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II Jornada Semântica e Enunciação I I I Colóquio Internacional Marcadores Discursivos nas Línguas Românicas: um enfoque contrastivo CADERNO DE RESUMOS 22 a 26 de abril de 2013 INSTITUTO DE LINGUAGEM INSTITUTO DE ARTES UNICAMP

CADERNO DE RESUMOS - iel.unicamp.br · Um estudo sobre a argumentação produzida pela incidência de ... Elisandra Benedita Szubris ... Maria Jose Bustos-Fernandez

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ÍNDICE Adilson Ventura da Silva (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)...........................1 Sentidos da palavra Amor em um soneto de Camões Agathe Cormier (Paris Ouest Nanterre La Défense/MoDyCo)............................................1 Existe-t-il une troisième personne de l’énonciation ? Alexandre Bassaglia (Universidade de São Paulo).............................................................2 O trabalho biográfico na construção da identidade do sujeito aprendiz de língua(s) estrangeira(s) Aline Fernandes de Azevedo (Universidade Estadual de Campinas)................................2 Os sentidos da política nas designações da revista Veja Aline Torres Sousa Carvalho (Universidade Federal de Minas Gerais)...............................3 Argumentação, premissas e promessas na entrevista de um candidato à Presidência da República Ana Cláudia Nascimento (Universidade Federal de São Carlos).......................................4 Política de línguas: língua oficial e língua estrangeira Ana Soledad Montero (Universidad de Buenos Aires / Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas)…………………………………………………….5 De la estructura a la decisión: definiendo un sujeto político de la enunciación Ana Paula Martins Alves e Mônica de Souza Serafim (Universidade Federal do Ceará)...5 As vozes no discurso argumentativo em textos de opinião produzidos por alunos do 9º ano do ensino fundamental André Campos Mesquita (Universidade Estadual de Campinas/CAPES)...........................6 Os sentidos da palavra ‘evolução’ na obra a origem das espécies de Charles Darwin André Fernandes (Universidade Estadual de Campinas/CAPES)......................................7 A ‘classe C’ brasileira: um estudo designativo Antonio Messias Nogueira da Silva (Universidade Federal do Pará)...............................8 Interferencias relacionadas con el uso de los marcadores del discurso ‘né?’ y ‘tá?’ en narraciones orales de aprendices brasileños de E/LE Béatrice Turpin (Université de Cergy-Pontoise)..................................................................8 Inducteurs normatifs et normes sociales dans le discours de presse (le cas des tsiganes)

Beatriz Hall Universidad de Buenos Aires e Aldana Ursino (Universidad Nacional de Lomas de Zamora)................................................................................................................9 Construcciones subjetivas y manuales universitarios. Análisis de un caso Carla Regina Martins Valle e Edair Maria Görski (Universidade Federal de Santa Catarina)............................................................................................................................. ..10 Os requisitos de apoio discursivo ‘sabe?’, ‘entende?’ e ‘não tem?’ e seu papel no encadeamento do texto/discurso oral Carolina de Paula Machado (Universidade Federal de São Carlos).................................11 Textualidade e articulação: sentidos produzidos pela conjunção ‘ou’ Cláudia Andrea Rost Snichelotto (Universidade Federal da Fronteira Sul)......................12 Análise diacrônica do comportamento (multi)funcional de marcadores discursivos derivados de verbos de percepção visual Claudia Freitas Reis (Universidade Estadual de Campinas/CAPES)...................................13 Espaço de enunciação e internet Claudia Mendes Campos (Universidade Federal do Paraná).............................................13 Encadeamentos com o operador ‘além disso’: relação entre blocos semânticos Cristiane Dall Cortivo - (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)

O estudo da suposição segundo a Teoria dos Blocos Semânticos.......................................14

Daniel Mazzaro Vilar de Almeida (Universidade Federal de Alfenas) ‘Aliás’ e suas possibilidades para a língua espanhola.....................................................15 Danusa Lopes Bertagnoli (Universidade Estadual de Campinas) Eu super acho que... Um estudo sobre a argumentação produzida pela incidência de ‘super’ sobre o verbo..........................................................................................................16 Denise Durante (Universidade de São Paulo)....................................................................17 A representação da oralidade como recurso persuasivo na enunciação publicitária escrita Elisandra Benedita Szubris (Universidade do Estado do Mato Grosso)..........................17 Cáceres e região: nomes que fazem história Elke Beatriz Felix Pena (Instituto Federal Minas Gerais/Universidade Federal de Minas Gerais)............................................................................................................................. .....18 Semântica da Enunciação e Ensino de Língua Portuguesa

Fabiana Fernanda Steigenberger (Universidade Federal de São Carlos).........................19 O lugar do leitor no movimento enunciativo do blog: um discurso sobre a ortografia Fátima Catarina Fernandes (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo)...............20 A (re)nomeação de um transexual: argumentação e significação das referências "ele/ela" Francisco Javier Herrero Ruiz de Loizaga (Universidad Complutense de Madrid)..........21 ‘Y todo’ operador argumentativo ponderativo. Contraste con ‘hasta’, ‘incluso’ y ‘aun’ Guilherme Adorno de Oliveira (Universidade Estadual de Campinas).............................22 Interface enunciativo-discursiva: possibilidades de análise em vídeo-campanhas Isabel Cristina Rosa dos Santos (Universidade Estadual de Campinas)............................22 Prudente de Moraes: palavras iniciais e palavras finais de um chefe de Estado Ivani Cristina Silva Fernandes (Universidade Federal de Santa Maria)............................23 Relações enunciativas e argumentativas na construção do sujeito discursivo Ivani Cristina Silva Fernandes (Universidade Federal de Santa Maria).............................24 Marcadores Discursivos e Enunciação: uma possibilidade de debate sobre a elaboração discursiva da imagem de si e do Outro Janice Helena Chaves Marinho e Gustavo Ximenes Cunha (Universidade Federal de Minas Gerais)...................................................................................................... .................25 Estudo de expressões conectivas numa abordagem modular Joana Darc Rodrigues da Costa (Universidade Federal de Minas Gerais)........................26 ‘Algum’ + nome discreto: uma reflexão sobre os mecanismos enunciativos subjacentes ao uso da unidade algum no singular Joanna Wilk-Racięska (Universidad de Silesia)……………………………………...……27 Comentarios a las funciones semántico discursivas de ‘todo’ en el español paraguayo Jocineide Macedo Karim e Taisir Mahmudo Karim (Universidade do Estado do Mato Grosso)............................................................................................................................. ....28 A nomeação de Mato grosso em “Capítulos da História Colonial” Jorge Alberto Molina (Universidade de Santa Cruz do Sul/ Universidade Estadual do Rio Grande do Sul).....................................................................................................................28 Volviendo a la cuestión de los indefinidos y la enunciación José Luis Girón Alconchel (Universidad Complutense de Madrid)...................................29

Los marcadores discursivos en la Nueva gramática (2009) de la Real Academia Española Josiana da Silva (Universidade Federal da Fronteira Sul).................................................30 Traços definidores dos Marcadores Discursivos de opinião: uma análise sob o enfoque da gramaticalização Juciane Ferigolo Parcianello (Universidade Federal de Santa Maria)..............................31 Os sentidos de língua italiana e a deontologia de seu funcionamento

Juliane de Araujo Gonzaga (Universidade Federal de São Carlos)...................................31 La subjectivité énonciative et la constitution d’identités dans le discours de la revue féministe La vie en rose Juliane Tatsch (Universidade Federal de Santa Maria)....................................................32 Língua e discurso nos textos sobre o gaúcho: um modo de enunciar gauchesco Karine Pedroza (Universidade do Estado do Mato Grosso)..............................................33 “Vote limpo”: efeitos de sentido das propagandas eleitorais do tribunal superior eleitoral – TSE Kelly Trapp (Universidade Federal da Fronteira Sul).........................................................34 A multifuncionalidade dos Requisitos de Apoio Discursivo de base verbal no Português Brasileiro Leila Castro da Silva (Universidade do Estado do Mato Grosso)......................................35 A representação da mulher nos dispositivos jurídicos de proteção contra a violência doméstico-familiar Liliana de Almeida Nascimento Ferraz e Jorge Viana Santos (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia).............................................................................................................36 ‘Como se’: elemento polifônico em cartas de liberdade baianas do século XIX Luciani Dalmaschio (Universidade Federal de Minas Gerais)............................................37 Predicação dirigida x predicação centrada: a (não)ocupação do lugar de objeto na perspectiva da semântica da enunciação Luciene Helena da Silva (Universidade Federal do Ceará)................................................38 Análise da polifonia de locutores no gênero resenha Luiza Helena Oliveira da Silva e Naiane Vieira dos Reis (Universidade Federal do Tocantins)............................................................................................................................38 Entre riso e abatimento, modos de recortar o mundo: análise semiótica da enunciação no gênero editorial

Manuel Libenson (Universidad de Buenos Aires / Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas)……………………………………………………………………39 Sobre el Locutor-α Margarita Borreguero Zuloaga (Universidad Complutense de Madrid)………………..38 La adquisición de los marcadores del discurso en italiano L2: un estudio transversal María Constanza Errázuriz Cruz ( Pontificia Universidad Católica de Chile) ....................41

Análisis del uso de los marcadores discursivos de oposición y causalidad en textos

argumentativos escritos por estudiantes de pedagogia

Maria Jose Bustos-Fernandez (University of Montana) .................................................42 Subjetividad, enunciación y problematización del “yo” en “Borges y yo” de Jorge Luis Borges María Marta García Negroni e Manuel Libenson (Universidad de Buenos Aires)..........43 ‘Esto de’, ‘eso de’, ‘aquello de’ y ‘nada de’ en contraste: propuesta de un continuum polifónico desde significados evidenciales perceptivos a significados evidenciales citativos María Marta García Negroni (Universidad de Buenos Aires) e Sibylle Sauerwein Spinola (Universidad de Paris Diderot)…………………………………………………………....43 Marqueurs de discours et distanciation : une étude contrastive de ‘peut-être’, ‘capaz’ et ‘por ahi’ Maria Martins da Silva Mágio e Neuza B. S. Zattar (Universidade do Estado do Mato Grosso)............................................................................................................................. ...44 A prorrogação da Piracema: uma análise semântico-enunciativa Mariângela P. G Joanilho (Universidade Estadual de Londrina).......................................45 Um lugar de enunciação para a ciência: Girard de Rialle e o Transformismo em Lingüística Massilia Maria Lira Dias (Universidade Federal do Ceará)...............................................46 Interfaz en el comportamiento discursivo de los conectores pero (español) y mas (portugués) Miguel Ángel Zamorano (Universidade Federal do Rio de Janeiro).................................47 Autentificación, una estrategia de enunciación de la Semántica Ficcional de Mundos Posibles

Óscar Loureda (Universidad de Heidelberg)……………………………………………..47 El análisis experimental de las partículas discursivas Patrícia de Brito Rocha (Universidade Federal de Uberlândia)........................................48 Pela construção da noção de agenciamento na perspectiva da teoria enunciativa Patricia Hernández e Laura Miñones (Universidad de Buenos Aires)………………….49 Ordenamiento discursivo y subjetivización: el caso de ‘en última instancia’ y ‘de última’ Pedro Adrião da Silva Júnior (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte) e Yordanys González Luque (Universidad de Salamanca)...................................................50 Los marcadores discursivos: análisis del marcador ‘bueno’ en textos de alumnos brasileños Pedro de Souza (Universidade Federal de Santa Catarina)..............................................51 Contrastes de marcação interlocutiva nas dublagens da voz do narrador do filme Tropa de Elite

Pollyanna Júnia Fernandes Maia Reis (Universidade Federal de São João del-Rei)......52 Argumentação e enunciação: os marcadores discursivos presentes no discurso de posse de Paulo Freire Priscila Brasil Gonçalves Lacerda (Universidade Federal de Minas Gerais/CNPq)...........53 Na interface entre sintaxe e enunciação: uma proposta de análise para os adjuntos adverbiais Rafaela Defendi Mariano, Beatriz Ferreira-Silva, Anna Christina Bentes (Universidade Estadual de Campinas)........................................................................................................54 Marcadores discursivos e sequências textuais no programa “Manos e Minas”: uma análise inicial para a tipificação do programa em nível textual-discursivo Regilene Cunha (Universidade Estadual de Campinas).....................................................55 Autoria na escola como produzir genro epistolar com alunos do EF e da EJA Renata Ortiz Brandão (Universidade Estadual de Campinas)...........................................55 Os cidadãos e concidadãos no discurso da Proclamação da República Rita Fabiana de Lacerda Jota (Universidad Nacional de Educación a Distancia/Consejo Superior de Investigaciones Científicas)………………………………………………….56 Análisis pragmático de los marcadores del discurso en el género foro de debate para profesores ELE

Romilda Mochiuti (Universidade Estadual de Campinas).................................................57 Análise da transparência ilocucionária e a marcação pragmática no uso do MDs concessivos na interlíngua de alunos de ELE Rosario González Pérez (Universidad Autónoma de Madrid)…………….……….....…58 La fijación del significado procedimental: los valores evidenciales de ‘porque’ frente a algunos marcadores de este tipo (‘desde luego’, ‘por supuesto’, ‘claro’) Sanne Tanghe y Clara Vanderschueren (Universidad de Gante)………………………..59 ¡Anda ya, venga ya! Paralelismos y divergencias de dos marcadores relacionados Sara dos Santos Mota (Universidade Federal de Santa Maria/Universidade Federal do Pampa)............................................................................................................................. ...60 “Rompidioma”: (re) dizendo e significando espaço, sujeito e língua em portunhol Silvana Silva (Universidade Federal do Pampa)...............................................................60 O estatuto da alteridade de marcadores discursivos na aula expositiva: uma reflexão teórico-prática de base enunciativa Soeli Maria Schreiber da Silva (Universidade Federal de São Carlos)..............................61 Espaço de enunciação, textualidade e política de língua: a Língua Polonesa no Paraná na relação com a Língua Portuguesa Sueli Aparecida Cerqueira Marciel (Universidade Cruzeiro do Sul)..................................62 O reenquadramento do real no conto O peru de Natal de Mário de Andrade Sueli Martins Cardozo e Neuza Benedita da Silva Zattar (Universidade do Estado do Mato Grosso........................................................................................................................63 A vacina obrigatória: uma revolta anunciada Thalita Miranda Gonçalves Sampaio (Universidade do Estado do Mato Grosso)...........63 A lavanderia em cena: Confort x Mon Bijou Vanessa Gomes Teixeira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)............................64 Ensino de Língua Portuguesa como L2 para alunos surdos: análise da escrita surda Vinícius Massad Castro (Universidade Estadual de Campinas).........................................65 A nomeação lúdica e os nomes lúdicos: uma análise do funcionamento semântico-enunciativo da apelidação e dos apelidos de pessoa Weverton Ortiz Fernandes (Universidade do Estado do Mato Grosso).........................66 Designações: gestos de sedução e de liberdade da escrava na narrativa do chorado

Wolber Sebastião Pereira (Universidade do Estado do Mato Grosso)............................67 Os sentidos de sindicato nos dizeres de Lula em três momentos de sua trajetória política

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Adilson Ventura da Silva - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Sentidos da palavra Amor em um soneto de Camões

Por ser considerado um objeto de estudos principalmente da Literatura, o estudo de certos aspectos da poesia chama a atenção de poucos pesquisadores da área da Linguística, o que, de certo modo, deixa certas discussões importantes de lado e também certas questões que poderiam suscitar várias discussões nem chegam a ser elaboradas. Colocando-nos na posição de que a poesia é um lugar importante para as pesquisas linguísticas, principalmente na área da Semântica, vamos, neste trabalho, observar os sentidos da palavra Amor no soneto “Amor é fogo que arde sem se ver...” de Camões. Para atingir este objetivo, não iremos nos valer dos inúmeros estudos literários sobre esta obra e sim nos posicionaremos teoricamente na Semântica do Acontecimento, teoria semântica que considera o estudo da enunciação (o acontecimento do dizer) como o lugar em que se deve analisar o sentido da linguagem, e deixa o enunciado como lugar em que se deve observar o sentido. E, como método, iremos utilizar dois procedimentos de agenciamento enunciativo, que são as reescrituras e as articulações desta palavra dentro do poema e, além desses dois procedimentos, iremos nos ater à constituição da cena enunciativa. A partir desses procedimentos, iremos estabelecer qual o DSD (Domínio Semântico de Determinação) desta palavra. Com esta pesquisa pretendemos, em primeiro lugar, apresentar o DSD desta palavra neste soneto de Camões, o que faz parte de nosso projeto de pesquisa que estamos iniciando na UESB, intitulado: Os Sentidos da Palavra Amor em Sonetos de Camões: Um Estudo Semântico-Enunciativo e, em segundo lugar, observar as especificidades que um estudo semântico possui ao analisar um poema, o que pode contribuir grandemente para os estudos poéticos e semânticos, apresentando questões e levantando hipóteses relevantes para os estudos linguísticos em geral.

Agathe Cormier - Paris Ouest Nanterre La Défense / MoDyCo Existe-t-il une troisième personne de l’énonciation?

Tandis que les paradigmes morphologiques des verbes, des pronoms personnels et des possessifs distinguent en français trois personnes, il n’y a que deux positions dans l’interlocution : celle du locuteur et celle de l’allocutaire. En d’autres termes, il existe une asymétrie entre personnes grammaticales et personnes de l’énonciation. La troisième personne est ainsi qualifiée par Benveniste de « non-personne », dans la mesure où elle ne renvoie pas à un des protagonistes du discours. Certains emplois du nom de personne, où le nom peut être considéré comme relevant de la troisième personne, soulèvent cependant le problème du statut énonciatif de leur référent. Ces emplois, où le nom propre est employé seul, appartiennent au genre des présentations, et s’illustrent notamment dans la scène 1 de la première partie de Juste la fin du monde de Jean-Luc Lagarce et dans l’une des scènes d’ouverture du film The Ghost Writer de Roman Polanski. Ainsi, lorsqu’um locuteur L prononce à l’adresse de son interlocuteur I

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le nom d’une tierce personne T, présente dans la contexte de l’énonciation, en vue de présenter T à I, deux cas de figure peuvent se présenter : L montre T à I en prononçant son nom ; ou T esquisse un mouvement vers I – il lui tend la main ou la joue par exemple – tandis que L prononce simplement le nom de T à l’adresse d’I. Dans le deuxième cas de figure, bien qu’elle ne soit ni locuteur ni allocutaire, la tierce personne T produit un geste qui permet la détermination du référent ; autrement dit, T participe à l’énonciation en tant que telle. À partir de ce type d’exemples, qui prennent place dans le contexte d’un dialogue à interlocuteurs multiples, nous proposons de nous interroger, en utilisant les instruments de l’analyse du discours, sur l’existence d’une troisième personne de l’énonciation.

Alexandre Bassaglia - Universidade de São Paulo O trabalho biográfico na construção da identidade do sujeito aprendiz de

língua(s) estrangeira(s) O objetivo deste trabalho é investigar o provável impacto das biografias linguageiras na construção da identidade do sujeito-aprendiz de língua(s) estrangeira(s). Para isso, nos apoiamos nos estudos de Émile Benveniste sobre a subjetividade na linguagem bem como os desdobramentos destes estudos na noção de identidade como “de ordem fundamentalmente relacional” proposta por Véronique Dahlet Além disso, as relações estabelecidas por Daniel Feldhendler entre a abordagem biográfica (dentro do campo da didática do francês língua estrangeira) e as referências sobre identidade narrativa realizadas por Paul Ricoeur e foram essenciais para o desenvolvimento deste trabalho. Utilizamos este referencial teórico para elaborar e analisar uma entrevista concedida por um sujeito-aprendiz, estudante de graduação (habilitação Português-Francês) do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, regularmente matriculado na disciplina Francês IV, no 2° semestre de 2012, utilizada como corpus neste trabalho. Através da análise da entrevista, delineamos algumas conclusões parciais sobre o papel das biografias linguageiras no processo de construção da identidade do sujeito aprendiz de língua(s) estrangeira(s). Neste caso especifico, o trabalho biográfico proporcionou ao sujeito-aprendiz a refiguração constante de sua própria historia fazendo com que ele percebesse novas possibilidades e potencialidades da língua portuguesa que não seriam descobertas sem a passagem da experiência reflexiva enunciativa em língua francesa.

Aline Fernandes de Azevedo - Universidade Estadual de Campinas Os sentidos da política nas designações da revista Veja

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O objetivo deste estudo é compreender o processo de produção de sentidos nas designações que referem o Partido dos Trabalhadores e Lula em textos veiculados pela revista Veja. As analises apresentadas foram desenvolvidas com base na Semântica do Acontecimento postulada por Guimarães (2002, 2005, 2007), especialmente o conceito de Domínio Semântico de Determinação, e conceitos da Análise de Discurso (PÊCHEUX, 1988). O corpus é composto por recortes das reportagens de capa de exemplares publicados em períodos que antecedem as eleições de 2002, 2006 e 2010. Nosso interesse é compreender como a designação reescreve e mobiliza sentidos, uma vez que trabalha espaços de memória. As análises nos permitiram mostrar que, no modo como o PT é falado no discurso jornalístico-político de Veja, já se encontra uma interpretação específica, cujos sentidos se relacionam à ideologia dominante em nossa formação social. Observamos, nos sentidos que Veja organiza em 2002, que tanto o partido dos trabalhadores quanto Lula são significados como “radicais do socialismo”. Diversas análises indicam que esses sujeitos políticos têm suas significações produzidas em um domínio de memória de medo e oposição aos socialistas. Entretanto, nos recortes de 2006 há indícios de certo deslocamento de significações. Neles, as designações dos agentes políticos dão a ver um embate de sentidos que tem se deslocado vagarosamente, silenciando uma memória que funciona a partir das categorias políticas tradicionais e instituindo outros sentidos para a política e para os políticos. A escolha lexical presente na publicação em 2006 acerca do pleito eleitoral constrói um espaço enunciativo de delinqüência próprio ao PT: “criminosos, violência, crime”, e ocupa o lugar enunciativo daquele que aponta, o espaço daquele que faz a denúncia. Em 2010, o PT é designado “partido do polvo” e os sentidos produzidos relacionam-se fortemente à ideia de aparelhamento do Estado pelo PT e pelos sindicalistas num processo de hierarquia paralela: crime organizado.

Aline Torres Sousa Carvalho - Universidade Federal de Minas Gerais Argumentação, premissas e promessas na entrevista de um candidato à

Presidência da República Este trabalho propõe realizar algumas reflexões sobre elementos de base dos estudos da Argumentação, desenvolvidos por Perelman & Olbrechts-Tyteca (1996) na Nova Retórica, e analisar, a partir desses elementos, uma entrevista concedida por José Serra, então candidato à Presidência da República, à Revista Veja, em junho de 2010. Nessa análise, realizada a partir da transcrição de trechos da entrevista, são enfatizados aspectos do ponto de partida da argumentação de José Serra e da própria revista, que envolvem os acordos, a escolha e a apresentação dos dados. Uma argumentação compreende um sujeito argumentante, que tem uma proposição sobre o mundo, e que objetiva, por meio de estratégias, fazer crer tal proposição a um sujeito alvo. Assim, uma argumentação efetiva deve gerar a adesão de um auditório no que concerne a um modo de pensar, a uma ideia, levando o interlocutor à ação pretendida, ou tornando-o propenso a essa ação. Na mídia e pela mídia, argumentos são criados e recriados,

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candidatos são lançados e perfis identitários (de oradores e de auditórios) são estabelecidos. Na entrevista analisada, é possível observar que não só José Serra, como também, a própria Revista Veja argumentam em prol do candidato. É possível observar como, por meio de estratégias discursivas, a revista traçou, a partir do que é aceito pelos eleitores brasileiros, sobretudo de fatos e valores, um perfil positivo para o candidato. Dentre tais estratégias, encontra-se o “ataque” à candidata Dilma Russef, organizado por José Serra e também pela Veja, que realizam acusações à candidata, tornando presentes fatos ausentes, mas que, conforme proposto por Perelman & Olbrechts-Tyteca, (1996), não correspondem, necessariamente, ao real. Como, na argumentação, o verdadeiro depende da aceitabilidade dos enunciados pelo auditório, é possível inferir que as acusações não foram argumentos suficientes para denegrir a imagem da candidata Dilma Russef ou, ao menos, não o foram a ponto de impedir que ela vencesse as eleições.

Ana Cláudia Nascimento – Universidade Federal de São Carlos/CAPES Política de Línguas: Língua Oficial e Língua Estrangeira

Quando pensamos em política de línguas, podemos considerar diferentes movimentos, entre esses aquele que constitui a divisão entre a língua dita oficial e as línguas não oficiais e, também, entre a língua nacional e as língua(s) estrangeira(s), dado um espaço geográfico determinado. No entanto, à luz da Semântica do Acontecimento, preocupamo-nos não com a distribuição geográfica das línguas, mas sobretudo com as relações políticas que se produzem a partir dessas várias divisões. Nossa pesquisa, particularmente, trata da relação entre a Língua Portuguesa e a Língua Inglesa no espaço de publicação e circulação de textos científicos, considerando dois funcionamentos pontuais: o que se diz sobre o significado do inglês como língua que participa da política de publicação de pesquisas no Brasil e, então, a forma como esses significados produzidos podem legitmar ou não a circulação dos resultados dessas pesquisas, relativamente a uma área do conhecimento. Isso explica porque nosso corpus tem dois momentos específicos: o que reúne recortes de dizeres que regulam a política de publicações acadêmicas em instituições brasileiras no que diz respeito às línguas circulantes, e o que abarca o modo de distribuição dessas línguas nos textos acadêmicos. Consideramos para a discussão proposta o dispositivo teórico-metodológico apresentado por Guimarães (2002, 2007, 2011). O conceito de espaço de enunciação, de que trata o autor citado é fundamental; tal noção caracteriza o espaço em que as línguas funcionam, lugar de embate e conflito. Procuraremos mostrar que é no espaço enunciativo que se constróem e se atualizam cenas enunciativas cujo agenciamento significa para o sujeito, no caso o locutor-cientista, o que ele é, sua identidade. Também é nesse lugar que se criam condições para que outros acontecimentos de enunciação sejam rememorados e, por assim ser, para que os sentidos normatizados sobre língua sejam (re)significados. Isso permitirá questionar, então, se o inglês, categorizado como língua estrangeira, pode também significar o lugar de língua oficial.

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Ana Soledad Montero - Universidad de Buenos Aires / Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas

De la estructura a la decisión: definiendo un sujeto político de la enunciación

Es sabido que el Análisis del discurso ha problematizado algunos presupuestos teóricos de la semántica argumentativa propuesta por Ducrot (1984) y Ducrot y Anscombre, (1983), en relación con la necesaria consideración de la dimensión histórica e ideológica constitutivas del sujeto y del sentido. Concebido, en la teoría ducrotiana, exclusivamente como una figura discursiva, según sus críticos el sujeto sería o bien demasiado “pragmático” –en tanto operaría como un estratega o un metteur en scène- o bien demasiado “estructural” –en tanto estaría restringido y “coaccionado” por la lengua (Henry, 1977; Authier-Revuz, 1995; Amossy, 2005; Bres, 2005). El “giro lingüístico”, las teorías de la deconstrucción y el post-estructuralismo, por su parte, han puesto en cuestión la noción de sujeto “sujetado” y determinado por la estructura (económica o ideológica), intentando recomponer la noción de acción política del sujeto (Laclau, 1998). En ese sentido, las nociones de decisión y de acontecimiento aportan una dimensión de disrupción política y de mutación histórica que permite (re)pensar el aspecto “acontecimiental” de la enunciación, aspecto sin duda ya presente en la conceptualización de Ducrot. En este trabajo proponemos pensar, a partir de la semántica del acontecimiento propuesta por Guimarães (2002), las posibles articulaciones entre la semántica argumentativa y las perspectivas post-estructuralistas, en vistas a definir un sujeto político de la enunciación, en tanto figura discursiva determinada, por un lado, por elementos estructurales y dotada, al mismo tiempo, de una cuota de decisión que haga lugar a la acción política.

Ana Paula Martins Alves - Universidade Federal do Ceará Mônica de Souza Serafim - Universidade Federal do Ceará

As vozes no discurso argumentativo em textos de opinião produzidos por alunos do 9º ano do ensino fundamental

Rejeitando concepções de inspirações analógicas, a teoria ducrotiana se insere na Semântica Argumentativa, filiando-se à enunciação benvenistiana e ao estruturalismo suassuriano. Tendo suas raízes em tais pressupostos teóricos, Ducrot concebe que a língua possui, além da função informativa, uma função essencialmente argumentativa (ANSCOMBRE, 1995) e que a argumentação é construída em um plano exclusivamente linguístico. Para o teórico, na significação das palavras, expressões ou enunciados há indicações de valores argumentativos, as escolhas lexicais dos enunciados definem a orientação argumentativa de um discurso, logo, a argumentação é inerente à língua.

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Nesse contexto, segundo a Teoria Polifônica da Enunciação (TPE), situada no âmbito da Teoria da Argumentação na Língua (TAL), o enunciado pode conter uma diversidade de pontos de vista, ou enunciadores. Ducrot (1988) afirma que há no próprio enunciado indicações sobre o(s) autor(es) eventual(ais) da enunciação. Segundo o teórico, percebemos o que o enunciado quer dizer observando os posicionamentos dos enunciadores presentes nele. Assim, é na relação locutor/enunciador, nos posicionamentos assumidos pelo locutor frente aos pontos de vistas colocados em cena através dos enunciadores que surge o sentido do enunciado. Esse posicionamento constitui no próprio sentido do enunciado. Nesse contexto, a argumentação, como um traço constitutivo dos enunciados, é responsável pelos encadeamentos discursivos, articulando entre si enunciados e parágrafos e promovendo a progressão do discurso. Destarte, sob o ponto de vista da TPE, a presente pesquisa tem como escopo investigar as vozes presente no discurso argumentativo em textos de opinião produzidos por estudantes do 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública do município de Fortaleza. Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa do tipo explicativa, de base interpretativa e de caráter descritivo. Os dados foram coletados no 1º semestre de 2012 num contexto de estudo sobre produção textual e contou com a participação de 50 estudantes. Após a exibição do vídeo “Vida Maria” e debate sobre questões levantadas a partir da percepção dos alunos, estes produziram um artigo de opinião sobre educação. A análise dos dados pautou-se nos pressupostos teóricos ducrotianos, focando-se especificamente na TPE. Para tanto, buscamos identificar de que modo as diferentes vozes se imbricam no discurso argumentativo dos alunos do 9º ano do ensino fundamental, bem como identificar o(s) ponto(s) de vista(s), assumido(s) pelo locutor. Acreditamos que o discurso argumentativo nos textos analisados é marcado por vozes das diferentes esferas sociais, haja vista os estudantes participantes estar em processo de construção de identidade.

André Campos Mesquita - Universidade Estadual de Campinas/CAPES Os sentidos da palavra ‘evolução’ na obra A origem das espécies de Charles

Darwin

Esta comunicação tem como objetivo analisar os sentidos da palavra ‘evolução’ na obra A Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural de Charles Darwin. A palavra, que ficou tão associada à teoria darwiniana da origem das espécies por meio da seleção natural, é introduzida apenas na sexta edição da obra, de 1872, tendo já aparecido no interior de sua reflexão em diversas passagens de uma publicação de um ano antes: The descent of man, and selection in relation to sex. Desde a primeira publicação de A Origem das Espécies, em 1859, cada uma de suas edições sofreu diversas modificações, que vão desde a mudança do seu título até a introdução de novos termos, capítulos e ideias bem como a exclusão de parágrafos e estudos inteiros. Na sexta e última edição, ‘evolução’ aparece apenas sete vezes em todo texto: seis em trechos novos e uma em

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um trecho antigo, substituindo o termo ‘descendência com lenta modificação’. A análise proposta será fundamentada na Semântica do Acontecimento, tal como formulada em livro homônimo de Eduardo Guimarães (2002). Para compreender os sentidos da palavra ‘evolução’ dentro da obra, pretende-se analisar o seu funcionamento semântico-enunciativo nessa edição e na relação com as anteriores. Na sexta edição, serão observadas as determinações semânticas que “evolução” recebe nos movimentos textuais de reescrituração, isto é, de redizer da palavra, e de articulação, isto é de contiguidade local (por exemplo, no sintagma ‘teoria da evolução’, em que ‘teoria’ se liga a ‘evolução’, especificando-a). Com base nas edições anteriores, será analisada a substituição de ‘descendência com lenta modificação’ por ‘evolução’ no trecho repetido na sexta edição. Pretende-se, ainda, observar o termo “descendência com lenta modificação”: a) no trecho em que na sexta edição será substituído por ‘evolução’; b) nos outros trechos das edições anteriores; c) em seu aparecimento na sexta edição. Esse conjunto de determinações nos permitirá compreender a direção semântica da mudança, e os sentidos que de fato compõem a designação do termo ‘evolução’ que tem a sua paternidade atribuída a Darwin, mas que de fato, vai aparecer primeiramente na obra de outro autor contemporâneo a Darwin: Herbert Spencer.

André Fernandes - Universidade Estadual de Campinas/CAPES A classe C brasileira: um estudo designativo

Inscritos na perspectiva teórica da Semântica do Acontecimento, procuramos compreender a designação da expressão nominal “classe C” em um corpus de textos de mídia brasileira. Partimos do pressuposto de que o nome opera um processo de identificação do objeto referido e observamos, por meio do gesto interpretativo que analisa a reescrituração textual, o movimento polissêmico que configura a determinação do objeto analítico. O nome classe C, amplamente difundido na/pela mídia, identifica sujeitos por meio de certas determinações e, concomitantemente, dá visibilidade às projeções imaginárias sobre esses sujeitos e sobre aqueles identificados, por meio da estratificação, como pertencentes às outras classes – A, B, D ou E. Dessa maneira, ao mesmo tempo em que olhamos para o modo de significação da expressão nominal classe C, observamos também a normatividade que incide sobre a identificação dos outros nomes de classe. Recortamos, para análise, as reportagens “O sonho começou”, da Revista Istoé, de 11 de agosto de 2008; “C, a classe dominante”, veiculada na revista Veja, de 02 de abril de 2008 e “A classe C vai ao paraíso”, publicada na revista Istoé, de 20 de agosto de 2010. A chamada classe C é, de fato, uma nova classe social? Quais são as determinações enunciativas e discursivas que configuram a caracterização dessa classe? Se considerarmos que o Estado se apropria de enunciações, tanto de domínios especializados, como a Economia e a Sociologia, quanto da mídia, como se constrói a sustentação imaginária da existência de uma classe? Há polissemia na designação de classe C ou os sentidos são homogêneos? Um primeiro olhar analítico nos leva a questionar como os processos enunciativos sobre a palavra realizam a inclusão/exclusão dos sujeitos na sociedade a partir da sua

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identificação em uma dada categoria social, o que implica em pensar o modo como o Estado opera a identificação dos cidadãos, a partir de sua segmentação da sociedade em conjuntos sociológicos, tais como idade, nível de escolarização, raça/etnia ou, para o que nos interessa aqui, classe sócio-econômica. A análise nos revela a presença de determinações que incidem sobre o nome ‘classe C’ e que, por isso, recortam diferentemente o “social”, reduzindo-o ao econômico e/ou ao consumo.

Antonio Messias Nogueira da Silva - Universidade Federal do Pará Interferencias relacionadas con el uso de los marcadores del discurso né?

y tá? en narraciones orales de aprendices brasileños de E/LE Los estudios contrastivos de los marcadores del discurso entre las diferentes lenguas románicas son relativamente recientes. No obstante, los resultados que ya se han obtenido a partir de estos estudios han sido muy relevantes y útiles no solo porque consiguen ofrecernos hallazgos relevantes y relevadores en lo que concierne a las semejanzas y diferencias de los valores semántico-pragmáticos de estas partículas discursivas, sino también porque nos indican qué posibilidades didácticas podrían abrirse dentro de este nuevo enfoque. Así pues, el propósito de este trabajo es plantear un análisis de los usos de los marcadores del discurso né? y tá? del portugués brasileño en las narraciones orales de aprendices brasileños de ELE, con vistas a describir el tipo de interferencia relacionada con los usos equivocados de estos marcadores en este género discursivo oral. Para llevar a cabo este estudio hemos construido un corpus de narraciones orales de estudiantes brasileños de ELE con un nivel B2, residentes en nueve capitales de Brasil, a saber: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Belém, Salvador, Recife, Manaus, Brasília y Florianópolis. Los resultados de este estudio nos han llevado a clasificar los usos equivocados de los marcadores del discurso né? y tá? del portugués brasileño como interferencias interlingüísticas del tipo transferencias de etiqueta. Se trata de una clase de interferencias que se dan cuando el aprendiz brasileño de ELE transfiere directamente de su lengua materna un marcador discursivo cuya forma no existe en español. En definitiva, el objetivo principal de la tipología que proponemos en este estudio es el de facilitar una herramienta útil y práctica que ayude a realizar cuanto antes algunos estudios cualitativos y/o cuantitativos con vistas a obtener una mejor descripción de los diversos tipos de interferencias discursivas relacionadas con el uso de los marcadores del discurso, no sólo en las narraciones orales producidas por los aprendices brasileños de ELE sino también en otros diferentes géneros textuales orales y escritos que elaboran estos aprendices al escribir en español.

Béatrice Turpin - Université de Cergy-Pontoise Inducteurs normatifs et normes sociales dans le discours de presse (le cas

des tsiganes)

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Nous nous proposons d’aborder le rapport entre énonciation et sémantique à partir de ce que nous nommons les inducteurs normatifs de la langue. Nous appelons ici inducteurs des termes qui introduisent dans le discours un contenu normatif. Ils relèvent à la fois de l’énonciation, de l’argumentation et ont valeur d’indice et d’embrayeur. Certains dictionnaires mentionnent la valeur prescriptive de la norme. Cette valeur peut se retrouver dans ces termes inducteurs qui signalent la norme en l’introduisant dans le discours. Nous pouvons ici donner comme exemple les termes de modalités, qu’elles soient déontiques ou appréciatives. Ainsi, Greimas dans « Théorie des modalités » (1976, p. 90-107) a-t-il posé un lien entre modalités et normes sociales en distinguant normes en langue (grammaire), normes juridiques et normes coutumières (codes de politesse, du savoir- vivre…). Il a également rattaché l’étude des modalités à une possible sémiotique des cultures (1976, p. 105). Ces trois formes citées par Greimas ne sont pas limitatives. En langue, la norme n’affecte pas uniquement la syntaxe ; elle est indissociable de la valeur. Elle relève à ce titre aussi du lexique, mais également d’une dimension transphrastique : le sens des termes est toujours social, imprégné d’une idéologie qui constitue l’isotopie d’un discours1 (ce discours pouvant être par ailleurs pluri-isotopique, résultat d’une tension entre normes, du passage de l’une à l’autre). En ce sens, la norme est um présupposé de l’énoncé, sous-jacente au lexique et aux isotopies manifestées. Cette sous-jacence peut renvoyer à des catégories logiques. L’étude linguistique des modalités peut être considérée comme une extrapolation des réflexions des logiciens à propôs du caractère des propositions modales, « indiquant le mode selon lequel le prédicat convient ou ne convient pas au sujet » (TLF, entrée « modalité »), réflexion inaugurée par Thomas d’Aquin dans son traité De modalibus. Partant de ce point de vue, nous essaierons de repérer à travers l’étude de discours de presse d’autres types d’inducteurs de normes. Nous nous proposons ici de voir comment les normes sociales se disent « à la surface » d’un discours à travers l’étude de ces inducteurs normatifs. Nous tenterons de voir comment est mise en discours la norme – ou la contre-norme, et ce que cette mise en discours nous apprend. Le corpus sera constitué de journaux du début du siècle à propos des tsiganes. Cadre théorique et méthodologique : théories de l’argumentation (Ducrot), sémiotique des modalités (Greimas) Corpus analysé : notre étude portera sur quelques journaux du début du XXe siècle, plus particulièrement de l’année 1911 qui a vu l’instauration d’un carnet anthropométrique d’identité pour les populations nomades jugées dangereuses, carnet visant plus particulièrement les Tsiganes, jusqu’à l’année 1920, soit peu après la première guerre mondiale. Résultats attendus : approfondissement de cette notion d’« inducteur normatif » dans une sémantique de l’énonciation.

Beatriz Hall - Universidad de Buenos Aires – Universidad Nacional de Lomas de Zamora

Aldana Ursino - Universidad Nacional de Lomas de Zamora Construcciones subjetivas y manuales universitarios. Análisis de un caso

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Existen numerosas investigaciones que desde distintas perspectivas teóricas se ocupan del llamado discurso académico. En este marco investigativo, se inscribe este trabajo que forma parte de una investigación mayor y que tiene como uno de sus objetivos el de estudiar los distintos modos de decir presentes en los textos que leen los estudiantes universitarios que cursan la carrera de Letras de la Universidad Nacional de Lomas de Zamora, Argentina. Nos ocupamos de estudiar los efectos de sentidos producidos por formulaciones lingüístico-discursivas que dan cuenta de la materialización de los sujetos en el decir de los textos. En este sentido, este trabajo también forma parte de otra investigación, radicada en la UBA. Con este propósito, seguimos los aportes del Análisis del discurso (línea francesa-brasileña), en tanto proponen comprender los procesos de producción de sentido en los que intervienen indisociablemente los momentos de constitución, producción y circulación de los discursos (Orlandi, 2001). En trabajos anteriores (Hall y López, 2010; 2011), hemos analizado las formulaciones que intentan crear efectos de neutralidad. Así, hemos demostrado que, en tanto diluyen la responsabilidad enunciativa (García Negroni, 2008), esas formulaciones son posible fuente de ambigüedad y complejidad, para los estudiantes destinatarios de esos textos. En este trabajo, nos proponemos describir y analizar las formulaciones lingüístico discursivas presentes en distintas partes que conforman un texto con el objetivo de analizar las diferentes posiciones asumidas por los sujetos del discurso. Con este objetivo, del corpus de nuestra investigación hemos seleccionado un manual universitario de Teoría Literaria. Nos ocupamos especialmente de las notas al pie, ya que como afirma Zoppi Fontana (2007), constituyen espacios privilegiados que permiten estudiar lugares enunciativos. De acuerdo con Orlandi comprobamos que, en tanto las notas constituyen un discurso paralelo (Orlandi, 1990), en ese espacio discursivo se construye un emisor y destinatario también paralelos y diferentes en relación con el cuerpo del texto. Nuestro objetivo último es, por un lado, contribuir a la descripción de los llamados manuales universitarios, y por otro demostrar que el estudio de los modos de decir de los textos que leen los estudiantes constituye una herramienta necesaria para acompañarlos en el proceso de alfabetización académica.

Carla Regina Martins Valle - Universidade Federal de Santa Catarina Edair Maria Görski - Universidade Federal de Santa Catarina

Os requisitos de apoio discursivo sabe?, entende?, e não tem? E seu papel no encadeamento do texto/discurso oral

Nas últimas três décadas, pesquisadores (SCHIFFRIN, 1987, 2001; MÜLLER 2005; ORTEGA, 1985; CHODOROWSKA, 1997; PORTOLÉS, 2001; GALUÉ, 2002; NÚÑEZ, 2011; DOSTIE; SÈVE, 1999; ANDERSEN, 2007; URBANO, 1997, 1999, 2006; MARTELOTTA E LEITÃO, 1998; VALLE, 2001; MARTELOTTA, 2004) têm se dedicado à análise de elementos que compõem um subgrupo específico de marcadores discursivos (MDs),

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conhecidos, entre variadas denominações, também como requisitos de apoio discursivo (RADs). A esses itens tem se atribuído majoritariamente funções no plano interacional, voltadas para a relação entre os participantes da conversação. O objetivo do presente estudo é elencar algumas funções dos RADs no plano intratextual, evidenciando o caráter textual/discursivo destes itens e sua atuação na organização do texto/discurso oral. Com tal propósito, foram analisados os itens de origem verbal sabe?, entende? e não tem? em uma amostra composta por 36 entrevistas sociolinguísticas de informantes de Florianópolis/SC que compõe o Banco de Dados VARSUL (Variação Linguística no Sul do Brasil). O estudo foi desenvolvido numa perspectiva sociofuncionalista que articula pressupostos do Funcionalismo Linguístico de vertente norte-americana, especialmente ancorado em Givón (GIVÓN, 1993, 1995, 2001, 2002, 2005) e da Teoria da Variação e Mudança (WEINREICH; LABOV; HEZOG, 1968; LABOV, 1972, 1978, 2001), com foco nos processos e trajetórias de mudança de itens discursivos (HEINE; CLAUDI; HUNNEMEYER, 1991; TRAUGOTT, 1982, 1995, 2010; TRAUGOT; KÖNIG, 1991; HOPPER; TRAUGOTT, 2003). Os itens em questão, multifuncionais por natureza, encontram-se em variação e atuam no plano intratextual como elementos focalizadores, dando relevo a determinadas partes do texto: a) foco no(s) participante(s); b) foco na(s) característica(s) do(s) participante(s); c) foco na avaliação do falante; d) foco na opinião do falante; e) foco na situação acabada; f) foco na situação presente. Além disso, associando a atuação intratextual desses itens a suas trajetórias, foi possível perceber que eles se encontram em estágios diferentes de mudança, sendo sabe? o RAD em estágio mais avançado nesse processo.

Carolina de Paula Machado - Universidade Federal de São Carlos Textualidade e articulação: sentidos produzidos pela conjunção ou

A análise semântica de uma palavra em enunciados que integram um texto, a partir do quadro teórico-metodológico da Semântica do Acontecimento ou Semântica Histórica da Enunciação, envolve observar que outras palavras redizem a palavra analisada no texto, isto é, o procedimento de reescritura. Isto envolve observar outro procedimento, o de articulação que diz respeito à maneira como as palavras se articulam no texto sem que necessariamente ocorra a reescrituração. A articulação e a reescrituração configuram-se como procedimentos que produzem textualidade (Guimarães, 2002, 2007) e isso permite observar quais sentidos se constituem para uma determinada palavra no texto, ou seja, compreende-se que o sentido não é estável ou que esteja estabilizado, mas que se constitui no acontecimento enunciativo. É a partir disso que temos por objetivo analisar o procedimento de articulação realizado através da conjunção ou buscando compreender qual o sentido atribuído à palavra preconceito. Temos então o seguinte enunciado retirado da obra Casa Grande e Senzala, que foi parte do corpus de nossa tese de doutorado: “As crônicas não indicam nenhuma discriminação ou segregação inspirada por preconceito de cor ou de raça contra os índios”. Neste enunciado, especificamente nas expressões discriminação ou segregação e preconceito de cor ou de raça, a questão que se coloca é se há uma relação de

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sinonímia ou não. Isto também coloca em questão a consideração de que a sinonímia seria algo que se define como uma relação de sentido que precede o texto, como uma relação semântica que pode se estabelecer por uma relação referencial, mas não enunciativa. A partir do que podemos observar na análise que realizamos, é preciso pensar a relação sinonímica a partir do funcionamento das palavras no acontecimento enunciativo. Desse modo, observo o funcionamento dessa articulação realizada pela conjunção ou no texto que serviu de objeto de minha análise referido acima, voltando meu olhar para as palavras preconceito, discriminação e segregação, assim como levo em consideração as condições de produção em que a obra foi produzida, ou seja, pensando na constituição do conhecimento sobre a sociedade brasileira no campo científico na primeira metade do século XX.

Cláudia Andrea Rost Snichelotto - Universidade Federal da Fronteira Sul Análise diacrônica do comportamento (multi)funcional de Marcadores

Discursivos derivados de verbos de percepção visual Estudos sincrônicos de Marcadores Discursivos (doravante MDs) são amplamente realizados em diversas línguas, inclusive no Português Brasileiro. A maioria dos autores, por exemplo, Pons Bordería (1998), Waltereit (2002), Waltereit e Detges (2007), entre outros, reconhece que a realização de uma investigação diacrônica permitirá aventar de modo mais consistente o comportamento sincrônico desse tipo de fenômeno discursivo. Porém, porque os MDs têm amplo uso na fala, o registro e a coleta de dados orais de séculos anteriores é praticamente inexistente (WALTEREIT, 2002). Embora cientes da dificuldade de encontrar evidências históricas dos MDs derivados de verbo de percepção visual (olhar e ver), neste estudo, recorremos a peças de teatro escritas por autores catarinenses nos séculos XIX a XX a fim identificar suas formas e seus contextos de uso. Recuamos até o século XIX apenas, porque, em Santa Catarina/Brasil, a imprensa foi introduzida pelo Brigadeiro Jerônimo Francisco Coelho com o jornal “O Catharinense” somente no segundo semestre de 1831. Não obstante, trata-se de uma amostra relativamente estendida no tempo que incorpora dados de diferentes épocas, cuja análise vai permitir verificar indícios do desenvolvimento conjunto e individual das formas em estudo, sob a ótica da mudança semântico-pragmática e categorial por que passaram. Ao todo, considerando-se o ano de nascimento do autor e o ano de publicação das peças, foram investigados 17 textos teatrais (7 do século XIX e 10 do século XX). Dada a natureza discursiva do objeto, nossa hipótese é de que a observação retrospectiva, ao longo de dois séculos (tempo real), do comportamento dos MDs nos fornecerá indícios para sustentar a hipótese de “gramaticalização em andamento”, mais do que a de “mudança em andamento”. Por “gramaticalização em andamento” estamos entendendo o processo de mudança de cada um dos itens. Por “mudança em andamento” estamos nos referindo à possibilidade de substituição de um item/variante por outro. Nesse caso, esperamos encontrar evidências de que os itens se distribuem num continuum funcional que envolve: (i) usos mais concretos em direção aos mais

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abstratos, via funções ideacional/proposicional, interpessoal/interacional e textual; e (ii) graus de envolvimento do falante e do ouvinte, que se refletem nos componentes subjetivo e intersubjetivo. Nesse percurso de mudança, pretendemos identificar também os domínios funcionais em que os MDs possam coexistir como camadas/variantes. Antes de procedermos à análise dos contextos discursivos dos MDs localizados na amostra, dedicamo-nos ao levantamento de seus aspectos formais.

Claudia Freitas Reis – Universidade Estadual de Campinas/CAPES Espaço de enunciação e internet

Apresentaremos neste trabalho uma questão que se insere em um quadro semântico-enunciativo. Será, portanto, uma reflexão que objetivará compreender o(s) sentido(s) em torno da relação que se estabelece entre as palavras que compõem um enunciado que por sua vez integra (cf. Guimarães 2007) um texto. As questões que desenvolverei em minha apresentação estão relacionadas ao meu trabalho de doutoramento, mas já foram de alguma forma, abordadas em outros trabalhos. Propomos uma discussão sobre o conceito de espaço de enunciação, proposto por Guimarães (2002). Tomaremos para esta observação os websites. A partir dos pressupostos teóricos e metodológicos da Semântica do Acontecimento, pretendemos refletir sobre o conceito anteriormente apresentado, articulando-o à forma como a língua circula no site, refletindo sobre os conceitos de falante e de político, próprios da forma como Guimarães conceitua espaço de enunciação. Assim, pensar o espaço de enunciação é necessariamente pensar no funcionamento, circulação e distribuição das línguas; é pensar que este funcionamento não é homogêneo, pelo contrario, é desigual e litigioso. Assim, a partir destas considerações voltaremos nossa atenção para o site, de uma maneira geral, observando como se dá esta problemática na relação com a virtualidade da Internet; quais seriam as especificidades de um espaço enunciativo marcado pela virtualidade? Pensaremos também nas questões de textualidade e do funcionamento enunciativo neste espaço, ou seja, pretendemos refletir de que forma se relaciona a questão do espaço de enunciação, a constituição da textualidade e a Internet. A partir destas questões apresentaremos algumas análises que corroborem nossas considerações. O corpus escolhido para este trabalho será o website da UNESCO, com o qual venho trabalhando em meu doutorado. Consideramos que esta reflexão trará contribuições significativas para os estudos semânticos enunciativos, dado que ainda há poucos trabalhos, dentro da área, em torno das questões semânticas na relação com a linguagem na Internet.

Claudia Mendes Campos - Universidade Federal do Paraná Encadeamentos com o operador além disso: relação entre blocos

semânticos

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O objetivo desta comunicação é dar continuidade à descrição do funcionamento linguístico-discursivo de construções argumentativas com o operador “além disso”, como parte do projeto de pesquisa que vem estudando encadeamentos desse tipo sob a perspectiva da Teoria da Argumentação na Língua. Nessa fase da pesquisa, os resultados alcançados serão repensados à luz da etapa mais recente da referida teoria: a Teoria dos Blocos Semânticos. Partindo de um questionamento da descrição do operador além disso como aditivo (cf. Guimarães, 1987), observei eventuais semelhanças deste operador com “não só... mas também” e com “até mesmo”, ou seja, averiguei se seu funcionamento poderia ser considerado polifônico ou escalar, ainda que com especificidades e, portando, diferenças em relação aos operadores acima mencionados. A hipótese escalar previa que o segundo argumento poderia ser apresentado como mais alto do que o primeiro na escala argumentativa, embora não o mais alto em toda a escala. Essa possibilidade não se sustentou nas análises, porque a escalaridade mostrou-se dependente da interpretação, variando de um leitor para outro. Tampouco se sustentou a hipótese polifônica, segundo a qual o segundo argumento seria apresentado da perspectiva de um enunciador diferente do primeiro, tal como acontece com o não só... mas também... Isto é, há textos polifônicos no corpus, porém não há indícios de que o operador em questão seja o responsável por marcar a polifonia. Foi possível, no entanto, concluir que há certa semelhança com o não só... mas também... Embora seu funcionamento pareça ser de fato centralmente aditivo, os encadeamentos articulados em torno do além disso apresentam a soma dos argumentos como mais forte para a conclusão em jogo do que o primeiro argumento tomado isoladamente, assim como acontece com o não só... mas também... Para fazer essa discussão a partir da Teoria dos Blocos Semânticos, os encadeamentos argumentativos são tomados como enunciados em que o sentido de cada um dos segmentos é definido por sua relação com o outro segmento, de tal forma que argumento e conclusão somente passam a argumento e conclusão no próprio encadeamento. Nesse sentido, comparamos os diferentes argumentos articulados pelo além disso tomando cada um deles na sua relação com a conclusão a ele associada no texto, de maneira a identificar os blocos semânticos em atuação no texto. Com base nessa descrição, foi possível relacionar os diferentes blocos, explicando com mais clareza o funcionamento do operador além disso no texto como um todo.

Cristiane Dall Cortivo - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia O estudo da suposição segundo a Teoria dos Blocos Semânticos

Este trabalho, fruto da tese de doutorado da autora, insere-se no domínio de estudos

da Semântica Linguística. O objetivo principal foi desenvolver um estudo da suposição

do português do Brasil segundo os pressupostos da Teoria da Argumentação na Língua

(ANL) em sua fase atual, a Teoria dos Blocos Semânticos (TBS) desenvolvidas por

Oswald Ducrot, Jean-Claude Anscombre e Marion Carel. Para isso, tomamos como

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referência os estudos relativos à suposição já realizados por Ducrot em diferentes

artigos e capítulos de livros, como Ducrot (1987d; 1987e; 1977b; 1980b) e Carel e Ducrot

(1999). Nesses estudos, os autores partem de uma definição enunciativa de suposição,

segundo a qual um locutor, ao usar a estrutura se p, q, realiza dois atos ilocutórios

sucessivos: um ato ilocutório de suposição, que apresenta o quadro do discurso dentro

do qual o interlocutor deve situar-se, seguido de um ato ilocutório de afirmação ou de

interrogação. Tendo em vista o progresso dos estudos em Semântica Linguística,

consideramos relevante um estudo da suposição que possa situá-la no novo quadro

teórico da ANL. Nesse sentido, a Teoria dos Blocos Semânticos e a Teoria da

Argumentação Polifônica (TAP) vêm ao encontro de nossos objetivos: pela primeira, é

possível apontar os componentes linguísticos mobilizados na construção do seu

sentido e, pela segunda, são explicitados os componentes enunciativos envolvidos no

sentido suposicional. Nossas análises, com base em enunciados retirados de fontes

diversas, tornaram evidente a importância de se considerar como centrais a análise das

relações entre os termos da própria língua, sem recorrer, para isso, a elementos de

outra natureza. Elas mostraram, também, que a suposição mobiliza aspectos

específicos da língua em suas variações, como o tempo verbal e as conjunções que

articulam as orações subordinada e principal que compõem os enunciados, bem como

aspectos enunciativos, como as relações entre locutor e interlocutor, e as garantias dos

conteúdos atribuídos às Pessoas.

Daniel Mazzaro Vilar de Almeida - Universidade Federal de Alfenas Aliás e suas possibilidades para a língua espanhola

Uma breve análise de textos em que se encontra o marcador de língua portuguesa aliás nos permite concluir que existem pelo menos dois contextos em que é usada esta expressão. No primeiro deles, vislumbramos sua atuação como reformulador de retificação, usando a nomenclatura proposta por Portolés (1998), como no exemplo “Foi meu verão inesquecível; aliás, foram dois, pois no ano seguinte eu voltei.”. Outro contexto seria o de digressão, termo usado por Luscher (1994) quando analisa a expressão francesa d’ailleurs, ou de soma sub-reptícia, segundo nomenclatura usada por Koch (1997), como no exemplo “Sabe cada vez mais, contudo, o quanto as autoridades brasileiras são capazes de comprazer-se na arrogância, no disparate e no cinismo. Não governam sem isso, aliás.”. A partir dessas observações preliminares, parece-nos, portanto, que se trata de um marcador polifuncional, de acordo com a teoria de Martín Zorraquino e Portolés (1999), segundo a qual o marcador alcança diferentes nuances ou efeitos de sentido segundo o contexto em que ocorre. Neste trabalho, pretendo analisar as possibilidades de tradução do termo aliás para a língua espanhola. Para tanto, proponho, em um primeiro momento, dois enunciados extraídos de artigos de opinião de um jornal brasileiro e dois de tweets quaisquer

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publicados na rede social twitter.com. Tais enunciados serão dados a seis falantes de língua espanhola como língua estrangeira (nível avançado) e/ou falantes nativos para que façam sua versão nesta língua. Em dois desses enunciados, o marcador será usado no contexto de reformulação e os outros dois, de digressão. Em um segundo momento, serão cotejados os dados obtidos a partir das produções dos falantes de espanhol L1 e LE com a definição teórica que descreve o estado da questão. Entre as críticas mais relevantes, destacamos o já citado capítulo de Martín Zorraquino e Portolés (1999) na Gramática Descriptiva de la Lengua Española. Finalmente, tecerei considerações gerais sobre as possíveis traduções do marcador aliás para a língua espanhola.

Danusa Lopes Bertagnoli - Universidade Estadual de Campinas Eu super acho que... Um estudo sobre a argumentação produzida pela

incidência de super sobre o verbo Neste trabalho apresentamos parte da pesquisa que temos desenvolvido acerca do uso de super como uma unidade autônoma que incide sobre o verbo, produzindo uma orientação argumentativa no enunciado. Não se trata da ocorrência de super como prefixo que se liga ao verbo como em superproteger, mas como uma unidade que ao sofrer um processo de gramaticalização, desprende-se de sua base lexical para funcionar livremente no enunciado - como nos aponta o estudo de Goulart (2011) - podendo inclusive ocorrer após o verbo, contrariando assim a característica fundamental do prefixo. Um dos resultados a que este autor chega é que super parece ser um expletivo atributivo, por ter carga semântica quase nula, mas forte influência pragmática, contribuindo apenas para expressar a carga emocional. Trabalhando em outra perspectiva, propomos que super, ainda que não possa ser classificado em uma categoria gramatical, não tem sua carga semântica quase nula, como afirma Goulart (2011), sendo, pelo contrário, bastante produtivo para a constituição do sentido do enunciado. Mais do que isso, super parece constituir-se como um elemento fundamental na argumentação, funcionando como um modificador argumentativo do verbo (no caso que estamos estudando). Neste sentido, fundamentamos nosso estudo articulando duas abordagens da Semântica Enunciativa que, ainda que sejam bastante próximas, apresentam certas particularidades que as distinguem. Trabalhamos por um lado com os conceitos de modificadores realizantes e desrealizantes propostos por Ducrot (1995) e com o conceito de modificador sobrerrealizante proposto por García Negroni (1999), pois partimos da hipótese de que super funciona como um modificador que pode realizar ou sobrerrealizar um predicado. Articulada à Semântica Argumentativa, trabalhamos também com os conceitos de enunciação, locutor e enunciado propostos pela Semântica do Acontecimento, tal como é trabalhada por Guimarães (2002, 2011). Para nosso estudo, trabalhamos com enunciados retirados de blogs, uma vez que nestes espaços podemos encontrar uma escrita informal, em que super pode aparecer com maior frequência. Procuramos assim apresentar um

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fenômeno que já tem sido estudado sob a ótica da gramaticalização, sob a perspectiva da semântica enunciativa, refletindo sobre como esta forma pode revelar a relação do locutor com aquilo que enuncia.

Denise Durante - Universidade de São Paulo A representação da oralidade como recurso persuasivo na enunciação

publicitária escrita O objetivo principal de nossa pesquisa é analisar o aproveitamento de marcas de oralidade como recurso persuasivo da enunciação em anúncios publicitários. Procuramos demonstrar que, por meio da incorporação dessas marcas, os textos publicitários escritos, para melhor alcançarem objetivos de adesão à mensagem e persuasão dos destinatários, desenvolvem estratégias de simulação ou representação da conversação espontânea. Para verificarmos essa hipótese, a pesquisa apresentará a análise de anúncios publicados recentemente na revista Veja, semanário de maior circulação em nosso país. Para a realização da análise dos textos publicitários, adotamos os postulados teóricos estabelecidos pela Teoria da Enunciação e pela Análise da Conversação, valendo-nos dos estudos desenvolvidos pelo Projeto de Estudo da Norma Linguística Urbana Culta de São Paulo (NURC/SP). Utilizaremos igualmente a concepção interacionista da linguagem, elaborada pela Linguística do Discurso. A Análise do Discurso, em especial os estudos de Charaudeau e Maingueneau, deve servir-nos de suporte teórico para a compreensão dos modos de organização da enunciação no discurso publicitário. Para refletirmos sobre os aspectos persuasivos que alicerçam a publicidade, retomaremos alguns dos conceitos-chave da retórica aristotélica, bem como da Nova Retórica, desenvolvidos nos trabalhos de Perelman e Olbrechts-Tyteca. Com a análise do corpus, intencionamos verificar o processo de representação da oralidade na publicidade impressa, realizado por meio da simulação de identidade espaciotemporal entre o sujeito enunciador e o destinatário. Deveremos considerar também a seleção vocabular aplicada nos anúncios, a qual tende a estar próxima dos usos próprios da oralidade, o que se percebe principalmente pelo emprego de provérbios, gírias e expressões consagradas pelo uso falado e popular. Ademais, desvios em relação à norma padrão deverão ser observados, visto que demonstram a incidência da força de penetração sobre a escrita das mudanças linguísticas que se originam nas práticas discursivas da oralidade.

Elisandra Benedita Szubris - Universidade do Estado do Mato Grosso Cáceres e região: nomes que fazem história

Nesta pesquisa, propomos refletir sobre a constituição dos sentidos dos nomes da cidade de Cáceres, fundada em 1778, e das cidades de Mirassol D'Oeste, São José dos

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Quatro Marcos, Rio Branco, Salto do Céu e Jauru que foram fundadas, na primeira metade do século XX, e que, após a emancipação político-administrativa, passaram a formar a Grande Região de Cáceres-MT. Historicizar o processo de nomeação das cidades que se instalaram nas décadas de 60 e 70 nesse território, nos leva a lugares históricos antigos e recentes, que dispõem de poucos documentos, exceto os atos de criação. O que traria dificuldades para a pesquisa considerando as diferentes determinações sócio- históricas da época em que se deram os nomes, tornou-se um desafio a transpor, tendo em vista que não propomos contar a história das cidades que formam a região de Cáceres, mas como o conceito de nomeação poderá oportunizar trabalhar o memorável dos nomes dessas cidades pelo viés da Semântica do Acontecimento (2002) de Eduardo Guimarães. Analisaremos o movimento de semantização desses nomes, tomando seu funcionamento como um modo de determinação social e histórica que produz sentidos de identidade dessas cidades e de seus habitantes. Tomaremos como materialidade os nomes dessas cidades, por ano de emancipação, para analisar, sob três aspectos: a) o funcionamento morfossintático, considerando que o nome próprio é, na sociedade, uma construção em que as relações morfológicas e sintáticas constituem o nome; b) o funcionamento semântico-enunciativo, pensando a nomeação em relação ao espaço de enunciação e às questões políticas, sociais e históricas que determinaram essas nomeações; c) o memorável no acontecimento dos nomes de cidades, pensando o funcionamento do conjunto de enunciações já realizadas. Com essas análises, mostraremos que o processo de nomeação não é algo que se dá aleatoriamente, há um agenciamento específico da posição sujeito que nomeia, e essas nomeações funcionam a partir de um memorável de enunciações já ditas. Refletir sobre o processo de nomeação das cidades que compõem a Região de Cáceres é compreender a própria história de constituição dessa região e do pertencimento da população a esses novos territórios, que constroem e reconstroem a história do povo, da cidade e do Estado de Mato Grosso.

Elke Beatriz Felix Pena - Instituto Federal Minas Gerais/Universidade Federal de Minas Gerais

Semântica da Enunciação e Ensino de Língua Portuguesa Neste trabalho, pretendemos lançar novos olhares para o ensino de língua portuguesa sob o prisma da Semântica da Enunciação. Ainda percebemos um grande distanciamento entre o que é produzido teoricamente e a prática de professores em sala de aula no que diz respeito a essa perspectiva teórica. Isso limita o olhar do profissional ao trabalhar com a língua e o sentido. Guimarães (2002) afirma que, nos estudos semânticos, é fundamental pensarmos que o que dizemos é construído na e pela linguagem. Para se fazer análise do sentido, é necessário fazer uma análise da enunciação, do acontecimento do dizer, pois o objeto de análise para a Semântica do Acontecimento é o enunciado: “saber o que significa uma forma é dizer como seu funcionamento é parte do processo da constituição do sentido do enunciado.” (p.7).

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Dessa forma, acreditamos que o trabalho com a língua nas escolas deve considerar a análise enunciativa, contemplando os conceitos de sujeito, língua, enunciação, discurso, acontecimento, principalmente. Levar esse conhecimento aos professores é discutir com esses profissionais possibilidades de fazer com que o aluno, sujeito da língua, perceba as relações de sentido estabelecidas entre o que está materializado como estrutura linguística e a instância enunciativa. Para isso, neste texto, demonstramos como surge a Semântica da Enunciação, descrevendo a passagem realizada por Guimarães de uma Semântica da Enunciação para uma Semântica do Acontecimento, apresentando os conceitos de enunciação, memória, acontecimento e cena enunciativa. Após essa explanação, buscamos a relação entre semântica do acontecimento e o ensino em três níveis de análise da língua, consideradas no ensino básico da língua portuguesa: i) a relação de sentido entre palavras, demonstrando o Domínio Semântico de Determinação proposto por Guimarães (2007); ii) as relações observadas a partir da ocupação dos lugares sintáticos, estabelecendo a ligação entre as instâncias orgânicas e enunciativas da língua, como propõe Dias (2002) e, por fim,; iii) o texto, discutindo a questão de leitura e interpretação, através da metodologia trazida por Guimarães (2011) na qual são demonstradas, pela análise de recortes de enunciados, a relação interna no enunciado e dele com os outros enunciados do texto. Com essa explanação, pretendemos mostrar como é importante, e possível, fazer com que os estudos acerca da Semântica da Enunciação façam parte das discussões sobre ensino de língua, trazendo uma contribuição expressiva para o entendimento do que é a língua e como se dão suas relações de sentido.

Fabiana Fernanda Steigenberger - Universidade Federal de São Carlos O lugar do leitor no movimento enunciativo do blog: um discurso sobre a

ortografia Nosso objetivo no presente trabalho é analisar posts em blogs que tratam do Acordo Ortográfico promulgado em 2009, para compreendermos o movimento enunciativo do lugar do leitor ao produzir um discurso sobre a ortografia. Selecionamos posts que apresentam a expressão “acordo ortográfico” para chegarmos ao seu Domínio Semântico de Determinação no ciberespaço. E, consequentemente, delinearmos uma representação da relação entre língua/nação presente na historicidade do Acordo Ortográfico organizado entre Brasil e Portugal. Além de entender, através do papel da língua, a relação entre país colonizador e colonizado. Sabemos que o político está presente na decretação de acordos ortográficos por serem práticas institucionais sobre a língua. Nessa perspectiva, nos propomos a analisar os sentidos da expressão “acordo ortográfico” a partir da questão do político, o qual possibilita entender as especificidades semânticas dessa expressão. Teoricamente embasamo-nos na Semântica do Acontecimento, tal como apresentada por Guimarães (2011), por tratar a constituição dos sentidos no acontecimento da enunciação na sua relação com a história, o social e o político. A expressão aqui em análise é pensada enquanto marcada

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por uma multiplicidade de sentidos, todos inscritos na produção do conhecimento sobre a Língua Portuguesa. Trata-se de uma espessura semântica que envolve a expressão e que representa a história de sentidos constituída ao longo da trajetória da história da nossa língua. Para entendermos esse emaranhado de sentidos selecionamos o conceito analítico de Domínio Semântico de Determinação e seus procedimentos de reescrituração e articulação, uma vez que dão textualidade ao texto. Entendemos reescrituração como o procedimento enunciativo em que um texto rediz insistentemente o que já foi dito fazendo interpretar uma forma como diferente de si. Essas diferentes formas de redizer o dito produzem o sentido. A reescrituração une pontos de um texto com outros do mesmo texto ou, ainda, pontos de um mesmo texto com pontos de outro texto. Esse processo constrói o sentido das palavras e das expressões linguísticas e, conforme Guimarães (2002), “ao se fazer, faz significar algo que não estava significado”. A articulação “diz respeito às relações próprias das contiguidades locais. De como o funcionamento de certas formas afetam outras que elas não redizem” (Guimarães, 2007, p. 88). Ao empregarmos esses procedimentos analíticos pretendemos descrever como a expressão “acordo ortográfico” é significada no ciberespaço e chegar à constituição dos seus sentidos no acontecimento enunciativo.

Fátima Catarina Fernandes - Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

A (re)nomeação de um transexual: argumentação e significação das referências "ele/ela"

Neste trabalho de pesquisa aqui apresentado, tendo como base teórica a Semântica do acontecimento e a Análise do Discurso Francesa, com a qual essa Semântica estabelece diálogos, estudamos como se dá a mudança do prenome de transexual — especificamente de prenome masculino (Agnaldo) para feminino (Ângela) — na argumentação do locutor juiz em um processo jurídico tramitado em 2005, junto ao Juízo de Direito da 2ª. Vara Cível da Comarca de São Carlos, Estado de São Paulo. Convém ressaltar que, nesta pesquisa, defendida em 2008, e integrante do grupo de pesquisas ―A Argumentação no Movimento das Línguas no Espaço de Enunciação em São Carlos: o político no texto jurídico – diferentes pesquisas na linha da Semântica do Acontecimento‖, da UEHPOSOL (Unidade de Pesquisas em Estudos Históricos, Políticos e Sociais da Linguagem) da Universidade Federal de São Carlos, mobilizamos conceitos como cena enunciativa, reescritura, argumentação e político. Buscamos compreender como se dá o processo de identificação do transexual, bem como de sua inclusão no social e para isso, apresentamos recortes em que há deslizamento de sentidos sobre o gênero na argumentação do locutor juiz. Não importa aí a sexualidade, mas a argumentação, no discurso jurídico, para a mudança de prenome. Os recortes são/estão marcados na/pela própria linguagem. Nesse sentido, é possível observar pelas reescrituras, na argumentação do locutor juiz, que ele reescreve o

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conflito, o qual traz a divisão oficial/social para o nome. Logo, o memorável da identidade, segundo a qual o nome identifica e mantém o conflito, está orientando para uma identificação oficial na divisão: feminilidade — nome de homem, e esses deslizes sustentam, também, a argumentação para a mudança de prenome. Consideramos, para tanto, o funcionamento do político na linguagem, uma vez que o sujeito, antes excluído juridicamente pela sociedade, ainda não tinha a legitimação oficial do seu prenome feminino, é incluído pelo Estado enquanto transexual através da mudança do prenome sentenciada favoravelmente pelo juiz. Esse processo jurídico constituiu Jurisprudência, tendo em vista que, na ocasião de sua tramitação, ainda não era prevista em lei a mudança de prenome de transexual sem a prévia cirurgia para adequação de sexo.

Francisco Javier Herrero Ruiz de Loizaga - Universidad Complutense de Madrid

Y todo operador argumentativo ponderativo. Contraste con hasta, incluso y aun

El objetivo de la presente comunicación consiste en el estudio histórico de la formación y desarrollo de la secuencia y todo como operador inclusivo, dentro de la teoría de la gramaticalización. Para dicho estudio partimos de la metodología de la lingüística del corpus, utilizando las bases de datos del la Real Academia (CORDE y CREA) para disponer de un número importante y fiable de ejemplos que permitan establecer el seguimiento y la comparación de los usos en diversos períodos históricos. Observamos cómo, a partir de contextos en que y todo sigue a uno o varios sustantivos o sintagmas nominales con el valor de ‘las demás cosas’, llegará a adquirir el valor de conector aditivo ‘también’ (yo y todo ‘yo también’), que es el único que se documenta con claridad en textos medievales. A finales de la Edad Media y en el siglo XVI, irá adquiriendo un valor inclusivo ponderativo —ya sin necesidad de enlazar con un elemento anterior, pero marcando al que acompaña como elemento más alto de una escala— que le acerca a los valores de aun, hasta, incluso, elementos que han llegado a sus empleos como marcadores inclusivos siguiendo procesos de gramaticalización distintos, y con los que a partir de esta época puede establecerse un contraste en cuanto a los entornos de empleo. Debido a los contextos en que y todo se ha formado, durante mucho tiempo lo hallamos siguiendo sólo a sustantivos, sintagmas nominales o pronombres. A partir del la transición del XVI al XVII, comienza a utilizarse con otro tipos de elementos oracionales: adjetivos, participios, verbos y oraciones completas; y a partir del XIX también acompañando a determinados adjuntos libres que inciden sobre una oración, con un matiz concesivo, empleo también común con el que tienen otros elementos inclusivos de carácter escalar: “incluso enfermo fue a trabajar”, “enfermo y todo, fue a trabajar”. Los resultados del estudio permiten entender el proceso de formación del operador inclusivo y todo, la extensión histórica de sus empleos, establecer sus contextos de aparición y preferencias de uso frente a otros

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operadores de inclusión como hasta, incluso, aun, e indagar sobre algunas de las vías de formación y fijación de los marcadores discursivos.

Guilherme Adorno de Oliveira - Universidade Estadual de Campinas Interface enunciativo-discursiva: possibilidades de análise em vídeo-

campanhas A partir dos princípios teóricos da Semântica do Acontecimento e seus respectivos procedimentos analíticos, propriamente nos estudos de Eduardo Guimarães e Mónica Zoppi-Fontana, com contribuições de dois autores da Análise de Discurso materialista, Michel Pêcheux e Eni Orlandi, delimita-se como material de pesquisa dois vídeos postados no sitio virtual Youtube sobre duas campanhas relativas à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará: “Movimento Gota D’Água!” e “Tempestade em copo d’água?”. O objetivo é analisar a orientação argumentativa na nomeação das duas campanhas e a cena enunciativa do que se representam como conclusões dos audiovisuais. Nesta direção, formula-se a pergunta-guia da análise: tomando como recortes a diretividade da argumentação produzida nos títulos dos vídeos e a cena enunciativa da conclusão representada pelos Locutores destes, como se configura uma relação possível entre o agenciamento enunciativo e o modo de inscrição política dos sujeitos nesta discursividade? É tentando responder a esta pergunta que a Análise de Discurso contribui para pensar o político e a inscrição política dos sujeitos nos diferentes momentos da análise. No primeiro recorte, focaliza-se a relação de integração com os vídeos ao inscreverem um futuro da significação, uma diretividade do dizer, pela retomada intertextual de um memorável possível de um locutor-autor ocupando também um lugar de dizer. Já no segundo recorte, a cena enunciativa é descrita a partir das marcas de modalização e de performatividade. O procedimento analítico avança na medida em que o complexo do agenciamento enunciativo mostra o funcionamento das figuras enunciativas (Locutor, locutor-x e enunciador) suscitadas tanto pelo nome das campanhas, recortando um memorável, como pelos verbos imperativos, marcas linguísticas da performatividade. Todavia, na constituição da discursividade de tal agenciamento, chega-se a uma só formação discursiva. Enquanto os dois recortes possibilitam olhar para a espessura semântica em um acontecimento específico, trabalhar os efeitos do interdiscurso e a constituição da posição-sujeito situa os sujeitos de um discurso em sua determinação histórico-política.

Isabel Cristina Rosa dos Santos - Universidade Estadual de Campinas Prudente de Moraes: palavras iniciais e palavras finais de um chefe de

Estado O pôster proposto apresenta parte de um trabalho de Iniciação Científica financiado pelo CNPq. Fundamentado na Semântica do Acontecimento, busca compreender a

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designação da palavra cidadão na enunciação dos dois primeiros presidentes civis do Brasil: Prudente de Moraes e Campos Sales. O intuito é compreender as especificidades desta palavra fundamental nas Repúblicas Ocidentais modernas na enunciação do Estado brasileiro, neste primeiro momento de governo republicano civil eleito democraticamente. Espera-se compreender as regularidades na especificidade das determinações semânticas de cidadão neste momento da República brasileira, bem como perceber as nuances que as diferenciam na enunciação de um e outro presidente. Esses movimentos podem ajudar a encontrar um lugar de interpretação para o fato de a palavra cidadão, assim como cidadania, como mostra Sheila Elias de Oliveira em Cidadania: história e política de uma palavra (Campinas: Pontes/RG, 2006), não terem tido um trabalho enunciativo expressivo ao longo do século XX, conforme indica a estabilidade semântica nos dicionários de língua nacional neste período, em contraponto aos movimentos que começam a aparecer na lexicografia brasileira no século XXI. No painel que aqui propomos, apresentaremos uma análise das palavras iniciais e finais de nosso primeiro presidente civil, Prudente de Moraes. O corpus consiste no discurso de posse, em 15 de novembro de 1894, e na Mensagem ao Presidente da República Manoel Ferraz de Campos Sales, em 15 de novembro de 1898. A Semântica do Acontecimento considera que sentido da palavra não é fixo, tampouco se reduz a um conceito ou definição; ele se constrói no enunciado, no texto que integra, na relação entre o acontecimento em que funciona e sua memória de enunciações. O modo como a palavra cidadão aparece predicada/determinada nos movimentos textuais de retomada (reescritura) e de contiguidade (articulação) nos permitirão chegar à sua designação. Como resultados preliminares, temos: nos dois textos analisados, a co-ocorrência de ‘cidadão(s)’ e a cognata ‘concidadãos’; ambas designando ora a coletividade dos brasileiros ora grupos e indivíduos. Elas concorrem com outras palavras, que tendem a designar o todo: ‘Pátria’, ‘Brasil’, ‘(todos os) brasileiros’, ‘povo (brasileiro)’. Juntos, esses nomes (e suas predicações) significam uma identidade nacional em construção, na qual o sentido jurídico-político de ‘cidadão(s)/concidadãos’ fica enfraquecido. A palavra ‘República’, que predica indiretamente ‘cidadão(s)’, reiterada várias vezes, tem o seu sentido jurídico-político diluído nas predicações que significam a instabilidade do regime que designa pela necessidade de defesa e manutenção, e, por outro lado, sua instabilidade em sentidos administrativos.

Ivani Cristina Silva Fernandes - Universidade Federal de Santa Maria Relações enunciativas e argumentativas na construção do sujeito

discursivo

Tratados como um problema de ordem textual, em particular de natureza estrutural, como uma questão lógica ou como uma estratégia pragmática discursiva, os estudos sobre a Argumentação revelam sua natureza multidisciplinar e polissêmica. No entanto, em alguns casos, tais trabalhos se negligenciam um aspecto de extrema

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importância: como forma e sentido se entrelaçam para esboçar a imagem de si e a do Outro. Tal aspecto aponta para as junções e disjunções entre Argumentação e Enunciação, uma vez que ambas implicam questionar-se como o sujeito se marca na materialidade linguística, ainda que o façam a partir de conceitos distintos sobre o termo “sujeito” no universo linguístico. A partir desse questionamento, o presente trabalho objetiva refletir sobre os enlaces entre noções enunciativas e argumentativas a partir do texto “Puro Lula, o mais autêntico”, de Roberto Pompeu de Toledo, publicado em 11/08/2010 na revista Veja. Nesse ensaio, observamos como a argumentação se estrutura a partir de uma reflexão sobre o próprio processo argumentativo, esboçando um discurso meta-argumentativo em sua essência. Tal característica permite discutir de que modo se estabelecem a imagem de si e a do Outro, implicando a questão do ethos e da alteridade, em um discurso de natureza meta-argumentativa, a partir de noções teóricas presentes na Linguística da Enunciação e na Retórica, e dos pressupostos metodológicos do Paradigma Indiciário de Ginzburg (1989). Desse modo, acreditamos que essa discussão permite enfocar a importância da materialidade linguística, conjugada aos efeitos de sentido em um discurso argumentativo, como eixo pelo se deveria guiar uma análise sobre os mecanismos persuasivos, o que, por sua vez, implicaria a questão da subjetividade e da construção de imagens discursivas. Esse “tecido discursivo”, cujos fios linguísticos se compõem de noções enunciativas e retóricas, é o âmago das discussões acadêmicas que enfocam a questão da Linguagem no ensino em uma sociedade atual, que se intitula comumente como pós-moderna. Não obstante, muitas vezes, o trabalho com a língua e a linguagem na sala de aula ainda se baseia na análise estrutural dos mecanismos linguísticos textuais vistos isoladamente, sem que se estabeleça uma relação entre esses últimos e as noções enunciativas e discursivas que subjazem no texto.

Ivani Cristina Silva Fernandes - Universidade Federal de Santa Maria Marcadores Discursivos e Enunciação: uma possibilidade de debate sobre

a elaboração discursiva da imagem de si e do Outro

O presente trabalho visa discutir a importância e as especificidades do trabalho analítico e didático sobre os marcadores discursivos em português como língua materna e em espanhol como língua estrangeira para brasileiros. Para esta finalidade, pretendemos analisar um corpus composto por textos do gênero jornalístico, de tendência argumentativa, de alguns dos mais importantes jornais do Brasil, Espanha e Argentina. A partir dessa análise, pretendemos identificar os principais desafios ao enfocar os marcadores discursivos como eixo para refletir sobre questões tais como a construção do ethos e da alteridade em língua materna e estrangeira e as estratégias de persuasão a partir da retórica contrastiva, entre outras.

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Com base na Linguística da Enunciação, área que reúne as principais teorias a partir das quais os pesquisadores refletem sobre fenômenos relacionados à enunciação, como nos trabalhos de Benveniste; e nos estudos pragmáticos e enunciativos sobre os Marcadores do Discurso, representados especialmente por Martín Zorraquino e Portolés, almejamos comentar o papel dos marcadores como guias de determinados efeitos de sentido que influenciam diretamente na construção do ethos e na percepção da alteridade no discurso. Tais construções e percepções podem seguir distintos percursos em língua materna e estrangeira, o que potencializa uma discussão sobre a relação entre forma e sentido na materialidade lingüística, no português e no espanhol. Mais do que tratar-se de um tema restrito à Linguística Textual, em especial aos mecanismos de coesão sequencial, ou aos estudos normativos-funcionais relativos ao emprego de conjunções e locuções afins, a análise sobre os marcadores discursivos propicia refletir sobre de que maneira o sujeito se marca na língua e se instaura no discurso, permitindo que se vislumbre a junção de “forma” e “sentido” em determinada materialidade linguística como eixo para pensar a subjetividade na linguagem. É essencial considerar esse ponto quando pensamos na função do ensino e aprendizagem de uma língua materna ou estrangeira em qualquer nível, em particular quando estão em questão os cursos de Licenciatura que se dedicam à formação de professores de língua.

Janice Helena Chaves Marinho - Universidade Federal de Minas Gerais Gustavo Ximenes Cunha - Universidade Federal de Minas Gerais

Estudo de expressões conectivas numa abordagem modular Apresentamos nesta comunicação um estudo sobre o uso das expressões “quando”, “com efeito” e “seja como for”, a partir da análise de fragmentos de textos em que prevalece o tipo textual argumentativo. Tal análise se realizou com base no Modelo de Análise Modular do discurso (MAM), modelo genebrino para o qual o estudo dos conectores deve estar integrado ao estudo global da complexidade da organização do discurso. O objetivo de nosso trabalho foi investigar a hipótese de que essas expressões funcionam como conectores ou articuladores de texto. Inicialmente apresentamos o MAM e a forma como ele estuda as relações de discurso bem como suas marcas. Admitindo-se que a descrição das relações de discurso é parte importante da análise e interpretação de um texto e que só pode haver uma única e específica relação entre um dado constituinte textual e uma informação contextual, consideramos importante utilizar o MAM, o qual consiste num modelo de análise que define um conjunto de relações genéricas e que provê um instrumento para o cálculo da relação específica que liga cada constituinte textual a uma informação estocada na memória discursiva dos interlocutores. É na consideração da forma de organização relacional do discurso que se desenvolve tal estudo das relações discursivas e dos conectores. A descrição dessa forma de organização é construída a partir da acoplagem entre as informações obtidas com a análise da dimensão hierárquica dos

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textos (artigos de opinião e reportagens) em que essas expressões ocorrem e as informações, de ordem lexical e sintática, relativas às instruções dadas pelos conectores. Em seguida, em primeiro lugar, estudamos o emprego dessas expressões, a fim de identificar as relações genéricas marcadas por elas; e, em segundo lugar, estudamos as relações específicas que elas parecem sinalizar, considerando suas propriedades sintáticas e semânticas e as funções pragmáticas dos seus diferentes usos nos textos. Finalmente, expomos os resultados alcançados até o momento, que sustentam a hipótese de que essas expressões assumem de fato nos textos em que ocorrem função conectiva, atuando como marcas de relações de discurso argumentativas e reformulativas.

Joana Darc Rodrigues da Costa - Universidade Federal de Minas Gerais Algum + nome discreto: uma reflexão sobre os mecanismos enunciativos

subjacentes ao uso da unidade algum no singular

A unidade linguística algum, gramaticalmente definida como um pronome indefinido tem o seu funcionamento explicado a partir dos critérios semânticos, sintáticos e morfológicos. Conforme os manuais normativos (VILELA, 1999; BECHARA, 2001), bem como nas gramáticas descritivas (NEVES, 2000; CASTILHO, 2010), essa unidade semanticamente apresenta um caráter indefinidor de nomes; sintaticamente localiza-se antes do nome atribuindo-lhe indeterminação e sentido vago e morfologicamente trata-se de uma unidade que apresenta flexão de gênero e de número cuja flexão de número resulta de uma escolha do falante em se referir à objetos no singular ou no plural. No entanto, observamos que a sua flexão não resulta simplesmente da escolha do falante em pluralizar o nome que o acompanha. Isto é, as marcas de singular e de plural dessa unidade não correspondem a relação de quantificação no sentido lógico, do tipo: singular – um; plural – mais de um. Pensemos, por exemplo, em uma situação em que uma professora afirma sobre a presença de um único pai na reunião, é mais provável que ela use o determinante um (Um pai veio a reunião) que o determinante algum (Algum pai veio a reunião), contudo, caso ela queira afirma a presença de mais de um pai, ela poderá optar entre um ou outro determinante (Alguns/Uns pais vieram a reunião). Assim, embasando-nos na Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas, proposta por CULIOLI (1990, 1999a, 1999b), para quem a categoria de número resulta não apenas da operação de quantificação, mas também de operação de qualificação ou ainda de operações complexas, aquelas que envolvem quantificação e qualificação, este trabalho busca refletir sobre os mecanismos enunciativos que possibilitam o uso da unidade algum no singular, partindo da hipótese de que o singular dessa unidade não marca uma unicidade, mas atua sobre a qualidade, o reconhecimento da ocorrência e exige mecanismos enunciativos diferentes daqueles exigidos pelo plural, enquanto que o seu plural ao marcar a não unicidade, opera sobre a quantidade indeterminada das ocorrências em questão. Para tanto, propomos uma descrição da

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língua em seu funcionamento partindo de observações sobre enunciados extraídos de artigos de opinião do jornal O Dia e Meio Norte e do Portal Cidade Verde, compreendidos como um agenciamento de formas a partir do qual os mecanismos enunciativos podem ser analisados.

Joanna Wilk-Racięska - Universidad de Silesia Comentarios a las funciones semántico discursivas de todo en el español

paraguayo El objetivo de la ponencia es añadir unos comentarios a la cuestión de la gramaticalización del adverbio todo en la variante paraguaya del español y concretamente, presentar un análisis de las motivaciones de la elección del adverbio todo como representante del dinamismo de la visión lingüística guaraní en esta variante del español. Todo, siendo un término culturalmente independiente puesto que representa una parte de experiencia humana universal que comprende las relaciones fundamentales entre el hombre y su medio ambiente, presenta rasgos muy fuertes que caracterizan al candidato para la gramaticalización, la cual, según algunos estudiosos (M. Velázquez-Castillo, 2005, por ejemplo), ya se ha llevado a cabo. De hecho, tal y como corroboran numerosas evidencias, la variante paraguaya de todo ha sufrido un proceso de cambio semántico-formal como consecuencia de la influencia sustrática del guaraní propiciada por las funciones semántico- pragmáticas que este marcador de totalidad ejerce en español. En nuestra opinión, sin embargo, el proceso de la evolución semántico-discursiva de este marcador no es tan simple como parece a primera vista. Opinamos que, en la etapa actual de su evolución, este vocablo desempeña ante todo el papel de vínculo entre la visión lingüística del mundo del español estándar más estática y moderada, y la dinamicidad amerindia, tan importante que ha buscado modos de expresarse también en el español. Tras analizar brevemente las funciones que este vocablo desempeña en el español peninsular, su estructura conceptual y estos elementos de la visión del mundo guaraní cuyas lexicalizaciones los hablantes de esta lengua consideran indispensables para poder expresarse en una lengua distinta de la suya, y esbozar el proceso de la evolución de todo desde su función de cuantificador universal hasta el aspectual terminativo y de completitud, presentaremos los resultados del análisis de corpus de datos (Corpus de Español de M.Davis, AGLE-Citas, HEMERO.es, prensa paraguaya) que nos llevó a la conclusión arriba presentada. El enfoque metodológico que hemos adoptado ha sido la lingüística cultural (Palmer) basada en la lingüística cognitiva (la óptica langackeriana), la cual hemos enriquecido con la descomposición en conceptos simples (Karolak, Wierzbicka), una herramienta que consideramos indispensable para llevar a cabo un estudio del contacto lingüístico.

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Jocineide Macedo Karim - Universidade do Estado de Mato Grosso Taisir Mahmudo Karim - Universidade do Estado de Mato Grosso

A nomeação de Mato Grosso em “Capítulos da História Colonial” Este texto estuda a designação Mato Grosso na obra de João Capistrano de Abreu: Capítulos de História Colonial (1500 – 1800), publicada em 1907. A análise tem como suporte teórico a Semântica do Acontecimento, de Eduardo Guimarães (2002), que analisa o sentido da linguagem no e pelo estudo da enunciação, o acontecimento. O corpus de análise se constitui de 14 registros em que ocorre a nomeação de Mato Grosso na obra. Os recortes se encontram dispostos em quatro partes: no primeiro capítulo, Antecedentes Indígenas, no IX capítulo intitulado, “O Sertão”, no capítulo X “Formação dos limites” e os últimos recortes estão dispostos no capítulo XI “Três séculos depois”. Nesses recortes na nomeação Mato Grosso se observa a figura enunciativa do locutor-escritor que, na posição de descrever, indica, entre outras questões a descrição do Brasil; a localização de Cuiabá no centro da América do Sul; a rota da compra do guaraná pelas Minas do Cuiabá até o Amazonas; Cuiabá como parte do Mato Grosso; a expedição e rota dos bandeirantes; o assentamento da capital do Mato Grosso; a descrição das grandes florestas e a origem do nome de Mato Grosso, a ampliação do território do Mato Grosso; a imposição das regras de imposto e o regime fiscal; a produção de ouro no Brasil; a questão de limites entre possessões portuguesas e espanholas; a substituição de Mendonça na capitania do Pará pelo governador de Mato Grosso Antônio Rolim de Moura; a demarcação de fronteira; a riqueza das terras de Mato Grosso vistas pelos espanhóis; a ocupação da região de Mato Grosso; a delimitação da região e a relação da capitania de Mato Grosso com o comércio. Nessa análise a enunciação Mato Grosso significa a partir de um lugar que trata de Mato Grosso considerando sua relevância desde sua descoberta a partir das Minas do Cuiabá em 1719, e de sua importância como capitania que consolida uma região. Essa enunciação significou a contribuição de forma direta na geografia política da Colônia 2 Portuguesa na América em relação aos espanhóis como também no fortalecimento da economia da Coroa Portuguesa, principalmente pela grande quantidade de ouro encontrado na região. O avanço dos colonizadores portugueses cada vez mais para o sertão de Mato Grosso que consolida uma nova fronteira entre Portugal e Espanha na América.

Jorge Alberto Molina - Universidade de Santa Cruz do Sul/ Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

Volviendo a la cuestón de los indefinidos y la enunciación En un trabajo del año 1970, cujo título es Los indefinidos y la enunciación, O.Ducrot argumentó contra la posiblidad de analisar la función de los pronombres y adjetivos indefinidos en los mismos términos que Benveniste usó para describir los pronombres

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personales. Esto es, los indefinidos, según Ducrot, no debían ser considerados como marcadores en el enunciado de la subjetividad del enunciador sino que tenían que ser analisados como en la lógica de Frege y de Russell en la cual las expresiones conteniendo indefinidos reciben una interpretación existencial. La argumentación de Ducrot, en aquel trabajo de 1970, se apoyaba, en gran medida, en la obra Referencia y generalidad ,escrita por el lógico inglés P.Geach. El texto de Geach contiene un ataque a la doctrina de la distribución de los términos, aceptada por muchos de los lógicos de la Edad Moderna. Ducrot creyó que existen vínculos entre esa doctrina y la interpretación de los indefinidos como marcadores de subjetividad. En nuestra exposición haremos lo siguiente: en primer lugar presentaremos las razones que parecen hacer plausible una interpretación de los indefinidos como marcadores de la subjetividad de la enunciación. Esas razones provienen (colocándolas en orden decreciente de fuerza) de las dificultades de la intrepretación existencial , del análisis semántico de las anáforas, y de ciertas particularidades del francés y del latín. Em segundo lugar expondremos los argumentos de Ducrot contra esas razones y mostraremos la solución que él dió para la cuestión de los indefinidos. Básicamente ella se apoya en reformular la interpretación existencial ,modificando la interpretación usual del cuantificador existencial. En tercer lugar evaluaremos la solución de Ducrot para la cuestión mostrando algunas de sus limitaciones. Em cuarto lugar presentaremos nuestra propia solución al problema. Por último haremos algunas reflexiones sobre las relaciones entre lógica y linguística y sobre las diferencias entre el análisis semántico de los lógicos y el análisis de los lingüistas.

José Luis Girón Alconchel - Universidad Complutense de Madrid Los marcadores discursivos en la Nueva gramática (2009) de la Real

Academia Española

Esta comunicación se inscribe dentro del eje temático: Reflexiones teóricas sobre la noción de ‘marcador discursivo’, en la modalidad de “presentación oral”. Sus objetivos se identifican con el análisis crítico del concepto de marcador discursivo que desarrolla la Nueva gramática (NGRAE) y las implicaciones teóricas del mismo, ya que, en el fondo, la obra académica nos remite implícitamente a las complejas relaciones de la sintaxis oracional y la sintaxis textual o discursiva. La NGRAE no utiliza el término “marcador del discurso”, sino “conector discursivo”. Ello ya es significativo teóricamente, porque engloba en un solo tipo lo que, desde otras perspectivas (véase, por ejemplo Portolés 1998), se distingue: por un lado, “marcadores conectores” (que, en cierto modo, proyectan las relaciones interoracionales “más allá” y “más arriba” de la oración); por otro, marcadores que dan instrucciones sobre la estructuración del discurso y las relaciones del locutor con sus interlocutores (“estructuradores de la información”, “reformuladores”, “operadores discursivos” y “marcadores de control de contacto”). Además, la NGRAE no reconoce el concepto de “conector discursivo” como una categoría sintáctica, sino textual; considera que su objeto de estudio es la oración, no el

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texto; y, sin embargo, explica el significado textual de los conectores. Los problemas –pero también las perspectivas de investigación– derivados de esta postura se pueden condensar en la siguiente proposición: los conectores son categorías gramaticales de la sintaxis oracional con una función textual –que la misma NGRAE describe–; pero integran un conjunto heterogéneo (adverbios o locuciones adverbiales, interjecciones, grupos preposicionales…) que, sin embargo, está homogeneizado por la común función textual. La NGRAE reconoce que existen categorías gramaticales oracionales cuya función se realiza “más allá” y “más arriba” de la oración, pero, sin embargo, se contiene y se detiene –hasta donde puede– en el umbral del texto. La perspectiva teórico-metodológica que nos parece adecuada para llevar a cabo este análisis crítico es la Gramaticalización y, dentro de ella, las relaciones de Gramaticalización y Lexicalización, otro asunto al que, de una manera más bien implícita, se aproxima la NGRAE en su argumentación. El resultado esperable de esta comunicación es que la perspectiva textual es inherente a la gramática oracional. La sintaxis del texto es distinta de la sintaxis oracional, pero hay puentes que garantizan la intercomunicación entre ellas.

Josiana da Silva - Universidade Federal da Fronteira Sul Estudo contrastivo de dois ou mais marcadores discursivos em uma

mesma língua Românica

Este trabalho tem como objetivo verificar os traços definidores dos marcadores discursivos de atenuação, mais especificamente o subgrupo dos marcadores de opinião, por exemplo, “eu creio”, “eu suponho”, “eu acho”, “eu acredito”, “me parece”, “eu tenho a impressão”, “eu considero”. A amostra será constituída por 24 entrevistas de informantes chapecoenses do Projeto VARSUL (Variação Linguística na Região Sul do Brasil). No refinamento da análise qualitativa, reduziremos a amostra a dois marcadores mais recorrentes, e verificaremos quais competem pela função de opinião, comportando os mesmos traços semânticos-discursivos e em quais contextos atuam como variantes de uma mesma variável. As teorias envolvidas nesta análise são a da Sociolinguística Variacionista, que compreende que os elementos linguísticos, tidos como marcadores, têm sua origem em categorias gramaticais descritas pela gramática tradicional. Porém perdem essa função no discurso, quando seu uso envolve a função atenuadora, por exemplo. E ainda a teoria do Funcionalismo Linguístico, que abarca a noção de gramaticalização, como processo de transição de itens lexicais para preencher funções gramaticais. Assim, partiremos da definição de marcadores de atenuação de Rosa (1992), como marcas da enunciação, que dita que estes são expressões do nível de manifestação pragmática e têm como maior objetivo a preservação da face no contexto interativo de comunicação. Dentro desta perspectiva funcional, encontram-se os marcadores de opinião que, segundo a autora, revelam a incerteza do locutor com relação ao tópico do enunciado. Algumas características

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definidoras dos marcadores de opinião são: a) posicionamentos da unidade discursiva: tanto inicial, intermediária ou final, contribuindo para a substituição entre os vários marcadores de mesmo traço e; b) denominação de “parentéticos” na posição intermediária. Segundo Rosa (1992), nesta última e na posição à direita da unidade discursiva, representam melhor a referência ao saber do locutor enunciador e à avaliação que faz de seus próprios enunciados, com base nesse saber.

Juciane Ferigolo Parcianello - Universidade Federal de Santa Maria Os sentidos de Língua Italiana e a deontologia de seu

funcionamento

Neste trabalho, objetivamos refletir e discutir sobre os sentidos atribuídos às designações língua italiana e dialeto(s) nos textos estatutários da Associação Italiana de Santa Maria, bem como atentar para seus lugares de funcionamento, segundo uma distribuição (desigual) estabelecida pelo espaço de enunciação, tendo como pressuposto teórico a Semântica do Acontecimento (2002), de Eduardo Guimarães. A primeira questão que devemos considerar, a partir de Guimarães (2002), quando tratamos do espaço de enunciação é o seu caráter político. Nessa perspectiva, o falante – que não é um simples usuário da língua – assim como o seu dizer, é determinado por uma deontologia, a “qual organiza e distribui papéis” (p. 18) de modo diferente, “ditando as regras” de quem pode e deve dizer o que em tal o qual situação. No caso da Associação Italiana de Santa Maria - entidade fundada em 1992, na cidade de Santa Maria, com a finalidade de “preservar a cultura trazida pela imigração italiana ao Brasil, em especial, à Quarta Colônia de Imigração Italiana do RS, desde o séc. XIX”, conforme o texto Sobre a AISM (s/d) - observamos uma divisão desigual do espaço em que se insere a língua italiana ensinada nos cursos e a língua italiana falada pelos descendentes de imigrantes da região. Enquanto a primeira é divulgada, valorizada por ser a língua dos grandes poetas e artistas italianos, por ser a língua oficial de onde partiram os antepassados de grande parte dos habitantes de Santa Maria, a segunda, a língua dos imigrantes, sem norma, sem sistematização, um conjunto de dialetos, é relegada à condição de “memorial da imigração”, juntamente com outros elementos, tais como comidas, bebidas, festividades, comemorações típicas, rituais religiosos, jogos, brincadeiras, vestuário e hábitos, em geral. O espaço de enunciação é político, pois distribui à língua italiana oficial da Itália e à língua italiana da imigração parcelas desiguais do real. Do mesmo modo, atribui aos falantes de uma e de outra língua lugares diferenciados, segundo uma deontologia de poder e dever dizer em cada uma delas de acordo com o espaço em que funcionam.

Juliane de Araujo Gonzaga - Universidade Federal de São Carlos La subjectivité énonciative et la constitution d´identités dans le discours

de la revista féministe La vie en rosa

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La question de l’avortment au Québec suscite jusqu’à aujourd’hui des discussions sur sa légalité ainsi que sur les droits des femmes de décider d’avorter. En ce sens, cette recherche a comme objectif de faire l’analyse de l’éditorial de la revue féministe La vie en rose, publié en 1982, en réponse à la lettre antiavortement des évêques, écrite en 1981. Cette revue paraît dans un moment où le message féministe change de ton, c’est-à-dire quand les besoins des femmes s’expriment sur un ton différent d’autrefois. L’un de pricipaux objectifs de cette revue, c’est de rompre avec le ton du féminisme des années 1970 et, surtout, de s’opposer à un féminisme moralisateur et pudique. En considérant la notion d’énonciation, par laquelle le sujet met en oeuvre le langage et s’approprie son discours, ainsi que ses implications dans la production de la subjectivité, on souhaite dans ce travail faire l’analyse de l’éditorial « Le droit à la vie ? » publié dans La vie en rose en mars 1982. En ce sens-là, nos objectifs sont : a) de comprendre comment se constituent certaines identités dans et par ce discours ; b) d’analyser la constitution de la subjectivité et de l’argumentation et c) de décrire et comprendre les rapports de pouvoir qui s’exercent dans et par ce discours. À partir des considérations de Kerbrat-Orecchioni concernant l’énonciation et la subjectivité, nous ferons une analyse discursive afin de comprendre comment l’énonciation contribue à la constitution des identités et de saisir comment la subjectivité produit une argumentation dans ces discours. En outre, nous adopterons les notions d’identité de Stuart Hall et de pouvoir de Michel Foucault pour comprendre comment la constitution des sujets dans le langage et dans le contexte socio-historique de production des énoncés rendent possible la description des relations de pouvoir exercées entre les féministes, l’Église, l’État et les médecins. Cette analyse nous a permis de conclure la production d’identités multiples pour les femmes, dont l’objectif est de faire résistance face au pouvoir d’institutions hégémoniques du Québec.

Juliane Tatsch - Universidade Federal de Santa Maria Língua e discurso nos textos sobre o gaúcho: um modo de enunciar

gauchesco À medida que nos aprofundamos na história e nas relações dos sujeitos com as línguas, verificamos a necessidade de um estudo que demonstre como uma ou mais línguas funcionando no mesmo espaço de enunciação produzem um conjunto de dizeres que constituem uma discursividade sobre o gaúcho. Estes enunciados marcados linguisticamente como do gaúcho enquanto tipo social representante do Rio Grande do Sul são configurados como um discurso sobre o gaúcho, que afirma uma identidade regional, a qual autoriza o gaúcho a estar inserido numa cultura nacional. Enquanto discurso, essas palavras e expressões, funcionando como dizeres, possibilitam recuperar pela língua traços que identificam estes sujeitos como gaúchos, fazendo a inserção de expressões que facilmente são reconhecíveis como dos gaúchos, entre elas: “tchê”, “capaz”, “tu”. Estas situações de contato abrem espaço para a

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investigação de interfaces que estamos constantemente identificando como um modo de enunciar gauchesco. Estes dizeres e expressões reconhecidas como do gaúcho, presentes nos mais diversos discursos, entre eles, o historiográfico, o nativista, o literário, o tradicionalista, trazem representações sociais sobre a língua que falamos. A partir de uma perspectiva linguístico-discursiva, ancorada na Semântica do Acontecimento de Eduardo Guimarães, e levando em conta as marcas identificáveis no interior dos discursos provenientes de elementos culturais, históricos e literários que constituem um discurso sobre o gaúcho neste espaço discursivo, nosso recorte privilegia a linguagem desse sujeito histórico que acabou sendo identificado como o “tipo social ideal” dos pampas. É a partir dessa premissa que nos dedicamos à observação, investigação, confirmação, reformulação e, enfim, descoberta desse complexo modo de enunciar gauchesco atravessado, muitas vezes, pela presença de outra língua, como o espanhol. Desse modo, a análise do processo de enunciação permite destacar, na organização do discurso, marcas que evidenciam a presença de um enunciador gaúcho que se marca na língua pelo uso de palavras e expressões associadas a um sujeito que tem forte relação com a cultura gaúcha, produto de uma condição social. Igualmente, o desenvolvimento da pesquisa nos permitirá um estudo a respeito das práticas linguísticas e culturais a partir de uma perspectiva de que há um modo de enunciar que é identificado como do gaúcho. Diante do exposto, esse trabalho apresenta uma proposta de discutir como essa discursividade constituída sobre o gaúcho através dessas palavras e expressões reconhecidas como do gaúcho, efetiva-se e funciona na forma de um discurso sobre que representa o “ser gaúcho” em um determinado momento sócio-histórico.

Karine Pedroza - Universidade do Estado do Mato Grosso “Vote limpo”: efeitos de sentido das propagandas eleitorais do Tribunal

Superior Eleitoral – TSE Pensando o ano de eleição municipal e a grave situação de ordem ética e moral que acomete a classe política mostrada nos noticiários televisivos envolvendo nomes de figuras ‘ilustres’ do parlamento nacional, definimos como objeto de estudo para esta pesquisa as propagandas veiculadas em rede nacional pelo Tribunal Superior Eleitoral – TSE durante o período que antecede as eleições para prefeitos e vereadores, procurando analisar os efeitos de sentido das propagandas eleitorais enunciadas de lugares oficiais do Estado, as relações de performatividade na enunciação das propagandas, a partir do lugar de dizer da autoridade do Tribunal e o agenciamento enunciativo dos locutores e enunciadores nos textos das propagandas político-eleitorais. Para tanto, utilizaremos os conceitos da Semântica Histórica da Enunciação (Eduardo Guimarães) e da Semântica do Acontecimento (Eduardo Guimarães), para proceder às análises do corpus. O material analítico é constituído de propagandas políticas eleitorais veiculadas pelo TSE, vídeos, a Lei da Ficha Limpa e gravações de entrevista. As propagandas políticas eleitorais deste ano, chamadas de campanha Voto

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Limpo – Eleições 2012 – TSE, foram desenvolvidas pela empresa de publicidade Fabrika Filmes Ltda. A primeira propaganda política eleitoral veiculada na mídia em rede nacional foi o vídeo intitulado Voto Limpo – Eleições 2012 – Mecânico, que rememora a Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar n.º: 135/2010 que altera a Lei Complementar 64/1990), assim como as outras propagandas veiculadas, ou seja, rememora um conjunto de enunciações já realizadas que convivem com o presente da enunciação projetando novas possibilidades de novas enunciações, isto é, o interpretável. Além da propaganda política eleitoral intitulada Voto Limpo – Eleições 2012 – Mecânico, ainda há quatro propagandas que se utilizam de pessoas comuns de nossa sociedade para projetar no imaginário do telespectador que os figurantes representam falantes (locutores) que falam de diferentes lugares sociais que os autorizam a dizer. Cabe ressaltar que a propaganda existe há muito tempo, porém, o que a difere da “comunicação usual” é o objetivo. A propaganda do TSE busca produzir determinados efeitos de sentido no telespectador/leitor, utilizando-se das contradições Ficha Suja X Ficha Limpa, Candidato impedido X Candidato consentido, através das quais se pretende romper pela aplicação e observância à Lei Ficha Limpa. Portanto, pretendemos compreender como as propagandas se significam e significam para o telespectador/eleitor e para o eleitor que não tem acesso à veiculação das propagandas.

Kelly Trapp - Universidade Federal da Fronteira Sul A multifuncionalidade dos Requisitos de Apoio Discursivo de base verbal

no Português Brasileiro

Este trabalho propõe apresentar uma revisão bibliográfica dos Marcadores Discursivos (MDs) inseridos na categoria de Requisitos de Apoio Discursivo (RADs), de base verbal do Português Brasileiro. Os RADs, em sua grande maioria, apresentam-se na forma interrogativa, cujo destaque funcional se deve ao importante papel nas situações de interação interpessoal e textual, no sentido de manter o fluxo da conversa, organização da fala e a harmonia discursiva entre os falantes. Os RADs, segundo Macedo e Silva (1996), além de atuarem como marcadores de ritmo (formas automatizadas), também mantêm o seu papel original de pedir aquiescência do interlocutor. Nesta perspectiva, no presente trabalho, partiremos da classificação dos RADs proposta por Macedo e Silva (1996) e analisaremos a multifuncionalidade desses itens proposta por Urbano (1997), Valle (2001) e Risso (1996), entre outros. A pesquisa realizada por Valle (2001), por exemplo, trata acerca dos itens sabe? não tem? entende?, na comunidade de fala de Florianópolis, a partir do qual podemos compreender a complexidade destes elementos linguísticos, uma vez que a autora constata que os RADs em análise, encontram-se em um estágio inicial de gramaticalização. Nota-se que, para assumir a função de RADs, os itens de origem verbal apresentam um valor semântico estendido para usos interativos e discursivos. Os MDs são importantes elementos linguísticos observados na fala, no entanto, muitas vezes, conforme Freitag

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(2007), são caracterizados equivocadamente como vícios de linguagem, por não estarem recobertos pela prescrição gramatical. Marcuschi (1989) destaca que os Marcadores Conversacionais (MCs) operam como organizadores da interação, articuladores do texto e indicadores de força ilocutória, assumindo aspectos multifuncionais. Urbano (1993) corrobora a ideia ao afirmar que os MCs “são elementos que amarram o texto não só enquanto estrutura verbal cognitiva, mas também enquanto estrutura de interação interpessoal”. Macedo e Silva (1996) afirmam que os MDs estão envolvidos em macrofunções discursivas, tais como, a organização interna do discurso, a manutenção da interação dialógica e o processamento da fala na memória. Diante do exposto, este trabalho delimita-se ao estudo da multifuncionalidade dos RADs de origem verbal, na interação e suas importantes contribuições no que diz respeito à organização interacional e à articulação textual do discurso.

Leila Castro da Silva - Universidade do Estado do Mato Grosso A representação da mulher nos dispositivos jurídicos de proteção contra

a violência doméstico-familiar Com a emancipação relativa da mulher, na segunda metade do século XX, tinha-se a expectativa de que com a conquista de igualdade de direitos sociais, civis e políticos, a violência familiar se reduzisse, no entanto, o que a mídia brasileira impressa e eletrônica vem mostrando é o contrário disso. Continuam as violências físicas, morais e outras formas de violência, diariamente denunciadas, que vitimizam centenas de mulheres e, consequentemente, crianças e jovens de ambos os sexos que constituem o núcleo familiar. Neste trabalho, que é parte de nossa dissertação de mestrado, temos como objetivo observar como a representação da mulher nos dispositivos jurídicos de proteção contra a violência doméstico-familiar vai sendo constituída sócio-historicamente em dois momentos distintos: 1) antes da Lei 11.340/06, conhecida também como Lei Maria da Penha, o jurídico dava tratamento diferenciado para homens e mulheres conforme o Código Civil de 1916, e a partir da Constituição Federal de 1988, iguala os direitos civis das mulheres aos dos homens; 2) com a criação da Lei Maria da Penha, o jurídico cria instrumentos específicos de proteção à mulher contra a violência doméstico-familiar. Para a realização desta pesquisa, fundamentamos nossa análise na Semântica do Acontecimento, de Eduardo Guimarães (2002 2005). Tomamos a categoria temporalidade para analisar a enunciação da Lei Maria da Penha que se constitui porque há um passado de sentidos, como a ausência de uma legislação específica de proteção à mulher contra a violência doméstico-familiar, que significa no presente da formulação dessa lei, que projeta novas possibilidades de a mulher enunciar/denunciar aos órgãos competentes da justiça para se defender de uma eventual agressão física, psicológica ou moral. Entendemos, então, que a ausência de proteção específica à mulher nas leis anteriores significa a presentificação dessa proteção por meio de um dispositivo jurídico, no caso, a Lei 11.340, que possibilita

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novas enunciações, novos sentidos que não cessam de se movimentar pela incompletude da língua. Por outro lado, observamos que se a lei Maria da Penha criminaliza o agressor, o homem, no caso, o efeito de sentido dessa lei tende a apagar a igualdade constitucional de direitos e deveres entre homens e mulheres.

Liliana de Almeida Nascimento Ferraz - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Jorge Viana Santos - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Como se: elemento polifônico em Cartas de Liberdade baianas do século

XIX

Neste trabalho, analisamos funcionamentos semânticos, estabelecidos pelo marcador argumentativo como se em cartas de liberdade baianas do século XIX, integrantes do Corpus DOVIC (Documentos Históricos de Vitória da Conquista – BA e Região Sudoeste da Bahia). Procura-se responder à questão: Como se dá a argumentação constituída pelo funcionamento do como se nas cartas de liberdade? Para tanto, mobilizando pressupostos da Semântica Argumentativa tal como postulada em Ducrot (1984) na Teoria Polifônica da Enunciação, mais especificamente os conceitos de locutor e enunciador, analisa-se um corpus constituído de cinco cartas de alforria extraídas do Dovic, corpus digital com informações textuais dos séculos XIX e XX, coordenado por Santos e Namiuti (2009) com vistas a comprovar a seguinte hipótese: O como se possibilita a veiculação de uma dualidade de sentidos de liberdade/livre que apontam para enunciadores com pontos de vistas opostos. Após a identificação e levantamento das ocorrências, e considerando o referencial teórico revisto, partimos para a descrição e análise semântica dos enunciados que apresentavam o como se como marcador argumentativo. As cartas de liberdade eram, conforme Santos (2008, p. 31), instrumentos legais em que, via de regra, se registrava por escrito a libertação de um escravo. Nas cartas analisadas, encontramos largamente documentados enunciados do tipo “como se fosse livre”, “como se nascesse de ventre livre”, “como se forro nascesse”. De acordo com Santos (2008, p. 49), o escravo com a carta podia gozar do estatuto legal de pessoa, tornando-se, de direito, livre, ou mais propriamente, como demonstram os dados, “como se de ventre livre tivesse nascido”. Com a carta, o escravo tornava-se liberto e, por isso, carregava consigo todas as limitações legais que marcavam essa condição. As análises propostas, ancoradas na Teoria Polifônica da Enunciação de Ducrot (1984), confirmam a hipótese levantada, segundo a qual o como se possibilita, através dos encadeamentos que estabelece, a veiculação de dois sentidos de liberdade/livre tal como pressupostos em Santos (2008): um intransitivo, outro transitivo, conceitos que são simetricamente opostos.

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Luciani Dalmaschio - Universidade Federal de Minas Gerais Predicação dirigida X predicação centrada: a (não) ocupação do lugar de

objeto na perspectiva da semântica da enunciação Esta pesquisa fundamenta-se nos estudos desenvolvidos pela Semântica da Enunciação, a fim de propor um trabalho de análise que se organiza em tono de uma sintaxe de base enunciativa, cujo pressuposto teórico propõe que o funcionamento linguístico é regido pelo plano das formas e o plano da enunciação. Quanto ao primeiro plano, situa-se no limite do material e não funciona de maneira autônoma. Já o segundo, se faz pelo funcionamento da língua, pelo uso efetivo da materialidade linguística em determinado acontecimento enunciativo. Nessa perspectiva, tomamos como objeto específico de análise o lugar sintático “objeto verbal”. Alicerçados no estudo desse fato gramatical e tomando por base um corpus diversificado, trabalhamos com a proposta de que o silêncio sintático apresenta-se como elemento constitutivo do sentido, bem como de que as condições de ocupação são determinadas pelos modos de enunciação específicos e genéricos. Esse estudo também discute as predicações de que os verbos participam, subdividindo-as em: predicações dirigidas, que ocorrem quando são orientadas para um objeto e, predicações centradas, que se realizam quando a direção do sentido é orientada para o verbo. Além disso, propomos uma categorização dessas predicações por meio da construção de um contínuo. Para tanto, tomamos por base a amplitude do domínio referencial que se estabelece por ocasião das possíveis ocupações que são realizadas, a fim de se produzir o efeito de completude dos enunciados. Nesse sentido, analisamos a constituição orgânica do objeto, as condições enunciativas para a ocupação desse lugar, bem como os efeitos de sentido que essa ocupação (ou a ausência dela) proporciona.

Luciene Helena da Silva - Universidade Federal do Ceará Análise da polifonia de locutores no gênero resenha

O presente trabalho pretende investigar o fenômeno da polifonia no gênero Resenha. Assim, analisaremos como o locutor L1 – resenhador – utiliza-se das vozes do locutor L2 - autor da obra resenhada – constituindo-se em uma estratégia de argumentação que visa convencer o leitor. Neste sentido, recorreremos a Teoria da Argumentação na Língua, mais especificamente no que é defendido pela Teoria Polifônica da Enunciação proposta por Oswald Ducrot (1988). De acordo com o autor, sempre que falamos estamos argumentando, estamos tentando convencer o outro. A argumentação está na própria língua, no uso que se faz dela. Ademais, para o autor, o sentido de um enunciado constitui-se a partir da perspectiva de diferentes pontos de vista – os chamados enunciadores. É preciso compreender, de acordo com BARBISAN (2007), que a noção de polifonia para Ducrot compreende a existência de três funções diferentes presentes no enunciado: a do sujeito empírico (autor efetivo do que é produzido), a do locutor (responsável pelo enunciado) e a do enunciador (origem dos

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pontos de vista que o locutor apresenta). É da relação entre locutor (es) e enunciador (es) que se estabelece o sentido de um enunciado e este é, essencialmente, argumentativo. A noção de polifonia, para Ducrot (1987), ocorre tanto nos casos de desdobramento de locutores como de enunciadores. Koch (1984) chama o primeiro caso de polifonia fraca. Partimos, portanto, dessa concepção de polifonia para propor que os locutores – resenhadores – se utilizam de outras vozes – locutores das obras resenhadas – para convencer os leitores a lerem (ou não) as obras. A fundamentação teórica que utilizamos centra-se em DUCROT (1987, 1988), BARBISAN (2007), KOCH (1984), dentre outros. O corpus compõe-se de quatro resenhas selecionadas em site de revista científica eletrônica, publicadas em 2010. Como procedimentos metodológicos, faremos uma análise de trechos em que encontramos claramente a voz de L1, de trechos em que encontramos a voz de L2, de trechos em que se torna difícil diferenciá-las, para em seguida, analisar como esta se constitui em uma ação argumentativa. Nossa hipótese aponta no sentido de que os locutores (L1) apropriam-se das vozes de outros locutores (L2) como estratégia argumentativa, mesclando tais vozes de tal maneira que o leitor terá dificuldades para identificá-las, ou seja, L1 faz uso argumentativo da voz de L2, sendo o efeito pretendido por L1 levar o leitor a ler (ou não) a obra resenhada.

Luiza Helena Oliveira da Silva - Universidade Federal do Tocantins Naiane Vieira dos Reis - Universidade Federal do Tocantins

Entre riso e abatimento, modos de recortar o mundo: análise semiótica da enunciação no gênero editorial

Este trabalho tem como objetivo discutir a enunciação sob a perspectiva semiótica, relacionando-a a questões relativas aos gêneros textuais e implicações para o ensino de leitura. Nesse sentido, incorpora a problemática da tensão individual-social, não tomando-os como elementos que se dicotomizam, mas como constitutivos simultaneamente do gesto enunciativo. Seguindo a orientação bakhtiniana, considerando que os textos se atualizam como gêneros, temos a relativa estabilidade de uma forma, decorrente de recorrências em relação ao estilo, construção composicional e conteúdo temático. Ocorre, contudo, que o que se compreende como recorrência advinda do uso e da estabilidade relativa vai muitas vezes equivocadamente ser traduzido na esfera do ensino de leitura sob uma dimensão normativista e simplificadora, ignorando as atualizações e especificidades de cada textualização e as implicações que dizem respeito à intersubjetividade. A partir dessas questões, analisamos editoriais de duas revistas: “Minha Novela” e “Isto É”. Esses editoriais encontram-se em revistas que pressupõem públicos e interesses bastante distintos, discorrem sobre questões diversas, mas foram publicados no mesmo período (fevereiro de 2013) e se inscrevem como exemplos do mesmo gênero, o que nos permite considerar o gênero na dimensão do uso, sob a dinâmica da intersubjetividade e na enunciação que se apresenta sob diferentes aspectos. Servindo a ethos distintos,

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que confirmam diferentes identidades para as duas publicações, esses dois textos dialogam com os demais textos da página, formando uma totalidade que vai ser considerada na análise dos efeitos de sentido produzidos, incorporando à problemática da enunciação o emprego de fotografias e a relação com outros gêneros, como o da carta dos leitores. A análise, assim, aponta para as especificidades das duas publicações e os pontos em comum que permitem seu pertencimento ao mesmo gênero (editorial de revista semanal), mobilizando categorias relativas à enunciação em Benveniste, segundo sua apropriação pelos estudos da semiótica discursiva. Ao final, o trabalho aponta para a contribuição dos estudos da enunciação para o ensino de leitura na escola.

Manuel LIBENSON - Universidad de Buenos Aires / Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas

Sobre el Locutor-α

Como es sabido en el marco de la semántica de la enunciación, la voz del “SE” designa a uno de los tantos personajes que forman parte del teatro polifónico representado en el enunciado, entre otros protagonistas como el locutor (L) -en tanto responsable de la enunciación-, el locutor como ser del mundo ( ) y el alocutario (Ducrot, 1984). Con el objetivo de definir el estatuto semántico específico del SE enunciativo, Anscombre (1990, 2005) ha planteado la noción de Omni-locutor, categoría que remite a una comunidad lingüística, o sea, un conjunto indeterminado y difuso de personajes de discurso. Al hacerlo, descubre el carácter problemático de este colectivo indeterminado puesto que, en algunas ocasiones, incluye al locutor como uno de los seres que necesariamente comparten las creencias atribuidas a esa comunidad (i.e. tal es el caso de los enunciados genéricos doxales, de la presuposición o el de enunciados que contienen ciertos marcadores epistémicos como “Es bien conocido que x”) pero, sin embargo, en otros casos, el locutor parece quedar excluido de esta voz genérica (i.e. “Se dice que Luis IV era un gran rey pero yo no estoy de acuerdo”). Así, Anscombre llega a la conclusión de la existencia de una “no-unicidad” del locutor-SE (i.e. ON-Locuteur) y, por lo tanto, de la representación de diferentes tipos de “saberes” generalizantes ante los cuales el locutor (L) puede hablar o no y frente a los cuales debe posicionarse de alguna manera. Partiendo de estas observaciones, en esta presentación me propongo caracterizar el estatuto semántico de un tipo de subjetividad específica que surge toda vez que se reproduce un tipo particular de discurso genérico, impersonal e incierto: el Se de los enunciados-rumor. El análisis de tales enunciados se circunscribe, en mi caso, al campo específico de los discursos especulativos que tienen lugar en el ámbito financiero. Para dar cuenta de esta subjetividad enunciativa particular he relevado el funcionamiento polifónico-argumentativo (Ducrot, 1984, 1987) de un conjunto de marcas lingüísticas que permiten identificar las propiedades semánticas del sujeto-reproductor o Locutor-α del enunciado-rumor. Según los resultados del trabajo, la

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presencia del locutor-reproductor del rumor se evidencia, en parte, en el presente deíctico de la reproducción así como en los diferentes tipos de modalización que introduce, tanto sobre la evocación de las citas a cargo del SE como del contenido citado por dicha voz. De ahí que las orientaciones argumentativas que surgen de estos rumores incitativos estén determinadas por las modalizaciones aplicadas por el Locutor-α.

Margarita Borreguero Zuloaga - Universidad Complutense de Madrid

La adquisición de los marcadores del discurso en italiano L2: un estudio transversal

Los estudios adquisicionales en el ámbito de las lenguas románicas no han prestado, por lo general, la necesaria atención a aspectos textuales y pragmáticos tales como las estrategias conversacionales, la estructura informativa y los mecanismos cohesivos. Solo en los últimos años estos fenómenos lingüísticos han sido objeto de un número creciente de investigaciones –muchas veces no realizadas por romanistas, sino por expertos en adquisición– debido tanto al desarrollo que han conocido las aproximaciones teóricas como a las nuevas posibilidades técnicas de recoger y elaborar amplios corpus audiovisuales. Uno de los mecanismos cohesivos que ha ocupado un lugar central en la investigación de los estudiosos que trabajan en la adquisición de L2 ha sido el de los marcadores discursivos (Dimroth/Watorek 2000), ya que su polisemia, multifuncionalidad y movilidad en el interior del enunciado los ha convertido en un objeto de estudio particularmente interesante, como demuestra el ingente número de trabajos descriptivos existente en la mayoría de las lenguas románicas (cf. Fischer 2006, Loureda/Acín 2010). Las ventajas y dificultades que presenta la adquisición de marcadores del discurso de una lengua genéticamente próxima a la lengua materna del aprendiz, como es el caso del italiano y del español que nos ocupa en este estudio, constituye todavía un campo de investigación minoritario, ya que la mayoría de la investigación en la adquisición de lenguas románicas se ha realizado con sujetos cuya L1 no era una lengua románica (Andorno 2005, 2007, 2008; Bardel 2003, 2004; Casula 2005; Ferraris 2004). En el proyecto de investigación que hemos desarrollado durante los últimos 5 años, hemos recogido un corpus audivisual de aprendices españoles de italiano distribuidos en tres niveles (inicial, intermedio y avanzado), en el que hemos analizado las ocurrencias de los marcadores del discurso (Bini/Pernas 2008, Guil et al. 2008, Guil in press). Hemos prestado particular atención a los tipos de marcadores discursivos que aparecen en cada nivel, las funciones discursivas que asumen –tomando como marco teórico un taxonomía funcional de estos elementos (López Serena/Borreguero 2010)– y su contorno prosódico. Nuestro objetivo es presentar los principales resultados de esta investigación, que enumeramos brevemente a continuación: a) los aprendices solo usan un número reducido de marcadores del discurso, si tenemos en cuenta el inventario de estas

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unidades que se encuentra en las producciones de los hablantes nativos; b) este número va aumentando paulatinamente durante el proceso de adquisión, pero un grupo básico de 8-10 marcadores del discurso asume casi el 80% de las funciones interaccionales, metadiscursivas y cognitivas en la conversación, de modo que la adquisición alcanza una fase de estancamiento que ha sido descrita como fosilización (Romero Trillo 2002); c) hemos podido individuar una pauta del proceso adquisicional que privilegia la adquisición léxica de los marcadores del discurso, seguida de la adquisición funcional y finalmente (pero no necesariamente) del contorno prosódico; d) las semejanzas fonéticas entre los marcadores discursivos de ambas lenguas facilitan el proceso de adquisición, pero también favorece fenómenos de transfer; por último, e) la carencia de estos elementos léxicos obliga a los aprendices a recurrir a elementos prosódicos, como el enfásis, fonéticos, como los alargamientos vocálicos, o mímicos para poder realizar determinadas funciones discursivas.

María Constanza Errázuriz Cruz - Pontificia Universidad Católica de Chile

Análisis del uso de los marcadores discursivos de oposición y causalidad en textos argumentativos escritos por estudiantes de pedagogía

En esta investigación se abordaron los problemas de redacción que actualmente tienen los estudiantes de Pedagogía, a partir del análisis del funcionamiento de los marcadores discursivos más y menos frecuentes: de oposición y causalidad respectivamente, en sus textos argumentativos académicos.

Con respecto al objetivo general, este consistió en describir el uso de los marcadores discursivos de oposición y causalidad en textos argumentativos escritos por estudiantes de Pedagogía en relación con la presencia de una dirección argumentativa e inferencial clara en estos.

El corpus escogido fueron 80 ensayos producidos por estudiantes de Pedagogía Básica de la Pontificia Universidad Católica de Chile el año 2011 y tuvo como objetivo evaluar las habilidades argumentativas de los alumnos que ingresan a la universidad. En relación con la metodología, correspondió a un estudio descriptivo y cuantitativo.

Luego de presentar los planteamientos más relevantes sobre la argumentación (Anscombre & Ducrot, 1994; Brockriede, 1993; Marafioti, 1997; Plantin, 2001; Toulmin, 1993; Van Eemeren & Grootendorst, 1984 y Vignaux, 1986) y definir los criterios para considerar la unidad lingüística marcador discursivo (Blakemore, 2002; Ducrot, 1994; Fuentes, 1996; Grice, 1975; Lo Cascio, 1991; Loureda y Acín, 2010; Montolío, 2001; Martín Zorraquino & Portolés, 1999 y Portolés, 1998 y 2010), se describieron los marcadores discursivos de oposición y causalidad. Asimismo, se analizaron la estructura y los componentes de los textos argumentativos en donde operan.

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Posteriormente, se constató la correspondencia entre la adecuación de los marcadores discursivos de oposición y causalidad y la progresión lógica de los ensayos en donde funcionan. En efecto, si bien los marcadores de oposición, especialmente el nexo “pero”, mostraron la más alta frecuencia, también presentaron un alto nivel de inadecuación con el tipo de discurso, la situación de comunicación y la clase de relación que debe establecer entre los enunciados. Asimismo, si bien los marcadores de causalidad no manifestaron inadecuaciones, arrojaron una muy baja frecuencia de aparición, sobre todo, considerando que usualmente tienen una gran relevancia en la argumentación. De este modo, esto permite demostrar que el empleo pertinente de estas partículas en los discursos argumentativos resulta indispensable para la producción de textos coherentes, pues los ensayos con menos marcadores o nexos inapropiados resultaron tener puntajes más bajos en la evaluación sobre su calidad.

Finalmente, se exponen algunas conclusiones sobre la causa de los problemas de utilización de los marcadores de oposición y causalidad en las argumentaciones estudiantiles y posibles planes de acción mejorar esta situación.

Maria Jose Bustos-Fernandez - University of Montana “Subjetividad, enunciación y problematización del “yo” en “Borges y yo”

de Jorge Luis Borges” Los cuentos de Borges abundan en personajes cuya identidad ficcional y lingüística se encuentra problematizada: El tema del traidor y del héroe, La forma de la espada y los Teólogos son algunos ejemplos. En “Borges y yo” el escritor argentino ahonda esta tendencia, esta vez problematizando el estatus del “yo” en el relato. Los estudios que se han hecho sobre esta breve pieza han observado un uso particular del pronombre de primera pero no han indagado y profundizado desde un punto de vista discursivo la problematización de la subjetividad que la dinámica del uso de pronombres (un doble estatuto de la primera persona del singular) genera en el cuento. Este trabajo efectúa una nueva lectura del cuento de Borges bajo los lineamientos de la teoría de la enunciación. Al mismo tiempo evalúa como en esta pieza Borges dinamiza la constitución de la subjetividad en el enunciado (a través de las licencias que la literatura posibilita) proponiendo una subjetividad especular, escurridiza y frágil que se revela en la dinámica entre dos instancias del uso del nombre “Borges”, al que se le agrega aun un tercer nivel, lo cual implicaría un movimiento especular ad infinitum. Este tercer nivel se inaugura en la última línea del relato, en la cual el “ego” , el “yo” de la enunciación se instala por encima de la relación “yo/el” que ha regido toda la narración . Lo hace sin embargo desde la negación “No sé..” y la apertura de un interrogante/apelación “cuál de los dos..” seguido de un marcador deíctico “esta página”. El trabajo intenta al mismo tiempo ir más allá de las relaciones “internas” del texto- triple juego de identidades que como dijimos concluyen en la condición

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especular de la subjetividad que se forma en el texto- para dar cuenta de cómo en la interpelación al interlocutor, que recibe las “instrucciones” de lectura, se apela al sentido del cuento.

María Marta García Negroni - Universidad de Buenos Aires Manuel Libenson - Universidad de Buenos Aires

Esto de, eso de, aquello de y nada de en contraste: propuesta de un continuum polifónico desde significados evidenciales perceptivos a

significados evidenciales citativos El análisis que se presentará busca poner de manifiesto, en primer lugar, el desplazamiento semántico-pragmático que, desde el significado propio de los pronombres neutros con valor deíctico espacial esto, eso y aquello, se produce hacia un significado evidencial perceptivo directo (esto, que…; eso, que…; aquello, que…), y desde allí hacia una interpretación mixta (perceptivo-citativa), o hacia una lectura exclusivamente citativa (esto/eso/aquello de + infinitivo y esto/eso/aquello de que…). Para dar cuenta entonces del continuum que puede establecerse desde la marcación de la evidencialidad directa a la de la evidencialidad indirecta, se realizará un análisis contrastivo entre diferentes pares y ternas de enunciados que contienen estos tres grupos de marcadores. A ese contraste sumaremos el caso de nada de + infinitivo y nada de que…, que, aunque exhibe una estructura sintáctica semejante a esto/eso/aquello de +(infinitivo/que) cristaliza un significado evidencial exclusivamente citativo con una función dialogal (interlocutiva) claramente diferenciada respecto de los otros marcadores. La hipótesis reside en que mientras “esto/eso/aquello de (infinitivo/que)” operan como marcadores ostensivo-evidenciales que ponen de manifiesto el carácter compartido del argumento-evidencia que el locutor trae a escena para enriquecerlo con argumentaciones o contraargumentaciones propias, “nada de” se especializa en introducir o bien una enunciación completa ajena, o bien un punto de vista atribuido a un discurso ajeno, que el locutor refuta para así clausurar toda posibilidad de enriquecer discursivamente el argumento citado. En segundo lugar, buscaremos explicitar que las diferencias semánticas en este continuum de significados evidenciales tienen relación necesaria con la especificidad de las instrucciones polifónicas contenidas en cada uno de los marcadores. Esto significa que su empleo contribuye a representar semánticamente una situación x como surgida de cierto tipo de evidencia z, al mismo tiempo que pone en escena diferentes perspectivas (puntos de vista) y posicionamientos subjetivos a partir de los cuales dicha evidencia aparece observada por el sujeto de la enunciación (el locutor) en el discurso.

María Marta García Negroni - Universidad de Buenos Aires Sibylle Sauerwein Spinola - Universidad de Paris Diderot

Marqueurs de discours et distanciation : une étude contrastive de

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peut-être, capaz et por ahi

Le marqueur peut-être du français permet globalement d’introduire deux types de distanciation de la part du locuteur vis-à-vis de son discours. D’une part, celle-ci peut consister en l’atténuation de l’acte de langage du locuteur, ce qui entraîne des effets spécifiques sur la construction de son ethos ; de l’autre, elle peut être l’expression de la mise à l’écart plus ou moins radicale d’un certain point de vue que le locuteur évoque au cours de son énonciation. Quant à l’espagnol, cinq marqueurs peuvent constituer des équivalents du peut-être à fonction atténuative. Il s’agit de quizás, tal vez, a lo mejor, capaz et por ahi. Pour ce qui est, en revanche, de l’expression de la mise à l’écart du point de vue introduit, l’espagnol fait plutôt appel à d’autres procédés linguistiques. Dans cette contribution, nous nous proposons de décrire le fonctionnement sémantique de ces divers emplois de peut-être et de deux de ses possibles traductions : nous nous limiterons à capaz et por ahi, deux marqueurs typiques de l’espagnol américain et surtout rioplatense. L’étude s’insère dans le cadre théorique d’une sémantique argumentative et polyphonique. Nos analyses seront fondées sur un corpus de discours aussi bien dialogaux que monologaux, que ce soit pour le français ou pour l’espagnol. Selon notre hypothèse de départ, le marqueur peut-être sert à signaler la mise à distance d’un point de vue qui n’est donc pas pleinement pris en charge par le locuteur. Ce mécanisme général débouche sur plusieurs valeurs différentes, valeurs qui vont de l’atténuation (d’une affirmation, d’une critique, d’un ordre, par exemple), en passant par la simple mise à l’écart, à l’attribution à autrui du point de vue introduit. Les marqueurs espagnols, quant à eux, semblent spécialisés dans l’expression de l’atténuation, celle-ci pouvant être plus ou moins forte selon que le point de vue est introduit ou non par la conjonction que, selon que le mode verbal est l’indicatif ou le subjonctif. Dans tous les cas, et pour montrer ces différentes valeurs véhiculées par peut-être, en français, capaz et por ahi, en espagnol, nous tiendrons compte des données syntaxiques concernant leur positionnement dans la phrase et dans le dialogue. En ce qui concerne la valeur de peut-être correspondant à l’indication de l’attribution du point de vue à autrui, ce sera le futur évidentiel qui sera proposé comme possible équivalent ou bien l’un des marqueurs suivi de es cierto que (por ahi es cierto que/ capaz es cierto que).

Maria Martins da Silva Mágio - Universidade do Estado do Mato Grosso Neuza B. S. Zattar - Universidade do Estado do Mato Grosso

A prorrogação da piracema: uma análise semântico-enunciativa

Cáceres é um município do Estado de Mato Grosso conhecido como Portal do Pantanal, título que reporta à tradição pesqueira da região. É uma cidade que nasceu às margens do rio Paraguai, e traz na sua história o memorável do que já foi dito sobre as atividades

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pesqueiras tradicionais e profissionais de seu povo. É nesse espaço que propomos analisar como a expressão a prorrogação da piracema se significa na liminar judicial, expedida em 28/02/2009, na perspectiva dos estudos desenvolvidos por Eduardo Guimarães (2002 e 2005), na Semântica do Acontecimento. O período da piracema é determinada pela Secretaria do Meio Ambiente-SEMA, como o período de defeso, em que acontecem as reproduções das espécies de peixes todos os anos entre os meses de novembro a fevereiro. Assim, tomamos como recorte analítico um recorte de uma matéria jornalística que circulou na mídia mato-grossense em março de 2009, e que trata da liminar sobre a prorrogação da piracema expedida pelo juiz federal Raphael Cazelli de Almeida Carvalho, que justificou a medida tendo em vista a escassez de chuvas e afirmando, ainda, que tal medida deverá estender-se a todo o Estado de Mato Grosso. Esse acontecimento de linguagem foi um marco na história da cidade de Cáceres, para alguns cidadãos a prorrogação da piracema significou um ato jurídico em defesa da reprodução das espécies, no entanto, para outros cidadãos que dependem exclusivamente das atividades pesqueiras, produziu efeitos negativos. Na cena enunciativa da matéria jornalística, o Locutor é o que enuncia e ao ser predicado pelo lugar social de jornalista, ele passa a assumir o lugar de locutor-x ou locutor-jornalista.

Mariângela P. G Joanilho - Universidade Estadual de Londrina Um lugar de enunciação para a ciência: Girard de Rialle e o Transformismo

em Lingüística

No início da primeira quinzena do mês de maio de 1875 foi publicada, no jornal A Provincia de São Paulo, a tradução de um artigo assinado por um francês, Girard de Rialle, e intitulado O transformismo em lingüística. A publicação de um artigo dessa natureza faz-nos pensar na seguinte hipótese, bastante genérica e provisória: o texto aparece transcrito diríamos que, talvez, mais pelo fato de trazer as ideias e conceitos do pensamento evolucionista, do que por suas preocupações específicas com a linguagem. Assim, da publicação de O transformismo em lingüística, de Girard de Rialle, pode-se inicialmente dizer o que segue. É um artigo produzido por um naturalista francês – (Julien) Girard de Rialle, cujo trabalho estava direcionado para estudos antropológicos e culturais. Em termos gerais, o autor enumera no texto uma série de argumentos a favor da “adesão” à teoria transformista de Darwin nos estudos da “filosofia da linguagem” e aponta para a falta de cientificidade da pesquisa que não a leva em conta. Faz isso: a) por meio da aproximação dos resultados de estudos de vários autores contemporâneos seus (A. Schleicher, Max Muller, Whitney, Jorge Darwin, Bateman, Ferrière), cujos trabalhos foram publicados entre 1859/1860, 1873 e 1875, em periódicos norte-americanos, alemães e franceses, ou como obras completas b) colocando-se, em alguns momentos do texto, sempre como “favorável” aos estudos transformistas da linguagem. Estamos diante de um modo de significação dos sentidos da linguagem e das línguas naturais que produz deslocamentos interessantes para a distribuição de palavras e a configuração dos sentidos, nas enunciações dos sentidos

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de língua. Nosso interesse é então mostrar como se dá a designação de linguística/língua a partir de uma presença interessante neste artigo - o enunciado metafórico que define a “língua como um organismo vivo”. No caso das ciências da linguagem, o ineditismo deste estudo se revela, portanto, na forma como produz uma compreensão da própria ciência e nas redes semânticas que inaugura para as textualizações sobre as relações entre o sujeito, a ciência e o Estado, marcando as vozes de um tempo em que se relaciona progresso, instrução e civilidade.

Massilia Maria Lira Dias - Universidade Federal do Ceará Interfaz en el comportamiento discursivo de los conectores Pero

(español) y mas (portugués)

El estudio de los marcadores del discurso revela que son varias las perspectivas metodológicas desde las que se investigan el comportamiento discursivo de estas unidades. En este estudio pretendemos analizar uno de los procedimientos lingüísticos de cohesión de que dispone la lengua para reforzar la coherencia de un texto: la relación entre enunciados mediante conectores, una subclase de marcadores del discurso que se especializa en marcar la relación argumentativa que existe entre los enunciados de un texto, guían la forma en que articulamos la información y nos proporcionan instrucciones que permiten a los demás entender nuestra argumentación. En virtud de los diferentes tipos de conectores y de relaciones argumentativas que éstos establecen en el discurso (causas, consecuencias, justificaciones, concesiones, oposiciones, rectificaciones, etc) esa investigación se ha centrado en el análisis semántico-pragmático de dos conectores prototípicos de la relación argumentativa de oposición, el conector “pero” del español[ES] y “mas” del portugués[PT]. Como marco teórico para el análisis de dichas unidades, nos apoyamos en los conceptos de la Teoría de la Argumentación en la Lengua elaborada por Jean Claude Anscombre y Oswald Ducrot, que se han revelado más productivos para el análisis de los conectores opositivos: la “orientación argumentativa” y la “fuerza argumentativa”, y en las aportaciones de la Teoría de la Relevancia, formulada por Dan Sperber y Deirdre Wilson, especialmente, en relación con el tipo de significado “procedimental” de los conectores. Para el análisis de esos dos conectores hemos seleccionado dos corpora textuales de referencia, uno en lengua española y otro en lengua portuguesa, textos del género cartas, escritos, el primero, por lectores del periódico El País, de España -corpus seleccionado por Domínguez García (2002)-, y el segundo, de la Revista Veja, de Brasil –corpus seleccionado por Lira Días (2010). La homogeneidad del género nos ha permitido indicar, de cierto modo, que las conclusiones obtenidas a partir de ese análisis son rigurosas y definitivas para ese género. La interface en el análisis contrastivo del comportamiento discursivo de los conectores pero[ES] y mas[PT]”, nos ha permitido identificar similitudes semántico-pragmáticas en el comportamiento discursivo de esos elementos, tanto en lo que concierne a su valor genérico de contraargumentación como en la asignación de

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valores metadiscursivos, además de revelar patrones retóricos semejantes en esas dos lenguas, especialmente, cuando el escritor busca en su argumentación anticipar y guiar la interpretación del lector.

Miguel Ángel Zamorano - Universidade Federal do Rio de Janeiro Autentificación, una estrategia de enunciación de la semántica ficcional

de mundos posibles En la presente comunicación se partirá de la semántica ficcional de los mundos posibles de Lubomir Doležel (1999), que se asienta en una suposición ontológica básica, la cual afirma que existir realmente es existir independientemente de la representación semiótica; mientras que existir ficcionalmente significa existir como un posible construido por medios semióticos. Para este teórico el poder del texto para conceder existencia ficcional se explica por el procedimiento de autenticación y se expresa formalmente por la función intensional. La hipótesis de esta teoría afirma que comprender esta función implica responder a dos preguntas. La primera, qué rasgos globales regulan la función de la autenticación. Y la segunda, cómo afectan a la existencia ficcional. Expondremos los principales rasgos que regulan esta función: 1) la idea de construcción de mundos como fuerza performativa; 2) la clasificación de mundos con estructura diádica frente a mundos con estructura monádica; 3) la interacción entre hechos ficcionales versus dominio virtual (dominio de posibles no autenticados) y su relación con la idea de profundidad ontológica; 4) la focalización hipotética; y 5) la fuerza de autenticación, así como las formas de subvertir esta fuerza. En lugar de los habituales textos narrativos con que se acostumbra ilustrar los procedimientos de autenticación, tomaremos en esta ocasión textos teatrales. Se analizarán las estrategias de enunciación y los procesos de autenticación de Pic-nic, una de las primeras obras del dramaturgo español Fernando Arrabal, y se aludirá a ejemplos de otros textos teatrales (Juan Mayorga, Griselda Gambaro), con el fin de evaluar su potencial como teoría explicativa en esta clase de textos y su capacidad para establecer los accesos entre mundos ficcionales y mundo real. Se considerarán exclusivamente los procesos de autenticación que, con los de saturación, son constitutivos de todo texto ficcional. Tales procesos se tomarán como estrategias de enunciación reguladas y responsables por la textura de cada obra en particular.

Óscar Loureda - Universidad de Heidelberg El análisis experimental de las partículas discusivas

En el ámbito de la comunicación ostensivo-inferencial ni se da una descodificación automática ni existe una heurística perfecta. Si los enunciados son sometidos a

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cómputos inferenciales, entonces es natural que haya expresiones idiomáticas que restrinjan esas operaciones. Estas restricciones guiarían al oyente/lector hacia los efectos esperados y le ahorrarían esfuerzo de procesamiento (Blakemore 1997: 95). Las expresiones que guían la interpretación de las unidades con significado representacional son, como es sabido, las partículas discursivas (Portolés 2004). No son unidades “obligatorias”, sino índices intencionales, por lo que parece plausible que constituyan en la comprensión y en la producción textual un foco de atención singular. Esta es una hipótesis contrastada con numerosos trabajos descriptivos. Una vía auxiliar de la descriptiva es la experimental. Las pruebas experimentales de carácter psicológico resultan una herramienta útil para comprobar reacciones (“costes de procesamiento”) a estímulos dados (textos). Desde este punto de vista, la hipótesis del párrafo anterior, ahora reformulada más concretamente como “las particulas discursivas restringen de forma determinante los cómputos que realiza la mente”, debe ser verificada con datos obtenidos de la observación de la conducta real de los hablantes en situaciones controladas. Frente a los abundantes datos de la lingüística descriptiva, los resultados de la pragmática experimental y de la psicolingüística en relación con las partículas discursivas son más bien escasos. De ahí que en el proyecto “Marcadores del discurso y cognición” de la Universidad de Heidelberg tengamos como objetivo medir experimentalmente la atención que las partículas discursivas exigen por parte del hablante, tanto en la comprensión de lo leído/oído como en la producción (sobre todo en procesos de traslación de planificación baja). El interés que merecen las partículas desde el punto experimental está más justificado, si cabe, en la medida en que estas unidades “han sido antes otra cosa” (Briz, DPDE) (esto es, al gramaticalizarse han pasado de representar a dar instrucciones de procesamiento) y tienen una función en la comunicación más allá de la sintaxis supraoracional. Son, por ello, un banco de pruebas único para comprobar los modelos psicolingüísticos de comprensión de la palabra y de la “sintaxis” del enunciado, más allá de modelos centrados en la palabra y en la frase como hecho de lengua, y constituyen un argumento fuerte para justificar, como se insiste desde estudios relevantistas, que en el procesamiento de la información las inferencias no son contenidos periféricos de lo dicho, sino, al contrario, contenidos centrales. En esta comunicación queremos presentar someramente las hipotesis, los métodos y los resultados de un proyecto que pretende, en el fondo responder a una cuestión muy sencilla: ¿puede medirse cuánto (y cómo) condicionan las partículas discursivas en la comprensión de lo que se nos dice?

Patrícia de Brito Rocha - Universidade Federal de Uberlândia Pela construção da noção de agenciamento na perspectiva da teoria

enunciativa benvenistiana: da língua à enunciação Este trabalho intenta realizar algumas reflexões sobre os desdobramentos do entendimento do conceito de língua na teoria enunciativa de Émile Benveniste(

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perspectiva teórica que a sustenta), ressaltando a necessidade de compreendê-la para a visada teórica da noção de agenciamento. Tendo em vista esta preocupação, inicialmente, discute-se a importância exercida pelo conceito de língua na teoria benvenistiana que, em certo sentido, aceita as exigências de cunho metodológico ora (pro)postas pelo precursor da Linguística Moderna. Diferentemente, da vertente saussuriana, porém, aponta-se que Benveniste concebe a língua em relação à compreensão do uso da linguagem, elegendo a enunciação como foco. Assim, pode-se dizer que o pensamento benvenistiano tem sua teorização enraizada no pensamento de Saussure, mas se expande a partir de uma discussão particular, para a qual a oposição língua e fala não seria produtiva, uma vez que sua grande questão repousa sobre a forma e o sentido – este último, por vezes, deixado de lado pelos seus predecessores e contemporâneos. Em razão disso, procura-se aqui, em primeira instância, discutir, mesmo que suscintamente, qual a importância desse binômio para a teorização de Benveniste; além disso, problematiza-se a sua teorização sobre plano semiótico e plano semântico da língua, buscando (re)conhecer no batimento entre os dois planos - mas, principalmente, no plano semântico - as singularidades de um processo de leitura, cujo lugar ocupado pelo locutor é de primordial importância. Isso se dá visto que a compreensão das noções de forma e de sentido sob o enfoque plano semântico é de um grau maior de complexidade que as do plano semiótico, vista a relação dicotomizante entre elas se rarefazer se vistas em relação àquele plano. Portanto, o sentido no plano semântico, então, é algo pontual, uma vez que se realiza em uma forma específica, a saber: o sintagma; como consequência tem-se que a forma nesse plano da língua se refere à organização sintagmática. Em síntese, o sentido só se realiza na língua por meio da escolha das palavras, por sua organização sintática, pela ação que exercem umas sobre as outras (cf. Benveniste), enfim pelo agenciamento. Com a finalidade de melhor visualizar esse movimento, analisa-se algumas piadas cujo tom humorístico é dado pelas possibilidades de diferentes agenciamentos de palavras e∕ou sintagmas que a constituem.

Patricia Hernández - Universidad de Buenos Aires Laura Miñones - Universidad de Buenos Aires

Ordenamiento discursivo y subjetivización: el caso de ‘en última instancia’ y ‘de última’

El presente trabajo propone una caracterización de dos marcadores de empleo corriente en el español rioplatense, en última instancia y de última, formas sin descripción sistemática en la literatura de especialidad. Nuestro estudio se propone diferenciar ambas expresiones por contraste entre los extremos del continuum ordinal: en última instancia vs en primera instancia y de última vs de primera integrando los aportes de la teoría de la gramaticalización (Traugott 1995, Traugott & Dasher 2002, Brinton & Traugott 2005). A partir de un análisis contextual de usos en Argentina (corpus CREA), se observará la diferencia de fijación discursiva de los

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marcadores en última instancia y de última y se propondrá una caracterización de su comportamiento semántico-pragmático atendiendo, entre otros criterios, al semantismo de sus componentes léxicos: así, el empleo del ordinal última, que exhibe afinidad con los ordenadores de cierre (Martín Zorraquino y Portolés Lázaro 1999), evoluciona desde la indicación de término final de una sucesión y adquiere matiz evaluativo. Por su parte, el lexema instancia, que denota ‘grado jurisdiccional’, extiende su sentido inicial de ‘tribunal competente’ e irradia hacia la justificación de lo enunciado en el discurso. En su empleo como partícula, en última instancia, sugiere ‘un último recurso’ (“En última instancia, cuando un hombre ignora su destino le queda la esperanza de buscar a Dios”) y, evocando la decisión de un tribunal sin posibilidad de apelación (compárese con en primera instancia), remite a un argumento ‘inapelable’ que el hablante subjetiviza y presenta como definitorio (“En última instancia, el problema fundamental de las personas es que realmente no le encuentran sentido a sus vidas”). Como marcador, la secuencia de última, de empleo informal y menor fijación, exhibe semejanzas con ciertos rasgos de en última instancia: (i) indicación de recurso extremo ante una situación comprometida (“Cuando hablás, el que te escucha se da cuenta si dormías. El mensaje lo abrís y contestás cuando querés y, de última, podés decir: uy, no lo vi, perdón”); (ii) indicación de argumento definitorio. (“El tipo habrá estado algo acomodado con el gobierno, pero de última casi todos los artistas tienen que estar acomodados con el poder”). No resulta ajena a la diferenciación de ambos marcadores la variación preposicional

(en/de) que se registra en otras unidades lingüísticas (en/de todas maneras, en/de

conformidad con, etc.) y parecería poner de manifiesto una progresión hacia la

abstracción, hipótesis a confirmar en posteriores profundizaciones de esta primera

aproximación.

Pedro Adrião da Silva Júnior - Universidade do Estado do Rio grande do Norte

Yordanys González Luque - Universidad de Salamanca Los marcadores discursivos: análisis del marcador bueno en textos de

alumnos brasileños El estudio de los marcadores discursivos ha adquirido importancia a partir del interés por determinados aspectos de la lengua en un marco más amplio que el puramente oracional, sobre todo los que se refieren al discurso y a los fenómenos desarrollados desde una dimensión textual o supraoracional (SÁNCHEZ, 2002). Probablemente, los marcadores discursivos ya se habían identificados desde los estudios realizados por Gaya (1943), que los reúne dentro de los “enlaces extraoracionales” y señala algunos de sus rasgos esenciales: a) vinculación con nociones externas a la relación de predicación oracional; b) su carácter invariable; c) la heterogeneidad de su

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identidad categorial (conjunciones, frases conjuntivas, interjecciones, etc.); d) la versatilidad distribucional de muchos de ellos (ocupan la posición inicial, medial o final del miembro discursivo en el que comparecen). Objetivos: Este artículo intenta analizar, señalar, describir y justificar, a través del análisis de textos de alumnos brasileños de la Licenciatura en Lengua Española de la Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, el uso del marcador bueno. También pretendemos reconocer las estrategias que suelen utilizar los alumnos para comunicarse en la lengua extranjera, en este caso, la española. Aspectos teórico-metodológicos: Este artículo se basa en el análisis de errores de la interlengua de estudiantes brasileños aprendices de español. Es una investigación del tipo cualitativo y descriptivo. Hemos analizado 160 textos de diferentes tipologías, con el fin de contrastar las estructuras de las dos lenguas en estudio, el portugués (lengua materna) y el español (lengua objeto). Utilizamos la lingüística contrastiva práctica y sus tres modelos teóricos: el modelo de análisis contrastivo, del análisis de errores y el modelo de interlengua. Conclusiones: En los análisis, observamos que los alumnos utilizan los marcadores según los aspectos pragmáticos de su lengua y emplean marcadores que por el contexto se pueden identificar con su correspondiente literal en la lengua extranjera. Las semejanzas pragmáticas y estructurales de los marcadores entre las dos lenguas han facilitado la comprensión y la coherencia textual. Es evidente la estrategia de transferencia que utilizan los alumnos para estructurar sus textos y comunicarse en la lengua extranjera. Hemos comprobado que los alumnos elaboran enunciados cuyos nexos no van más allá de la oración.

Pedro de Souza – Universidade Federal de Santa Catarina Contrastes de marcação interlocutiva nas dublagens da voz do

narrador do filme Tropa de Elite

Nesta exposição, minha proposta é abordar a dublagem do português para o francês e para o inglês do filme Tropa de Elite I, do diretor José Padilha. Atendo-me à emissão vocal do narrador em primeira pessoa, devo problematizar os marcadores nominais do vocativo, muito presentes na língua de partida e apagados nas duas línguas de chegada aqui consideradas. A questão analítica é de como a ausência do vocativo na língua em que se efetiva a dublagem incide sobre o fenômeno discursivo da interpelação. Meu interesse é tocar na materialidade do processo de interpretação e subjetivação operado pela voz. Interessa-me precisamente observar como a alternância entre duas maneiras de inserir a voz na narrativa fílmica – a da banda sonora na língua original e a da dublagem em outra língua - é contraparte material do discurso que atravessa o ato de dar corpo vocal à imagem do protagonista movendo os lábios articulando-se na sistematicidade prosódica de uma língua estrangeira. O procedimento metodológico baliza-se pela aplicação de uma análise contrastiva comparando a voz do ator com a correspondente voz do dublador relativamente ao

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item de marcação delimitado, ou seja, o vocativo. Daí obtém-se a materialidade das enunciações vocais sobrepostas segundo a diferença que cada uma apresenta no modo de marcar o interlocutor como posição antecipada de discurso, ou seja, pela ausência ou pela presença do vocativo. Espera-se no final obter resultados para saber até que ponto, discursivamente falando,a voz que dubla em língua inglesa e a que dubla em francês, posiciona a subjetividade do protagonista do filme Tropa de elite no mesmo lugar de discurso determinado pela construção da história em língua portuguesa.

Pollyanna Júnia Fernandes Maia Reis - Universidade Federal de São João del-Rei

Argumentação e enunciação: os marcadores discursivos presentes no discurso de posse de Paulo Freire

O presente trabalho pretende analisar o potencial argumentativo do discurso de posse de Paulo Freire, quando assumiu o cargo de Secretário Municipal de Educação da cidade de São Paulo, no governo de Luísa Erundina, em 1989, a partir dos marcadores discursivos presentes nesse texto. Tal discurso apresenta uma multiplicidade de vozes, na medida em que, o sujeito Paulo Freire, ao discursar, acaba por assumir vários papéis sociais e assim, inicia-se um processo de desvelamento. Tomaremos, para fins de análise com relação ao discurso de posse de Paulo Freire, que o educador, dentro das concepções da teoria enunciativa, assume o papel de ser social e também o de locutor de um discurso/proferimento o qual se dirige a alocutários, nesse caso, o público presente na cerimônia de posse dos secretários do governo municipal da cidade de São Paulo, em 1989. Paulo Freire, ao enunciar seu discurso, na cerimônia de posse, assume o papel social de secretário de educação e todos seus proferimentos serão construídos com vistas a convencer, argumentativamente, sobre as premissas e prerrogativas que constituirão a base de seu governo. Ele é locutor de seu discurso, o público e os partícipes do evento da cerimônia assumem a função de destinatários do mesmo. Porém, ao discursar, Paulo Freire acaba por desvelar, por meio da linguagem, os diversos papéis sociais assumidos por ele no decorrer de sua vida, o de sujeito-educador, secretário de educação, revolucionário, professor-universitário, professor do ensino fundamental, avô e educador-progressista. A partir desse desvelamento, utilizaremos a noção de dialogismo proposta por Bakhtin (1995) para analisá-los. Ao assumir os mais variados papéis sociais, Paulo Freire acaba por revelar as múltiplas identificações adotadas ao longo de sua vida, materializada na figura de apenas um sujeito, entrecortado e fragmentado, mas marcado pela performatividade de cada papel. Para Souza (2003), “todo discurso será marcado por uma certa perfomatividade, desde que o ator social que está na sua origem enunciativa, seja reconhecido em seu estatuto: não é mais o que é dito que conta, mas a origem enunciativa externa do que é dito” (p. 66).

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Assim, nos valeremos, também, das proposições de Ducrot (1987) a fim de evidenciar a função dos marcadores discursivos presentes no discurso de posse, explicitando que o potencial argumentativo dos discursos está inscrito na língua. Ainda de acordo com o autor supracitado, pretendemos mostrar que a língua apresenta “imposições” que regem a apresentação dos enunciados e as conclusões a que eles conduzem. Dessa maneira, para Ducrot (1987), os encadeamentos argumentativos possíveis no discurso estão ligados à estrutura linguística dos enunciados e não apenas às informações que eles veiculam; desse ponto de vista, um enunciado pode ser considerado um argumento que visa não apenas a uma conclusão, mas a uma série de conclusões.

Priscila Brasil Gonçalves Lacerda - Universidade Federal de Minas Gerais/CNPq

Na interface entre sintaxe e enunciação: uma proposta de análise para os adjuntos adverbiais

Nesta comunicação, apresentamos uma reflexão cujo propósito é situar os adjuntos adverbiais no desenvolvimento de uma abordagem teórica que atua na interface entre enunciação e sintaxe. Tal abordagem, que se nomeou sintaxe de bases enunciativas, conta com as seguintes premissas: a) o emprego da língua é “um mecanismo total e constante que, de uma maneira ou de outra, afeta a língua inteira”, sendo esse emprego – a enunciação – fenômeno tão necessário que parece se confundir com a própria língua (BENVENISTE, 2006, p. 82); b) os fatos sintáticos se fundam na relação entre a materialidade articulada da língua e o acontecimento enunciativo (DIAS, 2009); c) o acontecimento enunciativo é o colocar a língua em funcionamento, que se configura pela relação da memória de dizeres com o presente da enunciação e as regularidades da língua (GUIMARÃES, 2005); d) as tradicionais funções sintáticas são entendidas como lugares sintáticos, que são lugares de constituição ou de configuração de referência; e, finalmente, e) a referência, ao estabelecer uma relação entre a linguagem e uma entidade do mundo, configura-se por um efeito de sentidos atribuídos pela relação de um enunciado com outros enunciados. Partindo dessas premissas teóricas, baseamo-nos em exemplos de sentenças do português do Brasil (PB) que abrigam em sua composição ocorrências de formações adverbiais (FNs) encabeçadas pela preposição “em” e nos permitem vislumbrar a diversidade constitutiva do lugar de adjunto adverbial. Procuramos delinear a configuração enunciativa desse lugar sintático, tomando como parâmetro as reflexões desenvolvidas até então a respeito da projeção e das condições de ocupação dos lugares sujeito gramatical e objeto (DIAS, 2009). Enfim, propomos que a sentença é atravessada por três planos: o plano enunciativo 1, que chamamos de plano enunciativo propriamente dito, o plano enunciativo 2, que chamamos de plano de incidência, e o plano temático. Esses planos estariam entrelaçados na constituição da sentença e se revelariam diferentemente, de forma proeminente, na configuração da identidade de cada um dos

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lugares sintáticos. Na configuração do lugar adjunto adverbial, estariam em destaque os planos de incidência e temático. O primeiro mostrar-se-ia pela alta mobilidade dos elementos ocupantes do lugar adjunto adverbial na sentença e pela marcada perspectiva do locutor ao se alocar o adjunto em posição inicial da sentença; ao passo que o plano temático parece revelar-se pelo investimento dos elementos ocupante desse lugar na constituição do pano de fundo da cena (FILLMORE, 1977).

Rafaela Defendi Mariano - Universidade Estadual de Campinas Beatriz Ferreira-Silva - Universidade Estadual de Campinas

Anna Christina Bentes - Universidade Estadual de Campinas Marcadores discursivos e sequências textuais no programa “Manos e

Minas”: uma análise inicial para a tipificação do programa em nível textual-discursivo

Em nossa apresentação, temos como principal objetivo apresentar nossas análises a respeito do uso marcadores discursivos (doravante MDs) pelos participantes do programa “Manos e Minas” de 20/09/2009 e de suas relações com os tipos de sequência textual (Adam, 2008). Pretendemos desenvolver uma análise qualitativa que permitirá, a nosso ver, uma caracterização do programa em questão e sua tipificação inicial em termos textuais-discursivos. O programa “Manos e Minas”, exibido pela TV Cultura, tem o objetivo de trazer “a voz da periferia à mídia televisiva, de divulgar, valorizar e possibilitar o conhecimento sobre essa realidade do ponto de vista dos próprios sujeitos que participam e promovem práticas (...) vinculadas tanto às comunidades da periferia quanto ao universo do movimento hip-hop” (GRANATO, 2011, p. 72). Em nossas análises, consideramos os estudos sobre os MDs desenvolvidos na perspectiva textual-interativa (Urbano (1999); Risso et al. (2006); Guerra (2007) e Penhavel (2010)). Nesses trabalhos, os MDs são vistos como “(...) expressões que articulam segmentos textuais de natureza tópica e/ou que codificam orientações dos interlocutores em relação ao processo de interação verbal” (PENHAVEL, 2010, p.28). Primeiramente, observamos que o apresentador do programa faz largo uso de sequências dialogais (Adam, 2008) e de MDs interacionais que reforçam tanto o caráter interativo do programa como o caráter cooperativo e colaborativo das interações. Esses MDs interacionais, além de estarem presentes de forma significativa na fala do apresentador - que desenvolve sobretudo sequências descritivas e dialogais - são usados nas sequências explicativas, argumentativas e narrativas produzidas pelos convidados do programa. Acreditamos que isso se deve ao fato de serem desenvolvidos longos turnos de fala no emprego dessas sequências. Por fim, os MDs tanto interacionais como sequenciadores parecem ser responsáveis pela estruturação dos e microtextos do programa. Em muitos momentos do programa, apesar de ocorrerem mudanças de situação comunicativa e de participantes, o mesmo tópico continua a ser desenvolvido. Consideramos que tanto a centração em um tópico

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discursivo (Jubran et al, 20012) como o uso dos MDs auxiliam na construção de uma estrutura composicional (Adam, 2008) para o programa e também colaboram para a coesão textual.

Regilene Cunha - Universidade Estadual de Campinas Autoria na escola como produzir genro epistolar com alunos do EF e da

EJA Este trabalho tem por objetivo apresentar e discutir uma Sequência Didática (SD) elaborada para alunos da EJA, Educação de Jovens e Adultos, e alunos da 6ª série do Ensino Fundamental. Essa SD focaliza, dentro da esfera familiar e da jornalística, os gêneros epistolares e a reportagem, presentes na vida de grande parte dos alunos. O ensino desses gêneros justifica-se dada a importância desse meio cultural de difusão de informação e de conhecimento na vida contemporânea. As atividades que compõem a SD enquadram-se nos eixos de ensino “análise de língua e de linguagens” e “compreensão e produção de textos escritos e orais”. A expectativa é que a SD aqui proposta possa levar os alunos da EJA e da 6ª série ao desenvolvimento das competências leitoras e escritoras, alicerçados na prática social, ou seja, os alunos produzirão seus textos tendo em mente o suporte de circulação, contexto e função-leitor determinando dessa forma, a linguagem utilizada e as escolhas linguísticas, além da possibilitar o dialogismo e a interação entre os sujeitos. O suporte teórico-metodológico que embasa esta pesquisa é proveniente dos estudos de Bakhtin (1986 e 1992). A concepção bakhtiniana estará presente para estudar a linguagem numa concepção enunciativa e dialógica. Segundo Bakhtin, a natureza da linguagem não está nem no subjetivismo idealista (filosofia da linguagem) nem no objetivismo abstrato (linguística geral); está muito além. Para isso, propôs a interação verbal, ou seja, a linguagem só será compreendida a partir de sua natureza sócio-histórica. O sujeito, na interação social com o outro, compartilha e aprende com esse outro sobre o mundo, organiza suas ideias e reflete sobre o proveito delas, ou seja, apreende-se a partir de uma dada informação ou conhecimento e recria seu próprio conhecimento. O dialogismo, na concepção bakhtiniana, nos permite saber quem somos por causa do outro. Em cada enunciação, temos um acontecimento diferente. Revelamos o que somos pela linguagem que usamos. Saber relevar a tensão criada pela interação com o outro é o caminho para nos reconhecermos como indivíduos sociais. Bakhtin nos explita, em Estética da Criação Verbal (1992, p. 348), que “a vida é dialógica por natureza. Viver significa participar do diálogo(...)”. Os resultados alcançados neste trabalho foi a publicação dos textos autorais dos alunos: “Por amigos: diálogos sobre a vida, suas experências e sonhos” publicado pela Editora Scortecci nov/2012.

Renata Ortiz Brandão - Universidade Estadual de Campinas/CNPq Os cidadãos e concidadãos no discurso da Proclamação da República

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O trabalho que propomos apresentar é parte de uma pesquisa de iniciação científica financiada pelo CNPq iniciada em agosto de 2012, cujo objetivo é compreender a designação de cidadão na enunciação dos dois primeiros presidentes da República Brasileira – Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Na presente Jornada, apresentaremos a análise da designação de cidadão(s) no discurso de Proclamação da República, de Deodoro. O estudo está ancorado na Semântica do Acontecimento, tal como apresentada em livro homônimo de Eduardo Guimarães (Campinas: Pontes, 2002), que assume uma posição materialista sobre a linguagem, a partir da qual concebe as relações estabelecidas com o real, o que está para ser significado pela linguagem, como históricas. A linguagem não é, portanto, transparente e, desse modo, não se parte de um sentido fixo a priori para a palavra, mas se busca na materialidade textual compreender suas especificidades na relação com sua história de enunciações. Entende-se que uma palavra, enquanto forma da língua, significa na relação dialética entre uma memória de enunciações passadas e o presente do acontecimento, produzindo, nesta relação, uma latência de futuro. É neste jogo entre presente, passado e futuro que se configura a designação de uma palavra no acontecimento enunciativo. Por meio da análise das predicações/determinações diretas e indiretas que cidadão recebe no texto da Proclamação, espera-se compreender o modo como a palavra significa nos movimentos de filiação e de diferença em relação aos sentidos que se estabilizam na República Ocidental Moderna a partir da Revolução Francesa. Como resultados preliminares, apontamos os seguintes: a) Cidadão(s) tem a seu lado concidadãos, que aparece sempre no plural. As duas palavras têm funcionamentos similares, mas não equivalentes. Cidadãos/Concidadãos têm um duplo funcionamento: referem o todo da nação, ou especificam indivíduos/grupos da sociedade, dividindo a coletividade nacional. Neste duplo funcionamento, há uma direção mais forte em cada uma dessas palavras: concidadãos refere prioritariamente o conjunto da nação e cidadão(s) refere prioritariamente indivíduos ou grupos da nação. b) A observação das predicações diretas (sobre cidadão(s)) e indiretas (sobre concidadãos e revolução) dá visibilidade a um processo político em que se afirma um rompimento com o passado, mas não se explicita nominalmente o presente – a unidade lexical República não aparece, significando sob o modo do implícito em revolução. Por sua vez, contrariando o sentido de “transformação” latente em revolução, esta palavra significa predicada por elementos que indicam a continuidade de um processo político, e não uma mudança.

Rita Fabiana de Lacerda Jota - Universidad Nacional de Educación a Distancia/Consejo Superior de Investigaciones Científicas

Análisis pragmático de los marcadores del discurso en el género foro de debate para

profesores ELE

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El objetivo de este trabajo es la constatación del uso de los marcadores del discurso como ejes orientadores que guían las inferencias, posibilitando la interacción y comprensión de los usuarios en los foros de debates para profesores ELE. Dentro del desarrollo de esta investigación se consideraron como objetivos específicos: el estudio de frecuencia de uso y su clasificación; la comprobación de la tipología textual del mensaje de apertura del foro como determinante para el uso de marcadores discursivos específicos; la identificación de frecuencia de marcadores discursivos propios del discurso oral y/o escrito. De esta manera, se hizo un análisis pragmático de los marcadores del discurso a partir de una recopilación de mensajes empleados en los foros de debate de la web Comunidad Todoele – Red Social de profesores de ELE. Bajo este prisma de investigación y análisis se tuvieron en cuenta los aportes teóricos desarrollados por Portolés (2001) y (2003), Martín Zorraquino y Montolío Durán (1998), Martín Zorraquino y Portolés (1999), Lourera y Acín (2010). La adopción del procedimiento metodológico de este estudio se encauza hacia el análisis descriptivo de los marcadores del discurso dentro de los referidos foros de debate desde una perspectiva pragmática. Para dicho procedimiento, fue necesaria la recopilación de un corpus a partir del uso de las metodologías cuantitativa y cualitativa aplicadas en consonancia con las especificidades de los procedimientos de cada etapa de la investigación, pero siempre utilizadas en cooperación de una con la otra. Los resultados colegidos durante la realización del trabajo conllevaron a deslindar las cuestiones de estudio propuestas para el objeto de análisis en mención, es decir, los marcadores del discurso como ejes orientadores de las inferencias en el género discursivo foro de debate.

Romilda Mochiuti - Universidade Estadual de Campinas Análise da transparência ilocucionária e a marcação pragmática no uso do

MDs concessivos na interlíngua de alunos de ELE O presente estudo faz parte de amplas reflexões realizadas a partir de estudos empíricos sobre o processo de ensino/aprendizagem de Espanhol como Língua estrangeira (ELE) por falantes do português, variante brasileira, em nível universitário. Nesta comunicação se pretende abordar, sob a perspectiva Interlinguística, as noções de transparência ilocucionária e marcação pragmática à luz do papel do MDs concessivos na interlíngua de alunos de ELE, em nível inicial e intermediário. Argumenta-se que a interferência negativa da língua materna (LM) na formulação de concessões no processo de produção pragmática deriva da influência interlingüística positiva no nível psicolinguístico de outros MDs concessivos transparentes. Para tanto, especulou-se até que ponto a inferência negativa, para atingir o ponto ilocucionário concessivo, não estaria sendo feita pelos aprendizes com base nas regras pragmalinguísticas da LM no que se refere à sua produção discursiva, o que os levaria a uma cristalização do erro pela não observância de discrepâncias existentes entre a LM e a LE.

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Argumenta-se, ainda, que tal observação deva ser levada em consideração no modelo utilizado no processo de ensino/aprendizagem a fim de superar a ocorrência da influência negativa interlinguística na produção discursiva, em especial, no que se refere às concessivas.

Rosario González Pérez - Universidad Autónoma de Madrid La fijación del significado procedimental: los valores evidenciales de

porque frente a algunos marcadores de este tipo (desde luego, por supuesto, claro)

El objetivo de esta comunicación consiste en investigar sobre los procesos que conducen a la fijación del significado procedimental, a partir del análisis de elementos que activan diferentes valores en el decurso. Nuestra hipótesis de partida sostiene que un entorno especialmente adecuado para explorar la consolidación del significado de procesamiento, lo constituyen los elementos que mantienen valores de lengua, pero que activan valores discursivos que coexisten con los de lengua sin desplazarlos en determinadas condiciones pragmáticas. Es el caso de porque, conjunción causal, ampliamente descrita en sus valores como causal del enunciado y causal de la enunciación, pero apenas estudiada con otros valores, propios de enunciados pragmáticos orales, registros coloquiales o familiares y discursos esencialmente dialógicos. Nos referimos a casos como: Va a llorar, porque va a llorar (Grupo ValEsCo, Corpus conversación coloquial.) Va a aparecer porque va a aparecer (correo electrónico, 26 de abril de 2012. A propósito del extravío por mensajería de un paquete). Dichas cualidades habían salvado a la monarquía de un golpe mortal y estaba seguro de que le servirían para protegerse de las próximas intentonas de esos aventureros. Porque habría otras, de eso estaba seguro. (Javier MORO (2011): El imperio eres tú, Barcelona, Planeta, pág. 171), en los que porque marca la seguridad de lo afirmado, apuntando a la fuente de la información transmitida, ya sea ésta explícita o esté implícita en los conocimientos, creencias o expectativas del hablante. As, puede expresar la confirmación fuerte e incluso la intensificación; como se desprende de la repetición, precedido de porque, del primer argumento asertivo. A partir de aquí, porque pasa también a indicar el compromiso explícito y patente del hablante con la información expresada e inferida, en la órbita los marcadores de modalidad epístemica evidenciales con los que se contrata: desde luego, por supuesto o el conversacional claro. Los ejemplos del corpus analizado en nuestra investigación, que aplica principios pertinentistas a la explicación de los valores evidenciales y emplea la metodología de la lingüística del corpus, se extraen de conversaciones reales, registradas por el grupo ValEsCo y de bases de datos representativas del español (CREA y CORDE). Con este trabajo esperamos arrojar luz sobre los procesos de consolidación del significado procedimental mediante la comparación de elementos discursivos gramaticalizados con otros que activan valores pragmáticos del mismo tipo.

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Sanne Tanghe - Universidad de Gante Clara Vanderschueren - Universidad de Gante

¡Anda ya, venga ya! Paralelismos y divergencias de dos marcadores relacionados

En español europeo, se emplean con profusión diversos marcadores discursivos (MD) derivados de verbos de movimiento (p.ej. venga, vamos, vaya, anda, cf. Company Company 2004, Fuentes Rodríguez 1998, Romero Aguilera 2006, Zorraquino y Portolés 1999). En esta contribución nos centraremos en dos locuciones menos estudiadas, anda ya y venga ya, que se forman a base de formas imperativas del verbo andar y venir, en combinación con la partícula ya. Mientras que varias obras de referencia ni hacen mención de estas locuciones (p.ej. Fuentes Rodríguez 2009, Portolés 2001), Santos Río (2003) describe ambas formas como partículas reactivas que expresan rechazo para con el discurso del interlocutor. Sin embargo, desde un punto de vista cognitivo-funcional y económico, el significado de dos elementos lingüísticos nunca coincide por completo, por más sutiles que sean las diferencias. Además, partimos de la idea cognitivista de que los valores de anda ya y venga ya forman una red de relaciones motivadas y se rigen por los diversos significados de sus constituyentes (anda, venga ,y ya). Por ello, el objetivo principal de este estudio consiste en describir detalladamente el uso de ambos marcadores y en determinar sus semejanzas y diferencias funcionales. A partir de un corpus de datos orales y de datos del www (cf. bibliografía), llevaremos a cabo un análisis cuantitativo y cualitativo sobre una serie de parámetros morfosintácticos y pragmático-funcionales (posición en el turno de habla; combinatoria sintáctica; tipo de actos de habla adyacentes; macrofunción (expresiva, apelativa, metadiscursiva cf. Bühler 1950, Jakobson 1969); interlocutor (específico/indeterminado; grupo/individuo); contextos de uso). Constatamos que estos MD tienen en común el valor de incredulidad: 1. ¡Venga ya! ¡Venga!, doña Adelaida, no me dé la lata con "La dama de rosa", que todo es mentira, ¡hombre! si todo (CORLEC); 2. No lo has dicho. –¿No os dije que era de Prokofiev? Anda ya. Que no. (CORLEC) Este valor está determinado en gran medida por el de sus componentes (cf. Tanghe en prensa). Más específicamente, proponemos que deriva de la combinación de anda o venga con valor de asentimiento y la partícula ya con carga irónica (cf. Santos Río 2003, p. 660). No obstante, si para venga el asentimiento parece ser una mera aceptación (bueno, venga, que se queden, CREA), en el caso de anda la afirmación resulta más enfática y debe ser entendida a partir del contexto anterior (Ése está a punto de florecer, no, todavía no, anda que le le queda para flo para florecer a éste, casi tres meses, CREA) (cf. Rodríguez Ramalle 2007, Tanghe, en preparación). Se espera que tales diferencias sutiles se trasluzcan en el comportamiento de los marcadores anda ya y venga ya. Así, pronosticamos que anda ya es más enfático que venga ya y que necesita un contexto previo sobre el que predica.

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Sara dos Santos Mota - Universidade Federal de Santa Maria/Universidade Federal do Pampa

“Rompidioma”: (re) dizendo e signigicando espaço, sujeito e língua em portunhol

O presente trabalho origina-se de reflexões que vimos desenvolvendo em nossa tese (em andamento), vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria, em que tomamos como objeto de pesquisa o portunhol em sua manifestação escrita a partir da análise de textos impressos na língua. Neste trabalho tratamos do portunhol falado na fronteira uruguaio-brasileira, mais especificamente na região que compreende as cidades de Rivera (Uruguai) e Santana do Livramento (Brasil), remetendo-nos a uma relação sujeito-línguas específica que se projeta no espaço de enunciação fronteiriço (STURZA, 2006). Para tal, à luz da semântica da enunciação, do modo como vem sendo delineada por Guimarães (2002, 2007, 2011), empreendemos a análise semântico-enunciativa de textos escritos do cantor e compositor riverense Chito de Mello, reunidos na publicação “rompidioma”, lançada em Rivera no ano de 2005. Na via dessa filiação, apresentamos uma análise de certos nomes, explicitando seu funcionamento semântico e como se constituem em designações através da operação enunciativa da re-escrituração nos textos recortados. Isto é, procuramos dizer o que nomes que referem ao espaço, ao sujeito e à língua designam nos textos de rompidioma, na medida em que se relacionam com outras palavras e movimentam sentidos, atribuindo sentido também aos textos. Segundo nossa compreensão, na fronteira a relação do sujeito com o espaço é essencial e constitutiva. Por isso, interessa-nos ver como este último aparece re-dito na enunciação, ao mesmo tempo em que analisamos como o sujeito que escreve - e se inscreve - na língua, enuncia sobre a língua que o constitui, posto que ‘O funcionamento da língua envolve o modo como seus falantes a “experimentam”‘ (GUIMARÃES, 2007, p.64). Desde sua perspectiva como semanticista, Guimarães (2011) argumenta que “o texto interessa porque significa”. Em consonância com o autor, ao tomarmos os textos recortados para este trabalho, acreditamos que significam de modo diferenciado, dado que se constituem de uma escrita em portunhol.

Silvana Silva - Universidade Federal do Pampa O estatuto da alteridade de marcadores discursivos na aula expositiva:

uma reflexão teórico-prática de base enunciativa

Pressupostos: Os marcadores discursivos vem recebendo ampla descrição e explicação de funcionamento em alguns volumes da obra Gramática do Português Falado (Sanfelice Risso, 1998, vol. III; Sanfelice Risso, Silva e Urbano, 2002, vol. VI.). Esta gramática, de inspiração funcionalista, enquadra os marcadores discursivos como elementos de organização textual-interativa, ao lado das categorias de sintaxe, morfologia e classes de palavras e fonética e fonologia. Observa-se que, nesta

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perspectiva, a noção de ‘interação’, contida na palavra ‘organização textual-interativa’ é dependente da noção de ‘texto’. No entanto, perguntamos: seria possível conceber usos dos marcadores discursivos em que eles se descolam do ‘texto’, constituindo elementos de ‘tensão’ entre ‘eu’ e ‘outro’, entre ‘um’ discurso e ‘outro’? Os próprios Risso, Silva e Urbano (2002, p. 22) alertam para a dificuldade de classificação dos marcadores discursivos. Objetivos: Considerando a dificuldade de propor uma definição unívoca para os marcadores discursivos, temos como objetivo propor uma reflexão teórica sobre os marcadores discursivos, considerando as seguintes variáveis: mesmidade (texto-discurso) alteridade (outro texto-discurso) e outridade (outro texto, outro discurso). Almejamos propor uma percepção do funcionamento dos marcadores discursivos em usos reais da língua, procurando observar seu funcionamento seja como elemento textual-interativo (reforço da ideia do ‘eu’); seja como elemento textual ou discursivo (concessão à ideia do ‘outro’) ou, por fim, elemento discursivo (abertura à ideia do ‘outro). Perspectiva teórico-metodológica: Nossa reflexão teórica será pautada nas Teorias da Enunciação, em especial a noção de indicador de subjetividade (Benveniste, 1988), a discussão da diferença entre marcador discursivo e ligador enunciativo (Danon-Boileau, 2006), a discussão sobre a noção de alteridade em diferentes perspectivas (Szlamowicz, 2010) e a discussão da emergência do outro em dados interacionais (Fauré, 2011). Procuraremos demonstrar a existência de três tipos de marcadores discursivos (da mesmidade, da alteridade e da outridade), a partir da elaboração de definições discursivas que revelem tais diferenças nos usos. Corpus para análise: O corpus de análise será constituído de 4 horas de gravação de uma aula expositiva sobre a produção textual da resenha acadêmica para alunos ingressantes no Curso de Letras (UNIPAMPA, Bagé, RS), de cuja transcrição extrairemos exemplos com as mais diversas configurações enunciativas. Resultados esperados: Espera-se contribuir para a elaboração de uma reflexão teórica de viés enunciativo bem como auxiliar na prática docente, de modo a que professor tenha consciência da natureza de suas intervenções aos comentários de alunos.

Soeli Maria Schreiber da Silva - Universidade Federal de São Carlos Espaço de enunciação, textualidade e política de língua: a Língua

Polonesa no Paraná na relação com a Língua Portuguesa O objetivo do trabalho proposto é analisar em diferentes recortes a relação entre Língua Polonesa no Paraná e Língua Portuguesa. Tal estudo sustenta-se na perspectiva metodológica da Semântica do Acontecimento, que permite que se trate da relação entre línguas, da questão histórica e política inerentes e nela imbricadas. Desenvolvo algumas análises que tenho estudado e que tratam da concepção de metáfora mostrando como a enunciação está fundida por uma reescrituração por substituição sinonímica; como se dão as relações de antonímia entre as línguas; o que as relações de determinação e predicação vão derivando; como a materialidade vai sendo operada pela teoria no sentido de refletir o político; a subjetivação interpelada pela ideologia do

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civilizado é dividida e tem a ver com a identidade polonesa no espaço de enunciação Brasileiro, como o léxico dessa língua constitui-se no acontecimento na relação com o português. O espaço enunciativo configura-se privilegiando a língua Portuguesa na língua escrita e pela necessidade de escrever e traduzir palavras em polonês, não sendo esta uma simples técnica. A locutora imigrante ao transferir a língua (saber linguístico) transfere também uma prática de organização. Neste espaço de enunciação há um embate determinado pela cultura polonesa da locutora imigrante e a cultura polonesa no Paraná; O locutor de um site ao reescrever expressões por substituição, esse passa a ser um modo de circulação do polonês. Nesse espaço enunciativo a Língua Portuguesa é hierarquizada. Mas a demanda da língua nessa distribuição de línguas e falantes determina a presença do polonês numa relação com o memorável da tradição que precisa ser rememorado; Por outro lado,podemos dizer,que tais estudos permitem trazer para a reflexão a questão do funcionamento textual como uma questão semântica, e, por isso, política, diretamente articulada ao modo como a língua funciona na enunciação.

Sueli Aparecida Cerqueira Marciel - Universidade Cruzeiro do Sul O Reenquadramento do real no conto O Peru de Natal de Mário de

Andrade Objetivos: - Analisar, com base na Retórica, o conto O Peru de Natal, de Mário de Andrade. - Focalizar o reenquadramento do real, tal como o postula a teoria da Nova retórica e conforme explica Breton (2003). Perspectivas teórico-metodológicas: Tendo como foco analítico a construção da argumentação, o presente trabalho pretende por meio da teoria da Nova Retórica “A Argumentação na Comunicação” (BRETON. 2003), tradução Viviane Ribeiro, investigar as estratégias utilizadas pelo personagem Juca para modificar o ponto de vista de seus familiares frente ao peru de Natal. Corpus para análise: O personagem Juca reenquadra a figura do pai, mais presente do que nunca no ambiente familiar, mesmo após a morte. Por meio de um deslocamento, o personagem transforma a figura do pai, sem que, para isso, a autoridade e a confiança do mesmo sejam questionadas. Abre-se, assim, espaço para a possibilidade de se comer o peru de natal com prazer. No conto O Peru de Natal passa-se a história de uma família marcada por uma vida mediana sem maiores ou menores problemas. Juca, o enunciador, conta a vida regular que a família tivera enquanto o pai foi vivo, descrevia-o como “o puro sangue dos desmancha- prazeres”. Naquele Natal, cinco meses após o falecimento do pai, Juca nos participa o seu desejo de comer Peru no Natal, o que é considerado uma afronta à memória do falecido, uma vez que ele não era dado a desfrutar das coisas boas da vida como uma boa ceia, boa bebida, momentos felizes, enfim. A argumentatividade evidente no conto O Peru de Natal, nos servirá de ponto de partida para uma análise à luz da Nova Retórica. Resultados: Entendemos que o processo de convencimento utilizado pelo personagem Juca para que a família entendesse que a vida devia continuar, ainda mais prazerosa, apesar da ausência do pai, faz parte de uma

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estratégia em que “o reenquadramento do real implica uma novidade, um deslocamento, um outro olhar.” (BRETON. 2003, p.94). O objetivo de Juca era deixar que a memória do pai fosse uma lembrança respeitosa, boa e longínqua, mas apenas uma lembrança. Tal objetivo fora plenamente alcançado.

Sueli Martins Cardozo – Universidade do Estado de Mato Grosso Neuza Benedita da Silva Zattar - Universidade do Estado de Mato Grosso

A vacina obrigatória: uma revolta anunciada Nesta reflexão tomamos como lugar de observação um texto formulado no início do século XX, escrito em Língua Portuguesa vigente no Brasil. O corpus é constituído pela Lei Federal nº 1.261, de 31 de outubro de 1904, sancionada pelo então Presidente do Brasil Francisco de Paula Rodrigues Alves, que trata da vacina obrigatória, num momento em que a cidade do Rio de Janeiro era tomada pela epidemia da varíola. Para a população, no entanto, o projeto de vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz gerou uma revolta popular denominada Revolta da Vacina que aumentou com a sanção da lei. Mesmo com a resistência popular, o Governo tinha planos para erradicar as epidemias e transformar o Rio de Janeiro nos moldes de cidade europeia, ao proporcionar à cidade uma reforma urbanística e sanitária. Nesta análise nos filiamos à Semântica do Acontecimento (2002, 2005), de Eduardo Guimarães, e vamos considerar os seguintes recortes: a) o texto da Lei Federal nº 1.261 como unidade semântica integrada de enunciados; b) a performatividade do texto da lei e como essa performatividade funciona na cena enunciativa da lei instalando as figuras da enunciação: locutor/interlocutor; e c) os procedimentos de deriva como reescrituração e articulação. Este trabalho faz parte do nosso projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Mestrado em Linguística da Universidade de Mato Grosso – UNEMAT, que tem como tema A designação do agente de saúde ambiental: uma reflexão semântico-enunciativa. Adotamos a vertente teórico- metodológica da Semântica do Acontecimento, por entender que a linguagem sempre fala de algo, ao enunciar o indivíduo sempre rememora algo que se inscreveu na história, que significou e por isso faz sentido em uma nova enunciação. Assim, sempre que enuncia, o falante retoma algo já dito, pois enquanto tal, ele é interpelado em sujeito, ou melhor, ele é tomado pela língua, uma vez que o que se diz é necessariamente construído na linguagem.

Thalita Miranda Gonçalves Sampaio - Universidade do Estado do Mato Grosso

A lavanderia em cena: Confort X Mon Bijou

Propomos neste trabalho desenvolver uma pesquisa semântico-enunciativa, utilizando alguns conceitos da Semântica do Acontecimento, que tem como pesquisador Eduardo

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Guimarães (2005), no Brasil. Por esta perspectiva, não tomaremos a língua enquanto transparente, mas como opaca e que se significa e se semantiza pela exterioridade. Há algo fora, um antes, um (inter)discurso que perpassa o enunciado dando a ele sentido. Mais do que isso, segundo Guimarães (2005), a língua se semantiza no acontecimento de linguagem, do dizer. O presente do acontecimento suscita um passado, um já dito, denominado memorável, que se materializa na enunciação e requer um significado que é a projeção de uma futuridade. A este percurso do dizer Guimarães chama de temporalidade. Além disso, a língua faz sentido porque há alguém que fala atravessado por uma história (um memorável), em um determinado lugar, em um determinado tempo, para alguém, mesmo que esse alguém se constitua enquanto imaginário, o que compõe a cena enunciativa. Os sentidos são construídos na e pela história, são resignificações de tudo o que já foi dito antes e que ganha um novo estatuto a partir do acontecimento, a partir da enunciação. Pensar em linguagem é pensar também na história. Tomamos como corpus de análise um vídeo retirado do site Youtube que traz duas propagandas da marca “Bom Bril” lançando um novo produto, o amaciante “Mon Bijou”. Esta propaganda se configura enquanto censurada, por citar o nome e mostrar a embalagem de um produto concorrente. A outra propaganda, que é uma reformulação da propaganda censurada, foi ao ar na década de 90. Dessa forma iremos analisar, pensando a língua e seu funcionamento, os efeitos de sentidos produzidos nesta materialidade, pensando os conceitos de espaço de enunciação, pois, como sabemos, o dizer é sempre regulado. Veremos na cena enunciativa como o dizer se constitui de “já ditos” fazendo surgir novos significados através do conceito de temporalização e como, por um jogo da língua, outros sentidos são atribuídos a um determinado significante através do processo de designação.

Vanessa Gomes Teixeira - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Ensino de Língua Portuguesa como L2 para alunos surdos: análise da

escrita surda O presente trabalho visa a abordar questões ligadas à produção escrita de surdos, chamando a atenção para suas particularidades, diferenças e semelhanças entre a LIBRAS e a Língua Portuguesa. Autores como Quadros (2006), Salles (2004) e Faria (2001) nos atentam quanto à diferença da modalidade de cada língua: a Libras é espaço-visual, enquanto o Português é oral-auditivo. Isso quer dizer que são duas estruturas linguísticas distintas e por isso, quando o surdo aprende Língua Portuguesa como segunda língua (L2) na modalidade escrita, ocorre a articulação entre propriedades da LIBRAS, sua primeira língua (L1) e da L2 em seu texto, processo chamado de interlíngua. Assim, a escrita do surdo apresenta diversas particularidades e, devido a isso, mostra-se fundamental conhecermos as características da LIBRAS para entendermos a influência dessa língua na produção textual desses alunos. Tendo em vista o exposto, o trabalho tem como perspectiva teórico-metodológica a Teoria Linguística Interdependente (CUMMINS,1989 apud BROCHADO, 2003), assinalada

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como um modelo para educação bilíngue de alunos surdos. Segundo os teóricos da área, o princípio básico desta teoria é a competência básica comum (CUP). Entende-se que os aspectos relacionados ao letramento em L1 e L2 são comuns ou interdependentes através das línguas. Isso implica dizer que a experiência com alguma língua levará ao aumento da competência fundamental de ambas as línguas. Além disso, utilizaremos, como corpus da nossa pesquisa, redações de alunos surdos do Instituto Nacional de Educação para Surdos (INES). Levando em conta autores, como Silva (2008) e Gesser (2009), que explicam que a língua de sinais, como primeira língua do surdo, facilita a compreensão desse aluno no processo de aprendizado de aspectos gramaticais da Língua Portuguesa, o resultado esperado é que, a partir do estudo sobre a temática dessas questões da escrita de surdos, a pesquisa nos apresente caminhos para a melhora da prática docente e facilite o processo de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa pelos alunos surdos.

Vinícius Massad Castro - Universidade Estadual de Campinas A nomeação lúdica e os nomes lúdicos: uma análise do funcionamento

semântico-enunciativo da apelidação e dos apelidos de pessoa

Pretendemos apresentar aqui as análises da dissertação de mestrado A nomeação lúdica: um estudo enunciativo da apelidação e dos apelidos de pessoa concluída com o financiamento da FAPESP (projeto nº 2011/16817-0) no mês de março deste ano. Em nossa dissertação, fazemos uma análise semântico-enunciativa da apelidação e dos apelidos de pessoa dentro do quadro teórico da Semântica do Acontecimento. Temos como corpus os apelidos de pessoa da Apelista de 2011 da cidade de Cláudio (MG) – lista telefônica organizada pelos apelidos dos assinantes de linha de telefone fixo da cidade. Por meio de nossa análise caracterizamos a apelidação e os apelidos como nomeação lúdica e nomes lúdicos respectivamente, em relação à nomeação jurídica e aos nomes jurídicos: nomes atribuídos pelo registro civil de um Estado. Mostramos como é configurada a cena enunciativa da apelidação e comparamos com o modo como essa cena enunciativa se configura para a nomeação jurídica, tal como descrita em Guimarães (Semântica do Acontecimento, 2002). Na apelidação, podemos ter diferentes lugares sociais do dizer representados como locutor e temos um enunciador coletivo; na nomeação jurídica, de acordo com Guimarães, temos sempre um locutor-pai e um enunciador individual. Essa diferença, bem como as outras que descrevemos, está ligada ao modo de sustentação da deontologia do dizer: na lei para o nome jurídico, e na sociedade/em comunidades não institucionais para o nome lúdico. A deontologia do dizer produz efeito também nas regularidades formais (lexicais, fonéticas e morfossintáticas) dos apelidos, que se ampliam em relação às dos nomes jurídicos. Produz efeito ainda no funcionamento semântico dos apelidos, em particular no modo de presença da polissemia. Os apelidos são formulados na expectativa de produzir alguma caracterização do apelidado, o que produz um outro modo de identificação do referente em relação à nomeação jurídica. Por meio desta análise é

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possível contribuir para uma caracterização linguística da apelidação e dos apelidos em seu modo de aparecimento no espaço de enunciação do português do Brasil e, por meio desta contribuição pontual, é possível trazer elementos para refletir sobre o funcionamento dos nomes próprios, em particular dos nomes próprios de pessoa.

Weverton Ortiz Fernandes - Universidade do Estado do Mato Grosso Designações: gestos de sedução e de liberdade da escrava na narrativa do

chorado Esta análise se filia à Semântica do Acontecimento e tem como material de estudo uma narrativa que trata sobre a história da Dança do Chorado, material de linguagem gravado em 2008 na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade – MT, primeira capital do Estado. Esta narrativa está compreendida a partir dos estudos em Guimarães (2002) como acontecimento de linguagem. No procedimento analítico, mobilizamos o conceito de designação e buscamos compreender as instabilidades nas designações referente a mulher negra na narrativa do Chorado. Além disso, buscamos compreender na narrativa como o Chorado rompia com a condição jurídica de submissão das escravas. A Dança do Chorado se constitui em três períodos. O primeiro funcionou como uma forma de a escrava dizer em um momento que não era permitido dizer. Já o segundo período, em que a Dança era organizada pelas conselheiras da festança, funcionou como uma forma de não deixar apagar a memória das conquistas das escravas no passado. E o terceiro período o Chorado passou a ser organizado pela comunidade local, visto que essa dança aparece no conjunto de festividades realizadas anualmente na cidade de Vila Bela. Historicamente o escravo era designado como objeto de posse e recebia o nome conforme as características específicas que os seus proprietários viam neles. No acontecimento enunciativo da narrativa, enunciada na atualidade, as escravas não eram designadas a partir do lugar de posse e sim pelo lugar de tratamento de prestígio: senhoras escravas. Do primeiro período da narrativa para o segundo período, tem-se outra instabilidade na designação. Esse é o momento em que o Chorado se relaciona ao período social-histórico que coincide com a abolição da escravidão e a transferência da capital para Cuiabá, e a designação passa de senhoras escravas para conselheiras da festança. Compreende-se nesse acontecimento que os fatos sociais estão atrelados à designação. Quanto ao gesto sensual da dança, compreendido pela narrativa, o Chorado funcionou como uma “estratégia” que permitiu a escrava dizer em um período que juridicamente ela não tinha voz. A Dança se caracterizou como um gesto de sedução em que envolvia troca de favores. Nessa troca de favores, as escravas para atenderem aos prazeres sexuais de seus proprietários pediam a libertação dos seus entes queridos: marido, filhos, irmãos, que estavam condenados à tortura e/ou a morte. Nesse acontecimento de linguagem, a troca de favores proporcionados pelo dizível das escravas no Chorado significou uma ruptura com o jurídico.

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Wolber Sebastião Pereira - Universidade do Estado do Mato Grosso Os sentidos de sindicato nos dizeres de Lula em três momentos de sua

trajetória política Nesta pesquisa, tomamos como objeto de análise os sentidos atribuídos a sindicato na enunciação do ex-presidente Lula em três momentos de sua trajetória política, ou seja, quando ocupou o cargo de presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, no período de 1978 a 1980, período em que eclodiram as greves dos metalúrgicos do ABC paulista, dando início à origem do chamado Novo Sindicalismo no Brasil; em 2003, que marca o início de seu primeiro mandato como Presidente da República, e em 2007, início de seu segundo mandato. O corpus é constituído de entrevistas de Lula publicadas na mídia impressa e discursos que proferiu no período de 1978/1980, publicados no livro Lula Entrevistas e Discursos, organizado por João Guizzo (1980). Para os períodos 2003/2006 (1º mandato) e 2007/2010 (2º mandato), selecionamos o material de análise, inicialmente, do livro Dicionário Lula: um presidente exposto por suas próprias palavras (KAMEL, 2009), mais precisamente o que apresenta o verbete sindicato, e do sitio eletrônico do Palácio do Planalto, do qual transcrevemos discursos, entrevistas e pronunciamentos. Filiamo-nos teoricamente, para realizar essa pesquisa, à Semântica do Acontecimento, um campo dos estudos da linguagem, no qual o sentido se produz na enunciação, e o sentido de uma expressão se constitui no acontecimento do dizer, ou seja, o sentido é o efeito produzido pelas relações linguísticas e simbólicas. Dessa forma, procedemos à análise da constituição dos sentidos de sindicato nos dizeres de Lula, do lugar social de presidente de sindicato, de Presidente da República (1º mandato) e de Presidente da República (2º mandato), por compreender que esses dizeres, em cada momento de sua trajetória política, são determinados pelas condições sociais e históricas de sua existência. Procuramos, assim, verificar como se dá a contradição que instala o conflito no dizer de Lula, e que configura o político nesses acontecimentos enunciativos.