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Página 1 de 105 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI/ CAMPUS ALTO PARAOPEBA ISOLAMENTO E SELEÇÃO DE MICRO-ORGANISMOS PRODUTORES DE BIOAROMAS POR BIOTRANSFORMAÇÃO DE TERPENOS LORENA DE OLIVEIRA FELIPE ORIENTAÇÃO: PROF. DR. JULIANO LEMOS BICAS CO-ORIENTAÇÃO: PROFA. DRA. ANA MARIA DE OLIVEIRA OURO BRANCO MG, AGOSTO DE 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI/

CAMPUS ALTO PARAOPEBA

ISOLAMENTO E SELEÇÃO DE MICRO-ORGANISMOS PRODUTORES DE

BIOAROMAS POR BIOTRANSFORMAÇÃO DE TERPENOS

LORENA DE OLIVEIRA FELIPE

ORIENTAÇÃO: PROF. DR. JULIANO LEMOS BICAS

CO-ORIENTAÇÃO: PROFA. DRA. ANA MARIA DE OLIVEIRA

OURO BRANCO – MG,

AGOSTO DE 2015

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ISOLAMENTO E SELEÇÃO DE MICRO-ORGANISMOS PRODUTORES DE BIOAROMAS POR

BIOTRANSFORMAÇÃO DE TERPENOS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TECNOLOGIAS

PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

LORENA DE OLIVEIRA FELIPE

ORIENTAÇÃO: PROF. DR. JULIANO LEMOS BICAS

CO-ORIENTAÇÃO: PROFA. DRA. ANA MARIA DE OLIVEIRA

OURO BRANCO – MG,

AGOSTO DE 2015

DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

TECNOLOGIAS PARA O

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

(PPGTDS) PARA A OBTENÇÃO DO

TÍTULO DE MESTRE.

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“Mas é preciso ter força, É preciso ter raça

É preciso ter graça É preciso ter sonho sempre”.

Milton Nascimento/Fernando Brant

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Dedico mais essa conquista aos meus pais, as pessoas mais especiais desse mundo.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pela oportunidade da vida, capacidade

intelectual e de sentir o mundo e as coisas ao meu redor com tanta intensidade.

Aos meus pais, por terem sempre priorizado a minha educação e da minha irmã

a todo custo, desfazendo-se de tudo para deixar o conhecimento como herança. Não

foi fácil chegar até aqui e nós sabemos muito por que, a estrada foi sempre muito

difícil, apertada e cheia de desafios.

À minha mãe, por ter tido papel tão importante na formação da minha

personalidade, dando cotidianamente lições de compaixão, equilíbrio emocional,

coragem e determinação. À ela também vai ficar sempre a minha eterna dívida em

retribuir toda a devoção dedicada a nossa criação, sempre com muito amor, respeito e

disponibilidade.

À Universidade Federal de São João del-Rei, especialmente ao Campus Alto

Paraopeba (CAP), por ter me proporcionado toda a formação acadêmica. Para a

maioria dos estudantes o CAP sempre foi limitação, para mim foi, sem dúvida alguma,

a melhor oportunidade da minha vida. É e sempre será a minha casa e voltarei

quantas vezes for necessário, com muita vontade de contribuir de alguma forma com

esse lugar que tem tanta representatividade para mim.

Ao Professor Juliano Lemos Bicas, por ser exemplo de profissional

comprometido, de grande conhecimento e projeção. Fica aqui a minha forte gratidão

por ter impactado tanto na minha formação, por ter sempre acreditado em mim, me

apoiando a todo o momento (presencialmente ou a distância), com tanta prontidão e

atenção.

À Professora Ana Maria de Oliveira, por ter contribuído com diferentes e

importantes sugestões para a construção desse texto, por toda a paciência dedicada

no Laboratório de Análise Instrumental e por mostrar que a transparência é sempre o

melhor caminho para resolver qualquer situação.

Aos demais professores do CAP, que de alguma forma, sempre contribuíram

com a minha formação e, principalmente agora no Mestrado: Prof. Ênio Nazaré de

Oliveira Júnior pelas opiniões no exame de qualificação e Prof. Bruno Meireles Xavier

por ter se tornado uma pessoa de grande confiança, me ajudando em momentos

difíceis, de dúvidas pessoais e sobre o futuro.

À Katialaine Corrêa de Araújo, minha cara metade mais oposta, o melhor

presente que o CAP me deixou em todos esses anos. Tenho muito a agradecer por

todas as provas de amizade em diferentes momentos, carinho e companheirismo,

além de tantas lições pessoais. O CAP teria sido muito vazio e sem graça sem você.

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Aos meus animais de estimação (Lindinha, Angelina e mais recentemente a

Mila) pelo companheirismo nas horas e horas a fio entregues à redação da

dissertação, sempre trazendo uma oportunidade de escape para o amor, para a

lealdade, com olhares tão ternos e me fazendo rir em momentos de tensão.

Especialmente a Angelina, pelas inúmeras manhãs que me acompanhou ao CAP nos

experimentos do Mestrado, seja durante os finais de semana ou em dias comuns.

Aos meus amigos de tão longa data – Lívia e Stella – por sempre oferecerem a

sua amizade mesmo quando passamos tanto tempo sem nos ver. À Família Bicalho,

minha segunda família, pelas conversas ao redor da mesa, sinceridade e tanto carinho

dedicado a mim. É nessas horas que a gente percebe o quanto a simplicidade pode

proporcionar momentos agradáveis e prazerosos.

Por fim, agradeço a todas as outras pessoas que me auxiliaram ao longo dessa

jornada e que plantaram um tijolinho na estrada que percorri para chegar até aqui.

Finalmente, relembrando Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas:

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim:

esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,

sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem".

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SUMÁRIO

1. Introdução.................................................................................................... 16

2. Revisão bibliográfica.................................................................................... 17

2.1 Terpenos...................................................................................................... 17

2.1.1 α-pineno...................................................................................................... 21

2.1.2 Farneseno................................................................................................... 22

2.1.3 Limoneno.................................................................................................... 23

2.2 Aromas........................................................................................................ 24

2.3 Produção biotecnológica de aromas........................................................... 27

2.3.1 Métodos de obtenção................................................................................ 27

2.3.2 Seleção de linhagens................................................................................. 29

2.3.3 Modos de fermentação em bioprocessos para a produção de

bioaromas................................................................................................................ 31

2.3.4 Principais configurações de reatores empregados na produção de

bioaromas................................................................................................................ 36

2.3.5 Principais métodos de extração empregados na produção de

bioaromas................................................................................................................ 37

2.3.6 Resolução quiral da mistura racêmica de bioaromas................................ 40

2.4 Bioaromas – perspectiva para o desenvolvimento sustentável................. 42

2.4.1 Aspecto ambiental..................................................................................... 43

2.4.2 Aspecto econômico..................................................................................... 45

2.4.3 Aspecto social............................................................................................. 47

2.4.3.1 Bioprospecção............................................................................................ 47

2.4.3.2 Potencial biológico dos bioaromas............................................................. 49

3. Objetivos..................................................................................................... 51

3.1. Objetivo geral.............................................................................................. 51

3.2 Objetivos específicos.................................................................................. 51

4. Metodologia................................................................................................ 51

4.1 Reagentes................................................................................................... 51

4.2 Isolamento dos micro-organismos.............................................................. 52

4.3 Seleção dos microrganismos potencialmente biotransformadores............ 52

4.4 Processo de biotransformação................................................................... 53

4.5 Extração e análises cromatográficas dos produtos formados.................... 54

5. Resultados e discussão.............................................................................. 55

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5.1 Isolamento dos microrganismos................................................................. 55

5.2 Seleção dos microrganismos potencialmente biotransformadores............ 58

5.3 Análises cromatográficas dos produtos formados a partir das culturas

previamente selecionadas.......................................................................................

63

5.4 Processo de biotransformação com resting cells....................................... 64

5.4.1 Bactérias e levedura.................................................................................... 64

5.4.2 Fungos filamentosos.................................................................................... 66

6. Conclusão.................................................................................................... 76

7. Perspectivas futuras..................................................................................... 77

8. Referências bibliográficas............................................................................ 78

9. Agradecimento............................................................................................. 105

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ABREVIATURAS

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATP: adenosina trifosfato.

aw: atividade de água

CDB: Convenção da Diversidade Biológica

GC-MS: cromatógrafo a gás acoplado a espectrometria de massas

GC-O: cromatografia gasosa com detector olfatométrico

CTA: conhecimento tradicional associado

FDA: Food and Drug Administration

FEMA: Flavor Extract and Manufacturers Association

FES: fermentação em estado sólido

FS: fermentação submersa

RDC: Resolução da Diretoria Colegiada

WHO: World Health Organization

OMS: Organização Mundial da Saúde

vvm: vazão volumétrica

ATCC: American Type Culture Collection

POMS: polyoctylmethylsiloxane

PEBA: polyetheramide-block-copolymers

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LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1 - Principais compostos terpênicos e seus derivados presentes em

alguns óleos essenciais. 18

Tabela 2 – Compostos de impacto de alguns alimentos. 26

Tabela 3 – Valores comerciais de mercado estimados para três diferentes

bioaromas em função da sua rota de produção 46

Tabela 4 – Fontes de obtenção e respectiva identificação dos micro-

organismos isolados por técnica de Gram 56

Tabela 5 – Intensidade de crescimento* dos micro-organismos em placa de

Petri contendo meio mineral DP e terpeno adicionado na tampa da placa

como única fonte de carbono e energia

59

Tabela 6 – Estudos relatados na literatura para a biotransformação de

substratos terpênicos por diferentes linhagens de bactérias. 66

Tabela 7 – Estudos relatados na literatura para a biotransformação de

substratos terpênicos por diferentes linhagens de fungos (filamentosos ou

leveduriformes).

72

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LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1 - Exemplos de compostos de aroma de diferentes funções químicas

e suas respectivas notas sensoriais. 19

Figura 2 – Estrutura molecular dos enantiômeros da carvona, as quais

apresentam aromas completamente distintos. 20

Figura 3 – Formas isoméricas do pineno. 21

Figura 4 – Formas isoméricas do farneseno. (Bicas, 2009). 22

Figura 5 – Formas isoméricas do limoneno. 23

Figura 6 – Quadro comparativo mostrando as vantagens e desvantagens

dos métodos de obtenção de aroma: (i) rota química, (ii) extração da

natureza e (iii) via biotecnológica.

27

Figura 7 – Esquema ilustrativo mostrando a diferença entre os dois métodos

de obtenção por via biotecnológica de aromas: (A) síntese de novo, (B)

biotransformação.

28

Figura 8 – Estruturas químicas de alguns aromas

de ampla comercialização mundial. 32

Figura 9 – Tripé da sustentabilidade que deve ser integralmente

contemplado por uma tecnologia que se proponha ao desenvolvimento

sustentável.

43

Figura 10 – Resumo dos resultados obtidos nesse trabalho. 55

Figura 11 – Vias de metabolizações relatadas na literatura para o limoneno

por diferentes microrganismos. 61

Figura 12 – Vias de metabolização do pineno por alguns fungos

filamentosos relatados na literatura. 62

Figura 13 – Vias de metabolização do pineno por algumas bactérias

relatadas na literatura. 62

Figura 14 – Cromatogramas sobrepostos para a biotransformação do

limoneno (sem acúmulo) pelo micro-organismo 1 após 0h (azul), 24h

(vermelho), 48h (verde), 72h (rosa) de biotransformação.

65

Figura 15 – Cromatogramas sobrepostos para a biotransformação do

limoneno (sem acúmulo) pelo micro-organismo 10 após 0h (azul), 24h

(vermelho), 48h (verde), 72h (rosa) de biotransformação.

65

Figura 16 – Cromatogramas sobrepostos para a biotransformação do

farneseno (sem acúmulo) pelo micro-organismo 45 após 0h (azul), 24h 67

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(vermelho), 48h (verde), 72h (rosa) e 96h (bege) de biotransformação.

Figura 17 – Cromatogramas sobrepostos para a biotransformação do α-

pineno (sem acúmulo) pelo micro-organismo 41 após 0h (azul), 24h

(vermelho), 48h (verde), 72h (rosa) e 96h (bege) de biotransformação.

67

Figura 18 – Cromatogramas do padrão comercial de limoneno-1,2-diol (linha

vermelha) e do extrato da biotransformação do microrganismo 42 após 96 h

de fermentação, tendo limoneno como substrato (linha azul).

68

Figura 19 – Cromatogramas sobrepostos para a biotransformação do

limoneno pelo micro-organismo 42 após 0h (azul), 24h (vermelho), 48h

(verde), 72h (rosa) e 96h (bege) de biotransformação.

68

Figura 20 – Curva analítica do limoneno-1,2-diol obtida a partir de

cromatografia gasosa com detecção por ionização em chama (CG-DIC). 69

Figura 21 – Cinética de produção de limoneno-1,2-diol para o período de 0 a

96 h, a partir da biotransformação de R-(+)-limoneno por fungo filamentoso

isolado do orégano (microrganismo 42).

69

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RESUMO

FELIPE, Lorena de Oliveira. Universidade Federal de São João del-Rei/Campus Alto

Paraopeba, agosto de 2015. Isolamento e seleção de micro-organismos

produtores de bioaromas por biotransformação de terpenos. Orientador: Juliano

Lemos Bicas. Co-orientadora: Ana Maria de Oliveira.

Os aromas encontram larga aplicabilidade em diferentes setores industriais, contudo,

esse mercado é majoritariamente dominado por aromas quimicamente sintetizados.

Nesse contexto, considerando a relação positiva entre a qualidade dos alimentos

consumidos e o impacto na expectativa de vida, observa-se uma demanda cada vez

maior de substituição dos produtos sintéticos por naturais. Assim, a produção

biotecnológica de aromas demonstra ser uma opção bastante viável, já que dentre

outras vantagens, os aromas produzidos por essa via são considerados naturais.

Portanto, o objetivo desse trabalho foi isolar e selecionar micro-organismos que

fossem capazes de converter substratos terpênicos de elevada disponibilidade

comercial no Brasil – limoneno, α-pineno e farneseno – em bioaromas. Para a

prospecção dos micro-organismos foram utilizadas amostras comerciais de alecrim,

açafrão-da-terra, aniz, canela, cenoura, cominho, cravo, eucalipto, hortelã, lavanda,

limão, maçã, mamão, menta, orégano e tomilho consideradas fontes naturais de

terpenos. Foram isolados 45 micro-organismos (62,2% eram cocos Gram-negativos,

8,9% bastonetes Gram-positivo, 13,3% bastonetes Gram-negativo, 4,4% leveduras e

11,1% fungos filamentosos) resistentes ao meio de cultivo contendo 1% (v/v) de

limoneno e capazes de crescer em meio mineral contendo os substratos terpênicos

testados (1% (v/v)) como única fonte de carbono e energia. Após o isolamento, os

diferentes micro-organismos isolados foram submetidos ao procedimento de

biotransformação de substratos terpênicos. Este procedimento foi dividido em duas

etapas: i) obtenção de biomassa a partir do crescimento em meio YM (1% glicose,

0,5% peptona, 0,3% extrato de malte, 0,3% extrato de levedura) a 30°C, 150 rpm por

72h; ii) biotransformação propriamente dita, que consistiu em incubar a 30°C e 150

rpm a biomassa obtida anteriormente ressuspendida em tampão fosfato 20mmol pH

7,0 em presença de limoneno, farneseno ou α-pineno. A cada 24h foram feitas

extrações com acetato de etila adicionado de 1% de octano (1:1, v:v) para análises

cromatográficas dos produtos formados. Dentre os 45 micro-organismos selecionados,

apenas um dos isolados (fungo filamentoso isolado do orégano) foi capaz de acumular

um produto de biotransformação. Portanto, obteve-se um sucesso de 2% nos esforços

de prospecção. Por comparação com o tempo de retenção de padrões comerciais,

concluiu-se que tal produto seria o limoneno-1,2-diol, um derivado relativamente

inexplorado do limoneno. Sua concentração foi estimada em 0, 168,42; 220,89; 262,37

e 208,29 mg L-1 após 0, 24, 48, 72 e 96h de biotransformação, respectivamente.

Estesresultados demonstraram que a prospecção de micro-organismos é viável e

pode-se tornar uma ferramenta bastante útil para possibilitar industrialmente a

produção de bioaromas.

Palavras-chave: aroma, biotransformação, limoneno, limoneno-1,2-diol, prospecção.

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ABSTRACT

FELIPE, Lorena de Oliveira. Federal University of São João Del-Rei/Campus Alto

Paraopeba, August of 2015. Isolation and screening of producers bioaromas

microorganisms from terpenes biotransformation. Adviser: Juliano Lemos Bicas.

Co-adviser: Ana Maria de Oliveira.

The aromas are wide applicability in different industrial sectors, however, this market is

largely dominated by chemically synthesized flavorings. In this context, considering the

positive relationship between the quality of food consumed and the impact on life

expectancy, there is an increasing demand for replacement of synthetic products by

natural. Thus, the biotechnological production of flavorings proves to be a very viable

option, since among other advantages, the aromas produced in this way are

considered natural. Therefore, the aim of this study was to screening and isolate

microorganisms that were able to convert terpene substrates of high commercial

availability in Brazil - limonene, α-pinene and farnesene - in bioaromas. For prospecting

of microorganisms were used commercial samples of rosemary, turmeric, anise,

cinnamon, carrot, cumin, clove, eucalyptus, peppermint, lavender, lemon, apple,

papaya, mint, oregano and thymeconsidered sources of natural terpenes. 45

microorganisms were isolated (62.2% were Gram-negative cocci, 8.9% Gram-positive,

13.3% Gram-negative, 4.4% yeast and filamentous fungi 11.1%) resistant culture

medium containing 1% (v / v) and limonene able to grow in mineral medium containing

the terpene tested substrates (1% (v/v)) as the sole source of carbon and energy. After

isolation, the different micro-organisms isolated were subjected to biotransformation

procedure terpene substrates. This procedure was divided into two steps: i) obtaining

from biomass growth in YM medium (1% glucose, 0.5% peptone, 0.3% malt extract,

0.3% yeast extract) at 30°C/150 rpm for 72 hours; ii) actual biotransformation, which

consisted of incubating at 30°C and 150 rpm biomass obtained previously resuspended

in 20mmol phosphate buffer pH 7.0 in the presence of limonene, farnesene and α-

pinene. The extractions were performed every 24 hours with ethyl acetate added 1%

octane (1:1, v:v), to chromatographic analyzes of the products formed. Among the 45

selected microorganisms, only one of the isolates (isolated filamentous fungus

oregano) was able to accumulate a product of biotransformation. Thus, there was

obtained a success in the exploration of 2% efforts. By comparison with commercial

standards retention time, it was concluded that such a product would limonene-1,2-diol,

a relatively unexplored derived from limonene. Its concentration was estimated to be 0,

168,42; 220,89; 262,37 and 208,29 mg L-1 after 0, 24, 48, 72 and 96 hours

biotransformation, respectively. These results demonstrated that drilling micro-

organisms are viable and can become a useful tool to enable the production of

industrially bioaromas.

Keywords: aroma, biotransformation, limonene, limonene-1,2-diol, screening.

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1. INTRODUÇÃO

Os aromas encontram larga aplicabilidade em diferentes setores industriais,

sendo a indústria alimentícia a mais importante. Apesar da ampla utilização desses

compostos, esse mercado é majoritariamente dominado por aromas quimicamente

sintetizados. Contudo, os processos químicos de produção de aromas apresentam

baixa ou nenhuma enantioseletividade ao substrato, resultando na mistura de

produtos. Além disso, alguns aromas não são passíveis de serem produzidos por rotas

químicas. Por fim, tem sido cada vez mais claro o apelo mercadológico para a

substituição de produtos sintéticos por “naturais” e ingredientes mais saudáveis.

Dessa forma, faz-se necessária a busca por novos processos que tornem

possível a produção de aromas naturais que colaborem para contornar os problemas

relacionados às transformações químicas, entre os mais importantes: (i) condições

severas de operação, (ii) uso e potencial descarte volumoso de reagentes químicos,

(iii) baixa especificidade de reação, (iv) alteração na percepção sensorial dos

alimentos e (v) eventuais problemas toxicológicos, principalmente processos alérgicos,

associados ao consumo de aromas artificiais (Ben Akacha & Gargouri, 2014).

Considerado esse contexto, bem como a demanda por novas tecnologias que

colaborem efetivamente para o desenvolvimento sustentável, a produção

biotecnológica de aromas tem sido apontada como a mais promissora dentre as rotas

possíveis de obtenção dos compostos de aromas. Entre as vantagens mais

significativas associadas a esse modo de produção destacam-se: (i) os aromas podem

ser rotulados como naturais, aumentando a qualidade sensorial de alimentos quando

utilizado para esse fim; (ii) geram produtos de maior valor agregado; (iii) ocorrem em

condições mais amenas, demandando menor custo energético e menor volume de

descarte de reagente; (iv) a produção pode ser conduzida de modo contínuo e

controlado, não sofrendo efeitos sazonais associados a disponibilidade de matéria-

prima (Ben Akacha & Gargouri, 2014).

Outro aspecto importante da produção por via biotecnológica de compostos de

aroma centra-se na promissora alternativa de utilizar resíduos e subprodutos

agroindustriais como meio de cultivo ou substrato nas reações catalisadas por micro-

organismos. Tais compostos, de baixo valor agregado podem ser obtidos da indústria

citrícola ou de papel/celulose por exemplo, tornando potencialmente possível a

produção comercial de aromas naturais a baixo custo.

No Brasil, essa possibilidade é bastante promissora, já que o país é o maior

produtor de laranjas e apresenta importante participação na produção de

papel/celulose, sendo que tais subprodutos, respectivamente, são ricos em R-(+)-

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limoneno (≈ 130 mil ton ano-1) e pinenos (≈ 160 mil ton ano-1), ambos, substratos

terpênicos utilizados em processos biotecnológicos na produção de aromas (Bicas,

2009). Ainda, de acordo com Bicas (2009), os terpenos têm recebido destinação

pouco nobre (queima, produtos de limpeza, rações, etc.) quando comparado ao

potencial de contribuição dessas matérias-primas na indústria de química fina,

especialmente, na produção por via biotecnológica de aromas.

Por outro lado, apesar das vantagens anteriormente mencionadas em relação

aos bioprocessos focados na produção de aromas, alguns desafios ainda devem ser

superados de forma que seja possível tornar factível a produção em escala industrial

de tais compostos. Entre os principais avanços que permitirão uma produção eficiente

de bioaromas, podem ser citados: (i) esforços na prospecção/seleção de micro-

organismos capazes de bioconverter substratos específicos para a produção de

bioaromas; (ii) estudos relacionados à otimização de processos, para tornar a

concentração do produto de interesse comercialmente vantajosa; (iii) scale-up e

downstream para a escala industrial (Molina et al., 2015).

Portanto, o objetivo deste trabalho foi isolar e selecionar micro-organismos

capazes de biotransformar compostos terpênicos para a produção de bioaromas,

tendo como hipótese central o fato de que micro-organismos capazes de crescer em

meios contendo terpenos como única fonte de carbono e energia são capazes de

modificar quimicamente estas moléculas e, assim, produzir novos compostos de

aroma.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. TERPENOS

Os óleos essenciais e suas notas aromáticas são empregados e explorados

desde os tempos remotos pela humanidade, com datações estimadas a 3500 a.C

(Scott, 2005; Knowlton & Pearce, 1993). Com ampla utilização, principalmente na

perfumaria e cosméticos, encontram também significativa aplicabilidade na indústria

alimentícia por contribuirem no reforço ou na melhora da qualidade sensorial dos

alimentos (Ravindra & Kulkarni, 2015; Do et al., 2014; Gabbanini et al., 2009; Marais,

1983).

Como regra geral, os óleos essenciais são compostos majoritariamente por

terpenos ou seus derivados (Tabela 1). Tais substâncias constituem-se como um

extenso grupo de moléculas orgânicas produzidas como metabólitos secundários,

principalmente em plantas, para evitar injúrias promovidas por agentes externos. Além

das plantas, são também produzidos por animais e micro-organismos, como fungos e

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bactérias (Dvora & Koffas, 2013; Wawrzyn et al., 2012; Szucs et al., 2011).

Considerado esse importante aspecto, os terpenos apresentam reconhecida atividade

antimicrobiana (De Martino et al., 2015; Raut & Karuppayil, 2014; Lawal &

Ogunwande, 2013).

Tabela 1 - Principais compostos terpênicos e seus derivados presentes em

alguns óleos essenciais. Adaptado de Pastore et al. (2013)

Óleo essencial Principais componentes

Alcarávia S-(+)-Carvona, limoneno, mirceno, α-felandreno, α-pineno, β-pineno

Endro S-(+)-Carvona, α-felandreno, limoneno

Eucalipto 1,8-Cineol, α-pineno, p-cimeno, limoneno

Gengibre Zingibereno, α-curcumeno, β-sesquifelandreno,

bisaboleno, camfeno, β-felandreno, 1,8-cineol

Casca de laranja Limoneno, mirceno, linalool, citronelal,

neral, geranial,valenceno, α- e β-sinensal

Rosa Citronelol, geraniol, nerol, metil eugenol,

geranilacetato, eugenol, óxido de rosa

Quimicamente, os terpenos podem ser definidos como “alcenos naturais”, isto é,

apresentam uma dupla ligação carbono-carbono sendo caracterizado como um

hidrocarboneto insaturado (Mc Murry, 2011; Maimone & Baran, 2007; Breitmaier,

2006). Por outro lado, se um terpeno contém uma molécula de oxigênio, o mesmo é

denominado de terpenóide, o qual, por sua vez, pode apresentar diferentes funções

químicas como ácidos, álcoois, aldeídos, cetonas ou epóxidos terpênicos (Figura 1).

Apesar de apresentarem diferenças estruturais entre si, todos os terpenos/terpenóides

são basicamente estruturados em blocos de cinco carbonos – unidades de isopreno –

sendo que tais unidades derivam do precursor difosfato de isopentenila (Mendanha &

Alonso, 2015). Biossinteticamente, condicionado a estrutura final do produto e do

organismo produtor, o difosfato de isopentenila pode ser produzido por duas rotas

distintas, a citar: via de mevalonato e via do 1-desoxixilulose-5-fosfato (DXP) (Kitaoka

et al., 2015; Niu et al., 2015; Opitz et al., 2014).

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Hidrocarbonetos Álcoois Compostos

Carbonílicos

Ésteres e

Lactonas

Éteres e

fenóis Outros

Limoneno*

(cítrico)

3-hexen-1-ol

(ervas)

2,6-nonadien-1-

al (pepino)

Acetato de

isoamila

(banana)

1,8-

cineol*

(eucalipt

o)

Furfural

(caramelo)

α-pineno*

(coníferas)

1-octen-3-ol

(cogumelo)

5-metil-(E)-2-

hepten-4-ona

(avelã)

Acetato de

butila (maçã)

3,9-oxi-

1-p-

menteno

(anis)

2-metil-3-

furanotiol

(rosbife)

Mirceno*

(cítrico, fresco)

Nerol

(limão)

Geranial*

(limão)

γ-

butirolactona

(doce,

amanteigado)

Timol*

(tomilho)

5-acetil-

tiazol (carne

grelhada)

Figura 1 - Exemplos de compostos de aroma de diferentes funções químicas e suas

respectivas notas sensoriais. O asterisco (*) indica os compostos terpênicos.

(Adaptado de Pastore et al., 2013).

CH2OH CHOO

O O O CHO

OHO O

O O O

SH

CH2OH

CHO

O O OH

N

S

O

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A classificação dos terpenos é baseada nos múltiplos de cinco carbonos que

compõem a estrutura da molécula, dessa forma são assim denominados:

hemiterpenos (C5), monoterpenos (C10), sesquiterpenos (C15), diterpenos (C20),

triterpenos (C30) e tetraterpenos ou carotenos (C40) (Krivoruchko & Nielsen, 2014;

Hanson, 2012; Hill & Connolly, 2012; Fraga, 2011; Dewick, 2002).

Além da classificação geral, os monoterpenos podem ser assim sub-

classificados: moléculas abertas (monoterpenos acíclicos), monocíclicos, bicíclicos ou

tricíclicos (Dewick, 2002). As estruturas terpênicas de menor massa molar, entre os

quais, monoterpenos e sesquiterpenos, apresentam volatilidade acentuada,

contribuindo significativamente para os compostos de impacto de óleos essenciais e

alimentos, como por exemplo, no aroma de cítricos, ervas aromáticas e especiarias

(Kaur & Kaur, 2015; Cazzola & Cestaro, 2014; Farkas & Mohácsi-Farkas, 2014).

Já as moléculas de tamanho superior aos sesquiterpenos, devido ao tamanho da

cadeia, não apresentam volatilidade e, portanto, não colaboram com perfis aromáticos

de óleos essenciais. Contudo, o catabolismo de tetraterpenos (C40), pode fornecer

noroisoprenoides de 10 e 13 carbonos de importante contribuição para o aroma de

alguns produtos (Mendes-Pinto, 2009).

Outro ponto bastante interessante sobre a química dos terpenos centra-se na

isomeria das moléculas, em que isômeros ópticos podem conferir nota aromática

completamente diferente uma da outra. Tal fato pode ser claramente exemplificado

pela d-carvona [4S-(+)-carvona] que apresenta nota aromática de alcarávia, enquanto

que a l-carvona [4R-(-)-carvona] revela um odor bastante acentuado de hortelã (Figura

2) (Souza et al., 2013).

S-(+)-carvona

(aroma de alcarávia)

R-(-)-carvona

(aroma de hortelã)

Figura 2 – Estrutura molecular dos enantiômeros da carvona,

as quais apresentam aromas completamente distintos.

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Considerada essas diferenças, é possível perceber nitidamente a relação entre a

atividade dos terpenos e sua forma estrutural para a percepção dos inúmeros

compostos de impacto (Strub et al., 2014). Tal fato indica mais uma das vantagens de

aromas produzidos biotecnologicamente em comparação aos produtos de síntese

química. Enquanto os processos biotecnológicos ocorrem de maneira seletiva, é

comum que os processos químicos resultem em uma mistura de produtos, o que pode

ser determinante para a qualidade do produto obtido.

A seguir, serão descritos os terpenos empregados como substratos de meio de

cultivo nesse projeto.

2.1.1. α-PINENO

O pineno é um monoterpeno bicíclico (C10H16) que pode ser encontrado sob

duas formas isoméricas, o α-pineno e o β-pineno (Figura 3) (Simonsen, 1931;

Hepburn, 1911).

α-pineno β-pineno

Figura 3 – Formas isoméricas do pineno.

Está presente na composição de diferentes plantas, podendo ser encontrado em

mais de 400 óleos essenciais (Saeidnia, 2014). Entre os óleos essenciais com maior

disponibilidade de pineno está a terebintina, extraída de coníferas, que tem como

composição típica cerca de 70% de α-pineno e 25% de β-pineno (Yoo & Day, 2002;

Phillips & Croteau, 1999). Adicionalmente, o α-pineno e seus derivados - verbenona,

verbenol, mircetol e mirtenal - encontra significativa aplicação na produção de

fragrâncias aproveitadas em diferentes setores industriais (perfumaria e cosméticos,

por exemplo) (Kolicheski et al., 2007; Agrawal & Joseph, 2000).

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2.1.2. FARNESENO

O farneseno é um sesquiterpeno (C15H24) que pode ser encontrado em seis

formas isoméricas, duas para o β-farneseno e quatro para o α-farneseno (Figura 4).

No ambiente natural, o farneseno já foi detectado em cascas de maçã, posteriormente,

identificou-se que as formas isoméricas do farneseno podem assumir diferentes

funcionalidades em plantas e animais, entre as quais, amadurecimento de frutas e

feromônio de insetos (Yu et al., 2013; Lurie & Watkins, 2012; Chandran et al., 2011;

Sobotník et al., 2010).

(E)-β-farneseno (Z)-β-farneseno

(Z,E)-α-farneseno (E,Z)-α-farneseno

(E,E)-α-farneseno (Z,Z)-α-farneseno

Figura 4 – Formas isoméricas do farneseno.

Contudo, apesar de o farneseno ser encontrado em diferentes fontes naturais,

sua concentração é reduzida e limitada (Wang et al., 2011). Dessa forma, a obtenção

desse terpeno mostra-se dispendiosa, inviabilizando, atualmente, a utilização do

mesmo como substrato de cultivo em biossínteses catalisadas por micro-organismos.

Tal fato é claramente refletido na reduzida quantidade de publicações científicas

envolvendo tal terpeno em biotransformações microbianas, apesar do mesmo mostrar-

se bastante interessante em aplicações industriais. Isso porque, a partir da oxidação

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do α-farneseno, pode-se obter o α-sinensal, um composto de impacto de laranja

extremamente potente, com limite de detecção (threshold) da ordem de 0,05 ppb

(Berger, 2007).

Apesar da escassez de estudos científicos em relação à utilização do β-

farneseno em processos biotecnológicos, recentemente, a Amyris do Brasil requereu

patente do produto comercial – Biofene® - composto basicamente pelo isômero

anteriormente mencionado. A disponibilização comercial do Biofene®, identificado

como “diesel da cana” tornou-se possível a partir do re-engenheiramento metabólico

da levedura Saccharomyces cerevisiae, capaz de excretar farneseno, empregando

caldo de cana como substrato de cultivo (Edser, 2012; Amyris Biotechnologies). Dessa

forma, o cenário científico tornou-se mais otimista para a utilização do β-farneseno em

processos biotecnológicos focados na produção de bioaromas.

2.1.3. LIMONENO

O dipenteno (1-metil-4-isopropenil-1-ciclohexano) é o nome genérico dada à

mistura racêmica composta por R-(+)-limoneno (d-limoneno) e S-(-)-limoneno (l-

limoneno) (Figura 5) (Danon et al., 2015).

R-(+)-limoneno S-(-)-limoneno

Figura 5 – Formas isoméricas do limoneno.

Assim, é um monoterpeno com estrutura geral C10H16 (Ruiz & Flotats, 2014).

Ambas as formas enantioméricas podem ser encontradas na casca de limão e laranja,

com destaque para o R-(+)-limoneno, que está em concentrações acima de 90% (Sun,

2007).

Adicionalmente, o R-(+)-limoneno apresenta uma agradável nota aromática

cítrica, enquanto o S-(-)-limoneno possui odor que remete a pinho (Danon et al., 2015;

Zahi et al., 2015). O limoneno encontra diferentes aplicabilidades no setor industrial,

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servindo principalmente para a produção de solventes. Apesar disso, é também

empregado na produção de aromas naturais ou sintéticos para a indústria de

alimentos, cosmética e farmacêutica, além de ser considerado um importante

precursor de outros compostos de aroma, tais como o α-terpineol e a carvona (Molina

et al., 2015; Nikfar & Behboudi, 2014; Ruiz & Flotats, 2014).

2.2. AROMAS

Os cinco sentidos humanos são tradicionalmente descritos pelo tato, visão,

audição, paladar e olfato (Ellis, 2013; Bensmaia & Manfredi, 2012; Daly et al., 2012;

Doty, 2012; Feher, 2012a; Feher, 2012b). Esse último é responsável pela identificação

do odor e do aroma.

O odor é a resposta de compostos voláteis na via ortonasal após cheirar um

alimento (Moon et al., 2014; Secundo et al., 2014). Por outro lado, o aroma constitui-se

como a percepção de voláteis na via retronasal a partir da cavidade bucal quando o

alimento está no interior da boca. Assim, considerando que a percepção de sabor

(flavor) é a resposta integrada de substâncias voláteis aliadas às não voláteis,

atribuídas ao gosto (amargo, ácido, doce, salgado, umami) e demais sensações

(adstringência, pungência, refrescância), os compostos de aroma são determinantes

para o estabelecimento de uma extensa quantidade de sabores de diferentes

alimentos (Zellner et al., 2012; Manley, 2011; Collin, 1988). Tal fato pode ser

corroborado, ao considerar a relação entre a congestão nasal e a ausência de sabor

dos nutrientes ingeridos, influenciando diretamente no paladar (Cardello & Wise,

2008).

Contudo, apesar da importância dos aromas nos atributos de diferentes

produtos, é importante destacar que esses compostos voláteis não conferem nenhuma

função nutricional ou vitamínica aos mesmos (Baines, 2007).

Desse modo, os aromas são bastante complexos e constituem-se de uma família

bastante extensa de voláteis. Apresentam como características gerais: (i) moléculas

iguais ou menores a 300 Daltons; (ii) demonstram alto caráter hidrofóbico e (iii) baixa

polaridade em água (Jackson, 2002). Em produtos alimentares, já foram identificados

mais de 12.000 compostos voláteis com características e limiar de detecção sensorial

(threshold) diferenciados. De forma geral, considerado o último parâmetro, o threshold

da maior parte dos aromas situam-se na ordem de ppm (mg L-1/ mg Kg-1) ou ppb (µg L-

1/ µg Kg-1), sendo comum encontrar concentrações irrisórias desses compostos nos

alimentos, mas ainda assim de impacto, situados na ordem de ppt (ng L-1/ ng Kg-1)

(Siegmund, 2015; Jeleń et al., 2012).

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Levando-se em conta toda essa complexidade, a combinação de diferentes

aromas pode conferir uma quantidade quase infinita de notas aromáticas (Siegmund,

2015). Café, vinho e cerveja são produtos que ilustram claramente a inesgotável

possibilidade da combinação de compostos de aroma, já que o aroma característico

de cada um desses produtos está relacionado à interação simultânea de mais de

1.000 compostos voláteis (Sunarharum et al., 2014; Praet et al., 2012; Ferreira, 2010;

Webb & Muller, 1972).

Porém, frequentemente, uma única molécula, determinada de “composto de

impacto” (Tabela 2) pode determinar diretamente o aroma de um alimento, o qual, por

sua vez, remete ao aroma original da matriz (Jackson, 2002).

Considerado esse contexto, é importante citar que a ciência dos compostos de

aroma e seus derivados sofreram um forte desenvolvimento com o advento das

técnicas de identificação e a caracterização dos compostos voláteis. Inicialmente, a

cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (GC/MS) foi impactante no

desenvolvimento dessa área.

Atualmente, outros métodos integrados de caracterização têm contribuído para

refinar o mapeamento do perfil aromático de diferentes alimentos. Assim, as frações

voláteis dos aromas são separadas por cromatógrafo gasoso com detector

olfatométrico, sendo posteriormente avaliadas por provadores “treinados” (electronic

tongue/nose) e identificadas por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de

massas (Chin & Marriott, 2015; Wyszynski & Nakamoto, 2015; Reineccius & Peterson,

2013; Zellner et al., 2012).

No que diz respeito aos aspectos legais da utilização de compostos de aromas

em escala industrial, o FEMA (Flavor Extract and Manufacturers Association – EUA) e

o FDA (Food and Drug Administration – EUA) - trabalham em parceria para assegurar

e nortear o consumo seguro de aditivos aromatizantes (Smith et al., 2005; Hallagan &

Hall, 1995). Entre os mais importantes resultados de tais iniciativas, foi a

compilação/publicação de listas contendo aromas de uso permitido, de concentrações

máximas regulamentadas (safrol e quinina), bem como de uso proibido (extrato de

fava-tonca, sassafrás e sabina) (ANVISA, 2007). Já no Brasil, a publicação da RDC

n°2, de 15 de janeiro de 2007, regulamenta a produção e comercialização de

compostos de aroma em todo o MERCOSUL (ANVISA, 2007).

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Tabela 2 – Compostos de impacto de alguns alimentos

Adaptado de Pastore et al. (2013)

Composto de impacto Alimento

S-(+)-Carvona* Alcarávia

Eugenol* Cravo

Sulfeto dialil Alho

Carvacrol Orégano

R-(+)-Carvona* Hortelã

Safranal* Açafrão-da-terra

β-damascenona* Maçã

Isoamil-acetato Banana

Citral* Limão

(Z)-6-Nonenal Melão

γ-undecalactona/γ-decalactona Pêssego

Alil caproato Abacaxi

Furaneol Morango

1-Octen-3-ol Cogumelos

Benzaldeídeo Amêndoas

2,5-Dimetilpirazina Amendoim

Dimetil sulfeto Aspargos

4-Metiltiobutil isotiocianato Brócolis

Dimetil sulfeto Repolho

γ-Nonalactona Coco

Metil(metiltio)pirazina Avelã

*Terpenos ou seus derivados

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2.3 PRODUÇÃO BIOTECNOLÓGICA DE AROMAS

2.3.1 MÉTODOS DE OBTENÇÃO

As vias de obtenção de aromas são constituídas basicamente por três métodos:

(i) extração da natureza; (ii) síntese química ou (iii) via biotecnológica (Molina et al.

2015) (Figura 6).

A extração de compostos de aromas diretamente da natureza apresenta como

características marcantes o baixo rendimento de produto, o alto custo, além de

demonstrarem forte dependência de fatores sazonais, climáticos e políticos. Além

disso, em função da atividade de extração, pode implicar em problemas ecológicos

(Zhou et al., 2014). A extração da essência de baunilha, contendo vanilina como

composto de impacto, ilustra bem esse cenário. Isso porque, para a produção de 1 Kg

de essência de baunilha, estima-se, que sejam necessárias cerca de 500 vagens da

orquídea Vanilla planifolia (Gallage & Møller, 2015).

Figura 6 – Quadro comparativo mostrando as vantagens e desvantagens dos métodos

de obtenção de aroma por rota química, extração da natureza e via biotecnológica.

(Adaptado de Bicas et al. 2015).

A rota de produção química, apesar de apresentar rendimento satisfatório,

apresenta como desvantagens a reduzida regio-seletividade, produzindo misturas

racêmicas que alteram substancialmente a percepção do aroma desejado para

determinado produto. Além disso, quando aromas sintéticos são utilizados, os mesmos

só podem ser descritos como “aroma artificial” ou “aroma idêntico ao natural”,

diminuindo o apelo mercadológico dos produtos aos quais eles são adicionados (Ben

Akacha & Gargouri, 2014).

Em se tratando da via biotecnológica, a obtenção de aroma é feita a partir da

utilização de enzimas isoladas, culturas de células ou micro-organismos que podem

ser usados como culturas em crescimento, células imobilizadas, células em repouso

(resting cells) ou em sistemas multifásicos (fase aquosa contendo biocatalisador e fase

Rota Química Extração da natureza Via biotecnológica

Sintético, artificial e idêntico ao natural

Natural

Alto rendimento, baixo custo Boa qualidade sensorial Parâmetros brandos de processo, produção contínua, sem

influência da sazonalidade Baixa seletividade, mistura de produtos

Baixa concentração, influência de fatores ambientais

Baixo rendimento

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orgânica contendo substratos/produtos). Os produtos obtidos por esse método podem

ser rotulados como “naturais”, além do fato de que alguns compostos de aroma

opticamente puros só são passíveis de serem produzidos biotecnologicamente, em

função da capacidade enantiosseletiva apresentada por sistemas biológicos (Waché &

Dijon, 2013). Optando por tal técnica, podem-se considerar, de forma geral, dois

modos possíveis de produção: (i) síntese de novo e (ii) biotransformação (Marriott

2012; Molina et al. 2015) (Figura 7).

Figura 7 – Esquema ilustrativo mostrando a diferença entre os dois métodos de

obtenção de aromas por via biotecnológica: (A) síntese de novo, (B) biotransformação

(Adaptado de Bicas et al.; 2015)

A síntese de novo, palavra originária do Latim, significa “do zero, do início”,

tornando importante não confundir com o sentido de “novamente”. Essa rota de

obtenção apresenta um produto final constituído de vários compostos de aroma,

obtidos por vias metabólicas complexas, a partir de meio de cultura simples e sem a

adição especial de substratos ao meio (Gallage & Møller, 2015). Entretanto, a

produção biotecnológica de aromas por esse método é pouco promissora em função

da reduzida concentração de produto obtida (<100 mg L-1), bem como pelas

dificuldades enfrentadas no processo downstream considerando a complexidade da

amostra (Bicas, 2009).

Já os processos de biotransformação são caracterizados pela adição de

precursores ou intermediários aos substratos de cultivos para a biossíntese de um

determinado composto de aroma (Hegazy et al., 2015). Atualmente, em função das

características desse processo anteriormente destacada, a biotransformação tem sido

amplamente descrita na literatura científica como um método bastante versátil e

promissor para a obtenção de inúmeros insumos de alto valor agregado, focado

principalmente na indústria de aromas e fármacos (Cao et al., 2015; Hegazy et al.,

2015; Palomo & Filice, 2015).

OH

Substratos

Produtos Biocatálise

Micro-organismos (fermentação)

Micro-organismos, enzimas

(A)

(B)

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Contudo, a obtenção de bioaromas tanto por síntese de novo ou por

biotransformação são diretamente afetadas por importantes fatores reacionais, entre

os quais: (i) composição e característica do meio de cultivo, (ii) concentração do

substrato e parâmetros de processo (temperatura, agitação e aeração) (Bicas, 2009).

Portanto, apesar dos avanços na área biotecnológica, alguns desafios ainda

devem ser solucionados, principalmente no que diz respeito à biotransformação de

terpenos em escala industrial, entre os quais pode-se citar: (i) acentuada volatilidade

do substrato e do produto; (ii) importante grau de toxidez do micro-organismo pela

adição de substratos precursores e (iii) inviabilização da produção em função do

reduzido rendimento de produto. Dessa forma, estudos mais direcionados devem ser

desenvolvidos de forma a tornar possível o escalonamento da produção biotecnológica

de terpenos em compostos voláteis de relevante interesse industrial (Bicas et al.,

2010).

Considerados os desafios anteriormente mencionados, frente aos bioprocessos

empregados na produção de bioaromas, a engenharia genética tem se mostrado uma

ferramenta de inegável importância. De fato, apesar de ser um instrumento que requer

inúmeros estudos experimentais e domínio para “engenheirar” o metabolismo de

determinados micro-organismos de interesse, a manipulação genética tem contribuído

de forma significativa nesse campo científico e, possivelmente, irá adquirir cada vez

mais espaço em função das possibilidades abertas pela mesma (Otte & Hauer, 2015;

Cho et al., 2014; Krivoruchko & Nielsen, 2014; Xiao et al., 2014; Alonso-Gutierrez et

al., 2013).

Portanto, as rotas de produção de aromas por via biotecnológica abrem

precedentes para inúmeros estudos científicos, apresentando assim, um cenário

bastante otimista para a obtenção de patentes e novos processos tecnológicos (Elman

& Zhang, 2014; Ferguson & Kaundinya, 2014; Steven Burrill, 2014; Wu & Huarng,

2014).

2.3.2 SELEÇÃO DE LINHAGENS

Entre as estratégias empregadas por alguns autores na tentativa de aumentar o

rendimento de alguns aromas obtidos por via biotecnológica está o isolamento e a

seleção de micro-organismos (Werf & Bont, 1998).

Frequentemente, amostras de solo têm sido empregadas para a prospecção de

micro-organismos potencialmente biotransformadores de compostos terpênicos. A

seguir, seguem alguns exemplos de linhagens de micro-organismos obtidos por esse

método: Zhao et al., (2006), isolaram Bacillus fusiformis CGMCC1347 capaz de

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biotransformar isoeugenol (50,0 g L-1) em vanilina (8,10 g L-1/72 h). Hua et al. (2007) a

partir de Bacillus pumilus obtiveram 3,75 g L-1 (150 h) de vanilina a partir de 50,0 g L-

1de isoeugenol. Furukawa et al. (2003) empregando Pseudomonas putida I58, em 40

min de incubação, obtiveram 98% de conversão de isoeugenol a ácido vanílico (forma

oxidada da vanilina servindo também de substrato para a produção da mesma).

Shimoni et al. (2000) isolaram uma cepa de Bacillus subtillis, o qual produziu 0,9 g L-1

de vanilina a partir de isoeugenol. Já Thanh et al. (2004) obtiveram quatro linhagens

de leveduras capaz de utilizarem limoneno como única fonte de carbono: Rhodotorula

philyla, Rhodotorula cycloclastica, Rhodotorula retinophila, Rhodotorula terpenoidalis.

Outras estratégias de isolamento/seleção também podem ser adotadas,

afirmando assim, a importância dos esforços de prospecção na produção

biotecnológica de aromas.

Ferraz et al. (2015) isolaram de uma amostra de queijo, Penicillium crustosum. A

lipase produzida pelo referido micro-organismo foi imobilizada no sistema de

fermentação, sendo responsável por catalisar a conversão de geraniol/ácido

propiônico em geranil propionato. A otimização dos parâmetros de fermentação

mostrou que a lipase produzida por Penicillium crustosum tem potencial para ser

largamente aplicada na produção de geranil propionato.

Pastore et al. (1994), a partir de amostras de beiju (uma comida típica do

norte/nordeste do Brasil produzida a partir de fécula de mandioca), isolaram oito

linhagens diferentes de Neurospora sp. identificadas como capazes de produzir

agradáveis aromas frutados.

Dai et al. (2015) isolaram uma linhagem de Bacillus subtilis DL01 proveniente de

sedimento marinho na China. A prospecção dessa bactéria mostrou-se bastante

encorajadora em função da tolerância demonstrada em sistemas com reduzida taxa de

aeração (0,4 vvm) e alta concentração de açúcar (210 g L-1 de glicose) para a

produção de acetoína (76 g L-1/ 1,0 g L-1 h-1/ 60,9 L-1 d-acetoína).

Karmakar et al. (2000) isolaram a partir de troncos de madeira em decomposição

Bacillus coagulans BK07. Tal linhagem demonstrou uma expressiva capacidade de

decompor em um período reduzido (7 h de fermentação), 95% do meio de cultivo

composto por ácido ferrúlico em vanilina, ácido vanílico e 4-vinilguaiacol.

Dionísio et al. (2009) isolaram de frutas do Brasil, nove linhagens diferentes de

fungos (Aspergillus sp., Penicillium sp. e Paecilomyces spp) os quais foram testados

na biotransformação de cinco terpenos (1S)-(−)-α-pinene, (R)-(+)-limoneno, γ-

terpineno, farneseno e citronelol). Dentre os micro-organismos testados, Penicillium

sp. produziu carvona, cis- e trans-carveol, contudo, o rendimento de produto foi pouco

significativo.

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Van der Werf et al. (2000) a partir de sedimento do Rio Reno, isolaram

Xanthobacter sp. C20, usando ciclohexano como única fonte de carbono e energia. Tal

linhagem mostrou-se capaz de biotransformar quantitativamente ambos enantiômeros

do limoneno em limoneno-8,9-epóxido (0,8 g L-1). Tal estudo mostrou-se inédito ao

descrever uma nova via de metabolização do limoneno que até então não havia sido

descrita.

Por outro lado, Dufossé et al. (1998) selecionaram entre quatro espécies

diferentes de Sporiobolous (S. salmonicolor, S. ruinenii, S. johnsonii, e S. pararoseus)

quais eram mais efetivas na conversão de ácido ricinoléico a γ-decalactona. Dentre as

espécies estudadas S. ruinenii mostrou-se a mais promissora, produzindo 5,5 g L-1

(240 h) de γ-decalactona. De forma semelhante, Ferrara et al. (2009) selecionaram

entre 20 espécies diferentes de micro-organismos (a maioria do gênero Candida) qual

tinha a habilidade de biotransformar limoneno. Yarrowia lipolytica se mostrou capaz de

metabolizar ambos enantiômeros do limoneno, apresentando ácido perílico como

produto majoritário de metabolização.

2.3.3 MODOS DE FERMENTAÇÃO EM BIOPROCESSOS PARA A

PRODUÇÃO DE BIOAROMAS

Há basicamente dois modos de condução de fermentações em bioprocessos: a

fermentação submersa (FS) e fermentação no estado sólido (FES), que serão

detalhados na sequência.

A fermentação submersa (FS) é considerada um bioprocesso clássico,

caracterizada por ocorrer em meio aquoso e com nutrientes solubilizados.

Na produção biotecnológica de aromas, alguns compostos de impactos de ampla

comercialização ao redor do mundo e com demanda da ordem de toneladas anuais

são tradicionalmente obtidos por esse método. Dentre esses compostos estão a

vanilina (composto de impacto de baunilha), o 2-feniletanol (composto de impacto de

amêndoas) e a γ-decalactona (composto de impacto de pêssego) (Ben Akacha &

Gargouri, 2014) (Figura 8).

Na literatura, os estudos envolvendo FS estão focados principalmente no

impacto do rendimento do produto de interesse em função da composição do meio e

outros parâmetros de processo. Topakas et al. (2003) empregando um fungo

termotolerante - Sporotrichum thermophile – observaram que a produtividade de

vanilina foi influenciada pela disponibilidade de substrato e fonte de carbono. Nas

condições otimizadas, esses mesmos autores obtiveram um rendimento de 4798 mg L-

1 de ácido vanílico a partir de ácido ferrúlico.

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Vanilina 2-feniletanol γ-decalactona

Figura 8 – Estruturas químicas de alguns aromas

de ampla comercialização mundial.

A mesma situação foi demonstrada por Gunnarsson & Palmqvist (2006), em que

diferentes fontes de carbono e pH alteraram drasticamente a produção de vanilina por

Streptomyces setonnii ATCC 39116.

Chung et al. (2000) empregando Pichia fermentans, em reator de 5L,

observaram que a produção de 2-feniletanol era diretamente afetada pela

concentração de diferentes nutrientes no meio de cultivo. Após a otimização do meio,

obteve-se um rendimento 156% superior de 2-feniletanol (de 284,4 mg L-1 para 453,1

mg L-1 em 16 h de fermentação).

García et al. (1999) estudaram a influência do pH, nível de aeração/oxigênio

dissolvido e concentração de substrato na produção de 3-hidroxi-γ-decalactona, tendo

observado impacto positivo na conversão de 3-hidroxi-γ-decalactona em função da

oxigenação e faixa de pH adotada. Lin et al. (1996) mostraram que o efeito da adição

de diferentes ácidos graxos na produção de γ-decalactona por Sporobolomyces

odorus afetava drasticamente o rendimento de produto. Assim, houve maior acúmulo

de γ-decalactona (135,4 mg L-1 após 216 h de fermentação) quando 0,06% de ácido

ricinoléico foi adicionado ao meio de cultura como fonte de carbono no início da

fermentação.

Homola et al. (2015) investigaram as condições otimizadas para a produção de

R-1-fenietanol por Pichia capsulata ATCC 16753, tendo sido identificados os seguintes

parâmetros-chave: período do processo de fermentação, concentração de glicose e

oxigênio dissolvido.

Tian et al. (2015) observaram que a adição de ácido ascórbico ao meio de cultivo

suprimiu consideravelmente a taxa de formação de co-produtos (ácido isobutírico,

ácido butírico, ácido isovalérico, butanol) responsáveis pela redução da qualidade de

2-feniletanol obtido a partir da biotransformação de glicose e fenilalanina por

Saccharomyces cerevisiae AS 2.1182.

Gomes et al. (2007) analisaram o impacto do coeficiente de transferência de

massa de oxigênio (KLa) na biotransformação de metil recinoleato em γ-decalactona

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por Yarrowia lipolytica. Observou-se que o coeficiente mencionado apresentou

correlação positiva com o rendimento de γ-decalactona, contudo, estava intimamente

ligado à concentração de substrato e densidade celular. Assim, a máxima

produtividade foi obtida quando os seguintes parâmetros foram estabelecidos: metil

recinoleato (1,08% v/v), 2,0 × 107 células mL-1 de Yarrowia lipolytica e KLa = 70 h−1.

Lopes & Macedo (2012) estudaram a concentração de óleo hidrolisado de

castor/linhaça que impactasse na maior produtividade de γ-decalactona e γ-

caprolactona empregando duas linhagens diferentes de micro-organismos: Geotrichum

sp. e Rhizopus sp. A adição de 5% de óleo hidrolisado de castor conduziu a melhor

produtividade. Rhizopus sp produziu maior concentração de γ-decalactona

(7,68 µL L-1), enquanto Geotrichum sp produziu maior concentração de γ-caprolactona

(0,38 µL L-1), ambos, após 72 h de fermentação.

Damasceno et al. (2013) investigaram o impacto na suplementação de nutrientes

na produção de compostos voláteis por Geotrichum fragrans empregando manipueira

(água de maceração de mandioca) como substrato de cultivo. Observou-se que dada

as características do meio de fermentação adotado, o enriquecimento com extrato de

levedura, glicose e frutose não alteraram o rendimento de produto. Após 72 h de

cultivo, foram identificados dez compostos voláteis diferentes.

Por outro lado, outro processo de fermentação que tem sido largamente

estudado para a produção biotecnológica de aromas é a fermentação em estado

sólido (FES). Tal bioprocesso pode ser definido pelo método de cultivo de micro-

organismo em um suporte sólido, com baixa ou nenhuma água livre.

O sistema de suporte sólido (não solúvel) apresenta basicamente dupla

funcionalidade: imobilização física e de nutrientes. Em relação à última funcionalidade,

o suporte sólido (muitas vezes empregado como fonte de carbono) é também utilizado

para a imobilização de suplementação (aminoácidos, vitamina ou fonte de carbono

adicional) para atender as demandas nutricionais de diferentes micro-organismos

(Thomas et al., 2013).

Adicionalmente, quando comparada à fermentação submersa, a fermentação em

estado sólido apresenta algumas vantagens, dentre as mais importantes: (i) maior

produtividade e estabilidade na produção, reduzindo a inibição por produto; (ii)

redução de custos em função da possibilidade de utilização de diferentes resíduos

agroindustriais como suporte sólido e (iii) minimização da taxa de

contaminação/formação de espuma ao considerar a baixa atividade de água do

sistema (Zhang et al., 2013).

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Contudo, apesar das vantagens anteriormente mencionadas, a FES apresenta

alguns desafios cruciais para expandir a sua aplicabilidade na produção biotecnológica

de diferentes compostos.

A escolha do suporte sólido (dependente de disponibilidade e custo) é um dos

pontos críticos do processo, ao considerar a estreita relação entre substrato e produto

obtido. Além disso, outros fatores cruciais devem ser estabelecidos para o êxito da

fermentação, entre os quais: atividade de água (aw), escolha adequada do micro-

organismo e ajuste dos parâmetros de processo (físicos, químicos e biológicos) para

aumentar a taxa de recuperação de produto (Zhang et al., 2013).

Portanto, segue abaixo alguns exemplos de estudos publicados na literatura

mostrando claramente os esforços empregados por diferentes autores na tentativa de

solucionar os desafios anteriormente mencionados focados na produção

biotecnológica de aromas por FES. Além disso, considerada a possibilidade do uso de

subprodutos agroindustriais como suporte sólido, a FES tem fomentado várias

pesquisas nessa área.

Feng et al. (2007), empregando Ceratocystis fimbriata, estudaram a influência da

fonte de carbono (melaço de cana/soja ) e nitrogênio (farelo de soja/ureia) no

rendimento de aroma frutado tendo a polpa de cítricos como suporte sólido. O melhor

rendimento de compostos voláteis foi alcançado – 99,60 μmol L-1 g-1 (120 h) – quando

a polpa de cítrico foi suplementada com 50% de farelo de soja, 25% de melaço de

cana e solução salina mineral.

De forma semelhante, Christen et al. (1997) empregando o mesmo micro-

organismo - Ceratocystis fimbriata – estudaram três substratos diferentes (farelo de

trigo, bagaço de mandioca e de cana) e mostrou que o perfil de compostos voláteis

obtidos está intimamente ligado ao tipo de substrato utilizado e a suplementação

disponibilizada. Assim, o enriquecimento do bagaço de cana com 200 g L-1 culminou

na produção de aroma frutado, enquanto a suplementação desse mesmo substrato

com leucina/valina produziu compostos voláteis com acentuado aroma de banana.

O mesmo perfil de diferenciação de voláteis foi ressaltado por Soares et al.

(2000) empregando casca de café como suporte sólido para Ceratocystis fimbriata. A

suplementação com glicose 20 e 35% resultou em aroma de abacaxi, com

rendimentos de 6,50 (20% glicose) e 5,24 mmol L-1 g-1 (35% glicose) de voláteis totais,

respectivamente. Por outro lado, a suplementação com 46% de glicose/leucina

resultou em um aroma de banana.

Larroche et al. (1999) também observaram a importância do enriquecimento do

meio para a otimização da produção. Empregando soja triturada como substrato sólido

enriquecido com L-treonina e acetoína, alcançou-se 2 g L-1 de rendimento na produção

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de pirazina (2,5-dimetilpirazina e tetrametilpirazina) a partir da biotransformação de

Bacillus subtillis IFO 3013.

Medeiros et al. (2000) utilizando a metodologia de superfície de resposta,

estudaram a influência de cinco resíduos agroindustriais na produção de compostos

voláteis por Kluyveromyces marxianus. Farelo de palma e bagaço de mandioca,

ambos suplementados com 10% de glicose, mostraram-se como os substratos mais

favoráveis para a biotransformação catalisada por esse tipo de levedura. Etanol (418

μmol L-1) e acetato de etila (1395 μmol L-1) foram os componentes majoritários obtidos

a partir de farelo de palma e bagaço de mandioca, respectivamente.

Mantzouridou et al. (2015) avaliaram a produção de voláteis por síntese de novo

catalisada por leveduras empregando casca de laranja como suporte sólido. Entre os

compostos voláteis identificados como produto de fermentação após 72 h estão

isoamil acetato (48,7 mg Kg-1), etil dodecanoato (25,2 mg Kg-1), decanoato (9,3 mg

Kg-1), octanoato (6,3 mg Kg-1) e fenil etil acetato (4,5 mg Kg-1). Ainda, após 48 h, a

síntese de etil hexanoato foi acelerada, obtendo-se 154,2 mg Kg-1. O balanço na

produção de ésteres voláteis (≈ 250 mg Kg-1) mostrou que essa rota de produção é um

caminho viável para agregação de valor para um dos resíduos da agroindústria de

Citrus.

Christen et al. (2000) analisaram quantitativamente e qualitativamente, a

característica dos compostos voláteis produzidos por quatro cepas diferentes de

Rhizopus a partir dos seguintes resíduos agroindustriais: bagaço de cana/maçã, grãos

de soja/amaranto, óleo de soja. Resultados mostraram que a cepa de Rhizopus oryzae

ATCC 34612 apresentou melhor performance na produção de compostos voláteis. O

meio composto por bagaço de mandioca suplementado com 5% (m/m) de grãos de

soja produziu voláteis de maior qualidade, enquanto que, o meio composto por grãos

de amaranto suplementado com solução salina produziu voláteis em maior

quantidade.

Madrera et al. (2015) testaram a relação quantitativa entre a produção de

compostos voláteis e o micro-organismo empregado. Casca de maçã foi empregada

como suporte sólido e quatro leveduras foram utilizadas: Saccharomyces cerevisiae

(obtida comercialmente) e outras três isoladas da bebida de cidra (Saccharomyces

cerevisiae, Hanseniaspora valbyensis e Hanseniaspora uvarum). Ao todo, a partir da

fermentação das 4 cepas, foram identificados 132 voláteis de diferentes famílias, tendo

sido possível concluir que a quantidade de voláteis produzidos é cepa-dependente.

Por fim, considerando que a atividade de água (aw) é outro parâmetro de

relevante importância na FES, Gervais & Sarrete (1990) demonstraram que a

produção de 2-heptanona (composto de impacto de queijo) por Trichoderma viride em

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suporte sólido de ágar, foi drasticamente afetado pelo parâmetro anteriormente citado,

sendo que a melhor produtividade de 2-heptanona foi alcançada com aw = 0,96.

2.3.4 PRINCIPAIS CONFIGURAÇÕES DE REATORES EMPREGADOS NA

PRODUÇÃO DE BIOAROMAS

Os biorreatores são considerados o “core” dos processos fermentativos,

correspondendo à ocorrência de reações biológicas em um determinado volume.

Atualmente, em função do desenvolvimento dos bioprocessos em inúmeras áreas,

comercialmente são disponibilizadas uma série de biorreatores com diferentes

aplicabilidades. A despeito da diversidade de biorreatores, geralmente, a escolha

desses equipamentos é baseada na relação custo/benefício, robustez do sistema e

facilidade no aumento de escala.

O modo de operação também é outro fator determinante na escolha do

equipamento. Tais modos podem ser assim classificados: (i) contínuo: a taxa de

alimentação de nutrientes e remoção de produtos é constante, (ii) batelada

alimentada: a adição de nutrientes ao sistema é contínua, até a perda de viabilidade

da cultura de fermentação e (iii) batelada simples: nutrientes são adicionados apenas

no início do processo e a remoção de produto é feita somente após o encerramento do

processo fermentativo.

Em se tratando especialmente da produção biotecnológica de aromas,

comumente, são empregadas duas configurações principais de biorreator: reator de

leito fixo e reator de leito fluidizado.

Em reator de leito fixo, Chang et al. (2007) avaliaram a produção de hexil laurato

– um éster de aroma frutado – pela metodologia da superfície de respostaa partir de

lipase isolada de Rhizomucor miehei. A avaliação dos parâmetros de fermentação

mostrou que as condições otimizadas de cultivo foram 45°C, razão molar de substrato

(1:1-1:3) e taxa de agitação igual a 4,5 mL min-1, permitindo assim obter 435,6 µmol

min-1 de hexil-laurato.

Raganati et al. (2013) a partir de Clostridium acetobutylicum DSM 792 tendo soro

de leite como substrato, obtiveram uma taxa de produtividade de butanol igual a

2,66 g L-1 h-1. O período de fermentação foi de 90 dias.

Já Carta et al. (1992) empregando lipase de Candida cylindracea imobilizada em

suporte de nylon, obtiveram maior rendimento nos produtos de fermentação –

etilpropionato, isoamilpropionato, isoamilbutirato – quando o sistema foi operado no

modo contínuo, assegurando a minimização da taxa de desnaturação da enzima

catalisadora da reação.

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Lee et al. (1995) obtiveram uma conclusão interessante acerca da

individualidade de cada microrganismo frente aos parâmetros de cultivo. Adotando

reator de leito fixo operado no sistema de batelada alimentada, inicialmente foram

avaliados o quanto a faixa de pH e a taxa de aeração afetavam o rendimento na

produção de γ-delactona por Sporobolomyces odorus. Assim, para a faixa de pH

estabelecida entre 4-6 e taxa de aeração do sistema entre 1,0-1,5 vvm, o rendimento

de produto não foi alterado (54,6 mg L-1 γ-delactona/120 h). Contudo, a alimentação do

sistema mostrou forte correlação positiva com o rendimento obtido de γ-delactona, isto

é, a adição de óleo de castor hidrolisado, entre o terceiro e quinto dia de fermentação

possibilitou um rendimento de γ-delactona igual a 208 mg L-1 após 168 h de processo.

Damnjanovic et al. (2012) testaram a produção de geranil butirato a partir de

lipase de Candida rugosa. A análise comparativa do desempenho de produção

considerou diferentes polímeros para a imobilização da lipase, duas configurações de

reator (reator de leito fixo e reator de leito fluidizado), temperatura, razão molar de

substrato, concentração de água e taxa de aeração. O ajuste dos parâmetros de

processo para ambas as configurações de reator mostrou que o reator de leito

fluidizado possibilitou alcançar 78,9% de conversão molar do substrato ao produto de

interesse em 10 h de processo. Já para o reator de leito fixo, alcançou-se 99,9% de

taxa de conversão molar após 48h de fermentação.

De forma semelhante, um estudo comparativo também foi conduzido por De

Carvalho & da Fonseca (2002) para testar o desempenho de três configurações

diferentes de reator na produtividade de carvona a partir de carveol, utilizando

Rhodococcus erythropolis. O melhor rendimento de conversão (0,164 mg h-1 mL-1) foi

alcançado empregando reator de leito fluidizado, com adaptação prévia da cultura ao

substrato (carveol), solvente e produto (carvona).

2.3.5 PRINCIPAIS MÉTODOS DE EXTRAÇÃO EMPREGADOS NA

PRODUÇÃO DE BIOAROMAS

O processo downstream na produção biotecnológica de aromas assume um

papel fundamental e apresenta estreita ligação com a potencialidade de

comercialização desses produtos. Assim, as operações unitárias empregadas nesse

processo devem assegurar as características sensoriais dos compostos voláteis e

apresentar uma alta taxa de recuperação de produto. Em relação à última demanda,

considerada uma tarefa de alta complexidade, o grande desafio está em recuperar

produtos com uma alta taxa de diluição imprimidos em uma matriz complexa

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(geralmente combinados com outros metabólitos de fermentação) (Dawiec et al., 2015;

Mafi et al., 2013; Sahin, 2013).

Assim, nesse contexto, a recuperação de produto in situ mostra-se como

alternativa viável para contornar os problemas anteriormente descritos. Dentre as

vantagens desse método: (i) a toxidez causada por produto é reduzida, favorecendo a

produtividade; (ii) minimização da perda de voláteis por evaporação/degradação

(impactando na taxa de recuperação de produto) e (iii) simplificação das operações

unitárias durante as etapas de separação (Van Hecke et al., 2014).

Portanto, considerado os aspectos anteriormente mencionados, a remoção de

produto in situ na produção biotecnológica de aromas baseia-se em duas técnicas

principais: pervaporação organofílica empregando membranas/resinas e sistemas

bifásicos.

Mei et al. (1996) obtiveram 6,17 g L-1 de 2-feniletanol (24 h) com Saccharomyces

cerevisiae utilizando a resina D101. De forma semelhante, em outros três trabalhos

publicados subsequentemente, Wang et al. (2011), a partir de Saccharomyces

cerevisiae e com a resina FD0816, obtiveram um rendimento de fermentação de 32,5

g L-1 ou 0,45 g L-1 h-1 de 2-feniletanol. Wang et al. (2011), mostraram que

empregando resina macroporosa, a produtividade de 2-feniletanol a partir de l–

fenilalanina por Saccharomyces cerevisiae foi de 0,90 g L-1 h-1. Wang et al. (2012)

empregando resina ZGA330, obteve 52,5 g L-1 ácido propiônico e 43,04 mg L-1 de

vitamina B12, após 160 h de fermentação a partir de Propionibacterium freudenreichii

CICC 10019.

Chen et al. (2015) empregaram resina de troca aniônica (D301G) na produção

de 1,3-propanodiol e ácido lático por Lactobacillus reuteri. Uma importante observação

foi feita a partir desse experimento: a adição de resina alterou a rota metabólica do

micro-organismo. Isto é, quando adicionada no início da fermentação, Lactobacillus

reuteri usou preferencialmente glicose. Já quando a D301G foi introduzida após 12h

de fermentação, Lactobacillus reuteri aumentou o consumo de glicerol em 20%,

alterando positivamente o rendimento em 15% e 12% para 1,3-propanodiol e ácido

lático, respectivamente.

Mirata et al. (2009) utilizando Pseudomonas putida DSM 12264 na

biotransformação de limoneno a álcool perílico obtiveram um rendimento de 31 g L-1

após 168 h de fermentação (rendimento nunca antes relatado) empregando resina de

troca aniônica (Amberlite IRA 410 Cl).

Por outro lado, também empregando resina (HZ802), Zheng et al. (2007)

estudaram a produção de vanilina a partir de óleo de farelo de arroz (um resíduo da

agroindústria composto por ácido ferrúlico) empregando dois micro-organismos

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diferentes: Aspergillus niger CGMCC0774 e Pycnoporus cinnabarinus CGMCC1115.

Inicialmente A. niger, em fermentador de 25 L, converteu 4,0 g L-1 de ácido ferrúlico

em 2,2 g L-1 de ácido vanílico. Posteriormente, o ácido vanílico produzido por A. niger

foi disponibilizado para bioconversão por P. cinnabarinus, tendo sido obtido um

rendimento 2,8 g L-1 de vanilina a partir de meio suplementado com 5,0 g L-1 de

glicose.

Por fim, Bluemke & Schrader (2001) observaram uma íntima relação entre a

membrana empregada e o perfil de recuperação de compostos voláteis produzidos por

Ceratocystis moniliformis ATCC 12861. Assim, utilizando membrana POMS, a

concentração de ésteres no permeado foi maior, enquanto que o emprego da resina

PEBA possibilitou maior recuperação de terpenoides.

Em contrapartida, alguns estudos estão focados na utilização de sistemas

bifásicos para facilitar a recuperação de compostos voláteis. A partir dessa técnica,

três modos de extração são possíveis: sistema aquoso de duas fases, sistema

líquido/gasoso e sistema líquido/sólido.

No sistema de duas fases aquosas, Bicas et al. (2010) relataram um rendimento

inédito de 130 g L-1 de R-(+)-α-terpineol a partir de R-(+)-limoneno por Sphingobium

sp. A alta produtividade do sistema foi atribuída ao sistema bifásico adotado na

fermentação: sistema aquoso com concentrado de resting cells de Sphingobium sp. e

fase orgânica adicionada de óleo de girassol. Rito-Palomares et al. (2011) avaliaram a

adição de polietileno glicol sulfato/dextrana na produção de 6-pentil-α-pirona por

Trichoderma harzianum (inibida por 100 mg L-1 do produto 6-pentil-α-pirona). O

coeficiente de partição se mostrou mais favorável ao polietileno glicol sulfato,

beneficiando a produtividade e a recuperação de 6-pentil-α-pirona.

Já o sistema líquido/gasoso encontra aplicabilidade quando substrato/produto

estão na forma gasosa. Akacha & Gargouri (2009), para produzir compostos voláteis

C6, implementaram um reator onde as enzimas catalisadoras da reação foram

estabelecidas na fase líquida e um fluxo gasoso foi utilizado para a recuperação dos

voláteis. O rendimento da extração do produto foi de 75%, após a otimização das

condições experimentais de cultivo por delineamento experimental.

Em se tratando do sistema líquido/sólido, preferencialmente o composto volátil é

transferido para a fase sólida, imobilizado no adsorvente (resinas/membranas) que

deve ser insolúvel em água/etanol e apresentar alta seletividade. A exemplificação

desse tipo de sistema já foi apresentada previamente nesse texto.

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2.3.6 RESOLUÇÃO QUIRAL DA MISTURA RACÊMICA DE BIOAROMAS

Os enantiômeros são frequentemente encontrados entre os diferentes

compostos bioativos, como por exemplos, os fármacos e os compostos voláteis. Tais

substâncias apresentam identidade química e física, distinguindo-se apenas pela rota

de polarização da luz. Assim, se o composto apresenta desvio da luz a direita, é

definido como dextrogiro (+). Por outro lado, se o desvio ocorre para a esquerda, tem-

se o levogiro (-).

Contudo, apesar da identidade físico-química desses compostos, geralmente um

enantiômero apresenta propriedades organolépticas completamente distintas uma da

outra. Por exemplo, a (-)-nootkatona possui aroma de toranja, enquanto a (+)-

nootkatona apresenta aroma amadeirado (Brenna et al., 2003).

Considerado esse fato, um dos desafios na produção biotecnológica de aromas

centra-se na separação da mistura racêmica dos compostos voláteis obtidos do

processo fermentativo. Assim, além da pureza do produto conferir maior valor

agregado para a comercialização do mesmo, a separação desses compostos também

é interessante porque cada um dos enantiômeros gerados denotam notas aromáticas

completamente distintas uma da outra, cada qual com seu valor de mercado e

diferentes aplicabilidades (Fantin et al., 2000).

Alguns estudos relatados na literatura mostram que a resolução racêmica é

cepa-dependente, apresentando estreita relação com a composição do meio de cultivo

e parâmetros de processo adotado no processo de fermentação (exemplo: pH,

temperatura, razão molar de solvente) (Marchelli, 1996).

Zawirska-Wojtasiak (2004) estudou a pureza enantiômérica de 1-octen-3-ol a

partir da biotransformação de ácido linoleico por oito espécies de fungos (Agaricus

bisporus, Pleurotus ostreatus, Hericium erinaceum, Pholiota nameco e Lentinus

edodes, Boletus edulis, Xerocomus badius e Macrolepiota procera). A despeito do

rendimento de produto, preferencialmente (R)-(−)-1-octen-3-ol foi produzido por todas

as espécies. Agaricus bisporus e Xerocomus badius apresentaram 98,5% e 82,1% de

pureza óptica, respectivamente.

Análise semelhante foi feita por Bruni et al. (2006), em que tendo empregado

oito espécies diferentes de plantas (Brassica oleracea botrytis, Cucurbita maxima,

Cucurbita pepo, Cynara scolimus, Daucus carota, Foeniculum vulgare e Musa

sapientum) mostraram que a produção de (S)- e (R)-enantiômero é planta-

dependente.

Bicas et al. (2010) mostraram que Sphingobium sp. apresentou

enantioespecificidade ao substrato empregado na bioconversão. Isto é, quando R-(+)-

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limoneno foi disponibilizado, produziu-se R-(+)-α-terpineol com excesso enantiomérico

próximo a 100%. Já quando o substrato foi S-(-)-limoneno, o produto obtido foi S-(-)-α-

terpineol com excesso enantiomérico de cerca de 60%. Em um processo análogo

Adams et al. (2003) observaram que Penicillium digitatum converteu R-(+)-limoneno

em R-(+)-α-terpineol (com rendimento de 93%), enquanto que o enantiômero S-(-)-

limoneno não foi biotransformado. Os estudos de Tan et al. (1998) corroboraram as

pesquisas de Adams et al. (2003), pois aqueles autores também observaram que

Penicillium digitatum, cultivado em uma mistura racêmica de limoneno, converteu

apenas R-(+)-limoneno em R-(+)-α-terpineol.

A resolução cinética enzimática está entre as alternativas para a purificação de

misturas racêmicas na produção biotecnológica de aromas. Tal técnica pode ser

definida como a capacidade apresentada por uma enzima em diferenciar dois

enantiômeros apenas pela distinção do arranjo espacial de seus átomos. Assim, a

eficiência na enantioseletividade está ligada a preferência apresentada por uma

enzima por um dos enantiômeros em função do arranjo do sítio ativo do mesmo (de

Miranda et al., 2015).

A lipase (E.C. 3.1.1.3), uma hidrolase amplamente encontrada em diferentes

organismos, é responsável por catalisar a hidrólise de triacilgliceróis a ácidos graxos e

glicerol. Atualmente, desempenham um importante papel em inúmeros processos

biotecnológicos, sendo amplamente estudadas para a conversão de inúmeros

compostos voláteis de aroma com alta pureza óptica (de Miranda et al., 2015).

Dentre as principais vantagens da utilização dessa enzima está a alta

enantioseletividade e enantioespecificidade, além de apresentar baixo custo, fácil

acessibilidade (são ubíquas) e flexibilidade para catalisar a conversão de diferentes

substratos (de Miranda et al., 2015). Considerado tais aspectos, a aplicação de lipases

na produção biotecnológica de aromas tem sido estudada para a resolução da mistura

racêmica daqueles compostos.

Ujang et al. (2003) empregando lipase de Candida rugosa, mostraram que a

maior taxa de resolução cinética de ±2-(4-clorofenoxi)-ácido propiônico foi alcançada

quando o sistema operou a 30/40°C e com baixa atividade de água. A operação

contínua do sistema elevou a 100% o excesso enantiômérico de

(-)-2-(4-clorofenoxi) ácido propiônico. Também a partir de lipase de Candida rugosa,

Bai et al. (2006), mostraram que 88% de excesso enantiômérico de

(−)-metil propionato foi obtido a partir de (±)-mentol. O melhor desempenho do sistema

foi a 30°C por 2,5 h, com alimentação de 0,2 mol L-1 de (±)-mentol. Nesse caso, um

fato importante foi observado: a atividade e a enantioseletividade reduziu

gradualmente com o aumento da atividade de água.

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Por fim, Oda et al. (1999) testaram o acoplamento de um sistema enzimático

para a resolução cinética da conversão de citronelol por Pichia kluyveri IFO 1165.

Adicionalmente, estudaram o impacto no rendimento e na enantioseletividade

empregando duas configurações de reator diferentes: reator de leito fluidizado e

biorreatores multi-estágios. Assim, apesar do micro-organismo ter sido exposto a altas

concentrações de substrato (30% de citronelol), a adoção do sistema enzimático

(acetil-coenzima A e álcool acetiltransferase) e do reator multi-estágio impactou no

excesso enantiomérico de (S)-acetato de citronelil e (R)-citronelol.

Por outro lado, Chojnacka et al. (2007) estudaram a transesterificação de

diferentes álcoois catalisadas por lipase de Candida antarctica (Novozym 435) e

Burkholderia cepacia (Amano PS). A reação conduzida por Candida antarctica conferiu

um excesso enantiomérico de 97-100% para ésteres e de 91–100% para álcoois. Já a

transesterificação conduzida por Burkholderia cepacia apresentou um excesso

enantiomérico de 90-95% para (R)-álcool e 98-100% para (S)-éster.

2.4 BIOAROMAS – PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL

O conceito de desenvolvimento sustentável foi criado a partir da necessidade de

aliar as atividades industriais em harmonia com o meio ambiente (Ekins, 1993).

Portanto, é um termo relativamente recente e que ainda encontra barreiras para a sua

ampla compreensão já que, muitas vezes, a sustentabilidade é diretamente associada

ao cumprimento de legislações que possibilitem apenas a preservação ambiental

(Cristina & Diana, 2014).

Contudo, a criação de tecnologias que se proponham ao desenvolvimento

sustentável devem abordar de forma indissociável os três aspectos que efetivamente

proporcione a sustentabilidade desse novo processo, a citar: aspecto ambiental,

econômico e social (Ashby, 2016). De fato, o conceito de desenvolvimento sustentável

estaria sujeito a uma considerável limitação se fosse necessário atender somente o

aspecto ambiental em detrimento do desenvolvimento econômico e social.

Em função disso, foi criado o tripé da sustentabilidade (Triple Bottom Line)

(Figura 9), baseado na indissociabilidade dos aspectos anteriormente mencionados.

Dessa forma, uma tecnologia só é reconhecida como sustentável caso atenda de

forma ampla e simultânea as três esferas do Triple Bottom Line (Gimenez et al., 2012).

Vários índices foram propostos para mensurar a sustentabilidade, entretanto,

tratando-se de uma quantificação complexa em virtude dos diferentes aspectos

envolvidos e dos contextos relacionados, cada índice apresenta pontos positivos e

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negativos, estando mais bem moldados dependendo da situação envolvida (Bellen,

2003).

Atualmente, a tendência dos processos industriais, principalmente dos processos

químicos, é focada na substituição de todo ou parte do procedimento por novas

tecnologias que façam uso de micro-organismos, isto é, por via biotecnológica, para a

fabricação de produtos de significativo valor comercial (Gavrilescu, 2005; Miller, 2000).

Tal fato é amplamente justificável em função do maior interesse das indústrias em

oferecer produtos que sejam “amigos” do meio ambiente, socialmente equitativos e

que abarquem alto valor agregado, atendendo assim às tendências mercadológicas

(Toldrá, 2015).

Nesse sentido, a produção de aromas por via biotecnológica é um exemplo

bastante claro de tecnologia que se propõe ao desenvolvimento sustentável.

Figura 9 – Tripé da sustentabilidade que deve ser integralmente contemplado

por uma tecnologia que se proponha ao desenvolvimento sustentável

(Evangelista, 2010).

2.4.1 ASPECTO AMBIENTAL

Os bioprocessos, processos em que são empregados biocatalisadores para a

fabricação de determinados produtos de interesse, são utilizados pela humanidade

desde a antiguidade, principalmente na produção de alimentos. Esse emprego pode

ser classicamente exemplificado na produção de queijos, bebidas fermentadas,

embutidos e conservas (Berger & Krings, 2014; Kwon et al., 2014).

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Contudo, ao longo dos anos, a utilização de micro-organismos como fábricas

biológicas para a elaboração de diferentes produtos extrapolou o setor alimentício,

sendo hoje amplamente empregado em áreas bastante distintas como medicina,

agricultura, remediação ambiental, dentre muitas outras. Tais adventos, associados ao

desenvolvimento dos bioprocessos, demonstram a versatilidade, adaptabilidade e

potencial do uso de micro-organismos na disponibilização de produtos de interesse

comercial (Papadimitriou et al., 2015; Demain, 2000).

Aliado a esse cenário, os processos que utilizam micro-organismos tornaram-se

ainda mais atraente após o surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável e

a necessidade de adequação às legislações ambientais. Isso porque, a substituição de

processos clássicos por bioprocessos na indústria, de modo geral, representam a

adoção de condições menos drásticas dos parâmetros de operação, entre as quais,

requerem temperaturas brandas de cultivo, próximas à temperatura ambiente,

representando, assim, um menor gasto energético (Zhou et al., 2014; Boukroufa et al.,

2014; Marriott 2012).

Adicionalmente, a prospecção de micro-organismos promissores para a

fabricação de determinados produtos de interesse colaboram com a preservação

ambiental e a consequente manutenção da biodiversidade. Dessa forma, o acesso à

biodiversidade para esse fim evita a derrubada de áreas verdes, assoreamento de

corpos d’águas ou alteração na taxa de extinção de espécies. Assim, nesse caso, é

possível explorar o meio ambiente, sem, contudo, degradá-lo (Barrett & Lybbert,

2000).

Outro ponto de significativo interesse do uso de micro-organismos é a tendência

crescente de empregar meios de cultivo alternativo e não tradicionais nos

bioprocessos (Lo et al., 2007; Yu, 2007; Wen et al., 2007). Esses meios de cultivo são

representados por subprodutos de baixo valor comercial ou resíduos originados de

diferentes atividades industriais, principalmente do setor agropecuário, o qual é

marcado pela geração bastante volumosa de rejeitos (Madeira et al. 2014; Bicas et al.

2010; Damasceno et al. 2003).

Portanto, o emprego de meios alternativos sinaliza algumas vantagens do ponto

de vista do gerenciamento de resíduos, tais como: (i) redução do gasto financeiro para

adequação do passivo ambiental às normas vigentes e (ii) agregação de valor ao que

era considerado inutilizável (Mirabella et al., 2014).

O Brasil apresenta um forte setor agrário, mostrando expressiva produção em

vários campos, entre os quais o setor de cítricos e de papel/celulose. Contudo, apesar

da significativa contribuição econômica na balança comercial do país por esses

setores, o volume de resíduos produzidos por tais atividades são bastante

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consideráveis e representam um gargalo nessas indústrias em função da mitigação

ambiental a ser aplicada (Rodrigues et al., 2014).

Porém, considerando as características de alguns de seus subprodutos, ricos em

compostos terpênicos, tais como o R-(+)-limoneno oriundo do processamento de

laranja e α-pineno derivado da indústria de papel/celulose, estes encontram importante

aplicabilidade como substrato de cultivo para a biotransformação de terpenos em

produtos de alto valor agregado, como, por exemplo, os bioaromas (Birolli et al., 2015,

Núñez-Delgado, 2014; Schewe et al., 2007; Rottava et al., 2010).

Nesse sentido, é importante destacar que tanto o cultivo clássico de micro-

organismos quanto a tentativa de utilização de rejeitos industriais como meio de cultivo

requer maiores investimentos em pesquisa e formação de recursos humanos na área

de bioprocessos (Woodley et al., 2013). A multidisciplinaridade é também outro ponto

de grande importância, já que a compreensão das condições satisfatórias do cultivo de

micro-organismos requer conhecimento em diferentes áreas, como engenharia,

microbiologia e bioquímica (Doran, 2013; Zaborsky, 1995).

A partir disso, faz-se necessário o desenvolvimento de experimentos bem

planejados para o isolamento adequado de micro-organismos, a aplicação de técnicas

de planejamento experimental para a determinação das condições otimizadas de

produção, aliado aos parâmetros de scale-up e etapas downstream do produto-alvo

(Clarke, 2013b; Clarke, 2013a; Bohlmann, 2011; Rubin-Pitel et al., 2007; Shimoni et

al., 2000).

Superadas todas essas barreiras é possível tornar real e lucrativo a aplicação

em escala industrial de determinado bioprocesso em detrimento da escala de bancada

(Craig Shimasaki, 2014a; Steven Burrill, 2014). Por fim, é necessário considerar o

expressivo valor da exploração racional dos recursos naturais para o desenvolvimento

sustentável, bem como da ciência e da inovação tecnológica.

Deste modo, um dos meios possíveis de tornar real a preservação ambiental

aliada à processos inovadores consiste no emprego de micro-organismos como

fábricas biológicas na fabricação de produtos de agregado valor comercial (Klemick &

Simpson, 2013).

2.4.2 ASPECTO ECONÔMICO

A aceitação e a aplicação em escala industrial de inovações tecnológicas estão

intimamente ligadas à geração de lucro, demanda de mercado e rotatividade de

produtos. Caso esse cenário não seja amplamente contemplado, possivelmente, a

nova tecnologia não será perpetuada. Dessa forma, a criação de ideias traduzida na

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entrega de novos produtos e processos, não significa necessariamente que a mesma

será imediatamente adotada pelo setor industrial. Portanto, os processos inovadores

devem ser firmemente focados na viabilização em escala industrial a partir da escala

de bancada (Shimasaki, 2014a; Craig Shimasaki, 2014b; Shimasaki, 2014b).

Assim, no que diz respeito aos bioprocessos, os produtos gerados a partir dessa

rota são muitas vezes reconhecidos como produtos de alto valor agregado (Conner et

al., 2014; Otte & Hauer, 2015).

Em se tratando da produção de bioaromas, também um bioproduto, é

fundamental que o aspecto econômico que seja atendido de forma lucrativa,

favorecendo a viabilização comercial e a demanda desses mesmos produtos. Para

efeito comparativo, a Tabela 3 demonstra os valores de três diferentes bioaromas em

função da rota de obtenção dos mesmos.

Tabela 3 – Valores comerciais de mercado estimados para três diferentes

bioaromas em função da sua rota de produção (US$ Kg-1)

Compostos de

aroma

Sintética

Natural

“Biotec”

Referência

Vanilina 15 1.200 à

4.000 1.000

(Gallage & Møller

2015;

Xu et al., 2007)

γ-decalactona 150 6.000 300 (Schrader et al., 2004)

Butirato de etila 4 5.000 180 (Dubal et al., 2008)

Portanto, ao analisar tais dados (Tabela 3), é possível perceber claramente o

potencial da produção de compostos por via biotecnológica. Assim, o aspecto

econômico da produção de bioaromas mostra-se bastante promissor no que diz

respeito à aceitação mercadológica desses produtos quando ponderados o valor

comercial e o respectivo benefício associado à utilização dos mesmos em diferentes

setores.

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2.4.3 ASPECTO SOCIAL

2.4.3.1 BIOPROSPECÇÃO

A bioprospecção é uma atividade que consiste na investigação do meio

ambiente com o objetivo de encontrar agentes biológicos que possam ser empregados

na produção de mercadorias de valor comercial (Artuso, 2002).

Esses agentes biológicos podem ser bastante variados, bem como a

aplicabilidade encontrada para cada um desses. Entre os principais agentes biológicos

comumente explorados desde a antiguidade pela humanidade, estão extratos de

plantas, biomoléculas isoladas de determinados animais ou micro-organismos, como

fungos e bactérias (Verpoorte, 2015; Hicks & Prather, 2014).

Com o intuito de regulamentar o acesso à diversidade biológica, foi criada a

Convenção da Diversidade Biológica (CDB), que, em nível internacional, formulou os

princípios norteadores para a exploração sustentável da biodiversidade (David Cooper

& Noonan-Mooney, 2013).

O Brasil, com o objetivo de honrar o compromisso assumido com a CDB,

publicou em 2001 a Medida Provisória 2.186-16 que dispõe sobre os direitos e

obrigações relativas ao acesso dos recursos genéticos nacionais. Contudo, alguns

aspectos desta medida provisória têm sido questionados desde a sua implementação,

em função da burocratização oferecida pela mesma (Morales, 2015). Dessa forma, a

recente proposição do Projeto de Lei 7735/2014, embora ainda questionável, sugere a

simplificação da exploração dos recursos biológicos brasileiros.

De acordo com Morales (2010), o Brasil apresenta cerca de 70% das espécies

mundiais, integrando o grupo dos 17 países considerados megadiversos (de Lima et

al., 2010; Nunes & van den Bergh, 2001).

Apesar de a Amazônia apresentar grande parte desse patrimônio biológico,

biomas como o cerrado e a mata atlântica têm sido comumente apontados também

como hotspots de significativo valor para a busca de novos potenciais genéticos que

possam ser empregados em escala industrial (Marchese, 2014). Dessa forma, o Brasil

é visto como um local de relevante potencial para a exploração de riquezas naturais

(Adenle et al., 2015).

Nesse sentido, de forma geral, as atividades de bioprospecção mostram-se

bastante atraentes em função de três aspectos principais que vão além da

contribuição à inovação, a citar: (i) valorização dos recursos naturais; (ii) acesso ao

conhecimento tradicional associado (CTA) e (iii) apresentam potencial de contribuição

para a sustentabilidade financeira de determinadas localidades . Dessa forma, a

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bioprospecção assume um importante valor para a melhoria das condições sociais da

população, que apresenta recursos naturais como herança ambiental (Lewandowski,

2014).

Em relação a melhorias sociais, a valorização dos recursos naturais de

determinada região pode contribuir claramente para o aumento da qualidade de vida

das pessoas que ali habitam (Sandifer et al., 2015; Clark et al., 2014; Gerwick, 2013;

Ostfeld & Keesing, 2013). Tal fato é facilmente justificado pela preservação de áreas

verdes colaborando para a qualidade do ar; manutenção das nascentes de água,

considerado ultimamente um dos pontos mais críticos da exploração ambiental

indiscriminada e, por fim, a preservação de espécies endêmicas que representam uma

riqueza de expressivo valor em função da baixa probabilidade de serem encontradas

em outros locais que não aquele (Morrone, 2008).

Outro ponto de grande importância é o fato de que a bioprospecção se mostra

como uma atividade que valoriza o CTA ao saber da população local (Toledo, 2013).

Assim, confere relevante valor para o aprendizado ligado à própria experiência dos

habitantes que já desfrutam da utilização de certos potenciais biológicos para usos

mais nobres, como por exemplo: utilização de ervas típicas para a produção de

infusões com propriedades medicinais, fabricação de corante natural a partir da casca

de árvores ou extração de substâncias aromáticas provenientes da flora (Finegold et

al., 2005; Cox & King, 2013).

Adicionalmente, o CTA também pode colaborar para a sustentabilidade

financeira de determinados grupos que disponham e contribuam com esse

conhecimento para a inovação tecnológica e o desenvolvimento de novos produtos

para fins comerciais (Heal, 2001). A partir disso, pode-se tornar factível o aumento da

renda per capita de comunidades de baixa renda, através da criação de cooperativas

e/ou associações que promovam a repartição de benefícios em função da exploração

dos recursos naturais do local onde essa população se mantem (Onugu, 2002).

Portanto, a bioprospecção, apesar dos desafios que permeiam essa atividade,

mostra que é factível a exploração da biodiversidade aliada ao desenvolvimento social,

valorizando os saberes populares, além do aumento da qualidade de vida e financeira

dessas mesmas populações (Sukara, 2014; Neimark, 2012; Puppim de Oliveira et al.,

2011; Artuso, 2002).

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2.4.3.2 POTENCIAL BIOLÓGICO DOS BIOAROMAS

O câncer é uma doença de dimensões globais e que requer atenção. De acordo

com o Relatório Mundial de Câncer (2014) publicado pela Organização Mundial de

Saúde (OMS), em 2012, foram diagnosticados cerca de 14 milhões de casos e 8,2

milhões de óbitos associados ao câncer. Ainda, estimativas propõem, que as

estatísticas anteriormente mencionadas poderão sofrer um incremento de 70% nas

próximas duas décadas (Vineis & Wild, 2014; WHO, 2014; López-Gómez et al., 2013).

Considerado tal cenário, faz-se cada vez mais necessário o investimento em

pesquisas que possam elucidar drogas mais eficazes e específicas no tratamento de

tais doenças (Khazir et al., 2014; Neidle et al., 2014).

Tradicionalmente utilizados pela medicina popular, os óleos essenciais são

reconhecidos por auxiliar no tratamento de diferentes problemas de saúde,

apresentando assim inúmeras propriedades, tais como: anti-inflamatória,

antiespasmódica, anticancerígena, antimutagênica, antibacteriana, antifúngica,

antiviral e vermicida (Kittakoop, 2015; Raut & Karuppayil, 2014; Lawal & Ogunwande,

2013; Tchimene et al., 2013).

Assim, considerando as dimensões globais das doenças oncogênicas e a

atividade anticancerígena demonstrada por diferentes óleos essenciais, recentemente,

estudos focados na ação in vitro e in vivo de compostos terpênicos demonstraram

atividade efetiva contra a proliferação de células cancerígenas (Shojaei et al., 2014;

Bicas et al., 2011; Herrmann & Wink, 2011).

Entre os terpenos mais promissores estão o limoneno (Vandresen et al., 2014) e

seus derivados, como o álcool perílico (Ahn et al., 2003), carvona (Da Fonseca, 2006)

e α-terpineol (Hassan et al., 2010). Ainda que de forma discreta, o farneseol (Chen et

al., 2015; Rioja et al., 2000) – um análogo do farneseno - e o α-pineno (Matsuo et al.,

2011) também têm sido investigados para esse fim.

Pesquisas demonstram que a atividade anticarcinogênica associada aos

compostos terpênicos se deve a: (i) efeitos bloqueadores (fase de iniciação),

caracterizado pela indução das enzimas da fase I e fase II do metabolismo de

xenobióticos, o que está associado à detoxificação do agente carcinógeno; (ii) efeitos

supressores (fase de promoção), caracterizados (ii.a) pela inibição da proliferação

celular, indução da apoptose ou diferenciação ou (ii.b) pela inibição da isoprenilação

pós-traducional de proteínas reguladoras do crescimento celular (Crowell, 1999).

Dessa maneira, estudos in vitro sugerem a potencial aplicação desses

compostos contra câncer de próstata (Kassi et al., 2014; Sundin et al., 2012; Chen et

al., 2006), câncer de mama (Patel & Thakkar, 2014; Kim et al., 2012; Duncan & Archer,

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2006), câncer de cólo do útero (Chidambara et al., 2012a; Chidambara et al., 2012b),

câncer pulmonar (Imamura et al., 2014; Yeruva et al., 2007; Elegbede et al., 2003),

câncer bucal (Scheper et al., 2008), câncer de pele (Chaudhary et al., 2009), câncer

hepático (Chen et al., 2015) e gliomas cerebrais (Fischer et al., 2010; Afshordel et al.,

2015; Lee et al., 2015).

Em se tratando dos ensaios in vivo, um grupo liderado por pesquisadores da

Universidade Federal Fluminense e Universidade Federal do Rio de Janeiro

conduziram ensaios clínicos em pacientes com diferentes gliomas malignos em estado

terminal. A terapia adotada foi baseada na administração por inalação direta de álcool

perílico 0,3%, quatro vezes ao dia. Resultados mostraram que tal terapia foi bem

tolerada e que alguns pacientes revelaram regressão do tumor (da Fonseca et al.,

2008; da Fonseca et al., 2006a; da Fonseca et al., 2006b).

Outro estudo piloto, conduzido também pela mesma equipe anteriormente

citada, investigou a administração de álcool perílico em oito pacientes com câncer

pancreático (uma das formas mais letais da doença). Foi observada a redução do

tamanho do tumor em função do mecanismo de apoptose celular. Embora não tenha

sido demonstrada significância estatística, os pacientes apresentaram uma sobrevida

maior de 84 dias quando comparado ao grupo controle (Matos et al., 2008).

Apesar dos estudos anteriormente mencionados e da potencialidade

apresentada dos terpenos/terpenóides na quimioprevenção de diferentes tumores, na

literatura ainda são escassos os relatos acerca da atividade biológica de outros

derivados de biotransformação desses compostos, como por exemplo, alguns

derivados do limoneno (limoneno-1,2-diol, α-terpineol e carveol).

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3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Prospectar micro-organismos capazes de utilizar compostos terpênicos, de

elevada disponibilidade comercial no Brasil (R-(+)-limoneno, α-pineno e farneseno) e

utilizá-los na produção de bioaromas por biotransformação.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Isolar micro-organismos do meio ambiente que apresentem potencial aplicação

na biotransformação de terpenos;

Identificar, dentre os isolados, linhagens potencialmente produtoras de

bioaromas por meio da seleção de micro-organismos capazes de utilizar substratos

terpênicos como única fonte de carbono e energia;

Efetuar a biotransformação de R-(+)-limoneno, α-pineno e farneseno utilizando

os micro-organismos selecionados;

Identificar e quantificar os produtos eventualmente acumulados pelos

micro-organismos, utilizando cromatografia com detecção de ionização em

chama.

4. METODOLOGIA

4.1. REAGENTES

R-(+)-limoneno (Aldrich, 97% pureza), limoneno-1,2-diol (Aldrich, 97% pureza),

S-(-)-álcool perílico (Aldrich, 95% pureza), (-)-carveol mistura de isômeros (Aldrich,

97% pureza), R-(-)-carvona (Aldrich, 98% pureza), farneseno, mistura de isômeros

(Aldrich), α-pineno (Aldrich, 98% pureza), α-terpineol (Aldrich, 90% pureza), fosfato de

sódio monobásico anidro (Neon, 98% pureza), fosfato de sódio bibásico anidro

(Cromato), peptona (Merck), glicose (Kasvi), extrato de malte (Himedia), extrato de

levedura (Kasvi), ágar bacteriológico (Kasvi), cloreto de amônio (Vetec, 98% pureza),

fosfato de potássio bibásico (Synth, 98% pureza), sulfato de magnésio (Vetec, 98%

pureza).

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4.2. ISOLAMENTO DOS MICRO-ORGANISMOS

Os micro-organismos foram isolados de amostras comercialmente adquiridas de

ervas, frutas e vegetais (alecrim, açafrão-da-terra, aniz, canela, cenoura, cominho,

cravo, eucalipto, hortelã, lavanda, limão, maçã, mamão, menta, orégano, tomilho)

consideradas fontes naturais de terpeno.

Cada amostra foi incubada em meio de cultura líquido YM (5 g L-1 peptona; 10 g

L-1 glicose; 3 g L-1 extrato de malte; 3 g L-1 extrato de levedura). Uma alíquota de 1%

(v/v) de R-(+)-limoneno foi adicionada ao meio de cultura como forma de pré-

selecionar as linhagens mais resistentes, dado que muitos terpenos apresentam

atividade antimicrobiana e que tal fato representa um dos principais desafios para a

produção de bioaromas a partir de tais compostos.

Após 24 h de crescimento a 30°C/150 rpm, uma alçada do meio líquido foi

transferida para placas de Petri com meio YM sólido (20 g L-1 de ágar) utilizando-se o

método de esgotamento. As placas foram incubadas em estufa bacteriológica a 30°C

até o crescimento de colônias sobre o meio de cultura da placa.

Além disso, de forma a assegurar a viabilidade das culturas, a cada sete dias, as

mesmas foram repicadas em placas de Petri contendo YM sólido.

Adicionalmente, uma cópia de cada uma dessas mesmas culturas foram

estocadas em tubos de ensaio contendo YM sólido acrescido de glicerol e

armazenadas em refrigeração a 4°C.

4.3. SELEÇÃO DOS MICRO-ORGANISMOS POTENCIALMENTE

BIOTRANSFORMADORES DE TERPENOS

Os micro-organismos inicialmente isolados conforme descrito no item 4.2 foram

submetidos a um método de seleção com o intuito de obter potenciais

biotransformadores de compostos terpênicos.

Conforme a técnica de enriquecimento descrita por Cadwallader et al. (2006) e

Chang & Oriel (2006), este procedimento se baseia na inoculação de um material em

um meio mineral DP (1,0 g L-1 NH4Cl; 0,5 g L-1 K2HPO4, 20 mg L-1 MgSO4.7H2O)

contendo o substrato terpênico (0,5% v/v) como única fonte de carbono e energia.

Após sucessivas renovações do meio, uma alçada da cultura foi esgotada em

meio mineral sólido (meio DP adicionado de 17 g L-1 ágar) em placas de Petri. Estas

foram então invertidas, e na tampa de cada uma delas foi adicionado 0,1mL do

substrato puro de um dos substratos terpênicos testados – α-pineno, álcool perílico,

carveol, carvona, farneseno ou limoneno.

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Com a incubação em estufa bacteriológica, os micro-organismos podem ser

capazes de utilizar o substrato como única fonte de carbono e energia conforme ele se

volatiliza. Esta técnica permite o isolamento direto de potenciais utilizadores dos

terpenos como fonte de carbono e energia e, portanto, teriam boas chances de

biotransformar estes compostos.

Posteriormente, aqueles micro-organismos que demonstraram capacidade de se

desenvolverem na placa invertida foram inoculados em meio mineral DP líquido

adicionado novamente de 1% (v/v) de terpeno (α-pineno, farneseno ou limoneno),

incubados em incubadora refrigerada com agitação a 30°C/150 rpm, durante 96 h. A

cada 24 h, alíquotas foram retiradas para serem analisadas por cromatografia gasosa

com detecção por ionização em chama. Os micro-organismos de maior potencialidade

na produção de produtos de interesse foram utilizados no processo de

biotransformação, como descrito a seguir.

4.4. PROCESSO DE BIOTRANSFORMAÇÃO

Os micro-organismos selecionados (item 4.3) foram testados na

biotransformação de terpenos.

As bactérias ou leveduras selecionadas foram inoculadas em meio YM líquido (5

g L-1 peptona; 10 g L-1 glicose; 3 g L-1 extrato de malte; 3 g L-1 extrato de levedura) e

após 24 h de crescimento em incubadora refrigerada com agitação (30°C/150rpm), 25

mL da suspensão foi transferida para um novo frasco cônico contendo 250 mL de meio

mineral DP (1,0 g L-1 NH4Cl; 0,5 g L-1 K2HPO4, 20 mg L-1 MgSO4.7H2O) e 1% (v/v) de

fonte terpênica (limoneno, α-pineno ou farneseno) foi adicionado (Bicas & Pastore,

2007).

Este frasco foi mantido em incubadora refrigerada com agitação a 30°C/150rpm

e após 72h de crescimento (fase exponencial), o material foi centrifugado em

condições assépticas (2500 g, 12 min, 4 °C) e a massa celular ressuspendida em

tampão fosfato 20 mmol L-1, pH = 7,0. Um volume igual a 50 mL desta suspensão

celular foi posteriormente transferido para um frasco cônico e 1% (v/v) de substrato

terpênico (limoneno, α-pineno ou farneseno) foi adicionado, dando início ao processo

de biotransformação.

No caso dos fungos filamentosos, para a produção de inóculo, cada micro-

organismo foi inoculado em placa de Petri com meio YM sólido e incubados a 30°C.

Após 72 h, em cada uma das placas, adicionou-se 15 mL de solução salina 0,85%. Em

seguida, procedeu-se a raspagem manual com alça de Drigalski para desalojar os

esporos da superfície da placa. Empregando uma dupla camada de gaze, a

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suspensão de esporos foi filtrada. Posteriormente, um frasco cônico com 50 mL de YM

líquido foi inoculado com 5 mL da solução de esporos filtrada e incubados em mesa

refrigerada com agitação a 30°C/150rpm. Após 72 h, a biomassa resultante foi

recuperada por filtração a vácuo e, na sequência, ressuspendida em 50mL de tampão

fosfato 20 mmol L-1 em pH = 7,0, adicionado de 0,5% (v/v) de substrato terpênico

(limoneno, α-pineno ou farneseno) para iniciar a biotransformação.

Tanto no caso das bactérias como dos fungos, amostras foram coletadas

periodicamente (0h, 24 h, 48h, 72 h e 96 h) para análise dos possíveis produtos

formados, os quais foram monitorados e quantificados por Cromatografia Gasosa com

Detector de Ionização por Chama (CG-DIC).

Além disso, para ambos os casos, dois grupos controles também foram

adotados: (i) controle abiótico, contendo meio mineral DP adicionado de biomassa

auto-clavada e o padrão terpênico, para rejeitar a hipótese de auto-oxidação e, assim,

confirmar que os produtos formados são mesmo resultados da ação microbiana; (ii)

controle sem substrato, contendo a suspensão celular em meio mineral DP, para

avaliar se o micro-organismo pode produzir algum composto terpênico por síntese de

novo.

4.5 EXTRAÇÃO E ANÁLISES CROMATOGRÁFICAS DOS PRODUTOS

FORMADOS

As amostras das culturas retiradas para análise foram extraídas com acetato de

etila (1:1) contendo 1% de octano (padrão interno). Um microlitro de extrato foi injetado

no Cromatógrafo a Gás com Detector por Ionização em Chama Agilent HP6890

equipado com uma coluna HP-5 (30 m x 0,25 mm x 0,25 μm). As condições de

operação foram: He como gás de arraste com vazão 1 mL min-1; temperatura no injetor

de 250°C, temperatura no detector de 250°C e a temperatura da coluna programada

para elevação de 80 a 200°C, a uma taxa de 20°C/min, com um tempo inicial de

espera de 3 min e 5 min na temperatura final e razão de split 1:10 (Bicas et al., 2008).

Os produtos formados foram quantificados com auxílio de uma curva analítica,

construída com diferentes concentrações do padrão comercial (50,100, 200, 300, 500,

1000, 2000 e 3000 mg L-1) em acetato de etila.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.

Os principais resultados obtidos neste trabalho estão resumidos na Figura 10 e

serão detalhados na sequência

Figura 10 – Resumo dos resultados obtidos nesse trabalho.

5.1. ISOLAMENTO DOS MICRO-ORGANISMOS

De acordo com Belin et al., (1992) a seleção de micro-organismos que sejam

capazes de produzir concentrações aceitáveis de compostos voláteis é uma estratégia

essencial para a produção biotecnológica de aromas. Para tal, diferentes estratégias

de prospecção podem ser adotadas, entre as quais, isolamento de micro-organismos

do meio ambiente, a partir de banco de culturas ou de fermentações clássicas

(queijos, iogurtes, cervejas, vinho).

Partindo desse princípio, a prospecção de micro-organismos potencialmente

biotransformadoras de compostos terpênicos resultou no isolamento de 45 micro-

organismos (Tabela 4). Cada um dos isolados foi morfologicamente identificado pela

técnica de Gram, exceto os fungos filamentosos, tendo sido obtido a seguinte

predominância: vinte e oito eram cocos Gram-negativos (62,23%), quatro bastonetes

Gram-positivo (8,89%), seis bastonetes Gram-negativos (13,33%), duas leveduras

(4,44%) e cinco fungos filamentosos (11,11%).

Alecrim, açafrão, aniz, canela,

cominho, cravo, eucalipto, hortelã,

lavanda, limão, maçã, mamão,

menta, orégano, tomilho

Amostras

45 isolados:

62,3% cocos G- 8,9% bastonetes G+ 13,3% bastonetes G-

4,4% leveduras 11,1% bolores

Isolados

Isolamento Seleção

18

micro-organismos selecionados

Uso de terpenos

c/ única fonte C

Biotransformação

1 fungo filamentoso

biotransformador: acúmulo de

limoneno-1,2-diol (262,37 mg L

-1)

após 72h de biotransformação

de limoneno

Acúmulo de

produtos

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Tabela 4 – Fontes de obtenção e respectiva identificação dos micro-organismos

isolados por técnica de Gram

Identificação do

micro-organismo Fontes de isolamento Gram

1 Limão Cocos Gram (-)

2 Cominho Bastonete Gram (+)

3 Tomilho Cocos Gram (-)

4 Cominho Cocos Gram (-)

5 Canela Cocos Gram (-)

6 Alecrim Cocos Gram (-)

7 Cominho Cocos Gram (-)

8 Cominho Bastonete Gram (-)

9 Orégano Cocos Gram (-)

10 Eucalipto Bastonete Gram (-)

11 Eucalipto Cocos Gram (-)

12 Orégano Cocos Gram (-)

13 Açafrão-da-terra Bastonete Gram (+)

14 Aniz Levedura

15 Cravo Cocos Gram (-)

16 Orégano Cocos Gram (-)

17 Maçã Cocos Gram (-)

18 Cominho Cocos Gram (-)

19 Cominho Cocos Gram (-)

20 Aniz Levedura

21 Aniz Cocos Gram (-)

22 Aniz Cocos Gram (-)

23 Aniz Cocos Gram (-)

24 Aniz Cocos Gram (-)

25 Limão Cocos Gram (-)

26 Limão Cocos Gram (-)

27 Mamão Cocos Gram (-)

28 Mamão Bastonete Gram (-)

29 Hortelã Bastonete Gram (-)

30 Tomilho Bastonete Gram (-)

31 Cenoura Cocos Gram (-)

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Tabela 4 – Continuação

Identificação do

micro-organismo Fontes de isolamento Gram

32 Açafrão-da-terra Cocos Gram (-)

33 Lavanda Cocos Gram (-)

34 Lavanda Cocos Gram (-)

35 Menta Bastonete Gram (-)

36 Menta Cocos Gram (-)

37 Eucalipto Bastonete Gram (+)

38 Eucalipto Cocos Gram (-)

39 Cominho Cocos Gram (-)

40 Cravo Cocos Gram (-)

41 Aniz Fungo filamentoso

42 Orégano Fungo filamentoso

43 Aniz Fungo filamentoso

44 Maçã Fungo filamentoso

45 Mamão Fungo filamentoso

Após a retirada das amostras incubadas por 24 h em presença de 1% v/v de

limoneno (pré-seleção) e posterior plaqueamento em placa de Petri com YM sólido

observaram-se claramente três fatos importantes:

(i) ao contrário do que ocorre comumente durante os trabalhos de

bioprospecção, o plaqueamento das amostras incubadas não resultaram em uma

placa de Petri rica em diferentes culturas de micro-organismos, que por vezes,

demandam diversas passagens para o isolamento dessas mesmas culturas;

(ii) o plaqueamento resultou na obtenção de no máximo uma ou duas colônias

visualmente distinguíveis por placa;

(iii) em função do que foi observado a partir do perfil de plaqueamento, é

possível compreender o quão acentuado é a atividade antimicrobiana dos compostos

terpênicos e sua atuação eficiente na seleção de micro-organismos (Bound et al.,

2015; Asbahani et al., 2015; López-Malo et al., 1997).

Assim, de acordo com Calo et al. (2015), a atividade antimicrobiana dos

compostos terpênicos está associada à característica hidrofóbica dessas moléculas.

Dessa forma, interagem com os lipídios da membrana celular do micro-organismo,

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alterando a permeabilidade da mesma e consequentemente levando à morte celular.

Entre os principais efeitos da alteração na fluidez de membrana está a modificação na

força próton-motriz, causando assim uma deficiência na produção de energia na célula

com o decréscimo da geração de ATP (adenosina trifosfato).

Na literatura científica são relatados inúmeros estudos que comprovam a

efetividade da ação antimicrobiana de diferentes compostos terpênicos. Entre os

trabalhos mais relevantes, estão aqueles focados na utilização de óleos essenciais no

controle de micro-organismos patogênicos causadores de doenças alimentares, entre

os quais, Escherichia coli O157:H7 (Tomadoni et al., 2015; Landry et al., 2015;

Severino et al., 2015), Campylobacter jejuni (Kurekci et al., 2013; Nair et al., 2015;

Nannapaneni et al., 2009), Listeria monocytogenes (Pesavento et al., 2015; Silva et al.,

2015; Silva-Angulo et al., 2015), Staphylococcus aureus (Haba et al., 2014; Wu et al.,

2014; de Carvalho et al., 2015) e Salmonella Typhimurium (Yun et al., 2015; Chauhan

& Kang, 2014; Bukvicki et al., 2015).

Considerado esses aspectos, fica claro o quão desafiador é o trabalho de

prospecção na busca por novos micro-organismos que sejam capazes de resistir à

toxidez provocada pelo significativo potencial antimicrobiano demonstrado por

diferentes compostos terpênicos.

5.2 SELEÇÃO DOS MICRO-ORGANISMOS POTENCIALMENTE

BIOTRANSFORMADORES DE TERPENOS

Dentre os 45 micro-organismos isolados, apenas 40 foram testados quanto a

capacidade de crescer em placa de Petri com meio mineral DP sólido, adicionado de

uma alíquota de terpeno na tampa. Assim, dos 40 micro-organismos testados, apenas

18 foram capazes de apresentar crescimento em placa (Tabela 5). Embora tenham se

desenvolvido de forma discreta, tais micro-organismos demonstraram uma capacidade

bastante positiva de utilizarem o terpeno volatilizado no interior da placa como única

fonte de carbono e energia.

Os micro-organismos que demonstraram capacidade de se desenvolver na

presença de limoneno, podem seguir uma das seis vias relatadas na literatura (Bicas,

2009) (Figura 11).

O fato de determinado micro-organismo apresentar uma via metabólica

específica sugere que ele possa acumular alguns de seus intermediários. Portanto,

micro-organismos que apresentem a via que passa pelo álcool perílico, por exemplo,

pode indicar que estes o acumulem sob certas circunstâncias. Entre as vias possíveis,

a rota que permite a produção de álcool perílico e carvona são de maior interesse em

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função do potencial comercial e científico desses compostos (Afshordel et al., 2015;

Bhat et al., 2015; Tabassum et al., 2015; Imamura et al., 2014; Muruganathan et al.,

2013; Souza et al., 2013).

Tabela 5 – Intensidade de crescimento* dos micro-organismos em placa de

Petri contendo meio mineral DP e terpeno adicionado na tampa

da placa como única fonte de carbono e energia

Identificação

do micro-

organismo

α-

pineno Farneseno Limoneno

Álcool

perílico Carveol Carvona

1 2 1 4 2 1 1

2 1 0 1 0 0 0

3 0 0 3 0 0 0

4 0 0 3 0 0 0

5 0 1 3 0 2 0

6 1 2 3 1 0 2

7 1 1 3 1 0 0

8 0 1 0 1 0 0

9 1 0 2 0 0 0

10 2 0 3 2 0 0

11 0 1 3 0 3 0

12 0 0 0 0 0 0

13 0 2 2 1 0 0

14 1 3 4 2 1 1

15 1 2 0 0 0 0

16 0 0 2 0 0 0

17 0 0 1 0 0 0

18 1 2 4 1 1 1

19 0 0 0 0 0 0

20 2 1 3 2 0 0

*Na tabela é expressa a intensidade de desenvolvimento da cultura em placa,

determinada visualmente: (1) muito baixo; (2) baixo; (3) médio; (4) alto.

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Assim, a capacidade simultânea demonstrada pelos micro-organismos 1, 6, 7,

10, 13, 14, 18 e 20 de crescerem tanto em limoneno quanto em álcool perílico,

revelam que, possivelmente, esses micro-organismos optaram pela via que envolve a

produção deste álcool. Já a via da carvona poderia ser utilizada por micro-organismos

que são capazes de crescerem tanto em limoneno quanto em um de seus

intermediários da via, como o carveol ou a própria carvona. Dessa forma, os micro-

organismos 1, 5, 6, 11, 14 e 18 cresceram tanto em limoneno quanto em carveol ou

carvona, e, possivelmente, apresentam a rota metabólica que passa por esses

monoterpenoides.

Por outro lado, observou-se que os micro-organismos 1, 2, 6, 7, 9, 10, 14, 18 e

20 foram capazes de se desenvolver simultaneamente na presença de limoneno e α-

pineno. Sugere-se assim, que tais micro-organismos poderiam tanto biotransformar o

limoneno quanto seguir para uma das vias de utilização do α-pineno (Figuras 12 e 13)

(Pastore et al., 2013).

Já os micro-organismos 1, 5, 6, 7, 8, 11, 13, 14, 15, 18 e 20 cresceram em

farneseno.

Adicionalmente, os micro-organismos 1, 14 e 18 demonstraram maior

versatilidade, sendo capazes de se desenvolverem na presença de todos os terpenos

testados. Portanto, considerando os resultados alcançados, os 18 micro-organismos

que demonstraram capacidade de crescer em placa de Petri contendo meio DP sólido

adicionado de substrato terpênico na tampa tiveram seus produtos de transformação

analisados por cromatografia gasosa, cujos resultados serão posteriormente discutidos

no item 5.3.

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Limoneno

Álcool

perílico

Aldeído

perílico

Ácido

perílico Perílico-CoA

Limoneno

-1,2-óxido

Limoneno

-1,2-diol

1-hidróxi-2-

oxólimonen

o

3-isoprepenil-6-

oxoheptanoato

3-isoprepenil-6-

oxoheptanil-

CoA

Carveol Carvona Dihidro-

carvona

α-terpineol

Isopi-

peritenol

Isopi-

peritenon

a

Limoneno

-8,9-óxido

Figura 11 – Vias de metabolizações relatadas na literatura para o limoneno.

(Adaptado de Bicas, 2008).

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Figura 12 – Vias de metabolização do pineno por alguns fungos filamentosos

relatadas na literatura. Pastore et al. (2013).

Figura 13 – Vias de metabolização do pineno por algumas bactérias relatadas na

literatura. Pastore et al. (2013).

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Em resumo, é importante ressaltar que tal experimento foi empregado para

refinar a seleção inicial de micro-organismos que eram capazes não apenas de resistir

à adição de terpeno ao meio de cultivo, mas de também utilizarem esse substrato

como fonte de carbono e energia para o desenvolvimento da cultura. Dessa forma,

esse método foi sugerido para contribuir na inferência de reais potenciais

biotransformadores, direcionando de forma mais direta aqueles micro-organismos de

interesse para o processo de biotransformação e análise dos produtos provenientes da

degradação de determinado terpeno em compostos voláteis de potencial interesse.

Na literatura científica, semelhantemente ao desenvolvido nesse trabalho,

existem alguns estudos que descrevem o isolamento e a seleção de micro-organismos

potencialmente biotransformadores de compostos terpênicos. E, da mesma forma

como imposto nesse trabalho, também foi enfrentado o desafio no processo de

prospecção ao considerar a atividade antimicrobiana dos compostos terpênicos.

Rottava et al. (2009) isolaram 405 micro-organismos a partir de amostras obtidas

da indústria de beneficiamento de eucalipto e laranja, dentre os quais, apenas 23

isolados se mostraram capazes de resistir/bioconverter o R-(+)-limoneno e o β-pineno

em α-terpineol. Já Bicas e Pastore (2007) isolaram do efluente da indústria de citrus

248 micro-organismos, dos quais, somente 70 se desenvolveram em meio contendo

limoneno como única fonte de carbono. Por fim, Bier et al. (2011) também relataram

que dos 21 micro-organismos prospectados, apenas dois se mostraram capazes de se

desenvolverem e biotransformarem determinado substrato terpênico. Tais estudos

anteriormente citados revelam que o sucesso no esforço de prospecção foi de

aproximadamente 6%, 28% e 9%, respectivamente.

5.3 ANÁLISES CROMATOGRÁFICAS DOS PRODUTOS FORMADOS A

PARTIR DAS CULTURAS PREVIAMENTE SELECIONADAS

A análise por cromatografia gasosa dos cultivos em meio líquido mineral

adicionado de limoneno, farneseno ou α-pineno como única fonte de carbono e

energia dos 18 micro-organismos selecionados (aqueles que cresceram em pelo

menos uma dos terpenos testados) mostrou que:

(i) limoneno: os micro-organismos 1, 5, 6, 10, 16, 18 e 20 foram capazes

de acumular traços de carvona e/ou carveol, porém em concentrações aparentemente

pouco acima daquela observada no controle abiótico. Por outro lado, outros micro-

organismos apresentaram traços de picos que, em função da baixa concentração para

identificação ou ausência de padrões, não permitiu a identificação dos mesmos.

(ii) α-pineno: não apresentou acúmulo aparente de intermediários;

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(iii) farneseno: em algumas amostras e também no controle, foi possível

identificar alguns produtos de menor massa molar, possivelmente oriundos de quebra

da molécula, e outros compostos em concentrações traço cujas identidades não

puderam ser estabelecidas.

Apesar da baixa concentração de produto inicialmente identificado nas linhagens

selecionadas, de acordo com trabalhos prévios desenvolvidos por Bicas et al. (2010),

o fato de não haver acúmulo de intermediários durante o crescimento em meio

contendo o substrato terpênico como única fonte de carbono e energia não exclui a

possibilidade de potencial produção durante a etapa de biotransformação a partir de

resting cells. Isso porque, nesse mesmo trabalho, Bicas et al. (2010) observaram que

traços de α-terpineol foram identificados durante o crescimento de Sphingobium sp.

em limoneno como única fonte de carbono e energia. Porém, quando essa biomassa

foi ressuspendida em tampão fosfato (resting cells), e colocada para biotransformar o

limoneno, uma grande quantidade de α-terpineol foi produzida (até 130 g L-1, com

rendimentos próximos a 100%). Assim, considerou-se que haveria potencial de

produção de bioaromas pela biotransformação do limoneno ou farneseno por resting

cells de alguns dos micro-organismos selecionados nesse trabalho.

Portanto, a partir dos resultados das análises cromatográficas, os micro-

organismos 1, 10, 11, 14 e 18 foram escolhidos para serem estudados no processo de

biotransformação empregando resting cells. Essa escolha foi baseada em função da

detecção de alguns picos nos cromatogramas dos extratos dos respectivos micro-

organismos, quando cultivados em meio mineral líquido contendo terpeno como única

fonte de carbono.

Além disso, considerou-se também a versatilidade dos mesmos frente à

capacidade de crescimento em placa de Petri contendo meio mineral sólido e terpeno

como única fonte de carbono adicionado a tampa.

5.4 PROCESSO DE BIOTRANSFORMAÇÃO COM RESTING CELLS

5.4.1 BACTÉRIAS E LEVEDURAS

O processo de biotransformação com resting cell para os micro-organismos 1,

10, 11, 14 e 18 não apontou acúmulo de nenhum metabólito de interesse em limites

detectáveis pela análise por cromatografia gasosa, levando-nos a concluir que apesar

desses micro-organismos terem se mostrado inicialmente promissores nos testes de

seleção previamente conduzidos, os mesmos não se revelaram capazes de acumular

nenhum intermediário da via de metabolização do limoneno (Figuras 14 e 15),

farneseno ou α-pineno.

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Tal fato nos leva a acreditar que tais micro-organismos provavelmente

mostraram-se apenas resistentes a adição de terpeno ao meio ou foram capazes de

mineralizar o substrato (transformando-os em CO2), sem, contudo, convertê-los em

produtos da via metabólica dos terpenos utilizados.

Apesar dos resultados terem sido negativos para as bactérias selecionadas

nesse trabalho, na literatura são encontrados diferentes estudos baseados no

potencial de diferentes bactérias na produção de compostos de aroma (Tabela 6).

Assim, é importante perceber que tais trabalhos evidenciam claramente a versatilidade

e a potencialidade de diferentes micro-organismos na conversão de diferentes

substratos para a produção de aromas naturais.

Figura 14 – Cromatogramas sobrepostos para a biotransformação do limoneno (sem

acúmulo) pelo micro-organismo 1 após 0h (azul), 24h (vermelho), 48h (verde), 72h

(rosa) de biotransformação.

Figura 15 – Cromatogramas sobrepostos para a biotransformação do limoneno (sem

acúmulo) pelo micro-organismo 10 após 0h (azul), 24h (vermelho), 48h (verde), 72h

(rosa) de biotransformação.

Padrão interno

Limoneno

Padrão interno

Limoneno

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Tabela 6 – Estudos relatados na literatura para a produção de bioaromas por

diferentes linhagens de bactérias.

Micro-organismo Aroma Substrato Rendimento/

produtividade Referência

Bacillus subtilis IFO

3013

Pirazina Soja triturada 2 g L-1 (Larroche et

al., 1999)

Clostridium

tyrobutyricum

Ácido

butírico

Bagaço de

cana

hidrolisado

20,9 g L-1

(Wei et al.,

2013)

Corynebacterium

glutamicum

(+)-

valenceno

Nootka

cypress

2,41 mg L-1

(Frohwitter et

al., 2014).

Nocardia iowensis

DSM 45197 Vanilina Isoeugenol -

(Seshadri et

al., 2008)

Propionibacterium

acidipropionici

Ácido

propiônico

Glicerol com

CO2 2,94 g L-1 dia-1

(Zhang et al.,

2014)

Pseudomonas

resinovarans SPR1 Vanilina Eugenol 0,24 g L-1

(Ashengroph

et al., 2011)

Pseudomonas sp

p-cimeno*

Limoneno

α-

terpinoleno

α-pineno / β-

pineno

198 mg L-1

64 mg L-1

98 mg L-1

(Yoo et al.,

2001)

*Produtos majoritários para ambos os substratos

5.4.2 FUNGOS FILAMENTOSOS

O processo de biotransformação utilizando os fungos filamentosos isolados (41,

42, 43, 44 e 45) foi conduzido para cada um dos três terpenos de interesse - α-pineno,

farneseno e limoneno.

Assim como ocorreu para as bactérias selecionadas, as análises

cromatográficas das biotransformações com fungos não apontou acúmulo de

intermediários na biotransformação do α-pineno e farneseno para nenhum dos cinco

fungos testados (Figuras 16 e 17). Alguns produtos de menor massa molar,

possivelmente produtos de quebra da molécula, também foram visualizados em alguns

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casos, embora estes não tenham sido identificados. Já para o limoneno, dentre os

cinco fungos testados, quatro deles não apresentaram acúmulo de intermediários.

Figura 16 – Cromatogramas sobrepostos para a biotransformação do farneseno (sem

acúmulo) pelo micro-organismo 45 após 0h (azul), 24h (vermelho), 48h (verde), 72h

(rosa) e 96h (bege) de biotransformação.

Figura 17 – Cromatogramas sobrepostos para a biotransformação do α-pineno (sem

acúmulo) pelo micro-organismo 41 após 0h (azul), 24h (vermelho), 48h (verde), 72h

(rosa) e 96h (bege) de biotransformação.

Contudo, o micro-organismo identificado pelo número 42 apresentou acúmulo de

um produto com tempo de retenção igual a 6,39 min (após injeção em colunas com

diferentes polaridades (Betadex e DB5), cuja área aumentou com o tempo de

biotransformação. Baseado na análise dos tempos de retenção de padrões comerciais

nestas diferentes colunas, este pico foi identificado como limoneno-1,2-diol (Figura

18). Análises com controles abióticos deixaram claro que esta produção não se refere

à auto-oxidação do limoneno (Figura 19).

Solvente

Padrão interno Farneseno

Solvente

Padrão interno α-pineno

Padrão interno

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Figura 18 – Cromatogramas do padrão comercial de limoneno-1,2-diol (linha

vermelha) e do extrato da biotransformação do microrganismo 42 tendo limoneno

como substrato (linha azul) após 96 h de fermentação.

Figura 19 – Cromatogramas sobrepostos para a biotransformação do limoneno pelo

micro-organismo 42 após 0h (azul), 24h (vermelho), 48h (verde), 72h (rosa) e 96h

(bege) de biotransformação.

Portanto, utilizando a curva analítica para a quantificação do limoneno-1,2-diol

(Figura 20), a cinética de produção deste composto indicou as concentrações de

limoneno-1,2-diol de 0, 168,42; 220,89; 262,37; 208,29 mg L-1 após 0, 24, 48, 72 e 96

h de biotransformação, respectivamente (Figura 21).

Assim, o pico de produção (72h de biotransformação) foi cerca de 10 vezes

menor que a concentração obtida por Molina et al. (2015) em um processo de

biotransformação de S-(–)-limoneno por Fusarium oxysporum 152b recentemente

relatado. Contudo, considerando que a eficiência de extração de limoneno-1,2-diol

com acetato de etila foi de 42,2% (Molina et al., 2015), podemos estimar que a

concentração real produzida no nosso estudo foi de aproximadamente 523,44 mg L-1.

Solvente

Padrão interno Limoneno

Acúmulo de produto a tr = 6,39 min

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Figura 20 – Curva analítica do limoneno-1,2-diol obtida a partir de cromatografia

gasosa com detecção por ionização em chama.

Figura 21 – Cinética de produção de limoneno-1,2-diol para o período de 0 a 96

h, a partir da biotransformação de R-(+)-limoneno por fungo filamentoso isolado do

orégano (microrganismo 42).

y = 1,3092x - 90,493 R² = 0,9989

0

1000

2000

3000

4000

0 1000 2000 3000 4000

Áre

a d

o p

ico

de lim

on

en

o-1

,2-d

iol

(u.a

)

[limoneno-1,2-diol] (mg L-1)

0

100

200

300

0 24 48 72 96

[lim

on

en

o-1

,2-d

iol]

(m

g L

-1)

Tempo (h)

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Ainda, considerando que o micro-organismo prospectado não teve suas

condições otimizadas de produção investigadas, quando comparado à estudos

relatados na literatura (Molina et al., 2015; Demyttenaere et al., 2001; Noma et al.,

1992; Abraham et al., 1985), o resultado obtido nesse trabalho foi tido como realmente

satisfatório.

Assim sendo, estudos futuros baseados na metodologia de superfície de

resposta para determinação das condições otimizadas de produção podem ser

bastante promissores para tornar a produção biotecnológica de limoneno-1,2-diol

atrativa. Tal perspectiva pode ser corroborada frente aos estudos conduzidos por

Bicas et al. (2008) em que a metodologia de superfície de resposta foi empregada

para otimizar a biotransformação por Fusarium oxysporum 152b de R-(+)-limoneno em

R-(+)-α-terpineol, tendo sido alcançado um rendimento de conversão 542% superior a

concentração de produto inicialmente obtida antes da otimização (de 450 mg L-1 para

2.440 mg L-1).

Adicionalmente, embora não tenha sido possível efetuar análises que

comprovassem a identidade do(s) diasteroisômero(s) de limoneno-1,2-diol presentes

no meio, espera-se que haja uma diferença entre o produtos obtidos neste estudo e

aqueles relatados por Molina et al. (2015), dado que estes autores empregaram outro

enantiômero do limoneno em seu processo. Portanto, acredita-se que estes métodos

possam gerar produtos com perfil de isômeros diferenciados, o que pode contribuir

com estudos da análise do potencial biológico do limoneno-1,2-diol. Outro aspecto

bastante interessante do resultado obtido nesse trabalho centra-se no fato de que o

limoneno-1,2-diol, apesar de encontrar aplicabilidade industrial, é um derivado do

limoneno relativamente inexplorado pela comunidade científica. Portanto, percebe-se

que tal metabólito do limoneno apresenta grande potencial de investigação,

principalmente no que diz respeito a sua obtenção por via biotecnológica e posteriores

estudos in vitro e in vivo para testar sua aplicabilidade.

No entanto, apesar da escassez de estudos científicos focados especificamente

no limoneno-1,2-diol, na literatura é possível encontrar alguns relatos que mencionam

a produção de limoneno-1,2-diol entre um dos metabólitos do limoneno promovido por

diferentes micro-organismos (Molina et al., 2015; Demyttenaere et al., 2001; Noma et

al., 1992; Abraham et al., 1985).

Considerado esse aspecto, Molina et al. (2015) compararam os produtos da

biotransformação por Fusarium oxsporum 152b a partir de dois substratos

enantioméricos do limoneno: R-(+)- limoneno e S-(-)-limoneno. Resultados mostraram

que o R-(+)-limoneno foi convertido em α-terpineol (4 g L-1 em 48 h) e o S-(-)-limoneno

foi biotransformado em limoneno-1,2-diol (3,7 g L-1 em 72 h).

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Por outro lado, Abraham et al. (1985), utilizando Corynespora cassiicola

obtiveram 900 g de 1S,2S,4R-limoneno-1,2-diol em 96 h a partir de 1.300 g de R-(+)-

limoneno em reator contendo 70 L de meio, alcançando-se assim uma conversão de

aproximadamente 60%. Posteriormente, estudos conduzidos por Demyttenaere et al.

(2001) corroborou os estudos de Abraham et al. (1985), em que, tendo também

utilizado Corynespora cassiicola e R-(+)-limoneno como substrato, alcançou também

aproximadamente 60% de conversão para 1S,2S,4R-limoneno-1,2-diol.

Adicionalmente, Noma et al. (1992), utilizando Aspergillus cellulosae M-77 mostraram

que tal micro-organismo foi capaz de converter preferencialmente tantos os

enantiômeros quanto a mistura racêmica de limoneno em limoneno-trans-1,2-diol.

Sendo assim, considerando todo o cenário anteriormente descrito, sugere-se

que a prospecção do fungo capaz de converter limoneno a limoneno-1,2-diol obtido

nesse trabalho deve ser investigada com maior detalhe em estudos posteriores, com o

intuito de entender sua rota metabólica, determinar as melhores condições de cultivo,

bem como reforçar a necessidade de estudos de prospecção focados em micro-

organismos capazes de converter substratos terpênicos em compostos de aroma,

contribuindo assim para tornar a biotransformação microbiana de aromas uma rota

robusta, promissora, atraente e factível.

Além disso, a despeito da produção de limoneno-1,2-diol, existem inúmeros

estudos acerca da produção biotecnológica de aromas empregando diferentes fungos

filamentosos e leveduras, seja em fermentação submersa ou em estado sólido,

resultando em diferentes rendimentos de produtos.

Em se tratando especialmente da fermentação submersa, método empregado

nesse trabalho, vários relatos científicos são citados para a obtenção de diferentes

aromas (Tabela 7).

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Tabela 7 – Estudos relatados na literatura para a biotransformação de substratos

terpênicos por diferentes linhagens de fungos (filamentosos ou leveduriformes)

Micro-organismo Composto

de impacto

Substrato

de

conversão

Rendimento/

produtividade Referência

29 cepas diferentes de

basidiomicetos

lignocelulolíticos foram

testados

113

compostos

voláteis

diferentes

identificados

(álcoois,

cetonas e

aldeídos)

Meio

sintético -

(Gallois et al.,

1990)

Aspergillus niger*

Linalol**

linalol, α-

terpineol e

limoneno***

geraniol

nerol

citral

- (Demyttenaere

et al., 2000)

Botryodiplodia

treobromae 1368

Yarrowia lipolytica

2.2ab

Phanerochaete

chrysosporiumoxidised

Nootkatona (+)-

valenceno

231,7 mg L-1

216,9 mg L-1

100,8 mg L-1

(Palmerín-

Carreño et al.,

2015)

Candida utilis Acetaldeido Etanol 8,0 g L-1 (Corzo et al.,

1995)

Ceratocystis fimbriata Citronelol Geraniol 6,0 mg L-1 (Fkyerat et al.,

1996).

Ceratocystis fimbriata

Geraniol,

citronelol,

linalol, α-

terpineol,

geraniale e

neral

Batata

dextrose -

(Lanza &

Palmer, 1977).

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Tabela 7 – Continuação

Micro-

organismo

Composto de

impacto

Substrato

de

conversão

Rendimento/

produtividade Referência

Ceratocystis

moniliformis

Etil acetato

propil acetato isobutil

acetato isoamil acetato

citronelol geraniol

Meio

sintético -

(Bluemke &

Schrader,

2001)

Corynespora

cassicola

Correspondentes

óxidos de linalol (±)-linalol -

(Etschmann

et al., 2014)

Ceratocystis

moniliformis

Etil acetato

propil acetato isobutil

acetato isoamil acetato

citronelol geraniol

Meio

sintético -

(Bluemke &

Schrader,

2001)

Corynespora

cassicola

Correspondentes

óxidos de linalol (±)-linalol -

(Etschmann

et al., 2014)

Ceratocystis

moniliformis

Etil acetato

propil acetato isobutil

acetato isoamil acetato

citronelol geraniol

Meio

sintético -

(Bluemke &

Schrader,

2001)

Corynespora

cassicola

Correspondentes

óxidos de linalol (±)-linalol -

(Etschmann

et al., 2014)

Ceratocystis

moniliformis

Etil acetato

propil acetato isobutil

acetato isoamil acetato

citronelol geraniol

Meio

sintético -

(Bluemke &

Schrader,

2001)

Lentinula

edodes

Foram identificados 20

compostos voláteis

diferentes como

produto de

fermentação

Mosto de

cerveja -

(Zhang et al.,

2015)

Neurospora

sp 1-octen-3-ol

Caldo

extrato de

malte

17 mg L-1

(de Carvalho

et al., 2011)

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Tabela 7 – Continuação

Micro-

organismo

Composto de

impacto

Substrato de

conversão

Rendimento/

produtividade Referência

Neurospora sp

3-methil-1-

butanol

1-octen-3-ol

etil acetato

etanol

Caldo extrato

de malte -

(Pastore et al.,

1994)

Pcynoporus

cynnabarinus Vanilina Ácido ferrúlico 64,0 mg L-1

(Falconnier et

al., 1994)

Penicillium

camemberti 1-octen-3-ol

Leite

reconstituído

suplementado

com óleo de

soja

60 g L-1 (Husson et al.,

2005).

Penicillium

solitum Verbenona α-pineno 35 mg L-1

(Pescheck et

al., 2009)

Piptoporus

soloniensis

γ-decalactona

γ-

octanolactona

Meio sintético

suplementado

com diferentes

ácidos graxos

7,9 mg L-1

1,4 mg L-1

(Kenji et al.,

2002)

Pleutorus

sapidus

cis:trans

carvona/carveol R-(+)-limoneno 1000 mg L-1

(Onken &

Berger, 1999)

Pleutorus

sapidus

car-3-em-5-ono

car-3-em-2-ono

car-2-em-4-ono

Car-3-eno

25,3 mg L-1

5,4 mg L-1

7,3 mg L-1

(Lehnert et al.,

2012)

Rodothorula

aurantiaca γ-decalactona Óleo de castor 6,5 g L -1

(Alchihab et

al., 2009)

Saccharomyces

cerevisiae Nootkatona (+)-valenceno 6 mg L-1

(Gavira et al.,

2013)

Saccharomyces

cerevisiae Citronelol Geraniol 1,18 g L-1

(Arifin et al.,

2011)

Sporobolomyces

odorus γ-decalactona

Meio sintético

suplementado

(óleo de castor)

8,62 mg L-1 (Lee & Chou,

1994)

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Tabela 7 – Continuação

Micro-

organismo

Composto de

impacto

Substrato de

conversão

Rendimento/

produtividade Referência

Tyromyces

chioneus

3-Fenipropanal

3-fenil-1-

propanol álcool

benzílico

Bagaço de

maça em

fermentação

submersa

290 µg L-1

270 µg L-1

100 µg L-1

(Bosse et al.,

2013)

Yarrowia

lipolytica γ-Decalactona Óleo de castor 220 mg L-1

(Moradi et al.,

2013)

* Culturas esporuladas cultivadas em superfície

**Produto majoritariamente obtido a partir da biotransformação de geraniol

***Produtos obtidos a partir da biotransformação de nerol e citral.

Assim, ao observar a Tabela 7, fica bastante evidente o potencial de diferentes

fungos na produção biotecnológica de aromas. Tal potencialidade se baseia

principalmente no fato de que fungos, sendo organismos eucariotos, apresentam uma

“maquinaria” semelhante às plantas para a excreção de compostos voláteis, como por

exemplo, apresentam um complexo sistema enzimático de secretoma. Tal complexo

enzimático é fundamental para a excreção de enzimas extracelulares, as quais, por

sua vez, são amplamente descritas como responsáveis por biotransformar diferentes

compostos terpênicos em seus respectivos metabólitos (Alfaro et al., 2014).

Considerado esses aspectos, fica claro que o emprego de cepas fúngicas em

diferentes bioprocessos é uma área que apresenta enormes possibilidades de

exploração. Adicionalmente, conforme relatado por Abraham (1985), o uso de fungos

ao invés de bactérias pode ser mais vantajoso nos processos de biotransformação,

pois aquelas têm um metabolismo muito ativo e destroem o substrato muito mais

rapidamente, enquanto que os fungos têm maior propensão ao acúmulo de

intermediários.

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6. CONCLUSÃO

A estratégia de isolamento e a seleção de micro-organismos para a produção

biotecnológica de aromas revelou ser um caminho fundamental para fomentar a

disponibilização de aromas naturais para o setor industrial.

Contudo, alguns desafios devem ser superados, sendo o mais importante, o fato

de que compostos terpênicos são reconhecidamente antimicrobianos, exigindo um

grande número amostral durante o procedimento de isolamento e seleção. Assim,

nesse trabalho, foram isolados 45 micro-organismos de amostras comercialmente

adquiridas, entre as quais, especiarias e vegetais. Posteriormente aos testes de

seleção, estudos de biotransformação foram conduzidos para alguns dos micro-

organismos obtidos. Resultados positivos, aqui considerado como acúmulo de

intermediários oxigenados, foi encontrado para apenas um dos isolados, tendo sido

obtido um sucesso de 2% no esforço de prospecção.

A partir da prospecção, isolou-se um fungo filamentoso do orégano, capaz de

biotransformar o substrato R-(+)-limoneno em limoneno-1,2-diol. A concentração

máxima, de 262,37 mg L-1, foi obtida com 72h de biotransformação. Embora o

rendimento tenha sido relativamente baixo, se comparado aos já relatados na

literatura, acredita-se que estudos posteriores apoiados na metodologia de superfície

de resposta possam contribuir para aumentar o rendimento de produção do limoneno-

1,2-diol a partir do micro-organismo descrito nesse trabalho. Este modelo de produção

também poderá ser útil para disponibilizar diferentes diasteroisômeros do limoneno-

1,2-diol para trabalhos que avaliem o potencial biológico destes compostos.

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7. PERSPECTIVAS FUTURAS

Consideramos que o estudo aqui relatado apresenta relevante potencial para a

continuidade de elucidações posteriores na pesquisa científica. A primeira delas está

relacionada à análise genética do micro-organismo prospectado e isolado do orégano

identificado como capaz de biotransformar o R-(+)-limoneno em limoneno-1,2-diol.

A otimização no rendimento do produto também mostra ser um passo

fundamental para tornar mais atraente a viabilização comercial de limoneno-1,2-diol ou

de estudos focados na investigação do potencial biológico do mesmo. O emprego de

ferramentas estatísticas, como por exemplo, Placket-Burman seguido de um estudo

baseado em metodologia de superfície de resposta mostra-se bastante adequado e

pertinente para a produção biotecnológica desse composto. Além disso, diferentes

parâmetros de processo também devem ser investigados, como por exemplo,

configurações de reator, fermentação em estado sólido/submersa, emprego de meios

de cultivos alternativos e modos de extração do produto a partir do processo

fermentativo.

Ainda, a identificação do diasteroisômero de limoneno-1,2-diol preferencialmente

produzido pelo micro-organismo aqui relatado é de fundamental importância para

determinar a aplicabilidade de tal composto, particularmente em estudos de avaliação

do seu potencial biológico.

Neste sentido, considera-se bastante promissor investigar e comparar o

potencial biológico dos seguintes produtos (potencialmente diasteroisômeros

diferentes): o limoneno-1,2-diol relatado nesse trabalho, produzido pela

biotransformação do R-(+)-limoneno e o limoneno-1,2-diol relatado no trabalho de

Molina et al. (2015) produzido a partir de S-(+)-limoneno por Fusarium oxysporum.

Portanto, a pesquisa desenvolvida nesse trabalho ainda requer inúmeras

respostas, mantendo aberto diferentes questionamentos, constituindo-se como um

primeiro passo para a condução de um estudo mais aprofundado acerca da produção

biotecnológica de aromas e, mais especificamente, nesse caso, acerca da

biotransformação de R-(+)-limoneno em limoneno-1,2-diol por fungo filamentoso

isolado do orégano.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Organic Synthesis. Ciba Foundation Symposium 111. London: Pitman. p. 146-160.

1985.

Adams, A.; Demyttenaere, J.C.; De Kimpe, N. Biotransformation of (R)-(+)- and

(S)-(−)-limonene to α-terpineol by Penicillium digitatum— investigation of the culture

conditions. Food Chemistry, 80(4), p.525–534, 2003.

Adenle, A. A.; Stevens, C.; Bridgewater, P. Global conservation and

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approach. Environmental Science & Policy, 45, p.104–108, 2015.

Afshordel, S.; Kern, B.; Clasohm, J.; Konig, J.; Priester, M.; Weissenbeerg, J.;

Kogel, D.; Eckert, G. P. Lovastatin and perillyl alcohol inhibit glioma cell invasion,

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10. AGRADECIMENTO

Agradecemos à Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais

(FAPEMIG) pelo financiamento da bolsa da aluna de Mestrado e ao Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro

ao projeto (473981/2012-2).