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Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

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De forma oral, o homem comunicou-se durante muito tempo. O discurso, dessa

forma, extinguia-se no momento da enunciação, sendo limitado para poucos. Sua capacidade

de (sobre)viver permitiu-lhe criar novas formas de registrar suas emoções, pensamentos e

expressões. Das paredes com carvão às telas com touchscreen, a mão sempre foi o aparato

para manusear diferentes suportes e materiais.

O tema da SAL deste ano foi “Letras, História e Sociedade”, em que tivemos como

finalidade refletirmos sobre as influências recíprocas entre essas três áreas, que sempre

caminharam (e caminham) juntas. Planejamos uma programação variada e que atendesse a

maioria dos interesses que os alunos vêm manifestando em relação a um evento voltado,

principalmente, a eles, dos quais fazemos parte. Houve espaço para discutir como os fatos

históricos influenciaram a língua, a linguagem e a literatura, assim como momentos para

pensarmos nosso papel, na sociedade, de graduandos (e graduados) em Letras

Esperamos que tais reflexões tenham sido de grande valor para pensarmos nossa

prática de estudo e trabalho, a fim de que sempre procuremos nos aperfeiçoar no que

escolhemos fazer. Acreditamos que às vezes é importante parar para pensar sobre “o que

estamos fazendo aqui?” e “como chegamos até aqui?”, seja pela história da língua como pela

História, as quais se complementam, pois só temos a História quando temos o registro da

escrita.

Relacionando história, sociedade e línguas, nós estávamos lá para lembrar.

Page 6: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Reitor da Universidade Federal de Santa Maria Paulo Afonso Burmann Diretor do Centro de Artes e Letras Pedro Brum Santos Coordenadora do Curso de Letras - Bacharelado Andrea do Roccio Souto Coordenador dos Cursos de Letras - Licenciaturas Orlando Fonseca Comissão organizadora da SAL - 2014 Ana Carolina Cunha André Firpo Beviláqua Dieise Camila da Silva Esther Costa Faria Halyne Porto Janio Davila Matheus Schwertner Sabrine Weber Revisão dos resumos Halyne Porto Matheus Schwertner Texto de apresentação Halyne Porto Matheus Schwertner Sabrine Weber Organização e editoração Matheus Schwertner Capa Bruno Ruchiga S471c Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014 : letras,

história e sociedade --- mas estamos aqui para lembrar (2014 : Santa Maria, RS) Caderno de resumos / Semana Acadêmica de

Letras UFSM 2014 : letras, história e sociedade --- mas estamos aqui para lembrar. – Santa Maria : Diretório Acadêmico de Letras, [2014].

84 p. ; 30 cm

1. Literatura 2. Crítica literária 3. Linguística I. Título CDU 82.09

. =-- 81

Ficha catalográfica elaborada por Maristela Eckhardt - CRB-10/737 Biblioteca Central da UFSM

Os textos aqui apresentados são de inteira responsabilidade dos seus autores.

Page 7: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

NARRATIVA COMO DESEJO DE POTÊNCIA: A FIGURAÇÃO DA LITERATURA DE TESTEMUNHO COMO MEDIADORA ENTRE

PASSADO E FUTURO SOB O PRISMA DE PRIMO LEVI 13

AGUIAR, Thiago Moreira

A LITERATURA INDIANISTA DE ANA LUÍSA DE AZEVEDO CASTRO: “D. NARCISA DE VILLAR” 14

ANDRETA, Bárbara Loureiro

DEFORMAÇÃO, TRADIÇÃO E MEMÓRIA: O INDIVÍDUO METAMORFOSEADO DE FRANZ KAFKA 15

ANONY, Murilo da Silva

FENÔMENOS LINGUÍSTICOS OBSERVADOS EM DOCUMENTOS DOS SÉCULOS XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX 17

ARNEMANN, Aline Rubiane

PROPOSTA DE ESTUDO DA LÍNGUA PORTUGUESA A PARTIR DO GÊNERO TEXTUAL CARTA DO LEITOR 18

ARRUDA, Patrícia Packaeser de

O TOEFL ITP COMO FERRAMENTA DE TESTAGEM DA PROFICIÊNCIA EM LÍNGUA INGLESA DOS CANDIDATOS AO PROGRAMA

CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS 20

AZAMBUJA, Francine da Silveira

MÉTODO ALTERNATIVO DE ENSINO-APRENDIZAGEM: TRABALHANDO A CULTURA DAS LAVADEIRAS NEGRAS COM ALUNOS

DA EJA NO ENSINO MÉDIO 22

BASSO, Eugênia

OS ENSINAMENTOS DE MATTOSO CAMARA: DEPOIMENTO 23

BILIÃO, Maurício

LITERATURA E HISTÓRIA: POSSIBILIDADES DE DIÁLOGO ENTRE A REVOLUÇÃO DOS CRAVOS E A FICÇÃO EM “AS VÉSPERAS

ESQUECIDAS”, DE MARIA ISABEL BARRENO 24

BORGES, Francieli

A REPRESENTAÇÃO DA MULHER DUBLINENSE EM “EVELINE” DE JAMES JOYCE 25

BOTTEGA, Caroline Lorenzzoni

LINGUAGEM, FONOAUDIOLOGIA E TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS: DISCUSSÃO E POSSIBILIDADES 26

CAMARGO, Renata Gomes

VALOR LINGUÍSTICO EM UMA PERSPECTIVA SAUSSUREANA 28

CAMPOS, Marcio Cardozo de

A LUDICIDADE E O USO DE JOGOS NO ENSINO DE ALEMÃO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES 29

CARDOSO, Grace de Brum

Page 8: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

BELEZA E ARTIFÍCIO NO ROMANCE DECADENTISTA “ÀS AVESSAS” (1884), DE HUYSMANS 31

CARGNELUTTI, Camila Marchesan

ACADEMIA ALTERNATIVA DE LETRAS 32

COSTA, Alan Ricardo

LEITURA EM TESTE: UM ESTUDO SOBRE O TESTE DE SUFICIÊNCIA EM LÍNGUA INGLESA DA UFSM 33

CUNHA, Ana Carolina Schmitt da

PROJETO EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA E INTERCULTURAL- ESPANHOL VIA PROJETOS: IMPRESSÕES E PERSPECTIVAS 34

DIAS, Adriele Delgado

DESIGNAÇÕES DE SUJEITOS NO LINGUAJAR DO GAÚCHO 36

ECHEVARRIA, Felipe Rodrigues

O ARTIGO DE OPINIÃO E SUA RECONTEXTUALIZAÇÃO NA ESCOLA 37

ECKERT, Gabriela

UMA LEITURA DE “NINGUÉM MATOU SUHURA”, DE LÍLIA MOMPLÉ 38

ESMÉRIO, João Alcides Haetinger

RECONTANDO FÁBULAS – UMA ANÁLISE DA TRANSITIVIDADE 39

FACHIM, Graziela

A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NO ROMANCE “INOCÊNCIA”, DE VISCONDE DE TAUNAY 40

FARIA, Esther Costa

REFLEXÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DE TEORIAS DE APRENDIZAGEM PELO PROFESSOR 41

FRANTZ, Amanda Kohlrausch

INTERAÇÃO VERBAL ORALIZADA NO GÊNERO DISCURSIVO AULA: O DIALOGISMO PROBLEMATIZADOR FREIREANO 42

FREITAG, Felipe

“A MÁSCARA DA MORTE RUBRA” E O “SÉTIMO SELO”: RELAÇÕES DE PODER NA DANÇA DA MORTE 43

FURTADO JUNIOR, Helvécio Ferreira

A CENSURA EM “ELES”, DE CAIO FERNANDO ABREU 44

GARLET, Deivis Jhones

A PEDAGOGIA DE GÊNEROS DA ESCOLA DE SYDNEY NO PROJETO ATELIÊ DE TEXTOS 45

GERHARDT, Carla Carine

O BRASIL DA DÉCADA DE 30: HISTORIOGRAFIA E CRÍTICA 46

GUERRA, Guilherme Bizzi

PARA ALÉM DO BEM E DO MAL: A CRÍTICA AO CONSUMISMO EM UM CONTO DE MARINA COLASANTI 47

JACOBY, Graziela Inês

A REPRESENTAÇÃO FICCIONAL DA ASSIMETRIA SOCIAL NA OBRA DE KATHERINE MANSFIELD 48

KICH, Bruna Viedo

Page 9: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

CICLO DE CINEMA – PROPOSTA DE EDUCAÇÃO POPULAR E INTERDISCIPLINAR NO PROJETO ALTERNATIVA 49

LOUREIRO, Camila Wolpato

RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA PROFESSORA EM FORMAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DE UM INFORME ESCOLAR 51

MACHADO, Lara Niederauer

... E NO PRINCÍPIO, A TRANSGRESSÃO: UMA LEITURA DE LÚCIO CARDOSO 52

MATOS, Xênia Amaral

A PROPÓSITO: DE JORNAL A LIVRO 53

MORAES, Russel Vaz

ALGUMAS COISAS QUE SEI SOBRE MIM – CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ATRAVÉS DA MEMÓRIA E TRAUMA 54

MUNSBERG, Gabriel Felipe Pautz

CONTAR HISTÓRIAS COM LIVROS INFANTIS EM LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 55

NASCIMENTO, Gicélia Barreto

O APOLINEO E O DIONISIACO NO LIVRO “O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA DE FRIEDRICH NIETZSCHE” 56

OLIVEIRA, Janio Davila de

“EM LIBERDADE”: O ENTRECRUZAMENTO DE HISTÓRIAS NA OBRADE SILVIANO SANTIAGO 57

OLIVEIRA, Juliana Prestes de

A LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL: DOS LIVROS AO PALCO 58

PAIM, Luciane de Lima

A EVOLUÇÃO DO ROMANCE: UM DEBATE EM QUESTÃO 59

PEREIRA, Isabele Corrêa Vasconcelos Fontes

A IMPORTÂNCIA DA FIGURA DE SANTO ANTÔNIO NA AFIRMAÇÃO POLÍTICA PORTUGUESA, PELO DISCURSO DE PADRE

ANTÔNIO VIEIRA, NO “SERMÃO DE SANTO ANTÔNIO” (1642) 61

PORTO, Halyne Maria Stefani do

UM MUNDO UTÓPICO FEMININO EM “A RAINHA DO IGNOTO” (1899), DE EMÍLIA FREITAS 62

QUINHONES, Walter Elenara

NEOLOGISMOS E REDES SOCIAIS – FACEBOOK E TWITTER 63

RADTKE, Natália

RECONSTITUIÇÃO E ANÁLISE DE DOCUMENTOS ANTIGOS DO FINAL DO SÉXULO XIX DO SUL DO BRASIL 65

RIBEIRO, Tatiana Jimenes Silveira

A OBJETIFICAÇÃO DAS PERSONAGENS FEMININAS COMO REPRESENTAÇÃO DE UMA IMPOSSIBILIDADE 66

ROCHA, Virgínea Novack Santos da

LETRAS: UM ESTUDO POR MEIO DA PALEOGRAFIA 67

ROSA, Tatiana Costa

Page 10: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

“OS ANOS DO PEREGRINO”: REPRESENTAÇÕES HAGIOGRÁFICAS E MIMÉTICA NA AUTOBIOGRAFIA

DE INÁCIO DE LOYOLA 68

SANCHES, Angelo Moreno Bidigaray

A IRLANDA DE “DUBLINENSES” NO CONTO “EVELINE”, DE JAMES JOYCE 69

SANTOS, Maíra Oliveira dos

CORPO, PODER E DOMINAÇÃO: UMA ANÁLISE DA RECONFIGURAÇÃO CORPORAL NO CONTO “ENTRE A ESPADA E ROSA”,

DE MARINA COLASANTI 70

SILVA, Ana Cláudia de Oliveira

A CRIAÇÃO DA IDENTIDADE DESVALORIZADA DO AFRODESCENDENTE ESCRAVIZADO A PARTIR DA INDUMENTÁRIA 71

SILVA, Débora Pires da

A IMPORTÂNCIA DA NARRATIVA LITERÁRIA DE JOSEPH CONRAD À COMPREENSÃO DO PROCESSO HISTÓRICO DO

IMPERIALISMO NA ÁFRICA 72

SILVA, Dionathan Ysmael Rodrigues da

UMA ABORDAGEM SISTÊMICO-FUNCIONAL PARA O LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS DO CURSO FOUR SKILLS 1 – LINC 73

SILVA, Lucas Oliveira

PROCESSOS FONOLÓGICOS EM DADOS DE PORTUGUÊS ANTIGO DO RIO GRANDE DO SUL 74

TOLEDO, Matheus

A ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA DO DICIONÁRIO “PEQUENO DICIONÁRIO BRASILEIRO DA LÍNGUA MORTA – PALAVRAS QUE

SUMIRAM DO MAPA” 75

VITORINO, Luane

A INFLUÊNCIA TOTALITARISTA SOBRE LITERATURA DISTÓPICA 76

NA OBRA “1984” DE GEORGE ORWELL

WAVZENIAK, Luiza

A PRÉ-ESCRITA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL 77

WEBER, Sabrine

SOMERSET MAUGHAM E PAUL GAUGUIN: UM PASSEIO PELOS MARES DO SUL 79

ZAMBERLAN, Lucas da Cunha

“EXCESO DE SENSIBILIDAD?”: A (DES)CONSTRUÇÃO DO DISCURSO “CIVILIZADO” 80

ZILLI, Bruno Ramires

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Caderno de Resumos

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NARRATIVA COMO DESEJO DE POTÊNCIA: A FIGURAÇÃO DA LITERATURA DE

TESTEMUNHO COMO MEDIADORA ENTRE PASSADO E FUTURO SOB O PRISMA DE

PRIMO LEVI

AGUIAR, Thiago Moreira1

ALÓS, Anselmo Peres2

Falar sobre minorias, subalternos, miseráveis ou homens subordinados por determinadas circunstâncias

históricas é sempre tarefa complicada. Colocar-se de maneira que contemple o mais próximo possível tal

quais foramas experiências vividas por estes seres, torna-se tanto mais difícil na medida em que os

sentimentos, angústias, aflições fazem-se mais intensas. A consciência da impossibilidade de retratar de

maneira fidedigna as vivências humanas, como elas de fato se sucederam, não impede, no entanto, que

sejam representadas e interpretadas. Ao contrário, determinadas experiências históricas são imperativas;

urge sempre serem lembradas, descritas, reconstituídas a cada tempo presente, para que o homem

compreenda-se e constitua-se como ser social e pensante. Nesse sentido é que Primo Levi desponta como

uma leitura quase que (porque não?) obrigatória para que a humanidade não se veja condenada à amnésia

histórica. Partindo de tal premissa, o presente trabalho busca pensar questões colocadas pelo químico

italiano Primo Levi a partir das memórias do tempo que passou entre 1944 e 1945 e que foram

primeiramente registradas em seu livro “É isto um homem?”. Dessa forma, esse percurso terá como ponto

de partida os questionamentos trazidos por ele durante o enredo sobre a necessidade de tornar públicas as

experiências vividas nos campos de concentração nazista. As dúvidas que pairavam sobre a compreensão

do que ele teria que relatar, os problemas da própria identidade do autor que se fragilizara e o

entendimento de que haveria na memória uma espécie de dever, no qual resultaria em um legado que

permitiria às gerações futuras não correrem o risco de ter que suportar parecido fardo. Partindo dessa

complexa relação que se estabelece entre memória e compromisso que se constitui a intenção de analisar

algumas características da literatura como testemunho histórico e as aporias que a marcam. Como aporte

teórico foi utilizado, principalmente, Lucilia de Almeida Neves Delgado (2006), Jacques Le Goff (1994)

e Márcio Siligmann-Silva (2000, 2003).

Palavras-chave: Memória de testemunho; Nazismo; Trauma.

Referencias bibliográficas

DELGADO, L. de A. N. História oral, memória, tempo, identidades. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

LE GOFF, J. História e memória. Campinas: Ed. Unicamp, 1994.

LEVI, P. É isto um Homem? Tradução: Luigi Del Re. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

SELIGMANN-SILVA, M. A história como trauma. In:_____; NESTROVSKI, A (org.) Catástrofe e representação. São

Paulo: Escuta, 2000.

SELIGMANN-SILVA, M. Apresentação da questão: a literatura do trauma. In:______. História, memória, literatura: o

testemunho na era das catástrofes. Campinas: Editora da Unicamp, 2003.

1 Graduado em História pelo Centro Universitário Franciscano – UNIFRA. Mestrando em Estudos Literários no PPG-Letras da

Universidade Federal de Santa Maria - RS. UFSM. E-mail: [email protected] 2 Orientador: Prof.Dr. do Programa de Pós Graduação em Estudos Literários do PPG-Letras da Universidade Federal de Santa

Maria - RS. UFSM. E-mail: [email protected]

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Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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A LITERATURA INDIANISTA DE ANA LUÍSA DE AZEVEDO CASTRO: “D. NARCISA DE

VILLAR”

ANDRETA, Bárbara Loureiro1

ALÓS, Anselmo Peres2

“D. Narcisa de Villar” foi o único romance escrito pela catarinense Ana Luísa de Azevedo Castro,

publicado em 1859. Ana Luísa de Azevedo Castro é considerada a primeira romancista catarinense. Por

intermédio de Galante de Souza, em 1979, Iaponan Soares tomou conhecimento da existência do romance

“D. Narcisa de Villar”, recuando, assim, em suas pesquisas, em três anos a data antes fixada para o

primeiro romance catarinense (SOARES, 2001). Esta narrativa conta a história de D. Narcisa de Villar,

uma jovem com cerca de doze anos de idade, que deixa Portugal por ocasião do falecimento de sua mãe.

A moça, que já era órfã de pai, vem para a cidade brasileira de Ponta Grossa, onde seus três irmãos mais

velhos vivem, a serviço do governo português. A jovem Narcisa ficou aos cuidados de Efigênia e cresceu

junto com o filho desta, Leonardo, tendo um grande apreço pelos indígenas, ao contrário de seus

irmãos.Tanto pelo tema quanto pelo enfoque das personagens, o romance pode ser considerado indianista.

Nesta obra, há uma nítida preferência pelos índios e desprezo pelos conquistadores, representados na obra

como déspotas, bárbaros, tiranos e cruéis, sendo, ao final da narrativa, transformados em demônios

(MUZART, 2001). Deve-se destacar que “D. Narcisa de Villar” antecede o romance indianista de José de

Alencar, “Iracema”, publicado em 1865. Na obra de Ana Luísa de Azevedo Castro, Leonardo, filho de

uma indígena com um português aparece como o avesso de Moacir, de “Iracema”, uma vez que

Leonardo, ao contrário de Moacir, não deixa de ter contato com sua herança cultural autóctone.Desta

forma, mulheres e índios representam a resistência a uma sociedade patriarcal, colonialista e também,

escravocrata, uma vez que a escravidão indígena é denunciada nesta obra. Assim como em outras obras

de autoria feminina do século XIX, “D. Narcisa de Villar” denuncia a violência institucional e simbólica,

que pautou a construção da nação, desestabilizando, assim, a configuração da identidade nacional, uma

vez que deu voz a sujeitos subalternizados.

Palavras-clave: Autoria feminina; Ana Luísa de Azevedo Castro; D. Narcisa de Villar; Século XIX.

Referências bibliográficas

CASTRO, A. L. de A. D. Narcisa de Villar. 4. ed. Florianópolis: Mulheres, 2001.

MUZART, Z. L. Uma precursora: Ana Luísa de Azevedo Castro. In: CASTRO, A. L. de A. D. Narcisa de Villar. 4. ed.

Florianópolis: Mulheres, 2001.

SOARES, I. Pequena história de um encontro. In: CASTRO, A. L. de A. D. Narcisa de Villar. 4. ed. Florianópolis: Mulheres,

2001.

1Aluna do curso de Letras (licenciatura) – Espanhol. UFSM. E-mail: [email protected]

2Orientador. Professor da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. E-mail: [email protected]

Page 15: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

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DEFORMAÇÃO, TRADIÇÃO E MEMÓRIA: O INDIVÍDUO METAMORFOSEADO DE

FRANZ KAFKA

ANONY, Murilo da Silva1

CAIMI, Claudia Luiza2

“Nossa herança nos foi deixada sem nenhum testamento” (RENÉ, 1946). Para o renomado ensaísta e

crítico literário Walter Benjamin, é a partir de um coletivo social que passamos – dentro de uma esfera de

caráter individual – às gerações posteriores, através da experiência, a memória e a tradição. Estes são os

bens que, segundo Hannah Arendt, constituem uma esfera maior de caráter social e que possibilitam,

durante determinados períodos intermediários da história, o aparecimento de algo inominável. A autora

nomeia este algo como “tesouro” (HANNAH, 2000). Há, na história da humanidade, um desejo herdado

pelos homens de conseguir sua felicidade dentro de um espaço público. Um desejo sôfrego de liberdade

de expressão. É em meio a esses pequenos intervalos de tempo,pós e pré-revoluções, que o homem tem

em suas mãos esse “tesouro”: A felicidade dentro da esfera pública, o encontrar-se a si mesmo em meio à

liberdade de expressar-se e poder legar aos indivíduos seus pensamentos, ideias e experiência. No

entanto, não há nem nunca houve nenhuma tradição que amparasse ou que dissesse ao menos na época da

Resistánce de René, de onde vem esse tesouro e quando possivelmente aparecerá novamente. “Ou seja,

sem tradição, que se selecione ou nomeie, que transmita e preserve e que indique onde se encontram os

outros tesouros e seu valor, parece não haver uma continuidade consciente no tempo, mas sim uma eterna

mudança do mundo” (HANNAH, 2000). Assim, perde-se o tesouro e, consequentemente, a tradição que

ampara o legado e a memória do indivíduo moderno: “Isso porque a memória, que é apenas um dos

modos do pensamento, embora dos mais importantes, é impotente fora de um quadro de referência

preestabelecido, e somente em raríssimas ocasiões a mente humana é capaz de reter algo inteiramente

desconexo.” (HANNAH, 2000) Sabe-se que a voz da experiência estava em baixa já desde os

antepassados de Char, “e isso numa geração que entre 1914 e 1918 viveu uma das mais terríveis

experiências da história” (BENJAMIN, 1933). Franz Kafka, renomado autor tcheco do início do século

XX, teve seu período de produção mais intenso precisamente nesse mundo onde o homem transitava de

um passado que lhe foi legado “sem testamento” para um futuro incerto e incomunicável: o mundo pós-

guerra. Em meio a esse choque de forças paralelas, de um futuro infinito e de um passado infinito,

encontra-se o “ele” Kafkiano. Assim, acorda metamorfoseado em um inseto Gregor Samsa, personagem

da novela de Kafka “A Metamorfose”. Não se sabe o porquê nem como ocorreu a transformação. Visto

que não há um testamento, ou seja, um passado que transita a um futuro, o tesouro encontra-se perdido:

não há perspectiva para o indivíduo nessa luta entre as forças de um passado incerto e um futuro mais

incerto ainda. O “ele” encontra-se então deformado e, acima de tudo, sem seu tesouro. Configura-se,

assim, um universo estético em que não há o que e nem ao menos um porquê em transmitir, resistindo

ainda à transmissão.

Palavras-chave: Experiência; Memória; Transmissão.

Referências bibliográficas

RENÉ, C. Feulletsd’Hypnos. Paris: [s.n], 1946.

HANNAH, A. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva 2000.

1Autor: Murilo da Silva Anony, aluno do 4º semestre de Letras, Licenciatura – Língua Portuguesa e Literaturas de Língua

Portuguesa, Língua Italiana e Literaturas de Língua Italiana. UFRGS. Email: [email protected] 2Orientador: Prof. Dra. Claudia Luiza Caimi. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. UFRGS. Email:

[email protected]

Page 16: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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BENJAMIN, W. Experiência e pobreza. In:______, Obras escolhidas. Vol. 1. Magia e técnina, arte e política. Ensaios

sobre literatura e história da cultura. Prefácio de Jeanne Marie Gagnebin. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 114-119.

Page 17: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

17

FENÔMENOS LINGUÍSTICOS OBSERVADOS EM DOCUMENTOS DOS SÉCULOS XIX E

INÍCIO DO SÉCULO XX

ARNEMANN, Aline Rubiane1

COSTA, Evellyne Patrícia Figueiredo de Souza2

O presente estudo objetiva apresentar uma análise comparativa entre os blocos de documentos do banco

de dados do Português Histórico do Rio Grande do Sul (PHRS), no que diz respeito às consoantes duplas.

O corpus de análise é composto por trinta e seis documentos, esses foram divididos em três blocos de

acordo com as coletas realizadas: o primeiro integra nove documentos conforme COSTA et al. (2012),

escritos em várias cidades sul-rio-grandenses, já o segundo é composto por quinze documentos escritos na

região sul do estado, ao passo que o terceiro contém doze documentos, escritos na região central do

estado. Todos esses documentos datam do fim do século XIX e início do século XX. Finalizado o

levantamento da presença e recorrência das consoantes duplas em cada um dos blocos, verificou-se em

cada um deles, em ordem de recorrência, a presença das duplas: primeiro bloco, ll, ff, tt, e nn, segundo

bloco ll, nn, tt, mm, ff e terceiro bloco, nn, tt, ll, cc, ff, mm e pp. Diante disso, observa-se que há diferenças

do uso das consoantes duplas entre os blocos: o uso é mais restrito no primeiro bloco em relação ao

terceiro no que diz respeito à variabilidade. Além disso, verifica-se que o emprego da dupla cc no acervo

do segundo bloco não apresenta uma regularidade quanto ao uso, pois ora é sinalizada como oclusiva

velar desvozeada /k/, accordo e occorencias, ora é sinalizada como fricativa alveolar vozeada /s/,

funccionario e acceitava. Outra recorrência é o uso da dupla nn, presente em todo o corpus analisado

apenas no vocábulo anno e derivados. Por fim, pode-se concluir que esses registros escritos demonstram a

mudança de estado da língua, pois as consoantes duplas presentes no acervo analisado são uma herança

das geminadas latinas, que desaparecem na passagem do latim ao português. E, de acordo com Faraco

(2007), é por meio do registro escrito que o conservadorismo da língua se efetiva e demonstra a

necessidade de padronização. Isso se evidencia no corpus analisado, uma vez que nele há o emprego das

consoantes duplas, o qual é de ordem ortográfica e essa, nesse caso, pode ser caracterizada como

etimológica ou pseudo-etimológica, e também não há uma regra quanto ao emprego delas nos

documentos analisados. A normatização ocorre em 1911, posterior ou concomitante ao corpus analisado,

e manteve apenas o uso duplicado de m e n.

Palavras-chave: Consoantes duplas; Português Histórico do Rio Grande do Sul; Registro escrito.

Referências bibliográficas

ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA DE 1911, Disponível em:

<http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo&version=1911>. Acesso em: 10 set. 2014.

COSTA, E. P. F. S. et al. Banco de dados de textos escritos: Português Histórico do Rio Grande do Sul (PHRS). In: SILVA. J.

P. (Org.) Crítica textual e edição de textos – Interagindo com outras ciências. Curitiba: Appris, 2012. p. 135 - 156.

FARACO, C. A. Linguística Histórica: uma introdução ao estudo das línguas. 2. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

1Autora. Aluna do 2º semestre de Letras Licenciatura – Inglês e Literatura de Língua Inglesa. UFSM. Email:

[email protected] 2Orientadora. Professora da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. Email: [email protected]

Page 18: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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PROPOSTA DE ESTUDO DA LÍNGUA PORTUGUESA A PARTIR DO GÊNERO TEXTUAL

CARTA DO LEITOR.1

ARRUDA, Patrícia Packaeser de2

RODRIGUES, Daniela Leite3

FUZER, Cristiane4

O ensino dos conteúdos de português, separadamente, torna a aprendizagem difícil, parecendo que os

próprios nativos não o sabem, conforme Bagno (1999). Uma das causas para isso está no fato de a

maioria dos alunos dissociar a gramática do seu emprego na fala e na escrita. Se a linguagem é uma

prática social cotidiana (BAKHTIN, 2003) e se o objeto de ensino e aprendizagem é o conhecimento

linguístico e discursivo para o aprendiz realizar suas atividades sociais, o ensino da gramática relacionado

com aspectos contextuais na perspectiva de gêneros textuais aparece como alternativa para apropriação

da língua. De acordo com Bezerra (2010), é possível afirmar que os alunos leem seções variadas de

jornais e revistas, sendo, dessa forma, viável trabalhar com carta do leitor, visto que eles conhecem o

tema abordado, podendo posicionar-se em relação a ele, apropriar-se da norma culta e da composição

desse gênero. Este trabalho tem por objetivo apresentar subsídios teóricos e metodológicos para realizar

atividades com exemplares de carta do leitor em aulas de português. Para isso, identificaram-se as

principais características da carta do leitor quanto ao modo de organização textual e às variáveis

contextuais. Para desenvolver este estudo, foram selecionados como corpus três exemplares de cartas do

leitor, publicados na Seção “Do Leitor”, da edição impressa do Jornal Zero Hora, em 08 de junho de

2013. O tema proposto pelo jornal para debate pelos leitores foi: “O papa Francisco critica as famílias

católicas que optam por ter apenas um filho. Você concorda com o Pontífice, segundo o qual a escolha se

dá por 'conforto'?”. Nas cartas analisadas, os autores divergem da posição do Papa. Na análise contextual,

foram examinadas as variáveis referentes ao campo, às relações e ao modo de acordo com a proposta de

Halliday (1989). Na análise textual, analisaram-se aspectos linguísticos quanto aos fatores de

textualidade: informatividade, situacionalidade, intencionalidade, intertextualidade, aceitabilidade, coesão

e coerência (KOCH e TRAVAGLIA, 1989) e às marcas linguísticas mais recorrentes nesses exemplares.

A análise demonstrou que, apesar de ser um gênero primário (MELO, 1999), o grau de informatividade

dos textos é baixo; o grau de situacionalidade é alto; o fator intencionalidade é alto; a intertextualidade

está presente; o grau de aceitabilidade pode ser considerado médio. Para divulgar suas opiniões de forma

coesa e coerente, os produtores empregaram marcas linguísticas como modalizadores, operadores lógicos

e argumentativos e índices de avaliação. O estudo evidenciou que esses textos estão inseridos num

contexto situacional em que houve interação entre a editoria da seção e os produtores das cartas. Assim,

este estudo corrobora a tese elaborada por Marcuschi de que “gêneros textuais são fenômenos históricos,

profundamente vinculados à vida cultural e social” (2010, p. 19), podendo, portanto, auxiliar na

conscientização e significação da aprendizagem da língua na escola. A partir de análises como essa, é

possível elaborar propostas de aplicação didática para estudo da língua portuguesa usada em gêneros

textuais como a carta do leitor no contexto escolar.

Palavras-chave: Carta do leitor; Contexto; Fatores de textualidade; Gênero textual; Língua Portuguesa.

Referências bibliográficas

BAGNO, M. Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz. 49. ed. São Paulo: Loyola, 2007.

1 Artigo produzido na disciplina Gêneros e Leitura, durante o 1º semestre de 2013, do curso de Licenciatura em Letras

Português e Literaturas EaD da UFSM. 2 Acadêmica do 4º semestre de Letras (Licenciatura) – Português e Literaturas. UFSM. E-mail: [email protected]

3 Mestre em Letras pela UFSM, tutora da disciplina de Gêneros e Leitura e coorientadora deste trabalho. E-mail:

[email protected] 4 Professora adjunta da UFSM, responsável pela disciplina de Gêneros e Leitura e orientadora deste trabalho. E-mail:

[email protected]

Page 19: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

19

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BEZERRA, M. A. Por que cartas do leitor na sala de aula? In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A.

Gêneros textuais e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

HALLIDAY, M. A. K.; HASAN, R. Language, context and text: Aspects of language in a social-semiotic perspective.

Oxford: Oxford University Press, 1989.

KOCH, I.; TRAVAGLIA, L. C. Texto e Coerência. São Paulo: Cortez, 1989.

MARCUSCHI, L. A. “Gêneros textuais: definição e funcionalidade”. In: DIONISIO, A. P.; MACHADO,A R.; BEZERRA, M.

A. (Org.). Gêneros textuais e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

MELO, C. T. V. "Cartas a redação" - uma abordagem discursiva. Campinas, SP: 1999. Disponível em:

<http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000188701&fd=y>. Acesso em: 24 jun. 2013.

Page 20: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

20

O TOEFL ITP COMO FERRAMENTA DE TESTAGEM DA PROFICIÊNCIA EM LÍNGUA

INGLESA DOS CANDIDATOS AO PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS

AZAMBUJA, Francine da Silveira1

MARCUZZO, Patrícia2

Este trabalho versa sobre o TOEFL iTP e tem como objetivos descrever e analisar esse teste dentro do

programa de intercâmbio acadêmico “Ciência sem Fronteiras” do Ministério da Educação, de modo a

identificar em que medida e como ele avalia a proficiência em língua inglesa dos candidatos ao programa.

Uma vez que não foi possível ter acesso a uma versão impressa do TOEFL iTP, o corpus do estudo é o

Manual Oficial do TOEFL iTP (ETS, 2012), que é uma referência para os candidatos que buscam se

preparar para esse teste, e apresenta instruções e exemplos de questões. Os resultados parciais apontam

que o TOEFL é considerado uma testagem por ser independente do ensino (MARCHEZAN, 2005). De

acordo com Marchezan, também são características dos testes: procedimentos de correção e classificação

previamente decididos, padronizados e imparciais; e candidatos não terem acesso a correção dos testes,

apenas nota ou classificação. A versão TOEFL iTP (nível intermediário a avançado) apresenta 140

questões para serem respondidas em 2 horas e está dividida em três seções: 1) Compreensão Oral; 2)

Estrutura e Expressão Escrita; e 3) Leitura. Portanto, essa versão do TOEFL não explora a habilidade de

expressão oral dos candidatos. Todas as questões versam sobre temas relacionados ao contexto

acadêmico, e simulam situações parecidas com as encontradas em universidades. Nesta comunicação,

apresentamos resultados da análise das seções de Compreensão Oral e Compreensão de Leitura. A seção

de Compreensão Oral está dividida em três partes: todas essas são projetadas a fim de testar a habilidade

dos candidatos em compreender a língua inglesa falada e, para tal, são apresentados diálogos,

administradas por uma gravação de áudio, seguidas de questões com quatro possibilidades de respostas e

um limite de tempo para lê-las e respondê-las. Os resultados mostram que, para responder as questões

apresentadas, os candidatos precisam ter conhecimento linguístico, sintático e semântico na língua

inglesa. Em termos de conhecimento semântico, foram verificadas, até o presente momento, questões que

exploram inferências e implicaturas. Já na seção de Compreensão de Leitura, são apresentadas passagens

de textos que simulam a realidade acadêmica também seguidas de questões com quatro possíveis

respostas. Até o presente momento, podemos perceber que nenhum dos textos apresentados podem se

incluir em um gênero textual. Pois, para Bhatia, gênero refere-se essencialmente ao uso

convencionalizado da língua em um ambiente comunicativo, a fim de dar expressão a um conjunto

específico de metas comunicativas de uma instituição disciplinar ou social, que dão origem a formas

estruturais estáveis, impondo restrições sobre o uso de léxico-gramatical, bem como recursos discursivos

(BHATIA, 1993). O que não se pode perceber nos textos apresentados, portanto entendemos que não se

caracterizam como gênero. Nas próximas etapas do projeto, analisaremos as demais seções do TOEFL

iTP e, uma vez que a habilidade de expressão oral não é contemplada nessa versão do TOEFL,

procuraremos identificar se há outra testagem, dentro do programa “Ciência sem Fronteiras”, que testa a

expressão oral dos candidatos, habilidade fundamental para acomunicação efetiva dos alunos brasileiros

em países de língua inglesa.

Palavras-chave: Ciência sem Fronteiras; Testagem; TOEFL iTP

Referências bibliográficas

BHATIA, V. K. Analysing genre: language use in professional settings. London: Longman, 1993.

EDUCATIONAL TESTING SERVICE.Toefl. Test taker handbook. Princeton: USA, 2012.

1 Aluna do 8º semestre de Letras (licenciatura) – Inglês e Literaturas da Língua Inglesa. UFSM. E-mail:

[email protected] 2 Professora da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. E-mail: [email protected]

Page 21: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

21

MARCHEZAN, M. T. N. Perfil de provas elaboradas por professores de inglês na escola pública fundamental. 2005.

Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Letras - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005.

Page 22: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

22

MÉTODO ALTERNATIVO DE ENSINO-APRENDIZAGEM: TRABALHANDO A CULTURA

DAS LAVADEIRAS NEGRAS COM ALUNOS DA EJA NO ENSINO MÉDIO

BASSO, Eugênia1

ADAMY, Martha2

Em meados do século XVIII, Pelotas sofreu profunda transformação, tornando-se potência econômica da

região. Com uma intensa produção de charque, a cidade foi prosperando e recebendo moradores nobres

que foram construindo charqueadas no local. Assim, Pelotas foi palco de intensa mão de obra negra, pois

eram os escravos que executavam as tarefas pesadas em cada charqueada. Tais tarefas eram divididas:

homens realizavam o serviço braçal e crianças e mulheres ficavam com os serviços domésticos.Em meio

a esse contexto histórico, com o passar do tempo, fizeram-se presentes as negras lavadeiras de roupas, que

normalmente desciam para o Arroio Santa Bárbara, na chamada Rua das Lavadeiras da época (atual rua

Prof. Araújo) para lavar as roupas dos patrões.O presente projeto teve como objetivo reacender esse

capítulo da história de Pelotas, trabalhando, com alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da

Escola Adolfo Fetter, a história das lavadeiras negras pelotenses, através de música e teatro, optando por

um método alternativo de ensino, buscando fugir dos parâmetros convencionais de ensino-aprendizagem

dentro de uma sala de aula.A metodologia surgiu a partir de uma proposta de recuperação de avaliação

com os alunos (baseada na questão interdisciplinar presente nos PCNs do Ensino Médio) na qual estes

deveriam encenar a música “Ensaboa”, de Cartola (na voz de Marisa Monte), que retrata a tristeza de uma

mulata lavadeira de roupas. Junto à encenação, houve a declamação de alguns trechos de poemas

relacionados à escravidão e pesquisas nesta área, tudo realizado pelos alunos e apoio do professor e seu

auxiliar.Foram realizados seis ensaios, especialmente nas terças-feiras entre outubro e novembro, com

tempo disponível de dois períodos pela noite, com alunos da totalidade 9, turma 92, da EJA. A turma foi

dividida em grupos de trabalho: cenário, figurino, sonosplastia, divulgação e atuação. Na atuação, os

alunos vestiram-se com roupas de escravos e cantaram trechos da música, enquanto encenavam a vida das

lavadeiras. A apresentação do projeto foi no dia 11 de dezembro de 2013. Com este projeto, foi possível

reconhecer a importância do negro na construção da cidade de Pelotas e, junto a isso, aprender mais sobre

a cultura da região em que se vive e propagá-la para a comunidade. Além disso, é necessário

conscientizar as pessoas queainda hoje as mulheres negras sofrem preconceito, não conseguindo ocupar

na sociedade trabalho de destaque, com remuneração digna, principalmente no início do século XX em

que disputavam colocações com as imigrantes europeias. Para os estudantes, foi uma experiência muito

inovadora, pois a atividade envolveu várias áreas de conhecimento, integração com a comunidade e

exposição dos alunos, o que os deixou muito confiantes em seu potencial, e motivados em ir à escola.

Palavras-chave: Comunidade; Interdisciplinar; Lavadeiras negras; Método alternativo.

Referências bibliográficas

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Brasília: MEC/Semtec, 2002.

1Autor: aluna do 4º semestre de Letras – Português e Inglês e respectivas literaturas. UFPEL. [email protected]

2 Orientador: professora da Escola Estadual de Ensino Médio Adolfo Fetter. E.E.E.M.A.F. [email protected]

Page 23: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

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OS ENSINAMENTOS DE MATTOSO CAMARA: DEPOIMENTO

BILIÃO, Maurício1

SCHERER, Amanda Eloina2

A presente comunicação apresenta um depoimento que obtivemos de uma professora da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nele, ela traz importantes apontamentos que vão ao encontro de nosso

objetivo de pesquisa: confirmar o status de Mattoso Camara como importante linguista para os estudos da

língua portuguesa no Brasil a fim de investigar a ausência de sua bibliografia no curso de Letras da

Universidade Federal de Santa Maria. Integramos um trabalho que tem por pressupostos teórico-

metodológicos a História das Ideias Linguísticas, articulada à Análisede Discurso de linha pecheuxtiana,

tal como ambas as perspectivas vêm se desenvolvendo no Brasil. Ainda, o nosso trabalho abrange o

campo de estudo interdisciplinar que busca criar uma política de arquivo na contemporaneidade a partir

de fundos documentais (SCHERER et al, 2014). A ideia que vem se consolidando é a de que os fundos

documentais nos permitem refletir sobre nossa história institucional e, consequentemente, colaboram para

uma melhor compreensão do fazer disciplinar. Pretendemos apresentar, nesta comunicação, uma primeira

análise que diz respeito ao depoimento que recebemos de uma ex-aluna do referido professor.Angela

Maria da Silva Correa foi aluna de Mattoso Camara na antiga Faculdade de Filosofia (que incluía o

Departamento de Letras) em 1966, na UFRJ.A disciplina ministrada por Camara, naquele ano, era

intitulada “Linguística”, que, conforme proposto por ele, apresentaria a “Linguística” e todas as suas

implicações enquanto “ciência da linguagem” – na esteira dos trabalhos de Ferdinand de Saussure e

Romam Jakobson, do lado europeu, e de Leonard Bloomfield, do lado americano. Como relatou a

professora, as aulas do mestre tinham grandes qualidades didáticas – suas aulas eram expositivas, mas

também seguiam as melhores técnicas interativas – partindo de exemplos e da colocação de questões e de

problemas. Além disso, os textos da bibliografia eram baseados no livro de sua autoria “Princípios de

Linguística Geral” (1942), o que acabava facilitando a compreensão para quem acompanhasse as aulas

com atenção. Em 1968, Angela voltou a ser aluna de Camara, naquele momento, na disciplina de História

da Linguística, a qual tinha duração de um semestre. Após a conclusão de sua graduação em Letras –

Francês, a entrevistada passou ao papel de docente no curso de Letras na UFRJ. Naturalmente, seus

ensinamentos iam ao encontro de todo conhecimento adquirido com Mattoso Camara. Ela foi professora

da disciplina de Português I, cujo programa girava em torno de livros de Mattoso Camara: “Problemas de

Linguística Descritiva” e “Estrutura da Língua Portuguesa”. Profissionalmente, a partir do apreço por

Mattoso, o desejo da professora em aprofundar os estudos linguísticos a levou a fazer um doutorado em

linguística. E, como encerra Angela, sua atuação como professora universitária foi profundamente

influenciada pela formação linguística do final da década de 1960 (seus outros professores de linguística

na graduação eram discípulos de Mattoso Câmara). A partir deste depoimento estamos investigando que

ensinamentos são estes e no que eles vão colaborar na visibilidade e na história do referido linguista.

Palavras-chave: Mattoso Camara; Linguística; Relato.

Referências bibliográficas SCHERER, A. et al. Por uma política de arquivo na contemporaneidade a partir de fundos documentais. Livro

organizado na USP de Ribeirão Preto, pela professora Lucilia Abrahão. No prelo, 2014.

1 Autor: Maurício Bilião. Aluno do 4º semestre de Letras (licenciatura) – Português e Literaturas de Língua Portuguesa.

UFSM. E-mail: [email protected] 2

Orientador: Amanda Eloina Scherer. Professor da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. E-mail:

[email protected]

Page 24: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

24

LITERATURA E HISTÓRIA: POSSIBILIDADES DE DIÁLOGO ENTRE A REVOLUÇÃO DOS

CRAVOS E A FICÇÃO EM “AS VÉSPERAS ESQUECIDAS”, DE MARIA ISABEL BARRENO

BORGES, Francieli1

Parece ser bastante profícua a discussão sobre a literatura que se apropria e subverte os discursos da

historiografia,uma vez que ambos os campos de estudo apresentam convergências. Tanto a literatura

como a história são práticas humanas situadas de acordo com estruturas próprias, mas que têm muito em

comum, sobretudo se for levado em consideração o fato de a história ter seu discurso narrativamente

organizado através do ponto de vista do sujeito historiador e, portanto, também ser uma invenção, em

certo sentido; ou então se forem pensados nos casos em que é possível chegar aos indícios do passado

através da literatura(um exemplo para essa afirmação é o fato de que grande parte da história grega foi

construída a partir das epopeias homéricas, e muito da história dos povos romanos, através da

“Eneida”(2004) de Virgílio. Na Idade Média, também há exemplos, como é o caso de “La chanson de

Roland”(2014),pertencente à literatura francesa daquele período, considerado texto literário e documento

histórico ao mesmo tempo. Os textos referentes à conquista da América também caminham nesse sentido

e tem-se o exemplo brasileiro da “Carta”(2003)de Pero Vaz de Caminha, estudada ao mesmo tempo como

história e como literatura.),texto tido como criação de um escritor situado historicamente em um

determinado tempo e espaço do qual ele enuncia. Esse trabalho analisa as convergências entre literatura e

história com vistas à obra “As vésperas esquecidas”(1999), de Maria Isabel Barreno. Essa obra ficcional

atenta à passagem histórica referente à Revolução dos Cravos, em Portugal, e observa, no tocante às

personagens, questões relativas à repressão, às guerras coloniais, ao medo e à sustentação do regime

Salazarista. A principal pretensão desse estudo é refletir acerca do modo como a literatura pode servir

para problematizar o relato histórico, além de observar a construção das personagens a partir da

representação da época na qual a obra está inserida.

Palavras-chave: As Vésperas Esquecidas; Maria Isabel Barreno; Revolução dos Cravos na Literatura

Portuguesa.

Referências bibliográficas

BARRENO, M. I. As vésperas esquecidas. Editorial Caminho: Lisboa, 1999.

CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha: o descobrimento do Brasil. Porto Alegre: L&PM, 2003.

Lestextes de lachanson de Roland I (Manuscrit d‟Oxford). Disponível em: <http://www.hs-

augsburg.de/~harsch/gallica/Chronologie/11siecle/Roland/rol_ch00.html>. Acesso em: 25 jul. 2014.

VIRGÍLIO. A Eneida. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

1 Licenciada em Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Pelotas/UFPel.

Mestranda em Educação pela mesma universidade. E-mail: [email protected]

Page 25: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

25

A REPRESENTAÇÃO DA MULHER DUBLINENSE EM “EVELINE” DE JAMES JOYCE

BOTTEGA, Caroline Lorenzzoni1

VIANNA, Vera Lúcia Lenz2

Considerado um dos autores de maior relevância do século XX, o escritor Irlandês James Joyce foi um

romancista, contista e poeta. Aclamado por obras como “Ulysses” e “Finnegans Wake”, James Joyce é o

autor do livro intitulado “Dubliners” (JOYCE, 1991): uma coletânea de quinze contos que relatam

algumas características da vida da cidade de Dublin e seus habitantes. Destacando experiências de

infância, relacionamentos conjugais e epifanias. A sociedade Dublinense da época transforma-se no foco

da atenção e crítica do escritor. “Eveline” (JOYCE, 1991) foi escolhido para análise por sugerir de modo

singular, aspectos relacionados à algo sobre as dificuldades e limitações de algumas mulheres no início do

século XX e, em particular, de mulheres do universo Dublinense. O objetivo deste trabalho consiste em

analisar o modo pelo qual a trajetória da personagem feminina é marcada pela imobilidade e

incomunicabilidade - fatores que conduzem a personagem a um estado de paralisia e afasia. A narrativa é

construída de modo a ressaltar a incapacidade da protagonista de se libertar dos códigos morais e

religiosos impostos pela sociedade. Do mesmo modo, interessa explorar a oscilação temporal que

caracteriza a construção do pensamento de Eveline e que reforça os sentimentos de incerteza e angústia

da personagem. Este estudo está apoiado nos pressupostos teóricos de Julio Cortázar e Suzanne Ferguson

presentes na obra “New short storytheories” (MAY, 1994).

Palavras-chave: Crítica social; Dublin; James Joyce; Mulher.

Referências bibliográficas

JOYCE, J. Dubliners. New York: Signet Classic, 1991.

MAY, C. E. New short story theories. Ohio: Ohio University Press, 1994.

1 Aluna do 8

o semestre de Letras Licenciatura - Inglês e Literaturas de Língua Inglesa. UFSM. E-mail:

[email protected] 2 Professora adjunta da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. E-mail: [email protected]

Page 26: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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LINGUAGEM, FONOAUDIOLOGIA E TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS:

DISCUSSÃO E POSSIBILIDADES

CAMARGO, Renata Gomes1

MEZZOMO, Carolina Lisbôa2

A ampliação e busca por conexõesnos estudos da linguagem fazem-se de extrema importância para o

melhoramento da atuação em Fonoaudiologia. Entende-se a linguagem verbal como sinônima de

inteligência linguística, na qual as palavras escrita e falada, trazem infinitas possibilidades à comunicação

(ZORZI, 1999; GARDNER, 2010; JAKUBOVICS, LEME, 2012;ABE et al., 2013; GIACCHINI et al.,

2013). As alterações, dificuldades e/ou desvios que ocorrem durante o desenvolvimento ou posterior à

aquisição da linguagem verbal, podem gerar patologias de linguagem diversas, por exemplo, o atraso

simples de linguagem e os distúrbios de aprendizagem (JAKUBOVICZ, 2002; JAKUBOVICS, LEME,

2012). Assim, este trabalho tem por objetivo explorar as evoluções de pacientes atendidos por estagiários

do Curso de Fonoaudiologia, registradas em 41 prontuários, no Setor de Linguagem, do Serviço de

Atendimento Fonoaudiológico, da Universidade Federal de Santa Maria –UFSM, com base na Teoria das

Inteligências Múltiplas (GARDNER, 1994, 2010).Os resultados analisados fazem parte do projeto maior

intitulado “Teoria das Inteligências Múltiplas e atuação fonoaudiológica: um estudo baseado no estágio

supervisionado em linguagem”, que tem a aprovação do Comitê de ética em Pesquisa da UFSM, com

número 14702713.2.0000.5346. Caracterizou-se como uma pesquisa qualitativa (GIL, 2010), tendo sido

utilizada a análise de conteúdo para a apreciação dos dados (BARDIN, 2011). As categorias de análise

foram: motivação na terapia, desempenho na inteligência linguística e acesso às áreas de interessedos

pacientes relacionadas às inteligências múltiplas. Foram analisados 562 registros de evoluções de terapia;

são exemplos de excertos de evoluções analisados: “Brincadeira de amarelinha [...] brincadeira com

massinha de modelar [...] C. demonstrou coordenação [...] c. gostou da brincadeira, fazendo formas de

bichos e dizendo que daria presenta para a Fono”; “Cinoterapia3. V. estava um pouco afastado no

início, depois brincou com a cadela, deu comida, sorrindo e vocalizando o tempo todo”. Ao estudar os

registros das evoluções, compreendeu-seque é enriquecedor à atuação buscar relações entre terapia

fonoaudiológica, linguagem e Teoria das Inteligências Múltiplas. Principalmente, em virtude das

possibilidades de qualificação da terapia, se as estratégias utilizadas estiverem permeadas pelo estudo e

aplicação da referida teoria no trabalho de linguagem, como um meio de maximizar a evolução dos

pacientes.Afirma-se isso com base nos registros dos resultados da terapia, nos quais verificou-se que

existem implicações positivas entre motivação, melhor desempenho na terapia eacesso às áreas de

interesse dos pacientes relacionadas às inteligências múltiplas. Em outras palavras, quando são acessadas

áreas de interesse dos pacientes que, na maioria das vezes, efetiva-se em um trabalho onde a inteligência

linguística é abordada em combinação com outras inteligências, por exemplo, retomando os excertos

citados, respectivamente, asinteligênciassinestésico-corporal e naturalística, aperformance na inteligência

linguística é qualificada. Sendo assim, conclui-se que um estudo e aplicação mais aprofundados da

temática linguagem verbal/inteligência linguística, relacionada à apreciação das inteligências múltiplas na

terapia, pode ser um meio de aperfeiçoar as estratégias terapêuticas, bem como ampliar o entendimento

sobre as inferências nas evoluções dos pacientes.

Palavras-chave: Linguagem; Fonoaudiologia; Teoria das Inteligências Múltiplas.

Referências bibliográficas

ABE, C. M. et al. Habilidades comunicativas verbais no desenvolvimento típico de linguagem – relato de caso. CoDAS, 2013;

25(1): p. 76-83.

1 Autor. Professora do Colégio de Aplicação. UFSC. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Distúrbios da

Comunicação Humana. UFSM. E-mail: [email protected] 2 Coautor. Professora Dra. do Departamento de Fonoaudiologia e do Programa de Pós Graduação em Distúrbios da

Comunicação Humana. UFSM. E-mail: [email protected] 3Cinoterapia é a terapia mediada por cães.

Page 27: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

27

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

GARDNER, H. O nascimento e a Difusão de um “Meme”. In: GARDNER, H. et al. Inteligências Múltiplas ao redor do

mundo. Porto Alegre: Artmed, 2010. cap. 1, p.16-30.

GIACCHINI, V. et al. Aspectos de linguagem e motricidade oral observados em crianças atendidas em um setor de

estimulação precoce. RevDistúrbComun. 2013; 25(2): 253-265.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

JAKUBOVICZ, R. Atraso de linguagem: Diagnóstico pela Média dos Valores de Frase (MVF). Rio de Janeiro: Editora

Revinter, 2002.

______.; LEME, M. P. Exercícios de linguagem. Rio de Janeiro: Revinter, 2012.

ZORZI, J L. A Intervenção Fonoaudiológica nas Alterações da Linguagem Infantil. Rio de Janeiro, Revinter, 1999.

Page 28: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

28

VALOR LINGUÍSTICO EM UMA PERSPECTIVA SAUSSUREANA

CAMPOS, Marcio Cardozo de 1

SCHERER, Amanda Eloina 2

A presente comunicação está vinculada ao projeto “Língua, sentido e memória e os processos de

constituição do sujeito” e busca realizar uma reflexão sobre a teoria do valor linguístico, com

embasamento nos estudos saussureanos. Ferdinand de Saussure (1857-1913) apresentou uma série de

estudos referentes ao campo da linguística, assim, pode ser considerado o fundador da linguística

moderna. Entre os anos de 1903 e 1907, atuou como professor de línguas indo-européias e,

posteriormente a partir de 1907, como professor de linguística geral, na Universidade de Genebra. Entre

os anos de 1907 e 1911 foram ministrados os cursos que originaram as obras “Cours de Linguistique

Générale–CGL” (1916) e “Écrit de Linguistique Génerale” (1996), ambos organizados com base em

anotações dos cursos ministrados por Saussure. Durante suas aulas, Saussure trabalhou as questões da

fala, da linguagem, da unidade linguística, da sincronia, da diacronia, do signo, da arbitrariedade de signo

e da teoria do valor linguístico. A obra “Curso de Linguística Geral” está divida da seguinte maneira:

sumário (apresentação dos prefácios das edições), introdução (apresentação de dados sobre o estudo da

linguística), apêndice (apresentação dos princípios de fonologia), primeira parte (princípios gerais),

segunda parte (linguística sincrônica), terceira parte (linguística diacrônica), quarta parte (linguística

geográfica) e quinta parte, correspondente às questões de linguística retrospectiva. No “CGL” podemos

encontrar pontos que introduzem o valor linguístico, a partir do capítulo III da primeira parte. Nas

reflexões dos alunos de Saussure, é esclarecido que a língua não possui um sistema de valores castiços,

porque as ideias e sons são responsáveis pelo seu funcionamento linguístico, e sem o recurso dos signos,

seríamos impossibilitados de discernir entre duas ideias de forma clara e progressiva. Portanto, no “Curso

de Linguística Geral” nosso pensamento é formado linguisticamente. Quanto aos “Escritos de Linguística

Geral” sua organização reúne as reflexões saussureanas referentes a epistemologia, especulação analítica

e a epistemologia pragmática. Em relação ao valor linguístico, o assunto é apresentado ao longo da obra

de forma esparsa, enquanto no “CLG”, há uma divisão em seções que abordam o tema com diferentes

abordagens. O valor linguístico, como é encontrado no “Curso de Linguística Geral”, é constituído

primeiramente, por uma coisa dessemelhante, suscetível de ser trocada por outra que necessita ter seu

valor determinado, e por fim, por coisas relativamente semelhantes que se podem comparar com aquela

em que o valor está em causa. Portanto, para essa comunicação objetivamos apresentar nossas reflexões a

respeito do conceito de valor linguístico, tendo por base as obras referidas acima.

Palavras chave: Ferdinand de Saussure; Linguística Contemporânea; Valor Linguístico.

Referências bibliográficas

SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 2006.

BOUQUET, S.; ENGLER, E. Escritos de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 2012.

LETRAS & LETRAS, v. 25, n. 1, Jan/Jun.2009 – Uberlândia, Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Letras e

Linguística. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/letraseletras/issue/view/1089>. Acesso em: 28/04/2014.

1 Autor: Aluno do sexto semestre do Curso de Letras Português Licenciatura, bolsista de iniciação científica PIBIC/CNPq.

UFSM. Contato: [email protected] 2 Professora orientadora. Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. Contato: [email protected]

Page 29: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

29

A LUDICIDADE E O USO DE JOGOS NO ENSINO DE ALEMÃO PARA CRIANÇAS E

ADOLESCENTES

CARDOSO, Grace de Brum1

KRÜGER, Mariane Lopes2

SCHNEIDER, Maria Nilse3

Este estudo insere-se na área do Ensino de Línguas Estrangeiras, doravante (LEs/L2), mais precisamente

da língua alemã, e visa a discutir os fundamentos teórico-metodológicas acerca da ludicidade e do uso de

jogos de aprendizagem (Sprachlernspiele) (DAUVILLIER; LÉVY-HILLERICH, 2004; CHIGHINI,

2009), focalizando os critérios de escolha, elaboração, análise e uso de jogos e suas vantagens sociais e

cognitivas no processo de ensino-aprendizagem da língua alemã. É objetivo também criar jogos de

aprendizagem em alemão para crianças e adolescentes. Primeiramente foi discutido o aporte teórico-

metodológico e em seguida, serão: a) feitas pesquisas em sites sobre tipos de jogos de aprendizagem,

procedendo a análise dos jogos (objetivos e critérios de seleção e aplicação); e b) elaborados jogos a partir

de diferentes temas e estruturas linguísticas de acordo com as teorias estudadas, bem como um projeto de

extensão para ensino de alemão para crianças e adolescentes, no qual serão utilizados alguns dos jogos

analisados e elaborados pelo grupo. Desde o final do século XIX, os jogos adquiriram um estatuto

educativo, e para muitos pedagogos eles contribuem para o desenvolvimento social e cognitivo do

indivíduo e, de um modo geral, podem ser utilizados nas mais diversas áreas do conhecimento, uma vez

que constituem um meio para promover aprendizagens específicas e funcionam como recursos de

formação e autodesenvolvimento (BROUGÈRE, 1998 apud LEAL; D‟ÁVILA, 2013). O uso de jogos

possibilita a aprendizagem interativa-comunicativa, e o estudo passa a ser percebido como uma forma de

exercitar o poder de criação, o que favorece a formação de sujeitos reflexivos e autônomos. Os jogos de

aprendizagem, portanto, podem trazer resultados positivos significativos no ensino de LEs/L2, pois eles

oferecem uma gama enorme de possibilidades para exercitar o uso da LE/L2, e desenvolver a

comunicação oral (SOMMET, 2009). Este entendimento também encontra voz na teoria piagetiana, que

concebe o jogo como um recurso que o sujeito utiliza para o desenvolvimento da cognição e da

afetividade (LUCKESI, 2006). Ao utilizar jogos de aprendizagem nas aulas de LEs/L2, o professor

precisa ter em mente que o processo é mais importante que o objetivo do jogo, pois o objetivo central é a

aprendizagem da língua e não o jogo em si (CHIGHINI, 2009). Resultados preliminares mostram que

com mais de um século de estudos ainda nos deparamos com crenças equivocadas acerca do uso de jogos

em aulas LEs/L2. Ainda há professores abrindo mão de atividades lúdicas, por acharem que é “perda de

tempo”, ou por “falta de tempo”. Neste sentido, este estudo pode contribuir para desconstrução de tais

crenças e práticas em relação ao uso de atividades lúdicas nas aulas de LEs/L2.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Jogos; Ludicidade.

Referências bibliográficas

BROUGÈRE, G. Jogo e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

CHIGHINI, P.; KIRSCH, D. Deutsch im Primarbereich. Fernstudieneinheit 25. Berlim: Langenscheidt, 2009, p.42-47.

DAUVILLIER, C.; LÉVY-HILLERICH D. Spiele im Deutschunterricht. Fernstudieneinheit 28. München: Langenscheidt,

2004.

LEAL, L. A. B.; D‟ÁVILA, C. M. A ludicidade como princípio formativo. Interfaces Científicas – Educação, Aracajú, v1, n.

2, p. 41-52, 2013.

1Grace de Brum Cardoso: Aluna do 4º semestre de Letras Licenciatura– Português/Alemão. UFPEL. Email: grace-

[email protected] 2Marina Krüger Lopes: Aluna do 4º semestre de Letras Licenciatura – Português/Alemão. UFPEL. Email:

[email protected] 3Maria Nilse Schneider: Professora Doutora da Universidade Federal de Pelotas. UFPEL. Email:

[email protected]

Page 30: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

30

LUCKESI, C. Ludicidade e atividades lúdicas: uma abordagem a partir da experiência interna. Disponível em:

<http://www.luckesi.com.br>. Acesso em: mar. 2006.

SOMMET, P. Leitfaden für Kursleiter. Ismaning: Hueber, 2009.

Page 31: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

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BELEZA E ARTIFÍCIO NO ROMANCE DECADENTISTA “ÀS AVESSAS” (1884), DE

HUYSMANS

CARGNELUTTI, Camila Marchesan1

ALÓS, Anselmo Peres2

Publicado originalmente em 1884, “Às avessas”, do escritor francês J.-K. Huysmans é considerado o

“livro cardeal do decadentismo” (PRAZ, 1996, p. 283), representando a ruptura do autor com os

movimentos que o antecederam, particularmente com o naturalismo, e o principal exemplo da tentativa do

autor de renovação do romance. Dentre as características específicas do decadentismo, podemos destacar

a aversão ao mundo real, ao progresso e ao cientificismo. Dessa forma, esse movimento caracteriza-se por

uma estética de negação e rejeição da realidade de transformações sociais, políticas, econômicas e

tecnológicas que marcou o final do século XIX (WEBER, 1988). Frente a esse contexto de profundas

modificações na sociedade parisiense fin-de-siècle, o decadentismo, além de caracterizar-se pela negação,

procura encontrar novas formas de expressão estética e de renovação das artes e da literatura

(MORETTO, 1989). O decadentismo encontraria na personagem des Esseintes, protagonista de “Às

avessas”, principal figura representativa das peculiaridades desse movimento e dessa conjuntura fin-de-

siècle. Dentre elas, como procuramos demonstrar ao longo desse estudo, o culto do artifício, característica

fundamental na composição estética dos artistas e escritores decadentistas. Nesse trabalho,

investigaremos algumas transposições de arte construídas em “Às avessas”, particularmente as referentes

aos quadros “Salomé” e “A aparição”, ambos do pintor francês Gustave Moreau.Assim, objetivamos

analisar como se manifesta o culto ao artificial nessas passagens da obra. Observamos

que as transposições dessas obras privilegiam, especialmente, aspectos que remetem ao artificial

e à beleza como produto do retoque e intervenção da arte sobre a natureza. Além disso, esses trechos

procuram evocar, por meio do texto literário,as imagens representadas nas pinturas e

explorar as possibilidades da literatura de sugerir e provocar sensações a partir da apreciação da arte

pictural.

Palavras-chave: Culto do artifício; Decadentismo; Huysmans; Transposição de arte.

Referências bibliográficas

HUYSMANS, J.-K. Às avessas. Tradução de José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

MORETTO, F. M. L. (Org.). Caminhos do decadentismo francês. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Editora

Perspectiva, 1989.

PRAZ, M. A carne, a morte e o diabo na literatura romântica. Tradução de Philadelpho Menezes. Campinas: Editora da

Unicamp, 1996.

WEBER, E. França fin-de-siècle. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

1 Autora: Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras – Estudos Literários – da Universidade Federal de Santa Maria.

UFSM. E-mail: [email protected] 2 Orientador: Professor Ajunto da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. E-mail: [email protected]

Page 32: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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ACADEMIA ALTERNATIVA DE LETRAS

COSTA, Alan Ricardo1

O Projeto Alternativa é uma ação extensionistadesenvolvida a partir do Pré-Vestibular Popular

Alternativa (PVPA), curso pré-vestibular destinado ao preparo de aspirantes ao ensino superior. O PVPA

funciona através da atuação de acadêmicos de graduação e pós-graduação de diferentes cursos da

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e de outras instituições de ensino superior, que ministram

aulas para estudantes desprovidos de condições socioeconômicas de investir em um curso pré-vestibular

comercial (SCHERER, et al., 2012). Vale apontar que o suporte teórico central do projeto é o viés da

Educação Popular (FREIRE, 1996) e que, por conseguinte, diversas ações são desenvolvidas

concomitantemente, com vistas a complementar o PVPA e a formação de seus educandos. Dentre as

referidas ações extras está a “Academia Alternativa de Letras”, projeto desenvolvido para dois fins

principais: (1) arrecadação de livros, através de doação, para a Biblioteca Paulo Freire, biblioteca do

PVPA, e (2) incentivo à leitura de obras literárias, sobretudo aquelas indicadas como leituras mínimas

obrigatórias segundo a Comissão Permanente do Vestibular UFSM (Coperves). Nesse viés, o objetivo do

presente trabalho é apresentar a Academia Alternativa de Letras, discutir sua importância dentro do

PVPA e apresentar resultados inerentes ao aumento de obras da Biblioteca Paulo Freire e ao aumento do

hábito da leitura por parte dos educandos do Alternativa. A Academia Alternativa de Letras, em jocosa

oposição à Academia Brasileira de Letras, defende que todos podem ser “imortalizados” ao doar uma

obra para a biblioteca. A imortalização de educadores, educandos e demais colaboradores (diretos e

indiretos) do projeto deu-se na forma de registro fotográfico e disponibilização das imagens em redes

sociais na Web. Até a data de 18 de junho de 2014, última atualização da biblioteca, mais de duas

centenas livros foram doados, desde clássicos da literatura brasileira a dicionários e materiais didáticos. A

partir da análise da ficha de empréstimo de livros da Biblioteca Paulo Freire, constatou-se em 2014 um

aumento significativo de retiradas de livros de leituras mínimas obrigatórias do Vestibular, além de outras

obras não indicadas, que contribuem diretamente na formação dos educandos.A modo de conclusão, a

Academia Alternativa de Letras foi considerada profícua e efetiva em cumprir seus objetivos de incentivo

ao hábito de leitura, o que resulta da necessidade de dar continuidade a essa e outras ações de incentivo

desta natureza.

Palavras-chave: Educação; Leitura; Pré-Vestibular Popular; Projeto Alternativa.

Referências bibliográficas

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15ª ed. São Paulo: Paz e Terra. Coleção

Leitura. 1996.

SCHERER, B. C.; et al. Projeto Alternativa/Conexões de Saberes. In: SOARES, A. L. R.; BELLOCHIO, C. R.; FLORES, J.

A. R.; CERVO, L. M.; GARBOSA, L. W. F.; GOMES, T. F.; PETRI, V. (Org.). Conexões de Saberes: diálogos entre a

universidade e as comunidades populares. Santa Maria: UFSM. 2012.

1 Autor: Professor do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Graduado em Letras – Licenciatura em Espanhol e

literaturas de língua espanhola, pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: [email protected]

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Caderno de Resumos

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LEITURA EM TESTE: UM ESTUDO SOBRE O TESTE DE SUFICIÊNCIA EM LÍNGUA

INGLESA DA UFSM

CUNHA, Ana Carolina Schmitt da1

MARCUZZO, Patrícia2

O Teste de Suficiência em Leitura em Língua Estrangeira da Universidade Federal de Santa Maria

(TESLLE) é uma testagem, com enfoque na habilidade de leitura, que ocorre semestralmente na

instituição (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA, 2008).Atualmente, o maior público do

TESLLE é aluno dos cursos de pós-graduação da instituição que precisa comprovar a habilidade de

leitura de textos em uma das cinco línguas oferecidas pelo TESLLE(BECKER, 2013). Este estudo tem

como objetivo analisar duas edições do teste de Inglês em comparação com o programa do TESLLE, a

fim de identificar a estrutura do teste, a temática e o enfoque das questões. Para tanto, duas edições do

teste foram selecionadas e estão sendo analisadas em conjunto com o programa. A análise baseia-se nas

características da testagem (MARCHEZAN, 2005), assim como nas competências exploradas nas

questões (LITTLEWOOD, 2004) e aspectos relacionados ao gênero textual (SWALES, 1990). O corpus

do estudo inclui o teste da 2º edição do ano de 2013 e da 1ª edição do ano de 2014. Os resultados parciais

indicam que os testes abordam um texto único pertencente a um gênero do contexto acadêmico, e os

textos exploram temáticas variadas, como a popularização do conhecimento científico, tema do teste da

edição do 2º semestre de 2013. Em termos de estrutura, o teste dessa mesma edição compreendeu 10

questões exclusivamente objetivas que exploraram aspectos como a identificação da estrutura do discurso

científico e o reconhecimento dos argumentos veiculados pelo autor.Fundamentalmente, busca-se com

este trabalho identificar a perspectiva de leitura adotada no TESLLE.

Palavras-chave: Leitura em língua estrangeira; Testagem; Teste de Suficiência.

Referências bibliográficas

BECKER, L. W. EFL Reading patterns: a study based on Teste de Suficiência at the Federal University of Santa Maria.

Trabalho final de graduação – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2013.

LITTLEWOOD, W. Second language learning. In: DAVIES, A; ELDER, C. (Ed.). The handbook of applied linguistics.

United Kingdom: Blacwell, 2004. cap. 20, p. 501-524.

MARCHEZAN, M. T. N. Perfil de provas elaboradas por professores de inglês na escola pública fundamental.163 f. Tese

de Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005.

SWALES, J. M. Genre analysis: English in academic and research settings.Cambridge: Cambridge University Press, 1990.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. Regimento interno de pós-graduação stricto sensu e lato sensu da

UFSM. Universidade Federal de Santa Maria: Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, 2008

1 Aluna do 8º semestre de Letras Licenciatura – Habilitação em Inglês e Literaturas de Língua Inglesa. UFSM. E-mail:

[email protected] 2 Professora da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. E-mail: [email protected]

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Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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PROJETO EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA E INTERCULTURAL- ESPANHOL VIA PROJETOS:

IMPRESSÕES E PERSPECTIVAS

DIAS, Adriele Delgado1

MENEZES, Scárlati Castro de2

VIERA, Chaiane dos Santos3

STURZA, Eliana Rosa4

O Projeto Educação Linguística e Intercultural integrado ao Programa das Licenciaturas (PROLICEN) da

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), desenvolve uma metodologia de ensino de espanhol

adequada aos anos iniciais despertando o prazer dos alunos em aprender a língua, trabalhando uma

perspectiva de projetos, organizados na forma de mapa conceitual, para o planejamento das atividades

que respondam ao interesse dos alunos. A perspectiva que propomos é para que, através do ensino da

língua espanhola, possa-se também ampliar o debate sobre as linguagens/línguas e culturas assim como

saberes da comunidade escolar e de fora dela, de modo que se crie um espaço para Educação Linguística

e Intercultural na escola e que venha a incluir também outras línguas (português, inglês, libras etc..) e

outras experiências e vivências culturais no ambiente escolar. Do ponto de vista da proposta que estamos

oferecendo à escola, o impacto mais significativo que esperamos é na metodologia via projeto,

considerando a possibilidade de que a mesma contribua para repensar os modos de ensinar não só as

línguas, mas também outras disciplinas, tendo como foco o interesse do aluno, como aquele que organiza

as questões formuladas pelos alunos, a partir das suas inquietações, vivências e interesses em qualquer

área do conhecimento. Atendendo o interesse de uma escola pública e colocando em prática esse projeto,

diariamente observamos o esforço político e as dificuldades das escolas em atender às demandas de

educação linguística da sociedade, que a nosso ver, acontece de forma lenta. De acordo com Bagno &

Rangel (2005), educação lingüística é o conjunto de fatores socioculturais que, durante toda a existência

de um indivíduo, lhe possibilitam adquirir, desenvolver e ampliar o conhecimento. Com isso, para o pleno

desenvolvimento deste projeto, realizamos a pesquisa levando em conta o interesse dos alunos, que está

fazendo muita diferença em nossas aulas. E concordamos com Oliveira (2004), que fala que :a pesquisa

se inicia através da determinação- de forma dialógica- do quê os alunos gostariam de saber, de estudar,

que problemáticas gostariam de atacar, que mistérios gostariam de desvendar. Até o momento,

constatamos que nosso mapa conceitual tem respondido às expectativas dos alunos. Esta perspectiva atrai

a atenção dos alunos; eles estão interessados e empenhados nas aulas de espanhol. E observamos isto

desde quando chegamos à escola para nossas aulas e ouvimos: “Prof. estudei espanhol com minha mãe

em casa”, “Olhei um filme em espanhol no fim de semana” ou até “ Fiz pesquisas de algumas palavras

em espanhol na internet”. Com isso, acreditamos que estamos enriquecendo o quadro de conhecimento

que a escola deseja oferecer aos seus alunos, a partir do nosso projeto, e ainda, despertando um grande

interesse dos alunos pela língua espanhola. Além de proporcionar uma experiência na língua, por parte

dos alunos, o projeto possibilita a inserção do espanhol na grade curricular, ainda que, seja como

atividade extracurricular. O projeto também tem oportunizado às participantes uma iniciação à docência e

vivência na comunidade escolar, de modo que, cumpre com o objetivo esperado pelo PROLICEN.

Palavras-chave: Ensino; Língua Espanhola; Projeto; Linguagens

Referencias bibliográficas

1 Autor: Pedadoga e aluna do 3º semestre de Letras Licenciatura- Habilitação Espanhol e Literaturas de Língua Espanhola,

UFSM. E-mail: [email protected] 2 Coautor: Aluna do 9º semestre de Letras Licenciatura- Habilitação Espanhol e Literaturas de Língua Espanhola, UFSM. E-

mail: [email protected] 3 Coautor: Aluna do 7º semestre de Letras Licenciatura- Habilitação Espanhol e Literaturas de Língua Espanhola, UFSM. E-

mail: [email protected] 4 Orientador: Professora doutora da Universidade Federal de Santa Maria, UFSM. E-mail: [email protected]

Page 35: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

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BAGNO, M.; RANGEL, E. de O. Tarefas da Educação Linguística no Brasil. Revista Brasileira de Linguística Aplicada,

v.5, n.1, Campinas: SP, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbla/v5n1/04.pdf>.

OLIVEIRA, G. M. de. Interesse, Pesquisa e Ensino: Uma Equação para a Educação Escolar no Brasil. Florianópolis: PRELO,

2004. Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística e Secretaria Municipal de Educação- Florianópolis,

2004- v.1.

Page 36: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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DESIGNAÇÕES DE SUJEITOS NO LINGUAJAR DO GAÚCHO

ECHEVARRIA, Felipe Rodrigues1

STURZA, Eliana Rosa2

O presente trabalho analisa verbetes que designam tipos sociais e étnicos presentes no livro “Vocabulario

Gaúcho” (1928) de Roque Callage, a partir de uma perspectiva da História das Ideias Linguísticas no

Brasil. Para isso, tomou-se a obra de Callage como instrumento lingüístico buscando mostrar como o

vocabulário gaúcho é um espaço de produção cultural onde se prioriza a linguagem do povo sul-

riograndense. Antes de abordar o linguajar do gaúcho, elucida-se o processo que a língua portuguesa

passou até consolidar-se como língua oficial do Brasil. Segundo Orlandi (2001), com a descoberta do

Brasil em 1500 e com sua colonização em 1532, o português passou a ser falado em um novo espaço-

tempo. Em um primeiro momento, foi falado apenas por uma minoria de pessoas letradas, como donos de

terras e funcionários. Criaram-se leis que contribuíram para consolidação do português como língua

oficial da nação. O Brasil passou a ter sua própria gramática escrita por autores brasileiros, reforçando

assim o sentimento de nacionalidade. “Neste sentido que será percebida a diferença da língua no Brasil

em relação à língua em Portugal”. (ORLANDI, 2001, p. 24). Para Auroux (1992), o dicionário e a

gramática são instrumentos lingüísticos, resultados da revolução tecnológica da linguagem. O dicionário é

um instrumento histórico que se constituiu em uma materialidade discursiva; a língua no mundo com as

maneiras de significar e não a língua enquanto sistema fechado. Neste âmbito de instrumentos

linguísticos, encontra-se a língua falada pelo povo sul-riograndense, ou conforme Roque Callage (1928),

vocabulário gaúcho. Em seu livro “Vocabulario Gaúcho”, o autor registrou termos típicos do linguajar do

povo do Rio Grande do Sul. Segundo Callage, há três fatores que contribuíram para a linguagem

expressiva do povo gaúcho: o português, o hispano-platino e o aborígene. Já para Dante de Laytano

(1981), a linguagem falada no Rio Grande do Sul sofreu diversas influências das quais destacam-se: a

açoriana e brasileira, a espanhola vinda pelo Rio da Plata, a indígena e a africana. Quanto à influência

espanhola no linguajar do gaúcho, Laytano elucida que “é uma consequência sociológica, não só de áreas

comuns, fronteiras geográficas e tipo idêntico de atividades econômicas, mas de relações humanas e

históricas muito intensas”. (LAYTANO, 1981, p. 49). Dentro da obra “Vocabulario Gaúcho”, de Roque

Callage, é feito um recorte de verbetes que designam sujeitos e tipos sociais. São eles: alcaide, anta,

arisco, bagual, bagaceira, barriga-verde, bruáca, bugre, cambada, castelhano, china, chininha, chinóca,

cotó, crioulo, despilchado, embromador, gasguita, gaúcho, gaudério, gury, índio, piá, e pussuca. Após

analisar os processos sofridos pela língua portuguesa até sua consolidação como língua oficial da nação,

conclui-se que o português, assim como qualquer outra língua, não é homogêneo; é distinto do português

falado em Portugal, como também é heterogêneo dentro do próprio Brasil. Com influências da língua

portuguesa, do espanhol da região do Rio da Prata, do aborígene e do africano, o linguajar gauchesco que

designa sujeitos sociais é produzido de forma que se diferencia de outros linguajares do Brasil devido a

fatores históricos, geográficos e às influências de outras culturas.

Palavras-chave: Linguajar; Materialidade Discursiva; Regionalismo; Vocabulário.

Referências bibliográficas

AUROUX, S. A revolução tecnológica da gramatização. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1992.

CALLAGE, R. Vocabulario Gaucho. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1928.

LAYTANO, D. de. O linguajar do gaúcho brasileiro. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brides,

1981.

ORLANDI, E. P. (Org.). História das idéias linguíticas: construção do saber metalingüístico e constituição da língua

nacional. Campinas: Pontes; Cáceres: Unemat Editora, 2001.

1 Autor: Aluno do 3º semestre de Letras (licenciatura) – Espanhol e Literaturas de Língua Espanhola. UFSM. E-mail:

[email protected] 2 Orientador: Professor da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. E-mail: [email protected]

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Caderno de Resumos

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O ARTIGO DE OPINIÃO E SUA RECONTEXTUALIZAÇÃO NA ESCOLA

ECKERT, Gabriela1

PINTON, Francieli Matzenbacher2

Esta pesquisa está vinculada ao projeto guarda-chuva intitulado “A transversalidade da leitura e da escrita

nas diferentes áreas disciplinares: descrição, análise e didatização" que tem por objetivo descrever e

analisar a prática de leitura e escrita na escola, a fim de oferecer uma sistematização das características

linguísticas e composicionais dos gêneros textuais com vistas à produção de material didático para o

ensino e aprendizagem nas diferentes áreas disciplinares. Neste trabalho, focalizamos o gênero textual

artigo de opinião, com a finalidade de apresentar subsídios linguísticos e discursivos para a sua

recontextualização no espaço escolar. Para tanto, partimos dos pressupostos teóricos e metodológicos da

Pedagogia “Learning to write, Reading to learning” (ROSE e MARTIN, 2012) e dos princípios da

Linguística Sistêmico-Funcional de Halliday (1989, 2004). A abordagem da Linguística Sistêmico-

funcional caracteriza-se por apresentar uma pedagogia explícita na qual o professor introduz os estudantes

às demandas linguísticas dos gêneros que são importantes para a participação na aprendizagem escolar e

na comunidade maior. O corpus é constituído de 10 artigos de opinião, publicados no jornal Zero Hora,

no período de setembro/2014. Para análise dos dados foram seguidos os procedimentos: i) identificação

dos estágios composicionais dos textos e ii) apresentação de uma estrutura genérica. Os resultados

preliminares da etapa de desconstrução do gênero apontam para a recorrência dos seguintes estágios: i)

apresentação do contexto, ii) apresentação da tese, iii) defesa da tese/posicionamento e iv)

reiteração/reforço da tese/posicionamento.

Palavras-chave: Artigo de opinião; Educação básica; Pedagogia de gênero.

Referências bibliográficas

HALLIDAY, M.A.K. Part A. In: HALLIDAY, M.A.K.; HASAN, R. Language, context, and text: aspects of language in a

social-semiotic perspective. Oxford: Oxford University Press, 1989.

HALLIDAY, M.; MATTHIESSEN, C. An introduction to functional grammar. 3rd. ed. London: Arnold, 2004.

ROSE, D.; MARTIN, J. R. Learning to Write, Reading to Learn: Genre, Knowledge and Pedagogy in the Sydney School.

London: Equinox, 2012.

1 Autor: Acadêmica do 2º semestre de Letras Licenciatura – Português e suas respectivas Literaturas e bolsista voluntária no

Programa PIVIC. UFSM. E-mail: [email protected] 2Orientador: Professora do Departamento de Letras Vernáculas e coordenadora do projeto de pesquisa. UFSM. E-mail:

[email protected]

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Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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UMA LEITURA DE “NINGUÉM MATOU SUHURA”, DE LÍLIA MOMPLÉ

ESMÉRIO, João Alcides Haetinger1

ALÓS, Anselmo Peres2

Este estudo tem por finalidade analisar o reflexo da violência colonial, bem como a representação do

feminino, na obra da escritora moçambicana Lília Maria Clara Carrière Momplé, a partir de

considerações teóricas de Edward W. Said (1995) e Frantz Fanon (2008). “Ninguém matou Suhura”

(2007) é composto de cinco contos, que são: “Aconteceu em Sua-Sua”, “Caniço”, “O baile de Celina”,

“Ninguém matou Suhura”, que é dividido em três capítulos (I-O Dia do Senhor Administrador; II-O Dia

de Suhura e III-Fim do Dia) e “O último pesadelo”. O livro foi publicado em 1988 e reeditado pela autora

em 2007, data de impressão da 3ª edição.Os contos podem ser lidos de maneira independente, mas ao

mesmo tempo apresentam semelhanças temáticas e seguem uma sequência temporal que se estende de

1935 a 1974. A partir das narrativas apresentadas nos contos, é remontado o quadro de contexto social e

cultural moçambicano, durante a época colonial. São abordadas as temáticas de dominação do

colonizador português, da subalternidade do colonizado, das distinções de classes, da exploração dos

negros.Ressalvo que esse trabalho faz parte das preliminares do que futuramente será um artigo, no

âmbito da Literatura Comparada, com um cotejo entre os contos “Ninguém matou Suhura” e “Dina”

(conto da obra “Nós Matámos o Cão-Tinhoso”, do escritorLuis Bernardo Honwana, também

moçambicano).

Palavras-chave: Literatura Moçambicana; Crítica Pós-Colonial; Representações do Feminino;

Subalternidade.

Referências bibliográficas

FANON, F. Pele negra máscaras brancas. Salvador: Universidade Federal da Bahia-EDUFBA, 2008.

MOMPLÉ, L. Ninguém matou Suhura. Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 2007.

SAID, E. Cultura e Imperialismo. Tradução: Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

1Autor: Aluno do 6º semestre de Letras/Bacharelado. Bolsista (PIBIC/CNPq) do Projeto Poéticas da masculinidade em ruínas,

ou: o amor em tempos de AIDS. UFSM. Email: [email protected] 2Orientador: Prof. Dr. da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. Email:[email protected]

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Caderno de Resumos

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RECONTANDO FÁBULAS – UMA ANÁLISE DA TRANSITIVIDADE

FACHIM, Graziela1

NASCIMENTO, Roseli Gonçalves2

O presente trabalho é um recorte de uma pesquisa final de graduação, na qual foi analisada uma mesma

fábula em dois registros – uma animação e uma narração (somente o narrador, sem o uso de recursos de

animação). Neste trabalho apresentamos uma parte dos resultados em que buscamos entender até que

ponto e em que aspectos a recontextualização de uma históriade um registro para outro altera o modo

como o texto verbal é construído. De acordo com Fairclough (2003), o processo de recontextualização dá-

se pela “relação entre diferentes práticas sociais – nas quais elementos de uma prática social são

apropriados e realocados em outro contexto” (p.222). Para identificarmos até que ponto o significado das

fábulas foram alterados no nível textual por esse processo, utilizamos como ferramenta a Gramática

Sistêmico Funcional (HALLIDAY, 2004; MARTIN et al, 2010), mais especificamente o sistema de

transitividade, uma vez que ambas as fábulas foram transcritas e divididas em orações. Para Martinet al

(2010), é através do sistema de transitividade que “experiências são transformadas em significado e que a

história é construída” (p. 99). Ao serem analisadas e comparadas, foi possível constatar que em ambas as

fábulas há uma predominância de Processos Materiais, o que pode ser explicado pelo fato de esses

processos representarem ações e acontecimentos nas histórias. Entretanto, tratando-se dos Processos

Relacionais, observamos uma diferença entre um registro e outro, tendo a narração maior ocorrência

desses processos uma vez que necessita descrever os personagens,pois não possui recursos de animação.

Através dos resultados buscamos também contribuir para o ensino de línguas, visto que permitem com

que o aluno perceba a diferença existente quando há a troca de um contexto para outro, podendo ele assim

transformar as fábulas lidas em aula.

Palavras-chave: Fábulas; Gramática Sistêmico Funcional; Recontextualização.

Referências bibliográficas

FAIRCLOUGH, N. Analysingdiscourse: textual analysis for social research. London/NY: Routledge, 2003

HALLIDAY, M. A. K.; MATHIESSEN, C. M. I. M. An introduction to functional grammar. 3rd ed. London: Edward

Arnold, 2004.

MARTIN, J. R.; MATTHIESSEN, C. M. I. M.; PAINTER, C. Deploying Functional Grammar. Commercial Press. 2010.

1Autora: Aluna do 8º semestre de Letras (Licenciatura) – Inglês e Literaturas da Língua Inglesa. UFSM. Email:

[email protected] 2Orientadora: Professora da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. Email: [email protected]

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Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NO ROMANCE “INOCÊNCIA”, DE VISCONDE DE

TAUNAY

FARIA, Esther Costa1

Ao estudar o período literário denominado Romantismo, deparamo-nos com obras como "Moreninha", "O

Guarani", "A Escrava Isaura" e outras que também são consideradas pertencentes a essa estética, dentre

elas aquela da qual este trabalho pretende ocupar-se: “Inocência”, de Visconde de Taunay. No entanto,

restringir a obra apenas a elementos considerados românticos é equivocado, principalmente no que diz

respeito àquilo de mais fundamental encontrado no romance, que são suas características realistas. Não se

pode negar o caráter romântico existente na obra, devido à presença de aspectos como o conflito social, a

pureza da mulher, o amor impossível, recorrentes em romances do Romantismo. Apesar disso, há

elementos típicos da estética realista subsequente, como os aspectos psicológicos das personagens que

fazem com que identifiquemos, em cada indivíduo representado, sua maneira de pensar. Bosi afirma que

"Taunay foi capaz de enquadrar a história de 'Inocência' em um cenário e em um conjunto de costumes

sertanejos onde tudo é verossímil" (1985, p. 160). Na obra "Inocência", o autor procura transmitir a

realidade do campo em contraponto com a realidade da cidade, mostrando aspectos culturais que

envolviam a submissão e o descrédito da mulher, bem como o patriarcalismo e o machismo existentes. O

objetivo deste trabalho é apontar essas representações da mulher, que se apresentam de modo diferente

quando analisados os aspectos psicológicos das personagens sertanejas em confronto com as personagens

urbanas. A análise prévia da obra permite identificar conceitos de moral e ética em cada personagem, já

que é principalmente a esses preceitos que a representação da mulher (sertaneja ou urbana) está associada.

De um lado, temos o sertanejo que promete sua filha em casamento e procura defender a honra dela e a

sua própria; de outro, vemos o homem urbano que se encanta com a beleza e a pureza que a mulher

representa. Tal dualidade é representada no seguinte trecho de Massaud:

(...) dá-se o conhecimento dos protagonistas, e de tudo que povoa o mundo de Pereira e Inocência,

até a chegada de Meyer, cuja presença, gerando mal-entendidos e suspeitas, adia o prosseguimento

da trama, ao mesmo tempo que lhe adiciona um toque de complexidade: sabemo-lo inocente em

relação à heroína, não assim o matuto Pereira (1985, p. 283).

Tratando-se de uma pesquisa literária exploratória, é imprescindível a leitura minuciosa da obra em

estudo, assim como a leitura do contexto histórico no qual se enquadra, na intenção de compreender as

diferentes visões de mulher presentes em cada núcleo do romance.

Palavras-chave: Inocência; Mulher; Representação; Romantismo.

Referências bibliográficas

BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1985.

MOISÉS, M. História da Literatura Brasileira – Romantismo. São Paulo: Cultrix, 1985.

TAUNAY, V. de. Inocência. 15. ed. São Paulo: Ática, 1987.

1 Autor: Aluna do 4º semestre de Letras Bacharelado – Português e Literaturas. UFSM. E-mail: [email protected]

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Caderno de Resumos

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REFLEXÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DE TEORIAS DE

APRENDIZAGEM PELO PROFESSOR

FRANTZ, Amanda Kohlrausch1

O objetivo deste trabalho é apresentar uma reflexão sobre a importância da conscientização do professor

com relação a teorias de aquisição/aprendizagem de línguas, focando na hipótese do Filtro Afetivo, da

teoria do Monitor de Krashen (1985). Através do desafio do ensino de leitura em português como língua

estrangeira para uma falante de árabe, residente no Brasil há 17 anos, constatou-se a necessidade de

ampliar os conhecimentos teóricos sobre aprendizagem de uma segunda língua. A aluna tem o árabe

como Língua Materna (LM) e o português como Língua Segunda (L2), que fala fluentemente, embora

possua erros na produção oral que não comprometem sua comunicação. Com relação à escrita, em sua

LM ela lê bem, mas escreve pouco; já na L2, não desenvolveu as habilidades de leitura e escrita.

Considerando o desejo de poder ler, para ter uma melhor interação na sociedade em que está inserida,

decidiu ter aulas para aprender as habilidades que ainda não domina em sua segunda língua. Ao realizar o

diagnóstico para dar base à estruturação do curso, constatou-se uma alta receptividade para o aprendizado

do português escrito o que caracteriza, no dizer de Krashen (1981), um Baixo Filtro Afetivo. Este tema é

relevante, uma vez que os fatores afetivos têm grande importância no ensino/aprendizagem de línguas,

podendo auxiliar ou dificultar o processo (CALLEGARI, 2006). Desta forma, pode-se esperar que a partir

do momento em que o professor tenha ciência do Filtro Afetivo, o mesmo poderá ser capaz de

desenvolver estratégias para mantê-lo baixo ou, uma vez que o identifique como alto, possa ser capaz de

elaborar estratégias para tentar baixá-lo.

Palavras-chave: Ensino de PLE; Filtro Afetivo; Teorias de Aprendizagem.

Referências bibliográficas

CALLEGARI, M. O. V. Reflexões sobre o modelo de aquisição de segundas línguas de SthephenKrashen – uma ponte entre a

teoria e a prática em sala de aula. RevistaScielo, vol. 45, n. 1, Campinas, jan./jun. 2006

KRASHEN, S. Second language acquisition and second language learning. Oxford: Pergamon Press, 1981

______. The ImputHyposthesis: issues and implications. 4th ed. New York: Longman, 1985

1 Amanda Kohlrausch Frantz aluna do 7º semestre de Licenciatura em Letras Espanhol e suas respectivas Literaturas da

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: [email protected]

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Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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INTERAÇÃO VERBAL ORALIZADA NO GÊNERO DISCURSIVO AULA: O DIALOGISMO

PROBLEMATIZADOR FREIREANO

FREITAG, Felipe1

RICHTER, Marcos Gustavo2

Educador e educandos, criando um texto oral3 em conjunto no gênero textual aula (BAKHTIN, 2006),

colaboram ou contra-argumentam no e sobre o processo de ensino aprendizagem. Instituir os educandos

como sujeitos ativos no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, recorrendo a interações

verbais genuínas em espaço de sala de aula, garante a coordenação de ações educacionais que privilegiem

a dimensão cognitiva da produção do conhecimento, favorece a participação conjunta no

desenvolvimento das aprendizagens e, principalmente não os esteriliza como seres sociais que são. Dentro

do que foi abordado, vemos o ensino dialógico-problematizador de Paulo Freire (FREIRE, 1985) como a

alternativa mais fecunda para um ensino que se resigne a interação entre educador e educandos, pois um

professor não pode ensinar sem que esteja aprendendo. A relação ação-pergunta-resposta-reflexão,

apontada por Freire, baseia-se no aprender a perguntar e no ensinar a perguntar, destituindo o

autoritarismo que tem concentrado, exaustivamente, as práticas educativas do ensino básico no Brasil. Se

perguntar nem sempre é cômodo, porque o educador sente que está a perder o seu testemunho de verdade,

então, por outro lado o silêncio imposto é um retrocesso, porque cerceia a construção libertadora do

conhecimento. Ao educador cabe promover momentos em que a ação situacional gere perguntas,

respostas e reflexões. Perguntas em torno da sua própria prática: a do educador e a dos educandos. Posto

isso, o organograma procedimental elaborado para os fins de coleta de dados do projeto de pesquisa de

mestrado do autor desse artigo, sob aplicação em oficinas semanais em uma escola da rede estadual de

ensino, na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, sistematiza-se por um ensino dialógico-

problematizador, estruturando etapas didáticas que fomentem a interação verbal entre educador e

educandos para um trabalho conjunto no desenvolvimento do ensino e do aprendizado. Intenciona-se

nesse trabalho, investigar a dinâmica interacional educador-educandos, oralizada em suas mais ostensivas

estratégias discursivas utilizadas durante a seção de pré-leitura em uma das oficinas realizadas na referida

escola, por meio da Análise da Conversação(MARCUSCHI, 1991). O organograma procedimental

elaborado para as oficinas em questão orientam-se pelo dialogismo-problematizadorfreireano, de modo

que se procurará evidenciar sua viabilidade para um ensino que beneficie a construção conjunta do

conhecimento, por meio de intervenções centradas em perguntas orais, ou questões orais

problematizadoras, isto é, através da interação verbal dirigida ao processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Análise da Conversação; Dialogismo problematizador freireano; Gênero discursivo

aula; Interação verbal oralizada.

Referências bibliográficas

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

FREIRE, P.; FAUNDEZ, A. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.

MARCUSCHI, L. A. Análise da Conversação. São Paulo: Ática, 1991.

1Autor: Mestrando em Estudos Linguísticos no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa

Maria. E-mail: [email protected] 2Orientador. Pós-Doutor em Linguística de Corpus. Professor titular do Departamento de Letras Vernáculas do Centro de Artes

e Letras da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: [email protected] 3O texto oral pode ser definido segundo seu padrão específico de construção e funcionamento. Aqui, objetiva-se o texto oral

como prática conversacional interativa em dada situação comunicativa, em que durante e por causa da interação verbal os

efeitos de sentido são criados. A organização do texto oral como um evento comunicativo apresenta certos traços significativos

e condições de produção, como situação discursiva, evento de fala, tema do evento, objetivo do evento, grau de preparo

necessário para a efetivação do evento, participantes, relação entre os participantes, canal realizado para a realização do evento.

É, portanto, uma construção coletiva.

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Caderno de Resumos

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“A MÁSCARA DA MORTE RUBRA” E O “SÉTIMO SELO”: RELAÇÕES DE PODER NA

DANÇA DA MORTE

FURTADO JUNIOR, Helvécio Ferreira¹

SILVA, Daniele Gallindo²

As obras “A máscara da morte rubra” de Edgar Allan Poe (autor norte-americano) e “O sétimo selo” de

Ingmar Bergmann (cineasta sueco) dialogam entre si de várias maneiras. No presente trabalho

discutiremos como os dois textos, que têm como pano de fundo a medieval cultura da dança da morte,

interconectam-se, assemelham-se e diferem um do outro sob a perspectiva das relações de poder entre os

personagens, relações estas que serão analisadas sob a ótica de Foucault. Utilizando de material

bibliográfico (“A microfísica do poder” de Michael Foucault, “A idade média no cinema” de José Rivair

Macedo) e digital, a pesquisa tratará de expor as ligações que aproximam ambas obras, tanto no sentido

homem < – > homem quanto no sentido homem < – > morte. Também o cenário será analisado, pois este

traz o aparato visual que explicita como funcionam essas relações de poder, criando a atmosfera

necessária para que a mensagem contida no texto seja entendida. O imagético será observado levando em

consideração o impacto que este traz para a obra e seu papel nas relações entre os personagens.

Aprofundaremos nosso olhar sobre as moradias dos protagonistas, sobre sua aparência e sobre a aparência

da morte, procurando detalhes que possam nos dizer qual é o papel destes elementos nas relações de

poder presentes nas tramas, e as mensagens à serem entregues ao leitor/espectador. O resultado final

demonstra que as obras tratam da morte enquanto persona de formas diferentes, adequadas ao tempo de

construção de cada uma: Poe tem para si uma morte mais brutal e implacável, reflexo de um tempo onde

o suplício e a guerra cruenta eram realidade. Para Bergmann a morte é mais fria e racional, ainda que

igualmente implacável, personalizando assim o medo da silenciosa e totalmente humana morte radioativa,

que marcou o período pós-segunda guerra mundial.

Palavras-chave: Allan Poe; Ingmar Bergmann; Relações de poder; Representações da Morte

Referências bibliográficas

FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Organização: Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

GOTLIB, N. B. Teoria do Conto. São Paulo: Àtica, 2006.

BERGMANN, I. O Setimo Selo. 1956

Lübeck’s Dance of Death. Acesso em: 15 jun. 2014. Online. Disponível em: <http://www.dodedans.com/Etext.htm.>

MACEDO, J. R.; MONGELLI, L. M. A Idade Média no Cinema. Cotia: Ateliê, 2009.

POE, E. A. The Mask of the Red Death. 1842. Acessado em 15 jun. 2014. Disponível em:

<http://www.ibiblio.org/ebooks/Poe/Red_Death.pdf>.

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Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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A CENSURA EM “ELES”, DE CAIO FERNANDO ABREU

GARLET, Deivis Jhones1

Este trabalho parte de uma concepção de estudo da literatura em suas conexões com o contexto material

de produção. Em acordo com a teoria bakhtiniana, entendemos que o texto literário é construído com a

integração de elementos extraestéticos, os quais são selecionados pelo escritor do meio que o circunda e

transmutados esteticamente para o plano narrativo, assumindo um posicionamento axiológico específico.

Uma definição do meio ideológico é assim expressa:

O homem social está rodeado de fenômenos ideológicos, de “objetos-signo” dos mais diversos

tipos e categorias: de palavras realizadas nas suas mais diversas formas, pronunciadas, escritas e

outras; de afirmações científicas; de símbolos e crenças religiosas; de obras de arte, e assim por

diante. Tudo isso em seu conjunto constitui o meio ideológico que envolve o homem por todos os

lados em um círculo denso... (MEDVIÉDEV, 2012, p. 56, grifo do autor)

Dessa forma, o autor labora em sua construção estética com as ideologias corporificadas em objetos-

signo, mas as reordena no plano artístico com um posicionamento valorativo, criando também um objeto-

signo que dialoga com o contexto material, com o meio ideológico no qual está imerso. Evidentemente, a

literatura não constitui mero reflexo do meio circundante, mas, por meio do ato estético, o autor opera um

reflexo e uma refração dos objetos-signo constituintes da realidade material, criando uma outra realidade,

a da narrativa. Com esse arcabouço teórico, propomos uma análise do conto “Eles”, de Caio Fernando

Abreu, que foi censurado em 1975. Nosso objetivo consiste em construir uma dos motivos que podem ter

levado à censura do mesmo. A narrativa apresenta o seguinte trecho censurado:

... depois dos homens terem provado do sexo de outros homens, e também dos peitos das mães e

das irmãs, e de terem bebido dos pais o mesmo líquido de que foram feitos, e de terem cruzado

com animais e se submetido à luxúria dos cães e dos cavalos e dos touros, e de terem possuído a

terra e a palha como se fossem mulheres ou o reverso de homens iguais a eles...” (ABREU, 2008,

p. 68)

Ao expressar esteticamente um comportamento inadequado em relação aos padrões de moralidade tidos

como naturais, a narrativa, embora não realize uma apologia da libertinagem ou da promiscuidade, mas

sim uma instigação à reflexão crítica sobre os preceitos morais e de seu possível efeito nefasto na vida

dos indivíduos, se inscreve em uma temática passível de censura segundo o Decreto-Lei n° 1.077/1970,

que condena exteriorizações contrárias à moral e aos bons costumes. Portanto, a censura da narrativa

caracteriza a incompreensão e a intolerância das autoridades diante do diferente, do não convencional, da

alteridade, ao mesmo tempo em que objetiva um traço da Ditadura: o autoritarismo e o cerceamento das

liberdades individuais.

Palavras-chave: Censura; Ditadura civil-militar; Literatura.

Referências bibliográficas

ABREU, C. F. O ovo apunhalado. Rio de Janeiro: Agir, 2008.

BRASIL. DECRETO-LEI N° 1.077, de 26 de janeiro de 1970. Dispõe sobre a execução do artigo 153, § 8°, parte final, da

Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1970-1979/decreto-

lei1077-26-janeiro-1970-355732-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 05 fev. 2013.

MEDVIÉDEV, P. O método formal nos estudos literários: introdução crítica a uma poética sociológica. Tradução: Sheila

Camargo e Ekaterina Américo. São Paulo: Contexto, 2012.

1 Doutorando em Letras (UFSM). E-mail: [email protected]

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Caderno de Resumos

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A PEDAGOGIA DE GÊNEROS DA ESCOLA DE SYDNEY NO PROJETO ATELIÊ DE

TEXTOS

GERHARDT, Carla Carine1

GONÇALVES, Andriele2

FUZER, Cristiane3

Esta comunicação tem por objetivo apresentar a metodologia de trabalho do projeto Ateliê de Textos, em

especial a etapa de leitura detalhada, tendo em vista subsídios teóricos da Linguística Sistêmico-

Funcional. O Ateliê de Textos é um projeto de extensão, registrado como “Práticas orientadoras no

processo de produção e avaliação de textos na perspectiva textual-interativa” (FUZER, 2009), que

desenvolve oficinas de leitura e produção escrita em escolas públicas de Educação Básica.O trabalho está

embasado, em termos teórico-metodológicos, em aspectos contextuais e léxico-gramaticais da Linguística

Sistêmico-Funcional (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2014; FUZER e CABRAL, 2010) e, em termos

pedagógicos, no Ciclo de Ensino e Aprendizagem com Gêneros proposto pela Escola de Sydney (ROSE e

MARTIN, 2012). O projeto utiliza como metodologia de desenvolvimento do processo de leitura e escrita

as etapas do Ciclo de Ensino e Aprendizagem com Gêneros: 1. Negociação do Campo (identificação e

delimitação do gênero); 2. Desconstrução do Texto (abordagem do contexto de situação); 3. Construção

Conjunta (prática conjunta de escrita); 4. Construção independente (verificação do apreendido). Neste ano

de 2014, no que se refere à identificação do campo, a partir dos resultados da aplicação de um

questionário a alunos das séries finais do ensino fundamental das quatro escolas participantes do projeto,

verificamos o uso do gênero narrativo como constituinte do contexto de cultura da comunidade escolar

investigada. Na etapa de desconstrução do texto, foram desenvolvidas atividades de leitura detalhada com

os alunos participantes das oficinas.Nessas atividades, foram exploradas características funcionais e

linguísticas do gênero, considerando os estágios composicionais típicos (orientação, complicação, clímax,

resolução e avaliação), o uso dos elementos da narrativa nesses estágios (personagens, tempo, espaço e

narrador) e a contribuição das imagens para a construção do sentido do texto. Em seguida, foi realizada a

construção conjunta de um texto do gênero estudado, em que foi oportunizado aos alunos o

desenvolvimento de habilidades que poderão ser usadas na etapa da escrita independente. Dessa forma,

espera-se aproximar cada vez mais o trabalho já desenvolvido no projeto Ateliê de Textos à perspectiva

de ensino e aprendizagem baseada em gêneros textuais da Linguística Sistêmico-Funcional.

Palavras-chave: Leitura Detalhada; Linguística Sistêmico-Funcional; Processo de produção textual.

Referências bibliográficas

FUZER, C. Práticas orientadoras no processo de produção e avaliação de textos na perspectiva textual-interativa.

Projeto de ensino e extensão Registro GAP/CAL nº 029622. Santa Maria: CAL, UFSM, 2009.

FUZER, C.; CABRAL, S. R. S. Introdução à Gramática Sistêmico-Funcional em Língua Portuguesa. Santa Maria: DLV,

UFSM, 2010.

HALLIDAY, M.; MATTHIESSEN, C. M. I. M. An Introduction to Funcional Grammar. New York: Routledge, 2014.

ROSE, D.; MARTIN, J. R. Learning to Write, Reading to Learn: Genre, Knowledge and Pedagogy in the Sydney School.

London: Equinox, 2012.

1 Autor: Aluna do 8º semestre de Letras (licenciatura) – Português e Literaturas da Língua Portuguesa. UFSM. Email:

[email protected] 2 Coautor: Aluna do 4º semestre de Letras (licenciatura) – Português e Literaturas da Língua Portuguesa. UFSM. Email:

[email protected]. 3Orientadora e coautora: professora da Universidade Federal de Santa Maria. Email: [email protected].

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Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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O BRASIL DA DÉCADA DE 30: HISTORIOGRAFIA E CRÍTICA

GUERRA, Guilherme Bizzi1

SANTOS, Pedro Brum2

A presente proposta desenvolve atividades envolvendo capacidades já instaladas no Grupo Literatura e

História, coordenado pelo Prof. Dr. Pedro Brum Santos e integrado por alunos dos cursos de graduação e

pós-graduação do curso de Letras da Universidade Federal de Santa Maria. No projeto “Literatura,

memória e realidade: tensões do Brasil moderno na ficção do século XX” propomos a averiguação da

ficção histórica indagando sobre suas raízes no século XIX e examinando seu desenvolvimento no Brasil.

Planeja-se caracterizar e apontar a posição que o gênero ocupa na construção da identidade brasileira tal

como se revela para os ficcionistas afirmados a partir da década de 1930. Pretende-se acentuar o interesse

em torno da historiografia, da crítica e dos escritos de memória, atualizando, em relação ao século XX, o

interesse concentrado, até o momento, na produção literária brasileira do século XIX. As atividades

propostas envolvem o levantamento, a organização, a reedição e a difusão de textos literários,

memorialistas e informativos cuja temática e estruturação indiquem seu claro interesse de melhor

entender – e difundir – aspectos relevantes da cultura brasileira. Durante o período inicial das atividades

do projeto, as oito edições da revista “Lanterna Verde”, publicação anual difusora do Modernismo

brasileiro, foram disponibilizadas no sítio eletrônico do grupo. Além disso, o grupo realizou levantamento

de obras que compõem a chamada Geração de 30 na Literatura Brasileira, compondo súmulas de um total

de setenta e seis obras da ficção brasileira. O levantamento de obras ficcionais da década de 1930 permite

notar o comprometimento de escritores brasileiros em relacionar o novo Brasil com o texto literário, ou

seja, a relação com o contexto sócio-histórico da época, marcado pela construção de uma identidade

nacional. Dentre as diversas obras, podemos notar duas vertentes que são gestadas no interior do

Modernismo brasileiro, surgido em 1922: o romance regional, em que escrita e ambiente se unem

redundando em uma trama caracterizada por elementos regionais e pelo distanciamento dos surtos de

urbanização; e o romance da urbanização, cuja trama se desenvolve em meio aos recentes centros urbanos

do Brasil, distanciando-se de questões regionais, presentes na primeira vertente.

Palavras-chave: Identidade; Regionalismo; Urbanização.

Referências bibliográficas

BUENO, L. Uma história do romance de 30. São Paulo: EDUSP, 2006.

CÂNDIDO, A. Literatura e sociedade. São Paulo: Nacional, 1985.

FREYRE, G. Casa-Grande e Senzala. Rio de Janeiro: Record, 1998.

GIL, F. O romance da urbanização. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999.

HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. Coleção Documentos Brasileiros. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987.

1 Autor: Aluno do 8º semestre de Letras Licenciatura – Português e Literaturas de Línguas Portuguesa. UFSM. E-mail:

[email protected] 2 Orientador: Professor da Universidade Federal de Santa Maria.UFSM. E-mail: [email protected]

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Caderno de Resumos

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PARA ALÉM DO BEM E DO MAL: A CRÍTICA AO CONSUMISMO EM UM CONTO DE

MARINA COLASANTI 1

JACOBY, Graziela Inês 2

VIANNA, Vera Lucia Lenz 3

Esta comunicação apresenta uma possibilidade de leitura do conto “A moça tecelã”, da escritora Marina

Colasanti, sugerindo a presença de uma crítica ao consumo desenfreado na contemporaneidade. O conto

apresenta uma jovem que vivia sozinha e tecia um longo tapete com seu tear. Humildemente, ela tecia o

dia e a noite e tudo que ela precisava para o seu sustento. Quando ela se sentiu sozinha, decidiu tecer uma

companhia. Com o tear teceu um marido, que logo apareceu em sua casa. A jovem ficou feliz e já

planejava tecer os filhos. Porém, quando o homem descobriu o poder do tear, passou a desejar somente

riquezas. Exigente e ávido, ele fazia a jovem tecer sem parar em função dos seus interesses. Desapontada,

ela decidiu por fim àquela situação e começou a desfazer parte do seu longo tapete. Desteceu os cavalos e

as carruagens e seguiu destecendo todo o luxo que ele exigira. Após destecer o marido, a jovem sentiu-se

livre para tecer aquilo que a deixava feliz. Esta comunicação busca evidenciar o conflito de filosofias de

vida dos dois personagens do texto: enquanto a jovem tecelã valoriza a natureza e o consumo moderado,

seu marido busca alcançar bens materiais acima de sua necessidade, de forma a transformar a própria

esposa em um objeto produtor de riquezas. Essa forte dualização presente no conto incita o leitor à

reflexão e à problematização de um fato que, na maioria das vezes, passa despercebido, livre de maiores

discussões. O que não podemos negar, é que o consumo é um fato marcante na sociedade contemporânea

porque todos sobrevivem e vivem através dele. Enquanto no texto temos duas posturas completamente

distintas – a ponto de inviabilizar o seguimento de uma união – a realidade passa muito longe de uma

cisão precisa entre o bem e o mal ou certo e errado. Exatamente a força que repele as duas filosofias de

vida para lado opostos no conto sugere a aproximação delas “na vida real”. Assim, observamos através do

livro “A vida para o consumo” (2008), de Zygmunt Bauman, que o consumo é o responsável por manter o

ser humano vivo; o consumismo, porém, transforma o homem em um bem de consumo, em uma

mercadoria semelhante àquelas que adquire incessantemente, culminando na alienação do homem, na

desumanização, na “coisificação”. O ato de consumir, sendo necessário à sobrevivência, pode ser levado

instantaneamente ao consumismo sem que os indivíduos percebam, pois é uma máxima do mercado.

Todos nós estamos (de maneira alienada) mantendo um sistema baseado na criação de necessidades – a

fim de manter a máquina girando, esmagando sempre os mesmos.

Palavras-chave: Natureza; Consumo; Consumismo.

Referências bibliográficas

BAUMAN, Z. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

COLASANTI, M. Um espinho de marfim e outras histórias. Porto Alegre: L&PM, 2012.

1 Trabalho apresentado à Disciplina Literatura e Figurações da Alteridade (PPGL/UFSM).

2 Autor. Aluna do Mestrado – Estudos Literários do PPGL/UFSM. E-mail: [email protected].

3 Professora da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. E-mail: [email protected].

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Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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A REPRESENTAÇÃO FICCIONAL DA ASSIMETRIA SOCIAL NA OBRA DE KATHERINE

MANSFIELD

KICH, Bruna Viedo1

LENZ VIANNA, Vera Lúcia2

Katherine Mansfield é um dos nomes mais proeminentes da literatura de língua inglesa. Seus escritos

datados do início do século XX apresentam as influências da ordem social desencadeada pelo

modernismo e pela revolução industrial. É nesse período que ação do enredo deixa de ser o foco principal

e a análise psicológica ganha densidade (FERGUSON, 1994; GOTILB, 2004; HEAD, 2009). Ferguson

(1994) aponta esse novo período literário como uma representação das experiências individuais de cada

ser e ressalta que, nesse momento a imitação passa a ser o “sentir” e o “parecer”, ao contrário da

“imitação de como as coisas são no mundo real”. Foi em meio a esse período no qual a exploração

psicológica da personagem era o fator mais relevante, que Mansfield produziu sua obrade curta ficção, na

qual mostrava sua sensibilidade e olhar crítico para com a condição social humana através do desprezo

aos “grandes acontecimentos, os que todo mundo observa; dedicou-se à representação meticulosa dos

acontecimentos e sentimentos minúsculos, que não modificam a vida, mas indicam as modificações

imperceptíveis” (CARPEAUX, 1968, p.139).Neste trabalho, foram analisados os contos “Casa de

Bonecas” e “Festa no Jardim”, a partir da forma impressionista proposta por Ferguson (1994) e dos

símbolos bachelardianos reunidos por Alvarez Ferreira (2013). Ambos contos publicados em 1922

representam a disparidade social através de uma personagem do sexo feminino que não corresponde ao

padrão da família. “Casa de bonecas” apresenta o drama da personagem Kezia, que junto com as irmãs,

ganha uma casa de bonecas e é proibida de mostrá-la as Kelveys, filhas da lavadeira. Em “A festa no

jardim”, a personagem Laura é rechaçada pela família quando sugere que a festa na sua casa deve ser

cancelada pois um homem da classe operária morreu quase em frente ao portão.Na análise realizada,

ambos contos apresentaram os seguintes elementos propostos por Ferguson (1994): a. limitação do ponto

de vista; b. ênfase na apresentação de sensações e experiências anteriores; c. exclusão ou anulação de

vários elementos do enredo tradicional; d. o uso de metáforas e metonímias na apresentação de eventos; e.

economia estilística.

Palavras-chave: Assimetria social; Impressionismo; Mansfield; Modernismo; Simbologia.

Referências bibliográficas

ALVAREZ FERREIRA, Agripina Encarnación. Dicionário de imagens, símbolos mitos, termos e conceitos

bachelardianos. Londrina: Eduel, 2013.

CARPEAUX, O. M. A psicanálise. In: As Revoltas Modernistas na Literatura. Rio de Janeiro: Ediouro, 1968.pp. 137-140.

FERGUSON, S. Defining the short story: Impressionism and form. In: The New Short Story Theories. Ohio: Ohio

University Press, 1994. pp. 218-230.

GOTLIB, N. B. Teoria do Conto. 3. ed. São Paulo: Ática, 1987.

HEAD, D. The Short Story: theories and definitions. In:______. The Modernist Short Story: a study in theory and practice.

3rd ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2009. p. 1-36.

1 Autor: Aluna do 6º semestre de Letras licenciatura) – Inglês e Literaturas de Língua Inglesa. UFSM. E-mail:

[email protected] 2Orientador: Professora da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. E-mail: [email protected]

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Caderno de Resumos

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CICLO DE CINEMA – PROPOSTA DE EDUCAÇÃO POPULAR E INTERDISCIPLINAR NO

PROJETO ALTERNATIVA

LOUREIRO, Camila Wolpato1

COSTA, Alan Ricardo2

PEREIRA, Felipe Rios3

Um curso Pré-Vestibular Popular é, em suma, um espaço alternativo de formação, que surge para tentar

fazer frente à demanda pelo acesso ao ensino superior, principalmente o público (LEIPNITZ e PEREIRA,

2008). Ainda que discussões e questionamentos sobre o conceito e o viés pedagógico dos cursos

populares de caráter pré-vestibular possam ser levantados, entende-se que tais experiências, em geral, são

norteadas por uma pedagogia freiriana, com princípios de educação popular emancipatória (idem,

ibidem). Dentre estas experiências de cursos, está o Projeto Alternativa, até recentemente registrado e

ainda nomeado Pré-Vestibular Popular Alternativa (doravante PVPA). Surgido em 2000, e atualmente em

funcionamento com apoio da Pró-Reitoria de Extensão (PRE) da Universidade Federal de Santa Maria

(UFSM), o PVPA tem como finalidade contribuir com a formação crítica e social de estudantes do

município e região no que concerne ao ingresso ao ensino superior (COSTA e SILVA, 2014). Tendo em

vista que o PVPA tenta seguir um viés de educação popular (FREIRE, 1996), e é característica de cursos

pré-vestibular populares “não apenas trabalhar com os conteúdos pertinentes ao concurso vestibular, mas

avançar em uma perspectiva crítica e emancipatória de educação, na qual os sujeitos envolvidos

estabeleçam relações horizontais de reciprocidade” (LEIPNITZ e PEREIRA, 2008, p.106), inúmeras

ações extensionistas funcionam a partir do PVPA. Como exemplo de ação complementar, temos o ciclo

de Cinema na Comunidade, que objetiva levar exibições de filmes e construir discussões de temáticas

sociais junto às comunidades periféricas de Santa Maria em forma de ciclos que rodam as escolas e

espaços coletivos da cidade. As exibições contam com entrada franca, no intuito de constituir-se como

possibilidade de acesso à cultura cinematográfica elitizada e às produções pouco divulgadas e com

relevância para a população. A considerar as discussões anteriores, é objetivo deste trabalho apresentar a

ação “Cinema na Comunidade”, explicitando a metodologia adotada, os objetivos já alcançados, as metas

estabelecidas, as atividades já realizadas e as ainda previstas, as dificuldades enfrentadas e as discussões

inerentes ao processo de execução do projeto. Como objetivo específico, pretende-se fazer uma relação

entre o referido projeto e a educação popular no que tange à área das Ciências Humanas, sobretudo ao

campo das Linguagens e suas tecnologias, que abarca disciplinas comuns aos currículos pré-vestibulares,

como: Português, Literatura, Redação, Línguas Estrangeiras e outras. Resultados preliminares sinalizam a

produtividade da articulação entre Cinema e Educação, principalmente no que concerne a discussões

profícuas oriundas das sessões de cinema e reflexão crítica da sociedade. Também evidenciam que as

temáticas dos filmes, e seus posteriores debates, servem como objeto de interdisciplinaridade no que diz

respeito ao ensino e à aprendizagem, não só entre as disciplinas entendidas dentro da área das Linguagens

e suas tecnologias, mas também de História, Filosofia, Geografia e outras. Acreditamos que o contato dos

educadores do projeto com a realidade tem sido uma questão positiva, no sentido de sensibilizar para os

reais problemas das comunidades, muitas vezes não percebidos pelo distanciamento entre academia e

sociedade.

Palavras-chave: Cinema; Educação; Pré-Vestibular Popular; Projeto Alternativa.

Referências bibliográficas

1 Autor: Aluna do 7º semestre de História (licenciatura e bacharelado). Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail:

[email protected] 2Professor do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Graduado em Letras – Licenciatura em Espanhol e literaturas de

língua espanhola, pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: [email protected] 3Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail:

[email protected]

Page 50: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

50

COSTA, A. R.; SILVA, K. M. da. Educação Popular e Pré-Vestibular na Extensão Universitária. In: 6º Congresso Brasileiro

de Extensão Universitária (CBEU). Anais... Belém, Pará. 2014.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15ª ed. São Paulo: Paz e Terra. Coleção

Leitura. 1996.

LEIPNITZ, L.; PEREIRA, T. I. A prática pedagógica no cursinho popular da ONGEP: aproximações com a pedagogia de

Paulo Freire. In: MELLO, M. (Org.). Paulo Freire e a Educação Popular - Reafirmando o compromisso com a emancipação

das classes populares. Porto Alegre: IPPOA, ATEMPA, 2008.

Page 51: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

51

RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA PROFESSORA EM FORMAÇÃO: A CONSTRUÇÃO

DE UM INFORME ESCOLAR

MACHADO, Lara Niederauer1

KIST, Liane Batistela2

Este trabalho objetiva apresentar um relato de experiência da construção de um informe escolar por parte

dos alunos de uma turma de 6º ano de uma escola da rede pública do município de Santa Maria (RS).

Essa atividade fez parte do projeto de Estágio Supervisionado no Ensino Fundamental, na disciplina de

Língua Portuguesa e aconteceu durante o segundo trimestre letivo (junho a setembro de 2014), período de

regência. O conceito norteador da formulação da proposta, da ação e da reflexão foi a linguagem como

interação. A constituição de sentidos dá-se na e pela linguagem, e essa se caracteriza como mediadora das

práticas sociais. Geraldi (1984) lembra-nos que estudar língua é detectar os compromissos criados a partir

do uso e estudar as relações constituídas nessas situações. Travaglia (2003) complementa, lembrando que

o indivíduo age e atua sobre o interlocutor: “Os usuários da língua ou interlocutores interagem enquanto

sujeitos que ocupam lugares sociais e “falam” e “ouvem” desses lugares de acordo com formações

imaginárias (imagens) que a sociedade estabeleceu para tais lugares sociais” (TRAVAGLIA, 2003, p. 23).

O trabalho do professor deve, portanto, partir da língua em uso, passar para a reflexão e voltar para o uso.

Permite-se, assim, que os alunos tenham contato com textos reais e também que criem situações em que

possam manejar a linguagem. Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) definem os

gêneros como objeto de estudo da Língua Portuguesa. Essa tomada de posição nos evidencia que está em

jogo na sala de aula o caráter interacionista da linguagem: “Todo texto se organiza dentro de determinado

gênero em função das intenções comunicativas, como parte das condições de produção dos discursos, as

quais geram usos sociais que os determinam” (PCN, 1998, p. 21). Ainda segundo esse documento, os

gêneros são caracterizados por três elementos: conteúdo temático, construção composicional e estilo. Sob

a luz dessas teorias, elaboraram-se duas sequências didáticas: a primeira, de duração de cinco horas/aula,

teve como objetivo apresentar o gênero textual notícia, através da leitura, da análise e da sistematização

de suas especificidades; já a segunda, de duração de sete horas/aula, propôs explorar esse gênero sob a

perspectiva do produtor. Durante a produção textual, foram seguidos os seguintes passos: (1) escolha das

pautas acerca da escola; (2) divisão dos grupos; (3) apuração e entrevistas; (4) escrita da primeira versão;

(5) reescrita a partir dos comentários orientadores da professora; (6) digitação dos textos no laboratório de

informática; (7) diagramação do material por parte da professora; (8) impressão do material. A construção

de um informe escolar nas atividades do estágio supervisionado foi ao encontro dos Parâmetros

Curriculares Nacionais e também do Projeto Político Pedagógico da instituição escolar, que estabelece os

conteúdos a serem trabalhados em cada ano. Observou-se que a apropriação dos mecanismos de produção

do gênero estudado permitiu que os próprios alunos fossem a voz enunciadora dos contextos em que estão

inseridos.

Palavras-chave: Ensino Fundamental; estágio supervisionado; gêneros textuais; notícia.

Referências bibliográficas

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Secretaria

de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

GERALDI, J. W. Concepções de linguagem e ensino de português. In:______. O texto na sala de aula. Cascavel: Assoeste, 1984

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. São Paulo: Cortez, 2003.

1 Autora. Aluna do curso de Licenciatura em Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa. UFSM. E-mail:

[email protected] 2 Orientadora. Professora da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. E-mail: [email protected]

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Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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... E NO PRINCÍPIO, A TRANSGRESSÃO: UMA LEITURA DE LÚCIO CARDOSO1

MATOS, Xênia Amaral2

FELIPPE, Renata Farias de3

Neste trabalho, pretende-se analisar duas personagens femininas transgressoras no âmbito da literatura

brasileira do século XX, ambas personagens da obra de Lúcio Cardoso: Stela, da novela “Inácio” (1944) e

Nina, de “Crônica da casa assassinada” (1959). “Inácio”, conta a busca de Rogério por pistas de seu pai, o

próprio Inácio. Nessa busca, ele acaba remontando a história de sua família e, principalmente, a de sua

mãe, Stela, bem como seu papel na dissolução da unidade familiar. Já“Crônica da casa assassinada” é

contada a partir de diferentes vozes e narra a decadência da família patriarcal mineira, não somente no

âmbito financeiro, mas também no que diz respeito à unidade familiar e aos seus valores. A família em

questão é a Meneses, cujas transgressões cometidas, entre elas a incapacidade de adaptação ao Brasil

“moderno” (representado pela personagem Nina), causam a ruína familiar. Por outro lado, a personagem

Nina, que representa o “novo”, também perece, o que revela a incapacidade de estabelecimento de uma

nova ordem. Stela e Nina, acusadas de adultério e de serem agentesda ruína familiar, aproximam-se da

ideia de mal discutida por Georges Bataille em “O erotismo”(1957). Subversivas, as personagens,

segundo Elizabeth P. Cardoso (2010) se assemelham a mitos fundadores, próximos à figura de Eva. Stela

e Nina, ainda, são permeadas pela visão maniqueísta de mundo, remetendo aogênero melodramático (cf.

THOMASSEAU, 2005). Sendo assim, as personagens são pontos de partida para a discussão do caráter

transgressivo da feminilidade, que no caso das narrativas, acionam o “começo do fim” da unidade familiar.

Palavras-chave: Lúcio Cardoso; Nina; Stela; Transgressão.

Referências bibliográficas

BATAILLE, G. O erotismo. Porto Alegre: L&PM, 1987.

CARDOSO, E. P. Feminilidade e transgressão – uma leitura da prosa de Lúcio Cardoso. 2010. 225f. Tese (Doutorado em

Letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2001.

CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.

______. Inácio. In: Inácio, O enfeitiçado e Baltazar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. pp. 13-147.

THOMASSEAU, Jean-Marie. O melodrama. São Paulo: Perspectiva, 2005.

1 Trabalho desenvolvido no projeto de pesquisa „O melodrama na literatura brasileira: gêneros e autoria‟, com o apoio do

Programa FIPE Júnior/UFSM. 2 Autora: Aluna do 8º semestre de Letras - Lic. Hab. Inglês e Lit. da Língua Inglesa da UFSM. E-mail:

[email protected] 3 Orientadora: Profa. Dra. da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: [email protected]

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Caderno de Resumos

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A PROPÓSITO: DE JORNAL A LIVRO

MORAES, Russel Vaz1

ROSA, Tiago Santos da2

PIRES, Paulo Admir Sanguinete3

Considerando as mídias impressas tradicionais contemporâneas como sendo meios saturadas para

divulgação de novos talentos (FREINET, 1974), mediante interesses comerciais que inviabilizam espaços

condizentes para publicação de contos ou crônicas de novosautores, faz-se necessária a criação de outros

espaços, canais alternativos midiáticos (PAVANI, 2002), ainda no contexto impresso (pois atinge pessoas

não adeptas à Rede Mundial de Computadores, sendo que arquivos em formado pdf são também

disponibilizados em rede social para alcançar leitores no contexto online). A Oficina de Criação Literária

“A Propósito” teve início em novembro de 2004, em escola pública do Estado, em Alegrete-RS. Na

ocasião, posteriormente às atividades semanais realizadas em turno inverso, foi impressa a primeira

edição do tabloide, 12 páginas,preto e branco (na quinta edição,aderiu-se à policromia), mil exemplares,

contendo textos prosódicos e poemas de estudantes concluintes do Ensino Médio. A distribuição foi

gratuita, posto que o jornal não continha fins lucrativos (SILVA, 2007). Deve-se ressaltar que a impressão

dera-se somente com recursos próprios do organizador (e parcas colaborações espontâneas). Lançada a

primeira edição do jornal homônimo, acordou-se com participantes (ainda que informalmente) que,

considerando edições anuais, chegar-se-ia à 10ª edição em novembro de 2013, quando o jornal passaria a

formato de livro, editado inclusive com ISBN.Assim, em consonância com que o que havia sido

combinado com osdiscentes, editou-se a obra “A PROPÓSITO – 10 ANOS”, pela Liro Editora, de Porto

Alegre-RS. O livro apresenta capa em policromia e contém 89 páginas, com textos argumentativos e

ficcionais de estudantes da Escola Estadual Dr. Lauro Dornelles e doInstituto Federal Farroupilha

(Alegrete, RS). Foram impressos 100 exemplares.O lançamento da obra aconteceu em junho de 2014, na

35ª Feira do Livro de Alegrete, no salão de eventosdo Centro Cultural, de cuja sessão de autógrafos

participaram professor-organizador, coeditores e jovens redatores (atuais e ex-integrantes de outras

gerações do jornal).

Palavras-chave: Argumento; Literatura; Oficina; Redação; Texto.

Referências bibliográficas

FREINET, C. O Jornal Escolar. Lisboa: Editorial Estampa, 1974.

PAVANI, C. de G. C. (Org.). Jornal: (in)formação e ação. Campinas: Papirus, 2002.

SILVA, E. T. da (Org.). O jornal na vida do professor e no trabalho docente. São Paulo; Campinas: Global Editora/ALB,

2007.

1 Autor: professor de Língua Portuguesa e Literatura da Rede Estadual de Ensino, em Alegrete-RS E-mail:

[email protected] 2 Coautor: professor de Língua Portuguesa no Instituto Federal Farroupilha-IFF/Câmpus Alegrete E-mail:

[email protected] 3 Coautor: professor de Língua Portuguesa no Instituto Federal Farroupilha-IFF/Câmpus Alegrete E-mail:

[email protected]

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Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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ALGUMAS COISAS QUE SEI SOBRE MIM – CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ATRAVÉS

DA MEMÓRIA E TRAUMA

MUNSBERG, Gabriel Felipe Pautz1

SILVA, Daniele Gallindo Gonçalves2

Narrar o trauma para se entender como sujeito parece ser o enredo de “Diário da Queda”, de Michael

Laub. O autor, que como o narrador, também é de origem judia, conta o drama de um sujeito e de sua

família nos dias de hoje, porém recuperando memórias traumáticas desde o período nacional-socialista

alemão para buscar algum entendimento de sua situação. Este trabalho pretende examinar de que maneira

as relações entre memória e identidade são postas em “Diário da queda” como as formas possíveis de

compreender-se a existência do sujeito entregue ao obscuro do contemporâneo, ou como afirma Giorgio

Agambem, “aquele que recebe em pleno rosto o facho de trevas que provém do seu tempo”

(AGAMBEM, 2009, p. 64). A partir de um personagem-narrador, o leitor encontra relatos das vidas

traumáticas de três gerações de uma família judia e acompanha este protagonista na busca pela

compreensão de sua circunstância e a tentativa de criar uma nova vida, de tal forma que as experiências

do avô nos campos de concentração de Auschwitz e o decorrente suicídio são ligados ao trauma do

narrador e seu consequente alcoolismo, pois somente ao rememorar e perceber as imbricações dos

traumas, é possível esquecê-los e tentar começar uma nova vida. A partir de uma escrita espedaçada (a

qual provém de uma percepção fragmentada do narrador contemporâneo), o narrador reduz a história ao

seu ponto de vista pessoal, dando “lugar a um subjetivismo pluripessoal, criando uma voz – ou vozes –

diretamente envolvida na narração, que a desarticula e fragmenta, focando o movimento miúdo das

emoções e o fluxo dos pensamentos” (PELLEGRINI, 1999, p. 217). Neste fluxo de movimentos entre

memória e pensamentos, o narrador trabalha com seu próprio conceito de identidade, pois “a memória é a

identidade em ação, mas ela pode, ao contrário ameaçar, perturbar e mesmo arruinar o sentimento de

identidade” (CANDAU, 2012, p. 18). Rememorar é uma “tragédia árdua e ambígua, pois envolve tanto

um confronto constante com a catástrofe, com a ferida aberta pelo trauma – e, portanto, envolve a

resistência e a superação da negação –, como também visa a um consolo nunca totalmente alcançável”

(SELIGMANN-SILVA, 2003, p. 52). Sendo assim, é na exposição de suas memórias que o protagonista-

narrador de “Diário da queda” discute as relações familiares e sociais e percebe-se como indivíduo avulso

de uma comunidade que,a princípio, não lhe dizia mais nada a respeito. Sua escrita – e leitura – de

experiências ou memórias de vida servem como uma rememoração, conforme o conceito benjaminiano,

pois “funda [um]a cadeia da tradição, que transmite os acontecimentos de geração em geração”

(BENJAMIN, 2012, p. 228).

Palavras-chave: Escrita, Identidade, Memória, Trauma.

Referências bibliográficas

AGAMBEM, G. O que é contemporâneo? e outros ensaios. Tradução: Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó: Argos, 2009.

BENJAMIN, W. O narrador. In:______. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura.

Tradução: Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 2012.

CANDAU, J. Memória e identidade. Tradução: Maria Leticia Ferreira. São Paulo: Contexto, 2012.

LAUB, M. Diário da queda. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

PELLEGRINI, T. A Imagem e a letra – Aspectos da ficção brasileira contemporânea. São Paulo: Mercado das Letras,

1999.

SELIGMANN-SILVA, M. História, memória, literatura. O testemunho na era das catástrofes. Campinas: Editora da

UNICAMP, 2003.

1 Autor: Aluno do 8º semestre de Letras (licenciatura) – Português e Alemão e Respectivas Literaturas. UFPel. E-mail:

[email protected] 2 Orientadora: Professor da Universidade Federal de Pelotas. UFPel. E-mail: [email protected]

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Caderno de Resumos

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CONTAR HISTÓRIAS COM LIVROS INFANTIS EM LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

NASCIMENTO, Gicélia Barreto1

KESSLER, Themis Maria2

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua visual-espacial, sendo caracterizada como única

língua que o surdo pode dominar de forma plena e que serve para todas as suas necessidades linguísticas,

comunicativas e cognitivas (DIZEU; CAPORALI, 2005). É por meio da interação com pessoas que

utilizam a língua de sinais que é possível transmitir valores, atitudes, hábitos, costumes, histórias e

piadas(SILVA; MEDEIROS; LORENZI, 2010). Quando essa interação acontece por meio de histórias

infantis, esse aprendizado ocorre de maneira divertida, possibilitando que a criança construa significados

de conceitos, ampliando seu universo linguístico. Dessa maneira, contar história é muito importante para

a aprendizagem da criança (FERREIRA, 2010). O objetivo desse trabalho foi analisar o estilo de contar

história em Libras, por meio de livros infantis, da díade mãe ouvinte/criança surda. Trata-se de um

trabalho qualitativo que faz parte da pesquisa “Intervenção Fonoaudiológica com Familiares de Crianças

Surdas”, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),

sob o parecer CAAE 26743114.9.0000.5346. Esta pesquisa foi realizada com uma mãe ouvinte e uma

criança surda que realizava atendimento no Serviço de Atendimento Fonoaudiológico (SAF) da UFSM.

Foi realizada uma gravação em vídeo da díade mãe ouvinte/criança surda, com base no tempo de duração

que a mãe levava para contar as histórias. Foi dada a instrução para que a mãe contasse as histórias em

Libras, utilizando os livros disponibilizados. Para isso estavam disponíveis dois livros infantis da mesma

coleção: O cãozinho Dengoso e A gatinha Lu.Por fim os vídeos foram transcritos e analisados pela

pesquisadora. L é uma criança do sexo feminino, de 5 anos e 3 meses de idade. Ela vive com V (a mãe), a

avó materna, uma tia, um irmão mais novo e um mais velho. L tem perda auditiva neurossensorial de grau

profundo bilateral, utiliza aparelho auditivo em ambas as orelhas e estuda em uma escola especial com

proposta bilíngue de ensino. V tem 31 anos, é dona de casa e estudou atéo ensino fundamental. Quando L

nasceu, V passou por um período de rejeição, mas recebeu apoio da família e procurou auxílio. A mãe

disse que não contava histórias para L porque ela “não para quieta” e “não presta atenção nos livros”. A

análise do vídeo possibilitou caracterizar o estilo de contar história de V da seguinte maneira: ela utiliza a

língua de sinais ao mesmo tempo em que utiliza a língua oral, mostrando uma confusão no uso das

línguas. Também foi possível ver que V explora as imagens do livro, destacando o ponto principal da

história. Ela utiliza repetição dos sinais para garantir a compreensão de L. Sempre olha e toca a filha para

que ela mantenha atenção na história. Este trabalhomostrou a importância do contar histórias para o

desenvolvimento linguístico de crianças surdas. Foi possível perceber que isso não é uma prática

frequente entre mães de crianças surdas, mas é um momento rico de interação que precisa ser valorizado e

incentivado pelos profissionais que trabalham nesse contexto.

Palavras-chave: Libras; Fonoaudiologia; Surdez

Referências bibliográficas

DIZEU, L. C. T. B; CAPORALI, S. A. A Língua de Sinais Constituindo o Surdo Como Sujeito. Revista Educação e

Sociedade, Campinas, v.26, n. 91, p.583-597, Mai.-Ago. 2005.

FERREIRA, A. Contar Histórias com Arte e Ensinar Brincando: para a educação infantil e séries iniciais do ensino

fundamental. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2010.

SILVA, A. C.; MEDEIROS, M. C. M; LORENSI, V. M. O Desenvolvimento do Processo de Letramento do Aluno Surdo a

partir das Experiências Visuais Proporcionadas pela Literatura Infantil. Revista de Educação do IDEAU. v. 5. n. 12 - Julho -

Dezembro 2010.

1 Autora: Fonoaudióloga, aluna de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana

(PPGDCH). Universidade Federal de Santa Maria/RS (UFSM). E-mail: [email protected] 2 Coautora: Docente, Supervisora Clínica e Coordenadora do curso de Graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal

de Santa Maria. Doutora em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria. UFSM.E-mail: [email protected]

Page 56: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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O APOLINEO E O DIONISIACO NO LIVRO “O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA DE

FRIEDRICH NIETZSCHE”

OLIVEIRA, Janio Davila de1

TAVARES, Enéias Farias2

O objetivo deste trabalho é analisar a obra “O nascimento da Tragédia” (1872) do filósofo alemão,

Friedrich Nietzsche (1844-1900). Na obra, Nietzsche faz uma leitura da cultura grega usando como base

dois elementos: o apolíneo e o dionisíaco. Neste estudo buscamos explicar o que representa cada um

destes elementos e de como eles unidos darão origem a tragédia grega. O livro “ONascimento da

tragédia” faz parte dos trabalhos filológicos publicados por Nietzsche no começo de sua carreira como

professor de filologia na Universidade da Basiléia, entre 1869 e 1879. Também conhecidos como “textos

de juventude”, nestes trabalhos o jovem filólogo expõe suas concepções sobre a cultura helênica e como

estes textos deveriam ser entendidos para a construção de uma nova forma de pensar para o povo alemão.

O texto publicado em 1872, numa Europa em que o positivismo era a forma predominante de

pensamento, não por acaso, foi recebido de forma dura pelos colegas de filologia de Nietzsche. Entre as

críticas mais duras,foi acusado de não pensar cientificamente e sim pela intuição (MACHADO, 2005). No

ensaio, Nietzsche expõe suas ideias sobre o apolíneo eo dionisíaco. Representados, respectivamente,

pelos deuses, Apolo e Dioniso, eles representam dois modos de viver e produzir arte. O primeiro está

ligado ao mundo onírico, à harmonia das formas, ao respeito aos limites, à individuação e às artes

plásticas, enquanto o segundo está ligado à embriaguez, à desmedida (Hybris), à noção de Uno-primordial

e à música.Usaremos como aporte teórico, além da tradução de “O Nascimento da Tragédia” (1992) feita

por J. Guinsburg, os textos de conferencias de Nietzsche publicados no volume “A visão Dionisíaca do

Mundo” (2005), o texto da conferência intitulada “Introdução à tragédia de Sófocles” (2006), e a obra de

Roberto Machado, “Nietzsche e a polêmica sobre o nascimento da tragédia” (2005).

Palavras-Chave: Apolíneo; Dionisíaco; Nietzsche; O Nascimento da Tragédia.

Referências bibliográficas

MACHADO, R. (Org.). Nietzsche e a polêmica sobre o nascimento da tragédia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

NIETZSCHE, F. W. A visão Dionisíaca do mundo. Tradução: Marcos Sinésio Pereira Fernandes e Maria Cristina dos Santos

de Souza. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

______. Introdução à tragédia de Sófocles. Tradução: Ernane Chaves. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.

______. O nascimento da tragédia ou helenismo e pessimismo. Tradução: J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras,

1992.

1 Aluno do quarto semestre do curso de Letras – Licenciatura - Português e Literaturas de Língua Portuguesa (UFSM) E-mail:

[email protected] 2 Professor adjunto do Departamento de Letras Vernáculas da UFSM. E-mail: [email protected]

Page 57: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

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“EM LIBERDADE”: O ENTRECRUZAMENTO DE HISTÓRIAS NA OBRADE SILVIANO

SANTIAGO

OLIVEIRA, Juliana Prestes de1

OLIVEIRA, Raquel Trentin2

O escritor brasileiro Silviano Santiago publicou, em 1981, a obra “Em liberdade”. Seu enredo apresenta

as memórias do escritor brasileiro Graciliano Ramos após ter sido liberto da prisão durante o regime

ditatorial. Nesse romance, Santiago escreve como se fosse o próprio Graciliano e utiliza estratégias

linguísticas para convencer o leitor de que o livro se trata de um manuscrito deixado por Graciliano

Ramos. Atenta a isso, a análise aqui proposta procura entender o valor e o efeito semântico deste

entrecruzamento de vozes,que remonta à história de um escritor que realmente existiu, à H(h)istória do

Brasil e à história da literatura brasileira. Este entrecruzamento de histórias faz parte do jogo literário

elaborado por Santiago, e isso nos leva a refletir sobre alguns acontecimentos durante o regime de Getúlio

Vargas e nos fazer refletir sobre a literatura nacional, sua situação e transformações. Desse modo,

percebemos também algumas das características da literatura contemporâneae algumas das suas

diferenças em relação à produção anterior. Para auxiliar nesta pesquisa, um dos textos utilizados foi o

texto de Tânia Pellegrini “Ficção brasileira contemporânea: assimilação ou resistência?” (2012), que

aborda esse novo fazer literário, estabelecendo uma ligação com as discussões pós-modernistas.Para

embasar nossadiscussão sobre a teoria do Pós-Modernismo, mais bem entender a abordagem de Pelegrini

(2012) e, por conseguinte, a feitura de “Em liberdade”, recorremos à “A Poética do Pós-Modernismo:

história – teoria – ficção”(1991), de Linda Hutcheon. Por meio dessa obra, compreendemos alguns

artifícios utilizados por Santiago na elaboração de seu romance, entre eles o jogo de vozes, tempos e

textos que o caracterizam. Com base nessas e em outrasabordagens teórico-críticas e naanálise do

romance,percebemos queSantiagotraz à tona, por meio do uso de várias vozes, inúmeras versões da

mesma história, questionando o caráter axiomático do discurso oficial e revelando as múltiplas e

conflituosas ideologias que atravessam a representação desses tempos históricos/literários.

Palavras-chave: Contemporaneidade; Em liberdade; H(h)istória; Literatura.

Referências bibliográficas

HUTCHEON, L. Poética do Pós-Modernismo: história – teoria – ficção. Tradução: Ricardo Cruz. Rio de Janeiro: Imago,

1991.

PELLEGRINI, T. Ficção brasileira contemporânea: assimilação ou resistência? Novos Rumos, Marília, ano 16, n. 35, 2001.

Disponível em: <http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/novosrumos/article/view/2221>. Acesso em: nov. 2012.

SANTIAGO, S. Em liberdade. 4. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.

1 Autora: Mestranda do Curso de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Email:

[email protected] 2 Orientadora: Professora Doutora do Curso de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de

Santa Maria – UFSM. E-mail: [email protected]

Page 58: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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A LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL: DOS LIVROS AO PALCO

PAIM, Luciane de Lima1

KIST, Liane Batistela2

O presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência vivenciada no período de regência de classe

ocorrida durante o desenvolvimento da disciplina Estágio Supervisionado do Ensino Fundamental, do

Curso de Licenciatura em Letras / Português da Universidade Federal de Santa Maria. A experiência aqui

relatada trata da atividade final desenvolvida, após 64 horas-aulas, com uma turma de 8º ano de uma

escola da rede pública estadual do município de Santa Maria. Para desenvolver a atividade, partiu-se do

pressuposto teórico pautado em Spolim (2007), o qual aponta o quanto é didático e dinâmico levar o

teatro para a sala de aula. Além disso, levou-se em consideração também o que mostram os PCN‟s

(1997), ao referirem-se à importância de trabalhar a linguagem de forma a atrair os olhares e interesses

dos estudantes. Com relação à atividade desenvolvida, pode-se dizer que a perspectiva inicial tinha como

intuito apresentar aos alunos uma realidade ainda desconhecida por eles, já que muitos ainda não tinham

tido a oportunidade de conhecer autores da literatura brasileira clássica nem a experiência de trabalhar

com a elaboração e montagem de uma peça de teatro. Nesse sentido, inicialmente, foi feita a escolha de

um autor brasileiro clássico de reconhecida importância nacional, Machado de Assis, e dos respectivos

contos que seriam lidos pelos alunos. Após a leitura de alguns contos como “O Enfermeiro”, “Pai Contra

Mãe” e “Esaú e Jacó”, os alunos escolheram o conto “Jogo do Bicho” para proceder a montagem da peça

de teatro. Para a montagem da peça, a turma foi dividida em quatro grupos, sendo um responsável pela

sonoplastia, outro pelo figurino, outro pelo cenário e outro pela maquiagem e cabelo. Após muitas horas

de trabalho de leitura, ensaio, montagem de cenário, seleção de figurino e de trilha sonora, a turma

apresentou a peça para toda a comunidade escolar numa apresentação no refeitório da escola. Pode-se

dizer que essa experiência foi positiva tanto para a turma quanto para a estagiária em situação de

formação inicial de professora. Para a turma, observou-se que os alunos, desenvolveram o trabalho com

prazer, diversão e muito aprendizado. Para a estagiária, essa prática educacional mostrou a realidade

diária da educação em diversos aspectos, tais como vida escolar, ambiente de convivência, relação aluno

x aluno, aluno x professor e professor x professor, assim como possibilitou uma boa relação entre a teoria

aprendida no mundo acadêmico e a prática exercida no campo de atuação.

Palavras-chave: Ensino Fundamental; Estágio Supervisionado; Literatura; Machado de Assis.

Referências bibliográficas

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa, 1977. Brasília.

Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf> Acesso em Maio de 2013.

SPOLIM, V. Jogos Teatrais na sala de aula: O Livro do Professor. [S.l]: Editora Perspectiva, 2007.

1 Autor (a): Acadêmica do 8º semestre do Curso de Letras Licenciatura – Português e Literaturas da Língua Portuguesa.

UFSM. E–mail: [email protected] 2 Orientador (a): Professora Assistente da Universidade Federal de Santa, MEN/CE. E-mail: [email protected]

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Caderno de Resumos

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A EVOLUÇÃO DO ROMANCE: UM DEBATE EM QUESTÃO

PEREIRA, Isabele Corrêa Vasconcelos Fontes 1

NIEDERAUER, Silvia2

Na Literatura, houve uma crescente evolução em termos estéticos desde as grandes narrativas épicas até a

Modernidade. Os gêneros literários variaram em forma e conteúdo de acordo com os períodos históricos,

escolas literárias e/ou estilos artísticos. Dependeram ainda das tradições e particularidades das sociedades

que pertenciam. Vistos o desenvolvimento dos centros urbanos, das formas de trabalho, dos meios de

comunicação, da técnica empregada na maioria das atividades e da reprodução editorial em massa,

transformaram-se os valores das organizações coletivas. O homem passou a preocupar-se com o seu „eu‟

ao invés do coletivo. Isso teve forte impacto nas artes de modo geral, principalmente na arte literária.Para

além disso, há a interferência na diminuição da amplitude de tempo e espaço. Tornou-se cada vez mais

rápido o tempo e mais curtas as distâncias à medida que as populações progrediram. Os gêneros seguiram

essas alterações transformando-se de acordo com as novas demandas ou refletindo-as. Sendo assim, há

uma gama de motivos pelos quais a Literatura vem sofrendo tais modificações e renovações. O gênero

épico, sobre o qual se debruça o estudo deste artigo, transmutou todas as suas partes constitutivas, desde a

forma estética e aspectos narrativos, até em quesitos externos advindos do meio social que ele

representava. Foi um dos gêneros que mais sofreu alterações, tanto no que diz respeito aos contornos de

sua escrita, quanto na substância descrita e narrada. E de épico passou a ser denominado numa

nomenclatura moderna de narrativo. Por esse motivo se justifica a escolha deste gênero para a discussão

que será exposta a seguir. Em virtude de sua ampla variação pensou-se em debater a evolução do gênero

romanesco desde os seus primórdios até a contemporaneidade. Partindo dessa premissa, questiona-se:

porque os elementos supracitados influenciaram tanto para a modificação deste gênero literário? E ao

responder essa pergunta, há que descrever em que esses elementos alteraram a tradição estética do gênero.

Delimitando o corpus investigativo busca-se atrelar a discussão da evolução do gênero romanesco com as

teorias de mímesis e as teorias sobre romance na Mordernidade sob direfentes leituras de alguns

estudiosos. Com isso pretende-se:Realizar um debate teórico com base nos autores mencionados,

verificando em que as suas teorias contribuem e ratificam a evolução do gênero.Salientar quais aspectos

os histórico-sociais mais influenciaram na variação da forma e conteúdo do romance. Expostos os

objetivos, é de fundamental importância reconhecer que a história e os seus eventos repercutem nas mais

variadas representações. E é nesse ponto que entra o discurso literário com todo o seu arcabouço estético

e a sua preocupação em retratar de maneira fiel os acontecimentos externos ao texto. Assim, faz-se

necessária uma abordagem teórica e discussão histórica acerca dos valores e práticas sociais ao longo do

tempo. Para delinear os estudos, busca-se descrever, refletir e discutir no decorrer do corpus sobre quais

implicações a relação entre homem e realidade ecoam no gênero romanesco.

Palavras-chave: Evolução do romance; Literatura; Mimese; Romance literário.

Referências bibliográficas

ADORNO, T. Teoria Estética. Lisboa: Edições 70, 2008, p. 11-33.

BENJAMIN W. O narrador. In: Magia e técnica, arte e política. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994, p.197-201.

GAGNEBIN, J-M. Do Conceito de Mímesis no Pensamento de Adorno e Benjamin. Perspectivas, São Paulo, v. 16, 1993,

p. 67-86. Disponível em: <http://seer.fclar.unesp.br/perspectivas/article/viewFile/771/632>. Acesso em: 08 ago. 2014.

GINZBURG, J. Violência e forma: notas em torno de Benjamin e Adorno. In:______. Crítica em tempos de violência. São

Paulo: Edusp e FAPESP, 2012, p. 127-135.

OLIVEIRA, R. P. de. Lukács: Mímese e Implicações de Leitura. In: BORDINI, M. da G. (Org.). Lukács e a Literatura. Porto

Alegre: EDIPUCRS, 2003, p. 181-208.

1 Mestranda do Curso de Letras da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Campus de

Frederico Westphalen, Frederico Westphalen, RS, Brasil. E - mail: [email protected]. 2 Professora Dra. do Mestrado em Letras da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Campus

de Frederico Westphalen, Frederico Westphalen, RS, Brasil, e-mail: [email protected].

Page 60: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

60

MAGRIS, C. O romance é concebível sem o mundo moderno? In: MORETTI, F. (Org.). A Cultura do Romance. Tradução:

Denise Bottmann. São Paulo: Cosac Naify, 2009, p. 1015-128.

Page 61: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

61

A IMPORTÂNCIA DA FIGURA DE SANTO ANTÔNIO NA AFIRMAÇÃO POLÍTICA

PORTUGUESA, PELO DISCURSO DE PADRE ANTÔNIO VIEIRA, NO “SERMÃO DE SANTO

ANTÔNIO” (1642)

PORTO, Halyne Maria Stefani do1

DE MARTINI, Marcus2

Vinculado ao projeto de pesquisa “Representações literárias dos séculos XVI – XVIII”, que tem como

corpus a obra sermonária e biográfica de Padre Antônio Vieira (1608 – 1697), desenvolvido por três

alunos de graduação e pelo professor orientador, o presente trabalho se propôs a analisar a influência do

discurso vieiriano nas questões políticas de Portugal, utilizando-se da figura doSanto Antônio. Para tal,

foi selecionado o “Sermão de Santo Antônio” (1642), pregado na Igreja das Chagas, Lisboa, às vésperas

da reunião das Cortes do Reino, na qual seria decidido o modo de recolhimento de tributos que tinham

como finalidade financiar a guerra de Portugal contra Castela, no contexto da Restauração (1640 – 1688).

Como respaldo teórico, tomaram-se Hansen (2006), cuja tese defende que os textos sacramentais

seiscentistas ultrapassavam o caráter religioso, desempenhando uma função pragmática na sociedade, e

Pécora (2005), que apresenta as três pontas que costuram a composição e a leitura de um sermão: o

calendário litúrgico, o evangelho do dia e a circunstância de pregação. É sabido que, dentro da liturgia,

cada santo tem seu dia de celebração e um evangelho a si atribuído: a Santo Antônio coube o dia 13 de

junho. Porém, torna-se curioso que o sermão aqui analisado tenha sido pregado no dia 14 de setembro, dia

de todos os santos, o que levou a ser indagado por que Vieira escolhe este santo para tratar do referido

assunto, ao que sepesquisou sua importância no imaginário português e viu-se que ele é conhecido como

“advogado das coisas perdidas” (MARQUES, 1983, p. 211) e conservador do que pode se perder. Assim,

apoiando-se em Matheus 5:13, Vós sois o sal da terra, o jesuíta argumenta que a nenhum outro santo

caberia essa missão, pois assim como o sal conversa o alimento para que não pereça, o santo tem a

propriedade de conservar o que pode vir a se perder, ou seja, a periclitante autonomia política que

Portugal começou a conquistar em relação à Espanha, após um jugo de sessenta anos. Interessante é como

Vieira coloca Santo Antônio como representante dos portugueses em assuntos políticos relacionados a

outros países: além de sal, é luz do mundo e “cidade sobre dos montes”, em que esta remete ao fato de ser

procurador da Corte dos Céus, o que torna necessária sua participação em assuntos de interesse da Corte

portuguesa. Por fim, é importante o fato de Vieira colocar Santo Antônio como modelo de conduta aos

portugueses, no momento em que o jesuíta afirma que é o santo quem prega, e não ele próprio, permitindo

a leitura de que Vós sois o sal da terra seja uma palavra do taumaturgo aos portugueses, em que estes

seriam o “vós”, cabendo-lhes, então, a missão de conservar a autonomia portuguesa, o que deve ser feito

pela mudança da forma de recolhimento dos tributos. Enfim, percebeu-se que a figura de Santo Antônio é

muito influente no imaginário português, a ponto de Vieira tê-lo selecionado para desenvolver seu

argumento em um dos momentos mais delicados da história de Portugal.

Palavras-chave: Padre Antônio Vieira; Representação portuguesa; Santo Antônio; Sermões.

Referências bibliográficas

HANSEN, J. A. Barroco, Neobarroco e outras ruínas. Floema especial – ano II. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,

n. 2 A, p. 15 – 84, Outubro, 2006.

MARQUES, J. F. A parenética portuguesa e a restauração (1640 – 1688): a revolta e a mentalidade. vol. 1. 1983. 612f. Tese

(Doutorado em História Moderna e Contemporânea) – Universidade do Porto – Faculdade de Letras, Porto, 1983.

PÉCORA, A. Para ler Vieira: as 3 pontas das analogias dos sermões. FLOEMA. Caderno de História e Teoria Literárias.

Vitória da Conquista, Ano I, n. I, p.29-36, 2005.

1 Autora: Aluna do 4º semestre de Letras Bacharelado – Português e Literaturas de Língua Portuguesa. Bolsista do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). UFSM. E-mail: [email protected] 2 Orientador: Prof. Dr. da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. E-mail: [email protected]

Page 62: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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UM MUNDO UTÓPICO FEMININO EM “A RAINHA DO IGNOTO” (1899), DE EMÍLIA

FREITAS

QUINHONES, Walter Elenara1

ALÓS, Anselmo Peres2

Desde os primórdios da História da humanidade, o homem procura criar um mundo perfeito, equânime,

em que ideais políticos e sociais convirjam e resultem no bem-estar da população, atingindo finalmente a

paz. Na Renascença, a efervescência social e cultural das descobertas marítimas propiciaram que o

homem restringisse em uma única palavra essa busca pela perfeição social e política, surge assim à

expressão utopia, cunhada em 1516, por Thomas More, que inaugurou o gênero literário utópico. A obra

de More serviu de protótipo para diversos autores criarem ficcionalmente suas sociedades perfeitas. A

partir dos anos 1970, as escritoras Joanna Russ, Marge Piercy, Margaret Atwood e Octavia E. Butler

descobriram que desde os momentos iniciais da literatura de utopia, ela já vinha sendo utilizada como

instrumento de crítica social por parte de diversas escritoras. No Brasil, a autoria feminina do século XIX

e início do século XX manteve-se em um processo de invisibilidade. Após o resgate historiográfico

nacional de obras escritas por autoras, reencontrou-se a obra “A Rainha do Ignoto” (1899), de Emília

Freitas. Essa obra é delineada sob a proposição de um mundo novo denominado Ilha do Nevoeiro, uma

sociedade secreta subterrânea, formada apenas por mulheres que manipulam a natureza e a ciência,

utilizando-as para criar uma sociedade livre da opressão patriarcal. No Reino do Ignoto, as mulheres

podem exercer diversas funções sociais realizando-se profissional e socialmente. Assim, este trabalho

pretende discutir o romance “A Rainha do Ignoto”, comparativamente à obra “Kalum” (1936), de Menotti

Del Picchia, tendo como ponto de partida que ambas fazem parte da literatura de tradição utópica do

romance ocidental. Como a Ilha do Nevoeiro, em “Kalum”, encontra-se o Reino de Elinor, um local

liderado por uma mulher. Mas, a representação feminina feita por Menotti Del Picchia opõem-se,

veementemente, à representação feita por Emília Freitas. As mulheres de Elinor são descritas como fúteis

e frívolas. Sua rainha, Elinor, é tida como uma aberração da natureza que fora relegada por suas

companheiras, e colocada como operária ao lado da ala masculina desprezada pelas mulheres. Mesmo

com a distância temporal que separa os dois romances, percebe-se que para o autor modernista o lugar da

mulher não é governando. Nesse ínterim, pretende-se analisar os imbricamentos políticos e históricos nas

obras, à luz dos conceitos de interdisciplinaridade e intertextualidade da literatura comparada.

Palavras-chave: Autoria feminina; “A Rainha do Ignoto”; “Kalum”.

Referências bibliográficas

FREITAS, E. A Rainha do Ignoto. Atualização do texto, introdução e notas Constância Lima Duarte. 3. ed.

Florianópolis/Santa Cruz do Sul: Mulheres/ EDUNISC, 2003.

MORE, T. Utopia. Org. George M. Logan, Robert M. Adams. Tradução: Jefferson Luiz Camargo e Marcelo Brandão Cipolla.

3. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.

PICCHIA, M. Del. Kalum. São Paulo: Saraiva, 1958.

1 Graduada em Letras – Licenciatura em Português e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Santa

Maria (UFSM). Mestranda em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Letras pela mesma instituição. Bolsista Capes. E-

mail: [email protected] 2 Doutor em Literatura Comparada pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(UFRGS). Professor Adjunto do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e do

Programa de Pós-Graduação em Letras da mesma instituição. E-mail: [email protected]

Page 63: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

63

NEOLOGISMOS E REDES SOCIAIS – FACEBOOK E TWITTER

RADTKE, Natália1

DEGASPERI, Mariza Helena2

O presente resumo tem como objeto de pesquisa o neologismo no contexto das redes sociais e possui

como objetivo mostrar traços morfológicos na criação dos mesmos. Como amostragem foram

selecionados verbos do português empregados em duas das redes sociais mais utilizadas pelos internautas

brasileiros (Facebook e Twitter). Esses termos foram analisados a partir de um ponto de vista linguístico

morfológico. Para tais análises, foram utilizadas as normas padrão de formação de palavras da língua

portuguesa utilizada no Brasil e apoio bibliográfico. As redes sociais, além de grandes difusoras de

informações, são capazes de nos mostrar alguns fatos curiosos sobre a língua. Sendo este, um ambiente

altamente propenso a neologismos, criou-se o conceito de um dialeto próprio da internet, chamado

segundo ALVES (1998) de tecnoleto, ou coloquialmente, internetês. A seguir trazemos duas definições

de Neologismo que foram utilizadas como guia da pesquisa.

ne.o.lo.gis.mo

sm (neo+logo²+ismo) 1 Palavra criada na própria língua ou adaptada de outra.

2 Palavra antiga tomada com sentido novo. 3 Doutrina nova. Antôn: arcaísmo.

(MICHAELIS, 2014)

O acervo lexical de todas as línguas vivas se renova. [...] Ao processo de criação

lexical, dá-se o nome de neologia. O elemento resultante, a nova palavra, é

denominado neologismo.

(ALVES, 2004, p. 5)

Quanto à análise dos dados, para uma breve demonstração, podemos destacar um dos termos mais usados

no âmbito da informática, o verbo Logar: origina-se da expressão em inglês Log in, e significa, segundo o

Dicionário Informal: “O início de uma sessão de conexão, em que geralmente é feita a identificação do

usuário no sistema.”

Quanto a análise morfológica, é um processo derivacional, pois não existia no português, termo

equivalente a Log in. O verbo passa por um processo de subtração (Log - [in]) e adição (Log + [a] + [r]),

visto que [a] é a vogal temática, e o morfema [r] é marca de infinitivo no português. A partir deste

neologismo é possível perceber a infinidade de termos novos que são gerados e agregados à língua da

sociedade brasileira. Outros exemplos de neologismos derivados de termos estrangeiros que podem ser

encontrados no tecnoleto incluem “Ownar” (verbo inglês own [possuir] + [a] + [r], que significa dominar

uma partida em um jogo online), Clicar (derivado do inglês click [usar o cursor do mouse para “tocar”

algum link, hiperlink ou ícone no computador] retira-se a consoante -k, que é pouco natural no português,

adiciona-se a [a] e [r], possuindo o mesmo significado de seu correlato em inglês) e muitos outros

analisados como por exemplo: Twittar, Facebookar, Upar, Bugar.É perceptivel que o processo de criação

de neologismos faz parte do cotidiano de um falante nativo de qualquer idioma, pois a língua está sempre

modificando-se e transformando-se.De maneira geral, percebemos que o processo de criação de verbos

advindos de termos estrangeiros é o mesmo adotado na criação de verbos com lexemas da língua

portuguesa. Outra ressalva é que o processo morfológico utilizado para adaptação de termos estrangeiros

é sempre o derivacional.

Palavras-chave: Neologismo; Rede Social; Internetês; Linguística; Morfologia.

1 Autor: Aluna do 4º semestre de Letras (Licenciatura) – Português/Espanhol e Respectivas Literaturas. UFPel. E-mail:

[email protected] 2 Orientador: Professor da Universidade Federal de Pelotas. UFPel. E-mail: [email protected]

Page 64: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

64

Referências bibliográficas

ALVES, I. M. Neologismo: Criação Lexical. São Paulo: Ática, 2004.

ALVES, I. M. Neologia e tecnoletos. In: OLIVEIRA, A. M. P. P. de; ISQUERDO, A. N. (Org.). As ciências do léxico.

Campo Grande: Editora UFMS, 2001.

DICIONÁRIO INFORMAL DO PORTUGUÊS. Disponível em <http://www.dicionarioinformal.com.br>. Acesso em 28

jun. 2014.

DICIONÁRIO, Michaelis On-line. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br>. Acesso em: 28 jun. 2014.

Page 65: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

65

RECONSTITUIÇÃO E ANÁLISE DE DOCUMENTOS ANTIGOS DO FINAL DO SÉXULO XIX

DO SUL DO BRASIL

RIBEIRO, Tatiana Jimenes Silveira1

KELLER, Tatiana2

Historicamente, o trabalho filológico é de suma importância, pois serve como um mecanismo para o

estudo das línguas modernas e também para realçar as mudanças que estas sofrem no decorrer do tempo

através da reconstituição do texto escrito. Assim, neste trabalho de cunho filológico, são apresentadas as

edições fac-similar e paleográfica/semi-diplomática de 4 documentos antigos escritos no ano de 1890:

dois memoriais, um telegrama e um recibo, coletados no Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria,

tendo como fonte o Fundo Junta Intendencial da cidade. O propósito deste estudo é compreender a

importância do trabalho filológico, bem como a preservação e o acompanhamento da transformação da

língua. Busca-se também evidenciar as normas de edição crítica, descritas por Cambraia (2005), usadas

nas transcrições e as possíveis dificuldades de aplicação dessas regras, devido à caligrafia dos redatores,

rasuras, desgaste de tinta e cortes nas margens dos manuscritos. Ademais, o trabalho busca ressaltar as

peculiaridades da língua portuguesa presentes nos textos neste determinado momento do final do século

XIX, na região central do sul do Brasil, no que se refere aos aspectos lingüísticos, como a presença de

consoantes geminadas, abreviaturas, a não separação vocabular, ausência de sinais de pontuação e acentos

gráficos nas palavras.

Palavras-chave: Documentos Antigos; Edição fac-similar e paleográfica; Final do Século XIX; Língua

Portuguesa; Santa Maria.

Referências bibliográficas

CAMBRAIA, C. N. Introdução à crítica textual. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

1 Autor: Aluna do 6º semestre de Letras Bacharelado – Português e Literaturas da Língua Portuguesa. UFSM/ Bolsista PIBIC

(UFSM). Email: [email protected] 2 Orientadora: Professora Adjunta do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM.

Email: [email protected]

Page 66: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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A OBJETIFICAÇÃO DAS PERSONAGENS FEMININAS COMO REPRESENTAÇÃO DE UMA

IMPOSSIBILIDADE

ROCHA, Virgínea1

SILVA, Daniele Gallindo G.2

Um sujeito fragmentado e suas relações com o mundo e, principalmente, com as mulheres que envolve-se

objetivando-as pela sua incapacidade de relacionar-se refletindo não apenas a sua fragmentação enquanto

sujeito, mas também a liquidez das relações da modernidade (BAUMAN, 2004): esse é o nosso principal

objetivo na análise do “O Livro de Praga: narrativas de amor de arte” (2011) de Sério Sant‟Anna, no qual

Antônio Fernandes –narrador e protagonista- nos conta sua viagem por Praga. No entanto, ao contrário do

que esperaria um leitor descompromissado (DALCASTAGNÉ, 2005), o narrador não narra uma Love

story “água com açúcar”, mas sim suas aventuras sexuais com diferentes mulheres (e representações de

mulheres) relacionando e confundindo as ideias de amor e sexo como fica evidente no capítulo A suicida

“e ela gemia e dizia coisas em sua língua estranha, enquanto eu próprio dizia em português coisas como

eu quero te foder muito, meter muito em você e isso traduzia, por quê, não?, o meu amor [...]”

(SANT‟ANNA, 2011, p. 53) ou ainda confundindo amor/sexo com arte e dinheiro como no capítulo O

texto tatuado: “E pensei que quando Jana e Peter verificassem a quantia que eu deixara, além das trezentas

coroas que já adiantara, saberiam que, para mim, o desvelamento do corpo nu de Jana valera muito

a pena, a minha retribuição era como uma declaração de amor e contentamento”(SANT‟ANNA,

2011, p.121).

Portanto, o que se pretende aqui é analisar as relações discursivas referentes às relações estabelecidas

entre amor, sexo, arte, morte e dinheiro, as quais acabam corroborando com a objetivação das

personagens femininas da narrativa.

Palavras-chave: Literatura Brasileira Contemporânea; Representação do amor; Representações do

feminino.

Referências bibliográficas

BAUMAN, Z. Amor liquido. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

DALCASTAGNE, R. Narrador suspeito, leitor comprometido. In:______. Entre fronteiras e cercado de armadilhas:

problemas da representação na narrativa brasileira contemporânea. Brasília: Editora Universidade de Brasília: Finatec, 2005. p.

11-32.

LEAL, V.; DALCASTAGNÉ, R. Deslocamentos de gênero na narrativa brasileira contemporânea. São Paulo: Editora

Horizonte. 2010.

MAY, S. Amor: uma história. Tradução: Maria Luiza X de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar. 2012.

SANT‟ANNA, S. O livro de Praga: narrativas de amor e arte. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

1Autora. Graduanda do 8º semestre do curso de Letras Português e literatura da Universidade Federal de Pelotas. UFPel. E-

mail: [email protected]. 2Orientadora. Professora adjunta do Centro de Letras e Comunicação da Universidade Federal de Pelotas. UFPel. E-mail:

[email protected]

Page 67: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

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LETRAS: UM ESTUDO POR MEIO DA PALEOGRAFIA

ROSA, Tatiana Costa1

URBANETTO, Rosanara Pacheco2

A paleografia é uma ciência de grande importância para o conhecimento da história da humanidade, pois

estuda as escritas antigas e nos auxilia a desvendar os enigmas do ser humano e da sociedade. Por vários

anos, foi utilizada como um instrumento para a compreensão de documentos antigos. Atualmente, é vista

como uma fonte para o entendimento da história da sociedade. Considerando sua importância, este

trabalho é uma forma de mostrar sua existência e aplicabilidade. Tendo como objeto de estudo as escritas

antigas, a Paleografia apresenta-se como uma importante ciência. De acordo com Sanchez (1999), seu

nascimento ocorreu no século XVII, sendo empregado pela primeira vez o nome Paleografia pelo monge

beneditino Bernard de Montfaucon. Nesta época, iniciou-se o desenvolvimento de uma metodologia

orientada para a leitura, transcrição, datação, identificação e classificação das escritas.Franklin Leal e

Richter (2003) explicam que a Paleografia estuda os caracteres externos do documento, sendo

considerado documento paleográfico aquele documento que é antigo e manuscrito. Para isso, é necessário

conhecer a tradição histórica do país em que o documento foi produzido, pois dessa forma é possível

verificar a antiguidade histórica-documental.O estudo das escritas antigas proporciona o conhecimento da

história de um povo. Sanchez (1999) indica o século XIX e início do XX como o começo para o estudo da

relação entre a escrita e a sociedade. Segundo o autor, foi o italiano Giorgio Cencetti quem sugeriu que o

objeto da Paleografia não poderia ser apenas a interpretação de documentos antigos, mas também o

estudo dos elementos exteriores, o que levaria a um conhecimento amplo da história e cultura em

geral.Durante a análise paleográfica alguns elementos precisam ser considerados, entre eles: a morfologia,

a forma das letras, bem como os sinais utilizados tanto para numeração como para pontuação. Uma

questão relevante é verificar se o documento foi escrito por apenas uma pessoa ou mais. Deste modo, é

preciso considerar: o “Ductus”, que é a ordem dos traços; o “ângulo da escrita”, referente à posição do

instrumento que foi utilizado durante a escrita; o “ângulo de inclinação”, que diz respeito ao formato das

astes das letras direitas; o “módulo”, que refere-se às dimensões da letra como altura e largura; e o

“peso”, que é a relação entre traços grossos e finos das letras.

Palavras-chave: Análise paleográfica; Documento paleográfico; Paleografia.

Referências bibliográficas

RICHTER, E. I. S; LEAL, F.; EURÍPEDES, J. Análise Paleográfica de Documentos Relativos ao Rio Grande de São Pedro

e à Colônia do Sacramento. 2. ed. Santa Maria: Edições UFSM. 2003.

SANCHEZ, A. B. Como Realizar una Análisis Paleográfica. In: TERRERO, A. R. Introducción a la Paleografia y la

Diplomática General. Madrid: Editorial Sintesis. 1999. p. 333-336.

1Autor: Aluna do Curso de Especialização em gestão em arquivos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail:

[email protected] 2Orientador: Professora adjunto do departamento de documentação e coordenadora do Curso de Arquivologia da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: [email protected]

Page 68: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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“OS ANOS DO PEREGRINO”: REPRESENTAÇÕES HAGIOGRÁFICAS E MIMÉTICA NA

AUTOBIOGRAFIA DE INÁCIO DE LOYOLA

SANCHES, Angelo Moreno Bidigaray1

DE MARTINI, Marcus2

No âmbito de estudos do projeto “Representações Literárias dos Séculos XVI-XVIII”, estuda-se a

representação que o Padre Antônio Vieira (1608-1697) obteve através de suas biografias. A primeira

biografia de Vieira foi elaborada por um jesuíta que se baseou na tradição historiográfica da Companhia

de Jesus para narrar a vida do religioso. Para se compreender essa obra, então, é importante analisar como

se deu o início desse estilo historiográfico. Tal estilo de escrita começou dentro do projeto de

autocompreensão jesuíta, com a composição da autobiografia de Inácio de Loyola (1491-1556). Para os

jesuítas, compreender de onde surgiu a Companhia de Jesus é afirmar sua identidade frente aos desafios

encontrados por uma jovem ordem religiosa do século XVI. Nas palavras de O‟Malley: “A história de

Inácio foi um elemento-chave no mito necessário para dar à ordem seu sentido de localização no esquema

maior das coisas” (2004, p.107). Apesar de ser conhecida como autobiografia, a obra foi escrita, em sua

maior parte, por Luís Gonçalves da Câmara (1519-1575), entre 1553 e 1555. No período da composição

da obra, Inácio ditava a Câmara e este, posteriormente, em seu quarto, escrevia notas do que ouvira.

Câmara, ao escrever essas notas, deixa transparecer no texto marcas hagiográficas, isto é, discursos

característicos da narração da vida de um santo. Entre esses recursos discursivos, podem-se citar índices

que apontam para uma origem nobre do biografado e a presença do maravilhoso. Além desse caráter

hagiográfico, Sobral narra que “os santos imitam os santos dos textos que conhecem” (2005, p.100).

Dessa forma, a vida de um santo só se concretiza como tal quando ele se assemelha aos santos

consagrados pela tradição. Inácio, na obra, autorreferencia-se como “peregrino”. O ministério jesuíta, na

sua ênfase em levar o Evangelho, difere do das outras ordens, assemelhando-se, em sua vocação, ao

grande difusor do cristianismo, Paulo de Tarso. Jerônimo Nadal (1507-1580), secretário de Inácio,

expressa que “Paulo significa para nós [os jesuítas] o nosso ministério”. A configuração da vocação

jesuíta como apostólica, baseada em Paulo, leva a crer que essa figura teve forte influência sobre Inácio

no período de conversão. Inácio e Paulo possuem algumas semelhanças, entre elas, pode-se citar o fato de

que mudaram de nome e de que se converteram através de acidentes. A imagem de “peregrino” que

Inácio cria para si evoca muito do que foi a vida do Apóstolo dos Gentios. A autobiografia, assim,

constroi a imagem do biografado com traços próprios de discursos hagiográficos, fundamentada na

imitação do modelo de santidade paulino, modelo que vai influenciar todo o desenvolvimento do

ministério jesuíta. Assim, compreender os recursos empregados para a composição desse tipo de texto é

um passo necessário para estudar-se os modos como eles vão se infiltrar nas demais produções escritas da

Companhia de Jesus, especialmente nas biografias de seus membros, como é o caso da primeira biografia

do Padre Antônio Vieira.

Palavras-chave: Companhia de Jesus; hagiografia; Inácio de Loyola; Paulo.

Referências bibliográficas

LOYOLA, I. Autobiografia de Inácio de Loyola. São Paulo: Edições Loyola, 1978.

O‟MALLEY, J. W. Os primeiros jesuítas. São Leopoldo: Editora UNISINOS; Bauru: EDUSC, 2004.

SOBRAL, C. O modelo discursivo hagiográfico. In: ACTAS DO V COLÓQUIO DA SECÇÃO PORTUGUESA E DA

ASSOCIAÇÃO HISPÂNICA DE LITERATURA MEDIEVAL, 2005, Porto. Anais... Porto: Faculdade de Letras da

Universidade do Porto, 2005. p. 97-107.

1 Autor: Aluno do 6º semestre de Letras - Bacharelado em Português e Literaturas. UFSM. Bolsista do Programa Institucional

de Bolsas de Iniciação Científica (PROBIC/FAPERGS). E-mail: [email protected] 2 Orientador: Professor da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. E-mail: [email protected]

Page 69: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

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A IRLANDA DE “DUBLINENSES” NO CONTO “EVELINE”, DE JAMES JOYCE

SANTOS, Maíra Oliveira dos1

MAGGIO, Sandra Sirangelo2

O livro de contos “Dublinenses”, de James Joyce, que foi publicado pela primeira vez em 1914, reflete

muito da situação em que se encontrava a Irlanda naquela época, desgastada pelos efeitos da Grande

Fome, pelas sucessivas ondas de emigração e pelas tentativas malogradas de implementação da Home

Rule. Este cenário de desalento é o pano de fundo para o conto “Eveline”, um dos quinze que compõem a

obra. Em todos os contos encontramos as marcas de uma população decadente, de uma economia falida,

de valores sociais, morais e religiosos em conflito e um grande ressentimento para com a opressão

inglesa. Em “Eveline” estes aspectos convergem para o ponto em que a moça, sentada perto da janela,

rememora a própria vida e reflete sobre que providências tomar. Ao revisitar a infância pensa nos

momentos felizes e nos de sofrimento de uma típica família católica, vivendo numa casa pequena, com

muitos filhos. Lembra-se da mãe, que morreu, e da responsabilidade que assumiu de substituí-la,

cuidando dos irmãos menores. Pensa no pai, que passou a beber e cujo comportamento foi-se tornando

cada vez mais violento. Pensa também no convite que recebeu do marinheiro Frank para fugir com ele

para Buenos Aires. Como em tantos outros contos em Dublinenses, a saída para todos os problemas

parece se concentrar na região do Cais do Porto. Nesse mergulho em si mesma, Eveline se permite

compreender que deseja ir embora, deixando para trás todo o sofrimento que passara em sua vida. Apesar

de mostrar-se relutante ao lembrar-se da mãe, Eveline sonha com um futuro melhor representado pelo

convite de Frank. A questão colocada apresenta o conflito entre o senso de responsabilidade de Eveline e

os vínculos que a prendem à Irlanda e o seu desejo por liberdade e por um futuro melhor, um desejo

profundo e quase ingênuo de progredir e ir ao encontro do desconhecido, como pode ser percebido

quando o narrador diz “Frank a salvaria. Dar-lhe-ia a vida, talvez também amor. Queria viver. Por que

haveria de ser infeliz? Tinha direito à felicidade.” (JOYCE, 1998). O conto, portanto, nos permite

compreender alguns dos motivos por que ocorre essa estagnação por parte dos habitantes de Dublin, e a

dificuldade que encontram em enfrentar o panorama social estabelecido e romper sua relação tanto com o

território do país quanto com os valores nele preservados.

Palavras-chave: Estagnação; Futuro; Memória.

Refefências bibliográficas

JOYCE, J. Eveline. In:______. Dublinenses. Tradução: Hamilton Trevisan. 5. ed. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, 1998.

1 Autora: Maíra Oliveira dos Santos. Aluna do 2º semestre do curso de Licenciatura em Letras – Língua Inglesa e Literaturas

de Língua Inglesa. UFRGS. Email: [email protected] 2 Orientador: Prof. Dra. Sandra Sirangelo Maggio. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. UFRGS. Email:

[email protected]

Page 70: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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CORPO, PODER E DOMINAÇÃO: UMA ANÁLISE DA RECONFIGURAÇÃO CORPORAL NO

CONTO “ENTRE A ESPADA E ROSA”, DE MARINA COLASANTI

SILVA, Ana Cláudia de Oliveira1

O corpo é o lugar onde se inscrevem as marcas culturais da diferença entre o masculino e o feminino,

sendo a primeira forma de identificação e distinção dos seres e locus do exercício do poder. Isso porque,

logo ao nascer, a menina já é marcada pela diferença entre o masculino e o feminino. Nesse contexto, o

corpo é o lugar onde se inscrevem as marcas, não apenas biológicas, mas, sobretudo, culturais dessa

diferença, sendo a primeira forma de identificação e distinção entre os seres.Assim, a naturalização da

diferença biológica entre homem e mulher constitui-se em uma construção simbólica, que indica uma

suposta inferioridade feminina, determinada por um corpo mais frágil. Dessa forma, torna-se importante

discutir a divisão de gênero e a relação entre corpo, poder e dominação na sociedade contemporânea,

sendo a literatura uma das formas privilegiadas para refletir sobre tais questões. Assim, o presente

trabalho objetiva analisar, no conto “Entre a espada e a rosa”, da escritora Marina Colasanti (2012), em

comparação com o gênero conto de fadas, a transformação simbólica do corpo feminino em um espaço de

libertação. Neste conto, as diferentes metamorfoses por que passa o corpo da personagem principal

permitem que se estabeleçam diversas inferências relacionadas à indissociabilidade entre corpo e mente, o

que, por consequência, leva a libertação do corpo feminino das regras impostas por uma sociedade

patriarcal. Como referencial teórico partir-se-á de conceitos propostos por Elódia Xavier (2007),

Elizabeth Grosz (2000) e Pierre Bourdieu (2012).

Palavras-chave: Conto de fadas; Corpo; Feminino/Masculino; Marina Colasanti.

Referencias bibliográficas

BOURDIEU, P. A dominação masculina. Trad. Maria Helena. 11 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

COLASSANTI, M. Um espinho de marfim e outras histórias. Porto Alegre: L&PM, 2012.

GROSZ, E. Corpos reconfigurados. In: PISCITELLI, A.; GREGORI, F. (Org.). Cadernos Pagu: corporificando gênero.

Campinas, 2000, n.14, p. 45-86.

XAVIER, E. Que corpo é esse? O corpo no imaginário feminino. Ilha de Santa Catarina: Editora Mulheres, 2007.

1 Autor: Aluno (a) do Curso de Pós-Graduação em Letras – Doutorado. UFSM. E-mail: [email protected]

Page 71: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

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A CRIAÇÃO DA IDENTIDADE DESVALORIZADA DO AFRODESCENDENTE

ESCRAVIZADO A PARTIR DA INDUMENTÁRIA

SILVA, Débora Pires da1

SILVA, Alexandre Silva da2

No presente trabalho, buscamos formular uma reflexão para a compreensão do pensamento escravocrata

através da indumentária, baseada nasreferênciasbibliográficas de Daniel Roche (2000), Kathryn

Woodward (2000), Diana Crane (2006) e Ricardo Franklin Ferreira (2000),relacionando-asao contexto

brasileiro escravocrata e contemporâneo, para analisar as características que a indumentária, sua

valoração e seu lugar social podematuar como fator discriminatório e excludente para o ator social

negro.Este, quandovisualizado pelo olhar do colonizador branco, em um contexto de expansão mercantil,

é compreendido como instrumento, ferramenta da qual o latifundiário monocultor ea sociedade em geral

se utilizaria funcionalmente,parasua sustentação, pois consideram-se superiores.Esse mesmo ator social

que outrora livre, imerso em seu lugar de origem, onde sua indumentáriarepresenta uma forma relacional,

dele com o outro e com o meio, assim construindo sua identidade individual e grupal,quando escravizado

tem extirpada parte de seu eu,e passa a estarsobre ele atribuído novas características em um novo contexto

socioeconômico, no qual acaba por perder a sua identidade originale,em decorrência disto, é classificado

e discriminado socialmente.Assim sendo, a compreensão da necessidade da coisificação do ator social

negro, para a manutenção do pensamento escravocrata, de superioridade racial,se faz necessáriopara que

percebamos as muitas formas que o racismo pode apoiar-se para sua propagação.

Palavras-chave: Afrodescendente; Desvalorização; Identidade; Indumentária.

Referências bibliográficas

ROCHE, D. História das coisas banais; nascimento do costume XVII-XIX. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

WOODWARD, K. Identidade e diferença uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, T. T. (Org.). Identidade e

diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ. Vozes, 2000.

CRANE, D. A moda e seu papel social: classe, gênero e identidade das roupas. São Paulo: Senac, 2006.

FERREIRA, R. F. Afro-descendente. Identidade em construção. São Paulo: EDUC; Rio de Janeiro: Pallas, 2000.

1Acadêmica do Curso de História Licenciatura da Universidade Federal de Rio Grande – FURG. Bolsista EPEN. E-mail:

[email protected] 2 Prof. de Designer Gráfico e Hardware, Acadêmico do Curso de História Bacharelado com ênfase em Patrimônio Histórico e

Cultural da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Bolsista CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico

e Tecnológico) -. Assessor de mídias do CAIC. E-mail: [email protected]

Page 72: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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A IMPORTÂNCIA DA NARRATIVA LITERÁRIA DE JOSEPH CONRAD À COMPREENSÃO

DO PROCESSO HISTÓRICO DO IMPERIALISMO NA ÁFRICA

SILVA, Dionathan Ysmael Rodrigues da1

Propondo-se o diálogo entre o campo de estudos da literatura e da história, o presente estudo aborda a

importância da obra literária “O Coração das Trevas” (2006) à compreensão do histórico processo

imperialista que vivenciaram os africanos no final do século XIX. A obra de Joseph Conrad, considerado

um dos maiores autores estilistas da literatura inglesa, é uma novela magistral sobre a África no período,

conforme Hobsbawm (1989), da “Era dos Impérios” (1875-1914). Assim, partindo-se de um método de

pesquisa descritivo alicerçado na revisão literária da obra em diálogo com história crítico-social,

pretende-se entender as dinâmicas que permeiam a historicidade da narrativa em um período, em que, de

acordo com Baumer (1977), as teorias evolucionistas e o “novo iluminismo” eram a base ideológica da

sociedade da época. De modo que ancoravam a máquina do capitalismo neo-colonialista europeu que

buscava novas terras, fontes de matéria-prima, fiéis e mão-de-obra a baixo-custo (HOBSBAWM, 1986).

Dado o exposto, argumenta-se sobre o caráter de “denúncia social” que permeia, em diversas passsagens,

a obra de Conrad (2006) através da narrativa da realidade presenciada por personagens como Marlowe

Kurtz. Ademais, debate-se a vigência da atualidade da obra do escritor no que se refere ao entendimento

das consequências sociais e do legado histórico do processo imperialista à África, em especial, para países

como o Congo.

Palavras-chave: África; Coração das Trevas; Imperialismo; Joseph Conrad; Literatura.

Referências bibliográficas

BAUMER, F. O novo iluminismo. In:______. O pensamento europeu moderno, v. II, séculos XIX e XX, Lisboa: Edições

70, 1977. p. 59-95.

_______. O mundo evolucionário. In:______. O pensamento europeu moderno, v. II, séculos XIX e XX. Lisboa: Edições

70, 1977. p. 97-128.

CONRAD, Joseph. O Coração das Trevas. São Paulo: Martin Claret. 2006.

HOBSBAWM, E. A Era dos Impérios (1875-1914). São Paulo: Paz e Terra: 1989. p. 87-124.

_______. A construção das nações. In:______. A Era do Capital (1848-1875). São Paulo: Paz e Terra, 1986. p. 125-145.

1 Aluno do 6º semestre de Relações Internacionais. UFSM. E-mail: [email protected]

Page 73: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

73

UMA ABORDAGEM SISTÊMICO-FUNCIONAL PARA O LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS DO

CURSO FOUR SKILLS 1 – LINC

SILVA, Lucas Oliveira1

NASCIMENTO, Roseli Gonçalves do2

Com a proposta de renovação do material didático do LINC (Línguas no campus) foi proposto o desafio

de sistematizar as explicações gramaticais do livro utilizando abordagens da Gramática Sistêmico-

Funcional (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2004). Tendo em vista esta proposta e interesse sobre o

assunto, foi decidido pesquisar sobre o processo de recontextualização de SFG para fins pedagógicos.

Sendo assim, a presente pesquisa está vinculada ao projeto Gêneros Multimodais e Novos Letramentos. O

objetivo desta pesquisa é identificar quais recursos são empregados para recontextualizar os conceitos e

categorias da Metafunção Ideacional (Sistema de transitividade), do livro “An Introduction to Functional

Grammar” (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2004) para o contexto pedagógico de ensino de inglês. O

corpus desta análise é o site TELENEX (Teacher of English Education NEXUS), uma página gratuita da

internet voltada ao ensino de Língua Inglesa sob a perspectiva da linguagem funcional desenvolvida pelo

TELEC (Teachers of English Center), um grupo de pesquisadores da Universidade de Hong Kong. Este

estudo tem como referencial teórico a recontextualização (MOTTA-ROTH, 2010P), a Gramática

Sitêmico-Funcional (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2004) e o Sistema de Transitividade (HALLIDAY

e MATTHIESSEN, 2004). Para identificar os processos de recontextualização, foi realizada uma leitura a

respeito do discurso das ciências da linguagem (MOTTA-ROTH, 2010), (LOVATO, 2010) em contextos

de popularização da ciência. Após, iniciou-se uma busca por recursos de recontextualização no corpus

escolhido para a análise que se realizou através de uma análise comparativa entre o livro e o website. Os

resultados encontrados, atualmente, foram nominalização ao inverso com o uso de sinônimos para a

nomenclatura proposta por Halliday e Matthiessen, explicações por meio de glosas e recursos

multimodais como exemplificação por meio de imagens e codificação por meio de cores.

Palavras-chave: Contexto Pedagógico; Gramática Sistêmico-Funcional; Recontextualização.

Referências bibliográficas

HALLIDAY, M. A.K; MATTHIESSEN, C. M. I. M. An Introduction to Functional Grammar. 3rd ed. London: Arnold,

2004.

LOVATO, C. S. Recontextualizando os saberes científicos: A Glosa em notícias da polarização da ciência. Revista de

Letras, v. 1, n. 13, 2010, p. 1-15.

MOTTA-ROTH, D. Sistemas de gêneros e recontextualização da ciência na mídia eletrônica. Gragota (UFF), 28, 153-174,

2010

1Autor: Aluno do 8° semestre do curso de Letras Licenciatura – Inglês e Literaturas de Língua Inglesa (UFSM). E-mail:

[email protected] 2 Orientador: Professora do curso de Letras Licenciatura Língua Inglesa da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) E-

mail: [email protected]

Page 74: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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PROCESSOS FONOLÓGICOS EM DADOS DE PORTUGUÊS ANTIGO DO RIO GRANDE DO

SUL

TOLEDO, Matheus1

KELLER, Tatiana2

O trabalho que ora se apresenta caracteriza-se como um estudo teórico-prático, uma vez que lida com

dados extraídos de textos antigos escritos e visa a sua análise com base em teorias linguísticas modernas,

tais como a Teoria da Variação (LABOV, 1972).É um estudo qualitativo que intenta ressaltar as

peculiaridades da língua portuguesa presentes nos textos neste determinado momento do final do século

XIX e início do século XX, no que se refere a processos fonológicos ligados às vogais pretônicas

(especialmente /e/ e /o/) em Português Brasileiro, como harmonia vocálica, abaixamento vocálico e

alçamento sem motivação aparente. Essa análise justifica-se pela instabilidade na realização dessas vogais

já em estágios bem anteriores da língua portuguesaapontada, por autores como Bisol (1981) e Schwindt

(2002). O corpus analisado constitui-se por 16 (dezesseis) cartas de caráter semidiplomático que variam

entre documentos oficiais como testamentos, partitura de terras, pedidos de isenção de impostos, autos de

processos, comunicados oficiais, recibos, passaportes, boletins de ocorrências, relatórios, atas, memoriais,

telegramas coletados no Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria, tendo como fonte o Fundo Junta

Intendencial da cidade, e por 16 cartas pessoais, escritas no período de 1871 a 1926, coletadas no Arquivo

Municipal de Porto Alegre. Resultados preliminares indicam que esses fenômenos já estavam presentes

no português antigo. Consideramos que estes dados possam auxiliar a compreensão acerca de mudanças

no sistema vocálico do português, uma vez que olhar para o passado é de suma importância para explicar

o comportamento dos estágios atuais de uma língua (POGGIO, 2002).

Palavras-chave: Fenômenos fonológicos; Português Brasileiro; Rio Grande do Sul; Textos Antigos;

Vogais pretônicas.

Referências bibliográficas

BISOL, L. Harmonia vocálica: uma regra variável. 332 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Faculdade de Letras,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1981.

BRESCANCINI, C. (Org.). Fonologia e variação: recortes do português brasileiro. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.

LABOV, W. On the mechanism of linguistic change. In: GUMPERZ, J.J; HYMES, D. Directions in sociolinguistics: the

ethnography of communication. New York: Hold, RinehartandWinstion, 1972.

POGGIO, R. Processos de gramaticalização de preposições do latim ao português. Salvador: Edufba, 2002.

SCHWINDT, L. C. A regra variável de harmonização vocálica no RS. In: BISOL, L.; BRESCANCINI, C. (Org.). Fonologia e

variação: recortes do português brasileiro. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.

1 Aluno do 4º semestre do curso de Licenciatura em Letras Português e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade

Federal de Santa Maria – UFSM. Bolsista FIPE/ CAL (UFSM). E-mail: [email protected] 2 Orientadora Professora Adjunta no Departamento de Letras Vernáculas (DLV) na Universidade Federal de Santa Maria –

UFSM. E-mail: [email protected]

Page 75: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

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A ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA DO DICIONÁRIO “PEQUENO DICIONÁRIO BRASILEIRO

DA LÍNGUA MORTA – PALAVRAS QUE SUMIRAM DO MAPA”

VITORINO, Luane1

CERVO, Larissa Montagner2

Nosso objetivo, neste trabalho, é refletir sobre o conceito de língua em sua relação com os conceitos de

política de língua, político e memória, tendo como objeto de análise um instrumento em específico, o

dicionário intitulado “Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Morta- Palavras que sumiram do mapa”,

de autoria do Jornalista Alberto Villas. Interessa-nos compreender o modo de organização desse

instrumento e os sentidos atribuídos à língua. Trabalharemos, também, com a significação política da

designação “língua morta”. Quais sentidos estão em funcionamento nessa designação? O que autoriza o

autor a inventariar palavras como parte de uma língua “morta”. A proposta que nos dedicamos tem como

base investigar a constituição desse dicionário pelo ponto de vista discursivo. Interessa-nos observar, a

partir da análise dos verbetes, o que está sendo dito e considerado como língua morta, considerando tanto

a palavra quanto o modo como ela é definida e exemplificada. Para o desenvolvimento deste trabalho,

tomamos como perspectiva teórico-metodológica a Análise de Discurso, postulada na França, por Michel

Pêcheux, e desenvolvida, no Brasil, por Eni Orlandi e demais pesquisadores. Tal disciplina tem como

base o discurso, pensado na relação entre o sujeito e a materialidade específica da língua. A análise de

discurso faz intervir o político na relação com o simbólico e reflete sobre a língua na história. Se

consideramos que não há discurso sem sujeito, do mesmo modo como não há sujeito sem ideologia, o

discurso é um processo social cuja especificidade está no fato de que sua materialidade é linguística,

porque nós não pensamos a língua fora da história e da sociedade (ORLANDI, 1998). Buscamos

compreender o dicionário em questão de acordo com suas condições de produção. Nunes (2006) relata

que para compreender a constituição dos dicionários é necessário questionar sua materialidade linguística,

a evidência de sentidos, suas definições e exemplificações. Já Orlandi (2007), a respeito do discurso,

afirma que a memória e as circunstâncias mostram os sentidos não estão somente nas suas palavras, mas

na sua exterioridade e nas condições em que são produzidos. É por esse viés que buscamos trabalhar com

o dicionário em questão: investigando a constituição do mesmo e o modo como a língua é por ele

discursivada.

Palavras-chave: Discurso; Língua; Língua morta.

Referências bibliográficas

ORLANDI. E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2013.

______. As formas do silêncio. Campinas: Editora da Unicamp, 2007.

NUNES, J. H. Dicionários no Brasil – Análise e História do século XVI ao XIX. Campinas: Pontes, 2001.

1Aluna do 6º semestre de Letras (Licenciatura) – Português e Literaturas de Língua Portuguesa. Participante do PIVIC/UFSM

(Programa da Iniciação Científica Voluntária da UFSM). E-mail: [email protected] 2 Professora Adjunta da Universidade Federal de Santa Maria. UFSM. E-mail: [email protected]

Page 76: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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A INFLUÊNCIA TOTALITARISTA SOBRE LITERATURA DISTÓPICA NA OBRA “1984” DE

GEORGE ORWELL

WAVZENIAK, Luiza1

PEREIRA, Lawrence Flores2

A ficção Distópica é um conceito literário contemporâneo que consiste em uma perspectiva antiutópica,

altamente pessimista e degradante a respeito do futuro. Desde o século passado, ela tem ganho espaço na

literatura e no cinema, influenciada principalmente pela ficção científica e pelas catástrofes naturais. O

conceito de Distopia literária é a base do presente trabalho, que mantém seu foco em uma obra distópica

de fundo político, o livro utilizado para a realização desta análise é “1984”, de George Orwell, publicado

em 1949. A obra “1984” é um dos maiores clássicos da literatura do século XX. Sua perspectiva crítica

em relação à situação política e social da época fora largamente usada como pré-requisito para discutir o

totalitarismo, sobretudo, o governo ditatorial de Stalin na União Soviética. Este trabalho objetiva não

apenas analisar em que medida o livro aborda o contexto histórico sob o qual foi escrito, mas também em

que pontos a realidade política e social da época influenciaram a Distopia escrita por Orwell. O

desenvolvimento desta análise tem por base a literatura comparada, tendo como suporte, diversas obras

que abordam os aspectos históricos que possuem relação com o livro, como “The

OriginsofTotalitarianism” (ARENDT, 1958) que discute as razões da adaptação popular aos governos

totalitários e “Discipline and Punish”(FOUCAULT, 1975) no qual pode-se analisar a evolução do sistema

presidiário e de outras formas de controle popular. “1984” estabelece relações claras com o stalinismo,

entretanto, conta também com o tom de exagero e total depredação social comuns à Distopia, sendo

assim, o presente trabalho visa a estabelecer uma ponte entre o retrato histórico e a influência da literatura

distópica.

Palavras-chave: 1984; Distopia; George Orwell; Totalitarismo.

Referências bibliográficas

ARENDT, H. The OriginsofTotalitarianism. Ohio: The World Publishing Company, 1958.

FOCAULT, M. Discipline and Punish: The Birth of the Prison.Tradução de Alan Sheridan, London: Penguin, 1977.

Inicialmente publicado em Francês como Surveiller et punir. Paris: Gallimard, 1975.

ORWELL, G. Nineteen Eighty-Four. London: Secker & Warburg, 1949.

1 Aluna do 8° semestre da graduação do curso de Letras Lic. - Hab. em Língua Inglesa e Literaturas – UFSM. E-mail:

[email protected] 2 Professor da Universidade Federal de Santa Maria. Orientador responsável pela disciplina LTE 1019

Elaboração do Trabalho Final de Graduação II – UFSM. E-mail: [email protected]

Page 77: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Caderno de Resumos

77

A PRÉ-ESCRITA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL

WEBER, Sabrine1

MORAES, Douglas2

GERHARDT, Carla3

FUZER, Cristiane4

Este trabalho, vinculado ao projeto de extensão “Práticas orientadoras para o processo de produção e

avaliação de textos na perspectiva textual-interativa” (GAP/CAL 029622, FUZER, 2011), objetiva

apresentar as atividades em andamento do Ateliê de Textos na Escola Municipal de Ensino Fundamental

Pão dos Pobres Santo Antônio, de Santa Maria-RS. Os encontros nessa escola totalizarão 24 horas/aula e

beneficiam alunos de 6ºs

anos. Os pressupostos teóricos utilizados para este trabalho e para o

planejamento das aulas incluem a concepção de gênero na perspectiva sistêmico-funcional (ROSE e

MARTIN, 2012) e na perspectiva sociorretórica (BAZERMAN, 2006), a abordagem processual da escrita

(SOARES, 2009), a didática para redação de narrativas (SOARES, 2010), estudos sobre o conto

maravilhosos (CANTON, 2009) e a sistemática da metodologia desenvolvida ao longo das edições do

Ateliê de Textos (FUZER, 2014). A oficina em andamento está em fase inicial, correspondente ao estágio

de pré-escrita. Nesse estágio, foram feitas, com os alunos dispostos em círculo, contações de versões de

alguns contos maravilhosos e o estudo contextual da versão do conto “O Pequeno Polegar”, produzida por

Jacob Grimm e Wilhelm Grimm (1995), e da versão do mesmo conto produzida por Charles Perrault

(s/d). Por meio disso, constatou-se que os alunos, ao terem contato com as obras e acesso a informações

sobre os autores e o contexto de publicação das versões, começaram também a exercer o papel de autores,

refletindo sobre a (re)contextualização das próprias histórias que produzirão de acordo com o público

para o qual serão destinadas, o tempo e espaço que estarão inseridas e a visão de mundo do próprio aluno-

autor. Em seguida, foram realizadas atividades de leitura detalhada dessas mesmas versões do conto.

Nessas atividades, foram analisados aspectos contextuais, trabalhados os estágios e elementos da narrativa

e analisados recursos linguísticos típicos do gênero. Com isso, os alunos muniram-se de subsídios para a

construção de narrativas escritas, construindo o conhecimento de forma colaborativa em que todas as

questões foram discutidas pelos participantes com o auxílio da mediadora da oficina. Na sequência do

processo, os alunos farão uma escrita conjunta de um texto e, a partir disso, produzirão individualmente

seus textos que serão reescritos até estarem adequados para cumprirem uma função social, uma vez que as

versões finais dos textos farão parte de uma coletânea.

Palavras-chave: Escrita; leitura; narrativa; processo.

Referências bibliográficas

BAZERMAN, C. Gênero, agência e escrita. Judith Chambliss Hoffnagel. São Paulo: Cortez, 2006.

CANTON, K. Os contos de fadas e a arte. São Paulo: Prumo, 2009.

FUZER, C. Ateliê de Textos: (re)invenção e (re)escrita de histórias no ensino básico. Revista ANPOLL, 2014. (No prelo)

GRIMM, J.; GRIMM, W. O Pequeno Polegar. Col: Anytimes Books, 1995.

ROSE, D.; MARTIN, J. R. Learning to Write, Reading to Learn – Genre, Knowledge and Pedagogy in the Sydney School.

London: Equinox, 2012.

1 Autora. Bolsista PROLICEN. Graduanda do 6º semestre do curso de Licenciatura em Letras Português da UFSM. E-mail:

[email protected] 2 Co-autor. Bolsista PROBIC/FAPERGS. Graduando do 4º semestre do curso de Licenciatura em Letras Português da

UFSM.E-mail: [email protected] 3 Co-autora. Bolsista FIEX. Graduanda do 8º semestre do curso de Licenciatura em Letras Português da UFSM. E-mail:

[email protected] 4 Orientadora. Professora do Departamento de Letras Vernáculas da UFSM. E-mail: [email protected]

Page 78: Caderno de Resumos Semana Acadêmica de Letras 2014

Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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SOARES, D. A. Produção textual e revisão textual. Um guia para professores de Português e de Línguas Estrangeiras.

Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2009.

SOARES, E. A arte de escrever histórias. Barueri, SP: Amarilys, 2010.

PERRAULT, C. Disponível em: <http://cadernodepoesiaseafins.blogspot.com.br/2012/03/conto-o-pequeno-polegar-autor-

charles.html>. Acesso em: 10 jul. 2014

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Caderno de Resumos

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SOMERSET MAUGHAM E PAUL GAUGUIN: UM PASSEIO PELOS MARES DO SUL

ZAMBERLAN, Lucas da Cunha1

A relação entre a literatura e a pintura favoreceu, desde o período do Renascimento, um diálogo intenso

que se confunde com a própria história da cultura ocidental.O escritor inglês Somerset Maugham se

inscreveu nessa tradição, ao publicar no ano de 1919, “Um gosto e seis vinténs”, um romance que

acompanha os passos da personagem Charles Strickland, um alter ego do pintor francês Paul Gauguin. No

entanto, as relações entre os dois artistas não se restringem apenas na confecção dessa obra específica.

Ambos se preocuparam em representar a vida dos habitantes situados nas ilhas dos mares do sul, em

especial, o Taiti. O presente trabalho visaanalisar a natureza das correspondências estéticas entre as

recorrentes descrições de personagens oriundas dos Mares do Sul encontradas nas obras “Um gosto e seis

vinténs” (1992) e “Histórias dos mares do sul”(1982) de Somerset Maugham e as composições pictóricas

da fase taitiana de Paul Gauguin. Para lograrmos êxito nessa pesquisa, utilizamos um aporte teórico que

se inicia com os apontamentos de Remak (1994) acerca da Literatura Comparada e se aprofunda com a

fortuna crítica de autores que se aprofundaram em refletir sobre o paralelo entre Literatura e Pintura, tais

como Lichtenstein (2005), Bergez (2011), Eco (2010) e Arbex (2006).Os resultados da pesquisa

registram, principalmente, as semelhanças entre as obras dos artistas. O conto “O pacífico”, por exemplo,

apresenta uma narrativa essencialmente descritiva, ressaltando a atmosfera do lugar por meio de

sugestões picturais. Já as personagens Manuma, de “Mackintosh”, Sally, de “Vermelho”e Eva, de “O

degenerado” podem ser confundidos com os modelos de Gauguin, pintados entre os anos de 1891 e 1893.

O quadro “Encostada no mar”, de 1892, por ser considerado, pela sua série de conformidades, como uma

preciosa ilustração do conto “O poço”, que narra as relações amorosas de um colonizador inglês, Lawson,

e uma mulher nativa chamada Ethel. Enfim, a partir dos aspectos levantados, percebemos o diálogo entre

a Literatura e a Pintura em um caso em especial, enfatizando o caráter imagético da literatura de

Maugham, bem como o caráter narrativo da pintura de Gauguin.

Palavras-chave: Gauguin; Literatura; Mares do sul; Maugham; Pintura.

Referências bibliográficas

ARBEX, M. (Org). Poéticas do visual, ensaios sobre a escrita e a imagem. Belo Horizonte: FALE/Pós-Lit, UFMG, 2006.

BERGEZ, D. Littérature et peinture. Tradução: André Soares Vieira. Paris: Armand Colin, 2011.

ECO, H. História da beleza. Rio de Janeiro: Record, 2010.

LICHTENSTEIN, J. A pintura. Tradução: Magnólia Costa. Textos essenciais, v. 7: “O paralelo das artes”. São Paulo: Ed. 34,

2005.

MAUGHAM, S. Histórias dos mares do sul. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1982.

MAUGHAM, S. Um gosto e seis vinténs. Rio de Janeiro: Editora Record, 1992.

REMAK, Henry. Literatura Comparada: Definição e Função. In: Literatura Comparada – Textos Fundadores. COUTINHO,

E.; CARVALHAL, T. F. (Org.). Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p. 175-190.

1 Autor: Lucas da Cunha Zamberlan, Mestre em Estudos Literários pela UFSM. E-mail: [email protected]

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Semana Acadêmica de Letras UFSM 2014

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“EXCESO DE SENSIBILIDAD?”: A (DES)CONSTRUÇÃO DO DISCURSO “CIVILIZADO”

ZILLI, Bruno Ramires1

O presente trabalho busca analisar como se caracteriza a ironia no conto“Exceso de Sensibilidad” (1966),

de Luis S. Garani, através da construção da narrativa, sugerida por um narrador em terceira pessoa, que

procura mostrar os efeitos da construção de um discurso indireto livre para o entendimento daquilo que de

fato se pensa. Para isso, entende-se ironia como um mecanismo utilizado pelo narrador para dizer o

contrário daquilo que se pensa, a fim de realizar uma crítica a um indivíduo ou sociedade (FERREIRA,

1986). E, também, entende-se por discurso a ideia de Van Dijk“discursos constituem sociedades e têm

força para legitimar atores, grupos sociais e está atrelado à complexa relação entre mente, linguagem e

sociedade” (2008, p. 145). Nesse sentido, usa-se da linguagem para dar forma a uma sociedade e, assim, a

língua deixa de ser um instrumento de comunicação e passa a “dizer o mundo”. O conto relata a história

de um trabalhador rural que está arando sua terra utilizando o seu cavalo para isso. Quando o convidado

das terras vizinhas, um homem da cidade, avista o campesino, aproxima-se e começa a repreender a

maneira com que esse trabalhador se utiliza do cavalo para tirar o seu sustento, pois de onde ele veio, não

se tratam os animais daquela maneira. Ao longo da narrativa, o conflito se dá pela discussão entre as

personagens as quais defendem seus próprios pontos de vista, com relação ao fato de usar um animal

como fonte de sustento. O homem da cidade está a todo o momento insultando o campesino, que não se

importa com o que ele está pensando ou fazendo. Ao analisar a instância do narrador, no conto de Garani,

percebe-se que o efeito da ironia está na intercalação de vozes na narrativa, com um narrador que constrói

o seu discurso a partir do posicionamento da personagem do campo e no uso de nomes para qualificar o

homem como o campesino e desqualificar o homem da cidade com os próprios adjetivos utilizados por

ele. A partir da análise feita sobre o narrador e como se constrói o discurso, pode-se concluir que o uso do

discurso indireto pelo narradorfunciona na narrativa como uma espécie de “advogado” do homem

campesino, pois o defende utilizando-se da incorporação desse discurso do homem campesino, ou seja,

esse fala através da voz do narrador. Já, quando o homem da cidade vai se pronunciar, o narrador dá voz a

ele, a fim de não se comprometer com esse discurso, ou seja, foi o homem da cidade quem disse, não o

narrador, registrando de forma integral a fala da personagem, do modo como ela a diz. Isso equivale a

afirmar que a personagem fala diretamente, sem a interferência do narrador, que se limita a introduzi-la,

simplesmente. Por isso, pode-se afirmar que o narrador apresenta de maneira diferente dois mundos que

também são diferentes, um pelo uso do discurso indireto e outro pela concessão a voz da personagem,

aproximando-se da voz do campesino.

Palavras-chave: Discurso Indireto; Instância Narrativa; Ironia.

Referências bibliográficas

DIJK, T, A, V. Discurso e poder. Hoffnagel, J. & Falcone, K. (Org.). São Paulo: Contexto, São Paulo: Contexto, 2008.

FERREIRA, A, B, H. Novo dicionário da Língua Portuguesa – 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

GARANI, L, S. “Exceso de sensibilidade”. In: DUCASSE, I; FERNANDO, F; QUIROGA, H; RAMA, A (Org.). Aquí cien

años de raros. Montevideo: Publisher Ed. Arca, 1966.

1 Autor: Acadêmico do 9º semestre do curso Letras Licenciatura: Espanhol e Literaturas de Língua Espanhola. UFSM. E-mail:

[email protected]

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