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CADERNO ESPECIAL DIARIO de P P E E R R N N A A M M B B U U C C O O DOMINGO Recife, 27 de novembro de 2011 EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando Textos: Tânia Passos Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha Edição de arte: Christiano Mascaro Sem educação não há solução O padrão de comportamento de uma sociedade é determi- nado pela forma como a maioria encara os valores sociais. No trânsito não é diferente. As infrações, por exemplo, são vistas como socialmente aceitas. Não existe indignação diante do mo- torista que estaciona na faixa ou ultrapassa o sinal vermelho. Talvez isso explique a dificuldade das campanhas educativas surtirem o efeito esperado. Mudar o padrão é mudar a lógi- ca do convencimento. Ao contrário de usar a multa como for- ma de educação, o próprio vizinho passa a ser o instrumen- to de uma virada comportamental. Pelo menos na filosofia, o princípio é conquistar até 30% de um determinado segmento da sociedade para que o restante da so- ciedade assimile. Da mesma forma que se aprende o errado, é possível aprender o certo. Nessa lógica, os especialistas acredi- tam que atitude é repetida quando é socialmente aceita. É claro que não se faz revolução de um dia para a noite e tam- pouco em todos os lugares ao mesmo tempo. Ima magin gine en e então a tão a multiplicação de agentes sociais de trânsito no âmbito de uma rua, do seu entorno e do bairro. O 9º caderno do Fórum Desa- fios para o Trânsito do Amanhã traz como tema a educação e mostra os desafios de uma escola para multiplicar as ações educativas no universo do bairro de Casa Amarela com seus 25 mil moradores. Revela ainda a razão da educação de trânsito não fazer parte do cotidiano das unidades de ensino. PEDRO/DP

Caderno educacao transito

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9ª Edição do Fórum Desafios para o Trânsito do Amanhã

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Page 1: Caderno educacao transito

CADERNO

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DOMINGORecife, 27 de novembro de 2011

EXPEDIENTE: Diretora de redação: Vera Ogando Textos: Tânia Passos Edição: Lydia Barros Edição de fotografia: Heitor Cunha Edição de arte: Christiano Mascaro

SemeducaçãonãohásoluçãoOpadrãodecomportamentodeumasociedadeédetermi-

nadopela formacomoamaioriaencaraosvalores sociais.No

trânsitonãoédiferente.As infrações, por exemplo, sãovistas

comosocialmenteaceitas.Nãoexiste indignaçãodiantedomo-

toristaqueestacionana faixaouultrapassao sinal vermelho.

Talvez issoexpliqueadificuldadedascampanhaseducativas

surtirem o efeito esperado. Mudar o padrão é mudar a lógi-

cadoconvencimento.Aocontráriodeusaramulta como for-

ma de educação, o próprio vizinho passa a ser o instrumen-

to de uma virada comportamental.

Pelomenosnafilosofia,oprincípioéconquistaraté30%deum

determinadosegmentodasociedadeparaqueorestantedaso-

ciedade assimile. Damesma forma que se aprende o errado, é

possível aprender o certo. Nessa lógica, os especialistas acredi-

tamqueatitudeé repetidaquandoé socialmente aceita.

Éclaroquenãose fazrevoluçãodeumdiaparaanoitee tam-

pouco emtodosos lugares aomesmo tempo. ImaImagingineeneentãoatãoa

multiplicaçãodeagentessociaisde trânsitonoâmbitodeuma

rua, do seu entorno e do bairro. O 9º cadernodoFórumDesa-

fios para oTrânsito doAmanhã traz como temaaeducação e

mostra os desafios de uma escola para multiplicar as ações

educativasnouniversodobairrodeCasaAmarelacomseus25

milmoradores. Revela ainda a razão da educação de trânsito

não fazer parte do cotidianodas unidades de ensino.

PEDRO/DP

Page 2: Caderno educacao transito

Com passos firmes e decididos,as crianças caminham sobre a fai-xa de pedestre, seguras de queaquele espaço será respeitado pe-los motoristas. A cena real ocor-re na frente de uma escola parti-cular, no bairro de Casa Amarela,Zona Norte do Recife. Mas bemque poderia se expandir para asruas do entorno, o bairro, a cida-de, o estado, o país. A ideia de setrabalhar a educação do trânsitoa partir das comunidades é ba-seada na teoria do filósofo Mal-colm Gladwell. Ele parte do prin-cípio de que, se 30% de um seg-mento significativo da sociedadese convencer de que a prática deum determinado comportamen-to é válida, toda a sociedade pas-sará a exerce-la. É o chamado pon-to de virada, a exemplo do queocorreu em Nova York, quando apopulação comprou a ideia de sercontra a violência. Ou em Brasília,quando os motoristas se conven-ceram de que respeitar a faixa erao certo a ser feito. Também pode-mos ser convencidos.

A iniciativa da escola é um pas-so que pode e deve ser multipli-cado pelas escolas do bairro. E

quem sabe assim elas alcancem os30% dos 25 mil habitantes do bair-ro de Casa Amarela. Nada que nãopossa ser feito. “A gente vem tra-balhando a conscientização dosalunos e pais de alunos. Mas anossa meta é também trabalharo entorno. Uma ideia é promoverum encontro de todas as escolasdo bairro para trabalharmos a te-mática do respeito às normas dotrânsito com a participação dos ór-gãos de trânsito”, afirma a dire-tora pedagógica do Colégio Apoio,Rejane Maia.

No que depender da disposiçãodos alunos, a meta tem tudo pa-ra ser alcançada. Os estudantesLuíza Braga, João Carlos Muniz, Ri-cardo Dias,Mateus Zarzar, Fernan-da Guedes, Carolina Smith e Jú-

lia Roffé sonham em transformaro mundo que cabe nas suas casase nas ruas onde moram e estu-dam. “Em algum momento, o mo-torista também é pedestre e elenão vai querer ser atropelado, en-tão, é preciso saber respeitar”, de-fende Luíza. João Muniz traz a es-tatística na ponta da língua. “EmSão Paulo, duas pessoas morrempor dia atropeladas na faixa depedestre. Só porque o motoristaainda não entendeu que o pedes-tre tem prioridade”, ressalta.

Com uma área de 185 hectarese uma densidade populacional de

138 habitantes por hectare, CasaAmarela é um dos bairros mais po-pulosos do Recife. O bairro faz li-mite com Casa Forte, uma dasáreas mais nobres da cidade. Naárea limítrofe, a ocupação imobi-liária segue os mesmos padrões dobairro nobre. É o lado “rico” dobairro, que trouxe junto um nú-mero maior de carros para trafe-gar nas vias. Mesmo sendo umbairro tradicionalmente popular,a presença de carros é cada vezmaior até mesmo no morro, on-de se concentra uma populaçãode baixa renda. No morro, as ruas

são estreitas e as casas, em suamaioria, não dispõem de gara-gem. O resultado é que os carrosocupam os trechos estreitos decalçadas. “Carro é uma necessi-dade, mas não há espaço paraguardá-lo”, justifica o moradorJoão Menezes, 38 anos.

Esse talvez seja um outro desa-fio: como trabalhar a mobilida-de e o respeito às normas de trân-sito em espaços não planejadospara esse tipo de ocupação? Hámuito o que ser feito, mas o res-peito à faixa de pedestre já é umgrande passo.

desafios para o trânsito do amanhã

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2 DIARIOddddeeeePPPPEEEERRRRNNNNAAAAMMMMBBBBUUUUCCCCOOOO - Recife, domingo, 27 de novembro de 2011especial

Cultura de respeitoàs normas pode sercriada a partir dascomunidades para,então, ganhar a cidade

Pontodeviradaparaumtrânsito-cidadão

“Dê educação para o homemque ele transforma o país”. A fra-se, do educador Paulo Freire, nãopoderia se aplicar melhor ao con-texto do trânsito. Motoristas, mo-tociclistas, ciclistas e pedestrescompartilham as mesmas ruas eavenidas todos os dias, mas o res-peito ao espaço do outro parecenão existir. Motoqueiros levam osretrovisores dos carros, motoristas

pensam ter a prioridade sobre mo-tociclistas e ciclistas, pedestresacreditam estar com a razão...

Para o coordenador da pós-gra-duação em gestão de trânsito daFaculdade Maurício de Nassau,major Israel Moura, a educaçãopara o trânsito permaneceu em se--segundo plano até entrar em vigoro Código de Trânsito Brasileiro(CTB), em 1997. Mas as pessoas

não adquiriram, na mesma pro-porção, o respeito ao próximo e anoção de segurança. “Essa gera-ção que está sendo amputada noHospital da Restauração é vítimada má formação como cidadã pa-ra o trânsito”, pontua.

Segundo dados do Ministérioda Saúde, 40.610 pessoas morre-ram em acidentes de trânsito noBrasil em 2010, quase 7,5% acima

do registrado em 2009. “Recife éa 5ª cidade mais violenta no trân-sito. As escolas não formam ascrianças para serem cidadãs res-ponsáveis. Não basta ensinar umaplaca, mas mostrar os danos cau-sados pela infração”, afirma. Masalgo começa a mudar e as crian-ças e jovens podem ser protagonis-tas em potencial dessa transforma-ção, por ora, silenciosa.

Respeito ao próximoé a primeira lição

Convencer os motoristas a respeitar a faixa é um dos desafios dos alunos

Alunos do ColégioApoio aprendem a fazera travessia na faixa de

pedestre

FOTOS: TERESA MAIA/DP/D.A PRESS

EmSão Paulo,

morremduas

pessoas por dia

atropeladas na

faixa de pedestre

“JJJJooooããããooooMMMMuuuunnnniiiizzzz,,,, 11110000 aaaannnnoooossss,,,, estudante da 4ªsérie do Colégio Apoio

Convença30%de

umacomunidade

etransformará os

outros70%

Page 3: Caderno educacao transito

Comoosenhorbaseouasuateoria da criação dos agen-tes sociais de trânsito?A primeira é que a sociedade lo-cal autoriza (consciente ou in-concientemente) o comporta-mento irresponsável no trânsi-to, independente da lei. A segun-da é que os autores de trânsitobuscam se ajustar aos compor-tamentos socialmente aceitosem cada localidade, independen-te de sua formação.

Oturista,pota,poturis rexemplo,s,so e“e“s abraar -sileira” quandovemparacá?Isso mesmo. Ele pode cumprirtodas as regras no seu país, masse ficar por aqui de três a quatromeses e presenciar a “normalida-

de” das infrações, ele pode repe-tir o mesmo comportamento. As-sim como nós, brasileiros, temosmais cuidado no comportamen-to fora do país.

Na questão da educação, osenhor segueamesma linhade pensamento do filósofoMalcolmGladwell de se tra-balhar a conscientizaçãodentro das comunidades?Exatamente. Eu acredito que asociedade precisa ser convenci-da de que obedecer às normasde trânsito, por exemplo, é ocerto a fazer e não porque hárisco de alguma punição. Sehouver uma mudança de com-portamento, o restante do gru-

po assimila.

Não é verdade quando di-zem que quando pesa nobolso, o motorista cumpreas normas, como foi o casoda obrigatoriedade do cin-to de segurança?É verdade, sim, mas se o agentede punição não estiver presen-te, seja um guarda de trânsitoou uma lombada eletrônica, ocondutor não se sente culpadode não cumprir a lei. Pelo contrá-rio é um comportamento social-mente aceito.

EmSãoPaulo, a Companhiade Engenharia de Tráfegolançou uma campanha de

multar omotorista que nãorespeitar a faixa de pedes-tre. Não é esse o caminho?Eu acho um grande equívoco es-se tipo de punição que irá fun-cionar por determinado perío-do e em determinados lugares.O motorista precisa ser conven-cido de que é errado não respei-tar a faixa e não pelo medo damulta.

Osenhor falouqueesse tipode revoluçãopodecomeçarna própria rua. Como seria?

É verdade. Não se deve a ter pre-tensão de trabalhar uma cam-panha na cidade como um todoe esperar um resultado imedia-to. O trabalho deve ser feito nascomunidades. Por isso, eu de-fendo a criação de centros deeducação social de trânsito. Épreciso deixar a educação nor-mativa para a educação socialde trânsito.

De que forma funcionariaesses centros?Imagine, por exemplo o bairro

do Curado e junto com a comu-nidade, os empresários, os órgãosde trânsito desenvolverem açõescom as pessoas para o respeito asinalização no bairro, que teráseus próprios agentes sociais detrânsito. Não tenho dúvidas deque a comunidade é capaz de fa-zer essa revolução. E essa teoriaque eu defendo será trabalhadanuma linha de pesquisa da Uni-versidade de Brasília. Espero queo trabalho possa ajudar na mu-dança de concepção do que ho-je é a educação de trânsito.

O engenheiro civil Carlos Guido Soares Azevedo, formado na Universidade Federalde Pernambuco (UFPE), é consultor em organizações públicas na área de trânsitoe transporte em todo o país há mais de 30 anos. Ele participa de projeto do Iaupe

– Instituto de Apoio à UPE - no Ministério da Integração Nacional para implantação deum sistema de Modelo de Gestão para a pasta. Mas tem como maior desafio a criação de“agentes sociais de trânsito”. Ele está convencido de que a melhoria na qualidade e segu-rança do trânsito depende não apenas dos órgãos de trânsito na sua função de fiscalizare operar, mas, principalmente, de um “convencimento” da população sobre o modo certode agir. Nesta entrevista, ele fala sobre a revolução que pode começar em uma rua e ba-seia a sua teoria em duas hipóteses.

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desafios para o trânsito do amanhã

entrevista >>Guido Soares Azevedo

“O condutor não se senteculpado de não cumprir a lei”

ALCIONE FERREIRA/DP/D.A PRESS

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TERESA MAIA/DP/D.A PRESS

TERESA MAIA/DP/D.A PRESS

PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS. PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS.

MARCELO SOARES/ESP.DP/D.A PRESS

Salve-se quempuder

Ocomportamento de ummotorista no trânsitonão necessariamente re-

fletletf e o seu modo de ser enquantocidadão, mas deveria. O que nosfaz esquecer as “boas maneiras” é,em parte, a guerra que tem setransformado o trânsito. É o taldo salve-se quem puder. E os maisdiversos absurdos resultam da prá-tica individualista, que traz conse-quências para todo o resto, que, naprimeira oportunidade, dá o “tro-co” na mesma moeda. Nesse pata-mar, entramos no mesmo nívelde consciência coletiva. Mesmoquando, em determinado momen-to, somos nós os prejudicados, al-guns metros à frente lá estamosnós repetindo o comportamento“padrão” do individualismo.

Retratar os descaminhos dotrânsito é, sobretudo, descreveras cenas diárias com as quais nosdeparamos ou protagonizamosno trânsito. Desde um avanço desinal, estacionar em local impró-prio, dirigir falando ao celular,fazer uma conversão indevida pa-ra encurtar o caminho, mudar defaixa sem ligar a seta, ocupar atéa terceira faixa para passar nafrente em uma conversão e, ain-da, estacionar sem culpa na faixade pedestre e, mesmo assim, acor-dar todos os dias como se normalfosse não fazer o que é certo.

Mas há outras situações tam-bém gritantes. Um caso emble-mático é o da Praça dos Mangui-nhos, no bairro do Parnamirim,que era literalmente usada comoestacionamento. Os motoristaschegavam a subir o canteiro. De-pois de muita reclamação dos mo-radores, a Companhia de Trânsi-to e Transporte Urbano (CTTU)“resolveu” o problema instalan-

do “gelo baiano” em todo o pisoda praça que, para piorar, está empéssimo estado. Os carros de fatonão sobem mais, ficam no entor-no da praça, que continua nãosendo dos moradores. “Os moto-ristas são muito mal educados”,resume o engenheiro José Carlosdos Santos Silva, 70 anos, depoisde estacionar em local proibido.

Outra situação inusitada é a bar-raquinha de frutas instalada emcima de uma faixa de pedestre,no cruzamento da ConselheiroPortela com a Rosa e Silva, no bair-ro das Graças. É impossível nãoenxergar, mas a cena vem se repe-tindo há anos e os pedestres queusam a faixa são obrigados a con-tornar a barraca no meio dos car-ros. “Recife deve ser o único lugardo mundo onde o comércio am-bulante usa a faixa de pedestrepara negociar”, reclama a profes-sora Marta Oliveira Costa, 53 anos.

Que os motoristas são abusa-dos e não respeitam os ciclistas epedestres, isso a gente já sabe,mas o pedestre também tem suaparcela de culpa pela total ausên-cia de zelo com a própria vida.Um exemplo diário pode ser vis-to na Avenida Conde da Boa Vis-ta, no cruzamento com a Rua doHospício. O sinal de pedestre équase de “enfeite”, praticamenteninguém respeita. Foi o que acon-teceu com a dona de casa Adria-na Silva, 28 anos, que atravessoua avenida com o sinal fechado pa-ra ela e segurando a mão da filhade seis anos. “Eu não percebi queestava fechado. Passei com pressaporque ela estava me aperrean-do”, contou a mãe.

Para o consultor de trânsitoCláudio Guido, prevalece a au-sência de culpa por infringir a lei.“O motorista que reduz a veloci-dade na lombada eletrônica e au-menta logo que passa do equipa-mento é o mesmo que só obede-ce à regra se tiver um guarda detrânsito por perto. Não houve mu-dança de comportamento”.

Na subida doMorro daConceição, em uma rua estreitaque cabe um único carro, omotorista decide ocupar oespaço da calçada, sem opçãode acessibilidade para opedestre

Estacionamentoirregular

NaAvenida Conde da BoaVista,mesmo com o sinal de pedestre,os riscos de atropelamento sãoconstantes. Os pedestresignoram quando o sinal fecha econtinuam passando pela faixa

Travessiadealtoriscoemviapública

Aoperação de carga e descarganas ruas doRecife ainda é umproblema.Osmotoristas nãorespeitamos locais proibidos.Apartir de janeiro de 2012, a CTTUpromete apertar o cerco e limitara operação das 22h às 6h

Descumprimentoda lei

Uma barraca de frutas em plenafaixa de pedestre nocruzamento da ConselheiroPortela com a Rosa e Silva é umexemplo de imobilidade

Semregras

Uma cena comum é o usoinadequado das ciclovias. Oflagrante do fotógrafo PauloPaivamostra umamotoestacionada na ciclovia daAvenida Norte.A pista exclusivaé constantemente invadida

Obstáculo

Individualismo trazconsequências paraa mobilidade de formageral e vira padrãode comportamento

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Aeducação de trânsitonão é e não será discipli-na curricular nas esco-

las. A decisão é do Ministério daEducação, mas o tema pode e de-ve ser inserido nas diversas disci-plinas de forma transversal, pre-vista no Código de Trânsito Brasi-leiro (CTB) desde 1997. Na teoriaparece funcionar, mas na práticaisso pouco acontece. A orientaçãodo MEC é que o DepartamentoNacional de Trânsito (Denatran)forneça material aos estados e es-tes aos municípios para que o as-sunto seja debatido nas escolas. Afalta de estrutura é um dos empe-cilhos. A consultora técnica doDenatran, Rita Cunha, que parti-cipou da 9ª edição do Fórum De-safios para o Trânsito do Amanhãcom o tema educação de trânsito,revelou que o departamento res-ponsável pelos projetos de educa-ção conta apenas com 13 funcio-nários e, desses, apenas cinco sãoda casa, o restante é terceirizado.“É um volume de trabalho muitogrande para o tamanho do país.Mesmo assim, estamos trabalhan-do para a melhoria da educação”,afirma Rita Cunha.

Com a definição do MEC de nãoinição do MEC de nãodefassumir a responsabilidade de en-sinar a disciplina trânsito, restouaos órgãos de trânsito a realizaçãode campanhas períodicas, que nãotêm conseguido alcançar os obje-tivos. Apesar do sucesso dos pa-lhacinhos da Turma do Fom Fom,o número de acidentes e mortesainda é grande. No Brasil, mor-rem por ano mais de 40 mil notrânsito. “Nós somos 10 vezes piordo que qualquer país “, diz o con-sultor em trânsito Carlos Guido.

De acordo com o sociólogo econsultor em trânsito EduardoBiavati, a única forma de atin-gir as diversas camadas da socie-dade é pela escola. “Nenhum ór-gão de trânsito é capaz de ter apenetração que a escola tem emtodos os municípios”, destacou.Que o caminho é a escola pare-ce haver consenso nesse senti-do. No Recife, a Companhia deTrânsito e Transporte Urbano(CTTU) iniciou junto as escolasdo município um processo decapacitação dos professores pormeio do Plano Municipal de Edu-

cação para o Trânsito. “Inicial-mente estamos capacitando 100coordenadorese e profissionaisde informática com aulas semi-presenciais. A nossa estimativa éque até 2015, todos os professo-res da rede sejam treinados”,afirma o gerente de educação detrânsito, Francisco Irineu.

Em 2012, o município prometeimplantar uma escola municipalde trânsito, que ficará sob a coor-denação da Secretaria de Educa-ção. O espaço será de pesquisa emeducação de trânsito, com labora-tório para as crianças aprenderemna prática as regras básicas dotrânsito. Para Biavati, a educaçãoinfantil é importante, mas deve seestender para os jovens. “Há umapreocupação grande com a crian-ça, mas o jovem que está prestesa dirigir fica sem a formação e

acaba sendo influenciado peloluenciado peloinfgrupo e deixando de lado o queaprendeu aos cinco anos”.

O Detran/PE foi pioneiro na for-mação extracurricular de profes-sores com o Programa Detran naEscola. A Secretaria Estadual deEducação no Curso de Formaçãode Instrutor de Trânsito Teórico-Técnico foi parceira na iniciativa.A ação está prevista na resoluçãonº 265 do Denatran. Até agoraapenas os municípios do Cabo deSanto Agostinho, Jaboatão dosGuararapes, Petrolina e Caruaruforam beneficiados.

Uma das vantagens do modeloé que, após o curso, o professor-instrutor tem autoridade para re-passar o conteúdo aos alunos namesma lógica dos clubes de for-mação de condutores. “O aluno re--ecebe o mesmo conteúdo ensina-

do nas autoescolas. As escolas queadotam o modelo são inseridasno sistema do Detran”, explica Fá-tima Bezerra.

A ideia era capacitar dois milalunos nas escolas. Mas a inicia-tiva esbarrou em um detalhe.“Uma lei federal determinou quepara ser instrutor era necessárioter habilitação na categoria D e is-so acabou desestimulando os pro-fessores a continuar com a for-mação”, comenta a presidente doCetran, Simíramis Queiroz.

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desafios para o trânsito do amanhã

Responsável peloensino da disciplinano país, Denatrannão possui estruturapara atender demanda

Turma do Fom Fom seduz a criançada com apelo lúdico

SERVIÇO

Cursos para educação no trânsito:Detran/PE - 81- 3184-8004CTTU - 81- 3355-5316Sest/Senat - 81 2119-0220Sec - 81- 3212-1616Centro Educacional de Trânsito daHonda (CETH) - 81 - 3252-6764

Trânsito, aindaTrânsito, aindaTrânsito, aindaórfãodaeducaçãoórfãodaeducaçãoórfãodaeducação

Oque diz a legislação sobreeducação de trânsito:

1199997 - Códig7 - Código deo de TTrânsitorânsitoBrBrasileirasileiro (o (CCTB):TB):artart.. 776 - educação:6 - educação:AAdoção de cdoção de contonteúdoeúdos des deeduceducação (magisação (magistério etério etrtreinamenteinamento de pro de prooffeessssororeess))

11996 - L996 - Lei de Direi de Diretrizetrizees e Bs e Basaseessda Eda Educação Nacional (LDBEN)ducação Nacional (LDBEN)Não prNão preevê a educvê a educação na gração na gradeadecurricular e tcurricular e tema trema transansvvererssalal

22004 - C004 - Consonselho Nacional deelho Nacional deTTrânsito (rânsito (CControntran)an)InsInstituiu o ttituiu o tema trânsitema trânsito po pararaaprprojetojetoos pedagógics pedagógicooss

EEsstabelectabelece que o De que o Denatrenatrananfforneça matorneça material de apoio àserial de apoio àseessccolasolas

22009 - P009 - Portaria 1ortaria 1447 do7 doDDenatrenatran:an:DirDiretrizetrizees nacionais de educs nacionais de educaçãoaçãopparara o trânsita o trânsito: pré-eo: pré-essccolar eolar eensino fundamental e médio:ensino fundamental e médio:

InfInfantanto-juvo-juvenil: noçõeenil: noções des detrtraavveesssia de fsia de faixaixa,a, sinaissinais,, andar deandar debicicleta,bicicleta, cidadaniacidadania

FFundamental: 3 livrundamental: 3 livroos cs com som seiseishishistórias ptórias parara sa sererem disem distribuídastribuídasnas enas essccolas e dois solas e dois sooftftwwarareesseduceducacionaisacionais

Médio - prMédio - produção de vídeoodução de vídeos ss sobrobreeum trânsitum trânsito co consonscientcientee

22009 - R009 - Reessolução 2olução 2665 do5 doDDenatrenatrananFFormação tormação teóriceórico-técnico-técnica doa dossprprooffeessssororeesspparara 1a 1ª habilitaçãoª habilitação

AAtividade etividade extrxtracurricular eacurricular eopcionalopcionalpparara alunoa alunos e prs e prooffeessssororeess

DDetretran ran reesponsávsponsável pelael pelaautautorizorizaçãoação,,ccontrontrole e fisole e fisccalizalizaçãoação

FFontonte: De: Denatrenatranan

INES CAMPELO/DP/D.A PRESS

saibamaismais++JJARBARBAAS/DPS/DP

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CORREDORESNORTE-SULELESTE-OESTE.

COMASOBRASDEMOBILIDADE,PERNAMBUCOAVANÇARÁPIDO

EMTODOSOSSENTIDOS.

O Programa Estadual de Mobilidade Urbana(PROMOB) dá mais um passo a fim de melhorar otransporte público de passageiros no Estado com aordem de serviço para iniciar as obras dos doismaiores corredores exclusivos de ônibus daRegião Metropolitana do Recife: o Norte-Sule o Leste-Oeste.Com o conjunto das obras de mobilidade já emandamento, como o Ramal de Acesso à Cidade daCopa, que vai do Terminal Integrado de Camaragibeaté a BR-408, e o Terminal Integrado Cosme eDamião, na divisa entre o Recife e São Lourençoda Mata, o Governo de Pernambuco consolida ocompromisso assumido com a Matriz da Copa,fechando mais um ciclo rumo à Copa doMundo da FIFA 2014™.Juntos, os corredores Norte-Sul, Leste-Oeste eRamal da Copa somam 51,8km e vão beneficiar355 mil passageiros/dia com o sistema deTransporte Rápido de Ônibus (TRO). Modernos emenos poluentes, os veículos serão equipados comar-condicionado, câmeras de segurança, contagemeletrônica de passageiros e GPS.O Corredor Norte-Sul vai do Terminal Integrado de

Igarassu até a Estação Central do Metrô, passandopela PE-15, pelo Complexo de Salgadinho e pelaAvenida Cruz Cabugá.O percurso de 33,2km vai ter 31 estaçõesinterligadas a quatro terminais integrados: Igarassu,Abreu e Lima, Pelópidas Silveira e PE-15. Um viadutoe um elevado serão construídos nos Bultrins e outroelevado em Ouro Preto.Já o Corredor Leste-Oeste vai da Praça do Derby atéo Terminal Integrado de Camaragibe, atravessando aAvenida Caxangá, onde todas as paradas serãosubstituídas. Com 12,5km de extensão, terá 22estações e vai atender aos terminais integrados deCamaragibe, da III Perimetral e da IV Perimetral, queserão construídos no cruzamento da Av. Caxangácom a Av. General San Martin e na BR-101,respectivamente. Também estão previstos um túnelem frente ao Museu da Abolição, um viadutopróximo à UPA da Caxangá e mais três elevados: umna Benfica, outro na III Perimetral e mais um noEngenho do Meio.As obras vão trazer mais conforto, agilidade esegurança para milhares de pernambucanos. Com oPROMOB, Pernambuco vai avançar ainda mais rápido.