuosa, ao invés de simplificá-la. Progredir é, em certos casos, sinônimo de complicar. Os aparelhos, os sinais, as linguagens e os sons gradativamente incorporados à vida consomem a atenção, os gestos, a capacidade de entender. Além disso, do manual de instruções de um aparelho eletrônico à numeração das linhas de ônibus, passando pelo desenho das vias urbanas, pelos impostos escorchantes e pelas regras que somos obrigados a obedecer – inclusive nos atos mais simples, como o de andar a pé −, há uma evidente arbitrariedade, às vezes melíflua, às vezes violenta, que se insinua no cotidiano.

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Não há espaço melhor para averiguarmos as informações acima do que os principais centros urbanos. Na opinião do geógrafo Milton Santos, um marxista romântico, “a cidade é o lugar em que o mundo se move mais; e os homens também. A co-presença ensina aos homens a diferença. Por isso, a cidade é o lugar da educação e da reeducação. Quanto maior a cidade, mais numeroso e significativo o movimento, mais vasta e densa a co-presença e também maiores as lições de aprendizado”.

Essa linha de pensamento, contudo, não é seguida por nós, os realistas, entre os quais se inclui o narrador de O silenceiro, escrito pelo argentino Antonio di Benedetto. Para nós, o progresso transformou as cidades em confusas aglomerações, nas quais a opressão viceja. O narrador-personagem do romance de Di Benedetto anseia desesperadamente pelo silêncio. Os barulhos, elementos inextricáveis da cidade, intrometem-se no cotidiano desse homem, ganhando existência própria. E a própria espera do barulho, sua antevisão, a certeza de que ele se repetirá, despedaça o narrador. À medida que o barulho deixa de ser exceção para se tornar a norma irrevogável, fracassam todas as soluções possíveis.

A cidade conspira contra o homem. As derivações da tecnologia fugiram, há muito, do nosso controle.

(Adaptado de: GURGEL, Rodrigo. Crítica, literatura e narratofobia. Campinas, Vide Editorial, 2015, p. 121-125)

Está correta a redação que se encontra em:

a) Os ruídos indesejados invadem a privacidade, obrigando os moradores das cidades a participarem do que não lhes interessam.

b) Ouve-se, ainda que de dentro de apartamentos com janelas fechadas, os sons indesejados do programa de televisão no último volume do imóvel vizinho.

c) Para alguns, os barulhos da cidade, mais do que mera consequência do aprimoramento tecnológico, configuram-se como estorvo cuja insistência altera a vida.

d) Cada um dos rumores produzidos pelas pessoas na cidade grande acossam os mais sensíveis, causando estresse e doença.

e) Prestes a explodir, o homem indefeso constata que as pessoas e a tecnologia trabalham contra ele, como se os emboscasse a cada esquina.

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Questão 93: FCC - AJ TRT14/TRT 14/Judiciária/"Sem Especialidade"/2016

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

Era uma vez...

As crianças de hoje parecem nascer já familiarizadas com todas as engenhocas eletrônicas que estarão no centro de suas vidas. Jogos, internet, e-mails, músicas, textos, fotos, tudo está à disposição à qualquer hora do dia e da noite, ao alcance dos dedos. Era de se esperar que um velho recurso para se entreter e ensinar crianças como adultos − contar histórias − estivesse vencido, morto e enterrado. Ledo engano. Não é incomum que meninos abandonem subitamente sua conexão digital para ouvirem da viva voz de alguém uma história anunciada pela vetusta entrada do “Era uma vez...”.

Nas narrativas orais − talvez o mais antigo e proveitoso deleite da nossa civilização – a presença do narrador faz toda a diferença. As inflexões da voz, os gestos, os trejeitos faciais, os silêncios estratégicos, o ritmo das palavras – tudo é vivo, sensível e vibrante. A conexão se estabelece diretamente entre pessoas de carne e osso, a situação é única e os momentos decorrem em tempo real e bem marcado. O ouvinte sente que o narrador se interessa por sua escuta, o narrador sabe-se valorizado pela atenção de quem o ouve, a narrativa os une como num caloroso laço de vozes e de palavras.

As histórias clássicas ganham novo sabor a cada modo de contar, na arte de cada intérprete. Não é isso, também, o que se busca num teatro? Nas narrações, as palavras suscitam imagens íntimas em quem as ouve, e esse ouvinte pode, se quiser, interromper o narrador para esclarecer um detalhe, emitir um juízo ou simplesmente uma interjeição. Havendo vários ouvintes, forma-se uma roda viva, uma cadeia de atenções que dá ainda mais corpo à história narrada. Nesses momentos, é como se o fogo das nossas primitivas cavernas se acendesse, para que em volta dele todos comungássemos o encanto e a magia que está em contar e ouvir histórias. Na época da informática, a voz milenar dos narradores parece se fazer atual e eterna.

(Demócrito Serapião, inédito)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se em uma forma do plural para preencher corretamente a lacuna da frase:

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a) Nem se ...... (pensar) em dar ouvidos às pessoas que não acreditam no poder da arte de contar histórias.

b) Aos meninos do bairro ...... (parecer) melhor ouvir histórias do que se entreter com jogos eletrônicos.

c) Das histórias que ouviram nada os ...... (encantar) mais do que as inflexões do narrador.

d) É improvável que nos anos futuros ...... (deixar) de haver gratas recordações dessas histórias que ouvimos.

e) Para a maioria dos alunos ainda se ...... (conservar) os momentos mágicos daquela antiga sessão.

Questão 94: FCC - TJ TRT20/TRT 20/Administrativa/2016

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Atenção: Leia o texto abaixo para responder à questão.

Com a literatura de cordel como aliada, o clichê de “mudar o mundo” não soa tão inalcançável. Os folhetos de cordel são baratos, acessíveis e extremamente fáceis de transportar e de compartilhar com outras pessoas. Melhor ainda: são ideais para a sala de aula. Entre rimas, estrofes e melodias, muitos assuntos pertinentes podem ser tratados e debatidos.

Nos últimos quatro anos, desde que comecei a publicar os meus cordéis, recebi centenas de mensagens com depoimentos de educadores que compram meus folhetos e utilizam minhas rimas para falar sobre questões raciais, de gênero, de diversidade sexual e história. Com a série Heroínas Negras na História do Brasil, séculos de esquecimento começam a ser rompidos e muita gente escuta falar, pela primeira vez, sobre as mulheres negras que foram líderes quilombolas e guerreiras na luta contra a escravidão.

Pelo cordel, nomes como Tereza de Benguela, Dandara dos Palmares, Zacimba Gaba e Mariana Crioula protagonizam discussões acaloradas sobre racismo e machismo; até mesmo uma aula de português pode ser a oportunidade perfeita para colocar essas questões em pauta.

Esse tipo de cordel com proposta social é chamado de Cordel Engajado e pode trazer política, defesa de causas e críticas sociais para a literatura de uma maneira profundamente envolvente. Afinal, a literatura de cordel é excelente para a

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transformação da sociedade em uma realidade onde exista mais equidade e respeito pela diversidade.

Esse respeito, aliás, pode começar pela própria valorização do cordel, algo que só deve acontecer quando todos os empecilhos preconceituosos forem tirados do caminho. Ainda há muito a se caminhar, sobretudo com o alarme do tempo piscando e gritando que um dia, infelizmente, o cordel pode virar artigo de museu.

(Adaptado de: ARRAES, Jarid. “A literatura de cordel...”, Blooks. Rio de Janeiro: Ginga Edições, 2016, p. 12-13)

... uma realidade onde exista mais equidade e respeito pela diversidade. (4º parágrafo).

A respeito do verbo sublinhado acima, afirma-se corretamente:

a) O modo imperativo enfatiza o desejo do autor por uma cidade mais igualitária.

b) Pode ser substituído pelo verbo “haver”, tanto no singular como no plural.

c) O modo subjuntivo reforça o caráter exortativo da recomendação.

d) Pode ser substituído pela forma “existam”, sem prejuízo para a correção.

e) O modo indicativo assinala a possibilidade de uma nova realidade.

Questão 95: FCC - TJ TRT11/TRT 11/Administrativa/2017

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Freud uma vez recebeu carta de um conhecido pedindo conselhos diante de uma escolha importante da vida. A resposta é surpreendente: para as decisões pouco importantes, disse ele, vale a pena pensar bem. Quanto às grandes escolhas da vida, você terá menos chance de errar se escolher por impulso.

A sugestão parece imprudente, mas Freud sabia que as razões que mais pesam nas grandes escolhas são inconscientes, e o impulso obedece a essas razões. Claro que Freud não se referia às vontades impulsivas proibidas. Falava das decisões tomadas de “cabeça fria”, mas que determinam o rumo de nossas vidas. No caso das escolhas profissionais, as motivações inconscientes são decisivas. Elas determinam não só a escolha mais “acertada”, do ponto de vista da compatibilidade com a profissão, como são também responsáveis por aquilo que chamamos de talento. Isso se decide na infância, por mecanismos que chamamos de identificações. Toda

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criança leva na bagagem alguns traços da personalidade dos pais. Parece um processo de imitação, mas não é: os caminhos das identificações acompanham muito mais os desejos não realizados dos pais do que aqueles que eles seguiram na vida.

Junto com as identificações formam-se os ideais. A escolha profissional tem muito a ver com o campo de ideais que a pessoa valoriza. Dificilmente alguém consegue se entregar profissionalmente a uma prática que não represente os valores em que ela acredita.

Tudo isso está relacionado, é claro, com a almejada satisfação na vida profissional. Mas não vamos nos iludir. Satisfação no trabalho não significa necessariamente prazer em trabalhar. Grande parte das pessoas não trabalharia se não fosse necessário. O trabalho não é fonte de prazer, é fonte de sentido. Ele nos ajuda a dar sentido à vida. Só que o sentido da vida profissional não vem pronto: ele é o efeito, e não a premissa, dos anos de prática de uma profissão. Na contemporaneidade, em que se acredita em prazeres instantâneos, resultados imediatos e felicidade instantânea, é bom lembrar que a construção de sentido requer tempo e persistência. Por outro lado, quando uma escolha não faz sentido o sujeito percebe rapidamente.

(Adaptado de KEHL, Maria Rita. Disponível em: rae.fgv.br /sites/rae.fgv.br/files/artigos)

O verbo que pode ser corretamente flexionado em uma forma do plural, sem que nenhuma outra modificação seja feita na frase, está em:

a) ... em que se acredita em prazeres instantâneos...

b) Grande parte das pessoas não trabalharia...

c) ... o campo de ideais que a pessoa valoriza.

d) ... que não represente os valores...

e) ... não se referia às vontades impulsivas...

Questão 96: FCC - AJ TRT24/TRT 24/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017

Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)

Quanto à concordância padrão, está escrita corretamente a frase:

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a) O homem sempre buscou capturar o instante em imagens, e isso nunca foi tão fácil quanto hoje, quando o ato de registrar se tornou mais importante que o próprio registro.

b) Atualmente, constata-se muitas maneiras de compartilhar informação, mas nenhum meio de comunicação vem se mostrando tão poderoso quanto as redes sociais.

c) Em meados da década passada, fotografar alimentos envolviam uma série de questionamentos que parecem não fazer mais sentido na sociedade dos dias de hoje.

d) Em 2016, uma pesquisa com usuários da internet concluiu que algumas pessoas que postam excessivamente nas redes sociais o faz por necessidade de aprovação.

e) Decidir entre devorar ou clicar têm perturbado aqueles que oscilam entre desfrutar o momento da refeição e partilhá-lo, ainda que a distância, com amigos e familiares.

Pontuação Questão 97: FCC - TJ TRT1/TRT 1/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

Visão monumental

Nada superará a beleza, nem todos os ângulos retos da razão. Assim pensava o maior arquiteto e mais invocado sonhador do Brasil. Morto em 5 de dezembro de insuficiência respiratória, a dez dias de completar com uma festa, no Rio de Janeiro onde morava, 105 anos de idade, Oscar Niemeyer propusera sua própria revolução arquitetônica baseado em uma interpretação do corpo da mulher.

Filho de fazendeiros, fora o único ateu e comunista da família, tendo ingressado no partido por inspiração de Luiz Carlos Prestes, em 1945. Como a agremiação partidária não correspondera a seu sonho, descolara-se dela, na companhia de seu líder, em 1990. “O comunismo resolve o problema da vida”, acreditou até o fim. “Ele faz com que a vida seja mais justa. E isso é fundamental. Mas o ser humano, este continua desprotegido, entregue à sorte que o destino lhe impõe.”

E desprotegido talvez pudesse se sentir um observador diante da monumentalidade que ele próprio idealizara para Brasília a partir do plano-piloto de Lucio Costa. Quem sabe seus museus, prédios governamentais e catedrais não

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tivessem mesmo sido construídos para ilustrar essa perplexidade? Ele acreditava incutir o ardor em quem experimentava suas construções.

Bem disse Le Corbusier que Niemeyer tinha “as montanhas do Rio dentro dos olhos”, aquelas que um observador pode vislumbrar a partir do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, um entre cerca de 500 projetos seus. Brasília, em que pese o sonho necessário, resultara em alguma decepção. Niemeyer vira a possibilidade de construir ali a imagem moderna do País. E como dizer que a cidade, ao fim, deixara de corresponder à modernidade empenhada? Houve um sonho monumental, e ele foi devidamente traduzido por Niemeyer. No Planalto Central, construíra a identidade escultural do Brasil.

(Adaptado de Rosane Pavam. CartaCapital, 07/12/2012, www.cartacapital.com.br/sociedade/a-visao-monumental-2/)

Sobre a pontuação empregada no texto, afirma-se corretamente:

a) Em Bem disse Le Corbusier que Niemeyer tinha “as montanhas do Rio dentro dos olhos” (último parágrafo), a justificativa para o emprego de aspas é o realce irônico que se quer dar à expressão que elas isolam.

b) Em Mas o ser humano, este continua desprotegido... (2o parágrafo), a vírgula poderia ser retirada sem prejuízo para o sentido e a lógica.

c) Em Brasília, em que pese o sonho necessário, resultara em alguma decepção (último parágrafo), as vírgulas poderiam ser substituídas por travessões sem prejuízo para a clareza e a lógica.

d) Em um observador diante da monumentalidade que ele próprio idealizara para Brasília... (3o parágrafo), uma vírgula poderia ser colocada imediatamente depois de monumentalidade, sem prejuízo para o sentido.

e) Em No Planalto Central, construíra a identidade escultural do Brasil (último parágrafo), a retirada da vírgula implicaria prejuízo para a clareza e a lógica.

Questão 98: FCC - AJ TRT1/TRT 1/Judiciária/Execução de Mandados/2013

Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

Confiar e desconfiar

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Desconfiar é bom e não custa nada − é o que diz o senso comum, valorizando tanto a cautela como a usura. Mas eu acho que desconfiar custa, sim, e às vezes custa demais. A desconfiança costuma ficar bem no meio do caminho da aventura, da iniciativa, da descoberta, atravancando a passagem e impedindo − quem sabe? − uma experiência essencial.

Por desconfiar deixamos de arriscar, permitindo que a prudência nos imobilize; por cautela, calamo-nos, não damos o passo, desviamos o olhar. Depois, ficamos ruminando sobre o que teremos perdido, por não ousar.

O senso comum também diz que é melhor nos arrependermos do que fizemos do que lamentarmos o que deixamos de fazer. Como se vê, a sabedoria popular também hesita, e se contradiz. Mas nesse capítulo da desconfiança eu arrisco: quando confiar é mais perigoso e mais difícil, parece-me valer a pena. Falo da confiança marcada pela positividade, pela esperança, pelo crédito, não pela mera credulidade. Mesmo quando o confiante se vê malogrado, a confiança terá valido o tempo que durou, a qualidade da aposta que perdeu. O desconfiado pode até contar vantagem, cantando alto: − Eu não falei? Mas ao dizer isso, com os pés chumbados no chão da cautela temerosa, o desconfiado lembra apenas a estátua do navegante que foi ao mar e voltou consagrado. As estátuas, como se sabe, não viajam nunca, apenas podem celebrar os grandes e ousados descobridores.

“Confiar, desconfiando” é outra pérola do senso comum. Não gosto dessa orientação conciliatória, que manda ganhar abraçando ambas as opções. Confie, quando for esse o verdadeiro e radical desafio.

(Ascendino Salles, inédito)

Está inteiramente correta a pontuação do seguinte período:

a) Não é fácil − confessemos logo − estabelecer uma clara linha divisória entre o que há de virtuoso na confiança, reconhecida como atividade positiva e criativa, e o que há de meritório em desconfiar, quando isso significa problematizar uma decisão.

b) Não é fácil, confessemos logo, estabelecer uma clara linha divisória: entre o que há de virtuoso na confiança reconhecida como atividade positiva, e criativa, e o que há de meritório em desconfiar, quando isso significa problematizar uma decisão.

c) Não é fácil, confessemos logo: estabelecer uma clara linha divisória, entre o que há de virtuoso na confiança reconhecida, como atividade positiva e criativa, e o que há de meritório em desconfiar quando, isso, significa problematizar uma decisão.

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d) Não é fácil, confessemos logo estabelecer, uma clara linha divisória, entre o que há de virtuoso, na confiança reconhecida, como atividade positiva e criativa, e o que há de meritório em desconfiar, quando isso significa problematizar uma decisão.

e) Não é fácil − confessemos logo − estabelecer uma clara linha divisória, entre o que há de virtuoso, na confiança reconhecida como atividade positiva e criativa, e o que há de meritório, em desconfiar quando isso significa problematizar uma decisão.

Questão 99: FCC - AJ TRT2/TRT 2/Administrativa/2014

Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Sobre a publicação de livros

Muito se tem discutido, recentemente, sobre direitos e restrições na publicação de livros. Veja-se o que dizia o filósofo Voltaire, em 1777:

“Não vos parece, senhores, que em se tratando de livros, só se deve recorrer aos tribunais e soberanos do Estado quando o Estado estiver sendo comprometido nesses livros? Quem quiser falar com todos os seus compatriotas só poderá fazê-lo por meio de livros: que os imprima, então, mas que responda por sua obra. Se ela for ruim, será desprezada; se for provocadora, terá sua réplica; se for criminosa, o autor será punido; se for boa, será aproveitada, mais cedo ou mais tarde.”

(Voltaire, O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 56)

Quanto à colocação das vírgulas, a frase inteiramente correta é:

a) Num de seus textos a que deu o título de “Do justo e do injusto”, Voltaire aborda com a propriedade de sempre, a questão da natureza mesma do sentimento da justiça que, segundo ele, foi-nos concedido por Deus que também nos deu um cérebro para contrabalançar os impulsos do coração.

b) Num de seus textos, a que deu o título de “Do justo e do injusto”, Voltaire aborda, com a propriedade de sempre, a questão da natureza mesma do sentimento da justiça, que, segundo ele, foi-nos concedido por Deus, que também nos deu um cérebro para contrabalançar os impulsos do coração.

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c) Num de seus textos, a que deu o título de “Do justo e do injusto” Voltaire aborda, com a propriedade de sempre a questão da natureza mesma do sentimento da justiça, que segundo ele foi-nos concedido por Deus que, também, nos deu um cérebro para contrabalançar os impulsos do coração.

d) Num de seus textos a que deu o título de “Do justo e do injusto”, Voltaire aborda com a propriedade de sempre, a questão da natureza mesma do sentimento da justiça, que segundo ele foi-nos concedido por Deus, que também nos deu um cérebro, para contrabalançar, os impulsos do coração.

e) Num de seus textos, a que deu o título de “Do justo e do injusto”, Voltaire aborda, com a propriedade de sempre, a questão da natureza mesma, do sentimento da justiça, que segundo ele foi-nos concedido por Deus que, também nos deu um cérebro, para contrabalançar os impulsos do coração.

Questão 100: FCC - TJ TRT2/TRT 2/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)

Instrução: Para responder à questão, considere o texto a seguir.

Para ver uma cidade não basta ficar de olhos abertos. É preciso primeiramente descartar tudo aquilo que impede vê-la, todas as ideias recebidas, as imagens pré-constituídas(b) que continuam a estorvar o campo visual e a capacidade de compreensão. Depois é preciso saber simplificar, reduzir ao essencial o enorme número de elementos que a cada segundo a cidade põe diante dos olhos de quem a observa, e ligar os fragmentos espalhados num desenho analítico e ao mesmo tempo unitário, como o diagrama de uma máquina, com o qual se possa compreender como ela funciona.

A comparação da cidade com uma máquina é, ao mesmo tempo, pertinente e desviante. Pertinente porque uma cidade vive na medida em que funciona, isto é, serve para se viver nela e para fazer viver(c). Desviante porque, diferentemente das máquinas, que são criadas com vistas a uma determinada função, as cidades são todas ou quase todas o resultado de adaptações sucessivas a funções diferentes, não previstas por sua fundação anterior (penso nas cidades italianas, com sua história de séculos ou de milênios)(a).

Mais do que com a máquina, é a comparação com o organismo vivo na evolução da espécie que pode nos dizer alguma coisa importante sobre a cidade: como, ao passar de uma era para outra, as espécies vivas adaptam seus órgãos para novas funções ou desaparecem, assim também as cidades(d). E não podemos esquecer que na história da evolução toda espécie carrega consigo características que parecem

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de outras eras, na medida em que já não correspondem a necessidades vitais(e), mas que talvez um dia, em condições ambientais transformadas, serão as que salvarão a espécie da extinção. Assim a força da continuidade de uma cidade pode consistir em características e elementos que hoje parecem prescindíveis, porque esquecidos ou contraditos por seu funcionamento atual.

(CALVINO, Italo. Os deuses da cidade. Assunto encerrado: discurso sobre literatura e sociedade. Trad. Roberta Barni.

São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 333-334)

O comentário correto sobre o emprego do sinal de pontuação no trecho citado é:

a) (penso nas cidades italianas, com sua história de séculos ou de milênios) / os parênteses abrigam lembrança cuja presença no texto sugere que elas sejam o exemplo mais expressivo das adaptações referidas.

b) descartar tudo aquilo que impede vêla, todas as ideias recebidas, as imagens pré-constituídas / a substituição das duas vírgulas por parênteses, seguidos por vírgula, não altera a relação original entre os segmentos.

c) uma cidade vive na medida em que funciona, isto é, serve para se viver nela e para fazer viver / a segunda vírgula, por ser optativa, pode ser retirada sem que haja prejuízo da correção gramatical.

d) pode nos dizer alguma coisa importante sobre a cidade: como, ao passar de uma era para outra, as espécies vivas ... as cidades / os dois-pontos introduzem a síntese do que foi tratado com mais detalhes anteriormente na frase.

e) parecem de outras eras, na medida em que já não correspondem a necessidades vitais / a vírgula introduz expressão que, em consequência do emprego de na medida em que, expressa ideia de "em conformidade com".

Questão 101: FCC - AJ TRT19/TRT 19/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2014

Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

No texto abaixo, Graciliano Ramos narra seu encontro com Nise da Silveira.

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Chamaram-me da porta: uma das mulheres recolhidas à sala 4 desejava falar comigo. Estranhei. Quem seria? E onde ficava a sala 4? Um sujeito conduziu-me ao fim da plataforma, subiu o corrimão e daí, com agilidade forte, galgou uma janela. Esteve alguns minutos conversando, gesticulando, pulou no chão e convidou-me a substituí-lo. Que? Trepar-me àquelas alturas, com tamancos?

Examinei a distância, receoso, descalcei-me, resolvi tentar a difícil acrobacia. A desconhecida amiga exigia de mim um sacrifício; a perna, estragada na operação, movia-se lenta e perra; se me desequilibrasse, iria esborrachar-me no pavimento inferior. Não houve desastre. Numa passada larga, atingi o vão da janela; agarrei-me aos varões de ferro, olhei o exterior, zonzo, sem perceber direito por que me achava ali. Uma voz chegou-me, fraca, mas no primeiro instante não atinei com a pessoa que falava. Enxerguei o pátio, o vestíbulo, a escada já vista no dia anterior. No patamar, abaixo de meu observatório, uma cortina de lona ocultava a Praça Vermelha. Junto, à direita, além de uma grade larga, distingui afinal uma senhora pálida e magra, de olhos fixos, arregalados. O rosto moço revelava fadiga, aos cabelos negros misturavam-se alguns fios grisalhos. Referiu-se a Maceió, apresentou-se:

− Nise da Silveira.

Noutro lugar o encontro me daria prazer. O que senti foi surpresa, lamentei ver minha conterrânea fora do mundo, longe da profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia-a culta e boa, Rachel de Queiroz me afirmara a grandeza moral daquela pessoinha tímida, sempre a esquivar-se, a reduzir-se, como a escusar-se de tomar espaço. Nunca me havia aparecido criatura mais simpática. O marido, também médico, era meu velho conhecido Mário Magalhães. Pedi notícias dele: estava em liberdade. E calei-me, num vivo constrangimento.

De pijama, sem sapatos, seguro à verga preta, achei-me ridículo e vazio; certamente causava impressão muito infeliz. Nise, acanhada, tinha um sorriso doce, fitava-me os bugalhos enormes, e isto me agravava a perturbação, magnetizava-me. Balbuciou imprecisões, guardou silêncio, provavelmente se arrependeu de me haver convidado para deixar-me assim confuso.

(RAMOS, Graciliano, Memórias do Cárcere, vol. 1. São Paulo, Record, 1996, p. 340 e 341)

Considere as afirmações abaixo.

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I. No trecho Chamaram-me da porta: uma das mulheres recolhidas à sala 4 desejava falar comigo. Estranhei. Quem seria? E onde ficava a sala 4? (1o parágrafo), a pontuação contribui para o clima de perplexidade pretendido pelo narrador.

II. As perguntas Que? Trepar-me àquelas alturas, com tamancos? (1o parágrafo) são retóricas, de maneira que se podem suprimir os pontos de interrogação.

III. No segmento ...olhei o exterior, zonzo, sem perceber direito porque me achava ali (2o parágrafo), a vírgula imediatamente após “exterior” pode ser suprimida, sem prejuízo para o sentido original.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I.

b) II.

c) II e III.

d) I e II.

e) I e III.

Questão 102: FCC - TJ TRT19/TRT 19/Administrativa/2014

Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)

Atenção: Para responder à questão, considere os textos III e IV.

Texto III

Este caderno de Jorge de Lima bem que se poderia chamar "as impressões dum homem que esteve no cárcere". E são estes poemas mesmo um canto comovido à terra de que ele esteve segregado. E há neles qualquer coisa das surpresas e dos espantos que sofre um homem que tudo via em névoa, ao sair de uma operação de catarata. As cores como que vivem com outra intensidade.

Tudo isso nos versos de Jorge de Lima está contado com muita força e comoção. Da boa e legítima comoção que é a que vem da simplicidade, que é a que sai das fontes mais preciosas do coração. [...]

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É vinda de dentro da terra, da vida sentimental do Nordeste, a maior parte dos poemas desse caderno. Quem os escreveu fez como um desterrado que a saudade conduziu ao retorno. E que voltasse com todos os sentidos atacados de fome. E se encontra o Nordeste por toda a parte em seus poemas. [...] É ainda no caráter puramente regionalista de sua poesia que se distingue o Sr. Jorge de Lima. Porque o seu regionalismo não é um limite à sua emoção e não tem por outra parte o caráter de partido político daquele que rapazes de S.Paulo oferecem ao país com as insistências de anúncios de remédio. O regionalismo do jovem poeta nordestino é a sua emoção mais que a sua ideologia. O Nordeste não vem em sua poesia como um tema ou uma imposição doutrinária, vem como a expressão lírica de um nordestino evocar a sua terra.

(Nota preliminar a Poemas escolhidos. REGO, José Lins do. in: LIMA, Jorge de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1974, vol. I, p. 140-142)

Texto IV

Já uma vez me afoitei a sugerir esta ideia: a necessidade de reconhecer-se um movimento distintamente nordestino de renovação das letras, das artes, da cultura brasileira − movimento dos nossos dias que, tendo se confundido com a expansão do muito mais opulento "modernismo" paulista-carioca, teve, entretanto, condições próprias − "ecológicas", poderia dizer-se com algum pedantismo − de formação, aparecimento e vida.

Desse "movimento do Nordeste" pode-se acrescentar que foi uma espécie de parente pobre, capaz de dar ao rico valores já quase despercebidos de outras partes do Brasil e necessitados apenas dos novos estímulos vindos do Sul e do estrangeiro para se integrarem no conjunto de riqueza circulante e viva constituída por elementos genuinamente brasileiros, essenciais ao desenvolvimento da nossa cultura em expressão honesta do nosso ethos, da nossa história e da nossa paisagem e em instrumento de nossas aspirações e tendências sociais como povo tanto quanto possível autônomo e criador. [...]

Experiência brasileira não falta a Jorge de Lima: ele é bem do Nordeste. Não lhe falta o contato com a realidade afro-nordestina. E há poemas seus em que os nossos olhos, os nossos ouvidos, o nosso olfato, o nosso paladar se juntam para saborear gostos e cheiros de carne de mulata, de massapê, de resina, de muqueca, de maresia, de sargaço; para sentir cores e formas regionais que dão presença e vida, e não apenas encanto literário, às sugestões das palavras: que parecem lhes dar outras condições de vida além da tecnicamente literária. [...]

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Jorge de Lima, um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, [...] põe o estrangeiro que se aproxima da poesia brasileira em contato com uma das nossas maiores riquezas: a interpretação de culturas, entre nós tão livre, ao lado do cruzamento de raças. Dois processos através dos quais o Brasil vai-se adoçando numa das comunidades mais genuinamente democráticas e cristãs do nosso tempo.

(Nota preliminar a Poemas negros. FREYRE, Gilberto in: LIMA, Jorge de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1974, v. I, p. 157 e 158)

... em contato com uma das nossas maiores riquezas: a interpretação de culturas, entre nós tão livre...

O segmento introduzido pelos dois-pontos, no final do Texto IV, tem sentido

a) opinativo, ao introduzir citação de interlocutor especialista no assunto desenvolvido.

b) conclusivo, por condensar a ideia defendida no desenvolvimento textual.

c) restritivo, pois impõe um limite à expressão que surge anteriormente a ele.

d) explicativo, ao especificar o sentido da expressão que o antecede.

e) enumerativo, porque há nele exposição de alguns itens transcritos da obra sob análise.

Questão 103: FCC - AJ TRT19/TRT 19/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O MAQUINISTA empurra a manopla do acelerador. O trem cargueiro começa a avançar pelos vastos e desertos prados do Cazaquistão, deixando para trás a fronteira com a China.

O trem segue mais ou menos o mesmo percurso da lendária Rota da Seda, antigo caminho que ligava a China à Europa e era usado para o transporte de especiarias, pedras preciosas e, evidentemente, seda, até cair em desuso, seis séculos atrás.

Hoje, a rota está sendo retomada para transportar uma carga igualmente preciosa: laptops e acessórios de informática fabricados na China e enviados por trem expresso para Londres, Paris, Berlim e Roma.

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A Rota da Seda nunca foi uma rota única, mas sim uma teia de caminhos trilhados por caravanas de camelos e cavalos a partir de 120 a.C., quando Xi'an − cidade do centro-oeste chinês, mais conhecida por seus guerreiros de terracota − era a capital da China.

As caravanas começavam cruzando os desertos do oeste da China, viajavam por cordilheiras que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central até o mar Cáspio e além.

Esses caminhos floresceram durante os primórdios da Idade Média. Mas, à medida que a navegação marítima se expandiu e que o centro político da China se deslocou para Pequim, a atividade econômica do país migrou na direção da costa.

Hoje, a geografia econômica está mudando outra vez. Os custos trabalhistas nas cidades do leste da China dispararam na última década. Por isso as indústrias estão transferindo sua produção para o interior do país.

O envio de produtos por caminhão das fábricas do interior para os portos de Shenzhen ou Xangai − e de lá por navios que contornam a Índia e cruzam o canal de Suez − é algo que leva cinco semanas. O trem da Rota da Seda reduz esse tempo para três semanas. A rota marítima ainda é mais barata do que o trem, mas o custo do tempo agregado por mar é considerável.

Inicialmente, a experiência foi realizada nos meses de verão, mas agora algumas empresas planejam usar o frete ferroviário no próximo inverno boreal. Para isso adotam complexas providências para proteger a carga das temperaturas que podem atingir 40 °C negativos.

(Adaptado de: www1.folhauol.com.br/FSP/newyorktimes/122473

Afirma-se corretamente:

a) Sem prejuízo para a correção e o sentido original, uma vírgula pode ser inserida imediatamente após cordilheiras (quinto parágrafo).

b) O segmento isolado por travessões, no quarto parágrafo, assinala uma ressalva ao que se afirmou antes.

c) No terceiro parágrafo, os dois-pontos introduzem um esclarecimento acerca do que se afirmou antes.

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d) Haverá prejuízo para a correção e o sentido original ao se inserir uma vírgula imediatamente após isso (sétimo parágrafo).

e) Sem prejuízo para a correção e o sentido original, no segmento que podem atingir 40 °C negativos (último parágrafo), o elemento grifado pode ser substituído por “onde”.

Questão 104: FCC - AJ TRT12/TRT 12/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Num passado não muito remoto, cada um era definido por sua proveniência, e as perguntas iniciais diziam: quem foram seus pais e antepassados? Onde você nasceu? Quais são as dívidas que você herdou?

Prefiro os dias de hoje, em que são nossas próprias façanhas que nos definem. É uma escolha que deveria nos deixar mais livres, mas acontece que a praticamos de um jeito estranho: junto com os laços que nos prendiam às nossas origens e ao passado, nossa vida concreta também é silenciada na descrição de nossa identidade. E nos transformamos em sujeitos abstratos, resumidos por nossa função na produção e na circulação de mercadorias e serviços.

Consequência: o desemprego nos ameaça com uma perda radical de identidade. E não adianta observar que, afinal, nos sobra o resto, ou seja, toda a complexidade de nosso ser. Não adianta porque, em regra, já renunciamos há tempos a sermos representados por nossa vida concreta.

Enfim, espera-se que a economia crie empregos. Mas os poetas e os saltimbancos também têm uma tarefa crucial: são eles que podem, aos poucos, convencer a gente de que é nossa vida concreta que nos define, não nossa função produtiva.

(Adaptado de: Contardo Caligaris, Folha de S. Paulo, 17/10/2009. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ ult10037u398900.shtml.)

Atente para o que se afirma abaixo a respeito da pontuação empregada no texto.

I. É uma escolha que deveria nos deixar mais livres. (2º parágrafo)

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Uma vírgula pode ser inserida imediatamente após que, sem prejuízo para a correção.

II. No segmento cada um era definido por sua proveniência, e as perguntas iniciais diziam... (1º parágrafo) a vírgula pode ser suprimida, sem prejuízo para a correção.

III. Quem foram seus pais e antepassados?

Onde você nasceu? Quais são as dívidas que você herdou? (início do texto)

Os pontos de interrogação podem ser suprimidos, sem prejuízo para a correção e o sentido, pois as perguntas feitas nas

frases acima são retóricas.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) III.

b) I e II.

c) II e III.

d) I e III.

e) II.

Questão 105: FCC - AJ TRT16/TRT 16/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo:

Da utilidade dos prefácios

Li outro dia em algum lugar que os prefácios são textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador é convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questão. Garantido o tom elogioso, o prefácio ainda aponta características evidentes do texto que virá, que o leitor poderia ter muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais graves, o prefácio adianta elementos da história a ser narrada (quando se trata de ficção), ou antecipa estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os argumentos de base a serem desenvolvidos (quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o prefácio seria um estraga-prazeres.

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Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada aos prefácios e prefaciadores, embora concorde que muitas vezes ela proceda − o que não justifica a generalização devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que li, a melhor coisa era o prefácio − fosse pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas do que as expostas no texto principal. Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra, ficando claro que o restante é desnecessário. E ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas como argumento final vou glosar uma observação de Machado de Assis: quando o prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a vantagem de ser bem mais curto.

Há muito tempo me deparei com o prefácio que um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a moça como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás, além de grande escritora era também linda). Não havia dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas qualidades para os poemas da moça que o prefácio acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginação de um grande gênio poético.

(Aderbal Siqueira Justo, inédito)

Quanto à pontuação, a frase inteiramente correta é:

a) Já pela má fama adquirida já por preconceito, sempre haverá por parte de certos leitores, alguma relutância diante da leitura de um prefácio.

b) O autor do texto não hesita honestamente, de recorrer a experiências pessoais, para demonstrar sua tese, favorável em boa parte à existência mesma dos prefácios.

c) A escritora Cecília Meireles tão talentosa quanto bonita, é citada no texto como parâmetro de excelência, na comparação com uma jovem, bela e pouco inspirada poetisa.

d) Muita gente acabará por confessar tal como fez o autor, que um prefácio pode prender nossa atenção, com muito mais força, do que o texto principal de uma obra.

e) O autor conclui, não sem razão, que as bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra permitem deduzir, não há dúvida, que o restante do livro não importa muito.

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Questão 106: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Se um cachorro “pensa” ou não, “tem consciência” ou não, isso depende da definição escolhida. Algumas pessoas não atribuirão “consciência” a criatura alguma que não seja capaz de abstrair um conceito geral com base em fatos particulares e, a partir daí, aplicar o aparato da lógica formal de modo a fazer inferências para além desses fatos. Outros conferem “consciência” a criaturas que reconhecem seus parentes consanguíneos e se recordam de locais prévios relacionados a situações de perigo ou de prazer. Pelo primeiro critério, os cães não têm consciência; pelo segundo, têm. Mas os cães permanecem sendo cães e sentindo aquilo que sentem, sem levar em consideração os rótulos escolhidos por nós.

No contexto dos esforços internacionais para conservar a biodiversidade, essa questão assume uma importância central, uma vez que o argumento clássico sobre os motivos pelos quais uma criatura supostamente decente e moral como o Homo sapiens pode maltratar e até mesmo exterminar outras espécies se assenta sobre uma posição extrema num continuum. A tradição cartesiana, formulada explicitamente no século XVII, mas presente, sem dúvida, numa forma “popular” ou em outras versões, ao longo de toda história humana, sustenta que os outros animais são pouco mais que máquinas desprovidas de sentimentos e que apenas os homens gozam de “consciência”, não importa como ela seja definida. Nas versões radicais dessa teoria, até mesmo a dor e o sofrimento manifestos de outros mamíferos (tão palpáveis para nós, e da maneira mais visceral, uma vez que as expressões vocais e faciais desses parentes evolutivos próximos são semelhantes às nossas próprias reações aos mesmos estímulos) nada mais sinalizam do que uma resposta automática sem nenhuma representação interna em termos de sentimento − porque os outros animais não têm consciência alguma. Assim, levando adiante esse argumento, poderíamos nos preocupar com a extinção em função de outras razões, mas não em virtude de alguma espécie de dor ou sofrimento associado a essas mortes inevitáveis.

Não acredito que muitas pessoas sustentem nos dias de hoje uma versão tão forte da posição cartesiana, mas a tradição de se considerar os animais “inferiores” como “menos capazes de sentir” certamente persiste como um paliativo que ajuda a justificar nossa rapacidade − do mesmo modo como os nossos ancestrais racistas argumentavam que os “insensíveis” índios eram incapazes de experimentar alguma forma de dor conceitual ou filosófica pela perda de seu ambiente ou modo de vida (desde que os territórios reservados suprissem suas necessidades corporais de

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alimento e segurança), e que os “primitivos” africanos não lamentariam a terra natal e a família abandonadas à força uma vez que a escravidão lhes assegurasse a sobrevivência do ponto de vista físico.

(Adaptado de: Stephen Jay Gould. A montanha de moluscos de

Leonardo da Vinci. Trad. de Rejane Rubino. S.Paulo: Cia. das Letras, 2003. p.465-6)

Atente para as afirmações abaixo sobre a pontuação empregada no texto.

I. Outros conferem “consciência” a criaturas que reconhecem seus parentes consanguíneos e se recordam de locais prévios relacionados a situações de perigo ou de prazer. (1º parágrafo)

Sem prejuízo para o sentido e a correção, uma vírgula poderia ser colocada imediatamente depois da palavra criaturas.

II. Não acredito que muitas pessoas sustentem nos dias de hoje uma versão tão forte da posição cartesiana... (3º parágrafo)

Sem prejuízo para a correção e a clareza, o segmento em destaque poderia ser isolado por vírgulas.

III. ... os “insensíveis” índios eram incapazes de experimentar alguma forma de dor conceitual ou filosófica pela perda de seu ambiente ou modo de vida (desde que os territórios reservados suprissem suas necessidades corporais de alimento e segurança), e que os “primitivos” africanos... (3º parágrafo)

A substituição dos parênteses por travessões não implicaria prejuízo para a correção e a lógica.

Está correto o que se afirma em

a) II, apenas.

b) I, apenas.

c) I, II e III.

d) II e III, apenas.

e) I e III, apenas.

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Questão 107: FCC - TJ TRT1/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Jovens em movimento

Jovens protestando nas ruas não são exatamente uma novidade: parece ser próprio da juventude um alto grau de inconformismo. Mas é possível localizar na década de 60 e em parte da de 70 do século passado o marco mais incisivo de muitas contestações. O problema apareceu como sendo o de toda uma geração de jovens ameaçando a ordem social, nos planos político, cultural e moral, por uma atitude de crítica aos valores estabelecidos e pelo desencadear de atos em busca de transformação − movimentos estudantis de oposição aos regimes autoritários, contra a tecnocracia e todas as formas de dominação, movimentos pacifistas, agrupamentos de hippies, etc.

Muitos jovens estabeleciam para si próprios que jamais viriam a se integrar ao funcionamento normal da sociedade. Alguns entravam em organizações políticas clandestinas, outros se recusavam a assumir um emprego formal, indo viver em comunidades e sobrevivendo por meio de atividades alternativas (arte, artesanato, hortas comunitárias), tudo numa recusa permanente de se adaptar, de se enquadrar numa sociedade convencional.

No Brasil, é particularmente nesse momento que a questão da juventude ganha maior visibilidade, devido ao engajamento de jovens da classe média, do ensino secundário e universitário, na luta contra o regime autoritário por meio de mobilizações estudantis e atuação nos partidos de esquerda. No campo do comportamento, questionavam os padrões sexuais, morais e o consumismo. De lá para cá, alternaram-se momentos de alguma acomodação e outros de expressão inconformista. As manifestações de meados de 2013 atualizaram o caráter contestador da juventude.

(Adaptado de: ABRAMO, Helena Wendel. “Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil”. Revista Brasileira de Educação, n. 5/6, p. 30 e 31)

Há irregularidade na pontuação da seguinte frase:

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a) Quando são os jovens, que protestam nas ruas, as reivindicações mais urgentes, soam mais alto, e mais inflamadas.

b) Ao entrarem em organizações clandestinas, muitos jovens, sem dúvida corajosos, arriscaram suas vidas.

c) Já na década de 70, jovens brasileiros da classe média buscaram meios políticos para canalizar seus protestos.

d) Ocorrem, via de regra, nas manifestações organizadas pelos jovens, infiltrações de agitadores sem causa.

e) No Brasil, em meados de 2013, várias cidades foram palco de manifestações políticas, a maior parte delas organizada por jovens.

Questão 108: FCC - AJ TRT23/TRT 23/Judiciária/2016

Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)

Atenção: Para responder à questão, leia o texto abaixo.

Nasci na Rua Faro, a poucos metros do Bar Joia, e, muito antes de ir morar no Leblon, o Jardim Botânico foi meu quintal. Era ali, por suas aleias de areia cor de creme, que eu caminhava todas as manhãs de mãos dadas com minha avó. Entrávamos pelo portão principal e seguíamos primeiro pela aleia imponente que vai dar no chafariz. Depois, íamos passear à beira do lago, ver as vitórias-régias, subir as escadarias de pedra, observar o relógio de sol. Mas íamos, sobretudo, catar mulungu.

Mulungu é uma semente vermelha com a pontinha preta, bem pequena, menor do que um grão de ervilha. Tem a casca lisa, encerada, e em contraste com a pontinha preta seu vermelho é um vermelho vivo, tão vivo que parece quase estranho à natureza. É bonita. Era um verdadeiro prêmio conseguir encontrar um mulungu em meio à vegetação, descobrir de repente a casca vermelha e viva cintilando por entre as lâminas de grama ou no seio úmido de uma bromélia. Lembro bem com que alegria eu me abaixava e estendia a mão para tocar o pequeno grão, que por causa da ponta preta tinha uma aparência que a mim lembrava vagamente um olho.

Disse isso à minha avó e ela riu, comentando que eu era como meu pai, sempre prestava atenção nos detalhes das coisas. Acho que já nessa época eu olhava em torno com olhos mínimos. Mas a grandeza das manhãs se media pela quantidade de mulungus que me restava na palma da mão na hora de ir para casa. Conseguia às vezes juntar um punhado, outras vezes apenas dois ou três. E é curioso que nunca tenha sabido ao certo de onde eles vinham, de que árvore ou arbusto caíam aquelas

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sementes vermelhas. Apenas sabíamos que surgiam no chão ou por entre as folhas e sempre numa determinada região do Jardim Botânico.

Mas eu jamais seria capaz de reconhecer uma árvore de mulungu. Um dia, procurei no dicionário e descobri que mulungu é o mesmo que corticeira e que também é conhecido pelo nome de flor-de-coral. ''Árvore regular, ornamental, da família das leguminosas, originária da Amazônia e de Mato Grosso, de flores vermelhas, dispostas em racimos multifloros, sendo as sementes do fruto do tamanho de um feijão (mentira!), e vermelhas com mácula preta (isto, sim)'', dizia.

Mas há ainda um outro detalhe estranho – é que não me lembro de jamais ter visto uma dessas sementes lá em casa. De algum modo, depois de catadas elas desapareciam e hoje me pergunto se não era minha avó que as guardava e tornava a despejá-las nas folhagens todas as manhãs, sempre que não estávamos olhando, só para que tivéssemos o prazer de encontrá- las. O fato é que não me sobrou nenhuma e elas ganharam, talvez por isso, uma aura de magia, uma natureza impalpável. Dos mulungus, só me ficou a memória − essa memória mínima.

(Adaptado de: SEIXAS, Heloísa. Semente da Memória. Disponível em: http://heloisaseixas.com.br)

Com respeito à pontuação, atente para as seguintes afirmações:

I. Na frase Conseguia às vezes juntar um punhado, outras vezes apenas dois ou três (3o parágrafo), pode-se acrescentar uma vírgula imediatamente antes de apenas, mantendo-se a correção e o sentido.

II. No 4o parágrafo, os parênteses indicam juízos da escritora, que, portanto, não constam da definição encontrada no dicionário.

III. No segmento O fato é que não me sobrou nenhuma e elas ganharam, talvez por isso... (5o parágrafo), pode-se acrescentar uma vírgula imediatamente antes de "e", sem prejuízo para a correção e o sentido.

Está correto o que consta em

a) I e II, apenas.

b) I, II e III.

c) I e III, apenas.

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d) II e III, apenas.

e) II, apenas.

Coesão Questão 109: FCC - TJ TRT19/TRT 19/Administrativa/2014

Assunto: Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)

Atenção: Para responder à questão, considere os textos I e II.

Texto I

Tudo é grandioso na Amazônia, o maior bloco remanescente de floresta tropical do planeta. Com pouco mais de 6,8 milhões de quilômetros quadrados, espalha-se por nove países da América do Sul − a maior parte está no Brasil, que detém 69% da área coberta pela floresta. Estima-se ainda que ela abrigue quase 25% de todas as espécies de seres vivos da Terra, além de 35 milhões de pessoas (20 milhões somente no Brasil). A Amazônia tem também a maior bacia fluvial do mundo, fundamental para a drenagem de vários países e para a geração de chuvas. É o maior reservatório de água doce do planeta, com cerca de 20% de toda a água doce disponível. Por isso, é um dos reguladores do clima e do equilíbrio hídrico da Terra.

Apesar de tanta grandiosidade, são as alterações em pequena escala, como a abertura de clareiras para a extração seletiva de madeira, que podem representar uma das principais ameaças à conservação do ecossistema, destaca o biólogo Helder Queiroz, diretor do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. De modo geral, explica Queiroz, as principais ameaças à Amazônia estão hoje associadas às práticas que levam direta ou indiretamente à perda de hábitats e à redução de populações de plantas e de animais. "Muitas árvores com

madeira de grande valor comercial são fundamentais para a alimentação de diversos animais", diz Queiroz.

Hoje, a perda de ambientes naturais é maior numa região conhecida como Arco do Desmatamento, que se estende do sul ao leste da Amazônia Legal − uma área de 5 milhões de km2 que engloba oito estados. O Arco do Desmatamento, definido pela fronteira da expansão agropecuária − que converte grandes extensões de floresta em pastagens −, concentra cerca de 56% da população indígena do país.

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As regiões de várzea, em terrenos mais baixos, no interior da floresta amazônica, também têm atraído a atenção do poder público durante a elaboração de estratégias de conservação do ecossistema. Boa parte dessa região é inundada pelas chamadas águas brancas, de origem andina, ricas em sedimentos e nutrientes. Nesses trechos, a vegetação tende a ser mais abundante. Devido a essa riqueza em recursos naturais, as florestas de várzea sofrem mais com a constante ocupação humana. Todas as grandes cidades amazônicas, e boa parte das pequenas, estão localizadas nessas áreas.

(Adaptado de: ANDRADE, Rodrigo de Oliveira, Pesquisa Fapesp, outubro de 2013. p. 58-60)

Texto II

Em 1985, depois de examinar com atenção a intensa urbanização da Amazônia, que nas últimas décadas do século XX acusou as maiores taxas do Brasil, a geógrafa política Bertha Koiffmann Becker (que morreu em julho de 2013) lançou a expressão "floresta urbanizada" para definir a região, valorizada até então apenas pelas matas. Ela preferia usar a expressão Arco do Povoamento Consolidado em vez da mais comum, Arco do Desmatamento, para designar as áreas de ocupação humana nas bordas da floresta, pela simples razão de que essa área está ocupada por muitas cidades grandes, estradas e plantações de soja, além de pecuária e mineração.

Bertha Becker argumentava que era preciso pensar o desenvolvimento da floresta, não apenas sua preservação. Suas conferências, os debates com colegas acadêmicos e com homens do governo e os 19 livros que publicou ajudaram a enriquecer a visão sobre a Amazônia, hoje vista como um espaço complexo, resultante da interação de forças políticas e econômicas. Seu trabalho influenciou a elaboração de novas estratégias para a organização desse território.

(Adaptado de: Pesquisa Fapesp, agosto de 2013. p. 56)

Constata-se relação de causa e consequência, respectivamente, entre os seguintes fatos apontados no Texto I:

a) florestas de várzea ricas em recursos naturais // intensificação da ocupação humana

b) vasta extensão da região amazônica // maior reservatório de água doce do planeta

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c) maior bacia fluvial do planeta // reservas de 20% de água potável disponível no mundo

d) floresta tropical remanescente em nove países // região que engloba oito estados brasileiros

e) perda de ambientes naturais // conversão de áreas de floresta em pastagens

Questão 110: FCC - AJ TRT15/TRT 15/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2013

Assunto: Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)

Garantir aos nossos filhos a sustentabilidade do meio ambiente é a maior herança que poderíamos deixar aos nossos filhos; assim como livrar os nossos filhos da dura realidade da fome e da miséria que ainda afligem algumas populações.

Substituem-se corretamente os termos em negrito por pronomes em:

a) Garanti-las aos nossos filhos é a maior herança que poderíamos lhe deixar; assim como livrar-los da dura realidade da fome e da miséria que ainda lhes afligem.

b) Garantir-lhes aos nossos filhos é a maior herança que poderíamos deixar-lhes; assim como livrar-lhes da dura realidade da fome e da miséria que ainda afligem-nas.

c) Garanti-la aos nossos filhos é a maior herança que poderíamos deixar-lhes; assim como livrá-los da dura realidade da fome e da miséria que ainda as afligem.

d) Garantir-lhes aos nossos filhos é a maior herança que poderíamos lhes deixar; assim como lhes livrar da dura realidade da fome e da miséria que ainda as afligem.

e) Garanti-la aos nossos filhos é a maior herança que poderíamos lhe deixar; assim como os livrar da dura realidade da fome e da miséria que ainda afligem- lhes.

Questão 111: FCC - AJ TRT15/TRT 15/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)

Atenção: Leia o texto abaixo para responder à questão.

Todos os dias, acompanhamos na televisão, nos jornais e revistas as catástrofes climáticas e as mudanças que estão ocorrendo, rapidamente, no clima mundial.

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Nunca se viram mudanças tão rápidas e com efeitos devastadores como têm ocorrido nos últimos anos.

Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimento global está ocorrendo em função do aumento da emissão de gases poluentes, principalmente derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel etc.) na atmosfera. Esses gases (ozônio, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e monóxido de carbono) formam uma camada de poluentes de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. Esse fenômeno ocorre, porque esses gases absorvem grande parte da radiação infravermelha emitida pela Terra, dificultando a dispersão do calor.

O desmatamento e a queimada de florestas e matas também colaboram para esse processo. Os raios do Sol atingem o solo e irradiam calor na atmosfera. Como esta camada de poluentes dificulta a dispersão do calor, o resultado é o aumento da temperatura global. Embora este fenômeno ocorra de forma mais evidente nas grandes cidades, já se verificam suas consequências no aquecimento global.

(Adaptado de: http://www.suapesquisa.com/geografia/ aquecimento_ global.htm)

Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimento global está ocorrendo em função do aumento da emissão de gases poluentes, principalmente derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel etc.) na atmosfera. Esses gases (ozônio, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e monóxido de carbono) formam uma camada de poluentes de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. Esse fenômeno ocorre, porque esses gases absorvem grande parte da radiação infravermelha emitida pela Terra, dificultando a dispersão do calor.

Esses gases e Esse fenômeno referem-se, respectivamente, a:

a) raios do Sol – camada de poluentes.

b) camada de poluentes − difícil dispersão.

c) dispersão do calor − efeito estufa.

d) aquecimento global − difícil dispersão.

e) gases poluentes – efeito estufa.

Questão 112: FCC - TJ TRT16/TRT 16/Administrativa/2014

Assunto: Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)

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Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

A sociedade de consumo se construiu sobre o “visível”, com o desenvolvimento das lojas de departamentos e, depois, dos supermercados, baseando-se neste princípio: mostrar, sugerir, instigar e seduzir. Nas lojas tradicionais, os produtos se encontravam nos fundos da loja e, a pedido do cliente, o vendedor os trazia. As lojas de departamentos foram as primeiras a “mostrar”, conforme Zola, no século XIX, descreveu de forma extraordinária em seus romances.

Em seguida, os supermercados estenderam esse princípio; as mercadorias são não apenas visíveis, mas também apreensíveis, o consumidor já não precisa do vendedor para se servir. A visibilidade do produto se torna então um fator-chave: para ser vendido, o produto deve ser visto, e, quanto mais é visto, mais é vendido, as vendas das prateleiras que estão no nível dos olhos do comprador são superiores àquelas dos outros níveis.

Conforme John Berger, no livro Modos de Ver: “em nenhuma outra forma de sociedade na história houve tal concentração de imagens, tal densidade de mensagens visuais”. A exibição dos produtos foi acompanhada de um fluxo de imagens destinado a facilitar seu escoamento: a publicidade invadiu as revistas, as ruas, a televisão e agora a tela do computador.

(Adaptado de TISSIER-DESBORDES, Elisabeth. Consumir para ser visto:

criação de si ou alienação?, São Paulo, Fap-Unifesp, p. 227-228)

Os pronomes “os” (1º parágrafo), “àquelas” (2º parágrafo) e “seu” (3º parágrafo) referem-se, respectivamente, a:

a) produtos - vendas das prateleiras - fluxo

b) fundos - vendas das prateleiras - fluxo

c) fundos - mercadorias - produtos

d) fundos - mercadorias - fluxo

e) produtos - vendas das prateleiras - produtos

Questão 113: FCC - AJ TRT16/TRT 16/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)

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Quinta Fase Juiz Estadual

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Distorção negligenciada

Embora poucas vezes mencionadas nos debates sobre desigualdades, as doenças negligenciadas demonstram com perfeição a necessidade de haver mecanismos capazes de corrigir distorções globais.

Em entrevista a esta Folha, Eric Stobbaerts, diretor − executivo da Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês), lembrou que tais enfermidades ameaçam uma em cada seis pessoas do planeta; não obstante, entre 2000 e 2011, apenas 4% dos 850 novos medicamentos aprovados no mundo tratavam dessas moléstias.

As listas de moléstias variam de acordo com a agência que tenta capitanear sua causa. Têm em comum o fato de serem endêmicas em regiões pobres da África, da Ásia e das Américas. Nem sempre fatais, são bastante debilitantes.

Estão nesse grupo, por ordem de prevalência, helmintíase, esquistossomose, filariose, tracoma, oncocercose, leishmaniose, doença de Chagas e hanseníase. As três últimas e a esquistossomose são as mais relevantes para o Brasil.

A maioria desses distúrbios pode ser prevenida e conta com tratamentos efetivos pelo menos para a fase aguda, mas, por razões econômicas e políticas, eles nem sempre chegam a quem precisa.

Há, além disso, uma dificuldade relativa à ciência. Algumas das terapias disponíveis já têm quatro ou cinco décadas de existência. Investimentos em pesquisa poderiam levar a estratégias de prevenção e cura mais efetivas. Como essas doenças não são rentáveis, porém, os grandes laboratórios raras vezes se interessam por esse nicho.

Organizações como a DNDi e outras procuram preencher as lacunas. A situação tem melhorado, mas os avanços são insuficientes.

Seria sem dúvida ingenuidade esperar que a indústria farmacêutica se entregasse de corpo e alma à resolução do problema. Seu compromisso primordial é com seus

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Quinta Fase Juiz Estadual

acionistas − e essa é a regra do jogo. Isso não significa, contudo, que não possam fazer parte do esforço.

O desejo de manter boas relações públicas combinado com uma política de estímulos governamentais pode produzir grandes resultados. Também seria desejável envolver com maior intensidade universidades e laboratórios públicos (onde os há, como é o caso do Brasil).

Mais de 1 bilhão de humanos ainda sofrem, em pleno século 21, com doenças cujo controle é não só possível, mas também relativamente barato − eis um fato que depõe contra o atual estágio de nossa organização global.

(Folha de S. Paulo. Opinião. p. A3, 14/03/2014)

Seria sem dúvida ingenuidade esperar que a indústria farmacêutica se entregasse de corpo e alma à resolução do problema. Seu compromisso primordial é com seus acionistas − e essa é a regra do jogo. Isso não significa, contudo, que não possam fazer parte do esforço.

Afirma-se com correção sobre aspecto do trecho acima:

a) Se, em vez de resolução do problema, houvesse "resolver o problema", seria correto manter o acento indicativo da crase − "se entregasse [...] à resolver o problema".

b) A palavra primordial está corretamente empregada, assim como está em "É primordial para o setor, sem dúvida alguma, as mudanças relativas à área de recursos humanos".

c) Justifica-se o uso do sinal de pontuação, na linha 2 do trecho acima, assim: "Não é raro o emprego de um só travessão para indicar que a parte final de um enunciado constitui um comentário marginal, de reduzida força para o desenvolvimento do raciocínio".

d) A substituição da conjunção contudo por "ainda que" não altera a relação que originalmente está estabelecida entre as frases do texto.

e) A substituição da forma verbal possam fazer por "possa fazer" estaria correta e adequada ao contexto.

Questão 114: FCC - AJ TRT16/TRT 16/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014

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Quinta Fase Juiz Estadual

Assunto: Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo:

Da utilidade dos prefácios

Li outro dia em algum lugar que os prefácios são textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador é convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questão. Garantido o tom elogioso, o prefácio ainda aponta características evidentes do texto que virá, que o leitor poderia ter muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais graves, o prefácio adianta elementos da história a ser narrada (quando se trata de ficção), ou antecipa estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os argumentos de base a serem desenvolvidos (quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o prefácio seria um estraga-prazeres.

Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada aos prefácios e prefaciadores, embora concorde que muitas vezes ela proceda − o que não justifica a generalização devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que li, a melhor coisa era o prefácio − fosse pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas do que as expostas no texto principal. Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra, ficando claro que o restante é desnecessário. E ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas como argumento final vou glosar uma observação de Machado de Assis: quando o prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a vantagem de ser bem mais curto.

Há muito tempo me deparei com o prefácio que um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a moça como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás, além de grande escritora era também linda). Não havia dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas qualidades para os poemas da moça que o prefácio acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginação de um grande gênio poético.

(Aderbal Siqueira Justo, inédito)

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Quinta Fase Juiz Estadual

As lacunas da frase Um prefácio ...... nossa inteira atenção esteja voltada certamente conterá qualidades ...... força é impossível resistir preenchem-se adequadamente, na ordem dada, pelos seguintes elementos:

a) para o qual − a cuja

b) ao qual − de cuja a

c) com o qual − por cuja

d) aonde − de que a

e) por onde − das quais a

Questão 115: FCC - AJ TRT13/TRT 13/Apoio Especializado/Arquivologia/2014

Assunto: Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

O caldo cultural do Nordeste, particularmente do sertão, foi primordial na formação do paraibano Ariano Suassuna. A infância passada no sertão familiarizou o futuro escritor e dramaturgo com temas e formas de expressão artística que mais tarde viriam a influenciar o seu universo ficcional, como a literatura de cordel e o maracatu rural. Não só histórias e casos narrados foram aproveitados para o processo de criação de suas peças e romances, mas também todas as formas da narrativa oral e da poesia sertaneja foram assimiladas e reelaboradas por Suassuna. Suas obras se caracterizam justamente por isso, pelo domínio dos ritmos da poética popular nordestina.

Com apenas 19 anos, Suassuna ligou-se a um grupo de jovens escritores e artistas. As atividades que o grupo desenvolveu apontavam para três direções: levar o teatro ao povo por meio de apresentações em praças públicas, instaurar entre os componentes do conjunto uma problemática teatral e estimular a criação de uma literatura dramática de raízes fincadas na realidade brasileira, particularmente na nordestina.

No final do século XIX, surgiu no Nordeste a chamadaliteratura de cordel. A primeira publicação de folheto no Nordeste, historicamente comprovada, aconteceu em 1870.

O nome cordel originou-se do fato de os folhetos serem expostos em cordões, quando vendidos nas feiras livres. O principal nome do cordel foi Leandro Gomes

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de Barros, considerado por Ariano Suassuna “o mais genial de todos os poetas do romanceiro popular do Nordeste”.

A peça Auto da Compadecida, de Suassuna, é uma releitura do folclore nordestino em linguagem teatral moderna. O enredo da peça é um trabalho de montagem e moldagem baseado em uma tradição muito antiga, que remonta aos autos medievais e mais diretamente a inúmeros autores populares que se dedicaram ao gênero do cordel.

As apropriações de Suassuna tanto do folheto nordestino quanto de outras fontes literárias são possíveis porque a palavra imitação, usada por Suassuna, remete-nos ao conceito aristotélico de mimesis, cujo significado não representa apenas uma repetição à semelhança de algo, uma cópia, mas a representação de uma realidade. Suassuna já fez diversos elogios da imitação como ato de criação e costuma dizer que boa parte da obra de Shakespeare vem da recriação de histórias mais antigas.

Recontar uma história alheia, para o cordelista e para o dramaturgo popular, é torná-la sua, porque existe na cultura popular a noção de que a história, uma vez contada, torna-se patrimônio universal e transfere-se para o domínio público. Autoral é apenas a forma textual dada à história por cada um que a reescreve.

(Adaptado de FOLCH, Luiza. Disponível em: www.omarrare.uerj.br/numero15. Acesso em 17/05/2014)

Recontar uma história alheia, para o cordelista e para o dramaturgo popular, é torná-la sua, porque existe na cultura popular a noção de que... (7º parágrafo)

Sem prejuízo da correção e do sentido original, e sem que nenhuma outra modificação seja feita na frase, o elemento sublinhado acima pode ser corretamente substituído por

a) ainda que.

b) conquanto.

c) à medida que.

d) se bem que.

e) na medida em que.

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Questão 116: FCC - TJ TRT1/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Jovens em movimento

Jovens protestando nas ruas não são exatamente uma novidade: parece ser próprio da juventude um alto grau de inconformismo. Mas é possível localizar na década de 60 e em parte da de 70 do século passado o marco mais incisivo de muitas contestações. O problema apareceu como sendo o de toda uma geração de jovens ameaçando a ordem social, nos planos político, cultural e moral, por uma atitude de crítica aos valores estabelecidos e pelo desencadear de atos em busca de transformação − movimentos estudantis de oposição aos regimes autoritários, contra a tecnocracia e todas as formas de dominação, movimentos pacifistas, agrupamentos de hippies, etc.

Muitos jovens estabeleciam para si próprios que jamais viriam a se integrar ao funcionamento normal da sociedade. Alguns entravam em organizações políticas clandestinas, outros se recusavam a assumir um emprego formal, indo viver em comunidades e sobrevivendo por meio de atividades alternativas (arte, artesanato, hortas comunitárias), tudo numa recusa permanente de se adaptar, de se enquadrar numa sociedade convencional.

No Brasil, é particularmente nesse momento que a questão da juventude ganha maior visibilidade, devido ao engajamento de jovens da classe média, do ensino secundário e universitário, na luta contra o regime autoritário por meio de mobilizações estudantis e atuação nos partidos de esquerda. No campo do comportamento, questionavam os padrões sexuais, morais e o consumismo. De lá para cá, alternaram-se momentos de alguma acomodação e outros de expressão inconformista. As manifestações de meados de 2013 atualizaram o caráter contestador da juventude.

(Adaptado de: ABRAMO, Helena Wendel. “Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil”. Revista Brasileira de Educação, n. 5/6, p. 30 e 31)

Ao organizarem seus protestos públicos, os jovens enfatizam esses processos por meio de palavras de ordem, e repetem essas palavras de ordem para que o povo

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compreenda bem essas palavras de ordem e resolva se acolhe ou não essas palavras de ordem.

Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os segmentos sublinhados, na ordem dada, por:

a) repetem-nas − compreenda-lhes bem − lhes acolhe ou não

b) as repetem − as compreenda bem − as acolhe ou não

c) as repetem − lhes compreenda bem − acolhe-lhes ou não

d) repetem-as − compreenda-as bem − acolhe-las ou não.

e) repetem-nas − bem lhes compreenda − lhes acolhe ou não

Questão 117: FCC - AJ TRT23/TRT 23/Judiciária/2016

Assunto: Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)

Atenção: Para responder à questão, leia o texto abaixo.

Nasci na Rua Faro, a poucos metros do Bar Joia, e, muito antes de ir morar no Leblon, o Jardim Botânico foi meu quintal. Era ali, por suas aleias de areia cor de creme, que eu caminhava todas as manhãs de mãos dadas com minha avó. Entrávamos pelo portão principal e seguíamos primeiro pela aleia imponente que vai dar no chafariz. Depois, íamos passear à beira do lago, ver as vitórias-régias, subir as escadarias de pedra, observar o relógio de sol. Mas íamos, sobretudo, catar mulungu.

Mulungu é uma semente vermelha com a pontinha preta, bem pequena, menor do que um grão de ervilha. Tem a casca lisa, encerada, e em contraste com a pontinha preta seu vermelho é um vermelho vivo, tão vivo que parece quase estranho à natureza. É bonita. Era um verdadeiro prêmio conseguir encontrar um mulungu em meio à vegetação, descobrir de repente a casca vermelha e viva cintilando por entre as lâminas de grama ou no seio úmido de uma bromélia. Lembro bem com que alegria eu me abaixava e estendia a mão para tocar o pequeno grão, que por causa da ponta preta tinha uma aparência que a mim lembrava vagamente um olho.

Disse isso à minha avó e ela riu, comentando que eu era como meu pai, sempre prestava atenção nos detalhes das coisas. Acho que já nessa época eu olhava em torno com olhos mínimos. Mas a grandeza das manhãs se media pela quantidade de mulungus que me restava na palma da mão na hora de ir para casa. Conseguia às

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vezes juntar um punhado, outras vezes apenas dois ou três. E é curioso que nunca tenha sabido ao certo de onde eles vinham, de que árvore ou arbusto caíam aquelas sementes vermelhas. Apenas sabíamos que surgiam no chão ou por entre as folhas e sempre numa determinada região do Jardim Botânico.

Mas eu jamais seria capaz de reconhecer uma árvore de mulungu. Um dia, procurei no dicionário e descobri que mulungu é o mesmo que corticeira e que também é conhecido pelo nome de flor-de-coral. ''Árvore regular, ornamental, da família das leguminosas, originária da Amazônia e de Mato Grosso, de flores vermelhas, dispostas em racimos multifloros, sendo as sementes do fruto do tamanho de um feijão (mentira!), e vermelhas com mácula preta (isto, sim)'', dizia.

Mas há ainda um outro detalhe estranho – é que não me lembro de jamais ter visto uma dessas sementes lá em casa. De algum modo, depois de catadas elas desapareciam e hoje me pergunto se não era minha avó que as guardava e tornava a despejá-las nas folhagens todas as manhãs, sempre que não estávamos olhando, só para que tivéssemos o prazer de encontrá- las. O fato é que não me sobrou nenhuma e elas ganharam, talvez por isso, uma aura de magia, uma natureza impalpável. Dos mulungus, só me ficou a memória − essa memória mínima.

(Adaptado de: SEIXAS, Heloísa. Semente da Memória. Disponível em: http://heloisaseixas.com.br)

... que a mim lembrava vagamente um olho. (2o parágrafo)

... que me restava na palma da mão... (3o parágrafo)

... o prazer de encontrá-las. (5o parágrafo)

Os elementos sublinhados acima referem-se, na ordem dada, a:

a) ponta preta – mulungus – sementes

b) aparência – quantidade – sementes

c) aparência – mulungus – folhagens

d) grão – quantidade – sementes

e) grão – grandeza – folhagens

Questão 118: FCC - TJ TRT24/TRT 24/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017

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Assunto: Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)

Instituições financeiras reconhecem que é cada vez mais difícil detectar

se uma transação é fraudulenta ou verdadeira

Os bancos e as empresas que efetuam pagamentos têm dificuldades de controlar as fraudes financeiras on-line no atual cenário tecnológico conectado e complexo. Mais de um terço (38%) das organizações reconhece que é cada vez mais difícil detectar se uma transação é fraudulenta ou verdadeira, revela pesquisa realizada por instituições renomadas.

O estudo revela que o índice de fraudes on-line acompanha o aumento do número de transações on-line, e 50% das organizações de serviços financeiros pesquisadas acreditam que há um crescimento das fraudes financeiras eletrônicas. Esse avanço, juntamente com o crescimento massivo dos pagamentos eletrônicos combinado aos novos avanços tecnológicos e às mudanças nas demandas corporativas, tem forçado, nos últimos anos, muitas delas a melhorar a eficiência de seus processos de negócios.

De acordo com os resultados, cerca de metade das organizações que atuam no campo de pagamentos eletrônicos usa soluções não especializadas que, segundo as estatísticas, não são confiáveis contra fraude e apresentam uma grande porcentagem de falsos positivos. O uso incorreto dos sistemas de segurança também pode acarretar o bloqueio de transações. Também vale notar que o desvio de pagamentos pode causar perda de clientes e, em última instância, uma redução nos lucros.

Conclui-se que a fraude não é o único obstáculo a ser superado: as instituições financeiras precisam também reduzir o número de alarmes falsos em seus sistemas a fim de fornecer o melhor atendimento possível ao cliente.

(Adaptado de: computerworld.com.br. Disponível em:

http://computerworld.com.br/quase-40-dos-bancos-nao-sao-capazes-de-diferenciar- um-ataque-de-atividades-normais-de-clientes)

No segundo parágrafo do texto, o termo “delas” refere-se a

a) fraudes financeiras eletrônicas.

b) organizações de serviços financeiros.

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c) demandas corporativas.

d) transações on-line.

e) mudanças.

Tipos de Discurso Questão 119: FCC - TJ TRT13/TRT 13/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Tipos de discurso (Direto, Indireto e Indireto Livre)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Em 1973, um livro afirmou que as plantas são seres sencientes que têm emoções, preferem música clássica a rock’n’roll e podem reagir a pensamentos não expressos verbalmente de seres humanos a centenas de quilômetros de distância. Entrou para a lista de best-sellers do New York Times, na categoria não ficção.

A Vida Secreta das Plantas, de Peter Tompkins e Christopher Bird, apresentou uma fascinante miscelânea de ciência botânica autêntica, experimentos fajutos e culto místico da natureza, que arrebatou a imaginação do público numa época em que o ideário new age começava a ser assimilado pela cultura dominante. As passagens mais memoráveis descreviam os experimentos de Cleve Backster, um ex-agente da CIA especialista em detectores de mentiras. Em 1966, porque lhe deu na veneta, Bakster ligou um galvanômetro − medidor de correntes elétricas − à folha de uma dracena plantada num vaso do seu escritório. Ficou pasmo ao constatar que, quando ele imaginava a dracena pegando fogo, a agulha do polígrafo se mexia, registrando um surto de atividade elétrica indicador de que a planta sentia estresse. “A planta leu a mente dele?”, indagam os autores. Backster teve vontade de sair pelas ruas gritando: “As plantas pensam!”

Nos anos seguintes, vários botânicos sérios tentaram em vão reproduzir o “efeito Backster”. Boa parte da ciência em A Vida Secreta das Plantas caiu em descrédito. Mas o livro deixou sua marca na cultura. Norte-americanos começaram a conversar com plantas e a tocar Mozart para elas, e sem dúvida muitos ainda o fazem. Isso pode parecer inofensivo − provavelmente sempre haverá uma veia sentimentalista a influenciar nosso modo de ver as plantas −, mas, na opinião de muitos botânicos, esse livro causou danos duradouros a sua área de estudo. Segundo o biólogo Daniel Chamovitz, Tompkins e Bird foram responsáveis por emperrar “importantes pesquisas sobre o comportamento das plantas, pois os cientistas passaram a desconfiar de qualquer estudo que sugerisse paralelos entre sentidos dos animais e sentidos dos vegetais”.

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(POLLAN, Michael. “A Planta Inteligente”, In: Piauí, maio de 2014. p. 63-64)

“A planta leu a mente dele?”, indagam os autores. Backster teve vontade de sair pelas ruas gritando: “As plantas pensam!” (2º parágrafo)

A transposição correta para o discurso indireto do trecho acima está em:

a) A planta teria lido sua mente é o que indagam os autores. Backster teve vontade de sair pelas ruas gritando: que pensem as plantas!

b) Indagam os autores que a planta lera a mente dele. Backster teria tido vontade de sair pelas ruas gritando que as plantas pensavam.

c) Os autores indagam se a planta teria lido a mente dele. Backster teve vontade de sair pelas ruas gritando que as plantas pensam.

d) Indagam os autores como a planta teria lido a mente dele. Backster teria tido vontade de sair pelas ruas gritando que as plantas pensam.

e) Os autores indagam se a planta haveria de ler a mente dele. Backster teve vontade de sair pelas ruas gritando como as plantas pensam!

Interpretação de Textos Questão 120: FCC - TJ TRT1/TRT 1/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

Visão monumental

Nada superará a beleza, nem todos os ângulos retos da razão. Assim pensava o maior arquiteto e mais invocado sonhador do Brasil. Morto em 5 de dezembro de insuficiência respiratória, a dez dias de completar com uma festa, no Rio de Janeiro onde morava, 105 anos de idade, Oscar Niemeyer propusera sua própria revolução arquitetônica baseado em uma interpretação do corpo da mulher.

Filho de fazendeiros, fora o único ateu e comunista da família, tendo ingressado no partido por inspiração de Luiz Carlos Prestes, em 1945. Como a agremiação partidária não correspondera a seu sonho, descolara-se dela, na companhia de seu líder, em 1990. “O comunismo resolve o problema da vida”, acreditou até o fim. “Ele faz com que a vida seja mais justa. E isso é fundamental. Mas o ser humano, este continua desprotegido, entregue à sorte que o destino lhe impõe.”

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E desprotegido talvez pudesse se sentir um observador diante da monumentalidade que ele próprio idealizara para Brasília a partir do plano-piloto de Lucio Costa. Quem sabe seus museus, prédios governamentais e catedrais não tivessem mesmo sido construídos para ilustrar essa perplexidade? Ele acreditava incutir o ardor em quem experimentava suas construções.

Bem disse Le Corbusier que Niemeyer tinha “as montanhas do Rio dentro dos olhos”, aquelas que um observador pode vislumbrar a partir do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, um entre cerca de 500 projetos seus. Brasília, em que pese o sonho necessário, resultara em alguma decepção. Niemeyer vira a possibilidade de construir ali a imagem moderna do País. E como dizer que a cidade, ao fim, deixara de corresponder à modernidade empenhada? Houve um sonho monumental, e ele foi devidamente traduzido por Niemeyer. No Planalto Central, construíra a identidade escultural do Brasil.

(Adaptado de Rosane Pavam. CartaCapital, 07/12/2012, www.cartacapital.com.br/sociedade/a-visao-monumental-2/)

O texto sugere que,

a) ainda que a construção de Brasília, projetada por Niemeyer, possa não ter concretizado a modernidade sonhada pelo arquiteto, a cidade teria se tornado genuína representação desse sonho grandioso.

b) considerados os seus mais importantes projetos, a revolução empreendida por Oscar Niemeyer na arquitetura estaria evidentemente ligada a sua filiação ao partido comunista.

c) mesmo que não se possa estender esse sentimento para o conjunto da obra de Niemeyer, Brasília provocaria certo mal-estar no observador, o que teria origem no projeto monumental de Lucio Costa.

d) na biografia de Niemeyer, ressaltaria uma contradição insolúvel entre sua origem e suas convicções políticas, o que acabaria se resolvendo em suas obras monumentais, que misturam sonho e realidade.

e) embora Brasília seja considerada a principal criação de Oscar Niemeyer, o próprio arquiteto não teria ficado satisfeito com a cidade, pois não corresponderia ao que havia sonhado.

Questão 121: FCC - AJ TRT1/TRT 1/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

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Cada um fala como quer, ou como pode, ou como acha que pode. Ainda ontem me divertiu este trechinho de crônica do escritor mineiro Humberto Werneck, de seu livro Esse inferno vai acabar:

“− Meu cabelo está pendoando – anuncia a prima, apalpando as melenas.

Tenho anos, décadas de Solange, mas confesso que ela, com o seu solangês, às vezes me pega desprevenido.

− Seu cabelo está o quê?

− Pendoando – insiste ela, e, com a paciência de quem explica algo elementar a um total ignorante, traduz:

− Bifurcando nas extremidades.

É assim a Solange, criatura para a qual ninguém morre, mas falece, e, quando sobrevém esse infausto acontecimento, tem seu corpo acondicionado num ataúde, num esquife, num féretro, para ser inumado em alguma necrópole, ou, mais recentemente, incinerado em crematório. Cabelo de gente assim não se torna vulgarmente quebradiço: pendoa.”

Isso me fez lembrar uma visita que recebemos em casa, eu ainda menino. Amigas da família, mãe e filha adolescente vieram tomar um lanche conosco. D. Glorinha, a mãe, achava meu pai um homem intelectualizado e caprichava no vocabulário. A certa altura pediu ela a mim, que estava sentado numa extremidade da mesa:

− Querido, pode alcançar-me uma côdea desse pão?

− Por falta de preparo linguístico não sabia como atender a seu pedido. Socorreu-me a filha adolescente:

− Ela quer uma casquinha do pão. Ela fala sempre assim na casa dos outros.

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Quinta Fase Juiz Estadual

− A mãe ficou vermelha, isto é, ruborizou, enrubesceu, rubificou, e olhou a filha com reprovação, isto é, dardejou-a com olhos censórios.

Veja-se, para concluir, mais um trechinho do Werneck:

“Você pode achar que estou sendo implicante, metido a policiar a linguagem alheia. Brasileiro é assim mesmo, adora embonitar a conversa para impressionar os outros. Sei disso. Eu próprio já andei escrevendo sobre o que chamei de ruibarbosismo: o uso de palavreado rebarbativo como forma de, numa discussão, reduzir ao silêncio o interlocutor ignaro. Uma espécie de gás paralisante verbal.”

(Cândido Barbosa Filho, inédito)

A mãe ficou vermelha, isto é, ruborizou, enrubesceu, rubificou, e olhou a filha com reprovação, isto é, dardejou-a com olhos censórios.

A expressão isto é, nos dois empregos realçados na frase acima,

a) introduz a conclusão de que o significado das falas corriqueiras se esclarece mediante uma elaborada sinonímia.

b) inicia a tradução adequada de um enunciado anterior cuja significação se mostrara bastante enigmática.

c) funciona como os dois pontos na frase Cabelo de gente assim não se torna vulgarmente quebradiço: pendoa.

d) introduz uma enumeração de palavras que seriam evitadas pela prima Solange, levando-se em conta o que diz dela o cronista Werneck.

e) inicia uma argumentação em favor da simplificação da linguagem, de modo a evitar o uso de palavreado rebarbativo.

Questão 122: FCC - TJ TRT2/TRT 2/Administrativa/Segurança/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

No dia 9 de janeiro de 1921, um sortido grupo reuniu-se no salão de festas do badalado restaurante Trianon, no alto da aprazível avenida Paulista, para um banquete em homenagem a Menotti Del Picchia, que lançava uma edição do poema Máscaras.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Situado na área hoje ocupada pelo MASP, o Trianon era uma espécie de restaurante-pavilhão, com salão de chá e de festas. Inaugurado em 1916, tornara-se um dos centros da vida social paulistana, com seus bailes, concertos, aniversários, casamentos e banquetes.

Naquele domingo de verão, ilustres integrantes do mundo cultural e político foram prestigiar o escritor e redator político do Correio Paulistano, homem de amplo arco de amizades.

Mário de Andrade, que estava presente, escreveu sobre a festa na edição da Ilustração Brasileira. Impressionou-se com a diversidade dos convidados, um séquito de homens das finanças, poetas e escritores da velha e da jovem guarda.

Figurões revezaram-se na tribuna, até chegar a vez de Oswald de Andrade, que faria soar, nas palavras de Mário de Andrade, “o clarim dos futuristas” − aquela gente “do domínio da patologia”, como gostavam de escrever “certos críticos passadistas, num afanoso rancor pelas auroras”.

O tribuno foi logo avisando que não gostaria de confundir sua voz com o cantochão dos conservadores. Juntava-se à louvação a Menotti, mas “numa tecla de sonoridade diferente”, em nome “de um grupo de orgulhosos cultores da extremada arte de nosso tempo”. Para selar o pertencimento de Menotti ao clã dos modernos, a máscara de seu rosto, esculpida por Victor Brecheret, lhe era ofertada. Disse Oswald: “Examina a máscara que te trazemos em bronze. Produziu-a de ti a mão elucidadora de Victor Brecheret que, com Di Cavalcanti e Anita Malfatti, afirmou que a nossa terra contém uma das mais fortes, expressivas e orgulhosas gerações de criadores”.

Não poderia faltar ao discurso a exaltação do dinamismo paulista, pano de fundo da inquietação dos novos artistas e escritores. Num mundo − dizia o orador futurista − em que o pensamento e a ação se deslocavam da Europa para os “países descobertos pela súplica das velas europeias”, São Paulo surgia como uma espécie de terra prometida da modernidade. Com suas chaminés e seus bairros em veloz expansão, a cidade agitava as “profundas revoluções criadoras de imortalidades”.

E, se a capital bandeirante podia promover aquela festa e nela ofertar uma “obra-prima” de Brecheret ao homenageado, isso significava que uma etapa do processo de arejamento das mentalidades já estava vencida.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Na avaliação de Mário da Silva Brito, o que se viu no Trianon foi o lançamento oficial do movimento modernista em território hostil − um “ataque de surpresa no campo do adversário distraído”. Ao que parece, entretanto, a distração do respeitável público foi mais funda − a ponto de poucos terem notado que as palavras ali proferidas representavam um “ataque”. Oswald foi aplaudido por passadistas, futuristas e demais presentes. “Todos estavam satisfeitos porque se julgavam incorporados à ‘meia dúzia’ de que falara o audaz”, ironizou Mário de Andrade.

(Adaptado de GONÇALVES, Marcos Augusto. 1922: A semana que não terminou. São Paulo, Cia. das Letras, 2012, formato ebook)

O segmento que reforça a ideia de que Menotti Del Picchia era homem de amplo arco de amizades está em:

a) ... espécie de terra prometida da modernidade...

b) ... tornara-se um dos centros da vida social paulistana...

c) ... as “profundas revoluções criadoras de imortalidades”.

d) Impressionou-se com a diversidade dos convidados...

e) ... num afanoso rancor pelas auroras.

Questão 123: FCC - AJ TRT2/TRT 2/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Instruções: Para responder à questão, considere o texto a seguir.

Desde A democracia na América (1835), de Alexis de Tocqueville, tornou-se corrente comparar os Estados Unidos com a América ibérica, constituindo este exercício uma fonte de inspiração da imaginação social no continente. Nessa obra, a América do Sul é descrita como lugar em que a pujança da natureza debilitaria o homem, enquanto, na América do Norte, a natureza se revestiria de outro aspecto, onde tudo "era grave, sério, solene; dissera-se que fora criada para se tornar província da inteligência, enquanto a outra era a morada dos sentidos".

O caso bem-sucedido da América do Norte apontaria para um processo em que o atraso ibérico, sob o impacto das diferentes influências exercidas pelo seu vizinho anglo-americano, modernizar-se-ia, rompendo com os fundamentos da sua própria história.

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A reflexão social latino-americana no século XIX, já testemunha dos sucessos econômicos e políticos dos Estados Unidos, tomou-os como um paradigma em sua luta orientada contra o que seria o seu atraso constitutivo, resultante do caudilhismo e do patrimonialismo vigentes em seus espaços nacionais. Entre tantos outros, os argentinos Sarmiento e Alberdi desenvolveram uma publicística centrada na comparação entre as duas Américas e o que nos cumpriria fazer para, livrando-nos dos nossos males históricos, lograrmos sucesso no ingresso ao mundo moderno. [...]

No caso do Brasil, a comparação com os Estados Unidos também esteve presente ao longo de nossa história, influenciando diretamente os embates sobre o processo da modernização brasileira. Nossa herança ibérica, marcada por um Estado forte e pela valorização do público, seria compatível com os valores do mundo moderno então emergente? Ou, de forma alternativa, ela teria nos legado uma carga tão excessiva, cuja superação em direção à modernidade exigiria uma ruptura com esse passado? Desde já, é importante ressaltar que, ainda que os conceitos iberismo e americanismo tenham sido formulados a posteriori, não estando presentes no vocabulário dos autores consagrados como fundadores da tradição de interpretar o Brasil, eles fornecem uma chave interpretativa para o estudo do processo de nossa formação histórica.

(VIANNA, Luis Werneck; PERLATTO, Fernando. Iberismo e americanismo. In: BOTELHO, André; SCHWARCZ, Lilia Moritz (orgs.). Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 248-249)

Considere o texto e as assertivas que seguem.

I. O cotejo entre o emprego de certas formas verbais, por exemplo, (linha 3) debilitaria e (linha 3) era evidencia a distinção entre o ponto de vista, respectivamente, de quem comenta uma hipótese lançada por outrem e o ponto de vista de quem propõe essa mesma hipótese.

II. Considerada a lógica e o contexto, merece reparo o que se tem no segmento O caso bem-sucedido da América do Norte apontaria para um processo em que o atraso ibérico [...] modernizar-se-ia: em lugar do que está destacado, seria adequado haver, por exemplo, "a America ibérica, atrasada,".

III. No parágrafo 4, a presença de duas indagações no excerto deve-se ao fato de cada uma delas enfatizar uma específica polêmica a respeito de nossa história, correspondendo, então, uma em relação à outra, a um caminho alternativo na definição da prioridade a ser enfrentada no processo de modernização do Brasil.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Está correto o que se afirma em

a) I, II e III.

b) II e III, apenas.

c) I e II, apenas.

d) III, apenas.

e) I, apenas.

Questão 124: FCC - AJ TRT2/TRT 2/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Instruções: Para responder à questão, considere o texto a seguir.

A áspera controvérsia sobre a importância da liberdade política é bem capaz de ocultar o essencial nessa matéria, ou seja, a liberdade existe como um valor ético em si mesmo, independentemente dos benefícios concretos que a sua fruição pode trazer aos homens. [...]

A liberdade tem sido, em todos os tempos, a causa das maiores conquistas do ser humano. E, efetivamente, que valor teriam a descoberta da verdade, a criação da beleza, a invenção das utilidades ou a realização da justiça, se os homens não tivessem a possibilidade de escolher livremente o contrário de tudo isso?

Heródoto foi um dos primeiros a sublinhar que o estado de liberdade torna os povos fortes, na guerra e na paz. Ao relatar a estupenda vitória que os atenienses, sob o comando de Cleômenes, conquistaram contra os calcídeos e os beócios, ele comenta: "Aliás, verifica-se, sempre e em todo lugar, que a igualdade entre os cidadãos é uma vantagem preciosa: submetidos aos tiranos, os atenienses não tinham mais valor na guerra que seus vizinhos; livres, porém, da tirania, sua superioridade foi manifesta. Por aí se vê que na servidão eles se recusavam a manifestar seu valor, pois labutavam para um senhor; ao passo que, uma vez livres, cada um no seu próprio interesse colaborava, por todas as maneiras, para o triunfo do empreendimento coletivo".

O mesmo fenômeno de súbita libertação de energias e de multiplicação surpreendente de forças humanas voltou a repetir-se vinte e quatro séculos depois, com a Revolução Francesa. Pela primeira vez na história moderna, as forças armadas de um país não eram compostas de mercenários, nem combatiam por um

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príncipe, sob o comando de nobres, mas eram formadas de homens livres e iguais, comandados por generais plebeus, sendo todos movidos tão só pelo amor à pátria.

(COMPARATO, Fábio Konder. A liberdade como valor ético. Ética: direito, moral e religião no mundo moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 546-547)

O texto abona o seguinte comentário: o autor, na defesa de seu ponto de vista,

a) opta por fazer um relato de como a liberdade se manifestou em diferentes momentos históricos, o que lhe permitiu concluir, ao final do texto, que a liberdade é um valor ético em si mesmo.

b) vale-se de um testemunho de prestígio, sem, entretanto, tomá-lo como suficiente, dado que acrescenta comentário que o ratifica.

c) cita Cleômenes e episódio histórico que deu a esse ateniense experiência para reconhecer não só o valor da liberdade, mas, em próprias palavras do conquistador, que a igualdade entre os cidadãos é uma vantagem.

d) faz uso de uma indagação que é meramente retórica, pois a resposta a ela está implícita na própria pergunta: o valor de descobertas, invenções e demais realizações está em impor a todos os homens o mesmo direito de usufruir delas.

e) contrapõe distintos momentos históricos para evidenciar que a discussão sobre a importância da liberdade política contém contradições.

Questão 125: FCC - AJ TRT2/TRT 2/Administrativa/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Diante do futuro

Que me importa o presente? No futuro é que está a existência dos verdadeiros homens. Guyau*, a quem não me canso de citar, disse em uma de suas obras estas palavras:

“Porventura sei eu se viverei amanhã, se viverei mais uma hora, se a minha mão poderá terminar esta linha que começo? A vida está por todos os lados cercada pelo Desconhecido. Todavia executo, trabalho, empreendo; e em todos os meus atos, em todos os meus pensamentos, eu pressuponho esse futuro com o qual nada me autoriza a contar. A minha atividade excede em cada minuto o instante presente,

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Quinta Fase Juiz Estadual

estende-se ao futuro. Eu consumo a minha energia sem recear que esse consumo seja uma perda estéril, imponho-me privações, contando que o futuro as resgatará − e sigo o meu caminho. Essa incerteza que me comprime de todos os lados equivale para mim a uma certeza e torna possível a minha liberdade − é o fundamento da moral especulativa com todos os riscos. O meu pensamento vai adiante dela, com a minha atividade; ele prepara o mundo, dispõe do futuro. Parece-me que sou senhor do infinito, porque o meu poder não é equivalente a nenhuma quantidade determinada; quanto mais trabalho, mais espero.”

* Jean-Marie Guyau (1854-1888), filósofo e poeta francês.

(PRADO, Antonio Arnoni (org.). Lima Barreto: uma autobiografia literária. São Paulo: Editora 34, 2012. p. 164)

O fato de nossa vida estar cercada pelo Desconhecido não deve implicar uma restrição aos empreendimentos humanos, já que, para Guyau,

a) a incerteza do futuro não elimina a possibilidade de tomá-lo como parâmetro dos nossos empreendimentos.

b) os nossos atos tendem a se tornar estéreis quando pautados por uma visão otimista do futuro.

c) a brevidade do tempo que temos para viver autorizanos a viver o presente com o máximo de intensidade.

d) o fundamento da moral especulativa está em planejar o futuro sem atentar para as circunstâncias presentes.

e) o trabalho estéril executado no presente acumula energias que serão desfrutadas no futuro.

Questão 126: FCC - TJ TRT2/TRT 2/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Instrução: Para responder à questão, considere o texto a seguir.

Reduzido a um clique

RIO DE JANEIRO − A notícia é alarmante: "Amazon se prepara para vender livros físicos no Brasil". O alarme não se limita à iminente entrada da Amazon no mercado

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brasileiro de livros − algo que lembrará o passeio de um brontossauro pela Colombo.

A ameaça começa pela expressão "livros físicos". É o que, a partir de agora, o diferenciará dos livros digitais.

Pelos últimos mil anos, dos manuscritos aos incunábulos e aos impressos a laser, os livros têm sido chamados de livros. Nunca precisaram de adjetivos para distingui-los dos astrolábios, das guilhotinas ou das cenouras. Quando se dizia "livro", todos entendiam um objeto de peso e volume, composto de folhas encadernadas, protegidas por papelão ou couro, nas quais se gravavam a tinta palavras ou imagens.

Há 200 anos, os livros deixaram de ser privilégio das bibliotecas públicas ou particulares e passaram a ser vendidos em lojas especializadas, chamadas livrarias. Desde sempre, as livrarias se caracterizaram por estantes altas, vendedores atenciosos, uma atmosfera de paz e a ocasional presença de um gato. Foi nelas que leitores e escritores aprenderam a se encontrar e trocar ideias, gerando uma emulação com a qual a cultura teve muito a ganhar.

A Amazon dispensa tudo isso. Ela vende livros "físicos", mas a partir de um endereço imaterial − nada físico −, acessível apenas pela internet. Dispensa as livrarias. Se você se interessar por um livro (certamente recomendado por uma lista de best-sellers), basta o número do seu cartão de crédito e um clique. Em dois dias, ele estará em suas mãos − e a um preço mais em conta, porque a Amazon não tem gastos com aluguel, escritório, luz, funcionários humanos e nem mesmo a ração do gato.

Com sorte, os livros continuarão "físicos".

Mas os leitores correm o risco de ser reduzidos a um número de cartão de crédito e um clique.

(CASTRO, Ruy, Folha de S.Paulo, opinião, 7 de ag. de 2013. p. A2)

Observações:

1. brontossauro / espécie de dinossauro;

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Quinta Fase Juiz Estadual

2. Colombo / tradicional confeitaria do Rio de Janeiro, com sua refinada arquitetura e mobiliário, seus requintados cristais e jogos de porcelana, hoje patrimônio cultural e artístico da cidade;

3. incunábulo / livro impresso que data dos primeiros tempos da imprensa (até o ano de 1500).

O modo como o autor desenvolve seu texto sobre a notícia citada

a) revela sua indiferença pelas bibliotecas públicas ou particulares e a consideração que tem pelas livrarias, como se observa no segmento Há 200 anos, os livros deixaram de ser privilégio das bibliotecas públicas ou particulares e passaram a ser vendidos em lojas especializadas, chamadas livrarias.

b) explica o tom alarmante nele impresso, reconhecível, por exemplo, nos segmentos A notícia é alarmante: "Amazon se prepara para vender livros físicos no Brasil e A Amazon dispensa tudo isso.

c) atesta o tom didático do texto, centrado em divulgar a história do livro e seduzir leitores, como se nota em Pelos últimos mil anos, dos manuscritos [...] aos impressos a laser, os livros têm sido chamados de livros e Se você se interessar por um livro [...], basta o número do seu cartão de crédito e um clique.

d) legitima a hipótese de que defende a busca de lucro pelos empresários ligados à indústria dos livros físicos, como o atesta o segmento a Amazon não tem gastos com aluguel, escritório, luz, funcionários humanos e nem mesmo a ração do gato.

e) justifica que se considerem como marcados pelo tom da ironia os segmentos (certamente recomendado por uma lista de best-sellers) e Com sorte, os livros continuarão "físicos".

Questão 127: FCC - TJ TRT2/TRT 2/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Instrução: Para responder à questão, considere o texto a seguir.

Reduzido a um clique

RIO DE JANEIRO − A notícia é alarmante: "Amazon se prepara para vender livros físicos no Brasil". O alarme não se limita à iminente entrada da Amazon no mercado brasileiro de livros − algo que lembrará o passeio de um brontossauro pela Colombo.

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Quinta Fase Juiz Estadual

A ameaça começa pela expressão "livros físicos(d)". É o que, a partir de agora, o diferenciará dos livros digitais.

Pelos últimos mil anos, dos manuscritos aos incunábulos e aos impressos a laser, os livros têm sido chamados de livros. Nunca precisaram de adjetivos para distingui-los dos astrolábios, das guilhotinas ou das cenouras. Quando se dizia "livro", todos entendiam um objeto de peso e volume, composto de folhas encadernadas, protegidas por papelão ou couro, nas quais se gravavam a tinta palavras ou imagens.

Há 200 anos, os livros deixaram de ser privilégio das bibliotecas públicas ou particulares(a) e passaram a ser vendidos em lojas especializadas, chamadas livrarias. Desde sempre, as livrarias se caracterizaram por estantes altas, vendedores atenciosos, uma atmosfera de paz e a ocasional presença de um gato. Foi nelas que leitores e escritores aprenderam a se encontrar e trocar ideias, gerando uma emulação com a qual a cultura teve muito a ganhar(e).

A Amazon dispensa tudo isso. Ela vende livros "físicos(d)", mas a partir de um endereço imaterial − nada físico −, acessível apenas pela internet. Dispensa as livrarias. Se você se interessar por um livro (certamente recomendado por uma lista de best-sellers), basta o número do seu cartão de crédito e um clique. Em dois dias, ele estará em suas mãos − e a um preço mais em conta, porque a Amazon não tem gastos com aluguel, escritório, luz, funcionários humanos(c) e nem mesmo a ração do gato(b).

Com sorte, os livros continuarão "físicos".

Mas os leitores correm o risco de ser reduzidos a um número de cartão de crédito e um clique.

(CASTRO, Ruy, Folha de S.Paulo, opinião, 7 de ag. de 2013. p. A2)

Observações:

1. brontossauro / espécie de dinossauro;

2. Colombo / tradicional confeitaria do Rio de Janeiro, com sua refinada arquitetura e mobiliário, seus requintados cristais e jogos de porcelana, hoje patrimônio cultural e artístico da cidade;

3. incunábulo / livro impresso que data dos primeiros tempos da imprensa (até o ano de 1500).

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Quinta Fase Juiz Estadual

É correta a seguinte informação:

a) Em Há 200 anos, os livros deixaram de ser privilégio das bibliotecas públicas ou particulares, o sentido da expressão destacada sinaliza, por uma questão de lógica, a presença de uma ideia não explícita na frase.

b) No contexto, o segmento nem mesmo a ração do gato revela que, para o autor, a Amazon teria de assumir gastos com esse item, ainda que não o fizesse com aluguel, escritório etc.

c) Não havendo no texto a construção de algum sentido que justifique o emprego da expressão, a caracterização de funcionários − humanos −, com evidente redundância de informação, deve ser considerada inadequação de linguagem.

d) Nas frases A ameaça começa pela expressão "livros físicos" e Ela vende livros "físicos", nota-se distinta colocação das aspas, grafia que exigiria uniformização, pois não haveria prejuízo de matiz algum de sentido.

e) Em gerando uma emulação com a qual a cultura teve muito a ganhar, a substituição do segmento destacado por "que" preserva a correção e o sentido originais.

Questão 128: FCC - TJ TRT2/TRT 2/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Instrução: Para responder à questão, considere o texto a seguir.

Para ver uma cidade não basta ficar de olhos abertos. É preciso primeiramente descartar tudo aquilo que impede vê-la, todas as ideias recebidas, as imagens pré-constituídas que continuam a estorvar o campo visual e a capacidade de compreensão. Depois é preciso saber simplificar, reduzir ao essencial o enorme número de elementos que a cada segundo a cidade põe diante dos olhos de quem a observa, e ligar os fragmentos espalhados num desenho analítico e ao mesmo tempo unitário, como o diagrama de uma máquina, com o qual se possa compreender como ela funciona.

A comparação da cidade com uma máquina é, ao mesmo tempo, pertinente e desviante. Pertinente porque uma cidade vive na medida em que funciona, isto é, serve para se viver nela e para fazer viver. Desviante porque, diferentemente das máquinas, que são criadas com vistas a uma determinada função, as cidades são todas ou quase todas o resultado de adaptações sucessivas a funções diferentes, não previstas por sua fundação anterior (penso nas cidades italianas, com sua história de séculos ou de milênios).

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Quinta Fase Juiz Estadual

Mais do que com a máquina, é a comparação com o organismo vivo na evolução da espécie que pode nos dizer alguma coisa importante sobre a cidade: como, ao passar de uma era para outra, as espécies vivas adaptam seus órgãos para novas funções ou desaparecem, assim também as cidades. E não podemos esquecer que na história da evolução toda espécie carrega consigo características que parecem de outras eras, na medida em que já não correspondem a necessidades vitais, mas que talvez um dia, em condições ambientais transformadas, serão as que salvarão a espécie da extinção. Assim a força da continuidade de uma cidade pode consistir em características e elementos que hoje parecem prescindíveis, porque esquecidos ou contraditos por seu funcionamento atual.

(CALVINO, Italo. Os deuses da cidade. Assunto encerrado: discurso sobre literatura e sociedade. Trad. Roberta Barni.

São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 333-334)

Afirma-se com correção que, no primeiro parágrafo, o autor

a) rejeita a acepção dicionarizada de que "ver" é "perceber pela visão", pois propõe que a compreensão de uma cidade independe da capacidade de perceber o mundo exterior pelos olhos.

b) reitera que, para apropriar-se de uma cidade, há a necessidade de descartar tudo aquilo que impede vê-la, entendida essa expressão como conjunto de coisas que atrapalham, de modo específico, o campo visual propriamente dito.

c) comenta que o processo de compreensão de uma cidade implica a recusa das informações redundantes que são oferecidas, segundo a segundo, aos que a observam com o desejo de conhecê-la.

d) expõe a ideia de que é necessário, de modo aparentemente contraditório, representar numa totalidade as frações correspondentes aos componentes básicos e simples de uma cidade, para conseguir compreendê- la.

e) propõe que aquele que deseja ver e compreender uma cidade deve guiar-se por desenhos explicativos de como ela se dispõe, esquema concebido por quem conhece como realmente é ou funciona.

Questão 129: FCC - TJ TRT2/TRT 2/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Instrução: Para responder à questão, considere o texto a seguir.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Para ver uma cidade não basta ficar de olhos abertos. É preciso primeiramente descartar tudo aquilo que impede vê-la, todas as ideias recebidas, as imagens pré-constituídas que continuam a estorvar o campo visual e a capacidade de compreensão. Depois é preciso saber simplificar, reduzir ao essencial o enorme número de elementos que a cada segundo a cidade põe diante dos olhos de quem a observa, e ligar os fragmentos espalhados num desenho analítico e ao mesmo tempo unitário, como o diagrama de uma máquina, com o qual se possa compreender como ela funciona.

A comparação da cidade com uma máquina é, ao mesmo tempo, pertinente e desviante. Pertinente porque uma cidade vive na medida em que funciona, isto é, serve para se viver nela e para fazer viver. Desviante porque, diferentemente das máquinas, que são criadas com vistas a uma determinada função, as cidades são todas ou quase todas o resultado de adaptações sucessivas a funções diferentes, não previstas por sua fundação anterior (penso nas cidades italianas, com sua história de séculos ou de milênios).

Mais do que com a máquina, é a comparação com o organismo vivo na evolução da espécie que pode nos dizer alguma coisa importante sobre a cidade: como, ao passar de uma era para outra, as espécies vivas adaptam seus órgãos para novas funções ou desaparecem, assim também as cidades. E não podemos esquecer que na história da evolução toda espécie carrega consigo características que parecem de outras eras, na medida em que já não correspondem a necessidades vitais, mas que talvez um dia, em condições ambientais transformadas, serão as que salvarão a espécie da extinção. Assim a força da continuidade de uma cidade pode consistir em características e elementos que hoje parecem prescindíveis, porque esquecidos ou contraditos por seu funcionamento atual.

(CALVINO, Italo. Os deuses da cidade. Assunto encerrado: discurso sobre literatura e sociedade. Trad. Roberta Barni.

São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 333-334)

Infere-se corretamente do terceiro parágrafo:

a) a aproximação da cidade com a máquina é um artifício de raciocínio que nada informa de relevante sobre a primeira.

b) o juízo acerca da importância de uma característica ou elemento de uma cidade para sua continuidade é sempre relativo, pois envolve contingências.

c) a história da evolução determina que espécies em extinção serão salvas por componentes obsoletos sempre presentes em indivíduos dessas espécies.

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d) traços de uma espécie que se assemelham aos de outras épocas é mera ilusão de óptica, pois as espécies estão em constante evolução.

e) aspectos de uma cidade são prescindíveis se contêm organismos que, depois de várias atualizações, não conseguem readquirir sua funcionalidade original.

Questão 130: FCC - AJ TRT5/TRT 5/Administrativa/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

"Te embalarei com uma canção sentida."

Senta-te aqui ao meu lado, amiga, e te contarei uma história. Faz tempo que não te conto uma história na beira deste cais. A noite está cheia de estrelas, são homens valentes que morreram. Senta-te aqui, dá-me tua mão, vou te contar a história de um homem valente. Vês aquela estrela lá longe, mais além do navio fundeado, mais além do forte velho, da sombra das ilhas? Deve ser ele iluminando o céu da Bahia. [...]

Já viste da beira do cais o vento noroeste se despenhar sobre a cidade e o mar, levar embarcações, desatracar navios, mudar o rumo de transatlânticos, transformar a cor das águas? É rápido, inquietante, belo, quase irreal. Dura um instante na medida do tempo. Mas, mesmo depois que o noroeste passa e volta a calmaria, fica a sua lembrança e é impossível esquecê-lo porque tudo mudou na face das coisas: é outra a fisionomia do cais e o ar que se respira é mais puro. Assim, negra, foi Castro Alves. Tinha a força do vento noroeste, o seu ímpeto, a sua violência. Tinha a sua beleza também. E deixou o ar mais puro, a sua lembrança imortal.

Tinha a precocidade desses moleques de rua a quem acaricias a cabeça e dos quais te contei a história. Começou muito moço e muito moço terminou. Foi o mais belo espetáculo de juventude e de gênio que os céus da América presenciaram.

No tempo que andou nestas e noutras ruas, disse tantas e tão belas coisas, amiga, que sua voz ficou soando para sempre e é cada vez mais alta e cada vez mais a voz de centenas, de milhares, de milhões de pessoas. É a sua voz, negra, é a voz do cais inteiro e da cidade lá atrás também. Falou por todos nós como nenhum de nós falaria. É ainda hoje o maior e o mais moço de todos nós.

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No teatro grande lá de cima ouviste certa vez uma numerosa orquestra. Lembras-te da hora em que os músicos se juntaram todos num esforço supremo e produziram com os seus instrumentos e com sua virtuosidade uma nota mais alta que todas, que todas mais bela, nota que ficou soando na sala mesmo após a saída dos espectadores? Pois assim foi Castro Alves. Há momentos no mundo em que todas as forças de uma nação se conjugam e, como uma nota mais alta que todas, aparece, tranquilo e terrível, demoniacamente belo, justo e verdadeiro, um gênio. Nasce dos desejos do povo, das necessidades do povo. Nunca mais morre, imortal como o povo.

Este, cuja história vou te contar, foi amado e amou muitas mulheres. Vieram brancas, judias e mestiças, tímidas e afoitas, para os seus braços e para o seu leito. Para uma, no entanto, guardou ele as melhores palavras, as mais doces, as mais ternas, as mais belas. Essa noiva tem um nome lindo, negra: liberdade.

Vê no céu, ele brilha, é a mais poderosa das estrelas. Mas o encontrarás também nas ruas de qualquer cidade, no quarto de qualquer casa. Seja onde for que haja jovens, corações pulsando pela humanidade, em qualquer desses corações encontrarás Castro Alves.

Dá-me agora tua mão direita, ouve o ABC do poeta.

Obs.: Ortografia atualizada segundo as normas vigentes.

(Jorge Amado. ABC de Castro Alves; 14. ed. São Paulo: Martins, 1968. p. 15-17)

... e é impossível esquecê-lo porque tudo mudou na face das coisas: é outra a fisionomia do cais e o ar que se respira é mais puro. (2º parágrafo)

A afirmativa introduzida pelos dois-pontos deve ser entendida como

a) justificativa dos resultados da destruição provocada pelo ímpeto de uma ventania, como fez Castro Alves, em sua época, com seus poemas.

b) demonstração da força da natureza quando se desencadeia sem controle, como se vê na obra de Castro Alves, poeta muito jovem e ainda imaturo.

c) detalhamento do cenário que vem sendo descrito, numa associação direta com o ímpeto versificador de Castro Alves nos temas tratados por ele.

d) enumeração dos estragos decorrentes de um cataclismo, que o relaciona com a revolução embutida nos poemas libertários de Castro Alves.

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e) comentário auxiliar que, assim como ocorre com os fenômenos naturais, se propõe a minimizar os efeitos contestadores dos poemas de Castro Alves.

Questão 131: FCC - AJ TRT5/TRT 5/Administrativa/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

"Te embalarei com uma canção sentida."

Senta-te aqui ao meu lado, amiga, e te contarei uma história. Faz tempo que não te conto uma história na beira deste cais. A noite está cheia de estrelas, são homens valentes que morreram. Senta-te aqui, dá-me tua mão, vou te contar a história de um homem valente. Vês aquela estrela lá longe, mais além do navio fundeado, mais além do forte velho, da sombra das ilhas? Deve ser ele iluminando o céu da Bahia. [...]

Já viste da beira do cais o vento noroeste se despenhar sobre a cidade e o mar, levar embarcações, desatracar navios, mudar o rumo de transatlânticos, transformar a cor das águas? É rápido, inquietante, belo, quase irreal. Dura um instante na medida do tempo. Mas, mesmo depois que o noroeste passa e volta a calmaria, fica a sua lembrança e é impossível esquecê-lo porque tudo mudou na face das coisas: é outra a fisionomia do cais e o ar que se respira é mais puro. Assim, negra, foi Castro Alves. Tinha a força do vento noroeste, o seu ímpeto, a sua violência. Tinha a sua beleza também. E deixou o ar mais puro, a sua lembrança imortal.

Tinha a precocidade desses moleques de rua a quem acaricias a cabeça e dos quais te contei a história. Começou muito moço e muito moço terminou. Foi o mais belo espetáculo de juventude e de gênio que os céus da América presenciaram.

No tempo que andou nestas e noutras ruas, disse tantas e tão belas coisas, amiga, que sua voz ficou soando para sempre e é cada vez mais alta e cada vez mais a voz de centenas, de milhares, de milhões de pessoas. É a sua voz, negra, é a voz do cais inteiro e da cidade lá atrás também. Falou por todos nós como nenhum de nós falaria. É ainda hoje o maior e o mais moço de todos nós.

No teatro grande lá de cima ouviste certa vez uma numerosa orquestra. Lembras-te da hora em que os músicos se juntaram todos num esforço supremo e produziram com os seus instrumentos e com sua virtuosidade uma nota mais alta

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que todas, que todas mais bela, nota que ficou soando na sala mesmo após a saída dos espectadores? Pois assim foi Castro Alves. Há momentos no mundo em que todas as forças de uma nação se conjugam e, como uma nota mais alta que todas, aparece, tranquilo e terrível, demoniacamente belo, justo e verdadeiro, um gênio. Nasce dos desejos do povo, das necessidades do povo. Nunca mais morre, imortal como o povo.

Este, cuja história vou te contar, foi amado e amou muitas mulheres. Vieram brancas, judias e mestiças, tímidas e afoitas, para os seus braços e para o seu leito. Para uma, no entanto, guardou ele as melhores palavras, as mais doces, as mais ternas, as mais belas. Essa noiva tem um nome lindo, negra: liberdade.

Vê no céu, ele brilha, é a mais poderosa das estrelas. Mas o encontrarás também nas ruas de qualquer cidade, no quarto de qualquer casa. Seja onde for que haja jovens, corações pulsando pela humanidade, em qualquer desses corações encontrarás Castro Alves.

Dá-me agora tua mão direita, ouve o ABC do poeta.

Obs.: Ortografia atualizada segundo as normas vigentes.

(Jorge Amado. ABC de Castro Alves; 14. ed. São Paulo: Martins, 1968. p. 15-17)

Para uma, no entanto, guardou ele as melhores palavras, as mais doces, as mais ternas, as mais belas. Essa noiva tem um nome lindo, negra: liberdade.

A opinião exposta por Jorge Amado encontra respaldo, principalmente, nos versos de Castro Alves transcritos em:

a) Eras tu que, com os dedos ensopados

No sangue dos avós mortos na guerra,

Livre sagravas a Colúmbia terra,

Sagravas livre a nova geração!

b) Escravo, dá-me a c'roa de amaranto

Que mandou-me inda há pouco Afra impudente,

Orna-me a fronte... Enrola-me os cabelos

Quero o mole perfume do Oriente.

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c) Vai funda a tempestade no infinito,

Ruge o ciclone túmido e feroz...

Uiva a jaula dos tigres da procela

− Eu sonho a tua voz −

d) Mas não...! Somente as vagas do sepulcro

Hão de apagar o fogo que em mim arde...

Perdoa-me, Senhora! ... Eu sei que morro...

É tarde! É muito tarde!...

e) Corre nas veias negras desse mármore

Não sei que sangue vil de messalina,

A cova, num bocejo indiferente,

Abre ao primeiro a boca libertina.

Questão 132: FCC - AJ TRT5/TRT 5/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Foi no Varandá

Quem não é baiano e chega a Salvador – que também se chama “a Bahia” – faz uma viagem profunda, encontrando dentro de si uma chave insuspeitada, que abre inédita alegria e invoca um verdadeiro companheirismo. É uma súbita epifania, vale dizer, uma manifestação reveladora.

A minha ocorreu faz muito tempo, em 1970, e se deu especialmente no Varandá, um inacreditável barzinho, perto do elevador Lacerda, dependurado lá no alto, sobre o mar, com a varanda que lhe deu o nome. Chegara a Salvador e já estava com uma turma amiga, lá em cima, de frente para a lua e para o forte São Marcelo. Parodiando Drummond: aquela lua, aquele mar me botavam comovido como o diabo.

A descoberta de Salvador (que revisitei recentemente, impressionado com a rápida metamorfose urbana que veio a sofrer a extensa orla) não é sem consequências: o viajante volta de lá não como um turista recompensado, mas como alguém que incursionou para muito dentro de si mesmo, por ter convivido tanto para fora...

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Talvez não se explique essa sensação de que a alegria mais forte tem dois lados, fazendo comunicar- se a alma pessoal com a alma das ruas.

Pois voltando recentemente a Salvador, procurei pelo Varandá sabendo que já não existia há muito: é assim que funciona a fome teimosa de nossa memória afetiva. Fui até o portãozinho de ferro trancado, que dava para o corredor que à frente virava para chegar à varanda sobre aquele abismo mágico. Colado ao velho portão, vi caixotes velhos, papelão, garrafas, signos do abandono – quase diria de traição. Fiquei ali uns minutos pensando, obviamente, na efemeridade de tudo. Pensei comigo: - Foi aqui, foi no Varandá...

Saí de lá rumo à praça Castro Alves, pensando na magia que os jovens viajantes de hoje, saberão encontrar na cidade. Enquanto isso, ia lembrando uma canção: “Viver não é fácil não / Pergunte pra meu coração / sei perder na valentia/ sei amar o meu amor / Ah moreno / Sei beber no Varandá / Foi Sandoval quem me ensinou”.

(Justino da Veiga, inédito)

Considere as seguintes afirmações:

I. A expressão chave insuspeitada, no primeiro parágrafo, é utilizada para exprimir a sensação de abertura para um tipo de emoção até então desconhecida para o narrador.

II. A conjunção de fatores que leva o narrador a sentir em profundidade certa comoção faz com que ele venha a se lembrar de Drummond.

III. Ao revisitar o lugar do antigo Varandá, em busca de uma memória calorosa, o narrador se vê diante de um esvaziamento que o faz sentir-se enganado pelo tempo.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em

a) I, II e III.

b) I e II, apenas.

c) II e III, apenas.

d) I e III, apenas.

e) III, apenas.

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Questão 133: FCC - TJ TRT5/TRT 5/Administrativa/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

“O cacau brasileiro de qualidade vem ganhando espaço no mercado internacional.” A afirmação é do presidente da Câmara Setorial do Cacau. Mas nem sempre foi assim: esse é um movimento de retomada que se segue a uma devastadora crise na produção brasileira. E o motor dessa retomada é o cacau fino.

No século passado, o Brasil chegou a ser o segundo maior produtor mundial de cacau. Em 1989, entretanto, a praga denominada vassoura-de-bruxa devastou os cacaueiros da Bahia e mudou a vida dos produtores da região.

Atualmente, dois terços da produção mundial de cacau são cultivados na África. No ranking de países produtores, o Brasil ocupa o quinto lugar. A Bahia responde por 70% da produção nacional.

Mas o cacau fino da região tem surpreendido. Grandes empresas do mercado mundial hoje fabricam chocolates finos com cacau baiano de alta qualidade. “Esse é um caminho sem volta”, prevê um cacauicultor. “O mundo aponta para alimentos rastreados e de qualidade.” Para produzir uma amêndoa diferenciada, os produtores baianos investem em tecnologia, treinamento e remuneração da mão de obra.

Enquanto menos cacau comum é enviado ao exterior, aumenta a exportação da amêndoa de alta qualidade. Os mercados-alvo para esse produto são Bélgica, Suíça, Holanda, Estados Unidos e Japão.

Nos últimos dez anos, o brasileiro passou a comer mais chocolates e o consumo interno aumentou. Os produtores acreditam que, com o tempo, o mercado interno brasileiro atrairá também um número maior de consumidores de chocolates finos. “Atrás de um produto de qualidade, cria-se toda uma cadeia de sustentabilidade, seja ela social ou ambiental”, avalia um produtor.

A maior parte das propriedades da Costa do Cacau, a região do sul da Bahia compreendida por municípios produtores, utiliza o sistema cabruca, no qual os

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cacaueiros são cultivados à sombra das árvores da Mata Atlântica. Essa característica do cultivo ajuda na conservação das espécies florestais e da fauna silvestre, além de preservar as fontes hídricas.

(Adaptado de: Suzana Camargo. Revista PIB, 12/07/2012)

Depreende-se corretamente do texto:

a) A crise na produção de cacau, de que o país já se recuperou, contribuiu para a diminuição do consumo de chocolates finos.

b) O consumo de cacau fino pelo mercado interno alavancou a produção do produto nas últimas décadas.

c) A produção do cacau fino, proveniente de uma amêndoa diferenciada, reverte em melhorias sociais e ambientais.

d) O sistema cabruca é um modo mais econômico, porém menos sustentável, de produção de cacau.

e) As vastas reservas de água presentes em certas regiões da Mata Atlântica contribuem para a qualidade do cacau plantado ali.

Questão 134: FCC - AJ TRT5/TRT 5/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder questão, considere o texto abaixo.

Cultura erudita e cultura popular

A cultura erudita, assim chamada, ignora pura e simplesmente as manifestações simbólicas do povo. Ou então debruçase para encontrar o que há nela de espontâneo, enérgico, vital, brutal. A cultura erudita quer sentir um arrepio diante do selvagem.

Só há uma relação válida e fecunda entre o artista culto e a vida popular: a relação amorosa. Sem um enraizamento, sem uma empatia sincera e prolongada, o escritor, homem de cultura universitária, se enredará nas malhas do preconceito. Os equívocos desse olhar de fora significam, em última instância, uma estranheza, às vezes mal dissimulada em familiaridade. Quem de fato se deixa encantar pelos motivos populares faz música como um Villa-Lobos, ficção como um Guimarães Rosa, poesia como um Jorge de Lima.

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(Adaptado de Alfredo Bosi, Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 330-331)

Considere as afirmações:

I. Na frase A cultura erudita quer sentir um arrepio diante do selvagem o autor admite o fato de que a cultura erudita sempre se sente superior à popular.

II. Os termos enraizamento e empatia sincera qualificam, no texto, a predisposição do artista que se deixa enredar nas malhas do preconceito.

III. Os três artistas nomeados no texto são exemplos de uma arte erudita que logrou, legitimamente, fecundar-se com os valores da cultura popular.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em

a) I, II e III.

b) I e II, apenas.

c) I e III, apenas.

d) II e III, apenas.

e) III, apenas..

Questão 135: FCC - AJ TRT19/TRT 19/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Ainda aluna de medicina, Nise da Silveira se horrorizou ao ver o professor abrir com um bisturi o corpo de uma jia e deixar à mostra, pulsando, seu pequenino coração.

Esse fato define a mulher que iria revolucionar o tratamento da esquizofrenia e pôr em questão alguns dogmas estéticos em vigor mesmo entre artistas antiacadêmicos e críticos de arte.

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A mesma sensibilidade à flor da pele que a fez deixar, horrorizada, a aula de anatomia, levou-a a se opor ao tratamento da esquizofrenia em voga na época em que se formou: o choque elétrico, o choque insulínico, o choque de colabiosol e, pior do que tudo, a lobotomia, que consistia em secionar uma parte do cérebro do paciente. Tomou-se de revolta contra tais procedimentos, negando-se a aplicá-los nos doentes a ela confiados. Foi então que o diretor do hospital, seu amigo, disse-lhe que não poderia mantê-la no emprego, a não ser em outra atividade que não envolvesse o tratamento médico. − Mas qual?, perguntou ela. − Na terapia ocupacional, respondeu-lhe o diretor.

A terapia ocupacional, naquela época, consistia em pôr os internados para lavar os banheiros, varrer os quartos e arrumar as camas. Nise aceitou a proposta e, em pouco tempo, em lugar de faxina, os pacientes trabalhavam em ateliês improvisados, pintando, desenhando, fazendo modelagem com argila e encadernando livros. Desses ateliês saíram alguns dos artistas mais criativos da arte brasileira, cujas obras passaram a constituir o hoje famosíssimo Museu de Imagens do Inconsciente do Centro Psiquiátrico Nacional, situado no Engenho de Dentro, no Rio.

É que sua visão da doença mental diferia da aceita por seus companheiros psiquiatras. Enquanto, para estes, a loucura era um processo progressivo de degenerescência cerebral, que só se poderia retardar com a intervenção direta no cérebro, ela via de outro modo, confiando que o trabalho criativo e a expressão artística contribuiriam para dar ordem e equilíbrio ao mundo subjetivo e afetivo tumultuado pela doença.

Por isso mesmo acredito que o elemento fundamental das realizações e das concepções de Nise da Silveira era o afeto, o afeto pelo outro. Foi por não suportar o sofrimento imposto aos pacientes pelos choques que ela buscou e inventou outro caminho, no qual, em vez de ser vítima da truculência médica, o doente se tornou sujeito criador, personalidade livre capaz de criar um universo mágico em que os problemas insolúveis arrefeciam.

(Adaptado de: GULLAR, Ferreira. A Cura pelo Afeto. Resmungos, São Paulo: Imprensa Oficial, 2007)

O autor do texto considera que

a) os avanços obtidos por Nise da Silveira, por dizerem respeito ao tratamento de esquizofrenia, devem ser vistos com cautela em termos artísticos.

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b) a dimensão afetiva fez com que os pacientes passassem a se adequar aos tratamentos psiquiátricos em voga, o que foi uma grande conquista em termos de terapia ocupacional.

c) o afeto pelo outro foi o diferencial oferecido por Nise da Silveira, que fez com que seus pacientes se tornassem verdadeiros agentes em seus próprios tratamentos.

d) a subjetividade tumultuada dos doentes adquiria ordem e equilíbrio quando eram submetidos a tratamentos clínicos, muito embora isso arrefecesse sua capacidade artística.

e) a arte contribui para a criação de um universo imaginário que distrai os pacientes do cerne de sua condição, servindo de cura para suas enfermidades.

Questão 136: FCC - TJ TRT19/TRT 19/Administrativa/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere os textos I e II.

Texto I

Tudo é grandioso na Amazônia, o maior bloco remanescente de floresta tropical do planeta. Com pouco mais de 6,8 milhões de quilômetros quadrados, espalha-se por nove países da América do Sul − a maior parte está no Brasil, que detém 69% da área coberta pela floresta. Estima-se ainda que ela abrigue quase 25% de todas as espécies de seres vivos da Terra, além de 35 milhões de pessoas (20 milhões somente no Brasil). A Amazônia tem também a maior bacia fluvial do mundo, fundamental para a drenagem de vários países e para a geração de chuvas. É o maior reservatório de água doce do planeta, com cerca de 20% de toda a água doce disponível. Por isso, é um dos reguladores do clima e do equilíbrio hídrico da Terra.

Apesar de tanta grandiosidade, são as alterações em pequena escala, como a abertura de clareiras para a extração seletiva de madeira, que podem representar uma das principais ameaças à conservação do ecossistema, destaca o biólogo Helder Queiroz, diretor do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. De modo geral, explica Queiroz, as principais ameaças à Amazônia estão hoje associadas às práticas que levam direta ou indiretamente à perda de hábitats e à redução de populações de plantas e de animais. "Muitas árvores com

madeira de grande valor comercial são fundamentais para a alimentação de diversos animais", diz Queiroz.

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Hoje, a perda de ambientes naturais é maior numa região conhecida como Arco do Desmatamento, que se estende do sul ao leste da Amazônia Legal − uma área de 5 milhões de km2 que engloba oito estados. O Arco do Desmatamento, definido pela fronteira da expansão agropecuária − que converte grandes extensões de floresta em pastagens −, concentra cerca de 56% da população indígena do país.

As regiões de várzea, em terrenos mais baixos, no interior da floresta amazônica, também têm atraído a atenção do poder público durante a elaboração de estratégias de conservação do ecossistema. Boa parte dessa região é inundada pelas chamadas águas brancas, de origem andina, ricas em sedimentos e nutrientes. Nesses trechos, a vegetação tende a ser mais abundante. Devido a essa riqueza em recursos naturais, as florestas de várzea sofrem mais com a constante ocupação humana. Todas as grandes cidades amazônicas, e boa parte das pequenas, estão localizadas nessas áreas.

(Adaptado de: ANDRADE, Rodrigo de Oliveira, Pesquisa Fapesp, outubro de 2013. p. 58-60)

Texto II

Em 1985, depois de examinar com atenção a intensa urbanização da Amazônia, que nas últimas décadas do século XX acusou as maiores taxas do Brasil, a geógrafa política Bertha Koiffmann Becker (que morreu em julho de 2013) lançou a expressão "floresta urbanizada" para definir a região, valorizada até então apenas pelas matas. Ela preferia usar a expressão Arco do Povoamento Consolidado em vez da mais comum, Arco do Desmatamento, para designar as áreas de ocupação humana nas bordas da floresta, pela simples razão de que essa área está ocupada por muitas cidades grandes, estradas e plantações de soja, além de pecuária e mineração.

Bertha Becker argumentava que era preciso pensar o desenvolvimento da floresta, não apenas sua preservação. Suas conferências, os debates com colegas acadêmicos e com homens do governo e os 19 livros que publicou ajudaram a enriquecer a visão sobre a Amazônia, hoje vista como um espaço complexo, resultante da interação de forças políticas e econômicas. Seu trabalho influenciou a elaboração de novas estratégias para a organização desse território.

(Adaptado de: Pesquisa Fapesp, agosto de 2013. p. 56)

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Quinta Fase Juiz Estadual

"Muitas árvores com madeira de grande valor comercial são fundamentais para a alimentação de diversos animais", diz Queiroz. (Texto I, 2o parágrafo)

A afirmativa transcrita acima deve ser entendida como

a) incentivo à política de exploração sustentável da Amazônia, admitida atualmente como solução para os problemas oriundos do desmatamento.

b) confirmação das possibilidades de restauração das condições da floresta, a partir do replantio de algumas espécies mais valorizadas.

c) justificativa para a preocupação atual, referente à redução de populações de plantas e de animais na região amazônica, em razão da perda de hábitats.

d) proposição de medidas voltadas para a preservação do ambiente, que impedem, dessa maneira, a redução da biodiversidade de toda a vasta região amazônica.

e) orientação no sentido de direcionar a exploração comercial para algumas espécies mais valorizadas, sem prejuízo da alimentação necessária a algumas espécies animais.

Questão 137: FCC - TJ TRT19/TRT 19/Administrativa/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere os textos III e IV.

Texto III

Este caderno de Jorge de Lima bem que se poderia chamar "as impressões dum homem que esteve no cárcere". E são estes poemas mesmo um canto comovido à terra de que ele esteve segregado. E há neles qualquer coisa das surpresas e dos espantos que sofre um homem que tudo via em névoa, ao sair de uma operação de catarata. As cores como que vivem com outra intensidade.

Tudo isso nos versos de Jorge de Lima está contado com muita força e comoção. Da boa e legítima comoção que é a que vem da simplicidade, que é a que sai das fontes mais preciosas do coração. [...]

É vinda de dentro da terra, da vida sentimental do Nordeste, a maior parte dos poemas desse caderno. Quem os escreveu fez como um desterrado que a saudade conduziu ao retorno. E que voltasse com todos os sentidos atacados de fome. E se encontra o Nordeste por toda a parte em seus poemas. [...] É ainda no caráter

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puramente regionalista de sua poesia que se distingue o Sr. Jorge de Lima. Porque o seu regionalismo não é um limite à sua emoção e não tem por outra parte o caráter de partido político daquele que rapazes de S.Paulo oferecem ao país com as insistências de anúncios de remédio. O regionalismo do jovem poeta nordestino é a sua emoção mais que a sua ideologia. O Nordeste não vem em sua poesia como um tema ou uma imposição doutrinária, vem como a expressão lírica de um nordestino evocar a sua terra.

(Nota preliminar a Poemas escolhidos. REGO, José Lins do. in: LIMA, Jorge de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1974, vol. I, p. 140-142)

Texto IV

Já uma vez me afoitei a sugerir esta ideia: a necessidade de reconhecer-se um movimento distintamente nordestino de renovação das letras, das artes, da cultura brasileira − movimento dos nossos dias que, tendo se confundido com a expansão do muito mais opulento "modernismo" paulista-carioca, teve, entretanto, condições próprias − "ecológicas", poderia dizer-se com algum pedantismo − de formação, aparecimento e vida.

Desse "movimento do Nordeste" pode-se acrescentar que foi uma espécie de parente pobre, capaz de dar ao rico valores já quase despercebidos de outras partes do Brasil e necessitados apenas dos novos estímulos vindos do Sul e do estrangeiro para se integrarem no conjunto de riqueza circulante e viva constituída por elementos genuinamente brasileiros, essenciais ao desenvolvimento da nossa cultura em expressão honesta do nosso ethos, da nossa história e da nossa paisagem e em instrumento de nossas aspirações e tendências sociais como povo tanto quanto possível autônomo e criador. [...]

Experiência brasileira não falta a Jorge de Lima: ele é bem do Nordeste. Não lhe falta o contato com a realidade afro-nordestina. E há poemas seus em que os nossos olhos, os nossos ouvidos, o nosso olfato, o nosso paladar se juntam para saborear gostos e cheiros de carne de mulata, de massapê, de resina, de muqueca, de maresia, de sargaço; para sentir cores e formas regionais que dão presença e vida, e não apenas encanto literário, às sugestões das palavras: que parecem lhes dar outras condições de vida além da tecnicamente literária. [...]

Jorge de Lima, um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, [...] põe o estrangeiro que se aproxima da poesia brasileira em contato com uma das nossas maiores riquezas: a interpretação de culturas, entre nós tão livre, ao lado do

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cruzamento de raças. Dois processos através dos quais o Brasil vai-se adoçando numa das comunidades mais genuinamente democráticas e cristãs do nosso tempo.

(Nota preliminar a Poemas negros. FREYRE, Gilberto in: LIMA, Jorge de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1974, v. I, p. 157 e 158)

Atenção: Para responder à questão, considere o poema abaixo.

Banguê

Cadê você meu país do Nordeste que eu não vi nessa Usina Leão de minha terra?

Ah, Usina, você engoliu os banguezinhos do país das Alagoas!

Você é grande, Usina Leão!

Você é forte, Usina Leão!

..................

Onde é que está a alegria das bagaceiras?

O cheiro bom do mel borbulhando nas tachas?

A tropa dos pães de açúcar atraindo arapuás?

Onde é que mugem os meus bois trabalhadores?

Onde é que cantam meus caboclos lambanceiros?

Onde é que dormem de papos para o ar os bebedores de resto de alambique?

E os senhores de espora?

E as sinhás-donas de cocó?

........................

O meu banguezinho era tão diferente,

vestidinho de branco, o chapeuzinho do telhado sobre os olhos, fumando o cigarro do boeiro pra namorar a mata virgem.

Nos domingos tinha missa na capela e depois da missa uma feira danada: a zabumba tirando esmola para as almas; e os cabras de faca de ponta na cintura, a camisa por fora das calças:

"Mão de milho a pataca!"

"Carretel marca Alexandre a doistões!"

Cadê você meu país de banguês com as cantigas da boca da moenda:

"Tomba cana João que eu já tombei!"

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E o eixo de maçaranduba chorando talvez os estragos que a cachaça ia fazer!

.......................

Cadê a sua casa-grande, banguê,

...............

com as suas Donanas alcoviteiras?

Com seus Totôs e seus Pipius corredores de cavalhadas?

E as suas molecas catadoras de piolho, e as suas negras Calus, que sabiam fazer munguzás, manuês, cuscuz, e suas sinhás dengosas amantes dos banhos de rio e de redes de franja larga!

Cadê os nomes de você, banguê?

...........................................

Ah, Usina Leão, você engoliu os banguezinhos do país das Alagoas!

...............................

Glossário − banguê: engenho de açúcar primitivo, movido a força animal.

(LIMA, Jorge de. Poesias Completas. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1974, v. I, p. 161-163)

Retomando as observações constantes dos Textos III e IV, a afirmativa correta sobre Jorge de Lima, a exemplo do poema transcrito, é:

a) Os recursos técnicos de que esse poeta se vale na composição de seus versos o aproximam, na escolha de temas, de autores de outras regiões brasileiras.

b) Sua poesia é demonstração de um regionalismo genuíno, vivenciado pelo poeta em contato com a realidade nordestina, sua história e tradições.

c) A perícia literária desse poeta na arte de fazer versos é, por si só, suficiente para comprovar o valor de sua obra, direcionada para temas que abarcam a realidade brasileira.

d) Sua vivência nos engenhos de açúcar do Nordeste lhe permite uma identificação com os trabalhadores que produziam o açúcar na época colonial.

e) A linguagem familiar e cotidiana empregada pelo poeta diminui o valor literário de seus poemas, apesar da descrição de amplos painéis de costumes nordestinos.

Questão 138: FCC - TJ TRT19/TRT 19/Administrativa/2014

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Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o poema abaixo.

Banguê

Cadê você meu país do Nordeste que eu não vi nessa Usina Leão de minha terra?

Ah, Usina, você engoliu os banguezinhos do país das Alagoas!

Você é grande, Usina Leão!

Você é forte, Usina Leão!

..................

Onde é que está a alegria das bagaceiras?

O cheiro bom do mel borbulhando nas tachas?

A tropa dos pães de açúcar atraindo arapuás?

Onde é que mugem os meus bois trabalhadores?

Onde é que cantam meus caboclos lambanceiros?

Onde é que dormem de papos para o ar os bebedores de resto de alambique?

E os senhores de espora?

E as sinhás-donas de cocó?

........................

O meu banguezinho era tão diferente,

vestidinho de branco, o chapeuzinho do telhado sobre os olhos, fumando o cigarro do boeiro pra namorar a mata virgem.

Nos domingos tinha missa na capela e depois da missa uma feira danada: a zabumba tirando esmola para as almas; e os cabras de faca de ponta na cintura, a camisa por fora das calças:

"Mão de milho a pataca!"

"Carretel marca Alexandre a doistões!"

Cadê você meu país de banguês com as cantigas da boca da moenda:

"Tomba cana João que eu já tombei!"

E o eixo de maçaranduba chorando talvez os estragos que a cachaça ia fazer!

.......................

Cadê a sua casa-grande, banguê,

...............

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com as suas Donanas alcoviteiras?

Com seus Totôs e seus Pipius corredores de cavalhadas?

E as suas molecas catadoras de piolho, e as suas negras Calus, que sabiam fazer munguzás, manuês, cuscuz, e suas sinhás dengosas amantes dos banhos de rio e de redes de franja larga!

Cadê os nomes de você, banguê?

...........................................

Ah, Usina Leão, você engoliu os banguezinhos do país das Alagoas!

...............................

Glossário − banguê: engenho de açúcar primitivo, movido a força animal.

(LIMA, Jorge de. Poesias Completas. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1974, v. I, p. 161-163)

Ficam implícitas no poema as

a) atitudes de desprezo dos senhores de engenho pelas miseráveis condições de vida dos trabalhadores, sujeitos a uma rotina desumana.

b) raízes da miscigenação, como resultado inevitável da convivência diária entre senhores brancos e escravos, na época colonial.

c) bases dos constantes conflitos entre senhores brancos poderosos e trabalhadores em regime de escravidão nos engenhos do país.

d) normas sociais e econômicas que se estabeleceram com base no trabalho desenvolvido nos engenhos de açúcar nordestinos.

e) condições miseráveis em que vive, ainda hoje, boa parte da população brasileira, principalmente em regiões mais afastadas e pobres do país.

Questão 139: FCC - TJ TRT19/TRT 19/Administrativa/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o poema abaixo.

Banguê

Cadê você meu país do Nordeste que eu não vi nessa Usina Leão de minha terra?

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Quinta Fase Juiz Estadual

Ah, Usina, você engoliu os banguezinhos do país das Alagoas!

Você é grande, Usina Leão!

Você é forte, Usina Leão!

..................

Onde é que está a alegria das bagaceiras?

O cheiro bom do mel borbulhando nas tachas?

A tropa dos pães de açúcar atraindo arapuás?

Onde é que mugem os meus bois trabalhadores?

Onde é que cantam meus caboclos lambanceiros?

Onde é que dormem de papos para o ar os bebedores de resto de alambique?

E os senhores de espora?

E as sinhás-donas de cocó?

........................

O meu banguezinho era tão diferente,

vestidinho de branco, o chapeuzinho do telhado sobre os olhos, fumando o cigarro do boeiro pra namorar a mata virgem.

Nos domingos tinha missa na capela e depois da missa uma feira danada: a zabumba tirando esmola para as almas; e os cabras de faca de ponta na cintura, a camisa por fora das calças:

"Mão de milho a pataca!"

"Carretel marca Alexandre a doistões!"

Cadê você meu país de banguês com as cantigas da boca da moenda:

"Tomba cana João que eu já tombei!"

E o eixo de maçaranduba chorando talvez os estragos que a cachaça ia fazer!

.......................

Cadê a sua casa-grande, banguê,

...............

com as suas Donanas alcoviteiras?

Com seus Totôs e seus Pipius corredores de cavalhadas?

E as suas molecas catadoras de piolho, e as suas negras Calus, que sabiam fazer munguzás, manuês, cuscuz, e suas sinhás dengosas amantes dos banhos de rio e de redes de franja larga!

Cadê os nomes de você, banguê?

...........................................

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Ah, Usina Leão, você engoliu os banguezinhos do país das Alagoas!

...............................

Glossário − banguê: engenho de açúcar primitivo, movido a força animal.

(LIMA, Jorge de. Poesias Completas. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1974, v. I, p. 161-163)

O poema alude

a) a elementos de cultura popular e de tradições nordestinas, misturados aos hábitos cotidianos dos pequenos engenhos de açúcar da época colonial.

b) aos pequenos comerciantes brasileiros, na época dos engenhos de açúcar, que vão desaparecendo em razão da interferência de um poder econômico maior.

c) à presença de valores econômicos estrangeiros na região nordeste, restando apenas à sua população, carente de recursos, apegar-se a manifestações religiosas.

d) ao progresso resultante das transformações econômicas e sociais ocorridas em determinada época, a partir de certas influências estrangeiras no Nordeste.

e) ao desenvolvimento regional propiciado pela produção de açúcar no Nordeste, desde o surgimento de pequenos engenhos até sua substituição por grandes usinas.

Questão 140: FCC - AJ TRT19/TRT 19/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O MAQUINISTA empurra a manopla do acelerador. O trem cargueiro começa a avançar pelos vastos e desertos prados do Cazaquistão, deixando para trás a fronteira com a China.

O trem segue mais ou menos o mesmo percurso da lendária Rota da Seda, antigo caminho que ligava a China à Europa e era usado para o transporte de especiarias, pedras preciosas e, evidentemente, seda, até cair em desuso, seis séculos atrás.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Hoje, a rota está sendo retomada para transportar uma carga igualmente preciosa: laptops e acessórios de informática fabricados na China e enviados por trem expresso para Londres, Paris, Berlim e Roma.

A Rota da Seda nunca foi uma rota única, mas sim uma teia de caminhos trilhados por caravanas de camelos e cavalos a partir de 120 a.C., quando Xi'an − cidade do centro-oeste chinês, mais conhecida por seus guerreiros de terracota − era a capital da China.

As caravanas começavam cruzando os desertos do oeste da China, viajavam por cordilheiras que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central até o mar Cáspio e além.

Esses caminhos floresceram durante os primórdios da Idade Média. Mas, à medida que a navegação marítima se expandiu e que o centro político da China se deslocou para Pequim, a atividade econômica do país migrou na direção da costa.

Hoje, a geografia econômica está mudando outra vez. Os custos trabalhistas nas cidades do leste da China dispararam na última década. Por isso as indústrias estão transferindo sua produção para o interior do país.

O envio de produtos por caminhão das fábricas do interior para os portos de Shenzhen ou Xangai − e de lá por navios que contornam a Índia e cruzam o canal de Suez − é algo que leva cinco semanas. O trem da Rota da Seda reduz esse tempo para três semanas. A rota marítima ainda é mais barata do que o trem, mas o custo do tempo agregado por mar é considerável.

Inicialmente, a experiência foi realizada nos meses de verão, mas agora algumas empresas planejam usar o frete ferroviário no próximo inverno boreal. Para isso adotam complexas providências para proteger a carga das temperaturas que podem atingir 40 °C negativos.

(Adaptado de: www1.folhauol.com.br/FSP/newyorktimes/122473)

Depreende-se corretamente do texto:

a) A lendária Rota da Seda foi abandonada porque as caravanas de camelos e cavalos tinham dificuldade de enfrentar o frio extremo da região.

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b) A expansão da navegação marítima colaborou para que, no passado, a atividade comercial da China migrasse na direção da costa.

c) O frete ferroviário deve ser substituído pelo transporte marítimo no inverno, já que a carga a ser transportada pode ser danificada pelas baixas temperaturas.

d) A partir da retomada da Rota da Seda, as fábricas chinesas voltaram a exportar quantidades significativas de especiarias.

e) A navegação chinesa se expandiu e o transporte marítimo atingiu o seu auge durante a época em que Xi’an era a capital da China.

Questão 141: FCC - AJ TRT19/TRT 19/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O MAQUINISTA empurra a manopla do acelerador. O trem cargueiro começa a avançar pelos vastos e desertos prados do Cazaquistão, deixando para trás a fronteira com a China.

O trem segue mais ou menos o mesmo percurso da lendária Rota da Seda, antigo caminho que ligava a China à Europa e era usado para o transporte de especiarias, pedras preciosas e, evidentemente, seda, até cair em desuso, seis séculos atrás.

Hoje, a rota está sendo retomada para transportar uma carga igualmente preciosa: laptops e acessórios de informática fabricados na China e enviados por trem expresso para Londres, Paris, Berlim e Roma.

A Rota da Seda nunca foi uma rota única, mas sim uma teia de caminhos trilhados por caravanas de camelos e cavalos a partir de 120 a.C., quando Xi'an − cidade do centro-oeste chinês, mais conhecida por seus guerreiros de terracota − era a capital da China.

As caravanas começavam cruzando os desertos do oeste da China, viajavam por cordilheiras que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central até o mar Cáspio e além.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Esses caminhos floresceram durante os primórdios da Idade Média. Mas, à medida que a navegação marítima se expandiu e que o centro político da China se deslocou para Pequim, a atividade econômica do país migrou na direção da costa.

Hoje, a geografia econômica está mudando outra vez. Os custos trabalhistas nas cidades do leste da China dispararam na última década. Por isso as indústrias estão transferindo sua produção para o interior do país.

O envio de produtos por caminhão das fábricas do interior para os portos de Shenzhen ou Xangai − e de lá por navios que contornam a Índia e cruzam o canal de Suez − é algo que leva cinco semanas. O trem da Rota da Seda reduz esse tempo para três semanas. A rota marítima ainda é mais barata do que o trem, mas o custo do tempo agregado por mar é considerável.

Inicialmente, a experiência foi realizada nos meses de verão, mas agora algumas empresas planejam usar o frete ferroviário no próximo inverno boreal. Para isso adotam complexas providências para proteger a carga das temperaturas que podem atingir 40 °C negativos.

(Adaptado de: www1.folhauol.com.br/FSP/newyorktimes/122473)

Está gramaticalmente correta a redação desse livre comentário sobre o assunto tratado no texto:

a) Preocupam os fornecedores chineses o longo tempo que se leva para transportar por via marítima os produtos que chegam das fábricas do interior aos portos de Xangai.

b) Há seis séculos, transportava-se, com esforço e perdas humanas, especiarias, seda e pedras preciosas pelos caminhos da Rota da Seda.

c) À medida que se desenvolvia a navegação no país, as rotas comerciais que floresceram na China durante a Idade Média iam sendo abandonadas.

d) Em tempos passados, para se chegar da China ao mar Cáspio, percorria-se as poucas, povoadas, estepes da Ásia Central a cavalo ou camelo.

e) Os centros político e financeiro da China deslocaram-se para Pequim no final da Idade Média, fazendo com que a atividade econômica os acompanhassem, seguindo em direção a costa.

Questão 142: FCC - AJ TRT19/TRT 19/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

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Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o trecho da entrevista abaixo.

De que forma o conhecimento da cultura renascentista pode auxiliar no entendimento do presente?

A história da cultura renascentista ilustra com clareza o processo de construção cultural do homem moderno e da sociedade contemporânea. Nela se manifestam, já muito dinâmicos e predominantes, os germes do individualismo, do racionalismo e da ambição ilimitada, típicos de comportamentos mais imperativos e representativos do nosso tempo. Ela consagra a vitória da razão abstrata, que é a instância suprema de toda a cultura moderna, versada no rigor das matemáticas que passarão a reger os sistemas de controle do tempo e do espaço. Será essa mesma razão abstrata que estará presente na própria constituição da chamada identidade nacional. Ela é a nova versão do poder dominante e será consubstanciada no Estado Moderno, entidade controladora e disciplinadora por excelência, que impõe à sociedade um padrão único, monolítico e intransigente. Isso, contraditoriamente, fará brotar um anseio de liberdade e autonomia do espírito, certamente o mais belo legado do Renascimento à atualidade.

Como explicar a pujança do Renascimento, surgido em continuidade à miséria, à opressão e ao obscurantismo do período medieval?

O Renascimento assinala o florescimento de um longo processo de produção, circulação e acumulação de recursos econômicos, desencadeado desde a Baixa Idade Média. São os excedentes dessa atividade crescente em progressão maciça que serão utilizados para financiar, manter e estimular uma ativação econômica. Surge assim a sociedade dos mercadores, organizada por princípios como a liberdade de iniciativas, a cobiça e a potencialidade do homem, compreendido como senhor da natureza, destinado a dominá-la e a submetê-la à sua vontade. O Renascimento, portanto, é a emanação da riqueza e seus maiores compromissos serão para com ela.

(Adaptado de: SEVCENKO, Nicolau. O renascimento. São Paulo: Atual; Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1982. p. 2 e 3)

Assinala-se no texto

a) a primazia do poder controlador do Estado Moderno sobre o pensamento abstrato na Baixa Idade Média, contra a qual o homem renascentista se mobilizou.

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b) a oposição entre o caráter disciplinador do Estado Moderno e o anseio de liberdade e autonomia do espírito.

c) a legitimação do individualismo, elemento fundador da cultura moderna, cuja consequência foi a constituição de uma identidade nacional.

d) um juízo de valor em relação à ambição ilimitada do homem renascentista, a qual dificultou o avanço das ciências exatas.

e) o egocentrismo e a cobiça do homem renascentista, cujos resíduos negativos podem ser percebidos nos dias atuais.

Questão 143: FCC - AJ TRT19/TRT 19/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Falo somente do que falo:

do seco e de suas paisagens,

Nordestes, debaixo de um sol

ali do mais quente vinagre:

que reduz tudo ao espinhaço,

cresta o simplesmente folhagem,

folha prolixa, folharada,

onde possa esconder-se a fraude.

Falo somente por quem falo:

por quem existe nesses climas

condicionados pelo sol,

pelo gavião e outras rapinas:

e onde estão os solos inertes

de tantas condições caatinga

em que só cabe cultivar

o que é sinônimo da míngua

Falo somente para quem falo:

quem padece sono de morto

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e precisa um despertador

acre, como o sol sobre o olho:

que é quando o sol é estridente,

a contrapelo, imperioso,

e bate nas pálpebras como

se bate numa porta a socos.

(Trecho de “Graciliano Ramos”. João Cabral de Melo Neto. Melhores poemas de João Cabral de Melo Neto. SECCHIN, Antonio Carlos (Sel.), São Paulo: Global, 2013, formato ebook)

Afirma-se corretamente:

a) No poema, considera-se o sol a causa da escassez da folhagem.

b) O elemento grifado em como se bate numa porta a socos indica uma causa.

c) Alguns dos adjetivos que caracterizam o sol no poema são inerte, estridente, imperioso.

d) Critica-se no poema a inércia daqueles que não se esforçam para cultivar o solo.

e) O segmento nesses climas condicionados pelo sol pode ser reescrito do seguinte modo: "nesses climas em que o sol os condiciona".

Questão 144: FCC - AJ TRT12/TRT 12/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

MAQUINOMEM

O homem esposou a máquina

e gerou um híbrido estranho:

um cronômetro no peito

e um dínamo no crânio.

As hemácias de seu sangue

são redondos algarismos.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Crescem cactos estatísticos

em seus abstratos jardins.

Exato planejamento,

a vida do maquinomem.

Trepidam as engrenagens

no esforço das realizações.

Em seu íntimo ignorado,

há uma estranha prisioneira,

cujos gritos estremecem

a metálica estrutura;

há reflexos flamejantes

de uma luz imponderável

que perturbam a frieza

do blindado maquinomem.

Helena Kolody

Percebe-se no poema

I. sugestão de que a junção do homem com a máquina, o maquinomem, acaba por gerar um ser desprovido de qualquer sensibilidade.

II. apologia à eficiência do híbrido homem-máquina.

III. enaltecimento à mecanização do trabalho humano.

IV. crítica à ideia de que o homem possa pensar e reagir tal qual uma máquina.

Atende ao enunciado APENAS o que consta em

a) I e IV.

b) IV.

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Quinta Fase Juiz Estadual

c) II e III.

d) II.

e) I.

Questão 145: FCC - TJ TRT12/TRT 12/Administrativa/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Um ano de ausência

A porta aberta, você dava logo de cara com um azulejo na parede: “Aqui mora um solteiro feliz”. Uma pitada de humor com um toque popular. Essa graça espontânea que a tudo dá gosto. Do contrário, a vida é só enfado e mormaço. Era de fato um solitário. Precisava de ser só. Nisso, sua personalidade era feita de uma peça só. Incapaz de simulação, ou até, em certos casos, de uma ponta de hipocrisia que se debita à polidez social.

Nunca vi solitário de porta tão aberta. Nesse sentido, falando de Minas, do tempo em que lá viveu, observava o recato, a quase avareza com que os mineiros tratam o forasteiro. Talvez por isso nunca se esqueceu de um almoço em Caeté, que lhe deu uma página antológica do ponto de vista das duas artes − a culinária e a literária. Sendo de um temperamento encolhido, sobretudo na mocidade, gostava desse clima de intimidade que cria laços de confiança e amizade para sempre.

À primeira vista, ou de longe, parecia, sim, o que os franceses chamam de um urso. Sempre metido consigo mesmo, fabricava o seu próprio mel. Espécie de ruminante, que se alimentava da matula que traz de nascença. Fugia da cilada sentimental, ou da emoção, pelo atalho do senso de humor. Sabia manejar a lâmina da ironia, nunca a usava a seco. Sempre compensada por uma tirada de forte teor humano. Horror ao pedantismo, à afetação. Não impostava a voz, nem a pena.

Talvez tivesse qualquer coisa de bicho, esse homem sensível à beleza fugaz deste mundo. Na sua relação com a natureza, não havia intermediação de ordem intelectual. O coração da vida pulsava no seu coração. Era um ser livre e lírico. Seu claro olhar de sabedoria espiava o Brasil com algum tédio. País sem jeito, que trata mal as crianças e os pobres. O sentimento de justiça sem apelo ideológico. Muito antes do modismo conservacionista, pleiteou a causa do macaco carvoeiro e de

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todo e qualquer ser ameaçado. Tinha uma disponibilidade fundamental para ver e escrever. Um senhor poeta, o cronista Rubem Braga.

(Adaptado de: Otto Lara Resende. Bom dia para nascer: crônicas publicadas na

Folha de S.Paulo. São Paulo: Cia. das Letras, 2011, p. 259 e 260)

Rubem Braga é caracterizado pelo autor como um

a) poeta que acabou se tornando cronista, o que fez com que seu lirismo e sensibilidade dessem lugar à ironia dirigida contra a sociedade e à recusa a agir de acordo com as normas e convenções sociais.

b) homem tímido e solitário, que não abria mão da franqueza sob o pretexto de guardar as conveniências, e ao mesmo tempo uma pessoa acolhedora e capaz de amizades duradouras, sendo ainda grande amante da natureza.

c) homem que nasceu em Minas Gerais e detestava os mineiros e um brasileiro que não gostava do Brasil, aspectos de sua personalidade que Otto Lara Resende lamenta, por mais que pudessem ter origem em justas preocupações.

d) verdadeiro urso, a ponto de viver isolado dos homens, preocupado apenas com a natureza e com a preservação do meio ambiente, tornando-se o grande inspirador do movimento conservacionista no Brasil.

e) homem extremamente engraçado, a ponto de fazer piada da própria solidão, mas que se deixava levar por momentos de tristeza e abatimento ao experimentar uma de suas diversas desilusões amorosas.

Questão 146: FCC - AJ TRT12/TRT 12/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

bem no fundo

no fundo, no fundo,

bem lá no fundo,

a gente gostaria

de ver nossos problemas

resolvidos por decreto

a partir desta data,

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Quinta Fase Juiz Estadual

aquela mágoa sem remédio

é considerada nula

e sobre ela − silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso

maldito seja quem olhar pra trás,

lá pra trás não há nada,

e nada mais

mas problemas não se resolvem,

problemas têm família grande,

e aos domingos saem todos passear

o problema, sua senhora

e outros pequenos probleminhas

(Paulo Leminski, Toda Poesia, São Paulo, Cia. das Letras, 2013. p. 195)

Atente para o que se afirma abaixo.

I. Depreende-se do poema que é preciso mais do que apenas nosso desejo para a resolução de dificuldades.

II. Segundo o texto, o remorso deve ser evitado, bastando, para tanto, que não se evoque o passado a todo o momento.

III. Infere-se do texto que as mágoas podem desaparecer na medida em que não forem cultivadas.

Está correto o que se afirma APENAS em:

a) I e III.

b) I e II.

c) II e III.

d) I.

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e) II.

Questão 147: FCC - AJ TRT12/TRT 12/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

A primeira vez que vi o Paulo [Leminski] foi na entrega dos prêmios de um concurso de poesia em Curitiba. Todos os poemas premiados eram lidos por seus autores e o dele foi o único que me disse algo de inovador e contundente. Uma dicção tão original deve ter ultrapassado a capacidade de apreciação do júri, na época, mas aquele poema de construção impecável não poderia passar em branco. Assim, aquele que merecia o primeiro lugar levou apenas uma menção honrosa. O tempo haveria de corrigir esse equívoco, já que os primeiros lugares daquele concurso não estão em nenhum lugar especial hoje, bem diferente dele.

Os livros de Paulo são diferentes entre si, mas têm a mesma marca de sua escrita poética. Raízes na poesia concreta e na síntese, na experimentação e no coloquial. O mesmo compromisso com duas coisas aparentemente excludentes: a inovação e o afã de comunicar, de dizer. Um dizer repleto da consciência da necessidade do silêncio. Talvez por essas e outras razões sua poesia continue tão atual e converse com o futuro.

(Adaptado da apresentação de Alice Ruiz, em Paulo Leminski, Toda Poesia. São Paulo, Cia. das Letras, 2013. p. 7-11)

Afirma-se corretamente sobre o texto:

a) Para a autora, a originalidade de Paulo Leminski obstruiu a capacidade de comunicação do poeta, o que, no entanto, não enfraquece sua obra.

b) A autora atribui ao caráter ininteligível de Paulo Leminski o motivo de o poeta ter sido ignorado pelo júri do concurso.

c) O tempo transcorrido entre a época do concurso e o momento atual serviu para colocar Paulo Leminski no mesmo patamar dos autores premiados.

d) O equívoco mencionado pela autora refere-se ao fato de Paulo Leminski não ter ficado com o primeiro lugar no concurso citado.

e) Segundo a autora, a diversidade encontrada nos livros de Paulo Leminski faz com que sua obra seja ainda hoje considerada hermética e destinada ao futuro.

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Questão 148: FCC - TJ TRT12/TRT 12/Administrativa/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Sucesso renovado

A previsão inicial de movimentar um público de 45 mil espectadores foi superada pelo FEMUSC − 8º Festival de Música de Santa Catarina. Na avaliação final realizada pela organização, chegou-se ao total de 50 mil e 100 pessoas durante os 13 dias de realização do evento (20 de janeiro a 2 de fevereiro) nos palcos fixos da programação, no Centro Cultural de Jaraguá do Sul, e nos espaços alternativos.

Para o diretor executivo do Instituto FEMUSC, o resultado não chega a surpreender. “Estamos satisfeitos com a resposta do público, que este ano lotou todas as noites dos concertos, nos teatros da Sociedade Cultura Artística, mas também marcou presença em outros ambientes do Centro Cultural”, assinala.

Para o próximo, a organização já prevê mudanças no sentido de oferecer maior comodidade ao público, seguindo uma evolução natural do Festival. Estas inovações serão discutidas ao longo do desenvolvimento da nona edição, cuja data de realização já foi definida para o período de 19 de janeiro a 1º de fevereiro de 2014 − as inscrições para as turmas de alunos serão abertas no dia 15 de agosto deste ano.

(Adaptado de: Ronaldo Corrêa, 07/02/2013, disponível em www.femusc.com.br/2013/02/07/sucesso-renovado/)

A afirmação que está de acordo com o que informa o texto é:

a) O 8º Festival de Música de Santa Catarina teve um público muito maior do que aquele inicialmente esperado pelos organizadores do evento, que foram pegos de surpresa.

b) O 8º Festival de Música de Santa Catarina transcorreu sem surpresas, pois o público foi exatamente aquele que era esperado pelos organizadores do evento.

c) As mudanças previstas para o próximo Festival de Música de Santa Catarina, que já estão em discussão, incluem grande aumento do público presente nos concertos.

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d) O 8º Festival de Música de Santa Catarina teve um público maior do que aquele esperado pelos organizadores, fato que, entretanto, não foi capaz de surpreendê- los.

e) A 8ª edição do Festival de Música de Santa Catarina foi marcada por reclamações relacionadas à comodidade do público presente nos concertos.

Questão 149: FCC - TJ TRT12/TRT 12/Administrativa/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O estilo é o modo particular com que um compositor organiza suas concepções e fala a linguagem de sua arte. Essa linguagem musical é o elemento comum a compositores de uma determinada escola ou época. Certamente as fisionomias musicais de Mozart e Haydn são bem conhecidas, e esses compositores estão obviamente vinculados um ao outro, embora seja fácil aos que estão familiarizados com a linguagem do período distingui-los.

A indumentária que a moda prescreve aos indivíduos de uma mesma geração impõe a seus usuários um modelo especial de gestos e uma determinada postura que são condicionados pelo corte das roupas. Da mesma maneira, a indumentária musical utilizada por uma época deixa sua marca na linguagem e, em sentido figurado, no gestual dessa música, assim como na atitude do compositor em relação ao material sonoro. Esses elementos são fatores imediatos na massa de detalhes que nos ajudam a determinar como se formam o estilo e a linguagem musical.

O que se denomina estilo de uma época resulta de uma combinação de estilos individuais, uma combinação dominada pelos métodos dos compositores que exerceram influência preponderante em seu tempo.

Podemos notar, voltando ao exemplo de Mozart e Haydn, que eles se beneficiaram da mesma cultura, beberam nas mesmas fontes, e aproveitaram as descobertas um do outro. Cada um deles, entretanto, efetua um milagre totalmente pessoal.

(Adaptado de: Igor Stravinsky. Poética musical em 6 lições.

Trad. de Luiz Paulo Horta. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. p. 70)

De acordo com o texto,

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a) o estilo de um compositor, sem deixar de ser original, está intimamente ligado ao estilo da época em que viveu, que por sua vez é constituído pela reunião dos estilos individuais dos principais compositores do período.

b) a produção de compositores contemporâneos pode ser tão semelhante que se torna difícil, mesmo para os especialistas, diferenciar o que foi criado por um grande compositor e o que foi criado por um compositor menor do mesmo período.

c) Haydn e Mozart só teriam se tornado grandes compositores por terem sido beneficiados pela riqueza cultural do período em que viveram, o que é comprovado pela presença na música de ambos das mesmas fontes que os teriam inspirado.

d) o estilo de época impõe-se indistintamente a todos os compositores de um determinado período, e independe da vontade de cada um deles o fato de, por um verdadeiro milagre, encontrarmos em sua música marcas pessoais e intransferíveis.

e) a composição musical de cada época está inextricavelmente ligada à produção da moda do mesmo período, o que faz com que as duas artes, a indumentária e a musical, não possam ser compreendidas uma sem a outra.

Questão 150: FCC - TJ TRT12/TRT 12/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Por mais que se queira, não se consegue fugir ao tema que o secretário-geral da ONU chamou durante a conferência Rio+20, em junho, de "exaustão do sistema econômico e social planetário" − 868 milhões de pessoas que passam fome todos os dias, 1,3 bilhão vivendo abaixo da linha da pobreza, população total de 7 bilhões avançando para 9 bilhões até meados do século, recursos naturais usados em ritmo superior à reposição, "crise de finitude de recursos", impasse na produção de alimentos. Como produzir para mais 2 bilhões de pessoas no atual quadro?

Um dos documentos mais contundentes, divulgado em Nairobi (Quênia) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), diz que "os sustentáculos da segurança alimentar e da biodiversidade no mundo estão sendo minados". É urgente, por isso, incluir na agricultura e no seu planejamento os serviços prestados pela natureza para avaliar a situação em cada lugar.

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Esse documento avalia a situação nas áreas da sobrepesca, do uso insustentável da água, das práticas agrícolas que degradam o ambiente e propõe novos caminhos − como a estocagem de alimentos de pequenos produtores (para eliminar desperdícios), o uso restrito de fertilizantes e pesticidas, a redução da mecanização. Tudo é fundamental, diz o Pnuma, já que a agricultura provê 90% do consumo mundial de calorias, e a pesca, os outros 10%. Mas, na primeira, a competição pelo uso da água na irrigação, a perda da biodiversidade (com consequências na erosão e desertificação) e os desastres climáticos estão levando a situações insustentáveis. Na pesca, 55% dos estoques estão "plenamente explorados", e parte deles já se encontra esgotada. Os hábitats costeiros de espécies, recifes de corais e mangues já se reduziram quase à metade. O aquecimento e a acidificação das águas são causas importantes. Também nas culturas em áreas continentais os problemas são graves.

As recomendações incluem ainda a eliminação dos subsídios à pesca e a criação de impostos pesados para a pesca irregular; na agricultura, a redução de fertilizantes, a proibição do desmatamento e várias práticas para a conservação do solo, da diversidade biológica e da microfauna associada à fertilidade nas culturas.

(Adaptado de: Washington Novaes. O Estado de S. Paulo, A2, 2 de novembro de 2012)

De acordo com o texto, a questão que finaliza o 1º parágrafo

a) fica sem uma resposta adequada, no que se refere à necessidade de ofertar produtos naturais que sejam suficientes para nutrir uma população prevista de 9 bilhões de pessoas.

b) tem uma resposta nas propostas apresentadas no documento do Pnuma, no sentido de evitar a deterioração do meio ambiente e garantir uma contínua oferta de alimentos em todo o mundo.

c) leva à constatação de que, apesar da exploração insustentável da natureza, superando a capacidade de reposição de seus recursos, será possível alimentar um enorme contingente populacional.

d) justifica plenamente a proposta do secretário-geral da ONU para propiciar o aumento da produção de alimentos, buscando eliminar a fome de milhões de pessoas em todo o mundo.

e) indica que a questão da oferta de alimentos, tanto atual quanto no futuro, tem sido tratada com certo exagero por algumas autoridades, que já puseram em prática medidas de preservação ambiental.

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Questão 151: FCC - TJ TRT9/TRT 9/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

Paulo Leminski foi um escritor múltiplo: além de poeta, traduzia (indo de Petrônio a James Joyce) e escrevia ensaios (concentrados nos dois volumes de Anseios crípticos), artigos e romances, e também letras de música. Nascido em Curitiba, no Paraná, em 1944, numa família em que o pai, de origem polaca, era militar, e a mãe, de origem negra, era filha de um militar, estudou para ser monge beneditino no Colégio São Bento, em São Paulo, onde chegou a escrever um livro sobre a ordem. No entanto, acabou seguindo o caminho da poesia − em meio à agitação cultural e política dos anos 1960 e 1970.

No final da década de 70 e durante todos os anos 80, considerava que os grandes poetas estavam na música popular brasileira. Assim, era amigo de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Walter Franco e Jorge Mautner, entre outros. Associado à diversão tropicalista ou pós-tropicalista, no entanto, seu tom de melancolia era patente tanto nos poemas quanto nos textos em prosa. Numa homenagem aos 80 anos de Edgard Braga, escreveu: “Poeta que todos querem ser, se chegarmos até lá”. Consciência de que não chegaria lá.

Entre seus maiores amigos, estavam também os irmãos Haroldo e Augusto de Campos e Décio Pignatari. O poeta paranaense conheceu esse grupo de poetas em 1963, na Semana Nacional de Poesia de Vanguarda. Em seguida, publicaria, em dois exemplares da revista Invenção, alguns poemas, misturando, segundo a apresentação de Décio Pignatari, “a pesquisa concreta da linguagem com um sentido oswaldiano de humor”. Além disso, Leminski quis, à sua maneira, dialogar com os concretos, com seu ousado Catatau, um romance experimental na linha de Ulisses, de James Joyce, e Galáxias, de Haroldo de Campos. Para Haroldo, Leminski é o nome mais representativo “de uma certa geração”, “dono de uma experiência poética de vida extraordinária, mescla de Rimbaud e monge beneditino”.

(Adaptado de André Dick. Paulo Leminski e a flor ausente. www.cronopios.com.br/site/ensaios.asp?id=4027, 06/06/2009)

Do desenvolvimento do texto, é correto afirmar que,

a) na obra de Paulo Leminski, muito variada quanto à forma, há espaço para a melancolia e o humor.

b) devido à imposição da família, Paulo Leminski estudou para monge sem que tivesse a menor vocação.

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c) em seu livro Catatau, Leminski pretendeu fazer uma paródia do livro Galáxias, de Haroldo de Campos.

d) nas décadas de 70 e 80, a melancolia de Leminski limitava sua admiração pela euforia tropicalista.

e) ao longo da vida, Leminski só fez amigos entre poetas e escritores, e nenhum entre os monges beneditinos.

Questão 152: FCC - AJ TRT15/TRT 15/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: O texto abaixo refere-se à questão.

Toda crítica envolve uma militância, alertou o teórico francês Christian Metz em A significação do cinema. Toda crítica esconde camadas de subjetividade por baixo do seu manto solene de objetividade. De quando em quando, todo crítico é acometido por algum tipo de cegueira analítica: ora são afetos e relações pessoais que podem flexibilizar o rigor dos textos, ora são idealizações materializadas em artistas que se tornam a mais fiel tradução da própria militância.

O fato é que amo a crítica. Trabalhei durante muitos anos no jornalismo cultural e, por quase uma década, chefiei uma equipe de críticos atuando nas mais diferentes manifestações artísticas. Acredito piamente que o processo da arte só se realiza em sua plenitude no olhar erudito do crítico, que vai contextualizar determinada obra na história da humanidade, deslindando preciosidades estéticas, temáticas e filosóficas que, em muitos casos, passam despercebidas até mesmo para os próprios criadores.

Acho sinceramente que a crítica é um espaço de resistência fundamental nessa massacrante indústria cultural que tanto nos sufoca. Por mais que admire e respeite quem a exerce, nunca me arrisquei por esse caminho, com exceção de um breve período em minha juventude. Há diferentes tipos de crítico, mas sempre me interessei por aqueles que enveredam pelo ensaísmo. Não gosto, porém, de textos que transbordam de tanto entusiasmo diante de uma "obra-prima" nem dos cruelmente destrutivos, sem um único aceno de generosidade. Vale a advertência de Robert Bresson: "Não há louvação ou crítica demolidora que não parta de um equívoco".

(Evaldo Mocarzel. Bravo!, 187, março de 2013, p. 35, excerto)

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O autor acentua a importância do crítico ao

a) reconhecer, com a afirmativa de que passam despercebidas até mesmo para os próprios criadores, que nem sempre as inovações características de certas obras podem ser adequadamente apontadas e analisadas sob um ponto de vista crítico.

b) criar a imagem referente à qualidade dessa atuação − por baixo do seu manto solene de objetividade −, que expõe claramente a erudição indispensável a quem se dispõe a analisar a produção artística de diferentes autores, em qualquer época e lugar.

c) declarar que chefiou uma equipe de críticos atuando nas mais diferentes manifestações artísticas, o que lhe assegura não só a primazia no exercício dessa função, mas também o equilíbrio resultante do conhecimento acumulado durante todo esse tempo.

d) empregar o verbo deslindar − deslindando preciosidades estéticas, temáticas e filosóficas − que poderia ser corretamente substituído por outros verbos, comopesquisar, investigar ou esquadrinhar, sem prejuízo para o sentido original nem alteração da organização da frase.

e) apresentar seu testemunho com a frase Por mais que admire e respeite quem a exerce, que permaneceria correta, sem qualquer alteração, se o segmento sublinhado fosse substituído por: que valorize e demonstre consideração.

Questão 153: FCC - TJ TRT15/TRT 15/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Com alguma surpresa de quem me escuta, desde há algum tempo venho a dizer que cada vez me interessa menos falar de literatura. Pode parecer isto uma provocação, a atitude do escritor que, para se tornar mais interessante, lança declarações inesperadas e gratuitas. E não é assim. A verdade é que duvido mesmo que se possa falar de literatura como duvido, com mais razões, que se possa falar de pintura ou que se possa falar de música. É claro que se pode falar de tudo, como se fala dos sentimentos e emoções, seria absurdo pretender reduzir ao silêncio aqueles que escrevem, ou aqueles que leem, ou aqueles que sentem, ou aqueles que compõem música ou que pintam ou que esculpem, como se a obra em si mesma já contivesse tudo quanto é possível dizer e que tudo o que vem depois não fosse mais do que interminável glosa. Não é isso. Acontece, no entanto, que por vezes experimento o desejo de limitar-me a uma muda contemplação diante de uma obra acabada, pela consciência que tenho de que, de certa maneira, nos domínios da arte e da literatura estamos lidando com aquilo a que damos o nome de inefável. [...]

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Quero dizer, não obstante, que antes de começar a escrever sustentava como uma evidência palmária (por outro lado nada original) que somos herdeiros de um tempo, de uma cultura e que, para usar um símile que algumas vezes empreguei, vejo a humanidade como se fosse o mar. Imaginemos por um momento que estamos numa praia: o mar está ali, e continuamente aproxima-se em ondas sucessivas que chegam à costa. Pois bem, essas ondas, que avançam e não poderiam mover-se sem o mar que está por detrás delas, trazem uma pequena franja de espuma que avança em direção à praia onde vão acabar. Penso, continuando a usar esta metáfora marítima, que somos nós a espuma que é transportada nessa onda, essa onda é impelida pelo mar que é o tempo, todo o tempo que ficou atrás, todo o tempo vivido que nos leva e nos empurra. Convertidos numa apoteose de luz e de cor entre o espaço e o mar, somos, os seres humanos, essa espuma branca brilhante, cintilante, que tem uma breve vida, que despede um breve fulgor, gerações e gerações que se vão sucedendo umas às outras transportadas pelo mar que é o tempo. E a história, onde fica? Sem dúvida a história preocupa-me, embora seja mais certo dizer que o que realmente me preocupa é o Passado, e sobretudo o destino da onda que se quebra na praia, a humanidade empurrada pelo tempo e que ao tempo sempre regressa, levando consigo, no refluxo, uma partitura, um quadro, um livro ou uma revolução. Por isso prefiro falar mais de vida do que de literatura, sem esquecer que a literatura está na vida e que sempre teremos perante nós a ambição de fazer da literatura vida.

(SARAMAGO, José. Da estátua à pedra. Belém: ed. ufpa; Lisboa: Fundação José Saramago, 2013. p. 25-27)

No 1o parágrafo, o autor deixa claro que

a) sempre é possível aos artistas, em qualquer área de criação, expor novas ideias e sentimentos em suas obras, pois nenhuma delas deve ser vista como algo completo e definitivamente acabado.

b) vem se decepcionando com a superficialidade de certas obras de arte, não só as que compõem a literatura, pois seus autores se mostram incapazes de revelar os verdadeiros sentimentos humanos.

c) a criação artística, à semelhança dos sentimentos humanos, supera qualquer tentativa de análise, cabendo, no mais das vezes, uma atitude contemplativa diante de algo por si indescritível.

d) é possível qualificar com precisão uma obra de arte considerando sua originalidade ou beleza, qualquer que seja a modalidade escolhida por seus autores para manifestar suas ideias.

e) as verdadeiras obras de arte, principalmente as que compõem a literatura, somente serão assim consideradas, se conseguirem esgotar tudo aquilo que se possa dizer sobre a vida humana.

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Questão 154: FCC - TJ TRT16/TRT 16/Administrativa/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Introduzido no Brasil nos primeiros anos de vida republicana, o velho e bretão football foi apropriado por toda a sociedade e, sendo rebatizado no Brasil como “futebol”, virou uma paixão nacional e um acontecimento festejado e amado pelo povo.

Embora tivesse a chancela colonial de tudo o que vinha de fora, o futebol sofreu muitos ataques em nome de um nacionalismo que se pensava frágil como porcelana. E, no entanto, canibalizamos e digerimos o “football”, roubando-o dos ingleses. Hoje, há um estilo brasileiro de jogar e produzir esse esporte. De elemento capaz de desvirtuar, ao lado da música e do cinema americanos, o estilo de vida e a língua pátria, o futebol acabou servindo como um instrumento básico de reflexão sobre o Brasil. O sucesso futebolístico foi o nosso primeiro instrumento de autoestima diante dos países “adiantados” e inatingíveis.

Como prova do imprevisível destino das coisas sociais, o futebol não veio confirmar a dominação colonial. Pelo contrário, ele nos fez colonizadores.

A relação entre povo e futebol tem sido tão profunda e produtiva por aqui, que muitos brasileiros se esquecem de que o futebol foi inventado na Inglaterra e pensam que ele é, como o samba e a feijoada, um produto brasileiro. Provavelmente, conforme muitos têm acentuado, porque é uma atividade que indubitavelmente promove sentimentos básicos de identidade individual e coletiva entre nós.

Talvez o futebol possa ser tudo isso porque ele é um esporte dotado de uma vocação complexa que permite entendê- lo e vivê-lo simultaneamente de muitos pontos de vista. Assim, embora o futebol seja uma atividade moderna, um espetáculo pago, produzido e realizado por profissionais da indústria cultural, ele, não obstante, também orquestra componentes cívicos básicos, identidades sociais importantes, valores culturais profundos e gostos individuais singulares. O seu maior papel foi o de ensinar democracia. Foi o de revelar com todas as letras que não se ganha sempre e que o mundo é instável como uma bola. Perder e vencer, ensina o futebol, fazem parte de uma mesma moeda.

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(Adaptado de DAMATTA, Roberto. Trechos dos ensaios “O futebol como filosofia” e “

Antropologia do óbvio”. Disponíveis em estadao.com.br e usp.br/revistausp. Acesso em 10/05/2014)

O segmento em que se apresenta uma das razões pelas quais o futebol já foi alvo de ataques por parte da sociedade é:

a) ... instrumento de autoestima diante dos países “adiantados” e inatingíveis. (2º parágrafo)

b) ... ele nos fez colonizadores. (3º parágrafo)

c) ... um espetáculo pago... (5º parágrafo)

d) Embora tivesse a chancela colonial de tudo o que vinha de fora... (2º parágrafo)

e) ... um nacionalismo que se pensava frágil como porcelana. (2º parágrafo)

Questão 155: FCC - AJ TRT16/TRT 16/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Distorção negligenciada

Embora poucas vezes mencionadas nos debates sobre desigualdades, as doenças negligenciadas demonstram com perfeição a necessidade de haver mecanismos capazes de corrigir distorções globais.

Em entrevista a esta Folha, Eric Stobbaerts, diretor − executivo da Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês), lembrou que tais enfermidades ameaçam uma em cada seis pessoas do planeta; não obstante, entre 2000 e 2011, apenas 4% dos 850 novos medicamentos aprovados no mundo tratavam dessas moléstias.

As listas de moléstias variam de acordo com a agência que tenta capitanear sua causa. Têm em comum o fato de serem endêmicas em regiões pobres da África, da Ásia e das Américas. Nem sempre fatais, são bastante debilitantes.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Estão nesse grupo, por ordem de prevalência, helmintíase, esquistossomose, filariose, tracoma, oncocercose, leishmaniose, doença de Chagas e hanseníase. As três últimas e a esquistossomose são as mais relevantes para o Brasil.

A maioria desses distúrbios pode ser prevenida e conta com tratamentos efetivos pelo menos para a fase aguda, mas, por razões econômicas e políticas, eles nem sempre chegam a quem precisa.

Há, além disso, uma dificuldade relativa à ciência. Algumas das terapias disponíveis já têm quatro ou cinco décadas de existência. Investimentos em pesquisa poderiam levar a estratégias de prevenção e cura mais efetivas. Como essas doenças não são rentáveis, porém, os grandes laboratórios raras vezes se interessam por esse nicho.

Organizações como a DNDi e outras procuram preencher as lacunas. A situação tem melhorado, mas os avanços são insuficientes.

Seria sem dúvida ingenuidade esperar que a indústria farmacêutica se entregasse de corpo e alma à resolução do problema. Seu compromisso primordial é com seus acionistas − e essa é a regra do jogo. Isso não significa, contudo, que não possam fazer parte do esforço.

O desejo de manter boas relações públicas combinado com uma política de estímulos governamentais pode produzir grandes resultados. Também seria desejável envolver com maior intensidade universidades e laboratórios públicos (onde os há, como é o caso do Brasil).

Mais de 1 bilhão de humanos ainda sofrem, em pleno século 21, com doenças cujo controle é não só possível, mas também relativamente barato − eis um fato que depõe contra o atual estágio de nossa organização global.

(Folha de S. Paulo. Opinião. p. A3, 14/03/2014)

No processo argumentativo adotado no edital,

a) o segmento Embora poucas vezes mencionadas nos debates sobre desigualdades exprime ideia em relação tal de antinomia com o restante da frase, que desqualifica a alegação de que as doenças negligenciadas falam a favor da correção de distorções globais.

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Quinta Fase Juiz Estadual

b) a caracterização destacada em demonstram com perfeição evidencia que, numa escala de valores, as doenças negligenciadas ocupam alto nível no que se refere à exposição da necessidade de haver mecanismos capazes de corrigir distorções globais.

c) a oferta da informação (DNDi, na sigla em inglês) deve ser atribuída à necessidade do jornalista de angariar credibilidade para a organização, confiabilidade de que depende, sobretudo, o grau de convencimento do leitor deste texto.

d) o fato de que tais enfermidades ameaçam uma em cada seis pessoas do planeta é apontado como causa próxima de que, entre 2000 e 2011, apenas 4% dos 850 novos medicamentos aprovados no mundo tratavam dessas moléstias.

e) o título − Distorção negligenciada − , tirando proveito da expressão doenças negligenciadas, tem a função restrita de qualificar o que se tem na frase inicial do texto: o fato de essas doenças serem poucas vezes mencionadas nos debates sobre desigualdades.

Questão 156: FCC - AJ TRT16/TRT 16/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Distorção negligenciada

Embora poucas vezes mencionadas nos debates sobre desigualdades, as doenças negligenciadas demonstram com perfeição a necessidade de haver mecanismos capazes de corrigir distorções globais.

Em entrevista a esta Folha, Eric Stobbaerts, diretor − executivo da Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês), lembrou que tais enfermidades ameaçam uma em cada seis pessoas do planeta; não obstante, entre 2000 e 2011, apenas 4% dos 850 novos medicamentos aprovados no mundo tratavam dessas moléstias.

As listas de moléstias variam de acordo com a agência que tenta capitanear sua causa. Têm em comum o fato de serem endêmicas em regiões pobres da África, da Ásia e das Américas. Nem sempre fatais, são bastante debilitantes.

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Estão nesse grupo, por ordem de prevalência, helmintíase, esquistossomose, filariose, tracoma, oncocercose, leishmaniose, doença de Chagas e hanseníase. As três últimas e a esquistossomose são as mais relevantes para o Brasil.

A maioria desses distúrbios pode ser prevenida e conta com tratamentos efetivos pelo menos para a fase aguda, mas, por razões econômicas e políticas, eles nem sempre chegam a quem precisa.

Há, além disso, uma dificuldade relativa à ciência. Algumas das terapias disponíveis já têm quatro ou cinco décadas de existência. Investimentos em pesquisa poderiam levar a estratégias de prevenção e cura mais efetivas. Como essas doenças não são rentáveis, porém, os grandes laboratórios raras vezes se interessam por esse nicho.

Organizações como a DNDi e outras procuram preencher as lacunas. A situação tem melhorado, mas os avanços são insuficientes.

Seria sem dúvida ingenuidade esperar que a indústria farmacêutica se entregasse de corpo e alma à resolução do problema. Seu compromisso primordial é com seus acionistas − e essa é a regra do jogo. Isso não significa, contudo, que não possam fazer parte do esforço.

O desejo de manter boas relações públicas combinado com uma política de estímulos governamentais pode produzir grandes resultados. Também seria desejável envolver com maior intensidade universidades e laboratórios públicos (onde os há, como é o caso do Brasil).

Mais de 1 bilhão de humanos ainda sofrem, em pleno século 21, com doenças cujo controle é não só possível, mas também relativamente barato − eis um fato que depõe contra o atual estágio de nossa organização global.

(Folha de S. Paulo. Opinião. p. A3, 14/03/2014)

O texto abona o seguinte comentário:

a) (linha 7) Na frase Nem sempre fatais, são bastante debilitantes, em que se apresenta o perfil das doenças negligenciadas, indicam-se dois relevantes traços possíveis de sua constituição.

b) (linha 10) A frase A maioria desses distúrbios [...] conta com tratamentos efetivos é passível de ser transposta para a voz passiva.

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c) (linha 9) Infere-se corretamente que o desafio do Brasil é enfrentar tanto a prevenção, quanto a cura de quatro das doenças negligenciadas, visto que não há ocorrências das demais em solo brasileiro.

d) (linha 10) O comentário pelo menos para a fase aguda constitui uma restrição, assim como é restritiva a expressão A maioria desses distúrbios, mas, no contexto, esses limites estão associados a avanços, ainda que nem sempre garantidos.

e) (linha 10) A correlação entre pode ser prevenida e conta com tratamentos efetivos evidencia, por meio das formas verbais, a incoerência, respectivamente, entre as possibilidades técnicas e as ações levadas a efeito.

Questão 157: FCC - AJ TRT16/TRT 16/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto de Barbosa e Rabaça.

Leia com atenção o verbete abaixo, transcrito do Dicionário de comunicação, e as assertivas que o seguem.

Responsabilidade social

• (mk,rp) Adoção, por parte da empresa ou de qualquer instituição, de políticas e práticas organizacionais socialmente responsáveis, por meio de valores e exemplos que influenciam os diversos segmentos das comunidades impactadas por essas ações. O conceito de esponsabilidade social fundamenta-se no compromisso de uma organização dentro de um ecossistema, onde sua participação é muito maior do que gerar empregos, impostos e lucros. Seu objetivo básico é atuar no meio ambiente de forma absolutamente responsável e ética, inter-relacionando-se com o equilíbrio ecológico, com o desenvolvimento econômico e com o equilíbrio social. Do ponto de vista mercadológico, a responsabilidade social procura harmonizar as expectativas dos diferentes segmentos ligados à empresa: consumidores, empregados, fornecedores, redes de venda e distribuição, acionistas e coletividade. Do ponto de vista ético, a organização que exerce sua responsabilidade social procura respeitar e cuidar da comunidade, melhorar a qualidade de vida, modificar atitudes e comportamentos através da educação e da cultura, conservar a vitalidade da terra e a biodiversidade, gerar uma consciência nacional para integrar desenvolvimento e conservação, ou seja, promover o desenvolvimento sustentável, o bem-estar e a qualidade de vida. Diz-se tb. responsabilidade social corporativa ou RSC. V. ecossistema social, ética corporativa, empresa cidadã e marketing social.

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Quinta Fase Juiz Estadual

(BARBOSA, Gustavo e RABAÇA, Carlos Alberto. 2.ed. rev. e atualizada.

Rio de Janeiro: Elsevier, 2001 − 10a reimpressão, p. 639-40)

I. Para que o leitor leigo tenha acesso adequado a todas as informações que o texto acima disponibiliza, basta que, após a sua leitura, cumpra as remissões indicadas; são remissões indicadas as que estão expressas nos segmentos iniciados por Diz-se tb. e V.

II. Para o entendimento do verbete deste dicionário especializado, contrariamente ao que ocorre com os verbetes dos dicionários da língua portuguesa, é imprescindível que o leitor se aproprie de todas as convenções utilizadas na obra; neste caso, que saiba que "mk" significa "marketing" e que "rp" significa "relações públicas".

III. O verbete, neste dicionário especializado, é aberto por uma expressão; a sinonímia, igualmente assentada em expressão, é relevante nessa estrutura de vocabulário técnico.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I.

b) II.

c) III.

d) I e II.

e) II e III.

Questão 158: FCC - AJ TRT16/TRT 16/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo:

Da utilidade dos prefácios

Li outro dia em algum lugar que os prefácios são textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador é convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questão. Garantido o tom elogioso, o prefácio ainda aponta características evidentes do texto que virá, que o leitor poderia ter muito prazer

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em descobrir sozinho. Nos casos mais graves, o prefácio adianta elementos da história a ser narrada (quando se trata de ficção), ou antecipa estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os argumentos de base a serem desenvolvidos (quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o prefácio seria um estraga-prazeres.

Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada aos prefácios e prefaciadores, embora concorde que muitas vezes ela proceda − o que não justifica a generalização devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que li, a melhor coisa era o prefácio − fosse pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas do que as expostas no texto principal. Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra, ficando claro que o restante é desnecessário. E ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas como argumento final vou glosar uma observação de Machado de Assis: quando o prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a vantagem de ser bem mais curto.

Há muito tempo me deparei com o prefácio que um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a moça como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás, além de grande escritora era também linda). Não havia dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas qualidades para os poemas da moça que o prefácio acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginação de um grande gênio poético.

(Aderbal Siqueira Justo, inédito)

O primeiro e o segundo parágrafos estabelecem entre si uma relação de

a) causa e efeito, uma vez que das convicções expressas no primeiro resultam, como consequência natural, as expostas no segundo.

b) de complementaridade, pois o que se afirma no segundo ajuda a compreender a mesma tese defendida e desenvolvida no primeiro.

c) inteira independência, pois o tema do primeiro não se espelha no segundo, já que o autor do texto quer apenas enumerar diferentes estilos.

d) contraposição, pois a perspectiva de valor adotada no primeiro é confrontada com outra que a relativiza e nega no segundo.

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e) similitude, pois são ligeiras as variações do argumento central que ambos sustentam em relação à utilidade e à necessidade dos prefácios.

Questão 159: FCC - AJ TRT16/TRT 16/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo:

Da utilidade dos prefácios

Li outro dia em algum lugar que os prefácios são textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador é convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questão. Garantido o tom elogioso, o prefácio ainda aponta características evidentes do texto que virá, que o leitor poderia ter muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais graves, o prefácio adianta elementos da história a ser narrada (quando se trata de ficção), ou antecipa estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os argumentos de base a serem desenvolvidos (quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o prefácio seria um estraga-prazeres.

Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada aos prefácios e prefaciadores, embora concorde que muitas vezes ela proceda − o que não justifica a generalização devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que li, a melhor coisa era o prefácio − fosse pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas do que as expostas no texto principal. Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra, ficando claro que o restante é desnecessário. E ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas como argumento final vou glosar uma observação de Machado de Assis: quando o prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a vantagem de ser bem mais curto.

Há muito tempo me deparei com o prefácio que um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a moça como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás, além de grande escritora era também linda). Não havia dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas qualidades para

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os poemas da moça que o prefácio acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginação de um grande gênio poético.

(Aderbal Siqueira Justo, inédito)

Considere as afirmações abaixo.

I. No primeiro parágrafo, a assertiva o prefácio seria um estraga-prazeres traduz o efeito imediato da causa indicada na assertiva os prefácios são textos inúteis.

II. No segundo parágrafo, o autor afirma que vai de encontro à tese defendida no primeiro porque pode ocorrer que um prefácio represente a parte melhor de um livro.

III. No terceiro parágrafo, o autor se vale de uma ocorrência real para demonstrar que o gênio inventivo de escritores iniciantes propicia prefácios igualmente criativos.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em

a) I.

b) II.

c) III.

d) I e II.

e) II e III.

Questão 160: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Se um cachorro “pensa” ou não, “tem consciência” ou não, isso depende da definição escolhida. Algumas pessoas não atribuirão “consciência” a criatura alguma que não seja capaz de abstrair um conceito geral com base em fatos particulares e, a partir daí, aplicar o aparato da lógica formal de modo a fazer inferências para além desses fatos. Outros conferem “consciência” a criaturas que reconhecem seus parentes consanguíneos e se recordam de locais prévios relacionados a situações de perigo ou de prazer. Pelo primeiro critério, os cães não

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têm consciência; pelo segundo, têm. Mas os cães permanecem sendo cães e sentindo aquilo que sentem, sem levar em consideração os rótulos escolhidos por nós.

No contexto dos esforços internacionais para conservar a biodiversidade, essa questão assume uma importância central, uma vez que o argumento clássico sobre os motivos pelos quais uma criatura supostamente decente e moral como o Homo sapiens pode maltratar e até mesmo exterminar outras espécies se assenta sobre uma posição extrema num continuum. A tradição cartesiana, formulada explicitamente no século XVII, mas presente, sem dúvida, numa forma “popular” ou em outras versões, ao longo de toda história humana, sustenta que os outros animais são pouco mais que máquinas desprovidas de sentimentos e que apenas os homens gozam de “consciência”, não importa como ela seja definida. Nas versões radicais dessa teoria, até mesmo a dor e o sofrimento manifestos de outros mamíferos (tão palpáveis para nós, e da maneira mais visceral, uma vez que as expressões vocais e faciais desses parentes evolutivos próximos são semelhantes às nossas próprias reações aos mesmos estímulos) nada mais sinalizam do que uma resposta automática sem nenhuma representação interna em termos de sentimento − porque os outros animais não têm consciência alguma. Assim, levando adiante esse argumento, poderíamos nos preocupar com a extinção em função de outras razões, mas não em virtude de alguma espécie de dor ou sofrimento associado a essas mortes inevitáveis.

Não acredito que muitas pessoas sustentem nos dias de hoje uma versão tão forte da posição cartesiana, mas a tradição de se considerar os animais “inferiores” como “menos capazes de sentir” certamente persiste como um paliativo que ajuda a justificar nossa rapacidade − do mesmo modo como os nossos ancestrais racistas argumentavam que os “insensíveis” índios eram incapazes de experimentar alguma forma de dor conceitual ou filosófica pela perda de seu ambiente ou modo de vida (desde que os territórios reservados suprissem suas necessidades corporais de alimento e segurança), e que os “primitivos” africanos não lamentariam a terra natal e a família abandonadas à força uma vez que a escravidão lhes assegurasse a sobrevivência do ponto de vista físico.

(Adaptado de: Stephen Jay Gould. A montanha de moluscos de

Leonardo da Vinci. Trad. de Rejane Rubino. S.Paulo: Cia. das Letras, 2003. p.465-6)

Para o autor do texto,

a) o argumento de que os animais não sofrem do mesmo modo que os homens é um pretexto para o exercício da avidez humana.

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b) a defesa da biodiversidade não pode ter como base a questão da consciência dos animais, já que não há consenso sobre essa questão.

c) o modo como vivem os homens no mundo contemporâneo faz com que sejam inevitáveis as mortes dos animais.

d) a discussão sobre o nível de consciência que pode ser atingido pelos cães é inteiramente inócua, pois nunca chegaremos a um consenso.

e) os mamíferos, que em tantos aspectos assemelham- se aos homens, devem ser colocados numa escala muito superior aos outros animais.

Questão 161: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Em 8 de outubro de 2010 a terra tremeu como jamais se havia visto em Mara Rosa, cidade com 10 mil habitantes no norte de Goiás. Passava um pouco das 5 da tarde daquela sexta-feira e as pessoas se preparavam para o fim de semana quando o chão balançou tão intensamente a ponto de se tornar difícil ficar em pé. Menos de um minuto mais tarde, os reflexos desse terremoto de magnitude 5, um dos mais fortes registrados no país nos últimos 30 anos, haviam percorrido 250 quilômetros e alcançado Brasília, onde alguns prédios chegaram a ser desocupados.

Nas semanas seguintes, Lucas Barros, chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), e sua equipe instalaram sismógrafos em Mara Rosa e nos municípios vizinhos. Em seis meses, outros 800 sismos, menos intensos, ocorreram ali e ajudaram a determinar a causa direta do desassossego da terra naquela região. Bem abaixo de Mara Rosa, a uns três quilômetros de profundidade, há uma extensa rachadura na crosta terrestre, a camada mais rígida e externa do planeta. E, ao longo dessa fratura que se estende por cinco quilômetros, as rochas haviam se deslocado, fazendo a terra tremer.

A identificação dessa fratura não chegou a surpreender o grupo da UnB. Mara Rosa e outros municípios do norte de Goiás e do sul de Tocantins se encontram em uma região geologicamente instável: a zona sísmica Goiás-Tocantins, que concentra 10% dos terremotos do Brasil. Parte dos geólogos atribui a elevada frequência de tremores nessa área − uma das nove zonas sísmicas delimitadas no país − à proximidade com o Lineamento Transbrasiliano, uma extensa cicatriz na crosta terrestre que cruza o Brasil e, do outro lado do Atlântico, continua na África.

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Mas nem todos concordam. Muitas vezes a localização dos tremores não coincide com a desse conjunto de falhas e, em certos trechos dele, nunca se detectaram tremores.

(Adaptado de Igor Zolnerkvic e Ricardo Zorzeto. Disponível em:

www.revista.pesquisa.fapesp.br/2013/05/14/por-que-aterratreme- no-brasil/. Acesso em 24/07/2013)

Depreende-se corretamente do texto:

a) Estudiosos ainda divergem quanto às causas da incidência de terremotos em municípios de Goiás.

b) As consequências da alta incidência de terremotos em municípios de Goiás preocupam os geólogos.

c) Em razão de sua magnitude, os terremotos que atingem Goiás têm força suficiente para se propagarem até o outro lado do Atlântico.

d) A identificação de uma rachadura na crosta terrestre, provável causa de um terremoto que atingiu Goiás, causou espanto entre os pesquisadores.

e) Em 2010, pega desprevenida, a cidade de Mara Rosa teve de ser desocupada em função de um terremoto fortíssimo.

Questão 162: FCC - AJ TRT18/TRT 18/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Pintor e desenhista, Van Gogh compôs um dos mais renomados conjuntos de obras de arte do acervo da história das artes plásticas mundiais.

Influenciou, direta ou indiretamente, a produção de sucessivas gerações de artistas, e, em razão da tragicidade de sua existência, tornou-se um modelo, uma espécie de paradigma de personalidade artística criadora.

De vida interior intensa e conturbada, a ele foi impossível uma existência regular, dentro de padrões. Em sua atividade artística, tardia e extraordinariamente breve (quando morreu, contava apenas 37 anos de idade), Van Gogh encontrou somente a frustração e a indiferença entre seus contemporâneos. Suas telas, se não eram

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destruídas ou vilipendiadas, eram guardadas em porões e depósitos como qualquer entulho.

Triste ironia, considerando-se que hoje acompanhamos pelos noticiários internacionais os leilões de suas obras, arrematadas por colecionadores do mundo todo a preços vultosos.

Dele, como artista, ou mesmo de sua obra, já não se deve falar, visto que ingressaram, indiscutivelmente, no rol dos inquestionáveis tesouros humanos. No entanto, no interior mesmo do mundo objetivo da cultura, ao qual sua pintura se integra, seu legado poderia ser utilizado, como modelo ou premissa, para a análise de inúmeras questões − sociais ou estéticas − que envolvem a arte contemporaneamente.

(Adaptado de João Werner. Ensaios sobre arte e estética. Formato ebook)

No texto, considera-se irônico o fato de

a) Van Gogh ter tido uma vida tão breve e, ao mesmo tempo, produção artística tão profícua.

b) as obras de Van Gogh terem sido menosprezadas no passado e hoje possuírem valor elevado.

c) Van Gogh ter tido vida interior muito rica e, mesmo assim, ter vivido fora dos desejados padrões sociais.

d) não se poder falar da obra de Van Gogh, por esta ter atingido o que se entende por ápice e estar acima de todas as críticas.

e) Van Gogh ter sido desprezado pelos seus conterrâneos e, ainda assim, ter influenciado sucessivas gerações de artistas.

Questão 163: FCC - AJ TRT13/TRT 13/Apoio Especializado/Arquivologia/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

O caldo cultural do Nordeste, particularmente do sertão, foi primordial na formação do paraibano Ariano Suassuna. A infância passada no sertão familiarizou o futuro escritor e dramaturgo com temas e formas de expressão artística que mais tarde viriam a influenciar o seu universo ficcional, como a literatura de cordel e o

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maracatu rural. Não só histórias e casos narrados foram aproveitados para o processo de criação de suas peças e romances, mas também todas as formas da narrativa oral e da poesia sertaneja foram assimiladas e reelaboradas por Suassuna. Suas obras se caracterizam justamente por isso, pelo domínio dos ritmos da poética popular nordestina.

Com apenas 19 anos, Suassuna ligou-se a um grupo de jovens escritores e artistas. As atividades que o grupo desenvolveu apontavam para três direções: levar o teatro ao povo por meio de apresentações em praças públicas, instaurar entre os componentes do conjunto uma problemática teatral e estimular a criação de uma literatura dramática de raízes fincadas na realidade brasileira, particularmente na nordestina.

No final do século XIX, surgiu no Nordeste a chamadaliteratura de cordel. A primeira publicação de folheto no Nordeste, historicamente comprovada, aconteceu em 1870.

O nome cordel originou-se do fato de os folhetos serem expostos em cordões, quando vendidos nas feiras livres. O principal nome do cordel foi Leandro Gomes de Barros, considerado por Ariano Suassuna “o mais genial de todos os poetas do romanceiro popular do Nordeste”.

A peça Auto da Compadecida, de Suassuna, é uma releitura do folclore nordestino em linguagem teatral moderna. O enredo da peça é um trabalho de montagem e moldagem baseado em uma tradição muito antiga, que remonta aos autos medievais e mais diretamente a inúmeros autores populares que se dedicaram ao gênero do cordel.

As apropriações de Suassuna tanto do folheto nordestino quanto de outras fontes literárias são possíveis porque a palavra imitação, usada por Suassuna, remete-nos ao conceito aristotélico de mimesis, cujo significado não representa apenas uma repetição à semelhança de algo, uma cópia, mas a representação de uma realidade. Suassuna já fez diversos elogios da imitação como ato de criação e costuma dizer que boa parte da obra de Shakespeare vem da recriação de histórias mais antigas.

Recontar uma história alheia, para o cordelista e para o dramaturgo popular, é torná-la sua, porque existe na cultura popular a noção de que a história, uma vez contada, torna-se patrimônio universal e transfere-se para o domínio público. Autoral é apenas a forma textual dada à história por cada um que a reescreve.

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Quinta Fase Juiz Estadual

(Adaptado de FOLCH, Luiza. Disponível em: www.omarrare.uerj.br/numero15. Acesso em 17/05/2014)

Depreende-se do contexto que o autor lança mão do conceito de “mimesis” para

a) explicitar que, em sua obra, Suassuna se apropria da literatura sertaneja, reelaborando-a com um estilo próprio.

b) enaltecer a erudição de autores como Suassuna, capazes de revelar a essência de uma realidade por meio da literatura de cordel.

c) diferenciar o plágio do processo por meio do qual se parte de uma forma artística já existente para parodiá-la, como fez Shakespeare.

d) sugerir que Suassuna valoriza autores do romanceiro nacional que, diferentemente de Shakespeare, foram consagrados pelo gosto popular.

e) retratar a obra de Suassuna como pertencente a um modelo literário propenso a ser reproduzido em simulacros do folclore nacional.

Questão 164: FCC - AJ TRT1/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Os direitos “nossos” e os “deles”

Não é incomum que julguemos o que chamamos “nossos” direitos superiores aos direitos do “outro”. Tanto no nível mais pessoal das relações como nos fatos sociais costuma ocorrer essa discrepância, com as consequências de sempre: soluções injustas.

Durante um júri, em que defendia um escravo que havia matado o seu senhor, Luís Gama (1830 - 1882), advogado, jornalista e escritor mestiço, abolicionista que chegou a ser escravo por alguns anos, proferiu uma frase que se tornou célebre, numa sessão de julgamento: "O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa". A frase causou tumulto e acabou por suspender a sessão do júri, despertando tremenda polêmica à época. Na verdade, continua provocando.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Dissesse alguém isso hoje, em alguma circunstância análoga, seria aplaudido por uns e acusado por outros de demonizar o “proprietário”. Como se vê, também a demonização tem duas mãos: os partidários de quem subjuga acabam por demonizar a reação do subjugado. Tais fatos e tais polêmicas, sobre tais direitos, nem deveriam existir, mas existem; será que terão fim?

O grande pensador e militante italiano Antonio Gramsci (1891-1937), que passou muitos anos na prisão por conta de suas ideias socialistas, propunha, em algum lugar de sua obra, que diante do dilema de uma escolha nossa conduta subsequente deve se reger pela avaliação objetiva das circunstâncias para então responder à seguinte pergunta: “Quem sofre?” Para Gramsci, o sofrimento humano é um parâmetro que não se pode perder de vista na avaliação das decisões pessoais ou políticas.

(Abelardo Trancoso, inédito)

A afirmação de que “a demonização tem duas mãos”, no 3o parágrafo, justifica-se quando

a) a reação do subjugado é desproporcional em relação ao ato de quem o subjugou.

b) a violência de quem subjuga aproveita-se da extrema fragilidade de quem é subjugado.

c) nem quem subjuga, nem quem é subjugado é inteiramente culpado pelos excessos de seus atos.

d) tanto o subjugado como quem subjuga são censurados por ações dadas como indefensáveis.

e) ambos os envolvidos num delito se acusam mutuamente, ainda que não tenham razão para fazê-lo.

Questão 165: FCC - AJ TRT1/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Os direitos “nossos” e os “deles”

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Quinta Fase Juiz Estadual

Não é incomum que julguemos o que chamamos “nossos” direitos superiores aos direitos do “outro”. Tanto no nível mais pessoal das relações como nos fatos sociais costuma ocorrer essa discrepância, com as consequências de sempre: soluções injustas.

Durante um júri, em que defendia um escravo que havia matado o seu senhor, Luís Gama (1830 - 1882), advogado, jornalista e escritor mestiço, abolicionista que chegou a ser escravo por alguns anos, proferiu uma frase que se tornou célebre, numa sessão de julgamento: "O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa". A frase causou tumulto e acabou por suspender a sessão do júri, despertando tremenda polêmica à época. Na verdade, continua provocando.

Dissesse alguém isso hoje, em alguma circunstância análoga, seria aplaudido por uns e acusado por outros de demonizar o “proprietário”. Como se vê, também a demonização tem duas mãos: os partidários de quem subjuga acabam por demonizar a reação do subjugado. Tais fatos e tais polêmicas, sobre tais direitos, nem deveriam existir, mas existem; será que terão fim?

O grande pensador e militante italiano Antonio Gramsci (1891-1937), que passou muitos anos na prisão por conta de suas ideias socialistas, propunha, em algum lugar de sua obra, que diante do dilema de uma escolha nossa conduta subsequente deve se reger pela avaliação objetiva das circunstâncias para então responder à seguinte pergunta: “Quem sofre?” Para Gramsci, o sofrimento humano é um parâmetro que não se pode perder de vista na avaliação das decisões pessoais ou políticas.

(Abelardo Trancoso, inédito)

No último parágrafo, deve-se entender que a preocupação de Antonio Gramsci implica, na iminência de uma decisão difícil,

a) promover uma análise objetiva que leve em conta o padecimento de quem será afetado pela decisão.

b) aceitar a existência de um fator emocional, mas ainda assim adotar o critério mais pragmático possível.

c) suspender a análise objetiva da ocorrência e levar em conta tão somente os impulsos pessoais.

d) considerar inocente aquele que fez sofrer motivado por uma intenção politicamente justa.

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e) absolver quem se arrepende de seus atos, tendo já passado pelo sofrimento da culpa e da penitência.

Questão 166: FCC - AJ TRT1/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

A cultura brasileira em tempos de utopia

Durante os anos 1950 e 1960 a cultura e as artes brasileiras expressaram as utopias e os projetos políticos que marcaram o debate nacional. Na década de 1950, emergiu a valorização da cultura popular, que tentava conciliar aspectos da tradição com temas e formas de expressão modernas.

No cinema, por exemplo, Nelson Pereira dos Santos, nos seus filmes Rio, 40 graus (1955) e Rio, zona norte (1957) mostrava a fotogenia das classes populares, denunciando a exclusão social. Na literatura, Guimarães Rosa publicou Grande sertão: veredas (1956) e João Cabral de Melo Neto escreveu o poema Morte e vida Severina − ambos assimilando traços da linguagem popular do sertanejo, submetida ao rigor estético da literatura erudita.

Na música popular, a Bossa Nova, lançada em 1959 por Tom Jobim e João Gilberto, entre outros, inspirava-se no jazz, rejeitando a música passional e a interpretação dramática que se dava aos sambas-canções e aos boleros que dominavam as rádios brasileiras. A Bossa Nova apontava para o despojamento das letras das canções, dos arranjos instrumentais e da vocalização, para melhor expressar o “Brasil moderno”.

Já a primeira metade da década de 1960 foi marcada pelo encontro entre a vida cultural e a luta pelas Reformas de Base. Já não se tratava mais de buscar apenas uma expressão moderna, mas de pontuar os dilemas brasileiros e denunciar o subdesenvolvimento do país. Organizava-se, assim, a cultura engajada de esquerda, em torno do Movimento de Cultura Popular do Recife e do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), num processo que culminaria no Cinema Novo e na canção engajada, base da moderna música popular brasileira, a MPB.

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(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos e VILLAÇA, Mariana. História para o ensino médio. São Paulo: Atual, 2013, p. 738)

Busca-se demonstrar no texto que, ao longo das décadas de 1950 e 1960,

a) a cultura nacional foi marcada pela decisiva influência de correntes de pensamento que dominavam os países mais desenvolvidos.

b) as diversas artes, sobretudo as mais populares, forneceram os temas que passaram a nortear os debates políticos no país.

c) o traço dominante da cultura brasileira foi a supremacia de projetos de vanguarda artística, que predominaram sobre os de arte popular.

d) a preocupação dos artistas de todos os gêneros foi expressar sua revolta contra o estágio de subdesenvolvimento em que se encontrava o país.

e) a idealização de valores e projetos políticos marcaram diferentes iniciativas culturais do país, em vários tipos de expressão artística.

Questão 167: FCC - AJ TRT1/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

A cultura brasileira em tempos de utopia

Durante os anos 1950 e 1960 a cultura e as artes brasileiras expressaram as utopias e os projetos políticos que marcaram o debate nacional. Na década de 1950, emergiu a valorização da cultura popular, que tentava conciliar aspectos da tradição com temas e formas de expressão modernas.

No cinema, por exemplo, Nelson Pereira dos Santos, nos seus filmes Rio, 40 graus (1955) e Rio, zona norte (1957) mostrava a fotogenia das classes populares, denunciando a exclusão social. Na literatura, Guimarães Rosa publicou Grande sertão: veredas (1956) e João Cabral de Melo Neto escreveu o poema Morte e vida Severina − ambos assimilando traços da linguagem popular do sertanejo, submetida ao rigor estético da literatura erudita.

Na música popular, a Bossa Nova, lançada em 1959 por Tom Jobim e João Gilberto, entre outros, inspirava-se no jazz, rejeitando a música passional e a interpretação

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dramática que se dava aos sambas-canções e aos boleros que dominavam as rádios brasileiras. A Bossa Nova apontava para o despojamento das letras das canções, dos arranjos instrumentais e da vocalização, para melhor expressar o “Brasil moderno”.

Já a primeira metade da década de 1960 foi marcada pelo encontro entre a vida cultural e a luta pelas Reformas de Base. Já não se tratava mais de buscar apenas uma expressão moderna, mas de pontuar os dilemas brasileiros e denunciar o subdesenvolvimento do país. Organizava-se, assim, a cultura engajada de esquerda, em torno do Movimento de Cultura Popular do Recife e do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), num processo que culminaria no Cinema Novo e na canção engajada, base da moderna música popular brasileira, a MPB.

(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos e VILLAÇA, Mariana. História para o ensino médio. São Paulo: Atual, 2013, p. 738)

O segmento do texto em que se assinala uma confluência entre tendências estéticas geralmente consideradas incompatíveis é:

a) aspectos da tradição com temas e formas de expressão moderna.

b) Nelson Pereira dos Santos (...) mostrava a fotogenia das classes populares.

c) a Bossa Nova (...) inspirava-se no jazz.

d) a Bossa Nova apontava para o despojamento das letras das canções.

e) pontuar os dilemas brasileiros e denunciar o subdesenvolvimento do país.

Questão 168: FCC - AJ TRT1/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Novas fronteiras do mundo globalizado

Apesar do desenvolvimento espetacular das tecnologias, não devemos imaginar que vivemos em um mundo sem fronteiras, como se o espaço estivesse definitivamente superado pela velocidade do tempo. Seria mais correto dizer que a modernidade, ao romper com a geografia tradicional, cria novos limites. Se a

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diferença entre o “Primeiro” e o “Terceiro” mundo é diluída, outras surgem no interior deste último, agrupando ou excluindo as pessoas.

Nossa contemporaneidade faz do próximo o distante, separando-nos daquilo que nos cerca, ao nos avizinhar de lugares remotos. Neste caso, não seria o outro aquilo que o “nós” gostaria de excluir? Como o islamismo (associado à noção de irracionalidade), ou os espaços de pobreza (África, setores de países em desenvolvimento), que apesar de muitas vezes próximos se afastam dos ideais cultivados pela modernidade.

(Adaptado de: ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 220)

O posicionamento do autor do texto diante do mundo globalizado está caracterizado

a) pela dimensão da euforia com que ele reconhece as altas conquistas que a tecnologia está proporcionando a nós todos.

b) pelo ressentimento que evidencia ao avaliar as funestas consequências que decorrerão do progresso das ciências naturais.

c) pela convicção de que o reconhecido progresso trazido pelas tecnologias tem o lado sombrio da exclusão social que ele implica.

d) pela rejeição que alimenta em relação àqueles que veem na marcha da globalização um amplo processo de exclusão.

e) pelo tom peremptório com que defende, objetivamente, as definitivas conquistas já advindas do processo de globalização.

Questão 169: FCC - TJ TRT1/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Sobre a educação

A escola deve desenvolver nos indivíduos as qualidades e capacidades que são valiosas para o bem-estar da comunidade. Isso não significa, porém, que a individualidade deva ser destruída e que o indivíduo deva tornar-se um mero

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instrumento da comunidade como uma abelha ou uma formiga. Pois uma comunidade de indivíduos padronizados, sem originalidade pessoal e objetivos pessoais, seria uma comunidade medíocre, sem possibilidade de desenvolvimento. Ao contrário, o objetivo deve ser a formação de indivíduos capazes de ação e pensamento independentes, que, no entanto, vejam no serviço à comunidade seu mais importante problema vital.

Antes de mais nada, é preciso definir bem o papel do educador. Ponha-se nas mãos do professor o menor número possível de medidas coercitivas, de tal modo que suas qualidades humanas e intelectuais sejam a única fonte de respeito que ele possa inspirar no aluno.

(Adaptado de: EINSTEIN, Albert. Escritos da maturidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994, p. 38)

Considere as seguintes afirmações:

I. A formação escolar do indivíduo deve potenciar seus valores pessoais, já que é a partir da valorização deles que ele pode melhor servir à comunidade.

II. A organização funcional das abelhas e das formigas deve servir como inspiração inicial para a criação e o funcionamento de um eficaz sistema educacional.

III. De todos os meios a que pode recorrer um professor para obter o respeito de seus alunos, o mais eficaz é o de manter consigo o controle das iniciativas.

Em relação ao texto está correto APENAS o que se afirma em

a) I.

b) II.

c) III.

d) I e II.

e) II e III.

Questão 170: FCC - TJ TRT1/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da Informação/2014

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Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.

Sobre a educação

A escola deve desenvolver nos indivíduos as qualidades e capacidades que são valiosas para o bem-estar da comunidade. Isso não significa, porém, que a individualidade deva ser destruída e que o indivíduo deva tornar-se um mero instrumento da comunidade como uma abelha ou uma formiga. Pois uma comunidade de indivíduos padronizados, sem originalidade pessoal e objetivos pessoais, seria uma comunidade medíocre, sem possibilidade de desenvolvimento. Ao contrário, o objetivo deve ser a formação de indivíduos capazes de ação e pensamento independentes, que, no entanto, vejam no serviço à comunidade seu mais importante problema vital.

Antes de mais nada, é preciso definir bem o papel do educador. Ponha-se nas mãos do professor o menor número possível de medidas coercitivas, de tal modo que suas qualidades humanas e intelectuais sejam a única fonte de respeito que ele possa inspirar no aluno.

(Adaptado de: EINSTEIN, Albert. Escritos da maturidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994, p. 38)

Ao tratar da educação, Albert Einstein coloca-se diante da formação do indivíduo e seu papel na comunidade, mostrando convicção de que

a) a valorização do indivíduo negligencia sua importância para a sociedade.

b) o estágio da formação não deve levar em conta o espírito comunitário.

c) a valorização do indivíduo é indispensável para um melhor serviço à comunidade.

d) o interesse da comunidade torna dispensáveis os valores pessoais.

e) o bom funcionamento da comunidade implica o sacrifício da individualidade.

Questão 171: FCC - TJ TRT15/TRT 15/Apoio Especializado/Enfermagem/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

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O termo saudade, monopólio sentimental da língua portuguesa, geralmente se traduz em alemão pela palavra “sehnsucht”. No entanto, as duas palavras têm uma história e uma carga sentimental diferentes. A saudade é um sentimento geralmente voltado para o passado e para os conteúdos perdidos que o passado abrigava. Embora M. Rodrigues Lapa, referindo-se ao sentimento da saudade nos povos célticos, empregue esse termo como “ânsia do infinito”, não é esse o uso mais generalizado. Emprega-se a palavra, tanto na linguagem corrente como na poesia, principalmente com referência a objetos conhecidos e amados, mas que foram levados pela voragem do tempo ou afastados pela distância.

A “sehnsucht” alemã abrange ao contrário tanto o passado como o futuro. Quando usada com relação ao passado, é mais ou menos equivalente ao termo português, sem que, contudo, lhe seja inerente toda a escala cromática de valores elaborados durante uma longa história de ausências e surgidos em consequência do temperamento amoroso e sentimental do português. Falta à palavra alemã a riqueza etimológica, o eco múltiplo que ainda hoje vibra na palavra portuguesa.

A expressão “sehnsucht”, todavia, tem a sua aplicação principal precisamente para significar aquela “ânsia do infinito” que Rodrigues Lapa atribuiu à saudade. No uso popular e poético emprega-se o termo com frequência para exprimir a aspiração a estados ou objetos desconhecidos e apenas pressentidos ou vislumbrados, os quais, no entanto, se julgam mais perfeitos que os conhecidos e os quais se espera alcançar ou obter no futuro.

Assim, a saudade parece ser, antes de tudo, um sentimento do coração envelhecido que relembra os tempos idos, ao passo que a “sehnsucht” seria a expressão da adolescência que, cheia de esperanças e ilusões, vive com o olhar firmado num futuro incerto, mas supostamente prometedor. Ambas as palavras têm certa equivalência no tocante ao seu sentido intermediário, ou seja, à sua ambivalência doce-amarga, ao seu oscilar entre a satisfação e a insatisfação. Mas, como algumas de suas janelas dão para o futuro, a palavra alemã é portadora de um acento menos lânguido e a insatisfação nela contida transforma-se com mais facilidade em mola de ação.

(Adaptado de: ROSENFELD, Anatol. Doze estudos. São Paulo, Imprensa oficial do Estado, 1959, p. 25-27)

O texto

a) compara Portugal e Alemanha a partir do estudo da tradução de uma palavra alemã para o português, concluindo que o povo alemão não é dado a expansões de sentimentos.

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b) desenvolve-se principalmente com base na comparação entre as diferenças e as similaridades contidas nos significados das palavras “saudade” e “sehnsucht”.

c) critica a tendência portuguesa de evocar o passado em vez de partir para a ação, costume que se reflete no amplo uso, tanto na poesia como no cotidiano, da palavra saudade.

d) mostra que os sentidos de “saudade” e “sehnsucht” são completamente antagônicos, o que impossibilita a tradução de “sehnsucht” para o idioma português.

e) apresenta semelhanças entre o povo alemão e o português a partir do estudo de duas palavras, “saudade” e “sehnsucht”, cujos significados são praticamente idênticos.

Questão 172: FCC - TJ TRT15/TRT 15/Apoio Especializado/Enfermagem/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o poema abaixo.

“Você não está mais na idade

de sofrer por essas coisas”'

Há então a idade de sofrer

e a de não sofrer mais

por essas, essas coisas?

As coisas só deviam acontecer

para fazer sofrer

na idade própria de sofrer?

Ou não se devia sofrer

pelas coisas que causam sofrimento

pois vieram fora de hora, e a hora é calma?

E se não estou mais na idade de sofrer

é porque estou morto, e morto

é a idade de não sentir as coisas, essas coisas?

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(ANDRADE, Carlos Drummond de. Essas coisas. As impurezas do branco. Rio de Janeiro: José Olympio, 3. ed., 1976, p.30)

Infere-se corretamente do poema que

a) a alegria é maior nas horas calmas da vida.

b) na vida há uma idade apropriada para sofrer por certas coisas.

c) quando se é jovem, o sofrimento deve ser evitado.

d) a ausência de sofrimento só é possível na morte.

e) o sofrimento é mais comum na velhice do que na juventude.

Questão 173: FCC - TJ TRT3/TRT 3/Administrativa/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

O fim dos álbuns de fotografias

Quando me pergunto o que deverá desaparecer nos próximos anos, por conta dos avanços tecnológicos que mudam ou suprimem hábitos e valores tradicionais, incluo os álbuns de fotografias. Na verdade, são as fotografias mesmas, aquelas reveladas em papel, que estão desaparecendo para dar lugar às imagens arquivadas num celular ou num computador. Não é mais o tempo que as torna apagadas ou amareladas; é o nosso súbito desinteresse que as remove de vez ao toque de um “delete”. Nem pensar em armazená-las naqueles álbuns de capa dura e folhas de papelão, alguns encadernados em pano, álbuns de família, que se acumulavam em baús ou velhos armários. São monumentos remotos, de um tempo em que a memória ia longe, chegava aos avós e aos bisavós.

Pergunto-me se não é a qualidade mesma da nossa memória, do nosso interesse pelas recordações, se não é o valor mesmo da memória que está mudando de forma radical. Parece estar havendo um crescente desprestígio de tudo o que se refere ao passado, ainda quando esse passado seja recente. Com isso, o tempo se reduz ao instante que está passando e ao aguardado amanhã, do qual se exigem novas revelações, novos milagres. Um álbum de fotografias, nessa velocidade, é um objeto de museu, testemunha de tempos mais ingênuos e de imagens paralisadas.

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Enquanto não morrem de vez, ainda me detenho em alguns desses álbuns. Quase sempre são de gosto duvidoso, com capas pretensiosas, ilustradas com flores coloridas, gatinhos meigos, paisagens poéticas e outros mimos. Dentro deles surpreendo a vida que já foi, os olhares que nos apanham em nossa vez de ser modernos. Aí me ocorre que nossas imagens não irão parar em álbuns caprichosos, talvez nem mesmo em arquivos digitais: não estarão em lugar nenhum. É o preço que se paga pelo desapego à memória.

(Vitório Damásio, inédito)

Atente para as seguintes afirmações:

I. No 1º parágrafo, estabelece-se uma clara oposição entre as expressões imagens arquivadas num celular ou num computador e as imagens nos álbuns que se acumulavam em baús ou velhos armários, evidenciando-se assim uma significativa mudança de hábitos.

II. No 2ª parágrafo, ao se valer da expressão um objeto de museu, o autor mostra que é aceitável e justa a depreciação crescente dos álbuns de fotografias, uma vez que se trata de registros familiares, sem interesse público.

III. No 3º parágrafo, a expressão em nossa vez de ser modernos acusa, com alguma ironia, o fato de que também o nosso momento é passageiro, que não podemos alimentar a pretensão de estarmos sempre no mesmo passo em que ocorrem as novidades.

Em relação ao texto está correto o que se afirma APENAS em

a) I.

b) I e II.

c) II.

d) III.

e) I e III.

Questão 174: FCC - TJ TRT3/TRT 3/Administrativa/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

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Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

Lições dos museus

Os museus, ao contrário do que se imagina, são uma invenção moderna: nasceram durante a Revolução Francesa, no final do século XVIII. Os parisienses revoltados arrebentaram as casas dos nobres e se serviram de bens, mobiliário e objetos de arte. O quebra-quebra era um jeito de decretar que acabara o tempo dos privilégios. A Assembleia Nacional debateu durante meses para chegar à conclusão de que os restos do luxo dos aristocratas deviam ser considerados patrimônio da nação. Seriam, portanto, reunidos e instalados em museus que todos visitariam, preservando agradavelmente a lembrança de tempos anteriores.

A questão em debate era a seguinte: será que fazia sentido preservar o passado, uma vez que estava começando uma nova era em que os indivíduos não mais seriam julgados por sua origem, mas por sua capacidade e potencialidades pessoais? Não seria lógico destruir os vestígios de épocas injustas para começar tudo do zero? Prevaleceu o partido segundo o qual era bom conservar os restos do passado iníquo e transformá-los em memórias coletivas.

Dessa escolha nasceram os museus e, logo depois, a decisão de preservar os monumentos históricos. Na mesma época, na Europa inteira, ganhou força o interesse pela História. A justificativa seria: lembrar para não repetir. Não deu muito certo, ao que tudo indica, pois nunca paramos de repetir o pior. No fundo, não queremos que o passado decida nosso destino: o que nos importa, em princípio, é sempre o futuro.

(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 330-331)

Os museus nasceram durante a Revolução Francesa e foram criados depois de debates da Assembleia Nacional, findos os quais se concluiu que

a) a guarda dos bens da aristocracia deveria caber provisoriamente ao Estado, que decidiria o futuro do que pertencia aos antigos aristocratas.

b) os bens dos antigos aristocratas deveriam ser mantidos como um patrimônio coletivo, prestando-se à conservação da memória histórica.

c) a destruição de todos os vestígios da antiga nobreza era necessária para a preservação das liberdades conquistadas pelos revolucionários.

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Quinta Fase Juiz Estadual

d) o futuro, embora se anunciasse melhor do que o passado, deveria ser alimentado pela memória dos privilégios de que os nobres eram merecedores.

e) o passado, apesar das amplas lições que pode inspirar em tempos futuros, só deve ser preservado quando documenta os feitos dos cidadãos comuns.

Questão 175: FCC - TJ TRT3/TRT 3/Administrativa/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

Lições dos museus

Os museus, ao contrário do que se imagina, são uma invenção moderna: nasceram durante a Revolução Francesa, no final do século XVIII. Os parisienses revoltados arrebentaram as casas dos nobres e se serviram de bens, mobiliário e objetos de arte. O quebra-quebra era um jeito de decretar que acabara o tempo dos privilégios. A Assembleia Nacional debateu durante meses para chegar à conclusão de que os restos do luxo dos aristocratas deviam ser considerados patrimônio da nação. Seriam, portanto, reunidos e instalados em museus que todos visitariam, preservando agradavelmente a lembrança de tempos anteriores.

A questão em debate era a seguinte: será que fazia sentido preservar o passado, uma vez que estava começando uma nova era em que os indivíduos não mais seriam julgados por sua origem, mas por sua capacidade e potencialidades pessoais? Não seria lógico destruir os vestígios de épocas injustas para começar tudo do zero? Prevaleceu o partido segundo o qual era bom conservar os restos do passado iníquo e transformá-los em memórias coletivas.

Dessa escolha nasceram os museus e, logo depois, a decisão de preservar os monumentos históricos. Na mesma época, na Europa inteira, ganhou força o interesse pela História. A justificativa seria: lembrar para não repetir. Não deu muito certo, ao que tudo indica, pois nunca paramos de repetir o pior. No fundo, não queremos que o passado decida nosso destino: o que nos importa, em princípio, é sempre o futuro.

(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 330-331)

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Atente para as seguintes afirmações:

I. Da leitura do 1º parágrafo, depreende-se que, a princípio, os bens dos nobres passaram às mãos de revolucionários, configurando-se então uma apropriação de caráter particular, ainda não público.

II. No 2º parágrafo, informa-se que a posição vencida nos debates da Assembleia Nacional foi a de quem advogava em favor da preservação dos bens apreendidos, para que não se perdesse a memória dos méritos da aristocracia.

III. No 3º parágrafo, manifestando uma opinião pessoal, o autor do texto julga imprescindível a existência de museus, uma vez que eles acabam exercendo uma função educativa, cuja importância há muito vem se demonstrando.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em

a) I.

b) II.

c) III.

d) I e II.

e) II e III.

Questão 176: FCC - TJ TRT3/TRT 3/Apoio Especializado/Contabilidade/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se à tira abaixo.

(André Dahmer, Folha de S.Paulo, 31.12.2014)

É correto afirmar que o efeito cômico da tira está associado à

a) quebra da expectativa que a fala do palestrante no último quadrinho produz com relação ao que ele afirma anteriormente.

b) descrição do modo como o trabalho dentro da empresa foi sendo paulatinamente otimizado com a contribuição da mobilidade tecnológica.

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c) ausência de expressões temporais, o que faz com que a fala do palestrante adquira um tom de provérbio, equivalendo a uma verdade universal.

d) maneira pessimista com que o progresso tecnológico é representado, como se este tivesse tornado as pessoas mais ociosas.

e) sugestão, na fala do palestrante, de que a mobilidade tecnológica não alterou o comportamento das pessoas com relação ao trabalho.

Questão 177: FCC - TJ TRT3/TRT 3/Apoio Especializado/Contabilidade/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se à entrevista que segue.

Zygmunt Bauman: “Vivemos o fim do futuro”

Em 1963, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman foi censurado e afastado da Universidade de Varsóvia por causa de suas ideias, tidas como subversivas no comunismo. Hoje, aos 88 anos, é considerado um dos pensadores mais eminentes do declínio da civilização. Nesta entrevista, ele fala sobre como a vida mudou nos últimos 20 anos.

ÉPOCA – De acordo com sua análise, as pessoas vivem um senso de desorientação. Perdemos a fé em nós mesmos?

Zygmunt Bauman – Durante toda a era moderna, nossos ancestrais viveram voltados para o futuro. Eles avaliavam a virtude de suas realizações pelo modelo da sociedade que queriam estabelecer. A visão do futuro guiava o presente. Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro. Estamos mais descuidados, ignorantes e negligentes quanto ao que virá.

ÉPOCA – Os jovens podem mudar e salvar o mundo? Ou nem os jovens podem fazer algo para alterar a história?

Bauman – Sou tudo, menos desesperançoso. Confio que os jovens possam consertar o estrago que os mais velhos fizeram. Mas, para isso, precisam recuperar a consciência da responsabilidade compartilhada para o futuro do planeta e seus habitantes. Também precisam trocar o mundo virtual pelo real.

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(Adaptado de: GIRON, Luís Antônio. In: Época. São Paulo, Globo, 19.02.2014)

Zygmunt Bauman expressa a opinião de que

a) o declínio da sociedade atual é resultado da postura negligente que os jovens têm com relação ao fortalecimento de ideias comunistas.

b) o futuro do planeta depende de um diálogo mais saudável entre os jovens e os mais velhos, o qual não deve prescindir da interação virtual.

c) os jovens poderão alterar positivamente o curso da história, com a condição de passarem a se dedicar às relações da vida real.

d) o planeta e seus habitantes estão ameaçados, pois não há como esperar que os jovens desenvolvam uma postura responsável quanto ao seu futuro.

e) os jovens têm se mostrado tão negligentes com o futuro quanto seus ancestrais, e isso fará recrudescer o declínio da civilização.

Questão 178: FCC - AJ TRT3/TRT 3/Administrativa/"Sem Especialidade"/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere -se ao texto que segue, adaptado de Luciano Martins Costa; o original foi publicado na edição 838 do Observatório da Imprensa, no dia 19/02/2015.

A graça da não-notícia

A leitura crítica dos jornais brasileiros pode produzir momentos interessantes, não propriamente pelo que dizem, mas principalmente pelo que tentam esconder. O hábito de analisar criticamente o conteúdo da mídia tradicional produz calos no cérebro, e eventualmente o observador passa a enxergar não mais a notícia, mas a não-notícia, ou seja, aquilo que o noticiário dissimula ou omite.

Trata-se de um exercício divertido, como se o leitor estivesse desfazendo um jogo de palavras cruzadas já preenchido. É mais ou menos como adivinhar, a partir das palavras que se interconectam num texto, o sentido que o autor pretendeu dar à sua construção, uma espécie de jogo de “interpretação reversa".

Transparece o aspecto ambíguo da imprensa quando, por exemplo, para defender o pluralismo de sua linha editorial, jornais propõem artigos sobre tema da

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atualidade a serem tratados por dois distintos analistas − "o leitor pode apreciar duas opiniões diferentes". Ocorre que as propostas, normalmente sob a forma de pergunta, são formuladas de modo a garantir a perspectiva de que um ponto de vista se oponha frontalmente ao outro − um analista representa um "sim", o outro um "não" ao que está sendo perguntado pelos editores. Como se vê, a tal “pluralidade” já nasce condicionada, porque a imprensa brasileira quer convencer o leitor de que existem apenas duas interpretações possíveis para questões complexas como as que são postas aos analistas. São complexas, ou, no mínimo, controversas, porque é isso que define uma notícia.

Uma árvore caiu. Por que a árvore caiu? − mesmo num evento corriqueiro e aparentemente banal, há muitas respostas possíveis.

Por que a imprensa brasileira tenta pintar tudo em preto e branco, sem considerar as muitas tonalidades entre os dois extremos? Ora, porque a imprensa faz parte do sistema de poder na sociedade moderna, e exerce esse poder fazendo pender as opiniões para um lado ou para outro, usa o mito da objetividade para valorizar seus produtos e cobra de seus financiadores um custo por esse trabalho.

Mas pode-se elaborar melhor essa análise. O observador arriscaria afirmar que a narrativa jornalística, tal como foi construída ao longo do tempo, já não dá conta de acompanhar a percepção da realidade, amplificada pelo domínio da imagem transmitida globalmente em tempo real. Como notou o filósofo Vilém Flusser, a superfície ínfima da tela substitui o mundo real. O que a imprensa faz é comentar essa superficialidade, não a realidade.

Mas a resposta é ainda mais simples: para ser levado a sério, um jornal precisa dar a impressão de concretude em seu conteúdo, mas, ao se tornar refém do mundo das imagens, produz uma concretude − ou, como diz Flusser, uma “concreticidade” superficial.

Essa superficialidade procura esconder o propósito do conteúdo jornalístico, que não é informar, como pensam os leitores correligionários: é induzir uma opinião específica.

Se tudo é opinião, tudo é não-notícia.

Obs.: Vilém Flusser (1920 - 1991) − filósofo tcheco, naturalizado brasileiro; professor, jornalista, conferencista e escritor.

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Compreende-se corretamente do texto: O autor

a) defende a ideia de que jornais instigantes são os que contam com um leitor crítico e atualizado, disposto a preencher as involuntárias lacunas das matérias veiculadas.

b) atribui interpretações grosseiras de notícias e o desejo de enxergar a não-notícia à prática constante de analisá-las sob perspectiva cética, resultado de juízo crítico muito aguçado e resistente à distensão.

c) considera a leitura de jornais um exercício divertido sempre que a matéria se dispõe a adivinhações, desvendamentos relacionados tanto à construção do texto, quanto aos fatos reais que a teriam inspirado.

d) mostra que matérias jornalísticas informam não só pelo que explicitamente comunicam, mas também pelo que evitam comunicar; esse modo de noticiar, em sua concretude, permite o desvendamento de propósitos de autores e editores.

e) expõe a ambiguidade que a imprensa pode manifestar quando é imprecisa no trato do assunto, falta de precisão originada por "palavras cruzadas", isto é, intrincadas conexões na estrutura verbal.

Questão 179: FCC - AJ TRT3/TRT 3/Administrativa/"Sem Especialidade"/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere -se ao texto que segue, adaptado de Luciano Martins Costa; o original foi publicado na edição 838 do Observatório da Imprensa, no dia 19/02/2015.

A graça da não-notícia

A leitura crítica dos jornais brasileiros pode produzir momentos interessantes, não propriamente pelo que dizem, mas principalmente pelo que tentam esconder. O hábito de analisar criticamente o conteúdo da mídia tradicional produz calos no cérebro, e eventualmente o observador passa a enxergar não mais a notícia, mas a não-notícia, ou seja, aquilo que o noticiário dissimula ou omite.

Trata-se de um exercício divertido, como se o leitor estivesse desfazendo um jogo de palavras cruzadas já preenchido. É mais ou menos como adivinhar, a partir das palavras que se interconectam num texto, o sentido que o autor pretendeu dar à sua construção, uma espécie de jogo de “interpretação reversa".

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Transparece o aspecto ambíguo da imprensa quando, por exemplo, para defender o pluralismo de sua linha editorial, jornais propõem artigos sobre tema da atualidade a serem tratados por dois distintos analistas − "o leitor pode apreciar duas opiniões diferentes". Ocorre que as propostas, normalmente sob a forma de pergunta, são formuladas de modo a garantir a perspectiva de que um ponto de vista se oponha frontalmente ao outro − um analista representa um "sim", o outro um "não" ao que está sendo perguntado pelos editores. Como se vê, a tal “pluralidade” já nasce condicionada, porque a imprensa brasileira quer convencer o leitor de que existem apenas duas interpretações possíveis para questões complexas como as que são postas aos analistas. São complexas, ou, no mínimo, controversas, porque é isso que define uma notícia.

Uma árvore caiu. Por que a árvore caiu? − mesmo num evento corriqueiro e aparentemente banal, há muitas respostas possíveis.

Por que a imprensa brasileira tenta pintar tudo em preto e branco, sem considerar as muitas tonalidades entre os dois extremos? Ora, porque a imprensa faz parte do sistema de poder na sociedade moderna, e exerce esse poder fazendo pender as opiniões para um lado ou para outro, usa o mito da objetividade para valorizar seus produtos e cobra de seus financiadores um custo por esse trabalho.

Mas pode-se elaborar melhor essa análise. O observador arriscaria afirmar que a narrativa jornalística, tal como foi construída ao longo do tempo, já não dá conta de acompanhar a percepção da realidade, amplificada pelo domínio da imagem transmitida globalmente em tempo real. Como notou o filósofo Vilém Flusser, a superfície ínfima da tela substitui o mundo real. O que a imprensa faz é comentar essa superficialidade, não a realidade.

Mas a resposta é ainda mais simples: para ser levado a sério, um jornal precisa dar a impressão de concretude em seu conteúdo, mas, ao se tornar refém do mundo das imagens, produz uma concretude − ou, como diz Flusser, uma “concreticidade” superficial.

Essa superficialidade procura esconder o propósito do conteúdo jornalístico, que não é informar, como pensam os leitores correligionários: é induzir uma opinião específica.

Se tudo é opinião, tudo é não-notícia.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Obs.: Vilém Flusser (1920 - 1991) − filósofo tcheco, naturalizado brasileiro; professor, jornalista, conferencista e escritor.

Sobre a frase "o leitor pode apreciar duas opiniões diferentes" (linha 8), na situação em que está inserida, comenta-se com propriedade:

a) o contexto e as aspas justificam que a consideremos o título da seção de um dado jornal em que dois analistas se expressam sobre o mesmo tema.

b) é ela que determina que as análises, sem outra possibilidade, se cumpram de modo diametralmente oposto.

c) é ponto de apoio do raciocínio que conduz à denúncia de falso pluralismo da imprensa.

d) é frase emblemática do que, segundo o autor, uma linha editorial deveria ter como objetivo.

e) considerado o tom irônico que pode ser imprimido a ela, expressa que autor considera legítimo esse tipo de pluralismo, mas não atingível pela imprensa brasileira.

Questão 180: FCC - AJ TRT3/TRT 3/Administrativa/"Sem Especialidade"/2015

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Atenção: A questão refere -se ao texto que segue, adaptado de Luciano Martins Costa; o original foi publicado na edição 838 do Observatório da Imprensa, no dia 19/02/2015.

A graça da não-notícia

A leitura crítica dos jornais brasileiros pode produzir momentos interessantes, não propriamente pelo que dizem, mas principalmente pelo que tentam esconder. O hábito de analisar criticamente o conteúdo da mídia tradicional produz calos no cérebro, e eventualmente o observador passa a enxergar não mais a notícia, mas a não-notícia, ou seja, aquilo que o noticiário dissimula ou omite.

Trata-se de um exercício divertido, como se o leitor estivesse desfazendo um jogo de palavras cruzadas já preenchido. É mais ou menos como adivinhar, a partir das palavras que se interconectam num texto, o sentido que o autor pretendeu dar à sua construção, uma espécie de jogo de “interpretação reversa".

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Transparece o aspecto ambíguo da imprensa quando, por exemplo, para defender o pluralismo de sua linha editorial, jornais propõem artigos sobre tema da atualidade a serem tratados por dois distintos analistas − "o leitor pode apreciar duas opiniões diferentes". Ocorre que as propostas, normalmente sob a forma de pergunta, são formuladas de modo a garantir a perspectiva de que um ponto de vista se oponha frontalmente ao outro − um analista representa um "sim", o outro um "não" ao que está sendo perguntado pelos editores. Como se vê, a tal “pluralidade” já nasce condicionada, porque a imprensa brasileira quer convencer o leitor de que existem apenas duas interpretações possíveis para questões complexas como as que são postas aos analistas. São complexas, ou, no mínimo, controversas, porque é isso que define uma notícia.

Uma árvore caiu. Por que a árvore caiu? − mesmo num evento corriqueiro e aparentemente banal, há muitas respostas possíveis.

Por que a imprensa brasileira tenta pintar tudo em preto e branco, sem considerar as muitas tonalidades entre os dois extremos? Ora, porque a imprensa faz parte do sistema de poder na sociedade moderna, e exerce esse poder fazendo pender as opiniões para um lado ou para outro, usa o mito da objetividade para valorizar seus produtos e cobra de seus financiadores um custo por esse trabalho.

Mas pode-se elaborar melhor essa análise. O observador arriscaria afirmar que a narrativa jornalística, tal como foi construída ao longo do tempo, já não dá conta de acompanhar a percepção da realidade(d), amplificada pelo domínio da imagem transmitida globalmente em tempo real. Como notou o filósofo Vilém Flusser, a superfície ínfima da tela substitui o mundo real. O que a imprensa faz é comentar essa superficialidade, não a realidade.

Mas a resposta é ainda mais simples: para ser levado a sério, um jornal precisa dar a impressão de concretude em seu conteúdo, mas, ao se tornar refém do mundo das imagens, produz uma concretude − ou, como diz Flusser, uma “concreticidade” superficial.

Essa superficialidade procura esconder o propósito do conteúdo jornalístico, que não é informar, como pensam os leitores correligionários: é induzir uma opinião específica.

Se tudo é opinião, tudo é não-notícia.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Obs.: Vilém Flusser (1920 - 1991) − filósofo tcheco, naturalizado brasileiro; professor, jornalista, conferencista e escritor.

O contexto evidencia que leitores correligionários, citados na linha 24, são:

a) os leitores que compartilham das ideias de Martins Costa.

b) os leitores que seguem as ideias de um partido político.

c) os leitores que, como se dá com jornais, se tornaram reféns do mundo das imagens.

d) os leitores que praticam leitura crítica.

e) os leitores que questionam o oferecimento da realidade em preto e branco.

Questão 181: FCC - AJ TRT4/TRT 4/Administrativa/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Ópera é um tipo de teatro no qual a maioria ou todos os personagens cantam durante a maior parte do tempo ou o tempo todo. Nesse sentido, é muito óbvio que ela não seja realística, e com frequência, no decorrer de seus mais de quatrocentos anos de história, tem sido considerada exótica e estranha. Além disso, é quase sempre bastante cara de se encenar e de se assistir. Em nenhum momento da história a sociedade, como um todo, conseguiu sustentar facilmente os custos exorbitantes da ópera. Por que, então, tanta gente gosta dela de maneira tão profunda? Por que dedicam suas vidas a apresentá-la, escrever sobre ela, assistir a ela? Por que alguns fãs de ópera atravessam o mundo para ver uma nova produção ou ouvir um cantor favorito, pagando imensas quantias por esse fugaz privilégio? E por que a ópera é a única forma de música erudita que ainda desenvolve de modo significativo novas audiências, apesar de que, no último século ou por volta disso, o fluxo de novas obras, que uma vez foi seu sangue vital, secou até se reduzir a um débil gotejar?

Essas perguntas são mais sobre a ópera tal como ela é hoje em dia: sobre aquilo em que a ópera se tornou no início do século XXI. No que se segue teremos muito a dizer sobre a história de nosso tema, sobre as maneiras em que a ópera se desenvolveu durante sua jornada de quatrocentos anos até nós; mas nossa ênfase será sempre no presente, no efeito que a ópera continua a ter sobre as audiências no mundo inteiro. Nosso objetivo é lidar com uma forma de arte cujas obras mais populares e duradouras foram quase sempre escritas num distante passado europeu, [...] mas cuja influência em muitos de nós – e cuja significância em nossa

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vida hoje em dia – é ainda palpável. A ópera pode nos transformar: física, emocional e intelectualmente. Queremos investigar por quê.

(Carolyn Abbate e Roger Parker. Uma história da ópera: os últimos

quatrocentos anos. Trad. Paulo Geiger. 1.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 21-22)

Os autores do texto

a) apontam que a ópera é sempre bastante dispendiosa porque esse tipo de teatro renuncia a personagens que não se fazem presentes em cena por meio do canto.

b) acusam a incongruência que existe entre a sociedade sustentar produções caríssimas e as pessoas, diferentemente deles mesmos, não investigarem o que justificaria manter esses projetos.

c) indicam como usual que se tome a ópera como um gênero dramático excêntrico, pelo fato de representar situações estranhas ao que se considera "vida real".

d) expressam as intenções que têm ao escrever a história da ópera, demonstrando acreditar que a melhor maneira de fazê-lo é fixar-se na atualidade, auge dessa manifestação erudita.

e) anunciam que têm muito a dizer e deixam entrever que suas reflexões desnudarão alguns mitos sobre a ópera, como a visão idealizada de que a profusão de obras já constituiu o sangue vital desse tipo de teatro.

Questão 182: FCC - AJ TRT4/TRT 4/Administrativa/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Ópera é um tipo de teatro no qual a maioria ou todos os personagens cantam durante a maior parte do tempo ou o tempo todo. Nesse sentido, é muito óbvio que ela não seja realística, e com frequência, no decorrer de seus mais de quatrocentos anos de história, tem sido considerada exótica e estranha. Além disso, é quase sempre bastante cara de se encenar e de se assistir. Em nenhum momento da história a sociedade, como um todo, conseguiu sustentar facilmente os custos exorbitantes da ópera. Por que, então, tanta gente gosta dela de maneira tão profunda? Por que dedicam suas vidas a apresentá-la, escrever sobre ela, assistir a ela? Por que alguns fãs de ópera atravessam o mundo para ver uma nova produção ou ouvir um cantor favorito, pagando imensas quantias por esse fugaz privilégio? E por que a ópera é a única forma de música erudita que ainda desenvolve de modo significativo novas audiências, apesar de que, no último século ou por volta disso, o

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Quinta Fase Juiz Estadual

fluxo de novas obras, que uma vez foi seu sangue vital, secou até se reduzir a um débil gotejar?

Essas perguntas são mais sobre a ópera tal como ela é hoje em dia: sobre aquilo em que a ópera se tornou no início do século XXI. No que se segue teremos muito a dizer sobre a história de nosso tema, sobre as maneiras em que a ópera se desenvolveu durante sua jornada de quatrocentos anos até nós; mas nossa ênfase será sempre no presente, no efeito que a ópera continua a ter sobre as audiências no mundo inteiro. Nosso objetivo é lidar com uma forma de arte cujas obras mais populares e duradouras foram quase sempre escritas num distante passado europeu, [...] mas cuja influência em muitos de nós – e cuja significância em nossa vida hoje em dia – é ainda palpável. A ópera pode nos transformar: física, emocional e intelectualmente. Queremos investigar por quê.

(Carolyn Abbate e Roger Parker. Uma história da ópera: os últimos

quatrocentos anos. Trad. Paulo Geiger. 1.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 21-22)

Tem sustentação no texto a ideia de que

a) a efemeridade é um traço característico de todo objeto, fato, ou acontecimento cultural, que merece reprovação.

b) obras eruditas têm, como sempre tiveram, público cativo, mas, em vista das atuais tendências musicais, ele está prestes a se esgotar.

c) as formas de arte que mais se eternizam são as que têm raízes na tradição popular, sustentáculo das legítimas expressões culturais.

d) obras de arte concebidas em certa cultura podem ter seu valor depreciado quando o eventual fruidor fizer parte de outro contexto cultural.

e) as questões fundamentais sobre a ópera são passíveis de ser postas e respondidas somente no contexto do século XXI, depois de uma jornada de quatrocentos anos até a contemporaneidade.

Questão 183: FCC - AJ TRT4/TRT 4/Administrativa/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

O conceito de vergonha recobre um campo de significados bastante amplo e rico. Para o Dicionário Aurélio, por exemplo, vergonha significa: a) desonra humilhante;

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opróbrio, ignomínia; b) sentimento penoso de desonra, humilhação ou rebaixamento diante de outrem; c) sentimento de insegurança provocada pelo medo do ridículo, por escrúpulos etc.; timidez, acanhamento; d) sentimento da própria dignidade, brio, honra. O Dicionário Larousse traz aproximadamente as mesmas definições, mas acrescenta novas associações como: medo da desonra e embaraço. O Dicionário Lexis apresenta ainda algumas definições com nuanças diferentes: indignidade, sentimento penoso de baixeza, de confusão, sentimento de desconforto provocado pela modéstia, sentimento de remorso. O que chama a atenção nas definições de vergonha é não somente a diversidade dos significados atribuídos a este sentimento, mas também, e sobretudo, o fato de alguns destes significados serem opostos: desonra/honra, indignidade/dignidade, humilhação/brio. Tal oposição, observada por Harkot-de- La-Taille, faz esta autora perguntar-se que palavra é esta que recobre o não e o sim, a ausência e a presença, o temível e o desejável.

Uma forma comum de pensar este sentimento é afirmar que ele é simplesmente desencadeado pela opinião de outrem. É o que, por exemplo, sugere a definição de Spinoza segundo a qual a vergonha é a tristeza que acompanha a ideia de alguma ação que imaginamos censurada pelos outros. E é o que, explicitamente, a antropóloga Benedict afirma em seu estudo sobre a sociedade japonesa. Para ela, as culturas da vergonha enfatizam as sanções externas, opondo-se às verdadeiras culturas da culpa, que interiorizam a convicção do pecado. Quanto ao sentimento de vergonha, escreve que alguém poderá envergonhar-se quando é ridicularizado abertamente, ou quando criar a fantasia para si mesmo de que o tenha sido. Todavia, não acreditamos que tudo esteja dito assim; a vergonha pressupõe um controle interno: quem sente vergonha julga a si próprio. Lembremos o fato notável de que a vergonha pode ser despertada pela simples exposição, mesmo que não acompanhada de juízo negativo por parte dos observadores. Com efeito, certas pessoas sentem vergonha pelo simples fato de estarem sendo observadas. O rubor pode subir às faces de alguém que está sendo objeto da atenção de uma plateia, mesmo que esta atenção seja motivada pelo elogio, pelo recebimento de um prêmio, portanto acompanhada de um juízo positivo. Este tipo de vergonha não deixa de ser psicologicamente misterioso: por que será que as pessoas sentem desconforto ao serem “apenas” observadas, mesmo que esta observação não contenha ameaças precisas, mesmo que ela seja lisonjeira?

(Adaptado de: LA TAILLE, Y. O sentimento de vergonha e suas relações com a

moralidade. Psicologia: Reflexão e Crítica, São Paulo: Scielo, 2002, 15(1), p. 13-25)

O primeiro parágrafo do texto autoriza afirmar:

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a) A diversidade de significados atribuídos à vergonha comprova o entendimento superficial do sentimento, descrito com ambiguidade e incoerência nos mais diversos dicionários.

b) O uso de mas também e e sobretudo (linha 7) em um mesmo período instaura falta de clareza na redação, já que não é possível compreender se o elemento agregado é de mesmo nível ou mais importante que o primeiro mencionado.

c) O autor recorre a dicionários de prestígio, tomando-os como repositórios inequívocos do conhecimento e da cultura ocidentais.

d) O autor parte de definições que, como espécies de comprovações prévias, conduzem à concordância com a reflexão de Harkot-de-La-Taille, reportada ao final.

e) A oposição comentada revela o quanto há de descuido e precipitação quando se trata de examinar conceitos relacionados à natureza da alma humana.

Questão 184: FCC - TJ TRT4/TRT 4/Administrativa/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

A vida é uma tapeçaria que elaboramos, enquanto somos urdidos dentro dela. Aqui e ali podemos escolher alguns fios, um tom, a espessura certa, ou até colaborar no desenho.

Linhas de bordado podem ser cordas que amarram ou rédeas que se deixam manejar: nem sempre compreendemos a hora certa ou o jeito de as segurarmos. Nem todos somos bons condutores; ou não nos explicaram direito qual o desenho a seguir, nem qual a dose de liberdade que podíamos – com todos os riscos – assumir.

(LUFT, L. O rio do meio. São Paulo: Mandarim, 1997, 3. ed, p. 105)

O texto aponta para

a) a liberdade do ser humano em estabelecer os rumos de sua própria vida, sem deixar de reconhecer a existência de limites e dificuldades nesse direcionamento.

b) os conflitos que aparecem durante as primeiras fases da vida de uma pessoa, impedindo-a de se transformar num adulto consciente e capaz de resolver seus próprios problemas.

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c) as falhas de uma formação inadequada a que estão sujeitos os seres humanos, impossibilitando-lhes um direcionamento dos rumos de sua vida segundo parâmetros socialmente aceitáveis.

d) o pleno desenvolvimento de potencialidades atingido por algumas pessoas, ainda que elas estejam subordinadas a estruturas sociais preestabelecidas.

e) o papel das normas sociais aceitas pelo grupo na determinação da vontade de cada um em relação aos objetivos de sua própria vida, normas que sempre preponderam sobre decisões de cunho pessoal.

Questão 185: FCC - TJ TRT4/TRT 4/Administrativa/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

De gramática e de linguagem

E havia uma gramática que dizia assim:

“Substantivo (concreto) é tudo quanto indica

Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta.”

Eu gosto é das cousas. As cousas, sim!...

As pessoas atrapalham. Estão em toda parte. Multiplicam-se em excesso.

As cousas são quietas. Bastam-se. Não se metem com ninguém.

Uma pedra. Um armário. Um ovo. (Ovo, nem sempre,

Ovo pode estar choco: é inquietante...)

As cousas vivem metidas com as suas cousas.

E não exigem nada.

Apenas que não as tirem do lugar onde estão.

E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.

Para quê? não importa: João vem!

E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão,

Amigo ou adverso ... João só será definitivo

Quando esticar a canela. Morre, João...

Mas o bom, mesmo, são os adjetivos,

Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. Luminoso.

Sonoro. Lento. Eu sonho

Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos

Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.

Ainda mais:

Eu sonho com um poema

Cujas palavras sumarentas escorram

Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,

Um poema que te mate de amor

Antes mesmo que tu lhe saibas o misterioso sentido:

Basta provares o seu gosto...

(QUINTANA, M. Prosa e verso. Porto Alegre: Globo, 1978, p. 94)

Atente para os versos abaixo:

E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.

Para quê? não importa: João vem!

E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão,

Amigo ou adverso ...

Considerando-se o poema e, especialmente, os versos acima, é correto afirmar que o poeta

a) demonstra expectativa com a chegada de alguém, que lhe bata à porta a qualquer momento, embora não esteja disponível para bem acolher o visitante, pois está preso a divagações despertadas por antigas lições de gramática, e de ânimo bem pouco sociável.

b) se mostra descrente de que as interações sociais possam transcorrer normalmente, pois estão sujeitas a situações que causam desconforto, como a interferência inesperada de alguém, a interromper divagações em torno de antigas lembranças.

c) induz o leitor à conclusão de que os seres humanos, sujeitos a inúmeras variações de humor de acordo com as circunstâncias da vida, nem sempre se encontram disponíveis para os relacionamentos sociais, ainda que tenham aprendido as lições de bom comportamento.

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d) aborda as imposições sociais que se encontram usualmente na sociedade, determinando que as pessoas se comportem segundo certas normas de educação estabelecidas por todo o grupo, sendo inaceitável transgredi-las como, por exemplo, invadindo o espaço alheio.

e) tece considerações, a partir de uma lição de gramática, a respeito de possíveis relacionamentos humanos e da instabilidade que caracteriza estados de espírito a que estão habitualmente submetidas as pessoas, nos mais diferentes momentos da vida.

Questão 186: FCC - TJ TRT4/TRT 4/Administrativa/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

De gramática e de linguagem

E havia uma gramática que dizia assim:

“Substantivo (concreto) é tudo quanto indica

Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta.”

Eu gosto é das cousas. As cousas, sim!...

As pessoas atrapalham. Estão em toda parte. Multiplicam-se em excesso.

As cousas são quietas. Bastam-se. Não se metem com ninguém.

Uma pedra. Um armário. Um ovo. (Ovo, nem sempre,

Ovo pode estar choco: é inquietante...)

As cousas vivem metidas com as suas cousas.

E não exigem nada.

Apenas que não as tirem do lugar onde estão.

E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.

Para quê? não importa: João vem!

E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão,

Amigo ou adverso ... João só será definitivo

Quando esticar a canela. Morre, João...

Mas o bom, mesmo, são os adjetivos,

Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. Luminoso.

Sonoro. Lento. Eu sonho

Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos

Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.

Ainda mais:

Eu sonho com um poema

Cujas palavras sumarentas escorram

Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,

Um poema que te mate de amor

Antes mesmo que tu lhe saibas o misterioso sentido:

Basta provares o seu gosto...

(QUINTANA, M. Prosa e verso. Porto Alegre: Globo, 1978, p. 94)

(Ovo, nem sempre,

Ovo pode estar choco: é inquietante...)

O segmento isolado por parênteses introduz, no poema,

a) hipótese que contradiz o conhecimento tradicional popular.

b) objeção decorrente de uma pressuposição sobrevinda.

c) verdade inconteste, diante da repetição de um fato comum.

d) exagero ao constatar a ocorrência de um fato habitual.

e) dúvida que se sobrepõe ao que é aceito pelo senso comum.

Questão 187: FCC - TJ TRT4/TRT 4/Administrativa/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Escrever sobre as mulheres do Sul não significa traçar um perfil único que as identifique e as diferencie das outras mulheres do restante do país. No Sul encontramos diferentes perfis femininos nos diversos períodos históricos: mulheres oriundas de etnias e classes sociais várias.

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Quinta Fase Juiz Estadual

[...]

A idealização das mulheres em seus papéis familiares é muito semelhante àquelas idealizações divulgadas no final do século XVIII e início do século XX nos grandes centros europeus. Nas cidades do Sul, imagens idealizadas foram frequentes a partir da segunda metade do século XIX, durante a formação das elites nos centros urbanos.

O crescimento das áreas urbanas, em meados do século XIX, foi impulsionado com a inclusão da região no comércio agrário exportador brasileiro como subsidiária, ou seja, como fornecedora de alimentos para o mercado interno. Os altos preços do café no mercado externo e a destinação da mão de obra escrava para a produção cafeeira provocaram o aumento da procura por alimentos e a consequente elevação de preços. Esse fato propiciou o surgimento de um novo grupo de pessoas mais abastadas nos centros urbanos da região Sul.

Em cada capital do Sul, esses grupos assumiram configurações diferentes. [...]

Num futuro próximo, esses grupos iriam promover os jornais responsáveis pela divulgação de modelos de comportamento, especialmente para as mulheres. Os jornais pareciam veicular um projeto civilizador com pretensão de construir novos homens e mulheres, divulgando imagens idealizadas para ambos os sexos. [...]

Embora os jornais sulistas reproduzissem estereótipos existentes há séculos, faziam-no em um contexto específico, respondendo a uma conjuntura determinada, na qual a demonstração de distinção e a exposição de um certo verniz social implicavam em moldar as mulheres de uma determinada classe. Nas imagens dos jornais das cidades do Sul, e provavelmente em outras cidades do restante do país, as mães seriam responsáveis pelo progresso e a civilização, pois eram consideradas criadoras e educadoras das novas gerações.

(Adaptado de: PEDRO, J. M. Mulheres do Sul. In: DEL PRIORE, M.

(org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2012, p. 278-282)

No texto, a autora

a) alude a dificuldades de manutenção da sociedade conjugal, já durante o século XIX, devido à constante ausência da figura masculina, fato que resultava em maior liberdade para as mulheres.

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Quinta Fase Juiz Estadual

b) insiste no papel predominante da figura masculina como mantenedora de atividades produtivas no Sul do país, apesar de inúmeros conflitos, enquanto a mulher seria responsável pela harmonia familiar.

c) salienta a importância da imprensa em certa época, no Sul do país, como incentivadora e divulgadora de modelos ideais de comportamento e, principalmente, de uma nova imagem da mulher.

d) atesta a responsabilidade dos produtores de café, na época, em relação ao aumento da desigualdade social, como consequência do encarecimento desse produto no mercado externo.

e) condena os estereótipos que os jornais sulistas há séculos reproduziam, ao defenderem que as mulheres só podiam alcançar realização pessoal se tivessem muitos filhos.

Questão 188: FCC - TJ TRT4/TRT 4/Administrativa/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

Escrever sobre as mulheres do Sul não significa traçar um perfil único que as identifique e as diferencie das outras mulheres do restante do país. No Sul encontramos diferentes perfis femininos nos diversos períodos históricos: mulheres oriundas de etnias e classes sociais várias.

[...]

A idealização das mulheres em seus papéis familiares é muito semelhante àquelas idealizações divulgadas no final do século XVIII e início do século XX nos grandes centros europeus. Nas cidades do Sul, imagens idealizadas foram frequentes a partir da segunda metade do século XIX, durante a formação das elites nos centros urbanos.

O crescimento das áreas urbanas, em meados do século XIX, foi impulsionado com a inclusão da região no comércio agrário exportador brasileiro como subsidiária, ou seja, como fornecedora de alimentos para o mercado interno. Os altos preços do café no mercado externo e a destinação da mão de obra escrava para a produção cafeeira provocaram o aumento da procura por alimentos e a consequente elevação de preços. Esse fato propiciou o surgimento de um novo grupo de pessoas mais abastadas nos centros urbanos da região Sul.

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Quinta Fase Juiz Estadual

Em cada capital do Sul, esses grupos assumiram configurações diferentes. [...]

Num futuro próximo, esses grupos iriam promover os jornais responsáveis pela divulgação de modelos de comportamento, especialmente para as mulheres. Os jornais pareciam veicular um projeto civilizador com pretensão de construir novos homens e mulheres, divulgando imagens idealizadas para ambos os sexos. [...]

Embora os jornais sulistas reproduzissem estereótipos existentes há séculos, faziam-no em um contexto específico, respondendo a uma conjuntura determinada, na qual a demonstração de distinção e a exposição de um certo verniz social implicavam em moldar as mulheres de uma determinada classe. Nas imagens dos jornais das cidades do Sul, e provavelmente em outras cidades do restante do país, as mães seriam responsáveis pelo progresso e a civilização, pois eram consideradas criadoras e educadoras das novas gerações.

(Adaptado de: PEDRO, J. M. Mulheres do Sul. In: DEL PRIORE, M.

(org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2012, p. 278-282)

Identifica-se, no texto, distinção entre

a) as normas de comportamento adotadas por uma sociedade já instalada em áreas urbanas desenvolvidas e os costumes tradicionais, próprios das áreas rurais.

b) as mulheres dedicadas à vida familiar, como se propunha costumeiramente nessa época, e outras, liberadas, cuidando de seus próprios afazeres.

c) o conteúdo publicado em jornais do Sul em relação a modelos de comportamento e o que se encontrava nas demais publicações existentes no restante do país.

d) os grupos sociais mais abastados, principalmente de imigrantes, e a população de origem escrava, empregada no cultivo do café.

e) a economia baseada na exportação, que caracterizou algumas regiões brasileiras, e a da região Sul do país, voltada para o mercado interno.

Questão 189: FCC - AJ TRT9/TRT 9/Judiciária/"Sem Especialidade"/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

Saudade de Waterloo

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Quinta Fase Juiz Estadual

É famosa a história da mulher que se queixava de um dia particularmente agitado nas redondezas da sua casa e do que o movimento constante de cavaleiros e carroças fizera à sua roupa estendida para secar, sem saber que estava falando da batalha de Waterloo, que mudaria a história da Europa. Contam que famílias inteiras da sociedade de Washington pegaram suas cestas de piquenique e foram, de carruagem, assistir à primeira batalha da Guerra Civil americana, em Richmond, e não tiveram baixas. A Primeira Grande Guerra, ou a primeira guerra moderna, mutilou uma geração inteira, mas uma geração de homens em uniformes de combate. Mulheres e crianças foram poupadas. Só 5 por cento das mortes na Primeira Guerra foram de civis. Na Segunda Guerra Mundial, a proporção foi de 65 por cento.

Os estragos colaterais da Segunda Guerra se deveram ao crescimento simultâneo de duas técnicas mortais, a do bombardeio aéreo e a da guerra psicológica. Bombardear populações civis foi adotado como uma “legítima” tática militar, para atingir o moral do inimigo. Os alemães começaram, devastando Londres, que tinha importância simbólica como coração da Inglaterra mas nenhuma importância estratégica. Mas ingleses e americanos também se dedicaram com entusiasmo ao bombardeio indiscriminado, como o que arrasou a cidade de Dresden. E os “estragos colaterais” chegaram à sua apoteose tétrica, claro, em Hiroshima e Nagasaki.

Hoje a guerra psicológica é o pretexto legitimador para quem usa o terror por qualquer causa. E cada vez que vemos uma das vítimas do terror, como o último cadáver de uma criança judia ou palestina sacrificada naquela guerra especialmente insensata, pensamos de novo nos tempos em que só os soldados morriam nas guerras, e ainda era possível ser um espectador, mesmo distraído como a dona de casa de Waterloo, da história. Ou ser inocente.

(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. O mundo é bárbaro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, pp. 123/124)

As referências à dona de casa de Waterloo e às famílias de Washington ilustram a seguinte consideração do autor:

a) ainda era possível ser também um espectador (...) da história.

b) ingleses e americanos se dedicaram (...) ao bombardeio indiscriminado.

c) se deveram ao crescimento simultâneo de duas técnicas mortais.

d) tinha importância simbólica (...) mas nenhuma importância estratégica.

e) a guerra psicológica é o pretexto legitimador para quem usa o terror.

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Questão 190: FCC - AJ TRT9/TRT 9/Judiciária/"Sem Especialidade"/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

Questão de ênfase

A ênfase é um modo suspeito de expressão. Se há casos em que ela se torna indispensável, como nas tragédias ou na comicidade extrema, na maioria das vezes é um artifício do superficial que se deseja profundo, do lateral que aspira ao centro, do insignificante que se pretende substancial. É a fala em voz gritada, o gargalhar sistemático, a cadeia de interjeições, a produção de caretas, o insistente franzir do cenho, o repetitivo arquear de sobrancelhas, a pronúncia caprichosa de palavras e frases que se querem sentenciosas e inesquecíveis.

Na escrita, a ênfase acusa-se na profusão de exclamações, na sistemática caixa alta, nos grafismos espaçosos. Na expressão oral, a ênfase compromete a verdade de um sentimento já de si enfático: despeja risadas antecipando o final da própria piada, força o tom compungido antes de dar a má notícia e se marca no uso indiscriminado de termos como “com certeza” e “literalmente”, por exemplo: “Esse aluno está literalmente dando o sangue na prova de Física.” Com a ênfase, todos os gestos compõem uma dramaturgia descontrolada.

A ênfase também parece desconfiar do alcance de nossa percepção usual, e nos acusa, se reclamamos do enfático. Este sempre acha que ficaremos encantados com a medida do seu exagero, e nos atribui insensibilidade se não o admiramos. Em suma: o enfático é um chato que se vê a si mesmo como um superlativo. Machado de Assis, por exemplo, não suportava gente que dissesse “Morro por doce de abóbora!”. Por sua vez, o poeta Manuel Bandeira enaltecia a “paixão dos suicidas que se matam sem explicação”. Já o enfático vive exclamando o quão decisivo é ele ser muito mais vital do que todos os outros seres humanos.

(Augusto Tolentino, inédito)

Na frase A ênfase é um modo suspeito de expressão, que abre o texto, justifica-se o emprego do termo sublinhado porque

a) podem ocorrer casos em que o emprego da ênfase não se confirme como um excesso indesejável.

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b) é próprio do indivíduo enfático que ele mesmo venha a suspeitar da eficácia de suas ênfases.

c) não se pode admitir a inocência ou a ingenuidade de quem recorre sistematicamente à ênfase.

d) a intolerância que cerca o emprego da ênfase não se justifica na maioria dos casos.

e) é patente o reconhecimento de que toda ênfase acentua, por princípio, um exagero inadmissível.

Questão 191: FCC - AJ TRT9/TRT 9/Administrativa/2015

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

A Áustria entrou para a história da inteligência do século 20 como fonte de gênios − Sigmund Freud, o criador da psicanálise, e o pintor expressionista Egon Schiele são alguns deles. Em outra face, menos vistosa, foi também um dos berços mentais do nazismo. Numa perspectiva mais amena, vastas regiões do país são conhecidas pela sua beleza inóspita, altas montanhas, desfiladeiros e precipícios onde a neve e o verde competem, sob a proteção de hospedarias pitorescas, para atrair turistas ao som da música típica do Tirol.

Lá viveu, também, Thomas Bernhard (1931-1989), um dos mais agressivos escritores do século passado − e alguém que, radicado na Áustria desde criança, dedicou sua vida a falar mal do país, a ponto de tornar esse mal-estar um dos pontos centrais de sua arte. Um dos itens de seu testamento foi a proibição expressa de que peças suas fossem representadas e seus textos inéditos fossem publicados no país − o mesmo país que, hoje, subsidia a tradução de seus livros para o resto do mundo. Podemos nos perguntar como um projeto aparentemente tão limitado − que um leigo creditaria a uma mera expressão de ressentimento confessional − possa de fato se transformar em grande literatura. Em livros como O náufrago, Árvores abatidas e Extinção, um narrador exasperado e aparentemente sem rumo, que se realiza em frases a um tempo irresistíveis e intermináveis, vai como que destruindo a golpes de medida impaciência qualquer possibilidade de remissão humana.

Um exemplo: “Num hotel do centro de Viena, cidade que sempre tratou pensadores e artistas com a maior falta de consideração e desfaçatez possíveis e que poderia com certeza ser chamada de o grande cemitério de fantasias e das ideias, porque dilapidou, desperdiçou e aniquilou um número mil vezes maior de

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gênios do que aqueles aos quais de fato emprestou fama e renome mundial, foi encontrado morto um homem que, com absoluta clareza de pensamento, deixou registrado num bilhete o verdadeiro motivo de seu suicídio, bilhete que, então, prendeu ao paletó.” O trecho é de um dos textos que compõem O imitador de vozes.

Distinta de suas narrativas mais conhecidas, a obra mantém intactas a linguagem e a verve de Thomas Bernhard. Há um humor sombrio em todas as páginas, mas nada se reduz a uma anedota − o leitor ri de algo que não consegue controlar ou definir.

Este meticuloso painel do desespero se compõe de breves relatos aparentemente jornalísticos, casos curiosos ou inexplicáveis. O narrador dessas histórias, em que não há quase nada de onírico ou alegórico, frequentemente é uma representação coletiva: “chamou-nos a atenção”, “conhecemos um homem”. Esse “nós”, que nunca se apresenta, é a representação de um coro, uma voz coletiva, o temível “senso comum” − ou a voz da Áustria, que Thomas Bernhard transformou numa província asfixiante e opressiva e numa das obras mais desconcertantes da literatura ocidental.

(Adaptado de: TEZZA, Cristovao. Disponível em: http://www. cristovaotezza.com.br/textos/p_resenhas.htm)

Considerado o contexto, afirma-se corretamente que

a) o autor compara Thomas Bernhard a outros romancistas austríacos, concluindo ser inexplicável o motivo pelo qual sua obra foi canonizada.

b) o texto se desenvolve principalmente com base em comentários críticos a respeito da obra do escritor austríaco Thomas Bernhard.

c) Tezza critica a tendência de Thomas Bernhard de evocar um temível “senso comum” por meio de uma voz coletiva, estratégia, no entanto, inócua em sua obra.

d) Tezza apresenta a Áustria como um país opressor, justificando, desse modo, o fato de ter sido um dos países em que o nazismo floresceu.

e) o texto discorre sobre as características do povo austríaco, captadas com precisão por Bernhard, cujos escritos provocativos causaram o banimento de suas obras do país.

Questão 192: FCC - TJ TRT23/TRT 23/Administrativa/2016

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

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Quinta Fase Juiz Estadual

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

O biorregionalismo como alternativa ecológica

O modelo ainda dominante nas discussões ecológicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo; em economia, a exploração predatória da natureza e a competição; em política, a centralização e a hierarquização; na cultura, o quantitativo sobre o qualitativo, a uniformização dos costumes, o consumismo e o individualismo.

Esse paradigma subjaz, em grande parte, à atual crise da Terra, pois considera esta como um todo uniforme, sem valorizar a singularidade de seus muitos ecossistemas e a diversidade das culturas.

Hoje está se impondo uma outra vertente, mais amiga da natureza e com possibilidades de nos tirar da crise atual: o “biorregionalismo”. A biorregião se circunscreve numa área, normalmente, definida pelos rios e pelo maciço de montanhas. Possui certo tipo de vegetação, geografia do terreno, de fauna e de flora e mostra uma cultura local própria, com seus hábitos e tradições.

A tarefa básica do biorregionalismo é fazer os habitantes valorizarem o lugar onde vivem. Importa fazê-los conhecer o tipo de solos, de florestas, de animais, as fontes de água, o rumo dos ventos, os climas e microclimas, os ciclos das estações, o que a natureza pode oferecer em termos de paisagens, alimentação, bens e serviços para nós e para toda a comunidade de vida.

É na biorregião que a sustentabilidade se faz real e não retórica a serviço do marketing; pode se transformar num processo dinâmico, que aproveita racionalmente as capacidades oferecidas pelo ecossistema local, criando mais igualdade e diminuindo em níveis razoáveis a pobreza.

Mesmo sendo a comunidade local a unidade básica, isso não invalida a importância das unidades sistêmicas maiores (inter-regionais, nacionais e internacionais) que afetam a todos (por exemplo, o aquecimento global). A ideia do “glocal” nos ajuda a articular essas diferentes dimensões. Sempre é necessário informar-se sobre as experiências de outras regiões e sobre como está o estado geral do planeta Terra.

O biorregionalismo possibilita que as mercadorias circulem no local, evitando as grandes distâncias; favorece o surgimento de cooperativas comunitárias; nele,

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Quinta Fase Juiz Estadual

persiste a economia de mercado, mas composta primariamente, embora não exclusivamente, de empresas familiares.

O biorregionalismo permite, assim, deixar para trás o objetivo de “viver melhor”, de acordo com a ética da acumulação ilimitada, para dar lugar ao “bem viver e conviver”, segundo a ética da suficiência, que implica o bem-estar para toda a comunidade.

(Adaptado de: BOFF, Leonardo, Disponível em:

www.folhadoestado. com.br/opiniao/id-305952/o_bioregionalismo_como_alternativa_ ecologica. Acesso em: 07.12.2015)

Ao apresentar o biorregionalismo como alternativa ecológica, o autor

a) propõe o isolamento das comunidades em suas regiões, com a finalidade de combater a crise política.

b) defende o diálogo entre diversas culturas regionais, buscando uniformizar os costumes.

c) argumenta a favor do fim da economia de mercado, favorecendo as cooperativas familiares.

d) preconiza a exploração de recursos de uma determinada área, visando à sustentabilidade.

e) sugere o término do extrativismo em ecossistemas locais, para refrear o avanço do capitalismo.

Questão 193: FCC - AJ TRT23/TRT 23/Judiciária/2016

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, leia o texto abaixo.

Nasci na Rua Faro, a poucos metros do Bar Joia, e, muito antes de ir morar no Leblon, o Jardim Botânico foi meu quintal. Era ali, por suas aleias de areia cor de creme, que eu caminhava todas as manhãs de mãos dadas com minha avó. Entrávamos pelo portão principal e seguíamos primeiro pela aleia imponente que vai dar no chafariz. Depois, íamos passear à beira do lago, ver as vitórias-régias, subir as escadarias de pedra, observar o relógio de sol. Mas íamos, sobretudo, catar mulungu.

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Mulungu é uma semente vermelha com a pontinha preta, bem pequena, menor do que um grão de ervilha. Tem a casca lisa, encerada, e em contraste com a pontinha preta seu vermelho é um vermelho vivo, tão vivo que parece quase estranho à natureza. É bonita. Era um verdadeiro prêmio conseguir encontrar um mulungu em meio à vegetação, descobrir de repente a casca vermelha e viva cintilando por entre as lâminas de grama ou no seio úmido de uma bromélia. Lembro bem com que alegria eu me abaixava e estendia a mão para tocar o pequeno grão, que por causa da ponta preta tinha uma aparência que a mim lembrava vagamente um olho.

Disse isso à minha avó e ela riu, comentando que eu era como meu pai, sempre prestava atenção nos detalhes das coisas. Acho que já nessa época eu olhava em torno com olhos mínimos. Mas a grandeza das manhãs se media pela quantidade de mulungus que me restava na palma da mão na hora de ir para casa. Conseguia às vezes juntar um punhado, outras vezes apenas dois ou três. E é curioso que nunca tenha sabido ao certo de onde eles vinham, de que árvore ou arbusto caíam aquelas sementes vermelhas. Apenas sabíamos que surgiam no chão ou por entre as folhas e sempre numa determinada região do Jardim Botânico.

Mas eu jamais seria capaz de reconhecer uma árvore de mulungu. Um dia, procurei no dicionário e descobri que mulungu é o mesmo que corticeira e que também é conhecido pelo nome de flor-de-coral. ''Árvore regular, ornamental, da família das leguminosas, originária da Amazônia e de Mato Grosso, de flores vermelhas, dispostas em racimos multifloros, sendo as sementes do fruto do tamanho de um feijão (mentira!), e vermelhas com mácula preta (isto, sim)'', dizia.

Mas há ainda um outro detalhe estranho – é que não me lembro de jamais ter visto uma dessas sementes lá em casa. De algum modo, depois de catadas elas desapareciam e hoje me pergunto se não era minha avó que as guardava e tornava a despejá-las nas folhagens todas as manhãs, sempre que não estávamos olhando, só para que tivéssemos o prazer de encontrá- las. O fato é que não me sobrou nenhuma e elas ganharam, talvez por isso, uma aura de magia, uma natureza impalpável. Dos mulungus, só me ficou a memória − essa memória mínima.

(Adaptado de: SEIXAS, Heloísa. Semente da Memória. Disponível em: http://heloisaseixas.com.br)

De acordo com o texto,

a) apesar da preocupação da avó, para quem as bromélias e a grama − note-se o termo lâminas a ela associado − punham a criança em risco, o convívio com a natureza era o principal motivo das visitas diárias ao Jardim Botânico.

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b) o mulungu era colhido pela autora quando criança, em seus passeios pelo Jardim Botânico, mas era pouco valorizado por sua avó, que secretamente se desfazia das sementes ornamentais que a neta encontrava.

c) hoje a escritora guarda uma memória pequena como as sementes do mulungu, mas tão expressiva quanto aquelas manhãs em que sua avó a levava para passear no Jardim Botânico.

d) o modo como a autora apresenta a definição da planta mulungu, a partir do dicionário, permite-lhe inferir como seriam as sementes, cuja lembrança já desgastada pauta-se por um critério muito mais afetivo do que visual.

e) as sementes de mulungu terminam por ser um pretexto para que a autora retrate, com a narração de um causo, sua relação com a avó e a memória guardada do pai, que não participava das caminhadas pelo Jardim Botânico.

Questão 194: FCC - AJ TRT23/TRT 23/Administrativa/"Sem Especialidade"/2016

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.

Na Biblioteca 10 de Helsinki é possível ler deitado na rede, fazer negócios, dançar, tocar guitarra ou tirar uma soneca. É possível fazer praticamente qualquer coisa que jamais se pensaria em fazer em uma biblioteca. Isso porque seu diretor, Kari Lämsä, pensou que no novo mundo existe pouco espaço para as velhas bibliotecas e um espaço enorme para as inovadoras.

Lämsä conhece o funcionamento das bibliotecas tradicionais: começou colocando livros nas estantes. Mas o que chamou a atenção sobre ele é que se deu conta do futuro.

O sucesso de Lämsä pode ser medido: a biblioteca recebe 2.000 usuários por dia em uma cidade com 600.000 habitantes e 36 bibliotecas. A metade de seus usuários tem entre 25 e 35 anos. É o sonho de qualquer bibliotecário que observa como os grandes leitores das bibliotecas, que são as crianças, fogem ao crescer. Lämsä, no entanto, conseguiu atrair essa faixa refratária a um espaço associado ao silêncio.

(Adaptado de: brasil.elpais.com/brasil/2015/06/13/cultura/1434216067_290976.html)

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Atente para o que se afirma abaixo.

I. De acordo com o texto, é paradoxal o fato de as crianças deixarem de frequentar bibliotecas quando chegam à adolescência.

II. O diretor da Biblioteca 10 de Helsinki é descrito como sendo visionário e utopista.

III. O sinal de dois pontos (2º parágrafo) pode ser substituído por “pois”, precedido de vírgula.

Está correto o que consta APENAS em

a) I e II.

b) III.

c) II.

d) II e III.

e) I e III.

Questão 195: FCC - AJ TRT14/TRT 14/Judiciária/"Sem Especialidade"/2016

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

Revolução

Notícias de homens processados nos Estados Unidos por assédio sexual quando só o que fizeram foi uma gracinha ou um gesto são vistas aqui como muito escândalo por pouca coisa e mais uma prova da hipocrisia americana em matéria de sexo. A hipocrisia existe, mas o aparente exagero tem a ver com a luta da mulher americana para mudar um quadro de pressupostos e tabus tão machistas lá quanto em qualquer país latino, e que só nos parece exagerada porque ainda não chegou aqui com a mesma força. As mulheres americanas não estão mais para brincadeira, em nenhum sentido.

A definição de estupro é a grande questão atual. Discute-se, por exemplo, o que chamam de date rape, que não é o ataque sexual de um estranho ou sexo à força,

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mas o programa entre namorados ou conhecidos que acaba em sexo com o consentimento relutante da mulher. Ou seja, sedução também pode ser estupro. Isso não é apenas uma novidade, é uma revolução. O homem que se criou convencido de que a mulher resiste apenas para não parecer “fácil” não está preparado para aceitar que a insistência, a promessa e a chantagem sentimental ou profissional são etapas numa escalada em que o uso da força, se tudo o mais falhar, está implícito. E que muitas vezes ele está estuprando quem pensava estar convencionalmente conquistando. No dia em que o homem brasileiro aceitar isso, a revolução estará feita e só teremos de dar graças a Deus por ela não ser retroativa.

A verdadeira questão para as mulheres americanas é que o homem pode recorrer a tudo na sociedade − desde a moral dominante até as estruturas corporativas e de poder − para seduzi-las, que toda essa civilização é no fundo um álibi montado para o estupro, e que elas só contam com um “não” desacreditado para se defender. Estão certas.

(VERISSIMO, Luis Fernando. Sexo na cabeça. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 143)

Atente para as seguintes afirmações:

I. No 1º parágrafo, a expressão aparente exagero refere-se ao fato, tanto nos Estados Unidos como nos países latinos, de uma gracinha ou certos gestos masculinos serem tomados como assédio sexual a uma mulher.

II. No 2º parágrafo, a frase sedução também pode ser estupro contempla a possibilidade de que, no processo da conquista amorosa, o homem ignore a relutância com que a mulher se submete à sua iniciativa.

III. No 3º parágrafo, a frase elas só contam com um “não” desacreditado evidencia a convicção que tem o autor da ineficácia da luta das mulheres contra a moral dominante e as estruturas corporativas da sociedade atual.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em

a) I, II e III.

b) I e II, apenas.

c) II e III, apenas.

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d) I e III, apenas.

e) II, apenas.

Questão 196: FCC - AJ TRT20/TRT 20/Administrativa/"Sem Especialidade"/2016

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Atenção: Leia o texto abaixo para responder à questão.

Em junho de 2013, o Presidente Robert Mugabe, do Zimbábue, afirmou durante uma entrevista: “Nelson Mandela é santificado demais. Foi bom demais com os brancos à custa dos negros em seu próprio país”. Alguns concordaram, outros protestaram. Até certo ponto acredito que ele tenha levantado uma questão. Suas atitudes podiam ser percebidas dessa maneira. Ainda assim, em uma conversa com Richard Stengel, o próprio Madiba* havia dito, muito tempo antes: “As pessoas sentirão que vejo demais o bem nas pessoas. Então, é uma crítica que tenho de suportar e à qual tento me ajustar, pois, seja isso verdade ou não, é algo que penso ser proveitoso. É uma coisa boa de assumir, agir com base no fato de que... os outros são homens de integridade e honra... porque você tende a atrair integridade e honra, se é dessa maneira que olha para aqueles com quem trabalha”.

*um dos nomes pelos quais Nelson Mandela era chamado; refere-se a seu clã e denota afeto e respeito.

(Adaptado de: LA GRANGE, Zelda. Bom dia, Sr. Mandela. Trad. Felipe José Lindoso. Ribeirão Preto: Novo Conceito, 2015, p. 9)

Na opinião do Presidente Robert Mugabe, a santidade de Nelson Mandela

a) favoreceu os brancos e acabou trazendo consequências negativas aos negros.

b) resultou em uma solução mais ágil e eficaz dos problemas relativos aos negros.

c) serviu de inspiração para que os negros buscassem o diálogo com os brancos.

d) permitiu que os negros tivessem acesso a condições de trabalho mais dignas.

e) desencadeou uma revolução que libertou os negros da opressão pelos brancos.

Questão 197: FCC - TJ TRT11/TRT 11/Administrativa/2017

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

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Muito antes das discussões atuais sobre as mudanças climáticas, os cataclismos naturais despertam interesse no homem. Os desastres são um capítulo trágico da história da humanidade desde tempos longínquos. Supostas inundações catastróficas aparecem em relatos de várias culturas ao longo dos tempos, desde os antigos mesopotâmicos e gregos até os maias e os vikings.

Fora da rota dos grandes furacões, sem vulcões ativos e desprovido de zonas habitadas sujeitas a terremotos, o Brasil não figura entre os países mais suscetíveis a desastres naturais. Contudo, a aparência de lugar protegido dos humores do clima e dos solavancos da geologia deve ser relativizada. Aqui, cerca de 85% dos desastres são causados por três tipos de ocorrências: inundações bruscas, deslizamentos de terra e secas prolongadas. Esses fenômenos são relativamente recorrentes em zonas tropicais, e seus efeitos podem ser atenuados por políticas públicas de redução de danos.

Dois estudos feitos por pesquisadores brasileiros indicam que o risco de ocorrência desses três tipos de desastre deverá aumentar até o final do século. Eles também sinalizam que novos pontos do território nacional deverão se transformar em áreas de risco significativo para esses mesmos problemas. “Os impactos tendem a ser maiores no futuro, com as mudanças climáticas, o crescimento das cidades e a ocupação de mais áreas de risco”, comenta o pesquisador José A. Marengo.

Além da suscetibilidade natural a secas, enchentes, deslizamentos e outros desastres, a ação do homem tem um peso considerável em transformar o que poderia ser um problema de menor monta em uma catástrofe. Os pesquisadores estimam que um terço do impacto dos deslizamentos de terra e metade dos estragos de inundações poderiam ser evitados com alterações de práticas humanas ligadas à ocupação do solo e a melhorias nas condições socioeconômicas da população em áreas de risco.

Moradias precárias em lugares inadequados, perto de encostas ou em pontos de alagamento, cidades superpopulosas e impermeabilizadas, que não escoam a água da chuva; esses fatores da cultura humana podem influenciar o desfecho de uma situação de risco. “Até hábitos cotidianos, como não jogar lixo na rua, e o nível de solidariedade de uma população podem ao menos mitigar os impactos de um desastre”, pondera a geógrafa Lucí Hidalgo Nunes.

(Adaptado de PIVETTA, Marcos.

Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br)

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Depreende-se do texto que

a) atitudes cotidianas simples, como não jogar lixo na rua, são capazes de prevenir desastres naturais, com potencial de ocasionar consequências graves.

b) o Brasil, dado que está fora do alcance dos grandes furacões, não tem vulcões ativos ou regiões sujeitas a terremotos, não está exposto a catástrofes geológicas e climáticas.

c) algumas regiões brasileiras tendem a se tornar mais vulneráveis a inundações bruscas, deslizamentos de terra e secas prolongadas nas próximas décadas.

d) políticas públicas eficazes podem evitar a ocorrência de cataclismos naturais como inundações e longos períodos de secas.

e) a remoção da população que ocupa áreas de risco, perto de encostas, apesar de considerada controversa, é apontada como uma medida imprescindível para evitar abalos geológicos.

Questão 198: FCC - TJ TRT11/TRT 11/Administrativa/2017

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Freud uma vez recebeu carta de um conhecido pedindo conselhos diante de uma escolha importante da vida. A resposta é surpreendente: para as decisões pouco importantes, disse ele, vale a pena pensar bem. Quanto às grandes escolhas da vida, você terá menos chance de errar se escolher por impulso.

A sugestão parece imprudente, mas Freud sabia que as razões que mais pesam nas grandes escolhas são inconscientes, e o impulso obedece a essas razões. Claro que Freud não se referia às vontades impulsivas proibidas. Falava das decisões tomadas de “cabeça fria”, mas que determinam o rumo de nossas vidas. No caso das escolhas profissionais, as motivações inconscientes são decisivas. Elas determinam não só a escolha mais “acertada”, do ponto de vista da compatibilidade com a profissão, como são também responsáveis por aquilo que chamamos de talento. Isso se decide na infância, por mecanismos que chamamos de identificações. Toda criança leva na bagagem alguns traços da personalidade dos pais. Parece um processo de imitação, mas não é: os caminhos das identificações acompanham muito mais os desejos não realizados dos pais do que aqueles que eles seguiram na vida.

Junto com as identificações formam-se os ideais. A escolha profissional tem muito a ver com o campo de ideais que a pessoa valoriza. Dificilmente alguém consegue se entregar profissionalmente a uma prática que não represente os valores em que ela acredita.

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Tudo isso está relacionado, é claro, com a almejada satisfação na vida profissional. Mas não vamos nos iludir. Satisfação no trabalho não significa necessariamente prazer em trabalhar. Grande parte das pessoas não trabalharia se não fosse necessário. O trabalho não é fonte de prazer, é fonte de sentido. Ele nos ajuda a dar sentido à vida. Só que o sentido da vida profissional não vem pronto: ele é o efeito, e não a premissa, dos anos de prática de uma profissão. Na contemporaneidade, em que se acredita em prazeres instantâneos, resultados imediatos e felicidade instantânea, é bom lembrar que a construção de sentido requer tempo e persistência. Por outro lado, quando uma escolha não faz sentido o sujeito percebe rapidamente.

(Adaptado de KEHL, Maria Rita. Disponível em: rae.fgv.br /sites/rae.fgv.br/files/artigos)

De acordo com o texto, é correto afirmar:

a) Por motivações inconscientes, que remetem à primeira infância, ou de ordem prática, os indivíduos costumam optar pela mesma área de atuação profissional dos pais.

b) O talento para exercer um determinado trabalho está intimamente relacionado à capacidade de ponderar cuidadosamente sobre a escolha profissional.

c) As escolhas profissionais mais apropriadas são aquelas derivadas de motivações latentes no indivíduo desde a infância.

d) As pessoas bem-sucedidas profissionalmente, em sua maioria, creditam o sucesso obtido ao alto nível de esforço e ao empenho com que se dedicam ao trabalho diário.

e) No cenário competitivo da contemporaneidade, para concretizar suas ambições profissionais, o indivíduo, muitas vezes, precisa abrir mão dos ideais utópicos formados na infância.

Questão 199: FCC - AJ TRT24/TRT 24/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

Houve um tempo em que eu comia um monte de coisas e não precisava contar nada para ninguém. Na civilização contemporânea, on-line, conectada o tempo todo, se não for registrado e postado, não aconteceu. Comeu, jantou, bebeu? Então, prove. Não está na rede? Então, não vale.

Não estou aqui desfiando lamúrias de dinossauro tecnológico. Pelo contrário: interajo com muita gente e publico ativamente fotos de minhas fornadas. A vida,

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hoje, é digital. Contudo, presumo que algumas coisas não precisam deixar de pertencer à esfera privada. Sendo tudo tão novo nessa área, ainda engatinhamos a respeito de uma etiqueta que equilibre a convivência entre câmeras, pratos, extroversão, intimidade.

Em meados da década passada, quando a cozinha espanhola de vanguarda ainda povoava os debates e as fantasias de muitos gourmets, fotografar pratos envolvia um dilema: devorar ou clicar? A criação saía da cozinha, muitas vezes verticalizada, comumente finalizada com esferas delicadas, espumas fugazes... O que fazer, capturá-la em seu melhor instante cenográfico, considerando luzes e sombras, e comê-la depois, já desfigurada, derretida, escorrida? Ou prová-la imediatamente, abrindo mão da imagem? Nunca tive dúvidas desse tipo (o que talvez faça de mim um bom comensal, mas um mau divulgador).

Fotos e quitutes tornaram-se indissociáveis, e acho que já estamos nos acostumando. Mas será que precisa acontecer durante todo o repasto? Não dá para fazer só na chegada do prato e depois comer sossegado, à maneira analógica? Provavelmente não: há o tratamento da imagem, a publicação, os comentários, as discussões, a contabilidade das curtidas. Reconheço que, talvez antiquadamente, ainda sinto desconforto em ver casais e famílias à mesa, nos salões, cada qual com seu smartphone, sem diálogos presenciais ou interações reais. A pizza esfria e perde o viço; mas a foto chega tinindo aos amigos de rede.

(Adaptado de: CAMARGO, Luiz Américo. Comeu e

não postou? Então, não valeu. Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/ 2017/01/09/opinion/1483977251_216185.html)

Depreende-se corretamente do texto que

a) as pessoas, hoje, preferem partilhar com os amigos os momentos que consideram mais importantes em seu cotidiano, o que justifica as fotos de refeições realizadas em família, já que o convívio familiar continua sendo valorizado, apesar da expansão do meio virtual.

b) o autor vê com desaprovação a postagem de fotos de pratos em redes sociais, motivo pelo qual prefere acessar a internet para a interação com pessoas com as quais partilha desse mesmo sentimento, já que tem consciência de que não será ouvido pela maior parte das pessoas.

c) a experiência com a cozinha espanhola de vanguarda legou ao autor um olhar crítico para a apresentação estética dos pratos, o que fez com que ele aprendesse a conter sua ansiedade em degustá-los para antes fotografá-los em seu esplendor.

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d) o hábito de fotografar os pratos, característico da sociedade contemporânea, deveria ser abandonado, na opinião do autor, na medida em que a falta de uma distinção clara entre vida pessoal e profissional tem prejudicado a rotina de amantes da gastronomia.

e) o autor, embora não desaprove integralmente o uso das redes sociais para a postagem de fotos das refeições, considera necessário que se imponha um limite para isso, a fim de se preservar não apenas a apreciação do prato como também a interação presencial.

Questão 200: FCC - AJ TRT24/TRT 24/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador Federal/2017

Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)

A representação da “realidade” na imprensa

Parece ser um fato assentado, para muitos, que um jornal ou um telejornal expresse a “realidade”. Folhear os cadernos de papel de ponta a ponta ou seguir pacientemente todas as imagens do grande noticiário televisivo seriam operações que atualizariam a cada dia nossa “compreensão do mundo”. Mas esse pensamento, tão disseminado quanto ingênuo, não leva em conta a questão da perspectiva pela qual se interpretam todas e quaisquer situações focalizadas. Submetermo-nos à visada do jornalista que compôs a notícia, ou mesmo à do câmera que flagra uma situação (e que, aliás, tem suas tomadas sob o controle de um editor de imagens), é desfazermo-nos da nossa própria capacidade de análise, é renunciarmos à perspectiva de sujeitos da nossa interpretação.

Tanto quanto os propalados e indiscutíveis “fatos”, as notícias em si mesmas, com a forma acabada pela qual se veiculam, são parte do mundo: convém averiguar a quem interessa o contorno de uma análise política, o perfil criado de uma personalidade, o sentido de um levante popular ou o alcance de uma medida econômica. O leitor e o espectador atentos ao que leem ou veem não têm o direito de colocar de lado seu senso crítico e tomar a notícia como espelho fiel da “realidade”. Antes de julgarmos “real” o “fato” que já está interpretado diante de nossos olhos, convém reconhecermos o ângulo pelo qual o fato se apresenta como indiscutível e como se compõe, por palavras ou imagens, a perspectiva pela qual uma bem particular “realidade” quer se impor para nós, dispensandonos de discutir o ponto de vista pelo qual se construiu uma informação.

(Tibério Gaspar, inédito)

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Diante das informações que habitualmente nos oferecem os jornais e os noticiários, devemos, segundo o autor do texto,

a) considerar como fatos efetivos apenas aqueles que ganham igual dimensão em todos os veículos.

b) imaginar que os interesses existentes na divulgação dos fatos acabam por destituí-los de importância.

c) interpretar as notícias de modo a excluir delas o que nos pareça mais problemático ou inverossímil.

d) ponderar que tais informações são construídas a partir de um ponto de vista necessariamente particular.

e) avaliar os fatos noticiados segundo o ângulo que melhor se afine com os nossos valores pessoais.

Gabarito

1) D 2) A 3) D 4) E 5) A 6) A 7) D 8) A 9) D 10) D 11) B 12) E 13) A 14) C 15) C 16) B 17) A 18) A 19) B 20) E 21) C 22) A 23) C 24) D 25) E 26) C 27) A 28) C29) D 30) D 31) E 32) D 33) A 34) D 35) A 36) A 37) D 38) C 39) D 40) A 41) A 42) B 43) C 44) C 45) A 46) B 47) D 48) D 49) E50) A 51) A 52) A 53) D 54) E 55) C 56) A57) C 58) E 59) B 60) A 61) B 62) E 63) C64) B 65) B 66) B 67) B 68) B 69) B 70) E71) B 72) C 73) C 74) B 75) E 76) D 77) E78) E 79) C 80) D 81) D 82) A 83) C 84) B85) E 86) C 87) A 88) A 89) B 90) B 91) E92) C 93) E 94) D 95) B 96) A 97) C 98) A99) B 100) A 101) A 102) D 103) C 104) E 105) E 106) D 107) A 108) B 109) A 110) C 111) E 112) E113) E 114) A 115) E 116) B 117) B 118) B 119) C 120) A 121) C 122) D 123) C 124) B 125) A 126) E 127) A 128) D 129) B 130) C 131) A 132) A 133) C 134) E 135) C 136) C 137) B 138) D 139) A 140) B 141) C 142) B 143) A 144) B 145) B 146) D 147) D 148) D 149) A 150) B 151) A 152) D 153) C 154) E 155) B 156) D 157) C 158) D 159) B 160) A 161) A 162) B 163) A 164) D 165) A 166) E 167) A 168) C 169) A 170) C 171) B 172) D 173) E 174) B 175) A 176) A 177) C 178) D 179) C 180) C 181) C 182) D 183) D 184) A 185) E 186) B 187) C 188) E 189) A 190) A 191) B 192) D 193) C 194) B 195) E 196) A197) C 198) C 199) E 200) D