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AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO EMPRESARIAL – UMA ANÁLISE NA EMPRESA LÍDER MUNDIAL DE PROTEÍNA ANIMAL
CORPORATE PERFORMANCE ASSESSMENT - AN ANALYSIS AT THE WORLD LEADING COMPANY OF ANIMAL PROTEIN
Julia Nayara Caperucci – [email protected]ós Graduanda - MBA Gerencia Contábil Financeira e Auditoria - UniSALESIANO
Prof. Irso Tófoli – [email protected] - UniSALESIANO
RESUMO
Com o mercado mais acirrado e competitivo os gestores buscam mecanismos para evitar erros nas tomadas de decisões, não comprometendo assim o futuro da organização. A análise financeira é uma ferramenta que proporciona avaliação constante dos negócios, antecipando cenários e aumentando a visão para planejar suas atividades, facilitando a tomada de decisões corretivas caso necessário. Através dos indicadores é possível conhecer a situação real da empresa, se ela está lucrando e quais as suas deficiências e qualidades. Este trabalho tem como objetivo conhecer a importância da análise econômico-financeira em tempos de recessão econômica, para isto foi realizado estudo de revisão bibliográfica e desenvolvida a pesquisa de campo com as demonstrações contábeis divulgadas pela empresa JBS e a aplicação da Análise Financeira, Necessidade de Capital de Giro e Valor Econômico Agregado. Através da pesquisa realizada, comprovou-se que uma análise, com base em informações precisas, possibilita conhecer a saúde financeira da empresa proporcionando decisões mais acertadas.
Palavras-chave: Análise Financeira. Demonstrações Contábeis. Indicadores Financeiros.
ABSTRACT
With the fiercer and more competitive market managers seek mechanisms to avoid mistakes in decision making, thus not compromising the future of the organization. Financial analysis is a tool that provides constant evaluation of the business, anticipating scenarios and increasing the vision to plan its activities, facilitating the taking of corrective decisions if necessary. Through the indicators it is possible to know the real situation of the company, if it is profiting and what its deficiencies and qualities. This work aims to know the importance of the economic-financial analysis in times of economic recession, for this was carried out a bibliographic review study, the field research was developed with the financial statements disclosed by the company and the application of Financial Analysis, Working Capital and Economic Value Added. Through the research, it was verified that an analysis, based on accurate information, makes it possible to know the financial health of the company, providing better decisions.
Keywords: Financial analysis. Accounting statements. Financial indicators.
1
INTRODUÇÃO
Há diversas maneiras de avaliar o desempenho de uma empresa, pode ser
através da qualidade de seus produtos, pelo valor de sua marca, pelas suas
responsabilidades sociais ou de forma financeira, dentre outras.
Através das demonstrações contábeis, também conhecidas como análise das
demonstrações financeiras, consegue-se extrair diversas informações de cunho
gerencial, auxiliando na avaliação do desempenho da empresa e nas tomadas de
decisões, com a maior eficiência e segurança, evitando que a empresa não
sobreviva no mercado que hoje está tão competitivo.
Segundo Sanvicente (1987), as finalidades da análise de balanços podem ser
muitas, podendo se referir ao passado, ao presente e até mesmo ao futuro em
termos de situação e desempenho da empresa.
Para Assaf Neto (2002, p. 48):
A análise de balanços visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pelas empresas, a posição econômico-financeira atual, as causas que determinaram a evolução apresentada e as tendências futuras. Em outras palavras, pela análise de balanços extraem-se informações sobre a posição passada, presente e futura (projetada) de uma empresa.
A análise financeira abrange não apenas ao Balanço Patrimonial, como
também para a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Assim sendo,
neste trabalho são analisados ambos os demonstrativos do frigorifico do Grupo JBS
S.A., dos períodos de 2014, 2015 e 2016, com base nas informações divulgadas
pela companhia.
O estudo tem por objetivo analisar a situação econômico-financeira
divulgados no Balanço Patrimonial (BP) e Demonstração de Resultado do Exercício
(DRE) do grupo JBS, comparando índices a fim de avaliar seu desempenho durante
o período analisado e gerar informações úteis para tomada de decisão. Como
objetivo especifico, o estudo visa elaborar uma revisão da literatura especializada
identificando os principais conceitos e ferramentas de análises; coletar dados da
empresa através dos documentos contábeis publicados; analisar as demonstrações
sob a ótica da análise tradicional e de capital de giro, tendo condições de apresentar
a atual situação econômica e financeira da empresa.
2
A presente pesquisa baseou-se na pergunta-problema: a análise periódica
das demonstrações contábeis permite tomadas de decisão assertivas relativas ao
crescimento e detecção de pontos fortes e fracos da empresa?
A análise das demonstrações contábeis de uma empresa independente de
seu porte, sempre estará associada a um processo decisório. De acordo com Tófoli
(2012), uma análise feita por dois analistas pode ser divergente, mas as suas
conclusões devem ser semelhantes, quando interpretada corretamente, transforma-
se em informações indispensáveis aos usuários da informação contábil.
A sustentação metodológica buscou aprofundamento em revisão bibliográfica
e nas análises das demonstrações financeiras disponíveis da empresa JBS,
empresa nacional, líder no ramo da proteína animal
1 A EMPRESA ANALISADA
A história da JBS inicia-se em 1953, no interior de Goiás, quando o seu
fundador abriu o primeiro negócio da família. Em 1970, foi a aquisição da primeira
unidade frigorífica, quando também criou a marca Friboi. Atualmente a JBS é a
maior empresa de proteína animal do mundo.
2 INDICES FINANCEIROS
As demonstrações contábeis são informações divulgadas pelas empresas que
possuem capital aberto, podendo ser caracterizadas por Iudícibus (2007, p. 5) como
a “arte de saber extrair relações úteis, para o objetivo econômico que tivermos em
mente, dos relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e detalhamento, se
for o caso”.
As demonstrações mais utilizadas são: Balanço Patrimonial (BP),
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração do Resultado
Abrangente (DRA), Demonstração dos Lucros ou prejuízos Acumulados (DLPA),
Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) e Demonstração do Valor Adicionado
(DVA). (TÓFOLI, 2012)
Na opinião de Crepaldi,
3
O Balanço Patrimonial é um demonstrativo contábil, que em dado momento, apresenta de forma sintética e ordenada, as contas patrimoniais agrupadas de acordo com a natureza dos bens, direitos ou obrigações que representam e tem finalidade apresentar a situação patrimonial em dado momento. (CREPALDI, 1999, p. 44 ).
O Balanço Patrimonial é composto por três elementos básicos: Ativo
(aplicações de recursos), Passivo (exigibilidades ou fontes de capital externo) e
Patrimônio Líquido (recursos próprios da empresa), de forma que, a soma das
contas do Ativo deve ser igual ao resultado da soma das contas do Passivo mais o
Patrimônio Líquido. (IUDÍCIBUS, 2008)
Segundo Marion (2010, p. 227):
A demonstração do resultado do exercício é um resumo ordenando das receitas e despesas da empresa em determinado período (12 meses). É apresentando de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo).
De acordo com Tófoli (2012), os resultado produzidos através dos dados
constantes no Balanço Patrimonial e na Demonstração de Resultado do Exercício
permitem conhecer a empresa em seus detalhes: sua capacidade de liquidez,
endividamento e rentabilidade etc.
2.1 Análise horizontal e análise vertical das demonstrações contábeis
De acordo Assaf Neto (2002), a analise vertical é uma comparação que se
aplica para relacionar um grupo ou apenas uma conta com um valor identificado no
mesmo demonstrativo, permitindo avaliar a estrutura de composição de itens e sua
evolução no período.
“O cálculo de participação relativa das contas é feita dividindo-se o valor de
cada conta pelo valor do Ativo ou do Passivo Total”. Quando aplicado na DRE,
calcula-se o percentual de cada conta em relação a Vendas Liquidas, conforme
Tófoli (2012, p. 35)
Na visão de Silva (2006), o objetivo da análise horizontal é permitir o exame
da evolução histórica de cada uma das contas que compõem as demonstrações
contábeis e da análise vertical é mostrar a participação relativa de cada conta do
demonstrativo contábil em relação a determinado referencial.
4
De acordo com Assaf Neto (2002, p. 100), “é basicamente um processo de
análise temporal, desenvolvido por meio de índices, sendo seus cálculos
processados de acordo com a seguinte expressão: (Valor do exercício atual / Valor
do exercício anterior) x 100, para evidenciar a variação em pontos percentuais”.
2.2 Capital de giro
De acordo com Tófoli (2012. p.48) “o Capital de Giro Liquido corresponde à
parcela de recursos permanentes (PL) ou de longo prazo (PNC) aplicados no ativo
circulante”. Algebricamente:
CGL = AC – PC, ou CGL = (PL + PNC) – ANC
O ativo circulante constitui o grupo de maior liquidez presente no ativo da
empresa. Ao se tratar da captação de recursos pela empresa apresentados no
passivo, os mesmos podem partir de duas origens: próprias e de terceiros. Desta
maneira a empresa financia suas necessidades com recursos originados de seus
proprietários ou de origens terceiras. (ASSAF NETO, 2002).
2.3 Necessidade de capital de giro
De acordo com Monteiro (2003, p.4) “A necessidade de capital de giro é a
diferença entre ativos e passivos operacionais. É positiva quando o ciclo operacional
for maior que o prazo médio de pagamento e negativa quando o contrário ocorrer.
Segundo Matias (2007), a necessidade de capital de giro aumenta de acordo
com o crescimento dos estoques, das contas a receber ou com a diminuição dos
estoques e contas a pagar.
Para Vieira (2008), de uma forma simplificada, a necessidade de capital de
giro pode ser calculada pela seguinte fórmula:
NCG = Contas a receber + Estoque – Contas a pagar
Como já destacado por Tófoli (2012), o capital de giro deve ser administrado
de maneira que não haja excesso nos estoques, pois os mesmos incidirão no custo,
da mesma forma não se deve ter uma política de crédito tão liberal pois aumentará o
volume de contas a receber e provavelmente a inadimplência.
5
A necessidade de capital de giro é influenciada pelo ciclo financeiro da
empresa, quando o ciclo é maior depende-se de mais capital de giro e se o ciclo
financeiro da empresa é menor, depende-se menos do capital de giro.
2.4 Saldo de tesouraria
O saldo de tesouraria é a diferença entre o ativo circulante financeiro e o
passivo circulante financeiro, este saldo representa a necessidade de capital de
terceiros de curto prazo para custear as necessidades de capital de giro.
O Saldo de Tesouraria, quando menor que zero, indica que a empresa depende de empréstimos de curto prazo, descontos de duplicatas e/ou dívidas de curto prazo não relacionada com seu ciclo operacional (dividendos a distribuir, por exemplo). (TÓFOLI, 2012, p.178)
2.5 Indicadores de liquidez e de endividamento
A análise de balanços tem seu ponto mais importante no cálculo e avaliação
de quocientes, pois permite extrair tendências e comparar os quocientes com
padrões preestabelecidos. (IUDICIBIS, 2008).
Estes indicadores visam avaliar os resultados auferidos por uma empresa em relação a determinados parâmetros que melhor revelem suas dimensões. Uma análise baseada exclusivamente no valor absoluto de lucro líquido traz normalmente sério viés de interpretação ao não refletir se o resultado gerado no exercício foi condizente ou não com o potencial econômico da empresa. (ASSAF NETO, 2007, p.124)
Os indicadores de liquidez revelam a posição financeira da empresa em um
determinado período.
Os Índices de Liquidez são utilizados para avaliar a capacidade de pagamento, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos. Essa capacidade de pagamento pode ser avaliada, considerando: longo prazo, curto prazo ou prazo imediato (MARION, 2007, p.83).
Já o índice de endividamento mostra o nível de endividamento da empresa,
mostra de onde a empresa está captando seus recursos, ou seja, é financiado com
recursos próprios ou de terceiros. De acordo com Moreira (2003) “Os índices tem
6
como característica fundamental fornecer visão ampla da situação econômica e
financeira da empresa, além de servirem de medida para a construção de um
quadro de avaliação da empresa”.
2.6 Índice de Imobilização dos Recursos não Correntes
De acordo com Assaf Neto (2007), este índice permite identificar o percentual
dos recursos permanentes que estão aplicados no ativo permanente.
Tófoli (2012) explica que quanto menor o percentual do item, melhor é, já que
um alto grau de imobilização compromete a liquidez da empresa.
2.7 Lucratividade e rentabilidade
O índice de lucratividade e rentabilidade tem como intuito medir o retorno do
capital investido na empresa. Através deste é possível identificar o desempenho
econômico da empresa. (PADOVEZE; BENEDICTO, 2007)
2.8 Valor Econômico Agregado (VEA)
De acordo com Assaf Neto, Lima (2011, p. 180), “o VEA pode ser entendido
como o resultado apurado pela sociedade que excede à remuneração mínima
exigida pelos proprietários de capital (credores e acionistas)”. Isto significa que para
a empresa registrar valor econômico agregado deve apresentar um lucro final,
obviamente já descontado os custos financeiros dos capitais de terceiros onerosos,
superior ao mínimo exigido pelos acionistas. Uma vez pago os custos financeiros do
capital de terceiros, remunerados os acionistas em suas expectativas, o excedente
será o valor agregado.
Caso o lucro líquido não satisfaça essas circunstâncias, estará desagregando
valor. Ainda, segundo Assaf Neto (2011), pode ser apurado por uma das fórmulas:
VEA pelo RROI = (ROI – CMPC) x Investimento
VEA pelo Lucro Operacional= LLOp livre do IR – (CMPC x Investimento)
VEA pelo LL = Lucro Líquido – Patrimônio Líquido x Custo de Capital Próprio)
3 ANÁLISES DOS INDICADORES FINANCEIROS
7
3.1 Rentabilidade e Lucratividade
Analisando a margem operacional bruta, verifica-se uma queda nos períodos
analisados devido ao aumento do Custo da Mercadoria Vendida, que aumentou
37,85 % de 2014 para 2015, e mais 6,23% para o ano de 2016, apesar do aumento
nas vendas de 4,58%. O alto custo da mercadoria vendida incidiu na queda do lucro
bruto em 5,65% de 2015 para 2016.
Verificando a margem operacional nota-se grande variação de 6,50% no ano
de 2014 para 3,95% em 2016, derivado das despesas com vendas que representam
5,03% das receitas liquidas no ano de 2016. Observando a margem liquida também
houve uma redução, passando de 2,0% em 2014 para 0,42% em 2016.
Analisando o índice de rentabilidade do patrimônio líquido, percebe-se uma
elevação, conforme: registra em 2014 o retorno de 9,30% para 17,31% em 2015. Em
2016, registrou 2,84%.
O ROA teve um leve aumento em 2015, passando de 2,92% em 2014, para
4,19% em 2015, caindo bruscamente em 2016 para 0,69%.Quadro 1 - Cálculo Rentabilidade e Lucratividade Índices Fórmulas 2014 2015 2016Margem Bruta MB = LB / VL 15,50% 13,87% 12,51%Margem Operacional MOP = LAJIR / VL 6,48% 5,60% 3,95%Margem Líquida ML = LL / VL 2,00% 3,15% 0,42%Retorno sobre o Patrimônio Líquido RPL = LL / PL 9,30% 17,31% 2,84%
Retorno Sobre Ativo Total ROA = LLAJIR / ATIVO TOTAL 2,92% 4,19% 0,69%
Fonte: Elaborado pela autora, 2017
3.2 Índices de Liquidez
Analisando o índice de liquidez geral, percebe-se que a capacidade de
pagamento de suas obrigações de curto e de longo prazo, utilizando recursos
também de curto e de longo prazo apresenta-se em queda, passando de 67,69%,
em 2014 para 45,2% em 2016. A empresa apresenta baixa capacidade de solvência
neste indicador.
O índice de liquidez corrente, revela que a empresa apresenta folga financeira
em todos os anos analisados, na média de 125,59%, mostrando que a empresa
consegue cumprir suas obrigações a curto prazo, utilizando recursos também de
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curto prazo. Registra-se que este indicador se apresenta em queda, registrando
150,9% em 2014 e de 101,7% em 2016.
Quadro 2 - Cálculo Índices LiquidezÍndices Fórmulas 2014 2015 2016
Índice de Liquidez Geral (AC + RLP) / (PC + PNC) 67,69% 56,13% 45,70%
Índice de Liquidez Corrente AC / PC 150,97% 124,10% 101,71%
Índice de Liquidez Seca (AC - Estq - Desp. Antec) / PC 111,39% 89,26% 67,87%
Fonte: Elaborado pela autora, 2017
3.3 Índices de Endividamento
Analisando o índice de endividamento geral, verifica-se um aumento do ano
de 2014 para 2015, passando de 68,57% para 75,82% tendo uma pequena queda
em 2016 chegando ao percentual de 75,77%. O índice de curto prazo teve um leve
aumento em 2015, chegando em 32,76% ficando estável no ano de 2016.
Quadro 3 - Cálculo Índices Endividamento Índices Fórmulas 2014 2015 2016
Índice de Endividamento Geral (PC+PNC) / ATIVO 68,57% 75,82% 75,77%Índice de Endividamento de Curto Prazo PC / ATIVO 30,21% 32,76% 32,44%
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017
3.4 Análise de Capitais
Quadro 4- Cálculo Índices de Capitais (Continua)
Índices Fórmulas 2014 2015 2016Capital de Giro Liquido AC – PC R$12.674.231, R$9.672.571, R$ 571.181,
Capital de Giro Bruto ATIVO CIRCUL TOTAL R$ 37.542.232, R$ 49.810.038 R$ 33.919.805
(Conclusão)Índices Fórmulas 2014 2015 2016
Capital Circulante Próprio PL – ANC -R$ 18.900.326 -R$ 43.071.531 -R$ 43.981.331
Necessidade de Capital
de Giro
Ativo Op -
Passivo Op 18.393.712, 24.156.214, 20.081.364,
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Fonte: Elaborado pela autora, 2017
Através das análises do Balanço Patrimonial, percebe-se o declínio do Capital
de Giro liquido de MR$ 12.674,24 em 2014 para MR$ 571.181 em 2016,
aumentando o risco de insolvência de mercado. A empresa registra capital circulante
próprio negativo nos três exercícios, resultado de excesso de imobilização do
patrimônio líquido. O capital de giro bruto aumentou no ano de 2015, passando de
MR$ 37.542 em 2014, alcançando MR$ 49.810, tendo no ano de 2016 um queda
para MR$ 33.919. Na análise da Necessidade de Capital de Giro - NCG foi possível
identificar um aumento em relação ao ano de 2014 totalizando MR$24.156, decaindo
novamente para MR$ 20.081 no ano de 2016.
3.5 Índices de Atividades
Observando as contas da empresa JBS SA, nos anos analisados, o Prazo
Médio de Renovação de Estoques – PMRE se manteve estável entre 2014 e 2015
teve uma diminuição de 6 dias em 2016, indicando que a empresa passou a renovar
mais rapidamente seus estoques. O Prazos Médio de Recebimentos de Vendas –
PMRV apresentou variação de menos dois dias de 2014 para 2015, diminuindo
bastante em 2016 para 20 dias, enquanto que o Prazo Médio de Pagamentos de
Compras – PMPC aumentou de 24 para 31 dias de 2014 para 2015, chegando a 44
dias em 2016.
Quadro 5 - Cálculo Índices de Capitais Índices Fórmulas 2014 2015 2016
P. M. Renovação de Estoque Estoq / CMV x 36029,26 28,50 23,20
P. M. Recebimento de Vendas DR / VL x 36028,62 26,78 20,26
P. M. Pagamento de Compra Forn / CMV x 36024,55 31,87 43,83
Ciclo Operacional PRME + PMRV70,30 69,10 53,50
Ciclo de Caixa ou Financeiro PRME + PMRV – PMPC70,30 69,10 53,50
Fonte: Elaborado pela autora, 2017
3.6 Saldo Tesouraria
Devido a NCG estar maior que o CGL, acarretou um Saldo de Tesouraria
negativo no decorrer nos períodos analisados, ocasionando o Efeito Tesoura e
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indicando que o Capital Giro Líquido está sendo insuficiente para financiar a
Necessidade Capital de Giro. Os valores durante os três anos consecutivos foram
MR$ -5.719, MR$ -14.483 e MR$ -19.510.
3.7 Valor Econômico Agregado – VEA
Considerando não ser possível identificar uma taxa de retorno exigida pelos
proprietários, foi atribuída como um custo de oportunidade de 12%, levando em
consideração a média da rentabilidade do patrimônio líquido das empresas do
segmento de bens de consumo obtida na reportagem da revista exame “As 1000
maiores empresas do Brasil”. (EDITORA ABRIL, 2017)Quadro 6 – Análise do VEA (Continua)
Custo do capital de terceiros 2014 2015 2016
Capital de Terceiros 52.204.465,
00 86.071.753,00 73.418.317,0
0
Encargos financeiros 3.611.517,
00 1.241.681,00 6.293.806,0
0
Custos das dívidas 6,9% 1,4% 8,6%
IR + CSSL 42,6% 34,9% -62,%
Custos líquidos das dívidas 3,97% 0,94% 13,9%
Patrimônio Líquido 25.873.030,
00 29.621.398,00 24.914.627,0
0
Custo de Oportunidade 12% 12% 12%
Custos Capital Próprio 3.104.763,
60 3.554.567,76 2.989.755,2
4
Investimentos 78.077.495,
00 115.693.922,00 98.332.944,0
0
Participação Kpróprio 33% 26% 25%
Participação Kterceiros 67% 74% 75%
Nopat 4.479.713,
00 5.936.922,00 10.911.575,
00
WACC 6,632% 3,771% 11,097%
ROI 5,738% 5,132% 2,592%
RROI (ROI - WACC) -0,8944% 1,3606% -2,3209%(Conclusão)
Custo do capital de terceiros 2014 2015 2016
VEA pelo RROI (698.336,60) 1.574.079,24 (2.282.257,24)
VEA pelo LOperac líq (698.336,60) 1.574.079,24 (2.282.257,24)
VEA pelo LL (698.336,60) 1.574.079,24 (2.282.257,24) Fonte: Elaborado pela autora, 2017
11
Pelo Quadro 8 é possível observar o comportamento do VEA da empresa,
nos três últimos exercícios contábeis analisados, quais sejam, a desagregação de
valor nos exercícios de 2014 e 2016, respectivamente R$ 698.336,00 e 2.282.257,00
e agregação de valor no ano de 2015, de 1.574.079,00
3.8 Considerações da pesquisa
Através da metodologia utilizada neste estudo, foi possível atingir os objetivos
esperados quantificando os índices de liquidez de três exercícios sociais da
empresa.
Dessa forma, através dos resultados quantificados foi analisada a situação
econômica e financeira nos períodos de 2014, 2015 e 2016, afim de levantar
características e tendências de investimento e financiamento
Nota-se que a empresa apesar de apresentar o CCL positivo, ela necessita de
mais capital do que captura, trazendo um saldo de tesouraria negativo, originando o
risco do Efeito Tesouraria (ET). Para efeito de comparação, no exercício de 2016,
apresentou um capital de giro de R$ 571.181,00 e uma necessidade desse capital
na ordem de R$ 20.081.364,00.
Os índices de liquidez da empresa apresentam-se em queda nos três anos,
demonstrando incapacidade de solvência em longo prazo e capacidade em curto
prazo. No endividamento, em longo prazo, há uma elevação do primeiro para o
segundo ano e manutenção no terceiro ano, com registros de 75,77%.
Especificamente no curto prazo o endividamento é relativamente baixo, na ordem de
32,4%.
Suas margens de lucratividade apresentam-se em queda com a margem
líquida passando de 3,15% para 0,42% nos dois últimos períodos avaliados.
Os retornos sobre o ativo e sobre o patrimônio líquido também registram
queda, registrando um retorno sobre o património líquido de 17,3% para 2,84%
A empresa não vem agregando valor econômico nos períodos analisados,
indicando, na realidade, uma desagregação do seu valor na ordem de R$
2.282.257,00 no ano de 2016.
CONCLUSÃO
12
Diante do cenário econômico com constantes mudanças é necessário a todo
momento ter que tomar decisões rápidas e seguras, para isso se faz necessário
buscar ferramentas que ofereçam informações rápidas e seguras.
As demonstrações contábeis são a fonte para essas informações, por isso se
faz necessário que a empresa a elabore periodicamente, para saber como está a
saúde financeira da empresa. É a análise das demonstrações que proporcionam aos
gestores condições de avaliar o desempenho de seus negócios, conhecendo a real
situação e auxiliando na tomada de decisões mais eficientes.
Através da análise econômico-financeira são encontrados os pontos fortes e
fracos dos processos operacionais e financeiros da empresa, dando condições de
buscar soluções imediatas para o problema.
A análise realizada no presente estudo demonstrou uma fotografia da
empresa nos três últimos exercícios contábeis, evidenciando diversas oportunidades
de melhorias, como a avaliação da Necessidade de Capital de Giro, risco do Efeito
Tesoura, o alto endividamento em longo prazo e a desagregação de valor.
Diante do exposto considera-se respondida a pergunta-problema, uma análise
com base em informações precisas, possibilita conhecer a situação econômica da
empresa proporcionando decisões mais segura.
Obviamente este trabalho não esgota o assunto, podendo ser base e fonte de
pesquisas futuras para um aprofundamento, mas considera-se o objetivo atingido e
afirma-se que este trabalho acarretou a possibilidade de um grande aprofundamento
no conhecimento teórico e prático sobre o assunto.
REFERÊNCIAS
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______,. Finanças corporativas e valor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
CREPALDI, S. A. Auditoria contábil. Teoria e Prática. 3. ed. São Paulo: Atlas,1999.
EXAME. Melhores e maiores: as 1.000 maiores empresas do Brasil, São Paulo:Editora Abril. jul. 2017
IUDÍCIBUS, S. Contabilidade introdutória - Equipe de professores da FEA/USP. São Paulo: Atlas, 2007.
13
______. Análise de balanços. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2008
JBS S.A. Portal JBS S.A. Disponível: www.jbs.com.br. Acesso em 02/05/2017.
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