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CAMPUS CURITIBA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL MURILO MAFRA RAPHAEL TAMOTSU INOUE EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS: CASOS DE DESIGN CONTADOS POR PROFISSIONAIS DA ÁREA AJUDAM NO DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO DE NEGÓCIOS PARA UM ESCRITÓRIO DE DESIGN TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2012

CAMPUS CURITIBA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/1293/1/CT_CODES... · Diretoria de Graduação e Educação Profissional ... NEGÓCIOS

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CAMPUS CURITIBA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL

MURILO MAFRA RAPHAEL TAMOTSU INOUE

EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS: CASOS DE DESIGN CONTADOS POR PROFISSIONAIS DA ÁREA AJUDAM NO

DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO DE NEGÓCIOS PARA UM ESCRITÓRIO DE DESIGN

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA 2012

1

MURILO MAFRA RAPHAEL TAMOTSU INOUE

EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS: CASOS DE DESIGN CONTADOS POR PROFISSIONAIS DA ÁREA AJUDAM NO

DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO DE NEGÓCIOS PARA UM ESCRITÓRIO DE DESIGN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial - DADIN - da Universidade Tecnológico Federal do Paraná - UTFPR.

Prof. Orientador: Renato Bordenousky Filho

CURITIBA 2012

2

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PR

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Câmpus Curitiba

Diretoria de Graduação e Educação Profissional

Departamento Acadêmico de Desenho Industrial

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Nº 024

“EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS: CASOS DE DESIGN CONTADOS POR PROFISSIONAIS DA ÀREA AJUDAM NO DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO DE

NEGÓCIOS PARA UM ESCRITÓRIO DE DESIGN” por

MURILO MAFRA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia 24 de outubro de 2012 como requisito parcial para a obtenção do título de BACHAREL EM DESIGN do Curso de Bacharelado em Design, do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. O aluno foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo, que após deliberação, consideraram o trabalho aprovado.

Banca Examinadora: Prof(a). Drª. Cindy Renate Piassetta Xavier Medeiros DADIN - UTFPR

Prof(a). MSc. Kando Fukushima DADIN - UTFPR

Prof(a). MSc. Renato Bordenousky Filho Orientador(a) DADIN – UTFPR

Prof(a). Drª. Elenise Leocádia da Silveira Nunes Professor Representante da Disciplina de TCC DADIN – UTFPR

“ A folha de aprovação encontra-se assinada na Coordenação do Curso”.

3

AGRADECIMENTOS

“No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim.”

São com essas palavras de Fernando Sabino que gostaríamos de iniciar os nossos

agradecimentos a todos que, de alguma forma, contribuíram para este projeto.

Inicialmente, gostaríamos de agradecer a Deus que constantemente nos

guardou.

Aos nossos pais que são nossos maiores incentivadores e nos deram força

para continuar essa empreitada tão importante em nossas vidas.

E aos amigos e namoradas que acompanharam nossos esforços.

Além deles, outras merecem um agradecimento especial:

A ProDesign>PR, na pessoa de seus associados, que se disponibilizou a nos

fornecer informações essenciais para o desenvolvimento deste projeto; O Professor

Orientador Renato Cachorrão que acreditou em nosso projeto desde o seu momento

inicial; O nosso amigo José Henrique Fernandes que, voluntariamente, trabalhou em

prol do projeto; A Professora Ana Verdasca que no momento certo, nos auxiliou com

conselhos decisivos.

Não podemos deixar de agradecer a todos os autores das referências que

utilizamos.

E a todos que não foram citados, mas participaram desse projeto de alguma

forma, nosso muito obrigado.

4

“Design dá ao mundo algo que ele não sabia que sentia

falta.” (ANTONELLI, Paola)

5

RESUMO

MAFRA, Murilo. INOUE, Raphael Tamotsu. Experiências compartilhadas: Casos de design contados por profissionais da área ajudam no desenvolvimento de um plano de negócios para um escritório de design. 2012. 139f. Trabalho de Graduação, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Este projeto final propõe uma publicação que contém relatos obtidos por entrevistas e um modelo genérico de plano de negócios voltado para designers que queiram abrir seus próprios escritórios. Este documento, voltado para empreendedores, contém dicas obtidas por meio da análise das entrevistas cedidas, entre Setembro de 2011 e Março de 2012, por vinte profissionais de design associados à ProDesign>PR, todos atuantes em Curitiba. PALAVRAS-CHAVE: publicação; entrevistas; plano de negócios; design.

6

ABSTRACT

MAFRA, Murilo. INOUE, Raphael Tamotsu. Shared experiences: Cases told by design professionals help in the development of a business plan for a design office. 2012. 139l. Graduate Work, Federal University of Technology - Paraná. This project proposes a final publication that contains reports obtained by interviews and a generic model of business plan focused on designers who want to open their own offices. This document contains tips toward entrepreneurs obtained through analysis of interviews given between September 2011 and March 2012, by twenty design professionals linked to ProDesign>PR, all working in Curitiba. KEYWORDS: publication; interviews; business plan; design.

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Número de brasileiros com acesso à internet entre 2009 e 2011 ......................... 16 Figura 2 - Espaçamento e Margem adaptado à web ............................................................ 17 Figura 3 - Contraste adaptado à web ................................................................................... 18 Figura 4 - Comprimento e alinhamento adaptado à web ...................................................... 19 Figura 5 - Cores-pigmento opacas ....................................................................................... 20 Figura 6 - Cores-pigmento transparentes ............................................................................. 21 Figura 7 - Cores-luz ............................................................................................................. 21 Figura 8 - Círculo cromático ................................................................................................. 22 Figura 9 - Exemplos de localização do logotipo em sites ..................................................... 23 Figura 10 - Exemplos de barras de navegação e menus drop-down em sites ..................... 24 Figura 11 - Exemplos de links e informações para contato em sites .................................... 24 Figura 12 - Exemplos de conteúdo na área central da página de sites ................................ 24 Figura 13 - Resoluções de monitor utilizadas no Brasil ........................................................ 26 Figura 14 - Grid 960 de doze colunas .................................................................................. 26 Figura 15 - Exemplos de site com aplicação do grid 960 ..................................................... 27 Figura 16 - Sociedades quanto à forma jurídica ................................................................... 29 Figura 17 - Exemplo de departamentalização funcional ....................................................... 32 Figura 18 - Exemplo de departamentalização de produtos e serviços ................................. 33 Figura 19 - Exemplo de departamentalização por cliente ..................................................... 34 Figura 20 - Exemplo de departamentalização por processo ou equipamento ...................... 34 Figura 21 - Exemplo de departamentalização matricial ........................................................ 35 Figura 22 - Exemplo de marca de produto ou serviço .......................................................... 38 Figura 23 - Exemplo de marca coletiva ................................................................................ 39 Figura 24 - Exemplo de marca de certificação ..................................................................... 39 Figura 25 - Exemplo de marca nominativa ........................................................................... 40 Figura 26 - Exemplo de marca figurativa .............................................................................. 40 Figura 27 - Exemplo de marca mista ................................................................................... 40 Figura 28 - Exemplo de marca tridimensional ...................................................................... 41 Figura 29 - Exemplo de capa de um plano de negócios ....................................................... 47 Figura 30 - Exemplo de sumário executivo de um plano de negócios .................................. 48 Figura 31 - Exemplo de estrutura organizacional (organograma) ......................................... 49 Figura 32 - Exemplo de balanço patrimonial ........................................................................ 55 Figura 33 - Exemplo de demonstração de resultados .......................................................... 56 Figura 34 - Fórmula do ponto de equilíbrio .......................................................................... 57 Figura 35 - Exemplos de tags utilizadas para classificação das respostas ........................... 63 Figura 36 - Exemplo de processo de categorização das respostas ...................................... 64 Figura 37 - Diagrama de respostas para a pergunta sobre problema .................................. 66 Figura 38 - Diagrama de respostas para a pergunta sobre solução ..................................... 68 Figura 39 - Diagrama de respostas para a pergunta sobre atributos .................................... 70 Figura 40 - Diagrama de relação entre as respostas............................................................ 72 Figura 41 - Ciclo que demonstra o fortalecimento do mercado de design ............................ 81 Figura 42 - Fonte Museo (300, 500, 700) ............................................................................. 82 Figura 43 - Fonte Helvetica (Regular, Bold, Italic, Bold Italic) ............................................... 83 Figura 44 – Prévia da home page da publicação (versão 1) ................................................ 84 Figura 45 – Prévia da home page da publicação (versão 2) ................................................ 85 Figura 46 – Prévia da home page da publicação (versão 3) ................................................ 86 Figura 47 – Prévia da página de conceito da publicação ..................................................... 87 Figura 48 – Prévia da página de entrevistas ........................................................................ 87 Figura 49 - Prévia da página de plano de negócios ............................................................. 88 Figura 50 – Prévia da página de "quem fez" ........................................................................ 88

8

LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Causas dos fracassos dos novos empreendimentos ............................ 45 Quadro 2 – Dicas para um plano de negócios em “equipe gerencial” ..................... 77 Quadro 3 – Dicas para um plano de negócios em “manutenção de registros” ........ 78 Quadro 4 – Dicas para um plano de negócios em “seguro” ..................................... 79 Quadro 5 – Dicas para um plano de negócios em “terceiros” ................................... 80 Quadro 6 – Dicas para um plano de negócios em “parceiros estratégicos” ............ 81 Quadro 7 – Dicas para um plano de negócios em “produtos e serviços” ................. 82 Quadro 8 – Dicas para um plano de negócios em “fornecedores” ............................ 82 Quadro 9 – Dicas para um plano de negócios em “propaganda” ............................ 83

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Cia. Companhia

CMYK Cian, Magent, Yellow and Black

CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

DADIN Departamento Acadêmico de Desenho Industrial

ed. Edição

f. Folhas

IBOPE Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística

INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial

l. Leaves

Ltda. Limitada

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

MIT Massachusetts Institute of Technology

p. Páginas

PE Ponto de Equilíbrio

PR Paraná

Prof. Professor

PUC Pontifícia Universidade Católica

PX Pixels

RGB Red, Green, Blue

RPI Revista de Propriedade Industrial

RYB Red, Yellow, Blue

S/A Sociedade Anônima

SBA Small Business Administration

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

UFPR Universidade Federal do Paraná

UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná

W3C World Wide Web Consortium

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 13 2 CONCEITOS GERAIS ........................................................................................... 15 2.1 Entrevistas ..................................................................................................................... 15 2.2 Publicação ..................................................................................................................... 16 2.2.1 Design Para Web ........................................................................................................ 16 2.2.1.1 Tipografia ................................................................................................................. 17 2.2.1.2 Cor ........................................................................................................................... 19 2.2.1.3 Textura..................................................................................................................... 23 2.2.1.4 Sistema de Grid 960 ................................................................................................ 25 2.3 Estrutura Empresarial .................................................................................................... 28 2.3.1 Classificação Das Empresas ....................................................................................... 28 2.3.2.1Departamentalização funcional ................................................................................. 32 2.3.2.2 Departamentalização por produto (ou serviço) ......................................................... 32 2.3.2.3 Departamentalização territorial ................................................................................ 33 2.3.2.4 Departamentalização por cliente .............................................................................. 33 2.3.2.6 Departamentalização matricial ................................................................................. 34 2.3.3 Questões Legais De Constituição De Uma Empresa .................................................. 35 2.3.4 Questões Legais Sobre Marca E Patentes .................................................................. 37 2.3.4.1 Marcas ..................................................................................................................... 38 2.3.4.2Patentes .................................................................................................................... 41 2.4 Plano de negócios ......................................................................................................... 42 2.4.1 A Importância De Um Plano De Negócios ................................................................... 43 2.4.2 Estrutura Do Plano De Negócios ................................................................................ 45 2.4.2.1 Capa ........................................................................................................................ 46 2.4.2.2 Sumário ................................................................................................................... 47 2.4.2.3 Sumário executivo ................................................................................................... 47 2.4.2.4 Descrição da empresa ............................................................................................. 49 2.4.2.5 Produtos e serviços.................................................................................................. 51 2.4.2.6 Mercado e competidores .......................................................................................... 51 2.4.2.7 Marketing e vendas .................................................................................................. 53 2.4.2.8 Plano financeiro ....................................................................................................... 55 3.1 Elaboração e condução das entrevistas ......................................................................... 58 3.1.1 Roteiro De Perguntas.................................................................................................. 58 3.1.2 Seleção Dos Entrevistados ......................................................................................... 60 3.1.2.1 ProDesign>PR ......................................................................................................... 61 3.1.3 Transparência De Edição ............................................................................................ 61 3.2 Publicação ..................................................................................................................... 62 3.2.1 Dados Das Respostas ................................................................................................ 62 3.2.2 Considerações Sobre As Respostas ........................................................................... 71 3.3 Modelo de plano de negócios para pequenas empresas de design ............................... 73 3.3.1 Descrição Da Empresa ............................................................................................... 73 3.3.2 Produtos E Serviços ................................................................................................... 78 3.3.3Mercado E Competidores ............................................................................................ 78 3.3.4Marketing E Vendas ..................................................................................................... 79 3.4 Publicação ..................................................................................................................... 80 3.4.1 Conceito...................................................................................................................... 80 3.4.2 Memorial Descritivo .................................................................................................... 81 3.4.3 Divulgação .................................................................................................................. 88 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 91 GLOSSÁRIO ............................................................................................................. 95 APÊNDICES ............................................................................................................. 97

11

APÊNDICE A - ENTREVISTA COM ALEXANDRE ROCHA .................................... 97 APÊNDICE B - ENTREVISTA COM ÁLVARO GUSSO .......................................... 99

APÊNDICE C - ENTREVISTA COM ANA CAMARGO ......................................... 100

APÊNDICE E - ENTREVISTA COM AULIO ZAMBENEDETTI ............................. 104

APÊNDICE F - ENTREVISTA COM DANIEL MAZER .......................................... 106 APÊNDICE G - ENTREVISTA COM FLÁVIO LEONEL ........................................ 107 APÊNDICE H - ENTREVISTA COM JOSIANE BORTOLOZZI ............................. 108 APÊNDICE J - ENTREVISTA COM KEN FONSECA ............................................ 112 APÊNDICE P - ENTREVISTA COM PAULO STOLFO ......................................... 123

APÊNDICE Q - ENTREVISTA COM RENATO BORDENOUSKY FILHO ............. 125 APÊNDICE R - ENTREVISTA COM RICARDO MARTINS ................................... 127 APÊNDICE S - ENTREVISTA COM RODRIGO DANGELO ................................. 129 APÊNDICE T - ENTREVISTA COM TULIO FILHO ............................................... 131 APÊNDICE U - ENTREVISTA COM VINÍCIUS IUBEL .......................................... 133

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1 INTRODUÇÃO

Como o primeiro trabalho de conclusão de graduação envolvendo os cursos

de Bacharelado em Design e Tecnologia em Design Gráfico, e visando união e

fortalecimento do mercado de design, este projeto propõe uma publicação que

contém relatos de profissionais e um modelo genérico de plano de negócios, voltado

para designers que pretendem abrir seus próprios escritórios.

Para chegar a esse resultado abordaram-se, por meio de pesquisas, temas

relacionados à metodologia de entrevistas, visto que 20 profissionais do mercado de

design curitibano colaboraram com o projeto respondendo a um roteiro de perguntas

anteriormente definidas. Relacionado a esse tema, foram pesquisados autores da

área de jornalismo que fizeram as suas considerações sobre a boa conduta da

entrevista e a forma de registro.

Tal registro fez-se necessário para o desenvolvimento de uma publicação

contendo o resultado dessa pesquisa. Essa publicação foi projetada para o ambiente

online e para o seu desenvolvimento, uma pesquisa sobre design para web foi

realizada abordando temas como tipografia, layout, grid e cores. Essa pesquisa

serve de base para a diagramação online das entrevistas e do plano de negócios,

produtos deste trabalho.

Este documento, por ser voltado a empreendedores, demandou uma

pesquisa sobre assuntos e autores relacionados à estruturação empresarial. Com

isso, foi possível mostrar quais os procedimentos para abertura de uma empresa,

quais os tipos de empresa que existem, além de outros conhecimentos necessários

para tornar-se um novo empreendedor. E para aumentar as chances de êxito na

carreira de empresário, indicou-se a geração de um plano de negócios.

Com relação a este, um estudo foi feito para possibilitar o desenvolvimento

de um documento genérico contendo dicas, em determinados tópicos, para os

designers empreendedores visando o crescimento profissional de todos que tiverem

contato com o resultado deste trabalho.

13

1.1 JUSTIFICATIVA

Segundo Tsuji (2008) uma empresa bem estruturada, que possui um

planejamento, tem a capacidade de corresponder mais do que se espera dela. Ou

seja, terá uma maior probabilidade de gerar lucro e estabilizar-se, além de ter mais

chances de atender às necessidades dos clientes que estão se tornando cada vez

mais exigentes. Com mais empresas de design se encaixando nessa descrição de

Tsuji, o mercado se torna mais estável, forte e reconhecido.

Na busca pela disseminação dos conhecimentos técnicos para a estruturação

de novas empresas, e, consequentemente, o fortalecimento do mercado de design,

esse trabalho de graduação adequou um modelo de plano de negócios genérico

para que possa auxiliar novos profissionais e estudantes na montagem de seu

próprio escritório de design.

Buscando subsídios para tal adequação, desenvolveram-se pesquisas ligadas

aos temas, envolvendo novas leituras e contato com profissionais de design, que

ocorreram por meio de entrevistas que buscaram relatos sobre acertos e erros em

suas carreiras.

Faria (2008) estabelece que a estruturação e o planejamento incluem

aprender com a experiência de outros, lendo outros planejamentos, livros, trabalhos,

experimentando e, principalmente, estando sempre consciente da realidade

acredita-se que relatos de profissionais contém uma excelente carga de informação,

e contribuem para a adequação de um plano de negócios para novas empresas de

design.

Considerando que o tema principal da pesquisa é a questão do planejamento

para iniciar uma empresa de design e, que para isso, contatos com empresas em

atuação hoje no mercado foram realizados, foi montada uma pequena publicação,

com textos resultantes da edição de entrevistas realizadas com vinte profissionais.

Essa publicação foi divulgada online para acesso livre de qualquer interessado,

servindo como uma ilustração real dos efeitos do planejamento ou de sua falta.

Durante a pesquisa bibliográfica, o potencial da proposta deste trabalho pôde

ser justificado pela leitura de publicações que se utilizaram deste mesmo método,

como a série de livros “O que a vida me ensinou”, Editora Saraiva (2011) onde

profissionais como Washington Olivetto, Reinaldo Polito e Mario Sergio Cortella

comentam sobre suas experiências servindo de lição para profissionais mais jovens,

o livro “Ah, se eu soubesse”, Editora Negócio (1997), o qual indagou homens de

14

negócio sobre aquilo que gostariam de ter tomado conhecimento quando eram mais

novos e “Aprendi com meu chefe”, Editora Saraiva (2008), onde apresenta o relato

de profissionais notáveis sobre como aprenderam após o contato com profissionais

ainda mais experientes que eles.

Confirmando o potencial desta abordagem, Piaget (1975), psicólogo e filósofo

criador da visão Piagetista, postulou que a aprendizagem é induzida pela

experiência, sendo o erro um componente importante, pois é uma excelente fonte de

aprendizagem, onde o aprendiz deve sempre questionar-se sobre as consequências

de suas atitudes e, a partir de erros ou acertos, ir construindo seus próprios

conceitos.

Sendo assim, a proposta deste trabalho foi identificar erros e acertos de

outros por meio das entrevistas, mostrá-los em uma nova perspectiva, dentro de um

plano de negócios, disponibilizando essas informações para consulta pública

permitindo que outros profissionais construam suas próprias conclusões.

Estes interesses estão de acordo com os objetivos específicos deste trabalho,

que são:

Criação de uma compilação de algumas experiências pelas quais

profissionais da área de design já passaram, com o objetivo de entender

comportamentos nas mais variadas situações.

Desenvolvimento do projeto editorial da publicação que contém os relatos.

Elaboração de um relatório destacando os principais pontos das respostas

que auxiliarão no desenvolvimento do modelo de plano de negócios.

Proposição de um modelo de plano de negócios para novos escritórios de

design.

Identificação de pontos relevantes para o desenvolvimento do plano de

negócios.

A realização de cada passo acima descrito encerra em uma publicação

distribuída online que contém a edição das entrevistas e o modelo de plano de

negócios oriundo deste trabalho.

Para a captação desses depoimentos e desenvolvimentos dos passos

subsequentes, realizou-se uma pesquisa sobre a literatura já disponível, a começar

pelo método de coleta de dados apresentado a seguir.

15

2 CONCEITOS GERAIS

2.1 ENTREVISTAS

A entrevista é definida por Haguette (1997, p. 86) como um “processo de

interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por

objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado”. Garret (1981

apud Medina, 1988, p. 10) considera a entrevista, acima de tudo, como a “arte de

ouvir, perguntar e conversar”, isso significa, neste trabalho, ouvir o perfil do

profissional, perguntar sobre suas situações e conversar sobre o que aprendeu e

considerou importante nessas experiências.

O Manual da Redação da Folha de São Paulo (2001) define que a finalidade

da entrevista é a de permitir que o leitor conheça opiniões, ideias, pensamentos e

observações do entrevistado. Recomenda que a entrevista seja marcada com

antecedência e que o entrevistado seja informado sobre o tema da entrevista.

Também aconselha que ela seja gravada, que perguntas sejam diretas e não

contenham resposta implícita.

Este método se dá como um modo de aplicação de uma pesquisa qualitativa.

Segundo Minayo (1996) as pesquisas qualitativas trabalham com questões que não

podem ser simplesmente reduzidas a perguntas quantitativas, pois dizem respeito a

noções particulares. Essa afirmação apoiou a decisão de utilizar questões abertas,

afinal os relatos que compõem a publicação fazem parte de experiências individuais,

contadas por quem as vivenciou, contando com uma forte carga de impressões

pessoais.

Ramos (2004) compôs um roteiro sobre como proceder diante de uma

entrevista. No encontro entre o entrevistado e entrevistador, as anotações,

preferencialmente, devem ser feitas por outra pessoa, que não esteja conduzindo a

entrevista. O registro também pode ser feito com um gravador. Apesar de Ramos

(2004) considerar que utilizar este equipamento pode acuar o interlocutor, afirma

que não chega a ser tão prejudicial para a entrevista a ponto de ser descartado.

Além da pesquisa sobre entrevistas, também foi percebida a necessidade de

estudos sobre como o resultado dessas ações podem ser exibidos. A seguir, inicia-

se uma revisão sobre esses assuntos, já que o resultado faz parte de uma

publicação online.

16

2.2 PUBLICAÇÃO

De acordo com o IBOPE Nielsen Online (2012), no final de 2011, o número de

pessoas no Brasil com acesso à internet atingiu a marca de 79,9 milhões, em um

crescimento cada vez maior de internautas que, se continuar assim, ainda

aumentará por vários anos. A Figura 1 demonstra esse crescimento.

Figura 1 - Número de brasileiros com acesso à internet entre 2009 e 2011 Fonte: Adaptado de IBOPE Nielsen Online, 2012.

Portanto, visando a maior abrangência possível, para que qualquer

interessado tenha acesso à publicação, foi decidido que esta seria distribuída online,

ou seja, em uma página da internet aberta a qualquer usuário de qualquer parte do

mundo.

Para que se desenvolvesse o projeto online, existiu a necessidade de uma

pesquisa sobre as peculiaridades do design para web, explicada a seguir.

2.2.1 Design Para Web

Segundo Clarck (2012) o designer, enquanto estiver desenhando uma página

para web, deve atentar para quatro tópicos:

● Tipografia, que diz respeito à fonte, sua formatação e os espaços em branco.

● Cor, onde é pensada a emoção e o vocabulário de interação.

● Textura, que se refere aos elementos decorativos, padrões e formas.

17

● Layout, que significa onde os elementos são colocados dentro de um grid.

Sobre esses quatro tópicos, são levantadas as seguintes informações:

2.2.1.1 Tipografia

Maicon Sobczak (2010) comenta sobre a legibilidade nos textos de internet,

falando que é importante que estes sejam rápidos para leitura ou, se forem textos

longos, que tenham uma fluidez na leitura. Para isso, alguns aspectos devem ser

observados com maior atenção, como o tamanho da fonte de texto. Sobczak (2010)

afirma que um tamanho bom para um texto de leitura esteja entre 12 e 13 pixels.

Sobczak (2010) ainda fala sobre a importância de fazer com que a leitura seja

fluída e, para tal, deve-se pensar em algo chamado ritmo vertical que, basicamente,

seria o correto espaçamento entre as linhas e parágrafos do texto. O autor dá três

conselhos para conseguir a citada fluidez, conforme mostra a Figura 2.

1. Definição do espaçamento entre as linhas ;

2. Esse espaçamento pode ser usado para definição da distância entre

parágrafos;

3. Definição da distância de conteúdo em relação a margens e bordas

Figura 2 - Espaçamento e Margem adaptado à web Fonte: Adaptado de Sobczak, 2010.

É perceptível também na figura 2 que existe um contraste entre as letras e o

seu fundo. Dito isso, logo se pensa em preto sobre branco ou vice-versa. Porém,

Sobczak (2010) afirma que tem se usado muito o contraste de cores de fontes

escuras sobre fundos claros, mas deixa indicado que existem outras formas de se

fazer contraste, por exemplo: dar ênfase em alguns trechos do texto. Essa "tática",

18

por assim dizer, facilita uma leitura rápida e a somatória dos trechos destacados

acaba tornando-se um resumo de todo o texto. O autor fala que para fazer esse

destaque é possível utilizar negrito, itálico, cor diferente ou caixa alta, mas utilizar

apenas uma das ferramentas, caso contrário, esse trecho destacado de forma

errada atrapalhará a leitura. Serrazina (2012) indica que para se certificar de que a

página possui contraste suficiente, deve-se tirar um screen shot da página e

transformá-la em tons de cinza. A Figura 3 demonstra isso.

Figura 3 - Contraste adaptado à web Fonte: Adaptado de Sobczak, 2010.

Ainda sobre a leiturabilidade do texto, é comum de se ver, seja em textos

curtos ou longos, frases longas demais, afirma Sobczak (2010). Para resolver tal

problema, o autor cita um cálculo simples que consiste em multiplicar o tamanho da

fonte pelo número 30 (trinta), o resultado equivale à largura máxima do texto. Por

exemplo, em um bloco de texto com uma fonte 13px, a largura máxima deste deve

ser de 390px, como mostra a Figura 4.

Quanto ao alinhamento, Sobczak (2010) recomenda que o texto deve ter

alinhamento à esquerda, mas deve-se observar se as linhas do bloco de texto não

ficaram muito acidentadas à direita. Caso isso tenha acontecido, recomenda-se que

seja feito um ajuste manual.

19

Figura 4 - Comprimento e alinhamento adaptado à web Fonte: Adaptado de Sobczak, 2010.

Além dessas observações sobre tipografia, a web ainda leva em conta mais

uma restrição, as fontes seguras para esse meio.

Nielsen (2000 apud Andrade, 2010) argumenta que o uso de fontes serifadas

é inadequado para textos na internet, visto que, em baixa resolução da tela do

computador, o texto pequeno é mais legível quando não possui serifa. Atualmente, é

possível usar um número bem superior de fontes com o sistema de rasterização de

fontes, que não deve ser confundido com termo de rasterização de imagens, já que

a possibilidade de renderizar fontes diretamente no navegador é algo recente, o que

significa que pode trazer alguns problemas em determinados navegadores. Abaixo,

listam-se as fontes consideradas seguras para uso na web, segundo o MIT

(Massachusetts Institute of Technology).

● Arial

● Courier

● Courier New

● Helvetica

● Times

● Times New Roman

Sobre a escolha da fonte, Filipe Serrazina (2012) aconselha que para a

página da internet deve-se optar por uma fonte que seja simples, deixando a parte

criativa para outros elementos que compõem a página. O autor ainda diz que o

conteúdo deve ser mantido o mais simples e legível possível.

O segundo tópico abordado sobre desing para web é a cor.

2.2.1.2 Cor

Segundo Pedrosa (2008), a cor não tem existência material, mas ela é uma

sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão da visão. O autor afirma que

20

existem dois tipos distintos de cores: as cores-pigmento e as cores-luz que serão

mais bem explanadas abaixo:

● Cores-pigmento: Silveira (2011) define que essa cor é denominada de

acordo com a sua natureza química, podendo absorver, refratar ou refletir os

raios luminosos da luz que incide sobre ela. A autora defende o conceito de

cor primária como sendo um dos conceitos mais importantes, e que essas

cores são assim chamadas por serem indecomponíveis, ou seja, são as cores

que quando misturadas produzem todas as demais cores do espectro visível.

Silveira (2011) afirma que existem dois conjuntos de cores-pigmentos: as

opacas e as transparentes.

○ Cores-pigmento opacas: as cores primárias são o vermelho, o amarelo

e o azul, afirma Silveira (2011), como demonstra a Figura 5.

Figura 5 - Cores-pigmento opacas Fonte: Adaptado de Pedrosa, 2008.

○ Cores-pigmento transparentes: as cores primárias para este conjunto

são o magenta, o amarelo e o ciano, define Silveira (2011), ou

conhecido como CMYK, como mostra a Figura 6.

21

Figura 6 - Cores-pigmento transparentes Fonte: Adaptado de Pedrosa, 2008.

● Cores-luz: Silveira (2011) descreve que o estímulo dessa cor é obtido de

duas maneiras distintas: podendo ser emitido por uma fonte de luz

monocromática ou obtido por dispersão dos raios luminosos de luz não

monocromática. A autora diz que as cores primárias são o vermelho, verde e

azul-violetado, mais conhecido como RGB. Como observado na Figura 7.

Figura 7 - Cores-luz Fonte: Adaptado de Pedrosa, 2008.

Baseados no estudo desses dois tipos de cores serão utilizados as cores-luz

por serem utilizados em dispositivos eletrônicos como televisores, monitores,

projetores, etc.

22

Pedrosa (2008) define as cores da seguinte maneira. A Figura 8 representa

essa classificação.

● Cor primária: também conhecida como cor-geratriz é cada uma das três

cores indecomponíveis que, misturadas proporcionalmente, geram todas as

demais cores do espectro solar. No caso das cores aplicadas a dispositivos

eletrônicos são o vermelho, verde e azul, mais conhecidos como RGB (red,

green, blue).

● Cor secundária: é a cor constituída pela mistura equilibrada de duas cores

primárias.

● Cor terciária: é uma cor intermediária entre uma cor secundária e qualquer

uma das primárias que lhe originam.

● Cor quente: é a designação genérica utilizada para definição das cores em

que predominam o amarelo e o vermelho.

● Cor fria: são as cores, cuja composição é dominada pelo azul.

Figura 8 - Círculo cromático Fonte: Adaptado de Pedrosa, 2008.

Baseado em estudos de Amorim (2010), Carvalho (2011) e Marques (2010)

conclui-se que as cores representam diferentes sensações. Segue algumas

características marcantes das três cores que serão utilizadas na publicação.

● VERMELHO: aumenta a atenção, sendo considerado estimulante e

motivador, além de sugerir perigo.

23

● VERDE: é outra matiz estimulante, que remete à esperança, sugerindo

crescimento e adaptabilidade.

● AZUL: essa cor transmite confiança e verdade.

Sobre o terceiro tópico relevânte para o assunto, levantaram-se as seguintes

informações.

2.2.1.3 Textura

Clarck (2012) define a textura como os elementos gráficos que conduzem o

projeto visual do site. Avellar e Duarte (2012) listam os elementos mais frequentes e

onde normalmente encontram-se em uma página da web. Essa localização na

página se dá pelo costume dos usuários de buscar essas informações em

determinados espaços, tornando-se senso comum entre os usuários. Dentre os

elementos listados pelos autores, a seguir alguns são destacados.

● Logotipo

A comodidade do usuário em encontrar informações relacionadas agrupadas

por proximidade ou aparência, sendo as mais importantes mostradas em primeiro

lugar, assim como o logotipo ou assinatura visual no alto, à esquerda da página,

como pode-se observara Figura 9.

Figura 9 - Exemplos de localização do logotipo em sites

Fonte: Autoria Própria, 2012.

● Barra de Navegação e Menus drop-down

Também é de senso comum e, portanto, mais fácil para o usuário que a barra

de navegação mais importante esteja no alto, com links dispostos horizontalmente,

ou no lado esquerdo da página, com links dispostos verticalmente, assim como

menus drop down e atalhos para páginas localizadas em áreas mais profundas no

alto da área de conteúdo ou ao longo do lado direito, como representado na Figura

10.

24

Figura 10 - Exemplos de barras de navegação e menus drop-down em sites

Fonte: Autoria Própria, 2012.

● Links e informações para contato

Links para voltar à página principal na área superior esquerda da página e as

informações para contato no alto da página, à direita, como mostrado na Figura 11.

Figura 11 - Exemplos de links e informações para contato em sites Fonte: Autoria Própria, 2012.

Além desses itens, Avellar e Duarte (2012) comenta sobre manter o conteúdo

na área central da página, conforme exemplificado na Figura 12.

Figura 12 - Exemplos de conteúdo na área central da página de sites Fonte: Autoria Própria, 2012.

25

Percebe-se, a partir dos exemplos, que há inúmeras formas de dispor o

conteúdo em uma página, por isso, a seguir, demonstra-se um sistema para dispor

esse conteúdo de forma organizada e bem apresentada.

2.2.1.4 Sistema de Grid 960

O Sistema de Grid 960 leva esse nome por possuir 960px de largura, que é

resultado da seguinte equação: 1024px menos 24px da barra de rolagem menos

20px de respiro de cada lado da página.

Sendo assim, é um tamanho bem adaptado à maioria das resoluções

utilizadas no mundo, já que a W3C (World Wide Web Consortium) (2012) mostra que

8 das 10 resoluções mais utilizadas são de 1024 pixels de largura. Isso significa que

72% das pessoas que utilizam a internet encaixam-se muito bem no grid 960 e

mesmo as que não utilizam resolução acima de 1024px não sofrem problemas

graves com a visualização, já que 960 é um número que gera várias divisões de

números inteiros. A Figura 13 mostra um gráfico das resoluções mais utilizadas no

Brasil que confirma a eficácia do grid, já que de acordo com o site Stat Counter

(2012), apenas 13% dos internautas brasileiros usam uma resolução menor que

1024px de largura, mostrados na barra cinza clara.

26

Figura 13 - Resoluções de monitor utilizadas no Brasil Fonte: Adaptado de Statcounter.com, 2012.

Croft (2012) descreve o Grid 960 como um grid que possui, por padrão, 12,

16 ou 24 colunas. Sendo a de 12 colunas com 60 pixels cada e 10 pixels de espaço

entre si, como na proporção da Figura 14:

Figura 14 - Grid 960 de doze colunas Fonte: Adaptado de Croft, 2012.

E pode-se ilustrar sua utilização com alguns sites, como mostra a Figura 15.

27

Figura 15 - Exemplos de site com aplicação do grid 960 Fonte: 960.gs, 2012.

Os elementos se alinham com o grid, criando um ambiente limpo e

organizado. Entretanto, o mesmo autor que sugere o uso do grid comenta sobre seu

desrespeito, devendo sempre prevalecer o bom senso. Samara (2007) reitera esse

comentário afirmando que não há regras para a alteração do grid e que este

dependerá do contexto inserido.

A organização por grid faz parte, neste trabalho, de uma revisão de escritos

que auxiliam na criação de uma publicação online. Essa publicação, quem contém

relatos de profissionais de design, também aborda conselhos sobre o

desenvolvimento de um plano de negócios para pequenas empresas. Portanto, é

necessário que se comente outro tipo de organização, não mais gráfica, mas sim,

empresarial.

28

2.3 ESTRUTURA EMPRESARIAL

Duque (2010) diz que uma empresa é um conjunto de meios técnicos,

humanos e financeiros, organizados com vista à concretização de um determinado

fim econômico, o qual passa pelo exercício de uma atividade orientada para a

satisfação das necessidades dos seus vários stakeholders.

Complementar a essa ideia, Drucker (1964 apud Duque, 2010) afirma que

uma empresa é criada e dirigida por pessoas. As forças econômicas impõem limites

ao empresário, criam oportunidades para sua ação, mas por si própria não

determinam o que é ou o que a empresa faz.

Não existem duas empresas semelhantes, pois a maior característica destas

é a grande diversidade que possuem, pois podem ter diferentes tamanhos e

estruturas organizacionais (CHAGAS, 1999), e essas diferenças, quando analisadas,

podem classificar uma empresa de diferentes formas.

Essas informações são de cunho significativo para um designer que pretende

abrir um escritório de design, para que este saiba que o principal fator da empresa é

a força humana, ou seja, ele mesmo. Porém, o designer empresário precisa ter

conhecimentos acerca do tema "empresas" para que saiba o funcionamento do

próprio escritório.

2.3.1 Classificação Das Empresas

Para discorrer sobre a classificação empresarial elegeu-se como referência-

base duas publicações online:

● "Classificação das empresas", disponível no site do SCRIBD - site de

compartilhamento de documentos online;

● "Gestão empresarial - as empresas", de autoria da Professora Patrícia Dias

Ribeiro, disponível no site do EBAH.

De acordo com os materiais citados, a avaliação da empresa ao longo dos

anos e suas variáveis, que condicionam suas atividades, faz com que elas precisem

ser enquadradas com diferentes critérios. Abaixo, estão listados os mais relevantes.

29

Quanto à forma jurídica: divide as empresas de acordo com suas

responsabilidades civis e comerciais, e de seus direitos contratuais ou legais,

ficando dispostas de acordo com a Figura 16.

Figura 16 - Sociedades quanto à forma jurídica Fonte: Autoria própria, 2012.

o Individuais: nesse tipo de empresa, o capital fica para apenas uma

pessoa. Assim sendo, a responsabilidade do empresário é ilimitada,

mas existe a possibilidade dos empresários individuais optarem por um

regime de estabelecimento individual com responsabilidade limitada.

o Sociedade em nome coletivo: o artigo de número 175 do Código das

Sociedades Comerciais diz que a responsabilidade dos sócios é

solidária e ilimitada. Solidária pelo fato de vigorar o princípio dos três

mosqueteiros juntos com D’Artagnan: um por todos e todos por um. E

ilimitada porque respondem os bens da atividade econômica e os bens

de cada sócio. No contrato social deve estar indicado quem, entre os

sócios, exercerá o cargo de gerência. Caso isso não esteja indicada,

ficará subentendido que todos exercem.

o Sociedade por cotas: neste tipo de sociedade a responsabilidade dos

sócios é limitada ao valor da cota de entrada que constar no contrato

social. Obrigatoriamente, a firma deve utilizar a expressão “limitada” ou

“Ltda.”.

o Sociedade em comandita: esta empresa possui sócios com

responsabilidades diferentes. Os sócios comanditários que entram com

capital têm responsabilidade limitada e não interferem na gestão da

sociedade. Os sócios comanditados entram para a sociedade com o

seu trabalho e possuem responsabilidade ilimitada.

30

o Sociedade anônima: o capital social fica dividido em ações e a

responsabilidade dos sócios é limitada ao valor das ações que

possuem. Ao fim de seu nome, a empresa deverá utilizar a expressão

“sociedade anônima”, ou S/A, ou "Companhia", ou "Cia.". Porém, essas

duas últimas titulações só poderão ser utilizadas no início ou no meio

do nome comercial.

Após a realização desse estudo conclui-se que as empresas de design

podem ser enquadradas em qualquer um dos tipos de empresas acima citados

cabendo ao designer que pretende abrir o escritório, decidir qual a melhor forma

jurídica.

Quanto a setores de atividade: neste critério, as empresas são classificadas

de acordo com a natureza e origem de seus produtos e serviços.

o Setor primário: empresas dedicadas à agricultura, silvicultura, pescas,

pecuárias e atividades extrativas.

o Setor secundário: empresas dedicadas às atividades transformadoras

como eletricidade, gás, água, construção civil e obras públicas.

o Setor terciário: empresas dedicadas ao comércio, transportes,

comunicações e prestação de serviços.

Nesse tipo de classificação, fica claro que um escritório de design enquadra-

se no "setor terciário” devido à sua característica de prestação de serviços.

Quanto à propriedade:

o Empresas privadas: pertencem a particulares que tem como objetivo

a divisão de lucros. São administradas por particulares que têm direitos

e obrigações.

o Empresas públicas: pertencem ao estado ou a outras entidades

públicas. São geridas por pessoas nomeadas. Suas atividades estão

ligadas, sempre, a interesse social, segurança ou áreas estratégicas de

infraestrutura.

o Empresas de economia mista ou comparticipada: empresas de

propriedade particular e do estado, sendo conhecidas também como

empresas público-privadas. Geralmente, o controle administrativo

pertence ao Estado.

31

A maioria dos escritórios de design enquadra-se como "empresa privada",

mas é válido ressaltar que existem alguns escritórios que são "empresas públicas".

Quanto à sua dimensão: é dividido de acordo com o número de empregados

que a empresa possui.

o Pequenas empresas: até 250 empregados.

o Médias empresas: entre 250 e 500 empregados.

o Grandes empresas: mais de 500 empregados.

Tendo como base as definições acima, uma empresa de design encaixa-se

como sendo uma "pequena empresa", em sua maioria absoluta.

Quanto ao tipo de atividade desenvolvida:

o Produtoras de bens: de consumo ou de produção. São conhecidas

também com organizações industriais

o Prestadoras de serviços: é uma empresa que é remunerada em troca

dos serviços que presta.

Como um escritório de design pertence ao setor terciário, e considerando o

tipo de atividade desenvolvida, um escritório de design pode ser considerado uma

empresa “prestadora de serviço”.

Além da classificação externa da empresa, também há classificações quanto

à estrutura interna das empresas.

2.3.2 Estrutura organizacional das empresas

Um dos objetivos deste trabalho de graduação é a elaboração de um plano de

negócios para a montagem de novos escritórios de design. E para auxiliar,

apresenta-se a seguir uma visão sobre como se organizam estruturalmente tais

empreendimentos.

Megginson (2005) afirma que as organizações que são melhor administradas

possuem sua estrutura organizacional em organograma, que evidencia vários

aspectos chaves da organização.

Megginson (2005), também, diz que há variadas formas de uma empresa

decidir a sua estrutura organizacional para agrupar atividades a serem

desempenhadas. Esse processo, denomina-se Departamentalização, que pode ser

32

de seis diferentes tipos, listados e melhor explicados abaixo de acordo Megginson

(2005), Montana (2005) e Chiavenato (2000).

2.3.2.1Departamentalização funcional

O método mais antigo e mais comum, agrupa funções comuns ou atividades

semelhantes para formação de uma unidade organizacional. Esse tipo de

departamentalização pode ser usado em qualquer nível estrutural, mas, é

comumente encontrado no nível da alta administração. Como vantagens pode-se

citar a manutenção do poder e prestígio das funções primordiais, criação de

eficiência através do princípio da especialização, centralização do conhecimento dos

especialistas, permissão de um controle melhor, reunião de todas as pessoas de

uma mesma função em um mesmo local. Porém, possui certas desvantagens

também como a responsabilidade total pelo desempenho da equipe fica por conta da

alta administração, o treinamento dos administradores para uma posição melhor é

bastante limitado, e quanto mais a equipe cresce, mais difícil e complexo torna-se o

trabalho do coordenador. A Figura 17 exemplifica tal situação.

Figura 17 - Exemplo de departamentalização funcional Fonte: Adaptado de Megginson, 2005.

2.3.2.2 Departamentalização por produto (ou serviço)

Diante dos problemas apresentados pela "departamentalização funcional",

muitas organizações encontraram como saída transformá-las em organizações

menores, relacionadas a produtos específicos, mas, cada qual com sua capacidade

funcional. Ou seja, todas as atividades necessárias para produzir um produto ou

serviço devem ser agrupadas em um mesmo departamento. Como vantagens, vê-

se a possibilidade de maior atenção a linhas de produtos ou serviços específicos,

melhor coordenação de funções no nível de divisão do produto e determinação mais

clara da responsabilidade do lucro. Como pontos negativos, têm-se a necessidade

de mais recursos humanos e materiais, duplicação desnecessária de recursos e

33

equipamentos e uma carga mais pesada para a alta administração. A Figura 18

demonstra isso.

Figura 18 - Exemplo de departamentalização de produtos e serviços Fonte: Adaptado de Megginson, 2005.

2.3.2.3 Departamentalização territorial

A departamentalização territorial, também conhecida como regional, por área

ou geográfica, é a separação de atividades de acordo com os lugares onde se

localizam as operações. Essa departamentalização geralmente é utilizada por

empresas que cobrem grandes áreas geográficas e cujos mercados são extensos.

Em questões de pontos positivos e negativos, tem-se algo parecido com a

departamentalização por produtos (ou serviços), pois permite uma divisão a fim de

focar nas necessidades específicas de cada área. Mas, é necessário um grau

considerável de coordenação, além do controle de administração territorial.

2.3.2.4 Departamentalização por cliente

A depertamentalização por cliente consiste no agrupamento de atividades que

foquem no uso de determinado produto (ou serviço), ou seja, muito utilizado em

empresas de vendas ou serviços. As principais características dos clientes para

constituir uma base para departamentalização são idade, sexo, nível sócio-

econômico, tipo de consumidor, etc. A principal vantagem desse tipo de

departamentalização é o fato de ser adaptável a um nicho de cliente específico. A

dificuldade de coordenação, utilização mínima de recursos e a competição entre

34

administradores para conquistarem determinadas regalias a seus clientes são as

desvantagens da departamentalização por cliente, conforme mostra a Figura 19.

Figura 19 - Exemplo de departamentalização por cliente Fonte: Adaptado de Megginson, 2005.

2.3.2.5 Departamentalização por processo ou equipamento

Departamentalização por processo ou equipamento é o agrupamento de

atividades que focalizem o equipamento ou os processos de produção. Porém,

mesmo o enfoque sendo em processos de produção ou equipamentos,

normalmente, é utilizado em produção. Como vantagens, têm-se quando as

máquinas exigem habilidades especiais ou possuem uma grande capacidade que

necessitam ser utilizadas o tempo todo para que sejam econômicas. A Figura 20

mostra essa departamentalização.

Figura 20 - Exemplo de departamentalização por processo ou equipamento Fonte: Adaptado de Megginson, 2005.

2.3.2.6 Departamentalização matricial

Departamentalização matricial é um tipo de departamentalização híbrida que

utiliza grupos com pessoas de várias especialidades para realização de tarefas em

tempo limitado. Ela, geralmente, se faz necessária no caso de combinações

especiais de habilidades de especializações diferentes. Em questões de vantagens

tem-se a livre comunicação e coordenação de atividades entre as principais

especialidades funcionais, além da flexibilidade com que a empresa responde

35

rapidamente a mudanças. Por outro lado, a falta de clareza e de coordenação nas

funções a serem desempenhadas, e a possibilidade do surgimento de conflitos

podem ser apontados como desvantagens da departamentalização matricial, como

exemplifica a Figura 21.

Figura 21 - Exemplo de departamentalização matricial Fonte: Adaptado de Megginson, 2005.

Com base nos conhecimentos acima apresentados, conclui-se que a

estruturação organizacional pode variar de escritório para escritório, pois cada um

deve adequar-se a melhor forma de trabalhar. Porém, indica-se que se trabalhe com

a "departamentalização funcional", por ser a mais comum e adequada, como define

a autora Shaughnessy (2010), quando comenta que cada um dos sócios de um

escritório de design deve assumir responsabilidades por diferentes áreas. No

exemplo citado, Shaughnessy (2010) enumera três sócios onde cada um é

responsável por mais de uma área da empresa.

Após a estruturação interna da empresa, o empreendedor precisa atentar-se

às questões legais para constituição da empresa, que seguem abaixo.

2.3.3 Questões Legais De Constituição De Uma Empresa

A seguir, serão apresentadas algumas considerações em âmbito legal para a

constituição de uma empresa. É importante que o empreendedor atente-se a esses

detalhes para que isso não seja um incômodo no futuro quanto a problemas legais

do escritório de design. Além disso, o acompanhamento de uma pessoa com

conhecimentos específicos sobre esse assunto é necessário.

36 O processo de criação de uma empresa às vezes é tedioso e estressante,

mas todo empreendedor deve entender a legislação à qual sua empresa

está enquadrada, buscando sempre tirar vantagem competitiva desse

processo.(DORNELAS, 2001, p 211)

A primeira questão com a qual deve se cuidar é o registro. O registro da empresa

varia de acordo com a região onde ela se encontra, além de depender da categoria

de sociedade que será constituída. Categorias são divididas em: (DORNELAS,

2001).

Sociedade civil: visa à prestação de serviços devendo ser composta por dois

sócios, no mínimo. O registro é feito no Cartório de Registro Civil de Pessoas

Jurídicas após serem efetuados os seguintes passos:

o Definição da razão social e solicitação da busca do nome nos Cartórios

de Registro Civil e de Pessoa Jurídica;

o Elaboração do contrato social;

o Encaminhamento das vias do contrato social ao Posto da Receita

Federal para obtenção do CNPJ;

o Providência da inscrição junto à Prefeitura Municipal.

Sociedade mercantil: é constituída por duas ou mais pessoas, visa à

exploração de atividade no comércio ou indústria, podendo ser sociedades

anônimas (S/A) ou sociedades por quotas de responsabilidade limitada. O

registro deve ser feito na Junta Comercial, após os seguintes passos:

o Escolha do nome e tipo da empresa;

o Elaboração do contrato social;

o Obtenção da inscrição do CNPJ;

o Obtenção da inscrição estadual na Secretaria da Fazenda;

o Providência da sua inscrição junto à Prefeitura Municipal.

Firma individual: a pessoa que tem o interesse em obter uma personalidade

jurídica como firma individual deverá seguir os mesmos passos do caso de

constituição da sociedade comercial, porém não precisa elaborar um contrato

social, mas deve providenciar uma Declaração de Firma Individual.

37

Com base nos conceitos apresentados por Dornelas (2001), percebe-se que

um escritório de design se enquadra melhor como uma "sociedade civil" porque visa

à prestação de serviços.

Dornelas (2001) lembra que para que a empresa possa funcionar de forma

legal, faz-se necessária a aquisição de vários livros fiscais, emissão de notas fiscais

e registro dos empregados, sem esquecer-se de:

Registro nos órgãos competentes.

Solicitação do alvará de funcionamento.

Emissão de notas fiscais na comercialização dos produtos e prestação de

serviços.

Recolhimento dos tributos devidos.

Entrega das informações sócio-econômicas exigidas.

2.3.4 Questões Legais Sobre Marca E Patentes

Dornelas (2001) alerta para a infelicidade dos empreendedores iniciantes não

pensarem na proteção de sua ideia. Ou seja, não depositam a patente do seu

invento e nem registram a marca de sua empresa ou produto. E essa é a maneira

legal de se proteger da concorrência e ganhar espaço no mercado.

No Brasil, a entidade responsabilizada por marcas e patentes é o Instituto

Nacional da Propriedade Industrial (INPI) que foi criada em 1970, vinculada ao

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). De acordo

com a Lei 9.279/96 (Lei da Propriedade Industrial), “o INPI tem por finalidade

principal executar no âmbito nacional, as normas que regulam a propriedade

industrial, tendo em vista a sua função social, econômica, jurídica e técnica. É

também sua atribuição pronunciar-se quanto à conveniência de assinatura,

ratificação e denúncia de convocações, tratados, convênios e acordos sobre

propriedade industrial” (BRASIL, 1996).

Acredita-se que quando o empreendedor decide colocar a sua ideia em

prática, é porque este acredita na mesma. Então, é de suma importância que o

empresário tenha conhecimentos de como proteger a sua ideia e marca.

38

2.3.4.1 Marcas

Neste tópico serão apresentadas questões legais a respeito das marcas. É

essencial que o designer que pretende abrir seu próprio escritório de design tenha

esses conhecimentos, pois eles são necessários para se fazer o registro da marca

junto ao INPI.

“É todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue

produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa, bem como

certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou

especificações técnicas.” (INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE

INDUSTRIAL, 2012)

O INPI (2012) classifica as marcas de acordo com alguns critérios.

Classificação das marcas quanto ao tipo:

o Brasileira: regularmente depositada no Brasil, por pessoa domiciliada

no país.

o Estrangeira: regularmente depositada no Brasil, por pessoa não

domiciliada no país. Ou, depositada regularmente em país vinculado a

acordo ou tratado do qual o Brasil seja partícipe.

Classificação das marcas quanto ao uso:

o Produtos ou serviços: usadas para distinção de outros idênticos,

semelhantes ou afins, de diversas origens (vide Figura 22).

Figura 22 - Exemplo de marca de produto ou serviço Fonte: Luisvuitton.eu, 2012.

o Coletivas: usadas para identificação de produtos ou serviços

provindos de membros de uma determinada identidade (vide Figura

23).

39

Figura 23 - Exemplo de marca coletiva Fonte: Apple.com, 2012.

o Certificação: destinadas a atestar a conformidade de um produto ou

serviço com determinadas normas ou especificações técnicas quanto a

qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada (vide

Figura 24).

Figura 24 - Exemplo de marca de certificação Fonte: Inmetro.gov.br, 2012.

40

Classificação das marcas quanto à apresentação:

o Classificação das marcas quanto à apresentação

Nominativa: constituída por uma ou mais palavras,

compreendendo neologismos bem como combinações de letras

e/ou algarismos romanos e/ou arábicos (vide Figura 25).

Figura 25 - Exemplo de marca nominativa Fonte: E-marcas.com.br, 2012.

Figurativa: constituída por desenho, imagem, figura ou qualquer

forma estilizada de letra e número (vide Figura 26).

Figura 26 - Exemplo de marca figurativa Fonte: E-marcas.com.br, 2012.

Mista: constituída pela combinação de elementos nominativos e

de elementos figurativos, ou de elementos nominativos cuja

grafia se apresente de forma estilizada (vide Figura 27).

Figura 27 - Exemplo de marca mista Fonte: E-marcas.com.br, 2012.

Tridimensional: constituída pela forma plástica de produto ou

de embalagem (vide Figura 28).

41

Figura 28 - Exemplo de marca tridimensional Fonte: Os Autores, 2012.

Dornelas (2001) relembra que as marcas possuem um prazo de validade de

10 anos, contados a partir da data de concessão. Porém, esse prazo pode ser

prorrogado por períodos iguais e sucessivos.

2.3.4.2Patentes

Como complemento às questões legais sobre “marcas”, este tópico

apresentará as questões legais quanto a patentes. A abordagem desse tópico faz-se

importante para que o empreendedor saiba proteger os itens produzidos pelo

escritório da má fé de terceiros.

“Patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou

modelo de utilidade, outorgado pelo estado aos inventores ou autores ou

outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direito sobre a criação. Em

contrapartida, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo

técnico da matéria protegida pela patente. Durante o prazo de vigência da

patente, o titular tem o direito de excluir terceiros, sem sua prévia

autorização, de atos relativos à matéria protegida, tais como fabricação,

comercialização, importação, uso, venda etc.” (INSTITUTO NACIONAL DA

PROPRIEDADE INDUSTRIAL, 2012)

Para o pedido de patente são necessárias o cumprimento de seis etapas,

mas nem todas são obrigatórias, segundo Dornelas (2001) são elas:

Busca prévia: não é obrigatória, mas aconselhável que seja feita uma busca

antes de efetuar o depósito de um pedido de patente.

Depósito e conteúdo do pedido de patente: o depósito de patente pode ser

feito na sede do INPI no Rio de Janeiro ou nas Delegacias e Representações

Regionais de outros estados.

42

Sigilo do pedido depositado: o pedido fica em segredo até a sua

publicação, que ocorre após um ano e meio, contados da data do exame ou

da prioridade mais antiga. Ao final desse prazo de dezoito meses, o pedido

será publicado na RPI - Revista da Propriedade Industrial.

Exame do pedido: o requerente deve apresentar uma solicitação de exame

para que o pedido seja estudado por um examinador. Isso deve ser feito, de

maneira protocolada, dentro dos primeiros 36 meses do depósito do pedido.

Carta-patente: caso o pedido seja deferido pelo INPI, deve-se aguardar o

prazo de sessenta dias, contados a partir da data de deferimento do pedido,

para pagamento da retribuição e respectiva contribuição correspondente à

expedição da carta-patente.

Recurso/nulidade: é possível recorrer das decisões do INPI. Se o pedido for

indeferido cabe recurso no prazo de sessenta dias. Se a patente for

concedida em desacordo com a lei poderá ser anulada pelo INPI ou por

qualquer pessoa com legítimo interesse.

Cientes das questões abordadas no tópico de "Estrutura Empresarial", foi

desenvolvida uma pesquisa específica sobre a concepção de um plano de negócios.

2.4 PLANO DE NEGÓCIOS

Zuini (2011) afirma que inúmeras pessoas acreditam que para o início de um

novo empreendimento, basta se ter uma boa ideia e começar a executá-la. Porém,

Dornelas (2001) diz que os empreendedores precisam saber planejar as suas ações,

bem como delinear as estratégias do negócio a ser criado. Mas, por que planejar?

Dados de uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas (SEBRAE) apontam que, aproximadamente, 500 mil empresas

são criadas todos os anos no país. Porém, cerca de 40,40% encerram as atividades

com até dois anos de existência, 56,40% com até três anos de atividades, e 59,90%

não passam dos quatro anos.

Esses dados preocupantes da pesquisa, segundo Cláudio Afrânio Rosa

(2007), demonstram a importância do planejamento das ações. E a necessidade de

um planejamento é reforçada por uma estatística do SBA (Small Business

Administration) que demonstra que apenas 2% dos casos de fracasso dos novos

empreendimentos têm causas desconhecidas, como mostra o Quadro 1.

43

MOTIVO %

Incompetência gerencial 45%

Expertise desbalanceada 20%

Inexperiência em gerenciamento 18%

Inexperiência no ramo 09%

Negligência nos negócios 03%

Fraudes 02%

Desastres 01%

TOTAL 98%

Quadro 1 – Causas dos fracassos dos novos empreendimentos Fonte: Small Business Administration, 1998.

Os dados dessa pesquisa do órgão do governo americano de auxílio às

pequenas empresas dos Estados Unidos confirma que 98% das causas podem ser

colocadas em um único grupo: falha ou falta de planejamento adequado do negócio.

Portanto, esses dados corroboram a tese de Dornelas citada anteriormente. E

todo esse planejamento que é parte fundamental do processo empreendedor é

conhecido como plano de negócios.

Um plano de negócio é um documento que descreve por escrito os objetivos

de um negócio e quais passos devem ser dados para que esses objetivos

sejam alcançados, diminuindo os riscos e as incertezas. Um plano de

negócio permite identificar e restringir seus erros no papel, ao invés de

cometê-los no mercado. (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS, 2007)

Campos (2007) diz que este documento estrutura as principais ideias e as

opções que o empreendedor deverá analisar para decidir sua viabilidade.

2.4.1 A Importância De Um Plano De Negócios

Dornelas (2001) afirma que essa ferramenta de gestão pode, e deve, ser

usada por todos os empreendedores que queiram transformar seus respectivos

44

sonhos em realidade. Mas ele alerta para o cuidado que se deve ter para escrever

um plano de negócios com todo o conteúdo que se aplica ao novo negócio, e não

escrever nada fora da realidade.

Ainda lembra que o empreendedor ao redigir um plano de negócios deve ter

em mente que esse documento é como um cartão de visita aos possíveis

investidores. Ele pode ser a chave do sucesso do negócio ou da desqualificação do

empreendimento perante terceiros.

O empreendedor deve sempre se lembrar que a concorrência, o mercado e

as pessoas mudam. Por isso, Sahlman (1997) reitera que o plano de negócios,

como sendo uma ferramenta de planejamento que trata, essencialmente, de

pessoas, oportunidades, contexto e mercados, riscos e retornos, também mudam.

Portanto, não se pode achar que uma vez redigido o plano empresarial, ele nunca

mais precisa ser alterado ou atualizado. Este documento é uma ferramenta que deve

receber atualizações constantemente.

Dornelas (2001) indica que o plano de negócios não deve estar focado

apenas na parte financeira. Outros aspectos como indicadores de mercado,

capacitação interna da empresa e capacitação operacional são igualmente

importantes para a viabilidade do negócio.

Segundo Sahlman (1997), um estudo realizado com alunos do curso de

Administração da Harvard Business School concluiu que a elaboração de um plano

de negócios aumenta em, aproximadamente, 60% a probabilidade de sucesso nos

negócios.

Dornelas (2001) enumera seis itens que são possíveis devido ao plano de

negócios:

Entendimento e estabelecimento de diretrizes para o seu negócio.

Gerenciamento mais eficaz da empresa e tomada de decisões acertadas.

Monitoramento do dia-a-dia da empresa e tomada de ações corretivas

quando necessário.

Conquista de financiamentos e recursos juntos a investidores.

Identificação de oportunidades e transformação destas em diferencial

competitivo da empresa.

Estabelecimento de uma comunicação interna eficaz na empresa e

convencimento do público externo (fornecedores, parceiros, clientes,

investidores, etc).

45

Portanto, todos esses dados apresentados neste tópico demonstram, ao

empreendedor, inúmeros motivos e dados importantes para o desenvolvimento de

um plano de negócios a fim de potencializar as chances de seu negócio dar certo.

2.4.2 Estrutura Do Plano De Negócios

Dornelas (2001) afirma que cada negócio tem suas particularidades, portanto

não há uma estrutura rígida e específica para redação do documento. Mas todo e

qualquer plano de negócios deve possuir um mínimo de seções que proporcionarão

aos leitores um entendimento completo do negócio.

Um bom plano de negócios deve mostrar claramente a competência

da equipe, o potencial do mercado-alvo e uma ideia realmente

inovadora; culminando em um negócio economicamente viável, com

projeções financeiras realistas. (DORNELAS, 2001)

Barros (2005) diz que o plano de negócios, sendo novo ou uma revisão, deve

envolver um padrão internacional de falar o que se pretende vender, por que, para

quem, onde, por quanto e assim por diante, ou seja, explicar as diversas etapas de

análise de ambiente.

Dornelas (2001) argumentou que cada negócio tem suas particularidades,

não havendo assim uma estrutura rígida e específica para redação do documento.

Porém, para melhor explicação de como redigir um plano de negócios são

necessários os seguintes tópicos:

● Capa

● Sumário

● Sumário Executivo

● Descrição da Empresa

● Produtos e Serviços

● Mercado e Competidores

● Marketing e Vendas

● Análise Estratégica

● Plano Financeiro

● Anexos

46

Nos tópicos subsequentes, os itens acima citados serão explanados para

melhor entendimento.

2.4.2.1 Capa

Dornelas (2001) afirma que esse tópico serve como página de título, devendo

conter as seguintes informações, como mostra a Figura 29.

● Nome da Empresa

● Endereço da Empresa

● Telefone da Empresa

● Site e E-mail da Empresa

● Marca da Empresa

● Nomes, Cargos, Endereços e Telefones dos proprietários da empresa

● Mês e Ano em que o plano foi feito

● Número da cópia

● Nome de quem fez o plano de negócios

47

Figura 29 - Exemplo de capa de um plano de negócios Fonte: Adaptado de Dornelas, 2001.

2.4.2.2 Sumário

Dornelas (2001) afirma que é comum que um leitor do plano de negócios

tenha interesse por uma seção específica do plano, portanto é de suma importância

que o sumário contenha o título de todas as seções e subseções, bem como a

indicação de suas respectivas páginas.

2.4.2.3 Sumário executivo

48

É definido por Dornelas (2001) como sendo a principal seção do plano de

negócios, pois deve expressar a síntese de tudo o que será apresentado na

sequência. Barros (2005) afirma que, embora o sumário executivo seja colocado

sempre no início, ele deve ser sempre escrito ao fim de todo o planejamento e

redação do plano de negócios. Dornelas (2001) recomenda que o empreendedor

deve lembrar-se que essa seção deve ser dirigida ao público-alvo, ou seja,

enfatizando assuntos que mais interessam aos leitores. A Figura 30 exemplifica

como poderia ser feito um sumário executivo.

Figura 30 - Exemplo de sumário executivo de um plano de negócios Fonte: Adaptado de Dornelas, 2001.

49

2.4.2.4 Descrição da empresa

Dornelas (2001) diz que nesta seção será apresentado um breve resumo da

organização da empresa, a história e outras características únicas do negócio. Nesta

seção, o plano de negócios deve mostrar aos leitores quais benefícios o negócio

poderá trazer a ele, como por exemplo que a empresa possui pessoas qualificadas e

com muita experiência nos níveis de comando. A maioria dos investidores foca,

principalmente, na equipe de gestão, para na sequência avaliar oportunidade de

mercado, inovação da ideia e perspectivas de lucros. Dornelas (2001) diz que o

empreendedor deve focar nos seguintes aspectos: equipe gerencial, estrutura

organizacional, localização e infraestrutura, manutenção de registros, segurança e

seguro.

Equipe gerencial: grande parte dos investidores lêem inicialmente o sumário

executivo do plano de negócios, pois, como citado anteriormente, expressa

uma síntese de tudo o que será apresentado na sequência. Depois da leitura

desta seção importante, os investidores passam para a leitura dos currículos

da equipe gerencial da empresa. Isso acontece porque se a equipe de gestão

não é qualificada e não tem uma experiência comprovada, dificilmente o

negócio sairá do papel. Complementar a essa ideia de qualidade da equipe

de gestão, Shaughnessy (2010) afirma que cada uma das pessoas

responsáveis pela empresa (geralmente, os sócios) deve assumir a

responsabilidade por diferentes áreas.

Estrutura organizacional (organograma): Rodrigues (2009) afirma que

organograma¹ é uma representação gráfica da estrutura hierárquica da

empresa. A Figura 31 mostra como uma empresa poderia se organizar.

Figura 31 - Exemplo de estrutura organizacional (organograma) Fonte: Adaptado de Rodrigues, 2009.

______________

50 ¹Era o ano de 1856, quando Daniel C. McCallum, então superintendente da York and Erie Railroad

Company utilizou-se de organogramas para demonstrar a aplicação sistemática nas ferrovias que

eram empreendimentos complexos, exigindo assim uma estrutura com vários níveis profissionais.

Então, este McCallum é o criador do primeiro organograma.

Localização e infraestrutura: Dornelas (2001) considera a questão de

localização do empreendimento, algo relacionado à estratégia de marketing,

porém é necessária uma breve descrição desse ponto na seção de

"Descrição da empresa". O ideal é argumentar o porquê de tal local ter sido

escolhido como sede da empresa. Contrapor com outros locais que também

foram analisados como possível sede, é interessante para que investidores

entendam sua escolha. Alerta-se ainda que detalhes que dizem respeito à

questão financeira (valor de aluguel ou valor do patrimônio) devem ser

descritos na seção específica de "Plano Financeiro".

Manutenção de registros: quando se fala em manutenção de registros

remete-se, principalmente, à contabilidade da empresa. Dornelas (2001)

afirma que é preciso contratar um escritório de contabilidade que ajude a

empresa indicado as melhores maneiras de gerenciar o caixa, deixando o

empreendedor sempre a par da situação financeira.

Seguro: Assis (2001 p. 134 afirma que "precaver-se é a melhor forma de

evitar surpresas desagradáveis e imprevistos". Portanto, o empreendedor

deve tomar o cuidado de considerar todos os custos que envolvem o seguro

do negócio.

Segurança: Pinson e Jinnett (1996 apud Dornelas, 2001) conta que dados da

Câmara Americana de Comércio apontam que, aproximadamente, 30% das

falências ocorrem por falta de honestidade de funcionários e clientes,

incluindo furtos de mercadorias e informações. Dornelas (2001) afirma que

isso precisa constar no plano. O empreendedor deve citar quais são os riscos

que a empresa corre, e por que determinadas medidas foram tomadas para

garantia da segurança.

Terceiros: Dornelas (2001) relata sobre a importância de se colocar no plano

de negócios quais outros terceiros serão necessários ao novo

empreendimento.

Parceiros estratégicos: apesar de ser a última parte a ser escrita dentro

desta seção, o tópico de "Parceiros Estratégicos" pode ser, estrategicamente,

o principal. Dornelas (2001) diz que fornecedores, terceiros ou clientes podem

51

ser fortes parceiros para conquistar algo grandioso com a empresa,

mercadologicamente falando. Portanto, o detalhamento de possíveis

parcerias estratégicas pode ser fundamental para que investidores vejam com

bons olhos o negócio.

2.4.2.5 Produtos e serviços

Barros (2005) diz que, nesta seção, o empreendedor deve apresentar

detalhadamente todos os segmentos de mercado aos quais são destinados os

produtos e serviços fornecidos pela empresa. Em complemento a isso, Dornelas

(2001) diz que é preciso explicitar em quais aspectos os produtos e serviços diferem

dos da concorrência da empresa.

2.4.2.6 Mercado e competidores

Dornelas (2001) afirma que essa é a parte considerada mais importante do

plano de negócios, e também a que os empreendedores têm mais dificuldade em

fazer. Essa seção para ser descrita, segundo Dornelas, depende de como a

empresa abordará o mercado consumidor, pois deve sempre procurar diferenciar-se

da concorrência e deve ser a primeira seção a ser elaborada, pois as outras

dependerão desta.

O empreendedor não pode deixar de analisar muito bem o nicho do mercado,

bem como seus concorrentes, pois a concorrência de uma empresa não se limita a

concorrentes diretos. Devem ser consideradas as empresas que também, de alguma

forma, desviam a atenção dos clientes, afirma Dornelas (2001). Este afirma que a

análise do ambiente de negócios mostra como o mercado apresenta-se para o

empreendimento, mas é preciso que se conheça os pontos fortes e fracos do

negócio para conseguir definir oportunidades de negócio mais atrativas e quais

riscos ameaçam mais a empresa.

Análise do mercado: Dornelas (2001) aconselha que seja feito um breve

histórico do mercado nos últimos anos. Dolabela (1999) conta que, para

analisar o mercado, deve-se começar pela resposta da seguinte pergunta:

"Que ameaças e oportunidades o setor em que a empresa vai atuar

apresenta?"

52

Análise do setor: Dornelas (2001) afirma que o empreendedor deve

apresentar o que está acontecendo no setor em que o negócio está inserido,

além de mostrar as perspectivas para a empresa dentro do setor. Mas, é

necessário que sejam evidenciadas as fontes que endossarão as informações

apresentadas. Assis (2001) cita as pesquisas de mercado como uma das

fontes mais confiáveis para se conhecer as tendências de um mercado. E

essas pesquisas devem ser feita de maneira objetiva, com poucas questões

e, de preferência, sendo de múltipla escolha e que, principalmente, atinjam o

objetivo estabelecido pelo empreendedor. Dolabela (1999), para

complementar essa análise, cita cinco aspectos relevantes para listar

ameaças e oportunidades ao negócio:

o Demográfico: refere-se a características gerais de população.

o Econômico: é considerado o aspecto mais importante, pois a forma

como encontra-se a economia influencia decisivamente no negócio.

o Legal e político: diz respeito à avaliação de políticas do setor, à

legislação, e a incentivos específicos sobre micro, pequenas e médias

empresas.

o Tecnológico: avaliar a suscetibilidade do negócio a influências da

tecnologia.

o Cultura: engloba fatores sociológicos, antropológicos, psicológicos,

éticos, morais e tradições.

Concorrentes: "Conhecer a concorrência é dever de qualquer empreendedor

que queira competir e vencer no mercado" (DORNELAS, 2001). É importante

que a análise seja feita de forma comparativa, onde os pontos de referências

para essa comparação sejam atributos do negócio. Com essa análise, o

empreendedor conseguirá identificar os principais pontos fracos da

concorrência, e assim, este precisa saber explorá-los objetivando

proporcionar melhores resultados para o empreendimento. Dolabela (1999)

monta um quadro referente a um relatório feito sobre a concorrência do

negócio, contendo as seguintes informações:

o Concorrente: fazer uma relação dos nomes dos concorrentes.

o Características: relacionar as principais características da

concorrência como: tempo de atuação no mercado, faturamento, porte,

localização, principais mercado em que atua, etc.

53

o Pontos fortes: evidenciar pontos que são considerados vantagens

competitivas dos concorrentes, ou seja, diferencias de mercado.

o Pontos fracos: evidenciar pontos que são considerados frágeis, ou

seja, onde o novo negócio poderá superar a concorrência.

o Estratégias de marketing: o empreendedor deve elaborar essa

estratégia baseado nos pontos fortes e fracos de seus concorrentes.

Resumidamente, é necessário enfrentar os pontos fortes e tirar

vantagem dos pontos fracos da concorrência.

o Custo/Benefício: assim como uma estratégia tem custos, ela tem

benefícios. Portanto, cabe ao empreendedor fazer a relação custo-

benefício para tomar uma decisão mais sensata.

Fornecedores: Dolabela (1999) cita oito pontos, como sendo os principais

em uma análise de fornecedores, sendo eles:

o Fornecedor: relacionar o nome dos fornecedores.

o Características: relacionar as principais características de cada

fornecedor (localização, tempo de atuação no mercado, principais

clientes, porte, etc).

o Produto/Serviço: relacionar o tipo de produto/serviço comercializado,

e a qualidade deste.

o Preço: relacionar o preço cobrado pelo fornecedor.

o Prazo de entrega: relacionar o prazo de pagamento exigido pelo

fornecedor e a forma de entrega.

o Condições de pagamento: relacionar as condições de pagamento

exigidas pelo fornecedor, bem como o tipo de cobrança.

o Pontos positivos: relacionar os principais pontos positivos, ou seja,

diferencial de um fornecedor para os demais.

o Pontos negativos: relacionar os principais pontos negativos, ou seja,

as desvantagens do fornecedor perante os outros.

2.4.2.7 Marketing e vendas

Dornelas (2001) argumenta que as estratégias de marketing são os meios e

métodos que a empresa deverá utilizar para atingir os objetivos, e essas,

54

geralmente, referem-se ao composto de marketing (4P): produto, preço, praça

(canais de distribuição) e propaganda. Nessa seção serão utilizados conceitos

aplicados no Marketing de Serviços, devido à finalidade do empreendimento em

questão.

Produto (serviço): Las Casas (2000) comenta que Rathmell faz uma boa

distinção entre bem e serviço, ao afirmar que o primeiro é um objeto, artigo,

artefato ou material, enquanto o segundo trata-se de um ato, ação, esforço ou

desempenho. E a Associação Americana de Marketing define serviços como

atividades, vantagens ou mesmo satisfações que são oferecidas à venda ou

que são proporcionadas em conexão com a venda de mercadorias.

Preço: Las Casas (2000) diz que a maioria das empresas prestadoras de

serviços baseia-se no método cost plus, ou seja, a partir da definição de

custos incorridos para a prestação do serviço, uma porcentagem adicional é

acrescentada ao preço final.

Praça (Canais de distribuição): Las Casas (2000) define que um bom

serviço será apreciado se for prestado no local em que o cliente estiver

precisando dele, bem como disponível no momento certo. O autor diz que no

caso da área de serviços, os canais para distribuição, geralmente, são mais

curtos e possui um menor número de intermediários, além de não precisar de

armazéns para estoques.

Propaganda (Comunicação): a Associação Americana de Marketing define

que propaganda é qualquer forma paga de apresentação não pessoal de

ideias, produtos ou serviços, levada a efeito por um patrocinador identificado.

E Las Casas (2000) diz que os veículos pelos quais as propagandas chegam

ao consumidor são as mídias:

o Cinema

o Internet

o Jornais

o Mala Direta

o Outdoor

o Rádio

o Revistas

o Televisão

55

Vale lembrar que cada uma dessas mídias apresenta suas vantagens e

desvantagens que necessitam ser consideradas antes da determinação daquelas

que farão parte do plano de comunicação empresarial.

2.4.2.8 Plano financeiro

Dornelas (2001) afirma que a seção do plano financeiro deve refletir, em

números, tudo o que foi escrito nas demais seções do plano de negócios. Ele alerta

que o plano de negócios não deve se adequar aos dados financeiros, mas o

contrário, pois são objetivos, metas, estratégicas e projeção de vendas que gerarão

planilhas financeiras.

Balanço patrimonial: Dornelas (2001) comenta que o balanço patrimonial é

o reflexo da posição financeira em um dado momento, onde o primeiro é

constituído por duas colunas (a primeira de ativos, e a segunda de passivos e

patrimônio líquido), como mostra a Figura 32.

Figura 32 - Exemplo de balanço patrimonial Fonte: Adaptado de Dornelas, 2001.

O autor define, sucintamente, esses três termos da seguinte forma:

o Ativos: são todos os bens e direitos de uma empresa.

o Passivos: obrigações ou parcelas de financiamentos.

o Patrimônio líquido: alterável quando a empresa tem lucros ou

prejuízos, ou no momento de um investimento dos sócios.

Demonstração de resultados: Dornelas (2001) define demonstração de

resultados como classificação, de forma ordenada e resumida, das receitas e

56

despesas da organização em certo período de tempo. São inúmeras

operações matemáticas, como demonstra a Figura 33.

Figura 33 - Exemplo de demonstração de resultados Fonte: Adaptado de Dornelas, 2001.

Fluxo de caixa: Dornelas (2001) define que o fluxo de caixa é a principal

ferramenta do planejamento financeiro do empresário. O autor afirma que o

empreendedor deve preocupar-se em honrar seus compromissos e pensar

nas melhores formas de venda de seu produto/serviço, obtendo, assim, uma

receita necessária que impedirá que o caixa da empresa fique no negativo.

Ponto de equilíbrio: Dornelas (2001) descreve o ponto de equilíbrio como

sendo o momento em que não nem lucro, nem prejuízo. É definido com útil

57

pois permite que o empresário saiba a partir de que momento a empresa

começa a dar lucros. A Figura 34 demonstra como se calcula o ponto de

equilíbrio:

Figura 34 - Fórmula do ponto de equilíbrio Fonte: Adaptado de Dornelas (2001).

Com essas informações em mãos pôde-se elaborar questões e argumentar junto aos

entrevistados, com o objetivo de extrair o máximo de informações relevantes para análise. A

seguir é apresentado o desenvolvimento desse projeto, desde a elaboração das perguntas

até o seu resultado final, passando pela análise das respostas e metodologia para possíveis

conclusões.

58

3 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

Baseado nos autores e conceitos já descrito, a seguir são apresentadas as

metodologias aplicadas para a realização deste trabalho de conclusão de curso. A

começar pelas entrevistas.

3.1 ELABORAÇÃO E CONDUÇÃO DAS ENTREVISTAS

Visto que o objetivo das entrevistas, neste caso, é entender como reagir

perante situações do cotidiano da atuação profissional do design, define-se que o

método utilizado para a coleta de dados se dará por meio de entrevistas com

perguntas abertas. Sendo assim, a publicação não pretende fazer parte de uma

pesquisa cientificamente precisa, mas sim, fazer parte de uma compilação informal

desses depoimentos organizado de modo que seja possível a interpretação das

ações comuns mais bem sucedidas e das que não trouxeram o mesmo efeito.

Todas as recomendações compiladas pelo Manual de Redação da Folha de

São Paulo (2001) e de Ramos (2004) que se encontram nos conceitos gerais desse

trabalho foram respeitadas. Com uma exceção, já que o Manual de Redação da

Folha de São Paulo (2001) aconselha que as perguntas sejam específicas, evitando

termos gerais e neste caso o conselho não foi observado, visto que as mesmas

perguntas foram utilizadas para todos os entrevistados, obrigando-as a serem

abertas e até certo ponto genéricas, pois teve-se como objetivo adquirir um

panorama geral das impressões dos profissionais e evitar induzir qualquer tipo de

resposta dos que se voluntariaram a atender a entrevista.

Além disso, as respostas foram registradas por meio de um gravador, exposto

ao entrevistado e mediante consulta verbal sobre seu consentimento. O arquivo de

áudio, posteriormente, foi transcrito e editado. O critério utilizado para edição

encontra-se no tópico 4.1.3 e os textos encontram-se no apêndice.

3.1.1 Roteiro De Perguntas

Haguette (1997), Medina (1988), Minayo (1996) e Ramos (2004) também

defendem que uma boa entrevista depende de um bom planejamento das

perguntas.

59

Portanto, foi elaborado um roteiro de perguntas que segue os seguintes

tópicos:

● Formação

● Tempo e Área de Atuação

● Experiências

Já que através do primeiro tópico pode-se ter uma leve noção sobre a

influência da academia no comportamento profissional do entrevistado, os autores

esperam ter a oportunidade de observar se os profissionais que possuem alguma

formação acadêmica tendem a passar por algum tipo de situação específica. Caso a

hipótese se comprove, é de se esperar que os autores passem por tal situação,

podendo assim, se precaver antecipadamente.

O segundo tópico levanta um panorama da situação atual do entrevistado,

assim pode-se observar se ele encontra-se em sua mesma área de formação e se

passou por outras áreas antes de chegar ao seu momento atual. Essa informação

pode mostrar como o aprendizado em outras áreas pode ser útil na solução de

problemas no design.

A intenção da última parte da entrevista é questionar de maneira direta o

entrevistado sobre uma experiência que lhe foi marcante como um problema, uma

situação que é recordada como uma boa experiência, o que aprendeu diante desses

cenários opostos e seus conselhos. É onde as lições passadas por esses

profissionais aparecem de forma mais evidente e direta.

Para atingir o objetivo de cada parte, foram selecionadas perguntas dentro de

cada tópico.

Sobre o tópico formação e área de atuação, foram formuladas duas

questões para entender como a formação pode, ou não, ter determinado sua área

de atuação atual. Visto que o profissional pode buscar conhecimento em outras

áreas para atuar no design posteriormente.

Se formado, onde e em que ano?

Em que área do design atua?

Sobre tempo atuando na área:

Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação?

Se não, qual foi sua atuação profissional no tempo entre sua formação e sua

ocupação atual?

60

Há a possibilidade de o entrevistado ter se formado em design, atuado em

outra área e então retornado à atuação de origem. Essa influência deve ser

observada, pois pode trazer pontos muito positivos quando o entrevistado se

encontra em um momento em que precisa resolver situações de crise.

Sobre experiências:

Consideram-se essas perguntas como as principais, pois delas se extrairão

os principais conceitos que auxiliaram no produto final deste trabalho.

Pode nos contar, em sua experiência como designer, uma situação problema

que lhe foi marcante?

A resposta para essa pergunta pode mostrar um problema que qualquer

profissional pode encontrar em sua trajetória ou uma situação extraordinária. Em

ambas as situações a resposta do entrevistado mostra uma situação que já existiu e

que pode trazer boas conclusões. As duas perguntas seguintes são relativas a ela.

Essa experiência, foi um problema solucionado? Se sim, como foi o processo

de solução?

Quais atributos julga necessários para chegar à solução como foi feito?

E para encerrar o grupo de perguntas principais, uma situação oposta:

Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser

contado como uma boa experiência?

Após as quatro perguntas principais, abre-se um espaço para que o

convidado aconselhe os novos profissionais.

O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante?

Como chegou nessa situação? A quem aconselha passar pela mesma cena?

3.1.2 Seleção Dos Entrevistados

Pela facilidade de contato e objetivos alinhados com este trabalho, definiu-se

a associação ProDesign>PR como um bom meio de entrar em contato com atuantes

na área de design. Dos profissionais, foram selecionados os associados que

estavam ativos, o que gerou uma lista de 49 nomes, desses 22 responderam

afirmativamente ao convite de participar do projeto e 20 foram entrevistas levadas a

a cabo.

61

3.1.2.1 ProDesign>PR

Segundo o site da própria associação, a ProDesign>PR é uma associação

sem fins lucrativos, que tem como objetivo valorizar o mercado de design. Possui

sede em Curitiba e foco na melhoria nas atividades do design no Paraná. Criada a

partir da necessidade de representatividade e união dos profissionais do design,

sendo assim um espaço bastante aberto para programas como o que este trabalho

se propõe.

Dois dos objetivos da ProDesign>PR são:

Promover o constante aumento do valor do design por meio das melhores

práticas, do conhecimento e da visibilidade;

Integrar e coordenar seus associados, imprimindo unidade à sua ação, no

sentido de apoiá-los em suas questões profissionais;

Estes se encaixam com os objetivos específicos desse Trabalho de

Conclusão de Curso.

Esperando boa adesão dos profissionais associados e cientes de que os

relatos por eles proferidos envolvem o nome de clientes e de empresas, é selado o

compromisso de não agregar problemas a nenhum dos envolvidos realizando-se um

trabalho ético e transparente com os apoiadores do projeto, preocupando-se com os

aspectos a seguir.

3.1.3 Transparência De Edição

Destaca-se o comprometimento em não exibir qualquer informação que possa

ser prejudicial ao profissional colaborador, à ProDesign>PR ou aos autores. Isso é

garantido por um acordo via e-mail, que incluiu o texto transcrito, editado e revisado

da entrevista do profissional, solicitando sua leitura e acordo em publicar o seu

relato. Os termos são colocados nas seguintes palavras, que o entrevistado:

Está ciente e confere autorização a Murilo Mafra e Raphael Inoue o direito de usar o texto

presente no arquivo anexo fixado na obra discriminada como o conteúdo de uma publicação, um dos

produtos finais de seu Trabalho de Conclusão de Curso.

62 Sendo assim, ficam os autores da publicação isentos de responder pelos direitos autorais de

quem captou seu depoimento, sempre que a fixação desta tenha sido especialmente feita para os fins

desta autorização.

Nesse mesmo e-mail foi solicitado aos entrevistados uma foto e um currículo

com, no máximo, 400 caracteres.

A edição das entrevistas foi necessária pela grande quantidade de

informações coletadas. Tendo sempre como foco a resposta das perguntas do

roteiro, a edição preocupou-se em deixar de lado respostas que pudessem parecer

fora do tema. Além disso, buscou aproveitar o máximo de informações possíveis

para agregar ao modelo de plano de negócios, objetivo desse trabalho.

Essas respostas, que podem ser encontradas nos anexos de A a U, depois

de editadas, foram analisadas para compor a publicação, melhor explanada a seguir.

3.2 PUBLICAÇÃO

Entre Setembro de 2011 e Março de 2012 foram entrevistados 20

profissionais da área de design associados à ProDesign>PR.

O resultado disso são mais de 1000 minutos de gravações em 16 entrevistas

realizadas pessoalmente, uma por telefone e três por e-mail.

3.2.1 Dados Das Respostas

Pôde-se observar que 80% dos entrevistados estão ligados com a área de

design gráfico, 65% atualmente são sócios de uma empresa de design, 55%

passaram pela experiência de abrir um escritório e 20% hoje são professores.

Formados entre 1984 e 2008, os entrevistados contaram experiências

marcantes sobre suas trajetórias profissionais seguindo o roteiro de entrevista já

comentado.

As respostas foram colocadas em uma planilha, sendo classificadas por meio

de tags. Essas tags foram definidas por palavras palavras-chaves que apareceram

nas respostas, representado na Figura 35.

63

Figura 35 - Exemplos de tags utilizadas para classificação das respostas Fonte: Autoria Própria, 2012.

Cada resposta recebeu tags que se enquadravam em seu relato, por

exemplo: Túlio Filho comentou de uma situação onde um material foi enviado

incorretamente para o cliente, gerando problemas. Esse relato recebeu as tags

“Design gráfico”, pois se tratava de um material impresso, “Falha de revisão”, “Erros

Internos” e “Desrespeito à metodologia”, já que o entrevistado admitiu ter sido uma

falha do escritório a não revisão do documento.

As tags foram, então, agrupadas em quatro categorias e a resposta que

possuía tags de determinada categoria, também era incluso nela. Continuando o

exemplo anterior, as tags que classificaram a resposta de Túlio Filho pertencem à

categoria “Processos de Design”, portanto sua resposta foi ligada a essa categoria

também. A Figura 36 ilustra esse processo.

64

Figura 36 - Exemplo de processo de categorização das respostas Fonte: Autoria Própria, 2012.

Esse processo se repetiu com cada entrevistado nas 4 perguntas principais,

que indagavam sobre experiências boas e ruins, soluções de problemas e atributos

relacionados à solução.

A primeira pergunta analisada é a que questiona sobre uma situação

problemática pela qual o profissional já passou. Essa pergunta contou com a

resposta de 20 entrevistados, porém um deles preferiu não contar uma situação,

mantendo sua resposta apenas em termos genéricos, não podendo ser analisada

com as demais.

As 19 outras respostas foram agrupadas em 4 categorias distintas, o que não

impede que uma situação relatada não encaixe-se em mais de uma categoria

simultaneamente.

As tags utilizadas nessa pergunta foram “problemas relacionados a”:

Briefing, Calote, Concorrência, Contrato, Dinheiro, Especificações Do Projeto,

Falta de conhecimento técnico, Falha de revisão, Ferramentas, Fornecedor, Design

Gráfico, Impostos, Imprevistos, Inexperiência, Erros Internos, Desrespeito à

metodologia, Não relacionado a design, Orçamento, Parceiros, Patente, Pesquisa,

Prazo, Design de produto, Processo legal e Falta de profissionalismo.

E as categorias são divididas em problemas relacionados a:

65

● Processos de design: formada pelas tags: Especificações do projeto, Falta

de conhecimento técnico, Falta de revisão, Ferramentas, Design gráfico,

Inexperiência, Erros internos, Desrespeito a metodologia, Orçamento,

Pesquisa, Prazo, Design de produto, Processo, Falta de profissionalismo.

● Fornecedores: formada pelas tags: Falha de revisão, Fornecedor, Prazo,

Parceiros.

● Questões legais: formada pelas tags: Orçamento, Falta de profissionalismo,

Briefing, Calote, Contrato, Dinheiro, Impostos, Patente.

● Questões fora do design: com as tags: Dinheiro, Concorrência, Imprevistos,

Não relacionado a design.

Se a resposta encontra-se na primeira categoria - “Processos de Design” -

significa que o designer se deparou com especificações do projeto atípicas, teve

problemas com conhecimento técnico, com ferramentas ou novos materiais. Ou seja,

o designer encontrou o problema enquanto estava na etapa projetual. Essa

categoria também engloba problemas com a gestão de design, prazo e briefing.

Todos esses problemas têm em comum a característica de serem problemas

internos, que são controlados apenas pelos designers envolvidos. Essa categoria

esteve ligada a 52% das situações contadas pelos entrevistados. Dessas situações

70% foram problemas solucionados, enquanto 30% não foram bem sucedidos em

sua resolução.

A terceira categoria, relacionado a “Fornecedores”, engloba situações

relacionadas com problemas de prazo ou qualidade ligado a fornecedores. Das 19

situações relatadas, 26% se ligaram a esse grupo, dessas 40% foram bem

sucedidas em seu processo de solução.

Já o terceiro grupo, de “Questões Legais”, trata de situações que trazem

problemas com patente, contrato, imposto e calotes que poderiam ser evitados com

processos legais. Representa 31% do total das respostas, com o problema

solucionado em 34% das vezes que foi citado.

E o último grupo de respostas, relacionadas a problemas com “Questões Fora

do Design”, são de problemas que fogem da competência do designer, devendo ser

resolvidas por agentes de outras áreas. Visto em 21% das respostas, possui uma

taxa de 50% de sucesso em sua resolução.

Cada entrevistado teve seu nome ligado ao grupo ao qual sua resposta a

essa pergunta pertence, conforme a Figura 37.

66

Figura 37 - Diagrama de respostas para a pergunta sobre problema Fonte: Autoria Própria, 2012.

Apesar de poder parecer um emaranhado quase caótico de ligações, o

diagrama fornece informações gerais sobre as respostas. As circunferências azuis

ou vermelhas ao lado dos nomes indicam se o problema foi solucionado ou não

respectivamente, sendo assim pode-se ver a taxa de sucesso na solução alcançou a

marca de 57% (11 dos 19 relatos). Ao se contar o número de ligações que cada

grupo percebe-se que das 19 situações relatadas, 10 se relacionaram com a

classificação de problema relacionado ao processo de design, 5 a fornecedores, 6 a

questões legais e 4 sendo fora do campo de design. Pode-se observar também que

nenhuma das categorias se apresentou apenas com respostas bem sucedidas ou

mal sucedidas. Porém problemas relacionados a questões legais levantam

preocupações pertinentes, já que apresentou a maior taxa de insucesso, 66

A seguir a mesma análise foi feita tendo como base as respostas para a

próxima questão do roteiro, que indagava se a situação comentada anteriormente

havia sido solucionada. Caso a resposta fosse positiva, o entrevistado era

questionado sobre o processo de solução, caso a resposta fosse negativa, ele era

67

incentivado a comentar sobre como poderia ter sido solucionada ou ao menos

evitada.

Assim como no caso anterior, as respostas dessa pergunta foram dividas em

quatro categorias por meio de tags, nesse caso, apesar das respostas poderem se

encaixar em mais de uma categoria, nenhuma esteve relacionada a mais de um

grupo. Que são:

● Pesquisa: formada pelas tags: Argumentação, Foco no Mercado,

Metodologia, Pesquisa e Processo.

● Gestão: formada pelas tags: Metodologia, Processo, Briefing, Gestão do

Projeto e Gestão da equipe.

● Parceiros: formada pelas tags: Gestão do Projeto, Fornecedores,

Networking, Parceiros e Relação com o Cliente.

● Contrato: formada pelas tags: Fornecedores, Relação com o Cliente,

Briefing, Contrato, Outras áreas, Profissionalismo.

Sobre a primeira categoria: Pesquisa

Contém respostas que afirmam que o problema foi solucionado com um bom

entendimento do briefing, pesquisa em áreas diferentes do design e/ou com boa

argumentação sobre o projeto. Nessa categoria encaixam-se 31% das respostas,

sendo todas relacionadas a problemas resolvidos. A figura 38 mostra isso.

Sobre a segunda categoria: Gestão

Que abrange respostas que consideram que o problema foi ou seria resolvido

por meio de respeito a cronograma e metodologia interna da empresa. Esse grupo

contou com 21% das respostas sendo relacionado a um problema resolvido em 50%

das respostas.

Sobre a terceira categoria: Parceiros

Quando a resposta comentava que o problema só foi resolvido graças a

parceiros flexíveis, conhecimento do trabalho dos fornecedores e noção sobre

quando o designer deveria terceirizar o trabalho, então a resposta era ligada a essa

categoria. Assim, 26% das respostas encontram-se nesse grupo sendo 40% ligadas

a casos mal sucedidos.

Sobre a quarta categoria: Contrato

68

Sendo todas as respostas que diziam que o problema poderia ter sido

resolvido caso um bom contrato tivesse sido redigido.

Figura 38 - Diagrama de respostas para a pergunta sobre solução Fonte: Autoria Própria, 2012.

Sobre isso observa-se que 100% das respostas que dizem respeito a contrato

tem relação com casos sem solução e todos os relatos que dizem respeito à

pesquisa são de casos solucionados.

Os dados exibidos a seguir são produto das respostas à próxima pergunta,

que descrevia os atributos necessários para se chegar a solução dos problemas que

os profissionais enfrentaram.

Essa pergunta não foi feita aos entrevistados que contaram experiências que

não foram solucionadas. Portanto, conta com 11 respostas que foram também

dividas em quatro categorias:

Conhecimento de Design: formada pelas tags Briefing, Estudo, Pesquisa,

Processo, Conhecimento do Processo, Curiosidade, Estudar,

Multidisciplinaridade.

Noção dos limites do design: formada pelas tags Curiosidade, Pesquisas

em áreas fora do design, pró-atividade, Multidisciplinaridade.

69

Argumentação: formada pelas tags Briefing, Defesa embasada, Flexibilidade

Parceiros: formada pelas tags Trabalho Cooperativo, Networking.

Ou seja, se uma resposta foi ligada a categoria de “Conhecimentos de

Design”, significa que os atributos que o entrevistado julgou importante para a

solução foram aplicação de princípios de design, pesquisas dentro do design ou

aplicação de conhecimentos de processo de produção. Representa 45% das

respostas. A Figura 39 ilustra essa relação.

Enquanto a primeira categoria diz respeito à formação do designer, a

segunda é sobre a “Noção dos Limites do Design”, portanto respostas ligadas a esse

grupo são de situações onde o designer entendeu o briefing feito com o cliente e

julgou que deveria repassar o trabalho a um profissional de outra área ou que o

designer precisou aplicar diretamente conhecimentos de outras áreas. Apenas 20%

dos entrevistados encaixou sua resposta nesse campo.

Já a categoria de “Argumentação”, agrupa respostas onde o entrevistado

citou boa argumentação e convencimento do cliente como atributos cruciais para a

solução. E a última categoria trata de situações ligadas a networking e auxílio de

parceiros durante o processo. Os dois últimos grupos englobaram 30% das

respostas cada.

70

Figura 39 - Diagrama de respostas para a pergunta sobre atributos Fonte: Autoria Própria, 2012.

Na questão que pedia ao entrevistado um exemplo de experiência que

considerava boa, três entrevistados deixaram de responder essa pergunta, portanto

aqui são analisadas 17 respostas. Assim como as questões anteriores, elas também

foram dividas em quatro categorias.

Gestão: nesse grupo estão as experiências que o entrevistado colocou que a

situação só foi positiva graças a atuação de um bom gestor de projeto e/ou a

condução do projeto. (6/15) das respostas. Ou seja, das 15 respostas, 6 se

enquadravam nesse grupo.

Oportunidade: essa categoria agrupa boas experiências relacionadas a

projetos que não foram pedidos pelo cliente, mas sim uma necessidade

descoberta pelo designer. Nesse grupo também se encontram respostas

sobre concursos e oportunidades inesperadas. 7/17 das respostas

encontram-se nessa categoria. Ou seja, das 17 respostas, 7 se enquadravam

nesse grupo.

71

Briefing: Respostas relacionadas a interesses específicos de determinado

cliente. 20% das respostas se encaixaram nesse grupo.

Trabalho Colaborativo: Situações que se tornaram boas graças à inclusão

direta do cliente no processo ou ao trabalho feito com a equipe do cliente

incluem-se nessa categoria. 5/17 das respostas.

Observou-se que as respostas sobre a pergunta de boa experiência é

bastante equilibrada quanto ao número de casos relacionados ao design gráfico e ao

design de produto, 8 e 5 respectivamente. Assim como 2 casos que podem se

encaixar nas duas categorias.

Todas as informações até aqui apresentadas sobre as respostas da

publicação compuseram-se de dados numéricos, sem qualquer interpretação. No

tópico a seguir são apresentadas relações entre as respostas e possíveis

interpretações, a fim de se aproveitar boas lições cedidas pelos entrevistados.

3.2.2 Considerações Sobre As Respostas

Depois de separadas em categorias, julgou-se apropriado conhecer o

“caminho” do problema, ou seja, conhecer a relação entre área que originara o

problema, qual resolveu o problema e quais os atributos ligados a essa resolução,

segundo a resposta de cada entrevistado.

Para tal análise elaborou-se um diagrama contendo o nome de todos os

entrevistados. A cada um desses nomes foi designado uma cor diferente. Por meio

dessa cor foram então ligados a uma das quatro categorias de problemas, segundo

o relato dado durante a entrevista. Essas categorias foram explicadas no capítulo

anterior. Nesse mesmo diagrama foi incluído solução e atributos relacionados pelos

entrevistados. O desenho formado pelo diagrama mostra que há uma relação

bastante forte entre as categorias. Segue na Figura 40.

72

Figura 40 - Diagrama de relação entre as respostas Fonte: Autoria Própria, 2012.

Infere-se então que problemas relacionados ao processo de design podem

ser resolvidos por pesquisa na área ou com o auxílio de parceiros. Isso fornece

pistas importantes de planejamento para o modelo do plano de negócios.

Outro fato que pode-se observar é a ligação entre os fornecedores e

parceiros. Segundo os relatos dos entrevistados, essa ligação se dá de dois modos:

A origem da situação problema pode se originar na relação com o fornecedor ou

este fornecedor pode ser um parceiro do escritório de design e se torna a solução do

problema. Dos dois modos os entrevistados concordam que para lidar com esse tipo

de situação, o designer deve investir no seu bom contato com steakeholders.

Também é interessante notar que os problemas cujas soluções seriam com a

elaboração de um bom contrato não seguem caminho para a classe de “atributos

para solução” por justamente não possuírem solução. Isso leva a conclusão de que

problemas de ordem legal dificilmente são resolvidos, sendo então importante a

prevenção desse tipo de situação. Ponto essencial no planejamento de negócios da

empresa, que será descrito no próximo capítulo.

Sobre as categorias, percebe-se que metade das situações contadas como

problemas estão relacionadas ao “Processo de Design”, mas que apesar de ser a

mais relatada como problema, também é a que possui a maior taxa de resolução.

Ou seja, mesmo sendo frequente, é totalmente passível de solução e na maioria das

vezes essa solução se deu por conhecimentos que o designer adquire na faculdade

73

ou em atualizações por meio de pesquisas. Esse ponto também é levado ao modelo

de plano de negócios proposto por esse Trabalho de graduação.

Outra conclusão retirada das entrevistas que influi diretamente nesse modelo

é a amostra de respostas que se referem à consciência do designer em conhecer os

seus limites de atuação profissional. Interessante notar que, das situações relatadas,

nenhum problema que estava fora do design foi simples e totalmente entregue a

outro profissional, mas sim um profissional de outra área foi trazido para trabalhar

juntamente com os designers, que assumiram a gestão do projeto. Isso mostra que

casos de sucesso se dão por meio de trabalho conjunto e multidisciplinar.

Outras lições são tiradas de cada categoria e respostas dos entrevistados.

Essas lições são citadas e ligadas a pontos de um modelo de Plano de Negócio para

que o interessado em abrir um pequeno escritório de design possa estar atento a

dicas e pontos críticos do planejamento. Esse modelo é exibido a seguir.

3.3 MODELO DE PLANO DE NEGÓCIOS PARA PEQUENAS EMPRESAS DE

DESIGN

O tópico a seguir demonstrará um plano de negócios genérico apresentado

Dornelas (2001). Em alguns tópicos que fazem parte desse plano de negócios,

colocaram-se algumas observações de alguns pontos que foram retiradas das

entrevistas realizadas com profissionais de design. As observações foram feitas

baseadas em erros, soluções, atributos e boas experiências relatadas pelos

designers entrevistados. Alguns tópicos não foram explanados porque não havia

observações a fazer de acordo com a pesquisa.

Sobre Capa, Sumário e Sumário executivo não há considerações a

acrescentar. Seguem as considerações para os tópicos seguintes:

3.3.1 Descrição Da Empresa

Equipe gerencial: Dornelas (2001) cita que o tópico relacionado à equipe

gerencial é um dos que mais interessam aos investidores, com a justificativa

que se a equipe gerencial não é qualificada nem possui experiência

comprovada, dificilmente o negócio sairá do papel. E Shaughnessy (2010)

afirma que cada um dos responsáveis pela empresa deve ser

responsabilizado por diferentes áreas dentro da empresa. Portanto, a equipe

74

gerencial deve possuir membros qualificados em diferentes áreas, conforme o

Quadro 2.

DICA JUSTIFICATIVA

Inclusão de um

profissional de

Atendimento

Após a análise das situações relatadas nas entrevistas, aconselha-se que a

empresa de design tenha um membro especializado e responsável pelo

atendimento. O atendimento é responsável pelo contato com o cliente, que fará

o briefing junto ao cliente, ou seja, tem uma grande responsabilidade, afinal o

documento redigido por ele e repassado ao responsável pelo desenvolvimento

do projeto precisa estar muito bem escrito a fim de evitar más interpretações

que resultem em um projeto diferente do solicitado.

Inclusão de um

profissional de

Gestão

O trabalho de um gestor é importante dentro de uma empresa de design que

deseja honrar com seus compromissos e ser reconhecida no mercado por sua

organização e administração. O gestor trabalha com cronograma para fazer

com que os projetos saiam dentro dos prazos estipulados, e isso implica em

uma boa condução do projeto.

Inclusão de um

profissional de

Pesquisa

É provável que uma equipe gerencial de uma empresa de design será formada

predominantemente por designers. Porém, essa equipe pode possuir algumas

qualidades para funcionar de uma melhor forma.

É aconselhável que esses membros tenham domínio e conhecimento

qualificado sobre ferramentas, técnicas, aplicação dos princípios de design e

processo de produção. Esses são conselhos que provêm das qualidades mais

citadas pelos entrevistados durante a pesquisa realizada por esse trabalho.

Outros pontos que são interessantes que os membros da equipe gerencial

tenham é o conhecimento sobre novos materiais, informação que pode ser

adquirida por meio de estudos e atualizações frequentes para a busca por

novas soluções para os problemas trazidos pelos clientes. E, além disso, a

multidisciplinaridade pode ser bastante importante para a resolução de

problemas que exijam conhecimentos além do design.

Quadro 2 – Dicas para um plano de negócios em “equipe gerencial” Fonte: Autoria Própria, 2012.

Manutenção de registros: Dornelas (2001) comenta que nesse tópico

específico do plano de negócios deve se atentar, principalmente, à parte

contábil de uma empresa. Porém, isso não significa que apenas a

contabilidade deve fazer parte dos registros de uma empresa, mas vários

75

outros itens (documentos) merecem registro, como demonstrado no Quadro

3.

DICA JUSTIFICATIVA

Briefing O briefing é um documento importante que merece registro por ser um roteiro do serviço,

que tem as especificações do projeto a ser desenvolvido pela empresa de design. Esse

documento merece registro por ser uma espécie de contrato entre as partes (empresa de

design e cliente), ou seja, ele registra para ambos o que foi solicitado pelo cliente, e o

que foi prometido pelo atendimento da empresa de design. É bastante válido alertar a

empresa de design que o documento tenha duas vias de igual teor com assinatura de

ambos nas duas cópias. Portanto, mostra-se vantajoso possuir um modelo de briefing

pronto ao atender clientes.

Contrato O contrato é outro documento que merece ser mantido nos registros da empresa, assim

como o briefing, é imprescindível que possua duas vias de igual teor com a assinatura de

ambos em ambas as cópias, além de ter registro em cartório para que tenha valor legal.

O contrato é importante para que exista um comum acordo entre contratado e

contratante a respeito de prazo, pagamentos, restrições e obrigatoriedades de cada uma

das partes. A dica é ter um contrato genérico para que esse seja adaptado conforme as

necessidades de cada cliente.

Pesquisa A pesquisa deve ser mantida nos registros de uma empresa de design, pois por muitas

vezes ela é o embasamento e argumento para convencer o cliente do resultado final do

projeto de design. Além de poder ser utilizado como uma referência para projetos

futuros.

Quadro 3 – Dicas para um plano de negócios em “manutenção de registros” Fonte: Autoria Própria, 2012.

Seguro: Dornelas (2001, p. 134) afirma que "precaver-se é a melhor forma de

evitar surpresas desagradáveis e imprevistos". Portanto, a empresa de design

deve considerar todas as formas de se precaver junto a clientes, fornecedores

etc. Neste tópico, serão abordados quais itens merecem uma atenção

especial na questão de seguro e o porquê. O Quadro 4 apresenta estas dicas.

DICA JUSTIFICATIVA

Briefing O briefing é uma forma de contrato, segundo Kiss (2005). Ela defende que a parte

contratante (cliente) e parte contratada (empresa de design) deve ter conhecimento

dos objetivos do outro. E por ser uma espécie de contrato, o briefing é uma maneira de

76

seguro da empresa para que ela prove ao cliente que o que foi pedido por ele, e

prometido pela empresa, foi desenvolvido.

Fornecedor Quando se trata de empresas terceiras em relação ao processo de produção, a

questão do seguro deve ser considerada ainda mais. Uma forma de se assegurar em

relação ao fornecedor é ter conhecimento a respeito do seu trabalho (seja pela tabela

citada anteriormente ou por indicação de outros), trabalhar com contrato para que tudo

o que foi prometido seja cumprido.

Patente Em alguns projetos desenvolvidos por uma empresa de design, será necessário

apresentar ao cliente algumas alternativas até a aprovação do resultado final. Então

para evitar que o cliente utilize algumas dessas alternativas, é válido colocar essa

questão em contrato para que o negócio mantenha-se justo. Mas, lembre-se das dicas

colocadas em relação a contratos.

Imposto Assegure-se de que a sua empresa está em dias com os impostos e tarifas tributárias

existentes. Porém, isso não costuma ser algo pertinente a um profissional de design, a

não ser que este demonstre interesse pela questão colocada. Portanto, o ideal é a

empresa de design trabalhar com uma Assessoria Contábil para essas questões.

Contrato O contrato é um documento de valor legal que já foi citado como forma da empresa se

segurar em vários quesitos.

Quadro 4 – Dicas para um plano de negócios em “seguro” Fonte: Autoria Própria, 2012.

Terceiros: os terceiros são as empresas e/ou pessoas que são consideradas

necessárias ao novo empreendimento. Portanto, neste tópico serão citados

quais tipos de terceiros podem ser úteis para a formação de uma empresa de

design e o porquê. Esses terceiros importantes são apresentados no Quadro

5.

DICA JUSTIFICATIVA

Assessoria

Contábil

Contar com uma Assessoria Contábil, segundo o resultado das entrevistas realizadas

durante a pesquisa, pode ser bastante vantajoso para a empresa de design,

principalmente para a sua equipe gerencial, visto que esses não precisarão

preocupar-se com a contabilidade da empresa, nem com a questão de impostos e

tarifas tributárias, afinal, tudo isso fica a cargo da empresa de Contabilidade.

Logicamente, que é fundamental que os membros da equipe gerencial acompanhem

77

esses dados para certificar-se do que está sendo feito.

Assessoria

Jurídica

A Assessoria Jurídica é importante para a empresa de design por cuidar das

questões legais, principalmente contratos. Como foi visto anteriormente, a maioria

das dicas sobre questões legais tem relação com contratos. E é primordial que esses

contratos sejam redigidos e acompanhados por alguém que tenha conhecimentos

jurídicos.

Quadro 5 – Dicas para um plano de negócios em “terceiros” Fonte: Autoria Própria, 2012.

Parceiros estratégicos: Dornelas (2001) afirma que este tópico pode ser

estrategicamente, o principal. Isso se deve porque fornecedores, terceiros ou

clientes podem ser fortes parceiros para conquistar algo grandioso,

mercadologicamente falando. Então, neste tópico serão listados parceiros

estratégicos que podem contribuir para o crescimento da empresa de design,

e os motivos para se fazer parcerias como essas. Veja no Quadro 6.

DICA JUSTIFICATIVA

Marketing Grande parte dos cursos de design possuem uma ou outra matéria relacionado a

marketing, mas isso não significa que o designer formado saberá como lidar com

essa questão, mas terá as noções básicas de funcionamento. Porém, o marketing

é importante para que a empresa ganhe reconhecimento no mercado, então se a

empresa de design puder contar com a ajuda de um profissional desta área

poderá ser interessante e de grande valia.

Administração Toda e qualquer empresa precisa ser bem administrada, senão, por melhor que

seja a ideia, produto ou serviço comercializado, a empresa não resistirá à

competição do mercado. Sendo assim, a presença de um administrador deve ser

considerada, visto que este profissional possui conhecimento de como manter a

sua empresa bem organizada e administrada, a fim de manter-se no mercado e

conquistar o seu público pelo serviço, produto ou ideia diferenciada que se vende.

Parceiros

flexíveis

Os parceiros flexíveis podem ser bastante importantes para o crescimento da

empresa a partir do momento em que estes ajudam e permitem esse crescimento.

Os parceiros, quando flexíveis permitem uma gama maior de opções para a

resolução de problemas ou busca por soluções para o desenvolvimento dos

projetos.

Clientes A inclusão de clientes no processo de produção e desenvolvimento do serviço

pode ser uma estratégia muito boa para tornar o seu cliente um parceiro

78

estratégico, visto que o cliente pode verificar como é feito o trabalho da empresa

de design e divulgar a seus próximos. O cliente que está ciente do processo

também se torna mais propenso a aprovar o trabalho pois entende as justificativas

do processo com mais facilidade.

Quadro 6 – Dicas para um plano de negócios em “parceiros estratégicos” Fonte: Autoria Própria, 2012.

3.3.2 Produtos E Serviços

Neste tópico, o empreendedor deve apresentar de maneira bastante

detalhada todos os segmentos de mercado aos quais são dedicados os produtos e

serviços fornecidos pela empresa. E é neste momento que é preciso explicitar em

quais aspectos os produtos e serviços são diferentes dos das empresas

concorrentes. Neste tópico serão apresentados serviços diferenciados que as

empresas de design podem oferecer. Observe o Quadro 7.

DICA JUSTIFICATIVA

Atendimento O atendimento pode ser oferecido como um serviço de design visto que é essencial

para o desenvolvimento de um bom projeto.

Fornecedor O trabalho com fornecedores pode ser um serviço oferecido pela empresa de

design, visto que a empresa deve ter mais conhecimento do que o cliente quanto às

questões necessárias para o bom resultado do projeto.

Gestão A gestão não necessariamente é um serviço que pode ser comercializado pela

empresa de design, mas é um serviço que se mostra vantajoso de ser aplicado pela

empresa nos seus processos de produção para um controle de cronograma, ou seja,

para que os projetos saiam dentro dos prazos estipulados.

Design Nada mais lógico do que uma empresa de design vender serviços relacionados a

design, ou seja, usar todos os conhecimentos adquiridos ao longo do tempo e

aplicá-los no processo de produção e desenvolvimento dos próprios projetos.

Quadro 7 – Dicas para um plano de negócios em “produtos e serviços” Fonte: Autoria Própria, 2012.

3.3.3Mercado E Competidores

Análise do setor

o Fornecedores: Para se fazer uma boa análise de prováveis

fornecedores, é preciso atentar-se para alguns itens principais a fim de

evitar problemas com os mesmos. Neste tópico, serão listados alguns

79

itens aos quais as empresas de design precisam estar atentas antes

da contratação dos fornecedores, como ilustra o Quadro 8.

DICA JUSTIFICATIVA

Material O trabalho com fornecedores exige grande atenção, principalmente quanto ao

material. É preciso certificar-se que o material vendido é o mesmo utilizado para

confecção deste ou daquele produto. Para evitar surpresas, é interessante pedir

uma amostra do material para ter certeza de que é o que se precisa, além de

trabalhar com um contrato para que o fornecedor cumpra com o prometido.

Prazo de

entrega

Por muitas vezes, o trabalho do fornecedor, contratado pela empresa de design, é

apenas uma parte do processo de produção do desenvolvimento de serviço da

empresa de design. Portanto, é primordial que o prazo de entrega do produto e/ou

serviço do fornecedor seja compatível com o prazo de entrega do serviço

prestado pela empresa ao seu cliente.

Tabela de

fornecedores

Uma dica bastante interessante que pode ser utilizada pelas empresas de design

é criar uma planilha com dados relevantes dos fornecedores, cabendo ao

empreendedor a melhor forma de organizar e fazer essa tabela. Essa planilha

pode contar dados como: nome da empresa ou pessoa, contato, e-mail, telefone,

site, endereço, cidade, características, produtos e/ou serviços oferecidos, preço,

prazo de entrega, condições de pagamentos, pontos positivos, pontos negativos

etc.

Quadro 8 – Dicas para um plano de negócios em “fornecedores” Fonte: Autoria Própria, 2012.

3.3.4Marketing E Vendas

Propaganda (Comunicação): A propaganda é qualquer forma de

apresentação não pessoal de ideias, produtos ou serviços. Várias mídias

podem ser veículos pelas quais as propagandas chegarão ao consumidor,

sendo que cada um apresenta suas vantagens e desvantagens. O Quadro 9

demonstra isso.

DICA JUSTIFICATIVA

Boca a

boca

Apesar das muitas mídias existentes para fazer a propaganda chegar ao consumidor, a

propaganda boca a boca ainda tem muito crédito, pois a confiança que as pessoas têm

nas outras fazem com que a indicação ganhe ainda mais força.

Quadro 9 – Dicas para um plano de negócios em “propaganda” Fonte: Autoria Própria, 2012.

80 Todas essas informações apresentadas sobre o plano de negócios, conselhos e entrevistas com os profissionais estarão disponíveis para consulta online. Sobre o website que abrigará esse conteúdo é apresentado a seguir.

3.4 PUBLICAÇÃO

O site que contém o resultado completo do trabalho encontra-se em

www.experienciascompartilhadas.com.br e seu detalhamento é apresentado nas

próximas seções.

3.4.1 Conceito

A publicação, além de ser baseada nos relatos obtidos por meio das

entrevistas, baseia-se em três vídeos.

O primeiro da "Acción contra el Hambre" - organização internacional

humanitária e independente - que divulgou um vídeo no YouTube

(http://bit.ly/ILG5wi). No vídeo, duas crianças que não se conheciam eram colocadas

lado a lado para uma refeição, mas, de maneira proposital, apenas uma delas tinha

comida. E a reação natural da criança que tinha comida foi a de dividir com a outra

criança que não tinha ganho nada. Ou seja, as duas crianças se alimentavam e

criavam um vínculo entre si que as fortalecia. Analogicamente, elas compartilhavam

o que tinham com as outras.

O segundo (http://bit.ly/ILGf6X) mostrou como as abelhas japonesas fazem

para defender-se de um ataque de vespas, que são maiores e mais rápidas, porém

em menor número. O vídeo mostrou que as abelhas atraem as vespas para dentro

de suas colméias, e as atacavam empilhando-se sobre o predador. Com o

movimento de suas asas e a grande quantidade em que se encontravam, as abelhas

produziam um calor de 45º, temperatura que a vespa não suporta e morre. E as

abelhas, que suportam até 48º, saiam irritadas, mas vivas e com a missão cumprida

devido a um trabalho coletivo e colaborativo.

Já o terceiro vídeo (http://bit.ly/ILGkrp) apresentou como as tagarelas,

pássaros do deserto, sobrevivem no local onde moram. Quando filhotes, os

pássaros passam muito tempo brincando no chão, ficando vulneráveis ao ataque de

seu principal predador, a cobra. Para evitar que o predador ataque, um pássaro fica

no alto das árvores e quando avista a cobra, ele começa a piar, fazendo com que os

outros pássaros piem, colocando todos os demais em alerta e espantando a cobra.

Ou seja, as tagarelas possuem conhecimento e dividem isso com as demais.

81

Decidiu-se, então, aplicar essas ideias no mercado de design juntando a

experiência de 20 profissionais dispostos a dividir, pois eram cientes de que o

mercado se fortaleceria com o compartilhamento dessas experiências. Com estes

relatos, desenvolveu-se um plano de negócios genérico que contém dicas aos

designers que pretendem abrir seus próprios escritórios. Esse documento não é a

garantia de sucesso da empresa, mas é uma forma de alertar sobre situações ruins

para o empreendimento.

Observando atentamente a todo esse processo, tem-se um ciclo fechado que

vai ao encontro com o objetivo de fortalecimento do mercado onde: os profissionais

compartilharam suas experiências com dois acadêmicos de design; estes por sua

vez dividiram esses relatos com os demais estudantes do curso; e estes últimos, por

sua vez, criam empreendimentos mais atentos a problemas do mercado de design.

Com isso, o mercado fica mais fortalecido, beneficiando os profissionais que

iniciaram esse ciclo, conforme demonstra a Figura 41.

Figura 41 - Ciclo que demonstra o fortalecimento do mercado de design Fonte: Autoria Própria, 2012.

3.4.2 Memorial Descritivo

Dentro do site, algumas cores tiveram signifcado específico e trabalhado para

agregar ao conceito:

VERMELHO: essa cor será utilizada para destacar pontos importantes do relato das

experiências negativas dos profissionais por ser uma cor que aumenta a atenção e

sugere perigo.

82

VERDE: essa matiz será usada quando for preciso destacar pontos relevantes das

experiências positivas dos designers, afinal, é uma cor que remete à esperança

sugerindo crescimento e adaptabilidade.

AZUL: por transmitir confiança e verdade será utilizada para destacar os aspectos

significativos das dicas que os profissionais dão durante as entrevistas.

Além das cores, também foram selecionadas fontes para a composição do

site que trará toda a publicação com os relatos dos profissionais e o modelo do

plano de negócios genérico. São utilizadas duas fontes distintas:

● Título: o título estará no cabeçalho (header) do site e, assim sendo, poderá

ser uma imagem. Portanto, a fonte utilizada será a Museo (e suas variações

300, 500, 700) porque ela possui serifa e passa a impressão de união, pelo

fato de deixar as letras mais próximas, fazendo analogia à proximidade e

fortalecimento do mercado de design. A Fonte Museo é mostrada na Figura

42.

Figura 42 - Fonte Museo (300, 500, 700) Fonte: Autoria Própria, 2012.

● Corpo de texto: o corpo do texto, segundo Jakob Nielsen (2000 apud

Andrade, 2010) é mais legível, em um ambiente online, quando a fonte que o

compõe é sem serifa. Portanto, a fonte utilizada para os textos será a

Helvetica (e suas variações negrito, itálico, negrito itálico), que além de

possuir boa legibilidade é uma das fontes seguras para uso de web, conforme

a Figura 43.

83

Figura 43 - Fonte Helvetica (Regular, Bold, Italic, Bold Italic) Fonte: Autoria Própria, 2012.

Além disso, baseado na pesquisa do Stat Counter que demonstra que mais de 87% dos

computadores são utilizados com resolução igual ou maior a 1024px de largura, o site da

publicação terá 1024px de largura com altura variável. O que comporta o conteúdo do site

(www.experienciascompartilhadas.com.br) que é composto pelas páginas a seguir.

● Home page: a página inicial do site será aleatória, ou seja, o usuário poderá

encontrar, ao abri-lo três homes diferentes (Figuras 44 a 46). Isso acontecerá

porque, como descrito no conceito desta publicação, são três histórias

diferentes que quando analisadas e adaptadas ao mercado de design fecham

um ciclo. Ou seja, cada uma das páginas iniciais diferentes corresponderá a

uma das histórias, onde cada uma terá uma identidade visual adaptada a esta

história. A página terá uma marca cambiante e será acompanhada por três

frases curtas que definem, sucintamente, o vídeo da história relacionada, e

serão acompanhadas por uma frase, também curta, que definirá a relação

entre a história e o mercado de design.

84

Figura 44 – Prévia da home page da publicação (versão 1) Fonte: Autoria Própria, 2012.

85

Figura 45 – Prévia da home page da publicação (versão 2) Fonte: Autoria Própria, 2012.

86

Figura 46 – Prévia da home page da publicação (versão 3) Fonte: Autoria Própria, 2012.

● Conceito: essa página será essencial por ser um complemento à página

inicial. Diferentemente da home que conterá frases curtas para discriminação

do vídeo, esta página (Figura 47) conterá todo o conceito acompanhado do

vídeo para melhor visualização e entendimento da história. Além disso, um

pequeno texto será disponibilizado explicando qual a relação entre a história e

o mercado de design.

87

Figura 47 – Prévia da página de conceito da publicação Fonte: Autoria Própria, 2012.

● Entrevistas: serão as páginas (Figura 48) que apresentarão as entrevistas

completa dos profissionais. Esses relatos serão divididos de acordo com o

roteiro de perguntas elaborado para as entrevistas.

Figura 48 – Prévia da página de entrevistas Fonte: Autoria Própria, 2012.

● Plano de negócios: será um documento em .PDF que pode ser visto online,

destinado aos designers que pretendem abrir seus próprios escritórios de

design, pois conterá um modelo de plano de negócios genérico com as dicas

decorrentes das análises dos relatos dos profissionais, conforme exemplifica

a Figura 49.

88

Figura 49 - Prévia da página de plano de negócios Fonte: Os Autores, 2012.

● Quem fez: esta página (Figura 50) mostrará aos leitores, quem são os

envolvidos no desenvolvimento da publicação (autores, entrevistados,

ProDesign>PR).

Figura 50 – Prévia da página de "quem fez" Fonte: Os Autores, 2012.

3.4.3 Divulgação

Dados do IBOPE Nielsen Online (2012) demonstram que, aproximadamente,

80 milhões de brasileiros possuem acesso à internet. Com base nessa quantidade

89

de usuários e na velocidade de divulgação de informações e difusão de notícias,

escolheu-se a internet como meio para fazer a publicação.

Para fazer a divulgação da publicação foram utilizados e-mail's e redes

sociais, além de contar com a tradicional divulgação boca a boca. E, além disso,

entrou-se em contato com vários blogs relacionados a design oferecendo esse

conteúdo a eles em troca de divulgação.

90

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término deste trabalho conclusivo de graduação, pôde-se ter um breve

retrato da quantidade de dificuldades que encontram-se no mercado profissional de

design. Tal observação deu-se mediante a análise das 20 entrevistas concedidas

pelos profissionais associados à ProDesign>PR. Sem essa ajuda dos associados,

seriam encontradas dificuldades em conseguir profissionais com abertura para

colaboração no projeto.

Baseado nessa impressão de mercado extraiu-se algumas conclusões, dicas

e conselhos que foram aplicados no modelo de plano de negócios. Este trabalho não

pretende se apresentar como uma solução para os problemas do mercado de

design, nem tem a ambição de se colocar com um dos passos imprescindíveis para

o sucesso profissional de empreendedores da área. Mas sim, colocar-se como um

exemplo de trabalho coletivo que traz bons resultados para todos os envolvidos e

mais uma fonte de informações para futuros empresários de design.

Contando com informações de um estudo de modelo de plano de negócios

genérico e interpretação das respostas obtidas pelas entrevistas, um modelo focado

em escritórios de design foi desenvolvido. Esse desenvolvimento foi facilitado pela

análise das respostas, que foi realizada focando pontos críticos relacionados aos

tópicos principais do plano de negócios estudado.

Já esta análise apresentou dificuldades quanto à seleção dos conteúdos mais

relevantes para o trabalho, visto que, após as entrevistas, contou-se com uma

grande quantidade de informação. A solução para esse desafio foi a criação de

categorias que auxiliaram na interpretação e organização dos dados, que facilitou o

processo de aplicação das informações no plano de negócios.

Essa organização com os dados também facilitou o trabalho de publicação

dessas informações, distribuída por meio de um website. Com layout desenvolvido

sobre o conceito de compartilhamento e ações em conjunto, encontrou-se

dificuldades pela falta de familiaridade com assuntos relacionados a webdesign, mas

isso foi contornado após pesquisa e compilação de referências, aplicação dos

conceitos coletados e auxílio de terceiros.

Com todos esses conhecimentos disponibilizados pretende-se uma ampla

distribuição aos interessados com o objetivo de ajudá-los a estruturar seus próprios

escritórios com maiores chances de êxito, possibilitando um fortalecimento do

mercado de design.

91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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95

GLOSSÁRIO

Briefing É uma série de referências fornecidas contendo informações

sobre o produto ou objeto a ser trabalhado, seu mercado e

objetivos. O briefing sintetiza os objetivos a serem levados em

conta para o desenvolvimento do trabalho. Muitas vezes o

designer auxilia em sua delimitação.

Cost plus A partir da definição de custos incorridos para a prestação do

serviço, uma porcentagem adicional é acrescentada ao preço

final – o chamado cost plus.

Drop down É um elemento de interface com o usuário similar à uma lista,

que permite que o usuário escolha um valor de uma lista de

opções que "cai para baixo". Quando o menu drop-down está

inativo, ele esconde as opções do menu, economizando espaço

na tela.

Grid É um conjunto específico de relações de alinhamento que

funcionam como guias para a distribuição de elementos num

formato.

Header Cabeçalho de um site

Layout É um esboço mostrando a distribuição física, tamanhos e pesos

de elementos como texto, gráficos ou figuras num determinado

espaço.

Link Link é um "atalho", que pode ser uma palavra ou uma frase que

você usa para sair de uma página direto ao assunto comentado

em outra página.

Pixel O menor elemento num dispositivo de exibição (como por

96

exemplo um monitor), ao qual é possivel atribuir-se uma cor. De

uma forma mais simples, um pixel é o menor ponto que forma

uma imagem digital, sendo que o conjunto de milhares de pixels

formam a imagem inteira.

Screen shot É uma captura de tela que consiste na produção de uma

imagem que reproduz a tela de um computador em um dado

instante.

Stakeholder Designa uma pessoa, grupo ou entidade com legítimos

interesses nas ações e no desempenho de uma organização e

cujas decisões e atuações possam afetar, direta ou

indiretamente, essa outra organização. Estão incluídos

os funcionários, gestores, proprietários, fornecedores, clientes,

credores, Estado (enquanto entidade fiscal e reguladora),

sindicatos e diversas outras pessoas ou entidades que se

relacionam com a empresa.

Tags É uma palavra-chave (relevante) ou termo associado com uma

informação (ex: uma imagem, um artigo, um vídeo) que o

descreve e permite uma classificação da informação baseada

em palavras-chave. Tags ou etiquetas são, usualmente,

escolhidas informalmente e como escolha pessoal do autor ou

criador do item de conteúdo - isto é, não é parte de um esquema

formal de classificação.

97

APÊNDICES

APÊNDICE A - ALEXANDRE ROCHA

Você é formado onde e em que ano? Sou designer gráfico formado pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) em 1995. Em que área do design você atua? Há quanto tempo atua nesta área? A Asa Design tem dez anos de existência, e até uns dois anos atrás eu trabalhava como designer gráfico, mas atualmente me dedico à parte estratégica e de gestão do escritório. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou administrador, uma situação problema que lhe foi marcante? Imagina a situação, você está administrando uma empresa que paga 8% de imposto, e de uma hora para outra perde o enquadramento do simples. Isso aconteceu com a gente em 2007, o que fez com que o imposto passasse de 8% para 17%. E para agravar a situação, pouco tempo depois aconteceu a crise de 2008, em que ficamos um bom tempo sem conseguir vender. Essa experiência foi um problema solucionado? Se sim, qual foi o processo de solução? Na época mais aguda da crise, precisei dispensar uma parte da equipe (de 16 funcionários, ficamos apenas em 8 - número mantido até hoje). Precisei também negociar um parcelamento para pagar os tributos, que não consegui honrar nos momentos mais difíceis, mas que atualmente já estão equacionados. A empresa não possui mais dívidas. Porém, creio que o mais importante para a nossa sobrevivência foi o processo de focalização do negócio, que promovemos nos últimos três anos. Deixamos de atender clientes pequenos com jobs pouco compensadores, principalmente de design gráfico, e voltamos nossas ações comerciais para a indústria moveleira de alta decoração, atendendo com serviços de design gráfico e produto. Isso nos deu uma maior eficiência e, também, consolidou nossa posição neste mercado, onde dentro deste nicho temos clientes nos três estados da região Sul e São Paulo. Quais atributos você julga interessante para chegar à solução em que você chegou? Em primeiro lugar, saber que os trabalhos não chegam a um final. Sempre existe muito ainda para agregar, trabalhar e melhorar. No nosso caso, entra muito a questão da perseverança, afinal passamos por períodos difíceis principalmente com a crise de 2008. Mas não desistimos. Então, acho que o grande atributo é a perseverança e a vontade de fazer as coisas darem certo e trabalhar para isso. Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Há o caso onde atendemos uma empresa moveleira, que estava passando por um momento bem desfavorável e que hoje se encontram em outra situação. Atendemos essa empresa há seis anos, quando ela ainda possuía outro nome e fabricava móveis para beira de piscina. A empresa tinha vários problemas, o nome estava com o registro sendo contestado, concorrentes com produtos iguais geravam uma guerra de preço para sobrevivência, além da questão da sazonalidade de venda, já que eram produtos para piscina que tinham boa saída no verão, mas que no restante do ano sofria com a baixa procura. Nosso trabalho para atendê-los foi uma consultoria para o reposicionamento da marca, que é um trabalho de longo prazo. Na parte de comunicação refizemos a marca, fizemos o site, anúncio de revista e uma estratégia de newsletter. Na parte do design de produto, aplicamos o design no móvel de piscina de uma maneira mais interessante, corrigindo ergonomia, trabalhando com formas mais limpas e contemporâneas. Aliado a isso, agregamos novos materiais, hoje eles trabalham com madeira de demolição, alumínio, vidro e fibra natural. Ao longo desse período, a empresa conseguiu resolver aqueles problemas que citei antes,

98 agora além de terem móveis para a área interna e externa. Hoje estão entre as melhores lojas do Brasil. Como você faz para atrair seus clientes? Nesse caso, tem um ator muito importante no jogo que é o representante comercial. Quando atendemos uma empresa, fazemos um bom trabalho e isso dá retorno de venda o representante comercial da empresa é o primeiro a perceber isso. Como ela está em contato com as demais fábricas, ele indica nosso trabalho, afinal isso é interessante para ele, pois se o produto vende bem, o trabalho dele fica mais fácil. No caso que contei antes, a gente entrou no trabalho por indicação e isso nos deu uma credibilidade ainda maior para sugerir e trabalhar junto com o cliente. Você pode fazer algumas considerações para quem está saindo da faculdade? O Brasil está em um momento de amadurecimento dos mercados como um todo, mas eu posso dizer algo para quem está iniciando em um escritório agora. Acho que quem começa um escritório precisa estar bem disposto, porque é preciso firmar um nome do zero. Ou seja, precisa fazer de tudo, então se aparecer job de produto, faça. Se pintar job de gráfico, faça. A gente começou assim. Mas ao longo do tempo busque um foco para o escritório. No que você é bom? Foque nisso, porque isso te dará um posicionamento melhor. Porém, esse foco demanda tempo, então comece fazendo tudo o que pode e, com o tempo, planeje um foco que surgirá naturalmente. Não adianta abrir um escritório e dizer "só vou fazer identidade visual", não tem tantas empresas por aí comprando uma identidade visual, não é algo fácil de ser vendido. Daqui dez anos você até pode ser o melhor escritório de identidade visual de Curitiba, mas até lá é preciso fazer de tudo. Isso como dica para o empresário. Já para o designer eu observo o seguinte: para trabalhar aqui com a gente, eu procuro pessoas que têm vontade. A questão do talento é importante, mas não é uma condição essencial, a vontade é mais importante. A vontade de entrar, aprender e atender bem o cliente é que realmente faz a diferença.

99

APÊNDICE B - ÁLVARO GUSSO

Se é formado, onde e em que ano? Me formei em Belas Artes em 1984, e depois fiz Comunicação Visual na UFPR (Universidade Federal do Paraná). Em que área do design o Sr. atua? Design gráfico, sou o fundador do escritório Identidade Visual. Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Trabalho desde 1987 quando abri o escritório antes de me formar. Ou seja, há 25 anos atuo na área. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou administrador, uma situação problema que lhe foi marcante? Um problema típico de quem está no começo do trabalho é fazer um job sem apresentar um orçamento e cobrar antes. É uma prática que as agências de publicidade difundiram porque acabavam oferecendo logos e materiais de design, aparentemente, sem custo para ganhar o direito de fazer os outros materiais de publicidade. E aí, contratava um estagiário e pedir para que ele criasse cinco ou seis alternativas, e alguma era aprovada. E isso mostra uma coisa errada, porque até hoje preciso educar os clientes no sentido de que eu faço apenas uma alternativas, afinal existe uma metodologia. Com isso, a alternativa que eu mostro é a melhor opção, isso demonstra profissionalismo. Tive um problema sobre isso com uma agência de turismo. Meu sócio conversou com o cliente e chegou com a informação de que eles tinham "4x" reais para gastar, e o nosso aluguel do local era "2x" reais. Sabendo disso, propusemos um projeto no valor de "4x" reais e o cliente falou: "façam lá, depois a gente conversa". Ou seja, não cobramos a metade adiantando, não deixamos claro o valor e resolver fazer mesmo assim. Apresentamos a primeira alternativa, que foi reprovada. A segunda, também. A terceira, idem. Na quarta, eu já estava indignado, mas o cliente aprovou dizendo: "OK! Agora está bom, mas eu só quero pagar "x reais." Essa experiência foi um problema solucionado? Não. Devido a nossa falta de profissionalismo no início do processo, tivemos que aceitar o que o cliente propôs mesmo. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar à solução como foi feito? O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante? Profissionalismo. Atualmente, existe um manual de precificação, manual de boas práticas e outros materiais que podem ajudar o designer a ser mais profissional. E nós precisamos, não apenas de designers profissionais, mas de um mercado forte. E isso só conseguiremos, unidos. Eu lembro que na época em que comprei o meu primeiro computador, todo mundo só usava o Corel Draw e o manual do programa era uma coisa que os designers escondiam uns dos outros. Quem tinha, não contava e não repassava a ninguém. Esse egoísmo que prejudica a profissão como um todo.

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APÊNDICE C - ANA CAMARGO

Se é formada, onde e em que ano? Bacharelado em Comunicação Visual pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) em 1986. Em que área do design a Sra. atua? Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Abri meu escritório alguns meses depois de minha formatura, em 1987. Pode nos contar, em sua experiência como designer, uma situação problema que lhe foi marcante? Logo que abri o escritório, estava fazendo todos os tipos de trabalho que surgiam. Nessa época uma grande empresa abriu uma concorrência para o desenvolvimento de uma identidade visual de um dos projetos que ela apoiava. Achei que era uma boa oportunidade, porque era um grande cliente e daria uma ótima visibilidade. Fiz alguns estudos e enviei para a empresa. Entre eles havia um ícone de uma capivara. Tempos depois, a empresa decidiu que seria melhor contratar uma grande agência de publicidade para a realização do trabalho. Aceitei que eles tinham ganhado a concorrência e continuei trabalhando normalmente. Quando fiquei sabendo que o projeto dessa grande empresa havia sido lançado, percebi que havia vários ícones de animais que faziam parte da identidade visual do projeto, e entre eles um se destacava por ser diferente dos demais, uma capivara. A capivara que eu havia desenhado. Essa experiência foi um problema solucionado? Não, ali havia pouco a se fazer. Eu não podia provar que era minha, assumi um contrato de risco e acabei tendo que deixar por isso mesmo. O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante? No início da carreira nós, por sermos criativos, queremos criar tudo o que temos oportunidade e, às vezes, fazemos isso pelo prazer do trabalho, de ver aquilo que fizemos sendo usado, e não pelo dinheiro. Por isso deixamos de lado algumas preocupações importantes. E o que eu aconselho é que sempre que for fazer um trabalho, trate-o da maneira mais profissional possível, ou seja, nunca desenhe nada sem um contrato justo assinado por ambas as partes e tudo combinado da forma mais clara possível, inclusive com um sinal de negócio. Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Como chegou nessa situação? A quem aconselha passar pela mesma cena? Passei pela experiência de criar uma marca para uma empresa em que passei três meses apresentando alternativas para o cliente, mas sem nenhuma ser aceita. Foram, aproximadamente, 30 alternativas, o que reforça o que falamos sobre manter um contrato bem redigido. O problema não estava nas alternativas, mas sim na diretoria da empresa que não se entendia, e ao final de três meses, me pagaram e decidiram não alterar a marca da empresa, porque eles precisavam de uma reestruturação interna antes desse processo. Para evitar esse tipo de situação comecei a utilizar o processo de co-criação coletiva de marca, que desenvolvi durante um projeto de marcas pessoais para vários profissionais, onde desenhei as marcas a partir de conceitos, desenhos, palavras e cores geradas em conjunto com os clientes. Após esse desenvolvimento inicial, surgiu a oportunidade de utilizar esse processo para o departamento de uma empresa. Porém mais do que uma marca, o RH da empresa queria para este departamento uma oficina para motivar e criar uma boa conexão entre seus funcionários. Fiquei feliz em poder realizar um experimento, já que não conhecia ninguém nem tinha visto nenhum caso parecido sobre esse modo de trabalhar marcas. Propus que fizéssemos uma oficina de marca, onde juntei todos os funcionários e após um período de

101 conversa todos começamos a desenhar livremente aquilo que achávamos que definiria visualmente o departamento. Esses desenhos, feitos pelos funcionários, nos ajudam a nortear o que o cliente quer e pensa, resultando em uma identidade visual que o cliente percebe o seu próprio trabalho refletido na marca. Uma marca surgida dessa forma de trabalho foi a marca de um laboratório fotográfico de Curitiba, e essa maneira de criar tornou-se um serviço oferecido pelo nosso escritório, porque não ajuda apenas na questão gráfica do design, mas também na relação entre os funcionários que participam. Há o caso de uma empresa em que os diretores, todos muito conservadores, participaram dessa oficina. Depois de conversar, desenhar e discutir sobre o projeto há o momento do fechamento, em que todos os participantes contam sobre o que aproveitaram da experiência. Nesse caso um dos diretores chegou a conclusão de que eles poderiam resolver os problemas mais rapidamente, visto que tinham acabado de perceber que em poucas horas eles se reuniram, conversaram e resolver um problema de projeto que era a criação de uma marca, em contraste com a cultura da empresa bastante burocrática e demorada em suas resoluções. Agora, as empresas nos chamam para a realização de oficinas de criação coletiva e às vezes simplesmente de criatividade, sem ter um logotipo como produto final, visando o envolvimento dos integrantes de uma equipe em um processo criativo. Conselhos para estudantes que estão saindo da faculdade? O que posso aconselhar para quem está abrindo o próprio escritório é que sempre façam um contrato justo e ajam profissionalmente, como por exemplo, se o projeto for uma identidade visual, após o término do trabalho, entregue um CD e o Manual de Identidade Visual impresso para o cliente, deixando claro que o projeto terminou ali, e caso ele preciso de mais algumas soluções de design isso será um novo serviço. Estagie. Isso gera portfólio e dá vivência de mercado. Seja justo com o cliente, venda exatamente aquilo que você irá entregar a ele, e não coloque comissões nos valores de empresas terceirizadas. Se for indicar, ou acompanhar, a produção do projeto deixe claro o valor disso, cobre por hora de trabalho ou um valor fechado, sendo bem transparente com o cliente. E se você sente que o cliente não gosta de seu estilo de trabalho não insista, A vida é muito dinâmica e outros clientes virão, o importante e ter prazer em desenvolver os trabalhos.

102

APÊNDICE D - ANTÔNIO KOMIYAMA

O Sr. é formado? Sim. Se sim, em quê? Onde? Em que ano? Design Gráfico na PUC – PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) em 2008. Em que área do design o Sr. atua? Ilustração. Qual foi sua atuação profissional? Eu trabalho em design desde o ano de 2006. Comecei a trabalhar antes de me formar, quando fui contratado por uma grande empresa de saúde para trabalhar em projetos de design, lá dentro. Foi legal, porque esta empresa passava por um momento de reformulação da marca. Então se observarmos a comunicação da empresa em 2006, podemos ver que o conceito de comunicação da marca era muito duro, o que só mudou em 2008, quando a empresa construiu um brand center. Este acabou por ser um Centro de Relacionamento próprio, que trabalhava a ideia conceitual da marca. Em 2008, a empresa falava mais em saúde e até então, por exemplo, pouco se via uma ambulância em uma publicidade porque a ideia era falar de saúde, e não de doença. Então, no ano de 2008, todo esse conceito começou a ser desdobrado com uma agência de design em São Paulo, a Tátil Design. A agência mudou esse conceito duro com um solução em design, então os impressos foram feitos com curvas, formas orgânicas, alegres. Essa foi a forma encontrada para falar sobre saúde com design. Foi uma experiência bem bacana ver uma marca inteira sendo mudada por causa de um conceito pelo design. Isso é design puro. Pode nos contar, em sua experiência como designer, uma situação problema que lhe foi marcante? Essa experiência foi um problema solucionado? Se sim, como foi o processo de solução? Não consigo lembrar nenhuma situação específica em que o problema foi marcante, mas lembro de um material que tinha tudo para dar errado. Eu havia acabado de ser contratado por essa empresa de saúde, e precisava resolver materiais de design. Um dos materiais que vieram para eu fazer era um material de gestão, um livreto que deveria ser feito, inteiramente, em InDesign, o qual eu não sabia o usar. O que eu fiz foi estudar muito o software, e acabamos ganhando um prêmio com esse material. Então, o legal do episódio foi que mesmo podendo dar errado, e sem um setor de apoio, esse prêmio veio e mostrou a força que o design poderia dar a empresa. O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante? Analisar muito bem o tempo que temos para desenvolver o projeto. Nesse caso, tínhamos um tempo considerável, então podíamos aprender e resolver. Às vezes, o que acontece é que um projeto tem um tempo bastante curto e, então, é preferível assumir que não pode fazer e pegar o projeto em outro momento. Mas, caso você tenha tempo, vale a pena arriscar. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar à solução como foi feito? Dedicar-se, gostar muito do que faz e envolver-se em projetos pessoais, porque cada projeto que você faz pode te ajudar depois. Quando surgirem outros jobs com problemas semelhantes, você já conhece a solução pelo fato de ter passado por algo parecido quando realizou um projeto pessoal. Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Esses tempos fiz um material de ilustração para um anúncio publicitário, inclusive recebi um e-mail hoje me avisando que esse anuncio entrou no Archive (um dos maiores anuários de

103 publicidade do mundo). Um projeto muito bom de fazer, feito junto com uma agência de design de Curitiba, a Opus Múltipla. O projeto desenvolvido foi um anuncio para um hipermercado paranaense e é bastante gratificante terminar um trabalho e ele te agradar muito. Dedicar-se e gostar muito do que faz leva a um bom resultado, porque você acaba fazendo, refazendo e ajustando cada mínimo detalhe. Como chegou nessa situação? O primeiro passo é buscar muitas referencias, porque fazer um bom trabalho não depende de talento. Este pode te ajudar, mas isso depende muito mais de esforço, das horas trabalhadas, do gosto e da vontade de melhorar. O que aconselha para quem acaba de sair da faculdade? Antes de sair da faculdade é o momento de sofrer, estagiar e trabalhar muito. Mas estagiar em um lugar legal, apesar de difícil, tem que ir atrás. E para isso, desenvolva peças fantasmas, anúncios inventados. Porém, o mais importante é estar em uma empresa legal, que faça design de verdade, porque tem muitos lugares que nem tem a noção correta do que é design. Essas empresas só contratam estagiários como mão de obra barata para gerar dinheiro. Isso não vale a pena para o estudante e acaba sendo uma perda de tempo. O começo certo ajuda bastante.

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APÊNDICE E - AULIO ZAMBENEDETTI

Se é formado, onde e em que ano? Comunicação Visual pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) em 1987. Em que área do design o Sr. atua? Trabalho na Agência Curitiba (da Prefeitura Municipal) que atende os trabalhos internos deste órgão governamental e empresas encubadas por projetos municipais. Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Atuo há mais de 20 anos. Não foi logo que saí da faculdade, mas não demorei muito para vir para a prefeitura. Se não, qual foi sua atuação profissional no tempo entre sua formação e sua ocupação atual? Saí da faculdade, trabalhei em algumas pequenas agências de propagandas, mas percebi que não era a minha área, e naquela época, as agências trabalhavam apenas com propaganda, basicamente. Hoje em dia que temos opção onde os estúdios possuem comunicação integrada ou trabalham apenas com design, mas na época era só propaganda, e não era a minha praia. Passei, praticamente, dois anos trabalhando lá até que me surgiu a oportunidade de trabalhar na fundação. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou administrador, uma situação problema que lhe foi marcante? Por eu trabalhar dentro da prefeitura, existe esse aspecto de que a agência vai trabalhar com o menor preço, sempre. Ou seja, se eu desenvolverei um material, eu preciso pensar e conseguir enxugar o máximo, aproveitando esse material de uma maneira que seja satisfatória. Ou seja, trabalhar com o menor preço significa preocupar-se bastantes com fornecedores, porque para fornecer para a prefeitura a empresa fornecedora precisa estar com todos os documentos regularizados e, caso eles tenham algum problema, eu não consigo dar prosseguimento ao trabalho porque são necessários três orçamentos. Ou seja, meu maior problema para executar o design dentro da prefeitura é a questão do custo. Como um problema assim pode ser contornado? Acho que seja necessário um grande domínio do que o mercado pode te oferecer, ou seja, ter uma carteira de fornecedores bastante ampla. Com essa carteira de fornecedores, é possível saber onde buscar e qual especificação é possível, ou não, de solicitar e, além disso, ter um bom jogo de cintura dentro da área de design. Imagine que determinado material impresso precisa ter uma área brilhante, é preciso saber que não é apenas com verniz que se consegue isso. É preciso ter o domínio de todo o processo para atingir o resultado desejado. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar à solução como foi feito? Bom networking, conhecimento do processo de fabricação, flexibilidade e poder de argumentação. Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Como chegou nessa situação? A quem aconselha passar pela mesma cena? Um trabalho que me deu muito prazer foi o desenvolvimento de um livro que a Prefeitura de Curitiba apresentou para candidatar-se para trazer um dos maiores eventos relacionados a meio ambiente do mundo. Claro que sabíamos que a capital paranaense tem todo um diferencial, estrutura adequada, e até aquela época nunca teve um evento internacional daquele porte. A oportunidade de trazer esse evento para Curitiba traria para cidade um status de organização de evento que faria com que a capital subisse a outro degrau e hoje estamos nesse degrau. Então nós tínhamos que apresentar um material que, além de mostrar todo o potencial da cidade, tivesse um bom impacto visual. E a gente desenvolveu

105 um volume muito legal, que teve um retorno muito bom, segundo conversas com um representante da ONU que visitou Curitiba diversas vezes, devido ao evento. Uma curiosidade: por atender várias empresas pequenas e que acabaram de nascer, acabamos sendo uma espécie de médico do interior. Então, depois que o projeto é finalizado e a empresa tem a sua identidade visual, fachada e os seus primeiros projetos de design, os donos das empresas vêm agradecer, trazendo bolo, vindo conversar e é alto muito legal. Inclusive, existe o número de telefone 156, que é para reclamações da prefeitura. E 99,99% das pessoas ligam para esse número para fazer reclamações, menos uma única pessoa. Essa pessoa recebeu uma assessoria nossa e ligou para o 156, parabenizando a prefeitura pelo serviço prestado, que ele tinha sido muito bem atendido e a prefeitura estava de parabéns em manter as pessoas daqui. Então, recebemos essa comunicação de um caso raríssimo de alguém que ligou para a prefeitura parabenizando e agradecendo pelo serviço.

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APÊNDICE F - DANIEL MAZER

Se é formado, onde e em que ano? Desenho Industrial - Programação Visual na PUC (Pontifícia Universidade Católica) em 2001. Em que área do design o Sr. atua? Design Gráfico. Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Contando o tempo de estágio, 15 anos. Profissionalmente, há 10 anos. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou professor, uma situação problema que lhe foi marcante? Todo projeto é um problema para o cliente, que nos busca para chegar a uma solução. Mas o problema do problema (projeto) existem vários: desde prazos apertadores, problemas com a produção, etc. Um dos grandes problemas relacionado a design gráfico é que a gente faz o projeto, mas não o executa, ou seja, sempre dependemos de terceiros para transformar nosso projeto em realidade. Essa experiência foi um problema solucionado? Se sim, como foi o processo de solução? Para solucionar isso tenha bons parceiros para execução dos seus projetos, pois eles são a extensão do seu trabalho. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar à solução como foi feito? Muita pesquisa e bastante conhecimento sobre os processos de execução do projeto em sim, como máquinas de gráfica, materiais de sinalização, etc. O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante? Pesquise, visite fornecedores, fuce, faça, tente, erre bastante! Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Como chegou nessa situação? A quem aconselha passar pela mesma cena? Todo trabalho realizado e entregue do jeito planejado é uma boa experiência. Para chegar nisso, apenas tentando muito, errando muito, continuar tentando e continuar tentando. Aconselho a fazer inúmeras vezes a mesma coisa, pois acho que o design é o detalhe, empirismo (tentativa e erro), novas leituras de antigos conceitos, etc. Viva o projeto, respire o projeto, sinta o projeto, busque referências em todos os meios possível, desenhe bastante. Faça, 15, 50 ou quantas opções você julgar necessário para sentir-se satisfeito com o projeto. E não se apegue a padrões, design está aí para o conforto, informação, sentimento ... explore tudo.

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APÊNDICE G - FLÁVIO LEONEL

Qual é sua formação? Técnico em design na UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) em 1993. Projeto de Produto na PUC (Pontifícia Universidade Católica) em 1997. Especialização em Gestão de Desenvolvimento de Produto na UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) - um curso ligado a engenharia mecânica - em 2005. Em que área do design você atua? Sou designer de produto e sócio da Tec Design Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Se não, qual foi sua atuação profissional no tempo entre sua formação e sua ocupação atual? Eu comecei a minha carreira na Inove como estagiário, entre os anos de 1993 e 1998, quando fui para a Itália. Depois que voltei ao Brasil, entrei na Tec Design como funcionário e três anos depois recebi o convite para me tornar sócio da empresa. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou administrador, uma situação problema que lhe foi marcante? Todo projeto possui alguma dificuldade particular, mas teve um produto que a gente desenvolveu que foi um desafio diferente, era o design de uma embalagem para próteses dentárias. O cliente era uma empresa que estava entrando no mercado de próteses dentárias e o projeto era completo. O diretor de marketing da empresa veio até nós, passou um briefing detalhado e a gente precisou fazer desde o nome da empresa até as embalagens. Foi desafiador porque envolveu design gráfico, design de produto e embalagem. E essa embalagem tinha alguns detalhes problemáticos porque o implante, que é de titânio, deveria manter-se esterilizado dentro da embalagem, sem entrar em contato com nenhum outro material que não fosse titânio. Esse problema foi solucionado? Foi bastante desafiador porque desenvolvemos uma abordagem totalmente nova, apesar de já existirem técnicas para manter o implante estéril. Qual foi a solução? Foi criada uma embalagem no formato de caixa, do tamanho de um apontador, onde apenas uma placa de titânio segurava a prótese. Esta caixinha mantinha-se em pé sozinha devido ao seu formato, permitindo que o dentista a deixasse aberta enquanto realizava outros procedimentos e quando fosse pegar a prótese, poderia apenas abrir a embalagem e alcança-la sem precisar que ela encostasse em lugar algum. Isso mantinha a prótese esterilizada, o uso prático e utiliza pouco material sem perder a segurança que a embalagem exige. Foi um trabalho interessante, desafiador e difícil porque até a gente chegar nesse produto passamos por várias outras soluções, além disso era uma área que ninguém daqui entendia muito. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar nessa? Acho legal destacar a questão da curiosidade, não apenas pesquisar sobre design, mas também sobre outras áreas, assim como a pró-atividade e a observação. O designer precisa estar atento aos detalhes e aberto a desafios. Muitas vezes vemos o pessoal mais novo que está entrando agora sem buscar coisas desafiadoras por estar acomodado com o que está fazendo. Mas o design tem essa característica essencial que é a ausência de rotina e novos desafios o tempo inteiro. Muitas vezes a gente sente a falta disso nos profissionais mais novos.

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APÊNDICE H - JOSIANE BORTOLOZZI

Se é formada, onde e em que ano? Desenho Industrial - Programação Visual na PUC (Pontifícia Universidade Católica) em 2004. Por ter ficado em primeiro lugar na PUC (Pontifícia Universidade Católica), conquistei o Prêmio Marcelinho Champagnat, que dá direito a fazer um Mestrado pela própria universidade. Fiz o Mestrado em uma linha de pesquisa que era de educação, comunicação e tecnologia onde consegui entrar com a minha área que era design gráfico. E no ano de 2010, fiz MBA em marketing pela UFPR (Universidade Federal do Paraná). Em que área do design a Sra. atua? Na verdade, o design possui muitas áreas em que é possível de atuar, e eu sempre gostei desse caráter interdisciplinar do design. Aqui na Doma, eu gerencio os projetos acompanhando desde o atendimento ao cliente até a montagem e produção. Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Atuo há 8 anos. Logo que me formei, entrei aqui na Doma. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou administrador, uma situação problema que lhe foi marcante? Várias situações acontecem e dão errado, principalmente com relação a produção. O design trabalha dentro de uma cadeia, então temos um processo que se inicia aqui mas se desdobra a produtos que você nem sempre conhece. A gente teve um caso de uma exposição que ficou muito bonita no projeto, mas na hora da execução o ambiente não possuía muita iluminação, algo que não tínhamos previsto, e o material, que era de acrílico transparente acabou ficando escuro, sem aparecer nada. Essa questão da produção é uma das coisas que mais nos preocupa em todo o processo, principalmente quando se trata de um novo material que não temos conhecimento, porque geralmente não temos prazo, então caso o fornecedor cometa algum erro, temos muito pouco tempo para corrigir, ou seja, sempre trabalhamos com alto risco. Neste caso, o fornecedor chegou super atrasado. A exposição tinha início às oito horas da manhã e ele terminou às treze horas da tarde. Então, a instalação aconteceu durante o momento da exposição, ou seja, não deu certo. Essa experiência foi um problema solucionado? Se sim, como foi o processo de solução? Não, mas foi amenizado. Quando isso aconteceu, eu estava em outro lugar, em uma ação que acontecia, simultaneamente. E o cliente não parava de me ligar reclamando do atraso e exigindo alguma atitude, mas eu estava de mãos atadas porque não tinha mais tempo hábil para encontrar uma solução para o problema. Assim que eu pude ir para o local da exposição vi que não estava montado e que o fornecedor estava agindo com uma calma irritante, mas não tinha o que fazer. O que eu poderia fazer era mostrar, ao cliente, que estava preocupada e tentando resolver o problema, até ajudando na montagem. Passado o momento, nós obviamente não cobramos o projeto, assim como o fornecedor não cobrou. Então o cliente não teve esse custo mas a ação dele não aconteceu da forma que deveria. Quais atributos julga interessante para chegar à solução como foi feito? O cliente viu que participamos de todo o processo e estávamos tentando resolver. Por causa do bom relacionamento com o cliente, que já vinha de outros projetos, isso não nos prejudicou mais. Mas mesmo assim foi um baque, estremeceu um pouco a relação, onde eles ficaram decepcionados com a entrega, mas isso foi uma escola. Hoje em dia não assumimos riscos tão altos. Sabemos que é preferível entregar um projeto mais convencional a correr o risco de perder a garantia de que ele vai acontecer. O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante? Isso reforça a importância de possuir bons parceiros, visto que depois do primordial quesito "qualidade", o prazo é o mais importante para construir um bom relacionamento com o cliente.

109 Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Quando eu entrei no escritório havia uma concorrência de um órgão do governo para fazer o book do Centro de Eventos deste órgão. E eu fiz a marca e todo o book, e ganhamos a concorrência. Para mim foi muito interessante, afinal foi o primeiro projeto aqui dentro e eu estava querendo mostrar que eu tinha um trabalho legal, além disso fiz todo o projeto, desde o briefing até a produção. Como chegou nessa situação? Acredito que o principal é o comprometimento. Cada pessoa possui suas qualidades e diferenciais, mas se você é comprometido, responsável e demonstra preocupação com todo o processo, poder até dar errado, mas você sabe que deu o seu máximo, fez o seu melhor no desenvolvimento do projeto, e a empresa enxerga isso. Obviamente que quando algo dá errado, não tem nada que possa te deixar melhor, mas isso é um diferencial que todo mundo enxerga - equipe, cliente, chefe, etc. Ser preocupado e comprometido com o projeto, não apenas fazendo o que te mandaram fazer sem pensar na próxima etapa ou na equipe que desenvolverá o projeto posteriormente. Essa, talvez, tenha sido a qualidade que me destacou para conseguir isso. É importante, além do comprometimento, estar sempre se atualizando e estudando. Não naquele conceito chato de estudar, mas tendo interesse sempre por diversos temas, pesquisando, olhando o que os outros estão produzindo e aprendendo em outras áreas. Outro interesse constate é a aplicação do design na sociedade, a pergunta é "como eu posso contribuir para a sociedade e seu desenvolvimento?". E tem muito para ser feito, então quando houver a oportunidade de participar no desenvolvimento de algum setor, não deixei a oportunidade passar.

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APÊNDICE I - KANDO FUKUSHIMA

Se é formando, onde e em que ano? Design gráfico pela UFPR Em que área do design o Sr. atua? Sou professor da UTFPR Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Como professor desde 2009. Se não, qual foi sua atuação profissional no tempo entre sua formação e sua ocupação atual? Comecei trabalhando em uma gráfica por quase um ano, passei por alguns estágios em escritórios, mas sempre na área do design gráfico. Esse contato com a produção na gráfica foi só quando era estudante ainda. Pode nos contar, em sua experiência profissional, uma situação problema que lhe foi marcante? Lembro de duas experiências quem me marcaram negativamente. Como autônomo passei por uma situação de calote que, por falta de um contrato ou qualquer documento legal, não consegui cobrar o cliente judicialmente e outra experiência foi de quando trabalhava em um escritório e havia um material que seria enviado para um cliente em São Paulo. Esse material chegou do fornecedor e deveria passar pela minha auditoria, mas eu não conferi e despachei diretamente para o cliente. Chegando lá o material não estava 100%. Essa experiência, foi um problema solucionado? O problema do calote não teve solução por falta de documentação, já o do material que foi enviado para São Paulo sim. Se sim, como foi o processo de solução? Por causa de um bom networking que tinha com pessoas de São Paulo, consegui fazer com que alguém de lá consertasse o problema. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar à solução como foi feito? Além de uma boa rede de contatos, um atributo que eu vejo necessário para resolver problemas é a proatividade. Tomar o problema para si, mesmo que seja com terceiros, sem ficar com aquela mentalidade de que só se envolve com o projeto enquanto ele está na sua mesa depois o fornecedor que se vire. O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante? Eu sei que nem sempre é possível, mas aconselho ter uma margem de segurança. Quando a gente trabalha com tempo, dinheiro e recursos contados a probabilidade de dar algo errado é muito maior. Além disso, possuir uma gestão de projetos, mesmo que isso não seja natural para o profissional, é preciso instituir uma gestão para evitar problemas no futuro. Conhecer o processo de produção e ter um bom contato com os fornecedores também são bons conselhos. Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Como chegou nessa situação? Depois de algum tempo de trabalho a gente acaba caindo em uma rotina, sempre com os mesmos projetos e mesmas soluções. Todos os trabalhos que eu acho interessante contar são pelo mesmo motivo: Eles me tiraram do básico, me obrigaram a pesquisar algo novo e falar com pessoas diferentes. Trabalhando em um escritório fiz o projeto de exposição de um museu e o interessante desse projeto foi que além de envolver pesquisas iconográficas, também tive conversas com

111 profissionais de museografia, história da arte e arquitetos para aprender sobre o interior do museu. Informações novas. Outra situação semelhante foi em um projeto de editoração de uma revista de design de moda, que é um universo a parte. Todas essas situações que nos obrigam a mudar, aprender e se transformam em projetos de design depois considero muito interessantes.

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APÊNDICE J - KEN FONSECA

Se é formado, onde e em que ano? Design de Produto pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), porém larguei o curso no último ano porque estava trabalhando, e então terminei na PUC - PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). Depois fiz um Mestrado pela UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná). Em que área do design o Sr. atua? Professor na UFPR (Universidade Federal do Paraná) e Consultor de Centro de Design do Paraná. Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? No mercado atuando em projetos desde 1991, como free-lancer, como designer de móveis e em escritórios de design. No CDPR fiquei por 04 anos e atuo e como professor há seis (6) anos. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou professor, uma situação problema que lhe foi marcante? Uma experiência pessoal foi com uma empresa do interior do estado de Santa Catarina que produz móveis e que tinha um produto de gosto popular, queria uma linha de produtos mais contemporânea. Assim sendo, desenvolvemos modelos, renderings, pranchas e tudo. A gente tinha que viajar, já que é a empresa era do interior de Santa Catarina, e chegando lá, ele odiou: "que coisa horrível, não tem nada a ver com a minha linha, vocês estão loucos". Após esse feedback perguntamos o que ele esperava, e recebemos como referência uma feira dos EUA (Estados Unidos da América - High Point - North Carolina), que era a maior feira do mundo, e era isso que ele queria. Voltamos, fizemos a pesquisa e levamos, novamente, modelos, renderings, pranchas e tudo o que ele disse foi: "tudo errado, se fosse para copiar, a gente mesmo fazia". Aí percebemos o primeiro erro: quantas vezes você aceita um "não" do empresário? Quantas alterações ele tem direito? Isso não constava em contrato, e a partir disse, aprendemos que é preciso colocar o número de limitações. Desenvolvemos um terceiro modelo, mesma coisa... renderings, pranchas e tudo. Ele aprovou, ficamos felizes, recebemos o dinheiro e ficamos aliviados. Passado alguns meses, passei por uma loja de móveis e olhei um móvel parecido com o primeiro desenho que eu tinha feito e havia sido negado, na época. Entrei na loja, e solicitei o catálogo e vi que os três modelos que tínhamos desenhado estavam lá, mas o cliente havia pago apenas um. A pior parte é que como eram etapas ainda no meio do processo, não foi feito nenhum registro de patente. Com isso, aprendemos a proteger nossas patentes e deixar claro, em contrato, quantas vezes o cliente direito a pedir alterações. E aprendemos, também, que a alteração existe porque, normalmente, o cliente não está envolvido no projeto, porque se ele participar do processo de produção entenderá os motivos das escolhas e como andou o projeto, minimizando as chances de negação mais tarde. Essa experiência foi um problema solucionado? Não, nesses casos não há o que fazer. Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Como chegou nessa situação? A quem aconselha passar pela mesma cena? Há alguns anos atrás, o Governo do Estado queria melhorar a qualidade do produto do pequeno produtor agrícola no estado do Paraná, e criou o projeto da Feira dos Sabores. Então, o pequeno produtor aprende nesse projeto a melhorar a qualidade do seu produto, mas o que acontece é quando essa melhora é feita, são incluídas mais etapas no processo de fabricação, e isso encarece o preço do produto no mercado. Porém, visualmente, o produto continua o mesmo, apesar de ter uma qualidade melhorada. Ou seja, apesar do produtor ter incluído uma série de novas etapas na produção, isso não aparecia no produto

113 final. Então o Centro de Design do Paraná propôs que fosse feito, para o pequeno produtor agrícola, um projeto para levar design até eles. Foi desenhada uma solução que contava com várias agências de design do estado do Paraná, especificamente da cidade de Curitiba, que toparam fazer um preço mais barato para atender os pequenos empresários. A pessoa que desejava fazer o produto ia até a Secretaria de Abastecimento do interior e, de lá, eles preenchiam um questionário com uma série de informações sobre o produto, sobre a região, sobre o consumidor, imagens de referências locais, etc e mandavam um e-mail para Curitiba. Aqui, um dos designers pré-cadastrados selecionado para desenvolver o projeto sempre fazia contato por telefone ou via e-mail. Com isso, o custo da viagem era excluído e o empresário tinha acesso a uma marca, rótulo ou embalagem desenvolvida por um designer e ele poderia perceber como isso ajudava na venda do produto. Assim, mais tarde, caso ele se interessasse em desenvolver um folder, por exemplo, ele deveria contratar um designer por iniciativa própria. Porém, esse projeto corria o risco de concorrer, de maneira injusta, com o mercado, já que fazia preços mais baratos. Então, o procedimento foi levar o projeto para uma consulta junto a ADG (Associação dos Designers Gráficos), que entendeu que era um projeto de disseminação do design, e deu aval positivo para que o projeto fosse implementado. O projeto mostrou que existe uma demanda por design muito grande, mas não existe mecanismo para aproximar os empresários junto aos escritórios de design. Isso mostra a importância de políticas públicas de design, centros de design, além de órgãos que façam esse meio de campo para a aproximação. Outro exemplo que julgo interessante, de design de produto, é de uma indústria de soluções para a agricultura. A empresa procurou o Centro de Design poruqe estava desenvolvendo um novo projeto de pulverizadora automotriz, em um nicho crescente que é o agrobusiness, e contratar um designer para fazer o projeto de carenagem para o produto. O que foi aconselhado ao empresário da indústria é que, se ele contratasse o designer no final do processo, haveria uma grande possibilidade de dar errado, porque quando o design chega no final apenas para “deixar o produto bonito”, provavelmente encarecerá o produto, pois acarretará em mudanças tecnológicas e será preciso mexer em itens que já estavam resolvidos. Isso fez com que ele entendesse que o design precisava entrar desde o início do processo. O contratou o escritório do Marcelo Castilho e o Centro de Design fez o processo de gestão. Foi uma experiência bacana, porque no final o produto ganhou reconhecimento com diversos prêmios de design, inclusive medalha de bronze no IDEA 2008 –(International Design Excellence Awards). Então, uma empresa da cidade de São José dos Pinhais, que investiu em design e tecnologia, rapidamente, conseguiu uma projeção nacional. Atualmente, eles são líderes do mercado latino-americano, estão entrando na Europa, além de já serem líderes no leste europeu. O que eu destaco nessa experiência foi que o empresário entendeu que, nesse caso, não adiantava investir no design apenas no ponto de vista estético, mas sim que o designer deveria estar envolvido desde o começo, em todo o processo de desenvolvimento do novo produto. Conselhos para os estudantes? Nos últimos anos, acabei percebendo uma coisa muito estranha aqui na universidade. O aluno chega ao último ano e não quer se formar; é bastante comum. O aluno alega que não está preparado, tem medo de encarar o mercado porque diz que não conhece tudo sobre a profissão. Mas ele não precisa se preocupar com isso, porque não tem como conhecer tudo. A universidade é apenas a ponta do iceberg do que é ser designer, pois o design tem inúmeras áreas e formas de atuação. Atender uma pequena empresa é uma coisa, já o mesmo projeto para uma empresa grande é outra e para uma empresa familiar, outra. A universidade não vai dar toda essa experiência para o aluno, mas vai o ensinar outra coisa, o essencial, que é o "pensar design". Porque independentemente do projeto, essa maneira de pensar não muda, então o importante é não ter medo ser consciente de que você aprendeu o processo. Não se preocupe em aprender somente a utilizar um determinado software, mas em pensar design. E mais importante ainda, entender as necessidades das empresas e não pensar que todo design que você pretende fazer será autoral. Sempre que pensamos em design, vêm à cabeça o nome de designers famosos porque a mídia continua dando bastante atenção para essa questão do design autoral. E apesar da mídia promover o design autoral, 99% do design é business design, produtos de design não assinados, mas quando o empresário vê e pensa em design, ele vê na TV e em revistas. Então, ele não verá

114 os 99%, verá apenas 1%. O designer precisa ser capaz de saber explicar ao empresário o que é design, qual o processo de desenvolvimento e etc, assim o empresário não vai esperar uma solução mágica.

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APÊNDICE L - MARCOS MININI

Se é formado, onde e em que ano? Fiz Comunicação Visual pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) de 1987 até 1991, mas não me formei. Em que área do design o Sr. atua? Há quanto tempo atua nesta área? Desde 2010 sou Diretor de Criação da Brainbox. Foi logo após sua saída da faculdade? Se não, qual foi sua atuação profissional entre esse tempo e sua ocupação atual? Trabalho desde os 17 anos, ou seja, antes da faculdade. Comecei trabalhando para uma indústria alimentícia atacadista, onde fazia um jornal informativo. Depois fiz estágios antes de entrar na faculdade em agências de propaganda, e no segundo ano da faculdade abri um escritório com o Naotake Fukushima (hoje professor da UFPR - Universidade Federal do Paraná - e sócio da Nexo Design). E depois passei por algumas agências de publicidade e de design até chegar aqui. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou administrador, uma situação problema que lhe foi marcante? Uma situação problema foi quando eu fiz a marca de 200 Anos de um banco governamental, porque eu tive que apresentar essa marca em muitas instâncias, para muitas pessoas. E apesar de ter tudo um bom andamento do projeto dentro da estrutura de marketing do banco, chegou um dia que eu, estava em uma sala gigantesca, defendendo o projeto diante de 50 pessoas. As chances de isso dar errado é bastante grande, afinal são 50 cabeças diferentes pensando sobre a solução de um problema que já estava resolvido. E chegou em um ponto em que isso já havia sido aprovado e reprovado diversas vezes, então aquela reunião com as 50 pessoas era crucial, porque podiam duas ou três pessoas levantarem a mão e dizer que não era nada daquilo, que o projeto estava errado. Caso isso acontecesse, a gente teria que recomeçar do zero e, dessa vez, totalmente sem prazo, porque cada instância tomava tempo, e tínhamos uma data limite. Essas situações são complicadas, porque quando estamos com duas ou três pessoas é muito mais fácil de dominar a situação do que quando estamos frente a 50, porque vira uma questão de sorte, nesse último caso. Obviamente que o domínio do assunto, a segurança que é passada para o cliente, a maneira de se apresentar e defender a proposta e maneira como aquilo responde o briefing faz com que a proposta seja aprovada, mas acaba se tornando bem menos previsível. Porém, coloco isso como uma situação limite porque é uma marca de 200 Anos que ficará marcada na história, pois poucas empresas no mundo possuem dois centenários vividos, e isso acarreta uma grande responsabilidade. Essa experiência foi um problema solucionado? Sim. A marca foi aprovada e, durante o ano todo, o material do banco foi assinado com esse selo, e foi uma grande honra ter feito esse trabalho. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar à solução como foi feito? Inicialmente, ter o domínio sobre a argumentação, sobre seu trabalho, sobre o que você está fazendo. Ter a certeza de que seu trabalho corresponde ao que foi pedido no briefing, que é coerente e que está baseado em estrutura de design bem sustentáveis. Se você não tem certeza sobre aquilo que está falando, tem 80% de chances de alguém te derrubar. Por mais que esta pessoa não entenda de design, ela consegue te derrubar por outros meios. Também é preciso saber falar, não podendo ter medo de falar na frente de outras pessoas. Conheço pessoas geniais que não conseguem fazer isso, e outras que nem são tão boas tecnicamente mas que tem o dom da palavra, e acabam ganhando trabalhos dos que são melhores em design. Ou seja, é preferível que você faça seu trabalho com excelência e, caso não saiba defender, passe para alguém que o saiba.

116 Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Como chegou nessa situação? A quem aconselha passar pela mesma cena? Eu posso citar muitos projetos que eu fiz de cartazes para teatro, porque o nível de entendimento das pessoas que fazem parte do processo é diferente. Conversar com alguém de marketing de uma determinada empresa, por causa da estrutura empresarial e pelas inúmeras satisfações que esse profissional deve a outros setores, faz com que o projeto saia com estruturas muito limitadas. E isso é diferente de alguém de um cenário mais cultural que apóia o inusitado, o diferente e quebra convenções. E digo isso, porque converso diretamente com a pessoa que irá aprovar o cartaz - o diretor ou o produtor - e em uma conversa bastante franca tudo é decidido. Para não precisar lembrar de ninguém e correr o risco de cometer alguma injustiça, citarei o último trabalho que eu fiz de cartaz para uma peça que aconteceria no Rio Grande do Sul, baseada em uma obra de Nelson Rodrigues. O diretor da peça, para quem eu fiz o cartaz, é daqui de Curitiba, mas foi dirigir essa peça no estado gaúcho e nossa reunião de briefing foi por telefone, porque ele ficava o tempo todo ensaiando no Rio Grande do Sul e não tinha como vir para cá. Ele me passou, por e-mail, o script da peça, não precisou explicar quem era Nelson Rodrigues porque eu já o conhecia por causa de outros trabalhos e conversamos apenas duas vezes por telefone. Algum tempo depois, ele veio para Curitiba e marcamos um encontro para mostrar o cartaz que não teve nenhum pedido de alteração, então o que eu mostrei a ele foi impresso. Isso devido a sinergia com a pessoa, pelo conhecimento que possuo em design para teatro e pela maneira como foi conduzido o projeto. Não que seja fácil de aprovar, mas as coisas vão casando de um jeito que o caminho natural é a aprovação.

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APÊNDICE M - NAOTAKE FUKUSHIMA

Se é formado, onde e em que ano? Comunicação Visual na UFPR (Universidade Federal do Paraná) em 1992. Em que área do design o Sr. atua? Sou professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e trabalho na Nexo Design. Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Abri um escritório com o Marcos Minini quando estava no segundo ano da faculdade, em 1990. E logo que saí desse escritório, em 1995, fundei a Nexo Design. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou administrador, uma situação problema que lhe foi marcante? Isso que eu vou contar já aconteceu há algum tempo, quando o escritório era pequeno, e escritório pequeno não nega trabalho. Aconteceu que nós pegamos como cliente um estelionatário por aí. O sujeito disse que estava fazendo um evento e nos contratou para produzir seu material gráfico, além de ter contratado também uma gráfica, outdoor, hotel, palestrante, auditório e mais um monte de gente. Eu fiz o material para ele e depois que estava pronto ele deu calote em todo mundo e sumiu da cidade. Isso só não deu mais problemas para mim por causa da maneira como eu tratei os fornecedores. E foi uma coincidência, já que eu não quis me envolver na contratação de fornecedores porque estava com o pé atrás com esse cliente, achava muita pompa para uma pessoa só. Mas ele tinha alugado uma sala dentro de um edifício comercial, andava de terno de linho e parecia confiável. Deu calote em todos. Eu poderia ter me dado muito mal com relação a isso porque os fornecedores poderiam entender mal e cobrar de mim. Mas como eu era um escritório pequeno, ficou claro para eles que eu também era vítima. No final cada um dos envolvidos resolveu seu próprio problema por ter confiado nele. Essa experiência foi um problema solucionado? Se sim, como foi o processo de solução? Não, tivemos apenas que arcar com os prejuízos. O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante? A dica é seguir o conhecimento popular: a corrente rompe sempre no elo mais fraco. Se você é um escritório pequeno, você é quem vai levar o calote. Se cair na tentação de pegar um trabalho grande e não dar conta, terá problemas. Eu vejo vários escritórios tendo problemas assim, que por ter uma boa rede de contato recebe jobs de uma empresa grande, mas não consegue dar conta de entregar no prazo e com qualidade. Esse tipo de prática, dependendo da situação, acaba prejudicando o nome da profissão. Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Temos um cliente que atendemos a uns seis anos, para o qual fazemos um catálogo anual. Foi um trabalho que começou muito técnico, mas que nos deu credibilidade para inovar em outro material entre os anos de 2010 e 2011, quando o ciente lançou uma linha de secundária de produtos, que também desenvolvemos o catálogo. Este trabalho, que é um trabalho de oportunidade, onde o cliente está crescendo e nós estamos crescendo juntos, já foi premiado e serve de ilustração sobre um trabalho onde o designer atuou cada vez mais cedo no processo chegando a um resultado satisfatório. Como chegou nessa situação? A quem aconselha passar pela mesma cena? O primeiro atributo para essa solução foi posicionar-se como parceiros da empresa, inclusive no momento da concepção. Inúmeras vezes o designer é contratado na fase final do processo, quando todas as especificações do catálogo já estão definidas e chama alguém apenas para diagramar. Esse cliente veio de outros escritórios agindo exatamente

118 assim, e nós tivemos que cativar o cliente e mostrar alternativas para melhorar o briefing que ele já trouxe fechado. Também tentamos “educar” o cliente, mostrando que caso ele tivesse nos contratado mais cedo, o trabalho poderia ser ainda melhor. Na primeira vez que fizemos esse trabalho para ele, era apenas um livro técnico com alguns temperinhos que colocamos mas tarde. Já no último catálogo, como participamos desde a sua concepção, pudemos ofertar muitas outras opções na hora de exibição do produto. Desde os elementos estéticos simples como uma faca especial, uma abertura que marca bem o ritmo, uma lateral com índice, até o conceito do catálogo sobre como mostrar isso ao cliente. Conselho final? Os escritórios de fora estão vindo com tudo. Posso citar muitas empresas que tiveram suas marcas feitas por escritórios de fora do Brasil e outras empresas curitibanas que perderam seus clientes para empresas de outras cidades. Por quê? Aqui em Curitiba não temos know-how pra fazer isso? Não quero discutir a cozinha, mas os escritórios daqui não chegaram no patamar de convencer o cliente de que conseguem fazer aquele trabalho. Então o meu conselho é que nós temos que, sem querer imitar escritórios de fora, saber que dá para melhorar. Talento tem aqui. Na seleção da marca das olimpíadas, dos oito finalistas nacionais, dois eram de Curitiba. Para fortalecer isso, falta integração do mercado, temos que entender que os designers são aliados para melhorar a profissão de designer, isso depende só de nós. Os arquitetos não vão melhorar a profissão de designer, os publicitários menos ainda, os professores também não e o governo idem. A indústria se interessa e quer comprar design, mas não se importa se é daqui ou de outro lugar. Ou seja, só nós é que vamos melhorar nossa profissão juntos. Minha sugestão é que os designers trabalhem juntos.

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APÊNDICE N - NEI ZUZEK

Se é formado, onde e em que ano? Design pela Universidade de Buenos Aires, em 1989. Em que área do design o Sr. atua? Sócio da Roda de Design que trabalha em três frentes: Arquitetura, Comunicação e Eventos, que acaba envolvendo sinalização, ambientação, promocional e outros processos de branding. Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Atuo na área há 25 anos. Abri meu primeiro escritório ainda na faculdade, com alguns colegas que hoje são designers renomados em Buenos Aires. Depois trabalhei em agências de propaganda e marketing direto, antes de abrir a Roda, há 6 anos. Pode nos contar, em sua experiência, uma situação problema que lhe foi marcante? Tem uma frase do Paulo Rogério, ex-funcionário da Roda que diz: "No fim tudo dá certo. Se ainda não deu certo, é porque ainda não chegou ao fim". Uma vez projetamos e executamos um presépio giratório para o topo de um prédio, para um espetáculo natalino. Ficava bonito lá em cima, mas era algo enorme, pesava cinco toneladas. Conversamos com fornecedores, pegamos um motor importado da Finlândia e estava tudo na mais perfeita ordem. Mas duas horas antes da apresentação, o motor enguiçou. Falamos com o fornecedor e ele disse: "deixa que eu resolvo". O presépio foi movimentado por oito pessoas, na mão, escondidas do lado de dentro da estrutura. Eu, lá embaixo no meio da platéia, controlava a velocidade pelo celular. Em duas horas de show, ninguém percebeu. E no dia seguinte conseguimos consertar o motor. Essa experiência foi um problema solucionado? Foi. E se não tivéssemos conseguido dar algum jeito, o cliente poderia nos processar. Estava tudo em contrato e o cliente fez a sua parte. Então, se desse algo errado a culpa seria exclusivamente nossa. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar à solução como foi feito? Tem que estar com a mão na massa. Seu trabalho não vale nada se estiver apenas no papel, afinal o que você cria precisa funcionar. Tem uma frase do Steve Jobs que temos aqui que diz: "design não é como se vê, é como se usa". Então, o bom design é o que funciona e mesmo que seja um material gráfico tem que funcionar. Se eu leio e entendo, então funciona, e isso é o mais importante. Mostre para a sua tia que não sabe nada de design, ela entendeu? Se entendeu, funciona. Se não entendeu, tem algo errado. Não faça design para designer, desenhe para quem não entende de design, por exemplo, sua tia. Ela não tem que achar bonito, ela tem que conseguir entender e usar. Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Como chegou nessa situação? Tem um caso bastante emblemático de uma casa de shows em São Paulo bastante famosa. Esta casa de shows fez um contrato de naming rights com um grande cliente, que é o direito de uso do nome. Ou seja, o cliente paga um patrocínio e, em troca, é usado o nome do cliente como nome da casa. E para esse caso, precisamos criar tudo, desde a marca ao evento de inauguração. E a marca não poderia ser a mesma do cliente, mas com o espírito do cliente. Trabalhamos com uma marca que, de alguma forma, é um equalizador musical, com as barras subindo e descendo, além de remeter aos prédios da cidade de São Paulo. Inclusive, se olhar no site, você a verá em movimento. Reformamos o espaço, fizemos a comunicação visual e a fachada, com o empecilho de que São Paulo possui a Lei Cidade Limpa, que restringe bastante bastante o uso de comunicação visual. Então, pegamos uma torre de vidro que existe na esquina da casa de shows e criamos e executamos um sistema de iluminação de fachada em movimento, que remete a logo mas não fere a lei. Contratamos uma empresa de automação industrial para que, com esta "iluminação

120 animada", a torre parecesse um enorme equalizador. Dá para perceber de longe quando tem evento, e isso respeita a legislação municipal, além de ter resultado em um grande reforço de comunicação visual para a marca.

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APÊNDICE O - NENÊ GUIMARÃES

Se é formado, onde e em que ano? Sou formado em Economia pela FAE, e MBA em branding. Em que área do design o Sr. atua? Aqui na agência, a maior parte do meu tempo do cotidiano é tomada pela atuação comercial, ou seja, na prospecção de novos clientes e dos clientes já atendidos. Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Comecei a trabalhar em design em 2000. Se não, qual foi sua atuação profissional no tempo entre sua formação e sua ocupação atual? Sempre atuei na prática empresarial. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou administrador, uma situação problema que lhe foi marcante? O caso de um grande grupo de comunicação que, a princípio, parecia um caso de reformulação estética da marca, mas quando fomos começar o trabalho, o caso se mostrou como um problema mais complexo. Deparamo-nos com uma diretora de marketing bastante competente, que vinha desenvolvendo um plano de marketing que visava uma melhor sinergia da marca gráfica, não apenas pelas questões estéticas, mas também como deixar clara a relação de hierarquia entre as marcas. E a dificuldade foi exatamente essa, criar uma marca que, ao mesmo tempo, tivesse um bom rendimento estético, que deixasse clara a relação entre o grupo de comunicação e as marcas que faziam parte deste grupo, além de convencer toda a diretoria da empresa dessa necessidade e da qualidade do que tínhamos produzido. Devido à arquitetura de marketing, precisamos indicar uma empresa de consultoria em branding para que eles pudessem fazer uma análise do posicionamento de cada marca de maneira isolada, e como se comportavam enquanto marcas de um mesmo grupo. Isso levou mais de dois anos, e então um trabalho que demoraria, normalmente, uns três meses, demorou dez vezes mais. Essa experiência foi um problema solucionado? Sim, hoje a empresa concorre a prêmios de cases com resultados positivos. Se sim, como foi o processo de solução? Os grupos empresariais costumam não esperar que abriguem tantas marcas distintas. O grupo é iniciado com a marca mãe, logo ganha outra marca um pouco distante da primeira, e compra outra marca que pouco tem a ver com as que já existiam e assim continua. Depois de 10 ou 15 anos, o grupo percebe que a hierarquia e relação entre elas não está mais tão evidente, e aí surge a necessidade de repaginar as marcas para organizar, mercadologicamente, o entendimento das relações entre elas. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar à solução como foi feito? Atenção máxima a detalhes, que é a filosofia de Walt Disney. Um detalhe isolado pode parecer fraco, mas quando somado a vários outros ele ganhar força. Mudar o nome é um exemplo de detalhe, mas é um detalhe imenso como, por exemplo, como mudamos o nome de um canal de um meio de comunicação. Leva-se cinco anos para firmar isso, dez anos para solidificar e mesmo assim, a gente ainda escuta as pessoas falando, por exemplo, "Banco Bamerindus". Percepção e visão estratégica também são importantes porque você pode estar trabalhando com detalhes, mas o que esse detalhe mudará no conjunto final? Isso é visão estratégica, e isso nos lembra que ninguém mexe em uma marca, mas podemos posicionar ela melhor. O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante?

122 Lembrar que o consumidor não vai te contar que você não está sendo claro. Assim como não vai te contar que a marca não é aquilo que você faz, é aquilo que o consumidor pensa de você.

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APÊNDICE P - PAULO STOLFO

Se é formado, onde e em que ano? Desenho Industrial - Habilitação em Projeto de Produto pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) em 1998. Em que área do design o Sr. atua? Atuo como Designer de produto, designer gráfico, empresário, ilustrador e toy designer. Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Atuo há 20 anos na área, desde 1992. Iniciei ainda na faculdade como estagiário de design e quando me formei, já atuava como designer. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou administrador, uma situação problema que lhe foi marcante? Sempre que somos contratados para desenvolver um projeto, passamos por "situações problemas". Alguns com um desafio maior, outros com menor complexidade para resolvê-lo, mas sempre será uma experiência. Em uma destas experiências, a situação problema era que uma pequena indústria de refletores de iluminação nos procurou para desenvolver o design de um novo refletor. A indústria acreditava que estava perdendo mercado porque necessitava colocar novos modelos, no mercado. O processo produtivo de fabricação era limitado e o diretor da empresa não queria investir em novas máquinas, nem em novos recursos para o novo produto que iríamos projetar. Porém, após algumas reuniões com o dono da empresa concluímos que ele não precisava de um novo produto para ganhar mais mercado e identificamos que ele tinha um sério problema de distribuição, e os representantes comerciais não conseguiam atingir todo o Brasil. Essa experiência foi um problema solucionado? Sim, foi solucionado. Se sim, como foi o processo de solução? O cliente já tinha um bom produto, tinha um preço competitivo, então não se fazia necessário o desenvolvimento de um novo refletor apenas para dizer "novo". O problema foi solucionado com a percepção de que era preciso investir no Departamento Comercial e de distribuição da fábrica. No final, o cliente nos agradeceu por termos sido sinceros e termos identificado um problema dele. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar na solução como foi feito? Um dos atributos é ter a consciência que nem sempre o problema do cliente tem a ver com design, mas que muitas vezes o problema está em outros departamentos da empresa ou do processo de fabricação. O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante? Aconselho que seja feita uma análise das verdadeiras necessidades do cliente antes de começar a desenvolver qualquer projeto. Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Como chegou nessa situação? A quem aconselha passar pela mesma cena? Tenho vários episódios interessantes que posso contar como uma boa experiência. Um deles é a atual fase da minha carreira profissional, onde estou deixando, cada vez mais, de desenvolver produtos para comercializá-los através da webstore "O Segredo do Vitório" do qual sou sócio e fundador. Acredito que cheguei nesta situação graças aos vários anos de experiência como designer. Com todo este tempo profissional foi possível adquirir um repertório que, hoje, é fundamental para o meu novo trabalho que é de curadoria e

124 garimpagem de produtos "cool" para vendê-los na loja. O que eu aconselho a todos os jovens designers é que aproveitam todas as oportunidades e chances profissionais que surgirem, quer sejam: estágios, cursos, viagens, livros, etc. Aproveitem as informações que surgem a todo minuto na frente de seus computadores e telefones, porque a criatividade é informação materializada.

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APÊNDICE Q - RENATO BORDENOUSKY FILHO

Se é formando, onde e em que ano? PUCPR - Desenho Industrial - Projeto do Produto – 1990 Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Se não, qual foi sua atuação profissional no tempo entre sua formação e sua ocupação atual? Na área de desenho de móveis, comecei ainda enquanto aluno da graduação, quando estava no segundo ano do curso, e mantive tal atividade até dois anos depois de formado. Logo após a formatura comecei a dar aulas de desenho geométrico e educação artística em uma escola de ensino fundamental (de 5a. a 8a. série), mais para colaborar com uma amiga que trabalhava nessa escola do que uma vontade mesmo de dar aulas. Mas gostei. E quando surgiu uma oportunidade no até então CEFET-PR, fiz o concurso e acabei gostando. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou administrador, uma situação problema que lhe foi marcante? A maneira como entrei no CEFET. Não que tenha sido um grande problema, mas sob certos aspectos, no momento, representou uma dificuldade que para muitos parecia impossível de ultrapassar. Essa experiência, foi um problema solucionado? Com certeza foi uma situação contornada, mas que exigiu força de vontade e dedicação que até hoje não sei onde consegui. Se sim, como foi o processo de solução? Fiquei sabendo, pelos classificados da Gazeta do Povo de domingo, que o CEFET tinha aberto concurso para professores no DADIN. Para Desenho Técnico (ou Geométrico, não me recordo bem) e para Tecnologia e Propriedade dos Materiais. Na segunda feira estava lá pra fazer minha inscrição. A prova seria na semana seguinte. Como sempre fui muito bem nas disciplinas de desenho, seja na graduação como nos ensinos fundamental e médio, e como professor já a dois anos de des. geométrico, tinha certeza que não teria problemas com tal prova. No ato da inscrição, vi que já era a inscrição número 11 ou 14... Perguntei quantos já tinha feito a inscrição para a outra disciplina e me informaram que ainda ninguém... Solicitei o edital, li com cuidado qual seria o conteúdo e lembrei que até tinha visto parte de tudo aquilo (se não tudo), durante minha graduação. Pensei em tudo o que teria que procurar até o dia da prova, tudo o que teria que rever e tudo de novo que teria que estudar... Cheguei a conclusão que era demais. Conteúdo muito grande, muitos detalhes, muitas informações. Era melhor permanecer naquilo que eu dominava. Mas, por via das dúvidas, fui preenchendo a ficha, deixando a indicação de qual disciplina seria, por último. E pensei: quantos não terão o mesmo pensamento? Muito conteúdo para uma só pessoa. Quantos não pensarão em como as regras básicas do desenho são mais tranquilas para quem já está nessa a muito tempo? Daí decidi encarar o desafio e optei pela Tecnol. e Propr. dos Materiais. Passei a semana relendo o Material que meu professor da PUC passou sobre isso, além de ter ido até a Biblioteca Pública buscar uns 4 ou 5 livros específicos sobre materiais, que na época eram direcionados especificamente à arquitetura, engenharia civil e engenharia mecânica. Fiz muitas leituras, resumos e esquemas de estudo. Cheguei para a prova muito apreensivo, temendo os eventuais candidatos que disputariam comigo que pudessem ter uma atuação específica nessa área ou que tivessem formação nisso tudo. Mas ao meso tempo, muito confiante pois tinha realmente me preparado para enfrentar qualquer tipo de pergunta que me fizessem sobre materiais. E, "para nossa alegria", quero dizer, para minha... não tinha mais ninguém inscrito. Respondi cada questão daquela prova com uma tranquilidade misturada com extrema ansiedade. Estava tranquilo, pois não tinha concorrente, mas ansioso porque meu preparo era tamanho, que queria escrever muito mais do que estava conseguindo. Tinha tal domínio do conteúdo, que escrevia muito rápido para ter tempo de mostrar que realmente eu sabia sobre o que

126 estava falando. Passei, e segundo professores que fizeram a correção da prova comentaram depois, realmente passei por meus méritos nas respostas, e não por ser o único candidato, como a situação poderia levar a supor. E como escrevi antes, minha certeza sobre isso é justamente porque eu realmente estava muito, mas muito preparado para enfrentar tal prova. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar à solução como foi feito? Primeiro: eu estava disposto a correr um risco. Mas eu sabia que seria um "risco calculado". Não foi um tiro a esmo, mas sim, um tiro muito bem preparado. Com certeza, eu tinha um domínio muito maior em desenho, mas analisando a situação, lendo o edital e verificando o que seria o conteúdo da outra prova, acreditei ser capaz de me preparar para tal. Segundo: eu me apaixonei pelo assunto. Quando comecei a reler o material que tinha desde minha graduação, mas agora, tendo um interesse real sobre o assunto, percebi o quanto ele era empolgante. Terceiro: dedicação. A partir do momento que agarrei a ideia de que poderia dar aulas sobre um assunto tão grande, com tantas opções de temas, dediquei-me a realmente entender cada material. E a dedicação foi tamanha que quando efetivamente comecei a trabalhas as aulas, muito do que tinha estudado estava sendo utilizado. E quarto: eu tive sorte... mas não a sorte da coincidência, que faz com que ganhemos uma rifa ou um sorteio aleatório qualquer. Mas aquela sorte que aparece sempre que "a oportunidade cruza com o preparo". A oportunidade surgiu, eu estava preparado para enfrentá-la. O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante? Recentemente, li espalhado em alguns cartazes, a frase: "E ele, não sabendo que era impossível, foi lá e fez..." Nem sempre o caminho mais conhecido te levará aos destinos mais interessantes. As vezes, temos que nos arriscar por caminhos que parecem mais difíceis. Claro que sempre com análise cuidadosa das possibilidades, pesando-se prós e contras. Mas as vezes devemos arriscar um pouco mais.

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APÊNDICE R - RICARDO MARTINS

Se é formado, onde e em que ano? Graduado em Design Gráfico pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) em 2004. Mestre em Design pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) em 2009. Em que área do design o Sr. atua? Design da informação, Ensino, Gestão de design e Tipografia. Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Desde 1996, atuo nas áreas de Gestão de Design e Tipografia. Em 2007 comecei a trabalhar com Design da informação, e no ano seguinte me tornei professor de design. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou professor, uma situação problema que lhe foi marcante? Foi um projeto gráfico para um jornal de grande porte, quando eu ainda tinha 21 anos de idade, e não tinha nem entrado na faculdade, pois comecei a estudar design na UFPR (Universidade Federal do Paraná) com 23 anos. Era uma responsabilidade grande, visto que significava lidar com um grande número de pessoas. Essa experiência foi um problema solucionado? Sim, o jornal estava passando por um processo de reformulação editorial, liderado pelo jornalista Marcos Wilson, ex-editor chefe de um grande jornal de São Paulo. Eles perceberam que não adiantaria fazer mudanças no conteúdo do jornal, sem fazer ajustes na apresentação gráfica. Então, a solução foi a criação de um projeto gráfico documentado e que, posteriormente, foi transmitido às equipes de redação, diagramação, paginação, fotografia, pré-impressão e impressão. Se sim, como foi o processo de solução? Juntamente com os jornalistas, foi realizada uma pesquisa para detectar os problemas presentes no jornal, e os principais problemas apontados foram: Falhas microtipográficas: a escolha das fontes e os ajustes de espaçamento eram inadequados; Falhas macrotipográficas (composição): o layout das páginas era problemáticos, visto que não havia a aplicação dos princípios de segregação, enquadramento, saliência, hierarquia, agrupamento, alinhamento, equilíbrio, ritmo, unidades, margens, proporção, etc. Falhas de identidade visual: o jornal não possuía uma identidade visual entre os cadernos, matérias, seções, diferentes edições. Falhas de pré-impressão: o tratamento de imagens era mal executado. Falhas de processo: o jornal não tinha um padrão gráfico uniforme, resultado da falta de documentação das diretrizes de construção do chassi e dos princípios de projeto. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar à solução e como foi feito? O principal atributo é o conhecimento fundamentado sobre os princípios de design gráfico. Sem esse conhecimento, o projeto seria um exercício especulativo que não traria resultados. O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante? Estudem sobre como outros jornais resolveram seus problemas, aprenda com os acertos, mas também com os erros. Não confie no seu próprio julgamento, achando que sabe tudo. Um projeto de sucesso é resultado de muitas conversas, baseadas no respeito. Escute muito, observe, e daí faça seus primeiros rascunhos, então volte a conversar e comece tudo novamente. Um bom projeto vai surgir dessas interações.

128 Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Como chegou nessa situação? A quem aconselha passar pela mesma cena? Bem, eu só tive a percepção de que tinha sido uma boa experiência depois de um tempo, pois na hora eu não sabia no que aquilo iria resultar. Um certo dia, em 1996, fui visitar uma empresa e, em meio a uma conversa como o gerente, comentei sobre o tipo de trabalho que eu realizava, como designer. Passou um tempo e este mesmo gerente mudou de empresa. Ele lembrou-se de mim e indicou o meu trabalho para a dona da empresa na qual ele fora contratado. Então, ela me chamou e pediu para eu fazer a sinalização de um carro e quando comentei sobre o preço, ela ficou tão assustada que chegou a colocar o óculos para certificar-se de que tinha lido direito o valor. Ela olhou para o gerente que tinha me indicado e comentou: “Eu espero que o trabalho dele seja bom mesmo, pois o preço é bem maior do que a maioria cobra”, demonstrando ceticismo. Desenvolvi o projeto, apresentei e ela ficou tão satisfeita com o resultado que eu fiz a sinalização de mais uns 30 carros, com modelos diferentes, alem de ter me entregue a identidade visual de mais 12 empresas para serem refeitas do zero. Depois dessa dúzia de empresas, essa mesmo cliente me indicou para o marido dela, dono de um jornal. Nessa empresa conheci um jornalista que, depois que eu terminei o projeto gráfico, me indicou para outro grande jornal de São Paulo, onde fui prestar serviços na área de design para site de notícias. Lá conheci o diretor operacional deste jornal que me indicou para o maior grupo privado de duty free e shopping nos aeroportos. Atendi a esse grupo, e fui indicado para um grupo ainda maior (que detinha outras 10 empresas). Por fim, a mora da história é: Nunca despreze uma oportunidade. Ela pode vir em uma simples conversa casual, que poderá dar frutos depois. Plante sementes, de diferentes formas, em diferentes lugares. Você não sabe qual delas será a árvore. Resista à tentação de ir pelo caminho do menor preço. O cliente que escolhe apenas pelo preço, nem sempre é o melhor cliente. Tenha convicção do que você faz, para poder defender seus projetos com fundamento. Para isso você deve estudar. Se você senta lá no fundão e mais conversa do que presta atenção, acorde pra estatística: os designers mais bem sucedidos sentaram lá na frente ou desviaram menos sua atenção. Seja amigo do seu professor. Ele também indica trabalhos e ele só vai lembrar de indicar para quem ele se lembrar. Tenha paciência. A colheita de tudo o que você plantar nem sempre é rápida. Se você mora com seus pais e não tem a obrigação de trabalhar ou sustentar família, aproveite pra estudar, ler e praticar muito. Isso vai fazer bastante diferença. E lembrem-se: não existe sorte. Existe talento somado com a oportunidade. Se você tem talento, é só esperar, que a oportunidade irá surgir e as pessoas irão perceber que aquele talento antes escondido, agora aparece e brilha muito.

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APÊNDICE S - RODRIGO DANGELO

Se é formado, onde e em que ano? Design de Produto pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) em 2006. Depois fiz uma Pós-Graduação em Gestão de Negócios na FAE, além de diversos cursos de extensão em branding, o que, praticamente, me dá uma Pós-Graduação em branding. Em que área do design o Sr. atua? Atuo na área de Design de Produto, além de ser administrador da Dangelo DI. Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Se não, qual foi sua atuação profissional no tempo entre sua formação e sua ocupação atual? Estagiei em agências de Design Gráfico e de Publicidade. Então, uma dica que eu posso dar é que, por mais que você queira trabalhar em design, trabalhe também em outras áreas porque tudo no final acabará melhorando você como profissional. Pode nos contar, em sua experiência como designer ou administrador, uma situação problema que lhe foi marcante? Uma coisa que deu bastante errado foi em uma época que estávamos desenvolvendo um site e eu havia contratado dois bons profissionais: um programador e um designer gráfico. Porém o programador, por ser muito bom, era meio "estrelinha" e o designer gráfico tinha um temperamento forte. Apesar de o cliente querer algo bem específico, o designer insistiu que iria fazer uma coisa muito melhor do que o proposto inicialmente e junto com o programador ficou trabalhando no projeto durante muito tempo, mas os dois nunca consideravam o projeto bom o suficiente. O que nenhum deles levou em conta foi que o desenvolvimento desse site possuía um prazo rígido e nesse meio tempo de tentativas de criação de algo surpreendente, estourou o prazo e, como tínhamos um contrato, o cliente queria nos processar. Em reunião com o cliente, eu decidi defender o programador e o designer, dizendo que iríamos fazer algo muito bom e superar as expectativas dele. A resposta do cliente foi "mas eu não pedi isso. Eu quero o que pedi no começo". Essa experiência foi um problema solucionado? Se sim, como foi o processo de solução? Precisei pagar uma indenização, perdemos o cliente e ele falou mal do nosso escritório para outros clientes, o que foi ainda pior, pois fez mal para a nossa imagem. O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante? No final tive que pagar, mas foi bom porque eu aprendi. Às vezes, tentamos fazer o melhor projeto do mundo, mas o cliente não quer aquilo. Ele quer fazer o gol. A atitude certa a se tomar era fazer o que ele queria e precisava, ou seja, colocar o site no ar. Depois de resolvido o problema principal, aí sim vender algo melhor. Isso significa, primeiro preocupar-se com as coisas importantes, usar o design que o cliente tem conhecimento, depois mostrar o design melhor, preparando-o em etapas. Sempre fazemos o melhor possível, mas pensando em tempo, acordos e gestão da produção. Então meu conselho é para que o designer concentre-se no briefing, e não apenas naquele briefing chato com um questionário gigante, mas realmente entendendo o negócio do seu cliente, com o que se preocupa e o que é importante. Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Como chegou nessa situação? A quem aconselha passar pela mesma cena? O primeiro grande projeto que desenvolvi ainda enquanto estagiário na indústria. Foi um projeto que representou um desafio, porque nessa indústria o design era mal visto por quem trabalha lá devido a experiências passadas. Outro designer, que havia trabalhado lá antes, não se deu muito bem. Por isso todo mundo me olhava torto dentro dessa indústria. Foi nesse contexto que surgiu a oportunidade de desenvolver o projeto de uma catraca mais

130 barata e que vendesse melhor. A minha proposta foi de desenhar uma catraca com um preço mais baixo, mas com um valor percebido muito alto devido ao design. Sabia que conseguiria porque tive um bom relacionamento com uma metalúrgica que fabricava esse tipo de produto e aprendi bastante com eles. Já quando fiz o projeto da catraca, outros produtores criaram uma série de empecilhos dizendo que não era possível de fazer. Isso gerou várias discussões, pois precisei provar, através da argumentação, que conhecia bem o processo de fabricação e conhecia bem suas limitações e restrições. Quando finalizei o produto, mostrei à diretoria da indústria e falei que ele poderia ser vendido por um preço muito mais caro do que o projeto anterior. Consegui convencer o dono da indústria a fazer isso, mesmo com outros falando que os produtos novos deveriam ir mais barato para o mercado com a justificativa de que ninguém os conhecia. Expliquei o projeto e, mais uma vez graças à argumentação, os convenci a colocar a catraca no mercado por um preço mais alto e mesmo assim ela vendeu muito. Vendeu tanto que a indústria até parou de vender os outros produtos e começou a vender apenas a catraca que projetei. Como esse projeto deu certo, conseguimos verba para financiamento de outros, todos com um envolvimento maior de design.

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APÊNDICE T - TULIO FILHO

Se é formado, onde e em que ano? Por gostar muito de Arquitetura e ter habilidades manuais, acabei fazendo o Ensino Técnico em Desenho Industrial no CEFET (Centro Federal de Educação Tecnológica), porém com pouca noção do que realmente era. Depois me formei em Administração. Em que área do design o Sr. atua? Administrador da Blu, Designer, Diretor de arte e Diretor de criação. Pode nos contar, em sua experiência como designer, uma situação problema que lhe foi marcante? A maioria dos problemas está, geralmente, ligada ou a problemas técnicos internos ou com fornecedores. A gente faz, manda produzir, tem alguma pena na produção e não temos quase nada de tempo para resolver os problemas, e aí precisamos dar um jeito. Um caso foi na produção de um manual de ética para um cliente. Aqui, na Blu, nós temos um procedimento interno de revisão, e no caso deste cliente, passamos o material achando que este havia passado pela revisão corretamente, porém isso não aconteceu. Materiais com muitas informações passam por três, quatro revisões, mas esse material não passou pela última. No final, o matéria foi mandado para a produção pelo próprio cliente, o que é bastante comum hoje em dia visto que as empresas estão considerando o acompanhamento técnico um custo, ao invés de considerá-lo como uma garantia do material. E a gráfica contratada também pisou na bola. Assumimos o erro de revisão e concordamos que deveria pagar pelo erro. Por sorte, temos vários parceiros que nos auxiliam em momentos como esse, porque a gráfica contratada pelo cliente adotou a seguinte postura: já que havia um erro de revisão, o material deveria ser refeito por erro de conteúdo e não por estar mal impresso, portanto não haveria desconto nenhum para refazer o material. Porém, alem do problema de revisão, havia problemas de produção também pelo fato do cliente ter preferido o custo mais baixo, e acabou por perder muita qualidade no material. Aí, tivemos que administrar todos esses problemas: nossa falha de revisão, a falta de qualidade da gráfica e o cliente exigindo que tudo fosse feito pelo meios mais baratos. No final da história, retiramos esse fornecedor, colocando um parceiro da Blu no lugar, assumimos boa parte dos custos. E o cliente entendeu que ele também havia cometido alguns erros no processo – o que é bastante raro – e assumiu um parte do erro, e aí o material foi produzido a contento. Outro caso de problema, foi quando tínhamos um material que seria produzido para um cliente localizado em São Paulo, usando uma gráfica da cidade de Tubarão, em Santa Catarina, e tivemos um problema técnico de matéria-prima. A gráfica nos vendeu uma coisa, e depois que o produto chegou em nossas mãos, não era nada daquilo. Era um resultado muito abaixo do esperado, e aí tivemos que ligar para o cliente pedindo mais tempo para a entrega. Isso gerou outros problemas, porque o cliente já havia pago até o fornecedor. Essa experiência foi um problema solucionado? Não tivemos muitos opções. Era um material gráfico bastante complexo, e matéria-prima era um polímero, semelhante ao PP. As amostras que haviam sido mandadas, antes possuíam impressões que saltavam aos olhos e eram muito bonitas. Porém, quando chegou a hora de produzir, um de nossos designers viajou até a cidade de Tubarão, e aprovou uma prova, mas que não era naquela matéria-prima que havia sido definida, era um outro substrato. E quando a amostra chegou, percebemos que não era a correta, e o cliente também não aprovou. O que foi chato é que acreditamos muito na palavra do atendimento da gráfica, que nos disse que era possível de produzir o matéria de certa forma. Mas quando contatamos o dono da gráfica, eles nos deu a informação contrária a passada pelo atendimento. Ou seja, foi uma falha nossa de não ter pesquisado mais a fundo a informação técnica para saber o que era possível, ou não. No final da história, como os clientes já tinham pago pelo material, nós tentamos negociar com a gráfica para tentar alterar a matéria-prima. Porém, a reposta da gráfica foi de que eles já tinham comprado um número “x” de chapas da matéria-prima

132 errada, não era algo que ele guardaria de estoque e de algum modo deveria se desfazer disso, portanto cobrariam a matéria-prima de nós. Então, foi criado um impasse entre a Blu, o cliente e o fornecedor. Até onde eu sei, até hoje a gráfica não abriu mão e o cliente teve que pagar por algo que eles não fizeram. E o que aconteceu, é que nós nunca mais trabalhamos com essa gráfica. Se sim, como foi o processo de solução? Nós sempre dependemos de fornecedores e eles evoluíram muito nos últimos anos, principalmente as gráficas. Se nós fazemos o processo interno corretamente, a chance de ter problemas com os fornecedores é muito pequena. Mas é aquele negócio, nós tem um passo-a-passo, uma metodologia para isso e parece que, exatamente, quando você dá uma escapada de algum passo, burla seu próprio sistema, não faz aquilo que sabia que deveria ser feito apenas para encurtar o caminho, aí é que dá o erro. Quando algum problema desse acontece, depois vamos investigar o que deu errado, percebemos que, frequentemente, é um problema de falta de respeito a metodologia utilizada. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar na solução como foi feito? Um atributo necessário ao design, hoje em dia, é o entendimento do negócio no qual ele está envolvido, e isso não significa entender apenas de design, mas entender também o negócio do cliente. É preciso entender o alcance das consequências de um problema que ele próprio pode ocasionar. Nossa responsabilidade é grande, pois atendemos uma vinícola e desenvolvemos o rótulo de seus produtos. Se erramos uma letra, no momento da impressão vai ser algo em torno de cinco milhões de rótulos errados, ou seja, precisamos ter noção do buraco que estamos nos enfiando se não fizermos tudo certo. Portanto, o atributo que eu considero importante para o designer é o entendimento do negócio do cliente, obviamente, com noção sobre o limite do seu entendimento. Temos uma frase que diz que: “a gente nunca vai saber mais do que o cliente sobre o negócio dele”. Ele sempre tem a razão mesmo, afinal, o negócio é dele. Mas isso não nos impede de tentar saber e até chegar a propor soluções que o cliente nem sabia que precisava. O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante? Momentos de problema como essas são cruéis, pois ficamos sem saber o que fazer porque a situação parece fugir, completamente, do controle e analisando depois, percebemos que são vários erros. É como quando cai um avião, ele não cai apenas por causa de um erro, são inúmeras falhas ao mesmo tempo que culminam no acidente. Em design é bem parecido, quando aparece um problema é porque foram cometidos vários erros (pequenos) ao longo do processo. Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Como chegou nessa situação? A quem aconselha passar pela mesma cena? Uma boa experiência foi a criação de um case com um cliente que é uma vinícola, e quando começamos a trabalhar juntos ela possuía um produto que era um suco de uva que vendia zero litros por ano, ou seja, era um produto esquecido no nicho de produtos deles. E ele fechou o último ano vendendo dois milhões de litros. Foram três anos de trabalho, mas que hoje servem de exemplo sobre como o design pode alavancar um produto.

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APÊNDICE U - VINÍCIUS IUBEL

O Sr. é formado? Sim. Se sim, em quê? Onde? Em que ano? Produto na PUC – PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) em 2004. Em que área do design o Sr. atua? Design de Produto. Sou sócio da Megabox Design. Há quanto tempo atua nesta área? Foi logo após sua formação? Se não, qual foi sua atuação profissional no tempo entre sua formação e sua ocupação atual? Antes de abrir a Megabox, trabalhei em uma agência de publicidade e comunicação como diretor de arte. Isso contribuiu para o meu trabalho porque, enquanto designer, o pensamento tende a ficar restrito ao mundo do design e quando se trabalha em outras áreas fica-se mais atento a estas. Pode nos contar, em sua experiência como designer, uma situação problema que lhe foi marcante? Esse problema que vou contar não é bem característico de design, mas é um projeto que precisou ser todo revisto porque infringia uma patente, de outro concorrente. O projeto era um brinco bovino, que foi desenvolvido até uma determinada etapa, quando foi descoberto que infringia a uma patente. Esta descoberta demandou toda uma revisão, mas a situação que era um problema virou a grande solução. Pela necessidade de repensar o projeto, levantamos outras questões ligadas ao design. Não apenas ao design do produto, mas ao processo no qual ele está envolvido. O produto é um brinco de identificação animal, mas deixamos de pensar apenas na função de identificação, e passamos a analisar o processo de como é feita essa identificação, e como é feito o manejo do animal. Com tudo isso, incluímos no produto um processo que não fazia parte dele, a assepsia animal. Essa foi a grande sacada. Essa experiência foi um problema solucionado? Se sim, como foi o processo de solução? Sim. O produto final do projeto foi um brinco dividido em duas partes que se encaixam. Os “machos” possuem um inserto metálico pontiagudo que perfura a orelha do animal, e fixa a parte “fêmea” do produto. A inovação o sistema é a presença de um composto anti-séptico nas “fêmeas”. Então, quando é feito o encaixe, a parte “macho” perfura a área que contém o anti-séptico, promovendo a assepsia do local enquanto é feita a identificação no animal. Quais atributos o senhor julga interessante para chegar à solução como foi feito? A boa e velha multidisciplinaridade. Lembro de uma frase do Fred Gelli: “Você não precisa conhecer profundamente nada, mas precisa conhecer superficialmente tudo”. Isso é muito importante, trazer soluções de outros lugares para esse problema. Outra coisa é que o designer tem uma capacidade que outras profissionais não têm. A capacidade de olhar o problema com um ponto de vista fora do problema, não apenas imerso e focado. Várias profissões têm esse problema de ser muito focado, então acaba ficando imerso no problema e não acha a solução por isso. O designer tem um treinamento/preparação psicológica para pensar de fora e ver isso com um olhar mais amplo. Na verdade, qualquer um pode fazer isso, não é uma exclusividade do designer. Mas o designer, por ser treinado para isso, o faz com maior facilidade. O que aconselha para pessoas que passarem por problema semelhante? Não somatize o problema. Quando você somatiza o problema fica tão imerso nele que não acha a solução.

134 Pode nos contar um episódio interessante em sua carreira que pode ser contado como uma boa experiência? Como chegou nessa situação? A quem aconselha passar pela mesma cena? Os projetos que possuem várias áreas bem envolvidas, como uma área de engenharia, um departamento de marketing e uma boa equipe de design para resolução dos problemas são boas experiências. Assim, o projeto já chega para nós, designers, de uma forma mais madura e não terá tanta alteração no decorrer do desenvolvimento. Todo projeto, para ser bem sucedido, precisa ter um bom gestor. Pode ser um designer, ou não, mas alguém que não está envolvido com a parte técnica do projeto, ou seja, não está fazendo a eletrônica, marketing, design ou venda, alguém de fora. Na Megabox, por exemplo, agora não tem ninguém específico para isso. Alguém acaba integrando essa função de acordo com a demanda, mas isso ainda não é o ideal. O ideal é ter alguém de fora, porém isso acaba na nossa mão, já que mesmo como administrador, o trabalho como designer continua com os sócios. Assim sendo, o dia é dividido em três partes: a administrativa, a técnica e a visionária. A parte administrativa é quando lidamos com a parte burocrática do dia-a-dia, é possível delegar, com certa facilidade. A parte técnica, se você tem uma boa equipe, também consegue delegar. Porém, a parte visionária não, depende de quem tem a visão, mas sempre precisamos participar das três.