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Caminho de Abraão Por Luiz Alberto Machado Vice-diretor da Faculdade de Economia “De todos os meios de comunicação que temos, nenhum deles dá conta de informar tudo o que eu aprendi neste caminho: ‘quem faz o caminho é o caminhador’.” Maria Tereza de Oliveira Audi Há dois ou três anos, fui convidado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira para uma reunião-almoço que tinha como principal atração uma palestra do professor William Ury, do Departamento de Mediação de Conflitos da Universidade de Harvard, sobre um projeto ainda embrionário chamado “Caminho de Abraão” (detalhes do projeto no Box nº 1). Saí de lá bem impressionado com o que havia visto e ouvido e imaginei quão interessante seria participar de um projeto como aquele. No início do segundo semestre de 2009, ao chegar à FAAP para ministrar suas aulas no curso de Relações Internacionais (RI), o professor William Waack passou pela minha sala e tive oportunidade de contar a ele um pouco do que tinha vivenciado no mês de julho, quando coordenei a Missão Estudantil da FAAP à China e Hong Kong. Impressionado com o meu relato, William Waack me perguntou se eu já tinha ouvido falar do “Caminho de Abraão” e, diante de minha resposta afirmativa, ele comentou que seria interessante organizar uma missão acadêmica composta por alunos e professores da FAAP para realizar pelo menos parte do trajeto do projeto original. Seria uma forma de proporcionar aos alunos principalmente os de RI uma oportunidade única de conhecerem de perto uma das regiões mais conflituosas da agenda internacional. Em síntese, seria um verdadeiro curso de política internacional ao vivo. Sem perder tempo, perguntei a ele se toparia ir numa eventual missão na condição de coordenador. Diante da resposta afirmativa dele, iniciei imediatamente os entendimentos com o capítulo brasileiro da Iniciativa “Caminho de Abraão” com vistas à organização de uma missão a ser realizada no recesso do carnaval. Dessa maneira, os alunos e professores que se interessassem em participar não teriam qualquer interferência em suas atividades acadêmicas. Porém, por outro lado, haveria necessidade de se montar um roteiro reduzido, concentrado principalmente em localidades que fazem parte do trajeto percorrido há 4.000 anos por Abraão e que dessem uma boa noção do conflito envolvendo israelenses e palestinos. Iniciativa “O Caminho de Abraão” O objetivo do projeto “O Caminho de Abraão” é apoiar a abertura de uma extensa rota de turismo cultural e histórico que visa refazer a jornada de Abraão (Ibrahim) pelo Oriente Médio há cerca de 4.000 anos. Esse resgate é uma homenagem às culturas judaica, cristã e muçulmana, que têm Abraão como seu patriarca comum.

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Caminho de Abraão Por Luiz Alberto Machado Vice-diretor da Faculdade de Economia “De todos os meios de comunicação que temos, nenhum deles dá conta de informar tudo o que eu aprendi neste caminho: ‘quem faz o caminho é o caminhador’.” Maria Tereza de Oliveira Audi

Há dois ou três anos, fui convidado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira para uma reunião-almoço que tinha como principal atração uma palestra do professor William Ury, do Departamento de Mediação de Conflitos da Universidade de Harvard, sobre um projeto ainda embrionário chamado “Caminho de Abraão” (detalhes do projeto no Box nº 1).

Saí de lá bem impressionado com o que havia visto e ouvido e imaginei quão interessante seria participar de um projeto como aquele.

No início do segundo semestre de 2009, ao chegar à FAAP para ministrar suas aulas no curso de Relações Internacionais (RI), o professor William Waack passou pela minha sala e tive oportunidade de contar a ele um pouco do que tinha vivenciado no mês de julho, quando coordenei a Missão Estudantil da FAAP à China e Hong Kong. Impressionado com o meu relato, William Waack me perguntou se eu já tinha ouvido falar do “Caminho de Abraão” e, diante de minha resposta afirmativa, ele comentou que seria interessante organizar uma missão acadêmica composta por alunos e professores da FAAP para realizar pelo menos parte do trajeto do projeto original. Seria uma forma de proporcionar aos alunos – principalmente os de RI – uma oportunidade única de conhecerem de perto uma das regiões mais conflituosas da agenda internacional. Em síntese, seria um verdadeiro curso de política internacional ao vivo.

Sem perder tempo, perguntei a ele se toparia ir numa eventual missão na condição de coordenador. Diante da resposta afirmativa dele, iniciei imediatamente os entendimentos com o capítulo brasileiro da Iniciativa “Caminho de Abraão” com vistas à organização de uma missão a ser realizada no recesso do carnaval. Dessa maneira, os alunos e professores que se interessassem em participar não teriam qualquer interferência em suas atividades acadêmicas. Porém, por outro lado, haveria necessidade de se montar um roteiro reduzido, concentrado principalmente em localidades que fazem parte do trajeto percorrido há 4.000 anos por Abraão e que dessem uma boa noção do conflito envolvendo israelenses e palestinos.

Iniciativa “O Caminho de Abraão”

O objetivo do projeto “O Caminho de Abraão” é apoiar a abertura de uma extensa rota de turismo cultural e histórico que visa refazer a jornada de Abraão (Ibrahim) pelo Oriente Médio há cerca de 4.000 anos. Esse resgate é uma homenagem às culturas judaica, cristã e muçulmana, que têm Abraão como seu patriarca comum.

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O Caminho de Abraão é, sobretudo, uma plataforma para o desenvolvimento do turismo sustentável e um catalisador para o desenvolvimento pacífico e para a prosperidade econômica regional. Enquanto destino turístico, o Caminho tem o potencial de promover, também, o encontro entre pessoas e o diálogo entre culturas diversas, o desenvolvimento comunitário, a formação de lideranças jovens, a preservação do patrimônio histórico e do meio ambiente e uma imagem positiva da região na mídia, destacando a hospitalidade de seu povo. Com 1.200 quilômetros (700 milhas) ao todo, o Caminho vai ligar paisagens deslumbrantes, sítios históricos e locais sagrados do Oriente Médio em um único percurso de rara beleza e incomparável interesse. A rota proposta tem início nas ruínas de Harran, local onde, se acredita, Abraão ouviu pela primeira vez o chamado de Deus. O Caminho se estende por todo o Oriente Médio e inclui cidades históricas como Alepo, Damasco, Jericó, Nablus, Belém e Jerusalém, contemplando ainda regiões de grande riqueza natural e cultural como as colinas do Líbano, a região de Ajloun da Jordânia e o deserto de Grajev, em Israel. No trajeto, encontram-se alguns dos locais mais sagrados do mundo. O ponto alto é a cidade de Hebron/Al Khalil, local do túmulo de Abraão. O Caminho será futuramente estendido para englobar as idas e vindas de Abraão rumo ao Egito, Iraque e, para os muçulmanos, Meca na Arábia Saudita. O Caminho de Abraão é um projeto em andamento. O trabalho de mapeamento está em execução e um guia de viagem está sendo elaborado.

Extraído do livro Tirando os sapatos, de Nilton Bonder.

O percurso da Missão Acadêmica da FAAP 1º dia – 14 de fevereiro - Madaba (Jordânia)

O primeiro lugar a ser visitado pelos integrantes da Missão Acadêmica da FAAP foi a igreja ortodoxa grega de São Jorge, com seu mapa de mosaico, o mais antigo do mundo, da Terra Sagrada.

Em seguida, visitamos o Parque Arqueológico de Madaba e o Museu de Madaba, nos quais pudemos observar mais trabalhos em mosaicos datados de muitos séculos atrás.

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Após o almoço no tradicional restaurante Haret Jdoudna, um dos melhores da culinária típica jordaniana, seguimos direto para a fronteira com a Cisjordânia, num trajeto de aproximadamente 3 horas, até a fronteira em Sheik Hussein.

A passagem pela fronteira marcou o primeiro momento de tensão da viagem, já que um dos integrantes da missão foi retido pela polícia israelense para averiguação, o que fez com que todo o grupo permanecesse por quase uma hora num clima de enorme preocupação e ansiedade, como pode ser visto no relato da professora Sonia Helena dos Santos, assessora pedagógica da Faculdade de Artes Plásticas.

Depoimento da professora Sonia Helena dos Santos

A expectativa era muito grande. Imagine! Viajar para a Palestina, que aventura!

Já na chegada, especialmente na fronteira da Jordânia com a Palestina, controlada pelo Estado de Israel, o contato com a realidade começou a mostrar o que nos esperava. Daí em diante, a angústia e o sentimento de impotência foram aumentando. O que vi foi um país devastado em todos os aspectos. Pessoas que perderam seu bem maior: a liberdade, com muito pouca possibilidade de planejar o próprio futuro. Uma invasão arbitrária, como se alguém, do nada, entrasse na sua casa e se instalasse sem conversa, sem justificativa, enfim, sem permissão. Famílias cercadas por outras famílias, vivendo num permanente clima de tensão, que, em outro contexto, poderiam compartilhar os locais de trabalho, os supermercados, as escolas, e as áreas de lazer. Ao contrário, o lado forte controla e domina o lado fraco, de uma forma desumana e humilhante. Garotos agindo de forma truculenta, contra homens, mulheres e crianças sem a menor chance de defesa. Acredito que na maioria das vezes esses garotos não têm a exata medida dos seus atos. Tudo isso orientado e estimulado por um grande conflito religioso, que, a rigor, deveria ser o fio condutor para superar as diferenças.

Não foi uma viagem de contemplação, como as que geralmente costumamos fazer, onde o belo e o novo quase sempre se impõem. Foram momentos de tensão, medo, quase pavor, revolta, mas, ao mesmo tempo, a oportunidade para uma grande reflexão sobre valores e prioridades. Apesar de tudo e de todos, aquelas pessoas não desistiram da vida. Ficou evidente o esforço daquela sociedade na busca de soluções, de forma que possam recuperar o seu bem maior - a liberdade.

Para mim foi um grande presente ter, de alguma forma, participado dessa jornada na busca de dias melhores.

Superado o impasse, seguimos com destino a Nablus, onde fomos recepcionados por Hijazi Eid, guia e coordenador da Iniciativa Caminho de Abraão na Palestina, que fez uma rápida apresentação sobre a viagem e a programação do dia seguinte.

2º dia – 15 de fevereiro – Nablus // Awarta (Palestina)

Logo pela manhã fomos conhecer Nablus, uma importante cidade na Cisjordânia, que já foi a primeira capital do Reino de Israel e é, atualmente, um importante centro cultural e comercial palestino, que abriga cerca de 300 samaritanos entre os 134.100 habitantes.

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As atividades da manhã incluíram uma visita à comunidade dos samaritanos e às ruínas de Tel Balata – Sichem, que acreditam ser o local aonde Abraão edificou um altar para Deus depois de partir para Canaã. De acordo com a comunidade, ele nunca deixou a região de Nablus. Durante a visita à comunidade dos samaritanos, assistimos a uma explanação do líder e sacerdote Rabbi Hussni, sobre as tradições e atividades dos samaritanos, cujo número vem sofrendo acentuada queda com a passar dos anos.

Por volta do meio-dia, nos dirigimos à Tomorrow’s Youth Organization, uma organização não governamental (ONG) que atua nas áreas carentes do Oriente Médio preparando crianças, jovens e seus parentes para assumirem uma posição ativa e desenvolverem o senso de responsabilidade como membros de suas respectivas comunidades.

A unidade de Nablus foi a primeira a ser instalada na região norte do West Bank e seu trabalho obedece três princípios básicos:

Respeito aos valores da infância, baseado na Convenção das Nações Unidas e nos Direitos da Criança;

Visão holística do indivíduo, da família e da comunidade

Crença no poder da cooperação para unir pessoas na e entre comunidades.

À tarde, visitamos o poço de Jacó localizado no Monastério Ortodoxo, que é associado às tradições católica, judaica, muçulmana e samaritana, seguindo então para o vilarejo de Awarta, local de grande hospitalidade ao longo da trilha proposta pelo Projeto Caminho de Abraão. Fomos recepcionados pelo prefeito Hassan Abu Rezeq e também por Om Ahmad que é coordenadora do centro de mulheres. A senhora Ahmad perdeu um filho no conflito e dedica a sua vida a apoiar mães que sofreram a mesma tragédia, mas que pretendem paz ao invés de vingança. O prefeito nos deu uma rápida explicação sobre o vilarejo, que foi um importante centro de samaritanos entre os séculos IV e XII.

Encerrada a reunião, fomos divididos e encaminhados às casas das famílias previamente selecionadas para nos alojarem. Pudemos, então, ter a primeira demonstração da incrível capacidade de bem hospedar, independentemente da condição sócio-econômica de cada família. Os relatos na manhã seguinte foram unânimes, dando conta da fartura e qualidade da comida e da importância da experiência vivenciada por todos os integrantes da missão, já que a possibilidade de conviver com os habitantes locais significou uma oportunidade inigualável para conhecermos um pouco de seus costumes e hábitos. Raphael Gheneim de Camargo, aluno do 5º semestre de RI observou: “Pudemos compreender, vivenciar o processo de tirar os sapatos. Saímos do habitual, nos desapegamos dos padrões e dos moldes pré-definidos para conhecer uma nova realidade e assim tentar interpretá-la através de nossas próprias lentes”.

3º dia – 16 de fevereiro – Awarta // Aqraba // Jerusalém (Israel)

Logo depois de nos reunirmos na manhã seguinte, fizemos uma longa caminhada de mais de quatro horas pelo terreno montanhoso de Awarta, que se iniciou com uma observação de pássaros na região de Jebel Urme. Essa observação de pássaros foi guiada por Imad el Atrash, membro da Sociedade de Preservação da vida selvagem da Palestina, importante líder comunitário e organizador de projetos de turismo e paz na região norte da Cisjordânia.

Dando sequência à caminhada, dirigimo-nos até a vila de Aqraba, local citado diversas vezes na Bíblia como Akrabbim, a fronteira ao sul da Terra Prometida. Fomos recepcionados por Abu Essam, prefeito da municipalidade,

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que além de nos dar algumas explicações sobre a vida e as principais atividades lá desenvolvidas, ofereceu-nos um saboroso almoço.

De lá, partimos de ônibus para Jerusalém, onde chegamos no final da tarde. Depois de nos instalarmos no Jerusalem Hotel, reunimo-nos com dois integrantes do staff local da Iniciativa Caminho de Abraão, Raed Sa´adeh e Frederic Masson, que nos forneceram algumas informações sobre a cidade e a programação a ser lá desenvolvida.

Em seguida, tivemos duas gratas surpresas:

A primeira foi uma palestra interessantíssima proferida por um integrante do grupo Breaking the silence (Quebrando o silêncio), constituído de ex-integrantes do exército israelense que dão testemunhos de sua atuação durante o período em que prestaram serviço em Hebron.

A segunda foi um encontro com o professor William Ury, idealizador do Projeto Caminho de Abraão, que nos explicou as razões que o levaram a desenvolver a referida iniciativa. Tendo tomado conhecimento da Missão da FAAP, ele fez questão de conciliar a data de uma de suas visitas à região, a fim de nos encontrar e nos dizer de sua satisfação em ter um grupo pioneiro de brasileiros participando do projeto. Casado com uma brasileira, William Ury disse que o brasileiro encarna melhor do que ninguém o espírito dom projeto, por se tratar de um povo hospitaleiro, alegre e comunicativo.

4º dia – 17 de fevereiro – Jerusalém (Israel)

O dia todo foi dedicado à visita de Jerusalém, a cidade sagrada de todos os filhos de Abraão. É a capital declarada (mas não reconhecida pela comunidade internacional) de Israel e sua maior cidade. Segundo a tradição judaica, Jerusalém foi fundada por Sem (filho de Noé) e Éber (bisneto de Sem), antepassados de Abraão. A cidade guarda muitos tesouros das tradições judaica, católica e muçulmana e é centro espiritual desde o século X a.C..

Na parte da manhã, visitamos a Cúpula da Rocha, um dos mais emblemáticos pontos de Jerusalém. Também conhecido por Mesquita de Omar, este templo em Jerusalém é o mais antigo monumento islâmico em existência. O nome do templo é derivado da rocha sobre a qual a mesquita foi construída, que é sagrada tanto para os muçulmanos quanto para os judeus. Segundo a tradição muçulmana, o profeta Maomé, fundador do islamismo, ascendeu aos céus onde a rocha está situada. Os judeus acreditam que esta rocha foi o local onde o patriarca do povo judeu, Abraão, preparou-se para sacrificar seu filho Isaac. Construída sob o espaço outrora ocupado pelo Grande Templo, representa, para os muçulmanos, o terceiro local mais sagrado, depois de Meca e Medina.

Logo após, visitamos a maior mesquita de Jerusalém, a Mesquita de Al Aqsa e sua esplanada, na companhia do sheik Mazin Ahram. Um sheik no universo muçulmano é um sábio. Um consultor e guia espiritual. O sheik Ahram é conhecido por seu discurso pacifista e conciliador.

Na sequência, visitamos o Muro das Lamentações, local mais sagrado do judaísmo.

O período da tarde foi dedicado à visita da parte cristã da cidade antiga, onde percorremos a Via Dolorosa, constituída dos 14 pontos da Via Crucis, culminando no Santo Sepulcro.

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À noite, tivemos oportunidade de conversar com George Rishmawi, integrante do Siraj Center for Holy Land Studies, um dos parceiros locais da Iniciativa Caminho de Abraão. 5º dia – 18 de fevereiro – Jerusalém (Israel) // Hebron (Cisjordânia) Saímos bem cedo com destino a Hebron, cidade na Cisjordânia, sob ocupação de Israel, na terra de Judeia, com população árabe e judia. Na cidade encontram-se os túmulos de túmulos de Abraão, Isaac e Jacó. Importante ressaltar que Hebron é a cidade Palestina que mais sofreu com conflitos entre colonos israelenses e a população palestina sendo, portanto, um local de relevante importância para o entendimento do conflito.

Na chegada à cidade, fizemos uma rápida visita a uma fábrica de vidro e cerâmica. Em seguida, estivemos no Comitê de Reabilitação de Hebron, onde tivemos oportunidade de ouvir uma excelente explanação sobre o trabalho de reconstrução que vem sendo realizado na cidade, feita pelo diretor de relações públicas Walid S. Abu Alhalaweh. Fomos também apresentados a Emad A. Hamdan, diretor geral da entidade.

Visitamos, na sequência, o túmulo de Abraão, primeiro pelo lado da Sinagoga e depois pelo lado da Mesquita de Abraão. Como a edificação está dividida em duas partes, a ida de um lado ou outro exige a passagem por um check point, o que significa, inevitavelmente, um momento de tensão e ansiedade.

Dirigimo-nos em seguida à casa de uma família em que nos foi servido o almoço. Situada no limite da área em que a cidade foi dividida, o local nos permitiu ver a situação difícil em que vive a população que habita esta região da cidade. Foi da varanda desta casa que tivemos a chance de nos deparar com uma das cenas mais marcantes da viagem: dentro da zona militarizada sob domínio de Israel, vimos um jovem soldado sair do banho e se dirigir á sua barraca envolto numa toalha e carregando sua metralhadora.

As etapas seguintes incluíram uma visita à Associação Hebron-França, onde ouvimos um breve relato dos trabalhos lá desenvolvidos, e uma fábrica de kuffieh, típico xale palestino, também conhecido pelo nome de pashmina.

Logo depois, os integrantes da Missão da FAAP foram novamente divididos para se dirigirem às casas de família onde jantaram e pernoitaram, testemunhando novamente a extraordinária hospitalidade do povo palestino.

Visivelmente emocionada com a experiência vivida, Samantha Millais, aluna do 6º semestre de RI e vice-presidente do Diretório Acadêmico Roberto Simonsen, declarou: “Quando decidi ir nessa missão, sabia que iria para um lugar novo, exótico e que estudaria de uma forma um pouco mais aprofundada a questão do conflito entre Israel e Palestina. E realmente foi o que aconteceu, mas não nas proporções em que esperava. A cada momento e lugar da viagem, minhas expectativas foram se superando, num cenário inacreditável e com uma riqueza histórica incomparável. Foi possível entender melhor a cultura e o dia a dia das pessoas e ver a triste realidade em que elas vivem, muitas vezes sem liberdade alguma, sendo prisioneiras em seu próprio território, onde a violência e a tensão estão sempre presentes. Essa experiência foi mais que uma viagem de estudos, foi uma lição de vida, de poder ver, apesar de todo sofrimento desse povo, sorrisos e esperança no olhar das pessoas por uma promessa de paz e uma vida melhor no futuro.”

6º dia – 19 de fevereiro – Hebron // Belém (Cisjordânia) // Tel Aviv (Israel) Depois de tomar o café da manhã nas casas em que pernoitaram, os integrantes da missão se encontraram e tomaram o rumo de Belém (Bethelehem).

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Belém é tida, pela maioria dos cristãos, como o local de nascimento de Jesus de Nazaré. Visitamos a Igreja da Natividade, que é uma das igrejas mais antigas ainda em uso no mundo. Sua estrutura foi construída sobre uma caverna que a tradição cristã marca como o local de nascimento de Jesus. O local é considerado sagrado tanto para o cristianismo quanto para o islamismo.

Na sequência, visitamos a Universidade de Belém (Bethlehem University in the Holy Land), a primeira universidade estabelecida na Palestina e a única universidade católica na Terra Santa. Lá chegando, fomos recebidos pelo professor Nabil Mufdi, doutor em administração hoteleira e por estudantes de diferentes cursos oferecidos na universidade. O almoço, preparado e servido pelos alunos do curso de administração hoteleira, com a supervisão do professor. Logo em seguida, fizemos uma visita às instalações da universidade, quando nossos alunos puderam interagir com jovens universitários locais.

Antes de sair pela última vez do território palestino, a aluna Samara Conde Figueiredo, do 5º semestre noturno de RI, comentou: “Na terra de ninguém, nada se fala e tudo se observa, uma beleza natural toma conta dos turistas, e mais do que isto, os estudantes da FAAP observam de perto um conflito único, que há anos vem assolando a região”.

7º dia – 20 de fevereiro – Tel Aviv (Israel)

O último dia da Missão Acadêmica da FAAP foi dedicado a conhecer Tel Aviv. Segunda maior cidade de Israel, abriga cerca de uma centena de sinagogas, apesar de sua imagem de cidade secular. No breve tour pela área costeira da cidade, tivemos oportunidade de avistar um de seus pontos mais famosos, a Mesquita Hassan Bek, e de passar rapidamente pela conhecida zona de Jaffa.

Ante à impossibilidade de visitar o Museu da Diáspora, por ser dia do shabat, nome dado ao dia de descanso semanal no judaísmo, observado a partir do pôr-do-sol da sexta feira até o pôr-do-sol do sábado, percorremos cerca de 50 quilômetros em direção a Cesarea (Caesarea), belíssima localidade que abriga as ruínas de uma importante cidade romana. Situada na costa do Mar Mediterrâneo, entre Tel Aviv e Haifa, Cesarea foi construída por Herodes há 2.000 anos e dedicada ao imperador romano César Augusto. Hoje Cesarea é a segunda maior atração turística de Israel, só perdendo para Jerusalém. No ano 6 da nossa era, Cesarea tornou-se o local de residência do governador romano da região. Pudemos ver partes do aqueduto de 10 quilômetros que trazia água do Monte Carmel para a cidade. Cabe lembrar que os engenheiros romanos eram especialistas em construir aquedutos, o que lhes permitia construir cidades mesmo onde não havia água potável por perto. Como toda cidade romana, Cesarea também tinha um anfiteatro e um hipódromo para as corridas de bigas e cavalos. O anfiteatro romano existe até hoje e nele se realizam concertos e espetáculos ao ar livre. Nas escavações do anfiteatro foram encontradas duas placas, uma com o nome Tiberium, referente ao imperador romano Tibério, e outra com o nome Pilatus, referente ao governador da Judéia no tempo de Jesus. Este achado é muito importante por ser a única evidência arqueológica da existência de Pôncio Pilatus fora do Novo Testamento.

Aprendendo como protagonistas

Por Luiz Alberto Machado

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Há algum tempo, o colunista Clóvis Rossi escreveu em sua coluna de “A Folha de S. Paulo” um artigo intitulado “A impunidade da ignorância” em que fazia referência a outro artigo, do escritor espanhol Rafael Argullol publicado por “El País”, relatando que alguns dos melhores professores espanhóis estão se aposentando “precipitadamente” por dois principais motivos: a progressiva asfixia burocrática da vida universitária e o desinteresse intelectual dos estudantes.

A semelhança com a realidade brasileira foi tamanha que o referido artigo se alastrou pela internet de forma impressionante, em especial entre a comunidade acadêmica.

Não vou me referir aqui ao primeiro dos dois problemas apontados, embora reconheça na sua existência um fator desmotivador de muitos colegas.

Quanto ao segundo fator, porém, faço questão de alertar para o fato de que o desinteresse pode ser decorrente – e o é muitas vezes – de metodologias arcaicas, que insistem em tratar os alunos como elementos passivos do processo de aprendizagem. Do alto de sua “douta” sabedoria, muitos professores insistem em manter um estilo pedagógico em que só eles têm o direito de falar, despejando volume de informação às vezes excessivo para o período de que dispõem, esperando do aluno que permaneça imóvel e em silêncio ouvindo o conteúdo que – para esses professores – constitui-se no que de mais importante existe no mundo.

Certamente, no afã de acumularem seu estoque de conhecimento específico, não tiveram a oportunidade de conhecer um dito atribuído ao velho Confúcio: “Eu ouço; eu esqueço; eu vejo, eu lembro; eu faço, eu aprendo”.

Tendo a oportunidade de acompanhar a participação de muitos estudantes em situações em que lhes é dada a chance de assumir a postura de protagonistas, sou testemunha do excepcional papel que eles são capazes de desempenhar, com um comprometimento e uma determinação que têm me deixado orgulhoso e altamente recompensado, na medida em que fui um dos idealizadores de pelo menos dois desses instrumentos de aprendizagem na FAAP: as simulações de organismos internacionais, como os Fóruns FAAP, e as missões acadêmicas, das quais o “Caminho de Abraão” foi a quinta experiência.

Como protagonistas, em vez de desinteresse, os estudantes encontram espaço para mostrar sua inigualável energia, e com perguntas oportunas e observações inteligentes, conseguem ser verdadeiros mestres, levantando novas questões e forçando a reflexão daqueles que, sem saber, encontram-se fechados na redoma de um saber cristalizado e, não raras vezes, distante da realidade.

Repercussão Seguem-se mais alguns depoimentos de integrantes da Missão Acadêmica da FAAP, assim como trechos de matérias publicadas por diferentes veículos da mídia.

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“Uma experiência única! Mais do que a chance de conhecer os efeitos e alegadas-razões para um dos mais incertos conflitos da atualidade, uma rara oportunidade de conhecer, em profundidade, o povo vítima deste conflito. Os palestinos são educados, gentis e extremamente hospitaleiros. Não se parecem, sob nenhum aspeto, às ideias preconcebidas sobre eles. Esta viagem foi mais do que uma oportunidade de conhecer uma terra rica em heranças e tradições; foi também uma ótima oportunidade de avaliar o custo social, econômico, psicológico, emocional e familiar de um conflito. Parabéns à FAAP pela iniciativa.” (Elisabete de Almeida Meirelles, professora de Direito Internacional do curso de RI) “A viagem nos ajudou a entender a realidade do povo palestino que vive de forma reprimida pelas políticas de ocupação do governo israelense, bem como as políticas administrativas mistas entre israelenses e palestinos. A missão nos mostrou os dois lados deste conflito, em que pudemos ter entrevistas com soldados israelenses e dormirmos em casas de famílias palestinas, o que nos permitiu compreender que este conflito é muito mais complexo do que imaginávamos, uma vez que é muito difícil separar religião, ideologia, cultura e política destes povos para chegar a uma forma pacífica de convivência.” (Maria Carolina Lacombe, aluna do 5º semestre de RI)

Faap leva estudantes ao Oriente Médio no carnaval Viagem é a quinta "missão estudantil"; alunos vão aprender ao vivo sobre região de conflito Carolina Stanisci - Especial para o Estadão.edu SÃO PAULO - Dez estudantes do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) vão passar o carnaval entre a Jordânia, a Cisjordânia e Israel, no projeto “Caminhos de Abraão”. É a quinta edição da viagem batizada de missão estudantil que já levou alunos e professores à China e aos Emirados Árabes. Os estudantes embarcam no dia 12 rumo a Amã, capital da Jordânia, com o jornalista da TV Globo William Waack, que é professor no curso de Relações Internacionais, do vice-diretor da Faculdade de Economia, Luiz Alberto Machado, e de outros professores da instituição. Entre sábado e domingo, o grupo vai conhecer a capital da Jordânia. Na segunda-feira, começa o trajeto que refaz o caminho do personagem bíblico Abraão. O Caminhos de Abraão da Faap é inspirado num projeto incubado na Universidade de Harvard depois transformado na ONG transnacional Iniciativa Caminho de Abraão. O programa refaz o trajeto do personagem bíblico pelo Oriente Médio, que é berço das três maiores religiões monoteístas do mundo, o cristianismo, o judaísmo e o islamismo, e tem como meta uma reflexão sobre a pacificação da região.

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Embora a viagem narrada na Bíblia tenha começado em Ur, na Mesopotâmia (atual Iraque), o roteiro começa na cidade de Nablus, na Cisjordânia. Os alunos e professores vão pernoitar em casas de famílias nos vilarejos de Awara e Awarta, na Cisjordânia, e também vão visitar as cidades de Jerusalém, Belém e Hebron, em Israel. O grupo também se reunirá com lideranças locais, como prefeitos, reitores de universidades e dirigentes de ONGs. "Tudo o que sabemos sobre essa região vem do que lemos e do que ouvimos falar. Sempre ficamos com a impressão de alguém sobre o lugar. Será a chance de os alunos construírem uma visão própria da realidade", diz Machado. SEM APERTAR A MÃO O grupo da Faap contará com o apoio dos guias da ONG, embora não vá visitar exatamente os mesmos pontos do trajeto. O objetivo é transformar a experiência em uma aula ao vivo. Para tanto, diz Machado, a presença de William Waack foi primordial. O professor, que também é apresentador de TV, tem experiência em coberturas internacionais na região. “Ele se empenhou para que entrassem no roteiro cidades como Hebron, palco de conflitos entre os colonos judeus e palestinos, e também o Museu da Diáspora, em Tel Aviv”, conta. Raphael Gheneim Camargo, de 20 anos, no 3º ano de Relações Internacionais, é um dos que embarcam na próxima sexta e está cheio de expectativas. “Acho que vai ser tudo totalmente diferente do que eu posso esperar. Por mais que eu costume viajar, não vou para esse tipo de lugar”, diz ele, que como todos os participantes, desembolsou US$ 3 mil (R$ 5565) ao total para a empreitada. “Nos deram dicas. Para as meninas, falaram para andarem cobertas nos vilarejos, para serem discretas e para não falarem com homens. Para os meninos, falaram para a gente não oferecer a mão para apertar, pois pode ofender.” Camargo diz que seus avós maternos, libaneses, estão contentes com a viagem do neto. "Eles falaram muito sobre Jerusalém, que é magnífica. Mas ficaram com pena de não dar para eu dar um pulo no Líbano e ver nossos parentes lá", brinca. A viagem termina em Tel Aviv, e os estudantes voltam ao Brasil no dia 21. Em julho de 2010, a previsão da Faap é fazer uma edição da missão estudantil no Japão e na Coreia do Sul. “Uma experiência de vida única e intensa, algo que jamais poderia ser explicado por um livro. Antes de vir senti muita insegurança ao lembrar que iria visitar uma cultura diferente; depois de vir, sinto que a diferença é superficial e as semelhanças são muitas, somos todas pessoas curiosas por entender o outro. Foi, acima de tudo, uma lição de respeito e humanidade.” (Renata Koraicho Gonzaga, aluna do 4º semestre do curso de RI)

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Estudantes fogem do Carnaval para se dedicar a projetos universitários Enquanto uns passam o feriado em oficinas mecânicas, outros viajam para o Oriente Médio Amanda Polato, do R7 Carnaval é tempo de folia, mas não para todo mundo. Tem gente que decidiu fugir da festa para se engajar em projetos extracurriculares da faculdade. Estudantes de engenharia de todo o país passam o feriado em oficinas mecânicas, construindo carros para uma competição universitária. Já os alunos da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) decidiram conhecer uma cultura distante: a dos países do Oriente Médio. O aluno do terceiro ano de engenharia mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia, Edgar Sanches Moreno, não vê problema em perder o Carnaval trabalhando: - Construir carros é algo que eu gosto muito de fazer. Acho mais divertido que o Carnaval. É um jeito de colocar em prática o que eu aprendo na faculdade. Isso enriquece muito o meu conhecimento sobre a área. O garoto é chefe de uma das 66 equipes que vão disputar a 16ª Competição Baja SAE Brasil-Petrobras, que acontece entre os dias 25 e 28 de fevereiro, em Piracicaba, no interior de São Paulo. Para a disputa, os estudantes têm que construir um carro do tipo “off road”, que anda fora de estradas pavimentadas e é chamado de Baja SAE. Além da avaliação de projeto, por meio de relatórios e apresentação, os carros serão submetidos a testes de tração, aceleração e velocidade máxima. O último dia terá um enduro com quatro horas de duração, em pista de terra cheia de obstáculos, em que a resistência dos carros será testada. Renato Otto, o vice-diretor da competição, explica que a intenção do projeto é contribuir com a formação dos futuros engenheiros, de uma forma multidisciplinar. - Um dos principais objetivos é colocar os alunos em um desafio que eles só teriam na indústria. Além disso, esse projeto permite que os jovens aprendam a trabalhar em equipe. - Já estou acostumado a perder feriados, não ligo muito. Eu vou ser o piloto do carro e preciso ainda treinar passar em obstáculos e fazer manobras. A equipe do estudante, a Ecopoli, foi a campeã da última edição do campeonato e chegou a representar o Brasil na disputa internacional, que reúne mais de 90 equipes de diferentes países. Viajar para aprender

Um grupo de 15 estudantes e professores da Faap embarcaram rumo ao Oriente Médio para conhecer de perto a cultura, a história e geografia da região, que é berço de três das maiores religiões monoteístas do mundo: islamismo, cristianismo e judaísmo. A viagem de estudos acontece entre os dias 13 e 21 de fevereiro e percorrerá cidades da Jordânia, Israel e Palestina. Nestes locais, o grupo participará de encontros com lideranças governamentais, acadêmicas, religiosas e comunitárias. O professor de

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economia e idealizador das missões estudantis na Faap, Luiz Alberto Machado, explica que o objetivo é proporcionar aos estudantes uma experiência bem diferente da viagem de turismo: - Empresários e diplomatas estão acostumados a viajar para fazer uma imersão na economia e na cultura de outros países e, assim, se aproximar deles. Eles enfrentam agendas intensas e quisemos oferecer isso aos alunos de vários cursos. A aluna de relações internacionais Maria Carolina Lacombe estava ansiosa para a missão. - Meu objetivo é conhecer uma cultura completamente diferente. E é tão diferente, que eu nem sei ao certo o que esperar. A garota acredita que a experiência vai ser importante para sua formação profissional e também pessoal: - Pretendo trabalhar em organismos internacionais, então a viagem pode abrir portas. Também acho que vai me ajudar a conhecer e aceitar mais as outras pessoas. Sei que vou abrir mão de uma diversão, que é o Carnaval, mas essa é uma oportunidade maravilhosa. Carnaval tem todo ano. A Faap já realizou cinco outras missões, para países como os Estados Unidos, Emirados Árabes e China. A expedição para o Oriente Médio é feita em parceria com o projeto Caminho de Abrão, uma organização sem fins lucrativos fundada na Universidade de Harvard. Germano Lopes Assad, formado em jornalismo pela Universidade Positivo de Curitiba, é primo de um aluno recém formado em RI, que só não participou da missão pela coincidência com a data de sua colação de grau. Ao tomar conhecimento da missão, porém, Germano mostrou enorme interesse em dela participar. Sendo autorizado a fazê-lo, foi o único integrante do grupo sem qualquer vínculo formal com a FAAP Suas palavras, no entanto, revelam com precisão o sentimento de quase todos os que dela participaram: “É difícil entender a complexa situação do Oriente Médio hoje, utilizando-se apenas de embasamentos históricos e aulas teóricas. Mas quando se encara a realidade de frente, os detalhes e as nuances aparecem – e cabe a cada um distinguir fatos e políticas de ideologias ou partidarismos. A missão FAAP possibilitou a convivência direta com palestinos e israelenses comuns, autoridades locais, combatentes e especialistas no conflito e na rica história da região, tudo isso com a tutela de um time de profissionais de primeira linha que nos acompanhou e nos ensinou durante toda a viagem.

Volto com um acúmulo incrível de conhecimento, vários contatos e uma vontade enorme de me aprofundar ainda mais nas questões vistas e analisadas. Obrigado por tudo!”

Depoimento de William Waack, coordenador da Missão Acadêmica da FAAP

É óbvio que ninguém precisa vivenciar de perto um conflito para entendê-lo, mas a proximidade muitas vezes ajuda. Essa era a idéia cercando a caminhada de um grupo de estudantes e professores pela Palestina/Israel – aliás, a própria designação da região (“Palestina”, “Israel”, “Territórios Ocupados”, “Judea e Samaria”, “Grande Israel”) já causa dificuldades políticas e fere

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suscetibilidades em mais de um lado. Fico aqui, portanto, com a descrição geográfica: Cisjordânia ou West Bank. Todos nós achamos que “sabemos” o que está acontecendo por lá. Deve ser o conflito sobre o qual mais se ouviu falar na imprensa nas últimas décadas. Nenhum outro, com certeza, dura há tantas gerações. Mas o contacto direto com a realidade deixou claro como nos escapa, na rotina do noticiário, a evolução da dimensão humana do conflito palestino-israelense. Acho que essa dimensão humana ficou estampada nas reações, nos comentários, nas expressões de surpresa, de tristeza, de preocupação, em todos os participantes da caminhada. Acho que foi uma aula para todos nós de respeito ao ser humano, às liberdades e direitos fundamentais. Especialmente os mais jovens do grupo tiveram a oportunidade de ver de perto de como os grandes desígnios da política e das relações internacionais “determinam” os destinos de gente da idade deles – uns, segurando armas. Outros, tratando apenas de tentar viver com um mínimo de autodeterminação e dignidade. Ficou claro para mim, observando os alunos, que eles não trataram de perceber a realidade em termos de “culpados” ou “perseguidos”. Mas, sim, em perceber aquilo ao que me referia acima: a dimensão humana, as vezes impossível de ser suficientemente absorvida em sala de aula. Professores foram todos os que se encontraram com a turma durante a caminhada pelo West Bank. Os soldados, os políticos, os guias, os clérigos, os religiosos. A sombra de grandes acontecimentos – e de narrativas bíblicas e religiosas – acompanhou cada passo do grupo. Ao final, alguns dos alunos se queixavam de excesso de informações, e eu não me refiro às informações, digamos, “enciclopédicas” (datas, lugares, nomes). Cada minuto respirado naquela região foi uma imensa informação.

Para mim, que já havia estado muitas vezes por lá, como repórter,também foi uma aula. Inestimável, como acho que foi para todos nós.

Figura 1 – Mosaico com o mapa de Jerusalém na Igreja Ortodoxa Grega de São Jorge, em Madaba, na Jordânia.

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Figura 2 – João Lucas Braz , Samara Conde Figueiredo, Renata Koraicho Gonzaga e Raphael Gheneim de Camargo, observando o belo cenário da estrada entre a Jordânia e a fronteira de Israel.

Figura 3 – Samantha Millais, o líder e sacerdote Rabbi Hussni, e o coordenador da Iniciativa Caminho de Abraão na Palestina, Hijazi Eid, por ocasião da visita à sede da comunidade dos samaritanos.

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Figura 4 – As quatro alunas de RI, Renata Koraicho Gonzaga, Samara Conde Figueiredo, Samantha Millais e Maria Carolina Lacombe, com crianças palestinas da Tomorrow’s Youth Organization e sua diretora Suhad Jabi.

Figura 5 – Maria Carolina Lacombe entrega material institucional da FAAP ao prefeito de Awarta, Hassan Abu Rezeq.

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Figura 6 – Flagrante dos integrantes da Missão Acadêmica da FAAP e alguns acompanhantes palestinos, numa parada durante a caminhada entre os vilarejos de Awarta e Aqraba.

Figura 7 – Luiz Alberto Machado, vice-diretor da Faculdade de Economia, William Ury, professor da Universidade de Harvard e idealizador do projeto Caminho de Abrão, e William Waack, coordenador da Missão Acadêmica da FAAP.

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Figura 8 – Vista da Cidade Velha de Jerusalém, com destaque para o Muro das Lamentações e a Cúpula da Rocha.

Figura 9 – As mulheres da Missão Acadêmica da FAAP, trajadas para entrar na Mesquita de Al Aqsa.

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Figura 10 – Integrantes da Missão Acadêmica da FAAP no interior da Cidade Velha de Jerusalém.

Figura 11 – George Rishmawi, coordenador do Siraj Center for Holy Land Studies, e Elisabete de Almeida Meirelles, professora da Faculdade de Economia.

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Figura 12 – Professor Luiz Alberto Machado, vice-diretor da Faculdade de Economia, recebe a publicação institucional do Hebron Rehabilitation Committee das mãos de seu diretor geral Emad A. Hamdan.

Figura 13 – Martha Leonardis, Vera Machado, Samara Figueiredo, Samantha Millais, Maria Carolina Lacombe, Maria Tereza de Oliveira Audi, Renata Koraicho Gonzaga, Elisabete Meirelles, Sonia Helena dos Santos e Luciana Martins Cruz de Barros na Mesquita de Abraão, em Hebron.

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Figura 14 – Imagem desoladora da parte da cidade de Hebron nos limites da zona militarizada israelense.

Figura 15 – João Lucas Braz, mais conhecido como Birigui, ao lado de estudantes da Universidade de Belém.

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Figura 16 – Alunos de administração hoteleira da Universidade de Belém, que prepararam e serviram o almoço aos integrantes da Missão Acadêmica da FAAP.

Figura 17 – Vista geral das ruínas de Cesarea, com destaque para o anfiteatro e o hipódromo.

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Figura 18 – Já num clima de descontração, no último dia da Missão da FAAP. Maria Carolina Lacombe e Raphael Ghaneim Camargo curtem a beleza das ruínas romanas de Cesarea.