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CADERNO DE RESUMOS1
1 O conteúdo e a revisão textual dos resumos aqui apresentados são de responsabilidade de seus autores.
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VII ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESTUDOS LITERÁRIOS
DE 10 A 12 DE SETEMBRO DE 2018
BRASÍLIA/DF
O PROBLEMA DO OESTE AMERICANO: SECA E EXPLORAÇÃO DE RECURSOS
HÍDRICOS EM THE TIME IT NEVER RAINED E THE MAN WHO RODE MIDNIGHT
Adolfo José de Souza Frota (UEG)
A proposta de comunicação objetiva fazer uma análise comparativa dos romances do autor texano
Elmer Kelton The Time It NeverRained e The Man Who Rode Midnight levando-se em consideração
o tema da água como recurso hídrico essencial e indispensável para a concepção do Oeste
americano e da proposta de exploração dos recursos da natureza. A partir de conflitos relativos à
presença ou à falta de água, Kelton discute a decadência da atividade agropecuarista e a concepção
de novos meios de exploração ambiental, o que gera disputas entre personagens ligadas à uma
tradição cowboy e aquelas outras que buscam implementar o desenvolvimento econômico, mesmo
que isso ocasione o fim dessa atividade tradicional. Partindo da ideia de que seus protagonistas
estão intimamente ligados à terra, a exploração desmedida por eles observada sentencia o fim não
somente de um estilo cultural, mas, acima de tudo, da conservação da natureza.
Palavras-chave: Natureza. Cowboy. Elmer Kelton. Oeste.
Eixo: Literatura Estrangeira
QUANDO A BUROCRACIA É LITERATURA: ANÁLISE AOS FUNDAMENTOS DE
LITERARIEDADE NOS RELATÓRIOS DE MANDATO DO PREFEITO GRACILIANO
RAMOS, NOS ANOS DE 1929 E 1930
Adreana Dulcina Platt (PG/UFSC)
Ubaldo Cézar Balthazar (UFSC)
Frederico Augusto Garcia Fernandes (UEL)
Este estudo apresenta os movimentos e percurso científicos que realizamos para analisar os
relatórios do Prefeito do Município de Palmeira dos Índios/AL, Graciliano Ramos, confeccionados
nos anos de 1929 e 1930. Remetidos ao governador da época, os relatórios propõem, inicialmente,
demonstrar a estrutura de estado em seu contexto histórico. Tal questão denunciará da mesma
forma, as marcas de literariedade na obra do autor. A intenção do estudo será fundamentalmente
analisar as características da rotina da administração local pautadas no Direito de estado
estabelecido à época, e, no mesmo eixo, delinear o traço encharcado de narrativa poética, mesmo
recoberta pela objetividade burocrática esperada nos relatórios do administrador municipal. Para a
investigação e reconhecimento aos elementos de literariedade nas narrativas burocráticas históricas
revisitaremos o conceito e os fundamentos da função pública municipal e seus expedientes
administrativos debruçados nos pressupostos da burocracia de Estado sob a égide da Constituição
de 1891 para, a seguir, tecermos a análise ao elemento literário que traduz o estilo do autor, à luz da
hermenêutica.
Palavras-chave: Burocracia de Estado. Direito Administrativo. Literatura. Graciliano Ramos.
Eixo: Literatura e Humanidades
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VII ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESTUDOS LITERÁRIOS
DE 10 A 12 DE SETEMBRO DE 2018
BRASÍLIA/DF
AOS NOSSOS OLHOS: A CONSTRUÇÃO DE VERDADES NA ERA DIGITAL
Adriana Madeira Coutinho (PG/UFRJ)
Este trabalho pretende apresentar e pôr em discussão uma crítica acerca do uso de dispositivos de
difusão da informação, criação e reprodução de verdades através das redes sociais. Instrumentos
capazes de produzir, a partir da narrativa do ódio, um linchamento virtual, que transformado em
ação prática, passa a atacar os sujeitos na realidade concreta. Essa reflexão será feita a partir do
filme ―Aos teus olhos‖, lançado em 2017, inspirado em obras realizadas em outros países
(Dinamarca e Espanha) informando que temas como o assédio, abuso e linchamento social são
correntes na contemporaneidade. E, no caso brasileiro, a internet passa a ser uma tribuna, onde as
narrativas construídas nem sempre são reais proporcionando, em grande medida, construções
ficcionais.
Palavras-chave: Contemporaneidade. Humanidades digitais. Linchamento virtual.
Eixo: Literatura e Humanidades
O DESEJO MIMÉTICO EM SIMPATIA PELO DEMÔNIO
Adriano Rodrigues Alves (PG/UNIOESTE)
Com base nos pressupostos da literatura comparada, os quais consideram a literatura um lugar de
saberes, pois ao buscar representar o real a literatura evoca por sua vez um ―fulgor real‖, ao jogar
com os signos da língua desloca-os de seus usos habituais e práticos, tornando-os visíveis. Por isso
podemos confrontar a literatura com outros conhecimentos científicos, portanto ela nos dá uma
visão mais aguda do real e assim possibilita um estudo comparativo e também confrontar-se ou
harmonizar com outros saberes, como sociologia, antropologia, filosofia, psicanálise, história, etc.
Assim sendo, este estudo propõe-se em analisar o livro Simpatia pelo Demônio, de Bernardo
Carvalho, sob a luz do conceito de ―desejo mimético‖, elaborado por René Girard. A intenção é
estudar o fenômeno do desejo mimético, onde o indivíduo deseja ―algo‖, não o que ele ―realmente‖
quer, mas porque aquele ―algo‖ é desejado por outro indivíduo, ou seja, ocorre um efeito triangular
de forças entre A e B que querem C, ocasionando em determinados casos certa violência.
Palavras-chave: Bernardo Carvalho. Desejo Mimético. René Girard.
Eixo: Literatura e Humanidades
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VII ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESTUDOS LITERÁRIOS
DE 10 A 12 DE SETEMBRO DE 2018
BRASÍLIA/DF
O NARRADOR NA OBRA TODAS AS COISAS SÃO PEQUENAS, DANIEL MUNDURUKU
Alessandra Farias da Silva (G/UnB)
Pedro Mandagará (UnB)
A escrita antes do final da Idade Média não era relativamente acessível a todos. Somente a elite e o
clero dominavam a técnica de escrever. Com o advento da tecnologia e melhores condições de
educação, esse cenário mudou e os povos que eram excluídos puderam ter melhores condições de
aprendizagem e com isso passaram a escrever suas histórias. Nessas narrativas eram representados,
quase sempre, elementos que retratavam a cultura local. Daniel Munduruku, escritor indígena, em
seu livro Todas as coisas são pequenas, traz uma visão narrativa um pouco diferente, ele coloca a
figura de um narrador branco em primeira pessoa para mostrar como é a cultura dos povos
indígenas. Nesse sentido, o trabalho tem o objetivo de analisar a obra Todas as coisas são
pequenas, do escritor indígena Daniel Munduruku (2008), partindo da representação do narrador
nessa obra. A pesquisa tentará responder algumas perguntas, por exemplo, como Munduruku coloca
na narrativa as suas opiniões por meio desse narrador branco? O autor prioriza algum elemento da
cultura indígena na narrativa? Como esse narrador é visto?
Palavras-chave: Literatura indígena. Narrador. Representação.
Eixo: Literatura e Humanidades
A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO DISTÓPICO EM PARAÍSO, DE TONI MORRISON
Alex Bruno da Silva (PG/UFG)
Marcela Ferreira da Silva (PG/UFG-FAPEG)
O presente trabalho tem como objetivo discutir de que maneira o espaço é configurado no romance
Paraíso, da escritora norte-americana Toni Morrison, de modo que a distopia, enquanto sintoma de
uma forma de ver a realidade representada na contemporaneidade, estende-se como uma mancha
sobre toda a narrativa do romance. O romance estrutura-se em torno de dois espaços antagônicos:
de um lado, a cidade de Ruby, cidade exclusivamente negra situada no Oeste americano, uma
espécie de terra prometida para negros autênticos emigrados do Tennessee e da Louisiana; de outro,
um convento abandonado pela igreja, mas habitado por algumas mulheres livres e problemáticas
que, sem destino, acabam encontrando aí um abrigo. O romance se passa na década de 1960,
momento em que os jovens de Ruby, encantados pela ideias revolucionárias de Martin Luther King,
começam a questionar as regras do paraíso. Para se protegerem o paraíso, os anciãos de Ruby
responsabilizaram o convento, cuja condenação será implacável. É da configuração desses dois
espaços antagônicos que o romance põe em discussão o tema da distopia.
Palavras-chave: Distopia. Narrativa contemporânea. Espaço.
Eixo: Literatura Estrangeira
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VII ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESTUDOS LITERÁRIOS
DE 10 A 12 DE SETEMBRO DE 2018
BRASÍLIA/DF
REPRESENTAÇÕES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NOS CONTOS “OS NEGROS
OLHOS DE VIVALMA”, DE MIA COUTO, E “A CABELEIREIRA”, DE INÊS PEDROSA
Aline Teixeira da Silva Lima (PG/UnB)
O objetivo deste artigo é problematizar a representação da violência doméstica contra a mulher na
literatura contemporânea. De acordo com Denise Jodelet, a cultura é a categoria que proporciona a
matéria-prima para a construção das representações e é, também, a cultura que constitui o espaço
onde circulam as representações sociais, consequentemente, as produções literárias representam o
tema aqui em consideração, estimuladas pelas ações violentas contra a mulher encontradas na
ordem social. Dessa forma, a fim de refletirmos a respeito de como a personagem ―esposa
espancada‖ é representada nas narrativas contemporâneas, assim como a representação da dinâmica
de tal violência contra a mulher no espaço privado, analisar-se-á tais aspectos, por meio da Teoria
da Representação, utilizando um método comparativo descritivo, sob a perspectiva dos estudos
feministas e de gênero, em dois contos, cujos autores apresentam gêneros distintos: ―Os negros
olhos de Vivalma‖, do escritor moçambicano Mia Couto, e ―A cabeleireira‖, da escritora portuguesa
Inês Pedrosa. Além disso, observar-se-á como ambos os escritores retratam a violência doméstica
em suas produções e se, ao abordarem essa temática, instigam questionamentos e ponderações sobre
estruturas de dominação, as quais ainda vigoram em nossa sociedade, e que, geralmente, legitimam
uma naturalização da violência contra a mulher.
Palavras-chave: Violência contra a mulher. Contos. Mia Couto. Inês Pedrosa.
Eixo: Literatura de Comparada
REFLEXÕES SOBRE A MONITORIA DE ENSINO EM TEORIA LITERÁRIA PARA
INGRESSANTES DE UM CURSO DE LETRAS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA
Amanda Sabino Ferreira (G/UFMS)
Wellington Furtado Ramos (UFMS)
Objetiva-se, nesta comunicação, apresentar o relato de experiência das atividades realizadas na
monitoria da disciplina ―Teoria e análise de textos literários I‖, ofertada para duas turmas dos cursos
de Letras, do Campus do Pantanal (CPAN), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no
primeiro semestre letivo de 2018. Relataremos os conteúdos abordados na disciplina, bem como os
referenciais teóricos adotados pelo docente e apontaremos algumas constatações fruto de nossa
experiência. Dentre elas, podemos destacar que a dificuldade que diagnosticamos nos acadêmicos,
para nossa surpresa, apresentou-se mais como fruto de lacunas vocabulares ou da (rasa) extensão do
vocabulário dos acadêmicos ingressantes que não (re)conheciam palavras que julgávamos, a priori,
comuns ou básicas no falante do português ingressante no ensino superior, especialmente no curso
de Letras. Tal diagnóstico, precipuamente impressionista, confirmou-se com a aplicação de uma
atividade de portfólio em que os alunos foram estimulados a registrar, em forma de glossário, as
palavras, termos ou conceitos desconhecidos que encontraram nos textos teóricos estudados. Assim,
com base na experiência da monitoria coadunada aos dados advindos dos relatórios que
compuseram os portfólios dos acadêmicos, buscaremos tecer considerações sobre o estado do
ensino-aprendizagem de teoria literária nas turmas ingressantes com as quais trabalhamos.
Palavras-chave: Ensino de Literatura. Teoria Literária. Monitoria de Ensino.
Eixo: Ensino de Literatura
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VII ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESTUDOS LITERÁRIOS
DE 10 A 12 DE SETEMBRO DE 2018
BRASÍLIA/DF
AS PERSONAGENS E AS BIBLIOTECAS: AS VOZES DE NEIL GAIMAN, EM DEUSES
AMERICANOS
Ana Fabíola Silva dos Santos (G/UFAM)
Lajosy Silva (UFAM)
Este trabalho trata das vozes das personagens em Deuses Americanos, do escritor Neil Gaiman. A
proposta é descrever como o autor utiliza a temática para construir as vozes de suas personagens
através das bibliotecas. As obras de Gaiman são permeadas de protagonistas que buscam em
bibliotecas abrigo para seus temores, solução para tramas das histórias, lembranças de família e seus
sonhos empilhados em prateleiras.A biblioteca visível está presente em suas obras; porém, há
também a simbólica que funciona como esconderijo para as suas personagens solitárias. A exemplo,
em Deuses Americanos, o protagonista Shadow Moonvive episódios nos quais as bibliotecas são
refúgio, enquanto ele está na prisão, e fonte de solução para o mistério de Lakeside, uma cidade
isolada dos Estados Unidos. Assim, as justificativas teóricas da Metaficção Historiográfica, de
Linda Hutcheon (1991), são cabíveis ao tema. A autotextualidade (utilizando Os Filhos de Anansi,
Coraline, O Livro do Cemitério, a graphic novel „Sandman‟) e a intertextualidade (utilizando A
Tempestade, de Shakespeare) estão presentes na escrita de Gaiman, podendo ser analisados pelos
conceitos teóricos de Aguiar e Silva (2011) e Koch; Bentes; Cavalcante (2012). Um ponto adicional
é a construção da personagem de ficção de Antonio Candido (2014).
Palavras-chave: Pós-modernidade. Intertextualidade. Construção da Personagem.
Eixo: Literatura Estrangeira
A VIOLÊNCIA NA LINGUAGEM EM “CORRER COM RINOCERONTES”, DE
CRISTIANO BALDI
Ana Gerlach (PG/PUC-RS)
Beatriz Resende, em seu ensaio sobre a multiplicidade, nos alerta sobre a necessidade de entender o
afastamento que a literatura brasileira contemporânea vem tomando dos ―modelos, conceitos e
espaços que nos eram familiares até pouco tempo atrás‖ (p. 15). Resende faz um apanhado das
características que a literatura brasileira contemporânea nos apresenta recentemente, sendo a
violência a principal característica, e este ensaio encaminha essas características como uma porta de
entrada para novas maneiras, novos meios de produzir e de usufruir da literatura e sua
contemporaneidade. Cristiano Baldi, em Correr com Rinocerontes, se utiliza de conceitos e de uma
linguagem que fazem parte da contemporaneidade e, dessa forma, traz como principal característica
a violência, tanto na linguagem, na forma que o narrador apresenta os fatos, quanto na sua
perspectiva referente aos personagens e à trama. Neste trabalho, analisamos a composição da
violência na linguagem utilizada em três personagens femininas no romance sob a perspectiva de
Resende, e de que forma esta violência contribui diretamente na representação da literatura
contemporânea.
Palavras-chave: Multiplicidade. Violência. Contemporâneo. Linguagem.
Eixo: Literatura Brasileira e Modernidade
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VII ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESTUDOS LITERÁRIOS
DE 10 A 12 DE SETEMBRO DE 2018
BRASÍLIA/DF
LITERATURA E VOZES LITERÁRIAS EM ASCENSÃO: CONCEIÇÃO EVARISTO, A MULHER
NEGRA NA LITERATURA E SUAS CONDIÇÕES DE EXISTÊNCIA
Ana Luíza Nascimento Alves (G/UNIP)
Juliana Carvalho Barros (UNIP)
A presente pesquisa tem como ponto central o interesse pelas questões de representatividade e
visibilidade de escritoras contemporâneas que, durante um longo período, não foram reconhecidas
da forma que mereciam, justamente por questões ligadas às condições sociais, étnicas e de gênero.
A importância histórica, social e cultural da ascensão dessas vozes literárias é inegável como ponto
de partida para o encorajamento e a abertura de espaços e possibilidades às novas gerações
literárias. Como afirma a autora Conceição Evaristo, ―há uma voz hegemônica que quer ser
paradigma de tudo‖. É, portanto, mister questionar as regras que fazem com que muitas vozes
femininas sejam silenciadas, subjugadas por uma condição de existência, que nada tem a ver com a
qualidade literária de suas obras.O foco de nossas investigações centrar-se-á em Conceição
Evaristo, uma das principais vozes da literatura afro-brasileira, mestre em literatura pela PUC – Rio,
doutora em literatura comparada pela UFF e autora de diversas obras que possuem como enfoque a
condição da mulher negra. Iniciou sua vida autoral em fins da década de 90 e permanece
produzindo ainda hoje. Para tanto, propomos fazer uma análise literária das formas de resistência
em seu conto Olhos D´água, presente no livro homônimo Olhos D´água.
Palavras-chave: Conceição Evaristo. Mulher negra na literatura. Representatividade. Minorias.
Vozes em ascensão.
Eixo: Literatura Brasileira e Modernidade
(I)MOBILIDADE: O MEDO QUE MOVE E PARALISA EM NA TEIA DO SOL
Andressa Estrela Lima (PG/UnB)
Este artigo procura refletir acerca do narrador-personagem da obra Na teia do sol (2004), de
Menalton Braff, no que diz respeito aos temas fixidez versus fluxo, migração forçada e insílio, bem
como as consequências dessas circunstâncias no sujeito representado. Nesse sentido, os
questionamentos centrais são: como a mobilidade afeta o protagonista de Na teia do sol? Como o
narrador-personagem se sente diante da sua atual imobilidade? A partir de tais questionamentos,
percebe-se que ele sofreu uma migração forçada devido a sua militância contra a ditadura militar
brasileira, ficando impossibilitado de sair por medo de ser capturado novamente, fato que o leva a
isolar-se do convívio social. Esse rompimento ocasiona dor irreparável e constantes lembranças do
passado e como este poderia ter sido diferente. Com base em teóricos que discutem o impacto e as
consequências da (i)mobilidade, busco neste artigo analisar o sentimento de medo como válvula
propulsora do deslocamento e da fixidez do protagonista, o insílio propiciado pela solidão que o
acomete e como nem sempre a mobilidade é positiva em determinadas situações.
Palavras-chave: Mobilidade. Migração Forçada. Insílio. Menalton Braff.
Eixo: Literatura Brasileira
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BRASÍLIA/DF
ELEMENTOS SOCIAIS NO UNIVERSO FANTÁSTICO EM A VACA DE NARIZ SUTIL,
DE CAMPOS DE CARVALHO
Andressa Virgínia Zago Evangelista (G/UnB)
Danglei de Castro Pereira (UnB)
A investigação aborda a caracterização do insólito enquanto tema na obra A vaca de nariz sutil, de
Campos de Carvalho, eleita como corpus da pesquisa, bem como explora a criação do autor como
resultante de um processo criativo que transita entre o fantástico e o real imediato em busca de
tensões sociais no romance em discussão. Na medida do possível, a investigação, procurará recolher
uma parte da fortuna crítica sobre o romance de Campos de Carvalho e, com isso, contribuir para a
apresentação do escritor na tradição literária brasileira.
Palavras-chave: Modernismo. Insólito. Fantástico. Historiografia.
Eixo: Literatura Brasileira
GUERRA NO CORAÇÃO DO CERRADO: HISTÓRIA, IDENTIDADE E TOPOFILIA NO
ROMANCE DE MARIA JOSÉ SILVEIRA
Ângela Maria Álvares Lapidus (PG/UEG)
Este artigo visa investigar a relação do sujeito com o espaço no romance Guerra no coração do
cerrado (2006), da escritora e antropóloga goiana Maria José Silveira. A narrativa aborda, de forma
ficcional, o conflito histórico entre os indígenas e o homem branco pela posse da mesma terra, no
final do Século XVIII, no Planalto Central do Brasil, que hoje engloba o sudoeste do estado de
Goiás, leste do Triângulo Mineiro, norte de São Paulo, leste de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
A partir das teorias espaciais da Literatura e da revisão bibliográfica nos campos da Antropologia e
da Geografia, procura-se entender a relação dos índios Cayapó com o Cerrado e as razões pelas
quais esta etnia defendia com tanta determinação seus territórios que estavam sendo invadidos pelos
colonizadores. Isto posto, este estudo enfatiza os aspectos subjetivos, individuais e coletivos que
justifiquem a relação do sujeito com o espaço.
Palavras-chave: História. Espaço. Topofolia. Cayapó. Antropologia.
Eixo: Literatura e Humanidades
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DE 10 A 12 DE SETEMBRO DE 2018
BRASÍLIA/DF
ENSINO DE LITERATURA E FORMAÇÃO DO LEITOR: DA LEITURA DOS BEST-
SELLERS À LEITURA LITERÁRIA
Ariane Ferreira dos Santos (G/UFMS-CPCX)
Marta Francisco de Oliveira (UFMS-CPCX)
A proposta desta comunicação é apresentar um trabalho de pesquisa a partir da reflexão tanto sobre
o papel do professor de língua portuguesa e de literatura na formação de leitores quanto ao tipo de
livros que os alunos são orientados a ler e seu reflexo na formação do gosto pela leitura. A primeira
reflexão surge de um artigo da edição especial da revista Veja, de 18 de Maio de 2011, intitulada
―Uma geração descobre o prazer de ler―, apresentando variados casos de jovens que, apesar da
ausência do incentivo familiar, descobrem o prazer da leitura. No entanto, o ponto interessante é
que o prazer de ler é descoberto através da leitura de best-sellers, em geral obras consideradas de
pouco valor estético e mantidas fora do currículo escolar. Para a formação de leitores, no entanto,
consideraremos a importância de valorizar o ato de leitura e, por meio de uma mediação consciente
do professor, aproveitar e valorizar o gosto dos jovens leitores para conduzi-los à descoberta do
prazer de ler obras mais complexas e valorizadas do ponto de vista da estética literária, contribuindo
para a formação de leitores mais hábeis e críticos.
Palavras-chave: Literatura. Leitura. Best-sellers. Formação de leitores.
Eixo: Ensino de literatura
E NO PRINCÍPIO ERA A SAGA: UMA LEITURA DE CAMINHOS CRUZADOS E UM
LUGAR AO SOL DE ERICO VERISSIMO
Beatriz Badim de Campos (PG/PUC-SP)
Este estudo é resultado da pesquisa de mestrado intitulada ―Caminhos Cruzados e Um Lugar ao Sol:
o projeto literário de Erico Verissimo‖, realizada na PUC-SP e publicada em livro pela EDUC-PUC
(2016), que trata da relação entre autor-criador e texto literário em Caminhos Cruzados (1935) e
Um Lugar ao Sol (1936) de Erico Verissimo, sob as perspectivas do desdobramento de uma
narrativa em outra e a de personagens-escritoras partilhando a função autoral com Verissimo-
criador. Questionamos sobre o significado dessa multiplicação de vozes autorais e os vínculos que
estabelecem com sua posição de escritor no contexto do Neorrealismo de 1930. Consideramos que
as personagens-escritoras revelam-se como dobras do autor em uma dinâmica de encaixe entre
narrativas e que o conceito de ―saga‖ funciona como núcleo estruturante de um projeto em processo
de (re)escrita. Verissimo inaugura uma forma composicional inovadora, reinventando o conceito
literário de ―saga‖, uma vez que cada romance só se define plenamente enquanto narrativa quando
em diálogo com outros, constituindo a arquitetônica de seu projeto literário. Concluímos que os
romances instauram a reflexão entre autor e texto literário evidenciando um projeto comprometido
com o fazer artístico em primeira instância.
Palavras-chave: Erico Verissimo. Caminhos Cruzados. Um Lugar ao Sol. Saga. Projeto literário.
Eixo: Literatura Brasileira
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DE 10 A 12 DE SETEMBRO DE 2018
BRASÍLIA/DF
POLÍTICA E MISÉRIA SOCIAL: O SÉCULO XIX NA FICÇÃO DE INGLÊS DE SOUSA
Benjamin Rodrigues Ferreira Filho (UFMT)
Na ficção de Inglês de Sousa – constituída por cinco livros, O cacaulista (1876), História de um
pescador (1876), O coronel Sangrado (1877), O missionário (1891) e Contos amazônicos (1892) –
transparece uma visão bastante crítica da sociedade brasileira do Norte do país, na qual os males
sociais são apontados ao lado de uma performance política extremamente maléfica que, afinal,
parece se salientar como a causa dos problemas de infraestrutura, assim como do sofrimento social.
A partir da leitura dos cinco livros do autor, pretende-se desenvolver uma abordagem histórica e
política da Amazônia do século XIX, na qual a pobreza de muitos convive com a ganância e a
riqueza de uma elite insaciável.
Palavras-chave: Ficção. Política. Sociedade. Amazônia. Século XIX.
Eixo: Literatura e Humanidades
TRAUMA E PRECARIEDADE EM A INSTALAÇÃO, DE BERNARDO KUCINSKI
Berttoni Licarião (PG/UnB)
A obra de Bernardo Kucinski é um dispositivo que permite pensar a produção mais recente sobre os
anos de repressão civil-militar como uma arena para o acerto de contas entre história pessoal e
memória coletiva. Essa temática, evidente nas novelas K: Relato de uma busca e Os visitantes,
atravessa também suas narrativas breves. A partir de leituras sobre trauma e estado de exceção, este
trabalho realiza uma análise do conto A instalação tendo em vista seu lugar na produção de
Kucinski e os mecanismos de denúncia contra o esquecimento e a precarização da memória
engendrados pela narrativa.
Palavras-chave: Bernardo Kucinski. Conto. Ditadura. Trauma. Memória.
Eixo: Literatura e Humanidades
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BRASÍLIA/DF
LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: HISTÓRIA E FICÇÃO EM A FESTA,
DE IVAN ÂNGELO
Brenno Fernandes Soares (PG/UFG-RC)
O romance A festa (1976), de Ivan Ângelo, em sua composição fragmentada evidencia as
características do fazer literário dessa contemporaneidade. Essa fragmentação reflete as muitas
vertentes do período que antecede e sucede a década de 1970, que foi um período conturbado da
História do Brasil, conforme mencionado acima. Nessa fase, os horizontes políticos do país
diluíam-se na incerteza de uma ditadura que persistia em manter o status quo que implantara. Trata-
se, assim, de uma obra representativa de um momento histórico conturbado na História do Brasil.
Portanto, os desdobramentos deste trabalho iniciam-se a partir da revisão do conceito de Literatura
(EAGLETON, 1997) para então entrar no enquadramento do romance A festa como ficção que
estabelece relação/representação (AUERBACH, 2007) direta com a história. Na obra A festa os
narradores representam os entes sociais que permearam a sociedade na parte medial do século XX.
Nesse momento histórico, o Brasil viveu duas ditaduras, a de Vargas, de 1930 a 1945 e a Militar, de
1964 a 1985 (GASPARI, 2002). Considerando que a obra A festa reflete, como todo romance
histórico, o fato mais marcante do seu período, entendemos que o elemento que aparece tematizado
na obra é a Ditadura.
Palavras-chave: Ficção. História. Literatura Contemporânea.
Eixo: Literatura Brasileira
FORMAS DO CRONOTOPO EM LAVOURA ARCAICA, DE RADUAN NASAR
Bruno Cardoso (PG/UnB)
Analisa-se a célebre obra do escritor Raduan Nasar, ‗‗Lavoura Arcaica‘‘, com foco analítico na
moldura plástico-pictural das cenas de ambientação do casarão da família de André, personagem-
narrador e protagonista da trama. Assumo, com base no conceito de cronotopo de Bakhtin, que tal
configuração dos espaços cênicos demarca uma diferenciação no horizonte axiológico do
personagem André, o filho tresmalhado, em relação ao seu pai, o patriarca da família. Assim, essa
demarcação espacial encontra, com efeito, um coeficiente no horizonte ideológico de tais
personagens, visto que em toda narrativa, segundo Bakhtin, o herói se apresenta como um ideólogo
e seu discurso, respectivamente, apresenta-se como um ideologema.
Palavras-chave: Raduan Nassar. Lavoura Arcaica. Bakhtin. Dialogismo. Cronotopo.
Eixo: Literatura Brasileira
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A LOUCURA COMO ESTRATÉGIA NARRATIVA E DENÚNCIA POLÍTICO-SOCIAL
NO ROMANCE A RAINHA DOS CÁRCERES DA GRÉCIA, DE OSMAN LINS
Cacilda Bonfim (PG/UnB)
Neste trabalho abordo a representação da loucura na prosa do escritor pernambucano Osman Lins
(1924 – 1978), mais especificamente em sua última obra, A rainha dos cárceres da Grécia (1976),
na qual é apresentado o diário fictício de um professor secundarista de História Natural dedicado à
análise do romance não publicado de sua amada e já falecida, Julia Marquezim Enone. A ficção
romanesca é o tema fundamental do livro, sendo, portanto, uma obra metaficcional. Admite-se,
contudo, que outras temáticas se agregam à narrativa, sendo a loucura, uma das mais emblemáticas.
Olivro de Julia, cujo título é homônimo ao de Lins, A Rainha dos Cárceres da Grécia, versa sobre a
vida miserável da nordestina Maria de França que, em meio a crises de demência, realiza uma
peregrinação pelo então INPS - Instituto Nacional de Previdência Social – a fim de obter
aposentadoria temporária que sempre lhe é negada. O tema da insânia trespassa a obra não só como
deflagrador de denúncias contrainjustiças e preconceitos político-sociais, mas também como
estratégia narrativa que permite à autora-personagem conferir às categorias espaço/tempotrato
híbrido, original, instigante e único no panorama da literatura nacional.
Palavras-chave: Osman Lins. Loucura. Estratégia Narrativa. Denúncia.
Eixo: Literatura e Humanidades
ESCOLA DE GENEBRA: ESPAÇO ABERTO TRANSFORMADOR
Carolina Rangel Silva (PG/USP)
Apesar de participar ativamente de momentos estratégicos da história do conhecimento e de
atravessar séculos de desenvolvimento; a crítica literária, ainda hoje, não possui um território fixo
estabelecido. Longe de ser um tema que passou ao largo do debate intelectual que constituiu o
cânone atual, o espaço ocupado pela crítica já foi compreendido de modos diversos. Quaisquer que
sejam os motivos desta diversidade, contudo, a variação constante de seus limites expõe tão
somente a fragilidade dos princípios que fundamentam sua demarcação. O caráter precário dessa
fundação, por sua vez, não é suficiente para engendrar orientações críticas conflitantes, mas
configura expectativas de leitura que fazem do conhecimento do objeto literário uma grande forma
de abstração. Nossa intenção é abandonar esse lugar de isolamento abstrato e resgatar a potência
transformadora da crítica literária, tal como é exposta pela atuação original da Escola de Genebra.
Pretendemos mostrar que a crítica da Escola citada não se restringe à conquista de um espaço aberto
e diversificado, mas principalmente, constitui um ato de resistência e libertação fundamental diante
da polarização que se estende por praticamente todas as esferas de nossa existência atual.
Palavras-chave: Crítica. Literatura. Território. Diversidade. Transformação.
Eixo: Teoria e Críticas Literárias
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DE 10 A 12 DE SETEMBRO DE 2018
BRASÍLIA/DF
O OLHAR DAS CRIANÇAS SOBRE UMA LENDA AMAZÔNICA
Célia Suely Abreu Cota (SEMEC-BELÉM/PA)
Crianças que aprendem a ler envolvidas em situações de leituras compartilhadas em contato direto
com a literatura sentem-se motivadas a desenvolver melhor estratégias de compreensão de textos
com condições em que sejam possibilitadas produções textuais de forma significativa. O professor
que, quando faz uso de novas práticas pedagógicas, possui em mente o bom uso de textos literários
refletindo sempre a respeito do repertório, a história e a experiência de leitura de vida que o aluno
leva até a sua sala de aula, cotidianamente, contribui para tornar a leitura mais criativa,além de
priorizar as parcerias construtivas e não agrupar por afinidades pessoais. O trabalho é fruto de uma
experiência no 3º ano do Ensino Fundamental com objetivo de despertar o interesse pela leitura e
escrita dos alunos, cujo fio condutor é a lenda Matinta Perera por ser um gênero textual e folclórico
presente no imaginário dos discentes e que oferece elementos narrativos que alargam as
experiências. Minha análise fundamenta-se em autores como Schneuwly & Dolz (2004), Geraldi
(1997), Cascudo (2000) e Colomer (2002). Concluo apresentando sugestões que visam melhorar a
leitura literária diária na escola a partir de histórias que fazem parte da tradição oral brasileira, em
especial, as lendas amazônicas.
Palavras-chave: Matinta Perera. Leitura literária. Lenda amazônica. Escrita. Produção de textos.
Eixo: Ensino de literatura
OS LEITORES DO IMAGÉTICO NA VIAGEM PELOS MUROS DA CIDADE:
A RELAÇÃO ENTRE CRONÓPIOS E IMAGEM ARTÍSTICA EM DOIS
CONTOS DE CORTÁZAR E NO DOCUMENTÁRIO “OSCAR”
Clarice Goulart Pedrosa (PG/UFRJ)
Ao longo da história das artes no mundo ocidental frequentemente as imagens assumiram a
condição de ―pontes‖ que conduzem a uma outra ―realidade‖. Quando traduzidas em ―chaves‖ para
a leitura de um mundo particular, acabamos por nos deparar com o espaço da expressão artística
sendo responsável por inserir uma ―lente de aumento‖ em aspectos do mundo social, gerando uma
mirada crítica, que, entretanto, não se abre a qualquer leitor. Julio Cortázar, através de sua literatura,
demonstrou um especial interesse pelas artes plásticas que perpassa toda sua obra. Esta ligação
entre a imagem e a escrita aparece em diversas narrativas e, frequentemente, está relacionada com
uma outra mirada para o urbano que lança sujeitos subversivos (que poderíamos entender como
―cronópios‖, seres irreverentes e criativos que se opõe à vida rotineira e pragmática). Nesta
pesquisa, pensaremos, através de uma abordagem comparatista dos contos ―Graffiti‖ (1980) e
―Apocalipse‖ em Solentiname (1983) e do documentário “Óscar” (2004), a importância de
expressões artísticas - principalmente da literatura e artes plásticas - como ―pontes‖ para a
construção dessa outra mirada, tendo como hipótese que através do diálogo que se trava entre estas
manifestações artísticas, expõem-se aspectos humanos e sociais que constituem o ser que está, de
alguma forma, deslocado da sociedade.
Palavras-chave: Arte. Conto. Cortázar. Cronópios. Documentário.
Eixo: Literatura Estrangeira
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DE 10 A 12 DE SETEMBRO DE 2018
BRASÍLIA/DF
O ROMANCE BIOGRÁFICO NA PERSPECTIVA DE ANA MIRANDA:
HISTORIOGRAFIA E INTERTEXTUALIDADE NA COMPOSIÇÃO DA OBRA
MUSA PRAGUEJADORA
Claudia Letícia Gonçalves Moraes (PG/UnB)
Danglei de Castro Pereira (UnB)
Ao se considerar os estudos literários na contemporaneidade, observa-se que a literatura está
intrinsecamente ligada aos contextos social, histórico e ideológico. Portanto, chega-se ao
entendimento de que estudar literatura é, também, estudar variados elementos presentes no texto.
Assim, propõe-se com esta pesquisa investigar as intersecções entre literatura e história e a
construção intertextual em uma obra recente de Ana Miranda que versa sobre a vida do poeta
seiscentista Gregório de Matos, a partir da sua representação ficcionalizada enquanto personagem.
O corpus literário é composto pela biografia romanceada Musa Praguejadora (2014), sendo
destacada, dentro da referida obra da autora, a questão da ficcionalidade a partir de um recorte
amplo nos limites entre literatura e história, as quais guardam modos peculiares de aproximação
com o real. A fundamentação teórica partirá de pesquisas sobre novo romance histórico,
ficcionalidade e intertextualidade, bem como suas relações com a produção literária contemporânea.
O corpus teórico considera as discussões de Peter Burke (2011) como representante dos estudos da
―nova história‖, os conceitos de intertextualidade discutidos por Julia Kristeva (apud PERRONE
MOISÉS, 2006) e Gérard Genette (2007). A partir deste quadro teórico buscaremos compreender
como ocorre a representação literária dentro da narrativa, pretendendo descrever e discutir o
empreendimento de reconstrução do passado, nas tensões e hibridações entre os campos da
literatura e da história. Será destacada, portanto, a estratégia de criação que comporta
simultaneamente ficção, intertextualidade, biografia e historiografia.
Palavras-chave: Ana Miranda. Historiografia. Ficcionalidade. Intertextualidade.
Eixo: Literatura Brasileira e Modernidade
RAP NACIONAL: POESIA LÍRICO-COLETIVA
Cleber José de Oliveira (UEMS/PG-UNB)
O presente texto discute o rap nacional sob a interface de poesia lírica de cunho coletivo e de
resistência. Sustenta que é possível entrever nessa poesia uma espécie de transição da voz poética
que ora se manifesta individual ora coletiva, isto é, um `eu-individual´ que transita para um `eu-nós´
essencialmente coletivo. Nesse sentido atua, na esfera sociocultural, como instrumento de
propagação e valorização das identidades, dos saberes, dos ritos, dos modos de vida e visões de
mundo das comunidades que a produz; ao passo que firma um lócus de enunciação que tem na
periferia o seu próprio centro, referendando seu caráter coletivo e de (com)unidade. Explicita quatro
aspectos que permeiam essa poesia, a configurando como tal. Para tanto, analisa alguns raps a partir
de instrumentos teóricos da ciência literária e do pensamento crítico.
Palavras-chave: Rap nacional. Poesia lírica. Voz coletiva. Resistência.
Eixo: Literatura e Outras Artes
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BRASÍLIA/DF
A LITERATURA AFRICANA DE LÍNGUA PORTUGUESA
E A FORMAÇÃO DO LEITOR
Cristiane da Silva Umbelino (PG/UNB)
Danglei de Castro Pereira (UNB)
Esse trabalho propicia uma reflexão sobre o papel da Literatura Africana em língua portuguesa,
como expressão de fatores culturais da sociedade lusófona. Um dos temas mais discutidos na
atualidade é a diversidade cultural na comunidade lusófona e a necessidade de inclusão de temas
ligados à comunidade africana, no processo de valorização da diversidade cultural brasileira. O
Parecer nº 003/2004 do Conselho Nacional de Educação, que estabelece as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e Ensino de História e Cultura Afro-
brasileiras e Africanas, abre caminho para a valorização da cultura lusófona de expressão africana
no interior do processo de ensino na Educação Básica e no Ensino Superior no Brasil. Daremos um
enfoque na Literatura Infantil apresentada por alguns autores como Mia Couto, Luandino Vieira,
Ondjak, entre outros, estabelecendo também uma relação com autores brasileiros. Através dessas
leituras, realizadas em oficinas literárias, foi possível apresentar a literatura infantil, trazendo temas
considerados tabus, provocando momentos de debate e produções, o que envolve questões ligadas
às metodologias de ensino de literatura, conduzindo o aluno ao conhecimento das particularidades
do texto literário infantil, e buscando o contato com a produção africana e brasileira de textos para
criança e adolescente.
Palavras-chave: Literatura Africana. Cultura. Ensino. Lei 10.639.
Eixo: Ensino de Literatura
LITERATURA(S): JANELA(S) PARA O MUNDO - OFICINAS DE SENSIBILIZAÇÃO DE
LEITURA DE LITERATURA NO ENSINO MÉDIO
Daniel Abud Marques Robbin (G/UFMS)
Wellington Furtado Ramos (UFMS)
Objetiva-se, nesta comunicação, apresentar a proposta de projeto de extensão homônima a este
trabalho, desenvolvida na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no Campus do Pantanal, na
cidade de Corumbá/MS. O projeto visa abarcar uma concepção criativa de ensino de Literatura,
dando ênfase na leitura de textos literários, em detrimento de sua apresentação em aulas expositivas,
fundamentadas em uma abordagem cronológica, ou baseada em panoramas históricos e
características de estilos de época. Segundo nossa concepção, o professor de literatura deve
―seduzir‖ o público, e não afastá-lo. Acreditamos que as estratégias que norteiam o ensino de
Literatura, no âmbito deste projeto, são condizentes com o cotidiano dos leitores adolescentes e
visam propiciar ao aluno contato com a literatura considerada canônica por meio da análise
comparativa com outras produções culturais. Objetiva-se que os acadêmicos participantes do
projeto (re)pensem o ensino de Literatura, ao mesmo tempo apresentando uma nova perspectiva de
Literatura aos estudantes de Ensino Médio, e, por conseguinte, travando um diálogo com os
profissionais da educação básica, de modo a valorizar o conhecimento e prática desses
profissionais.
Palavras-chave: Leitura literária. Cânone. Ensino Médio.
Eixo Temático: Ensino de Literatura
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A CIDADE DE ULISSES, DE TEOLINDA GERSÃO: FICCIONALIZAÇÃO DA HISTÓRIA
E DIÁLOGO COM OUTRAS ARTES
Daniela Aparecida da Costa (PNPD-CAPES/UNESP)
Nesta comunicação propõe-se uma análise dos procedimentos narrativos que compõem o romance
A cidade de Ulisses, de 2011, da escritora portuguesa contemporânea Teolinda Gersão. Para tanto,
dois eixos de investigação serão contemplados neste estudo: a ficcionalização de fatos da História
recente de Portugal e o diálogo com outras artes. O objetivo é o de examinar como se processam
essas duas estratégias na constituição dessa obra, a fim de investigar primeiramente como
metaforizam e problematizam a constituição do imaginário cultural e a formação da identidade
portuguesa diante de fatos recentes da nação ficcionalizados na narrativa. Além disso, pretende-se
investigar o processo de questionamento do fazer literário no romance, motivado, principalmente,
pelo diálogo da ficção com as artes plásticas, que muito evidencia uma tendência da produção
romanesca atual em Portugal em revelar os meandros da produção ficcional como estratégia de
composição romanesca.
Palavras-chave: Romance Português Contemporâneo. Ficcionalização da História. Literatura e
Artes Plásticas.
Eixo: Literatura e Outras Artes
ENTRE A ESTÉTICA MODERNISTA E A CONTEMPORÂNEA: O PROJETO
FICCIONAL DE MILTON HATOUM
Dayane de Oliveira Gonçalves (PG/UFOP)
Nos dois primeiros ensaios de Nas malhas da letra (1989), Silviano Santiago apresenta uma visão
panorâmica do que ele chamou de ―boa literatura‖ produzida no Brasil pós Golpe Militar, desde os
anos iniciais do regime autoritário até meados da década de 1980, apontandoas linhas de força,
tanto temáticas quanto formais, que se estabeleceram nesses períodos, levando-se em consideração
as grandes recorrências que se configuraram como ―tendências‖ da literatura brasileira. No segundo,
Santiago assinala a ―anarquia formal‖ como marca do romance brasileiro a partir da década de 70 –
diferente do fenômeno observado entre os romances da Geração de 30 – e reconhece que se há um
ponto de acordo entre a maioria dos prosadores desse período (1970/80), que, por sua vez, inscreve-
se em uma tradição que vem dos modernistas, trata-se de uma certa tendência ao memorialismo ou
à autobiografia. Tal tendência, bem como o anarquismo formal,ainda hoje está presenteem uma
expressiva vertente da prosa brasileira contemporânea, salvando-se, notoriamente, substanciais
diferenças. Checar tal hipótese demandaria pesquisas e análises mais demoradas; nesta apresentação
pretende-se nada além do que tocar em tais questões, levando-se em consideração um projeto
literário do escritor amazonense Milton Hatoum, que circunscreve, ao menos, seus três primeiros
romances.
Palavras-chave: Milton Hatoum. Silviano Santiago. Literatura Contemporânea Brasileira.
Eixo temático: Literatura Brasileira e Modernidade
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O SER, O TEMPO E O ESPAÇO EM BOCA DO INFERNO, DE ANA MIRANDA:
ANÁLISE DE UM CRONOTOPO
Édila de Cássia Souza Santana (PG/UFMS-CAPES)
Nesta comunicação focaremos o romance Boca do Inferno (1989), de Ana Miranda. Criado com
base em uma perspectiva histórica, trata-se de um romance histórico que narra episódios da Bahia
do século XVII, com características que remetem ao período em questão, focando em elementos
como a linguagem, os comportamentos e as inquietações que povoavam o imaginário do homem
naquele momento. Nessa via, nosso trabalho analisará como ocorre a configuração do tempo, do
espaço e como ambos se articulam na configuração do ser. A narrativa traz como protagonistas dois
nomes da historiografia literária brasileira barroca, o Padre António Vieira e Gregório de Matos, o
que permitiu que na construção ficcional de acontecimentos e de personagens históricas a autoras se
debruçasse sobre a vida e as obras de ambos, como também sobre o quadro de costumes e de
acontecimentos que assolavam a Bahia do século XVII. Nesse sentido, pensamos que a relação
espaço-tempo possibilita uma leitura do imaginário e do espírito que dominaram aquela época, por
vias mais compreensíveis. Para tanto, temos como principais embasamentos teóricos os estudos
desenvolvidos por Linda Hutcheon (1991) sobre a metaficção historiográfica e os estudos do
cronotopo realizados por Mikhail Bakhtin.
Palavras-chave: Romance histórico. Cronotopo. Personagem. Literatura Comparada.
Eixo: Literatura Comparada
LITERATURA BRASILEIRA: PREFÁCIOS DE LUÍS DA CÂMARA CASCUDO PARA
OBRAS DE AUTORES POTIGUARES
Eunice Bibliana da Cruz Neta (G/UERN)
Patrícia da Silva Martins (G/UERN)
Maria da Conceição Silva Dantas Monteiro (UERN)
Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo e bibliográfico com o intuito de reunir obras
prefaciadas por Luís da Câmara Cascudo nas décadas de 1950, 1960, 1970 e 1980.
Metodologicamente, partiremos do corpus coletado para a tese de doutorado intitulada: Luís da
Câmara Cascudo Prefaciador (MONTEIRO, 2015) para logo após organizar um conjunto de obras
prefaciadas, a partir do qual prosseguiremos com as seguintes etapas: listar as obras prefaciadas
selecionar duas obras de cada década, dentre as mais representativas de cada período; realizar a
leitura, discussão e análise das obras, leitura e discussão dos prefácios. O projeto objetiva investigar
o caráter metalinguísticos desses prefácios, juntamente, com as obras as quais se referem. A partir
dessa análise, é possível estabelecer que a relação entre o texto introdutório e a obra encontram-se
intrinsicamente ligadas ao contexto histórico/social em que estão inseridos. Para tanto, utilizaremos
como base teórica os conceitos discutidos por Antonio Candido (1995), que acredita ser a literatura
um fator importante para a construção da personalidade do homem. Esse estudo, certamente,
possibilitará maior contato com a literatura brasileira produzida especificamente no Rio Grande do
Norte, como também apresentar ao leitor/pesquisador da literatura, e de áreas afins, informações
sobre autores/obras potiguares desconhecidas.
Palavras-chave: Literatura Brasileira. Luís da Câmara Cascudo. Prefácio.
Eixo: Literatura Brasileira
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CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: ANÁLISE DAS HISTÓRIAS E O PÚBLICO RECEPTOR
Eva Emannuelly Miranda Silva (G/UFMS)
Elisangela Cristiane Rozeno de São José (UFMS)
A literatura ocasiona aos leitores o privilégio da comunicação, oportuniza o diálogo entre: texto,
escritor, leitores e ouvintes das literaturas. O alcance é geral em termos de idade, utilização de
temas específicos com linguagem própria conforme a faixa etária, tem motivado o interesse pela
leitura, desde a idade escolar. O momento da Contação de Histórias criado pelas escolas, tem
instigado crianças e adolescentes, a terem a apreciação da leitura, escuta e desejo em narrar
histórias. O surgimento de literaturas que possuem uma linguagem diferenciada que atende e
alcançar os diversos públicos, provocado benefícios na prática didática dos professores. A UFMS,
campus de Coxim, inclui em seus projetos a Contação de Histórias, reunindo estudantes do Curso
de Letras, que utilizam técnicas e formas de Contação de Histórias, para estimular o gosto pela
leitura, aos estudantes das Escolas Estaduais. Com o propósito de atingir bons resultados, quanto a
leitura, atenção ao ouvir e contação de histórias, é realizado encontros para análise de obras que
serão utilizadas, é discutido as formas de inserção das obras conforme faixa etária e temas, para
assim, oportunizar o contato com diversos tipos de literaturas, contribuindo para o aprendizado,
gosto pela leitura e aumento do conhecimento.
Palavras-chave: Literatura. Contação de histórias. Leitura.
Eixo: Ensino de Literatura
QUESTÕES SOBRE O ENSINO DE LITERATURAS EM LÍNGUA INGLESA NAS
LICENCIATURAS EM LETRAS DA UFMS E DO IFSP (CAMPUS SÃO PAULO-
PIRITUBA): A EXPERIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DAS EMENTAS
Fabiana de Lacerda Vilaço (UFMS) Marcelo Cizaurre Guirau (IFSP)
A proposta desta comunicação é apresentar e discutir as escolhas feitas na construção dos cursos de
Literaturas de Língua Inglesa das licenciaturas em Letras do Instituto Federal de São Paulo
(Campus São Paulo-Pirituba) e da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. O nosso ponto de
discussão central será o do princípio de organização e distribuição de temas, textos, autores e
períodos ao longo dos semestres. As escolhas feitas serão apresentadas e confrontadas com algumas
outras abordagens possíveis a fim de fomentar um debate produtivo sobre a presença da Literatura
Estrangeira na grade das licenciaturas com dupla habilitação e sua relevância para a formação
global do aluno de Letras como leitor crítico, futuro professor e pesquisador. Duas abordagens
receberão atenção especial: a divisão do curso por gêneros e traços estilísticos e por períodos. Os
principais ganhos e prejuízos de cada uma delas serão revisitados à luz das escolhas que definiram
as ementas aqui em debate.
Palavras-chave: Ensino Superior. Licenciatura em Letras. Ensino de Literatura. Literatura
Estrangeira Moderna. Formação de Professores.
Eixo: Ensino de Literatura
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GUERRILHAS CONCRETAS: VIOLÊNCIAS INVULNERÁVEIS EM BALA VALA, DE
AUGUSTO DE CAMPOS
Fabiana Vieira Gibim (G/UFMS)
Ramiro Giroldo (UFMS/CNPq)
O concretismo entabulou um dos mais importantes fundamentos dos manifestos artísticos
revolucionários do século XX, militando os núcleos mais sedimentares entre as palavras e os
silêncios, ocupando os espaços infinitos das ―subdivisões prismáticas das ideias‖ (MALLARMÉ,
1945). A produção artística instaurada no Brasil em meados de 1950-1960 pelo trio Décio Pignatari,
Haroldo e Augusto de Campos, nutriu o processo político-literário de uma nova estrutura, entidade
pensada sob Joyce, Mallarmé, Pound e Cummings, entrelaçando a criação materialista deste
movimento com a cisão dos ―agrilhoamentos sintático-silogísticos‖ (PIGNATARI, CAMPOS,
CAMPOS, 1975) do poema, reivindicando os brancos da folha, da história, da matéria e das
―ossaturas poderosas e inquebrantáveis‖ (PIGNATARI, CAMPOS, CAMPOS, 1975) de uma
―rigorosa e irrepreensível constelação de palavras‖ (PIGNATARI, CAMPOS, CAMPOS, 1975).
Nossa pesquisa propõe-se a refletir o poema ―Bala vala‖ de Augusto dos Campos, orientando-se
pelas noções atentas e amplamente significativas entre seus violentos espaços repletos de valas que
excomungam a ―harmonia tipográfica da página‖ (PIGNATARI, CAMPOS, CAMPOS, 1975),
observando as preposições de Karl Erik Schollhammer (2013) de ressignificar a violência por meio
da linguagem literária, considerando ―sintático-ideograficamente‖ a presença da violência
irrefreável causada pela bala que denomina o curso do texto e cava os suspiros agressivos do
silencio-pólvora que abandona.
Palavras-chave: Augusto de Campos. Poesia Concreta. Violência. Literatura Brasileira.
Modernismo Brasileiro.
Eixo: Literatura Brasileira
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IMPERIALISMO, COLONIALISMO E NARRATIVAS GÓTICAS: PONTOS DE
CONFLUÊNCIA
Fabianna Simão Bellizzi Carneiro (UFG)
As tensões geradas durante o período de revolução burguesa no século XVIII, na Inglaterra,
inspiraram artistas e escritores na composição de um tipo de arte que contestava os imperativos da
razão apregoados pelo Iluminismo, inaugurando assim a escrita gótica oitocentista, que recordava o
mundo bárbaro da Idade Média. Rejeitada já nos seus primórdios, a narrativa gótica se opôs ao ideal
estético-artístico apregoado no período, em que a busca pela perfeição era a forma privilegiada de
produção artística e cultural. No Brasil, eventos como a vinda da família real, as investidas inglesas
em nosso país, a criação da imprensa régia brasileira, o movimento de escritores e estudantes que
faziam o percurso Brasil-Europa contribuíram, sobremaneira, para a circulação da literatura
europeia em nosso meio, o que posteriormente inspiraria escritores a matizarem nuances do gótico
em suas narrativas, embora em menor intensidade do que ocorreu na Inglaterra. Objetiva-se, neste
artigo, delinear o percurso das narrativas góticas europeias em Terra brasilis e como tais narrativas
comunicam-se com importantes acontecimentos sociais, políticos e econômicos que grassavam em
colônias que viviam sob o domínio imperial europeu. Trata-se de um trabalho não conclusivo, cuja
metodologia se pauta em pesquisa bibliográfica que será devidamente referenciada ao longo do
texto.
Palavras-chave: Literatura Brasileira. Narrativas Regionalistas. Literatura Gótica. Gótico
Sertanista. Alteridade.
Eixo: Literatura Comparada
DO ORIENTE VEM A LUZ: - IBN „ARABI E DANTE ALIGHIERI - TRANSMISSÃO DE
UM LEGADO ISLAMICO
Fabiano Antonio Melo (PG/UnB-FAP/DF)
O nosso trabalho tem como finalidade refletir sobre o legado cultural islâmico na obra de Dante
Alighieri, destacando suas possíveis fontes e implicações. Seguiremos as possibilidades de
interpretações trazidas pela obra de Miguel Asín Palacíos, historiador e filólogo espanhol, que nos
finais dos anos 20 publicou uma tese sobre as influências da cultura islâmica presentificadas na
Divina Comédia. Este diálogo com a cultura muçulmana visa problematizar a complexidade das
trocas culturais que marcam a construção dos textos canônicos. Asín Palacios analisa a influência
de modelos filosóficos do pensamento islâmico na Divina Comédia. O paralelo traçado pelo
pesquisador é estabelecido através das obras do Ibn ‗Arabi com o cruzamento de informações e
textos. Essa experiência inclusive despertou críticas na história da literatura, pois os chamados
―dantistas italianos‖, quando da publicação da obra de Asín Palacios, tiveram dificuldades em
reconhecer o valor do legado islâmico presente na composição da Divina Comédia, produção
simbólica por excelência da cultura ocidental.
Palavras-chave: Ibn ‗Arabi. Dante Alighieri. Cultura Islâmica. Divina Comédia.
Eixo: Literatura Comparada
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BRASÍLIA/DF
ASSISTA AO LIVRO E LEIA O FILME: DEBATES SOBRE LITERATURA E CINEMA
Gabriel Viruez da Silva (G/UFMS)
Wanderley Renan Carmo dos Santos (G/UFMS)
Wellington Furtado Ramos (UFMS)
Certa vez, o escritor português José Saramago, ao ser questionado sobre possíveis adaptações
cinematográficas de suas obras, respondeu com a seguinte afirmação: ―o cinema destrói a
imaginação‖. Buscando evidenciar que, ao contrário da proposição saramaguiana exposta, cinema e
literatura não são artes opostas, senão por vezes complementares, e que, portanto, podem ser
estabelecidos entre elas diálogos produtivos, objetiva-se, nesta comunicação, apresentar o projeto
homônimo a este trabalho que se configura como ação de extensão realizada na Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul, no Campus do Pantanal, em Corumbá/MS. O projeto visa
promover o amplo debate sobre as relações entre literatura e cinema, com ênfase no incentivo à
leitura de literatura entre os acadêmicos, técnicos e docentes da UFMS- CPAN. Além disso, as
ações que o constituem caracterizam-se por sessões de projeção cinematográfica de filmes cujos
roteiros foram baseados em textos literários, ou que, de alguma forma, evidenciam a articulação, na
linguagem cinematográfica, de elementos comuns à linguagem literária, seguidos de debates
mediados por um docente e um acadêmico. Trata-se, portanto, da apresentação da proposta do
projeto e do relato da experiência de sua realização até o momento presente.
Palavras-chave: Cinema e Literatura. Transdisciplinaridade. Extensão universitária.
Eixo: Literatura e Outras Artes
O ALCANCE DA ESCRITA DE LIMA BARRETO EM SÁTIRAS E OUTRAS
SUBVERSÕES
Guilherme Alves (PG/UnB)
É em Sátiras e outras subversões, uma compilação de textos de Lima Barreto, que se consegue
investigar o potencial satírico da obra artística do autor. Essa compilação é composta por textos
retirados de revistas e organizada por Felipe Botelho. Dessa forma, neste artigo foca-se em
―Governo maravilhoso!!!‖ para analisar como o conteúdo social se relaciona com a forma estética a
fim de produzir um retrato fiel dos primeiros passos da democracia brasileira no final do século
XIX e início do século XX. Assim, por intermédio da construção do discurso das personagens,
acredita-se que o texto consegue se efetivar como sátira a partir da concepção crítico-teórica de
Lukács e busca dialogar com os pensamentos de Antonio Candido, Silviano Santiago, Roger
Dadoun. Em contrapartida, percebe-se em ―Assassinato profilático‖, igualmente, a crítica ácida e
ferrenha de Lima à ideologia burguesa decadente, ressaltando, porém, a extrema violência contra a
mulher ligada à sua real essência: a desumanização causada pelo modo de produção capitalista em
seu estágio apologético. Por fim, a reflexão crítica proposta a partir dos dois textos pode contribuir
para a discussão acerca do alcance da escrita de Lima em ambiente periférico brasileiro.
Palavras-chave: Lima Barreto. Sátira. Contexto periférico. Democracia. Violência.
Eixo: Literatura Brasileira e Modernidade
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BRASÍLIA/DF
JOSÉ GODOY GARCIA E SOLANO TRINDADE: POESIA HUMANIZADORA
Gustavo Dias de Sousa (PG/UEG)
O objetivo deste trabalho consiste em relacionar alguns poemas do escritor goiano José Godoy
Garcia e do pernambucano Solano Trindade no que tange a uma temática semelhante: a poesia
humanizadora. Com base nas observações de Assunção de Maria Silva (2008), Serafina Machado
(2010) e Suely Bispo (2011) sobre Trindade e sua poesia militante, social e humanizadora e também
nas indicações de Peres (2017) e Campos (2001) sobre José Godoy e sua característica de valorizar
o ser humano, procura-se traçar um percurso a partir de poemas do poeta goiano e compará-los,
tematicamente, com os escritos do renomado escritor pernambucano, para isso lança-se mão de
pesquisa bibliográfica e análise crítica dos poemas. Os textos de José Godoy estão espalhados na
sua antologia Poesias, de 1999, enquanto as composições de Trindade estão contidas Poemas
antológicos de Solano Trindade, publicado em 2008.
Palavras-chave: Poesia. Ser humano. José Godoy. Solano Trindade.
Eixo: Literatura Comparada
A LITERATURA E O NARCOTRÁFICO: UMA ARTICULAÇÃO POSSÍVEL
Hiolene de Jesus M. O. Champloni (PG/UnB)
A comunicação proposta visa discutir fenômenos sociais cada vez mais observados em narrativas
contemporâneas. Nesse sentido, o medo e a solidão vivenciada pelo narrador de Festa no Covil, do
autor mexicano Juan Pablo Villasboas, serão tratados como estratégia narrativa, para a difusão de
uma realidade, cada vez mais presente no território latino-americano como é o caso do narcotráfico.
Sendo assim a narcoliteratura, considerada marginal, passa a ganhar visibilidade em países como o
México, cujos autores estão empenhados em produzir literatura como prática social, em primeiro
plano. Como embasamento teórico, serão utilizados aportes que chancelam e potencializam esse
fenômeno como consequência de culturas e hibridismos que se transformam em combustão nos
segmentos sociais menos assistidos pelo poder estatal.
Palavras-chave: Festa no covil. Narcoliteratura. Narcotráfico. México. Tochtli.
Eixo: Literatura Estrangeira
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O EMERGIR DA MEMÓRIA LITERÁRIA TROVADORESCA: A SUBJETIVIDADE
LÍRICA EM “DEZ CHAMAMENTOS AO AMIGO”, DE HILDA HILST
Iara de Oliveira (PG/UFG)
No poema ―Dez chamamentos ao amigo‖ a subjetividade lírica é constituída e marcada pela
tradição literária das cantigas trovadorescas, haja vista que expõe suas angústias devido à
indiferença e abandono por parte do amado. Em vista disso, o objetivo deste artigo é verificar como
a subjetividade que se manifesta nesse conjunto de poemas dialoga e promove constantes rupturas
com as cantigas de amigo, além de observar como a retomada do estado cantante dos poemas
representa a evocação do que havia se perdido: a tradição oral da poesia. Para tanto, será realizada
uma análise atenta de ―Dez chamamentos ao amigo‖, com enfoque naqueles poemas que são mais
representativos aos objetivos citados. Para aprofundar as discussões propostas, a pesquisa recorre às
contribuições teóricas de Giorgio Agamben (2009), Émile Benveniste (1995), Nelly Novaes Coelho
(1991), Michel Collot (2015), Dominique Combe (2010) e Célia Pedrosa (2001) e (2014). A partir
da leitura analítica dos poemas, foi possível evidenciar o anacronismo característico da
contemporaneidade, o qual indica uma memória literária do sujeito empírico que se propõe a
dialogar com a tradição e com ela romper, como modo de pensar o momento presente da escrita e
de evidenciar uma subjetividade lírica em acentuada consciência crítica.
Palavras-chave: Subjetividade. Memória. Tradição. Anacronismo.
Eixo: Literatura Brasileira
LUIZ GAMA E A IRONIA ROMÂNTICA
Igor A. Barcelos Graciano Borges (PG/UnB)
A proposta desse trabalho é analisar a ironia romântica na obra poética de Luiz Gama. Nesta
perspectiva, destaca-se que ao se utilizar da poética de Luiz Gama em favor da tese que busca
comprovar a presença da ironia romântica no seio da tradição satírica brasileira, valoriza-se a
produção artística de Gama, e, concomitantemente, aumenta-se o fôlego dos limites do que
entendemos como o cânone literário nacional. Ao se incrementar, e refletir, no sentido de buscar o
mencionado ao cânone, revigora-se as leituras sobre o mesmo, possibilitando que não ocorra uma
estagnação do ideário/conceito do que entende por esse cânone, criando-se a continuidade da ideia
da tradição em conjunto com o resgate de autores que ainda não possuem destaque, mas, que dentro
de uma produção literária possuem qualidade suficiente para pertencerem ao universo canônico.
Para tanto, os seguintes autores tornam-se nossa base teórica: Friedrich Schiller (1975), Friedrich
Schlegel (1994), Soren Kierkegaard (1991), D. C Muecke (1995), Edgard Carvalheiro (1959),
Fausto Cunha (1971), J. Guinsburg (1993), entre outros.
Palavras-chave: Luiz Gama. Tradição satírica brasileira. Ironia romântica.
Eixo: Literatura Brasileira
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O AUTOR E O LEITOR HISPANO-AMERICANO: UMA RELEITURA DE CANAIMA, DE
RÓMULO GALLEGOS
Igor de Serpa Brandão Pereira Leite (FAFIRE)
O presente trabalho objetiva-se confrontar a relação entre o autor e o leitor hispano-americano a
partir de uma releitura da novela Canaima, de Rómulo Gallegos, tendo como embasamento a
estética da recepção e a perspectiva da crítica moderna hispano-americana no século XX. Assim,
pretende-se assinalar uma ampla fundamentação da literatura enquanto discurso sociocultural
complexo que encerra uma reflexão importante sobre a criação literária e sua materialização como
fazer literário. Levando isso em consideração, não se pode omitir a importância dos conceitos do
horizonte de perspectivas, do efeito estético e do leitor implícito por meio das obras de Jauss
(1994), Iser (1996) e Wayne Booth (1983) para esclarecer alguns pontos importantes que
concernem às preocupações da crítica literária hispano-americana em termos da consciência estética
e política na obra de Gallegos.
Palavras-chave: Autor e o leitor. Estética da recepção. Crítica moderna hispano-americana.
Consciência estética e política na obra de Gallegos.
Eixo: Teoria e Crítica Literárias
INFERNO PROVISÓRIO E A MODERNIZAÇÃO DO BRASIL: UMA LEITURA DE LUIZ
RUFFATO
Ingrid Zanata Riguetto (PG/UNESP – São José do Rio Preto)
O nosso trabalho visa investigar as peculiaridades literárias que fazem da obra Inferno Provisório
(2016) de Luiz Ruffato, um romance que busca representar ficcionalmente os diversos grupos que
compõem a estrutura social brasileira em processo de modernização (1950-2013). De acordo com
Karl Eric Shøllhamer (2010), Luiz Ruffato dá continuidade ao realismo remodelado, portanto,
representa aspectos de uma realidade social profunda, reelaborando-os ficcionalmente, fazendo
emergir a figuração de trabalhadores menores e mal remunerados por meio de uma linguagem
fragmentária. Diante disso, com o auxílio de sociólogos como Norbert Elias, Florestan Fernandes,
Guerreiro Ramos, Antonio Candido, compreenderemos como essas questões socioculturais
estabelecem-se na relação indivíduo/sociedade dentro do microcosmo ficcional de O inferno
provisório (2016) para, a partir da análise dos múltiplos e fragmentários heróis que perpassam obra,
investigar como esse romance representa o processo de modernização nacional, sobretudo a partir
da imagem da cidade e suas transformações, motivada pela fragmentação, que a obra representa de
modo tanto estrutural como temático, articulada a partir de uma lógica própria, a da permanência e
da ruptura, linha de leitura pela qual perceberemos não só os elos entre os capítulos, na formação do
romance, mas também nas relações entre as cinco partes que compõe livro.
Palavras-chave: Modernização brasileira. Literatura contemporânea brasileira. Linguagem
fragmentária.
Eixo temático: Teoria e Crítica Literárias
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AS MULHERES E OS AFETOS INCONSTANTES DE SOUZA EM NÃO VERÁS PAÍS
NENHUM, DE IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO
Isabela Boaventura Pimenta Gomide (G/UFMS/CNPq)
Ramiro Giroldo (UFMS/CNPq)
O romance de Loyola promove uma mímese acerca das relações humanas. No percurso do
personagem narrador Souza representa com verossimilhança as relações humanas, como a
transferência, de Lacan (1961), que se constitui na vacilação entre a alienação do outro, dos
significantes desse outro, e uma separação que não pode se dar senão pelas repetições de demandas
e levando em conta o desejo. As teorias de Ernest Bloch (1959) acerca dos sonhos diurnos e,
também, as proposições deBaruch de Espinosa (1677) a respeito da natureza dos afetos servirão de
embasamento teórico-crítico. Essas relações são evidenciadas pela alienação das personagens
femininas mais próximas ao protagonista: a esposa Adelaide e a Morena Elisa. Ao projetar nelas
desejos pessoais de Souza, é construída a relação de coo dependência das afecções de medo e
esperança, ambas transpondo as inconstâncias do pensamento do próprio homem e significando
processos da sua trajetória. O presente trabalho busca compreender o porquê de Adelaide e Elisa
significarem como limiares dos afetos inconstantes de Souza. Sendo Adelaide produzida como o
resultado afecções relacionadas ao Medo e do afeto primário do personagem principal e Elisa como
padecimento oriundo da Esperança e da paixão ―inadequada‖. Sendo que medo e esperança são
desvinculáveis.
Palavras-chave: Psicanálise. Literatura Brasileira. Ignácio de Loyola Brandão. Apheto. Violência.
Eixo: Literatura Brasileira e Modernidade
BIOGRAFIA E MEMÓRIA: UM (POSSÍVEL) PRODUTO DO JORNALISMO
LITERÁRIO
Isabella Cristina Milagres Baltazar (PG/UFES - Capes)
Lahis da Silva Rosa (PG/UnB)
Entendendo o Jornalismo como um gênero literário, buscamos trazer uma leitura de como as
narrativas biográficas (livro-reportagem) encontram consolidação na seara de conhecimento do
Jornalismo Literário. É pertinente recortar o argumento central dos estudos de Maurice Halbwachs e
sua abordagem da memória no contexto das Ciências Sociais, entendendo que essa é um fenômeno
coletivo exatamente porque se dá no interior das relações sociais e culturais do indivíduo. Em
concordância, porém ressaltando a importante negociação individual do sujeito, Michael Pollak dá o
tom de sua problemática. Paul Ricoeur, por sua vez, baseia suas teorias de representações de
passado histórico ligando-as diretamente à memória e ao esquecimento. Na abordagem da brasileira
Myrian Sepúvelda dos Santos, tomamos a perspectiva teórica de que a memória possui uma
dimensão múltipla distante da linearidade, na intenção de, claro, avançarmos nas discussões que
envolvem a biografia de indivíduo que, em nossa perseguição, parece ter influência cultural
firmada.
Palavras-chave: Biografia. Memória. Jornalismo Literário.
Eixo: Literatura e Humanidades
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UM CORPO ESTRANHO E MARCADO NO MUNDO
Isadora Maria Santos Dias (PG/UnB)
No artigo Discapacidad en clave decolonial (2015), Sonia Marsela Rojas Campos traça um
histórico sobre como a noção de deficiência tem sido, em várias culturas e períodos históricos, um
marcador de desumanização e inferiorização de sujeitos. Nessa mesma perspectiva, Anahí Mello
(2012), Adriana Dias (2013) e Debora Diniz (2013) expõem aspectos históricos e questionamentos
a respeito das corporalidades e o surgimento dos Estudos sobre Deficiência. Nessas obras, fica
explícita a ideia hegemônica do que é socialmente compreendido como corpo normal e anormal.
Seguindo essa linha de pensamento, proponho a análise do romance O corpo em que nasci (2013),
de Guadalupe Nettel, buscando compreender como está representada a personagem com
deficiência, quais espaços ela acessa e, fundamentalmente, pensando o modelo social da deficiência
como possibilidade de leitura decolonial de representação e compreensão de corporalidades.
Pretendendo, assim, relacionar os estudos literários da representação com os Estudos sobre
Deficiência.
Palavras-chave: Corporalidade. Representação. Personagem com deficiência. Guadalupe Nettel. O
corpo em que nasci.
Eixo: Literatura e Humanidades
ENTRE O FATO E A FICÇÃO: A LITERATURA E O JOVEM LEITOR
EM FORMOSA/GO
Islara Floriana Mendes (PG/UnB)
Robson Coelho Tinoco (UnB)
Esta comunicação apresenta a pesquisa de mestrado realizada com o intuito de observar a recepção
do texto literário pelos alunos do terceiro ano do Ensino Médio do CEPI Sérgio Fayad na cidade de
Formosa/GO, dando conta da situação da leitura de literatura na referida escola. Para tanto,
delineiam-se os pressupostos teóricos acerca da leitura, literatura, leitura literária e o seu lugar no
Ensino Médio atual. Faz-se uma análise dos questionários aplicados aos alunos para traçar um perfil
dos leitores selecionados, observando de antemão como os discentes concebem e colocam em
prática (ou não) a leitura de literatura. A fim de não limitar esta pesquisa ao campo quantitativo,
optou-se em realizar oficinas utilizando uma proposta inspirada na sequência básica de Rildo
Cosson (2016), por acreditar que ela oferece ferramentas que contribuem para o trabalho
professoral, geralmente, confrontado com objetivos desafiadores. Com isso, as oficinas realizadas
convergem também como uma proposta para o trabalho com a literatura buscando otimizar o
processo de leitura das obras, oferecendo uma alternativa plausível para incentivar a leitura literária
e dar conta das questões que envolvem a escolarização dessa leitura, em específico, atendendo as
necessidades apreendidas durante este estudo.
Palavras-chave: Leitura de literatura. Ensino Médio Integral. Leitor. Literatura.
Eixo: Ensino de Literatura
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ENTRE A MORBIDEZ E A EUFORIA: UMA ANÁLISE DA CRÍTICA LITERÁRIA
BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Jefferson Expedito Santos Neves (PG/UFBA)
Rachel Esteves Lima (UFBA)
A pesquisa consiste em analisar como o campo da crítica literária tem se configurado no presente.
Cabe ressaltar, a princípio, que o cenário atual parece composto por dois grupos de vozes
destoantes, que se aproximam, paradoxalmente, ao possuírem um caráter superlativo e, por isso
mesmo, extremista: de um lado, escuta-se o réquiem proferido por alguns críticos e intelectuais
como Alcir Pécora (2011), (2004), Leyla Perrone-Moisés (2012); (2017), Paulo Franchetti (2004);
(2006), José Castello (2015), o falecido Wilson Martins (1996); (1997), Sérgio Rodrigues (2007);
(2010) e Flora Sussekind (2010), que asseveram o prolongado marasmo da vida cultural e literária
do país, visto que as humanidades estariam sofrendo uma perda significativa de conteúdo. Do outro
lado do campo, a morbidez é substituída pelo otimismo de certos acadêmicos como João Cezar de
Castro Rocha (2011); (2012), Nelson de Oliveira (2008); (2013), Flávio Carneiro (2016), Lourival
Holanda (2012) e Eneida Maria de Souza (2002); (2007), que afirmam de modo enfático ser o
contemporâneo caracterizado por uma potência inédita. Nesse contexto, pretende-se expor e
analisar os argumentos de alguns desses pensadores, pondo-os em relação e em tensão, a fim de
compreender melhor como o campo da crítica no Brasil tem se estruturado.
Palavras-chave: Crítica brasileira. Campo literário. Crise.
Eixo: Teoria e Crítica Literárias
CLANDESTINA FELICIDADE ENTRE AS LETRAS E AS IMAGENS
Jhonatam Mânica (G/UFMS-CPCX)
Marta Oliveira (UFMS-CPCX)
Propomos uma leitura do conto de Clarice Lispector, "Felicidade clandestina", em paralelo com o
curta produzido com base na escrita clariciana "Clandestina felicidade", para uma reflexão acerca
do fazer estético da formação do leitor, das formas de leitura e da relação entre literatura e outras
artes. No caso da transposição da obra escrita para a versão visual e sonora, fílmica, queremos nos
concentrar no leitor/receptor, ampliar a discussão sobre o incentivo ao contato com o texto apesar
de outras formas de apropriação do material do texto narrado. A comparação parece-nos
interessante porque os contextos das obras são distintos, mas o fio condutor do texto primeiro, de
Clarice Lispector, é reconstituído e reapresentado na abordagem fílmica. Buscaremos rastrear como
uma versão, nos moldes da reflexão sugerida por Borges em "Kafka e seus precursores", pode
reverter a dívida e ampliar a percepção estética de outra. E, no caso clariciano, consideramos válido
desenvolver a apreciação da sensibilidade artística e literária, por meio da análise de como sua
escritura pode ser lida e relida na contemporaneidade, quer de forma independente, quer através de
outras artes.
Palavras-chave: Felicidade clandestina. Leitura. Artes.
Eixo: Ensino de Literatura
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REPRESENTAÇÕES DA MULHER NO INDIANISMO BRASILEIRO:
SIMÁ E IRACEMA
José Alonso Tôrres Freire (UFMS)
O Indianismo brasileiro, vertente do romantismo que focalizou o elemento indígena na formação
nacional, foi marcado pela idealização da figura do índio, especialmente na poesia de um Gonçalves
Dias e no romance de José de Alencar. Essa apropriação da figura do indígena diz respeito,
conforme Antonio Candido, a um empreendimento consciente de construção de uma cultura
nacional, desvinculada da portuguesa, após a independência (1822). No entanto, essas
representações do indígena na literatura, inclusive pela liberdade poética, mostram-se bastante
dissociadas da realidade mesma do contexto de produção, como mostram obras críticas como a de
Antonio Paulo Graça, Uma poética do genocídio (1998), entre outras. Por outro lado, se as
personagens masculinas do período, tais como Peri, de O Guarani, têm sido bastante estudadas, as
femininas mereceram poucos estudos, especialmente estudos comparativos. Propomos, assim,
analisar como as mulheres se configuram em Simá – romance do alto Amazonas (1857), de
Lourenço Amazonas, e Iracema (1865), de José de Alencar. Dessa forma, propomos com este
trabalho verificar em que medida esse indianismo ―periférico" poderia ter acrescentado notas
distintas na historiografia sobre o Indianismo.
Palavras-chave: Literatura brasileira. Romance. Lourenço Amazonas. José de Alencar.
Representação de mulheres.
Eixo: Literatura Brasileira
TERTÚLIA DIALÓGICA LITERÁRIA:
UMA EXPERIÊNCIA DESAFIADORA NO CEMEIT
Josenilde Lima Cazimiro (SEEDF)
Trata-se de um Relato de Experiência numa escola pública do Distrito Federal, com estudantes de
cinco turmas de primeiros anos do Ensino Médio integrantes do Projeto Escola em Tempo Integral.
O projeto iniciou-se no primeiro semestre do ano de 2018 e ainda está em andamento. Configura-se,
em síntese, em momentos lúdicos de leituras de clássicos coletivamente, incluindo obras do PAS,
com publicações de produções de diversos gêneros textuais produzidos pelos estudantes em um
blog. Os encontros apoiam-se em técnicas propostas pela Tertúlia Dialógica Literária que rompe,
literalmente, com paradigmas instaurados de que é quase impossível promover leituras críticas e
prazerosas no ambiente escolar. E principalmente, promove momentos enriquecedores, pacíficos,
lúdicos e de profundas contribuições nas intervenções diretas de multiletramentos potencializados
com aprendizagens democráticas apoiadas na literatura. O projeto também promoveu momentos e
registros que se assemelham às produções acadêmicas, que denunciam problemas sociais e
promovem reflexões existenciais individuais e coletivas.
Palavras-chave: Tertúlia Dialógica. Literatura. Ensino Médio.
Eixo: Ensino de Literatura
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A (AUTO)CRÍTICA LITERÁRIA DE ROBERTO BOLAÑO COMO TRAJETÓRIA
HISTÓRICA LATINO-AMERICANA NO SÉC. XX
Juan Alberto Castro Chacón (PG/UFG)
Este estudo pretende elaborar diálogos entre a crítica literária do séc. XX e a trajetória histórica
latino-americana, para observarmos as peculiaridades apresentadas nessa trajetória que a
desvinculariam de uma crítica baseada, teoricamente, no marxismo. Para esta tarefa, usamos a obra
crítica ensaística de Roberto Bolaño, Entre paréntesis (2011), na que o autor discute algumas das
vozes narrativas do séc. XX, no viés crítico geopolítico em que se movimentam, vozes canonizadas
ou não. Nessa discussão, a obra de Bolaño também fomenta um passo ao estudo da narrativa não
canônica e, de maneira irreverente, transforma-se em crítico da crítica. Nesse sentido, acreditamos
que as perspectivas de Bolaño criariam uma inflexão crítica, na descontinuidade histórica
(GONZÁLEZ, 2010), que se desprende da crítica literária marxista, na aliança entre o real e a
ficção, numa narração com identidade propriamente latino-americana, de finais do século passado.
Palavras-chave: Roberto Bolaño. Crítica literária. Latino-americana. Inflexão crítica.
Eixo: Teoria e Crítica Literárias
A NARRATIVA LITERÁRIA DE NATALIA GINZBURG E A PRODUÇÃO
HISTORIOGRÁFICA DE CARLO GINZBURG: A MICRO-HISTÓRIA NO EPICENTRO
DA SUBSTÂNCIA FICTÍCIA E O ELEMENTO DA CONVERGÊNCIA DISCURSIVA
Jucelino de Sales (PG/UnB-UEG-SEEDF)
Lilian Monteiro de Castro (UEG-SEEDF)
Abrangendo as áreas de literatura e de história, a partir da análise da forma e os regimes de
discursividade, que engendram a substância fictícia como elemento de convergência entre as
narrativas literária e histórica, nossa proposta baseia-se em verificar em que medida esses dois
discursos ou estilos formais se coadunam, se agregam, se justapõem num mesmo lastro de
elementos formais, como também apontar em que entroncamentos esses discursos se distanciam e
até mesmo se repudiam, podendo nos revelar se existem, de fato, pontos comuns tanto na techné, no
logos, como na poietiké desses discursos que formalmente estabelecem um epicentro que os
conjugam num mesmo tropos de seus arranjos estruturais. Propomos analisar tanto obras literárias
quanto obras historiográficas da escritora italiana Natalia Ginzburg e seu filho, o historiador Carlo
Ginzburg – um dos precursores da micro-história – em virtude de suas possíveis relações com as
formas textuais de caráter curto, a condição histórico-literária e o viés estético, dimensionar se
existe ou não um parentesco (genético/genealógico) entre a proposta de escrever a história levada à
cabo por Carlo Ginzburg e a natureza das formas literárias que parece impregnada na infraestrutura
desse modelo historiográfico no texto de Natalia Ginzburg.
Palavras-chave: Discurso literário. Discurso histórico. Forma fictícia. Estilo. Narrativa.
Eixo: Literatura Comparada
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POETAS E MARTINIS: UMA LEITURA DE „THE BARFLY OUGHT TO SING‟ DE
ANNE SEXTON
Júlia Côrtes Rodrigues (PG/UNICAMP)
Sylvia Plath e Anne Sexton jamais deixaram de ter seus nomes vinculados um ao outro e, ainda, ao
que controversamente se denomina ―poesia confessional‖. Um dos motivos para a constante
associação é o icônico texto de memórias que Sexton publica após a morte de Plath, ―The Barfly
Ought To Sing‖, o qual registra encontros casuais entre as duas em Boston, onde os martinis eram
tão naturais quanto as conversas sobre suicídio. Sexton inclui ainda dois poemas que se articulam às
reminiscências (―Wanting to Die‖ e ―Sylvia‘s Death‖, que seriam incluídos em Live or Die, de
1966. Lidos em conjunto, poemas e memórias sugerem sentidos diversos daqueles produzidos nas
interpretações isoladas, pois reorganizam a relação entre escrita criativa e ideação suicida na obra
de Sexton. Nossa leitura tem por objetivo desvelar a camada memorialística do texto, que se
apresenta enquanto tributo a Sylvia Plath, mas que acaba por cumprir a função de defesa da poesia
confessional.
Palavras-chave: Anne Sexton. Poesia confessional. Sylvia Plath.
Eixo: Literatura Estrangeira
ARTE ENCARNADA: DE ANDY WARHOL A CHACAL
Juliana Carvalho Barros (UNIP)
Nosso objetivo principal é fazer um estudo comparado dos multiartistas Andy Warhol e Chacal, a
partir de uma perspectiva bioescrítica, que conjuga arte&vida. Para refletir acerca desta
aproximação – arte viva, arte encarnada–, refletiremos desde Baudelaire, que retirou o artista da
torre de marfim, passando por Marcel Duchamp, Oswald de Andrade, Allen Ginsberg, até chegar
aos nossos artistas, focos desta pesquisa: Warhol e Chacal, que entenderam bem a herança que
receberam de seus predecessores e deram passos além, criando novas relações entre artista, vida e
arte. Ao elegê-los, pretendemos formar novas pontes entre os estudos literários e os de artes visuais,
entendendo que ambos partilham das mesmas veredas, criando novas possibilidades de existência,
vivência, experiência no mundo contemporâneo. Warhol e Chacal angariaram para seus trabalhos
artísticos novas possibilidades de realização, transmissão e recepção, além de encarnarem a própria
arte que criavam. Eles fazem-se fundamentais para pensarmos a arte pós-moderna e contemporânea
e a figura do artista; não apenas buscaram colocar a vida no cerne da arte, mas também colocaram
suas vidas no cerne de seus projetos artísticos. Performance da vida, vida de artista.
Palavras-chave: Andy Warhol. Chacal. Arte encarnada. Performance. Poesia.
Eixo: Literatura e Outras Artes
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A ESTÉTICA DO ALGOZ: UM ESTUDO LITERÁRIO ACERCA DE PERSONAGENS
ASSASSINOS
Júlio Cézar Rodrigues (G/UNIP-PIBITIC)
Leandro Dias Carneiro Rodrigues (UNIP)
A pesquisa tem como principal objetivo analisar os personagens assassinos de romances realistas,
modernistas e contemporâneos, de autores de diferentes países. A pergunta norteadora gera em
torno da estética desses assassinos. Os motivos que levam os assassinos a cometerem seus crimes se
configuram de forma semelhante ou diferente? Quais são as configurações desta estética de
personagem: todas as personagens são redondas? Ao longo da pesquisa, à luz da teoria da literatura
de Lubbock (1976), Bakhtin (1990) e Leite (1994), quatro obras foram analisadas e comparadas
entre si: a brasileira ―Diário do Farol‖, de João Ubaldo Ribeiro, a irlandesa ―O Retrato de Dorian
Gray‖, de Oscar Wilde, a nigeriana ―Feras de Lugar Nenhum‖, de Uzodimna Iwela, e a novela
norte-americana ―Voltar para Casa‖, de Toni Morrison, fazendo-se a comparação entre perfis dos
assassinos.
Palavras-chave: Literatura Comparada. Assassinos. Personagem.
Eixo: Literatura Comparada
LITERATURA E PERFORMANCE: UMA DIALOGIA APLICADA AO ENSINO DO
TEXTO DRAMÁTICO
Júnio César B. de Souza (PG/UnB)
Este trabalho visa, a partir do olhar de Féral (2015) o qual afirma que a perfomance se propõe como
um modo de intervenção e de ação sobre o real, propor a construção de uma prática pedagógica que
possibilite o estudante entrar em contato, estudar e expandir seus conhecimentos sobre o texto
dramático bem como suas particularidades a partir da arte performática. Para tanto, utilizo a
justificativa de que conhecer novas personagens por analogia é encontrar novas pessoas ao passo
que temos a oportunidade de ampliarmos e tonarmos mais ricos nossos horizontes e universos
individuais (TODOROV, 2014). Destarte, utilizo também Freire (2002) para reforçar as asserções,
todavia, agora, pelo viés educacional, objetivando ressaltar a importância da postura dialógica entre
docentes e discentes no ensino aprendizagem de forma geral, primando por idiossincrasias ligadas a
curiosidade, liberdade, reflexão, fruição e transformação social.
Palavras-chave: Perfomance. Literatura. Ensino. Texto Dramático.
Eixo: Literatura e Outras Artes
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PANORAMA HISTÓRICO DA LITERATURA PRODUZIDA EM MATO GROSSO E O
REGIONALISMO NA OBRA PORTO, DE LUCIENE CARVALHO
Kelly Caroline Rodrigues da Silva (PG/UNEMAT)
Este artigo tem por finalidade expor, brevemente, o contexto histórico da literatura produzida em
Mato Grosso, trazendo como objeto de análise a obra Porto, de Luciene Carvalho, publicada em
2005, esmiuçando os versos que integram os poemas e conservam elementos típicos da
regionalidade. Trata-se de uma literatura contemporânea que descreve o porto de Cuiabá, um lugar
referencial da capital mato-grossense onde a autora apresenta elementos reais nos quais podemos
perceber sinais claros da globalização e modificações do meio através da evolução humana, mas
também linguagem, expressões e hábitos carregados de regionalismo. Intenta-se apresentar
evidências dos traços da identidade do povo que lá reside. Para tanto, serão utilizados os autores
Antonio Candido, Achugar, Bhabha, Hilda Magalhães, entre outros para promover o embasamento
teórico, crítico e historiográfico.
Palavras-chave: Literatura mato-grossense. Luciene de Carvalho. Porto.
Eixo: Literatura Brasileira
REPENSANDO A OPRESSÃO E A MORALIDADE EM A CRÔNICA DA CASA
ASSASSINADA, DE LÚCIO CARDOSO
Lajosy Silva (UFAM)
Um dos principais romances brasileiros do século XX, Crônica da Casa Assassinada, de Lúcio
Cardoso, é uma obra que escapa a qualquer das categorias que tentam dar ao romance moderno, seja
pelo caráter estrutural (dividido em cartas, bilhetes e confissões), suas múltiplas vozes narrativas,
quando quase todas personagens descrevem seu ponto de vista a partir de uma mansão. Fincada no
interior de Minas Gerais, propriedade de uma outrora família abastada, os Menezes são
surpreendidos com a chegada de Nina, a esposa do irmão do meio, Valdo. A Casa representaria uma
prisão, tribunal, hospício ou igreja, a exemplo da Inquisição, onde os hábitos cosmopolitas de Nina
se chocariam com os supostos códigos morais e éticos dos Menezes, uma tentativa de Cardoso ao
criticar uma identidade provinciana católica de Minas Gerais. Este trabalho pretende discutir a
questão da opressão e da moralidade sob a perspectiva dos estudos de gênero, tendo como base
teórica a obra de Judith Butler e as reflexões de Michel Foucault sobre poder e sexualidade.
Palavras-chave: Literatura brasileira. Lúcio Cardoso. Opressão. Moralidade. Catolicismo. Judith
Butler.
Eixo: Literatura Brasileira
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NOS CAMINHOS DA HISTÓRIOGRAFIA: CONFIGURAÇÕES DO ESPAÇO NO CONTO
“DÉCIMA QUARTA ESTAÇÃO”, DE MIGUEL JORGE
Laura Rodrigues da Silva (PG/UEG)
Nismária Alves David (UEG)
No início do século XIX houve uma estreita relação entre a história, a arte, a ciência e a filosofia e
muitos escritores apelaram para a "consciência histórica" como uma justificativa para suas
tentativas de palingenesia cultural, isto é, na tentativa de tornar o passado uma presença viva para os
seus contemporâneos. Voltar-se para a história é uma missão da qual o escritor não pode
desobrigar-se, buscando refletir sobre a historicidade de seu tempo, para traçar em sua arte, o seu
diagnóstico e o seu depoimento. Nesse sentido, neste artigo, analisamos o conto "Décima quarta
estação", presente na obra Avarmas (1978), do escritor Miguel Jorge; salientam-se, no construto de
seu enredo, as configurações do espaço sob a perspectiva de uma leitura intertextual, com base na
narrativa bíblica, e outra metaficcional historiográfica, em diálogo com a história da Inconfidência
Mineira. No conto, emergem ainda outras figurações do espaço por meio da descrição de suplícios
praticados ao longo das quatorze estações do conto. Tais estações reativam na memória coletiva
cristã os suplícios infligidos ao Cristo ao longo da Via Sacra. Para tanto, apresentamos
considerações teóricas com base nos estudo de Certeau (2017), Halbwachs (2004), Kristeva (1974),
White (1995 - 2001), entre outros.
Palavras-chave: Espaço. Memória. História. Intertextualidade. Miguel Jorge.
Eixo: Literatura e Humanidades
A FRONTEIRA ENTRE O CÂNONE E A MARGEM EM “THE MILLER’S TALE”, EM
CONTOS DA CANTUÁRIA (THE CANTERBURRY TALES), DE GEOFFREY CHAUCER
(1340-1400)
Leandro Dias Carneiro Rodrigues (UNIP)
O trabalho faz uma releitura do conto ―The Miller‘s tale‖ – ―O conto do moleiro‖ – da coletânea de
contos em ―Canterburry Tales‖, publicado (c.1380), de Geoffrey Chaucer, considerado por muitos o
pai da Literatura Inglesa, tradutor da era medieval inglesa e influente de Shakespeare. O conto é
narrado em versos isométricos, apresenta inversão sintática e rimas emparelhadas. Ele apresenta a
estética influenciada pelos poetas italianos renascentistas. Em seu poema também foi mantida a
head rhyme, rima inicial, característica marcante da poesia anglo-saxã do século X e que
configurava a estrutura aliterada. Os objetivos do trabalho são: analisar a obra sob sua forma e seu
conteúdo; relacioná-la aos critérios da égide do Cânone. Como eixo teórico, o trabalho é
fundamentado em Bloom (1995), Campagnon (2010), Eagleton (2002), Evans (1971), entre outros.
Discute-se, em linhas gerais, a relação entre Cânone (modelar, tradicional) da época medieval
inglesa e, a partir do conteúdo da prosa poética, o popular, o marginal, traduzido no conto em inglês
médio.
Palavras-chave: Literatura Inglesa. Cânone. Estética. Literatura Medieval.
Eixo temático: Teorias e Críticas Literárias
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CLARICE E SUA PRECURSORA: ÊXTASE, AMOR E FELICIDADE NO HORIZONTE
DA TRADIÇÃO LITERÁRIA
Léia Bernal Sanches Correia (G/UEMS)
Rony Márcio Cardoso Ferreira (UEMS)
Esta comunicação tem por objetivo básico apresentar um estudo comparado dos contos ―Amor‖
(1952), de Clarice Lispector, e ―Bliss‖ (1921), de Katherine Mansfield, por meio dos postulados da
Literatura Comparada, sobretudo a partir das reflexões propostas por Carvalhal (2003), Coutinho
(2003) e Nitrini (2010). Visa a abordar também a escritora brasileira como uma leitora da narrativa
mansfieldiana, a fim de evidenciar possíveis aproximações entre o conto republicado por Lispector
em Laços de família (1960) e a narrativa estrangeira traduzida por Érico Veríssimo, no Brasil, em
1940. Para tanto, valeremo-nos da imagem de Clarice enquanto leitora, tendo por base as
proposições defendidas por Borges (2007), Piglia (2006) e Eliot (1989), visto que, grosso modo, a
tradição literária se compõe, paradoxalmente, de infindas correspondências e talentos individuais,
oriundos, por sua vez, dos vínculos entre criação e leitura, escritor e precursor, amor e felicidade.
Palavras-chave: Conto. Leitura. Tradição literária. Clarice Lispector. Katherine Mansfield.
Eixo: Literatura Comparada
SUOR E SONHAR É POSSÍVEL?: REPRESENTAÇÕES DE HABITAÇÕES COLETIVAS
EM REGIÕES CENTRAIS DE SÃO PAULO/SP E SALVADOR/BA DO SÉCULO XX
Leice Daiane de Araújo Costa (PG/UFBA)
Mediante a observação do estado de consolidação dos processos de urbanização, modernização e
industrialização que vivemos no Brasil, criou-se o desejo de analisar e problematizar os reflexos
destes processos dentro de esferas marginais deste país, através de um recorte que possibilitasse
uma análise literária e sociológica interdisciplinar, com base em discussões acerca de concepções de
representação dentro das ciências sociais e humanas, a partir de um estudo intertextual (Kristeva –
2005) entre as obras literárias Suor (1934), de Jorge Amado, e Sonhar é possível? (1984), de
Giselda Laporta Nicolelis, que têm como cenários e personagens centrais ambientes de habitação
coletiva (cortiços), os quais representam contextos de marginalização de parte da população
brasileira em cortiços, em momentos históricos e espaços geográficos distintos, mas que denunciam
a ressignificação ou manutenção de modelos sociais excludentes.
Palavras-chave: Literatura. Interdisciplinaridade. Intertextualidade. Habitações coletivas em Suor e
Sonhar é possível?. São Paulo e Salvador do séc. XX.
Eixo: Literatura e Humanidades
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JOSELIN, O TRAVESTI SUBVERSIVO,
EM “O MILAGRE” (1978), DE ROBERTO FREIRE
Leocádia Aparecida Chaves (PG/UnB)
Nessa comunicação, abordaremos como Roberto Freire mobiliza a perspectiva anarquista na
construção do protagonista Joselin na novela ―O Milagre‖, publicada em 1978. Nessa narrativa, em
pleno contexto de ditadura civil-militar brasileira (1964-1985), Freire faz da travesti tanto o
personagem que irá ―vomitar‖ a abjetificação sofrida pelo pai, signo da Ordem patriarcal capitalista,
quanto àquela que executará - com sucesso - um plano de vingança contra essa mesma Ordem.
Interessante notar, que Freire, da instância da autoria, preso e torturado entre os anos de 1963 a
1979 pelo estado de exceção, ao trazer a público essa novela permite que toda a lógica de
expropriação identitária executada pelo sistema patriarcal seja revelada nas suas fissuras. No
entanto, acreditamos ser importante sublinhar que nessa novela a representação da identidade
travesti ainda se circunscreve no gênero masculino bem como a sua identidade se referencia como a
de um ―homossexual completo‖, o que, atualmente, não faz mais sentido conforme as reflexões a
partir da teoria queer. Por fim, lembramos que se lá, na ditadura, essas identidades eram marcadas
para morrer, hoje, mais do que nunca,devemos nos voltar para escrituras que permitam imaginários
subversivos quanto a esse status quo, ainda reforçador de múltiplas e diversas opressões.
Palavras-chave: Literatura Brasileira. Ditadura Civil-Militar. Identidade Travesti. Anarquismo.
Eixo: Literatura e Humanidades
POÉTICAS LITERÁRIAS E EXÍLIOS CONTEMPORÂNEOS NA PRODUÇÃO
ARTÍSTICA NACIONAL/REGIONAL
Lilian Beteto (G/UFMS-CPCX)
Marta Oliveira (UFMS-CPCX)
O objetivo desta apresentação é examinar como a literatura, através das teorias e da reflexão que
propõe, pode ser lida a contemporaneidade na relação entre os sujeitos, os territórios e os
deslocamentos. Levamos em consideração a grande leva de imigração que tem marcado o século
XXI, e percebemos que a trajetória exílica se torna uma marca textual perceptível tantos em obras
literárias como em outras produções artísticas. Este projeto foi apresentado ao programa de
iniciação científica e pretende considerar, dentro do espaço universitário regional (Centro-oeste)
como a movimentação de estudantes estrangeiros e outros imigrantes têm feito circular uma
produção cultural que carrega em si as marcas deste exílio. Aliado a um projeto de pesquisa maior,
com base na obra de Clarice Lispector, buscamos analisar e compreender como se constrói uma
poética literária em espaços compartilhados por sujeitos oriundos de lugares diferentes e que se
congregam no espaço do centro-oeste brasileiro.
Palavras-chave: Poéticas literárias. Exílios contemporâneos. Literatura regional.
Eixo: Literatura Brasileira e Modernidade
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TERMOS DE COMPARAÇÃO:
MODERNO, MODERNIZAÇÃO E MODERNIDADE EM WOOLF E BRECHT
Lindberg S. Campos Filho (PG/USP)
Qualquer um que ouse colocar lado a lado romances de naturezas tão distintas, como é o caso de As
Ondas (1931) de Virginia Woolf e o Romance de Três Vinténs (1934) de Bertolt Brecht, logo se
depara com uma questão: o que se ganha com esse exercício de leitura, ou, dito de outro modo, o
que emprestaria interesse a tal combinação analítica que somente poderia ser alcançado com essa
comparação entre autores tão díspares? É precisamente essa pergunta que a presente comunicação,
baseada nos resultados parciais de uma pesquisa de doutorado em andamento, se propõe a começar
a responder. Primeiramente, é preciso adiantar que em vez de enxergar o que estas duas realizações
têm de antagônico, o que seria teorizar o imensamente evidente, mudaremos o enfoque nos
concentrando naquilo que elas têm em comum ou, para utilizar o termo de Walter Benjamin,
focalizaremos as suas correspondências. Em segundo lugar, ainda tomando emprestado o aparato
crítico de Benjamin, pois ele foi um autor que também se dedicou à obra de Brecht e a uma prosa
muito mais próxima de Woolf, como é o caso do romance de Marcel Proust, o que conectaria estas
duas produções literárias, segundo essa visão, é que as duas não apenas dão forma ao difuso
sentimento do que é o moderno, mas também figuram as contradições que envolvem o processo de
modernização, produzindo, assim, um ponto de vista estético e político consciente do projeto da
modernidade. Ou seja, tanto As Ondas quanto o Romance de Três Vinténs tematizam e formalizam
os efeitos da modernização na experiência do indivíduo e nas relações interpessoais, traduzindo nos
elementos constitutivos dos romances – foco narrativo, personagem, espaço, tempo e enredo – toda
a automatização, a fragmentação, o isolamento, os choques e a vivência sob essa estrutura social.
Palavras-chave: Modernização. Romance. Virginia Woolf. Bertolt Brecht.
Eixo: Literatura Estrangeira
REPRESENTAÇÃO E CONFLITO EM O PENSADOR, DE AUGUSTE RODIN, E
“TORRES”, DE ORIDES FONTELA
Loren Lopes Damásio (PG/UNESP)
A partir da aproximação da arte escultórica e literária, propõe-se a análise comparada de O
Pensador (1904), do escultor francês Auguste Rodin, e do poema ―Torres‖, parte constituinte do
livro Transposição (1969), da poeta brasileira Orides Fontela. Evidencia-se, nas obras em apreço, a
preocupação com a representação em arte, ao procederem a uma perquirição das contradições
existentes entre arte e vida, compartilhando a experiência do choque com o real. Desse modo,
pretende-se promover uma inter-relação figurativa entre as obras, para, então, compreender como a
presença de ideias paradoxais contribuem para a riqueza de significação e para a formulação de um
discurso que tenciona o transcendente e o atemporal, mas que se converte para preocupações
próprias da modernidade.
Palavras-chave: Auguste Rodin. Orides Fontela. Estética comparada. Representação em arte. Arte
moderna e contemporânea.
Eixo: Literatura e Outras Artes
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O LUGAR DA PEDRA DO SONO NA PRIMEIRA POÉTICA DE JOÃO CABRAL
Lucas Bezerra Facó (PG/Unicamp)
Considerada por muitos críticos – dentre eles o próprio poeta – como um livro pouco ou nada
representativo da poesia que tornaria João Cabral famoso, a Pedra do Sono sofre de uma
heteronomia fundamental, tendo pouco a dizer sem o seu vizinho O Engenheiro, que representa
sempre uma superação racional, ―solar‖, do ―paradigma onírico‖ daquele livro. Nas últimas
décadas, tal leitura dicotômica e unilateral de João Cabral recuou em favor de interpretações que
realçam o caráter tenso e multifacetado de sua obra, mas essa mudança se deu por uma
reinterpretação dos seus poemas centrais, sem que o livro mais prejudicado por esse consenso
anterior passasse por uma devida reavaliação. Nesse contexto, o presente trabalho explora as causas
desse ―descredenciamento‖ da Pedra do Sono e, no mesmo gesto, propõe uma nova chave de leitura
do livro, não mais como uma obra imprópria, em que uma réstia de lucidez apenas se deixa entrever
na floresta dos sonhos, mas como um livro em que já está em curso uma meditação sobre o fazer
poético. A título metodológico, entendemos a obra não como algo que existe em si e anteriormente
às indagações críticas, mas como um texto entretecido tanto pelo autor quanto pelos leitores e
críticos.
Palavras-chave: João Cabral de Melo Neto. Poesia. Surrealismo. Pedra do Sono.
Eixo: Teoria e Crítica Literárias
LA PRISE DE CONSCIENCE EM A PAIXÃO SEGUNDO G.H. E LES BELLES IMAGES
Ludmilla Carvalho Fonseca (PG/UNESP – FAPESP)
A proposta desta pesquisa é investigar la prise de conscience em A Paixão Segundo G.H., de
Clarice Lispector, e em Les Belles Images, de Simone de Beauvoir. O principal objetivo é comparar
as duas obras, demonstrando como se dá esse processo nas personagens protagonistas dos romances
em questão, e em que aspectos essas mulheres modificam seu modo de pensar a condição social na
qual estão inseridas e a condição existencial feminina. As duas escritoras discutem nessas obras o
sentido da tomada de consciência da mulher, ao mergulharem no processo de contestação de seus
destinos diante de uma sociedade patriarcal, opressora e burguesa. Serão utilizados como
procedimentos metodológicos: revisão e análise literária das narrativas de Lispector e Beauvoir;
revisão da fortuna crítica das escritoras; discussão acerca dos elementos que compõem o
existencialismo e o feminismo presentes nas obras das duas autoras; e estabelecimento de
parâmetros de comparação entre as obras.
Palavras-chave: Clarice Lispector. Simone de Beauvoir. La prise de conscience.
Eixo: Literatura Comparada
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A REPRESENTAÇÃO DO (ANIMAL-)PROFESSOR EM MASTIGANDO HUMANOS, DE
SANTIAGO NAZARIAN
Manal Ounkhir (G/UFMS)
Wellington Furtado Ramos (UFMS)
Objetiva-se, nesta comunicação, apresentar o projeto de iniciação científica homônimo a este
trabalho, desenvolvido no âmbito do Programa de Iniciação Científica da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul, com financiamento do CNPq. Buscaremos explicitar os aspectos introdutórios
que consideramos relevantes acerca da figura do personagem Victório no romance, visto que se
trata de um jacaré que migra do Pantanal e, por dispor da capacidade da linguagem e da
inteligência, torna-se um professor em universidade de uma grande metrópole. O protagonista
jacaré-professor Victório é um animal que deixou seu bando, morou em um esgoto no qual diversos
episódios tétricos se sucedem e que o influenciaram e desenvolveram sua racionalidade, sua
adaptação ao meio, o que resultou em ser levado para uma universidade para ser alvo de estudos e,
em seguida, contratado para ser professor universitário. Nesta fábula surreal, eivada de aspectos
realistas e naturalistas, deparamo-nos com uma narrativa que motiva o estudo da (con)figuração do
sujeito professor a partir da dinâmica de metamorfose do animal para o animal-professor, alegoria
que nos parece salutar para refletir sobre o processo de ―professar‖ um conhecimento,
especialmente na universidade. Como referencial introdutório da pesquisa, nos valeremos das
contribuições de Antonio Candido (2009) sobre a personagem de ficção.
Palavras-chave: Literatura Brasileira Contemporânea. Professor. Representação. Santiago
Nazarian.
Eixo: Literatura Brasileira
LUTO E MELANCOLIA EM AZUL-CORVO, DE ADRIANA LISBOA
Marcos Celso Prado Santana (PG/UnB)
Este trabalho busca compreender, a partir de uma perspectiva psicanalítica, as manifestações de
experiências de luto e melancolia na obra Azul-corvo (2010), de Adriana Lisboa. Apesar de a obra
ser construída tendo como clímax os relatos de mortes de combatentes de um regime tirânico
instituído à força no Brasil (os combatentes da Guerrilha do Araguaia, ocorrida durante o regime
militar), utilizados pela escritora como pano de fundo histórico em que situa sua obra, o foco desta
se encontra em Evangelina e Fernando, protagonistas da obra analisada, os quais sintetizam o que o
psicanalista Sigmund Freud trabalha em sua obra Luto e Melancolia (1915): Evangelina vivencia
em sua experiência de vida o luto, e Fernando, a melancolia.
Palavras-chave: Luto. Melancolia. Ditadura. Psicanálise.
Eixo: Literatura e Humanidades
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TANATOGRAFIA DE UM PROSCRITO À RODA DE SI MESMO: O DIPLOMATA
DEFUNTO DO MEMORIAL DE AIRES
Marcos Eustáquio de Paula Neto (G/UnB)
Augusto Rodrigues da Silva Junior (UnB)
Nossa proposta analisa o Memorial de Aires (1908), de Machado de Assis, tendo em vista sua
mundividência cínica exposta em forma de diário. As ―viagens aos infernos‖ definidas por Eudoro
de Sousa e as viagens à roda de seu quarto, de Xavier de Maistre nos ajudam a discorrer sobre essa
escrita proscrita. Tarefa diária e filosófica a respeito da sociedade do seu tempo, facultada pela
tanatografia, editada, em forma de romances. Por intermédio da crítica tanatográfica (SILVA
JUNIOR, 2008), interpretamos esse insulamento como estratégia de composição do romance que,
embora estoico (BOSI), revela-se cínico e irônico. O Kynismus do Conselheiro machadiano
(Filosofia da Antiguidade Clássica praticada por figuras como Menipo, Diógenes e Luciano de
Samósata) manifesta-se através de um tripé: 1) no aparente improviso dos instantes de escrita,
inseridas na forma de diário, em ziguezague com o tempo dos episódios descritos; 2) na
heterogeneidade e estilização de gêneros textuais e discursivos; 3) e, finalmente, na ironia cômico-
séria utilizada na estilização do gênero diário para lidar com os dramas e contradições humanas.
Esses encontros, fomentados via dialogismo e estética da criação verbal (BAKHTIN), recebem o
aporte de estudiosos como Branham, Goulet-Cazé e Paulo Bezerra.
Palavras-chave: Memorial de Aires. Machado de Assis. Cinismo. Tanatografia.
Eixo: Literatura Brasileira
ESPAÇOS QUE CONTAM E CONTAMINAM: AVALOVARA E ALICES
Maria Aracy Bonfim (UFMA)
Análise a partir de estudo comparativo entre Avalovara (1973), de Osman Lins, e as obras de Lewis
Carroll, Aventuras de Alice no país das maravilhas (1865) e Através do Espelho e o que Alice
encontrou por lá (1871), com ênfase em aspectos espaciais que evidenciam a relevância de tal
categoria na ficção desses autores. Em sua tese sobre o espaço na obra de Lima Barreto, há menção
feita por Osman Lins à criação carrolliana como exemplo de ―contaminação‖ da personagem pelo
espaço. O autor sonda ―conceitos e possibilidades‖ e se propõe a ―oferecer exemplário da presença
do espaço na ficção‖ (1976, p. 62) além de discorrer sobre as categorias tempo e espaço. O que
importa, segundo o autor, é justamente a forma de trato em relação ao espaço fictício: ―Vemo-nos
ante um espaço ou um tempo inventados, ficcionais, reflexos criados do mundo e que não raro
subvertem – ou enriquecem, ou fazem explodir – nossa visão das coisas‖ (LINS, 1976, p. 64), diz
ele. No curso de estudos acerca do espaço nessas obras, apresento, portanto, a ideia que advém de
uma leitura intertextual.
Palavras-chave: Avalovara. Alices. Espaço. Intertexto.
Eixo: Literatura Comparada
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BRASÍLIA/DF
O DISCURSO SATÍRICO DE ZÉ QUALQUER: UMA LEITURA DE “TAMANDARÉ”, DE
CHICO BUARQUE DE HOLLANDA
Maria Daíse de Oliveira Cardoso (PG/UNB)
Este trabalho propõe uma análise da letra da canção ―Tamandaré‖, de Chico Buarque de Hollanda,
pelo viés da análise discursiva da sátira menipeia, sendo esta entendida como um gênero
carnavalizado que se flexibiliza em outros gêneros e, ainda assim, mantém suas singularidades
dialógicas. A letra da canção buarqueana narra o diálogo imaginário de Zé qualquer com o Marquês
de Tamandaré, ambos vítimas do inconstante e cruel tempo, um discurso que se assemelha a
elaborações literárias, em diversos aspectos. A canção-poema apresenta-nos um eu-lírico
autoconsciente da sua condição que, por meio de seus enunciados, rompe as barreiras das diferenças
sociais e econômicas que permeiam os personagens. Para realização do presente estudo, serão
levadas em consideração as concepções teóricas de Bakhtin sobre a caracterização da sátira e os
processos de carnavalização no texto literário.
Palavras-chave: Discurso Satírico. Tamandaré. Chico Buarque.
Eixo: Literatura e Outras Artes
URDIDURAS IMAGÉTICAS DA MORTE EM AS MENINAS, DE LYGIA FAGUNDES
TELLES
Maria das Dores Pereira Santos (PG/UnB)
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma leitura da construção de efeitos de imagens no
romance As meninas, de Lygia Fagundes Telles (1973), numa perspectiva de abordagem relacional
interartes, especificamente entre literatura e tapeçaria. Com base na observação da presença
obsedante da violência como tema desse romance, produzido e publicado em plena vigência da
Ditadura Militar no Brasil, pretendemos observar os procedimentos artístico-literários que sugerem
na linguagem da narrativa a inscrição alegórica da morte em ―objetos de tecelagem‖ imagético-
discursivos em tensão, apresentados pela voz e pelo olhar especular das três personagens
protagonistas do romance, consideradas na análise como actantes na produção e recepção dos
efeitos de imagem da morte. A abordagem sobre a constituição de imagens na literatura ancora-se
em Aumont (2012), Joly (2012) e Arbex (2013), entre outros teóricos que analisam modos de
manifestação de outros sistemas artísticos na linguagem literária, bem como nas sistematizações
teóricas de Benjamim (2013) sobre as relações entre representação, alegoria e morte na
modernidade.
Palavras-chave: Romance. Relações interartísticas. Literatura e tapeçaria. Alegoria moderna.
Eixo: Literatura e Outras Artes
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NOS MUSEUS DE MURILO MENDES E JOÃO CABRAL DE MELO NETO
Mariane Tavares (PG/Unicamp)
Os museus são espaços políticos e institucionais da memória, evidenciam as relações de poder na
seleção daquilo que deve ser guardado e que representa um povo ou cultura, seria possível, então,
construir um livro-museu ou compará-los? Em 1959, Murilo Mendes escreve Tempo Espanhol onde
o sujeito se depara com várias obras de arte em museus, cruzando espaço e tempo nos poemas e no
encontro do espectador-leitor com a obra-poema. Anos depois, em 1975, o poeta João Cabral de
Melo Neto assume essa mesma tarefa em Museu de tudo e convoca outros artistas para criar uma
poética que pretende dar a ver a relação da palavra com a imagem. O objetivo dessa comunicação,
a partir das perspectivas teóricas de Walter Benjamin e Georges Didi-Huberman, é analisar como
esses poetas utilizam diferentes estratégias para construir esse livro-museu, o primeiro faz uso de
ecfrase e o segundo recria obras para expor. Enfim, pretende-se verificar como o diálogo entre
obras reverberam no presente e se modificam ao longo do tempo.
Palavras-chave: Museu. Poesia. Arte. Memória.
Eixo: Literatura Brasileira
AS POSSIBILIDADES DO TEXTO LITERÁRIO
Marli Lobo Silva (PUC-GO)
A literatura como qualquer outra manifestação artística acompanha as transformações culturais. Seu
campo de abrangência é fértil e seu valor não é absoluto, assim, assume um caráter transgressor,
cujo discurso reconstrói-se à medida que seu objeto de estudo, o texto literário, é lido e interpretado.
Partimos do entendimento que a literatura presentifica essas manifestações de uma maneira muito
específica, pois fornece elementos que agrega o ensino de literatura, mesmo quando parte de
realidades distintas; ela ―denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos
dialeticamente os problemas‖ (CANDIDO, 2011, p. 177). O texto, ao se constituir em inúmeras
possibilidades de investigação abrange uma série de discussões, daí sua movência em transitar em
diversos contextos e ainda ser capaz de agregar o ―diverso‖ e ―excludente‖ como uma alternativa à
realidade do dia-a-dia (GUMBRECHT, 1998, p. 111). Dessa forma, mais que agregar discursos, o
texto literário reúne possibilidades de diálogos multiculturais, considerando que as tensões nele
representado, podem ser visualizadas como uma forma de repensar o ensino de literatura e suas
implicações na leitura. Nesse sentido, o objetivo da proposta é refletir sobre as possibilidades de
discusões, sejam elas estéticas ou político-sociais, que agrega o texto literário.
Palavras-Chave: Literatura. Leitura. Ensino. Texto Literário. Tensões literárias.
Eixo: Ensino de Literatura
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POÉTICA CLARICIANA E RASTROS DE EXÍLIO: DE O LUSTRE AOS EXILADOS DA
ATUALIDADE
Marta Oliveira (UFMS/CPCX)
Esta apresentação pretende analisar como a trajetória exílica se torna uma marca textual perceptível
na obra de Clarice Lispector através tanto de seu próprio texto como de suas personagens; estas,
embora díspares e únicas em suas composições, agregam em si o traço compartilhado que,
independentemente de sua condição e circunstâncias narrativas, formam o compósito uma poética
de exílio em Lispector. A própria vida da escritora se inscreve pelos mesmos meandros desta
poética, ao passo que também se escreve, ficcionalmente narrada, em seus variados textos,
dissimulada, mascarada, diluída e profundamente arraigada na trama narrativa da escritora,
principalmente na obra O lustre (1946), seu segundo romance. Utilizando o ponto de vista da
psicanálise, as experiências de exílio, individuais ou compartilhadas, podem ser estudadas de modo
a identificar os rastros de composição textual clariciana que erigem uma reconstrução poético-visual
da história familiar e pessoal de Clarice. Por outro lado, o tema coloca em foco a condição humana
atual e os movimentos migratórios e de exílio, bem como seu impacto no sujeito e na cultura,
abarcando a esfera global e exigindo um repensar acerca da condição humana atual, quer em suas
relações quer em suas produções artísticas e culturais.
Palavras-chave: Poética. Clarice Lispector. Exílio. Psicanálise.
Eixo: Literatura e Humanidades
OS MULTILETRAMENTOS NO ENSINO DE LITERATURA HISPANOAMERICANA NA
LICENCIATURA LETRAS ESPANHOL: EXPERIÊNCIA E DESAFIOS
Micaela Tourné Echenique (IFB)
O presente trabalho tem por objetivo promover um diálogo entre a literatura hispano-americana e o
feminismona trama da série Juana Inés, produzida pela Netflix, por meio de análise intertextualdos
sete episódios apresentados. A partir do enredo da série, que conta a história da mexicana Juana
Inês, considerada a primeira feminista da América, é possível conhecer a vida e a obra literária
hispano-americana de Sor Juana Inés de la Cruz, composta por diversas privações, desafios,
humilhações, jogos de poder e violências vividas pelas mulheres ao longo dos tempos. Como marco
referencial, tomam-se as bases teóricas para a aplicação semiótica autora Santaella. Assim, torna-se
perceptível o embate entre as culturas – a espanhola e católica, com seus deuses, rituais de sacrifício
e uma lógica totalmente diversa -, a pobreza da população frente ao fausto da corte, o
fundamentalismo religioso e a misoginia – que frequentemente andam juntos -, os jogos de poder
entre o clero e a monarquia, são todos elementos que estão presentes na série e permitem uma
reconstrução do mundo e da época período colonial.
Palavras-chave: Empoderamento Feminino. Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual. Instituições
de ensino.
Eixo: Ensino de Literatura
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O SILÊNCIO EM ÚNICO ATO: “A PECADORA QUEIMADA E OS ANJOS
HARMONIOSOS”
Mônica de Jesus Lopes (SEC/Bahia)
Esta comunicação anuncia Clarice Lispector como dramaturga da peça teatral: A pecadora
queimada e os anjos harmoniosos (2005). Tragédia em único ato, em ambientação medieval,
apresenta uma protagonista que nada diz, apenas sorri diante da sentença. A mudez da protagonista
sugere manifestar-se sob o signo da dubiedade; há um jogo entre força e fragilidade, movimentando
no palco outras possibilidades de percebê-la. Durante o julgamento, a alcunha de pecadora que lhe é
atribuída vai se diluindo na fala das demais personagens. O silêncio da heroína desestabiliza a
ordem, enfraquece o discurso do Esposo, do Amante e do Sacerdote; incita o público: ―Quem é
essa estrangeira?‖ (2005, p.61), pergunta que perfaz todo ato. A autora confere ao silêncio a
dimensão teatral; quando ocorre a encenação do isolamento humano, a comunicação muda da
solidão. A Pecadora é a solitária; a que se abstém da última palavra, a que toma a ―morte como
palavra‖ (2005, p.66). Clarice Lispector, seja na condição de escritora da narrativa ficcional, seja na
condição de dramaturga, não escreve para dar respostas, mas para consagrar a procura.
Palavras-chave: Clarice Lispector. Silêncio. Dramaturgia. Mulher. Pecado.
Eixo: Literatura e Outras Artes
LITERATURA ORAL E IMAGINÁRIO COLETIVO
Murilo Brandão Souza (PG/UNB)
A comunicação aborda uma investigação teórica acerca da reprodução e construção de valores
sociais através da cultura manifesta no conto popular ―A cachorra Helena‖, de autoria
desconhecida. Apoiados em considerações de Cascudo (2006), Bosi (1987) e Campbell (1991),
nossa proposta é estabelecer paralelos entre a figura helênica e investigar na figura representada no
conto popular simulacros da tradição greco-romana na concretização de valores míticos ancestrais
conservados e adaptados pelo passar dos tempos pela tradição oral. Dessa forma, o trabalho valoriza
a contribuição da literatura oral em diálogo crítico com a tradição erudita, no caso a mitologia
greco-romana, o que implica na valorização da formação cultural brasileira ao apresentar a
permanência de traços desta tradição na literatura oral brasileira. Entendemos que a discussão
possibilita espaço importante na compreensão da complexidade da tradição literária brasileira para
além da dicotomia erudito e popular, um dos objetivos da pesquisa ainda em andamento como
dissertação de Mestrado na UnB.
Palavras-chave: Literatura Oral. Mitologia. Sociedade. Linguagem. Diálogo.
Eixo: Literatura e Humanidades
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LITERATURA E VOZES LITERÁRIAS EM ASCENSÃO: CAROLINA DE JESUS E O
QUARTO DE DESPEJO
Naimi Alves Neto (G/UNIP)
Juliana Carvalho Barros (UNIP)
Considerando que escritoras mulheres quase sempre têm sido desconsideradas do cânone literário
ao longo de todos esses anos no Brasil, desde a colonização à contemporaneidade, especialmente se
forem autoras negras e moradoras de espaços periféricos, torna-se uma questão de justiça e de
importância tanto humana quanto científica resgatar a voz dessa minoria suprimida por uma
sociedade patriarcal em que a literatura é consumida ou produzida, em sua maioria, por homens
brancos pertencentes à elite econômica. Ainda hoje permanecem regras predominantemente
masculinas que ditam o que é bom ou ruim em literatura, uma condição que consolida critérios
machistas do que é ser mulher, criando para esta uma imagem, muitas vezes, negativa e
objetificada. Nesse entendimento, o resgate de obras de mulheres negras é de extrema importância
para que elas mesmas ocupem o seu lugar de fala. Sendo assim, propomos analisar a obra ―Quarto
de Despejo: diário de uma favelada‖, da autora Carolina Maria de Jesus, a fim de reconhecer traços
de resistência à cultura hegemônica.
Palavras-chave: Carolina de Jesus. Mulher negra na literatura. Representatividade. Minorias.
Lugar de fala.
Eixo: Literatura Brasileira e Modernidade
FERRANTE FEVER: BREVE ANÁLISE DO FENÔMENO ELENA FERRANTE
Pamella Oliveira (PG/UFG)
A presença do autor há muito está presente nos estudos literários. A fim de estabelecer aspectos
acerca da autoria e do desenvolvimento da performance autoral em torno do pseudônimo Elena
Ferrante, este trabalho objetiva analisar o fenômeno causado nos estudos literários após a aparição
do nome italiano. O pseudônimo que vem se destacando na Literatura Contemporânea desafia as
teorias acerca do autor desde a morte do autor até as questões do retorno do autor, pois age no
mercado editorial de forma fantasmagórica sem dar aos leitores um rosto a quem denominar.
Agindo na contramão da tendência literária, o pseudônimo é, hoje, uma personagem de ficção
construída por alguém cuja face é desconhecida. Essa elaboração do paratexto é um pilar que se
constrói inclusive na ficção proposta, principalmente, na Série Napolitana, seu trabalho mais denso,
no qual suas personagens adicionam questões relevantes para a relação entre os leitores e autora.
Assim, contar-se-á com o apoio das entrevistas da autora concedidas a canais midiáticos, à sua
correspondência e teóricos da questão autoral. Pretende-se, a partir da análise dessa autora, buscar
compreender a relação estabelecida entre autor e leitor apesar dessa ausência.
Palavras-chave: Elena Ferrante. Autoria. Teoria literária.
Eixo: Teoria e Crítica Literárias
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POÉTICAS, DISCURSOS E LINGUAGENS LITERÁRIAS: O LUGAR DO TEXTO, DE SI
E DE OUTRO NA FICÇÃO CLARICIANA E NA FORMAÇÃO DO LEITOR
Patricia Caboclo (G Pibic/UFMS-CPCX)
Marta Oliveira (UFMS-CPCX)
Ao tratar de poéticas, discursos e linguagens literárias, nos contos de Clarice Lispector, as leituras e
análises buscarão observar o lugar do texto e da linguagem na criação estética e literária da autora,
bem como as representações de si e do outro na ficção e sua importância na formação do leitor. O
texto clariciano, muitas vezes considerado difícil, atrai leitores e permanece vivo mesmo após mais
de 40 anos da morte da escritora. No universo das mídias, das tecnologias digitais e redes sociais, o
potencial de percepção do humano em atividades mínimas e em relações corriqueiras faz com que
leitores adultos e jovens descubram o universo clariciano. Desenvolver o comportamento de
investigação e análise sobre o texto, a língua e a linguagem, a ampliar suas próprias habilidades
leitoras. As capacidades de apreciação e a sensibilidade mais aguçada permitem o estabelecimento
de relações humanas pautadas no respeito e na compreensão de si e do outro, e na reflexão acerca
da linguagem usada, com o objetivo de promover o diálogo, a convivência e a percepção estética,
inserindo poesia e um olhar não apenas racional para a vida, seus fatos e elementos.
Palavras-chave: Poéticas. Clarice Lispector. Linguagens. Escritas de si. Criação literária.
Eixo: Ensino de Literatura
LITERATURA INFANTO-JUVENIL: CONSIDERAÇÕES SOBRE SUA IMPORTÂNCIA
NA FORMAÇÃO DO LEITOR
Patrícia Cristina Berg Montijo (PG/UnB)
Tendo como principal referência a obra ―A formação do leitor literário‖, resultado de uma extensa
pesquisa de doutorado de Teresa Colomer, premiada como melhor livro teórico, em 2003, pela
Fundação Nacional do Livro Infanto-juvenil - FNLIJ, este artigo tem como objetivo debater sobre
as questões que envolvem as obras dirigidas ou não às crianças e aos jovens. Pautando-se na ideia
de que a leitura é um prazer que se adquire lendo e, na ausência da habilidade de leitura, como no
caso dos pequenos leitores (entre 0 e 6 anos de idade), adquire-se através da mediação de leitura,
levantamos a hipótese de que, quanto mais cedo se desenvolve o gosto pela leitura, maior é a
probabilidade de as crianças e os jovens abraçarem o livro, tornando-se bons leitores ainda na
mocidade e também na vida adulta.
Palavras-chave: Literatura infanto-juvenil. Formação do leitor. Mediação de leitura. Teresa
Colomer.
Eixo: Ensino de Literatura
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MANGUEBEAT E JOSUÉ DE CASTRO: ENTRE HOMENS E CARANGUEJOS
Paulo Henrique Vieira de Souza (PG/UnB-SEEDF)
Este trabalho se propõe a avaliar a figura do homem-caranguejo constituída pelo Manguebeat no
Manifesto Mangue (1992), de autoria de Fred Zeroquatro, e no álbum Da lama ao caos (1994), de
Chico Science & Nação Zumbi, comparando-a às aproximações entre homens e caranguejos
realizadas no único romance de Josué de Castro, Homens e Caranguejos, de 1967. A intenção é
demonstrar como aspectos internos e externos aos textos fazem com que, à revelia do diálogo
intencional entre eles, constituam-se efeitos estéticos diversos, resultando também em
posicionamentos políticos distintos. A leitura se realizará pela mobilização de ferramentas
adequadas à apreciação do texto escrito para o caso do romance de Castro e do manifesto de
Zeroquatro, assim como instrumental próprio para abordagem do texto cantado para o caso das
canções presentes no álbum de Chico Science & Nação Zumbi.
Palavras-chave: Manguebeat. Josué de Castro. Chico Science & Nação Zumbi. Homens e
Caranguejos. Manifesto Mangue.
Eixo: Literatura e Outras Artes
“O BÚFALO”: UMA LEITURA DA ANIMALIDADE EM CLARICE LISPECTOR
Priscilla de Souza Klein Gnutzmann (G/UEMS)
Rony Márcio Cardoso Ferreira (UEMS)
Por meio de uma leitura do conto ―O Búfalo‖, republicado por Clarice Lispector em Laços de
família (1960), esta comunicação visa a apresentar um estudo sobre a relação do animal humano e
não humano a partir dos pensamentos de Aristóteles (2006), Jacques Derrida (2002) e Giorgio
Agamben (2017). Postulamos existir, no conto clariceano, uma correspondência entre a mulher e
alguns animais do zoológico, os quais figuram-se como pontos de reflexos frente aos medos e
anseios da personagem humana. Essa correspondência torna-se aceitável na medida em que o conto
problematiza o tema da alteridade animal, bem como ilustra ficcionalmente a imbricada relação de
animalidade entre o humano e o não humano. Valeremo-nos, assim, dos postulados dos recentes
estudos da animalidade, tais como desenvolvidos por Maria Ester Maciel (2016), e dos críticos que
já estudaram a presença dos animais na literatura de Clarice, a exemplo de Silviano Santiago (2006)
e Evando Nascimento (2012).
Palavras-chave: Conto. Animalidade. Humanidade. Clarice Lispector. ―O búfalo‖ (1960).
Eixo: Literatura e Humanidades
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A MODERNIZAÇÃO DO SONETO NA OBRA DE PAULO HENRIQUES BRITTO
Rafael da Silva Mendes (PG/UFRJ)
O soneto, em sua forma mais conhecida entre nós – o soneto italiano ou petrarquiano –, se
estabeleceu como forma de composição poética por excelência. Por tradição, para além dos 14
versos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos e da métrica regular, há ainda certos temas e
certo tom particularmente caros a essa estrutura. Ou seja, por alguns séculos a fio, nem todos os
assuntos e nem toda forma de expressão linguística eram capazes de caber no soneto. Em
contrapartida, temos a obra do poeta Paulo Henriques Britto, cuja obra, em diversos momentos,
renova e reinventa as estruturas poéticas – tanto quanto à forma como quanto ao conteúdo,
caracteristicamente coloquial e informal. No presente estudo, nos concentraremos nas composições
que integram as obras Trovar claro (1997) e Macau (2003).
Palavras-chave: Soneto. Modernidade. Tradição.
Eixo: Literatura Brasileira e Modernidade
A EMPAREDADA DA RUA NOVA: MITO E REALIDADE NA FORMAÇÃO DO RECIFE
MODERNO
Rafael Teixeira de Souza (PG/UnB)
A emparedada da Rua Nova (1886), romance do escritor pernambucano Joaquim Maria Carneiro
Vilela (1846-1913), é um texto no qual ficção e realidade entremeiam-se e confundem-se de
maneira excepcional. Para além da discussão que até hoje se dirige à veracidade ou não do episódio
central da trama (o encarceramento e, logo depois, a morte de uma jovem burguesa grávida antes do
casamento), o leitor desse romance dispõe de um razoável panorama da sociedade recifense da
época; de modo que, segundo filho (2009), ―a literatura foi a arma encontrada pelo escritor para
denunciar uma sociedade incapaz de absorver plenamente os valores do mundo moderno‖. Nesse
sentido, buscaremos analisar o olhar do autor através da obra a fim de atentar para a caracterização
da sociedade recifense e, sobretudo, paras as diversas críticas que Vilela faz à mesma, ao seu caráter
aparentemente conservador e autoritário em excesso.
Palavras-chave: Recife. Século XIX. A emparedada da Rua Nova. Carneiro Vilela.
Eixo: Literatura e Humanidades
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A REPRESENTAÇÃO DO PROFESSOR NA LITERATURA DE LUIZ VILELA: O
ESPAÇO ESCOLAR COMO DISPOSITIVO DE CONTROLE DO CORPO
Raul Gomes da Silva (PG/UFMS-Capes)
A presente comunicação propõe-se a realizar uma análise sobre a representação do professor e do
espaço escolar a partir do conto ―O professor de inglês‖, texto que compõe o livro Tarde da Noite
(2012), de Luiz Vilela, buscando compreender como a distribuição espacial da sala de aula e da
instituição escolar, representadas na narrativa, contribuem para construção da figura autoritária do
professor. Trata-se de pensar a escola como dispositivo de controle, isto é, como espaço disciplinar,
o mesmo referido por Foucault (1987), que regula e vigia os alunos para torná-los obedientes, para
produzir corpos dóceis segundo procedimentos específicos de controle e de punição. A organização
da escola, nesse sentido, põe em evidencia as relações de poder que estão cristalizadas no ambiente
escolar e que são responsáveis por reforçar discursos autoritários e sistemas hierárquicos ainda
percebidos no contexto educacional.
Palavras-chave: Luiz Vilela. Representação do professor. Espaço escolar. Dispositivo. Corpo.
Eixo: Literatura Brasileira
TOPOFILIA, ESPAÇO E IDENTIDADE EM DESERT SOLITAIRE – A SEASON IN THE
WILDERNESS
Regina Barbosa Tristão (PG/FAPEG/UEG-Campus Cora Coralina)
Este artigo objetiva fazer um estudo sobre a topofilia em Desert Solitaire, de Edward Abbey. A
partir das experiências pessoais do autor, como guarda-florestal, no Arches National Monument, à
sudoeste da região de Utah, no deserto de Moab, Abbey escreveu esse romance autobiográfico para
registrar suas vivências e impressões sobre a conservação do deserto. Com um olhar, ecológico o
autor discute a sua relação íntima com o espaço selvagem (wilderness), mostrando que a influência
do contato com natureza o ajudou a reforçar a sua identidade como conservacionista. A relação
harmoniosa que o autor estabeleceu com o espaço natural foi evidenciada como topofilia, termo
cunhado por Yi-fu Tuan, que significa a relação feliz do homem com o espaço. Esse vínculo com o
espaço apresenta três aspectos importantes: a preocupação com a preservação do deserto, a relação
íntima com o espaço e a integração desse espaço reforçando aspectos da identidade.
Palavras-chave: Wilderness. Topofilia. Preservação. Identidade. Ecoativismo.
Eixo: Literatura Estrangeira
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A RELAÇÃO ENTRE A VISÃO SISTÊMICA DA VIDA E O ESPAÇO POÉTICO
BACHELARDIANO PRESENTES NA POESIA DE MANOEL DE BARROS
Renata de Melo Souza (PG/UNEMAT-Sinop)
O objetivo deste artigo é demonstrar a relação harmônica entre a visão sistêmica da vida defendido
por Fritjof Capra com as poesias de Manoel de Barros por meio do espaço que elas estão inseridas.
Para a análise do espaço poético foi abordada a teoria de Gaston Bachelard – A poética do espaço.
Uma das características da teoria sistêmica é reivindicar a inter-relação e interdependência essencial
entre todos os fenômenos (físicos, biológicos, sociais e culturais). Trata-se de uma rede de conceitos
e modelos interligados. A análise demonstrou que é possível haver uma harmonia entre a teoria de
um físico e teórico de sistemas, com a literatura e, as poesias de Manoel de Barros comprovaram tal
audácia.
Palavras-chave: Manoel de Barros. Visão sistêmica. Casa. Armário. Concha.
Eixo: Teoria e Crítica Literárias
O MIGRANTE EM AQUÁRIO, ROMANCE MAMMA SON TANTO FELICE, DE LUIZ
RUFFATO
Renata Simião Gouveia (PG/UEG)
Esta pesquisa tem como objetivo a análise dos migrantes em Aquário, terceiro capítulo do romance
Mamma son tanto Felice, de Luiz Ruffato (2005), através das suas relações com o espaço
geográfico e o deslocamento, a partir de uma abordagem da geografia cultural. Essa análise partirá
da questão do espaço, do deslocamento e da desterritorialização e territorialização na caminhada
das personagens, nessa narrativa. O romance retrata a peregrinação de migrantes, de descendência
italiana, que transitam de um espaço a outro na região da Zona da Mata, Minas Gerais, travando
uma luta pela sobrevivência, existência e resistência. Abordará também uma discussão sobre a crise
identitária desses migrantes na supermodernidade.
Palavras-chave: Migrante. Espaço. Identidade. Existência. Resistência.
Eixo: Literatura e Humanidades
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ESPAÇOS ÍNTIMOS: UMA TOPOANÁLISE DAS CASAS EM O GRANDE GATSBY
Ribanna Martins de Paula (PG/UnB)
Este trabalho tem como finalidade realizar um estudo topoanalítico da obra O Grande Gatsby, de
autoria do escritor norte-americano F. Scott Fitzgerald, por meio da análise das casas presentes no
texto. Investigando os espaços íntimos apresentados no romance, bem como a caracterização e
discurso das personagens do mesmo, busca-se compreender como o espaço literário é construído e
sua relação com as personagens que compõem a narrativa. Ademais, como auxílio para a análise
proposta, são examinados os possíveis elementos simbólicos a permear os espaços perscrutados.
Dessa forma, procura-se alegar que as casas apresentadas na obra não constituem apenas um
punhado de descrições cuja única função é ambientar a ação de personagens, mas constituem
instrumentos úteis na análise da topografia do íntimo daqueles que as habitam. Assim, a presente
comunicação pretende explorar a conexão entre estes dois elementos da narrativa dada a sua
importância para os estudos destinados à criação do texto literário.
Palavras-chave: O Grande Gatsby. Topoanálise. Elementos da narrativa. Símbolos.
Eixo: Literatura Estrangeira
A VELHICE EM CORPO DE BAILE E GRANDE SERTÃO: VEREDAS
Rosalina Albuquerque Henrique (PG/UFPA)
Este trabalho faz parte da pesquisa de doutorado, pertencente ao Programa de Pós-Graduação em
Letras, da Universidade Federal do Pará, cuja proposta consiste em uma discussão em torno das
figurações da velhice nas vozes de alguns personagens da literatura brasileira, criados pelo escritor
João Guimarães Rosa (1908-1967), como: Manuelzão (Corpo de baile) e Riobaldo (Grande sertão:
veredas), balizado em escritas ligadas à velhice e à morte e suas representações na modernidade, de
Ecléa Bosi (2009) e Simone de Beauvoir (1990), bem como, às produções críticas de Antonio
Candido (2012) e Benedito Nunes (2009) à luz de ideias da Estética da Recepção.
Palavras-chave: Literatura Brasileira. João Guimarães Rosa. Corpo de baile. Grande sertão:
veredas. Velhice.
Eixo: Literatura Brasileira
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ÀS SEIS EM PONTO (1998), DE ELVIRA VIGNA E A ARTE DA PINTURA PELA
DESESTABILIZAÇÃO
Rosana Campos Leite Mendes (PG/UnB/ESP-MT/FAPEMAT)
A presente comunicação pretende mostrar as relações humanas de falseamento e beleza exprimidas
no corpo, escrita e imagem e consideradas na obra Às seis em ponto (1998), de Elvira Vigna. Na
matéria própria da ficção de Vigna, situações de desestabilização, formalismos e ritos tensos das
pequenas verdades ou mentiras do cotidiano também são admitidas em aproximações descritas nas
relações entre a literatura e as artes. Em passagens narrativas como a da lembrança da narradora
acerca de uma reprodução de As Meninas (1656), de Velásquez e de poses que a mesma reproduzia
copiadas da infanta Margarita, nos dizem da arte, especificamente, da pintura, e da representação de
objetos visíveis para o artista. Especificamente, o presente trabalho, cujos preceitos teóricos centrais
são os estudos interartes (ARBEX, OLIVEIRA, DINIZ) e os estudos da Literatura e das artes, de
uma forma geral, enquanto áreas de movimentação e de ajustamentos da obra de arte
(LICHTENSTEIN, RANCIÉRE, BARTHES, BENJAMIN) busca falar dos enquadramentos entre
as artes presentes na escrita literária. O objetivo desse trabalho é refletir sobre o campo interartístico
e como a narrativa literária, apoiada nessa síntese, é uma arte que consiste na representação de
corpos e objetos visíveis.
Palavras-chave: Interartes. Corpos. Mentiras. Elvira Vigna.
Eixo: Literatura e Outras Artes
PESQUISA EM LETRAMENTO LITERÁRIO: DESAFIOS TEÓRICO-
METODOLÓGICOS E CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO DOCENTE
Rosemar Eurico Coenga (UNIC/IFMT)
Nos últimos anos, foram publicados, sob a forma de artigos, livros, teses e dissertações, inúmeros
trabalhos que elegem o letramento literário como objeto de discussão. Os resultados desse estudo
nos encaminharam para uma visão de que o letramento literário tem sido uma preocupação dos
pesquisadores. Esta demonstração é identificada através da quantidade de teses de doutorado e
dissertações de mestrado produzidas nas universidades tematizando o letramento literário,
especificamente, no Mestrado Profissional em Letras. Buscamos, nesta comunicação, em diálogo
com os referenciais Rildo Cosson (2003,2014); Rildo Cosson e Graça Paulino (2009), compartilhar
os resultados apreendidos com a pesquisa qualitativa e letramento literário (2006-2017): um balanço
da produção. Esse estudo focaliza as ressonâncias que se constituem nos percursos formativos de
professores de Língua Portuguesa e os desafios teórico-metodológicos vivenciados com as
perspectivas teóricas-metodológicas do letramento literário. Os resultados encontrados vislumbram
uma nova reconfiguração nas pesquisas acadêmicas contribuindo significativamente para o debate
sobre o ensino de literatura.
Palavras-chave: Letramento literário. Pesquisa. Formação docente.
Eixo: Ensino de Literatura
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ALEGORIA: ANTÍDOTO NA CENA CONTEMPORÂNEA DA LITERATURA
BRASILEIRA
Rosilma Diniz Araújo Bühler (PG/UFBA)
Este trabalho busca abordar a questão da ditadura militar no Brasil nos romances A Festa (1976), de
Ivan Ângelo, e Outros Cantos (2016), de Maria Valéria Rezende, a partir de um projeto alegórico
de ―choque‖ e ―trauma‖. Para tanto, recorre ao estatuto estético da alegoria nos termos do filósofo
Walter Benjamin através da leitura da filósofa e docente Kátia Muricy (1999), bem como de
categorias do teórico e crítico de literatura, Karl Erik Schøllhammer (2013). Curioso e interessante é
ver como nesse hiato de 40 anos da publicação entre um e outro, cada romance se reinventa
esteticamente com seus choques, traumas e antídotos, diante das complexidades de seu tempo
histórico.
Palavras-chave: Ivan Ângelo. Maria Valéria Rezende. Ditadura. Alegoria. Antídoto.
Eixo: Literatura Comparada
O DESERTOR DOS DESERTORES: SILVA ALVARENGA E O POEMA HERÓI-
CÔMICO NO SÉCULO XVIII
Samuel Carlos Melo (UEG-PG/USP)
Não há um código prescritivo que sistematize elementos para o poema herói-cômico, o que se tem
são poemas que serviram de modelo para a composição ao longo do tempo. Sua origem remonta às
práticas letradas do século XVII, sendo o italiano Tassoni (1565-1635), em La Secchia Rapita
(1622), quem primeiro utilizou o termo. Em língua portuguesa, é possível que o primeiro poema
herói-cômico escrito tenha sido A Monocléia, de frei Simão Antônio de Santa Catarina (1676-
1733), do início do século XVIII. Diante dessa tradição do poema herói-cômico, destaque-se Le
Lutrin (1674), de Boileau (1636-1711), e O Desertor (1771), de Silva Alvarenga. A aproximação
desses dois poemas se deve não só por estarem inseridos dentro de uma tradição, cujo poema de
Boileau foi o principal modelo, mas, também, por trazerem em seus prefácios apontamentos
relevantes sobre a natureza e o modo composição desse subgênero. Em ―Discurso sobre o poema
herói-cômico‖, título do prefácio de O Desertor, Silva Alvarenga, ao buscar uma legitimação, se
aproxima de Boileau na tentativa de teorização. Sendo assim, tem-se comoobjetivo, a partir da
análise do O Desertor e seu prefácio, refletir sobre a composição do herói-cômico no século XVIII
e suas relações com a tradição.
Palavras-chave: Poesia luso-brasileira. Herói-cômico. Arcádia.
Eixo: Literatura Brasileira
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“BECOS DE GOIÁS”: UMA ANÁLISE LITERÁRIA E INTERCULTURAL DO POEMA
DE CORA CORALINA
Sanderson Mendanha Peixoto (PG/UEG)
Ebe Maria de Lima Siqueira (UEG)
Este estudo tem o fito de analisar, do ponto de vista literário e intercultural, o poema ―Becos de
Goiás‖ de Cora Coralina. Poeta que se formou culturalmente na cidade de Goiás, Cora usa seus
versos para refletir sobre as condições do homem comum, a presença do coronelismo e do
machismo/misoginia na pequena Vila Boa, o pouco espaço da mulher na sociedade, a
materialização da memória na Casa Velha da Ponte e os seres sociais mais humildes, resgatando,
sempre que possível, traços espaciais da sua cidade, com seus becos, casas conjugadas, ruas de
pedra e arquitetura colonial (BRITO, 2009; SIQUEIRA, 2016; VELASCO, 1990). Partindo do
pressuposto de que vivemos em uma sociedade definida pela multiplicidade de culturas e modos
distintos de percepções da realidade e do mundo (NUNES, 2011), pretendemos demonstrar como o
espaço destes becos, casas e ruas de Goiás dão instrumentos líricos à Cora Coralina para apreender
a humanidade em seus versos e recriar o fazer literário com elementos verossímeis e próximos do
homem.
Palavras-chave: Cidade de Goiás. Memória. Espaço.
Eixo: Literatura e Humanidades
ESPAÇO E MEMÓRIA NO ROMANCE QUARENTA DIAS, DE MARIA VALÉRIA
REZENDE
Sara Caroliny Pires (PG/FAPEG/UEG)
Neste trabalho, objetivamos analisar de que maneira o romance Quarenta dias, de Maria Valéria
Rezende, problematiza as questões em torno da memória e do espaço, mostrando como esses temas
são necessários na contemporaneidade, como ponto de partida para compreender o sujeito e o
mundo que o circunda. Partindo dos estudos sobre topoanálise de Gaston Bachelard (1993), sobre
memória e identidade social de Michael Pollak (1992), e de Ecléa Bosi (1997), memória e
sociedade, entre outros autores, a narrativa em tela será estudada a partir do confronto da
personagem Alice com as duas cidades inseridas no romance: João Pessoa (a casa, a cidade natal) e
Porto Alegre (a cidade alheia).Deslocar-se pelos espaços possibilita a personagem uma constante
reflexão sobre a condição de vida da grande parcela dos sujeitos que compõem o cenário da grande
metrópole de Porto Alegre. Para enfrentar esse momento de extrema angústia e solidão, Alice faz
uso da escrita memorialística, pois é a partir do exercício mnemônico que a personagem-narradora
tenta ressignificar a sua existência longe do conforto de sua casa.
Palavras-chave: Memória. Espaço. Narrativa contemporânea.
Eixo: Literatura Brasileira e Modernidade
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LITERATURA NAHUATL E TRADUÇÃO EM
EL DESTINO DE LA PALABRA, DE MIGUEL LEÓN-PORTILLA
Sara Lelis de Oliveira (PG/UnB)
Este trabalho pretende evidenciar o papel da tradução na difusão da literatura nahuatl pelo
historiador mexicano Miguel León-Portilla em sua obra El destino de La palabra. De la oralidad y
los códices mesoamericanos a la escritura alfabética (1996). A tradução atua como meio
fundamental para conceber a noção de literatura e suas respectivas categorias e características no
período pré-hispânico do México (1430 – 1519), bem como para divulgá-la como tal tendo em vista
o desconhecimento majoritário da língua em que ela foi produzida: o nahuatl. O acesso à parte do
conhecimento cultural sobre os povos nativos do território mesoamericano é possível em razão da
transliteração da oralidade e da interpretação oralizada dos livros pictoglíficos para o alfabeto latino
durante o século XVI. Por intermédio da tradução desses manuscritos, León-Portilla identifica um
caráter literário que sustenta a divulgação desse material como literatura. O labor do historiador
caracteriza-se por relacionar as características linguístico-literárias desse material a fim de atestar a
existência de uma literatura em língua nahuatl pré-hispânica. Constata-se, nesse ínterim, a
relevância da tradução na transmissão desse elemento cultural mesoamericano uma vez que a
possibilidade de sua existência atravessa a problemática da tradução.
Palavras-chave: Miguel León-Portilla. Literatura nahuatl. Tradução.
Eixo: Literatura Comparada
O RITMO NA POESIA: ESCRITA E TRADUÇÃO EM MARIANNE MOORE E MIRTA
ROSENBERG
Sheyla M. V. Miranda (PG/USP)
Esta pesquisa investiga as manifestações do ritmo nas obras da poeta estadunidense Marianne
Moore e da poeta e tradutora argentina Mirta Rosenberg, ainda inédita no Brasil. A partir de um
corpus de cinco poemas de cada autora, aos poucos se está configurando uma espécie de mapa dos
recursos rítmicos de Moore e Rosenberg, cujas poéticas são marcadas por um enjambement radical,
aliterações em consoantes oclusivas, rimas internas, contenção e tensão. A partir da noção de ritmo
desenvolvida pelo teórico francês Henri Meschonnic, busca-se entender como o ritmo é a
organização do discurso e o próprio sentido nessas poéticas – a enunciação de vozes de autoras
mulheres em momentos de profunda transformação social e cultural: o pós-Primeira Guerra
Mundial e o modernismo, no caso de Moore, e a redemocratização pós-ditadura Militar, no caso de
Rosenberg. Além disso, a pesquisa procura estabelecer as ressonâncias da obra de Moore na obra de
Rosenberg, que a traduziu para o espanhol – e de como a atividade tradutória pode ter forjado
procedimentos de criação na obra da autora argentina.
Palavras-chave: Marianne Moore. Mirta Rosenberg. Poesia. Ritmo. Tradução.
Eixo: Literatura Comparada
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MONTEIRO LOBATO – VIDA E OBRA: BIOGRAFIA AINDA NÃO SUPERADA?
Silvio Tamaso D'Onofrio (USP)
A comunicação busca compreender a trajetória de recepção da biografia Monteiro Lobato – vida e
obra (Companhia Editora Nacional, 1955), escrita por Edgard Cavalheiro. Tomando por base o
texto de José Aderaldo Castello publicado em Anhembi, e considerando também opiniões de
Afrânio Coutinho, Brito Broca e Gilberto Freyre, entre outros, verifica-se uma crítica uníssona em
ressaltar a qualidade da obra de Cavalheiro pela abundância documental e, ao mesmo tempo, pelo
polemismo – este provocado por exagerada devoção ao biografado e/ou pela postura do biógrafo
que pontua seu texto com interrogações, parecendo apontar para os críticos de Lobato. Com o
tempo, a biografia foi tendo outros supostos cacoetes apontados, como a alegada timidez de seu
método, algo que ―dataria‖ a obra e possivelmente a condenasse ao olvido. A fortuna crítica sobre a
obra de Monteiro Lobato demonstra, no entanto, que essa biografia permanece inabalada, e todo
estudo sobre o criador da Emília parece fadado a ter que enfrentar essas 900 páginas. Se for verdade
que Monteiro Lobato e sua obra – amplo espectro, foram memoráveis, por que não se faz uma
biografia mais adequada? Estariam os intelectuais ainda no estágio denunciado por Lobato:
valorizando a colocação pronominal antes dos conteúdos?
Palavras-chave: Monteiro Lobato. Edgard Cavalheiro. Biografia.
Eixo: Literatura Brasileira e Modernidade
HISTÓRIAS QUE SE LIGAM: UM OLHAR SOBRE A OBRA AQUIDAUANA E OUTRAS
HISTÓRIAS SEM RUMO, DE MAURO PINHEIRO
Suéllen Silva Varela (PG/UFMS)
José Alonso Tôrres Freire (UFMS/CPAQ)
Este trabalho tem como principal objetivo analisar os entrelaçamentos presentes na obra
Aquidauana e outras Histórias sem rumo, publicada em 1997, de Mauro Pinheiro, autor pouco
conhecido do grande público, que estreou no mundo da literatura em 1993 com o livro Cemitério de
navios, bastante aclamado pela crítica. Sua obra Aquidauana e outras Histórias sem rumo aborda
histórias banais do cotidiano, com personagens intensos e que vivem em constante movimento.
Observa-se que alguns personagens dessas narrativas se reencontram pelas estradas em outros
contos da obra ou mesmo vivenciam a mesma situação de ângulos diferentes. Dentre os
personagens focalizados, enfatizaremos a configuração de Diana/Queixada/Lenda, uma das figuras
femininas presente na maioria dos contos, assumindo nomes diferentes e, por isso mesmo, uma das
mais complexas. Como a obra em análise é pouco conhecida, faremos um panorama geral,
mostrando seus aspectos mais importantes, além da metaficção que se revela na última narrativa da
obra. Como suportes teóricos para as análises, recorremos a obras que discutem temas
contemporâneos importantes, tais como ensaios de Giorgio Agamben (2007, 2009), Zygmunt
Bauman (1998), além das reflexões de Mario Vargas Llosa sobre a cultura contemporânea (2013),
entre outros.
Palavras-chave: Literatura Brasileira. Conto. Mauro Pinheiro. Metaficção.
Eixo: Literatura Brasileira
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ESPAÇO, TERRITÓRIOS E LINGUAGENS: CRIAÇÃO LITERÁRIA E IDENTIDADE
CULTURAL
Taynara da Silva Thomaz de Oliveira (G/Pibic/UFMS-CPCX)
Marta Oliveira (UFMS-CPCX)
Ao analisar as obras literárias em relação ao espaço de sua criação, torna-se evidente a estreita
relação entre autor, obra e território, quer regional, geográfico, quer histórico, social e simbólico.
Na região do pantanal sul-mato-grossense, uma obra se torna interessante para a reflexão acerca da
criação literária regional: Aquele mar seco o Pantanal, de Rogério de Camargo. Além desta obra,
Mar paraguayo, de Wilson Bueno, e a escrita fronteiriça ensaiada por escritores como Douglas
Diegues podem ajudar a tecer um compósito da produção literária regional, em paralelo com os
modos de uso da linguagem efetuado por outros escritores de relevância nacional, inclusive os
clássicos de nossa literatura, como Guimarães Rosa. Este projeto, apresentado ao programa de
iniciação científica, pretende analisar como a criação literária e a identidade cultural podem ser
percebidas nas visões poéticas do espaço e dos territórios linguísticos.
Palavras-chave: Espaço. Linguagens. Território. Criação literária.
Eixo: Literatura Brasileira
A LEITURA LITERÁRIA COM CONTOS GOIANOS: APLICAÇÃO NO ENSINO MÉDIO
Thaís Lopes Soares (PG/UEG)
Márcia Maria de Melo Araújo (UEG)
O estudo aqui proposto objetivou possibilitar aos alunos do ensino médio o acesso à produção
simbólica do domínio literário, de modo a estabelecer diálogos com os textos lidos e verificar que o
trabalho de leitura se caracteriza como situações significativas de interação entre o aluno, os autores
lidos, os discursos, as vozes, que se apresentaram viabilizando a possibilidade de múltiplas leituras.
Como recurso metodológico para este estudo, utilizamos a pesquisa bibliográfica, fundamentada
pelas teorias dos autores Kleiman (2005), Soares (2014), Barbosa (1994), Barthes (1987), Cossan
(2016), Candido (1972), Freire (1996), e outros. Sendo também realizada uma intervenção no
primeiro ano do ensino médio, numa escola local em Goiás Velho – Goiás, sendo articulados para a
interação de leitura contos Goianos dos autores: Cora Coralina, Hugo de Carvalho Ramos, Bernardo
Élis, José J. Veiga, Bariani Ortêncio, Augusta Faro, Eli Brasiliense. Ficou claro que os alunos e a
escola são um ótimo ambiente de interação e aprendizagem, e que o mesmo tem grandes
potencialidades de estudos e momentos literários. O estudo bibliográfico faz uma reflexão sobre a
formação do leitor critico, e a intervenção permitiu identificar que existe uma grande necessidade
de incentivos de leituras e escritas para que os jovens tenham condições de articularem de maneira
mais concreta no ambiente educacional e fora dele.
Palavras-chave: Leitura literária. Contos Goianos. Aprendizagem.
Eixo: Ensino de Literatura
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ENTRE “A REPÚBLICA” E O “PROGRAMA NACIONAL BIBLIOTECA DA ESCOLA”:
UM RECORTE ANALÍTICO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES LITERÁRIAS
Thaísa Cristofoleti de Vasconcelos (PG/UFBA)
Desde ―A República‖, de Platão, os filósofos já discutiam quais obras e modelos literários deveriam
ser escolhidos à formação do homem para compor uma cidade ideal, visto que a arte, bem como a
literatura, era reconhecida como cópia (degradada) do real, influenciando e conduzindo a sociedade
a determinados comportamentos, fazia-se, portanto, imperativo um delinear controlado pelos
legisladores. Programas de Estado, que legitimam o que é interessante ou não de ser representado,
permanecem até os dias de hoje, a exemplo do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE).
Sendo assim, um modelo literário passa a ser construído. Compreender esse processo de construção
implica olhar quais interesses estão articulados, elegendo uma ou outra movediça representação
literária. Se há permanência desse tipo de projeto de literatura, há também a impermanência sobre
os constructos das representações que os constituem. Diferentemente do modelo platônico, a
representação é lida agora como potência ou uma imagem que ―abre outra cena para a verdade‖
(COSTA LIMA, 2000, p. 36) e não como uma verdade única. Esse trabalho pretende discorrer e
comparar as concepções de representação literária nesses projetos de literatura, a fim de
compreender como o fazer literário articula-se com parâmetros incentivados pelo Estado,
influenciando diferentes gerações de leitores.
Palavras-chave: PNBE. Cânone literário. Representação literária.
Eixo: Ensino de Literatura
DAS FOLHAS DOS JORNAIS PARA AS PÁGINAS DOS LIVROS:
A CONSAGRAÇÃO DE MACHADO DE ASSIS
Valdiney Valente Lobato de Castro (FAMAP-ESTACIO)
Machado de Assis, seguramente, é o autor mais presente nas folhas dos jornais cariocas da segunda
metade do século XIX. Notícias sobre o lançamento de seus livros, notas divulgando informações
sobre sua vida pessoal e seus diferentes textos literários – crônicas, contos, romances, peças e
poesias – espalham-se por mais de cinquenta jornais que circularam na glamourosa Cidade da
Corte. Seja devido ao jornal ser o principal veículo de comunicação em massa da época, ou pelo
conveniente contato que o Bruxo do Cosme Velho manteve, ao longo de mais de cinquenta anos,
com seus editores, analisar a obra de Machado de Assis vinculada às folhas diárias tem sido cada
vez mais imprescindível. Sendo assim, a proposta deste estudo parte de uma pesquisa em diversos
jornais cariocas sincrônicos à produção do autor para auxiliar na compreensão do processo de
canonização. Para tanto, foram rastreados mais de cinquenta folhas públicas, a fim de perceber as
notícias saídas acerca de Machado de Assis, o que resultou na percepção de o quanto o autor era
uma figura ilustre na época, desde a década de 1860, quando ainda não havia publicado nenhum de
seus célebres romances.
Palavras-chave: Machado de Assis. Jornal. Consagração. Literatura.
Eixo: Literatura Brasileira
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A ESPACIALIDADE ONÍRICA NO CONTO “THE DREAM-QUEST OF UNKNOWN
KADATH”DE H. P. LOVECRAFT
Victor Hugo Pereira de Oliveira (UnB)
Este trabalho tem o objetivo de apresentar as relações entre a espacialidade, o onirismo e a narrativa
no conto ―The Dream-Quest of Unknown Kadath‖ do escritor norte-americano H. P. Lovecraft. O
conto faz parte do ―ciclo dos sonhos‖, ao qual pertencem outros 22 contos por causa,
principalmente, do espaço onde tais narrativas se desenvolvem. Trata-se da ―Terra dos Sonhos‖, que
é uma dimensão paralela do espaço-tempo onde é possível entrar através dos sonhos ou através de
estruturas geométricas não euclidianas. O conto contemplado neste trabalho apresenta as aventuras
de Randolph Carter na ―Terra dos Sonhos‖, quando ele decide ir em busca do colossal castelo de
Kadath, habitado pelos ―Grandes Antigos‖. O percurso que Randolph faz na ―Terra dos Sonhos‖
mostra como tal espaço onírico possuía um grande desenvolvimento topográfico, uma vez que ele
menciona uma série de locais percorridos pelo protagonista da história. Além disso, este conto faz
alusão a diversos personagens e locais de outros contos do ―ciclo dos sonhos‖, o que mostra como
H. P. Lovecraft aparentou ter pensado na sua obra literária como um grande bloco narrativo. Desta
forma, pretende-se explorar a maneira como o Lovecraft trabalhou a espacialidade onírica no conto
através das técnicas da narrativa.
Palavras-chave: Lovecraft. Espaço literário. Sonhos. Narrativa.
Eixo temático: Literatura Estrangeira
A ESTRUTURA MORFOLÓGICA DE AS CRÔNICAS DE NÁRNIA, DE C.S. LEWIS,
COMO FONTE DE SEDUÇÃO DO LEITOR
Vinícius Carvalho da Silva (G/UFMS-PIBIC)
Rosana Cristina Zanelatto Santos (UFMS/CNPq)
Esta proposta originou-se com base na leitura de Morfologia do conto maravilhoso, publicado em
1928 pelo folclorista russo Vladimir Propp. O aporte teórico sugerido pelo estudo de Propp nos fez
vislumbrar a possibilidade de residir no percurso narrativo, orientado pelas funções, a sedução do
leitor de séries de romances, como é o caso dos sete textos de fantasia escritos pelo irlandês C.S
Lewis, aglutinados sob o título As Crônicas de Nárnia. Acrescente-se a isso a necessidade de
distinguir dois modos de recepção: um que se refere aos efeitos e ao significado para o leitor
contemporâneo da leitura de uma determinada obra, e outro que propicia reconhecer e estabelecer o
processo histórico por meio do qual uma obra é recebida e interpretada pelo leitor. Visa-se
demonstrar, por meio dos estudos proppianos e a teoria da recepção formulada por Hans Robert
Jauss e Wolfgang Iser, que a construção morfológica das sagas contemporâneas pode auxiliar no
processo de sedução e de formação do leitor e que não são somente as adaptações cinematográficas
que seduzem o leitor, mas também o estímulo despertado pela estrutura narrativa e sua linguagem.
Palavras-chave: As Crônicas de Nárnia. Conto maravilhoso. Leitor.
Eixo: Literatura Estrangeira
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O DESCOMPASSO DAS NOÇÕES DE JUSTIÇA NA OBRA GRANDE SERTÃO:
VEREDAS, DE JOÃO GUIMARÃES ROSA
Vinícius Victor A. Barros (PG/UFG)
Este trabalho visa a analisar as diferentes concepções de justiça e os embates decorrentes desse
desentendimento na obra Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa (1956). Para isto
procuraremos discutir como a experiência literária e a percepção social, ancoradas pela dialética de
tradição materialista, se cruzam e se articulam com o intuito de delinear uma imagem de nação
dilacerada de acordo com os pressupostos de Willi Bolle (BOLLE, 2004a). Traremos para debate os
diferentes entendimentos quanto às noções de juridicidade associados a essa percepção de nação
cindida, cujo produto encontra na ―guerra de bem-criação‖ a legitimação de seu existir. Desse
modo, procuraremos, a partir dos destoantes entendimentos e dos procederes em comum presentes
no Sertão e no Litoral, que apesar de divergentes em vários aspectos completam-se em um
movimento dialético, evidenciar que Grande Sertão: Veredas (1956) é, segundo os termos de
Antonio Candido, uma importante ―forma de pesquisa e descoberta do país‖ (CANDIDO, 1981).
Palavras-chave: Grande Sertão: Veredas. João Guimarães Rosa. Sertão. Justiça. Brasil.
Eixo: Literatura Brasileira
DEZOITO DE ESCORPIÃO: FICÇÃO CIENTÍFICA E A REINVENÇÃO DO NOVO
MUNDO
Vítor Castelões Gama (PG/UnB)
A obra de ficção científica do baiano Alexey Dodsworth, ―Dezoito de Escorpião‖ (2016), tem como
foco narrativo a eugenia e a ―preservação‖ de tribos indígenas ameaçadas, ao levá-las para outro
planeta com a intenção de criar um ―novo mundo‖. Perante a esta premissa, questionamos a
representação indígena na ficção científica e refletimos sobre o desejo em reinventar o passado ou,
ao menos, registrá-lo por outra perspectiva. Apoiamo-nos em Fredric Jameson e Darko Suvin para
pensar os conceitos de ―Identidade‖ e ―Diferença‖ no campo específico deste gênero literário.
Discutiremos também o conceito de memória cultural e performance étnica com base nos estudos
da pesquisadora mexicana Diana Taylor.
Palavras-chave: Ficção científica brasileira. Dezoito de escorpião. Identidade indígena.
Eixo: Literatura Brasileira e Modernidade
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APOCALIPSE E VIOLÊNCIA EM CIDADE DE DEUS Z, DE JULIO PECLY
Waldson Gomes de Souza (PG/UnB)
Cidade de Deus Z (2015), de Julio Pecly, é um romance brasileiro sobre invasão zumbi que se
destaca não só por sua ambientação, mas pela origem do vírus e suas consequências. O vírus se
desenvolve a partir de um lote estragado de crack que entra na Cidade de Deus, contaminando e
mudando o comportamento dos usuários da droga. Pecly utiliza a temática para descrever os efeitos
do crack e questionar o modo como o governo lida com essas pessoas – que, no contexto criado,
passam a ser vistas como um problema ainda maior e detentoras de vidas ainda mais descartáveis. O
objetivo deste trabalho é analisar como o apocalipse e a violência são representados na obra,
pensando em como Pecly se utiliza do elemento sobrenatural para criticar nossa sociedade
contemporânea.
Palavras-chave: Cidade de Deus Z. Violência. Apocalipse.
Eixo: Literatura Brasileira
LEITURA E ESCRITA: EMPATIA E DISTÂNCIA — AS LEMBRANÇAS DE HELISEU
Willian Vitor de Souza Matiazo (G/UFMS)
Rosana Cristina Zanelatto (UFMS/CNPq)
Quando nossa mente não está realizando uma leitura do passado — por meio das lembranças —, ela
está ansiando por algo e/ou projetando o nosso futuro. Heliseu, protagonista do romance de O
Professor, Cristovão Tezza, ao acordar na manhã do dia em que será homenageado, devido à sua
trajetória acadêmica, inicia uma (re)leitura de suas lembranças, em face, entre outros
acontecimentos, do movimento das ―Diretas Já‖ (1983-1984). Tendo em vista essa situação, esta
comunicação tem como objetivo analisar o modo como Heliseu ―escreve‖ suas lembranças,
narrando-as como se fossem um ―tempo redescoberto‖. Pretendemos evidenciar que as divagações
da personagem em torno das ―Diretas Já‖ podem ser lidas de formas diferentes. A quase indiferença
de Heliseu ao contexto político do país pode ser explicada considerando que nada relacionado ao
movimento de abertura política brasileiro poderia ajudá-lo a solucionar as grandes questões de sua
vida. Nosso protagonista não se identificava com as bandeiras das ―Diretas Já‖. Temos, por outro
lado, João Veris, colega de trabalho de Heliseu. Ao contrário deste, Veris possuía ideais libertários
quanto ao contexto político-social do Brasil dos anos 1980. Fosse ele a personagem central da
narrativa, teríamos um relacionamento distinto em face das ocorrências históricas que perpassam o
romance.
Palavras-chave: Memória. Diretas-Já. Narrador-protagonista. Literatura brasileira contemporânea.
Modernidade.
Eixo: Literatura Brasileira e Modernidade