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Seleo e adaptao de versos da poesia
CANO DE MIM MESMO
Folhas de Relva,
www.nicholasgimenes.com.br
Eu celebro a mim mesmo, e canto a mim,
E o que assumo, tu assumes,
Pois todo tomo pertencente a mim tambm pertence a ti.
A atmosfera no tem o gosto da essncia, no tem odor,
estou apaixonado por ela, Estou louco que entre em contato comigo.
A fumaa da minha prpria respirao,
Minha expirao e inspirao, meu corao batendo,
sangue e ar passando por meus pulmes,
Alguns beijos leves, alguns abraos, um buscar de braos,
A sensao de sade, o gorjeio ao meio-dia, a cano de mim
erguendo-me da cama e encontrando o sol.
Achaste que mil acres so demais? Achaste a terra grande demais?
Praticaste tanto para aprender a ler?
Sentiste orgulho por entenderes o sentido dos poemas?
Fica este dia e esta noite comigo
e possuirs a origem de todos os poemas,
No mais possuirs coisa alguma de segunda ou terceira mo,
nem te nutrirs dos fantasmas que h nos livros,
Tambm no olhars pelos meus olhos,
Ouvirs todos os lados e sabers filtrar tudo por ti mesmo.
Nunca houve tanta iniciativa como agora,
Nem tanta juventude ou experincia como agora,
E nunca haver tanta perfeio quanto agora,
Nem tanto cu ou inferno como agora.
mpeto e mpeto e mpeto,
Sempre o fecundante mpeto do mundo.
A indiferena real ou fantasiada de um homem ou mulher que amo,
A doena de um parente ou de mim mesmo, ou a falha,
ou perda ou falta de dinheiro, ou depresses ou exaltaes,
Estas coisas vm a mim dias e noites e se vo de mim de novo,
Mas elas no so o meu Eu verdadeiro.
Entre o puxar e arrastar fica o que sou.
Fica divertido, complacente, compassivo,
Olhando de lado, curioso, o que vir a seguir,
Creio em ti minha alma, o outro que sou no deve se rebaixar a ti,
E no deves ser rebaixada ao outro.
Vagueia comigo na relva, solta a trava da garganta,
Nem palavras, nem msica ou rima quero, nem hbito ou palestra,
nem mesmo os melhores,
Somente o sossego me agrada, o rumor de tua voz.
Lembro-me como uma vez deitamos certa manh de vero, como
assentaste tua cabea em meus quadris e gentilmente viraste para mim,
E abriste a camisa em meu peito e lanaste tua lngua em meu corao,
Espalhaste a paz e conhecimento que superam todos os argumentos
Um menino disse 'O que a relva?' trazendo-a para mim
Como podia responder ao menino? No sei o que , assim como ele.
Suponho que seja a bandeira do meu nimo,
tecida em um tecido verde esperanoso
O que achas que foi feito dos jovens e velhos?
Esto vivos e bem em algum lugar,
O brotinho a prova de que de fato no h morte, tudo avana
e se expande, nada entra em colapso,
Debruado sobre os nichos ao lado e novos,
sem perder uma pessoa ou objeto,
Absorvendo tudo para mim mesmo e para esta cano.
A presso de meu p sobre a terra faz jorrar mil afeies,
Elas escarnecem do mximo que fao para descrev-las.
Estou encantado com a experincia de crescer ao ar livre,
O que mais comum, mais barato, mais prximo, mais fcil, sou Eu,
Sem pedir ao cu que baixe minha boa vontade
Sou dos velhos e jovens, dos tolos tanto quanto dos sbios,
Desatento com os demais, sempre atento aos demais,
Maternal no menos que paternal, uma criana assim como homem,
Sinto-me em casa nas montanhas ou no mato,
Sinto-me em casa nas colinas de Vermount ou nos bosques do Maine,
Camarada de jangadeiros e carvoeiros, camarada de todos que
apertam mos e oferecem bebida e comida,
Um aprendiz com os mais simples,
um professor dos mais pensativos,
De toda cor e casta sou, de toda classe e religio,
Ouviste que era bom ganhar o dia? Tambm digo que bom cair,
Batalhas so perdidas com o mesmo esprito com que so ganhas.
Vivas queles que falharam!
Minha festa para todos,
no terei uma s pessoa desprezada ou relegada,
Em todos enxergo a mim mesmo, em nenhuma vejo mais
do que eu sou, e nem um gro a menos,
Sou o poeta do Corpo e sou o poeta da Alma,
Os prazeres do cu esto comigo e as dores do inferno esto comigo,
O primeiro acrescento a mim mesmo e distribuo,
o segundo traduzo em uma nova lngua.
Sou o poeta da mulher assim como do homem,
E digo que to bom ser uma mulher como ser um homem,
Tivemos fuga e censura o bastante
Ultrapassaste os demais? s o Presidente?
Isso ninharia, eles iro alm desse teu feito.
Sorri, terra voluptuosa de hlito fresco!
Sorria, teu amante vem vindo.
Tu mar! tambm me entrego a ti entendo teu sentido,
Contemplo da praia teus curvos dedos convidativos,
Creio que te recusas a recuar sem me sentir,
Devamos sair juntos, corro pra longe dos olhos da terra,
Recebe-me suavemente, me embala em ondulante adormecimento,
Este minuto que vem a mim depois de decilhes passados,
No h nada melhor que ele agora.
Quem quer que degrade outro, degrada a mim,
Por Deus! No aceitarei nada de que todos no possam ter sua
compensao nos mesmos termos.
Viso, audio, sensao, so milagres,
e cada parte e pedao de mim um milagre.
Divino sou por dentro e por fora, e torno sagrado o que quer que
toque ou que me toque,
Contemplar a aurora! A frgil luz desfaz as imensas sombras,
Tambm nos erguemos fascinantes e tremendos como o sol,
Encontramos o que nosso, minha alma,
na calmaria e no frescor da alvorada.
FELICIDADE, (que quem me oua ponha-se procura dela hoje.)
Ouo o som que amo, o som da voz humana,
Ouo todos os sons correndo juntos, combinados, prosseguindo,
Sons da cidade e de fora da cidade, sons do dia e da noite,
Jovens falantes queles que gostam deles, o riso ruidoso
Ah, isso sim msica! - isso condiz comigo.
Por fim solto-me novo para sentir o enigma dos enigmas,
E a isso chamamos Ser.
O insignificante to grande quanto tudo mais,
(O que menos ou mais que um toque?)
Lgica e sermes nunca convencem,
O sereno da noite penetra mais fundo em minha alma.
Acho que eu podia ir viver com os animais,
eles so to plcidos e reservados,
Eles no se queixam de sua condio,
No ficam acordados nas trevas nem lamentam seus pecados,
Nenhum est insatisfeito, nem ensandecido para possuir coisas,
Nenhum se ajoelha ao outro,
Nenhum respeitvel ou infeliz sobre toda a terra.
Solitrio meia-noite,
meus pensamentos longe de mim por um bom tempo,
Acelerando pelo espao, acelerando pelo cu e pelas estrelas,
Sirvo-me do que material e imaterial,
Tudo isso eu engulo, se torna meu,
Agonias so uma de minhas mudas de roupa,
No indago da pessoa ferida como se sente,
eu mesmo me torno a pessoa ferida,
Nem um garoto preso por furto sem que eu seja levado tambm
com ele, e com ele sou julgado e sentenciado.
Nem um paciente de clera d o seu ltimo suspiro
sem que eu d o meu ltimo suspiro,
Basta! basta! basta! Por alguma razo estou atormentado.
Afastai-vos!
...
Descubro que estou beira de cometer um erro comum.
Que eu pudesse esquecer os que zombam e os insultam!
Que eu pudesse esquecer as lgrimas que escorrem
e os golpes das clavas e martelos!
Homem ou mulher, queria dizer quanto gosto de ti, mas no posso,
E contaria o que est em mim e o que est em vs, mas no posso
Tu que ests a, impotente, de pernas bambas,
Abre o leno que cobre a tua boca at que eu sopre coragem
para dentro de ti,
No pergunto quem tu s, isso no importante para mim,
E em minha alma juro que nunca o negarei.
Lano todos os homens e mulheres para frente comigo,
em meio ao Desconhecido.
Pe tua mochila nas costas, filho amado,
e eu farei o mesmo, e vamos logo,
Ests me perguntando algo tambm e posso ouvir voc,
Respondo que no posso responder, deves encontrar respostas por ti
Deves habituar-te ao fulgor da luz e
de todos os momentos de tua vida.
Por muito tempo, tu te agarraste timidamente
a uma prancha na praia,
Agora quero que sejas um nadador ousado,
Para pular no meio do mar, te ergas novamente,
acenes para mim, grites e, sorrindo, agites teus cabelos.
Se puderes me entender, sobe para o cume das montanhas
ou segue para a praia,
O mosquito mais prximo uma explicao,
e uma gota ou movimento das ondas uma dica,
Nenhuma lugar fechado ou escola pode afinar-se comigo,
As criancinhas so nisso melhores do que eles.
Tenho dito que a alma no mais que o corpo,
E tenho dito que o corpo no mais que a alma,
E digo a qualquer homem ou mulher, deixe que sua alma fique
tranquila e ntegra perante um milho de universos.
E digo humanidade, no sejas curiosa sobre Deus,
Ouo e vejo Deus em todos os objetos e ainda assim
no compreendo Deus minimamente,
Vejo algo de Deus em cada hora das vinte e quatro,
e em cada momento,
Nos rostos de homens e mulheres vejo Deus,
e em minha prpria face no espelho,
E quanto a ti, Morte, e tu, amargo abrao da mortalidade,
intil tentar me assustar.
Para o seu trabalho sem vacilo chega o parteiro,
E quanto a ti, Cadver, acho que sers um bom adubo,
mas isto no me ofende,
Sinto o perfume doce das rosas brancas que iro crescer
Talvez eu devesse contar mais. Esboos!
Vedes, meus irmos e irms?
No caos nem morte unio vida eterna Felicidade.
Ouvinte que est a! Que confidncias tens para me fazer?
(Fala honestamente, ningum mais te ouve,
e s fico apenas por mais um minuto.)
Contradigo a mim mesmo?
Muito bem ento contradigo a mim mesmo,
(Sou vasto, contenho multides.)
Concentro-me naqueles que esto prximos,
aguardo na porta.
Quem deseja andar comigo?
Se me quiseres de novo, procura-me sob as solas de tuas botas.
Falhando em me encontrar no comeo no perde o nimo,
No me achando em certo lugar, procura em outro,
Estou em alguma parte, te aguardando.
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