Cante - DANÇAS 1 - Danças Populares do Baixo Alentejo - Tradição de Serpa

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CANTE - Danças Populares do BA - por M. DIAS NUNES, em TRADIÇÃO de Serpa, 1899, de Janeiro a Dezembro... Segue com Modas Coreográficas de Padre Marvão e Danças no Alentejo 2010...

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Danas populares do Baixo-Alemtejo In TRADIO - (Serpa 1899 - 1904) por M. DIAS NUNEShttp://www.joraga.net/gruposcorais/pags/07dancas02.htm

Danas populares do Baixo-Alemtejo In TRADIO - (Serpa 1899 - 1904) Volume I de Janeiro de 1899 a Dezembro de 1901 - Anno I - N 2 - Serpa, Fevereiro de 1899 - Srie I, da pgina 20 a 23; com continuao no Anno I - N 11 - Serpa, Novembro de 1899 - srie I, da pgina 173 e 174 - e continua ainda no Anno I - N 12 - Serpa, Dezembro de 1899 - srie I, da pgina 177 - 181; Edio "fac-simile" - Cmara Municipal de Serpa 1982 As danas populares do Baixo-Alemtejo pertencem, em parte, categoria das religiosas, em parte, na maior parte, na quasi totalidade mesmo, s denominadas danas d'amor. O primeiro gnero de danas, embora em manifesta decadncia, ainda pode observar-se em diversas festas religiosas de arraial, onde valentes mocetes de rosto crestado, largas espaduas e amplo thorax, sam e tressam, n'uma espantosa desenvoltura de gestos e attitudes, ao langoroso som de tamboril e gaita. Em Aldeia Nova de S. Bento, do concelho de Serpa, celebra-se annualmente, em 11 de Julho, uma ruidosa festa, a do Cirio, cujo principal attractivo consiste na exhibio de extraordinaria dana, em que ha complicados movimentos e passos e volteios; uma dana antiquissima, secular, executada por sete anjos (assim chamados) - sete robustos camponezes, vestidos de calo e meia, camisola branca, faixa de seda a tiracollo, e na cabea, monstruosos chapeus de pello, ornados de ls e fitas e flores e reluzentes bugigangas de lato! E fazem a inveja dos camaradas, e o encanto das camponezas suas patricias, estes maganes! Ha poucos annos ainda e por occasio da festa de S. Pedro, tambem os numerosos pastores que pertencem a Serpa, realisavam uma danca devras interessante, em deredor ermida d'aquelle santo, e desde a ermida, atravessando as ruas da villa, at casa dos festeiros.

Aqui, os danadores, todos irmos do santo, vestiam o trajo caracteristico do seu mister - calo e polainas, jaqueta, e larga cinta negra ou escarlate. Danavam sempre em cabello - s vezes debaixo d'um sl ardentissimo - e com a opa branca da irmandade. E mais e mais danas religiosas, nas festas d'arraial, por este Baixo-Alemtejo fra: - na festa do Espirito Santo, em Aldeia Nova de S. Bento; nas festas das Pazes, em Ficalho; na festa da Tumina, em Santo Aleixo; na festa de Santa Luzia, em Pias; etc., etc., etc. E' de notar que este gnero de dana, cuja origem remonta a muitos seculos, era outr'ora executado no s por homens, tal como hoje acontece, - mas tambem por mulheres, em algumas solemnidades de caracter religioso e official. No codice de Posturas da Notavel Villa de Serpa, feito em 1686, e confirmado em auto de correio, no anno de 1687, pelo Ouvidor da cidade de Beja, Mathias Patto Cotta, vem um artigo, o 100, com bastas alluses ao assumpto em questo. Por isso e por nos parecer sobremodo curioso o referido artigo, vamos transcrevel-o na integra, sublinhando as phrases que mais interessam ao nosso estudo. E' assim concebido (textualmente): "Por antiguissimo costume so os hortallois obrigados a mandarem procisso do Corpo de Deus de cada anno um carro muito bem goarnecido de verdura, e os sapateiros com o drago e diabrete e os alfaiates com a serpe e os mercadores com dois cavallos fuscos e os marsseiros e tindeiros com hua toura, e os vendeiros de fruta com duas pellas e os taverneiros com hua dansa de seis pessoas bem vestidas com violla e toca.tor della e as padeiras com hua dansa de seis mossas bem vestidas com viola e tocador della ao que no faltaro com estas obrigaois sob pena de pagarem os juizes dos oficios de sapateiros alfaiates e hortallois dois mil ris no vindo dita procisso como que nesta postura lhe he encarregado, e com suas bandeiras e de pagarem os mercadores que so obrigados a dar os cavallinhos fuscos cada h mil ris no vindo ambos os ditos cavalinhos fuscos procisso, e os marceiros, e tindeiros que so obrigados a dar a toura pagaro cada hu quinhentos ris faltando a esta obrigasso, e os taverneiros que forem nomeados para darem a sua dansa e faltarem com ella pagaro de penna dois mil ris cada hu e as padeiras que forem nomeadas para darem outro sim a sua dansa pagaram de penna mil reis cada hua faltando sua obrigao e as vendeiras de frut pagaram outro sim mil ris faltando sua obrigao o que todos assim pagaram de cadea pela primeira vez que ouvver falta porque na segunda pagaram as pennas em dbro com trinta dias de cadea e os constrangero pela camera a tudo terem muito bem preparado para acompanhamento da dita procisso e assim mandaram se comprisse." Como sabido, a dana religiosa, nas suas vrias frmas, encontra-se intimamente ligada a certas festas populares e tradicionaes da egreja. Quando, pois, tratarmos

de cada uma d'essas festas, que todas entram no programma dos nossos estudos, descreveremos, ento, em seus pormenores, a dana respectiva. Agora vamos occupar-nos mais detidamente de as - danas d' amor. * **

(danas d'amor)Sem querermos fallar da antiga gavota, das varsovianas, e do jac de contradana, que tinham por assim dizer uma feico aristocratica, mencionaremos desde j, como danas populares e amorosas, usadas no Baixo-Alemtejo, nomeadamente na margem esquerda do Guadiana, os bailes de roda, o maquinu, os pinhes, o seu psinho, o fandango, os escalhavardos, o sarilho, e o fogo del fuzil. Depois completaremos a lista. Excepo feita para os bailes de roda, ainda em pleno vigor, as demais danas que citmos, quasi que deixaram de praticar-se e apenas subsistem na lembrana das pessoas edosas. D'algumas, conseguimos ainda, no sem grande difficuldade, recolher a musica propria, que todas possuiam, e reconstituir a frma do bailado; d'outras, porm, to smente o nome logrmos conhecer. * **

(Os bailes de roda)

Baile de Casamento - Bruegel http://raizeseantenas.blogspot.com/2007/07/andanas-2007-e-sigam-asdanas.html Os bailes de roda, como vulgarmente se designa este genero de dana, ou so ao meio ou aos pares. Quando ao meio, homens e mulheres, indistinctamente, formam dando-se as mos uma grande cadeia circular. Acto continuo formao d'esta" cadeia, vae para o centro um par, o primeiro que mais lesto andou; e logo irrompe uma cantiga entoada por uma voz, a que outras e outras e todas as vozes dos circumstantes, por fim, fazem cro. Ao mesmo tempo - obedecendo todos ao rhythmo da cantiga - o par volteia no centro como a polkar e a cadeia vae rodando, rodando sempre, em continuo movimento. Finda a cantiga separa-se o par: o homem procura, d'entre as do circulo, outra mulher, e a mulher imita o seu primeiro par, substituindo-o por outro homem. Ficam assim dois pares no meio. Simultaneamente, sem que os

danadores hajam descanado, comearam a moda-estribilho, a cuja musica a cantiga obedecera. Terminada a moda retira-se o primeiro par, que vae encorporarse na cadeia, e vem para o centro, em seu logar, um novo par, escolhido a contento do par que ficou, do mesmo modo por que este j fra escolhido pelo que o antecedera. Depois volta se ao principio: - nova cantiga rhythmada pela moda favorita, pares ao centro em movimento de polka, e a grande cadeia - mos entre mos - a rodar, a rodar continuamente. A substituio do par mais antigo faz-se sempre que a cantiga termina e a modaestribilho principia. Do par que se encontra no meio ao findar o baile, diz-se - que ficou saramago. Succede s vezes, n'estes bailes, combinarem-se quatro pessas, duas de cada sexo, para se preferirem mutuamente na procura de pares e sempre, d'ess'arte, estarem no meio. A isto, que no raro motivo de grandes discordias, chama-se aqui - fazer montepio; e em tal caso, os homens e as mulheres que andam na cadela a tirar agoa, segundo a expresso consagrada, sem cantar numerosas quadras allusivas ao facto, ora azdas ora chistosas, como as que seguem: Minha me tem l'ma renda, Uma renda d'entremeio. Eu no sirvo aqui d'amparo, Tambem quero ir ao meio. Minha me tem l 'ma renda, Uma renda d'entremeio. 'Stou-me rentando no balho Se no me levam ao meio. Minha me tem l 'ma renda, Uma renda de tresmalho. Se me no levam ao meio. 'Stou-me rentando no balho. J no quero tirar agoa, Que ia tenho o tanque cheio. Se meu bem aqui estivesse, J eu andava no meio! Deem as mos uns aos outros, Que me quero ir embora; Quem quizer agoa tirada, Compre uma besta p'r nora. Eu no sirvo de parede, Tambem quero ir balhar; Se me no levam ao meio, Salto p'r rua a chorar. Minha me tem l 'ma renda Toda feita franceza. Se me no levam ao meio, Vou-me embora com certeza. Quem tem cabras vende leite, Quem tem porcos tem presuntos.

Oh moas! levem-me ao meio,Por alma de seus defunctos! O' moas, levem-me ao meio Com toda a delicadeza; Se me no levam agora, Ento fallo com aspereza. lnd'agora tinha calma, Agora j tenho frio. O meninas l do meio, Cautela co'o montepio! lnd'agora tinha calma, Agora j tenho frio. Se me no levam ao meio, Vo p'rs mes que as pariu. Eu tambem quero balhar; J vou estando zangado! Se me no levam ao meio, J me vou embor' p'r gado. Vou a dar a despedida, Nas costas d'uma vidraa. Se me no levam ao meio, Vou a dar coices praa! Minha me tem l 'ma renda, Uma renda que eu lhe fiz. Se me no levam ao meio, Vou fazer queixa ao juiz. Eu tambem quero balhar Oh! Que desgraa a minha! Se me no levam ao meio, Vou fazer queixa rainha. O' moas, levem-me ao meio, Em que seja uma vez s! Oh! Que desgraa a minha! Nenhuma de mim tem d! Semeei no meu quintal A semente do replho. Oh mocas, levem-me ao meio, Que me' est luzindo o olho! O' moas, levem-me ao meio, Quer' balhar um poucochinho; Quando no, vou-me p'ra casa A comer po com toucinho. O' moas, levem-me ao meio, J vou estando zangado!

Se acaso me no levam, Parto a canastra ao diabo! (Contina.) M. DIAS NUNES

http://traje-antigo-alentejo.blogspot.com/2009/06/alentejo-campones.html

Danas populares do Baixo-Alemtejo (Continuado de pag. 23)

(Os bailes aos pares)Os bailes aos pares comeam pela formao de dois circulos concentricos, de rapazes um e outro de raparigas, em numero egual, e collocados frente a frente; sendo peculiar do sexo forte o circulo exterior. Ao elevar-se a voz, que enta a primeira syllaba da primeira quadra, cada um dos rapazes se acerca, lado a lado, da sua rapariga e enlaam as mos, destra com destra, sinistra com sinistra. De seguida, todos os pares, uns aps outros, se pem em movimento, caminhando para a direita. Quando a cantiga, em cro, finalisa e a moda-estribilho principia (*(*) Se a moda no tem resquebre (lettra), em lagar d'este repete-se a cantiga.), desenlaam-se as mos, e a roda estacou. Ento tornam os bailadores primitiva posio de frente a frente, e cada um faz balanc com o seu par, arrastando os ps, arque ando os braos, e dando castanholas com os dedos pollegar e maximo de ambas as mos. Mal que a moda acabou, ouve-se logo uma nova cantiga, ao som da qual volta a formar-se, e a movimentar-se, a dupla roda. Vem depois, uma vez mais, a modaestribilho, obrigada paragem vis--vis, balanc, castanholas, etc. E sempre assim, continuadamente. A mudana de pares coisa obrigatoria ao comear de cada nova quadra: O circulo feminino avana um passo. emquanto o circulo dos homens se conserva no mesmo logar; e d'este modo, o novo par de cada rapariga o mancebo immediato ao seu par anterior. Devo notar que, hoje em dia, as raparigas vo usando dar o brao aos rapazes, em vez das mos, como era de antiqussimo costume.

Particularidade curiosa, de que vrias pessoas me informam: a mocidade de ha sessenta annos dava-se as mos, no de frente, mas pelas costas, torcendo os braos e martyrisando o corpo. Nos bailes aos pares, o andamento, em regra, paulatino e moroso, em harmonia com as musicas adoptadas n'este genero de dana - puros e simples "descantes". * ** Reservando para mais tarde a descripo de certas variantes dos bailes de roda, taes como as que se observam no "Paspalho", -"Triste viuvinha", "Senhora quintaneira), etc., etc., passamos a registrar diversas praxes e rimas populares, interessantissimas, que so communs aos bailes em geral.

(tocador da viola nacional)

http://www.lojadoarco.com/products/jos-alberto-sardinha-viola-campania-o-outro-alentejo

Fallemos primeiramente do velho: e sympathico , que - mal de ns! - est sendo eclipsado pelo moderno tangedor do estrangeirissimo harmonium. Creatura indispensavel em todos os bailes, quer publicos, quer de feio particular e familiar, o tocador de viola gosou em todos os tempos, e ainda hoje gosa, das finezas mais caras e gentis por parte do bello sexo. Ora veja o leitor estas lindas cantigas, repassadas de graa e bom humor, que as raparigas se permittem dirigir, entre sorrisos brejeiros, ao magano do violista: O tocador da viola Merece uma ba ceia: Uma data de pasadas, Trinta dias de cadeia!

O tocador da viola Merece uma gravata; Hei-de mandar fazer-lhe uma Do rabo da minha gata! O tocador da viola Merece uma gallinha Mastigada co os meus dentes, C p'r minha barriguinha! o tocador da viola E' feio mas toca bem! Se no casar pela prenda... Formosura no a tem! O tocador da viola, Oh moas! tratem-n'o bem, Que elle de fra da terra, No conhece aqui ninguem. O tocador da viola Merece levar pasadas: A viola no sua, As cordas so emprestadas! O tocador da viola Tem dedos de marafim; Tem olhos d'enganador... No me ha-de enganar a mim! A viola tem um S Por baixo do cavalete; O tocador que a toca E' um lindo ramalhete! O tocador da viola Tem dedos de papel pardo; Tem olhos d'enganador... Ha-de enganar o diabo!

E que no esquea est'outra quadra, muito favorita d'um afamado tocador, j fallecido: Aqui me vejo apertado, Sem me poder resolver, Com esta viola a peitos Ai! Jesus! Que hei-de eu fazer?! (Contina.) M. DIAS NUNES Anno I - N 12 - Serpa, Dezembro de 1899 - srie I, da pgina 177 - 181 Danas populares do Baixo-Alemntejo (Continuado de pag 173) Realisam-se, de ordinario, os bailes populares na casa de fra, ou da entrada, que por via de regra o melhor e mais espaoso compartimento das pobres habitaes terreas dos camponezes. As raparigas, unicamente, so convidadas para estes bailes; os rapazes, esses apresentam-se lli sem nenhuma espeie de convite. A' porta da rua, o dono ou a dona da casa - mais vulgarmente a mulher - recebe prasenteira o bello sexo e vae parlamentando com os mancebos que chegam. D licena que veja o seu balho? a pergunta sacramental de todos os rapazes, ao pisarem garbosos o limiar. A dona de casa: Se p'ra balhar, entre; agora se s p'ra vr e fazer pouco, - no senhor, - rua! E' p'ra balhar... - Ento, entre. Quando o baile ao meio, o recemchegado pede licena a qualquer dos individuos que formam a cadeia e n'ella se incorpora sem mais cerimonias. Agora se o baile aos pares a coisa no vae to facilmente, pois se faz mistr que algum dos cavalheiros danantes esteja disposto, ou se disponha, a ceder a sua dama. O' amigo, d licena que eu balhe um poucochinho? interroga o recemvindo, opportunamente (* A opportunidade, d-se no momento em que a moda-estribilho findou e nova cantiga vae principiar.), dirigindo-se ao mais proximo par e collocando, ao de leve, a mo direita sobre a espadua do varo. Desde que este seja realmente amigo, ou mesmo simples conhecido, de quem solicta a permisso de balhar, a cedencia da rapariga quasi certa; mas do contrario, bem vulgar a resposta: "neste instante mesmo eu entrei", equivalente recusa. E tal recusa, embora entre desconhecidos, constitue sempre uma grave offensa, da qual no raro derivam grandes questes e serios conflictos. Dos bailes populares, o maximo attractivo, por sem duvida, consiste nas variadissimas quadras, de variadissimo objecto, que a mocidade canta com profundo enthusiasmo, alegre e ruidosa. Que nos permitta, pois, a benevolencia do leitor estamparmos aqui uns pequenos trechos, inherentes s diverses choreogrphicas, do nosso vasto e opulento cancioneiro regional. E' do estylo bailarem em cabello, tanto os homens como as mulheres; e se porventura alguem se esquece de observar similhante preceito, ha logo quem advirta, n'alguma d'estas cantigas: Disse-me a dona da casa (Assim eu tivera o ceu!): "Quem quizer aqui balhar Ha-de tirar o chapeu".

Disse-me a dona da casa (Em louvor de San Loureno): "Quem quizer aqui balhar Ha-de tirar o seu leno". Cantam as raparigas quando os respectivos namorados esto ausentes: O meu bem no est aqui, Mas 'st quem lh'o v contar: Eu, na sua ausencia d'elle, O meu allivio chorar. O meu bem no est aqui, Mas 'st quem Ih'o v dizer: Eu, na sua ausencia d'elle, O meu allivio morrer! Onde estar o meu bem, Que ha dias que o no vejo? Qual ser o dia alegre Que eu matarei meu desejo!... Onde estar o meu bem, Que me vem tanto ao sentido? Se estar na obrigao, Ou se ter j morrido?... Onde estar o meu bem, Qu'inda o no vi esta tarde? E' muito certo que esteja N'alguma sociedade... Onde estar o meu bem? Com quem andar brincando? Se eu serei lembrada d'elle Como elle me est lembrando!... Meu amor ficou de vir, Mas, porm... inda no tarda! O caminho muito longe, Tem que dar muita passada. Este balho est bom balho, Agradeo lhe o favor! Mas no 'st aqui balhando Quem estimo por amor. Todos veem vr O nosso balhinho S o meu amor No sabe o caminho! Se o meu lindo amor Viesse aqui dar,

Um rosa rio s almas Havia eu rezar! Cantam ainda as raparigas chegada aos seus derrios: Graas a Deus que chegou Seja muito bem parecido! O rigor da sua ausencia S eu o tenho sentido. Graas a Deus que chegou Quem eu desejava ver; A' palavra no faltou: Assim que ha-de fazer! Graas a A alegria Olhos de Raminho Deus que chegou da minh'alma: "ranca aucena, de verde palma!

Graas a Deus que chegou, E' chegado no sei quem Chegaram dois olhos pretos A quem os meus querem bem! Graas a Deus que j chovem Pingas d'agua no jardim! Graas a Deu, que j tenho Meu amor ao p de mim!

Nos bailes aos pares, ao enlaarem as mos dois namorados, muito usual qualquer das seguintes quadras: Aqui me tens ao teu lado, A's tuas disposies! Vamos a unir se queres, Os nossos dois coraes. Aqui me tens ao teu lado, Meu amor, haja prazer! Sem comer posso passar; Sem ti no posso viver! Aqui me tens ao teu lado, Meu amor, haja alegria! Sem comer posso passar; Sem te ver nem s um dia! Aperta-me a minha mo T que m'estalem os dedos! Como queres que t'eu ame, S eu no sei os teus segredos?!...

http://www.attambur.com/Recolhas/Estremadura/Dancas/danca_de_roda.htm

Aperta-me a minha mo T que eu diga: deixa, amor! Quem mais aperta, mais quer, Quem mais quer, mais sente a dor. Aperta me a minha mo, Ajunta palma com palma; Aqui tens meu corao. Toma posse da minh'alma! Aperta-me a minha mo T que eu diga: deixa! deixa! Quem mais aperta, mais quer, Quem mais quer, menos se queixa.

Quando as tuas mos estreito E aprto com saudade, Sinto dizer em meu peito: 'St firme a nossa amizade! D-me as tuas mos de firme, Dou-te as minhas de leal; So cartas que ficam feitas Se algum de ns se ausentar. Ausente mas sempre firme, Resolvido a no deixar-te; Quanto mais ausente eu vivo, Mais firme sou em amar-te! Aos donos de casa: Esta casa est bem feita, Picadinha ao pico; A' dona, que n'ella mora, Deus lhe d a salvao. Esta casa est bem feita, Muito bem emmadeirada. Muito gsto eu de balhar Em casa de gente honrada! Viva o dono d'esta casa Mais a sua companheira! Deus lhe d muita, saude, Muita libra na algibeira. Esta casa est juncada Com junquilhos da ribeira. Viva o dono d'esta casa Mais a sua companheira! L no alto da Marreira 'St um calvario e tres cruzes. Viva o dono d'esta casa, Que o balho tem nove luzes! Para acalmar a vozeria que s vezes se estabelece: Senhores! Haja silencio! No mando calar ningum Disse-me a dona da casa: "Silencio parece bem". Despedidas: Adeus, que me vou embora! Adeus, que me quero ir! D-me, amor esses teus braos, Que me quero despedir.

Dize-me, amor: At quando Ha-de ser a nossa ausencia? Se ha-de ser por muito tempo Peo a Deus pacienia. Vou-me embora e tu c ficas! Quem te podesse levar!... Se podesses vir commigo, No havias c ficar! Vou-me embora, que nem tanto M'eu havia demorar, Que tenho o caminho longe E manh que trabalhar. Vou-me embora, vou-me embora, J tenho a roupa no barco. 'St chegada a triste hora, Que eu de ti, amor, me aparto. Vou me a dar a despedida, J no canto seno esta: O pouco parece bem, Tudo o que de mais no presta. Despedida, despedida! Sabe Deus quem se despede! Eu, para no ir chorando, Fao despedida alegre. Vrias: 'Sts de fra e no balhas, Qual o teu superior? Quero-lhe r pedir licena p'ra balhar comtigo, amor! Os senhores que aqui esto, Uns sentado', outros de p, No veem c por balhar, Veem s por darem f. Se me amares a mim s, Mais do que a rocha sou firme! Em sabendo que amas outrem Sou um raio a despedir-me! O nosso balhinho 'St ppa, 'st peixe; Quem no gostar d'elle V-se embora, deixe. No nosso balhinho 'Sto pares eguaes.

Fechem l a porta, No qu'remos c mais. Gsto muito de quem gosta O mesmo gsto que eu tenho. Se tu em mim fazes gsto, Eu em ti dobrado empenho! Venho d'aqui tantas leguas Por te vr, oh meu amor! Nem de rastos que tu andes Me pagas este favor. Vamos l cantando bem, Para o balho ter valor. Quem chegou agora aqui Foi um grande cantador. M. DIAS NUNES.

http://dotempodaoutrasenhora.blogspot.com/2010/03/o-cante-alentejano.html

GRUPO DE CANTADORES (criao da barrista Ana Bossa - Estremoz)

http://www.joraga.net/gruposcorais/pags/07dancas02.htm

Danas populares do Baixo-Alemtejo In TRADIO - (Serpa 1899 - 1904) por M. DIAS NUNES

imagem de "Camponez, de afes e amarro (Serpa)"