69
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL DEPARTAMENTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO CURSO DE ARTES VISUAIS UM OLHAR POR DE TRÁS DO ZOOM CLAUDIANE CRISTINA CAMARGO Campo Grande MS 2008

Camargo; claudiane cristina um olhar por de trás do zoom

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL DEPARTAMENTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO

CURSO DE ARTES VISUAIS

UM OLHAR POR DE TRÁS DO ZOOM

CLAUDIANE CRISTINA CAMARGO

Campo Grande – MS 2008

Page 2: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

CLAUDIANE CRISTINA CAMARGO

UM OLHAR POR DE TRÁS DO ZOOM

Relatório apresentado como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Artes Visuais à Banca Examinadora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob a orientação do Prof. Dr. Hélio Godoy.

Campo Grande – MS

2008

Page 3: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Dedico esta Monografia aos meu pais que proporcionaram e sempre incentivaram meus estudos e à minha irmã pela força dada durante o decorrer deste trabalho.

Page 4: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por estar presente em todos os momentos de

minha vida, abençoando e iluminando meu caminho.

Manifesto minha gratidão à minha família, à minha mãe que tanto me apoiou e

me encorajou a concluir esta etapa de minha vida. Ao meu pai por confiar e

proporcionar meus estudos. E a minha irmã Cláudia pelo apoio e pela colaboração

sobre a escrita e leitura.

A todos os professores que contribuíram decisivamente para a minha formação

acadêmica e profissional.

Cabe, aqui, também um agradecimento às minhas colegas de curso e amigas,

Ana Carolina Soares e Daniele Rosa que me apoiaram e me ajudaram sempre.

Obrigado a todos.

Page 5: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

“Fotografia é a evidência da luz que incidiu sobre um objeto específico, num momento específico. Aquilo que vemos numa foto aconteceu; se gravaram sobre o filme e hoje são imagens, ontem existiram”.

Clovis Loureiro

Page 6: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

RESUMO

O presente relatório trata da macrofotografia abordada com possibilidade de fornecer uma imagem abstrata e subjetiva, mostra objetos familiares e incomuns, e objetos incomuns ainda mais fascinantes. A linguagem utilizada é da macrofotografia associada com textura e composição; permite uma idéia de sensação que teríamos em contato com o objeto fotografado. Fazendo com que o espectador não se satisfaça olhando apenas rapidamente a obra, ele busca entender do que se trata a imagem. Assim se buscou obter fotos ricas em detalhes, com formas e cores, imagens que escapam da maneira convencional de observação e interpretação. Onde requer uma composição, um uso harmônico de linhas, formas, superfícies e tonalidades. Transmitindo uma idéia de substância, densidade e tato. O estudo teórico se divide em: os aspectos históricos e técnicos da fotografia, sua utilização como forma de arte até as evoluções da fotografia digital; arte abstrata e a fotografia abstrata, e a análise das obras.

Palavras – chaves: Fotografia; macro fotografia; arte; fotografia abstrata.

Page 7: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS 07

INTRODUÇÃO 12

CAPÍTULO I. A FOTOGRAFIA

1.1 BREVE HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA 14

1.2 FOTOGRAFIA COMO FORMA DE ARTE 19

1.3 FOTOGRAFIA DIGITAL 24

CAPÍTULO II. MACRO FOTOGRAFIA E A ARTE ABSTRATA

2.1 A NECESSIDADE HUMANA PARA COM O USO DAS LENTES 27

2.1.1 AS OBJETIVAS FOTOGRÁFICAS 30

2.2 MACROFOTOGRAFIA 34

2.3 A ARTE E A FOTOGRAFIA ABSTRATA 36

CAPÍTULO III. PROCEDIMENTOS E ANÁLISES DA OBRAS 42

CONSIDERAÇÕES FINAIS 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 8: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

LISTA DE FIGURAS

IMAGEM

DESCRIÇÃO DA IMAGEM

PÁGINA

Fig.1

Ilustração feita para o texto da história da fotografia www.mnemocine.com.br/fotografia

15

Fig.2

Autor: Joseph-Nicéphore Niépce Ano: 1826 www.mnemocine.com.br/fotografia/histfoto2.htm

16

Fig.3

Cartaz da propaganda da Kodak Fonte: wwwbr.kodak.com/BR/

17

Fig.4

Autor: Rauol Hausmann Título: ABCD (1923-1924), Fotomontagem Fonte: www.girafamania.com.br

20

Fig.5

Autor: Man Ray Título: Noire et Blanche (1926) Fonte: www.girafamania.com.br

20

Fig.6

Autor: Hai Bo Título: 3 Irmãs (2000) Fonte: www.vvork.com

21

Fig.7

Autor: Joel-Peter Witkin Título: Cupido e o Centauro (1992) Fonte: www.profile.myspace.com

22

Fig.8

Autor: Ma Liuming Fonte: www.mocp.org

22

Fig.9

Autor: Nan Goldin Fonte:www. alexandriaxxi.wordpress.com

23

Page 9: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig.10

Autor: Ynka Shonibare Fonte: www.artthrob.com

23

Fig.11

Autor: Alexander de Cadenet Fonte: www.artnet.com

23

Fig.12

CCD Fonte: www.upload.wikimedia.org

25

Fig.13

Autor: Andréas Smetana Técnica: Arte Digital Fonte: www.worldphotographicarts.com

25

Fig.14

Rebite exposto no Museo Dell'Occhiale, Itália

Fonte: www.invivo.fiocruz.br

28

Fig.15

Modelo de microscópio italiano Fonte: www.invivo.fiocruz.br

28

Fig.16

Microscópio atual Fonte: www.invivo.fiocruz.br

29

Fig.17

Objetiva grande angular Fonte: www.fotodicas.com.br

31

Fig.18

Imagem reproduzida por uma grande angular

Fonte: www.fotodicas.com.br

31

Fig.19

Objetiva normal Fonte: www.fotodicas.com.br

31

Fig.20

Imagem reproduzida por uma objetiva normal

Fonte: www.fotodicas.com.br

32

Fig.21

Teleobjetiva Fonte: www.fotodicas.com.br

32

Page 10: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig.22

Imagem reproduzida por uma teleobjetiva

Fonte: www.fotodicas.com.br

32

Fig.23

Objetiva zoom Fonte: www.fotodicas.com.br

33

Fig.24

Objetiva macro Fonte: www.fotodicas.com.br

33

Fig.25

Imagem reproduzida por uma objetiva macro

Fonte: www.macrofotografia.com.br/

33

Fig.26

Imagem macrofotográfica Fonte: www.ateliedaimagem.com.br

34

Fig.27

Autor: Wassily Kandinsky Título: Improvisação 6 – Africano, (1909) Fonte:www.historiadaarte.com.br

37

Fig.28

Autor: Piet Mondrian Título: Quadro II, (1925) Fonte:www.historiadaarte.com.br

38

Fig.29

Autor: Alexander Rodchenko Título: Composição 86: Destino & Gravidade (1919) www.pitoresco.com.br

39

Fig.30

Autor: Laszlo Moholy-Nagy

Título: Fotograma www.pitoresco.com.br

39

Fig.31

Autor: Fábio Henrique Fonte: http://www.fotoarte.hjc.com.br

40

Fig.32

Autor: Carlos Marques Tavares Fonte:www.olhares.aeiou.pt/_drops_invasion_ /foto2211004.html

41

Fig.33

Autor: Claudiane Camargo Pequeno estúdio

43

Page 11: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig.34

Autor: Claudiane Camargo Foto teste

43

Fig.35

Autor: Claudiane Camargo Foto teste

43

Fig.36

Título: Onde há beleza há luz Autor: Claudiane Camargo

44

Fig.37

Título: Reflexos Autor: Claudiane Camargo

45

Fig.38

Título: Formas Autor: Claudiane Camargo

45

Fig.39

Título: Zoom Autor: Claudiane Camargo

46

Fig.40

Autor: Claudiane Camargo Obra 1

47

Fig.41

Autor: Claudiane Camargo Obra 2

47

Fig.42

Autor: Claudiane Camargo Obra 3

48

Fig.43

Autor: Claudiane Camargo Obra 4

48

Fig.44

Autor: Claudiane Camargo Obra 5

49

Fig.45

Autor: Claudiane Camargo Obra 6

49

Fig.46

Autor: Claudiane Camargo Obra 7

50

Page 12: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig.47

Bola de vidro Autor: Claudiane Camargo

50

Fig.48

Perfume Autor: Claudiane Camargo

51

Fig.49

Coroa Autor: Claudiane Camargo

51

Fig.50

Pote de gel Autor: Claudiane Camargo

52

Fig.51

Escultura Autor: Claudiane Camargo

52

Fig.52

Óculos Autor: Claudiane Camargo

53

Fig.53

Copo Autor: Claudiane Camargo

53

Page 13: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

INTRODUÇÃO

O mundo da fotografia é um mundo pessoal. É uma expressão íntima do olhar

do fotógrafo sobre o que ele vê. Por isso é uma das mais importantes formas de

expressão do ser humano; consegue transformar em um segundo uma imagem

que poderá ficar para sempre. Ou flagrar uma situação e fazer dela tema para

discussões no mundo todo. Tiramos fotos para exprimir nossos sentimentos sobre

as pessoas, a natureza e o mundo que nos cerca.

Na busca da minha linguagem, escolhi a técnica da macrofotografia, onde

mostro detalhes muitas vezes invisíveis a olho nu, dando ao objeto um significado

completamente diferente. Podendo transformar esses objetos incomuns e

abstratos, em objetos incomuns ainda mais fascinantes.

A fotografia sempre foi um fascínio para mim e meu primeiro contato de estudo

foi em 2003, quando iniciei um curso de fotografia em Campinas, na Arquitec –

Escola de Arte e Design, tendo meus primeiros contatos básicos com a câmera,

filme e técnicas. Iniciar no curso de Artes Visuais me fez caminhar em predileção

por essa linguagem, e desde o primeiro ano já sabia qual linguagem usar no

projeto final. Apesar do meu fascínio pela fotografia tradicional em preto-e-branco,

encontrei dificuldade ao revelar o filme, pois a lojas fotográficas não trabalham

mais com esse tipo de revelação. Por isso optei em fazer meu trabalho em

fotografias digitais, assim posso ver o resultado das experimentações

imediatamente, fazer possíveis correções necessárias e tenho facilidade para

revelação e ampliação.

Na fotografia digital, assim como na analógica, conseguem-se fotos que

condizem com o equipamento e com as técnicas fotográficas utilizadas. Em outras

palavras, não tem como uma pequena câmera descartável obter imagens perfeitas,

como também não se tem garantia de uma câmera mais sofisticada proporcionar

boas fotos. O conjunto técnica e equipamento é o que vai definir o resultado.

Capturar imagens que a olho nu seria impossível e observar as novas formas

que ali estavam “escondidas” foi o que me levou a escolher esse tema.

Este trabalho foi organizado em três capítulos. O primeiro capítulo refere-se a

uma pesquisa sobre os aspectos históricos e técnicos da fotografia desde sua

invenção, sua utilização e como forma de expressão artística até as diversidades

Page 14: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

das tecnologias digitais. O segundo capítulo trata de uma pesquisa teórica sobre a

história das lentes, a importância de seu uso para as descobertas científicas, e o

seu uso nas câmeras fotográficas; aborda também no segundo capítulo a história

da macrofotografia, a arte abstrata e a fotografia abstrata. O último capítulo refere-

se à descrição e análise das obras desenvolvidas.

Os recursos utilizados para a realização das obras foram a observação

minuciosa de cada objeto, para extrair o máximo de beleza e harmonia dos

mesmos; a construção de um pequeno estúdio para obter-se a melhor qualidade

de luz e a utilização de lentes macro. E assim comecei um processo de busca do

melhor ângulo do objeto retratado, para que o espectador não se satisfaça em

olhar a obra uma única vez.

Page 15: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

CAPÍTULO I

A FOTOGRAFIA

O presente capítulo refere-se aos aspectos históricos e técnicos da

fotografia, desde a sua invenção, sua utilização como forma artística e a sua

evolução.

1.1 BREVE HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA

É muito difícil precisar as datas e etapas dos processos que levaram à criação

da Fotografia, pois muitos deles são experiências conhecidas pelo homem desde a

Antigüidade; acrescenta-se a isso um conjunto de cientistas em diversas épocas e

lugares que aos poucos foram descobrindo as partes deste intrincado quebra-

cabeças, que somente no final do século XIX foi inteiramente montado. Entretanto,

é possível apontar alguns destes fatos e descobertas como sendo relevantes para

a invenção da fotografia. Segundo SONTAG, “é a arte que consegue passar por

todas as fases artísticas”(2006:58).

Os fundamentos daquilo que veio a se chamar fotografia vieram de dois

princípios básicos, já conhecidos do homem há muito tempo, mas que tiveram que

esperar muito tempo para se manifestar satisfatoriamente em conjunto, que são: a

câmara escura e a existência de materiais fotossensíveis. A câmara escura (Fig.1)

nada mais é que uma caixa preta totalmente vedada da luz com um pequeno

orifício ou uma objetiva em um dos seus lados (Salles: 2008). Apontada para algum

objeto, a luz refletida deste projeta-se para dentro da caixa e a imagem dele se

forma na parede oposta à do orifício. Se, na parede oposta, ao invés de uma

superfície opaca, for colocada uma translúcida, como um vidro despolido, a

imagem formada será visível do lado de fora da câmara, ainda que invertida. E o

outro fator diz respeito aos materiais fotossensíveis.

Page 16: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig 1. Câmara escura

Conforme Salles, “fotossensibilidade é um fenômeno que quer dizer

sensibilidade à luz” (2008). Toda matéria existente é fotossensível, ou seja, toda

ela se modifica com a luz, como um tecido que desbota no sol, ou mesmo a tinta

de uma parede que vai aos poucos perdendo a cor, mas, algumas demoram

milhares de anos para se alterarem, enquanto para outros apenas alguns

segundos já são suficientes. E, para a reprodução de uma imagem, de nada

adiantaria um material de pouca fotossensibilidade, de maneira que todos os

cientistas ou curiosos que procuraram de alguma maneira a imagem fotográfica

começaram pesquisando sobre o material que já há muito era conhecido e

considerado o mais propício para tal: os sais de prata (Salles, 2008).

Após alguns anos esse método foi evoluindo e consistia em sensibilizar as

folhas de papel inicialmente com nitrato de prata, e posteriormente com iodeto de

potássio, formando o iodeto de prata. O iodeto era altamente sensível à luz, o que

reduzia drasticamente o tempo de exposição, de horas para poucos minutos, e

revelados numa solução de ácido gálico e nitrato de prata. Esse sistema permitiu

que a fotografia em papel aos poucos tomasse lugar melhor na corrida pela melhor

imagem, mas ainda faltava nitidez.

Segundo, ainda, Salles (2008), a imagem só melhorou quando usaram uma

suspensão de nitrato de prata em gelatina de secagem rápida. A gelatina, de

origem animal, não só conservava a emulsão fotográfica para uso após a secagem

como também aumentava drasticamente a sensibilidade dos haletos de prata,

Page 17: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

tornando a fotografia, finalmente, instantânea. Era um processo extremamente

barato, pois gelatina pode ser obtida de restos de ossos e cartilagens animais.

Em 1817 Joseph-Nicéphore Niépce (1765–1833) obteve imagens com cloreto

de prata sobre papel. Em 1822, conseguiu fixar uma imagem pouco contrastada

sobre uma placa metálica, utilizando nas partes claras betume-da-judéia, “este fica

insolúvel sob a ação da luz, e as sombras na base metálica” (Reimerink, 2001). A

primeira fotografia conseguida no mundo foi tirada no verão de 1826, da janela da

casa de Niépce, encontra-se preservada até hoje (Fig.2). Esta descoberta se deu

quando o francês pesquisava um método automático para copiar desenho e traço

nas pedras de litografia. O processo permitia que a imagem revelada pudesse ser

usada para reprodução de outras cópias.

Fig.2. Primeira fotografia de Niépce em 1826, tirada da janela do sótão de sua casa de campo em Le Gras em Chalons-sur- Saône, na França.

Em 1929, Niépce, substitui as placas de metal revestidas de prata por estanho,

e escurece as sombras com vapor de iodo. Este processo foi detalhado no contrato

de sociedade com Louis-Jacques Mande Daguerre, que com estas informações

Page 18: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

pode descobrir em 1831 a sensibilidade da prata iodizada à luz. Niépce morreu em

1833 deixando sua obra nas mãos de Daguerre.

O processo chamado daguerreótipo consistia quase na mesma técnica, porém,

diminuindo o tempo de exposição da luz. O daguerreótipo não permitia cópias;

apesar disso, o sistema de Daguerre se difundiu. Inicialmente muito longos, os

tempos de exposição encurtaram devido às pesquisas.

A abertura do processo do daguerreótipo ao público permitiu uma rápida

proliferação de fotógrafos pelo mundo e, rapidamente, os grandes centros urbanos

da época ficaram repletos de daguerreótipos (Reimerink, 2001). Não demorou

muito para chegar aos Estados Unidos, teve uma expansão extraordinária,

atravessando rapidamente o Atlântico.

Em 1888, a Kodak lançava a sua primeira câmera (Fig.3), que era vendida já

carregada com um rolo de filme fotográfico para 100 fotos. Após expor o filme era

só devolver ao fabricante, recebendo depois as fotos e a câmera novamente

carregada com um novo filme, conforme anunciava o slogan da empresa: “Você

aperta o botão, nos fazemos o resto”.

Fig. 3 – Câmera Kodak

Page 19: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Na entrada do ano de 1900 a fotografia já tinha todos os quesitos necessários

para o registro de imagens com altíssima qualidade de exposição e reprodução.

Uns dos principais avanços foram de ordem mecânica, na construção de lentes

cada vez mais precisas e nítidas, e câmeras portáteis de diversos formatos e

tamanhos. Com o passar dos anos muita coisa foi acrescida e mudada,

aperfeiçoamentos tecnológicos, processos eficientes e baratos, câmeras

programáveis e a fotografia digital, nova revolução nas artes fotográficas.

O que evoluiu também com o passar dos anos foi a visão fotográfica e as

composições. Segundo Bussele (1980), para um fotógrafo, o visor de uma câmera

representa o mesmo que uma tela vazia para um pintor. A capacidade de

selecionar e dispor os elementos de uma fotografia depende, em grande parte, do

ponto de vista da câmera. Na verdade, o lugar onde se decide colocar a câmera

constitui uma de suas decisões mais críticas. Muitas vezes, qualquer alteração,

mesma mínima, pode afetar de maneira drástica o equilíbrio, a estrutura e a

iluminação (Bussele, 1980). A composição é a arte de dispor os elementos do

tema, formas, linhas, tons e cores de maneira organizada e agradável. É mais

agradável olhar uma fotografia organizada, como também de maior facilidade

entendê-la.

Na fotografia há também outras importâncias para enfatizar um tema: foco, que

é ajustado para dar mais nitidez; abertura do diafragma, que proporciona diferentes

efeitos de profundidade de campo; velocidade de obturador, que controla o tempo

de exposição do filme à luz e a escolha do ISO. Essa compreensão da perspectiva

ajuda a compor melhor as fotos, pois através dessa noção pode-se controlar a

importância relativa dos elementos situados na área da imagem. Esses aspectos

ajudam a enfatizar um tema escolhido.

Essa linguagem exerce um papel tão abrangente, tão presente no nosso dia-a-

dia, que os diversos meios de comunicação e informação jornalística, publicitária,

artísticos e culturais que nos envolvem e fascinam, são essencialmente

fotográficos. O tempo não pára jamais. O mundo está continuamente mudando, as

pessoas se movimentam, as estações passam, o sol nasce e se põe. Entretanto

eterniza-se o momento ao apertar o botão da câmera.

Page 20: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

1.2 FOTOGRAFIA COMO FORMA DE ARTE

Jean Pierre (2007) afirma que a fotografia e a pintura sempre tiveram destinos

paralelos, conflituosos e complementares. Na tentativa de colocar a fotografia

como produto resultante de estudos e inteligência, os fotógrafos passaram a imitar

as pinturas utilizando seus aspectos para composição da imagem. Com isso os

conhecimentos acumulados sobre o ponto, massa, linha, tom, contraste,

profundidade e iluminação passaram, naturalmente, a ser preocupação dos

fotógrafos.

Os caminhos da fotografia são muitos e sua história marcada por inúmeras

bifurcações. Por ser imagem realística anteriormente jamais conseguida, a imagem

fotográfica ganhou para si um estatuto de persuasão indiscutível até bem avançado

o século XX (Willians, 2008).

Segundo Pierre, “os propostos da pintura e da fotografia são idênticos: copiar a

realidade o melhor possível” (2007:70). Com a concorrência pintura e fotografia, os

artistas passaram a criar uma nova concepção artística para produção de sua obra.

Uma concepção não sujeita à realidade. Conforme Pierre (2007), por muito tempo

a fotografia continuou a repetir as poses e os gestos dos retratos pictóricos.

Somente lentamente passou a se descobrir as possibilidades próprias da

"linguagem da fotografia”. Surgiram então as escolas pictóricas como o cubismo, o

construtivismo e outras manifestações não figurativas.

Com os movimentos surrealistas e dadaístas houve contribuições no

direcionamento da fotografia como arte e para o rompimento com as imposições

pictóricas. No dadaísmo Rauol Hausmann, nas fotomontagens, criava suas obras

com recortes de revista, jornais e fotos (Fig.4). Já no surrealismo, o disparo do

botão da câmera traz à tona elementos que remetem ao mundo inconsciente. Man

Ray mostra bem essa característica em suas obras (Fig. 5).

Em todos estes movimentos, percebem-se haver uma reavaliação da imagem

fotográfica, indo além do meramente documental e ultrapassando, em muito, as

demarcadas fronteiras da fotografia como recurso auxiliar da atividade artística.

Page 21: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig. : ABCD (1923-1924)

Rauol Hausmann

Fotomontagem

40,4 x 28,2 cm

Fig 5. Noire et Blanche, 1926

Man Ray

Page 22: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Conforme Pierre (2007), nos anos 60/70 se instala um verdadeiro mercado de

arte fotográfica, pois antes a fotografia ainda era vista como coadjuvante dos

processos artísticos.

A versatilidade da fotografia a faz poder atuar tanto como geradora de imagens

comuns, como de família, da sociedade, quanto no modo artístico. Conforme

Ghizzi (2007) uma das razões pelas quais isso é possível é o fato de que a

fotografia estabelece já sua própria tradição, independente de outros métodos de

construção de imagens como a pintura.

A fotografia contemporânea tem muitas variações de estilo e composições

como: trabalhos voltados para temas sociais, como as obras de Hai Bo (Fig.6);

trabalhos digitais como os de Joel- Peter Witikin (Fig.7); autobiográfico, no qual o

artista é o ator em sua própria peça, como Ma Liuming (Fig.8); informalidade como

as obras de Nan Goldin (Fig.9); trabalhos com seqüência narrativa como de Ynka

Shonibare (Fig. 10) e até fotos de raios –X como são as obras de Alexander

Cadenet (Fig.11) que retrata celebridades mostrando não a carne, mas a estrutura

do crânio. Hoje a fotografia criativa oferece numerosas possibilidades aos novos

talentos.

Fig. 6 Hai Bo, 3 Irmãs, 2000

Page 23: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig. 7 Joel-Peter Witkin, Cupido e Centauro, 1992

Fig. 8 Ma Liuming

Page 24: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig. 9 Nan Goldin

Fig. 10 Ynka Shonibare

Fig. 11 Alexander de Cadenet

Page 25: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

1.3 FOTOGRAFIA DIGITAL

Um fator decisivo para a popularização da fotografia foi a invenção do filme 135

feita pela Kodak, em 1934. Reimerink (2001) afirma que esse novo formato de filme

passou a ser usado pela maioria dos fotógrafos amadores e profissionais. Desde

então, a fotografia continuou sua evolução melhorando a qualidade de lentes e as

sofisticações das câmeras, que se tornaram automáticas e obtiveram recursos

eletrônicos. Contudo, sua essência continua a mesma da década passada; tirar

fotos para tê-las de lembrança, compartilhá-las com amigos e familiares.

Com a fotografia digital, esse processo continua o mesmo, porém, seu método

de visualização da imagem mudou. As facilidades e vantagens oferecidas pela

câmera digital são tão atraentes que hoje, em nível mundial, já se vende mais

câmeras digitais do que as que usam filme tradicional (Ramalho, 2006).

O princípio de funcionamento de uma câmera digital e de uma que utiliza filme é

o mesmo. Ambas capturam a imagem fazendo a leitura da luz que é emanada ou

refletida pelo assunto fotografado.

Ramalho (2006) afirma, ainda, que a resolução de uma câmera digital é

expressa por pixels ou pontos. Cada imagem é composta por uma matriz de pixels

em forma de linhas e colunas. Quanto mais pixels, mais nítida será a imagem, pois

mais detalhes poderão ser gravados.

A câmera digital permite regular a sensibilidade do sensor, podendo mudar o

valor do ISO a ser usado. Esse sensor (Fig. 12) é o principal responsável pela

captura da imagem, sendo responsável pela resolução da foto, ou seja, pela

quantidade de pixels ou pontos sensíveis à luz que irão compor a imagem.

Segundo Ramalho (2006), a tecnologia usada pelo sensor influencia a qualidade

da captura.

Page 26: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig. 12 Sensor que substitui o filme nas câmeras digitais (CCD)

A fotografia e arte sofreram grandes transformações na produção de imagens

com a chegada das tecnologias digitais. Artistas apropriam-se da imagem

fotográfica para fazerem manipulações artísticas, utilizando computador e as novas

tecnologias. Uma área que desenvolve conceitos, métodos e técnicas de

computador voltadas para a produção de um objeto visual.

A arte digital possibilita criar, interferir sobre o que já foi produzido (Fig. 13).

Facilitando a experimentação e ampliando a capacidade das pessoas de se

expressarem.

Fig. 13 Arte Digital de Andréas Smetana

Page 27: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Outro fator importante, conforme Ramalho (2006), da fotografia digital, é a

qualidade da imagem e a obtenção de cores que ela consegue captar, dando

resultados melhores no detalhamento da cor, sombras e texturas.

Por enquanto, a imagem digital veio para ficar. Não para substituir o que já foi

conquistado, mas para facilitar a nossa vida, agregando novos valores. Portanto, é

mais uma técnica, um recurso de linguagem. E uma boa imagem fotográfica,

independente da ferramenta ou mídia utilizada, ainda depende da luz, sensibilidade

e intelecto criativo do fotógrafo.

Page 28: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

CAPÍTULO II

MACROFOTOGRAFIA E A ARTE ABSTRATA

Este capítulo refere-se aos aspectos históricos da invenção das lentes e à ajuda

ao mundo que a sua descoberta proporcionou. Podendo chegar à utilização de

suas lentes em vários benefícios, como no uso da macrofotografia, que

proporciona a vários cientistas desenvolver teses sobre animais e plantas de

tamanho reduzido, como também permite ao artista um trabalho de fotografia

abstrata, podendo transformar um objeto comum ao olho nu em algo incomum.

2.1 A HUMANIDADE E O USO DAS LENTES

Desde a Antigüidade aparecem relatos sobre a dificuldade de visão. Os

primeiros registros históricos sobre a existência de lentes rudimentares foram

escritos na China pelo filósofo Confúcio, em 500 a.C. (Thiago Thales, 2003). Na

época de Aristóteles (filósofo grego que viveu de 384 a.C. a 322 a.C.) o homem

produzia pedras cortadas de maneira a possibilitar a sua utilização como

instrumento óptico. Segundo Thales (2003), foi somente na Idade Média que os

monges começaram a desenvolver a chamada “pedra de leitura”. Esta pedra

funcionava como uma lupa primitiva que aumentava o tamanho das letras e era

composta basicamente de cristal de quartzo ou de pedras semipreciosas que

tinham lapidação e polimento.

Thales (2003) afirma, ainda, que o primeiro par de lentes com graus unidos por

aros de ferro e rebites surge na Alemanha em 1270. Esses óculos primitivos não

têm hastes e são ajustados apenas sobre o nariz (Fig.14). Pouco depois, modelos

semelhantes ao alemão aparecem em várias cidades italianas.

Page 29: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig. 14 Rebite

Museo Dell'Occhiale, Itália.

Conforme Rocha (2008), graças à descoberta das primeiras lentes, se produziu

a lupa, a tri-lupa e o microscópio, para o qual há ciências baseadas exclusivamente

nestes descobrimentos. A medicina, a biologia, a história natural, a química entre

outras são bons exemplos que precisam apelar, sem dúvida, à Microscopia para

complementar os estudos feitos a olho nu.

O século XVII foi um período de grande interesse pelos microscópios (Fig. 15).

A própria palavra microscópio foi oficializada na época pelos membros da

Academia dei Lincei, uma importante sociedade científica. Contudo, ainda havia

dúvidas sobre a importância do instrumento para a ciência. A magnificação dos

objetos obtida, em torno de nove vezes, não permitia observar coisas realmente

novas. Ainda não se suspeitava que uma estrutura presente em todos os tecidos

vivos logo estaria ao alcance dos nossos olhos, com a ajuda dos microscópios: a

célula.

Fig. 15 Modelo de microscópio italiano,

possivelmente utilizado por volta do

ano 1600. Os modelos italianos eram

simples e pequenos.

Page 30: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Posteriormente, e com as pesquisas científicas, apareceram as lentes ou lupas

e o microscópio "simples" com dispositivos especiais e com um poder de

ampliação da imagem observada de não mais de quarenta diâmetros. Tanto os

óculos como as lupas ou lentes (antecessores do microscópio) operam como

microscópios simples. Praticamente são iguais

“Imaginemos que sem as lentes e por sua vez sem a lupa, o microscópio, ficariam à margem da ciência o estudo das coisas e dos seres, ou entidades sumamente pequenas, microscópicas e impossíveis de serem estudadas pelo olho humano. Os diminutos indivíduos viventes que abundam a milhares em uma gota de água, tem sido o assombro científico em todos os tempos”

(Rocha: 2008) Atualmente, os microscópios e as técnicas de observação estão bastante

avançados. Possibilitam regulagens extremamente precisas no foco e na

capacidade de ampliação (Fig. 16).

Fig. 16 Microscópio atual

Page 31: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

2.1.1 AS OBJETIVAS FOTOGRÁFICAS

Outro fator importante no descobrimento das lentes foi a utilização dessas para

obter imagens melhores na fotografia. Conforme Thales (2003) a câmara escura foi

a precursora da máquina fotográfica. Era composta de uma caixa com um orifício

na frente, ao qual era acoplado uma lente. Jérôme Cardan substitui o orifício de

entrada da luz por uma lente, porém, apresentava uma separação de cores e

distorção.

Segundo Thales (2003), somente por volta de 1829, Chevalier, óptico e

construtor de lentes francês, introduziu o uso de duas lentes que reduziam as

distorções. Em 1839, Daguerre especificava ser esse sistema de lentes que

deveria ser usado no seu processo fotográfico, o que ocorreu até 1860.

A partir desse período, dezenas de novos projetos foram sendo desenvolvidos,

o número de elementos aumentava, a qualidade dos vidros se aprimorava e os

resultados eram sempre melhorados (Thales, 2003).

Conforme Hedgeccoe (2006), as objetivas fotográficas são a alma da câmera

fotográfica. Através da passagem da luz pelos seus cristais, os raios luminosos são

orientados de maneira ordenada para sensibilizar a película fotográfica e formar a

imagem.

Uma objetiva é formada basicamente de três elementos: um corpo, geralmente

de metal ou outro material de boa resistência, que envolve e protege os elementos

internos; os cristais, que constituem o elemento ótico da estrutura; e o diafragma,

estrutura que controla a quantidade de luz que passa através da lente.

Segundo Thales (2003), o que diferencia uma objetiva da outra é a distância

focal, medida em milímetros, é a distância entre o centro ótico da lente e a película

fotográfica (ou o CCD nas digitais), situada no interior do corpo da câmera. É

através dela que classificamos as objetivas. É ela que define todas as

características próprias de cada objetiva e o resultado estético da imagem

produzida por cada uma.

As objetivas grandes angulares (distância focal de 8 a 35 mm) (Fig. 17)

possuem um amplo ângulo de visão, ou seja, com o uso destas lentes

conseguimos enquadrar uma área bastante grande a uma curta distância. São

úteis para fotografar em locais com pouco espaço, fazer tomadas panorâmicas,

Page 32: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

bem como de grupos de pessoas a pouca distância (Thales, 2003).

Devido as suas características óticas, as imagens sofrem uma distorção

arredondada nas bordas (Fig.18) , principalmente se forem feitas muito próximas

ao assunto fotografado.

Fig. 17 Objetiva grande angular

Fig. 18 Imagem reproduzida por uma grande angular

Segundo Thales (2003) uma objetiva normal (distância focal de 40 a 60 mm)

(Fig. 19) produz uma imagem muito próxima da visão humana a olho nu. São

objetivas úteis para fotos de arquitetura, paisagens, pessoas, retratos, produzindo

imagens naturais, sem grandes efeitos estéticos e com pouca distorção (Fig.20).

Fig. 19 Objetiva normal

Page 33: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig. 20 Imagem reproduzida por uma

objetiva normal

As teleobjetivas (distância focal acima de 80 mm) (Fig. 21) São indicadas para

fotos de objetos que estão a uma longa distância, dos quais não podemos nos

aproximar. São muito usadas para fotos de esportes (Fig.22) e natureza (Thales,

2003).

Fig. 21 Teleobjetiva

Fig. 22 Imagem reproduzida por uma

teleobjetiva

A objetiva zoom (Fig.23) possui uma distância focal variável, ou seja, em uma

mesma lente temos várias distâncias focais diferentes. Este tipo de lente é muito

versátil e prática, já que podemos com um mesmo equipamento fazer vários tipos

de enquadramento (Thales, 2003).

Page 34: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig. 23 Objetiva zoom

Segundo Thales (2003) as objetivas macro (distância focal 50, 100 e 200 mm)

(Fig.24) são usadas para fazer macrofotografias, ou seja, fotos de objetos muito

pequenos (Fig.25). Como temos que nos aproximar muito do objeto, as

macrofotografias têm sempre uma pequena profundidade de campo, que pode ser

compensada pelo uso de aberturas mínimas (f11, f16). O termo “macro” consiste

em que o objeto focalizado tenha uma certa distância de onde se dá o foco da

imagem.

Fig. 24 Objetiva macro

Fig. 25 Imagem reproduzida

por uma objetiva macro

Page 35: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

2.2 MACROFOTOGRAFIA

A macrofotografia é um ramo da fotografia voltada aos pequenos objetos,

busca-se a reprodução dos detalhes, revelando muitas vezes detalhes que a olho

nu seria impossível de se perceber, sendo provavelmente este um dos motivos do

seu encanto (Fig. 26).

Muitos fotógrafos não gostam de fotografar o que normalmente os outros

enxergam no dia-a-dia. Buscam detalhes, procuram compor com imagens de

maneira inconvencional de observação e interpretação. Conforme Filho (2008), a

macrofotografia é uma prática ideal para desvendar esse maravilhoso mundo que é

a fotografia de aproximação.

Fig. 26 Imagem macrofotográfica

A macrofotografia é, portanto, a técnica de fotografar à curta distância,

ampliando o assunto com o auxílio de equipamentos fabricados especialmente

para essa finalidade, como lentes close-up, tubos e foles de extensão e as famosas

Page 36: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

objetivas “macro”, cujo poder de aproximação alcança em certos casos, a taxa de

1:1, o que significa dizer que obteríamos no negativo ou cromo uma imagem de

tamanho igual ao do objeto fotografado (Thales, 2003).

Segundo Filho (2008), a câmera mais recomendável para se fazer macrofotos é

a reflex, pois este tipo de câmera permite trocar as lentes e usar a objetiva macro

ou uma lente close-up (de aproximação). Existem objetivas específicas para

macrofotografia, as lentes macro, que permitem grandes ampliações e possuem

uma excelente qualidade óptica.

Outro acessório muito utilizando, conforme Filho (2008), são os flashes, apesar

de não serem responsáveis pela ampliação em si, permitirão o uso de menores

aberturas de diafragma, proporcionando uma maior profundidade de campo. Outra

vantagem é permitir o uso de velocidade mais altas do que necessário no caso de

objetos em movimento ou se a câmera estiver sendo utilizada na mão.

Em macrofotografia a profundidade de campo é muito importante e depende da

objetiva e do grau de ampliação do assunto a ser fotografado. Segundo Hedgeccoe

(2006), quanto maior a aproximação, menor é a profundidade de campo. Um dos

“macetes” é utilizar diafragmas bem fechados (f/16, f/22 ou f/32).

Antonio Arcari (1980) fala que a macrofotografia consegue ver aquilo que o olho

não vê, descobre se um mundo desconhecido, a estrutura da matéria, a textura

natural ou artificial da superfície. Proporciona uma visão nova, original, de algum

modo diferente e fora do que é habitual do objeto, portanto da própria realidade.

O homem em geral não tem o hábito de observar a realidade senão nos seus

aspectos exteriores mais evidentes, na sua aparência de cores e de formas mais

explícitas. E é precisamente nisto que a visão do fotógrafo deve ser diferente, deve

ser mais complexa, mais rica, mais atenta, mais penetrante. A visão do fotógrafo,

através da objetiva macro, exercita uma maneira nova e diferente de observar o

mundo.

Page 37: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

2.3 A ARTE E A FOTOGRAFIA ABSTRATA

Conforme afirma Dora Vallier (1980) a arte abstrata se desenvolve no decorrer

do século XX, com os estudos preparatórios que os pintores costumavam fazer

antes mesmo de executarem as suas obras. Assim, no decorrer dos anos, primeiro

na pintura, depois na escultura, surgem obras finais que já não contêm a imagem

do mundo exterior. O artista já não nomeia, exprime. “Cabe ao espectador reagir e

aprender a significação do que é expresso” (VALLIER, 1980: 9).

A arte abstrata surge e instala-se em toda a Europa no início do século. Surge

pouco depois do fauvismo, do expressionismo e do cubismo. Uma forma de arte

que não representa objetos próprios da nossa realidade concreta exterior. Ao invés

disso, usa as relações formais entre cores, linhas e superfícies para compor a

realidade da obra, de uma maneira não representacional. Conforme Bonfand

“Reagimos à linha, ao tom e à cor da mesma forma que ao som e, como a música,

arte abstrata é temática. Ela tem para nós um sentido que ultrapassa as palavras”

(1996:142).

De acordo com Dora Vallier (1980) o primeiro pintor considerado abstrato é

Kandinsky, logo mais, em 1914, é Mondrian que, seguindo uma via completamente

diferente, abandona a figuração. “A arte abstrata, em suma, surge e instala-se em

toda a Europa no início do século. Surge pouco depois do fauvismo, do

expressionismo e do cubismo, assimilando alguns dos elementos de tais

correntes”. (VALLIER, 1980: 9)

Dora Vallier (1980) diz, ainda, que a arte abstrata tem que ser entendida como

fenômeno e não como mera tendência. Assim, a sua evolução, desde os anos 10

aos anos 60 é a de um fenômeno em que, desde o início, se esboçam várias

correntes, que depois se esbarram para ressurgirem a alguns anos de distância. A

arte abstrata mostra a decomposição da figura, a simplificação da forma, os novos

usos das cores, o descarte da perspectiva e das técnicas de modelagem e a

rejeição dos jogos convencionais de sombra e luz.

Conforme Dora (1980) podemos distinguir vários períodos de desenvolvimento

da arte abstrata: o primeiro entre 1910 e 1920, que é o período das origens,

caracterizado por uma extraordinária vitalidade criadora. Depois, um segundo

período, entre 1920 e 1930, em que aparece uma aplicação prática das formas

Page 38: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

abstratas. E por volta de 1945, começa a expansão da arte abstrata, tendo nos

anos 50 a sua parte mais viva.

Segundo Victor Civita (1971) existem várias classificações e correntes na arte

abstrata. Entre essas fases no Abstracionismo Lírico predominam os sentimentos

e emoções. As cores e as formas são criadas livremente, aprofundam em

pesquisas cromáticas, conseguindo variações espaciais e de formas na pintura,

através das tonalidades e matizes. Wassily Kandinsky foi o mentor deste gênero

utilizando cores puras em pinceladas rápidas tensas e violentas (Fig.27).

Fig.27 Wassily Kandinsky

"Improvisação 6 – Africano "(1909)

Civita (1971) afirma que Abstracionismo Geométrico, ao contrário do Lírico,

foca-se na racionalização. Foi influenciado pelo Cubismo e pelo Futurismo. As

formas e as cores são organizadas de tal maneira que a composição resultante

seja apenas a expressão de uma concepção geométrica. Em Amsterdã, 1917,

liderado por Piet Mondrian (Fig. 28), houve o mais puro dos movimentos abstratos

e o mais idealista em sua ideologia. “O objetivo final era uma arte que, por ser tão

harmoniosa com os princípios universais, faria com que todos os aspectos da vida

se harmonizassem com esses princípios” (CIVITA, 1971:1634).

Page 39: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig. 28 Piet Mondrian

Quadro II (1925)

Em 1931 até 1936 o movimento Abstração Criação, fundado em Paris, chegou

a agrupar em exposições anuais mais de quatrocentos artistas, entre escultores e

pintores. “Permanece até hoje o extraordinário impulso que aqueles pioneiros

deram à definição do gosto moderno, à elaboração de uma plástica que transcende

os limites da pintura para ser encontrada nas fachadas, propagandas e variedades

de objetos produzidos pela indústria moderna”. (CIVITA, 1971:1642)

Dora Vallier (1980) diz que na arte abstrata o artista trabalha muito com

conceitos, intuições e sentimentos, provocando nas pessoas que visualizam a

obra, uma série de interpretações. Portanto, na arte abstrata, uma mesma obra de

arte pode ser vista, sentida e interpretada de várias formas.

Segundo Dubois (1993) o movimento abstrato ampliou as possibilidades da

fotografia, sugerindo ao fotógrafo o desafio de mostrar o mundo de uma imagem

diferente e inusitada. Alexander Rodchenko (Fig.29) e Laszlo Moholy-Nagy (Fig.30)

iniciaram a história da fotografia abstrata, propondo novos ângulos em imagens

que contribuíram para o abstracionismo na fotografia.

Page 40: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig. 29 Alexander Rodchenko, "Composição 86: Destino & Gravidade" (1919)

Fig. 30 Laszlo Moholy-Nagy, “Fotograma”, 1926

Conforme, ainda, Dubois (1993), a fotografia traz consigo, sempre, um rastro do

real. Isso coloca a fotografia abstrata em uma situação de ambigüidade. Ao mesmo

tempo que procura negar uma representação figurativa da realidade, por outro

lado, até por sua gênese por projeção luminosa sobre o material fotossenssível,

Page 41: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

não pode nascer desassociada de algo real que esteve diante da câmera (Dubois,

1993).

Há também um desafio que o fotógrafo se impõe, de ser original; ele busca ter

em suas fotografia uma abordagem diferente, nunca antes vista. Conforme Dubois

(1993), na procura por abstrair o real, o fotógrafo propõe imagens geradas a partir

de objetos reais ainda que ao mesmo tempo neguem suas formas reais.

Os olhos captam inumeráveis informações diariamente que são percebidas de

diferentes formas por diferentes indivíduos. Dentre essas, cada indivíduo seleciona

aquelas que acredita serem as mais importantes; e para um fotógrafo não é

diferente.

A idéia inicial para a realização desse trabalho em macrofotografia surgiu meio

por acaso, fazendo testes de composição. Depois da certeza do tema, em obter

imagens abstratas a partir do processo macrofotográfico, busquei artistas que

tinham a mesma linguagem que a minha. Como Fábio Henrique, que se dedica

exclusivamente à fotografia abstrata ou foto arte (Fig. 31). Fábio (2008) diz que o

objetivo da fotografia abstrata é capturar cores e padrões e criar uma experiência

visual intensa para o observador.

As obras de Fábio mostram bem a questão da possibilidade da macrofotografia

captar um detalhe de um objeto e torná-lo incomum, tornando a uma obra abstrata.

Fig.31 Obra de Fábio Henrique

Page 42: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Outro fotógrafo com forte influência em macrofotografia abstrata é Carlos

Marques Tavares, que compõe suas obras com a mais exata precisão, obtendo

imagens fantásticas (Fig. 32).

Fig. 32 Obra de Carlos Marques Tavares

A macrofotografia possibilita criar uma imagem abstrata a partir de algo concreto,

mexendo com as emoções do espectador, criando ilusões e sensações, libertando

a nossa imaginação.

Page 43: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

CAPÍTULO III

PROCEDIMENTOS E ANÁLISES DAS OBRAS

Essa linguagem escolhida é como a pintura, a escultura ou gravura, que

carrega a marca do seu autor. É possível que um observador atento identifique a

autoria de uma foto considerando características da imagem como: a temática, a

luz, o ponto de vista, a composição, etc.

E nessa busca de criar um estilo pessoal, escolhi a técnica de macrofotografia.

Um ramo da fotografia voltada aos pequenos objetos, mostrando aos nossos olhos

detalhes muitas vezes invisíveis a olho nu, podendo produzir ampliação máxima de

um objeto, e este ganhar um significado completamente diferente.

Na macrofotografia objetos familiares tornam-se incomuns e abstratos, e

objetos incomuns tornam-se ainda mais fascinantes. Vai mais além: mostra

detalhes, compõe, com formas e cores, imagens que escapam da maneira

convencional de observação e interpretação.

E essa fotografia, por ser muito rica em detalhes, requer uma composição: um

uso harmônico de linhas, formas, superfícies e tonalidades. O arranjo dos

elementos que compõe uma imagem permite o balanceamento e equilíbrio dos

espaços da foto de tal forma a levar o receptor a olhar para onde o autor quer que

ele olhe.

Esses “arranjos” são feitos colocando-se figuras ou objetos em determinadas

posições. Às vezes, na mudança do ângulo pode-se deslocar a câmera

suavemente, acarretando uma mudança considerável na composição. Uma foto

bem composta exige planejamento e paciência.

Portanto, o uso de um ambiente adequado para fotografar esses objetos é

fundamental para a obtenção de um bom resultado. Por isso montei um pequeno

estúdio com uma tenda de iluminação em miniatura (Fig.33). E para o resultado

final sair como o esperado, sempre uso lente macro, flash, cabo disparador e um

tripé.

Page 44: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig. 33 Pequeno estúdio.

A iluminação na macrofotografia é fundamental, é um componente que está

estreitamente ligado à composição, ela funciona como um elemento de condução

do olhar. Mas o maior desafio é fazer que com que haja iluminação suficiente para

definir o foco e, ao mesmo tempo, distribuir a luz igualmente para evitar sombras.

Fiz vários testes (Fig. 34 e 35) para obter o resultado esperado. O uso dos flashes

atenua esses problemas citados, desde que essa luz chegue difusa ao objeto,

usando papéis, papelão ou isopor.

Fig.34 – Falta de luz Fig.35 - Excesso de luz

Outro fator importante na macrofotografia é a profundidade de campo, pois

como os objetos estão muito próximos, não é interessante que uma parte fique

focada e a outra não. A profundidade de campo é diretamente afetada pela

abertura da lente: uma abertura grande torna nítido apenas o objeto focalizado, já

Page 45: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

uma abertura muito pequena coloca em foco tudo o que está no primeiro plano e

no plano de fundo. Quanto mais fechado estiver o diafragma (f16, f22, etc.) maior

será a qualidade, a definição e a nitidez da imagem.

Consequentemente o obturador terá que ficar o máximo de tempo aberto para

captar a luz, pois obturador e a abertura funcionam em conjunto. A velocidade do

obturador é o tempo em que o obturador permanece aberto; ela controla por

quanto tempo a luz deverá atingir o filme. A velocidade do obturador é medida em

frações de segundo. No caso de close-up, como a abertura vai estar muito

fechada, a entrada de luz vai ser menor, compensa-se a falta de luz com a

diminuição da velocidade do obturador.

Entretanto, quanto menor a velocidade, maiores as possibilidades da fotografia

sair tremida, isso ocorre pela movimentação da câmera enquanto o obturador está

aberto. Para evitar essa situação, a câmera precisa estar imóvel. Isso pode ser

conseguido apoiando a câmera em alguma superfície sólida ou utilizando um tripé.

É preciso muito esforço e paciência, mas o resultado final pode ser

surpreendente. Capturar imagens que a olho nu seria impossível e observar as

novas formas que ali estavam “escondidas” foi o que me levou a escolher essa

técnica como base na construção da minha poética. Experimentei vários objetos e

percebi como é possível descobrir coisas novas.

Meu primeiro ensaio fotográfico com macrofotografia (Fig.36) “Onde há beleza

há luz”. Neste trabalho mostrei apenas composição e o brilho dos objetos.

Fig. 36 “Onde há beleza há luz”

No segundo ensaio, “Reflexos” (Fig.37), fiquei mais focada na iluminação e na

composição com os reflexos dos objetos.

Page 46: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig. 37 “Reflexos”

No ensaio “Formas” (Fig.38), explorei a técnica macro, ampliando ao máximo o

detalhe fotografado.

Fig. 38 “Formas”

No quarto ensaio, “Zoom” (Fig.39), resolvi fotografar objetos que continham um

brilho específico. Nesse trabalho aprofundei na técnica de macrofotografia e no

estudo de iluminação.

Page 47: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig.39 “Zoom”

Minhas fotografias são todas coloridas. Apesar de já ter tirado algumas

fotografias macro em preto-e-branco, percebi que elas não transmitiam a mesma

intensidade do que nas imagens coloridas. Por mostrar todos os detalhes, senti

que no colorido fica mais real e possibilita mais detalhes e sensações ao

espectador.

Apesar de todos esses estudos com composição, uso de cores, iluminação não

achei uma poética para meu trabalho. Resolvi testar outros objetos a minha volta,

do meu cotidiano, comecei a observar suas formas e ângulos; fotografei os

detalhes que mais me chamaram a atenção.

Na primeira obra (Fig.36) está presente o uso da composição, na escolha do

melhor ângulo, para o espectador ter a sensação de poder entrar em um túnel,

onde o “jogo” de luz permite observar o volume das bolhas e seus diferentes

formatos. O fundo preto atenuou o caminho que o espectador involuntariamente faz

na obra.

Page 48: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig. 40 Obra 1

A obra seguinte (Fig. 36) transmite uma idéia de que as esferas estão caindo;

esse efeito foi obtido com efeito de luz e posicionamento da câmera. O fundo

escuro deu ênfase à idéia de que essas esferas estão suspensas.

Fig.41 Obra 2

Já obra a seguir (Fig.38), é composta por esferas maiores e menores que

trilham um caminho imaginário, onde o espectador tenta achar um começo ou o

Page 49: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

fim. O fundo amarelo fazendo contraste com as esferas escuras atenua ou dá a

sensação de um caminho.

Fig.42 Obra 3

Na quarta obra (Fig.39) o fundo claro transmite uma sensação de leveza,

como se o objeto retratado estivesse voando ou boiando. A forte presença de

textura permite a visualização de suas formas e cores, mesmo que não tenha sido

distinguida sua real forma.

Fig. 43 Obra 4

Page 50: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Na mesma linha de composição a obra 4, a próxima obra (Fig. 40) parece ser

rígida, olhando rapidamente, mas, observando novamente percebemos curvas e

texturas que nos transmitem a sensação de maleável.

Fig. 44 Obra 5

A sexta obra (Fig.41) já apresenta uma outra linha de composição, com uma

composição geométrica, a linha central instiga o espectador a saber se a linha é

crescente ou decrescente.

Fig. 45 Obra 6

Page 51: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

A última obra (Fig. 42) segue a mesma linha da obra interior, componho com

linhas. Ao observamos essa obra temos a impressão que esse centro está

côncavo, mas se olharmos em outro ponto ele pode parecer convexo.

Fig. 46 Obra 7

Essas imagens foram obtidas de objetos comuns e familiares do meu cotidiano,

que ao observá-los percebi que tinham potencial para a criação de belas imagens.

Com posicionamento de câmera, iluminação e fundos diferentes consegui que

esses objetos comuns se tornassem fascinantes. Como uma bola de vidro (Fig.

43), que ao colocar um fundo preto obtive a primeira obra.

Fig. 47 Bola de vidro Obra 1

Page 52: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Outro objeto escolhido foi o detalhe da tampa de um perfume (Fig. 44). Que

com o posicionamento da câmera de cima pra baixo e com a iluminação de baixo

para cima obtive a imagem da segunda obra .

Fig. 48 Perfume Obra 2

Uma coroa (Fig.45) simples com um fundo amarelo, bem planejada na

composição me permitiu obter da terceira obra .

Fig.49 Coroa Obra 3

Outro objeto que ao analisar seu melhor ângulo, foi um pote de gel (Fig. 46) e

colocado um fundo azul, atenuou sua cor e deu mais contraste na sua forma, e

obtive a imagem da quarta obra.

Page 53: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig. 50 Pote de gel Obra 4

A escultura (Fig. 47) utilizada na composição da quinta obra, apenas precisou de

uma luz direta para clarear suas formas e detalhes.

Fig. 51 Escultura Obra 5

Outro objeto utilizado também foi o óculos (Fig. 48), onde fotografei apenas a

haste do mesmo; proporcionando a imagem da sexta obra.

Page 54: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Fig.52 Óculos Obra 6

E o último objeto escolhido foi um fundo de um copo (Fig.49) que adicionado a

um fundo listrado; obtive a imagem da sétima obra.

Fig. 53 Copo Obra 7

Outro aspecto importante para esse trabalho foi a escolha do tipo de impressão

e a escolha da moldura. Escolhi o papel fotográfico, pois este possibilitava um

brilho as imagens e não perdia as formas do objeto.

E na escolha da moldura, optei por uma branca que contrastava com as cores

das minhas obras; e seu formato moderno, com as molduras largas, deu a

impressão para o espectador que tivesse que puxar o zoom mais uma vez para ver

a obra.

Page 55: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo dessa pesquisa foi apresentar a possibilidade que a

macrofotografia tem de fornecer uma imagem abstrata e subjetiva; fotos

admiráveis e bem compostas, não só restritas a documentário e pesquisas

biológicas.

Ao longo do tempo cada fotógrafo cria a sua maneira própria de ver o mundo

que o rodeia. Procura formas de comunicar visualmente. Com o tempo, vai

adquirindo sensibilidade na arte de comunicar visualmente.

Neste projeto segui uma linha de estudo que caracteriza a minha forma de

fotografar. A macrofotografia abstrata possibilita imagens diferentes do cotidiano,

voltadas aos pequenos objetos, mostrando aos nossos olhos detalhes que

passariam despercebidos.

Para esse trabalho sair como esperado fiz um estudo sobre tipo e direção de

luz, velocidade do obturador, abertura do diafragma, profundidade de campo,

pois tudo precisa estar devidamente avaliado e ajustado.

Assim, esse projeto reside no fato do espectador poder "ler" detalhes

fotograficamente, em condições de livre interpretação, no tempo e espaço que

desejar.

Page 56: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

PORTIFÓLIO

CLAUDIANE CRISTINA CAMARGO

Page 57: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Neste projeto apresento a possibilidade que a macrofotografia tem de fornecer

uma imagem abstrata e subjetiva; fotos admiráveis e bem compostas. Essa técnica

possibilita mostrar detalhes que passariam despercebidas, podendo produzir

ampliação máxima de um objeto, e este ganhar um significado completamente

diferente.

Para chegar ao resultado esperado, houve um estudo sobre o tipo e direção de

luz, velocidade do obturador, abertura do diafragma, profundidade de campo, pois

tudo precisa estar devidamente avaliado e ajustado.

Todas as fotografias são coloridas, pois transmitem mais intensidade, mostra

todos os detalhes, dando ao espectador a possibilidade de poder “ler”

fotograficamente, em condições de livre interpretação, no tempo e espaço que

desejar.

Page 58: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Obra 1 Autor: Claudiane Camargo Técnica: Macrofotografia Medidas: 30X45 cm

Page 59: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Obra 2 Autor: Claudiane Camargo Técnica: Macrofotografia Medidas: 30X45 cm

Page 60: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Obra 3 Autor: Claudiane Camargo Técnica: Macrofotografia Medidas: 30X45 cm

Page 61: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Obra 4 Autor: Claudiane Camargo Técnica: Macrofotografia Medidas: 30X45 cm

Page 62: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Obra 5 Autor: Claudiane Camargo Técnica: Macrofotografia Medidas: 30X45 cm

Page 63: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Obra 6 Autor: Claudiane Camargo Técnica: Macrofotografia Medidas: 30X45 cm

Page 64: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Obra 7 Autor: Claudiane Camargo Técnica: Macrofotografia Medidas: 30X45 cm

Page 65: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARCARI, Antonio. A fotografia: as formas, os objetos, o homem. Lisboa: Edições

70, 1980.

BONFAND, Alain. A Arte Abstrata. Campinas, SP : Papirus, 1996.

BUSSELE, Michael. Tudo Sobre Fotografia. São Paulo: Pioneira, 1980.

CIVITA, Victor. Arte nos Séculos: Volume III, A arte Contemporânea. São Paulo:

Abril Cultural, 1971.

DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. 2ª Edição. Campinas, SP:

Papirus, 1993.

GHIZZI, Eluiza Bortolotto. História da Arte III: Poéticas Contemporâneas, 2007

HEDGECOE, John. O Novo Manual de Fotografia: Guia Completo para todos os

formatos. 2ª Edição. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2006.

PIERRE, Jean Amar. História da Fotografia. São Paulo: Edições 70, 2007.

RAMALHO, José. Fotografia Digital. Rio de Janeiro : Campos, 2004.

SONTAG, Susan. Sobre Fotografia. São Paulo: Companhia de Letras, 2006.

TRIGO, Thales. Equipamento Fotográfico Teoria e Prática. São Paulo: Senac,

2003

VALLIER, Dora. A Arte Abstrata. São Paulo: Martins Fontes, 1980.

Pelos Editores da Eastman Kodak Company – Portifólio especiais de Gordan Parks

e Ernest Haas. O Prazer de Fotografar. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

Consultas da internet:

Page 66: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

FILHO, Francisco Lopes.“O Passo- a- Passo da Macro fotografia”. Disponível em <http://www.macrofotografia.com.br/ > acesso em 05/07/2008 HENRIQUE, Fábio. “Fotografias Abstratas”. Disponível em <http://www.fotoarte.hjc.com.br/> acesso em 10/ 08/ 2008 NETO, Victorino de Oliveira. “História da Fotografia”. Disponível em <http://br.geocities.com/victorinooliveira/fotoh.html>, acesso em 15/ 08/ 2008 OKA, Cristina. “Origens do Processo Fotográfico”. Disponível em <www.cotianet.com.br/ photo/> , acesso em 10/ 04/ 2008 REIMERINK, Rudolf K. “Os Olhos do Mundo”. Publicação H-2/01 - R&RR - Produzido para a Kodak Brasileira Com. e Ind. Ltda. Disponível em < wwwbr.kodak.com/BR>, acesso em 15/08/2008

ROCHA, Juliana. “Por de trás desses óculos...”. Disponível em <http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=779&sid=7> , acesso em 10/10/2008 SALLES, Filipe. “Breve História da Fotografia”. Disponível em <www.mnemocine.com.br/fotografia/histfoto2.htm> , acesso em 10/ 04/ 2008 WILLIANS, Pedro. “A Estética: evolução histórica da luz na composição da imagem” – Fotografia. Disponível em <www.willians.pro.br/fotogra.htm>, acesso em 10/09/2008

Page 67: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

CURRÍCULO

Nome: Claudiane Cristina Camargo

RG: 40.062.297

Endereço: Rua Jintoko Minei, n° 45, Royal Park

Campo Grande – MS

Natural de Campo Grande MS

Exposição coletiva realizada Exposição: Projeto experimental Dia: 12 de Setembro de 2007 Local: saguão da Unidade VIII da UFMS Exposição: Cultura Dia: 28 de Novembro de 2007 Local: saguão da Unidade VIII da UFMS Exposição: Imagem Digital Dia: 28 de Novembro de 2007 Local: saguão da Unidade VIII da UFMS Exposição: Fotografia Dia: 29 de Novembro de 2007 Local: saguão da Unidade VIII da UFMS Exposição: Cabeças Dia: 06 a 24 de Junho de 2006 Local: Saguão da Unidade VIII da UFMS Exposição: Assemblage Dia: 21 de Novembro a 05 de Dezembro de 2006 Local: Saguão da Unidade VIII da UFMS Exposição: Produção Seriada Dia: 31 de Outubro a 18 de Novembro de 2006 Local: Saguão da Unidade VIII da UFMS Exposição: Luz e Sombra Dia: 29 de Agosto a 16 de Setembro de 2006 Local: Saguão da Unidade VIII da UFMS

Page 68: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Exposição visitada Exposição: Laços de Fé Autor: Pe. Frei Ricardo Regis Dia: 05 de Julho de 2007 Local: Museu de Arte Contemporânea de MS Exposição: Líquida e Sinuosa Autor: Renato Campello Dia: 17 de Agosto de 2007 Local: Memorial da Cultura e da Cidadania Exposição: Metáforas da Condição Humana Autor: Douglas Colombelli Dia: 05 de Julho de 2007 Local: Museu de Arte Contemporânea de MS Exposição: A Máquina Divisão Autor: Alex Maciel e Wity Prado Dia: 05 de Julho de 2007 Local: Museu de Arte Contemporânea de MS Exposição: Arte Campo Grande Autor: Exposição de 15 artistas que atuam na Capital Dia: 13 de Setembro de 2008 Local: Armazém Cultural Exposição: Expressões Femininas Autor: Sandra Getti Dia: 26 de Setembro de 2007 Local: SESC Horto – Parque Aquático Exposição: Percursos Pictórios Autor: Lúcia Monte Serrat Dia: 29 de Maio de 2008 Local: Centro Cultural José Octávio Guizzo Exposição: Chrónos Autor: Aline Ranelli Dia: 06 de Julho de 2007 Local: SESC Horto Exposição: Múltiplo Autor: Evandro Prado Dia: 29 de Outubro de 2007 Local: Shopping Campo Grande

Page 69: Camargo; claudiane cristina   um olhar por de trás do zoom

Exposição: Figuras da Folia Autor: Genésio Fernandes Dia: 29 de julho de 2007 Local: Museu de Arte Contemporânea de MS Seminário “Arte Abstrata” para aula História da Arte Brasileira, no dia 04 de Setembro de 2007. “Criação, criatividade e imaginação” para aula de Projeto de Bacharelado, no dia 16 de Maio de 2007. Curso III Encontro de Professores de arte de MS , dia 16 e 17 de Outubro de 2007. II Encontro Estadual de Cultura, Educação e Arte, dia 16 e 17 de Outubro de 2007. Trabalho

Terapeuta Ocupacional em Artes no Colégio Raio de Luz, no o período de Maio

a Julho de 2008.

Fotógrafa no Estúdio Fotográfico FunPix no Shopping Campo Grande, no período

de Abril a Junho de 2008.

Participação Artístico – Cultural

Espetáculo de dança “Alma, ritmo e corpo”, no dia 30 de Junho de 2007 no teatro

Glauce Rocha.