2
Vilém Flusser : Filosofia da caixa preta Imagem A imagem é a representação de um algo no espaço-tempo. Uma combinação de signos obtida pela abstração de duas das quatro dimensões da realidade, permitindo assim que se conserve um processo transformando-o em cena. À capacidade de abstração necessária a essa transformação chama-se imaginação, sendo a mesma responsável por devolver as dimensões retiradas, trazendo de volta a cena representada. Os signos de uma imagem se encontram em sua superfície, e podem ser desvendados pelo olhar circular (scanning) que movido por intenções do observador e da própria imagem cria relações sustentáveis de afetos e significantes. A pesar de feitas para aproximar-nos do mundo as imagens tornaram-se obstáculo pondo-se entre o homem e a realidade, perdido num mundo de imagens, o idólatra percebe o mundo por meio de imagens da realidade. O texto surgiu com o proposito de contornar essa situação, retirando uma das dimensões da imagem e tornando sua apreensão linear, pretendia aproximar o homem da realidade. Mas, decifrar um texto não significa chegar a um conceito e sim reconstruir a imagem que já é uma abstração da realidade. Por essa imagetização do texto surgiu a textolatria, trazendo ao textólatra conceitos vazios, fundados em imagens. Como possível solução a textolatria o homem desenvolveu a imagem técnica, uma imagem que é gerada por um aparelho, portanto é indiretamente gerada pelo texto. A imagem técnica é mais difícil de analisar devido a sua ilusória semelhança com a realidade. A pesar de ser conjunto de signos ela parece janela para o mundo. Além disso, incorpora a subjetividade do aparelho que é instransponível ao homem, caixa preta. A imagem técnica é um jogo de intenções, um embate entre emissor, receptor e aparelho. Sendo a intenção do aparelho a de

Caixa preta - resumo

  • Upload
    celso

  • View
    23

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

fichamento do livro "filosofia da caixa preta".

Citation preview

Page 1: Caixa preta - resumo

Vilém Flusser : Filosofia da caixa preta

Imagem

A imagem é a representação de um algo no espaço-tempo. Uma combinação de signos obtida pela abstração de duas das quatro dimensões da realidade, permitindo assim que se conserve um processo transformando-o em cena. À capacidade de abstração necessária a essa transformação chama-se imaginação, sendo a mesma responsável por devolver as dimensões retiradas, trazendo de volta a cena representada. Os signos de uma imagem se encontram em sua superfície, e podem ser desvendados pelo olhar circular (scanning) que movido por intenções do observador e da própria imagem cria relações sustentáveis de afetos e significantes. A pesar de feitas para aproximar-nos do mundo as imagens tornaram-se obstáculo pondo-se entre o homem e a realidade, perdido num mundo de imagens, o idólatra percebe o mundo por meio de imagens da realidade. O texto surgiu com o proposito de contornar essa situação, retirando uma das dimensões da imagem e tornando sua apreensão linear, pretendia aproximar o homem da realidade. Mas, decifrar um texto não significa chegar a um conceito e sim reconstruir a imagem que já é uma abstração da realidade. Por essa imagetização do texto surgiu a textolatria, trazendo ao textólatra conceitos vazios, fundados em imagens. Como possível solução a textolatria o homem desenvolveu a imagem técnica, uma imagem que é gerada por um aparelho, portanto é indiretamente gerada pelo texto. A imagem técnica é mais difícil de analisar devido a sua ilusória semelhança com a realidade. A pesar de ser conjunto de signos ela parece janela para o mundo. Além disso, incorpora a subjetividade do aparelho que é instransponível ao homem, caixa preta. A imagem técnica é um jogo de intenções, um embate entre emissor, receptor e aparelho. Sendo a intenção do aparelho a de programar o funcionário para continue aperfeiçoando o mesmo. O aparelho é regido por um programa, e impõe esse programa ao seu usuário. Aquele que cede ao programa torna-se funcionário do aparelho. O jogo de esgotar a programação do aparelho é fotografia. O fotógrafo quebra o aparelho fazendo algo além de sua programação. Diferente das imagens anteriores, a fotografia pode ser amplamente reproduzida e distribuída. Seu valor é valor de informação, como objeto não apresenta valor. Somos soterrados por uma enxurrada de fotografias no nosso dia a dia e passamos a não dar atenção a essa constante mudança, saturados. A sociedade caminha rumo a informatização. O homem cada vez mais restrito pelo programa distancia-se de sua liberdade, cercado por imagens ele é impelido a abrir mão de sua consciência histórica. A única maneira de resguardar essa liberdade é jogar contra o programa, explorar o aparelha até que se quebre, surgindo daí sua consciência.

Page 2: Caixa preta - resumo