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Caminho da Fé – de Tambaú a Aparecida em 17 dias Caminho percorrido pelo casal José Roberto (JR) e Maria Rita (Mara) no período de 25/01/2006 a 10/02/2006. O tempo para percorrer determinado caminho depende de cada pessoa que se compromete a fazê-lo. Muitos são os fatores que contribuem ou limitam o tempo de uma caminhada. No nosso caso, preparamos um roteiro de 17 dias considerando que queríamos conhecer as várias localidades. Desta forma, pudemos caminhar mais devagar, desfrutando melhor das belas paisagens, registrando cada detalhe do caminho. Um roteiro mais estendido tem vantagens e desvantagens que deve ser avaliado na ótica de cada um que pretende fazer o caminho. No nosso caso, pesou muito as seguintes vantagens: Chegar mais cedo aos locais (dando condições de conhecer melhor os locais, sua gente, sua cultura, etc...) Fazer mais paradas para descanso e alongamentos Ter mais tempo para contemplar a paisagem Conversar com as pessoas que encontramos no caminho Conhecer mais localidades Ritmo de caminhada menor, menor stress, o corpo é pouco forçado, etc. As desvantagens são: Maior custo (são mais pernoites e alimentação) Maior tempo (para quem tem tempo limitado em função de trabalho este é um limitador) Só para ilustrar, encontramos pessoas que estavam andando no limite de suas capacidades, porque precisavam terminar o caminho em um dia determinado para ter ainda uma sobra das férias para ficar com a família. Estes fatores de limites devem ser levados em conta no planejamento do caminho, porque o sonho pode acabar em pesadelo ou uma decepção. Durante nosso caminho, soubemos de pessoas que desistiram no meio do trajeto por falta de preparação física, desidratação, problemas musculares, etc. Mas, o caminho é possível de ser trilhado por qualquer pessoa em condições de saúde normal, basta planejar sua estratégia. Outra coisa, é importante não ficar irredutível no seu planejamento, muitas vezes aparecem situações ou oportunidades que nos forçam a decidir por uma mudança. Se isto acontecer, relaxe e aproveite as novas alternativas. Pode ser que isto venha a enriquecer muito mais seu passeio do que o planejamento original. Tentar impor sua vontade nestes casos, irá trazer aborrecimentos, tensão, stress e isso combinado trará cansaço, esgotamento, dores musculares e até problemas mais sérios. Abaixo, colocamos o roteiro que planejamos e ao lado o roteiro que executamos efetivamente. Aproveitamos para colocar informações úteis para outros que desejem fazer o caminho, algumas recomendações e problemas que observamos.

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Caminho da Fé – de Tambaú a Aparecida em 17 dias Caminho percorrido pelo casal José Roberto (JR) e Maria Rita (Mara) no período de 25/01/2006 a 10/02/2006. O tempo para percorrer determinado caminho depende de cada pessoa que se compromete a fazê-lo. Muitos são os fatores que contribuem ou limitam o tempo de uma caminhada. No nosso caso, preparamos um roteiro de 17 dias considerando que queríamos conhecer as várias localidades. Desta forma, pudemos caminhar mais devagar, desfrutando melhor das belas paisagens, registrando cada detalhe do caminho. Um roteiro mais estendido tem vantagens e desvantagens que deve ser avaliado na ótica de cada um que pretende fazer o caminho. No nosso caso, pesou muito as seguintes vantagens: • Chegar mais cedo aos locais (dando condições de conhecer melhor os locais, sua gente, sua cultura, etc...) • Fazer mais paradas para descanso e alongamentos • Ter mais tempo para contemplar a paisagem • Conversar com as pessoas que encontramos no caminho • Conhecer mais localidades • Ritmo de caminhada menor, menor stress, o corpo é pouco forçado, etc. As desvantagens são: • Maior custo (são mais pernoites e alimentação) • Maior tempo (para quem tem tempo limitado em função de trabalho este é um limitador) Só para ilustrar, encontramos pessoas que estavam andando no limite de suas capacidades, porque precisavam terminar o caminho em um dia determinado para ter ainda uma sobra das férias para ficar com a família. Estes fatores de limites devem ser levados em conta no planejamento do caminho, porque o sonho pode acabar em pesadelo ou uma decepção. Durante nosso caminho, soubemos de pessoas que desistiram no meio do trajeto por falta de preparação física, desidratação, problemas musculares, etc. Mas, o caminho é possível de ser trilhado por qualquer pessoa em condições de saúde normal, basta planejar sua estratégia. Outra coisa, é importante não ficar irredutível no seu planejamento, muitas vezes aparecem situações ou oportunidades que nos forçam a decidir por uma mudança. Se isto acontecer, relaxe e aproveite as novas alternativas. Pode ser que isto venha a enriquecer muito mais seu passeio do que o planejamento original. Tentar impor sua vontade nestes casos, irá trazer aborrecimentos, tensão, stress e isso combinado trará cansaço, esgotamento, dores musculares e até problemas mais sérios. Abaixo, colocamos o roteiro que planejamos e ao lado o roteiro que executamos efetivamente. Aproveitamos para colocar informações úteis para outros que desejem fazer o caminho, algumas recomendações e problemas que observamos.

Tabela com roteiros Previstos e realizados

(Clique nos locais sublinhados para ver mais detalhes a respeito do local) Roteiro Previsto Sinalização Roteiro Realizado

Dia Data pernoite

Trecho Percorrido

marcado nas placas

locais Dia Data pernoite

Trecho Percorrido

km 400 Tambaú - SP km 385 Pousada Faz. Campo Alegre (Casa Branca) – SP

1 25/01 30 km km 370 Casa Branca - SP 1 25/01 30 km

2 26/01 29 km km 341 Vargem Grande do Sul – SP 2 26/01 29 km km 328 Pousada da Cidinha (Vargem G. do Sul) – SP 3 27/01 13 km

3 27/01 26 km km 315 São Roque da Fartura – SP 4 28/01 13 km 4 28/01 15 km km 300 Águas da Prata - SP 5 29/01 15 km

5 29/01 27 km km 273 Pousada Pico do Gavião (Andradas) - MG 6 30/01 27 km km 264 Andradas - MG

6 30/01 26 km km 247 Pousada do Márcio (Serra dos Limas) - MG km 241 Pousada do Tio João (Barra) – MG 7 31/01 32 km

7 31/01 21 km km 226 Crisólia – MG km 219 Ouro Fino – MG 8 01/02 22 km

km 212 Inconfidentes - MG 8 01/02 22 km km 204 Albergue da Águas Livres (Inconfidentes) – MG

km 191 Borda da Mata – MG 9 02/02 28 km 9 02/02 31 km km 173 Tocos do Moji – MG 10 03/02 18 km 10 03/02 21 km km 152 Estiva – MG 11 04/02 21 km

km 149 Pousada Vale Verde (Estiva) – MG 11 04/02 20 km km 132 Consolação – MG 12 05/02 20 km

12 05/02 21 km km 111 Paraisópolis - MG 13 06/02 21 km 13 06/02 21 km km 90 São Bento do Sapucaí – SP

km 81 Sapucaí Mirim – MG 14 07/02 30 km 14 07/02 28 km km 62 Santo Antonio do Pinhal – SP

km 50 Pousadas Champetre e Serra da Mantiqueira (Pinda) – SP 15 08/02 31 km

km 40 Pousada Casa do Amor Divino (Pinda) – SP 15 08/02 25 km km 37 Hosped. do Peregrino e Hotel Pé da Serra (Pinda) – SP

km 30 Pousada Anjo do Bosque (Pindamonhangaba centro) – SP 16 09/02 20 km 16 09/02 27 km km 10 Roseira – SP

17 10/02 10 km km 0 Aparecida – SP 17 10/02 30 km

Tambaú – SP (Visite a Igreja do padre Donizetti)

Credencial: Depto.Munic.Turismo a partir das 6h. Em frente ao Santuário N.Sra.Aparecida Contato: (19) 3673-2503 ou (19) 9131-3770 (Edilson)

Altitude: 685 m km 400 Hotel Tarzan (19) 3673-4039 Pernoite a R$ 20,00 c/ café e R$ 8,00 por refeição km 400 Eliane Hotel (19) 3673-1547 Pernoite c/ café km 400 Hotel Bertoncini (19) 3673-3339/2175

Relato

24/01/2006 (terça-feira) Ficamos hospedados no Hotel Tarzan. Apartamento com banheiro, ventilador, TV e direito a café da Manhã. Fizemos nossa refeição no hotel, pagamos por kg (R$11,90) ou R$9,00 self-service podendo comer à vontade. A comida é deliciosa e o atendimento é muito bom. Como estávamos em Janeiro, estava muito quente, mesmo à noite. Encontramos com Patrícia de SP, que havíamos combinado pela Internet em fazer o caminho juntos. A Patrícia, muito simpática, disse estar muito ansiosa por iniciar o caminho. Após o jantar, fomos a uma sorveteria local com excelentes sorvetes e picolés de fabricação própria e preço bom (vale a pena experimentar). Eu e Mara decidimos que faríamos a caminhada sem mudar muito nossas obrigações espirituais diárias. Assim, levamos a liturgia diária que nos permitiu a leitura e reflexão do Evangelho todos os dias, pela manhã, antes do café da manhã. Durante a caminhada, de hora em hora ficávamos em silencio durante 20 ou 25 minutos para rezar o terço, contemplando os mistérios do dia. Antes de dormir também fazíamos a liturgia das horas (completas). Assim em 25/01/2006 (quarta-feira) iniciamos nosso caminho. Caminhar dentro das plantações, no início é muito bonito, mas com o passar do tempo e dos quilômetros dentro da mesma paisagem acaba ficando monótono o que contribui para o cansaço. O sol muito forte elevava muito a temperatura do nosso corpo aumentando o consumo de água. Quando passamos pelo ponto que indicava que poderíamos abastecer com água potável, havia muitos cães perto da torneira latindo muito para nós. Como tínhamos bastante água (saímos com 2 l. cada um), e a casa estava fechada, decidimos seguir adiante. A combinação dos fatores sol e solo de plantação molhado, aumenta muito a evaporação no local aumentando muito a sensação de calor. A Patrícia começou a dar sinais de muito cansaço, informando que estava com pressão baixa o que começou a nos preocupar. Chegamos à pousada Campo alegre por volta de 12:00. A placa de distância informava que havíamos percorrido 15 km mas pela minha contagem (caminhávamos a uma média de 4 km/h) deveríamos ter percorrido no mínimo 18 km. A cada hora ficávamos 20 minutos em silêncio rezando o terço. A Patrícia, chegou na pousada com pressão baixa, muito cansada, de forma que resolveu desistir e ficar na pousada. Sugerimos que descansasse ali e seguisse de carro para Casa Branca para tentar outro trecho conosco. Ela preferiu parar e deixar para fazer o caminho em outra época. Nos despedimos, matamos nossa sede, abastecemos os cantis e prosseguimos em direção a Casa Branca. As placas continuavam não fechando com minha aferição e o caminho até Casa Branca foi muito penoso. Fomos atacados por dois cães bravos logo após um açude em uma casa num laranjal. Embora batêssemos com os cajados no chão, um dos cães queria morder o cajado. Foi bastante difícil passar pelos cães, mas, conseguimos fazê-lo sem uso de violência. Depois deste episódio, sempre que algum cão se apresentava à nossa frente com atitudes hostis, iniciávamos uma oração e procurávamos visualizar como os animais ficavam mansos com Jesus e com São Francisco. Imaginávamos aquele animal em atitude de mansidão e durante todo o caminho não fomos mais importunados por nenhum animal. Muito sol, os pés e as pernas doíam, consumíamos água em excesso reduzindo a reserva. O calor começou a esquentar a água que já não satisfazia a sede. Pouquíssimas sombras no caminho nos fez sentir os efeitos de um verdadeiro deserto verde. Sentíamos na pele as mudanças feitas pelo homem no meio ambiente.

Até que avistamos ao longe a cidade de Casa Branca. Uma placa informava que faltavam 6 km. Neste trecho nossa água acabou e ficamos tentando encontrar alguma casa aberta para matar a sede. Todas as casas que encontramos estavam fechadas de forma que duas horas mais tarde, (16:30) estávamos chegando em Casa Branca (pelo meus cálculos andamos uns 8 km). No primeiro bar que encontramos tentamos comprar água mas, não tinha. Felizmente chegamos à Pousada Nossa Senhora do Desterro fomos muito bem recebidos por D. Vera que nos forneceu duas jarras de água fresca. Bebemos até nos fartar. Neste dia, nove horas de caminhada, nove terços rezados.

Dicas do caminho A trilha neste município é feita basicamente dentro de fazendas locais, atravessando plantações de cana, milho, laranjas e café. É difícil encontrar água potável embora se passe perto de algumas moradias, as mesmas normalmente estão fechadas pois os moradores estão trabalhando nas plantações. Sugerido aumentar a ração de água neste trecho. Se o dia estiver muito quente e ensolarado a sugestão é pernoitar na pousada Campo Alegre. Se resolver prosseguir até Casa Branca, pare nesta pousada para completar seu estoque de água. Embora a medição oficial informe que são 30 km entre Tambaú e Casa Branca, os moradores locais (e a sensação dos andarilhos) diz que são 36 km.

Casa Branca – SP Possui serviço de acesso à internet pago (Cyber café)

Altitude: 708 m km 382 Pousada Fazenda Campo Alegre (19) 8149-1727 Pernoite a R$ 20,00 c/ café e R$8,00 p/refeição km 370 Pousada Nossa Senhora do Desterro (19) 3671-1143

(19) 3671-3100 Pernoite a R$ 15,00 c/ café. R$ 5,00 p/refeição

Relato

Ficamos hospedados na Pousada Nossa Senhora do Desterro. Acomodações simples em quartos com três beliches e banheiro comunitário no corredor. Nos disponibilizaram toalhas e roupas de cama limpas. Estávamos apenas eu e a Mara hospedados no andar superior de forma que foi como se estivéssemos em um apartamento. Lá encontramos um peregrino de SP que já havia feito o caminho a partir de águas do Prata. Estava refazendo o caminho mas havia chegado em Casa Branca com os pés em estado comprometido. Luiz Antônio, este é o seu nome, disse que estava desistindo para fazer em outra época. Nós também não estávamos bem. Eu e a Mara chegamos desidratados, eu bastante fraco e a Mara Urinando sangue. Resolvemos aguardar para ver como levantaríamos no dia seguinte. Pedimos nas nossas orações que acordássemos recuperados. O Jantar preparado para nós estava delicioso e o preço de acordo com o que havia levantado na internet. Tem Cyber Café na cidade, mas, não usei porque ficava longe do local que estávamos. Apesar do calor, choveu torrencialmente nesta noite de forma que dormimos muito bem. No dia 26/01/2006 (quinta-feira) acordamos cedo, totalmente recuperados, tomamos nosso café, separamos um pão com queijo para lanchar no caminho, abastecemos nossos cantis na fonte da Igreja e partimos em direção a Vargem Grande do sul. No mercadinho compramos algumas frutas e atravessamos a cidade. Fiz aferição das placas de quilometragem e verifiquei que as mesmas estavam condizentes com nossa aferição de passos. A propósito, a partir daqui todas placas para frente (até Aparecida) fecharam com nossa aferição. Neste dia também muito sol, e também dificuldade em obter água. Neste dia fizemos um racionamento para evitar gasto excessivo, para evitar problemas adotamos a seguinte estratégia: De meia em meia hora, enchíamos a boca de água e passávamos a engolir aos poucos (em goles) até esvaziar a boca. Deve-se ter cuidado se estiver muito ofegante pois pode-se engasgar, neste caso, primeiro respire e depois engula um gole e assim por diante. Esta estratégia, evita que em função da sede nós bebêssemos mais água que o necessário. Quando a água está quente também temos a sensação de não estar saciado. Isto controla e evita o excesso.

De duas em duas horas fazíamos uma pequena parada para alongamento e comer alguma coisa. Na fronteira com Vargem Grande do sul, peguei um litro de água de um açude e coloquei uma pastilha de cloro para torná-la potável e guardei como reserva em caso de emergência. Felizmente não precisamos utilizá-la para beber mas nos serviu muito para refrescar a cabeça. Logo após a fronteira dos municípios tivemos dificuldade em entrar em uma fazenda, pois a porteira estava fechada com cadeado e o passador estava fechado com arame farpado. Embora receosos, pulamos a cerca e prosseguimos em frente. Eu particularmente não gosto quando as setas apontam para entrar em uma fazenda. Me sinto um intruso e embora em uma determinada época o dono tenha permitido, pode ser que ele venha a mudar de idéia. Também as propriedades não ficam sempre com os mesmos donos, passam para filhos, netos e a recepção pode mudar em relação aos andarilhos que atravessam suas terras. Além disso, nestas situações aumenta muito o risco do andarilho encontrar bois bravos, cães que atacam, etc. Por isso, fico muito mais tranqüilo quando ando pelas estradinhas, porque são de uso público e mesmo que o tempo passe, sempre estará aberta para os andarilhos. Gastamos neste dia 8 horas de caminhada, chegamos às 15:00 em Vargem Grande do sul. Neste dia, oito horas de caminhada e oito orações do terço.

Dicas do caminho Também se atravessam muitas plantações neste município. Antes de chegar em Casa Branca, após passar por uma plantação de laranjas, chega-se a um açude (água não potável). Em frente ao açude, a sinalização nas árvores não é muito clara. Siga a estrada que vai em direção à casa atravessando o laranjal. As sombras das árvores do açude são um bom local para descanso e alongamento dos músculos. Na pousada Nossa Senhora do Desterro, a comida é uma delícia. A trilha após Casa Branca, ao sair do bosque fica difícil ver a placa no outro lado da rua. Atenção para não perder a trilha, pergunte se houver dúvidas. Depois, paralelo à rodovia, a trilha segue em uma plantação (com poucas placas e setas amarelas). Siga sempre em frente até sair na rodovia. Haverá um trecho de 6 km na rodovia. Na fronteira com Vargem Grande do Sul, uma fazenda apresenta a passagem fechada com arame farpado. Passe por baixo ou por cima do arame e prossiga em frente.

Vargem Grande do Sul – SP Possui serviço de acesso à internet pago (Cyber café)

Altitude: 718 m km 341 Príncipe Hotel (19) 3641-1035/1835 Pernoite a R$ 31,00 c/ café km 328 Pousada da D. Cidinha (altitude: 1.030 m) (19) 3643-7307/ 9775-5686 Pernoite a R$ 13,00 c/ café R$ 5,00 p/ refeição

Relato

Ficamos hospedados no Hotel Príncipe. Acomodações em apartamento com banheiro, TV, ventilador e com direito a café da manhã. O valor cobrado no entanto, foi maior do que o valor previsto no site do caminho da fé. Lá aponta o valor para R$21,50 mas nos cobraram R$32,00 mesmo sabendo que éramos andarilhos. Como chegamos com muita sede (em função do racionamento de água) tomamos um delicioso Gatorade cada um para ajudar na reposição de sais que havíamos perdido com muito suor. O líquido desceu muito bem e logo estávamos alongando os músculos, tomando um banho relaxante e lavando a roupa para o dia seguinte. Jantamos neste dia, em um restaurante (Restaurante Vitória) pagamos R$18,00 por uma refeição para dois (saiu por R$9,00 cada) com belos contra-filés e muita comida. Fiz o pagamento com cartão de crédito para preservar um pouco a reserva de dinheiro. A casa também serve massas e o atendimento é excelente. A Mara levou na bagagem um par de tênis e um par de papetes enquanto eu um par de botas e um par de tênis para definirmos o que usaremos no Caminho de Santiago de Compostela. O Caminho da Fé, serve para nós como uma espécie de teste para o caminho de Santiago. A Mara decidiu que usará a papete e eu decidi usar as botas. Assim, no fim da tarde fomos aos Correios para despachar os tênis que estava como excesso de peso.

Depois fomos a um Cyber café para acessarmos a internet e entrar em contato com nossos filhos (Roberto e Gabriel) e com nossos amigos andarilhos Capixabas. Deixei uma mensagem com os acontecimentos do dia e voltamos para o hotel. Estava chovendo quando resolvemos retornar para o hotel descansar para a jornada do dia seguinte. 27/01/2006 (sexta-feira) - Saímos antes de o sol aparecer, atravessamos a cidade e em um cruzamento da rodovia pegamos uma estradinha de terra, e lá fomos nós em direção a São Roque da Fartura. Embora com poeira levantada pelos carros que passavam, a estrada estava uma delícia para caminhar. A brisa da manhã, a luminosidade das árvores, o canto dos pássaros e a paisagem que se descortinava nos motivava bastante. Logo se iniciou uma subida que nos acompanharia durante todo o dia. Á medida que nos embrenhávamos na serra, a estrada ficava mais deserta, os carros ficavam mais raros, mais carroças, mais animais silvestres, mais canto de pássaros e a cada curva na subida mais paisagens deslumbrantes. Embora o sol na serra seja muito forte, existe sempre uma brisa que ajuda na refrigeração do corpo. É importantíssimo o uso de filtro solar e chapéu. De hora em hora, rezávamos o terço contemplando as belezas que Deus dispôs para os homens. Assim, às 10:00 já estávamos chegando à pousada da Cidinha a 1.030 m de altitude. Resolvemos chegar para carimbar a credencial, (embora uma boiada estivesse no nosso caminho, com muita calma demos um jeito de passar por ela). Chegamos e encontramos a Cidinha e a Janaína cortando um enorme porco. Fomos recebidos efusivamente pela Cidinha (pessoa muito simples, simpática e agradável) que logo nos perguntou se desejávamos tomar água e se iríamos almoçar. Logo apareceram o Seu Chico (esposo da Cidinha) e o Júnior (filho da Cidinha e casado com Janaína), todos muito simpáticos, nos cumprimentaram e pediram licença para continuar cuidando da preparação da banha e da lingüiça. Resolvemos almoçar e aquele ambiente de fazenda do interior nos cativou tanto, que decidimos pernoitar ali. Nos mostraram os quartos, e indicaram um quarto de casal dentro da casa deles, mas como não tinham outros peregrinos, ficamos no quarto dos peregrinos. Passamos a tarde proseando e vendo a preparação da carne. Eles separam os filés e congelam para refeições. Uma parte da carne é assada na banha do porco. Do excesso de gordura, moem e derretem em uma grande panela e dali sai a banha. A carne assada é colocada em latas e depois derrama-se a banha ainda derretida na lata, por sobre a carne. Quando a banha endurece faz conservar aquela carne por meses, dando um sabor incomparável à carne ao ser consumida. Uma parte da pele fazem pururuca macia e deliciosa. Outra parte, tiram bastante a gordura (deixam um pouco), à parte moem a carne misturam com temperos que a Cidinha prepara, juntam com bacon e presunto e espalham sobre aquela pele. Depois enrolam a pele (tipo um rocambole) amarram e está pronto o cudiguim. Usam para cozidos, colocar no feijão e muitas vezes colocam no fumeiro para defumar. A Cidinha até preparou um pedaço de cudiguim e de lingüiça para eu experimentar no jantar. Só não exagerei porque tinha que caminhar no dia seguinte. Reclamavam que há muito tempo não chovia na região, a plantação estava seca. Falamos em tom de brincadeira que a chuva estava nos acompanhando onde estávamos. Naquela mesma tarde choveu torrencialmente na região. Ele chegaram a andar no terreiro debaixo da chuva para comemorar. Assistimos a novela e o Jornal nacional e fomos dormir. Dormimos o sono dos justos. 28/01/2006 (Sábado) - Acordamos, tomamos o café, deixamos a mensagem no livro dos peregrinos, nos despedimos prometendo rezar por eles em Aparecida e lá fomos nós em direção a São Roque da Fartura. Muito gado no caminho, muita subida e descidas (mais subidas que descidas), muitos pássaros, paisagens belíssimas até que depois de mais 13 km chegamos ao topo da serra da Fartura. Chegamos a uma rodovia asfaltada que descia para o vale em direção à cidade. A vista do vale é deslumbrante. Gastamos 5 horas de viagem com 5 terços rezados neste dia.

Dicas do caminho Saindo de V.G.do Sul a sinalização pobre (poucas setas amarelas) o que pode deixar o peregrino inseguro. Siga o asfalto até o cruzamento da rodovia. Lá encontrará a placa de continuação. A partir daí começa uma estradinha de chão e também começa a subida da serra. Neste trecho a paisagem serrana é muito bonita e a subida culmina na Pousada da Cidinha (uma fazenda com gente muito acolhedora) a 1.030 m de altitude. Embora tenha se caminhado apenas 13 km (em serra) é um local que não se pode deixar de conhecer. A família (Cidinha, “seu” Chico, Júnior e Janaína) é extremamente acolhedora e o tempero muito gostoso. Faça uma parada nem que seja apenas para carimbar a credencial e deixe sua mensagem no livro.

São Roque da Fartura – SP (Subida forte para chegar)

Altitude: 1.270 m km 315 Pousada Cachoeira (dona Cida) (19) 3649-1230 Pernoite a R$ 15,00 c/ café e R$ 5,00 por refeição

Relato

Para chegar à cidade se faz uma descida longa até o fundo do vale (onde está a cidade). Na cidade, uma senhora simpática veio nos perguntas se éramos peregrinos e por coincidência era a D. Cida (de carro) que informou o local da pousada. Ela foi na frente para preparar a casa enquanto nós iniciávamos nova subida até a pousada do Peregrino. Uma forte subida e chegamos ao local. A pousada é uma casa cuja chave fica com os peregrinos. Existem vários quartos com vários beliches e camas, uma sala com TV, banheiros, cozinha, varanda. Escolhemos um quarto de casal onde desfizemos nossas mochilas. O jantar é na casa da D. Cida situada um pouco acima da casa dos peregrinos. Não fomos até a cidade porque tínhamos que descer uma boa ladeira (e pior, depois subir), de forma que resolvemos lavar nossa roupa, cuidar dos pés, da musculatura e explorar as fruteiras do quintal (pés de laranja, caqui, goiaba, etc.). Colhi algumas laranjas, peguei meu canivete e chupamos várias laranjas. Depois de um descanso, fomos conversar um pouco com D. Cida, que é uma artista na cozinha. Nos ofereceu vários tipos de doces deliciosos, que saboreamos com queijo feito na própria fazenda. O jantar estava uma delícia. Durante o jantar ficamos sabendo de uma chacina ocorrida naquele dia. Uma família (pai, filha criança e filho adolescente) foi assassinada o que nos chocou de saber que em locais tão bucólicos como aquele, a violência também lá estava. E para não quebrar o clima, a chuva começou a cair. Na propriedade da D.Cida existe uma bela cachoeira para banho. Não visitamos porque estava chovendo. Mas, fica para outra ocasião. Na casa do peregrino, colocamos nossa mensagem no livro dos peregrinos, fomos ver um pouco de TV, conversamos na varanda ouvindo os sons noturnos e a chuva que caia. O cansaço logo nos abateu e fomos para a cama, rezamos por aquela família que nos acolheu e pela família da tragédia e caímos no sono. 29/01/2006 (domingo) - Acordamos, com chuva caindo, tomamos nosso café, reservamos uns biscoitos e pães caseiros para o caminho, enchemos os cantis e nos preparamos para seguir. Colocamos nossa roupa de chuva (anoraque e calça impermeável e a capa da mochila) e saímos na chuva pisoteando a lama. E lá vamos nós em direção a Águas do Prata, próxima parada. Neste trecho muitas flores e muitos pastos. Embora com a chuva, a paisagem muito bonita. Muitas árvores centenárias e solitárias na beira da estrada. Fotografamos muitas delas. Uma delas (um velho carvalho) faz parte das propagandas do caminho da fé. Com lama fica mais difícil subir e descer e neste dia havia muitas subidas e descidas, com predominância nas descidas. Nas nossas orações horárias, o agradecimento a Deus pela chuva abençoada tão importante para o sertanejo. As condições do caminho logo refletiram nas minhas velhas botas, que logo deixou de ser impermeável, pelo contrário, meus pés estavam refrigerados a água. Notei que a bota estava ficando frouxa no pé e descobri que o solado estava soltando. Comecei a andar com cuidado e a Mara aconselhou a comprar uma cola quando chegássemos na cidade. Logo avistamos Águas do Prata ao longe e da altura que estávamos, desconfiamos que iríamos descer muito. Na verdade o caminho da fé é assim, no início do dia você sobe e anda nas serras (isso não quer dizer que não tenha outras descidas e subidas ao longo do dia) mas quando está chegando em um povoado, é preciso descer. Assim chegamos ao Albergue do Peregrino de Águas do Prata, cansados, molhados mas felizes e realizados.

Dicas do caminho Subidas fortes para chegar até São Roque (alguns peregrinos apelidaram de São Roque das Alturas ou das Torturas por conta das subidas). A sinalização neste trecho é boa. A comida da Dona Cida é deliciosa.

Águas da Prata – SP

Altitude: 818 m km 300

Pousada do Peregrino (Assoc. dos Amigos do Caminho da Fé)

Av. Armando Sales de Oliveira, 196

(19) 3642-2751 (19) 9777-3356-

Almiro

Contribuição R$ 10,00 Capacidade para 20 pessoas Falar com Almiro/Clovis/Iracema/Tina/Bia

Relato

Chegamos à Pousada do Peregrino e estava fechada (era domingo, dia 29/01/2006), a atendente só chegaria às 14:00. Por sorte o Sr. Almiro (criador do caminho) logo apareceu e nos entregou as chaves da Pousada. Informou que assim que a atendente chegasse receberíamos toalhas e roupas de cama. A casa é bastante grande com vários quartos, dando para acolher muitos andarilhos ao mesmo tempo. Escolhemos um quarto ao fundo, para casal com banheiro privativo. Tratamos de tomar banho (usamos as toalhas que carregamos conosco) e logo em seguida, lavar nossas roupas que estavam bem sujas de lama. Avaliei melhor minhas botas e descobri que apenas do lado havia descosturado um pouco. Decidi prosseguir assim mesmo. Colocamos as roupas para secar, fizemos os alongamentos musculares e logo depois chegou a Jacqueline e nos informou sobre a pousada, bem como sobre a cidade. Logo resolvemos sair para explorar a cidade. A Jacqueline estava atendendo a um grupo de peregrinos ciclistas que passaram apenas para carimbar. Um jornalista paulista, Sr. Tarciso nos acompanhou até a praça, informou onde havia farmácias, padarias etc. Tiramos uma foto com ele e continuamos a exploração da cidade. A cidade é uma estação de inverno, nos parecendo que muitas famílias paulistas mantenham casa. Existem muitas casas bonitas, com belos jardins e também os jardins e praças públicas são muito bem cuidados. Haviam muitas laranjeiras carregadas nas ruas da cidade. No alto de um morro, havia um Cristo Redentor e parecia que reservava um panorama muito bonito. Pensamos bastante e decidimos que já havíamos subido muitos montes naquele dia, assim, não fomos ao ponto alto da cidade. Neste dia, não jantamos, fomos a uma praça e comemos sanduíches bem recheados com carne, ovos etc. Na padaria, compramos algumas guloseimas para comer à noite vendo um pouco de TV. Às 19:30 assistimos à Missa na Matriz, depois tomamos sorvete na pracinha, fotografamos e retornamos à pousada para descansar para o dia seguinte. 30/01/2006 (segunda-feira) - Acordamos cedo, pegamos as mochilas, passamos na padaria compramos alguns pães para o caminho e seguimos a rota do dia. Destino à Serra do Gavião. Teríamos 27 km de trilha e muita subida. Já na saída de Águas do Prata tivemos que subir bastante passando por uma chácara com muitas Mangueiras carregadas. No topo do monte, com bastante vento mas tempo limpo víamos a cidade lá em baixo. Na entrada da Fazenda Pratinha, ficamos em dúvida com a sinalização que parecia apontar para um matagal sem passagem. Ligamos para o Sr. Almiro que nos informou que devíamos entrar na fazenda passando pela porteira. Fomos em frente e atravessamos muitas plantações de milho da fazenda. Em uma dessas plantações, ao atravessar uma cerca, na nossa frente uma pequena onça saiu do milharal, olhou para nós, mostrou os dentes, atravessou a rua e entrou na mata. Ficamos admirando aquele belíssimo animal, durante o pouco tempo que se mostrou, que não deu tempo para fotografar. Como era uma onça pequena imaginei se tratar de um filhote. Só muito mais tarde comentei com a Mara que onde estava o filho, também estava a mãe. De qualquer forma tivemos um belo momento. Depois de passar dentro de fazendas de criação de gado, finalmente entramos em uma estradinha bem deserta e fomos em direção à Serra do Gavião. Quando começamos a subir a serra, a estrada ia entrando na mata mais fechada e ouvíamos o barulho das águas correndo no grotão abaixo. Também ouvíamos o barulho e gritos dos macacos nas árvores mas não conseguimos vê-los. Mas vimos uma cobra, no meio da estrada tomando sol, tomamos cuidado de não incomodá-la passando ao lado da estrada deixando-a descansar. Nas orações de cada hora o nosso agradecimento a Deus pela nossa saúde e disposição que nos permitiam conhecer lugares tão bonitos. Lá pelas 15:00 estávamos chegando à pousada Pico do Gavião e conosco mais um visitante: A chuva. A pousada é excelente, com apartamentos com banheiro, TV e ventilador. O padrão dos apartamentos é muito bom, sendo a pousada muito utilizada pelo pessoal que voa de parapente. Os donos ministram cursos deste interessante esporte. De forma que chegar neste local no sábado sem fazer reserva, corre-se

o perigo de ter que seguir adiante até Andradas. A pousada é muito procurada. O preço é especial para os peregrinos, conforme está informado no site do caminho da fé, e o jantar R$8,00 por pessoa.

Dicas do caminho Bela cidade, estação de inverno com muitas flores e jardins. O trecho após esta cidade tem muitas subidas para passar a Serra do Gavião. Belas paisagens também. Sinalização deficiente na entrada da fazenda Pratinha.

Andradas – MG Possui serviço de acesso à internet pago (Cyber café)

Altitude: 898 m km 273 Pousada Pico do Gavião (500 m após Porteira Sítio Pinheirinho) (Altitude 1.375 m) (35) 9107-6353 Pernoite a R$ 20,00 c/ café/ Refeição a R$ 8,00

Falar com César ou Eliana km 264 Palace Hotel (35) 3731-6000 Pernoite a R$ 20,00 c/café/tv/frigo/hidro/pisc/sauna km 264 Hotel Pastre (35) 3731-1375

(35) 3731-4557 Pernoite a R$ 10,00 c/ café

Relato

Tivemos um jantar excelente. Ficamos conversando com os proprietários enquanto assistíamos o Jornal Nacional. Depois nos recolhemos ao apartamento para descansar, pois tivemos um dia cansativo. Fizemos nossas orações noturnas e com o som da Chuva lá fora, adormecemos profundamente. 31/01/2006 (terça-feira) – Saímos em direção a Serra dos Lima. A intenção era pernoitar na Pousada do Márcio. Este caminho de muitos altos e baixos passamos por uma trilha larga no meio da mata, o solo com bastante lama da chuva da noite anterior até que saímos em uma estradinha bucólica e tranqüila no meio de uma serra com paisagens muito belas. Até que vimos a cidade de Andradas lá em baixo. Uma longa e forte descida que acaba no início do calçamento da cidade. Seguimos as setas enquanto éramos cumprimentados pelos moradores (consideramos a cidade mais simpática com os andarilhos). Um Senhor nos parou para perguntar se íamos até Aparecida, nos abençoou e pediu para orarmos por ele quando lá chegássemos. Passamos no Palace Hotel para carimbar (aliás, um excelente hotel onde fomos muito bem tratados e recebidos). Pena que estava muito cedo, senão ficaríamos no hotel. Recomendamos fortemente o hotel para aqueles que chegarem a Andradas mais tarde. Numa feirinha, compramos algumas peras e ameixas, colocamos na mochila, atravessamos a cidade, enveredamos por uma agradável estrada de chão e lá fomos nós digerindo kilômetros. No caminho uma mulher perguntou como agüentávamos andar tanto com aquelas mochilas. Pediu que orássemos por ela em Aparecida e se despediu. Continuamos caminhando e logo a mulher já havia desaparecido de nossas vistas. Se retornarmos ao caminho da fé, levaremos um caderno ou folha de intenções para anotar os nomes daqueles que nos pedem orações. São muitos os casos. No nosso caso, mesmo que não tenhamos lembrado todos os nomes, sabemos que Deus conhece todos os que estavam necessitando de orações. De tempos em tempos parávamos para fotografar, alongar, beber água e nos alimentar.

Dicas do caminho

A pousada Pico do Gavião é excelente e o preço é muito bom para o padrão da pousada.Após a pousada Pico do Gavião algumas subidas e uma grande descida para entrar em Andradas. Após Andradas um trecho no asfalto e depois entra-se novamente em estradas de terra. Depois subida forte da Serra dos Limas.

Serra dos Limas – MG (Município de Andradas) Altitude: 1.220 m

km 247

Pousada do Márcio (Pousada com 10 lugares)

(35) 9946-6274

Pernoite a R$ 20,00 c/ café e refeição Para almoço ou jantar reservar antecipadamente

Relato

Até que avistamos o início da Serra dos Lima. Estava um sol bastante forte e a subida é penosa. O interessante da caminhada é que não sabemos o que nos reserva a próxima curva. Às vezes se descortina uma paisagem deslumbrante, às vezes um povoado, às vezes matas fechadas. No caso da Serra dos Lima ficávamos ansiosos pela próxima curva, na esperança de ver uma estrada plana, mas na maioria das vezes apareciam mais subidas. No meio da subida, olhando para trás, visão panorâmica da região (dava para ver Andradas bem longe ao fundo, bem como a estrada tortuosa que passamos). Ficávamos admirados com o que já havíamos andado. Ao longe víamos nossa companheira, a chuva, vindo em nossa direção. Subimos mais e mais, sempre observando a chuva que já molhava a região vindo em nossa direção. No entanto, continuávamos recebendo o sol na cabeça. Perto do final da subida, resolvemos colocar nossos anoraques e as capas nas mochilas. Logo depois o sol foi engolido pelas nuvens negras e a água caiu sobre nós. Após uns 20 minutos, parou de chover, mas o tempo continuou fechado. Foi quando chegamos à Pousada do Márcio. Na verdade o pernoite se faz em uma escola que fica um pouco afastada. Refletimos um pouco, o tempo estava chuvoso e ficaríamos em uma escola um pouco isolada do povoado e a sós. Para comer, provavelmente teríamos que nos deslocar pelo menos um kilometro. Assim, decidimos apenas carimbar e seguir adiante. Fomos até a casa do Márcio para carimbar, e seguimos em frente (mais sete km) até a pousada do Tio João.

Dicas do caminho No início da subida da Serra dos Lima, tem uma placa que indica 2,5km de subida e a pousada a 3,5km. Em um pequeno povoado (na verdade algumas casas e fazendas) uma seta amarela indica que em um desvio para a direita encontra-se a pousada. Na verdade é a casa do Márcio (para carimbos), pois o local de pernoite é uma escola a uns 1.000 m adiante. Quando se pergunta como é o caminho adiante, eles falam que é muita descida. Na verdade ainda existem muitas subidas (um pouco mais fracas) e uma descida muito forte na chegada a Barra.

Barra – MG (Município de Ouro Fino) Altitude: 982 m

km 241 Pousada do Tio João (35) 9915-7554 (João Batista) Pernoite a R$ 20,00 c/ café e refeição Para almoço ou jantar reservar antecipadamente Relato

Completamos a água e continuamos a subir a serra. Foi quando o tempo começou a fechar de vez. Começou uma chuva torrencial tornando a estrada muito escorregadia, relâmpagos rasgavam o céu e trovões ensurdecedores. A Mara sempre teve muito medo de trovões e eu estava ficando preocupado com ela. Não vi nenhum local para abrigo. Já estávamos no meio dos 7 km de forma que era melhor prosseguir. Olhei para Mara e me surpreendi com sua tranqüilidade, como se não existisse a tempestade. Estávamos rezando o terço, já no último mistério e assim prosseguimos através da tempestade. Então o vale apareceu à nossa frente e muito longe, bem em baixo o povoado de Barra. Na verdade, estávamos em uma espécie de espinhaço da serra, dos dois lados vales profundos e a descida na frente. Observei o céu e notei uma formação estranha. Um grupo de nuvens estava girando, formando um cone cada vez mais baixo, dando a impressão da formação de um tornado. Embora preocupados, rezamos para que chegássemos a Barra sem problemas.

Minhas botas estavam cada vez mais frouxas, cheias de água e lama. Apertei mais o cadarço e descemos a serra observando a formação evoluir até que em determinado momento, percebi que a tempestade estava se afastando devagar. Tenho a mania de contar, a partir de um relâmpago, quanto tempo demora para o estouro do trovão. Com isto, percebi que a cada relâmpago o tempo para o trovão aumentava, o que indicava o afastamento do núcleo da tempestade. E com isso, aquela formação que temíamos, começou a encolher. Descemos a encosta e chegamos em Barra, porta de entrada do Município de Ouro Fino. A partir deste dia, a Mara perdeu completamente o medo das tempestades. Aguardamos um visinho ligar para Ana Maria, que estava responsável pela Pousada Tio João. Enquanto aguardávamos, fizemos nosso alongamento muscular, tiramos os calçados e as meias que estavam em petição de miséria. A pousada ficaria por nossa conta. Lavamos as roupas e colocamos para secar, pois o sol voltara a aparecer. Desmontamos as mochilas que também foram para o sol enquanto tomávamos banhos quentes e relaxantes. No quarto que escolhemos embora simples, possuía banheiro privativo e duas camas. A sala de TV era comunitária. A Ana Maria preparou um delicioso jantar, que ajudou a recuperar nossas forças. Enquanto comíamos, conversávamos sobre o local. A Ana Maria, casada com um xará meu, José Roberto, tem dois belos filhos (uma menina e um menino). Contamos nossas aventuras do dia e depois a Ana recolheu as crianças e deixou a pousada por nossa conta. E a chuva voltou a cair com violência. Ficamos na varanda recordando os fatos do dia, observando a chuva, enquanto saboreávamos uma taça de vinho. Depois, fomos ver um pouco de TV. Depois, sentindo o peso do cansaço, fizemos a liturgia das horas e adormecemos profundamente. 01/02/2006 (quarta-feira) acordamos cedo, saboreamos um delicioso café da manhã, nos despedimos da Ana Maria (sempre com o compromisso de rezar por eles em Aparecida), fotografamos com ela e lá fomos nós em direção a Ouro Fino. Estava uma belíssima manhã luminosa e já começamos a subir a serra, deixando aquele belo vale. Logo à frente, um local para banhar-se. Como estava cedo, apenas fotografamos e seguimos (ou seja, subimos) adiante. Enquanto subíamos, a paisagem panorâmica do vale ia se descortinando, fazendo nos esquecer da subida. Quando chegamos ao alto, à nossa frente também a visão panorâmica de uma planície verdejante ao longe enquanto que dos dois lados, dois vales muito bonitos. Na verdade, a beleza do local, não dá para descrever. Tem que ir até lá. Daí para frente, caminho por estradinhas com poucas subidas até chegar em Crisólia.

Dicas do caminho

O acolhimento muito bom, embora as pessoas responsáveis não fiquem na pousada. Normalmente a pousada fica fechada aguardando os peregrinos. Mas, é só pedir a um vizinho que a responsável logo virá atender. É um bom local para descanso e a comida é deliciosa. Não se deve esquecer de registrar a presença no livro dos peregrinos, deixando uma mensagem para outros peregrinos ou para o povoado.

Crisolia – MG (Município de Ouro Fino) Altitude: 926 m

km 226 Bar da Zéti (35) 3446-5269 Local para carimbar a credencial km 226 Pousada da Adelaide (35) 3446-5300 Pernoite a R$ 10,00 c/ café

Obs.placa indicativa para os hotéis Fazenda Menino da Porteira e Fazendinha Relato

Em Crisólia, passamos no Bar da Zéti, tomamos um gatorade gelado e carimbamos a credencial. O nosso roteiro original previa um pernoite em Crisólia, mas, ainda era muito cedo de forma que continuamos o caminho para Ouro Fino. Um vendedor ambulante (daqueles que vendem

colchas, ededrons) nos perguntava de onde vínhamos e para onde íamos. Mostrou-se muito interessado e surpreso com nossa disposição. Pediu que orássemos por ele e dada nossa condição nem tentou nos vender uma de suas colchas. Também a estrada deste trecho, bastante legal, com um pouco mais de movimento de veículos, mas ainda tranqüila para nossos padrões. O sol bastante forte, já beirando o meio-dia, fazia o suor brotar. É interessante como a caminhada além de fazer bem para a mente, também é boa para o corpo. Quando saímos de casa, optei por usar a mochila do meu filho mais velho em função dela possuir uma barra metálica no corpo, ajudando a transferir o peso da mochila, dos ombros para a cintura. Meus filhos são bastante esguios, de forma que tive que abrir uns 8 cm na barrigueira da Mochila. Com o desenrolar da caminhada, cada dia eu tinha que apertar mais a barrigueira. Comentei com a Mara que quando chegássemos em casa, eu iria devolver a mochila com a barrigueira do jeito que peguei. Exageros à parte, mas perde-se muito peso e cintura em uma caminhada. A Mara, por exemplo, além de estar com a silhueta mais esguia, já apresentava um belo bronzeado constante na pele. Ela comentava que quando chegasse a Vitória, teria que cobrir os braços e o rosto na praia para bronzear apenas as pernas e barriga. Aquele tom mais escuro na pele dela, dava um contraste delicioso quando sorria, mostrando os dentes brancos e o olhar vivo. E assim, caminhamos pelas estradas, ora Eu à frente, ora ela nos revezando na puxada do ritmo até que do alto de uma colina vimos Ouro Fino. Paramos para descansar debaixo de uma bela sombra, nos alimentamos, alongamos e iniciamos a descida para chegar à cidade.

Dicas do caminho A sinalização neste trecho é boa.

Ouro Fino – MG Possui serviço de acesso à internet pago (Cyber café)

Altitude: 900 m Terra do Menino da Porteira - * Conheça a gruta de N.Sra.Aparecida no Supermercado Peg Pag-Atlanta

km 219 Hotel Caiçara (35) 3441-1093/2151 Pernoite quarto R$12,00 / apto R$ 20,00 c/café. km 219 Pousada Arco Iris (35) 3441-2301 Pernoite quarto R$12,00/ apto R$ 15,00 c/café km 219 Hotel Fazenda Menino da Porteira (35) 3441-4146 Verificar disponibilidade e preço no local km 219 Pousada Fazendinha (35) 3441-1415/4284 Verificar disponibilidade e preço no local

Relato

Chegamos à cidade com um sol causticante. Paramos no portal da cidade para fotografar. O portal é uma grande estátua de um menino ao lado de uma porteira. O menino da porteira é o título de uma música sertaneja, que conta a história de um boiadeiro que tocava boiada pelas estradas de Ouro Fino. Fomos procurar a Pousada Arco Íris, chamamos em frente à pousada, alguém veio nos atender e perguntou o que queríamos. Falamos que éramos peregrinos procurando local para pousar. A pessoa, sem abrir a porta, nos pediu as credenciais para carimbar, mas insistimos que desejávamos pousar. Então nos respondeu que veria se teria vagas. Como não abriu as portas, também não ofereceu água (é o básico no atendimento do peregrino), decidimos procurar outro local para ficar. Fomos ao Hotel Caiçara, pedimos um apartamento, embora o atendimento também não fosse dos melhores, mas precisávamos de um banho e descanso. Realmente estávamos achando o atendimento em Ouro Fino, destoando de tudo que havíamos recebido no caminho da fé até o momento. O atendente do hotel não soube nos informar a respeito do carimbo. Então fomos ao Supermercado Peg-Pag Atlanta para visitar a gruta de N.S.Aparecida. Lá fomos muito bem recebidos pela família Butti (José Carlos, Edna e Adriana). A Adriana nos mostrou a capela e juntos, fizemos uma oração. Depois trocamos endereços, assinamos o livro do

peregrino e nos comprometemos de enviar para a Adriana uma oração que ela achou muito bonita. Como sairíamos muito cedo no outro dia, no final da tarde nos despedimos da família Butti, também nos comprometendo a lembrar deles nas nossas orações. Fomos à Igreja, fizemos nossas orações e visitamos o museu da igreja. Fomos descansar no hotel enquanto aguardávamos a hora de jantar. Não demorou muito, a chuva caiu sobre Ouro Fino. No início da noite, saímos para procurar um restaurante. Estávamos com vontade de comer massa, por isso procurávamos uma pizzaria. Logo estávamos na Dom Paolo, pedimos uma pizza portuguesa que saboreamos com vontade, acompanhado de uma taça de espumante. Depois, enquanto a Mara retornava ao hotel fui a um Cyber Café próximo para entrar em contato com os amigos andarilhos capixabas que aguardavam notícias nossas. Conversei com o Falcão no MSN, falei da caminhada até aquele dia, depois enviei e-mail para Betinho e Biel (filhos) dando notícias e fui para o hotel. Na verdade foi a pior noite de sono que tivemos. Durante toda a madrugada, alguns hóspedes ficaram conversando alto na recepção do hotel de forma que conseguimos dormir pela madrugada. 02/02/2006 (quinta-feira) - Saímos cedo de Ouro fino com tempo bom e algumas nuvens. Logo na saída da cidade uma longa e suave subida fazia os músculos se aquecerem. Logo divisamos à frente a cidade de Inconfidentes.

Dicas do caminho Na entrada da cidade a placa de sinalização está no chão. Pode ter acontecido apenas conosco, mas a recepção na pousada Arco Íris e no Hotel Caiçara não foi boa. Em compensação vale a pena uma conversa com os proprietários do Supermercado Peg-Pag Atlanta. No mesmo local faça visita a uma capela de pedra com a imagem de N.S.Aparecida.

Inconfidentes – MG Altitude: 750 m

km 211 Bar do Maurão (Entrada da Cidade) (35) 3464-1028 Carimbar a credencial e obter informações km 211 Hotel Bororó (35) 3464-1022 Capacidade para 18 pessoas (Precário) km 204 Albergue Águas Livres (Sítio) (35) 9952-2192

Valdir Pernoite a R$20,00 c/café e jantar. Fazer reserva.

(a 6 km de Inconfidentes) Conheça o Albergue Águas Livres mesmo que não necessite pernoitar

Não serve almoço. Não serve bebida alcoólica

Relato

Passamos por Inconfidentes no bar do Maurão para carimbar. Enquanto tomávamos um gatorade conversamos com o dono que se lembrava do Messias (outro capixaba que havia passado por ali anteriormente), víamos os álbuns das várias vezes que o Maurão fez o Caminho da fé. Passamos pela pousada das águas livres para carimbar e começamos a subir a primeira serra do dia. Do alto da serra se descortinou uma paisagem deslumbrante. Uma visão panorâmica que ficará impressa em nossas mentes para sempre. Pastagens de verde vibrante entrecortadas de árvores com sombras generosas. Fotografamos e seguimos adiante, descendo (tudo o que sobe tem que descer). A Mara chama as subidas de cachorras e as descidas de malcriadas. Assim estávamos descendo uma "malcriada". Entramos numa estrada bucólica com muitas árvores que aos poucos se transformou numa mata. Muitos pássaros cantando. De repente se abre a nossa frente outra bela paisagem. Um campo verde com pequenas colinas cheio de árvores floridas (paineiras). Estávamos atravessando um local chamado "córrego da onça".

Ao lado da estrada estava uma paineira linda, cheia de flores cor-de-rosa e o chão um verdadeiro tapete cor-de-rosa. Escolhemos este local para nosso farto almoço (um pãozinho de 20 gr. com queijo que pegamos do café da manhã, uma banana e duas generosas doses de água semi-fresca). Seguimos adiante e encaramos a segunda serra. Subida e mais subidas. Ao longe avistamos uma curva. Depois da curva uma surpresa! Mais subidas e mais curvas. Chegamos ao topo e logo divisamos ao longe a cidade de Borda da Mata. Chegamos as 13:00 depois de 28km percorridos.

Borda da Mata – MG Possui serviço de acesso à internet pago (Cyber café)

Altitude: 905 m km 191 Minas Hotel (35) 3445-1347 Pernoite R$ 10,00 c/café (simples)

km 191 Hotel Village (35) 3445-1907 Pernoite em apto. R$ 18,00 c/ café Relato

Ficamos no hotel Village (aptos agradáveis com banheiro, TV, ventilador e café da manhã) Tomamos banho, fomos conhecer a cidade, fomos à Igreja rezar e a noite jantar. Restaurante Don Juan. Come-se muito bem e se paga pouco (um contrafilé maior que o prato) e o dono reconheceu que éramos andarilhos, nos deu um bom desconto. Saímos do restaurante fomos a um Cyber Café colocar o papo em dia com os andarilhos capixabas. Depois, retornamos ao hotel. Quando entramos no hotel a chuva caiu torrencialmente. Ficamos vendo um pouco de TV, depois fizemos nossas orações e caímos no sono. 03/02/2006 (sexta-feira) – Acordamos cedo, não dava para perceber se o tempo estava limpo ou fechado, pois uma espessa neblina pairava sobre a cidade. Tomamos café e em função da neblina decidimos colocar roupas para chuva. Na pracinha, só dava para divisar o vulto da Igreja na neblina. Atravessamos a cidade, entramos em uma estrada de chão e fomos cortando a neblina. Logo passou por nós um carro com agricultores que nos cumprimentaram e brincaram conosco dizendo que queriam tirar uma foto quando chegássemos ao alto da Serra. A manhã continuou encoberta com neblina, atravessamos outro vilarejo, depois passamos por um acampamento que nos pareceu de sem-terras e fomos em frente. E apareceu a subida da serra, Palmas, nos informaram quando perguntamos no local. Na mata ao lado um forte barulho de cascos com barulho de um animal entrando na mata. Tentamos divisar, mas não conseguimos ver que animal era. Imaginamos ser um pequeno veado. Junto com a subida o sol apareceu por cima da neblina. E começamos a suar em bicas. Quatro fatores contribuíam para o calor extremo que sentíamos. Roupa de chuva, subida forte, sol e neblina. Este polinômio fazia de nossa subida um calvário. Logo depois, com a altitude, o vento começou a soprar, a neblina se desfez e ficamos felizes com nossos amigos o sol e a subida. Neste dia também nosso consumo de água era além do esperado, de forma que voltamos com nossa velha técnica de racionamento. Quando estávamos quase no topo da Serra, ouvimos gritos. Procuramos e vislumbramos bem longe de nós aqueles agricultores que haviam brincado conosco na saída da cidade. - Demoraram a chegar – Disseram eles Acenamos para eles e continuamos nossa subida. Pareceu-me ter ouvido um deles falar. “Reze por nós”. Por via das dúvidas, incluí aqueles alegres trabalhadores na nossa lista enquanto eles continuavam a roçar o campo. Chegamos ao topo da Serra e já iniciava uma forte subida. Na nossa frente um belo vale e outra serra à frente. Paramos numa sombra para descansar e alongar enquanto tentávamos adivinhar quais dos caminhos que víamos na próxima serra seria o nosso. A Mara comentava: “O que vier nós vamos traçar. Se Deus assim o permitir!”. Concordei e parei de tentar controlar o caminho aceitando o que viesse.

Descemos ao fundo do vale e logo estávamos de novo subindo. Devagar e sempre, após algumas horas já estávamos no topo da outra serra. Paramos para descansar e olhamos para trás identificando o caminho que havíamos passado. Sentimos-nos felizes por já estar daquele lado da serra. Na estrada passamos por umas vacas com crias pequenas que nos olhavam com desconfiança. Passamos por elas, mas assim que olhei para trás uma das vacas vinha acesa em nossa direção. Bati o cajado no chão, levantei a voz e ela desistiu. Logo após outra subida, depois mais outra e outra, quando aparece uma descida vertiginosa. Lá de cima já víamos a cidade de Tocos do Mogi bem no fundo do vale. Enquanto descíamos um senhor no cavalo perguntou se iríamos parar em Tocos do Mogi. Falamos que sim e ele informou: “Ainda faltam oito km”. Mas logo sorriu marotamente e corrigiu: “Estou brincando, é logo aí em baixo”. Eu já sabia que era brincadeira, pois estava controlando bem os kms percorridos. Conversamos um pouco com o brincalhão depois nos despedimos: “Vão com Deus!”, disse ele e logo em seguida: “Rezem por mim!”. Assim, logo chegamos à pousada do peregrino de Tocos do Moji.

Dicas do caminho Sinalização boa em todo trecho. No meio da subida da primeira serra existe um local com água potável. Também no caminho, alguns povoados com bares para matar a sede. De qualquer forma é preciso que se tenha um bom estoque de água, pois o consumo é grande neste caminho. Recomendamos comer no restaurante Dom Juan.

Tocos do Moji – MG Altitude: 1.050 m

km 173 Pousada do Peregrino (dona Terezinha) (35) 3445-6158 Pernoite a R$ 8,00 s/café. Capacidade 20 pessoas

km 173 Pousada São Geraldo (35) 3445-6173 Pernoite a R$ 10,00 s/café.

Relato

Também esta pousada fica por conta dos peregrinos. Tem um terraço excelente para lavar e secar roupas dos andarilhos. Ficamos em um quarto com um banheiro. A pousada não oferece café da manhã nem refeição. O pernoite foi cobrado de R$10,00 embora no site informe R$8,00. Tomamos banho, lavamos e secamos nossas roupas e fomos explorar a cidadezinha. Entramos em um barzinho tomamos sucos, experimentei uma paçoca caseira, depois chupamos alguns picolés na padaria e subimos uma pequena colina para ir até a Igreja Matriz (N.S.Aparecida). Na Igreja, rezamos um terço e depois nos informaram que haveria miss à noite. Voltamos para a pousada para descansar e aguardar a hora do jantar e da Missa. À tarde, fomos ao restaurante e nos servimos de uma deliciosa comida caseira. Pedi alguns ovos fritos e neste dia comemos bastante. Pela qualidade com que comemos achei bastante barata a comida (R$6,00 por refeição). Com a fome saciada fomos sentar um pouco na pracinha e aguardar a hora da Missa. Nestes locais, parece que toda a cidade fica em volta da praça aguardando a Missa. E todos nos observando com muita curiosidade. Foi uma missa festiva, participamos com muita alegria, partilhamos a Ceia Eucarística e depois da varanda da pousada vimos o movimento da população local. Havia alguma festa, já que estouraram fogos de artifícios. Na casa da D. Terezinha (ao lado da pousada) assinamos o livro do peregrino, deixamos nossa mensagem e fomos dormir. Ainda estávamos na varanda quando a chuva deu o ar de sua graça. Dormimos ao som da Irmã chuva.

04/02/2006 (Sábado) – Saímos cedo, passamos na padaria, tomamos um café da manhã, compramos pão com queijo para comer no caminho. A moça perguntou se queríamos esquentar o pão. Falamos que não era preciso, pois na hora que fossemos comer, o queijo já estaria derretido e o pão quente (do sol). A manhã estava ensolarada e luminosa. Sabíamos que enfrentaríamos várias serras naquele dia. Logo encontramos a primeira serra. Muita subida e curvas e logo estávamos no topo (depois de 1,5 hora de caminhada). Lá de cima uma visão de um vale deslumbrante de pastagens verde vibrante. O que sentíamos diante da visão não dá para explicar. Só vivendo o momento. De lá já víamos o caminho a seguir no outro lado do vale. E novamente nos surpreendemos conjeturando sobre quais os caminhos pegaríamos do outro lado. E começamos a descer o vale, descemos muito, durante mais uma hora até o fundo do vale. Lá paramos em um barzinho, tomamos um suco para economizar a água, a Mara foi ao banheiro, experimentei algumas paçocas recobertas com chocolate (uma delícia) e fomos em frente, ou melhor, para cima. Subimos a segunda serra do dia. Do topo já divisávamos a cidade de Estiva ao longe. A visão agora era de uma extensa planície recoberta de pastagens e plantações de morango (Estiva é a capital nacional do morango). E mais algumas horas de descida, quando divisamos a estrada que dava acesso à cidade. Antes de chegar à cidade ainda tinha uma colina a ser vencida. Na subida da colina um carro passou e alguém gritou: “Ânimo peregrinos! Falta pouco!”. Quando descemos a colina já estávamos na cidade de Estiva. Procuramos a Pousada do Poka, em cima de uma padaria, do lado da Praça da Igreja Matriz (N.S.Aparecida). Na própria padaria (Santa Edwirges) pegamos a chave do quarto.

Dicas do caminho Sinalização boa em todo trecho. Também no caminho, alguns povoados com bares para matar a sede. De qualquer forma é preciso que se tenha um bom estoque de água, pois o consumo é grande neste caminho. A pousada não serve café da Manhã nem refeição. Na cidade há restaurante. O café da manhã pode ser tomado em uma das duas padarias da cidade.

Estiva - MG Possui serviço de acesso à internet pago (Cyber café)

Altitude: 872 m km 152 Pousada do Poça (Sobre a Padaria

da d.Zeze) (35) 3462-1329 Pernoite quarto R$10,00 /apto. R$ 20,00 s/café

km 152 Pousada Mendes (dona Duda) (35) 3462-1537 Pernoite a R$10,00 s/café km 149 Pousada Vale Verde (35) 3799-0023 Pernoite a R$ 23,00 c/ café

Relato

À noite na Igreja Matriz, haveria Missa com Crisma de jovens e adolescentes. No final da tarde encontramos na entrada da cidade com dois peregrinos que chegavam. Cumprimentamo-los e logo nos perguntaram se éramos “o casal” que eles tinham ouvido falar pelo caminho. Confirmamos e logo nos informaram que leram nossas mensagens e tiveram informações nossas nos locais de parada. Que bom parece que havíamos deixado um rastro de boas impressões. Eles nos pareciam bem cansados, pois estavam vindo de Borda da Mata e informaram que estavam esticando os trechos, pois tinham pouco tempo de férias, mas gostariam muito de estar fazendo o caminho como nós, com contemplação e tranqüilidade.

Não mais os vimos neste dia, fomos a um Cyber Café para atualizar a conversa com Vitória, contar os casos do dia, compramos algumas frutas para o dia seguinte e fomos participar da Santa Missa. Neste dia a Mara foi convidada a participar da coleta do ofertório. Após a Missa a pracinha ficou bem movimentada, mas nós fomos descansar. 05/02/2006 (Domingo) – Saímos cedo, passamos na padaria, tomamos um café da manhã, compramos pão com queijo para comer no caminho. Passamos no Pousada Vale Verde (3 km após) para conhecer e carimbar e seguimos em frente. Sabíamos que enfrentaríamos várias serras naquele dia. Logo encontramos a primeira serra a temida serra do Caçador. Subimos devagar e fotografando e numa das paradas para alongamento, os dois peregrinos que vimos em Estiva nos alcançaram. Conversamos um pouco, continuando a subida, tiramos algumas fotos juntos, trocamos e-mails e eles seguiram em frente no ritmo deles. Na verdade, por duas vezes nos encontraríamos nesta serra, pois eles paravam para beber água e nós passávamos, até que no topo da serra, eles nos alcançaram pela última vez, perguntaram que tipo de meias, roupas usávamos, troca algumas idéias sobre caminhadas quando eu e a Mara resolvemos parar para almoçar. Eles seguiram adiante e não nos vimos mais (quando chegamos em Sapucaí Mirim soubemos que um deles havia chegado desidratado e desistiu do caminho). A Serra do Caçador já possui a paisagem característica da mata araucária. Já começam a aparecer alguns pinheiros. Assim, do alto da Serra, logo avistamos Consolação. Uma descida forte e longa, depois um trecho de estrada com brita e chegamos ao pequeno povoado de Consolação.

Dicas do caminho Sinalização boa em todo trecho. A pousada não serve café da Manhã nem refeição. Na cidade há restaurante. O café da manhã pode ser tomado em uma das padarias da cidade. Na Serra do Caçador existe um local onde se pode encher o cantil de água potável.

Consolação - MG Altitude: 1.100 m

km 132 Pousada Capivari (Sueli) (35) 3656-1217 Pernoite a R$25,00 c/café e jantar km 132 Pousada d.Elza (35) 3656-1269 Pernoite a R$25,00 c/café e jantar

Relato

Embora estivéssemos em condições de continuar até Paraisópolis decidimos ficar e conhecer a cidade, assim resolvemos ficar na Pousada Capivari e enquanto fazíamos alongamento na varanda da pousada, alguém foi chamar a D. Zélia. Assim que a D. Zélia chegou, abriu a casa disponibilizou roupas de cama, toalhas, de forma que logo estávamos limpos e relaxados. Conversamos bastante com a D.Zélia que estava triste, pois sua filha trabalha na cidade vizinha e fica fora a semana toda. Chega no sábado à noite e no Domingo às 15:00 retorna para o trabalho. Liberamo-la para curtir o pouco tempo com a filha, mas logo as duas estavam no pousada, a filha com a bagagem para tomar o ônibus que a levaria para a cidade vizinha. Com os olhos marejados de lágrimas a D.Zélia beijou e abençoou a filha ela foi ela. À noite na Igreja Matriz (N.S. da Consolação), participamos da Missa, onde o Padre nos chamou à frente para apresentar à comunidade. Elogiou nosso caminho, cantaram bênçãos para nós e depois abençoou a assembléia liberando todos para casa. Na verdade após a missa, a praça da cidade fica cheia de pessoas conversando e jovens e adolescentes rodando a praça. Fomos descansar, quando chegou na pousada os proprietários que ficaram conversando conosco até tarde. Foram eles que nos contaram o caso das peregrinas que fugiram dos bois. A história foi assim: “Duas andarilhas (uma de 48 e outra de 63 anos) ao passarem perto de uma boiada (gado Nelore que é muito curioso) os bois começara a segui-las. Elas com medo começaram a correr e a boiada correu atrás delas. Para encurtar a história, um fazendeiro que estava passando com

seu trator ouviu os gritos e quando chegou viu a boiada toda em volta do cocho e no teto do cocho as duas andarilhas desesperadas. Ninguém sabe explicar como elas conseguiram subir no telhado do cocho. Os bois estavam todos embaixo olhando para elas. Para descer tiveram que colocar o trator embaixo e as duas desceram pisando no teto do trator.” Depois nos despedimos e fomos dormir. 06/02/2006 (segunda-feira) – Saímos cedo, tomamos o café da manhã e seguimos para Paraisópolis. Haviam nos falado que este dia seria um passeio apenas com baixadas. Realmente enquanto estávamos andando pela estrada, estava excelente. A Manhã despejava sua luz sobre o tapete de lírios que cresciam ao lado da estrada. Até que uma placa indicava que deveríamos entrar na propriedade de uma fazenda (já falei anteriormente que não gosto de entrar nas fazendas), mas fazer o que? A placa mandava, nós obedecemos. Começamos a pegar muitas subidas e pior, dentro de caminhos abertos no meio de pastagens, com uma paisagem monótona e um calor infernal. Comentei com Mara que preferia ter continuado na estrada que estava tão agradável. Finalmente depois de transitar dentro das fazendas subindo e descendo as colinas, saímos na estradinha e avistamos ao longe a cidade de Paraisópolis. Antes de entrar na cidade ainda subimos mais uma colina e fomos em direção à praça para o Hotel Central.

Dicas do caminho O caminho pela estrada é muito agradável. O trecho dentro das fazendas é monótono, cansativo e chega a até irritar. Na verdade se continuar pela estradinha, também se chega a Paraisópolis e parece que a distancia é menor, além de não ter que enfrentar as muitas subidas e descidas.

Paraisópolis - MG Possui serviço de acesso à internet pago (Cyber café)

Altitude: 949 m km 111 Pousadinha Mineira (35) 3651-1919 Pernoite a R$ 25,00 c/café km 111 Hotel Central (35) 3651-1404 Pernoite a R$15,00 c/café/ Aptos a R$ 20,00 c/café km 111 Pousada da Praça (35) 3651-2458 Pernoite a R$ 30,00 c/ café

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Ficamos em um apartamento simples, mas confortável, o hotel bem localizado (em frente a Praça da Igreja São José). Depois fomos telefonar e navegar pela internet. Fomos a um supermercado para comprar Cola para colar minhas botas (estava começando a dançar nos meus pés e do jeito que estava não agüentariam outra chuva), aproveitamos e compramos alguns chocolates e sucos para complementar alimentação. Depois fomos ao restaurante do peregrino e comemos muito bem. Se paga R$6,00 por refeição, é uma espécie de self-service, mas a opção de carne é à la carte. Pedimos bife, nos servimos com feijão, arroz, saladas, farofa etc. e logo chegou dois bifes que foram suficientes para matar nossa fome. Recomendamos o restaurante, fica ao lado da Igreja. 07/02/2006 (terça-feira) – Saímos cedo, tomamos o café da manhã e seguimos para São Bento de Sapucaí. Fomos seguindo o asfalto até São Bento do Sapucaí. No caminho encontramos alguns caminhões parados e os motoristas e esposas tomando o café da manhã em volta dos caminhões. Ficaram curiosos conosco e perguntaram de onde estávamos vindo e para onde íamos. Ficaram admirados com nossa história, nos despedimos e também pediram nossas orações. Bem mais tarde, quando já estávamos nos aproximando da cidade, passou um caminhão buzinando muito, e a mulher com a metade do corpo para fora da janela gritando “Vão com Deus”. Acenamos muito e logo o caminhão desapareceu na estrada. Entramos em São Bento do Sapucaí.

Dicas do caminho De Paraisópolis até São Bento, o caminho da fé pode ser feito seguindo o asfalto, neste caso o caminho é plano e um pouco menor, embora mais estressante e sem sinalização do caminho. Após 9 km, uma placa indica apontando para a esquerda, indica outra opção do caminho. Nesta opção, anda-se por estradas de terra, sem o estresse da rodovia, mas, enfrenta-se subidas e um percurso maior. Na Praça de Paraisópolis existe uma placa com um mapa dando as duas opções.

São Bento do Sapucaí – SP Possui serviço de acesso à internet pago (Cyber café)

Altitude: 920 m (* Carimbos também no Portal da Cidade, Casa Paroquial e Casa do Artesão)

km 90 Pousada da tia Cida (Rua Mj. Monteiro de Carvalho, 65) (12) 3971-2065 Pernoite a R$15,00 c/café km 90 Pousada da vovó Nana (Rua Pintora Adelaide de Melo, 413) (12) 3971-1688 Pernoite a R$25,00 c/café km 90 Hospedaria Casarão (Praça General Marcondes Salgado, 11) (12) 3971-2582 Pernoite a R$25,00 c/café km 90 Pousada da vovó Hilda (Rua Cel. Ferreira Jr, 137) (12) 3971-1758 Pernoite a R$25,00 c/café

Relato

Entramos na cidade, fomos a uma pousada para carimbar o certificado e como era cedo, decidimos esticar mais 9 km até Sapucaí Mirim (já havíamos andado 21 km até então), mas estávamos nos sentindo muito bem. Uma parada na Igreja de São Bento para uma oração e depois uma parada no supermercado para comprar alimento e água e seguimos em frente, agora por estradinhas de terra. Antes de subir a serra uma mulher de carro parou para matar a curiosidade. Depois falou que tem vontade de colocar uma placa oferecendo água e descanso para os peregrinos. Assim, nos despedimos de D.Maria da Glória, também nos comprometendo a orar por ela. Na verdade, a cidade não nos agradou muito, achamos muito urbana para nosso gosto, já acostumados com locais bucólicos e tranqüilos. Também não achamos os moradores acolhedores. A sinalização do caminho também não é muito boa. É bom comentar que algumas pousadas não dão um bom tratamento ao peregrino, quando param apenas para carimbar. Algumas vezes tivemos que pedir permissão para entrar e tirar a mochila. Outra coisa, Todo peregrino tem a água como um bem muito precioso e se quiser tratar bem um peregrino, ofereça água fresca (coisa que algumas pousadas não fazem).

Dicas do caminho Precisa ser melhorada a sinalização. Por exemplo, da Pousada da Vovó Hilda onde fomos carimbar foi uma dificuldade para achar as setas amarela, ou seja, da pousada não existe sinalização que leve de volta ao caminho. A dica que damos é ir até a Igreja São Bento, que as setas amarelas passam na rua ao lado. Aliás, no caminho da fé, se estiver perdido na cidade, procure a Igreja que certamente o caminho passa por lá.

Sapucaí Mirim – MG Possui serviço de acesso à internet pago (Cyber café)

Altitude: 890 m km 81 Pousada Avenida (35) 3655-1118 Pernoite a R$12,00 c/café km 81 Pousada Xangrilá (35) 3655-1235 Quarto R$ 12,00 Apto.R$ 15,00 c/café

Relato

Na subida da serra, mais ou menos no meio, o cansaço e a sede nos fez procurar um local para descanso. Havia poucas sombras no local e decidimos parar debaixo de uma pequena árvore. Havíamos comentado no caminho que as goiabas que vimos no caminho estavam estragadas. Quando me abaixei para pegar o cantil algo colorido me chamou a atenção. Um pé de goiaba da altura de um palmo da mão, com poucas folhas escondia três goiabas grandes. Duas ainda verdes e uma madura. Mostrei a Mara, colhemos a goiaba madura que estava deliciosa e limpa. Deixamos as outras para que outros peregrinos saboreassem no devido tempo. Ficamos comentando como foi interessante, vermos grande goiabeiras carregadas, mas com frutos muito bichados e, no entanto um pequeno pé, bem a vista ao lado da estrada, escondesse frutos tão deliciosos. Parecia que estava ali para que nós descobríssemos. Finalmente do alto da colina avistamos Sapucaí Mirim. Fomos procurar a Pousada Xangrilá. Lá fomos recebidos pelo Sr. Antônio, um ser humano fabuloso que nos apresentou o apartamento com banheiro, TV, ventilador e café da manhã (tudo isto por R$15,00). Acabamos de alongar e entramos no apartamento para tomar banho quando a chuva caiu. Estávamos para sair para explorar a cidade quando chegaram mais três peregrinos: Dois ciclistas de SP (Marcos e Francisco de Moji Mirim) e um a pé de Brotas-SP. O peregrino de Brotas, Luiz Cláudio ou “Django” já chegou perguntando pelo casal. Falou que desde Águas da Prata estava perseguindo o casal, mas chegava aos povoados e o casal já havia saído. Ficamos lisonjeados e felizes pela imagem que estávamos deixando no caminho. O Django então, perguntou-nos se podia seguir dali para frente conosco. Respondemos que sim e já marcamos o horário de saída no dia seguinte. 08/02/2006 (quarta-feira) – Acordamos cedo, tomamos o café da manhã, nos despedimos do Sr. Antônio e D. Cida (esposa), despedimos dos ciclistas que iam para Parati e pegamos mais uma vez a estrada. Poucos trechos de estrada de chão e muito asfalto. No caminho, acostumamos com a companhia das setas amarelas. Tanto que quando demora um pouco mais a aparecer, ficamos inseguros se não tomamos o caminho errado. Neste dia, estávamos andando há uns 20 minutos sem aparecer setas, estávamos ficando preocupados quando um velho Sr. Parou o carro e falou que devíamos ter entrado numa trilha lá atrás. Ficamos na dúvida, pois não lembrava de ter visto nada que indicasse a mudança no caminho. Resolvemos então andar mais 10 minutos e se não encontrássemos sinalização voltaríamos. Na curva logo a frente uma seta confirmava que estávamos no caminho certo. O velho senhor deve ter se enganado. Depois uma longa ladeira (no asfalto), seguia tortuosa subindo a serra com destino a Santo Antônio do Pinhal.

Dicas do caminho Até as proximidades de Sto. Antonio do Pinhal a sinalização é boa..

Santo Antonio do Pinhal – SP Possui serviço de acesso à internet pago (Cyber café)

Altitude: 1.143 m (Carimbo também na Paróquia e Prefeitura Municipal)

km 62 Pousada Nippon (12) 3666-1353 Apto. R$ 20,00 s/café R$ 22,00 c/café km 62 Pousada da Fonte (12) 3666-1812 Apto. R$ 25,00 c/ café km 62 Pousada Santo Pinhal (11) 9173-6349 Apto a R$ 20,00 s/ café

Relato

Chegamos a Santo Antônio do Pinhal por volta de 12:00. Como ainda era cedo decidimos seguir caminho até Pindamonhangaba. Paramos na Pousada Nippon para carimbar (só carimbo mesmo, nada de água e esperamos bastante para ser atendidos). Seguimos adiante ao lado da rodovia. Dentro de Sto. Antonio do Pinhal e na saída, a sinalização é muito rara. Isto deixa muito inseguro os andarilhos, de forma que tínhamos que parar para perguntar se o caminho continuava por ali. Neste trecho deve-se ter cuidado, pois existem locais onde falta acostamento e os carros passam em alta velocidade. Mais à frente encontramos uma nascente com água potável (água mineral) onde pudemos nos fartar e completar os cantis. Voltamos ao asfalto sempre subindo tortuosamente a serra, nos levanto à borda da Serra da Mantiqueira. No caminho o Django nos contava que uma vez saiu de Brotas até Bom Jesus do Pirapora arrastando nas costas uma cruz de 18 metros, para pagar uma promessa. Lembrei-me do “Pagador de Promessas” e imaginei a dificuldade de levar uma cruz tão grande com mochila e barraca amarrada na cruz por 240 km, ainda por cima subindo uma serra. Durante o caminho, nas horas das nossas orações ensinamos o Django a rezar o terço. Até que chegamos à Borda da Serra. Numa pequena estação de trem, se visualizava a planície onde estava Pindamonhangaba. A visão do fim da serra, com a linha de trem descendo e o panorama da paisagem é indescritível. A estação muito florida tendo em volta dos trilhos muitas hortênsias azuis. Seguimos pelos trilhos descendo a serra, até um ponto onde entramos em uma trilha na mata. Daí para frente só descida forte com muitas valas abertas pela chuva e pedras soltas. Quando estávamos chegando ao pé da serra, choveu copiosamente. Logo à frente chegamos à pousada Serra da Mantiqueira onde pernoitamos.

Dicas do caminho Até as proximidades de Sto. Antonio do Pinhal a sinalização é boa. Dentro de Sto. Antonio do Pinhal e na saída, a sinalização é muito rara. Isto deixa muito inseguro os andarilhos, de forma que tínhamos que parar para perguntar se o caminho continuava por ali. Também não gostamos do atendimento da pousada Nippon.

Pindamonhangaba - SP Possui serviço de acesso à internet pago (Cyber café)

Altitude: 690 m km 50 Pousada Champêtre (12) 3648-6291 Pernoite a R$40,00 c/café km 50 Pousada Serra da Mantiqueira (12) 3648-8432 Pernoite a R$ 30,00 c/café km 40 Pousada Casa do Amor Divino (Antes do Centro) (12) 3645-5272 Pernoite a R$20,00 c/café km 37 Hospedaria do Peregrino (12) 3642-3195 Pernoite a R$ 20,00 c/café km 37 Hotel Fazenda Pé da Serra (12) 3642-2014 Pernoite a R$35,00 c/café km 30 Pousada Anjo do Bosque (Pinda) ( Centro ) (12) 3643-1743 Pernoite a R$20,00 c/café

Relato

O preço da pousada Serra da Mantiqueira também foi cobrado diferente do valor informado na Internet que informa R$25,00. Pagamos R$30,00 mais R$8,00 por refeição. Apartamento com banheiro, com direito a café da manhã e sem TV. O Django acabou pagando R$15,00 pela refeição, ou por erro dos proprietários (os simpáticos Edson e Yolanda) ou porque tenha comido muito. Realmente fiquei olhando a voracidade do nosso amigo. Quatro repetições de prato cheio acho que ficou bem pago. Choveu a noite toda, vimos vários álbuns da pousada que também trabalhava com vôos de balões. O jantar estava realmente delicioso e não sobrou nada para contar a história (Django não deixou). 09/02/2006 (quinta-feira) – Decidimos que andaríamos 20 km neste dia até o centro de Pinda para ficar na pousada Anjo do Bosque. Todo o caminho na borda da rodovia. No meio do caminho paramos na pousada do peregrino para carimbar. Aqui sim, fomos muito bem tratados. Convidaram-nos a entrar, ofereceram água e o livro do peregrino para registro. Seguimos adiante até a pousada Anjo do Bosque. Perto da pousada uma senhora correu até nós chorando desesperada pedindo que levássemos o nome dela para entregar em oração quando chegássemos a Aparecida. Anotamos o nome (Lídia) que queria um emprego para o esposo e nos comprometemos a lembrar em oração. Chegamos à pousada também um preço excelente para peregrinos oferecendo apartamentos com banheiro, ventilador, TV e café da manhã. Também o atendimento muito gentil. Interessante que o nome Cida é destaque no caminho. No caminho da fé nós conhecemos muitas Cidas, que na maioria devem ser diminutivos de Aparecida, a tônica do caminho da fé, já que a maioria das igrejas são N.S.Aparecida. Neste dia almoçamos em um restaurante no kg e depois fomos explorar o centro de Pinda. Uma navegada na internet, um passeio e descanso na praça, alguns sorvetes e picolés e assim passou o dia. À noite na pousada uma conversa com os proprietários, depois nós peregrinos jogamos um pouco de conversa fora e finalmente fomos dormir. 10/02/2006 (sexta-feira) – Decidimos que andaríamos neste dia Aparecida, fazendo os 30 km que restavam. Quando estávamos saindo da cidade, pegando a rodovia, a chuva caiu forte e nos acompanhou até perto de Aparecida. Colocamos as capas e seguimos ao lado da rodovia com muita água escorrendo e formando charcos. Em alguns pontos éramos obrigados a andar na estrada, pois não tinha acostamento exigindo o máximo de cuidado nosso, pois os carros passavam em alta velocidade. O tempo escuro reduzia a visibilidade. Neste dia pegamos retas intermináveis, mas, andávamos bem tranqüilos sentindo que estávamos em um ritmo bem baixo. Quando chegamos é que percebemos que fizemos uma média de 6 km/h (realmente não esperávamos).

Roseira - SP Altitude: 558 m

km 10 Pousada Santana (12) 3646-1282 Pernoite a R$ 15,00 s/ café Relato

Quando passamos por Roseira, a chuva parou e o tempo começou a clarear. Decidimos não entrar em Roseiras para Carimbar, pois teríamos que sair do caminho para depois retornar, além disso, o Django estava com dores no tornozelo e resolvemos aliviar não acrescentando mais distâncias. Para que pernoita em Roseiras, parece que existe outra saída pela Via Dutra. Preferimos seguir na rodovia que estávamos, pois tinha menor tráfego e menos perigo. Antes de entrar em Aparecida passamos por um bairro que haviam nos informado ter muita violência. Realmente num trecho de 2 km encontramos com grupos de pessoas com caras de poucos amigos, proferindo palavrões, sem respeito inclusive às pessoas mais velhas. Felizmente passamos sob os olhares deles, mas, não nos molestaram. Mais uns 200m andados e na nossa frente, em plena rodovia, um caminhão parou subitamente ficando em uma posição estranha no meio da rodovia. Do lado do motorista saltaram dois jovens gesticulando, e rindo, passaram por nós falando alto. Fiquei intrigado porque deixaram o caminhão naquela posição. Quando passamos pelo caminhão havia uma pessoa na posição do motorista que estava olhando para os dois rapazes. Pelo ar da pessoa me pareceu que havia acabado de ser assaltado. Mais 200m e observamos outro fato estranho. Bem na nossa frente, havia algumas pessoas no ponto do ônibus, quando um carro da polícia Municipal parou de repente, saltaram uns cinco policiais, foram para cima de algumas pessoas e tomaram algumas fitas e pacotes e voltaram para o carro. Inicialmente pensei que eram drogas, mas, se assim fosse, teriam prendido as pessoas. Quando passei em frente ao veículo vi que os policiais contavam dinheiro. Não entendi a cena, até porque estava rezando o terço naquele momento, mas o fato muito me estranhou. Naquele exato momento apareceu a entrada para o estacionamento da basílica, entramos em direção ao Santuário.

Aparecida – SP Altitude: 544 m

(Visite o local onde a imagem foi encontrada no Rio Paraíba) km 3 Pousada Jovimar (12) 3105-3627/1060 Pernoite a R$ 30,00 c/ café km 0 Pousada S. Benedito (12) 3108-1165 Pernoite a R$ 25,00, apto c/café

Relato

Chegamos cedo em Aparecida, visitamos o local onde foi achada a imagem no rio, depois fomos para a Basílica fizemos nossas orações, entregando todos os pedidos do caminho. Na capela do Santíssimo rezamos um terço de entrega e agradecimento. Depois nos dirigimos à Secretaria da Basílica para o último carimbo na credencial e retirar o Certificado de Peregrino Mariano. A seguir pedimos algumas informações e fomos procurar a Pousada São Benedito. Andamos por mais de uma hora no sol tentando achar a pousada. A partir da Basílica, as setas não existem mais, de forma que é como procurar uma agulha em um palheiro. Encontramos apenas uma pensão São Benedito, mas pelo que pude averiguar as pessoas não conheciam o caminho da fé. Também não gostei do aspecto do local. De forma que desistimos e fomos para a parte alta da cidade. Antes o Django foi comprar passagens de volta para sua cidade enquanto Eu e Mara compramos nossa passagem para Vitória. Django viajaria no dia seguinte enquanto Eu e Mara iríamos passar o Sábado e Domingo em Cruzeiro na casa da Irmã da Mara. A nossa passagem para Vitória compramos para a segunda-feira à noite. Subimos a rua principal procurando hotel. Eu particularmente, estava procurando um hotel de melhor categoria, que aceitasse cartão de crédito, pois depois de todo caminho, merecíamos uma mordomia. Assim Eu e Mara ficamos no Hotel Recreio e o Django optou por outro hotel ao lado. Participamos da Missa à noite na basílica antiga, e optamos por comer sanduíches à noite. No dia seguinte, antes de ir para Cruzeiro,

participamos da Missa na basílica nova. Antes de voltar para Vitória, na segunda-feira participamos novamente da missa na basílica. Na despedida do Django decidi deixar com ele meu terço, que levava preso à minha mochila, recomendando que o usasse para orar. Assim é o caminho, iniciando em uma Basílica de Nossa Senhora Aparecida em Tambaú, percorrendo em torno de 400 km passando por várias igrejas também de N.S.Aparecida, culminando a chegada na Basílica da padroeira do Brasil. Tentei neste breve relato, mostrar alguns aspectos da nossa experiência bem como passar algumas dicas sobre o caminho. A experiência é única e diferente para cada pessoa. Se você que teve a paciência de ler este relato até aqui, decidir fazer o caminho temos a dizer uma coisa que ouvimos muito pelo caminho: “Que Deus te acompanhe e reze por nós!”.

Abraços de JR (José Roberto) e Mara (Maria Rita)