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Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84201604 Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal Sistema de Información Científica Andréa Cseiman Martins, Mirian Fernanda Lektaske Martins, Maria José Rodrigues Vaz Percepção de enfermeiras sobre o método Mãe-Canguru Saúde Coletiva, vol. 4, núm. 16, julho-agosto, 2007, pp. 109-112, Editorial Bolina Brasil Como citar este artigo Fascículo completo Mais informações do artigo Site da revista Saúde Coletiva, ISSN (Versão impressa): 1806-3365 [email protected] Editorial Bolina Brasil www.redalyc.org Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto

Redalyc.Percepção de enfermeiras sobre o método Mãe-Canguru · em que o RN prematuro/baixo peso é colo- cado semi vestido, permitindo contato pele a pele, em posição vertical

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Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84201604

Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal

Sistema de Información Científica

Andréa Cseiman Martins, Mirian Fernanda Lektaske Martins, Maria José Rodrigues Vaz

Percepção de enfermeiras sobre o método Mãe-Canguru

Saúde Coletiva, vol. 4, núm. 16, julho-agosto, 2007, pp. 109-112,

Editorial Bolina

Brasil

Como citar este artigo Fascículo completo Mais informações do artigo Site da revista

Saúde Coletiva,

ISSN (Versão impressa): 1806-3365

[email protected]

Editorial Bolina

Brasil

www.redalyc.orgProjeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto

saúde materno infantilMartins AC, Martins MFL, Vaz MJR. Percepção de enfermeiras sobre o método Mãe-Canguru

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Percepção de enfermeiras sobre o método Mãe-Canguru

Andréa Cseiman Martins Graduanda do Curso de Graduação em Enfermagem da Uninove.

Mirian Fernanda Lektaske Martins Graduanda do Curso de Graduação em Enfermagem da Uninove.

Maria José Rodrigues Vaz Enfermeira Obstetra. Doutora em Ciências. Professora da Uninove, Membro do NESCOF (Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva e da Família). [email protected]

Recebido: 24/01/2007Aprovado: 04/07/2007

Este trabalho tem como objetivo descrever a percepção de en-fermeiras sobre o método Mãe-Canguru. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa usando a análise de conteúdo, reali-zado em um hospital privado no município de São Paulo. Foram entrevistadas quatro enfermeiras da UTI neonatal, que consenti-ram em participar do estudo, aprovado pelo comitê de ética da instituição. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra e a partir de leituras e re-leituras foram estruturadas categorias emergentes. As percepções das enfermeiras sobre o método mãe-canguru foram agrupadas nos seguintes núcleos temáticos: formando vínculo mãe - família – recém-nascido – profi ssional; o confronto com a prematuridade; compreendendo os sentimentos das mães; benefícios para o recém-nascido prematuro. A partir dos resultados verifi ca-se que as enfermeiras possuem envol-vimento e sensibilidade para prestar assistência humanizada à clientela considerando o trinômio mãe-fi lho-familia, bem como conhecimentos científi cos e benefícios do método.Descritores: Assistência de enfermagem, Prematuro, Método Mãe-Canguru.

This study aimed to analyze the perception of the nurse concer-ning the Kangaroo Mother Method. That’s a qualitative study using the content analysis, approached in a private hospital in Sao Paulo city. Four nurses from neonatal ICU consent to participate and were interviewed; the study was approved by ethics commit-tee. The interviews were recorded and transcribed integrally and hence there were emerging structured categories: determining mother- family- newborn-professional binding; prematureness confront; understanding mother’s feelings; benefi ts to pre-term ba-bies. The results showed that nurses are sensitive and involves taking humanized care to clients with involvement and sensitivity considering mother-babies-family, as well as scientifi c knowledgement and benefi ts of kangaroo mother method. Descriptors: Nursing care, Pre-term babies, Kangaroo Mother Method.

El presente estudio tiene como objetivo describir la percepción de las enfermerías con respecto al método Madre-Canguro. Este es un estudio con abordaje cualitativa de análisis de contenido realizado en un hospital privado de la ciudad de Sao Paulo. Fueron entrevistadas cuatro enfermeras del UTI neonatal que consentiron participar del estudio, aprobado por el comité de éti-ca del hospital. Las entrevistas fueron grabadas y transcritas, a partir de lecturas y re-lecturas fueron estructuradas las catego-rías emergentes. Las percepciones de las enfermerías con respecto al método, fueron agrupadas en cuatro núcleos temáticos: formando vínculo madre-familia-bebe-profesional; el confronto con la prematuridad comprendiendo los sentimientos de las madres, benefi cios para el recen-nato prematuro. Las enfermerías tienen envolvimiento y sensibilidad para prestar asistencia humanizada a la clientela considerando el trinomio madre-hijo-familia, conocimientos científi cos y benefi cios del método. Descriptores: Asisténcia de enfermería, Bebes prematuros, Método Madre Canguro.

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INTRODUÇÃO

O método Mãe-Canguru (MMC) é uma forma de assistência neonatal inspirada

nos mamíferos marsupiais, “cuidado do canguru”. O MMC foi desenvolvido em Bo-gotá, Colômbia, pela falta de incubadoras nos berçários de prematuros na unidade de terapia intensiva (UTI). As mães foram convidadas pelos neonatologistas a manter seus fi lhos junto ao seu corpo, pele a pele, 24 horas por dia1-4.

Estudos posteriores demonstraram os muitos benefícios do MMC, como: maior apego materno ao recém-nascido, rápido ganho de peso corporal, alta antecipada e aumento da produção do leite materno2,5. O início do contato pele a pele varia de acordo com a idade gestacional, com o peso, com a doença e com a estabilidade do recém-nascido, dando importância para a disponibilidade e desejo da mãe e da fa-mília em realizar o procedimento que in-fl uencia o sucesso fi nal6,7.

No Brasil, verifi ca-se a preocupação com o aleitamento materno desde a década de 80, bem como a publicação de normas para assistência humanizada ao recém-nascido de baixo peso e prematuro (Méto-do Canguru) por meio da Portaria 693 de 5/7/2000, do Ministério da Saúde, que con-tém informações para aplicação do MMC pelas instituições hospitalares8.

De acordo com a referida portaria, o MMC é defi nido como assistência neonatal em que o RN prematuro/baixo peso é colo-cado semi vestido, permitindo contato pele a pele, em posição vertical na região torácica, o mais precocemente possível e de forma progressiva8. Tal contato permite interação, participação e vínculo mãe-pai-família-RN, diminuindo o impacto dos pais que identifi cam no fi lho prematuro a condição física que leva à necessidade de cuidados especiais, além do temor pelo futuro do RN e questionamentos quanto aos motivos que possibilitaram o nascimento prematuro9.

A adoção do MMC pelas instituições permite a humanização da assistência ao RN e família, sendo necessário para alcançar tais objetivos, o treinamento e capacitação dos profi ssionais de saúde envolvidos, além de mudanças estruturais (como local adequado e refeições) que permitam a permanência da mãe e familiares no serviço8. A enfermeira atua intensivamente no mé-todo, pois será um instrumento de orientações dos procedimen-tos e capacitação da mãe, resultando na maior produção de leite materno, equilíbrio emocional, confi ança e controle das reações do RN, remoção do medo e da insegurança na habilidade de cuidar do seu fi lho.

Além dos reconhecidos benefícios do MMC para o RN, di-versos estudos apontam, na vivência e/ou percepção dos pais e familiares7,9-11, que existe confl ito entre benefícios e difi cul-dades de participar do método, no entanto, pouco foi estuda-do a respeito da percepção dos profi ssionais que atuam nessa

forma de assistência.A partir do exposto, tem-se como obje-

tivo de estudo descrever a percepção das enfermeiras sobre o MMC de um hospital privado no município de São Paulo.

METODOLOGIATrata-se de um estudo de campo com abor-dagem qualitativa, realizado em um hos-pital privado no município de São Paulo, onde está implantado o MMC. No serviço o atendimento é realizado por uma equipe multidisciplinar constituída por médicos, enfermeiros, nutricionista e assistente social. Os pais que participam do método têm fácil acesso, espaço adequado com temperatura agradável (24ºC), cadeira confortável para a mãe, refeição completa, algum tipo de re-laxamento e fornecimento de orientações constantes.

Foram entrevistadas quatro enfermeiras da UTI neonatal que atuam no MMC há pelo menos nove meses, formadas há pelo menos um ano. Três fi zeram especialização, sendo duas em neonatologia e uma em pediatria. Todas consentiram em participar do estudo que foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da instituição.

Para coleta de dados utilizou-se entrevis-ta como forma de interação social, a partir de uma solicitação norteadora: explique livremente sua percepção sobre o MMC como sistema de assistência neonatal. Os enfermeiros foram abordados no local de trabalho, com agendamento prévio. Por tra-

tar-se de uma pesquisa qualitativa foi solicitada permissão para gravar as respostas, garantindo-se o anonimato por meio de nu-meração das entrevistas, sem colocação dos nomes ou horário de trabalho.

Para a análise e interpretação dos dados deste estudo, uti-lizou-se parte da técnica de análise de conteúdo proposta por Laurence Bardin12. As respostas foram transcritas na integra e, a partir de leituras e re-leituras, foram estruturadas categorias te-máticas emergentes.

RESULTADOSA seguir serão apresentadas as categorias temáticas emergentes. Para justifi car cada categoria apresenta-se parte do discurso das participantes identifi cadas como 1, 2, 3 e 4.

Formando vínculo mãe - família – recém-nascido – profi ssionalNa percepção das enfermeiras, um importante resultado do MMC é a promoção de vínculo e interação com o RN prematu-ro, não apenas por parte da mãe, mas, também, de toda famí-lia. Portanto, ultrapassam a visão medicalizada de assistência, com enfoque para a humanização e socialização, essenciais no contexto do sistema familiar. Por outro lado, observa-se a referência voltada para a sensibilização dos profi ssionais que assistem o RN e suas famílias, bem como sistema de trabalho

“A ENFERMEIRA ATUA INTENSIVAMENTE NO

MÉTODO, POIS SERÁ UM INSTRUMENTO DE ORIENTAÇÕES

DOS PROCEDIMENTOS E CAPACITAÇÃO DA MÃE, RESULTANDO NA MAIOR

PRODUÇÃO DE LEITE MATERNO, EQUILÍBRIO EMOCIONAL,

CONFIANÇA E CONTROLE DAS REAÇÕES DO RN, REMOÇÃO DO

MEDO E DA INSEGURANÇA NA HABILIDADE DE CUIDAR

DO SEU FILHO”

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de uma UTI e seus equipamentos.“ ... elas percebem e vão sentindo mesmo o ato de ser mãe, sente a criança, a mesma coisa se dá quando elas começam a amamentar pela primeira vez, então, esta parte é super im-portante no Método Mãe Canguru, porque é o vínculo familiar entre mãe e o bebê, também tem a parte que a gente coloca no colo do pai,... ajuda a integrar o vínculo familiar, ... pai, mãe e fi lho”... (1)...”o Método Canguru, engloba determinadas e várias coisas como: a sensibilização mesmo dentro da UTI neonatal, eu pre-ciso ter este trabalho em conjunto para que a mãe consiga se interar,e se sentir importante...por trás deste bebê, tem toda a família, ... que é o avô, que é o irmão, que é o pai, que é a mãe e, essa percepção falta na enfermagem, que não é só a mãe e o bebê. Tem toda uma vida por trás”... (2)...”fi ca só lá dentro da incubadora, ruído da incubadora. Acre-dito que interfere. E o Canguru é um modo da mãe passar um carinho para o bebê, porque ele está ali no aconchego, está ou-vindo os batimentos cardíacos é como se ele estivesse dentro do útero”...(3)

No MMC a família compartilha expe-riências com o RN propiciando condições para lidar com a prematuridade, facilitando a interação entre toda a família e a equipe de assistência com conseqüente aprendi-zado do cuidar9. A família sente-se segura e confi a na enfermeira, não só para ajudar nos cuidados, mas para compreender as informações no momento em que a mãe se sente fragilizada e impotente diante aos recém-nascidos prematuros13.

A enfermeira deve estimular a equipe a promover uma boa interação com a família, preocupando-se com o grau de compreen-são da mesma, pois informações e cuidados inadequados interferem no sucesso do Mé-todo Mãe-Canguru8.

O confronto com a prematuridadePara as enfermeiras, a mãe diante do prematuro, apresenta-se amedrontada e ansiosa por seu fi lho ser pequeno e pelo receio de prejudicar o RN. De acordo com Kenner13, a ansiedade da mãe de um RN prematuro está relacionada com a condição do nascimento e com o prognóstico de sua vida, além disso, este acontecimento pode comprometer a organização familiar ge-rando confl itos emocionais....” Existem mães que têm receio, ..., elas acabam fi cando bem an-siosas para pegar o bebê no colo,o que pode demorar até dois me-ses ... quando elas o colocam no colo, causa um medo, porque não é sempre que a gente coloca no colo e a criança fi ca bem”... (1)...”essa gestação é muito esperada e poder ser interrompida,... todo mundo imagina um bebê grande e de repente... vem aque-le ‘ratinho’ aquele nenê ‘mirradinho’... (2)”. ...”No começo a mãe fi ca muito insegura, a partir da segunda vez que ela começa colocar o bebê no Método Mãe-Canguru já vai fi cando mais tranqüila. É uma forma dela se aproximar mais do bebê e de se interessar no cuidado da criança, acho que auxilia muito para quebrar uma barreira que elas mesmas

criam, porque é um bebezinho prematuro, muito pequenini-nho, então, o Método acaba auxiliando em perder esse medo de cuidar do bebê”... (3)...”No primeiro momento acho que é o misto de medo e ansie-dade de tocar pela primeira vez. Acredito que elas vêm com grande ansiedade, ao mesmo tempo com muito medo, porque acham que estão prejudicando no primeiro momento, e qual-quer coisa que se mexa e que caia um pouquinho, elas já fi cam meio apavoradas”... (4)

O nascimento de um fi lho gera modifi cações na estrutura familiar, sendo mais complexas as alterações que deverão ser enfrentadas pelos pais no nascimento de um fi lho prematuro. Quando tomam conhecimento que este bebê é diferente daque-le que esperavam, temem sua sobrevivência e duvidam da sua capacidade de cuidar9. O sonho idealizado durante a gravidez é comparado com a realidade gerando uma certa frustração.

O pequeno tamanho do RN prematuro e a percepção de sua fragilidade levam à insegurança por parte das mães em execu-tarem cuidados simples (pegar no colo, dar banho), comparado-se ao RN a termo11.

Compreendendo os sentimentos das mãesCom a convivência diária, a mãe e família se habituam e entendem a necessidade dos cuidados e da permanência do RN na uni-dade. Quando há a indicação para o MMC a família identifi ca que é a forma encontra-da para acompanhar o desenvolvimento do RN, confi rmando a precisão de adequação frente a esta situação9. ...”elas percebem que eles o ganho de peso, ... a melhora, e aí incentivam a virem, fi ca-rem mais tempo fazendo MMC..”... (1)...”Depende de cada uma. Tem mãe que se adapta super fácil, elas gostam, mas tem mãe que já tem muito medo, você tem que conversar, explicar ... com o pas-

sar do tempo elas enxergam que é bom para o bebê. ... quan-do o bebê vai para o colo pela primeira vez ... elas se sentem realizadas.” (3)...” ver que o bebê começa a se manter e fi car mais estável ... na maioria das vezes as mães vão se acalmando, vão se adap-tando com os fi lhos, com as coisas”...(4)

Na opinião das enfermeiras, com o passar do tempo as mães percebem a melhora do bebê, vêem que o fi lho se tran-qüiliza e ganha peso. Para os pais, o cuidado canguru favorece o ganho ponderal mais rápido do fi lho e, conseqüentemente, estimula o desejo da alta hospitalar14.

Todavia, as participantes deste trabalho não abordam con-fl itos sobre a representação do aleitamento e a difi culdade de amamentar o RN prematuro, bem como as difi culdades dos pais/familiares em conciliar horários de trabalho e cuidados com outros fi lhos para participar do método9,11. Segundo Ja-vorski11 as mães de crianças nascidas pré-termo, em MMC, vivenciam situações particulares em relação ao aleitamento materno, devido à prematuridade e sentimentos de culpa, so-frimento e fracasso frente à situação de fragilidade e risco a que o fi lho está exposto.

“COM A CONVIVÊNCIA DIÁRIA A MÃE E FAMÍLIA SE HABITUAM E ENTENDEM A NECESSIDADE DOS

CUIDADOS E DA PERMANÊNCIA DO RN NA UNIDADE”

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“NAS ENTREVISTAS AS ENFERMEIRAS ABORDAM TEMAS COMO IMPORTÂNCIA DO LEITE MATERNO COM CONSEQÜENTE GANHO

DE PESO, DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, VÍNCULO E AS INSEGURANÇAS DA MULHER

QUE VIVÊNCIA O MÉTODO”

Benefícios para o recém-nascido prematuroAs enfermeiras são unânimes em relação aos benefícios do MMC para o RN, reco-nhecem a importância da amamentação para o ganho de peso, a melhora no con-trole térmico, mas, também, relatam as-pectos psicológicos e de desenvolvimento como resultado do conjunto de ações im-plementadas nesse sistema....”quando a gente coloca no MMC perce-be uma melhora da criança ... ganha peso ... fi ca mais calma...” (1)...”o Método Canguru não é só ganhar peso, eu tenho os cuidados cerebrais desse nenê, porque o prematuro ele tem uma pré-dispo-sição muito grande de hiperatividade na sua vida pré escolar, devido a não ter essa sensi-bilização dentro da UTI Neonatal”... (2)...”ajuda muito no desenvolvimento ..., au-xilia na regulação da temperatura ... é um método que ajuda muito no tratamento do bebezinho”... (3)...”a recuperação da criança é espantosa, o ganho de peso é impressionante, ... tam-bém se vê que muda toda parte de parâme-tros de SSVV ... , normalmente eles acabam saindo da incubadora mais cedo...” (4)

O RN prematuro apresenta difi culdade na regulação térmica e sucção, prejudicando a ingesta e ocorrendo a redução do peso. Estu-dos mostram que a temperatura dos RN`s no MMC, tornou-se mais elevada, comparando com o mesmo período de tempo que estavam na incubadora, e o ganho de peso mais rápido1,6,7. A literatura discute os resultados no desenvolvimento de recém-nascidos de baixo peso ao nascer, em alguns casos não há défi cit intelectual, mas prejuízos em habilidades cognitivas especifi cas8.

Por serem prematuros e estarem expostos a um ambiente patogênico é fundamental que recebam leite materno como primeira opção, ou leite humano como segunda opção, tendo em vista a adequada composição nutricional do leite materno às necessidades do RN pré-termo5.

CONSIDERAÇÕES FINAISA percepção das enfermeiras sobre o método traz, como era de se esperar, o enfoque na atuação da mãe, mas ressaltam a presença da família, de for-ma singular, na concretização do método.

Percebe-se que as enfer-meiras possuem envolvimen-to e sensibilidade para pres-tar assistência ao trinômio mãe-filho-familia, a partir de conhecimentos científicos e benefícios do método. Nas en-trevistas, as profissionais abor-dam temas como importância do leite materno com conse-qüente ganho de peso, desen-volvimento cognitivo, vínculo e as inseguranças da mulher que vivência o método. Verifi-ca-se que todas as participan-tes realçam a importância da presença da família dentro de uma UTI neonatal e que a mãe percebe o quanto o MMC in-fl uencia na melhora do RN.

O MMC é uma forma de humanização, permitindo o vínculo familiar com o prema-turo e a sensibilização dentro da UTI neonatal, os enfermei-

ros e suas equipes precisam voltar o olhar assistencial não só ao RN, mas, também, à família e em particular, à mãe, que poderá estar dividida entre o cuidado do filho prematu-ro e os afazeres profissionais, domésticos e mesmo de outros filhos que ficam em casa. Este aspecto em particular não foi abordado pelas participantes, e necessita de novos estudos para que se obtenham dados mais específicos de como os profissionais lidam com os conflitos gerados quando existe indicação do MMC. ■

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Referências

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