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Caderno de Resumos e Programação IV SEMINÁRIO DE ESTUDOS MEDIEVAIS 12, 13 E 14 DE JUNHO DE 2017 PPGL/UFPB

Caderno de Resumos e Programação - Centro de Ciências ... · Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Profa. Dra. Mônica Nóbrega - Diretora ... literárias antigas e medievais

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Caderno de Resumos e Programação

IV SEMINÁRIO DE ESTUDOS MEDIEVAIS

12, 13 E 14 DE JUNHO DE 2017 PPGL/UFPB

Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Profa. Dra. Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz - Reitora

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

Profa. Dra. Mônica Nóbrega - Diretora

Coordenação do curso de Letras

Prof.Cirineu Cecote Stein - Coordenador

Programa de Pós-Graduação em Letras

Profa. Dra. Ana Marinho - Coordenadora

INICIATIVA

Grupo Interdisciplinar de Estudos Medievais(CNPq/UFPB)

Grupo Christine de Pizan(CNPq/UFPB/UnB)

Grupo de Pesquisa Estudos Literários Lusófonos (CNPQ/UEPB)

Principium (CNPq/UEPB)

Sacratum (CNPq/UFPB)

COMISSÃO ORGANIZADORA

Aldinida Medeiros (UEPB)

Ana Míriam Wuensch (UnB)

Luciana Calado Deplagne (UFPB)

Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB/UFPB)

COMISSÃO CIENTÍFICA

Aldinida Medeiros (UEPB)

Annabela Rita (Universidade de Lisboa)

Ana Míriam Wuensch (UnB)

Cláudia Brochado (UnB)

Fernanda Cardozo (UECE)

Isabel Lousada (Universidade Nova de Lisboa)

Karine Rocha (UFPE)

Luciana Calado Deplagne (UFPB)

Luciano Vianna (UPE)

Maria Graciele Lima (UFPB)

Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB/UFPB)

Ria Lemaire (Université de Poitiers)

Suelma de Souza Moraes (UFPB)

ARTE

François Deplagne

MONITORES

Anália Sofia Cordeiro de Lima Gomes

Andreia Rafael de Araújo

Aniely Walesca Oliveira Santiago

Daniel Eduardo da Silva

Eliza de Souza Silva Araújo

Laura Maria da Silva Florentino

Maria Letícia Macêdo Bezerra

Mônica de Paula Gomides

Rosemeri Veríssimo Santana da Costa

Sebastiana Inácio Lima

Suelen Amaral da Silva

Sofia Fidélis de Lisboa

Thamires Nayara Sousa de Vanconcelos

Whadja Nascimento Oliveira

Yasmin de Andrade Alves

APOIO:

Universidade Federal da Paraíba

Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFPB

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA/UFPB)

Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL/UFPB)

Academia Lusófona Luis de Camões

CLEPUL (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)

EIXOS TEMÁTICOS e COORDENA DORES

Utopia do amor: Fin´Amor

Profª. Drª Luciana Eleonora

Calado Deplagne (UFPB)

Profª.Drª Ria Lemaire

(Université de Poitiers)

Utopia da autonomia: As

beguinas

Profª.Drª.Karine Rocha(UFPE)

Profª.Drª.Maria Simone

Marinho Nogueira

(UEPB/UFPB)

Utopia da Querelle des femmes: A

Cidade das Damas

Profª.Drª. Cláudia Brochado (UnB)

Profª.Drª. Ana Míriam Wuensch

(UnB)

Utopia e Novelas de Cavalaria

Profª. Drª Aldinida

Medeiros(UEPB)

Temática livre voltada aos Estudos Medievais

Prof.Dr. Luciano J. Vianna (UPE)

PROGRAMAÇÃO GERAL

Horário Segunda

12/06

Terça

13/06

Quarta

14/06

08h00 Credenciamento

Exposição

Credenciamento

Exposição

Credenciamento

Exposição

08h30-

10h00

Mesa-redonda 5

Mesa-redonda 6

Mesa-redonda 7

Mesa-redonda 8

09h00-

10h30

Sessão de

abertura

Conferência

inaugural

Edward

Hoornaert

10h00-

10h30 Coffee break Coffee break

10h30-

12h00

Atividade

Cultural:

Performance

Christine de Pizan

Apresentação

musical: Cantigas

de amor

Rosário Leite e

Daniel Seixas

Conferência 2

Adriana Zierer

Apresentação:

Pequeno recital

Maria Graciele

Lima

Conferência de

encerramento

Maria Simone

Marinho

Nogueira

Lançamento de

livros

Apresentação do

grupo Verso de

boca (UFC)

12h00 –

13h45 Almoço Almoço Almoço

13h45 –

15h45

Mesa-redonda 1

Mesa-redonda 2 Mini-curso Mini-curso

15h45 –

16h00 Coffee break Coffee break Coffee break

CONFERÊNCIAS

12/06/2017 - Auditório da Reitora – UFPB

09h30

Conferência de abertura: Utopias medievais

Prof. Dr. Edward Hoornaert (UFBa)

13/06/2017 - Auditório 1 da CA (Central de Aulas)

10h30

Conferência 2: Paraíso e Utopia: uma viagem ao Além Medieval

na Visão de Túndalo

Profª.Drª. Adriana Zierer (UEMA)

14/06/2017 – Auditório 1 da CA (Central de Aulas)

10h30

Conferência de encerramento: A Mística Feminina Medieval como “um

lugar para se perder"

Profª.Drª Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB / UFPB)

MESAS-REDONDAS

12/06/2017

13:45 às 15:45

MESA-REDONDA 1: Autoria feminina : do medievo à

contemporaneidade - Auditório 1 CA

Neta(s) de D. Dinis": FiamaHass Pais Brandão, Maria Teresa

Horta, Myriam Coeli e Natália Correia

Profª. Drª. Conceição Flores (UnP)

Traços da lírica trovadoresca amorosa em Viagem, de Cecília

Meireles

Profª.Drª. Maria Aparecida Lima Francisco (UEPB)

“Quem é a autora?”: Literatura de autoria feminina na

Inglaterra medieval

Profª;Msª. Fernanda Cardoso Nunes (UECE)

Utopia, distopia e a insatisfação com a realidade em A Cidade

das Damas de Christine de Pizan e O Último Homem de Mary

Shelley

ProfªMsª Janile Pequeno Soares (UFPB)

MESA-REDONDA 2: Utopia e imaginário medieval

Auditório 2 CA

Utopia literária espanhola: cronologia de uma fuga.

Prof. Dr. Juan Ignacio Jurado Centurión Lopez (UFPE)

Cartografia das terras imaginárias: a utopia do maravilhoso na

Idade Média.

Profª. Drª. Beliza Áurea (UFPB)

As viagens de São Jorge entre tempos e territórios medievais

antes de embarcar na liturgia contemporânea de Umbanda

Profª.Dr. Roncalli Dantas Pinheiro (UFPB)

Dante e a utopia medieval da Divina Comédia: categorias

literárias antigas e medievais

Prof. Dr. Anderson D´Arc (UFPB)

12/06/2017

16:00 às 18:00

MESA-REDONDA 3: Literatura medieval e residualidade

Auditório 1 CA

O medievo está aqui

Roberto Pontes (UFC)

“A orgia dos duendes: Um medievo satirizado, confundido

Profª.Drª Elizabeth Dias Martins (UFC)

Resíduos do medievo: a morte e a morte macabra na poesia de

Augusto dos Anjos

Francisco Wellington Rodrigues Lima (UFC)

MESA-REDONDA 4: “Mística, alquimia e eros no universo medieval:

utopia ou busca da perfeição?

Auditório 2 CA

Mistica, alchimia ed eros nell’ universo medievale”. Utopia o

ricerca della perfezione?

Claudio Lanzi (Centro de pesquisa SIMMETRIA)

Dante Alighieri - A Rosa mística e o Amor que move as estrelas

Profª. Drª. Suelma Moraes (UFPB)

Configurações da gentilíssima mulher na vida de Dante

Alighieri

Prof. Ms. Roberto Pereira Veras (UFPB)

13/06/2017

08:30 às 10:00

MESA-REDONDA 5: Mística feminina e Amor cortês

Auditório 2 CA

A poética de Fin´Amors na obra de Marguerite Porète

Profª.Msª. Maria Graciele de Lima (UFPB)

Mística e amor cortês em Espelho das almas simples e

aniquilidas de Marguerite Porete

Profª. Drª Karine Rocha (UFPE)

Os enlaces divinos na poesia da beguina Hadewijch de

Amberes

Profª. Msª Paloma Oliveira (UEPB/UFPB)

MESA-REDONDA 6: Grupo Christine de Pizan

Auditório 1 CA

A Mística em Hildegarda de Bingen

Profª.Msª. Mirtes Pinheiro (UFMG)

Resistência e utopia na Cidade das Damas.

Profª.Msª. Ana Miriam Wuensch (UnB)

Mil anos depois: notas sobre a tradução para o português

brasileiro do tratado de medicina para as mulheres de

Trotuladi Ruggiero (séc. XI)

Profª.Drª. Karine Simoni (UFSC) e Profª.Drª. Luciana Calado

Deplagne(UFPB)

14/06/2017

08:30 às 10:00

MESA-REDONDA 7: Estudos Antigos e Medievais: visões

interdisciplinares

Auditório 1 - CA

As crônicas do século XVI: uma necessária análise

interdisciplinar

Prof. Dr. Luciano José Vianna (UPE)

A utopia na República de Platão: mito da caverna

Prof. Dr. Marco Valério Colonnelli (UFPB)

Imagens da Utopia Medieval na construção do Imaginário

Americano

Prof. Dr. Juan Pablo Martín Rodrigues (UFPE)

Hipátia de Alexandria (379-413 d.C), exemplo de mulher

intelectual na transição entre a Antiguidade-Tardia e o

Medievo

Prof. Dr. Marcos Roberto Nunes da Costa (UFPE)

MESA-REDONDA 8: Maravilhoso Medieval e Novelas de Cavalaria

Auditório 2 - CA

Utopias medievais e o Merlim cristianizado

Prof. Dr. André de Sena (UFPE)

O maravilhoso nas novelas de cavalaria

Profª. Drª. Luciane Alves Santos (UFPB)

O maravilhoso em uma novela de cavalaria renascentista

portuguesa: um estudo sobre o Memorial das Proezas da

Segunda TávolaRedonda, de Jorge Ferreira de Vasconcelos

Profª.Msª Letícia Raiane dos Santos (UFPE)

O maravilhoso e a magia medieval

Prof.Dr. Átila de Almeida (UFRJ)

SESSÕES DE COMUNICAÇÃO

EIXO TEMÁTICO TÍTULO DO

RESUMO

AUTOR/A/S

UTOPIA DA

AUTONOMIA: AS

BEGUINAS

13/06/17

16H00 - 18H00

LOCAL: CA

(Central de Aulas)

Bloco A – Sala 101

A influência e a

contribuição social de

pensadoras no período

medieval: o movimento

das Beguinas.

Dennis Cláudio

Ferreira (UEPB)

A liberdade das Almas

Aniquiladas no Le

Miroir de Marguerite

Porète (1250-1310).

Danielle Mendes da

Costa (UFRJ)

Amar, servir e ser

amada: O caminho

virtuoso ao encontro do

Amado em Hadewich

da Antuérpia.

Neuma Antonia da

Silva (UEPB)

A emancipação

feminina nos

beguinários: palavra,

ação e escrita.

TatianneGabrielly

Oliveira Quintans

(UEPB)

Co-autora: Simone

Dos Santos Alves

Ferreira(UEPB)

As Beguinas e Valkíria Oliveira de

Marguerite Porète: a

experiência com o

divino e o cuidado com

o outro.

Melo (UEPB)

Maria Simone

Marinho

Nogueira(UEPB)

EIXO UTOPIA DA

QUERELLE DE

FEMME: A CIDADE

DAS DAMAS

13/06/17 16H00 -

18H00

LOCAL: CA (Central de

Aulas)

Bloco A – Sala 102

Razão, retidão e

justiça: a questão do

conhecimento em A

cidade das damas de

Christine de Pizan.

Anderson Cardoso

Rubin

(UFSC/UCDB)

Transgressão e

pioneirismo em

Marguerite Porète e

Christine de Pizan.

Daniel Eduardo da

Silva (UFPB)

Pelo acesso das

mulheres à educação:

mulheres intelectuais

em A cidade das damas

de Christine de Pizan.

Gizelda Ferreira do

Nascimento Lima

(UFPB)

Um lugar para Maria

Bonita na Cidade das

Damas.

Maria Carreiro

Chaves Pereira

(UNB)

EIXO UTOPIA E

NOVELAS DE

CAVALARIA

13/06/17

16H00-18H00

LOCAL: CA

(Central de Aulas)

Bloco A – Sala 103

A ressonância da

utopia cavalheiresca no

par romântico de o

bobo de Alexandre

Herculano.

Andréia Rafael de

Araújo - UFPB

Orientadora:Aldinida

Medeiros

(UEPB/UFPB)

Utopia da justiça: O

milenarismo na

Canção de Rolando.

AnielyWalesca

Oliveira

Santiago(UFPB)

Um estudo da Claudienne da Cruz

santidade feminina

medieval a partir da

obra A Demanda do

Santo Graal.

Ferreira (UEMA)

Orientadora:Adriana

Maria de Souza

Zierer(UEMA)

A Canção de Rolando e

a Utópica Imagem do

Cavaleiro Perfeito.

Elisângela Coelho

Morais(UEMA)

Orientadora: Adriana

Maria de Souza

Zierer (UEMA)

Don Quijote: la crítica

que transpone el

tiempo.

Jossana Melo da

Silva (UFPB)

EIXO UTOPIA DO

AMOR: FIN'AMOR 1

13/06/17

16H00 - 18H00

LOCAL: CA

(Central de Aulas)

Bloco A – Sala 104

O Amor Virginal em O

Colar da Pomba de

IbnHazm.

Celia Daniele

Moreira de

Souza(UFRJ)

As cantigas do amor

total: Considerações

sobre o

Neotrovadorismo na

poesia de Vinicius de

Moraes.

Jonathan Lucas

Moreira Leite(UFPB)

Co-

autora:JéssicaRodrigu

es Férrer (UFPB)

O amor cortês emInês

de Castro de María

Pilar QueraltdelHierro.

Simone dos Santos

Alves Ferreira

(UEPB)

Entre o exercício da

dor de amar e a

plenitude do amor:

Uma análise do

Romance Epistolar de

Mariana Alcoforado à

Mística Erótica de

Teresa D’Ávilla.

Thamires Nayara

Sousa de

Vasconcelos (UFPB)

EIXO UTOPIA DO

AMOR: FIN'AMOR 2

13/06/17 16H00 -

18H00

LOCAL: CA

(Central de Aulas)

Bloco A – Sala 105

A desconstrução do

ideal platônico do amor

cortês nas Cantigas de

Amigo de Natália

Correia

Anália Sofia Cordeiro

de Lima Gomes

(UFPB)

O amor cortês em La

Celestina entre o

medieval e o

renascentista.

Aline Kelly Vieira

Hernández ( UFPB)

Rousseau e o romance

filosófico: reflexões

sobre as

Correspondências de

Abelardo e Heloísa e a

Nova Heloísa.

Jozelma Oliveira

Pereira (UEPB)

Maria Simone

Nogueira (UEPB)

Amor cortês em

Pequeno Romanceiro,

de Guilherme de

Almeida.

Leonildo Cerqueira

(UFC)

LITERATURA 1:

Poéticas da oralidade

13/06/17

16H00 - 18H00

LOCAL: CA (Central de

Aulas)

Bloco A – Sala 106

São Saruê: A Cocanha

Nordestina.

Caroline Sandrise dos

Santos Maia(UFPB)

José Costa Leite e os

encantos da mulher

Fabianne Ramos de

Souza Vieira( UFPB)

Cocanha e São Saruê:

terras de abundância

Laura Florentino

(UFPB)

Lia de Itamaracá e a

Ciranda do Amor.

Manuela Xavier R. de

Souza (UFPB)

DoTrovadorismo ao

Repente nordestino:

revisitando as cantigas

Welson dos Anjos

Pereira (UEPB)

de tenção medievais

pelos desafios da

cultura popular.

Simone Dos Santos

Alves Santos (UEPB)

LITERATURA 2

Interdisciplinaridade

14/06/17

16H00 - 18H00

LOCAL: CA

(Central de Aulas)

Bloco A – Sala 101

A arte de dizer poemas:

um resíduo medieval

Ana Carolina de Sena

Rocha (UFC)

Elizabeth Dias Martin

(UFC)

Por debaixo dos panos:

o engano em Vespas,

de Aristófanes, e n’ A

farsa do Advogado

Pathelin.

Francisco Alison

Ramos da Silva

(UFC)

Breve reflexão sobre as

concepções acerca do

tempo no pensamento

filosófico e literário.

Gilmar de Souza

Barbosa Vasconcelos

(UEPB)

Dante Alighieri e a

busca de uma ordem de

paz universal.

Risomar Gomes

Monteiro Fialho

(Faculdade Paraíso –

CE)

Gustavo Leite Neves

da Luz (Faculdade

Paraíso – CE)

O simbolismo das

culturas cristã e pagã

no imaginário

simbólico do filme As

Brumas de Avalon luz

sobre a terra média: a

imagem mítica

psicológica da mulher,

Rafael Francisco

Braz (UEPB)

deusa, élfica.

LITERATURA 3:

Representação da

mulher na Literatura

medieval e

Renascentista

14/06/17

16H00 - 18H00

LOCAL: CA

(Central de Aulas)

Bloco A – Sala 102

Os modelos de

comportamento nas

barcas de Gil Vicente.

Andreia Karine

Duarte (UEMA)

A leitura da mulher

medieval: o conto “A

mulher de Bath”, de

Geoffrey Chaucer,

como representação.

Daniela Viana Cruz

(UNEB-BA)

Luis Roberto

Resende dos Santos

(UNEB-BA)

O riso e a

representação da figura

feminina da Idade

Média: da condenação

à carnavalização

GracielleAngeline

Tavares da Silva

(UFPB)

José Suetonio Ramos

Gonçalves (UFPB)

Maria Lucivânia da

Silva Bernardino

(UFPB)

A representação da

mulher em " Ditos da

freira" ( sec. XVI), de

Joana da Gama.

Mônica de Paula

Gomides (UFPB)

Larisa Souza Silva

(UFPB)

Rejane Cavalcante da

Silva(UFPB)

Mulheres portuguesas

em Gil Vicente: uma

análise dos tipos

satirizados e das

camadas sociais em

algumas peças

vicentinas.

Renata de Jesus

Aragão Mendes

(UEMA)

Orientadora: Adriana

Maria de Souza

Zierer (UEMA)

Maria Exita, resíduos

da camponesa

medieval em

Substância, de

Guimarães Rosa

Victória Pereira

Vasconcelos Abreu

(UFC)Elizabeth Dias

MARTINS (UFC)

LITERATURA 4

Tradição medieval na

Literatura

contemporânea

14/06/17 16H00 -

18H00

LOCAL: CA (Central de

Aulas)

Bloco A – Sala 103

Diálogo atemporal: um

estudo residual do

poema Cantiga para

não morrer, de Ferreira

Gullar.

Kaio Oliveira Tillesse

Barros (UFC)

Daniel Pereira de

Oliveira (UFC)

Resíduos da novela de

cavalaria no romance

d’a pedra do reino, de

Ariano Suassuna.

Maria Milene Peixoto

de Oliveira (UFC)

Rosa Brava: uma

releitura da mulher

medieval na figura de

Leonor teles.

Rosemeri Verissimo

Santana Costa

(UFPB)

Aldinida Medeiros

(UEPB)

Ideia de mundo

medieval, uma

proposta de leitura a

partir do C. S. Lewis.

Salomão Davi Xavier

da Silva (UFPB)

O discurso de Fernão

Lopes sob a

perspectiva da

metaficçãohistóriográfi

ca deSeomara da

Veiga Ferreira.

WhadjaNascimento(

GIELLus)

AldinidaMedeirosUE

PB/ PPGL-UFPB

LITERATURA 5

Representação do Resíduos do sirventês Carlos Henrique

medievo na Literaturas

Brasileira

14/06/17

16H00 - 18H00

LOCAL: CA

(Central de Aulas)

Bloco A – Sala 104

medieval na poesia

insubmissa de Pedro

Lyra.

Peixoto de Oliveira e

Brenda Raquel Nobre

Lopes (UFC)

Justiça e esperança em

Verbo Encarnado, de

Roberto Pontes:

resíduos de um

pensamento medieval.

Cássia Alves da Silva

(UFC)

Mary Nascimento da

Silva Leitão(UFC)

Conhecer é perigoso:

do mito de Prometeu

ao pecado original,

resíduos do demoníaco

em Lavoura Arcaica.

Francisca Yorranna

da Silva (UFC)

Elizabeth Dias (UFC)

A Arte Literária e o

Mal: sexo, desvio e

danação na Crônica da

Casa Assassinada.

Romildo Biar

Monteiro (UFC)

Elizabeth Dias

Martins (UFC)

A batalha discursiva

entre Oliveiros e

Ferrabrás: do Medieval

para o sertão

nordestino.

Willian Lima de

Sousa (UFPB)

ESTUDOS EM

MEDIEVALÍSTICA 1

14/06/17

16H00 - 18H00

LOCAL: CA

(Central de Aulas)

Bloco A – Sala 105

Senhorio, normativas

canônicas e a guerra:

As relações de

negociação em Castela

e Leão nos séculos XI e

XII.

Bruno Gonçalves

Alvaro (UFS)

Legitimidade, Bruna Oliveira Mota

autoridade e poder:

Uma breve reflexão

sobre as relações de

negociações senhoriais

no período alfonsino

(1252-1284)

(UFS)

Giordano Bruno:

apropriação e

reelaboração da

especulação

Cusana sobe a

infinitude de deus e do

universo.

José Teixeira

(UERN)

Entre a justiça e a

felicidade: o diálogo de

um injustiçado

Lauro Cristiano

Marculino Leal

(UFPB)

Traços para uma

experiência do olhar

em De Visione Dei de

Nicolau de Cusa

Klédson Tiago Alves

de Souza (UEPB)

Maria Simone

Marinho Nogueira

(UEPB)

O ressurgimento

urbano na baixa idade

média e sua

contribuição para o

estudodo urbanismo

ocidental moderno.

Magnus Galeno Felga

Fialho (FJN)

EIXO LIVRE

ESTUDOS EM

MEDIEVALÍSTICA 2

14/06/17 16H00 -

18H00

LOCAL: CA

(Central de Aulas)

Diálogos entre a

filosofia medieval-

tomista e a jusfilosofia

contemporânea: ensaio

hermenêutico e

axiológico.

Cláudio Pedrosa

Nunes(UFCG)

Bloco A – Sala 106

Do misticismo à

presunção: as

representações da rosa

na passagem da Idade

Média ao Barroco.

Lourival da Silva

Burlamaqui

Neto(UFPE)

Paraíso e Salvação na

Arte de BienMorir:

Considerações sobre

uma utopia medieval.

Patrícia Marques de

Souza (UFRJ)

Monergismosoteriológi

co na Suma de santo

Tomás de Aquino.

Renan Pires Maia

(UFPB)

Tradução ao conceito

de desprendimento em

mestre Eckhart.

Sebastiana Inácio

Lima (UFPB)

MINI-CURSOS

13 e 14 de junho 13:45 ás 15:45

Central de Aulas- Bloco A - UFPB

MINICURSO 1

Sala 101 – Bloco A (Central de aulas)

Título: O corpo que cala: A vida divina e a emancipação do

corpo no pensamento de Marguerite Porete

Profª Amanda Oliveira da Silva Pontes (UEPB)

MINICURSO 2

Sala 102 – CA (Central de aulas)

Título: O Latim nos hinos litúrgicos: a face clerical do medievo

Prof. Dr. Alder Júlio Ferreira Calado (UFPB)

MINICURSO 3

Sala 103 – CA (Central de aulas)

Título: Magia e a utopia da vontade

Prof.Dr. Átila de Almeida (UFRJ)

RESUMOS

CONFERÊNCIAS

PARAÍSO E UTOPIA: UMA VIAGEM AO ALÉM MEDIEVAL NA

VISÃO DE TÚNDALO

Adriana Zierer (UEMA/Brathair/Mnemosyne)

Para os homens e mulheres da Idade Média, a ida ao Paraíso depois da

morte era o principal propósito, motivo pelo qual este lugar pode ser

considerado uma utopia por excelência, espaço ao mesmo tempo, físico e

espiritual de felicidade e bem estar. De acordo com Le Goff (2002, p. 21),

depois da ressurreição, que ocorre no fim do mundo, os “bons” vivem

eternamente num lugar de delícias, o Paraíso. Porém para atingir este local,

os humanos devem abster-se de pecar no mundo terreno. Assim, o local de

plenitude se opõe diretamente ao Inferno, local das punições eternas para

onde vão aqueles que, segundo o cristianismo, se dedicaram aos prazeres

mundanos e às tentações do mal. No intuito de afastar os indivíduos deste

local, foram compostas muitas narrativas dentre as quais as viagens ao

Além-túmulo. Dentre estas, a Visio Tnugdali (Visão de Túndalo) é a mais

conhecida e que teve maior difusão. Composta no século XII, mas com

ampla circulação até o século XVI em boa parte da Europa, esta narrativa

trata da transformação de um cavaleiro pecador num bom cristão. Ele

“morre” temporariamente, isto é, passa mal subitamente e entra numa

espécie de coma, quando faz um percurso ao Além, acompanhado do seu

anjo da guarda. A narrativa foi uma das que influenciaram a Divina

Comédia, de Dante. Após passar pelos locais infernais e sofrer fisicamente

torturas por seus pecados, o protagonista, Túndalo se arrepende de suas

antigas faltas. Depois, chega a conhecer os três espaços do Paraíso, dividido

em muros. O local tem pontos de contato com o Éden bíblico e com a

Jerusalém Celeste, que é caracterizada no medievo como uma cidade

commuros. Neste local, todos são felizes e louvam continuamente o criador.

Há ali a presença da fonte de água viva, de árvores frutíferas, das pedras

preciosas e instrumentos musicais, entre outros elementos. Após conhecer

os espaços infernais e paradisíacos, o cavaleiro “acorda”, isto é, retorna ao

mundo terreno, onde, regenerado, doa os seus bens aos pobres e à Igreja e se

torna um modelo de bom cristão para que quando morresse retornasse à

utopia paradisíaca. Por isso, é possível afirmar que a Visão de Túndalo age

como um verdadeiro manual de comportamento, ensinando atitudes corretas

para que os indivíduos atingissem o Paraíso na outra vida.

UTOPIAS MEDIEVAIS

Eduardo Hoornaert (UFBa)

Os temas anunciados para as seis Mesas Redondas desse Seminário são

fascinantes. Quem não se sente com vontade de saber mais sobre a Visão de

Tundalo, as visões de Margarita Porete, Hadewijch de Antuérpia,

Hildegarde de Bingen, as sensacionais inovações de Trotula de Ruggiero no

campo da medicina, a infeliz sorte de Hipátia de Alexandria, a primeira

matemática de seu tempo e, bem mais perto de nós, a literatura de Mary

Shelley? Quem não gostaria de participar das viagens de São Jorge, o

itinerário de Dante pelo inferno, pelo purgatório e pelo paraíso? Quem não

quer revisitar Merlin e o mundo maravilhoso da Saga do Rei Artur, ou

entrar com Christine de Pizan na feminista Cidade das Damas? Peço licença

para colaborar com uma colocação que, assim espero, ajude a aprofundar os

temas que vocês vão abordar nestes dias. Gostaria de propor o tema da

ironia no estudo dos temas que serão abordados nestes dias, pois quer me

parecer que a vivência de uma utopia postula o exercício de uma boa dose

de ironia. Nessa reflexão, Cervantes vai me servir de guia, pois seu

Romance Dom Quixote constitui a seu modo uma revisão e uma crítica da

literatura medieval. Cervantes mostra que a utopia, ao mesmo tempo em que

constitui a vivência da verdade, necessita de ironia para não resultar em

ilusão.

A MÍSTICA FEMININA MEDIEVAL COMO “UM LUGAR PARA

SE PERDER”

Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB/Pós-Graduação em

Filosofia/Mestrado/UFPB)

Nesta conferência pretende-se abordar a mística feminina medieval tendo

como principal recorte histórico os séculos XII e XIII com base nos textos

apresentados pelas mulheres que se situam nesse período. Desta forma, far-

se-á, em primeiro lugar, uma breve contextualização da mística na história

da filosofia; em segundo lugar, mostrar-se-á algumas diferenças entre a

mística produzida pelas mulheres e a mística produzida pelos homens; e, por

fim, num terceiro momento, procurar-se-á apresentar a mística feminina

medieval como uma atopia não só porque, como afirma Michel de Certeau,

ela se constitui como um lugar para se perder, mas também porque, nas

suas expressões (da mística feminina) há uma estranha obsessão pelo vazio

que se revela no fogo do desejo, mas não deixa de ser, ao mesmo tempo,

uma experiência do pensamento.

MESAS-REDONDAS

RESISTÊNCIA E UTOPIA NA CIDADE DAS DAMAS.

Profª Ana MíriamWuensch (UnB)

Apresentamos neste trabalho algumas linhas gerais para uma leitura política

da obra Cidade das Damas da escritora medieval Christine de Pizan.

Perguntamos se a ficção que constitui a Cidade das Damas, em seus retratos

biográficos de mulheres singulares organizados pelo diálogo interno que

organiza a obra, pode ser entendida como resistência ou como utopia.

Consideramos as diferenças e articulações entre os dois termos, em seus

aspectos literários, políticos, e epistemológicos mais antigos e mais

modernos. Utilizamos como recurso privilegiado, entre outros, as ideias da

pensadora Hannah Arendt relativas à condição humana da política, e sua

estratégia de voltar-se para um passado esquecido pela tradição do

pensamento político ocidental, em busca de vestígios de compreensão do

mundo com mulheres, em nosso presente.

Palavras-chave: Christine de Pizan, Cidade das Damas, Hannah Arendt,

resistência, utopia.

DANTE E A DIVINA COMÉDIA: CATEGORIAS LITERÁRIAS

ANTIGAS E MEDIEVAIS

Prof. Dr. Anderson D’Arc Ferreira (UFPB)

O presente trabalho apresenta-se como um breve excurso em minhas

pesquisas. A interface entre categorias filosóficas e literárias sempre atraiu

os estudos dos filósofos desde seu debate com a cultura dos poetas na

Grécia Arcaica. Nosso trabalho, entrementes, é fruto de uma primeira

aproximação, de minha parte, entre algumas das categorias filosóficas e

literárias desenvolvidas durante o medievo. O objetivo que pretendemos

atingir nessa pesquisa preliminar é levantar de que forma Dante recebe as

influências literárias da tradição e as reinterpreta diante dos dados morais

cristãos incutidos pela revelação. Nossa hipótese é a de que ele trabalha com

os elementos oriundos de Homero (descida de Ulisses ao mundo dos mortos

- Odisseia) e Virgílio (descida de Eneias ao mundo dos mortos – Eneida).

Para atingir nosso objetivo compararemos a narrativa desenvolvida por

Dante com os dados da katábasis (descida) de Ulisses e Eneias, aspectos

que nos possibilitarão entender o significado da escolha, por parte de Dante,

da Comédia como estilo literário de sua obra, e não uma Epopeia como em

Homero e Virgílio. Com isso pretenderemos levantar alguns elementos que

nos permitam entender em que sentido a Divina Comédia pode ser chamada

de ‘utopia’ do medievo.

Palavras-Chave: Dante; Utopia; Divina Comédia.

UTOPIAS MEDIEVAIS E O MERLIM CRISTIANIZADO

Prof. Dr. André de Sena (UFPE)

O presente artigo visa apresentar as movências que o imaginário cristão

consolidou em obras como Merlim, de Robert de Boron, e a Demanda do

Santo Graal, através das quais elementos originariamente pagãos foram

cristianizados, ao tempo que sugere novas abordagens teóricas e crítico-

literárias em relação às mesmas. A partir dos conceitos medievais de

miraculaemirabilia, intenta-se, a partir da figura icônica do mago Merlim,

observar como tais processos se deram, tendo-se em vista possíveis ligações

com as utopias religiosas.

Palavras-chave: Literatura medieval, Cristianismo, Paganismo, Merlim.

O MARAVILHOSO E A MAGIA MEDIEVAL

Prof. Dr. Atila de Almeida (UFRJ)

A comunicação pretende discutir a posição da magia no amplo conceito de

maravilhoso, sobretudo conforme estabelecido por Jacques Le Goff. Para Le

Goff, o maravilhoso é um espaço onde concentram-se objetos, seres e

lugares maravilhosos, isto é, que têm a capacidade de arregalar os olhos

daqueles que os vêem. Por outro lado, a magia também fascina, admira e,

finalmente, maravilha. A posição da magia, sobretudo da adivinhação, é um

campo fértil para reflexões acerca das relações entre estes dois campos.

Assim,pretende-se trazer estas questões a partir de um exemplo retirado

da Historiae Regum Britanniae de Geoffrey de Monmouth (1135 a.D), em

um de seus mais caros personagens, a saber, Merlim. Neste texto, o

personagem faz uso de seus poderes de adivinho, fazendo emergir diversos

elementos importantes para o debate.

MISTICA, ALCHIMIA ED EROS NELL´UNIVERSO MEDIEVALE.

UTOPIA O RICERCA DELLA PERFEZIONE?

Claudio Lanzi (Centro de pesquisa SIMMETRIA)

La donna e la Vergine nel potente linguaggio del 1300, La raffinata mistica

dell’eroscome transizione dall’esperienza cavalleresca a quella dell’Amor

Cortese. Il linguaggio simbolico dei Minnesinger e dei Fedeli d’amore. Il

romanzo della Rosa di De Lorris e del Fioredi Dante. Le cattedrali gotiche

come ermeneutica architettonica del pensiero medievale. I monaci

alchimisti, Frate Elia. Tutti costoro partecipano alla costruzione della

gigantesca ed enigmatica sapienza medievale.

“NETA(S) DE D. DINIS”: FIAMA HASS PAIS BRANDÃO, MARIA

TERESA HORTA, MYRIAM COELI E NATÁLIA CORREIA

Profª. Drª. Conceição Flores (UnP)

Natália Correia (1923-1993) afirma que a sua linhagem poética se vincula a

D. Dinis, rei trovador, e que as cantigas de amigo são a sagrada matriz do

seu lirismo. Partindo, pois, destas afirmações da poetisa açoriana e

vinculando a essa genealogia as poetisas portuguesas FiamaHass Pais,

Maria Teresa Horta e a norte-rio-grandense Myriam Coeli, este trabalho

analisa as releituras das cantigas de amigo dessas quatro autoras.

Palavras-chave: releituras; cantigas de amigo; autoria feminina.

“A ORGIA DOS DUENDES”: UM MEDIEVO SATIRIZADO,

CONFUNDIDO

ProfªDrª Elizabeth Dias Martins (UFC)

Nossa comunicação vai abordar a presença de elementos do imaginário

medieval na perspectiva analítica do riso satânico no poema “A orgia dos

duendes” de Bernardo Guimarães, texto que reflete de modo acentuado o

gosto romântico pelos temas do medievo e pelo ambiente noturno. Tais

elementos aguçaram a imaginação do autor, levando-o a produzir uma peça

que enfatiza campo não muito explorado pelos demais românticos

brasileiros, a exemplo da dança macabra, das feitiçarias, da corrupção da

essência religiosa pela aceitação do que é carnal. A crítica humorística se

inicia na paródia ao ritmo empregado por Gonçalves Dias no “Canto do

Piaga”, como observou Basílio de Magalhães14. Porém, nos versos de nove

sílabas do ouropretano, não se lê uma exaltação aos feitos e aos costumes

indígenas, trata-se da narrativa de rituais macabros tipicamente medievais,

mesclados com o lendário popular, em que a ambientação, os ingredientes e

o material utilizados lembram os cultos indígenas, porém tratados de modo

satírico.

Palavras-chave: Poesia; Romantismo; Medieval; Riso; Residual;

“QUEM É A AUTORA?”: LITERATURA DE AUTORIA FEMININA

NA INGLATERRA MEDIEVAL

Profa. Ms. Fernanda Cardoso Nunes (UECE-FAFIDAM)

Este trabalho tem como objetivo analisar como o conceito de “autoria” é

elaborado nas obras de três autoras inglesas medievais: Christina de

Markyate (c. 1096- c.1155), Juliana de Norwich (1343- c.1416) e

MargeryKempe (1373- c.1438). Com a pergunta “haveria autoras na Idade

Média?”, Jennifer Summit (2003), provoca a reflexão sobre de que forma a

definição de “autor” pode ser relacionada à categoria “mulheres” no

contexto medieval. Percebemos que, na realidade, o conceito de “autor (a)”

constitui uma variável ao longo da história da literatura. A obra das três

autoras inglesas, consideradas pioneiras em termos de literatura de autoria

feminina na Idade Média inglesa, propõe desafios aos estudiosos dessa

literatura no sentido de que o próprio status de “autor (a)”, em seu sentido

atribuído pela crítica literária moderna, não existia naquele período

histórico. Utilizando-nos das reflexões de Chenu (1927), Foucault (2009),

Compagnon (2001), a supracitada Summit e Telles (1992), pretendemos

analisar, brevemente, como os escritos das três místicas inglesas

problematizam a questão da autoria feminina no âmbito da literatura

medieval inglesa.

Palavras-chave: Literatura de autoria feminina. Literatura Inglesa Medieval.

Christina de Markyate. Juliana de Norwich. MargeryKempe.

RESÍDUOS DO MEDIEVO: A MORTE E A MORTE MACABRA NA

POESIA DE AUGUSTO DOS ANJOS

Prof. Ms. Francisco Wellington Rodrigues Lima (UFC)

A poesia de Augusto do Anjos, repleta de pensamentos filosóficos e

científicos, nos remete a diferentes paradigmas sobre o homem e s ua

condição existencial no mundo (vida x morte x sofrimento humano).

Dessa forma, o poeta paraibano quase sempre expressou em seus

poemas o pessimismo e a visão materialista e perplexa da vida,

construindo, inclusive, imagens grotescas, horríveis e repugnantes do

sofrimento do homem ainda em vida e do seu caminhar para a morte,

provocando assim, um choque ao leitor de seus poemas. Para o poeta, a

morte tem um sentido complexo; ela é uma certeza para todo e q ualquer

vivente; dela, ninguém escapa. Nesse sentido, o autor acaba ressaltando a

morte como um fim; um processo de decomposição; um processo

químico-biológico – a volta ao pó; o fim macabro do homem e da sua

existência. Sendo assim, nosso trabalho visa compreender a imagem da

morte e do macabro da morte como elemento residual na obra de

Augusto dos Anjos, utilizando-se para tal a Teoria da Residualidade

Literária e Cultural, elaborada e sistematizada por Roberto Pontes.

Palavras– chave: Residualidade, Morte, Macabro, Augusto dos Anjos

.

UTOPIA, DISTOPIA E A INSATISFAÇÃO COM A REALIDADE

EM A CIDADE DAS DAMAS DE CHRISTINE DE PIZAN E O

ÚLTIMO HOMEM DE MARY SHELLEY

Profª.Ms. Janile Pequeno Soares (PPGL/UFPB)

Este trabalho tem por objetivo levantar considerações a respeito dos pontos

que unem a utopia de Christine de PizanA Cidade das Damas, escrita em

1405, final do período medieval, e a distopia de Mary Shelley O Último

Homem, texto escrito em 1826, início do século XIX. O texto de Pizan, a

primeira utopia feminista escrita por uma mulher, nos coloca diante de

argumentos que empoderam as capacidades intelectuais da mulher,

problematizando seu papel na sociedade e trazendo alternativas para a

desconstrução do pensamento misógino em relação às mulheres, através de

um projeto utópico que cria a cidade ideal onde as mulheres têm espaço e

voz. Já no texto de Shelley, primeira obra pós-apocalíptica/distópica escrita

por uma mulher, encontramos o desenvolvimento de um mundo onde o

projeto humano falhou devido à vontade de poder exacerbada, egoísmo e

falta de amor nas relações sociais, fazendo com que a humanidade seja

tomada por uma praga que poupa apenas um único sujeito; imune à praga, o

último homem descreve o fim da humanidade em meio a ponderações sobre

fraqueza humana diante de suas intencionalidades monstruosas, o que

impede a construção de uma sociedade justa. Escritos em épocas diferentes

e com abordagens do mundo diferentes, os textos de Pizan e Shelley se

unem diante do mesmo ponto que une o pensamento utópico ao distópico: a

insatisfação com a realidade, e este é o ponto central de nossa análise. Para

tanto, utilizaremos o apoio teórico de Garretas (1995), Deplagne (2012),

Booker (1994), Cavalcanti (2006), Moylan (2016).

Palavras-chave: Pizan, Shelley, Utopia/Distopia.

UTOPIA LITERÁRIA ESPANHOLA: CRONOLOGIA DE UMA

FUGA.

Prof. Doutor Juan Ignacio Jurado-Centurión López (CCHLA/DLEM/UFPB)

A utopia é um desejo endémico da humanidade; desde o começo dos tempos

o homem tem projetado a sua inquietação por um mundo melhor por meio

das artes plásticas, da filosofia, da literatura, etc. sem que por isso esses

artistas sejam hoje reconhecidos como mentores do pensamento utópico. A

consolidação desse pensamento vai se produzir no Humanismo,

principalmente a partir da obra prima de Thomas More. Ela será seguida de

uma infinidade de publicações que vão aportando ao tema inovações de

acordo com a época em que foram redigidas. Elas conformaram o corpus de

um gênero que até hoje não deixa de crescer diversificando-se em novas

visões entre distópicas e utópicas que trouxeram novas temáticas como a

tecnologia, a psicologia ou as questões meio ambientais. Contudo ao longo

da historia a literatura, numerosos escritores têm desenhando , têm projetado

um mundo melhor sem que por isso sejam autores considerados escritores

utópicos. Este trabalho, dentro dos limites da literatura espanhola, pretende

aproximar o leitor de alguns desses textos e analisar eles desde a perspectiva

do imaginário utópico que de forma implícita todos eles participam. Autores

como Fray Luís de León, Antônio de Guevara ou José de Espronceda

estarão entre os autores revisitados.

Palavras chave: Utopia. Literatura espanhola. Estudos do imaginario.

IMAGENS DA UTOPIA MEDIEVAL NA CONSTRUÇÃO DO

IMAGINÁRIO AMERICANO.

Prof. Dr. Juan Pablo Martín Rodrigues (UFPE)

Embora exista um número razoável de estudos sobre o Imaginário

Americano e a importância da Utopia Medieval na sua construção, talvez

não tenha se insistido o suficiente na categorização destas utopias como

simultânea causa motora, justificativa e consolidação da Conquista de

América. Será muito esclarecedora a classificação que Hilário Franco Junior

apresenta nas suas Utopias medievais (1992) “utopia da abundância – a

Cocanha, a utopia de Justiça - o Milênio, a utopia do sexo - a androginia e a

utopia matriz - o paraíso” e que pode ser preenchida com as variadas utopias

americanas que perseguiam os aventureiros europeus, desde o país de Jauja

até Eldorado, desde a Cidade dos Césares até os domínios das andróginas (e

cativantes) Amazonas. Ditos mitemas configuram o que Fernando Aínsa

(1993) definiria como o pre-utópico que constitui as “linhas de força

afetivas e intelectuais que conotam e anunciam a semântica e sintaxe do

imaginário utópico ulterior”. O desenvolvimento de tais mitemas não se

limita aos relatos orais ou escritos, mas se desenvolve decididamente

através das imagens cartográficas que desempenham um papel inter-

semiótico definitivo na constituição dessas utopias, no que Alfredo

Cordiviola (2005) definirá como a “promessa das torres distantes: geografia

e felicidade” ou na busca recorrente “já não de um paraíso perdido no final

do mundo, mas de um possível ao outro lado do oceano” (FUENTES

CRISPÍN, 2016). Conclui-se que “o exercício da imaginação é também uma

atividade fundamentalmente política. Imaginar é ousar estabelecer conexões

inesperadas, propor imagens que, portanto, criticam o status quo.” (DIDI-

HUBERMAN, 2011).

Palavras chave: Utopias Medievais; Pré-utopia; Imaginário Americano.

MÍSTICA E AMOR CORTÊS EM ESPELHO DAS ALMAS SIMPLES

E ANIQUILADAS, DE MARGUERITE PORETE

Profª. Dra. Karine Rocha(UFPE)

Em Espelho das almas simples e aniquiladas, Marguerite Porete afirma que

o conceito de Brautmystik aqui trabalhado poderia ser de difícil

compreensão para as demais beguinas. Para as demais beguinas a união com

Deus se dá no início da jornada mística como promessa de uma consumação

futura. O caminho até esta consumação é marcado pela ausência do Amado,

se tornando penoso. Em Porete a dor da ausência e a constante obrigação de

se mostrar leal são apenas o início da jornada mística. Marguerite Porete nos

apresenta uma obra onde existe uma tensão maior entre o sagrado e o

dionisíaco. Nosso objetivo é analisar como a reapropriação do amor cortês

em sua obra remete a ideia de que este é uma ilusão do amor perfeito.

Espelho das almas simples e aniquiladas nos mostra que os efeitos do amor

cortês inebriam a alma, impedindo-a de alcançar estágios mais nobres e

elevados. No amor cortês existe apenas amor por si mesma, mas a alma

disto não se apercebe. Porete ensina que ao despojar-se deste amar a si

mesmo, a alma se entrega ao “amor no nada”, conseguindo a união perfeita

com Deus. Marguerite Porete, assim, contraria a concepção cortês,

revelando que o amor só é amor quando o culto amoroso cessa e a alma se

une ao Amado.

Palavras-chave: mística cortês, literatura medieval, gênero.

MIL ANOS DEPOIS: NOTAS SOBRE A TRADUÇÃO PARA O

PORTUGUÊS BRASILEIRO DO TRATADO DE MEDICINA PARA

AS MULHERES DE TROTULA DI RUGGIERO (SÉC. XI)

Profª.Drª.Karine Simoni (UFSC)

Profª.Drª Luciana Eleonora de Freitas Calado Deplagne (UFPB)

No séc. XI, Trotuladi Ruggiero era uma das principais referências da

renomada Escola de Medicina de Salerno, sul da Itália (SANTUCCI, 2008,

p.87). Nas suas observações e práticas medicinais, dedicou-se ao estudo da

saúde e das doenças que acometiam de modo especial as mulheres. Apesar

das constantes tentativas de apagamento de Trotula ao longo dos séculos,

feitas em sua maioria por indivíduos homens, do exaustivo trabalho da

médica de Salerno resultam hoje dois tratados: o De passionibusmulierum

ante in et post partum [As doenças das mulheres antes, durante e depois do

parto], também chamado deTrotulamaggiore [Trotula maior], que trata das

doenças das mulheres, e o Trotula minore [Trotula menor], que contém

orientações sobre como alcançar a beleza feminina. A comunicação

apresenta algumas reflexões sobre o processo de tradução para o português

brasileiro dos dois textos de Trotula, entendendo a tradução não só como a

forma de dar vida ao original, mas, principalmente, de garantir a sua

sobrevivência. (BENJAMIN, 1923). Nesse sentido, traduzir é (re)conhecer a

obra e a importância da autora e dos seus tratados para a história da

medicina e para a história das mulheres. Inicialmente serão apresentadas

brevemente a autora e a obra em seu contexto histórico, para, em seguida,

discutir as relações entre os elementos linguísticos/ culturais envolvidos na

tradução e os desafios de traduzir a distância temporal e espacial entre as

línguas e as culturas envolvidas.

Palavras-chave: Trotula di Ruggiero; As doenças das mulheres antes,

durante e depois do parto; processo de tradução

O MARAVILHOSO EM UMA NOVELA DE CAVALARIA

RENASCENTIS TA PORTUGUESA: UM ESTUDO SOBRE O

MEMORIAL DAS PROEZAS DA SEGUNDA TÁVOLAREDONDA, DE

JORGE FERREIRA DE VASCONCELOS

Profª.Ms. Letícia Raiane dos Santos(UFPE)

Publicado pela primeira vez em 1554 com o título Livro primeiro

da primeira parte dos Triunfos de Sagramor, rey de Inglaterra e França,

em que se tratam os maravilhosos feitos dos cavaleiros da segunda Távola

Redonda; e, posteriormente,em 1567, editado como o Memorial de Proezas

da Segunda Távola Redonda, esta novela de cavalaria escrita por Jorge

Ferreira de Vasconcelos insere-se diegeticamente no ciclo arturiano, dando

continuidade às aventuras de um novo grupo de guerreiros montados

subservientes ao Rei Artur. Contudo, apesar de estar ligada formalmente e

tematicamente a um gênero literário datado, essa obra carrega em si um

duplo caráter que a aproxima tanto dos ideias da literatura medieval quanto

dos que se fizeram presentes no Quinhentismolusitano.

De acordo com Massaud Moisés (1957), a novela de cavalaria

portuguesa propriamente dita é fruto do século XVI. Para o autor,

anteriormente, o que se tinha eram apenas traduções de outras obras

européias, fato que impossibilitou que Portugal possuísse um livro desse

gênero genuinamente luso em plena Idade Média.

Segundo Moisés (1957) e Figueiredo (1950), sob o influxo dos

ideais quinhentistas potugueses, houve, nas novelas de cavalaria publicadas

no século XVI, um surto nacionalizador da matéria cavaleiresca, o que

acabou direcionando, inclusive em Jorge Ferreira de Vasconcelos, uma

busca pela afirmação de um heroísmo luso antes mesmo da grande épica

camoniana. Ademais, no caso do “Memorial de Proezas da Segunda Távola

Redonda”, é bastante comum ver alusões à mitologia greco-romana no

interior da própria narrativa, o que evidencia ainda mais a interpenetração

dos moldes literários da renascença e do medievo. Além disso, ao contrário

das novelas de cavalaria medievais, nas quais Deus e o diabo estavam

sempre presentes, agindo ativamente, nessa obra da qual pretendemos tratar

especificamente, são os deuses pagãos que agem contra e em favor dos

heróis.

Levando em consideração os estudos de Massaud Moisés (1957),

Fidelino Figueiredo (1950), William J. Entwistle (1942), Jean Flori (2010),

Dominique Barthélemy (2011) e Heitor Megale (2008), pretende-se refletir

neste trabalho acerca da forma como se apresenta o maravilhoso no

Memorial das Proezas da Segunda Távola Redonda, que, por vezes, oscila

entre o misticismo medieval e a tradição classicista do início do século XVI.

Palavras-chave: Novela de cavalaria renascentista; maravilhoso pagão,

maravilhoso cristão

AS CRÔNICAS DO SÉCULO XVI: O ENCONTRO ENTRE O

PASSADO MEDIEVAL E UMA NOVA REALIDADE

Luciano José Vianna (UPE/ SpatioSerti)

Desde as últimas décadas do século XX surgiram novas metodologias para

o estudo do Medievo, o que fez com que história e a historiografia medieval

se tornassem um dos campos de trabalho mais privilegiados para uma

aproximação à realidade histórica de uma forma mais concreta. Nesta

apresentação abordaremos as crônicas do século XVI, tanto portuguesas

quanto castelhanas, as quais foram compostas a partir da experiência do

homem europeu medieval com o território americano, tanto no âmbito

português quando no âmbito espanhol. Nossa proposta se justifica pela

necessidade de abordar o contato do homem europeu medieval que chega ao

continente americano através do estudo e da pesquisa com fontes primárias

e com documentação de época, compreendendo não somente as relações do

homem com o espaço e o tempo relacionados a este período histórico, suas

relações políticas, sociais, econômicas e culturais, mas também a partir de

uma abordagem historiográfica, interdisciplinar. Neste sentido, observamos

a necessidade da utilização de procedimentos de análise histórica não

somente voltados para as propostas da Nova História Cultural, mas também

de disciplinas tais como a Filologia, a Codicologia e a Paleografia.

HIPÁTIA DE ALEXANDRIA (370-413 D. C), EXEMPLO DE

MULHER INTELECTUAL NA TRANSIÇÃO ENTRE A

ANTIGUIDADE-TARIDA E O MEDIEVO

Prof. Dr. Marcos Roberto Nunes da Costa (UFPE)

Até mesmo nos meios acadêmicos é corrente a afirmação de que, antes da

chamada Modernidade, não há registro de mulheres na construção do

pensamento erudito. Realmente, se nos basearmos em alguns dados

empíricos, como, por exemplo, nos Manuais ou Compêndios de História da

Filosofia, não aparece nenhuma mulher na lista dos chamados Filósofos.

Nossa contribuição nesta mesa-redonda é mostrar que, apesar de todas as

evidências, se vasculharmos a construção do Pensamento Ocidental

veremos que as mulheres sempre estiveram presentes, contribuindo indireta

ou diretamente para construção do saber erudito. E até é possível identificar

a presença de algumas delas já nos tempos remotos, na Filosofia Clássica

Antiga, por exemplo, passando pela Antiguidade-Tardia, pela Idade Média,

até alcançarmos o Renascimento. E como exemplo de mulher intelectual na

transição entre a Antiguidade-Tardia e o Medievo, apresentaremos, a título

de exemplo, a ilustre matemática, astróloga, física e filósofaHipátia de

Alexandria.

Palavras-chave:Hipátia de Alexandria – Matemática, Astrologia – Física –

Filosofia.

“O LUGAR DA UTOPIA NA REPÚBLICA DE PLATÃO: O MITO

DA CAVERNA”

Marco ValérioClasse Colonnelli (UFPB)

A influência da República de Platão em autores posteriores, especialmente

Agostinho e Morus, tem sido amplamente reconhecida. Após a publicação

de “Utopia” de Morus, o próprio conceito de utopia ali desenvolvido tornou-

se um dos adjetivos mais frequente na definição do plano discursivo da

República de Platão. Nesta comunicação, pretendemos demonstrar os

limites dessa adjetivação, acompanhando três grandes linhas de

argumentação do discurso de Sócrates na referida obra.

Palavras-chave: República, Platão, utopia, argumentação, mito da caverna.

TRAÇOS DA LÍRICA TROVADORESCA EM VIAGEM (1938), DE

CECÍLIA MEIRELES

Maria Aparecida de Lima Francisco (UEPB)

No presente estudo, intitulado “Traços da lírica trovadoresca em Viagem

(1938), de Cecília Meireles”, propomo-nos relacionar aspectos temáticos e

estruturais de alguns poemas lírico-amorosos presentes nesta obra a algumas

composições da lírica trovadoresca, a fim de demonstrar a maneira como a

poetisa brasileira atualiza tanto a erótica de procedência ovidiana como

certas reflexões metalinguísticas concernentes ao discurso sentimental. Com

lastro nos estudos de Segismundo Spina (1996), podemos constatar que essa

retomada sofre adaptações, uma vez que Cecília Meireles lhe imprime

nuances no que tange à modalidade afetiva de expressão do “eu” lírico, e

que o faz de forma a, também, atualizar e reverenciar a tradição poética oral.

Palavras-chave: Metalinguagem. Trovadorismo. Erótica. Tradição oral.

Contensão emocional.

A POÉTICA DE FIN’AMORS NA OBRA DE MARGUERITE

PORÈTE

Maria Graciele de Lima (PPGL/UFPB/CNPq)

Dentre as beguinas que escreveram, sem dúvida, Marguerite Porète (1250-

1310) é um exemplo de protagonismo intelectual e artístico de seu tempo.

Seu único livro, OEspelho das Almas Simples e Aniquiladas, é o mais

antigo escrito místico da literatura francesa e apresenta várias possibilidades

de leituras, sendo uma delas (passível de infinitos desdobramentos), a dos

Estudos Literários. A obra é estruturada em forma de diálogo e traz poemas

intercalados que, entre outras questões, expressam a chamada poética de

fin’amors. Assim, o objetivo deste trabalho é tratar dessa poética existente

em O Espelho das Almas Simples e Aniquiladas, mostrando suas principais

características e inserindo-a nas discussões voltadas às utopias medievais.

Para tanto, os apontamentos de Franco Júnior (1992), Zum Brunn (2007) e

Octávio Paz (1993), entre outras contribuições, formarão a base teórica de

apoio à realização da leitura proposta.

Palavras-chave: Poesia. Marguerite Porète. Beguinas. Fin’amors. Utopias.

A MÍSTICA EM HILDEGARDA DE BINGEN

Profª.Msª. Mirtes Pinheiro (UFMG)

Para analisarmos o misticismo em Hildegarda é necessário que a situemos

dentro do contexto no qual ela vive, pois foi o sobrenatural que a permitiu

sair dos marcos que, em princípio, lhe estava reservado, para situar-se em

primeiro plano da espiritualidade e cultura de sua época. A experiência

mística, sobretudo a visionária, da qual ela é a grande representante do

século XII, é acompanhado da linguagem, tanto simbólica, representada

pelas ilustrações das visões, quanto da linguagem escrita. O que a difere de

outros místicos é que suas visões e interpretações são canais pelos quais

Deus comunica verdades sobre crenças e práticas cristãs, pois elas não

expressam sua experiência pessoal da divindade.Hildegarda desvela as

visões, já que a voz explica o significado das imagens de forma a torná-las

mais compreensíveis para o público ao qual ela se destina.

OS ENLACES DIVINOS NA POESIA DA BEGUINA

HADEWIJCH DE AMBERES

Profª.Msª Paloma do N. Oliveira (UFPB)

Longe do nosso alcance por algumas centenas de anos, os escritos da

beguina Hadewijch de Amberes foram apresentados à comunidade

acadêmica, em meados do século XIX, por dois medievalistas: Mone e

Snellaerte. A partir de então foi possível ter acesso a um conjunto de textos

que englobam cartas, visões e poemas. Sua vida pessoal chega a ser uma

incógnita, pois, como vivia entre as beguinas, não estava em um meio

monástico e não se tem registros precisos; o que se percebe é que ela

poderia ser de família abastada, pois naquela época as mulheres só tinham

acesso à erudição se estivessem em posição social privilegiada. O manejo

com os versos chama atenção para uma poesia que funde amor e divino e

deixa marcas de uma visão distinta da então praticada pela Igreja: onde a

figura da divindade se encontrava num nível tão superior que apenas os

clérigos seriam capazes de transmitir-lhe a comunicação humana.

Hadewijch abandona esse intermédio e traz um eu lírico feminino amante

do Senhor que não teme esse contato sem vínculos. Desta forma, o presente

trabalho tratará dessa relação que a beguina constrói com Deus a partir de

seus escritos poéticos. Para tanto, serão utilizados como aporte teórico os

estudos de Cirlot&Garí (1999), Tabuyo (2005) e (1999), Nunes (2005),

entre outros.

Palavras-Chave: Beguinas. Poesia. Literatura medieval.

CONFIGURAÇÕES DA GENTILÍSIMA MULHER NA VIDA NOVA DE

DANTE ALIGHIERI

Prof. Ms Roberto Pereira Veras (UFPB)

Este trabalho tenciona explicitar de maneira propedêutica alguns aspectos que

envolvem a obra de Dante Alighieri Vita Nueva escrita entre 1292-1293. Para

tanto, tentaremos apresentar uma autorreflexão simbólica da juventude do autor

florentino. Assim procedendo, iremos constatar através de múltiplos aspectos que a

narrativa é conjecturada no amor por Beatrice Portinari. Ademais,

fundamentaremos essa concepção por meio de elementos estilísticos e místicos em

sua escrita poética fomentada, tanto no campo linguístico, como no âmbito

religioso e numerológico, no qual, a mulher amada por Dante Alighieri se torna

ponto principal nas obras subsequentes. Também utilizaremos alguns

comentadores para aprofundar o tema proposto.

Palavras-chave: amor. poesia. mística. numerologia. religião.

O MEDIEVO ESTÁ AQUI

Prof. Dr. Roberto Pontes (UFC)

Esta comunicação trata de mostrar como é possível proceder ao estudo das

raízes medievais da cultura brasileira, em especial da nordestina, na falta de

uma Idade Média da qual não participamos, por ser esta uma época que

transcorreu ao largo histórico da ainda inexistente nação brasileira. Para

tanto, nosso trabalho colocará em foco alguns aspectos residuais da cultura

mediévica devida aos árabes que se cristalizaram através de processos

muito singulares e hoje constituem uma terceira natureza hibridada: a

cultura brasileira. E o faremos com base nos estudos do catalão ex-professor

das universidades federais de Pernambuco, Paraíba, Brasília e da UDESC

em Florianópolis, Luis Soler: As raízes àrabes na tradição poético-musical

do sertão nordestino (Recife: Editora Universitária da UFPE, 1978.) e

Origens árabes no folclore do sertão brasileiro (Florianópolis: Editora

UFSC, 1995.).

Palavras-chave:Raízes medievais; Cultura Brasileira; Cristalização;

Residualidade; Hibridação Cultural.

AS VIAGENS DE SÃO JORGE ENTRE TEMPOS E TERRITÓRIOS

MEDIEVAIS ANTES DE EMBARCAR NA LITURGIA

CONTEMPORÂNEA DA UMBANDA EM JOÃO PESSOA/PARAÍBA

Prof. Dr. Roncalli Dantas Pinheiro(UFPB/PROLING)

Introdução: O mito de São Jorge percorreu grandes distancias espaciais e

temporais. Os seus arquétipos carregam narrativas anteriores ao cristianismo

e alinhava várias culturas e nações, sendo um elemento religioso que

transita entre diferentes religiões e matrizes culturais. Este trabalho objetiva,

a partir da apresentação de textos desde o século IX aos seus reflexos

contemporâneos a partir de fotografias do início do século XVIII, discutir

como o mito se desenvolveu na Europa antes de chegar em solo brasileiro.

Desenvolvimento: O trabalho é fundamentado em três gêneros textuais

distintos: Um manuscrito originalmente fixado em língua cóptica do Sec.IX,

o primeiro registro escrito do mito que se tem notícia, os textos

hagiográficos desde o século XIV, que apresenta o santo como exemplo a

ser seguido pelos fieis e as revistas portuguesas do século XIX, que retrata a

decadência do culto ao mito em terras portuguesas. A discussão será a partir

de uma convergência teórica entre historiadores e linguistas como Paul

Zumthor, Georges Duby, Jacques Le Goff e Gilbert Durand. Algumas

Consideracoes : O estudo do mito de São Jorge é um veículo de

compreensão das articulações de arquétipos que transitam entre diferentes

culturas, sendo importante o conhecimento de como mito se desenvolveu

anteriormente na Europa para entender suas mutações após o choque

cultural ocorrido no Brasil colônia nas casas grandes e senzalas.

SESSÕES DE COMUNICAÇÃO

Eixo Utopia da autonomia: As beguinas

A LIBERDADE DAS ALMAS ANIQUILADAS NO LE MIROIR DE

MARGUERITE PORETE (1250-1310)

Danielle Mendes da Costa(UFRJ/CAPES)

O presente trabalho tem por objetivo apresentar a origem e as consequências

do estado de liberdade nas Almas Aniquiladas, cujos ensinamentos no Le

Miroir de simples âmesanéantiesculminaram na condenação de Marguerite

Porete por heresia em 1310. Os poucos dados sobre esta beguina, nascida

em 1250 na região de Hainaut se resumem ao seu livro e os autos de seu

julgamento. Redigido no estilo verso e prosa combinado aos modelos épico,

alegórico e do amor cortês, o principal tema do Le Miroir é o

aniquilamento, ou seja, o estado que as almas simples adquirem a plena

liberdade. Nele, a personagem dama Amor ensina o caminho para as almas

se desfazerem de todos os vínculos que impediriam a verdadeira humildade

e o encontro com a divindade. Por meio de uma espiritualidade sinemedio

(sem intermediários), as almas são levadas ao aniquilamento. Deste modo,

ao não desejarem nem possuírem mais vontade elas obtinham uma perfeita

união com a divindade, que lhes garantia uma liberdade na paz da vida na

caridade. Entre as consequências desta liberdade estava a concepção de que

as Almas Aniquiladas não podiam pecar e não precisavam mais de jejuns,

rezas e sermões. Nesse estado a alma estaria livre para obedecer somente a

Deus e nada do que acontecesse poderia tirar-lhes dessa vida.

Palavras-Chaves: Marguerite Porete, Almas Aniquiladas, Liberdade.

A INFLUÊNCIA E A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DE PENSADORAS

NO PERÍODO MEDIEVAL: O MOVIMENTO DAS BEGUINAS

Dennis Cláudio Ferreira (UEPB)

Orientadora: Prof.ª. Dra. Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB/UFPB)

O presente trabalho foi desenvolvido através do projeto de pesquisa

PIBIC/UEPB/ CNPq/, sendo o resultado parcial do trabalho, o qual propôs

como objetivo geral fazer um levantamento da produção filosófica feita

pelas mulheres no decorrer da História da Filosofia. O foco nesta

comunicação é a discussão da influência das mulheres protagonistas no

período medieval, tendo em vista o Movimento das Beguinas. Vale salientar

através desde fenômeno a contribuição das pensadoras deste movimento

também no âmbito macrossocial, para além da esfera eclesiástica. Tal

movimento acontece no contexto justamente de misoginia imperante,

mesmo assim, enxergamos essas mulheres como sábias, místicas, militantes

guerreiras, dentre as quais podemos citar: Margarida de Porete, Matilde de

Magdeburgo, Gertrude de Helfta, Marie d’Ognie, Matilde de Hackeborn,

Beatriz de Nazareth e Hadewijch de Antuérpia. As pensadoras que

instituíram o Movimento das Beguinas tiveram marco relevante histórico-

social, sendo destacadas contribuições como: o incentivo ao papel da

mulher num contexto que lhes era desfavorável; protagonistas relevantes no

mundo das letras; compromisso com a causa libertária dos excluídos;

autonomia, liberdade, autogestão. No tocante ao ponto de vista cristã, o

questionamento da hierarquia eclesiástica masculina; a inserção da prática

religiosa fora do controle institucional eclesiástico; investimentos de

automanutenção evitando laços de dependência econômica. Este trabalho

baseia-se em procedimentos metodológicos quantitativos através do

levantamento de referências bibliográficas e, também, qualitativo, por meio

de análise de ideias das respectivas pensadoras. Pode-se perceber através da

pesquisa uma significativa contribuição das mulheres, apesar dos desafios

enfrentados no cenário de imposições religiosas em que viviam.

Palavras-chave: Mulheres. Período Medieval. Movimento das Beguinas.

AMAR, SERVIR E SER AMADA:

O CAMINHO VIRTUOSO AO ENCONTRO DO AMADO EM

HADEWICH DA ANTUÉRPIA

Neuma Antonia da Silva (UEPB)

Orientadora: Prof.ª. Dra. Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB/UFPB)

Esta proposta de Comunicação é fruto dos trabalhos de investigação

desenvolvidos no Principium –Núcleo de Estudo e Pesquisa em Filosofia

Medieval, UEPB/CNPq. Num Projeto sobre as mulheres na História da

Filosofia, descobrimos uma pensadora chamada Hadewich da Antuérpia que

se destacou no Movimento das Beguinas. Assim, trabalharemos a

Correspondência de Hadewich com outras beguinas. Ela escreve suas cartas

às irmãs beguinas que se encontram em momentos de grande tentação em

suas vidas espirituais: momentos de tristeza e aborrecimento, momentos nos

quais se manifesta a inconstância, afastando-as do caminho que as

conduzirá ao encontro com o amado (Deus) e à perfeição para a qual são

destinadas por Deus. Como modo de superar essas fases de incertezas,

Hadewich diz que a fidelidade é a condição para amadurecer. Neste sentido,

o objetivo deste trabalho é apreender o sentido do conceito de maturidade

segundo Hadewich. Mas a que maturidade se refere Hadewich? Qual é o

conceito de maturidade segundo ela? Para responder a estas perguntas,

procedemos a uma leitura cuidadosa das Cartas escritas por Hadewich na

obra Deus, Amor e Amante, refletindo que, para Hadewich, o sentido da

vida não é acumular méritos e boas obras, mas amadurecer buscando o

encontro com o seu Amante e chegar à perfeição para a qual foi destinada

por Deus. Entendemos que ao mostrar este caminho, a maturidade expressa

por nossa pensadora se reflete, também, na ideia de autonomia tão cara ao

Movimento Beguinal.

Palavras-chave: Hadewich. Amor. Maturidade.

A EMANCIPAÇÃO FEMININA NOS BEGUINÁRIOS: PALAVRA,

AÇÃO E ESCRITA

TatianneGabrielly Oliveira Quintans (UEPB)

Simone Dos Santos Alves Ferreira (UFPB)

Este artigo tem por finalidade abordar a questão da emancipação feminina

nos beguinários no período da baixa Idade Média,evidenciando as

contribuições dessas mulheres para a sociedade da época. Os beguinários

permitiram a essas mulheres o desenvolvimento de uma autonomia

feminina, pois por meio da palavra, da escrita e da ação social houve a

resistência em uma sociedade totalmente misógina por não se submeterem

às regras sociais que lhes eram impostas, como por exemplo, a mulher devia

dedicar sua vida voltada aos cuidados do lar e eram ensinadas desde

pequenas a serem submissas aos homens. Dessa forma, não era lhes

ensinado as letras,apenas prendas domésticas, porém, as beguinas

conseguiram se emancipar, tornaram-se mulheres à frente do seu

tempo.Através de muita dedicação, elas reinvidicaram a palavra, escreveram

e deixaram suas marcas positivas. Com o intuito de mostrar a importância

dessas comunidades religiosas no período medieval, uma época não tão

favorável para a mulher, nos valemos das considerações teóricas de alguns

estudiosos do assunto, tais como:Macedo (2002), Casagrande

(1993),Claudia Opitz (1993), Régnier-Bohler (1993), Calado (2012) e

outros que se fizerem necessários. Consequentemente, buscaremos

viabilizar o conhecimento da existência dessas mulheres – que lutaram pela

emancipação feminina –e que, embora tenham tido uma grande

representação no período, hoje se encontram ocultadas pelo olhar da

historiografia. Daí a necessidade de resgatar essas mulheres das letras que se

instituíram no meio social, mostrando suas características e importância no

que se refere à luta em prol do feminino.

Palavras-chave: Beguinas. Idade Média. Misoginia.

AS BEGUINAS E MARGUERITE PORETE: A EXPERIÊNCIA COM

O DIVINO E O CUIDADO COM O OUTRO

Valkíria Oliveira de Melo(UEPB)

Orientadora: Prof.ª. Dra. Maria Simone Marinho Nogueira(UEPB/UFPB)

É sabido que a Idade Média foi marcada pelo fervor religioso, onde a ênfase

do ministério cristão estava voltada apenas aos homens. Foi a partir dos

movimentos reformadores que tinham como destaque a profecia e o

evangelismo, que se abriu espaço teologicamente permitido para que as

mulheres pudessem desenvolver sua espiritualidade, embora a vida religiosa

regular excluísse as mulheres da pregação. Mas um grupo de mulheres não

estava satisfeitas de viver uma religiosidade de forma passiva.Conhecidas

como beguinas, essas mulheres buscavam desenvolver uma nova

espiritualidade na qual dedicavam sua vida a Deus e ao cuidado com o

próximo. Enquanto algumas mulheres dedicavam suas vidas às obras de

caridades, outras, nesse caso, Marguerite Porete, considerava que a própria

caridade, ou o bem que ela poderia fazer ao outro, seria ajudar as

pessoas/almas a libertarem-se do “eu” e, com isso, de todas as suas misérias.

Desse modo, tanto as beguinas quanto Marguerite Porete (segundo alguns

estudiosos não há como comprovar que esta fora uma beguina, embora seu

modo de vida muito se assemelhasse aos das mulheres que faziam parte do

movimento beguinal),desenvolveram um olhar de amor para com o

próximo. Amor esse que foi aperfeiçoado pela experiência com o divino

eque transformou mulheres comuns em pessoas que viam Deus em todas as

criaturas. Desta forma, esta comunicação pretende mostrar como a

experiência do divino em Marguerite Porete se reveste, também, no cuidado

com o outro.

Palavras-Chave: Beguinas. Marguerite Porete. Divino.

Eixo Utopia da Querelle des femmes: A Cidade das Damas

RAZÃO, RETIDÃO E JUSTIÇA: A QUESTÃO DO

CONHECIMENTO EM A CIDADE DAS DAMAS DE CHRISTINE DE

PIZAN

Anderson Cardoso Rubin (UnB)

Em A cidade das damas, de Christine de Pizan (1366-1430), a narrativa é

estruturada pelo encontro dialético de Christine – a personagem alter ego da

autora – e três figuras alegóricas de damas que personificam a Razão

(Raison), a Retidão (Droiture) e a Justiça (Justice). O presente estudo busca

descrever o conhecimento nos livros que compõem a referida obra: no Livro

I, o conhecimento a partir do princípio nosce teipsum e a relação que cada

mulher estabelece com o seu próprio corpo como via de experiência direta;

no Livro II, o conhecimento da verdade como padrão ético – a justa medida

do bem – e como fundamento das virtudes cardeais; e, no Livro III, o

conhecimento contemplativo como denúncia e resposta ao mais brutal

argumento misógino, o feminicídio. Busca ainda reconstituir o debate entre

a autora ítalo-francesa e a tradição filosófica antiga e medieval, apontando

os caminhos que ela propõe para a revolução, a resiliência e a resistência do

feminino ante o pensamento misógino. Finalmente, aponta como a obra

abarca variados ramos do conhecimento, como a literatura, a filosofia, a

teologia, a história e o direito.

Palavras-chave: Literatura Medieval – Filosofia Medieval – Teologia

Medieval – Direito Medieval – História Medieval – Teoria do

Conhecimento – Direitos Humanos Fundamentais – Feminismo –

QuerelledesFemmes– Igualdade de Gênero – Feminicídio.

TRANSGRESSÃO E PIONEIRISMO EM MARGUERITE

PORETE E CHRISTINE DE PIZAN

Daniel Eduardo da Silva (UFPB)

Na Idade Média, o que encontramos em comum entre as mulheres-escritoras

são a transgressão e o pioneirismo nas obras de autoria feminina na história

da literatura e também nas suas próprias vidas. A audácia de escreverem e

adentrarem no universo masculino dos homens as fizeram romper com os

paradigmas do poder e o monopólio do uso da razão mantidos pelo

patriarcado. As mulheres no medievo por meio de suas obras sob uma nova

genealogia dão visibilidade ao sexo feminino. No caso de Marguerite Porete

(1250-1310) e de Christine de Pizan (1364-1430), ambas vivenciaram em

suas épocas os estigmas de terem nascido mulher em plena atividade

misógina e foram vitimadas pela violência física e/ou pela violência

simbólica contra elas mesmas. Pizan por sorte ou privilégio teve o apoio da

nobreza da época favorecendo a produção da sua obra. Já Porete,

contrariamente, foi condenada pela Inquisição por heresia mística. A partir

da análise das duas obras: O Espelho das Almas Simples e aniquiladas e que

permanecem somente na vontade e no desejo do Amor (Séc. XIII) e A

Cidade das Damas (1405), constatamos o uso das alegorias muito

recorrentes no medievo na técnica da narrativa. Elas surgem nas narrativas

como protagonistas femininas usadas, estrategicamente, pelas autoras para

dar visibilidade ao sexo feminino. Na narrativa de Porete, encontramos a

aniquilação da Alma em busca da união com Deus através dos diálogos

apofáticos e místicos, isto é, a teologia negativa e heterodoxa. Constatamos

na obra de Porete a temática do amor cortês, empregado nos romances de

cavalaria desde o século XI, desenvolvendo sua ascese na afirmação da

Dama Amor (Deus) no diálogo com a Alma, tendo como antagonista a

Razão na tessitura do enredo. Já em Pizan, encontramos a desconstrução das

obras misóginas na literatura estabelecendo a afirmação do feminino no

combate à misoginia partindo de três Damas alegóricas: Razão, Retidão e

Justiça. Nas duas obras, vamos observar a presença da personagem Razão

possuindo representatividades diferentes para as autoras, porém construídas

como alegorias femininas.

Palavras-chaves: Marguerite Porete; Christine de Pizan; alegorias; Razão.

PELO ACESSO DAS MULHERES À EDUCAÇÃO: MULHERES

INTELECTUAIS EM

A CIDADE DAS DAMAS DE CHRISTINE DE PIZAN

Gizelda Ferreira do Nascimento Lima (UFPB)

Luciana Eleonora de F. Calado Deplagne (UFPB)

Com o surgimento das muitas vozes femininas, a partir do Movimento

feminista, no qual ecoaram posicionamentos políticos e luta por direitos

sociais, a educação passa a ser uma de suas importantes reivindicações.

Assim, o acesso a uma educação de qualidade semelhante à masculina passa

a ser questionado como um direito também feminino. No entanto, o que

pouco se discute é que desde tempos muito remotos as mulheres se

colocaram como sujeitos do conhecimento. E que essa reivindicação na

verdade é bastante antiga. No livro A cidade das Damas (1405), Christine

de Pizan defende que se as mulheres querem estudar, essa educação deve

ser acessível a todas, pois o que diferencia o grau de instrução das mulheres

se comparada a dos homens é justamente o acesso ao saber. Segundo Pizan

(p. 176, 2006) “se fosse um hábito mandar as meninas à escola e de ensiná-

las as ciências, como o fazem com os meninos, elas aprenderiam e

compreenderiam as sutilezas de todas as artes e de todas as ciências

perfeitamente quanto eles”. O presente trabalho tem como objetivo analisar

como o conhecimento feminino é construído em A cidade das damas. Tendo

como recorte o livro primeiro através do diálogo entre Christine e a Dama

Razão. Nosso trabalho traz como referências: Calado (2006), Garretas

(1990) e Perrot (1994). Nossa análise será construída a partir do lugar de

poder e dos questionamentos levantados por Christine como narradora

personagem na obra. E também da apresentação de figuras femininas que

além do acesso ao saber também produziram conhecimento em contextos de

negação ao feminino.

Palavras-chave: Educação,Conhecimento feminino, Cidade das Damas.

UM LUGAR PARA MARIA BONITA NA CIDADE DAS DAMAS.

Maria Carreiro Chaves Pereira(UnB/CNPq)

O presente trabalho é, ainda, um esboço preliminar de um projeto que visa

destacar a figura de Maria Bonita, colocando-a no lugar que ela merece

estar: na Cidade das Damas, de Christine de Pizan. Naobra Cidade das

Damas encontramos histórias de mulheres comuns ou famosas, mártires ou

heroínas, que enfrentaram todo tipo de situação, inclusive situações de

violência, como narradas pela autora. Nosso propósito é defender que uma

dama do sertão brasileiro, Maria Bonita, a famosa companheira de Lampião,

merece estar nesta cidade de memória das mulheres. Nossa intenção é

elogiar a virtude da figura feminina de Maria Bonita, mulher valente,

amorosa e leal cuja fama até hoje ainda é cantada em prosa e verso,

principalmente pelos cordelistas, que exprimem a beleza e a coragem de

Maria. Pois a Cidade das Damas reúne mulheres de diferentes virtudes, e de

várias origens, buscando fazer justiça às mulheres do passado, do presente e

do futuro, como pretende a sua autora.

Eixo Utopia e Novelas de Cavalaria

A RESSONÂNCA DA UTOPIA CAVALEIRESCA NO PAR

ROMÂNTICO DE O BOBO DE ALEXANDRE HERCULANO

Andréia Rafael de Araújo (UFPB/GIELLus)

Aldinida Medeiros (UFPB-PPGL)

O Bobo,de Alexandre Herculano (1843), é um romance que lida ao mesmo

tempo com História e ficção. Trata-se de um enredo que promove uma

releitura da Batalha de São Mamede, na qual D. Afonso Henriques está em

guerra com os partidários de sua mãe, D. Teresa. Historiador e romancista,

dentre outras atividades, Alexandre Herculano tem fundamental importância

na retomada do período medieval pelo romantismo português. O par

romântico formado entre o cavaleiro do exército afonsino, Egas Moniz, e

Dulce retrata o sentimentalismo da época mesclando algumas características

do romance de cavalaria com o romance romântico. Nosso principal

objetivo nesta comunicação é evidenciar estas relações a partir do par

romântico, sobremaneira na figura do cavaleiro, que nutre por Dulce um

amor idealizado, impossível e que tem um fim trágico. Neste sentido, temos,

então, um elemento utópico, a ressonância da figura cavalheiresca no par

romântico de O Bobo, a utopia entendida como um desejo de perfeição

inatingível. A partir destas considerações, nortearemo-nospela perspectiva

teórica de Hilário Franco Júnior (1994), AsUtopias Medievais e, ainda, por

alguns outros teóricos sobre a Idade Média como Duby (1989), Franco

Júnior (2001) e Bloch (1987) e sobre o romantismo, a citar Moisés (2008), a

fim de evidenciar o que anunciamos, por considerarmos, na obra literária

em questão, a ressonância do medieval.

Palavras-chave:O bobo. Alexandre Herculano. Cavaleiro medieval. Utopia

medieval.

UTOPIA DA JUSTIÇA: O MILENARIS MO NA CANÇÃO DE

ROLANDO

AnielyWalesca Oliveira Santiago (UFPB)

Luciana E. de F. Calado Deplagne (UFPB)

Escrita entre o final do século XI e início do século XII,A Canção de

Rolando (La Chanson de Roland) é um poema épico francês medieval que

narra a batalha travada entre o exército francês, liderado pelo imperador

cristão Carlos Magno, e comandado pelo conde Rolando; e o exército

muçulmano, liderado pelo rei Marsílio. A obra foi escrita no período das

cruzadas, consideradas guerras santas e justas na concepção dos cristãos.

Segundo o historiador Hilário Franco, a cruzada "deve ser compreendida

nesse contexto fortemente escatológico: libertar o Santo Sepulcro das mãos

dos seguidores do Anticristo era promover o início do Milênio." Na Canção

de Rolando, os Doze Pares de França tinha como principal missão defender

a santa fé católica e manter a justiça, punindo por conseguinte os infiéis.

Um dos Pares de França, chamado Ganelon, traiu Rolando na batalha,

levando à morte deste. Ganelon foi julgado e punido conforme a justiça

divina de Carlos Magno. Tomando como referência o historiador Hilário

Franco, partimos da premissa de que todo herói mítico é um messias, um

intermediário entre o humano e o divino, propomos em nosso estudo a

investigação das figuras messiânicas dos heróis Carlos Magno e Rolando,

assim como as formas utópicas de justiça representadas na Canção de

Rolando.

Palavras-chave: A Canção de Rolando. Utopia da Justiça. Milenarismo.

UM ESTUDO DA SANTIDADE FEMININA MEDIEVAL A PARTIR

DA OBRA A DEMANDA DO SANTO GRAAL

Claudienne da Cruz Ferreira (UEMA)

Orientadora: Adriana Maria de Souza Zierer

A Demanda do Santo Graal é uma novela de cavalaria cristianizada escrita

na França e que adentra Portugal ainda no século XIII. Narrativa centrada

na figura de rei Artur e dos cavaleiros da távola redonda, conta as aventuras

destes últimos na busca por reencontrar o Santo Graal, relíquia sagrada

utilizada por Cristo na Última Ceia e no qual José de Arimatéia recolheu o

sangue de Jesus na cruz. A forte conotação moralista do discurso cristão

presente na obra propõe modelos de conduta comportamental para os

personagens masculinos, com a cavalaria cristã, e ao feminino, a partir da

adoção de modelos de santidade, elementos máximos da vivência das

virtudes. O foco central de nossas investigações nesse trabalho será a

identificação desses modelos de santidade presentes na obra e que eram

apregoados pelo discurso clerical para a sociedade medieval.

Palavras-chave: santidade, A Demanda do Santo Graal, feminino.

A CANÇÃO DE ROLANDO E A UTÓPICA IMAGEM DO

CAVALEIRO PERFEITO.

Elisângela Coelho Morais(UFMA/CAPES)

Orientadora: Prof. Dra. Adriana Maria

de Souza Zierer

O homem medieval sempre buscava se espelhar em algo que o elevasse em

direção ao Céu, e um desses modelos se baseava na visão do nobre ideal.

Essa é uma das características da Canção de Rolando, um poema épico que

conta as proezas do exército carolíngio, em combate contra os povos não

cristãos em Saragoça.Nos versos, o autor objetivava mostrar como eram

importantes os laços de sangue, e acima de tudo o elo entre vassalo e

senhor, relação essencial para a manutenção do status quo da classe nobre

que se via ameaçada pelo fortalecimento da burguesia e de inimigos além

das fronteiras. O poema traduzia os anseios da população francesa do século

XII que almejava um reinado de paz, prosperidade, força política, perfeição

e virtudes de seus nobres, que passavam por um período turbulento de

instabilidade nos campos que envolviam questões espirituais e materiais. A

obra busca exemplificar a imagem do nobre perfeito, usando o fascínio

exercido pelas coisas do céu dentro do imaginário medieval, onde todas as

recompensas serão dadas àquele que for um servo fiel dos senhores terrestre

e do Senhor Celeste. E Rolando é a manifestação desse utópico nobre: é

leal, corajoso, belo e temente a Deus, vive cercado de companheiros

igualmente formidáveis, mas também atrai a inveja, a ira e a maldade na

persona de seu padrasto Ganelon, que, por cultivar tais vícios, se une aos

inimigos e atraiçoa sua família e sua pátria, sendo punido por isso pelas leis

da Terra e do Céu.

Palavras chave: Cavalaria, Utopia, Modelo.

DON QUIJOTE: LA CRÍTTICA QUE TRANSPONE EL TIEMPO

Jossana Melo da Silva (UFPB)

O livro “O fidalgo Don Quixote de la Mancha”, foi escrito por Miguel de

Cervantes e publicado em 1605. A obra foi escrita com o objetivo principal

de criticar os livros de cavalarias, porém pode-se verificar que Cervantes

utiliza também toda a obra para fazer uma crítica à sociedade da sua época.

O autor introduz em sua obra valores sociais, que apesar dos séculos não

mudaram, por tanto, o leitor do século XXI encontrará uma crítica atual que

irá mostrar práticas que, apesar de haver um desenvolvimento diferente

esconde a mesma finalidade, por isso, em alguns episódios pode-se perceber

a crítica que fazia o autor pode ser aplicada na sociedade atual. Durante a

obra o personagem principal Don Quixote, não saiu pelo mundo apenas em

busca de aventuras, mas também com o intensão de melhorar o mundo em

que vivia, ou seja, ele cria em sua cabeça uma sociedade utópica e ao sair

acredita que pode consumar o seu desejo em relação a um mundo melhor.

Segundo Adolfo Sánchez Vásquez, existe a necessidade de criar uma utopia

quando há uma inconformidade e se necessita recria-la. Como também, ao

questionar alguns ideais reais presentes na sociedade, no poder e nos

valores, cria-se através disso um mundo irreal, utópico e contrario. O

personagem de Dom Quixote faz na obra o que Adolfo Sánchez Vásquez

cita, ele crítica à sociedade e os seus valores e por isso, busca criar uma

sociedade sem desigualdade social, sem violência, sem maldade, com maior

valorização da mulher e que as pessoas viveriam em harmonia, etc. Logo se

pode perceber que Don Quixote está inconformado com as mudanças que a

sociedade está sofrendo ao longo do tempo, porque essas mudanças estão

trazendo consigo varias consequências, portanto idealiza uma sociedade

melhor e sai em busca de concretiza-la. É conhecido que Cervantes foi um

avido leitor da Utopia de Thomas More e sem duvida podem se encontrar

reminiscências desse livro na sua imortal obra.

Palavras-chave: Critica social, literatura, utopia e Dom Quixote.

Eixo Utopia do amor: Fin´Amor

O AMOR CORTÊS EM LA CELESTINA ENTRE O MEDIEVAL E O

RENASCENTIS TA

Aline Kelly Vieira Hernández (UFPB/PPGL)

Escrita a finais da Idade Media, em um período de transição ao

Renascimento, a obra La Celestina de Fernando de Rojas, assimila os novos

conceitos e formas convivendo, todavia com as do passado. Alguns críticos

literários como Rosa Lida de Malkiel a marcam como comédia humanística

pela “humanidade” excessiva de seus personagens. Cervantes considerou

que La Celestina seria um “livro divino, se encobrisse mais o humano”

(LOPÉZ, 2006, p. 147, tradução nossa). Porém apesar de todo esse viés

humanístico, La Celestina apresenta fortes traços do chamado Amor Cortês,

o qual permeia toda a obra. Personagens como Calisto e seus empregados,

recorrem ao chamado Código do Amor Cortês para conquistar suas damas

desejadas. Porém no caso de Calisto (protagonista), esse código é por

muitas vezes violado, levando-o a frustrar em muitas ocasiões suas

intenções. O objetivo deste trabalho é tentar mostrar como La Celestina

entra nos moldes do Amor Cortês, apesar de se situar “entre o crepúsculo da

Idade Média e o amanhecer do Renascimento” (DEYERMOND in RICO,

1980, pág.485, tradução nossa). Serão usadas como metodologia, consultas

bibliográficas de autores como José García López (2006), George Duby

(1992), PedrazaJiménez(2007), entre outros. Os resultados deste trabalho

destinam-se a colaborar em sua medida para os estudos literários da Idade

Média.

Palavras- chave: Idade Média. Renascimento. Amor Cortês.

A DESCONSTRUÇÃO DO IDEAL PLATÔNICO DO AMOR

CORTÊS NA RELEITURA CONTEMPORÂNEA DE UMA

CANTIGA DE AMIGO DE NATÁLIA CORREIA

Anália Sofia Cordeiro de Lima Gomes (UFPB/PPGL)

O presente trabalho, inserido no âmbito acadêmico dos Estudos Medievais,

é fruto de uma inquietação sobre a idealização do amor inacessível da dama

feudal na vassalagem amorosa. Durante o século XII, nas cortes medievais,

desenvolveu-se um tipo de lírica cortês erudita, a chanson (cantigas de

amor), no qual o grande tema de inspiração é o Amor. Nasce, então, o amor

cortês, que oferece destaque à imagem da dama. Muito se pensa que o amor

existente nesse tipo de cantiga não era direcionado à conotações carnais. O

desejo sublimado e tido como algo espiritual, uma tensão de amor ideal, um

culto à beleza, sem qualquer ânsia de desejo sexual. A dama era idealizada

como formosa e ideal, um ser perfeito e inacessível. O amor do poeta dessas

cantigas é um amor impossível, um amor não correspondido. Este estudo

busca questionar o ideal platônico na prática do fin`amor da vassalagem

amorosa, discorrendo sobre a importância de imagem da dama como objeto

de inspiração, o jogo intelectual entre os poetas/vassalos e os senhores, a

possibilidade da concretude da relação, entres outros pontos que nos

permitem desconstruir a visão utópica do amor cortês. Para tanto,

identificaremos as marcas dessa desconstrução, a partir da análise

comparada de uma cantiga de amigo com uma releitura contemporânea da

escritora portuguesa Natália Correia.

Palavras-chaves: Amor cortês, Cantigas de amor, Vassalagem amorosa.

Natália Correia

O AMOR VIRGINAL EM O COLAR DA POMBA DE IBN HAZM

Celia Daniele Moreira de Souza (PPGHIS/UFRJ)

O Colar da Pomba, epístola escrita por Ibn Hazm, no séc. XI em Játiva,

atualmente Espanha, propõe-se a analisar o amor, ambientando sua

exemplificação nos áureos tempos do Califado Omíada de Córdoba. Dentre

os vários tipos de amor elencados pelo autor, o amor virginal surge como

uma inovação ao resgatar uma prática pré-islâmica e adaptá-la ao discurso

religioso islâmico de sua sociedade. O amor virginal seria o

amor ᶜuḏrī, oriundo da tribo nômade Banū ᶜUḏra, “filhos da virgindade”, da

Península Arábica, que nos séculos V e VI praticava uma abstinência de

contatos físicos e sexuais visando uma união das almas entre os

amantes. Ibn Hazm conformaria a excelência da castidade deste grupo com

a doutrina islâmica ao indicá-la nos casos em que a consumação do amor

resultaria em pecado, tornando assim o amor um caminho de expiação para

o crente muçulmano.

Nesta comunicação, discutirei como o autor construiu a utopia de um amor

que emergiria de uma dimensão corpórea e ganharia sustentação e

finalidade metafísicas, consubstanciando o ser amado na própria teofania

divina.

Palavras-chave: Al-Andalus, Sexualidade Islâmica, Islã Medieval.

AS CANTIGAS DO AMOR TOTAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE O

NEOTROVADORIS MO NA POESIA DE VINICIUS DE MORAES

Jonathan Lucas Moreira Leite (UFPB/PPGL)

Jéssica Rodrigues Férrer Metre (UFPB/PPGL)

O presente trabalho insere-se no campo dos estudos medievais, bem como

no dos estudos semióticos, tendo como principal objetivo analisar as

ressonâncias do amor cortês dos trovadores na poesia de Vinicius de

Moraes, poeta e compositor popular brasileiro. Para tal, discorreremos sobre

as principais características do Trovadorismo, norteados pelos medievalistas

Spina (1956), Martins e Nunes (2014) e Maleval (2002), contando também

com as contribuições do poeta e ensaísta Paz (1994). Além dos

medievalistas, recorreremos aos estudos realizados por Peirce (1975),

Santaella (2000) e Ferraz Júnior (2012) para apresentar, brevemente, os

principais conceitos da Teoria Geral dos Signos, aporte teórico-

metodológico escolhido para nossa análise. Por fim, nossa apreciação

enfocará as relações entre as cantigas de amor medievais e o poema

Romanza, presente no livro O caminho para distância (1933), focalizando a

maneira como os símbolos remanescentes da literatura medieval são

atualizados na poesia do autor.

Palavras-chave: Vinicius de Moraes; Neotrovadorismo; Semiótica.

ROUSSEAU E O ROMANCE FILOSÓFICO: REFLEXÕES SOBRE

AS CORRESPONDÊNCIAS DE ABELARDO E HELOÍSA E A NOVA

HELOÍSA

Jozelma Oliveira Pereira (UEPB)

Orientador (a): Prof. Dra. Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB)

O romance filosófico rousseauniano tem em Júlia, ou a Nova Heloísa, um

importante registro do sentimentalismo do filósofo genebrino. O então

romance se deve notavelmente pela influência das famosas cartas dos dois

amantes que viveram no século XII e tiveram uma trágica história de amor –

o filósofo Abelardo e a jovem Heloísa, ele cônego e respeitado professor de

lógica e pelo movimento filosófico que se tornou um dos mais importantes

da filosofia medieval – os universais, – o amor [im] possível está registrado

da famosa obra Correspondências de Abelardo e Heloísa.O romance

filosófico rousseauniano é um importante ponto de reflexão para toda a obra

do filósofo genebrino, desta forma, Rousseau encontra nas

Correspondências de Abelardo e Heloísa fundamentos para o

desenvolvimento das epístolas que compõem a reencenação da história de

amor n'A Nova Heloísa. No entanto, o principal propósito da nossa

investigação, é apresentar de que forma Rousseau se posiciona como

escritor e crítico do seu tempo, e de que forma sua obra estabelece

indagações de estrutura literária, histórica, mas de conteúdo filosófico.

Procuraremos estabelecer uma possível aproximação entre o romantismo

das obras, enfatizando acerca das semelhanças e diferenças em relação às

mesmas, e apontando o possível retorno do filósofo das luzes ao período

medieval.

Palavras-Chave:Epístolas. Medievo. Romance filosófico.

AMOR CORTÊS EM PEQUENO ROMANCEIRO,

DE GUILHERME DE ALMEIDA

Leonildo Cerqueira

A vassalagem amorosa caracterizou-se como uma entrega completa e

devotada do homem a sua amada, elevando-a a um patamar de sublimidade.

Chamamos "vassalagem" pela relação estabelecida com o sistema feudal, a

partir do comportamento submisso e leal de um servo para sua senhora.

Esse modo amoroso serviu de tal maneira ao momento em que surgiu, que

ele caracterizou toda uma vertente das cantigas trovadorescas, as de amor.

Por suas profundas marcas deixadas na Idade Média, ele se perpetuou,

servindo de matéria à literatura. Michel Pastoureau (1989), como também

Johan Huizinga (2010) consideram essa forma de amor como reflexo da

idealização amorosa, portanto, a atitude cortês não ia além do universo das

cantigas trovadorescas nem dos romances de cavalaria, configurando-se

apenas como uma virtualidade, como o anseio por um estilo belo de vida.

Tendo em vista, assim, que o amor cortês arraigou-se na cultura ocidental e

teve continuidade nas literaturas posteriores à medievalidade, e embasados

nos princípios da Teoria da Residualidade (PONTES, 1999), nosso

propósito é verificar a realização amorosa em produções literárias mais

recentes, como as de Guilherme de Almeida, voltando-nos especificamente

para a análise de poemas de seu Pequeno romanceiro (1957), destacando

textos cuja essência esteja pautada no molde do amor cortês, como é o caso

de “Lenda” – tematizando a cavalaria e as aventuras travadas em nome do

amor – e “Dona Tareja” – entrega absoluta do homem a sua Senhora,

condicionando à vontade desta as ações daquele.

Palavras-chave: Teoria da Residualidade. Romanceiro. Ideal amoroso.

O AMOR CORTÊS EM INÊS DE CASTRO

DE MARÍA PILAR QUERALT DEL HIERRO

Simone dos Santos Alves Ferreira - Mestra (UFPB)

O amor desde a Idade Média foi o grande inspirador do artista literário, pois

é nesse período que vamos encontrar os grandes casos amorosos criados e

revividos na literatura. Muitos até tornaram-se lendários e, por isso, ainda

relembrados e ressignificados por meio da arte. Desde a poesia lírica à

prosa, entre outros gêneros, o amor encantou poetas e escritores engajados

em tal temática. O amor cortês surgido no século XII representava os modos

de sentir e pensar da sociedade medieval criticando de forma velada os

padrões vigentes da época no que se refere ao casamento. De acordo com o

código desse amor a mulher era cultuada e suas qualidades eram exaltadas

pelo enamorado, que a tornava dona e senhora de si, jurando-lhe submissão,

fidelidade e lealdade. Nesse sentido, o presente trabalho busca observar a

constituição do amor cortês no romance Inês de Castro (2006) de María

Pilar QueraltdelHierro no que se refere ao casal português Inês de Castro e

Pedro I, casal que ficou conhecido pelo amor transcendental que

vivenciaram. Para isso, nos valemos das considerações teóricas de Massaud

Moisés (2013), Capelão (2000), Barros (2008), Duby (1993), Marinho

(1990), Paz (1994), Rougemont (1988) e Souza (1987). Tendo em vista que

o amor cortês se revelou como uma revolução nos modos de amar, com o

casal português não foi diferente, Inês e Pedro buscavam na contemplação

mútua idealizar e vivenciar um amor que se perpetuasse para além da vida,

mesmo sendo impedidos de amar livremente devidos às inconveniências

sociais.

Palavras-chave: Idade Média; Amor cortês; María Pilar Queralt del Hierro.

ENTRE O EXERCÍCIO DA DOR DE AMAR E A PLENITUDE DO

AMOR: UMA ANÁLIS E DO ROMANCE EPISTOLAR DE

MARIANA ALCOFORADO À MÍSTICA ERÓTICA DE TERESA

D’ÁVILLA

Thamires Nayara Sousa de Vasconcelos (UFPB/PPGL)

O presente artigo predispõe-se a tecer uma análise comparativa entre as

obras literárias Cartas Portuguesas de Mariana Alcoforado, especificamente

a sua Quinta Carta, e o poema Mi Amado para mi deTeresa D’Ávilla

utilizando como ponto de intersecção os dispares conceitos de amor e a

amar traduzidos nas obras em questão. As obras escolhidas como corpus

deste trabalho, nos possibilita a leitura de dois universos monásticos

díspares, sendo o primeiro fundado na dor de um Amor Doloroso dedicado a

um Cavaleiro que não o corresponde e tendo como universo antagônico um

AmorPleno que atinge a sua plenitude ao personificar o Deus-Amado,

experimentado através da mística religiosa e revestido de caráter

sacrossanto e devocional. No tocante a fundamentação teórica, utilizaremos

para basear o nosso estudo Bataille (2004), Bion (1973), Beneito (2001)

dentre outros teóricos da Literatura Medieval Monástica, os quais darão

aporte necessário para o nossa pesquisa.

Palavras-chave: Amor; Literatura Monástica; Mística.

Eixo Livre – ESTUDOS MEDIEVAIS

Literatura 1: Poéticas da Oralidade

SÃO SARUÊ: A COCANHA NORDESTINA

Caroline Sandrise dos Santos Maia (Proling/UFPB)

Orientadora: Drª. Beliza Áurea de Arruda Mello (Proling/UFPB)

O presente artigo tem o objetivo de discorrer sobre o folheto de cordel

Viagem a São Saruê, de Manuel Camilo dos Santos, e sua tradição

discursiva, ligada à memória da Cocanha, que, segundo Franco Júnior

(1998), circulou oralmente pela Europa na metade do século XVII e foi

registrada em versos no Fabliau de Cocagne, em francês arcaico, no século

XVIII. O folheto Viagem a São Saruê pertence ao ciclo da utopia e narra os

encantos de um país imaginário, onde os rios são de leite, os açudes de

vinho e as ruas são cobertas de ouro, ou seja, uma terra de abundância. Já a

lenda de Cocanha, um país concebido pela imaginação medieval, possui

duzentos versos octossílabos e narra a história do autor, que é anônimo, em

um país imaginário, em que há abundância de prazeres e de alimentos, após

partir para uma viagem com a intenção de cumprir uma penitência que lhe

foi imputada pelo papa (LE GOFF, 2009). É perceptível a semelhança entre

os dois países; Manuel Camilo dos Santos recria Cocanha com os traços e

desejos que se encontram no imaginário coletivo do povo nordestino. Dessa

forma, este trabalho se propõe a discutir sobre a territorialização do conto de

Cocanha no nordeste brasileiro. Para tal, utilizará bases teóricas voltadas

para o folheto de cordel, o imaginário, a oralidade e escritura e as tradições

discursivas.

Palavras-chave: Cocanha; Viagem a São Saruê; Tradição discursiva.

JOSÉ COSTA LEITE E OS ENCANTOS DA MULHER

Fabianne Ramos de Souza Vieira (UFPB/Proling)

Orientadora:Beliza Áurea de Arruda Mello (UFPB/Proling)

O presente artigo tem o objetivo de discutir sobre a construção do

imaginário da mulher a partir de dois folhetos de cordel Beijo de mulher

bonita e carinho de mulher feia; A magia do beijo da mulher bonita, ambos

do poeta de cordel José Costa Leite, que apresentam o arquétipo da beleza

como mito fundante da sedução, recuperando o mito da mulher Eva e a

representação misógina recorrente nas narrativas medievais. Desse modo,

esse artigo vem contribuir para discutir o papel histórico do signo feminino

como símbolo da “queda” e/ou da racionalidade. A presença feminina

aponta uma desestabilização de uma ordem, instituído por conceitos fixos

de uma sociedade patriarcal, “signos reproduzidos através dos tempos, que

são tudo o que me chega desse passado.” (HALBWACHS, 2006, pg. 73).

Legado da misoginia medieval construído a partir dos paradigmas do

catolicismo, bem como do judaísmo-cristão. Este artigo propôs-se a

apresentar uma dimensão retificadora da misoginia – mito basilar na cultura

ocidental, a partir da Idade Média. Dessa forma, esse artigo vem discutir o

papel histórico da mulher na construção da sociedade, e contribuir para os

estudos da tradição discursiva, da oralidade, da escritura, do imaginário e

dos estudos medievais. Os estudos teóricos utilizados permitem que haja

uma reflexão contundente sobre os aspectos propostos.

Palavras-chave: Folheto de Cordel; Imaginário; Tradição Discursiva.

COCANHA E SÃO SARUÊ: TERRAS DE ABUNDÂNCIA

Laura Maria da Silva Florentino(PPGL / UFPB)

Este trabalho insere-se no âmbito dos Estudos Medievais, tendo por objetivo

analisar as marcas da utopia da abundância alimentar em duas versões

anônimas do fabliau da Cocanha, a francesa e a inglesa; além de fazer uma

ponte de ligação com os aspectos alimentares presentes no folheto de cordel

“Viagem à São Saruê”, de Manuel Camilo dos Santos . O fabliau da

Cocanhafoi composto durante o século XIII,e amplamente divulgado na

Europa medieval, assumido novas formas e olhares através dos tempos, até

chegar a inspirar poetas brasileiros, em meados do século XX. Tomando por

base os apontamentos de Hilário Franco Junior em relação aos vários temas

utópicos que marcaram o período medieval, bem como o imaginário

daquela época; de José Rivair Macedo no tocante à sociedade na Idade

Média; aos de Mikhail Bakhtin, associados às experiências alimentares que

dialogam com o “baixo” material e corporal em Rabelais; e além dos

apontamentos de Idelette M. F. dos Santos, em relação às abordagens da

atualidade no que se diz respeito à literatura popular brasileira, tentaremos

traçar um panorama acerca destas marcas, fornecendo ao leitor dos dias de

hoje um pouco daquilo que permeava o pensamento do homem medieval,

que por tantas vezes enfrentou a escassez alimentar tal qual o habitante de

determinadas localidades do Nordeste Brasileiro que também conhece o

dilema da falta de alimentos em períodos de seca e estiagem.

Palavras-chave: Fabliau da Cocanha, São Saruê, abundância.

LIA DE ITAMARACÁ E A CIRANDA DO AMOR

Manuela Xavier R. de Souza (UFPB)

A ciranda, dentro dos seus desdobramentos, atravessou o Atlântico e chegou

ao nosso litoral com os portugueses, e com os povos que traziam sendo

escravizados em suas embarcações. Apenas na década de 1970, a Ciranda

ganha repercussão na mídia, e as canções de autoria de Lia de Itamaracá,

mulher negra, cantadora desse gênero, ao qual nos referimos inicialmente,

ganham notoriedade no Nordeste do Brasil e no Exterior. É nossa intenção,

identificar nesse gênero textual oralizado, uma ancestral tradição

feminina(LEMAIRE, 2010) de cantos de trabalho e de diversão, entoados

por mulheres desde as cantigas de mulheres trovadoras, que cantavam o

amor, a amizade, a beleza do lugar que moravam, seus desejos, através de

uma performance peculiar e tipicamente feminina. Embora a ciranda não

seja uma modalidade exclusivamente feminina, já que em Pernambuco,

diversos são os cantadores de Ciranda, homens que marcaram a história

desse patrimônio imaterial e cultural do nosso Estado. As mulheres foram as

que deram força efetiva à memória, ao resgate e à difusão dessa tradição

oral pernambucana. Baseando-nos nas contribuições do pesquisador Paul

Zumthor(1997, 2007) acerca da oralidade, da performance, assim como dos

estudos de Lemaire(1994, 2010, 2015) sobre as cantigas de mulheres

medievais, pretendemos analisar algumas composições de Lia de Itamaracá,

inserindo-as na tradição oral de cantos de mulheres.

Palavras-Chave: Ciranda, Lia de Itamaracá, Cantigas de mulheres,

oralidade.

DO TROVADORIS MO AO REPENTE NORDESTINO:

REVISITANDO AS CANTIGAS DE TENÇÃO MEDIEVAIS PELOS

DESAFIOS DA CULTURA POPULAR

Welson dos Anjos Pereira(UEPB)

Simone Dos Santos Alves Ferreira (UFPB)

Pensar o repente e os cantadores nordestinos é pensar uma forma de

manifestação artística e cultural marcada pela arte popular cantada, pelo tom

satírico, amoroso e pelas disputas de improviso. Algumas dessas marcas são

características também da arte trovadoresca da Idade Média quando nos

referimos às cantigas, especificamente, as de tenção. Percebendo esses

traços em comum às duas formas de arte em tempos tão diferentes e

longínquos, o presente trabalho se propõe a analisar o diálogo entre as

cantigas de tenções dos trovadores medievais e os desafios dos repentistas

nordestinos, sua arte, características e seus temas. Para isso escolhemos

algumas das tenções de Joán Airas e JoánVaásquiz, Martim Soares e Paio

Soares de Taveirós e os desafios da poesia popular de Valdir Teles e

Raimundo Caetano. Para tal, embasamos teoricamente nossa análise nas

considerações de Massaud Moisés (2013), Spina (1956), Barros (2005),

Sautchuk (2009), Mikhail Bakhtin (1987), Ramalho (2000), entre outros que

se fizerem necessários. Tendo em vista que as manifestações artísticas

foram desde a antiguidade, uma forma de se expressar e de se constituir no

mundo é que se dá a importância de resgatar essas raízes, que se mostram de

grande importância e imprescindíveis na formação cultural de uma

sociedade.

Palavras-chave: Trovadorismo; Tenção;Repente.

Literatura Medieval 2 : interdisciplinariedade

A ARTE DE DIZER POEMAS: UM RESÍDUO MEDIEVA L

Ana Carolina de Sena Rocha

Elizabeth Dias Martins

O Verso de Boca é um grupo de performance poética do Curso de Letras da

Universidade Federal do Ceará que, com o intuito de divulgar a Poesia, há

18 (dezoito) anos apresenta-se aos mais diversificados públicos. Os

principais objetivos do Grupo são: divulgar a obra dos maiores poetas de

língua portuguesa; desenvolver o hábito de dizer e ouvir poemas; e tornar a

Poesia mais atrativa para o público através de sua sensibilidade. Para a

concretização desse trabalho, é de suma importância que seus integrantes

tenham uma boa condição técnica, adquirida por meio de três reuniões

semanais para planejar, ensaiar e praticar exercícios de expressão vocal e

corporal. As apresentações do Grupo Verso de Boca direcionam-se,

primeiramente, à Universidade Federal do Ceará, sobretudo ao Curso de

Letras, e estendem-se a uma atuação gratuita em escolas e universidades

públicas de Fortaleza e do interior do Estado e em inúmeros eventos

particulares. A constante apresentação em eventos literários e acadêmicos

vem crescendo cada vez mais. O Grupo conta com um novo espetáculo, que

abarca toda a poesia medieval e seus resíduos na contemporaneidade, o

espetáculo “Versos de Ouro El’rei mandou-nos lavrar”, tomando um mote

do poeta modernista residual Guilherme de Almeida. Os integrantes cantam

a boa poesia tais quais os trovadores medievais.

POR DEBAIXO DOS PANOS: O ENGANO EM VESPAS, DE

ARISTÓFANES, E N’ A FARSA DO ADVOGADO PATHELIN

Francisco Alison Ramos da Silva (UFC)

Este artigo analisa o tema do engano emVespas (422 a. C.), de Aristófanes,

e n’A farsa do Advogado Pathelin (1460). Apesar da distância temporal

entre essas peças, pois a primeira pertence ao teatro clássico ateniense e a

segunda participa do teatro medieval francês, ambas apresentam

semelhanças entre si, como a denúncia das falhas dos tribunais, sobretudo

no que concerne ao tema proposto. Um elemento de análise imprescindível

é a figura do cordeiro, cuja pele alude ao ato de ocultar alguma verdade e

que, em ambas as obras, dialoga com autores de tempos aproximados, tanto

na Grécia quanto na França, como Homero e François Rabelais,

respectivamente. Porém, faz-se igualmente necessário considerar as

diferenças, tendo em vista que a Comédia Antiga é estritamente política,

portanto pontualmente ligada às circunstâncias do período em que foi

produzida, ao passo que a segunda mantém-se ocupada com os assuntos do

cristianismo e com a atuação social da mulher na atualidade da farsa

analisada. Em suma, a linguagem, usada para enganar, funciona como uma

espécie instrumento para a dissolução dos abusos do direito e para a

restauração da ordem social, sempre que possível, denunciando, inclusive, o

lugar da mulher na cultura medieval.

Palavras-chave: Engano. Vespas, de Aristófanes. Gênero farsa.

BREVE REFLEXÃO SOBRE AS CONCEPÇÕES ACERCA

DO TEMPO NO PENSAMENTO FILOSÓFICO E LITERÁRIO

Gilmar de Souza Barbosa Vasconcelos(UEPB)

O artigo propõe uma breve reflexão sobre as concepções acerca do tempo

no pensamento filosófico e literário; com esse objetivo selecionamos alguns

importantes autores, e algumas de suas respectivas obras, nas quais abordam

essa temática é o caso de Agostinho de Hipona em sua obra Confissões

(1984), e Martin Heidegger em Ser e Tempo (2011) no campo da filosofia e

de Haroldo de Campos com seu Qohélet = O-que-sabe: Eclesiastes: poema

sapiencial (1991), juntamente com Jorge Luis Borges e sua Histórias da

eternidade (1999) no campo da literatura. Procura-se demonstrar como essa

temática inquietante tem provocado, desde a antiguidade, os pensamentos

de filósofos e literatos levando-os muitas vezes a discutirem o

assuntoexaustivamente. E, no entanto, no decorrer dessa exposição pode-se

perceber, claramente, que apesar de ser um tema que está presente até

mesmo nas conversações do cotidiano, pouco se pode apreender do que seja

de fato uma definição razoável acerca do tempo. Conclui-se a partir das

reflexões acerca do tempo na literatura e na filosofia que, o conceito de

tempo define-se através das relações estabelecidas pelo ser, pois doutra

maneira é impossível definir o que seja o tempo por meiodo uso, apenas,

dos conceitos.

Palavras-chave:Tempo. Filosofia. Literatura.

DANTE ALIGHIERI E A BUSCA DE UMA ORDEM DE PAZ

UNIVERSAL

Gustavo Leite Neves da Luz (FAP)

Risomar Gomes Monteiro Fialho(FAP)

Dante Alighieri através das ideias desenvolvidas, principalmente em sua

obra Da monarquia, proibido pela Santa Sé, buscou desenvolver um tratado

político que tinha como objetivo primário uma ordem que pudesse preservar

a paz mundial e que tinha como base a divisão dos poderes em dois pilares,

material e imaterial. Sendo o primeiro, pertencente a um monarca ou

imperador que pudesse representar todo o gênero humano através de um

império legitimo e o último, sendo de responsabilidade da Igreja. O trabalho

pretende demonstrar a importância do pensamento de Dante Alighieri para o

seu tempo e como ele buscou elaborar suas ideias baseado em uma

perspectiva medieval de base aristotélica/tomista, se estabelecendo como

referência quando se pensa em buscar um meio de construção de uma paz

mundial. Utiliza-se para a elaboração deste estudo uma base documental e

bibliográfica. Com ele se pretende concluir que as contribuições trazidas por

Dante para a solução dos conflitos de poder em sua época foram sem

precedentes para a formação de um pensamento de ordem universal que

serviram de base para as gerações de pensadores que o sucederam.

Palavras-chave: Idade Média, Dante Alighieri, Monarquia universal.

O SIMBOLISMO DAS CULTURAS CRISTÃ E PAGÃ NO

IMAGINÁRIO SIMBÓLICO DO FILME AS BRUMAS DE AVALON

Ms. Rafael Francisco Braz (UEPB)

Dentre o vasto leque de seres estranhos criados pela fantasia humana, a

bruxa ocupa lugar entre os mais populares. Sua universalidade é percebida

através de sua aparição de diferentes formas em diferentes culturas, mas

apesar de aparecer de maneiras diferentes por influência da cultura local, a

bruxa guarda sempre uma identidade que a torna reconhecível. A

imagem da bruxa foi se constituindo ao longo dos tempos, desde os cultos

primitivos à deusa mãe-natureza, as antigas lendas célticas, a feiticeira

medieval fabricada pela Inquisição, e foi ganhando força, ao longo do

tempo, através de representações artísticas e, sobretudo, na literatura

alimentada pela tradição oral. Este artigo tem por objetivo fazer uma

análise da imagem da mulher/bruxa na figura de Morgana e Viviane no

filme As Brumas de Avalon. Para tanto, nossa fundamentação teórica

baseia-se nos aspectos simbológicos de Marc Girard (1997), Jean Chevalier

e Alain Gheerbrant (2009) pelo víeis na psicologia analítica de Carl Gusta

Jung (2002) e Erick Neumann (1996) e, por fim, nos conceitos mitológco de

Joseph Campbell (1990). A análise nos mostra que tanto a bruxa, quanto a

Grande Mãe fazem parte do inconsciente coletivo da humanidade, pois

diversas culturas e religião se usa de suas características para representá-las .

Como fadas, sacerdotisas ou bruxas suas características principais

sobrevivem ao longo dos anos e se estendem por distintos povos,

distintasculturas e distintas religiões.

Palavras-chave: Grande Mãe; A imagem da bruxa; As Brumas de Avalon.

Literatura Medieval 3: Representações das mulheres

OS MODELOS DE COMPORTAMENTO NAS BARCAS DE GIL

VICENTE

Andreia Karine Duarte (FAPEMA/PIBIC)

Por meio desta pesquisapropomos perceber alguns modelos de

comportamento apresentados nas peças de Gil Vicente, visando mostrar

através de seus personagens alguns exemplos de comportamento ideal que

deveriam ser seguidos pela sociedade portuguesa do século XVI. Por viver

em um período de transição (XV-XVI)Vicente retém em suas obras

características desses dois tempos, onde ora em seus textos percebe-se que é

defendido um pensamento voltado mais para Deus, ora exalta a valorização

do homem livre. Nesse sentido, a principal documentação utilizada na

pesquisa são obras de Gil Vicente: O Auto da Barca do Inferno (1517), O

Auto da Barca do Purgatório (1518)e OAuto da Barca Glória (1519). As

peçam tratam em tese sobre o julgamento das almas que chegam a uma

parte do mar onde estão ancorados dois barcos um em direção ao Paraíso,

outro ao Inferno, a primeira tripulada por um Anjo e a outra pelo Diabo e

seu companheiro. Todos os tipos desejavam entrar na barca do Paraíso,

porém a maioria das alegorias foi condenada, por viverem presas ao pecado

e a bens materiais. Diante da analise desses exemplos de comportamento e

seus os respectivos destinos nas peças, se percebe que Gil Vicente propõe

em seus autos fazer um resgate aos valores cristãos tradicionais que se

perdiam diante dos novos pensamentos fomentados pelo Humanismo.

Palavras-Chave: Gil Vicente, contra modelos, comportamento social.

A LEITURA DA MULHER MEDIEVAL: O CONTO “A MULHER

DE BATH”, DE GEOFFREY CHAUCER, COMO

REPRES ENTAÇÃO

Daniela Viana Cruz (UNEB)

Luis Roberto Resende dos Santos (UFBA)

O presente projeto de pesquisa trata-se de um estudo sobre a figura feminina

na sociedade medieval, tendo como corpus o conto “A mulher de Bath”, de

Geoffrey Chaucer. Esta investigação se concentra no campo dos estudos

sobre a representação das mulheres na literatura de língua inglesa e,

consequentemente, na produção de saberes sobre a mulher através da

história. Diante das figuras analisadas, no período medieval a mulher é

apresentada como sujeito subordinado ao homem. Entretanto, essa mesma

análise nos mostrou que o conto “A mulher de Bath”, de Geoffrey Chaucer,

ainda representa outra vertente da mulher: um sujeito que é impulsionado

por anseios de liberdade. Esse estar presente na sociedade é apresentado no

conto como anseios por ter uma vida política, cultural e, acima de tudo,

liberdade sexual. Nesse contexto, sobressai-se a figura feminina retratada

por Alice no conto referido, a qual mostra as suas apreciações morais e

anseios. A narradora emprega princípios cristãos para defender seus desejos,

pois a personagem que dá nome ao conto casou-se cinco vezes e dominouos

cinco maridos, demonstrando onde reside o poder e a força da figura

feminina que paira no imaginário da época. Nossa hipótese para esta

investigação se ampara, principalmente, nos estudos de Bizaco (1999),

Duby (1989), Macedo (2002) e Medeiros; Zimmerman (2013), por

apresentarem perspectivas sobre a mulher pela história e sobre como ela é

vista pela ótica literária.

Palavras-chave:Literatura; Mulher; Sociedade.

O RISO E A REPRES ENTAÇÃO DA FIGURA FEMININA NA

IDADE MÉDIA: DA CONDENAÇÃO À CARNAVALIZAÇÃO

GracielleAngeline Tavares da Silva (UFPB)

Maria Lucivânia da Silva Bernardino (UFPB)

José Suetonio Ramos Gonçalves (UFPB)

O riso, como expressão literária, social e cultural sempre esteve relacionado

à história da humanidade, adquirindo significados distintos a depender de

cada época e do contexto no qual se insere, despertando, em virtude de sua

dinamicidade conceitual, interesse por parte de estudiosos, a exemplo de

Minois (2003), Bremmer e Roodenburg (2000), Alberti (2002), Bakhtin

(1999),Bergson (2001) e Cerchiari (2009). De acordo com Souza (2017), o

riso passa por reformulações e posicionamentos valorativos diversos,

desempenhando funções múltiplas no processo interacional, adaptando-se às

inúmeras situações enunciativas. O riso emerge assim como consequência

temporal direta de determinadas práticas e valores sociais vivenciados pelos

seus sujeitos, destacando-se, sobretudo, por seu caráter protagonista na

atividade coletiva humana. Objetivando caracterizar o fenômeno do risível

na Idade Média, faremos aqui uma abordagem histórica, mostrando a

origem do riso, sua correlação com a figura feminina e com a cultura

popular, definições trazidas pelos filósofos clássicos, o paradigma bakthiano

e o conceito de carnavalização, além de sua repercussão na atualidade, a

partir de uma pesquisa qualitativa na Literatura, utilizando como principais

referencias teóricas os autores supracitados.

Palavras-chaves: Riso; Idade Média; Carnavalização; Feminino; Cultura

Popular.

A MULHER EM “DITOS DA FREIRA”: A TRANSFORMAÇÃO DA

REPRES ENTAÇÃO DO FEMININO NA OBRA DE JOANA DA

GAMA

Mônica de Paula Gomides (UFPB)

Larisa Souza Silva (UFPB)

Rejane Cavalcante da Silva (UFPB)

No presente trabalho buscamos mostrar as representações do feminino na

obra de Joana da Gama, o livro Ditos da Freira, ediçãocom notas, fixação do

texto e apresentação de Anne-Marie Quint, de 2010, que traz para a

Literatura portuguesa marcas do ideal de mulher do ponto de vista da beata

no seu tempo. Para isso, utilizaremos o conceito de gênero embasado em

uma teoria social de vertente feminista, segundo Louro (2003) e o conceito

de representação de teoria histórica sendo Chartier (1990, 2010) em uma

pesquisa de cunho bibliográfico; análise qualitativa e interpretativa. A partir

da análise interpretamos a obra de Joana da Gama como intimista, pessoal,

com o cunho moralista característicos de sua época e contexto literário, a

literatura monástica do século XVI, em contraponto à consciência do

sofrimento e intempéries da realidade feminina.

Palavras-chaves: representação de gênero, feminismo, Literatura

portuguesa, Joana da Gama.

MULHERES PORTUGUESAS EM GIL VICENTE: UMA ANÁLIS E

DOS TIPOS SATIRIZADOS E DAS CAMADAS SOCIAIS EM

ALGUMAS PEÇAS VICENTINAS

Renata de Jesus Aragão Mendes(PIBIC/CNPq/UEMA)

Orientadora: Adriana Maria de Souza Zierer(CECEN/UEMA)

Buscou-se neste trabalho compreender as representações da Mulher

portuguesa do século XVI a partir das obras do teatrólogo Gil Vicente. Este

homem embora tenha produzido e representado todas as suas peças no

início de Quinhentos nasceu no século XV. O teatrólogo estava, portanto,

ligado aos princípios medievais e principalmente ao resgate dos valores

religiosos que a Igreja Católica buscou legitimar durante toda à Idade

Média. Nesse sentido, suas peças refletem seu pensamento cristão: o

cumprimento do modelo ideal de mulher representado pela Virgem Maria.

Foram analisados oito personagens femininas em cinco obras entre as quais

estão: Auto da Índia (1509), Auto da Sibila Cassandra (1513), Auto da

Barca do Inferno (1517), Pranto de Maria Parda(1522), Farsa de Inês

Pereira (1523).Porém, além das personagens femininas analisamos seis

personagens masculinos. Afinal, foi necessário compreender em quais

camadas estavam os tipos masculinos que as personagens se relacionavam.

Percebeu-se que dos personagens analisados somente um é nobre, mas que

riqueza nenhuma possuía. Todos os outros restantes são camponeses. Ficou

evidente que são geralmente os tipos sociais das camadas a que Gil Vicente

destina suas obras que são criticados negativamente pelo teatrólogo. A partir

desta análise objetivamos primeiramente apontar os tipos de mulheres que

são satirizadas nas obras de Gil Vicente e consequentemente identificar se

as mulheres com traços negativos nas peças vicentinas estão relacionadas a

uma determinada camada social. Constatamos que no geral os tipos

femininos satirizados são caracterizados por moças, alcoviteiras, velhas,

esposas, todas camponesas.

Palavras-chave: Mulher portuguesa. Camadas sociais. Gil Vicente.

MARIA EXITA, RESÍDUOS DA CAMPONESA MEDIEVAL, EM

SUBSTÂNCIA, DE GUIMARÃES ROSA

Victória Pereira Vasconcelos Abreu (UFC)

Elizabeth Dias Martins (UFC)

O presente trabalho aborda a temática da mulher camponesa, papel

fortemente exercido na Idade Média, sendo um dos imaginários femininos

mais evidenciados em relação à labuta, o serviço e o trabalho. Esses

elementos serão analisados dentro da obra de João Guimarães Rosa, um

escritor do modernismo brasileiro, que teve um grande destaque no cenário

literário do país. A obra a ser estudada é o conto Substância, que está

inserido em seu livro Primeiras Estórias, uma obra que está enquadrada na

terceira geração do Modernismo Brasileiro, sendo publicado em 1962 e que

carrega em sua personagem principal, Maria Exita, toda uma mentalidade

medieva em suas características e ações no decorrer do conto. A presente

análise será pautada na Teoria da Residualidade, proposta teórico -

investigativa sistematizada por Roberto Pontes, para identificar os resíduos

do imaginário da mulher camponesa medieval, que permaneceram de um

tempo em outra cultura e que se manifestaram na personagem principal do

conto referido. Analisaremos os resíduos dessa mulher que era serva do

trabalho camponês que remanescem no período contemporâneo da obra em

estudo.

Palavras-chave: Camponesa. Residualidade. Medieval.

Eixo Literatura 4: Tradição medieval na Literatura contemporânea

DIÁLOGO ATEMPORAL: UM ESTUDO RESIDUAL DO POEMA

CANTIGA PARA NÃO MORRER, DE FERREIRA GULLAR.

Kaio Oliveira Tillesse Barros

Daniel Pereira de Oliveira

Ferreira Gullar, poeta de renome internacional, indicado ao Prêmio Nobel

de 2002 e ganhador do prêmio Camões da Língua Portuguesa de 2010,

dedicou sua vida à poesia em seus mais de 80 anos. De forma brilhante, este

maranhense consegue unir o lírico ao social, o romântico ao político;

escrevendo, assim, uma poesia vibrante, intensa e vasta. Este breve trabalho

tem como intuito analisar a mentalidade medieval contida no poema Cantiga

para não morrer, presente no livro Dentro da noite veloz (1975); ressalt ando

seus aspectos trovadorescos. Neste estudo, ganham destaque elementos

residuais que serão ressaltados através da voz lírica masculina, da coita de

amor, da mesura, do uso do senhal e também do uso do paralelismo

presentes neste poema.

RESÍDUOS DA NOVELA DE CAVALARIA NO ROMANCE D’A

PEDRA DO REINO, DE ARIANO SUASSUNA

Maria Milene Peixoto de Oliveira (UEMA)

As marcas da influência ibérica são bastante evidentes na produção literária

de diversos escritores brasileiros, principalmente, nordestinos. Este trabalho

trata de uma investigação acerca dos resíduos cavaleirescos no Romance

d’A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta, de Ariano

Suassuna. A escolha se deve não apenas à clara ascendência da literatura

ibérica na obra do escritor, mas também à importância deste no âmbito da

literatura nacional. Os Romances ou novelas de cavalaria são de origem

medieval, e constituem uma das manifestações literárias de ficção em prosa

mais ricas da literatura peninsular. Neste trabalho, serão investigados

elementos que evidenciam a mentalidade cavaleiresca na obra do escritor

paraibano. Corroborando a matriz europeia que aqui se fixou, tais elementos

aparecem cristalizados pelo imaginário nordestino, uma vez que estão

ligados a uma cultura popular sertaneja. O nosso estudo apoiar-se-á na

Teoria da Residualidade e seus conceitos básicos, sistematizados pelo

pesquisador Roberto Pontes.

Palavras-chave: Novela de Cavalaria. Ariano Suassuna. Residualidade.

ROSA BRAVA: UMA RELEITURA DA MULHER MEDIEVAL NA

FIGURA DE LEONOR TELES

Rosemeri Verissimo Santana Costa (UFPB)

Aldinida Medeiros (PPGL/UFPB)

O presente trabalho apresenta um es tudo sobre a personagem Leonor Teles

de Meneses, através do romance Rosa Brava (2010) da autoria de José

Manuel Saraiva. É nosso intento estabelecer uma leitura crítica e analítica

da obra, buscando identificar como a literatura contemporânea estabelece

uma releitura da mulher na Alta Idade Média. Neste caso específico, como o

autor de uma metaficção historiográfica configura a rainha Leonor Teles no

romance em questão. Sob tal perspectiva, nos propomos a perceber como a

personagem e o enredo romanesco resgatam o perfil da mulher medieval por

meio da releitura e das relações entre Literatura e História, bem como

percebermos questões de cunho narratológico. Para isso, trabalharemos com

um aporte teórico que contemple as áreas do tema: Linda Hutcheon (1991),

Fátima Marinho (1999) Cristina da Costa Vieira (2001), como também as

contribuições de Georges Duby (1990) Le Goff (1989) e Michelle Perrot

(2008).

Palavras-chave:Rosa Brava. Leonor Teles. Figura feminina medieval.

IDEIA DE MUNDO MEDIEVAL, UMA PROPOSTA DE LEITURA A

PARTIR DO C. S. LEWIS

Salomão Davi Xavier da Silva (UFPB)

Este trabalho busca analisar o modo de interpretação presente no livro A

imagem descartada: para compreender a visão medieval de mundo

(2015)do medievalista e renascentista de Cambridge e Oxford, Clive Staples

Lewis, conhecido mundialmente como autor de ‘As crônicas de Nárnia’.

Especifico o tratamento como apontamentos acerca da ideia de crítica

literária do Lewis e a compreensão da ideia de mundo medieval, a entender

não como uma unidade homogênea, antes como uma multiplicidade

unificada.

O DISCURSO DE FERNÃO LOPES SOB A PERSPECTIVA DA

METAFICÇÃO HISTÓRIOGRÁFICADE SEOMARA DA VEIGA

FERREIRA

Whadja Nascimento(GIELLus)

Aldinida Medeiros (UEPB/ PPGL-UFPB)

O estudo que se segue tem por objetivo um romance que traz a releitura de

uma figura medieval, a rainha consorte portuguesa Leonor Teles,

protagonista do romance histórico contemporâneo Leonor Teles ou o canto

da salamandra (1999), da escritora Seomara da Veiga Ferreira, que destaca

a marcante participação política desta rainha em algumas nas questões do

reinado de D. Fernando. Para tanto, faremos uma relação entre o perfil

histórico e literário desta mulher, considerando que o discurso de Seomara

em sua obra, difere do que nos foi apresentado historicamente por Fernão

Lopes nas crônicas que escreveu, no século XVI, sobre os reis de Portugal.

Neste sentido, podemos perceber o olhar autoral de Seomara da Veiga

Ferreira como uma releitura marcadamente crítica do discurso lopino,

possibilitando à personagem alguns traços de uma representação feminina

marcante, sem a figuração notadamente malévola que se encontra na

Crónica de D. Fernando, do já mencionado Lopes (2004). Nosso trabalho,

estritamente de cunho bibliográfico, tem como aporte teórico ensaios quer

versam sobre a Idade Média, sobre a vida de Leonor Teles e sobre o

romance histórico, dentre os quais Georges Duby (1999; 2011), Michelle

Perrot e Georges Duby (1990), Isabel Pina Baleiras (2012), Maria de Fátima

Marinho (1999) e Maria Ema Tarracha Ferreira (2000), além das crônicas

de Fernão Lopes (2004).

Palavras-chave: Romance histórico. Representação feminina. Leonor Teles.

Literatura Medieval 5: Representação do medievo na Literatura Brasileira

RESÍDUOS DO SIRVENTÊS MEDIEVAL NA POESIA

INSUBMISSA DE PEDRO LYRA

Carlos Henrique Peixoto de Oliveira(UFC)

Brenda Raquel Nobre Lopes(UFC)

O modo poético usado pelos trovadores para fazer crítica social era

denominado sirventês. Eles não se destinaram a escrever apenas cantigas de

amor e cantigas de amigo, mas abordaram também na sua poesia as más

práticas humanas da vida social em que estavam inseridos, como as

injustiças sociais, as querelas políticas, a tirania de reis e de senhores

feudais, a avareza de artesãos e de comerciantes, a conduta desvirtuada de

religiosos sem zelo apostólico, os maus trovadores, etc.. O trabalho que ora

desenvolvemos busca estudar a presença de resíduos poéticos do sirventês

na obra Decisão, poemas dialéticos do poeta cearense Pedro Lyra. Poeta da

geração 60 da poesia brasileira, Lyra vivenciou os anos da ditadura militar

no Brasil e fez de seus poemas armas contra esse regime de exceção e

contra um sistema político de exploração do homem. A mentalidade do

sirventês medieval se apresenta de maneira remanescente na produção desse

poeta, pois sua poesia tem o mesmo espírito insubmisso, de denúncia social,

que continha aquele modo poético do medievo. Para a nossa investigação,

lançamos mão daTeoria da Residualidade desenvolvida pelo poeta Roberto

Pontes.

PALAVRAS-CHAVE: Sirventês; Poesia Insubmissa; Residualidade; Pedro

Lyra.

JUSTIÇA E ESPERANÇA EM VERBO ENCARNADO, DE

ROBERTO PONTES: RESÍDUOS DE UM PENSAMENTO

MEDIEVAL

Ma. Cássia Alves da Silva(PPGL-UFC)

Ma. Mary Nascimento da Silva Leitão(PPGL-UFC)

A voz poética que surge nos versos de Verbo Encarnado, de Roberto

Pontes, é a representação de uma coletividade que luta por um novo tempo.

A obra escrita na segunda metade do século XX, ao mesmo tempo em que

exprime a angústia de um período histórico marcado pela ditadura, também

demonstra anseio por uma vida mais bela. Retomaremos o forte sentimento

de amargura, propagado no final da Idade Média (HUIZINGA, 2013), por

conta das arbitrariedades de clérigos, nobres e funcionários feudais,

vivenciado simultaneamente a um instante de crença na paz e na salvação da

humanidade (FRANCO JÚNIOR, 1992). Relacionaremos referidos

pensamentos com os imaginários de justiça e esperança identificados nos

poemas do autor cearense. A análise comparativa dar-se-á com base na

teoria da residualidade (PONTES, 1999), no intuito de observar os

elementos medievais que se cristalizaram numa produção literária da

atualidade. Apresentaremos uma discussão em torno das semelhanças

identificadas entre as manifestações artísticas medievais e os poemas de

Verbo Encarnado.

Palavras-chaves: Verbo Encarnado. Residualidade. Medievalidade.

CONHECER É PERIGOSO: DO MITO DE PROMETEU AO

PECADO ORIGINAL, RESÍDUOS DO DEMONÍACO EM LAVOURA

ARCAICA

Francisca Yorranna da Silva (UFC)

Elizabeth Dias Martins (PUC – RIO)

O conceito de demoníaco em nossa cultura foi formado, principalmente,

durante a Idade Média, período no qual o cristianismo ocidental se

desenvolveu e firmou-se como religião predominante; no entanto, até hoje

encontramos resíduos desta mentalidade em nossa cultura. Deste modo,

tomamos como exemplo Lavoura Arcaica (1975), de Raduan Nassar, a fim

de demonstrarmos de que forma se dá a permanência da mentalidade acerca

do demoníaco na literatura contemporânea. Neste sentido, procuramos

identificar os elementos que aparecem atrelados ao universo demoníaco na

obra, ressaltando a visão que se tem sobre o ato de conhecer, que no

romance é visto como algo perigoso, uma vez que, a liberdade

proporcionada pelo conhecimento pode colocar em risco estruturas socia is

consolidadas como a Igreja, o Estado e a família. Além disso, o simples

desejo de conhecer pode ser considerado demoníaco porque o conhecimento

está na esfera do divino, concepção que retoma o mito de Prometeu e a

narrativa do Gênesis que fala sobre a queda da humanidade; nesta última, o

primeiro pecado cometido pelo homem é motivado pela ânsia de conhecer o

Bem e o Mal, tornando-se igual a Deus. Nesta perspectiva, a Teoria da

Residualidade, aporte teórico utilizado neste trabalho, faz-se fundamental

visto que através de seus conceitos busca explicar o processo de

remanescência desses resíduos. Assim, ao concluirmos este trabalho

esperamos alcançar nossos objetivos, possibilitando uma nova leitura para

obra de Raduan Nassar por meio do diálogo entre os períodos clássico,

medieval e contemporâneo.

Palavras-chave: Residualidade. Demoníaco. Lavoura Arcaica.

A ARTE LITERÁRIA E O MAL: SEXO, DESVIO E DANAÇÃO NA

CRÔNICA DA CASA ASSASSINADA

Romildo Biar Monteiro(UFC/CAPES)

Elizabeth Dias Martins(PUC – RIO)

O presente trabalho busca analisar no romance Crônica da Casa

Assassinada (1959), de Lúcio Cardoso, os comportamentos desviantes

impetrados pelas personagens Ana, Nina e Timóteo, que são reveladores de

resíduos do doutrinário cristão medieval, concernentes às manifestações e

representações do princípio do Mal, do pecado e da danação, presentes na

prosa cardosiana, por meio da relação entre o demoníaco e aconduta das

personagens. Nesse sentido, buscaremos compreender as diferentes

ocorrências de atitudes e práticas transgressoras, em especial, aquelas

ligadas à sexualidade, de modo a identificar até que ponto as variações do

princípio do Mal na literatura de Lúcio Cardoso indicam processos de

assimilação e recriação. Para tanto, pautar-nos-emos nos pressupostos

oriundos da Literatura Comparada e da Residualidade, proposta teórico-

investigativa sistematizada por Roberto Pontes (1999), que se baseia no

princípio de que toda cultura contém resíduos de outros tempos e espaços.

Palavras-chave: Crônica da Casa Assassinada. Mal. Transgressão. Danação.

Residualidade.

A BATALHA DISCURSIVA ENTRE OLIVEIROS E FERRABRÁS:

DO MEDIEVAL PARA O SERTÃO NORDESTINO

Willian Lima de Sousa (PPGL/UFPB)

Uma das narrativas mais conhecidas no sertão nordestino concerne a Carlos

Magno e os Pares de França. Na obra Os Cinco Livros do Povo,Câmara

Cascudo (1953) define a trama carolíngia como um clássico do cordel.

Analisando o folheto Batalha de Oliveiros com Ferrabrás, dois elementos

são significativos para o entendimento da fama dessa narrativa: 1º) o

processo de aproximação entre Carlos Magno e Cangaceiro nordestino e 2º)

a batalha utópico/discursiva entre Oliveiros (soldado carolíngio e católico)

vs. Ferrabrás (mouro e na cultura sertaneja, o antagonista ao catolicismo).

Nesta oportunidade, abordaremos o quesito discursivo em voga no folheto

Batalha de Oliveiros com Ferrabrás, de Leandro Gomes de Barros. Por esse

viés, entendemos que o processo de convencimento discursivo utilizado por

Oliveiros objetiva dois fatores: o arrependimento e conversão de Ferrabrás

ao catolicismo. Os resquícios da religiosidade medieval presente nos Pares

de França são acentuados pelo poeta paraibano; essa técnica aproxima

“público e folheto”, pois o catolicismo está arraigado entre o povo

nordestino. Visando compreender essa batalha discursiva e a estruturação e

aproveitamento do texto matriz (Carlos Magno e os Doze Pares de França),

essa pesquisa está alicerçada teoricamente nas contribuições dos seguintes

autores: Bakhtin (2009); Barros (1909); Curran (1973); (Foucault (2011);

Mello (1980); Zumthor (1993).

Palavras-chave: Carlos Magno, discurso, catolicismo.

Estudos em Medievalística 1

LEGITIMIDADE, AUTORIDADE E PODER: UMA BREVE

REFLEXÃO SOBRE AS RELAÇÕES DE NEGOCIAÇÕES

SENHORIAIS NO PERÍODO ALFONSINO (1252-1284)

Bruna Oliveira Mota(UFS/CAPES)

Nesta apresentação temos por objetivo analisar e compreender as relações

de negociações senhoriais existentes em Castela no século XIII. Temos

entendido tais negociações como um aspecto comum à política inerente às

aristocracias laica e eclesiástica, que amparadas no tripé legitimidade,

autoridade e poder constituíam, para nós, a base dos governos na Península

Ibérica.Defendemos que as monarquias castelhanas estavam, também elas,

inseridas no grupamento aristocrático, tendo, porém, a natureza hereditária

como ancoragem do seu princípio legitimador, composto, por sua vez à

noção de mérito, atributo e herança, ou seja, o direito de comando do

monarca era assegurado pelas instituições consagradas pela tradição. No que

tange a autoridade monárquica, ela era concebida como uma espécie de

poder horizontalizado, no qual os indivíduos prestavam obediência por

acreditarem na capacidade de quem os governava, necessitando

constantemente de medidas que reafirmasse e renovasse essa condição de

governabilidade para o bem daqueles que integram e legitimam tal

relação.Finalmente, a noção poder que abordamos em nosso trabalho foge

de uma perspectiva centralizadora, de cima pra baixo, tradicionalista do

modelo burocrático do século XIX. Temos utilizado o conceito de “noção

corporativista do poder” para compreender os conflitos e negociações no

período alfonsino. Graças a esta perspectiva, consideramos que a repartição

ou partilha daquele poder monárquico com outros poderes na construção

harmoniosa do reino invoca uma latente horizontalidade que, no entanto,

não anula a verticalidade nas relações presentes na aristocracia medieval.O

governo de Alfonso X (1252-1284), apesar de inúmeras continuidades, nos

apresenta alguns dados singulares no processo de relações de negociações

senhoriais frente aos reinados antecessores e são justamente tais rupturas

que temos nos debruçado em nossa pesquisa de mestrado financiada pela

CAPES no PROHIS-UFS e que buscaremos expor nesta comunicação seus

mecanismos de negociações senhoriais.

Palavras-chave: Negociações senhoriais; Alfonso X; Relações de poder.

SENHORIO, NORMATIVAS CANÔNICAS E A GUERRA: AS

RELAÇÕES DE NEGOCIAÇÃO EM CASTELA E LEÃO NOS

SÉCULOS XI E XII

Bruno Gonçalves Alvaro(UFMT)

Entre os séculos XI e XII, as relações entre as igrejas castelhano-leonesas e

as múltiplas forças senhoriais, das quais damos ênfase à Monarquia, nos

possibilitam observar um amplo leque de possibilidades analíticas para

aqueles medievalistas preocupados com a história política e das instituições.

Exemplo disso, é o conhecido binômio senhorios episcopais versus

senhorios monárquicos. Ao contrário de seguir uma ampla tradição

historiográfica que identifica submissão, dependência constante, projeto de

centralismo por parte de um ou de outro segmento, etc., procuraremos

enfatizar por meio do estudo de alguns concílios do período, justamente o

contrário. Para nós, o que se sobressaem nessas relações senhoriais é,

justamente, o caráter de negociação, no qual, ora é possível identificar

relações fraternas e socorro mútuo em forma de apoio, principalmente, em

conflitos armados, ora uma série de querelas nas quais vemos sobressaltar

inúmeros cânones normativos a respeito da atuação eclesiástica em assuntos

laicos e vice-versa.Para pensar tais relações de negociação, selecionamos o

exercício da guerra como espaço definidor para as especificidades que,

defendemos, são inerentes à cada uma das instâncias que lidamos – as

Igrejas e as Monarquias – mesmo sendo o senhorio o elo de ligação do qual

partirmos para por em prática o presente estudo.É a partir do século XI que

o fenômeno senhorial generaliza-se na região de Castela e Leão, o que se

pressupõe uma larga escala de igrejas que se tornam detentoras de

senhorios, entre outros motivos, graças ao contexto bélico do momento.

Sendo assim, por objetivarmos um estudo que preza pela segurança no

manejo da documentação e uma vez que temos como hipótese geral, que as

relações de negociação são específicas de um senhorio para outro,

analisaremos nesta comunicação apenas os senhorios eclesiásticos

deToledo, Leão, Sigüenza e Osma.

Palavras-chave: Senhorio; Relações de negociação; Séculos XI e XII.

GIORDANO BRUNO: APROPRIAÇÃO E REELABORAÇÃO DA

ESPECULAÇÃO CUSANA SOBE A INFINITUDE DE DEUS E DO

UNIVERSO

José Texeira (UERN)

O presente texto é fruto das discussões realizadas no projeto de pesquisa

PIBIC intitulado “Giordano Bruno (1548-1600): O universo infinito e os

infinitos mundos”. O referido projeto de pesquisa pretendia ser a segunda

parte da pesquisa cuja problemática principal era interpretar o início das

discussões modernas sobre o conceito do “infinito” relacionado,

principalmente, às questões metafísicas e cosmológicas. Na primeira parte

da pesquisa situamos histórica e filosoficamente o pensamento de Nicolau

de Cusa (1401-1464) a partir da discussão sobre a infinitude de Deus e do

universo. Para determinar os diversos usos e significados que o termo

“infinito” assume no pensamento cusano e em que sentido Nicolau afirma

que tanto Deus quanto o universo são infinitos, tomamos como ponto de

partida o primeiro e o segundo livro do De doctaignorantia, texto escrito em

1440 pelo pensador alemão. Sobre a relação entre Bruno e Nicolau,

considerava Heimsoeth (1960, p. 111) que os ensinamentos do “grande

alemão” determinou, por meio de Bruno, a imagem do cosmos da ciência e

da metafísica moderna. Embora não seja o objetivo geral dessa pesquisa

demarcar o quadro em que se inscreve a proximidade e a relação entre

Giordano Bruno e Nicolau de Cusa, pois essa relação já foi demarcada há

bastante tempo, por exemplo, por F. J. Clemens no seu texto Giordano

Bruno undNicolausvonCusa (1847) e H. Védrine em L’influence de Nicolas

de Cuessur Giordano Bruno (1964), interessa-nos, porém, na continuidade

da pesquisa investigar especificamente como as especulações cusanas sobre

a infinitude de Deus e do universo são apropriadas por Giordano Bruno

(1548-1600). Portanto, buscaremos questionar se a “filosofia nolana” sobre

a infiniturdepode ser vista a partir de uma apropriação fecunda de aspectos

da especulação de Nicolau de Cusa e da tradição neoplatônica.

Palavras-chave: Nicolau de Cusa. Giordano Bruno. Infinito. Universo.

Deus.

TRAÇOS PARA UMA EXPERIÊNCIA DO OLHAR EM DE VISIONE

DEI DE NICOLAU DE CUSA

Klédson Tiago Alves de Souza (UFPB)

Prof. Dra. Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB)

Este artigo busca discutir acerca da experiência místico-especulativa que

Nicolau de Cusa (1401-1464) propõe aos monges de Tegernsee para os

conduzir à “sagrada obscuridade” ou “teologia mística”, motivado pela

discussão proeminente de sua época sobre se se deveria entender a visão

contemplativa de forma meramente afetiva ou intelectual, envolvendo dois

grandes partidários de ambas perspectivas, respectivamente, Vicente de

Aggsbach e Gerson. Após troca de cartas, Nicolau de Cusa envia aos

monges beneditinos do monastério de Tegernsee o De visione dei (1453) e

um quadro “que tudo vê” denominado por ele “o ícone de Deus”. Destarte, a

partir da experiência de olhar um quadro, cuja pintura traz a peculiaridade

de o olhar pintado acompanhar aquele que o olha, Nicolau os leva a

especular sobre a experiência do olhar de Deus que não abandona e

acompanha todos e cada um. Logo, o caminho proposto no De visione dei é

uma verdadeira “condução pela mão” (Manuductio) para que os monges,

segundo as suas capacidades, alcancem a experiência mística: do olhar

finito do quadro ao olhar infinito que é o próprio olhar de Deus. O artigo,

portanto, dentro do âmbito da filosofia de Nicolau de Cusa mostra a via

reflexiva que parte da experiência da finitude até a mais alta e profunda

especulação que o homem pode vir a fazer: especular sobre o divino.

Palavras-chave: Nicolau de Cusa. Mística. Olhar.

O RESSURGIMENTO URBANO NA BAIXA IDADE MÉDIAE SUA

CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO DO URBANISMO

OCIDENTAL MODERNO

Magnus Galeno Felga Fialho(UMESP)

O século XXI traz, entre tantas outras marcas, novos desafios para a

urbanização. A compreensão do homem e seu habitat ganha importância

como estudo da chamada psicologia do espaço, levando à integração de

diversos saberes para entender o homem na construção destes espaços: o

natural, o construído, o social e o existencial. O eixo central é a urbs – a

cidade. Ela está presente na história humana desde o período neolítico como

grandes aglomerados urbanos que marcam o avanço da civilização. Já na

denominada Baixa Idade Média o ressurgimento gradual das cidadesrevela

as mudanças psicológicas advindas da nova realidade Ocidental. Este

trabalho visa analisar essas mudanças na mentalidade pessoal e coletiva

surgidas com a reurbanização, demonstrando a vida medieval e as transições

entre um mundo rural e o urbano. Caminha ainda observando como as

soluções de urbanização encontradas na época influenciam o surgimento de

novas estruturas econômicas, a nova classe social nascente, a religião e a

concepção de mundo e expectativas de vida, procurando estabelecer como

se deu a reconstrução das cidades na baixa Idade Média a partir da análise

do espaço urbano medieval. O trabalho,portanto, fortalece a Ideia dos eixos

de análise dos espaços (em especial o urbano) de maneira interdisciplinar, já

bem presente em Fernand Braudel (história), Friedrich Ratzel (Psicologia),

Max Sorre e Milton Santos (Geógrafos).

Palavras-chave: Idade Média; Cidades; Urbanismo.

Estudos em Medievalística 2

DIÁLOGOS ENTRE A FILOSOFIA MEDIEVAL-TOMISTA E A

JUSFILOSOFIA CONTEMPORÂNEA: ENSAIO HERMENÊUTICO

E AXIOLÓGICO

Claudio Pedrosa Nunes (Universidade de Coimbra)

O presente artigo objetiva realizar uma investigação propedêutica sobre os

diálogos e conexões que se podem regularmente perceber entre variados

dogmas, categorias e instituições filosóficas e jusfilosóficas do medievo e os

seus correspondentes na contemporaneidade, com especial destaque para a

doutrina teológico-filosófica de Tomás de Aquino. Evoca-se nesse ambiente

a proeminência do direito natural do medievo tardio como fonte de

excelência, inclusive normativa, para efeito de edificação das bases

fundamentais desses diálogos e conexões, com concurso dos costumes

sociopolíticos e socioeconômicos de então, cuja engenharia conserva

remanescentes inclusive nos julgados tribunalícios contemporâneos. Em

apelo de problematização, o estudo sugere uma rediscussão a respeito da

perspectiva hoje sedimentada de conhecimento estanque entre os variados

períodos históricos da filosofia e do direito, numa espécie de exclusão

definitiva de tudo o que concerne à Idade Média. E, nisso, indaga-se: é

correto afirmar que a filosofia medieval nada oferece de significativo e

substancial para os estudos jurídico-filosóficos do nosso tempo? Estaria ou

não a filosofia medieval-tomista impregnada por dogmas cristãos católicos

odiosos que a expurgam como segmento do conhecimento capaz de

construir bases sólidas para o direito contemporâneo? Trata-se, outrossim,

de pesquisa conduzida sob o método dedutivo, com pesquisa de natureza

histórico-filosófica e dissertativa e fonte de dados documental e

bibliográfica.

Palavras-chave: Diálogos; Filosofia; Medieval; Jusfilosofia. Lourival

TRAÇOS PARA UMA EXPERIÊNCIA DO OLHAR EM DE VISIONE

DEI DE NICOLAU DE CUSA

Klédson Tiago Alves de Souza(UFPB)

Prof. Dra. Maria Simone Marinho Nogueira(UFPB)

Este artigo busca discutir acerca da experiência místico-especulativa que

Nicolau de Cusa (1401-1464) propõe aos monges de Tegernsee para os

conduzir à “sagrada obscuridade” ou “teologia mística”, motivado pela

discussão proeminente de sua época sobre se se deveria entender a visão

contemplativa de forma meramente afetiva ou intelectual, envolvendo dois

grandes partidários de ambas perspectivas, respectivamente, Vicente de

Aggsbach e Gerson. Após troca de cartas, Nicolau de Cusa envia aos

monges beneditinos do monastério de Tegernsee o De visione dei (1453) e

um quadro “que tudo vê” denominado por ele “o ícone de Deus”. Destarte, a

partir da experiência de olhar um quadro, cuja pintura traz a peculiaridade

de o olhar pintado acompanhar aquele que o olha, Nicolau os leva a

especular sobre a experiência do olhar de Deus que não abandona e

acompanha todos e cada um. Logo, o caminho proposto no De visione dei é

uma verdadeira “condução pela mão” (Manuductio) para que os monges,

segundo as suas capacidades, alcancem a experiência mística: do olhar

finito do quadro ao olhar infinito que é o próprio olhar de Deus. O artigo,

portanto, dentro do âmbito da filosofia de Nicolau de Cusa mostra a via

reflexiva que parte da experiência da finitude até a mais alta e profunda

especulação que o homem pode vir a fazer: especular sobre o divino.

Palavras-chave: Nicolau de Cusa. Mística. Olhar

PARAÍSO E SALVAÇÃO NA ARTE DE BIEN MORIR:

CONSIDERAÇÕES SOBRE UMA UTOPIA MEDIEVAL

Patrícia Marques de Souza(UFRJ / CAPES)

A busca por um lugar no Paraíso deveria ser o objetivo central de todo

cristão na Idade Média. A partir das prerrogativas afirmadas no IV Concílio

de Latrão (1215), como a ênfase na realização do exame de consciência e da

necessidade da confissão anual somada à definição do Purgatório - como

um lugar de expiação transitório dos pecados veniais - e com o início das

pregações das ordens mendicantes no século XIII, a esperança de uma

felicidade eterna passou a ser associada com a hora do transitus da alma.

Assim, a recompensa para uma boa morte era um locus marcado pela

alegria e pela paz duradoura. Nele, as almas não sentiam fome e nem sede.

O caminho rumo à contemplação da face de Deus era guiado pelos

anjospsicopompos.Neste sentido, o objetivo desta comunicação é elucidar

os mecanismos de construção da utopia da salvação e do Paraíso na Baixa

Idade Média a partir do conceito formulado pelo medievalista Hilário

Franco Júnior em sua obra: As Utopias Medievais (1992). A fonte analisada

neste trabalho é a versão castelhana do manual de bem morrer surgido no

século XV e que conta com onze gravuras: a Arte de BienMorir, de autoria

anônima, que foi impressa em c.1480 por Pablo Hurus na cidade de

Saragoça, Espanha. Nesta fonte, os anjos assumem o papel de auxiliar o fiel

na busca pelo seu lugar no Céu assim como educar e reafirmar os valores da

ortodoxia cristã através da divulgação de modelos de comportamento ideais

que eram expressos tanto na narrativa textual quanto na visual.

Palavras-chave: Boa Morte. Salvação. Paraíso.

MONERGIS MO SOTERIOLÓGICO NA SUMA DE SANTO TOMÁS

DE AQUINO

Me. Renan Pires Maia (UFPB)

O presente trabalho tem o intuito de fazer uma análise da noção de um

monergismosoteriológico na Suma Theologica de Santo Tomás, mais

especificamente na parte do Tratado sobre a Graça (pt. I da pt. II, q. 109-

114). Por soteriologia entende-se aquela disciplina da teologia que estuda a

salvação (soteria) e, por monergismo, aquela perspectiva soteriológica que

defende que é apenas Deus quem salva o homem, em contraposição ao

sinergismo, que defende que o homem colabora com Deus em sua salvação,

e também àquelas vertentes que postulam que o homem é completamente

autossuficiente para salvar-se (pelagianismo). No Cristianismo, em resumo,

a salvação se dá através da fé, que apreende a verdade, da boa vontade, que

se inclina ao bem e da vida santificada na qual o pecado é vencido. Nenhum

destes elementos pode ser alcançado pelas capacidades humanas, posto que

o ser humano encontra-se em seu estado corrompido desde a queda, embora

opere nelas. Pode-se ver esta perspectiva de modo claro já em Santo

Agostinho, no De Libero Arbitrioe no De Praedestinatione Sanctorum.

Santo Tomás retoma esta perspectiva agostiniana, aprofundando-a com seus

conceitos de gratia infusa e de primeiro motor imóvel, Deus, que move o

mundo segundo seus propósitos. A graça, para Santo Tomás, como para

Santo Agostinho, é também preveniente, isto é, anterior a qualquer

movimento do homem em direção a Deus, sendo, antes, a própria condição

deste movimento (Q. CXII, A. I – III).

Palavras-chave:Santo Tomás. Soteriologia. Graça

INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE DESPRENDIMENTO EM

MESTRE ECKHART

Sebastiana Inácio Lima (UFPB)

O presente trabalho, intitulado Introdução ao Conceito de Desprendimento

em Mestre Eckhart, é um trabalho introdutório. Eckharté um teólogo e

filósofo alemão, nascido em 1260 em Hochheim, próximo a Ghota na

Turíngia. É pertencente a mística alemã e é tido como um dos

representantes mais típicos dessa mística. Esse estudo tem os seguintes

objetivos: conhecer um pouco acerca do contexto histórico do Mestre

Eckhart, compreender o sentido do termo mística e analisar o conceito de

desprendimento. O texto está dividido em três partes: 1. Contexto histórico

de Mestre Eckhart; 2. O conceito de mística; 3. Tópicos acerca do conceito

de desprendimento.Na primeira parte é apresentado um pouco da biografia e

do contexto histórico de Mestre Eckhart; na segunda parte é tratado sobre o

termo mística e como ela (a mística) se expressa no Medievo; na terceira e

última parte, é feita uma breve análise no que tange ao conceito de

desprendimento. Com o intuito de compreender, do ponto de vista

filosófico, a mística Medieval e seus grandes mestres, surgiu a ideia de

adentrarmos ao pensamento eckhartiano. Trata-se de um assunto relevante

que tem muito a ser estudado, dada a sua importância. Esse texto foi

apresentado como requisito de avaliação, da disciplina Tópicos Especiais

em Filosofia V da Professora Dra. Maria Simone Marinho Nogueira.

Adotamos para essa pesquisa a consulta bibliográfica, além de algumas

fontes eletrônicas de documentos da internet.

Palavras Chave: Conceito. Mística. Desprendimento.

MINICURSO

MINICURSO 1

Sala 101 – CA (Central de aulas)

Título: O corpo que cala: A vida divina e a emancipação do corpo no

pensamento de Marguerite Porete

Profª Amanda Oliveira da Silva Pontes (UEPB)

RESUMO: O minicurso tem o objetivo de apresentar o pensamento de

Marguerite Porete no que concerne ao corpo e sua atuação dentro da

mística. Procurando situar o corpo no itinerário místico proposto por

Marguerite Porete, buscamos discutir o porquê desta escritora medieval

rejeitar a compleição física como meio para alcançar a vida divina. Para

autora e escritora do Espelho das almas Simples, o corpo não participa ou

goza da experiência imediata de Deus; a natureza corpórea deve ser

emancipada da substância espiritual e por isso mesmo alheado a experiência

mística. Intentamos então compreender como se desenvolve este processo

no trajeto indicado por Marguerite Porete para alcançar a plenitude divina e

quais suas motivações para recusar a participação do corpo neste percurso.

MINICURSO 2

Sala 102 – CA (Central de aulas)

Título: O Latim nos hinos litúrgicos: a face clerical do medievo

Prof. Dr. Alder Júlio Ferreira Calado (UFPB)

RESUMO: A título de exercício da Língua Latina, propõem-se para rápido

estudo alguns hinos litúrgicos medievais, ainda hoje cantados (“Pange

lingua”, “Veni, Sancte Spiritus”, “Adoro te devote”). De modo

contextualizado, a leitura e discussões dos hinos em latim serão

acompanhadas de vídeos ou áudios, com as respectivas letras.

MINICURSO 3

Título: Magia e a utopia da vontade

Sala 103 – CAa (Central de aulas)

Resumo: O minicurso propõe uma discussão dividida em dois eixos

principais. O primeiro é a definição do conceito de magia e os elementos

que ela engloba, apresentando exemplos diversos das formas mais comuns

praticadas durante os séculos XII e XIII, de acordo com os termos definidos

previamente. O segundo eixo é o de apresentar duas narrativas do século

XII, de Geoffrey de Monmouth, a Historia Regum Britanniae e a Vita

Merlini, chamando a atenção para os elementos do mágico e do

maravilhoso, analisando-os de acordo com a discussão teórica a respeito do

tema. O objetivo do minicurso é o de propor uma reflexão a respeito da

magia, ou, dito de outra maneira, das ferramentas que dispunham os homens

e mulheres medievais para alcançar seus desejos, por um lado, e responder

às necessidades mais prementes de uma vida cheia de contrastes radicais. A

utopia da vontade é o desejo sempre renovado de alcançar aquilo que está

para diante das possibilidades materiais imediatas dos homens da Idade

Média.