Caminho a Cristo - …deptos.adventistas.org.s3.amazonaws.com/publicacoes/livros/Caminho... · Informações sobre este livro Resumo Esta publicação eBook é providenciada como

Embed Size (px)

Citation preview

  • Caminho a Cristo

    Ellen G. White

    Copyright 2012Ellen G. White Estate, Inc.

  • Informaes sobre este livro

    Resumo

    Esta publicao eBook providenciada como um servio doEstado de Ellen G. White. parte integrante de uma vasta colecode livros gratuitos online. Por favor visite o website do Estado EllenG. White.

    Sobre a Autora

    Ellen G. White (1827-1915) considerada como a autora Ameri-cana mais traduzida, tendo sido as suas publicaes traduzidas paramais de 160 lnguas. Escreveu mais de 100.000 pginas numa vastavariedade de tpicos prticos e espirituais. Guiada pelo EspritoSanto, exaltou Jesus e guiou-se pelas Escrituras como base da f.

    Outras Hiperligaes

    Uma Breve Biografia de Ellen G. WhiteSobre o Estado de Ellen G. White

    Contrato de Licena de Utilizador Final

    A visualizao, impresso ou descarregamento da Internet destelivro garante-lhe apenas uma licena limitada, no exclusiva e in-transmissvel para uso pessoal. Esta licena no permite a republica-o, distribuio, atribuio, sub-licenciamento, venda, preparaopara trabalhos derivados ou outro tipo de uso. Qualquer utilizaono autorizada deste livro faz com que a licena aqui cedida sejaterminada.

    Mais informaes

    Para mais informaes sobre a autora, os editores ou como po-der financiar este servio, favor contactar o Estado de Ellen G.

    i

    http://www.egwwritings.org/ebookshttp://www.whiteestate.org/about/egwbio.asphttp://www.whiteestate.org/about/estate.asp

  • White: (endereo de email). Estamos gratos pelo seu interesse epelas suas sugestes, e que Deus o abenoe enquanto l.

    ii

  • iii

  • ContedoInformaes sobre este livro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iCaptulo 1 O amor de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5Captulo 2 A ponte sobre o abismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10Captulo 3 Mudana de rumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14Captulo 4 Abra o corao a Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24Captulo 5 O desejo de ser bom . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28Captulo 6 A conquista da paz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32Captulo 7 O teste da obedincia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37Captulo 8 O crescimento espiritual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43Captulo 9 O prazer de testemunhar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50Captulo 10 O conhecimento de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55Captulo 11 O privilgio de falar com Deus . . . . . . . . . . . . . . 60Captulo 12 A certeza da vitria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69Captulo 13 Alegria no Senhor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

    iv

  • Captulo 1 O amor de Deus

    A natureza e a revelao do testemunho do amor de Deus. NossoPai celestial a fonte de vida, sabedoria e felicidade. Olhe para ascoisas maravilhosas e lindas que h na natureza. Observe como, deforma surpreendente, elas se adaptam s necessidades das pessoas ede todos os seres criados. O brilho do sol e a chuva, que alegram erefrescam o solo, as colinas, os mares, as plancies, tudo isso fala-nosdo amor do Criador. Deus quem supre as necessidades dirias detodas as Suas criaturas. Nas bonitas palavras do salmista: Em Ti [8]esperam os olhos de todos, e Tu, a seu tempo, lhes ds o alimento.Abres a mo e satisfazes de benevolncia a todo vivente. Salmos145:15, 16.

    Deus fez o homem perfeito, santo e feliz; a Terra, ao sair damo do Criador, no mostrava qualquer sinal de degenerao, nemsombra da maldio. Foi a transgresso da lei de Deus a lei doamor que trouxe a dor e a morte. Entretanto, mesmo em meio aosofrimento resultante do pecado, o amor de Deus revelado. Estescrito que Deus amaldioou a Terra por causa do homem. Gnesis3:17. Os espinhos e as ervas daninhas as dificuldades e prova-es que tornam a vida to cansativa e cheia de preocupaes foram designados para o bem do ser humano, como parte do preparonecessrio no plano de Deus para ergu-lo da runa e degradaocausadas pelo pecado. O mundo, embora cado, no se resume a tris-teza e misria. Na prpria natureza existem mensagens de esperanae conforto. Flores crescem no mato e espinhos so cobertos pelasrosas.

    Deus amor est escrito em cada boto de flor que se abre eem cada folha que cresce no campo. Os belos pssaros, que alegramo ar com seus alegres cantos, as flores, perfeitas e delicadamentecoloridas, que perfumam o ar, as rvores frondosas da floresta, comsua exuberante e viosa folhagem tudo d testemunho do cuidadopaternal do nosso Deus e do desejo que Ele tem de tornar os Seusfilhos felizes.

    5

  • 6 Caminho a Cristo

    A Palavra de Deus revela o Seu carter. Ele mesmo declarou o[9]Seu infinito amor e misericrdia. Quando Moiss rogou que Deuslhe mostrasse Sua glria, o Senhor respondeu: Farei passar toda aMinha bondade diante de ti. xodo 33:18, 19. Essa a Sua glria.Quando o Senhor passou diante de Moiss, ele clamou: Senhor,Senhor Deus compassivo, clemente e longnimo e grande em mi-sericrdia e fidelidade; que guarda a misericrdia em mil geraes,que perdoa a iniquidade, a transgresso e o pecado. xodo 34:6,7. Ele tardio em irar-Se, e grande em benignidade (Jonas 4:2)porque tem prazer na misericrdia. Miqueias 7:18.

    Deus uniu nosso corao a Ele por meio de incontveis provas nocu e na Terra. Atravs das coisas da natureza e dos mais profundose ternos laos que o corao humano pode conhecer, Deus procurarevelar-Se para ns. Embora de maneira imperfeita, isso representao Seu amor. Apesar de todas essas evidncias, o inimigo do bemcegou o entendimento das pessoas, de modo que elas passaram aolhar para Deus com medo e a consider-Lo inflexvel e incapaz deperdoar. Satans levou o ser humano a pensar que Deus um sercujo principal atributo a justia severa, como se Ele fosse um juizaustero, um credor duro e implacvel. Ele retratou o Criador comoum ser que fica vigiando desconfiado, buscando erros e falhas naspessoas para que possa conden-las. Foi para remover essa sombraescura e revelar ao mundo o infinito amor de Deus que Jesus veioviver com a humanidade.

    O Filho de Deus veio do Cu para revelar o Pai. Ningumjamais viu a Deus; o Deus unignito, que est no seio do Pai, quemo revelou. Joo 1:18. Ningum conhece o Filho, seno o Pai; eningum conhece o Pai, seno o Filho e aquele a quem o Filho oquiser revelar. Mateus 11:27. Quando um dos discpulos pediu:Senhor, mostra-nos o Pai, Jesus respondeu: H tanto tempo estouconvosco, e no Me tens conhecido? Quem Me v a Mim v o Pai;como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Joo 14:8, 9.[10]

    Ao descrever Sua misso na Terra, Jesus disse: O Esprito doSenhor est sobre Mim, pelo que Me ungiu para evangelizar os po-bres; enviou-Me para proclamar libertao aos cativos e restauraoda vista aos cegos, para pr em liberdade os oprimidos. Lucas 4:18.Essa foi Sua obra. Ele saa fazendo o bem e curando todos os queestavam oprimidos por Satans. Havia vilas inteiras onde no se ou-

  • O amor de Deus 7

    via sequer uma queixa de doena, pois Ele ali passara e curara todosos enfermos. Sua obra era evidncia da uno divina. Amor, miseri-crdia e compaixo estavam presentes em cada ato de Sua vida. Seucorao se comovia em meiga simpatia para com as pessoas. Eleassumiu a natureza humana para que pudesse ir ao encontro de cadanecessidade do ser humano. Os mais pobres e humildes no temiamaproximar-se dEle. At as criancinhas eram atradas para Ele. Elasgostavam muito de sentar-se no Seu colo e olhar para aquele rostosereno, bondoso, cheio de amor.

    Jesus no suprimia sequer uma palavra da verdade, mas falavasempre com amor. Ele tinha tato e prestava bondosa ateno ao inte-ragir com as pessoas. Nunca Se mostrava rude, jamais pronunciavauma palavra severa sem necessidade e evitava causar dor desneces-sria a uma pessoa sensvel. Ele no censurava a fraqueza humana.Falava a verdade, mas sempre com amor. Denunciava a hipocrisia, aincredulidade e a iniquidade; mas Suas repreenses rigorosas eramsempre proferidas com lgrimas e tristeza. Chorou por Jerusalm, acidade que Ele amava, a qual se recusou a receber Aquele que oCaminho, a Verdade e a Vida. Os lderes rejeitaram o Salvador, masEle os considerava com meiga compaixo. Sua vida foi de abnega-o e repleta de cuidado pelos outros. Cada pessoa era preciosa aosSeus olhos. Embora sempre Se apresentasse com divina dignidade,inclinava-Se com amorosa simpatia para atender a cada membroda famlia de Deus. Ele via em todos os homens seres cados, cujasalvao era o objetivo de Sua misso. [11]

    Assim o carter de Cristo, como foi revelado em Sua vida.Esse tambm o carter de Deus. Do corao do Pai que brotavamas torrentes da divina compaixo manifestada em Cristo, fluindoat alcanar os filhos dos homens. Jesus, o meigo e compassivoSalvador, era Deus manifestado na carne. 1 Timteo 3:16.

    Foi para nos redimir que Jesus viveu, sofreu e morreu. Ele tornou-se um Homem de dores para que pudssemos participar das ale-grias eternas. Deus permitiu que o Seu Filho amado, cheio de graa everdade, deixasse um mundo de glria indescritvel e viesse para ummundo corrompido e maculado pelo pecado, escurecido pelas som-bras da morte e da maldio. Ele permitiu que Jesus deixasse Suaamorosa companhia e a adorao dos anjos para sofrer a vergonha,os insultos, a humilhao, o dio e a morte. O castigo que nos traz

  • 8 Caminho a Cristo

    a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados. Isaas53:5. Ei-Lo no deserto, no Getsmani e na cruz! O imaculado Filhode Deus tomou sobre Si o fardo do pecado. Aquele que havia sidoum com Deus sentiu de perto a terrvel separao que o pecado causaentre Deus e o homem. Isso fez com que um grito de agonia sassedos Seus lbios: Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?Mateus 27:46. Foi o peso do pecado, a noo de quo terrvel ele e a separao que causa entre Deus e o ser humano foi isso quequebrantou o corao do Filho de Deus.

    Mas esse enorme sacrifcio no foi feito para despertar no co-[12]rao do Pai o amor pelo ser humano, nem para fazer com que EleSe dispusesse a salv-lo. No! Porque Deus amou ao mundo de talmaneira que deu o Seu Filho unignito. Joo 3:16. O Pai nos ama,no por causa da grande propiciao; mas Ele proveu a propiciaoporque nos ama. Cristo foi o meio pelo qual Ele pde derramar oSeu amor infinito sobre o mundo cado. Deus estava em Cristo re-conciliando consigo o mundo. 2 Corntios 5:19. Deus sofreu juntocom Seu Filho. Na agonia do Getsmani, na morte no Calvrio, ocorao do Amor Infinito pagou o preo da nossa redeno.

    Jesus disse: Por isso, o Pai Me ama, porque Eu dou a Minhavida para a reassumir. Joo 10:17. Isto , Meu Pai tanto amouvoc, que mais ainda Me ama por Eu ter dado Minha vida para asua redeno. Ao tornar-Me o seu Substituto, dando a Minha vida eassumindo sua dvida e sua transgresso, sou amado pelo Meu Pai;por causa do Meu sacrifcio, Deus pode ser justo e, mesmo assim, oJustificador daquele que cr em Jesus.

    Ningum mais, a no ser o Filho de Deus, poderia realizar nossaredeno, pois somente Aquele que estava junto do Pai que Opoderia revelar. Somente Aquele que conhecia a altura e a profundi-dade do amor de Deus poderia manifestar esse amor. Nada menosdo que o infinito sacrifcio feito por Cristo em favor da humanidadecada poderia expressar o amor do Pai pelos perdidos.

    Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o SeuFilho unignito. Joo 3:16. Ele O entregou no apenas para quevivesse entre a humanidade, levasse seus pecados e morresse emseu lugar. Ele O entregou para a raa cada. Cristo devia identificar-Se com os interesses e necessidades da humanidade. Aquele queera um com Deus Se uniu com as pessoas atravs de laos que

  • O amor de Deus 9

    jamais sero quebrados. Jesus no Se envergonha de lhes chamarirmos. Hebreus 2:11. Ele nosso Sacrifcio, nosso Advogado,nosso Irmo, tomando a forma humana diante do trono do Pai, e por [13]toda a eternidade estar ligado raa que redimiu. Ele Se tornouo Filho do homem. Tudo isso para que o ser humano pudesse sererguido da runa e degradao do pecado para refletir o amor deDeus e compartilhar a alegria da santidade.

    O preo pago por nossa redeno, o sacrifcio infinito do nossoPai celestial ao dar o Seu Filho para morrer por ns, deveria dar-nosuma elevada concepo sobre o que deveramos tornar-nos atravsde Cristo. Ao contemplar a altura, a profundidade e a largura do amordo Pai pela raa a perecer, o inspirado apstolo Joo encheu-se deum sentimento de adorao e reverncia. Incapaz de encontrar umalinguagem apropriada para expressar a grandeza e a ternura desseamor, ele conclamou o mundo a tambm contempl-lo. Vede quegrande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamadosfilhos de Deus. 1 Joo 3:1. Isso confere um enorme valor aos sereshumanos! Por meio da transgresso, as pessoas tornam-se sditas deSatans. Por meio da f no sacrifcio expiatrio de Cristo, os filhosde Ado podem tornar-se filhos de Deus. Assumindo a naturezahumana, Cristo eleva a humanidade. Os seres humanos cados estocolocados em um lugar onde, atravs da conexo com Cristo, podemverdadeiramente tornar-se dignos de ser chamados de filhos deDeus.

    Um amor assim no tem paralelo. Filhos do Rei celestial! Essa uma promessa preciosa, um tema para a mais profunda meditao!O incomparvel amor de Deus por um mundo que no O amou! Essepensamento tem um poder capaz de dominar a alma e de tornar amente cativa da vontade de Deus. Quanto mais estudamos o carterdivino luz da cruz, mais vemos misericrdia, bondade e perdomesclados com equidade e justia, e mais claramente discernimos asinmeras evidncias de um amor que infinito e de uma compaixocapaz de superar a afeio de uma me pelo filho rebelde. [14]

  • Captulo 2 A ponte sobre o abismo

    O homem foi originalmente dotado de nobres faculdades e deuma mente equilibrada. Era um ser perfeito e estava em harmoniacom Deus. Seus pensamentos eram puros e seus desejos eram santos.Mas, por causa da desobedincia, sua mente se tornou pervertida e oegosmo suplantou o amor. Por causa da transgresso, sua naturezatornou-se to enfraquecida que ele, por sua prpria fora, no maisconseguia resistir ao poder do mal. Ele foi feito cativo por Satans, eassim teria permanecido para sempre se no houvesse a interveno[15]especial de Deus. Era propsito do tentador frustrar o plano divinoda criao do homem e encher a Terra de misria e sofrimento. Eleatribuiria todos esses males obra de Deus ao criar o homem.

    Antes de pecar, o homem mantinha uma alegre comunho comAquele em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimentoesto ocultos. Colossenses 2:3. Mas depois do pecado j no encon-trava alegria na santidade, e procurava esconder-se da presena deDeus. Esta ainda a condio do corao no renovado. Ele no estem harmonia com Deus, nem demonstra satisfao em relacionar-secom Ele. O pecador no consegue ficar feliz na presena de Deuse evita a companhia dos seres santos. Se lhe fosse permitido entrarno Cu, nem l haveria felicidade para o pecador. O esprito deamor altrusta que domina ali onde cada corao reflete o infinitoAmor no despertaria o menor interesse em seu corao. Seuspensamentos, interesses e motivos seriam distintos daqueles quecaracterizam os habitantes sem pecado que ali esto. Ele seria umanota dissonante na msica celestial. Para ele, o Cu seria um lugarde tortura; e desejaria esconder-se dAquele que ali luz e fontede toda alegria. No um decreto arbitrrio de Deus que exclui osmpios do Cu; eles ficam do lado de fora por se sentirem inadequa-dos na companhia dos santos. Para eles, a glria de Deus seria umfogo consumidor. Prefeririam que logo viesse a destruio para queno tivessem de enfrentar o encontro com Aquele que morreu pararedimi-los.

    10

  • A ponte sobre o abismo 11

    Por ns mesmos, impossvel escapar do abismo de pecadoem que estamos afundados. Nosso corao mau e no podemosmud-lo. Quem da imundcie poder tirar coisa pura? Ningum!J 14:4. O pendor da carne inimizade contra Deus. Romanos 8:7.A educao, a cultura, o exerccio da vontade, o esforo humano,todas essas coisas tm sua importncia, mas nesse caso no tmpoder para mudar a situao. Podem at produzir um comportamento [16]aparentemente correto, mas no transformar o corao nem purificaras fontes da vida. preciso que haja um poder que opere no interior,uma vida nova vinda de cima, para que o homem passe do estadopecaminoso para a santidade. Esse poder Cristo. Somente Suagraa poder vitalizar as inertes faculdades espirituais e atrair apessoa para Deus, para a santidade.

    O Salvador disse: Se algum no nascer de novo, a menosque receba um corao novo, novos desejos, propsitos e motivos, epasse a viver uma vida nova, no pode ver o reino de Deus. Joo3:3. A ideia de que preciso apenas desenvolver o bem que existenaturalmente dentro da pessoa um engano fatal. O homem naturalno aceita as coisas do Esprito de Deus, porque lhe so loucura; eno pode entend-las, porque elas se discernem espiritualmente. 1Corntios 2:14. No te admires de Eu te dizer: importa-vos nascerde novo. Joo 3:7. Est escrito acerca de Cristo: A vida estavanEle, e a vida era a luz dos homens. Joo 1:4. Ele o nico nomedado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos. Atos4:12.

    No basta perceber o compassivo amor de Deus, enxergar a be-nevolncia e a bondade paternal do Seu carter. No basta discernira sabedoria e a justia da Sua lei para ver que ela est aliceradasobre o eterno princpio do amor. O apstolo Paulo viu tudo issoquando exclamou: Consinto com a lei, que boa. A lei santa; eo mandamento, santo, e justo, e bom. Mas, em desespero, acrescen-tou com o corao amargurado: Sou carnal, vendido escravidodo pecado. Romanos 7:16, 12, 14. Ele anelava a pureza, a justia,coisas que, por si mesmo, no tinha foras para alcanar, e clamou:Desventurado homem que sou! Quem me livrar do corpo destamorte? Romanos 7:24. Esse o clamor que vem de coraes atri-bulados em todas as terras e em todas as pocas. Para todos, existe

  • 12 Caminho a Cristo

    apenas uma resposta: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado domundo! Joo 1:29.[17]

    So muitas as imagens pelas quais o Esprito de Deus tem pro-curado ilustrar esta verdade, deixando-a clara para as pessoas quedesejam livrar-se do pesado fardo da culpa. Quando Jac fugiu dacasa do seu pai, depois de ter pecado enganando Esa, ficou abatidopelo sentimento de culpa. Solitrio e desterrado, separado de todosos seus queridos, o pensamento que lhe doa no corao acima detodos os demais era o temor de que o seu pecado o tivesse separadode Deus e fosse abandonado pelo Cu. Com tristeza, deitou-se nocho para descansar. Ao seu redor havia somente as colinas. Acima,nada mais que as estrelas do cu. Enquanto dormia, uma luz estra-nha iluminou sua vista. Subitamente, do lugar onde se deitara, viugrandes degraus sombrios que pareciam erguer-se at os portais doCu. Sobre eles, anjos de Deus subiam e desciam. Das gloriosasalturas, ouviu-se a voz divina numa mensagem de conforto e espe-rana. Dessa maneira que foi revelado a Jac aquilo que poderiasuprir a necessidade e o desejo de seu corao um Salvador. Comalegria e gratido, ele viu a revelao da maneira pela qual ele, umpecador, poderia voltar comunho com Deus. A mstica escada doseu sonho representava Jesus, o nico meio de comunicao entreDeus e o homem. Cristo faz a conexo entre a humanidade cada,fraca e desamparada e a fonte do poder infinito.

    Essa a mesma imagem que Cristo utilizou em sua conversacom Natanael, quando disse: Vereis o cu aberto e os anjos deDeus subindo e descendo sobre o Filho do homem. Joo 1:51. Porcausa do pecado, as pessoas ficaram alienadas de Deus; a Terra[18]ficou separada do Cu. Por causa do abismo que se abriu, deixoude haver comunho entre Deus e as pessoas. Mas, por meio deCristo, a Terra est outra vez ligada ao Cu. Com os Seus prpriosmritos, Cristo estabeleceu uma ponte sobre o abismo criado pelopecado, de modo que os anjos podem manter a comunicao com ahumanidade. Cristo faz a conexo entre a humanidade cada, fraca edesamparada e a fonte do poder infinito. Sero vos os sonhos deprogresso do homem, como sero destitudos de sentido todos osesforos para enobrecer a humanidade se ela negligenciar a nicaFonte de esperana. Toda boa ddiva e todo dom perfeito (Tiago1:17) vem de Deus. No existe verdadeira excelncia de carter fora

  • A ponte sobre o abismo 13

    dEle. O nico caminho para Deus atravs de Cristo. Ele diz: Eusou o caminho, e a verdade, e a vida; ningum vem ao Pai seno porMim. Joo 14:6.

    O corao de Deus ama os Seus filhos com um amor mais fortedo que a morte. Ao dar Seu Filho, Ele derramou sobre ns todoo Cu em apenas uma ddiva. A vida, a morte e a intercesso doSalvador, o ministrio dos anjos, os rogos do Esprito, a obra do Paioperando acima de tudo e por tudo, o incessante interesse dos serescelestiais tudo est sendo empregado em favor da redeno dahumanidade.

    Contemplemos o precioso sacrifcio que foi feito por ns!Esforcemo-nos para apreciar o valor do empenho e da energia queo Cu est dispensando para buscar os perdidos e lev-los de voltapara a casa do Pai. Motivos mais fortes e instrumentos mais pode-rosos no poderiam existir. As grandiosas recompensas de fazer obem, as alegrias do Cu, a companhia dos anjos, a comunho e oamor de Deus e do Seu Filho, o enobrecimento e a extenso de todasas nossas foras atravs da eternidade no seria tudo isso umgrande incentivo para que desejssemos consagrar nosso coraoem amorvel servio ao nosso Criador e Redentor? [19]

    Por outro lado, os julgamentos de Deus pronunciados contra opecado, a inevitvel retribuio, a degradao do nosso carter e adestruio final so apresentados na Palavra de Deus para alertar-noscontra o servir a Satans.

    No deveramos, ento, ter em grande considerao a miseri-crdia de Deus? O que mais poderia Ele fazer? Busquemos, pois,relacionar-nos com Aquele que nos amou com maravilhoso amor.Utilizemos os meios que nos foram dados para que sejamos trans-formados Sua semelhana e restaurados comunho com os anjosministradores e harmonia e comunho com o Pai e o Filho. [20]

  • Captulo 3 Mudana de rumo

    Como pode algum ser considerado justo diante de Deus? Comopode o pecador ser justificado? Somente por meio de Cristo podemoster harmonia com Deus e com a santidade; mas como chegar aCristo? Muitos fazem a mesma pergunta que outros fizeram nodia do Pentecostes, quando, convencidos do pecado, exclamaram:Que faremos? A primeira palavra da resposta dada por Pedro foi:Arrependei-vos. Atos 2:37, 38. Em outra ocasio, logo depois,[21]ele disse: Arrependei-vos [...] para serem cancelados os vossospecados. Atos 3:19.

    O arrependimento inclui a tristeza pelo pecado e o afastamentodele. No abandonaremos o pecado enquanto no reconhecermosquo perigoso ele . E enquanto no nos afastarmos sinceramentedo pecado no haver mudana real em nossa vida.

    Muitas pessoas no compreendem a verdadeira natureza do arre-pendimento. Lamentam seus pecados e at procuram fazer algumamudana na sua forma de viver por medo de que seus erros lhescausem maiores sofrimentos. Mas isso no arrependimento, nosentido bblico. Essas pessoas querem evitar o sofrimento, mas noo prprio pecado.

    Esse foi o tipo de tristeza de Esa, quando viu que o direitode primogenitura estava perdido para sempre. Balao, aterrorizadopelo anjo que bloqueava seu caminho com uma espada na mo,chegou a reconhecer sua culpa com medo de morrer; mas no teveum arrependimento genuno, nem manifestou mudana de propsitoou vontade de abandonar o pecado. Judas Iscariotes, depois de trairseu Senhor, exclamou: Pequei, traindo sangue inocente. Mateus27:4.

    A confisso brotou de uma mente culpada por um terrvel sensode condenao e pelo temor do julgamento que o aguardava. Asconsequncias o enchiam de pavor, mas no havia uma tristezaprofunda, nem um corao quebrantado por haver trado o imaculadoFilho de Deus e negado o Santo de Israel. Fara, quando sofreu os

    14

  • Mudana de rumo 15

    juzos de Deus, reconheceu seu pecado apenas para livrar-se demaiores castigos, mas voltou a desafiar o Cu assim que as pragasforam suspensas. Todos esses lamentaram os resultados do pecado,mas no se entristeceram pelo prprio pecado.

    Quando o corao permite que o Esprito de Deus o influencie, aconscincia despertada, e o pecador comea a discernir a profundi-dade e santidade da lei de Deus, que o alicerce do Seu governo no [22]Cu e na Terra. A luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem(Joo 1:9) chega tambm aos segredos do corao, e as coisas queesto escondidas so reveladas. Um senso de culpa apodera-se damente e do corao dessa pessoa. Ela passa a sentir a justia deJeov, e experimenta um sentimento de horror, em sua prpria culpae impureza, diante do Deus que conhece tudo o que vai dentro docorao. V o amor de Deus, a beleza da santidade, a alegria dapureza, e deseja ser purificada e ver restaurada sua comunho com oCu.

    A orao de Davi aps sua queda ilustra a natureza da verdadeiratristeza pelo pecado. Seu arrependimento foi sincero e profundo.No houve esforo para minimizar sua culpa. Sua orao no foiinspirada pelo desejo de escapar do julgamento que o ameaava.Davi tomou conscincia da grandeza da sua transgresso, viu acontaminao da sua mente e passou a aborrecer o pecado. Ele noorou somente pelo perdo, mas para ter o corao purificado. Elepassou a anelar a alegria da santidade e a restaurao da harmonia eda comunho com Deus. Assim ele se expressou:

    Bem-aventurado aquele cuja iniquidade perdoada, cujo pe-cado coberto.

    Bem-aventurado o homem a quem o Senhor no atribui iniqui-dade e em cujo esprito no h dolo. Salmos 32:1, 2.

    Compadece-te de mim, Deus, segundo a Tua benignidade;e, segundo a multido das Tuas misericrdias, apaga as minhastransgresses. [...]

    Pois eu conheo as minhas transgresses, e o meu pecado estsempre diante de mim. [...]

    Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei maisalvo que a neve. [...]

    Cria em mim, Deus, um corao puro e renova dentro de mimum esprito inabalvel.

  • 16 Caminho a Cristo

    No me repulses da Tua presena, nem me retires o Teu SantoEsprito.[23]

    Restitui-me a alegria da Tua salvao e sustenta-me com umesprito voluntrio. [...]

    Livra-me dos crimes de sangue, Deus, Deus da minha salvao,e a minha lngua exaltar a Tua justia. Salmos 51:1-14.

    Um arrependimento como esse est alm do nosso alcance;somente podemos obt-lo em Cristo, Aquele que subiu ao Cu econcedeu dons aos homens.

    precisamente nesse ponto que muitos erram, e deixam dereceber o auxlio que Cristo quer lhes dar. Eles acham que no podemir a Cristo sem que primeiro se arrependam, e que o arrependimentolhes prepara o caminho para o perdo de seus pecados. verdadeque o arrependimento precede o perdo dos pecados, pois somente ocorao quebrantado e contrito sentir a necessidade de um Salvador.Mas ser que o pecador deve esperar at que tenha se arrependidopara ir a Jesus? Ser que o arrependimento tem que ser um obstculoentre o pecador e o Salvador?

    A Bblia no ensina que o pecador precisa arrepender-se antesde atender o convite de Cristo: Vinde a Mim, todos os que estaiscansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Mateus 11:28. avirtude que vem de Cristo que conduz ao verdadeiro arrependimento.Pedro esclareceu o assunto em sua declarao aos israelitas ao dizer:Deus, porm, com a Sua destra, O exaltou a Prncipe e Salvador, afim de conceder a Israel o arrependimento e a remisso de pecados.Atos 5:31. No podemos arrepender-nos sem que o Esprito deCristo nos desperte a conscincia para o fato de que, sem Cristo, no[24]podemos ser perdoados.

    Cristo a fonte de cada impulso correto. Ele o nico que podeimplantar no corao a inimizade contra o pecado. Todo desejo pelaverdade e pureza, toda convico da nossa pecaminosidade umaevidncia de que Seu Esprito est atuando em nosso corao.

    Jesus disse: E Eu, quando for levantado da Terra, atrairei todos aMim mesmo. Joo 12:32. Cristo deve ser revelado ao pecador comoo Salvador que morreu pelos pecados do mundo. Ao contemplarmoso Cordeiro de Deus na cruz do Calvrio, o mistrio da redenocomea a ser revelado em nossa mente, e a bondade de Deus nosleva ao arrependimento. Cristo manifestou um amor que est alm

  • Mudana de rumo 17

    da nossa compreenso. Esse amor enternece o corao do pecador,impressiona-lhe a mente e o leva contrio.

    verdade que as pessoas s vezes se envergonham dos seuspecados, e abandonam alguns dos seus maus hbitos antes mesmode perceberem que esto sendo atradas para Cristo. Quando, porm,elas se esforam para mudar, como resultado de um desejo sincerode fazer o que certo, o poder de Cristo que as est atraindo.Uma influncia que elas desconhecem atua sobre sua mente. Aconscincia despertada e seu procedimento reformado. QuandoCristo as atrai, levando-as a olhar para a Sua cruz e contemplarAquele a quem seus pecados transpassaram, o mandamento penetraa conscincia. Aparecem diante dos seus olhos a pecaminosidade dasua vida e o pecado arraigado em sua mente. Essas pessoas comeama perceber a justia de Cristo e exclamam: Afinal, o que o pecado,para que to grande sacrifcio fosse exigido para a redeno da suavtima? Era necessrio todo esse amor, todo esse sofrimento, todaessa humilhao, para que no perecssemos, mas tivssemos vidaeterna?

    O pecador pode resistir a esse amor, pode recusar a deixar-se [25]atrair para Cristo; mas, se no resistir, ser atrado para Jesus. Oconhecimento do plano da salvao o conduzir aos ps da cruz emarrependimento pelos seus pecados, os quais causaram os sofrimen-tos do amado Filho de Deus.

    A mesma mente divina que opera na natureza fala ao coraodas pessoas e cria nelas um irresistvel desejo de obter algo que nopossuem. As coisas do mundo no as satisfazem mais. O Espritode Deus insiste com elas para que busquem aquilo que de fato podetrazer paz e descanso a graa de Cristo e a alegria da santidade.Atravs de influncias visveis e invisveis, nosso Salvador estconstantemente agindo para atrair a mente das pessoas dos prazeresilusrios do pecado para as bnos infinitas que, por meio dEle,podem alcanar. Para aqueles que esto tentando matar sua sede coma poluio deste mundo dada a mensagem: Aquele que tem sedevenha, e quem quiser receba de graa a gua da vida. Apocalipse22:17.

    Voc que tem no corao o desejo de obter algo melhor doque aquilo que o mundo pode dar, reconhea nessa necessidadea voz de Deus falando sua mente. Pea que Ele lhe conceda o

  • 18 Caminho a Cristo

    arrependimento e que lhe revele Cristo em Seu infinito amor eperfeita pureza. Na vida do Salvador, os princpios da lei de Deus amar a Deus e ao prximo foram perfeitamente exemplificados.A benevolncia e o amor altrusta eram a razo da Sua vida. Quandocontemplamos o Salvador, e Sua luz nos ilumina, que podemos vera pecaminosidade do nosso corao.

    Pode ser que, tal como Nicodemos, nos orgulhemos em dizer quetemos vivido de maneira justa, que a nossa conduta moral correta e,assim, pensar que no precisamos humilhar o corao diante de Deuscomo um pecador comum. Mas, quando a luz que vem de Cristobrilha em nosso corao, passamos a ver como somos impuros;discernimos nossos motivos egostas, nossa inimizade contra Deus,que tem manchado cada ato da nossa vida. S ento reconheceremosque nossa justia na verdade igual a trapos sujos, e que somente o[26]sangue de Cristo pode limpar-nos da impureza do pecado e renovarnosso corao Sua semelhana.

    Um simples raio da glria de Deus, um lampejo da pureza deCristo que penetre no corao torna dolorosamente visvel cadamancha impura, e revela claramente a deformidade e os defeitosdo carter humano. Os desejos no santificados, a infidelidade docorao e a impureza dos lbios ficam evidentes. Os atos de desleal-dade e de desrespeito lei de Deus so expostos. Sob a influnciaperscrutadora do Esprito Santo, o corao do pecador atingido,e ele fica aflito. O pecador se torna completamente perturbado einsatisfeito ao ver o puro e imaculado carter de Cristo.

    Quando contemplou a glria que cercava o mensageiro celestialque lhe fora enviado, o profeta Daniel ficou prostrado ao reconhecera prpria debilidade e imperfeio. Descrevendo o efeito daquelacena maravilhosa, ele disse: No restou fora em mim; o meu rostomudou de cor e se desfigurou, e no retive fora alguma. Daniel10:8. O corao tocado dessa maneira passa a odiar seu egosmo eamor-prprio. A soluo que resta , atravs da justia de Cristo,buscar a pureza de corao que est em harmonia com a lei de Deuse o carter de Cristo.

    Paulo disse que quanto justia que h na lei, naquilo quedizia respeito aos atos exteriores, ele era irrepreensvel (Filipenses3:6); mas, quando discerniu o carter espiritual da lei, ele reconheceuque era um pecador. Julgado pela letra da lei, conforme as pessoas a

  • Mudana de rumo 19

    aplicam vida exterior, ele se considerava sem pecado; mas, ao olharpara as profundezas dos santos mandamentos e ver-se como Deuso via, prostrou-se humildemente e confessou sua culpa. Ele disse:Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveuo pecado, e eu morri. Romanos 7:9. Quando ele compreendeua natureza espiritual da lei, o pecado apareceu em sua verdadeiradimenso, e sua autoestima desapareceu. [27]

    Deus no considera igualmente graves todos os pecados. Hdiferentes gradaes de culpa, tanto aos olhos de Deus quanto aoshumanos. Todavia, por mais insignificante que esta ou aquela trans-gresso possa parecer aos olhos humanos, nenhum pecado pequenoaos olhos de Deus. O julgamento do homem parcial e imperfeito,mas Deus v todas as coisas como realmente so. Desprezamoso alcolatra, e dizemos-lhe que o seu vcio vai exclu-lo do Cu,enquanto o orgulho, o egosmo e a cobia geralmente no so con-denados. Mas esses pecados so especialmente ofensivos diantede Deus, pois contrariam a benevolncia do Seu carter e o amordesinteressado que compe a prpria atmosfera do universo ondeo pecado no entrou. Aquele que comete um pecado grave pode sesentir envergonhado e necessitado da graa de Cristo. O orgulhoso,porm, no sente essa necessidade; por isso, fecha o corao paraCristo e as bnos infinitas que Ele veio conceder.

    O pobre publicano que orou: Deus, s propcio a mim, peca-dor! (Lucas 18:13) se considerava uma pessoa mpia, e era assimque os outros tambm o viam. Mas ele sentia sua necessidade e,com seu fardo de culpa e vergonha, aproximou-se de Deus rogandopor Sua misericrdia. Seu corao abriu-se para que o Esprito deDeus ali operasse, livrando-o do poder do pecado. A orao soberbae cheia de justia prpria do fariseu demonstrou que seu coraoestava fechado para a influncia do Esprito Santo. Por causa dessedistanciamento de Deus, ele no podia perceber que sua impurezacontrastava com a perfeio da natureza divina. Como no sentianecessidade, nada recebeu.

    Se voc v sua pecaminosidade, no espere tornar-se melhor.Muitas pessoas pensam que no so suficientemente boas paraaproximar-se de Cristo. Voc acha que vai se tornar uma pessoamelhor por seus prprios esforos? Pode, acaso, o etope mudar a

  • 20 Caminho a Cristo

    sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Ento, podereis fazer obem, estando acostumados a fazer o mal. Jeremias 13:23.[28]

    Somente em Deus h ajuda. No devemos esperar por persua-ses mais contundentes, nem por melhores oportunidades, nem porum carter mais santificado. Por ns mesmos, nada podemos fazer.Devemos ir a Cristo do jeito que estamos.

    No nos enganemos, porm, com o pensamento de que Deus, emSeu grande amor e misericrdia, salvar at mesmo os que rejeitamSua graa. O tremendo carter maligno do pecado somente podeser avaliado diante da cruz. Se algum insiste em dizer Deus bomdemais para rejeitar o pecador, porque no olhou para o Calvrio.Foi por no haver outra maneira pela qual a humanidade pudesse sersalva que Cristo tomou sobre Si a culpa do desobediente e, em seulugar, sofreu a morte. Pois sem sacrifcio era impossvel para o serhumano escapar do poder contaminador do pecado e ser restaurado comunho com os seres santos, como tambm era impossvel quese tornasse participante da vida espiritual. O amor, o sofrimento e amorte do Filho de Deus do testemunho da terrvel enormidade dopecado e declaram no haver escape do seu poder nem esperana deuma vida melhor, a no ser atravs da entrega do corao a Cristo.

    O pecador impenitente s vezes tenta justificar-se dizendo arespeito de professos cristos: Sou to bom quanto eles. Esses ano so mais bondosos nem mais corretos em seu modo de viverdo que eu. Eles gostam dos prazeres e so to condescendentesquanto eu. Dessa maneira, o pecador faz das falhas dos outros umadesculpa para negligenciar seu dever. Mas os pecados e as falhas[29]dos outros no servem como desculpa para pessoa alguma, pois oSenhor no nos deu um modelo humano imperfeito. O imaculadoFilho de Deus foi dado como exemplo, e os que se queixam de mauprocedimento dos professos cristos so os mesmos que deveriammostrar uma vida melhor e exemplos mais nobres. Se eles tm umaideia to clara sobre o que significa ser um cristo, no seria aindamaior seu pecado? Eles sabem o que certo, mas no querem prem prtica.

    Cuidado com os adiamentos! No deixe para depois a decisode abandonar seus pecados e buscar a pureza de corao atravs deJesus. nesse ponto que milhares tm errado, e se perdero parasempre. No vou me demorar aqui sobre a brevidade e as incerte-

  • Mudana de rumo 21

    zas da vida. Mas h um perigo terrvel e no suficientementecompreendido em adiar o atender ao chamado do Esprito Santo,preferindo permanecer no pecado, pois isso que acontece quandoesse adiamento ocorre. O pecado, por menor que possa parecer,implica risco de perda da vida eterna. Aquilo que no vencermosacabar por nos vencer, e causar a nossa destruio.

    Ado e Eva se convenceram de que comer o fruto proibido eraalgo to insignificante que no poderia causar as terrveis consequn-cias declaradas por Deus. Mas essa desobedincia desconsideradaera a transgresso da imutvel e santa lei de Deus, e resultou emseparar o homem de Deus, permitindo a entrada da morte e trazendosobre o mundo todo tipo de sofrimento. Sculo aps sculo, tem-seouvido um contnuo lamento sobre a Terra, e toda a criao geme eagoniza de dor por causa da desobedincia do ser humano. O prprioCu sentiu os efeitos da rebelio contra Deus. O Calvrio tornou-se um monumento do enorme sacrifcio necessrio para expiar atransgresso da lei divina. No consideremos o pecado uma coisabanal.

    Cada ato de transgresso, cada negligncia ou rejeio da graade Cristo cai sobre voc mesmo, endurecendo o corao, tornando a [30]vontade depravada, entorpecendo o entendimento e deixando-o cadavez menos sensvel ao chamado do Esprito Santo de Deus.

    Muitos esto calando uma conscincia perturbada com o pen-samento de que podem mudar sua maneira errada de ser quandoquiserem. Pensam que podem brincar com o convite de misericrdiae continuar sendo impressionados por repetidas vezes e que, depoisde terem desprezado o Esprito da graa, depois de terem se colo-cado ao lado de Satans, ainda podero mudar seu modo de agirem algum momento de terrvel aflio. Mas no assim to fcil.A experincia, a educao de toda uma vida molda o carter de talmaneira que poucos desejam receber a imagem de Jesus em suamente.

    At mesmo um mau trao de carter, um desejo pecaminoso cul-tivado, poder neutralizar o poder do evangelho. Qualquer tolernciacom o pecado fortalecer a inimizade da pessoa contra Deus. Aqueleque persistir na infidelidade ou permanecer indiferente verdadedivina colher o que plantou. Em toda a Bblia no h um alertamais assustador contra a leviandade em relao ao pecado do que

  • 22 Caminho a Cristo

    as palavras de Salomo quanto ao perverso: As suas iniquidades oprendero, e com as cordas do seu pecado ser detido. Provrbios5:22.

    Cristo est pronto para nos libertar do pecado, mas Ele no fazisso contra a nossa vontade. Se, por causa da transgresso persistente,a prpria vontade ficar inteiramente inclinada para o mal e passarmosa no ter mais o desejo de ficar livres, se a vontade no aceitar Suagraa, o que mais Ele poder fazer? Destrumos a ns mesmos pelainsistente rejeio ao Seu amor. Eis, agora, o tempo sobremodooportuno, eis, agora, o dia da salvao. 2 Corntios 6:2. Hoje, seouvirdes a Sua voz, no endureais o vosso corao. Hebreus 3:7,8.

    O homem v o exterior, porm o Senhor, o corao o cora-o humano, com suas emoes de alegria e tristeza sempre confli-[31]tantes; o corao volvel e sem rumo, onde reside tanta impureza etantos enganos. 1 Samuel 16:7. Ele conhece suas razes, intenes epropsitos. V at Ele com seu corao manchado, do jeito que seencontra agora. Como o salmista, abra os compartimentos do cora-o para o olho que tudo v, e diga: Sonda-me, Deus, e conheceo meu corao, prova-me e conhece os meus pensamentos; v seh em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.Salmos 139:23, 24.

    Muitos adotam uma religio intelectual, com aparncia de pie-dade, mas seu corao no est purificado. Seja esta a nossa orao:Cria em mim, Deus, um corao puro e renova dentro de mim umesprito inabalvel. Salmos 51:10. Trate a si mesmo com sinceri-dade. Seja to sincero e to persistente quanto voc seria se sua vidaestivesse em perigo. Essa uma questo com implicaes eternasque s ser resolvida entre Deus e voc. Uma frgil esperana podearruinar a sua vida.

    Estude a Palavra de Deus com orao. Ao mostrar a lei de Deuse a vida de Cristo, essa palavra apresenta os grandes princpios dasantidade sem os quais ningum ver o Senhor. Hebreus 12:14.Ela convence do pecado e revela com clareza o caminho da salvao.Escute-a como sendo a voz de Deus falando ao seu corao.

    Ao ver a enormidade do pecado, ao ver-se como voc realmente, no fique desesperado. Foi para salvar os pecadores que Cristoveio. No temos que reconciliar Deus conosco, mas que amor

  • Mudana de rumo 23

    maravilhoso! Deus, em Cristo, est reconciliando consigo omundo. 2 Corntios 5:19. Atravs do Seu terno amor, Ele est pro-curando conquistar o corao dos Seus filhos extraviados. Nenhumpai deste mundo to paciente com as falhas e os erros dos seusfilhos como Deus com aqueles a quem Ele quer salvar. Ninguminsiste to amorosamente com o transgressor. Lbios humanos ja-mais pronunciaram palavras to carinhosas com o extraviado comoEle pronunciou. Todas as Suas promessas e admoestaes so mani- [32]festaes de um amor indescritvel.

    Quando Satans diz que voc um grande pecador, olhe para oRedentor e fale de Seus mritos. Reconhea o seu pecado, mas digapara o inimigo que Jesus veio ao mundo para salvar os pecadorese que voc pode ser salvo por Seu incomparvel amor. 1 Timteo1:15. Jesus fez uma pergunta sobre dois devedores para Simo.Um deles devia uma pequena quantia de dinheiro ao seu senhor;o outro, uma soma elevada. O senhor perdoou a dvida dos dois,e Cristo perguntou a Simo qual dos dois devedores amou maiso seu senhor. Simo respondeu: Aquele a quem mais perdoou.Lucas 7:43. Somos grandes pecadores, mas Cristo morreu paraque pudssemos ser perdoados. Os mritos do Seu sacrifcio sosuficientes para que Ele Se apresente diante do Pai em nosso lugar.Aqueles a quem Ele mais perdoou O amaro mais e ficaro maisprximo do Seu trono para louv-Lo por Seu grande amor e infinitosacrifcio. S ento poderemos compreender totalmente o amor deDeus e a iniquidade do pecado. Quando virmos o comprimentoda corda que foi lanada at ns, quando compreendermos algodo infinito sacrifcio que Cristo fez em nosso lugar, o corao seencher de ternura e contrio. [33]

  • Captulo 4 Abra o corao a Deus

    O que encobre as suas transgresses jamais prosperar; mas oque as confessa e deixa alcanar misericrdia. Provrbios 28:13.

    As condies para obter a misericrdia de Deus so simples,justas e razoveis. O Senhor no requer que faamos algo difcil paraque tenhamos o perdo dos nossos pecados. No precisamos fazerlongas e cansativas peregrinaes, nem pagar dolorosas penitnciascom o objetivo de encomendar nossa alma ao Deus do Cu, ou para[34]expiar nossa transgresso; mas aquele que confessar e deixar seupecado alcanar misericrdia.

    Diz o apstolo: Confessai, pois, os vossos pecados uns aosoutros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Tiago 5:16.Confesse seus pecados a Deus, o nico que pode perdo-los, e asfaltas uns aos outros. Se voc ofendeu um amigo ou vizinho, devereconhecer seu erro, e ele tem o dever de perdoar-lhe. Voc dever,ento, buscar o perdo de Deus, pois a pessoa ofendida propriedadede Deus e, ao mago-la, voc pecou contra o Criador e Redentor. Ocaso levado ao nico verdadeiro Mediador, nosso grande SumoSacerdote, que foi tentado em todas as coisas, nossa semelhana,mas sem pecado e quem pode compadecer-Se das nossas fra-quezas, o qual tem condies de purificar-nos de toda mancha deiniquidade. Hebreus 4:15.

    Os que no se humilharam diante de Deus, reconhecendo suaculpa, ainda no cumpriram a primeira condio para que sejamaceitos. Se ainda no experimentamos o arrependimento completoe definitivo e no confessamos nosso pecado com verdadeira hu-mildade e esprito quebrantado, aborrecendo nossa iniquidade, noestamos buscando o perdo dos nossos pecados com sinceridade. E,procedendo assim, jamais encontraremos a paz de Deus. A nicarazo para no termos nossos pecados perdoados no estarmosdispostos a humilhar o corao e a aceitar as condies da Palavrada verdade. As instrues a respeito desta questo so bem claras:A confisso do pecado, seja ele pblico ou oculto, deve ser feita de

    24

  • Abra o corao a Deus 25

    maneira franca e sincera. O pecador no deve ser forado a confessar.Tambm no deve ser feita de maneira displicente e descuidada, nemexigida daqueles que no reconhecem o terrvel carter do pecado. Aconfisso que o desafogar do corao a que chega at o Deus dainfinita misericrdia. Diz o salmista: Perto est o Senhor dos quetm o corao quebrantado e salva os de esprito oprimido. Salmos34:18. [35]

    A confisso verdadeira sempre tem um carter especfico e re-conhece cada pecado em particular. Esses pecados podem ser dotipo que devem ser levados unicamente a Deus; podem ser errosque precisam ser confessados queles que sofreram a ofensa; oupodem ter um carter pblico, devendo, ento, ser confessados empblico. Mas toda confisso deve ser objetiva e direta, reconhecendoos pecados dos quais somos culpados.

    Nos dias de Samuel, os israelitas se afastaram de Deus. Elessofreram as consequncias do pecado, pois perderam a f em Deus,a capacidade de discernir o Seu poder e sabedoria para governara nao, a confiana na Sua habilidade de defender e vindicar Suacausa. Eles voltaram as costas para o grande Rei do Universo equiseram ser governados como as demais naes. Antes de encontrara paz, fizeram a seguinte confisso: A todos os nossos pecadosacrescentamos o mal de pedir para ns um rei. 1 Samuel 12:19. Opecado do qual haviam sido convencidos teve que ser confessado. Aingratido lhes oprimia o corao e os separava de Deus.

    A confisso no aceitvel a Deus sem sincero arrependimentoe reforma. preciso que haja mudanas decisivas na vida; tudo oque for ofensivo a Deus deve ser afastado. Isso ser o resultado deuma genuna tristeza pelo pecado. A obra que devemos realizar estclaramente diante de ns: Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldadede vossos atos de diante dos Meus olhos; cessai de fazer o mal.Aprendei a fazer o bem; atendei justia, repreendei ao opressor; [36]defendei o direito do rfo, pleiteai a causa das vivas. Isaas1:16, 17. [Se] restituir o perverso o penhor, e pagar o furtado, eandar nos estatutos da vida, e no praticar a iniquidade, certamente,viver; no morrer. Ezequiel 33:15. Paulo diz, ao falar da obra doarrependimento: Porque quanto cuidado no produziu isto mesmoem vs que, segundo Deus, fostes contristados! Que defesa, queindignao, que temor, que saudades, que zelo, que vindita [desejo

  • 26 Caminho a Cristo

    de ver a justia feita]! Em tudo destes prova de estardes inocentesneste assunto. 2 Corntios 7:11.

    Quando o pecado amortece as percepes morais, o transgressorno discerne os defeitos do seu carter, nem percebe a enormidadedo mal cometido. A menos que aceite o poder persuasivo do Es-prito Santo, ele permanece parcialmente cego em relao ao seupecado. Suas confisses no so sinceras nem verdadeiras. A cadaculpa reconhecida, acrescenta um pedido de desculpas pelo que fez,declarando que, no fosse pelas circunstncias, no teria praticadoesse ou aquele ato pelo qual est sendo reprovado.

    Depois que Ado e Eva comeram o fruto proibido, ficaram en-vergonhados e aterrorizados. Seu primeiro pensamento foi sobrecomo desculpar seu pecado para poder escapar da temida sentenade morte. Quando o Senhor perguntou sobre o pecado, Ado colocoua culpa parcialmente em Deus e parcialmente em sua companheira:A mulher que me deste por esposa, ela me deu da rvore, e eucomi. A mulher colocou a culpa na serpente, dizendo: A serpenteme enganou, e eu comi. Gnesis 3:12, 13. Por que o Senhor feza serpente? Por que permitiu que ela entrasse no Jardim do den?Eram perguntas que apresentavam desculpas para o seu pecado,colocando em Deus a responsabilidade pela queda deles. O espritode autojustificao surgiu com o pai da mentira e tem sido exibidopor todos os filhos e filhas de Ado. Confisses dessa espcie noso inspiradas pelo Esprito divino e no sero aceitas por Deus. O[37]verdadeiro arrependimento leva as pessoas a assumir sua culpa ereconhec-la sem justificativas nem hipocrisia. Como o pobre publi-cano, que sequer erguia o olhar para o Cu, elas clamaro: Deus,s propcio a mim, pecador. Os que reconhecerem sua culpa serojustificados, pois Jesus apresenta Seu sangue em favor da pessoaarrependida.

    Os exemplos de arrependimento genuno encontrados na Palavrade Deus revelam um esprito de confisso no qual no h desculpapara o pecado nem tentativas de autojustificao. Paulo no ficou nadefensiva; ele pintava seu pecado com as cores mais escuras, semtentar minimizar sua culpa. Ele disse: Encerrei muitos dos santosnas prises; e contra esses dava o meu voto, quando os matavam.Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os ata blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por

  • Abra o corao a Deus 27

    cidades estranhas os perseguia. Atos 26:10, 11. Ele no hesitou emdeclarar que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores,dos quais eu sou o principal. 1 Timteo 1:15.

    O corao quebrantado e humilde, subjugado pelo arrependi-mento genuno, demonstra apreciao pelo amor de Deus e pelopreo pago no Calvrio; e, como um filho confessa suas faltas a umpai amoroso, assim o pecador verdadeiramente arrependido traz seuspecados diante de Deus. Como est escrito: Se confessarmos osnossos pecados, Ele fiel e justo para nos perdoar os pecados e nospurificar de toda injustia. 1 Joo 1:9. [38]

  • Captulo 5 O desejo de ser bom

    A promessa de Deus : Buscar-Me-eis e Me achareis quandoMe buscardes de todo o vosso corao. Jeremias 29:13.

    O corao deve ser entregue a Deus, ou jamais ser operada emns a mudana para restaurar-nos Sua semelhana. Estamos, pornatureza, alienados de Deus. O Esprito Santo descreve nossa condi-o em palavras como estas: Mortos nos vossos delitos (Efsios2:1); toda a cabea est doente, e todo o corao, enfermo noh nele coisa s. Isaas 1:5, 6.[39]

    Estamos retidos nos laos de Satans, tendo sido feitos cativospor ele para [cumprirmos] a sua vontade. 2 Timteo 2:26. Deusdeseja nos curar e nos libertar. Como isso requer completa transfor-mao e uma renovao da nossa natureza, devemos nos entregarinteiramente a Ele.

    A luta contra o eu a maior de todas as batalhas. A renncia doeu, a sujeio de tudo vontade de Deus, requer uma luta; mas apessoa deve se submeter a Deus antes de ser renovada em santidade.

    Ao contrrio do que Satans quer que pensemos, o governo deDeus no baseado na submisso cega, no domnio sem razo. Eleapela para o intelecto e para a conscincia. Vinde, pois, e arrazoe-mos (Isaas 1:18) o convite que Ele faz para os seres que criou.Deus no fora a vontade de Suas criaturas. Ele no pode aceitar umahomenagem que no seja uma oferta voluntria e inteligente. Umasubmisso meramente forada no permitiria o desenvolvimento damente e do carter; transformaria o homem em mquina. No esseo propsito do Criador. Ele deseja que o homem, a obra-prima doSeu poder criador, alcance o mais elevado desenvolvimento. Diantede ns esto as maiores bnos que, atravs de Sua graa, Ele quernos outorgar. Ele nos convida a entregar-nos a Ele a fim de que possacumprir em ns Sua vontade. Resta-nos escolher se queremos ficarlivres da escravido do pecado para partilhar da gloriosa liberdadedos filhos de Deus.

    28

  • O desejo de ser bom 29

    Entregando-nos a Deus, temos necessariamente que renunciar atudo que nos separa dEle. Por isso, Ele diz: Todo aquele que dentrevs no renuncia a tudo quanto tem no pode ser Meu discpulo.Lucas 14:33. Tudo que afasta nosso corao de Deus deve ser aban-donado. O dinheiro o dolo de muitos. O amor ao dinheiro e odesejo de possuir riquezas so a corrente de ouro que os prende aSatans. H outros que idolatram a fama e a honra humana. A vidade comodidade egosta e sem responsabilidades tambm funcionacomo um dolo para outras pessoas. Mas essas amarras que escra- [40]vizam devem ser cortadas. No podemos ser metade do Senhor emetade do mundo. No somos filhos de Deus a menos que o sejamoscompleta e inteiramente.

    Existem aqueles que dizem servir a Deus, embora se apoiemnos prprios esforos para obedecer Sua lei, formar um carterperfeito e conseguir a salvao. Sem uma intuio profunda do amorde Deus para mover esses coraes, buscam cumprir os deveres davida crist como se isso fosse uma exigncia de Deus para alcanaro Cu. Uma religio assim no tem valor. Quando Cristo habitano corao, a pessoa se sente to repleta de Seu amor e da alegriada comunho com Ele que se torna cada vez mais apegada a Ele.Ao contempl-Lo, o prprio eu esquecido. O amor a Cristo a motivao certa para a ao. Os que sentem o amor de Deusno perguntam qual o mnimo que podem fazer para cumprir osrequerimentos de Deus; no perguntam qual a norma mais baixa,mas o seu desejo andar em total harmonia com a vontade doRedentor. Com sinceridade, renunciam a tudo e manifestam uminteresse proporcional ao valor do objeto que buscam. Dizer sercristo sem sentir esse amor profundo falar de maneira vazia,formal e extremamente penosa.

    Voc julga ser um sacrifcio muito grande renunciar a tudo porCristo? Faa a si mesmo esta pergunta: O que Cristo deu por mim?O Filho de Deus deu tudo vida, amor e sofrimento para nossaredeno. Ser possvel que ns, os indignos objetos de to grandeamor, no queiramos entregar-Lhe inteiramente o corao? Durantetoda a nossa vida temos sido participantes das bnos da Sua graae, por essa razo, no conseguimos perceber plenamente a extensoda ignorncia e misria de onde fomos salvos. Seremos capazesde olhar para Aquele a quem nossos pecados perfuraram e ainda

  • 30 Caminho a Cristo

    menosprezar todo Seu amor e sacrifcio? Contemplando a infinitahumilhao do Senhor da glria, iremos ainda reclamar por no[41]poder ganhar a vida eterna, seno custa de conflitos e humilhaoprpria?

    Diante da pergunta de muitas pessoas cheias de orgulho: Porque preciso me arrepender e me humilhar, antes de ter a certeza deque sou aceito por Deus?, eu aponto para Cristo. Ele era sem pecadoe, mais que isso, era o Prncipe do Cu; mas, em favor do ser humano,fez-Se pecado em seu lugar. Foi contado com os transgressores;contudo, levou sobre Si o pecado de muitos e pelos transgressoresintercedeu. Isaas 53:12.

    Mas o que mesmo estamos renunciando, quando renunciamosa tudo? Estamos nos livrando de um corao contaminado pelopecado, entregando-o para que Jesus o purifique, lavando-o com Seusangue, e o salve pelo Seu amor incomparvel. Apesar disso, algunsainda acham difcil renunciar a tudo! Envergonho-me de ouvir falarisso, e de escrev-lo.

    Deus no pede que renunciemos a coisa alguma que traga be-nefcios para ns. Em tudo o que faz, Ele tem em vista o bem-estardos Seus filhos. Quisera eu que todos os que no aceitaram a Cristopudessem perceber que Ele tem coisas incomparavelmente melho-res para oferecer do que aquilo que esto por si mesmos buscando.O ser humano provoca os maiores males e a maior injustia paraconsigo mesmo quando pensa e age contrariamente vontade deDeus. Nenhuma felicidade verdadeira existe no caminho proibidopor Aquele que sabe o que melhor e quer o bem das Suas criaturas.O caminho da transgresso s leva misria e destruio.[42]

    um erro pensar que Deus tem prazer no sofrimento dos Seusfilhos. Todo o Cu est interessado na felicidade do ser humano.Nosso Pai celestial no impede que qualquer de Suas criaturas expe-rimente momentos de alegria. O que Deus pede que sejam evitadasas concesses que podem trazer sofrimento e decepes, e podemfechar a porta da felicidade e do Cu. O Redentor do mundo aceitaas pessoas como so, com todas as suas necessidades, imperfeiese fraquezas. Ele no s purifica do pecado e concede redeno peloSeu sangue, como tambm satisfaz aos anseios do corao daquelesque consentem em carregar o Seu fardo e tomar o Seu jugo. Seupropsito dar paz e descanso a todos os que vo a Ele em busca

  • O desejo de ser bom 31

    do po da vida. Ele requer apenas que cumpramos os deveres quenos guiaro s alturas da bem-aventurana, s quais os desobedien-tes jamais podero alcanar. A verdadeira felicidade ter Cristo, aesperana de glria, no corao.

    Muitos perguntam: Como devo fazer a entrega do prprio eu aDeus? Voc deseja entregar-se a Ele, mas no tem fora moral, escravo da dvida e controlado pelos hbitos da sua vida de pecado.Suas promessas e resolues so como palavras escritas na areia.Voc no consegue controlar os pensamentos, impulsos e afeies.O conhecimento das suas promessas no cumpridas e dos votosviolados enfraquece sua confiana na prpria sinceridade, fazendoque voc pense que Deus no pode aceit-lo. Mas voc no precisase desesperar. S precisa compreender a verdadeira fora da vontade.Este o poder que governa a natureza do homem: o poder de decidir,escolher. Tudo depende da ao correta da vontade. O poder deescolha que Deus deu ao ser humano deve ser exercitado. Voc nopode mudar o prprio corao, nem, por si mesmo, entregar suasafeies para Deus; mas pode escolher servir a Deus. Voc podedar-Lhe sua vontade. Ele ento operar em voc o querer e o fazer,segundo Sua graa. Desse modo, toda sua natureza estar sob ocontrole do Esprito de Cristo; suas afeies ficaro centralizadas [43]nEle, e seus pensamentos estaro em harmonia com Ele.

    correto desejar ser bom e viver uma vida santificada. Masnada disso tem valor se ficar apenas no desejo. Muitos se perderoenquanto esperam e desejam ser cristos. Eles no chegam ao pontode entregar sua vontade a Deus. No escolhem agora ser cristos.

    Atravs do correto exerccio da vontade, uma transformaocompleta pode ocorrer em sua vida. Entregando a vontade a Cristo,voc se une com o poder que est acima de todos os outros. Obterfora do alto para permanecer firme e, pela constante entrega a Deus,ser capacitado para viver a nova vida, a vida da f. [44]

  • Captulo 6 A conquista da paz

    medida que sua conscincia despertada pelo Esprito Santo,voc pode compreender um pouco da malignidade do pecado, seupoder, sua culpa, sua misria, e ento passa a aborrec-lo. Voc senteque o pecado separou voc de Deus, e que est cativo do poder domal. Quanto mais luta para escapar, mais percebe sua incapacidadede vencer. Seus motivos so impuros; seu corao, tambm. Vocv que sua vida est repleta de egosmo e pecado. Voc quer ser[45]perdoado, purificado, libertado. Como, ento, obter harmonia comDeus e semelhana com Ele?

    Paz o que voc precisa o perdo, a paz e o amor do Cuno corao. O dinheiro no pode compr-la, a inteligncia e a sabe-doria no conseguem alcan-la. Pelos prprios esforos, voc nopode esperar obt-la. Mas Deus a oferece como um presente, semdinheiro e sem preo. Isaas 55:1. sua a deciso de estender amo e receb-la. O Senhor diz: Ainda que os vossos pecados sejamcomo a escarlata, eles se tornaro brancos como a neve; ainda quesejam vermelhos como o carmesim, se tornaro como a l. Isaas1:18. Dar-vos-ei corao novo e porei dentro de vs esprito novo.Ezequiel 36:26.

    Voc confessou seus pecados e, de corao, afastou-se deles.Resolveu entregar-se a Deus. Agora, v a Ele e pea-Lhe que laveseus pecados e lhe d um corao novo. Creia, ento, que Ele assimo far, porque assim o prometeu. Esta a lio que Jesus Cristoensinou quando esteve na Terra: que devemos crer que receberemosa ddiva que Deus nos prometeu, e que ela nossa. Jesus curou aspessoas das suas enfermidades quando elas manifestaram f em Seupoder. Ele as ajudava naquilo que no podiam enxergar, inspirando-as a nEle confiar quanto s coisas que no podiam ver levando-as acrer no Seu poder de perdoar os pecados. Foi o que disse claramenteao curar o paraltico: Para que saibais que o Filho do homem temsobre a Terra autoridade para perdoar pecados disse, ento, aoparaltico: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa. Mateus

    32

  • A conquista da paz 33

    9:6. Joo, o evangelista, diz o mesmo ao falar sobre os milagres deCristo: Estes, porm, foram registrados para que creiais que Jesus o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seunome. Joo 20:31.

    Com a simples narrativa sobre como Jesus curou os enfermospodemos aprender a crer que Ele pode perdoar os pecados. Voltemos histria do paraltico do tanque de Betesda. [46]

    O pobre sofredor encontrava-se desamparado; por 38 anos, nohavia usado os seus membros. Jesus ordenou-lhe: Levanta-te, tomao teu leito, e vai para tua casa. Aquele paraltico poderia ter dito:Senhor, se quiseres me curar, obedecerei Tua palavra. Mas nofoi assim; ele creu na palavra de Deus, creu que havia sido curado eimediatamente levantou-se; decidiu que andaria, e andou. Ele agiude acordo com a palavra de Cristo, e Deus lhe concedeu a fora.Estava curado.

    Da mesma forma, voc um pecador. No pode expiar seuspecados do passado, nem mudar o seu corao e se tornar um santo.Mas Deus promete fazer tudo isso por voc, atravs de Cristo. Voccr nessa promessa. Em seguida, confessa seus pecados e entrega-se a Deus. Voc deseja servi-Lo. Ao fazer isso, Deus certamentecumprir Sua palavra. Se voc cr na promessa cr que estperdoado e purificado Deus supre o fato. Voc curado da mesmamaneira como Cristo deu a fora para o paraltico andar, quando elecreu que estava curado. Assim , se voc cr.

    No espere sentir que voc est curado, mas diga: Eu creio, eassim , no porque eu o sinta, mas porque Deus prometeu.

    Jesus diz: Tudo quanto em orao pedirdes, crede que recebes-tes, e ser assim convosco. Marcos 11:24. H uma condio parao cumprimento dessa promessa que oremos de acordo com avontade de Deus. E a vontade de Deus nos purificar do pecado,tornar-nos Seus filhos e capacitar-nos para viver uma vida de santi- [47]dade. Podemos, ento, pedir essas bnos, crer que as recebemose agradecer por t-las recebido. nosso privilgio ir a Jesus, serpurificados e apresentar-nos diante da lei sem qualquer vergonha ouremorso. Agora, pois, j nenhuma condenao h para os que estoem Cristo Jesus. Romanos 8:1.

    Daqui por diante, voc j no pertence a si mesmo; voc foicomprado por um preo. No foi mediante coisas corruptveis,

  • 34 Caminho a Cristo

    como prata ou ouro, [...] mas pelo precioso sangue, como de cordeirosem defeito e sem mcula, o sangue de Cristo. 1 Pedro 1:18, 19.Por meio desse ato simples de crer em Deus, o Esprito Santo gerouuma nova vida em seu corao. Agora voc uma criana nascidana famlia de Deus, e Ele ama voc como ama o Seu Filho.

    Agora que voc se entregou a Jesus, no volte atrs, nem seafaste dEle, mas repita diariamente: Sou de Jesus Cristo; a Eleme entreguei. Pea-Lhe que conceda a voc Seu Esprito e que osustente com Sua graa. Da mesma maneira que se tornou um filhode Deus quando creu nEle e a Ele se entregou, assim tambm vocdeve viver nEle. Diz o apstolo: Como recebestes Cristo Jesus, oSenhor, assim andai nEle. Colossenses 2:6.

    Alguns parecem pensar que precisam passar por uma prova, eassim demonstrar ao Senhor que esto transformados, antes de poderpedir Sua bno. Mas eles podem pedir essa bno agora mesmo.Eles precisam de Sua graa, o Esprito de Cristo, para ajud-los emsuas fraquezas, ou no podero resistir ao mal. Jesus deseja quenos cheguemos a Ele como estamos, pecaminosos, desamparados edependentes. Devemos ir com todas nossas fraquezas, leviandadese pecaminosidade, e, arrependidos, lanar-nos a Seus ps. Ele Sealegra ao envolver-nos em Seus braos de amor, curar nossas feridase purificar-nos de toda impureza.

    nesse ponto que milhares fracassam; no creem que Jesus lhesperdoa pessoalmente e de forma individual. No pem prova oque Deus diz. privilgio de todos os que aceitam as condies[48]verificar, por si mesmos, que o perdo oferecido amplamente paracada pecado. Afaste qualquer suspeita de que as promessas de Deusno so para voc. Elas so direcionadas a cada transgressor que searrepende. Fora e graa foram dadas por meio de Cristo para seremlevadas por anjos ministradores a todo aquele que cr. Ningum to pecador que no possa encontrar fora, pureza e justia em Jesus,que por todos morreu. Ele anela livrar os pecadores de suas vestesmanchadas e poludas pelo pecado, e vestir neles as vestes brancasda justia. Ele insiste para que vivam, e no morram.

    Deus no trata conosco como os seres humanos tratam uns aosoutros. Seus pensamentos so de misericrdia, amor e terna com-paixo. Ele diz: Deixe o perverso o seu caminho, o inquo, os seuspensamentos; converta-se ao Senhor, que Se compadecer dele, e

  • A conquista da paz 35

    volte-se para o nosso Deus, porque rico em perdoar. Desfao astuas transgresses como a nvoa e os teus pecados, como a nuvem.Isaas 55:7; 44:22. No tenho prazer na morte de ningum, diz oSenhor Deus. Portanto, convertei-vos e vivei. Ezequiel 18:32.

    Satans est pronto para nos roubar as benditas promessas deDeus. Ele quer arrebatar do corao cada lampejo de esperana etodo raio de luz; mas voc no deve permitir que ele faa isso. Nod ouvidos ao tentador, mas diga: Jesus morreu para que eu pudesseviver. Ele me ama e no quer que eu perea. Tenho um Pai celestialcompassivo; embora eu tenha abusado do Seu amor e negligenciadoas bnos que me deu, vou levantar-me para ir ao Pai e dizer-Lhe:Pequei contra o Cu e diante de Ti; j no sou digno de ser chamadoTeu filho; trata-me como um dos Teus servos. A parbola nosmostra como ser recebido aquele que se perdeu: Vinha ele aindalonge, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, oabraou, e beijou. Lucas 15:18-20.

    Mesmo essa parbola, por mais terna e comovedora que possaser, no consegue expressar a infinita compaixo do Pai celestial.O Senhor declara atravs do Seu profeta: Com amor eterno Eu teamei; por isso, com benignidade te atra. Jeremias 31:3. [49]

    Enquanto o pecador ainda est distante da casa do Pai, esban-jando seus bens em uma terra estranha, o corao do Pai o quer devolta; e cada desejo de retornar para Deus, despertado no corao,no outra coisa seno a terna voz do Seu Esprito, suplicando,insistindo, atraindo o transviado para o corao cheio de amor doPai.

    Mesmo tendo perante voc as ricas promessas da Bblia, ainda capaz de duvidar? Ou voc imagina que, quando um pobre pecadordeseja voltar e abandonar seus pecados, o Senhor, com severidade,o impede de prostrar-se, arrependido, aos Seus ps? Longe de nspensarmos assim! Nada pode nos prejudicar mais do que ter umconceito assim do nosso Pai celestial. Ele odeia o pecado, mas amao pecador. Ele entregou-Se, na pessoa de Cristo, para que todospudessem ser salvos e desfrutar as bem-aventuranas eternas noreino de glria. Que outra linguagem mais forte e mais carinhosapoderia ser empregada em lugar da que Ele escolheu para expressar oSeu amor por ns? Ele declara: Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que no se compadea do filho

  • 36 Caminho a Cristo

    do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, Eu,todavia, no Me esquecerei de ti. Isaas 49:15.

    Olhe para cima, voc que est em dvida e com medo; pois Jesusvive para fazer intercesso por ns. D graas a Deus pelo dom doSeu Filho amado e ore para que Ele no tenha morrido em vo.O Esprito est convidando voc hoje: Venha para Jesus de todo ocorao, e poder pedir as Suas bnos.

    Ao ler as promessas, lembre-se de que elas so uma expressode amor e misericrdia indescritveis. O grande corao do AmorInfinito volta-se para o pecador com ilimitada compaixo. Em JesusCristo, temos a redeno, pelo Seu sangue, a remisso dos pecados,segundo a riqueza da Sua graa. Efsios 1:7. Sim, apenas creia queDeus o seu auxiliador. Ele quer restaurar Sua imagem moral no serhumano. medida que voc aproximar-se de Deus com arrependi-mento e confisso, Ele Se aproximar de voc com misericrdia eperdo.[50]

  • Captulo 7 O teste da obedincia

    Se algum est em Cristo, nova criatura; as coisas antigas jpassaram; eis que se fizeram novas. 2 Corntios 5:17. Uma pessoapode no ser capaz de dizer o momento e o lugar exatos, nem des-crever todas as circunstncias do processo de converso; mas issono prova que ela no seja convertida. Cristo disse para Nicodemos:O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas no sabes de ondevem, nem para onde vai; assim todo o que nascido do Esprito.Joo 3:8. Como o vento, que invisvel, embora seus efeitos sejam [51]claramente vistos e sentidos, assim tambm o Esprito de Deusem Sua obra no corao humano. Esse poder regenerador, o qualnenhum olho humano pode ver, gera uma nova vida e cria um novoser imagem de Deus. Embora a obra do Esprito seja silenciosa eimperceptvel, seus efeitos podem ser vistos. Se o corao foi reno-vado pelo Esprito de Deus, a vida dar testemunho disso. Apesarde nada podermos fazer para mudar o corao e entrar em harmoniacom Deus, mesmo que no devamos em absoluto confiar em nsmesmos, nem em nossas boas aes, a vida vai revelar se a graa deDeus habita em ns. Uma mudana ser notada no carter, hbitos epropsitos. Ser claro e decisivo o contraste entre o que eram antese o que so agora. O carter revelado no por boas obras nem porerros ocasionais, mas pela tendncia que palavras e atos costumeirosrevelam.

    verdade que pode haver uma aparncia de retido, mesmosem o poder renovador de Cristo. O desejo de ter influncia e deser estimado pelos outros pode levar a uma vida bem ordenada.O respeito prprio pode nos fazer evitar a aparncia do mal. Umcorao egosta pode promover atos generosos. De que maneira,ento, vamos demonstrar de que lado estamos?

    Quem domina nosso corao? Em quem esto nossos pensamen-tos? Acerca de quem gostamos de conversar? Quem o alvo danossa calorosa afeio e do melhor da nossa energia? Se somos deCristo, sempre estaremos pensando nEle; nossos mais doces pen-

    37

  • 38 Caminho a Cristo

    samentos nEle se concentraro. Tudo o que temos e somos serconsagrado a Ele. Teremos o desejo de refletir Sua imagem, possuirSeu Esprito, fazer Sua vontade e agrad-Lo em todas as coisas.

    Aqueles que se tornarem novas criaturas em Jesus Cristo pro-duziro os frutos do Esprito: amor, alegria, paz, longanimidade,benignidade, bondade, fidelidade, mansido, domnio prprio. G-latas 5:22, 23. No mais se comportaro de acordo com as antigas[52]paixes, mas, pela f no Filho de Deus, seguiro os Seus passos,refletiro o Seu carter e se tornaro puros assim como Ele puro.As coisas que antes detestavam, agora amam; as coisas que antesamavam, agora aborrecem. O orgulhoso e arrogante torna-se mansoe dcil. O vaidoso e altivo torna-se humilde e modesto. O alcolatradeixa a bebida; o viciado torna-se puro. As modas e os costumesmundanos so postos de lado. O cristo no buscar o adorno ex-terior, mas o homem interior do corao, unido ao incorruptveltrajo de um esprito manso e tranquilo. 1 Pedro 3:3, 4.

    No haver evidncias de genuno arrependimento a menos queele promova uma reforma. Se confirmar o que foi prometido, devol-ver o que foi roubado, confessar seus pecados e amar a Deus e aoprximo, o pecador pode estar certo de que passou da morte para avida.

    Quando vamos a Cristo, mesmo sendo seres pecadores e cheiosde erros, tornamo-nos participantes da Sua graa perdoadora, e oamor brota em nosso corao. Os fardos tornam-se leves, pois o jugoque Cristo impe suave. O dever torna-se um deleite, e o sacrifcio,um prazer. O caminho que antes parecia coberto de trevas torna-seiluminado pelo Sol da Justia.

    O amoroso carter de Cristo ser visto em Seus seguidores.Ele Se deleitava em fazer a vontade de Deus. O amor a Deus, overdadeiro zelo por Sua glria, era o poder controlador da vida donosso Salvador. O amor embelezava e enobrecia Suas aes.[53]

    O amor faz parte da natureza divina. O corao no consagradono pode produzi-lo. O amor pode ser encontrado apenas no coraoonde Jesus reina. Ns amamos porque Ele nos amou primeiro. 1Joo 4:19. No corao renovado pela graa divina, o amor o quemotiva a ao. Ele modifica o carter, controla a paixo, supera ainimizade e torna mais nobres as afeies. Esse amor ameniza os

  • O teste da obedincia 39

    rigores da vida e exerce uma influncia das mais positivas sobretodos que estiverem por perto.

    H dois erros que os filhos de Deus em particular aquelesque h pouco passaram a confiar em Sua graa precisam espe-cialmente evitar. O primeiro, j mencionado, o de se reportar sprprias obras e confiar naquilo que podem realizar para ficar emharmonia com Deus. Aquele que procura tornar-se santo buscando,por meio das prprias obras, guardar a lei est tentando algo impos-svel. Tudo o que o ser humano possa fazer sem Cristo est poludopelo egosmo e o pecado. Somente a graa de Cristo, por meio daf, pode nos santificar.

    O erro oposto, e no menos perigoso, acreditar que Cristo isentaa pessoa de guardar a lei de Deus; que, considerando que somentepela f nos tornamos participantes da graa de Cristo, nossas obrasnada tm a ver com nossa redeno.

    Mas note que a obedincia no uma mera concordncia externae sim uma consequncia do amor. A lei de Deus uma expresso danatureza divina; uma personificao do grande princpio do amor e,por isso, o fundamento do Seu governo no Cu e na Terra. Se nossocorao for renovado semelhana de Deus, se o amor divino estivernele implantado, claro que viveremos em obedincia lei de Deus.Quando o princpio do amor domina o corao, quando o homem renovado segundo a imagem dAquele que o criou, a promessa donovo concerto cumprida: Porei no seu corao as Minhas leis esobre a sua mente as inscreverei. Hebreus 10:16. E se a lei estiverescrita no corao, claramente ela moldar a vida. A obedincia nosso servio e compromisso de amor o verdadeiro sinal do [54]discipulado. Diz a Escritura: Porque este o amor de Deus: queguardemos os Seus mandamentos. 1 Joo 5:3. Aquele que diz: EuO conheo e no guarda os Seus mandamentos mentiroso, e neleno est a verdade. 1 Joo 2:4. Em vez de dispensar as pessoas daobedincia, a f e somente a f que nos faz participantes dagraa de Cristo, capacitando-nos a obedecer.

    No ganhamos a salvao por nossa obedincia, pois a salvao um dom gratuito de Deus que recebemos pela f. Mas a obedincia o fruto da f. Sabeis que tambm Ele Se manifestou para tiraros pecados, e nEle no existe pecado. Todo aquele que permanecenEle no vive pecando; todo aquele que vive pecando no O viu,

  • 40 Caminho a Cristo

    nem O conheceu. 1 Joo 3:5, 6. Aqui est a verdadeira prova. Seestivermos em Cristo, se o amor de Deus habitar em ns, nossossentimentos, pensamentos, propsitos e aes estaro em harmoniacom a vontade de Deus expressa nos preceitos de Sua santa lei.Filhinhos, no vos deixeis enganar por ningum; aquele que praticaa justia justo, assim como Ele justo. 1 Joo 3:7. A justia estdefinida pelo padro da santa lei de Deus, como est expressa nosdez preceitos dados no Sinai.

    A suposta f em Cristo que leva a pessoa a se esquivar da obri-gao de obedecer a Deus no f, mas presuno. Pela graa soissalvos, mediante a f. Efsios 2:8. Entretanto, a f, se no tiverobras, por si s est morta. Tiago 2:17. Jesus Cristo disse acercade Si mesmo, antes de vir Terra: Agrada-Me fazer a Tua vontade, Deus Meu; dentro do Meu corao, est a Tua leiSalmos 40:8.E antes de subir ao Cu, Ele declarou: Tenho guardado os manda-mentos de Meu Pai e no Seu amor permaneo. Joo 15:10. Diz aEscritura: Sabemos que O temos conhecido por isto: se guardamosos Seus mandamentos. [...] Aquele que diz que permanece nEle, essedeve tambm andar assim como Ele andou. 1 Joo 2:3-6. Pois quetambm Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo paraseguirdes os Seus passos. 1 Pedro 2:21.[55]

    A condio para a vida eterna ainda a mesma que sempre foi:perfeita obedincia lei de Deus, perfeita justia, exatamente comoera no Paraso, antes da queda de nossos primeiros pais. Se a vidaeterna nos fosse concedida sob qualquer condio inferior a essa, afelicidade de todo o Universo estaria correndo perigo. Estaria abertoo caminho para que o pecado com toda a sua misria se perpetuasse.

    Antes da queda, Ado podia apresentar um carter justo, medi-ante a obedincia lei de Deus. Mas ele fracassou e, por causa doseu pecado, nossa natureza se acha decada e no podemos, por nsmesmos, alcanar a justia. Pelo fato de sermos pecadores, profa-nos, somos incapazes de obedecer perfeitamente santa lei. Nopossumos em ns mesmos a justia necessria para satisfazer asexigncias da lei de Deus. Mas Cristo providenciou uma soluo.Ele viveu na Terra em meio a provas e tentaes iguais s que temosde enfrentar. E viveu sem pecar. Morreu por ns, e agora Se oferecepara tirar-nos os pecados e dar-nos Sua justia. Ao entregar-se a Ele,aceitando-O como seu Salvador, voc, por causa dEle, ser conside-

  • O teste da obedincia 41

    rado justo, no importa quo pecaminosa possa ter sido a sua vida.O carter de Cristo substituir o seu carter, e voc ser aceito diantede Deus como se no houvesse pecado.

    Alm de tudo isso, Cristo transformar o seu corao; e ali, pelaf, Ele vai habitar. Por meio da f e de uma contnua submissode sua vontade a Ele, voc deve manter essa ligao com Cristo.Assim fazendo, Ele operar em voc o querer e o fazer, segundo a [56]Sua vontade. Voc poder dizer: Esse viver que, agora, tenho nacarne, vivo pela f no Filho de Deus, que me amou e a Si mesmoSe entregou por mim. Glatas 2:20. Assim disse Jesus aos Seusdiscpulos: No sois vs os que falais, mas o Esprito de vosso Pai quem fala em vs. Mateus 10:20. Assim, atravs de Cristo, vocmanifestar o mesmo esprito e as mesmas boas obras obras dejustia e obedincia.

    Portanto, nada temos pelo que nos vangloriar, nenhum motivopara exaltao prpria. Nossa nica razo para a esperana est najustia de Cristo que nos imputada, como resultado da obra doEsprito Santo, o qual atua em ns e por nosso intermdio.

    Quando falamos em f, devemos ter em mente que existe umadistino. Existe uma espcie de crena que totalmente diferenteda f. A existncia e o poder de Deus, a veracidade de Sua Palavra,so fatos que nem Satans e suas hostes podem sinceramente negar.A Bblia diz que os demnios creem e tremem. Tiago 2:19. Masisso no f. Onde existe no s a crena na Palavra de Deus,mas tambm uma submisso da vontade a Ele; onde o corao entregue e as afeies so nEle concentradas, a existe f umaf que opera por meio do amor e que purifica o corao. Medianteesta f, o corao renovado imagem de Deus. E o corao que,em seu estado no regenerado, no se submete lei de Deus, nemo consegue, agora alegra-se nos Seus santos preceitos, e exclamacomo o salmista: Quanto amo a Tua lei! a minha meditao, todoo dia!. Salmos 119:97. E a justia da lei se cumpre em ns, queno andamos segundo a carne, mas segundo o Esprito. Romanos8:4.

    H os que j conheceram o poder perdoador de Cristo e querealmente desejam ser filhos de Deus, mas percebem que seu carter imperfeito, sua vida cheia de faltas, e chegam a duvidar se o seucorao j foi renovado pelo Esprito Santo. Gostaria de dizer para

  • 42 Caminho a Cristo

    esses que no recuem em desespero. Muitas vezes, teremos quenos prostrar e chorar aos ps de Jesus por causa de nossas faltas e[57]erros, mas no devemos desanimar. Mesmo se formos vencidos peloinimigo, no seremos rejeitados nem abandonados por Deus. No;Cristo est destra de Deus, tambm intercedendo por ns. Diz oamado Joo: Estas coisas vos escrevo para que no pequeis. Se,todavia, algum pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo,o Justo. 1 Joo 2:1. E no nos esqueamos das palavras de Cristo:O prprio Pai vos ama. Joo 16:27. Ele deseja atra-lo para Si,para que voc possa ver Sua prpria pureza e santidade refletidas emvoc. E se voc se entregar, Aquele que comeou em voc a boa obrah de continu-la at o dia de Jesus Cristo. Ore com mais fervor;creia mais plenamente. Deixemos de confiar em nossa prpria forae passemos a confiar no poder do nosso Redentor. Ento, louvaremosAquele que o vigor da nossa face.

    Quanto mais perto voc estiver de Jesus, mas cheio de faltasse sentir a seus prprios olhos, pois sua viso ficar mais clara, esuas imperfeies sero vistas em amplo e distinto contraste com anatureza perfeita de Cristo. Isso prova de que os enganos de Satansperderam seu poder, e que a influncia vivificante do Esprito deDeus est lhe despertando.

    Quem no reconhece a prpria pecaminosidade no conseguedesenvolver um amor mais profundo por Jesus. A pessoa que transformada pela graa de Cristo passar a admirar Seu carterdivino; mas o fato de no enxergar a prpria deformidade moral uma inequvoca evidncia de que no tivemos uma viso da belezae da excelncia de Cristo.

    Quanto menos enxergarmos as prprias qualidades, tanto maisveremos a infinita pureza e a bondade do nosso Salvador. A percep-o de nossa pecaminosidade nos conduz quele que pode, de fato,perdoar. E quando uma pessoa, ao perceber o seu desamparo, buscaa Cristo, Ele revela-Se de maneira poderosa. Quanto mais perceber-mos nossa necessidade de chegar-nos a Ele e Sua palavra, maiselevada ser a viso que teremos de Seu carter, e mais plenamenterefletiremos Sua imagem.[58]

  • Captulo 8 O crescimento espiritual

    A transformao do corao, pela qual nos tornamos filhos deDeus, chamada na Bblia de novo nascimento. Tambm com-parada com a germinao da boa semente plantada pelo lavrador.Da mesma maneira, os que se converteram a Cristo devem, comocrianas recm-nascidas (1 Pedro 2:2), crescer at a estatura de ho-mens e mulheres em Cristo Jesus. Efsios 4:15. Como a boa sementeplantada no campo, eles devem crescer e produzir fruto. Isaas dizque se chamaro carvalhos de justia, plantados pelo Senhor para a [59]Sua glria. Isaas 61:3. Essas ilustraes extradas da natureza nosajudam a entender melhor as profundas verdades da vida espiritual.

    Nem mesmo toda a sabedoria e habilidades do ser humano po-dero produzir vida no menor objeto da natureza. somente atravsda vida concedida pelo prprio Deus que uma planta ou um animalpode viver. Assim, somente atravs da vida que vem de Deus quea vida espiritual gerada no corao humano. A menos que umapessoa nasa de novo (Joo 3:3), no poder tornar-se participanteda vida que Cristo veio dar.

    Como ocorre com a vida, assim acontece com o crescimento. Deus quem faz o boto tornar-se flor e a flor, fruto. pelo Seu poderque a semente se desenvolve, primeiro a erva, depois, a espiga e,por fim, o gro cheio na espiga. Marcos 4:28. O profeta Oseias dizque Israel florescer como o lrio. Eles sero vivificados comoo cereal e florescero como a vide. Oseias 14:5, 7. E Jesus nosconvida a observar os lrios. Lucas 12:27. As plantas e flores nocrescem pelo seu prprio cuidado, ansiedade ou esforo, mas porreceberem aquilo que Deus fornece para lhes dar vida. A crianano pode, por um desejo ou poder prprio, aumentar sua estatura.Nem voc tem como garantir seu crescimento espiritual por meioda sua vontade ou poder. A planta e as crianas crescem recebendodo seu ambiente aquilo que necessrio para a vida ar, luz dosol e alimento. O que esses dons da natureza representam para osanimais e as plantas, tambm Cristo representa para os que confiam

    43

  • 44 Caminho a Cristo

    nEle. Ele sua luz perptua (Isaas 60:19), seu sol e escudo.Salmos 84:11. Ele ser para Israel como orvalho. Oseias 14:5.Ser como chuva que desce sobre a campina ceifada. Salmos 72:6.Ele a gua viva, o po de Deus [...] que desce do cu e d vida aomundo. Joo 6:33.

    No incomparvel dom do Seu Filho, Deus envolveu o mundointeiro com uma atmosfera de graa to real como o ar que circunda o[60]globo. Todos os que escolherem respirar essa atmosfera vivificadoravivero e crescero, alcanando a estatura de homens e mulheres emCristo Jesus.

    Assim como a flor volta-se para o sol, para que seus brilhantesraios possam ajud-la a aperfeioar sua beleza e simetria, assimdevemos volver-nos para o Sol da Justia, para que a luz do Cubrilhe sobre ns e nosso carter seja desenvolvido semelhana deCristo.

    Jesus ensina a mesma coisa ao dizer: Permanecei em Mim, eEu permanecerei em vs. Como no pode o ramo produzir fruto desi mesmo, se no permanecer na videira, assim, nem vs o podeisdar, se no permanecerdes em Mim. Sem Mim nada podeis fazer.Joo 15:4, 5. Para viver uma vida santificada, voc to dependentede Cristo como o ramo depende do tronco para crescer e frutificar.Separado de Cristo, voc no tem vida. No tem poder para resistir tentao ou crescer na graa e na santidade. Permanecendo nEle,voc vai florescer. Se sua vida estiver ligada a Ele, voc no murcharnem deixar de produzir frutos. Ser como uma rvore plantada juntoa fontes de guas.

    Muitos pensam que devem fazer sozinhos uma parte do trabalho.Confiaram em Cristo para obter o perdo de seus pecados, mas agoraprocuram viver retamente atravs de seus prprios esforos. Masesse esforo em vo. Jesus diz: Sem Mim nada podeis fazer.Nosso crescimento na graa, nossa alegria, nossa utilidade tudodepende de nossa unio com Cristo. pela comunho com Ele, tododia, toda hora, permanecendo nEle, que crescemos na graa. Ele no somente o Autor, mas tambm o Consumador da nossa f. Cristodeve ser o primeiro e o ltimo. Ele deve estar conosco no apenasno comeo e no fim da nossa carreira, mas a cada passo do caminho.Davi disse: O Senhor, tenho-O sempre minha presena; estandoEle minha direita, no serei abalado. Salmos 16:8.[61]

  • O crescimento espiritual 45

    Voc pergunta: Como posso permanecer em Cristo? Da mesmamaneira como voc O recebeu a princpio. Ora, como recebestesCristo Jesus, o Senhor, assim andai nEle. Colossenses 2:6. Ojusto viver pela f. Hebreus 10:38. Voc se entregou a Deus parapertencer inteiramente a Ele, para servi-Lo e obedecer-Lhe, comotambm aceitou Cristo como seu Salvador. Voc no pode, por simesmo, redimir-se dos prprios pecados ou transformar seu corao;mas entregando-se a Deus, voc cr que Ele, por amor de Cristo, feztudo isso por voc. Pela f, voc passou a ser de Cristo, e pela f, devenEle crescer dando e recebendo. Voc tem de entregar-Lhe tudo o corao, a vontade, a disposio de servir. Deve dar-se, enfim, asi mesmo para ento obedecer a todos os Seus mandamentos. Vocreceber tudo Cristo, a plenitude de todas as bnos, para habitarem seu corao, ser sua fora, justia e esperana eterna para quetenha o poder necessrio para obedecer.

    Consagre-se a Deus pela manh; faa disso a sua primeira ati-vidade. E ore: Toma-me, Senhor, para ser Teu inteiramente. De-ponho todos os meus planos a Teus ps. Usa-me hoje para o Teuservio. Fica comigo, e que tudo o que eu fizer seja operado por Ti.Essa uma questo diria. Cada manh consagre-se a Deus paraaquele dia. Entregue-Lhe todos os seus planos para saber se devemser levados avante ou no, de acordo com o que Sua providnciaindicar. Assim, dia aps dia, voc poder entregar sua vida nas mosde Deus, e ela ser cada vez mais moldada segundo a vida de Cristo. [62]

    A vida em Cristo uma vida de descanso. Pode no haverxtase de sentimentos, mas deve existir uma confiana constante etranquila. Sua esperana no est em si mesmo, mas em Cristo. Suafraqueza est ligada Sua fora; sua ignorncia, Sua sabedoria;sua fragilidade, ao Seu eterno poder. Por isso, no olhe para vocmesmo. No permita que seus pensamentos fiquem centralizados noprprio eu, mas olhe para Cristo. Pense em Seu amor, Sua belezae na perfeio do Seu carter. Cristo em Sua abnegao, Cristo emSua humilhao, Cristo em Sua pureza e santidade, Cristo em Seuincomparvel amor esse o tema para sua meditao. E ao am-Lo, imit-Lo e depender inteiramente dEle que voc se transforma Sua semelhana.

    Jesus disse: Permanecei em Mim. Essas palavras transmitem aideia de descanso, estabilidade e confiana. Outra vez Ele convida:

  • 46 Caminho a Cristo

    Vinde a Mim, [...] e Eu vos aliviarei. Mateus 11:28. As palavrasdo salmista expressam o mesmo pensamento: Descansa no Senhore espera nEle. Salmos 37:7. E Isaas d a certeza: Na tranquilidadee na confiana, [est] a vossa fora. Isaas 30:15. Este descansono est na inatividade, pois no convite do Senhor a promessa dedescanso vem junto com um chamado ao trabalho: Tomai sobrevs o Meu jugo [...] e achareis descanso. Mateus 11:29. O coraoque descansa de maneira plena em Deus ser o mais empenhado notrabalho ativo por Ele.

    Quando os pensamentos esto concentrados no prprio eu, elesafastam-se de Cristo, a