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cálice Autores e cantores : Gilberto Gil Chico Buarque

Cálice

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cálice

Autores e cantores :

Gilberto Gil Chico Buarque

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De muito gorda a porca já não anda

De muito usada a faca já não corta

Como é difícil, pai, abrir a porta

Essa palavra presa na garganta

Esse pileque homérico no mundo

De que adianta ter boa vontade

Mesmo calado o peito, resta a cuca

Dos bêbados do centro da cidade

Talvez o mundo não seja pequeno

Nem seja a vida um fato consumado

Quero inventar o meu próprio pecado

Quero morrer do meu próprio veneno

Quero perder de vez tua cabeça

Minha cabeça perder teu juízo

Quero cheirar fumaça de óleo diesel

Me embriagar até que alguem me esqueça

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analise "Cálice" é uma canção escrita e originalmente

interpretada pelos cantores brasileiros Chico

Buarque e Gilberto Gil em 1973. Na canção

percebe-se um elaborado jogo de palavras para

despistar a censura da ditadura militar. A

palavra-título, por exemplo, é cantado pelo coral

que acompanha o cantor de forma a soar como

um raivoso "Cale-se!". A canção teve sua

execução proibida durante anos no Brasil. Só foi

lançada em disco em novembro de 1978 no

álbum Chico Buarque, tendo Milton

Nascimento nos versos de Gil, e também em

dezembro no álbum Álibi de Maria Bethânia. A

cantora Pitty regravou essa canção em

2010, numa versão rock 'n roll.

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(Pai, afasta de mim esse cálice)

Sintetiza uma súplica por algo que se deseja ver à distância. Boa parte da música faz uma analogia entre a Paixão de Cristo e o sofrimento vivido pela população aterrorizada com o regime autoritário. O refrão faz uma alusão à agonia de Jesus no calvário, mas a ambigüidade da palavra “cálice” em relação ao imperativo “cale-se”, remete à atuação da censura.

(De vinho tinto de sangue)

O “cálice” é um objeto que contém algo em seu interior. Na Bíblia esse conteúdo é o sangue de Cristo, na música é o sangue derramado pelas vítimas da repressão e torturas.

(Como beber dessa bebida amarga)

A metáfora do verso remete à dificuldade de aceitar um quadro social em que as pessoas eram subjugadas de forma desumana.

(Tragar a dor, engolir a labuta)

Significa a imposição de ter que agüentar a dor e aceitá-la como algo banal e corriqueiro. “Engolir a labuta” significa ter que aceitar uma condição de trabalho subumana de forma natural e passiva.

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As Emissoras que reproduziam

As musicas de protestos

Contra o governo.

Os soldados colocavam fogo

Nas emissoras