cana de açúcar

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CANA-DE-ACARORIGEM DA ATIVIDADEMais do que elemento essencial da formao do Brasil, a Cana-de-Acar transformou-se em parte integrante do imaginrio do povo brasileiro. Na cozinha, desdobra-se em utilidades; na indstria, colabora para a produo de alimentos mais saudveis, de fcil conservao. Dela vem o lcool combustvel, a energia eltrica. Tambm pode produzir papel, plsticos, produtos qumicos.

A Cana-de-Acar verstil, palavra que, alis, justificaria mais um hfen: cana-de-aucar-verstil. Se preferirmos, grama-de-acar-verstil, pois a cana uma gramnea, cujo potencial, variado e complexo, ainda pode ser muito explorado. No Brasil, em menos de 1% das terras agricultveis plantam-se 4,5 milhes de hectares de cana (duas vezes a rea do Estado do Piau), matria-prima que permite a fabricao de energia natural, limpa e renovvel. A cana , em si mesma, usina de enorme eficincia: cada tonelada tem um potencial energtico equivalente ao de 1,2 barril de petrleo. O Brasil o maior produtor do mundo, seguido por ndia e Austrlia. Na mdia, 55% da cana brasileira vira lcool e 45%, acar. Planta-se cana, no Brasil, no Centro-Sul e no Norte-Nordeste, o que permite dois perodos de safra. Plantada, a cana demora de ano a ano e meio para ser colhida e processada pela primeira vez. A mesma cana pode ser colhida at cinco vezes, mas a cada ciclo devem ser feitos investimentos significativos para manter a produtividade.

A cana a fora por trs das 307 centrais energticas' existentes no Brasil, 128 das quais esto em So Paulo, utilizando cana que cobre 2,35 milhes de hectares de terra. So usinas e destilarias que processam a biomassa proveniente da Cana-de-Acar e que alimentam um crculo virtuoso: produzem acar como alimento, energia eltrica vinda da queima do bagao nas caldeiras, lcool hidratado para movimentar veculos e lcool anidro para melhorar o desempenho energtico e ambiental da gasolina.

CORTE

A agroindstria canavieira emprega 1 milho de brasileiros. Mais de 80% da cana colhida cortada mo; o corte precedido da queima da palha da planta, o que torna o trabalho mais seguro e rentvel para o trabalhador. Mas a mecanizao avana. No Estado de So Paulo, 25% da rea plantada est sendo colhida por mquinas. A legislao paulista estipula prazos para que o fogo deixe de ser usado no manejo da cana. A evoluo tecnolgica portanto gradativa, exigindo o desenvolvimento de polticas realistas de reciclagem e reaproveitamento de mo-de-obra e o monitoramento de impactos ambientais, relacionados com a eroso e a difuso de pragas que acompanham a mecanizao.

PRODUTOS E SUBPRODUTOS

PRODUTOSO combustvel de cerca de 3 milhes de veculos que rodam no Brasil o lcool hidratado; o anidro misturado na proporo de 24% em toda a frota brasileira, de 17 milhes de veculos. O lcool tambm usado de forma intensiva na indstria de bebidas, nos setores qumico, farmacutico e de limpeza. O Brasil o maior produtor de acar de cana do mundo, com os menores custos de produo, e tambm o maior exportador do produto. Metade da produo brasileira destinada ao mercado interno. A metade exportada gerou, em 2001, 2,2 bilhes de dlares para a balana comercial. O Brasil exporta acar branco (refinado), cristal e demerara, e h pelo menos cinco anos a Rssia se mantm como a maior importadora do acar brasileiro. O Estado de So Paulo responsvel por 60% de todo o acar produzido no Pas e por 70% das exportaes nacionais. O mercado interno divide-se em domstico e industrial. No primeiro prevalecem os acares cristal e refinado; no industrial, os acares demerara e lquido. O consumo brasileiro de 52 kg per capita, e a mdia mundial est em torno de 22 kg per capita. Co-gerao de energia eltrica. Vapor e calor so muito importantes no processo de obteno de acar e de lcool. O vapor, obtido pela queima do bagao da cana, movimenta turbinas, gerando energia eltrica que torna auto-suficientes unidades industriais e excedentes, vendidos s concessionrias.

No Estado de So Paulo, o setor gera para consumo prprio entre 1.200 e 1.500 Megawatts, 40 usinas produzem excedentes de 158 Mw e a luz que vem da cana j ajuda a iluminar diversas cidades. O potencial de gerao de energia da agroindstria canavieira est em torno de 12 mil Mw a potncia total instalada no Brasil de 70 mil Mw. Em 2002, em funo de novos projetos, mais 300 Mw devem ser adicionados e em curto prazo o setor poder contribuir com 4 mil Mw adicionais.

SUBPRODUTOSDiversidade, flexibilidade e adequao s necessidades do meio ambiente A Cana-de-Acar matria-prima de grande flexibilidade. Com ela possvel produzir acar e lcool de vrios tipos; fabricar bebidas como cachaa, rum e vodka e gerar eletricidade a partir do bagao via alcoolqumica. Da cana se aproveita absolutamente tudo: bagao, mis, torta e resduos de colheita. Com 3 kg de acar e 17,1 kg de bagao pode-se obter, por exemplo, 1 kg de plstico biodegradvel derivado da cana, utilizando-se como solventes outros subprodutos da usina. Do bagao, obtm-se bagao hidrolisado para alimentao animal, diversos tipos de papis, frmacos e produtos como o furfurol, de alta reatividade, para a sntese de compostos orgnicos, com grande nmero de aplicaes na indstria qumica e farmacutica. Do melao, alm do lcool usado como combustvel, bebida, e na indstria qumica, farmacutica e de cosmticos, extraem-se levedura, mel, cido ctrico, cido ltico, glutamato monossdico e desenvolve-se a chamada alcoolqumica as vrias alternativas de transformao oferecidas pelo lcool etlico ou etanol. Do etanol podem ser fabricados polietileno, estireno, cetona, acetaldedo, poliestireno, cido actico, ter, acetona e toda a gama de produtos que se extraem do petrleo. Seu variado uso inclui a fabricao de fibras sintticas, pinturas, vernizes, vasilhames, tubos, solventes, plastificantes, etc. Dos resduos, utilizam-se a vinhaa e o vinhoto como fertilizantes. Existem ainda outros derivados: dextrana, xantan, sorbitol, glicerol, cera refinada de torta, antifngicos, etc. A Cana-de-Acar gera, portanto, assim como o pe-trleo, incontvel nmero de produtos, de fermento a herbicidas e inseticidas, com importante diferencial: so biodegradveis e no ofensivos ao meio ambiente.

AVANO TECNOLGICOQualquer que seja a matria-prima (Cana-de-Acar, beterraba, milho, etc.) da qual se extraia acar e lcool, o setor sucroalcooleiro do Brasil dos mais competitivos do mundo. Graas ao elevado teor de fibra, que lhe confere independncia em relao energia externa, a Cana-deAcar apresenta, em termos energticos, claras vantagens competitivas na comparao com outras matrias-primas. A produtividade agro-industrial teve nos ltimos anos significativa evoluo: na regio Centro-Sul, que responde por 85% da produo brasileira, a mdia oscila entre 78 e 80 toneladas por hectare, em ciclo de cinco cortes. Em So Paulo, responsvel por 60% da produo nacional, a mdia est ao redor de 80 a 85 toneladas por hectare, em ciclo de cinco a seis cortes.

A qualidade da matria-prima, em So Paulo e no Centro-Sul, medida pela sacarose que contm, est entre 14 e 15,5% de pol, o que equivale ao rendimento mdio de 140 a 145 kg de acares totais por tonelada de cana. Para o lcool, isso significa rendimento entre 80 e 85 litros por tonelada.

No Brasil, e entre os associados da Unica, a melhoria tecnolgica para os prximos cinco anos dever concentrar-se nos seguintes aspectos:

desenvolvimento de novas variedades, cada vez mais adaptadas ao clima, tipo de solo e sistema de corte (manual ou mecanizado) e cada vez mais resistentes a pragas e com maior concentrao de sacarose uso de insumos modernos, melhoria do sistema de transporte e mecanizao da lavoura melhores processos de planejamento e controle melhoria na extrao do caldo e diminuio de perdas no processo menor uso de produtos qumicos no processo industrial de fabricao de acar e lcool inovaes no processo de produo de acar e lcool gerenciamento da produo co-gerao de energia eltrica

A palavra que originou o nome acar , provavelmente, gro, sarkar, em snscrito. No leste da ndia, o acar era chamado shekar, enquanto os povos rabes o conheciam como al zucar, que se transformou no espanhol azucar, e da, acar, em portugus. Na Frana, o acar chamado de sucre e, na Alemanha, de zucker, da o ingls sugar. Assunto muito controvertido o que define a idade da Cana-de-Acar no mundo entre 12.000 anos e 6.000 anos atrs. O lugar onde a planta germinou pela primeira vez tambm uma incgnita, devido quantidade de gramneas hbridas existentes e falta de documentao que certifique sua origem. Uma linha de pesquisadores admite que a Cana-de-Acar tenha surgido primeiramente na Polinsia; alguns arriscam a Papua Nova Guin como bero da gramnea. Os estudiosos que admitem o surgimento da cana h 6 mil anos indicam a Indonsia, Filipinas e norte da frica como expanso natural nos dois mil anos aps o primeiro registro da planta. A maioria dos historiadores, porm, aceita a tese de surgimento da cana entre 10 e 12 mil anos, e data em 3.000 a.C. o caminho percorrido pela cana da Pennsula Malaia e Indochina Baa de Bengala.

Mas h um fato com o qual todos os historiadores concordam: a origem asitica da cana. Ela foi introduzida na China por volta de 800 a.C. e o acar cru j era produzido em 400 a.C. Porm, s a partir de 700 d.C. comeou a ser comercializado. H relatos de sua expanso ocidental, atingindo ndia e Prsia, que datam de 510 a.C., da expedio militar persa do imperador Dario ndia. A cana e o seu doce caldo, porm, foram mantidos em segredo, j que o produto da planta era raro e luxuoso, principalmente para os povos distantes do comrcio entre os asiticos. Em 327 a.C., Alexandre O Grande comprovou o consumo da cana na ndia. Seu almirante Nearchos disse que havia encontrado uma cana que fazia o mel sem abelhas, e os escribas observaram os hindus enquanto mastigavam a gramnea. Theopharstus, em 287 a.C., descreveu a maravilha como o mel que est em um basto.

COLNIA E IMPRIO

A Cana-de-Acar no Brasil: objetivos, implantao, apogeu e queda Plantio em grande escala da cana transformou o Brasil em principal fornecedor de acar para a Europa at chegar a concorrncia Um dos propsitos para a descoberta de novas terras, na poca das Grandes Navegaes, era a falta de reas cultivveis na Europa em que pudessem prosperar espcies de plantas como a Cana-de-Acar, cujo produto, o acar, era escasso e caro no Velho Continente. Portugal plantava cana nas ilhas de Cabo Verde, Aores e Madeira. Ainda assim, eram poucas as terras apropriadas para a cultura. Com a Descoberta do Brasil, a Cana-de-Acar foi trazida para a Amrica as primeiras mudas chegaram em 1532, na expedio de Martim Afonso de Souza , e aqui a planta espalhou-se no solo frtil de massap, com a ajuda do clima tropical quente e mido e da mo-de-obra escrava trazida da frica. A descoberta dessa nova colnia enriqueceu Portugal e espalhou o acar brasileiro assim como aquele produzido na Amrica Central, por franceses, espanhis e ingleses por toda a Europa. Principalmente por causa das invases de estrangeiros no Brasil, tornou-se necessrio habitar a nova colnia. Para isso, o rei D. Joo III dividiu as terras pertencentes a Portugal, conforme o Tratado de Tordesilhas, em capitanias hereditrias, a exemplo do que havia sido feito em Madeira e Aores. As capitanias eram doadas pelo rei aos donatrios fidalgos portugueses que, em troca, deveriam povoar, cultivar, desenvolver e defender, principalmente de invasores, as terras concedidas. A capitania mais importante na poca do ciclo da cana era a Capitania de Pernambuco, que pertencia a Duarte Coelho, onde foi implantado o primeiro centro aucareiro do Brasil. Logo se seguiu o despertar da

Capitania da Bahia de Todos os Santos de Francisco Pereira Coutinho e, com o desmatamento da Mata Atlntica nativa, os canaviais expandiram-se pela costa brasileira. No entanto, diferentemente do que acontecia nas terras do norte da colnia, no sul, as capitanias de So Vicente (So Paulo) e So Tom (Rio de Janeiro) sofriam por estarem distantes da metrpole e dos portos europeus. Isso encarecia o transporte do acar, mas no impediu que a cultura tambm se estabelecesse nessas reas. A Espanha, grande concorrente de Portugal, alm de plantar cana desde 1506, em Cuba, em Porto Rico e no Haiti suas colnias , trazia pedras e metais preciosos das terras do Novo Mundo. Porm, com a adoo de medidas portuguesas que asseguravam a liderana lusitana no mercado aucareiro e a descoberta dos tesouros astecas e das minas mexicanas pelos espanhis, o interesse da Espanha pelos canaviais se amainou. A maior conseqncia da penetrao de metais preciosos das colnias espanholas na Europa foi o aumento dos preos de produtos considerados de luxo. Essa coincidncia favoreceu o domnio portugus sobre a produo de acar no sculo XVII. Em 1580, com a morte do rei D. Sebastio, a Coroa Espanhola incorporou Portugal aos seus domnios. A unio das coroas no fez bem s relaes de Portugal com a Holanda, j que os holandeses eram inimigos dos espanhis. Nessa poca, o acar brasileiro seguia em embarcaes para ser refinado na Holanda, e quem realmente o comercializava eram os holandeses. Com a interrupo de relaes porturias entre Portugal e Holanda, a idia de tomar o Nordeste brasileiro tomou corpo na corte holandesa. Apoiados pela Companhia das ndias Ocidentais, empresa fundada em 1621, e pelos Estados Gerais das Provncias unidas (governo da Holanda na poca), holandeses desembarcaram no Brasil em 1630. Passaram 24 anos entre ns, adquirindo tecnologia e experincia nos engenhos e canaviais. Os holandeses foram expulsos em 1654 mas levaram o conhecimento e as tcnicas do cultivo da cana para as Antilhas e para a Amrica Central. Essas terras, que ficavam mais prximas da Europa, substituram o acar brasileiro no mercado e a agricultura brasileira recebeu um grande golpe. O Nordeste j no podia competir no cenrio internacional. A vida social, econmica e cultural brasileira passou por uma grande transformao, e a situao s melhorou quando as colnias europias produtoras de acar foram sacudidas por revoltas sociais que desencadearam a independncia das colnias. Aproveitando-se disso, produtores brasileiros voltaram a ser os maiores fabricantes de acar do mundo. A abertura dos portos, em 1808, e a Independncia, em 1822, tambm beneficiaram a produo. Mas isso no foi suficiente para retomar a posio de dois sculos atrs. A agricultura da Cana-de-Acar vinha sendo prejudicada pela expanso do cultivo da beterraba da qual tambm extrado o acar na Europa; pela distncia entre o Brasil e os portos consumidores; e pelo baixo nvel tcnico da produo. O sculo XIX no foi bom para o Brasil, que caiu para quinto lugar na lista de produtores de cana, com apenas 8% da produo mundial. A economia aucareira teve nova queda e o declnio da produo acentuou-se no fim do sculo, obrigando o Brasil a voltar-se para o mercado interno, que era pequeno e estava fragilizado pela crise do acar. Fonte: www.unica.com.br

CanadeAcar

A Cana-de-Acar originria da Nova Guin. Foi introduzida na Amrica por Cristvo Colombo e no Brasil por Martin Afonso de Souza no ano de 1532. A histria deste setor se confunde com a Histria do Brasil. Segundo o escritor Gilberto Freire, autor de Casa Grande & Senzala O Brasil nasceu nos canaviais. Introduzida inicialmente como PLANTA ORNAMENTAL; posteriormente, em funo de sua doura, foi utilizada como garapa e depois acar e aguardente. E, na atualidade, agregam-se dezenas de produtos conforme descrito neste plano. No Esprito Santo, os primeiros engenhos de cana surgiram em So Mateus. Em 1605, a cultura da cana j era importante tambm em Vitria, onde se produzia acar e aguardente. O setor sucro-alcooleiro iniciou-se no Esprito Santo no incio do sculo passado, com a implantao da Usina Paineiras no sul do Estado (instalada em 1911/12 obra do governo Jernimo Monteiro) buscando dinamizar a regio, onde predominava a pecuria e a monocultura do caf. Com a crise no mercado internacional no setor cafeeiro, nasce o projeto de uma usina de acar. A instalao da usina de acar no Estado do Esprito Santo foi inspirada no sucesso de Campos-RJ, que contava com 24 usinas na poca e detinha o ttulo de maior produtor de acar do mundo. Com a crise do petrleo em 1973, elevando o preo do barril de US$ 7,00 a US$ 9,00 para US$ 30,00, a economia do mundo inteiro se abalou e veio a necessidade de buscar alternativas energticas. Dentro deste panorama, pressionado pela falta de divisas para seu abastecimento de petrleo, o Brasil viu como opo de mdio e longo prazo dinamizar a Petrobras, no s na prospeco, como tambm no refino. E, a curto, mdio e longo prazo, a bioenergia extrada da Cana-de-Acar, com todas as facilidades do nosso ambiente edafo-climtico propcio e conhecimento tecnolgico, visto que, desde a 2 Guerra Mundial, o Brasil utilizava o lcool anidro na gasolina como complemento. Em 1977/1978 foi criado o PROLCOOL, um programa ambicioso que, alm de substituir grande parte da importao de petrleo, tornou-se um marco na cadeia ambiental, pois a queima do lcool sendo um oxigenado emite menos de 10% de poluentes que os carbonados derivados de fssil. Porm, somente em 1980, com a eleio do presidente Joo Baptista Figueiredo, foi dinamizado o PROLCOOL, com investimentos da ordem de US$ 10.000.000.000,00 (em 20 anos, ou seja, at o ano 2000, o Brasil j tinha economizado em divisas, pela menor importao de petrleo, US$ 50.000.000.000,00). Imediatamente, o Esprito Santo se fez presente em resposta ao anseio nacional: com a Usina Paineiras se adaptando para produzir mais lcool e sendo implantadas no Estado 6 usinas autnomas para produzir somente lcool (ALBESA Boa Esperana, ALCON Conceio da Barra, ALMASA So Mateus, j desativada, CRIDASA Pedro Canrio, DISA Conceio da Barra e LASA Linhares).

Tivemos, assim, tanto benefcios em mbito nacional quanto estaduais, onde destacamos: emprego no campo com profissionalizao, assistncia social, evitando o xodo rural, arrecadao de impostos, enfim, enriquecimento regional e uma imagem totalmente positiva. Porm, com a superao da crise internacional do petrleo, o governo comeou a tirar as vantagens (em forma de subsdio) dos produtores de lcool e, em 1997/1998, deixou o setor prpria sorte, dificultando ainda mais o setor, sem crdito e sem investimentos para crescer. Apesar de todas as adversidades e acreditando em algumas expectativas governamentais, o setor no Esprito Santo deu a volta por cima e cresceu, passando de Estado importador de lcool a quase autosuficiente. Porm, continua sendo grande importador de acar. Mais do que elemento essencial da formao do Brasil, a Cana-de-Acar transformou-se em parte integrante do imaginrio do povo brasileiro. Na cozinha, desdobra-se em utilidades; na indstria, colabora para a produo de alimentos mais saudveis, de fcil conservao. Dela vem o lcool combustvel, a energia eltrica. Tambm pode produzir papel, plsticos, produtos qumicos. Enfim, a Cana-de-Acar sobreviveu para contar sua prpria histria e testemunhou impassvel nestes quase cinco sculos de existncia em solo brasileiro, a resistncia indgena, a luta dos negros africanos e brasileiros por liberdade nas senzalas, a opulncia dos senhores de engenho nas casas-grandes, o perodo colonial, o Imprio, a Repblica, o Estado Novo, as tentativas de democratizao, o golpe militar de 64, a redemocratizao e a Constituio de 1988.

PRODUTOS E SUBPRODUTOS 1- Informaes geraisA cana uma gramnea, cujo potencial, variado e complexo, ainda pode ser muito explorado. No Brasil, em menos de 1% das terras agricultveis plantam-se 5,0 milhes de hectares de cana (duas vezes a rea do Estado do Piau), matria-prima que permite a fabricao de energia natural, limpa e renovvel. A cana , em si mesma, usina de enorme eficincia: cada tonelada tem um potencial energtico equivalente ao de 1,2 barril de petrleo. O Brasil o maior produtor do mundo, seguido por ndia e Austrlia. Na mdia, 55% da cana brasileira vira lcool e 45%, acar. Planta-se cana, no Brasil, no Centro-Sul e no Norte-Nordeste, o que permite dois perodos de safra. Plantada, a cana demora de ano a ano e meio para ser colhida e processada pela primeira vez. A mesma cana pode ser colhida at cinco ou dez vezes, mas a cada ciclo devem ser feitos investimentos significativos para manter a produtividade em nveis competitivos. A cana a fora por trs das 307 centrais energticas existentes no Brasil, 128 das quais esto em So Paulo, utilizando cana que cobre 2,35 milhes de hectares de terra. So usinas e destilarias que processam a biomassa proveniente da Cana-de-Acar e que alimentam um crculo virtuoso: produzem acar como alimento, energia eltrica vinda da queima do bagao nas caldeiras, lcool hidratado para movimentar veculos e lcool anidro para melhorar o desempenho energtico e ambiental da gasolina.

1.1- ProdutosO combustvel de cerca de 3 milhes de veculos que rodam no Brasil o lcool hidratado; o anidro misturado na proporo de 24 a 25% em toda a frota brasileira, de 17 milhes de veculos. O lcool tambm usado de forma intensiva na indstria de bebidas, nos setores qumico, farmacutico e de limpeza. O Brasil o maior produtor de acar de cana do mundo, com os menores custos de produo e tambm, o maior exportador do produto. Metade da produo brasileira destinada ao mercado interno. A metade exportada gerou, em 2001, 2,2 bilhes de dlares para a balana comercial. O Brasil exporta acar branco (refinado), cristal e demerara, e h pelo menos cinco anos a Rssia se mantm como a maior importadora do acar brasileiro. O Estado de So Paulo responsvel por 60% de todo o acar produzido no Pas e por 70% das exportaes nacionais.

O mercado interno divide-se em domstico e industrial. No primeiro prevalecem os acares cristal e refinado; no industrial, os acares demerara e lquido. O consumo brasileiro de 52 kg per capita, e a mdia mundial est em torno de 22 kg per capita. Vapor e calor so muito importantes no processo de obteno de acar e de lcool. O vapor, obtido pela queima do bagao da cana, movimenta turbinas, gerando energia eltrica que torna auto-suficientes unidades industriais e excedentes, vendidos s concessionrias - Co-gerao de energia eltrica. No Estado de So Paulo, o setor gera para consumo prprio entre 1.200 e 1.500 Megawatts, 40 usinas produzem excedentes de 158 Mw e a luz que vem da cana j ajuda a iluminar diversas cidades. O potencial de gerao de energia da agroindstria canavieira est em torno de 12 mil Mw a potncia total instalada no Brasil de 70 mil Mw. Em 2002, em funo de novos projetos, mais 300 Mw foram adicionados e em curto prazo o setor poder contribuir com 4 mil Mw adicionais.

1.2 - Subprodutos da Cana-de-AcarDiversidade, flexibilidade e adequao s necessidades do meio ambiente. A Cana-de-Acar matriaprima de grande flexibilidade. Com ela possvel produzir acar e lcool de vrios tipos: fabricar bebidas como cachaa, rum e vodka e gerar eletricidade a partir do bagao via alcoolqumica. Da cana, se aproveita absolutamente tudo: bagao, mis, torta e resduos de colheita. Com 3 kg de acar e 17,1 kg de bagao pode-se obter, por exemplo, 1 kg de plstico biodegradvel derivado da cana, utilizando-se como solventes outros subprodutos da usina. Do bagao, obtm-se bagao hidrolisado para alimentao animal, diversos tipos de papis, frmacos e produtos como o furfurol, de alta reatividade, para a sntese de compostos orgnicos, com grande nmero de aplicaes na indstria qumica e farmacutica. Do melao, alm do lcool usado como combustvel, bebida, e na indstria qumica, farmacutica e de cosmticos, extraem-se levedura, mel, cido ctrico, cido ltico, glutamato monossdico e desenvolve-se a chamada alcoolqumica as vrias alternativas de transformao oferecidas pelo lcool etlico ou etanol. Do etanol podem ser fabricados polietileno, estireno, cetona, acetaldedo, poliestireno, cido actico, ter, acetona e toda a gama de produtos que se extraem do petrleo. Seu variado uso inclui a fabricao de fibras sintticas, pinturas, vernizes, vasilhames, tubos, solventes, plastificantes, etc. Dos resduos, utilizam-se a vinhaa e o vinhoto como fertilizantes. Existem ainda outros derivados: dextrana, xantan, sorbitol, glicerol, cera refinada de torta, antifngicos, etc. A Cana-de-Acar gera, portanto, assim como o petrleo, incontvel nmero de produtos, de fermento a herbicidas e inseticidas, com importante diferencial: so biodegradveis e no ofensivos ao meio ambiente. Observam-se abaixo produtos que podero ser agregados no processo de industrializao da Cana-de-Acar:

Matrias-primas1 2 3 4 5 6 - Resduos da colheita A Cana-de-Acar Acar Bagao Mis Torta

Derivados do bagaoPolpa quimiomecnica de bagao; Polpa qumica para papel; Polpa para dissolver; Polpa absorvente; Papel de jornal; Papel de impresso e de escrever de polpa quimiomecnica; Papel de impresso e de escrever de polpa qumica; Papis estucados com polpas qumica e quimiomecnica; Meio para corrugar;

Carboximetilcelulose; Celulose microcristalina; P de celulose; Meios filtrantes; Frmacos a partir de lignina do bagao; Tabuleiros de partculas de bagao; Tabuleiros ou painis com aglutinantes inorgnicos; Tabuleiros de fibras de bagao; Produtos moldados de bagao; Tabuleiros de fibras de densidade mdia (MDF); Furfurol; Resina de furfurol acetona; Resina para fundio; Primrio atincorrosivo furano-asfltico; Frmacos nicrofurnicos; lcool furfurlico; Resina de lcool furlico; Carvo ativado; Bagacilho hidrolisado; Bagacilho pr-digerido; Bagacilho pr-digerido com cal (Predical).

Derivados do melaolcool; Produo de rum e aguardente; Alcoolqumica; Alfa-amilase; Dextranase; Celulase; Xilanase; Levedura Saccharomyces; Levedura Torula; Levedura Torula a partir de outros substratos; Levedura invertase; Mel protico; Mel desidratado enriquecido; Levedura para consumo humano; Autolisado e derivados de levedura; Produo de gordura a partir de leveduras; Mis para uso direto como alimento; Resduos da colheita processados; Enriquecimento protico de resduos da colheita da cana; L-lisina; cido ctrico; cido ltico; Glutamato monossdico; Acetona-butanol; cido indol-actico, Bactrias fixadoras do nitrognio, Azospirillum sp.; cido jasmnico; Giberelinas.

Outros DerivadosDextrana; Xantana; Sorbitol; Glicerol; Cera refinada de torta; Fitosteris a partir de leo de torta; Conservao de resduos da colheita; Fungos comestveis (cogumelos); Antifngico foliar a partir de pseudomonas spp.; Esporos de Trichoderma harzianum para controle biolgico; Controle biolgico.

ResduosVinhaa; Vinhoto concentrado de resduos alcolicos; Biogs de resduos; guas residuais para fertilizao e irrigao.

EnergiaEnergia na produo de acar de cana.

1.3- Tipos de acar Acar refinado granuladoPuro, sem corantes, sem umidade ou empedramento e com cristais bem definidos e granulometria homognea, o acar refinado granulado muito utilizado na indstria farmacutica, em confeitos, xaropes de excepcional transparncia e mistura seca, em que so importantes aspectos visuais, escoamento rpido e solubilidade.

Acar refinado amorfoCom baixa cor, dissoluo rpida, granulometria fina e brancura excelente, o refinado amorfo utilizado no consumo domstico, em misturas slidas de dissoluo instantnea, bolos e confeitos, caldas transparentes e incolores. Glacar - O conhecido acar de confeiteiro, com grnulos bem finos, cristalinos, produzido diretamente na usina, sem refino e destinado indstria alimentcia, que o utiliza em massas, biscoitos, confeitos e bebidas.

O xarope invertido

Com 1/3 de glicose, 1/3 de frutose e 1/3 de sacarose, soluo aquosa com alto grau de resistncia contaminao microbiolgica, que age contra a cristalizao e a umidade, utilizado em frutas em calda, sorvetes, balas e caramelos, licores, gelias, biscoitos e bebidas carbonatadas.

O xarope simples ou acar lquidoTransparente e lmpido, tambm uma soluo aquosa, usada quando fundamental a ausncia de cor, caso de bebidas claras, balas, doces e produtos farmacuticos.

Acar orgnicoProduto de granulao uniforme, produzido sem nenhum aditivo qumico, na fase agrcola como na industrial, e pode ser encontrado nas verses clara e dourada. Seu processamento segue princpios internacionais da agricultura orgnica e anualmente certificado pelos rgos competentes. Na produo do acar orgnico, todos os fertilizantes qumicos so substitudos por um sistema integrado de nutrio orgnica para proteger o solo e melhorar suas caractersticas fsicas e qumicas. Evitam-se doenas com o uso de variedades mais resistentes, e combatem-se pragas, como a broca da cana, com seus inimigos naturais vespas, por exemplo.

1.4- Avano tecnolgicoQualquer que seja a matria-prima (Cana-de-Acar, beterraba, milho, etc.) da qual se extraia acar e lcool, o setor sucroalcooleiro do Brasil dos mais competitivos do mundo. Graas ao elevado teor de fibra, que lhe confere independncia em relao energia externa, a Cana-deAcar apresenta, em termos energticos, claras vantagens competitivas na comparao com outras matrias-primas. A produtividade agroindustrial teve nos ltimos anos significativa evoluo: na regio Centro-Sul, que responde por 85% da produo brasileira, a mdia oscila entre 78 e 80 toneladas por hectare, em ciclo de cinco cortes. Em So Paulo, responsvel por 60% da produo nacional, a mdia est ao redor de 80 a 85 toneladas por hectare, em ciclo de cinco a seis cortes. A qualidade da matria-prima, em So Paulo e no Centro-Sul, medida pela sacarose que contm, est entre 14 e 15,5% de pol, o que equivale ao rendimento mdio de 140 a 155 kg de acares totais por tonelada de cana. Para o lcool, isso significa rendimento entre 80 e 85 litros por tonelada.

1.5- Combustvel limpo e renovvelCom a experincia acumulada da produo e uso de lcool em todo o pas desde a dcada de 20 (lcool anidro para mistura gasolina), em 1975, dois anos aps o choque do petrleo, o Brasil apostou no lcool combustvel como alternativa para diminuir sua vulnerabilidade energtica e economizar dlares. Criou um programa de diversificao para a indstria aucareira, com grandes investimentos, pblicos e privados, apoiados pelo Banco Mundial, o que possibilitou a ampliao da rea plantada com Cana-deAcar e a implantao de destilarias de lcool, autnomas ou anexas s usinas de acar existentes. A utilizao em larga escala do lcool deu-se em duas etapas: inicialmente, como aditivo gasolina (lcool anidro), num percentual de 20%, passando depois a 22% e agora 25%. A partir de 1980, o lcool passou a ser usado para mover veculos cujos motores o utilizavam como combustvel puro (lcool hidratado), mas que, ainda adaptaes dos modelos gasolina, no tinham desempenho adequado. Com o intenso desenvolvimento da engenharia nacional, aps o segundo choque do petrleo, surgiram, com sucesso, motores especialmente desenvolvidos para o lcool hidratado. Em 1984, os carros a lcool respondiam por 94,4% da produo das montadoras. Desde 1986, no entanto, afastada a crise do petrleo, e centrando-se as polticas econmicas internas na conteno de tarifas pblicas, para limitar a inflao, o governo contribuiu decisivamente para o incio de uma curva descendente de produo de carros a lcool: o desestmulo produo levou a relao muito justa entre

oferta e demanda do produto no final dos anos 90; mesmo com a existncia de lcool nas usinas, o governo por omisso ou falha operacional no foi capaz de resolver problemas logsticos e provocou uma crise localizada de abastecimento em 89. Coincidncia ou no, a indstria automobilstica comeou a inverter a curva da produo de carros a lcool, para alvio da estatal brasileira de petrleo, que reclamava de excedentes na produo de gasolina. A participao anual caiu de 63% da produo total de veculos fabricados em 88 para 47% em 89, 10% em 90, 0,44% em 96, 0,06% em 97, 0,09% em 98, 0,92% em 99, 0,69% em 2000 e 1,02% em 2001. Atualmente trs milhes de veculos so movidos a lcool hidratado, consumindo 4,9 bilhes de litros/ano. Usa-se lcool anidro (produo de 5,5 bilhes de litros/ano), na proporo de 24 a 25%, como aditivo para a gasolina. Nos ltimos 22 anos registrou-se economia de 1,8 bilho de dlares por ano, com a substituio pelo lcool, do equivalente a 200 mil barris de gasolina/dia. A queda da demanda de lcool hidratado foi compensada pelo maior uso do lcool anidro, que acompanha o crescimento da frota brasileira de veculos leves. Em mais de 25 anos de histria de utilizao do lcool em larga escala, o Brasil desenvolveu tecnologia de motores e logstica de transporte e distribuio do produto nicas no mundo. Hoje, h determinao legal no sentido de que toda gasolina brasileira contenha de 20% a 25% de lcool anidro, com variao de + ou 1. A definio pontual cabe CIMA Conselho Interministerial de Acar e lcool, e feita de modo a equilibrar a relao entre oferta e consumo. O Brasil desenvolveu infra-estrutura mpar de distribuio do combustvel e detm uma rede de mais de 25 mil postos, com bombas de lcool hidratado, para abastecer cerca de trs milhes de veculos, 20% da frota nacional.

1.6- Impacto ambiental positivoA produo atual de lcool no mundo da ordem de 35 bilhes de litros, dos quais 60% destinam-se ao uso combustvel. O Brasil e os Estados Unidos so os principais produtores e consumidores. O mercado possui enorme potencial de expanso, graas a fatores como o combate mundial ao efeito estufa e poluio local, que levou substituio de aditivos txicos na gasolina; a valorizao da segurana energtica, buscando-se autonomia pela diversificao das fontes de energia utilizadas; o incremento da atividade agrcola, que permite a criao de empregos e a descentralizao econmica. Os Estados Unidos j possuem uma frota de mais de um milho e meio de veculos flexveis (rodam com diversas misturas de lcool e gasolina) e devero aumentar muito a utilizao do lcool misturado gasolina em razo do banimento do MTBE metil-trcio-butil-ter na Califrnia e em outros Estados, em virtude da contaminao dos lenis freticos causada por esse derivado do petrleo. Austrlia, Tailndia, Mxico, Sucia, Unio Europia, Canad, Colmbia, ndia, China e Japo j ensaiam programas de lcool, estimulados por preocupaes ambientais e agrcolas. Os eventos de 11 de setembro em Nova York tornam ainda mais evidentes os problemas de uma ordem econmica mundial excessivamente baseada num s energtico, o petrleo, cujas fontes produtoras esto em regies politicamente instveis clara a tendncia de crescimento dos custos poltico e militar para garantir o suprimento do produto. Alm disso, a comunidade cientfica afirma que o petrleo j inaugurou seu perodo de "depleo", caracterizado por demanda muito superior s reservas existentes. Isso abre caminho para que a energia limpa e renovvel de fontes como a biomassa da Cana-de-Acar e outros vegetais se transforme em um dos principais energticos do sculo 21. O diferencial ambiental e as razes econmicas (economia de divisas) e sociais (gerao de empregos) inspiraram a utilizao do lcool como combustvel no Brasil, mas sua sustentabilidade tambm se baseia na contribuio para a melhoria do meio ambiente: combustvel limpo, o lcool tornou-se grande aliado na luta contra a degradao ambiental, principalmente nos grandes centros urbanos. O Brasil j colhe os frutos ambientais do seu uso em larga escala. Estudo publicado pela Confederao Nacional da Indstria, em 1990, que comparou cenrios de utilizao de combustveis na Regio Metropolitana de So Paulo, concluiu que o melhor cenrio para a reduo de emisses seria o uso exclusivo do lcool em toda a frota; o pior, o uso de gasolina pura. Na faixa intermediria, situaram-se os cenrios de frota operando exclusivamente com gasolina contendo 22% de etanol e, em posio ambientalmente mais favorvel, o mix da frota circulante em 1989, composto por 51% de veculos com 22% de etanol na gasolina e 49% de veculos a lcool puro.

O maior diferencial ambiental do lcool est na origem renovvel. extrado da biomassa da Cana-deAcar, com reconhecido potencial para seqestrar carbono da atmosfera, o que lhe confere grande importncia no combate global ao efeito estufa. um produto renovvel e limpo que contribui para a reduo do efeito estufa e diminui substancialmente a poluio do ar, minimizando os seus impactos na sade pblica. Apesar de ser lembrado como resposta do Brasil s crises do petrleo, o lcool anidro era usado desde os anos 30 como aditivo na gasolina brasileira. Na busca de autonomia energtica, o pas desenvolveu o Programa Nacional do lcool e o pioneiro carro a lcool. Estavam lanadas as razes de uma capacidade instalada de produo anual de 16 bilhes de litros de lcool, o equivalente a 84 milhes de barris de petrleo/ano. Uma cultura altamente ecolgica, pois alm do externado anteriormente controla suas pragas com inimigos naturais (controle biolgico); suas doenas atravs da engenharia gentica; utiliza todos seus resduos industriais nas lavouras de cana; manejo de solo adequado e ainda gera um combustvel limpo e renovvel.

1.7- Polticas de ProduoO processo de produo de cana, acar e lcool no Esprito Santo tm uma diferena importante em relao a outros Estados e Pases: do plantio comercializao do produto final tudo acontece sem interveno ou subsdios do governo, algo que se torna ainda mais significativo quando se leva em conta a complexidade da cadeia produtiva do setor. J em outros Estados do Nordeste, Gois e Rio de Janeiro existem programas de incentivos para o setor. A matria-prima, a Cana-de-Acar, gera acar, lcool anidro (aditivo para a gasolina) e lcool hidratado para os mercados interno e externo, que tm dinmica de preos e demanda diferente. Atender a esses mercados sem oscilaes significativas requer planejamento, logstica e polticas pblicas coerentes, entre elas, polticas fiscais e tributrias que, incidindo sobre os combustveis fsseis, ampliem a competitividade do combustvel renovvel. H ainda que se estimular a demanda por veculos a lcool, amenizando a curva de sucateamento da frota. Pelo lado privado, impe-se a consolidao de um sistema de autogesto capaz de permitir o equilbrio entre a oferta e a demanda dos produtos do setor. Para isso, de grande importncia a criao de um mercado futuro que sinalize o comportamento das commodities no mdio e longo prazos. Este modelo depende da abertura de novos mercados para o acar e, principalmente, da transformao do lcool em commodity internacional. O caminho do acar produto mais protegido do mundo o mais difcil: h fortes barreiras protecionistas na Unio Europia e nos Estados Unidos. Quanto ao lcool, novos programas para seu uso na Frana, no Mxico, Canad, Sucia, Austrlia, ndia e Colmbia, indicam conjuntura mais favorvel. Nos Estados Unidos, a proibio de uso do aditivo para gasolina MTBE (Metil-Trcio-Butil-ter), derivado do petrleo considerado cancergeno e poluidor dos lenis freticos, dever exigir volumes expressivos de lcool combustvel e o Brasil e NOSSO ESTADO deve estar preparado para o avano da demanda. Fonte: www.seag.es.gov.br

CanadeAcar

Originria do sudeste da sia, onde cultivada desde pocas remotas, a explorao canavieira assentou-se, no incio, sobre a espcie S. officinarum. O surgimento de vrias doenas e de uma tecnologia mais avanada exigiram a criao de novas variedades, as quais foram obtidas pelo cruzamento da S. officinarum com as outras quatro espcies do gnero Saccharum e, posteriormente, atravs de recruzamentos com as ascendentes. Os trabalhos de melhoramento persistem at os dias atuais e conferem a todas as variedades em cultivo uma mistura das cinco espcies originais e a existncia de cultivares ou variedades hbridas. A importncia da Cana-de-Acar pode ser atribuda sua mltipla utilizao, podendo ser empregada in natura, sob a forma de forragem, para alimentao animal, ou como matria prima para a fabricao de rapadura, melado, aguardente, acar e lcool.

Clima e SoloA Cana-de-Acar cultivada numa extensa rea territorial, compreendida entre os paralelos 35 de latitude Norte e Sul do Equador, apresentando melhor comportamento nas regies quentes. O clima ideal aquele que apresenta duas estaes distintas, uma quente e mida, para proporcionar a germinao, perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, seguido de outra fria e seca, para promover a maturao e conseqente acumulo de sacarose nos colmos. Solos profundos, pesados, bem estruturados, frteis e com boa capacidade de reteno so os ideais para a Cana-de-Acar que, devido sua rusticidade, se desenvolve satisfatoriamente em solos arenosos e menos frteis, como os de cerrado. Solos rasos, isto , com camada impermevel superficial ou mal drenados, no devem ser indicados para a Cana-de-Acar. Para trabalhar com segurana em culturas semi-mecanizadas, que constituem a maioria das nossas exploraes, a declividade mxima dever estar em torno de 12% ; declividade acima desse limite apresentam restries s prticas mecnicas. Para culturas mecanizadas, com adoo de colheitadeiras automotrizes, o limite mximo de declividade cai para 8 a 10%.

CultivaresUm dos pontos que merece especial ateno do agricultor a escolha do cultivar para plantio. Isso no s pela sua importncia econmica, como geradora de massa verde e riqueza em acar, mas tambm pelo seu processo dinmico, pois anualmente surgem novas variedades, sempre com melhorias tecnolgicas quando comparadas com aquelas que esto sendo cultivadas. Dentre as vrias maneiras para classificao dos cultivares de cana, a mais prtica quanto poca da colheita.Quando apresentarem longo Perodo de Utilizao Industrial (PUI), a indicao de alguns cultivares ocorrer para mais de uma poca. Atualmente os cultivares mais indicados para So Paulo e Estados limtrofes so:para incio de safra: SP80-3250, SP80-1842, RB76-5418, RB83-5486, RB85-5453 e RB83-5054 para meio de safra: SP79-1011, SP80-1816, RB85-5113 e RB85-5536 para fim de safra: SP79-1011, SP79-2313, SP79-6192, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB84-5257

Os cultivares SP79-2313, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB83-5486 caracterizam-se pela baixa exigncia em fertilidade de solo.

Preparo do TerrenoTendo a Cana-de-Acar um sistema radicular profundo, um ciclo vegetativo econmico de quatro anos e meio ou mais e uma intensa mecanizao que se processa durante esse longo tempo de permanncia da cultura no terreno, o preparo do solo deve ser profundo e esmerado. Convm salientar que as unidades sucroalcooleiras no seguem uma linha uniforme de preparo do solo, tendo cada uma seu sistema prprio, variao essa que ocorre em funo do tipo de solo predominante e da disponibilidade de mquinas e implementos. No preparo do solo, temos de considerar duas situaes distintas:

A cana vai ser implantada pela primeira vez O terreno j se encontra ocupado com cana

No primeiro caso, faz-se uma arao profunda, com bastante antecedncia do plantio, visando destruio, incorporao e decomposio dos restos culturais existentes, seguida de gradagem, com o objetivo de completar a primeira operao. Em solos argilosos normal a existncia de uma camada impermevel, a qual pode ser detectada atravs de trincheiras abertas no perfil do solo, ou pelo penetrmetro. Constatada a compactao do solo, seu rompimento se faz atravs de subsolagem, que s aconselhada quando a camada adensada se localizar a uma profundidade entre 20 e 50 cm da superfcie e com solo seco. Nas vsperas do plantio, faz-se nova gradagem, visando ao acabamento do preparo do terreno e eliminao de ervas daninhas. Na segunda situao, onde a cultura da cana j se encontra instalada, o primeiro passo a destruio da soqueira, que deve ser realizada logo aps a colheita. Essa operao pode ser feita por meio de arao rasa (15-20 cm) nas linhas de cana, seguidas de gradagem ou atravs de gradagem pesada, enxada rotativa ou uso de herbicida. Se confirmada a compactao do solo, a subsolagem torna-se necessria. Nas vsperas do plantio procede-se a uma arao profunda (25-30 cm), por meio de arado ou grade pesada. Seguem-se as gradagens necessrias, visando manter o terreno destorroado e apto ao plantio.

Devido facilidade de transporte, menor regulagem e ao maior rendimento operacional, h uma tendncia das grades pesadas substiturem o arado.

CalagemA necessidade de aplicao de calcrio determinada pela anlise qumica do solo, devendo ser utilizado para elevar a saturao por bases a 60%. Se o teor de magnsio for baixo, dar preferncia ao calcrio dolomtico. O calcrio deve ser aplicado o mais uniforme possvel sobre o solo. A poca mais indicada para aplicao do calcrio vai desde o ltimo corte da cana, durante a reforma do canavial, at antes da ltima gradagem de preparo do terreno. Dentro desse perodo, quanto mais cedo executada maior ser sua eficincia.

AdubaoPara a Cana-de-Acar h a necessidade de considerar duas situaes distintas, adubao para canaplanta e para soqueiras, sendo que, em ambas, a quantificao ser determinada pela anlise do solo. Para cana-planta, o fertilizante dever ser aplicado no fundo do sulco de plantio, aps a sua abertura, ou por meio de adubadeiras conjugadas aos sulcadores em operao dupla. No quadro a seguir so indicadas as quantidades de nitrognio, fsforo e potssio a serem aplicadas com base na anlise do solo e de acordo com a produtividade esperada.

Adubao Mineral de PlantioProdutividade esperada P resina, mg/dm Nitrognio 0-6 t/ha 150 N, kg/ha 30 30 30 180 180 * 7 - 15 16 - 40 >40

P2O5, kg/ha 100 120 140 60 80 100 40 60 80

Fonte: Boletim Tcnico 100 IAC, 1996

K+ trocvel, mmolc/dm Produtividade esperada 0 - 0,7 0,8 1,5 1,6 3,0 3,1 6,0 >6,0

t/ha 150 100 150 200 80 120 160

K2O, kg/ha 40 80 120 40 60 80 0 0 0

* No provvel obter a produtividade Fonte: Boletim Tcnico 100 IAC, 1996

dessa

classe,

com

teor

muito

baixo

de

P

no

solo

Aplicar mais 30 a 60 kg/ha de N, em cobertura, durante o ms de abril; em solo arenoso dividir a cobertura, aplicando metade do N em abril e a outra metade em setembro - outubro.

Adubaes pesadas de K2O devem ser parceladas, colocando no sulco de plantio at 100 kg/ha e o restante juntamente com o N em cobertura, durante o ms de abril. Para soqueira, a adubao deve ser feita durante os primeiros tratos culturais, em ambos os lados da linha de cana; quando aplicada superficialmente, deve ser bem misturada com a terra ou alocada at a profundidade de 15 cm. Na adubao mineral da cana-soca aplicar as indicaes do quadro a seguir, observando os resultados da anlise de solo e de acordo com a produtividade esperada. Adubao Mineral da Cana-Soca

K+ trocvel, Produtividade Nitrognio esperada 0-15 > 15 0,15 1,5-3,0 > 3,0 P resina, mg/dm mmolc/dm

t/ha < 60 60 - 80 80 - 100 > 100

N, kg/ha 60 80 100 120

P2O5, kg/ha 30 30 30 30 0 0 0 0 90 110 130 150

K2O, kg/ha 60 80 100 120 30 50 70 90

Aplicar os adubos ao lado das linhas de cana, superficialmente e misturado ao solo, no mximo a 10 cm de profundidade. Se for constatada deficincia de cobre ou de zinco, de acordo com a anlise do solo, aplicar os nutrientes com a adubao de plantio, nas quantidades indicadas a seguir:

Zinco no solo mg/dm 0-0,5 > 0,5

Zn kg/ha 5 0

Cobre no solo mg/dm 0-0,2 > 0,2

Cu kg/ha 4 0

Uso de Resduos da Agroindstria CanavieiraAtualmente h uma tendncia em substituir a adubao qumica das socas pela aplicao de vinhaa, cuja quantidade por hectare esta na dependncia da composio qumica da vinhaa e da necessidade da lavoura em nutrientes. Os sistemas bsicos de aplicao so por infiltrao, por veculos e asperso, sendo que cada sistema apresenta modificaes. A torta de filtro (mida) pode ser aplicada em rea total (80-100 t/ha), em pr-plantio, no sulco de plantio (15-30 t/ha) ou nas entrelinhas (40-50 t/ha). Metade do fsforo a contido pode ser deduzido da adubao fosfatada recomendada. (Boletim Tcnico 100 IAC, 1996)

Plantio

Existem duas pocas de plantio para a regio Centro-Sul: setembro-outubro e janeiro a maro. Setembrooutubro no a poca mais recomendada, sendo indicada em casos de necessidade urgente de matria prima, quer por recente instalao ou ampliao do setor industrial, quer por comprometimento de safra devido ocorrncia de adversidade climtica. Plantios efetuados nessa poca propiciam menor produtividade agrcola e expem a lavoura maior incidncia de ervas daninhas, pragas, assoreamento dos sulcos e retardam a prxima colheita. O plantio da cana de "ano e meio" feito de janeiro a maro, sendo o mais recomendado tecnicamente. Alm de no apresentar os inconvenientes da outra poca, permite um melhor aproveitamento do terreno com plantio de outras culturas. Em regies quentes, como o oeste do Estado de So Paulo, essa poca pode ser estendida para os meses subseqentes, desde que haja umidade suficiente. O espaamento entre os sulcos de plantio de 1,40 m, sua profundidade de 20 a 25 cm e a largura proporcionada pela abertura das asas do sulcador num ngulo de 45, com pequenas variaes para mais ou para menos, dependendo da textura do solo. Os colmos com idade de 10 a 12 meses so colocados no fundo do sulco, sempre cruzando a ponta do colmo anterior com o p do seguinte e picados, com podo, em toletes de aproximadamente de trs gemas. A densidade do plantio em torno de 12 gemas por metro linear de sulco, que, dependendo da variedade e do seu desenvolvimento vegetativo, corresponde a um gasto de 7-10 toneladas por hectare. Os toletes so cobertos com uma camada de terra de 7 cm, devendo ser ligeiramente compactada. Dependendo do tipo de solo e das condies climticas reinantes, pode haver uma variao na espessura dessa camada.

Tratos CulturaisOs tratos culturais na cana-planta limitam-se apenas ao controle das ervas daninhas, adubao em cobertura e adoo de uma vigilncia fitossanitria para controlar a incidncia do carvo. No que concerne adubao em cobertura, j foi visto no item adubao e a vigilncia fitossanitria ser comentada em doenas e seu controle. O perodo crtico da cultura, devido concorrncia de ervas daninhas, vai da emergncia aos 90 dias de idade. O controle mais eficiente as ervas, nesse perodo, o qumico, atravs da aplicao de herbicidas em pr-emergncia, logo aps o plantio e em rea total. Dependendo das condies de aplicao, infestao da gleba e eficincia do praguicida, h necessidade de uma ou mais carpas mecnicas e catao manual at o fechamento da lavoura. A partir dai a infestao de ervas praticamente nula. Outro mtodo a combinao de carpas mecnicas e manuais. Instalada a cultura, aps o surgimento do mato, procede-se seu controle mecanicamente, com o emprego de cultivadores de disco ou de enxadas junto s entrelinhas, sendo complementado com carpa manual nas linhas de plantio, evitando, assim, o assoreamento do sulco. Essa operao repetida quantas vezes forem necessrias; normalmente trs controles so suficientes. As soqueiras exigem enleiramento do "palio", permeabilizao do solo, controle das ervas daninhas, adubao e vigilncia sanitria. Os dois ltimos tratos culturais encontram-se em itens prprios. Aps a colheita da cana, ficam no terreno restos de palha, folhas e pontas, cuja permanncia prejudica a nova brotao e dificulta os tratos culturais. A maneira de eliminar esse material (palio) seria a queima pelo fogo, porm essa prtica no indicada devido aos inconvenientes que ela acarreta, como falhas na brotao futura, perdas de umidade e matria orgnica do solo e quebra do equilbrio biolgico. O enleiramento consiste no amontoamento em uma rua do "palio" deixando duas, quatro ou seis ruas livres, dependendo da quantidade desse material. realizado por enleiradeira tipo Lely, implemento leve com pouca exigncia de potncia.

Aps a retirada da cana, o solo fica superficialmente compactado e impermevel penetrao de gua, ar e fertilizantes. Visando permeabilizao do solo e controle das ervas daninhas iniciais, diversos mtodos e implementos podem ser usados. Existem no mercado implementos dotados de hastes semi-subsoladoras ou escarificadoras, adubadeiras e cultivadores que realizam simultaneamente, operaes de escarificao, adubao, cultivo e preparo do terreno para receber a carpa qumica, exigindo, para tanto, tratores de aproximadamente 90 HPs. Normalmente, essa prtica, conhecida como operao trplice, seguida do cultivo qumico, suficiente para manter a soqueira no limpo. Alm desse sistema, o emprego de cultivadores ou enxadas rotativas com trao animal ou mecnica apresenta bons resultados. Devido ao rpido crescimento das soqueiras, o nmero de carpas exigidos menor que o da cana planta.

Pragas e seu controleA Cana-de-Acar atacada por cerca de 80 pragas, porm pequeno nmero causa prejuzos cultura. Dependendo da espcie da praga presente no local, bem como do nvel populacional dessa espcie, as pragas de solo podem provocar importantes prejuzos Cana-de-Acar, com redues significativas nas produtividades agrcola e industrial dessa cultura. Dos organismos que a atacam, trs merecem destaque pelos danos que causam: os nematides, os cupins e o besouro Migdolus.

ColheitaA colheita inicia-se em maio e em algumas unidades sucroalcooleiras em abril, prolongando-se at novembro, perodo em que a planta atinge o ponto de maturao, devendo, sempre que possvel, antecipar o fim da safra, por ser um perodo bastante chuvoso, que dificulta o transporte de matria prima e faz cair o rendimento industrial.

Maturadores QumicosSo produtos qumicos que tem a propriedade de paralisar o desenvolvimento da cana induzindo a translocao e o armazenamento dos acares. Vm sendo utilizados como um instrumento auxiliar no planejamento da colheita e no manejo varietal. Muitos compostos apresentam, ainda, ao dessecante, favorecendo a queima e diminuindo, portanto, as impurezas vegetais. H uma ao inibidora do florescimento, em alguns casos, viabilizando a utilizao de variedades com este comportamento. Dentre os produtos comerciais utilizados como maturadores, podemos citar: Ethepon, Polaris, Paraquat, Diquat, Glifosato e Moddus. Estudos sobre a poca de aplicao e dosagens vm sendo conduzidos com o objetivo de aperfeioar a metodologia de manejo desses produtos, que podem representar acrscimos superiores a 10% no teor de sacarose.

Determinao do Estgio de MaturaoO ponto de maturao pode ser determinado pelo refratmetro de campo e complementado pela anlise de laboratrio. Com a adoo do sistema de pagamento pelo teor de sacarose, h necessidade de o produtor conciliar alta produtividade agrcola com elevado teor de sacarose na poca da colheita. O refratmetro fornece diretamente a porcentagem de slidos solveis do caldo (Brix). O Brix esta estreitamente correlacionado ao teor de sacarose da cana. A maturao ocorre da base para o pice do colmo. A cana imatura apresenta valores bastante distintos nesses seguimentos, os quais vo se aproximando no processo de maturao. Assim, o critrio mais racional de estimar a maturao pelo refratmetro de campo pelo ndice de maturao (IM), que fornece o quociente da relao.

IM=Brix da ponta do colmo Brix da base do colmo Admitem-se para a Cana-de-Acar, os seguintes estgios de maturao:

IM < 0,60 0,60 - 0,85 0,85 - 1,00 > 1,00

Estgio de Maturao cana verde cana em maturao cana madura cana em declnio de maturao

As determinaes tecnolgicas em laboratrio (brix, pol, acares redutores e pureza) fornecem dados mais precisos da maturao, sendo, a rigor, uma confirmao do refratmetro de campo.

Operao de Corte (manual e/ou mecanizada)O corte pode ser manual, com um rendimento mdio de 5 a 6 toneladas/homem/dia, ou mecanicamente, atravs de colheitadeiras. Existem basicamente dois tipos: colheitadeira para cana inteira, com rendimento operacional mdio em condies normais de 20 t/hora, e colheitadeiras para cana picada (automotrizes), com rendimento de 15 a 20 t/hora. Aps o corte, a Cana-de-Acar deve ser transportada o mais rpido possvel ao setor industrial, por meio de caminho ou carreta tracionada por trator.

Rendimento AgrcolaEm relao produtividade e regio de plantio, observamos que a produtividade est estritamente relacionada com o ambiente de produo, e este dado por padro do solo, clima e nvel tecnolgico aplicado.

Produo de MudasAps, em mdia, quatro ou cinco cortes consecutivos, a lavoura canavieira precisa ser renovada. A taxa de renovao est ao redor de 15 a 20% da rea total cultivada, exigindo grandes quantidades de mudas. A boa qualidade das mudas o fator de produo de mais baixo custo e que maior retorno econmico proporciona ao agricultor, principalmente quando produzida por ele prprio. Para a produo de mudas, h necessidade de que o material bsico seja de boa procedncia, com idade de 10 a 12 meses, sadio, proveniente de cana-planta ou primeira soca e que tenha sido submetido ao tratamento trmico. A tecnologia empregada na produo de mudas praticamente a mesma dispensada lavoura comercial, apenas com a introduo de algumas tcnicas fitossanitrias, tais como: Desinfeco do podo - o podo utilizado na colheita de mudas e no seu corte em toletes, quando contaminado, um violento propagador da escaldadura e do raquitismo. Antes e durantes estas operaes deve-se desinfetar o podo, atravs de lcool, formol, lisol, cresol ou fogo. Uma desinfeco prtica, eficiente e econmica feita pela imerso do instrumento numa soluo com creolina a 10% (18 litros de gua + 2 litros de creolina) durante meia hora, antes do incio da colheita das mudas e do corte das mesmas em toletes. Durante essas duas operaes, deve-se mergulhar, freqente e rapidamente, o podo na soluo.

Vigilncia sanitria e "roguing" - formando o viveiro, torna-se imprescindvel a realizao de inspees sanitrias freqentes, no mnimo uma vez por ms. A finalidade dessas inspees a erradicao de toda touceira que exiba sintoma patolgico ou caractersticas diferentes da variedade em cultivo. Alm dessas duas medidas fitossanitrias, algumas recomendaes agronmicas devem ser levadas em considerao, como a despalha manual das mudas, menor densidade das mudas dentro do sulco e maior parcelamento do fertilizante nitrogenado. Rotao de culturas - durante a reforma do canavial, no perodo em que o terreno permanece ocioso, deve-se efetuar o plantio de culturas de ciclo curto, em rotao com a Cana-de-Acar. Amendoim e soja so as mais indicadas. Alm dos conhecidos benefcios agronmicos proporcionados pela rotao de culturas, a Cana-deAcar permite a consorciao com outra cultura, aproveitando o terreno numa poca em que estaria ocioso, proporcionando melhor aproveitamento de mquinas e implementos. A implantao da cultura feita sem gasto financeiro correspondente ao preparo do solo, havendo menor exposio do terreno eroso e s ervas daninhas e diminuio da sazonalidade de empregos. Fonte: www.agrobyte.com.br

CanadeAcar OrigemdaPlantaA cana de acar uma planta perenial, que pertence a famlia dos capins (grass family), gramineae. Na qual inclui mais de 5000 espcies. As variedades cultivadas e que crescem hoje, so maioritariamente derivadas de hibridizao da planta original da cana, saccharum officinarun, originria da ndia. A primeira espcie cultivada foi S.sinense e S. Barberi no Norte da India e na parte Sul da China. As outras espcies originrias, S.spontanium e S.robustum do gnero Saccharum so usadas somente pelos engenheiros genticos nos trabalhos de Brinding (produo de novas variedades).

HistriadaCanadeAucar

Alguns Historiadores dizem que foi em 510 AC que o Imperador Darius do que era ento Prsia invadiu a ndia, enquanto outros dizem que foi Alexandre, que ao invadir a ndia no ano 327 A.C., seus escribas notaram que os habitantes daquela zona mastigavam uma cana maravilhosa que mastigavam uma cana maravilhosa que produzia uma espcie de mel sem ajuda das abelhas. O segredo da cana de acar, como muitas outras descobertas do homem, foi mantido num secretismo muito bem vigiado, ainda que o produto acabado fosse exportado resultando grandes lucros. Desde da sia a cana passou para Africa e Espanha.

Foi principalmete a expanso dos povos rabes no stimo sculo DC que conduziu a um rompimento do segredo. Quando eles invadiram Prsia em 642 DC eles encontraram a canade-acar a ser cultivado e aprenderam como o acar era feito. A medida que a expanso foi continuando, eles rabes estabeleceram a produo de acar em outras terras que eles conquistaram inclusive Norte de frica e Espanha. Na Espanha foi introduzida pelos rabes, e a cana era cultivada nas regies de Andaluzia. A partir desta poca, as plantaes cresceram e em 1150 j existia na Espanha, uma florescente industria aucareira. Em 1419 foi estabelecido o cultivo da cana na Ilha de Madeira, comeando neste mesmo tempo, em grande parte dos Aores, Canrias, Cabo Verde, etc. O doutor E.W. Brandes estabelece que, a origem desta planta se remonta desde a 100 milhes de anos, tempo durante o qual se cr que existiu um grande continente AsiaticoAustraliano. Segundo este e outros investigadores, como E.D.Merril, existia no que hoje Nova Guinea, canas silvestres que foram transportadas a outras comarcas para o seu cultivo pelos habitantes da regio, se produziram assim as primeiras migraes desta planta e se originaram vrios centros de diversificao. Nas novas regies a cana evoluiu e adquiriu novas caractersticas. Assim pudemos observar que nas zonas de Polinsia at Nova Guinea foram recolhidas diversas variedades de cana nobre Saccharum officinarum que era praticamente cultivada pelos nativos. Toda a zona Norte da ndia foi encontrada um grupo de cana resistente ao frio Saccharum barberi amplamente distribudas por esta regio geogrfica. Cresce um grupo de cana na China saccharum sinensis e outros grupos silvestres chamados Saccharum robostum e Saccharumespontaneum totalmente resistentes ou imunes as doenas. Atravs do cruzamento das variedades pertencentes a estes grupos, se conseguiu obter todas as variedades actuais de cana: canas hbridas.

Acar s foi descoberto por europeus ocidentais como resultado das Cruzadas no 11 Sculo DC. Cruzados que ao voltarem para casa falaram deste " novo tempero " que quo agradvel era. O primeiro acar foi registrado na Inglaterra em 1099. Os sculos subsequentes trouxeram uma maior expanso do comrcio entre a Europa ocidental e o Leste, inclusive a importao de acar. Por exemplo, registado que o acar estava disponvel em Londres a dois xelins uma libra em 1319 DC. Isto equivale a US$100 por quilo aos preos de hoje, de modo que o acar era um produto de muito luxo.

O descobrimento da Amrica e da ndia determinou uma nova etapa do desenvolvimento da produo aucareira. Cristvo Colombo na sua segunda viagem, em 1493, trouxe cana ao continente Americano, Africano e a Espanha (hoje Santo Domingo). De Espanha, o Diego

Velazque , levou a cana para Cuba. Nas viagens do Cristvo Colombo e Vasco da Gama, traziam canas com eles. Assim se proliferou a planta da cana pelo mundo inteiro. O Vaso da Gama quando chega a Terra de boa gente, (hoje Inhambane), tambm trazia cana e assim em Moambique foi introduzida a cana.Fonte: museu.mct.gov.mz

CanadeAcar

Conhecida pelas mais antigas civilizaes, a cana-de-acar tem sua origem mais citada pelos estudiosos como sendo das plancies ao longo do rio Ganges, na ndia. Outros afirmam que seja proveniente da Melansia regio da Nova Guin e Ilhas Fidgi, situada no Pacfico Sul, onde foi encontrada uma espcie primitiva, denominada otheite. Segundo consta, a populao que vivia naquelas ilhas h 20 mil anos a.c foi a primeira a desfrutar desta planta, que nascia em estado natural na regio. A chegada da cana-de-acar na China teria ocorrido pouco antes do incio da era crist. Fato que tanto os indianos como os chineses sabiam extrair da planta o xarope doce que era considerado uma fina especiaria e utilizado principalmente como medicamento. Por suas qualidades logo reconhecidas, a cana-de-acar passou a ser alvo dos conquistadores. Sabese que, alm dos chineses, responsveis pela difuso da planta na ilha de Java e Filipinas, o acar era conhecido tambm pelos rabes. Foi Constantinopla capital do imprio rabe no Ocidente, que concentrava todo o comrcio oriental, a porta de entrada do produto para a Europa. Coube a Portugal e Espanha, atravs dos navegantes a disseminao da cana e das tcnicas de fabricao do acar no Novo Mundo, as Amricas, onde chegou na segunda viagem de Cristvo Colombo, em 1493. A cana de acar no Brasil Com o cultivo das primeiras mudas de cana da ilha da Madeira, Martim Afonso de Souza, em 1533, fundou na Capitania de So Vicente, prximo cidade de Santos, no estado de So Paulo, o primeiro engenho para produzir acar, com o nome de So Jorge dos Erasmos. Novas pequenas plantaes de cana foram introduzidas em vrias regies do litoral brasileiro, passando o acar a ser produzido nos Estados do Rio de Janeiro, Bahia, Esprito Santo, Sergipe e Alagoas. De todas essas regies, a que mais se desenvolveu foi a de Pernambuco, chegando a ter em fins do sculo XVI cerca de 66 engenhos. Nessa poca, na Europa, o acar era um produto de tal maneira cobiado que foi apelidado de ouro branco, tal era a riqueza que gerava.

Acar O acar ocupa na alimentao humana e na tecnologia de fabricao dos alimentos uma posio de destaque. Alm de se constituir num nutriente energtico muito importante, por suas propriedades caractersticas, confere a determinados alimentos quantidades de textura, corpo, palatabilidade, estabilidade e outras aes fsicas especficas, que no encontram paralelo em outros ingredientes. A cana-de-acar uma gramnea gigante, grossa e perene cultivada nas regies tropicais e subtropicais de todo o mundo - a principal fonte de sacarose ou acar. O Brasil o maior produtor e exportador de acar de cana do mundo, com os menores custos de produo, em consequncia do uso de tecnologia, pesquisa agrcola e industrial, alm de avanada gesto de negcios. O pas detm hoje quase um tero do mercado mundial de exportao e tambm o menor preo de acar do mundo. TIPOS DE ACAR

Cristal Acar em forma cristalina, produzido diretamente em usina sem refino. Destinado ao uso geral da indstria alimentcia (bebidas, massas, biscoitos e confeitos). um acar obtido por fabricao direta nas usinas, a partir da cana-de-acar, de forma cristalizada, que sofre o efeito de clarificao por tratamentos fsico-quimcos.

Refinado Acar obtido pela dissoluo e purificao do acar cristal, apresentando uma estrutura microcristalina no definida, que lhe confere granulometria fina e alta capacidade de dissoluo. Usado em doces e confeitos, panificao e biscoitos, aditivos para carnes e embutidos, caldas transparentes e incolores, refrescos em p e lquidos, achocolatados, sorvetes e coberturas, bebidas lcteas e iogurtes.

Acar Demerada Acar tipo exportao. Consiste num acar em cujo processo de fabricao no se sulfitou o caldo e cuja massa cozida no sofreu lavagem na centrfuga, conservando assim intacta a pelcula de mel que envolve os cristais.

Acar VHP Very Hight Polarization Acar tipo exportao. Consiste num acar utilizado como matriaprima para outros processos, tambm em cuja fabricao o tratamento do caldo mnimo ou nenhum e cuja massa cozida sofreu lavagem reduzida durante a centrifugao. Fonte: www.siamig1.com.br

Cana-de-Acar

Dentre as gramneas forrageiras, a cana-de-acar se destaca por dois aspectos: alta produo de matria seca (MS) por hectare e capacidade de manuteno do potencial energtico durante o perodo seco. Alm disso, o seu replantio se faz necessrio apenas a cada quatro ou cinco anos. Entretanto, a cana-de-acar um alimento desbalanceado, com baixos teores de protena e altos teores de acar, sendo que este ltimo nutriente depende da poca do ano e da variedade utilizada. Por essa razo, no aconselhvel o seu uso como alimento exclusivo. A ensilagem do excesso da canade- acar uma ferramenta que pode ser usada para facilitar o manejo dos talhes, e tratamentos como a hidrlise ou fermentao (sacharina) podem aumentar o seu valor nutricional. O objetivo deste trabalho apresentar formas de utilizao da cana-de-acar na alimentao de bovinos durante o perodo de seca.

PRODUO A cana-de-acar insupervel em termos de produo de matria seca e energia/ha, em um nico corte. Nas condies de Brasil Central, a produo de cana integral fresca/ ha/corte pode variar entre 60 e 120 toneladas, por um perodo de at cinco anos (maior produo no primeiro ano). As pontas constituem cerca de 20% - 30% desse total. Para assegurar uma melhor distribuio qualitativa durante a seca e reduzir problemas com florescimento, a Embrapa Gado de Leite (2002a) recomenda plantar metade da rea com variedades de cana precoce (RB 83-5486; RB 76-5418; SP 80-1842; e IAC 86-2210), e a outra, com variedades mdias/tardias (CB-45-3; RB 72-454; SP 71-1406; RB 73-9743; RB 73-9359; SP 70-1143; e SP 79-1011). Todas essas variedades so destinadas para a indstria, mas j existem programas de melhoramento gentico de cana para fins forrageiros (Landell et al., 2002). Deste trabalho resultou o lanamento, em 2002, da variedade IAC 86-2480, com hbito de crescimento ereto, bainha aderida fracamente ao colmo (facilitando a desfolha natural), e uma boa relao entre o teor de fibra e a quantidade de acar. Este ltimo aspecto resultou em um aumento de 17% no ganho de peso, em comparao com a variedade industrial RB 72-454 (Rodrigues et al., 2002 citado por Landell et al., 2002). O plantio feito em sulcos de 30 cm de profundidade e espaamento de 1,20 metro, onde so deitados toletes do colmo de cana, com trs a quatro gemas. Para o plantio de 1 hectare so necessrios de 8 a 12 toneladas de colmos, ou cerca de 1.000 m2 de viveiro.

Usar colmos de plantas sadias com oito a doze meses de idade. Na ausncia da anlise local do solo, a Embrapa Gado de Leite (2002a) sugere, para solos de mediana fertilidade, distribuir 2 t/ha de calcrio, com dois meses de antecedncia ao plantio, e no sulco, antes de deitar os colmos, aplicar 400 kg/ha da frmula 05-25-20. Trs meses aps o plantio, aplicar em cobertura 110 kg de uria ou 250 kg de sulfato de amnio/ha. Para garantir boa persistncia do canavial, aplicar adubao de cobertura aps cada corte, usando a frmula 20-10-20, na base de 400 kg/ha, no incio das chuvas. Em funo do tamanho do canavial, a aplicao de esterco de curral altamente recomendvel. O plantio pode ser feito entre os meses de outubro e novembro, com produo menor, mas j disponvel na prxima seca, ou entre janeiro e maro, com maior produo, mas disponvel apenas na seca do ano seguinte. Na fase inicial, manter o canavial limpo e com controle rigoroso no ataque de formigas. A rea a ser plantada depende da produo esperada por hectare e do nmero de animais e dias de alimentao. O clculo desta rea feito da seguinte forma: Supor uma produo de 120 t/ha 100 animais com peso vivo mdio de 300 kg 150 dias de alimentao Oferta diria/animal = 18 kg (equivalente a 6% do peso vivo de cana fresca/animal/dia).

Para calcular a quantidade total necessria de cana: 100 (nmero de animais) x 150 (nmero de dias) x 18 (oferta/ animal/dia) = 270.000 kg. Para calcular a rea a ser plantada: 270.000 (necessidade de cana) 120.000 (produo de cana/ha) = 2,25 ha. Deve-se lembrar que a produo do primeiro ano maior em relao s produes seguintes, por isso, sugere-se acrescentar 10% a mais de rea para plantio, como margem de segurana, passando ento para uma rea final de 2,5 ha de cana.

COLHEITA Pode ser manual ou mecnica, dependendo da quantidade a ser trabalhada diariamente. Deve ser feita quando a cana estiver madura (perodo da seca), quando maior ser o teor de acar (40% - 50%, base matria seca) e melhor o valor nutricional. No deve ser utilizada durante a fase de crescimento (perodo das chuvas). Aps o corte, a cana pode ser armazenada na sombra, por at trs dias; entretanto, uma vez picada, precisa ser imediatamente utilizada, de forma a reduzir os efeitos negativos da fermentao sobre o seu consumo. Independente da forma de colheita, a cana deve ser cortada rente ao solo. Se for possvel, devem ser retiradas as folhas secas antes do corte. As colhedeiras de forragens existentes no mercado apresentam capacidade de corte prxima de 25 t/hora, e tamanho de partcula ajustvel entre 3 - 18 mm. Possveis sobras de cana podem ser utilizadas no ano seguinte, mas isso deve ser evitado, pois compromete o manejo e a produo do canavial. O ideal seria conservar essa sobra sob a forma de silagem ou desidratao (85% a 90% de matria seca).

VALOR NUTRICIONAL

O valor nutricional da cana est diretamente correlacionado com o seu alto teor de acar (40%- 50% de acares na matria seca), visto que seu teor de protena extremamente baixo. O resultado um alimento nutricionalmente desbalanceado, e quando oferecido como nico componente da dieta, o consumo baixo e no capaz de atender nem mesmo as necessidades de mantena do animal. Portanto, se o objetivo for alcanar mantena ou ganhos de peso, a cana-de-acar, necessariamente, precisa ser suplementada. Para se atender a situao de mantena ou ganho pouco acima da mantena, a opo mais simples e barata usar o nitrognio no protico (uria + sulfato de amnio). Este suplemento vai atender diretamente as exigncias nutricionais dos microorganismos do rmen, resultando em melhor consumo e utilizao de nutrientes. J para alcanar ganhos de peso, necessrio atender tambm as exigncias nutricionais do animal, por meio de outros suplementos, tais como farelos, gros, raes etc. O resultado seriam ganhos entre 400 e 700 g/dia para bovinos em crescimento. Em funo do seu alto teor de carboidratos solveis, a cana classificada como um volumoso de mdia qualidade (valor mdio de 58,9% de nutrientes digestveis totais - NDT), mas com baixos teores de protena bruta (valor mdio de 3,8%) e fsforo (valor mdio de 0,06%).

SUPLEMENTAO DA CANA-DE-ACAR A cana pode suportar diferentes nveis de desempenho animal, dependendo da forma em que for suplementada. O primeiro nutriente a ser corrigido o nitrognio, por ser um elemento essencial para o uso do alto potencial energtico da cana. A forma mais simples e barata de atender essa exigncia com a uria mais uma fonte de enxofre. Ao alcanar o rmen, a uria libera amnia, que, combinada com os produtos da digesto do acar (os cidos graxos volteis), iro formar a protena microbiana. Este tipo de suplementao conhecido como Sistema Cana + Uria, que, segundo a Embrapa Gado de Leite (2002b), consiste do seguinte: Preparar uma mistura de 8,5 partes de uria + 1,5 parte de sulfato de amnio (fonte de enxofre), guardando-a logo em seguida, nos prprios sacos da uria (amarrar bem a boca do saco, pois a uria absorve muita umidade e endurece) e estocar at o seu uso. Para os primeiros 10 dias de alimentao, aplicar com um regador 500 g desta mistura, dissolvida em 4 litros de gua, para cada 100 kg de cana fresca triturada. Oferecer em seguida aos animais, que devem ter livre acesso mistura mineral e gua. Do dcimo primeiro dia em diante, usar 1 kg da mistura para cada 100 kg de cana fresca triturada. Esta dieta fornecer nutrientes ao animal para atender as necessidades de mantena ou um pouco acima (at 200 g/animal/dia), dependendo da variedade de cana utilizada e idade da planta ao corte. Para ganhos maiores (0,4- 0,7 kg/dia), necessrio fornecer nutrientes adicionais a uma dieta de cana tratada com uria, em uma quantidade variando de 15% - 25% do consumo total de matria seca, como mostrado na Tabela 1.Tabela 1. Efeito do uso de suplementos para bovinos recebendo dietas base de cana + uria, no consumo de matria seca e ganho de peso dirio

ganho Suplemento (kg/ani/dia)

consumo cana (% PV1)

fornecimento (kg/dia)

Farelo de arroz Farelo algodo Milho triturado Sorgo triturado Sem suplemento de

1,0 0,6

2,20 1,92

0,721 0,500

1,0 1,0

2,18 -

0,462 0,372

0,0

1,84

0,131

Em raes para animais em engorda confinados, a substituio da silagem de milho ou sorgo pela cana, como forma de reduzir custos com alimentao, fatalmente vai resultar em reduo no desempenho animal, aumentando o custo da arroba ganha no confinamento. Isto foi observado por Duarte et al. (1996), em uma situao em que novilhos cruzados em confinamento receberam vontade silagem de milho, silagem de sorgo ou cana-de-acar, mais 2 kg/ animal/dia de uma rao concentrada. Os animais apresentaram os seguintes ganhos de peso vivo (kg/animal/dia):Silagem de milho = 1,199 kg Silagem de sorgo = 1,185 kg Cana-de-acar = 0,642 kg

Este menor desempenho da cana resultou em um custo de US$ 40,00 por arroba ganha no confinamento, superior ao custo obtido com a silagem de milho (US$ 22,00) ou sorgo (US$ 34,00), embora o custo/tonelada desses volumosos tenha sido menor para a cana (US$ 11,00) em comparao s silagens de milho (US$ 19,00) ou sorgo (US$ 28,00). Apesar desses resultados, a cana pode ser uma opo de volumoso na engorda de animais zebu, que iniciam a engorda com idade acima de 30 meses, ou em situaes de fontes de ingredientes para concentrados mais baratas (por exemplo levedura em usinas de lcool).

CANA HIDROLISADA o resultado de um tratamento qumico da cana in natura, com soda custica (2 a 4 g de hidrxido de sdio por quilo de matria seca de cana triturada). Na prtica, tem-se usado 20 kg de uma soluo de 50% de soda custica por tonelada de matria fresca de cana triturada (No Paran...1998). A aplicao feita usando-se um bico pulverizador instalado no tubo de descarga de uma colhedeira de forragem. Cuidados especiais devem ser tomados com a soda custica, por ser um produto altamente corrosivo. Este tratamento pode aumentar a digestibilidade e o consumo da cana. O fator custo, bem como as caractersticas corrosivas da soda custica, limitam seriamente o uso deste tratamento na propriedade rural.

SACCHARINA

um produto, desenvolvido em Cuba, resultante da fermentao aerbica (fermentao ao ar livre) da cana-deacar com uria. Sua maior vantagem em relao ao sistema cana + uria, seria um maior teor de protena verdadeira, pela fermentao do acar, existente na cana, com a amnia proveniente da uria, e realizada por leveduras e bactrias. Segundo dados da literatura, aps o perodo de fermentao a cana passa a apresentar um teor de protena bruta entre 11% e 16%, sendo que desta, cerca de 8,9% a 13,9%, respectivamente, protena verdadeira (Demarchi, 2001). Entretanto, parece que isto no ocorre plenamente (Zanetti et al., 1993). O processo consiste no seguinte: a cana picada distribuda em um piso revestido (camadas de 5 a 10 cm), coberto, mas bem ventilado. Para cada tonelada de cana picada, aplicar cuidadosamente 17 kg da seguinte mistura: 15 kg de uria + 5 kg de uma mistura mineral + 2 kg de sulfato de amnio. Essa mistura deve ser a mais uniforme possvel, e logo aps a mesma, manter a cana tratada em uma camada mais espessa, entre 20 e 25 cm, a fim de assegurar condies de umidade necessria para a fermentao. Esta fermentao deve durar entre 24 at um mximo de 48 horas, podendo ento a cana tratada ser fornecida para os animais. Um outra opo seria secar (mximo de 10% a 15% de umidade) e estocar para posterior uso (conserva-se bem por perodos de at seis meses).

SILAGEM DE CANA A alta produtividade da cana e a coincidncia do seu ponto de amadurecimento (maiores teores de acar na MS) com a poca de menor produtividade das pastagens, fazem com que a mesma seja uma boa opo de forragem in natura para uso na seca. Entretanto, fatores como excesso de produo ou disponibilidade de mo-de-obra e mquinas para o seu corte dirio, podem favorecer uma deciso pela sua ensilagem, apesar da menor digestibilidade e consumo da cana ensilada, quando comparada com a cana in natura. Para ensilar a cana com sucesso, importante observar a poca do corte (deveria ser durante a seca, quando a cana est com altos teores de acar e matria seca ao redor de 30%), a eficincia de corte da cana pelas mquinas (tamanho de partculas entre 2 e 5 cm), boa compactao no silo (de preferncia usando trator) e fechamento do mesmo em trs dias no mximo, usando-se lona plstica, garantindo com isto, uma total expulso do ar (fermentao anaerbica). Apesar de todo este cuidado, a composio da cana vai favorecer uma elevada produo de cido actico e lcool (ao de leveduras), prejudicando o seu consumo. O ideal se houvesse uma maior produo de cido ltico. O uso de aditivos biolgicos no tem mostrado resultados consistentes, entretanto, a adio de uria (0,5% da matria original) juntamente com o rolo de milho (10% a 12% da matria original) tem contribudo para melhorar consumo.

BAGAO DE CANA O bagao o principal resduo da indstria da cana e representa aproximadamente 30% da cana integral moda. um produto de baixo valor nutricional e qualquer tentativa do seu uso na alimentao animal deve estar associado a algum tipo de tratamento fsico (presso e vapor) ou qumico (amnia, soda custica). O teor de protena na matria seca, fica entre 1% e 2%, sendo que 90% do nitrognio pode estar indisponvel associado com a fibra, e o teor de fibra cida entre 58% e 62%. Isto resulta em digestibilidades baixas (25% a 30%), tornando-o um alimento, in natura, de valor nutricional desprezvel.

O uso acima de 20% de bagao em raes requer um tratamento, e o fsico o que tem maior possibilidade de xito. Isto limita o seu uso ao local de sua produo ou em propriedades bem prximas ao mesmo.

CONCLUSO A cana-de-acar apresenta grande potencial forrageiro por duas razes principais: alta produo de massa e manuteno da qualidade durante a seca. Apresenta limitaes nutricionais. Dietas exclusivas de cana + uria + minerais, resultam em mantena do peso vivo. O uso de suplementos proticos/energticos perfazendo 15% a 25% do consumo total de matria seca, pode resultar em ganhos da ordem de 400 - 700 g/animal/dia. A cana pode ser ensilada, mas este processo reduz o seu consumo. O uso de aditivos pode melhorar o consumo. O bagao de cana pode apresentar algum potencial forrageiro aps tratamento, entretanto, o custo do mesmo um fator limitante.

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CanadeAcar

1. Introduo O ciclo da cana-de-acar foi a primeira atividade economicamente organizada do Brasil. A partir da fundao do primeiro engenho de cana-de-acar pelo Sr Martins Afonso de Souza, em 1532, e por mais de dois sculos o acar foi o principal produto brasileiro, convivendo, contribuindo e, s vezes, resistindo s mudanas scio-politico-culturais deste perodo. Este estudo visa resgatar o perodo de reinado do acar, enquanto embaixador do Brasil, colnia portuguesa recm descoberta e sem maior expressividade ou mesmo importncia econmica, na Europa dos sculos XVI a XIX. Sero enfocados, neste trabalho, caractersticas como motivo, facilitadores, dificultadores, presses, conflitos e conseqncias decorrentes do ciclo da cana-de-acar. A necessidade de colonizar a terra para defend-la e explorar suas riquezas fizeram com que o Governo de Portugal instalasse engenhos produtores de acar no nosso litoral, essa cultura foi escolhida por se tratar de um produto de alto valor no comrcio europeu e por seu consumo crescente na Europa. Logo, aps as dificuldades de sua implantao - a falta de dinheiro para montar a moenda, comprar escravos, refinar o acar e sobretudo transport-lo nos mercados consumidores da Europa - o acar tornou-se o principal produto brasileiro e foi a base de sustentao da economia e da colonizao do Brasil durante os sculo XVI e XVII. J no sculo XVIII o surgimento do acar de beterraba e a formao dos conhecimentos e tcnicas para construo de uma indstria aucareira por parte dos holandeses fizeram com que nosso principal produto entrasse em decadncia e perdesse mercado consumidor na Europa. Assim, acabaria o monoplio do acar e alteraria o quadro poltico-econmico da poca em nosso pas.

2. Surgimento da Economia Aucareira No incio da colonizao Brasileira o governo metropolitano resolveu estimular alguns portugueses a instalarem engenhos para produzirem acar no litoral do Brasil. Era preciso

efetivar a aposse da terra para defend-la e tambm explor-la em suas riquezas. Optou-se pela cana de acar por se tratar de uma cultura rpida, chegando ao corte a partir do segundo ano e tambm devido ao tipo de solo existente, o massap excelente para o plantio de cana. Alm disso o Nordeste, por sua localizao estratgica, permitia fcil escoamento do acar produzido estando mais prximo dos mercados consumidores. Outro fator que contribuiu na deciso de cultivar a cana, foi o preo do acar alcanado no comrcio europeu. O consumo do acar , em ascendncia na Europa, logo seria o principal produto Brasileiro sculos XVI e XVII - tornando o acar a base de sustentao da economia e da colonizao do Brasil durante estes perodos. A utilizao do acar como adoante, em substituio ao mel, causou na Europa do sculo XVI uma revoluo comportamental e comercial uma vez que o produto era usado anteriormente apenas como remdio. Esse Fato destacou o Brasil, como grande produtor de acar, no mercado europeu. A cultura da cana de acar propiciava aos donatrios de terras da ocupao das mesmas pois povoados se formavam em torno dos engenhos. O primeiro engenho foi instalado por Martins Afonso de Souza, em 1532. Foram grandes as dificuldade encontradas para desenvolver o ciclo do acar, tais como: dinheiro para montar as moendas, comprar escravos, transportar os colonos brancos, comprar navios para transportar os equipamentos e sustentar os trabalhadores at que a produo do acar desse lucro, alm da preocupao com o refino e comercializao do produto. Os holandeses surgem, ento, como financiadores, transportadores e negociadores do nosso acar no mercado consumidor europeu. Podemos dizer que foram os holandeses o maiores beneficiados de forma lucrativa com o nosso acar. A produo do acar no brasil se tornou motivo de grandes invases, como as holandesas ocorrida em Pernambuco, maior produtor de acar. Estas invases resultaram em grande perda de engenhos, muitos destrudos, causando um retrocesso na economia, que logo se recuperou pois o declnio da minerao, no final do de sculo XVII, permitiu um novo florescimento da economia aucareira, no s em Pernambuco, e na Bahia onde era tradicional, mas tambm na regio de Campos e em algumas zonas de So Paulo. Essa economia teve como classe dominante os grandes proprietrios senhores de engenho, que eram tambm os donos de escravos (classe dominada) e os donos do poder.

3. Desenvolvimento da Economia Aucareira Os centros urbanos que se desenvolveram em reas especializadas na cultura da cana e no fabrico do acar foram, no Brasil, os pontos que se tornaram os mais desenvolvidos em valores da nossa cultura moral, intelectual, religiosa, cientfica e artstica. Em 1560, Portugal ganhava ascendncia no comrcio europeu, com o acar fabricado no Brasil. Com o xito do acar no comrcio, o governo portugus incentivou a expanso das fbricas em sua colnia tropical americana. Com isso Portugal estava, com estmulos oficiais, desenvolvendo a economia brasileira. Lavoura extensivas de cana-de-acar surgiram para alimentar os engenhos. Estes por sua vez eram instalados beira-mar ou nas proximidades dos rios por necessidade no s de seu funcionamento como tambm pela questo de transporte do produto. Ao lado do canavial, nascia a agricultura de subsistncia, para atender a crescente necessidade de alimentos para a casa grande, a senzala e a pequena parcela de assalariados livres. A propriedade rural, verdadeiro feudo, era, ento, assim formada: A casa-grande onde vivia o senhor com sua famlia, exercendo grande autoridade sobre todos. Era um verdadeiro patriarca.

A senzala era uma grande construo onde os negros escravos viviam miseravelmente, tratados como animais e sujeitos a toda a sorte de violncia e castigos. A capela onde se realizavam as cerimnias religiosas. Alm, de centro religioso, a capela era um centro social, pois nela se reuniam todos os homens livres do engenho e das proximidades. E a moenda, onde a cana-de-acar era moda. O caldo corria da moenda para os tachos por meio de calhas. Dos tachos, o caldo era retirado em vasilhas de cobre e levado para a caldeira, onde era fervido e mexido pelos escravos, que tiravam as impurezas e a espuma. O rpido desenvolvimento da indstria aucareira, fez com que o governo portugus no se limitasse s a fabrica de moenda e engenho de gua, mais numa busca rpida desta lavoura, graas uma abundante mo-de-obra indgena existente j nas colnias deste sculo ligada a essa atividade. O comeo da colonizao se deu em pequenas comunidades que teve importante papel na especializao de mo-de-obra dos escravos. Logo depois veio a mo-deobra dos escravos africano, que chegou para a expanso da empresa, quando os lucros j se encontravam assegurados. Era um sistema de produo rentvel e capitalizado. Du