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ISSN 1413-9243 TEXTOS NEPO 34 CAMPINAS, JULHO DE 1998 R EDISTRIBUIÇÃO R EGIONAL DA POPULAÇÃO NO I NTERIOR P AULISTA NOS A NOS 80: EM BUSCA DOS DETERMINANTES ESTRUTURAIS DO FENÔMENO P AULO DE MARTINO J ANNUZZI S UMÁRIO Introdução 7 Urbanização no Brasil e em São Paulo: uma resenha bibliográfica 11 O papel da migração na redistribuição regional da população nos anos 80 23 Uma prospecção acerca dos determinantes da redis- tribuição populacional recente 33 Conclusão 71 Bibliografia 75

CAMPINAS, JULHO DE 1998 · 2001. 2. 13. · PUC – Campinas. O autor agradece aos professores Esdras Borges Costa e Neide Patarra pelos comentários e sugestões visando o ap rimoramento

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ISSN 1413-9243

T E X T O SNEPO

34CAMPINAS, JULHO D E 1 9 9 8

REDISTRIBUIÇÃOREGIONAL

DA POPULAÇÃO NOINTERIOR PAULISTA NOS

ANOS 80:

EM BUSCA DOS

DETERMINANTES

ESTRUTURAIS DO FENÔMENO

PAULO DE MARTINO JANNUZZI

S U M Á R I O

Introdução 7

Urbanização no Brasil eem São Paulo: uma resenhabibliográfica 1 1

O papel da migração naredistribuição regionalda população nos anos 80 2 3

Uma prospecção acercados determinantes da redis-tribuição populacionalrecente 3 3

Conclusão 7 1

Bibliografia 7 5

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EditorEditorEditorEditorEditora dos a dos a dos a dos a dos TTTTTeeeeextos NEPOxtos NEPOxtos NEPOxtos NEPOxtos NEPOMaria Isabel Baltar da Rocha

E-mail: [email protected]

AAAAApoio poio poio poio poio TécnicoTécnicoTécnicoTécnicoTécnicoCapa e prCapa e prCapa e prCapa e prCapa e projeto gojeto gojeto gojeto gojeto gráfráfráfráfráfico:ico:ico:ico:ico: Moema Cavalcanti

EditorEditorEditorEditorEditoração eletrônica:ação eletrônica:ação eletrônica:ação eletrônica:ação eletrônica: Oficina EditorialPrPrPrPrPreparepareparepareparação dos oração dos oração dos oração dos oração dos origigigigiginais:inais:inais:inais:inais: Alice Miyashiro

CentrCentrCentrCentrCentro de Documentação:o de Documentação:o de Documentação:o de Documentação:o de Documentação: Adriana Cristina Fernandes

ReitorReitorReitorReitorReitorHermano Tavares

VVVVVice-Reitorice-Reitorice-Reitorice-Reitorice-ReitorFernando Galembeck

Pró-Reitor de DesenPró-Reitor de DesenPró-Reitor de DesenPró-Reitor de DesenPró-Reitor de Desenvvvvvolvimento Univolvimento Univolvimento Univolvimento Univolvimento UnivererererersitársitársitársitársitárioioioioioLuiz Carlos Guedes Pinto

Pró-Reitor de Extensão e Pró-Reitor de Extensão e Pró-Reitor de Extensão e Pró-Reitor de Extensão e Pró-Reitor de Extensão e Assuntos ComAssuntos ComAssuntos ComAssuntos ComAssuntos ComunitárunitárunitárunitárunitáriosiosiosiosiosJoão Wanderley Geraldi

Ivan Emílio Chambouleyron

Pró-Reitor de Pós-GrPró-Reitor de Pós-GrPró-Reitor de Pós-GrPró-Reitor de Pós-GrPró-Reitor de Pós-GraduaçãoaduaçãoaduaçãoaduaçãoaduaçãoJosé Cláudio Geromel

Pró-Reitor de GrPró-Reitor de GrPró-Reitor de GrPró-Reitor de GrPró-Reitor de GraduaçãoaduaçãoaduaçãoaduaçãoaduaçãoAngelo Luiz Cortelazzo

CoorCoorCoorCoorCoordenador do Núcdenador do Núcdenador do Núcdenador do Núcdenador do Núcleo de Estudos de Pleo de Estudos de Pleo de Estudos de Pleo de Estudos de Pleo de Estudos de PopulaçãoopulaçãoopulaçãoopulaçãoopulaçãoDaniel J. Hogan

FICHA CATALOGRÁFICA

Jannuzzi, Paulo de Martino

Redistribuição regional da população no interior paulista nos anos 80: embusca dos determinantes estruturais do fenômeno / Paulo de Martino Jannuzzi.- Campinas : UNICAMP, Núcleo de Estudos de População, 1998.

82 p.

( Redistribuição regional da população no interior paulista nos anos 80: embusca dos determinantes estruturais do fenômeno, TEXTOS NEPO 34 ).

1. Demografia regional. 2. População-Interior Paulista. I. Título. II. Série.

Índice para catálogo sistemático 1. Demografia regional - 301.32 2. População - 301.32

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Ao meu irmão Marcelo,de quem sempre guardarei a

lembrança do carinho, amizadee bondade com quem sempre

tratou a todos que lhe cercavam.

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RESUMO

Este trabalho tem o objetivo de descrever e analisar o processo de distribuição regionalda população no interior paulista, nos anos 80, com base em suas determinações estruturais– nível de desenvolvimento econômico, especialização produtiva, nível de salários, oferta deempregos, condições de vida. Apresenta-se uma resenha bibliográfica sobre urbanização edistribuição espacial da população no Brasil e em São Paulo e também um inventário deindicadores sociais produzidos no Brasil. Discutem-se, brevemente, as repercussões do novoquadro distributivo e demográfico, no Estado e no Brasil, sobre o processo de formulação depolíticas públicas.

ABSTRACT

This text aims to describe and analyse the process of population distribution over theregions of Sao Paulo State in the 80’s, focusing on the role of its structural determinants –economic development, regional economic structure, wages, labour market opportunities,living conditions. It brings a bibliographical review on urbanization and geographicaldistribution over Brazil’s and Sao Paulo’s territories. It also presents a set of social indicatorsproduced in the statistical offices in Brazil. Finally, it briefly discusses the consequences ofthe new patterns of population distribution and demographics, in Sao Paulo State and Brazil,on the public policy making.

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INTRODUÇÃO

***** Este trabalho refere-se a versão revisada da dissertação de mestrado em Administração Pública na Escola de Administração de Empresas deSão Paulo, da Fundação Getulio Vargas, sob orientação do Prof. Dr. Ruben C. Keinert, e sua primeira editoração contou com o auxílio da CEAP/PUC – Campinas. O autor agradece aos professores Esdras Borges Costa e Neide Patarra pelos comentários e sugestões visando o aprimoramentodo trabalho.

A interiorização do desenvolvimento que seprocessa desde o final dos anos 60 no Estado deSão Paulo tem provocado mudanças demográficase socioeconômicas de grandes proporções emvárias microrregiões do Estado. De um lado, Cam-pinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e seusrespectivos entornos têm-se transformado emimportantes pólos de desenvolvimento econômi-co e atração populacional. De outro, o Vale do Ri-beira e outras localidades do Oeste paulista vêmperdendo população e importância econômica.Este cenário de contrastes, tão próprio dadualidade estrutural brasileira, mas para o qual, di-ferentemente de outras regiões, há razoável acer-vo de estatísticas e estudos disponível, coloca-secomo objeto de estudo de grande potencial analí-tico para pesquisadores dos diversos campos doconhecimento.

Com a publicação dos primeiros resultadosdo Censo 91, abre-se a possibilidade de investigar,ainda que de forma muito preliminar, aredistribuição espacial da população pelo Estado.Ainda que resultados mais gerais e concretos so-bre essa questão devam aguardar a publicação dedados censitários mais abrangentes, é tentadora apossibilidade de explorar as informações disponí-veis, e delas extrair já alguma indicação prospectiva

do novo quadro distributivo da população peloterritório paulista e de seus determinantes.

Assim, este trabalho* tem o objetivo de des-crever e analisar o processo de distribuição regio-nal da população no interior paulista nos anos 80.Apresenta-se aqui um quadro descritivo, mas su-cinto, da distribuição espacial da população entreas regiões de governo do Estado, e investiga-se emque medida tal quadro pode ser explicado a partirde alguns fatores estruturais – nível de desenvolvi-mento econômico, especialização produtiva, nívelde salários, oferta de empregos, condições de vida– citados como importantes para a compreensãode processos semelhantes na bibliografia corren-te dos estudos sobre urbanização e distribuiçãoespacial da população no Brasil e em São Paulo.Buscam-se, ainda, respostas a algumas importan-tes questões a esse respeito. Teriam crescido mais(em termos populacionais) as regiões que, à mar-gem da estagnação geral dos anos 80, expandiram-se economicamente no período? A população dachamada “Califórnia Paulista” – o cinturão “virtuo-so” de municípios de elevado PIB do Interior – te-ria continuado a crescer a taxas mais altas que amédia do Estado? A oferta diferenciada de empre-go pelas regiões teria atuado no mecanismo daredistribuição populacional nos anos 80, como lar-

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1.1.1.1.1. Há suspeitas de que a subenumeração de pessoas no Censo tenha sido maior nas grandes cidades e, em especial, em São Paulo e Rio deJaneiro (Cf. Isto é/ Senhor, 15 jan. 1992; Martine, 1994a).2.2.2.2.2. Campo de estudos interdisciplinar, diga-se, de passagem, com importantes contribuições da sociologia urbana, economia regional, demografiae geografia.

gamente citado na literatura da área? E quanto aosdiferenciais de salários? Procurando escapar dodeterminismo econômico sobre a redistribuiçãopopulacional, teriam as condições de vida regio-nais algo a acrescentar na explicação do proces-so? A “contra-urbanização”, a busca de uma melhorqualidade de vida, estaria manifestando-se em vo-lumes significativos pelo Interior?

Ainda que a distribuição espacial da popula-ção possa ser estudada em diferentes níveis de agre-gação e recortes metodológicos, este trabalho seatém a um enfoque inter-regional da distribuição.A distribuição e a mobilidade populacional intra-regional ou intermunicipal apresentam dinâmicae características que as tornam objetos específi-cos de estudo, como mostram os trabalhos dePatarra & Bógus (1980), Hogan (1993) e Cunha(1994a).

A opção pelas Regiões de Governo (RGs)como unidades espaciais de análise apóia-se, porum lado, pela necessidade de estudos mais desa-gregados da espacialização da população (Cunha,1984) e pela relativa articulação geoeconômica queas caracteriza internamente. A não-inclusão da Re-gião Metropolitana de São Paulo neste estudo jus-tifica-se pela limitação e qualidade dos dados oradisponíveis1 e pela inviabilidade de se tratá-la comouma única unidade espacial de análise. Como mos-tram Cunha (1994a) e Rolnik e outros (1990), háuma grande heterogeneidade estrutural na distri-buição da população e das atividades econômicaspelo território metropolitano, demandando, parafins de pesquisas sobre urbanização, uma regio-nalização muito mais complexa que a convencio-nal dicotomia Núcleo/Periferia.

A necessidade precípua do Estado na localiza-ção, avaliação e atendimento das demandas de bense serviços públicos para a população demonstra arelevância e a pertinência deste trabalho no cam-po de estudos da Administração Pública. Conhe-cer como a população está distribuída, como a

demanda de bens e serviços manifesta-se espacial-mente (e como os equipamentos públicos, recur-sos institucionais e financeiros podem ser alocadospara atendimento dessa demanda), e, mais do queisso, conhecer os determinantes estruturais que re-gem a mobilidade populacional são requisitos bási-cos para a definição de políticas públicas de desen-volvimento econômico e de eqüidade social.

Assim, ainda que este trabalho se enquadre nacategoria das repetitivas, despretensiosas e poucooriginais pesquisas, chamada de “ciência normal”por Kuhn (1978), a função social a que ele se des-tina e a aplicabilidade de seus resultados em estu-dos posteriores parecem justificar sua apresenta-ção. É preciso reconhecer também, como faz Kuhn,que a contribuição dos limitados e contextuaisresultados das pesquisas “normais” para o progres-so da ciência talvez não seja apreendida apenaspelo valor intrínseco que elas agregam ao conhe-cimento acumulado, mas também pelo papelsinérgico e didático que desempenham na forma-ção dos pesquisadores. Ou, como observa Eco(1988: 5): “Fazer uma tese significa, pois, aprendera pôr ordem nas próprias idéias e ordenar os da-dos; é uma experiência de trabalho metódico; querdizer, construir um ‘objeto’ que, como princípio,também deve servir aos outros. Assim não impor-ta tanto o tema da tese quanto a experiência detrabalho que ela comporta”.

O trabalho está organizado em três capítulos,além deste introdutório e da conclusão. O primei-ro deles apresenta uma resenha bibliográfica daurbanização e distribuição espacial da populaçãobrasileira – dos primórdios às primeiras evidênci-as apontadas pelo Censo 91 para a década dos 80– e da população paulista, para um período maisrecente. Esse capítulo cumpre duas finalidades:contextualizar este trabalho numa perspectiva his-tórica e no campo de estudos ao qual está vincula-do (urbanização e distribuição populacional2); eresgatar, na história social brasileira e paulista, evi-

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dências da tríade População-Espaço-Economia queiluminem aspectos e fatores relevantes para estu-dos atuais da redistribuição populacional pelo ter-ritório paulista.

No capítulo subseqüente, procura-se demons-trar que o novo quadro distributivo da populaçãopelas RGs deve-se, do ponto de vista demográfico,quase que integralmente aos diferenciais da mi-gração para dentro ou para fora das regiões – con-tando muito pouco as diferenças inter-regionaisde fecundidade e mortalidade. Nele se discutemainda as limitações analíticas das medidas usadaspara avaliação dos diferenciais regionais de migra-ção – saldos migratórios e taxas líquidas de migra-ção – mas também suas vantagens sobre os quan-titativos totais de população, medida mais comumnos estudos de urbanização de enfoque econômi-co-regional.

No capítulo posterior, aborda-se a questãosubstantiva deste trabalho. Com base numa análi-se de diferenciais regionais de migração segundofatores econômicos e sociais, busca-se avançar no

entendimento dos determinantes estruturais daredistribuição populacional recente no interiorpaulista.

A parte final, de conclusão, traz um tópico sin-tetizando as principais características e aspectossocioeconômicos da redistribuição regional dapopulação no interior paulista na década passada;em outro, apropria-se, de forma muito preliminar,dos resultados dessa pesquisa no âmbito da Admi-nistração Pública.

Ao longo dos capítulos, discorreu-se “panora-micamente” sobre algumas questões não estrita-mente vinculadas ao tema central do trabalho. Umadelas está relacionada às potencialidades e aos li-mites da mensuração nas pesquisas em ciênciashumanas. Uma outra refere-se à disponibilidade equalidade dos indicadores sociais no Brasil. Aindaque com o risco de se desviar da trajetória una eretilínea que um trabalho científico deve apresen-tar – por mais tortuoso que seja, em geral, o pro-cesso de pesquisa (Rosemberg, 1976) – pareceupertinente que figurassem no texto.

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URBANIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO NO BRASIL E EM SÃO PAULO: UMA RESENHA BIBLIOGRÁFICA

A investigação sobre o processo de urbaniza-ção no Brasil e em São Paulo tem ocupado, no país,boa parte da comunidade de pesquisadores dasáreas de economia, sociologia, geografia e demo-grafia nas últimas três décadas. Estudos sobre o rit-mo de evolução da urbanização pelo território eda distribuição da população nas regiões e cida-des, seus determinantes, seus efeitos, e sobre osepifenômenos concomitantes constituem uma vas-ta e rica bibliografia no acervo das ciências huma-nas no Brasil.

Como mostram os pesquisadores, população,espaço e desenvolvimento econômico têm sidoelementos intrinsecamente ligados no processo deurbanização e ocupação do território brasileiro epaulista. Desde o descobrimento, as fronteiras vêm-se alargando, e o espaço vem sendo ocupado porcontingentes populacionais crescentes e por ati-vidades econômicas cada vez mais complexas. Nãoé simples definir quais destes elementos são osdeterminantes e quais os determinados. O determi-nismo geográfico, o populacional e o econômicotêm, todos, longa tradição teórica e ocupam lugarde destaque na geografia econômica, na demografiaou na economia política.

Assim, com o objetivo de identificar algunsaspectos e linhas teórico-metodológicas que aju-dem na análise da redistribuição espacial da popu-lação no interior paulista durante a década passada,procede-se, a seguir, a uma resenha histórica do pro-cesso de urbanização no Brasil e em São Paulo.

OS PRIMÓRDIOS DOS PRIMÓRDIOS DOS PRIMÓRDIOS DOS PRIMÓRDIOS DOS PRIMÓRDIOS DA URBA URBA URBA URBA URBANIZAÇÃO BRASILEIRAANIZAÇÃO BRASILEIRAANIZAÇÃO BRASILEIRAANIZAÇÃO BRASILEIRAANIZAÇÃO BRASILEIRA

A urbanização no Brasil é um fenômeno comorigens mais remotas do que se poderia, à pri-meira vista, supor. Tais origens não remontamapenas às primeiras décadas deste século, aindaque, nele, o processo de urbanização tenha-semanifestado de forma bastante intensa e abran-gente por todo o território, como jamais ocorre-ra anteriormente.

Se tomarmos a urbanização em uma acepçãomais ampla, como a expressão espacial, e, ao mes-mo tempo, como fator indutor do desenvolvimen-to da tríade economia–sociedade–cultura, é possí-vel remetê-la aos tempos das primeiras expediçõescolonizadoras. Naturalmente, o padrão de urbani-zação era muito mais simples àquela época e res-tringia-se à ocupação colonial de alguns pontosestratégicos ao longo da região costeira, do norteao sul do país. Era necessário defender o territóriocontra os invasores e construir portos para expor-tação dos produtos da economia colonial (primei-ramente o pau-brasil e depois a cana-de-açúcar).Além disso, para essa urbanização costeira contri-buiu o fato de as primeiras tentativas de encontrarmetais nobres no interior do território terem-serevelado pouco promissoras, ao contrário do ocor-rido na América espanhola (Santos, 1982).

Mais tarde, a urbanização estender-se-ia ao in-terior do país, com a expansão da atividade agro-pecuária, com as incursões exploratórias em bus-

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ca de metais e índios e com as missões religiosasdos jesuítas. A constituição e fundação de vilas ecidades cumpriam a necessidade de estabeleci-mento de entrepostos para troca de mercadorias,de reabastecimento das “bandeiras” e, também, dedemarcação da onipresença da Coroa portuguesa.“A cidade se justificava e se estruturava a partirdos interesses de Portugal e em função dos cicloseconômicos que se registravam na época coloni-al” (Souza 1985: 14).

Esse padrão de urbanização subordinado aossurtos de prosperidade e decadência da economiaagroexportadora vingou por vários séculos. Cadaciclo econômico – de maior ou menor importân-cia para a economia nacional – manifestava-se, aseu tempo, em regiões distintas do território, mo-bilizando importantes contingentes populacionaise constituindo novos centros urbanos comerciaise administrativos. Passado o auge do ciclo, parteda população deslocada permanecia na área deantiga influência e adjacências, contribuindo paraa ocupação do território (Faria, 1976). Assim, sur-giram ou desenvolveram-se cidades na zona damata e agreste nordestino durante o ciclo da cana;em Minas e Goiás, no ciclo do ouro; no Maranhãoe interior do país, durante o ciclo do algodão; naAmazônia (Belém e Manaus), no ciclo da borracha;e no interior paulista e oeste paranaense, no ciclodo café.

A partir de meados do século XIX, e mais in-tensamente na virada do século XX, em pleno vi-gor da economia cafeeira, outros fatores além da-queles decorrentes do novo ciclo econômico pas-saram a delinear um novo modelo de urbanização.A crescente integração do espaço econômico; oaumento acentuado da população brasileira; a mi-gração campo–cidade, movida pela contradiçãoentre uma estrutura fundiária secular e uma novarealidade político-social (abolição dos escravos,trabalho assalariado, introdução de imigrantes eu-ropeus); e a industrialização que então se iniciavalevaram a um aumento mais do que proporcionalda população urbana e ao aparecimento de umsistema de cidades integrado e relativamente com-plexo (Lodder, 1978).

URBURBURBURBURBANIZAÇÃO NO SÉCULO XXANIZAÇÃO NO SÉCULO XXANIZAÇÃO NO SÉCULO XXANIZAÇÃO NO SÉCULO XXANIZAÇÃO NO SÉCULO XX

As profundas mudanças nas estruturas econô-micas e político-institucionais desencadeadas pelacrise do setor externo de 1930 e as transforma-ções demográficas concomitantes teriam sido osmotivos da significativa alteração do padrão deurbanização e de distribuição da população peloespaço nacional. No plano demográfico, o Brasilpassava por um vigoroso crescimento popu-lacional. Em 1872, ano do primeiro recenseamen-to geral do país, a população era avaliada em pou-co menos de dez milhões de pessoas. Um séculodepois, ela se tornara dez vezes maior, como resul-tado, segundo Patarra (1978: 256) da “diferençaentre as taxas de natalidade e de mortalidade”. Paraessa autora, “as taxas de natalidade permanecempraticamente constantes durante todo o períodocensitário, apresentando um declínio mais signifi-cativo apenas na última década [anos 60]; por suavez, os índices de mortalidade apresentam-se emdeclínio já desde o final do século passado, declínioesse que se acentua a partir de 1920, e principal-mente na década dos anos 50”, pela introdução deuma tecnologia médica mais avançada e pelo es-forço desenvolvimentista nacional.

A nova ordem econômica, baseada na indus-trialização, redefiniu o papel de alguns centrosurbanos, atribuindo a estes, além de sede da buro-cracia governamental e do capital comercial, a fun-ção de “locus”, por excelência, da atividade produ-tiva. Era natural, portanto, que as cidades industri-alizadas passassem a atrair, além do capital, gran-des contingentes populacionais, como verificadono passado nas regiões atingidas pelo surto cíclicoda economia agroexportadora. Era o espaço urba-no que reunia as vantagens da localização das ati-vidades econômicas dominantes, maior segurançae rentabilidade do capital para os investidores eoportunidades de emprego e perspectivas de me-lhores condições de vida para a população emgeral. Por outro lado, o empobrecimento relativodas regiões e setores marginalizados do processode desenvolvimento, como o Nordeste e grandeextensão do vasto território rural, contribuía para

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3.3.3.3.3. Faria faz uso de três diferentes técnicas (índice de primazia, regra do Rank-size e gráfico de log-normalidade) para demonstrar que o processode urbanização brasileiro resultou num “sistema urbano caracterizado por níveis comparativamente baixos e declinantes de primazia e concen-tração, particularmente quando considerados o fenômeno da bipolaridade [São Paulo e Rio de Janeiro como pólos] e desmetropolização” (1984:142). Para o autor, a urbanização brasileira se teria dispersado pelas regiões e pelos diversos tamanhos de cidades, caracterizando um sistema decidades mais equilibrado que em outros países do Terceiro Mundo (México ou Argentina, por exemplo). Utilizando uma metodologia de análisediferente (distribuição de cidades por Regiões e áreas diversas), Lodder (1978, p.12) parece chegar a conclusões diferentes, a julgar pela ênfaseque dá à “intensificação do fenômeno de concentração da população urbana via amadurecimento das áreas metropolitanas e aparecimento dossistemas regionais ligados ou dominados pelas metrópoles regionais”. Em obra posterior, Andrade & Lodder (1979) voltam a chamar a atençãopara a estrutura urbana multihieraquizada baseada em cidades primazes, com vasta rede de pequenas cidades sem função complementar àsgrandes metrópoles, servindo apenas como uma ponte entre o campo e o meio urbano desenvolvido. Tal posição também é defendida porRizzieri (1982).4.4.4.4.4. Os municípios do Rio de Janeiro (incluindo o Distrito Federal da Guanabara) e São Paulo já englobavam contingentes populacionais de maisde um milhão de habitantes em 1940. Já eram cidades grandes, com os típicos problemas de atendimento de transportes, saneamento etc. Nosanos subseqüentes, continuaram a crescer de forma vertiginosa e a dividir o controle do Estado brasileiro: São Paulo, como centro das atividadeseconômicas, e Rio de Janeiro como sede político-administrativa do Governo Federal. Essa situação de dualidade perdurou até os anos 60, quandoa “criação de Brasília como centro político-administrativo nacional acelerou a recomposição do sistema urbano e consolidou São Paulo como ametrópole nacional” (Andrade & Lodder 1979: 19).

a expulsão da população de seus locais de origeme fuga do capital produtivo para outras localida-des, não necessariamente para aquelas industriali-zadas. Nas zonas rurais privilegiadas com a intro-dução de práticas modernas de exploração agrí-cola, e portanto integradas ao desenvolvimentoeconômico nacional, o efeito expulsor era o mes-mo, mas a causa, diferente: a concentração fundiáriae a utilização de técnicas mais capital eram inten-sivas (e menos intensivas em mão-de-obra).

A migração campo–cidade e a migração inter-regional tomavam grandes proporções, suplantan-do a importância dos fluxos imigratórios interna-cionais da virada do século. Em 1940, a populaçãodo país era predominantemente rural, com ape-nas 31% vivendo em centros urbanos. Quarentaanos após, a situação se inverteria, com 68% dapopulação vivendo na zona urbana. Nos anos 70, apopulação rural decresceu até mesmo em termosabsolutos em relação à de 1960.

O deslocamento populacional inter-regionaltornou-se bastante significativo e crescente a par-tir de 1920. Minas Gerais e os estados do Nordestedestacaram-se, durante todo o período, como cen-tros originários de intensos fluxos migratórios parao Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e estados doCentro-Oeste. A partir de 1950, os estados do Sulpassaram para a condição de centros emigratórios,com deslocamentos de população em direção aregiões de fronteira agrícola ou pastoril no MatoGrosso e norte do país.

Concomitantemente, processava-se a concen-tração espacial de atividades econômicas em SãoPaulo, numa intensidade ainda maior que a da po-pulação. Davidovich (1984) cita que o Estado deSão Paulo foi, sozinho, responsável por mais de 50%do valor da produção industrial em 1970, quandoenglobava 19% da população brasileira. O Nordes-te, com 25% da população, contribuía com apenas10% do valor da produção industrial.

Esse quadro de transformações estruturais naeconomia do país e na distribuição espacial dapopulação brasileira definiu uma nova configura-ção do sistema nacional de cidades. A rede urbana,que, até fins da década de 20, era formada por pou-cas mas grandes cidades, começou a se tornar maiscomplexa. O padrão de urbanização passou a secaracterizar, segundo Lodder (1978), pelainteriorização do movimento e pela hierarquizaçãodo sistema urbano em nível nacional – embora,quanto a esta última observação, parece não ha-ver consenso na literatura (Faria, 1984).3

A urbanização disseminava-se pelo país, rumoàs capitais estaduais e centros regionais, independen-temente da existência da indústria local (Lopes, 1980).

Assim, no período de 1940 a 1950, cresciam maisrapidamente as pequenas cidades (com populaçãoentre dez mil e vinte mil habitantes) e as grandescidades (com mais de um milhão) – isto é, os peque-nos municípios do interior brasileiro, e os dois maio-res, Rio de Janeiro e São Paulo. Nestes dois últimoscentros, teve início, nesse período, a metropolização.4

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5.5.5.5.5. Essa desaceleração do crescimento populacional nas regiões densamente habitadas, e o conseqüente aumento demográfico nas cidadesmenores, já era notada nos anos 60 (Katzman, 1986). Na década passada, no entanto, o fenômeno parece ter-se generalizado. Cunha (1994b)chama a atenção para o fato de algumas regiões metropolitanas apresentarem ainda uma urbanização, do núcleo e da periferia, com grandedinamismo, como Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte e Curitiba.

A partir da década de 60, os municípios médi-os (entre 100 mil e 250 mil habitantes) passaram aapresentar taxas maiores de crescimento popu-lacional, conferindo novas características ao pro-cesso de urbanização e ao sistema nacional de ci-dades, a saber:a) metropolização de várias capitais estaduais,

como Recife, Fortaleza etc.;b) aparecimento de subsistemas regionais ligados

ou dominados por metrópoles regionais;c) hiperurbanização de novos centros no interi-

or dos estados, como Campinas e Sorocaba, emSão Paulo, e Ipatinga, em Minas Gerais;

d) crescimento moderado de cidades com funçãoregional, com cerca de cinqüenta mil habitan-tes (1970) não integrados em aglomerações;

e) crescimento populacional explosivo de peque-nos centros nas regiões de fronteira agrícola epastoril do Norte e Centro-Oeste.

EVIDÊNCIAS RECENTES DO PADRÃO DEEVIDÊNCIAS RECENTES DO PADRÃO DEEVIDÊNCIAS RECENTES DO PADRÃO DEEVIDÊNCIAS RECENTES DO PADRÃO DEEVIDÊNCIAS RECENTES DO PADRÃO DEURBURBURBURBURBANIZAÇÃO E DISTRIBANIZAÇÃO E DISTRIBANIZAÇÃO E DISTRIBANIZAÇÃO E DISTRIBANIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULACIONCIONCIONCIONCIONALALALALAL

Há um certo consenso na literatura sobre oprocesso de urbanização no Brasil de que, qual-quer que seja o critério de “urbano” empregado –o oficialmente adotado pelo IBGE (sede de muni-cípio ou distrito), de qualquer povoado com maisde duas mil pessoas (Katzman, 1986), ou outro maisrestritivo, de municípios com mais de vinte milhabitantes (Faria, 1984 e Martine et al., 1988b) –,não há como negar o ritmo acelerado com que seprocessou a transição rural/urbana da populaçãobrasileira. A população residente em municípioscom mais de dois mil habitantes passou de 25%para 65% da população do país, em quarenta anos(1940 a 1980) – metade do tempo transcorridopara processo similar nos EUA, país que tambémnão se classifica como exemplo histórico de urba-nização lenta e gradual.

Durante os anos 80, o processo de urbaniza-ção continuou intenso e culminou, segundo o Cen-so Demográfico de 1991, com mais de 80% da po-pulação do país residindo em cidades com maisde vinte mil habitantes, e cerca de 75%, em áreasoficialmente urbanas.

Mas, diferentemente do que vinha ocorrendonas décadas passadas, houve uma inflexão na ten-dência de megalopolização da população brasilei-ra (Martine, 1992). Como conseqüência da crisedos 80 e da interiorização do desenvolvimentoeconômico, os movimentos migratórios em dire-ção aos grandes centros arrefeceram-se, dirigindo-se a cidades mais próximas, e médias, do interiordo território nacional. Como constata o autor, “aconcentração progressiva de população em cida-des cada vez maiores, que parecia inexorável, foirevertida” (p.13). A metropolização iniciada nadécada de 40 em São Paulo e Rio de Janeiro, e es-tendida a outras capitais brasileiras nos anos 60,parece ter-se esgotado. De fato, a taxa de cresci-mento do conjunto das regiões metropolitanas noperíodo 1980–1991 (1,88%) ficou, pela primeiravez desde 1950, abaixo da média nacional. Nestecontexto, São Paulo, Recife e Rio de Janeiro foramas metrópoles que menos cresceram. Emcontrapartida, localidades situadas na fronteiraamazônica, balneários, estâncias e vários municí-pios do interior paulista estão entre as cidades commaior crescimento demográfico. Deve-se acrescen-tar a este grupo os municípios situados nas perife-rias das grandes cidades (Cunha, 1994b).5

Como se observa na Tabela 1, os municípiosgrandes e muito grandes (com mais de quinhen-tos mil habitantes) tiveram sua parcela de popula-ção reduzida em relação a 1980, voltando a con-gregar cerca de um quarto da população nacional.Os municípios com população composta de vintemil a cem mil habitantes passaram a reunir, em1991, cerca de um terço da população brasileira,

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Tabela 1

URBANIZAÇÃO E MEGALOPOLIZAÇÃOBras i l

1940-1991

CRITÉRIO POPULAÇÃO RESIDENTE EM MUNICÍPIOS COM

ANO OFICIAL + 2 mil +20 mil + 100 mil + 500 mil

1940 31 ,2 25 ,2 16 ,0 13 ,4 7 ,71950 36 ,2 30 ,8 21 ,1 17 ,9 11 ,11960 44 ,7 40 ,4 28 ,8 24 ,3 16 ,21970 55 ,9 52 ,0 41 ,1 35 ,7 26 ,11980 67 ,6 64 ,8 53 ,6 47 ,1 31 ,51991 75 ,0 99 ,9 80 ,5 48 ,2 26 ,4

Fonte: Resultados preliminares do Censo 91. (População em municípios com mais de dois mil habitantes: apud Katzman (1986). Demais informações:Martine (1992).

Em porcentagem

resultado do crescimento acentuado dos municí-pios que possuíam, em 1980, até vinte mil habi-tantes.

Com relação à distribuição regional da popu-lação, os primeiros dados do Censo revelam a ma-nutenção das tendências delineadas nas décadaspassadas. Norte e Centro-Oeste continuam a au-mentar sua participação no contingente popu-lacional do país, como conseqüência da manuten-ção de taxas de fecundidade um pouco mais altase, principalmente, pela manutenção do fluxoimigratório. As duas regiões cresceram a taxas su-periores a 3%, dobrando suas participações relati-vas de 1950, em detrimento do Sul e Nordeste. Em1991, Norte e Centro-Oeste reuniam 7% e 6,4%,respectivamente, da população do país, cabendoao Sul e ao Nordeste os percentuais de 15 e 29% .O Sudeste continua sendo a região mais populosa,com seus históricos 43% da população total (Ta-bela 2).

Embora, em todas as regiões, os poucos muni-cípios grandes e muito grandes (acima de quinhen-tos mil habitantes) detenham parte substancial dapopulação, há algumas diferenças na distribuiçãopopulacional pelos sistemas urbanos regionais. NoSudeste e Sul há um certo equilíbrio na distribui-ção da população pelos variados portes de cida-des. No Norte e Centro-Oeste, os municípios devinte mil a cem mil habitantes têm maior proemi-

nência no sistema de cidades. No Nordeste, as ci-dades pequenas (de até cinqüenta mil habitantes)reúnem 50% da população.

Não se poderia deixar de citar o papel dasmudanças demográficas na última década para o novoquadro distributivo da população brasileira. A inflexãodo comportamento do volume anual de nascimen-tos nos anos 80, fenômeno inédito na históriademográfica contemporânea do Brasil, e a conver-gência dos níveis macrorregionais de fecundidadealteraram o estoque populacional potencialmentedisponível para a migração inter-regional.

Não há dados populacionais conclusivos emnível nacional que permitam avaliar as tendênciasrecentes da urbanização e distribuição popu-lacional na presente década. Tendo em vista asvinculações históricas entre urbanização e desen-volvimento econômico (Rizzieri, 1982), é bempossível que as tendências de crescimento das ci-dades médias do Interior e a “des-metropolização”ainda estejam em curso. O vasto interior brasileiroapresenta uma série de “ilhas de modernidade”,com estrutura econômica desenvolvida e/oudiversificada. Além disso, as novas tecnologias deprodução e circulação de mercadorias tornammenos imperativos os ditames da concentraçãoespacial fordista das atividades econômicas e depopulação (Lipietz & Leborgne, 1988, Médici &Silva, 1993).

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Tabela 2

DISTRIBUIÇÃO PORCENTUAL DA POPULAÇÃO BRASILEIRA, SEGUNDOGRANDES REGIÕES E CLASSES DE TAMANHO DE CIDADES

1991

GRANDES REGIÕES

N NE SE S CO Total

até 2 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,1

2 a 10 0 ,4 1 ,9 2 ,3 1 ,6 0 ,8 6 ,910 a 20 0 ,9 5 ,1 3 ,3 2 ,3 0 ,9 12 ,520 a 50 1 ,6 8 ,1 5 ,2 3 ,0 1 ,2 19 ,1

50 a 100 1 ,5 4 ,2 4 ,9 2 ,1 0 ,5 13 ,3100 a 250 0 ,7 2 ,5 5 ,7 2 ,9 0 ,7 12 ,6250 a 500 0 ,4 1 ,9 5 ,4 1 ,3 0 ,3 9 ,2

500 a 1.000 0 ,0 1 ,7 3 ,3 0 ,0 1 ,0 6 ,0acima 1.000 1 ,5 3 ,5 12 ,5 1 ,8 1 ,1 20 ,4Total 7,0 28,9 42,7 15 ,0 6,4 100 ,0

Fonte: Resultados preliminares do Censo 91.

CLASSES / TAMANHO (mil hab.)

URBURBURBURBURBANIZAÇÃO E DISTRIBANIZAÇÃO E DISTRIBANIZAÇÃO E DISTRIBANIZAÇÃO E DISTRIBANIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULACIONCIONCIONCIONCIONAL EMAL EMAL EMAL EMAL EMSÃO PASÃO PASÃO PASÃO PASÃO PAULO NOS ÚLULO NOS ÚLULO NOS ÚLULO NOS ÚLULO NOS ÚLTIMOS CINQÜENTTIMOS CINQÜENTTIMOS CINQÜENTTIMOS CINQÜENTTIMOS CINQÜENTA A A A A ANOSANOSANOSANOSANOS

A urbanização e distribuição populacionalpelo território paulista, neste século, tiveram suascaracterísticas delineadas no período que se es-tende do último quartel do século XIX até os anos20. Como colocam Negri et al. (1988: 9):

“Neste período, estruturou-se e se desenvol-veu o complexo cafeeiro paulista, constituído porelementos importantes para a urbanização do Es-tado: a política massiva de imigração estrangeiraque criou uma população para o território paulista,até então coberto de florestas, e a implantação deum sistema viário que, no século passado, acom-panhou as plantações de café e o desmembra-mento de novos municípios e, neste século, abriucaminho para a ocupação agrícola e urbana doterritório”.

Em 1920, o Estado dispunha de 84% de suapopulação no interior, quadro que começou a semodificar com a concentração industrial na capi-tal e com os fluxos crescentes de migrantes deMinas Gerais e Nordeste. Assim, embora a urbani-zação continuasse a se disseminar pelo Interior,em função da expansão da fronteira agrícola e da

industrialização leve (viabilizadas pela acumulaçãocafeeira anterior), dirigindo-se pelos eixos defini-dos pelas estradas de ferro, o processo urbanizadorcada vez mais dominante passou a ser o da metro-polização da capital. É do que se trata a seguir.

A constituição da metrópole paulistanaA constituição da metrópole paulistanaA constituição da metrópole paulistanaA constituição da metrópole paulistanaA constituição da metrópole paulistana

São Paulo já englobava um contingente po-pulacional de mais de um milhão de habitantesem 1940. Nos anos seguintes, continuou a crescerde forma vertiginosa e a disputar a primazia dosistema urbano com o Rio de Janeiro.

As migrações de outros estados para São Pau-lo foram responsáveis pelo grande salto popu-lacional dos anos 40 e 50. Nesse período, as migra-ções responderam por 76% do crescimento totalde São Paulo, tendo caído desde então para menosde 50%. Como indica a Tabela 3, o crescimentopopulacional de São Paulo vem adicionando con-tingentes substanciais ao longo das décadas, masdesde os anos 60 o acréscimo relativo tem sidomenor, devido à redução nas taxas de crescimen-to da população. Na década de 40, a taxa de cresci-mento anual era da ordem de 5,2%, passando a3,67% nos anos 70 (Rolnik et al., 1990: 32-33).

Em porcentagem

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Tabela 3

POPULAÇÃO E TAXAS ANUAIS DE CRESCIMENTO POPULACIONAL (%)Município de São Paulo, RMSP e Estado de São Paulo

1940-1991

SÃO PAULO RMSP ESTADO

População Taxa População Taxa População Taxa

1940 1.326.261 1.568.045 7.180.316

1950 2.198.096 5 ,2 2.688.901 5 ,5 9.134.423 2 ,41960 3.781.446 5 ,6 4.791.245 5 ,9 12.823.806 3 ,51970 5.924.615 4 ,6 8.139.730 5 ,4 17.771.948 3 ,3

1980 8.493.226 3 ,7 12.588.725 4 ,5 25.040.712 3 ,51991 9.480.427 1 ,0 15.198.863 1 ,7 31.191.970 2 ,0

Fonte: Rolnik et al., 1990; Resultados preliminares Censo 91.

ANOLEV.

Compensando essa redução das taxas de cres-cimento populacional da capital paulistana, vári-os municípios da Região Metropolitana passarama crescer mais rápido: é a chamada periferização.Com isso, a participação relativa dos municípiosperiféricos da RMSP, tem aumentado, tanto naRMSP como no Estado. Em 1940, englobavam 15%da população metropolitana, passando, em 1991,a 38%. No nível do Estado, nesse período, eleva-ram sua participação de 3% para 18%.

Em termos espaciais, a metropolização fez-sesentir a partir, dos anos 40, através da compactaçãoda área edificada e pela expansão territorial dazona urbana de São Paulo e dos municípioslimítrofes. Verificou-se a compactação da cidade,de acordo com Langenbuch (1971), pelo cresci-mento vertical da sua região central, de bairrospróximos (Santa Ifigênia, Santa Cecília, Liberdade,Paraíso, Aclimação) e de outros mais afastados,cujas porções centrais se estruturavam em “sub-centros”, como Santana, Penha, Lapa e Pinheiros, epela ocupação dos terrenos baldios (no JardimEuropa, Sumaré, Vila Clementino) e dos “vazios”existentes entre loteamentos construídos nas dé-cadas anteriores (Planalto Paulista, Sumarezinho,Jardim das Bandeiras).

A expansão territorial da zona urbana proces-sou-se por meio do crescimento acelerado dosnúcleos suburbanos estabelecidos ao longo das

ferrovias e vias de circulação rodoviária e pela con-seqüente absorção destes pela mancha urbana dacapital. “O reflexo desta expansão é percebido [nacapital] pela queda de densidade bruta, que cai de110 habitantes por hectare em 1914 para 47 hab./ha em 1930. Em 1960 era ainda menor (24,6 hab./ha), e vem subindo desde então, atingindo 70,7 em1987” (Rolnik et al., 1990).

Essas transformações espaciais desencadearamum processo de duas tendências aparentementeopostas, que dariam origem, mais tarde, à constitui-ção da Região Metropolitana de São Paulo (1974): aprimeira, de fusão e conurbação territorial do espa-ço urbano; a segunda, de desmembramento políti-co administrativo de vários centros suburbanos. Dedez municípios, em 1940, os arredores paulistanospassaram a integrar cerca de 38 em 1980.

Paralelamente à expansão populacional, pro-cessava-se, até 1970, a concentração industrial emSão Paulo e adjacências. Naquele momento, a RMSPera responsável por 43,5% do valor da produçãoindustrial brasileira (Tabela 4). A partir de então, ocrescimento industrial passou a privilegiar outraslocalidades no interior do Estado e outras regiões(Minas Gerais, Nordeste etc.). A indústria paulistanaou localizada na RMSP não deixou de crescer, maspassou a fazê-lo a taxas menores que a média naci-onal (Negri, 1988). A urbanização do Estado passa-ria por um novo ciclo.

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REGIÃO / MUNICÍPIO 1 9 5 9 1 9 7 0 1 9 7 5 1 9 8 0

Região Metropolitana 41 ,0 43 ,5 38 ,8 36 ,0Município de São Paulo 30 ,5 28 ,0 24 ,6 18 ,6Demais Municípios RMSP 10 ,5 15 ,5 14 ,2 15 ,0Interior Paulista 14 ,6 14 ,7 17 ,1 19 ,8Região de Campinas 5 ,0 6 ,1 8 ,4 8 ,5

Fonte: Negri 1988.

Tabela 4

VALOR DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL EM RELAÇÃO AO TOTAL NACIONAL1959-1980

Tabela 5

TAXAS ANUAIS DE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO URBANARegiões Administrativas e São Paulo

1950-1980

REGIÃO / MUNICÍPIO 1950/60 1960/70 1970/80

São Paulo 5 ,60 4 ,57 3 ,67Reg. Metropolitana 5 ,55 6 ,98 4 ,47Litoral 5 ,08 4 ,97 4 ,79Reg. Campinas 5 ,70 5 ,21 5 ,82Vale do Paraíba 5 ,44 5 ,21 5 ,37Reg. Sorocaba 4 ,45 4 ,03 5 ,12Reg. Ribeirão Preto 5 ,35 4 ,52 4 ,17Demais Regiões 5 ,36 3 ,62 3 ,09

Fonte: Rolnik et al. 1990; Cetesb 1985b.

A rA rA rA rA reeeeevvvvvererererersão da polarsão da polarsão da polarsão da polarsão da polarização no Estado de São Pização no Estado de São Pização no Estado de São Pização no Estado de São Pização no Estado de São Pauloauloauloauloaulo

A reversão de polarização no Estado de SãoPaulo – isto é, a desaceleração do crescimento daRMSP e aceleração do crescimento das cidadesmédias do Interior – começou a se manifestar nosanos 60, com a queda da taxa de crescimento domunicípio de São Paulo e alguns municípios peri-féricos e elevação dessa taxa em várias cidades doInterior (Tabela 5). A população de São Paulo, quevinha crescendo a taxas de 5,2% ao ano na décadade 40, passava a 4,57% na década de 60. Tambémnos municípios da Grande São Paulo, as taxas, que,naquele primeiro período, eram superiores às dacapital, apresentavam uma redução significativa nosegundo, embora tivessem permanecido superio-res à média verificada no Interior.

O Interior retomava, agora, as rédeas da urba-nização do Estado, perdidas nos anos 30 depois deum intenso crescimento urbano e diversificaçãoregional ensaiado nos anos 20.

A partir da década de 70, as regiões de Campi-nas, Sorocaba, São José dos Campos, Ribeirão Pre-to, Bauru e São José dos Rio Preto firmaram-secomo novos pólos de crescimento populacional,com taxas de expansão demográfica superiores àsda capital e da Grande São Paulo, embora com dife-rença bem pequena em relação a esta última. Emoutras Regiões do Estado, as taxas até mesmo de-crescem, em função da migração para os novospólos (Bógus et al., 1990a).

A abordagem mais comumente usada paraexplicar a aceleração do crescimento de algumascidades do interior paulista no período é aquela

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que procura mostrar que ela decorreu da modifi-cação no padrão de localização industrial no Esta-do de São Paulo. Dessa modificação resultaria oaumento na oferta regional de emprego industriale a atuação dinâmica da indústria sobre a econo-mia local, tornando a região um pólo de atraçãode outras atividades econômicas e de população(Cetesb, 1985b).

Mas o que teria levado a indústria a se dirigirrumo ao interior do Estado? Uma característica daatividade industrial é a sua manifestação de formaconcentrada. A explicação dessa concentração es-pacial de atividades industriais pode ser esta, clarae sucinta: as atividades econômicas tendem a con-centrar-se por causa das economias de aglomera-ção, isto é, vantagens econômicas (maiores benefí-cios e/ou menores custos) decorrentes da concen-tração espacial. Essas vantagens relacionam-se aefeitos de escala (maior tamanho -> menor custo),efeitos de indivisibilidade (atividades tornam-serentáveis a partir de certo ponto/tamanho) e re-dução de custos de transporte para as firmas ouconsumidores (Richardson, 1975; Matteo, 1990;Bremaeker, 1990).

Assim, os empreendimentos vão-se localizan-do nas áreas onde já se encontram núcleos urba-nos consolidados e dotados de infra-estrutura con-veniente. Nesses centros, a concentração espacialresulta em aumento de produtividade e eficiênciageral das empresas, por meio da redução dos cus-tos de produção, circulação e distribuição dos bense serviços, ou via ampliação do mercado consumi-dor/fornecedor. Neles, também há maior disponi-bilidade de mão-de-obra e acesso a trabalhadorescom maior nível de especialização e experiência,em função da existência de maior número de fir-mas e de facilidades educacionais.

Há, no entanto, limites à criação de exter-nalidades positivas pela concentração. A aglomera-ção excessiva de população e atividades podecomeçar a gerar “deseconomias” comocongestionamentos, elevação dos aluguéis, dossalários, oferta deficitária de serviços públicos, queatuam no sentido de prejudicar a produtividade eelevar os custos de produção e transporte nas

empresas. Há ainda externalidades negativas, que,embora não afetem direta ou significativamenteas empresas, têm grande impacto na qualidade devida da população, como a poluição sonora e doar, aumento da violência e criminalidade, dete-rioração na qualidade dos serviços e bens públicosproduzidos etc., que podem atuar também nosentido do estímulo à migração (daquele que possa,ao menos, arcar com seu ônus).

A partir dos anos 60, e sobretudo nas décadasseguintes, as “deseconomias” da aglomeração nacapital e Região Metropolitana parecem começara se refletir sobre os custos de produção e sobre arentabilidade das fábricas. De fato, dados do Cen-so Industrial de 1980 mostram que os indicadoresde rentabilidade da Região Metropolitana passa-ram a ser inferiores a quase todos novos pólosinterioranos (Rolnik et al., 1990). Em uma pesqui-sa com executivos que transferiram ou expandi-ram suas empresas no Interior, sobressaiu-se comofator motivador da decisão o custo dos terrenosna capital (São Paulo, 1981).

De sua parte, o Interior já apresentava centrospotenciais para instalação industrial, seja pelosparques industriais já implantados como pela faci-lidade de comunicação e transportes.

A vinculação entre o desenvolvimento econô-mico regional e a mobilidade populacional não serestringiu à interiorização da indústria, como obser-vam Cano & Pacheco (1989) e Bógus e outros(1990b). A expansão da infra-estrutura viária, daagroindústria, da agricultura capitalizada, os investi-mentos públicos na instalação de refinarias de pe-tróleo e de dois pólos tecnológicos (em São José dosCampos e em Campinas) e a implantação do Pro-álcool tiveram papel destacado como fatores de atra-ção populacional e de outras atividades econômicas.

Mudanças rMudanças rMudanças rMudanças rMudanças recentes do padrão de distrecentes do padrão de distrecentes do padrão de distrecentes do padrão de distrecentes do padrão de distribuiçãoibuiçãoibuiçãoibuiçãoibuiçãopopulacional do Estadopopulacional do Estadopopulacional do Estadopopulacional do Estadopopulacional do Estado

Os primeiros resultados do Censo Demográ-fico de 1991 trouxeram duas grandes surpresas ea confirmação de uma tendência com relação àdistribuição populacional no Estado. As surpresas

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ficaram pela indicação de um baixo e inédito rit-mo de crescimento demográfico da Região Metro-politana e da maior retenção populacional nospequenos municípios (Patarra et al., 1992). A ten-dência confirmada foi a da consolidação dos pó-los interioranos de concentração populacional, emamplitudes ainda distantes da capital. “Os anos 80foram, neste contexto, marcados pela dispersão damigração no interior paulista, dispersão esta ca-racterizada pelo aumento de determinado póloque, alcançando regiões mais longínquas, contri-buiu para a redinamização local e a absorção demigrantes ou de retenção populacional” (Patarra& Baeninger, 1994: 11).

Uma análise dos saldos migratórios regionaisfeita pela Fundação SEADE (1992b) dá conta deque as alterações oriundas no processo migrató-rio desempenharam um papel decisivo na redis-tribuição populacional, na década de 80, no Esta-do. Revertendo a tendência de acumular volumo-sos saldos migratórios positivos, que, nos anos 70,atingiu cerca de três milhões de pessoas, o Estado,

como um todo, passou a apresentar, no últimoperíodo, um saldo de apenas meio milhão. Na rea-lidade, esse pequeno volume deve-se ao quadromigratório na Região Metropolitana e, em especi-al, à cidade de São Paulo que, sozinha, registrouum saldo negativo de 756 mil pessoas. Cunha &Baeninger (1994) atribuem este quadro à diminui-ção dos fluxos migratórios interestaduais na déca-da passada, em função daqueles fatores menciona-dos por Martine (1992) (seção “““““Evidências recen-tes do padrão de urbanização...”).

O balanço migratório do Interior apresentou,entre 1980 e 1991, um saldo conjunto de 861 milpessoas, pouco mais que aquele verificado nos anos70. O dinamismo econômico dos seus pólos res-ponderia, na visão de Cano & Pacheco (1992), porgrande parcela desse balanço positivo da migração.

Em termos mais desagregados, houve, na dé-cada passada, uma desaceleração no ritmo de cres-cimento das regiões que mais cresciam no decê-nio anterior e uma recuperação na dinâmicapopulacional daquelas que antes decresciam. “A

Tabela 6

CRESCIMENTO POPULACIONAL E SALDO MIGRATÓRIORegiões Administrativas do Interior

1970-1980 / 1980-1991

TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL SALDO MIGRATÓRIO

Local. 1970-80 1980-91 1970-80 1980-91

Regis t ro S u l 3 ,01 1 ,86 7 .441 -13.013S a n t o s S u l 3 ,94 2 ,19 155.770 52.232São José Campos Les te 3 ,88 2 ,77 158.205 105.923Camp ina s Les te 4 ,41 2 ,91 657.042 454.984S o r o c a b a Centro 2 ,84 2 ,65 106.818 124.682Ribeirão Preto Centro 3 ,31 2 ,86 85 .767 79 .131Bau ru Centro 2 ,06 2 ,01 18 .058 25 .752Central Centro 2 ,88 2 ,70 56 .662 69 .198S J Rio Preto Oeste 0 ,71 1 ,59 -83.590 5 .781Araça tuba Oes te -0,03 1 ,44 -99.470 -14.168Pres .Prudente Oes te -0,32 0 ,94 -148.523 -63.086Mar í l i a Oeste 0 ,26 1 ,35 -106.978 -9.504Barre tos Norte 0 ,93 2 ,64 -17.792 29.526Franca Norte 1 ,61 2 ,52 - 1.994 31.851

Fonte: Fundação SEADE, 1992b.

REGIÕESADMINISTRATIVAS

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tendência recente de crescimento populacional doEstado de São Paulo compõe, desta forma, uma re-lação simétrica onde praticamente todas as regi-ões a oeste do Estado aumentaram suas taxas decrescimento enquanto no leste elas diminuíram. Aregião central do Estado manteve o mesmo dina-mismo nas duas décadas consideradas [70 e 80]”(Fundação SEADE, 1992b:19).

Essas tendências regionais diferenciadas decrescimento populacional no Estado se explicari-am pela intensidade variada da migração no últi-mo período ao longo do seu espaço territorial,como mostra a Tabela 6. No sul e leste do Estado,os saldos migratórios são menores que os obser-vados na década passada. A Região Administrativade Registro chegou a apresentar saldo negativo detreze mil pessoas. Ao norte e a oeste, o balançomigratório foi menos dramático nos anos 80. AsRAs de Presidente Prudente, Araçatuba e Marília, aoeste, ainda apresentam migração líquida negati-va, mas com uma intensidade menor. As Regiõesde Franca, Barretos e São José do Rio Preto passa-

ram a acumular saldos positivos de migração. Nasregiões centrais do Estado, o quadro migratório foimais estável.

A análise da redistribuição espacial da popu-lação segundo as Regiões de Governo permiteconstatar que “a grande maioria das regiões situa-das a oeste continuaram a apresentar saldos mi-gratórios negativos, porém bem menos acentua-dos em comparação àqueles registrados na déca-da anterior” (Perillo, 1992). Ao sul, as RGs de Itapevae Registro passaram à condição de centros emi-gratórios. As regiões a centro-leste, em sua maio-ria, tiveram acréscimos populacionais devido àmigração, mas a taxas menores que as verificadasno passado. A RG de Caraguatatuba destaca-secomo a de maior crescimento demográfico (e in-tensidade migratória) no Estado, entre 1980 e 1991.

Uma análise mais exaustiva da redistribuiçãoespacial da população pelo interior paulista é apre-sentada em Fundação SEADE (1992b). Tabelas des-critivas do crescimento demográfico regional sãoapresentadas no próximo capítulo.

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O PAPEL DA MIGRAÇÃO NA REDISTRIBUIÇÃO REGIONAL DA

POPULAÇÃO NO INTERIOR PAULISTA NOS ANOS 80

6.6.6.6.6. Os trabalhos na ótica dos estudos de urbanização tendem a se basear em taxas de crescimento populacional, não distinguindo os efeitos dosdois componentes. Em geral, tal opção se justifica, na medida em que o componente migratório só pode ser computado em situações nas quaishá garantias da qualidade dos dados de nascimentos e mortes no Registro Civil, algo não aplicável pelo Brasil afora como mostram Altmann &Ferreira (1979) e Paes (1994).

Do ponto de vista estritamente demográfico,o crescimento da população, em um dado perío-do e local, é uma função de dois componentes: docrescimento vegetativo (nascimentos subtraídodas mortes) e do saldo migratório (entradas me-nos saídas de migrantes). Estudar, pois, a redis-tribuição populacional no interior paulista requera análise desses dois componentes.6

Como se procurará mostrar neste capítulo, ocrescimento vegetativo regional é pouco impor-tante para a explicação das taxas diferenciadas decrescimento populacional entre as RGs paulistas,cabendo papel determinante à migração.

A inexistência de dados publicados mais ge-rais do Censo 91 e o quadro fragmentado na pro-dução de informações para estudo e acompanha-mento do componente migratório – mesmo parao Estado de São Paulo (Patarra & Cunha, 1987) –justificam, neste capítulo, a opção pelo saldo mi-gratório regional e a taxa líquida de migração comoinstrumento de análise dos determinantes daredistribuição populacional nas RGs paulistas, naúltima década.

O emprego dos saldos migratórios regionais,assim como das taxas líquidas, permitem avaliar acontribuição específica da migração (líquida) na

redistribuição espacial da população, retirados osefeitos dos diferenciais de fecundidade e mortali-dade entre regiões. Naturalmente, não permitemreceber a intensidade absoluta das entradas e saí-das de pessoas e trocas inter-regionais, dimensõessomente tangíveis com a publicação dos resulta-dos da amostra do Censo Demográfico de 1991.

A CONVERGÊNCIA DOS PA CONVERGÊNCIA DOS PA CONVERGÊNCIA DOS PA CONVERGÊNCIA DOS PA CONVERGÊNCIA DOS PARÂMETRARÂMETRARÂMETRARÂMETRARÂMETROSOSOSOSOSDEMOGRÁFICOS REGIONDEMOGRÁFICOS REGIONDEMOGRÁFICOS REGIONDEMOGRÁFICOS REGIONDEMOGRÁFICOS REGIONAIS EM SÃO PAAIS EM SÃO PAAIS EM SÃO PAAIS EM SÃO PAAIS EM SÃO PAULOULOULOULOULONOS NOS NOS NOS NOS ANOS 80ANOS 80ANOS 80ANOS 80ANOS 80

Os anos 80 passarão para a história demográ-fica brasileira não apenas como o momento deinflexão substantiva do seu crescimento popula-cional, mas também da convergência dos níveismacrorregionais de fecundidade. A taxa de fecundi-dade total (uma medida do padrão reprodutivo)passou de 4,35 filhos por mulher em 1980 para,segundo estimativas preliminares citadas porBerquó (1994), cerca de 2,5 em 1991, significandouma redução de cerca de 43%. Em termos regio-nais, há indícios de que a queda tenha sido aindamais dramática nas regiões Norte e Nordeste, umavez que os estados do Sudeste e Sul já apresenta-vam, em 1980, taxas abaixo de quatro filhos por

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7.7.7.7.7. Naturalmente, parcela do crescimento vegetativo deve-se a filhos de migrantes nascidos na própria região, que perfazem volume significativono Estado (Cunha, 1988). Daí o fato de se terem altas taxas de crescimento vegetativo em regiões de intensa migração na década passada, comoCaraguatatuba.

mulher. Dados apresentados por Médici (1991) dãoconta de que a fecundidade no Nordeste teria ca-ído cerca de 30% em apenas cinco anos (entre 1980e 1986). Desta forma, é possível especular sobreuma relativa convergência dos níveis reprodutivosatuais em termos macrorregionais no Brasil.

Com relação à mortalidade, ainda é cedo parase falar em aproximação dos níveis macrorregio-nais no Brasil. Nesses termos, os diferenciais detaxas de mortalidade infantil são ainda muito gran-des, tal como o descrito por Paula (1987) para 1980.Enquanto a Paraíba apresentava, naquele momen-to, uma taxa de mortalidade infantil de 151 pormil, o Rio Grande do Sul exibia uma taxa 60% me-nor. Na realidade, essa situação da mortalidade in-fantil não se restringia a Paraíba, mas à quase totali-dade dos estados do Nordeste, onde os avançoscontra a mortalidade foram menos substantivos quenas demais regiões ao longo das últimas décadas.

Dados mais recentes apresentados por Olivei-ra (1993) atestam as substantivas diferenças regio-nais nas taxas de mortalidade infantil: 33 por milno Sudeste e 75 por mil no Nordeste, em 1989.

Para o Estado de São Paulo é possível, no en-tanto, se falar em uma inequívoca convergênciados níveis microrregionais de fecundidade e mor-talidade durante a década passada. Com relação àfecundidade, Campanário & Yazaki (1994) revelamque o diferencial máximo da fecundidade entre asRGs reduziu de 2,69 filhos por mulher, em 1980,para 1,36 em 1992, como resultado de uma quedageneralizada das taxas em todo o Estado (Tabela7). De fato, não apenas a média das taxas defecundidade, mas, sobretudo, a variância regional,apresentaram reduções expressivas.

Com relação à mortalidade infantil, Ortiz &Marangone Camargo (1994) apontam a reduçãosistemática das diferenças regionais no período de1980 a 1992, mas chamam a atenção para o qua-dro ainda alarmante dos níveis em alguns distritosERSAs – Escritórios Regionais de Saúde. O cote-

jamento de taxas de mortalidade infantil das RGsem três momentos, como mostra a Tabela 7, per-mite verificar que o intervalo de variação das ta-xas passou de 31 a 87 por mil em 1980, para 20 a68 por mil em 1992. Tal como observado para afecundidade, a média regional e, principalmente, avariância apresentam forte queda no período. Apersistência de um coeficiente de variação acimade 25% não deixa de revelar, porém, diferençasregionais significativas.

Essa convergência de níveis de fecundidadee, em menor escala, dos níveis de mortalidade in-fantil, leva a supor que o componente migratóriofoi o principal fator configurador do novo padrãode distribuição populacional pelo interior, tal comoobservado por Cunha (1986) para o período de1960/80, e como sugerido por Patarra et al. (1992)para a década passada.7

Como mostra a Tabela 8, as taxas decenais decrescimento populacional apresentam uma gran-de variabilidade entre as RGs, estendendo-se de -5,1% em Adamantina a 67% em Caraguatatuba. Umaanálise dos componentes da taxa decenal de cres-cimento populacional revela que esta variabilida-de é conseqüência das grandes diferenças regionaisnas taxas líquidas de migração centradas em 1980.Enquanto estas últimas oscilam de -22 a 33,5% (ten-do como extremos as mesmas RGs acima citadas) euma variância de 133,3, as taxas decenais de cresci-mento vegetativo oscilam no intervalo de 14,3 a33,5% (com variância oito vezes menor).

Dessa forma, a variância das taxas líquidas demigração centradas em 1980 representam 70% da-quela das taxas decenais de crescimento popu-lacional (133,3 de 192,2). A parcela corresponden-te à variância das taxas de crescimento vegetativorepresenta apenas 9% da variância total das taxasde crescimento populacional. O restante 21% davariância das taxas de crescimento populacionaldeve-se à covariância entre as taxas de crescimen-to vegetativo e de saldo migratório.

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TAXA DE FECUNDIDADE TOTAL TAXA DE MORTALIDADE INFANTILREGIÃO DE GOVERNO

1 9 8 0 1 9 9 2 80/81 85/86 89/90

Adamant ina 3 ,39 2 ,08 40 ,59 37 ,38 23 ,15Andrad ina 3 ,36 2 ,10 33 ,79 32 ,32 26 ,37Araça tuba 3 ,20 2 ,08 38 ,96 28 ,55 23 ,80Araraquara 3 ,27 2 ,18 40 ,56 29 ,67 24 ,82Ass i s 3 ,27 2 ,23 53 ,21 40 ,78 33 ,22Ava r é 3 ,90 2 ,66 63 ,85 50 ,24 39 ,38Barre tos 3 ,41 2 ,32 39 ,95 33 ,42 25 ,71Bau ru 3 ,47 2 ,31 47 ,73 29 ,84 26 ,21Botucatu 3 ,52 2 ,41 45 ,47 29 ,89 30 ,57Bragança Paulista 3 ,52 2 ,42 55 ,85 38 ,13 29 ,70Camp ina s 3 ,11 2 ,13 36 ,40 27 ,17 23 ,43Caragua ta tuba 4 ,68 2 ,91 50 ,44 38 ,97 35 ,90Catanduva 3 ,22 2 ,16 44 ,73 27 ,98 20 ,24Cruzeiro 3 ,57 2 ,53 54 ,11 30 ,25 28 ,29Dracena 3 ,34 2 ,18 42 ,95 30 ,35 27 ,46Fernandópol is 3 ,34 1 ,94 30 ,66 27 ,09 24 ,50Franca 3 ,33 2 ,40 36 ,00 27 ,30 21 ,14Guara t inguetá 3 ,60 2 ,49 48 ,45 38 ,45 36 ,05Itapet ininga 3 ,82 2 ,62 62 ,35 42 ,91 35 ,59Itapeva 4 ,97 3 ,22 86 ,83 74 ,78 68 ,32J a l e s 3 ,63 2 ,01 37 ,13 28 ,23 23 ,09J a ú 3 ,30 2 ,15 41 ,62 36 ,76 26 ,14J u n d i a í 3 ,33 2 ,28 37 ,05 28 ,60 24 ,31Limeira 3 ,21 2 ,23 42 ,77 31 ,28 27 ,67Lins 3 ,64 2 ,28 65 ,17 37 ,43 33 ,24Mar í l i a 3 ,73 2 ,25 57 ,11 32 ,56 29 ,05Ourinhos 3 ,64 2 ,50 52 ,19 32 ,78 28 ,74Pirac icaba 3 ,24 2 ,22 37 ,97 30 ,20 29 ,81Pres .Prudente 3 ,47 2 ,21 40 ,53 30 ,71 26 ,84Reg is t ro 5 ,52 3 ,30 62 ,42 38 ,85 36 ,62Ribeirão Preto 3 ,22 2 ,30 32 ,53 26 ,41 24 ,44Rio Claro 2 ,96 2 ,13 30 ,96 25 ,10 26 ,49S a n t o s 3 ,35 2 ,15 53 ,34 38 ,99 37 ,35São Carlos 3 ,08 2 ,29 32 ,64 25 ,16 20 ,20S.J.Boa Vista 3 ,46 2 ,40 40 ,39 29 ,54 23 ,33S . J .Ba r r a 3 ,18 2 ,36 31 ,31 25 ,92 23 ,20S.J.Rio Preto 2 ,98 1 ,95 34 ,10 26 ,27 23 ,33S . J . C a m p o s 3 ,77 2 ,37 36 ,62 27 ,45 24 ,10S o r o c a b a 3 ,79 2 ,44 55 ,88 36 ,71 30 ,15Taubaté 3 ,75 2 ,38 42 ,01 29 ,59 27 ,78Tupã 3 ,42 2 ,15 40 ,87 29 ,25 20 ,94Votuporanga 2 ,83 1 ,96 45 ,66 30 ,79 23 ,11

M é d i a 3 ,02 2 ,33 45 ,31 31 ,19 28 ,42Variância 0 ,25 0 ,08 132 ,09 71 ,79 62 ,98Coeficiente de variação 14 ,14 12 ,28 25 ,36 25 ,53 27 ,92

Fonte : TFT: Campanário e Yazaki (1994); TMI: Fundação SEADE (1992a).

Tabela 7

CONVERGÊNCIA DOS NÍVEIS DE FECUNDIDADE E MORTALIDADERGs Paulistas

1980-1992

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POPUL. CRESC. POP. CRESC. VEGET. SD. MIGRATÓRIOREGIÃO DE GOVERNO 1 9 8 0

abs. tx.dc abs. tx.dc abs. tx.dc

Adamant ina 137.630 -7050 -5,1 23 .169 16 ,8 -30.219 -22,0Andradina 157.277 14.494 9 ,2 30271 19 ,2 -15.777 -10,0Araça tuba 367.583 74.943 20 ,4 73 .334 20 ,0 1 .609 0 ,4Ara raqua ra 328.251 109.787 33 ,4 66 .009 20 ,1 43 .778 13 ,3Ass i s 159.251 39.404 24 ,7 32 .702 20 ,5 6 .702 4 ,2Ava r é 188.042 31.571 16 ,8 43 .093 22 ,9 -11.522 -6,1Barretos 268.839 89.104 33 ,1 59 .578 22 ,2 29 .526 11 ,0Bau ru 364.479 99.170 27 ,2 77 .550 21 ,3 21 .620 5 ,9Botucatu 155.009 43.350 28 ,0 26 .714 17 ,2 16 .636 10 ,7Bragança Pta. 286.769 94.684 33 ,0 62 .280 21 ,7 32 .404 11 ,3Camp ina s 1.407.236 589.167 41 ,9 301.788 21 ,4 287.379 20 ,4Caragua t a tuba 87 .777 58 .819 67 ,0 29 .429 33 ,5 29 .390 33 ,5Ca tanduva 190.045 30.972 16 ,3 33 .732 17 ,7 -2.760 -1,5Cruzeiro 91 .271 13.124 14,4 19 .771 21,7 -6.647 -7,3Dracena 106.534 9 6 0 0 ,9 19.532 18 ,3 -18.572 -17,4Fernandópol is 95.490 4.352 4 ,6 17.534 18 ,4 -13.182 -13,8Franca 318.810 109.920 34 ,5 76 .417 24 ,0 33 .503 10 ,5Guarat inguetá 232 .213 31.879 13 ,7 38 .440 16 ,6 -6.561 -2,8Itapet ininga 226.335 81 .362 35 ,9 55 .455 24 ,5 25 .907 11 ,4Itapeva 257.200 46.560 18 ,1 72 .048 28 ,0 -25.488 -9,9J a l e s 131.964 3.931 3 ,0 23.689 18 ,0 -19.758 -15,0J a ú 171.837 40.296 23 ,5 26 .693 15 ,5 13 .603 7 ,9J u n d i a í 401.121 157.127 39 ,2 118.277 29 ,5 38 .850 9 ,7Limeira 340.182 125.522 36 ,9 81 .866 24 ,1 43 .656 12 ,8Lins 125.929 13.193 10 ,5 22 .664 18 ,0 -9.471 -7,5Mar í l i a 236.708 28.551 12 ,1 38 .055 16 ,1 -9.504 -4,0Ourinhos 149.586 25 .860 17 ,3 29 .400 19 ,7 -3.540 -2,4Pirac icaba 295.801 105.091 35 ,5 71 .432 24 ,1 33 .659 11 ,4Pres .Prudente 417.934 77.322 18 ,5 91 .616 21 ,9 -14.294 -3,4Regis t ro 185.562 41.376 22 ,3 54 .389 29 ,3 -13.013 -7,0Ribeirão Preto 660.948 215.804 32 ,7 136.673 20 ,7 79 .131 12 ,0Rio Claro 149.865 33.425 22 ,3 21 .381 14 ,3 12 .044 8 ,0S a n t o s 961.249 216.885 22 ,6 164.653 17 ,1 52 .232 5 ,4São Carlos 215.119 68.181 31 ,7 42 .760 19 ,9 25 .421 11 ,8S.J.Boa Vista 328.311 73.577 22 ,4 66 .614 20 ,3 6 .963 2 ,1S . J .Ba r r a 92 .666 19.480 21,0 21 .132 22,8 -1.652 -1,8S.J.Rio Preto 402.333 123.043 30 ,6 71 .745 17 ,8 51 .298 12 ,8S . J . C a m p o s 487.156 222.731 45 ,7 145.839 29 ,9 76 .892 15 ,8S o r o c a b a 683.590 289.428 42 ,3 170.279 24 ,9 119.149 17 ,4Taubaté 322.747 87.188 27 ,0 75 .337 23 ,3 11 .851 3 ,7Tupã 135.333 3.738 2 ,8 24.833 18 ,3 -21.095 -15,6

Votuporanga 130.005 12.799 9 ,8 22.617 17 ,4 -9.818 -7,6

M é d i a 23 ,75 21 ,17 2 ,58Var iânc ia 192,21 17,74 133,27Coeficiente de variação 58,4% 19,9% 446,6%

Fonte: Fundação SEADE (1992b).Nota: abs = absoluto; tx.dc = taxa decenal.

Tabela 8

COMPONENTES DO CRESCIMENTO POPULACIONALRGs Paulistas

1980-1991

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8.8.8.8.8. Os quantitativos populacionais por idade e sexo nos municípios foram divulgados só mais recentemente, em 1994.

Em vernáculo “não-estatiquês”, isso significadizer que as diferenças entre taxas de crescimen-to populacional das RGs explicam-se, em grandemedida, pelas intensidades migratórias diferencia-das pelo Estado. Ou, ainda: a redistribuição popu-lacional no interior é conseqüência, em termosdemográficos, da intensidade da migração pelasRGs, contando muito pouco as diferenças regio-nais nos níveis de fecundidade e mortalidade.

LIMITLIMITLIMITLIMITLIMITAÇÕES METAÇÕES METAÇÕES METAÇÕES METAÇÕES METODOLÓGICAS DO SALDOODOLÓGICAS DO SALDOODOLÓGICAS DO SALDOODOLÓGICAS DO SALDOODOLÓGICAS DO SALDOMIGRAMIGRAMIGRAMIGRAMIGRATÓRIO E DTÓRIO E DTÓRIO E DTÓRIO E DTÓRIO E DAS AS AS AS AS TTTTTAXAS LÍQAXAS LÍQAXAS LÍQAXAS LÍQAXAS LÍQUIDUIDUIDUIDUIDAS DE MIGRAÇÃOAS DE MIGRAÇÃOAS DE MIGRAÇÃOAS DE MIGRAÇÃOAS DE MIGRAÇÃO

Estudar a redistribuição populacional nas RGspaulistas nos anos 80 é analisar a mobilidade espa-cial da população no período, como demonstradona seção anterior.

A análise da mobilidade espacial da popula-ção está limitada, neste momento, à utilização desaldos migratórios e taxas líquidas de migração, cal-culados indiretamente pelo método das Estatísti-cas Vitais (Nações Unidas, 1972), tal como expos-to em Fundação SEADE (1992b). Este não é o úni-co método, nem o necessariamente mais preciso,como avalia Ferreira (1981). Mas tendo em vistaque se dispõe apenas dos quantitativos populacio-nais regionais sem distinção de idade ou sexo, oleque de técnicas disponíveis fica muito limitado.8

Felizmente, graças à qualidade das EstatísticasVitais no Estado (Waldwogel et al., 1994; Ferreira& Ortiz, 1987; Paes, 1994), os problemas potenci-ais com a técnica residual aludida diminuem. A ri-gor, uma estimativa confiável do saldo migratóriopelo método das Estatísticas Vitais não depende,necessariamente, de uma boa cobertura dos nasci-mentos e óbitos. Uma vez que, no cômputo docrescimento vegetativo, nascimentos e mortesentram com sinais trocados, a subenumeração re-lativa dos primeiros podem ser compensada, emparte, pelo sub-registro dos segundos. Requisitoessencial para a confiabilidade dos resultados nes-sa técnica é a proximidade dos erros (inevitáveis)

de subenumeração do quantitativo populacionalnos dois censos sucessivos considerados (NaçõesUnidas, 1972: 28). Pelo que apontam alguns indíci-os (Isto é/Senhor, 15 jan. 1992; Martine, 1994a), hácerta dúvida quanto a proximidade desses errosde subenumeração em 1980 e 1991, em especialnos grandes centros urbanos.

Vale observar que o saldo migratório decenalapresenta limitações metodológicas consideráveispara o estudo da migração. Ele é um proxy muitogrosseiro da mobilidade espacial da população,incapaz de retratar o volume e diversidade dos flu-xos existentes para dentro e para fora da região.Não se sabe quantas pessoas se dirigiram à regiãoe nem quantas, tendo aí residido, saíram duranteos dez (ou onze anos) que separam os censos. Nãose sabe de onde vieram e para onde se dirigiramos migrantes. Não se sabe quem foram esses mi-grantes, ricos, pobres, técnicos, mão-de-obra semqualificação. Na melhor das hipóteses, se sediponibilizassem dados sobre distribuição popu-lacional por idade e sexo, seria possível saber quaisos grupos etários (e sexos) compuseram o saldoresidual. Não se sabe em que momento o proces-so migratório se acelerou, estagnou, se inverteu. Osaldo migratório só espelha parte da contribuiçãoda migração, já que filhos de migrantes são tidos –corretamente – como não-migrantes. Um peque-no saldo migratório não indica baixa mobilidadepopulacional na região. Numa situação hipotética,ter-se-ia um contingente de camponeses emigran-do para outra região, e, em contrapartida, um volu-me parecido de técnicos e operários especializadosingressando. Enfim, trabalhar com saldos migrató-rios exige que não se diferencie o grupo demigrantes e as motivações individuais em direçãoà imigração ou à emigração. O saldo migratório éuma medida de estoque, não de fluxo.

A utilização das taxas líquidas de migração –razão entre os saldos migratórios decenais e a po-pulação no meio do período – agrega informaçõespassíveis de apreensão não somente pelos saldos.

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Elas indicam, grosso modo, a propensão da regiãopara receber ou ceder migrantes, ou, ainda, a in-tensidade da migração líquida. A principal virtudeda taxa migratória é quantificar o efeito do saldomigratório sobre a população potencialmente ex-posta ao risco da migração.

Neste trabalho, procura-se usar os dois “proxys”da migração naquilo que efetivamente representam:estoque (saldo) e intensidade (taxa migratória).

Naturalmente, as informações sobre fluxosmigratórios possíveis de serem apreendidas dosCensos ou pesquisas retrospectivas sobre migra-ção contêm um valor heurístico muito superior àsmedidas aqui empregadas. Contudo, saldos e ta-xas migratórias podem ser alternativas práticas,rápidas e mesmo eficientes para responder algu-mas questões sobre o fenômeno migratório (Cu-nha, 1994b).

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Mapa 1

TAXAS DE FECUNDIDADERGs Paulistas 1980

Mapa 2

TAXAS DE FECUNDIDADERGs Paulistas 1992

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Mapa 3

TAXAS DE MORTALIDADE INFANTILRGs Paulistas 1980-1981

Mapa 4

TAXAS DE MORTALIDADE INFANTILRGs Paulistas 1989-1990

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Mapa 5

TAXAS DE CRESCIMENTO POPULACIONALRGs Paulistas 1980-1991

Mapa 6

TAXAS LÍQUIDAS DE MIGRAÇÃORGs Paulistas 1980-1991

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UMA PROSPECÇÃO ACERCA DOS DETERMINANTES ECONÔMICOS

E SOCIAIS DA REDISTRIBUIÇÃO POPULACIONAL

RECENTE NO INTERIOR PAULISTA

Como demonstrado no capítulo anterior, aredistribuição regional da população no Interiorpaulista nos anos 80 é explicada, em termosdemográficos, pelas diferentes intensidades e sen-tidos do processo migratório, na década, ao longodo território. Analisar, pois, a redistribuição espa-cial da população paulista pelas RGs nesses anosé estudar o comportamento da migração (saldosmigratórios e taxas líquidas de migração, no caso)pelo Interior no período.

Do ponto de vista econômico e social, a ex-plicação da redistribuição (ou da migração) é maiscomplexa e intrincada. Um recurso metodológicopara avançar no conhecimento e cercar osdeterminantes estruturais da redistribuição recen-te é a análise de diferenciais regionais de migra-ção, orientada pelos diversos eixos de estudo doprocesso de urbanização e distribuição espacialda população brasileira e paulista, tal como vistono segundo capítulo, que contemplou uma revi-são bibliográfica.

Nela, diversos fatores sociais e econômicosforam apontados como elementos importantespara a explicação dos processos de espacializaçãoda população. Aqui, recupera-se parte deles, e in-vestiga-se a sua pertinência como fatores relevan-tes na explicação da redistribuição populacionalrecente no Interior paulista.

Naturalmente, uma análise de diferenciais nãodemonstra a relação de determinação ou causali-

dade entre fenômenos, mas tão somente de co-va-riação (ou independência) entre os mesmos. Ou-tros requisitos necessários à demonstração dacausalidade – defasagem temporal entre causa eefeito e eliminação da hipótese de espuriedadena relação entre os fenômenos (Asher, 1983) –não são passíveis de comprovação em uma análi-se de diferenciais. No entanto, esta pode contri-buir, por meio de aproximações sucessivas, parase desvelarem dimensões explicativas relevantespara a construção de modelos causais e teoriasmais gerais e integradoras sobre os processos emquestão.

Embora não sejam imprescindíveis em umaanálise de diferenciais, métodos estatísticos podemser uma ferramenta útil na exploração das carac-terísticas dos dados e das relações entre variáveis.Podem, inclusive, dar uma sustentação mais forteaos argumentos propostos. Como defendemBlalock (1973) e Torgerson (1958), a mensuraçãoe a aplicação de métodos quantitativos nas ciênci-as humanas são encaminhamentos metodológicosimportantes para a descoberta de relações entrefenômenos sociais e para o avanço no teste e for-mulação de hipóteses sobre os fenômenos e a es-trutura de causalidade. Mas não deve escapar aoanalista que a contrapartida à aplicação dos méto-dos pode ser muito custosa: o conjunto de dadosdeve exibir propriedades estatísticas “desejáveis”,qualidade menos freqüente em se tratando de da-

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9.9.9.9.9. A respeito do “mau comportamento” dos dados sociais, em contraposição ao “enquadramento” dos dados provenientes da física e astronomia,Alves (1981: 98) não poderia ser mais feliz: “O rigor das ciências da natureza não se deve, em absoluto, a que elas sejam mais rigorosas e seusmétodos mais precisos. Acontece que o bicho com que elas lidam é muito doméstico, manso, destituído de imaginação, faz sempre as mesmascoisas, numa rotina enlouquecedora, freqüenta os mesmos lugares. Tanto assim que é possível prever onde estarão Terra, Sol e Lua daqui a100.000 anos”.

dos sociais (Souza, 1993).9 Assim, não fazemos usoextensivo de métodos estatísticos neste capítulo,mas os aplicamos em algumas das seções a seguir.Isto não as torna mais conclusivas que as outrastratadas mais qualitativamente, mas seguramenteacrescentam informações adicionais relevantessobre o processo empírico em questão.

REDISTRIBREDISTRIBREDISTRIBREDISTRIBREDISTRIBUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULACIONCIONCIONCIONCIONAL E OSAL E OSAL E OSAL E OSAL E OSDIFERENCIAIS REGIONDIFERENCIAIS REGIONDIFERENCIAIS REGIONDIFERENCIAIS REGIONDIFERENCIAIS REGIONAIS DE DESENVAIS DE DESENVAIS DE DESENVAIS DE DESENVAIS DE DESENVOLOLOLOLOLVIMENTVIMENTVIMENTVIMENTVIMENTOOOOOECONÔMICOECONÔMICOECONÔMICOECONÔMICOECONÔMICO

Talvez nenhum outro eixo de análise tenhasido mais explorado nos estudos do processo deurbanização e ocupação populacional do territó-rio brasileiro e paulista que aquele que buscouentender a mobilização espacial da populaçãocomo produto dos movimentos cíclicos do capi-tal, indutores do desenvolvimento econômico dealgumas regiões e do empobrecimento relativo deoutras. Ainda que a resenha do segundo capítulojá tenha evidenciado tal abordagem e esteja reple-ta de citações vinculando o “econômico” com o“populacional”, vale resgatar, como ilustrativa des-sa associação, a relação proposta por Faria (1976:96) entre os ciclos econômicos e a constituiçãodo sistema urbano brasileiro:

“O importante a assinalar [no processo deconstituição do sistema urbano brasileiro] é quecada ciclo [econômico] mobilizou importantescontingentes populacionais e que, passado o seuauge, esta população continuou sobrevivendo, pro-vavelmente numa área maior, contribuindo para aocupação do território”.

Tributários deste mesmo eixo de análise, Negriet al. (1988) e Cano & Pacheco (1989) ressaltam aimportância da economia cafeeira e da interio-rização da indústria no processo de urbanização eocupação populacional no Estado de São Pauloneste século.

“O café, como já foi tantas vezes enfatizado,seria a matriz do sistema urbano paulista. Não queos ciclos econômicos anteriores tenham sido pou-cos importantes para sua constituição. É certo,neste sentido, que os caminhos coloniais influíramsobre os destinos de muitas vilas, que a pecuáriarepresentou formas de incorporação de parcelasdo território paulista, da mesma forma que o algo-dão e o açúcar acabariam por legar uma infra-es-trutura urbana mínima para o café. O que deve serressaltado é a natureza restrita deste processo an-terior, comparada com a dimensão urbana que as-sumiu a acumulação nos marcos da economiacafeeira paulista.... À medida que se ampliava aprópria atividade cafeeira, era induzida a expan-são deste componente [dimensão urbana]. Eramindústrias, bancos, escritórios e oficinas de estra-da de ferro, comércio atacadista, comércio de ex-portação e importação, e o próprio aparelho deEstado” ( Negri et al., 1988: 6-7).

Numa perspectiva histórico-estruturalista, aoestudar os determinantes das redistribuiçãopopulacional no Estado de São Paulo, Motta (1981:153) propõe:

“É certo que as relações sociais de produçãodeterminadas pelas estrutura produtiva de uma de-terminada região, condicionam estreitamente omodo como se dá sua ocupação demográfica. Porsua vez, em geral, regiões com um rápido proces-so de crescimento econômico atraem significati-vas parcelas dos contingentes migratórios,direcionando-os e ‘fixando-os’. Isto se dá, não sóem termos de industrialização, mas também, e sig-nificativamente, no bojo das transformações pro-piciadas pelas frentes – de expansão e/ou pionei-ra – de ocupação agrícola”.

Observe-se, porém, que as vinculações entrea urbanização e o desenvolvimento econômicodevem ser entendidas em um sentido mais amplo

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10. Nesse sentido, vide Dillon & Goldstein (1984) e a série Métodos Quantitativos para Cientistas Sociais da Fundação Sage (EUA) (Asher 1983,Kim & Mueller 1978, entre outros). Apostilas de alguns minicursos oferecidos no âmbito do Simpósio Nacional de Probabilidade e Estatística(bianual) também são bons exemplos nacionais de popularização do “saber estatístico” para outras platéias.

que o sugerido pelo mecanismo de atração dasoportunidades econômicas. A reorganização espa-cial interna da produção econômica influencia adinâmica populacional não apenas pelos fatoresde atração nos centros de economia capitalizada,como também pelos de expulsão nas localidadesnão beneficiadas pelo desenvolvimento. Só assimé possível entender a urbanização disseminadapelo território nacional neste século, em direção acapitais e cidades não beneficiadas diretamentepela industrialização (Patarra, 1978). Ou, comoobservam Bógus et al. (1990a: 436) para a décadade 70 em São Paulo:

“O acelerado ritmo de crescimento verifica-do no Interior, como um todo, concentrou-se, naverdade, em algumas áreas de maior desenvolvi-mento econômico. As Regiões de Governo menosfavorecidas pela concentração industrial ou pelapresença de incentivos governamentais, muitasvezes têm dificuldade em reter sua população e,não raro, acabam por expulsá-la”.

Para investigar a importância dos fatores asso-ciados ao desenvolvimento (e subdesenvolvimen-to) econômico no processo recente de redis-tribuição populacional pelas RGs paulistas, adotam-se duas estratégias diferentes. Na primeira aborda-gem, procurando tirar proveito da disponibilidadede estatísticas econômicas disponíveis no perío-do intercensitário, faz-se um cotejamento das me-didas de redistribuição populacional (saldos, taxaslíquidas de migração, taxas de crescimento demo-gráfico regional) com indicadores convencionaisde nível de desenvolvimento econômico (PIB –Produto Interno Bruto regional, PIB per capita, taxade crescimento do PIB) pelas RGs paulistas. Naseção seguinte, estuda-se a relação economia versusredistribuição populacional através de uma tipologiado perfil produtivo regional. Embora muito próxi-mas, as estratégias não se dispensam mutuamente.Cada uma explora de forma diferente a realidademultifária do binômio Economia–População.

Análise da associação entrAnálise da associação entrAnálise da associação entrAnálise da associação entrAnálise da associação entre re re re re redistredistredistredistredistribuiçãoibuiçãoibuiçãoibuiçãoibuiçãopopulacional e desenpopulacional e desenpopulacional e desenpopulacional e desenpopulacional e desenvvvvvolvimento econômicoolvimento econômicoolvimento econômicoolvimento econômicoolvimento econômico

Existem diversas medidas estatísticas de graude associação ou de independência entre variáveis,dependendo da natureza das escalas em que taisvariáveis são medidas (Liebetrau, 1983). Uma técni-ca estatística simples e preliminar para a investiga-ção de associações entre variáveis sociais de escalacontínua é a Análise de Correlação (Boudon, 1968).

É certo que a estatística tem, hoje, muito maisa oferecer ao pesquisador das ciências humanasque essa técnica ou outras aqui aplicadas. Bussab& Ho (1983) dão mostra disso, expondo umametodologia abrangente para tratamento de dadosde pesquisas sociais, da análise exploratória às téc-nicas multivariadas de Análise de Agrupamentos,Análise Discriminante e Análise de CorrelaçãoCanônica.

Hoje, talvez seja cada vez mais difícil justificara não-utilização de algumas das técnicas mais mo-dernas que exigem complexidade operacional erequisitos computacionais exigidos. Francis (1981)relaciona e avalia mais de sessenta pacotes estatís-ticos disponíveis para mainframes e microcom-putadores por volta de 1980 nos Estados Unidos;em abril de 1985, somente para micros, havia nes-se país pelo menos quarenta grandes programascomerciais de análise estatística (Siegel, 1985). Ins-pirado no SPSS – Statistical Package for SocialSciences, desenvolveu-se, na Universidade Federaldo Rio de Janeiro, para uso de alunos e pesquisa-dores em ciências humanas, um software (PECS)voltado à análise estatística básica de dados soci-ais (Helt et al., 1985).

Mas, em que pesem a ampliação das facilida-des computacionais nas universidades, a “banaliza-ção” da operação dos softwares estatísticos e aprodução de manuais estatísticos para interlo-cutores externos não-afeitos ao formalismo mate-mático dos textos clássicos da área,10 ainda há al-

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11.11.11.11.11. Diga-se, de passagem, que a analogia do VA com o PIB não se restringe ao plano conceitual, mas se estende pelas imprecisões de seulevantamento, talvez um tanto potencializados aqui. Artigos na imprensa, em 1993, dão conta que a evasão tributária estaria em torno de 50% dabase passível de ser tributada. Assim, o VA seria uma medida subestimada do PIB. Neste trabalho, estamos assumindo que a evasão é mais oumenos uniforme pelas RGs, não afetando a ordenação do conjunto segundo volume do VA.

gumas dificuldades a superar na disseminação des-sas técnicas para a investigação social. A corretautilização das ferramentas estatísticas exige, porparte do cientista social, um comprometimentomaior com o formalismo matemático subjacenteàs mesmas, e requer, por parte do estatístico, umconhecimento mais abrangente e substantivo daquestão social em estudo e uma nova posturaepistemológica da ciência. Se de um se requer asuperação da “aversão aos números” (Ruas, 1994),do outro exige-se um comprometimento menosfetichista e “reificador” com relação ao conjuntode dados.

O dado coletado não é a realidade objetiva. Arealidade não é passível de ser entendida de for-ma neutra ou objetiva, como querem alguns, mas,sim, a partir do conhecimento anterior e da visãode mundo que se tem dela. Tal como o pescador, ocientista precisa de uma rede ou de um anzol (te-oria) para que, lançando-o ao mar (realidade), pos-sa recolher espécimes (evidências empíricas) parauma investigação mais detalhada (Alves, 1981).Naturalmente, os espécimes fisgados ou recolhi-dos na rede estão determinados, a priori, pelo ta-manho do anzol ou largura da malha. As amostras– mesmo as coletadas pelos mais rigorosos crité-rios probabilísticos – são sempre um subconjuntoenviesado da realidade. Além disso, é precisodesmitificar o poder “exploratório” das técnicasestatísticas: elas desvendam aquilo que, de algu-ma forma, o conhecimento substantivo do pro-blema estudado sugere como provável ou não.Como bem observa Kuhn (1978), os achados inu-sitados ou descobertas casuais em meio às expe-riências nas ciências naturais só vieram à tonaporque havia uma teoria subjacente que os torna-va previsíveis ou completamente impossíveis deocorrência.

Para evitar uma abordagem prolongada des-sas recorrentes questões epistemológicas da ciên-

cia e disputas interdisciplinares entre a “reificaçãodas cifras” e “a frieza dos números”, vale apelar àclarividente síntese de Bourdieu, citado em Paula(1987), acerca dos limites e potencialidades dainvestigação estatística dos dados sociais. Se, porum lado, “quem fala de dados não pode apenas fa-lar de dados, precisa falar também da realidade emque foram produzidos, saber da realidade em queestão sendo analisados” (p.80), por outro, “... as in-terpretações são apenas hipóteses, mesmo quan-do a evidência é grande; precisam de uma verifica-ção operacional, que pode ser fornecida pela esta-tística. Os números têm valor probatório, porémsó sabem revelar as relações que lhes é dadopesquisar; por outro lado, tem valor heurístico:permitem descobrir relações em que não se teriapensado. As estatísticas são para o cientista socialo que a experiência é para o físico: opõem à hipó-tese a resistência do dado, obrigando-o assim a for-mular novas hipóteses” (p.76).

Tendo como base o “pragmatismo bour-dieano”, definem-se a seguir, como primeiro passopara investigar, estatisticamente, a associação en-tre a redistribuição populacional e o desenvolvi-mento econômico regional, os indicadores apro-priados. Na tabela seguinte apresentam-se indica-dores de desenvolvimento e desempenho econô-mico e medidas associadas à redistribuição po-pulacional na década passada. Como proxy do PIBregional foi utilizado o Valor Adicionado (VA) doICMS já que este corresponde, para cada região“ao valor das saídas das mercadorias, acrescidodo valor das prestações de serviços no seu terri-tório, deduzido o valor das entradas de mercado-rias, em cada ano civil” (Fundação SEADE, 1989:7).11 Uma outra solução factível para apuraçãode uma medida regional do PIB, que não pôdeser implementada por questões operacionais, se-ria a utilização dos dados do Sistema de ContasNacionais da Fundação Getúlio Vargas, de forma

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12.12.12.12.12. Vale destacar aqui que, diferentemente da situação enfrentada para operacionalização de outros eixos de análise, nesta seção havia umarelativa gama de opções acerca de indicadores e períodos de referência a adotar. Enquanto estatísticas de produção econômica em nívelmicrorregional são levantadas com certa regularidade, as dimensões socioeconômicas – em âmbito microrregional – relacionadas à populaçãoficam relegadas, em geral, aos levantamentos decenais dos censos demográficos.13. Restringindo a 1987, preserva-se a comparabilidade da série de VA entre as RGs, já que os dados do final da década estão distorcidos pormudanças de critério de computação do VA fiscal (Azzoni et al., 1994).14.14.14.14.14. Para que se pudesse garantir os requisitos necessários à inferência, a partir dos teste de significância, foi preciso abrir mão da integridade doconjunto de dados e descartar os pontos “destoantes”. A aplicação da técnica sugerida por Miazaki e Strangehaus (1994) sugeriu a exclusão dasobservações das RGs de Campinas, Caraguatatuba, Ribeirão Preto, Santos, São José dos Campos e Sorocaba.

semelhante à descrita por Lluch (1982).12 O VATotal e o correspondente per capita foramcentrados no meio da década (1985). A variaçãodo VA Regional foi tomado no período de 1980 a1987 por questões de conveniência da base dedados disponível (Tabela 9).13

Como observa Bussab (1986), a Analise deRegressão – e, por extensão, a Análise de Correla-ção – é sensível à presença de pontos “destoantes”no conjunto de dados, isto é, de pontos que pare-cem se descolar da massa central de observaçõesdisponíveis. Diversas razões podem fazer com queuma observação seja assim qualificada: desde o errode medida até a existência de fatores intervenientesespecíficos que agem na sua constituição (e nãodas demais observações). A aplicação de técnicaspara a sua detecção é uma das primeiras tarefasdo pesquisador, já que podem introduzir desviosnos supostos necessários à aplicação das técnicase vieses indesejáveis nos resultados.

É um erro pensar que o que a Estatística tem aoferecer para o tratamento desses pontos é o seu“não-tratamento”, isto é, descartando-os do conjun-to de dados. Esta pode até ser uma saída, se hou-ver razões para crer que se trata de um erro demedida ou de uma observação pertencente a ou-tra classe de fenômenos (a merecer, pois, tratamen-to estatístico, ou não, à parte).

Se a intenção não for excluir dados do con-junto, ou proceder a transformações de escala queconfigurem propriedades estatísticas desejáveis,uma das soluções para avaliar o grau de associa-ção entre variáveis é o emprego de técnicas não-paramétricas, como o coeficiente de correlação depostos de Spearman (Miller, 1977; Mattar, 1993).Naturalmente, como comenta Siqueira (1983), aopção por métodos não-paramétricos baseados em

postos deixa de utilizar todo o potencial de infor-mação contido no conjunto de dados, especialmen-te se as variáveis são medidas em escala intervalar.Essa é a contrapartida pelo uso de métodos “me-nos exigentes” em termos de propriedades estatís-ticas do dados, mas parece ser a melhor forma decomeçar uma investigação sobre associação de va-riáveis no campo das ciências sociais.

A derivação do coeficiente de correlação depostos de Spearman para o conjunto de dados emquestão (Tabela 10) permite constatar a associa-ção entre as medidas de redistribuição (Saldo mi-gratório, Taxa Líquida de Migração e de Crescimen-to Demográfico na década) e o nível de desenvol-vimento econômico regional, medido pelo VA ouVA per capita. Como era de esperar, dada a análiseelaborada na sessão anterior, as medidas deredistribuição populacional mostram-se associadasentre si. É interessante observar que o acréscimopercentual do VA entre 1980 e 1987 mostra-se maiscorrelacionado com as medidas de redistribuiçãoque com as indicativas de nível de desenvolvimen-to econômico. A redistribuição populacional esta-ria, pois, associada não apenas aos níveis de desen-volvimento econômico regional prevalecentes em1985, mas também às taxas diferenciadas de cres-cimento econômico pelas RGs.

De fato, por meio da Análise de Regressão domodelo que expressa a intensidade migratória(Taxa Líquida de Migração) como função do VA edo Acréscimo% do VA entre 1980 e 1987, os coefi-cientes associados às duas variáveis mostraram-sesignificativamente diferentes de zero.14 Os doiscoeficientes são positivos, significando que a umabase econômica mais desenvolvida ou a uma mai-or expansão econômica associa-se uma intensida-de migratória mais elevada e positiva. As maiores

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SALDO TAXA DE CRESCIMENTO VALOR ADICIONADOREGIÃO DE GOVERNO MIGRAT. Líquida Demog.% Total Capita Var.%

80-91 Migração 80-91 85(1)

85(1)

80-87

Adamant ina -30.219 -225,4 -5,1 7.400.558 55 ,2 -16,7Andrad ina -15.777 -96,0 9 ,2 8.121.825 49 ,4 -24,6Araça tuba 1 .609 4 ,0 20 ,4 25.956.808 64 ,3 -5,9Ara raqua ra 43 .778 115 ,5 33 ,4 44.643.821 117 ,7 -10,0Ass i s 6 .702 37 ,7 24 ,7 17.265.371 97 ,0 9 ,7Ava r é -11.522 -56,7 16 ,8 6.498.307 31 ,9 6 ,6Barre tos 29 .526 95 ,2 33 ,1 32.210.855 103 ,8 17 ,4Bau ru 21 .620 52 ,6 27 ,2 31.219.477 75 ,9 -9,9Botucatu 16 .636 94 ,9 28 ,0 10.031.459 57 ,2 27 ,5Bragança Paulista 32 .404 98 ,0 33 ,0 12.762.001 38 ,5 -0,1Camp ina s 287.379 171,5 41 ,9 228.978.887 136 ,6 1 ,3Caragua t a tuba 29 .390 259 ,1 67 ,0 659.195 5 ,8 -6,7Ca tanduva -2.760 -13,5 16 ,3 15.335.481 74 ,8 -5,1Cruzeiro -6.647 -68,1 14 ,4 5.464.593 55,9 0 ,8Dracena -18.572 -173,5 0 ,9 4.267.113 3 9 ,8 -33,3Fernandopol is -13.182 -135,0 4 ,6 4.281.152 43 ,8 -17,5Franca 33 .503 90 ,6 34 ,5 22.781.507 61 ,6 -1,0Guara t inguetá -6.561 -26,5 13 ,7 8.826.228 35 ,6 5 ,6Itapet ininga 25 .907 98 ,2 35 ,9 13.127.132 49 ,7 -6,9Itapeva -25.488 -91,2 18 ,1 8.039.726 28 ,7 -1,8J a l e s -19.758 -147,5 3 ,0 3.651.450 27 ,2 -17,0J a u 13 .603 71 ,2 23 ,5 19.819.658 103 ,8 -10,1J u n d i a í 38 .850 82 ,1 39 ,2 52.004.080 109 ,9 -3,7Limeira 43 .656 109,7 36 ,9 41.240.345 103 ,6 0 ,8Lins -9.471 -71,6 10 ,5 7.190.403 54 ,3 7 ,5Mar i l i a -9.504 -37,9 12 ,1 16.610.323 66 ,2 -10,0Ourinhos -3.540 -21,9 17 ,3 7.997.846 49 ,3 40 ,7Pirac icaba 33 .659 97,7 35 ,5 34.220.837 99 ,3 -18,2Presidente Prudente -14.294 -31,4 18 ,5 24.187.450 53 ,1 -15,2Regis t ro -13.013 -63,4 22 ,3 5.819.289 28 ,3 -21,5Ribeirão Preto 79 .131 104 ,0 32 ,7 64.485.418 84 ,7 14 ,6Rio Claro 12 .044 72 ,7 22 ,3 13.153.218 79 ,3 12 ,2S a n t o s 52 .232 49 ,1 22 ,6 94.890.378 89,1 - 28 ,1São Carlos 25 .421 103 ,0 31 ,7 22.437.442 90 ,8 5 ,5São João da Boa Vista 6 .963 19 ,2 22 ,4 22.695.497 62 ,4 2 ,6São Joaquim da Barra -1.652 -16,2 21 ,0 11.555.409 113 ,3 8 ,2São José do Rio Preto 51 .298 111 ,6 30 ,6 20.834.281 45 ,3 20 ,6São José dos Campos 76 .892 130 ,8 45 ,7 93.182.148 158 ,4 -10,4S o r o c a b a 119.149 146,1 42 ,3 85.014.556 104 ,2 10 ,9Taubaté 11 .851 32 ,6 27 ,0 25.685.785 70 ,6 -1,5Tupã -21.095 -153,8 2 ,8 9.229.824 67 ,2 -9,9Votuporanga -9.818 -72,1 9 ,8 4.701.029 34 ,5 -15,8

Fonte: Resultados preliminares Censo 91, SEADE (1989).(1) Valor adicionado em Cz$ mil de 1987

Tabela 9

MEDIDAS DE REDISTRIBUIÇÃO POPULACIONAL E INDICADORES ECONÔMICOSNAS RGs PAULISTAS NOS ANOS 80

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Tabela 10

MATRIZ DE CORRELAÇÃO DE POSTOS DE SPEARMAN ENTRE MEDIDAS DEREDISTRIBUIÇÃO E DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

SALDO TAXA CRESC. VALOR ADICIONADO

MIGRAT. LÍQ. DEM. Total Cap. Var.%

Saldo Migratório 1 .00Tx.Liquida Migração .94 1 .00Crescimento Demog. 80-91 .90 .95 1 .00Valor adicionado .78 .68 .68 1 .00Valor adic. per capita .62 .53 .52 .81 1 .00Acrésc. % Vl.adic.80-87 .33 .38 .29 .16 .18 1 .00

VARIÁVEL COEFICIENTE D. PADRÃO ESTAT. T P-VAL

Val. Adic. .00507 .00080 6.34757 .00000Acresc. % 2.65554 .65783 4.03679 .00030Constante -84.12638 17.02413 -4.94160 .00002

R2 = .64278 F

2,33 = 29,3 (p = .00000)

Tabela 11

RESULTADO DA REGRESSÃO MÚLTIPLA DO MODELOTx.Lig.Mig = a + b * Val.Adic. + c * Acresc.%

taxas líquidas de migração (no sentido positivo)seriam, pois, observadas nas RGs passíveis de com-binar maior base econômica instalada em 1985com maior expansão entre 80 e 87. Observe-se quetal modelo explica satisfatoriamente bem – em setratando de análise de dados sociais – a variabili-dade da intensidade migratória pelas RGs (R2 =64%) (Tabela 11).

Com base nesses resultados, e a fim de reto-mar o conjunto completo das RGs e investigar aintensidade migratória sob estas duas variáveis –VA e Acréscimo% do VA – , essas variáveis foramdiscretizada em três categorias cada, a partir do grá-fico “ramo e folhas” de cada variável. Para cada vari-ável, as categorias representam um nível na escalaAlto-Médio-Baixo , de acordo com a Tabela 12.

Classificando cada uma das RGs em um dosnove grupos formados pela combinação das duastipologias (Tabela 13), observam-se os “efeitos po-sitivos” e combinados do grau de desenvolvimentoda base instalada e da expansão econômica. A inten-sidade migratória torna-se mais positiva (maioresindícios de imigração) da “Baixa Califórnia” para a“Califórnia Paulista”, e da categoria Economia emEstagnação para os “Tigres Paulistas” (de forte ex-pansão econômica no período). Como já se espe-culara, pelos resultados da Análise de Regressão, aogrupo resultante da combinação de maior base eco-nômica instalada (Califórnia Paulista) e maior ex-pansão econômica (Tigres Paulistas) associam-seintensidades positivas e elevadas de migração líqui-da. De forma análoga, a categoria combinada Baixa

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BASE ECONÔMICA INSTALADA VALOR ADICIONADO(CZ$ MIL DE 1987)

Baixo (Baixa Califórnia) 659.000 a 13.200.000 Médio 15.300.000 a 26.000.000 Alto (Califórnia Paulista) 31.200.000 a 230.000.000

EXPANSÃO ECONÔMICA ACRES % VALOR ADICIONADO 80/87

Baixo (Economias estagnadas) -34,0 a -10,0 %Méd io -9,9 a 9,0 % Alto (Tigres paulistas) 9 ,1 a 41,0 %

Tabela 12

CATEGORIAS DE BASE ECONÔMICA INSTALADAE DE EXPANSÃO ECONÔMICA

Tabela 13

CLASSIFICAÇÃO DAS RGS SEGUNDO NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO DA BASE ECONÔMICA EEXPANSÃO ECONÔMICA E TAXAS LÍQUIDAS DE MIGRAÇÃO (EM PARÊNTESES)

(1)

ECONOMIAS MÉDIA TIGRES

ESTAGNADAS EXPANSÃO PAULISTAS

Fernandópolis (-135.0) Itapetininga ( 98.2) Rio Claro ( 72.7)Dracena (-173.5) Guaratinguetá ( -26.5) Botucatu ( 94.9)

Ba i x a Jales (-147.5) Cruzeiro ( -68.1) Ourinhos ( -21.9)Califórnia Votuporanga ( -72.1) São Joaquim Barra ( -16.2)

Registro ( -63.4) Lins ( -71.6)Andradina ( -96.0) Itapeva ( -91.2)Adamantina (-225.4) Caraguatatuba ( 259.1)

Bragança Pta. ( 98.0)Avaré ( -56.7)Tupã (-153.8)

Pres.Prudente ( 71.2) Marilia ( -37.9) S.J.Rio Preto ( 111.6)Jaú ( -31.4) São Carlos ( 103.0) Assis ( 37.7)

Méd io São João B.Vista ( 19.2)Desenvolv. Catanduva ( -13.5)

Araçatuba ( 4.0)Taubaté ( 32.6)Franca ( 90.6)

Araraquara ( 115.5) Bauru ( 52.6) Barretos ( 95.2)Califórnia Santos ( 49.1) Campinas ( 171.5) Rib. Preto ( 104.0)Pau l i s ta Piracicaba ( 97.7) Jundiaí ( 82.1) Sorocaba ( 146.1)

S.José Campos ( 130.8) Limeira ( 109.7)

(1) Taxas líquidas de migração expressas em mil habitantes.

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Califórnia x Economia Estagnada reúne as RGs comelevada intensidade negativa de migração líquida(indicativa de maior emigração).

Finalizando esta seção, apresenta-se a Tabela14, construída a partir da soma dos saldos migra-tórios regionais (e não da média das taxas líquidasde migração) em cada um dos nove grupos acima.Ela sumariza, muito claramente, as associaçõesentre, de um lado, o grau de desenvolvimento daestrutura econômica avaliado pelo VA em 1985 e aexpansão desse indicador entre 1980 e 1987, e deoutro, a intensidade migratória. A Baixa Califórniae o grupo Economia Estagnada parecem ter perdi-do população, enquanto as zonas intermediárias, aCalifórnia Paulista e os Tigres, absorveram mi-grantes. Como se vê, os ditames estruturais-econô-micos tiveram importância crucial na determina-ção da nova conformação espacial da populaçãono interior paulista nos anos 80.

RedistrRedistrRedistrRedistrRedistribuição populacional e a especializaçãoibuição populacional e a especializaçãoibuição populacional e a especializaçãoibuição populacional e a especializaçãoibuição populacional e a especializaçãoprprprprprodutivodutivodutivodutivodutiva ra ra ra ra regegegegegionalionalionalionalional

Uma outra forma de avaliar a relevância dosdiferenciais de desenvolvimento econômico regi-onal sobre a intensidade da migração (e, portanto,do modus operandi da redistribuição popula-cional) é o cotejamento dos saldos migratórios etaxas líquidas de migração segundo os perfis regi-onais de especialização produtiva. Afinal, os dife-renciais de desenvolvimento econômico expres-sos em indicadores sintéticos como o Valor Adici-onado decorrem das distintas capacidades de “agre-

ECONOMIAS MÉDIA TIGRES TOTAL

ESTAGNADAS EXPANSÃO PAULISTAS

Baixa Califórnia -123,0 2 ,8 50 ,0 -26,5Médio desenvolvimento -1,1 30 ,5 91 ,0 35 ,7Califórnia Paulista 86 ,9 132 ,3 120 ,7 114 ,4Total 21 , 4 65,6 102 ,7 -

Tabela 14

INTENSIDADE MIGRATÓRIA REGIONAL SEGUNDO CATEGORIAS DE DESENVOLVIMENTODA BASE ECONÔMICA E DE EXPANSÃO ECONÔMICA

gação de valor” das estruturas econômicas regio-nais. Cada “modo de produção” – do industrialmoderno ao agropecuário descapitalizado – temuma capacidade diferente de incorporação de va-lor ao produto final e apresenta uma demanda di-ferenciada – em termos quantitativos e qualitati-vos – de mão-de-obra (Farroq, 1985).

Um proxy da especialização produtiva das RGsé fornecido pela Fundação SEADE (1988). Nessetrabalho, as RGs do Estado foram classificadas emconjuntos internamente homogêneos segundo operfil ocupacional da População Economicamen-te Ativa (PEA) regional definido pelos dados doCenso 80. Tal classificação distingue seis conjun-tos de regiões homogêneas, de acordo com a par-ticipação de empregados nas atividades agro-pecuárias, de prestação de serviços, na indústriade transformação e indústria de construção civil.Os outros ramos de atividade econômica em que

a PEA é classificada (comércio de mercadorias,administração pública, transportes e comunicaçõesetc.) mostraram-se pouco importantes para a clas-sificação das RGs. A composição regional dessesseis conjuntos de regiões homogêneos é apresen-tada no Quadro 1.

A vinculação dessa classificação de RGs segun-do o perfil ocupacional da PEA à especializaçãoprodutiva das regiões é imediata, como se mostrano trabalho. Assim, a Região Homogênea 1 carac-teriza-se por ter uma PEA predominantementevoltada às atividades agropecuárias (46%), e porter uma economia onde o valor per capita da pro-

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REGIÃO HOMOGÊNEA 1 REGIÃO HOMOGÊNEA 2 REGIÃO HOMOGÊNEA 3

Fernandópol is Ourinhos Ribeirão Preto Itapeva Mar i l i a Bragança Paulista Catanduva Ass i s São Carlos Dracena Presidente Prudente Limeira Jales São Joaquim da Barra Ara raqua ra Tupã São José do Rio Preto J a ú Votuporanga Araça tuba Franca Lins Sao João da Boa Vista Registro Botucatu Avaré Bau ru Andradina Itapet ininga Adamantina Barre tos

REGIÃO HOMOGÊNEA 4 REGIÃO HOMOGÊNEA 5 REGIÃO HOMOGÊNEA 6

Cruzeiro S o r o c a b a Caragua t a tuba Taubaté Camp ina s S a n t o s Guaratinguetá J u n d i a í Rio Claro São José dos Campos Piracicaba

Fonte: SEADE,1988.

Quadro 1

CLASSIFICAÇÃO DAS RGS NAS REGIÕES HOMOGÊNEAS,SEGUNDO PERFIL OCUPACIONAL DA PEA REGIONAL

dução agropecuária atinge níveis superiores àmédia estadual. A Região 5, por outro lado, distin-gue-se por ter um perfil ocupacional concentradona indústria de transformação (37%), na qual o Va-lor da Transformação Industrial per capita é dosmaiores do Estado. Na Região Homogênea 6, queengloba os municípios-balneários das Regiões deGoverno de Caraguatatuba e de Santos, destacam-se os setores de prestação de serviços e da indús-tria da construção civil. Nas demais regiões homo-gêneas, como se verifica na Tabela 15, o mixocupacional da PEA é mais variado. Não deve pas-sar despercebido, contudo, que a participação daPEA nas atividades agropecuárias diminui da pri-meira à última e que as Regiões Homogêneas 3 e4, tal como na Região 5, têm parte significativa daPEA na indústria de transformação.

Dado que o processo em análise tem recortelongitudinal (de 1980 a 1991), são possíveisquestionamentos metodológicos sobre a validade

de se utilizar uma classificação do perfil da especi-alização produtiva derivada com dados censitáriosde 1980. Teriam se mantidos intactos os perfis pro-dutivos regionais ao longo da década? Esta é umaquestão que somente os dados – ainda não publi-cados – do Censo 91 poderão responder commaior segurança. Há alguma base para se acreditarque, a grosso modo, tal classificação tenha-se man-tido válida nos anos 80. Primeiramente, é bom lem-brar que as instabilidades macroeconômicas dosanos 80 tornaram ainda mais racionais, e racionali-zadas, as decisões de investimento de capital pelosetor privado. Analisando estatísticas de Valor daTransformação Industrial nas Regiões Administra-tivas do Estado em 1985, Negri (1988) sugere queas tendências de expansão industrial pelo interiorteriam permanecido semelhantes à verificada nadécada de 70. Não teria havido, pois, no Interior,acirramento ou arrefecimento substancial de in-vestimento industrial que pudesse provocar mu-

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Tabela 15

PERFIL OCUPACIONAL DA PEA DAS REGIÕES HOMOGÊNEAS(EM % DA PEA TOTAL)

REGIÕES HOMOGÊNEAS

1 2 3 4 5 6

Ativ. Agropecuárias 46 ,2 32 ,3 24 ,1 5 ,0 9 ,2 5 ,1Prestação Serviços 13 ,4 16 ,4 14 ,9 17 ,8 15 ,0 29 ,7Ind. Transformação 7 ,6 13 ,4 25 ,7 25 ,2 37 ,4 10 ,7Ind.Construção Civil 6 ,4 7 ,9 7 ,5 8 ,7 8 ,4 18 ,0Outras 26 ,4 30 ,0 27 ,8 33 ,3 30 ,0 36 ,5Total 100 ,0 100 ,0 100 ,0 100 ,0 100 ,0 100 ,0

Fonte: SEADE 1988.

RAMOSDA PEA

15.15.15.15.15. Não é o caso, porém, da Região Metropolitana, onde se verificou, inclusive, contração das vagas no setor industrial (DIEESE 1993).

Tabela 16

MIGRAÇÃO NAS REGIÕES HOMOGÊNEAS, SEGUNDO PERFIL OCUPACIONAL DA PEA

REGIÃO N POPULAÇÃO SALDO TX.MIG.LIQ.HOMOGÊNEA 1 9 8 5 MIGRATÓRIO

1 1 2 1.935.682 -190.675 -98,52 1 2 3.534.196 131.271 37 ,13 7 2.676.697 271.496 101 ,44 5 1.219.088 44.346 36 ,45 4 3.439.535 522.270 151 ,86 2 1.177.616 81.622 69 ,3Total 4 2 14.096.250 860.330

danças estruturais no perfil ocupacional das PEAsregionais15. Além disso, há que se considerar que ametodologia empregada para a constituição dosgrupos homogêneos de RGs – análise de agrupa-mentos – produz resultados robustos quando bemmanipulada, como parece ser o caso. Por fim, emuma perspectiva pragmática, não há muitas formasde contornar a lacuna de informações acerca demuitas das dimensões econômicas e sociais emnível municipal ou microrregional no períodointercensitário.

Reunindo os saldos migratórios das Regiõesde Governo segundo a alocação setorial das res-pectivas PEAs, temos os resultados apresentadosna Tabela 16. A Região Homogênea com maiorprevalência de atividades agropecuárias (1) – quereúne em sua maioria RGs a oeste do Estado, alémda RG de Registro – é a única com saldo migrató-rio negativo, isto é, com mais saídas que ingressos.O maior saldo positivo (e com as maiores intensi-dades migratórias) é o da Região 5, a mais industri-alizada, que engloba as RG de Campinas, São José

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MIGRAÇÃO /

REDISTRIBUIÇÃO

POPULAÇÃO

VARIÁVEIS

INTERMEDIÁRIAS

- EMPREGO

- NIV. SALÁRIOS

- FACIL.TRANSP.ORTES

- INFORMAÇÃO

- MOTIVOS INDIVIDUAIS

- ETC.

ESTRUTURA

ECONÔMICA —> —>

dos Campos, Sorocaba e Jundiaí. A segunda Região(São José do Rio Preto, Barretos, Bauru etc.), comnível de especialização de atividades urbanas maiscomplexo e agropecuária mais capitalizada que ada Região 1, apresenta uma intensidade de migra-ção líquida positiva e mediana. A Região Homogê-nea 3, que reúne Ribeirão Preto, Limeira, São Carlos,Franca, Bragança, onde a PEA divide-se, predomi-nantemente, entre a indústria de transformação ea agropecuária (capitalizada) apresenta grande in-tensidade de migração líquida. A Região 4 (Pira-cicaba, Taubaté, Guaratinguetá etc.), com especia-lização industrial equivalente à da Região 3, mascom setor agropecuário de menor importância,apresenta saldo migratório positivo, mas uma in-tensidade migratória mais baixa. A sexta RegiãoHomogênea, que engloba as RG de Santos eCaraguatatuba, com PEA fortemente concentradana indústria da construção civil e na prestação deserviços, revela alta intensidade de migração líqui-da. Aliás, como observa Oliveira (1993), o setor deserviços foi o que mais vagas ofereceu na décadapassada.

Como possível de verificar, há uma claravinculação entre migração e grau de desenvolvi-mento/especialização produtiva, em nível regional.Migração líquida negativa está relacionada àprevalência econômica de um setor agropecuáriotradicional, descapitalizado. O balanço negativo damigração seria uma decorrência do êxodo de resi-dentes na região. Saldos migratórios positivos es-tão associados à existência de atividades industri-ais e no setor de construção civil, absorvedoresdiretos (em especial o segundo) e indiretos de mão-

de-obra. A existência de um setor agropecuáriomoderno parece se relacionar também com saldomigratório positivo, embora sua influência sobrea intensidade do processo pareça ser menor que oda atividade industrial ou o da construção civil.

Em resumo, estes resultados corroboram a hi-pótese de uma associação não-espúria entre dina-mismo econômico regional e redistribuição dapopulação pelas RGs paulistas na década passada.

A IMPORA IMPORA IMPORA IMPORA IMPORTÂNCIA DOS EMPREGOS E DOS SALÁRIOSTÂNCIA DOS EMPREGOS E DOS SALÁRIOSTÂNCIA DOS EMPREGOS E DOS SALÁRIOSTÂNCIA DOS EMPREGOS E DOS SALÁRIOSTÂNCIA DOS EMPREGOS E DOS SALÁRIOSNNNNNA REDISTRIBA REDISTRIBA REDISTRIBA REDISTRIBA REDISTRIBUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULACIONCIONCIONCIONCIONALALALALAL

A relação entre o nível de desenvolvimentoeconômico ou especialização produtiva regionalcom a intensidade migratória (ou redistribucional)pelas RGs, demonstrada nas seções anteriores, podeser estudada em um nível analítico-estrutural umpouco mais detalhado. Afinal, entre a estrutura eco-nômica e o comportamento migratório há umasérie de variáveis intervenientes ou intermediári-as (Nações Unidas, 1978), e, entre estas, o compor-tamento do mercado de trabalho, eixo privilegia-do nesta seção.

A importância do trabalho como fator inter-veniente e relevante para a explicação do proces-so migratório (e, portanto, da redistribuição popu-lacional) já era apontado no final do século passa-do por Ravestein em suas Leis da Migração (1885).Esse autor relacionava como fatores indutores damigração a procura de emprego, a busca de me-lhores condições materiais de vida e de oportuni-dades de exercício pleno de “todas as artes e pro-fissões”, além da melhoria das estradas, a expan-

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são do sistema de transporte ferroviário, o desen-volvimento da marinha mercante, a difusão dohábito de viajar e o aumento da escolarização. Opapel da oferta de empregos ou dos diferenciaisde salário não estavam explicitados em sua análi-se da migração nas Ilhas Britânicas, mas eram ele-mentos subjacentes às suas descrições do fenôme-no, como ilustra a seguinte passagem:

“Na Grã-Bretanha, a migração mais ativa é jus-tamente a que se pode associar à maior dimensão,ao maior desenvolvimento comercial e industrial,à maior variedade de recursos e às mais amplasfacilidades de viagens. A migração que ocorre den-tro dos próprios limites da Irlanda é marcadamentereduzida, o que não causa espécie por se tratar deárea quase toda constituída por condados agríco-las. Não há erro em apontar o fato de que a migra-ção da Irlanda tende para os portos de embarque,em demanda à Grã-Bretanha; através deles, é que apopulação excedente f lui para os distritosmanufatureiros da Escócia, do norte da Inglaterrae de Gales” (Ravestein, 1885: 31-32).

Desde então, muito se produziu acerca do tra-balho e migração, seja numa perspectivafuncionalista tipicamente americana, seja segun-do a abordagem histórico-estruturalista latino-ame-ricana (Patarra & Cunha, 1987). Muito embora nãohaja aqui a intenção de se estender uma revisãobibliográfica de pesquisas sobre trabalho e migra-ção, e, muito menos, pontuar os vários matizes te-órico-metodológicos que as caracterizam – algoque está fora do alcance e dos objetivos deste tra-balho –, vale citar uns poucos autores e seus traba-lhos, a fim de recuperar, ao final, uma síntese“eclética” do papel do emprego e do salário noprocesso de espacialização da população.

Como ilustrativo da primeira linha teórica,tem-se o artigo de Todaro (1969). Sua abordagemcentrada no indivíduo e na homeostase do pro-cesso social é patente em um pequeno trechointrodutório: “No nosso modelo, a decisão de mi-grar de uma área rural para uma área urbana estáfuncionalmente relacionada a duas variáveis prin-cipais: 1) ao diferencial rural-urbano de renda ru-ral; 2) à probabilidade de obtenção de um empre-

go urbano” (p.153). Outro estudo de inspiraçãofuncionalista que se deteve ao estudo de fatoresdiretamente ligados ao mercado de trabalho eseus efeitos sobre a migração é o de Sjaastad(1962). Para o autor, a migração é uma respostaaos diferenciais espaciais da remuneração,balizada pelos custos e benefícios privados na suarealização.

Arquétipo da abordagem histórico-estruturalnos estudos da migração é o artigo de Singer (1976)que explicita a visão do processo migratório comomeio de redistribuição da mão-de-obra segundoas necessidades específicas do processo de acu-mulação capitalista. A migração seria determinadapois, não pelas escolhas individuais e racionais fren-te a custos e benefícios, mas pelas condições es-truturais do nível socioeconômico que as contex-tualizam. Os movimentos do capital provocammovimentos da população, dada a necessidade dedisponibilidade de força de trabalho no exércitoindustrial da ativa e da reserva. Como já observaraMarx, citado por Paula (1987: 46):

“O exército industrial de reserva cresce àmedida que crescem a riqueza social, o capital, aextensão e energia de seu crescimento e portantotambém a massa absoluta do proletariado e da for-ça produtiva do seu trabalho. As mesmas causasque desenvolvem a força expansiva do capital pro-duzem a disponibilidade da força operária”.

Salim (1992: 121), referindo-se aos três tron-cos teóricos-metodológicos sob os quais se classi-ficam as diversas abordagens dos trabalhos da ex-tensa bibliografia internacional sobre migração (osmodelos neoclássicos contemporâneos, a análisehistórico-estrutural e o enfoque da mobilidade daforça de trabalho), conclui:

“Os diversos enfoques só parecem consen-suais ao estabelecer que os fluxos migratórios ori-ginam-se do desequilíbrio espacial de naturezaeconômica, o qual produz diferenciais de renda ede emprego, por exemplo, entre as áreas de ori-gem e destino. Além desse denominador, tudo écontrovérsia: desde a concepção do que é fluxoou mobilidade até a análise e o tratamento empí-rico dos dados”.

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16.16.16.16.16. Síntese eclética, mas consistente e cada vez mais necessária.17.17.17.17.17. Em um rápido levantamento da utilização da técnica em pesquisas em ciência sociais nas duas décadas passadas, só se encontrou registro deaplicação em Path Analysis em Patarra (1976).

DIAGRAMA DAS TRAJETÓRIAS DO MODELO CAUSAL

Sistema de equações estruturais associado

OFEMP = a1*DEC + a

2*RES1

SALAR = a3*DEC + a

4*OFEMP + a

5*RES2

SDMIG = a6*OFEMP + a

7*SALAR + a

8*RES3

onde RESi é o efeito agregado de erros de medida e devariáveis externas ao modelo.

OFEMP

DEC SDMIG

SALAR

ê

ê

é

ç

ê

è

é

a 2

a 8

a 5

a 1

a 3 a 4

a 6

a 7

Com base nessa síntese “eclética”16 – migra-ção como processo desencadeado por desigual-dades econômicas regionais que se manifestamatravés de diferenciais espaciais de empregos erendimentos –, esta seção trata da importância deaspectos conjunturais do mercado de trabalho re-gional sobre a redistribuição recente do Interiorpaulista. Para isso, erá utilizada a Path Analysis, téc-nica estatística muito difundida na sociologia ame-ricana dos anos 60 e 70, mas que pouco adeptosgranjeou no Brasil, a despeito de sua superiorida-de analítica em relação a outros métodos.17

A Path Analysis é, essencialmente, uma técni-ca analítica de dados que emprega a regressão múl-tipla para examinar modelos causais construídos

a partir do conhecimento teórico acumulado so-bre o fenômeno em questão. Ela provê uma inter-pretação dos coeficientes de correlação, comosoma de efeitos diretos, indiretos e espúrios entrevariáveis (Asher, 1983). Enquanto a Análise de Re-gressão e a de Correlação são relativamentedescomprometidas de teoria substantiva, a PathAnalysis exige a explicitação de uma estrutura decausalidade entre as variáveis em questão (Heise,1969).

O modelo teórico causal construído em con-formidade com a síntese “eclética” acima ex-plicitada, é apresentado graficamente a seguir, as-sim como o sistema de equações estruturais as-sociado.

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18.18.18.18.18. Esta relação compressora da oferta de empregos sobre os salários, estando constantes outros fatores, não faz parte da síntese “eclética”aludida, mas está fartamente documentada em manuais de macroeconomia, sejam eles neoclássicos, keynesianos ou marxistas.19.19.19.19.19. Esta parte do trabalho já estava sendo elaborada quando, afinal, foram divulgados os dados da RAIS 89 em 1993. O Governo Collor e a suadesmontagem do já agonizante Estado brasileiro ajudou a acrescentar mais alguns anos de defasagem na divulgação das estatísticas oficiais.

Como explicita o modelo, um nível mais ele-vado de desenvolvimento econômico (DEC) emuma região determinaria uma maior expansão deoferta de empregos (OFEMP) e maiores níveis sa-lariais (SALAR), gerando, em conseqüência, densascorrentes imigratórias e, assim, saldos migratóriospositivos (SDMIG). Regiões menos desenvolvidas,com um mercado de trabalho menos dinâmico,tenderiam, ao contrário, a apresentar um fluxoemigratório mais intenso. Em um caso e noutro, aexpansão de empregos teria, ceteris paribus, umefeito compressor sobre os salários.18

Para operacionalizar esse modelo, define-secomo proxy da variável “desenvolvimento econô-mico regional” (DEC) o VA do ICMS no meio doperíodo intercensitário (1985), medida já referidaanteriormente. Para a determinação da expansãoda oferta de empregos (OFEMP) e da remunera-ção do trabalho (SALAR) nas RGs utilizaram-seinformações sobre o comportamento do merca-do formal de trabalho, proveniente de tabulaçõesespeciais da base de dados da RAIS – RelaçãoAnual de Informações Sociais, do Ministério doTrabalho, para os anos de 1985 e 1988. Dadas aslimitações já amplamente divulgadas na literatu-ra sobre economia do trabalho acerca do grau decobertura e da representatividade do mercado detrabalho (formal e integral) pela RAIS, são neces-sárias algumas páginas desta seção para algumasconsiderações sobre a fonte e sua utilização nes-ta pesquisa.

RAIS:RAIS:RAIS:RAIS:RAIS: Car Car Car Car Características e aacterísticas e aacterísticas e aacterísticas e aacterísticas e avvvvvaliação da coberaliação da coberaliação da coberaliação da coberaliação da coberturturturturturaaaaanos anos 80nos anos 80nos anos 80nos anos 80nos anos 80

A RAIS foi criada em 1975 com o objetivo deracionalizar e unificar os processos de coleta deinformações necessárias à efetivação de vários pro-gramas federais de arrecadação de contribuiçõese distribuição de benefícios (FGTS, IAPAS, PIS e

PASEP). Além disso, visava permitir a verificaçãodo cumprimento da legislação trabalhista (nacio-nalização do trabalho e proteção trabalhista), aconcessão de incentivos fiscais para programas deformação de mão-de-obra e de alimentação do tra-balhador e o acompanhamento conjuntural domercado de trabalho (Reinhard, 1986). Em tese, aRAIS é um censo administrativo sobre mercadode trabalho, já que “todos estabelecimentos e pes-soas físicas que, mesmo não tendo organizaçãoempresarial, tenham mantido como empregado-res alguma relação de emprego, em algum momen-to do ano, devem apresentar, no início do ano sub-seqüente, declaração anual à RAIS” (Ministério doTrabalho, 1989: 9).

Na prática, a RAIS é um retrato parcial domercado de trabalho brasileiro, com problemas decobertura em termos globais, regionais e setoriais.De início, é preciso levar em consideração que essedocumento, pela sua própria regulamentação, ex-clui do seu universo os trabalhadores autônomose diretores sem vínculo empregatício formal coma organização. Além disso – e talvez uma limitaçãomais importante –, a RAIS não dá conta do signifi-cativo contingente de empregados informais tra-balhando nas empresas. Para evitar sanções legaise os depósitos do PIS/PASEP, empregadores dei-xam de registrar informações sobre todos aquelescargos ocupados por funcionários sem registro emcarteira de trabalho ou outro contrato que garan-ta proteções e direitos trabalhistas.

Dessa forma, o universo potencial de análiseda RAIS é delimitado, na melhor das hipóteses, pelotamanho do mercado formal de empregos no Bra-sil. De fato, ela registrava, em 1988, um total de23,7 milhões de empregos, para um contingentede quase 59 milhões de pessoas ocupadas (e 39milhões de empregados) estimados pela PesquisaNacional por Amostra de Domicílios (PNAD) nomesmo ano.19 Contabilizando apenas os vínculos

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20.20.20.20.20. A avaliação do grau de cobertura da RAIS tem sido conduzida, na literatura pertinente, pela utilização da razão entre o número de empregosregistrados na RAIS pelo número de empregados com carteira assinada estimado pela PNAD. Observe-se, porém, que a utilização de tal razãocomo recurso metodológico na avaliação do grau de cobertura do mercado de trabalho formal pela RAIS deve ser entendida dentro das limita-ções de comparabilidade das duas fontes. Enquanto a PNAD estima o número de empregados, a RAIS registra o número de empregos declarados.A referência temporal acerca dos dados coletados nos dois levantamentos também é diferente: na PNAD é considerado empregado o indivíduoque se declarou como tal na última semana de agosto; na RAIS valem os empregos ocupados em 31 de dezembro. Como um empregado pode termais de um emprego ou pode ter começado a trabalhar nos últimos meses do ano, não é surpreendente encontrar a razão empregos--RAIS porempregados com carteira assinada da PNAD superior a 100%. Por fim, enquanto a PNAD faz estimativas de empregados a partir da expansão,baseada em projeções populacionais, de resultados de pesquisas amostrais em domicílios, a base de dados da RAIS é constituída por informaçõesdeclaradas diretamente pelas empresas. Os dois levantamentos diferenciam-se, pois, também quanto à natureza e magnitude dos erros amostraisem seus resultados e quanto às fontes e formas de introdução de desvios sistemáticos que afetam a qualidade dos dados.21.21.21.21.21. Aqui se excluem dos empregos RAIS aqueles ocupados por indivíduos não-celetistas, para garantir maior coerência metodológica.

sob regime CLT na RAIS, tem-se cerca de vintemilhões de empregos, resultado próximo do tama-nho do mercado de trabalho formal estimado pelaPNAD (22,8 milhões de pessoas empregadas comcarteira assinada).

Essa aparente proximidade dos resultados, emnível nacional, entre RAIS e PNAD esconde dife-renças regionais e setoriais de cobertura, já relata-das em diversos trabalhos na década passada. Asdeficiências de cobertura no Nordeste e no setoragropecuário já eram passíveis de constatação nosprimeiros levantamentos, como mostram Marqueset al. (1983). Comparando dados de empregos dasRAIS de 1981 a 1983 com os disponíveis em ou-tras fontes (PNADs e Censo Industrial), Sabóia &Tolipan (1985) observaram que a RAIS tinha umacobertura melhor do mercado formal nas regiõessul e sudeste do país. Em termos setoriais, elesconstataram, na RAIS, uma sub-representação dosempregos formais nos setores da agropecuáriae da construção civil e uma boa cobertura damão-de-obra formal nos do comércio, serviços eindústria de transformação. Na avaliação setorialda RAIS no Rio Grande do Sul, em 1981,Tagliassuchi & Vergara (1985) chegaram a resul-tados semelhantes.

Já com relação ao setor de administraçãopública, as autoras apontam evidências de umacerta tendência à superestimação de registros deempregos, em função da declaração duplicada deservidores por órgãos contratantes e órgãoscedentes. Tabulações da RAIS 85 apresentadas porReinhard (1986) permitem verificar uma melhorana cobertura de regiões anteriormente cobertasde forma deficiente e, em termos setoriais, do se-

tor da construção civil. Mostram também que eraboa a cobertura do mercado formal nas nove Regi-ões Metropolitanas do país. Em uma comparaçãodo emprego industrial no período de 1977 a 1985com diferentes fontes (Pesquisa Industrial Mensal,Índices de Emprego da FIESP, dados fornecidos pelaLei 4923/65 etc.), Árias & Cambraia (1985) desta-cam a potencialidade da RAIS para estudos sobrea situação e evolução do emprego urbano no se-tor organizado da economia. Relatório do IPARDES(1987: 12) aponta para o mesmo sentido, ao con-cluir que “a RAIS, desde sua implantação, e princi-palmente na atual década, além de apresentar boaconsistência, melhorou consideravelmente a qua-lidade e cobertura de suas informações, constitu-indo importante potencial analítico sobre o em-prego assalariado urbano, em especial naquelessetores em que prevalecem relações formais detrabalho”.

Como permite verificar a Tabela 17,,,,, a cober-tura da RAIS, avaliada como a razão entre empre-gos registrados pela fonte e empregados com car-teira assinada estimado pela PNAD, tem sido ele-vada no Estado de São Paulo, em especial na Re-gião Metropolitana, ao longo da década.20

Uma análise transversal da RAIS centrada em1988, cotejando dados em termos regionais esetoriais simultaneamente (Tabela 18), permiteverificar que a elevada cobertura da RAIS em to-das regiões em 1988 é o resultado aritmético dediferentes níveis de cobertura setorial.21 Pela tabe-la, observa-se que a RAIS continua sendo uma amos-tra enviesada do mercado de trabalho formal, naqual se encontram sub-representados os empre-gos na atividade agropecuária e, em menor escala,

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Tabela 17

EVOLUÇÃO DA COBERTURA REGIONALDA RAIS NA DÉCADA PASSADA

(1) (%)

1 9 8 1 1 9 8 5 1 9 8 8

Norte 1 1 1 1 3 1 1 3 3Nordeste 9 3 1 0 6 1 0 5S u d e s t e 1 0 4 1 0 4 1 0 3S u l 1 0 2 1 0 7 1 0 2Centro Oeste 9 4 1 0 3 1 0 4Reg. Met. São Paulo 112

(2)1 1 1 1 1 0

Estado São Paulo 102(2)

1 0 2 1 0 1Total 1 0 2 1 0 5 1 0 4

Fontes: Reinhard (1986), Anuário Rais 1988.(1) Cobertura RAIS avaliada como a proporção de empregos registrados pela RAIS em 31/12 de cada ano pelo total de empregados com carteiraassinada estimado pela PNAD.(2) Dados de 1982.

22.22.22.22.22. A razão RAIS/PNAD, elevada neste setor, deve-se também ao fato de ser mais comum o duplo emprego neste setor que em outros. Acrescen-tem-se, ainda, as divergências do que é classificado como atividade da administração pública pelo MTb e pelo IBGE.23.23.23.23.23. Para a Região Norte, as “promissoras” razões RAIS/PNAD não se devem a uma espetacular cobertura da RAIS, mas, sim, ao denominadorsubestimado dos empregos na região, já que a PNAD refere-se, aí, somente à zona urbana.

Tabela 18

COBERTURA DO MERCADO DE TRABALHO CELETISTA PELA RAIS SEGUNDO REGIÕESE PRINCIPAIS SETORES DE ATIVIDADE ECONÔMICA (%)

1988(1)

RAMO BRASIL N NE SE S CO EST SP RMSP INTSP

Agropec . 3 1 2 9 7 1 0 3 3 3 2 3 3 3 4 6 9 3 3Ind. Trans. 8 7 1 0 4 1 0 2 8 1 9 9 8 5 8 1 7 8 8 7Ind. Cons. 7 1 1 1 8 6 1 7 8 5 6 6 3 9 2 1 2 6 5 5Comérc io 1 0 3 1 1 1 1 1 0 1 0 6 9 7 8 9 1 0 5 1 0 9 1 0 0Se rv i ços 9 5 8 1 7 0 1 0 5 9 6 8 5 1 1 3 1 2 2 9 8Adm. Pub. 1 5 0 1 6 4 1 6 8 1 4 4 1 5 7 1 1 8 1 3 7 1 3 9 1 3 5Total 8 8 1 0 2 8 1 8 8 9 1 7 9 8 8 9 1 8 4

Fonte: RAIS 88, PNAD 88(1) Razões do número de empregos declarados em regime CLT na RAIS pelo número de empregados com carteira estimado pela PNAD.

aqueles, formais, da construção civil, e sobre-enumerados os empregos no setor da administra-ção pública.22 Empregos formais nos setores docomércio e indústria de transformação estão bem-cobertos em todas regiões. No campo de serviços,as razões RAIS/PNAD mostram-se bastante variá-veis, talvez como resultado de diferentes formasde classificação, pelas fontes, das atividades eco-

nômicas neste setor. Na região sudeste do Estadode São Paulo e, em especial, na Região Metropoli-tana de São Paulo, a cobertura setorial mostra-sesuperior à das demais regiões. 23

Com relação ao Interior paulista, região deinteresse particular neste trabalho, a cobertura daRAIS parece ser boa quanto aos empregos formaisnas atividades do comércio, serviços e administra-

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24.24.24.24.24. Limitar a análise a regiões e setores onde a RAIS tem melhor cobertura talvez seja uma estratégia metodológica mais segura para utilizaçãode seus dados.25.25.25.25.25. Trata-se de uma inexorabilidade aritmética, semelhante àquela aludida para o saldo migratório. Vejamos:OFEMP = Rais88 + erro88 - (Rais85 + erro85) = Rais88 - Rais85, já que a parcela (erro88 - erro85) seria pequena em função da estabilidade nacobertura da RAIS no período.26.26.26.26.26. Este é um problema que pode dificultar a utilização dos dados da RAIS no nível de municípios.27.27.27.27.27. No Censo 80 não havia quesito acerca da posse de carteira assinada. Optou-se, assim, por este outro proxy da formalização do trabalho,empregado por Faria (1986). Tais taxas foram obtidas a partir da fita da amostra total do Censo 80, gentilmente cedida para essa finalidade peloNEPO/UNICAMP.

ção pública (com certa sobre-representação desteúltimo setor). Quanto à da indústria de transfor-mação, não deixa de ser bastante razoável, compa-rativamente às da agropecuária e da construçãocivil. A julgar pela cobertura do mercado de mão-de-obra formal do setor agropecuário na RegiãoMetropolitana de São Paulo, é possível conjeturarque tal desempenho possa se reproduzir nas RGscom setor agropecuário mais moderno. Infelizmen-te, pelas limitações de desagregação espacial doPlano Amostral da PNAD, não é possível investigara cobertura em níveis microrregionais no interior.Admitindo que a dualidade estrutural brasileiratambém se reproduz ao longo do território paulista– talvez com menor intensidade – é de se esperarpadrões de cobertura parecidos ou um poucomelhores que os do quadro nacional.

Tais problemas de cobertura em termos domercado de trabalho formal no Interior levaram adelimitar a análise da importância da oferta denovos empregos e dos níveis salariais naquelas RGspara as quais os dados da RAIS poderiam ser maisrepresentativos, isto é, para aquelas que tinhamuma PEA alocada em atividades tipicamente urba-nas, industriais, ou ainda na agropecuária capitali-zada do Interior (como as classificadas nas Regi-ões Homogêneas 2, 3, 4 e 5 em Fundação SEADE,1988 – vide Quadro 1), além da RG de Santos. Comisso eliminaram-se treze RGs, na maioria localiza-das a oeste e litoral do Estado.24

Observe-se que, supondo que os níveismicrorregionais de cobertura da RAIS não se te-nham alterado substancialmente (como se podeverificar em escala macrorregional para o Brasil,entre 1985 e 1988, na Tabela 17), o indicador deoferta de empregos formais no período apresenta-ria erro menor de mensuração que os dados de

empregos totais em 1985 ou 1988.25 Vale registrartambém que o fato de a RAIS registrar o empregono local onde ele é oferecido e não onde reside oindivíduo que o ocupa não traz problemas decompatibilização espacial dos novos postos de tra-balho, por se estar trabalhando em um nível deagregação microrregional. Assim, ainda que hajauma significativa mobilidade pendular intra-regio-nal da mão-de-obra, a oferta de empregos apuradaainda se referirá à RG em questão.26

Poder-se-ia argüir que, ainda que limitado àsregiões de melhor cobertura da RAIS, se estaria, namelhor das hipóteses, se aproximando do merca-do de trabalho formal nas RGs, mas deixando delado todo o setor informal de empregos, bastantesignificativo em termos nacionais (Faria, 1986). Defato, nas RGs em questão, as taxas de formalizaçãono trabalho, medidas como o percentual dos con-tribuintes a institutos oficiais de previdência emrelação ao total de pessoas ocupadas em 1980,oscilam entre 49 a 84% (Tabela 19).27 No entanto,dada a compatibilidade de tendências entre mer-cado formal e informal de empregos no Brasil nosanos 80 (Médici, 1991) e empiricamente encon-trada por Tagliassuchi & Vergara (1985), com da-dos da RAIS e outras fontes para o Rio Grande doSul nos primeiros anos da década de 80, supõe-seque a oferta de empregos registrada pela RAIS poderepresentar, a menos de um fator de correção, avariação de postos de trabalho (formal e informal)nas RGs.

A escolha dos anos 1985 e 1988 para men-suração da oferta de empregos formais não é for-tuita, mas ditada pelas limitações metodológicascom as quais o usuário de estatísticas sociais temque lidar. O Ministério do Trabalho só retomou aregularidade na publicação dos resultados da RAIS

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SALDO NOVOS SALÁRIO VALOR CONTR.REG. GOVERNO MIGRATÓRIO EMPREGOS MÉDIO ADICIONADO PREVID.

80 -91 85-88 88 (1) 85 (2) 8 0

Araçatuba 1 .609 10 .151 1 ,89 25.956.808 51,8 % Araraquara 43 .778 4 .453 2 ,39 44.643.821 59,7 % Assis 6 .702 1 .568 1 ,73 17.265.371 56,5 % Barretos 29.526 -3.402 1 ,94 32.210.855 48,6 % Bauru 21 .620 8 .825 2 ,30 31.219.477 62,7 % Botucatu 16 .636 5 .137 2 ,47 10.031.459 57,8 % Braganca Paulista 32 .404 9 .162 1 ,82 12.762.001 57,3 % Campinas 287.379 84.688 2 ,73 228.978.887 77,9 % Cruzeiro -6.647 1 .822 2 ,63 5.464.593 65,5 % Franca 33 .503 5 .185 1 ,85 22.781.507 62,9 % Guaratinguetá -6.561 3 .543 1 ,97 8.826.228 63,5 % Itapetininga 25 .907 7 .407 1 ,72 13.127.132 55,3 % Jaú 13 .603 2 .196 1 ,94 19.819.658 67,4 % Jundiaí 38 .850 9 .128 2 ,64 52.004.080 83,2 % Limeira 43 .656 16.526 2,74 41.240.345 72,9 % Marilia -9.504 7 .225 1 ,82 16.610.323 52,4 % Ourinhos -3.540 4 .907 1 ,77 7.997.846 50,4 % Piracicaba 33 .659 8 .556 2 ,69 34.220.837 74,8 % Presidente Prudente -14.294 12 .457 1 ,87 24.187.450 54,2 % Ribeirão Preto 79 .131 13.001 2,18 64.485.418 64,1 % Rio Claro 12 .044 6 9 3 2,17 13.153.218 58,0 % Santos 52 .232 26.741 2,54 94.890.378 83,7 % Sao Carlos 25 .421 5 .998 2 ,41 22.437.442 68,8 % Sao João Boa Vista 6 .963 6 .506 1 ,82 22.695.497 54,3 % Sao Joaquim Barra -1.652 3 .576 1 ,84 11.555.409 51,1 % Sao José dos Campos 76.892 33.285 2,41 93.182.148 80,3 % Sao José Rio Preto 51 .298 13.112 2,46 20.834.281 60,8 % Sorocaba 119.149 33.333 2 ,54 85.014.556 74,1 % Taubaté 11 .851 5 .691 2 ,92 25.685.785 69,4 %

Fonte : Min Trabalho:Tabelas especiais, SEADE (1989) e Censo 80.(1) Em Piso Nacional de Salários de 1988.(2) em Cz$ mi de 1987.

Tabela 19

MIGRAÇÃO, NOVOS EMPREGOS, SALÁRIOS TAXAS DE FORMALIZAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHONAS REGIÕES DE GOVERNO COM PERFIL OCUPACIONAL URBANO E/OU INDUSTRIAL DA PEA

a partir de 1985; quando se consolidou a base dedados para esta pesquisa (final de 1992), os dadosde 1989/ 1990 ainda não estavam disponíveis. Fe-lizmente não parece ser este um intervalo muitopequeno, pouco representativo do período em queo saldo migratório foi apurado, nem sujeito a pro-blemas conjunturais muito sérios. Tomar dados deemprego em 1986, ano da implementação do Pla-no Cruzado, ou de 1987, do Cruzado II, poderiamdistorcer informações não apenas de emprego, mastambém sobre rendimento do trabalho.

Os dados sobre salários não foram tomadosno meio do período, como seria de praxe em situ-ações desse tipo, mas em 1988. Dados sobre ren-da e salários, talvez mais do que qualquer outrainformação socioeconômica, são muito sensíveisa problemas conjunturais presentes na época dolevantamento. O contexto altamente inflacioná-rio e marcado por diferentes políticas salariais dosanos 80 deveria, pois, ser tomado em considera-ção para qualquer um que precise trabalhar cominformação sobre rendimento no período. As vari-

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28.28.28.28.28. Como justificar o emprego de uma transformação matemática que confira propriedades estatísticas desejáveis em dados sociais que sãoinerentemente malcomportados? Afinal, de que vale procurar estreitar a proximidade entre conceito e medida, tão precária nas ciências sociais(Torgenson, 1958), se depois o trabalho pode ser posto a perder com uma mudança de escala introduzida pela transformação? A metodologia deconstrução de índices e indicadores para conceitos sociais e econômicos, tal como exposta por Lazarsfeld (1973), já envolve uma série desupostos não plenamente verificáveis que afeta a relação indicador–indicado. Introduzir mais um suposto (a transformação) – de que há menosde algumas poucas famílias de funções matemáticas – não preserva a integridade inferencial acerca de médias e de variâncias (Siqueira, 1983) epode colocar a perder as relações substantivas a investigar.

ações nos valores reais do salário mínimo e do ren-dimento médio das pessoas ocupadas foram mui-to intensas na década, como analisa Médici (1991).Pelo que se pôde apreender da análise e das ta-belas apresentadas pelo autor, o rendimento mé-dio mensal das pessoas ocupadas em 1988 (US$241,5) está muito próximo daquele observado noperíodo 1981–1989 (US$ 241,3). Daí a escolhade 1988 como momento de referência dos salári-os-RAIS.

A análise do modelo causal da rA análise do modelo causal da rA análise do modelo causal da rA análise do modelo causal da rA análise do modelo causal da redistredistredistredistredistribuiçãoibuiçãoibuiçãoibuiçãoibuiçãopopulacionalpopulacionalpopulacionalpopulacionalpopulacional

Justificadas as escolhas metodológicas domodelo causal e das variáveis operacionais, passa-se à aplicação da Path Analysis. Para isso, como paraoutros métodos estatísticos em geral, é precisoantes verificar a aderência dos dados e do modeloaos pressupostos requeridos. Embora não seja ocaso, aqui, de se discutir mais profundamente ospressupostos e outros requisitos metodológicos daPath Analysis, vale relacionar, como condições ne-cessárias, a recursividade, aditividade, linearidadedas relações, inexistência de erros de medida, va-riáveis de escala intervalar e todas as outras pro-priedades gerais necessárias à análise de regres-são e testes de hipóteses sobre os parâmetros(Asher, 1983; Borgatta & Bohrnstedt, 1969). Embo-ra parecesse, pela análise exploratória de dadossugerida por Bussab & Ho (1983), que uma trans-formação logarítmica das variáveis pudesse ajus-tar melhor os dados aos pressupostos requeridos,isso não foi feito. Preferiu-se perder, com isto, opoder de inferência nos testes de significância, queapelar para uma transformação matemática“retificadora”.28 Além disso, trata-se, aqui, da análi-se de um modelo causal teórico previamente defi-

nido e não de uma otimização de um modelo comfinalidades preditivas (no qual a precisão das esti-mativas é o critério de excelência). A aplicação datécnica de detecção de dados atípicos de Miazaki& Strangehaus (1994) sugeriu-nos a exclusão dasobservações das RGs de Campinas, São José dosCampos, Sorocaba, Barretos e Presidente Pruden-te. Nas três primeiras, a “atipicidade” poderia deri-var de uma cobertura muito melhor dos empre-gos formais (o que destoaria do quadro de cober-tura menos efetiva nas outras RGs). A exclusão deBarretos deve-se, certamente, ao fato de ser a úni-ca Região a registrar variação negativa na ofertade empregos formais – é necessário um estudomais aprofundado para certificar de que este nãoé um problema de cobertura da RAIS, já que essaregião teria tido grande crescimento econômicona década. Quanto a Presidente Prudente, a“atipicidade” possivelmente refere-se, para esteconjunto de dados, às altas cifras de saldo migrató-rio comparativamente às regiões de porte econô-mico equivalente.

Através da resolução do sistema de equaçõesestruturais do modelo exposto por regressões su-cessivas, chega-se às estimativas dos coeficientesdas trajetórias apresentadas no diagrama abaixo.O coeficiente da trajetória OFEMP/SALAR mostrou-se muito pequeno (0,01), parecendo procedenteretirar o elo causal entre as variáveis. Não se verifi-ca, pois, para esse conjunto de dados, o efeito com-pressor da oferta de empregos sobre o nível geraldos salários.

Segundo o diagrama, a oferta de empregos teveum efeito mais importante que o nível de saláriosna determinação dos saldos migratórios regionais.A decomposição da correlação entre SDMIG eOFEMP mostra que apenas 10% dela é de origemnão-causal, enquanto esse percentual sobe para

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EFEITOS

VARIÁVEIS TOTAL DIRETOS INDIRETOS NÃO-CAUSAL

SDMIG,OFEMP 0,63 0 ,57 - 0 ,06SDMIG,SALAR 0,38 0 ,19 - 0 ,19SDMIG,DEC 0,73 - 0 ,54 0 ,19

Tabela 20

DECOMPOSIÇÃO DA CORRELAÇÃO

DIAGRAMA DAS TRAJETÓRIAS DO MODELO CAUSAL

OFEMP

DEC SDMIG

SALAR

ê

ê

é

ç

ê

èé

0 . 6 1

0 . 7 6

0 . 7 7

0 . 8 0

0 . 4 20 . 1 9

0 . 5 7

50% para a correlação entre SDMIG e SALAR. Osefeitos (indiretos) do desenvolvimento econômicosobre SDMIG fazem-se sentir com maior intensida-de via oferta de novos empregos (Tabela 20).

Embora seja importante o papel da oferta deempregos – e indiretamente do desenvolvimentoeconômico – sobre a redistribuição espacial da po-pulação, a magnitude dos efeitos das variáveis não-inclusas no modelo aponta para a relativa limita-ção do modelo teórico aqui tratado. Não se podedescartar também que isso resulte de erros de me-dida das variáveis (de cobertura do mercado infor-mal, em particular).

Observe-se, no entanto, que, ao contrário daanálise de regressão, na qual o critério de avalia-

ção dos modelos se baseia na eficiência e precisãodas estimativas, na Path Analysis, o interesse estávoltado para a aderência do conjunto de dados aomodelo causal teórico proposto – assumido, a prin-cípio, como correto. Ela busca responder a ques-tões como: há correlação entre X e Y?; se há corre-lação, ela é espúria?; qual o efeito de X sobre Y?;quais os efeitos mais importantes?; a estrutura cau-sal proposta se verifica?É prudente observar quenão se pleiteia, para a Path Analysis, o pretensiosostatus de instrumento de “verificabilidade” ou de“falseabilidade” de teorias científicas. Como obser-va Oliveira (1985), em total concordância comKuhn (1978), e em oposição à corrente que Lakatos(1983) chama de “justificacionistas”, e também a

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Popper (1975), teorias e paradigmas não são idea-lizados para ser demonstrados ou negadosempiricamente, mas para abrir pistas fecundas deinvestigação. O que torna uma teoria mais aceitá-vel (mas não, necessariamente, verdadeira) não éa possibilidade de ela ser refutada por meio de umaexperiência ou observação crucial, por mais pre-cisa, controlada e abrangente que possa ser, mas,sim, a possibilidade de ela ser repetida por outrospesquisadores, em condições equivalentes(Torgerson, 1958).

Assim,”...a técnica de Path Analysis não é ummétodo de descoberta de leis de causalidade masum procedimento que permite uma interpreta-ção quantitativa de um sistema causal propostopara um determinada população” (Miller, 1977:193). Ela permite o avanço no conhecimento derelações de temporalidade, co-variação e causali-dade entre variáveis, viabilizando o aprimoramen-to conceitual dos modelos teóricos construídosa partir de teoria substantiva. A grande vantagemsobre modelos de regressão é que ela permite aexplicitação de relações de causalidade e de pre-cedência temporal entre variáveis, estreitando oslaços entre teoria e métodos de análise estatísti-ca – questão sempre muito discutida e nem sem-pre tão praticada no âmbito das ciências sociaisno Brasil.

Mencione-se, ademais, que, embora ainda útilem muitas situações, a Path Analysis impõe umasérie de limitações metodológicas nos modelosteóricos usados. Dessa forma, o emprego de técni-cas mais modernas e robustas de análise causal,como o LISREL (Dillon & Goldstein, 1984) pareceser bastante promissor.

Por fim, recuperando o resultado substantivodesta seção, verificou-se que o diferencial de ofer-ta de empregos – manifestação, em última instân-cia, das desigualdades econômicas espaciais – tevepapel bastante importante na redistribuição espa-cial da população pelas RGs paulistas. Os diferen-ciais regionais de salário, menos expressivos queos de novos postos de trabalho, parecem ter tidopouca influência no processo, pelo menos na for-ma aqui operacionalizada.

REDISTRIBREDISTRIBREDISTRIBREDISTRIBREDISTRIBUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULACIONCIONCIONCIONCIONAL E CONDIÇÕESAL E CONDIÇÕESAL E CONDIÇÕESAL E CONDIÇÕESAL E CONDIÇÕESDE DE DE DE DE VIDVIDVIDVIDVIDAAAAA

O determinismo econômico da distribuiçãoespacial da população foi, como já observado an-teriormente, o eixo de análise privilegiado dosestudiosos da questão. Ainda que muitos dos tra-balhos procurassem dar conta das relações entrea urbanização ou mobilidade populacional e ascondições de vida da população, sempre o faziama partir da forma de inserção das regiões “atratoras”e “repulsoras” no contexto econômico nacional.

Cientes das limitações desse eixo analítico, jápropunham Andrade & Lodder (1979: 96):

“Existe uma relativa escassez de teorias decrescimento urbano em virtude da complexidadedo processo de crescimento, da variedade de ex-periências de urbanização, do reconhecimento deque existem outras variáveis não econômicas,como as de natureza social e cultural, que exer-cem um papel importante no processo de cresci-mento urbano e a pobreza de estudos empíricossobre crescimento urbano que possam ter suasconclusões generalizadas”.

O estudo da mobilidade ocupacional sob aégide das “condições de vida” parece estar se con-solidando no campo interdisciplinar de estudosda população e meio ambiente. Vale citar, nestecaso, o trabalho de Hogan (1993), que procura res-gatar determinações “ambientais” e políticas paraexplicar a intensa mobilidade pendular e asespecificidades da migração em Cubatão. A mão-de-obra qualificada das grandes indústrias – e po-tencialmente mais politizada – não mora na cida-de pelos problemas ambientais que ela apresenta.Não exerce, pois, a pressão política (via eleiçõesou outros meios) para alterar a situação. Assim, acidade persiste, para os postos de trabalho que seabrem, como centro aglutinador de migrantes combaixa qualificação profissional.

Analisando a “desmetropolização” em São Pau-lo e outros centros na década passada, Martine(1994b) vê evidências de um processo de “contra-urbanização” semelhante ao transcorrido na déca-da de 70 nos EUA. “De fato, existem alguns sinais

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29.29.29.29.29. São elas:a)a)a)a)a) a primeira etapa na operacionalização quantitativa de um conceito sociológico é a abstração literária do conceito, construída a partir daobservação dos fenômenos em questão, da identificação dos traços comuns entre os eventos analisados e da teoria social que o encerra;b)b)b)b)b) a partir dessa noção preliminar do conceito passa-se à especificação das dimensões do mesmo, tornando-o, de fato, específico, claro e preciso;c)c)c)c)c) definidas as dimensões a investigar, a etapa seguinte consiste na construção e seleção dos indicadores. Esta é uma operação delicada porquenão existe uma teoria formal que permita orientá-la com um mínimo de rigor científico (Boudon & Lazarsfeld, 1973). Há duas dificuldadescentrais: primeiro, é preciso garantir que existe, de fato, uma relação recíproca entre o “indicando” (conceito ou variável) e os indicadorespropostos, isto é, é preciso garantir que os indicadores refiram-se àquilo que a variável pretende, de fato, representar; depois, é necessário decidirse todos são igualmente importantes ou fidedignos na representação da variável;d)d)d)d)d) a última etapa no procedimento metodológico de expressão de conceitos em medidas quantitativas é a sintetização das informações em umaúnica medida, isto é, a derivação de um índice. Aqui é necessário decidir o esquema de ponderação dos indicadores, algo nada imediato, muitomenos objetivo.

de que um certo segmento da população econo-micamente ativa das metrópoles estaria tambémaderindo a esquemas mais flexíveis de trabalho e/ou escolhendo residir em lugares mais distantes –embora trabalhando no núcleo da RM – para evi-tar os desgastes da vida metropolitana” (p.36).

Outras evidências da relevância das condiçõesde vida na redistribuição espacial da populaçãopodem ser colhidas em matérias na imprensa nosúltimos anos. A tranqüilidade, a segurança pessoal,as facilidades de transporte, a qualidade ambientaltêm sido apontados como fatores importantes paraa procura de moradia em algumas localidades dointerior paulista (Folha Sudeste, 23 mar. 1992; Exa-me, 26 maio 1993; Exame , 14 set. 1994).

Para analisar a redistribuição populacionalsegundo as condições regionais de vida da popu-lação discute-se, a seguir, a problemática daoperacionalização do conceito: da definição à sua“aproximação” por indicadores sociais disponíveisno Brasil.

Condições de vida e os indicadorCondições de vida e os indicadorCondições de vida e os indicadorCondições de vida e os indicadorCondições de vida e os indicadores sociaises sociaises sociaises sociaises sociais

“Condição de vida” é, sem dúvida, dentre osdemais neste trabalho, o conceito mais difícil deser mensurado quantitativamente. Para começar,essa dificuldade deriva de sua própria complexi-dade e grau de (in)consensualidade conceitual. Umpasseio pela literatura, nos diversos ramos das ci-ências humanas e nas suas várias abordagens teó-rico-metodológicas, permite verificar a multi-plicidade de denominações e conceitos diferen-tes relacionados a “condição de vida”: nível de vida(Cecconi, 1971), padrão de vida, nível de pobreza

(Fundação SEADE, 1992c), qualidade de vida(Carmo, 1993), grau de desenvolvimento humano(PNUD, 1991) etc..

Aliás, a dificuldade de quantificar “condiçãode vida” estende-se para uma série de conceitos so-ciológicos e nos diversos passos metodológicos daquantificação. Nas quatro etapas em que Lazarsfeld(1973: 35-46) divide o procedimento metodológicopara exprimir conceitos e variáveis sociais emmedidas quantificadas, há muito espaço para aexpressão normativa ou subjetivismo do pesqui-sador.29

A respeito do termo “desenvolvimento soci-al”, outro conceito muito caro à pesquisa social, emuito próximo a “condição de vida”, Blumer (s/d:3) comenta:

“Parece evidente que em mãos sociológicas otermo desenvolvimento social apresenta grandeelasticidade. Ele funde-se e confunde-se com con-dições que levam ao desenvolvimento econômi-co, com tipos tradicionais de reformas sociais, coma realização de determinadas doutrinas políticas,com a ruptura da sociedade tradicional, com a ado-ção de um complexo urbano industrial, com con-juntos de curvas de crescimento, com mudançasocial, e sem dúvida, com tipos indiscriminadosde acontecimentos sociais”.

Os mais céticos com relação a essa falta declareza ou quanto à necessidade de uma defini-ção precisa do conceito, o autor os convida a re-fletir sobre o significado de alguns dos aconteci-mentos tratados, na literatura, como exemplos dedesenvolvimento social. O aumento populacionalou o crescimento das cidades em um país subde-senvolvido, por exemplo, seriam acontecimentos

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30.30.30.30.30. Embora existam algumas contribuições importantes para a construção de uma teoria de indicadores sociais nos anos 20 e 30, Carley (1985)assinala que o desenvolvimento da área é recente, tendo ganhado corpo científico em meados dos anos 60. O livro Social Indicators, organizadopor Bauer e publicado em 1966, se tornaria um marco no movimento de indicadores sociais. Tratava-se de uma das primeiras tentativas deorganizar um sistema abrangente de aferição e acompanhamento das transformações sociais de uma sociedade. Brooks (1972) acrescenta aindacomo marco importante do movimento a publicação do Toward a Social Report, relatório produzido por um conjunto de cientistas nomeadospelo Presidente Johnson, em 1966, nos Estados Unidos.

freqüentemente associados à idéia de progressosocial. Por outro lado, eles trariam em seu bojo,muitas vezes, outros fatos que poderiam ser en-tendidos como opostos ao desenvolvimento soci-al, como a deterioração da qualidade de vida, pro-liferação de favelas e aumento da marginalidade. Apropriedade estatal dos meios de produção seria,para um sociólogo comunista, um exemplo dedesenvolvimento social, mas certamente não oseria para um cientista político liberal-democrata.Este preferiria citar, nesse exemplo, acontecimen-tos como o estabelecimento da democracia repre-sentativa, a extensão dos direitos políticos a todosos cidadãos. Simpatizantes da vida rústica encara-riam o fomento da indústria artesanal, o fortaleci-mento das pequenas comunidades rurais, o em-prego de tecnologias alternativas como manifes-tações de progresso social. Outros, mais afeitos às“maravilhas da civilização” veriam tais aconteci-mentos como uma “involução” social.

Enfim, como Blumer procura demonstrar, “de-senvolvimento social” – e, ao que parece, por ex-tensão, “condição de vida” – é apreendido segun-do acepções individuais e subjetivas dos pesqui-sadores, de acordo com seus valores culturais, for-mações acadêmicas e “visões de mundo”.

Para exemplificar o subjetivismo presente nasdefinições de “condições de vida”, veja-se, porexemplo, o IDH (Índice de Desenvolvimento Hu-mano, do PNUD – Programa das Nações Unidaspara o Desenvolvimento). No relatório de 1993, oBrasil figura na 63a posição, entre 177 nações, noranking do IDH. O Brasil estaria classificado comopaís de desenvolvimento humano médio, juntocom África do Sul, Romênia, Panamá, Cuba e tan-tos outros. Isolando os indicadores que compõemo IDH – esperança de vida, analfabetismo/escola-ridade média e Produto Interno Bruto per capitaajustado –, verificamos que o desempenho do Bra-

sil quanto a este último indicador é que sustenta asua posição no ranking. Mas como já se sabe hámuito, o PIB per capita, ainda que ajustado pelametodologia do PNUD, é um indicador pobre pararetratar as verdadeiras condições sociais em quevive a maioria de uma população. Quanto à espe-rança de vida isoladamente, o Brasil atingiria, pelomenos, vinte posições acima daquele obtido como IDH. Isoladamente, o indicador analfabetismo/escolaridade média acrescentaria ao Brasildezessete posições no ranking. Dessa forma, fosseo IDH uma média ponderada – com pesos maio-res na esperança de vida e analfabetismo/escolari-dade, indicadores mais representativos do “desen-volvimento humano”, a classificação brasileira es-taria mais para a 80a posição, mais próxima daqui-lo o PNUD classifica como uma situação de “baixodesenvolvimento humano”.

Em que pesem essas questões metodológicas,não há dúvida de que a mensuração das “condiçõesde vida” evoluiu, e muito, em relação à aferição tra-dicionalmente adotada do bem-estar social a partirdo PIB per capita. E isso se deve ao movimento dosindicadores sociais a partir dos anos 60.30

Hoje não há apenas o IDH do PNUD, mas umapluralidade de esquemas descritivos da realidadesocial, adaptáveis a qualquer nível geográfico depesquisa, como os sistemas de indicadores sociaiscitados em Carley (1985), em Bauer (1966), aspublicações específicas da Organização de Coo-peração e Desenvolvimento Econômico (OCDE,1967 e 1978), da UNESCO (1979), de Whyte (1978),o quadro de levantamento das condições de vidaproposto pelo movimento “Economia e Humanis-mo” (Ferreira, 1966), o Índice Multidimensional deQualidade de Vida de Slottje (1991), o Índice deDesenvolvimento Humano Relativo de Albu-querque & Villela (1991), a escala multidimensionaldas condições de vida da Fundação SEADE (1993c),

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o índice de carências diversas de Rocha (1990) ouainda a compilação de indicadores de qualidadede vida urbana de Comune & Campino (1980).

As diferenças mais marcantes entre eles são onível de abrangência temática com que aferem o“social” e o tipo de indicadores usados. Alguns re-ferem-se às várias dimensões da vida social, outrossão mais restritos. Alguns se baseiam, principalmen-te, em indicadores subjetivos, isto é, voltados a umaavaliação subjetiva por parte dos indivíduos emrelação a uma série de aspectos de suas vidas; ou-tros sistemas apoiam-se em indicadores objetivos,de oferta e disponibilidade de produtos, serviços,facilidades. Alguns sistemas de indicadores sociaisbaseiam-se em indicadores de “produto”, isto é,“medidas dos resultados de atividades específicasexecutadas, como, por exemplo, o aumento da es-perança de vida, a redução da morbidez ou a mor-talidade infantil, ou o nível de limpeza das ruas”(Carley, 1985: 27); outros sistemas englobam me-didas de “fluxo” e “insumo”, como o número detoneladas de lixo coletadas diariamente ou núme-ro de médicos per capita etc.. Enfim, alguns siste-mas de indicadores estão mais voltados à investi-gação sociológica, outros mais à avaliação daefetividade das políticas públicas.

Mas, para este projeto, a escolha de um ou ou-tro sistema de indicadores, como esquema descri-tivo das condições de vida prevalecentes nas RGspaulistas, não é determinada apenas por suas qua-lidades e destinações intrínsecas. Resulta, antes detudo, de uma avaliação pragmática da aplicabili-dade dos mesmos frente ao conjunto de estatísticasdisponíveis no Brasil, e em especial, no Estado deSão Paulo dos anos 80. Foi nessa direção que noslançamos a uma avaliação do sistema de produçãode estatísticas sociais no Brasil na seção seguinte.

A prA prA prA prA produção de indicadorodução de indicadorodução de indicadorodução de indicadorodução de indicadores sociais no Bres sociais no Bres sociais no Bres sociais no Bres sociais no Brasilasilasilasilasil

Na visão de Carley (1985), há uma produçãorelativamente abundante e diversificada de infor-mações sociais no Brasil. Censos demográficos comamplo espectro investigativo, PNADs (PesquisaNacional por Amostra de Domicílios) e outras pes-

quisas periódicas e registros administrativos, commaior ou menor abrangência temática ou cober-tura territorial, compõem um sistema de estatísti-cas sociais que se destaca em relação ao existenteem outros países do Terceiro Mundo. Camarano(1990) não é tão entusiasta assim quanto à abun-dância na produção de estatísticas, observando queestas têm versado mais – e cada vez mais fre-qüentemente – sobre as características e tendên-cias conjunturais do mercado de trabalho que nosentido do acompanhamento social da populaçãobrasileira.

Não há dúvida de que os censos demográficosmodernos realizados a partir de 1940 no país am-pliaram substancialmente seu escopo investigativo,permitindo o acompanhamento cada vez maisdetalhado da realidade social do país. Em confor-midade às orientações dos organismos de coope-ração internacional, eles passaram a levantar, alémde características demográficas e relativas à esco-laridade e mão-de-obra, informações sobre rendi-mento pessoal e familiar, disponibilidade de bensprivados, acesso a serviços públicos, característi-cas habitacionais etc. (Quadro 2). Instrumentoimportante para a viabilização deste processo foia introdução da amostragem no Censo de 1960,embora, como citam Altmann & Ferreira (1979), oenriquecimento temático e o aprimoramento daforma de coleta das informações nos questionári-os dos censos têm-se processado desde o primei-ro recenseamento geral no final do Império.

Tão importante quanto essa evolução temáticano período tem sido a redefinição de alguns con-ceitos em prol de um aprimoramento da qualida-de da informação coletada e com vistas à capta-ção da complexidade crescente da vida social. Veja-se, nesse sentido, o conceito de rendimento noscensos: o de 1960 referia-se apenas ao rendimentoproveniente do trabalho, assinalado em faixas sa-lariais preestabelecidas (Médici, 1984); o de 1991dispunha de quatro quesitos (preenchíveis) sobrerendimento – daquele proveniente do trabalhoprincipal, de outras ocupações, da aposentadoria/pensão e o de outras fontes como juros, aluguéisetc. A redefinição das subpopulações a que se re-

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Quadro 2

EVOLUÇÃO TEMÁTICA NOS CENSOS DEMOGRÁFICOSMODERNOS NO BRASIL

TEMÁTICAS / CENSOS DEMOGRÁFICOS

QUESITOS 1 9 4 0 1 9 5 0 1 9 6 0 1 9 7 0 1 9 8 0 1 9 9 1

Características PessoaisS e x o X X X X X XIdade X X X X X XCor X X X X XDefic.fisicas X X XDefic .mentais X

F a m í l i aEstado Civil X X X X X XNupcialidade (out.inf.) X X X XConstituição da família X X X X XOrfandade materna X XFecund idadeFilhos nascidos vivos X X X XFilhos nascidos morto X X X X XFilhos vivos dt. Censo X X X X X XSx e Dt nasc.ult.filho X X

M i g r a ç ã oTempo de resid.município X X X XTempo de resid.UF X X XNatura l idade X X X X X XNaciona l idade X X X X X XResidência anterior X X X XResidência há 5 anos XMigração rural/urbana X X XMovimento pendular X

Características EconômicasPop.Ativa e Inativa X X X X X XOcupação principal X X X X X XRamo da ativ.econ X X X X X XLocal (ind/com/fazenda) X X X XSituação na ocupação X X X X X XOcupação secundária X X X XHoras semanais trab X X XR e n d a s X X X XBenefícios sociais X X XCar t .Trab.ass inada XPosse de bens de consumo X X X X

E d u c a ç ã oHabilid. ler/escrever X X X X X XAnos de estudo X X X X X XÚltimo grau concluído X X X X X XAssist. atual a escola X X X X X

Aspectos CulturaisId ioma X XRel ig i ão X X X X X

Características DomiciliaresEspécie/Tipo X X X X X XCondição de Propriedade X X X X XVl .a lugue l X X X XNúmero de Cômodos. X X X X XQuartos serv. dorm. X X X X XAbastecimento água X X X X XInstalação Sanitária X X X X Xluminação elétrica X X X X XCombustível para cozinhar X X X XMaterial empregado X X

Fonte: Nações Unidas (1958), Altmann e Ferreira (1979) e Censos Demográficos.

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ANO DA PESQUISA PESQUISA TEMAS SUPLEMENTARES

1972 PNAD Fecundidade, Rendimento, Bens duráveis1973 PNAD Fecundidade, Migração interestadual1974/1975 ENDEF Estudo Nacional de Despesas Familiares

Orçamento Familiar, Nutrição1976 PNAD Migração, religião, fecundidade, bens duráveis1977 PNAD Migração, fecundidade, bens duráveis1978 PNAD Fecundidade, características da habitação1979 PNAD Consumo de energia1981 PNAD Atendimento a saúde da população1982 PNAD Educação, escolarização1983 PNAD Previdência social, acomp. mobil. ocupacional1984 PNAD História retrospectiva da fecundidade e

nupc ia l idade1985 PNAD Situação do menor ( de 0 a 17 anos)1986 PNAD acesso a serviços de saúde, suplementação

alimentar, anticoncepção, associativismo1987 PNAD Inclusão da cor no questionário básico1987/1988 POF Pesquisa sobre Orçamentos familiares1988 PNAD Participação político-social, consumo de

combustível e posse de bens duráveis1989 PNAD Trabalho principal e secundário

Fonte: Martine et al. 1988a, IBGE 1981, Questionários suplem. da PNAD dos anos 80.

Quadro 3

TEMAS SUPLEMENTARES INVESTIGADOS NAS PNADsE OUTRAS PESQUISAS AMOSTRAIS RELACIONADAS

1972-1989

ferem alguns quesitos do censo também foi outroaprimoramento importante nesse período. Infor-mações sobre situação conjugal e filhos tidos, porexemplo, eram coletados de mulheres de 15 oumais anos até o Censo de 1980; no de 1991 passa-ram a ser recolhidas também de adolescentes nafaixa de 10 a 15 anos.

As PNADs – Pesquisa Nacional por Amostrade Domicílios compõem outro eixo central naprodução de estatísticas sociais no Brasil.Implementadas em 1967, com base nas experiên-cias norte-americanas de pesquisas domiciliarescontínuas, elas visam permitir o acompanhamen-to sistemático do quadro socioeconômico edemográfico do país no período intercensitário(IBGE, 1981). Tal como ocorreu nos censosdemográficos, o escopo temático foi se amplian-do, passando a levantar informações não apenassobre a situação do mercado de trabalho – tema

central da investigação (Camarano, 1990) – mastambém sobre outras temáticas de interesse doplanejamento governamental e da comunidadecientífica. Assim, durante os anos 70 e 80, a PNADe outras pesquisas correlatas levantaram de formasuplementar, além das características da mão-de-obra (rendimento, horas trabalhadas, situação deemprego, ocupação etc..), outras, de natureza so-cial e demográfica, em algumas regiões do país. OQuadro 3 sumariza as temáticas suplementaresinvestigadas no período.

Deve ser registrado que o levantamento so-bre as características da mão-de-obra também foialvo de aprimoramentos técnicos e conceituais noperíodo. A coleta de informações sobre a variávelrenda, por exemplo, sofreu um grande aprimora-mento técnico desde a sua introdução nos questi-onários em 1967, tanto no sentido de permitir umacaptação melhor e mais desagregada dos rendimen-

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31.31.31.31.31. Isto é, a metodologia da coleta foi-se aprimorando à medida que as relações de troca ganhavam universalidade pelo país, com a urbanizaçãoacelerada e com o “milagre” dos anos 70.32.32.32.32.32. A composição das Regiões–PNAD era a seguinte: Região I. Rio de Janeiro e Guanabara (até extinção); II. São Paulo; III. Estados do Sul; IV. MinasGerais e Espírito Santo; V. Estados do Nordeste; VI. Distrito Federal; e VII. Estados do Norte e Centro-Oeste.33.33.33.33.33. Inicialmente para o Rio de Janeiro e São Paulo e depois, gradativamente, para as demais Regiões Metropolitanas (Porto Alegre, Belo Horizonte,Recife, Curitiba, Fortaleza, Salvador, Belém).34.34.34.34.34. As possibilidades de desagregação dos dados estaduais da PNAD são: Região Urbana/Rural, Metropolitana/Não-metropolitana urbana/ Não-metropolitana rural.

tos do trabalho como também no de estender ainvestigação para rendimentos de outras nature-zas (Médici, 1988).31

Essa ampliação temática foi acompanhada deum aumento considerável da amostra seleciona-da, chegando a contar com mais de cem mil domi-cílios nos anos 80 (Martine et al., 1988a: 294). Elahavia sido motivada pelos requerimentos de mai-or representatividade do levantamento pelo terri-tório e níveis geográficos mais detalhados. Assim,o plano amostral original, que previa repre-sentatividade no nível das sete Regiões (PNAD),32

foi modificado nos anos 70 a fim de possibilitar adivulgação dos resultados quanto às regiões me-tropolitanas de então.33

A partir de 1982, o plano tabular passou a con-templar as Unidades de Federação (Camarano,1990: 216) e a cobrir quase que a totalidade dapopulação do país. Somente 2,4% da população resi-dente, em 1980, na zona rural da região Norte nãoestariam dentro do universo da pesquisa (Árias, 1988:65). Até o momento, a PNAD não prevê expansão daamostra em nível de mesorregiões, de microrregiõesou de municípios (que não as capitais).34

De forma complementar aos censos e PNADs,existem ainda várias pesquisas setoriais ou regis-tros administrativos que dispõem de estatísticassociais, como demonstra o Quadro 4 . Anualmen-te, o IBGE realiza levantamentos de registro civil,da assistência médico-sanitária e das ocorrênciasooliciais, na totalidade dos municípios. O Ministé-rio da Saúde agrega informações sobre nascimen-tos e óbitos, usando como entrada de dados bole-tins preenchidos nos hospitais. O Ministério doTrabalho organiza estatísticas sobre emprego eremuneração, a partir dos relatórios RAIS envia-dos pelas empresas. O MEC divulga sinopses so-bre o ensino básico, secundário e superior.

A Receita Federal divulga totalizações, no âm-bito municipal, do total de contribuintes e valorarrecadado do Imposto de Renda de pessoas físi-cas e jurídicas. O Tribunal Superior Eleitoral publi-ca a relação quantitativa de eleitores, alfabetiza-dos ou não, nos municípios brasileiros. Em âmbi-to estadual, a Fundação SEADE – Sistema Estadu-al de Análise de Dados compila em um anuário asestatísticas produzidas pelos diversos órgãos e se-cretarias. A Coordenadoria de Assistência Hospi-talar da Secretaria de Estado da Saúde levantadados sobre o movimento de pacientes nos hos-pitais paulistas e doenças diagnosticadas nasinternações, e arquiva informações sobre morta-lidade (por sexo, idade e causa-mortis). A Secreta-ria da Educação publica anuários sobre a movi-mentação escolar: número de matrículas de pri-meiro. e segundo graus, taxa de reprovação e eva-são etc.. Com periodicidade mensal, o convênioSEADE/DIEESE apresenta ainda indicadores sobreemprego e desemprego na Região Metropolitanade São Paulo.

Com essa variada gama de fontes e de infor-mações, é possível supor que seria simples e dire-to a derivação de indicadores sociais para avalia-ção das condições de vida. Não é bem assim, poisdevem ser considerados dois outros aspectos alémda disponibilidade de estatísticas para construçãodos indicadores: a qualidade dos dados das diver-sas fontes e a efetiva disponibilização pública dosmesmos nos níveis de desagregação desejados.

É bem verdade que a qualidade dos levanta-mentos estatísticos e registros administrativos vêmmelhorando desde sua implementação, mas aindapersistem alguns problemas de ordem meto-dológica e/ou operacional em vários deles. O le-vantamento de estatísticas vitais e registros civis(nascimentos, mortes) apresentam certo grau de

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INSTIT. FONTE/PUBLIC. PERIODIC. TIPO DE INFORMAÇÃO NÍVEL DESAGREGAÇÃO

IBGE Censos variáveis demográficas, Grandes RegiõesDemográf icos decena l trabalho, rendimento, UF, Municípios

educação, habitação,infra-estrutura serv.

Pesquisa Nacional a n u a l variáveis demográficas, Grandes Regiões,por Amostra de trabalho, rendimento, UF, Reg.Metropol.Domicílios(PNAD) educação, habitação,

infra-estrutura serv.

Pesq .Mens .Emprego m e n s a l trabalho, rendimento Reg. Metropol. (6)

Estatísticas do a n u a l nascimentos, mortes, Grandes RegiõesRegistro Civil c a s amen to s . UF, Municípios

Estatísticas da a n u a l Tipos de estabel., Grandes RegiõesSaúde(AMB) número de consultas e UF, Municípios

internações,qtde. leitos

Anuário Estatístico a n u a l resultados das PNADs, Grandes Regiõesdo Brasil Censos e outras UF

pesquisas periódicas

Ministér io Anuário RAIS a n u a l estat. emprego e Grandes Regiõesdo Trabalho rendimento trabalho UF, Reg. Metrop.

Ministério Estat íst icas a n u a l óbitos por causa Grandes Regiõesda Saúde de Mortalidade e faixa etária UF

Ministér io Arrecadação a n u a l movimentação IR/IPI, Reg.Fiscais ,da Fazenda Trib.Federais n.contribuintes/firmas Delegacias, Mun

Ministér io Sinopse Ensino ir reg . matrículas, formados, Grandes Regiõesda Educação Bás ico ,Super ior evasão, n.professores UF

Trib.Sup. Cadastro de i r reg . N. eleitores, UFEleitoral Eleitores esco l a r idade Munic ípios

SEADE Anuário Estatístico a n u a l variáveis demográficas, R.Administrativas SPdo Estado de SP saneamento básico,estat. R.Governo

saúde, educação Munic ípios

Perfil municipal i r reg . séries históricas de R.Administrativas SPindicadores econômicos R.Governosociais e finanças pub. Munic ípios

Pesq.Emprego/ m e n s a l trabalho, rendimento R.Metropolitana SPDesemprego

Sec re t a r i a Prontuário Básico i r reg . estatísticas saúde, Escrit.Reg.Saúde SPEstado dos Municípios causa-mort i s Munic ípiosSaúde SP

Sec re t a r i a Anuário Estatístico a n u a l matrículas,taxas de Delegacias de EnsinoEstado do ESP evasão , reprovação , Estadua lEducação SP do ESP rec.humanos educ. Reg.Administrat ivas

Municípios SP

Quadro 4

PRINCIPAIS FONTES PERIÓDICAS PARA DE INDICADORES SOCIAISA NÍVEL NACIONAL E DO ESTADO DE SÃO PAULO

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sub-registro, mais significativo nas regiões Norte eNordeste que no Sul/Sudeste (Camarano, 1990;Min.Saúde, 1991). Em particular, para o Estado deSão Paulo, a omissão de registros dessa natureza ébaixa (Ferreira & Ortiz, 1987; Waldwogel et al.,1994; Paes, 1994). Quanto à RAIS, como discutidomais extensamente na seção anterior, há proble-mas de cobertura setorial e representatividade domercado de trabalho.

Com relação à PNAD, Árias (1988) aponta al-gumas inconsistências nas estimativas da PIA e PEA,às quais ele atribui questões de natureza conceitual– período de referência da situação de emprego;de natureza operacional – qualidade dos entre-vistadores, trabalho de supervisão e crítica de cam-po; e relacionados a aspectos metodológicos – re-dução do tamanho da amostra a partir da PNAD86 e deficiências nas projeções populacionais usa-das na expansão da amostra.

Com relação à qualidade efetiva da informa-ção sobre renda da PNAD (e do Censo) paira al-gum desconforto. Alguns autores apontam para umcerto grau de subestimação da renda, em especialnos estratos populacionais situados nos extremosde renda. “Em relação ao primeiro estrato, é usualque não existam dados sobre produção paraautoconsumo, salários em espécie, recebimentosregulares de transferências ou doações de renda ede outras rendas diretas ou indiretas propiciadaspelo Estado... Por sua vez, há sonegação nos estra-tos mais ricos – voluntária ou não – associada àsrendas de propriedades, salários indiretos, juros,lucros e rendas ocasionais” (Cacciamali,1988:352).35

Em geral, as estatísticas censitárias gozam deconfiabilidade perante o público usuário. De fato,os cuidados metodológicos do corpo técnico doIBGE no planejamento do questionário, do progra-ma de treinamento e seleção, do processo da cole-ta, digitação, consistência e divulgação dos resul-

tados equiparam-se aos adotados no Primeiro Mun-do. Os procedimentos de crítica, imputação e con-sistência de dados do Censo 80, descritos em IBGE(1983), foram muitos e bastante sofisticados, per-mitindo captar uma série de tendências não-alea-tórias. Mas os problemas de falta de cobertura ede erros de aplicação do questionário, noticiadosna imprensa durante a coleta de dados do últimocenso, deveriam servir de alerta ao pesquisador(Cf. IstoÉ Senhor, 15 jan. 1992), em que pese todasorte de interesses e motivações escusas de mui-tos dos detratores (Martine,1994).

Houvesse a tradição de pesquisas do tipo tes-te–reteste (Martine et al., 1988a) e uma utilizaçãomaior do potencial analítico das Pesquisas de Ava-liação dos Censos Demográficos, poderíamos avan-çar na mensuração dos níveis de subenumeraçãoe da qualidade da coleta de dados nos censos.Como colocam os autores:

“Sabemos muito pouco sobre o que acontecedentro dos domicílios entrevistados pelo Censo.Pode existir um incentivo implícito para os entre-vistadores ignorarem membros do domicílio paradiminuir o trabalho da entrevista. Por outro lado,os domicílios fantasmas podem ser recheados deum número considerável de pessoas igualmentefantasmas. Os recrutas inexperientes dos Censosestão descomprometidos com os resultados por-que, geralmente, seu emprego é apenas transitó-rio e não necessariamente relacionado com suasambições profissionais. Em suma, existe uma fortepossibilidade de que os dados do Censo conte-nham erros sistemáticos de dimensão apreciável”(p.296).

Com relação à disponibilização das informa-ções nos níveis de desagregação desejados, temhavido alguns progressos. Como um dos poucosrecursos disponíveis franqueados ao pesquisadorcomum, deve-se destacar o SIDRA – Sistema IBGEde Recuperação Automática, que, embora de fácil

35. Diversas pesquisas citadas por Hoffmann (1977) e o estudo de Lluch (1982) já apontavam tais tendências para o Censo de 1970. Para ainformação de renda coletada no Censo de 1980, enquanto Hoffmann & Kageyama (1984) apontam sérias limitações, Bercovich et al. (1985)destacam a compatibilidade dos dados com outros levantamentos.

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36.36.36.36.36. É bom registrar que tais problemas não dizem respeito apenas ao IBGE ou que têm neste sua principal fonte originadora, como a crítica não-acadêmica comumente simplifica ou confunde. Muito se ganharia se o IBGE e outras agências estatísticas dos ministérios parassem de serconsiderados vilões da questão, e entendidos como vítimas do sucateamento do Estado e do desprestígio do Planejamento enquanto funçãoestatal, que se processa desde o Governo Figueiredo (e, de forma mais intensificada, a partir da operação “desmonte” do Governo Collor).37.37.37.37.37. Dados do questionário básico começaram a ser divulgados em agosto de 1994, período em que era finalizada a redação desta dissertação.

utilização e com opções de desagregação de infor-mações em diversos níveis, apresenta um elencolimitado de temas de consulta e cruzamentos en-tre variáveis. Felizmente, a cultura de compra e usode informações estatísticas em meios magnéticospara computador tem-se disseminado em várioscentros de pesquisa. Com isso, tem sido possívelobter dados no nível de desagregação desejadopelo pesquisador.

Sem negar os avanços conseguidos nas déca-das passadas na produção de estatísticas indicativasda realidade social, há ainda muito a ser feito noaprimoramento do Sistema Estatístico Nacional emesmo na recuperação de parte do status e exce-lência que outrora desfrutou. Atrasos na publica-ção dos resultados dos levantamentos, falta de atu-alização das estimativas oficiais de população noperíodo intercensitário, descontinuidades das sé-ries históricas, lacunas na produção de dados paraalgumas temáticas sociodemográficas e na perio-dicidade desejável, duplicidade de registros e pes-quisas para outras temáticas, falta de cobertura edetalhamento geográfico das informações,inexistência de facilidades de acesso informatizadoà grande maioria das estatísticas produzidas,redefinições metodológicas e conceituais sem pre-servação de mecanismos que possibilitem acomparabilidade temporal dos dados, falta de apri-moramento metodológico e conceitual nas pesqui-sas pela baixa articulação com o usuário final, pe-riodicidade irregular na execução de algumas pes-quisas, adiamento e até suspensão de levantamen-tos, subenumeração e desvios de qualidade nos le-vantamentos e registros administrativos são algunsdos problemas apontados na literatura avaliadorado “estado da arte” da produção das estatísticasoficiais (Carvalho, 1990; Médici, 1990; Camarano,1990; Árias, 1988; Árias & Cordeiro, 1990; Martineet al., 1988a; Jannuzzi, 1993).36

Uma solução prUma solução prUma solução prUma solução prUma solução praaaaagmática pargmática pargmática pargmática pargmática para opera opera opera opera operacionalização daacionalização daacionalização daacionalização daacionalização da“condição de vida”:“condição de vida”:“condição de vida”:“condição de vida”:“condição de vida”: os indicador os indicador os indicador os indicador os indicadores de mores de mores de mores de mores de mortalidadetalidadetalidadetalidadetalidade

Duas deficiências do Sistema Estatístico Naci-onal tiveram impacto importante na conduçãodesta pesquisa. A primeira refere-se à não-disponi-bilidade de estatísticas amplamente desagregáveisdurante o período intercensitário. A periodicida-de decenal dos censos, as limitações na desagrega-ção do plano amostral das PNADs, a cobertura ge-ográfica limitada das PMEs – Pesquisas Mensais deEmprego deixam grandes lacunas na disponibili-dade de indicadores atualizados de várias dimen-sões socioeconômicas e demográficas para mi-crorregiões e municípios brasileiros, entre os dez(ou onze) anos que separam os censos demo-gráficos. A segunda deficiência refere-se aos atra-sos na publicação dos dados levantados num cen-so. Por quase dois anos depois da realização doúltimo censo só se pôde dispor de quantitativospopulacionais por municípios. A estrutura por ida-de e sexo nos municípios só foi divulgada maisrecentemente.37

Algumas áreas parecem mais bem servidas emtermos de estatísticas periódicas e não-defasadas,como São Paulo e alguns estados do Sul/Sudeste,mas os dados anuais disponíveis limitam-se a re-tratar a produção econômica local (valor adicio-nado calculado a partir das planilhas de recolhi-mento de ICMS), oferta de infra-estrutura urbana(ligações elétricas, telefônicas, de água e de esgo-to), de prestação de serviços de saúde (número deleitos, profissionais alocados), de prestação de ser-viços na área de educação (matrículas, docentes,evasão, reprovação), a situação das finanças públi-cas municipais ou o registro do volume de nasci-mentos e óbitos, como já mostrava o Quadro 4.Mas, de modo geral, para a maioria dos municípiosdo país e para outras dimensões sociais ou

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Tabela 21

MATRIZ DE CORRELAÇÃO DE POSTOS DE SPEARMAN ENTRE MEDIDAS DE REDISTRIBUIÇÃO E DEMORTALIDADE INFANTIL

RGs PaulistasSALDO TAXA MORTALIDADE INFANTIL

MIGRAT LIQ. 80/81 85/86 89/90

Saldo Migratório 80/91 1 .00

Tx.Líquida Migração 80/91 .94 1 .00

Mort. Infantil 1980/81 -.21 -.18 1 .00

Mort. Infantil 1985/86 -.23 -.18 .84 1 .00

Mort. Infantil 1990/91 -.02 .02 .72 .77 1 .00

38.38.38.38.38. Recentemente, verificou-se uma mostra das dificuldades metodológicas e limitações técnicas com que se tem que lidar por falta de informa-ções estatísticas microrregionais atualizadas: para delineamento do Mapa da Fome (Peliano, 1993), cujo objetivo era identificar os bolsões deindigência nos anos 90 para fins de planejamento de ações de combate à fome e miséria, foi necessário combinar dados da distribuição derendimento familiar no nível estadual fornecidos pela PNAD de 1990, com a distribuição de famílias por classe de renda nos municípios,proveniente do Censo de 1980, e com dados populacionais preliminares do Censo 91.

socioeconômicas – como nível de rendimentomédio, conforto habitacional, disponibilidade debens duráveis –, persiste a lacuna na produção deestatísticas atualizadas.38

Como, pois, colocar em prática, para fins des-te estudo, uma definição operacional abrangentedo conceito de “condição de vida” tal como o pro-posto pelos sistemas de indicadores sociais relaci-onados anteriormente? Uma saída seria abrir mãoda abrangência conceitual do termo e reduzi-lo auma ou a algumas das dimensões para as quais sedisponha de estatísticas no período em questão(1980–1991).

Nesse sentido, os primeiros candidatos são,seguramente, os indicadores de mortalidade, me-didas-síntese das condições sanitárias e ambientais,equilíbrio nutricional, de assistência médica e dosriscos à vida e à saúde prevalecentes na sociedade(Merrick, 1986), para os quais há, no caso do Esta-do de São Paulo, dados confiáveis e anualmentepublicados. Não fossem os requisitos metodo-lógicos e a complexidade operacional, a esperan-ça de vida ao nascer seria, entre os indicadores demortalidade, a proxy mais conveniente para retra-tar a “condição de vida”, por sumarizar os riscos

diferenciais de mortalidade nas diversas idades eestruturas socioeconômicas (Torres, 1984). A taxabruta de mortalidade, outra candidata a proxy da“condição de vida”, tem o inconveniente de serafetada pela estrutura etária da população (Carva-lho et al., 1990). A padronização dessas taxas se-gundo uma mesma estrutura etária, solução pre-conizada para permitir comparações longitudinaisou transversais, é uma operação que produz dife-rentes ordenações de taxas segundo a populaçãotomada como padrão.

Assim, livres do efeito da estrutura etária, e“mais indicativas do impacto dos padrões de vidasobre as condições de saúde do que as taxas rela-tivas a outros grupos etários...” (Merrick, 1986: 36),as taxas de mortalidade infantil são a medida aquiadotada para analisar a associação entre condiçãode vida e redistribuição populacional.

A análise da correlação de postos de Spearman,entre medidas de redistribuição populacional e ta-xas de mortalidade infantil em três momentos (1980/81, 1985/86 e 1989/90), mostra, porém, baixa associ-ação entre os dois conjuntos de variáveis (Tabela 21).Certamente, conspira para isso o viés introduzido,nas taxas, pela mortalidade infantil de filhos de

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Quadro 5

CLASSIFICAÇÃO DAS RGS EM REGIÕES HOMOGÊNEAS,SEGUNDO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ÓBITOS

REGIÕES HOMOGÊNEAS REGIÕES DE GOVERNO

1 São Carlos Limeira Ara raqua raRio Claro J a ú TupãS. J.Boa Vista Pres. Prudente S.J.Rio PretoCamp ina s Pirac icaba BotucatuRibeirão Preto Ass i s Bau ru

2 Mar í l i a Ca tanduva Araça tubaVotuporanga Cruzeiro DracenaSão Joaquim da Barra Ava r é FrancaTaubaté Adamant ina Guara t inguetáOurinhos Andrad ina Fernandópol isJ a l e s Barre tos

3 S o r o c a b a Itapet ininga S a n t o sSão José Campos Lins Bragança Pta.J u n d i a í Ca ragua t a tuba

4 Itapeva Regis t ro

Fonte: FUNDAP, 1983.

migrantes, em geral mais altas que as de não-migrantes.Seria de se esperar até, no caso extremo, uma associ-ação positiva entre migração e mortalidade. Não sepode afastar também a hipótese de que condiçõesde vida – medidas por indicadores de mortalidade –tenham desempenhado papel pouco importante naredistribuição populacional.

Outros indicadores de mortalidade com certatradição nos estudos sobre condições de saúde sãoas taxas específicas de mortalidade por causas. Da-das as dificuldades operacionais de trabalhar comas taxas, a opção foi por trabalhar com uma tipologiaelaborada por um grupo de trabalho da FUNDAP(1983), na qual as então 49 sub-regiões Administra-tivas do Estado foram agrupadas em quatro áreassegundo o perfil epidemiológico dos óbitos.39

Nesse trabalho, levantou-se, inicialmente, paracada uma das Sub-regiões Administrativas, o núme-

ro de óbitos, por volta de 1980, por quinze causasprincipais, Através de uma técnica estatística multi-variada – análise fatorial – este conjunto foi reduzidopara três fatores: o primeiro, referente a causas demortalidade infantil (enterites, diarréias, lesões aonascer, pneumonias, avitaminoses), indicador, por-tanto, de mortalidade por doenças e causas associ-adas ao subdesenvolvimento; o segundo, relacio-nado a mortalidade por falta de assistência médi-co-hospitalar (óbitos por causas maldefinidas); e oterceiro fator, relacionado a doenças do desenvol-vimento (doenças do coração, cérebro-vasculares,acidentes etc.).

Por meio da aplicação de outra técnica esta-tística multivariada – análise de agrupamentos –sobre os escores fatoriais, as unidades administra-tivas foram “tipologizadas” em quatro grupos, comomostra o Quadro 5.

39.39.39.39.39. A instituição da base territorial, composta de 42 Regiões de Governo, além da Região Metropolitana, deu-se a partir de 1984, posterior, pois,à data de elaboração do referido trabalho. Em que pese o fato de algumas unidades administrativas terem sido agrupadas e outras redefinidasespacialmente, há uma boa compatibilidade territorial entre a grande maioria das antigas Sub-regiões e as atuais Regiões de Governo. Esse fatodá uma segurança adicional na transposição, aqui efetuada, da classificação das Sub-regiões Administrativas para as RGs.

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Da primeira para a última região homogênea,crescem os índices de óbitos por doenças do sub-desenvolvimento (mortalidade infantil) e, emcontrapartida, decresce a importância dos óbitosassociados às condições prevalecentes nas regiõesdesenvolvidas (Tabela 22). As “desenvolvidas” Cam-pinas e Piracicaba estariam classificadas na RegiãoHomogênea 1, enquanto as “subdesenvolvidas”Itapeva e Registro, com altas taxas de mortalidadeinfantil e precariedade na assistência médica, per-tenceriam à Região 4. Observe-se que a situaçãoda Região 2 não aponta para um quadro epide-miológico tão moderno como se poderia suporpelo escore relativo a mortalidade infantil. EstaRegião compreende municípios do Oeste paulista,onde as condições de assistência a saúde (ou qua-lidade do preenchimento da causa-mortis no re-gistro de óbito) seriam piores.

Os resultados dos saldos migratórios nas regi-ões homogêneas não são muito consistentes. Umfator interveniente pode estar mascarando os efei-tos das condições de saúde sobre os saldos, ou,ainda, a “factibilidade” em assumir a classificaçãocomo representativa para a década pode estar com-prometida pelos progressos obtidos com a morta-lidade infantil no Estado.

A dissociação entre a intensidade migratóriae os indicadores de mortalidade não esgotam opoder explicativo das condições de vida sobre aredistribuição populacional no interior paulista nadécada passada. Além das questões relacionadas àvalidade de tais indicadores na representação das

“condições regionais de vida”, há outros proble-mas de natureza metodológica na aplicação des-tes nas análises acima apresentadas. Persiste-se,pois, na investigação “redistribuição populacionalversus condições de vida” em mais uma seção.

OutrOutrOutrOutrOutra solução pra solução pra solução pra solução pra solução praaaaagmática pargmática pargmática pargmática pargmática para opera opera opera opera operacionalização dasacionalização dasacionalização dasacionalização dasacionalização dascondições de vida: índice sintético de condição de vidacondições de vida: índice sintético de condição de vidacondições de vida: índice sintético de condição de vidacondições de vida: índice sintético de condição de vidacondições de vida: índice sintético de condição de vida

Sem abrir mão da abrangência conceitual daexpressão “condição de vida”, mas incorrendo emoutros problemas, pode-se operacionalizar a análi-se da redistribuição populacional segundo as con-dições de vida a partir do já citado estudo daFUNDAP (1983).

Além da tipologia baseada no perfil epide-miológico dos óbitos (Tabela 23), neste trabalhoas 49 Sub-regiões Administrativas do Estado de SãoPaulo foram agrupadas em categorias homogêne-as segundo uma definição operacional abrangentede condição de vida. Para que se encontrassemessas regiões homogêneas, procedeu-se à aplica-ção da técnica de análise de agrupamentos em umconjunto de oito índices, associados às condiçõesde infra-estrutura urbana (dois fatores), posse debens de consumo, arrecadação tributária, assistên-cia à saúde, modernização agrícola, prevalência dePEA rural e escolarização. Esses índices foram pro-duzidos a partir de uma análise fatorial prévia, sobuma lista de vinte indicadores socioeconômicoslevantados por diversas fontes por volta de 1980.Como resultado, chegou-se à constituição de cin-

Tabela 22

ÍNDICES MÉDIOS DAS REGIÕES HOMOGÊNEAS QUANTO AO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ÓBITOS

ÍNDICE REGIÕES HOMOGÊNEAS

1 2 3 4

Óbitos por causas da mort. infantil -0.46 -0.44 1 .28 1 .72Óbitos com causas mal definidas -0.69 0 .60 -0.57 2 .11Óbitos por doenças desenvolvimento 0 .85 -0.17 -0.47 -2.62

Fonte : FUNDAP,1983.

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Quadro 6

CLASSIFICAÇÃO DAS RGs NAS REGIÕES HOMOGÊNEAS,SEGUNDO CONDIÇÕES DE VIDA

REGIÕES HOMOGÊNEAS REGIÕES DE GOVERNO

1 S a n t o s

2 Cruzeiro Camp ina s S.Joaquim BarraGuara t inguetá J u n d i a í LimeiraTaubaté Caragua t a tuba Pirac icabaBragança Pta. S.José Campos S o r o c a b a

3 Bau ru São Carlos LinsBarre tos Ara raqua ra Presidente PrudenteRibeirão Preto Mar í l i a BotucatuFranca Ass i s São João Boa VistaRio Claro Andrad ina São José Rio PretoJ a ú Tupã Araça tuba

4 J a l e s Ourinhos Adamant inaDracena Ava r é Ca tanduvaFernandópol is Itapet ininga Votuporanga

5 Itapeva Regis t ro

Fonte: FUNDAP, 1983.

co grupos homogêneos (Quadro 6), diferenciáveis,sobretudo, pelos índices vinculados às dimensõesmais estruturais e relacionados à especializaçãoeconômica das Sub-regiões (arrecadação tributá-ria, prevalência de PEA rural e posse de bens deconsumo, nesta ordem). Na Tabela 24 apresentam-se os valores médios atingidos por esses três índi-ces nas cinco regiões homogêneas.

A Região 1, que congrega as Sub-regiões Ad-ministrativas de Santos e São Paulo (não incluídaneste estudo), apresenta maiores índices de arre-cadação tributária e de bens de consumo (e amenor prevalência de PEA rural). Numa escalavalorativa, essa região apresentaria condições devida melhores que, por exemplo, a Região Homo-gênea 5, onde se classifica a Sub-região do Vale do

Tabela 23

MIGRAÇÃO NAS REGIÕES HOMOGÊNEAS QUANTOAO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ÓBITOS

REGIÕES N POPULAÇÃO SALDO TX.MIG.LIQ.HOMOGÊNEAS 1 9 8 5 MIGRATÓRIO

1 1 5 6.341.918 606.501 95 .62 1 7 3.488.152 -73.023 -20.93 8 3.781.458 365.353 96 .64 2 484.722 -38.501 -79.4Total 4 2 14.096.250 860.330

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Tabela 24

ÍNDICES MÉDIOS DAS REGIÕES HOMOGÊNEASQUANTO ÀS CONDIÇÕES DE VIDA

ÍNDICE REGIÕES HOMOGÊNEAS

1 2 3 4 5

Arrecadação Tributária 3 .15 0 .57 -0.07 -0.65 -1.29Prevalência PEA Rural -1.68 -0.85 -0.11 1 .00 1 .51Bens de Consumo 1.98 0 .39 0 .23 -0.55 -1.99

Fonte: FUNDAP 1983

Ribeira, ou mesmo qualquer outra. Como aponta avariação dos valores médios atingidos pelos índi-ces, as condições de vida da população ficariampiores do grupo homogêneo 1 para o 5.

A utilização dessa tipologia de condição devida pode ser questionada em três aspectos. O pri-meiro deles refere-se à validade metodológica datipologia de “condição de vida” em que indicado-res de natureza intrinsecamente econômica (arre-cadação tributária e prevalência de PEA rural) têmpoderes discriminatórios decisivos. Tal viéseconomicista não levaria os resultados a aponta-rem a já discutida associação redistribuição X es-trutura econômica regional? A segunda questão dizrespeito à própria validade de se computar umíndice a partir de indicadores de naturezas e esca-las tão diferentes como os usados no trabalho daFUNDAP. Sintetizar em um único índice de quali-dade de vida indicadores de saúde, nível educaci-onal, cultural, de criminalidade, de oferta de infra-estrutura urbana disponíveis nas diversas localida-des pode ser de pouca utilidade prática, como ar-gumenta Carley (1985: 103-112), em função dasvalorações diferenciadas de cada aspecto da “qua-lidade de vida” por parte do pesquisador, da popu-lação ou administrador público.

Por fim, há a questão da validade temporaldessa classificação regional durante os anos 80. Asevidências para garantir essa validade, ao longo dosanos 80, são bem mais fracas que aquelas discuti-das para a classificação regional segundo o perfilocupacional. Os recursos orçamentários das pre-feituras aumentaram ao longo dos 70 e 80 , e de

forma ainda mais intensa após a promulgação daConstituição de 1988 (Serra & Afonso, 1989; Daniel1988), tornando realidade a formulação eimplementação de políticas públicas em nívelmunicipal, em localidades grandes e em algumasmédias. A mortalidade infantil no Interior caiu,entre 1980 e 1991, de 50 por mil para 25 óbitospor mil nascidos vivos (Fundação SEADE, 1992a).Algumas cidades despontaram como centros im-portantes de consumo, a ponto de constituíremuma “Califórnia” em plena “Belíndia” brasileira.(Vide Exame, 26 maio 1993). Enfim, parece haverevidências de que o padrão de diferenciais regio-nais nas condições de vida sofreu modificação nodecênio 80–90, levando-nos a tomar a referida clas-sificação com mais cautela.

Como mostra a Tabela 25 , os saldos migratóri-os são positivos nas regiões com condições de vidamelhores, e negativos na outra situação. Com ex-ceção da primeira Região, as taxas de migração lí-quida mostram um padrão consistente: pior a con-dição de vida, maiores indícios de emigração; me-lhor a condição de vida, maiores indícios de ab-sorção de migrantes.

Concluindo, diferenciais de condições de vida,no sentido aqui operacionalizado, mostram-se re-levantes para explicar o novo padrão de distribui-ção populacional nas regiões do interior paulista.Não apenas a busca de empregos (ou melhoressalários), mas também de melhores condiçõesmateriais de vida, no sentido economicista aquiadotado, parece ter mobilizado contingentespopulacionais expressivos pelo Interior.

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Tabela 25

MIGRAÇÃO NAS REGIÕES HOMOGÊNEAS QUANTOÀS CONDIÇÕES DE VIDA

REGIÕES N POPULAÇÃO SALDO TX.MIG.LIQ.HOMOGÊNEAS 1 9 8 5 MIGRATÓRIO

1 1 1064181 52232 49 .02 1 2 5.550.465 658. .370 119 .03 1 8 5.553.939 271.693 49 .04 9 1.442.944 -83..464 -58.05 2 484.722 -38..501 -79.0

14.096.250 860.330

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CONCLUSÃO

A REDISTRIBA REDISTRIBA REDISTRIBA REDISTRIBA REDISTRIBUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULAUIÇÃO POPULACIONCIONCIONCIONCIONAL E SEUSAL E SEUSAL E SEUSAL E SEUSAL E SEUSDETERMINDETERMINDETERMINDETERMINDETERMINANTES ESTRANTES ESTRANTES ESTRANTES ESTRANTES ESTRUTURAIS:UTURAIS:UTURAIS:UTURAIS:UTURAIS: UMA SÍNTESE UMA SÍNTESE UMA SÍNTESE UMA SÍNTESE UMA SÍNTESECONCLUSIVCONCLUSIVCONCLUSIVCONCLUSIVCONCLUSIVAAAAA

Revertendo a tendência histórica de acumu-lar um balanço migratório volumoso e positivo, oEstado de São Paulo passou a apresentar, na últimadécada, um saldo migratório de apenas meio mi-lhão de pessoas. O quadro seria ainda mais distin-to, não fosse o aumento do saldo migratório doInterior. Neste, em termos mais desagregados, hou-ve uma desaceleração no ritmo de crescimentodas regiões que mais se expandiam nos anos 70,como Campinas, Santos e São José dos Campos.Em contrapartida, as regiões a oeste e a norte pas-saram a ostentar balanços positivos ou, no míni-mo, menos negativos, de migração. Na região cen-tral do Estado, as tendências de intensidade positi-vas de migração dos anos 70 persistiram no perío-do seguinte. Ao sul, as RGs passaram à condiçãode centros emigratórios.

Como já apontava a literatura pertinente(Patarra et al., 1992; Cunha, 1984; Perillo, 1994),do ponto de vista estritamente demográfico, aredistribuição regional da população no interiorpaulista nos anos 80 é explicada pelas diferentesintensidades e sentidos do processo migratório aolongo do território na década. Com a homoge-neização dos níveis regionais de fecundidade e,em menor medida, dos níveis de mortalidade, erade se esperar que o componente vegetativo do

crescimento populacional tivesse pouca importân-cia na explicação do novo quadro distributivo dapopulação pelas RGs do Interior. De fato, foi de-monstrado que cerca de 70% da variabilidade dastaxas decenais de crescimento populacional dasRGs é devida à variância regional dos saldos mi-gratórios.

Do ponto de vista macroestrutural, a redis-tribuição populacional manteve, em larga medida,a associação com o processo de interiorização dodesenvolvimento econômico de décadas anterio-res, como apontado por diversos pesquisadores(Cano & Pacheco, 1989; Bógus et al., 1990a; Motta,1981). As diversas medidas de redistribuiçãopopulacional (Saldo migratório, Taxa Líquida deMigração e Taxa de Crescimento Demográfico nadécada) mostraram-se correlacionadas com o ní-vel de desenvolvimento econômico regional, me-dido pelo Valor Adicionado ou Valor Adicionadoper capita em 1985, e com o indicador de expan-são econômica na década (acréscimo percentualdo Valor Adicionado entre 1980 e 1987), fatos es-ses corroborados pela Análise de Regressão da taxalíquida de migração. Regiões de Governo de eleva-do PIB regional (“Califórnia Paulista”) ou de forteexpansão econômica no período (“Tigres “paulistas) apresentaram intensidades migratóriaselevadas e positivas. Regiões pertencentes à “Bai-xa Califórnia” ou ao grupo de Baixa Expansão ouEstagnação Econômica apresentaram intensidadesmigratórias negativas ou, pelo menos, mais baixas.

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Verificou-se ainda uma forte vinculação entremigração e especialização produtiva regional. Re-giões com migração líquida negativa são aquelasonde predomina o setor agropecuário tradicional,descapitalizado. Regiões com saldos migratóriospositivos apresentam uma PEA alocada em seto-res mais modernos, na indústria, construção civile no terciário.

Outra manifestação da vinculação do “econô-mico” com o “populacional” pode ser apreendidaatravés do papel desempenhado pela oferta denovos postos de trabalho nos saldos migratóriosregionais. Com todas as limitações dos indicado-res usados, a Path Analysis tornou bastante claro oefeito do emprego e, de maneira mais fraca, do sa-lário, na determinação dos saldos migratórios re-gionais.

O efeito dos diferenciais de condições de vidapelas RGs na redistribuição populacional não éimediatamente apreensível. A utilização de indica-dores de mortalidade como proxys das condiçõesde vida nas RGs mostrou uma baixa associaçãodestas com o comportamento migratório. Umaoutra operacionalização do conceito, menos soci-ológica e mais economicista, indicou uma associa-ção mais forte entre os diferenciais de condiçõesde vida e o novo padrão de distribuiçãopopulacional nas regiões do interior paulista.

De modo geral, este trabalho vem ao encon-tro de tendências e resultados já fartamente men-cionados na literatura dos estudos de urbanizaçãoou dinâmica populacional do Estado de São Paulo.O que ela traz de novo é a quantificação de ten-dências e de associações entre as dimensões eco-nômicas e populacionais.

Não deve deixar de ser mencionado que ométodo aqui empregado privilegiou uma análisecross-sectional da redistribuição populacional se-gundo uns poucos eixos de análise, em ummacronível de agregação. Alargar as bases teórico-metodológicas, incorporando novas dimensõesanalíticas, estender a investigação aos fluxos imigra-tórios e emigratórios e à estrutura demográfica eocupacional dos migrantes (Cunha, 1994b), traba-lhar com unidades de análise mais desagregadas e

unidades de informação em nível micro (individu-al), utilizar fontes de dados e técnicas que permi-tam incorporar uma perspectiva longitudinal doprocesso (Davanzo, 1982) são requisitos necessá-rios para se avançar no conhecimento das macroe microdeterminações da redistribuição popu-lacional na última década em São Paulo. De fato,usando dados de recente survey retrospectivo re-alizado no Estado (Pesquisa Regional por AmostraDomiciliar, no âmbito do NESUR/UNICAMP),Patarra & Baeninger (1994) assinalam a hetero-geneidade socioeconômica dos fluxos migratóri-os regionais.

Como observam os “metodólogos da pesqui-sa”, uma investigação científica pode ser conduzidasegundo diversas estratégias metodológicas, cadauma levando ao conhecimento de uma perspecti-va distinta – e mesmo antagônica – do objeto deestudo. “Métodos de pesquisa são tão diferentesentre si quanto o são os meios de transporte. Cru-zar o país a pé, de carro, ou de avião – cada tipo detransporte lhe dá uma perspectiva diferente do queseja o país” (Selltiz, 1987: 1). Os lugares e a paisa-gem são, pois, determinados pela rota e meio detransporte escolhidos. Ou ainda, como ilustra Alves(1981: 106): “Da mesma forma como [o tamanhodos] anzóis predeterminam os resultados da pes-caria, os métodos predeterminam o resultado dapesquisa”. O encaminhamento metodológico aquiempregado, ao induzir simplificações do proces-so social estudado e recortá-lo segundo alguns ei-xos de análise, só pode produzir um conjunto si-tuado e parcial de conhecimentos acerca do mes-mo. Essa é a natureza do processo de pesquisa ci-entífica. O importante é que, no processo, o via-jante, o pescador e o pesquisador adquiriram ex-periência e um conhecimento melhor dos atalhos,dos rios mais piscosos e das problemáticas a in-vestigar em uma nova empreitada.

Por fim, ainda há espaço para lembrar a dis-tância que separa o relatório da pesquisa da con-dução da pesquisa em si (Rosemberg, 1976). Nabusca de um argumento coerente e alinhavado,muitos dos pequenos estudos e inquietações tra-tados no decorrer da pesquisa – e que tomam boa

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parte do tempo – acabam não sendo incorpora-dos à monografia. Algumas sementes precisam demais tempo, água e adubo para brotar e se desen-volver.

AS POLÍTICAS PÚBLICAS À LUZ DO NOAS POLÍTICAS PÚBLICAS À LUZ DO NOAS POLÍTICAS PÚBLICAS À LUZ DO NOAS POLÍTICAS PÚBLICAS À LUZ DO NOAS POLÍTICAS PÚBLICAS À LUZ DO NOVVVVVO CENÁRIOO CENÁRIOO CENÁRIOO CENÁRIOO CENÁRIODEMOGRÁFICO PDEMOGRÁFICO PDEMOGRÁFICO PDEMOGRÁFICO PDEMOGRÁFICO PAAAAAULISTULISTULISTULISTULISTA E NA E NA E NA E NA E NAAAAACIONCIONCIONCIONCIONALALALALAL

Finalizar este trabalho – gerido no âmbito deum programa de mestrado em administração pú-blica –, sem procurar apropriar, ainda que prelimi-narmente, alguns de seus resultados para a práticado planejamento público seria uma falta imperdo-ável. Se o pesquisador das ciências exatas podedesenvolver seu trabalho com uma relativa auto-nomia e descompromisso com a sua aplicabilidadeimediata, da pesquisa de seu congênere nas ciên-cias humanas é exigida certa relevância social quejustifique sua elaboração (Kuhn, 1978). Eco (1988:24) relativiza essa posição ao propor que “todotrabalho científico, na medida em que contribuipara o desenvolvimento do conhecimento geral,tem sempre um valor político positivo”. Mas com-pleta: “Cumpre dizer que toda empresa políticacom possibilidade de êxito deve possuir uma basede seriedade científica” (p.25).

Como o campo da administração pública, as-sim como as demais ciências sociais aplicadas,encontra-se na fronteira entre o conhecimentoacadêmico-científico e a prática política, pareceudesafiador refletir sobre as repercussões do novoquadro demográfico – estadual e brasileiro – so-bre o processo de formulação de políticas públi-cas.

Essa tarefa ganha uma relevância adicional, emfunção do desconhecimento manifestado por gran-de parcela dos políticos e técnicos encarregadosda formulação de políticas públicas com relaçãoàs transformações demográficas recentes da po-pulação brasileira (Carvalho, 1994). Pelo menos éo que se pode inferir a partir da freqüência comque o “controle de natalidade” é defendido, na im-prensa, como a solução dos problemas de nossosubdesenvolvimento social e da administração dosmunicípios e estados do país. Há muito tempo

deixou de fazer parte da realidade demográficabrasileira o cenário “catastrofista” de crescimentoacima de 3% a.a., de contingente de crianças e jo-vens dobrando a cada 25 anos, de explosão demo-gráfica em São Paulo ou Rio de Janeiro e de proli-feração de outras megalópoles pelo território.

Desde meados dos anos 60, a população bra-sileira vem apresentando taxas declinantes de cres-cimento demográfico, a ponto de, no final da últi-ma década – e pela primeira vez em cinqüenta anos– apresentar um volume anual decrescente de nas-cimentos. O incremento vegetativo médio anualpassou a decrescer em números absolutos, passan-do de cerca de 2,6 milhões de pessoas por ano nadécada de 70 para 2,5 milhões no período subse-qüente.

Estima-se que, nos anos 90, a população brasi-leira esteja crescendo a um ritmo de 1,6% ao ano,10% menor que a média dos anos 80 e quase me-tade da taxa de crescimento médio anual da déca-da de 50. Com isso, a população brasileira não atin-girá, no ano 2000, os 212 milhões de pessoas pre-vistos nos anos 70, mas uma cifra 20% menor. Alémdisso, a estrutura etária começa a adquirir umaconfiguração bem diferente da prevalecente atéos anos 70. Em 1970, os menores de 15 anos re-presentavam 43% da população. Em 1991, este mes-mo grupo passou a representar 35% da popula-ção. Em contrapartida, o peso relativo das pessoasde 65 anos ou mais passou de 3% para 5% no mes-mo período (Carvalho, 1993).

Como visto no segundo capítulo, consolidan-do as tendências das décadas passadas, o Censo91 revelou um país com mais de 75% da popula-ção residindo em áreas urbanas. Mas, diferentemen-te do passado, houve uma inflexão na tendênciade concentração espacial da população brasileiranos grandes centros. Como conseqüência da crisedos anos 80 e da interiorização do desenvolvimen-to econômico, os movimentos migratórios em di-reção aos grandes centros se arrefeceram, dirigin-do-se a cidades mais próximas e médias do interi-or do território nacional.

Tais mudanças demográficas – redução donúmero de nascimentos, envelhecimento popu-

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lacional, urbanização intensa, declínio do ritmo decrescimento dos grandes municípios e novo qua-dro distributivo populacional – têm repercussõesimportantes sobre o processo de formulação depolíticas públicas, à medida que os públicos-alvodas políticas tendem a adquirir tamanhos diferen-tes e a se distribuir em outras porções do territó-rio (Chahad, 1990; Martine & Camargo, 1984; Car-valho, 1994; Jannuzzi, 1994).

É fato que, na Saúde, um número menor denascimentos alivia a pressão sobre a necessidadede expansão de serviços médicos de obstetrícia,ginecologia e pediatria, e que, na Educação, impli-ca uma redução no volume de ingressantes nascreches e escolas. Por outro lado, o aumento abso-luto e relativo da população idosa exige investi-mentos custosos para atendimento de doençasgeriátricas e degenerativas, e aumenta a demandapelos serviços previdenciários e de equipamen-tos públicos de lazer. A formação de famílias me-nores, especialmente de baixa renda, poderia sig-nificar maior conforto material e suprimento ali-mentar per capita, reduzindo ou alterando a de-manda por serviços de distribuição e suple-mentação alimentar. Altas taxas de urbanização fa-cilitam a universalização dos serviços de saúde eeducação, mas exigem investimentos crescentes e

caros em infra-estrutura de saneamento, transpor-te, habitação e lazer. A diminuição do ritmo de cres-cimento dos grandes centros urbanos pode desa-fogar a necessidade da expansão acelerada e carís-sima da oferta de serviços e equipamentos urba-nos nessas localidades. Em contrapartida, os exigi-rá em ritmo mais intenso nas cidades pequenas emédias, onde os recursos orçamentários podemser mais escassos e insuficientes para tais aportesde investimento. A emigração de contingentespopulacionais para as regiões de maior expansãoeconômica na década ou que já dispunham de umabase econômica consolidada, em busca de empre-gos e de melhores salários, ou a imigração nas re-giões de baixas condições de vida não deixam deser “soluções” conjunturais paliativas para as res-tritas políticas compensatórias do governo fede-ral e do estadual.

Em um balanço geral, é difícil avaliar se asmudanças demográficas e o novo quadro distri-butivo da população criam condições mais favorá-veis ou mais obstaculizantes à efetividade da açãosocial do Estado. Mas certamente a superação denossos seculares e recorrentes problemas do sub-desenvolvimento só vingará, de fato, quando a so-ciedade brasileira sinalizar, nas urnas, a vontadepolítica para tanto.

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