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cmyk cmyk Terça-feira, 17 de maio de 2011 Daíza Lacerda O que é melhor: ouvir histórias ou contá-las? No jornalismo, as duas coisas são neces- sárias. Diariamente. E ho- je não seria diferente quan- do trazemos a trajetória dos 80 anos da Gazeta de Limei- ra, contada por quem teste- munhou fases pelas quais o jornal passou. Fases, estas, que a geração atual pode nem imaginar. Mas que ou- tros poderão se recordar ou familiarizar-se com um de- talhe ou outro. Queremos convidá-lo hoje, caro leitor, a viajar co- nosco e percorrer um cami- nho na contramão do tem- po. Para você, que todos os dias recebe por nossas pá- ginas os acontecimentos de Limeira, do Brasil e do mun- do, queremos contar como Dedicação e vocação em 80 anos de história esta histó- ria começou há 80 anos. O desenvolvimento de Limeira e da própria Gazeta estão registrados em déca- das de arquivo, nos retratos e relatos de épocas que no iní- cio eram pouco ilustrados, até serem publicados em fo- tos coloridas. Mas, melhor do que o papel que resiste ao tempo, mais valiosas são as memórias de quem esteve lá, “por trás das páginas”. E fo- ram essas pessoas com suas histórias que fomos buscar nos últimos três meses, para resgatar com todos os deta- lhes possíveis o cotidiano de Limeira e da Gazeta de ou- tros tempos, para ouvir so- bre as raízes cuja continuida- de podemos comemorar ho- je, década a década, 80 anos depois. O resgate da história é tão difícil quanto fascinan- te. Desde a insistência para encontrar peças-chave da trajetória da Gazeta ao prê- mio do riso fácil na lembran- ça dessas pessoas em diver- sas passagens. Muitos foram unânimes ao afirmar o quanto é difícil a sobrevivência de um jornal no interior. De fato, é. Mas foi possível constatar, por meio das histórias trazidas à tona, que a Gazeta sempre teve pessoas movidas por um aliado em qualquer área da vida: a vocação. E, quem faz o que gosta, faz muito melhor. E isso não mudou nos úl- timos 80 anos. Para entregar hoje um material de quali- dade, buscando sempre o aperfeiçoamento, a Gazeta de Limeira passou por di- versas fases e dificuldades, que foram levadas adiante por pessoas que não tinham apenas uma profissão, mas vocação. E para os que atu- am empenhados num ob- jetivo, não há hora [impró- pria], [falta de] dinheiro ou imprevisto que tenham o poder de acabar com um bom trabalho. E pela Gazeta passaram (e ficaram) muitas pessoas com esta caracterís- tica em comum. Fosse pelos esforços para a impressão do jornal da melhor manei- ra, que fosse entregue a tem- po e para que a informação fosse melhor apurada e a re- flexão mais interessante. Is- so tudo foi feito por pesso- as que você, leitor, conhe- cerá nas próximas páginas. Elas se doaram mais do que a uma profissão, mas ao tra- balho de “fazer jornal”. Todos os dias nossas pá- ginas trazem fatos, ou des- dobramentos deles, informa- ções que serão úteis para a rotina de diversos públicos, artigos com diferentes abor- dagens sobre várias situa- ções, registros cotidianos e algumas histórias. Alegres, outras peculiares, e também as trágicas. Para que toda es- sa informação chegue a vo- cê, do momento do aconteci- mento até a sua leitura, a vo- cação move centenas de pes- soas que fazem parte hoje do corpo de colaboradores da Gazeta de Limeira. Isso passa longe de se aplicar apenas àquele que escreve. Alguém entregou o jornal, mas, antes, alguém distribuiu depois de uma equipe ter cuidado da im- pressão. Isso foi feito assim que o material havia acabado de ser diagramado e impres- so, depois de editadas as ma- térias escritas pelos repórte- res, que es- tiveram no lo- cal dos fatos colhendo depoimentos, en- quanto os fotógrafos regis- travam em imagens. A engre- nagem do jornal conta ainda com equipes administrati- vas, de atendimento e orga- nização, tudo para levar ao leitor o melhor produto com o melhor conteúdo. Ouvimos nos últimos meses histórias de pesso- as que foram testemunhas oculares do desenvolvimen- to de Limeira, registrado pe- la Gazeta. É com satisfação que hoje as contamos a vo- cê. Se forem novidade, espe- ramos que sejam boas sur- presas. Se algumas passa- gens forem familiares, espe- ramos que a recordação seja tão boa quanto foi aos entre- vistados em seus relatos, ao relembrá-las. Boa viagem!

Caderno Especial Gazeta 80 Anos

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Suplemento especial de aniversário da Gazeta de Limeira

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Page 1: Caderno Especial Gazeta 80 Anos

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Terça-feira, 17 de maio de 2011

Daíza Lacerda

O que é melhor: ouvir histórias ou contá-las? No jornalismo, as duas coisas são neces-sárias. Diariamente. E ho-je não seria diferente quan-do trazemos a trajetória dos 80 anos da Gazeta de Limei-ra, contada por quem teste-munhou fases pelas quais o jornal passou. Fases, estas, que a geração atual pode nem imaginar. Mas que ou-tros poderão se recordar ou familiarizar-se com um de-talhe ou outro.

Queremos convidá-lo hoje, caro leitor, a viajar co-nosco e percorrer um cami-nho na contramão do tem-po. Para você, que todos os dias recebe por nossas pá-ginas os acontecimentos de Limeira, do Brasil e do mun-do, queremos contar como

Dedicação e vocação em 80 anos de história

esta histó-ria começou há

80 anos.O desenvolvimento de

Limeira e da própria Gazeta estão registrados em déca-das de arquivo, nos retratos e relatos de épocas que no iní-cio eram pouco ilustrados, até serem publicados em fo-tos coloridas. Mas, melhor do que o papel que resiste ao tempo, mais valiosas são as memórias de quem esteve lá, “por trás das páginas”. E fo-ram essas pessoas com suas histórias que fomos buscar nos últimos três meses, para resgatar com todos os deta-lhes possíveis o cotidiano de Limeira e da Gazeta de ou-tros tempos, para ouvir so-bre as raízes cuja continuida-de podemos comemorar ho-je, década a década, 80 anos depois.

O resgate da história é

tão difícil quanto fascinan-te. Desde a insistência para encontrar peças-chave da trajetória da Gazeta ao prê-mio do riso fácil na lembran-ça dessas pessoas em diver-sas passagens.

Muitos foram unânimes ao afirmar o quanto é difícil a sobrevivência de um jornal no interior. De fato, é. Mas foi possível constatar, por meio das histórias trazidas à tona, que a Gazeta sempre teve pessoas movidas por um aliado em qualquer área da vida: a vocação. E, quem faz o que gosta, faz muito melhor.

E isso não mudou nos úl-timos 80 anos. Para entregar hoje um material de quali-dade, buscando sempre o aperfeiçoamento, a Gazeta de Limeira passou por di-versas fases e dificuldades, que foram levadas adiante

por pessoas que não tinham apenas uma profissão, mas vocação. E para os que atu-am empenhados num ob-jetivo, não há hora [impró-pria], [falta de] dinheiro ou imprevisto que tenham o poder de acabar com um bom trabalho. E pela Gazeta passaram (e ficaram) muitas pessoas com esta caracterís-tica em comum. Fosse pelos esforços para a impressão do jornal da melhor manei-ra, que fosse entregue a tem-po e para que a informação fosse melhor apurada e a re-flexão mais interessante. Is-so tudo foi feito por pesso-as que você, leitor, conhe-cerá nas próximas páginas. Elas se doaram mais do que a uma profissão, mas ao tra-balho de “fazer jornal”.

Todos os dias nossas pá-ginas trazem fatos, ou des-dobramentos deles, informa-

ções que serão úteis para a rotina de diversos públicos, artigos com diferentes abor-dagens sobre várias situa-ções, registros cotidianos e algumas histórias. Alegres, outras peculiares, e também as trágicas. Para que toda es-sa informação chegue a vo-cê, do momento do aconteci-mento até a sua leitura, a vo-cação move centenas de pes-soas que fazem parte hoje do corpo de colaboradores da Gazeta de Limeira.

Isso passa longe de se aplicar apenas àquele que escreve. Alguém entregou o jornal, mas, antes, alguém distribuiu depois de uma equipe ter cuidado da im-pressão. Isso foi feito assim que o material havia acabado de ser diagramado e impres-so, depois de editadas as ma-térias escritas pelos repórte-

res, que es-tiveram no

lo- cal dos fatos colhendo depoimentos, en-quanto os fotógrafos regis-travam em imagens. A engre-nagem do jornal conta ainda com equipes administrati-vas, de atendimento e orga-nização, tudo para levar ao leitor o melhor produto com o melhor conteúdo.

Ouvimos nos últimos meses histórias de pesso-as que foram testemunhas oculares do desenvolvimen-to de Limeira, registrado pe-la Gazeta. É com satisfação que hoje as contamos a vo-cê. Se forem novidade, espe-ramos que sejam boas sur-presas. Se algumas passa-gens forem familiares, espe-ramos que a recordação seja tão boa quanto foi aos entre-vistados em seus relatos, ao relembrá-las. Boa viagem!

Page 2: Caderno Especial Gazeta 80 Anos

Página 2 | Caderno Especial Gazeta 80 anos Terça-feira, 17 de maio de 2011 | GAZETA DE LIMEIRA

Memória

“O programa que as boas práticas jornalísticas exigem desta folha em começo de sua existência, bem se pode resu-mir no mais ardente e sincero voto pelo engradencimento e pela prosperidade desta ter-ra”. Assim J. Victorino defi-nia, no início de sua apresen-tação, na primeira edição da Gazeta de Limeira que circu-lava há exatos 80 anos, o pro-pósito do jornal que acaba-va de nascer. O final do arti-go trazia uma passagem, que constava ainda no cabeçalho das primeiras edições, sema-nais: “Per asperas ad astra”. Pelos caminhos ásperos, aos astros, iniciava-se uma tra-jetória de lutas e sucesso da Gazeta de Limeira, que se desenvolve junto com a his-tória de Limeira.

Na defesa dos ideais do Partido Constitucionalista (PC) e Revolução de 32, apa-recem ainda na história da fundação os nomes Mário Sampaio Martins e Álvaro Corrêa, que foi o primeiro di-retor, função que exerceu até 1938. Consta que o maquiná-rio e materiais do jornal fo-ram comprados por Maria Thereza Silveira de Barros Camargo, que foi prefeita de Limeira e deputada estadual, e pelo advogado Octavio Lo-pes Castello Branco, redator, ambos pertencentes ao então Partido Constitucionalista.

Mudanças de prédio e também administrativas marcaram as primeiras dé-cadas do jornal, que foi bis-semanário e trissemanário.

Gazeta de Limeira, 80 anos: a informação faz história

Nos anos 50, circulou diaria-mente durante quatro anos. Na época, concorria com o extinto jornal “O Limeiren-se”, representado pelo major José Levy Sobrinho.

Da Rua Senador Verguei-ro, 40, ao prédio número 572 da Dr. Trajano (onde funcio-nou uma papelaria), à atu-ação na oficina da Praça Dr. Luciano Esteves, 90, esquina das ruas Alferes Franco e Ba-rão de Cascalho (atualmente um restaurante), gestores de várias épocas se adaptaram ao seu tempo e necessidades, sem nunca interromper o tra-balho do jornal que é líder.

PRIMEIROS 40 ANOS

Na primeira década de funcionamento, o professor João de Sousa Ferraz, hoje patrono da Biblioteca Muni-cipal, foi, além de redator da Gazeta, idealizador do “Su-plemento Literário da Gazeta de Limeira”, que precedeu a criação do “Letras da Provín-cia”, jornal literário mais an-tigo do Brasil.

A sociedade anônima Ga-zeta de Limeira S/A, tinha o capital inicial constituído por três partes: João de Sousa Ferraz ingressa com o valor de sua tipografia, Álvaro Cor-reia com as oficinas do jor-nal, e outra parte do capital em dinheiro era dos sócios Octavio Lopes Castello Bran-co, Hipólito Pinto Ribeiro, Ri-cardo Rodrigues, José Zacca-ria, Sérgio Leopoldino Alves, Olindo De Luca, Maria There-za Silveira de Barros Camar-go, Breno Machado Gomes, Américo Francisco, Antônio Cláudio Parronchi, Mano-el Francisco, Renato Pereira Guimarães, Olindo Menezes,

Victório Lucato e José Fabri.Numa posterior divisão da

sociedade, metade dos acio-nistas forma a Empresa Gráfi-ca Editorial Paulista S/A, com João de Sousa Ferraz, diretor--presidente, professor Octa-vio Pimenta Reis, diretor de imprensa, e Luis Rossi Filho, diretor-gerente. Outra par-te dos acionistas organizou a nova sociedade Gazeta de Limeira Ltda. Antônio Cam-pos, que em 1º de setembro de 1950 já havia assumido a pre-sidência do jornal, se mantém no comando da Gazeta após a divisão das empresas, junto com Breno Machado Gomes, diretor de imprensa e redator, e Ricardo Rodrigues, diretor tesoureiro.

Irineu Souza Francisco também exerceu a função de redator da Gazeta no iní-cio da década de 50, sendo substituído em seguida pelo jornalista Florêncio Tejeda. Em 1955, assume como reda-tor o professor João Francis-co Duarte, que ficou no cargo até julho de 1961, período de grande avanço editorial, com colaboradores de prestígio.

Ocuparam ainda o cargo de redator, por pouco tempo, Anchizes Cantanhede, que foi assistente social da rede Sesi, e o advogado Ezio José de Campos, na fase em que o gerente comercial passou a ser Pretestato Rodrigues Al-ves. O advogado Irineu José Lucato assume a redação no período de 1962 a 1965. Ano em que, em outubro, Rober-to Paulino de Araújo passa a redator da Gazeta de Limei-ra, cargo que exerceu até fe-vereiro de 1989.

ÚLTIMOS 40 ANOS

Com a base solidificada por essas pessoas e consa-grada pelo leitor limeirense e também da região, a partir dos anos 70 a Gazeta de Li-meira deu início a um novo ritmo de desenvolvimento, não só em sua estrutura físi-ca, como profissional, sob o comando de Waldemar Lu-cato, advogado que come-çou como colaborador da co-luna “Direito e Justiça”, ain-da na década de 50, até as-sumir a direção do jornal na década de 70. A vocação para o jornalismo, herdada pelos filhos Roberto Lucato, Edu-ardo Lucato Neto e Fabiana Lucato, que então crianças acompanhavam o pai na re-dação e oficinas, revolucio-nou a arte de fazer jornal em Limeira.

Uma das primeiras mu-danças foi a gráfica. O jor-nal era montado manual-mente. As letras, cunhadas em chumbo, eram agrupadas uma a uma sobre uma forma antes de uma prensa bastan-te antiga imprimir duas pági-nas por vez, em papéis já cor-tados. Somente em 1972 é que chegou a linotipo, instalada no novo prédio da empresa, na Rua Senador Vergueiro, 319, imóvel onde atualmente funciona a matriz da Gazeta de Limeira.

Com 90 teclas, a linotipo permitia a “digitação” das li-nhas e fundição em chum-bo. Depois de montadas, per-mitiam a colocação de fotos ou ilustrações, os “clichês”. A confecção do jornal ainda era artesanal, mas na presi-dência de Waldemar Lucato foi adquirida uma rotoplana, que permitia a impressão de oito páginas de uma vez, que saíam da máquina já dobra-das.

A evolução gráfica teve continuidade na gestão de

Waldemar Lucato, de forma a atender à demanda de lei-tor que o jornal mantinha e conquistava, proporcionan-do qualidade cada vez maior não só nos processos de im-pressão do jornal. O conteú-do editorial acompanhou o crescimento, com colabora-dores de renome pelos seus trabalhos com as letras ou em outras áreas, além dos melhores jornalistas já co-nhecidos em Limeira.

Assim, a Gazeta de Limei-ra volta a circular diariamen-te, definitivamente, a par-tir de 2 de fevereiro de 1980, aderindo, posteriormente, à era da informática, quando a linotipo foi substituída pela Nylon Print no início dos anos 90, usada até a chegada da off-set, em 1995. Naquele ano, o jornal de maior circulação de Limeira passa a ser publi-cado com páginas coloridas, num ritmo de modernização que não pararia por ali.

Além de proporcionar atualização diária dos acon-tecimentos, incluindo os su-plementos semanais Cader-no de Lazer e Jornal da Mu-lher, a cobertura e incentivo ao esporte e cultura sempre estiveram nas páginas da Ga-zeta, chegando aos campos e salas de aula, em eventos como a Copa Gazeta Ouro e Prêmio Gazeta de Literatura, criados em 1988 e 1991, res-pectivamente.

Com a morte de Walde-mar Lucato, nunca esqueci-do como o grande timonei-ro da Gazeta de Limeira, seu filho Roberto Lucato assu-me a presidência do jornal, em continuidade aos investi-mentos e aperfeiçoamentos. Assim, a Gazeta de Limeira começa a circular também às segundas-feiras a partir de 19 de maio de 1997.

ATUALIDADE E FUTURONos últimos anos, além de

acompanhar a evolução tec-nólogica com a presença do mesmo jornalismo sério do material impresso também na internet, sempre aumentan-do a interação com seu públi-co, a Gazeta de Limeira é re-ferência também entre leito-res de Iracemápolis e Cordei-rópolis, onde possui filiais, além de Engenheiro Coelho.

Dos locais modestos que ocupou nas primeiras déca-das até o imóvel próprio atual, a necessidade de ampliação e de mais departamentos levou a Gazeta a ocupar novos pré-dios, como o departamento de assinaturas na Rua Dr. Traja-no, 466, a parte gráfica na Rua Sete de Setembro e demais es-critórios, além das filiais nas duas cidades vizinhas. Porém, para comportar o crescimen-to dos próximos anos, já se-gue em construção uma nova sede, às margens da Rodovia Anhangüera, de onde continu-ará, nos próximos anos, o tra-balho ininterrupto de compro-misso com o leitor.

Com diversos departa-mentos como publicidade, assinaturas, classificados e teleatendimento, além do tra-balho interno de finalização, com diagramadores, gráficos e impressores, a Gazeta de Li-meira conta hoje com cerca de 160 funcionários. O qua-dro de colaboradores cresceu para otimização do trabalho que acompanha a confian-ça da população de Limei-ra e região, que formam cer-ca de 100 mil leitores diários, a partir de mais de 10 mil as-sinantes e tiragem de 15 mil exemplares por dia. A credi-bilidade é atestada ainda pe-

Equipe de administração e RH Departamento de assinaturas e circulação

Atendimento no balcão e classifone Departamento de publicidade

Departamento de Informática Repórteres e fotógrafos

Fechamento: diagramadores, editores e revisores Impressores da gráfica

los leitores do www.gazetade-limeira.com.br e seguidores do www.twitter.com/Gazeta-deLimeira.

A equipe de jornalismo e de esportes também levam programação de qualidade no rádio e TV, em parcerias com TV Jornal na exibição do programa Segunda Esportiva, além da Hora da Notícia e Pai-nel Esportivo, diários, na Edu-cadora 1020 AM.

Em todas as mudanças, entre caminhos ásperos e chegada aos astros, das quais a Gazeta de Limeira trilhou nessas décadas, as boas prá-ticas do jornalismo idealiza-das por J. Vitorino há 80 anos são um princípio que norteia hoje o atual corpo de colabo-radores, para oferecer todos os dias informação imparcial e com a melhor apuração de uma equipe de reportagem e edição de primeira.

Das primeiras letras mon-tadas uma a uma no chum-bo à informação em primei-ra mão também na velocida-de da internet, acessadas por um clique, você confere nas próximas páginas o desenvol-vimento da Gazeta de Limei-ra nestes 80 anos, a partir da experiência de quem viveu o dia a dia da redação e da grá-fica em décadas passadas, além de descobrir como é pre-parado o jornal por aqueles que continuam escrevendo esta história, e a de Limeira, todos os dias. Mesmo as pes-soas já falecidas, que contri-buíram nessa trajetória, têm sua dedicação lembrada por familiares, que foram teste-munhas de uma devoção que levou a Gazeta não só a com-pletar a oitava década, mas fazê-lo buscando e garantin-do sempre o melhor trabalho para a satisfação de quem é o mais importante de toda esta história: você, leitor!

Ao noticiar o

desenvolvimento de

Limeira, jornal mantém

credibilidade em

décadas de tradição

Primeiro exemplar da Gazeta trouxe matéria sobre a visita a Limeira do General Izidoro Dias Lopes e dos tenentes João Alberto e Miguel Costa

ExpedienteEditora Chefe: Fabiana Lucato - MTB 23.378Pesquisa Histórica e redação: Daíza Lacerda - MTB 56.157Diagramação: Patrícia SoaresFotos: Fernando Carvalho, Fla-viana Fernandes, Renato Silva

Page 3: Caderno Especial Gazeta 80 Anos

GAZETA DE LIMEIRA | Terça-feira, 17 de maio de 2011 Caderno Especial Gazeta 80 anos | Página 3

Primeiras Décadas

Reconhecido advoga-do, atuante em perícia cri-minal, o também professor João Francisco Duarte de-tém o que é provavelmen-te o mais antigo registro de jornalista em carteira pro-fissional da cidade, datado de 1958. “Sou um decano do jornalismo em Limeira”, orgulha-se.

Formalidades à parte, aos 82 anos ele é um dos que não só testemunharam importantes mudanças na Gazeta de Limeira, como foi o responsável por mui-tas delas, como convidar Waldemar Lucato para es-crever no jornal.

Começou na Gazeta de Limeira como redator au-xiliar e repórter, em 1953. Lecionava no Colégio San-to Antônio, quando An-tônio de Campos, diretor do jornal junto de Ricardo Rodrigues, procurava al-guém para substituição de Florêncio Tejeda, que era o redator e se mudaria para

O advogado Celso José Palermo acompanhou a Ga-zeta de Limeira de outras décadas. Parceiro de profis-são e escritório do dr. Walde-mar Lucato, ele viu no amigo o entusiasmo crescente com a Gazeta. “O nosso escritó-rio era ao lado da redação,

na esquina da Barão de Cascalho com Alferes

Franco. Ele saía da sala para observar

o trabalho da re-dação e oficina, na época capi-

taneado por Moacir de

JOÃO FRANCISCO DUARTE

Jornal diário e curso superior eram os seus sonhos para Limeira

Sem medo de temas polêmicos, em sua época como redator-chefe o jornal “saiu do vermelho”

No aniversário de 1958, aqueles que faziam a Gazeta de Limeira foram homenageados com o traço de Lune

Fernando Carvalho

Reprodução

Campinas. “Apenas no fim de 1954 assumi como chefe, com a saída de Tejeda”, re-corda-se.

Quando chegou à Gaze-ta, a tiragem era de 1,2 mil exemplares. Ao deixar a re-dação, em 1961, a impres-são chegava a 2,8 mil. Co-mo ele fez isso?

Com jornalismo com-bativo, enquanto “o reda-tor era chefe de si mesmo”, juntou um time de colabo-radores de prestígio. Além do “amigo com A maiúscu-lo”, como ele mesmo defi-na o dr. Waldemar Luca-to, que assinava a coluna de Direito e Justiça, outras áreas eram contempladas pelo professor Lázaro Du-arte do Páteo, Ary Appare-cido Salibe (agricultura), Natanael de Leitão e Cône-go Rossi (religiosos), João Batista Pileggi (esportes), Olindo De Luca (Cantinho), Paulo Mário (Teixeira da Mata, noticiário social), en-quanto Duarte se responsa-bilizava por demais repor-tagens, no tempo dividido entre a redação e as aulas.

Numa época em que o clichês precisavam ser en-comendados para que saís-sem fotos no jornal, o que era caro, garantia fotos

através de seus contatos em outras cidades. “Preci-sava ser inventivo. Conse-guia pelo menos um por se-mana, em troca de publici-dade. Eu também escrevia para jornais de Campinas, então fazia intercâmbios de forma que nos despa-chavam fotos de interesse, enquanto eu escrevia arti-gos. Muitas ilustrações na-da custaram”.

REPERCUSSÕES

Entre as reportagens inesquecíveis, lembra de uma época em que o pre-feito pretendia dar um au-mento exagerado aos im-postos. Quando foi à vota-ção na Câmara Municipal, que funcionava onde hoje é o Banco do Brasil da Praça Toledo Barros, havia PMs com fuzis na porta da Ca-sa, cena publicada no dia seguinte com o título “Ga-leria da Vergonha”. “Teve uma repercussão boa, por-que ia ao encontro dos an-seios do povo. Isso também aumentava a circulação”.

Como jornalista que se preza tem boas fontes, Duarte também tinha es-sa garantia. Certa vez ini-ciou campanha para visto-

ria dos cinemas da cidade (eram seis) para atestado de segurança, após a tragédia da queda do teto em um cinema de Campinas. E, como conta, ha-via um cidadão do jornal concorren-te que não pa-rava de atacá-lo n e s t a ques-t ã o . “Até q u e u m d i a sou-b e q u e s a i -ria um novo artigo, então a Gazeta já saiu no mes-mo dia com a resposta. Ti-nha um bom informante e na época acusaram vários inocentes. É o tipo de coi-sa que deu impulso ao jor-nal”.

O caso da segurança nos cinemas também foi ilustrado, em outra inova-ção trazida à Gazeta por Duarte: a publicação de charges sobre o cotidiano limeirense, que eram as-sinadas pelo então profes-sor de desenho do Castello Branco, Nelson Luiz Fer-reira, o Lune, e, posterior-mente, por Thyrso Brizola, que alcançou grande des-taque. A Secretaria de Se-gurança havia feito levan-tamento técnico sobre os cinemas, mas o perito não emitia o laudo, passados quase nove meses da vis-toria. “Publicamos a char-ge com a plateia no circo e, no meio, o governador Jânio Quadros engolindo uma espada onde estava escrito ‘laudo’. Mandamos alguns exemplares para o governo. Não sabemos se viram, mas o laudo final-mente veio e atestava que as casas estavam sem con-dições seguras, exceto pelo Cine Boa Vista”, conta.

Em outro desenho, ha-via um vereador que fala-va muitos termos errados, na época do calçamento da São Benedito. “’Haja o que hajar, vamos apedrejar São Benedito’, dizia ele, em discurso. Então Lune dese-

nhou cadeiras, a Câmara Municipal, e ao lado do ve-reador uma senhora cho-rando. Nela estava escrito ‘Gramática’”, diverte-se ao lembrar.

Numa época em que opinava-se livremente fer-via “O caldeirão”, seção humorística que trazia as mais ácidas passagens de conversas que saíam no ca-fé que ficava onde hoje é a loja Passarela, sobre figu-ras de Limeira. “Alguns ti-nham até medo de passar por ali. Saía conversa sobre futebol e política. Políticos em época de eleição procu-ravam para que falassem deles no Caldeirão, já que era muito lido. Às vezes vi-nham pedidos para não pu-blicar. Quando eram fatos a esclarecer, segurávamos, por prudência”, explica.

REALIZAÇÕES

Quando assumiu, o jor-nal vinha de uma situação difícil de dívidas e débitos. Era necessário aumentar a circulação e anúncios, que foram capitalizados com uma agência de propagan-da de São Paulo. Ao deixar o jornal, a empresa já não devia mais nada e tinha saldo em caixa. Foi quando sugeriu a Antônio de Cam-pos e Ricardo Rodrigues a compra de uma sede pró-pria. “Limeira prosperava financeiramente nos ramos comercial, de agricultura e industrial, mas tinha duas falhas grandes: não tinha

um jornal diário e nem cur-so superior”, justifica.

A ideia era a tranferên-cia da sede da Praça Dr. Lu-ciano Esteves e ampliação para fazer o jornal diário. Os sócios majoritários gos-taram da ideia. Antônio de Campos achou um imóvel modesto no qual era pos-sível dar uma entrada e fi-nanciar o restante, o que agradou a Rodrigues e Du-arte. Mas a decepção dos três veio na assembleia com os cotistas. “O jornal nunca havia dado dividen-dos, então preferiram re-partir o dinheiro. Foi o mo-tivo pelo qual deixei a Ga-zeta. Foi uma mágoa. Mas, felizmente, Waldemar Lu-cato entendeu aquela ne-cessidade e a executou fu-turamente”, comemora.

Quanto ao curso supe-rior, os jovens terminavam o ensino secundário e pre-cisavam estudar na região, pagando transporte, além de materiais. “Com uma Li-meira já próspera, os ho-mens públicos ainda não haviam se importado com isso. Foi quando levanta-mos a bandeira para a cria-ção do curso de Direito, o mais barato, já que não exi-gia laboratórios, mas uma boa biblioteca. Desse movi-mento é que surgiu a Asso-ciação Limeirense de Edu-cação (Alie). Conseguimos outros cursos como Admi-nistração, Economia, Ci-ências Sociais e Geografia. Mas, Direito, só depois de 30 anos”.

CELSO JOSÉ PALERMO

Acompanhou o entusiasmo de Waldemar Lucato com o jornal

Celso Palermo assinou a coluna “Temas de Direito”, mas porta de entrada à Gazeta foi a literatura

Fernando Carvalho

Redator-chefe nos

anos 50, geriu situação

financeira crítica e

visava à compra de

prédio próprio

Campos. O jornal era mon-tado ‘na unha’, linha por li-nha, num trabalho de arte maravilhoso. Waldemar era excelente e ético advogado, e tinha uma dedicação ca-da vez maior ao jornal. Era um administrador e tam-bém empresário do jornalis-mo. Se interessou de forma atuante e fez remodelações, com máquinas novas”, re-corda.

Uma lembrança mar-cante de Palermo é a come-moração dos 50 anos da Ga-zeta de Limeira. “Em 1981 eu era advogado do sindi-cato patronal do comércio, quando promovi a homena-gem dos 50 anos da Gaze-ta. Foi um momento muito especial, na sede do Nosso Clube, quando tive a honra de ser o mestre de cerimô-nia. É uma vitória um jornal

do interior sobreviver por tanto tempo e isso precisa-va ser reconhecido”, relem-bra o responsável jurídico do Isca Faculdades, que nos anos 80 escrevia a coluna “Temas de Direito”.

No entanto, o seu vín-culo com a Gazeta teve iní-cio não pelas leis, mas pela literatura, quando foi pre-miado com o primeiro lugar em um concurso promovi-do pelo jornal, em 1952. Na época foi publicada a ínte-gra do trabalho feito sobre Machado de Assis. No âm-bito literário, Palermo tam-bém teve participação na Gazeta com Irineu de Sou-za Francisco, que posterior-mente mudou-se para São Paulo e se casou com a atriz Nair Belo. Escrevia também editorias “a quatro mãos”, com Waldemar Lucato.

Em sua coluna abordava a Constituição de 1946, en-tre outros temas. “Não ha-via tanta informação e as pessoas queriam saber co-mo funcionava, telefona-vam para tirar dúvidas”. Em 1991, por sugestão de Waldemar Lucato, com as modificação das relações de consumo, passou a es-crever também sobre o Có-digo de Defesa do Consu-midor, assunto que gerava muitos comentários.

Aos sábados, reunia-se e conversavam sobre o jor-nal. Planos em uma época que a cidade tinha 80 mil habitantes e o prédio da praça “tornou-se acanha-do e a mudança era impor-tante”, como pontua. “Este-ja onde estiver, Waldemar estará orgulhoso dos filhos pela continuidade”.

Page 4: Caderno Especial Gazeta 80 Anos

Página 4 | Caderno Especial Gazeta 80 anos Terça-feira, 17 de maio de 2011 | GAZETA DE LIMEIRA

Memória

Entre os anos de 1962 e 1965, Irineu José Lucato, 80, esteve à frente da reda-ção da Gazeta de Limeira. Na época, recém-formado em Direito, dividia escritó-rio com dr. Waldemar Lu-cato e Breno Machado Go-mes, indicado pelo primei-ro a iniciar na carreira jor-nalística.

Ele relembra a época com a rotina de uma verda-deira família, no modo ar-tesanal de se fazer jornal. “Era um trabalho de mon-tagem manual, letra por le-tra, sem linotipo ou com-putador”, pontua ele sobre o período em que o jornal não era diário.

No entanto, as passa-gens mais marcantes foram

“Escrevia de mensagens para namorados a ofícios, além de poemas, ficção e re-portagens. Era um jornalis-ta completo”. Assim Myrian Arcaro de Araújo define Ro-berto Paulino de Araújo, falecido em 28 de outubro de 2009, aos 85 anos, com quem foi casada durante 51 anos, até a sua morte.

Embora tenha substi-tuído Irineu Lucato como redator-chefe em 1965, Ro-

Das portas e janelas para dentro, a casa na Rua Carlos Gomes parece outro mundo, paralelo ao comércio e vai--e-vem de veículos na mo-vimentada via. O lugar pro-porciona uma viagem no tempo, com mobiliário anti-go, sobretudo o da Bibliote-ca Renato P. Guimarães.

Apesar do semblante sé-rio do retrato do antigo do-no, a biblioteca tem também uma caricatura do próprio. “Como vocês podem ver, no desenho foi acentuado o seu nariz, que eu suavemen-te herdei”, observa Renato Guimarães Júnior, 72, o filho primogênito do Renato pai com Maria Francisca Ama-ral Soares Guimarães, mais conhecida como Didi Gui-marães.

Com os pais vivos ape-nas na memória, além da casa que abrigou a família, incluindo a sua irmã Alzi-ra Helena Guimarães Batis-tella, Guimarães, procura-dor aposentado, lembra dos cuidados do pai autodidata. O pai, que foi escrivão do jú-ri, casava o dever da Justiça e prazer da literatura, com o capricho de quem reenca-dernava seus livros com no-vas capas que traziam fotos. “Era muito pobre e preci-sou trabalhar para pagar um professor e ser alfabetiza-do”, declara.

O pai já era acionista da

IRINEU JOSÉ LUCATO

Construção do fórum foi uma das lutas de sua épocaJornal militava na busca

de melhorias para a

cidade, como sistemas

de tratamento de água

e esgoto

Durante sua passagem pela Gazeta de Limeira, novo fórum era necessidade da cidade, lembra Irineu Lucato

quando a Gazeta estava en-gajada na defesa da cons-trução do novo fórum. “A Gazeta foi uma trincheira nesta batalha pois, na épo-ca, a parte forense funcio-nava no mesmo prédio da cadeia, na parte superior”, recorda. O juiz da época, Francisco Inácio Quartim Barbosa, chegou a ter di-vergências no Tribunal de Justiça diante da si-tuação, que culminou com a vinda da cor-regedoria para ava-liar e finalmente atender ao pedido de construção, con-ta. Na Gazeta, Quar-tim fazia manifesta-ções em prol do no-vo fórum. “A Gaze-ta sempre lutou pelo bem-estar da popu-lação e conquistas do município. Por is-so abria as portas pa-ra colaboradores na busca pelo progres-so”, salienta.

Filho de Vitório

Lucato, que foi vereador en-tre os anos40 e 50, lembra--se de o u -t r a s h i s -t ó r i a s

para resolver problemas da cidade, como os de água e esgoto. “Havia esforços conjuntos da sociedade ci-vil e também de entidades para a construção de uma estação de tratamento de água e o jornal atuava tam-bém nessas questões de necessidades”, diz.

Outro fato que teste-munhou foi a constru-

ção do clube Estudantes, no Jardim Esmeralda, cuja comissão de obras, da qual participava dr. Waldemar Lucato, previa fazer mais do que um campo próprio para o time amador, mas um local com estrutura pa-ra concentração de outros times que viessem à cida-

de. “No início dos anos 60, em Limeira, só havia o es-tádio da Vila Levy e a aco-modação dos clubes era Pi-racicaba, no estádio do XV. Foram construídas a parte social e o campo. Faltaram as arquibancadas e aloja-mento”, explica, sobre o projeto que não se cum-priu. “Depois disso, o Li-meirão foi construído, sob o espírito de que Limeira comportava um estádio à altura do progresso”.

Nos anos em que es-teve na redação não ha-

via muitos repórteres, mas o trabalho sempre foi pautado pelo respeito e éti-ca jornalística. “Valdir Sal-viatti escrevia. Não havia tanta variedade de notícias como há hoje, mas abordá-vamos quase tudo. Quando saí, indiquei Roberto Pauli-no de Araújo, que ficou lá por muitos anos. Havia a ideia de expansão da Gaze-ta de Limeira, o que se con-

cretizou quando Walde-mar assumiu”.

ROBERTO PAULINO DE ARAÚJO RENATO P. GUIMARÃES

Comandava programa de auditório transmitido pelo rádio

Myrian Arcaro lembra que o marido era muito procurado, para escrever desde cartas a ofícios

Roberto Paulino esteve à frente da redação por mais de 23 anos

Criava personagens para ilustrar fatos do dia a dia

berto Paulino já participa-va com artigos desde 1948, com notícias do Nosso Clu-be. Assinava a coluna “Em órbita” foi redator-chefe até 1989.

Saudade e lembranças preenchem o semblante de Myrian, ao falar do mari-do. “Abordava diversos as-suntos em tópicos, no espa-ço que usava também para criar personagens em fatos do dia a dia. Tinha a dona

Piturinha e tio do Boituva, que ilustravam casos da ci-dade. Até hoje perguntam se eram de verdade. Às ve-zes reclamavam da cidade de forma jocosa, em outras, mais sérias”, revela ela so-bre as criações do literato.

Mineiro de Muzambi-nho, recebeu título de Cida-dão Limeirense e na rotina da redação ajudava a com-por na linotipo, além de re-visar as matérias. Chegou a ser secretário de Cultura, o que não conflitou com sua atuação no jornal, garante Myrian. “Ele não misturava as coisas, sabia contornar”.

Na época em que atuou na Gazeta, o jornal circula-va aos domingos, com as-suntos de política, econo-mia e vida social dos clu-bes, além da valorização da parte literária.

Ele acompanhou mu-danças na Gazeta como a do novo prédio e renova-ção das máquinas. Como redator, registrou a che-gada do homem à lua, em 1969, além de acompanhar a construção da Rodovia dos Imigrantes, tida na épo-ca como a obra do século. Relatou ainda notícias trá-gicas como o assalto à loja Cleide Joalheira, com tiro-teio e mortes, e a primeira apreensão de maconha no município, logo 600 quilos da droga, mostrando que Limeira passava a vivenciar os problemas das cidades grandes.

Renato Guimarães Júnior na biblioteca do pai, cuja caricatura é ilustrada ao fundo: charadas e paródias eram fruto de inteligência fulminante do pai

Fernando Carvalho

Fernando Carvalho

Arquivo Família

Gazeta antes de Guimarães nascer, mas tinha uma par-ticipação à distância. “Co-mungava com as decisões da diretoria. Tinha um relacio-namento intenso, mas não exercia atividades adminis-trativas no jornal. Para ele, o jornal era instrumento de di-fusão. Nasci ouvindo sobre a Gazeta, que sempre foi uma referência para nós”.

O forte de Renato P. Gui-marães era o entretenimen-to inteligente, numa épo-ca anterior à existência da TV. Ainda assim, Guima-rães ilustra o pai como uma espécie de “Faustão”, com o seu programa de auditó-rio na rádio Educadora com charadas, enigmas, e apre-sentação de talentos. Era a “Hora Renatada”. “Pionei-ro, se interessava em par-ticipar de atividades cultu-rais e tinha inteligência ful-minante. Mas era contido. Não bajulava, era imparcial e restrito”.

Na época, jornal era o meio mais forte de informa-ção, conta Guimarães. “Fora isso, era bate-boca de esqui-na ou telegrama, numa épo-ca em que as pessoas tinham contato mais íntimo, senso comunitário, algo que caiu hoje com o aparecimento da internet”, opina. “TV era al-go estranho para meu pai. Assistiu à chegada do ho-mem à lua. Entendeu, mas

não vibrava”, acrescenta.Natural de Monte Mor, o

pai era popular e a mãe, Di-di Guimarães, foi sua inspi-radora, embora mais rígida do que o marido. “Para ele, fazia parte ter uma gota de humor na vida. Ela leu a Ga-zeta até o fim da vida, já que acreditava que a atividade intelectual não podia parar nunca”.

Concentração e imagi-nação foram os dotes trans-portados por ele aos órgãos de imprensa que passou.

Renato P. Guimarães (o P. é de Pereira, que o pai não gostava, como ressalta Gui-marães), morreu no dia 6 de agosto de 1969. Havia para-do com suas atividades 10 anos antes. A família ainda conserva participação em ações da Gazeta.

Coerência foi o maior ensinamento do homem que não se curvava, ainda que fosse em entraves com juízes, reflete o filho, que destaca ainda o lado músi-co do pai, que fez o hino da Internacional, entre outras composições. “Havia uma música comovente, ‘As três Lágrimas’, que falava da be-leza da mulher. Pois ele fez a sátira ‘As três gargalha-das’, paródia irônica sobre a mulher feia, com sadismo ferrenho”, descreve, sobre o homem que não perdia a piada.

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GAZETA DE LIMEIRA | Terça-feira, 17 de maio de 2011 Caderno Especial Gazeta 80 anos | Página 5

Memória

O repórter Nivaldo Na-varro era reconhecido pe-lo seu temperamento, além das reportagens policiais e fotografias na decáda em que atuou na Gazeta, co-brindo, ainda, outros as-suntos como as necessida-des da cidade no espaço “Quem resolve?”. Ele, que trabalhava com tipografia, começou a fazer reporta-gens por curiosidade, tendo registrado fatos da década de 70 e 80 na Gazeta de Li-meira.

“É muito fácil falar dele. Não havia quem não o gos-tasse. Era uma pessoa mui-to humilde e competente no que fazia. Em sua vida, ha-via duas paixões: a Gazeta e a banda”, descreve Apare-cida de Lourdes Diotto Sal-viatti, 56, sobre o marido Valdir Salviatti, falecido em 1991.

Redator da Gazeta na época em que o jor-nal circulava às terças, quintas e sábados, Salviatti participou do iní-cio da circulação diária. A informa-tização começou pouco antes de seu falecimento, mas ele não chegou a se desfazer da máquina de escrever como material de trabalho, além da observa-ção e considerações na co-luna “Do cotidiano”, princi-palmente pela ótica dos que mais precisavam de aten-ção. “Greves em bancos são comuns até hoje, mas, na-quela época, duravam mui-tos dias e ele defendia que os bancos precisavam abrir pelo menos para os aposen-tados, que dependiam da-quele pagamento mensal. Era ele escrever num dia e os bancos abrirem no outro. Tudo o que ele dizia surtia efeito. Sua palavra tinha for-ça, e ele usava para ajudar”, lembra Aparecida.

Além da apuração e re-dação, Salviatti acompanha-va todas as fases do proces-so de confecção do jornal, desde a leitura e revisão das matérias até o processo ti-pográfico e a montagem das

Nos anos 70, o advogado José Manoel de Almeida, 73, dividia escritório com o dr. Waldemar Lucato e Breno Machado Gomes, quando este era sócio da Gazeta de Limeira junto com Antônio de Campos e Ricardo Rodri-gues.

Quando Antonio de Campos faleceu, a famí-lia ofereceu as cotas do jor-nal a Gomes, que foi reda-tor-chefe por muito tempo. Mas Gomes indicou o negó-cio ao dr. Waldemar Lucato e Almeida, que assumiram a parte em 1977. “Conhe-cia Waldemar desde o sete anos de idade, quando ele jogava futebol com meu ir-mão. Junto ao trabalho na advocacia, também dirigia

NIVALDO NAVARRO

Marcou época na cobertura policialPerfeccionista,

mantinha precisão na

hora de apurar e era

responsável também

pelas fotografias

VALDIR SALVIATTI JOSÉ MANOEL DE ALMEIDA

Coluna “Do Cotidiano”, assinada por Salviatti, ressaltava necessidades da população

Redação e música eram suas paixões

Amigos de longa data, Almeida testemunhou avanços da Gazeta sob direção do dr. Waldemar Lucato

Vendo a dedicação do amigo, vendeu ações a Waldemar Lucato

A lembrança de Rita de Cássia Navarro Del Pietro, 48, remete ao pai que era uma mistura de brincadei-ra e seriedade, com uma ro-tina bem diferente com as ocorrências policiais. “Na infância, os carros de po-lícia paravam em frente de casa, sempre com novas co-berturas para ele cobrir. Os vizinhos ficavam assusta-dos, não tínhamos sossego de madrugada. Eu não dor-mia enquanto meu pai não chegava”. Era procurado em casos como o do chinês Chan, quando veio à tona.

Ela, que acompanhava o pai sempre que podia, cres-ceu vendo a sua atuação, chegando a ajudá-lo a fa-zer os clichês. “Ele sempre pedia opinião do que es-crevia. Teve saudosas crô-

nicas. Mas ninguém podia tirá-lo do sério, tudo tinha que ser certo como ele que-ria. Redigia e ai se saísse al-go errado. Mesmo depois de aposentado, ele continuava reclamando”, descreve.

Navarro também ensi-nou o trabalho a muitos no-vatos, como na época eram os fotógrafos Mário Rober-to e João Batista Anthero, além da jornalista Márcia Guerreiro, hoje editorialis-ta de O Estado de S. Paulo. “Achava muito gratificante dar suporte”. Mas, quando a Gazeta se tornou diária, as notícias eram mais atua-lizadas, e a correria, maior. O que não atrapalhava a de-dicação à família. “Minha mãe sempre conviveu bem com a rotina dele. Eu é que era mais ciumenta, liga-

va para saber dele na reda-ção”, admite Rita.

Quando havia fuga na cadeia, saía correndo jun-to com bandido, embora, ao contrário da polícia, não ti-vesse aparatos para se de-fender. Tinha bons conta-tos, era bem visto no meio policial, que usava fotos que ele fazia. “Conversava com bandidos, recebia ame-aças, mas sentia-se protegi-do também. Ia nas delega-cias toda manhã e também recebia reclamações, como buracos em calçadas, na época em que Limeira era outra”.

Nunca saía para via-jar. Mesmo bravo, era tan-to racional quanto emocio-nal. “Já estava aposentado quando Roberto Lucato es-creveu que era um ícone, na época uma palavra não tão usada. Isso levantou a au-toestima dele, e gabava-se a todos que era um ícone”.

A precisão na hora de apurar o mantinha à pro-va de processos. Embora a cidade fosse mais tranqui-la, havia crimes bárbaros, a exemplo do caso Iquita. Neste último, além da fi-lha, Navarro fez a cobertu-ra acompanhado do gen-ro, que até então não esta-va condicionado à rotina do sogro. “Meu pai estava acostumado a ver de tudo, mas naquele dia meu mari-do não conseguiu almoçar”, diverte-se Rita, ao lembrar.

Mas também tinha o la-do sensível, quando chega-

va a chorar ao contar os fa-tos em casa. O envolvimen-to e nervosismo acabou afe-tando a sua saúde. Teve úl-cera, além de problemas cardíacos, tendo passado por cirurgias.

Convalescente, Rita ava-lia que ele sofreu muito pe-la honestidade. “Era pauta-do pela dignidade. Não su-portava sequer ouvir falar em ‘jabá’”. Parou de traba-lhar no início dos anos 90, após uma cirurgia. Tentou voltar, mas aposentou-se. Chegou a citar que sentia falta “da maravilhosa cor-reria necessária para se co-locar os acontecimentos da

cidade ao alcance do lei-tor”. Morreu na madrugada de 31 de julho 2006, aos 65 anos.

“Teve uma vivência fan-tástica. Vejo o trabalho de-le e dou valor. Tudo o que assisto, é com os olhos do meu pai”, define Rita, cujo filho, inspirado pelo avô, escolheu o Jornalismo co-mo carreira.

E como Nivaldo Navar-ro avaliaria a mídia ho-je? “Acho que ele elogiaria, mas também faria críticas. Era muito crítico e o seu próprio editor. Autocon-fiante, não deixava passar nada”.Rita, que cresceu vendo o pai acompanhar ocorrências policiais, guarda homenagens a ele publicadas

Nivaldo Navarro fez a cobertura de casos célebres e também era responsável pelos “clichês”, as fotos que saíam no jornal

Arquivo Gazeta

Fernando Carvalho

o jornal”, diz.Almeida acompanha-

va os negócios do jornal a distância, além da leitura. Lembra-se das abordagens nas edições acerca dos pro-blemas da cidade, como a construção do fórum e fal-ta de água devido à rede precária, que antecedeu a construção do SAAE, tam-bém problemas com ener-gia elétrica. “Era capital da laranja e não conseguia produzir energia. Como po-dia?”.

Telefonia era outra questão que merecia aten-ção, quando a central tele-fônica funcionava na esqui-na da Dr. Trajano com Alfe-res Franco, onde hoje é a Es-portes Avenida. “Levava-se

horas para conseguir uma ligação a São Paulo. Era mais fácil ir do que ligar!”.

Como acionista, teste-munhou os avanços da Ga-zeta. “Waldemar deu dinâ-mica ao jornal, que passou por tranformações para se adaptar às mudanças da so-ciedade. Era cada vez mais lido e aceito”.

Ele avalia a dificulda-de de se fazer jornal no in-terior, principalmente na-quela época em que não havia tantos acontecimen-tos assim, por isso a par-te literária era forte. As su-gestões de pauta vinham por telefone ou na própria redação, recebidas por Ro-berto Paulino, na época, que escrevia artigos, poe-mas e matérias.

A parte de esportes pas-sava a ser mais abrangen-te, com cobertura nacional, além da cidade. Os torneios eram disputadíssimos. “Os jogos de amadores antece-diam a partida dos profis-sionais. As bandas Henri-que Marques e Artur Giam-belli saíam das sedes e iam aos campos tocando, numa época em que era possível fazer isso na rua”, recorda.

Como já se dedicava ao escritório de advocacia, o que continua fazendo até hoje, em 1987 passou suas cotas ao dr. Waldemar Lu-cato. “Ele se dedicava de corpo e alma, era justo que ficasse. Fomos amigos até o fim e me orgulho de ter acompanhado o progresso da Gazeta de Limeira”.

Fernando Carvalho

fotos em clichê. “Era uma pessoa simples, que não gostava de bajulação. Ape-sar disso, foi muito home-nageado em vida, inclusive com troféus Fumagalli de Li-teratura. Todo ano o prêmio era dele”.

Quando Aparecida o co-nheceu, em 1972, Salviatti já trabalhava na Gazeta. Na época, ele morava no sítio, no Lagoa Nova, onde o pai tinha um armazém. Já es-crevia e tocava clarinete na Corporação Musical Artur Giambelli, até o falecimento do maestro, quando o subs-tituiu. Ele tinha 26 anos e ela, 17, além da preocupa-ção de namorar alguém tão popular. “Mas ele era muito simples, tinha amizade com todos”.

Além de poesias, escre-via a coluna durante a se-mana. “Ele amava aquilo e tinha um jeito único de es-

crever. Criticava o que não estava bom, mas sem ofen-der”, observa. Atuava tam-bém na parte administrati-va, além de fazer fotogra-fias, inclusive de bandidos na cadeia. “Eu ficava preo-cupada que um desses pu-dessem marcá-lo, afinal, ele tinha dois filhos para cuidar!”.

Na vida dedicada às le-tras e à música, trabalhava

de manhã até o início da noite, e volta-

va à redação quando era n e c e s s á r i o , conta Apareci-da. “A Gazeta era a segunda

casa, da qual se sentia um

pedaço, uma extensão do jornal. Quando se faz o que gosta, nada é trabalho de-mais. Um padre sempre di-zia que as pessoas nascem com um talento. Ele nasceu com dois”, diz ela sobre o autodidata, que nunca es-tudou especificamente pa-ra as artes que dominava, de escrever e tocar.

Apesar de ter morrido com 45 anos, todos o cha-mavam de senhor. Tocou com a banda no sábado du-rante toda a tarde, na fes-ta do dia das Crianças pro-movida pela antiga Varga. Na manhã de 13 de outubro de 1991 foi levado por um enfarte fulminante. Hou-ve tentativa de socorro, em vão. “Limeira perdeu uma voz, com certeza, porque todos escutavam atentos o que ele falava. Hoje há mui-ta saudade, mas boas lem-branças”.

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Página 8 | Caderno Especial Gazeta 80 anos Terça-feira, 17 de maio de 2011 | GAZETA DE LIMEIRA

Fazem parte da história

Em artigos, eles contribuem com visões diferenciadas do cotidiano

A maioria das donas de casa é prendada, e, vez ou outra, deparam-se com situ-ações que exigem soluções também domésticas. Mas, quais? Na dúvida, pergunte a Augusta Marino Galzera-no, 86. Ela é detentora dos “segredinhos”, e procurada para ajuda em situações co-mo eliminar traças do armá-

Quando se formou em Direito, Reynaldo José Gatti Busch, 74, já gostava de escre-ver para a imprensa, na épo-ca em que a Gazeta de Limei-ra era na Praça Dr. Luciano Esteves. “Escrevia à máquina, e entregava o texto para o Mo-acir de Campos. Ficava ansio-so para a edição sair. O jornal ainda era bissemanário e en-tregue pelo José Ambrósio. A tiragem era bem menor, as-sim como Limeira, que devia ter uns 70 mil habitantes”.

Da colaboração esporá-dica, passou para a fixa em 1995, com publicação da co-luna de Direito todas as quar-tas-feiras. O convite foi feito na Praça Toledo Barros. “Pró-ximo do ‘ponto de automó-veis’, na Rua Carlos Gomes,

Há 21 anos ininterruptos Maria Rita Lemos escreve pa-ra a Gazeta de Limeira. “No início eu vinha até a reda-ção buscar as cartas pedin-do matéria, antes do e-mail. Mes-mo com o com-putador havia este hábito das cartas, foi uma transição de-morada.

Alguns o adoram e outros não fazem questão de escon-der o quanto ele desagrada. O fato é reconhecido pelo pró-prio, já que os seus comen-tários, na Gazeta de Limeira ou no programa de rádio, fre-quentemente terminam em polêmica. Assim é Osvaldo Davoli, 62, que assina a colu-na Panorama há mais de 20 anos. “Trocava ideias com dr. Waldemar Lucato para a colu-na. Ele foi um professor e gos-tava muito de futebol”.

Com atuação no rádio desde 1969, ele e dr. Walde-mar faziam comentários que eram transmitidos da arqui-bancada, enquanto ficavam rodeados de torcedores. São muitas as fontes. “Às vezes sabemos coisas pela própria

Ruben Videla e Amauri Honora-to receberam de dr. Waldemar Lucato o convite para escre-ver na Gazeta de Li-meira em uma festa da imprensa no Ins-tituto Ítalo-Brasilei-ro. “Este já era um sonho nosso”, lem-bra Amauri. O nome da coluna, “Entreli-nhas”, foi escolhido com Roberto Lucato e o es-paço já conta duas décadas.

Eles não deixam ne-nhum detalhe da cobertura de fora. “A pessoa lê e sente como se estivesse no even-to. Quem não foi, lê e sabe como foi, quem fez a ma-quiagem, quem é respon-

Maria Christina Paolillo de Salvo, a Tininha de Sal-vo, assinou a coluna social da Gazeta de Limeira du-rante 17 anos, repleta de in-formações sobre a socieda-de limeirense, após convite do então redator do jornal, Roberto Paulino de Araújo, em 1969.

No espaço, fazia descri-ção única dos acontecimen-tos sociais, dos quais mui-tos se recordam agora com saudade, após sua morte, ocorrida em março.

Ganhou vários prêmios e homenagens, além de ser membro da Academia Li-meirense de Letras. Não

Pinheiro Alves fez car-reira na imprensa a par-tir do trabalho em rádio, no qual acordava os ouvin-tes todas as manhãs com as ocorrências policiais narra-das pelo “Homem da Verda-de”.

O rádio veio depois do ciclismo e, a Câmara Muni-cipal, após iniciada a sua carreira de radialista. Foi o vereador mais votado de Li-meira em 1982 e até a sua última semana de vida, em março, enviou seus textos da coluna “Câmara Ação” à Gazeta de Limeira, espa-ço assinado por ele durante mais de uma década.

Professor de escola pú-blica, Luiz Chaine Neto, 68, buscava outra atividade para complementar a ren-da. Começou o trabalho na Gazeta de Limeira por in-termédio do professor João Duarte, que o indicou a dr.

Waldemar Lu-

Fotos: Fernando Carvalho

AUGUSTA MARINO GALZERANO REYNALDO JOSÉ GATTI BUSCH

MARIA RITA LEMOSRelacionamento afetivo,

ciúme, divórcio, novo casa-mento, relacionamento com os filhos, lidar com madras-ta, todos assuntos femini-nos abordados para um pú-blico fiel. “Mulher, lar e fa-mília são frequentes, mas às vezes opto por humor ou comentários, para também rir com as pessoas”, diz ela, que aborda ainda tragédias

e diversidade. Ela avalia que as

pessoas têm na co-luna um refúgio.

“Certa vez uma pessoa pediu

que eu escre-vesse sobre ingratidão. A situação

era de uma

rio, tirar o cheiro do café da garrafa ou limpar de forma eficiente o xixi que o cachor-ro fez no sofá. E isso é só um pouco de tudo que ela escre-

ve em sua coluna na Gazeta de Limeira, há

décadas. A antiga “De tu-do um pouco” se tornou hoje a “Melhor idade”

do Jornal da Mulher. “Mas ainda tem um pouco de tu-do”, atenta ela, que foi in-

centivada por dr. Waldemar Lucato a escrever.

“O espaço traz ainda pia-das, para que as pessoas riam um pouco, e perguntas, para ativar os neurônios. Não te-nho a pretensão de ensinar, mas se a pessoa é obrigada a pensar, o cérebro será esti-mulado”, declara. O repertó-

rio vem de muitos livros, as-sim como os poemas que são pedidos ou publicados como homenagens. Entre os auto-res, Eudoxia Quitério e Fer-nando Pessoa, um de seus preferidos. “São poesias lin-díssimas, que tocam a sensi-bilidade, coisas das quais o humano precisa, de calor”.

A repercussão e carinho são grandes, já que recebe muitos telefonemas e cartões. “A coluna é amena, mas agra-da também aos homens, que comentam que acertaram to-das as perguntas, que espe-ram o domingo para rir, ou que a mãe lê antes de todo mundo para fazer perguntas. As pessoas ficam satisfeitas, e eu mais ainda em dar alegria, estímulo e receitas”, declara.

era o ponto de encontro de comerciantes, citricultores e políticos. O local era uma caixa de ressonância do que acontecia. E num domingo fui chamado pelo dr. Walde-mar Lucato para colaborar”, descreve.

Ele explica que procu-ra escrever para leitores co-muns, não para advogados, pois há muitas coisas técni-cas. “Se é muito complexo, não há interação. Dá traba-lho, mas procuro atender ao povo, ao leitor comum. Gos-to de abordar inovações, o que exige pesquisa, estudo. O leitor está mais preocupado com o que acontece na esqui-na do que no mundo”.

Repercute mais temas so-bre família e inquilinato. Lo-

cador, locatário, união, divór-cio, guarda dos filhos. “São informações que ajudam pes-soas que não sabiam que ti-nham direitos. As pessoas comentam”. E, assim como os costumes mudam, a le-gislação também. “É preciso acompanhar. Isso requer es-tudo para não ser superado”.

amizade rompida há mui-tos anos e o texto foi quase como um recado, que surtiu efeito para restabelecer os laços”, revela.

Em tantos anos de co-laboração, a Gazeta é o seu primeiro contato de manhã. “Enquanto o jornal não che-ga, a sensação é de que es-tou esperando um amigo. Certa vez atrasou num dia de chuva e foi esse o senti-mento que tive. De que espe-ro um amigo”.

Muita gente a para na rua para comentar o que leu, ou dizer que coleciona as co-lunas. “Fico muito comovi-da e peço que me parem sim e conversem comigo. Isso sempre será uma honra pa-ra quem escreve”, garante.

OSVALDO DAVOLIempregada ou fun-cionários da Prefei-tura. A informação vem de tudo quanto é lado. Todos são fontes”, diz ele, que divide os comentá-rios na coluna com as cutu-cadas ao “indivíduo” corin-tiano da Gazeta. O destina-tário, da coluna esportiva Dois Toques, retru-ca ao palmeirense, em resposta ao “ele-mento”. A picuinha faz o maior sucesso entre os leitores.

Amenidades à parte, as-sume que gosta de pergun-tar o que não deve. “Já passei aperto, mas não adianta en-rolar. Há os que gostam e os que detestam. Sou polêmico na vida privada e profissio-

nal. Já sofri processos, multas em eleições e micos homéri-cos”, confessa.

“Há quem lê para criti-car, mas também tem o lei-tor que adora ironias. É a vi-da de jornalista. Mas a crítica pela crítica não se sustenta”, encerra.

RUBEN VIDELA & AMAURI HONORATO LUIZ CHAINE NETO

sável pelo figurino”, decla-ra Ruben, que elege o casa-mento como um dos even-tos mais importantes. “Re-úne famílias, é o relato da história de duas vidas e fa-mílias se unindo”.

Outro ponto importan-te da carreira são os prê-mios que a dupla conquis-

tou nessas dé-cadas. São mais de 50 diplomas e troféus, que vão de destaque em-presarial ao prê-mio considerado o oscar brasilei-ro do ramo, o Tro-féu Super Cap Ou-ro, recebido. Con-quistaram ainda o Sunday News, que os consagrou

na marca de 25 anos de co-lunismo.

“Estamos extremamen-te felizes e orgulhosos pe-lo destaque em todo o Pa-ís. Esses troféus não são só nossos, mas é um destaque para a cidade pelo trabalho em eventos”, declaram.

Pela revisão, dedicação diária ao português corretocato, já tendo acompanha-do o jornal e observado er-ros. “Na época, não havia alguém específico só para isso”. Então, começou ime-diatamente. Era início de 1989.

A revisão passou a ser mais com-pleta, não só a t e n t a n d o --se aos erros de digitação, mas aos ter-

mos gra-maticais. “A mu-dança te-ve impac-to, mas d e v a g a r

incutimos a necessidade de correção mais detalhada”, relata.

Além do dicionário, o manual de redação é ou-tro companheiro, uma ver-dadeira “bíblia”. Realizou muita pesquisa nos manu-ais de redação dos grandes jornais. “A profissão pro-porcionou consulta e inves-tigação para melhorar a re-visão”.

Aconselha as pessoas a lerem bastante, para maior desenvoltura na redação e conhecimento de assuntos. “São exercícios importan-tes”, aconselha ele, que tra-balha para manter a cabeça em atividade.

Deixaram saudades

TININHA DE SALVODeixou sua marca na vida social limeirense

gostava de passar batido e ficava muito alegre quando a reconheciam.

O marido, Arlindo de Salvo, a acompanhava nos eventos, presença vaga com sua morte. Seus filhos, Ana Cristina de Salvo Musa, Ar-lindo de Salvo Filho, e Sér-gio de Salvo, acompanha-ram a personalidade da mãe, que não deixava de falar nada do que pensa-va, para quem quer que fosse.

Condicionada à vida social que tanto gostava, Tininha

continuou a escrever até 2003, em mais de três déca-das dedicadas aos ilustres

a co n te c i -m e n t o s de sua

terra.

PINHEIRO ALVESO “Homem da Verdade”, combativo na Câmara

As observações do “pai dos pobres”, como marcou sua legislatura, chegavam semanalmente à redação, datilografadas. Comentava decisões e atitudes dos par-lamentares da cidade sem nunca, porém, desrespeitá--los.

Muito lembrado pelas festas do Dia das Mães, pro-movidas por ele e a também falecida esposa, Ditinha, em que arrecadavam alimentos e levava alegria aos menos favorecidos, a famí-lia lembra que ele jamais usou a política para as-censão material.

Seu estilo de narrar te-ria sido copiado por Gil Go-mes. Garantia que o apre-sentador havia se apropria-do de seu estilo de locu-ção e o levou para a cidade grande, “fazendo sucesso à

custa do Pinhei-rinho”.

Page 9: Caderno Especial Gazeta 80 Anos

GAZETA DE LIMEIRA | Terça-feira, 17 de maio de 2011 Caderno Especial Gazeta 80 anos | Página 9

Fazem parte da história

Quando formou-se em jornalismo, em 1990, José Antônio Encinas, 44, tinha preferência pela área espor-tiva, sobre a qual lia muito. Atuava como bancário até a oportunidade na Gazeta de Limeira. Em sua primei-ra missão como “foca”, jar-gão jornalístico para definir os novatos de profissão, foi escalado para cobrir um jo-go num domingo entre a In-ter e Mogi Mirim, no Limei-rão. A Inter perdeu, mas fez o texto sobre o jogo e en-tregou na segunda-feira, já que naquela época não ha-via edição nesse dia.

A experiência rendeu cartão verde, mas o lance foi rápido. “Consegui cobrir esportes durante só três se-manas, porque o repórter da época, Gil Vieira, deixou a redação e assumi também

Ricardo Marino Galze-rano, 58, foi apresentado ao dr. Waldemar Lucato pela

“Quando foi instituída a Loteria Esportiva na déca-da de 70, eu era comentaris-ta esportivo e diretor de es-portes da Rádio Educadora de Limeira. Os clubes profis-sionais de nossa cidade, In-ternacional e Independente, estavam em evidência pelas suas campanhas e, princi-palmente, pela grande riva-lidade existente entre as tor-cidas dos dois clubes.

A equipe esportiva por mim comandada era de pri-meiríssima qualidade. Fa-zíamos as transmissões dos jogos do Leão e Galo, além de um programa esportivo diário. Todas as segundas--feiras, após a rodada da se-mana, tínhamos um convi-dado permanente: o saudo-so Waldemar Lucato.

Foi num desses progra-mas que Dema Lucato me convidou para escrever na Gazeta de Limeira. Eu esta-va entusiasmado com a Lo-teria Esportiva que premia-va o apostador que acertas-se os 13 jogos por ela deter-minados. Como não se trata-va de sorteios simples e sim

“Quéops, Quéfren e Mi-querinos são as três colos-sais pirâmides do Egito, construídas no deserto do Saara com idade estima-da em cinco mil anos. Fui ao Egito como consultor da FAO Nações Unidas, para assessoria ao governo do então presidente Hos-ni Mubarak na área de melhoramento e sanidade das suas la-ranjeiras. Toda a citri-cultura do Egito está no delta do rio Nilo entre o Cairo e Alexandria e é ba-seada na brasileiríssi-ma laranja Bahia.

Um belo dia, o dire-tor do centro de citricul-tura deciciu me levar para visitar as pirâmides. Tanto insistiu, que acabei entran-do em uma delas, subindo até a câmara de Tutanka-mon. A temperatura lá den-tro beirava os 50 graus e a câmara mortuária estava vazia. A múmia, a máscara de ouro e outros tesouros haviam sido todos levados para os museus do Cairo e Louvre, de Paris. Saí da pi-râmide dessecado por den-tro e molhado de suor por fora. É uma aventura que não recomendo para nin-guém. Valeu a pena ver a fabulosa esfinge ao lado das pirâmides.

Devo dizer que ao re-digir este texto, a intenção não foi falar das pirâmides do Egito, túmulos dos fara-ós e nem da esfinge. As duas pirâmides mencionadas no título são aquelas enfoca-das pela Gazeta de Limei-ra. A ela “Honra ao Mérito” pelos seus 80 anos a serviço da informação e da cultura de todos os limeirenses.

Conheci este jornal há 60 anos, quando tinha 17 anos. Escrevi meu primeiro artigo que foi publicado. Na época, a Gazeta promoveu um cur-so de jornalismo para prin-cipiantes. Lembro-me bem da primeira aula ministrada por Roberto Paulino e suas duas pirâmides, a normal e a invertida. Pirâmide nor-mal é para todos os textos científicos e relatórios, dizia ele. Deu como exemplo des-crever um acidente: senho-ra idosa atropelada ao atra-

JOSÉ ANTÔNIO ENCINAS

De “foca” a editor, muitas histórias e aprendizadoComeçou como repórter

esportivo e evoluiu na

prática jornalística com

passagem por várias

editorias

Encinas: dia a dia do repórter tem de passagens trágicas a inusitadas

matérias de outras áreas, como Justiça e Economia”.

Passou a fazer de tu-do um pouco, numa época em que não havia celular. Mas havia o “bip”. “O bip foi uma maravilha porque recebíamos a mensagem quando acontecia algo do outro lado da cidade. Então corríamos para o orelhão mais próximo para ligar e saber o local da ocorrên-cia”. Já dentro da redação, uma enciclopédia Barsa era o Google da época.

Quando começou a co-brir casos do Fórum, não tinha muito conhecimen-to jurídico e nem tantas re-ferências para “traduzir” o “juridiquês”. “Tive muito apoio de Roberto e dr. Wal-demar Lucato para deixar em português mais claro os termos jurídicos, para que os leitores entendes-sem. Foram coisas que me fizeram crescer como jorna-lista”, diz ele, que se orgu-lha da profissão e de traba-lhar no melhor meio de co-municação impresso de Li-meira .

CASOS E CAUSOS

Houve coberturas mar-cantes, embora nem sem-pre por motivo feliz. “Ma-térias de polícia causavam muito sofrimento, com tra-gédias, coisas que marcam a vida do jornalista. Lem-bro-me de um acidente na

A n h a n gü e r a , com um ca-m i n h ã o incendia-

do. Outro caso foi o da con-

c e s s i o -n á -

ria Lua, que lesou quase mil pessoas em consórcios que eram trambiques”. Entre-vistou uma pessoa que es-tava prestes a pegar o carro, faltando dois meses para a quitação. Anos depois vol-tou a conversar com a pes-soa, que estava com o mes-mo Fusca que teria trocado, não fosse o golpe. “Foi um acontecimento triste, que destruiu os sonhos de mui-ta gente que juntou dinhei-ro por muito tempo para aquilo. E foram passadas para trás. O jorna-lista não tem como não sen-tir”.

Em 1994, Encinas foi

diretor de imprensa da Pre-feitura, até voltar à reda-ção em 1997. Naquela fase foi criado o Caderno G, que trazia conteúdo diferencia-do, como entrevistas espe-ciais. Nele foram desenvol-vidas pautas sobre pesca-ria, em que os praticantes contavam suas histórias. Numa dessas coberturas foi um dos convidados da imprensa do Estado para a divulgação de um hotel em Cáceres, no Mato Grosso. A tripulação do avião foi sur-preendida ao chegar no ae-roporto. “Parecíamos cele-bridades. Vários repórteres vieram nos entrevistar, es-tava cheio de gente, uma verdadeira festa. Era o pri-meiro desembarque do ae-roporto da cidade, que aca-

bava de ser inaugura-do, e nenhum de nós sa-

bia”. Ele lembra que é no dia

a dia que o estudante trans-forma-se num jornalista de verdade. “Por isso é muito importante passar pela co-bertura de todo tipo de as-sunto. Aprende-se na prá-

tica, atuando”, diz ele, que hoje é um dos editores no-turnos, responsável pelo fe-chamento da edição.

A atuação exige me-nos rua e mais decisão. Co-mo quando uma fábrica de joias foi assaltada. “Fi-camos na indecisão, pois queríamos dar a notícia exata, mas havia o medo de atrasar a impressão do jornal. Era a pressão dos acontecimentos e do horá-rio, mas precisava priorizar o leitor com a informação correta. O fato levou a uma morte e prisão dos envolvi-dos. Às vezes faz-se previ-sões, mas vai tudo por água abaixo”.

Ele salienta que todas as etapas foram importan-tes para a Gazeta chegar ao que é hoje. “A Gazeta é um jornal tradicional e esta-mos sempre buscando me-lhorar. Fico muito feliz em participar desse desenvol-vimento. É muito trabalho para levar informação pre-cisa, transparente e confiá-vel. Por isso é o mais lido de Limeira”.

ARY APPARECIDO SALIBE*

As duas pirâmides

vessar a Avenida São João, na cidade de São Paulo.

Pirâmide normal se-ria assim: uma sexagenária vestida de amarelo descui-dou-se ao atravessar a ave-nida e foi atropelada por um carro, também amarelo. Pirâ-mide invertida: o sangue jor-rou na Avenida São João, de uma idosa senhora esmagada por veículo desenfreado.

A semente plantada pe-lo curso de jornalismo pa-trocinado pela Gazeta, es-tou certo, germinou em muitas almas e corações li-meirenses. Tomei gosto pe-la redação de artigos. Indo a Piracicaba estudar agrono-mia, logo tornei-me redator do Suplemento Agrícola do Jornal da Cidade.

Nestes 60 anos redi-gi mais de mil artigos, dos quais 400 científicos, pu-blicados aqui e acolá, lem-brando que a ciência tem mais ressonância no além--mar. Artigos de divulgação foram várias centenas, pu-blicados em revistas espe-cializadas e jornais. Fina-lizo aformando que ‘Todo progresso no futuro se ali-cerça na pesquisa e na in-formação bem orientada no presente’.

Parabéns à Gazeta de Li-meira e a todos os seus reda-tores e colaboradores nestes 80 anos”.

* É limeirense, professor titular de Agronomia apo-sentado da Unesp Botucatu. Consultor FAO Nações Uni-das (1965-1990).

Ary Salibe assinou por várias décadas a coluna sobre Citricultura

RICARDO MARINO GALZERANO

Cria crônicas a partir de conversas

Galzerano: contato com as pessoas dá origem a crônicas e comentários para a coluna

Fern

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a

colunista social Tininha de Salvo, em 1982. “Era um jo-vem recém-formado e achei que na primeira matéria iria perder o emprego. Fiz um artigo criticando o Rio de Ja-neiro, já que havia acabado de voltar de viagem de lá. E

soube que o dr. Waldemar adorava o lugar. Mas ele foi um grande mentor para mim, tinha muito carinho por ele”, lem-bra-se, aliviado pelo

escrito não ter tido c o n s e -q u ê n -cias.

Ele, que as-sina a c o l u -na Ba-

te Pronto durante a sema-na, além do espaço nas edi-ções de domingo, em que es-

tão incluídas suas crônicas, esclarece que o seu negócio é o contato com as pesso-as. “Ouvir, observar, criar e manter contatos. É o que ga-rante o meu repertório nas colunas”.

Participou da criação dos cadernos Gazeta Suplemen-to e Caderno G, com colunas e tendências, além do “Gen-te de nossa terra”, com pes-soas que fizeram história em Limeira, como desportistas e empresários. “A Gazeta se modernizou e cresceu, sem-pre com boa repercussão. Não é um jornal que leva ran-ço para a casa das pessoas, e é sempre atento”, diz.

Recorre a dois tipos de fontes: acompanhamen-to dos meios de comunica-ção (jornais, revistas e TV) e principalmente contatos, que são fundamentos para informações. Garante que

99% das crônicas são basea-das em fatos reais, de relatos pessoais, de terceiros.

“No contato com pes-soas, na rua, muitas vezes recebo informação em pri-meira mão. Há fatos que tranformo em ficcionais e viram crônicas. Já para a coluna recebo sugestões de vários pontos da cidade. O importante é a troca com o leitor. Não quero que ele aceite o que escrevo, mas que gere reflexões, concor-dâncias e discordâncias. Só sei que nada sei, estamos em constante aprendizado. Não podemos estagnar ou estacionar, mas nos apri-morar”, declara ele, que é informado por professores quando usam suas crônicas em sala de aula. Reconheci-do na rua, as pessoas apro-veitam ainda para fazer co-branças, críticas e elogios.

MILTON PEREIRA DE ALMEIDA

A semana em treze pontos, há 30 anos

Almeida: Loteria esportiva deu ideia para nome da coluna dominical

de acertar os vencedo-res dos jogos (sem in-dicar o placar) ou o empate, tive a ideia de criar uma coluna, na Gazeta de Limeira, aproveitando a “dei-xa” da Loteria Es-portiva com o nome “Os Treze Pontos da Se-mana”, apro-vado, desde o início, pelo Dema Lucato.

Nessa co-luna, como é até hoje, eu escolhia os 13 fatos em destaque, aceitan-do também sugestões dos leitores. Sinceramente não esperava uma repercussão tão grande, pois a Gazeta de Limeira já contava naquela época com nomes de respei-to do jornalismo limeirense. Dema Lucato me incentiva-va sempre, o que aumentou a minha responsabilidade.

Fui aprimorando os tex-tos, contando com o apoio do pessoal da Gazeta de Li-meira. Alguns assuntos tra-

tados geravam discussão, por serem polêmicos. No

entanto, eu sempre pu-blicava a opinião dos que não concordavam

comigo, com suas justi-

ficativas. Isso era e ainda é po-sitivo, pois eu sentia, e ainda sin-to, que a coluna era, e ainda é, bem lida. Quando ti-ro minhas

férias é muito agradável ou-vir dos leitores: “Quando vo-cê volta a escrever?”.

Também recebi muitos elogios pela maneira como trato os diversos assuntos. Quando cometo um erro e sou advertido pelos leitores, publico o correto e, quan-do autorizado, com o nome do leitor que fez a advertên-cia. O jornalismo é bom e eu sou um apaixonado por ele. Quando se gosta do que se faz, é difícil parar.

imaginem que, quando comecei a escrever na Ga-zeta de Limeira, seu diretor era Waldemar Lucato e, ho-je, o dr. Roberto Lucato, seu sucessor, era meu aluno no Castelo Branco. Achei mui-ta coincidência um fato: dr. Waldemar Lucato era advo-gado, gostava de esportes, em particular o futebol. Foi comentarista esportivo na Educadora e, todas as se-gundas-feiras, analisava no programa de estúdio os jo-gos da rodada. Era o Dema Lucato. Hoje, seu filho, dr. Roberto Lucato, também ad-vogado, amante dos espor-tes, principalmente do fute-bol, âncora do programa Se-gunda Esportiva na TV Jor-nal, com sua equipe, ana-lisa a rodada da semana. E o Beto Lucato, também co-mentarista esportivo da rá-dio Educadora de Limeira e diretor da equipe esportiva, com seus excelentes narra-dores, comentaristas e re-pórteres esportivos recebem o carinho dos ouvintes, atra-vés dos índices elevados de audiência”.

Page 10: Caderno Especial Gazeta 80 Anos

Página 10 | Caderno Especial Gazeta 80 anos Terça-feira, 17 de maio de 2011 | GAZETA DE LIMEIRA

Imagem em Pauta

O paranaense Mário Ro-berto dos Santos, 49, mais conhecido como Lemão, chegou a Limeira em 1979, quando era jogador de fu-tebol. Estava numa situa-ção difícil para se fixar num clube grande, até que num dia estava no clube Estu-dantes para uma partida. Foi para assitir, e não para jogar, mas acabou assumin-do o papel de goleiro do ti-me da casa, convidado pelo dr. Waldemar Lucato, já que o jogador do clube havia se ausentado. O adversário era um time formado por joga-dores que haviam passado por times profissionais. Ho-je, alivia-se pela boa defesa do Estudantes, que termi-nou numa ótima partida.

Com dificuldades na carreira em campo, foi con-vidado pelo dr. Waldemar Lucato a iniciar o trabalho com fotografia na Gazeta de Limeira, em 1982. “A pri-meira foto foi em um treino da Inter, com a máquina Mi-nolta. Depois passei a foto-grafar jogos oficiais”, conta.

Recebia instruções e fazia também a revelação dos clichês, além do mate-rial fotográfico adquirido de agências como France Presse, que completava as opções de imagem ofereci-das ao leitor. Posteriormen-te veio a Nylon Print e as fo-tos coloridas, nos anos 90, ainda sem equipamento di-

Nascido e criado em Li-meira, José Adriano Lopes Castello Branco tem a mes-ma idade que a Gazeta ago-ra completa, além da baga-gem histórica de atuação na cidade. Prefeito do mu-

Sem imaginar trabalhar com fotografia, seus olhares e lentes registraram o cotidiano de LimeiraDo clichê às digitais, se

adaptaram aos novos

tempos para aprimorar a

forma de captar os fatos

Futebol e música. Es-ses foram os gostos em co-mum com pessoas ligadas à Gazeta de Limeira que

trouxeram ao jornal os fo-tógrafos Mário Roberto dos Santos e João Batista Anthero, respectivamen-

te, nos anos 80. Aprendizes de Nival-

do Navarro, que dividia-se entre as fotos e reporta-

gens, aprenderam no coti-diano da redação o traba-lho de fotografia, no qual se aprimoraram e execu-

tam atualmente. Veja como essas opor-

tunidades mudaram as suas vidas.

Com um cavaquinho em mãos, João Batista Anthero, 53, o JB, simboliza o início de sua história na Gazeta. “Era motorista de caminhão, e também tocava às sextas-fei-ras à noite no Limeira Clube. Na época, Roberto Lucato era da diretoria do Nosso Clube e se interessou em levar o pro-jeto para lá, aos domingos”.

A partir daí surgiu o con-vite para trabalhar na Gaze-ta, como motorista. Era iní-cio de 1987 e seu expediente começava as 5h, quando dei-xava a oficina em ordem, var-ria e fazia o café, até a chega-da do pessoal, as 8h. Nival-do Navarro era o repórter da época, que também fotogra-fava.

Enquanto dirigia carros como Fiat Uno ou um Fiat 147 verde, JB começou a ter os primeiros contatos com fo-tos, na Gazeta, sob orienta-ções de Navarro.

Tarefa até então de curio-sidade, mexia com os filmes e máquinas no laboratório, quando sobrava tempo. Fa-zia revelações, que eram ar-tesanais, com os reagentes químicos, que precisavam ter tempo e temperatura cor-retos. Como chegava no jor-nal antes de todo mundo, pe-gava a máquina escondido e praticava no fim de semana. Para se aprimorar, comprava livros e revistas.

Em 1998, Mário Roberto, que havia chegado antes de-le, entra em férias e JB passa a cobri-lo. Foi quando assu-miu e não parou mais.

Hoje ele comemora a evo-lução tecnológica na fotogra-fia, que só ajudou em seu tra-balho. “Passamos do labora-tório molhado para o seco, com edição no computador”, diz ele, relembrando a época das fotos em preto e branco.

Hoje discute-se a melho-ra de imagem, mas de certa forma isso sempre existiu. Quando não havia filme pró-prio para a situação a ser re-gistrada, fotógrafo e labora-torista deviam ser mais ver-

JOSÉ ADRIANO LOPES CASTELLO BRANCO

Prefeito que construiu o Mercadão; seu pai participou da fundação da Gazeta

José Adriano Lopes Castello Branco foi prefeito de Limeira entre 1956 e 1958

nicípio nos anos 50, se-guiu carrei-ra política a exemplo do pai, Otávio Lopes Cas-tello Branco, que foi tam-bém prefei-to, além de deputado - e esteve entre os fundado-res da Gaze-ta de Limei-ra.

Assim, José Adriano, que hoje vive em São Pau-lo, teve contato com a re-dação nos primeiros anos. Dele e do jornal. “Acompa-nhei de perto a Gazeta, que

já era também presente no cotidiano limeirense.Lem-bro de vários que atuaram, como o Breno Machado Go-mes e Olindo De Luca, com a coluna Cantinho. Depois, segui carreira política, e a Gazeta registrou todos os passos”.

Célebre pela constru-ção do Mercado Municipal, inaugurado em sua gestão, em 1955, faz uma observa-ção. “Foi erguido com o es-forço dos limeirenses. Hou-ve grande entusiasmo e to-dos participaram de algu-ma forma”, ressalta.

Lembra de outras inter-venções da Prefeitura, re-gistradas na Gazeta, como asfaltamento, calçamentos, estrutura de água e esgoto,

construção do prédio dos Correios.

Pontua o quanto a Ga-zeta era querida pelo pai, que, cearense, foi para o Rio de Janeiro e, de lá, para São Paulo. Até ser convida-do para dar aula no Colégio Santo Antônio, em Limei-ra, onde firmou raízes pro-fissionais no ensino e Direi-to, além de constituir famí-lia. “Adorava Limeira e fez toda a sua vida na cidade, e junto com a Gazeta, em momentos de muita ativi-dade, em que vários amigos o acompanhavam. Me acos-tumei a ver Limeira através dos olhos da Gazeta”.

Lembra-se da constru-ção do viatudo Jânio Qua-dros, que desafogou o trân-

sito, algo que repercutiu muito na cidade, além do asfaltamento da Boa Vis-ta, que tinha muitos mora-dores que trabalhavam na parte central. Havia ainda o cenário esportivo. “Não posso falar de esporte sem citar a Internacional, que é a grande paixão de Limei-ra, além do Estudantes, on-de o Waldemar Lucato joga-va. Acompanho o time, com muito carinho, sempre que possível”.

Advogado, também atuou com o dr. Waldemar Lucato no escritório de Bre-no Machado, antes de “se eleger com a confiança do povo de Limeira, o que foi uma honra e um privilé-gio”. Posteriormente, assu-

miu mandato de deputado estadual.

Ele, que visitou a reda-ção da Gazeta na ocasião em que esteve na cidade para as comemorações do 50 anos do Mercado Muni-cipal, argumenta que jor-nal sempre acompanhou o cotidiano de Limeira, não só o social, mas esportivo e cívicos, nas reivindicações e problemas da cidade. “A Gazeta me acompanhou muito de perto. Sempre me elogiou e criticou nos mo-mentos que devia ser criti-cado, e eu sempre respeitei muito. Participou integral-mente da vida de Limeira. A história da Gazeta de Li-meira é a história da pró-pria cidade”.

MÁRIO ROBERTO DOS SANTOS JOÃO BATISTA ANTHERO

Dos campos ao laboratório Oportunidade que deu sambasáteis do que o filme. “Nis-so o Lemão era imbatível, aprendeu bem com o Nival-do. Em locais em que não podia usar flash, era pre-ciso fazer uma compensa-ção no tempo de revelação, diante de condições de luz precárias. Era controlado o contraste. Por isso a digital é uma maravilha. Tem tudo, mas a facilidade exige maior conhecimento técnico, re-aprendizado”. Mas, na ho-ra de tratar as fotos, faz uma ressalva. “Cada profissional deve saber até onde pode ir”.

Entre as coberturas ines-quecíveis, está, como defi-ne, a foto da fome. “Muitas vezes a lente mostra coisas que os olhos não veem. Nun-ca tinha reparado como era o olho da fome”, diz ele, sobre a criança faminta fotografa-da. “Fiz a foto segurando o choro, muito triste pela situ-ação. Saiu a reportagem com a família passando neces-sidades e muitos leitores se sensibilizaram e ajudaram. Isso é gratificante. Jornal tem muito disso”.

Outro caso ilustra a im-portância das fontes. Lem-bra a época em que um po-lítico, que estava envolvido em denúncias, ia de Campi-nas a Brasília, mas se aciden-tou na Anhangüera e foi in-ternado em Limeira, na San-ta Casa. “Todo mundo estava caçando um político de en-vergadura como aquele, mas não deixariam entrar com a câmera no hospi-

tal. Conhecia uma pessoa na Santa Casa, que confirmou a impossibilidade disso. Mas disse que, se eu ficasse em determinado ponto da rua, o cara podia aparecer na jane-la. E ele passou uma vez, pas-sou duas, até se debruçar na janela para fumar um cigar-ro, e eu fiz a foto. Depois dis-so, o político precisou ir para um hotel, dar coletiva. Mas se não há fonte, não consegui-mos. Damos a informação e mesmo o ‘off’ sente-se parte da reportagem”.

“Depois que entrei na Ga-zeta é que passei a buscar minha identidade como ho-mem, profissional e negro”, conta. Mas uma simples per-gunta mudou a sua visão das coisas e o incentivou a procu-rar saber mais de si mesmo. “Em um ano, no dia da abo-lição, fiz um comentário com o dr. Roberto Lucato abordan-do a data. Foi quando ele per-guntou o que o negro tinha a comemorar. Foi fundamen-tal. Talvez se ele não tivesse feito aquele questionamen-to, não teria aberto os olhos para o quanto eu não sabia de mim mesmo. A partir dis-so tive a felicidade de poder aprender o que significa ser negro, a contribuição dos meus antepassados”, revela ele, que estudou da 1ª à 4ª sé-rie e nunca passou pela sua cabeça que manejaria uma câmera digital ou laptop, ou que veria tantas inovações, pessoalmente e na carreira. “Se não há foto, não há his-tória para contar. E sem his-

tória, não há memória”.

Para João Batista, evolução tecnológica facilita o trabalho, mas é preciso aprimoramento técnico

Mário Roberto desistiu da carreira de jogador de futebol para atuar com fotografia

gital. “Eram filmes que pre-cisavam ser rebobinados na máquina. Gastava até dois filmes por dia. Papel e pro-cesso eram muito caros”, contabiliza ele, que mexia ainda com os químicos pa-ra revelação. Além de Ni-valdo Navarro, outros com-panheiros de redação eram Roberto Paulino de Araú-jo, Valdir Salviatti e Márcia Guerreiro.

Entre as reportagens que fotografou, uma mar-cante foi um acidente em Araras, na década de 90, que terminou com dezenas de pessoas carbonizadas. Já numa lembrança alegre, a conquista do Campeonato Paulista de 1986 pela Inter-nacional foi outro marco.

Ele ressalta a contribui-ção da Gazeta com veícu-los nacionais, como no caso Chan. “Foi um crime bárba-ro em que demos o furo, eu e Nivaldo Navarro. O chinês continua foragido e pro-curado pela Interpol, e na época do programa Linha Direta, da TV Globo, a Gaze-ta deu todo o suporte e fo-tos para a matéria. Isso nos deu projeção internacional, por meio da transmissão da emissora no exterior”, or-gulha-se.

Cobertura corriqueira, e triste, eram as enchentes na área do Mercado Mode-lo. Umas das enxurradas pegou pedestres de surpre-

sa, quando fez uma foto que captou o desespero de pes-soas para sair do lugar.

A adaptação ao método digital foi natural, embo-ra exigisse especialização. A primeira máquina digi-tal, uma Kodak, tinha bai-xa resolução, mas o jornal foi pioneiro ao começar os testes com o modelo. “Ain-da era um investimento alto para poucas fotos, porque a velocidade era baixa e o re-sultado era de pouca quali-dade”.

Depois, usou uma Ma-vica, com disquete, até a sofisticação para amado-ras mais refinadas, como uma Canon com memória de 28 MB. A partir de catá-logos de modelos vendidos no exterior, as digitais se-miprofissionais começaram a ser adquiridas, até que em meados dos anos 90 foi de-cretado o fim do filme com a evolução das Nikon D100 em diante. “São 30 anos aprendendo e mudei meu sobrenome. Sou o Lemão da Gazeta!”.

Aquele jogo definiu o rumo de sua vida. “Não sabia sequer falar direito quando passei a conviver com repórteres. Tive mui-to carinho e ajuda na par-te técnica e até hoje tenho dr. Waldemar Lucato como exemplo, sobretudo em si-tuações difíceis. Não existe impossível”.

Fernando Carvalho

Arquivo Gazeta

Page 11: Caderno Especial Gazeta 80 Anos

GAZETA DE LIMEIRA | Terça-feira, 17 de maio de 2011 Caderno Especial Gazeta 80 anos | Página 11

Apoio Diário

Na parte administrativa e operacional, talentos que evoluíram com a Gazeta

Do controle de

assinaturas à entrega,

conheça um pouco do

trabalho de “bastidores”

que movimenta o jornal

No jornal que chega dia-riamente à casa do leitor es-tão contidos o trabalho e

dedicação de pessoas que atuam em departamentos distintos, mas de igual im-

Ela era o braço direito do dr. Waldemar Lucato em seu escritório de advocacia, onde começou o trabalho de secretária sem maiores pretensões. O ano era 1974, e o advogado já colabora-va com artigos para a Ga-zeta de Limeira, muitos de-les que Leila Maria Reami Guarda, 60, levava à reda-ção, que ficava praticamen-te encostada no escritório, na Rua Barão de Campi-nas. Embora ainda não fos-se acionista, dr. Waldemar Lucato já escrevia o “Ponto Um”. “Era um patrão mui-to bom, humano, de muita consideração. Senti muito a sua morte”, lamenta.

“Além de escrever, dr. Waldemar ia toda tarde pa-ra a redação, onde fica-va horas. Tinha uma ja-nela da redação que fazia fundos com o escritório, na

Cecília Ferreira da Sil-va Santos era bem jovem quando chegou à Gaze-ta, em 1990, a partir de um anúncio da vaga de recep-cionista e telefonista. Foi contratada para o primei-ro trabalho, após entrevis-ta, no auxílio aos publicitá-rios. O trabalho durou qua-tro anos, com a mudança de um prédio da Rua Cunha Bastos para a Dr. Traja-no, que comportava ainda, além da publicidade, os de-partamentos de circulação, assinaturas e classificados no balcão.

Depois de um tempo afastada, quando se casou, voltou para o departamen-to de circulação em 1997, onde ficou três anos como atendente, até ser promo-vida como gerente de cir-culação em 2000, atividade que exerce até hoje, aos 37 anos.

Ela acompanhou o au-mento de assinaturas, que subiram de 7 mil para 13 mil só em Limeira, o que exigiu adaptação dos pro-gramas, aumento do nú-mero de entregadores, que hoje são cerca de 50, divi-didos em todos os bairros para garantir entrega com

Em 1981, Roberto Sebas-tião Pereira, 58, tinha na Gazeta de Limeira um ser-viço extra, de entregas, pa-ralelo às suas atividades na antiga União. O “bico”era feito de bicicleta e se tor-nou emprego número um depois que saiu da indús-tria, inclusive com o mesmo

portância, cujos processos somados garantem a quali-dade do jornal.

Entrega garantida

Há mais de 20 anos diversos assinantes recebem o jornal pelas mãos de Pereira

Quando começou a fazer entregas, Lima usava bicicleta, mas já aderiu à moto

transporte até hoje. A roti-na para garantir a leitura do assinante começa às 4h e se estende até as 6h30. Faça chuva ou sol. Depois, conti-nua o trabalho de cobrança, que faz até o fim do dia. “Há pessoas para as quais entre-go o jornal há 20 anos, que me recebem muito bem. Pa-

ra a cobrança, já sabem o dia certo e nunca imponho horário”, relata.

Os entregadores estão entre os primeiros a ver a edição do dia, mas a leitura atenta fica para mais tarde, depois do trabalho. Ele con-ta que vê muita coisa nas madrugadas: de pessoas dormindo a estranhos que pedem jornal, além de im-prudência no trânsito. Fa-tor, este, que complica bas-tante o trabalho do entrega-dor após as 6h30, quando começa a “hora do rush” e os exemplares já devem es-tar em seus destinos.

“Todos estão acostuma-dos com a Gazeta. Alguns interrompem a assinatura, mas depois sentem falta, porque o que a Gazeta tem, nenhum outro tem: conteú-do”.

O entregador e cobra-dor Vinícius Luís de Lima, 36, também usava a bicicle-ta quando chegou à Gaze-

ta, em 1989. Mas já aderiu à moto, para agilizar o servi-ço embora em dias de chu-va um certo atraso seja ine-vitável, devido à necessida-de de ensacar os exempla-res.

“Na época eu conhe-cia pouco a cidade, e hoje sei dos problemas, como o trânsito depois das 6h”, fri-sa, lembrando as diferen-ças gráficas de antes e de hoje, do chumbo ao compu-tador.

Entre o compromisso de cumprir o trabalho e a an-siedade de pai de primeira viagem, um caso inesquecí-vel foi quando a filha Maria Eduarda nasceu, em 2007. A esposa estava para dar à luz em uma manhã, e ele fi-cou na torcida para a filha demorar a nascer, para que desse tempo de fazer as en-tregas e ir para o hospital. Depois de ter feito curso pa-ra acompanhar o parto, Ma-ria Eduarda “esperou” e só

nasceu quando o pai pode presenciar.

Outro fato marcante foi quando chegou de madru-gada para pegar o jornal e o viu colorido. “Foi um im-pacto, pois era coisa vista só nos grandes jornais de circulação nacional”, diz ele, que tem diariamente

cerca de 400 pessoas em seu setor aguardando a en-trega do jornal. E também repercutem os fatos. “Na época do caso do chinês, que teve desdobramentos o mês inteiro, os leitores es-peravam o jornal na porta. Hoje comentam muito as colunas”.

Do atendimento à gerência

Cecília coordenou o processo que levou a Gazeta a ser o único veículo em Limeira auditado pelo Índice Verificador de Circulação

qualidade. Há ainda a dis-tribuição em bancas e pon-tos como padarias, que ho-je totalizam 130, garantin-do a disponibilidade do jornal também em locais com pouco acesso, que não contam com bancas, por exemplo. Há 10 anos, eram apenas dois desses pontos. Hoje, além das filiais em Iracemápolis e Cordeiró-polis, a circulação abrange Engenheiro Coelho.

Cecília coordenou o processo que levou a Ga-zeta a ser o único veículo em Limeira auditado pelo Índice Verificador de Cir-culação (IVC), que agre-ga jornais de todo o Bra-sil. Foi um ano de prepara-ção, com muitas normas e orientações para fazer par-te. Tudo é analisado: assi-naturas, vendas avulsas, renovações, tiragem. A au-ditoria é feita duas vezes por ano”, explica.

Hoje, ela comemora o sucesso. “Procuro fazer o trabalho da melhor forma e sou muito grata à empre-sa, que acreditou em mim como iniciante. Passei por vários departamentos até chegar à oportunidade que não imaginava”.

Décadas de dedicação

Nos anos 70 Leila trabalhava com dr. Waldemar, cujo escritório ficava próximo à redação da Gazeta de Limeira na época

época em que nada era in-formatizado, mas o jornal montado peça por peça. Tra-balho que víamos pe-los vitrôs”, recorda.

E m 1996, com falecimento do dr. Walde-mar Lucato,

Roberto Lucato assumiu a direção e a convidou para fazer parte da Gazeta de Li-

meira, para que continu-asse na administração, o que foi prontamente aceito. Hoje, secretária da diretoria, acompa-nha os avanços e di-namismo do trabalho.

“Na época eram duas pessoas na

a d m i n i s -t r a ç ã o .

H o j e s ã o

cinco, além do crescimen-to do número de cobrado-res e setor de jornalismo, que não era tão numero-so. Não tinha classifone ou filiais em Cordeirópolis e Iracemápolis. Os setores de entrega também cresceram muito”, avalia.

A eficiência que a man-teve no trabalho foi de-monstrada aos poucos. Atendia ao telefone, ia ao fórum, e fazia serviços de banco. Depois, pegou o jei-to e não saiu mais. “Eram sempre duas secretárias. Uma havia saído e preci-sava de outra para ajudar. Aceitei o emprego no escri-tório e não imaginava que

ficaria tanto tempo. Gosto muito do trabalho, tenho amizade e carinho muito grande por todos. Logo de-

vo me aposentar, mas quero continuar aqui”.

Presença na regiãoA Gazeta de Limeira

já contava com assinan-tes em Iracemápolis antes mesmo de existir uma filial na ci-dade, que che-gou em 1992. Foi quando Kátia Concei-ção Calixto de Freitas, 36, co-meçou a traba-lhar no local. “Na épo-ca, eram

10 assinantes e um entre-gador. Agora são quatro, e mais de mil assinantes”.

Além do balcão de anúncios, a filial é para onde os leito-res recorrem quan-do acaba o jornal da única banca da cidade. Além dis-so, as matérias do município são fi-

xadas em um m u r a l ,

q u e t e m

i n -t e -

resse garantido. Além dos suplemen-tos e classificados, a coluna de aniver-sariantes também é outro item procu-rado no muni-cípio em que praticamen-te todos se conhecem.

E m Cordeiró -polis, o c e n á r i o é pareci-do, como conta Gi-seli Cristi-na Privati Cruz, 32, à frente da filial desde 1995. “A filial apro-ximou muito o leitor, que comenta as matérias. As empresas também propor-

Em Cordeirópolis, Giseli atesta que a filial aproximou o leitor da Gazeta, que comenta as matérias do município

Quando Kátia começou na filial de Iracemápolis, havia 10 assinantes na cidade

cionam grande procura para os anúncios classifi-cados”, diz. Na cidade são três entregadores.

Fotos: Fernando Carvalho

Page 12: Caderno Especial Gazeta 80 Anos

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Página 12 | Caderno Especial Gazeta 80 anos Terça-feira, 17 de maio de 2011 | GAZETA DE LIMEIRA

Dia a Dia no Esporte

João Valdir de Moraes, 57, conta a história esporti-va há 13 anos em seu espaço na Gazeta, com a “Janela do João”. Mas a atuação na im-prensa passa dos 40 anos, com o trabalho no rádio.

“Conhecia Waldemar Lucato e família, que me convidou para escrever al-go na Gazeta. Como o meu negócio era rádio, me pedi-ram sugestões do que po-dia fazer. Entre elas, lancei a ideia da Janela do João, com o resgate de histórias de quem faz história em Li-meira, para que saíssem do ostracismo”, conta.

Sentia-se realizado com os momentos bem revivi-dos. “Alguns entrevistados chegam a chorar com as imagem e memórias. Limei-ra ainda é muito pobre na história do cenário espor-tivo. Ainda há muito pou-ca coisa escrita”, avalia. Ele conta com um companheiro para a seção “Você sabia”, que pontua as datas memo-ráveis do futebol: um livro que registra acontecimen-tos todos os dias, em vários anos.

Muitas pessoas passa-

Para eles, seja qual for

a época ou o esporte,

a competição e torcida

são sempre pauta

Nas páginas, ondas do rádio ou imagens de TV, a emoção das competições

A emoção do esporte sempre esteve presente na Gazeta de Limeira em es-paço generoso. Mas, não

o bastante, o dia a dia das equipes, resultados dos campeonatos, análises e palpites sobre a rodada da

vez extrapolaram o papel e conquistaram lugar cati-vo também com ouvintes e telespectadores, além dos

leitores. Conheça a rotina de

pessoas que chegaram à Gazeta movidas pelo entu-

siasmo das emoções do es-porte, muito longe do sim-plório “ganhou, perdeu ou empatou”.

“Aqui está bem diferen-te da minha época”. Esta foi a primeira constatação de , ao chegar à redação da Ga-zeta de Limeira para relem-brar as histórias de quando escrevia sobre esportes pa-ra o jornal, dos anos 50 aos 70. “Nasci quase junto com a Gazeta”, declara ele, que fez em março a idade que o jornal completa agora, ten-do começado

A porta de entrada de João Batista Pileggi, 80, pa-ra a redação foram algumas notinhas esportivas que es-crevia e levava aos redato-res na sede jornal, então na Praça Dr. Lucia-no Este-v e s ,

Walfrido Salvi conta que a Copa Gazeta nasceu num sábado, no Estudantes, em 1988. “Era um jogo tradicio-nal entre veteranos. Foi quan-do surgiu a ideia de fazer um campeonato com os melho-res do amador. Foi crescen-do e chegou a um nível alto, com várias categorias. Todos os anos revelamos talentos. Técnicos da Inter e Indepen-dente mandavam auxiliares para assistir e identificá-los. João do Sítio foi um dos pri-meiros a ser revelados, além do Quiqui”, lista, incluindo ainda o fotógrafo Mário Ro-berto, da Gazeta, que tam-bém foi uma revelação. “Vá-rios clubes tentaram levá-lo, mas ele estava aberto para outros caminhos. Muitos jo-gadores foram para equi-pes grandes. No Sub-15 ha-via quatro jogadores de base, que eram de Limeira e foram para o Santos”.

No futebol, a grande riva-lidade entre Inter e Indepen-dente praticamente dividia a cidade. “Quando havia jogo, não se falava em outra coisa. Era um clima gostoso, mas in-felizmente as quipes capen-garam”, lamenta. Era ainda uma época de mobilização pacífica, sem brigas. “Limei-ra teve grande crescimento e quando os times de futebol começaram a cair, o basquete é que ganhou espaço”.

JOÃO BATISTA PILEGGI

O correspondente esportivo dos anos 50

Pileggi era o repórter número 8 quando as torcidas prestigiavam mais os jogos

90, até ser chamado para fazer a cobertura esporti-va com a coluna “O que vai pelos esportes”. O traba-lho começou em 1953, aos 22 anos de idade, quando a Gazeta circulava três vezes por semana.

“Ia aos campos, aos clu-bes. A notícia não vinha até nós como é hoje, pela in-ternet e televisão”, reflete. “Mas era muito bom, por-que eu gostava”, acrescen-ta.

Para ele, os meios tec-nológicos e digitais tam-bém afastaram o público

dos estádios. “Antes o pessoal partici-pava mais, ia até os jogos, até porque não tinha outra al-t e rna t i -va”, diz ele, de uma épo-ca em que a

TV ainda era novidade e nem

todas as partidas eram nar-radas nas rádios. A maioria dos jogos era gratuita, ou com preços razoáveis, lem-bra Jotista, como assinava seus escritos e era reconhe-cido. “Até hoje há quem me chame assim”.

Trabalhou num perío-do em que o repórter não era identificado por crachá, mas com um broche con-tendo um número. Pileggi era o 8. Mas tampouco isso era necessário já que, dado o tamanho da cidade nos idos de 50, praticamente to-dos se conheciam.

Naquela época a Gaze-ta já promovia torneios, co-mo o Troféu Gazeta de Bas-quete, que era transitório. Era preciso vencer três ve-zes para ganhá-lo defini-tivamente. Era disputado por clubes da cidade, mas também recebia concor-rência de equipes de São Paulo. “Gilim e Libiano, de São Paulo, davam mais en-tusiasmo para a competi-ção”.

“JEITINHO”

Embora o forte dos cam-peonatos fosse futebol, ha-via ainda a São Silvestrinha e ciclismo, em que uma das provas era preciso pedalar de Limeira a Cordeirópolis, quando não havia asfalto. No atletismo, Pileggi lem-bra que o hoje treinador Fu-maça já era lenda, além dos irmãos Bertolini.

No campeonato ama-dor, a dificuldade era quan-do o jogador estava no Tiro de Guerra e era preciso pe-dir dispensa ao sargento, se a disputa fosse na hora em que o jovem fosse servir. “Era tudo na base do pre-sentinho. Mas a turma cola-borava”, revela.

Profissionais, clássi-cos da Inter e Independen-te movimentavam a cida-de, com passeatas antes e depois do jogo, além da energia durante a parti-da. A rivalidade se limita-va a simbolismos infensi-vos. “Quando o Galo perdia,

jogavam penas de galinha nas ruas. Quando o perde-dor era o Leão, a torcida ad-versária levava réplicas de ossos de leão”.

Palmeirense, não fica-va nervoso durante as par-tidas. Nas perdas, geral-mente elegia prontamente um culpado. “O juiz. Ele era

constantemente responsa-bilizado pela derrota”. Ele garante que separava o la-do repórter do de torcedor. “Mas isso era um pouco abalado quando o meu time perdia”, diz ele, que acredi-ta que hoje o esporte está desprestigiado e que tudo virou comércio.

WALFRIDO FERREIRA DE SALVI

Copa Gazeta revelou talentosEstádio do Limeirão recebeu público de até 40 mil pessoas em eventos pós-inauguração Corinthians jogou contra a Inter na inauguração do Limeirão

JOÃO VALDIR DE MORAES

Resgate da memória esportivaram pela “Janela”, não só de Limeira. “Paulo César, que foi zagueiro da seleção brasileira era uma das pes-soas que já estavam esque-cidas e que se alegram com a possibilidade e participar da coluna. O espaço é re-conhecido, o que é muito bom, pela credibilidade”.

A coluna sofreu adapta-ções. Pedia uma biografia e, ao final de cada entre-vista, havia a “Janela Indis-creta”, com perguntas “não maldosas, mas picantes”, que foi abolida. “Surgiam declarações de entrevista-do afirmando que jamais casaria com a própria mu-lher, o que se tornava uma situação complicada”, jus-tifica.

Um registro marcan-te foi a inauguração do Li-meirão, em 1976. “Foi num jogo contra o Corinthians e teve mais de 40 mil pes-soas. Somente muito mais partidas depois é que a In-ter subiu de divisão, para a A1, até conquistar o Campe-onato Paulista em 1986, que foi uma passagem inesque-cível”. A vitória trouxe pro-jeção à cidade natal do ti-

me. “Quando se falava em Limeira, a Inter era uma re-ferência”.

Ele destaca a cidade co-mo um celeiro de grandes esportistas como Fumaça, que divulgou o município em nível nacional e continua em atuação, no Tiro de Guerra. “Há ainda muita gente de Li-meira que atua fora”.

RÁDIO

Ele, que já tinha raí-zes no rádio, continuou com os microfones para a cober-tura esportiva da Gazeta, no início da parceria da equipe do jornal com a Educadora 1020 AM, que deu origem ao Painel Esportivo. “Quem quer saber de esporte já sa-be que é só ligar na Educa-dora às 18h. Agora interca-lando músicas e comentá-rios diversos, o que também atraiu mulheres. As pessoas nos encontram e comentam sobre o programa”.

Depois foi criado o pro-grama Segunda Esportiva, na TV Jornal, com membros em sintonia com o espor-

te. “É gratificante fazer par-te dessa equipe, que depois recebeu o Edmar Ferrei-ra. Todos nos damos mui-to bem e não medimos es-forços ou distâncias para uma boa cobertura”, enfati-za ele, que é ainda respon-sável pelas entrevistas es-peciais da Hora da Notícia, criado posteriormente.

E, no trabalho ao vi-vo, sempre há imprevistos. “Quando erramos, temos que tocar o barco”, confor-ma-se. “Lembro do Almir, centroavante do Indepen-

dente, que depois jogou na Inter também. Numa par-tida amistosa em Poços de Caldas, tanto bateram ne-le, que ele começou a bater também, e foi expulso. Na hora do nervoso, quando saiu do campo, fui pedir en-trevista e ele xingou o juiz. Isso foi em 1975, quando simples esboço de um pa-lavrão no rádio era censu-rado. O chefe da época cha-mou atenção. Mas hoje tem muita gente falando asnei-ra, virou moda a linguagem chula”, lamenta.

João Valdir: para a transmissão ao vivo é preciso estar preparado para imprevistos

Fernando Carvalho

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