Caderno Didatico economia

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Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Centro de Educao Superior Norte RS (CESNORS) Departamento de Administrao

Caderno Didtico n0 1:

Introduo Economia(Verso no-revisada)

Professora: Solange Regina Marin Curso: Administrao

Palmeira das Misses 2007

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INDICE Introduo Captulo 1 Conceitos Bsicos 1. O conceito de economia 2. De que se ocupa a economia 3. A quantificao da realidade econmica 4. Breve contexto histrico do conceito economia 5. As escolhas na economia 6. Os argumentos da economia 7. Mtodo de investigao da cincia econmica 8. Evoluo do pensamento econmico.. 9. Interao entre os agentes econmicos e as questes-chave da economia Captulo 2- Sistema Financeiro 1. Origem da moeda 2. Evoluo das formas de moeda 3. Ativos financeiros 4. Oferta e demanda de moeda 5. Medida da Oferta de Moeda 6. Base monetria 7. Estrutura do SFN (brasil) 8. Organizao do SFN 9. Diferentes mercados Intermediao Financeira 1. Formas de financiamento 2. Criao e destruio de moeda 3. Multiplicador bancrio 4. Poltica monetria Captulo 3 Inflao 1. Situaes possveis de variao dos preos 2. Teorias da inflao 3. Inflao e Nmeros-Indices 4. Indicadores de inflao no Brasil e no RS 5. Inflao no Brasil e Planos de Estabilizao Captulo 4 Setor Pblico 1. As funes econmicas do setor pblico 2. Estrutura tributria 3. Os tributos e sua classificao 4. Os gastos do setor pblico 5. O Conceito de dficit pblico 6. Financiamento do dficit 7. Aspectos institucionais do oramento pblico 8. Fiscalizao Captulo 5 Conceito e Clculo dos Agregados Macroeconmicos 1. O conceito de valor adicionado: o produto nacional (PN) 2. O conceito de renda nacional (RN) 3. O conceito de despesa nacional (DN) Alguns problemas com as medidas agregadas Captulo 6 A Economia Nacional e as Relaes Internacionais 1. Teorias do comrcio internacional 04 05 05 06 08 10 11 13 14 15 22 23 24 24 25 25 26 26 27 29 29 30 31 36 37 38 39 42 50 50 51 55 55 55 55 57 58 59 59 69 71

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2. A taxa de cmbio e o mercado cambial 3. Balano de pagamentos 4. Instrumentos de ajuste do balano de pagamentos A Institucionalidade no Cenrio Internacional Captulo 7 Noes de Microeconomia 1. Escassez 2. Custo de oportunidade 3 Anlise marginal Mercado: Oferta e Demanda 1 Procura (ou Demanda) 2. Oferta 3. Outros fatores que influenciam as curvas de demanda e de oferta 4. Preo e quantidade de equilbrio 5. Intervenes de mercado 6. O conceito de elasticidade 7. Estrutura de mercado Referncia Bibliogrfica

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INTRODUO A idia de produzir um caderno didtico surgiu depois de alguns semestres ministrados da disciplina de Introduo Economia para diferentes cursos de graduao. O objetivo propiciar ao aluno, no presente momento ao aluno do curso de administrao, uma viso geral do objeto de estudo e do mtodo de investigao da chamada Cincia Econmica. A preocupao central apresentar de forma simples e clara os conceitos econmicos bsicos, sem esquecer de relacion-los com os fatos econmicos reais, ou seja, traar um paralelo entre as noes econmicas e as informaes sobre a realidade econmica brasileira. Alm disso, so apresentadas questes tericas e aplicadas sobre os diferentes assuntos trabalhados que incluem desde os conceitos bsicos at as noes sobre economia nacional e relaes internacionais.Este caderno no pretende dar respostas definitivas s questes sobre economia, mas suscitar o interesse, provocar o debate e proporcionar aos alunos do curso de administrao uma capacidade de anlise crtica das questes econmicas atuais. Para isso, estudaremos as noes bsicas de Economia para observar de forma crtica a realidade e interpretar o significado dos diferentes conceitos econmicos frente aos acontecimentos reais da economia brasileira.

Por se tratar de assuntos ainda gerais da Cincia Econmica e relacionar acontecimentos recentes da economia brasileira, o caderno se torna uma ferramenta auxiliar para o estudante da disciplina de Introduo Economia.

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CAPTULO 1 CONCEITOS BSICOS

O QUE ECONOMIA ? O que veremos? - De que se ocupa a economia - A quantificao da realidade econmica - Contexto histrico do conceito economia - Argumentos da economia - Mtodo de investigao da cincia econmica - Evoluo pensamento econmico - Interao entre os agentes econmicos - Questes-chave da economia

1. O CONCEITO DE ECONOMIA A palavra economia vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). Seria administrao da casa ou administrao da coisa pblica. A economia pode ser definida como cincia social que estuda como o indivduo e a sociedade decidem utilizar os recursos produtivos escassos, na produo de bens e servios, de modo a distribu-los entre as vrias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer s necessidades humanas. Como umas das cincias sociais (cincia poltica, sociologia, antropologia culturas, psicologia, direito), a economia no pode ser considerada como fechada em torno de si mesma. Pelas implicaes da ao econmica sobre outros aspectos da vida humana, o estudo da economia implica a abertura de suas fronteiras s demais reas das cincias sociais ou humanas. Essa abertura se d em uma dupla direo, assumindo um carter biunvoco. De um lado, porque a economia busca alicerar seus princpios, conceitos e modelos tericos no apenas na sua prpria coerncia, consistncia e aderncia realidade, mas ainda no desenvolvimento dos demais campos do conhecimento social. De outro lado, porque pode influir no questionamento dos princpios e das aquisies conceituais desses mesmos campos. E vai alm, abrindo suas fronteiras filosofia, tica e histria.

2. DE QUE SE OCUPA A ECONOMIA Aqui esto destacadas as categorias centrais de preocupao da economia, o que implica por sua vez numa interface com outras reas de conhecimento. A figura 1 abaixo mostra que a economia est relacionada com outros campos de conhecimento, e os grandes temas de que se ocupa a economia.

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FIGURA 1 A relao com outros campos de conhecimentoClssicos/Marx: * Produo * Distribuio * Dispndio *Acumulao A. Marshall (1842-1924) * Pobreza * Riqueza * Bem-estar Simon Kuznets (1901-1985) * Crescimento * Desenvolvimento Lionel Robbins (1898-1984) * Recursos * Necessidades * Prioridades * Escassez * Recursos * Emprego * Produo * Agentes * Trocas * Moedas * Valor * Preos * Mercados * Concorrncia * Remuneraes * Agregados * Transaes * Crescimento * Equilbrio

Antropologia Sociologia Psicologia Direito Poltica tica

Os temas discutidos pelos diferentes pensadores econmicos e em pocas histricas diversas, foram o processo de produo, a distribuio, o dispndio e a acumulao, assuntos tratados pelos clssicos, dentre eles Adam Smith, David Ricardo, e por Karl Marx que ficou conhecido pelo desenvolvimento da teoria marxista. Alm disso, os temas pobreza, riqueza e bem-estar foram apresentados por A. Marshall. J as noes de crescimento e desenvolvimento foram tratadas por Simon Kuznets e Lionel Robbins tratou da questo das escolhas em economia, ao ressaltar que as necessidades ilimitadas e os recursos escassos. Nesse iniciar do debate econmico, ressaltam-se os diferentes temas que so objetos de estudo da economia: escassez, recursos, emprego, produo, agentes, trocas, moedas, valor, preo, mercado, concorrncia, remunerao, agregados, transaes, crescimento, equilbrio e desenvolvimento.

2.1. Alguns problemas econmicos - Por que a alta do preo do cafezinho reduz a demanda por acar? - Por que a renda dos agricultores se eleva quando ocorre uma estiagem que reduz a produo? - Por que importante para um produtor saber a elasticidade demanda por seu produto? - Por que a demanda por bens como carros ou apartamentos aumenta com o processo inflacionrio? - Por que os aluguis de imveis em regies universitrias geralmente costumam ser maiores no incio do perodo letivo? - Como pode uma desvalorizao cambial conduzir a uma melhora na balana comercial? - Por que o setor coureiro-caladista do Rio Grande do Sul est em crise com o maior valor do real frente ao dlar? - Por que a taxa de juros to importante para os investimentos? - De que forma a oferta de moeda na economia afeta a taxa de juros? - Por que devemos nos preocupar com o PIB de um pas? - Quais os fatores que influenciam o crescimento econmico? - A taxa de crescimento do PIB seria um bom indicador para o desenvolvimento de um pas?

3. A QUANTIFICAO DA REALIDADE ECONMICA O que distingue a economia de outros ramos do conhecimento social a possibilidade de alguma forma de mensurao. Em economia possvel:

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- quantificar os resultados, - construir identidades quantificveis, - estabelecer relaes quantitativas entre diferentes categorias de transaes, - desenvolver modelos explicativos da realidade, baseados em sistemas de equaes simultneas, - proceder a anlises fundamentais em parmetros quantificados, - desenvolver sistemas quantitativos para diagnstico e prognstico. Esta particularidade da economia possibilitou o surgimento de correntes econmicas fundamentadas no mtodo matemtico, com destaque para a econometria. O quadro abaixo sintetiza as formas usuais de indicaes quantitativas em economia. Quadro 1 A quantificao da realidade e as variveis econmicas - moeda corrente do pas (a) Monetrias - divisas externas (b) Unidades - relaes cambiais entre (a) e (b) adotadas Indicam magnitudes medidas ao longo de Variveis-fluxo determinado perodo de tempo Variveis econmicas Indicam magnitudes medidas em um determinado quantificveis Variveis-estoque momento Indicam relaes entre duas variveis, Relaes funcionais expressando a correspondncia funcional entre - lineares elas. - no-lineares Relaes Incrementais Relaes entre variveis Relaes Matriciais Nmeros-indices Indicam variaes cumulativas, no decurso de sries histricas, entre duas variveis. Indicam a resposta de uma ou de um conjunto de variveis a determinada ao econmica. Indicam a interdependncia interconsistentes de variveis. de conjuntos

Indicam variaes de grupos, conjuntos ou de agregaes de dados econmicos.

Medidas de Expressam em termos mdios, medianos ou modais a abservao de determinada situao ou tendncia central transao. Quocientes Formas usuais de indicaes quantitativas Coeficientes Resultado da diviso de variveis econmicaas, experessnado: - variaes ao longo do tempo. - propores em determinado momento. Expressam parmetros de correlao, simples ou mltipla entre as variveis econmicas. Expressam graus de concentrao (ou de disperso) de determinadas condies estruturais da economia. Expressam resultados de transaes: - especficas; de um dado agente, ou interagentes. - da atividade econmica agragativamente considerada.

Valores absolutos

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4. BREVE CONTEXTO HISTRICO DO CONCEITO ECONOMIA Em seu nascedouro, a denominao usual da economia era adjetivada. Denominava-se economia poltica. Com o tempo, a adjetivao caiu em desuso; evoluiu para economia. Mesmo que alguns filsofos da Grcia Antiga, como Plato e Aristteles, tenham explorado temas de contedo econmico, Roma no deixou nenhum escrito notvel na rea de economia. A partir do sculo XVI, observamos o nascimento do primeiro conjunto de idias mais sistematizadas sobre o comportamento econmico com o chamado Mercantilismo. Mas, tais idias estavam baseadas numa definio de economia como o ramo do conhecimento essencialmente voltado para a administrao do Estado, sob o objetivo de promover seu fortalecimento. No sculo XVIII, novas concepes se desenvolveram. A abordagem clssica A preocupao no era com o fortalecimento do estado, mas com a riqueza das Naes. A fisiocracia elaborou alguns trabalhados dignos de destaque. Maior figura foi Franois Quesnay e seu Quadro Econmico de 1758. Adam Smith e suas obras Sentimentos Morais (1759) e A Riqueza das Naes (1776). Os sentimentos morais, as paixes originais da natureza humana, a busca da aprovao social, as razes maiores da acumulao e da conservao da fortuna material foram os pressupostos de sua descrio da ordem econmica, fundamentada nas leis que regem a formao, a acumulao, a distribuio e o consumo. Esse polinmio foi a base do conceito clssico de economia. Os outros economistas clssicos na transio dos sculos XVIII e XIX, como Robert Malthus, David Ricardo e John Stuart Mill definiam a economia a partir destes quatro fluxos. Os neoclssicos A nfase dos primeiros neoclssicos (Jevons, Walras e Menger) no estava no processo de acumulao capitalista e nos mecanismos de repartio dos esforos sociais. Eles buscaram entender o equilbrio do processo econmico, tal como se apresentava. Estavam preocupados com a iniqidade social mas no propuseram formas alternativas e revolucionrias para a organizao econmica da sociedade. Eles sintetizaram os fundamentos da conduta econmica do homem: a escassez de recursos diante de necessidades ilimitveis, cujo principal elemento era a maximizao da utilidade. Alfred Marshall, quem procurou fazer uma sntese de clssicos com neoclssicos, acredita que a economia examinava a ao individual e social, em seus aspectos mais estritamente ligados obteno e ao uso dos elementos materiais do bem-estar. Assim, de um lado, um estudo da riqueza; e, de outro, e mais importante, uma parte do estudo do homem. A perspectiva socialista O binmio produo-distribuio a base a partir da qual a perspectiva socialista construiu sua concepo sobre a matria de que se ocupa a economia. Figura de maior destaque foi Karl Mar(1818-1883). O estudo das leis sociais que regulam a produo e a distribuio dos meios materiais destinados a satisfazer s necessidades humanas resume o campo de que se ocupa a economia.

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A sistematizao de Lionel Robbins nos anos de 1930 Robbins no partiu de categorias de fatos econmicos, como produo, distribuio, dispndio, acumulao, riqueza e bem-estar. Ele partiu da existncia de: - uma multiplicidade de fins que a humanidade procura alcanar - a priorizao de fins possveis: podem ser classificados por ordem de prioridade - a limitao dos meios para alcanar os fins possveis - o emprego alternativo dos meios. O fator de maior importncia e que faz o elo de ligao entre as quatro condies a capacidade humana de fazer escolhas. O fato econmico resume-se, assim, nos atos de escolha entre fins possveis e meios escassos aplicveis a uso alternativos. Qualquer escolha feita pelos indivduos, empresas, governos ou outros agentes econmicos quanto alocao de recursos implica, portanto, uma relao entre custos (meios empregados) e benefcios (fins alcanados), bem como a ocorrncia de custos de oportunidade (outros fins que, com os mesmos recursos, poderiam ter sido alcanados). A economia a cincia que estuda as formas de comportamento humano resultantes da relao existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos. Com isso, podemos notar que em Economia tudo se resume a uma restrio quase fsica a lei da escassez, isto , produzir o mximo de bens e servios com os recursos escassos disponveis de cada sociedade. Mas lembre-se s existir escassez se houver uma demanda para a aquisio do bem tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana. E um bem demandado porque til. Figura 2 - Sntese dos conceitos bsicos da sistematizao de Robbins Conflito fundamentalMeios (ou recursos) escassos e limitados Fins (ou necessidades) mltiplos e ilimitveis

Escolhas entre fins possveis e meios disponveis

Alocao de recursos (custoso)

Consecuo de determinado fim

No-consecuo de outros fins

Benefcio

Custo de oportunidade

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Existem ligaes formais entre as abordagens consideradas: a neoclssica, a socialista e a sistematizao de Robbins. A razo de ser da economia est presente nas trs formas de delimitar o campo especfico do conhecimento econmico o estudo das formas aplicadas pelo homem na incessante busca de meios para satisfazer s condies ilimitveis de bemestar. Quadro 2 O conceito de economia nas trs abordagens A abordagem neoclssica - A economia um estudo dos homens tal como vivem, agem e pensam nos assuntos ordinrios da vida. - Focaliza, principalmente, a conduo do homem no trato com questes que interferem em sua riqueza e bem-estar. A perspectiva socialista - As necessidades humanas so determinadas pelo estgio cultural da sociedade. A sistematizao Robbins de

- O fim ltimo de que cuida a economia consiste em descobrir como as virtudes humanas e a concorrncia podem conduzir ao bem- - O estudo das leis sociais estar social. que regulam a produo e a distribuio resume o campo de que se ocupa a economia.

- A sociedade tem objetivos mltiplos, ilimitados, mas meios limitados. A conduta econmica consiste em escolher entre fins possveis - Para satisfazer a um e meios escassos para padro de necessidades, o alcan-los. hoem se dedica a um ato social: a produo. - A economia um ramo que estuda as formas do A realizao desse comportamento humano que processo se completa com a resultam da relao entre distribuio do produto necessidades ilimitadas e recursos escassos. social. - Meios escassos, fins alternativos, escolha e alocao so os elementos a partir dos quais se define o campo de que se ocupa a economia.

5. AS ESCOLHAS NA ECONOMIA: * O QUE E QUANTO produzir * COMO produzir e * PARA QUEM produzir Resumindo:NECESSIDADES HUMANAS ILIMITADAS VS. RECURSOS PRODUTIVOS ESCASSOS * O QUE E QUANTO PRODUZIR * COMO PRODUZIR * PARA QUEM PRODUZIR

ESCOLHA ESCASSEZ

Essas questes no seriam problemas se existissem recursos ilimitados. Porm, na realidade temos inmeras necessidades, recursos limitados e tcnicas de produo. Economia: optar dentre os bens a serem produzidos e os processos tcnicos capazes de transformar os recursos escassos em produo. A teoria econmica trata de escassez, custo e anlise marginal como veremos em outras aulas.

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Por enquanto teremos uma viso geral dos argumentos e do mtodo de investigao na cincia econmica, da evoluo do pensamento econmico, das interaes entre os diferentes agentes da economia e de como a partir dessas interaes surgem as questes-chave que preocupam a Economia.

6. OS ARGUMENTOS DA ECONOMIA Para entendermos o mtodo de investigao da cincia econmica precisamos apenas de um simples encadeamento lgico. Baseadas nos postulados da teoria existente, formulam-se as hipteses a respeito de como a realidade se comporta. Deduzem-se as implicaes e os resultados decorrentes dessas hipteses que so confrontados com a evidncia dos dados de observaes coletados da realidade. Finalmente, desse confronto tiram-se as concluses: ou a teoria explica satisfatoriamente o comportamento da realidade econmica ou deve-se formular uma teoria alternativa e mais adequada.Teoria econmica: leis que explicam o comportamento humano e fazem parte do conjunto de conhecimentos.

Os argumentos da teoria econmica podem ser: Positivos - economia positiva: o que de fato Normativos - economia normativa: o que poderia ser Essa distino importante em termos de metodologia uma vez que existe a impossibilidade lgica de se deduzirem afirmaes positivas de juzos de valores ou normativos ou vice-versa. Suponha-se que algum afirme que: 1. quando as taxas de crescimento da populao so superiores s da expanso da renda nacional como um todo, a renda per capita se reduz; 2. a reduo da renda per capita implica na perda do poder aquisitivo real da sociedade, mantidos os nveis vigentes de preos; 3. logo, como desejvel a manuteno e, mesmo, a ampliao do poder aquisitivo real, deveriam ser adotadas polticas de conteno do crescimento populacional. (1) e (2): so factuais, positivas; (3): de carter normativo. As duas primeiras no so condies suficientes para dar sustentao terceira. Essa ressalva metodolgica no implica a inexistncia de conexes entre os compartimentos positivos e normativos na economia. A poltica econmica, no obstante seja formulada a partir de escolhas que envolvem juzos de valores, tem o respaldo na modelao terica desenvolvida pelos diferentes troncos da economia positiva. Ou seja, a Economia se interessa primordialmente pelos argumentos positivos, como pode ser visto na figura abaixo.

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Figura 3 Compartimentos usuais da economia Economia Descritiva Observao sistematizada do Observao sistematizada do mundo real. mundo real. Descrio e mensurao de fatos Descrio e mensurao de fatos econmicos. econmicos. Contabilidade Social. Contabilidade Social. Sistemas contas Sistemas dede contas nacionais e matrizes nacionais e matrizes de relde relaes aes interindustriais. interindustriais. O consumidor O consumidor ee a aa anlise da nlise da procura procura Teoria Econmica Teoria Econmica Princpios, Princpios, teorias, leis e teorias, leis e modelos da modelos da ececonomia onomia A empresa a A empresa e e a anliseda oferta anlise da oferta Teoria Teoria Microeconmica Microeconmica Remunerao Remunerao dos fatores de dos fatores de produo e produo e repartio da repartio da renda

Teoria Teoria Macroeconmica Macroeconmica Anlise de Anlise de macrovariveis: macrovariveis: renda, renda, consumo, consumo, poupana, poupana, investimento, investimento, exportaes, exportaes, importaes, importaes, tributos e dispndio tributos e dispndio pblico, pblico, demanda oferta e oferta e demanda monetrias.

renda

Estrutura Estrutura concorrencial e concorrencial e equilbrio dos equilbrio dos mercados mercados

monetria.Poltica Econmica A conduo do processo econmico agregativamente considerado. Diviso do estudo econmico: Microeconomia: estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercado no qual interagem. Preocupa-se com a determinao dos preos e quantidades em mercados especficos. Macroeconomia: Estuda as condies de equilbrio estvel entre a renda e a despesa nacionais. As polticas econmicas de interveno procuram estabelecer esse equilbrio. Desenvolvimento Econmico: estuda o processo de acumulao dos recursos escassos e da gerao de tecnologia capazes de aumentar a produo de bens e servios para a sociedade. Economia Internacional: estuda as condies de equilbrio do comrcio exterior, alm dos fluxos de capitais. Atuao sobre a realidade, com 3 objetivos: * Crescimento * Estabilidade * Equitatividade A regulao da atividade dos agentes econmicos: o interajuste de custos e benefcios privados e sociais.

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7. MTODO DE INVESTIGAO DA CINCIA ECONMICA A metodologia da elaborao cientfica, em sua estrutura fundamental, busca, como primeiro passo, observar sistematicamente a realidade. Depois elaborar modelos simplificados que a reproduzem, que identifiquem relaes de causas e efeitos e que interpretem os mais variados eventos e seus desdobramentos. No processo de elaborao recorre-se a duas abordagens distintas, ainda que complementares: a induo e a deduo. Vejamos como ocorre a construo do conhecimento na economia pela figura abaixo. Figura 4- A construo do conhecimento na economia

Mtodo indutivo

Abstraes resultantes de levantamentos e informes quantitativos. Construo de modelos validados por testes estatsticos.

Observao sistematizada da realidade Abstraes tericas envolvendo situaes e comportamentos no mensurveis a partir de levantamentos da realidade concreta. Esforo de teorizao substitutivo da validao experimental.

Mtodo dedutivo

Validao, pelo permanente confronto com a realidade

Reelaborao resultante de novas observaes ou de mudanas nas condies preexistentes.

Formulao de princpios, teorias, leis u modelos explicativos ou interpretativos da realidade.

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8. EVOLUO DO PENSAMENTO ECONMICO: 1 A figura 5 abaixo mostra de maneira bem articulada como ocorreu o desenvolvimento das diferentes correntes de pensamento econmico.

Fonte: Rossetti (2003)

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Para maiores informaes sobre as escolas de pensamento econmico ver o website The History of Economic Thought: http://homepage.newschool.edu/het/

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9. INTERAO ENTRE OS AGENTES ECONMICOS E AS QUESTES-CHAVE DA ECONOMIA 9.1. As Categorias Participantes do Sistema Econmico As trs categorias que formam a base de qualquer sistema econmico so os recursos, os agentes, e as instituies, como pode ser visto na figura 6 abaixo:

Estoque de fatores de produo

Elementos constitutivos do sistema econmico como um todo: recursos, agentes e instituiesComplexo de instituies Quadro de agentes econmicos

Recursos naturais Recursos humanos Capital Capacidade tecnolgica Capacidade empresarial

Unidades familiares Empresas Governo

Jurdicas Polticas Sociais

Os processos, os mecanismos e os instrumentos de interao dos agentes econmicos decorrem de dois fatores fundamentais: - a diversidade das necessidades humanas, que conduz organizao de sistemas de trocas; - a diversidade de capacitaes das pessoas e naes, determinada por heranas culturais ou por vocaes naturais, que conduz especializao e diviso social do trabalho. 9.2 Processo de Interao e os Fluxos Econmicos Fundamentais Os fluxos reais definem-se a partir de suprimentos de recursos de produo, de seu emprego e de sua combinao pelas unidades de produo, bem como pela resultante gerao de bens e servios intermedirios e finais. Os fluxos monetrios definem-se como contrapartida dos fluxos reais. Traduzem-se, de um lado, pelos pagamentos de remuneraes aos fatores de produo empregados; de outro lado, pelos preos pagos aos bens e servios adquiridos, independentemente de sua destinao.

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Figura 7- A interao entre famlias e empresasFornecimento de fatores de produo

Pagamento aos fatores

EMPRESAS

FAMLIAS

Pagamentos (bens e servios) Suprimentos (bens e servios)

Figura 8 - A interao entre famlias, empresas e governo

Fornecimento de fatores de produo

Pagamento aos fatores

EMPRESAS

FAMLIAS

Pagamentos (bens e servios)Suprimentos (bens e servios)

Pgto bens e servios T

Remunerao fatores

T GOVERNO

Fornecimento (bens e servios) e IFBKF

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Figura 9- Uma viso de conjunto do processo econmico e das questes-chave da economia

Fonte: Rossetti (2003)

A forma como esses processos de realizam e seus resultados finais esto relacionados com as quatro questes-chave da economia: * A plena utilizao dos recursos produtivos Eficincia Produtiva: emprego dos fatores de produo;

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* A escolha do que produzir Eficcia Alocativa: produtos gerados; * A distribuio dos resultados dos esforos de produo Justia Distributiva: rendas. * A organizao da vida econmica em sociedade Ordenamento Institucional: instituies que regularo o funcionamento do sistema como um todo e a interao entre os agentes. Ns nos deteremos nas duas primeiras das questes-chave, para os interessados nas demais questes, ver Rosseti (2003, Caps. 5 e 6).

Questes:1. A condio fundamental para que se realize o fluxo de produo a existncia de um conjunto de cinco fatores. Cite e conceitue cada um deles. 2. O que compreende o fator capital. Por que o conceito de capital se associa aos de investimento e de acumulao? 3. Diferencie o conceito de formao bruta de capital do de formao lquida de capital fixo. 4. Mobilizando os cinco fatores de produo, o aparelho de produo das economias desenvolve um grande fluxo contnuo de gerao de bens e servios. Diferencie os conceitos de bens e servios finais de consumo, bens e servios intermedirios e bens e servios finais de produo. 5. Quanto intensidade de emprego dos fatores e natureza dos bens e servios gerados, as atividades de produo classificam-se em primrias, secundrias e tercirias. Mostre as diferenas entre elas. 6. A funo de produo para a economia considerada agregativamente mostra a relao funcional entre a produo e os recursos empregados. Exemplifique essa funo e diga qual o tipo de relao entre as variveis produo e recursos de produo. 7. Descreva a partir da funo de produo as precondies para que uma economia tenha crescimento econmico e, conseqentemente, uma maior disponibilidade de bens e servios finais por habitante. 8. A maior disponibilidade de bens e servios finais por habitante considerada precondio quantitativa para a promoo do crescimento econmico e do bem-estar social. Essa precondio suficiente tambm para o desenvolvimento econmico? Comente. 9. Diferencie, conceituando cada uma delas, as trs seguintes categorias de elementos constitutivos do sistema econmico: estoque de fatores, quadro de agentes econmicos e o complexo de instituies. 10. So trs os agentes econmicos que interagem dentro de determinado sistema econmico: unidades familiares, empresas e governo. Destaque os papis de cada um. 11. Descreva sucintamente como ocorreu a evoluo do sistema de trocas at a instituio da moeda como conhecemos na atualidade. 12. Explique cada uma das funes da moeda e d exemplos. 13. Diferencie os conceitos de fluxo real e fluxo monetrio. Sintetize esses dois fluxos em um modelo simples de interao entre as famlias e as empresas. 14. O modelo simples de interao entre famlias e empresas modificado com a introduo do agente Governo. Explique. 15. A principal fonte de renda do governo a arrecadao de tributos. Diferencie tributos diretos e tributos indiretos e d exemplos de cada um deles.

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CAPTULO 2 SISTEMA FINANCEIRO1. O QUE MACROECONOMIA Trata da evoluo da economia como um todo, analisando a determinao e o comportamento dos grandes agregados da economia, como renda e produto nacionais, investimentos, poupana e consumo agregados, nvel geral de preos, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balano de pagamentos e taxa de cmbio. O debate constante da macroeconomia saber se as decises da poltica monetria e fiscal do governo vo afetar ou no as tendncias da economia. 2. AS METAS DE POLTICA MACROECONMICA As metas de poltica macroeconmica so: pleno emprego dos recursos, estabilidade de preos, distribuio de renda e crescimento econmico. Pleno emprego dos recursos Aprofundar os conhecimentos da poltica econmica com o objetivo de fazer a economia recuperar o nvel de pleno emprego. Estabilidade de preos A inflao, que aumento contnuo no nvel geral de preos, um problema porque acarreta distores sobre a distribuio de renda, expectativas empresariais e etc. Distribuio de renda A economia brasileira cresceu bastante entre o fim dos anos 60 e a maior parte da dcada de 70. Mas, houve um aumento da disparidade entre as classes de renda, ou seja, ocorreu uma concentrao de renda. Alguns crticos do chamado milagre econmico argumentam que piorou a concentrao de renda nos anos de 1968/73 devido a uma poltica deliberda do governo (a Teoria do Bolo): primeiro crescer, aumentando a parte dos lucros e da poupana dos mais ricos na renda nacional, para depois pensar em repartio de renda. 2 Crescimento econmico Quando se fala em crescimento econmico, estamos pesando no crescimento da renda nacional per capita. A renda per capita considerada o melhor indicador para se aferir a melhoria do bem-estar, do padro de vida da populao. Mas, o fato do pas estar aumentando sua renda per capita no necessariamente significa que est tendo uma melhoria do seu padro de vida. O crescimento econmico capta apenas o crescimento da renda per capita. Um pais est realmente melhorando seu nvel e desenvolvimento econmico e sociais, juntamente com o aumento da renda per capita, se estiver tambm melhorando os indicadores sociais (pobreza, desemprego e etc.). Esses objetivos no so independentes uns dos outros e podem ser at conflitantes. Ou seja, atingir uma meta pode ajudar (ou no) a alcanar outras. Por exemplo, o crescimento pode facilitar a soluo dos problemas de pobreza, uma vez que torna possvel abrandar conflitos sociais sobre a diviso da renda, se a renda aumentar. Nesse sentido, possvel aumentar a renda dos pobres sem diminuir a dos ricos.

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Para uma discusso sobre o Milagre Econmico, ver: Abreu (1990) A Retomada do Crescimento e as Distores do Milagre (1967-1973).

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Entretanto, particularmente em pases em desenvolvimento, as metas de crescimento e equidade distributiva tm se mostrado conflitantes, uma vez que muitos acreditam que o aumento do nvel de poupana seria mais facilmente obtido por meio de uma distribuio desigual de renda a j citada Teoria do Bolo no perodo do milagre econmico. 3. OS MEIOS DA POLTICA MACROECONMICA: A poltica macroeconmica envolve a atuao do governo sobre a capacidade produtiva (produo agregada) e despesas planejadas (demanda agregada), com o objetivo de permitir economia operar a pleno emprego, com baixas taxas de inflao e distribuio justa de renda. Os principais meios para atingir os objetivos so: Poltica fiscal: compreende todos os instrumentos de que o governo dispe para a arrecadao de tributos (poltica tributria) e controle de suas despesas (poltica de gastos). Alm da questo do nvel de tributao, a poltica tributria, por meio da manipulao da estrutura e alquotas de impostos, utilizada para estimular (ou inibir) os gastos do setor privado em consumo e em investimento. Poltica monetria: refere-se atuao do governo sobre a quantidade de moeda, de crdito e das taxas de juros. Os instrumentos disponveis so: emisso de moeda, reservas compulsrias, compra e venda de ttulos pblicos, taxas de redescontos e regulamentao sobre crdito e taxa de juros. Poltica cambial e comercial: atuam sobre as variveis relacionadas ao setor externo da economia. A poltica cambial refere-se ao controle do governo sobre a taxa de cmbio. A poltica comercial diz respeito aos instrumentos de incentivo s exportaes e/ou estmulo/desestmulos s importaes, sejam fiscais, creditcias, seja estabelecimentos de cotas etc. Poltica de rendas (ou de controle de preos e salrios): a caracterstica especial da poltica de rendas, que influenciam diretamente os salrios, os lucros, os juros e os aluguis a de que, nesses controles, os agentes econmicos ficam proibidos de levar a cabo o que fariam, em resposta a influncias normais do mercado. Normalmente, esses controles so utilizados como poltica de combate inflao. No Brasil, a poltica salarial e a atuao da Secretaria Especial de Abastecimento e Preos (Seap) situavam-se nesse contexto.

4. ESTRUTURA DA ANLISE MACROECONMICA A economia pode ser dividida em parte real e parte monetria. A primeira relacionada com a produo de bens servios bem como no emprego do fator trabalho, tendo como variveis a serem determinadas: o produto nacional, o nvel geral de preos, o nvel de emprego e os salrios nominais. A segunda relacionada com o que pode ser chamado de parte invisvel da economia e determina a taxa de juros, o estoque de moeda e a taxa de cmbio. O quadro 3 mostra os mercados e as diferentes variaveis determinadas em cada uma das partes da economia.

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Quadro 3 Parte real e parte monetria da economia Mercados * Mercado de Bens Servios Parte Real da Economia Mercado de Trabalho * Mercado Financeiro Parte Monetria da Economia Mercado de Divisas

Variveis Determinadas e * Produto Nacional * Nvel geral de Preos Nvel de Emprego Salrios Nominais * Taxa de juros * Estoque de Moeda Taxa de Cmbio

5. A MACROECONOMIA EM PERSPECTIVA HISTRICA. * Sc. XVIII, primeiras revolues, que serviram como ponto de partida. Maior desenvolvimento da Teoria Microeconmica. * Sc. XX: Primeira Guerra Mundial, Identificao de ciclos de negcios e Grande Depresso dos anos 30. * Principais idias Keynesianas, publicadas no livro Teoria Geral do Emprego, do Juros e da Moeda de 1936. * A teoria prevalecente antes de Keynes acreditava que a economia (i) era autoregulatria, (ii) utilizava eficientemente todos os recursos, (iii) produziam em pleno emprego (existia apenas a taxa natural de desemprego), (iv) as aes do governo apenas para os bens pblicos. * Com a teoria de Keynes, a economia (ii) no regula a si prpria, (ii) est sujeita flutuaes, (iii) pessimismo na comunidade de negcios e (iv) necessita de ao do governo para sua estabilizao. * Em 1937: John Hicks introduz o aparato conhecido como IS/LM a chamada sntese neoclssica que permite analisar a economia tanto pela hiptese de pleno emprego (clssicos e neoclssicos) como pela de desemprego (Keynes). * Nos anos 50, surge a Curva de Phillips que mostrava que uma relao inversa entre as taxas de inflao e taxas de desemprego. * At os anos 60, tinha o instrumental IS/LM analisando os componentes da demanda agregada acoplado Curva de Phillips, que retratava as condies de oferta agregada. Mas, numa herana keynesiana, a nfase da poltica econmica ainda era nos instrumentos de poltica fiscal, negligenciando a poltica monetria. * Segunda metade dos nos 50, surge a Teoria Monetria com Milton Friedman da Universidade de Chicago. Trata do papel das expectativas inflacionrias sobre a produo e o emprego, recuperando o papel da oferta agregada na Teoria Macroeconmica. Ateno para como os agentes formas suas expectativas. * Dcadas de 70 e 80: Escola das Expectativas Racionais (os novos clssicos). * Quatro principais linhas de pensamento macroeconmico: keynesianos, neoclssicos, novos clssicos e ps-keynesianos.

Questes:1. Descreva as metas da poltica econmica. 2. Por que os objetivos de politica econmica podem ser conflitantes. Explique. 3. O que se entende por poltica fiscal, poltica monetria, poltica cambial e poltica de rendas? 4. Voc seria capaz de explicar qual objetivo de poltica econmica o governo brasileiro tem buscado nos ltimos anos? Comente.

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SISTEMA FINANCEIROO que veremos? Moeda: Histria Funes Oferta/Demanda Agregados Monetrios Sistema Financeiro no Brasil (SFN): Diferentes Mercados Intermediao Financeira Sistema Bancrio e Multiplicao dos Meios de Pagamento Criao/Destruio dos Meios de Pagamento Poltica Monetria: Instrumentos Poltica Restritiva vs. Expansionista

MOEDA1. ORIGEM DA MOEDA Nas economias primitivas, o modo de vida do homem no lhe oferecia qualquer instrumento que possibilitasse a transformao dos produtos disponveis, restringindo suas atividades caa, pesca e coleta de frutos. Vivia em grupo tribal fechado, cujo objetivo primordial era a sobrevivncia. Essa primitiva sociedade, em que tribos vizinhas representavam rivais em potencial, era naturalmente impermevel idia de se estabelecer entre as comunidades um sistema de trocas de mercadorias. Com o passar do tempo, o homem percebeu que poderia dedicar-se produo de determinadas mercadorias em quantidades superiores s suas necessidades de consumo. Salvo nas comunidades extremamente afastadas da civilizao, o homem produz, hoje, quando muito, apenas uma diminuta parcela daquilo que consome. Conseqncia desse fato o estabelecimento das trocas. Cada indivduo passa a destinar a maior parte de sua produo no ao seu consumo prprio, mas s trocas com terceiros que tenham bens e servios de seu interesse. Historicamente, as trocas evoluram em duas etapas: trocas diretas, produto por produto, e trocas indiretas, por intermdio da moeda.Um raciocnio simples exemplifica o caso das trocas diretas: uma tribo, s margens de um rio generoso em peixes, mas com escassas chances de acesso a frutos, poderia especializar-se na pesca e trocar com uma outra comunidade que, por estar um pouco mais distante ou mesmo no dispor de um rio em iguais condies, tenha se especializado na coleta de frutos. A implantao desse sistema de intercmbio direto de mercadorias, tambm conhecido como escambo, exigia certas condies especiais para seu funcionamento: se o indivduo "A" fosse especializado na produo (coleta) de frutos silvestres e o indivduo "B", na produo (captura) de peixes, tornava-se fundamental, para ocorrer a permuta, que o indivduo "A" desejasse adquirir peixes e o indivduo "B desejasse adquirir frutos silvestres. A troca ocorreria, portanto, de forma direta, bilateralmente, desde que houvesse interesse recproco. As dificuldades desse sistema so evidentes. Tornava-se imperiosa a criao de novas condies de comrcio, de maneira que as trocas pudessem ocorrer sem que dependessem

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tanto da simultaneidade de interesses especficos. A forma encontrada foi substituir as trocas diretas pelas trocas indiretas, estabelecendo-se como padro de converso, mediante consenso, uma mercadoria ou um produto que fosse aceito por todos os indivduos. Introduziase assim um elemento responsvel, em grande parte, no s pelo desenvolvimento do comrcio, como tambm pelas dimenses hoje assumidas pela Economia: a moeda. A introduo da moeda no sistema econmico conduz dissociao de cada troca em duas operaes distintas: uma compra e uma venda. A moeda por sua vez, passa a desempenhar trs funes bsicas: intermediao de trocas, medida de valor e reserva de valor. A funo de intermediao de trocas traduz-se em servir como meio de pagamento, de aceitao geral. Reside, nessa funo, a razo principal, determinante do aparecimento da moeda, qual seja, a de facilitar o processo de circulao de bens. A moeda medida de valor porque estabelece uma unidade-padro de medida, qual so convertidos os valores de todos os bens e servios disponveis na economia. Em outras palavras, diz-se que a moeda serve como denominador comum de valores. Considerando-se que a moeda pode ser trocada por bens ou servios em qualquer ocasio, sua posse constitui reserva de valor, desde o momento em que recebida pelo seu detentor, at ao instante em que gasta. A reteno da moeda, como reserva de valor, traduzse, portanto, numa forma alternativa de guarda ou de acumulao de riqueza. 2. EVOLUO DAS FORMAS DE MOEDA Ao se estabelecer um produto ou mercadoria como base para a troca, nasceu o conceito bsico de moeda: um instrumento facilitador das trocas que permite a medida ou a comparao de valores. Podem ser, como o foram no passado, o trigo, o sal, o gado e os metais. Pode ser, tambm, um simples pedao de "papel pintado". H, porm, uma forte exigncia: que seja aceito pela sociedade, consensualmente. O estabelecimento da mercadoria-moeda possibilitava a implantao de um sistema de intercmbio, mas trazia consigo novas dificuldades. Por exemplo: algum que dispusesse de cinco sacas de trigo e desejasse comprar meio boi, como resolveria a questo? Um primeiro complicador consistia, portanto, na indivisibilidade de certas mercadorias ou produtos. Outro problema que surgiu de imediato foi o fato de a mercadoria-moeda ter a possibilidade de multiplicar-se facilmente, sem o controle da sociedade. Alm disso, havia ainda a desvantagem de ser perecvel, o que causava srios problemas para o sistema como um todo. Imagine algum que tivesse todo o seu estoque de moeda representado por 100 sacas de trigo e todas elas se deteriorassem. Esse indivduo teria zerado o seu estoque de moeda, e uma das causas poderia ser at mesmo no ter conseguido arcar com os custos de uma acomodao adequada para o trigo. Como alternativa, passou-se a adotar os metais preciosos como meio de troca. A histria registra o aparecimento de moedas metlicas cunhadas na Grcia entre os sculos VIII e VII a.C. Eram mais durveis e permitiam subdiviso com maior facilidade. Sua produo era mais rara e escassa. Era de melhor qualidade e no apresentava os problemas das demais mercadorias adotadas como moeda. A utilizao dos metais preciosos (ouro e prata) como moeda facilitou muito o desenvolvimento das trocas e da circulao dos bens e servios necessrios sociedade. Entretanto, apresentava problemas relativos a seu valor intrnseco e a seu transporte, em

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virtude do peso e da segurana, j que os possuidores ficavam muito mais vulnerveis ao ataque de saqueadores. Como os cunhadores eram geralmente ourives, que possuam locais seguros para guarda dos metais preciosos passou-se a adotar o costume de deixar as moedas depositadas com eles, em troca de um comprovante de depsito, de um recibo. Esse recibo tinha, assim, um lastro. Toda vez que se precisasse de moeda, era s troc-lo por metal precioso. Com o tempo, adicionou-se a esse costume o de endoss-lo, transferindo a outrem o direito de saque. Com isso, foi eliminada a necessidade de se trocar o recibo por metal precioso a cada operao. Surgiu, ento, o princpio das cdulas com lastro. Dessa forma, os cambistas medievais atuavam como "banqueiros", mantendo um encaixe de 100% sobre os seus depsitos. Cobravam apenas uma comisso pela prestao do servio de guarda dos metais. Observe-se que, at ento, os banqueiros da poca no concediam e nem tomavam emprstimos. No tardou muito, contudo, para que adquirissem a confiana do pblico e iniciassem uma transformao na sua forma de "operao bancria". Ao verificarem que os metais ficavam guardados em seus cofres por um longo perodo de tempo, sem qualquer utilizao, passaram a emitir os chamados bilhetes de banco negociveis. Tais operaces consistiam na emisso de recibos sem a contrapartida de um depsito em moedas, cuja validade dependia nica e exclusivamente de sua aceitao geral, como meio de pagamento, em funo da confiana do pblico. Essa transformao fez com que os bancos deixassem de ser simples depositrios de metais e passassem a exercer a funo de emissores, surgindo a partir da a moeda fiduciria. O Estado assumiu e monopolizou a emisso de moeda, uniformizando-a no espao geogrfico de sua influncia. A aceitao dessa moeda inconversvel decorria do poder do Estado em garantir sua utilizao e na confiana da populao nesse Estado. A garantia de utilizao da moeda dada pelo seu curso forado, posto que os credores eram obrigados por lei a aceit-la em pagamento de seus crditos. Ao lado dessa moeda fiduciria, de emisso no lastreada, de curso forado, monopolizada pelo Estado, desenvolveu-se uma outra modalidade: moeda bancria ou escritural. Essa moeda, que surgiu com o desenvolvimento dos bancos comerciais, corresponde aos depsitos vista, os quais possuem liquidez e equivalem moeda de curso legal.

3. ATIVOS FINANCEIROS Os ativos financeiros da economia podem ser diferencidados conforme os atributos rendimentos e liquidez. Assim, tem-se: Ativos financeiros monetrios: liquidez absoluta, rendimento zero e usados como meio de pagamento. Ex: papel moeda em poder do pblico (PMPP) e depsito vista nos bancos comerciais pblicos e privados. Ativos financeiros no-monetrios: menor grau de liquidez e rendimento. Ex: depsito de poupana.

4. OFERTA E DEMANDA DE MOEDA A oferta de moeda na economia feita pelo Banco Central (BACEN) e pelos Bancos Comerciais atravs das atividades de depsitos e emprstimos. A demanda por moeda derivada dos motivos: transao, precauo e especulao.

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5. MEDIDA DA OFERTA DE MOEDA A quantidade de moeda existente na economia pode ser medida com a utilizao dos chamados agregados monetrios. Esses agregados so agrupados de acordo com a liquidez dos diferentes ativos financeiros da economia. A seguir so definidos os agregados monetrios: M0 = PMPP (notas e moedas) M1 = M0 + depsitos vista nas instituies financeiras bancrias. M2 = M1 + depsitos especiais remunerados + depsitos de poupana + ttulos emitidos por instituies financeiras. M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operaes compromissadas com ttulos pblicos federais. M4 = M3 + ttulos pblicos federais (Selic) e ttulos de emisso dos estados e municpios. Tabela 1 - Heveres Financeiros no Brasil (R$ bilhes)

Fonte: Bacen

6. BASE MONETRIA Alm dos agregados monetrios, existe ainda outra medida da moeda na economia que a base monetria. O conceito de base monetria (BM) equivale ao passivo monetrio do Banco Central que serve de lastro aos meios de pagamento e definida por: BM = PME + RB - Papel Moeda Emitido (PME): meio circulante - Reservas Bancrias (RB): contas correntes dos bancos criadores de moeda no Banco Central

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Essas reservas bancrias so compostas por reservas volunttias e reservas compulsrias. A sistemtica de recolhimentos compulsrios sobre os recursos vista e a preponderncia de metas de taxas de juros resultam em valores desprezveis de reservas voluntrias mdias. A figura 10 mostra a base monetria e os meios de pagamentos na economia brasileira para os anos de 2004 e de 2005. Figura 10 Base monetria e meios de pagamentos no Brasil - 2004 e 2005

Fonte: Bacen

7. ESTRUTURA DO SFN (BRASIL) Sistema Financeiro: conjunto de agentes e instituies responsveis pela intermediao de recursos financeiros entre as unidades econmicas lquidas (superavitrias) e as ilquidas (deficitrias).

8. ORGANIZAO DO SFN - Subsistema normativo - Subsistema de Intermediao - Outras instituies A figura 11 abaixo mostra a participao por segmentos (pblicos, privados nacionais e estrangeiras) no sistema bancrio do Brasil para o perodo de 2002 a 2005. Alm disso, veja em anexo o nmero de instituies por segmento, por tipo e com maiores agncias no pas.

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Figura 11- Sistema Bancrio/Participao por Segmentos (Brasil)

Fonte: Bacen

9. DIFERENTES MERCADOS: O sistema financeiro composto por quatro diferentes mercados que so: Mercado Monetrio: onde so negociados ttulos de curto prazo (Iiquidez da economia). Mercado de Capitais: onde so negociados ttulos de mdio e longo prazo (necessidade de recursos para investimento). Mercado de Cmbio: so realizadas as transaes com diferentes moedas. Participantes: Bacen, Bancos, empresas exportadoras e importadoras. Mercado de Crdito: tem a responsabilidade de suprir a necessidade de crdito das diferentes atividades econmicas. A seguir, destaca-se o mercado de crdito no Brasil. Os grficos mostram, respectivamente, o direcionamento do crdito para as diferentes atividades econmicas e as taxas de juros cobradas para as pessoas fsicas e pessoas jurdicas.

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Fonte: Bacen

Fonte: Bacen

Fonte: Bacen

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INTERMEDIAO FINANCEIRA1. FORMAS DE FINANCIAMENTO Existem dois tipos de agentes no sistema financeiro, aqueles que podem ser chamados de unidades superavitrias (US) e outros que podem ser chamados de unidades deficitrias (UD). Os primeiros suprem as necessidades de financiamento dos segundos atravs da intermediao das instituies financeiras. As unidades deficitrias possuem duas formas para obter financiamento: Autofinanciamento: venda de algum patrimnio, por exemplo, um bem imvel. Financiamento externo: que pode ser direto atravs da venda de aes ou de ttulos da dvida e o indireto por meio de emprstimo via instituies financeiras A pergunta que surge por que as unidades deficitrias no optam pelo financiamento direto? A resposta para esse questionamento est nos conceitos de custos de transao e de informao assimtrica.

2. CRIAO E DESTRUIO DE MOEDA O fenmeno mais importante associado ao desenvolvimento da moeda escritural consiste na multiplicao dos meios de pagamento atravs das instituies financeiras bancrias que captam depsitos vista. Esse fenmeno decorre do fato de ser altamente improvvel que todos os depositantes saquem seus recursos ao mesmo tempo, o que permite aos bancos comerciais emprestar parte dos depsitos vista por eles recebidos, mantendo encaixes bem inferiores ao volume destes depsitos. A faculdade de criar ou destruir moeda decorre de operaes realizadas entre as instituies financeiras bancrias que captam depsitos vista e o pblico. Para se distinguir uma ocorrncia da outra, valemo-nos dos conceitos de haveres monetrios e haveres no-monetrios. Haveres monetrios: possuem liquidez imediata papel-moeda em poder do pblico e depsitos vista (meios de pagamento). Haveres no-monetrios: no possuem liquidez imediata, como depsitos a prazo, ttulos pblicos, duplicatas e etc.

2.1. Criao de moeda: Quando a instituio financeira bancria desconta uma duplicata - entrega ao pblico de haveres monetrios (moeda) e, em troca, recebe haveres no-monetrios (duplicata), conforme ilustrado na figura a seguir:

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Figura 12 Criao de MoedaHaveres monetrios Instituio Financeira Bancria

Haveres no-monetrios

Pblico

2.2. Destruio de moeda: Quando o pblico quita uma duplicata a instituio bancria entrega ao pblico haveres nomonetrios (duplicata quitada) e recebe haveres monetrios (moeda), conforme ilustrado na figura a seguir: Figura 13 Destruio de MoedaHaveres no-monetrios Instituio Financeira Bancria

Haveres monetrios

Pblico

Exemplos de criao e de destruio de moeda: Governo Federal deposita impostos arrecadados do pblico no Bacen (D); Exportadores trocam US$ por R$ no Bacen (C); Indivduo resgata sobre poupana, com transferncia do saldo para a conta corrente no banco comercial (C); Indivduo adquire quotas de um fundo de aes sacando sobre seus depsitos vista (D); Indivduo efetua um depsito vista em um banco comercial (N).

3. MULTIPLICADOR BANCRIO As instituies financeiras que captam depsitos vista podem multiplicar os meios de pagamentos atravs das operaes de emprstimos. Multiplicador Simples k = 1/R k = magnitude do efeito multiplicador R = alquota de recolhimento bancrio Exemplo: R = 0,25 Temos que k = 1/0,25 = 4

Se DV= R$1.000,00, o efeito multiplicador far com que o volume de meios de pagamentos passe a ser de R$ 4.000,00.

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Multiplicador Elaborado: k = 1/C+D(R1+R2) C = PMPP/M1 D = DV/M1 R1 = CX/DV R2 = RB/DV Onde: PMPP = papel moeda em poder do pblico DV = depsitos vista CX = caixa dos bancos comerciais RB = reservas bancrias (voluntrias e compulsrias)

4. POLTICA MONETRIA Refere-se ao processo de oferta de moeda na economia, com seus mecanismos de transmisso. A oferta primria fica a cargo da autoridade monetria (AM), e sua multiplicao se d pela ao dos bancos comerciais. O controle da oferta de moeda pode se dar pelo lado da: - oferta (direta e indiretamente) ou - demanda (tornando o dinheiro mais caro para o pblico). 4.1. Instrumentos de poltica monetria Operaes de mercado aberto: Compra ou venda de ttulos, de forma definitiva ou compromissada, para condicionar os volumes de reservas bancrias e as taxas bsicas de juros. As operaes definitivas alteram a posio de carteira, ou de propriedade, das partes envolvidas. As operaes compromissadas ou com compromisso de recompra/revenda ou de financiamento de ttulos alteram a posio de custdia, ou de liquidez, das partes envolvidas. Recolhimentos compulsrios: Parcelas de algumas modalidades de captao que as instituies financeiras devem manter junto a Autoridade Monetria (Bacen) a fim de condicionar a alavancagem de operaes ativas e a estrutura de custos. Os recolhimentos podem ser exigidos em espcie, que sero remunerados ou no remunerados, ou em ttulos. Recolhimentos compulsrios: estrutura no Brasil - Anterior ao Plano Real: Recursos vista: 40% em espcie, no remunerado Depsitos de poupana : 15% em espcie, remunerado - Em maro de 1999: Recursos vista : 75% em espcie, no remunerado Depsitos de poupana : 15% em espcie, remunerado Depsitos a prazo : 30% em ttulos FIF-curto prazo : 50% em espcie, no remunerado FIF-30 dias : 5% em espcie no remunerado - Atual (outubro/2003): Recursos vista : 45% em espcie, no remunerado Depsitos de poupana : 15% em espcie, remunerado Depsitos a prazo: 15% em ttulos.

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Redesconto O Bacen pode suprir as necessidades de financiamento dos bancos comerciais atravs de emprstimos. A taxa cobrada por esses emprstimos mais o prazo para o seu pagamento constitui o que chamado de taxa de redesconto. Quando o Bacen quer ser punitivo, aumenta a taxa e reduz o prazo de pagamento. Quadro 3 Resumo dos Instrumentos de Poltica Monetria Instrumentos 1. Recolhimento Compulsrio - Aumenta a taxa * reduz a taxa 2. Redesconto - aumenta juros, reduz prazo * reduz juros, aumenta prazo 3. Open Market - Venda de ttulos * Compra de Ttulos 4. Operaes de Crdito - Restringe * Amplia Oferta monetria - reduz * aumenta - reduz * aumenta - reduz * aumenta - Reduz * amplia Taxas de juros - aumenta * diminui - aumenta * reduz - aumenta * reduz - aumenta *reduz

As Polticas Monetrias podem ser chamadas de restritivas ou de expansionistas. So restritivas quando reduzem a oferta monetria e encarecem os emprstimos. So expansionistas quando aumentam a oferta monetria e barateiam os emprstimos.Questes Conceituais: 1. Dados os seguintes agregados monetrios (em mil R$): Papel moeda emitido (PME) 1.100 Papel moeda em poder do pblico (PMPP) 600 Dep. a vista do pblico nos BC 1.400 Reservas dos BC no Bacen - Voluntrias 100 -Compulsrias 400 Depsito em poupana 200 Quotas de fundo de renda fixa 150 Ttulos pblicos federais (Selic) 430 a) Qual a base monetria ? b) Qual o total do M1 ? c) Qual o total do M2 ? c) Qual o total do M3 ? c) Qual o total do M4 ?2. Quais so os diferentes mercados do sistema financeiro? Explique. 3. Uma empresa deficitria possui duas opes de financiamento. Quais so essas opes? Por que a intermediao financeira a forma mais utilizada de financiamento pelos agentes econmicos deficitrios? Comente. 4. Os ativos financeiros da economia so diferenciados em duas categorias conforme duas caractersticas. Diga quais so as caractersticas. 5. Nas afirmaes abaixo, diga quando ocorre criao (C), destruio (D) de moeda: ( ) Governo Federal deposita taxas e impostos arrecadados de empresas no Bacen; ( ) Importadores trocam R$ por US$ no Bacen; ( ) Indivduo transfere saldo da conta corrente para a conta de poupana no banco comercial;

33 ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) Empresa adquire quotas de um fundo de aes sacando sobre seus depsitos vista; ) Empresa efetua um depsito vista em um banco comercial. ) indivduo leva ao banco uma certa quantia em unidades monetrias e efetua um depsito vista. ) Indivduo leva ao banco uma certa quantia em unidades monetrias e efetua um depsito prazo. ) Empresa leva ao banco uma duplicata para descontar, recebendo a inscrio de um depsito vista. ) Banco compra cambiais de um exportador. ) Banco vende divisas a um importador. ) Banco compra ttulos da dvida pblica possudos pelo pblico. ) Banco vende um imvel a uma pequena empresa recebendo o pagamento vista em dinheiro. ) Banco aumenta seu capital vendendo aes ao pblico.

6. Dos instrumentos que o Bacen pode utilizar para controlar a oferta de moeda na economia, qual o mais punitivo para os bancos. Comente. 7. Coloque falso (F) ou verdadeiro (V), e justifique quando falso: ( ) Quando o Bacen aumenta a taxa de recolhimento compulsrio sobre os DV dos bancos comerciais, a taxa de juros reduz; ( ) Se o Bacen diminui os juros e aumenta o prazo na operao de redesconto, a oferta monetria reduzida e a taxa de juros tambm cai. ( ) Se o Governo precisa reduzir a quantidade de oferta de moeda na economia, o Bacen pode comprar ttulos pblicos que esto nas mos do pblico. ( ) A taxa de juros pode ser reduzida atravs da expanso nas operaes de crdito por parte do Bacen. ( ) A oferta de moeda e a taxas de juros so reduzidas atravs de uma poltica monetria expansionista. ( ) Quanto maior a taxa de recolhimento compulsrio, maior o multiplicador bancrio simples. ( ) O multiplicador bancrio elaborado varia negativamente em relao taxa de reservas dos bancos e positivamente em relao taxa de reteno do pblico. ( ) A velocidade renda da moeda definida pela relao entre o PIB e a quantidade de moeda (M). ( ) Quanto maior for a taxa de inflao numa economia, menor ser a velocidade-renda da moeda. 8. Dados os seguintes agregados monetrios (em R$ milhes): * Caixa, em moeda corrente, nos Bancos Comerciais 95 * Papel Moeda Emitido 200 * Depsitos vista do pblico nos Bancos Comerciais 150 * Depsitos vista dos Bancos Comerciais Voluntrios 40 Compulsrios 30 * Ttulos federais, em poder do resto do mundo 400 * Depsitos na Poupana, em poder do resto do mundo 250 * Depsitos prazo, em poder do resto do mundo 150 a. Qual o valor da Base Monetria? b. Qual o valor do M1, M2, M3 e M4 ? 9. A oferta de moeda pode dar-se pelo Bacen ou pelos Bancos Comerciais, sendo este ltimo dado pelo mecanismo do multiplicador monetrio. Se R = 0,75, ento o valor do multiplicador simples na economia ser de..................... Se o montante inicial em depsito a vista de R$ 4.000,00, qual ser o valor multiplicado. 10. Como se dividem os agregados monetrios no Brasil. Explique cada um deles. 11. Quais as funes principais que o Banco Central exerce na poltica econmica. 12. A elevao da taxa dos depsitos compulsrios dos bancos comerciais junto as autoridades monetrias diminuiu o valor do multiplicador dos meios de pagamentos porque: a. ( b. ( c. ( d. ( e. ( )diminui o saldo do papel-moeda emitido ) diminui o saldo do papel-moeda em circulao )diminui o saldo do papel-moeda em poder do pblico )diminuem os depsitos vista nos bancos comerciais )diminuem os recursos dos bancos comercias para emprstimos ao pblico.

34 13. Demanda por moeda para ____________: as pessoas mantm dinheiro porque isso lhes permite comprar e vender bens com facilidade. Demanda por moeda para ________________: as pessoas mantm dinheiro porque ele mais seguro que outros ativos, j que o preo de aes, ttulos e imveis pode flutuar muito. Demanda de moeda para _______________: ficando com mais dinheiro as pessoas podem enfrentas melhor as despesas imprevistas. a)transao especulao precauo b)precauo especulao transao c)especulao transao precauo d)precauo transao especulao e)nenhuma das anteriores 14. O sistema financeiro nacional constitudo do mercado monetrio, mercado de crdito, mercado de capitais e mercado cambial, usualmente subdividido em 2 subsistemas: o _______________ e o __________________. O primeiro congrega as autoridades monetrias, responsvel pela disciplina operacional e pela liquidez do sistema. O segundo congrega as instituies bancrias e no bancrias. a) normativo cambial b) intermediao normativo c) intermediao cambial d) normativo intermediao e) nenhuma das anteriores 15. O encaixe prprio dos bancos (parcela dos depsitos que mantida em caixa) um dos freios multiplicao infinita da moeda escritural. Mas o freio maior o recolhimento compulsrio que o Banco Central exige dos bancos comerciais. Quanto ___________ forem as taxas voluntrias e compulsrias, __________________seu efeito multiplicador. a)maiores maior ser b)menores menor ser c)maiores menor ser d)menores inalterado ser e)nenhuma das anteriores 16. As operaes entre o pblico e o setor bancrio podem criar ou destruir os meios de pagamento. Entre as operaes a seguir relacionadas, qual delas responsvel pela criao de meios de pagamento? a) pessoas realizam depsitos a prazo nos bancos b) bancos vendem ao pblico, mediante pagamento vista, em moeda, ttulos de diversas espcies c) saque de cheques nos caixas dos bancos d) empresas levam aos bancos duplicatas para desconto, recebendo a inscrio de depsitos vista 17. O Banco Central do Brasil (Bacen) tem, entre suas responsabilidades: a) atuar como banco do governo federal e renegociar a dvida externa brasileira b) aceitar depsitos, conceder emprstimos ao pblico e controlar os meios de pagamento do pas c) emitir papel-moeda, fiscalizar e controlar os intermedirios financeiros, supervisionar a compensao de cheques d) executar as polticas monetria e fiscal do governo e) fiscalizar empresas privadas e pblicas 18. Entende-se por operaes de mercado aberto, especificamente: a) concesso de emprstimos, por parte dos bancos comerciais, a empresas e consumidores b) concesso de emprstimos, pelo Banco Central, a bancos comerciais c) venda de aes, em bolsa, das empresas ao pblico em geral d) atividade do Banco Central na compra ou venda de ttulos e) restries s operaes de crdito ao consumidor 19. A principal funo da reserva compulsria sobre os depsitos bancrios, como instrumento de poltica monetria, : a) permitir ao governo controlar a demanda de moeda b) permitir as autoridades monetrias controlar o montante de moeda bancria que os bancos comerciais podem criar

35 c) impedir que os bancos comerciais obtenham lucros excessivos d)forar os bancos a manter moeda ociosa no sentido de cobrir as necessidades de caixa do banco central e) cortar subsdios governamentais s empresas privadas 20. Para reduzir o volume de meios de pagamentos, o Banco Central deve: a) elevar a taxa de redesconto b) comprar ttulos da dvida pblica c) elevar a emisso de papel-moeda d) reduzir a reserva compulsria dos bancos comerciais e) reduzir a taxa de juros para desconto de duplicatas Questes Aplicadas: 1. O que aconteceria com os agregados monetrios M1, M2, M3 e M4 (medidas da moeda) numa economia que estivesse praticando uma taxa de juros reais de 9% ao ano? E o que aconteceria se a economia passasse a conviver com altas taxas de inflao? Explique. 2. Do total de crdito direcionado para as atividades econmicas nos de 2004 e 2005, a maior parcela ficou com as pessoas fsicas. De que forma essa distribuio de crdito pode afetar o crescimento futuro da economia? Argumente. 3. O Bacen reduziu a taxa de recolhimento compulsrio sobre os DV dos bancos comerciais de 75% (maro/1999) para 45% (outubro/2003). Essa reduo foi possvel graas ao crescimento econmico da economia?

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CAPTULO 3 INFLAOO que veremos? Definio e Clculo Teorias Explicativas Mensurao da Inflao no Brasil Planos de Estabilizao

INFLAO1. SITUAES POSSVEIS DE VARIAO DOS PREOS Inflao = aumento persistente no nvel geral de preos; Desinflao = reduo ou a eliminao da inflao; Deflao = reduo no nvel da atividade econmica (estagnao Ex. anos 30), de queda generalizada dos dispndios e dos preos; Reflao = movimento de recuperao de processos deflacionrios depressivos.

Situaes Possveis

INFLAO

DESINFLAO

LINHA DE ESTABILIDADEDEFLAO REFLAO

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2. TEORIAS DA INFLAO Inflao de demanda Ocorre quando h um excesso de demanda agregada.Quando a economia funciona a pleno emprego, a oferta agregada no tem como se expandir de forma a acompanhar o crescimento da demanda. O ajuste da oferta no se d via aumento das quantidades, mas sim, via aumento dos preos. Inflao de custos (Ou inflao de oferta) Ocorre quando h variao dos preos de itens com alta participao no processo produtivo (aumento salarial, desvalorizao cambial, quebra de safra, reajuste de tarifas pblicas, etc...), que leva a um aumento dos custos das empresas que em alguma medida repassado para os preos finais. A inflao estruturalista (Cepal) Os pensadores da Comisso Econmica para a Amrica Latina (CEPAL) afirmam que as causas estruturais da inflao so: - oferta de alimentos inelstica - rigidez das importaes (M) associada ao pouco dinamismo das exportaes (X) - (baixa relao de trocas) - substituio de importaes - estrutura oligopolstica no mercado Inflao Inercial 3 Os mecanismos de indexao formal (contratos, aluguis, salrios) e informal (reajustes de preos no comrcio, indstria, tarifas pblicas) provocam a perpetuao das taxas de inflao anteriores, que so sempre repassadas aos preos. Mecanismos: - propagao: indexao formal e informal - acelerao: choques de oferta Efeitos da Inflao Efeito Oliveira Tanzi: mostra que a inflao corri o montante de arrecadao. Efeitos sobre a distribuio de renda: reduo do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste. Efeitos sobre o balano de pagamentos: taxas de inflao em nveis superiores ao aumento de preos internacionais encarecem o produto nacional relativamente ao produzido no exterior. Efeitos sobre o mercado de capitais: com inflao, deteriora-se o valor da moeda e ocorre desestmulo aplicao de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicaes em cadernetas de poupana cedem lugar para a aplicao em recursos de bens de raiz, como terras e imveis.

3 Para uma discusso sobre a inflao inercial ver: Pereira (1996). A Inflao decifrada. Revista de Economia Poltica, 16(64): 20-35.

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3. INFLAO E NMEROS NDICES A inflao o aumento generalizado dos preos de uma economia. calculada em funo do perfil de consumo de uma certa populao (POF), que determina a ponderao de cestas de bens e servios. Exemplo: considerando dois produtos (carne e batata), uma POF identificou que o consumo mdio de carne era de 40% e de batata 60%. A cesta bsica mensal inclui 10 kg de carne e 30 kg de batata. Considerando dois perodos de tempo, t0 como ms base e t1 como o ms seguinte, tem-se: Perodo base (t0): Carne: $ 1/Kg, ento: 10 Kg * $1/Kg = $10 Batata: 0,50/Kg, ento: 30 Kg * 0,50/Kg = $15 Cesta (ponderada) = (10*40%) + (15*60%) = $13 Perodo seguinte t + 1 Carne: $1,00 (preos estveis), ento 10 * 1 = 10 Batata: $1,00 (aumento de 100%), ento: 30 * 1 = 30 Cesta (ponderada): (10*40%) + (30*60%) = $22 Variao: (22-13)/13 = 69%Nmeros ndices uma medida estatstica idealizada para mostrar as variaes de uma varivel, ou de um grupo de variveis, correlacionados ao tempo, localizao geogrfica, ou a outras caractersticas como rendimento, profisso, Uma coleo de nmeros ndices de diversos anos, localidades, e etc., frequentemente denominada srie de ndices. Quando o nmero-ndice representa uma comparao para um bem ou produto individual, chamado nmero-indice simples (ou relativo). Quando o nmero-indice foi construdo para um grupo de bens, chamado nmero-indice agregado ou composto. Mtodo agregativo ponderado Os ndices agregados de preos so geralmente ponderados segundo as quantidades q dos bens. Os exemplos desse mtodos so os ndices de Laspeyres e o de Paasche. ndice de Laspeyres um dos mais populares ndices agregado de preos, no qual os preos so ponderados pelas quantidades associadas com o ano-base antes de serem somados. A frmula :

IL =Onde: p0 = preo no perodo inicial;

p0 q0 100 p1 q0

p1 = preo no perodo atual; q0 = quantidade no perodo inicial;q1 = quantidade no perodo atual.O ndice de Laspeyres pondera preos (p) em duas pocas, inicial (0) e atual (1), tomando como pesos quantidades (q) arbitradas para estes insumos na poca inicial.

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Como essas quantidades so consideradas adequadas poca inicial e no poca atual, admite-se que o numerador possa se apresentar super dimensionado e assim o ndice de Laspeyres apresentar tendncia de elevao.ndice de Paasche Este ndice usa as quantidades do ano dado como pesos. A frmula :

IP =

p0 q1 100 p1 q1

O ndice de Paasche pondera preos (p) em duas pocas, inicial (0) e atual (1), tomando como pesos quantidades (q) arbitradas para estes insumos na poca atual. Como essas quantidades so consideradas adequadas poca atual e no poca inicial, admite-se que o denominador possa se apresentar, eventualmente, super dimensionado e assim o ndice de Paasche apresentar tendncia a rebaixamento.Aplicao dos Nmeros ndices Para comparar os custos de alimentos ou de vida, em uma cidade, durante um ano, com os de um ano anterior, ou a produo de ao, durante determinado ano, em uma regio do pas, com a de outra. Existem vrios ndices de preos que so calculados por instituies diferentes. Por exemplo, o ndice Geral de Preos (IGP) calculado pela Fundao Getlio Vargas do Rio de Janeiro. ndice Nacional Preos ao Consumidor (INPC) calculado pela Fundao IBGE. Veremos a seguir os nmeros ndices que so usados no Brasil para medir a inflao.

4. INDICADORES DE INFLAO NO BRASIL E NO RS Vrios so os indicadores de inflao adotados no Brasil. A tabela abaixo sumariza as principais caractersticas dos indicadores calculados no Brasil. Tabela 2 - Estrutura Bsica dos Indicadores

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O mapa a seguir mostra as regies metropolitanas que so alvo para o clculo do ndice de preo ao consumidor (IPC). Mapa 1 - Regies Metropolitanas e IPC

4.1 Diferena entre os Principais ndices IPCA- IBGE: Calculado desde 1980, semelhante ao INPC, porm refletindo o custo de vida para famlias com renda mensal de 1 a 40 salrios mnimos. A pesquisa feita em 11 regies metropolitanas. Foi escolhido como alvo das metas de inflao ("inflation targeting") no Brasil. INPC-IBGE: ndice Nacional de Preos ao Consumidor, mdia do custo de vida nas 11 principais regies metropolitanas do pas para famlias com renda de 1 at 8 salrios mnimos. IGP- FGV: uma mdia ponderada do ndice de preos no atacado (IPA), com peso 6; de preos ao consumidor (IPC) no Rio e SP, com peso 3; e do custo da construo civil (INCC), com peso 1. Usado em contratos de prazo mais longo, como aluguel. IGP-M (FGV): Metodologia igual do IGP-DI, mas pesquisado entre os dias 21 de um ms e 20 do seguinte. O IGP tradicional abrange o ms fechado. O IGP-M elaborado para contratos do mercado financeiro. IGP-10 (FGV): Elaborado com a mesma metodologia do IGP e do IGP-M. A nica diferena o perodo de coleta de preos: entre o dia 11 de um ms e o dia 10 do ms seguinte. IGP-DI (FGV): Reflete as variaes de preos de todo o ms de referncia. Formado pelo IPA (ndice de Preos por Atacado) e IPC (ndice de Preos ao Consumidor).

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INCC (ndice Nacional do Custo da Construo), com pesos de 60%, 30% e 10%, respectivamente. Apura as variaes de preos de matrias-primas agrcolas e industriais no atacado e de bens e servios finais no consumo. IPC- Fundao Instituto de Pesquisas Econmicas (Fipe): Pesquisado no municpio de So Paulo. Reflete o custo de vida de famlias com renda de 1 a 20 salrios mnimos. Divulga tambm taxas quadrissemanais. ICV- Departamento Intersindical de Estatstica e Estudos Scio-Econmicos (Dieese): Medido na cidade de So Paulo. Reflete o custo de vida de famlias com renda mdia de R$ 2.800 (h tambm ndices para a baixa renda e a intermediria). INCC- ndice Nacional do Custo da Construo: Um dos componentes das trs verses do IGP, o de menor peso. Reflete o ritmo dos preos de materiais de construo e da mo-de-obra no setor. Utilizado em financiamento direto de construtoras/incorporadoras CUB - Custo Unitrio Bsico: Reflete o ritmo dos preos de materiais de construo e da mo-de-obra no setor. Calculado por sindicatos estaduais da indstria da construo, chamados de Sinduscon, e usado em financiamentos de imveis.

4.2 Instituies que calculam a inflao no RS O Centro de Estudos e Pesquisas Econmicas (IEPE/UFRGS) elabora o Boletim Econmico (IEPE-UFRGS) mensalmente com o objetivo de: * ndice de Preos ao Consumidor (IPC-IEPE); * Custo da Cesta Bsica da Regio Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). Indicadores Econmicos (IEPE-UFRGS) - 2006 ndice de Preo ao Consumidor (IPC) Fev Mar Abr Nmero ndice 177,22 176,58 177,53 Variao % -0,51 -0,36 0,54

Cesta Bsica (RMPA) Fev Mar Abr Custo Total (R$) 554,10 545,72 Variao % -1,78 -1,51

549,59 0,71

-10IGP - DI (% a.m.) -10 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0

10

20

30

40

50

60

0

5. INFLAO NO BRASIL

75 65 55 45 35 25 15 5 -5

Plano CollorCrise da DvidaPlano Cruzado

Inflao no Brasil (1944-2006)

Inflao nas eras Collor, FHC e Lula (IGP-DI %a.m.)

Inflao no Brasil na dcada de 1980 (IGP-DI (% a.m.))

Era FHCPlano Bresser

Choques Heterodoxos

Era Lula

FONTE: Prof. Solange Marin a partir de dados do IPEADATA www.ipeadata.gov.br

1990 01 1990 07 1991 01 1991 07 1992 01 1992 07 1993 01 1993 07 1994 01 1994 07 1995 01 1995 07 1996 01 1996 07 1997 01 1997 07 1998 01 1998 07 1999 01 1999 07 2000 01 2000 07 2001 01 2001 07 2002 01 2002 07 2003 01 2003 07 2004 01 2004 07 2005 01 2005 07 2006 01 2006 07

Plano Real

Plano Vero

1980 01 1980 05 1980 09 1981 01 1981 05 1981 09 1982 01 1982 05 1982 09 1983 01 1983 05 1983 09 1984 01 1984 05 1984 09 1985 01 1985 05 1985 09 1986 01 1986 05 1986 09 1987 01 1987 05 1987 09 1988 01 1988 05 1988 09 1989 01 1989 05 1989 091944 02 1946 02 1948 02 1950 02 1952 02 1954 02 1956 02 1958 02 1960 02 1962 02 1964 02 1966 02 1968 02 1970 02 1972 02 1974 02 1976 02 1978 02 1980 02 1982 02 1984 02 1986 02 1988 02 1990 02 1992 02 1994 02 1996 02 1998 02 2000 02 2002 02 2004 02 2006 02

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5.1. Causas Bsicas da Inflao Brasileira As principais causas da inflao na economia brasileira so: a questo distributiva, o dficit do setor pblico e seu financiamento e o mecanismo de indexao (formal e informal). 5.2. Inflao no Brasil e as Correntes Econmicas Correntes Causas Principais * Desequilbrio do setor pblico (dficit e a dvida pblica provocam descontrole monetrio, causando inflao de demanda)

Monetarista

Inercialista

* Indexao generalizada (formal e informal)

Polticas Antiinflacionrias * Ajuste fiscal (para reduzir dficit e dvida pblica, via reformas fiscal, previdenciria, privatizao) * Controle Monetrio (juros e moedas) * Liberalizao do comrcio internacional * Dexindexao (para apagar memria ou inrcia inflacionria, via congelamento de preos, salrios e tarifas Planos Cruzado, Bresser ou troca de moeda Plano Real) * Controle de preos de oligoplio * Reformas estruturais

Estruturalista

* Conflitos distributivos ( presses de margens de lucro, presses salariais, presses de tarifas e preos pblicos provocam inflao de custos)

5.3. A Inflao no Brasil e os Programas de Estabilizao 1946-58: Inflao de crdito e estrutural 1959-63: Inflao predominantemente fiscal 1964-67: Aplicao de controles ortodoxos 1968-79: Inflao reprimida 1980-1985: Inflao de movimentos inerciais 1986-94: Fase dos choques heterodoxos 1994-2006: O real, a volta ortodoxia e a estabilizao. 5.4. Planos de Estabilizao O Plano Cruzado (28/02/1986) A inflao era tida como inercial. O diagnstico era de que a inflao tinha carter autnomo, sustentado pela indexao formal e informal da economia. Houve a utilizao de instrumentos heterodoxos para a eliminao da memria inflacionria (inrcia inflacionria): Medidas: 1. introduo de nova moeda: reforma monetria, com o cruzado (000) 2. congelamento de preos por prazo indeterminado ao nvel de 28/02. 3. converso de salrios: alm do valor real mdio, concedido um abono de 8%. 4. converso de aluguis, prestao do sistema financeiro e mensalidades escolares pelo princpio da mdia. 5. Desindexao:

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5.1 proibio de clausula de indexao: proibio de correo monetria para contratos inferiores a um ano e para contratos maiores de um ano, reajuste conforme a OTN em cruzados; 5.2 indexao de salrios: escala mvel, salrios reajustados toda vez que a inflao atingisse a casa dos 20%; 6 tablitas: tabela de converso dirias de valores em cruzeiros para cruzados. Conseqncias: 1 parte dos recursos foram destinados para a compra de imveis e reativao da produo; 2 reativao do consumo via salrio mvel, seguro-desemprego e abono; 3 viver de renda ficou difcil porque caram as taxas de juros (teve at taxa negativa); 4 taxa de inflao caiu; 5 empresas introduziram inovaes organizacionais tais como just-in-time e abertura de novas firmas; 6 houveram conflitos entre produtores e fornecedores e a conseqente falta de produtos; 7 no houve discusso quanto ao prazo do congelamento. O congelamento de preos foi pea fundamental e a inflao caiu nos primeiros meses. Houve exploso do consumo devido ao aumento do poder de compra do salrio, a despoupana em funo da desiluso monetria, a queda nas taxas de juros e ao consumo reprimido dos anos de recesso e ao congelamento de alguns preos defasados aos custos. O excesso de demanda reforada pela expanso da oferta de moeda alm do incremento natural da demanda provocada pela desinflao abrupta. Houveram taxas de juros negativas favorveis a inflao zero. Esforos posteriores para uma poltica monetria mais restritiva e o aumento da taxa de juros encontrariam oposio poltica. Houve reconhecimento da magnitude do desequilbrio fiscal, pois o esperado aumento na receita do governo, devido a eliminao da eroso da inflao que agia sobre a arrecadao dos impostos (efeito Tanzi) no se materializou no percentual e no tempo previstos. Quando ocorreu o aumento da receita, ele foi compensado pelo aumento nos gastos. No perodo final ou descongelava-se preos ou desacelerava-se o produto atravs do corte da demanda agregada. O ano de 1986 foi marcado pela reduo drstica da inflao, aps o congelamento de preos decretado pelo Plano Cruzado, e uma violenta expanso do consumo, que determinaram novamente a boa performance em termos de crescimento econmico (8,3%). O crescimento do consumo foi explicado por vrias razes: transferncia de renda real aos trabalhadores (aumento de salrio real), fim da iluso monetria com fuga dos ativos financeiros, expanso monetria e creditcia etc. Entretanto, foi tambm o responsvel por vrios problemas na economia e pela volta da inflao. Dentre os problemas, destacavam-se a crise de abastecimento, a presena do gio como forma de burlar o controle de preos e outras formas travestidas de inflao, bem como uma profunda crise cambial. A crise cambial, em decorrncia da reduo do saldo na balana comercial e da piora nas contas de capital, com profunda queima de reservas para a sustentao do plano, desembocou na moratria de fevereiro de 1987 como forma de estancar a perda de divisas. Foram feitos ajustes no Plano Cruzado, como pode ser visto a seguir: Cruzadinho (07/1986 10/1986) Elaborao de um pacote fiscal para diminuir o consumo. Foram criados o sistema de emprstimo compulsrios e novos impostos indiretos sobre a gasolina (28%) e automveis (30%). Mas, esse pacote teve pouca eficcia para conter o consumo. Ao contrrio, a expectativa do descongelamento deu novo impulso demanda. A inflao oficial caiu, porm

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no refletia a inflao real da economia devido aos gios, ao desabastecimento e introduo de produtos novos. Aps o ms de setembro o saldo da balana comercial comea a refletir o excesso de demanda interna e a queda nas exportaes. Cruzado II (11/1986 06/1987) Um pacote fiscal visando o aumento da arrecadao do governo em 4% do PIB via reajuste de alguns preos pblicos e aumento de impostos indiretos. Porm, o incremento nos recursos do governo atravs de preos pblicos mais elevados foi desviado para o gasto com produtos e no com o aumento de poupana. Isso reativou a inflao e aumentou o salrio via gatilho, o que por sua vez causou a exploso da inflao. Segundo Celso Furtado: a inflao inercial subproduto das outras e a inflao brasileira reflete em parte um conflito distributivo de renda, em que o governo sempre foi o beneficirio, pois recorria inflao por no ter meios de se autofinanciar adequadamente atravs da poltica fiscal. Plano Bresser (12/06/1987) O Plano Bresser no tinha por objetivo a inflao zero, mas promoveu o choque deflacionrio com a supresso da escala mvel de salrios. Os objetivos eram sustentar a taxa de inflao a nveis mais baixos e reduzir o dficit pblico. Foi instituda uma nova base de indexao salarial, a unidade referencial de preo (URP), ou seja, a cada trs meses seriam pr-fixados os percentuais de reajuste para os trs meses subseqentes; com base na inflao mdia dos trs precedentes. O gatilho foi mantido, porm ampliava-se a defasagem entre a observao da taxa de inflao e seu repasse aos salrios. Os preos foram congelados por trs meses ao nvel de 12/06/1987, mas antes foram aumentados os preos pblicos e administrados. Tambm no ocorreu a reforma monetria. Quando o Plano Bresser entrou em vigor, em junho de 1987, houve a mudana no indexador da poupana de Obrigao do Tesouro Nacional (OTN) para a Letra do Banco Central (LBC). De acordo com as novas regras, que passaram a valer na poca, foi determinado que, entre os dias 1 e 15 de junho de 1987, a poupana seria remunerada pela variao OTN e, a partir de ento, pela LBC. Acontece que os bancos remuneraram o ms todo usando como indexador a LBC, que teve variao 18,02% no perodo, bem menor que a variao da OTN, de 26,06%. exatamente a diferena de 8,04 pontos porcentuais de remunerao que atualmente o poupador daquela poca tem direito. O Plano Cruzado teve como poltica de combate a inflao o aumento da demanda agregada num contexto de crescimento econmico, o que terminou com presso sobre inflao. O Plano Bresser objetivava conter a inflao com a reduo da demanda num contexto de desacelerao mantendo o crescimento econmico com o redirecionamento da oferta para exportaes. O plano incorporou ingredientes inutilizados no Cruzado tais como a preocupao com a taxa de juros, a taxa de cmbio, o dficit pblico e acordo com o FMI. Porm, acreditava que a sociedade agia de forma irracional. O plano foi uma tentativa de debelar a inflao que, sem o apoio popular do plano anterior, teve acertos e erros. A volta da inflao levou adoo, em 1987, de polticas de cunho mais ortodoxo, mesmo com a presena de novo plano em junho, o Plano Bresser, que possua maior preocupao em conter a demanda interna e evitar problemas no front externo. Com a caracterstica recessiva da nova poltica econmica, esse ano apresentou profunda queda na taxa de crescimento, que situou-se em 3,6%.

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Plano Vero (14/01/1989) Em 1988 e 1989, a poltica econmica tambm apresentou carter errtico: predomnio da ortodoxia em 1988 e tentativa de acordo social no final desse ano; adoo do Plano Vero em janeiro de 1989 (que mesclou elementos heterodoxos e ortodoxos), e a no poltica (ou "poltica do arroz com feijo") do final do governo Sarney. Com isso, as taxas de crescimento econmico apresentaram oscilao, com estagnao em 1988 e crescimento de 3,6% em 1989. As principais medidas do plano foram o congelamento de preos indeterminado e a reforma monetria com a introduo do cruzado novo (000). A principal caracterstica de todo o governo Sarney foi um grande descontrole das contas pblicas: aumento nos dficits operacionais e crescimento do endividamento interno (cuja necessidade de rolagem inflexibilizava a taxa de juros) a prazos mais curtos, com giro dirio. Isso levou adoo de uma poltica que visava a sustentao de taxas de juros reais elevadas, rompendo a possibilidade de controle da oferta monetria. Verificou-se a ausncia de qualquer mecanismo de poltica econmica, pois tanto a poltica fiscal como a monetria tornaram-se prisioneiras da rolagem da dvida interna. Isso tudo foi acompanhado de uma trajetria ascendente das taxas de inflao, que chegou no final do governo Sarney taxa de 80% mensais.

Plano Collor (16/03/1990) O governo Collor tambm tinha como preocupao bsica o combate inflao. O diagnstico sobre as causas da inflao centrava-se na alta liquidez dos ativos financeiros, que inviabilizava a conduo da poltica monetria e qualquer tentativa de estabilizao, ao permitir a rpida converso dos ativos em demanda por bens e servios e ativos reais. Alm disso, deveria ser resolvida a questo do dficit e da dvida pblica, o que no seria obtido apenas atravs do ajuste do fluxo, reduo dos gastos e elevao das receitas, mas envolveria um ajuste patrimonial. Assim, o Plano Collor realizou ampla reforma monetria, cujo elemento central foi o confisco da liquidez e o alongamento compulsrio da dvida pblica. Alm disso, buscou uma reforma fiscal centrada no Imposto sobre Operaes Financeiras, no Imposto de Renda e no combate sonegao, com base na eliminao dos ttulos ao portador (inclusive cheques) e na reduo de gastos pblicos, com base na eliminao dos subsdios e diminuio dos juros. A expectativa era transformar um dficit de 8% do PIB em supervit da ordem de 2% do PIB. A principal medida foi o confisco de ativos financeiros com o objetivo de drstica reduo da liquidez da economia. Esse confisco estava ancorado na MP 168 que bloqueava 70% do M4. Pretendia-se retomar a capacidade de fazer a poltica monetria e a elaborao de programas de abertura comercial e de privatizao de empresas estatais. Alm desses pontos, iniciou-se um conjunto de reformas estruturais no sentido liberalizante, constitudas de maior abertura comercial, para expor as empresas brasileiras concorrncia internacional, privatizao das empresas estatais e maior abertura ao capital estrangeiro. Com o confisco da liquidez, que gerou grandes problemas em termos de desestruturao das condies de oferta e uma onda de falncias, o PIB sofreu uma reduo em torno de 4% em 1990. Para evitar um colapso maior, j nos meses seguintes ao confisco, o Banco Central afrouxou a liquidez, o que levou a uma grande expanso monetria. O ajuste fiscal mostrou-se insuficiente, no tendo atingido os objetivos. Dessa forma, o objetivo de recompor os instrumentos de poltica econmica no ocorreu. A inflao voltou a acelerar, novas tentativas infrutferas de arrumar o Plano foram

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feitas e, depois, voltou-se para a poltica do tipo "feijo com arroz", na tentativa de evitar a exploso do dficit e controlar a moeda. Plano Real (1994) 4 O Plano Real veio alterar esse quadro, obtendo xito indito no combate inflao, com notria recuperao da credibilidade da moeda nacional que se refletiu, inclusive, numa retomada do interesse nos agregados econmicos expressos na prpria moeda do Pas. Foi definido como um plano de trs fases: 1) O ajuste fiscal (O Fundo Social de Emergncia FSE), criao da IPMF (hoje, CPMF) junho/1993: Essa primeira fase estava baseada na origem fiscal da inflao foi implementado o Plano de Ao Imediata (PAI) em 06/1993. As medidas foram: combate a sonegao, reduo dos fundos de participao estadual (FPE) e municipal (FPM), reestruturao dos bancos estaduais e federais e a privatizao para transferir ao setor privado os custos da modernizao da infra-estrutura. 2) A introduo da Unidade Real de Valor (URV), maro/1994: A URV teve a funo de unidade de conta e o Bacen emitia diariamente relatrios sobre a desvalorizao do cruzeiro real e a cotao da URV. Os salrios passaram a ser corrigidos pela mdia dos ltimos quatro meses. Nos meses de abril, maio e junho o governo fez a converso em URV dos preos pblicos e tarifas do setor pblico. 3) A reforma monetria com a introduo da nova moeda, o Real (R$), julho/1994: Foram fixados limites quantitativos para a emisso de moeda. O Conselho Monetrio Nacional (CMN) passou a ser composto pelo ministro da Fazenda, Planejamento e Coordenao da Presidncia da Repblica e presidente do Bacen. Importncia: ncoras monetria e cambial

Eventos importantes A renegociao da dvida dos Estados A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 2000 - Probe renegociaes de dbitos - Impe um teto para os gastos - Restringe o montante do endividamento total - Exige projees dos resultados primrios para os 3 anos seguintes

Outras informaes sobre inflao: Relatrio de Inflao - Banco Central do Brasil (Disponvel: http://www.bcb.gov.br/)

Questes conceituais:1 Destaque alguns efeitos perversos da inflao. A seu critrio, coloque-os em ordem decrescente de importncia. Justifique suas escolhas e a ordem em que as colocou. 2 Diferencie, usando suas prprias palavras, as inflaes de procura das inflaes de cus