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    Brasil:A dialtica da dissimulao

    Brazil:

    The dialectics of dissimulation

    Resumo

    O Professor Alfredo Bosi focalizou o carter intrinsecamente contraditrio do pro-

    cesso colonizador do Brasil. Inspiro-me nessa viso metodolgica, para ressaltar nes-

    te artigo outra oposio entre aparncia e realidade, formando uma unidade dialtica:

    o carter fundamentalmente dissimulado dos nossos grupos sociais dominantes, com

    fundas repercusses na vida social. Para ilustrar esse propsito e, concomitantemente,

    prestar homenagem a um dos melhores comentadores da literatura brasileira, recorro

    neste texto a citaes de obras de alguns de nossos maiores literatos, notadamente

    Machado de Assis.

    Palavras-chave:Brasil, dialtica, literatura, literatura brasileira. Machado de Assis.

    Abstract

    Professor Alfredo Bosi focused on the intrinsically contradictory character of the

    colonization process in Brazil. I am inspired by this methodological view to point out in this

    article another opposition between appearance and reality, forming a dialectical unity: the

    fundamentally dissimulating character of our dominant social groups, which has profound

    repercussions on social life. To illustrate this purpose and, at the same time, to pay a

    homage to one of the best commentators of Brazilian literature, I use in this text quota-

    tions from works of some of our greatest writers, particularly Machado de Assis.

    Keywords:Brazil, dialectics, literature, Brazilian literature, Machado de Assis.

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    Brasil: A dialtica da dissimulao

    Fbio Konder ComparatoProfessor Emrito Universidade de So Paulo

    ISSN 1679-0316 (impresso) ISSN 2448-0304 (online)

    ano 14 n 239 vol. 14 2016

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    Cadernos IHU ideias uma publicao quinzenal impressa e digital do Instituto Humanitas Unisinos IHU queapresenta artigos produzidos por palestrantes e convidados(as) dos eventos promovidos pelo Instituto, alm de artigosinditos de pesquisadores em diversas universidades e instituies de pesquisa. A diversidade transdisciplinar dostemas, abrangendo as mais diferentes reas do conhecimento, a caracterstica essencial desta publicao.

    UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNISINOS

    Reitor:Marcelo Fernandes de Aquino, SJVice-reitor: Jos Ivo Follmann, SJ

    Instituto Humanitas Unisinos

    Diretor:Incio Neutzling, SJGerente administrativo:Jacinto Schneider

    ihu.unisinos.br

    Cadernos IHU ideias

    Ano XIV N 239 V. 14 2016ISSN1679-0316 (impresso)ISSN 2448-0304 (online)

    Editor: Prof. Dr. Incio Neutzling Unisinos

    Conselho editorial:Lic. tila Alexius; Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta; Prof. MS Gilberto Antnio Faggion; Prof. MSLucas Henrique da Luz; MS Marcia Rosane Junges; Profa. Dra. Marilene Maia; Profa. Dra. Susana Rocca.

    Conselho cientfico:Prof. Dr. Adriano Naves de Brito, Unisinos, doutor em Filosofia; Profa. Dra. Angelica Massuquetti,Unisinos, doutora em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade; Profa. Dra. Berenice Corsetti, Unisinos, doutora emEducao; Prof. Dr. Celso Cndido de Azambuja, Unisinos, doutor em Psicologia; Prof. Dr. Csar Sanson, UFRN, doutorem Sociologia; Prof. Dr. Gentil Corazza, UFRGS, doutor em Economia; Profa. Dra. Suzana Kilpp, Unisinos, doutora emComunicao.

    Responsvel tcnico:Lic. tila Alexius

    Imagem da capa:Ana Carolina PortoReviso:Carla Bigliardi

    Editorao:Rafael Tarcsio Forneck

    Impresso:Impressos Porto

    Cadernos IHU ideias / Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Instituto Humanitas Unisinos. Ano 1, n. 1(2003)- . So Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2003- .

    v.

    Quinzenal (durante o ano letivo).

    Publicado tambm on-line: .

    Descrio baseada em: Ano 1, n. 1 (2003); ltima edio consultada: Ano 11, n. 204 (2013).

    ISSN 1679-03161. Sociologia. 2. Filosofia. 3. Poltica. I. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Instituto Humanitas Unisinos.

    CDU 3161

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    Bibliotecria responsvel: Carla Maria Goulart de Moraes CRB 10/1252

    ISSN1679-0316 (impresso)

    Solicita-se permuta/Exchange desired.As posies expressas nos textos assinados so de responsabilidade exclusiva dos autores.

    Toda a correspondncia deve ser dirigida Comisso Editorial dos Cadernos IHU ideias:

    Programa de Publicaes, Instituto Humanitas Unisinos IHUUniversidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos

    Av. Unisinos, 950, 93022-000, So Leopoldo RS BrasilTel.: 51.3590 8213 Fax: 51.3590 8467

    Email: [email protected]

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    BRASIL:A DIALTICA DA DISSIMULAO

    Fbio Konder Comparato

    Em obra primorosa,1

    o Professor Alfredo Bosi2

    focalizou o carterintrinsecamente contraditrio do processo colonizador do Brasil. Inspiro-me nessa viso metodolgica, para ressaltar aqui outra oposio entreaparncia e realidade, formando uma unidade dialtica: o carter funda-mentalmente dissimulado dos nossos grupos sociais dominantes, comfundas repercusses na vida social.

    Para ilustrar esse propsito e, concomitantemente, prestar homena-gem a um dos melhores comentadores da literatura brasileira, recorroneste texto a citaes de obras de alguns de nossos maiores literatos,notadamente Machado de Assis.

    O Desdobramento da Personalidade

    Comeo por lembrar o jovem personagem do conto O Espelho, deMachado de Assis.3Como asseverou o narrador a seus ouvintes espan-tados, cada um de ns possui duas almas. Uma delas exterior, que exibi-mos aos outros, e pela qual nos julgamos a ns mesmos, de fora para

    dentro. Outra interior, raramente exposta aos olhares externos, com aqual julgamos o mundo e a ns mesmos, de dentro para fora. Uma sim-ples vestimenta no caso a farda de alferes da Guarda Nacional foicapaz de criar para o jovem personagem do conto uma dupla personali-dade. O uniforme representou uma espcie de alma exterior, graas qual ele j no mais se enxergava absolutamente sozinho e isolado doresto do mundo, num stio do qual a proprietria, sua tia, se havia ausen-tado h vrios dias, e todos os escravos, fugido na noite seguinte au-

    sncia da dona. Quando se enxergava no fardado no espelho, sua1 Dialtica da Colonizao, publicado originalmente em 1992, 4 edio em 2008 (Compa-

    nhia das Letras).2 Professor Emrito da Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da Universidade

    de So Paulo.3 In Papis Avulsos.

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    imagem aparecia vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra. Bastou,porm, vestir a farda e olhar-se novamente no espelho para rever-se niti-damente, nenhuma linha de menos, nenhum contorno diverso; voltara aser ele prprio, pois havia reencontrado sua alma exterior.

    No curso de toda a nossa histria, at hoje, com nfimas variaes,esse desdobramento de personalidades perdurou no seio dos nossosgrupos abastados. No meio domstico ou na esfera privada, as pessoasvivem com os defeitos e qualidades de sua alma interior, encoberta aosolhares externos. J na esfera pblica, o personagem se transforma, ele outro, quase que totalmente diverso.

    Uma das razes explicativas dessa personalidade dplice, que che-

    ga s raias da esquizofrenia, , sem dvida, a permanncia entre ns docomplexo colonial, mesmo aps a Independncia. Como asseverou Sr-gio Buarque de Holanda,4a tentativa de implantao da cultura europeiaem um ambiente que lhe era largamente estranho fez com que nossasclasses dirigentes vivessem como desterradas em sua prpria terra. Suamentalidade ou viso de mundo, componente da alma exterior na no-menclatura do conto machadiano, nada mais era, at praticamente mea-dos do sculo passado, do que a cpia apcrifa daquela vigente em terras

    europeias, e que tinha pouco a ver com a realidade social propriamentebrasileira.Sem dvida, a partir do trmino da Segunda Guerra Mundial, com o

    enfraquecimento da influncia econmica e cultural das potncias euro-peias no concerto das naes, a mentalidade de nossos grupos dominan-tes ampliou seus horizontes, embora permanecendo sempre vinculadaaos pases ditos civilizados. Mas o desdobramento da personalidade per-maneceu imutvel, pois a alma interior continuou praticamente a mes-

    ma, segundo o velho brocardo: quem pode manda, obedece quem temjuzo.Em suma, o carter de nossas mal chamadas elitessempre foi bova-

    rista, como bem salientou Tristo de Athayde.5 semelhana da trgicapersonagem de Flaubert, elas procuram fugir do ambiente canhestro eatrasado em que vivem, e que as envergonha, de modo a sublimar naimaginao, para o pas todo e cada pessoa em particular, uma identida-de e condies ideais de vida que fingem possuir, mas que lhes so defato completamente estranhas.

    Para a consolidao dessa duplicidade de carter, muito contribuiu acivilizao capitalista, que aqui aportou juntamente com os primeiros des-

    4 Razes do Brasil, edio comemorativa 70 anos, Companhia das Letras, pg. 19.5 Cf. Poltica e Letras, in Vicente Licnio Cardoso, Margem da Histria da Repblica, tomo

    II, Editora Universidade de Braslia, pg. 48.

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    cobridores e exploradores do territrio. Com efeito, a dissimulao perma-nente, com a oposio sistemtica entre aparncia e realidade, constituium elemento indissocivel do esprito capitalista. Ela se manifesta, tradi-cionalmente, pela longa experincia da publicidade mercantil, bem comopela dissimulao do poder.

    No primeiro caso, o mtodo de atuao o mesmo empregado porSatans no mito bblico da primeira e fatal desobedincia do ser humanoaos mandamentos do Criador, tal como relatado no Captulo 3 do Gne-sis. O mercador age como a serpente, o mais astuto de todos os animaisdos campos. Ao oferecer suas mercadorias ou servios, ele no argu-menta com base na razo, mas dirige-se, antes, aos sentimentos ou s

    paixes ocultas do eventual comprador.Da mesma forma na esfera poltica, os lderes capitalistas procu-

    ram sempre manter-se em posio encoberta ou dissimulada, como su-jeitos ao poder do Estado, quando, na verdade, vivem e prosperam inti-mamente ligados aos grandes agentes estatais, formando uma duplaoligrquica. Pois, como bem advertiu o historiador francs FernandBraudel, que lecionou na Universidade de So Paulo logo aps a suafundao, o capitalismo s triunfa quando se identifica com o Estado,

    quando o Estado.6

    E em pouco tempo, graas a essa associaooculta, a vida social inteiramente transformada pela tica da incessan-te busca do interesse material.

    Em soneto clebre, reproduzido pelo Professor Bosi no captulo 3 dasua Dialtica da Colonizao, Gregrio de Matos relatou essa transforma-o radical ocorrida na Bahia no sculo XVII, quando Salvador tornou-seo principal porto comercial do Brasil:

    Triste Bahia! quo dessemelhante

    Ests e estou do nosso antigo estado!Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,Rica te vi eu j, tu a mi abundante.

    A ti trocou-te a mquina mercante,que em tua larga barra tem entrado,A mim foi-me trocando e tem trocadoTanto negcio e tanto negociante.

    Deste em dar tanto acar excelente

    Pelas drogas inteis, que abelhudaSimples aceitas do sagaz Brichote.

    6 La dynamique du capitalisme, ditions Flammarion, 2008, p. 68.

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    Oh se quisera Deus que de repenteUm dia amanheceras to sisudaQue fora de algodo o teu capote!

    Essa dialtica da dissimulao, na qual aparncia e realidade fun-dem-se para dar nascimento a uma unidade contraditria, produziu a sis-temtica duplicao de nossos ordenamentos jurdicos. Com efeito, portrs do direito oficial em geral de nvel equivalente ao dos pases maisadiantados, mas de vigncia mais aparente do que efetiva , vigora umoutro direito, em tudo conforme aos interesses da oligarquia dominante.Quando chamados a julgar as lides forenses envolvendo integrantes daoligarquia, os rgos do Poder Judicirio optam em geral pela aplicao

    deste ltimo ordenamento, travestido em direito oficial, graas aos refina-dos recursos da tcnica exegtica.

    Foi o que sucedeu em nossa histria com a escravido e as institui-es polticas, como se passa a ver.

    As Duas Faces da Escravido

    Durante muito tempo, historiadores e socilogos consideraram ter

    havido um claro contraste entre a escravido de africanos nos EstadosUnidos e no Brasil. Enquanto l os escravos foram tratados cruelmente,aqui os cativos teriam recebido tratamento benigno, seno francamenteprotetor.

    A meu ver, na origem dessa suposta contradio de atitudes, encon-tramos uma diferena radical de mentalidades entre os dois povos. Osamericanos, alm de no dissimularem suas convices e dizerem fran-camente o que pensam, no costumam ocultar seus atos de crueldade. E

    foi isto que esteve na origem da mais longa e sanguinria guerra civil dosculo XIX. Ns, ao contrrio, timbramos em proclamar nossa ausnciade preconceitos em relao aos negros e pobres, e encobrimos sistema-ticamente as brutalidades contra eles praticadas; o que nos levou a abolira escravido sem grandes conflitos.

    Sob esse aspecto, encarnamos perfeio o poeta fingidor de Fer-nando Pessoa. Fingimos to completamente, que chegamos afinal a nosconvencer de nossa ndole reconhecidamente compassiva e humanit-ria, como afirmou Perdigo Malheiro, autor de um tratado jurdico sobre aescravido brasileira no sculo XIX.7E foi assim que sempre nos apresen-tamos aos olhares estrangeiros. Na Exposio Internacional de Paris de

    7 Dr. Agostinho Marques Perdigo Malheiro, A Escravido no Brasil Ensaio Histrico-Jurdi-co-Social, Rio de Janeiro, Typographia Nacional, 1866, t. II, pp. 61 e 114.

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    1867, por exemplo, nosso governo informou, oficialmente, que os escra-vos so tratados com humanidade e so em geral bem alojados e alimen-tados... O seu trabalho hoje moderado... ao entardecer e s noites elesrepousam, praticam a religio ou vrios divertimentos.8

    A realidade, contudo, contrastava brutalmente bem o caso dedizer com essa falaciosa apresentao dos fatos.

    A Constituio de 1824 declarou desde j abolidos os aoites, atortura, a marca de ferro quente e todas as demais penas cruis (art. 179,XIX).

    Em 1830, porm, foi promulgado o Cdigo Criminal, que previu aaplicao da pena de gals, a qual, conforme o disposto em seu art. 44,

    sujeitar os rus a andarem com calceta no p e corrente de ferro, juntosou separados, e a empregarem-se nos trabalhos pblicos da provncia,onde tiver sido cometido o delito, disposio do Governo. Escusa dizerque essa espcie de penalidade, tida por no cruel pelo legislador de1830, s se aplicava de fato aos escravos.

    Dentre os vrios instrumentos de tortura sistematicamente aplicadosaos escravos, um dos mais comuns era a mscara de folha-de-flandres.No conto Pai contra me,9Machado de Assis assim a descreve:

    A mscara fazia perder o vcio da embriaguez aos escravos, por lhestapar a boca. Tinha s trs buracos, dois para ver, um para respirar, eera fechada atrs da cabea por um cadeado. Com o vcio de beber,perdiam a tentao de furtar, porque geralmente era dos vintns dosenhor que eles tiravam com que matar a sede, e a ficavam dois pe-cados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotescatal mscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcanasem o grotesco, e alguma vez o cruel.

    Outro instrumento de tortura largamente aplicado aos cativos era oferro ao pescoo. Nesse mesmo conto, Machado de Assis explica que talinstrumento visava a punir e desvelar aos olhos de todos os escravos fu-jes. Imaginai, diz ele, uma coleira grossa, com a haste grossa tam-bm, direita ou esquerda, at ao alto da cabea e fechada atrs comchave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravoque fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e compouco era pegado.

    No era, alis, de surpreender que os escravos fugissem com fre-

    quncia, e que pegar escravos fugidos era um ofcio do tempo. No serianobre, acrescenta Machado de Assis, mas por ser instrumento da fora

    8 Citado por Celia Maria Marinho de Azevedo, Abolicionismo: Estados Unidos e Brasil, umahistria comparada (sculo XIX), ANNABLUMEeditora, So Paulo, 2003, p. 63.

    9 In Relquias de Casa Velha.

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    com que se mantm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza impl-cita das aes reivindicadoras. Ningum se metia em tal ofcio por desfas-tio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inaptido paraoutros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir tambm, aindaque por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijopara pr ordem desordem.

    E havia mais. Apesar da expressa proibio constitucional, os cati-vos foram, at as vsperas da abolio, mais precisamente at a Lei de16 de outubro de 1886, marcados com ferro em brasa, e regularmentesujeitos pena de aoite. O mesmo Cdigo Criminal, em seu art. 60, fixa-va para os escravos o mximo de 50 (cinquenta) aoites por dia. Mas a

    disposio legal nunca foi respeitada. Era comum o pobre diabo sofrer atduzentas chibatadas num s dia. A lei supracitada s foi votada na Cma-ra dos Deputados porque, pouco antes, dois de quatro escravos condena-dos a 300 aoites por um tribunal do jri de Paraba do Sul vieram afalecer.

    Tudo isso, sem falar dos castigos mutilantes, como todos os dentesquebrados, dedos decepados ou seios furados.

    Uma lei de 1835 disps que seriam punidos com a morte, aps um

    processo judicial sumrio, os escravos que matassem ou ferissem grave-mente o seu senhor, a mulher deste, seus descendentes ou ascendentes;ou o administrador, feitor e suas mulheres. Mas a lei teve reduzida aplica-o. Os senhores rurais consideravam pura perda de tempo recorrer a umprocesso judicial, ainda que expeditivo, quando, em sua qualidade de le-gtimos proprietrios, podiam fazer o que bem entendessem com o quelhes pertencia. O escravo era uma coisa; no uma pessoa.

    Apesar de ter sido mantido constantemente em recato, inegvel

    que o direito no oficial da escravido jamais deixou de ser aplicado. Umbom exemplo, a esse respeito, foi a permanncia do trfico negreiro porlongos anos, em situao de gritante ilegalidade.

    Um alvar de 26 de janeiro de 1818, baixado pelo rei portugus ain-da no Brasil, em cumprimento a tratado celebrado com a Inglaterra, de-terminou a proibio do comrcio infame sob pena de perdimento dosescravos, os quais imediatamente ficaro libertos. Tornado o pas inde-pendente, firmou-se com a Inglaterra nova conveno, em 1826, pelaqual o trfico que se fizesse depois de trs anos da troca de ratificaesseria equiparado pirataria. Durante a Regncia, sob presso dos ingle-ses, tal proibio foi reiterada pela lei de 7 de novembro de 1831.

    Mas todo esse aparato jurdico oficial permaneceu letra morta, poisfora editado unicamente para ingls ver. Como lembrou o grande advo-gado negro Luiz Gama, ele prprio vendido como escravo pelo pai quan-

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    do tinha apenas 10 anos, os carregamentos eram desembarcados publi-camente, em pontos escolhidos das costas do Brasil, diante das fortalezas, vista da polcia, sem recato nem mistrio; eram os africanos, sem em-barao algum, levados pelas estradas, vendidos nas povoaes, nas fa-zendas, e batizados como escravos pelos reverendos, pelos escrupulo-sos procos!...10

    Efetivamente, na opinio pblica o trfico negreiro nada tinha em side ignbil. Antitico no era tratar seres humanos como mercadorias,mas sim deixar de pagar religiosamente as dvidas mercantis.

    Machado de Assis ilustrou tal fato com o personagem Cotrim, nasMemrias Pstumas de Brs Cubas.11Como afirmado no romance, ele

    possua um carter ferozmente honrado (...). Como era muito seco demaneiras tinha inimigos, que chegavam a acus-lo de brbaro. O nicofato alegado neste particular era o de mandar com frequncia escravos aocalabouo, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, alm de que eles mandava os perversos e os fujes, ocorre que, tendo longamente con-trabandeado em escravos, habituara-se de certo modo ao trato um poucomais duro que esse gnero de negcio requeria, e no se pode honesta-mente atribuir ndole original de um homem o que puro efeito de rela-

    es sociais.Diante desse quadro trgico, no era de estranhar que os prpriosescravos desenvolvessem, eles tambm, o costume de uma dualidade deatitudes diante dos senhores.

    Foi o que sucedeu, por exemplo, com a prtica da capoeira,12umainveno dos escravos fugitivos e perseguidos. De incio, era ela umaespcie de luta corporal. No possuindo armas suficientes para se defen-derem, fazia-se necessrio aos negros cativos desenvolver uma forma de

    enfrentar as armas inimigas, unicamente com seu prprio corpo. Tiveram,ento, a ideia de seguir o exemplo dos animais, com marradas, coices,saltos e botes.

    A denominao dessa forma de luta corporal veio do mato onde osescravos fugitivos se entrincheiravam e treinavam essa forma de resistn-cia. De fato, a capoeira foi, inicialmente, uma forma de defesa dos quilom-bolas no meio rural. Nos espaos controlados pelo senhor, todavia, osescravos tinham necessidade de dissimular essa caracterstica de com-bate corporal da capoeira, apresentando-a como uma forma de dana,

    10 Citado por Sud Menucci, O Precursor do Abolicionismo no Brasil (Luiz Gama), CompanhiaEditora Nacional, coleo Brasiliana, vol. 119, p. 171.

    11 Captulo 123.12 Veja-se a esse respeito o excelente verbete capoeira, no Dicionrio da Escravido Negra

    no Brasil, de Clvis Moura, Editora da Universidade de So Paulo.

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    simples divertimento enfim. De onde o aparecimento do berimbau, utiliza-do na verdade para avisar a aproximao dos senhores, feitores oucapites-do-mato.

    Com a abolio da escravatura, os capoeiras foram aproveitadoscomo membros da Guarda Negra, fundada por Jos do Patrocnio paradefender a Princesa Isabel e praticar distrbios e violncias nas manifes-taes republicanas. De onde o fato de o Cdigo Penal de 1890 haver ti-pificado, em seu artigo 402, a capoeiragem como um delito especial.13

    A Duplicidade Permanente de nossa Organizao Poltica

    Sem dvida, o dualismo estrutural prprio do fenmeno poltico. Hnele sempre uma relao dialtica entre as ideias e a ao concreta, entreos costumes e o direito estatal, entre o pensamento crtico e as institui-es de poder. Nessa realidade essencialmente bipolar, nenhum lado po-de subsistir sem o outro.

    H casos, porm, em que esse confronto real falseado, porque aolado da realidade poltica constri-se um teatro poltico, onde o pensa-mento declamatrio e os agentes despem-se da sua personalidade vivi-

    da, para se transformarem em personagens dramticos. Ou seja, a perso-navolta a ser a mscara teatral das origens.

    o que sempre aconteceu entre ns, desde que adotamos o siste-ma de representao poltica. Ainda a, Machado de Assis soube caracte-rizar perfeitamente a dissimulao da realidade pelas aparncias. No con-to A Teoria do Medalho,14por ocasio da maioridade de seu filho o paidecide dar-lhe conselhos de vida independente. A principal orientaodada a do ofcio a ser exercido pelo filho; a saber, o de medalho. Con-

    siste ele, essencialmente, esclareceu o pai, em no ter ideias prpriassobre assunto algum. E concluiu: Tu, meu filho, se me no engano, pare-ces dotado da perfeita inpia mental, conveniente ao uso deste nobreofcio.

    13 Fazer nas ruas e praas pblicas exerccios de agilidade e destreza corporal, conhecidospela denominao de capoeiragem. O autuado ser punido com dois a seis meses depriso. considerada circunstncia agravante pertencer o capoeira a alguma banda oumalta. Aos chefes e cabeas se impor a pena em dobro. No caso de reincidncia seraplicada ao capoeira no grau mximo a pena do artigo 400 (recolhimento do infrator, por

    um a trs anos, a colnias penais que se fundarem em ilhas martimas, ou nas fronteirasdo territrio nacional, podendo para esse fim ser (sic) aproveitados os presdios militares).Se for estrangeiro, ser deportado depois de cumprir a pena. Se nesses exerccios dacapoeiragem perpetrar homicdio, praticar alguma leso corporal, ultrajar o poder pblico eparticular, perturbar a ordem, a tranquilidade e a segurana pblica ou for encontrado comarmas, incorrer cumulativamente nas penas cominadas para tais crimes.

    14 Includo em Papis Avulsos.

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    Ocorre, ento, o seguinte dilogo:

    E parece-lhe que todo esse ofcio apenas um sobressalente paraos dficits da vida? Decerto; no fica excluda nenhuma outra atividade. Nem poltica? Nem poltica. Toda a questo no infringir as regras e obrigaescapitais. Podes pertencer a qualquer partido, liberal ou conservador,republicano ou ultramontano, com a clusula nica de no ligar ne-nhuma ideia especial a esses vocbulos, e reconhecer-lhes somentea utilidade do schibboleth bblico.

    No contexto dessa dissimulao prpria de toda a nossa vida polti-

    ca, a grande constante foi o encobrimento dos verdadeiros titulares dopoder soberano. Como j foi salientado acima, desde o Descobrimento talpoder tem pertencido, sem descontinuar, a uma dupla oligrquica, forma-da pelos potentados econmicos privados, aliados aos grandes agentesestatais.

    Ou seja, quem manda nestas terras no isoladamente a burgue-sia, como sustentam os marxistas, nem tampouco exclusivamente o es-tamento burocrtico, como pretendeu Raymundo Faoro,15 na linha da

    interpretao weberiana. A soberania desde sempre pertence a ambosesses grupos, permanentemente unidos, na linha da mais longeva tradi-o capitalista.

    Machado de Assis referiu-se en passanta essa constante estruturadplice de poder em nossa sociedade, ao assim caracterizar o persona-gem do conto A Chave16: v-se que abastado ou exerce algum altoemprego na administrao.

    No , pois, de estranhar se, desde as origens, segundo a mentali-dade privatista do capitalismo, a dupla oligrquica passou a servir-se do

    dinheiro pblico como patrimnio prprio, gerando a duradoura endemiada corrupo estatal; corrupo essa que, durante sculos, gozou de totalimpunidade, em contraste com a dura represso da mais leve desonesti-dade praticada pelos integrantes da camada pobre de nossa populao., alis, o que o mesmo Machado ilustrou no conto denominado Suje-segordo!17

    A caracterstica principal da nossa soberania oligrquica binria con-siste no fato de nunca ter tido assento em nossos costumes polticos o

    15 Cf. Os Donos do Poder Formao do patronato poltico brasileiro, 3 edio revista, Edi-tora Globo, 2001.

    16 In Outros Contos.17 Inserto em Relquias de Casa Velha.

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    louvado princpio do Estado de Direito; ou seja, a Constituio e a lei nun-ca sobrepujaram a vontade e o interesse prprio dos grupos dominantes.

    Foi o que ilustrou Manuel Antnio de Almeida, em passagem clebrede Memrias de um Sargento de Milcias (captulo 46).Querendo livrarseu jovem afilhado do castigo que lhe impusera o major Vidigal, a coma-dre protetora foi procur-lo, e ele, querendo atalhar a conversa, foi logodizendo: J sei de tudo, j sei de tudo.

    Ainda no, senhor major, observou a comadre, ainda no sabe domelhor e que o que ele praticou naquela ocasio quase que noestava nas suas mos. Bem sabe que um filho na casa de seu pai... Mas um filho quando soldado, retorquiu o major com toda gravi-

    dade disciplinar... Nem por isso deixa de ser filho, tornou Dona Maria. Bem sei, mas a lei? Ora, a lei... o que a lei, se o Senhor major quiser?...O major sorriu-se com cndida modstia.

    Eis a razo pela qual nada mais temos feito, no campo poltico, doque viver uma srie ininterrupta de lamentveis mal-entendidos, segun-do a expresso famosa de Srgio Buarque de Holanda.18Ele se referiu

    especificamente democracia, mas o qualificativo tambm se ajusta co-mo uma luva ao liberalismo, repblica, e ao constitucionalismo aquipraticados.

    Um liberalismo de fachada

    Como bem esclareceu Jos Maria dos Santos,19 na Amrica ps-colonial, onde a fico da investidura divina chegou tarde demais para tercrdito, nunca pde o despotismo dispensar os atavios da liberdade. Oesforo principal e constante dos publicistas, nesta parte do mundo, temquase exclusivamente consistido em demonstrar, entre duas violncias,quanto o poder pessoal absoluto se coaduna e identifica com a mais per-feita democracia, desde que, transmissvel a perodos certos, no possafundar-se em direitos hereditrios.

    No ensaio Existe um Pensamento Poltico Brasileiro?,20RaymundoFaoro ps a nu a falcia do nosso liberalismo durante o Imprio. Na ver-dade, no s ento, mas tambm em vrios outros momentos ulteriores,

    a ideologia liberal tem sido para ns, como bem advertiu Srgio Buarque

    18 Razes do Brasil, 5 edio, Livraria Jos Olympio Editora, Rio de Janeiro, p. 119.19 A Poltica Geral do Brasil, J. Magalhes, So Paulo, 1930, p. 6.20 In A Repblica Inacabada, 2007, Editora Globo, pp. 25 e ss.

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    de Holanda, uma intil e onerosa superfetao.21Foi em nome da defe-sa das liberdades que se instituiu o Estado Novo em 1937 e se instaurouo regime empresarial-militar trinta anos depois.

    Ao iniciarmos nossa vida poltica independente, o liberalismo repre-sentava o progresso e a modernidade. No podia, pois, deixar de seduziro carter bovarista de nossas elites. Logo no princpio da Fala do Tronode 1823, dirigida aos membros da assembleia constituinte, nosso primeiroimperador os incitava a dar ao pas uma justa e liberal constituio.22Osdestinatrios do discurso imperial, em lugar de tomarem tais adjetivos emsentido puramente simblico, conforme o padro convencional, procura-ram ao contrrio dar-lhes um alcance prtico: a limitao do poder dos

    governantes, pelo reconhecimento e a garantia das liberdades civis e po-lticas. O monarca no demorou em despert-los desse devaneio infantile coloc-los com os ps no cho: a constituinte foi dissolvida manu militarie o pas recebeu das mos do imperante, segundo suas prprias pala-vras, uma constituio duplicadamente mais liberal,23 posta em vigorsem debates nem aprovao dos representantes do povo.

    No Imprio, a grande maioria dos polticos que militaram no partidoliberal era incapaz de explicar como a ideologia do liberalismo podia, ain-

    da que minimamente, harmonizar-se com a escravido. Vinculavam-sequase todos, direta ou indiretamente, aos interesses do latifndio; mas aomesmo tempo sustentavam as teses, ditas de direito natural, de que oshomens no se confundem com as coisas suscetveis de alienao, e deque a liberdade apangio de todo ser humano e nunca uma concessodos governantes.

    Alm disso, ao mesmo tempo em que defendiam por princpio as li-berdades individuais, aceitavam sem maiores constrangimentos o exerc-

    cio regular do poder pessoal pelo imperador. O prprio Joaquim Nabuco,lder incontestado dos abolicionistas, no calor de um debate parlamentaracabou por admitir a sua efetiva descrena no princpio do governo dasleis e no dos homens, para resolver os problemas nacionais. Em discur-so pronunciado no Parlamento do Imprio,24o grande tribuno reconheceuque o imperador tinha o dever de exercer sua soberania, de origem divina,sem fazer cerimnia em relao ao Poder Legislativo constitucional:

    21 Op. cit., p. 142.22 Fallas do Throno, desde o anno de 1823 at o anno de 1889, Rio de Janeiro, Imprensa

    Nacional, 1889, p. 3.23 Cf. Histria Geral da Civilizao Brasileira, II O Brasil Monrquico, t. 1, O Processo de

    Emancipao, Difuso Europeia do Livro, So Paulo, 1965, p. 186.24 O Abolicionismo, So Paulo, Progresso Editorial, 1949, p. 158.

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    Eu nunca denunciei o nosso governo por ser pessoal, porque comos nossos costumes o governo entre ns h de ser sempre por muitotempo ainda pessoal, toda a questo consistindo em saber se a pes-

    soa central ser o monarca que nomeia o ministro ou o ministro quefaz a Cmara... O que sempre fiz foi acusar o governo pessoal deno ser um governo pessoal nacional, isto , de no se servir do seupoder, criao da Providncia que lhe deu o trono, em benefcio donosso povo sem representao, sem voz, sem aspirao mesmo.

    Tratava-se, em suma, por parte de um liberal de quatro costados, deaceitar na prtica o regime inveterado da autocracia, bem expresso nafrmula cunhada pelo Visconde de Itabora, e que refletia fielmente a rea-lidade poltica: o rei reina, governa e administra.

    Nenhuma surpresa, pois, no fato de que os dois partidos do Imprio os conservadores, ditos saquaremas, e os liberais, apelidados de luzias divergentes no estilo, mas no na prtica poltica, tenderam inelutavel-mente a convergir no centro, realizando assim a grande vocao nacio-nal: conciliar os grupos oligrquicos. Holanda Cavalcanti caracterizouessa realidade com o dito clebre: nada mais igual a um saquaremadoque um luziano poder.

    Joaquim Nabuco, ainda a, soube tirar a lio dos fatos e anunciar o

    futuro. No discurso que pronunciou na Cmara em 24 de julho de 1885acerca do projeto da lei que libertava os escravos sexagenrios, observouque um deputado pelas Alagoas havia denunciado a formao de umpartido dos centros, disposto a receber ao mesmo tempo o elementoadiantado do partido conservador e os elementos atrasados do liberal,impelindo a melhor, a grande parte deste partido evidentemente para arepblica, e a parte atrasada do partido conservador... creio que tambmpara a repblica (Risos).25

    Uma repblica privatista

    sabido que a proclamao da Repblica no passou de um equ-voco. O povo assistiu quilo bestializado, atnito, surpreso, sem conhe-cer o que significava, l-se na carta, tantas vezes citada, de AristidesLobo a um amigo. Muitos acreditavam sinceramente estar vendo umaparada. Era um fenmeno digno de ver-se. E acrescentou logo, como

    para justificar de alguma sorte o seu republicanismo decepcionado: Oentusiasmo veio depois, veio mesmo lentamente, quebrando o enleio dosespritos. Tudo isso no impediu que a proclamao da repblica pelosmembros do governo provisrio principiasse pela invocao do povo; o

    25 Joaquim Nabuco, Discursos Parlamentares, Rio de Janeiro, 1950, p. 356.

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    que levou o representante diplomtico norte-americano no Rio de Janeiro,embora francamente favorvel ao novo regime, a deplorar, em despachoendereado em 17 de dezembro de 1889 ao Secretrio de Estado, emWashington, o pouco caso que assim se fazia da vontade popular.26

    Escusado dizer que no estava na mente de nenhum dos lderesintelectuais do movimento, todos positivistas, lutar contra o multissecularcostume, j denunciado por Frei Vicente do Salvador no incio do sculoXVII, por fora do qual nem um homem nesta terra repblico, nem zelae trata do bem comum, seno cada qual do bem particular.27

    Na realidade, o abandono pela oligarquia do regime monrquicoresultou diretamente da abolio da escravatura. Eis porque, naquele

    perodo histrico, a repblica foi rejeitada maciamente pela populaonegra, pois era sentida por esta como uma vingana contra a PrincesaIsabel, dita A Redentora, como assinalado acima.28

    Em sua obra pstuma Linhas Tortas,29Graciliano Ramos assim ca-racterizou nossa assim chamada Repblica Velha:

    A Constituio da repblica tem um buraco. possvel que tenha muitos, mas sou pouco exigente e satisfao-mecom referir-me a um s.

    Possumos, segundo dizem os entendidos, trs poderes o execu-tivo, que o dono da casa, o legislativo e o judicirio, domsticos,moos de recados, gente assalariada para o patro fazer figura edeitar empfia diante das visitas. Resta ainda um quarto poder, coisavaga, impondervel, mas que tacitamente considerado o sumriodos outros trs. a que o carro topa. H no Brasil um funcionrio de atribuiesindeterminadas, mas ilimitadas.A est o rombo na constituio, rombo a ser preenchido quando elafor revista, metendo-se nele a figura interessante do chefe poltico,que a nica fora de verdade. O resto lorota.

    E de fato, como bem observou pioneiramente Alberto Torres,30em 15de novembro de 1889 institucionalizamos o coronelismo estadual. Mal-grado aquilo que veio determinar a Constituio de 1891 (para norte-ame-

    26 ApudSrgio Buarque de Holanda, Histria Geral da Civilizao Brasileira, II O BrasilMonrquico, t. 5 Do Imprio Repblica, Difuso Europeia do Livro, So Paulo, 1972, p.347.

    27 Histria do Brasil 1500-1627, quinta edio comemorativa do 4 centenrio do autor, 1965,Edies Melhoramentos, p. 59.

    28 Cf. Jos Murilo de Carvalho, Os Bestializados O Rio de Janeiro e a Repblica que nofoi, Companhia das Letras, 3 ed., 1999, pp. 29/31.

    29 4 edio, Livraria Martins Editora, p. 15.30 A Organizao Nacional, 3 ed., Companhia Editora Nacional, pp. 214 e ss. A 1 edio

    de 1914.

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    ricano ver, bem o caso de dizer), o presidente da Repblica tornava-seo delegado dos governadores (originalmente ditos presidentes) dos Esta-dos na chefia do governo federal; e os governadores, por sua vez, passa-vam a derivar seu poder poltico do apoio recebido dos chefes locais, to-dos ou quase todos senhores de barao e cutelo em seus respectivoslatifndios. Na verdade, durante toda a Repblica Velha os chefes locaisdominantes eram de So Paulo e Minas Gerais, estabelecendo-se assimo costume obviamente no fundado na letra da Constituio da alter-nncia de um paulista e um mineiro como Chefe de Estado. Ao romperessa regra costumeira ao final de seu mandato, designando o paulistaJlio Prestes para suced-lo na presidncia, em lugar do mineiro Antnio

    Carlos Ribeiro de Andrada, Washington Lus precipitou a Revoluo de1930.

    Como se percebe, sob o roto vu republicano despontou, desde lo-go, a realidade federativa, asseguradora da autonomia local aos potenta-dos estaduais. Era isso, de fato, o que passou a contar antes de tudo,quando, a partir do trmino da Guerra do Paraguai, a crescente prosperi-dade da cultura do caf na regio sudeste do pas impelia as oligarquiasrurais a se desembaraar do poder central e a reivindicar maior autono-

    mia de atuao em seus territrios, tanto no domnio econmico, quantono poltico. de se lembrar que os signatrios do Manifesto Republicanode 1870 encerraram sua proclamao, no estilo farfalhante da poca, ar-vorando resolutamente a bandeira do partido republicano federativo.

    Com efeito, no ocaso do Imprio os lderes republicanos mais atila-dos perceberam que o essencial, na defesa dos interesses dos senhoresrurais, no era propriamente a repblica, mas a federao. Em 1881, aodiscursar na Cmara dos Deputados, Prudente de Morais, futuro Presi-

    dente da Repblica, preferiu, em lugar de defender a introduo do regi-me republicano, propor a federalizao do Imprio, segundo o modeloalemo da poca. Uma adequada distribuio de competncias s pro-vncias, argumentou ele, excluiria o perigo, que pressentia iminente, deuma maioria de deputados, eleitos pelas provncias j desembaraadasde escravos, impor a abolio da escravatura em todo o pas.31

    Por fora de inrcia, continuamos a manter at hoje, em nossasConstituies, a denominao oficial do pas como Repblica Federativa.Nos primeiros tempos, o adjetivo teve mais significado que o substantivo.S que o caminho poltico aqui percorrido foi o inverso do trilhado pelosnorte-americanos, inventores do sistema. L, a federao, segundo a

    31 Cf. Robert Conrad, Os ltimos anos da escravatura no Brasil, 2 ed., Rio de Janeiro, Civili-zao Brasileira, p. 267.

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    exata acepo etimolgica, foi o estreitamento da unio de Estados inde-pendentes, antes ligados por um frouxo pacto confederativo. Da o nomede Unio Federal, dado unidade onde se desenvolve a ao polticanacional. Foederatio, em latim, significa aliana ou unio. Entre ns, aocontrrio, a federao foi o repdio da tendncia centralizadora, prevale-cente no Imprio. Criamos unidades polticas autnomas, em lugar dareunio de Estados que consentiram em reduzir sua margem de indepen-dncia, como aconteceu na Amrica do Norte.

    claro que esse artificialismo institucional, oposto a toda a nossatradio histrica, desde as origens ibricas,32no deixou de suscitar, aolongo do sculo XX, repetidos espasmos de retorno ao centralismo polti-

    co. Nem se deve esquecer que a nossa forma de governo presidencialis-ta, tal como sucede em todas as outras naes latino-americanas, mesmoem pocas consideradas de normalidade poltica, representa um incita-mento concentrao de poderes na pessoa do chefe de Estado. Cons-titucionalmente, o Presidente da Repblica Federativa do Brasil sempreteve muito mais atribuies exclusivas que o Presidente dos EstadosUnidos.

    Por isso mesmo, a partir de 1930, com a ascenso do capitalismo

    industrial e, ao final do sculo, do capitalismo financeiro, os quais exigemmuito maior centralizao de poderes na chefia do Estado, o governo daUnio suplantou, decisivamente, os governos das demais unidadesfederativas.

    Como, ento, defender a supremacia do bem pblico, isto , do bemcomum do povo, acima de todos os interesses privados, segundo exige ocarter republicano do regime?

    A melhor defesa a autodefesa. Ora, o principal interessado, ou

    seja, o povo, no tem condies de se defender, porque tido, segundoa mentalidade dominante e a mais inveterada prtica poltica, como abso-lutamente incapaz de exercer por si mesmo os seus direitos. Hoje, j sereconhece em toda parte que a nica verdadeira salvaguarda do regimerepublicano a democracia. Mas, para que ela exista, preciso consa-grar, na realidade e no simplesmente no plano da fico simblica, asoberania do povo.

    32 Em Os Donos do Poder, captulo 1, Raymundo Faoro acentua a tradio centralizadora,na pessoa do rei, da vida poltica portuguesa. Srgio Buarque de Holanda, em Viso doParaso(2 ed., Companhia Editora Nacional e Editora da Universidade de So Paulo,1969, pp. 314 e ss.), contrasta a centralizao poltica do processo colonizador no Brasil,com o relativo individualismo da colonizao espanhola na Amrica.

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    Uma democracia sem povo

    Incontestavelmente, a mentalidade coletiva e os costumes tradicionais

    do nosso povo sempre estiveram nas antpodas da vida democrtica.O pressuposto fundamental de funcionamento do sistema democr-

    tico, como salientou Aristteles, a existncia de um mnimo de igualda-de social no seio do povo.33Entre ns, porm, os longos sculos de escra-vido legal fizeram com que, aos olhos de todos, o povo hoje ditocostumeiramente povo aparea como aquele vulgo vil sem nome deque falava Cames. Sendo incapaz de qualquer iniciativa til, ele deve,por isso mesmo, ser posto a servio da camada supostamente competen-

    te e ilustrada da populao, aquela que costumamos designar, com evi-dente abuso de linguagem, pelo nome de elite.Relembremos alguns episdios.Os protagonistas do movimento que levou abdicao de Pedro I,

    em 7 de abril de 1831, declararam realizar a conciliao do liberalismocom a democracia. Mas, pouco tempo depois, os lderes liberais arrepia-ram carreira e voltaram a pr as coisas nos seus devidos lugares. Aabjurao de Tefilo Ottoni foi, nesse particular, paradigmtica. Justifi-cando-se pelas suas veleidades liberal-democrticas do passado, escla-receu que nunca havia almejado seno democracia pacfica, a demo-cracia da classe mdia, a democracia da gravata lavada, a democraciaque com o mesmo asco repele o despotismo das turbas ou a tirania deum s.34

    Retomando a mesma ambiguidade semntica, o Manifesto Republi-cano de 1870 empregou 28 vezes o vocbulo democracia,ou expressescognatas, como solidariedade democrtica, liberdade democrtica, princ-pios democrticosou garantias democrticas. Um de seus tpicos inti-

    tulado a verdade democrtica. Mas, sintomaticamente, nem uma palavra dita sobre a emancipao dos escravos. sabido, alis, que os lderesdo partido republicano opuseram-se Lei do Ventre Livre, e s aceitarama abolio da escravatura em 1887, quando ela j era um fato quaseconsumado.

    No obstante, instaurada a Repblica, nossos dirigentes considera-ram, pelo mesmo ato, definitivamente implantada a democracia. Entrens, em regime de franca democracia e completa ausncia de classes

    sociais..., pde afirmar Rodrigues Alves, ento Presidente do Estado de

    33 Poltica, 1295 b, 35 e s.34 In Paulo Bonavides e Roberto Amaral, Textos Polticos da Histria do Brasil, vol. 2, Senado

    Federal, 1996, pp. 204/205.

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    So Paulo, em mensagem ao Congresso Legislativo no quadrinio1912-1916.35

    Desde ento, e at o presente momento, a empulhao democrticatem consistido em fazer do povo soberano, com as homenagens de estilo,no o protagonista do jogo poltico, como exige a teoria e determina aConstituio, mas um simples figurante, quando no mero espectador.Ele convocado periodicamente a votar em eleies. Mas os eleitos secomportam no como delegados do povo, e sim como mandatrios emcausa prpria. So os novos donos do poder, no dizer de RaymundoFaoro.

    Ultimamente, chega-se mesmo a afirmar que, em sua pureza origi-

    nria, o regime democrtico supe a diviso perene do povo em doissegmentos distintos e praticamente incomunicveis: os cidados ativos,que so os que tm a vocao inata de ocupar cargos polticos no Estado ou seja, os grupos oligrquicos de sempre e os cidados passivos,que so os pertencentes classe inferior dos governados.

    Surge, porm, a, uma dificuldade hermenutica. Como interpretar oprincpio fundamental, inscrito no art. 1, pargrafo nico da vigente Cons-tituio, de que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de

    representantes eleitos ou diretamente?A Constituio de 1988 enumera, em seu art. 14, os instrumentosdessa democracia direta, ao declarar que, alm do sufrgio eleitoral, somanifestaes da soberania popular o plebiscito, o referendo e a iniciativapopular. Mas a mesma Constituio procurou esvaziar o sentido dessadisposio, ao estabelecer, no art. 49, inciso XVda Carta, que da com-petncia exclusiva do Congresso Nacional autorizar plebiscito e convocarreferendo. Ou seja, institumos o paradoxo de o representado submeter-

    se vontade discricionria do representante. E quanto iniciativa popularlegislativa, para a qual a Constituio exige a assinatura de, no mnimo,um por cento do eleitorado nacional, distribudo pelo menos por cincoEstados, com no menos de trs dcimos por cento dos eleitores de cadaum deles (art. 61, 2), descobriu-se desde logo um antdoto: a exign-cia de reconhecimento, pelos funcionrios da Cmara dos Deputados(para o caso, sempre em nmero reduzido), das assinaturas de todos ossubscritores. Resultado: at hoje nenhum projeto de lei unicamente deiniciativa popular foi aprovado no Congresso Nacional.

    Na verdade, uma mesma ideia diretriz prevaleceu ao longo de nossahistria de pas independente, com variaes devidas evoluo do pa-

    35 in Galeria dos Presidentes de So Paulo Perodo Republicano 18891920, organizaode Eugenio Egas, So Paulo, Publicao Official do Estado de So Paulo, 1927, p. 424.

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    radigma poltico mundial: atribuir Constituio um papel legitimador dopoder poltico j existente e organizado de fato.

    Essa a razo de termos sempre logrado escamotear, na prtica, adistino fundamental entre poder constituinte e poderes constitudos,que Sieys formulou pela primeira vez em seu clebre opsculo de feve-reiro de 1789 (Quest-ce que le Tiers tat?)36:

    Em qualquer de suas partes, a constituio no obra do poderconstitudo, mas do poder constituinte. Nenhuma espcie de poderdelegado pode mudar as condies de sua delegao.

    E quem deve assumir, nessas condies, o papel de poder consti-

    tuinte? Aqui, a resposta de Sieys foi habilssima, e deu ensejo, de certaforma, a todos os artifcios retricos utilizados ulteriormente, mundoafora.

    Na organizao tridica da sociedade medieval, povo era o esta-mento inferior, contraposto aos dois outros, dotados de privilgios: o cleroe a nobreza. Na explicao tradicional dada por Adlbero, bispo franco deLaon, em documento do incio do sculo XI,37cada um desses grupos ti-nha uma funo social a desempenhar: os clrigos oravam, os nobrescombatiam e o povo trabalhava (oratores, bellatores, laboratores). s vs-

    peras da Revoluo Francesa, porm, a composio do Tiers tat eramuito imprecisa. No verbete da Encyclopdie dedicado a peuple, LuisJaucourt principia pelo reconhecimento de que se trata de um nome co-letivo de difcil definio, pois dele se tm ideias diferentes em diversoslugares, em variados tempos, conforme a natureza dos governos. Obser-va, em seguida, que a palavra designava outrora o estamento geral danao (ltat gnral de la nation), oposto ao estamento dos grandespersonagens e dos nobres. Mas que, na poca em que escrevia, o termo

    povocompreendia apenas os operrios e os lavradores. Como se v, anova classe dos burgueses, aqueles que no exercem trabalho subordi-nado, no se inseria oficialmente em nenhum dos trs estamentos doReino de Frana.

    Percebe-se, pois, que a ideia, fortemente afirmada por Sieys nocaptulo primeiro de sua obra, de que o Tiers uma nao completarepresentava mera extenso da frmula tradicional, lembrada porJaucourt, de que o povo era o estamento geral da nao; ou seja, a

    esmagadora maioria da populao, diante da minoria clerical e aristo-crtica. Ora, isto permitia elegantemente burguesia assumir um lugar

    36 Captulo V.37 Carmen ad Rodbertum, manuscrito no autgrafo, comportando vrios retoques, registra-

    do sob n 14192 na Biblioteca Nacional da Frana.

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    definido no novo regime poltico, criado pela Revoluo. QuandoMirabeau, na sesso de 15 de junho da Assemble Gnrale des Etatsdu Royaume, props que, aps a defeco dos nobres e clrigos, elapassasse a denominar-se Assembleia dos Representantes do PovoFrancs, imediatamente dois juristas atilados, representantes legtimosda burguesia, indagaram: em que sentido seria usada a a palavra povo:no de populuscomo em Roma, isto , a reunio do patriciado e da ple-be, ou na acepo deprimente de plebs?38 Foi nesse exato momentoque o movimento revolucionrio passou a consagrar a burguesia comoclasse dominante.

    Na Amrica Latina, e no Brasil em particular, no foi preciso recorrer

    a esse artifcio semntico. Proclamou-se a soberania do povo em todasas nossas Constituies, mas a designao desse soberano modernopassou a exercer a mesma funo histrica que representava, nos tem-pos coloniais, a invocao da figura do rei. As ordenaes de Sua Majes-tade acatam-se, mas no se cumprem, diziam sem ironia os chefes lo-cais ibero-americanos.

    Em suma, nunca tivemos Constituies autnticas, porque o verda-deiro Constituinte nunca foi chamado ao proscnio do teatro poltico. Per-

    maneceu sempre margem, como expectador entre ctico e intrigado, semelhana daquele carreteiro no quadro de Pedro Amrico do Grito doIpiranga. A Constituio tende a ser, em grande parte, mero adereo organizao poltica do pas; necessrio, sem dvida, por razes de de-coro, mas com funo mais ornamental do que efetiva no controle dopoder.

    Guisa de Concluso

    Nossa longa tradio de comportamento social dualista, no qual aaparncia dissimula a realidade, no podia deixar de influenciar as cama-das mais pobres da populao; obviamente, no como mecanismo embu-ado de dominao, como sucede no seio da oligarquia, mas como formade devaneio para fugir realidade opressora.

    Foi o que ilustrou Carolina Maria de Jesus, em certo trecho de Quar-to de Despejo:

    Eu deixei o leito as 3 da manh porque quando a gente perde o sonocomea pensar nas misrias que nos rodeia. [...] Deixei o leito paraescrever. Enquanto escrevo vou pensando que resido num castelo

    38 Cf., sobre esse episdio, J. Michelet, Histoire de la Rvolution Franaise, ed. Gallimard(Bibliothque de la Pliade), vol. I, pp. 101 e ss.

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    cor de ouro que reluz na luz do sol. Que as janelas so de pratae as luzes de brilhantes. Que a minha vista circula no jardim e eucontemplo as flores de todas as qualidades. [...] preciso criar este

    ambiente de fantasia, para esquecer que estou na favela.Fiz o caf e fui carregar agua. Olhei o cu, a estrela Dalva j estavano cu. Como horrvel pisar na lama.As horas que sou feliz quando estou residindo nos castelosimaginrios.

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    Publicaes do Instituto Humanitas Unisinos

    N 48 Minerao e o

    impulso desigualdade:impactos ambientais e

    sociais

    Cadernos IHU em formao uma publicao do Instituto Humanitas Unisinos

    IHU que rene entrevistas e artigos sobre o mesmo tema, j divulgados narevista IHU On-Linee nos Cadernos IHU ideias. Desse modo, queremos facili-

    tar a discusso na academia e fora dela, sobre temas considerados de fronteira,

    relacionados com a tica, o trabalho, a teologia pblica, a filosofia, a poltica, a

    economia, a literatura, os movimentos sociais etc., que caracterizam o Instituto

    Humanitas Unisinos IHU.

    A publicao dos Cadernos Teologia Pblica, sob a responsabilidade do Instituto

    Humanitas Unisinos IHU, quer ser uma contribuio para a relevncia pblicada teologia na universidade e na sociedade. A Teologia Pblica busca articular a

    reflexo teolgica em dilogo com as cincias, as culturas e as religies, de mo-

    do interdisciplinar e transdisciplinar. Procura-se, assim, a participao ativa nos

    debates que se desdobram na esfera pblica da sociedade. Os desafios da vida

    social, poltica, econmica e cultural da sociedade hoje, especialmente a excluso

    socioeconmica de imensas camadas da populao, constituem o horizonte da

    teologia pblica. Os Cadernos Teologia Pblica se inscrevem nesta perspectiva.

    N 107 O Vaticano II e

    a insero de categorias

    histricas na teologia

    Antonio Manzatto

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    N 53 Por Onde Na-

    vegam? Estudo sobre

    jovens e adolescentes do

    Ensino Mdio de So Le-

    opoldo e Novo Hamburgo

    Hilrio Dick, Jos Silon

    Ferreira & Luis Alexandre

    Cerveira

    Os Cadernos IHU divulgam pesquisas produzidas por professo-

    res/pesquisadores e por alunos dos cursos de Ps-Graduao,

    bem como trabalhos de concluso de acadmicos dos cursos de

    Graduao. Os artigos publicados abordam os temas tica, tra-

    balho e teologia pblica, que correspondem aos eixos do Instituto

    Humanitas Unisinos IHU.

    N 238 O trabalho nos

    frigorficos: escravido

    local e global? Leandro

    Incio Walter

    Os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos

    convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU. A

    diversidade dos temas, abrangendo as mais diferentes reas do

    conhecimento, um dado a ser destacado nesta publicao, alm

    de seu carter cientfico e de agradvel leitura.

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    CADERNOS IHU IDEIAS

    N. 01 A teoria da justia de John Rawls Jos NedelN. 02 O feminismo ou os feminismos: Uma leitura das produ-

    es tericas Edla Eggert O Servio Social junto ao Frum de Mulheres em So

    Leopoldo Clair Ribeiro Ziebell e Acadmicas AnemarieKirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss

    N. 03 O programa Linha Direta: a sociedade segundo a TVGlobo Sonia Montao

    N. 04 Ernani M. Fiori Uma Filosoa da Educao PopularLuiz Gilberto Kronbauer

    N. 05 O rudo de guerra e o silncio de Deus Manfred ZeuchN. 06 BRASIL: Entre a Identidade Vazia e a Construo do No-

    vo Renato Janine RibeiroN. 07 Mundos televisivos e sentidos identirios na TV Suza-

    na KilppN. 08 Simes Lopes Neto e a Inveno do Gacho Mrcia

    Lopes DuarteN. 09 Oligoplios miditicos: a televiso contempornea e as

    barreiras entrada Valrio Cruz BrittosN. 10 Futebol, mdia e sociedade no Brasil: reexes a partir

    de um jogo dison Luis GastaldoN. 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosoa depois de

    Auschwitz Mrcia TiburiN. 12 A domesticao do extico Paula CalefN. 13 Pomeranas parceiras no caminho da roa: um jeito de

    fazer Igreja, Teologia e Educao Popular Edla Eggert

    N. 14 Jlio de Castilhos e Borges de Medeiros: a prtica polti-ca no RS Gunter AxtN. 15 Medicina social: um instrumento para denncia Stela

    Nazareth MeneghelN. 16 Mudanas de signicado da tatuagem contempornea

    Dbora Krischke LeitoN. 17 As sete mulheres e as negras sem rosto: co, histria

    e trivialidade Mrio MaestriN. 18 Um itinenrio do pensamento de Edgar Morin Maria da

    Conceio de AlmeidaN. 19 Os donos do Poder, de Raymundo Faoro Helga Irace-

    ma Ladgraf PiccoloN. 20 Sobre tcnica e humanismo Oswaldo Giacia JuniorN. 21 Construindo novos caminhos para a interveno socie-

    tria Lucilda SelliN. 22 Fsica Quntica: da sua pr-histria discusso sobre o

    seu contedo essencial Paulo Henrique DionsioN. 23 Atualidade da losoa moral de Kant, desde a pers-

    pectiva de sua crtica a um solipsismo prtico ValrioRohden

    N. 24 Imagens da excluso no cinema nacional MiriamRossini

    N. 25 A esttica discursiva da tev e a (des)congurao dainformao Nsia Martins do Rosrio

    N. 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade doVale do Rio dos Sinos UNISINOS Rosa Maria SerraBavaresco

    N. 27 O modo de objetivao jornalstica Beatriz AlcarazMarocco

    N. 28 A cidade afetada pela cultura digital Paulo Edison BeloReyes

    N. 29 Prevalncia de violncia de gnero perpetrada por com-panheiro: Estudo em um servio de ateno primria sade Porto Alegre, RS Jos Fernando DreschKronbauer

    N. 30 Getlio, romance ou biograa? Juremir Machado daSilva

    N. 31 A crise e o xodo da sociedade salarial Andr Gorz

    N. 32 meia luz: a emergncia de uma Teologia Gay Seusdilemas e possibilidades Andr Sidnei Musskopf

    N. 33 O vampirismo no mundo contemporneo: algumas con-sideraes Marcelo Pizarro Noronha

    N. 34 O mundo do trabalho em mutao: As reconguraes eseus impactos Marco Aurlio Santana

    N. 35 Adam Smith: lsofo e economista Ana Maria Bianchie Antonio Tiago Loureiro Arajo dos Santos

    N. 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer-gente mercado religioso brasileiro: uma anlise antropo-lgica Airton Luiz Jungblut

    N. 37 As concepes terico-analticas e as proposies de

    poltica econmica de Keynes Fernando Ferrari FilhoN. 38 Rosa Egipcaca: Uma Santa Africana no Brasil Colonial

    Luiz MottN. 39 Malthus e Ricardo: duas vises de economia poltica e

    de capitalismo Gentil CorazzaN. 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina Adriana BragaN. 41 A (anti)losoa de Karl Marx Leda Maria PaulaniN. 42 Veblen e o Comportamento Humano: uma avaliao

    aps um sculo de A Teoria da Classe Ociosa Leonardo Monteiro Monasterio

    N. 43 Futebol, Mdia e Sociabilidade. Uma experincia etno-grca dison Luis Gastaldo, Rodrigo Marques Leist-ner, Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity

    N. 44 Genealogia da religio. Ensaio de leitura sistmica de

    Marcel Gauchet. Aplicao situao atual do mundoGrard DonnadieuN. 45 A realidade quntica como base da viso de Teilhard de

    Chardin e uma nova concepo da evoluo biolgicaLothar Schfer

    N. 46 Esta terra tem dono. Disputas de representao sobreo passado missioneiro no Rio Grande do Sul: a gura deSep Tiaraju Ceres Karam Brum

    N. 47 O desenvolvimento econmico na viso de JosephSchumpeter Achyles Barcelos da Costa

    N. 48 Religio e elo social. O caso do cristianismo GrardDonnadieu

    N. 49 Coprnico e Kepler: como a terra saiu do centro do uni-verso Geraldo Monteiro Sigaud

    N. 50 Modernidade e ps-modernidade luzes e sombrasEvilzio Teixeira

    N. 51 Violncias: O olhar da sade coletiva lida AzevedoHennington e Stela Nazareth Meneghel

    N. 52 tica e emoes morais Thomas Kesselring Juzos ou emoes: de quem a primazia na moral?

    Adriano Naves de BritoN. 53 Computao Quntica. Desaos para o Sculo XXI

    Fernando HaasN. 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento

    na Europa e no Brasil An VranckxN. 55 Terra habitvel: o grande desao para a humanidade

    Gilberto DupasN. 56 O decrescimento como condio de uma sociedade

    convivial Serge Latouche

    N. 57 A natureza da natureza: auto-organizao e caos Gnter Kppers

    N. 58 Sociedade sustentvel e desenvolvimento sustentvel:limites e possibilidades Hazel Henderson

    N. 59 Globalizao mas como? Karen GloyN. 60 A emergncia da nova subjetividade operria: a sociabi-

    lidade invertida Cesar SansonN. 61 Incidente em Antares e a Trajetria de Fico de Erico

    Verssimo Regina Zilberman

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    N. 62 Trs episdios de descoberta cientca: da caricaturaempirista a uma outra histria Fernando Lang da Sil-veira e Luiz O. Q. Peduzzi

    N. 63 Negaes e Silenciamentos no discurso acerca da Ju-ventude Ctia Andressa da Silva

    N. 64 Getlio e a Gira: a Umbanda em tempos de Estado No-vo Artur Cesar IsaiaN. 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro: uma alegoria huma-

    nista tropical La Freitas PerezN. 66 Adoecer: Morrer ou Viver? Reexes sobre a cura e a

    no cura nas redues jesutico-guaranis (1609-1675) Eliane Cristina Deckmann Fleck

    N. 67 Em busca da terceira margem: O olhar de Nelson Pe-reira dos Santos na obra de Guimares Rosa JooGuilherme Barone

    N. 68 Contingncia nas cincias fsicas Fernando HaasN. 69 A cosmologia de Newton Ney LemkeN. 70 Fsica Moderna e o paradoxo de Zenon Fernando

    HaasN. 71 O passado e o presente em Os Incondentes, de Joa-

    quim Pedro de Andrade Miriam de Souza RossiniN. 72 Da religio e de juventude: modulaes e articulaes

    La Freitas PerezN. 73 Tradio e ruptura na obra de Guimares Rosa Eduar-

    do F. CoutinhoN. 74 Raa, nao e classe na historiograa de Moyss Vellinho

    Mrio MaestriN. 75 A Geologia Arqueolgica na Unisinos Carlos Henrique

    NowatzkiN. 76 Campesinato negro no perodo ps-abolio: repensan-

    do Coronelismo, enxada e voto Ana Maria Lugo RiosN. 77 Progresso: como mito ou ideologia Gilberto DupasN. 78 Michael Aglietta: da Teoria da Regulao Violncia da

    Moeda Octavio A. C. Conceio

    N. 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul Moacyr Flores

    N. 80 Do pr-urbano ao urbano: A cidade missioneira colonial eseu territrio Arno Alvarez Kern

    N. 81 Entre Canes e versos: alguns caminhos para a leiturae a produo de poemas na sala de aula Glucia deSouza

    N. 82 Trabalhadores e poltica nos anos 1950: a ideia desindicalismo populista em questo Marco AurlioSantana

    N. 83 Dimenses normativas da Biotica Alfredo Culleton eVicente de Paulo Barretto

    N. 84 A Cincia como instrumento de leitura para explicar astransformaes da natureza Attico Chassot

    N. 85 Demanda por empresas responsveis e tica Concor-rencial: desaos e uma proposta para a gesto da aoorganizada do varejo Patrcia Almeida Ashley

    N. 86 Autonomia na ps-modernidade: um delrio? MarioFleig

    N. 87 Gauchismo, tradio e Tradicionalismo Maria EuniceMaciel

    N. 88 A tica e a crise da modernidade: uma leitura a partir daobra de Henrique C. de Lima Vaz Marcelo Perine

    N. 89 Limites, possibilidades e contradies da formao hu-mana na Universidade Laurcio Neumann

    N. 90 Os ndios e a Histria Colonial: lendo Cristina Pompa eRegina Almeida Maria Cristina Bohn Martins

    N. 91 Subjetividade moderna: possibilidades e limites para ocristianismo Franklin Leopoldo e Silva

    N. 92 Saberes populares produzidos numa escola de comuni-dade de catadores: um estudo na perspectiva da Etno-matemtica Daiane Martins Bocasanta

    N. 93 A religio na sociedade dos indivduos: transformaesno campo religioso brasileiro Carlos Alberto Steil

    N. 94 Movimento sindical: desaos e perspectivas para osprximos anos Cesar Sanson

    N. 95 De volta para o futuro: os precursores da nanotecno-cincia Peter A. Schulz

    N. 96 Vianna Moog como intrprete do Brasil Enildo de Mou-ra Carvalho

    N. 97 A paixo de Jacobina: uma leitura cinematogrca Ma-rins Andrea Kunz

    N. 98 Resilincia: um novo paradigma que desaa as religies

    Susana Mara Rocca LarrosaN. 99 Sociabilidades contemporneas: os jovens na lan house Vanessa Andrade Pereira

    N. 100 Autonomia do sujeito moral em Kant Valerio RohdenN. 101 As principais contribuies de Milton Friedman Teoria

    Monetria: parte 1 Roberto Camps MoraesN. 102 Uma leitura das inovaes bio(nano)tecnolgicas a par-

    tir da sociologia da cincia Adriano PremebidaN. 103 ECODI A criao de espaos de convivncia digital

    virtual no contexto dos processos de ensino e aprendi-zagem em metaverso Eliane Schlemmer

    N. 104 As principais contribuies de Milton Friedman TeoriaMonetria: parte 2 Roberto Camps Moraes

    N. 105 Futebol e identidade feminina: um estudo etnogrcosobre o ncleo de mulheres gremistas Marcelo Pizarro

    NoronhaN. 106 Justicao e prescrio produzidas pelas Cincias

    Humanas: Igualdade e Liberdade nos discursos educa-cionais contemporneos Paula Corra Henning

    N. 107 Da civilizao do segredo civilizao da exibio: afamlia na vitrine Maria Isabel Barros Bellini

    N. 108 Trabalho associado e ecologia: vislumbrando um ethossolidrio, terno e democrtico? Telmo Adams

    N. 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular CelsoCandido de Azambuja

    N. 110 Formao e trabalho em narrativas Leandro R.Pinheiro

    N. 111 Autonomia e submisso: o sentido histrico da adminis-trao Yeda Crusius no Rio Grande do Sul MrioMaestri

    N. 112 A comunicao paulina e as prticas publ icitrias: SoPaulo e o contexto da publicidade e propaganda DenisGerson Simes

    N. 113 Isto no uma janela: Flusser, Surrealismo e o jogocontra Esp. Yentl Delanhesi

    N. 114 SBT: jogo, televiso e imaginrio de azar brasileiro So-nia Montao

    N. 115 Educao cooperativa solidria: perspectivas e limitesCarlos Daniel Baioto

    N. 116 Humanizar o humano Roberto Carlos FveroN. 117 Quando o mito se torna verdade e a cincia, religio

    Rber Freitas BachinskiN. 118 Colonizando e descolonizando mentes Marcelo

    Dascal

    N. 119 A espiritualidade como fator de proteo na adolescn-cia Luciana F. Marques e Dbora D. DellAglioN. 120 A dimenso coletiva da l iderana Patrcia Martins Fa-

    gundes Cabral e Nedio SeminottiN. 121 Nanotecnologia: alguns aspectos ticos e teolgicos

    Eduardo R. CruzN. 122 Direito das minorias e Direito diferenciao Jos

    Rogrio LopesN. 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias: em busca de

    marcos regulatrios Wilson EngelmannN. 124 Desejo e violncia Rosane de Abreu e SilvaN. 125 As nanotecnologias no ensino Solange Binotto FaganN. 126 Cmara Cascudo: um historiador catlico Bruna Rafaela

    de LimaN. 127 O que o cncer faz com as pessoas? Reexos na litera-

    tura universal: Leo Tolstoi Thomas Mann AlexanderSoljentsin Philip Roth Karl-Josef Kuschel

    N. 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental identidade gentica Ingo Wolfgang Sarlet e SelmaRodrigues Petterle

    N. 129 Aplicaes de caos e complexidade em cincias da vida Ivan Amaral Guerrini

    N. 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedadesustentvel Paulo Roberto Martins

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    N. 131 A phila como critrio de inteligibilidade da mediaocomunitria Rosa Maria Zaia Borges Abro

    N. 132 Linguagem, singularidade e atividade de trabalho Mar-lene Teixeira e derson de Oliveira Cabral

    N. 133 A busca pela segurana jurdica na jurisdio e no

    processo sob a tica da teoria dos sistemas sociais deNicklass Luhmann Leonardo GrisonN. 134 Motores Biomoleculares Ney Lemke e Luciano

    HennemannN. 135 As redes e a construo de espaos sociais na digitali-

    zao Ana Maria Oliveira RosaN. 136 De Marx a Durkheim: Algumas apropriaes tericas

    para o estudo das religies afro-brasileiras RodrigoMarques Leistner

    N. 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psquico:sobre como as pessoas reconstroem suas vidas BrenoAugusto Souto Maior Fontes

    N. 138 As sociedades indgenas e a economia do dom: O casodos guaranis Maria Cristina Bohn Martins

    N. 139 Nanotecnologia e a criao de novos espaos e novasidentidades Marise Borba da Silva

    N. 140 Plato e os Guarani Beatriz Helena DominguesN. 141 Direitos humanos na mdia brasileira Diego Airoso da

    MottaN. 142 Jornalismo Infantil: Apropriaes e Aprendizagens de

    Crianas na Recepo da Revista Recreio GreyceVargas

    N. 143 Derrida e o pensamento da desconstruo: o redimen-sionamento do sujeito Paulo Cesar Duque-Estrada

    N. 144 Incluso e Biopoltica Maura Corcini Lopes, KamilaLockmann, Morgana Domnica Hattge e Viviane Klaus

    N. 145 Os povos indgenas e a poltica de sade mental no Bra-sil: composio simtrica de saberes para a construodo presente Bianca Sordi Stock

    N. 146 Reexes estruturais sobre o mecanismo de REDD Ca-mila Moreno

    N. 147 O animal como prximo: por uma antropologia dos movi-mentos de defesa dos direitos animais Caetano Sordi

    N. 148 Avaliao econmica de impactos ambientais: o caso doaterro sanitrio em Canoas-RS Fernanda Schutz

    N. 149 Cidadania, autonomia e renda bsica Josu Pereirada Silva

    N. 150 Imagtica e formaes religiosas contemporneas: en-tre a performance e a tica Jos Rogrio Lopes

    N. 151 As reformas poltico-econmicas pombalinas para aAmaznia: e a expulso dos jesutas do Gro-Par eMaranho Luiz Fernando Medeiros Rodrigues

    N. 152 Entre a Revoluo Mexicana e o Movimento de Chia-

    pas: a tese da hegemonia burguesa no Mxico oupor que voltar ao Mxico 100 anos depois ClaudiaWasserman

    N. 153 Globalizao e o pensamento econmico franciscano:Orientao do pensamento econmico franciscano eCaritas in Veritate Stefano Zamagni

    N. 154 Ponto de cultura teko arandu: uma experincia de inclu-so digital indgena na aldeia kaiow e guarani Teikueno municpio de Caarap-MS Neimar Machado deSousa, Antonio Brand e Jos Francisco Sarmento

    N. 155 Civilizar a economia: o amor e o lucro aps a crise eco-nmica Stefano Zamagni

    N. 156 Intermitncias no cotidiano: a clnica como resistnciainventiva Mrio Francis Petry Londero e Simone Mai-nieri Paulon

    N. 157 Democracia, liberdade positiva, desenvolvimento Stefano Zamagni

    N. 158 Passemos para a outra margem: da homofobia aorespeito diversidade Omar Lucas Perrout Fortes deSales

    N. 159 A tica catlica e o esprito do capitalismo StefanoZamagni

    N. 160 O Slow Food e novos princpios para o mercado Eri-berto Nascente Silveira

    N. 161 O pensamento tico de Henri Bergson: sobre As duasfontes da moral e da religio Andr Brayner de Farias

    N. 162 O modus operandi das polticas econmicas keynesia-nas Fernando Ferrari Filho e Fbio Henrique BittesTerra

    N. 163 Cultura popular tradicional: novas mediaes e legitima-es culturais de mestres populares paulistas AndrLuiz da Silva

    N. 164 Ser o decrescimento a boa nova de Ivan Illich? SergeLatouche

    N. 165 Agostos! A Crise da Legalidade: vista da janela doConsulado dos Estados Unidos em Porto Alegre CarlaSimone Rodeghero

    N. 166 Convivialidade e decrescimento Serge LatoucheN. 167 O impacto da plantao extensiva de eucalipto nas

    culturas tradicionais: Estudo de caso de So Luis doParaitinga Marcelo Henrique Santos Toledo

    N. 168 O decrescimento e o sagrado Serge LatoucheN. 169 A busca de um ethos planetrio Leonardo BoffN. 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionaliza-

    o do ser: um convite ao abolicionismo Marco Anto-nio de Abreu Scapini

    N. 171 Sub specie aeternitatis O uso do conceito de tempocomo estratgia pedaggica de religao dos saberes

    Gerson Egas SeveroN. 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tec-

    nologias digitais Bruno PucciN. 173 Tcnicas de si nos textos de Michel Foucault: A inuncia

    do poder pastoral Joo Roberto Barros IIN. 174 Da mnada ao social: A intersubjetividade segundo Levinas

    Marcelo FabriN. 175 Um caminho de educao para a paz segundo Hobbes

    Lucas Mateus Dalsotto e Everaldo CesconN. 176 Da magnitude e ambivalncia necessria humani-

    zao da tecnocincia segundo Hans Jonas Jelson

    Roberto de OliveiraN. 177 Um caminho de educao para a paz segundo Locke

    Odair Camati e Paulo Csar NodariN. 178 Crime e sociedade estamental no Brasil: De como la ley

    es como la serpiente; solo pica a los descalzos LenioLuiz Streck

    N. 179 Um caminho de educao para a paz segundo Rousseau Mateus Boldori e Paulo Csar Nodari

    N. 180 Limites e desaos para os direitos humanos no Brasil:entre o reconhecimento e a concretizao Afonso Ma-ria das Chagas

    N. 181 Aptridas e refugiados: direitos humanos a partir da ti-ca da alteridade Gustavo Oliveira de Lima Pereira

    N. 182 Censo 2010 e religies:reexes a partir do novo mapa

    religioso brasileiro Jos Rogrio LopesN. 183 A Europa e a ideia de uma economia civil StefanoZamagni

    N. 184 Para um discurso jurdico-penal libertrio: a pena comodispositivo poltico (ou o direito penal como discurso-li-mite) Augusto Jobim do Amaral

    N. 185 A identidade e a misso de uma universidade catlica naatualidade Stefano Zamagni

    N. 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamentosolidrio aos refugiados Joseane Marile Schuck Pinto

    N. 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino,pesquisa e extenso na educao superior brasileira esua contribuio para um projeto de sociedade susten-tvel no Brasil Marcelo F. de Aquino

    N. 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razo no cam-

    po da preveno Luis David CastielN. 189 Produes tecnolgicas e biomdicas e seus efeitos

    produtivos e prescritivos nas prticas sociais e de gne-ro Marlene Tamanini

    N. 190 Cincia e justia: Consideraes em torno da apropria-o da tecnologia de DNApelo direito Claudia Fonseca

    N. 191 #VEMpraRUA: Outono brasileiro? Leituras Bruno LimaRocha, Carlos Gadea, Giovanni Alves, Giuseppe Cocco,Luiz Werneck Vianna e Rud Ricci

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    N. 192 A cincia em ao de Bruno Latour Leticia de LunaFreire

    N. 193 Laboratrios e Extraes: quando um problema tcnicose torna uma questo sociotcnica Rodrigo CiconetDornelles

    N. 194 A pessoa na era da biopoltica: autonomia, corpo e sub-jetividade Heloisa Helena BarbozaN. 195 Felicidade e Economia: uma retrospectiva histrica

    Pedro Henrique de Morais Campetti e Tiago WickstromAlves

    N. 196 A colaborao de Jesutas, Leigos e Leigas nas Univer-sidades conadas Companhia de Jesus: o dilogo en-tre humanismo evanglico e humanismo tecnocientco

    Adolfo NicolsN. 197 Brasil: verso e reverso constitucional Fbio Konder

    ComparatoN. 198 Sem-religio no Brasil: Dois estranhos sob o guarda-

    chuva Jorge Claudio RibeiroN. 199 Uma ideia de educao segundo Kant: uma possvel

    contribuio para o sculo XXI Felipe Bragagnolo e

    Paulo Csar NodariN. 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia

    urbana: a experincia da ocupao Razes da Praia Natalia Martinuzzi Castilho

    N. 201 Desaos ticos, loscos e polticos da biologia sintti-ca Jordi Maiso

    N. 202 Fim da Poltica, do Estado e da cidadania? RobertoRomano

    N. 203 Constituio Federal e Direitos Sociais: avanos e recuosda cidadania Maria da Glria Gohn

    N. 204 As origens histricas do racionalismo, segundo Feyera-bend Miguel ngelo Flach

    N. 205 Compreenso histrica do regime empresarial-militarbrasileiro Fbio Konder Comparato

    N. 206 Sociedade tecnolgica e a defesa do sujeito: Techno-logical society and the defense of the individual KarlaSaraiva

    N. 207 Territrios da Paz: Territrios Produtivos? GiuseppeCocco

    N. 208 Justia de Transio como Reconhecimento: limites epossibilidades do processo brasileiro Roberta Cami-neiro Baggio

    N. 209 As possibilidades da Revoluo em Ellul JorgeBarrientos-Parra

    N. 210 A grande poltica em Nietzsche e a poltica que vem emAgamben Mrcia Rosane Junges

    N. 211 Foucault e a Universidade: Entre o governo dos outros eo governo de si mesmo Sandra Caponi

    N. 212 Verdade e Histria: arqueologia de uma relao JosDAssuno Barros

    N. 213 A Relevante Herana Social do Pe. Amstad SJ JosOdelso Schneider

    N. 214 Sobre o dispositivo. Foucault, Agamben, Deleuze San-dro Chignola

    N. 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta-o Alejandro Rosillo Martnez

    N. 216 A realidade complexa da tecnologia Alberto Cupani

    N. 217 A Arte da Cincia e a Cincia da Arte: Uma abordagema partir de Paul Feyerabend Hans Georg FlickingerN. 218 O ser humano na idade da tcnica Humberto GalimbertiN. 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e

    suas Implicaes ticas: Um Paralelo com AlasdairMacIntyre Halina Macedo Leal

    N. 220 O Marqus de Pombal e a Inveno do Brasil JosEduardo Franco

    N. 221 Neurofuturos para sociedades de controle TimothyLenoir

    N. 222 O poder judicirio no Brasil Fbio Konder ComparatoN. 223 Os marcos e as ferramentas ticas das tecnologias de

    gesto Jess Conill SanchoN. 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo

    sul do Brasil (1842-1867) Luiz Fernando Medeiros

    RodriguesN. 225 O grande desao dos indgenas nos pases andinos:

    seus direitos sobre os recursos naturais Xavier AlbN. 226 Justia e perdo Xabier Etxeberria MauleonN. 227 Paraguai: primeira vigilncia massiva norte-americana e

    a descoberta do Arquivo do Terror (Operao Condor)Martn Almada

    N. 228 A vida, o trabalho, a linguagem. Biopoltica e biocapita-lismo Sandro Chignola

    N. 229 Um olhar biopoltico sobre a biotica Anna QuintanasFeixas

    N. 230 Biopoder e a constituio tnico-racial das populaes:Racialismo, eugenia e a gesto biopoltica da mestia-gem no Brasil Gustavo da Silva Kern

    N. 231 Biotica e biopoltica na perspectiva hermenutica: umatica do cuidado da vida Jess Conill Sancho

    N. 232 Migrantes por necessidade: o caso dos senegaleses noNorte do Rio Grande do Sul Dirceu Beninc e VniaAguiar Pinheiro

    N. 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho: desaos sade esegurana Elsa Cristine Bevian

    N. 234 O capital no sculoXXIe sua aplicabilidade realidadebrasileira Rber Iturriet Avila & Joo Batista SantosConceio

    N. 235 Biopoltica, raa e nao no Brasil (1870-1945) MozartLinhares da Silva

    N. 236 Economias Biopolticas da Dvida Michael A. PetersN. 237 Paul Feyerabend e Contra o Mtodo: Quarenta Anos do

    Incio de uma Provocao Halina Macedo LealN. 238 O trabalho nos frigorcos: escravido local e global?

    Leandro Incio Walter

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    Fbio Konder Comparatopossui graduao em Direito pela Uni-versidade de So Paulo (1959) e doutorado em Direito pela Univer-sit Paris 1 (Panthon-Sorbonne - 1963). Professor Emrito da Fa-culdade de Direito da Universidade de So Paulo e Doutor Honoris

    Causa da Universidade de Coimbra. especialista em Filosofia doDireito, Direitos Humanos e Direito Poltico. tambm titular daMedalha Rui Barbosa, conferida pelo Conselho Federal da Ordemdos Advogados do Brasil.

    Algumas publicaes do autor

    COMPARATO, Fbio Konder. A Afirmao Histrica dos Direitos Humanos.So Paulo:Saraiva, 2013. 8. ed. 577 p.

    ______. Rumo Justia.So Paulo: Editora Saraiva, 2010. v. 01. 449 p.______. tica: Direito, Moral e Religio no Mundo Moderno.So Paulo: Companhia dasLetras, 2006.

    Outras contribuies

    COMPARATO, Fbio Konder. O poder judicirio no Brasil. In: Cadernos IHU ideias.SoLeopoldo: Instituto Humanitas Unisinos, ano 13, n. 222, 2015.

    ______.Compreenso histrica do regime empresarial-militar brasileiro. In: CadernosIHU ideias.So Leopoldo: Instituto Humanitas Unisinos, ano 12, n. 205, 2014.

    ______.Brasil: verso e reverso constitucional. In: Cadernos IHU ideias.So Leopoldo:Instituto Humanitas Unisinos, ano 11, n. 197, 2013.

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