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6 | CADERNO DEZ! | SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 15/1/2008 7 | CADERNO DEZ! | SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 15/1/2008 CAPA Em Cajazeiras, são 600 mil habitantes e nenhum cinema. Saiba como eles se divertem nas férias A cidade dentro da cidade MIRELA PORTUGAL [email protected] Janeiro, sol, dia azul. “Vamos descer pra Ipitanga?”, sugere José Nascimento, 22, aos amigos. Mas não é na praia perto do Flamengo onde eles vão aproveitar o dia. O destino é a “praia” particular dos moradores de Cajazeiras: com água doce, algas e muito mato em volta, a Barragem de Ipitanga é o programa dos finais de semana e dias de férias, para onde José vai desde os dez anos. “A barragem é nosso piscinão, é o que nos salva. Aqui não tem muito lugar pra gente ir, não”. O bairro de Cajazeiras nasceu como um conjunto habitacional, há 24 anos. Das fazendas que foram desapropriadas para o projeto [Jaguaripe de Cima, Fazenda Cajazeiras e Fazenda Boa União] veio o nome do bairro. Não demorou para que os prédios fossem cercados de construções informais. No maior bairro de Salvador vivem mais de 600 mil habitantes [mais gente até do que em Feira de Santana]. São 18.583 casas populares nas 11 Cajazeiras e quatro Fazendas Grandes, que se misturam também com Boca da Mata e Águas Claras. Outros números surpreendem mais: nenhum teatro, cinema, parque, shopping ou biblioteca pública. São 24 km até a Biblioteca dos Barris, a mais próxima. Para um cineminha, são 9 km até o Cine Ponto Alto, em São Rafael. "Morador daqui só tem duas opções: igreja ou bar", diz Pablo Santos, 23, que escolheu a cerveja com os amigos. SANTO DE CASA – Uma vez por semana, Pablo sai do seu apartamento no Bloco 111, Remanescente A, Fazenda Grande 2, e se dirige a uma casa na Segunda Etapa C, Via Local J, número 3. Entre siglas, quadras, números e setores, ele chega na reunião da comissão de juventude de uma das associações do bairro. A discussão do dia é o planejamento de um festival cultural. Pablo e seus vizinhos têm que se virar para arrumar diversão sem ir muito longe. Ele mora no bairro há 18 anos, e viu o surgimento de festivais como o Cajazeiras Metal Fest, reduto dos roqueiros, eo Tsunami Fest, que reúne os fãs das batidas eletrônicas. "No fim, é a gente daqui mesmo quem faz o palco para que as bandas, grupos de teatro e capoeira possam se apresentar". Quando não tem evento na programação, a saída é jogar fliperama ou acessar o orkut numa das onipresentes lan houses. "Nosso único espaço cultural é uma arena geralmente vazia", resume Kilson Santana de Melo, coordenador da ONG Cajaverde. Ele se refere à Rótula da Feirinha, marco de Cajazeiras 10 e palco da maioria dos festivais, além de centro comercial. Para José Miguel dos Santos, diretor da Administração Regional de Cajazeiras [extensão da prefeitura], a falta de infra-estrutura do bairro é herança das administrações passadas. ”Foram 20 anos de negligência“, queixa-se. Quanto aos quase quatro anos que já se vão na atual gestão, ele assegura que até o fim de 2008 o bairro receberá 27 quadras e centros poliesportivos. ”Não fizemos as obras antes porque os recursos foram canalizados em reformas, iluminação, repavimentação. Agora vamos focar no lazer“. Verão, brisa e sol na Barragem de Ipitanga Todo dia é bom de bola Sábado, sete da manhã, e Diego Souza, Marcos Vinícius e Edimar Silva estão sentados na calçada em frente à Igreja de Santa Mônica, em Fazenda Grande 1. Cercados por meiões e chuteiras, os jogadores de 17 anos esperam quase duas horas para usar o campo da Associação de Moradores da Quadra C. "Como são poucos, os campinhos têm horários fixos, para todo mundo poder usar“, conta Diego. Seu colega de time, Edimar, também acha que vale a paciência. "É o que dá pra fazer despreocupado. Tem lugar na comunidade que a gente nem pode ir. Não dá pra meter uma prata, um celular, uma roupa bonita, que já levam". Na 13ª delegacia de Cajazeiras já foram registrados 50 roubos em 2008. Em 2007, foram 786. ”Mas o que preocupa mesmo são os homicídios, quase sempre ligados ao tráfico de drogas“, diz a delegada titular, Neusa dos Santos. Cada associação do bairro mantém suas quadras, na maioria das vezes sem ajuda da prefeitura. "Há campinhos que não possuem nem alambrado nem iluminação", conta o professor Ari Oliveira, que tem uma escolinha onde dá aulas gratuitas de futebol. Além do baba, sábado também é dia de basquete. A única quadra disponível foi cedida pela Igreja de Santa Mônica, em Cajazeiras 2. Uso liberado desde que os moradores entrem com pintura, reforma e material. Vinícius Barbosa, 14, explica como funciona o esquema. "Uma vez por ano temos o torneio do bairro, com times fixos. Mas nos outros dias a gente joga tudo misturado, em grupos pequenos, só mesmo pra bater bola e brincar. É o nosso baba", diz, pouco antes de entrar na quadra e quase dar um nó nos amigos com a bola na mão. De virote O amigos sentados na praça de Fazenda Grande 2 compartilham as roupas pretas, acessórios de metal, cigarros, uma garrafa de vinho e o amor pelo Iron Maiden. Enquanto toca Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones num rádio do outro lado da praça – versão Engenheiros do Havaí – Sérgio Filho, o Rato, 25, explica a tradição dos encontros noturnos nas pracinhas do bairro. ”Tínhamos um centro poliesportivo até 2003, onde a galera rockeira ficava, mas fechou“. Cada um ocupa seu território sem rixas. Vem o povo do pagode, do rock, do reggae, do hip hop. Integrante da banda de gothic metal Natimorto, Alexsandro Ribeiro, 24, lembra que já teve problemas para tocar em Fazenda Grande. ”Durante um tempo, criamos o Clube do Rock de Cajazeiras, que produzia os shows. Paramos por falta de espaço. Mas nossa maior platéia sempre foi da galera daqui“. Na praça da Fazenda Grande 3, a trilha sonora é o barulho das rodinhas de skate no concreto da pista, inaugurada em dezembro – única em todo o bairro. A novidade reúne todas as noites uma platéia de todas as idades, olhos fixos nas manobras. SOM NA MALA – Quando a programação da noite é ir aos barzinhos, cada dia tem a atração mais badalada. Sexta-feira o destino é a Peixaria, casa de show com um mini-palco e um galpão onde a platéia se aperta para dançar partido alto por R$ 2. Sábado é a vez da galeria de bares Albatroz, cuja maior atração fica com a disputa de som dos carros e as meninas suingando até o chão - trilha sonora é basicamente forró e pagode. Domingo é dia de passe livre, com reggae, pagode e seresta. Sem hora para voltar. José, Luiz Carlos, Pablo, Cecília e Briand caminham nas margens da barragem do rio Joanes, que vira camping de verão ONDE FICA CAJAZEIRAS SALVADOR Lauro de Freitas Simões Filho Pernambués Valéria Ribeira Itapuã Nova Brasília Boca do Rio Barra Amaralina Baía de Todos os Santos Para chegar na Barragem de Ipitanga é preciso descer uma trilha longa e estreita, que parece não acabar mais. Sem aviso, surge de uma curva a represa da Área de Proteção Ambiental Joanes/Ipitanga. O lago é ponto de encontro no verão, e vira uma grande extensão do quintal da vizinhança. ”Vem famílias inteiras, gente de Mussurunga, até de Itapuã desce pra cá“, conta a estudante Cecília Nascimento, 23. Se nadar por lá é perigoso? "A represa é um pouco funda, mas é só não ir muito longe". Pelo chão, marcas de fogueiras dos acampamentos da noite, pegadas. Luiz Carlos Souza, 22, conta que todo final de semana tem moutain bike numa trilha. JOGANDO A REDE – Sempre que vai pescar na barragem, Frederico Marcos, 23, repete, concentrado, o longo ritual: primeiro, pega camarão com a rede ou jereré, que vira isca para filhotes de tucunaré e vão parar na ponta do anzol para alimentar peixe grande. "Já tirei daqui traíra, robalo, camarão. Pesco porque me acalma, por diversão mesmo". Frederico já conquistou um discípulo, o vizinho Paulo Wellington, 23, novato no bairro. “Pescava muito em água salgada, mas agora fico mais aqui. A área é tranqüila, nem dá pra inventar história de pescador”, diz Paulo, que se contradiz jurando ter pego um robalo de dois quilos naquelas águas. ABMAEL SILVA | AG. A TARDE Metaleiros demarcam sua mesa na pracinha da Fazenda Grande 2 Quadra da igreja abriga o baba do basquete FOTOS HAROLDO ABRANTES | AG. A TARDE

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Quadra da igreja abriga o baba do basquete Mas nossa maior platéia sempre foi da galera daqui“. Na praça da Fazenda Grande 3, a trilha sonora é o barulho das rodinhas de skate no concreto da pista, inaugurada em dezembro – única em todo o bairro. A novidade reúne todas as noites uma platéia de todas as idades, olhos fixos nas manobras. SANTO DE CASA – Uma vez por semana, Pablo sai do seu apartamento no Bloco 111, Remanescente A, Fazenda CAJAZEIRAS SALVADOR Pernambués Boca do Rio

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6 | CADERNO DEZ! | SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 15/1/2008 7| CADERNO DEZ! |SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 15/1/2008

CAPA ❚ Em Cajazeiras, são 600 mil habitantes e nenhum cinema. Saiba como eles se divertem nas férias

A cidade dentroda cidade MIRELA PORTUGAL

m p o r t u g a l @ g r u p o a t a rd e . c o m . b r

Janeiro, sol, dia azul. “Vamosdescer pra Ipitanga?”, sugereJosé Nascimento, 22, aosamigos. Mas não é na praiaperto do Flamengo onde elesvão aproveitar o dia. O destinoé a “praia” particular dosmoradores de Cajazeiras: comágua doce, algas e muito matoem volta, a Barragem deIpitanga é o programa dosfinais de semana e dias deférias, para onde José vai desdeos dez anos. “A barragem énosso piscinão, é o que nossalva. Aqui não tem muitolugar pra gente ir, não”.

O bairro de Cajazeirasnasceu como um conjuntohabitacional, há 24 anos. Dasfazendas que foramdesapropriadas para o projeto[Jaguaripe de Cima, FazendaCajazeiras e Fazenda BoaUnião] veio o nome do bairro.Não demorou para que osprédios fossem cercados deconstruções informais. Nomaior bairro de Salvador vivemmais de 600 mil habitantes[mais gente até do que emFeira de Santana]. São 18.583casas populares nas 11Cajazeiras e quatro FazendasGrandes, que se misturamtambém com Boca da Mata eÁguas Claras.

Outros númerossurpreendem mais: nenhumteatro, cinema, parque,shopping ou biblioteca pública.São 24 km até a Biblioteca dosBarris, a mais próxima. Para umcineminha, são 9 km até o CinePonto Alto, em São Rafael."Morador daqui só tem duasopções: igreja ou bar", dizPablo Santos, 23, que escolheua cerveja com os amigos.

SANTO DE CASA – Uma vezpor semana, Pablo sai do seuapartamento no Bloco 111,Remanescente A, Fazenda

Grande 2, e se dirige a umacasa na Segunda Etapa C, ViaLocal J, número 3. Entre siglas,quadras, números e setores, elechega na reunião da comissãode juventude de uma dasassociações do bairro. Adiscussão do dia é oplanejamento de um festivalcultural. Pablo e seus vizinhostêm que se virar para arrumardiversão sem ir muito longe.

Ele mora no bairro há 18anos, e viu o surgimento defestivais como o CajazeirasMetal Fest, reduto dosroqueiros, e o Tsunami Fest,que reúne os fãs das batidaseletrônicas. "No fim, é a gentedaqui mesmo quem faz o palcopara que as bandas, grupos deteatro e capoeira possam seapresentar". Quando não temevento na programação, asaída é jogar fliperama ouacessar o orkut numa dasonipresentes lan houses.

"Nosso único espaçocultural é uma arenageralmente vazia", resumeKilson Santana de Melo,coordenador da ONGCajaverde. Ele se refere àRótula da Feirinha, marco deCajazeiras 10 e palco damaioria dos festivais, além decentro comercial.

Para José Miguel dosSantos, diretor daAdministração Regional deCajazeiras [extensão daprefeitura], a falta deinfra-estrutura do bairro éherança das administraçõespassadas. ”Foram 20 anos denegligência“, queixa-se.Quanto aos quase quatro anosque já se vão na atual gestão,ele assegura que até o fim de2008 o bairro receberá 27quadras e centrospoliesportivos. ”Não fizemos asobras antes porque os recursosforam canalizados emreformas, iluminação,repavimentação. Agora vamosfocar no lazer“.

Verão, brisa e sol naBarragem de Ipitanga

Todo diaé bom debola

Sábado, sete da manhã, eDiego Souza, Marcos Vinícius eEdimar Silva estão sentados nacalçada em frente à Igreja deSanta Mônica, em FazendaGrande 1. Cercados por meiõese chuteiras, os jogadores de 17anos esperam quase duas horaspara usar o campo daAssociação de Moradores daQuadra C. "Como são poucos,os campinhos têm horáriosfixos, para todo mundo poderusar“, conta Diego. Seu colegade time, Edimar, também achaque vale a paciência. "É o quedá pra fazer despreocupado.Tem lugar na comunidade quea gente nem pode ir. Não dápra meter uma prata, umcelular, uma roupa bonita, quejá levam". Na 13ª delegacia deCajazeiras já foram registrados50 roubos em 2008. Em 2007,foram 786. ”Mas o quepreocupa mesmo são oshomicídios, quase sempreligados ao tráfico de drogas“,diz a delegada titular, Neusados Santos.

Cada associação do bairromantém suas quadras, namaioria das vezes sem ajuda daprefeitura. "Há campinhos quenão possuem nem alambradonem iluminação", conta oprofessor Ari Oliveira, que temuma escolinha onde dá aulasgratuitas de futebol.

Além do baba, sábadotambém é dia de basquete. Aúnica quadra disponível foicedida pela Igreja de SantaMônica, em Cajazeiras 2. Usoliberado desde que osmoradores entrem compintura, reforma e material.Vinícius Barbosa, 14, explicacomo funciona o esquema."Uma vez por ano temos otorneio do bairro, com timesfixos. Mas nos outros dias agente joga tudo misturado, emgrupos pequenos, só mesmopra bater bola e brincar. É onosso baba", diz, pouco antesde entrar na quadra e quasedar um nó nos amigos com abola na mão.

De viroteO amigos sentados na praça deFazenda Grande 2compartilham as roupas pretas,acessórios de metal, cigarros,uma garrafa de vinho e o amorpelo Iron Maiden. Enquantotoca Era um garoto que comoeu amava os Beatles e osRolling Stones num rádio dooutro lado da praça – versãoEngenheiros do Havaí – SérgioFilho, o Rato, 25, explica atradição dos encontrosnoturnos nas pracinhas dobairro. ”Tínhamos um centropoliesportivo até 2003, onde agalera rockeira ficava, masfechou“. Cada um ocupa seuterritório sem rixas. Vem opovo do pagode, do rock, doreggae, do hip hop.

Integrante da banda degothic metal Natimorto,Alexsandro Ribeiro, 24, lembraque já teve problemas paratocar em Fazenda Grande.”Durante um tempo, criamos oClube do Rock de Cajazeiras,que produzia os shows.Paramos por falta de espaço.

Mas nossa maior platéiasempre foi da galera daqui“.

Na praça da FazendaGrande 3, a trilha sonora é obarulho das rodinhas de skateno concreto da pista,inaugurada em dezembro –única em todo o bairro. Anovidade reúne todas as noitesuma platéia de todas as idades,olhos fixos nas manobras.

SOM NA MALA – Quando aprogramação da noite é ir aosbarzinhos, cada dia tem aatração mais badalada.Sexta-feira o destino é aPeixaria, casa de show com ummini-palco e um galpão onde aplatéia se aperta para dançarpartido alto por R$ 2. Sábado éa vez da galeria de baresAlbatroz, cuja maior atraçãofica com a disputa de som doscarros e as meninas suingandoaté o chão - trilha sonora ébasicamente forró e pagode.Domingo é dia de passe livre,com reggae, pagode e seresta.Sem hora para voltar.

José, Luiz Carlos, Pablo, Cecília e Briand caminham nas margens da barragem do rio Joanes, que vira camping de verão

ONDE FICA

CAJAZEIRAS

SALVADOR

Lauro de Freitas

Simões Filho

Pernambués

Valéria

Ribeira

Itapuã

Nova Brasília

Boca do Rio

BarraAmaralina

Baía de Todos os Santos

Para chegar na Barragem deIpitanga é preciso descer umatrilha longa e estreita, queparece não acabar mais. Semaviso, surge de uma curva arepresa da Área de ProteçãoAmbiental Joanes/Ipitanga. Olago é ponto de encontro noverão, e vira uma grandeextensão do quintal davizinhança. ”Vem famíliasinteiras, gente de Mussurunga,até de Itapuã desce pra cá“,conta a estudante CecíliaNascimento, 23. Se nadar porlá é perigoso? "A represa é um

pouco funda, mas é só não irmuito longe".

Pelo chão, marcas defogueiras dos acampamentosda noite, pegadas. Luiz CarlosSouza, 22, conta que todo finalde semana tem moutain bikenuma trilha.

JOGANDO A REDE – Sempreque vai pescar na barragem,Frederico Marcos, 23, repete,concentrado, o longo ritual:primeiro, pega camarão com arede ou jereré, que vira iscapara filhotes de tucunaré e vão

parar na ponta do anzol paraalimentar peixe grande. "Játirei daqui traíra, robalo,camarão. Pesco porque meacalma, por diversão mesmo".Frederico já conquistou umdiscípulo, o vizinho PauloWellington, 23, novato nobairro. “Pescava muito emágua salgada, mas agora ficomais aqui. A área é tranqüila,nem dá pra inventar históriade pescador”, diz Paulo, que secontradiz jurando ter pego umrobalo de dois quilos naquelaságuas.

ABMAEL SILVA | AG. A TARDE

Metaleiros demarcam sua mesa na pracinha da Fazenda Grande 2

Quadra daigreja abrigao baba dobasquete

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