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TEXTO: ARNALDO ANSAR FOTOS: DIVULGAÇÃO Cirurgia plástica 22 | REVISTA ABCFARMA | AGOSTO/2011 A maioria dos homens assume a calvície como um traço genético inevitável. Os que não se conformam com ela, porém, tentam por algum tempo interromper a queda de cabelos com medicamentos ou soluções caseiras. Como o processo é quase irreversível, um dia recorrem à única solução definitiva: o transplante de cabelos da área posterior da cabeça, que são imunes à queda, para a área calva. Mas muitos ainda temem não apenas a cirurgia em si, que é demorada e meticulosa, como o resultado – o principal receio é a aparência de cabelo de boneca. A técnica, porém, se aperfeiçoou muito, em busca da naturalidade. Aqui, o Dr. Milton Peruzzo, um dos maiores especialistas do país em cirurgia da calvície, explica tudo o que é preciso saber para deixar de ser careca. O termo científico para a calvície masculina é Alopécia Androgenéti- ca – o segundo termo vem do hormô- nio androgênico, a testosterona, que é o hormônio masculino e genético da hereditariedade, ou seja da presença de um gene, transmitido por herança familiar. Portanto a queda dos cabelos está direta e unicamente relaciona- da à associação destes dois fatores e a nada mais: 96% dos homens apre- sentarão perda de cabelos em está- gios variáveis no decorrer de suas vidas. A maioria dos homens assume ou tolera esta perda sem prejuízos de seus aspectos psico-emocionais, mas outros encaram de forma bastante negativa a perda precoce de seus ca- belos, inclusive com transtornos à vida afetiva e profissional, piorando a qualidade de vida. E o processo pa- rece inexorável. Explica o Dr. Peruzzo: “Após o começo de sua instalação, alguns homens estarão completamen- te calvos em cinco anos. Mas a maioria levará de 15 a 25 anos para definir seu padrão de calvície; isto ocorre justa- mente porque temos dois fatores que definem a perda dos cabelos: os genes e os hormônios, que têm seu auge en- tre 20 e 40 anos de idade, para poste- riormente entrar em declínio, redu- zindo o estímulo à queda dos cabelos. Após os 55 anos de idade raramente se inicia o processo de calvície”. Transplante de cabelos Tire todas as dúvidas, fio a fio

Calvície e Transplante de cabelos

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Matéria da Revista ABCFARMA sobre Cálvice e Transplante de cabelos

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TexTo: ArnAldo AnsArfoTos: divulgAção

Cirurgia plástica

22 | revisTA ABCFARMA | AgosTo/2011

A maioria dos homens assume a calvície como um traço genético inevitável.

Os que não se conformam com ela, porém, tentam por algum tempo interromper a queda de cabelos com medicamentos ou soluções caseiras. Como o processo é quase irreversível, um dia recorrem à única solução definitiva: o transplante de cabelos da área posterior da cabeça, que são imunes à queda, para a área calva. Mas muitos ainda temem não apenas a cirurgia em si, que é demorada e meticulosa, como o resultado – o principal receio é a aparência de cabelo de boneca. A técnica, porém, se aperfeiçoou muito, em busca da naturalidade. Aqui, o Dr. Milton Peruzzo, um dos maiores especialistas do país em cirurgia da calvície, explica tudo o que é preciso saber para deixar de ser careca.

O termo científico para a calvície masculina é Alopécia Androgenéti-ca – o segundo termo vem do hormô-nio androgênico, a testosterona, que é o hormônio masculino e genético da hereditariedade, ou seja da presença de um gene, transmitido por herança

familiar. Portanto a queda dos cabelos está direta e unicamente relaciona-da à associação destes dois fatores e a nada mais: 96% dos homens apre-sentarão perda de cabelos em está-gios variáveis no decorrer de suas vidas. A maioria dos homens assume ou tolera esta perda sem prejuízos de seus aspectos psico-emocionais, mas outros encaram de forma bastante negativa a perda precoce de seus ca-belos, inclusive com transtornos à vida afetiva e profissional, piorando a qualidade de vida. E o processo pa-

rece inexorável. Explica o Dr. Peruzzo: “Após o começo de sua instalação, alguns homens estarão completamen-te calvos em cinco anos. Mas a maioria levará de 15 a 25 anos para definir seu padrão de calvície; isto ocorre justa-mente porque temos dois fatores que definem a perda dos cabelos: os genes e os hormônios, que têm seu auge en-tre 20 e 40 anos de idade, para poste-riormente entrar em declínio, redu-zindo o estímulo à queda dos cabelos. Após os 55 anos de idade raramente se inicia o processo de calvície”.

Transplante de cabelosTire todas as dúvidas, fio a fio

O processo de instalação da cal-vície se dá quando, após a ligação da DHT (DiHidroTestosterona) com os ge-nes da calvície, os cabelos entram em progressiva miniaturização, ficando cada vez mais finos e delicados até se transformarem em pelos e caírem de forma irreversível. “Daí o porquê de não haver como ressuscitar o cabelo perdido. Existe um padrão de insta-lação da alopécia androgenética que se inicia nas entradas, seguindo pela rarefação da área central da cabeça e culmina na área posterior da cabeça, na chamada coroa de padre”, explica o Dr. Peruzzo. Vários autores classifica-ram os diversos padrões de calvície em estágios que vão de 1 a 7. “Entre os 20 e 50 anos de idade esse processo está em evolução, portanto procure analisar as áreas onde você já perdeu os cabelos e as áreas onde você percebe que seus cabelos estão mais finos e delicados, pois já estão em miniaturização e irão cair mais à frente. Normalmente digo aos pacientes preocupados com a per-da dos cabelos que existem quatro ca-minhos a serem considerados. Pode-se optar por tentar tratamentos clínicos,

não se fazer nada, usar uma peruca ou partir para cirurgia. O uso de perucas, entrelaçamentos ou qualquer outro método de cobrir a calvície apresenta, além das desvantagens estéticas evi-dentes, o risco de desenvolvimento de micoses do couro cabeludo, mau chei-ro, ajustes frequentes e várias outras complicações, como cicatrizes no couro cabeludo e arrancamento de fios que porventura você ainda tenha”.

Cirurgia: solução definitiva

Toda cirurgia de restauração de cabelos deve ter como objetivo a maior semelhança possível com a naturalida-de, tanto em qualidade como em quan-tidade. Resultados que sejam tão natu-rais só são possíveis atualmente graças às modernas técnicas que usam um grande número de microtransplantes contendo apenas de 1 a 3 fios de cabe-los. É a chamada megasessão de uni-dades foliculares. Trata-se de cirurgia extremamente artesanal que requer equipe altamente treinada e experien-te. Peruzzo explica: “O couro cabeludo normal possui poros de onde emergem de 1 a 3 fios de cabelo, que são as unida-des foliculares, distribuídas de forma anárquica, ou seja, não existe simetria em sua disposição nem linhas que con-tenham apenas um fio, outras com dois fios e assim por diante. A colocação des-tas unidades deve respeitar essa distri-buição irregular para se obter naturali-dade. A criação da linha de frente é um capítulo a parte na perfeição dos resul-tados. Segundo meu conceito, sempre preservo as entradas naturais de cada indivíduo, respeitando sua faixa etária e suas feições. A quantidade de fios a ser buscada na cirurgia será a maior possível dentro das características da área doadora. A cirurgia é realizada sempre em ambiente hospitalar, o que garante maior segurança e conforto.

Depois da cirurgiaEm média a cirurgia demora en-

tre 5 a 10 horas, dependendo da quan-tidade de fios que serão colocados. Esta quantidade depende da densidade da área doadora e pode chegar a mais de 6000 fios em apenas uma megases-são. Durante todo o tempo o paciente permanecerá dormindo e no final do curativo já estará despertando, em condições de retornar ao apartamen-to do hospital. Após mais ou menos duas horas, tomará um lanche e terá alta hospitalar. Se preferir, pode per-noitar no hospital e ter alta na manhã

A maioria dos homens assume ou tolera esta perda

sem prejuízos de seus aspectos psico-emocionais,

mas outros encaram de forma bastante negativa a perda precoce de seus cabelos, inclusive com

transtornos à vida afetiva e profissional, piorando a

qualidade de vida

24 | revisTA ABCFARMA | AgosTo/2011

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seguinte. Ao chegar em casa o paciente deverá entrar em uma rotina de cuida-dos, que incluem a aplicação de gelo so-bre a testa durante 15 minutos de hora em hora. Isto garantirá uma evolução

nos dias subsequentes sem inchaços que venham a incomodá-lo. Apenas no terceiro mês do pós-operatório é que os cabelos estarão crescendo. O ritmo de crescimento é de aproximadamente

1 cm por mês. Portanto será no 7º ou 8º mês do pós-operatório que o paciente estará com seu resultado definitivo, se bem que até 12 a 18 meses depois ainda cresçam novos cabelos.

O que é o transplante de cabelos?Transfere-se da região posterior da cabeça cabelos

imunes à calvície para a área calva. Utilizo apenas a técnica de megassessão de unidades foliculares, que proporcionam alta quantidade de fios transplantados com a maior natura-lidade possível.

O resultado é uma cabeça cheia de cabelos?Não.Todos temos um limite na quantidade de fios na

área doadora. Dependendo da extensão de sua calvície, é impossível a restauração total dos cabelos perdidos. Lem-bre-se que esta técnica redistribui os cabelos saudáveis e não cria novos cabelos – mas a distribuição é feita de for-ma estratégica e promove a sensação de uma quantidade substancial de cabelos.

Dura quanto tempoOs cabelos transplantados duram a vida toda. Em mé-

dia de 7 a 8 meses após a cirurgia, ocorrerá o crescimento de quase todos os cabelos e até 18 meses após a cirurgia ainda crescerão novos fios.

A cirurgia e o pós-operatório são doloridos?A cirurgia é feita com anestesia local e sedação. No

pós-operatório, o paciente recebe medicamentos para evi-tar qualquer desconforto.

JOGO RÁPIDO sobre os novos cabelos

Quantas sessões o paciente precisa?Tudo vai depender da relação área doadora x área cal-

va. Normalmente, com a técnica da megassessão, em ape-nas uma etapa haverá uma mudança significativa. Fazer ou não uma segunda etapa vai ficar no grau de satisfação que a cirurgia proporcionou dentro dos seus limites anatômicos.

Deve-se esperar ficar bem calvo para fazer a cirurgia?Não. O transplante feito de forma criteriosa nas calví-

cies precoces oferece como vantagem uma progressão da calvície menos aparente. Lembre-se que o transplante não irá imunizá-lo contra a calvície: se sua propensão é a de ter uma grande área calva, talvez precise de uma nova cirurgia no futuro.

Esta cirurgia pode ser feita em mulheres?Sim, embora as causas da calvície sejam diferentes,

as mulheres também podem ser beneficiadas com a redis-tribuição dos cabelos usando a técnica do microtransplan-te, agregando mais cabelos em áreas menos densas.n

Um pouco mais de 1 semestre...

Dependendo da extensão de sua calvície, é impossível a

restauração total dos cabelos perdidos