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UFG 1. Confira inicialmente se o tipo deste caderno TIPO-4 coincide com o que está registrado em seu cartão-resposta. Em seguida, verifique se ele contém 50 questões objetivas e 3 questões discursi- vas. Caso o caderno esteja incompleto, tenha qualquer defeito, ou apresente divergência quanto ao tipo, solicite ao aplicador de prova, a substituição, pois não serão aceitas reclamações posteriores nesse sentido. 2. Cada questão apresenta quatro alternativas de resposta, das quais apenas uma é a correta. Preencha no cartão-resposta a letra correspondente à resposta assinalada na prova. 3. O cartão-resposta e a folha de resposta das questões discursivas são personalizadas e não haverá substituição, em caso de erro. Ao recebê-los, verifique se seus dados estão impressos corretamente, caso contrário, notifique ao aplicador de prova o erro constatado. 4. O desenvolvimento das questões discursivas deverá ser feito com caneta esferográfica de tinta preta, na respectiva folha de resposta. RESPOSTAS A LÁPIS NÃO SERÃO CORRIGIDAS E TERÃO PONTUAÇÃO ZERO. 5. O tempo de duração das prova é de 5 horas, já incluídas a marcação do cartão-resposta, a leitura dos avisos e a coleta da impressão digital. 6. Você só poderá retirar-se definitivamente da sala e do prédio após terem decorridas de prova e poderá levar o caderno de prova somente no decurso dos últimos anteriores ao horário determinado para o término da prova. 7. AO TERMINAR, DEVOLVA O CARTÃO-RESPOSTA E A FOLHA DE RESPOSTA DAS QUESTÕES DISCURSIVASAOAPLICADOR DE PROVA. duas horas trinta minutos Caderno TIPO -4 CONCURSO PÚBLICO – EDITAL N. 002/2009 PARA O CARGO DE PROFESSOR – NÍVEL III PORTUGUÊS SÓ ABRA ESTE CADERNO QUANDO AUTORIZADO LEIA COM ATENÇÃO AS INSTRUÇÕES ABAIXO CONCURSO PÚBLICO

Caderno TIPO -4 - centrodeselecao.ufg.br · UFG 1. Confira inicialmente se o tipo deste caderno TIPO-4 coincide com o que está registrado em seu cartão-resposta. Em seguida, verifique

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UFG

1. Confira inicialmente se o tipo deste caderno TIPO-4 coincide com o que está registrado em seucartão-resposta. Em seguida, verifique se ele contém 50 questões objetivas e 3 questões discursi-vas. Caso o caderno esteja incompleto, tenha qualquer defeito, ou apresente divergência quanto aotipo, solicite ao aplicador de prova, a substituição, pois não serão aceitas reclamações posterioresnesse sentido.

2. Cada questão apresenta quatro alternativas de resposta, das quais apenas uma é a correta.Preencha no cartão-resposta a letra correspondente à resposta assinalada na prova.

3. O cartão-resposta e a folha de resposta das questões discursivas são personalizadas e não haverásubstituição, em caso de erro.Ao recebê-los, verifique se seus dados estão impressos corretamente,caso contrário, notifique ao aplicador de prova o erro constatado.

4. O desenvolvimento das questões discursivas deverá ser feito com caneta esferográfica de tintapreta, na respectiva folha de resposta. RESPOSTASALÁPIS NÃO SERÃO CORRIGIDAS E TERÃOPONTUAÇÃO ZERO.

5. O tempo de duração das prova é de 5 horas, já incluídas a marcação do cartão-resposta, a leiturados avisos e a coleta da impressão digital.

6. Você só poderá retirar-se definitivamente da sala e do prédio após terem decorridas deprova e poderá levar o caderno de prova somente no decurso dos últimos anterioresao horário determinado para o término da prova.

7. AO TERMINAR, DEVOLVA O CARTÃO-RESPOSTA E A FOLHA DE RESPOSTA DASQUESTÕES DISCURSIVASAOAPLICADOR DE PROVA.

duas horas

trinta minutos

Caderno

TIPO -4

CONCURSO PÚBLICO – EDITAL N. 002/2009PARA O CARGO DE PROFESSOR – NÍVEL III

PORTUGUÊS

SÓ ABRA ESTE CADERNO QUANDO AUTORIZADOLEIA COM ATENÇÃO AS INSTRUÇÕES ABAIXO

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UFG/CS CONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE PROFESSOR, NÍVEL III TIPO-4

CONHECIMENTOS GERAIS

PONDÉ, Luiz Felipe. Folha de S. Paulo. (Ilustrada). 14 set. 2009. p. E9.

QUESTÃO 01

O raciocínio básico, desenvolvido e argumentado pelo au-tor do texto, relaciona-se à ideia de que

(A) a universidade tem a função social de produzir co-nhecimento e transformar o mundo com base nesseconhecimento. Embora haja interesses de grupos, ainstrumentalização é necessária porque contribuipara a melhoria o mundo.

(B) a universidade mudou seu foco de interesse. Hoje, hánela interesses utilitaristas de ascensão social, garan-tia de número de alunos e aplicação imediata do co-nhecimento para atender às asfixiadoras demandasde produção.

(C) os gestores de negócios contribuem para que a uni-versidade produza saberes mais aplicáveis à vidaprática em nome de um conhecimento de impacto so-cial. Embora isso tenha gerado burocracia, foi impor-tante para a transformação do mundo.

(D) os grupos que se confrontam na universidade são osgestores de negócios e os gestores de favelas. Am-bos contribuem para que a universidade se distanciedos conhecimentos medíocres e do utilitarismo inó-cuo.

QUESTÃO 02

A palavra “este” (linha 29) refere-se, no texto, a:

(A) acadêmicos e discípulos

(B) revolucionários e gestores de favelas

(C) alunos e professores

(D) burgueses e gestores de negócio

QUESTÃO 03

São figuras que tematizam a ideia de utilitarismo no texto:

(A) “almas” / “discípulos”

(B) “gestores de negócios” / “classe média”

(C) “gestores de favelas” / “show de variedades”

(D) “inferno” / “asfixia”

QUESTÃO 04

O título do texto utiliza como recurso

(A) o discurso de autoridade para ter reconhecimentoentre os intelectuais.

(B) a intertextualidade para produzir o efeito de ironia ede crítica.

(C) o plágio para denunciar a mediocridade dos acadêmi-cos.

(D) a metáfora para indicar a mudança de valores da Uni-versidade.

GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA E SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

UM RELATÓRIO PARA A ACADEMIA[...]

A partir do momento em que a vida acadêmica se tornou objetivoda "classe média", gente sem posses, a vida universitária entrouem agonia porque a proletarização dos acadêmicos se tornou ine-vitável.

Dar aula numa universidade passou a ter algum significado deascensão social. A partir de então, o carreirismo necessariamenteassolaria a academia, assim como assola qualquer emprego.

Cálculos estratégicos para garantia do emprego passaram aocupar o tempo da classe acadêmica. E muita gente que vai daraulas na universidade não é tão brilhante assim ou tão interessadaem conhecimento.

O cálculo estratégico hoje passa pelo número de alunos que im-plica uma redução ou não de aulas e orientações de teses.

Ou mesmo nas públicas, onde você está mais protegido da pro-letarização imediata, uma verba maior ou menor para seu projeto emais ou menos discípulos causarão impacto na renda final e naimagem pública.

Daí o desenvolvimento em nós de um espírito selvagem: o cor-porativismo em detrimento do ensino ou o ethos de gangues emmeio à retórica da qualidade.

Muitas pessoas (alunos e professores) buscam a universidadenão para "conhecer" o mundo, mas sim "para transformá-lo" ou as-cender socialmente.

E aqui, revolucionários ("criando o mundo que eles acham me-lhor") e burgueses (interessados em aprender informática para"melhorarem de vida") se dão as mãos.

Este pode ser mais individualista do que o outro, mas ambos fa-zem da universidade uma tenda de utilidades.

Para mim não faz muita diferença, para a banalização da univer-sidade, se você quer formar gestores de negócios ou gestores defavelas. Nenhum dos dois está interessado em "conhecer" o mun-do, mas sim "transformá-lo".

É claro que nos gestores de favelas o espírito selvagem podefuncionar tão bem quanto entre os gestores de negócios. A obriga-ção da universidade em produzir "conhecimento de impacto social"é tão instrumental quanto produzir especialistas na última versãodo Windows.

O utilitarismo quase sempre ama a mediocridade intelectual. Fa-lemos a verdade: a mediocridade funciona.

Ela gera lealdades, produz resultados em massa, convive bemcom a estatística, evita grandes ideias. Enfim, caminha bem entrepessoas acuadas pela demanda de sobreviver.

A instrumentalização é quase sempre outro nome para utilitaris-mo. Isso não quer dizer que devamos excluir da universidade asalmas que querem ser gestores de negócios ou gestores de fave-las - elas é que excluem todo o resto.

Precisamos dos dois tipos de almas, e cá entre nós, acho que osgestores de favelas são moralmente mais perigosos do que osgestores de negócios. Como todos nós, ambos irão para o inferno,a diferença é que os gestores de favelas acham que não.

E a asfixia burocrática? Ahhh, a asfixia burocrática! Esta conta-mina tudo e em nome da democratização da produção e da produ-tividade da produção.

A burocracia na universidade nasce, como toda burocracia, danecessidade de organização, controle, avaliação.

Soa absurdo, caro leitor? Quer mais?Em nome da transparência da produção, atolamos esses indiví-

duos de classe média na burocracia da transparência e do acessoà produção universitária.

Enfim, a "produção" asfixia a universidade em nome de uma"universidade mais produtiva, democrática e transparente em suaprodutividade". Estamos sim falando da passagem da universidadea banal categoria de indústria de conhecimento aplicado, e sob aspalmas bobas de quem quer "fazer o mundo melhor". Tudo bemque queira, mas reconheça sua participação na comédia.

Kafka, em seu conto "Um Relatório para a Academia", já coloca-va um ex-macaco, recém-homem, fazendo um relatório para osacadêmicos.

Ali ele já suspeitava que a academia continha algo de circo oushow de variedades. Hoje sabemos que isto já aconteceu.

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QUESTÃO 05

Ao afirmar que “a mediocridade funciona” (linha 41), o au-tor demonstra que

(A) ironiza uma prática já estabelecida.

(B) considera a mediocridade algo positivo.

(C) acredita nessa afirmação.

(D) crê na verdade como algo inquestionável.

QUESTÃO 06

Na oração a " 'produção' asfixia a universidade em nomede uma 'universidade mais produtiva, democrática e trans-parente em sua produtividade' ” (linha 62-64), o termo emnegrito instaura o pressuposto de que a universidade,

(A) de forma alguma, pretende ser produtiva, democráti-ca e transparente.

(B) em certa medida, já era produtiva, democrática etransparente.

(C) de qualquer forma, tornar-se-á produtiva, democráticae transparente.

(D) em medida alguma, fora produtiva, democrática, etransparante.

QUESTÃO 07

Como se sabe a passagem da modernidade para a pós-mo-dernidade configura uma profunda crise da razão, tambémentendida como crise ou ruptura de paradigmas. De acordocom Boaventura Sousa Santos (1997), no que se refere aoconhecimento, o paradigma emergente caracteriza-se por

(A) um conhecimento no qual se percebe a nítida distin-ção entre sujeito e objeto, o que favorece a abstraçãode ambos.

(B) um conhecimento de demarcações rígidas entre asdisciplinas ou entre gêneros, entre ciências sociais ehumanidades.

(C) um conhecimento útil, capaz de equacionar interessee capacidade, aprofundando os laços entre moderni-dade e capitalismo.

(D) um conhecimento complexo, discursivo e permeávela outros conhecimentos, local e articulável em redecom outros saberes locais e globais.

QUESTÃO 08

A interdisciplinaridade tornou-se moda nas últimas déca-das. O termo, porém, é concebido e assumido de formapolissêmica. De acordo com Norberto J. Etges (2005), in-terdisciplinaridade significa:

(A) mecanismo de redução do conhecimento de váriasáreas a um denominador comum, tornando-se umconceito hegemônico.

(B) organização curricular flexível, que possibilite a for-mação de profissionais especializados em um campode atuação específico.

(C) princípio da máxima exploração das potencialidadesde cada uma das ciências, da diversidade, da criativi-dade e da compreensão de seus limites.

(D) complexo de habilidades e competências a ser adqui-rido pelos estudantes, a fim de preparem-se para osdesafios do mundo do trabalho.

QUESTÃO 09

O currículo foi o artefato que articulou disciplinarmente aspráticas e os saberes escolares, portanto, não pode serpensado apenas como um rol de conteúdos a serem trans-mitidos. Nesse sentido, currículo diz respeito a

(A) um compêndio de assuntos ordenados a seremaprendidos sequencialmente pelos estudantes pormeio de certos procedimentos concretos.

(B) uma síntese de elementos culturais (conhecimentos,valores, costumes, crenças, hábitos), que formam umaproposta político-educativa pensada e impulsionadapor grupos sociais, cujos interesses são diversos.

(C) um programa oficial determinado pelas instâncias su-periores a ser seguido fielmente pelas instituiçõeseducacionais às quais é vedada a participação nasua elaboração.

(D) uma organização escolar dos conhecimentos ordena-dos com base na experiência imediata dos alunos semnecessidade de alcançar o saber sistematizado.

QUESTÃO 10

O multiculturalismo constitui hoje preocupação significativa dospesquisadores brasileiros. Há uma pluralidade de interpreta-ções do fenômeno multicultural e inúmeras e diversificadassão as concepções desse fenômeno. Segundo Atonio FlávioMoreira (2003), no âmbito da educação, multiculturalismo cor-responde

(A) à natureza da resposta que é dada à inevitável presen-ça das diferenças culturais em ambientes educativos.

(B) à discriminação das diferenças e ao estímulo ao trata-mento próprio a cada grupo social, em ambientes edu-cativos especializados.

(C) à identificação das diferenças e ao estímulo ao res-peito, à tolerância e à convivência com estas dife-renças.

(D) à pressuposição de conhecimentos universais a se-rem reproduzidos e assimilados pelos estudantes or-ganizados em grupos homogêneos, por gênero, ida-de, etnia, classe social.

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QUESTÃO 11

O trabalho pedagógico envolve gestão do conhecimento,da organização da sala de aula e do relacionamento inter-pessoal. Nesse contexto, a organização da sala de auladiz respeito

(A) ao diálogo, à investigação e descoberta do sentidodo mundo, ao registro de memórias, à escrita de tex-tos e resolução de exercícios.

(B) à apresentação pessoal, aos encontros de convivên-cia, ao respeito e acolhimento às pessoas na sua for-ma de ser e de se expressar.

(C) à estruturação do tempo e do espaço, às normas, àautoridade, às formas de participação, à disciplina e àcooperação no trabalho, com o conhecimento.

(D) à análise da realidade, projeção das finalidades edu-cacionais, elaboração de formas de mediação peda-gógica.

QUESTÃO 12

Uma das alternativas para que o planejamento educacionalsupere a dimensão técnica e priorize a integração entre a es-cola e a realidade social seria o planejamento participativo,sistematizado nas seguintes etapas inter-relacionadas:

(A) distribuição do conteúdo no tempo previsto no calen-dário escolar; decisão sobre a bibliografia a ser utili-zada; elaboração de slides e exercícios; digitação eenvio para a coordenação pedagógica.

(B) registro dos conteúdos; escolha das estratégias deensino; elaboração do cronograma; envio deste pore-mail para os colegas de turma e disciplina; entregado documento na instância competente.

(C) pesquisa dos conteúdos em índices de livros didáti-cos; produção de material didático a ser utilizado; ela-boração dos instrumentos de avaliação; definição dabibliografia básica e complementar.

(D) diagnóstico do contexto, da escola e dos alunos; or-ganização do trabalho didático: objetivos, conteúdos,metodologia e avaliação; reflexão crítica, envolvendotodos os sujeitos do processo educativo.

QUESTÃO 13

Na década de 1990, estiveram em destaque discussõesacerca dos mecanismos de exclusão escolar e dos pro-cessos de avaliação da aprendizagem. Hoje fala-se deinclusão, progressão continuada, reforço escolar, recupe-ração contínua e de outros procedimentos para fazer fren-te ao fracasso escolar. Nesse contexto, a progressão con-tinuada é entendida como

(A) um regime que prevê três quesitos: não prejuízo daavaliação do processo de aprendizagem; obrigatorie-dade dos estudos de recuperação para alunos de bai-xo rendimento e possibilidade de retenção, por umano, ao final do ciclo.

(B) uma expressão dos esforços empreendidos pela es-cola para a eficaz transmissão dos conteúdos propos-tos nos PCN, de modo a acelerar a preparação de re-cursos humanos para o trabalho.

(C) um mecanismo de controle dos professores sobre orendimento escolar dos alunos e das hierarquias deleresultantes dentro e fora da escola.

(D) uma forma individualizada de registro do desenvolvi-mento alcançado pelos alunos no decorrer do ano leti-vo, segundo a qual os alunos permanecem na escolaindependente de progressos terem sido alcançados.

QUESTÃO 14

A incorporação das novas tecnologias de informação co-municação ao processo educativo é um desafio para osprofessores e instituições escolares. Uma das alternativaspara tal incorporação está em

(A) propor formação contínua de professores com dife-rentes estruturas de mediação pedagógica, produçãode modelos didáticos e mídias, que facilitem a apren-dizagem e, ainda, trabalho em rede.

(B) ampliar do uso das tecnologias de informação comu-nicação, para atender ao maior espectro possível dedemanda, reduzindo os gastos com a educação.

(C) diversificar as tecnologias de informação e comunica-ção, de modo a tornar as escolas mais rentáveis eresponder às pressões sociais por educação.

(D) utilizar as tecnologias de informação e comunicaçãocomo recurso de aprendizagem, de modo a superara evasão e o abandono escolares

QUESTÃO 15

Fundamentadas na teoria positivista, que comunga a ideiade que os homens são diferentes em sua essência e expli-ca a diferença e a desigualdade como divinas (humanista-católica), naturais ou genéticas (humanista-iluminista),quatro correntes pedagógicas apresentam explicaçõesparticulares para o fenômeno da marginalidade, prescre-vendo medidas também diferenciadas para sua supera-ção. Essas correntes denominam-se:

(A) teoria da violência simbólica; teoria da escola comoaparelho ideológico de Estado; teoria da escola dua-lista; teoria crítica.

(B) tendência pedagógica tradicional; tendência pedagógi-ca renovada progressivista; tendência pedagógica re-novada não-diretiva; tendência pedagógica tecnicista.

(C) teoria da atividade; teoria da complexidade; teoria daaprendizagem emocional; teoria do comportamentohumano.

(D) tendência pedagógica libertadora; tendência pedagógi-ca libertária; tendência pedagógica histórico-crítica;tendência pedagógica crítico-social dos conteúdos.

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QUESTÃO 16

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação(LDB), Lei nº 9394/96, Título V, Capítulo I, Artigo 21, a edu-cação escolar compõe-se de:

(A) educação infantil; ensino fundamental; ensino médio;educação especial e ensino superior.

(B) educação básica; ensino médio; educação de jovense adultos e educação superior.

(C) educação básica, formada pela educação infantil, ensi-no fundamental e ensino médio e educação superior.

(D) educação infantil; educação básica; educação profis-sional e educação superior.

QUESTÃO 17

Desde o regime militar (1964-1985) até os dias atuais, apolítica econômica e a educacional vêm demonstrandomudanças na configuração de classe dos docentes, emespecial os da educação básica, sem, contudo superar apauperização econômica e cultural. Somem-se a isso asnovas exigências ao processo escolar, que resultam na in-tensificação do trabalho destes profissionais. Segundo Ma-ria Manuela Alves Garcia e Simone Barreto Anadon(2009), a intensificação do trabalho docente corresponde

(A) ao maior profissionalismo dos professores, que de-vem trabalhar conteúdos de cunho universalista, ga-rantindo a qualidade da educação, ferramenta im-prescindível para a obtenção e manutenção do postode trabalho no mercado competitivo do mundo con-temporâneo.

(B) à capacidade de planejar ambientes de aprendiza-gem dotados de estímulos estéticos, que minimizemameaças e promovam a sensibilidade e o aconchego,possibilitando desafios e a conquista de conhecimen-tos pelos alunos.

(C) à competência profissional para trabalhar currículoshíbridos, que contemplam a aprendizagem significati-va, o ensino pelo método científico, demandas recen-tes dos diferentes segmentos que compõem as insti-tuições escolares.

(D) à ampliação das responsabilidades e atribuições nocotidiano escolar dos professores, incorporação detarefas administrativas às pedagógicas, atividades deformação para rever habilidades e competências,além da colonização da subjetividade.

QUESTÃO 18

Na sociedade pós-moderna, a mudança de paradigmas arespeito do aprendizado, do ensino e dos processos ava-liativos exige uma nova mentalidade educacional e umaoutra perspectiva para a avaliação escolar. Assim, a abor-dagem de avaliação coerente com esse contexto seria:

(A) uma avaliação estruturada na articulação de compe-tências e habilidades, com vistas a fornecer indicado-res de padrões de qualidade e orientar a distribuiçãode recursos financeiros.

(B) uma avaliação somativa, centrada na medida de efici-ência, que privilegia produtos e resultados passíveisde comparação, confronto e competição.

(C) uma avaliação processual, reveladora das possibili-dades de construção de um processo educativo maisrico e dinâmico, envolvendo todos os que dele partici-pam na interpretação, na análise e no diálogo com re-ferenciais contraditórios.

(D) uma avaliação diagnóstica, que possibilite o acúmulode informações sobre a realidade educacional dopaís e a caracterização dos sistemas de ensino nasdiferentes regiões.

QUESTÃO 19

A complexidade do mundo atual coloca para a escola anecessidade de que os sujeitos, no processo de formação,aprendam a:

(A) reproduzir o conteúdo trabalhado; seguir instruções,agir individualmente, para se tornarem aptos e com-petitivos.

(B) resolver problemas imediatos, por meio do acúmulode informações em uma aprendizagem passiva e dis-ciplinadora.

(C) responder com coerência aos diferentes níveis de de-manda do campo de atuação profissional, indepen-dente da área de conhecimento, para a qual estásendo formado.

(D) pensar, refletir, adquirir estruturas mentais que possi-bilitem a aprendizagem autônoma e dominar os con-ceitos científicos básicos das diferentes áreas do co-nhecimento.

QUESTÃO 20

Segundo os referenciais de Iria Brzezinski (2001, p.72),“tendo presente a interação das culturas interna/externadas organizações escolares, é possível explicitar as maisexpressivas funções políticas e sociais da escola.” Dentreelas, destaca-se a

(A) socialização do saber por meio do ensino de qualida-de e da pesquisa qualificada, garantindo o ingresso eo sucesso escolar a todos, respeitadas as diferençasde cada um.

(B) possibilidade de o indivíduo, por meio da ciência,exercer um controle sobre a natureza, produzindo assuas condições de existência sob a influência do tra-balho e da comunicação.

(C) promoção do acesso aos saberes cotidianos pela me-diação cultural e apropriação de seus significadosnas situações concretas e nas experiências pessoaisdos sujeitos.

(D) inserção no mercado de trabalho e desenvolvimentode capacidades técnicas e aptidões para a conquistada produtividade requerida pela sociedade capitalistado conhecimento.

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QUESTÃO 21

Para que a escola pública brasileira desempenhe as fun-ções sociais, políticas e pedagógicas a ela atribuídas, al-gumas mudanças estruturais são imprescindíveis. Estasmudanças deverão instalar

(A) a primazia do poder da razão, da atividade científicae tecnológica em detrimento do sentimento, da imagi-nação e da subjetividade, pois o que se pretende éuma racionalidade instrumental capaz de separar osujeito do objeto de conhecimento.

(B) a cultura da democratização nas relações existentesna escola, o exercício da gestão colegiada e partici-pativa, com distribuição equilibrada de poder e deresponsabilidade entre os envolvidos no processoeducativo e em todas as esferas dos sistemas de en-sino.

(C) uma política educacional, que contemple a gestãocentralizadora, que facilite e agilize as tomadas dedecisão, o uso dos recursos financeiros e o cumpri-mento rigoroso da legislação emanada das instânciassuperiores competentes.

(D) a organização escolar estruturada no modelo econô-mico capitalista neoliberal, de modo que sejam pro-movidas a igualdade social, a inclusão étnico-racial,digital e, ainda, a efetivação da cidadania de todos.

QUESTÃO 22

Uma mudança paradigmática da organização e da gestãocentrada nos modelos racional-funcionalistas para um pa-radigma de organização e gestão escolar interacionista“não requer somente uma mudança individual [...] a mu-dança tem que ser institucional” Kenneth Zeichner(2000,p.15). Isso implica:

(A) desenvolver indicadores de qualidade a serem utiliza-dos na aferição de resultados do trabalho discente,docente e da gestão institucional nos diferentes ní-veis dos sistemas de ensino.

(B) enfatizar os aspectos conceituais e experimentais daqualificação dos educadores, em detrimento do cará-ter social, com vistas a conferir maior cientificidade aofenômeno educativo.

(C) reafirmar, com base na seletividade, na produtividadee no interesse individual, os eixos básicos da políticaeducacional para descentralizar e desburocratizar ossistemas de ensino.

(D) sair da zona de conforto instituída e consolidada,romper com a rotina e correr o risco de enfrentar umperíodo de instabilidade, em busca de uma nova es-tabilidade mais qualificada.

QUESTÃO 23A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei nº9394/96, no Artigo 12, institui que os estabelecimentos deensino elaborem e executem suas propostas pedagógicase, no Artigo 13, define que os docentes se incumbirão de(A) elaborar o plano nacional de educação; coletar, analisar

e disseminar informações sobre a educação; elaborar eexecutar políticas educacionais; oferecer educação in-fantil em creches e pré-escolas; administrar pessoal;transferir estudantes para outras escolas; possibilitar aaceleração de estudos para alunos com atraso escolar.

(B) estimular a criação cultural e o desenvolvimento doespírito científico; propor cursos sequenciais por cam-po de saber; autorizar o credenciamento e o reconhe-cimento de cursos; fixar currículos de cursos superio-res; fixar o número de vagas de acordo com a capaci-dade institucional; conferir diplomas e títulos; admi-nistrar rendimentos e recursos financeiros.

(C) elaborar e cumprir o plano de trabalho, segundo a pro-posta pedagógica; zelar pela aprendizagem dos alunos;estabelecer estratégias de recuperação para os alunosde menor rendimento; ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos; participar do planejamento, da ava-liação e dos períodos dedicados ao desenvolvimentoprofissional; colaborar com a articulação escola, família,comunidade.

(D) desenvolver nos estudantes a capacidade de apren-der; compreender o ambiente natural, social e o siste-ma político, dominar as novas tecnologias; adotarmetodologias de ensino e de avaliação adequadas;preparar os estudantes para o trabalho e, facultativa-mente, para a especialização profissional; registrar di-plomas de unidades indicadas pelo CNE.

QUESTÃO 24José Carlos Libâneo (2005) apresenta uma classificação,provisória, das correntes pedagógicas contemporâneas:racional-tecnológica, neocognivistas, sociocríticas; holísti-cas e pós-modernas. Segundo o autor, a corrente racional-tecnológica corresponde

(A) à concepção também denominada neotecnicismo, as-sociada a uma pedagogia a serviço da formação parao sistema produtivo. Pressupõe a formulação de obje-tivos e conteúdos, padrões de desempenho, compe-tências e habilidades com base em critérios científi-cos e técnicos.

(B) aos estudos relacionados ao desenvolvimento da ci-ência cognitiva, associada à utilização de computado-res. Seu objetivo é buscar novos modelos e referên-cias para avançar na investigação sobre os proces-sos psicológicos e a cognição.

(C) à explicação da atividade humana como processo eresultado das vivências socioculturais compartilha-das, que compreendem as práticas de aprendizagemdesenvolvidas em um contexto de cultura, de rela-ções e de conhecimento.

(D) à teoria que introduz novos aportes ao estudo daaprendizagem, do desenvolvimento, da cognição e dainteligência, segundo a qual a aprendizagem humanaé resultado de construção mental realizada pelos su-jeitos, com base na sua ação sobre o mundo e na in-teração com outros.

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QUESTÃO 25

Dentre todas as bacias hidrográficas existentes em Goiás,a do rio Paranaíba, no sul do estado, é a que apresenta omaior número de grandes lagos de represas, que modifi-caram significativamente as paisagens da região. A origemdesses represamentos está associada, primordialmente, à

(A) captação de água para abastecimento das indústrias,o que contornou o problema de escassez de chuvasna região.

(B) implantação do turismo, que promoveu a criação doslagos para o uso como balneários e instâncias depesca amadora.

(C) formação de espelhos d'água, o que permitiu regularos índices de temperatura na região, criando um am-biente mais ameno.

(D) instalação de usinas hidrelétricas, que aproveitaramas características propícias do relevo, com forte gra-diente do curso do rio.

QUESTÃO 26

Em Goiás, a técnica do planejamento estatal seguiu as in-fluências das políticas econômicas nacionais. Como go-verno responsável pela primeira experiência de planeja-mento na escala estadual sistematizada no território goia-no, pode-se citar

(A) Pedro Ludovico Teixeira.

(B) Mauro Borges Teixeira.

(C) Irapuan Costa Júnior.

(D) Iris Rezende Machado.

QUESTÃO 27

A fundação de Goiânia foi concebida em um contexto demudanças políticas, tanto nacionais quanto locais. A novacapital de Goiás deveria aproximar o estado do eixo de de-senvolvimento do País, focado na Região Sudeste. A es-colha do sítio para instalação da cidade considerou tam-bém

(A) a maior distância em relação ao litoral, para garantiras questões de segurança quanto a ataques exter-nos.

(B) a abundância de recursos hídricos, o que permitiria aposterior expansão do núcleo urbano.

(C) o relevo mais movimentado que o da antiga capital,Goiás, favorável à instalação de instrumentos urba-nos.

(D) a proximidade com Brasília, o que favoreceria os con-tatos com o governo federal.

QUESTÃO 28

'O senhor acha' replicou o governador, apontando para osseus dois filhos, 'que eu poderia me casar com a mãe des-sas crianças, com a filha de um carpinteiro?' Essas palavras,que encerraram a conversa, já indicavam os sentimentosque causaram o lamentável fim do infortunado FerdinandoDelgado. Ele deixou o governo em agosto de 1820 para re-tornar a Portugal, e partiu de Vila Boa acompanhado dos fi-lhos e da amante. Chegando ao Rio de Janeiro a mulher de-clarou que estava pronta a acompanhá-lo à Europa, mas naqualidade de sua legítima esposa. Fernando Delgado, cujossofrimentos – segundo dizem – lhe tiraram a lucidez de ra-ciocínio, não pôde suportar o dilema em que se encontrava,de se casar com a filha de um carpinteiro ou deixá-la no Bra-sil. E assim, pôs fim à própria existência.

SAINT-HILAIRE, Auguste. Viagem à província de Goiás. Belo Horizonte:Itatiaia, 1975, p. 56.

A passagem narrada por Saint-Hilaire demonstra um tipode atitude comum à cultura portuguesa no Brasil, fundadano preconceito contra

(A) a mestiçagem, vinculada à degeneração racial.

(B) o matrimônio, relacionado à perda de bens materiais.

(C) os costumes indígenas, qualificados pela indolência.

(D) os trabalhos manuais, associados à escravidão.

QUESTÃO 29

Leia o texto a seguir.

Em Rio Verde, os imigrantes pretenderam plantar sementesde mandioca, isso quando o mais ignorante de nossos cam-pônios sabe que tal prática é impossível, pois a mesma nãose reproduz por esse processo […] Além do tipo de imigranteagricultor referido, é bastante elevado o número dos queaqui chegam como lavradores, mas que na realidade pos-suem profissões diferentes […] Facilmente se compreendemos resultados nefastos do encaminhamento dessa gente àlavoura, depois de afirmarmos ao fazendeiro tratarem-se deverdadeiros técnicos em agricultura.

Exposição de motivos do Sr. Luis Sampaio Neto ao Sr. Jerônimo CoimbraBueno, 30.06.1949. In.: MAGALINSKI, Jan. Deslocados de guerra emGoiás: imigrantes poloneses em Itaberaí. Goiânia: Cegraf, 1980, p.137.[Adaptado].

A citação refere-se ao processo de adaptação dos polone-ses, que vieram para Goiás no pós-guerra. Com a forma-ção da colônia de Itaberaí, esse processo migratório indi-cava

(A) a diferença entre as condições mesológicas encontra-das em Goiás e na Europa, dificultando o aproveita-mento dos trabalhadores poloneses.

(B) o interesse da população migrante, ansiosa por aban-donar a condição de deslocado de guerra, sob quais-quer condições.

(C) a visão positiva do governo goiano sobre aquela cir-cunstância, assentada na troca de experiências entrefazendeiros locais e colonos estrangeiros.

(D) a tentativa governamental de implementação de umnovo modelo fundiário, baseado na pequena proprie-dade rural familiar.

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QUESTÃO 30

Observe o programa cultural apresentado a seguir.

Conforme o documento citado, produzido no início do sé-culo XX, e considerando o ambiente cultural goiano, naBelle Époque, destaca-se como característica

(A) a fixação dos eventos sociais na zona rural como for-ma de lidar com o isolamento das elites no ambienteurbano.

(B) a vinculação das elites goianas aos valores europeus,adotados apesar do afastamento geográfico do litoral.

(C) a isenção de participação nos eventos sociais porparte das oligarquias dominantes, apesar de seu po-der econômico.

(D) a associação entre a música e os prazeres da vidacampestre, experimentados por uma elite iletrada quecultiva o ócio.

RASCUNHO

RASCUNHO

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Leia o texto a seguir. As questões de 31 a 37 referem-se aele.

BERNARDO, Gustavo. Redação inquieta. São Paulo: Globo, 1985. [Adaptado].

QUESTÃO 31

A argumentação básica do texto pauta-se principalmentena ideia de que

(A) a prática constante e treinada da leitura contribui paraque os sujeitos aprendam, já o treino da escrita contri-bui para que eles transformem a realidade.

(B) a leitura e a escrita constituem tanto movimentos pas-sivos quanto ativos, já que ambas são responsáveispela aquisição de um estilo pessoal.

(C) a relação entre leitura e escrita é interdependente, poisler muito implica adquirir habilidades específicas re-queridas no desenvolvimento da escrita.

(D) a leitura e a escrita contribuem para que os sujeitosconheçam o mundo, a si mesmos e transformem omundo, embora a relação entre elas não seja direta.

QUESTÃO 32

Para o autor, a expressão “hábito” lhe parece plena de co-notações behavioristas. Na escola, o objetivo da leitura,segundo o behaviorismo, centra-se

(A) na construção de diferentes sentidos desencadeadospelas palavras.

(B) no treinamento para a capacidade de decodificaçãode elementos da língua.

(C) no desenvolvimento de competências inatas para odesempenho linguístico.

(D) na interação entre cotexto e contexto no estabeleci-mento do significado.

QUESTÃO 33

No período “nele se encontra alguma coisa, mas não asrespostas definitivas” (linhas 7 e 8), o elemento linguístico“mas” contribui para que

(A) a coesão se instaure e as informações introduzidaspelo referido elemento sejam entendidas como me-nos relevantes que as informações anteriores.

(B) uma ideia argumentativamente mais forte seja introdu-zida em oposição àquela ideia apresentada anterior-mente.

(C) a textualidade esteja garantida, embora não haja hie-rarquização de ideias, já que a primeira e a segundaorações são relevantes.

(D) uma oposição seja instaurada de modo que hajaequilíbrio argumentativo entre as duas ideias apre-sentadas no período.

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ESPELHO

Dizem que as perguntas fundamentais são quatro: Quem soueu? De onde vim? Para onde vou? Afinal de contas, o que estou fa-zendo aqui?

O primeiro livro que a gente lê é um dos primeiros espelhos.Nele, se procuram respostas para as quatro perguntas e, em espe-cial, para a primeira. Nele se encontra alguma coisa, mas não asrespostas definitivas. Daí, alguns abandonarão a leitura para tenta-rem outra linguagem, enquanto outros continuarão lendo, continua-rão procurando por ali. Até começarem a perceber que na outra pontados livros esteve um escritor, e que parte das respostas ansiosamenteprocuradas talvez esteja no próprio esforço de escrever as dúvidas.

Ler é um movimento externamente passivo – mas um movi-mento, porque mexe com as imagens interiores, guardadas, reprimi-das, acrescentando-lhes outras e transformando as que o leitor játraz consigo. Escrever, por sua vez, é um movimento externamenteativo, fazendo imagens, trazendo algumas do fundo e dando-lhesforma, trazendo outras do mundo e modificando-lhes a forma – nadireção de um estilo pessoal.

A relação entre escrever e ler, entretanto, vem sendo postacomo mecânica, de ligação direta, levando à ideia de que uma pes-soa que leia muito necessariamente escreve bem. Isto é falso.

A tese de que ler leva direto a escrever é defendida por aque-les que enxergam na falta de hábitos de leitura o grande problemada expressão do aluno e do povo. Como se hábito de leitura fosse acondição sine qua non para o sujeito se expressar.

Não existe hábito de leitura porque a maioria do povo é anal-fabeta, ou semi-analfabeta. Não há bons livros por isso também, epelo perigo que trazem os bons livros. Não há dinheiro para comprarlivros porque não há dinheiro para comprar pão, e não há dinheiropara comprar pão ou livros porque vivemos num regime onde sãosecundários o direito de escolher e a liberdade de decidir, tantoquanto a de desejar. Falta de dinheiro e falta de interesse pelo mun-do e pelos livros são sintomas de um grande desrespeito humanoinstitucionalizado. A instituição do desrespeito, que ‘escolhe’ por nóstodos e a todos interdita o desejo, é o nervo da questão – e não afalta de tal ou qual hábito.

A expressão “hábito”, aliás, me parece plena de conotaçõesbehavioristas e fascistas. Transfere problema humano para esferamecânica desprovida de consciência e de desejo. Os hábitos sãotransmitidos por imitação e por pressão, dispensando as pessoas deescolherem este ou aquele comportamento, dispensando-as do di-reito e dever de escolher e decidir por si.

Ler muito não pode levar a escrever. Pode levar a ler bem – oque será muito importante, claro. Ler bem, por sua vez, pode ajudara viver, porque o sujeito se informa, se identifica, se transfere, princi-palmente se anima. Mas o que leva as pessoas a escrever é umaangústia diferente destas: a angústia de riscar um destino, interferirna história, se colocar no campo de jogo.

A atitude de ler é metonímia da vontade de entender o mundo.A atitude de escrever, por sua vez, é metonímia da pretensão legíti-ma e transcendente de transformar o mundo.

Portanto, ler e escrever são esforços na direção do espelho –esforços diferentes. A pergunta de quem sou eu permanece. E o atode escrever, como sabe quem faz diário, é outra forma de tentar res-ponder.

Quem faz diário escreve para se afirmar, para se equilibrarfrente aos desafios do dia – desafios propostos pelo outro, ou pelarua, ou mesmo por suas dúvidas mais íntimas. Escreve para se res-ponder quem é. Ao fazê-lo, empresta forma a sentimentos confusose a partir de então descobre o que sentia, pois o gesto de escreverlhe disse.

Ao escrever, me revelo – revelo a mim mesmo que posso or-ganizar as palavrinhas, donde que posso organizar, construir e mon-tar o mundo novo. Revelo-me a extensão do meu poder, ou seja: aextensão dos meus possíveis. Em suma, a extensão da minha uto-pia.

O ato de escrever, antes de tudo, é legítimo ato de auto-afir-mação. E “autoafirmação” não é coisa ruim, pejorativa, como dizemos que não gostam de ver os outros se afirmando. A afirmação de simesmo é a primeira condição para responder à primeira pergunta.Quem não se afirma é o oprimido, é o submisso, o que se encontracaído ao chão à espera das ordens.

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QUESTÃO 34

O título “Espelho”, associado às ideias apresentadas notexto, constitui

(A) estratégia de figurativização das questões filosóficas,cujas respostas contribuem para os leitores/escritoresse autoafirmem como sujeitos no mundo.

(B) forma de tematizar a leitura e a escrita como açõessociais responsáveis pelo entendimento e transforma-ção do mundo, respectivamente.

(C) processo de particularização das questões filosóficas,cujas respostas podem ser traduzidas pelos exercí-cios de leitura e de escrita.

(D) mecanismo de literalização das ideias apresentadassobre a leitura e a escrita e a relação delas com o au-toconhecimento do leitor/escritor.

QUESTÃO 35

A escolha da palavra “metonímia” no texto constrói o pres-suposto de que a leitura e a escrita

(A) realizam, em parte, a vontade de entender o mundo ea pretensão de transformá-lo.

(B) figurativizam o ato de descrever e de informar o mun-do no uso da linguagem.

(C) garantem a totalidade da compreensão e da transfor-mação do mundo.

(D) constituem tarefa mínima na ação de conhecer omundo e máxima na ação de transformá-lo.

QUESTÃO 36

Na linha 60 do texto, o autor fala sobre o gênero diário.Esse gênero é organizado em forma de relato, pois focaliza

(A) o interlocutor, descrevendo uma sequência de ações,com o objetivo de informar o leitor do texto.

(B) os sentimentos, desenvolvendo uma sequência de ar-gumentos, com o objetivo de revelar segredos.

(C) a argumentação, apresentando dados persuasivos,com o objetivo de convencer o próprio autor.

(D) as ações, reconstruindo uma sequência de aconteci-mentos, com o objetivo de registrar impressões.

QUESTÃO 37

Segundo Possenti (1996, p. 48), “o modo de conseguir naescola a eficácia obtida nas casas e nas ruas é 'imitar', daforma mais próxima possível, as atividades linguísticas davida. Na vida, o que se faz é falar e ouvir. Na escola, aspráticas mais relevantes serão, portanto, escrever e ler.Como aprendemos a falar? Falando e ouvindo. Comoaprendemos a escrever? Escrevendo e lendo, e sendocorrigidos, e reescrevendo.”

Uma comparação entre as ideias apresentadas por Pos-senti e as apresentadas por Bernardo, no texto Espelho,revela que ambos

(A) argumentam a favor da imitação e da aquisição dehábitos.

(B) acreditam que a escola deve mediar a relaçãoleitura/escrita.

(C) atribuem valores diferentes à relação entre leitura eescrita.

(D) desconsideram a leitura e a escrita como práticas de-pendentes.

Considere a tira a seguir para responder às questões de38 a 40.

ITURRUSGARAI, A . No divã com Adão. São Paulo: Ed. Planeta do Bra-sil, 2008. p. 79.

QUESTÃO 38

Com base na tira apresentada, pode-se inferir que o des-vio na fala é diferente do desvio na escrita, devido

(A) à homofonia entre grafemas diferentes.

(B) ao aspecto informal inerente à fala.

(C) ao rigor imposto à língua escrita.

(D) à concordância nominal aceita na fala.

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QUESTÃO 39

O efeito de sentido produzido nos dois últimos quadros datira é construído por meio

(A) da diferença entre os sons constitutivos da língua in-glesa e da língua espanhola.

(B) de desvios na grafia das palavras para denunciar oanalfabetismo do brasileiro.

(C) de estrangeirismos para criticar a valorização dadapelos brasileiros a outras culturas.

(D) da oralidade marcada na placa e na grafia do nomedo bebê.

QUESTÃO 40

Ao tratar dos implícitos da língua, Platão e Fiorin(2006, p. 310) afirmam que os subentendidos são insi-nuações, não marcadas linguisticamente. São de respon-sabilidade do ouvinte. O falante pode esconder-se atrás dosentido literal das palavras e negar que tenha dito o que oouvinte depreendeu de suas palavras.

Relacionando a afirmação apresentada e a tira, pode-se su-bentender, da gradação numérica de anos no inferno, que

(A) a exigência do uso da norma padrão é exclusiva daesfera escolar.

(B) o uso de termos coloquiais é admitido no cotidianodas casas e ruas.

(C) o desvio da norma padrão é aceitável no meio políti-co por não causar mais estranhamento.

(D) a escolha das palavras é definidora das imagens queo outro constrói do locutor.

QUESTÃO 41

A expressão de sentimentos é um modo de subjetividadebastante frequente na poesia lírica, e isso muitas vezesleva o leitor a julgar que o eu-lírico é voz da pessoalidade,da intimidade do autor. São exemplos de poetas brasilei-ros cuja poesia representa esse modo de subjetividade

(A) Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e JoãoCabral de Melo Neto.

(B) Gonçalves Dias, Carlos Drummond de Andrade e Os-valdo de Andrade.

(C) Osvaldo de Andrade, João Cabral de Melo Neto eAna Cristina César.

(D) Gonçalves Dias, Manuel Bandeira e Ana Cristina César.

QUESTÃO 42

Para a Teoria Literária é consensual que o gênero épicocorresponde ao canto coletivo, tribal, nacional; enquanto ogênero lírico corresponde ao canto individual, centrado empercepções, sentimentos e/ou ideias mais pessoais. Sãoexemplos disso:

(A) I – Juca Pirama, de Gonçalves Dias, e Romanceiro daInconfidência, de Cecília Meireles, são obras classificá-veis como épicas, enquanto XIV alexandrinos, de Jorgede Lima, e A cinza das horas, de Manuel Bandeira, sãoobras classificáveis como líricas.

(B) Poemas americanos, de Gonçalves Dias, e Canções, deCecília Meireles, são obras classificáveis como épicas,enquanto Vila Rica, de Cláudio Manuel da Costa, e Acinza das horas, de Manuel Bandeira, são obras classifi-cáveis como líricas.

(C) Os timbiras, de Gonçalves Dias, e Pau-Brasil, de Osval-do de Andrade, são obras classificáveis como épicas,enquanto Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima, e Arosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade, sãoobras classificáveis como líricas.

(D) Vila Rica, de Cláudio Manuel da Costa, e A rosa dopovo, de Carlos Drummond de Andrade, são obrasclassificáveis como épicas, enquanto I – Juca Pirama,de Gonçalves Dias, e Canções, de Cecília Meireles, sãoobras classificáveis como líricas.

QUESTÃO 43

A crítica literária é uma atividade do conhecimento huma-no, cujo discurso se ocupa em afirmar juízos de valor so-bre a produção literária. Para tanto, a crítica literária assu-me vertentes que se ocupam da autoria de uma obra, daprópria obra, dos leitores e dos processos de leitura deuma obra, ou do mundo exterior à obra. Desse modo, aperiodização da produção literária em escolas é uma ativi-dade crítica sobre

(A) os modos de recepção individual e de público, deacordo com as políticas de letramento e com o mer-cado editorial.

(B) os fatores que acentuam a influência do contexto his-tórico no estilo das obras produzidas.

(C) o estilo dos textos literários, levando-se em conta asimbologia e estrutura linguística das obras.

(D) a vida pessoal e a formação intelectual dos escrito-res, segundo suas relações psicossociais.

QUESTÃO 44

No texto de O auto da Compadecida, Ariano Suassuna es-tabelece relações intertextuais com o cordelista do séc.XIX, Leandro Gomes de Barros. Embora seja um autorcontemporâneo, ao intitular sua obra de “auto” e ao convo-car a literatura de cordel, Ariano Suassuna inscreveu-seno fundamento de medievalismo, que é próprio de umagrande escola da tradição literária. Qual é essa escola?

(A) O Humanismo.

(B) O Arcadismo.

(C) O Barroco.

(D) O Romantismo.

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QUESTÃO 45

São Bernardo, de Graciliano Ramos, e Grande sertão: ve-redas, de Guimarães Rosa, são romances inscritos no re-gionalismo. A ambientação, a psicologia e a linguagem dohomem interiorano, sertanejo, são os aspectos mais cara-cterizadores de tais obras. Assim, no que diz respeito aoaspecto da linguagem,

(A) São Bernardo é obra escrita de modo a retratar os fa-lares do sertão nordestino; já Grande Sertão: veredasé obra que reproduz a prosa poética do sertão minei-ro.

(B) São Bernardo é obra escrita no padrão, destacando-se seu regionalismo apenas pela peculiaridade lexi-cal; já Grande Sertão: veredas é obra de imersão po-ética na sintaxe e no léxico regional, destacando-sepelo emprego de neologismos.

(C) São Bernardo é obra escrita em sintaxe e léxico ar-caizantes, como é próprio das regiões do interior doBrasil; já Grande Sertão: veredas é obra escrita emperíodos curtos e metafóricos, como é próprio do fa-lar sertanejo.

(D) São Bernardo é obra escrita de modo a diferenciar osusos sintáticos e lexicais, conforme cada persona-gem; já Grande Sertão: veredas é obra escrita demodo usual e neológico, de acordo com o tipo de per-sonagem.

QUESTÃO 46Em seu ensaio “O direito à Literatura”, Antônio Candido dizque humanização é “o processo que confirma no homemaqueles traços que reputamos essenciais, como o exercícioda reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para como próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de pe-netrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percep-ção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do hu-mor” e, com isso, esse crítico afirma que “a Literatura desen-volve em nós a quota de humanidade na medida em que nostorna mais compreensivos e abertos para a natureza, a soci-edade, o semelhante” (CANDIDO, 1995, p. 249). Fundamen-tando-se no pensamento de Candido, sobre a Literatura, con-clui-se que o ensino de Literatura é valioso porque

(A) consolida no educando os conhecimentos adquiridos,garantindo que ele possa relacionar os conteúdos doEnsino Fundamental ao do Médio.

(B) prepara o educando para o trabalho, desenvolvendohabilidades próprias para a ocupação posterior aosestudos escolares.

(C) aprimora o educando como pessoa, considerando, in-clusive, sua formação ética, sua autonomia intelectual eo desenvolvimento do senso crítico.

(D) desenvolve no educando, especificamente, o senso decidadania, permitindo que ao sair da escola ele possase dedicar competentemente às atividades sociais.

QUESTÃO 47Para responder às questões 47 e 48, leia o texto a seguir:

Aqui, Glaucescente Satúrniomorto, ou vivo disfarçado, deixou de existir no mundo,em fábula arrebatado, como árcade ultramarinoem mil amores enleado.

MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janei-ro: Editora Nova Fronteira, 1989. p.175.

As referências presentes no texto reportam ao poeta

(A) Tomás Antônio Gonzaga, enleado pelos amores deMarília.

(B) Cláudio Manoel da Costa, poeta fundador da ArcádiaUltramarina no Brasil.

(C) Silva Alvarenga, disfarçado em Glauceste Satúrnio,nome de pastor, como era praxe dos poetas árcades.

(D) Alvarenga Peixoto, inconfidente e poeta mineiro, en-forcado na prisão.

QUESTÃO 48

O livro Romanceiro da Inconfidência nasce da necessida-de que a autora sentiu de(A) cumprir um projeto de traçar a história dos heróis bra-

sileiros que viveram no Período Colonial, por meio denarrativas épicas.

(B) dar vazão poética à experiência formal do gênero Ro-manceiro tal qual foi praticado na Península Ibéricadurante a Idade Média.

(C) retomar as questões universais dos atores da Inconfi-dência, em relação a seus sentimentos amorosos esonhos de liberdade.

(D) fazer o registro das vozes históricas do movimento re-volucionário que ocorreu em Vila Rica, no sec. XVIII.

RASCUNHO

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QUESTÃO 49

POEMA DE SETE FACES

Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombradisse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.As casas espiam os homensque correm atrás de mulheres.A tarde talvez fosse azul,não houvesse tantos desejos.O bonde passa cheio de pernas:pernas brancas pretas amarelas.Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.Porém meus olhosnão perguntam nada.O homem atrás do bigodeé sério, simples e forte.Quase não conversa.Tem poucos, raros amigoso homem atrás do bigode.Meu Deus, por que me abandonastese sabias que eu não era Deusse sabias que eu era fraco.Mundo mundo vasto mundo,se eu me chamasse Raimundoseria uma rima, não seria uma solução.Mundo mundo vasto mundo,mais vasto é meu coração.Eu não devia te dizermas essa luamas esse conhaquebotam a gente comovido como o diabo.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. Rio de Janeiro/ SãoPaulo: Editora Record, 2002. p.21-22.

Com esse poema, Drummond inicia sua obra poéticapublicada em livros. Nele, pode-se verificar a seguinte ca-racterística da poesia Drummond:

(A) olhar lírico sobre a vida humana.

(B) descrença na sorte humana.

(C) repetição como recurso moderno.

(D) valorização da vida interiorana.

QUESTÃO 50

“Ainda uma vez não há novidade nos enterros. Daí o provável tédiodos coveiros, abrindo e fechando covas todos os dias. Não cantam,como os de Hamlet , que temperam as tristezas do ofício com as tro-vas do mesmo ofício. Trazem o caixão da cal e a colher para os convi-dados, e para si as pás com que deitam a terra para dentro da cova.”

ASSIS, Machado de. Cap. CVIII. In: ______. Esaú e Jacó. São Paulo:Ática, 1998. p. 177.

O trecho transcrito, além da observação de que a cena deenterro tem quase sempre os mesmos elementos, traz areferência a Hamlet, pela seguinte coincidência:

(A) em Hamlet, perante uma caveira, o protagonista le-vanta a questão “ser ou não ser”; essa mesma dúvi-da também percorre o romance Esaú e Jacó.

(B) em Hamlet, o problema do trono usurpado pelo tio éque tortura o personagem; em Esaú e Jacó, a namora-da roubada pelo irmão é que enlouquece a cabeça dePaulo.

(C) em Hamlet, o enterro citado é o da sua amada Ofélia;em Esaú e Jacó é o momento do enterro de Flora, aamada de Pedro e Paulo.

(D) em Hamlet, os coveiros cantam no momento do en-terro, para temperar as tristezas; em Esaú e Jacó, opai e alguns amigos cantam canções religiosas, paraa salvação de Flora.

RASCUNHO

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS — DISCURSIVAS

Leia os três trechos a seguir, antes de responder as questões 1 e 2:

TEXTO 1:Considero a produção de textos (orais e escritos) como ponto de partida (e ponto dechegada) de todo o processo de ensino/aprendizagem da língua. E isto não apenas porinspiração ideológica de devolução do direito à palavra às classes desprivilegiadas, paradelas ouvirmos a história, contida e não contada, da grande maioria que hoje ocupa osbancos escolares. Sobretudo, é porque no texto que a língua se revela em sua totalidadequer enquanto conjunto de formas e de seu reaparecimento, quer enquanto discurso queremete a uma relação intersubjetiva constituída no próprio processo de enunciação marcadapela temporalidade e suas dimensões.É a partir dessa perspectiva que estabeleço, no interior das atividades escolares, umadistinção entre produção de textos e redação. Nesta, produzem-se textos para a escola;naquela produzem-se textos na escola.

GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. p. 135-137

TEXTO 2:Quando participamos de uma missa ou de um culto, ministramos uma aula, enviamos um e-mail ou preenchemos um formulário, utilizamos modos culturais que envolvem a leitura e/ouescuta e ou produção de textos escritos em diferentes domínios da atividade humana. Nessesentido, uma questão problemática que atravessa desde a pré-escola até o Ensino Médio (eaté mesmo a universidade) é a lacuna entre as práticas de letramento realizadas na escola eas típicas de outras instituições/instâncias sociais. Sobre isso, Kleiman (2005, p. 23) afirmaque quanto mais a escola se aproxima das práticas sociais em outras instituições, mais oaluno poderá trazer conhecimentos relevantes das práticas que já conhece, e mais fáceisserão as adequações, adaptações e transferências que ele virá a fazer para outras situaçõesda vida real.BUNZEN, Clecio; MENDONÇA, Márcia. Português no ensino médio e formação do professor, (org.). São Paulo: Parábola Editorial, 2006, p.17.

TEXTO 3:No mês de agosto daquele ano, os alunos da escola estavam envolvidos com a organizaçãodo I Festival de Dança, evento que mobilizou toda a comunidade escolar, por se tratar dealgo cuja motivação chega a ser espontânea, em se tratando de juventude: movimentaçãodo corpo. Várias atividades de produção textual foram desenvolvidas. Elas envolviam umadiversidade de gêneros. O conteúdo temático era sempre o mesmo, variando-se o contextode produção.O primeiro gênero a ser abordado foi a propaganda, já que era necessário fazer-se adivulgação do evento. O segundo foi a notícia, pois o jornal da cidade possui um espaçoreservado para a divulgação de promoções sociais e culturais feitas pela escola. O terceirosurgiu de uma necessidade flagrante: como o festival havia dado renda muito além dasexpectativas, tornou-se necessário definir prioridades a fim de se fazer um bom investimento.Tais prioridades foram definidas pelos próprios alunos. Restou-lhes dirigirem-se àadministração da escola para fazer solicitação. Antes, porém, eles produziram orequerimento.Antes de se fazer a proposta concreta de produção de texto, o aluno foi colocado em contatocom o corpus textual de cada gênero a ser solicitado, o qual lhe serviria de referência.COSTA, Sérgio Roberto; POLINELLI, Honoralice de Araújo Mattos. Práticas de leitura/escrita em sala de aula. Disponívelem:<http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno09-13.html> Acesso: 05/10/2009.

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QUESTÃO 1

Com base nas ideias dos textos 1, 2 e 3, explique a diferença entre produção de texto e redação,considerando as condições de produção do discurso e tomando como exemplo o gênero artigo deopinião.

(10,0 pontos)

QUESTÃO 2

Tome por base o relato descrito no texto 3 e planeje uma metodologia para uma atividade deprodução textual destinada ao Ensino Fundamental ou Médio. Leve em consideração a afirmação deKleiman (2005, p. 23), presente no texto 2, de que a produção de texto na escola deve aproximar-sedas práticas sociais vividas pelos alunos.

(10,0 pontos)

QUESTÃO 3

Leia o poema a seguir.

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,desses que tocam trombeta, anunciou:vai carregar bandeira.Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada.Aceito os subterfúgios que me cabem,sem precisar mentir.Não sou tão feia que não possa casar,acho o Rio de Janeiro uma beleza eora sim, ora não, creio em parto sem dor.Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.Inauguro linhagens, fundo reinos- dor não é amargura.Minha tristeza não tem pedigree,já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô.Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.Mulher é desdobrável. Eu sou.

PRADO, Adélia. Poesia reunida. São Paulo: Arx, 1991.

Interprete esse poema de Adélia Prado, explicitando por meio de expressões textuais, como eledialoga, de modo paródico, com o texto “Poema de sete faces”, de Drummond, apresentado naquestão 49.

(10,0 pontos)

RASCUNHO

GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA E SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

UFG/CS CONCURSO PÚBLICO PAR A O CARGO DE PROFESSOR, NÍVEL III

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