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METODOLOGIA E REDAÇÃO CIENTÍFICA NOTAS DE AULAS Notas de Aulas organizadas pelo professor da disciplina Metodologia e Redação Científica da UFMS, Teodorico Alves Sobrinho. Foram baseadas em material disponibilizado por Gilson Volpato na página www.igvec.com e em livros disponíveis no site www.bestwriting.com.br. Servem como orientação de estudo, porém a ordem de apresentação pode não seguir a ordem das aulas. Para estudo o aluno deve considerar suas anotações. Campo Grande, MS.

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METODOLOGIA E REDAÇÃO CIENTÍFICA

NOTAS DE AULAS

Notas de Aulas organizadas pelo professor da disciplina

Metodologia e Redação Científica da UFMS, Teodorico Alves

Sobrinho. Foram baseadas em material disponibilizado por Gilson

Volpato na página www.igvec.com e em livros disponíveis no site

www.bestwriting.com.br. Servem como orientação de estudo,

porém a ordem de apresentação pode não seguir a ordem das

aulas. Para estudo o aluno deve considerar suas anotações.

Campo Grande, MS.

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METODOLOGIA E REDAÇÃO CIENTÍFICA

NOTAS DE AULAS

SUMÁRIO

1. Bases indexadas: busca de periódicos, artigos e livros.

2. Ferramentas institucionais e computacionais.

3. Ciência: Bases e conceitos.

4. Pensamento Científico e Método Científico.

5. Pesquisa Científica: Tipos e Estrutura da Pesquisa. Publicação Científica.

6. Revisão de literatura.

7. Variáveis

8. Projeto de Pesquisa

9. Redação Científica: Tipologia. Bases e estratégias. Estilo científico.

10. Texto Científico: Estrutura e lógica do texto. Citações, Plágios, Falácias.

Campo Grande, MS.

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1. Bases indexadas: busca de periódicos, artigos e livros

Bases de Dados Científicos

A busca pesquisa bibliográfica em Base de Dados pode ser feita por áreas do

conhecimento, com possibilidade de acesso a Revistas, Artigos e Livros das mais

diversas áreas, de forma gratuita. A busca pode ser iniciada acessando o site da nossa

biblioteca (https://bibliotecas.ufms.br/) ou nas Bases de Dados com acesso pelo site da

biblioteca (https://bibliotecas.ufms.br/category/bases-de-dados/). Há diversas Bases de

Dados disponíveis, cada uma tem suas particularidades específicas. Recomendamos que

o aluno busque, inicialmente, o Portal de Periódicos da CAPES, caso não saiba em que

Base poderá encontrar o que deseja. No site da Biblioteca tem as principais orientações

para você realizar sua pesquisa bibliográfica, inclusive com possibilidade de participar de

treinamento gratuito. Apresentamos na sequência um resumo das principais bases de

dados disponíveis para sua pesquisa.

I Portal de Periódicos da Capes

“O Portal de Periódicos, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (Capes), é uma biblioteca virtual que reúne e disponibiliza a instituições de

ensino e pesquisa no Brasil o melhor da produção científica internacional. Ele conta com

um acervo de mais de 45 mil títulos com texto completo, 130 bases referenciais, 12

bases dedicadas exclusivamente a patentes, além de livros, enciclopédias e obras de

referência, normas técnicas, estatísticas e conteúdo audiovisual.

O Portal de Periódicos foi criado tendo em vista o déficit de acesso das bibliotecas

brasileiras à informação científica internacional, dentro da perspectiva de que seria

demasiadamente caro atualizar esse acervo com a compra de periódicos impressos para

cada uma das universidades do sistema superior de ensino federal. Foi desenvolvido

ainda com o objetivo de reduzir os desnivelamentos regionais no acesso a essa

informação no Brasil. Ele é considerado um modelo de consórcio de bibliotecas único no

mundo, pois é inteiramente financiado pelo governo brasileiro. É também a iniciativa do

gênero com a maior capilaridade no planeta, cobrindo todo o território nacional.

O Portal de Periódicos atende às demandas dos setores acadêmico, produtivo e

governamental e propicia o aumento da produção científica nacional e o crescimento da

inserção científica brasileira no exterior. É, portanto, uma ferramenta fundamental às

atribuições da Capes de fomento, avaliação e regulação dos cursos de Pós-Graduação e

desenvolvimento da pesquisa científica no Brasil.” Fonte: Portal Periódicos da Capes.

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O Portal reúne, portanto, BASES DE DADOS referenciais e textuais, patentes,

livros, estatísticas e normas técnicas, entre outros documentos nacionais e internacionais.

Você pode acessar o Portal e fazer download de textos na íntegra e acesso a referências

bibliográficas, pagas pelo Governo Federal, pelo site: www.periodicos.capes.gov.br.

Acesso: Restrito, com login. O acesso ao Portal pode ser feito da seguinte maneira:

Estando na UFMS, através da EDUROAM não há necessidade de Registro.

De casa se dá através do ACESSO REMOTO Via CAFe.

Para acessar via CAFe, usar o passaporte UFMS.

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Buscando por “Assunto” no Portal de Periódicos Capes

Buscando por “Periódico” no Portal de Periódicos Capes

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Buscando por “Base” no Portal de Periódicos Capes

Lembrar que, para ter acesso gratuito do material pesquisado, você deve acessar os periódicos SEMPRE

pelo Portal de Periódicos da CAPES.

II. Elsevier A Elsevier é uma plataforma onde pesquisadores buscam um ambiente digital no

qual ideias possam ser trocadas, examinadas e aplicadas com ferramentas que

promovam o conhecimento científico e técnico. A Elsevier permite que você encontre

dados de mais de 5.000 editoras com o uso da solução Scopus; acesse os principais

livros eletrônicos, revistas e artigos publicados pela Elsevier em Science Direct; gerencie

sua pesquisa e exiba o seu perfil por meio dos serviços gratuitos de Mendeley. Essas

plataformas facilitam a pesquisa, o acesso, a análise e o compartilhamento de dados e

conteúdo.

Scopus

O Scopus é a maior base de dados referenciais da literatura revisada por pares.

Contém, entre outros, periódicos científicos, livros e anais de congressos. Scopus oferece

acesso inigualável e contínuo a resultados de pesquisas científicas de todo o mundo.

Além da Informação, ele apresenta as ferramentas necessárias para analisá-las.

[https://www.scopus.com/]. Acesso a referências bibliográficas: restrito, com login através

do Portal de Periódicos da Capes. O que é Scopus? Visão Geral do Conteúdo em slides

tutorial de como usar a base você pode visualizar em:

www.periodicos.capes.gov.br/images/documents/TREINAMENTO_SCOPUS_PORT_AUG_2018.pdf

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Science Direct

Base de dados com publicações da Editora Elsevier e de outras editoras científicas,

cobrindo as áreas de Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Agrárias, Ciências

Exatas e da Terra, Engenharias, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Letras

e Artes.

Download de textos na íntegra e acesso a referências bibliográficas.

Acesso: Restrito, com login (Acesso através do Portal de Periódicos da Capes).

Visão Geral do Conteúdo em slides tutorial de como usar a base você pode visualizar em: http://www.periodicos.capes.gov.br/images/documents/TREINAMENTO_SCIENCE_DIRECT_PORT_AUG_2018.pdf

III. Web of Science

Base de dados referencial com resumos. Acesso a referências bibliográficas.

Acesso restrito, com login através do Portal de Periódicos da Capes. Como o

acesso é restrito, como em outras Bases, para ter acesso gratuito aos conteúdos você

deve estar logado no Portal de Periódicos da Capes.

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IV. Oasis BR

Portal brasileiro em publicações científicas em acesso aberto. O Portal Oasis BR é

um mecanismo de busca multidisciplinar que permite o acesso gratuito à produção

científica de autores vinculados a universidades e institutos de pesquisa brasileiros. Por

meio do Oasis BR é possível fazer download de teses, dissertações e artigos na íntegra

de publicações realizadas no Brasil e, também, buscas em fontes de informação

portuguesas. Site de acesso gratuito sem login: http://oasisbr.ibict.br/vufind/

V. Scielo

Scielo é uma biblioteca eletrônica que disponibiliza artigos com texto completo

(SciELO.org – Scientific Electronic Library Online, Site: http://www.scielo.org/php/index.php). O

acesso deve ser pelo Portal de Periódicos da Capes. Acesso é gratuito, sem necessidade

de login. Há também a possibilidade de acesso gratuito à livros eletrônicos no link SciELO

Livros.

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2. Ferramentas institucionais e computacional

O objetivo desta aula é apresentar as ferramentas institucionais e computacionais

necessárias à nossa vida acadêmica. Para que serve a Plataforma Lattes? Você verá que

é possível buscar artigos científicos, publicados pelo seu professor, acessando o currículo

lattes do mesmo. Verá também que é fundamental par nossa vida acadêmica participar de

rede social acadêmica. Permite, por exemplo a obtenção de artigos não disponíveis

gratuitamente em bases de dados. Qual rede social devemos participar?

Ferramentas institucionais

Plataforma Lattes

Rede social de pesquisador

Plataforma Lattes

“A Plataforma Lattes representa a experiência do CNPq na integração de bases de dados

de Currículos, de Grupos de pesquisa e de Instituições em um único Sistema de

Informações. Sua dimensão atual se estende não só às ações de planejamento, gestão e

operacionalização do fomento do CNPq, mas também de outras agências de fomento

federais e estaduais, das fundações estaduais de apoio à ciência e tecnologia, das

instituições de ensino superior e dos institutos de pesquisa. Além disso, se tornou

estratégica não só para as atividades de planejamento e gestão, mas também para a

formulação das políticas do Ministério de Ciência e Tecnologia e de outros órgãos

governamentais da área de ciência, tecnologia e inovação.

O Currículo Lattes se tornou um padrão nacional no registro da vida pregressa e atual dos

estudantes e pesquisadores do país, e é hoje adotado pela maioria das instituições de

fomento, universidades e institutos de pesquisa do País. Por sua riqueza de informações

e sua crescente confiabilidade e abrangência, se tornou elemento indispensável e

compulsório à análise de mérito e competência dos pleitos de financiamentos na área de

ciência e tecnologia.

O Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil é um inventário dos grupos em atividade no

país. Os recursos humanos constituintes dos grupos, as linhas de pesquisa e os setores

de atividade envolvidos, as especialidades do conhecimento, a produção científica,

tecnológica e artística e os padrões de interação com o setor produtivo são algumas das

informações contidas no Diretório. Os grupos estão localizados em instituições de ensino

superior, institutos de pesquisa etc. As informações individuais dos participantes dos

grupos são extraídas dos seus Currículos Lattes.

O Diretório de Instituições foi concebido para promover as organizações do Sistema

Nacional de CT&I à condição de usuárias da Plataforma Lattes. Ele registra todas e

quaisquer organizações ou entidades que estabelecem algum tipo de relacionamento com

o CNPq (instituições nas quais os estudantes e pesquisadores apoiados pelo CNPq

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desenvolvem suas atividades; instituições onde os grupos de pesquisa estão abrigados,

usuárias de serviços prestados pela Agência, como o credenciamento para importação

pela Lei 8.010/90; instituições que pleiteiam participar desses programas e serviços). A

disponibilização pública, dos dados da Plataforma na internet, dá maior transparência e

mais confiabilidade às atividades de fomento do CNPq e das agências que a utilizam,

fortalecem o intercâmbio entre pesquisadores e instituições e é fonte inesgotável de

informações para estudos e pesquisas. Na medida em que suas informações são

recorrentes e cumulativas, têm também o importante papel de preservar a memória da

atividade de pesquisa no país.” (Fonte: http://lattes.cnpq.br/)

CNPq: Plataforma Lattes

Integra em cadastro único currículos, informações de instituições e informações de

grupos de pesquisa.

Plataformas semelhantes:

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Estatísticas: Plataforma Lattes

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Cadastro: Plataforma Lattes

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Rede social de pesquisadores

As informações necessárias sobre a principal rede social de pesquisadores e acadêmicos

você pode verificar acessando o site https://www.researchgate.net. Como exemplo,

apresentamos nossa página com as especificidades e informações.

Ferramentas computacionais

Organizador de Referências bibliográficas

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Zotero

Software gerenciador de referências, gratuito e de código aberto para gerenciar

dados bibliográficos e materiais relacionados a pesquisa.

https://www.zotero.org/download/

Tutorial: http://www.seabd.bco.ufscar.br/referencia

Endnote

1. Fazer a pesquisa

2. Encontre o artigo e baixe o pdf

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3. Salve o pdf

4. Visão geral do EndNOTE

5. No organizador de referências (em FILE), importe o arquivo

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6. O artigo foi importado para a sua biblioteca

7. Cite e referencie no Word

8. Escolha as normas de citação e referências

9. Aplicação no Word: Exemplo em sala.

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3. Ciência: Bases e conceitos

A palavra “ciência” vem do latim ‘scientia’, que significa conhecimento. Seu

objetivo é conhecer nosso mundo, nosso entorno e a nós mesmos. A palavra

“conhecimento” vem do latim ‘cognoscere’, que significa saber.

Ciência = Saber O que é Ciência?

Ciência é o conhecimento ou o sistema de conhecimento que abrange verdades

gerais ou a operação de leis gerais especialmente obtidas e testadas através do método

científico. Entretanto, essas generalizações podem ser derrubadas no futuro.

Distinções entre Ciência, Filosofia, Tecnologia e Religião: buscam conhecimento,

mas com distintos fins e métodos.

A Ciência busca generalizações e se fundamenta na observação, na experimentação, na lógica e na imaginação;

A Filosofia foca no estudo do pensamento tentando explicar como conhecemos e pensamos e está ligada à Ciência;

A Tecnologia consiste na aplicação do conhecimento com um fim em particular;

A Religião busca a verdade absoluta.

A diferença é que na Ciência precisamos também de evidências para concluir. Na

Filosofia não.

O que é fazer ciência?

Fazer Ciência é fazer estudo de caso para generalizar, produzir com qualidade e

não em quantidade…é ser citado!!! Como é pobre nossa ciência! Pois, ainda propomos

artigos inserindo nome de lugar no Título e no Resumo e escrevendo conclusões no

impessoal.

Pensamentos Filosóficos

Sócrates, 470~399 aC, enfatizou o método crítico e desenvolveu o Método Dialético;

Platão, 430~350, seguiu seu mestre Sócrates com o pensamento racionalista (razão);

Aristóteles, 384~322, precursor Pensamento Empirista (mais evidente a partir séc. XVII);

Outros Pensadores: Tomas de Aquino; Francis Bacon (considerado o pai da Ciência Moderna); Kepler; Popper e Kuhn, ...

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A palavra Ciência se origina formalmente no Séc. XVII com o Pensamento

Empirista. Kant, no século XVIII, funde as duas abordagens: o pensamento racionalista e

o empirista para construção do conhecimento.

Objetivos e finalidades da Ciência

Objetivos:

Melhoria da qualidade de vida intelectual

Melhoria da qualidade de vida material

Finalidades

Novas descobertas

Novos produtos

Todo cientista é pesquisador, mas nem todo pesquisador é cientista. Para que seja

ciência, é necessário que o conhecimento produzido passe a pertencer ao conjunto de

conhecimentos já existentes.

Ciência e Filosofia

Usam a lógica, trabalham com generalizações, não têm a verdade. A noção de

objetividade absoluta não condiz com os debates da lógica da pesquisa na Filosofia da

Ciência, na Filosofia Humana e na Psicologia. Na Filosofia da Ciência, temos o debate

entre Popper e Kuhn (1960).

Popper valoriza a evidência e considera Lógica Dedutivista para fazer Ciência, rechaça a indução como processo de construção do Conhecimento

Kuhn mostra que nossas crenças gerais (PARADIGMAS) determinam ou afetam aceitação de teorias.

PARADIGMAS é o conjunto de normas e tradições dentro do qual a ciência se

move durante determinado período, em certo contexto social.

Proposta de Kuhn nos ajuda a entender nosso dia a dia na prática da Ciência:

temos ideias gerais (paradigmas) que norteiam nossa forma de interpretar o universo.

Quando mudamos de paradigma, mudamos também a teoria que aceitávamos e novas

teorias (conceitos) passam a ser aceitos. Popper defende a força dos dados na

substituição de teorias. Dicotomias: Ideias e conhecimentos x base empírica. Somos

alimentados pelos dados e pelas transformações paradigmáticas. Devemos incorporar

essas duas ideias.

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E a RELIGIÃO?

A Religião pode usar evidências empíricas como na Ciência e na Filosofia. Aceita

que o ser humano conheça uma verdade, ou seja, conhecimento verdadeiro hoje e

sempre... como verdade absoluta!

E a ARTE?

Não está preocupada com a evidência empírica, mas não a despreza. Há um

padrão que exige certa estética e que é aceito. A Ciência não está preocupada com a

estética, mas com o estilo.

Estas são, portanto, as quatro formas de pensamento humano tidas como normal

para enxergar o mundo.

FAZER CIÊNCIA É CONSTRUIR ISSO:

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4. Pensamento Científico e Método Científico

4.1 Pensamento Científico

Como a Ciência produz conhecimento?

Preceito: ser sustentado por Base Empírica universal.

Características do Pensamento Científico:

Lógico – Explicativo – Provisório – Evidências

Lógico

Mostra o que posso ou não concluir. As argumentações e formas de defender uma

ideia segue processo LÓGICO, daí falar que é um Método Racional. Em Ciência, todo

discurso conclusivo tem Lógica e Base Empírica (Literatura ou não!).

Processos Lógicos: INDUÇÃO e DEDUÇÃO

Explicativo

O Cientista faz pesquisa para explicar o mundo, quer é entender, saber como esse

mundo funciona. Entender para agir nesse mundo. Daí ser EXPLICATIVO. A ferramenta

que possui é a Ciência.

Provisório

Em ciência as verdades são provisórias. O cientista convive com incertezas,

embora tenha certeza no momento. Conhecimento científico para ser ciência tem que ser

provisório, é a verdade que aceitamos hoje, por isso agimos. Por ser provisório ele se

corrige. Ex.: a Talidomida.

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Evidências

É a informação que nos chega através dos órgãos sensoriais (sentido) e que

consideramos real. A partir dessa realidade, podemos decidir sobre hipóteses e ideias do

mundo natural. A sugestibilidade pode nos levar a aceitar ou a rejeitar evidências: ideias

ditando dados. Há necessidade de refletirmos sobre duas questões básicas: Tudo que

vemos existe? E tudo que existe pode ser detectado? Assim, podemos afirmar que:

Nem tudo que vemos realmente existe!

Nem tudo que existe pode ser detectado!

Os dados são objetivos, mas o modo que se vê é diferente!

Assim, OS DADOS NÃO DETERMINAM AS CONCLUSÕES!

O olhar de um é diferente do olhar do outro (“Objetividade subjetiva”, negada no

início da Ciência). Maneiras de melhor “objetivar” tais evidências é o uso de aparelho

sofisticado, recursos estatísticos e exame de qualidade. No entanto, sempre haverá certo

grau interpretativo. Ponto chave: o quanto a comunidade científica aceita tais evidências?

O sistema sensorial pode alterar as evidências ou conectá-las com conhecimento

anterior. O que fica da impressão empírica é resultado desses fatores. Artigos de

impacto na Ciência apresentam conclusões com base nos dados, mas extrapolam essa

base e generalizam (salto empírico).

Ciência Empírica: evidências e imaginação.

Ciência Formal: não precisa de evidências (Lógica e a Matemática).

Para um cientista empírico a lógica e a matemática são ferramentas através das

quais ele lê e enxerga o mundo. A evidência não é tão simples.

Peter Ricks, nos anos 60, afirma sobre a partícula de Deus. Mas só no ano de 2012 descobre as evidências dessa partícula. A teoria pode nascer antes!

Einstein e Newton: concepção que a luz era atraída por outros corpos. Evidência: Fotos foco eclipse: em Sobral, Ceará, e Ilha do Príncipe, África, em 1919 (posição de um planeta).

O religioso também se baseia em evidências. Se diz que conversou com Deus,

ninguém pode dizer que o que ele viu, ele não viu. Também é uma evidência, mas não é

a evidência que a Ciência usa. No entanto, a Ciência trabalha com o que ela pode pegar

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do mundo. Isso não significa que o que ela não pega existe e nem o que não pega não

existe. Assim para ser evidência é preciso ter duas características fundamentais:

INTERINDIVIDUAIS (eu vejo e você também vê agora e ao longo do tempo). A evidência tem que existir.

PERENES (mantem o resto da vida): Arquivamento e Reprodutibilidade.

A descrição da METODOLOGIA é também uma maneira de perenizar a Evidência

Científica. Assim, a PESQUISA CIENTÍFICA é a atividade que utiliza a metodologia e os

pressupostos científicos na busca de respostas a indagações, tendo por princípio o

MÉTODO CIENTÍFICO. ( PESQUISA CIENTÍFICA MÉTODO CIENTÍFICO).

Sugerimos como leitura complementar o texto sobre Pensamento Científico

disponível em: https://heros.ufms.br/curso-laec/

4.2 Método Científico

Método Científico é o conjunto de procedimentos e de direções com padrões que,

se for seguido, se consegue Conhecimento Científico válido ou aceito (conclusões).

Características do Método Científico

O Método Científico tem por princípio quatro características fundamentais:

Base empírica (baseado em evidências, contrapor ideia a fatos observáveis)

Amostragem (considerar que o todo se comporta como a parte observada)

Controle de variáveis (identificar o agente interferente)

Teste de hipótese (as suposições são testadas através de pesquisa)

A aceitação das conclusões levou a duas formas de pensar na História: a primeira

foi o Verificacionismo que busca informação no sentido de comprovar que aquilo é

verdadeiro. No entanto, verificar não garante nada, mas tentar derrubar sim. Daí surgiu o

Falsificasionismo, que é o contrário da outra corrente. O que não consigo derrubar, aceito

até que alguém derrube. O importante é tentar derrubar como diz a Filosofia de Karl

Popper (Sugestão: leia As Ideias de Popper, de Bryan Magee).

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Tipos de métodos científicos

Método indutivo: É o processo de construir generalizações universais (princípios) a partir da observação de casos particulares.

Método dedutivo: É a aplicação de princípios gerais a casos específicos.

Dedutivo

I: O tratamento biológico de efluentes orgânicos é eficiente.

II: O esgoto doméstico é efluente

orgânico.

Indutivo

I: O tratamento biológico do esgoto doméstico1 foi eficiente.

II: O tratamento biológico do esgoto

doméstico1 foi eficiente.

III: O tratamento biológico do esgoto doméstico não foi eficiente.

Conclusão: O tratamento biológico para o esgoto doméstico é eficiente.

Conclusão: O tratamento biológico para o esgoto doméstico é eficiente.

Para pensarmos: Mente científica, será que temos? Pensamos como Cientista?

Antes de tudo, precisamos entender que Ciência não traz postura de arrogância e, ainda

que “a humildade é o primeiro degrau para a sabedoria”.

COMPLEMENTO...

Reflexão sobre Conhecimento e Pensamento Cientifico

(Teodorico Alves Sobrinho, 2020)

Abordamos a escrita científica, ou a conclusão científica, dentro de um prisma

pouco convencional. Isto corresponde, ou explica, que a quebra de Paradigmas, ou de

Preconceitos, são necessários para evoluirmos. Isso não é questão de FÉ ou crença, é

questão de Lógica ou de Lógica-matemática: que é uma nova abordagem chamada

racional e lógica.

Não conseguiremos publicar em periódico internacional conclusões sem apresentar

evidências válidas (ou seja, aceitas pela comunidade internacional). Textos sem

evidências científicas são ditos “opinativos”. A Ciência não quer saber minha opinião.

Discursos sem base empírica não constroem conhecimentos científicos. Esses são o viés

e a linguagem da Ciência. Enquanto a teoria não se ajustar às evidências empíricas ela

fica no limbo (“purgatório”). A expurgação é dada pela base empírica. Neste contexto,

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devemos considerar duas correntes filosóficas sobre o conhecimento que surgiram ainda

na Idade Moderna: o Racionalismo e o Empirismo. Os racionalistas estudam o mundo a

partir do pensamento, afirmando que o conhecimento é atingido exclusivamente a partir

do raciocínio. Os empiristas, ao contrário, afirmam que devemos buscar entendimento

sobre o mundo a partir das evidências.

O Racionalismo inaugurou, à época, um modo novo de conceber e compreender o

conhecimento. Sustenta que há um tipo de conhecimento que não vem da experiência,

mas sim diretamente da razão, sendo René Descartes (1596-1650) seu principal

expoente e pensador. O pensamento racional ao introduzir a dúvida no processo do

pensamento, introduz a crítica como parte do desenvolvimento do conhecimento

científico. Outros pensadores do racionalismo são: Pascal (1623-1662); Spinoza (1632-

1677); Leibniz (1646-1716) e Friedrich Hegel (1770-1831).

O Empirismo é uma teoria que afirma que o conhecimento sobre o mundo vem

apenas da experiência sensorial. Essa tendência filosófica se desenvolveu principalmente

no Reino Unido. O empirismo causou uma grande revolução na ciência, pois graças à

valorização das experiências e do conhecimento científico, o homem passou a buscar

resultados práticos no domínio da natureza. A partir do empirismo surgiu a Metodologia

Científica. É parte fundamental do método científico que todas as hipóteses e teorias

devem ser testadas contra observações do mundo natural, em vez de descansar apenas

em um raciocínio a priori, a intuição ou revelação. Estão associados nesta corrente os

filósofos: Aristóteles, Alhazen, Avicena, Ibn Tufail, Robert Grosseteste, Guilherme de

Ockham, Francis Bacon, Thomas Hobbes, Robert Boyle, John Locke, George Berkeley,

Hermann von Helmholtz, David Hume, Leopold von Ranke, John Stuart Mill e Nicolau

Maquiavel.

A partir dessas considerações, podemos fazer algumas reflexões sobre as

contradições, preconceito e paradigmas que vivemos hoje. Percebo que há conflito de

entendimento no estilo da escrita científica devido:

i. A descrição do modelo empirista toma força com Popper e Kunh a partir dos anos

de 1960;

ii. Na década de 1970/1980 tivemos vários formadores de opinião que não tiveram

acesso à discussão do mundo da Filosofia da Ciência preconizadas por Popper e

Kunh. Enquanto que, até a década de 1960, era comum nos currículos escolares

disciplinas de Filosofia, Latim e de formação intelectual, isso não prevaleceu após

os anos de 1970.

iii. Recebermos e passamos informação que não condiz com essa postura da

Filosofia da Ciência para a Ciência.

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iv. As revistas internacionais evoluíram mais rapidamente que as nacionais que eram

geridas por editores com formação antiga. Ou seja, a massa crítica humana, que

temos a partir dos anos de 1980, reflete conceitos conflituosos e contraditórios que

entendem, ainda, que os dados são determinísticos. Ou seja, esquecem que a

construção do conhecimento perpassa os dados disponíveis. Há que considerar

as evidências cognitivas, advindas da nossa imaginação ou percepção para a

construção do conhecimento. Somente assim é possível darmos o chamado salto

além da nossa base de dados (evidências empíricas). Ou seja, como escreveu

Volpato (2017), devemos fazer ciência além da nossa visibilidade.

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5. Pesquisa Científica: Tipos e Estrutura. Publicação científica

5.1 Tipos de Pesquisa

Tipo de Pesquisa pode ser definido conforme a Base (Critérios); a Hipótese

científica formulada e as Variáveis envolvidas no estudo.

Base

A Literatura é BASE Empírica? Na citação damos a referência de onde está a base

empírica dessa informação: Que é a Literatura!

Hipótese

Resposta que não foi testada. RESPOSTA possível de ser testada! E que será

corroborada ou refutada. E a CONCLUSÃO? Também é uma RESPOSTA, mas

provisória. É a HIPÓTESE testada!

Variáveis

VARIÁVEL é tudo que pode ser abordado pelo método empírico. O que o cientista

pode fazer com as variáveis? Podemos Caracterizar as variáveis e estudar Relações

entre as variáveis.

Caracterizar significa dizer o que ela é. Exemplos:

Caracterizar a altura da população. Pegamos amostras representativas e medimos as alturas dos indivíduos. Estou caracterizando a variável altura.

Walson & Crich, em 1953, caracterizaram a Molécula de DNA.

O cientista pode ainda identificar e estudar RELAÇÕES entre variáveis e perceber

que o comportamento de uma variável tem alguma relação com outra variável.

Se uma variável aumenta, a outra também

(relação direta) ou, se uma aumenta e a outra

reduz (relação indireta).

Não importa como abordamos as variáveis. Podemos abordar pelos lados

Quantitativo ou Qualitativo. O importante é que estamos trabalhando com duas ou mais

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variáveis e vendo as relações entre elas. Não estou preocupado agora em caracterizá-las,

mas saber como se relacionam. E o mais importante nisso, é que há APENAS DOIS tipos

de relações entre as variáveis: Associação com interferência e sem interferência.

Dessa forma podemos definir três Tipos Lógicos de Pesquisa:

Pesquisa de Caracterização

Pesquisa de Associação sem interferência e,

Pesquisa de Associação com interferência.

i. Pesquisa Caracterização

Este tipo de pesquisa não precisa de hipótese (a essência é descrever algo). Os

objetivos deste tipo de pesquisa são: caracterizar..., relatar ...

ii. Pesquisa de Associação SEM interferência

Este tipo de pesquisa precisa de hipótese, pois iremos testar as hipóteses de

associação entre as variáveis, podendo admitir interferência, ou não, entre elas. Os

objetivos deste tipo de pesquisa são, entre outros:

“Testar se existe associação entre X e Y”

“Avaliar se X está negativamente ou positivamente associado a Y”

“Investigar se X é um bom indicador de Y”

Como desafio, tente buscar em artigos científicos de sua área de interesse

exemplos de objetivos para esse tipo de pesquisa. Tente formular situações de pesquisa

de associação sem interferência. Fica como sugestão de leitura o artigo de Matthews R.

Storks deliver babies (p = 0.008). Teachinng Statistics 22(2): 36-8, 2000.

iii. Pesquisa de Associação COM interferência

Para este tipo de pesquisa também precisamos de hipótese. Como exemplo de

objetivo deste tipo de pesquisa:

Avaliar se X afeta (ou interfere) Y

Testaremos aqui: se X aumenta Y; se X diminui Y ou se X abole Y.

Exemplo: dentro do tema Fisioterapia, podemos estar interessados em testar se há

efeito do número de sessões de fisioterapia na recuperação da função de determinado

órgão do corpo. Ou seja, nosso objetivo seria: avaliar se o número de sessões de

fisioterapia afeta a recuperação da função de movimento de um membro do corpo

humano. Este tipo de objetivo parte da premissa que a primeira variável (número de

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sessões de fisioterapia) interfere na segunda (movimento de um membro). Portanto,

podemos classificar este tipo de pesquisa como de Associação com interferência.

O cientista pode fazer pouca coisa, mas ele caracteriza coisas do mundo, que são

as variáveis, e estuda a relação entre elas. Com isso ele constrói todo o conhecimento

científico. Veja na sequência uma figura ilustrativa sobre os tipos de pesquisa na Ciência.

(Fonte: IGVEC, 2019)

5.2 Estrutura da Pesquisa Científica

A Pesquisa Científica responde perguntas usando o Método Científico. Assim,

pesquisa científica é toda atividade que utiliza o método científico na busca de

respostas. Dessa forma, a pesquisa científica é estruturada a partir de uma pergunta!

Portanto, não há pesquisa se não há pergunta! A qualidade da pesquisa científica

depende do planejamento. Comece então com um bom projeto de pesquisa!

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O planejamento da pesquisa permite a previsão das etapas e situações da

pesquisa. A lógica da pesquisa é garantir que os objetivos sejam atingidos. O projeto é o

planejamento de toda pesquisa científica, ou seja, é a estrutura básica da pesquisa

científica, permitindo a previsão de suas etapas e situações.

Delineamento da Pesquisa

O que é o delineamento? É a estratégia intelectual abstrata, sem incluir detalhes,

para: caracterizar uma amostra, ou testar uma hipótese. Delineamento é estratégia e não

estatística. O delineamento prevê peculiaridades da amostragem. Para cada tipo de

pesquisa há um delineamento específico:

Pesquisa de Caracterização:

Apresentar variáveis a serem descritas

Definir tamanho da amostra de estudo

Definir estratégia para obter a amostra sem viés.

Pesquisa de Associação (com hipótese):

Quais são as variáveis envolvidas?

Como irá obter as variações das variáveis?

Qual é o tamanho das amostras?

Como as variáveis podem estar relacionadas: com ou sem interferência?

Etapas da Pesquisa Científica

Ao propor uma Pesquisa Científica, devemos considerar as seguintes etapas:

1. Escolha do

tema

2. Estado da

Arte

4. Justificativa5. Determinação

de objetivos6. Metodologia

7. Coleta

de dados

8. Análise de

resultados9. Conclusão

10. Publicação e

Divulgação

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Escolha do tema da pesquisa: Perguntas e Hipóteses

Fazendo Perguntas

Toda Pesquisa começa com uma pergunta que direciona o objetivo geral e pode

nos levar aos objetivos específicos. A Ciência responde nossas perguntas, nossas

indagações sobre o mundo. Assim o cientista deve estar sempre fazendo perguntas.

Pergunta relevante aumenta a chance de termos objetivos robustos. Que perguntas

fazemos? Vejamos as possíveis situações:

1ª O que é isso? Tipo de pergunta característica de Pesquisa de Caracterização. Por exemplo, quero saber qual é o perfil econômico dos brasileiros? A resposta vai ser uma caracterização da minha variável.

2ª O que isso causa (afeta)?

3ª O que afeta isso?

4ª Qual o mecanismo envolvido?

No processo criativo NÃO há regras. Mas tem algumas normalizações que facilita o

começar. Vejamos então, ao perguntar considerar:

A experiência com o tema: ler trabalhos e descobrir lacunas;

O que os cientistas estão registrando? (Revisão de Literatura)

Quais as questões que restam? O desafio: qual a pergunta sobre o TEMA que ainda não tem resposta? Devemos ter, para isso alguns cuidados, pois há palavras que nos enganam. Vejamos os termos: Por Quê? e Como? Perguntas com estes termos podem ter as seguintes interpretações:

Pensar no Por quê:

i. Enquanto Causa: Por quê isso aconteceu? ii. Enquanto Mecanismo: Qual é o caminho ou como isso ocorre? iii. Enquanto Finalidade: Qual é a finalidade?

Ex.: A cor azul teve um efeito analgésico no individuo. Quero saber por que ou

como o azul fez isso? Aqui, o mecanismo é o foco.

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Hipóteses

Como vimos, toda pesquisa começa com uma pergunta. Sabemos que para cada

pergunta temos uma resposta ou afirmação possível. Essa resposta provisória, que ainda

não foi testada, corresponde à hipótese da nossa pesquisa. Ao final é essa hipótese que

testamos. O teste pode nos induzir a NEGAR ou ACEITAR minha hipótese. Ela é teórica,

pois nos diz se ficamos ou não com a ideia. Temos, contudo, de entender que o aceite é

sempre provisório, pois é o status da Ciência. Acima da hipótese temos a Tese, que

poderia ser denominada de Hipótese mais ampla. Quando temos duas comparações, a

mais geral é a Tese e a mais específica é a Hipótese. Para defender uma tese preciso

muitas vezes de hipóteses específicas.

Apesar de que toda pesquisa ser delineada por uma pergunta e possamos elaborar

uma hipótese, nem sempre a hipótese é uma boa ferramenta. Ou seja, há casos em que

não é preciso de hipótese. Por exemplo, veja a seguinte pergunta: “o que os universitários

brasileiros pensam sobre o aquecimento global”? Possível Hipótese: “Pensam que se

deve à ação do homem”. Após levantamento junto aos universitários, detectamos que, na

resposta, em geral pensam que é fenômeno natural, independentemente da ação humana

estaria acontecendo. Que aconteceu com minha HIPÓTESE? NEGADA pela pesquisa. Eu

tenho a resposta desejada? Sim. Preciso fazer outra HIPÓTESE? Seguramente que NÃO.

Então, se negando ou corroborando a hipótese eu tenho a resposta, não preciso de

hipótese. Ou seja, se a hipótese testada responde à pergunta nos dois casos não há

necessidade de hipótese neste tipo de pesquisa. Por isso, então, nem sempre a hipótese

é uma boa ferramenta.

Sabemos agora como fazer Perguntas e quando preciso de Hipótese ou não.

Dessa forma escolhemos e delimitamos nosso tema de pesquisa.

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5.3 Publicação Científica

Publicar é o compromisso social da ciência, pois os resultados das pesquisas

científicas devem se tornar confiáveis e acessíveis. A publicação científica consiste na

divulgação de ideias com embasamento empírico. A essência de um trabalho publicável

como artigo científico, é a sua conclusão fundamentada com argumentação e inovadora.

Na Pesquisa Científica buscamos evidências e concluímos!

Na Publicação Científica divulgamos Conclusões!

Por que publicar?

Em que consiste a publicação científica?

Qual é a essência de um trabalho científico?

O cientista tem, portanto, o compromisso de publicar suas descobertas científicas.

Para tanto deve escolher a melhor revista científica, considerando a novidade de seu

estudo. Após a publicação, deve divulgar o trabalho, para que tenha o maior alcance. Há

diversas possibilidades para a publicação: Anais de Congressos; apresentações em

congressos, simpósios e encontros científicos; em revistas científicas; revistas de

divulgação científica e outros meios de comunicação: entrevistas em rádio e televisão,

jornais, mídias socias e científicas na internet.

Qual a diferença entre revista científica e de divulgação científica? O autor da

pesquisa publica suas conclusões diretamente em Revistas Científicas. Já nas revistas de

Divulgação Científica, jornalistas reportam resultados de pesquisas científicas em

linguagem mais acessível ao público geral.

Tipos de publicações:

Livro: Caráter didático e visão ampla do assunto ou tema

Tese: estudo ancorado por hipóteses ou não, onde o pós-graduando defende uma ideia original (Doutorado – Stricto Senso)

Dissertação: o pós-graduando desenvolve e concluir o tema (Mestrado)

Monografia: documento para cumprir as exigências do projeto pedagógico de curso (Graduação) ou para obter o título de especialista (Lato Senso)

Review: Artigo de alta qualidade conceitual em que se esgota a literatura do tema com conclusões originais (não confundir com revisão de literatura).

Artigo completo: Apresenta dados inéditos e responde sobre determinado problema, demonstrando o mecanismo envolvido no processo

Artigo curto (Short communications): Defende superficialmente ideia original

Estudo de caso: São artigos científicos que descrevem a observação de experiências reais locais ou situações específicas (caso)

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Resumo expandido: É o resumo maior (miniatura do artigo), que tenta explicar as conclusões do trabalho (normalmente até 5 páginas) para publicação em Anais de Congressos.

Geralmente os trabalhos de conclusão de curso (Tese, Dissertação ou

Monografias) e os resumos expandidos são reescritos, em formato de artigo científico,

visando a publicação em revistas científicas. Assim, é possível dar maior alcance e

visibilidade ao trabalho produzido. As revistas científicas, também conhecidas como

Periódicos, podem ser classificadas em quatro níveis: Internacional (com alto fator de

impacto entre as diversas especialidades); Internacional (com impacto dentro de uma

especialidade); Regionais (com baixo fator de impacto) e Regionais (sem fator de

impacto). (Figura).

(Fonte: IGVEC)

Toda Revista Internacional publica artigos de autores de vários países e são

citadas por autores de vários países. A Internacional de alto impacto (High Impact

Journals) é altamente impactante na academia, seja por publicarem textos de diversas

especialidades ou por divulgarem assuntos de interesse a diversas áreas. A Internacional

de impacto (Impact Journals) publica temas de área específica, também têm impacto na

academia, mas é requisitada apenas por determinada especialidade. As demais são

regionais. As revistas denominadas Regionais de baixo impacto (Low Impact

Journals) são requisitadas principalmente numa região, seja um país, um continente ou

algo similar. As Regionais sem impacto (No Impact Journals) são requisitas apenas

por um grupo restrito de cientistas, geralmente ultrapassando pouco as fronteiras de

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determinada instituição. O nível de novidade, e de fazer Ciência, cresce do nível de

revista regional para internacional, (Figura).

Devemos entender que o Manuscrito é o texto científico como proposta do autor

para publicação. Difere, portanto, de artigo que é um texto que foi aceito ou publicado em

determinado periódico. Devemos, assim, buscar publicar em periódicos internacionais de

linguagem universalizada. Os principais requisitos, exigidos pelos editores de periódicos

Internacional, são que: tenham novidade nas Conclusões; possuam Metodologia Robusta

e com Resultados evidentes.

Bases de avaliação de revistas científicas

A Web of Science é a única plataforma que calcula o fator de impacto das revistas, classificando-as quanto ao seu impacto na ciência. As métricas das revistas são realizadas pelo CiteScore – padrão que mede o impacto da citação em série na plataforma Scopus

(editora Elsevier). Podem ser encontradas no site da Scopus na seção Sources:

https://www.scopus.com/sources?zone=TopNavBar&origin=NO%20ORIGIN%20DEFINED.

O CiteScore calcula as citações de todos os documentos no primeiro ano para os documentos publicados nos três anos anteriores para um título. Por exemplo: para calcular um valor de 2018, o CiteScore conta as citações recebidas em 2018 para os documentos publicados em 2015, 2016 e 2017. Este número é dividido pela quantidade de documentos indexados no Scopus, publicados em 2015, 2016 e 2017.

FONTE: https://www.scopus.com/sources?zone=TopNavBar&origin=sbrowse

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Assim, o cálculo do Fator de impacto de 2018 (divulgado em 2019) foi calculado

pela relação:

FI = (No Citações 2017) / (No. Artigos 2015 + 2016)

De acordo com os registros mais recentes, as dez revistas científicas com maior

quantidade de citações são:

1. Scientific Reports [2045-2322] 2. PLoS ONE [1932-6203] 3. Nature Communications [2041-1723] 4. Nature [0028-0836] 5. Journal of the American Chemical Society [0002-7863] 6. ACS Applied Materials & Interfaces [1944-8244] 7. RSC Advances [2046-2069] 8. Science [0036-8075] 9. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America

[0027-8424] 10. Angewandte Chemie International Edition [1433-7851]

[Os números entre colchetes correspondem ao código ISSN de cada publicação]

Além do recurso utilizado para chegar a lista, dentro da ferramenta há outras opções

de filtros para verificar a colocação das publicações, permitindo que o usuário explore a gama

de métricas para um grupo de títulos, como periódicos open access, tema ou editor

específico. Além das revistas científicas, o CiteScore cobre séries de livros, procedimentos de

conferência e revistas de mercado.

Qualis Capes

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), no

Brasil, possui um sistema de classificação da qualidade dos periódicos denominado

Qualis. O Qualis Capes é um sistema que faz a classificação da produção científica dos

programas de pós-graduação brasileiros, no que diz respeito aos artigos publicados em

diversos periódicos, revistas, anais e livros científicos, englobando todas as áreas do

conhecimento. Qualis Capes (A1, A2, A3, A4, B1, B2...).

http://www.capes.gov.br/acessoainformacao/perguntas-frequentes/avaliacao-da-

pos-graduacao/7422-qualis

https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQ

ualis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf

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Escolha da revista

A dúvida que a maioria das pessoas tem é de como escolher a revista para enviar

o manuscrito. Na busca de difundir o conhecimento da pesquisa é necessário selecionar o

meio de comunicação mais adequado e de acesso a maior parcela da comunidade

científica. Para a escolha das melhores revistas devemos consultar seu fator de impacto e

analisar o escopo de cada periódico nas principais bases de dados (Capítulo 1).

Ou seja, para a escolha da revista devemos examinar se o tema do manuscrito

está de acordo com a revista (ler artigos já publicados na revista). Lembre-se que das

citações no manuscrito ao menos uma é potencial para enviar seu manuscrito. Devemos

ainda, no processo de escolha: verificar o fator de impacto da revista (noção do grau de

novidade esperado); verificar se a revista exige pagamento antecipado para publicar e

possui sistema de revisão por pares e submeter primeiro em revistas de melhor impacto.

Normalmente a submissão é online. Devemos evitar de enviar manuscritos para

revistas que não aceitam submissão de forma online. Geralmente são periódicos de baixo

fator de impacto, às vezes denominados como literatura cinza. Geralmente as normas

para publicação são definidas pela editora da revista, e consiste em regras de formatação,

paginação, documentos e demais exigências de padronização para adequar o manuscrito

para a editoração. Daí não devemos preocupar com normas da ABNT em nossos

manuscritos. A submissão do manuscrito para a revista consiste no envio do manuscrito

para o editor responsável pela revista científica. Ao enviar nosso manuscrito devemos,

também, encaminhar uma Carta ao Editor. Mas como fazer? não pode ser longa; deve

conter a principal novidade do estudo; para manuscrito em inglês, mencionar que foi

realizada revisão; ser claro e objetivo. Segue exemplo de carta.

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A avaliação do manuscrito pelos revisores normalmente é feita da seguinte forma:

O manuscrito se for negado pelo Editor, devemos analisar o motivo e, após

reestruturado, podemos enviar para outra revista.

COMPLEMENTO...

EVENTO CIENTÍFICO Pergunta: O que seria correto enviar para um evento científico como resumo? Algo

relacionado a um trabalho já publicado? Parte do trabalho que não será publicado? Ou não há problema em publicar o que já foi apresentado em evento (já não seria original)?

Resposta:

Tradicionalmente, os congressos divulgavam trabalhos completos ou incompletos, cuja função era debater com a comunidade. Nas últimas décadas, aumentou drasticamente a apresentação de trabalhos já aceitos ou publicados em revistas científicas. Trata-se de uma mudança de visão, onde o objetivo é mais mostrar para a comunidade o que estamos fazendo e menos receber dela contribuições para agregar valor no trabalho.

As disputas frequentes e mais recentes sobre autorias e também as discussões sobre plágio têm colocado alguns empecilhos para publicações integrais em congressos. Mesmo assim, a publicação do estudo concluído continua sendo o mais comum. Vamos analisar a partir da lógica do problema e dos elementos de ciência que conhecemos.

Se seu trabalho será publicado nos anais do congresso, de forma completa, sendo ele também um estudo completamente já concluído, como essa publicação ficará na internet poderá haver sobreposição se submeter um texto muito parecido ao do congresso. Porém, do ponto de vista científico, a informação principal do estudo, que são

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as conclusões, já estão liberadas para a comunidade científica. Isso realmente soa estranho. Mas é tudo muito complicado, pois para se conseguir apoio para ir aos congressos temos que apresentar trabalhos bem estruturados e concluídos. Se tiver a oportunidade de publicar apenas o resumo no congresso, evitará várias questões complexas. Afinal, um resumo jamais substitui o artigo, pois só neste existe toda a fundamentação dos autores. O resumo é apenas uma “carta de intenções dos autores”.

Uma questão similar ajuda para nossas ponderações. Na revista Science, se você tiver um artigo aceito, mas ainda não publicado, e o divulgar amplamente pela mídia, ele não será publicado. Se, por outro lado, você fizer uma apresentação dele num congresso (que é sempre um evento restrito), a publicação não será cancelada. Essa publicação está também garantida, mesmo que algum repórter assista sua apresentação e faça uma grande divulgação dos seus achados na mídia em geral, pois não foi uma falha dos autores. Isso nos mostra que deveria haver muito bom senso para analisar a questão.

Num congresso não devemos levar estudos que sabemos que não serão publicados. Se não serve para publicar, então deve ter algum erro ou mesmo falta de ciência. Nesse caso, não serve para a publicação e nem mesmo para o congresso. O mesmo vale para estudos já publicados. Não há muita razão para leva-los ao congresso, exceto para conseguir o auxílio ou mesmo mostrar seu cartão postal. Devemos levar estudos na concepção de que a discussão possa trazer acréscimos, ou mesmo um primeiro teste, para o discurso elaborado. Há áreas em que os trabalhos publicados em congresso contam como se fossem a própria publicação. Independentemente dessas concepções de área, aconselhamos levar a congressos estudos conclusivos, ainda não publicados, podendo estar em submissão, ou não, pois ainda terão chance de receber acréscimos. Em algumas áreas, o roubo de ideias é real, o que pode levar a pesquisadores só irem aos congressos com artigos publicados ou aceitos para publicação. Seria uma defesa, mas não é o padrão, mesmo porque nem toda área tem alta velocidade de produção de conhecimento, o que dá certo tempo para o cientista ir ao congresso e ainda conseguir a publicação antes que algum pesquisador o copie.

O objetivo de irmos a congressos é, de um lado, ficarmos conhecidos na área e, de outro, testarmos a força de nossos estudos. Se puder, evite publicação de textos completos nos congressos, principalmente se forem em inglês, onde se espera que sua pesquisa seja publicada. Já vimos congresso internacional cuja publicação dos resumos, incluindo resumos expandidos, atestava, no próprio texto dos estudos publicados, que não deveriam ser citados, pois eram apenas resumos expandidos (ou seja, não passaram pelo crivo de peer review e deveriam ser publicados oportunamente).

O foco central do cientista deve ser sempre a publicação em periódicos de bom nível internacional (em algumas raras áreas a publicação de livros é o veículo principal no cenário internacional). Infelizmente, solicitações de apoios financeiros têm contribuído para que o problema e dúvidas aumentem. Dentro desse mesmo escopo da pergunta, temos o caso das teses depositadas na internet. Muitas delas são construídas em formatos de artigos e algumas até mesmo já em inglês. Isso cria um problema, mas cuja solução deve ser simplesmente acabar com esse depósito aberto de testes na internet. Usando o princípio da Science esboçado acima, tese numa biblioteca, sem ser depositada na íntegra na internet, seria como um resumo e uma exposição oral num congresso.

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6. Revisão de literatura

Revisão de literatura, ou revisão bibliográfica, é a atividade de busca sobre

determinado tema em referências bibliográficas confiáveis tendo por fundamento: coletar

informações para construção de novas ideias; avaliar o grau de originalidade de certo

tema para pesquisa, evitando demonstração do óbvio; construir conhecimento original

com coleta de dados publicados de forma a permitir a apresentação de nova visão sobre

determinado tema (Review). Pode ser feita como Revisão de Narrativa Tradicional ou

Revisão Sistemática. O trabalho de Review envolve forte conhecimento do tema,

maturidade para trabalho com saltos conceituais a partir das evidências empíricas

disponíveis na literatura. A revisão de literatura é importante, pois ajuda o pesquisador

limitar o escopo de seu questionamento, transmite a importância do tema aos leitores

além de ser parte determinante na decisão ou seleção do tema da pesquisa

Métodos

Identificar as palavras-chave e agrupar de acordo com a lógica da pesquisa

Buscar materiais nas bases de dados científicos com os termos de busca (palavras-chave)

Relacionar os trabalhos encontrados

Ler os resumos dos trabalhos encontrados e suas conclusões para verificar se ele poderá contribuir para o trabalho

Selecionar os documentos que contribuem para o trabalho

Sintetizar (máximo 10 linhas) para cada documento o que você entendeu da leitura relacionando-a com a sua pesquisa

Desenhar um “mapa da literatura”: posicionar a sua pesquisa dentro do tema pesquisado na literatura

Resumir os artigos mais relevantes encontrados (irão contribuir para a revisão de literatura final que irá compor o trabalho)

Discutir com os supervisores e seus pares sobre sua pesquisa

Refazer o processo, se necessário

Organizar a revisão de literatura: estruturar os tópicos e conceitos relacionados com o tema

Finalizar com um resumo de quais temas na área da pesquisa foram mais pertinentes e sugerir pesquisas necessárias para a linha

Observações

A internet não é por completo uma biblioteca, então atenção!

Livros e revistas possuem editores e autores

Qualquer um pode colocar qualquer coisa na internet

Atenção para a credibilidade da fonte consultada

Saber filtrar os conteúdos de suas buscas

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Onde fazer a revisão bibliográfica? Diversas opções:

Revisão de literatura se faz de forma continua. Semanalmente os artigos vão

chegando e vamos avaliando o que interessa ou não. Para descobrir lacunas tenho que

ler trabalhos recentes, pois aí temos uma visão do que se sabe hoje e um pouco do

passado. Assim começo a entender qual é o dilema, as discussões.

6.1 Revisão Sistemática

Tipo de investigação focada em questão bem definida, que visa identificar,

selecionar, avaliar e sintetizar as evidências relevantes disponíveis. Importância:

Elevado número de estudos sobre o tema

Estratégia de manejo destes estudos com certos graus de precisão

Comparação entre técnicas para responder o mesmo problema em diferentes contextos

Identificação e minimização de vieses nas estimativas de parâmetros

Valorização de bons estudos em detrimento de estudos com metodologias duvidosas

Web of Science

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Revisões sistemáticas com meta-análise

Meta-análise é o conjunto de técnicas estatísticas desenvolvido para integrar

valores obtidos em dois ou mais estudos independentes, sobre a mesma questão de

pesquisa, combinando, em resumo, os resultados de tais estudos.

Qual é a direção do efeito/estimativa/associação?

Qual é o tamanho do efeito?

O efeito é consistente em todos os estudos?

Qual é a força de evidência para o efeito?

[Fonte: Downes, M.J., Dean, R.S., Stavisky, J.H. et al. Methods used to estimate the size of

the owned cat and dog population: a systematic review. BMC Vet Res, n. 9, 121p, 2013.]

6.2 Revisão de Narrativa Tradicional

Subjetividade

Revisões sem fonte de dados e sem avaliação da qualidade metodológica;

Geração de evidências errôneas ou com viés do pesquisador ou do editor;

Estudos são citados pelo resultado ou pela opinião do especialista;

Escolha mostram apenas resultados semelhantes falácia da busca pelas evidências científicas.

Características comuns: fluxograma

Fonte: Polanczyk, G. et al. The Worldwide Prevalence of ADHD: A Systematic Review and Metaregression Analysis. Am J Psychiatry,

n.164, 942–948p, 2007.

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Exemplo de METODOLOGIA para Revisão Sistemática

“In order to find effective interventions and policies that could be used in low-income

nations, a systematic review of published literature was conducted. This paper describes

the first stage of analysis. A search conducted using “maternal mortality” as key words and

limited to the publication years 1998-2008 resulted in 6975 titles from CINAHL and

Medline databases (see Figure 1). Two hundred and seventy-six titles were animal studies

and 5437 titles were not directly related to maternal mortality and were thus excluded from

the compilation. After further screening the abstracts of the remaining 1262 articles, those

that were not intervention studies (experimental or quasi-experimental studies) aimed at

impacting the risk of maternal death were excluded. Sixteen full text articles were

examined. The results are compiled below.”

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7. Variáveis

Conceito de variáveis

Variável é o que pode ser abordado pelo método empírico. Variável não é só o que

vemos ou que pegamos. Pode ser física ou conceitual. Material ou imaterial. Concreta ou

Conceitual. Como identificar variáveis envolvidas no estudo? O cientista estuda Variáveis

e o que pode fazer com elas. Ou seja, o cientista investiga elementos básicos que podem

ser agrupados em algo que eles têm em comum. A isso, o que têm em comum,

chamamos de Variável.

Componentes existentes no mundo ...

...agrupados em elementos comuns: Variáveis.

Podemos tomar outros exemplos: para um conjunto de pessoas a altura está

presente em todas as pessoas, embora varie entre elas. Cada pessoa é um representante

dos componentes do conjunto de componentes que forma a variável altura (indivíduos de

altura alta, baixa, média). Tomando o Desempenho Escolar (DE) como outro exemplo de

variável. Observe que DE é conceitual, cada aluno apresenta seu DE. O Desempenho

Escolar pode ser alto, baixo, satisfatório. Devemos entender que a variável transcende os

elementos. Para estudá-la tenho que estudar os elementos que a compõe, agrupados por

qualidades. Ou seja, cada Variável tem seus componentes ou elementos que a

representa. A Variável é aquilo que é geral e os componentes têm as características da

Variável. Estudamos os componentes para entender as Variáveis. Exemplo: a Variável

gênero: (Masculino - M e Feminino - F). Os componentes são os indivíduos alocados

como gênero M e como F. Como o gênero pode interferir em algum padrão, por exemplo,

altura? Tem alguma relação entre gênero e altura? ...e lembre: TODA VARIÁVEL V A R I A.!!

Pouco, mas fundamental.

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Tipos de variáveis

As variáveis são classificadas em quatro tipos: Operacionais, Teóricas;

Independentes e Dependentes (com relação de interferência). Devemos descobrir qual

é a lógica do nosso estudo, e pode haver mais de uma.

Variáveis Operacionais e Variáveis Teóricas (ou conceituais)

As Variáveis Operacionais são as que registramos diretamente (que medimos,

registramos ou que quantificamos) ou que acreditamos que registramos. Conseguimos

chegar nos elementos dela de forma mais direta. Ex.: PH. Por outro lado, as Variáveis

Teóricas ou Conceituais nós não conseguimos registrar diretamente, somente

indiretamente. Inferimos a partir das variáveis operacionais. Exemplos: Aprendizagem,

Medo, Conhecimento. Que devo registrar para indicar Aprendizagem, Medo e

Conhecimento?

Não importa a área de estudo, os conceitos são os mesmos. Ou seja, são questões

que ultrapassam áreas e especialidades. A Ciência geralmente está interessada nas

variáveis teóricas, pois é o que fica. Mas ela precisa das evidências, que são as variáveis

operacionais. As evidências são o que chamamos de Base Empírica. Ou seja: pego as

coisas que acontece no mundo para estudar esse mundo.

Variáveis de interferência

Dentre os estudos que se faz com as variáveis, um estudo muito importante é o de relação

entre as variáveis (Relações de Interferência). A relação sem interferência me permite

enxergar uma variável a partir de outra; enquanto as relações de interferência me permitem mexer

numa variável, ou seja, interfiro no mundo. Eu controlo as coisas. Por exemplo, faço o avião subir,

pois tem variáveis climáticas que interfere no comportamento dele. Neste contexto consideramos

dois tipos de variáveis: as Dependentes e as Independentes.

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O conceito que vai indicar a que CAUSA a interferência e a que SOFRE não é tão

fixo quanto parece. A variável dependente é a que sofre o efeito, enquanto a variável

independente é a que causa o efeito. Exemplo: ganho de peso. Se X afeta Y dizemos,

então, que X é a variável independente e Y a variável dependente. Quando há relação de

interferência, o efeito é o resultado, é o que vejo. O que registro para caracterizar a

variável independente não é resultado. Quando se tem relação de interferência a variável

dependente é o resultado.

A variável não é sempre dependente ou independente, depende do contexto. Veja

a relação circular: a variável A afeta a variável B e a variável B afeta a variável A. Por

exemplo, A poderia ser comportamento do consumidor, enquanto a B o preço dos

produtos.

A seta de cima mostra que A afeta B. Nesta relação a variável A vai ser a

independente. No outro sentido, efeito de B sobre A, a variável B será a variável

independente e A será a variável dependente. Ou seja, é uma definição relativa. A

variável não é eternamente dependente ou independente. Ou seja, não é uma coisa

clássica, depende do contexto. Posso jogar isso para qualquer área, porque é um

processo Lógico, de produzir ou de estudar ciência. A ciência tem muito disso. Ela entra

num nível teórico para estar explicando as coisas. Não é uma coisa matemática, usa a

matemática, mas tem todo o contexto. Veja este outro slide de relação de interferência

entre variáveis:

Em que DE = Doenças Emocionais; Hf = Hábito de fumar; DPs = Doenças Psicossomáticas; C = Câncer e Rm = Risco de morte. (Fonte: Minicurso IGVEC).

Doença Emocional (DE) pode levar ao Hábito de fumar (Hf) ou a Doenças

Psicossomáticas (DPs). O Hf e a DPs são efeitos desse processo que ao final leva a Risco

de morte (Rm). Temos aqui uma relação de interferência. Quando a DPs age na relação entre

Câncer e Rm, estamos falando no importante conceito que é o de Modulação. Ou seja, quando a

variável afeta uma relação entre variáveis podemos dizer que neste caso há uma Modulação.

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Redução de variáveis

A redução de variáveis consiste na transformação de variáveis Operacionais em

Teórica. Como ver o conjunto? As vezes há várias variáveis e ficamos perdidos sem

conseguir ver o conjunto. Isto caracteriza a angústia da Redação Científica! Devemos,

para facilitar o entendimento, agrupar e separar as para melhor visualização. Veja o

conjunto de variáveis operacionais hipotéticas (a, b, c, d, e, f) dispostas na figura que

segue. Reduzindo as Operacionais nas suas respectivas variáveis Teóricas consigo

visualizar melhor. Assim estamos fazendo uma hierarquização das variáveis por níveis:

Ou seja, registrando a, b, c, d eu estou registrando indiretamente a variável X.

Registrando e e f estou registrando indiretamente Y. As Operacionais sempre assumem

apenas um nível, enquanto as Teóricas podem aparecer em mais de um nível hierárquico.

Assim, se juntarmos X e Y e estabelecer um outro nível de variável teórica, como vemos a

variável Z, (Figura que segue). Ou seja, X e Y me indicam Z.

Figura: Hierarquia entre Variáveis.

Posso ver Z por meio de X e Y. e por meio de a, b, c e d posso registrar X e por

meio de e e f estou registrando indiretamente Y. Nesse formato, posso estabelecer Z

como variável ou como meu tema, sem ser variável de estudo. Posso ter o Z, por

exemplo, como uma proposta de ensino, que pode é visto por meio de X e Y.

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Substituindo as variáveis hipotéticas por variáveis concretas, podemos visualizar na

figura que segue um exemplo de certa situação real.

Reduzindo as variáveis Operacionais, [CO2], [O2], Metais pesados etc., temos

como argumentar sobre as variáveis Poluição e Desmatamento. Reduzindo estas duas

eu tenho, no nível 2, a Destruição Ambiental que pode ser o tema da minha pesquisa.

Operacionalização das variáveis

A pergunta é: o que devo registrar para estudar as variáveis teóricas mas que seja

aceito pelos pares? Ou seja, os pares aceitam que essa variável operacional como

indicadora da variável teórica? Vejamos o caso de Pesquisa de Caracterização, (Figura)

Assim, a variável TEÓRICA 1 foi operacionalizada por: OPER 1 (que poderia ser

faixa de salários por exemplo), OPER 2 (bens que dispõem) e OPER 3 (lugares que elas

visitam).

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Na Pesquisa com Hipótese, teríamos a seguinte relação, conforme apresentada na

figura que segue:

Bloco 1: A afeta B. Mostra um objetivo específico (var 1 operacionaliza a Var a).

Bloco 2: mostra 4 objetivos específicos (duas Variáveis Operacionais para cada Variável

Teórica: var1 e 2 operacionalizam A e B); Bloco 3: Temos 2 objetivos específicos. O teor

dessas relações vai depender da parte de cima. Esses são modelos teóricos dessa

problemática, temos que levar isso para dentro de cada área específica. Nem toda

formulação de Operacionalização de Variável explica toda pesquisa.

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COMPLEMENTO...

Variáveis Operacionais, Teóricas & independentes Pergunta: 1- A relação entre as Variáveis Independentes e Dependentes ocorre entre as

Variáveis Operacionais? É desta maneira que temos que pensar. 2- Ainda sobre as Variáveis Independentes e Dependentes, podemos pensar que a

nossa investigação deverá ocorrer sobre a Variável Dependente. Em outras palavras: É sobre a Variável Dependente que procuramos como resposta a nossa pergunta?

Resposta:

1. A relação entre variáveis, sejam operacionais ou teóricas, pode ser de interferência, assim aplicando o conceito de variável independente e variável dependente tanto para as operacionais quanto as teóricas. No próximo item concluo melhor esta explicação.

2. A investigação é o processo todo. Nossa coleta de resultados (evidências) é feita na variável dependente. Muitas vezes temos que registrar (dados) a variável independente para mostrar que ela variou (requisito para a pesquisa de interferência). Abaixo explicarei mais detalhadamente e incluindo outros aspectos.

Numa relação de interferência, temos a suposta causa (variável independente) e a suposta variável que sofre o efeito (variável dependente). Numa pesquisa científica, façamos como quisermos (desde que correta), a variável dependente será nosso resultado. A variável independente fará parte de nossa montagem para garantir que conseguimos registrar os resultados (variável dependente) nas condições suficientes de variação da variável independente.

Por exemplo, se supomos que o governo dos EUA prejudica a política brasileira, temos duas variáveis (governo dos EUA) e política brasileira, sendo a primeira a suposta causa (variável independente) e a segunda a variável (dependente) a sofrer o efeito (prejuízo). Assim, para testar essa hipótese é necessário que planejemos em nosso estudo encontrar dois níveis (ou mais) da variável independente (governo dos EUA) e registramos como estava, em cada caso, o governo brasileiro (variável dependente). No planejamento, não podemos controlar a variável dependente (ela será o que for, pois é nosso resultado), mas temos que garantir que ela seja registrada ao menos em dois níveis da variável independente (dois tipos diferentes e até opostos, se possível), pois isso dará conexão lógica para nossa comparação dos resultados, ajudando a construirmos conclusão acerca da existência ou não de interferência. Note que esse mesmo procedimento pode ser usado em qualquer outra área. Na Farmacologia, podemos garantir o uso de 2 doses de um fármaco (variável independente) e registrar a resposta do organismo (variável dependente). Se testássemos apenas uma dose, não poderíamos concluir nada sobre a relação de interferência entre essas duas variáveis. Nas duas hipóteses (sobre os governos e sobre o fármaco), o que testamos é a associação entre as variáveis, mas para concluirmos sobre o efeito, precisamos nos basear nessa associação e incluir argumentos adicionais para validar que ela representa efeito (isto foi visto no minicurso “Ciência... como tudo começa”). No caso do fármaco, isso é mais fácil de ser feito, pois é tudo mais controlado. No caso dos governos, o conjunto de variáveis interferentes é muito grande, mas a associação obtida é uma das principais evidências. Se encontramos que nossos governos acompanharam (associação) perfis presentes nos governos dos EUA, com análise do conteúdo desses perfis e um

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pouco de história e características dos dois governos podemos facilmente construir um argumento explicativo em termos de "efeito".

O erro que se tem nesses casos é acusar a pesquisa feita entre os governos de ser “apenas de associação” e, portanto, que “não pode falar em interferência”. Esse é um equívoco tremendo, embora frequente em algumas áreas (por ex., na Saúde), pois estamos tratando de uma área em que não há chance de variarmos à nossa vontade a variável independente (como foi possível no caso da Farmacologia), porém é logicamente admissível pensar que existam interferências entre governos. E aí... então proibimos certas áreas de investigar certas questões?

O fato de registramos as variáveis operacionais não significa que apenas nelas existe a interferência. Elas agem como indicadores. Da forma como você coloca talvez expresse que o estudo da interferência só pode ser visto nos casos reais observados. Quando estudamos o efeito da espiritualidade na saúde de uma pessoa, trabalhamos, como no caso dos governos, com duas variáveis teóricas supondo que uma delas (espiritualidade) está afetando a outra (saúde). A parte factual disso é que o teste precisa ser feito com as variáveis operacionais, pois não "vemos" ou "registramos" as demais (são apenas inferidas), mas o que estamos testando, em última análise, é a relação de interferência entre espiritualidade e saúde. O que interessa para a ciência são as variáveis importante e frisadas em nosso objetivo, mas se são teóricas não podem ser registradas (ou seja, elas não são evidências, mas interpretações). A única forma de estudarmos com base empírica as relações entre conceitos (variáveis) é estudando seus correlatos operacionais (variáveis operacionais).

Quando a variável teórica está mais próxima dos fatos (por ex., saúde, agressão, aprendizagem, corrupção, bem-estar etc.), fica mais fácil as pessoas aceitarem que estudamos variáveis teóricas baseados em variáveis operacionais. Quando isso atinge um nível mais amplo (paradigma, ideologia política, terrorismo, capitalismo, socialismo, Marxismo etc.; todas estas sendo logicamente variáveis), algumas pessoas apresentam resistências. Elas são geralmente infundadas. Digo “geralmente’ porque conforme uma variável teórica está mais distante da base empírica, aumenta a chance de essa base não estar fidedignamente indicando essa variável teórica”. Mas isso só indica que temos que ter mais base empírica para poder estudá-la e não a impossibilidade em estudá-la.

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8. Projeto de Pesquisa.

8.1. Estrutura do projeto

O Projeto de Pesquisa pode ser pensado como um processo de inovação (Figura). A

qualidade do trabalho depende do projeto construído. No projeto devemos responder:

O que isso muda na ciência? Qual é a novidade proposta? Por que as pessoas se

interessariam? Porque escolhemos determinado tema? Aonde queremos chegar?

Lembrar que a qualidade do trabalho científico produzido depende fundamentalmente

do nosso projeto.

No Projeto devemos definir: O que fazer e porque – definição do tema e

justificativa; para quem fazer; onde fazer e como – campo da pesquisa e metodologia;

com que fazer – recursos necessários; quando fazer (cronograma de execução) e quem

vai fazer – equipe. O projeto deve ser robusto pois é o Planejamento de toda pesquisa

científica.

Para facilitar o pensamento criativo no planejamento de toda pesquisa, devemos:

olhar por diferentes ângulos; não ter medo de errar; identificar nossos pré-conceitos:

INOVAÇÃO

Resolver problemas de forma inusitada

Enfrentar dramas

do presente

Preparar para

desafios do futuro

Pensar diferente

Ver como ninguém viu antes

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conceitos prévios que nos impedem de ver outras possibilidades; perceber analogias e

ser inovador: ter ousadia pelo novo. A estrutura básica do projeto pode ser visualizada

nas figuras que seguem.

8.2 Objetivo

O objetivo representa aquilo que desejamos alcançar por meio da pesquisa

cientifica. É o diferencial do nosso estudo. Constitui a conclusão do item Introdução. Ao

término do projeto devemos chegar ao que foi proposto em nosso objetivo, apresentando

conclusões científicas válidas. Assim, o cerne de um Projeto são os objetivos. Direciona

elementos da Introdução e do Planejamento do estudo (Metodologia).

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Há duas lógicas no Projeto: Caracterizar uma variável ou testar uma hipótese (ou

fazer as duas coisas). Se for para caracterizar uma variável, que se obtenha a sua

caracterização. Ou, se for o caso de testar uma hipótese, que o teste da hipótese seja

realizado. Assim, o que queremos ao final é Caracterizar ou Testar Hipótese. A Hipótese

sendo corroborada ou falseada, é resultado que vai virar conclusão. Por isso que todo

projeto deve atingir seu objetivo.

Ao testar uma hipótese não faz sentido dizer que o projeto deu errado se a

hipótese não foi corroborada. Outro ponto em projetos é sobre Resultados Esperados.

Ninguém sabe direito o que é isso. Coisas maiores que o projeto: espera formar doutores

ou produzir publicações, mas outros entendem que é o resultado da pesquisa, que seria o

lógico esperado. Assim, se for pesquisa do tipo caracterização espero, então, caracterizar

a variável, o que é óbvio, senão não tem sentido. E pesquisa de Hipótese? Espero testá-

la e não a corroborar. Ou seja, não devemos ter amor pela hipótese! Assim, todo projeto

tem que atingir seu objetivo.

Para entender a lógica da pesquisa precisamos de alguns conceitos: o que é

Ciência, base empírica, variáveis e hipótese? Pesquisa difere de Ciência. Não importa se

é pesquisa qualitativa ou quantitativa. Considerando a lógica da pesquisa científica, o

cientista pode caracterizar variáveis e estudar relações ou associação entre variáveis de

estudo. Assim, a base lógica dos objetivos é: Pesquisa sem hipótese o objetivo é

caracterizar e, para pesquisa com hipótese o objetivo é testar.

Objetivo de Caracterização

Objetivo que tem a intenção de caracterizar ou descrever algo como procedimento

para coleta de dados. Pesquisa descritiva é aquela que tem a intenção de descrever no

sentido de caracterizar. A descrição pode ser uma técnica de coleta de dados inclusive

para testar uma hipótese. Sempre que houver comparação o objetivo não será de

caracterização. Está supondo que alguma coisa afeta a outra. Caracterizar variáveis é dar

a característica da variável que está estudando. Podemos escrever o objetivo de

caracterização considerando o seguinte formato:

Caracterizar + Variável + Sujeito ou Objeto da pesquisa.

Exemplo 1: Relatar a opinião de idosos carentes sobre adolescentes.

Exemplo 2: Walson & Crich (Nature, 4353, 04/1953) que sugeriram uma estrutura para o

DNA... sugerir uma estrutura é uma pesquisa de caracterização.

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Objetivo com Hipótese

A estrutura dos objetivos com hipótese: sempre que tem hipótese o objetivo é

testá-la, para aceitar ou refutar. Vou dizer se aceito ou descarto. Se aceito no momento,

mas pode ser descartada no futuro. Assim, não faz sentido lógico separar objetivos de

hipótese. Consideremos a seguinte hipótese:

A capacidade de regeneração do lodo de decantador de Estação de Tratamento de

Água (ETA) é influenciada por acidificação. A partir desta hipótese podemos construir o

seguinte objetivo: Avaliar SE a capacidade de regeneração do lodo de decantador de ETA

é influenciada por acidificação.

Cuidado com a palavra efeito: é vaga, sempre que possível devemos dar o

sentido, se aumenta, melhora ou inibe: dizer o sentido do efeito. Objetivos de

interferência, estou estudando movimento de duas ou mais variáveis e quero ver se tem

alguma relação entre elas. Aumenta, diminui... é sentido do movimento. Objetivo são as

relações entre elas.

Testamos a Hipótese ou a Predição da Hipótese? Ao final do artigo, é a hipótese

que testamos. Porque ela é teórica, que vai dizer fico ou não fico com essa ideia.

Depende do referencial. (Sugestão: leia sobre modus Tollens). Predição é uma

consequência factual prática do pensamento, que é a hipótese. Expressão que antecipa

aquilo que pode acontecer. Podemos predizer algo a partir de conhecimentos científicos,

revelações de algum tipo, hipóteses ou indícios. O que testamos materialmente é a

predição e não a ideia. Devemos operacionalizar a ideia antes para testá-la. Não é errado

dizer que vai testar tal predição. Para dizer testar a predição devo antes definir a hipótese.

Predição é, então, sinónimo de previsão, do latim praedictio. Uma predição é a expressão

que antecipa aquilo que, supostamente, vai acontecer. Pode-se predizer algo a partir de

conhecimentos científicos, revelações de algum tipo, hipóteses ou indícios.

Mas qual é a diferença de hipótese e previsão? A Hipótese estabelece relações

entre as variáveis teóricas para representar um fenômeno. A Previsão (ou Predição) é a

representação prática da hipótese utilizando variáveis operacionais. Consideremos a

seguinte pergunta: Brácteas afetam a atratividade da inflorescência aos polinizadores? A

partir desta pergunta podemos formular a seguinte hipótese: Brácteas coloridas afetam a

atratividade de inflorescências aos polinizadores. A partir dessa hipótese podemos

construir duas predições, que nos permite concluir sobre a hipótese formulada testando

estas predições:

Predição 1: Inflorescências de bico-de-papagaio terão número de visitas diferentes

do que inflorescências de dente-de-leão;

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Predição 2: Inflorescências de bico-de-papagaio com brácteas intactas terão

diferentes números de visitas do que inflorescências com brácteas removidas

experimentalmente.

Importante é separar tese de hipótese. Tese é uma hipótese em um nível mais alto

de abrangência, mais ampla. Hipótese está abaixo da tese, é mais restrita. Tese e

hipótese: quando tem duas para comparar podemos dizer que a mais geral é a tese e a

mais específica é a hipótese. Para defender a tese preciso muitas vezes de hipóteses

específicas.

Estruturação do objetivo

Palavras são recursos que usamos para exprimir nosso pensamento. Escolha das

palavras a partir da estrutura lógica e científica. Palavras equivocadas podem nos

conduzir a pensamentos equivocados. Devemos, portanto, cuidar com as palavras ao

definir os objetivos. Assim, em pesquisa com hipótese, NÃO USE nos objetivos as

palavras: confirmar, demonstrar, provar, descrever... USE: Avaliar, investigar, averiguar...

Seguido de SE. Pesquisa de caracterização, USE: Descrever, caracterizar. Pesquisa de

Interferência, USE: Afeta, reduz, inibe, interfere. Cuidado com os termos analisar e

comparar, pois indicam passo metodológico. Também, na estruturação dos objetivos não

devemos usar: local do estudo; referências; data da pesquisa e metodologia. Devemos

evitar as máximas: “O objetivo do presente estudo”; “O objetivo foi contribuir com o

conhecimento...” Pois são expressões vagas que tornam o estilo do texto pobre. Na

sequência apresentamos alguns formatos para estruturar os objetivos:

FORMATO INCORRETO:

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FORMATO CORRETO:

As palavras Analisar, Avaliar, Examinar, ... associadas à partícula SE torna TESTAR.

Assim fica correto ou apropriado a estrutura do objetivo.

Palavras que não têm sentido no objetivo:

Veja o seguinte Objetivo: “Analisar a influência da dinâmica da cobertura vegetal na

descarga de sedimentos na bacia do rio Manhuaçu, MG, Brasil, com o apoio de

informações oriundas de sensoriamento remoto orbital”. Você consegue visualizar algum

equívoco na estrutura desse objetivo conforme apresentado? Veja se não seria melhor a

seguinte construção: “Avaliar se há influência da dinâmica da cobertura vegetal na

descarga de sedimentos”. Ou, melhor ainda:” Avaliar se a dinâmica da cobertura vegetal

afeta a descarga de sedimentos”. Observe que a construção dos objetivos não é uma

questão de gosto pessoal ou vício de área, mas sim de lógica científica.

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Esquematização e redação do objetivo:

Antes de redigir os objetivos: ESQUEMATIZE, DESENHE!

Reduza ao mínimo razoável o número de variáveis do estudo (organize as variáveis operacional e teórica em níveis);

Não confunda passos metodológicos com objetivo;

Estabeleça uma simbologia, por exemplo:

Expresse nas variáveis o que deseja. A esquematização ajuda na construção dos objetivos e a termos clareza de pensamento.

Objetivos Gerais e Objetivos Específicos

É correto (não necessário) pensar em objetivos gerais e específicos. É necessário

conhecer as variáveis envolvidas. A pergunta é: o que devo registrar para estudar as VT?

Objetivo Geral construir com as variáveis Teóricas,

Objetivo Específicos construir a partir das variáveis Operacionais.

Pesquisa de caracterização:

Caracterizando as variáveis operacionais estarei caracterizando a variável geral.

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Pesquisa com hipótese:

Como exemplo consideremos a seguinte Hipótese: Nos indivíduos estando alto o

estresse vai estar baixa a memorização.

FC: Frequência Cardíaca – FR: Frequência Respiratória

Redigindo os Objetivos específicos: Testar se...

...o cortisol promove aumento no número de erros.

...o aumento da F C e o número de acertos se relacionam inversamente.

...pessoas com menor taxa de F R lembram-se mais no teste de memorização.

Outro exemplo: Determinar como boas condições econômicas reduzem o bem-

estar das pessoas. Não é hipótese, pois já sei que boas condições econômicas reduzem

o bem-estar das pessoas. Está em jogo aqui é o COMO (mecanismo). A morfologia do

exemplo pode ser construída assim:

Determinar como [Relação] boas condições econômicas [Variável teórica T1]

reduzem [Relação] o bem-estar [Variável teórica T2] das pessoas [Sujeito]. Não é

hipótese, pois já sei que reduzem. Está em jogo é o COMO: O como é mecanismo. Não

dá para saber apenas olhando a relação e descobrir o como.

Boas condições econômicas

Aumento do medo de perda Bem-estar

Facilita sedentarismo

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Para isso tenho que levantar algumas hipóteses assim: i) boas condições

econômicas aumentam o medo de perda; ii) boas condições econômicas facilitam o

sedentarismo; iii) medo de perda reduz bem-estar; iv) sedentarismo reduz bem-estar. A

partir destas hipóteses, construo meus objetivos específicos: Testar se...

i... boas condições econômicas aumentam o medo de perda. ii... boas condições econômicas facilitam o sedentarismo. iii... medo de perda reduz bem-estar iv... sedentarismo reduz bem-estar

8.3 Material & Métodos

No Material e Método, ou Metodologia, devemos descrever o procedimento para

que possa ser replicável. Não devemos incluir aqui o nome do laboratório, da instituição

e, tampouco, nome do pacote estatístico. Devemos caracterizar aqui as variáveis

independentes do seu estudo. A metodologia pode ser construída em quatro blocos:

Sujeito do estudo

Sujeito é aquele do qual analisamos as variáveis. Ex. estudar peso em Bovinos.

Delineamento da pesquisa

Estratégia intelectual da Pesquisa para caracterizar uma amostra ou testar uma

hipótese. Deve ter clareza para escolha adequada dos testes e das análises quantitativas

a serem realizadas.

Na pesquisa de caracterização:

Apresentar variáveis a serem descritas

Definir estratégia para obter a amostra sem viés

Definir tamanho da amostra de estudo

Na Pesquisa com hipótese:

Quais são as variáveis envolvidas?

Como obter as variações das variáveis?

Qual é o tamanho das amostras?

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Exemplo de delineamento na Pesquisa de Caracterização

Objetivo: Caracterizar o perfil de egoísmo na população adulta brasileira.

Delineamento: Em cada estado e no Distrito Federal amostramos aleatoriamente

0,15% de brasileiros adultos, para identificarmos (questionário) o perfil de egoísmo.

Consideramos esse perfil em relação ao grau de egoísmo (de nulo a máximo) em relação

aos 5 tipos descritos (Silva, 2013).

Exemplo de delineamento de pesquisa de Associação com Interferência

Objetivo: Testar se alimentação diária com folhas de alface reduz ansiedade. Neste

objetivo destacamos as seguintes variáveis da pesquisa: alface e ansiedade. Devemos,

no delineamento, definir a forma de administração e os testes de ansiedade aceito.

Delineamento: Um dia antes do início das refeições e semanalmente, por 30 dias,

avaliamos o grau de ansiedade de cada indivíduo. Após esse período os indivíduos que

receberam 5 g de alface passaram a receber 50 g, enquanto os que receberam em maior

quantidade pararam de receber alface. As avaliações semanais foram mantidas por mais

60 dias nas três condições.

Procedimentos específicos

Descrever a atividade prevista para cada variável a ser estudada;

Utilizar técnicas já validadas;

Não incluir o nome da instituição onde a pesquisa será realizada (não é importante cientificamente).

Análise de dados

Condições de analisar e concluir, com determinado grau de liberdade.

Dados quantitativos – Testes Estatísticos

Dados qualitativos – Metodologia científica validada.

All statistical analyses were performed at the 5% significance level, using the R

software for Windows…

Não importa o software estatístico que será utilizado: Não colocar!

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9. Redação Científica: Tipologias. Bases e estratégias. Estilo científico

9.1 Tipologias

Livro: Caráter didático e visão ampla do assunto ou tema.

Tese: Tema para defender uma ideia com base em investigação original, (Doutorado).

Dissertação: Deve concluir sobre o tema ou exposição de um estudo, (Mestrado).

Monografia: Trabalho de conclusão de curso de graduação ou de especialização.

Relatório técnico- científico: Relata pesquisa de questão técnica ou científica local.

Resenha: Comunicação relatando o resultado da avaliação sobre publicação.

Artigo: Texto destinado a revistas de divulgação.

Artigo Científico: Texto destinado a revistas científicas.

Short Communication: Defende ideia original, porém sem se aprofundar no fenômeno.

Estudo de caso: São artigos científicos que descrevem experiências reais (caso)

Resumo expandido: Ou resumo estruturado é uma miniatura do artigo (>= 3 páginas).

Não deve ser citado como prova em textos científicos dentro de uma argumentação.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC): Oportunidade de desenvolver projeto

relacionado à utilização do conhecimento adquirido no curso para consolidar sua

formação. O TCC é um dos requisitos para obtenção do título de graduação na maioria

dos cursos de graduação do país.

Independente da tipologia do texto científico, alguns fundamentos devem ser

considerados para termos êxito na Redação Científica, são eles:

Objetividade – o tema deve ser retratado de maneira simples, evitando significados duplos e excesso de palavras difíceis de serem compreendidas.

Clareza – Fundamental que não haja comentários redundantes e irrelevantes.

Precisão – Evitar rebuscamentos exagerados, bem como a prolixidade.

Utilizar corretamente o idioma e Correção Gramatical.

Uso da norma culta. Evitar coloquialismos.

Redigir textos de boa qualidade requer treinamento.

9.2 Bases conceituais e Estratégias

Pré-requisitos para entender o estilo científico:

Conceito de Ciência e de Base empírica

Conceito de variáveis

Construção de objetivos e Conclusões

Tipos lógicos de pesquisas

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Se temos o conceito errado de Ciência, provavelmente vamos errar na hora de

expressar dentro da Ciência. Rever preconceitos e paradigmas! Como são obtidas as

conclusões? No passado chava-se que a base empírica era determinística, ou seja, que

os dados determinavam as conclusões.

Tem coisa que você vê e não existe. E tem coisa que existe e você não vê. Veja

esses dois desenhos abaixo. Isso é uma base empírica que mudou a história de toda a

área biológica.

Foto de Raio X usada para construir a estrutura do DNA.

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Watson & Crick (1953). Nature.

Passo determinístico? Única evidência que aparece no artigo dos autores. A

conclusão é interpretação que o autor faz das evidências empíricas. Isso mostra que

construir Ciência envolve base empírica, raciocínio e imaginação. O que tem isso com o

estilo científico?

Isto mostra o jeito que vamos escrever. Ao escrever conclui-se estou dizendo que

não preciso da pessoa. Escrever na primeira pessoa é uma decisão de Ciência e não de

área. Escrever no impessoal é vício. Quanto maior o nível da revista, se vê com mais

frequência a redação na 1ª pessoa. A linguagem exprime a essência do pensamento!

Ou seja, as conclusões não são obtidas de forma determinista a partir dos dados.

Assim, devemos concluir na primeira pessoa. A linguagem tem que acompanhar!

Estratégia na escrita

O texto científico é para cientista, e o Outline é a forma de montar a estratégia de

escrita. Planejar como vou escrever, é o meu guia para uma boa apresentação.

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Mostra a sequência de informações para chegarmos à Conclusão.

O Parágrafo: a partir do Outline transformar cada informação em um parágrafo.

Como se escreve, então, um Parágrafo? Coloque a informação A do Outline como

primeira frase. As outras darão a base para essa Informação, com detalhes.

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Isto mostra que é errado formular parágrafos de frase única. O discurso fica cheio

de máximas. Ou seja, o texto fica fraco, pobre de estilo!

9.3 Construindo o texto com estilo

A construção de sentenças deve ter de ideias claras e concatenadas. Os

elementos básicos de uma oração são:

Uma condição pode ficar no início da frase, no meio ou no final São escolhas

aleatórias. A ênfase deve ficar no final da frase:

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Exemplo de ênfase no final da frase: Há uma década, concluímos que A inibe B.

Ao expressar temos que manter o fluxo. Colocar de elementos com salto, mas com

conexão entre si:

Outra forma de construção:

A. H. Hofmann, 2010. Sc Writing and Communication.

Observe que o termo Depression está sempre ligando com a primeira frase.

Informação adicional para explicação as vezes é necessária – caso do APOSTO:

Frase longa dificulta o entendimento. Dependendo do contexto devo alternar. Veja

a frase: A aprendizagem é prejudicada pelo stress social. Voz passiva:

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Nessas frases o stress social é meu agente e coloquei no fim por ser meu elemento

de ênfase. Tanto é que, na frase que segue, o autor fala do stress e não de

aprendizagem. Assim, construir uma sentença não é muito fácil, deve ser pensada e

observada as estruturas lógicas de comunicação.

Baseie-se no suporte estatístico. Exemplo:

Houve redução estatisticamente significante no número se nascimentos...

Houve redução no número se nascimentos.

Não aposte em tendências! Seja conciso, sintético. Ex.:

The objetive of this work was to evaluate the production...

Here we evaluated the production...

A ingestão de açúcar provocou aumento no número de cáries em crianças que frequentam escolas públicas e privadas...

A ingestão de açúcar aumentou a incidência de cáries em crianças...

Use Termos sintéticos para evitar a prolixidade: como promove inibição = Inibe; Causa redução = Reduz. Outros termos na língua inglesa:

Use frases curtas!

“O contato próximo do homem com cães e gatos como companhia verdadeira

numa população humana envelhecendo e cada vez mais imunocomprometida tem

aumentado a importância e a probabilidade de transmissão de infecções parasitárias com

potencial zoonótico sendo necessário combater esses organismos que vem de períodos

remotos com utilização de produtos administrados de forma empírica, como é o caso do

alho, hortelã e semente de abóbora” (UFA! frase com 66 palavras!).

Construa frases na ORDEM DIRETA!

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Formatos: i) João foi morto pela explosão. ii) A explosão matou João.

Em frases isoladas, como o Título ou o Objetivo, é melhor o uso da voz ATIVA.

Dentro do contexto da escrita usar a voz PASSIVA por razões específicas. Fora isso,

prefira a voz ATIVA por ser mais curta e direta. Sempre que possível usar a voz ativa, por

questão de objetividade.

Cuidado com a palavra IMPORTANTE: se falei, devo demonstrar:

Qual é a fundamentação que leva a aceitar que é IMPORTANTE?

Pontuações

Vírgula separando sujeito do verbo:

Na primeira frase, a vírgula está fora de contexto e NÃO deve ter sido inserida.

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Na segunda frase a vírgula está colocada de forma correta.

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10. Texto Científico: Estrutura e lógica. Citações, Plágios e Falácias

10.1 Estrutura do Texto Científico (Componentes Essenciais)

:

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Lógica do Artigo Científico:

Introdução

Descrever o problema

Fundamentar o objetivo

Apresentar o objetivo

Para saber se sua Introdução está boa peça a alguém ler e deduzir o objetivo. Erro

comum é descrever vários estudos sobre as variáveis investigadas. Introdução é o lugar

que contextualizamos a pesquisa.

Materiais e métodos

No artigo: é redigido no passado. O presente é utilizado caso descreva alguma

técnica ou conhecimento presente na literatura. No projeto usar futuro.

Sujeito ou objeto do estudo: Caracterize-o de acordo com o detalhamento que a área exige; se estudo de campo indicar o local.

Delineamento: tamanho da amostra, quais variáveis, réplicas, disposição do experimento...

Procedimentos específicos: técnicas de coleta, equipamentos, equações...

Análise dos dados: nome do teste estatístico

Resultados

Obtidos no passado e devem ser escritos no passado

Apresentar uma única vez

Formato: Figura, tabela ou texto

Explicar as figuras e tabelas no texto

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Discussão

Apresentar estrutura lógica do discurso validando a metodologia e as

conclusões

Pode iniciar a discussão apresentando as principais conclusões, sem

justificá-las imediatamente

É necessário validar a metodologia

Recomende apenas com base em conclusões sólidas

Evite a Discussão fofoca!

Conclusões

As conclusões aparecem na DISCUSSÃO. Mostrar o que mudou na rede de

conhecimento com a sua conclusão. Apenas repita o que foi apresentado como conclusão

na discussão. Resultado não é Conclusão! Selecione as conclusões mais gerais

(EVIDÊNCIAS + IMAGINAÇÃO). AS conclusões devem ser redigidas no tempo verbal

presente, pois sua conclusão permanece valendo. O passado pode ser utilizado em

estudos retrospectivos, análise de eventos passados (Históricos ou não).

Na locução do texto devemos usar a primeira pessoa ao invés do impessoal

(publicação internacional), principalmente na conclusão. Se um autor, usar singular. Se

mais autores, usar plural. Usar o elemento como sujeito da oração. Exemplo.: os

simuladores foram distribuídos, ao invés de: distribuiu-se os simuladores....

Título

Sua função é atrair a atenção do leitor. No exemplo seguinte, qual melhor formato?

Uso da água subterrânea para irrigação no sudeste piauiense e o risco de

salinização e sodificação do solo. Ou melhorando

Impacto do uso da água subterrânea para irrigação.

Característica de um título:

Curto: evite inclusão de local do estudo, escrever na ordem direta (sujeito,

verbo e complemento).

Fiel ao conteúdo do trabalho: evitar generalizações e o conteúdo que não

pode ser provado no texto

Compreensível: evitar siglas e termos específicos

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Resumo

Pode ser considerado uma expansão do título. Deve ser sucinto e informar o

principal para que o leitor queira ler o texto principal.

Resumo criativo: Limita-se ao essencial; qualquer parte do texto pode ser inserida;

a sequência para apresentar as informações pode ser livre; deve ser curto e passar

rapidamente a informação desejada.

Exemplo de resumo criativo: “A vitamina C é utilizado como um suplemento

alimentar, devido à sua atividade antioxidante, embora uma dose elevada (500 mg) pode

atuar como um pro-oxidante no corpo. Nós mostramos que 100 g de maçãs frescas tem

atividade antioxidante equivalente a 1,500 mg de vitamina C, e que todo o extrato de

maçã pode inibir o crescimento in vitro de células cancerosas de Colo e fígado, de um

modo dependente da dose. Os nossos resultados indicam que os antioxidantes naturais

de fruta fresca poderia ser mais eficaz do que um suplemento alimentar”. (Nature 405:

903-904, 2000). [82 palavras! Qual foi o salto??]

10.2 Lógica do texto e da redação

A Lógica é a mesma, do Título à Conclusão, observar Tipo de Pesquisa!

Contexto da descoberta: Informações que levam a traçar os objetivos:

Proposta teórica

Contexto da justificação: Validar conclusões: (metodologia, resultados e

literatura)

Toda informação deve ser vista como argumento lógico: Dedutivo ou Indutivo.

Compostos por: Premissas e Conclusão.

Argumento Dedutivo (1)

Premissa 1: Apenas plantas têm raiz

Premissa 2: Este organismo tem raiz

Conclusão?

Argumento Indutivo

AAS reduziu a febre de Joana

Premissas AAS reduziu a febre de Marcos

AAS reduziu a febre de Márcia

AAS reduziu a febre de Pedro

Conclusão? AAS reduziu a febre das pessoas

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Não inclua premissas desnecessárias. A arte da redação científica é inserir apenas

o necessário no texto! Com DOIS argumentos é possível a construção dos Textos, da

Introdução à Conclusão!

1º argumento – Introdução:

2º argumento – Do Método à Conclusão:

Lógica e qualidade científica é que não haja nem excesso nem falta de informação!

Vejam o trabalho de Watson & Crick (1953). Forma espacial da molécula do DNA: uma

página!

Alguns passos que auxiliará:

Escolha o Nível do Periódico onde se pretende publicar

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Análise dos dados

Objetivo da análise: encontrar novidade nos dados (revire-os!!). Evidências!

Pirâmide Lógica da Conclusão Geral:

Entenda sua história

Onde pretende publicar: escolha a Revista

Junte as informações para a redação

Pronto para escrever? Então escreva: seu ARTIGO em 1 dia (3 dias para arrumar)

e a TESE em 5 dias (3 semanas para arrumar).

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Por onde começar? Construa o esboço do texto: SIGA SEQUÊNCIA LÓGICA.

Redação do Texto

Planeje cada tópico (Outline) antes de escrever

Redija o Texto: Escreva com suas próprias palavras

Insira a literatura que melhor fundamenta seu texto

Cheque o conteúdo do texto (não observar forma)

Verifique o estilo (parágrafos curtos, clareza...)

NÃO faça parágrafo frase única!

Main problems in manuscript:

Novelty not explained

Does not conform to specified format

Outside the scop of the jornal

Latinate style

Poor: figures and English

Too many results or lack focus

Style is ambiguous, references are in the wrong place

10.3 Citações no texto

Para sustentar argumentação. Dê preferência a referências fortes. Não citar

contextualizações (opinião não constrói conhecimento). NÃO CITE O ÓBVIO!!

Ex.: Bois são herbívoros ruminantes e comem capim (Smith, 2019).

A falta de alimento é um problema de grandeza internacional e mundial (Gy, 2018).

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Há diferentes formas de inserir citações no texto. Considerar três aspectos:

POR QUE CITAR? O QUE CITAR? COMO CITAR?

Dar crédito a quem tem crédito!

Por que citar?

Para sustentar ideias. Para construção de conclusão. Cuidado com a citação

CINZA: são referências que não vão dar força para seu trabalho.

O que citar?

Livros; informações pessoais; opiniões (blogs), artigos, entrevistas, links. Tudo isso

posso citar. Informação pessoal pode até figurar na construção de contextualização.

Aprendemos errado como citar. Para defender conclusões devemos citar coisas perenes

e que passou por crivo de revisão científica.

Nem tudo requer citação (King J. Nature, 505: 491-2, 2014):

In recent years, the polar regions have provided some striking examples of

rapid environmental change. Perhaps the most notable of these has been a reduction of

more than 30% in the summer extent of Arctic Ocean sea ice since the late 1970s

(Storeve et al., 2012).

In the Antarctic, the pattern of change has been more complex. Although the

extent of Antarctic sea ice has fallen significantly in some regions, it has increased in

others, leading to a slight rise in overall winter-ice extent (Turner et al., 2002).

Expressões gerais, de domínio público, não preciso citar.

Regular physical activity (PA) has been shown to reduce the risk of cardiovascular

(CV) disease, (Erlichman et al. 2002; Hu et al. 2005; Katzmarzyk et al. 2003).

Como citar?

Quem é o autor dessas 3 informações?

Silva (2014) mostrou que a agressão depende de níveis hormonais. Esse

efeito depende da época do ano. No verão a ação hormonal na agressão é

muito mais intensa.

A agressão depende de níveis hormonais. Esse efeito depende da época do

ano. No verão a ação hormonal na agressão é muito mais intensa (Silva,

2014).

Silva (2014) mostrou que a agressão depende de níveis hormonais. No

entanto, ele observa que esse efeito depende da época do ano, sendo a

agressão mais intensa no verão.

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Vários autores na mesma frase: qual CITAÇÃO sustenta cada informação?

O zoneamento ambiental pode ser realizado com base no risco de erosão do

solo, nas características geomorfológicas e pedológicas (Aguiar et al., 2012;

Alburet, 2011; Smith, 2003).

O zoneamento ambiental pode ser realizado com base no risco de erosão do

solo (Smith, 2003), nas características geomorfológicas (Alburet, 2011) e

pedológicas (Aguiar et al., 2012).

Plágio É apropriar de algo, ou mesmo dar a impressão de assumir a autoria de alguma

coisa que não lhe pertence!!

O que é plagiado?

Ideias

Escritos

Obras

O plágio pode ocorrer em duas situações:

Forma CONSCIENTE (que caracteriza corrupção) ou

Por IGNORÂNCIA (ou erro) da pessoa que o comete.

Na escrita o PLÁGIO pode ser de IDEIAS ou DE FORMATO.

Falácias

São erros argumentativos ou expressões de equívocos. O desafio é conseguir

visualizar argumentação equivocada.

De onde vêm as perguntas científicas?

Fazer Ciência é construir discurso lógico acerca das evidências, mas sem cometer

falácias.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Redação Científica e Filosofia da Ciência.

Andery, M.A. et al. Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Ed. Garamond.

436p. 2014. (*)

Bynum, W. Uma breve história da ciência. L&PM Editores, 312 p., 2013.

[Uma síntese das descobertas científicas marcantes ao longo da história da humanidade. Com ele temos um bom

panorama de como um cientista pensa e como isso se modificou ao longo da história]

Chalmers, A. F. O que é Ciência afinal? Editora Brasiliense, 227 p., 1993. (*)

Crato, Nuno. O ´Eduquês´ em discurso directo. 1ª ed. 2006; 12ª ed. 2011. Editora Gradiva, Lisboa (www.gradiva.pt);

ISBN: 978-989-616-094-4.

[Link: http://criticanarede.com/liv_crato.html. O link mostra resenha sobre o livro. Outro link:

http://www.alamedadigital.com.pt/lancamento/o_eduques.php

Feyerabend, Paul. Contra o método. Editora Unesp, 373 p.

[Defende uma ação mais anarquista como método na ciência]

Gaarder, Jostein. O mundo de Sofia. Ed. Cia. das Letras, 555 p., 1995.

[Um Best Seller que encantou muita gente na época. Uma história misteriosa através da qual você é introduzido a

pontos importantes da filosofia. A linguagem é simples e isso irritou alguns filósofos na época. Porém, esse livro fez

muito para a divulgação da filosofia no mundo acadêmico e fora dele. O autor é filósofo]

Gleiser, M. A ilha do conhecimento: os limites da Ciência e a busca por sentido. (*)

Goldstein, L. et al. Lógica: conceitos-chave em filosofia. Porto Alegre: Ed. Artmed, 224p. 2007.

Kuhn, Thomas. A Estrutura das Revoluções Científicas. Editora Perspectiva, série debates - ciência, 257 p. (*)

[Este livro procura contribuir para o estudo da história das ciências e das ideias, reintegrando as revoluções sócio-

tecnológicas e políticas do mundo contemporâneo, não só no seu processo estrutural específico como no contextual]

Lakatos, Imre & Musgrave, Alan (Orgs.). A crítica e o desenvolvimento do conhecimento. Editora Cultrix e EDUSP,

1970, 343 p.

[Uma obra fundamental para entender o debate entre Thomas Khun e Karl Popper, do século XX. É uma coletânea de

falas de grandes filósofos proferidas durante o Colóquio Internacional sobre Filosofia da Ciência, Londres, 1965. Além

de Khun e Popper, os demais são defensores de cada um desses filósofos, que discutem num ambiente crítico as suas

preferências. O debate principal é em torno das propostas aparentemente antagônicas desses filósofos em relação à

substituição de teorias na ciência. Não é um livro simples de ser lido, mas vale a pena se você já conhece a base da obra

desses filósofos]

Latour, B. Ciência em ação. Ed. Unesp, 422 p., 2011.

[Um clássico na metodologia na Humanidades. Parte de uma abordagem interessante, olhando o comportamento dos

cientistas. Para amantes da ciência, seja quantitativa ou qualitativa]

Levin, J. A música do universo. Companhia das Letras. (*)

[Uma viagem para obter as evidências empíricas sobre ondas gravitacionais, teoria proposta por A. Einstein há mais

de 100 anos e que torna realidade em 2016. Isto foi conseguido graças à obstinação de um grupo de cientistas

compromissados com o processo de construção do conhecimento].

Magee, Bryan. As Ideias de Popper. Ed. Cultrix, série Mestres da Modernidade, 109 p. (*)(*)

Magee, Bryan. História da Filosofia. Edições Loyola, 240 p. (*)

Nouvel, Pascal. Filosofias das ciências. Editora Papirus, 240 p

[Uma viagem à epistemologia da ciência. Conheça as principais correntes filosóficas]

Oliva, Alberto. Filosofia da Ciência. Editora Zahar, RJ; ISBN 85-7110-745-9. 74p. 2003.

Oliva, A. Teoria do conhecimento. Ed Zahar, Coleção Filosofia passo-a-passo, vol. 91, 89 p.

[Livro simples que mostra as principais frentes do pensamento racional para entender o mundo. Mostra nossos

alicerces teóricos para construir conhecimento. Importante para o cientista entender que produzir conhecimento

depende de referencial teórico e que esses referenciais não são únicos]

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Popper, Karl, R. A Lógica da Pesquisa Científica. SP: Cultrix. 2ª. Ed. 2013. 454p. (*)

[Este livro é uma das obras mais importantes relacionadas À metodologia e ao conhecimento científico. Popper dá

uma contribuição decisiva ao problema da indução, que desafia os filósofos pelo menos desde o sec. XVII. O problema

da indução consiste no fato de que, por mais dados singulares que o cientista acumule, não há uma garantia lógica de

que o enunciado universal daí inferido seja verdadeiro. O autor defende nesta obra que o critério de demarcação da

ciência não é a verificação, mas sim o falseamento. Assim, Popper mostra neste clássico do pensamento científico que

a ciência só pode ser definida por meio de regras metodológicas. Popper constituiu um modelo de falseamento

denominado de hipotético-dedutivo. Esse modelo defendia que uma teoria somente poderia ser considerada científica.

se houvesse maneiras de refutá-la ou de contradizê-la]

Popper, Karl, R. Conhecimento Objetivo, Belo Horizonte, MG: Ed. Itatiaia. 1999. 394 p.

[O maior milagre do universo é possivelmente o conhecimento humano. Como, porém, o homem adquire conhecimento

e o faz crescer? De que modo, especialmente, age a ciência para progredir, substituindo teorias antigas por outras novas

e melhores, em incessante procura no rumo da verdade? Mas, poderíamos perguntar: que é Verdade? Popper rompe

com o subjetivismo, tradição secular da teoria do conhecimento humano que pode ser datada de Aristóteles. Assim, por

meio da constante seleção crítica, num processo evolucionário, o conhecimento pode aumentar e ser renovado]

Popper, Karl, R. Os Dois Problemas Fundamentais da Teoria do Conhecimento. São Paulo: Unesp. 2013. 662 p.

[Escritos entre 1930 e 1933 por Karl Popper e publicada pela primeira vez em 1979os ensaios que compõem esta obra,

até agora inédita em português, precedem e dão origem ao clássico A lógica da pesquisa cientifica. No livro, o filósofo

identifica os dois problemas fundamentais que estão igualmente na base dos problemas clássicos e modernos da teoria

do conhecimento - o da indução e o da demarcação - e busca reduzi-los a um único problema.].

Popper, Karl, R. Sociedade aberta e seus inimigos. Belo Horizonte, MG: Ed. Itatiaia. 1974.

Popper, Karl, R. & Eccles, J. C. O Cérebro e o Pensamento. Campinas, SP: Papirus. 171p. 1992.

[Filosofia e a Ciências médica estão representadas nesta obra por dois grandes pensamentos contemporâneo: Popper,

que admite a neutralidae ideológica da Ciência e um dos mais importantes filósofos da Ciência do século XX, e John C.

Eccles apenas Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia aos 60 anos de idade]

Reynolds, Garr. Apresentação Zen. Ed. Alta Books, 230 p., 2008.

[Um livro fascinante sobre a apresentação. Foca nas preparações Power Point. Não é de técnica computacional e sim

de conceitos para se pensar a apresentação. Reúne elementos orientais e ocidentais sobre o fazer humano. Defende

algo fundamental: primeiro acertar o pensamento e depois fazer a apresentação (ou redigir o artigo). Se você usa ou

usará slides para apresentações, sugiro ler este livro]

Sidman, M. Táticas da pesquisa científica. Ed Brasiliense.

Volpato, G. L. Bases teóricas para redação científica. 1 ed. São Paulo: Cultura Acadêmica, reimp. 2010, 125 p.

Volpato, G. L. Ciência: Da filosofia à publicação. 7ª. Edição. Botucatu: Best Writing, 2019

Volpato, G. L. Guia Prático para Redação Científica. Botucatu: Best Writing, 2015, 268 p.

Volpato, G. L. Publicação Científica. 3 ed. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2008, 125 p.

Volpato, G.L. & Barreto, R. E. Elabore Projetos Científicos Competitivos: biológicas, exatas e humanas. Ed. Best

Writing. 160p. 2014.

Volpato, G.L. & Barreto, R. E. Estatística Sem Dor!!! Editora Best Writing 160p. 2016. (*)

Volpato, G.L. Ciência além da visibilidade. Botucatu: Best Writing, 210p. 2017. (*)

Volpato, G.L. Dicas para Redação Científica - Editora: Cultura Acadêmica. 288p. 2016. (*)

Volpato, G.L. Método Lógico para Redação científica. 2ª. Ed. Botucatu: Best Writing, 156p. 2017. (*)

Walter A. Carnielli & Richard L. Epstein. Pensamento Crítico: o poder da lógica e da argumentação. 3ª ed. Editora

Rideel, São Paulo. 371p. 2011.

[Livro sobre lógica, em linguagem simples e com aplicação a atividades corriqueiras do nosso cotidiano. Uma boa

forma de se aproximar da Lógica, matéria fundamental para todos, inclusive para cientistas.

(*) Principais livros que recomendamos para seu crescimento científico.